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7/30/2019 Estrela Rubi
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A HISTÓRIA DAO.T.O NO BRASILDesDe seu nascimento em 1995 até sua maioriDaDe, os Detalhes Da história Dao.t.o. no Brasil perpassam a
viDa De Diversos personagens Da história De thelema, Bem como seus conflitos, esperanças e traBalho. pág. 15
Revista da Loja Quetzalcoatl, Ordo Templi Orientis
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Índice
Editorialpág. 3
Notíciaspág. 3
A História daOrdo Templi Orientis
pág. 4
Sucessão após Crowley pág. 22
Hooráculopág. 32
A História da
O.T.O. no Brasil
escreva para nós!
Além de ajudar a melhorar nosso
trabalho com sua opinião, apro-
veite nosso espaço de comunica-
ção para tirar dúvidas, dar ideias e
manter contato com os membrosda O.T.O. no Brasil.
E-mails para:
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E s t r el a
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notÍcias
Centenário da seção britânica O.T.O.
Em 2012 e.v. estamos comemorando o centenário do anúncio or-
mal da seção britânica da Ordo Templi Orientis, liderada por Aleister
Crowley. A Loja Quetzalcoatl comemora esses cem anos com uma
edição especial da Estrela Rubi, que revisita a História da O.T.O., e
especialmente sua trajetória no Brasil, desde a sua chegada em 1995
e.v.
Aniversário da Loja Quetzalcoatl
No dia 23 de maio e.v., a Loja Quetzalcoatl comemorou 12 anos de
existência. Foram 12 anos de luta e trabalho entre irmãos. Só pode-
ríamos registrar aqui uma homenagem a todos da nossa Loja, que
azem e zeram parte do trabalho que nos trouxe até aqui.
Parabéns a todos nós!
Dois anos da Revista Estrela Rubi
É com muita satisação que, nesta presente edição, comemora-
mos dois anos de existência da Revista Estrela Rubi. Gostaríamos
de agradecer a todos os leitores que têm nos acompanhado e que
contribuíram para nosso desenvolvimento com comentários, su-
gestões e críticas.
Esperamos continuar produzindo um material de qualidade, divul-
gando a Lei de Thelema e seguir atendendo a demanda de nossos
Irmãos, Irmãs e estudantes sérios.
Solstício de Inverno
Celebramos mais um Solstício de Inverno. Como na hora da meia-
-noite do Sol, a Natureza recolhe suas orças e se reugia em si mes-
ma. Na sua introspecção, ela reúne orças para um novo renasci-
mento.
Assim como Kephra conduz o Sol através da madrugada, a semente
de um novo ciclo se prepara, em silêncio. Seu orescer será aguar-
dado com a paz que antecede um novo regozijo.
A Loja Quetzalcoatl deseja um inverno sereno a todos.
Novos Minervais
No dia 5 de maio oram iniciados os Novos Minervais da Ordo Tem-pli Orientis. Que todos sejam bem-vindos. Desejamos nada mais e
nada menos do que Sucesso nesse início de caminhada.
M
uito se tem escrito e alado sobre a Ordo Templi Orientis
no Brasil e sua história em nosso País durante os seus 16
anos de existência, mas raramente estes relatos oram
além de meras versões de cunho pessoal ou desabaos de egos e-
ridos.
De ato não é dicil encontrar inormação exposta online, com a
acilidade de um simples click somos bombardeados com textos e
material de todo o gênero e qualidade. Sejam otos manipuladas
do primeiro grupo de Iniciados da O.T.O. aqui no Brasil, biograas
abricadas de indivíduos que em algum momento zeram parte da
Ordem, ou ataques disarçados de pretensos estudos disponibiliza-
dos em blogs e oruns. No entanto, talvez um dos maiores proble-
mas seja o ato que o início de Thelema no Brasil está associado a
uma prounda desinormação relativa à Ordo Templi Orientis, que
inelizmente oi perpetuda por alguns devido ao receio que de ou-
tro modo suas ambições desmoronassem por alta de uma base,
mesmo esta sendo vazia.
Assim se desenvolveu e perpetuou uma postura de imaturidade ca-
racterizada pela alta de capacidade em assumir um compromisso
de trabalho próprio e se responsabillizar pelo mesmo. Certamente
para alguns é mais proveitoso aproveitrar a carona no trabalho e
história dos outros, no entanto acredito que em algum momento
deveríamos crescer e começar a caminhar por nós próprios.
Espero que através deste novo numero de nossa revista certos pon-
tos de nossa história no Brasil possam car mais claros, e assim tra-
zer alguma luz a algums mitos que azem parte do que se tornou o
olklore Thelêmico no Brasil.
editorial
Frater apollôn Hekatos
Mestre da Loja QuetzaLcoatL - rio de janeiro
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O r d o T e m p l i O r i e n t i s
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A r t i g o
a Hist ria da ordo teMpli orientisUM panoraMa sobre a trajetória da ordo teMpli orientis, desde sUa fUndação até os dias atUais.
28/06/1855 — 28/10/1923). Durante estas conversas, Kellner decidiu
que a Academia Maçônica deveria chamar-se “Ordem dos Templá-
rios Orientais”. O oculto círculo interno desta Ordem (a O.T.O. propria-
mente dita) deveria organizar-se em paralelo aos mais altos graus
dos Ritos maçônicos de Memphis e Mizraim, e deveria ensinar as
doutrinas esotéricas Rosacrucianas da Irmandade Hermética da Luz
e a “Chave” de Kellner para o simbolismo maçônico. Tanto homens
quanto mulheres seriam admitidos a todos os níveis desta Ordem,
mas a posse de vários graus da Arte e Altos Graus maçons deveriam
ser pré-requisitos para a admissão no Círculo Interno da O.T.O.
Inelizmente, graças aos regulamentos das Grandes Lojas estabele-
cidas que governavam a Maçonaria Regular, mulheres não podiam
ser iniciadas como maçons e assim seriam excluídas por denição da
admissão à Ordem dos Templários Orientais. Esta deve ter sido uma
das razões pelas quais Kellner e seus associados resolveram obter
controle sobre um dos muitos ritos, ou sistemas, da Maçonaria; para
reormar o sistema para a admissão de mulheres.
As discussões entre Reuss e Kellner não levaram a quaisquer resul-
tados na ocasião, pois Reuss estava muito ocupado com o renas-
cimento da Ordem dos Illuminati, juntamente com seu associadoLeopold Engel (1858 — 1931), de Dresden. Kellner não aprovava a
recriação da Ordem dos Illuminati ou Engel. De acordo com Reuss,
até sua separação nal de Engel, em junho de 1902, Kellner contatou-
-o e ambos concordaram a proceder com o estabelecimento da Or-
dem dos Templários Orientais, buscando autorizações para atuar nos
vários ritos dos altos-graus da Maçonaria.
Bases Maçônicas
Theodor Reuss, além de ser o líder da rediviva Ordem Bávara dos
Illuminati, era também Grande Mestre do Rito de Swedenborg da
Maçonaria na Alemanha (patente datada de 26 de julho de 1901, por
W. Wynn Westcott), Inspetor Especial da Ordem Martinista na Alema-
nha (patente datada de 24de junho de 1901, por Gérard Encausse) e
Magus do Alto Conselho alemão da Societas Rosicruciana em Anglia
(carta de autorização datada de 24de evereiro de 1902, por W. Wynn
Westcott). Com auxílio de Kellner, Reuss contatou o estudioso maçô-
nico John Yarker (1833 — 1913), para adquirir patentes para operar
três sistemas dos altos-graus da Maçonaria conhecidos como o An-
tigo e Primitivo Rito de Memphis, de 97°, o Antigo Rito Oriental de
Mizraim, de 90°, e o Antigo e Aceito Rito Escocês, de 33° (Conselhode Cernau, Nova York, 1807).
Reuss recebeu cartas-patente de Grande Inspetor Soberano 33° do
Rito Escocês de Cernau de Yarker, datando de 24 de setembro de
Mesmo que ocialmente undada no princípio do Séc. XX
e.v., a O.T.O. representa a exteriorização e conuência
de divergentes correntes de sabedoria e conhecimento
esotérico, que eram originalmente divididas e guiados à contra cul-
tura pela intolerância política e religiosa durante as idades negras.
Ela remete às tradições dos movimentos Maçônico, Rosacruciano e
Iluminista dos Sécs. XVIII e XIX, às cruzadas dos Cavaleiros Templários
da Idade Média, ao recente Gnosticismo Cristão e às Escolas Pagãs
de Mistérios. Seu simbolismo contém uma reunicação das tradições
ocultas do Ocidente e do Oriente, e a resolução destas tradições per-
mitiu-a reconhecer o verdadeiro valor da revelação do Livro da Lei de
Aleister Crowley.
Carl Kellner
O Pai Espiritual da Ordo Templi Orientis oi Carl Kellner (Renatus,01/09/1851 — 07/06/1905), um rico industrial austríaco da química do
papel. Kellner oi um estudante da Maçonaria, do Rosacrucianismo e
do Misticismo Oriental, e viajou extensamente pela Europa, América e
ásia Menor. Durante suas viagens, ele alegou ter entrado em contato
com três Adeptos (um Su, Soliman ben Aia, e dois Tantristas hindus,
Bhima Sena Pratapa de Lahore e Sri Mahatma Agamya Paramaham-
sa), e uma organização chamada A Irmandade Hermética da Luz.
Em 1885, Kellner encontrou o Dr. Franz Hartmann (1838 — 1912),
estudioso Teosóco e Rosacruciano. Mais tarde, ele e Hartmann co-
laboraram no desenvolvimento da terapia pela inalação de “ligno-
-sulto”, para o tratamento da tuberculose, a qual ormou a base do
tratamento do sanatório de Hartmann nas proximidades de Saltz-
burg. Durante o decorrer de seus estudos, Kellner acreditou ter des-
coberto uma “Chave” que oerecia uma clara explicação de todo o
complexo simbolismo maçônico e que, acreditava Kellner, abriria
os mistérios da Natureza. Kellner desenvolveu o desejo de ormar
uma Academia Maçônica que permitiria habilitar todos os maçons a
tornarem-se amiliarizados com todos os existentes graus e sistemas
maçônicos.
Academia Maçônica
Em 1895 Kellner começou a discutir sua ideia de undar uma Acade-
mia Maçônica com seu sócio, Theodor Reuss (Merlin ou Peregrinus,
Frater sabazius & Frater aMt
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A r t i g o
1902. De acordo com uma cópia publicada, Yarker emitiu na mes-
ma data uma permissão para Reuss, Franz Hartmann e Henry Klein
operarem um Soberano Santuário 33° — 95° dos Ritos Escoceses, de
Memphis e Mizraim. Yarker emitiu uma segunda patente conrman-
do a autoridade de Reuss para operar nos ditos Ritos em 01 de julho
de 1904; e Reuss publicou uma cópia de uma patente de conrma-
ção datada de 24 de junho de 1905. Reuss iniciou a publicação de
um periódico maçônico, “The Oriamme”, em 1902.
Estes Ritos, em conjunto com o de Swedenborg, oram adotados
como elementos integrais dentro do esquema geral da Ordem. O
Rito de Swedenborg, que incluía uma versão dos graus de Arte, em
conjunto e o Rito Escocês de Cernau e os Ritos de Memphis Mizraim
proveram uma seleção de “altos graus” trabalháveis tão completos
como jamais existiu. Juntos, eles proveram um completo sistema de
iniciações maçônicas à disposição da Ordem. Com a incorporação
destes Ritos, a Ordem estava pronta a operar como um sistema ma-
çônico completamente independente. Reuss e Kellner prepararam
juntos um breve maniesto para sua Ordem em 1903, o qual oi publi-
cado no ano seguinte em “The Oriamme”. Kellner morreu em sete
de junho de 1905 e Reuss assumiu pleno controle da Ordem. Com
auxílio dos co-undadores Franz Hartmann e Heinrich Klein, Reuss
preparou uma Constituição para a Ordem em 1906.
A O.T.O. Dirigida por Reuss
Rudolph Steiner (1861 — 1925), que nesta época era o Secretário
Geral do ramo alemão da Sociedade Teosóca, oi patenteado em
1906 como Grande Mestre Delegado de um capítulo subordinadoà O.T.O/Memphis/Mizraim e do Grande Conselho chamado Mystica
Aeterna em Berlim. Steiner deu undação à Sociedade Antroposóca
em 1912 e encerrou sua associação com Reuss em 1914.
Em 24 de junho de 1908, o Dr. Gérard Encausse (Papus, 1865 — 1916)
organizou uma “Conerência Maçônica e Espiritualista Internacional”
em Paris, à qual Reuss compareceu. Nesta conerência, Encausse
recebeu, sem pagamento, uma patente de Reuss para estabelecer
um “Supremo Grande Conselho Geral dos Ritos Unidos da Antiga
e Primitiva Maçonaria para o Grande Oriente da França e suas De-
pendências em Paris”. No ano anterior Encausse, juntamente com
Jean Bricaud (1881 — 1934) e Luis-Sophrone Fugairon (n. 1846), havia
organizado a Églaise Catholique Gnostique, a Igreja Gnóstica Católi-
ca, como um cisma da Église Gnostique, uma igreja neo-Albingense
undada em Paris em 1890 por Jules Dionel (1842 — 1903). Acredita-
-se que Reuss recebeu consagração episcopal e autoridade primal
na Églaise Catholique Gnostique de Encausse e Bricaud nesta con-
erência. O envolvimento de Encausse com a O.T.O., per se, é incerto.
Ainda nesta conerência o Dr. Arnold Krumm-Heller (Huiracocha,
1879 — 1949) recebeu uma patente de Reuss como representanteocial para a América Latina. Krumm-Heller desenvolveu sua própria
ordem, chamada Fraternitas Rosacruciana Antiqua (F.R.A.). De acordo
com seu lho, Parsival, ele nunca undou Lojas da O.T.O. ou indicou
qualquer ocial da O.T.O.
Reuss e Crowley
Como um jornalista, Reuss viajava reqüentemente à Inglaterra.
Em uma destas viagens ele conheceu Aleister Crowley (Baphomet,
12/10/1875 — 01/12/1947), o qual oi admitido aos três primeiros
graus da O.T.O. em 1910. Em 21 de abril de 1912 Reuss deu a Crowley
uma patente, gratuitamente, indicando-o como Grande Mestre Na-
cional Geral X° da O.T.O. para a Grã-Bretanha e Irlanda. A indicação de
Crowley incluía autoridade sobre os Ritos de língua Inglesa nos graus
ineriores (maçônicos) da O.T.O., aos quais oi dado o nome de Myste-
ria Mystica Maxima, ou M\M\M\
Em primeiro de junho de 1912, uma Grande Loja Nacional para os paí-
ses eslavos oi estabelecida por Czeslaw Czynski. Franz Hartman mor-
reu em sete de agosto de 1912. Em setembro de 1912 Reuss publicou
a “Edição de Jubileu” do “The Oriamme”, que oi a primeira edição
a mencionar a O.T.O. em qualquer detalhe, e oi quase inteiramente
devotada a assuntos da O.T.O.. Kellner, Reuss e Crowley eram listados
como membros de grau X° da O.T.O. Também em 1912 Crowley publi-
cou o “Maniesto da M\M\M\” no qual a M\M\M\ oi identicada
como a seção britânica da O.T.O., a qual “incluía todos os países onde
o Inglês osse largamente alado”. A O.T.O. é descrita neste documento
como
“...um corpo de iniciados em cujas mãos está concentrada a sabedoria
e o conhecimento dos corpos seguintes:
A Igreja Gnóstica Católica.
A Ordem dos Cavaleiros do Espírito Santo.A Ordem dos Illuminati.
A Ordem do Templo (Cavaleiros Templários).
A Ordem dos Cavaleiros de São João.
A Ordem dos Cavaleiros de Malta.
A Ordem dos Cavaleiros do Santo Sepulcro.
A Igreja Oculta do Santo Graal.
A Ordem Rosacruz
A Fraternidade Hermética da Luz.
A Sagrada Ordem da Rosa Cruz de Heredom.
A Ordem do Sagrado Arco Real de Enoch.
O Antigo e Primitivo Rito da Maçonaria (33 graus).
O Rito de Memphis (97 graus).
O Rito de Mizraim (90 graus).
O Antigo e Aceito Rito Escocês da Maçonaria (33 graus).
O Rito de Swedenborg da Maçonaria.
A Ordem dos Martinistas.
A Ordem de Sat Bhai,
A Ordem Hermética da Golden Down
e muitas outras ordens de mérito igual, se de menos ama.”
O Maniesto da M\M\M\ também deu o seguinte esquema de or-
ganização da Ordem:
O° MINERVAL
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O r d o T e m p l i O r i e n t i s
— L o j a Q u e t z a l c o a t l
6
A r t i g o I° M.
II° M..
III° M\
P\M\
IV°, Companheiro do Santo Arco Real de Enoch.
Príncipe de Jerusalém.
Cavaleiro do Leste e do Oeste.
V°, Príncipe Soberano da Rosa Cruz. (Cavaleiro do Pelicano e águia.)
Sócio do Senado de Cavaleiros Filósoos Herméticos, Cavaleiros da
águia Vermelha.
VI°, Ilustre Cavaleiro (Templário) da Ordem de Kadosch, e Compa-
nheiro do Santo Graal.
Chee Inquisidor principal, Sócio do Tribunal Principal.
Príncipe do Segredo Real.
VII°, Inspetor General Principal Soberano Muito Ilustre.
Sócio do Conselho Principal Supremo.
VIII°, Pontíce Pereito dos Illuminati.
IX°, Iniciado do Santuário do Gnosis.
X°, Rex Summus Sanctissimus (o Rei Supremo e mais Santo).
A edição de setembro de 1912 do “The Oriame” incluiu uma listagem
similar de um sistema de dez graus:
I - Prüing [Probacionista]
II - Minerval
III - Johannis-(Crat-) Freimauer [Artesão maçon]
IV - Schottischer-(Andreas-) Mauer [Maçon escocês]
V - Rose Croix-Mauer
VI - Templer-RosenkreuzerVII - Mystischer Templer
VIII - Orientalisher Templer
IX - Vollkommener Illuminat [Pereito Iluminado]
X - Supremus Rex
Desta orma, em 1912, Crowley e Reuss haviam condensado o sistema
da Arte e dos altos-graus maçons em um sistema viável de dez graus
numerados que incorporava os ensinamentos e simbolismo de um
certo número de sociedades ocultistas e místicas. Os três graus da
Academia Maçônica de Kellner ormavam os graus VII°, VIII° e IX° deste
sistema. O décimo grau (X°), “Rex Summus Sanctissimus”, ou “Supre-
mus Rex”, designava o Grão Mestre Geral Nacional da O.T.O para um
determinado país, região ou grupo lingüístico. A suprema autoridade
da Ordem, internacionalmente, era chamada de “Frater Superior” ou
Cabeça Externa da Ordem (“Outer Head o the Order” — O.H.O.).
Os Grãos Mestres Gerais Nacionais tinham a autoridade para indicar
seus próprios representantes, chamados “Vice-Reis”, em outros países
de mesmo idioma dominante. Vice-Reis podiam ainda serem levados
ao X° pelo O.H.O.. Dos Grãos Mestres Gerais Nacionais esperava-se
que conduzissem os negócios da O.T.O. de acordo com a Constituiçãoda O.T.O., mas em grande escala ora da supervisão diária do quartel-
-general internacional ou “Escritório Central”.
O Maniesto da M\M\M\ incluía otograas da mansão de Crowley
na Escócia, chamada de Boleskine, a qual servia como “Casa de Oí-
cios” da Ordem. Incluía também uma lista de taxas e mensalidades
para cada grau, bem como uma lista de “taxas de aliação”, onde ma-
çons poderiam aliar-se diretametne no nível correspondente ao seu
próprio grau na Maçonaria. Estas listas oram reimpressas na edição
de 1914 de “The Oriamme”, junto com os títulos de graus do Mani-
esto de Crowley traduzidos para o Alemão.
Em 1912, o sistema da O.T.O., apesar de suas várias inuências, per-
manecia principalmente maçônico. Na Edição de Jubileu de “The
Oriamme” Reuss deniu a O.T.O. como “uma ordem não pura e sim-
plesmente maçônica, mas cada membro de nossa Ordem, homem
ou mulher... deve proceder através dos graus de artesão da Maçona-
ria, mesmo aqueles dos mais altos-graus da Maçonaria, antes de se-
rem iluminados e iniciados membros de nossa Ordem.” Contudo, a
Grande Loja Unida da Inglaterra, a quem Crowley tecnicamente devia
aliança, objetou a aceitação de Graus de Artesão na Inglaterra ora
de sua jurisdição e objetou a admissão de mulheres na Maçonaria.
Ainda assim, Crowley incluiu o seguinte texto em seu Maniesto da
M\M\M\
“A O.T.O., ainda que uma Academia Maçônica, não é um Corpo Ma-
çônico posto conceder os graus de artesão no sentido no qual esta
expressão é normalmente entendida na Inglaterra; e assim não há
conitos com ou inração aos justos privilégios da Grande Loja Unida
da Inglaterra” .
Em 15 de evereiro de 1913 Crowley adotou uma Constituição para a
M\M\M\, submetida à Constituição Geral da O.T.O. Em 19 de mar-ço de 1913, Crowley e Reuss unidos deram patente a James Thomas
Windram(Mercurius, 1877 — 1939) como representante ocial da
O.T.O. na árica do Sul. Posteriormente, em 1913, visitando Moscou,
Crowley compôs a Missa Gnóstica, a qual ele “preparou para o uso
da O.T.O. a cerimônia central de sua celebração pública e particular,
correspondendo à Missa da Igreja Católica Romana.”
A I Guerra Mundial estourou em 28 de julho de 1914. Crowley mudou-
-se para Nova York em outubro deste mesmo ano; passando o ano
seguinte trabalhando como escritor para os periódicos de George Syl-
vester Viereck, “The Fatherland” e “The International”, e como editor-
-chee posteriormente. Em dezembro de 1914, Crowley indicou Char-
les Stanseld Jones (Parzival, 1886 — 1950) como Grão Inspetor Geral
Soberano VII° e seu representante pessoal na cidade de Vancouver.
Em março de 1915 Windram indicou Ernest W. T. Dunn VII°(Maximus)
como Vice-Rei atuante para a Australásia.
Apesar de seu anterior anúncio sobre os Graus de Artesão, no Mani-
esto da M\M\M\, Crowley permanecia inconortável em relação
às características maçônicas da O.T.O., por um adicional número de
razões:
Em contraste com Reuss, Crowley acreditava que mulheres não po-
deriam ser iniciadas como maçons, apesar de pensar que deveriam
ser aptas a se iniciar na O.T.O.
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7
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Estava rustrado com as elaboradas preparações requeridas para
a execução das iniciações maçônicas e com o tamanho dos ritu-
ais maçônicos e seu excessivo palavrório. Crowley via estes atores
como impedimentos no sucesso da implantação de um trabalho
entre pessoas modernas.
Ele acreditava que os conteúdos simbólicos dos rituais maçônicos
estava amortecido a ponto de serem inúteis.
Desejava utilizar o sistema da O.T.O. para ajudar na divulgação dos
ensinamentos de Thelema.
Por estas razões Crowley começou a preparar rituais revisados que
poderiam propagar a signicância da Arte e os altos-graus conscien-
temente e de orma dramática, que seriam próprios para a iniciação
tanto de homens quanto de mulheres, que não inringiriam os privi-
légios da Grande Loja Unida da Inglaterra e que divulgariam os ensi-
namentos básicos de Thelema. Crowley assim o ez por volta de 1925
e adotou os rituais revisados para uso em sua própria seção da O.T.O.,
a M\M\M\
Crowley escreveu sobre estes rituais revisados a Arnold Krumm-Heller
em 22 de junho de 1930:
“Reuss tinha o hábito de iniciar pessoas com meros esqueletos de
rituais tomados daqueles daMaçonaria continental. Não havia, para
deixar claro, nenhuma ordem ou decência neste procedimento. Ele
percebia isto pereitamente bem e era uma das razões pelas quais
pedia-me para reconstruir o sistema de iniciação. Eu z um estudocomparativo de numerosos rituais aos quais eu tive acesso, e produzi
uma série que oi apereiçoada para, e incluindo o 6º grau (equiva-
lente ao Kadosh) e estes oram trabalhados em Londres com o maior
sucesso. Devo azer aqui uma pausa para apontar uma mudança es-
sencial e undamental que é necessária em qualquer ritual com o qual
eu tenha algo a azer que é a completa renúncia ao culto dos Deuses-
-Escravagistas. É impossível para um homem livre conhecer qualquer
sistema que está ligado aos etiches de selvagens cujo único motivo
para ação é o medo nascido de sua própria ignorância.”
Em 1915 ou 1916 Aleister Crowley escreveu “Uma Intimação a Respeito
da Constituição da Ordem” (Liber CXCIV), que desenvolvia suas ideias
sobre a Constituição da O.T.O. escritas por Reuss em 1906, a Consti-
tuição da M\M\M\ de Crowley, de 1913, e seu Maniesto. Gérard
Encausse morreu em 25 de outubro de 1916. Charles Détré (Téder,
1855-1918) sucedeu Encausse e aparentemente também recebeu o
grau X° da O.T.O. para a França, mas aleceu apenas dois meses depois.
Em 1916 Reuss mudou-se para a Basiléia, na Suíça. Enquanto estava
lá, ele estabeleceu uma “Grande Loja e Templo Místico Anacional” da
O.T.O. e a Irmandade Hermética da Luz em Monte Verità. Monte Veritàera uma comunidade utópica perto de Ascona, undada em 1900 por
Henri Oedenkoven e Ida Homann, que uncionava como um centro
para o qual o historiador James Webb chamaria mais tarde a “Contra
Cultura Progressista”.
Em 22 de janeiro de 1917 Reuss publicou um maniesto para sua Gran-
de Loja Anacional, a qual oi chamada Verità Mystica. Na mesma data,
publicou uma versão revisada de sua Constituição da O.T.O. de 1906,
com uma “Sinopse dos Graus” e um resumo “Mensagem de Mestre
Therion” em anexo. Nesta constituição revisada Reuss incluiu muitos
dos tópicos da Constituição da M\M\M\ de Crowley, de 1913. Con-
tudo, neste documento, como em muitos dos documentos de Reuss
sobre a O.T.O., ele enatizava o caráter maçônico da Ordem.
Em maio de 1917, a Loja de Crowley na Inglaterra oi invadida e echa-
da pela polícia, sob a alegação de mandato contra “leitura da sorte”
contra um de seus membros. Entretanto, o trabalho de Crowley para
a publicação anti-britânica de Viereck “The Fatherland” pode ter leva-
do as autoridades a suspeitarem de atividades anti-patrióticas na Loja
de Crowley. Todos os arquivos da Loja oram apreendidos. Crowley
oi orçado a temporariamente abdicar do cargo de Grão Mestre em
avor de C. S. Jones para acilitar a situação dos membros remanes-
centes. A Loja nunca oi completamente restaurada.
Em Ascona, Reuss organizou um “Congresso Anacional pela Organiza-
ção da Reconstrução da Sociedade em Práticas Linhas Cooperativas “,
em Monte Verità, de 15 a 25 de agosto de 1917. Este Congresso incluiu
leituras das poesias de Crowley (em 22 de agosto) e a récita da Missa
Gnóstica de Crowley (em 24 de agosto — apenas para membros da
O.T.O.). O anúncio do Congresso declarava: “Há dois centros da O.T.O.,
ambos em países neutros, onde pesquisadores podem ser encontra-
dos por aqueles interessados nos objetivos deste congresso. Um é em
Nova York (Estados Unidos da América), o outro é em Ascona (Suíça
Italiana).” Crowley estava vivendo em Nova York nesta época; assim,evidentemente, ele e Reuss eram os únicos Cabeças Nacionais ativos
da O.T.O. em 1917.
Reuss pediu que sua secretária, “J. Adderley” (Isabel Adderley Oe-
denkoven), enviasse uma cópia do anúncio, juntamente com uma
cópia do Maniesto da M\M\M\ de Crowley à Grande Loja Unida
da Inglaterra, na esperança de que a Grande Loja enviasse represen-
tantes. Isto não ocorreu, mas Willian Hammond, o Bibliotecário da
Grande Loja, escreveu a Reuss após o congresso e pediu mais inor-
mações. Durante a correspondência de Reuss com Hammond, Reuss
lembrou-o que haviam se encontrado 1913/14, e Reuss havia dado a
ele cópias de “The Oriamme” e do “Equinox” de Crowley, o qual, ha-
via dito, “dava detalhes sobre a O.T.O.”.
Reuss estava claramente impressionado com Thelema. A Missa Gnós-
tica de Crowley, a qual Reuss traduzira para o alemão e ora recitada
em seu Congresso Anacional em Monte Verità, é um ritual explicita-
mente telêmico. Em uma carta sem data para Crowley (recebida em
1917), Reuss ala excitadamente que havia lido “A Mensagem de Mes-
tre Therion” para seu grupo em Monte Verità e que estava traduzindo
o Livro da Lei para o Alemão. E ainda, “deixe esta notícia encorajá-lo!Estamos vivenciando seu Trabalho!!!”
Em 24 de outubro de 1917, Reuss entregou uma patente a Rudol
Laban de Laban-Varalya (1879 — 1958) e Hans Rudol Hilker-Dunn
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A r t i g o (1882 — 1955) para operar uma Loja de Grau III° da O.T.O. em Zuri-
que, chamada Libertas et Fraternitas. Em três de novembro de 1917,
de Laban tornou-se Grande Mestre da Grande Loja Anacional Verità
Mystica. Mais tarde, naquele mês, ele echou a Verità Mystica e transe-
riu seu centro de operações para Zurique. Em março de 1918 Crowley
publicou a Missa Gnóstica no “The International”. Reuss publicou sua
tradução para o Alemão da Missa Gnóstica no mesmo ano.
Em uma nota no m de sua tradução da Missa Gnóstica, Reuss reeria-
-se a si próprio, simultaneamente, como Soberano Patriarca e Primaz
da Igreja Católica Gnóstica, e Legado Gnóstico na Suíça para a Église
Gnostique Universelle, dando a conhecer Jean Bricaud (1881 — 1934)
como Soberano Patriarca daquela igreja. A publicação deste docu-
mento pode ser vista como o nascimento da E.G.C. como uma orga-
nização independente, sob a tutela da O.T.O., com Reuss como seu
primeiro Patriarca.
A I Guerra Mundial terminou em 11 de novembro de 1918. De Laban
deixou a Suíça em novembro. Em evereiro de 1919 a Loja Libertas et
Fraternitas rompeu sua ligação com a O.T.O. e tornou-se estritamente
uma Loja Maçônica. Posteriormente regularizou-se sob a Grande Loja
Suíça Alpina. Embora nenhum corpo da O.T.O. tenha restado na Suí-
ça, Reuss continuou a conerir graus da O.T.O. a indivíduos. Enquanto
Reuss persistia em armar a autoridade maçônica da O.T.O., Crowley
continuava a aastar a M\M\M\ da Maçonaria. Em outubro de 1918,
Crowley preparou outra substancial revisão dos rituais internos da
Ordem, desta vez abandonando o termo “Maçonaria” e os caracte-
rísticos emblemas, signos, identicadores etc., dos graus da Arte. Ele
apresentou seus rituais revisados a Reuss para a adoção pela Ordemcomo um todo. Em março de 1919 Crowley publicou seu “The Equi-
nox, Volume III, No. I” (o “Equinox Azul”), o qual continha uma série de
importantes documentos da O.T.O., incluindo:
Liber LII: O Maniesto da O.T.O.
Liber CXCIV: Uma Intimação a Respeito da Constituição da Ordem
Liber CI: Uma Carta Aberta a Todos os Que Desejarem Unir-se à Or-
dem
Liber CLXI: Sobre a Lei de Thelema
Uma versão revisada do Liber XV: A Missa Gnóstica
O Liber LII: O Maniesto da O.T.O. de Crowley oi baseado quase que
palavra por palavra no Maniesto da M\M\M\ de 1913. Saudações
telêmicas oram adicionadas, reerências aos ociais oram atualiza-
das, reerências aos “guinéus” oram convertidas a seus equivalentes
em dólares, os nomes de duas organizações contribuintes oram
apagados (a Ordem Rosacruciana e a Ordem Hermética da Golden
Dawn); a tabela de taxas e as otograas de Boleskine oram retiradas
e a rase “Ela [a O.T.O.] de orma alguma inringe os justos privilégios de
qualquer Corpo Maçônico autorizado” oi adicionada após a listagem
de organizações contribuintes, e o anúncio maçônico acima citadooi mudado para:
“A O.T.O., embora uma Academia Maçônica, não é um Corpo maçô-
nico posto não serem os ‘segredos’ entendidos da mesma orma na
qual aquela expressão é normalmente compreendida; e então de ne-
nhuma maneira conitos com, ou inração dos privilégios justos da
Grande Loja Unida da Inglaterra, ou qualquer Grande Loja na América
ou de outra parte que seja reconhecida por ela [a G. L. U. da Inglater-
ra].”
Em 10 de maio de 1919, Reuss outorgou uma Patente a Hans Rudolph
Hilker, Dr. E. Pargaetzi, R. Merlitscheke M. Bergmaier para ormarem
um Supremo Conselho do Rito Escocês de Cernau na Suíça, em Zuri-
que. Na mesma data Reuss concedeu um documento chamado “Me-
dida de Amizade” a Matthew McBlain Thomson, undador da aziaga
“Federação Maçônica Americana”. O documento reconheceu Thom-
son como Membro de Grau IX° da O.T.O.. Em 18 de setembro de 1919,
Reuss oi reconsagrado por Bricaud pelo recebimento da “Sucessão
da Antióquia” e re-apontado como “Legado Gnóstico” na Suíça para a
Église Gnostique Universelle de Bricaud.
Crowley retornou à Inglaterra em dezembro de 1919. Em 1920, Reuss
publicou seu “Programa de Construção e Princípios-Guia para os
Gnósticos Neo-Cristãos: O.T.O.”. Neste documento Reuss apresenta
suas ideias para uma (altamente regulamentada) sociedade utópica.
Os princípios desta sociedade eram para serem baseados nas ideias
de Thelema (o Livro da Lei e aorismos de Mestre Therion eram cita-
dos e explicados); juntamente com ideias mais tradicionais do Rosa-
crucianismo, Gnosticismo e Yoga; e as ideias sócio-políticas “progres-
sistas” prevalecentes em Monte Verità.
Em 17 de julho de 1920, Reuss participou do Congresso da “Federação
Mundial da Maçonaria Universal”, ocorrido na Loja Libertas et Frater-nitas, em Zurique. Esta conerência oi realizada para complementar
a “Conerência Internacional Maçônica e Espiritualista” de Papus em
Paris, de 1908. Reuss, com autorização de Bricaud, advogou pela ado-
ção da religião da Missa Gnóstica de Crowley como a “religião ocial
de todos os membros da Federação Mundial da Maçonaria Universal
possuidores do 18° do Rito Escocês”. Os esorços de Reuss neste senti-
do alharam, e ele discutiu com Matthew McBlain Thomson (que ora
eleito Presidente Honorário da Federação Maçônica Internacional)
acerca de assuntos de jurisdição. Reuss abandonou o congresso após
o primeiro dia.
C. S. Jones havia abdicado da O.T.O. em 1919, mas continuou a corres-
ponder-se com Reuss e, em 10 de maio de 1921 Reuss designou Jo-
nes como X° para os Estados Unidos da América do Norte. Na mesma
data designou Heinrich Tränker (Recnartus, 1880 — 1956), que lidera-
va várias organizações esotéricas dentro de um movimento chamado
“Pansophia”, como X° para a Alemanha.
Em 30 de julho de 1921 Reuss emitiu outro “Gauge o Amity”, desta
vez para H. Spencer Lewis, o undador da A.M.O.R.C., a organização
Rosacruciana baseada em San Jose (Caliórnia / EUA). Este documentotambém reconhecia Lewis como um membro Grau VII° da O.T.O. Cro-
wley havia conhecido Lewis antes, em 1918, na cidade de Nova York,
e não cou impressionado com ele. Reuss retornou à Alemanha em
setembro de 1921, estabelecendo-se em Munique. Em 3 de setembro
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des Mestres para a América do Norte e Alemanha, respectivamente.
Tränker, por recomendação de Jones, convidou Crowley a ormal-
mente assumir a liderança da O.T.O., bem como de várias outras or-
ganizações, incluindo o movimento Pansophico, em uma conerência
que ocorreria em Hohenleuben, perto de Weida, no verão de 1925. Os
outros participantes da conerência eram: Heinrich e Helene Tränker,
Karl Germer (Saturnus, 22/01/1885 — 25/10/1962) — nesta época
secretário e editor de Tränker —, Albin Grau, Eugen Grosche, Martha
Künzel, Henri Birven, um cavalheiro chamado Hoper, Crowley e seus
associados Dorothy Olsen, Leah Hirsig, Norman Mudd, e outros.
Os resultados desta conerência oram vários. Os participantes caram
divididos sobre os ensinamentos de Crowley e o Livro da Lei, o qual era
largamente desconhecido (apenas recentemente ora traduzido para
o Alemão). Ocorreram conitos pessoais também. Fraulein Künzel e
Herr Germer postaram-se ao lado de Crowley. Herrn Tränker, Grau,
Hoper e Birven decidiram manter a Loja Pansophica independente
de Mestre Therion. Herr Grosche, originalmente ladeou-se a Crowley,
mas ele e Germer brigaram, e Grosche decidiu permanecer indepen-
dente. Após o echamento da Loja Pansophica, em 1926, Grosche re-
agrupou alguns ex-Pansophistas para undar a Fraternitas Saturni. A
Fraternitas Saturni reconheceu o status de Crowley como um proeta
e aceitou a Lei de Thelema de uma orma modicada, mas Grosche
insistiu em manter-se independente da O.T.O. e sob sua própria autori-
dade, e não de Crowley. A Fraternitas Saturni ainda atua na Alemanha,
Canadá e outros países e não se apresenta como sendo a O.T.O.
Tränker aparentemente tentou obter para si o título de O.H.O. da O.T.O.
em 1925, mas parece não ter sido largamente reconhecido como tal ecessou seus esorços neste sentido em 1930, quando ele e H. Spencer
Lewis começaram juntos a trabalhar diretamente (mas sem sucesso)
para o estabelecimento de um ramo alemão da A.M.O.R.C.
A Loja Agapé
A Loja Agapé N° 1 oi undada em 1915, em Vancouver (Colúmbia
Britânica/Canadá), sob a autoridade de Jones e Crowley. Nos anos
30, Wilred Talbot Smith (1885 — 1957), um membro patenteado
da Loja Agapé N° 1 mudou-se de Vancouver com instruções de
Crowley para trabalhar com Jane Wole (1875 — 1958), que havia
sido uma estudante de Crowley em Cealú, de modo a estabelecer
a Loja Agapé N° 2 em Los Angeles (Caliórnia/EUA). Smith e Wol-
e uniram um grupo em Hollywood, Caliórnia, e, juntamente com
Regina Kahl (1891 — 1945), começaram a celebrar a Missa Gnóstica
semanalmente em um domingo, 19 de março de 1933. A Loja Agapé
N° 2 teve seu primeiro encontro em 1935. A Loja Agapé contribuiu
grandemente com os esorços de Crowley para suas publicações
e Crowley apontou Smith (Ramaka) como X° para os E.U.A. Poste-
riormente a Loja Agapé N° 2 mudou-se para Pasadena, Caliórnia, e
oi liderada por John W. “Jack” Parsons (Belarion, 1914 — 1952), umrespeitado engenheiro químico e pioneiro aeroespacial. Parsons oi
um dos undadores tanto do Caliornia Institute o Technology’s Jet
Propulsion Laboratory (Laboratório de Propulsão a Jato do Instituto
de Tecnologia da Caliórnia) quanto do Aerojet General (Laboratóro
de 1921 Reuss patenteou Carl William Hansen (Kadosh, 1872 — 1936)
como X° para a Dinamarca. Em outubro de 1921, dada a abdicação de
Dunn, Crowley apontou Frank Bennett (Dionysus, 1868 — 1930) como
Vice-Rei da Austrália.
A Sucessão de Crowley
Há algumas razões para acreditar que Reuss soreu um ataque na pri-
mavera de 1920, mas isto não está inteiramente certo. Crowley escre-
veu a W. T. Smith em março de 1943:
“o antigo O.H.O., após este primeiro ataque de paralisia, entrou em pâ-
nico pelo trabalho a ser realizado... Ele rapidamente emitiu diplomas
honorários do Sétimo Grau a várias pessoas, algumas das quais não
tinham direito a nada e alguns deles eram apenas recursos baratos.”
Logo após apontá-lo como seu Vice-Rei para a Austrália, Crowley pa-
rece haver correspondido-se com Frank Bennett e discutido com ele
suas dúvidas acerca da habilidade de Reuss em, eetivamente, con-
tinuar a governar a Ordem. Parece que Reuss descobriu esta corres-
pondência; ele escreveu para Crowley uma uriosa resposta deensiva
em 9 de novembro de 1921, na qual ele parecia distanciar-se e à O.T.O.
de Thelema, a qual ele havia, como visto acima, abraçado. Crowley
respondeu à carta de Reuss em 23 de novembro de 1921 e armou
em sua carta: “É de minha vontade ser o O.H.O. e Frater Superior da
Ordem e espero a sua renúncia — para proclamar-me como tal.” Ele
assinou a carta como “Baphomet O.H.O.”. No registro de seu diário de
27 de novembro de 1921 Crowley escreveu: “Eu proclamei a mim mes-
mo como Frater Superior O.H.O. da Ordem dos Templários Orientais.”Reuss morreu em 28 de outubro de 1923 e.v..
Em suas “Conssões”, Crowley diz que Reuss “abdicou do título [de
O.H.O.] em 1922 em meu avor.” Em uma carta a Heinrich Tränker, da-
tada de 14 de evereiro de 1925, Crowley escreveu o seguinte:
“Reuss era de temperamento incerto, e de muitas ormas intratável.
Em seus últimos anos ele parece ter perdido completamente seu ju-
ízo, chegando a acusar o Livro da Lei de ter tendências comunistas,
ideia que não poderia ser mais absurda. Ainda assim parece ter toma-
do algumas decisões acertadas, como ter apontado a você e a Frater
Achad, e designado a mim, em sua última carta, como seu sucessor.”
Em uma carta a Charles Stanseld Jones, datada Sol in Capricornius,
Anno XX (12/1924 — 01/1925), Crowley disse: “na última carta do
O.H.O. para mim ele convidou-me a ser seu sucessor como O.H.O. e
Frater Superior.” A carta de Reuss designando Crowley como seu su-
cessor como O.H.O. jamais oi encontrada, mas nenhum documento
crível surgiu indicando que Reuss havia designado qualquer sucessor
alternativo.
A O.T.O. Dirigida por Crowley Aleister Crowley atuou como Cabeça Externa da Ordem de 1922 até
sua morte em dezembro de 1947. O primeiro ato de Crowley como
O.H.O. oi reconrmar as patentes de Jones e Tränker como Gran-
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A r t i g o Aerojato Geral, do Instituto de Tecnologia da Caliórnia).
Karl Germer
Quando a II Guerra Mundial estourou em 1939, as comunicações in-
ternacionais oram cada vez mais interrompidas e as viagens de civis
eram limitadas. Crowley cou muito dependente de seus represen-
tantes estrangeiros, estando impossibilitado de viajar ele mesmo. Karl
Germer, o representante alemão de Crowley, oi preso pela Gestapo e
connado em um campo de concentração nazista por “buscar discí-
pulos para o residente estrangeiro, maçon de alto grau, Crowley”. Sol-
to logo graças aos esorços do cônsul norte-americano, Germer viajou
para os Estados Unidos onde, como Grande Tesoureiro Geral e segun-
do em comando além de Crowley, conduziu vários negócios da O.T.O.
Em 14 de março de 1942 Crowley escreveu a Germer: “Devo indicá-lo
como meu sucessor como O.H.O. [...] Uma completa mudança na es-
trutura da Ordem e seus métodos é necessária. O segredo é a base, e
você deve selecionar cuidadosamente as pessoas.” Os outros ramos
europeus da O.T.O. oram grandemente destruídos ou mantidos na
contra cultura durante a Guerra. Os ramos latino-americanos da F.R.A.
de Krumm-Heller mantiveram um discreto contato com Germer até o
princípio da década de ‘60.
Ao nal da II Guerra Mundial, em 1945, apenas a Loja Agapé em Pa-
sadena, Caliórnia, ainda uncionava. Haviam iniciações isoladas da
O.T.O. em várias partes do mundo. Apesar de Crowley receber visitas
de membros da O.T.O. na Inglaterra nenhum trabalho oi conduzido
desde o ataque policial em 1917. As iniciações oram muito raras ora
da Caliórnia. Krumm-Heller, no México, conduzia iniciações da O.T.O.mas enviou um candidato, Dr.Gabriel Montenegro (Frater Zopiron ou
Theophilos) à Caliórnia para iniciar-se.
Grady McMurtry
Durante a II Guerra Mundial, dois membros da O.T.O. Caliorniana, Gra-
dy Loius McMurtry (18/10/1918 — 12/07/1985) e Frederick Mellinger
(Merlinus, 1890 — 1970) — originalmente um reugiado da Alemanha
nazista — viajaram à Europa em tareas militares. McMurtry já havia
estado lá e visitado Crowley em várias ocasiões. Mellinger visitou Cro-
wley após McMurtry haver retornado aos Estados Unidos.
Houve um bom entendimento entre Crowley e McMurtry, e Crowley
respeitou a experiência militar de McMurtry. Em 1943 Crowley pesso-
almente coneriu o IX° da O.T.O. à McMurtry e ez dele Grande Inspetor
Geral Soberano da Ordem, dando-lhe o nome mágico que usaria a
partir de então: Hymenaeus Ala 777.
Em 1944, Crowley começou a discutir com McMurtry a possibilidade
de ele assumir o “Caliado”. Crowley escreveu a McMurtry em 28 de se-
tembro de 1944: “Espero que você prera meu plano para sua carreiracomo meu Fides Achates, alter ego, Calia & assim por diante.” Em 21
de novembro de 1944 ele escreveu novamente a McMurtry:
“’O Caliado’. Você deve perceber que não importa o quão intimamen-
te observemos olho-a-olho em qualquer assunto objetivo, eu devo
pensar em premissas totalmente dierentes daquelas concernentes à
Ordem. Uma das (surpreendentemente poucas) ordens que me o-
ram dadas oi ‘não cone em um estranho: não alhe com um herdei-
ro’. Isto tem sido muito maligno para mim. Fr\ [Saturnus] é, claro, o
Calia natural; mas há muitos detalhes acerca da real política ou traba-
lho que escapam a ele. Em todo caso, ele pode apenas ser um subs-
tituto, por causa da sua idade; tenho que procurar seu sucessor. Isto
tem sido um Inerno; tantos têm vindo com promessas maravilhosas,
apenas para cair nas pedras. [...] Mas — e aqui é que você tem perdi-
do meu ponto de todo — eu não penso em você deitado em uma
encosta verdejante com adoráveis carneiros, tocando uma auta! Ao
contrário. Sua vida verdadeira, ou ‘sangramento’, é o tipo de iniciação
que busco como base primordial para o Calia. — Para — digamos
20 anos — por isso o Cabeça Externo da Ordem deve, entre outras
coisas, ter tido a experiência da guerra como ela realmente é de ato
presentemente.”
O título “Calia”, ainda que reerindo-se de alguma orma ao senso de
humor de ambos os homens como uma trocadilho com uma abrevia-
ção para “Caliórnia” (local de residência de McMurtry e localização da
Loja Agapé), provém da palavra árabe Khalia, signicando “delegado”.
Foi historicamente utilizada no antigo Islã para designar o sucessor do
Proeta, o comandante mundial da Fé Islâmica. O uso por Crowley do
termo, aplicado a Germer e McMurtry, era paralelo para a O.T.O.
Em 1946, Crowley incumbiu McMurtry com documentos de autoriza-
ção emergencial para tomar o controle de todo o trabalho da Ordem
na Caliórnia, o que incluía o único Corpo uncional da O.T.O. naquelaépoca. Crowley também apontou McMurtry como seu representan-
te pessoal nos E.U.A., cuja autoridade deveria ser considerada como
a do próprio Crowley. Estas duas patentes, datadas respectivamente
de 22 de março de 1946 e 11 de abril de 1946, necessitavam apenas
da aprovação, veto ou revisão de Karl Germer. Germer oi muito bem
inormado das patentes de McMurtry por Crowley, posto haver com-
parecido ao encontro da Loja Agapé no qual McMurtry oi-lhe apre-
sentado. Além disto, em uma carta a Germer datada de 19 de junho
de 1946, Crowley inormava a Germer que “a única limitação de seu
[McMurtry] poder na Caliórnia é que qualquer decisão que tome está
sujeita à sua revisão ou veto” o que removia a necessidade de uma
prévia autorização por Germer.
Em seis de junho de 1947 Crowley escreveu a Germer:
“Você parece em dúvida quanto à sucessão. Nunca houve quaisquer
questão a este respeito. Desde sua reaparição você é o único sucessor
em que tenho pensado até este momento. Tenho, de qualquer orma,
tido a ideia de que, tendo-se em vista a dispersão de tantos membros,
você deveria achar útil apontar um triunvirato para trabalhar sob seu
comando. Minha ideia é Mellinger, McMurtry e, eu suponho, Roy [Le-fngwell], apesar de eu ter estado um pouco duvidoso em relação à
lealdade deste último.”
Em 17 de junho de 1947, seis meses antes de sua morte, Crowley es-
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creveu a McMurtry e inormou-o de que apesar de Germer ser seu
sucessor como Cabeça da O.T.O., McMurtry deveria preparar-se para
suceder Germer.
Crowley, apesar de conar na habilidade de Karl Germer em gover-
nar a Ordem como seu sucessor, evidentemente não conava em sua
habilidade de encontrar e designar um sucessor apropriado para si
mesmo. No que parece ter sido uma medida de contingência adicio-
nal para a possibilidade de McMurtry morrer ou car incapacitado,
Crowley também avisou a Mellinger para que se mantivesse pronto
como um possível sucessor de Germer, em uma carta datada de 15 de
julho de 1947. De qualquer orma, Mellinger nunca recebeu os avisos
dados a McMurtry e Crowley nunca usou o termo “Calia” em relação
a Mellinger.
A O.T.O. Dirigida por Germer
Crowley morreu em 1° de dezembro de 1947 e, de acordo com sua
vontade, Karl Germer tornou-se O.H.O. da O.T.O., atuando do nal de
1947 até sua morte em 1962. A Loja Agapé continuou no sul da Cali-
órnia até 1949, após o que a Loja cessou seus encontros regulares. Os
registros da Loja Agapé, consistindo nas atas das reuniões, cópias da
anotações de rituais, listas de membros iniciados em vários graus na
O.T.O., correspondência e registros nanceiros, oram conservados por
Jane Wole e vários membros da Loja.
Seguindo-se à morte de Crowley, seu testamento oi executado e os
executores começaram a enviar o espólio a Germer. Germer recebeu
a maior parte do material do espólio de Crowley e, eventualmente,levou-o consigo para sua residência nal em Westpoint (Caliórnia/
USA).
Germer era um homem quieto e recluso, acima de tudo interessa-
do na publicação dos escritos de Crowley. Vários membros da O.T.O.
ajudaram-no neste sentido, mas, ainda que tendo havido a promoção
dos já iniciados, nenhuma nova iniciação se deu.
Germer noticou McMurtry e outros que a O.T.O. seria incorporada
e governada por um triunvirato de ociais, mas esta incorporação
jamais oi eetivada sob a liderança de Germer na O.T.O. Germer pa-
tenteou um Acampamento inglês da O.T.O. sob a direção de Kenneth
Grant (nas. 1924), um membro de grau III°, mas echou o Acampamen-
to e expulsou Grant da O.T.O. em 20 de julho de 1955, quando desco-
briu que Grant havia associado-se à Fraternitas Saturni de Grosche,
havia circulado um maniesto para uma nova loja da O.T.O. sob a reu-
nida autoridade de Germer e Grosche, e havia começado a modicar
os rituais da O.T.O. sem dar notícia a Germer.
Germer também tomou interesse pelos esorços de Hermann Met-
zger (Paragranus, 1919 — 1990) na Suíça. Metzger era um estudantede um dos membros sobreviventes da seção suíça de Reuss da O.T.O.,
chamado Felix Lazerus Pinkus (1881 — 1947), mas sem ligações com
a O.T.O. de Crowley. Germer pediu a Mellinger que supervisionasse a
regularização de Metzger dentro da O.T.O. de Crowley, mas Germer
e Metzger caíram em discórdia ao nal da vida de Germer. Frederic
Mellinger escreveu, após a morte de Germer, que Metzger havia a-
lhado em seguir o programa de instruções estabelecido para ele por
Germer sob a tutela de Mellinger. De acordo com uma onte, Metzger
alegava ter patenteado Gabriel Montenegro como X° para os Estados
Unidos. De qualquer orma, Montenegro nunca alegou tal autoridade
e jamais mencionou quaisquer nomeação de Metzger para seus cole-
gas da O.T.O. nos E.U.A.
Os membros da O.T.O. na Caliórnia buscaram ativamente inuenciar
Germer para que este reabrisse o acesso das pessoas à O.T.O.. Foi ex-
pressado em correspondências a preocupação de que a não iniciação
de novos membros da O.T.O. resultaria na completa dissolução da Or-
dem. Em 1959, McMurtry oi chamado a uma reunião em Los Angeles,
à qual os membros da Loja Agapé e outros oram convidados, com
o propósito de tentar criar uma rente unicada para pressionar Karl
Germer em retomar iniciações da O.T.O. McMurtry estava pronto a
invocar as autorizações dadas a ele por Crowley para dar suporte à
sua ideia. Dr. Montenegro opôs-se à ideia e os outros não lhe deram
nenhum suporte; a ideia oi abandonada. Montenegro escreveu a Mc-
Murtry em 21 de novembro de 1960 para documentar sua oposição
à ideia.
Germer autorizou McMurtry a ormar um núcleo de um novo aces-
so público à O.T.O., mas Germer e McMurtry discordaram acerca de
um empréstimo pessoal e outros assuntos. Quaisquer dierenças que
tivessem, jamais houve a mínima sugestão de que Germer tenha con-
siderado vetar ou revisar as patentes dadas a McMurtry por Crowley.
McMurtry perdeu seu emprego na Caliórnia devido a problemas desaúde e mudou-se para Washington (E.U.A., capital) em março de
1961. Lá ele lecionou Ciências Políticas na George Washington Univer-
sity (Universidade George Washington) enquanto trabalhava como
analista para o governo norte-americano. Também dirigiu a Washing-
ton Shakespeare Society (Sociedade Shakespeare de Washington).
Interregnum
Germer morreu em 25 de outubro de 1962 sem designar um suces-
sor. O testamento de Germer nomeava sua esposa, Sascha, e Frederick
Mellinger como os executores de seu espólio, na orma de proprieda-
de mantida para a O.T.O. Sascha era uma senhora de idade avançada
com a mente já comprometida, aastada dos membros remanescen-
tes da O.T.O. na Caliórnia. O espólio de Germer nunca oi avaliado.
Alguns membros graduados, incluindo Grady McMurtry, não oram
noticados da morte de Germer por vários anos, causando um gran-
de atraso antes que a questão da sucessão na liderança da O.T.O. osse
resolvida apropriadamente.
Metzger, na Suíça, publicou uma alegação de ser o Cabeça Externa
da Ordem, baseada em uma eleição particular que teria se dado nodia seis de janeiro de 1963, na própria Suíça. Membros graduados da
O.T.O. de ora da Suíça, inclusive Frederick Mellinger, que havia sido
indicado por Germer como mentor de Metzger, não haviam sido in-
ormados da suposta eleição de Metzger até esta alegação. Uma có-
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A r t i g o pia do maniesto de Metzger oi enviada a Wilred Smith, que estava
morto desde 1957. Metzger não oi aceito amplamente como Cabeça
da Ordem ora de seu próprio grupo. Sascha ez uma tentativa de en-
viar o material de Germer da O.T.O. para Metzger mas oi impedida
por uma carta de Mellinger datada de 25 de setembro de 1963, que
denunciava Metzger como uma raude. Metzger, posteriormente, in-
corporou seu sistema de O.T.O. como parte de uma nova organização
de sua própria ormação, a Ordo Illuminatorum, a qual pretendia ser
um reviver da ordem dos Illuminati. Metzger morreu em 1990.
Kenneth Grant (n. 1924) também tentou alegar ser o Cabeça Exter-
na da Ordem; mas ele havia sido anteriormente expulso por Germer.
Grant colocou em disputa sua expulsão, alegando que jamais havia
reconhecido Karl Germer como Cabeça da O.T.O.. Mesmo assim, os
próprios escritos de Grant nos anos 50, em particular o maniesto da
Loja Nova Ísis, reerem-se a Frater S (Saturnus, i. e. Karl Germer) como
cabeça internacional da O.T.O. A organização de Grant diz que a O.T.O.
cessou de ser uma organização de membros no sentido tradicional
de ter Lojas e conerir graus cerimonialmente. A organização de Grant
também ignora a Missa Gnóstica, que é, de acordo com Crowley, “a
cerimônia central das celebrações públicas e particulares [da O.T.O.].”
A O.T.O. Dirigida por McMurtry
Quando McMurtry apercebeu-se da condição crítica na qual havia ca-
ído a Ordem após a morte de Germer, ele oi impelido a utilizar seus
documentos de emergência dados por Crowley e assumir o título de
“Calia da O.T.O.”, tal como especicado nas cartas de Crowley para
ele na década de 40. Para as duas testemunhas que ele acreditavanecessárias para tal ato, escolheu o Dr. Israel Regardie (1907 — 1985)
e Gerald Yorke (1901 — 1983). McMurttry reeriu-se a estes dois como
os “Olhos de Hórus”, como os dois mais proeminentes estudantes de
Crowley sobreviventes. Ele avisou-os de seus planos de reconstruir a
O.T.O. usando as cartas-patentes de Crowley e requisitou sua ajuda, a
qual oi oerecida. McMurtry completou a ativação de seu Caliado em
junho de 1969, com um carta ao suíço Hermann Metzger.
Após a ativação do Caliado, os restantes membros da O.T.O. dos anos
de Crowley e Germer oram convidados a unir-se a McMurtry de
modo a continuar as operações regulares da O.T.O. Nesta época ha-
via menos que uma dúzia de membros sobreviventes da antiga O.T.O.
nos Estados Unidos. Soror Meral, Soror Grimaud, Mildred Burlingame
e Gabriel Montenegro colocaram seu desejo de ver a O.T.O. aberta
ao público em geral. Ray Burlingame havia morrido alguns anos atrás
e o Dr. Montenegro morreu em 14 de julho de 1969, antes que um
encontro organizacional pudesse ser consumado. Frederick Mellinger
havia restabelecido contatos com a Sociedade Teosóca e estava, es-
sencialmente, inativo na O.T.O. desde, aproximadamente, 1956, exce-
to por sua carta bloqueando o envio dos bens de Germer a Metzger
em 1963. Mellinger morreu em 29 de agosto de 1970. Em 1969 e 1970McMurtry, Burlingame e as Sorores Meral e Grimaud começaram a
eetuar iniciações. Em 28 de dezembro de 1971 a Ordo Templi Orien-
tis Association (Associação Ordo Templi Orientis) estava registrada no
Estado da Caliornia como uma entidade legal.
Sacha Germer morreu em abril de 1975 e em 1976, quando sua morte
tornou-se conhecida, a O.T.O. Association obteve uma ordem judicial
para que lhe ossem entregues os arquivos da O.T.O. remanescen-
tes que estavam ainda sob sua custódia. Esta ordem oi executada,
reconhecendo-se Grady McMurtry como representante autorizado
da O.T.O., pela Corte Suprema do Condado de Calaveras, estado da
Caliórnia (E.U.A.), datada de 27 de julho de 1976.
Dirigida por McMurtry, como Calia ou Cabeça atuante da O.T.O., várias
tentativas oram eitas para se atraírem novos membros para a O.T.O. e
para tornar a Ordem conhecida pelo público. Em 1970, a O.T.O. publi-
cou as cartas do Tarot de Thoth, ilustradas por Lady Frieda Harris, pelo
endereço de Dublin (Caliórnia/E.U.A.) A resposta oi lenta, mas alguns
poucos novos membros oram iniciados através dos esorços centra-
dos em Dublin, no Colégio deThelema, e em São Francisco (Caliórnia/
E.U.A.), na Kaaba Clerk House. A atividade em São Francisco colapsou
e um dos novos membros abdicou. A atividade continuou por dois
anos em Dublin e então oi transerida pra Berkeley (Caliórnia/E.U.A.).
Em 1977, McMurtry manteve iniciações da O.T.O. em sua casa, em
Berkeley e começou um grupo lá. A O.T.O. oi colocada sob as leis do
Estado da Caliórnia em 26 de março de 1970 e.v. Aqueles que ale-
gavam ser membros ou eram conhecidos como membros antigos
oram comunicados da ormação desta nova corporação e oi-lhes
dado um período para requererem a permanência como membros,
de acordo com o precedente anterior estabelecido por Karl Germer.
A corporação oi colocada sob as leis de taxação norte-americanas
como entidade religiosa em 1982.
Desaos na Corte
Um esorço considerável por Marcelo Ramos Motta (1931 — 1987)
oi eito para assumir o controle da O.T.O. com o nome de Sociedade
Ordo Templi Orientis. Motta havia sido um discípulo pessoal de Karl
Germer na A\A\ por alguns anos, mas jamais obteve ormalmen-
te uma patente para iniciar ou abrir uma Loja. De ato, ele jamais oi
ormalmente iniciado na O.T.O. Após a morte de Germer, Motta pro-
clamou-se como sucessor de Germer e ormou um grupo da O.T.O.
em seu país natal, o Brasil. Motta havia primeiro reconhecido Kenneth
Grant como cabeça da O.T.O., mas rescindiu este reconhecimento ao
saber que Grant havia sido expulso por Germer. Motta terminou indo
aos Estados Unidos para reclamar os direitos autorais sobre as obras
de Crowley. Ele primeiro processou a Samuel Weiser, Inc., editora de
muitos dos trabalhos de Crowley por quebra de direitos autorais, ale-
gando ser ele o único representante da O.T.O. de Crowley. Este caso
oi decidido em avor da Samuel Weiser, Inc. pela Corte do Distrito do
Maine (E.U.A.). O juiz deu o parecer de que não haviam provas legais
das representações de Motta concernentes à O.T.O. A O.T.O., enquanto
dirigida por McMurtry, não era parte deste caso e não oi um ator
neste julgamento.
Durante os processos em Maine, a O.T.O. emprestou a Motta um terno
para ser utilizado na Corte do 9a Corte Distrital Federal de São Francis-
co. O caso de São Francisco oi concluído em 1985 com Motta perden-
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E s t r el a
R u b i
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A r t i g o
do novamente. A O.T.O. dirigida por McMurtry oi reconhecida pela
Corte como sendo a continuação da O.T.O. de Aleister Crowley e de-
tentora exclusiva dos nomes, marcas, direitos autorais e outros direitos
da O.T.O. McMurtry oi reconhecido como o líder legítimo da O.T.O.
dentro dos Estados unidos. A decisão da 9ª Corte também reconhecia
legalmente a O.T.O. dirigida por McMurtry como uma entidade com
membros. Esta decisão oi apelada e levada à rente. Grady McMurtry
morreu em 12 de julho de 1985, seguindo a decisão original da 9a Cor-
te, mas o processo de apelação estabeleceu que a O.T.O. continuaria
como uma corporação.
A O.T.O. Hoje
Mais do que designar um sucessor, McMurtry desejava que seu su-
cessor osse designado pelo Soberano Santuário da O.T.O. após sua
morte. A eleição deu-se em 21 de setembro de 1985, com a participa-
ção dos dois membros restantes da Loja Agapé, e Frater Hymenaeus
Beta oi eleito para sucessor de Frater Hymenaeus Alpha como Calia
e O.H.O. atuante da O.T.O. Hymenaeus Beta continua em seu cargo
até hoje.
No princípio de 1996, uma nova corporação oi undada para tratar
dos trabalhos da Grande Loja da O.T.O. nos Estados Unidos, enquanto
a corporação já existente oi reorganizada como International Head-
quarters (Quartel-General Internacional) da O.T.O.. Em 30 de março de
1996, Sabazius X° oi indicado como Grande Mestre Geral Nacional
para a Grande Loja norte-americana.
ReconhecimentosAlém do material de arquivo da O.T.O., o material publicado pelos
seguintes protagonista e pesquisadores Históricos oi consultado en-
quanto se preparava este ensaio: Calvin C. Burt, W.B. Crow, Isaac Blair
Evans, Antoine Faivre, S.E. Flowers, René Le Forestier, Joscelyn Godwin,
Dr. J.A. Gottlieb, Ellic Howe, Francis King, Peter-Robert König, Helmut
Möller, William G. Peacher, M.D., Martin P. Starr, John Symonds, M. Mc-
Blain Thomson, A.E. Waite, James Webb, e John Yarker.
Os seguintes indivíduos providenciaram substancial assistência na
orma de inormações Históricas e/ou críticas: William Breeze, Martin
P. Starr, Parsival Krumm-Heller, Soror Meral, Soror Grimaud, Lon Milo
DuQuette, James T. Graeb, Bjarne Salling Pedersen, e P.-R. König.
Notas :
1 A Irmandade Hermética da Luz era uma sociedade mística que alega-
va descender dos corpos maçônicos/rosacruzes austríacos conhecidos
como Fratis Lucis. A Fratis Lucis, também conhecido como a Irmandade Asiática ou a Irmandade Iniciada das Sete Cidades da ásia era derivada
da antiga Ordem da Cruz Dourada e Rósea alemã. A Irmandade Her-
mética da Luz também parece ter possuído conexões com a Irmandade
Hermética de Luxor, que era uma sociedade mística que alcançou al-
gum conhecimento público na Inglaterra, em 1884 sob os auspícios de
Max Theron (também conhecido comoLouis-Maximilian Bimstein, 1850
— 1927). As origens da I.H.L. não são claras mas há alguma evidência
conectando-a à Irmandade de Luxor, que esteve envolvida com a un-
dação da Sociedade Teosófca bem como da supramencionada Fratris
Lucis e com o espiritualismo inglês do Séc. XIX.
2 Nascido na Polônia, Theon viajou largamente em sua juventude. No
Cairo tornou-se discípulo de um mago copta chamado Paulos Meta-
mon. Theon oi para a Inglaterra em 1870, onde oi recrutado pelo lutier-
Peter Davidson (1842 — 1916) para estabelecer um “círculo externo” da
I.H.L.. Eles uniram-se em 1883 por conta de Thomas H. Burgoyne (tam-
bém conhecido como Thomas Dalton, 1855 — 1895), que posterior-
mente escreveu um livro resumindo os ensinamentos básicos da I.H.L.,
chamado “A Luz do Egito”. A unção deste “círculo externo” da I.H.L. era
oerecer um curso por correspondência de ocultismo prático; o que seria
mantido ora da Sociedade teosófca. Seu currículo incluía algumas se-
leções dos escritos de Hargrave Jennings e de Paschal Beverly Randolph.
3 P.B. Randolph (08/10/1825 — 29/06/1875) oi um conhecido médium,
curandeiro e escritor, contando entre seus amigos pessoais Abraham
Lincoln, Hargrave Jennings, Kenneth McKenzie, Eliphas Levi, Napoleão
III, Edward Bulwer-Lytton e o general Ethan A. Hitchcock. A Ordem de
Randolph alegava descender da Ordem Rosacruciana (por patente da
“Suprema Grande Loja da França”) e ensinava curas espirituais, ocultis-
mo oriental e princípios da regeneração da raça através da espirituali-
zação do sexo.4 Yarker oi eleito Grande Mestre Soberano Absoluto para o Rito Oriental
de Mizrain em 1871. Ele oi eito Grande Mestre 96° do Soberano Santu-ário do Antigo e Primitivo Rito de Menphis para a Inglaterra porHarold
J. Seymour em oito de outubro de 1872. Seymour recebeu suas cartas-
-patentes de Jacques Etienne Marconis de Negre em 21 de junho de
1862. Yarker recebeu cartas-patentes do Antigo e Aceito Rito Escocês de
Cernau de Theo. H. Tebbs, do Supremo Grande Conselho Combinado
do Canadá deste Rito em 12 de janeiro de 1884. Yarker oi eleito Grande
Hieroante Imperial 97° do Rito de Menphis em 11 de novembro de 1902.
5 Os que participaram do congresso oram: Theodor Reuss (represen-
tando o Soberando Santuário dos Ritos de Memphis e de Mizraim na
Alemanha, o Grande Oriente do Rito Escocês na Alemanha e a Grande
Loja Nacional os Ritos Unidos Escocês, de Memphis e de Mizraim para
a Grã-Bretanha e Irlanda), H.R. Hilfker, R. Merlitschek, e M. Bergmaier
(representando Grande Oriente do Rito Escocês na Suíça [basedo em
uma patente de Reuss Charter datada de 10 de maio de 1919]), Dr. E. Par-
gaetzi (representando o Soberano Santuário dos Ritos Unidos Escocês,
de Memphis e de Mizraim para a França); A. Spilmer (representando a
Grande Loja da Colômbia), H. Schütz (representando o Príncipe Alexan-
der da Grécia, Grande Protetor da Maçonaria Grega); John Anderson
(representando a Grande Loja Nacional da Escócia); e Matthew McBlain
Thomson (representando a Federação Maçônica Americana, a GrandeLoja de Washingon e a Grande Oriente de Cuba).
6 Este texto é uma tradução do original de Frater Sabazius X°, que se en-
contra no site da Grande Loja dos EEUU.
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O r d o T e m p l i O r i e n t i s
— L o j a Q u e t z a l c o a t l
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A r t i g o
F o t o : I m a g e m c
e d i d a p e l a S c a r l e t W o m a n L o d g e , u s a d a n a r e v i s t a S c a r l e t L e t t e r V 3 n º 2 - h t t p : / / w w w . s c a r l e
t w o m a n . o r g / s c a r l e t l e t t e r / v 3 n 2 / v 3 n 2_
o u t o f
m y m i n d . h t m la Históri
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E s t r el a
R u b i
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M a t é r i a d e C a p a
Até então, pouco oi escrito sobre os detalhes da história da
Ordo Templi Orientis desde a sua chegada e estabelecimen-to no Brasil. Rumores, versões estritamente pessoais, ausência
de dados precisos e às vezes até manipulação de atos têm até agora
sido responsáveis por uma desinormação que nubla parte do trabalho
realizado pela Ordem, impedindo-o de vir devidamente às claras. Com
esse texto, que é uma versão resumida, da história da O.T.O. no Brasil,
pretendemos pôr luz em pontos que oram tornados obscuros. Dentro
de algum tempo, será divulgada uma versão completa e detalhada dos
atos listados aqui.
Fazer História é reviver e entender os passos da jornada de escolhas que
nos zeram ser o que somos. Momentos diíceis oram ultrapassados,
percalços nos combaliram e vitórias aliviaram o suor do trabalho. Após
17 anos de atividade, ainda existe muita antasia sobre a O.T.O. e mesmo
sobre a história de Thelema e dos personagens que a zeram ativa e
que a mantêm assim no Brasil. Somos parte dessa história, e portanto
entendemos ser nosso dever contribuir com a porção da verdade que
temos ao nosso alcance. Esperamos que o presente e uturo se bene-
ciem disto.
Esperamos também que a utilidade pública de todas essas experiên-
cias possa ser usuruída por todos com a intenção de realizar um tra-balho sério.
Que todos açam uma boa viagem.
da o.t.o.nobrasil
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O r d o T e m p l i O r i e n t i s
— L o j a Q u e t z a l c o a t l
1 6
M a t é r i a d e C a p a Prólogo: a Sociedade Novo Aeon
Em meados de 1993, a Sociedade Novo Aeon (SNA) de Frater Aster (tam-
bém conhecido como Thor) operava no Rio de Janeiro. Alguns nomes
se conheceram graças a esse grupo e ali trabalharam juntos, como So-
ror Babalon (na época com o mote de Hathor, e eventualmente Shaita-
ra, Legião e O. Naob) e Frater Sorath (nesta altura com o mote de P.A.N.,
e eventualmente também Baphomet). Naquela altura, estavam em ati-
vidade dois grupos da SNA no Rio de Janeiro: o pioneiro, a Loja Therion,
sob liderança de Sorath, e a Loja Thelema, mais jovem, sob liderança de
Q.V.I.F. (também conhecido pelo mote Sekhem). A Loja Therion, apesar
de ativa há mais tempo, ministrando instruções teóricas, só dispunha
de cerca de cinco membros, motivo pelo qual Sorath decidiu encerrá-
-la. Restou o grupo Thelema, que estava sob a liderança de Q.V.I.F., ao
qual se integraram os remanescentes do grupo que havia sido echado.
Em complemento às instruções da SNA, Soror Babalon, Sorath e outros
como Wo-Loki e também a ex-esposa de Q.V.I.F., Soror Lilith, resolveram
se encontrar para estudar antes das reuniões da SNA. Na ocasião, Q.V.I.F.
interpretou tais reuniões como a criação de um grupo dissidente que
supostamente rivalizaria com os trabalhos da Loja Thelema. Ele se en-
caminhou para a cidade de Paraíba do Sul, RJ, onde então residia Aster,
e o pressionou para que expulsasse os “dissidentes”. A resposta de Aster
oi enaticamente contrária, uma vez que ele encarou como positiva a
iniciativa de estudantes se encontrarem e debaterem. Disso resultou,
naquela altura, o rompimento de relações entre Q.V.I.F. e Aster.
A Loja Thelema, a partir desse momento, não pertenceria mais à Socie-
dade Novo Aeon. A crise culminaria num episódio em que Soror Baba-lon, Sorath, Wo-Loki e Lilith, avisados por Aster do que tinha acontecido
apenas quando já estavam a caminho de uma das reuniões da Loja The-
lema, oram proibidos de entrar na sala do grupo e impedidos de pegar
robes e materiais pessoais seus que lá estavam.
Tais desentendimentos coroavam o estado de contínua estagnação
que era o trabalho da SNA. Com mais esquematizações de projetos
do que prática, apenas poucas instruções teóricas eram ministradas e,
principalmente, nenhuma estrutura iniciática era oerecida. Essas lacu-
nas levaram esse grupo – integrado por Soror Babalon, Frater Sorath e
Frater Aster – a uma crescente rustração com a organização do movi-
mento thelêmico no Brasil. O próprio Aster, undador da SNA, cones-
sava a desorganização em voga e considerava que o trabalho não ia
bem: tanto o grupo brasileiro que ele nomeava de Astrum Argentum
(A\A\) como a SNA, que apresentava-se eventualmente como sendo
“O.T.O.”, baseavam-se mais em contatos inormais, mudanças de planos
e projetos vagos do que num trabalho impessoal e sistemático. Nesse
contexto, Frater Aster orneceu a Soror Babalon e Sorath o endereço de
contato com a O.T.O. e os dois começaram os planejamentos para trazer
a Ordo Templi Orientis para o Brasil, na esperança de estabelecer uma
estrutura iniciática sólida.
Vale reparar que, em nosso país, muito oi dito a respeito da O.T.O., princi-
palmente por Marcelo Ramos Motta, mas na maioria das vezes também
se ez uma grande conusão sobre a representação da Ordem, conu-
são que não raro se estendeu também sobre suas associações com a
A\A\ Inelizmente, essa desinormação permitiu que grupos se or-
massem usando o nome da O.T.O. e que pessoas que nunca zeram
parte da Ordem se apresentassem como iniciados dela, com versões
pessoais do que seria o seu trabalho, mesmo nunca tendo qualquer
tipo de experiência ou conhecimento sobre o real trabalho da O.T.O,
nem mesmo autorização para usar o nome da Ordem ou para atuar
como seus representantes. O próprio Motta, embora assinasse como
membro da Ordem e tivesse até mesmo ormado a “Society Ordo Tem-
pli Orientis”, nunca oi iniciado na O.T.O.: sua relação na verdade era com
Karl Germer, que era Frater Superior da O.T.O., mas cuja associação com
Motta dizia respeito unicamente a A\A\
Nenhum esorço eetivo para trazer a Ordem para o Brasil havia sido
realizado com sucesso até então, havendo, portanto, apenas grupos
esparsos que assumiam o nome O.T.O. como uma roupa do estilo de
trabalho que melhor lhes convinha realizar. A O.T.O., ocialmente, nunca
esteve presente no Brasil antes de 1995 e.v.
A esse grupo original veio a se unir Iskuros Australis que, sem saber da
ruptura com a Sociedade Novo Aeon, tinha pretendido se unir à Loja
Thelema, mas, insatiseito com o ambiente de convívio e com o valor
de taxas nanceiras cobradas pelo grupo de Q.V.I.F., procurou conselho
em correspondência com Frater Sorath, na altura seu instrutor no grupo
que Frater Aster considerava como sendo a A\A\ Esse contato pôs
todos em reunião e Iskuros se integrou ao movimento que trabalha-
va para trazer a Ordo Templi Orientis. As comunicações preliminares e
negociações seriam então eitas com a O.T.O. para que um grupo de
Iniciação osse enviado para o Brasil.
Gestação: primeiras iniciações
Em 8 de dezembro de 1995, uma comitiva de três membros da O.T.O.
embarcou para o Brasil. Eram eles Frater Sharash, Frater S. e Frater A.S.B.,
hoje conhecido como L.M.D. A comitiva cou hospedada na casa de
Soror Babalon e Sorath, na Tijuca, onde se estabeleceram para conhe-
cer tanto os novos thelemitas que os convocaram, como também a
cidade do Rio de Janeiro.
Frater Sharash, em artigo para o site da Loja Scarlet Woman, no Texas,
descreve a seguinte experiência:
“Eu nunca recebi um nível tão grande de hospitalidade em nenhum
lugar como a que esses irmãos e irmãs providenciaram para nós. As ini-
ciações oram trabalho pesado, mas compensaram mil vezes mais que
qualquer quantidade de suor que possamos ter derramado nelas.”
No dia 14 de dezembro de 1995 seriam eitas as primeiras Iniciações ao
Grau de Minerval, e no dia 16 de dezembro seriam eitas as do Grau I. No
dia 17, seriam ainda ministrados os primeiros Batismos e Conrmaçõesda Ecclesia Gnostica Catholica (E.G.C.). Para tudo isso, um apartamento
no bairro de Laranjeiras oi alugado. Frater Aster, no entanto, não iniciara
com os demais. Na verdade, durante o jantar de reunião, onde apresen-
tariam Frater Aster à comitiva dos EUA, ele começou a se sentir mal. So-
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E s t r el a
R u b i
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M a t é r i a d e C a p a
ror Babalon, sendo médica, identicou sintomas de um inarto e então
o levaram para a emergência de um hospital.
Mesmo combalido, mal tendo deixado o CTI, Aster insistiu para ser ini-
ciado ao menos no Grau de Minerval. No mesmo dia em que o grupo
de iniciação embarcaria de volta para os EUA, Frater Aster oi iniciado
em sua própria casa, no Grajaú, zona norte do Rio de Janeiro.
No entanto, logo após o Ritual, ele se dirigiu a Frater L.M.D. e lhe pediu o
IX Grau, no qual está o Segredo Central da Ordem. Segundo Aster, Mar-
celo Motta já teria lhe “explicado” o Segredo. Seria, na sua mente, ape-
nas uma questão de conrmação ocial. L.M.D. explicou não uncionar
assim: possuir o texto de algumas instruções deste grau não torna a
pessoa iniciada nele, isto é, não a torna verdadeiramente conhecedora e
praticante do Segredo. Aster, apesar do seu renome na história de The-
lema no Brasil, deveria trabalhar nos graus da O.T.O. apropriadamente e
provar sucesso neles desde o começo.
Era o começo do m de uma mentalidade instituída há muito tempo no
Brasil de que graus representam exclusivamente patentes ormais. Des-
de Motta – e Frater Aster deu continuidade a este legado –, distribuía-
-se e revogava-se “cartas patente” com graus, inclusive supostamente o
IX, não raro apresentado como um elegante pergaminho. Assim, com
a mesma acilidade que se obtinha o “grau IX”, também o “perdiam”,
retirado quando o “iniciado” desagradava politicamente àquele que lhe
havia conerido o grau, como se a Iniciação estivesse contida num pa-
pel. Marcelo Motta, inclusive, procedeu dessa maneira com Frater Aster.
Insatiseito em ter seu pedido recusado, Aster não entrou mais em con-tato com a O.T.O. e sequer compareceu aos trabalhos do primeiro Cor-
po Local no Brasil. Em outubro de 1996, ele pediu desligamento ocial
da Ordem. Apesar disso, sua relação com Soror Babalon e Frater Sorath
continuou amistosa.
Estava, assim, ormado o primeiro grupo da O.T.O. em terras brasileiras,
mas suspenso numa espécie de vácuo: de um lado, a mentalidade bra-
sileira do trabalho, cheia de esperança e empolgação, mas ao mesmo
tempo pueril, cheia de vícios históricos e ignorante da dureza que é o
estabelecimento e continuidade de um projeto. Além disso, nenhum
deles sabia exatamente o que de ato era a Ordo Templi Orientis, lhes
sendo, até então, uma Ordem de sonhos vagos. Assim, os passos se-
guintes da O.T.O. no Brasil oram tropeços como de uma criança.
Inância: liderança & confitos
Para requisitar às lideranças internacionais da Ordem o nascimento de
um Corpo Local, era necessário que estabelecessem entre si os cargos
administrativos que cada um iria desempenhar. Em conversa entre os
membros brasileiros, oi decidido que Iskuros Australis, por ser quem
melhor dominava o inglês, deveria ser Mestre do Corpo Local, consi-derando a necessidade de contato constante com as lideranças inter-
nacionais. Soror Babalon originalmente cou com a Secretaria e Sorath
com a Tesouraria. Pouco depois, caria ela com a Tesouraria e ele, com
a Secretaria. As lideranças internacionais acataram com a distribuição
de tareas.
Em 16 de maio de 1996 oi estabelecido o Acampamento Sol no Sul
na cidade do Rio de Janeiro. As correspondências dessa época com o
exterior são termômetro de um espírito grato, ebril e sonhador. Estava
no rol de e-mails e axes trocados agradecimentos ao grupo de Inicia-
ção, relatos de experiências mágickas e aconselhamentos. As lideranças
internacionais estiveram em contato estreito.
O ano parecia promissor. O grupo aumentaria: novas Iniciações seriam
realizadas por Frater S., que um ano depois retornara ao Brasil. Em 23 de
novembro de 1996 oi ormado mais um Corpo Local da O.T.O. no país,
na cidade de São Paulo: o Acampamento Therion, liderado por Piarus.
O amor inicial, no entanto, seria posto à prova. O primeiro desacordo
surgiu ainda com a presença da equipe de Iniciação no Brasil, quando,
discutindo sobre as estratégias de atuação da O.T.O. no Brasil, Iskuros
Australis deendeu a ideia de que o recém-ormado grupo deveria tra-
balhar entre eles, echado, sem iniciar novos membros, enquanto Soror
Babalon e Sorath deenderam que não havia sentido em trazer a Ordem
para o Brasil se não osse para diundir a Lei e mantê-la aberta aos inte-
ressados. No começo do ano de 1997, esse tema ainda estava sendo dis-
cutido. Mais tarde, Iskuros Australis acabou reconsiderando sua posição.
Mesmo assim, estava preparado um terreno para um choque de per-
sonalidades que, inelizmente, não caria restrito ao campo administra-
tivo. A tensão crescia – principalmente entre Sorath e Iskuros Australis
– misturada aos preparativos do Acampamento Sol no Sul. Soror Baba-
lon e Sorath cobraram o início das atividades do Acampamento, bemcomo o aluguel de um local – que alguns membros do Acampamento
se dispuseram a pagar – para sediar práticas de ritualística e Magick, mas
Iskuros, como Mestre, demorou quase oito meses após a autorização
do uncionamento do Corpo Local para reunir o grupo. Além disso, não
sediou nenhum local como Templo. No começo, recuava quando a
tendência era assumir um trabalho mais visível.
Tais desavenças de propostas para o trabalho zeram Soror Babalon e
Sorath deixarem seus cargos administrativos em janeiro de 1997. Nes-
ta altura, caram Iskuros Australis como Mestre do Acampamento, sua
namorada, Soror Sirinxe, como Secretária, e Frater Sabak, seu amigo de
inância, como Tesoureiro.
Em abril de 1997, Sorath e Soror Babalon deixaram o Acampamento,
entendendo-o como um ambiente de trabalho hostil. O choque com
Iskuros Australis apenas cresceria.
Em São Paulo, no Acampamento Therion, ocorriam desavenças para-
lelas, mas similares. Soror Neertite, Secretária daquele Acampamento,
oi colocada em bad report (advertência por má conduta) por se opor
à ingerência de Iskuros Australis, líder apenas do Rio de Janeiro, nos as-suntos de São Paulo.
No dia 27 de julho de 1997, num dos picos desta crise, Soror Babalon co-
gitou se desligar da Ordem. Sua decisão, quando comunicada, alarmou
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M a t é r i a d e C a p a os líderes internacionais – assim como seus Iniciadores – e uma atenção
menos espectadora e mais intensa da O.T.O. se voltou ao Brasil, azendo
Soror Babalon reconsiderar sua posição. Somando isso à continuidade
da briga pública entre Sorath e Iskuros Australis, o resultado oi a vinda
ao Brasil, em novembro deste ano, de Frater Orpheus como Grande In-
quisidor Geral da O.T.O.: um auditor designado a apurar e resolver um
problema interno da Ordem, quando as partes envolvidas já não pare-
cem poder resolver por si só. Acompanhando-o, vieram também Frater
S., Frater Sharash e Soror Loa.
Uma das possibilidades de solução ao conito é que o trabalho da O.T.O.
no Brasil osse dissolvido. A princípio, Iskuros Australis e Sorath não que-
riam, nem diante disso, dialogar. A emergência e a insistência de Soror
Babalon ez com que as partes discutissem e se reconciliassem – mes-
mo que longe de resolver todos os problemas acumulados. Tentaram,
assim, estabelecer uma trégua. O Inquisidor ouviu a versão e críticas de
todos eles, mas a consideração nal oi a de que estavam dispostos a
continuar o trabalho. A O.T.O. no Brasil continuaria operante.
Nesta altura, com a presença dos Irmãos de ora, também oi realizada a
primeira Missa Gnóstica ocial no Brasil. Desde o começo, a E.G.C. esteve
adormecida devido à ideia errônea do ocialato brasileiro de que Missas
Gnósticas não poderiam ser celebradas. De ato, Missas ociais da E.G.C.
demandam a presença de um Sacerdote ou Sacerdotisa ordenados, o
que exige, no mínimo, o grau de Cavaleiro do Leste e do Oeste da O.T.O.
No entanto, Missas de treino podem – e devem – ser realizadas por o-
ciais em treinamento, dada sua importância como ritual central da O.T.O.
Na primeira Missa ocial realizada no Brasil, o Sacerdote e Sacerdotisaresponsáveis por ela oram Frater Orpheus e Soror Loa, hoje Represen-
tante do Frater Superior (FSR) para a Alemanha. Iskuros Australis atuou
como Diácono em treinamento, Soror Babalon e Frater Sorath como
Crianças. Retornando às atividades no Acampamento Sol no Sul, Soror
Babalon assumiu a liderança dos trabalhos da E.G.C por recomendação
de Frater Orpheus, que assumiu como Bispo para o Brasil.
Mesmo nessa altura, o número de iniciações realizadas no Brasil era
promissor: no mundo inteiro, éramos o país que mais iniciava novos
membros.
O período de tréguas, no entanto, seria encerrado por uma grave tur-
bulência na vida pessoal do Mestre do Corpo Local. A má gestão de
conitos amiliares, que diziam respeito exclusivamente à vida privada
dele e de um Irmão da O.T.O., acabaram culminando na suspensão des-
te Irmão por Iskuros Australis. Mais uma vez, embora com gravidade
inédita até então, os bastidores de problemas pessoais rapidamente
contaminaram o que deveria ser um espaço de trabalho impessoal,
submetendo a Ordem a uma torrente de complicações que só deviam
dizer respeito a ela no campo da raternidade, e não no administrativo.
Tal situação chegou a paralisar todos os trabalhos do Acampamento.Não ossem alguns membros do Sol no Sul, as consequências teriam
sido muito piores na vida pessoal dos envolvidos.
A liderança do modo que estava se tornou insustentável. Iskuros Austra-
lis, aceitando por m a sugestão das lideranças internacionais, decidiu
se aastar do cargo e recomendou Soror Babalon para substituí-lo como
Mestre do Corpo Local. Apesar dos choques de outrora, Iskuros Australis
recorreu a ela nos momentos de crise. No dia 7 de novembro de 1998,
ela assumiu a maestria do Corpo Local, que na mesma ocasião deixou
de ser Acampamento para se tornar Oásis Sol no Sul, dando mais um
passo em seu processo de maturidade.
Disso se seguiria um gradual período de transição no norte do trabalho
do Corpo Local. Para começar, Missas Gnósticas passariam a ser realiza-
das com regularidade e as instruções sobre Thelema e Magick ganha-
riam densidade e cunho prático.
Apesar disso, também se prenunciava o último espasmo das crises
passadas. Mesmo antes de assumir como Mestre do Corpo Local, Soror
Babalon avisara Iskuros Australis que ela teria de reintegrar o Irmão que
ora suspenso por ele, uma vez que aqueles problemas não diziam res-
peito à Ordem. Mesmo mantendo, na altura, a recomendação de Soror
Babalon para próxima líder, Iskuros Australis também assumiu que ela
estaria trabalhando pessoalmente contra ele.
Nesta época, Soror Babalon também oi nomeada como Representante
do Frater Superior (FSR) para o Brasil, com autoridade para planejar o
trabalho nacional.
Somando-se a isto, durante uma Iniciação a ser realizada em São Pau-
lo, as lideranças internacionais deniram que seria Soror Babalon, e não
Iskuros, a liderar o rito. Insatiseito, ele pediu desligamento da Ordem. Foi
prontamente atendido.
Os membros da O.T.O. no Brasil só viriam a enxergar a totalidade do que
estava acontecendo algum tempo depois: Soror Babalon havia sido en-
carregada de realizar novas Iniciações em São Paulo e, ao término do
ritual, o próprio grupo do Acampamento Therion pressionou Frater Pia-
rus, Mestre do Corpo Local, para revelar a ela o que vinha ocorrendo: já
há algum tempo, Piarus estava trabalhando nos bastidores com Iskuros
Australis para “retirar” aquele Acampamento da O.T.O. e colocá-lo sob a
autoridade da “O.T.O. Foundation”, uma dissidência da O.T.O. sediada na
Inglaterra. De ato, já há algum tempo, em reuniões de Corpo Local, Pia-
rus dizia que o Acampamento Therion já não estaria mais ligado à O.T.O .
Deste enredo, acabou-se resultando também o desligamento de Piarus
da Ordo Templi Orientis.
Quase simultaneamente ao término do Acampamento Therion, em
1999, já nasceria o Acampamento Laylah, na cidade de São Paulo.
Essa transição oi um período tumultuado por discussões e brigas, mui-
tas vezes levadas a público na Internet, acerca do recente passado mal
resolvido. Soror Babalon chegou a receber e-mails e teleonemas ame-açadores. Temendo que a conduta de ex-membros expusesse a O.T.O.
em listas públicas, a orientação passada oi, então, de que ninguém da
Ordem se maniestasse ou respondesse mais a qualquer ataque. Essa
abordagem, além de decente, revelou-se ecaz.
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No Rio de Janeiro, o então Oásis Sol no Sul estabelecera seu primeiro
Templo numa casa alugada no bairro da Tijuca, próxima ao Maracanã.
Nessa época, o Templo chegou a ser arrombado, seu material ritualísti-
co oi roubado e suas paredes oram pichadas. Seguiu-se, a partir disso,
um período de reestruturação.
No Rio de Janeiro, o ano de 2000 marcou a consciência de que o legado
do Sol no Sul devia ser nalizado. Desse processo, e como ato mági-
cko, nasceu o Oásis Quetzalcoatl, substituindo o velho trabalho por algo
novo. Gradualmente, os ataques oram cessando. O trabalho poderia
continuar, revitalizado.
Longe de ter sido um mar de rosas, todo este período concretizou o
trabalho da Ordem no Brasil na base da constância e paciência. A O.T.O.
no Brasil havia sido testada, sobrevivido e poderia seguir adiante.
Juventude: problemas editoriais
Uma coisa importante a ser percebida é que, durante a antiga liderança
do Acampamento Sol no Sul, o método usado para ncar a bandeira
da O.T.O. no Brasil oi travar uma política de tensão com outros grupos
esotéricos ou iniciáticos, principalmente aqueles thelêmicos sediados
no Rio de Janeiro. Iskuros Australis requentemente atacava Frater As-
ter. Com o tempo, oi percebido que essa postura deveria ser superada,
sendo típica de uma ase pueril.
Soror Babalon ainda mantinha contato com Frater Aster e tinha em
mente que qualquer atrito seria contraproducente tanto para a O.T.O.
como para a diusão de Thelema. As brigas do passado já tinham en-sinado o bastante acerca da esterilidade de relações grosseiras. Como
política de boa vizinhança, oi organizado um encontro com alguns
thelemitas no Rio de Janeiro. A reunião oi realizada na casa de Frater
Aster, no Grajaú, estando presentes ele mesmo, Soror Babalon, Frater
Q.V.I.F. (que nesta altura já reatara com Aster) e Frater ABO: os dois últi-
mos, na época, à rente da Loja Nova Ísis.
O objetivo da reunião era rmar uma política raternal entre os diversos
grupos. Isso, a princípio, oi bem recebido por todos. Independente do
estilo de trabalho e divergências, cou denido que todos iriam se res-
peitar mutuamente e cessar as brigas na Internet, que inevitavelmente
prejudicavam o movimento thelêmico como um todo no Brasil. Soror
Babalon também sugeriu a ideia de ser realizado um evento thelêmi-
co anual que reunisse os grupos ou ordens thelêmicas interessadas. A
proposta seria um encontro sob a égide de Thelema, onde os diversos
grupos apresentariam resultados e exporiam seu estilo de trabalho uns
aos outros e aos aspirantes. A ideia oi muito bem recebida. Além disso,
devido à convivência de anos que tinham, Frater Aster deu sua palavra a
Soror Babalon que não se envolveria em qualquer ataque à O.T.O.
No entanto, em 2000, uma corrida judicial na Inglaterra, desencadeadapor Anthony Naylor, representante de John Symonds, iniciou proces-
sos contra a O.T.O. pela posse dos direitos autorais das obras de Aleister
Crowley. Crowley, em testamento, deixou seus copyrights para a O.T.O.
A reivindicação em questão se deu porque John Symonds, designado
como executor literário de Crowley, não reconhecia a legitimidade da
Ordem.
Os ecos desse conito chegaram ao Brasil. Nessa mesma altura, Frater
Q.V.I.F. teleonou para Soror Babalon. Ele conrmou que a proposta de
reunir os thelemitas de maneira independente era excelente, mas que
não poderia mais aderir a ela, uma vez que estaria apoiando o movi-
mento inglês que lutava pelos copyrights de Crowley. Ele deixou trans-
parente que sua motivação era nanceira. Somado a isto, na mesma
época, Soror Babalon encontrou textos publicados na Internet que ata-
cavam a O.T.O. na tão discutida questão da sucessão de suas lideranças.
O estilo de escrita era o de Frater Aster. Perguntado sobre os posts, Aster,
a princípio, negou sua autoria. Com o passar do tempo, novos textos o-
ram surgindo, dessa vez com a assinatura dele publicada. Entendendo
isso como quebra da palavra por parte de Aster, Soror Babalon rompeu
as relações que ainda mantinha com ele. A conversa que tiveram a res-
peito disso, no teleone, oi a última vez que se alaram.
Assim, a iniciativa de um “encontro thelêmico” existiu apenas como
ideia. De todo modo, embora sem travar maior proximidade com qual-
quer outro grupo, a O.T.O. no Brasil continuou mantendo uma política
de boa vizinhança e de não intererência com o trabalho alheio.
Os ataques nas listas de discussão virtuais continuaram por um tempo,
principalmente sobre a questão editorial e dos copyrights. A poeira bai-
xou após a resolução da corte inglesa avorecer a O.T.O. contra Naylor
e Symonds. Do mesmo modo que os processos de Marcelo Motta em
Maine e na Caliórnia, a questão oi resolvida com a O.T.O. sendo con-
rmada como detentora dos direitos autorais de Aleister Crowley, emconormidade com seu testamento.
Criatividade & crescimento
A juventude da O.T.O no Brasil oi marcada por uma ase de trabalho
entusiasmado e crescimento.
Missas Gnósticas eram realizadas quinzenalmente, alternando a equipe
de ritualística: isto é, às vezes Soror Babalon desempenhava o papel da
Sacerdotisa, às vezes Soror Hathor, então Tesoureira do Oásis, e também
outras Irmãs. O mesmo com Sacerdotes e Diáconos. Encontros inor-
mais do grupo aconteciam praticamente toda semana. O Templo virou
o segundo lar de muitos, servindo de pernoite para Irmãos e também
de abrigo para retiros espirituais.
Também começaram a ser realizadas palestras abertas ao público, com
temas introdutórios à losoa thelêmica, Magick e a O.T.O. Outros even-
tos sociais, como exposições de arte, apresentando obras de Irmãos e
Irmãs da Ordem, também tiveram lugar no Templo do Oásis. Relatos
dos remanescentes dessa época conrmam um grupo jovem, ativo e
criativo, mas, por muitas vezes – o que é natural para uma ase análogaà adolescência –, diícil de organizar.
Em São Paulo, no Acampamento Laylah, a então Mestre do Corpo Local,
Soror Binah, deixou de manter contato e, mais tarde, descobriram que
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M a t é r i a d e C a p a ela tinha deixado a cidade sem indicar ou preparar alguém para substi-
tuí-la. Correndo atrás do prejuízo, Soror Babalon treinou Soror Kali para
assumir a Maestria do Acampamento e manter o Laylah uncionando.
Kali assumiu ocialmente a liderança do Acampamento em 2000.
Em meados de 2001, oram contabilizados cerca de 40 membros ativos,
isto é, em situação regular para com a Ordem, requentando e traba-
lhando naquele Acampamento. O grupo era substancialmente maior
do que o comum para um Corpo Local da O.T.O. Para o estilo da Ordem,
cujo modo de trabalho se ana melhor com grupos pequenos, esse
era um número excepcional, realizando ativamente a Missa Gnóstica e
outros Ritos, Iniciações, instruções e conraternizações..
No Distrito Federal, em 21 de março de 2000, oi aberto o Acampa-
mento Aldebaran, sob a liderança de Frater Obscurus. Ao contrário do
Laylah, o Acampamento Aldebaran não conseguiu sobreviver, devido
ao número limitado de seus membros. Em 3 de maio de 2003, as portas
do Acampamento estariam sendo echadas.
De volta ao Rio de Janeiro, em 2001 oi realizado o Primeiro Encontro
Nacional da O.T.O. no Brasil (ENOTO), no município de Paraty, aconche-
gante cidade histórica na Costa Verde do estado, próximo à divisa de
São Paulo. Cerca de trinta Irmãos e Irmãs de todo o país saíram em vans
para o hotel que os hospedou, durante três dias de encontro e palestras.
Não restava dúvida de que o espírito da O.T.O. no Brasil estava devida-
mente solidicado.
Antigas questões x novos percalços
O trabalho dos Corpos Locais da Ordem mantinha um ritmo saudável,
tanto em São Paulo como no Rio de Janeiro. O ritmo constante da prá-
tica ritualística, como no caso da celebração do Liber XV, desenvolvia a
maturidade mágicka dos membros. Essa época é descrita pelos que a
viveram como de intensa sensibilidade e anidade entre o grupo.
Alguns baques, no entanto, não deixaram de acertar o Oásis e a O.T.O.
no Brasil. Um deles oi causado até mesmo por Frater Sorath, um dos
responsáveis por trazer a Ordem para o país. Após ter violado juramen-
tos mágickos reerentes a segredos Iniciáticos da Ordem, Sorath oi
questionado e reagiu de maneira hostil. Seu desligamento da O.T.O. oi
inevitável. Após isso, como inelizmente era de praxe, ataques pessoais
oram levados à Internet.
No Rio, em termos administrativos, já há algum tempo Soror Babalon
desejava transerir a liderança do Oásis Quetzalcoatl. Para isso, estava
treinando Soror Hathor, então Tesoureira do Oásis. Os membros do Rio
já tinham como certa a utura mudança da Maestria. Eetivar a transi-
ção, no entanto, não se revelou tão simples.
Numa aparentemente eventual reunião com Soror Babalon, Soror Ha-thor disse ter algo para comunicá-la. Com naturalidade, inormou estar
envolvida com um grupo de Iskuros Australis – que há anos não tinha
contato com a O.T.O. –, e que não poderia, portanto, assumir a lideran-
ça. Ademais, o plano inicial, até então velado, era que Hathor assumisse
a liderança do Oásis a m de realizar uma “transição” do grupo da O.T.O.
para o grupo de Iskuros Australis, como maneira de minar o trabalho da
Ordem. Obviamente, todas essas considerações abortaram o planeja-
mento de transerência da liderança.
Conessadamente combalida pelo golpe, Soror Babalon pediu recesso
dos trabalhos da Ordem e se aastou do Oásis. Por menos de um ano
ela permaneceu aastada. Nessa época, Frater Lux Ferre assumiu como
Mestre delegado (cargo de gestão provisória) do Oásis Quetzalcoatl.
A época, no entanto, não oi de desenvolvimento. Primeiramente, Lux
Ferre maniestava publicamente aversão em se comunicar com as lide-
ranças internacionais, como se isso representasse uma intererência em
seu próprio trabalho. Com algum tempo à rente do Oásis, Lux Ferre
também expediu aos membros um comunicado de que a O.T.O. esta-
ria “echada para Iniciações” e que serviria de “ordem externa” para seu
grupo exotérico pessoal. Isso, naturalmente, não az qualquer sentido
dentro do trabalho da Ordem, e um Mestre de Corpo Local não tem
qualquer autorização para um improviso desse gênero. O resultado
dessa gestão arbitrária oi a saída de muitos membros do Oásis e da
Ordem.
Soror Babalon, então aastada, oi avisada do que estava acontecendo
apenas quando as lideranças de São Paulo entraram em contato para
comunicar que Lux Ferre estava passando instruções de que a O.T.O.
no Brasil estaria buscando aliança com um grupo chamado Fraternitas
Lucis, a m de realizar, inclusive, “troca de patentes”. Isso, novamente,
não az qualquer sentido para o trabalho da O.T.O. Alarmada, Soror
Babalon se reaproximou do Oásis, descobrindo o quadro em que elese encontrava, e descobrindo também que irregularidades nanceiras
estavam sendo praticadas por Lux Ferre.
Após entrar em contato com as lideranças internacionais, Soror Baba-
lon retornou aos trabalhos e reassumiu a Maestria. Em reunião com
o antigo Mestre delegado e outros Irmãos, ela comunicou Lux Ferre
que a situação nanceira do Oásis deveria ser regularizada, bem como
um pedido de desculpas deveria ser eito, e que tudo isso estava em
conormidade com a decisão das lideranças da O.T.O. Ele se recusou, e
assim se deu seu nal desligamento da Ordem.
Baixas e renascimentos
Vivendo altos e baixos, o trabalho da Ordem no Brasil se manteve mes-
mo quando beirou a ruína. Nessa época, o Oásis Quetzalcoatl esteve
quase completamente esvaziado. O Acampamento Laylah, em São
Paulo, também passou por crises: por algum tempo ele continuou em
atividade, mas incompatibilidades administrativas entre seus membros
zeram o Acampamento Laylah echar denitivamente suas portas em
2004.
Mesmo a duras penas, o trabalho no Rio de Janeiro se manteve pre-
sente, recomeçando a azer Iniciações, instruções e Missas. Por algum
tempo, o Oásis divulgou a revista eletrônica eMagick, com artigos so-
bre Magia e entrevistas com seus membros.
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Maturidade
Em 2008, o Oásis Quetzalcoatl se tornou Loja. A característica que tem
marcado o processo de maturidade da Loja, bem como da O.T.O. no
Brasil, é o entendimento sobre as utuações do caminho, e a consciên-
cia de que a disciplina de manter o trabalho constante é o mais impor-
tante. Alegrias e rustrações, sendo humores, não podem parar a O.T.O.
A princípio, a Loja – na altura, a única representação da Ordem no Brasil
– assumiu uma postura mais minimalista: o Templo alugado oi abolido
e a residência de Soror Babalon, no Vale de Itacuruçá, passou a sediar
os eventos da Ordem. A casa de outros irmãos também hospedou as
instruções mensais da Loja. A Missa Gnóstica assumiu uma requência
sustentável, mensal, bem como as Iniciações, que se tornaram regu-
lares ao longo do ano. Outros ritos também oram realizados, como
o Rito de Ísis, escrito por Charles Stanseld Jones (Frater Achad). Esse
ritmo vem se mantendo até o presente momento, em 2012.
Em 2009, oi lançado o site da Loja Quetzalcoatl, com sua plataorma de
notícias. O site da representação brasileira da O.T.O., que esteve caído
por cerca de dois anos, oi reeito num ormato mais simples e objetivo,
e relançado em 2010.
No dia 14 de novembro de 2009, a O.T.O. no Brasil recebeu um rescor
de vitalidade: nascia o Acampamento Opus Solis, Corpo Local para a
cidade de Belo Horizonte, em Minas Gerais. Os irmãos mineiros, lide-
rados por Frater Pan Ain Soph, iniciavam a organização dos trabalhos
com energia e disposição: com intensa demanda de candidatos e pro-
messas para o uturo, a esta de abertura do Acampamento oi reali-zada nos dias 16 e 17 de janeiro de 2010, num sítio em Azurita, cidade
próxima à Belo Horizonte. Na ocasião, oi celebrada a primeira Missa
Gnóstica em solo mineiro.
No nal de 2011, Frater Pan Ain Soph deixou a Maestria do Opus Solis.
Soror Athena, então Secretária, o sucedeu e, desde então, ela está à
rente do Acampamento mineiro.
Em 2010, nos dias 13, 14 e 15 de novembro, oi realizado outro evento
emblemático de proporção nacional: o II Encontro Nacional da Ordo
Templi Orientis (ENOTO). Com nove anos de intervalo em relação à sua
primeira edição, o ENOTO oi realizado num sítio na cidade de Queima-
dos, Rio de Janeiro, e congregou Irmãos, Irmãs e convidados do Rio de
Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. Seu tema oi a E.G.C., e essa oi uma
oportunidade rara de passar dias inteiros de convivência e instrução
sobre a Missa Gnóstica, a via eclesiástica em Thelema e o Gnosticismo
como visto pela O.T.O. Missas particularmente vibrantes echaram noi-
tes onde alguns Irmãos sequer dormiram, esperando pelo toque de
alvorada para realizar o Liber Resh matinal.
Em 2010, a Loja Quetzalcoatl também lançou sua Revista ocial, a Es-trela Rubi, em ormato digital, cuja edição de estreia levou ao ar uma
entrevista exclusiva com Soror Babalon sobre o panorama de Thelema
no Brasil. A Estrela Rubi, como “voz pública” da produção intelectual da
Loja Quetzalcoatl, vem sendo divulgada até hoje, durante os Equinó-
cios e Solstícios.
No dia 2 de janeiro de 2012, Soror Babalon anunciou a concretização
de um antigo sonho: deixar a liderança da Loja para assumir exclusi-
vamente a Representação nacional do Frater Superior. Após 11 anos
à rente da Loja, e 16 anos de trabalho pela O.T.O. no Brasil, ela trans-
eriu a Maestria da Loja Quetzalcoatl para Frater Apollôn Hekatos, que
inaugurou o primeiro ano de trabalho da Loja sob sua gestão em 10
de março de 2012. Todos esperamos uma nova era, nutrida de espírito
jovial, mas com a constância da sabedoria adquirida ao longo de todos
esses anos.
Conclusão
Concluímos neste volume da Estrela Rubi o resumo da História da
O.T.O. no Brasil. Uma versão mais ampla está sendo trabalhada para
utura divulgação.
Fazendo o retrospecto dos primeiros anos, torna-se óbvio que o de-
senvolvimento mágicko e espiritual oi limitado. No entanto, tal experi-
ência serviu para nos ensinar que um corpo raco e conitante – neste
caso, Corpos Locais – não consegue estruturar e alimentar uma cons-
trução mais prounda e sutil, como o espírito. A saúde dos anos se-
guintes seria comprovada pelo aumento de práticas e resultados, bem
como instruções de qualidade internacional. Os novos percalços, por
sua vez, serviram para nos libertar dos humores e das utuações que
assaltam qualquer trabalho. Graças a isso, constância pôde ser conquis-
tada.
Escrever a história da O.T.O. no Brasil não é apenas questão de reunir
e listar datas e eventos. É uma questão de tom. Compreendemos, du-
rante a edição deste número da Revista, que por muito tempo as ativi-
dades relacionadas a Thelema no Brasil estiveram concentradas quase
miticamente na gura de indivíduos, mais do que no trabalho que eles
realmente desenvolviam. A única conclusão que podemos chegar é
que isso é indício de imaturidade, como todo apego ao carisma ou
a aparências, que acilmente se desdobra em culto à personalidade.
É muito ácil, ao se concentrar na personalidade de personagens, nu-
blar o trabalho – ou alta de trabalho – impessoal que eles azem ou
zeram.
Embora seja realmente diícil alar da história de Thelema e da O.T.O. no
Brasil sem alar a respeito da vida das pessoas que a zeram, o tom que
buscamos alcançar é que o oco deve residir no trabalho dessas pes-
soas: o que oi produzido, o que deixou de ser produzido, bem como
a postura destas pessoas como líderes ou em cargos de liderança, ou
seja, em postos que não dizem respeito à pessoa delas, mas à represen-
tação de algo maior.
Todos os citados neste texto sabem que detalhes de suas vidas pesso-ais não oram expostos. Esperamos que o trabalho thelêmico no Brasil
possa seguir amadurecendo no sentido da impessoalidade, para be-
neício de todos buscadores sinceros que procuram por estruturas de
aprendizado e Iniciação, e não rostos ou mestres para seguir.
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2 3
A r t i g o
UMa linHa do teMpo da sUcessão da o.t.o. após a Morte de crowley , apresentada eM forMa de cartas
Por muitos anos tem havido uma grande conusão sobre a
história da Ordo Templi Orientis após a morte de Aleister
Crowley. Frequentemente essa conusão vem sido orques-
trada deliberadamente por vários reivindicadores da Liderança da
Ordem, através do uso de citações selecionadas, algumas incorre-
tas, mal entendidos ou simplesmente raudes. Notavelmente, tais
reivindicações raramente oram eitas com o suporte de uma docu-
mentação devida – omissão que o cronograma a seguir vai tentar
remediar.
Eu me concentrei apenas no período de 1941 até 1969, o qual con-
tém os documentos críticos relativos à sucessão de Crowley. Cons-truí esse cronograma tanto quanto possível diretamente de ontes
primárias e adicionei meus próprios comentários para apontar,
quando necessário, passagens signicativas ou esclarecer detalhes
importantes do cenário em questão. Eu também contribuí ao nal
com um sumário, dando minha análise pessoal sobre o signicado
dos documentos.
Termo de responsabilidade: Eu sou atualmente membro da O.T.O. e
venho sendo há aproximadamente 20 anos.
Nota sobre as ontes: Foi do meu intuito vericar todas as ontes
com a maior precisão possível. A maior parte do material oi tirada
diretamente de manuscritos originais ou de cópias com boa pro-
veniência, de dentro dos arquivos da O.T.O.. Eu transcrevi os docu-
mentos mais importantes e contenciosos, além de resumir alguns
materiais de auxílio.
Estou em débito com Hymenaeus Beta, Bill Heidrick, Dr. Richard Ka-
czynski, Frank Kroener, Dionysus Roger e Ian Rons pela pesquisa e
inormações providas.
Adições e comentários são muito bem-vindos.
Rodney Orpheus 2009
1941
Crowley – K arl Kermer, abril/maio de 1941:
Apontamento de Germer como grau Xº para as nações de língua
alemã e emissário nos EUA.
[Crowley manteve sua posição de Xº para todas nações de língua in-
glesa, mas, ao apontar Gemer como seu “emissário”, permitiu que ele
atuasse como seu representante direto nos EUA]
Crowley – Germer, 18 de ju lho de 1941:
Crowley dá a Germer uma procuração e o aponta como represen-
tante da O.T.O. e A\A\, respondendo apenas ao próprio Crowley.
Crowley – Germer, 24 de novembro de 1941:
Note-se que provavelmente a O.T.O. vai precisar ser completa-
mente reconstruída. O humor do Novo Aeon parece desavorável
às Lojas e os “Segredos” são ininteligíveis a qualquer um que nãotenha realizado um longo estudo do sistema. Neste momento há
duas seções; os rituais – até a Rosa Cruz; e as redações de instru-
ção tratando do único segredo real. O(s) ritual(is) correspondentes
nunca oram escritos, exceto o Templário. Então eu espero que
que a seu encargo conceber um tipo de método completamen-
te novo de comunicação do segredo real. Este, é claro, tem sido
o verdadeiro procedimento: eu simplesmente usei meus critérios
e atirei os eijões para aqueles que julguei merecedores. Se os ri-
tuais, por algum milagre, tornaram-se amplamente trabalhados,
bom. Eles são uma base esplêndida para o ensinamento prático.
1942
Crowley – Germer, 12 a 14 de Mar ço de 1942:
Eu devo apontá-lo como meu sucessor como O.H.O., mas com ter-
mos especiais. Está bastante claro para mim que se az necessária
uma completa mudança na estrutura e nos métodos da Ordem. O
Segredo é a base e você precisa selecionar as pessoas certas. Você
pode pegar pessoas de ora; mas todos que tiverem qualquer en-
volvimento conosco devem azer uma aceitação ormal do AL e
uma renúncia ormal das ideias denunciadas no AL 49-56, Cap. III.Então virá a Nova Ordem Social pelas linhas dadas nos livros LII,
CI, CLXI e CXCLV (ver Equinócio III. 1, pp 195-246) e o mesmo em
Equinócio III. 2 – esse volume não está em minhas mãos nesse
momento. A base geral de associações públicas é a Missa Gnósti-
Frater rodney orpheus
sUcessão após crowley
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ca. Eu espero, depois de morrer, tê-la alçado en grand tenue por
artistas treinados, para assim haver um “padrão selado” para ree-
rência utura. Os outros rituais terão de acompanhar o melhor que
puderem. Tenho dúvidas se um dia vai retornar o tempo em que
haverá tanto necessidade de usar tais métodos, como lazer em
cultivá-los. É claro, os segredos menores em tais ritos têm seu va-
lor mágico especial, e assim eles sempre terão um certo uso para
certos tipos de mentes. O verdadeiro eeito mágico no candidato
pode também ser de grande validade para ele, e o treinamento
e a disciplina são sempre úteis. Mas como questão de propagan-
da eles são absurdamente lentos, pesados e desajeitados; a parte
secreta é puramente cômica enquanto houver quaisquer Gerald
Yorkes no mundo.
[Pontos importantes aqui:
1. Germer é claramente apontando como O.H.O após a morte de Cro-
wley
2. Novas pessoas podem ser iniciadas na O.T.O., mas precisam aceitar
ormalmente o Livro da Lei
3. Uma nova ordem social a ser baseada nos documentos de consti-
tuição da O.T.O.
4. O rito público Central deve ser a Missa Gnóstica
5. Os rituais de iniciação são lentos como propaganda, mas têm um
valor mágico especial e, como a carta anterior atesta, “são uma baseesplêndida para o ensino prático”.
Aqui nós p odemos ver precisamente como Crowley pretendia direcio-
nar a O.T.O. após sua morte. A última linha aparenta antecipar proble-
mas de sigilo na era da Internet.]
Nota no diário de Crowley, 13 de março de 1942:
Sumário da carta para Saturnus em 12-14 de março. Toda minha
propriedade está agora na OTO. A reivindicação de Pearl´s Carey St
deve ser eita a você como GTG. Saturnus é legatário do residuário
& meu sucessor como OHO. Instruções para ele agir como tal (1)
ormar núcleos de IXº (2) Ordem Social Eqx. III 1 & 2 (3) Missa Gnós-
tica. Como escolher seu próprio sucessor.
[Crowley aponta que ez sua Última Vontade & Testamento, no qual
documenta todas suas propriedades como sendo da O.T.O. e instrui
seus advogados de que Germer é o Grande Tesoureiro Geral e que de-
verá suceder Crowley como Cabeça Externa da Ordem (O.H.O.) após
sua morte. ]
1943Crowley inicia McMurtry no IXº grau da O.T.O.
1944
Crowley – Grady McMurtr y, 21 de novembro de 1944:
‘O Caliado’. Você deve perceber que não importa o quão intima-
mente observemos olho-a-olho em qualquer assunto objetivo, eu
devo pensar em premissas totalmente dierentes daquelas con-
cernentes à Ordem. Uma das (surpreendentes poucas) ordens que
me oram dadas oi ‘não cone em um estranho: não alhe com
um herdeiro’. Isto tem sido muito maligno para mim. Fr.’. [Satur-
nus] é, claro, o Calia natural; mas há muitos detalhes acerca da real
política ou trabalho que escapam a ele. Em todo caso, ele pode
apenas ser um substituto por causa da sua idade; tenho que pro-
curar seu sucessor. Isto tem sido um Inerno; tantos têm vindo com
promessas maravilhosas, apenas para cair nas pedras. [...] Mas — e
aqui é que você tem perdido meu ponto de todo — eu não penso
em você deitado em uma encosta verdejante com adoráveis car-
neiros, tocando uma auta! Ao contrário. Sua vida verdadeira, ou
‘sangramento’, é o tipo de iniciação que busco como base primor-
dial para o Calia. — Para — digamos 20 anos — por isso o Cabeça
Externo da Ordem deve, entre outras coisas, ter tido a experiência
da guerra como ela realmente é de ato presentemente.
[Nota para que “Calia” é o termo árabe para “sucessor”, e quando
Crowley se reere a “Caliato” ele está simplesmente alando da lide-
rança da O.T.O. após sua morte. Ele não dá aqui o título de Calia para
McMurtry – Crowley está simplesmente constatando que Karl Germer
é seu sucessor natural, mas também que ele (Crowley) está tentando
achar o sucessor de Germer. Crowley menciona explicitamente que
está preocupado com a idade de Germer e que ele pode ser apenas
uma solução provisória; e que daqui a cerca de 20 anos ele visualiza
McMurtry como seu possível sucessor como O.H.O. Observação umtanto quanto premonitória – uma vez que, na realidade, isto levou 25
anos.]
1945
Nota no Diário de Crowley, 7 de fevereiro de 1945:
“Feb. 7 para Saturnus política de renanciamento da O.T.O.
(1) Os direitos autorais de A.C. pertencem a O.T.O. Cada novo livro,
ajuste de texto, ou o que or, é um ganho direto da O.T.O.. Mantê-
-lo vivo e trabalhando, com a ajuda de um secretariado, deve ser
importância de primeira mão para os Fundos, conhecidos por
“Fundos de Publicação” ou por outro nome.
(2) Valor a Grant. Se eu morrer ou or para os EUA, deve haver um
homem treinado para tomar conta da O.T.O. inglesa....”
[Aqui Crowley planeja que os direitos autorais de seu trabalho per-
tencem a O.T.O. e que o Fundo de Publicação deve ser visto como um
investimento nisso. Note-se que Crowley não menciona Grant como
nada mais que um possível encarregado pela flial inglesa da O.T.O.Não há nenhum sinal de autoridade dada além dessa. Compare-se
esta à autoridade já conerida a Karl Germer em 1942, e à carta de
Crowley a McMurtry, em 1944, onde o menciona como possível Calia
após Germer. Grant é raramente mencionado no diário de 1946 e não
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é mencionado em nenhum momento no diário de 1947, presumivel-
mente porque ele e Crowley tinham rompido a essa altura.]
Nota no diário de McMurt ry, 16 de junho de 1945:
Nós [Aleister Crowley & ele mesmo] estávamos discutindo os pro-
blemas dele numa tarde que era praticamente uma daquelas da
Loja Ágape em Los Angeles. Num dado instante eu disse: “Já que
você me conhece, e eu conheço eles, quando eu chegar em casa
(Caliórnia) eu vou dar uma olhada na situação e escrever um rela-
tório para você”. Ao que ele alou: “Está bem. Eu agora te nomeio
Grande Inspetor Soberano Geral da Ordem”. Esse oi o único título
puramente verbal que eu recebi de Crowley e para este eu não
tenho nenhum documento, já que Crowley não me deu um na-
quele momento.
1946
Crowley – McMurtry, 22 de ma rço de 1946:
Esta é a autorização para que Frater Hymenaeus A (Cap. Grady. L
Mc Murtry) tome controle de toda a Ordem na Caliórnia. Para re-
ormar a organização de acordo com seu relatório de 25 de janeiro
de1946 e.v. sujeito à aprovação de Frater Saturnus (Karl J Germer).
Essa autorização deve ser usada apenas em caso de emergência.
Amor é a lei etc. Baphomet. O.H.O.
[O relátorio mencionado oi o relatório de McMurtry sobre a Loja Ága-
pe, na Caliórnia, empreendido por McMur try sob o encargo de Gran-
de Inspetor Soberano Geral da Ordem mencionado acima. Crowley
fcou muito satiseito com o relatório e deu a McMurtry a autoridadede tentar resolver os problemas mencionados nele. Note-se que a au-
toridade dada aqui é para ser usada apenas em emergência – prova-
velmente no caso da Loja Ágape não poder resolver seus problemas
sozinha. Já que um tempo depois a Loja Ágape começou de ato a
ruir e Germer morreu sem estar apto a reverter o processo, eu acho que
pode ser razoável considerar tal ato uma “emergência”.]
Crowley – McMurtry, 11 de abril de 1946:
Este é o apontamento de Frater Hymenaeus A. Grady Louis Mc-
Murtry IXº grau da O.T.O. como Nossa representação pessoal nos
Estados Unidos da América, e sua autoridade é para ser conside-
rada como Nossa, sujeita à aprovação, revisão ou veto de nosso
Vice-Rei Karl Johaness Germer IXº da O.T.O. da Rua 72 com Oeste
260, Nova Iorque.
[Uma autoridade maior que a precedente. Aqui Crowley aponta ex-
plicitamente McMurtr y como grau IXº e dá a ele completa autoridade
para representar Crowley em todos EUA, contanto que Germer não ti-
vesse nenhum problema com isso. A menção de ambos, tanto Germer
quanto McMurtry, como membros do IXº grau mostra que Crowley
está conerindo autoridade especifcamente dentro do contexto daO.T.O.. Note-se que, ao contrário da autorização anterior, esta não está
condicionada a uma situação de emergência – está plenamente ati-
va desde que não haja objeção de Germer. É a única vez que Crowley
conere completa autoridade para outro membro da O.T.O. e ela nun-
ca oi rescindida, nem por ele nem por Germer. Assim, após a morte
tanto de Crowley como de Germer, McMurtry se torna a única pessoa
na Ordem portando credenciais ofciais de liderança.]
Germer – McMurtr y, 24 de maio de 1946:
... em qualquer passo que você decidir dar com minha aprovação.
Cooperemos completamente.
[Germer não az objeções à comissão conerida a McMurtry e atesta
seu desejo de trabalhar junto a ele, conorme o desejo de Crowley.]
Crowley – Germer, 19 de junho de 1946:
A única limitação ao poder dele [McMurtry] na Caliórnia é que
qualquer decisão tomada por ele está sujeita a revisão ou veto
por você.
[Note-se que Crowley remove a cláusula da “aprovação”, de modo que
McMurtry tem autoridade para trabalhar livremente, a não ser que
Germer se oponha especifcamente.]
Germer – McMurtr y, 7 de agosto de 1946:
Estou em posse dos dois documentos que você me enviou; não
vejo razão para que você não deva mostrá-los para Roy [Lefn-
gwell] e para quem quer que tenha título para vê-los.
[Germer mostra seu reconhecimento da autoridade que Crowley deu
a McMurtry, e sua aprovação para o uso de ambos os documentos.]
1947Crowley – Gerald Gardner, maio de 1947:
Faze o que tu queres será o todo da Lei
Nós Baphomet Xº Ordo Templi Orientis, Grande Mestre Geral So-
berano de todas as nações de língua inglesa da Terra autorizo nos-
so amado lho Scire (Dr. G.B. Gardner), Príncipe de Jerusalém, a
constituir um acampamento da Ordo Templi Orientis no grau de
Minerval.
Amor é a lei, Amor sob Vontade
Com o testemunho de minha mão e selo,
Baphomet Xº
Crowley – W.B. Crow, 30 de maio de 1947:
Eu sugiro que você encaminhe todos seus seguidores da cidade
de Londres para o Dr. Gardner, para que ele possa conduzi-los
devidamente pelo grau de Minerval e alguns possam ao menos
ajudá-lo a estabilizar os acampamentos para os graus superiores,
até o de Pereito Iniciado ou Príncipe de Jerusalém.
Crowley – Germer, 6 de junho de 1947:
Você parece em dúvida quanto à sucessão. Nunca houve qualquer
questão a este respeito. Desde sua reaparição Você é o único su-
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A r t i g o cessor em que tenho pensado até este momento. Tenho, de qual-
quer orma, a ideia de que, tendo-se em vista a dispersão de tan-
tos membros, você deveria achar útil apontar um triunvirato para
trabalhar sob seu comando. Minha ideia é Mellinger, McMurtry e,
eu suponho, Roy [Lefngwell], apesar de eu sempre ter estado um
pouco duvidoso em relação à lealdade deste último. [...] Eu devo
deixar a decisão de ormar um triunvirato após minha morte intei-
ramente para você.
Gardner – Crowley, 14 de junho de 1947:
Gardner paga Crowley 10/10 para se aliar ao VIIº grau da Ordem.
Crowley – McMurt ry, 17 de junho de 1947:
Já az um tempo que não ouço notícias suas. Esse é um grande
erro: eu te digo porquê, em estrita condência. Na ocasião de
minha morte, Frater Saturnus é obviamente meu sucessor, mas,
após sua morte, o terrível ardo da responsabilidade pode muito
acilmente cair sobre seus ombros: por essa razão eu gostaria de
manter você em contato próximo comigo.
A Última Vontade & Testamento de Crowley, 19 de junho
de 1947:
“ESTA É A ÚLTIMA VONTADE de mim, EDWARD ALEXANDER CRO-
WLEY, comumente conhecido como Aleister Crowley de “Ne-
therhood”, O Guardião de Hastings, Sussex, Inglaterra
EU AQUI REVOGO todas vontades e testamentários disponíveis até
agora eitos por mim
EU ORIENTO que meus executores testamentários devem se certi-
car como melhor acharem e para além de qualquer suspeita de
qualquer possibilidade de erro no ato da minha morte
EU DESEJO que, ao meu alecimento, meu corpo seja cremado, as
cinzas sejam preservadas num caixão junto a meu anel-selo e que
eles sejam conados ao Grande Tesouro da Ordo Templi Orientis
EU APONTO Karl Johannes Germer da Rua 72 com a Oeste 260,
Nova Iorque, Lady Frieda Harris, a esposa de Sir Percy Harris da 3
Devonshire Terrace Marylebone High Street London W.1. e Lou-
is Umraville Wilkinson, Doutor em Letras cujo endereço é West-
minster Bank Limited Shatesbury Avenue London W.C.1 para se-
rem Executores de meu testamento (aqui reeridos apenas como
meus Executores), exceto no tocante às propriedades e resultados
(incluindo direitos autorais) relacionados a minha prossão de au-
tor, para quais propriedades e resultados
EU APONTO Louis Unraville Wikinson e John Symonds da 121 Del-
side Road London W.C.3. ditos como os executores (de agora em
diante reeridos como “meus executores literários”)
EU ORIENTO meus Executores literários a recolher o mais breve-
mente possível, após minha morte, todos meus livros, escritos e
resultados de natureza literária de qualquer maneira, incluindo to-
dos resultados sobre os quais eu, na data da minha morte, possa
ter poder de opinar ou apontar e
EU DOU E LEGO meus livros, escritos e resultados literários assim
recolhidos para meus Executores literários, livres de qualquer de-
ver mortuário, NA CONFIANÇA que eles arão o mesmo ao Grande
Tesoureiro Geral da Ordo Templi Orientis (Ordem do Templo do
Leste) na Rua 72 com a Oeste 260, Nova Iorque, com o requeri-
mento que tal coleção deverá ser para o uso e beneício absoluto
da Ordem citada e
EU DECLARO que o recebimento do Grande Tesoureiro Geral da
Ordem citada deve ser uma licença suciente para meus Executo-
res literários em relação ao pagamento de minhas dívidas e despe-
sas unerárias e testamentárias
EU PLANEJO LEGAR E APONTAR todo o restante de minhas posses,
bens e resultados aos citados Karl Johannes Germer, Lady Frieda
Harris e Louis Unraville Wilkinson, se vivos na data da minha mor-
te, e se mais de um, igualmente entre eles para o beneício dele ou
dela, mas requisitando-se que ele ou ela disponha igualmente do
mesmo entre meus amigos éis de acordo com quaisquer desejos
expressos por mim durante minha vida ou apontado em qualquer
memorando escrito ou assinado por mim ou deixado entre meus
documentos quando de minha mor te, declaro que tal memoran-
do não deve ser julgado como parte de meu Testamento nem
deve a expressão anterior de meus desejos criar qualquer disputa
ou obrigação legal.
EM TESTEMUNHO a partir do qual eu até aqui ponho minha mão
neste décimo nono dia de junho de mil novecentos e quarenta e
sete.
[Aqui, a parte importante para a O.T.O. é a seção reerente aos resulta-
dos literários: “EU DOU E LEGO meus livros, escritos e resultados literá-
rios... ao Grande Tesoureiro Geral da Ordo Templi Orientis... para o uso e
beneício absoluto da Ordem citada.” É claro que ele queria que todos
seus resultados literários (o que inclui os direitos autorais) ossem para
a O.T.O. e aponta especifcamente o endereço de Germer como o lugar
para onde deveriam ser enviados.]
Crowley – Germer, 30 de junho de 1947:
A Inglaterra em particular está começando a parecer muito bri-
lhante: estaremos começando um Acampamento de Minerval du-
rante o verão se o plano seguir como oi providenciado.
[Esse era o Acampamento proposto sob a liderança de Gardner.]
Crowley – Frederic Me llinger, 15 de julho de 1947:
Estou de ato bastante ansioso para que você mantenha contatopróximo comigo, apenas porque penso ser possível que, após eu
e Frater Saturnos partirmos para o plano seguinte, você pode se
descobrir enlaçado com toda responsabilidade de carregar o tra-
balho da Ordem.
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[Fica evidente nessas cartas ao longo de junho-julho que Crowley sa-
bia que sua morte se aproximava e tentava assegurar que a sucessão
devida aconteceria na O.T.O. – com Germer como Cabeça, McMurtry
e Mellinger como substitutos em caso de emergência].
Crowley morre no dia 1 de dezembro de 1947
Membros conhecidos da O.T.O. na data da morte de Crowley:
Karl Germer X°
Europa
Frederic Mellinger IX°
Herbert Smolke?
Doktor von Oldershausen?
Reino Unido
W.B. Crow?
David Curwen IX°
Edward Noel Fitzgerald IX°
Gerald Gardner VII°
Frieda Harris (IV°?)
Louis Umraville Wilkinson (IX°)
EUA
Meeka Aldrich
Mildred Burlingame
Ray Burlingame
Louis Culling IX°
Mary Kay?
Roy Lefngwell IX°Grady McMurtry IX°
Georgia Schneider IX°
Jean Schneider IX°
Max Schneider IX°
Phyllis Seckler
Helen Parsons Smith (IX°?)
Wilred Smith IX° (suspenso)
John Whiteside Parsons IX° (pediu aastamento, depois se rein-
tegrou?)
Jane Wole IX°
[A lista ainda está incompleta.]
Frieda Harris – Mellinger, 7 de dez embro de 1947:
Você é o cabeça da Ordem aqui ou era Gardner? Não consigo
achá-lo, eu imagino que ele morreu?
[Gardner estava vivo, mas muito doente, na América. Não há menção
de Grant como possível líder na Inglaterra. Frieda Harris assume que
Mellinger e Gardner são os ofciais gerais na Europa.]
Gerald Gardner – Vernon Symonds, 24 de dezembro de
1947:
Aleister me deu uma carta me tornando o cabeça da O.T.O. na
Europa. Agora eu quero qualquer papel sobre aquilo que Aleister
tinha, alguns Rituais datilograados. Eu sei. Eu também os tenho,
mas eu não quero que caiam nas mãos de outras pessoas, eu os
comprarei dos Executores por um preço razoável, junto a qualquer
outra relíquia que eles estejam querendo vender.
[Note-se que Gardner não era o membro de grau mais alto da Europa,
nem mesmo na Inglaterra, mas de todo modo ele era a única pessoa
no momento com uma Carta para realmente iniciar novos membros
na Ordem.]
1948
Harris – Germer, 2 de janeiro de 1948:
Eu acho que sou um membro da O.T.O..
Eu costumava receber a Palavra do Equinócio.
G.B.Gardner, 282 Strathmoore Círculo de Memphis 12 Tenn. é o
cabeça da O.T.O. da Europa – Dr. W.B.Crow, 227 Gleneld Road
Western Park Leiceste tem autoridade dada por A.C para trabalhar
na O.T.O. e na Igreja Gnóstica Católica. Você escreveria para ele?
Noel Fitzgerald Fitzgerald 24 Belsize Road N.W6 também parece
ter sido convidado a iniciar o Sr. Gardner e pode ser um membro.
Germer – Grant, 5 de outu bro de 1948:
Germer manda para Grant seu certicado e ormulário de inicia-
ção ao IXº, com assinatura de conrmação por Gerald Yorke.
[Note-se que isso signifca que Grant não recebeu ormalmente seu IXº até depois da morte de Crowley.]
1960
Gardner – John Symonds, deze mbro de 1950:
Eu tentei começar uma ordem, mas quei doente e tive que deixar
o país. Depois da morte dele [Crowley], oi dito para Germer que
eu era o cabeça da Ordem da Europa, e Germer me reconheceu
como tal, mas por causa da saúde ruim eu não tenho sido capaz
de dar andamento às coisas. Eu tinha algumas pessoas interessa-
das, mas alguns oram mandados para a Alemanha com o exército
de ocupação e outros viviam muito longe, então nada aconteceu.
Na verdade, eu não tenho todos os rituais. O ritual de K.T. oi perdi-
do; Gerald Yorke acha que ele pode não ter sido nunca escrito. Eu
tenho até o Príncipe de Jerusalém. Você não sabe nada sobre os
graus perdidos, eu suponho.
[Gardner parece se reerir a carta de Harris para Germer em 1948. Não
há razão para duvidar da alegação de Gardner de que Germer o reco-
nheceu como o dirigente da O.T.O. na Europa. Note-se que esse é um
caminho de mão dupla – Gardner implicitamente também reconheceque Germer é seu superior e, assim, o Cabeça da O.T.O. internacional.
A menção à gente na Alemanha provavelmente se reere a Mellinger,
que estava trabalhando como tradutor e interrogador do exército de
ocupação – eu assumo que Germer tinha inormado Gardner do pa-
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A r t i g o radeiro de Mellinger a essa altura.]
1951
Germer – Grant , 5 de março de 1951:
Faze o que tu queres será o todo da Lei.
Com o poder investido a mim por BAPHOMET, o último O.H.O. da
ORDO TEMPLI ORIENTIS, eu por meio desta concedo a Fra. AOSSIC
IXº O.T.O. (KENNETH GRANT) direito de constituir um acampamen-
to da Ordem acima citada no vale de Londres, Inglaterra.
Amor é a lei, amor sob vontade.
Saturnus Xº O.T.O.
New York, N.Y.
5 de março, 1951.
[Uma vez que Gardner está agora admitindo que não ez nada com
a O.T.O. na Europa, parece que Germer está procurando alternativas,
tendo dado a Grant uma Carta para o Reino Unido. Ao dirigir o Acam-
pamento, implicitamente Grant aceita a autoridade internacional de
Germer sobre a O.T.O. – de outro modo, a Carta não teria nenhum sig-
nifcado.]
Germer – Mellin ger, 25 de setembro de 1951:
... vá em rente com a O.T.O. se você achar que deve. A carta dele
[Metzger] para você em 21 de setembro não parece pegar o touropelo chire, como ele deveria. Eu gostaria da O.T.O. operativa na
Europa Central nas nossas linhas, não naquelas de Reuss.
[Novamente Germer parece estar buscando por alternativas européias
agora que Gardner desistiu. Germer dá a Mellinger autoridade para
dirigir a O.T.O. na Europa Central.]
Mellinger, 28 de outubro de 1951:
Mellinger inicia Hermann Metzger no IXº grau da O.T.O. em Ham-
burgo, o certicado assinado depois por Karl Germer como O.H.O.
[Mellinger usa sua autoridade para iniciar Metzger. Isto revela que
Metzger claramente aceita a autoridade de Mellinger para iniciá-lo, e
aceita Germer como o Cabeça da Ordem.]
Mellinger – Germer, 31 de outubro de 1951:
Querido Karl,
93,
essa é provavelmente minha última mensagem da Alemanha.
Tudo está preparado para mudar rumo a um novo ciclo em pou-
cos dias. Desde sexta da semana passada até segunda, Metzger
esteve aqui e camos cerca de 24 horas juntos alando sobre The-
lema. A tarea não oi toda diculdade para mim, mas um tanto
agradável, ao que M. mostrou-se um estudante sincero, muito ta-
lentoso e devoto à Nova Lei com total e genuína submissão ao seu
Logos. Todo o desejo é de receber o máximo de material possível
para estudar e passar para seu grupo a sabedoria e conhecimen-
to oerecidos no trabalho de Mestre Therion. Para começar, eu
emprestei a ele minha cópia do Equinócio Azul, que ele pretende
duplicar com microlme. Ao que ele e sua loja são iniciados do Iº
até o IIIº grau da O.T.O. (na versão de Reuss), eu não hesitei em pro-
meter os manuscritos correspondentes e pedi que ele os pegasse
com Lekve, a quem ele ia visitar na segunda passada. Ele copiou o
ormulário de aplicação que eu usei em Hildesheim, vai imprimi-lo
decentemente em casa e tê-lo assinado por seus dezesssete Ir-
mãos e enviar as aplicações para você. Ele é ávido para pôr em prá-
tica a Missa Gnóstica e eu prometi ajudá-lo com uma revisão da
tradução alemã, que ele vai mandar para nós, e com as instruções
disponíveis. Ele também quer iniciar seu grupo cerimonialmente
nos três primeiros graus da Ordem “reormada”, tão logo ele rece-
ba a autorização para isto, e irá estar tecnicamente pronto...
... Amor é a lei, amor sob vontade.
Sempre seu,
Frederic.
[Mellinger está claramente trabalhando próximo a Germer e sob sua
autoridade, aceitando-o como O.H.O. Ninguém no grupo de Metgzer
era maior que IIIº grau a essa altura. Mellinger vai receber aplicações
dos membros do grupo de Metzger para entrar na O.T.O. dirigida por Germer. Depois dessa carta, Mellinger se mudou para a Suíça para tra-
balho direto de inspeção da Loja Suíça. A reerência a (Friedrich) Lekve
e a Hildesheim (onde Lekve vivia – e era Preeito!) implica que Mellin-
ger já tinha viajado para iniciar Lekve pelo menos no IIIº dentro das
instruções anteriormente dadas mensalmente por Germer. Alegações
uturas de que “não havia iniciações na O.T.O. sob direção de Germer”
são assim alsas.]
Testamento de Germer, 4 de dezembro de 1951:
Eu deixo a totalidade de minhas propriedades e posses à minha
amada esposa Sascha Ernestine André-Germer como a única her-
deira [...] Em relação à propriedade da Ordem Ordo Templi Orien-
tis [...] Eu oriento que seja passada para os Cabeças da Ordem [...]
minha esposa [...] deve ser a executora dessa parte de meu testa-
mento, junto a Frederic Mellinger.
1955
Kenneth Grant – Manifesto da Loja Nova Ísis:
... A Loja Nova Ísis está de acordo com o Mestre Therion (um Gran-
de Mestre da O.T.O. no Passado), com o presente Mestre S., queé o Cabeça Mundial da O.T.O. no Exterior, operando nos Estados
Unidos da América...
[O “Mestre S.” presumivelmente se reere a Saturnus, mote de Karl Ger-
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mer. Essa rase parece invalidar a alegação utura de Grant de que ele
nunca aceitou Germer como Cabeça Internacional da O.T.O.]
Germer – Grant, 20 de julho de 1955:
Ao senhor Kenneth Grant
NOTIFICAÇÃO DE EXPULSÃO
Faze o que tu queres será o todo da Lei.
Você está notiicado que a muito pouca e limitada autoridade
que eu te dei para estabelecer um Acampamento da O.T.O. no
vale de Londres está retirada e eu ormalmente te expulso da
Ordo Templi Orientis. Você abusou grosseiramente da conian-
ça depositada em você. Ao imprimir e distribuir um assim cha-
mado “Maniesto” sem minha aprovação e pelas minhas costas,
você mostrou que lhe altam senso de decência e a autoridade
devida.
Ao veicular airmações alsas e enganosas, imprimindo mentiras
deslavadas e se movendo sobre alsos pretextos, você se reve-
lou moral e espiritualmente desonesto e provou ser totalmente
indigno da liderança de qualquer causa que esteja ligeiramen-
te conectada com uma Ordem como a O.T.O., muito menos de
uma causa como a Lei de Thelema.
Amor é a lei, amor sob vontade.
Karl Germer X° e Frater Superior O.T.O.
Hampton N.J.
20 de julho de 1955
Germer – Noel Fitzge rald, 20 de julho de 1955:
Hampton N.J.
P.O.Box 581
16 de dezembro de 1955
A QUEM POSSA INTERESSAR. Foi reportado a mim que há pesso-
as na Grã-Bretanha operando em nome da O.T.O. – Ordo Templi
Orientis. A única autoridade para as nações de língua inglesa
reside no presente Frater Superior da O.T.O., Frater Saturnus, Karl
Germer.
Não há ninguém na Grã-Bretanha com uma Carta válida da
O.T.O. Na Grã-Bretanha, qualquer atividade sob este título é por-
tanto espúria.
Por meio desta eu aponto o Sr. Noel Fitzgerald, London W.1.como meu representante pessoal nos assuntos da O.T.O. para
a Grã-Bretanha – válido até revogação – a im de reportar para
mim quaisquer atividades ou reivindicações ilegais; enquanto
toma ações que ele considere apropriadas.
Karl Germer
Frater Superior O.T.O.
Xº O.T.O.
[A linguagem aqui é inequívoca. Nesse momento, ninguém no Reino
Unido tem uma Carta para iniciar novos membros ou dirigir um corpo
da O.T.O. Noel Fitzgerald serve como representante de Germer até sua
morte, em 1958. Nessa data, os únicos membros da O.T.O. no Reino
Unido são Harris & Wilkinson e, após a morte deles, todas as ativida-
des cessaram até os anos 70. Note-se que em ambas as cartas Germer
assina como Frater Superior da O.T.O., sendo disparates algumas ale-
gações uturas de que Germer nunca teria usado esse título.]
1962
Karl Germer morre em 25 de outu bro de 1962
[A mulher dele não inorma Mellinger ou McMurtry sobre sua morte e
Mellinger nem mesmo é nomeado como co-executor do Testamento
de Germer. Ao invés de passar adiante as propriedades da O.T.O., ela as
retém consigo. Ela escreve para Metzger e para um estudante de Ger-
mer na A.A., Marcelo Motta, dizendo a cada um deles que era vontade
de Germer que eles ossem Cabeças da O.T.O. Isto apesar do ato de
Sascha Germer nunca ter sido membro da O.T.O.! A partir dessa desin-
ormação, criou-se muita conusão na próxima década.]
Membros conhecidos da O.T.O. na data da morte de Germer
Europa
Annemarie Aeshbach IX°
Anita Borgert IX°
Frederic Mellinger IX°
Hermann Metzger IX°
Reino Unido
Gerald Yorke (IX°?)
Estados Unidos
Mildred Burlingame (IX°?)
Ray Burlingame (IX°?)
Louis Culling IX°
Roy Lefngwell IX°
Grady McMurtry IX°
Georgia Schneider IX°
Jean Schneider IX°
Max Schneider IX°
Phyllis Seckler (IX°?)
Helen Parsons Smith (IX°?)
Jane Wole IX°Gabriel Montenegro (III°?)
[A lista ainda está incompleta – altam muitos membros da Suíça. Eu
também não tenho inormações sobre membros – ou se ao menos
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A r t i g o restava algum – em atividade no Reino Unido.]
1963
[Metzger unilateralmente tenta proclamar a si mesmo O.H.O. em ja-
neiro, apesar de Mellinger ser seu iniciador e o membro de mais alto
grau da O.T.O. na Europa, e apesar também de haver muitos outros
membros de IXº grau ativos nos EUA. Mellinger descobre sobre isso
em setembro deste ano quando recebe uma carta dos advogados
da Sra. Germer.]
Mellinger – Gard Chisholm, 25 de setembro de 1963:
Querido Sr. Chisholm,
Eu recebi sua carta de 20 de setembro, 1963, com a cópia anexa-
da da Petição de Legitimação de Testamento que a Sra. Germer
pretende assinar e arquivar. Você está pedindo minha opinião
sobre a petição. Aqui vai:
Pelas razões a seguir, eu preciso me opor à declaração na peti-
ção: “O testamento oi executado em todas as indicações”.
1) Como você sabe, o Testamento deine (em relação à proprie-
dade da Ordem Ordo Templi Orientis) que “seja passada para
os Cabeças da Ordem” e que “Frederic Mellinger deve ser co-
-executor (sic, no testamento está “executor”) dessa parte do
Testamento.”
2) A Sra. Germer decidiu – sem pedir minha opinião nessa im-portante questão pertencente a “essa parte do Testamento”, sem
contatar-me em absoluto – aceitar o estranho “Maniesto” de
Herr Metzger (impresso na primavera) como uma verdade evan-
gélica e reconhecê-lo como “Grande Mestre Xº da Ordem e So-
berano Grande Mestre Geral” (sic!). Nem a Sra. Germer, nem Herr
Metzger (que pelos últimos seis anos enviou-me regularmente
seus panletos, o que mostra que ele sabia muito bem meu en-
dereço) me notiicaram antes de 28 de março de 1963 sobre a
morte de Karl Germer (em 25 de outubro de 1963). [sic, deveria
ter escrito 1962] ou sobre sua “eleição” impostora em 6 de janeiro
de 1963. Minhas questões sobre com que autoridade Metzger
assumiu os títulos acima e com que direito ez uma “convoca-
ção dos Príncipes Patriarcas” no vilarejo de Stein, Suíça, para sua
“eleição”, nunca oram respondidas nem pela Sra. Germer, nem
por Metzger. Tampouco pude obter uma explicação sobre as
negociações que aconteceram entre os dois durante os cinco
meses antes de me contatarem. Eles assim resolveram violar (e
não “executar”, como atesta a Petição) o Testamento do alecido.
Karl Germer nunca encontrou Herr Metzger na sua vida. Em 25 de
junho de 1951, ele escreveu para mim sobre M. tê-lo contatadopor carta, pediu para eu “aconselhar aquele grupo” e deixou to-
talmente sob meu julgamento passar algumas instruções a Met-
zger, possivelmente conduzindo “aquele jovem rapaz” em algum
avanço na Ordem.
Herr Metzger revelou para mim – não-intencionalmente, é claro
– de onde ele tirou a coragem de reivindicar o alto escritório da
Ordem num inantil “coup d’etat’” (golpe de estado); especial-
mente ao imprimir na primeira página de seu impostor “Manies-
to” os mottos a seguir:
“Ser ou não ser, eis a questão”. E “Hier stehe ich, ich kann nicht an-
ders” (Aqui estou, não posso renunciar), aquelas bravas palavras
de Martin Luthero. – Assim ele apontou involuntariamente para a
única autoridade que ele tinha, mostrando suas aspirações ditato-
riais: seu inado Ego. Mas a Sra. Germer cou impressionada e mali-
ciosamente anuiu com seu consentimento, ignorando o “sagrado”
(como ela disse), mas aparentemente desconortável Testamento
de seu alecido marido e meu papel como co-executor. {sic}
Sinceramente seu,
{assinado} (Dr. Frederic Mellinger)
1966
Grant – Symonds (data desconhecida):
No dia 5 de março de 1951, eu obtive uma Carta do Cabeça Externa
da Ordem (Frater Saturnus/Karl J. Germer).
[Note-se aqui que Grant nomeia especifcamente Germer como o Ca-
beça Externa da Ordem da O.T.O. após a morte de Crowley e como on-
te da autoridade do próprio Grant.]
1969McMurtry nalmente descobre sobre a morte de Germer, quase
sete anos depois do ocorrido. Entendendo que a O.T.O. agora não
tinha um O.H.O. (como Crowley previu que poderia acontecer), ele
usou suas cartas de autorização escritas por Crowley e conclamou
todos os membros remanescentes da O.T.O. para trabalhar com ele
e reconstruir a Ordem.
Sumário
Karl Germer
Iniciado no IX° grau por Crowley em 1925, e X° em 1941
Recebeu muitas autorizações claras de Crowley que o nomeavam
seu sucessor como O.H.O.
Todo membro ativo da O.T.O. no mundo inteiro aceitou sua auto-
ridade em escritos nos anos 50
Indiscutível Cabeça Externa da Ordem da O.T.O. após a morte de
Crowley
Grady McMurty
Iniciado no IX° grau por Crowley em 1943Recebeu várias cartas de Crowley nomeando-o como possível
sucessor de Germer
Recebeu autorização clara de Crowley para ser seu representante
pessoal
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As autorizações de Crowley oram aceitas como válidas por Ger-
mer
Continuou trabalhando como Grande Inspetor Soberano Geral
sob autoridade de Germer
Frederic Mellinger
Data do IX° grau desconhecida, mas certamente o tomou sob a
direção de Crowley
Recebeu carta de Crowley nomeando-o como possível sucessor
de Germer
Dirigiu a O.T.O. na Europa Central sob autoridade de Germer, ini-
ciando até o grau IXº
Rejeitou especicamente a reivindicação de Metzger ser O.H.O.
após a morte de Germer
Gerald Gardner
Foi um membro de VII° grau sob autoridade de Crowley
Dirigiu um acampamento por pouco tempo, que alhou
Tentou dirigir a O.T.O. na Inglaterra após a morte de Crowley, mas
desistiu
Kenneth Grant
Crowley o menciona uma vez em seu diário como um possível
responsável pela O.T.O. na Inglaterra
Recebeu seu IXº grau de Germer, após a morte de Crowley
Dirigiu um corpo local em Londres, iniciando até o IIIº grau, sob
autoridade de Germer
Expulso da O.T.O. por Germer
Hermann Metzger
Iniciado ao IXº grau por Mellinger, sob autoridade de Germer
Após a morte de Germer, reivindicou ser o O.H.O, sem contatar os
outros membros da Ordem ora da Suíça
Sua reivindicação oi desmentida por seu superior imediato,
Mellinger
Marcelo Motta
Reivindicou ser membro da O.T.O. mas nunca teve qualquer auto-
rização para atuar como ocial de qualquer gênero
De tudo isso, as cartas de autorização de McMurtry mostram-se
as únicas que qualquer um já produziu que são válidas para rei-
vindicar a sucessão como Cabeça da Ordem. Nenhuma das ou-
tras reivindicações estão amparadas em documentação que nós
tenhamos disponível. É especialmente notável que houve tantas
reivindicações e contra-reivindicações nas quatro décadas passa-
das baseadas em absolutamente nenhuma evidência, e que, na
verdade, muitas delas oram levadas a sério.
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B i b l i o t e c a T e l ê m i c a HOORÁCULOHOOR
Como a O.T.O. conciliou sua estrutura
maçônica, de origem osiriana, à órmula do Aeon de Horus?
Há mais ou menos um século atrás, a O.T.O., ainda nos meandros
de seu nascimento na Alemanha, estava bastante ligada a alguns
ritos da Maçonaria Européia. Anal de contas, não podemos es-
quecer que ela oi undada com a intenção de ser uma Escola para
altas patentes da Maçonaria.
Porém, a partir de 1918, tomando como base o Livro da Lei e po-
derosamente inuenciado pelo Aeon de Horus e sua Lei da Liber-
dade, Aleister Crowley determinou que a O.T.O. deveria ter a suaprópria identidade, declarando a independência de seu sistema,
separando-a denitivamente de qualquer estrutura pre-existente.
O caráter Maçônico da O.T.O. incomodava ao Crowley por que a
Maçonaria não permitia a iniciação de mulheres e Crowley julgava
imprescindível a presença de mulheres iniciadas na O.T.O., tam-
bém considerava os ritos maçônicos bastante enadonhos e ine-
cientes para iniciarem pessoas com uma consciência moderna,
ele acreditava que o conteúdo simbólico maçônico havia sido tão
corrompido na atualidade que deixara de ter utilidade.
A partir desta data, Aleister Crowley reescreveu todos os ritos da
Ordo Templi Orientis, desta eita sob a égide do Novo Aeon, bem
como, alterou insígnias e modos de reconhecimento de modo a
a que eles reetissem os ensinamentos da Lei de Thelema e não
inringissem os direitos da Maçonaria.
Sobre a renovação dos ritos da O.T.O. Crowley escreve: Eu devo
ressaltar que a mudança essencial que é necessária em qualquer
rito no qual eu tenha algum tipo de par ticipação é a completa re-
núncia do culto aos deuses escravos. É impossível a qualquer ho-mem livre se ligar a um sistema que seja constituído por etiches
de selvagens cujo único motivo para a ação seja o medo nascido
de sua própria ignorância.
A estrutura da O.T.O. como a da Maçonaria ou de qualquer ou-
tra escola antiga dos Mistérios, baseia-se em um sistema iniciá-
tico onde se utilizam ritos correspondentes a graus, elaborados
de orma a instruir o indivíduo, através de símbolos e alegorias,
sobre os proundos mistérios da natureza, auxiliando o indivíduo
a desvendar sua verdadeira identidade. Porém, além de uma es-
trutura administrativa, nada mais restou dos ensinamentos Osiria-
nos divulgados por entidades Maçônicas. A Ordo Templi Orientis
é hoje uma digna divulgadora da Lei de Thelema em todos os seus
meandros.
O Hooráculo é a resposta a uma pergunta. A cada edição, a pergunta de
um leitor da Estrela Rubi será selecionada e a resposta a ela será dada
por um ou mais membros da Loja Quetzalcoatl. Caso queira submeter sua pergunta de cunho mágicko ou thelêmico ao Hooráculo, a envie
para [email protected]. Nossa equipe editorial vai ava-
liar a pergunta mais inteligente e instigante e, se selecionada, vamos
estudá-la, respondê-la e publicá-la na próxima edição. O Hooráculo só
terá olhos – ou melhor, Olho – às perguntas mais desafadoras e que
possam ser de interesse geral.
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a l oja Q Uetzalcoatl
a Loja Quetzalcoatl é um corpo o-
cial da Ordo Templi Orientis Inter-
nacional, undado em 23 de maio
de 2000 e.v. na cidade do Rio de Janeiro.
Somos uma comunidade de homens e mu-
lheres livres que se dedicam ao processo
do auto-conhecimento e sua consequente
expansão de consciência através dos prin-
cípios de Vida, Luz, Amor e Liberdade, pila-
res essenciais da Lei de Thelema.
Temos como um de nossos principais ob-
jetivos auxiliar no desenvolvimento de
uma sociedade verdadeiramente livre da
superstição, tirania e opressão onde o ser
humano possa expressar a sua Verdadeira
Vontade em plena harmonia com a essên-
cia divina que nele habita.
Acreditamos que cada ser humano é uma
estrela individual e eterna que possui sua
própria órbita e que o objetivo primordial desua encarnação não é outro senão descobrir
as coordenadas dessa órbita e cumprir a sua
Verdadeira Vontade, realizando a Grande
Obra e alcançando a Felicidade Pereita.
Nossos objetivos são alcançados através de
um conjunto de Ritos Iniciáticos que visam
despertar e ativar os chakras, propiciando a
ascenção da kundalini e o acesso a estados
mais elevados de consciência. Realizamos
também o estudo teórico e prático da Filo-
soa de Thelema, Magia, Alquimia, Cabala,
Tarot, Tantra, e demais ciências herméticas
que possam colaborar com o caminho de
auto-iluminação dos nossos iniciados.
Caso deseje inormações sobre nossas ativi-
dades ou sobre a aliação à O.T.O., consulte
nosso site no endereço www.quetzalcoatl-
oto.org ou entre em contato conosco.
s aiba M ais sobre...
a ordo teMpli orientis
a Ordo Templi Orientis oi undada
em 1904, na Alemanha, por Karl
Kellner e Theodore Reuss — seu
primeiro líder —, que buscavam estabelecer
um Academia para maçons de altos Graus
onde estes pudessem ter contato com as
revelações iniciáticas descobertas por Kell-
ner em suas viagens ao Oriente. A entrada
de Aleister Crowley, em 1912, veio a alterar
proundamente a Ordem, até que, naquele
mesmo ano, a O.T.O. rompe seus laços com
a Maçonaria e assume–se como uma orga-
nização independente e soberana.
A principal mudança trazida por Crowley
para a ordem oi a implantação da Lei de
Thelema, conorme denida no Livro da
Lei – Liber AL vel Legis, e o alinhamento da
O.T.O. com as energias no Novo Eon, tor-
nando esta Ordem a primeira nascida no
Velho Eon a migrar para o novo.
Em 1922 Crowley, com a morte de Reuss,
assumiu a liderança da O.T.O.. Seu suces-sor indicado oi o alemão Karl Germer, que
governou a Ordem de 1947 a 1962. Como
Germer não indicou um sucessor, após sua
morte vários membros e não membros
da Ordem tentaram assumir o controle da
O.T.O. o que colocou a Ordem em sério
risco de extinção. Assim, Grady McMurtry
lançou mão de um documento expedido
por Crowley que o autorizava a tomar o po-
der da O.T.O. caso esta se visse ameaçada.
Assim, McMurtry tornou-se líder da Ordem
em 1969, posição onde permaneceu até
sua morte, em 1985. Após isso, por meio de
um processo eleitoral levado a cabo pelos
altos Graus da Ordem, oi empossado o
atual Frater Superior, Hymenaeus Beta.
Atualmente a O.T.O. está presente em mais
de 70 países. No Brasil, a O.T.O. encontra–se
desde 1995, com o antigo Acampamento
Sol no Sul, substituído em 2000 pelo OásisQuetzalcoatl, atual Loja Quetzalcoatl. Dan-
do continuidade ao trabalho, em evereiso
de 2010 ev oi aberto em Minas Gerais o
Acampamento Opus Solis.
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