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1 Estrutura, digestão e absorção de lipídeos Departamento de Biomedicina da Faculdade de Medicina do Porto [email protected]

Estrutura, digestão e absorção de lipídeos

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Page 1: Estrutura, digestão e absorção de lipídeos

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Estrutura, digestão e absorção de lipídeos

Departamento de Biomedicina da Faculdade de Medicina do Porto

[email protected]

Page 2: Estrutura, digestão e absorção de lipídeos

O triestearil-glicerol é um triacilglicerol

C18

C18

C18

C18

oleico (18:1;9)

linoleico (18:2;9,12)

α-linolénico (18:3;9,12,15)

araquidónico (20:4;5,8,11,14)

eicosapentaenoico (EPA; 20:5;5,8,11,14,17)

docosahexaenoico (DHA; 22:6;4,7,10,13,16,19) 2

ESTRUTURA DE LIPÍDEOS

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C16

O palmitil-colesterol é um éster de colesterol (ou um colesterídeo).

A molécula de colesterol contém 27 carbonos e pode ser descrita como um “núcleo” de ciclopentanoperidrofenantreno hidroxilado no carbono 3, com uma dupla ligação entre os carbonos 5 e 6, dois grupos metilo ligados nos carbonos 10 e 13 e uma cadeia alifática ramificada (com 8 carbonos) ligada no carbono 17.

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Lipídeos membranares

fosfolipídeos

glicerofosfolipídeos

esfingofosfolipídeos (esfingomielinas)

derivados do fosfatidato

plasmalógenos

fosfatidil-serina

fosfatidil-etanolamina

fosfatidil-colina

fosfatidil-inositol

difosfatidil-glicerol

esfingolipídeos

glicolipídeos

cerebrosídeos

globosídeos

sulfatídeos

gangliosídeos

colesterol

fosfatidil-glicerol

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Os glicerofosfolipídeos podem, na

sua maioria, ser considerados derivados do

fosfatidato (também designado por ácido

fosfatídico; 1,2-diacilglicerol-3-fosfato),

um intermediário no seu processo de

síntese endógena. O fosfatidato é

constituído por um resíduo de glicerol

esterificado nos carbonos 1 e 2 com dois

resíduos de ácidos gordos e com o fosfato

(ligação fosfoéster) no carbono 3. Nos

glicerofosfolipídeos o fosfato serve de

ponte entre o glicerol e um outro resíduo

que também está ligado a esse fosfato por

uma ligação fosfoéster. (Por isso se pode

dizer que, nos glicerofosfolipídeos, há

uma ligação fosfodiéster.) Entre os

glicerofosfolipídeos destacamos: a

fosfatidilcolina (também designada por

lecitina), a fosfatidiletanolamina, a

fosfatidilserina, fosfatidilglicerol, o

fosfatidilinositol e a cardiolipina (ou

difosfatidilglicerol). Estamos a usar estes

nomes no singular, mas é importante ter

presente que, por exemplo, uma

determinada fosfatidilcolina pode

distinguir-se de uma outra fosfatidilcolina

se um ou ambos os ácidos gordos forem

distintos.

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No caso da esfingomielina (o

único esfingofosfolipídeo), de uma

forma que se assemelha ao que

acontece na fosfatidilcolina, a

ceramida liga-se a um fosfato que,

por sua vez, se liga à colina (ligação

fosfodiéster).

Nos glicolipídeos (o outro grupo de

esfingolipídeos), ao hidroxilo do

carbono 1 do esfingol liga-se o

resíduo de um monossacarídeo

(ligação glicosídica de tipo O) ou

uma cadeia polissacarídica.

Nos esfingolipídeos, a ligação entre o

ácido gordo e o álcool (neste caso o

esfingol) não é uma ligação éster

porque nenhum dos grupos hidroxilo do

esfingol participa dessa ligação. A

ligação estabelece-se entre o grupo

amina do esfingol e o grupo carboxílico

dos ácidos gordos e é de tipo amida.

O conjunto esfingol ligado a um ácido

gordo designa-se por ceramida e todos

os esfingolipídeos contêm ceramida

ligada a outros resíduos através do

hidroxilo que está no carbono 1 do

resíduo de esfingol.

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Semelhanças e diferenças entre a esfingomielina e a fosfatidilcolina (=lecitina)?

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Nos gangliosídeos as cadeias

polissacarídicas ligadas ao

esfingol são geralmente mais

longas e contêm, pelo menos, um

resíduo de um ácido siálico.

Os glicolipídeos

mais simples são os

cerebrosídeos: contêm

ligado à ceramida um

resíduo de galactose

(galactocerebrosídeos) ou

de glicose

(glicocerebrosídeos).

Quando, ligado (ligação glicosídica de

tipo O) a esse resíduo de glicose ou de

galactose, se encontra outro resíduo de

um outro monossacarídeo ou uma cadeia

de polissacarídeos neutros (carga elétrica

nula) diz-se que o esfingolipídeo em

questão é um globosídeo.

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glicocolato

taurocolato

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A ativação do tripsinogénio a tripsina ocorre no duodeno por ação de uma ectohidrólase (ectopeptídase) da membrana luminal dos enterócitos, a enteropeptídase.

A tripsina ativa a pró-COLÍPASE e a Pró-FOSFOLÍPASE A2.

Enterócito

Enteropeptídase

Tripsinogénio

Tripsina

Pró-COLÍPASEPró-FOSFOLÍPASE A2

COLÍPASEFOSFOLÍPASE A2

H2OH2O

polipeptídeos inativos

polipeptídeo inativo

DIGESTÃO E ABSORÇÃO INTESTINAL DE LIPÍDEOS

Tal como as protéases de origem pancreática, a fosfolípase A2 e a colípase são segregadas no

pâncreas numa forma inativa (a pró-fosfolípase A2 e a pró-colípase) e a sua ativação é uma

consequência da ação hidrolítica da tripsina

A lípase e a estérase de ésteres de colesterol são segregadas pelas células acinares pancreáticas

na forma ativa

Page 13: Estrutura, digestão e absorção de lipídeos

No tubo digestivo, as lípases gástrica e pancreática catalisam a hidrólise de triacilgliceróis da dieta.

Os produtos da digestão são maioritariamente ácidos gordos e 2-monoacilglicerol que são absorvidos.

Que acontece aos TAG da dieta no tubo digestivo?

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No caso do transporte de ácidos gordos, para além do transporte não

mediado, estão envolvidos dois transportadores distintos designados

por translócase de ácidos gordos (FAT; da expressão inglesa, “Fatty

Acid Translocase”) e por proteína de transporte de ácidos gordos

(FATP; da expressão inglesa, “Fatty Acid Transport Protein”).

E ao colesterol e aos fitoesterois?

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Para além do seu papel na digestão, os sais

biliares também têm um papel essencial na

absorção dos produtos da digestão lipídica.

Estes produtos e os sais biliares combinam-se

formando micelas (hidrossolúveis) que se

designam por micelas mistas. Estas micelas

têm uma estrutura discoide formando um duplo

folheto onde se combinam moléculas de sais

biliares, mas também de ácidos gordos, de 2-

monoacilglicerol, de colesterol, de esteróis

vegetais, de fosfolipídeos e de

lisofosfolipídeos.

Ainda no lúmen intestinal, mas

junto da bordadura em escova

(membrana apical dos enterócitos),

o microambiente é hidrofílico

devido à presença dos resíduos

glicídicos que fazem parte de

glicoproteínas e glicolipídeos

membranares.

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Dentro do enterócito ocorre a re-síntese de triacilgliceróis.O processo envolve a ação da sintétase de acil-CoA e de transférases de acilo presentes na face citoplasmática do RE.

Ao mesmo tempo também se formam fosfolipídeos, colesterídeos e apolipoproteínas B48 e A que vão ser importantes constituintes dos quilomicra.

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Dentro dos enterócitos formam-se lipoproteínas ricas em triacilgliceróis (86% da massa) que se designam por quilomicra. Os quilomicra são vertidos no polo basal dos enterócitos por exocitose e que, via linfáticos, chegam ao sangue.

quilomicra

linfáticos

Veia central (sub-clávia esq.)

base

Apo B48

Apo A

(86%)

(3%)

(2%)

(8%)

(1-2%)

O processo é lento de tal forma que os quilomicra só começam a aparecer no plasma 1 hora após a refeição e só atingem a concentração máxima cerca de 3-4 h depois. 16