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Estrutura e conduta da agroindústria exportadora de carne... 93 Organizações Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 13, n. 1, p. 93-108, 2011 ESTRUTURA E CONDUTA DA AGROINDÚSTRIA EXPORTADORA DE CARNE BOVINA NO BRASIL Brazilian beef exportation agro industry: structure and strategic behavior RESUMO O Sistema Agroindustrial de carne bovina brasileira demonstra crescente participação no mercado internacional com impacto na conduta estratégica das empresas frigoríficas. Objetiva-se, nesse artigo, analisar as características estruturais do setor, avaliar o seu padrão de crescimento e eficiência. Especificamente, busca-se: i) caracterizar o setor exportador de carne bovina brasileiro; ii) identificar a conduta estratégica da indústria e c) analisar a relação entre os preços médios das exportações de carne bovina e o preço da arroba de boi-gordo no mercado interno. A pesquisa é desenvolvida por meio de levantamento de dados secundários com uma abordagem qualitativa e quantitativa. Fundamenta-se em três aportes teóricos: i) paradigma “Estrutura-Conduta-Desempenho”; ii) Mercados Contestáveis e iii) Economia dos Custos de Transação. Conclui-se que a indústria apresenta eficiência econômica, a despeito do seu grau de concentração e das barreiras à entrada fortemente relacionadas à escala, sendo a eficiência atrelada à competitividade no preço da carne brasileira. A eficiência econômica não exime, no entanto, a possibilidade de exercício de poder de mercado pelas empresas líderes do setor. Finalmente, a pesquisa confirma uma alta correlação entre os preços praticados no mercado internacional e no mercado interno. Silvia Morales de Queiroz Caleman Doutoranda em Administração na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade [email protected] Christiano França da Cunha Doutorando em Administração na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade [email protected] Recebido em 29/10/08. Aprovado em 26/8/10 Avaliado pelo sistema blind review Avaliador Cientifico: Ricardo Pereira Reis ABSTRACT The Brazilian beef agrichain demonstrates an increasing participation in the international market share with impact on the strategic behavior of the meatpacking industry. This paper aims to examine the structural characteristics of the sector, to evaluate the meatpacking industriesefficiency and strategic behavior. Specifically, it seeks to: i) characterize the export sector of Brazilian beef; ii) identify the strategic behavior of the processing industry; and c) examine the impact of export beef prices on internal market prices. The research is developed through a survey of secondary data with a qualitative and quantitative approach. The market structure is analyzed considering three theoretical contributions: i) Structure-Conduct-Perfomance paradigm; ii) Contestability; and iii) Transaction Cost Economics. The conclusion is that the industry presents economical efficiency, in spite of the concentration ratio and the strong barriers to entrance basically related to scale. The efficiency is related to price competitiveness. The economical efficiency does not exempt, however, the possibility of exercise of market power for the leader companies of the sector. Finally, this research confirms one high correlation between the practiced prices in the international market and the domestic market. Palavras chaves: Carne bovina, estrutura de mercado, eficiência Keywords: Beef, markets Structure, efficiency. 1 INTRODUÇÃO O Sistema Agroindustrial (SAG), exportador de carne bovina brasileira apresenta crescente participação no mercado internacional. Enquanto a produção de carne bovina no país apresentou um crescimento de 14,5% entre 1996 e 2007 1 (ANUALPEC, 2008), os volumes exportados totais passaram de 134 mil para 1.500 mil toneladas no mesmo período, representando um acréscimo superior a 1.000%. Em 2007, as divisas geradas pelas exportações de carne bovina alcançaram 3,5 bilhões de dólares (MDIC-SECEX, 2008). A importante inserção no mercado internacional implica mudanças no setor produtivo. A demanda internacional por produtos de qualidade e com a garantia de rastreabilidade somente são atendidas por meio de uma eficiente coordenação com a produção no campo. No quesito qualidade, além dos aspectos relacionados à segurança do alimento (sanidade do rebanho e ausência 1 Considerando o período de 1996 a 2006, o crescimento da produção de carne bovina é de 26,5%. Em 2007, observa-se uma queda de 10% na produção em relação à 2006 (ANUALPEC, 2008).

ESTRUTURA E CONDUTA DA AGROINDÚSTRIA ...ageconsearch.umn.edu/bitstream/133912/2/7 Artigo 08.435.pdfda arroba de boi-gordo no mercado interno. A pesquisa é desenvolvida por meio de

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Estrutura e conduta da agroinduacutestria exportadora de carne 93

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 13 n 1 p 93-108 2011

ESTRUTURA E CONDUTA DA AGROINDUacuteSTRIAEXPORTADORA DE CARNE BOVINA NO BRASIL

Brazilian beef exportation agro industry structure and strategic behavior

RESUMOO Sistema Agroindustrial de carne bovina brasileira demonstra crescente participaccedilatildeo no mercado internacional com impacto naconduta estrateacutegica das empresas frigoriacuteficas Objetiva-se nesse artigo analisar as caracteriacutesticas estruturais do setor avaliar o seupadratildeo de crescimento e eficiecircncia Especificamente busca-se i) caracterizar o setor exportador de carne bovina brasileiro ii)identificar a conduta estrateacutegica da induacutestria e c) analisar a relaccedilatildeo entre os preccedilos meacutedios das exportaccedilotildees de carne bovina e o preccediloda arroba de boi-gordo no mercado interno A pesquisa eacute desenvolvida por meio de levantamento de dados secundaacuterios com umaabordagem qualitativa e quantitativa Fundamenta-se em trecircs aportes teoacutericos i) paradigma ldquoEstrutura-Conduta-Desempenhordquo ii)Mercados Contestaacuteveis e iii) Economia dos Custos de Transaccedilatildeo Conclui-se que a induacutestria apresenta eficiecircncia econocircmica adespeito do seu grau de concentraccedilatildeo e das barreiras agrave entrada fortemente relacionadas agrave escala sendo a eficiecircncia atrelada agravecompetitividade no preccedilo da carne brasileira A eficiecircncia econocircmica natildeo exime no entanto a possibilidade de exerciacutecio de poder demercado pelas empresas liacutederes do setor Finalmente a pesquisa confirma uma alta correlaccedilatildeo entre os preccedilos praticados no mercadointernacional e no mercado interno

Silvia Morales de Queiroz CalemanDoutoranda em Administraccedilatildeo na Faculdade de Economia Administraccedilatildeo e Contabilidadescalemanuspbr

Christiano Franccedila da CunhaDoutorando em Administraccedilatildeo na Faculdade de Economia Administraccedilatildeo e Contabilidadechfcunhauspbr

Recebido em 291008 Aprovado em 26810Avaliado pelo sistema blind reviewAvaliador Cientifico Ricardo Pereira Reis

ABSTRACTThe Brazilian beef agrichain demonstrates an increasing participation in the international market share with impact on the strategicbehavior of the meatpacking industry This paper aims to examine the structural characteristics of the sector to evaluate themeatpacking industriesrsquo efficiency and strategic behavior Specifically it seeks to i) characterize the export sector of Brazilian beefii) identify the strategic behavior of the processing industry and c) examine the impact of export beef prices on internal market pricesThe research is developed through a survey of secondary data with a qualitative and quantitative approach The market structure isanalyzed considering three theoretical contributions i) Structure-Conduct-Perfomance paradigm ii) Contestability and iii) TransactionCost Economics The conclusion is that the industry presents economical efficiency in spite of the concentration ratio and the strongbarriers to entrance basically related to scale The efficiency is related to price competitiveness The economical efficiency does notexempt however the possibility of exercise of market power for the leader companies of the sector Finally this research confirmsone high correlation between the practiced prices in the international market and the domestic market

Palavras chaves Carne bovina estrutura de mercado eficiecircncia

Keywords Beef markets Structure efficiency

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Sistema Agroindustrial (SAG) exportador decarne bovina brasileira apresenta crescente participaccedilatildeono mercado internacional Enquanto a produccedilatildeo de carnebovina no paiacutes apresentou um crescimento de 145entre 1996 e 20071 (ANUALPEC 2008) os volumes

exportados totais passaram de 134 mil para 1500 miltoneladas no mesmo periacuteodo representando umacreacutescimo superior a 1000 Em 2007 as divisas geradaspelas exportaccedilotildees de carne bovina alcanccedilaram 35 bilhotildeesde doacutelares (MDIC-SECEX 2008)

A importante inserccedilatildeo no mercado internacionalimplica mudanccedilas no setor produtivo A demandainternacional por produtos de qualidade e com a garantiade rastreabilidade somente satildeo atendidas por meio de umaeficiente coordenaccedilatildeo com a produccedilatildeo no campo Noquesito qualidade aleacutem dos aspectos relacionados agraveseguranccedila do alimento (sanidade do rebanho e ausecircncia

1Considerando o periacuteodo de 1996 a 2006 o crescimento daproduccedilatildeo de carne bovina eacute de 265 Em 2007 observa-se umaqueda de 10 na produccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave 2006 (ANUALPEC2008)

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Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 13 n 1 p 93-108 2011

de resiacuteduos) tecircm-se os atributos de qualidade como saborcor e maciez A demanda por rastreabilidade resulta nonecessaacuterio controle de todos os estaacutegios de produccedilatildeopassando pela identificaccedilatildeo individual do animal e de todosos insumos consumidos no processo produtivo (raccedilatildeomedicamentos suplementos minerais etc) Essas e outrasdemandas explicam o estabelecimento de alianccedilasmercadoloacutegicas programas de qualidade e certificaccedilatildeo deproduto e processo por parte das induacutestrias frigoriacuteficas

Mudanccedilas significativas de conduta estrateacutegicadas empresas satildeo tambeacutem observadas nesse setorAbertura de capital internacionalizaccedilatildeo e diversificaccedilatildeodas atividades - aquisiccedilatildeo de unidades industriais paraabate de frangos e suiacutenos curtumes induacutestria de higienee limpeza cosmeacuteticos etc ndash passam a ser notiacutecias rotineiraspara quem acompanha o comportamento das induacutestriasfrigoriacuteficas Constata-se que a pecuaacuteria nacional assumeuma postura empresarial gerando ganhos potenciais paratodo o SAG (NEVES SAAB 2008)

Paralelamente observa-se no SAG da carne bovinaa existecircncia de conflitos nas relaccedilotildees entre os agentesenvolvidos com a produccedilatildeo e aqueles envolvidos com oabate dos animais e o processamento da carnecaracterizando uma histoacuterica rivalidade no setorQuestionamentos sobre o rendimento de abate rendimentode carcaccedila e ateacute mesmo quanto agrave afericcedilatildeo das balanccedilasnas induacutestrias por ocasiatildeo do abate dos animais satildeo rotinaEm processo aberto junto ao CADE ndash ConselhoAdministrativo de Defesa Econocircmica ndash representaccedilotildees dosetor de produccedilatildeo acusam de praacutetica de cartel um conjuntode induacutestrias frigoriacuteficas (especificamente de uniformizaccedilatildeode criteacuterios para a compra de animais para abate e acordosobre porcentuais de desconto em relaccedilatildeo ao preccedilo doanimal padratildeo) Em pauta tem-se uma tabela declassificaccedilatildeo de animais e os respectivos descontosconcertados entre as empresas de processamento

Haacute assim um interessante campo de pesquisa Deum lado observa-se um SAG que se insere de formacompetitiva num mercado sofisticado e concorrencial comoeacute o caso do mercado internacional de carne bovina Poroutro lado existe a dificuldade em coordenar e incentivar aproduccedilatildeo interna de modo a atender a esse mercado Abre-se espaccedilo para o comportamento oportuniacutestico de ambasas partes (produccedilatildeo e induacutestria) em que geraccedilatildeo e capturade valor estatildeo no cerne da questatildeo

O problema poreacutem eacute abrangente e complexocarecendo de um conjunto de abordagens desde acaracterizaccedilatildeo da transaccedilatildeo entre produccedilatildeo e induacutestria ateacuteuma anaacutelise dos determinantes dos tipos de arranjos

contratuais observados e da sua mudanccedila ao longo dotempo Qualquer que seja a abordagem utilizada analisar aestrutura de mercado eacute o primeiro passo De modo a prestaruma contribuiccedilatildeo a esse problema objetiva-se no presenteartigo de forma geral as caracteriacutesticas estruturais dosetor exportador brasileiro de carne bovina e avaliar o seupadratildeo de crescimento Especificamente busca-se i)caracterizar o setor exportador de carne bovina brasileiroii) identificar a conduta estrateacutegica da induacutestria frigoriacuteficaexportadora e c) analisar a relaccedilatildeo entre os preccedilos meacutediosdas exportaccedilotildees de carne bovina e o preccedilo da arroba2 deboi-gordo no mercado interno

2 METODOLOGIA

O estudo da estrutura de mercado do SAGexportador de carne bovina eacute desenvolvido a partir de umlevantamento de dados secundaacuterios Trata-se portantode uma pesquisa exploratoacuteria Os dados foram coletadosem publicaccedilotildees acadecircmicas revistas e jornaisespecializados sobre o setor e websites das empresasanalisadas Os dados relativos agrave quantidade e valoresexportados de carne bovina no Brasil foram levantadosjunto ao Ministeacuterio de Desenvolvimento Induacutestria eComeacutercio ndash sistema Aliceweb Para o estudo da estruturado mercado tem-se como suporte analiacutetico o ldquoGuia deAnaacutelise Econocircmica de Atos de Concentraccedilatildeo Horizontal 3

do SEAE4SDE5A anaacutelise do impacto no mercado interno dos

preccedilos da carne bovina brasileira exportada foi feita pelomodelo de vetor autorregressivo (VAR) com o uso doprograma estatiacutestico Stata 101 Os preccedilos no mercadointerno foram levantados junto ao CEPEA (Centro deEstudos Avanccedilados em Economia Aplicada) e representamos preccedilos praticados no estado de Satildeo Paulo Para essaanaacutelise foram coletadas meacutedias mensais de preccedilo de carnebovina exportada (in natura e industrializada) e o preccedilomeacutedio mensal da arroba de boi gordo O periacuteodo analisadofoi de janeiro de 1996 a maio de 2008 Para a comparaccedilatildeodos preccedilos os valores em doacutelares americanos foramtransformados em moeda nacional (R$US$) a partir da taxa

2Uma arroba corresponde a 15 kg do peso do animal3Portaria Conjunta SEAESDE nordm 50 de 1ordm de agosto de 2001(publicada no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo nordm 158-E de 170801Seccedilatildeo 1 paacuteginas 12 a 15)4Secretaria de Acompanhamento Econocircmico do Ministeacuterio daFazenda5Secretaria de Direito Econocircmico do Ministeacuterio da Justiccedila

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meacutedia mensal do cacircmbio comercial (IPEADATA) Paracomplementar essa anaacutelise entre os preccedilos os dados deabates totais de cabeccedilas de gado e os abates de fecircmeastambeacutem foram coletados tendo como fonte o IBGE

O referencial teoacuterico apresenta os principaisarcabouccedilos utilizados em estudos de Organizaccedilatildeo Industrial(OI) i) o paradigma ldquoEstrutura ndash Conduta ndash Desempenhordquo(ECD) desenvolvido a partir dos trabalhos de Joe Bainnos anos cinquenta ii) o modelo de ldquoMercadosContestaacuteveisrdquo (BAUMOL PANZAR WILLIG 1982) e iii)sob a oacutetica da eficiecircncia de mercado a anaacutelise com base naEconomia dos Custos de Transaccedilatildeo (ECT) desenvolvidapor Oliver Williamson

3 REFERENCIAL TEOacuteRICO

O ponto de partida para estudos de OrganizaccedilatildeoIndustrial eacute o trabalho de Joe Bain cujas contribuiccedilotildeesfornecem a base para a proposiccedilatildeo do paradigma daEstrutura ndash Conduta ndash Desempenho (ECD) De acordo comScherer e Ross (1990) a estrutura de mercado pode seranalisada a partir do nuacutemero de produtores e compradoresda diferenciaccedilatildeo do produto da existecircncia ou natildeo debarreiras agrave entrada da estrutura de custo das firmas daexistecircncia da integraccedilatildeo vertical e da diversificaccedilatildeo Aanaacutelise da conduta implica observar as poliacuteticas de preccediloadotadas as estrateacutegias de produto e vendas osinvestimentos realizados em pesquisa e desenvolvimentoe em capacidade produtiva Finalmente tem-se odesempenho da induacutestria que diz respeito agrave eficiecircncia naalocaccedilatildeo dos recursos o atendimento das demandas dosconsumidores a geraccedilatildeo de progresso teacutecnico acontribuiccedilatildeo para uma distribuiccedilatildeo equitativa da renda ograu de restriccedilatildeo monopoliacutestica da produccedilatildeo e a anaacutelisedas margens de lucro praticadas

A loacutegica do modelo ECD estaacute em identificar variaacuteveisda estrutura de mercado que expliquem o comportamentodas firmas e por conseguinte o desempenho do setorAssim a conduta das firmas estaacute fortemente condicionadaaos paracircmetros estruturais do mercado em que atuam e daopccedilatildeo estrateacutegica conjunta das firmas resulta o desempenhodo setor Trata-se de um modelo que analisa as relaccedilotildees decausalidade entre os fatores Segundo Fagundes e Ponde(1998) considerando esse modelo de anaacutelise os preccedilos eas margens de lucro seratildeo tanto maiores quanto maior oniacutevel de coordenaccedilatildeo das empresas (acordos taacutecitoslideranccedila de preccedilos ou formaccedilatildeo de cartel) e quanto maiorfor a ameaccedila de entrada de novos concorrentes atraiacutedospelas margens de lucro praticadas no setor Com base emBain (1956) os autores afirmam que comportamentos

colusivos satildeo mais facilmente implementados quando onuacutemero de empresas na induacutestria eacute reduzido Daiacute adveacutem aimportacircncia de se identificar o niacutevel de concentraccedilatildeo dainduacutestria para a anaacutelise da estrutura do mercado visto queidentificar estrutura de custos das empresas eespecificamente avaliar se o preccedilo praticado eacute superior aocusto marginal de produccedilatildeo natildeo eacute tarefa trivial Aleacutem doniacutevel de concentraccedilatildeo outro paracircmetro fundamental nessemodelo eacute a existecircncia de barreiras agrave entrada sendo essasde quatro categorias i) diferenciaccedilatildeo de produto ii)vantagens absolutas de custo iii) economias de escala eiv) investimentos iniciais elevados

Pode-se afirmar que esse modelo permite aelaboraccedilatildeo de algumas hipoacuteteses i) a estrutura influenciaa conduta quanto maior o niacutevel de concentraccedilatildeo dainduacutestria menor o comportamento competitivo entre asempresas ii) a conduta influencia o desempenho menor aconcorrecircncia maior o poder de mercado e menor a eficiecircnciasocial e logo iii) estrutura influencia o desempenho maiorconcentraccedilatildeo maior poder de mercado Atualmente omodelo ECD eacute considerado insuficiente para uma completaanaacutelise da organizaccedilatildeo e desempenho da induacutestria Asquestotildees relativas a preccedilo marginal e lucro explicamsomente parte do desempenho do mercado em outraspalavras explicam somente a sua eficiecircncia alocativaOutras dimensotildees devem ser consideradas tais comoavanccedilos tecnoloacutegicos distribuiccedilatildeo das rendas aferidas e aeficiecircncia teacutecnica (CONNOR 1990)

A ldquoTeoria dos Mercados Contestaacuteveisrdquo(BAUMOL PANZAR WILLIG 1982) questiona opressuposto de que mercados concentrados implicampoder de mercado O autor defende que mercadosoligopoliacutesticos ou ateacute mesmo os monopoliacutesticos podemter comportamento competitivo a depender dapossibilidade da concorrecircncia potencial resultante daentrada de novas empresas e da importaccedilatildeo dos produtosNesse modelo de anaacutelise a estrutura de mercado eacute definidaendoacutegenamente a partir das teacutecnicas de produccedilatildeo dotamanho do mercado e da concorrecircncia potencial(FAGUNDES PONDE 1998) e natildeo exoacutegenamente comodefende a ECD

Para Fagundes e Ponde (1998) um mercado eacuteperfeitamente contestaacutevel se os concorrentes potenciaistecircm acesso agrave tecnologia disponiacutevel e podem recuperar seuscustos de entrada caso posteriormente decidamabandonar a induacutestria A existecircncia de barreiras agrave entradaeou agrave saiacuteda eacute fator determinante para a contestabilidadedo mercado impactando o poder das empresas que oconstitui Os mercados mesmo com estrutura altamente

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concentrada podem ser competitivos desde que sejamcontestaacuteveis Para Baumol Panzar e Willig (1982) aseconomias de escala soacute dificultam a entrada em mercadosque natildeo satildeo perfeitamente contestaacuteveis Para esses autoresa existecircncia de custos irrecuperaacuteveis (sunk costs) adisponibilidade e acesso agrave tecnologia bem como a reaccedilatildeodas firmas frente a potenciais entrantes (accedilotildees deretaliaccedilatildeo) devem ser consideradas na anaacutelise decontestabilidade de um mercado

A ideacuteia de que a existecircncia de oligopoacutelios natildeoimplica necessariamente poder de mercado tem no aporteteoacuterico da ECT - Economia de Custos de Transaccedilatildeo - maisum argumento Williamson (1985) advoga que a integraccedilatildeovertical pode resultar da necessidade de minimizar os custosde transaccedilatildeo O arcabouccedilo teoacuterico da ECT defende que aintegraccedilatildeo vertical representa uma opccedilatildeo diante doselevados custos de transaccedilatildeo existentes no mercadoquando ativos especiacuteficos satildeo transacionados em ambientede incerteza Esse enfoque trata a eficiecircncia sob a oacuteticados custos de transaccedilatildeo e natildeo mais sob a oacutetica damaximizaccedilatildeo da eficiecircncia alocativa dos recursosprodutivos

A preocupaccedilatildeo com a promoccedilatildeo da concorrecircnciaestaacute relacionada com a busca do bem- estar econocircmicoPor mais que a defesa da concorrecircncia esteja preocupadaem analisar o efeito de atos de concentraccedilatildeo no bem-estareconocircmico em que os niacuteveis de concentraccedilatildeo do mercadofornecem indicadores importantes para a anaacutelise eacuteimportante tambeacutem considerar as eficiecircncias econocircmicasgeradas De acordo com a SEAESDE satildeo eficiecircnciaseconocircmicas ldquoas melhorias nas condiccedilotildees de produccedilatildeodistribuiccedilatildeo e consumo de bens e serviccedilos gerados peloato que natildeo possam ser obtidos de outra maneira(ldquoeficiecircncias especiacuteficasrdquo do ato) e que sejam persistentesa longo prazo6

Com base no ldquoGuia de Anaacutelise Econocircmica de Atosde Concentraccedilatildeo Horizontalrdquo os atos de concentraccedilatildeodevem ser analisados a partir de i) definiccedilatildeo de mercadorelevante ii) determinaccedilatildeo de parcela de mercado iii) exameda probabilidade de exerciacutecio de poder de mercado iv)exame das eficiecircncias econocircmicas geradas e vi) avaliaccedilatildeodos efeitos liacutequidos do ato de concentraccedilatildeo em anaacutelise Oguia que daacute suporte agraves decisotildees do CADE considera comoelementos de anaacutelise fundamentos dos trecircs aportesteoacutericos tratados neste artigo a saber i) grau deconcentraccedilatildeo (ECD) ii) barreiras agrave entrada e importaccedilatildeovariaacuteveis para estudo da probabilidade de exerciacutecio depoder de mercado (mercados contestaacuteveis) e iii) eficiecircnciaeconocircmica (ECT)

4 O SAG exportador de carne bovina

O Sistema Agroindustrial exportador de carnebovina apresenta um importante salto quantitativoConsiderando as exportaccedilotildees totais de carne bovina7 ocrescimento eacute superior a 1000 para quantidade exportadae 800 para valores no periacuteodo de 1996 a 2007 (MDICSECEX8) O maior incremento eacute observado com asexportaccedilotildees de carne in natura alcanccedilando ganhos de2656 em quantidade e 1694 em valor Os dados deexportaccedilatildeo ndash quantidade e valor por produto exportado ndashestatildeo apresentados na Tabela 1

Do total do valor exportado em 2007 83 eacute oriundode carne in natura e 17 das carnes industrializadas Ocrescimento do valor das exportaccedilotildees e importaccedilotildees totaisde 1996 a 2007 eacute apresentado na Figura 1 Constata-se queo saldo do comeacutercio eacute crescente no periacuteodo partindo deUS$ 253 milhotildees em 1996 e alcanccedilando em 2007 o patamarde US$ 4 bilhotildees em 2007

Analisando os dados observa-se que os preccedilosapresentam queda de 1996 a 2002 quando ocorre umarecuperaccedilatildeo (Figura 2) De modo geral os preccedilos praticadosem 2007 foram 35 inferiores aos de 1996 para a carne innatura e 23 para carnes industrializadas A partir de 2001os valores meacutedios de carne industrializada tornam-sesuperiores aos da carne in natura A valorizaccedilatildeo da carneindustrializada estaacute relacionada ao acesso a mercados queremuneram melhor o produto poreacutem apresentam restriccedilotildeesagrave carne in natura brasileira por exemplo paiacuteses da Europae os Estados Unidos

A relevacircncia das exportaccedilotildees de carne bovina eacutetambeacutem avaliada pela participaccedilatildeo da exportaccedilatildeo no totalproduzido no Paiacutes O crescimento da participaccedilatildeo dasexportaccedilotildees na produccedilatildeo nacional de carne eacute apresentadona Tabela 2 As exportaccedilotildees de carne bovina que eramirrelevantes haacute 10 anos assumem papel preponderante nasdecisotildees estrateacutegicas do setor De pouco mais de 4 daproduccedilatildeo nacional em 2007 alcanccedila quase 30

A importacircncia do SAG exportador eacute confirmadatambeacutem com a participaccedilatildeo do Brasil nas exportaccedilotildees totaismundiais Em 2007 analisando dados do Ministeacuterio deDesenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio e os apresentados

6Guia para Anaacutelise Econocircmica de Atos de ConcentraccedilatildeoHorizontal 2001 p 57NCM 02011000 a 02023000 (carne in natura) 16025000(carne industrializada)8Ministeacuterio de Desenvolvimento Induacutestria e ComeacutercioSecretariade Comeacutercio Exterior

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TABELA 1 ndash Exportaccedilotildees carne bovina (1996 a 2007)

Quantidade (ton) Valores (1000 US$ FOB) Total

Ano in natura industrializada in natura industrializada Qtdade Valor

1996 46656 87650 194305 236323 134306 430628

1997 52441 87596 196295 231816 140037 428112

1998 80850 106050 276595 296233 186900 572829

1999 150765 138008 443838 318106 288774 761944

2000 188656 123410 503299 251884 312066 755183

2001 368288 124287 738806 252100 492574 990906

2002 430278 147770 776334 298538 578047 1074872

2003 620118 160764 1154510 338344 780881 1492854

2004 925082 171176 1963106 446980 1096258 2410086

2005 1085591 178602 2419111 524704 1264193 2943815

2006 1225423 203084 3134506 654172 1428506 3788678

2007 1285807 209487 3485726 693992 1495293 4179718

Fonte MDIC ndash SECEX

pelo Anualpec (2008) as exportaccedilotildees brasileiras respondempor 2885 das exportaccedilotildees mundiais A evoluccedilatildeo dasexportaccedilotildees mundiais e do Brasil estaacute apresentada naFigura 3

A lideranccedila no mercado mundial pode ser explicadaa partir de alguns fatores conjunturais entre outros i)

incidecircncia da mal da vaca louca na deacutecada passada ii)reduccedilatildeo do rebanho norte-americano iii) alto custo deproduccedilatildeo de carne bovina na Europa e iv) seca australiana

Para finalizar a apresentaccedilatildeo de dados do setor eacuteimportante identificar o destino das exportaccedilotildees brasileirasEm 2007 a partir de dados da ABIEC os principais paiacuteses

FIGURA 1 ndash Balanccedilo das exportaccedilotildees e importaccedilotildees (1996 a 2007)Fonte MDIC-SECEX

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TABELA 2 ndash Participaccedilatildeo das exportaccedilotildees na produccedilatildeo nacional

Ano Produccedilatildeo ()

Exportaccedilatildeo()

(carne bovina in natura e

industrializada) Participaccedilatildeo

1996 6794315 279778 412

1997 6467151 287162 444

1998 6688072 370230 554

1999 6567033 541016 824

2000 6455921 553777 858

2001 6753739 789490 1169

2002 6952308 928785 1336

2003 7159240 1208062 1687

2004 7576933 1630547 2152

2005 8151498 1857773 2279

2006 8600230 2100758 2443

2007 7783293 2195265 2820

Fonte () FNP ndash Anualpec (2008) ndash produccedilatildeo em tonelada equivalente carcaccedila() MDIC-SECEX ndash exportaccedilatildeo em ton eq carcaccedila (para a conversatildeo o total exportado em toneladas foi multiplicado pelo fator130 para carne in natura e 25 para carne industrializada) - Dados elaborados pelos autores

importadores de carne bovina brasileira foram Ruacutessia EgitoHong Kong Reino Unido Estados Unidos HolandaAlemanha Itaacutelia Iratilde Argeacutelia Venezuela e Araacutebia SauditaEsses paiacuteses em conjunto satildeo responsaacuteveis por 82 dos

valores exportados de carne bovina em 2007(ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DAS INDUacuteSTRIASEXPORTADORAS DE CARNE - ABIEC 2008) Mais de140 paiacuteses satildeo clientes da carne brasileira contra 20 paiacuteses

FIGURA 2 ndash Preccedilos meacutedios ndash exportaccedilatildeo de carne bovina (1996 a 2007)Fonte MDIC-SECEX

Estrutura e conduta da agroinduacutestria exportadora de carne 99

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haacute alguns anos demonstrando claramente o esforccedilo dainduacutestria frigoriacutefica na prospecccedilatildeo de novos mercadosTodos os dados apresentados comprovam o inequiacutevocoganho de competitividade do SAG exportador da carnebovina

Natildeo se pode deixar de destacar que acompetitividade da carne bovina brasileira eacute baseada nofator preccedilo Farina e Nunes (2003) apontam que embora ofator institucional seja relevante para a competitividadedesse setor eacute o preccedilo que ainda rege as exportaccedilotildees Opreccedilo competitivo da carne bovina brasileira eacute fruto dasvantagens comparativas do paiacutes gado a pasto largasextensotildees de terras e clima Isso poreacutem natildeo exime o paiacutesde promover mudanccedilas importantes para sustentar ocrescimento das exportaccedilotildees de carne bovinaprincipalmente em relaccedilatildeo agrave garantia de sanidade dorebanho e agrave implantaccedilatildeo de um sistema efetivo derastreabilidade

41 A induacutestria frigoriacutefica exportadora

Caracterizar a induacutestria frigoriacutefica nacional natildeo eacuteuma tarefa simples dada a sua grande diversidade Demodo geral as plantas industriais se classificam em i)matadouros quando praticam o abate e natildeo dispotildeem deinstalaccedilotildees para congelamento comercializando a carnein natura ii) matadouros ndash frigoriacuteficos quando aleacutem doabate possuem estruturas que permitem o congelamentoe manipulaccedilatildeo de carcaccedilas como cacircmaras frias eiii)frigoriacuteficos processadores empresas de melhor aportetecnoloacutegico que realizam o processamento da carne bovinaaproveitando os subprodutos (SILVA BATALHA 1999)

Os frigoriacuteficos exportadores (abate e processamentode carne) respondem ao Serviccedilo de Inspeccedilatildeo Federal (SIF)sendo classificados a partir do destino das suasexportaccedilotildees As plantas frigoriacuteficas podem ser habilitadaspara a chamada ldquoLista Geralrdquo9 Uniatildeo Europeacuteia (Lista Geralmais paiacuteses da UE) e Estados Unidos (todos os anterioresacrescidos desse uacuteltimo) A habilitaccedilatildeo para Uniatildeo Europeacuteiae para os Estados Unidos implica em maiores exigecircnciaspor parte das vistorias realizadas pelos oacutergatildeos de inspeccedilatildeodos paiacuteses em questatildeo

Entre os principais frigoriacuteficos exportadores comvalores exportados em faixa superior a US$ 50 milhotildeesdestacam-se JBS SA (JBS-Friboi) Bertin SA MarfrigInduacutestria e Comeacutercio de Alimentos SA Minerva SAFrigoriacutefico Mercosul SA Independecircncia SA QuatroMarcos Ltda Frigoriacutefico Mataboi SA Frigoriacutefico MargemLtda e Frigol Comercial Ltda As plantas industriaislocalizam-se em diferentes estados com concentraccedilatildeo nos

estados do Norte Sudeste (SP e MG) e Centro-Oeste doPaiacutes Conta-se em torno de 30 empresas frigoriacuteficasprocessadoras de carne bovina com exportaccedilotildeesregistradas em 20072008 (MDIC-SECEX)

O faturamento dos principais frigoriacuteficosexportadores de carne bovina a localizaccedilatildeo das suasplantas industriais e o porcentual da produccedilatildeo exportada eacuteapresentado no Quadro 1 Os dados de receita liacutequidarepresentam o faturamento das empresas no setor dealimentos Considerando-se o faturamento liacutequido e arelevacircncia das exportaccedilotildees para essas empresas eacute possiacutevelafirmar que as empresas discriminadas abaixo respondempor parcela significativa das exportaccedilotildees nacionais decarne bovina

Apesar da distribuiccedilatildeo das plantas industriais emdiferentes estados do Paiacutes de acordo com Pineda (2008)apenas 18 frigoriacuteficos respondem por 98 das exportaccedilotildeesbrasileiras sendo que os cinco maiores controlam 65 domercado exportador

O ldquopress releaserdquo do Frigoriacutefico Minerva (fevereiro2008) com base no SECEX aponta o Minerva como oterceiro maior exportador de carne bovina couro e boi-vivo do paiacutes sendo o Bertin o segundo e o JBS-Friboi oprimeiro em embarques O ldquomarket sharerdquo das empresas eacuteapresentado no Quadro 2 Considerando-se somente carnebovina o segundo maior exportador seria o Marfrig (Valoreconocircmico 200610)

A crescente participaccedilatildeo do Brasil no mercadointernacional eacute acompanhada por importantes mudanccedilasestruturais na induacutestria frigoriacutefica nacional Inicia-se umintenso movimento de internacionalizaccedilatildeo das empresas apartir de 2005 com aquisiccedilatildeo de unidades industriais noChile Argentina Paraguai Estados Unidos Austraacutelia eEuropa As empresas brasileiras controlam 25 dasexportaccedilotildees argentinas de carne e 40 da cota Hilton11As aquisiccedilotildees no exterior feitas pelas empresas JBS-Friboie Marfrig levam o paiacutes a deter 51 da exportaccedilatildeo global decarnes (NEVES SAAB 2008)

A partir de 2005 o JBS Friboi adquire empresas nosEstados Unidos e Austraacutelia somando um faturamento

9Inclui todos os paiacuteses com exceccedilatildeo dos paiacuteses da Uniatildeo Europeacuteia(UE) e Estados Unidos10Valor Econocircmico 29112006 ldquoCapitalizado Marfrig fechanova aquisiccedilatildeo no Uruguai11A cota Hilton eacute constituiacuteda de cortes do quarto traseiro deanimais jovens e seu preccedilo no mercado internacional eacute superiorao preccedilo de carne comum A cota anual de 59100 t eacute fixa e a elasomente tecircm acesso os paiacuteses credenciados

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aproximado US$ 215 bilhotildees proacuteximo da Tyson Foodscom US$ 25 bilhotildees (Gazeta Mercantil12) Representantesde organizaccedilotildees de classe (consumidores produtores einduacutestria) nos Estados Unidos e na Austraacutelia jaacute sepronunciam contra as aquisiccedilotildees feitas pela JBS-Friboi13Alega-se que com a compra de algumas empresas de abatee processamento de carne bovina da Austraacutelia o JBScontrolaria 10 da oferta de carne bovina do mundo e

QUADRO 1 ndash Dados gerais de alguns frigoriacuteficos exportadores

Empresa Localizaccedilatildeo (plantas no Brasil) Capacidade de abate (cabdia)

Produccedilatildeo destinada agrave exportaccedilatildeo

Rec Liacutequida (R$ mi 2007)

() Bertin SA GO MG MS SP PA TO 12650 () 50 36158

Independecircncia GO MG MS MT RO SP TO 9500 () 63 15450 ()

JBS ndash Friboi AC GO MG MS MT PR RO SP 18400 () 5228 () 39562 Marfrig MS GO RS RO MT SP 13300 () 50 21305

Margem GO MS MT RO SP PA PR TO 8500 () nd nd

Mataboi MG nd nd 40220 MERCOSUL MS PR RS nd nd 7534

Minerva GO MS SP TO 5400 () 70 () 11891

Quatro Marcos GO MT 2000 () nd 7459

Frigol SP nd nd 2341

Frigoestrela SP 1500 nd nd

Frisa BA ES MG 1000 nd 2882

Fonte () Jornal Valor Econocircmico ndash 062008 (ldquoJBS ganha rival com potencial de abate maiorrdquo) () web site da empresa()Valor econocircmico ndash Ranking setor de alimentos ndash quadro elaborado pelos autores nd ndash natildeo disponiacutevel

32 da capacidade de abate da induacutestria dos EUA A JBS-Friboi teria somente dois competidores importantes nosEstados UnidosTyson e Cargill

A internacionalizaccedilatildeo do setor eacute acompanhada peladiversificaccedilatildeo de atividades O Bertin aleacutem das atividades

12Gazeta Mercantil ndash 0603200813Beef Point (2008)

FIGURA 3 ndash Exportaccedilotildees mundiais e BrasilFonte Elaborado pelos autores com base em USDA Anualpec (2008) e MDIC-SECEX

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de abate e processamento de carne bovina atua tambeacutemnos setores de laacutecteos (compra da Vigor) higiene limpezae cosmeacuteticos aleacutem de usinas de biodiesel curtumes esaneamento baacutesico Recentemente observa-se a tendecircnciadas empresas frigoriacuteficas operarem tambeacutem nos setores deavicultura e suinocultura inclusive com a aquisiccedilatildeo deunidades tradicionais desses setores no Brasil e em outrospaiacuteses a exemplo da recente aquisiccedilatildeo da Carrolrsquos FoodBrasil (suinocultura) e da OSI (avicultura) pelo Marfrig

Essa tendecircncia de internacionalizaccedilatildeo e diversificaccedilatildeoocorre em paralelo a um movimento de concentraccedilatildeo dasempresas no Brasil Unidades industriais menores satildeoadquiridas pelas empresas liacutederes do setor Recentementeo Goiaacutes Carne Alimento SA foi adquirido pelo FrigoriacuteficoIndependecircncia Alimentos e o Lord Meat SA pelo FrigoriacuteficoMinerva A diversificaccedilatildeo regional ocorre natildeo soacute pelaaquisiccedilatildeo de plantas industriais menores como tambeacutem porinvestimentos proacuteprios em novas unidades O FrigoriacuteficoMinerva investe em novas unidades em Rolim Moura (RO)e Redenccedilatildeo do Paraacute (PA) o que lhe permitiraacute elevar suacapacidade de abate para 7850 cabeccedilasdia

A maior profissionalizaccedilatildeo e as perspectivaspositivas para o setor de carne bovina explicam a entradanesse mercado de empresas alimentiacutecias tradicionais comoa Sadia e a Perdigatildeo Em 2006 a Sadia reassume a plantaarrendada ao Friboi no Mato Grosso e faz investimentosda ordem de R$ 100 milhotildees em nova unidade A Perdigatildeotambeacutem investe em novas unidades no Mato Grosso epretende alcanccedilar um total de 6000 animais abatidos pordia em 201114

A integraccedilatildeo vertical eacute tambeacutem uma estrateacutegia dosetor a exemplo da produccedilatildeo de animais em confinamentosem fazendas proacuteprias Vaacuterios frigoriacuteficos possuemproduccedilatildeo proacutepria de bovinos para abate realizandoprincipalmente a fase final de terminaccedilatildeo (NEVES SAAB2008) A JBS ndash Friboi com a recente aquisiccedilatildeo da Tasmanna Austraacutelia incorpora em seu ativo um confinamento de25000 cabeccedilas de bovinos e 45000 de ovinos

A crescente profissionalizaccedilatildeo da induacutestriafrigoriacutefica nacional passa pela busca de financiamentoprivado para a realizaccedilatildeo de investimentos no setor(aquisiccedilatildeo internacionalizaccedilatildeo e diversificaccedilatildeo das plantasindustriais) Uma das opccedilotildees eacute o mercado de capitais Eacuterecente a tendecircncia de abertura de capital das empresasdo agronegoacutecio na Bovespa especificamente no ldquoNovoMercadordquo em que as praacuteticas de governanccedila satildeo maisriacutegidas do que as exigidas para outros segmentos delistagem na Bolsa Entre essas empresas destacam-sealguns frigoriacuteficos i) Frigoriacutefico Minerva ii) Frigoriacutefico

Marfrig e iii) JBS ndash Friboi A oferta puacuteblica inicial15 dasaccedilotildees dessas empresas totalizou R$ 3082 milhotildees sendoR$ 444 milhatildeo do Minerva R$ 1021 milhatildeo do Marfrig e R$1617 milhatildeo do JBS - Friboi

5 ANAacuteLISE DOS DADOS

Neste toacutepico analisam-se a estrutura de mercadoda induacutestria frigoriacutefica exportadora de carne bovina aevoluccedilatildeo dos preccedilos da carne exportada e o impacto dessespreccedilos praticado no mercado interno

51 Anaacutelise da estrutura de mercado

Com base no ldquoGuia de Anaacutelise Econocircmica de Atosde Concentraccedilatildeo Horizontalrdquo os atos de concentraccedilatildeodevem ser analisados a partir de i) definiccedilatildeo de mercadorelevante ii) determinaccedilatildeo de parcela de mercado iii) exameda probabilidade de exerciacutecio de poder de mercado iv)exame das eficiecircncias econocircmicas geradas e vi) avaliaccedilatildeodos efeitos liacutequidos do ato de concentraccedilatildeo em anaacutelise

De acordo com o Guia de Anaacutelise o mercadorelevante eacute definido como o menor grupo de produtos e amenor aacuterea geograacutefica necessaacuteria para que um supostomonopolista esteja em condiccedilotildees de impor um ldquopequenoporeacutem significativo e natildeo transitoacuteriordquo aumento de preccedilosQuanto agrave concentraccedilatildeo se a participaccedilatildeo de mercado forigual ou superior a 20 do mercado relevante o mercado eacutecaracterizado como ldquounilateralrdquo Se o CR

416 for maior ou

igual a 75 e a participaccedilatildeo de mercado da empresa emanaacutelise for igual ou superior a 10 do mercado relevantetem-se um mercado ldquocoordenadordquo Analisando-se aimportaccedilatildeo eacute importante avaliar se essa chega a 30 dovalor do consumo aparente O grau de dependecircncia daimportaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos produtores locais existecircncia decontratos de exclusividade entre importadores locais eempresas estrangeiras capacidade dos importadores paraacomodar incrementos nas exportaccedilotildees sem investir emnovos ativos fiacutesicos satildeo tambeacutem fatores avaliados

Quanto agraves barreiras agrave entrada tecircm-se como exemplosos custos irrecuperaacuteveis as barreiras legais ou regulatoacuteriasas economias de escala e escopo entre outros fatores Deacordo com Saes et al (2008) economias de escala ocorremquando a elevaccedilatildeo da produccedilatildeo da firma estaacute associada a

14 Portal DBO - as informaccedilotildees satildeo da Agecircncia ldquoAnbardquo ndash 29060715Em inglecircs a sigla IPO ndash Initial Public Offering16Razatildeo de Concentraccedilatildeo (CR

k) - A razatildeo de concentraccedilatildeo das k

maiores empresas calcula a proporccedilatildeo do valor total que eacutedominada por essas empresas pertencentes a determinado setor

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custos meacutedios decrescentes Os custos meacutedios podemdiminuir entre outros fatores por que (i) os custos fixos satildeouma parcela substantiva dos custos totais (ii) aprodutividade do trabalho aumenta (iii) a produtividade docapital se eleva (iv) as propriedades fiacutesicas do equipamentoou propriedades dos processos produtivos podem gerareconomias17 A presenccedila de economias de escala eacuteprovavelmente a explicaccedilatildeo mais relevante para o fato dealgumas induacutestrias serem mais concentradas que outras

Ainda segundo a portaria da SEAESDE queembasa as decisotildees do CADE a entrada de novasempresas no setor pode ser (i) tempestiva (quando puderocorrer em um tempo razoaacutevel ndash 2 anos) (ii) provaacutevel(quando for economicamente lucrativa a preccedilos preacute-concentraccedilatildeo) e (iii) suficiente (quando permitir que todasas oportunidades de venda sejam adequadamenteexploradas) A rivalidade das empresas eacute analisadaconsiderando-se o nuacutemero de empresas no mercadoexistecircncia de produto eou empresas homogecircneasdisponibilidade de informaccedilotildees sobre os competidorescondutas empresariais ainda que natildeo necessariamentelegais e a possibilidade de supervisatildeo de condutas

Com base nesses pressupostos a caracterizaccedilatildeoda estrutura de mercado da induacutestria frigoriacutefica exportadorade carne bovina eacute apresentada no quadro 3

Analisando o conjunto de informaccedilotildees e dadosapresentados neste artigo considera-se que o mercadorelevante eacute nacional As induacutestrias frigoriacuteficas estatildeo localizadasem diferentes estados brasileiros Observa-se nos estadosdo Sudeste e Centro-Oeste a existecircncia de unidades industriaisproacuteximas agraves das empresas concorrentes Nessa induacutestria umfator relevante para sua competitividade eacute a localizaccedilatildeo dasplantas sendo o raio oacutetimo de atuaccedilatildeo em torno de 300 Km(SILVA BATALHA 2000)

Calcular o grau de concentraccedilatildeo dessa induacutestrianatildeo eacute trivial Informaccedilotildees de valores exportados porempresa satildeo consideradas estrateacutegicas e natildeo satildeodivulgadas oficialmente Considerando o mercado nacionaltotal (Quadro 2) o CR

4 eacute baixo poreacutem ao se analisar a

participaccedilatildeo dessas mesmas induacutestrias nas exportaccedilotildeesbrasileiras (Quadro 1) pode-se inferir que a concentraccedilatildeodo setor exportador eacute uma realidade

A principal barreira agrave entrada eacute escala As recentesaquisiccedilotildees e os investimentos em novas unidades deproduccedilatildeo sinalizam para a necessidade de se aumentar acapacidade de abate e processamento das plantasindustriais De acordo com estudo feito por Silva e Batalha(2000) no Brasil existe grande diversidade de tamanho deplantas (500 a 2000 abatesdia) Constata-se poreacutem que

as novas unidades em fase de implantaccedilatildeo apresentamescala superior a 1000 animaisdia18 A despeito do altovalor de investimento em torno de R$ 50 a 70 milhotildees paraum abate de 1000 a 1600 cabeccedilasdia e o necessaacuterioconhecimento do mercado de carne natildeo haacute barreirastecnoloacutegicas ou de regulamentaccedilatildeo

No que se refere agraves importaccedilotildees entende-se que asua pequena relevacircncia no mercado nacional de carnebovina decorre da competitividade do produto nacionalprincipalmente em relaccedilatildeo ao fator preccedilo natildeo refletindoportanto exerciacutecio de poder de mercado das empresas Anecessaacuteria otimizaccedilatildeo das plantas industriais e atualmentea reduzida oferta de animais implica forte rivalidade dasempresas na busca por fornecedores Os programas dequalidade criados pelos frigoriacuteficos configuram umatentativa de estabelecer criteacuterios para tipificaccedilatildeo de carcaccedilascom preccedilos diferenciados para animais de maior qualidade

Existem no entanto indiacutecios de tentativa decoordenaccedilatildeo no estabelecimento de preccedilos para a aquisiccedilatildeode animais Recentemente em processo aberto junto aoCADE19 representaccedilotildees do setor de produccedilatildeo CNA20 eComissatildeo de Agricultura Pecuaacuteria Abastecimento eDesenvolvimento Rural da Cacircmara dos Deputadosacusaram de praacutetica de cartel um conjunto de induacutestriasfrigoriacuteficas especificamente de uniformizaccedilatildeo de criteacuteriospara a compra de animais para abate e acordo sobreporcentuais de desconto em relaccedilatildeo ao preccedilo do animalpadratildeo Como resultado desse processo em 2007 o CADEcondenou os frigoriacuteficos Mataboi Bertin Franco Fabril eMinerva por formaccedilatildeo de cartel O JBS-Friboi a fim deencerrar as investigaccedilotildees concordou em pagar uma multada ordem de R$ 137 milhotildees aleacutem de adotar um programade prevenccedilatildeo de condutas anticompetitivas

52 Anaacutelise dos preccedilos

Para complementar a anaacutelise da estrutura demercado procedeu-se agrave uma avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo dospreccedilos da carne bovina in natura e da carne industrializadaexportadas no periacuteodo de 1996 a 2008 (Figura 4)

17Guia para Anaacutelise Econocircmica de Atos de ConcentraccedilatildeoHorizontal Portaria Conjunta SEAESDE18Bertin 3000 cabdia (Campo GrandeMS) Minerva 1000cabeccedilasdia (Rolim de MouraRO) e Tatuibi 1600 (Chapadatildeo doSulMS) - Informaccedilotildees levantadas nos websites das empresasfrigoriacuteficas e junto agrave empresas de consultoria do setor19Conselho Administrativo de Defesa Econocircmica20Confederaccedilatildeo Nacional de Agricultura

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QUADRO 3 ndash Estrutura de Mercado da Induacutestria Frigoriacutefica Exportadora

Fatores analisados

Mercado Relevante Nacional

Grau de Concentraccedilatildeo Baixo (CR4=4450)

Barreiras agrave entrada Meacutedia

Importaccedilatildeo Baixa

Entrada de novas empresas Provaacutevel

Rivalidade entre empresas Alta

Fonte elaborada pelos autores() caacutelculo do CR

4 foi baseado nas informaccedilotildees apresentadas no Quadro 2 que tratam do mercado nacional e natildeo o SAG exportador

Observa-se que a meacutedia mensal dos preccedilosalcanccedilados no mercado internacional pela carne bovinaindustrializada brasileira eacute superior ao da carne in natura apartir de 2002 sendo crescente para ambos os tipos deproduto a partir dessa data No entanto o preccedilo meacutedioalcanccedilado pelas exportaccedilotildees da Argentina e Uruguai eacutesuperior ao da carne brasileira exportada (ANUALPEC2008)

Quanto aos preccedilos do boi-gordo no mercado internode Satildeo Paulo (Figura 5) observa-se estabilidade ateacute 2007poreacutem com preccedilos inferiores a US$ 15Kg no periacuteodo de1999 a 2006 A partir de 2007 observa-se um crescimentosignificativo nos preccedilos meacutedios mensais em Satildeo Paulo

Uma das questotildees de pesquisa apresentadas nesteartigo eacute avaliar o impacto do preccedilo alcanccedilado pela carnebrasileira no mercado internacional sobre o preccedilo da arrobano mercado interno Para tanto se propotildee um modelo com

algumas das principais variaacuteveis deste mercado No totaltem-se 149 observaccedilotildees resultado dos valores mensaismeacutedios de janeiro de 1996 a maio de 200821

Os valores foram transformados em logaritmosneperianos de modo a se desenvolver uma anaacutelise combase nas elasticidades Antes da anaacutelise dos dados foifeito um teste de estacionalidade nas referidas variaacuteveis eobservou-se que essas natildeo eram estacionaacuterias pois todasapresentavam raiz unitaacuteria Esse fato inviabiliza o uso domeacutetodo de miacutenimo quadrado ordinaacuterio (MQO) pois asimples utilizaccedilatildeo desse meacutetodo poderia gerar umaregressatildeo espuacuteria No entanto como as suas primeirasdiferenccedilas foram testadas e satildeo estacionaacuterias eacute possiacutevel a

21Ao se considerar o abate e a defasagem de 36 meses perdem-se48 observaccedilotildees Fica-se assim com 101 observaccedilotildees na regressatildeo

QUADRO 2 ndash Market Share dos principais frigoriacuteficos (mercado nacional)

Exportaccedilatildeo Frigoriacuteficos 2007 US$ Fob (em mi)

Ranking setor 2007 Partic Total 2007

JBS - Friboi 1070 1ordm 158 Bertin 924 2ordm 137

Minerva 546 3ordm 81

Marfrig 469 4ordm 69

Independecircncia 361 5ordm 53

Quatro Marcos 161 6ordm 24

MERCOSUL 109 7ordm 16

Margen 105 8ordm 16

Mataboi 95 9ordm 14

Outros 2926 432

Total 6766

Fonte ndash Minerva Press Release SECEX (inclui carne bovina in natura industrializada couro e boi-vivo)

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elaboraccedilatildeo de regressotildees das variaacuteveis desde que essassejam transformadas (ENDERS 2004) Os modelos deregressatildeo utilizados com as variaacuteveis transformadas foi ode vetor autorregressivo (VAR) com as oito primeirasdefasagens valor oacutetimo segundo o criteacuterio AkaikeInformation Criterion (AIC) (GREENE 2003 GUJARATI2003) Como resultados dessas anaacutelises surge um modelofinal (Modelo 1) Os resultados das estimaccedilotildees de seuscoeficientes estatildeo descritos abaixo assim como os seusvalores do erro padratildeo em ( ) e o valor da estatiacutestica z em [ ](Quadro 4)

OndeY = Primeira diferenccedila do logaritmo neperiano da meacutediamensal do preccedilo do boi em R$Kg ndash PrimDifLnPrecoIntSPK = ConstanteX

1di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano da meacutedia mensal do preccedilo do boi em R$Kg ndashPrimDifLnPrecoIntSPX

2di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano da meacutedia mensal do preccedilo em R$Kg da carnebovina in natura exportada ndash PrimDifLnPrecoInNatX

3di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano da meacutedia mensal do preccedilo em R$Kg da carnebovina industrializada exportada ndash PrimDifLnPrecoIndustX

4di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do cacircmbio (R$US$) ndash PrimDifLnCambioX

5di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do abate de animais em milhotildees de cabeccedilas-PrimDifLnAbateTMilhaoX

6di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do abate de fecircmeas em cabeccedilas ndashPrimDifLnAbateFem eX

7di= Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do iacutendice de porcentagem de abate de fecircmeasdefasados em 36 periacuteodos ndash PrimDifLnIndAbateFemL36

Esse modelo de VAR eacute estaacutevel tem resiacuteduos comdistribuiccedilatildeo normal e R2 de 06715 indicando assim que asvariaacuteveis independentes explicam mais de 67 da variacircnciados dados Esse modelo apresentou significacircncia em todosos seus paracircmetros estimados seja na constante ou nasvariaacuteveis estudadas sendo descritas abaixo as diferentesdefasagens em que essas variaacuteveis foram significativas

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos dos preccedilos internos de Satildeo Paulo(PrimDifLnPrecoIntSP) eacute significativa em quatro

defasagens diferentes sendo trecircs significativas a 1 (1 2e 7) e uma significativa a 10 (5) Aleacutem disso trecircsdefasagens (2 5 e 7) apresentam influecircncia negativaindicando que um aumento de 1 de seus valores reduzrespectivamente 056 023 e 051 o resultado davariaacutevel dependente Jaacute a defasagem 1 tem umcomportamento positivo ou seja um aumento de 1 emseus valores proporciona um acreacutescimo de 032 naprimeira diferenccedila dos preccedilos internos de Satildeo Paulo

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos da taxa da cacircmbio (PrimDifLnCambio) temsignificacircncia em quatro defasagens das quais duas (3 e 4)satildeo a niacutevel de 1 uma (1) a niacutevel de 5 e uma (7) a niacutevelde 10 Aleacutem disso duas dessas defasagens (1 e 7)apresentam comportamento negativo indicando que umaumento de 1 dos seus valores reduzem respectivamente039 e 031 o resultado da variaacutevel dependente Emcontraste a isso duas outras defasagens (3 e 4) apresentaminfluecircncia positiva ou seja um aumento de 1 em seusvalores acresce em respectivamente 059 e 075 adiferenccedila entre os preccedilos internos de Satildeo Paulo

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos de preccedilos in natura (PrimDifLnPrecoInNat) eacutesignificativa a niacutevel de 1 na defasagem 6 indicando queum aumento de 1 em seus valores aumenta em 032 oresultado da variaacutevel dependente

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos de preccedilos industrializados (PrimDifLnPrecoIndust)apresentou significacircncia em duas defasagens (1 e 4) sendouma delas (4) a niacutevel de 1 e com uma influecircncia negativaindicando que um aumento de 1 de seus valores reduz avariaacutevel dependente em 050 e a outra (1) a niacutevel de 10e com comportamento positivo ou seja um aumento de1 em seus valores aumenta essa diferenccedila de preccedilosinternos em 020

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos de abate em milhatildeo (PrimDifLnAbateTMilhao)foi significativa em trecircs defasagens a niacutevel de 5 (5 e 8) etambeacutem a niacutevel de 10 (6) Observa-se que as trecircs (5 6 e 8)apresentam um influecircncia negativa na variaacutevel dependentesignificando que um aumento de 1 dos seus valoresrepresentam uma reduccedilatildeo de respectivamente 048030 e 027 nos valores desta primeira diferenccedila

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos dos iacutendices porcentuais de abate de fecircmeasdefasados em 36 meses (PrimDifLnAbateFemL36) foisignificativa a niacutevel de 1 em duas defasagens (3 e 6) Haacuteduas influecircncias diferentes dessas uma negativa (6)indicando que um aumento de 1 em seus valores

Y K X1dii 1

8

X2dii 1

8

X3dii 1

8

X4 dii 1

8

X5dii 1

8

X6dii 1

8

X7di

i 1

8

(Modelo 1)

Estrutura e conduta da agroinduacutestria exportadora de carne 105

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 13 n 1 p 93-108 2011

FIGURA 4 ndash Preccedilos mensais ndash carne bovina exportada (in natura e industrializada)Fonte MDIC-SECEX - Dados elaborados pelos autores

FIGURA 5 ndash Preccedilos meacutedios mensais (US$Kg) ndash carne bovina ndash Satildeo PauloFonte CEPEA (2008) - Dados elaborados pelos autores

CALEMAN S M de Q amp CUNHA C F da106

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 13 n 1 p 93-108 2011

representa uma reduccedilatildeo de 039 nos valores da variaacuteveldependente e uma positiva (3) em que um aumento de 1em seus valores acresce em 026 a diferenccedila entre ospreccedilos internos de Satildeo Paulo

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos do abate de fecircmeas (PrimDifLnIndAbateFem)foi significativa a niacutevel de 10 em duas defasagens (1 e 5)Quanto agraves suas influecircncias observa-se que haacute uma negativa(1) em que um aumento de 1 nos valores dessa defasagemreduz em 014 os valores da variaacutevel dependente e umapositiva (5) em que o acreacutescimo de 1 nos valores dessadefasagem aumenta em 021 os valores da diferenccedila entrepreccedilos internos em Satildeo Paulo

QUADRO 4 ndash Resultados da estimativa do modelo VAR com 8 defasagens (Modelo 1)

Variaacutevel dependente Y- Primeira Diferenccedila do Ln Preccedilo Interno de Satildeo Paulo (PrimDifLnPrecoIntSP)

Defasagem (d)

X1 X2 X3 X4 X5 X6 X7

1 03163

(01088) [290]

-03851

(01732) [-222]

00541ns

(01263) [043]

02011

(01062) [189]

00109ns

(01227) [009]

00105ns

(00830) [013]

-01419

(00815) [-174]

2 -05618

(01394) [-403)

-00404ns

(01797) [-023]

01924ns

(01317) [146]

00252ns

(01091) [023]

-02547ns

(01652) [-154]

04222ns

(00852) [050]

-00793ns

(00781) [-102]

3 00476ns

(01454) [033]

05923

(01884) [314]

-00725ns

(01343) [-054]

-00507ns

(01172) [-043]

-01874ns

(01708) [-110]

02599

(00907) [286]

-00682ns

(00851) [-080]

4 -00354ns

(01424) [-025]

07469

(02452) [304]

01456ns

(01398) [104]

-05035

(01291) [-390]

-02719ns

(01720) [-158]

-01594ns

(00961) [-166]

00335ns

(00915) [037]

5 -02348

(01404) [-167]

01769ns

(02467) [072]

00341ns

(01316) [026]

-00556ns

(01370) [-041]

-04763

(01934) [-246]

01600ns

(01011) [158]

02092

(01240) [169]

6 00825ns

(01411) [058]

-00301ns

(02040) [-015]

03185

(01148) [277]

00213ns

(01048) [020]

-02968

(01567) [-189]

-03946

(01025) [-385]

00686ns

(01244) [055]

7 -05081

(01406) [-361]

-03138

(01881) [-167]

-00108ns

(01052) [-010]

00067ns

(00939) [007]

-00667ns

(01492) [-045]

00227ns

(01188) [019]

01272ns

(01194) [106]

8 -00519ns

(01360) [-038]

00226ns

(02141) [011]

02093ns

(01015) [206]

-00373ns

(00989) [-038]

-02742

(01302) [-211]

-00119ns

(01085) [-011]

01696ns

(01058) [160]

Constante 00203

(00071) [286]

Obs = significativo agrave 1 = significativo agrave 5 = significativo agrave 10 e ns = natildeo significativo a 10 de significacircncia

6 CONCLUSOtildeES

O SAG exportador de carne bovina brasileiroapresenta uma estrutura concentrada em que um reduzidonuacutemero de empresas responde por parcela significativa dasexportaccedilotildees nacionais Essas empresas operam em todo oterritoacuterio nacional com plantas industriais exportadoraslocalizadas basicamente no Centro-Oeste Norte e Sudestedo paiacutes Identifica-se como principal barreira agrave entrada anecessidade da empresa possuir escala produtiva(capacidade de abate de animais e processamento de carne)

A importacircncia do SAG exportador de carne bovinapode tambeacutem ser demonstrada pelo impacto dos preccedilos

Estrutura e conduta da agroinduacutestria exportadora de carne 107

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alcanccedilados no mercado internacional sobre os preccedilospraticados no mercado interno Essa anaacutelise no entantoconfirma somente uma hipoacutetese de correlaccedilatildeo de preccedilossendo que um estudo sobre as variaacuteveis que impactam aformaccedilatildeo do preccedilo no mercado interno deveria contemplarum conjunto de fatores como disponibilidade de animaispara engorda oferta e demanda de carne bovina no mercadonacional e internacional Sugere-se como tema para umaagenda futura de pesquisa uma abrangente anaacutelise depreccedilos nesse SAG A relevacircncia das exportaccedilotildees para oSAG da Carne Bovina no Brasil eacute demonstrada pelacrescente participaccedilatildeo dos volumes exportados naproduccedilatildeo nacional Um indicador da eficiecircncia teacutecnica egerencial das empresas nacionais estaacute na forte tendecircnciade internacionalizaccedilatildeo com crescente participaccedilatildeo nomercado mundial de carne bovina A eficiecircncia dessainduacutestria pode tambeacutem ser observada na diversidade depaiacuteses importadores da carne brasileira

Entende-se portanto que a estrutura de mercadoda induacutestria exportadora de carne bovina brasileiraapresenta eficiecircncia econocircmica a despeito do seu grau deconcentraccedilatildeo e das barreiras agrave entrada fortementerelacionada agrave escala A contestabilidade desse mercado eacutegarantida pelo acesso e disponibilidade da necessaacuteriatecnologia para operar nesse setor pela ausecircncia debarreiras agrave saiacuteda ndash os investimentos realizados satildeofacilmente assumidos pelas empresas do setor e entrantes ndashe pela ausecircncia de barreiras agrave entrada da ordem deregulamentaccedilotildees e patentes A existecircncia de eficiecircnciaeconocircmica natildeo exime no entanto a possibilidade deexerciacutecio de poder de mercado pelas empresas liacutederes dosetor Dessa forma os oacutergatildeos competentes devem estaratentos agraves oportunidades de praacuteticas anticompetitivas

Essa eficiecircncia estaacute fortemente atrelada agravecompetitividade em preccedilo da carne brasileira Esforccedilosdeveratildeo ser dirigidos para que a carne brasileira seja tambeacutemreconhecida quanto aos aspectos da qualidade Para tantoaleacutem das iniciativas de divulgaccedilatildeo do produto em mercadosmais exigentes questotildees relacionadas ao ambienteinstitucional deveratildeo ser contempladas Rastreamento esanidade dos rebanhos satildeo fatores fundamentais para aagregaccedilatildeo de valor ao produto nacional Iniciativas em prolde uma maior coordenaccedilatildeo entre produccedilatildeo e induacutestria eacute amola mestra das accedilotildees estrateacutegicas a serem implementadas

7 REFEREcircNCIAS

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WILLIAMSON O E The economic institutions ofcapitalism firms markets relational contracts New YorkThe Free 1985

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de resiacuteduos) tecircm-se os atributos de qualidade como saborcor e maciez A demanda por rastreabilidade resulta nonecessaacuterio controle de todos os estaacutegios de produccedilatildeopassando pela identificaccedilatildeo individual do animal e de todosos insumos consumidos no processo produtivo (raccedilatildeomedicamentos suplementos minerais etc) Essas e outrasdemandas explicam o estabelecimento de alianccedilasmercadoloacutegicas programas de qualidade e certificaccedilatildeo deproduto e processo por parte das induacutestrias frigoriacuteficas

Mudanccedilas significativas de conduta estrateacutegicadas empresas satildeo tambeacutem observadas nesse setorAbertura de capital internacionalizaccedilatildeo e diversificaccedilatildeodas atividades - aquisiccedilatildeo de unidades industriais paraabate de frangos e suiacutenos curtumes induacutestria de higienee limpeza cosmeacuteticos etc ndash passam a ser notiacutecias rotineiraspara quem acompanha o comportamento das induacutestriasfrigoriacuteficas Constata-se que a pecuaacuteria nacional assumeuma postura empresarial gerando ganhos potenciais paratodo o SAG (NEVES SAAB 2008)

Paralelamente observa-se no SAG da carne bovinaa existecircncia de conflitos nas relaccedilotildees entre os agentesenvolvidos com a produccedilatildeo e aqueles envolvidos com oabate dos animais e o processamento da carnecaracterizando uma histoacuterica rivalidade no setorQuestionamentos sobre o rendimento de abate rendimentode carcaccedila e ateacute mesmo quanto agrave afericcedilatildeo das balanccedilasnas induacutestrias por ocasiatildeo do abate dos animais satildeo rotinaEm processo aberto junto ao CADE ndash ConselhoAdministrativo de Defesa Econocircmica ndash representaccedilotildees dosetor de produccedilatildeo acusam de praacutetica de cartel um conjuntode induacutestrias frigoriacuteficas (especificamente de uniformizaccedilatildeode criteacuterios para a compra de animais para abate e acordosobre porcentuais de desconto em relaccedilatildeo ao preccedilo doanimal padratildeo) Em pauta tem-se uma tabela declassificaccedilatildeo de animais e os respectivos descontosconcertados entre as empresas de processamento

Haacute assim um interessante campo de pesquisa Deum lado observa-se um SAG que se insere de formacompetitiva num mercado sofisticado e concorrencial comoeacute o caso do mercado internacional de carne bovina Poroutro lado existe a dificuldade em coordenar e incentivar aproduccedilatildeo interna de modo a atender a esse mercado Abre-se espaccedilo para o comportamento oportuniacutestico de ambasas partes (produccedilatildeo e induacutestria) em que geraccedilatildeo e capturade valor estatildeo no cerne da questatildeo

O problema poreacutem eacute abrangente e complexocarecendo de um conjunto de abordagens desde acaracterizaccedilatildeo da transaccedilatildeo entre produccedilatildeo e induacutestria ateacuteuma anaacutelise dos determinantes dos tipos de arranjos

contratuais observados e da sua mudanccedila ao longo dotempo Qualquer que seja a abordagem utilizada analisar aestrutura de mercado eacute o primeiro passo De modo a prestaruma contribuiccedilatildeo a esse problema objetiva-se no presenteartigo de forma geral as caracteriacutesticas estruturais dosetor exportador brasileiro de carne bovina e avaliar o seupadratildeo de crescimento Especificamente busca-se i)caracterizar o setor exportador de carne bovina brasileiroii) identificar a conduta estrateacutegica da induacutestria frigoriacuteficaexportadora e c) analisar a relaccedilatildeo entre os preccedilos meacutediosdas exportaccedilotildees de carne bovina e o preccedilo da arroba2 deboi-gordo no mercado interno

2 METODOLOGIA

O estudo da estrutura de mercado do SAGexportador de carne bovina eacute desenvolvido a partir de umlevantamento de dados secundaacuterios Trata-se portantode uma pesquisa exploratoacuteria Os dados foram coletadosem publicaccedilotildees acadecircmicas revistas e jornaisespecializados sobre o setor e websites das empresasanalisadas Os dados relativos agrave quantidade e valoresexportados de carne bovina no Brasil foram levantadosjunto ao Ministeacuterio de Desenvolvimento Induacutestria eComeacutercio ndash sistema Aliceweb Para o estudo da estruturado mercado tem-se como suporte analiacutetico o ldquoGuia deAnaacutelise Econocircmica de Atos de Concentraccedilatildeo Horizontal 3

do SEAE4SDE5A anaacutelise do impacto no mercado interno dos

preccedilos da carne bovina brasileira exportada foi feita pelomodelo de vetor autorregressivo (VAR) com o uso doprograma estatiacutestico Stata 101 Os preccedilos no mercadointerno foram levantados junto ao CEPEA (Centro deEstudos Avanccedilados em Economia Aplicada) e representamos preccedilos praticados no estado de Satildeo Paulo Para essaanaacutelise foram coletadas meacutedias mensais de preccedilo de carnebovina exportada (in natura e industrializada) e o preccedilomeacutedio mensal da arroba de boi gordo O periacuteodo analisadofoi de janeiro de 1996 a maio de 2008 Para a comparaccedilatildeodos preccedilos os valores em doacutelares americanos foramtransformados em moeda nacional (R$US$) a partir da taxa

2Uma arroba corresponde a 15 kg do peso do animal3Portaria Conjunta SEAESDE nordm 50 de 1ordm de agosto de 2001(publicada no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo nordm 158-E de 170801Seccedilatildeo 1 paacuteginas 12 a 15)4Secretaria de Acompanhamento Econocircmico do Ministeacuterio daFazenda5Secretaria de Direito Econocircmico do Ministeacuterio da Justiccedila

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meacutedia mensal do cacircmbio comercial (IPEADATA) Paracomplementar essa anaacutelise entre os preccedilos os dados deabates totais de cabeccedilas de gado e os abates de fecircmeastambeacutem foram coletados tendo como fonte o IBGE

O referencial teoacuterico apresenta os principaisarcabouccedilos utilizados em estudos de Organizaccedilatildeo Industrial(OI) i) o paradigma ldquoEstrutura ndash Conduta ndash Desempenhordquo(ECD) desenvolvido a partir dos trabalhos de Joe Bainnos anos cinquenta ii) o modelo de ldquoMercadosContestaacuteveisrdquo (BAUMOL PANZAR WILLIG 1982) e iii)sob a oacutetica da eficiecircncia de mercado a anaacutelise com base naEconomia dos Custos de Transaccedilatildeo (ECT) desenvolvidapor Oliver Williamson

3 REFERENCIAL TEOacuteRICO

O ponto de partida para estudos de OrganizaccedilatildeoIndustrial eacute o trabalho de Joe Bain cujas contribuiccedilotildeesfornecem a base para a proposiccedilatildeo do paradigma daEstrutura ndash Conduta ndash Desempenho (ECD) De acordo comScherer e Ross (1990) a estrutura de mercado pode seranalisada a partir do nuacutemero de produtores e compradoresda diferenciaccedilatildeo do produto da existecircncia ou natildeo debarreiras agrave entrada da estrutura de custo das firmas daexistecircncia da integraccedilatildeo vertical e da diversificaccedilatildeo Aanaacutelise da conduta implica observar as poliacuteticas de preccediloadotadas as estrateacutegias de produto e vendas osinvestimentos realizados em pesquisa e desenvolvimentoe em capacidade produtiva Finalmente tem-se odesempenho da induacutestria que diz respeito agrave eficiecircncia naalocaccedilatildeo dos recursos o atendimento das demandas dosconsumidores a geraccedilatildeo de progresso teacutecnico acontribuiccedilatildeo para uma distribuiccedilatildeo equitativa da renda ograu de restriccedilatildeo monopoliacutestica da produccedilatildeo e a anaacutelisedas margens de lucro praticadas

A loacutegica do modelo ECD estaacute em identificar variaacuteveisda estrutura de mercado que expliquem o comportamentodas firmas e por conseguinte o desempenho do setorAssim a conduta das firmas estaacute fortemente condicionadaaos paracircmetros estruturais do mercado em que atuam e daopccedilatildeo estrateacutegica conjunta das firmas resulta o desempenhodo setor Trata-se de um modelo que analisa as relaccedilotildees decausalidade entre os fatores Segundo Fagundes e Ponde(1998) considerando esse modelo de anaacutelise os preccedilos eas margens de lucro seratildeo tanto maiores quanto maior oniacutevel de coordenaccedilatildeo das empresas (acordos taacutecitoslideranccedila de preccedilos ou formaccedilatildeo de cartel) e quanto maiorfor a ameaccedila de entrada de novos concorrentes atraiacutedospelas margens de lucro praticadas no setor Com base emBain (1956) os autores afirmam que comportamentos

colusivos satildeo mais facilmente implementados quando onuacutemero de empresas na induacutestria eacute reduzido Daiacute adveacutem aimportacircncia de se identificar o niacutevel de concentraccedilatildeo dainduacutestria para a anaacutelise da estrutura do mercado visto queidentificar estrutura de custos das empresas eespecificamente avaliar se o preccedilo praticado eacute superior aocusto marginal de produccedilatildeo natildeo eacute tarefa trivial Aleacutem doniacutevel de concentraccedilatildeo outro paracircmetro fundamental nessemodelo eacute a existecircncia de barreiras agrave entrada sendo essasde quatro categorias i) diferenciaccedilatildeo de produto ii)vantagens absolutas de custo iii) economias de escala eiv) investimentos iniciais elevados

Pode-se afirmar que esse modelo permite aelaboraccedilatildeo de algumas hipoacuteteses i) a estrutura influenciaa conduta quanto maior o niacutevel de concentraccedilatildeo dainduacutestria menor o comportamento competitivo entre asempresas ii) a conduta influencia o desempenho menor aconcorrecircncia maior o poder de mercado e menor a eficiecircnciasocial e logo iii) estrutura influencia o desempenho maiorconcentraccedilatildeo maior poder de mercado Atualmente omodelo ECD eacute considerado insuficiente para uma completaanaacutelise da organizaccedilatildeo e desempenho da induacutestria Asquestotildees relativas a preccedilo marginal e lucro explicamsomente parte do desempenho do mercado em outraspalavras explicam somente a sua eficiecircncia alocativaOutras dimensotildees devem ser consideradas tais comoavanccedilos tecnoloacutegicos distribuiccedilatildeo das rendas aferidas e aeficiecircncia teacutecnica (CONNOR 1990)

A ldquoTeoria dos Mercados Contestaacuteveisrdquo(BAUMOL PANZAR WILLIG 1982) questiona opressuposto de que mercados concentrados implicampoder de mercado O autor defende que mercadosoligopoliacutesticos ou ateacute mesmo os monopoliacutesticos podemter comportamento competitivo a depender dapossibilidade da concorrecircncia potencial resultante daentrada de novas empresas e da importaccedilatildeo dos produtosNesse modelo de anaacutelise a estrutura de mercado eacute definidaendoacutegenamente a partir das teacutecnicas de produccedilatildeo dotamanho do mercado e da concorrecircncia potencial(FAGUNDES PONDE 1998) e natildeo exoacutegenamente comodefende a ECD

Para Fagundes e Ponde (1998) um mercado eacuteperfeitamente contestaacutevel se os concorrentes potenciaistecircm acesso agrave tecnologia disponiacutevel e podem recuperar seuscustos de entrada caso posteriormente decidamabandonar a induacutestria A existecircncia de barreiras agrave entradaeou agrave saiacuteda eacute fator determinante para a contestabilidadedo mercado impactando o poder das empresas que oconstitui Os mercados mesmo com estrutura altamente

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concentrada podem ser competitivos desde que sejamcontestaacuteveis Para Baumol Panzar e Willig (1982) aseconomias de escala soacute dificultam a entrada em mercadosque natildeo satildeo perfeitamente contestaacuteveis Para esses autoresa existecircncia de custos irrecuperaacuteveis (sunk costs) adisponibilidade e acesso agrave tecnologia bem como a reaccedilatildeodas firmas frente a potenciais entrantes (accedilotildees deretaliaccedilatildeo) devem ser consideradas na anaacutelise decontestabilidade de um mercado

A ideacuteia de que a existecircncia de oligopoacutelios natildeoimplica necessariamente poder de mercado tem no aporteteoacuterico da ECT - Economia de Custos de Transaccedilatildeo - maisum argumento Williamson (1985) advoga que a integraccedilatildeovertical pode resultar da necessidade de minimizar os custosde transaccedilatildeo O arcabouccedilo teoacuterico da ECT defende que aintegraccedilatildeo vertical representa uma opccedilatildeo diante doselevados custos de transaccedilatildeo existentes no mercadoquando ativos especiacuteficos satildeo transacionados em ambientede incerteza Esse enfoque trata a eficiecircncia sob a oacuteticados custos de transaccedilatildeo e natildeo mais sob a oacutetica damaximizaccedilatildeo da eficiecircncia alocativa dos recursosprodutivos

A preocupaccedilatildeo com a promoccedilatildeo da concorrecircnciaestaacute relacionada com a busca do bem- estar econocircmicoPor mais que a defesa da concorrecircncia esteja preocupadaem analisar o efeito de atos de concentraccedilatildeo no bem-estareconocircmico em que os niacuteveis de concentraccedilatildeo do mercadofornecem indicadores importantes para a anaacutelise eacuteimportante tambeacutem considerar as eficiecircncias econocircmicasgeradas De acordo com a SEAESDE satildeo eficiecircnciaseconocircmicas ldquoas melhorias nas condiccedilotildees de produccedilatildeodistribuiccedilatildeo e consumo de bens e serviccedilos gerados peloato que natildeo possam ser obtidos de outra maneira(ldquoeficiecircncias especiacuteficasrdquo do ato) e que sejam persistentesa longo prazo6

Com base no ldquoGuia de Anaacutelise Econocircmica de Atosde Concentraccedilatildeo Horizontalrdquo os atos de concentraccedilatildeodevem ser analisados a partir de i) definiccedilatildeo de mercadorelevante ii) determinaccedilatildeo de parcela de mercado iii) exameda probabilidade de exerciacutecio de poder de mercado iv)exame das eficiecircncias econocircmicas geradas e vi) avaliaccedilatildeodos efeitos liacutequidos do ato de concentraccedilatildeo em anaacutelise Oguia que daacute suporte agraves decisotildees do CADE considera comoelementos de anaacutelise fundamentos dos trecircs aportesteoacutericos tratados neste artigo a saber i) grau deconcentraccedilatildeo (ECD) ii) barreiras agrave entrada e importaccedilatildeovariaacuteveis para estudo da probabilidade de exerciacutecio depoder de mercado (mercados contestaacuteveis) e iii) eficiecircnciaeconocircmica (ECT)

4 O SAG exportador de carne bovina

O Sistema Agroindustrial exportador de carnebovina apresenta um importante salto quantitativoConsiderando as exportaccedilotildees totais de carne bovina7 ocrescimento eacute superior a 1000 para quantidade exportadae 800 para valores no periacuteodo de 1996 a 2007 (MDICSECEX8) O maior incremento eacute observado com asexportaccedilotildees de carne in natura alcanccedilando ganhos de2656 em quantidade e 1694 em valor Os dados deexportaccedilatildeo ndash quantidade e valor por produto exportado ndashestatildeo apresentados na Tabela 1

Do total do valor exportado em 2007 83 eacute oriundode carne in natura e 17 das carnes industrializadas Ocrescimento do valor das exportaccedilotildees e importaccedilotildees totaisde 1996 a 2007 eacute apresentado na Figura 1 Constata-se queo saldo do comeacutercio eacute crescente no periacuteodo partindo deUS$ 253 milhotildees em 1996 e alcanccedilando em 2007 o patamarde US$ 4 bilhotildees em 2007

Analisando os dados observa-se que os preccedilosapresentam queda de 1996 a 2002 quando ocorre umarecuperaccedilatildeo (Figura 2) De modo geral os preccedilos praticadosem 2007 foram 35 inferiores aos de 1996 para a carne innatura e 23 para carnes industrializadas A partir de 2001os valores meacutedios de carne industrializada tornam-sesuperiores aos da carne in natura A valorizaccedilatildeo da carneindustrializada estaacute relacionada ao acesso a mercados queremuneram melhor o produto poreacutem apresentam restriccedilotildeesagrave carne in natura brasileira por exemplo paiacuteses da Europae os Estados Unidos

A relevacircncia das exportaccedilotildees de carne bovina eacutetambeacutem avaliada pela participaccedilatildeo da exportaccedilatildeo no totalproduzido no Paiacutes O crescimento da participaccedilatildeo dasexportaccedilotildees na produccedilatildeo nacional de carne eacute apresentadona Tabela 2 As exportaccedilotildees de carne bovina que eramirrelevantes haacute 10 anos assumem papel preponderante nasdecisotildees estrateacutegicas do setor De pouco mais de 4 daproduccedilatildeo nacional em 2007 alcanccedila quase 30

A importacircncia do SAG exportador eacute confirmadatambeacutem com a participaccedilatildeo do Brasil nas exportaccedilotildees totaismundiais Em 2007 analisando dados do Ministeacuterio deDesenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio e os apresentados

6Guia para Anaacutelise Econocircmica de Atos de ConcentraccedilatildeoHorizontal 2001 p 57NCM 02011000 a 02023000 (carne in natura) 16025000(carne industrializada)8Ministeacuterio de Desenvolvimento Induacutestria e ComeacutercioSecretariade Comeacutercio Exterior

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TABELA 1 ndash Exportaccedilotildees carne bovina (1996 a 2007)

Quantidade (ton) Valores (1000 US$ FOB) Total

Ano in natura industrializada in natura industrializada Qtdade Valor

1996 46656 87650 194305 236323 134306 430628

1997 52441 87596 196295 231816 140037 428112

1998 80850 106050 276595 296233 186900 572829

1999 150765 138008 443838 318106 288774 761944

2000 188656 123410 503299 251884 312066 755183

2001 368288 124287 738806 252100 492574 990906

2002 430278 147770 776334 298538 578047 1074872

2003 620118 160764 1154510 338344 780881 1492854

2004 925082 171176 1963106 446980 1096258 2410086

2005 1085591 178602 2419111 524704 1264193 2943815

2006 1225423 203084 3134506 654172 1428506 3788678

2007 1285807 209487 3485726 693992 1495293 4179718

Fonte MDIC ndash SECEX

pelo Anualpec (2008) as exportaccedilotildees brasileiras respondempor 2885 das exportaccedilotildees mundiais A evoluccedilatildeo dasexportaccedilotildees mundiais e do Brasil estaacute apresentada naFigura 3

A lideranccedila no mercado mundial pode ser explicadaa partir de alguns fatores conjunturais entre outros i)

incidecircncia da mal da vaca louca na deacutecada passada ii)reduccedilatildeo do rebanho norte-americano iii) alto custo deproduccedilatildeo de carne bovina na Europa e iv) seca australiana

Para finalizar a apresentaccedilatildeo de dados do setor eacuteimportante identificar o destino das exportaccedilotildees brasileirasEm 2007 a partir de dados da ABIEC os principais paiacuteses

FIGURA 1 ndash Balanccedilo das exportaccedilotildees e importaccedilotildees (1996 a 2007)Fonte MDIC-SECEX

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TABELA 2 ndash Participaccedilatildeo das exportaccedilotildees na produccedilatildeo nacional

Ano Produccedilatildeo ()

Exportaccedilatildeo()

(carne bovina in natura e

industrializada) Participaccedilatildeo

1996 6794315 279778 412

1997 6467151 287162 444

1998 6688072 370230 554

1999 6567033 541016 824

2000 6455921 553777 858

2001 6753739 789490 1169

2002 6952308 928785 1336

2003 7159240 1208062 1687

2004 7576933 1630547 2152

2005 8151498 1857773 2279

2006 8600230 2100758 2443

2007 7783293 2195265 2820

Fonte () FNP ndash Anualpec (2008) ndash produccedilatildeo em tonelada equivalente carcaccedila() MDIC-SECEX ndash exportaccedilatildeo em ton eq carcaccedila (para a conversatildeo o total exportado em toneladas foi multiplicado pelo fator130 para carne in natura e 25 para carne industrializada) - Dados elaborados pelos autores

importadores de carne bovina brasileira foram Ruacutessia EgitoHong Kong Reino Unido Estados Unidos HolandaAlemanha Itaacutelia Iratilde Argeacutelia Venezuela e Araacutebia SauditaEsses paiacuteses em conjunto satildeo responsaacuteveis por 82 dos

valores exportados de carne bovina em 2007(ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DAS INDUacuteSTRIASEXPORTADORAS DE CARNE - ABIEC 2008) Mais de140 paiacuteses satildeo clientes da carne brasileira contra 20 paiacuteses

FIGURA 2 ndash Preccedilos meacutedios ndash exportaccedilatildeo de carne bovina (1996 a 2007)Fonte MDIC-SECEX

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haacute alguns anos demonstrando claramente o esforccedilo dainduacutestria frigoriacutefica na prospecccedilatildeo de novos mercadosTodos os dados apresentados comprovam o inequiacutevocoganho de competitividade do SAG exportador da carnebovina

Natildeo se pode deixar de destacar que acompetitividade da carne bovina brasileira eacute baseada nofator preccedilo Farina e Nunes (2003) apontam que embora ofator institucional seja relevante para a competitividadedesse setor eacute o preccedilo que ainda rege as exportaccedilotildees Opreccedilo competitivo da carne bovina brasileira eacute fruto dasvantagens comparativas do paiacutes gado a pasto largasextensotildees de terras e clima Isso poreacutem natildeo exime o paiacutesde promover mudanccedilas importantes para sustentar ocrescimento das exportaccedilotildees de carne bovinaprincipalmente em relaccedilatildeo agrave garantia de sanidade dorebanho e agrave implantaccedilatildeo de um sistema efetivo derastreabilidade

41 A induacutestria frigoriacutefica exportadora

Caracterizar a induacutestria frigoriacutefica nacional natildeo eacuteuma tarefa simples dada a sua grande diversidade Demodo geral as plantas industriais se classificam em i)matadouros quando praticam o abate e natildeo dispotildeem deinstalaccedilotildees para congelamento comercializando a carnein natura ii) matadouros ndash frigoriacuteficos quando aleacutem doabate possuem estruturas que permitem o congelamentoe manipulaccedilatildeo de carcaccedilas como cacircmaras frias eiii)frigoriacuteficos processadores empresas de melhor aportetecnoloacutegico que realizam o processamento da carne bovinaaproveitando os subprodutos (SILVA BATALHA 1999)

Os frigoriacuteficos exportadores (abate e processamentode carne) respondem ao Serviccedilo de Inspeccedilatildeo Federal (SIF)sendo classificados a partir do destino das suasexportaccedilotildees As plantas frigoriacuteficas podem ser habilitadaspara a chamada ldquoLista Geralrdquo9 Uniatildeo Europeacuteia (Lista Geralmais paiacuteses da UE) e Estados Unidos (todos os anterioresacrescidos desse uacuteltimo) A habilitaccedilatildeo para Uniatildeo Europeacuteiae para os Estados Unidos implica em maiores exigecircnciaspor parte das vistorias realizadas pelos oacutergatildeos de inspeccedilatildeodos paiacuteses em questatildeo

Entre os principais frigoriacuteficos exportadores comvalores exportados em faixa superior a US$ 50 milhotildeesdestacam-se JBS SA (JBS-Friboi) Bertin SA MarfrigInduacutestria e Comeacutercio de Alimentos SA Minerva SAFrigoriacutefico Mercosul SA Independecircncia SA QuatroMarcos Ltda Frigoriacutefico Mataboi SA Frigoriacutefico MargemLtda e Frigol Comercial Ltda As plantas industriaislocalizam-se em diferentes estados com concentraccedilatildeo nos

estados do Norte Sudeste (SP e MG) e Centro-Oeste doPaiacutes Conta-se em torno de 30 empresas frigoriacuteficasprocessadoras de carne bovina com exportaccedilotildeesregistradas em 20072008 (MDIC-SECEX)

O faturamento dos principais frigoriacuteficosexportadores de carne bovina a localizaccedilatildeo das suasplantas industriais e o porcentual da produccedilatildeo exportada eacuteapresentado no Quadro 1 Os dados de receita liacutequidarepresentam o faturamento das empresas no setor dealimentos Considerando-se o faturamento liacutequido e arelevacircncia das exportaccedilotildees para essas empresas eacute possiacutevelafirmar que as empresas discriminadas abaixo respondempor parcela significativa das exportaccedilotildees nacionais decarne bovina

Apesar da distribuiccedilatildeo das plantas industriais emdiferentes estados do Paiacutes de acordo com Pineda (2008)apenas 18 frigoriacuteficos respondem por 98 das exportaccedilotildeesbrasileiras sendo que os cinco maiores controlam 65 domercado exportador

O ldquopress releaserdquo do Frigoriacutefico Minerva (fevereiro2008) com base no SECEX aponta o Minerva como oterceiro maior exportador de carne bovina couro e boi-vivo do paiacutes sendo o Bertin o segundo e o JBS-Friboi oprimeiro em embarques O ldquomarket sharerdquo das empresas eacuteapresentado no Quadro 2 Considerando-se somente carnebovina o segundo maior exportador seria o Marfrig (Valoreconocircmico 200610)

A crescente participaccedilatildeo do Brasil no mercadointernacional eacute acompanhada por importantes mudanccedilasestruturais na induacutestria frigoriacutefica nacional Inicia-se umintenso movimento de internacionalizaccedilatildeo das empresas apartir de 2005 com aquisiccedilatildeo de unidades industriais noChile Argentina Paraguai Estados Unidos Austraacutelia eEuropa As empresas brasileiras controlam 25 dasexportaccedilotildees argentinas de carne e 40 da cota Hilton11As aquisiccedilotildees no exterior feitas pelas empresas JBS-Friboie Marfrig levam o paiacutes a deter 51 da exportaccedilatildeo global decarnes (NEVES SAAB 2008)

A partir de 2005 o JBS Friboi adquire empresas nosEstados Unidos e Austraacutelia somando um faturamento

9Inclui todos os paiacuteses com exceccedilatildeo dos paiacuteses da Uniatildeo Europeacuteia(UE) e Estados Unidos10Valor Econocircmico 29112006 ldquoCapitalizado Marfrig fechanova aquisiccedilatildeo no Uruguai11A cota Hilton eacute constituiacuteda de cortes do quarto traseiro deanimais jovens e seu preccedilo no mercado internacional eacute superiorao preccedilo de carne comum A cota anual de 59100 t eacute fixa e a elasomente tecircm acesso os paiacuteses credenciados

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aproximado US$ 215 bilhotildees proacuteximo da Tyson Foodscom US$ 25 bilhotildees (Gazeta Mercantil12) Representantesde organizaccedilotildees de classe (consumidores produtores einduacutestria) nos Estados Unidos e na Austraacutelia jaacute sepronunciam contra as aquisiccedilotildees feitas pela JBS-Friboi13Alega-se que com a compra de algumas empresas de abatee processamento de carne bovina da Austraacutelia o JBScontrolaria 10 da oferta de carne bovina do mundo e

QUADRO 1 ndash Dados gerais de alguns frigoriacuteficos exportadores

Empresa Localizaccedilatildeo (plantas no Brasil) Capacidade de abate (cabdia)

Produccedilatildeo destinada agrave exportaccedilatildeo

Rec Liacutequida (R$ mi 2007)

() Bertin SA GO MG MS SP PA TO 12650 () 50 36158

Independecircncia GO MG MS MT RO SP TO 9500 () 63 15450 ()

JBS ndash Friboi AC GO MG MS MT PR RO SP 18400 () 5228 () 39562 Marfrig MS GO RS RO MT SP 13300 () 50 21305

Margem GO MS MT RO SP PA PR TO 8500 () nd nd

Mataboi MG nd nd 40220 MERCOSUL MS PR RS nd nd 7534

Minerva GO MS SP TO 5400 () 70 () 11891

Quatro Marcos GO MT 2000 () nd 7459

Frigol SP nd nd 2341

Frigoestrela SP 1500 nd nd

Frisa BA ES MG 1000 nd 2882

Fonte () Jornal Valor Econocircmico ndash 062008 (ldquoJBS ganha rival com potencial de abate maiorrdquo) () web site da empresa()Valor econocircmico ndash Ranking setor de alimentos ndash quadro elaborado pelos autores nd ndash natildeo disponiacutevel

32 da capacidade de abate da induacutestria dos EUA A JBS-Friboi teria somente dois competidores importantes nosEstados UnidosTyson e Cargill

A internacionalizaccedilatildeo do setor eacute acompanhada peladiversificaccedilatildeo de atividades O Bertin aleacutem das atividades

12Gazeta Mercantil ndash 0603200813Beef Point (2008)

FIGURA 3 ndash Exportaccedilotildees mundiais e BrasilFonte Elaborado pelos autores com base em USDA Anualpec (2008) e MDIC-SECEX

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de abate e processamento de carne bovina atua tambeacutemnos setores de laacutecteos (compra da Vigor) higiene limpezae cosmeacuteticos aleacutem de usinas de biodiesel curtumes esaneamento baacutesico Recentemente observa-se a tendecircnciadas empresas frigoriacuteficas operarem tambeacutem nos setores deavicultura e suinocultura inclusive com a aquisiccedilatildeo deunidades tradicionais desses setores no Brasil e em outrospaiacuteses a exemplo da recente aquisiccedilatildeo da Carrolrsquos FoodBrasil (suinocultura) e da OSI (avicultura) pelo Marfrig

Essa tendecircncia de internacionalizaccedilatildeo e diversificaccedilatildeoocorre em paralelo a um movimento de concentraccedilatildeo dasempresas no Brasil Unidades industriais menores satildeoadquiridas pelas empresas liacutederes do setor Recentementeo Goiaacutes Carne Alimento SA foi adquirido pelo FrigoriacuteficoIndependecircncia Alimentos e o Lord Meat SA pelo FrigoriacuteficoMinerva A diversificaccedilatildeo regional ocorre natildeo soacute pelaaquisiccedilatildeo de plantas industriais menores como tambeacutem porinvestimentos proacuteprios em novas unidades O FrigoriacuteficoMinerva investe em novas unidades em Rolim Moura (RO)e Redenccedilatildeo do Paraacute (PA) o que lhe permitiraacute elevar suacapacidade de abate para 7850 cabeccedilasdia

A maior profissionalizaccedilatildeo e as perspectivaspositivas para o setor de carne bovina explicam a entradanesse mercado de empresas alimentiacutecias tradicionais comoa Sadia e a Perdigatildeo Em 2006 a Sadia reassume a plantaarrendada ao Friboi no Mato Grosso e faz investimentosda ordem de R$ 100 milhotildees em nova unidade A Perdigatildeotambeacutem investe em novas unidades no Mato Grosso epretende alcanccedilar um total de 6000 animais abatidos pordia em 201114

A integraccedilatildeo vertical eacute tambeacutem uma estrateacutegia dosetor a exemplo da produccedilatildeo de animais em confinamentosem fazendas proacuteprias Vaacuterios frigoriacuteficos possuemproduccedilatildeo proacutepria de bovinos para abate realizandoprincipalmente a fase final de terminaccedilatildeo (NEVES SAAB2008) A JBS ndash Friboi com a recente aquisiccedilatildeo da Tasmanna Austraacutelia incorpora em seu ativo um confinamento de25000 cabeccedilas de bovinos e 45000 de ovinos

A crescente profissionalizaccedilatildeo da induacutestriafrigoriacutefica nacional passa pela busca de financiamentoprivado para a realizaccedilatildeo de investimentos no setor(aquisiccedilatildeo internacionalizaccedilatildeo e diversificaccedilatildeo das plantasindustriais) Uma das opccedilotildees eacute o mercado de capitais Eacuterecente a tendecircncia de abertura de capital das empresasdo agronegoacutecio na Bovespa especificamente no ldquoNovoMercadordquo em que as praacuteticas de governanccedila satildeo maisriacutegidas do que as exigidas para outros segmentos delistagem na Bolsa Entre essas empresas destacam-sealguns frigoriacuteficos i) Frigoriacutefico Minerva ii) Frigoriacutefico

Marfrig e iii) JBS ndash Friboi A oferta puacuteblica inicial15 dasaccedilotildees dessas empresas totalizou R$ 3082 milhotildees sendoR$ 444 milhatildeo do Minerva R$ 1021 milhatildeo do Marfrig e R$1617 milhatildeo do JBS - Friboi

5 ANAacuteLISE DOS DADOS

Neste toacutepico analisam-se a estrutura de mercadoda induacutestria frigoriacutefica exportadora de carne bovina aevoluccedilatildeo dos preccedilos da carne exportada e o impacto dessespreccedilos praticado no mercado interno

51 Anaacutelise da estrutura de mercado

Com base no ldquoGuia de Anaacutelise Econocircmica de Atosde Concentraccedilatildeo Horizontalrdquo os atos de concentraccedilatildeodevem ser analisados a partir de i) definiccedilatildeo de mercadorelevante ii) determinaccedilatildeo de parcela de mercado iii) exameda probabilidade de exerciacutecio de poder de mercado iv)exame das eficiecircncias econocircmicas geradas e vi) avaliaccedilatildeodos efeitos liacutequidos do ato de concentraccedilatildeo em anaacutelise

De acordo com o Guia de Anaacutelise o mercadorelevante eacute definido como o menor grupo de produtos e amenor aacuterea geograacutefica necessaacuteria para que um supostomonopolista esteja em condiccedilotildees de impor um ldquopequenoporeacutem significativo e natildeo transitoacuteriordquo aumento de preccedilosQuanto agrave concentraccedilatildeo se a participaccedilatildeo de mercado forigual ou superior a 20 do mercado relevante o mercado eacutecaracterizado como ldquounilateralrdquo Se o CR

416 for maior ou

igual a 75 e a participaccedilatildeo de mercado da empresa emanaacutelise for igual ou superior a 10 do mercado relevantetem-se um mercado ldquocoordenadordquo Analisando-se aimportaccedilatildeo eacute importante avaliar se essa chega a 30 dovalor do consumo aparente O grau de dependecircncia daimportaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos produtores locais existecircncia decontratos de exclusividade entre importadores locais eempresas estrangeiras capacidade dos importadores paraacomodar incrementos nas exportaccedilotildees sem investir emnovos ativos fiacutesicos satildeo tambeacutem fatores avaliados

Quanto agraves barreiras agrave entrada tecircm-se como exemplosos custos irrecuperaacuteveis as barreiras legais ou regulatoacuteriasas economias de escala e escopo entre outros fatores Deacordo com Saes et al (2008) economias de escala ocorremquando a elevaccedilatildeo da produccedilatildeo da firma estaacute associada a

14 Portal DBO - as informaccedilotildees satildeo da Agecircncia ldquoAnbardquo ndash 29060715Em inglecircs a sigla IPO ndash Initial Public Offering16Razatildeo de Concentraccedilatildeo (CR

k) - A razatildeo de concentraccedilatildeo das k

maiores empresas calcula a proporccedilatildeo do valor total que eacutedominada por essas empresas pertencentes a determinado setor

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custos meacutedios decrescentes Os custos meacutedios podemdiminuir entre outros fatores por que (i) os custos fixos satildeouma parcela substantiva dos custos totais (ii) aprodutividade do trabalho aumenta (iii) a produtividade docapital se eleva (iv) as propriedades fiacutesicas do equipamentoou propriedades dos processos produtivos podem gerareconomias17 A presenccedila de economias de escala eacuteprovavelmente a explicaccedilatildeo mais relevante para o fato dealgumas induacutestrias serem mais concentradas que outras

Ainda segundo a portaria da SEAESDE queembasa as decisotildees do CADE a entrada de novasempresas no setor pode ser (i) tempestiva (quando puderocorrer em um tempo razoaacutevel ndash 2 anos) (ii) provaacutevel(quando for economicamente lucrativa a preccedilos preacute-concentraccedilatildeo) e (iii) suficiente (quando permitir que todasas oportunidades de venda sejam adequadamenteexploradas) A rivalidade das empresas eacute analisadaconsiderando-se o nuacutemero de empresas no mercadoexistecircncia de produto eou empresas homogecircneasdisponibilidade de informaccedilotildees sobre os competidorescondutas empresariais ainda que natildeo necessariamentelegais e a possibilidade de supervisatildeo de condutas

Com base nesses pressupostos a caracterizaccedilatildeoda estrutura de mercado da induacutestria frigoriacutefica exportadorade carne bovina eacute apresentada no quadro 3

Analisando o conjunto de informaccedilotildees e dadosapresentados neste artigo considera-se que o mercadorelevante eacute nacional As induacutestrias frigoriacuteficas estatildeo localizadasem diferentes estados brasileiros Observa-se nos estadosdo Sudeste e Centro-Oeste a existecircncia de unidades industriaisproacuteximas agraves das empresas concorrentes Nessa induacutestria umfator relevante para sua competitividade eacute a localizaccedilatildeo dasplantas sendo o raio oacutetimo de atuaccedilatildeo em torno de 300 Km(SILVA BATALHA 2000)

Calcular o grau de concentraccedilatildeo dessa induacutestrianatildeo eacute trivial Informaccedilotildees de valores exportados porempresa satildeo consideradas estrateacutegicas e natildeo satildeodivulgadas oficialmente Considerando o mercado nacionaltotal (Quadro 2) o CR

4 eacute baixo poreacutem ao se analisar a

participaccedilatildeo dessas mesmas induacutestrias nas exportaccedilotildeesbrasileiras (Quadro 1) pode-se inferir que a concentraccedilatildeodo setor exportador eacute uma realidade

A principal barreira agrave entrada eacute escala As recentesaquisiccedilotildees e os investimentos em novas unidades deproduccedilatildeo sinalizam para a necessidade de se aumentar acapacidade de abate e processamento das plantasindustriais De acordo com estudo feito por Silva e Batalha(2000) no Brasil existe grande diversidade de tamanho deplantas (500 a 2000 abatesdia) Constata-se poreacutem que

as novas unidades em fase de implantaccedilatildeo apresentamescala superior a 1000 animaisdia18 A despeito do altovalor de investimento em torno de R$ 50 a 70 milhotildees paraum abate de 1000 a 1600 cabeccedilasdia e o necessaacuterioconhecimento do mercado de carne natildeo haacute barreirastecnoloacutegicas ou de regulamentaccedilatildeo

No que se refere agraves importaccedilotildees entende-se que asua pequena relevacircncia no mercado nacional de carnebovina decorre da competitividade do produto nacionalprincipalmente em relaccedilatildeo ao fator preccedilo natildeo refletindoportanto exerciacutecio de poder de mercado das empresas Anecessaacuteria otimizaccedilatildeo das plantas industriais e atualmentea reduzida oferta de animais implica forte rivalidade dasempresas na busca por fornecedores Os programas dequalidade criados pelos frigoriacuteficos configuram umatentativa de estabelecer criteacuterios para tipificaccedilatildeo de carcaccedilascom preccedilos diferenciados para animais de maior qualidade

Existem no entanto indiacutecios de tentativa decoordenaccedilatildeo no estabelecimento de preccedilos para a aquisiccedilatildeode animais Recentemente em processo aberto junto aoCADE19 representaccedilotildees do setor de produccedilatildeo CNA20 eComissatildeo de Agricultura Pecuaacuteria Abastecimento eDesenvolvimento Rural da Cacircmara dos Deputadosacusaram de praacutetica de cartel um conjunto de induacutestriasfrigoriacuteficas especificamente de uniformizaccedilatildeo de criteacuteriospara a compra de animais para abate e acordo sobreporcentuais de desconto em relaccedilatildeo ao preccedilo do animalpadratildeo Como resultado desse processo em 2007 o CADEcondenou os frigoriacuteficos Mataboi Bertin Franco Fabril eMinerva por formaccedilatildeo de cartel O JBS-Friboi a fim deencerrar as investigaccedilotildees concordou em pagar uma multada ordem de R$ 137 milhotildees aleacutem de adotar um programade prevenccedilatildeo de condutas anticompetitivas

52 Anaacutelise dos preccedilos

Para complementar a anaacutelise da estrutura demercado procedeu-se agrave uma avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo dospreccedilos da carne bovina in natura e da carne industrializadaexportadas no periacuteodo de 1996 a 2008 (Figura 4)

17Guia para Anaacutelise Econocircmica de Atos de ConcentraccedilatildeoHorizontal Portaria Conjunta SEAESDE18Bertin 3000 cabdia (Campo GrandeMS) Minerva 1000cabeccedilasdia (Rolim de MouraRO) e Tatuibi 1600 (Chapadatildeo doSulMS) - Informaccedilotildees levantadas nos websites das empresasfrigoriacuteficas e junto agrave empresas de consultoria do setor19Conselho Administrativo de Defesa Econocircmica20Confederaccedilatildeo Nacional de Agricultura

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QUADRO 3 ndash Estrutura de Mercado da Induacutestria Frigoriacutefica Exportadora

Fatores analisados

Mercado Relevante Nacional

Grau de Concentraccedilatildeo Baixo (CR4=4450)

Barreiras agrave entrada Meacutedia

Importaccedilatildeo Baixa

Entrada de novas empresas Provaacutevel

Rivalidade entre empresas Alta

Fonte elaborada pelos autores() caacutelculo do CR

4 foi baseado nas informaccedilotildees apresentadas no Quadro 2 que tratam do mercado nacional e natildeo o SAG exportador

Observa-se que a meacutedia mensal dos preccedilosalcanccedilados no mercado internacional pela carne bovinaindustrializada brasileira eacute superior ao da carne in natura apartir de 2002 sendo crescente para ambos os tipos deproduto a partir dessa data No entanto o preccedilo meacutedioalcanccedilado pelas exportaccedilotildees da Argentina e Uruguai eacutesuperior ao da carne brasileira exportada (ANUALPEC2008)

Quanto aos preccedilos do boi-gordo no mercado internode Satildeo Paulo (Figura 5) observa-se estabilidade ateacute 2007poreacutem com preccedilos inferiores a US$ 15Kg no periacuteodo de1999 a 2006 A partir de 2007 observa-se um crescimentosignificativo nos preccedilos meacutedios mensais em Satildeo Paulo

Uma das questotildees de pesquisa apresentadas nesteartigo eacute avaliar o impacto do preccedilo alcanccedilado pela carnebrasileira no mercado internacional sobre o preccedilo da arrobano mercado interno Para tanto se propotildee um modelo com

algumas das principais variaacuteveis deste mercado No totaltem-se 149 observaccedilotildees resultado dos valores mensaismeacutedios de janeiro de 1996 a maio de 200821

Os valores foram transformados em logaritmosneperianos de modo a se desenvolver uma anaacutelise combase nas elasticidades Antes da anaacutelise dos dados foifeito um teste de estacionalidade nas referidas variaacuteveis eobservou-se que essas natildeo eram estacionaacuterias pois todasapresentavam raiz unitaacuteria Esse fato inviabiliza o uso domeacutetodo de miacutenimo quadrado ordinaacuterio (MQO) pois asimples utilizaccedilatildeo desse meacutetodo poderia gerar umaregressatildeo espuacuteria No entanto como as suas primeirasdiferenccedilas foram testadas e satildeo estacionaacuterias eacute possiacutevel a

21Ao se considerar o abate e a defasagem de 36 meses perdem-se48 observaccedilotildees Fica-se assim com 101 observaccedilotildees na regressatildeo

QUADRO 2 ndash Market Share dos principais frigoriacuteficos (mercado nacional)

Exportaccedilatildeo Frigoriacuteficos 2007 US$ Fob (em mi)

Ranking setor 2007 Partic Total 2007

JBS - Friboi 1070 1ordm 158 Bertin 924 2ordm 137

Minerva 546 3ordm 81

Marfrig 469 4ordm 69

Independecircncia 361 5ordm 53

Quatro Marcos 161 6ordm 24

MERCOSUL 109 7ordm 16

Margen 105 8ordm 16

Mataboi 95 9ordm 14

Outros 2926 432

Total 6766

Fonte ndash Minerva Press Release SECEX (inclui carne bovina in natura industrializada couro e boi-vivo)

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elaboraccedilatildeo de regressotildees das variaacuteveis desde que essassejam transformadas (ENDERS 2004) Os modelos deregressatildeo utilizados com as variaacuteveis transformadas foi ode vetor autorregressivo (VAR) com as oito primeirasdefasagens valor oacutetimo segundo o criteacuterio AkaikeInformation Criterion (AIC) (GREENE 2003 GUJARATI2003) Como resultados dessas anaacutelises surge um modelofinal (Modelo 1) Os resultados das estimaccedilotildees de seuscoeficientes estatildeo descritos abaixo assim como os seusvalores do erro padratildeo em ( ) e o valor da estatiacutestica z em [ ](Quadro 4)

OndeY = Primeira diferenccedila do logaritmo neperiano da meacutediamensal do preccedilo do boi em R$Kg ndash PrimDifLnPrecoIntSPK = ConstanteX

1di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano da meacutedia mensal do preccedilo do boi em R$Kg ndashPrimDifLnPrecoIntSPX

2di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano da meacutedia mensal do preccedilo em R$Kg da carnebovina in natura exportada ndash PrimDifLnPrecoInNatX

3di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano da meacutedia mensal do preccedilo em R$Kg da carnebovina industrializada exportada ndash PrimDifLnPrecoIndustX

4di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do cacircmbio (R$US$) ndash PrimDifLnCambioX

5di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do abate de animais em milhotildees de cabeccedilas-PrimDifLnAbateTMilhaoX

6di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do abate de fecircmeas em cabeccedilas ndashPrimDifLnAbateFem eX

7di= Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do iacutendice de porcentagem de abate de fecircmeasdefasados em 36 periacuteodos ndash PrimDifLnIndAbateFemL36

Esse modelo de VAR eacute estaacutevel tem resiacuteduos comdistribuiccedilatildeo normal e R2 de 06715 indicando assim que asvariaacuteveis independentes explicam mais de 67 da variacircnciados dados Esse modelo apresentou significacircncia em todosos seus paracircmetros estimados seja na constante ou nasvariaacuteveis estudadas sendo descritas abaixo as diferentesdefasagens em que essas variaacuteveis foram significativas

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos dos preccedilos internos de Satildeo Paulo(PrimDifLnPrecoIntSP) eacute significativa em quatro

defasagens diferentes sendo trecircs significativas a 1 (1 2e 7) e uma significativa a 10 (5) Aleacutem disso trecircsdefasagens (2 5 e 7) apresentam influecircncia negativaindicando que um aumento de 1 de seus valores reduzrespectivamente 056 023 e 051 o resultado davariaacutevel dependente Jaacute a defasagem 1 tem umcomportamento positivo ou seja um aumento de 1 emseus valores proporciona um acreacutescimo de 032 naprimeira diferenccedila dos preccedilos internos de Satildeo Paulo

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos da taxa da cacircmbio (PrimDifLnCambio) temsignificacircncia em quatro defasagens das quais duas (3 e 4)satildeo a niacutevel de 1 uma (1) a niacutevel de 5 e uma (7) a niacutevelde 10 Aleacutem disso duas dessas defasagens (1 e 7)apresentam comportamento negativo indicando que umaumento de 1 dos seus valores reduzem respectivamente039 e 031 o resultado da variaacutevel dependente Emcontraste a isso duas outras defasagens (3 e 4) apresentaminfluecircncia positiva ou seja um aumento de 1 em seusvalores acresce em respectivamente 059 e 075 adiferenccedila entre os preccedilos internos de Satildeo Paulo

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos de preccedilos in natura (PrimDifLnPrecoInNat) eacutesignificativa a niacutevel de 1 na defasagem 6 indicando queum aumento de 1 em seus valores aumenta em 032 oresultado da variaacutevel dependente

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos de preccedilos industrializados (PrimDifLnPrecoIndust)apresentou significacircncia em duas defasagens (1 e 4) sendouma delas (4) a niacutevel de 1 e com uma influecircncia negativaindicando que um aumento de 1 de seus valores reduz avariaacutevel dependente em 050 e a outra (1) a niacutevel de 10e com comportamento positivo ou seja um aumento de1 em seus valores aumenta essa diferenccedila de preccedilosinternos em 020

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos de abate em milhatildeo (PrimDifLnAbateTMilhao)foi significativa em trecircs defasagens a niacutevel de 5 (5 e 8) etambeacutem a niacutevel de 10 (6) Observa-se que as trecircs (5 6 e 8)apresentam um influecircncia negativa na variaacutevel dependentesignificando que um aumento de 1 dos seus valoresrepresentam uma reduccedilatildeo de respectivamente 048030 e 027 nos valores desta primeira diferenccedila

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos dos iacutendices porcentuais de abate de fecircmeasdefasados em 36 meses (PrimDifLnAbateFemL36) foisignificativa a niacutevel de 1 em duas defasagens (3 e 6) Haacuteduas influecircncias diferentes dessas uma negativa (6)indicando que um aumento de 1 em seus valores

Y K X1dii 1

8

X2dii 1

8

X3dii 1

8

X4 dii 1

8

X5dii 1

8

X6dii 1

8

X7di

i 1

8

(Modelo 1)

Estrutura e conduta da agroinduacutestria exportadora de carne 105

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FIGURA 4 ndash Preccedilos mensais ndash carne bovina exportada (in natura e industrializada)Fonte MDIC-SECEX - Dados elaborados pelos autores

FIGURA 5 ndash Preccedilos meacutedios mensais (US$Kg) ndash carne bovina ndash Satildeo PauloFonte CEPEA (2008) - Dados elaborados pelos autores

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Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 13 n 1 p 93-108 2011

representa uma reduccedilatildeo de 039 nos valores da variaacuteveldependente e uma positiva (3) em que um aumento de 1em seus valores acresce em 026 a diferenccedila entre ospreccedilos internos de Satildeo Paulo

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos do abate de fecircmeas (PrimDifLnIndAbateFem)foi significativa a niacutevel de 10 em duas defasagens (1 e 5)Quanto agraves suas influecircncias observa-se que haacute uma negativa(1) em que um aumento de 1 nos valores dessa defasagemreduz em 014 os valores da variaacutevel dependente e umapositiva (5) em que o acreacutescimo de 1 nos valores dessadefasagem aumenta em 021 os valores da diferenccedila entrepreccedilos internos em Satildeo Paulo

QUADRO 4 ndash Resultados da estimativa do modelo VAR com 8 defasagens (Modelo 1)

Variaacutevel dependente Y- Primeira Diferenccedila do Ln Preccedilo Interno de Satildeo Paulo (PrimDifLnPrecoIntSP)

Defasagem (d)

X1 X2 X3 X4 X5 X6 X7

1 03163

(01088) [290]

-03851

(01732) [-222]

00541ns

(01263) [043]

02011

(01062) [189]

00109ns

(01227) [009]

00105ns

(00830) [013]

-01419

(00815) [-174]

2 -05618

(01394) [-403)

-00404ns

(01797) [-023]

01924ns

(01317) [146]

00252ns

(01091) [023]

-02547ns

(01652) [-154]

04222ns

(00852) [050]

-00793ns

(00781) [-102]

3 00476ns

(01454) [033]

05923

(01884) [314]

-00725ns

(01343) [-054]

-00507ns

(01172) [-043]

-01874ns

(01708) [-110]

02599

(00907) [286]

-00682ns

(00851) [-080]

4 -00354ns

(01424) [-025]

07469

(02452) [304]

01456ns

(01398) [104]

-05035

(01291) [-390]

-02719ns

(01720) [-158]

-01594ns

(00961) [-166]

00335ns

(00915) [037]

5 -02348

(01404) [-167]

01769ns

(02467) [072]

00341ns

(01316) [026]

-00556ns

(01370) [-041]

-04763

(01934) [-246]

01600ns

(01011) [158]

02092

(01240) [169]

6 00825ns

(01411) [058]

-00301ns

(02040) [-015]

03185

(01148) [277]

00213ns

(01048) [020]

-02968

(01567) [-189]

-03946

(01025) [-385]

00686ns

(01244) [055]

7 -05081

(01406) [-361]

-03138

(01881) [-167]

-00108ns

(01052) [-010]

00067ns

(00939) [007]

-00667ns

(01492) [-045]

00227ns

(01188) [019]

01272ns

(01194) [106]

8 -00519ns

(01360) [-038]

00226ns

(02141) [011]

02093ns

(01015) [206]

-00373ns

(00989) [-038]

-02742

(01302) [-211]

-00119ns

(01085) [-011]

01696ns

(01058) [160]

Constante 00203

(00071) [286]

Obs = significativo agrave 1 = significativo agrave 5 = significativo agrave 10 e ns = natildeo significativo a 10 de significacircncia

6 CONCLUSOtildeES

O SAG exportador de carne bovina brasileiroapresenta uma estrutura concentrada em que um reduzidonuacutemero de empresas responde por parcela significativa dasexportaccedilotildees nacionais Essas empresas operam em todo oterritoacuterio nacional com plantas industriais exportadoraslocalizadas basicamente no Centro-Oeste Norte e Sudestedo paiacutes Identifica-se como principal barreira agrave entrada anecessidade da empresa possuir escala produtiva(capacidade de abate de animais e processamento de carne)

A importacircncia do SAG exportador de carne bovinapode tambeacutem ser demonstrada pelo impacto dos preccedilos

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alcanccedilados no mercado internacional sobre os preccedilospraticados no mercado interno Essa anaacutelise no entantoconfirma somente uma hipoacutetese de correlaccedilatildeo de preccedilossendo que um estudo sobre as variaacuteveis que impactam aformaccedilatildeo do preccedilo no mercado interno deveria contemplarum conjunto de fatores como disponibilidade de animaispara engorda oferta e demanda de carne bovina no mercadonacional e internacional Sugere-se como tema para umaagenda futura de pesquisa uma abrangente anaacutelise depreccedilos nesse SAG A relevacircncia das exportaccedilotildees para oSAG da Carne Bovina no Brasil eacute demonstrada pelacrescente participaccedilatildeo dos volumes exportados naproduccedilatildeo nacional Um indicador da eficiecircncia teacutecnica egerencial das empresas nacionais estaacute na forte tendecircnciade internacionalizaccedilatildeo com crescente participaccedilatildeo nomercado mundial de carne bovina A eficiecircncia dessainduacutestria pode tambeacutem ser observada na diversidade depaiacuteses importadores da carne brasileira

Entende-se portanto que a estrutura de mercadoda induacutestria exportadora de carne bovina brasileiraapresenta eficiecircncia econocircmica a despeito do seu grau deconcentraccedilatildeo e das barreiras agrave entrada fortementerelacionada agrave escala A contestabilidade desse mercado eacutegarantida pelo acesso e disponibilidade da necessaacuteriatecnologia para operar nesse setor pela ausecircncia debarreiras agrave saiacuteda ndash os investimentos realizados satildeofacilmente assumidos pelas empresas do setor e entrantes ndashe pela ausecircncia de barreiras agrave entrada da ordem deregulamentaccedilotildees e patentes A existecircncia de eficiecircnciaeconocircmica natildeo exime no entanto a possibilidade deexerciacutecio de poder de mercado pelas empresas liacutederes dosetor Dessa forma os oacutergatildeos competentes devem estaratentos agraves oportunidades de praacuteticas anticompetitivas

Essa eficiecircncia estaacute fortemente atrelada agravecompetitividade em preccedilo da carne brasileira Esforccedilosdeveratildeo ser dirigidos para que a carne brasileira seja tambeacutemreconhecida quanto aos aspectos da qualidade Para tantoaleacutem das iniciativas de divulgaccedilatildeo do produto em mercadosmais exigentes questotildees relacionadas ao ambienteinstitucional deveratildeo ser contempladas Rastreamento esanidade dos rebanhos satildeo fatores fundamentais para aagregaccedilatildeo de valor ao produto nacional Iniciativas em prolde uma maior coordenaccedilatildeo entre produccedilatildeo e induacutestria eacute amola mestra das accedilotildees estrateacutegicas a serem implementadas

7 REFEREcircNCIAS

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BEEF POINT O ponto de encontro da cadeia produtiva dacarne Disponiacutevel em lthttpwwwbeefpointcombrgtAcesso em 27 jun 2008

CENTRO DE ESTUDOS AVANCcedilADOS EM ECONOMIAAPLICADA Indicadores preccedilos Disponiacutevel emlthttpwwwcepeaesalquspbrgt Acesso em 27 jun2008

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GUJARATI D Econometria baacutesica Satildeo Paulo Pearson2003 1083 p

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WILLIAMSON O E The economic institutions ofcapitalism firms markets relational contracts New YorkThe Free 1985

Estrutura e conduta da agroinduacutestria exportadora de carne 95

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meacutedia mensal do cacircmbio comercial (IPEADATA) Paracomplementar essa anaacutelise entre os preccedilos os dados deabates totais de cabeccedilas de gado e os abates de fecircmeastambeacutem foram coletados tendo como fonte o IBGE

O referencial teoacuterico apresenta os principaisarcabouccedilos utilizados em estudos de Organizaccedilatildeo Industrial(OI) i) o paradigma ldquoEstrutura ndash Conduta ndash Desempenhordquo(ECD) desenvolvido a partir dos trabalhos de Joe Bainnos anos cinquenta ii) o modelo de ldquoMercadosContestaacuteveisrdquo (BAUMOL PANZAR WILLIG 1982) e iii)sob a oacutetica da eficiecircncia de mercado a anaacutelise com base naEconomia dos Custos de Transaccedilatildeo (ECT) desenvolvidapor Oliver Williamson

3 REFERENCIAL TEOacuteRICO

O ponto de partida para estudos de OrganizaccedilatildeoIndustrial eacute o trabalho de Joe Bain cujas contribuiccedilotildeesfornecem a base para a proposiccedilatildeo do paradigma daEstrutura ndash Conduta ndash Desempenho (ECD) De acordo comScherer e Ross (1990) a estrutura de mercado pode seranalisada a partir do nuacutemero de produtores e compradoresda diferenciaccedilatildeo do produto da existecircncia ou natildeo debarreiras agrave entrada da estrutura de custo das firmas daexistecircncia da integraccedilatildeo vertical e da diversificaccedilatildeo Aanaacutelise da conduta implica observar as poliacuteticas de preccediloadotadas as estrateacutegias de produto e vendas osinvestimentos realizados em pesquisa e desenvolvimentoe em capacidade produtiva Finalmente tem-se odesempenho da induacutestria que diz respeito agrave eficiecircncia naalocaccedilatildeo dos recursos o atendimento das demandas dosconsumidores a geraccedilatildeo de progresso teacutecnico acontribuiccedilatildeo para uma distribuiccedilatildeo equitativa da renda ograu de restriccedilatildeo monopoliacutestica da produccedilatildeo e a anaacutelisedas margens de lucro praticadas

A loacutegica do modelo ECD estaacute em identificar variaacuteveisda estrutura de mercado que expliquem o comportamentodas firmas e por conseguinte o desempenho do setorAssim a conduta das firmas estaacute fortemente condicionadaaos paracircmetros estruturais do mercado em que atuam e daopccedilatildeo estrateacutegica conjunta das firmas resulta o desempenhodo setor Trata-se de um modelo que analisa as relaccedilotildees decausalidade entre os fatores Segundo Fagundes e Ponde(1998) considerando esse modelo de anaacutelise os preccedilos eas margens de lucro seratildeo tanto maiores quanto maior oniacutevel de coordenaccedilatildeo das empresas (acordos taacutecitoslideranccedila de preccedilos ou formaccedilatildeo de cartel) e quanto maiorfor a ameaccedila de entrada de novos concorrentes atraiacutedospelas margens de lucro praticadas no setor Com base emBain (1956) os autores afirmam que comportamentos

colusivos satildeo mais facilmente implementados quando onuacutemero de empresas na induacutestria eacute reduzido Daiacute adveacutem aimportacircncia de se identificar o niacutevel de concentraccedilatildeo dainduacutestria para a anaacutelise da estrutura do mercado visto queidentificar estrutura de custos das empresas eespecificamente avaliar se o preccedilo praticado eacute superior aocusto marginal de produccedilatildeo natildeo eacute tarefa trivial Aleacutem doniacutevel de concentraccedilatildeo outro paracircmetro fundamental nessemodelo eacute a existecircncia de barreiras agrave entrada sendo essasde quatro categorias i) diferenciaccedilatildeo de produto ii)vantagens absolutas de custo iii) economias de escala eiv) investimentos iniciais elevados

Pode-se afirmar que esse modelo permite aelaboraccedilatildeo de algumas hipoacuteteses i) a estrutura influenciaa conduta quanto maior o niacutevel de concentraccedilatildeo dainduacutestria menor o comportamento competitivo entre asempresas ii) a conduta influencia o desempenho menor aconcorrecircncia maior o poder de mercado e menor a eficiecircnciasocial e logo iii) estrutura influencia o desempenho maiorconcentraccedilatildeo maior poder de mercado Atualmente omodelo ECD eacute considerado insuficiente para uma completaanaacutelise da organizaccedilatildeo e desempenho da induacutestria Asquestotildees relativas a preccedilo marginal e lucro explicamsomente parte do desempenho do mercado em outraspalavras explicam somente a sua eficiecircncia alocativaOutras dimensotildees devem ser consideradas tais comoavanccedilos tecnoloacutegicos distribuiccedilatildeo das rendas aferidas e aeficiecircncia teacutecnica (CONNOR 1990)

A ldquoTeoria dos Mercados Contestaacuteveisrdquo(BAUMOL PANZAR WILLIG 1982) questiona opressuposto de que mercados concentrados implicampoder de mercado O autor defende que mercadosoligopoliacutesticos ou ateacute mesmo os monopoliacutesticos podemter comportamento competitivo a depender dapossibilidade da concorrecircncia potencial resultante daentrada de novas empresas e da importaccedilatildeo dos produtosNesse modelo de anaacutelise a estrutura de mercado eacute definidaendoacutegenamente a partir das teacutecnicas de produccedilatildeo dotamanho do mercado e da concorrecircncia potencial(FAGUNDES PONDE 1998) e natildeo exoacutegenamente comodefende a ECD

Para Fagundes e Ponde (1998) um mercado eacuteperfeitamente contestaacutevel se os concorrentes potenciaistecircm acesso agrave tecnologia disponiacutevel e podem recuperar seuscustos de entrada caso posteriormente decidamabandonar a induacutestria A existecircncia de barreiras agrave entradaeou agrave saiacuteda eacute fator determinante para a contestabilidadedo mercado impactando o poder das empresas que oconstitui Os mercados mesmo com estrutura altamente

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concentrada podem ser competitivos desde que sejamcontestaacuteveis Para Baumol Panzar e Willig (1982) aseconomias de escala soacute dificultam a entrada em mercadosque natildeo satildeo perfeitamente contestaacuteveis Para esses autoresa existecircncia de custos irrecuperaacuteveis (sunk costs) adisponibilidade e acesso agrave tecnologia bem como a reaccedilatildeodas firmas frente a potenciais entrantes (accedilotildees deretaliaccedilatildeo) devem ser consideradas na anaacutelise decontestabilidade de um mercado

A ideacuteia de que a existecircncia de oligopoacutelios natildeoimplica necessariamente poder de mercado tem no aporteteoacuterico da ECT - Economia de Custos de Transaccedilatildeo - maisum argumento Williamson (1985) advoga que a integraccedilatildeovertical pode resultar da necessidade de minimizar os custosde transaccedilatildeo O arcabouccedilo teoacuterico da ECT defende que aintegraccedilatildeo vertical representa uma opccedilatildeo diante doselevados custos de transaccedilatildeo existentes no mercadoquando ativos especiacuteficos satildeo transacionados em ambientede incerteza Esse enfoque trata a eficiecircncia sob a oacuteticados custos de transaccedilatildeo e natildeo mais sob a oacutetica damaximizaccedilatildeo da eficiecircncia alocativa dos recursosprodutivos

A preocupaccedilatildeo com a promoccedilatildeo da concorrecircnciaestaacute relacionada com a busca do bem- estar econocircmicoPor mais que a defesa da concorrecircncia esteja preocupadaem analisar o efeito de atos de concentraccedilatildeo no bem-estareconocircmico em que os niacuteveis de concentraccedilatildeo do mercadofornecem indicadores importantes para a anaacutelise eacuteimportante tambeacutem considerar as eficiecircncias econocircmicasgeradas De acordo com a SEAESDE satildeo eficiecircnciaseconocircmicas ldquoas melhorias nas condiccedilotildees de produccedilatildeodistribuiccedilatildeo e consumo de bens e serviccedilos gerados peloato que natildeo possam ser obtidos de outra maneira(ldquoeficiecircncias especiacuteficasrdquo do ato) e que sejam persistentesa longo prazo6

Com base no ldquoGuia de Anaacutelise Econocircmica de Atosde Concentraccedilatildeo Horizontalrdquo os atos de concentraccedilatildeodevem ser analisados a partir de i) definiccedilatildeo de mercadorelevante ii) determinaccedilatildeo de parcela de mercado iii) exameda probabilidade de exerciacutecio de poder de mercado iv)exame das eficiecircncias econocircmicas geradas e vi) avaliaccedilatildeodos efeitos liacutequidos do ato de concentraccedilatildeo em anaacutelise Oguia que daacute suporte agraves decisotildees do CADE considera comoelementos de anaacutelise fundamentos dos trecircs aportesteoacutericos tratados neste artigo a saber i) grau deconcentraccedilatildeo (ECD) ii) barreiras agrave entrada e importaccedilatildeovariaacuteveis para estudo da probabilidade de exerciacutecio depoder de mercado (mercados contestaacuteveis) e iii) eficiecircnciaeconocircmica (ECT)

4 O SAG exportador de carne bovina

O Sistema Agroindustrial exportador de carnebovina apresenta um importante salto quantitativoConsiderando as exportaccedilotildees totais de carne bovina7 ocrescimento eacute superior a 1000 para quantidade exportadae 800 para valores no periacuteodo de 1996 a 2007 (MDICSECEX8) O maior incremento eacute observado com asexportaccedilotildees de carne in natura alcanccedilando ganhos de2656 em quantidade e 1694 em valor Os dados deexportaccedilatildeo ndash quantidade e valor por produto exportado ndashestatildeo apresentados na Tabela 1

Do total do valor exportado em 2007 83 eacute oriundode carne in natura e 17 das carnes industrializadas Ocrescimento do valor das exportaccedilotildees e importaccedilotildees totaisde 1996 a 2007 eacute apresentado na Figura 1 Constata-se queo saldo do comeacutercio eacute crescente no periacuteodo partindo deUS$ 253 milhotildees em 1996 e alcanccedilando em 2007 o patamarde US$ 4 bilhotildees em 2007

Analisando os dados observa-se que os preccedilosapresentam queda de 1996 a 2002 quando ocorre umarecuperaccedilatildeo (Figura 2) De modo geral os preccedilos praticadosem 2007 foram 35 inferiores aos de 1996 para a carne innatura e 23 para carnes industrializadas A partir de 2001os valores meacutedios de carne industrializada tornam-sesuperiores aos da carne in natura A valorizaccedilatildeo da carneindustrializada estaacute relacionada ao acesso a mercados queremuneram melhor o produto poreacutem apresentam restriccedilotildeesagrave carne in natura brasileira por exemplo paiacuteses da Europae os Estados Unidos

A relevacircncia das exportaccedilotildees de carne bovina eacutetambeacutem avaliada pela participaccedilatildeo da exportaccedilatildeo no totalproduzido no Paiacutes O crescimento da participaccedilatildeo dasexportaccedilotildees na produccedilatildeo nacional de carne eacute apresentadona Tabela 2 As exportaccedilotildees de carne bovina que eramirrelevantes haacute 10 anos assumem papel preponderante nasdecisotildees estrateacutegicas do setor De pouco mais de 4 daproduccedilatildeo nacional em 2007 alcanccedila quase 30

A importacircncia do SAG exportador eacute confirmadatambeacutem com a participaccedilatildeo do Brasil nas exportaccedilotildees totaismundiais Em 2007 analisando dados do Ministeacuterio deDesenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio e os apresentados

6Guia para Anaacutelise Econocircmica de Atos de ConcentraccedilatildeoHorizontal 2001 p 57NCM 02011000 a 02023000 (carne in natura) 16025000(carne industrializada)8Ministeacuterio de Desenvolvimento Induacutestria e ComeacutercioSecretariade Comeacutercio Exterior

Estrutura e conduta da agroinduacutestria exportadora de carne 97

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TABELA 1 ndash Exportaccedilotildees carne bovina (1996 a 2007)

Quantidade (ton) Valores (1000 US$ FOB) Total

Ano in natura industrializada in natura industrializada Qtdade Valor

1996 46656 87650 194305 236323 134306 430628

1997 52441 87596 196295 231816 140037 428112

1998 80850 106050 276595 296233 186900 572829

1999 150765 138008 443838 318106 288774 761944

2000 188656 123410 503299 251884 312066 755183

2001 368288 124287 738806 252100 492574 990906

2002 430278 147770 776334 298538 578047 1074872

2003 620118 160764 1154510 338344 780881 1492854

2004 925082 171176 1963106 446980 1096258 2410086

2005 1085591 178602 2419111 524704 1264193 2943815

2006 1225423 203084 3134506 654172 1428506 3788678

2007 1285807 209487 3485726 693992 1495293 4179718

Fonte MDIC ndash SECEX

pelo Anualpec (2008) as exportaccedilotildees brasileiras respondempor 2885 das exportaccedilotildees mundiais A evoluccedilatildeo dasexportaccedilotildees mundiais e do Brasil estaacute apresentada naFigura 3

A lideranccedila no mercado mundial pode ser explicadaa partir de alguns fatores conjunturais entre outros i)

incidecircncia da mal da vaca louca na deacutecada passada ii)reduccedilatildeo do rebanho norte-americano iii) alto custo deproduccedilatildeo de carne bovina na Europa e iv) seca australiana

Para finalizar a apresentaccedilatildeo de dados do setor eacuteimportante identificar o destino das exportaccedilotildees brasileirasEm 2007 a partir de dados da ABIEC os principais paiacuteses

FIGURA 1 ndash Balanccedilo das exportaccedilotildees e importaccedilotildees (1996 a 2007)Fonte MDIC-SECEX

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TABELA 2 ndash Participaccedilatildeo das exportaccedilotildees na produccedilatildeo nacional

Ano Produccedilatildeo ()

Exportaccedilatildeo()

(carne bovina in natura e

industrializada) Participaccedilatildeo

1996 6794315 279778 412

1997 6467151 287162 444

1998 6688072 370230 554

1999 6567033 541016 824

2000 6455921 553777 858

2001 6753739 789490 1169

2002 6952308 928785 1336

2003 7159240 1208062 1687

2004 7576933 1630547 2152

2005 8151498 1857773 2279

2006 8600230 2100758 2443

2007 7783293 2195265 2820

Fonte () FNP ndash Anualpec (2008) ndash produccedilatildeo em tonelada equivalente carcaccedila() MDIC-SECEX ndash exportaccedilatildeo em ton eq carcaccedila (para a conversatildeo o total exportado em toneladas foi multiplicado pelo fator130 para carne in natura e 25 para carne industrializada) - Dados elaborados pelos autores

importadores de carne bovina brasileira foram Ruacutessia EgitoHong Kong Reino Unido Estados Unidos HolandaAlemanha Itaacutelia Iratilde Argeacutelia Venezuela e Araacutebia SauditaEsses paiacuteses em conjunto satildeo responsaacuteveis por 82 dos

valores exportados de carne bovina em 2007(ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DAS INDUacuteSTRIASEXPORTADORAS DE CARNE - ABIEC 2008) Mais de140 paiacuteses satildeo clientes da carne brasileira contra 20 paiacuteses

FIGURA 2 ndash Preccedilos meacutedios ndash exportaccedilatildeo de carne bovina (1996 a 2007)Fonte MDIC-SECEX

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haacute alguns anos demonstrando claramente o esforccedilo dainduacutestria frigoriacutefica na prospecccedilatildeo de novos mercadosTodos os dados apresentados comprovam o inequiacutevocoganho de competitividade do SAG exportador da carnebovina

Natildeo se pode deixar de destacar que acompetitividade da carne bovina brasileira eacute baseada nofator preccedilo Farina e Nunes (2003) apontam que embora ofator institucional seja relevante para a competitividadedesse setor eacute o preccedilo que ainda rege as exportaccedilotildees Opreccedilo competitivo da carne bovina brasileira eacute fruto dasvantagens comparativas do paiacutes gado a pasto largasextensotildees de terras e clima Isso poreacutem natildeo exime o paiacutesde promover mudanccedilas importantes para sustentar ocrescimento das exportaccedilotildees de carne bovinaprincipalmente em relaccedilatildeo agrave garantia de sanidade dorebanho e agrave implantaccedilatildeo de um sistema efetivo derastreabilidade

41 A induacutestria frigoriacutefica exportadora

Caracterizar a induacutestria frigoriacutefica nacional natildeo eacuteuma tarefa simples dada a sua grande diversidade Demodo geral as plantas industriais se classificam em i)matadouros quando praticam o abate e natildeo dispotildeem deinstalaccedilotildees para congelamento comercializando a carnein natura ii) matadouros ndash frigoriacuteficos quando aleacutem doabate possuem estruturas que permitem o congelamentoe manipulaccedilatildeo de carcaccedilas como cacircmaras frias eiii)frigoriacuteficos processadores empresas de melhor aportetecnoloacutegico que realizam o processamento da carne bovinaaproveitando os subprodutos (SILVA BATALHA 1999)

Os frigoriacuteficos exportadores (abate e processamentode carne) respondem ao Serviccedilo de Inspeccedilatildeo Federal (SIF)sendo classificados a partir do destino das suasexportaccedilotildees As plantas frigoriacuteficas podem ser habilitadaspara a chamada ldquoLista Geralrdquo9 Uniatildeo Europeacuteia (Lista Geralmais paiacuteses da UE) e Estados Unidos (todos os anterioresacrescidos desse uacuteltimo) A habilitaccedilatildeo para Uniatildeo Europeacuteiae para os Estados Unidos implica em maiores exigecircnciaspor parte das vistorias realizadas pelos oacutergatildeos de inspeccedilatildeodos paiacuteses em questatildeo

Entre os principais frigoriacuteficos exportadores comvalores exportados em faixa superior a US$ 50 milhotildeesdestacam-se JBS SA (JBS-Friboi) Bertin SA MarfrigInduacutestria e Comeacutercio de Alimentos SA Minerva SAFrigoriacutefico Mercosul SA Independecircncia SA QuatroMarcos Ltda Frigoriacutefico Mataboi SA Frigoriacutefico MargemLtda e Frigol Comercial Ltda As plantas industriaislocalizam-se em diferentes estados com concentraccedilatildeo nos

estados do Norte Sudeste (SP e MG) e Centro-Oeste doPaiacutes Conta-se em torno de 30 empresas frigoriacuteficasprocessadoras de carne bovina com exportaccedilotildeesregistradas em 20072008 (MDIC-SECEX)

O faturamento dos principais frigoriacuteficosexportadores de carne bovina a localizaccedilatildeo das suasplantas industriais e o porcentual da produccedilatildeo exportada eacuteapresentado no Quadro 1 Os dados de receita liacutequidarepresentam o faturamento das empresas no setor dealimentos Considerando-se o faturamento liacutequido e arelevacircncia das exportaccedilotildees para essas empresas eacute possiacutevelafirmar que as empresas discriminadas abaixo respondempor parcela significativa das exportaccedilotildees nacionais decarne bovina

Apesar da distribuiccedilatildeo das plantas industriais emdiferentes estados do Paiacutes de acordo com Pineda (2008)apenas 18 frigoriacuteficos respondem por 98 das exportaccedilotildeesbrasileiras sendo que os cinco maiores controlam 65 domercado exportador

O ldquopress releaserdquo do Frigoriacutefico Minerva (fevereiro2008) com base no SECEX aponta o Minerva como oterceiro maior exportador de carne bovina couro e boi-vivo do paiacutes sendo o Bertin o segundo e o JBS-Friboi oprimeiro em embarques O ldquomarket sharerdquo das empresas eacuteapresentado no Quadro 2 Considerando-se somente carnebovina o segundo maior exportador seria o Marfrig (Valoreconocircmico 200610)

A crescente participaccedilatildeo do Brasil no mercadointernacional eacute acompanhada por importantes mudanccedilasestruturais na induacutestria frigoriacutefica nacional Inicia-se umintenso movimento de internacionalizaccedilatildeo das empresas apartir de 2005 com aquisiccedilatildeo de unidades industriais noChile Argentina Paraguai Estados Unidos Austraacutelia eEuropa As empresas brasileiras controlam 25 dasexportaccedilotildees argentinas de carne e 40 da cota Hilton11As aquisiccedilotildees no exterior feitas pelas empresas JBS-Friboie Marfrig levam o paiacutes a deter 51 da exportaccedilatildeo global decarnes (NEVES SAAB 2008)

A partir de 2005 o JBS Friboi adquire empresas nosEstados Unidos e Austraacutelia somando um faturamento

9Inclui todos os paiacuteses com exceccedilatildeo dos paiacuteses da Uniatildeo Europeacuteia(UE) e Estados Unidos10Valor Econocircmico 29112006 ldquoCapitalizado Marfrig fechanova aquisiccedilatildeo no Uruguai11A cota Hilton eacute constituiacuteda de cortes do quarto traseiro deanimais jovens e seu preccedilo no mercado internacional eacute superiorao preccedilo de carne comum A cota anual de 59100 t eacute fixa e a elasomente tecircm acesso os paiacuteses credenciados

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aproximado US$ 215 bilhotildees proacuteximo da Tyson Foodscom US$ 25 bilhotildees (Gazeta Mercantil12) Representantesde organizaccedilotildees de classe (consumidores produtores einduacutestria) nos Estados Unidos e na Austraacutelia jaacute sepronunciam contra as aquisiccedilotildees feitas pela JBS-Friboi13Alega-se que com a compra de algumas empresas de abatee processamento de carne bovina da Austraacutelia o JBScontrolaria 10 da oferta de carne bovina do mundo e

QUADRO 1 ndash Dados gerais de alguns frigoriacuteficos exportadores

Empresa Localizaccedilatildeo (plantas no Brasil) Capacidade de abate (cabdia)

Produccedilatildeo destinada agrave exportaccedilatildeo

Rec Liacutequida (R$ mi 2007)

() Bertin SA GO MG MS SP PA TO 12650 () 50 36158

Independecircncia GO MG MS MT RO SP TO 9500 () 63 15450 ()

JBS ndash Friboi AC GO MG MS MT PR RO SP 18400 () 5228 () 39562 Marfrig MS GO RS RO MT SP 13300 () 50 21305

Margem GO MS MT RO SP PA PR TO 8500 () nd nd

Mataboi MG nd nd 40220 MERCOSUL MS PR RS nd nd 7534

Minerva GO MS SP TO 5400 () 70 () 11891

Quatro Marcos GO MT 2000 () nd 7459

Frigol SP nd nd 2341

Frigoestrela SP 1500 nd nd

Frisa BA ES MG 1000 nd 2882

Fonte () Jornal Valor Econocircmico ndash 062008 (ldquoJBS ganha rival com potencial de abate maiorrdquo) () web site da empresa()Valor econocircmico ndash Ranking setor de alimentos ndash quadro elaborado pelos autores nd ndash natildeo disponiacutevel

32 da capacidade de abate da induacutestria dos EUA A JBS-Friboi teria somente dois competidores importantes nosEstados UnidosTyson e Cargill

A internacionalizaccedilatildeo do setor eacute acompanhada peladiversificaccedilatildeo de atividades O Bertin aleacutem das atividades

12Gazeta Mercantil ndash 0603200813Beef Point (2008)

FIGURA 3 ndash Exportaccedilotildees mundiais e BrasilFonte Elaborado pelos autores com base em USDA Anualpec (2008) e MDIC-SECEX

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de abate e processamento de carne bovina atua tambeacutemnos setores de laacutecteos (compra da Vigor) higiene limpezae cosmeacuteticos aleacutem de usinas de biodiesel curtumes esaneamento baacutesico Recentemente observa-se a tendecircnciadas empresas frigoriacuteficas operarem tambeacutem nos setores deavicultura e suinocultura inclusive com a aquisiccedilatildeo deunidades tradicionais desses setores no Brasil e em outrospaiacuteses a exemplo da recente aquisiccedilatildeo da Carrolrsquos FoodBrasil (suinocultura) e da OSI (avicultura) pelo Marfrig

Essa tendecircncia de internacionalizaccedilatildeo e diversificaccedilatildeoocorre em paralelo a um movimento de concentraccedilatildeo dasempresas no Brasil Unidades industriais menores satildeoadquiridas pelas empresas liacutederes do setor Recentementeo Goiaacutes Carne Alimento SA foi adquirido pelo FrigoriacuteficoIndependecircncia Alimentos e o Lord Meat SA pelo FrigoriacuteficoMinerva A diversificaccedilatildeo regional ocorre natildeo soacute pelaaquisiccedilatildeo de plantas industriais menores como tambeacutem porinvestimentos proacuteprios em novas unidades O FrigoriacuteficoMinerva investe em novas unidades em Rolim Moura (RO)e Redenccedilatildeo do Paraacute (PA) o que lhe permitiraacute elevar suacapacidade de abate para 7850 cabeccedilasdia

A maior profissionalizaccedilatildeo e as perspectivaspositivas para o setor de carne bovina explicam a entradanesse mercado de empresas alimentiacutecias tradicionais comoa Sadia e a Perdigatildeo Em 2006 a Sadia reassume a plantaarrendada ao Friboi no Mato Grosso e faz investimentosda ordem de R$ 100 milhotildees em nova unidade A Perdigatildeotambeacutem investe em novas unidades no Mato Grosso epretende alcanccedilar um total de 6000 animais abatidos pordia em 201114

A integraccedilatildeo vertical eacute tambeacutem uma estrateacutegia dosetor a exemplo da produccedilatildeo de animais em confinamentosem fazendas proacuteprias Vaacuterios frigoriacuteficos possuemproduccedilatildeo proacutepria de bovinos para abate realizandoprincipalmente a fase final de terminaccedilatildeo (NEVES SAAB2008) A JBS ndash Friboi com a recente aquisiccedilatildeo da Tasmanna Austraacutelia incorpora em seu ativo um confinamento de25000 cabeccedilas de bovinos e 45000 de ovinos

A crescente profissionalizaccedilatildeo da induacutestriafrigoriacutefica nacional passa pela busca de financiamentoprivado para a realizaccedilatildeo de investimentos no setor(aquisiccedilatildeo internacionalizaccedilatildeo e diversificaccedilatildeo das plantasindustriais) Uma das opccedilotildees eacute o mercado de capitais Eacuterecente a tendecircncia de abertura de capital das empresasdo agronegoacutecio na Bovespa especificamente no ldquoNovoMercadordquo em que as praacuteticas de governanccedila satildeo maisriacutegidas do que as exigidas para outros segmentos delistagem na Bolsa Entre essas empresas destacam-sealguns frigoriacuteficos i) Frigoriacutefico Minerva ii) Frigoriacutefico

Marfrig e iii) JBS ndash Friboi A oferta puacuteblica inicial15 dasaccedilotildees dessas empresas totalizou R$ 3082 milhotildees sendoR$ 444 milhatildeo do Minerva R$ 1021 milhatildeo do Marfrig e R$1617 milhatildeo do JBS - Friboi

5 ANAacuteLISE DOS DADOS

Neste toacutepico analisam-se a estrutura de mercadoda induacutestria frigoriacutefica exportadora de carne bovina aevoluccedilatildeo dos preccedilos da carne exportada e o impacto dessespreccedilos praticado no mercado interno

51 Anaacutelise da estrutura de mercado

Com base no ldquoGuia de Anaacutelise Econocircmica de Atosde Concentraccedilatildeo Horizontalrdquo os atos de concentraccedilatildeodevem ser analisados a partir de i) definiccedilatildeo de mercadorelevante ii) determinaccedilatildeo de parcela de mercado iii) exameda probabilidade de exerciacutecio de poder de mercado iv)exame das eficiecircncias econocircmicas geradas e vi) avaliaccedilatildeodos efeitos liacutequidos do ato de concentraccedilatildeo em anaacutelise

De acordo com o Guia de Anaacutelise o mercadorelevante eacute definido como o menor grupo de produtos e amenor aacuterea geograacutefica necessaacuteria para que um supostomonopolista esteja em condiccedilotildees de impor um ldquopequenoporeacutem significativo e natildeo transitoacuteriordquo aumento de preccedilosQuanto agrave concentraccedilatildeo se a participaccedilatildeo de mercado forigual ou superior a 20 do mercado relevante o mercado eacutecaracterizado como ldquounilateralrdquo Se o CR

416 for maior ou

igual a 75 e a participaccedilatildeo de mercado da empresa emanaacutelise for igual ou superior a 10 do mercado relevantetem-se um mercado ldquocoordenadordquo Analisando-se aimportaccedilatildeo eacute importante avaliar se essa chega a 30 dovalor do consumo aparente O grau de dependecircncia daimportaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos produtores locais existecircncia decontratos de exclusividade entre importadores locais eempresas estrangeiras capacidade dos importadores paraacomodar incrementos nas exportaccedilotildees sem investir emnovos ativos fiacutesicos satildeo tambeacutem fatores avaliados

Quanto agraves barreiras agrave entrada tecircm-se como exemplosos custos irrecuperaacuteveis as barreiras legais ou regulatoacuteriasas economias de escala e escopo entre outros fatores Deacordo com Saes et al (2008) economias de escala ocorremquando a elevaccedilatildeo da produccedilatildeo da firma estaacute associada a

14 Portal DBO - as informaccedilotildees satildeo da Agecircncia ldquoAnbardquo ndash 29060715Em inglecircs a sigla IPO ndash Initial Public Offering16Razatildeo de Concentraccedilatildeo (CR

k) - A razatildeo de concentraccedilatildeo das k

maiores empresas calcula a proporccedilatildeo do valor total que eacutedominada por essas empresas pertencentes a determinado setor

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custos meacutedios decrescentes Os custos meacutedios podemdiminuir entre outros fatores por que (i) os custos fixos satildeouma parcela substantiva dos custos totais (ii) aprodutividade do trabalho aumenta (iii) a produtividade docapital se eleva (iv) as propriedades fiacutesicas do equipamentoou propriedades dos processos produtivos podem gerareconomias17 A presenccedila de economias de escala eacuteprovavelmente a explicaccedilatildeo mais relevante para o fato dealgumas induacutestrias serem mais concentradas que outras

Ainda segundo a portaria da SEAESDE queembasa as decisotildees do CADE a entrada de novasempresas no setor pode ser (i) tempestiva (quando puderocorrer em um tempo razoaacutevel ndash 2 anos) (ii) provaacutevel(quando for economicamente lucrativa a preccedilos preacute-concentraccedilatildeo) e (iii) suficiente (quando permitir que todasas oportunidades de venda sejam adequadamenteexploradas) A rivalidade das empresas eacute analisadaconsiderando-se o nuacutemero de empresas no mercadoexistecircncia de produto eou empresas homogecircneasdisponibilidade de informaccedilotildees sobre os competidorescondutas empresariais ainda que natildeo necessariamentelegais e a possibilidade de supervisatildeo de condutas

Com base nesses pressupostos a caracterizaccedilatildeoda estrutura de mercado da induacutestria frigoriacutefica exportadorade carne bovina eacute apresentada no quadro 3

Analisando o conjunto de informaccedilotildees e dadosapresentados neste artigo considera-se que o mercadorelevante eacute nacional As induacutestrias frigoriacuteficas estatildeo localizadasem diferentes estados brasileiros Observa-se nos estadosdo Sudeste e Centro-Oeste a existecircncia de unidades industriaisproacuteximas agraves das empresas concorrentes Nessa induacutestria umfator relevante para sua competitividade eacute a localizaccedilatildeo dasplantas sendo o raio oacutetimo de atuaccedilatildeo em torno de 300 Km(SILVA BATALHA 2000)

Calcular o grau de concentraccedilatildeo dessa induacutestrianatildeo eacute trivial Informaccedilotildees de valores exportados porempresa satildeo consideradas estrateacutegicas e natildeo satildeodivulgadas oficialmente Considerando o mercado nacionaltotal (Quadro 2) o CR

4 eacute baixo poreacutem ao se analisar a

participaccedilatildeo dessas mesmas induacutestrias nas exportaccedilotildeesbrasileiras (Quadro 1) pode-se inferir que a concentraccedilatildeodo setor exportador eacute uma realidade

A principal barreira agrave entrada eacute escala As recentesaquisiccedilotildees e os investimentos em novas unidades deproduccedilatildeo sinalizam para a necessidade de se aumentar acapacidade de abate e processamento das plantasindustriais De acordo com estudo feito por Silva e Batalha(2000) no Brasil existe grande diversidade de tamanho deplantas (500 a 2000 abatesdia) Constata-se poreacutem que

as novas unidades em fase de implantaccedilatildeo apresentamescala superior a 1000 animaisdia18 A despeito do altovalor de investimento em torno de R$ 50 a 70 milhotildees paraum abate de 1000 a 1600 cabeccedilasdia e o necessaacuterioconhecimento do mercado de carne natildeo haacute barreirastecnoloacutegicas ou de regulamentaccedilatildeo

No que se refere agraves importaccedilotildees entende-se que asua pequena relevacircncia no mercado nacional de carnebovina decorre da competitividade do produto nacionalprincipalmente em relaccedilatildeo ao fator preccedilo natildeo refletindoportanto exerciacutecio de poder de mercado das empresas Anecessaacuteria otimizaccedilatildeo das plantas industriais e atualmentea reduzida oferta de animais implica forte rivalidade dasempresas na busca por fornecedores Os programas dequalidade criados pelos frigoriacuteficos configuram umatentativa de estabelecer criteacuterios para tipificaccedilatildeo de carcaccedilascom preccedilos diferenciados para animais de maior qualidade

Existem no entanto indiacutecios de tentativa decoordenaccedilatildeo no estabelecimento de preccedilos para a aquisiccedilatildeode animais Recentemente em processo aberto junto aoCADE19 representaccedilotildees do setor de produccedilatildeo CNA20 eComissatildeo de Agricultura Pecuaacuteria Abastecimento eDesenvolvimento Rural da Cacircmara dos Deputadosacusaram de praacutetica de cartel um conjunto de induacutestriasfrigoriacuteficas especificamente de uniformizaccedilatildeo de criteacuteriospara a compra de animais para abate e acordo sobreporcentuais de desconto em relaccedilatildeo ao preccedilo do animalpadratildeo Como resultado desse processo em 2007 o CADEcondenou os frigoriacuteficos Mataboi Bertin Franco Fabril eMinerva por formaccedilatildeo de cartel O JBS-Friboi a fim deencerrar as investigaccedilotildees concordou em pagar uma multada ordem de R$ 137 milhotildees aleacutem de adotar um programade prevenccedilatildeo de condutas anticompetitivas

52 Anaacutelise dos preccedilos

Para complementar a anaacutelise da estrutura demercado procedeu-se agrave uma avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo dospreccedilos da carne bovina in natura e da carne industrializadaexportadas no periacuteodo de 1996 a 2008 (Figura 4)

17Guia para Anaacutelise Econocircmica de Atos de ConcentraccedilatildeoHorizontal Portaria Conjunta SEAESDE18Bertin 3000 cabdia (Campo GrandeMS) Minerva 1000cabeccedilasdia (Rolim de MouraRO) e Tatuibi 1600 (Chapadatildeo doSulMS) - Informaccedilotildees levantadas nos websites das empresasfrigoriacuteficas e junto agrave empresas de consultoria do setor19Conselho Administrativo de Defesa Econocircmica20Confederaccedilatildeo Nacional de Agricultura

Estrutura e conduta da agroinduacutestria exportadora de carne 103

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QUADRO 3 ndash Estrutura de Mercado da Induacutestria Frigoriacutefica Exportadora

Fatores analisados

Mercado Relevante Nacional

Grau de Concentraccedilatildeo Baixo (CR4=4450)

Barreiras agrave entrada Meacutedia

Importaccedilatildeo Baixa

Entrada de novas empresas Provaacutevel

Rivalidade entre empresas Alta

Fonte elaborada pelos autores() caacutelculo do CR

4 foi baseado nas informaccedilotildees apresentadas no Quadro 2 que tratam do mercado nacional e natildeo o SAG exportador

Observa-se que a meacutedia mensal dos preccedilosalcanccedilados no mercado internacional pela carne bovinaindustrializada brasileira eacute superior ao da carne in natura apartir de 2002 sendo crescente para ambos os tipos deproduto a partir dessa data No entanto o preccedilo meacutedioalcanccedilado pelas exportaccedilotildees da Argentina e Uruguai eacutesuperior ao da carne brasileira exportada (ANUALPEC2008)

Quanto aos preccedilos do boi-gordo no mercado internode Satildeo Paulo (Figura 5) observa-se estabilidade ateacute 2007poreacutem com preccedilos inferiores a US$ 15Kg no periacuteodo de1999 a 2006 A partir de 2007 observa-se um crescimentosignificativo nos preccedilos meacutedios mensais em Satildeo Paulo

Uma das questotildees de pesquisa apresentadas nesteartigo eacute avaliar o impacto do preccedilo alcanccedilado pela carnebrasileira no mercado internacional sobre o preccedilo da arrobano mercado interno Para tanto se propotildee um modelo com

algumas das principais variaacuteveis deste mercado No totaltem-se 149 observaccedilotildees resultado dos valores mensaismeacutedios de janeiro de 1996 a maio de 200821

Os valores foram transformados em logaritmosneperianos de modo a se desenvolver uma anaacutelise combase nas elasticidades Antes da anaacutelise dos dados foifeito um teste de estacionalidade nas referidas variaacuteveis eobservou-se que essas natildeo eram estacionaacuterias pois todasapresentavam raiz unitaacuteria Esse fato inviabiliza o uso domeacutetodo de miacutenimo quadrado ordinaacuterio (MQO) pois asimples utilizaccedilatildeo desse meacutetodo poderia gerar umaregressatildeo espuacuteria No entanto como as suas primeirasdiferenccedilas foram testadas e satildeo estacionaacuterias eacute possiacutevel a

21Ao se considerar o abate e a defasagem de 36 meses perdem-se48 observaccedilotildees Fica-se assim com 101 observaccedilotildees na regressatildeo

QUADRO 2 ndash Market Share dos principais frigoriacuteficos (mercado nacional)

Exportaccedilatildeo Frigoriacuteficos 2007 US$ Fob (em mi)

Ranking setor 2007 Partic Total 2007

JBS - Friboi 1070 1ordm 158 Bertin 924 2ordm 137

Minerva 546 3ordm 81

Marfrig 469 4ordm 69

Independecircncia 361 5ordm 53

Quatro Marcos 161 6ordm 24

MERCOSUL 109 7ordm 16

Margen 105 8ordm 16

Mataboi 95 9ordm 14

Outros 2926 432

Total 6766

Fonte ndash Minerva Press Release SECEX (inclui carne bovina in natura industrializada couro e boi-vivo)

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elaboraccedilatildeo de regressotildees das variaacuteveis desde que essassejam transformadas (ENDERS 2004) Os modelos deregressatildeo utilizados com as variaacuteveis transformadas foi ode vetor autorregressivo (VAR) com as oito primeirasdefasagens valor oacutetimo segundo o criteacuterio AkaikeInformation Criterion (AIC) (GREENE 2003 GUJARATI2003) Como resultados dessas anaacutelises surge um modelofinal (Modelo 1) Os resultados das estimaccedilotildees de seuscoeficientes estatildeo descritos abaixo assim como os seusvalores do erro padratildeo em ( ) e o valor da estatiacutestica z em [ ](Quadro 4)

OndeY = Primeira diferenccedila do logaritmo neperiano da meacutediamensal do preccedilo do boi em R$Kg ndash PrimDifLnPrecoIntSPK = ConstanteX

1di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano da meacutedia mensal do preccedilo do boi em R$Kg ndashPrimDifLnPrecoIntSPX

2di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano da meacutedia mensal do preccedilo em R$Kg da carnebovina in natura exportada ndash PrimDifLnPrecoInNatX

3di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano da meacutedia mensal do preccedilo em R$Kg da carnebovina industrializada exportada ndash PrimDifLnPrecoIndustX

4di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do cacircmbio (R$US$) ndash PrimDifLnCambioX

5di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do abate de animais em milhotildees de cabeccedilas-PrimDifLnAbateTMilhaoX

6di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do abate de fecircmeas em cabeccedilas ndashPrimDifLnAbateFem eX

7di= Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do iacutendice de porcentagem de abate de fecircmeasdefasados em 36 periacuteodos ndash PrimDifLnIndAbateFemL36

Esse modelo de VAR eacute estaacutevel tem resiacuteduos comdistribuiccedilatildeo normal e R2 de 06715 indicando assim que asvariaacuteveis independentes explicam mais de 67 da variacircnciados dados Esse modelo apresentou significacircncia em todosos seus paracircmetros estimados seja na constante ou nasvariaacuteveis estudadas sendo descritas abaixo as diferentesdefasagens em que essas variaacuteveis foram significativas

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos dos preccedilos internos de Satildeo Paulo(PrimDifLnPrecoIntSP) eacute significativa em quatro

defasagens diferentes sendo trecircs significativas a 1 (1 2e 7) e uma significativa a 10 (5) Aleacutem disso trecircsdefasagens (2 5 e 7) apresentam influecircncia negativaindicando que um aumento de 1 de seus valores reduzrespectivamente 056 023 e 051 o resultado davariaacutevel dependente Jaacute a defasagem 1 tem umcomportamento positivo ou seja um aumento de 1 emseus valores proporciona um acreacutescimo de 032 naprimeira diferenccedila dos preccedilos internos de Satildeo Paulo

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos da taxa da cacircmbio (PrimDifLnCambio) temsignificacircncia em quatro defasagens das quais duas (3 e 4)satildeo a niacutevel de 1 uma (1) a niacutevel de 5 e uma (7) a niacutevelde 10 Aleacutem disso duas dessas defasagens (1 e 7)apresentam comportamento negativo indicando que umaumento de 1 dos seus valores reduzem respectivamente039 e 031 o resultado da variaacutevel dependente Emcontraste a isso duas outras defasagens (3 e 4) apresentaminfluecircncia positiva ou seja um aumento de 1 em seusvalores acresce em respectivamente 059 e 075 adiferenccedila entre os preccedilos internos de Satildeo Paulo

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos de preccedilos in natura (PrimDifLnPrecoInNat) eacutesignificativa a niacutevel de 1 na defasagem 6 indicando queum aumento de 1 em seus valores aumenta em 032 oresultado da variaacutevel dependente

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos de preccedilos industrializados (PrimDifLnPrecoIndust)apresentou significacircncia em duas defasagens (1 e 4) sendouma delas (4) a niacutevel de 1 e com uma influecircncia negativaindicando que um aumento de 1 de seus valores reduz avariaacutevel dependente em 050 e a outra (1) a niacutevel de 10e com comportamento positivo ou seja um aumento de1 em seus valores aumenta essa diferenccedila de preccedilosinternos em 020

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos de abate em milhatildeo (PrimDifLnAbateTMilhao)foi significativa em trecircs defasagens a niacutevel de 5 (5 e 8) etambeacutem a niacutevel de 10 (6) Observa-se que as trecircs (5 6 e 8)apresentam um influecircncia negativa na variaacutevel dependentesignificando que um aumento de 1 dos seus valoresrepresentam uma reduccedilatildeo de respectivamente 048030 e 027 nos valores desta primeira diferenccedila

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos dos iacutendices porcentuais de abate de fecircmeasdefasados em 36 meses (PrimDifLnAbateFemL36) foisignificativa a niacutevel de 1 em duas defasagens (3 e 6) Haacuteduas influecircncias diferentes dessas uma negativa (6)indicando que um aumento de 1 em seus valores

Y K X1dii 1

8

X2dii 1

8

X3dii 1

8

X4 dii 1

8

X5dii 1

8

X6dii 1

8

X7di

i 1

8

(Modelo 1)

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FIGURA 4 ndash Preccedilos mensais ndash carne bovina exportada (in natura e industrializada)Fonte MDIC-SECEX - Dados elaborados pelos autores

FIGURA 5 ndash Preccedilos meacutedios mensais (US$Kg) ndash carne bovina ndash Satildeo PauloFonte CEPEA (2008) - Dados elaborados pelos autores

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representa uma reduccedilatildeo de 039 nos valores da variaacuteveldependente e uma positiva (3) em que um aumento de 1em seus valores acresce em 026 a diferenccedila entre ospreccedilos internos de Satildeo Paulo

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos do abate de fecircmeas (PrimDifLnIndAbateFem)foi significativa a niacutevel de 10 em duas defasagens (1 e 5)Quanto agraves suas influecircncias observa-se que haacute uma negativa(1) em que um aumento de 1 nos valores dessa defasagemreduz em 014 os valores da variaacutevel dependente e umapositiva (5) em que o acreacutescimo de 1 nos valores dessadefasagem aumenta em 021 os valores da diferenccedila entrepreccedilos internos em Satildeo Paulo

QUADRO 4 ndash Resultados da estimativa do modelo VAR com 8 defasagens (Modelo 1)

Variaacutevel dependente Y- Primeira Diferenccedila do Ln Preccedilo Interno de Satildeo Paulo (PrimDifLnPrecoIntSP)

Defasagem (d)

X1 X2 X3 X4 X5 X6 X7

1 03163

(01088) [290]

-03851

(01732) [-222]

00541ns

(01263) [043]

02011

(01062) [189]

00109ns

(01227) [009]

00105ns

(00830) [013]

-01419

(00815) [-174]

2 -05618

(01394) [-403)

-00404ns

(01797) [-023]

01924ns

(01317) [146]

00252ns

(01091) [023]

-02547ns

(01652) [-154]

04222ns

(00852) [050]

-00793ns

(00781) [-102]

3 00476ns

(01454) [033]

05923

(01884) [314]

-00725ns

(01343) [-054]

-00507ns

(01172) [-043]

-01874ns

(01708) [-110]

02599

(00907) [286]

-00682ns

(00851) [-080]

4 -00354ns

(01424) [-025]

07469

(02452) [304]

01456ns

(01398) [104]

-05035

(01291) [-390]

-02719ns

(01720) [-158]

-01594ns

(00961) [-166]

00335ns

(00915) [037]

5 -02348

(01404) [-167]

01769ns

(02467) [072]

00341ns

(01316) [026]

-00556ns

(01370) [-041]

-04763

(01934) [-246]

01600ns

(01011) [158]

02092

(01240) [169]

6 00825ns

(01411) [058]

-00301ns

(02040) [-015]

03185

(01148) [277]

00213ns

(01048) [020]

-02968

(01567) [-189]

-03946

(01025) [-385]

00686ns

(01244) [055]

7 -05081

(01406) [-361]

-03138

(01881) [-167]

-00108ns

(01052) [-010]

00067ns

(00939) [007]

-00667ns

(01492) [-045]

00227ns

(01188) [019]

01272ns

(01194) [106]

8 -00519ns

(01360) [-038]

00226ns

(02141) [011]

02093ns

(01015) [206]

-00373ns

(00989) [-038]

-02742

(01302) [-211]

-00119ns

(01085) [-011]

01696ns

(01058) [160]

Constante 00203

(00071) [286]

Obs = significativo agrave 1 = significativo agrave 5 = significativo agrave 10 e ns = natildeo significativo a 10 de significacircncia

6 CONCLUSOtildeES

O SAG exportador de carne bovina brasileiroapresenta uma estrutura concentrada em que um reduzidonuacutemero de empresas responde por parcela significativa dasexportaccedilotildees nacionais Essas empresas operam em todo oterritoacuterio nacional com plantas industriais exportadoraslocalizadas basicamente no Centro-Oeste Norte e Sudestedo paiacutes Identifica-se como principal barreira agrave entrada anecessidade da empresa possuir escala produtiva(capacidade de abate de animais e processamento de carne)

A importacircncia do SAG exportador de carne bovinapode tambeacutem ser demonstrada pelo impacto dos preccedilos

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alcanccedilados no mercado internacional sobre os preccedilospraticados no mercado interno Essa anaacutelise no entantoconfirma somente uma hipoacutetese de correlaccedilatildeo de preccedilossendo que um estudo sobre as variaacuteveis que impactam aformaccedilatildeo do preccedilo no mercado interno deveria contemplarum conjunto de fatores como disponibilidade de animaispara engorda oferta e demanda de carne bovina no mercadonacional e internacional Sugere-se como tema para umaagenda futura de pesquisa uma abrangente anaacutelise depreccedilos nesse SAG A relevacircncia das exportaccedilotildees para oSAG da Carne Bovina no Brasil eacute demonstrada pelacrescente participaccedilatildeo dos volumes exportados naproduccedilatildeo nacional Um indicador da eficiecircncia teacutecnica egerencial das empresas nacionais estaacute na forte tendecircnciade internacionalizaccedilatildeo com crescente participaccedilatildeo nomercado mundial de carne bovina A eficiecircncia dessainduacutestria pode tambeacutem ser observada na diversidade depaiacuteses importadores da carne brasileira

Entende-se portanto que a estrutura de mercadoda induacutestria exportadora de carne bovina brasileiraapresenta eficiecircncia econocircmica a despeito do seu grau deconcentraccedilatildeo e das barreiras agrave entrada fortementerelacionada agrave escala A contestabilidade desse mercado eacutegarantida pelo acesso e disponibilidade da necessaacuteriatecnologia para operar nesse setor pela ausecircncia debarreiras agrave saiacuteda ndash os investimentos realizados satildeofacilmente assumidos pelas empresas do setor e entrantes ndashe pela ausecircncia de barreiras agrave entrada da ordem deregulamentaccedilotildees e patentes A existecircncia de eficiecircnciaeconocircmica natildeo exime no entanto a possibilidade deexerciacutecio de poder de mercado pelas empresas liacutederes dosetor Dessa forma os oacutergatildeos competentes devem estaratentos agraves oportunidades de praacuteticas anticompetitivas

Essa eficiecircncia estaacute fortemente atrelada agravecompetitividade em preccedilo da carne brasileira Esforccedilosdeveratildeo ser dirigidos para que a carne brasileira seja tambeacutemreconhecida quanto aos aspectos da qualidade Para tantoaleacutem das iniciativas de divulgaccedilatildeo do produto em mercadosmais exigentes questotildees relacionadas ao ambienteinstitucional deveratildeo ser contempladas Rastreamento esanidade dos rebanhos satildeo fatores fundamentais para aagregaccedilatildeo de valor ao produto nacional Iniciativas em prolde uma maior coordenaccedilatildeo entre produccedilatildeo e induacutestria eacute amola mestra das accedilotildees estrateacutegicas a serem implementadas

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concentrada podem ser competitivos desde que sejamcontestaacuteveis Para Baumol Panzar e Willig (1982) aseconomias de escala soacute dificultam a entrada em mercadosque natildeo satildeo perfeitamente contestaacuteveis Para esses autoresa existecircncia de custos irrecuperaacuteveis (sunk costs) adisponibilidade e acesso agrave tecnologia bem como a reaccedilatildeodas firmas frente a potenciais entrantes (accedilotildees deretaliaccedilatildeo) devem ser consideradas na anaacutelise decontestabilidade de um mercado

A ideacuteia de que a existecircncia de oligopoacutelios natildeoimplica necessariamente poder de mercado tem no aporteteoacuterico da ECT - Economia de Custos de Transaccedilatildeo - maisum argumento Williamson (1985) advoga que a integraccedilatildeovertical pode resultar da necessidade de minimizar os custosde transaccedilatildeo O arcabouccedilo teoacuterico da ECT defende que aintegraccedilatildeo vertical representa uma opccedilatildeo diante doselevados custos de transaccedilatildeo existentes no mercadoquando ativos especiacuteficos satildeo transacionados em ambientede incerteza Esse enfoque trata a eficiecircncia sob a oacuteticados custos de transaccedilatildeo e natildeo mais sob a oacutetica damaximizaccedilatildeo da eficiecircncia alocativa dos recursosprodutivos

A preocupaccedilatildeo com a promoccedilatildeo da concorrecircnciaestaacute relacionada com a busca do bem- estar econocircmicoPor mais que a defesa da concorrecircncia esteja preocupadaem analisar o efeito de atos de concentraccedilatildeo no bem-estareconocircmico em que os niacuteveis de concentraccedilatildeo do mercadofornecem indicadores importantes para a anaacutelise eacuteimportante tambeacutem considerar as eficiecircncias econocircmicasgeradas De acordo com a SEAESDE satildeo eficiecircnciaseconocircmicas ldquoas melhorias nas condiccedilotildees de produccedilatildeodistribuiccedilatildeo e consumo de bens e serviccedilos gerados peloato que natildeo possam ser obtidos de outra maneira(ldquoeficiecircncias especiacuteficasrdquo do ato) e que sejam persistentesa longo prazo6

Com base no ldquoGuia de Anaacutelise Econocircmica de Atosde Concentraccedilatildeo Horizontalrdquo os atos de concentraccedilatildeodevem ser analisados a partir de i) definiccedilatildeo de mercadorelevante ii) determinaccedilatildeo de parcela de mercado iii) exameda probabilidade de exerciacutecio de poder de mercado iv)exame das eficiecircncias econocircmicas geradas e vi) avaliaccedilatildeodos efeitos liacutequidos do ato de concentraccedilatildeo em anaacutelise Oguia que daacute suporte agraves decisotildees do CADE considera comoelementos de anaacutelise fundamentos dos trecircs aportesteoacutericos tratados neste artigo a saber i) grau deconcentraccedilatildeo (ECD) ii) barreiras agrave entrada e importaccedilatildeovariaacuteveis para estudo da probabilidade de exerciacutecio depoder de mercado (mercados contestaacuteveis) e iii) eficiecircnciaeconocircmica (ECT)

4 O SAG exportador de carne bovina

O Sistema Agroindustrial exportador de carnebovina apresenta um importante salto quantitativoConsiderando as exportaccedilotildees totais de carne bovina7 ocrescimento eacute superior a 1000 para quantidade exportadae 800 para valores no periacuteodo de 1996 a 2007 (MDICSECEX8) O maior incremento eacute observado com asexportaccedilotildees de carne in natura alcanccedilando ganhos de2656 em quantidade e 1694 em valor Os dados deexportaccedilatildeo ndash quantidade e valor por produto exportado ndashestatildeo apresentados na Tabela 1

Do total do valor exportado em 2007 83 eacute oriundode carne in natura e 17 das carnes industrializadas Ocrescimento do valor das exportaccedilotildees e importaccedilotildees totaisde 1996 a 2007 eacute apresentado na Figura 1 Constata-se queo saldo do comeacutercio eacute crescente no periacuteodo partindo deUS$ 253 milhotildees em 1996 e alcanccedilando em 2007 o patamarde US$ 4 bilhotildees em 2007

Analisando os dados observa-se que os preccedilosapresentam queda de 1996 a 2002 quando ocorre umarecuperaccedilatildeo (Figura 2) De modo geral os preccedilos praticadosem 2007 foram 35 inferiores aos de 1996 para a carne innatura e 23 para carnes industrializadas A partir de 2001os valores meacutedios de carne industrializada tornam-sesuperiores aos da carne in natura A valorizaccedilatildeo da carneindustrializada estaacute relacionada ao acesso a mercados queremuneram melhor o produto poreacutem apresentam restriccedilotildeesagrave carne in natura brasileira por exemplo paiacuteses da Europae os Estados Unidos

A relevacircncia das exportaccedilotildees de carne bovina eacutetambeacutem avaliada pela participaccedilatildeo da exportaccedilatildeo no totalproduzido no Paiacutes O crescimento da participaccedilatildeo dasexportaccedilotildees na produccedilatildeo nacional de carne eacute apresentadona Tabela 2 As exportaccedilotildees de carne bovina que eramirrelevantes haacute 10 anos assumem papel preponderante nasdecisotildees estrateacutegicas do setor De pouco mais de 4 daproduccedilatildeo nacional em 2007 alcanccedila quase 30

A importacircncia do SAG exportador eacute confirmadatambeacutem com a participaccedilatildeo do Brasil nas exportaccedilotildees totaismundiais Em 2007 analisando dados do Ministeacuterio deDesenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio e os apresentados

6Guia para Anaacutelise Econocircmica de Atos de ConcentraccedilatildeoHorizontal 2001 p 57NCM 02011000 a 02023000 (carne in natura) 16025000(carne industrializada)8Ministeacuterio de Desenvolvimento Induacutestria e ComeacutercioSecretariade Comeacutercio Exterior

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TABELA 1 ndash Exportaccedilotildees carne bovina (1996 a 2007)

Quantidade (ton) Valores (1000 US$ FOB) Total

Ano in natura industrializada in natura industrializada Qtdade Valor

1996 46656 87650 194305 236323 134306 430628

1997 52441 87596 196295 231816 140037 428112

1998 80850 106050 276595 296233 186900 572829

1999 150765 138008 443838 318106 288774 761944

2000 188656 123410 503299 251884 312066 755183

2001 368288 124287 738806 252100 492574 990906

2002 430278 147770 776334 298538 578047 1074872

2003 620118 160764 1154510 338344 780881 1492854

2004 925082 171176 1963106 446980 1096258 2410086

2005 1085591 178602 2419111 524704 1264193 2943815

2006 1225423 203084 3134506 654172 1428506 3788678

2007 1285807 209487 3485726 693992 1495293 4179718

Fonte MDIC ndash SECEX

pelo Anualpec (2008) as exportaccedilotildees brasileiras respondempor 2885 das exportaccedilotildees mundiais A evoluccedilatildeo dasexportaccedilotildees mundiais e do Brasil estaacute apresentada naFigura 3

A lideranccedila no mercado mundial pode ser explicadaa partir de alguns fatores conjunturais entre outros i)

incidecircncia da mal da vaca louca na deacutecada passada ii)reduccedilatildeo do rebanho norte-americano iii) alto custo deproduccedilatildeo de carne bovina na Europa e iv) seca australiana

Para finalizar a apresentaccedilatildeo de dados do setor eacuteimportante identificar o destino das exportaccedilotildees brasileirasEm 2007 a partir de dados da ABIEC os principais paiacuteses

FIGURA 1 ndash Balanccedilo das exportaccedilotildees e importaccedilotildees (1996 a 2007)Fonte MDIC-SECEX

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TABELA 2 ndash Participaccedilatildeo das exportaccedilotildees na produccedilatildeo nacional

Ano Produccedilatildeo ()

Exportaccedilatildeo()

(carne bovina in natura e

industrializada) Participaccedilatildeo

1996 6794315 279778 412

1997 6467151 287162 444

1998 6688072 370230 554

1999 6567033 541016 824

2000 6455921 553777 858

2001 6753739 789490 1169

2002 6952308 928785 1336

2003 7159240 1208062 1687

2004 7576933 1630547 2152

2005 8151498 1857773 2279

2006 8600230 2100758 2443

2007 7783293 2195265 2820

Fonte () FNP ndash Anualpec (2008) ndash produccedilatildeo em tonelada equivalente carcaccedila() MDIC-SECEX ndash exportaccedilatildeo em ton eq carcaccedila (para a conversatildeo o total exportado em toneladas foi multiplicado pelo fator130 para carne in natura e 25 para carne industrializada) - Dados elaborados pelos autores

importadores de carne bovina brasileira foram Ruacutessia EgitoHong Kong Reino Unido Estados Unidos HolandaAlemanha Itaacutelia Iratilde Argeacutelia Venezuela e Araacutebia SauditaEsses paiacuteses em conjunto satildeo responsaacuteveis por 82 dos

valores exportados de carne bovina em 2007(ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DAS INDUacuteSTRIASEXPORTADORAS DE CARNE - ABIEC 2008) Mais de140 paiacuteses satildeo clientes da carne brasileira contra 20 paiacuteses

FIGURA 2 ndash Preccedilos meacutedios ndash exportaccedilatildeo de carne bovina (1996 a 2007)Fonte MDIC-SECEX

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haacute alguns anos demonstrando claramente o esforccedilo dainduacutestria frigoriacutefica na prospecccedilatildeo de novos mercadosTodos os dados apresentados comprovam o inequiacutevocoganho de competitividade do SAG exportador da carnebovina

Natildeo se pode deixar de destacar que acompetitividade da carne bovina brasileira eacute baseada nofator preccedilo Farina e Nunes (2003) apontam que embora ofator institucional seja relevante para a competitividadedesse setor eacute o preccedilo que ainda rege as exportaccedilotildees Opreccedilo competitivo da carne bovina brasileira eacute fruto dasvantagens comparativas do paiacutes gado a pasto largasextensotildees de terras e clima Isso poreacutem natildeo exime o paiacutesde promover mudanccedilas importantes para sustentar ocrescimento das exportaccedilotildees de carne bovinaprincipalmente em relaccedilatildeo agrave garantia de sanidade dorebanho e agrave implantaccedilatildeo de um sistema efetivo derastreabilidade

41 A induacutestria frigoriacutefica exportadora

Caracterizar a induacutestria frigoriacutefica nacional natildeo eacuteuma tarefa simples dada a sua grande diversidade Demodo geral as plantas industriais se classificam em i)matadouros quando praticam o abate e natildeo dispotildeem deinstalaccedilotildees para congelamento comercializando a carnein natura ii) matadouros ndash frigoriacuteficos quando aleacutem doabate possuem estruturas que permitem o congelamentoe manipulaccedilatildeo de carcaccedilas como cacircmaras frias eiii)frigoriacuteficos processadores empresas de melhor aportetecnoloacutegico que realizam o processamento da carne bovinaaproveitando os subprodutos (SILVA BATALHA 1999)

Os frigoriacuteficos exportadores (abate e processamentode carne) respondem ao Serviccedilo de Inspeccedilatildeo Federal (SIF)sendo classificados a partir do destino das suasexportaccedilotildees As plantas frigoriacuteficas podem ser habilitadaspara a chamada ldquoLista Geralrdquo9 Uniatildeo Europeacuteia (Lista Geralmais paiacuteses da UE) e Estados Unidos (todos os anterioresacrescidos desse uacuteltimo) A habilitaccedilatildeo para Uniatildeo Europeacuteiae para os Estados Unidos implica em maiores exigecircnciaspor parte das vistorias realizadas pelos oacutergatildeos de inspeccedilatildeodos paiacuteses em questatildeo

Entre os principais frigoriacuteficos exportadores comvalores exportados em faixa superior a US$ 50 milhotildeesdestacam-se JBS SA (JBS-Friboi) Bertin SA MarfrigInduacutestria e Comeacutercio de Alimentos SA Minerva SAFrigoriacutefico Mercosul SA Independecircncia SA QuatroMarcos Ltda Frigoriacutefico Mataboi SA Frigoriacutefico MargemLtda e Frigol Comercial Ltda As plantas industriaislocalizam-se em diferentes estados com concentraccedilatildeo nos

estados do Norte Sudeste (SP e MG) e Centro-Oeste doPaiacutes Conta-se em torno de 30 empresas frigoriacuteficasprocessadoras de carne bovina com exportaccedilotildeesregistradas em 20072008 (MDIC-SECEX)

O faturamento dos principais frigoriacuteficosexportadores de carne bovina a localizaccedilatildeo das suasplantas industriais e o porcentual da produccedilatildeo exportada eacuteapresentado no Quadro 1 Os dados de receita liacutequidarepresentam o faturamento das empresas no setor dealimentos Considerando-se o faturamento liacutequido e arelevacircncia das exportaccedilotildees para essas empresas eacute possiacutevelafirmar que as empresas discriminadas abaixo respondempor parcela significativa das exportaccedilotildees nacionais decarne bovina

Apesar da distribuiccedilatildeo das plantas industriais emdiferentes estados do Paiacutes de acordo com Pineda (2008)apenas 18 frigoriacuteficos respondem por 98 das exportaccedilotildeesbrasileiras sendo que os cinco maiores controlam 65 domercado exportador

O ldquopress releaserdquo do Frigoriacutefico Minerva (fevereiro2008) com base no SECEX aponta o Minerva como oterceiro maior exportador de carne bovina couro e boi-vivo do paiacutes sendo o Bertin o segundo e o JBS-Friboi oprimeiro em embarques O ldquomarket sharerdquo das empresas eacuteapresentado no Quadro 2 Considerando-se somente carnebovina o segundo maior exportador seria o Marfrig (Valoreconocircmico 200610)

A crescente participaccedilatildeo do Brasil no mercadointernacional eacute acompanhada por importantes mudanccedilasestruturais na induacutestria frigoriacutefica nacional Inicia-se umintenso movimento de internacionalizaccedilatildeo das empresas apartir de 2005 com aquisiccedilatildeo de unidades industriais noChile Argentina Paraguai Estados Unidos Austraacutelia eEuropa As empresas brasileiras controlam 25 dasexportaccedilotildees argentinas de carne e 40 da cota Hilton11As aquisiccedilotildees no exterior feitas pelas empresas JBS-Friboie Marfrig levam o paiacutes a deter 51 da exportaccedilatildeo global decarnes (NEVES SAAB 2008)

A partir de 2005 o JBS Friboi adquire empresas nosEstados Unidos e Austraacutelia somando um faturamento

9Inclui todos os paiacuteses com exceccedilatildeo dos paiacuteses da Uniatildeo Europeacuteia(UE) e Estados Unidos10Valor Econocircmico 29112006 ldquoCapitalizado Marfrig fechanova aquisiccedilatildeo no Uruguai11A cota Hilton eacute constituiacuteda de cortes do quarto traseiro deanimais jovens e seu preccedilo no mercado internacional eacute superiorao preccedilo de carne comum A cota anual de 59100 t eacute fixa e a elasomente tecircm acesso os paiacuteses credenciados

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aproximado US$ 215 bilhotildees proacuteximo da Tyson Foodscom US$ 25 bilhotildees (Gazeta Mercantil12) Representantesde organizaccedilotildees de classe (consumidores produtores einduacutestria) nos Estados Unidos e na Austraacutelia jaacute sepronunciam contra as aquisiccedilotildees feitas pela JBS-Friboi13Alega-se que com a compra de algumas empresas de abatee processamento de carne bovina da Austraacutelia o JBScontrolaria 10 da oferta de carne bovina do mundo e

QUADRO 1 ndash Dados gerais de alguns frigoriacuteficos exportadores

Empresa Localizaccedilatildeo (plantas no Brasil) Capacidade de abate (cabdia)

Produccedilatildeo destinada agrave exportaccedilatildeo

Rec Liacutequida (R$ mi 2007)

() Bertin SA GO MG MS SP PA TO 12650 () 50 36158

Independecircncia GO MG MS MT RO SP TO 9500 () 63 15450 ()

JBS ndash Friboi AC GO MG MS MT PR RO SP 18400 () 5228 () 39562 Marfrig MS GO RS RO MT SP 13300 () 50 21305

Margem GO MS MT RO SP PA PR TO 8500 () nd nd

Mataboi MG nd nd 40220 MERCOSUL MS PR RS nd nd 7534

Minerva GO MS SP TO 5400 () 70 () 11891

Quatro Marcos GO MT 2000 () nd 7459

Frigol SP nd nd 2341

Frigoestrela SP 1500 nd nd

Frisa BA ES MG 1000 nd 2882

Fonte () Jornal Valor Econocircmico ndash 062008 (ldquoJBS ganha rival com potencial de abate maiorrdquo) () web site da empresa()Valor econocircmico ndash Ranking setor de alimentos ndash quadro elaborado pelos autores nd ndash natildeo disponiacutevel

32 da capacidade de abate da induacutestria dos EUA A JBS-Friboi teria somente dois competidores importantes nosEstados UnidosTyson e Cargill

A internacionalizaccedilatildeo do setor eacute acompanhada peladiversificaccedilatildeo de atividades O Bertin aleacutem das atividades

12Gazeta Mercantil ndash 0603200813Beef Point (2008)

FIGURA 3 ndash Exportaccedilotildees mundiais e BrasilFonte Elaborado pelos autores com base em USDA Anualpec (2008) e MDIC-SECEX

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de abate e processamento de carne bovina atua tambeacutemnos setores de laacutecteos (compra da Vigor) higiene limpezae cosmeacuteticos aleacutem de usinas de biodiesel curtumes esaneamento baacutesico Recentemente observa-se a tendecircnciadas empresas frigoriacuteficas operarem tambeacutem nos setores deavicultura e suinocultura inclusive com a aquisiccedilatildeo deunidades tradicionais desses setores no Brasil e em outrospaiacuteses a exemplo da recente aquisiccedilatildeo da Carrolrsquos FoodBrasil (suinocultura) e da OSI (avicultura) pelo Marfrig

Essa tendecircncia de internacionalizaccedilatildeo e diversificaccedilatildeoocorre em paralelo a um movimento de concentraccedilatildeo dasempresas no Brasil Unidades industriais menores satildeoadquiridas pelas empresas liacutederes do setor Recentementeo Goiaacutes Carne Alimento SA foi adquirido pelo FrigoriacuteficoIndependecircncia Alimentos e o Lord Meat SA pelo FrigoriacuteficoMinerva A diversificaccedilatildeo regional ocorre natildeo soacute pelaaquisiccedilatildeo de plantas industriais menores como tambeacutem porinvestimentos proacuteprios em novas unidades O FrigoriacuteficoMinerva investe em novas unidades em Rolim Moura (RO)e Redenccedilatildeo do Paraacute (PA) o que lhe permitiraacute elevar suacapacidade de abate para 7850 cabeccedilasdia

A maior profissionalizaccedilatildeo e as perspectivaspositivas para o setor de carne bovina explicam a entradanesse mercado de empresas alimentiacutecias tradicionais comoa Sadia e a Perdigatildeo Em 2006 a Sadia reassume a plantaarrendada ao Friboi no Mato Grosso e faz investimentosda ordem de R$ 100 milhotildees em nova unidade A Perdigatildeotambeacutem investe em novas unidades no Mato Grosso epretende alcanccedilar um total de 6000 animais abatidos pordia em 201114

A integraccedilatildeo vertical eacute tambeacutem uma estrateacutegia dosetor a exemplo da produccedilatildeo de animais em confinamentosem fazendas proacuteprias Vaacuterios frigoriacuteficos possuemproduccedilatildeo proacutepria de bovinos para abate realizandoprincipalmente a fase final de terminaccedilatildeo (NEVES SAAB2008) A JBS ndash Friboi com a recente aquisiccedilatildeo da Tasmanna Austraacutelia incorpora em seu ativo um confinamento de25000 cabeccedilas de bovinos e 45000 de ovinos

A crescente profissionalizaccedilatildeo da induacutestriafrigoriacutefica nacional passa pela busca de financiamentoprivado para a realizaccedilatildeo de investimentos no setor(aquisiccedilatildeo internacionalizaccedilatildeo e diversificaccedilatildeo das plantasindustriais) Uma das opccedilotildees eacute o mercado de capitais Eacuterecente a tendecircncia de abertura de capital das empresasdo agronegoacutecio na Bovespa especificamente no ldquoNovoMercadordquo em que as praacuteticas de governanccedila satildeo maisriacutegidas do que as exigidas para outros segmentos delistagem na Bolsa Entre essas empresas destacam-sealguns frigoriacuteficos i) Frigoriacutefico Minerva ii) Frigoriacutefico

Marfrig e iii) JBS ndash Friboi A oferta puacuteblica inicial15 dasaccedilotildees dessas empresas totalizou R$ 3082 milhotildees sendoR$ 444 milhatildeo do Minerva R$ 1021 milhatildeo do Marfrig e R$1617 milhatildeo do JBS - Friboi

5 ANAacuteLISE DOS DADOS

Neste toacutepico analisam-se a estrutura de mercadoda induacutestria frigoriacutefica exportadora de carne bovina aevoluccedilatildeo dos preccedilos da carne exportada e o impacto dessespreccedilos praticado no mercado interno

51 Anaacutelise da estrutura de mercado

Com base no ldquoGuia de Anaacutelise Econocircmica de Atosde Concentraccedilatildeo Horizontalrdquo os atos de concentraccedilatildeodevem ser analisados a partir de i) definiccedilatildeo de mercadorelevante ii) determinaccedilatildeo de parcela de mercado iii) exameda probabilidade de exerciacutecio de poder de mercado iv)exame das eficiecircncias econocircmicas geradas e vi) avaliaccedilatildeodos efeitos liacutequidos do ato de concentraccedilatildeo em anaacutelise

De acordo com o Guia de Anaacutelise o mercadorelevante eacute definido como o menor grupo de produtos e amenor aacuterea geograacutefica necessaacuteria para que um supostomonopolista esteja em condiccedilotildees de impor um ldquopequenoporeacutem significativo e natildeo transitoacuteriordquo aumento de preccedilosQuanto agrave concentraccedilatildeo se a participaccedilatildeo de mercado forigual ou superior a 20 do mercado relevante o mercado eacutecaracterizado como ldquounilateralrdquo Se o CR

416 for maior ou

igual a 75 e a participaccedilatildeo de mercado da empresa emanaacutelise for igual ou superior a 10 do mercado relevantetem-se um mercado ldquocoordenadordquo Analisando-se aimportaccedilatildeo eacute importante avaliar se essa chega a 30 dovalor do consumo aparente O grau de dependecircncia daimportaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos produtores locais existecircncia decontratos de exclusividade entre importadores locais eempresas estrangeiras capacidade dos importadores paraacomodar incrementos nas exportaccedilotildees sem investir emnovos ativos fiacutesicos satildeo tambeacutem fatores avaliados

Quanto agraves barreiras agrave entrada tecircm-se como exemplosos custos irrecuperaacuteveis as barreiras legais ou regulatoacuteriasas economias de escala e escopo entre outros fatores Deacordo com Saes et al (2008) economias de escala ocorremquando a elevaccedilatildeo da produccedilatildeo da firma estaacute associada a

14 Portal DBO - as informaccedilotildees satildeo da Agecircncia ldquoAnbardquo ndash 29060715Em inglecircs a sigla IPO ndash Initial Public Offering16Razatildeo de Concentraccedilatildeo (CR

k) - A razatildeo de concentraccedilatildeo das k

maiores empresas calcula a proporccedilatildeo do valor total que eacutedominada por essas empresas pertencentes a determinado setor

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custos meacutedios decrescentes Os custos meacutedios podemdiminuir entre outros fatores por que (i) os custos fixos satildeouma parcela substantiva dos custos totais (ii) aprodutividade do trabalho aumenta (iii) a produtividade docapital se eleva (iv) as propriedades fiacutesicas do equipamentoou propriedades dos processos produtivos podem gerareconomias17 A presenccedila de economias de escala eacuteprovavelmente a explicaccedilatildeo mais relevante para o fato dealgumas induacutestrias serem mais concentradas que outras

Ainda segundo a portaria da SEAESDE queembasa as decisotildees do CADE a entrada de novasempresas no setor pode ser (i) tempestiva (quando puderocorrer em um tempo razoaacutevel ndash 2 anos) (ii) provaacutevel(quando for economicamente lucrativa a preccedilos preacute-concentraccedilatildeo) e (iii) suficiente (quando permitir que todasas oportunidades de venda sejam adequadamenteexploradas) A rivalidade das empresas eacute analisadaconsiderando-se o nuacutemero de empresas no mercadoexistecircncia de produto eou empresas homogecircneasdisponibilidade de informaccedilotildees sobre os competidorescondutas empresariais ainda que natildeo necessariamentelegais e a possibilidade de supervisatildeo de condutas

Com base nesses pressupostos a caracterizaccedilatildeoda estrutura de mercado da induacutestria frigoriacutefica exportadorade carne bovina eacute apresentada no quadro 3

Analisando o conjunto de informaccedilotildees e dadosapresentados neste artigo considera-se que o mercadorelevante eacute nacional As induacutestrias frigoriacuteficas estatildeo localizadasem diferentes estados brasileiros Observa-se nos estadosdo Sudeste e Centro-Oeste a existecircncia de unidades industriaisproacuteximas agraves das empresas concorrentes Nessa induacutestria umfator relevante para sua competitividade eacute a localizaccedilatildeo dasplantas sendo o raio oacutetimo de atuaccedilatildeo em torno de 300 Km(SILVA BATALHA 2000)

Calcular o grau de concentraccedilatildeo dessa induacutestrianatildeo eacute trivial Informaccedilotildees de valores exportados porempresa satildeo consideradas estrateacutegicas e natildeo satildeodivulgadas oficialmente Considerando o mercado nacionaltotal (Quadro 2) o CR

4 eacute baixo poreacutem ao se analisar a

participaccedilatildeo dessas mesmas induacutestrias nas exportaccedilotildeesbrasileiras (Quadro 1) pode-se inferir que a concentraccedilatildeodo setor exportador eacute uma realidade

A principal barreira agrave entrada eacute escala As recentesaquisiccedilotildees e os investimentos em novas unidades deproduccedilatildeo sinalizam para a necessidade de se aumentar acapacidade de abate e processamento das plantasindustriais De acordo com estudo feito por Silva e Batalha(2000) no Brasil existe grande diversidade de tamanho deplantas (500 a 2000 abatesdia) Constata-se poreacutem que

as novas unidades em fase de implantaccedilatildeo apresentamescala superior a 1000 animaisdia18 A despeito do altovalor de investimento em torno de R$ 50 a 70 milhotildees paraum abate de 1000 a 1600 cabeccedilasdia e o necessaacuterioconhecimento do mercado de carne natildeo haacute barreirastecnoloacutegicas ou de regulamentaccedilatildeo

No que se refere agraves importaccedilotildees entende-se que asua pequena relevacircncia no mercado nacional de carnebovina decorre da competitividade do produto nacionalprincipalmente em relaccedilatildeo ao fator preccedilo natildeo refletindoportanto exerciacutecio de poder de mercado das empresas Anecessaacuteria otimizaccedilatildeo das plantas industriais e atualmentea reduzida oferta de animais implica forte rivalidade dasempresas na busca por fornecedores Os programas dequalidade criados pelos frigoriacuteficos configuram umatentativa de estabelecer criteacuterios para tipificaccedilatildeo de carcaccedilascom preccedilos diferenciados para animais de maior qualidade

Existem no entanto indiacutecios de tentativa decoordenaccedilatildeo no estabelecimento de preccedilos para a aquisiccedilatildeode animais Recentemente em processo aberto junto aoCADE19 representaccedilotildees do setor de produccedilatildeo CNA20 eComissatildeo de Agricultura Pecuaacuteria Abastecimento eDesenvolvimento Rural da Cacircmara dos Deputadosacusaram de praacutetica de cartel um conjunto de induacutestriasfrigoriacuteficas especificamente de uniformizaccedilatildeo de criteacuteriospara a compra de animais para abate e acordo sobreporcentuais de desconto em relaccedilatildeo ao preccedilo do animalpadratildeo Como resultado desse processo em 2007 o CADEcondenou os frigoriacuteficos Mataboi Bertin Franco Fabril eMinerva por formaccedilatildeo de cartel O JBS-Friboi a fim deencerrar as investigaccedilotildees concordou em pagar uma multada ordem de R$ 137 milhotildees aleacutem de adotar um programade prevenccedilatildeo de condutas anticompetitivas

52 Anaacutelise dos preccedilos

Para complementar a anaacutelise da estrutura demercado procedeu-se agrave uma avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo dospreccedilos da carne bovina in natura e da carne industrializadaexportadas no periacuteodo de 1996 a 2008 (Figura 4)

17Guia para Anaacutelise Econocircmica de Atos de ConcentraccedilatildeoHorizontal Portaria Conjunta SEAESDE18Bertin 3000 cabdia (Campo GrandeMS) Minerva 1000cabeccedilasdia (Rolim de MouraRO) e Tatuibi 1600 (Chapadatildeo doSulMS) - Informaccedilotildees levantadas nos websites das empresasfrigoriacuteficas e junto agrave empresas de consultoria do setor19Conselho Administrativo de Defesa Econocircmica20Confederaccedilatildeo Nacional de Agricultura

Estrutura e conduta da agroinduacutestria exportadora de carne 103

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QUADRO 3 ndash Estrutura de Mercado da Induacutestria Frigoriacutefica Exportadora

Fatores analisados

Mercado Relevante Nacional

Grau de Concentraccedilatildeo Baixo (CR4=4450)

Barreiras agrave entrada Meacutedia

Importaccedilatildeo Baixa

Entrada de novas empresas Provaacutevel

Rivalidade entre empresas Alta

Fonte elaborada pelos autores() caacutelculo do CR

4 foi baseado nas informaccedilotildees apresentadas no Quadro 2 que tratam do mercado nacional e natildeo o SAG exportador

Observa-se que a meacutedia mensal dos preccedilosalcanccedilados no mercado internacional pela carne bovinaindustrializada brasileira eacute superior ao da carne in natura apartir de 2002 sendo crescente para ambos os tipos deproduto a partir dessa data No entanto o preccedilo meacutedioalcanccedilado pelas exportaccedilotildees da Argentina e Uruguai eacutesuperior ao da carne brasileira exportada (ANUALPEC2008)

Quanto aos preccedilos do boi-gordo no mercado internode Satildeo Paulo (Figura 5) observa-se estabilidade ateacute 2007poreacutem com preccedilos inferiores a US$ 15Kg no periacuteodo de1999 a 2006 A partir de 2007 observa-se um crescimentosignificativo nos preccedilos meacutedios mensais em Satildeo Paulo

Uma das questotildees de pesquisa apresentadas nesteartigo eacute avaliar o impacto do preccedilo alcanccedilado pela carnebrasileira no mercado internacional sobre o preccedilo da arrobano mercado interno Para tanto se propotildee um modelo com

algumas das principais variaacuteveis deste mercado No totaltem-se 149 observaccedilotildees resultado dos valores mensaismeacutedios de janeiro de 1996 a maio de 200821

Os valores foram transformados em logaritmosneperianos de modo a se desenvolver uma anaacutelise combase nas elasticidades Antes da anaacutelise dos dados foifeito um teste de estacionalidade nas referidas variaacuteveis eobservou-se que essas natildeo eram estacionaacuterias pois todasapresentavam raiz unitaacuteria Esse fato inviabiliza o uso domeacutetodo de miacutenimo quadrado ordinaacuterio (MQO) pois asimples utilizaccedilatildeo desse meacutetodo poderia gerar umaregressatildeo espuacuteria No entanto como as suas primeirasdiferenccedilas foram testadas e satildeo estacionaacuterias eacute possiacutevel a

21Ao se considerar o abate e a defasagem de 36 meses perdem-se48 observaccedilotildees Fica-se assim com 101 observaccedilotildees na regressatildeo

QUADRO 2 ndash Market Share dos principais frigoriacuteficos (mercado nacional)

Exportaccedilatildeo Frigoriacuteficos 2007 US$ Fob (em mi)

Ranking setor 2007 Partic Total 2007

JBS - Friboi 1070 1ordm 158 Bertin 924 2ordm 137

Minerva 546 3ordm 81

Marfrig 469 4ordm 69

Independecircncia 361 5ordm 53

Quatro Marcos 161 6ordm 24

MERCOSUL 109 7ordm 16

Margen 105 8ordm 16

Mataboi 95 9ordm 14

Outros 2926 432

Total 6766

Fonte ndash Minerva Press Release SECEX (inclui carne bovina in natura industrializada couro e boi-vivo)

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elaboraccedilatildeo de regressotildees das variaacuteveis desde que essassejam transformadas (ENDERS 2004) Os modelos deregressatildeo utilizados com as variaacuteveis transformadas foi ode vetor autorregressivo (VAR) com as oito primeirasdefasagens valor oacutetimo segundo o criteacuterio AkaikeInformation Criterion (AIC) (GREENE 2003 GUJARATI2003) Como resultados dessas anaacutelises surge um modelofinal (Modelo 1) Os resultados das estimaccedilotildees de seuscoeficientes estatildeo descritos abaixo assim como os seusvalores do erro padratildeo em ( ) e o valor da estatiacutestica z em [ ](Quadro 4)

OndeY = Primeira diferenccedila do logaritmo neperiano da meacutediamensal do preccedilo do boi em R$Kg ndash PrimDifLnPrecoIntSPK = ConstanteX

1di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano da meacutedia mensal do preccedilo do boi em R$Kg ndashPrimDifLnPrecoIntSPX

2di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano da meacutedia mensal do preccedilo em R$Kg da carnebovina in natura exportada ndash PrimDifLnPrecoInNatX

3di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano da meacutedia mensal do preccedilo em R$Kg da carnebovina industrializada exportada ndash PrimDifLnPrecoIndustX

4di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do cacircmbio (R$US$) ndash PrimDifLnCambioX

5di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do abate de animais em milhotildees de cabeccedilas-PrimDifLnAbateTMilhaoX

6di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do abate de fecircmeas em cabeccedilas ndashPrimDifLnAbateFem eX

7di= Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do iacutendice de porcentagem de abate de fecircmeasdefasados em 36 periacuteodos ndash PrimDifLnIndAbateFemL36

Esse modelo de VAR eacute estaacutevel tem resiacuteduos comdistribuiccedilatildeo normal e R2 de 06715 indicando assim que asvariaacuteveis independentes explicam mais de 67 da variacircnciados dados Esse modelo apresentou significacircncia em todosos seus paracircmetros estimados seja na constante ou nasvariaacuteveis estudadas sendo descritas abaixo as diferentesdefasagens em que essas variaacuteveis foram significativas

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos dos preccedilos internos de Satildeo Paulo(PrimDifLnPrecoIntSP) eacute significativa em quatro

defasagens diferentes sendo trecircs significativas a 1 (1 2e 7) e uma significativa a 10 (5) Aleacutem disso trecircsdefasagens (2 5 e 7) apresentam influecircncia negativaindicando que um aumento de 1 de seus valores reduzrespectivamente 056 023 e 051 o resultado davariaacutevel dependente Jaacute a defasagem 1 tem umcomportamento positivo ou seja um aumento de 1 emseus valores proporciona um acreacutescimo de 032 naprimeira diferenccedila dos preccedilos internos de Satildeo Paulo

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos da taxa da cacircmbio (PrimDifLnCambio) temsignificacircncia em quatro defasagens das quais duas (3 e 4)satildeo a niacutevel de 1 uma (1) a niacutevel de 5 e uma (7) a niacutevelde 10 Aleacutem disso duas dessas defasagens (1 e 7)apresentam comportamento negativo indicando que umaumento de 1 dos seus valores reduzem respectivamente039 e 031 o resultado da variaacutevel dependente Emcontraste a isso duas outras defasagens (3 e 4) apresentaminfluecircncia positiva ou seja um aumento de 1 em seusvalores acresce em respectivamente 059 e 075 adiferenccedila entre os preccedilos internos de Satildeo Paulo

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos de preccedilos in natura (PrimDifLnPrecoInNat) eacutesignificativa a niacutevel de 1 na defasagem 6 indicando queum aumento de 1 em seus valores aumenta em 032 oresultado da variaacutevel dependente

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos de preccedilos industrializados (PrimDifLnPrecoIndust)apresentou significacircncia em duas defasagens (1 e 4) sendouma delas (4) a niacutevel de 1 e com uma influecircncia negativaindicando que um aumento de 1 de seus valores reduz avariaacutevel dependente em 050 e a outra (1) a niacutevel de 10e com comportamento positivo ou seja um aumento de1 em seus valores aumenta essa diferenccedila de preccedilosinternos em 020

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos de abate em milhatildeo (PrimDifLnAbateTMilhao)foi significativa em trecircs defasagens a niacutevel de 5 (5 e 8) etambeacutem a niacutevel de 10 (6) Observa-se que as trecircs (5 6 e 8)apresentam um influecircncia negativa na variaacutevel dependentesignificando que um aumento de 1 dos seus valoresrepresentam uma reduccedilatildeo de respectivamente 048030 e 027 nos valores desta primeira diferenccedila

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos dos iacutendices porcentuais de abate de fecircmeasdefasados em 36 meses (PrimDifLnAbateFemL36) foisignificativa a niacutevel de 1 em duas defasagens (3 e 6) Haacuteduas influecircncias diferentes dessas uma negativa (6)indicando que um aumento de 1 em seus valores

Y K X1dii 1

8

X2dii 1

8

X3dii 1

8

X4 dii 1

8

X5dii 1

8

X6dii 1

8

X7di

i 1

8

(Modelo 1)

Estrutura e conduta da agroinduacutestria exportadora de carne 105

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 13 n 1 p 93-108 2011

FIGURA 4 ndash Preccedilos mensais ndash carne bovina exportada (in natura e industrializada)Fonte MDIC-SECEX - Dados elaborados pelos autores

FIGURA 5 ndash Preccedilos meacutedios mensais (US$Kg) ndash carne bovina ndash Satildeo PauloFonte CEPEA (2008) - Dados elaborados pelos autores

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Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 13 n 1 p 93-108 2011

representa uma reduccedilatildeo de 039 nos valores da variaacuteveldependente e uma positiva (3) em que um aumento de 1em seus valores acresce em 026 a diferenccedila entre ospreccedilos internos de Satildeo Paulo

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos do abate de fecircmeas (PrimDifLnIndAbateFem)foi significativa a niacutevel de 10 em duas defasagens (1 e 5)Quanto agraves suas influecircncias observa-se que haacute uma negativa(1) em que um aumento de 1 nos valores dessa defasagemreduz em 014 os valores da variaacutevel dependente e umapositiva (5) em que o acreacutescimo de 1 nos valores dessadefasagem aumenta em 021 os valores da diferenccedila entrepreccedilos internos em Satildeo Paulo

QUADRO 4 ndash Resultados da estimativa do modelo VAR com 8 defasagens (Modelo 1)

Variaacutevel dependente Y- Primeira Diferenccedila do Ln Preccedilo Interno de Satildeo Paulo (PrimDifLnPrecoIntSP)

Defasagem (d)

X1 X2 X3 X4 X5 X6 X7

1 03163

(01088) [290]

-03851

(01732) [-222]

00541ns

(01263) [043]

02011

(01062) [189]

00109ns

(01227) [009]

00105ns

(00830) [013]

-01419

(00815) [-174]

2 -05618

(01394) [-403)

-00404ns

(01797) [-023]

01924ns

(01317) [146]

00252ns

(01091) [023]

-02547ns

(01652) [-154]

04222ns

(00852) [050]

-00793ns

(00781) [-102]

3 00476ns

(01454) [033]

05923

(01884) [314]

-00725ns

(01343) [-054]

-00507ns

(01172) [-043]

-01874ns

(01708) [-110]

02599

(00907) [286]

-00682ns

(00851) [-080]

4 -00354ns

(01424) [-025]

07469

(02452) [304]

01456ns

(01398) [104]

-05035

(01291) [-390]

-02719ns

(01720) [-158]

-01594ns

(00961) [-166]

00335ns

(00915) [037]

5 -02348

(01404) [-167]

01769ns

(02467) [072]

00341ns

(01316) [026]

-00556ns

(01370) [-041]

-04763

(01934) [-246]

01600ns

(01011) [158]

02092

(01240) [169]

6 00825ns

(01411) [058]

-00301ns

(02040) [-015]

03185

(01148) [277]

00213ns

(01048) [020]

-02968

(01567) [-189]

-03946

(01025) [-385]

00686ns

(01244) [055]

7 -05081

(01406) [-361]

-03138

(01881) [-167]

-00108ns

(01052) [-010]

00067ns

(00939) [007]

-00667ns

(01492) [-045]

00227ns

(01188) [019]

01272ns

(01194) [106]

8 -00519ns

(01360) [-038]

00226ns

(02141) [011]

02093ns

(01015) [206]

-00373ns

(00989) [-038]

-02742

(01302) [-211]

-00119ns

(01085) [-011]

01696ns

(01058) [160]

Constante 00203

(00071) [286]

Obs = significativo agrave 1 = significativo agrave 5 = significativo agrave 10 e ns = natildeo significativo a 10 de significacircncia

6 CONCLUSOtildeES

O SAG exportador de carne bovina brasileiroapresenta uma estrutura concentrada em que um reduzidonuacutemero de empresas responde por parcela significativa dasexportaccedilotildees nacionais Essas empresas operam em todo oterritoacuterio nacional com plantas industriais exportadoraslocalizadas basicamente no Centro-Oeste Norte e Sudestedo paiacutes Identifica-se como principal barreira agrave entrada anecessidade da empresa possuir escala produtiva(capacidade de abate de animais e processamento de carne)

A importacircncia do SAG exportador de carne bovinapode tambeacutem ser demonstrada pelo impacto dos preccedilos

Estrutura e conduta da agroinduacutestria exportadora de carne 107

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alcanccedilados no mercado internacional sobre os preccedilospraticados no mercado interno Essa anaacutelise no entantoconfirma somente uma hipoacutetese de correlaccedilatildeo de preccedilossendo que um estudo sobre as variaacuteveis que impactam aformaccedilatildeo do preccedilo no mercado interno deveria contemplarum conjunto de fatores como disponibilidade de animaispara engorda oferta e demanda de carne bovina no mercadonacional e internacional Sugere-se como tema para umaagenda futura de pesquisa uma abrangente anaacutelise depreccedilos nesse SAG A relevacircncia das exportaccedilotildees para oSAG da Carne Bovina no Brasil eacute demonstrada pelacrescente participaccedilatildeo dos volumes exportados naproduccedilatildeo nacional Um indicador da eficiecircncia teacutecnica egerencial das empresas nacionais estaacute na forte tendecircnciade internacionalizaccedilatildeo com crescente participaccedilatildeo nomercado mundial de carne bovina A eficiecircncia dessainduacutestria pode tambeacutem ser observada na diversidade depaiacuteses importadores da carne brasileira

Entende-se portanto que a estrutura de mercadoda induacutestria exportadora de carne bovina brasileiraapresenta eficiecircncia econocircmica a despeito do seu grau deconcentraccedilatildeo e das barreiras agrave entrada fortementerelacionada agrave escala A contestabilidade desse mercado eacutegarantida pelo acesso e disponibilidade da necessaacuteriatecnologia para operar nesse setor pela ausecircncia debarreiras agrave saiacuteda ndash os investimentos realizados satildeofacilmente assumidos pelas empresas do setor e entrantes ndashe pela ausecircncia de barreiras agrave entrada da ordem deregulamentaccedilotildees e patentes A existecircncia de eficiecircnciaeconocircmica natildeo exime no entanto a possibilidade deexerciacutecio de poder de mercado pelas empresas liacutederes dosetor Dessa forma os oacutergatildeos competentes devem estaratentos agraves oportunidades de praacuteticas anticompetitivas

Essa eficiecircncia estaacute fortemente atrelada agravecompetitividade em preccedilo da carne brasileira Esforccedilosdeveratildeo ser dirigidos para que a carne brasileira seja tambeacutemreconhecida quanto aos aspectos da qualidade Para tantoaleacutem das iniciativas de divulgaccedilatildeo do produto em mercadosmais exigentes questotildees relacionadas ao ambienteinstitucional deveratildeo ser contempladas Rastreamento esanidade dos rebanhos satildeo fatores fundamentais para aagregaccedilatildeo de valor ao produto nacional Iniciativas em prolde uma maior coordenaccedilatildeo entre produccedilatildeo e induacutestria eacute amola mestra das accedilotildees estrateacutegicas a serem implementadas

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Estrutura e conduta da agroinduacutestria exportadora de carne 97

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 13 n 1 p 93-108 2011

TABELA 1 ndash Exportaccedilotildees carne bovina (1996 a 2007)

Quantidade (ton) Valores (1000 US$ FOB) Total

Ano in natura industrializada in natura industrializada Qtdade Valor

1996 46656 87650 194305 236323 134306 430628

1997 52441 87596 196295 231816 140037 428112

1998 80850 106050 276595 296233 186900 572829

1999 150765 138008 443838 318106 288774 761944

2000 188656 123410 503299 251884 312066 755183

2001 368288 124287 738806 252100 492574 990906

2002 430278 147770 776334 298538 578047 1074872

2003 620118 160764 1154510 338344 780881 1492854

2004 925082 171176 1963106 446980 1096258 2410086

2005 1085591 178602 2419111 524704 1264193 2943815

2006 1225423 203084 3134506 654172 1428506 3788678

2007 1285807 209487 3485726 693992 1495293 4179718

Fonte MDIC ndash SECEX

pelo Anualpec (2008) as exportaccedilotildees brasileiras respondempor 2885 das exportaccedilotildees mundiais A evoluccedilatildeo dasexportaccedilotildees mundiais e do Brasil estaacute apresentada naFigura 3

A lideranccedila no mercado mundial pode ser explicadaa partir de alguns fatores conjunturais entre outros i)

incidecircncia da mal da vaca louca na deacutecada passada ii)reduccedilatildeo do rebanho norte-americano iii) alto custo deproduccedilatildeo de carne bovina na Europa e iv) seca australiana

Para finalizar a apresentaccedilatildeo de dados do setor eacuteimportante identificar o destino das exportaccedilotildees brasileirasEm 2007 a partir de dados da ABIEC os principais paiacuteses

FIGURA 1 ndash Balanccedilo das exportaccedilotildees e importaccedilotildees (1996 a 2007)Fonte MDIC-SECEX

CALEMAN S M de Q amp CUNHA C F da98

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TABELA 2 ndash Participaccedilatildeo das exportaccedilotildees na produccedilatildeo nacional

Ano Produccedilatildeo ()

Exportaccedilatildeo()

(carne bovina in natura e

industrializada) Participaccedilatildeo

1996 6794315 279778 412

1997 6467151 287162 444

1998 6688072 370230 554

1999 6567033 541016 824

2000 6455921 553777 858

2001 6753739 789490 1169

2002 6952308 928785 1336

2003 7159240 1208062 1687

2004 7576933 1630547 2152

2005 8151498 1857773 2279

2006 8600230 2100758 2443

2007 7783293 2195265 2820

Fonte () FNP ndash Anualpec (2008) ndash produccedilatildeo em tonelada equivalente carcaccedila() MDIC-SECEX ndash exportaccedilatildeo em ton eq carcaccedila (para a conversatildeo o total exportado em toneladas foi multiplicado pelo fator130 para carne in natura e 25 para carne industrializada) - Dados elaborados pelos autores

importadores de carne bovina brasileira foram Ruacutessia EgitoHong Kong Reino Unido Estados Unidos HolandaAlemanha Itaacutelia Iratilde Argeacutelia Venezuela e Araacutebia SauditaEsses paiacuteses em conjunto satildeo responsaacuteveis por 82 dos

valores exportados de carne bovina em 2007(ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DAS INDUacuteSTRIASEXPORTADORAS DE CARNE - ABIEC 2008) Mais de140 paiacuteses satildeo clientes da carne brasileira contra 20 paiacuteses

FIGURA 2 ndash Preccedilos meacutedios ndash exportaccedilatildeo de carne bovina (1996 a 2007)Fonte MDIC-SECEX

Estrutura e conduta da agroinduacutestria exportadora de carne 99

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 13 n 1 p 93-108 2011

haacute alguns anos demonstrando claramente o esforccedilo dainduacutestria frigoriacutefica na prospecccedilatildeo de novos mercadosTodos os dados apresentados comprovam o inequiacutevocoganho de competitividade do SAG exportador da carnebovina

Natildeo se pode deixar de destacar que acompetitividade da carne bovina brasileira eacute baseada nofator preccedilo Farina e Nunes (2003) apontam que embora ofator institucional seja relevante para a competitividadedesse setor eacute o preccedilo que ainda rege as exportaccedilotildees Opreccedilo competitivo da carne bovina brasileira eacute fruto dasvantagens comparativas do paiacutes gado a pasto largasextensotildees de terras e clima Isso poreacutem natildeo exime o paiacutesde promover mudanccedilas importantes para sustentar ocrescimento das exportaccedilotildees de carne bovinaprincipalmente em relaccedilatildeo agrave garantia de sanidade dorebanho e agrave implantaccedilatildeo de um sistema efetivo derastreabilidade

41 A induacutestria frigoriacutefica exportadora

Caracterizar a induacutestria frigoriacutefica nacional natildeo eacuteuma tarefa simples dada a sua grande diversidade Demodo geral as plantas industriais se classificam em i)matadouros quando praticam o abate e natildeo dispotildeem deinstalaccedilotildees para congelamento comercializando a carnein natura ii) matadouros ndash frigoriacuteficos quando aleacutem doabate possuem estruturas que permitem o congelamentoe manipulaccedilatildeo de carcaccedilas como cacircmaras frias eiii)frigoriacuteficos processadores empresas de melhor aportetecnoloacutegico que realizam o processamento da carne bovinaaproveitando os subprodutos (SILVA BATALHA 1999)

Os frigoriacuteficos exportadores (abate e processamentode carne) respondem ao Serviccedilo de Inspeccedilatildeo Federal (SIF)sendo classificados a partir do destino das suasexportaccedilotildees As plantas frigoriacuteficas podem ser habilitadaspara a chamada ldquoLista Geralrdquo9 Uniatildeo Europeacuteia (Lista Geralmais paiacuteses da UE) e Estados Unidos (todos os anterioresacrescidos desse uacuteltimo) A habilitaccedilatildeo para Uniatildeo Europeacuteiae para os Estados Unidos implica em maiores exigecircnciaspor parte das vistorias realizadas pelos oacutergatildeos de inspeccedilatildeodos paiacuteses em questatildeo

Entre os principais frigoriacuteficos exportadores comvalores exportados em faixa superior a US$ 50 milhotildeesdestacam-se JBS SA (JBS-Friboi) Bertin SA MarfrigInduacutestria e Comeacutercio de Alimentos SA Minerva SAFrigoriacutefico Mercosul SA Independecircncia SA QuatroMarcos Ltda Frigoriacutefico Mataboi SA Frigoriacutefico MargemLtda e Frigol Comercial Ltda As plantas industriaislocalizam-se em diferentes estados com concentraccedilatildeo nos

estados do Norte Sudeste (SP e MG) e Centro-Oeste doPaiacutes Conta-se em torno de 30 empresas frigoriacuteficasprocessadoras de carne bovina com exportaccedilotildeesregistradas em 20072008 (MDIC-SECEX)

O faturamento dos principais frigoriacuteficosexportadores de carne bovina a localizaccedilatildeo das suasplantas industriais e o porcentual da produccedilatildeo exportada eacuteapresentado no Quadro 1 Os dados de receita liacutequidarepresentam o faturamento das empresas no setor dealimentos Considerando-se o faturamento liacutequido e arelevacircncia das exportaccedilotildees para essas empresas eacute possiacutevelafirmar que as empresas discriminadas abaixo respondempor parcela significativa das exportaccedilotildees nacionais decarne bovina

Apesar da distribuiccedilatildeo das plantas industriais emdiferentes estados do Paiacutes de acordo com Pineda (2008)apenas 18 frigoriacuteficos respondem por 98 das exportaccedilotildeesbrasileiras sendo que os cinco maiores controlam 65 domercado exportador

O ldquopress releaserdquo do Frigoriacutefico Minerva (fevereiro2008) com base no SECEX aponta o Minerva como oterceiro maior exportador de carne bovina couro e boi-vivo do paiacutes sendo o Bertin o segundo e o JBS-Friboi oprimeiro em embarques O ldquomarket sharerdquo das empresas eacuteapresentado no Quadro 2 Considerando-se somente carnebovina o segundo maior exportador seria o Marfrig (Valoreconocircmico 200610)

A crescente participaccedilatildeo do Brasil no mercadointernacional eacute acompanhada por importantes mudanccedilasestruturais na induacutestria frigoriacutefica nacional Inicia-se umintenso movimento de internacionalizaccedilatildeo das empresas apartir de 2005 com aquisiccedilatildeo de unidades industriais noChile Argentina Paraguai Estados Unidos Austraacutelia eEuropa As empresas brasileiras controlam 25 dasexportaccedilotildees argentinas de carne e 40 da cota Hilton11As aquisiccedilotildees no exterior feitas pelas empresas JBS-Friboie Marfrig levam o paiacutes a deter 51 da exportaccedilatildeo global decarnes (NEVES SAAB 2008)

A partir de 2005 o JBS Friboi adquire empresas nosEstados Unidos e Austraacutelia somando um faturamento

9Inclui todos os paiacuteses com exceccedilatildeo dos paiacuteses da Uniatildeo Europeacuteia(UE) e Estados Unidos10Valor Econocircmico 29112006 ldquoCapitalizado Marfrig fechanova aquisiccedilatildeo no Uruguai11A cota Hilton eacute constituiacuteda de cortes do quarto traseiro deanimais jovens e seu preccedilo no mercado internacional eacute superiorao preccedilo de carne comum A cota anual de 59100 t eacute fixa e a elasomente tecircm acesso os paiacuteses credenciados

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aproximado US$ 215 bilhotildees proacuteximo da Tyson Foodscom US$ 25 bilhotildees (Gazeta Mercantil12) Representantesde organizaccedilotildees de classe (consumidores produtores einduacutestria) nos Estados Unidos e na Austraacutelia jaacute sepronunciam contra as aquisiccedilotildees feitas pela JBS-Friboi13Alega-se que com a compra de algumas empresas de abatee processamento de carne bovina da Austraacutelia o JBScontrolaria 10 da oferta de carne bovina do mundo e

QUADRO 1 ndash Dados gerais de alguns frigoriacuteficos exportadores

Empresa Localizaccedilatildeo (plantas no Brasil) Capacidade de abate (cabdia)

Produccedilatildeo destinada agrave exportaccedilatildeo

Rec Liacutequida (R$ mi 2007)

() Bertin SA GO MG MS SP PA TO 12650 () 50 36158

Independecircncia GO MG MS MT RO SP TO 9500 () 63 15450 ()

JBS ndash Friboi AC GO MG MS MT PR RO SP 18400 () 5228 () 39562 Marfrig MS GO RS RO MT SP 13300 () 50 21305

Margem GO MS MT RO SP PA PR TO 8500 () nd nd

Mataboi MG nd nd 40220 MERCOSUL MS PR RS nd nd 7534

Minerva GO MS SP TO 5400 () 70 () 11891

Quatro Marcos GO MT 2000 () nd 7459

Frigol SP nd nd 2341

Frigoestrela SP 1500 nd nd

Frisa BA ES MG 1000 nd 2882

Fonte () Jornal Valor Econocircmico ndash 062008 (ldquoJBS ganha rival com potencial de abate maiorrdquo) () web site da empresa()Valor econocircmico ndash Ranking setor de alimentos ndash quadro elaborado pelos autores nd ndash natildeo disponiacutevel

32 da capacidade de abate da induacutestria dos EUA A JBS-Friboi teria somente dois competidores importantes nosEstados UnidosTyson e Cargill

A internacionalizaccedilatildeo do setor eacute acompanhada peladiversificaccedilatildeo de atividades O Bertin aleacutem das atividades

12Gazeta Mercantil ndash 0603200813Beef Point (2008)

FIGURA 3 ndash Exportaccedilotildees mundiais e BrasilFonte Elaborado pelos autores com base em USDA Anualpec (2008) e MDIC-SECEX

Estrutura e conduta da agroinduacutestria exportadora de carne 101

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de abate e processamento de carne bovina atua tambeacutemnos setores de laacutecteos (compra da Vigor) higiene limpezae cosmeacuteticos aleacutem de usinas de biodiesel curtumes esaneamento baacutesico Recentemente observa-se a tendecircnciadas empresas frigoriacuteficas operarem tambeacutem nos setores deavicultura e suinocultura inclusive com a aquisiccedilatildeo deunidades tradicionais desses setores no Brasil e em outrospaiacuteses a exemplo da recente aquisiccedilatildeo da Carrolrsquos FoodBrasil (suinocultura) e da OSI (avicultura) pelo Marfrig

Essa tendecircncia de internacionalizaccedilatildeo e diversificaccedilatildeoocorre em paralelo a um movimento de concentraccedilatildeo dasempresas no Brasil Unidades industriais menores satildeoadquiridas pelas empresas liacutederes do setor Recentementeo Goiaacutes Carne Alimento SA foi adquirido pelo FrigoriacuteficoIndependecircncia Alimentos e o Lord Meat SA pelo FrigoriacuteficoMinerva A diversificaccedilatildeo regional ocorre natildeo soacute pelaaquisiccedilatildeo de plantas industriais menores como tambeacutem porinvestimentos proacuteprios em novas unidades O FrigoriacuteficoMinerva investe em novas unidades em Rolim Moura (RO)e Redenccedilatildeo do Paraacute (PA) o que lhe permitiraacute elevar suacapacidade de abate para 7850 cabeccedilasdia

A maior profissionalizaccedilatildeo e as perspectivaspositivas para o setor de carne bovina explicam a entradanesse mercado de empresas alimentiacutecias tradicionais comoa Sadia e a Perdigatildeo Em 2006 a Sadia reassume a plantaarrendada ao Friboi no Mato Grosso e faz investimentosda ordem de R$ 100 milhotildees em nova unidade A Perdigatildeotambeacutem investe em novas unidades no Mato Grosso epretende alcanccedilar um total de 6000 animais abatidos pordia em 201114

A integraccedilatildeo vertical eacute tambeacutem uma estrateacutegia dosetor a exemplo da produccedilatildeo de animais em confinamentosem fazendas proacuteprias Vaacuterios frigoriacuteficos possuemproduccedilatildeo proacutepria de bovinos para abate realizandoprincipalmente a fase final de terminaccedilatildeo (NEVES SAAB2008) A JBS ndash Friboi com a recente aquisiccedilatildeo da Tasmanna Austraacutelia incorpora em seu ativo um confinamento de25000 cabeccedilas de bovinos e 45000 de ovinos

A crescente profissionalizaccedilatildeo da induacutestriafrigoriacutefica nacional passa pela busca de financiamentoprivado para a realizaccedilatildeo de investimentos no setor(aquisiccedilatildeo internacionalizaccedilatildeo e diversificaccedilatildeo das plantasindustriais) Uma das opccedilotildees eacute o mercado de capitais Eacuterecente a tendecircncia de abertura de capital das empresasdo agronegoacutecio na Bovespa especificamente no ldquoNovoMercadordquo em que as praacuteticas de governanccedila satildeo maisriacutegidas do que as exigidas para outros segmentos delistagem na Bolsa Entre essas empresas destacam-sealguns frigoriacuteficos i) Frigoriacutefico Minerva ii) Frigoriacutefico

Marfrig e iii) JBS ndash Friboi A oferta puacuteblica inicial15 dasaccedilotildees dessas empresas totalizou R$ 3082 milhotildees sendoR$ 444 milhatildeo do Minerva R$ 1021 milhatildeo do Marfrig e R$1617 milhatildeo do JBS - Friboi

5 ANAacuteLISE DOS DADOS

Neste toacutepico analisam-se a estrutura de mercadoda induacutestria frigoriacutefica exportadora de carne bovina aevoluccedilatildeo dos preccedilos da carne exportada e o impacto dessespreccedilos praticado no mercado interno

51 Anaacutelise da estrutura de mercado

Com base no ldquoGuia de Anaacutelise Econocircmica de Atosde Concentraccedilatildeo Horizontalrdquo os atos de concentraccedilatildeodevem ser analisados a partir de i) definiccedilatildeo de mercadorelevante ii) determinaccedilatildeo de parcela de mercado iii) exameda probabilidade de exerciacutecio de poder de mercado iv)exame das eficiecircncias econocircmicas geradas e vi) avaliaccedilatildeodos efeitos liacutequidos do ato de concentraccedilatildeo em anaacutelise

De acordo com o Guia de Anaacutelise o mercadorelevante eacute definido como o menor grupo de produtos e amenor aacuterea geograacutefica necessaacuteria para que um supostomonopolista esteja em condiccedilotildees de impor um ldquopequenoporeacutem significativo e natildeo transitoacuteriordquo aumento de preccedilosQuanto agrave concentraccedilatildeo se a participaccedilatildeo de mercado forigual ou superior a 20 do mercado relevante o mercado eacutecaracterizado como ldquounilateralrdquo Se o CR

416 for maior ou

igual a 75 e a participaccedilatildeo de mercado da empresa emanaacutelise for igual ou superior a 10 do mercado relevantetem-se um mercado ldquocoordenadordquo Analisando-se aimportaccedilatildeo eacute importante avaliar se essa chega a 30 dovalor do consumo aparente O grau de dependecircncia daimportaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos produtores locais existecircncia decontratos de exclusividade entre importadores locais eempresas estrangeiras capacidade dos importadores paraacomodar incrementos nas exportaccedilotildees sem investir emnovos ativos fiacutesicos satildeo tambeacutem fatores avaliados

Quanto agraves barreiras agrave entrada tecircm-se como exemplosos custos irrecuperaacuteveis as barreiras legais ou regulatoacuteriasas economias de escala e escopo entre outros fatores Deacordo com Saes et al (2008) economias de escala ocorremquando a elevaccedilatildeo da produccedilatildeo da firma estaacute associada a

14 Portal DBO - as informaccedilotildees satildeo da Agecircncia ldquoAnbardquo ndash 29060715Em inglecircs a sigla IPO ndash Initial Public Offering16Razatildeo de Concentraccedilatildeo (CR

k) - A razatildeo de concentraccedilatildeo das k

maiores empresas calcula a proporccedilatildeo do valor total que eacutedominada por essas empresas pertencentes a determinado setor

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custos meacutedios decrescentes Os custos meacutedios podemdiminuir entre outros fatores por que (i) os custos fixos satildeouma parcela substantiva dos custos totais (ii) aprodutividade do trabalho aumenta (iii) a produtividade docapital se eleva (iv) as propriedades fiacutesicas do equipamentoou propriedades dos processos produtivos podem gerareconomias17 A presenccedila de economias de escala eacuteprovavelmente a explicaccedilatildeo mais relevante para o fato dealgumas induacutestrias serem mais concentradas que outras

Ainda segundo a portaria da SEAESDE queembasa as decisotildees do CADE a entrada de novasempresas no setor pode ser (i) tempestiva (quando puderocorrer em um tempo razoaacutevel ndash 2 anos) (ii) provaacutevel(quando for economicamente lucrativa a preccedilos preacute-concentraccedilatildeo) e (iii) suficiente (quando permitir que todasas oportunidades de venda sejam adequadamenteexploradas) A rivalidade das empresas eacute analisadaconsiderando-se o nuacutemero de empresas no mercadoexistecircncia de produto eou empresas homogecircneasdisponibilidade de informaccedilotildees sobre os competidorescondutas empresariais ainda que natildeo necessariamentelegais e a possibilidade de supervisatildeo de condutas

Com base nesses pressupostos a caracterizaccedilatildeoda estrutura de mercado da induacutestria frigoriacutefica exportadorade carne bovina eacute apresentada no quadro 3

Analisando o conjunto de informaccedilotildees e dadosapresentados neste artigo considera-se que o mercadorelevante eacute nacional As induacutestrias frigoriacuteficas estatildeo localizadasem diferentes estados brasileiros Observa-se nos estadosdo Sudeste e Centro-Oeste a existecircncia de unidades industriaisproacuteximas agraves das empresas concorrentes Nessa induacutestria umfator relevante para sua competitividade eacute a localizaccedilatildeo dasplantas sendo o raio oacutetimo de atuaccedilatildeo em torno de 300 Km(SILVA BATALHA 2000)

Calcular o grau de concentraccedilatildeo dessa induacutestrianatildeo eacute trivial Informaccedilotildees de valores exportados porempresa satildeo consideradas estrateacutegicas e natildeo satildeodivulgadas oficialmente Considerando o mercado nacionaltotal (Quadro 2) o CR

4 eacute baixo poreacutem ao se analisar a

participaccedilatildeo dessas mesmas induacutestrias nas exportaccedilotildeesbrasileiras (Quadro 1) pode-se inferir que a concentraccedilatildeodo setor exportador eacute uma realidade

A principal barreira agrave entrada eacute escala As recentesaquisiccedilotildees e os investimentos em novas unidades deproduccedilatildeo sinalizam para a necessidade de se aumentar acapacidade de abate e processamento das plantasindustriais De acordo com estudo feito por Silva e Batalha(2000) no Brasil existe grande diversidade de tamanho deplantas (500 a 2000 abatesdia) Constata-se poreacutem que

as novas unidades em fase de implantaccedilatildeo apresentamescala superior a 1000 animaisdia18 A despeito do altovalor de investimento em torno de R$ 50 a 70 milhotildees paraum abate de 1000 a 1600 cabeccedilasdia e o necessaacuterioconhecimento do mercado de carne natildeo haacute barreirastecnoloacutegicas ou de regulamentaccedilatildeo

No que se refere agraves importaccedilotildees entende-se que asua pequena relevacircncia no mercado nacional de carnebovina decorre da competitividade do produto nacionalprincipalmente em relaccedilatildeo ao fator preccedilo natildeo refletindoportanto exerciacutecio de poder de mercado das empresas Anecessaacuteria otimizaccedilatildeo das plantas industriais e atualmentea reduzida oferta de animais implica forte rivalidade dasempresas na busca por fornecedores Os programas dequalidade criados pelos frigoriacuteficos configuram umatentativa de estabelecer criteacuterios para tipificaccedilatildeo de carcaccedilascom preccedilos diferenciados para animais de maior qualidade

Existem no entanto indiacutecios de tentativa decoordenaccedilatildeo no estabelecimento de preccedilos para a aquisiccedilatildeode animais Recentemente em processo aberto junto aoCADE19 representaccedilotildees do setor de produccedilatildeo CNA20 eComissatildeo de Agricultura Pecuaacuteria Abastecimento eDesenvolvimento Rural da Cacircmara dos Deputadosacusaram de praacutetica de cartel um conjunto de induacutestriasfrigoriacuteficas especificamente de uniformizaccedilatildeo de criteacuteriospara a compra de animais para abate e acordo sobreporcentuais de desconto em relaccedilatildeo ao preccedilo do animalpadratildeo Como resultado desse processo em 2007 o CADEcondenou os frigoriacuteficos Mataboi Bertin Franco Fabril eMinerva por formaccedilatildeo de cartel O JBS-Friboi a fim deencerrar as investigaccedilotildees concordou em pagar uma multada ordem de R$ 137 milhotildees aleacutem de adotar um programade prevenccedilatildeo de condutas anticompetitivas

52 Anaacutelise dos preccedilos

Para complementar a anaacutelise da estrutura demercado procedeu-se agrave uma avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo dospreccedilos da carne bovina in natura e da carne industrializadaexportadas no periacuteodo de 1996 a 2008 (Figura 4)

17Guia para Anaacutelise Econocircmica de Atos de ConcentraccedilatildeoHorizontal Portaria Conjunta SEAESDE18Bertin 3000 cabdia (Campo GrandeMS) Minerva 1000cabeccedilasdia (Rolim de MouraRO) e Tatuibi 1600 (Chapadatildeo doSulMS) - Informaccedilotildees levantadas nos websites das empresasfrigoriacuteficas e junto agrave empresas de consultoria do setor19Conselho Administrativo de Defesa Econocircmica20Confederaccedilatildeo Nacional de Agricultura

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QUADRO 3 ndash Estrutura de Mercado da Induacutestria Frigoriacutefica Exportadora

Fatores analisados

Mercado Relevante Nacional

Grau de Concentraccedilatildeo Baixo (CR4=4450)

Barreiras agrave entrada Meacutedia

Importaccedilatildeo Baixa

Entrada de novas empresas Provaacutevel

Rivalidade entre empresas Alta

Fonte elaborada pelos autores() caacutelculo do CR

4 foi baseado nas informaccedilotildees apresentadas no Quadro 2 que tratam do mercado nacional e natildeo o SAG exportador

Observa-se que a meacutedia mensal dos preccedilosalcanccedilados no mercado internacional pela carne bovinaindustrializada brasileira eacute superior ao da carne in natura apartir de 2002 sendo crescente para ambos os tipos deproduto a partir dessa data No entanto o preccedilo meacutedioalcanccedilado pelas exportaccedilotildees da Argentina e Uruguai eacutesuperior ao da carne brasileira exportada (ANUALPEC2008)

Quanto aos preccedilos do boi-gordo no mercado internode Satildeo Paulo (Figura 5) observa-se estabilidade ateacute 2007poreacutem com preccedilos inferiores a US$ 15Kg no periacuteodo de1999 a 2006 A partir de 2007 observa-se um crescimentosignificativo nos preccedilos meacutedios mensais em Satildeo Paulo

Uma das questotildees de pesquisa apresentadas nesteartigo eacute avaliar o impacto do preccedilo alcanccedilado pela carnebrasileira no mercado internacional sobre o preccedilo da arrobano mercado interno Para tanto se propotildee um modelo com

algumas das principais variaacuteveis deste mercado No totaltem-se 149 observaccedilotildees resultado dos valores mensaismeacutedios de janeiro de 1996 a maio de 200821

Os valores foram transformados em logaritmosneperianos de modo a se desenvolver uma anaacutelise combase nas elasticidades Antes da anaacutelise dos dados foifeito um teste de estacionalidade nas referidas variaacuteveis eobservou-se que essas natildeo eram estacionaacuterias pois todasapresentavam raiz unitaacuteria Esse fato inviabiliza o uso domeacutetodo de miacutenimo quadrado ordinaacuterio (MQO) pois asimples utilizaccedilatildeo desse meacutetodo poderia gerar umaregressatildeo espuacuteria No entanto como as suas primeirasdiferenccedilas foram testadas e satildeo estacionaacuterias eacute possiacutevel a

21Ao se considerar o abate e a defasagem de 36 meses perdem-se48 observaccedilotildees Fica-se assim com 101 observaccedilotildees na regressatildeo

QUADRO 2 ndash Market Share dos principais frigoriacuteficos (mercado nacional)

Exportaccedilatildeo Frigoriacuteficos 2007 US$ Fob (em mi)

Ranking setor 2007 Partic Total 2007

JBS - Friboi 1070 1ordm 158 Bertin 924 2ordm 137

Minerva 546 3ordm 81

Marfrig 469 4ordm 69

Independecircncia 361 5ordm 53

Quatro Marcos 161 6ordm 24

MERCOSUL 109 7ordm 16

Margen 105 8ordm 16

Mataboi 95 9ordm 14

Outros 2926 432

Total 6766

Fonte ndash Minerva Press Release SECEX (inclui carne bovina in natura industrializada couro e boi-vivo)

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elaboraccedilatildeo de regressotildees das variaacuteveis desde que essassejam transformadas (ENDERS 2004) Os modelos deregressatildeo utilizados com as variaacuteveis transformadas foi ode vetor autorregressivo (VAR) com as oito primeirasdefasagens valor oacutetimo segundo o criteacuterio AkaikeInformation Criterion (AIC) (GREENE 2003 GUJARATI2003) Como resultados dessas anaacutelises surge um modelofinal (Modelo 1) Os resultados das estimaccedilotildees de seuscoeficientes estatildeo descritos abaixo assim como os seusvalores do erro padratildeo em ( ) e o valor da estatiacutestica z em [ ](Quadro 4)

OndeY = Primeira diferenccedila do logaritmo neperiano da meacutediamensal do preccedilo do boi em R$Kg ndash PrimDifLnPrecoIntSPK = ConstanteX

1di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano da meacutedia mensal do preccedilo do boi em R$Kg ndashPrimDifLnPrecoIntSPX

2di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano da meacutedia mensal do preccedilo em R$Kg da carnebovina in natura exportada ndash PrimDifLnPrecoInNatX

3di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano da meacutedia mensal do preccedilo em R$Kg da carnebovina industrializada exportada ndash PrimDifLnPrecoIndustX

4di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do cacircmbio (R$US$) ndash PrimDifLnCambioX

5di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do abate de animais em milhotildees de cabeccedilas-PrimDifLnAbateTMilhaoX

6di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do abate de fecircmeas em cabeccedilas ndashPrimDifLnAbateFem eX

7di= Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do iacutendice de porcentagem de abate de fecircmeasdefasados em 36 periacuteodos ndash PrimDifLnIndAbateFemL36

Esse modelo de VAR eacute estaacutevel tem resiacuteduos comdistribuiccedilatildeo normal e R2 de 06715 indicando assim que asvariaacuteveis independentes explicam mais de 67 da variacircnciados dados Esse modelo apresentou significacircncia em todosos seus paracircmetros estimados seja na constante ou nasvariaacuteveis estudadas sendo descritas abaixo as diferentesdefasagens em que essas variaacuteveis foram significativas

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos dos preccedilos internos de Satildeo Paulo(PrimDifLnPrecoIntSP) eacute significativa em quatro

defasagens diferentes sendo trecircs significativas a 1 (1 2e 7) e uma significativa a 10 (5) Aleacutem disso trecircsdefasagens (2 5 e 7) apresentam influecircncia negativaindicando que um aumento de 1 de seus valores reduzrespectivamente 056 023 e 051 o resultado davariaacutevel dependente Jaacute a defasagem 1 tem umcomportamento positivo ou seja um aumento de 1 emseus valores proporciona um acreacutescimo de 032 naprimeira diferenccedila dos preccedilos internos de Satildeo Paulo

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos da taxa da cacircmbio (PrimDifLnCambio) temsignificacircncia em quatro defasagens das quais duas (3 e 4)satildeo a niacutevel de 1 uma (1) a niacutevel de 5 e uma (7) a niacutevelde 10 Aleacutem disso duas dessas defasagens (1 e 7)apresentam comportamento negativo indicando que umaumento de 1 dos seus valores reduzem respectivamente039 e 031 o resultado da variaacutevel dependente Emcontraste a isso duas outras defasagens (3 e 4) apresentaminfluecircncia positiva ou seja um aumento de 1 em seusvalores acresce em respectivamente 059 e 075 adiferenccedila entre os preccedilos internos de Satildeo Paulo

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos de preccedilos in natura (PrimDifLnPrecoInNat) eacutesignificativa a niacutevel de 1 na defasagem 6 indicando queum aumento de 1 em seus valores aumenta em 032 oresultado da variaacutevel dependente

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos de preccedilos industrializados (PrimDifLnPrecoIndust)apresentou significacircncia em duas defasagens (1 e 4) sendouma delas (4) a niacutevel de 1 e com uma influecircncia negativaindicando que um aumento de 1 de seus valores reduz avariaacutevel dependente em 050 e a outra (1) a niacutevel de 10e com comportamento positivo ou seja um aumento de1 em seus valores aumenta essa diferenccedila de preccedilosinternos em 020

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos de abate em milhatildeo (PrimDifLnAbateTMilhao)foi significativa em trecircs defasagens a niacutevel de 5 (5 e 8) etambeacutem a niacutevel de 10 (6) Observa-se que as trecircs (5 6 e 8)apresentam um influecircncia negativa na variaacutevel dependentesignificando que um aumento de 1 dos seus valoresrepresentam uma reduccedilatildeo de respectivamente 048030 e 027 nos valores desta primeira diferenccedila

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos dos iacutendices porcentuais de abate de fecircmeasdefasados em 36 meses (PrimDifLnAbateFemL36) foisignificativa a niacutevel de 1 em duas defasagens (3 e 6) Haacuteduas influecircncias diferentes dessas uma negativa (6)indicando que um aumento de 1 em seus valores

Y K X1dii 1

8

X2dii 1

8

X3dii 1

8

X4 dii 1

8

X5dii 1

8

X6dii 1

8

X7di

i 1

8

(Modelo 1)

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FIGURA 4 ndash Preccedilos mensais ndash carne bovina exportada (in natura e industrializada)Fonte MDIC-SECEX - Dados elaborados pelos autores

FIGURA 5 ndash Preccedilos meacutedios mensais (US$Kg) ndash carne bovina ndash Satildeo PauloFonte CEPEA (2008) - Dados elaborados pelos autores

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representa uma reduccedilatildeo de 039 nos valores da variaacuteveldependente e uma positiva (3) em que um aumento de 1em seus valores acresce em 026 a diferenccedila entre ospreccedilos internos de Satildeo Paulo

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos do abate de fecircmeas (PrimDifLnIndAbateFem)foi significativa a niacutevel de 10 em duas defasagens (1 e 5)Quanto agraves suas influecircncias observa-se que haacute uma negativa(1) em que um aumento de 1 nos valores dessa defasagemreduz em 014 os valores da variaacutevel dependente e umapositiva (5) em que o acreacutescimo de 1 nos valores dessadefasagem aumenta em 021 os valores da diferenccedila entrepreccedilos internos em Satildeo Paulo

QUADRO 4 ndash Resultados da estimativa do modelo VAR com 8 defasagens (Modelo 1)

Variaacutevel dependente Y- Primeira Diferenccedila do Ln Preccedilo Interno de Satildeo Paulo (PrimDifLnPrecoIntSP)

Defasagem (d)

X1 X2 X3 X4 X5 X6 X7

1 03163

(01088) [290]

-03851

(01732) [-222]

00541ns

(01263) [043]

02011

(01062) [189]

00109ns

(01227) [009]

00105ns

(00830) [013]

-01419

(00815) [-174]

2 -05618

(01394) [-403)

-00404ns

(01797) [-023]

01924ns

(01317) [146]

00252ns

(01091) [023]

-02547ns

(01652) [-154]

04222ns

(00852) [050]

-00793ns

(00781) [-102]

3 00476ns

(01454) [033]

05923

(01884) [314]

-00725ns

(01343) [-054]

-00507ns

(01172) [-043]

-01874ns

(01708) [-110]

02599

(00907) [286]

-00682ns

(00851) [-080]

4 -00354ns

(01424) [-025]

07469

(02452) [304]

01456ns

(01398) [104]

-05035

(01291) [-390]

-02719ns

(01720) [-158]

-01594ns

(00961) [-166]

00335ns

(00915) [037]

5 -02348

(01404) [-167]

01769ns

(02467) [072]

00341ns

(01316) [026]

-00556ns

(01370) [-041]

-04763

(01934) [-246]

01600ns

(01011) [158]

02092

(01240) [169]

6 00825ns

(01411) [058]

-00301ns

(02040) [-015]

03185

(01148) [277]

00213ns

(01048) [020]

-02968

(01567) [-189]

-03946

(01025) [-385]

00686ns

(01244) [055]

7 -05081

(01406) [-361]

-03138

(01881) [-167]

-00108ns

(01052) [-010]

00067ns

(00939) [007]

-00667ns

(01492) [-045]

00227ns

(01188) [019]

01272ns

(01194) [106]

8 -00519ns

(01360) [-038]

00226ns

(02141) [011]

02093ns

(01015) [206]

-00373ns

(00989) [-038]

-02742

(01302) [-211]

-00119ns

(01085) [-011]

01696ns

(01058) [160]

Constante 00203

(00071) [286]

Obs = significativo agrave 1 = significativo agrave 5 = significativo agrave 10 e ns = natildeo significativo a 10 de significacircncia

6 CONCLUSOtildeES

O SAG exportador de carne bovina brasileiroapresenta uma estrutura concentrada em que um reduzidonuacutemero de empresas responde por parcela significativa dasexportaccedilotildees nacionais Essas empresas operam em todo oterritoacuterio nacional com plantas industriais exportadoraslocalizadas basicamente no Centro-Oeste Norte e Sudestedo paiacutes Identifica-se como principal barreira agrave entrada anecessidade da empresa possuir escala produtiva(capacidade de abate de animais e processamento de carne)

A importacircncia do SAG exportador de carne bovinapode tambeacutem ser demonstrada pelo impacto dos preccedilos

Estrutura e conduta da agroinduacutestria exportadora de carne 107

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 13 n 1 p 93-108 2011

alcanccedilados no mercado internacional sobre os preccedilospraticados no mercado interno Essa anaacutelise no entantoconfirma somente uma hipoacutetese de correlaccedilatildeo de preccedilossendo que um estudo sobre as variaacuteveis que impactam aformaccedilatildeo do preccedilo no mercado interno deveria contemplarum conjunto de fatores como disponibilidade de animaispara engorda oferta e demanda de carne bovina no mercadonacional e internacional Sugere-se como tema para umaagenda futura de pesquisa uma abrangente anaacutelise depreccedilos nesse SAG A relevacircncia das exportaccedilotildees para oSAG da Carne Bovina no Brasil eacute demonstrada pelacrescente participaccedilatildeo dos volumes exportados naproduccedilatildeo nacional Um indicador da eficiecircncia teacutecnica egerencial das empresas nacionais estaacute na forte tendecircnciade internacionalizaccedilatildeo com crescente participaccedilatildeo nomercado mundial de carne bovina A eficiecircncia dessainduacutestria pode tambeacutem ser observada na diversidade depaiacuteses importadores da carne brasileira

Entende-se portanto que a estrutura de mercadoda induacutestria exportadora de carne bovina brasileiraapresenta eficiecircncia econocircmica a despeito do seu grau deconcentraccedilatildeo e das barreiras agrave entrada fortementerelacionada agrave escala A contestabilidade desse mercado eacutegarantida pelo acesso e disponibilidade da necessaacuteriatecnologia para operar nesse setor pela ausecircncia debarreiras agrave saiacuteda ndash os investimentos realizados satildeofacilmente assumidos pelas empresas do setor e entrantes ndashe pela ausecircncia de barreiras agrave entrada da ordem deregulamentaccedilotildees e patentes A existecircncia de eficiecircnciaeconocircmica natildeo exime no entanto a possibilidade deexerciacutecio de poder de mercado pelas empresas liacutederes dosetor Dessa forma os oacutergatildeos competentes devem estaratentos agraves oportunidades de praacuteticas anticompetitivas

Essa eficiecircncia estaacute fortemente atrelada agravecompetitividade em preccedilo da carne brasileira Esforccedilosdeveratildeo ser dirigidos para que a carne brasileira seja tambeacutemreconhecida quanto aos aspectos da qualidade Para tantoaleacutem das iniciativas de divulgaccedilatildeo do produto em mercadosmais exigentes questotildees relacionadas ao ambienteinstitucional deveratildeo ser contempladas Rastreamento esanidade dos rebanhos satildeo fatores fundamentais para aagregaccedilatildeo de valor ao produto nacional Iniciativas em prolde uma maior coordenaccedilatildeo entre produccedilatildeo e induacutestria eacute amola mestra das accedilotildees estrateacutegicas a serem implementadas

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TABELA 2 ndash Participaccedilatildeo das exportaccedilotildees na produccedilatildeo nacional

Ano Produccedilatildeo ()

Exportaccedilatildeo()

(carne bovina in natura e

industrializada) Participaccedilatildeo

1996 6794315 279778 412

1997 6467151 287162 444

1998 6688072 370230 554

1999 6567033 541016 824

2000 6455921 553777 858

2001 6753739 789490 1169

2002 6952308 928785 1336

2003 7159240 1208062 1687

2004 7576933 1630547 2152

2005 8151498 1857773 2279

2006 8600230 2100758 2443

2007 7783293 2195265 2820

Fonte () FNP ndash Anualpec (2008) ndash produccedilatildeo em tonelada equivalente carcaccedila() MDIC-SECEX ndash exportaccedilatildeo em ton eq carcaccedila (para a conversatildeo o total exportado em toneladas foi multiplicado pelo fator130 para carne in natura e 25 para carne industrializada) - Dados elaborados pelos autores

importadores de carne bovina brasileira foram Ruacutessia EgitoHong Kong Reino Unido Estados Unidos HolandaAlemanha Itaacutelia Iratilde Argeacutelia Venezuela e Araacutebia SauditaEsses paiacuteses em conjunto satildeo responsaacuteveis por 82 dos

valores exportados de carne bovina em 2007(ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DAS INDUacuteSTRIASEXPORTADORAS DE CARNE - ABIEC 2008) Mais de140 paiacuteses satildeo clientes da carne brasileira contra 20 paiacuteses

FIGURA 2 ndash Preccedilos meacutedios ndash exportaccedilatildeo de carne bovina (1996 a 2007)Fonte MDIC-SECEX

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haacute alguns anos demonstrando claramente o esforccedilo dainduacutestria frigoriacutefica na prospecccedilatildeo de novos mercadosTodos os dados apresentados comprovam o inequiacutevocoganho de competitividade do SAG exportador da carnebovina

Natildeo se pode deixar de destacar que acompetitividade da carne bovina brasileira eacute baseada nofator preccedilo Farina e Nunes (2003) apontam que embora ofator institucional seja relevante para a competitividadedesse setor eacute o preccedilo que ainda rege as exportaccedilotildees Opreccedilo competitivo da carne bovina brasileira eacute fruto dasvantagens comparativas do paiacutes gado a pasto largasextensotildees de terras e clima Isso poreacutem natildeo exime o paiacutesde promover mudanccedilas importantes para sustentar ocrescimento das exportaccedilotildees de carne bovinaprincipalmente em relaccedilatildeo agrave garantia de sanidade dorebanho e agrave implantaccedilatildeo de um sistema efetivo derastreabilidade

41 A induacutestria frigoriacutefica exportadora

Caracterizar a induacutestria frigoriacutefica nacional natildeo eacuteuma tarefa simples dada a sua grande diversidade Demodo geral as plantas industriais se classificam em i)matadouros quando praticam o abate e natildeo dispotildeem deinstalaccedilotildees para congelamento comercializando a carnein natura ii) matadouros ndash frigoriacuteficos quando aleacutem doabate possuem estruturas que permitem o congelamentoe manipulaccedilatildeo de carcaccedilas como cacircmaras frias eiii)frigoriacuteficos processadores empresas de melhor aportetecnoloacutegico que realizam o processamento da carne bovinaaproveitando os subprodutos (SILVA BATALHA 1999)

Os frigoriacuteficos exportadores (abate e processamentode carne) respondem ao Serviccedilo de Inspeccedilatildeo Federal (SIF)sendo classificados a partir do destino das suasexportaccedilotildees As plantas frigoriacuteficas podem ser habilitadaspara a chamada ldquoLista Geralrdquo9 Uniatildeo Europeacuteia (Lista Geralmais paiacuteses da UE) e Estados Unidos (todos os anterioresacrescidos desse uacuteltimo) A habilitaccedilatildeo para Uniatildeo Europeacuteiae para os Estados Unidos implica em maiores exigecircnciaspor parte das vistorias realizadas pelos oacutergatildeos de inspeccedilatildeodos paiacuteses em questatildeo

Entre os principais frigoriacuteficos exportadores comvalores exportados em faixa superior a US$ 50 milhotildeesdestacam-se JBS SA (JBS-Friboi) Bertin SA MarfrigInduacutestria e Comeacutercio de Alimentos SA Minerva SAFrigoriacutefico Mercosul SA Independecircncia SA QuatroMarcos Ltda Frigoriacutefico Mataboi SA Frigoriacutefico MargemLtda e Frigol Comercial Ltda As plantas industriaislocalizam-se em diferentes estados com concentraccedilatildeo nos

estados do Norte Sudeste (SP e MG) e Centro-Oeste doPaiacutes Conta-se em torno de 30 empresas frigoriacuteficasprocessadoras de carne bovina com exportaccedilotildeesregistradas em 20072008 (MDIC-SECEX)

O faturamento dos principais frigoriacuteficosexportadores de carne bovina a localizaccedilatildeo das suasplantas industriais e o porcentual da produccedilatildeo exportada eacuteapresentado no Quadro 1 Os dados de receita liacutequidarepresentam o faturamento das empresas no setor dealimentos Considerando-se o faturamento liacutequido e arelevacircncia das exportaccedilotildees para essas empresas eacute possiacutevelafirmar que as empresas discriminadas abaixo respondempor parcela significativa das exportaccedilotildees nacionais decarne bovina

Apesar da distribuiccedilatildeo das plantas industriais emdiferentes estados do Paiacutes de acordo com Pineda (2008)apenas 18 frigoriacuteficos respondem por 98 das exportaccedilotildeesbrasileiras sendo que os cinco maiores controlam 65 domercado exportador

O ldquopress releaserdquo do Frigoriacutefico Minerva (fevereiro2008) com base no SECEX aponta o Minerva como oterceiro maior exportador de carne bovina couro e boi-vivo do paiacutes sendo o Bertin o segundo e o JBS-Friboi oprimeiro em embarques O ldquomarket sharerdquo das empresas eacuteapresentado no Quadro 2 Considerando-se somente carnebovina o segundo maior exportador seria o Marfrig (Valoreconocircmico 200610)

A crescente participaccedilatildeo do Brasil no mercadointernacional eacute acompanhada por importantes mudanccedilasestruturais na induacutestria frigoriacutefica nacional Inicia-se umintenso movimento de internacionalizaccedilatildeo das empresas apartir de 2005 com aquisiccedilatildeo de unidades industriais noChile Argentina Paraguai Estados Unidos Austraacutelia eEuropa As empresas brasileiras controlam 25 dasexportaccedilotildees argentinas de carne e 40 da cota Hilton11As aquisiccedilotildees no exterior feitas pelas empresas JBS-Friboie Marfrig levam o paiacutes a deter 51 da exportaccedilatildeo global decarnes (NEVES SAAB 2008)

A partir de 2005 o JBS Friboi adquire empresas nosEstados Unidos e Austraacutelia somando um faturamento

9Inclui todos os paiacuteses com exceccedilatildeo dos paiacuteses da Uniatildeo Europeacuteia(UE) e Estados Unidos10Valor Econocircmico 29112006 ldquoCapitalizado Marfrig fechanova aquisiccedilatildeo no Uruguai11A cota Hilton eacute constituiacuteda de cortes do quarto traseiro deanimais jovens e seu preccedilo no mercado internacional eacute superiorao preccedilo de carne comum A cota anual de 59100 t eacute fixa e a elasomente tecircm acesso os paiacuteses credenciados

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aproximado US$ 215 bilhotildees proacuteximo da Tyson Foodscom US$ 25 bilhotildees (Gazeta Mercantil12) Representantesde organizaccedilotildees de classe (consumidores produtores einduacutestria) nos Estados Unidos e na Austraacutelia jaacute sepronunciam contra as aquisiccedilotildees feitas pela JBS-Friboi13Alega-se que com a compra de algumas empresas de abatee processamento de carne bovina da Austraacutelia o JBScontrolaria 10 da oferta de carne bovina do mundo e

QUADRO 1 ndash Dados gerais de alguns frigoriacuteficos exportadores

Empresa Localizaccedilatildeo (plantas no Brasil) Capacidade de abate (cabdia)

Produccedilatildeo destinada agrave exportaccedilatildeo

Rec Liacutequida (R$ mi 2007)

() Bertin SA GO MG MS SP PA TO 12650 () 50 36158

Independecircncia GO MG MS MT RO SP TO 9500 () 63 15450 ()

JBS ndash Friboi AC GO MG MS MT PR RO SP 18400 () 5228 () 39562 Marfrig MS GO RS RO MT SP 13300 () 50 21305

Margem GO MS MT RO SP PA PR TO 8500 () nd nd

Mataboi MG nd nd 40220 MERCOSUL MS PR RS nd nd 7534

Minerva GO MS SP TO 5400 () 70 () 11891

Quatro Marcos GO MT 2000 () nd 7459

Frigol SP nd nd 2341

Frigoestrela SP 1500 nd nd

Frisa BA ES MG 1000 nd 2882

Fonte () Jornal Valor Econocircmico ndash 062008 (ldquoJBS ganha rival com potencial de abate maiorrdquo) () web site da empresa()Valor econocircmico ndash Ranking setor de alimentos ndash quadro elaborado pelos autores nd ndash natildeo disponiacutevel

32 da capacidade de abate da induacutestria dos EUA A JBS-Friboi teria somente dois competidores importantes nosEstados UnidosTyson e Cargill

A internacionalizaccedilatildeo do setor eacute acompanhada peladiversificaccedilatildeo de atividades O Bertin aleacutem das atividades

12Gazeta Mercantil ndash 0603200813Beef Point (2008)

FIGURA 3 ndash Exportaccedilotildees mundiais e BrasilFonte Elaborado pelos autores com base em USDA Anualpec (2008) e MDIC-SECEX

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de abate e processamento de carne bovina atua tambeacutemnos setores de laacutecteos (compra da Vigor) higiene limpezae cosmeacuteticos aleacutem de usinas de biodiesel curtumes esaneamento baacutesico Recentemente observa-se a tendecircnciadas empresas frigoriacuteficas operarem tambeacutem nos setores deavicultura e suinocultura inclusive com a aquisiccedilatildeo deunidades tradicionais desses setores no Brasil e em outrospaiacuteses a exemplo da recente aquisiccedilatildeo da Carrolrsquos FoodBrasil (suinocultura) e da OSI (avicultura) pelo Marfrig

Essa tendecircncia de internacionalizaccedilatildeo e diversificaccedilatildeoocorre em paralelo a um movimento de concentraccedilatildeo dasempresas no Brasil Unidades industriais menores satildeoadquiridas pelas empresas liacutederes do setor Recentementeo Goiaacutes Carne Alimento SA foi adquirido pelo FrigoriacuteficoIndependecircncia Alimentos e o Lord Meat SA pelo FrigoriacuteficoMinerva A diversificaccedilatildeo regional ocorre natildeo soacute pelaaquisiccedilatildeo de plantas industriais menores como tambeacutem porinvestimentos proacuteprios em novas unidades O FrigoriacuteficoMinerva investe em novas unidades em Rolim Moura (RO)e Redenccedilatildeo do Paraacute (PA) o que lhe permitiraacute elevar suacapacidade de abate para 7850 cabeccedilasdia

A maior profissionalizaccedilatildeo e as perspectivaspositivas para o setor de carne bovina explicam a entradanesse mercado de empresas alimentiacutecias tradicionais comoa Sadia e a Perdigatildeo Em 2006 a Sadia reassume a plantaarrendada ao Friboi no Mato Grosso e faz investimentosda ordem de R$ 100 milhotildees em nova unidade A Perdigatildeotambeacutem investe em novas unidades no Mato Grosso epretende alcanccedilar um total de 6000 animais abatidos pordia em 201114

A integraccedilatildeo vertical eacute tambeacutem uma estrateacutegia dosetor a exemplo da produccedilatildeo de animais em confinamentosem fazendas proacuteprias Vaacuterios frigoriacuteficos possuemproduccedilatildeo proacutepria de bovinos para abate realizandoprincipalmente a fase final de terminaccedilatildeo (NEVES SAAB2008) A JBS ndash Friboi com a recente aquisiccedilatildeo da Tasmanna Austraacutelia incorpora em seu ativo um confinamento de25000 cabeccedilas de bovinos e 45000 de ovinos

A crescente profissionalizaccedilatildeo da induacutestriafrigoriacutefica nacional passa pela busca de financiamentoprivado para a realizaccedilatildeo de investimentos no setor(aquisiccedilatildeo internacionalizaccedilatildeo e diversificaccedilatildeo das plantasindustriais) Uma das opccedilotildees eacute o mercado de capitais Eacuterecente a tendecircncia de abertura de capital das empresasdo agronegoacutecio na Bovespa especificamente no ldquoNovoMercadordquo em que as praacuteticas de governanccedila satildeo maisriacutegidas do que as exigidas para outros segmentos delistagem na Bolsa Entre essas empresas destacam-sealguns frigoriacuteficos i) Frigoriacutefico Minerva ii) Frigoriacutefico

Marfrig e iii) JBS ndash Friboi A oferta puacuteblica inicial15 dasaccedilotildees dessas empresas totalizou R$ 3082 milhotildees sendoR$ 444 milhatildeo do Minerva R$ 1021 milhatildeo do Marfrig e R$1617 milhatildeo do JBS - Friboi

5 ANAacuteLISE DOS DADOS

Neste toacutepico analisam-se a estrutura de mercadoda induacutestria frigoriacutefica exportadora de carne bovina aevoluccedilatildeo dos preccedilos da carne exportada e o impacto dessespreccedilos praticado no mercado interno

51 Anaacutelise da estrutura de mercado

Com base no ldquoGuia de Anaacutelise Econocircmica de Atosde Concentraccedilatildeo Horizontalrdquo os atos de concentraccedilatildeodevem ser analisados a partir de i) definiccedilatildeo de mercadorelevante ii) determinaccedilatildeo de parcela de mercado iii) exameda probabilidade de exerciacutecio de poder de mercado iv)exame das eficiecircncias econocircmicas geradas e vi) avaliaccedilatildeodos efeitos liacutequidos do ato de concentraccedilatildeo em anaacutelise

De acordo com o Guia de Anaacutelise o mercadorelevante eacute definido como o menor grupo de produtos e amenor aacuterea geograacutefica necessaacuteria para que um supostomonopolista esteja em condiccedilotildees de impor um ldquopequenoporeacutem significativo e natildeo transitoacuteriordquo aumento de preccedilosQuanto agrave concentraccedilatildeo se a participaccedilatildeo de mercado forigual ou superior a 20 do mercado relevante o mercado eacutecaracterizado como ldquounilateralrdquo Se o CR

416 for maior ou

igual a 75 e a participaccedilatildeo de mercado da empresa emanaacutelise for igual ou superior a 10 do mercado relevantetem-se um mercado ldquocoordenadordquo Analisando-se aimportaccedilatildeo eacute importante avaliar se essa chega a 30 dovalor do consumo aparente O grau de dependecircncia daimportaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos produtores locais existecircncia decontratos de exclusividade entre importadores locais eempresas estrangeiras capacidade dos importadores paraacomodar incrementos nas exportaccedilotildees sem investir emnovos ativos fiacutesicos satildeo tambeacutem fatores avaliados

Quanto agraves barreiras agrave entrada tecircm-se como exemplosos custos irrecuperaacuteveis as barreiras legais ou regulatoacuteriasas economias de escala e escopo entre outros fatores Deacordo com Saes et al (2008) economias de escala ocorremquando a elevaccedilatildeo da produccedilatildeo da firma estaacute associada a

14 Portal DBO - as informaccedilotildees satildeo da Agecircncia ldquoAnbardquo ndash 29060715Em inglecircs a sigla IPO ndash Initial Public Offering16Razatildeo de Concentraccedilatildeo (CR

k) - A razatildeo de concentraccedilatildeo das k

maiores empresas calcula a proporccedilatildeo do valor total que eacutedominada por essas empresas pertencentes a determinado setor

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Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 13 n 1 p 93-108 2011

custos meacutedios decrescentes Os custos meacutedios podemdiminuir entre outros fatores por que (i) os custos fixos satildeouma parcela substantiva dos custos totais (ii) aprodutividade do trabalho aumenta (iii) a produtividade docapital se eleva (iv) as propriedades fiacutesicas do equipamentoou propriedades dos processos produtivos podem gerareconomias17 A presenccedila de economias de escala eacuteprovavelmente a explicaccedilatildeo mais relevante para o fato dealgumas induacutestrias serem mais concentradas que outras

Ainda segundo a portaria da SEAESDE queembasa as decisotildees do CADE a entrada de novasempresas no setor pode ser (i) tempestiva (quando puderocorrer em um tempo razoaacutevel ndash 2 anos) (ii) provaacutevel(quando for economicamente lucrativa a preccedilos preacute-concentraccedilatildeo) e (iii) suficiente (quando permitir que todasas oportunidades de venda sejam adequadamenteexploradas) A rivalidade das empresas eacute analisadaconsiderando-se o nuacutemero de empresas no mercadoexistecircncia de produto eou empresas homogecircneasdisponibilidade de informaccedilotildees sobre os competidorescondutas empresariais ainda que natildeo necessariamentelegais e a possibilidade de supervisatildeo de condutas

Com base nesses pressupostos a caracterizaccedilatildeoda estrutura de mercado da induacutestria frigoriacutefica exportadorade carne bovina eacute apresentada no quadro 3

Analisando o conjunto de informaccedilotildees e dadosapresentados neste artigo considera-se que o mercadorelevante eacute nacional As induacutestrias frigoriacuteficas estatildeo localizadasem diferentes estados brasileiros Observa-se nos estadosdo Sudeste e Centro-Oeste a existecircncia de unidades industriaisproacuteximas agraves das empresas concorrentes Nessa induacutestria umfator relevante para sua competitividade eacute a localizaccedilatildeo dasplantas sendo o raio oacutetimo de atuaccedilatildeo em torno de 300 Km(SILVA BATALHA 2000)

Calcular o grau de concentraccedilatildeo dessa induacutestrianatildeo eacute trivial Informaccedilotildees de valores exportados porempresa satildeo consideradas estrateacutegicas e natildeo satildeodivulgadas oficialmente Considerando o mercado nacionaltotal (Quadro 2) o CR

4 eacute baixo poreacutem ao se analisar a

participaccedilatildeo dessas mesmas induacutestrias nas exportaccedilotildeesbrasileiras (Quadro 1) pode-se inferir que a concentraccedilatildeodo setor exportador eacute uma realidade

A principal barreira agrave entrada eacute escala As recentesaquisiccedilotildees e os investimentos em novas unidades deproduccedilatildeo sinalizam para a necessidade de se aumentar acapacidade de abate e processamento das plantasindustriais De acordo com estudo feito por Silva e Batalha(2000) no Brasil existe grande diversidade de tamanho deplantas (500 a 2000 abatesdia) Constata-se poreacutem que

as novas unidades em fase de implantaccedilatildeo apresentamescala superior a 1000 animaisdia18 A despeito do altovalor de investimento em torno de R$ 50 a 70 milhotildees paraum abate de 1000 a 1600 cabeccedilasdia e o necessaacuterioconhecimento do mercado de carne natildeo haacute barreirastecnoloacutegicas ou de regulamentaccedilatildeo

No que se refere agraves importaccedilotildees entende-se que asua pequena relevacircncia no mercado nacional de carnebovina decorre da competitividade do produto nacionalprincipalmente em relaccedilatildeo ao fator preccedilo natildeo refletindoportanto exerciacutecio de poder de mercado das empresas Anecessaacuteria otimizaccedilatildeo das plantas industriais e atualmentea reduzida oferta de animais implica forte rivalidade dasempresas na busca por fornecedores Os programas dequalidade criados pelos frigoriacuteficos configuram umatentativa de estabelecer criteacuterios para tipificaccedilatildeo de carcaccedilascom preccedilos diferenciados para animais de maior qualidade

Existem no entanto indiacutecios de tentativa decoordenaccedilatildeo no estabelecimento de preccedilos para a aquisiccedilatildeode animais Recentemente em processo aberto junto aoCADE19 representaccedilotildees do setor de produccedilatildeo CNA20 eComissatildeo de Agricultura Pecuaacuteria Abastecimento eDesenvolvimento Rural da Cacircmara dos Deputadosacusaram de praacutetica de cartel um conjunto de induacutestriasfrigoriacuteficas especificamente de uniformizaccedilatildeo de criteacuteriospara a compra de animais para abate e acordo sobreporcentuais de desconto em relaccedilatildeo ao preccedilo do animalpadratildeo Como resultado desse processo em 2007 o CADEcondenou os frigoriacuteficos Mataboi Bertin Franco Fabril eMinerva por formaccedilatildeo de cartel O JBS-Friboi a fim deencerrar as investigaccedilotildees concordou em pagar uma multada ordem de R$ 137 milhotildees aleacutem de adotar um programade prevenccedilatildeo de condutas anticompetitivas

52 Anaacutelise dos preccedilos

Para complementar a anaacutelise da estrutura demercado procedeu-se agrave uma avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo dospreccedilos da carne bovina in natura e da carne industrializadaexportadas no periacuteodo de 1996 a 2008 (Figura 4)

17Guia para Anaacutelise Econocircmica de Atos de ConcentraccedilatildeoHorizontal Portaria Conjunta SEAESDE18Bertin 3000 cabdia (Campo GrandeMS) Minerva 1000cabeccedilasdia (Rolim de MouraRO) e Tatuibi 1600 (Chapadatildeo doSulMS) - Informaccedilotildees levantadas nos websites das empresasfrigoriacuteficas e junto agrave empresas de consultoria do setor19Conselho Administrativo de Defesa Econocircmica20Confederaccedilatildeo Nacional de Agricultura

Estrutura e conduta da agroinduacutestria exportadora de carne 103

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QUADRO 3 ndash Estrutura de Mercado da Induacutestria Frigoriacutefica Exportadora

Fatores analisados

Mercado Relevante Nacional

Grau de Concentraccedilatildeo Baixo (CR4=4450)

Barreiras agrave entrada Meacutedia

Importaccedilatildeo Baixa

Entrada de novas empresas Provaacutevel

Rivalidade entre empresas Alta

Fonte elaborada pelos autores() caacutelculo do CR

4 foi baseado nas informaccedilotildees apresentadas no Quadro 2 que tratam do mercado nacional e natildeo o SAG exportador

Observa-se que a meacutedia mensal dos preccedilosalcanccedilados no mercado internacional pela carne bovinaindustrializada brasileira eacute superior ao da carne in natura apartir de 2002 sendo crescente para ambos os tipos deproduto a partir dessa data No entanto o preccedilo meacutedioalcanccedilado pelas exportaccedilotildees da Argentina e Uruguai eacutesuperior ao da carne brasileira exportada (ANUALPEC2008)

Quanto aos preccedilos do boi-gordo no mercado internode Satildeo Paulo (Figura 5) observa-se estabilidade ateacute 2007poreacutem com preccedilos inferiores a US$ 15Kg no periacuteodo de1999 a 2006 A partir de 2007 observa-se um crescimentosignificativo nos preccedilos meacutedios mensais em Satildeo Paulo

Uma das questotildees de pesquisa apresentadas nesteartigo eacute avaliar o impacto do preccedilo alcanccedilado pela carnebrasileira no mercado internacional sobre o preccedilo da arrobano mercado interno Para tanto se propotildee um modelo com

algumas das principais variaacuteveis deste mercado No totaltem-se 149 observaccedilotildees resultado dos valores mensaismeacutedios de janeiro de 1996 a maio de 200821

Os valores foram transformados em logaritmosneperianos de modo a se desenvolver uma anaacutelise combase nas elasticidades Antes da anaacutelise dos dados foifeito um teste de estacionalidade nas referidas variaacuteveis eobservou-se que essas natildeo eram estacionaacuterias pois todasapresentavam raiz unitaacuteria Esse fato inviabiliza o uso domeacutetodo de miacutenimo quadrado ordinaacuterio (MQO) pois asimples utilizaccedilatildeo desse meacutetodo poderia gerar umaregressatildeo espuacuteria No entanto como as suas primeirasdiferenccedilas foram testadas e satildeo estacionaacuterias eacute possiacutevel a

21Ao se considerar o abate e a defasagem de 36 meses perdem-se48 observaccedilotildees Fica-se assim com 101 observaccedilotildees na regressatildeo

QUADRO 2 ndash Market Share dos principais frigoriacuteficos (mercado nacional)

Exportaccedilatildeo Frigoriacuteficos 2007 US$ Fob (em mi)

Ranking setor 2007 Partic Total 2007

JBS - Friboi 1070 1ordm 158 Bertin 924 2ordm 137

Minerva 546 3ordm 81

Marfrig 469 4ordm 69

Independecircncia 361 5ordm 53

Quatro Marcos 161 6ordm 24

MERCOSUL 109 7ordm 16

Margen 105 8ordm 16

Mataboi 95 9ordm 14

Outros 2926 432

Total 6766

Fonte ndash Minerva Press Release SECEX (inclui carne bovina in natura industrializada couro e boi-vivo)

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elaboraccedilatildeo de regressotildees das variaacuteveis desde que essassejam transformadas (ENDERS 2004) Os modelos deregressatildeo utilizados com as variaacuteveis transformadas foi ode vetor autorregressivo (VAR) com as oito primeirasdefasagens valor oacutetimo segundo o criteacuterio AkaikeInformation Criterion (AIC) (GREENE 2003 GUJARATI2003) Como resultados dessas anaacutelises surge um modelofinal (Modelo 1) Os resultados das estimaccedilotildees de seuscoeficientes estatildeo descritos abaixo assim como os seusvalores do erro padratildeo em ( ) e o valor da estatiacutestica z em [ ](Quadro 4)

OndeY = Primeira diferenccedila do logaritmo neperiano da meacutediamensal do preccedilo do boi em R$Kg ndash PrimDifLnPrecoIntSPK = ConstanteX

1di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano da meacutedia mensal do preccedilo do boi em R$Kg ndashPrimDifLnPrecoIntSPX

2di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano da meacutedia mensal do preccedilo em R$Kg da carnebovina in natura exportada ndash PrimDifLnPrecoInNatX

3di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano da meacutedia mensal do preccedilo em R$Kg da carnebovina industrializada exportada ndash PrimDifLnPrecoIndustX

4di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do cacircmbio (R$US$) ndash PrimDifLnCambioX

5di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do abate de animais em milhotildees de cabeccedilas-PrimDifLnAbateTMilhaoX

6di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do abate de fecircmeas em cabeccedilas ndashPrimDifLnAbateFem eX

7di= Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do iacutendice de porcentagem de abate de fecircmeasdefasados em 36 periacuteodos ndash PrimDifLnIndAbateFemL36

Esse modelo de VAR eacute estaacutevel tem resiacuteduos comdistribuiccedilatildeo normal e R2 de 06715 indicando assim que asvariaacuteveis independentes explicam mais de 67 da variacircnciados dados Esse modelo apresentou significacircncia em todosos seus paracircmetros estimados seja na constante ou nasvariaacuteveis estudadas sendo descritas abaixo as diferentesdefasagens em que essas variaacuteveis foram significativas

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos dos preccedilos internos de Satildeo Paulo(PrimDifLnPrecoIntSP) eacute significativa em quatro

defasagens diferentes sendo trecircs significativas a 1 (1 2e 7) e uma significativa a 10 (5) Aleacutem disso trecircsdefasagens (2 5 e 7) apresentam influecircncia negativaindicando que um aumento de 1 de seus valores reduzrespectivamente 056 023 e 051 o resultado davariaacutevel dependente Jaacute a defasagem 1 tem umcomportamento positivo ou seja um aumento de 1 emseus valores proporciona um acreacutescimo de 032 naprimeira diferenccedila dos preccedilos internos de Satildeo Paulo

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos da taxa da cacircmbio (PrimDifLnCambio) temsignificacircncia em quatro defasagens das quais duas (3 e 4)satildeo a niacutevel de 1 uma (1) a niacutevel de 5 e uma (7) a niacutevelde 10 Aleacutem disso duas dessas defasagens (1 e 7)apresentam comportamento negativo indicando que umaumento de 1 dos seus valores reduzem respectivamente039 e 031 o resultado da variaacutevel dependente Emcontraste a isso duas outras defasagens (3 e 4) apresentaminfluecircncia positiva ou seja um aumento de 1 em seusvalores acresce em respectivamente 059 e 075 adiferenccedila entre os preccedilos internos de Satildeo Paulo

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos de preccedilos in natura (PrimDifLnPrecoInNat) eacutesignificativa a niacutevel de 1 na defasagem 6 indicando queum aumento de 1 em seus valores aumenta em 032 oresultado da variaacutevel dependente

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos de preccedilos industrializados (PrimDifLnPrecoIndust)apresentou significacircncia em duas defasagens (1 e 4) sendouma delas (4) a niacutevel de 1 e com uma influecircncia negativaindicando que um aumento de 1 de seus valores reduz avariaacutevel dependente em 050 e a outra (1) a niacutevel de 10e com comportamento positivo ou seja um aumento de1 em seus valores aumenta essa diferenccedila de preccedilosinternos em 020

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos de abate em milhatildeo (PrimDifLnAbateTMilhao)foi significativa em trecircs defasagens a niacutevel de 5 (5 e 8) etambeacutem a niacutevel de 10 (6) Observa-se que as trecircs (5 6 e 8)apresentam um influecircncia negativa na variaacutevel dependentesignificando que um aumento de 1 dos seus valoresrepresentam uma reduccedilatildeo de respectivamente 048030 e 027 nos valores desta primeira diferenccedila

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos dos iacutendices porcentuais de abate de fecircmeasdefasados em 36 meses (PrimDifLnAbateFemL36) foisignificativa a niacutevel de 1 em duas defasagens (3 e 6) Haacuteduas influecircncias diferentes dessas uma negativa (6)indicando que um aumento de 1 em seus valores

Y K X1dii 1

8

X2dii 1

8

X3dii 1

8

X4 dii 1

8

X5dii 1

8

X6dii 1

8

X7di

i 1

8

(Modelo 1)

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FIGURA 4 ndash Preccedilos mensais ndash carne bovina exportada (in natura e industrializada)Fonte MDIC-SECEX - Dados elaborados pelos autores

FIGURA 5 ndash Preccedilos meacutedios mensais (US$Kg) ndash carne bovina ndash Satildeo PauloFonte CEPEA (2008) - Dados elaborados pelos autores

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representa uma reduccedilatildeo de 039 nos valores da variaacuteveldependente e uma positiva (3) em que um aumento de 1em seus valores acresce em 026 a diferenccedila entre ospreccedilos internos de Satildeo Paulo

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos do abate de fecircmeas (PrimDifLnIndAbateFem)foi significativa a niacutevel de 10 em duas defasagens (1 e 5)Quanto agraves suas influecircncias observa-se que haacute uma negativa(1) em que um aumento de 1 nos valores dessa defasagemreduz em 014 os valores da variaacutevel dependente e umapositiva (5) em que o acreacutescimo de 1 nos valores dessadefasagem aumenta em 021 os valores da diferenccedila entrepreccedilos internos em Satildeo Paulo

QUADRO 4 ndash Resultados da estimativa do modelo VAR com 8 defasagens (Modelo 1)

Variaacutevel dependente Y- Primeira Diferenccedila do Ln Preccedilo Interno de Satildeo Paulo (PrimDifLnPrecoIntSP)

Defasagem (d)

X1 X2 X3 X4 X5 X6 X7

1 03163

(01088) [290]

-03851

(01732) [-222]

00541ns

(01263) [043]

02011

(01062) [189]

00109ns

(01227) [009]

00105ns

(00830) [013]

-01419

(00815) [-174]

2 -05618

(01394) [-403)

-00404ns

(01797) [-023]

01924ns

(01317) [146]

00252ns

(01091) [023]

-02547ns

(01652) [-154]

04222ns

(00852) [050]

-00793ns

(00781) [-102]

3 00476ns

(01454) [033]

05923

(01884) [314]

-00725ns

(01343) [-054]

-00507ns

(01172) [-043]

-01874ns

(01708) [-110]

02599

(00907) [286]

-00682ns

(00851) [-080]

4 -00354ns

(01424) [-025]

07469

(02452) [304]

01456ns

(01398) [104]

-05035

(01291) [-390]

-02719ns

(01720) [-158]

-01594ns

(00961) [-166]

00335ns

(00915) [037]

5 -02348

(01404) [-167]

01769ns

(02467) [072]

00341ns

(01316) [026]

-00556ns

(01370) [-041]

-04763

(01934) [-246]

01600ns

(01011) [158]

02092

(01240) [169]

6 00825ns

(01411) [058]

-00301ns

(02040) [-015]

03185

(01148) [277]

00213ns

(01048) [020]

-02968

(01567) [-189]

-03946

(01025) [-385]

00686ns

(01244) [055]

7 -05081

(01406) [-361]

-03138

(01881) [-167]

-00108ns

(01052) [-010]

00067ns

(00939) [007]

-00667ns

(01492) [-045]

00227ns

(01188) [019]

01272ns

(01194) [106]

8 -00519ns

(01360) [-038]

00226ns

(02141) [011]

02093ns

(01015) [206]

-00373ns

(00989) [-038]

-02742

(01302) [-211]

-00119ns

(01085) [-011]

01696ns

(01058) [160]

Constante 00203

(00071) [286]

Obs = significativo agrave 1 = significativo agrave 5 = significativo agrave 10 e ns = natildeo significativo a 10 de significacircncia

6 CONCLUSOtildeES

O SAG exportador de carne bovina brasileiroapresenta uma estrutura concentrada em que um reduzidonuacutemero de empresas responde por parcela significativa dasexportaccedilotildees nacionais Essas empresas operam em todo oterritoacuterio nacional com plantas industriais exportadoraslocalizadas basicamente no Centro-Oeste Norte e Sudestedo paiacutes Identifica-se como principal barreira agrave entrada anecessidade da empresa possuir escala produtiva(capacidade de abate de animais e processamento de carne)

A importacircncia do SAG exportador de carne bovinapode tambeacutem ser demonstrada pelo impacto dos preccedilos

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alcanccedilados no mercado internacional sobre os preccedilospraticados no mercado interno Essa anaacutelise no entantoconfirma somente uma hipoacutetese de correlaccedilatildeo de preccedilossendo que um estudo sobre as variaacuteveis que impactam aformaccedilatildeo do preccedilo no mercado interno deveria contemplarum conjunto de fatores como disponibilidade de animaispara engorda oferta e demanda de carne bovina no mercadonacional e internacional Sugere-se como tema para umaagenda futura de pesquisa uma abrangente anaacutelise depreccedilos nesse SAG A relevacircncia das exportaccedilotildees para oSAG da Carne Bovina no Brasil eacute demonstrada pelacrescente participaccedilatildeo dos volumes exportados naproduccedilatildeo nacional Um indicador da eficiecircncia teacutecnica egerencial das empresas nacionais estaacute na forte tendecircnciade internacionalizaccedilatildeo com crescente participaccedilatildeo nomercado mundial de carne bovina A eficiecircncia dessainduacutestria pode tambeacutem ser observada na diversidade depaiacuteses importadores da carne brasileira

Entende-se portanto que a estrutura de mercadoda induacutestria exportadora de carne bovina brasileiraapresenta eficiecircncia econocircmica a despeito do seu grau deconcentraccedilatildeo e das barreiras agrave entrada fortementerelacionada agrave escala A contestabilidade desse mercado eacutegarantida pelo acesso e disponibilidade da necessaacuteriatecnologia para operar nesse setor pela ausecircncia debarreiras agrave saiacuteda ndash os investimentos realizados satildeofacilmente assumidos pelas empresas do setor e entrantes ndashe pela ausecircncia de barreiras agrave entrada da ordem deregulamentaccedilotildees e patentes A existecircncia de eficiecircnciaeconocircmica natildeo exime no entanto a possibilidade deexerciacutecio de poder de mercado pelas empresas liacutederes dosetor Dessa forma os oacutergatildeos competentes devem estaratentos agraves oportunidades de praacuteticas anticompetitivas

Essa eficiecircncia estaacute fortemente atrelada agravecompetitividade em preccedilo da carne brasileira Esforccedilosdeveratildeo ser dirigidos para que a carne brasileira seja tambeacutemreconhecida quanto aos aspectos da qualidade Para tantoaleacutem das iniciativas de divulgaccedilatildeo do produto em mercadosmais exigentes questotildees relacionadas ao ambienteinstitucional deveratildeo ser contempladas Rastreamento esanidade dos rebanhos satildeo fatores fundamentais para aagregaccedilatildeo de valor ao produto nacional Iniciativas em prolde uma maior coordenaccedilatildeo entre produccedilatildeo e induacutestria eacute amola mestra das accedilotildees estrateacutegicas a serem implementadas

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Estrutura e conduta da agroinduacutestria exportadora de carne 99

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 13 n 1 p 93-108 2011

haacute alguns anos demonstrando claramente o esforccedilo dainduacutestria frigoriacutefica na prospecccedilatildeo de novos mercadosTodos os dados apresentados comprovam o inequiacutevocoganho de competitividade do SAG exportador da carnebovina

Natildeo se pode deixar de destacar que acompetitividade da carne bovina brasileira eacute baseada nofator preccedilo Farina e Nunes (2003) apontam que embora ofator institucional seja relevante para a competitividadedesse setor eacute o preccedilo que ainda rege as exportaccedilotildees Opreccedilo competitivo da carne bovina brasileira eacute fruto dasvantagens comparativas do paiacutes gado a pasto largasextensotildees de terras e clima Isso poreacutem natildeo exime o paiacutesde promover mudanccedilas importantes para sustentar ocrescimento das exportaccedilotildees de carne bovinaprincipalmente em relaccedilatildeo agrave garantia de sanidade dorebanho e agrave implantaccedilatildeo de um sistema efetivo derastreabilidade

41 A induacutestria frigoriacutefica exportadora

Caracterizar a induacutestria frigoriacutefica nacional natildeo eacuteuma tarefa simples dada a sua grande diversidade Demodo geral as plantas industriais se classificam em i)matadouros quando praticam o abate e natildeo dispotildeem deinstalaccedilotildees para congelamento comercializando a carnein natura ii) matadouros ndash frigoriacuteficos quando aleacutem doabate possuem estruturas que permitem o congelamentoe manipulaccedilatildeo de carcaccedilas como cacircmaras frias eiii)frigoriacuteficos processadores empresas de melhor aportetecnoloacutegico que realizam o processamento da carne bovinaaproveitando os subprodutos (SILVA BATALHA 1999)

Os frigoriacuteficos exportadores (abate e processamentode carne) respondem ao Serviccedilo de Inspeccedilatildeo Federal (SIF)sendo classificados a partir do destino das suasexportaccedilotildees As plantas frigoriacuteficas podem ser habilitadaspara a chamada ldquoLista Geralrdquo9 Uniatildeo Europeacuteia (Lista Geralmais paiacuteses da UE) e Estados Unidos (todos os anterioresacrescidos desse uacuteltimo) A habilitaccedilatildeo para Uniatildeo Europeacuteiae para os Estados Unidos implica em maiores exigecircnciaspor parte das vistorias realizadas pelos oacutergatildeos de inspeccedilatildeodos paiacuteses em questatildeo

Entre os principais frigoriacuteficos exportadores comvalores exportados em faixa superior a US$ 50 milhotildeesdestacam-se JBS SA (JBS-Friboi) Bertin SA MarfrigInduacutestria e Comeacutercio de Alimentos SA Minerva SAFrigoriacutefico Mercosul SA Independecircncia SA QuatroMarcos Ltda Frigoriacutefico Mataboi SA Frigoriacutefico MargemLtda e Frigol Comercial Ltda As plantas industriaislocalizam-se em diferentes estados com concentraccedilatildeo nos

estados do Norte Sudeste (SP e MG) e Centro-Oeste doPaiacutes Conta-se em torno de 30 empresas frigoriacuteficasprocessadoras de carne bovina com exportaccedilotildeesregistradas em 20072008 (MDIC-SECEX)

O faturamento dos principais frigoriacuteficosexportadores de carne bovina a localizaccedilatildeo das suasplantas industriais e o porcentual da produccedilatildeo exportada eacuteapresentado no Quadro 1 Os dados de receita liacutequidarepresentam o faturamento das empresas no setor dealimentos Considerando-se o faturamento liacutequido e arelevacircncia das exportaccedilotildees para essas empresas eacute possiacutevelafirmar que as empresas discriminadas abaixo respondempor parcela significativa das exportaccedilotildees nacionais decarne bovina

Apesar da distribuiccedilatildeo das plantas industriais emdiferentes estados do Paiacutes de acordo com Pineda (2008)apenas 18 frigoriacuteficos respondem por 98 das exportaccedilotildeesbrasileiras sendo que os cinco maiores controlam 65 domercado exportador

O ldquopress releaserdquo do Frigoriacutefico Minerva (fevereiro2008) com base no SECEX aponta o Minerva como oterceiro maior exportador de carne bovina couro e boi-vivo do paiacutes sendo o Bertin o segundo e o JBS-Friboi oprimeiro em embarques O ldquomarket sharerdquo das empresas eacuteapresentado no Quadro 2 Considerando-se somente carnebovina o segundo maior exportador seria o Marfrig (Valoreconocircmico 200610)

A crescente participaccedilatildeo do Brasil no mercadointernacional eacute acompanhada por importantes mudanccedilasestruturais na induacutestria frigoriacutefica nacional Inicia-se umintenso movimento de internacionalizaccedilatildeo das empresas apartir de 2005 com aquisiccedilatildeo de unidades industriais noChile Argentina Paraguai Estados Unidos Austraacutelia eEuropa As empresas brasileiras controlam 25 dasexportaccedilotildees argentinas de carne e 40 da cota Hilton11As aquisiccedilotildees no exterior feitas pelas empresas JBS-Friboie Marfrig levam o paiacutes a deter 51 da exportaccedilatildeo global decarnes (NEVES SAAB 2008)

A partir de 2005 o JBS Friboi adquire empresas nosEstados Unidos e Austraacutelia somando um faturamento

9Inclui todos os paiacuteses com exceccedilatildeo dos paiacuteses da Uniatildeo Europeacuteia(UE) e Estados Unidos10Valor Econocircmico 29112006 ldquoCapitalizado Marfrig fechanova aquisiccedilatildeo no Uruguai11A cota Hilton eacute constituiacuteda de cortes do quarto traseiro deanimais jovens e seu preccedilo no mercado internacional eacute superiorao preccedilo de carne comum A cota anual de 59100 t eacute fixa e a elasomente tecircm acesso os paiacuteses credenciados

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aproximado US$ 215 bilhotildees proacuteximo da Tyson Foodscom US$ 25 bilhotildees (Gazeta Mercantil12) Representantesde organizaccedilotildees de classe (consumidores produtores einduacutestria) nos Estados Unidos e na Austraacutelia jaacute sepronunciam contra as aquisiccedilotildees feitas pela JBS-Friboi13Alega-se que com a compra de algumas empresas de abatee processamento de carne bovina da Austraacutelia o JBScontrolaria 10 da oferta de carne bovina do mundo e

QUADRO 1 ndash Dados gerais de alguns frigoriacuteficos exportadores

Empresa Localizaccedilatildeo (plantas no Brasil) Capacidade de abate (cabdia)

Produccedilatildeo destinada agrave exportaccedilatildeo

Rec Liacutequida (R$ mi 2007)

() Bertin SA GO MG MS SP PA TO 12650 () 50 36158

Independecircncia GO MG MS MT RO SP TO 9500 () 63 15450 ()

JBS ndash Friboi AC GO MG MS MT PR RO SP 18400 () 5228 () 39562 Marfrig MS GO RS RO MT SP 13300 () 50 21305

Margem GO MS MT RO SP PA PR TO 8500 () nd nd

Mataboi MG nd nd 40220 MERCOSUL MS PR RS nd nd 7534

Minerva GO MS SP TO 5400 () 70 () 11891

Quatro Marcos GO MT 2000 () nd 7459

Frigol SP nd nd 2341

Frigoestrela SP 1500 nd nd

Frisa BA ES MG 1000 nd 2882

Fonte () Jornal Valor Econocircmico ndash 062008 (ldquoJBS ganha rival com potencial de abate maiorrdquo) () web site da empresa()Valor econocircmico ndash Ranking setor de alimentos ndash quadro elaborado pelos autores nd ndash natildeo disponiacutevel

32 da capacidade de abate da induacutestria dos EUA A JBS-Friboi teria somente dois competidores importantes nosEstados UnidosTyson e Cargill

A internacionalizaccedilatildeo do setor eacute acompanhada peladiversificaccedilatildeo de atividades O Bertin aleacutem das atividades

12Gazeta Mercantil ndash 0603200813Beef Point (2008)

FIGURA 3 ndash Exportaccedilotildees mundiais e BrasilFonte Elaborado pelos autores com base em USDA Anualpec (2008) e MDIC-SECEX

Estrutura e conduta da agroinduacutestria exportadora de carne 101

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de abate e processamento de carne bovina atua tambeacutemnos setores de laacutecteos (compra da Vigor) higiene limpezae cosmeacuteticos aleacutem de usinas de biodiesel curtumes esaneamento baacutesico Recentemente observa-se a tendecircnciadas empresas frigoriacuteficas operarem tambeacutem nos setores deavicultura e suinocultura inclusive com a aquisiccedilatildeo deunidades tradicionais desses setores no Brasil e em outrospaiacuteses a exemplo da recente aquisiccedilatildeo da Carrolrsquos FoodBrasil (suinocultura) e da OSI (avicultura) pelo Marfrig

Essa tendecircncia de internacionalizaccedilatildeo e diversificaccedilatildeoocorre em paralelo a um movimento de concentraccedilatildeo dasempresas no Brasil Unidades industriais menores satildeoadquiridas pelas empresas liacutederes do setor Recentementeo Goiaacutes Carne Alimento SA foi adquirido pelo FrigoriacuteficoIndependecircncia Alimentos e o Lord Meat SA pelo FrigoriacuteficoMinerva A diversificaccedilatildeo regional ocorre natildeo soacute pelaaquisiccedilatildeo de plantas industriais menores como tambeacutem porinvestimentos proacuteprios em novas unidades O FrigoriacuteficoMinerva investe em novas unidades em Rolim Moura (RO)e Redenccedilatildeo do Paraacute (PA) o que lhe permitiraacute elevar suacapacidade de abate para 7850 cabeccedilasdia

A maior profissionalizaccedilatildeo e as perspectivaspositivas para o setor de carne bovina explicam a entradanesse mercado de empresas alimentiacutecias tradicionais comoa Sadia e a Perdigatildeo Em 2006 a Sadia reassume a plantaarrendada ao Friboi no Mato Grosso e faz investimentosda ordem de R$ 100 milhotildees em nova unidade A Perdigatildeotambeacutem investe em novas unidades no Mato Grosso epretende alcanccedilar um total de 6000 animais abatidos pordia em 201114

A integraccedilatildeo vertical eacute tambeacutem uma estrateacutegia dosetor a exemplo da produccedilatildeo de animais em confinamentosem fazendas proacuteprias Vaacuterios frigoriacuteficos possuemproduccedilatildeo proacutepria de bovinos para abate realizandoprincipalmente a fase final de terminaccedilatildeo (NEVES SAAB2008) A JBS ndash Friboi com a recente aquisiccedilatildeo da Tasmanna Austraacutelia incorpora em seu ativo um confinamento de25000 cabeccedilas de bovinos e 45000 de ovinos

A crescente profissionalizaccedilatildeo da induacutestriafrigoriacutefica nacional passa pela busca de financiamentoprivado para a realizaccedilatildeo de investimentos no setor(aquisiccedilatildeo internacionalizaccedilatildeo e diversificaccedilatildeo das plantasindustriais) Uma das opccedilotildees eacute o mercado de capitais Eacuterecente a tendecircncia de abertura de capital das empresasdo agronegoacutecio na Bovespa especificamente no ldquoNovoMercadordquo em que as praacuteticas de governanccedila satildeo maisriacutegidas do que as exigidas para outros segmentos delistagem na Bolsa Entre essas empresas destacam-sealguns frigoriacuteficos i) Frigoriacutefico Minerva ii) Frigoriacutefico

Marfrig e iii) JBS ndash Friboi A oferta puacuteblica inicial15 dasaccedilotildees dessas empresas totalizou R$ 3082 milhotildees sendoR$ 444 milhatildeo do Minerva R$ 1021 milhatildeo do Marfrig e R$1617 milhatildeo do JBS - Friboi

5 ANAacuteLISE DOS DADOS

Neste toacutepico analisam-se a estrutura de mercadoda induacutestria frigoriacutefica exportadora de carne bovina aevoluccedilatildeo dos preccedilos da carne exportada e o impacto dessespreccedilos praticado no mercado interno

51 Anaacutelise da estrutura de mercado

Com base no ldquoGuia de Anaacutelise Econocircmica de Atosde Concentraccedilatildeo Horizontalrdquo os atos de concentraccedilatildeodevem ser analisados a partir de i) definiccedilatildeo de mercadorelevante ii) determinaccedilatildeo de parcela de mercado iii) exameda probabilidade de exerciacutecio de poder de mercado iv)exame das eficiecircncias econocircmicas geradas e vi) avaliaccedilatildeodos efeitos liacutequidos do ato de concentraccedilatildeo em anaacutelise

De acordo com o Guia de Anaacutelise o mercadorelevante eacute definido como o menor grupo de produtos e amenor aacuterea geograacutefica necessaacuteria para que um supostomonopolista esteja em condiccedilotildees de impor um ldquopequenoporeacutem significativo e natildeo transitoacuteriordquo aumento de preccedilosQuanto agrave concentraccedilatildeo se a participaccedilatildeo de mercado forigual ou superior a 20 do mercado relevante o mercado eacutecaracterizado como ldquounilateralrdquo Se o CR

416 for maior ou

igual a 75 e a participaccedilatildeo de mercado da empresa emanaacutelise for igual ou superior a 10 do mercado relevantetem-se um mercado ldquocoordenadordquo Analisando-se aimportaccedilatildeo eacute importante avaliar se essa chega a 30 dovalor do consumo aparente O grau de dependecircncia daimportaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos produtores locais existecircncia decontratos de exclusividade entre importadores locais eempresas estrangeiras capacidade dos importadores paraacomodar incrementos nas exportaccedilotildees sem investir emnovos ativos fiacutesicos satildeo tambeacutem fatores avaliados

Quanto agraves barreiras agrave entrada tecircm-se como exemplosos custos irrecuperaacuteveis as barreiras legais ou regulatoacuteriasas economias de escala e escopo entre outros fatores Deacordo com Saes et al (2008) economias de escala ocorremquando a elevaccedilatildeo da produccedilatildeo da firma estaacute associada a

14 Portal DBO - as informaccedilotildees satildeo da Agecircncia ldquoAnbardquo ndash 29060715Em inglecircs a sigla IPO ndash Initial Public Offering16Razatildeo de Concentraccedilatildeo (CR

k) - A razatildeo de concentraccedilatildeo das k

maiores empresas calcula a proporccedilatildeo do valor total que eacutedominada por essas empresas pertencentes a determinado setor

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custos meacutedios decrescentes Os custos meacutedios podemdiminuir entre outros fatores por que (i) os custos fixos satildeouma parcela substantiva dos custos totais (ii) aprodutividade do trabalho aumenta (iii) a produtividade docapital se eleva (iv) as propriedades fiacutesicas do equipamentoou propriedades dos processos produtivos podem gerareconomias17 A presenccedila de economias de escala eacuteprovavelmente a explicaccedilatildeo mais relevante para o fato dealgumas induacutestrias serem mais concentradas que outras

Ainda segundo a portaria da SEAESDE queembasa as decisotildees do CADE a entrada de novasempresas no setor pode ser (i) tempestiva (quando puderocorrer em um tempo razoaacutevel ndash 2 anos) (ii) provaacutevel(quando for economicamente lucrativa a preccedilos preacute-concentraccedilatildeo) e (iii) suficiente (quando permitir que todasas oportunidades de venda sejam adequadamenteexploradas) A rivalidade das empresas eacute analisadaconsiderando-se o nuacutemero de empresas no mercadoexistecircncia de produto eou empresas homogecircneasdisponibilidade de informaccedilotildees sobre os competidorescondutas empresariais ainda que natildeo necessariamentelegais e a possibilidade de supervisatildeo de condutas

Com base nesses pressupostos a caracterizaccedilatildeoda estrutura de mercado da induacutestria frigoriacutefica exportadorade carne bovina eacute apresentada no quadro 3

Analisando o conjunto de informaccedilotildees e dadosapresentados neste artigo considera-se que o mercadorelevante eacute nacional As induacutestrias frigoriacuteficas estatildeo localizadasem diferentes estados brasileiros Observa-se nos estadosdo Sudeste e Centro-Oeste a existecircncia de unidades industriaisproacuteximas agraves das empresas concorrentes Nessa induacutestria umfator relevante para sua competitividade eacute a localizaccedilatildeo dasplantas sendo o raio oacutetimo de atuaccedilatildeo em torno de 300 Km(SILVA BATALHA 2000)

Calcular o grau de concentraccedilatildeo dessa induacutestrianatildeo eacute trivial Informaccedilotildees de valores exportados porempresa satildeo consideradas estrateacutegicas e natildeo satildeodivulgadas oficialmente Considerando o mercado nacionaltotal (Quadro 2) o CR

4 eacute baixo poreacutem ao se analisar a

participaccedilatildeo dessas mesmas induacutestrias nas exportaccedilotildeesbrasileiras (Quadro 1) pode-se inferir que a concentraccedilatildeodo setor exportador eacute uma realidade

A principal barreira agrave entrada eacute escala As recentesaquisiccedilotildees e os investimentos em novas unidades deproduccedilatildeo sinalizam para a necessidade de se aumentar acapacidade de abate e processamento das plantasindustriais De acordo com estudo feito por Silva e Batalha(2000) no Brasil existe grande diversidade de tamanho deplantas (500 a 2000 abatesdia) Constata-se poreacutem que

as novas unidades em fase de implantaccedilatildeo apresentamescala superior a 1000 animaisdia18 A despeito do altovalor de investimento em torno de R$ 50 a 70 milhotildees paraum abate de 1000 a 1600 cabeccedilasdia e o necessaacuterioconhecimento do mercado de carne natildeo haacute barreirastecnoloacutegicas ou de regulamentaccedilatildeo

No que se refere agraves importaccedilotildees entende-se que asua pequena relevacircncia no mercado nacional de carnebovina decorre da competitividade do produto nacionalprincipalmente em relaccedilatildeo ao fator preccedilo natildeo refletindoportanto exerciacutecio de poder de mercado das empresas Anecessaacuteria otimizaccedilatildeo das plantas industriais e atualmentea reduzida oferta de animais implica forte rivalidade dasempresas na busca por fornecedores Os programas dequalidade criados pelos frigoriacuteficos configuram umatentativa de estabelecer criteacuterios para tipificaccedilatildeo de carcaccedilascom preccedilos diferenciados para animais de maior qualidade

Existem no entanto indiacutecios de tentativa decoordenaccedilatildeo no estabelecimento de preccedilos para a aquisiccedilatildeode animais Recentemente em processo aberto junto aoCADE19 representaccedilotildees do setor de produccedilatildeo CNA20 eComissatildeo de Agricultura Pecuaacuteria Abastecimento eDesenvolvimento Rural da Cacircmara dos Deputadosacusaram de praacutetica de cartel um conjunto de induacutestriasfrigoriacuteficas especificamente de uniformizaccedilatildeo de criteacuteriospara a compra de animais para abate e acordo sobreporcentuais de desconto em relaccedilatildeo ao preccedilo do animalpadratildeo Como resultado desse processo em 2007 o CADEcondenou os frigoriacuteficos Mataboi Bertin Franco Fabril eMinerva por formaccedilatildeo de cartel O JBS-Friboi a fim deencerrar as investigaccedilotildees concordou em pagar uma multada ordem de R$ 137 milhotildees aleacutem de adotar um programade prevenccedilatildeo de condutas anticompetitivas

52 Anaacutelise dos preccedilos

Para complementar a anaacutelise da estrutura demercado procedeu-se agrave uma avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo dospreccedilos da carne bovina in natura e da carne industrializadaexportadas no periacuteodo de 1996 a 2008 (Figura 4)

17Guia para Anaacutelise Econocircmica de Atos de ConcentraccedilatildeoHorizontal Portaria Conjunta SEAESDE18Bertin 3000 cabdia (Campo GrandeMS) Minerva 1000cabeccedilasdia (Rolim de MouraRO) e Tatuibi 1600 (Chapadatildeo doSulMS) - Informaccedilotildees levantadas nos websites das empresasfrigoriacuteficas e junto agrave empresas de consultoria do setor19Conselho Administrativo de Defesa Econocircmica20Confederaccedilatildeo Nacional de Agricultura

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QUADRO 3 ndash Estrutura de Mercado da Induacutestria Frigoriacutefica Exportadora

Fatores analisados

Mercado Relevante Nacional

Grau de Concentraccedilatildeo Baixo (CR4=4450)

Barreiras agrave entrada Meacutedia

Importaccedilatildeo Baixa

Entrada de novas empresas Provaacutevel

Rivalidade entre empresas Alta

Fonte elaborada pelos autores() caacutelculo do CR

4 foi baseado nas informaccedilotildees apresentadas no Quadro 2 que tratam do mercado nacional e natildeo o SAG exportador

Observa-se que a meacutedia mensal dos preccedilosalcanccedilados no mercado internacional pela carne bovinaindustrializada brasileira eacute superior ao da carne in natura apartir de 2002 sendo crescente para ambos os tipos deproduto a partir dessa data No entanto o preccedilo meacutedioalcanccedilado pelas exportaccedilotildees da Argentina e Uruguai eacutesuperior ao da carne brasileira exportada (ANUALPEC2008)

Quanto aos preccedilos do boi-gordo no mercado internode Satildeo Paulo (Figura 5) observa-se estabilidade ateacute 2007poreacutem com preccedilos inferiores a US$ 15Kg no periacuteodo de1999 a 2006 A partir de 2007 observa-se um crescimentosignificativo nos preccedilos meacutedios mensais em Satildeo Paulo

Uma das questotildees de pesquisa apresentadas nesteartigo eacute avaliar o impacto do preccedilo alcanccedilado pela carnebrasileira no mercado internacional sobre o preccedilo da arrobano mercado interno Para tanto se propotildee um modelo com

algumas das principais variaacuteveis deste mercado No totaltem-se 149 observaccedilotildees resultado dos valores mensaismeacutedios de janeiro de 1996 a maio de 200821

Os valores foram transformados em logaritmosneperianos de modo a se desenvolver uma anaacutelise combase nas elasticidades Antes da anaacutelise dos dados foifeito um teste de estacionalidade nas referidas variaacuteveis eobservou-se que essas natildeo eram estacionaacuterias pois todasapresentavam raiz unitaacuteria Esse fato inviabiliza o uso domeacutetodo de miacutenimo quadrado ordinaacuterio (MQO) pois asimples utilizaccedilatildeo desse meacutetodo poderia gerar umaregressatildeo espuacuteria No entanto como as suas primeirasdiferenccedilas foram testadas e satildeo estacionaacuterias eacute possiacutevel a

21Ao se considerar o abate e a defasagem de 36 meses perdem-se48 observaccedilotildees Fica-se assim com 101 observaccedilotildees na regressatildeo

QUADRO 2 ndash Market Share dos principais frigoriacuteficos (mercado nacional)

Exportaccedilatildeo Frigoriacuteficos 2007 US$ Fob (em mi)

Ranking setor 2007 Partic Total 2007

JBS - Friboi 1070 1ordm 158 Bertin 924 2ordm 137

Minerva 546 3ordm 81

Marfrig 469 4ordm 69

Independecircncia 361 5ordm 53

Quatro Marcos 161 6ordm 24

MERCOSUL 109 7ordm 16

Margen 105 8ordm 16

Mataboi 95 9ordm 14

Outros 2926 432

Total 6766

Fonte ndash Minerva Press Release SECEX (inclui carne bovina in natura industrializada couro e boi-vivo)

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elaboraccedilatildeo de regressotildees das variaacuteveis desde que essassejam transformadas (ENDERS 2004) Os modelos deregressatildeo utilizados com as variaacuteveis transformadas foi ode vetor autorregressivo (VAR) com as oito primeirasdefasagens valor oacutetimo segundo o criteacuterio AkaikeInformation Criterion (AIC) (GREENE 2003 GUJARATI2003) Como resultados dessas anaacutelises surge um modelofinal (Modelo 1) Os resultados das estimaccedilotildees de seuscoeficientes estatildeo descritos abaixo assim como os seusvalores do erro padratildeo em ( ) e o valor da estatiacutestica z em [ ](Quadro 4)

OndeY = Primeira diferenccedila do logaritmo neperiano da meacutediamensal do preccedilo do boi em R$Kg ndash PrimDifLnPrecoIntSPK = ConstanteX

1di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano da meacutedia mensal do preccedilo do boi em R$Kg ndashPrimDifLnPrecoIntSPX

2di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano da meacutedia mensal do preccedilo em R$Kg da carnebovina in natura exportada ndash PrimDifLnPrecoInNatX

3di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano da meacutedia mensal do preccedilo em R$Kg da carnebovina industrializada exportada ndash PrimDifLnPrecoIndustX

4di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do cacircmbio (R$US$) ndash PrimDifLnCambioX

5di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do abate de animais em milhotildees de cabeccedilas-PrimDifLnAbateTMilhaoX

6di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do abate de fecircmeas em cabeccedilas ndashPrimDifLnAbateFem eX

7di= Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do iacutendice de porcentagem de abate de fecircmeasdefasados em 36 periacuteodos ndash PrimDifLnIndAbateFemL36

Esse modelo de VAR eacute estaacutevel tem resiacuteduos comdistribuiccedilatildeo normal e R2 de 06715 indicando assim que asvariaacuteveis independentes explicam mais de 67 da variacircnciados dados Esse modelo apresentou significacircncia em todosos seus paracircmetros estimados seja na constante ou nasvariaacuteveis estudadas sendo descritas abaixo as diferentesdefasagens em que essas variaacuteveis foram significativas

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos dos preccedilos internos de Satildeo Paulo(PrimDifLnPrecoIntSP) eacute significativa em quatro

defasagens diferentes sendo trecircs significativas a 1 (1 2e 7) e uma significativa a 10 (5) Aleacutem disso trecircsdefasagens (2 5 e 7) apresentam influecircncia negativaindicando que um aumento de 1 de seus valores reduzrespectivamente 056 023 e 051 o resultado davariaacutevel dependente Jaacute a defasagem 1 tem umcomportamento positivo ou seja um aumento de 1 emseus valores proporciona um acreacutescimo de 032 naprimeira diferenccedila dos preccedilos internos de Satildeo Paulo

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos da taxa da cacircmbio (PrimDifLnCambio) temsignificacircncia em quatro defasagens das quais duas (3 e 4)satildeo a niacutevel de 1 uma (1) a niacutevel de 5 e uma (7) a niacutevelde 10 Aleacutem disso duas dessas defasagens (1 e 7)apresentam comportamento negativo indicando que umaumento de 1 dos seus valores reduzem respectivamente039 e 031 o resultado da variaacutevel dependente Emcontraste a isso duas outras defasagens (3 e 4) apresentaminfluecircncia positiva ou seja um aumento de 1 em seusvalores acresce em respectivamente 059 e 075 adiferenccedila entre os preccedilos internos de Satildeo Paulo

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos de preccedilos in natura (PrimDifLnPrecoInNat) eacutesignificativa a niacutevel de 1 na defasagem 6 indicando queum aumento de 1 em seus valores aumenta em 032 oresultado da variaacutevel dependente

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos de preccedilos industrializados (PrimDifLnPrecoIndust)apresentou significacircncia em duas defasagens (1 e 4) sendouma delas (4) a niacutevel de 1 e com uma influecircncia negativaindicando que um aumento de 1 de seus valores reduz avariaacutevel dependente em 050 e a outra (1) a niacutevel de 10e com comportamento positivo ou seja um aumento de1 em seus valores aumenta essa diferenccedila de preccedilosinternos em 020

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos de abate em milhatildeo (PrimDifLnAbateTMilhao)foi significativa em trecircs defasagens a niacutevel de 5 (5 e 8) etambeacutem a niacutevel de 10 (6) Observa-se que as trecircs (5 6 e 8)apresentam um influecircncia negativa na variaacutevel dependentesignificando que um aumento de 1 dos seus valoresrepresentam uma reduccedilatildeo de respectivamente 048030 e 027 nos valores desta primeira diferenccedila

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos dos iacutendices porcentuais de abate de fecircmeasdefasados em 36 meses (PrimDifLnAbateFemL36) foisignificativa a niacutevel de 1 em duas defasagens (3 e 6) Haacuteduas influecircncias diferentes dessas uma negativa (6)indicando que um aumento de 1 em seus valores

Y K X1dii 1

8

X2dii 1

8

X3dii 1

8

X4 dii 1

8

X5dii 1

8

X6dii 1

8

X7di

i 1

8

(Modelo 1)

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FIGURA 4 ndash Preccedilos mensais ndash carne bovina exportada (in natura e industrializada)Fonte MDIC-SECEX - Dados elaborados pelos autores

FIGURA 5 ndash Preccedilos meacutedios mensais (US$Kg) ndash carne bovina ndash Satildeo PauloFonte CEPEA (2008) - Dados elaborados pelos autores

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representa uma reduccedilatildeo de 039 nos valores da variaacuteveldependente e uma positiva (3) em que um aumento de 1em seus valores acresce em 026 a diferenccedila entre ospreccedilos internos de Satildeo Paulo

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos do abate de fecircmeas (PrimDifLnIndAbateFem)foi significativa a niacutevel de 10 em duas defasagens (1 e 5)Quanto agraves suas influecircncias observa-se que haacute uma negativa(1) em que um aumento de 1 nos valores dessa defasagemreduz em 014 os valores da variaacutevel dependente e umapositiva (5) em que o acreacutescimo de 1 nos valores dessadefasagem aumenta em 021 os valores da diferenccedila entrepreccedilos internos em Satildeo Paulo

QUADRO 4 ndash Resultados da estimativa do modelo VAR com 8 defasagens (Modelo 1)

Variaacutevel dependente Y- Primeira Diferenccedila do Ln Preccedilo Interno de Satildeo Paulo (PrimDifLnPrecoIntSP)

Defasagem (d)

X1 X2 X3 X4 X5 X6 X7

1 03163

(01088) [290]

-03851

(01732) [-222]

00541ns

(01263) [043]

02011

(01062) [189]

00109ns

(01227) [009]

00105ns

(00830) [013]

-01419

(00815) [-174]

2 -05618

(01394) [-403)

-00404ns

(01797) [-023]

01924ns

(01317) [146]

00252ns

(01091) [023]

-02547ns

(01652) [-154]

04222ns

(00852) [050]

-00793ns

(00781) [-102]

3 00476ns

(01454) [033]

05923

(01884) [314]

-00725ns

(01343) [-054]

-00507ns

(01172) [-043]

-01874ns

(01708) [-110]

02599

(00907) [286]

-00682ns

(00851) [-080]

4 -00354ns

(01424) [-025]

07469

(02452) [304]

01456ns

(01398) [104]

-05035

(01291) [-390]

-02719ns

(01720) [-158]

-01594ns

(00961) [-166]

00335ns

(00915) [037]

5 -02348

(01404) [-167]

01769ns

(02467) [072]

00341ns

(01316) [026]

-00556ns

(01370) [-041]

-04763

(01934) [-246]

01600ns

(01011) [158]

02092

(01240) [169]

6 00825ns

(01411) [058]

-00301ns

(02040) [-015]

03185

(01148) [277]

00213ns

(01048) [020]

-02968

(01567) [-189]

-03946

(01025) [-385]

00686ns

(01244) [055]

7 -05081

(01406) [-361]

-03138

(01881) [-167]

-00108ns

(01052) [-010]

00067ns

(00939) [007]

-00667ns

(01492) [-045]

00227ns

(01188) [019]

01272ns

(01194) [106]

8 -00519ns

(01360) [-038]

00226ns

(02141) [011]

02093ns

(01015) [206]

-00373ns

(00989) [-038]

-02742

(01302) [-211]

-00119ns

(01085) [-011]

01696ns

(01058) [160]

Constante 00203

(00071) [286]

Obs = significativo agrave 1 = significativo agrave 5 = significativo agrave 10 e ns = natildeo significativo a 10 de significacircncia

6 CONCLUSOtildeES

O SAG exportador de carne bovina brasileiroapresenta uma estrutura concentrada em que um reduzidonuacutemero de empresas responde por parcela significativa dasexportaccedilotildees nacionais Essas empresas operam em todo oterritoacuterio nacional com plantas industriais exportadoraslocalizadas basicamente no Centro-Oeste Norte e Sudestedo paiacutes Identifica-se como principal barreira agrave entrada anecessidade da empresa possuir escala produtiva(capacidade de abate de animais e processamento de carne)

A importacircncia do SAG exportador de carne bovinapode tambeacutem ser demonstrada pelo impacto dos preccedilos

Estrutura e conduta da agroinduacutestria exportadora de carne 107

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 13 n 1 p 93-108 2011

alcanccedilados no mercado internacional sobre os preccedilospraticados no mercado interno Essa anaacutelise no entantoconfirma somente uma hipoacutetese de correlaccedilatildeo de preccedilossendo que um estudo sobre as variaacuteveis que impactam aformaccedilatildeo do preccedilo no mercado interno deveria contemplarum conjunto de fatores como disponibilidade de animaispara engorda oferta e demanda de carne bovina no mercadonacional e internacional Sugere-se como tema para umaagenda futura de pesquisa uma abrangente anaacutelise depreccedilos nesse SAG A relevacircncia das exportaccedilotildees para oSAG da Carne Bovina no Brasil eacute demonstrada pelacrescente participaccedilatildeo dos volumes exportados naproduccedilatildeo nacional Um indicador da eficiecircncia teacutecnica egerencial das empresas nacionais estaacute na forte tendecircnciade internacionalizaccedilatildeo com crescente participaccedilatildeo nomercado mundial de carne bovina A eficiecircncia dessainduacutestria pode tambeacutem ser observada na diversidade depaiacuteses importadores da carne brasileira

Entende-se portanto que a estrutura de mercadoda induacutestria exportadora de carne bovina brasileiraapresenta eficiecircncia econocircmica a despeito do seu grau deconcentraccedilatildeo e das barreiras agrave entrada fortementerelacionada agrave escala A contestabilidade desse mercado eacutegarantida pelo acesso e disponibilidade da necessaacuteriatecnologia para operar nesse setor pela ausecircncia debarreiras agrave saiacuteda ndash os investimentos realizados satildeofacilmente assumidos pelas empresas do setor e entrantes ndashe pela ausecircncia de barreiras agrave entrada da ordem deregulamentaccedilotildees e patentes A existecircncia de eficiecircnciaeconocircmica natildeo exime no entanto a possibilidade deexerciacutecio de poder de mercado pelas empresas liacutederes dosetor Dessa forma os oacutergatildeos competentes devem estaratentos agraves oportunidades de praacuteticas anticompetitivas

Essa eficiecircncia estaacute fortemente atrelada agravecompetitividade em preccedilo da carne brasileira Esforccedilosdeveratildeo ser dirigidos para que a carne brasileira seja tambeacutemreconhecida quanto aos aspectos da qualidade Para tantoaleacutem das iniciativas de divulgaccedilatildeo do produto em mercadosmais exigentes questotildees relacionadas ao ambienteinstitucional deveratildeo ser contempladas Rastreamento esanidade dos rebanhos satildeo fatores fundamentais para aagregaccedilatildeo de valor ao produto nacional Iniciativas em prolde uma maior coordenaccedilatildeo entre produccedilatildeo e induacutestria eacute amola mestra das accedilotildees estrateacutegicas a serem implementadas

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aproximado US$ 215 bilhotildees proacuteximo da Tyson Foodscom US$ 25 bilhotildees (Gazeta Mercantil12) Representantesde organizaccedilotildees de classe (consumidores produtores einduacutestria) nos Estados Unidos e na Austraacutelia jaacute sepronunciam contra as aquisiccedilotildees feitas pela JBS-Friboi13Alega-se que com a compra de algumas empresas de abatee processamento de carne bovina da Austraacutelia o JBScontrolaria 10 da oferta de carne bovina do mundo e

QUADRO 1 ndash Dados gerais de alguns frigoriacuteficos exportadores

Empresa Localizaccedilatildeo (plantas no Brasil) Capacidade de abate (cabdia)

Produccedilatildeo destinada agrave exportaccedilatildeo

Rec Liacutequida (R$ mi 2007)

() Bertin SA GO MG MS SP PA TO 12650 () 50 36158

Independecircncia GO MG MS MT RO SP TO 9500 () 63 15450 ()

JBS ndash Friboi AC GO MG MS MT PR RO SP 18400 () 5228 () 39562 Marfrig MS GO RS RO MT SP 13300 () 50 21305

Margem GO MS MT RO SP PA PR TO 8500 () nd nd

Mataboi MG nd nd 40220 MERCOSUL MS PR RS nd nd 7534

Minerva GO MS SP TO 5400 () 70 () 11891

Quatro Marcos GO MT 2000 () nd 7459

Frigol SP nd nd 2341

Frigoestrela SP 1500 nd nd

Frisa BA ES MG 1000 nd 2882

Fonte () Jornal Valor Econocircmico ndash 062008 (ldquoJBS ganha rival com potencial de abate maiorrdquo) () web site da empresa()Valor econocircmico ndash Ranking setor de alimentos ndash quadro elaborado pelos autores nd ndash natildeo disponiacutevel

32 da capacidade de abate da induacutestria dos EUA A JBS-Friboi teria somente dois competidores importantes nosEstados UnidosTyson e Cargill

A internacionalizaccedilatildeo do setor eacute acompanhada peladiversificaccedilatildeo de atividades O Bertin aleacutem das atividades

12Gazeta Mercantil ndash 0603200813Beef Point (2008)

FIGURA 3 ndash Exportaccedilotildees mundiais e BrasilFonte Elaborado pelos autores com base em USDA Anualpec (2008) e MDIC-SECEX

Estrutura e conduta da agroinduacutestria exportadora de carne 101

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de abate e processamento de carne bovina atua tambeacutemnos setores de laacutecteos (compra da Vigor) higiene limpezae cosmeacuteticos aleacutem de usinas de biodiesel curtumes esaneamento baacutesico Recentemente observa-se a tendecircnciadas empresas frigoriacuteficas operarem tambeacutem nos setores deavicultura e suinocultura inclusive com a aquisiccedilatildeo deunidades tradicionais desses setores no Brasil e em outrospaiacuteses a exemplo da recente aquisiccedilatildeo da Carrolrsquos FoodBrasil (suinocultura) e da OSI (avicultura) pelo Marfrig

Essa tendecircncia de internacionalizaccedilatildeo e diversificaccedilatildeoocorre em paralelo a um movimento de concentraccedilatildeo dasempresas no Brasil Unidades industriais menores satildeoadquiridas pelas empresas liacutederes do setor Recentementeo Goiaacutes Carne Alimento SA foi adquirido pelo FrigoriacuteficoIndependecircncia Alimentos e o Lord Meat SA pelo FrigoriacuteficoMinerva A diversificaccedilatildeo regional ocorre natildeo soacute pelaaquisiccedilatildeo de plantas industriais menores como tambeacutem porinvestimentos proacuteprios em novas unidades O FrigoriacuteficoMinerva investe em novas unidades em Rolim Moura (RO)e Redenccedilatildeo do Paraacute (PA) o que lhe permitiraacute elevar suacapacidade de abate para 7850 cabeccedilasdia

A maior profissionalizaccedilatildeo e as perspectivaspositivas para o setor de carne bovina explicam a entradanesse mercado de empresas alimentiacutecias tradicionais comoa Sadia e a Perdigatildeo Em 2006 a Sadia reassume a plantaarrendada ao Friboi no Mato Grosso e faz investimentosda ordem de R$ 100 milhotildees em nova unidade A Perdigatildeotambeacutem investe em novas unidades no Mato Grosso epretende alcanccedilar um total de 6000 animais abatidos pordia em 201114

A integraccedilatildeo vertical eacute tambeacutem uma estrateacutegia dosetor a exemplo da produccedilatildeo de animais em confinamentosem fazendas proacuteprias Vaacuterios frigoriacuteficos possuemproduccedilatildeo proacutepria de bovinos para abate realizandoprincipalmente a fase final de terminaccedilatildeo (NEVES SAAB2008) A JBS ndash Friboi com a recente aquisiccedilatildeo da Tasmanna Austraacutelia incorpora em seu ativo um confinamento de25000 cabeccedilas de bovinos e 45000 de ovinos

A crescente profissionalizaccedilatildeo da induacutestriafrigoriacutefica nacional passa pela busca de financiamentoprivado para a realizaccedilatildeo de investimentos no setor(aquisiccedilatildeo internacionalizaccedilatildeo e diversificaccedilatildeo das plantasindustriais) Uma das opccedilotildees eacute o mercado de capitais Eacuterecente a tendecircncia de abertura de capital das empresasdo agronegoacutecio na Bovespa especificamente no ldquoNovoMercadordquo em que as praacuteticas de governanccedila satildeo maisriacutegidas do que as exigidas para outros segmentos delistagem na Bolsa Entre essas empresas destacam-sealguns frigoriacuteficos i) Frigoriacutefico Minerva ii) Frigoriacutefico

Marfrig e iii) JBS ndash Friboi A oferta puacuteblica inicial15 dasaccedilotildees dessas empresas totalizou R$ 3082 milhotildees sendoR$ 444 milhatildeo do Minerva R$ 1021 milhatildeo do Marfrig e R$1617 milhatildeo do JBS - Friboi

5 ANAacuteLISE DOS DADOS

Neste toacutepico analisam-se a estrutura de mercadoda induacutestria frigoriacutefica exportadora de carne bovina aevoluccedilatildeo dos preccedilos da carne exportada e o impacto dessespreccedilos praticado no mercado interno

51 Anaacutelise da estrutura de mercado

Com base no ldquoGuia de Anaacutelise Econocircmica de Atosde Concentraccedilatildeo Horizontalrdquo os atos de concentraccedilatildeodevem ser analisados a partir de i) definiccedilatildeo de mercadorelevante ii) determinaccedilatildeo de parcela de mercado iii) exameda probabilidade de exerciacutecio de poder de mercado iv)exame das eficiecircncias econocircmicas geradas e vi) avaliaccedilatildeodos efeitos liacutequidos do ato de concentraccedilatildeo em anaacutelise

De acordo com o Guia de Anaacutelise o mercadorelevante eacute definido como o menor grupo de produtos e amenor aacuterea geograacutefica necessaacuteria para que um supostomonopolista esteja em condiccedilotildees de impor um ldquopequenoporeacutem significativo e natildeo transitoacuteriordquo aumento de preccedilosQuanto agrave concentraccedilatildeo se a participaccedilatildeo de mercado forigual ou superior a 20 do mercado relevante o mercado eacutecaracterizado como ldquounilateralrdquo Se o CR

416 for maior ou

igual a 75 e a participaccedilatildeo de mercado da empresa emanaacutelise for igual ou superior a 10 do mercado relevantetem-se um mercado ldquocoordenadordquo Analisando-se aimportaccedilatildeo eacute importante avaliar se essa chega a 30 dovalor do consumo aparente O grau de dependecircncia daimportaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos produtores locais existecircncia decontratos de exclusividade entre importadores locais eempresas estrangeiras capacidade dos importadores paraacomodar incrementos nas exportaccedilotildees sem investir emnovos ativos fiacutesicos satildeo tambeacutem fatores avaliados

Quanto agraves barreiras agrave entrada tecircm-se como exemplosos custos irrecuperaacuteveis as barreiras legais ou regulatoacuteriasas economias de escala e escopo entre outros fatores Deacordo com Saes et al (2008) economias de escala ocorremquando a elevaccedilatildeo da produccedilatildeo da firma estaacute associada a

14 Portal DBO - as informaccedilotildees satildeo da Agecircncia ldquoAnbardquo ndash 29060715Em inglecircs a sigla IPO ndash Initial Public Offering16Razatildeo de Concentraccedilatildeo (CR

k) - A razatildeo de concentraccedilatildeo das k

maiores empresas calcula a proporccedilatildeo do valor total que eacutedominada por essas empresas pertencentes a determinado setor

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custos meacutedios decrescentes Os custos meacutedios podemdiminuir entre outros fatores por que (i) os custos fixos satildeouma parcela substantiva dos custos totais (ii) aprodutividade do trabalho aumenta (iii) a produtividade docapital se eleva (iv) as propriedades fiacutesicas do equipamentoou propriedades dos processos produtivos podem gerareconomias17 A presenccedila de economias de escala eacuteprovavelmente a explicaccedilatildeo mais relevante para o fato dealgumas induacutestrias serem mais concentradas que outras

Ainda segundo a portaria da SEAESDE queembasa as decisotildees do CADE a entrada de novasempresas no setor pode ser (i) tempestiva (quando puderocorrer em um tempo razoaacutevel ndash 2 anos) (ii) provaacutevel(quando for economicamente lucrativa a preccedilos preacute-concentraccedilatildeo) e (iii) suficiente (quando permitir que todasas oportunidades de venda sejam adequadamenteexploradas) A rivalidade das empresas eacute analisadaconsiderando-se o nuacutemero de empresas no mercadoexistecircncia de produto eou empresas homogecircneasdisponibilidade de informaccedilotildees sobre os competidorescondutas empresariais ainda que natildeo necessariamentelegais e a possibilidade de supervisatildeo de condutas

Com base nesses pressupostos a caracterizaccedilatildeoda estrutura de mercado da induacutestria frigoriacutefica exportadorade carne bovina eacute apresentada no quadro 3

Analisando o conjunto de informaccedilotildees e dadosapresentados neste artigo considera-se que o mercadorelevante eacute nacional As induacutestrias frigoriacuteficas estatildeo localizadasem diferentes estados brasileiros Observa-se nos estadosdo Sudeste e Centro-Oeste a existecircncia de unidades industriaisproacuteximas agraves das empresas concorrentes Nessa induacutestria umfator relevante para sua competitividade eacute a localizaccedilatildeo dasplantas sendo o raio oacutetimo de atuaccedilatildeo em torno de 300 Km(SILVA BATALHA 2000)

Calcular o grau de concentraccedilatildeo dessa induacutestrianatildeo eacute trivial Informaccedilotildees de valores exportados porempresa satildeo consideradas estrateacutegicas e natildeo satildeodivulgadas oficialmente Considerando o mercado nacionaltotal (Quadro 2) o CR

4 eacute baixo poreacutem ao se analisar a

participaccedilatildeo dessas mesmas induacutestrias nas exportaccedilotildeesbrasileiras (Quadro 1) pode-se inferir que a concentraccedilatildeodo setor exportador eacute uma realidade

A principal barreira agrave entrada eacute escala As recentesaquisiccedilotildees e os investimentos em novas unidades deproduccedilatildeo sinalizam para a necessidade de se aumentar acapacidade de abate e processamento das plantasindustriais De acordo com estudo feito por Silva e Batalha(2000) no Brasil existe grande diversidade de tamanho deplantas (500 a 2000 abatesdia) Constata-se poreacutem que

as novas unidades em fase de implantaccedilatildeo apresentamescala superior a 1000 animaisdia18 A despeito do altovalor de investimento em torno de R$ 50 a 70 milhotildees paraum abate de 1000 a 1600 cabeccedilasdia e o necessaacuterioconhecimento do mercado de carne natildeo haacute barreirastecnoloacutegicas ou de regulamentaccedilatildeo

No que se refere agraves importaccedilotildees entende-se que asua pequena relevacircncia no mercado nacional de carnebovina decorre da competitividade do produto nacionalprincipalmente em relaccedilatildeo ao fator preccedilo natildeo refletindoportanto exerciacutecio de poder de mercado das empresas Anecessaacuteria otimizaccedilatildeo das plantas industriais e atualmentea reduzida oferta de animais implica forte rivalidade dasempresas na busca por fornecedores Os programas dequalidade criados pelos frigoriacuteficos configuram umatentativa de estabelecer criteacuterios para tipificaccedilatildeo de carcaccedilascom preccedilos diferenciados para animais de maior qualidade

Existem no entanto indiacutecios de tentativa decoordenaccedilatildeo no estabelecimento de preccedilos para a aquisiccedilatildeode animais Recentemente em processo aberto junto aoCADE19 representaccedilotildees do setor de produccedilatildeo CNA20 eComissatildeo de Agricultura Pecuaacuteria Abastecimento eDesenvolvimento Rural da Cacircmara dos Deputadosacusaram de praacutetica de cartel um conjunto de induacutestriasfrigoriacuteficas especificamente de uniformizaccedilatildeo de criteacuteriospara a compra de animais para abate e acordo sobreporcentuais de desconto em relaccedilatildeo ao preccedilo do animalpadratildeo Como resultado desse processo em 2007 o CADEcondenou os frigoriacuteficos Mataboi Bertin Franco Fabril eMinerva por formaccedilatildeo de cartel O JBS-Friboi a fim deencerrar as investigaccedilotildees concordou em pagar uma multada ordem de R$ 137 milhotildees aleacutem de adotar um programade prevenccedilatildeo de condutas anticompetitivas

52 Anaacutelise dos preccedilos

Para complementar a anaacutelise da estrutura demercado procedeu-se agrave uma avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo dospreccedilos da carne bovina in natura e da carne industrializadaexportadas no periacuteodo de 1996 a 2008 (Figura 4)

17Guia para Anaacutelise Econocircmica de Atos de ConcentraccedilatildeoHorizontal Portaria Conjunta SEAESDE18Bertin 3000 cabdia (Campo GrandeMS) Minerva 1000cabeccedilasdia (Rolim de MouraRO) e Tatuibi 1600 (Chapadatildeo doSulMS) - Informaccedilotildees levantadas nos websites das empresasfrigoriacuteficas e junto agrave empresas de consultoria do setor19Conselho Administrativo de Defesa Econocircmica20Confederaccedilatildeo Nacional de Agricultura

Estrutura e conduta da agroinduacutestria exportadora de carne 103

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 13 n 1 p 93-108 2011

QUADRO 3 ndash Estrutura de Mercado da Induacutestria Frigoriacutefica Exportadora

Fatores analisados

Mercado Relevante Nacional

Grau de Concentraccedilatildeo Baixo (CR4=4450)

Barreiras agrave entrada Meacutedia

Importaccedilatildeo Baixa

Entrada de novas empresas Provaacutevel

Rivalidade entre empresas Alta

Fonte elaborada pelos autores() caacutelculo do CR

4 foi baseado nas informaccedilotildees apresentadas no Quadro 2 que tratam do mercado nacional e natildeo o SAG exportador

Observa-se que a meacutedia mensal dos preccedilosalcanccedilados no mercado internacional pela carne bovinaindustrializada brasileira eacute superior ao da carne in natura apartir de 2002 sendo crescente para ambos os tipos deproduto a partir dessa data No entanto o preccedilo meacutedioalcanccedilado pelas exportaccedilotildees da Argentina e Uruguai eacutesuperior ao da carne brasileira exportada (ANUALPEC2008)

Quanto aos preccedilos do boi-gordo no mercado internode Satildeo Paulo (Figura 5) observa-se estabilidade ateacute 2007poreacutem com preccedilos inferiores a US$ 15Kg no periacuteodo de1999 a 2006 A partir de 2007 observa-se um crescimentosignificativo nos preccedilos meacutedios mensais em Satildeo Paulo

Uma das questotildees de pesquisa apresentadas nesteartigo eacute avaliar o impacto do preccedilo alcanccedilado pela carnebrasileira no mercado internacional sobre o preccedilo da arrobano mercado interno Para tanto se propotildee um modelo com

algumas das principais variaacuteveis deste mercado No totaltem-se 149 observaccedilotildees resultado dos valores mensaismeacutedios de janeiro de 1996 a maio de 200821

Os valores foram transformados em logaritmosneperianos de modo a se desenvolver uma anaacutelise combase nas elasticidades Antes da anaacutelise dos dados foifeito um teste de estacionalidade nas referidas variaacuteveis eobservou-se que essas natildeo eram estacionaacuterias pois todasapresentavam raiz unitaacuteria Esse fato inviabiliza o uso domeacutetodo de miacutenimo quadrado ordinaacuterio (MQO) pois asimples utilizaccedilatildeo desse meacutetodo poderia gerar umaregressatildeo espuacuteria No entanto como as suas primeirasdiferenccedilas foram testadas e satildeo estacionaacuterias eacute possiacutevel a

21Ao se considerar o abate e a defasagem de 36 meses perdem-se48 observaccedilotildees Fica-se assim com 101 observaccedilotildees na regressatildeo

QUADRO 2 ndash Market Share dos principais frigoriacuteficos (mercado nacional)

Exportaccedilatildeo Frigoriacuteficos 2007 US$ Fob (em mi)

Ranking setor 2007 Partic Total 2007

JBS - Friboi 1070 1ordm 158 Bertin 924 2ordm 137

Minerva 546 3ordm 81

Marfrig 469 4ordm 69

Independecircncia 361 5ordm 53

Quatro Marcos 161 6ordm 24

MERCOSUL 109 7ordm 16

Margen 105 8ordm 16

Mataboi 95 9ordm 14

Outros 2926 432

Total 6766

Fonte ndash Minerva Press Release SECEX (inclui carne bovina in natura industrializada couro e boi-vivo)

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elaboraccedilatildeo de regressotildees das variaacuteveis desde que essassejam transformadas (ENDERS 2004) Os modelos deregressatildeo utilizados com as variaacuteveis transformadas foi ode vetor autorregressivo (VAR) com as oito primeirasdefasagens valor oacutetimo segundo o criteacuterio AkaikeInformation Criterion (AIC) (GREENE 2003 GUJARATI2003) Como resultados dessas anaacutelises surge um modelofinal (Modelo 1) Os resultados das estimaccedilotildees de seuscoeficientes estatildeo descritos abaixo assim como os seusvalores do erro padratildeo em ( ) e o valor da estatiacutestica z em [ ](Quadro 4)

OndeY = Primeira diferenccedila do logaritmo neperiano da meacutediamensal do preccedilo do boi em R$Kg ndash PrimDifLnPrecoIntSPK = ConstanteX

1di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano da meacutedia mensal do preccedilo do boi em R$Kg ndashPrimDifLnPrecoIntSPX

2di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano da meacutedia mensal do preccedilo em R$Kg da carnebovina in natura exportada ndash PrimDifLnPrecoInNatX

3di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano da meacutedia mensal do preccedilo em R$Kg da carnebovina industrializada exportada ndash PrimDifLnPrecoIndustX

4di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do cacircmbio (R$US$) ndash PrimDifLnCambioX

5di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do abate de animais em milhotildees de cabeccedilas-PrimDifLnAbateTMilhaoX

6di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do abate de fecircmeas em cabeccedilas ndashPrimDifLnAbateFem eX

7di= Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do iacutendice de porcentagem de abate de fecircmeasdefasados em 36 periacuteodos ndash PrimDifLnIndAbateFemL36

Esse modelo de VAR eacute estaacutevel tem resiacuteduos comdistribuiccedilatildeo normal e R2 de 06715 indicando assim que asvariaacuteveis independentes explicam mais de 67 da variacircnciados dados Esse modelo apresentou significacircncia em todosos seus paracircmetros estimados seja na constante ou nasvariaacuteveis estudadas sendo descritas abaixo as diferentesdefasagens em que essas variaacuteveis foram significativas

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos dos preccedilos internos de Satildeo Paulo(PrimDifLnPrecoIntSP) eacute significativa em quatro

defasagens diferentes sendo trecircs significativas a 1 (1 2e 7) e uma significativa a 10 (5) Aleacutem disso trecircsdefasagens (2 5 e 7) apresentam influecircncia negativaindicando que um aumento de 1 de seus valores reduzrespectivamente 056 023 e 051 o resultado davariaacutevel dependente Jaacute a defasagem 1 tem umcomportamento positivo ou seja um aumento de 1 emseus valores proporciona um acreacutescimo de 032 naprimeira diferenccedila dos preccedilos internos de Satildeo Paulo

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos da taxa da cacircmbio (PrimDifLnCambio) temsignificacircncia em quatro defasagens das quais duas (3 e 4)satildeo a niacutevel de 1 uma (1) a niacutevel de 5 e uma (7) a niacutevelde 10 Aleacutem disso duas dessas defasagens (1 e 7)apresentam comportamento negativo indicando que umaumento de 1 dos seus valores reduzem respectivamente039 e 031 o resultado da variaacutevel dependente Emcontraste a isso duas outras defasagens (3 e 4) apresentaminfluecircncia positiva ou seja um aumento de 1 em seusvalores acresce em respectivamente 059 e 075 adiferenccedila entre os preccedilos internos de Satildeo Paulo

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos de preccedilos in natura (PrimDifLnPrecoInNat) eacutesignificativa a niacutevel de 1 na defasagem 6 indicando queum aumento de 1 em seus valores aumenta em 032 oresultado da variaacutevel dependente

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos de preccedilos industrializados (PrimDifLnPrecoIndust)apresentou significacircncia em duas defasagens (1 e 4) sendouma delas (4) a niacutevel de 1 e com uma influecircncia negativaindicando que um aumento de 1 de seus valores reduz avariaacutevel dependente em 050 e a outra (1) a niacutevel de 10e com comportamento positivo ou seja um aumento de1 em seus valores aumenta essa diferenccedila de preccedilosinternos em 020

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos de abate em milhatildeo (PrimDifLnAbateTMilhao)foi significativa em trecircs defasagens a niacutevel de 5 (5 e 8) etambeacutem a niacutevel de 10 (6) Observa-se que as trecircs (5 6 e 8)apresentam um influecircncia negativa na variaacutevel dependentesignificando que um aumento de 1 dos seus valoresrepresentam uma reduccedilatildeo de respectivamente 048030 e 027 nos valores desta primeira diferenccedila

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos dos iacutendices porcentuais de abate de fecircmeasdefasados em 36 meses (PrimDifLnAbateFemL36) foisignificativa a niacutevel de 1 em duas defasagens (3 e 6) Haacuteduas influecircncias diferentes dessas uma negativa (6)indicando que um aumento de 1 em seus valores

Y K X1dii 1

8

X2dii 1

8

X3dii 1

8

X4 dii 1

8

X5dii 1

8

X6dii 1

8

X7di

i 1

8

(Modelo 1)

Estrutura e conduta da agroinduacutestria exportadora de carne 105

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 13 n 1 p 93-108 2011

FIGURA 4 ndash Preccedilos mensais ndash carne bovina exportada (in natura e industrializada)Fonte MDIC-SECEX - Dados elaborados pelos autores

FIGURA 5 ndash Preccedilos meacutedios mensais (US$Kg) ndash carne bovina ndash Satildeo PauloFonte CEPEA (2008) - Dados elaborados pelos autores

CALEMAN S M de Q amp CUNHA C F da106

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 13 n 1 p 93-108 2011

representa uma reduccedilatildeo de 039 nos valores da variaacuteveldependente e uma positiva (3) em que um aumento de 1em seus valores acresce em 026 a diferenccedila entre ospreccedilos internos de Satildeo Paulo

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos do abate de fecircmeas (PrimDifLnIndAbateFem)foi significativa a niacutevel de 10 em duas defasagens (1 e 5)Quanto agraves suas influecircncias observa-se que haacute uma negativa(1) em que um aumento de 1 nos valores dessa defasagemreduz em 014 os valores da variaacutevel dependente e umapositiva (5) em que o acreacutescimo de 1 nos valores dessadefasagem aumenta em 021 os valores da diferenccedila entrepreccedilos internos em Satildeo Paulo

QUADRO 4 ndash Resultados da estimativa do modelo VAR com 8 defasagens (Modelo 1)

Variaacutevel dependente Y- Primeira Diferenccedila do Ln Preccedilo Interno de Satildeo Paulo (PrimDifLnPrecoIntSP)

Defasagem (d)

X1 X2 X3 X4 X5 X6 X7

1 03163

(01088) [290]

-03851

(01732) [-222]

00541ns

(01263) [043]

02011

(01062) [189]

00109ns

(01227) [009]

00105ns

(00830) [013]

-01419

(00815) [-174]

2 -05618

(01394) [-403)

-00404ns

(01797) [-023]

01924ns

(01317) [146]

00252ns

(01091) [023]

-02547ns

(01652) [-154]

04222ns

(00852) [050]

-00793ns

(00781) [-102]

3 00476ns

(01454) [033]

05923

(01884) [314]

-00725ns

(01343) [-054]

-00507ns

(01172) [-043]

-01874ns

(01708) [-110]

02599

(00907) [286]

-00682ns

(00851) [-080]

4 -00354ns

(01424) [-025]

07469

(02452) [304]

01456ns

(01398) [104]

-05035

(01291) [-390]

-02719ns

(01720) [-158]

-01594ns

(00961) [-166]

00335ns

(00915) [037]

5 -02348

(01404) [-167]

01769ns

(02467) [072]

00341ns

(01316) [026]

-00556ns

(01370) [-041]

-04763

(01934) [-246]

01600ns

(01011) [158]

02092

(01240) [169]

6 00825ns

(01411) [058]

-00301ns

(02040) [-015]

03185

(01148) [277]

00213ns

(01048) [020]

-02968

(01567) [-189]

-03946

(01025) [-385]

00686ns

(01244) [055]

7 -05081

(01406) [-361]

-03138

(01881) [-167]

-00108ns

(01052) [-010]

00067ns

(00939) [007]

-00667ns

(01492) [-045]

00227ns

(01188) [019]

01272ns

(01194) [106]

8 -00519ns

(01360) [-038]

00226ns

(02141) [011]

02093ns

(01015) [206]

-00373ns

(00989) [-038]

-02742

(01302) [-211]

-00119ns

(01085) [-011]

01696ns

(01058) [160]

Constante 00203

(00071) [286]

Obs = significativo agrave 1 = significativo agrave 5 = significativo agrave 10 e ns = natildeo significativo a 10 de significacircncia

6 CONCLUSOtildeES

O SAG exportador de carne bovina brasileiroapresenta uma estrutura concentrada em que um reduzidonuacutemero de empresas responde por parcela significativa dasexportaccedilotildees nacionais Essas empresas operam em todo oterritoacuterio nacional com plantas industriais exportadoraslocalizadas basicamente no Centro-Oeste Norte e Sudestedo paiacutes Identifica-se como principal barreira agrave entrada anecessidade da empresa possuir escala produtiva(capacidade de abate de animais e processamento de carne)

A importacircncia do SAG exportador de carne bovinapode tambeacutem ser demonstrada pelo impacto dos preccedilos

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alcanccedilados no mercado internacional sobre os preccedilospraticados no mercado interno Essa anaacutelise no entantoconfirma somente uma hipoacutetese de correlaccedilatildeo de preccedilossendo que um estudo sobre as variaacuteveis que impactam aformaccedilatildeo do preccedilo no mercado interno deveria contemplarum conjunto de fatores como disponibilidade de animaispara engorda oferta e demanda de carne bovina no mercadonacional e internacional Sugere-se como tema para umaagenda futura de pesquisa uma abrangente anaacutelise depreccedilos nesse SAG A relevacircncia das exportaccedilotildees para oSAG da Carne Bovina no Brasil eacute demonstrada pelacrescente participaccedilatildeo dos volumes exportados naproduccedilatildeo nacional Um indicador da eficiecircncia teacutecnica egerencial das empresas nacionais estaacute na forte tendecircnciade internacionalizaccedilatildeo com crescente participaccedilatildeo nomercado mundial de carne bovina A eficiecircncia dessainduacutestria pode tambeacutem ser observada na diversidade depaiacuteses importadores da carne brasileira

Entende-se portanto que a estrutura de mercadoda induacutestria exportadora de carne bovina brasileiraapresenta eficiecircncia econocircmica a despeito do seu grau deconcentraccedilatildeo e das barreiras agrave entrada fortementerelacionada agrave escala A contestabilidade desse mercado eacutegarantida pelo acesso e disponibilidade da necessaacuteriatecnologia para operar nesse setor pela ausecircncia debarreiras agrave saiacuteda ndash os investimentos realizados satildeofacilmente assumidos pelas empresas do setor e entrantes ndashe pela ausecircncia de barreiras agrave entrada da ordem deregulamentaccedilotildees e patentes A existecircncia de eficiecircnciaeconocircmica natildeo exime no entanto a possibilidade deexerciacutecio de poder de mercado pelas empresas liacutederes dosetor Dessa forma os oacutergatildeos competentes devem estaratentos agraves oportunidades de praacuteticas anticompetitivas

Essa eficiecircncia estaacute fortemente atrelada agravecompetitividade em preccedilo da carne brasileira Esforccedilosdeveratildeo ser dirigidos para que a carne brasileira seja tambeacutemreconhecida quanto aos aspectos da qualidade Para tantoaleacutem das iniciativas de divulgaccedilatildeo do produto em mercadosmais exigentes questotildees relacionadas ao ambienteinstitucional deveratildeo ser contempladas Rastreamento esanidade dos rebanhos satildeo fatores fundamentais para aagregaccedilatildeo de valor ao produto nacional Iniciativas em prolde uma maior coordenaccedilatildeo entre produccedilatildeo e induacutestria eacute amola mestra das accedilotildees estrateacutegicas a serem implementadas

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Estrutura e conduta da agroinduacutestria exportadora de carne 101

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de abate e processamento de carne bovina atua tambeacutemnos setores de laacutecteos (compra da Vigor) higiene limpezae cosmeacuteticos aleacutem de usinas de biodiesel curtumes esaneamento baacutesico Recentemente observa-se a tendecircnciadas empresas frigoriacuteficas operarem tambeacutem nos setores deavicultura e suinocultura inclusive com a aquisiccedilatildeo deunidades tradicionais desses setores no Brasil e em outrospaiacuteses a exemplo da recente aquisiccedilatildeo da Carrolrsquos FoodBrasil (suinocultura) e da OSI (avicultura) pelo Marfrig

Essa tendecircncia de internacionalizaccedilatildeo e diversificaccedilatildeoocorre em paralelo a um movimento de concentraccedilatildeo dasempresas no Brasil Unidades industriais menores satildeoadquiridas pelas empresas liacutederes do setor Recentementeo Goiaacutes Carne Alimento SA foi adquirido pelo FrigoriacuteficoIndependecircncia Alimentos e o Lord Meat SA pelo FrigoriacuteficoMinerva A diversificaccedilatildeo regional ocorre natildeo soacute pelaaquisiccedilatildeo de plantas industriais menores como tambeacutem porinvestimentos proacuteprios em novas unidades O FrigoriacuteficoMinerva investe em novas unidades em Rolim Moura (RO)e Redenccedilatildeo do Paraacute (PA) o que lhe permitiraacute elevar suacapacidade de abate para 7850 cabeccedilasdia

A maior profissionalizaccedilatildeo e as perspectivaspositivas para o setor de carne bovina explicam a entradanesse mercado de empresas alimentiacutecias tradicionais comoa Sadia e a Perdigatildeo Em 2006 a Sadia reassume a plantaarrendada ao Friboi no Mato Grosso e faz investimentosda ordem de R$ 100 milhotildees em nova unidade A Perdigatildeotambeacutem investe em novas unidades no Mato Grosso epretende alcanccedilar um total de 6000 animais abatidos pordia em 201114

A integraccedilatildeo vertical eacute tambeacutem uma estrateacutegia dosetor a exemplo da produccedilatildeo de animais em confinamentosem fazendas proacuteprias Vaacuterios frigoriacuteficos possuemproduccedilatildeo proacutepria de bovinos para abate realizandoprincipalmente a fase final de terminaccedilatildeo (NEVES SAAB2008) A JBS ndash Friboi com a recente aquisiccedilatildeo da Tasmanna Austraacutelia incorpora em seu ativo um confinamento de25000 cabeccedilas de bovinos e 45000 de ovinos

A crescente profissionalizaccedilatildeo da induacutestriafrigoriacutefica nacional passa pela busca de financiamentoprivado para a realizaccedilatildeo de investimentos no setor(aquisiccedilatildeo internacionalizaccedilatildeo e diversificaccedilatildeo das plantasindustriais) Uma das opccedilotildees eacute o mercado de capitais Eacuterecente a tendecircncia de abertura de capital das empresasdo agronegoacutecio na Bovespa especificamente no ldquoNovoMercadordquo em que as praacuteticas de governanccedila satildeo maisriacutegidas do que as exigidas para outros segmentos delistagem na Bolsa Entre essas empresas destacam-sealguns frigoriacuteficos i) Frigoriacutefico Minerva ii) Frigoriacutefico

Marfrig e iii) JBS ndash Friboi A oferta puacuteblica inicial15 dasaccedilotildees dessas empresas totalizou R$ 3082 milhotildees sendoR$ 444 milhatildeo do Minerva R$ 1021 milhatildeo do Marfrig e R$1617 milhatildeo do JBS - Friboi

5 ANAacuteLISE DOS DADOS

Neste toacutepico analisam-se a estrutura de mercadoda induacutestria frigoriacutefica exportadora de carne bovina aevoluccedilatildeo dos preccedilos da carne exportada e o impacto dessespreccedilos praticado no mercado interno

51 Anaacutelise da estrutura de mercado

Com base no ldquoGuia de Anaacutelise Econocircmica de Atosde Concentraccedilatildeo Horizontalrdquo os atos de concentraccedilatildeodevem ser analisados a partir de i) definiccedilatildeo de mercadorelevante ii) determinaccedilatildeo de parcela de mercado iii) exameda probabilidade de exerciacutecio de poder de mercado iv)exame das eficiecircncias econocircmicas geradas e vi) avaliaccedilatildeodos efeitos liacutequidos do ato de concentraccedilatildeo em anaacutelise

De acordo com o Guia de Anaacutelise o mercadorelevante eacute definido como o menor grupo de produtos e amenor aacuterea geograacutefica necessaacuteria para que um supostomonopolista esteja em condiccedilotildees de impor um ldquopequenoporeacutem significativo e natildeo transitoacuteriordquo aumento de preccedilosQuanto agrave concentraccedilatildeo se a participaccedilatildeo de mercado forigual ou superior a 20 do mercado relevante o mercado eacutecaracterizado como ldquounilateralrdquo Se o CR

416 for maior ou

igual a 75 e a participaccedilatildeo de mercado da empresa emanaacutelise for igual ou superior a 10 do mercado relevantetem-se um mercado ldquocoordenadordquo Analisando-se aimportaccedilatildeo eacute importante avaliar se essa chega a 30 dovalor do consumo aparente O grau de dependecircncia daimportaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos produtores locais existecircncia decontratos de exclusividade entre importadores locais eempresas estrangeiras capacidade dos importadores paraacomodar incrementos nas exportaccedilotildees sem investir emnovos ativos fiacutesicos satildeo tambeacutem fatores avaliados

Quanto agraves barreiras agrave entrada tecircm-se como exemplosos custos irrecuperaacuteveis as barreiras legais ou regulatoacuteriasas economias de escala e escopo entre outros fatores Deacordo com Saes et al (2008) economias de escala ocorremquando a elevaccedilatildeo da produccedilatildeo da firma estaacute associada a

14 Portal DBO - as informaccedilotildees satildeo da Agecircncia ldquoAnbardquo ndash 29060715Em inglecircs a sigla IPO ndash Initial Public Offering16Razatildeo de Concentraccedilatildeo (CR

k) - A razatildeo de concentraccedilatildeo das k

maiores empresas calcula a proporccedilatildeo do valor total que eacutedominada por essas empresas pertencentes a determinado setor

CALEMAN S M de Q amp CUNHA C F da102

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custos meacutedios decrescentes Os custos meacutedios podemdiminuir entre outros fatores por que (i) os custos fixos satildeouma parcela substantiva dos custos totais (ii) aprodutividade do trabalho aumenta (iii) a produtividade docapital se eleva (iv) as propriedades fiacutesicas do equipamentoou propriedades dos processos produtivos podem gerareconomias17 A presenccedila de economias de escala eacuteprovavelmente a explicaccedilatildeo mais relevante para o fato dealgumas induacutestrias serem mais concentradas que outras

Ainda segundo a portaria da SEAESDE queembasa as decisotildees do CADE a entrada de novasempresas no setor pode ser (i) tempestiva (quando puderocorrer em um tempo razoaacutevel ndash 2 anos) (ii) provaacutevel(quando for economicamente lucrativa a preccedilos preacute-concentraccedilatildeo) e (iii) suficiente (quando permitir que todasas oportunidades de venda sejam adequadamenteexploradas) A rivalidade das empresas eacute analisadaconsiderando-se o nuacutemero de empresas no mercadoexistecircncia de produto eou empresas homogecircneasdisponibilidade de informaccedilotildees sobre os competidorescondutas empresariais ainda que natildeo necessariamentelegais e a possibilidade de supervisatildeo de condutas

Com base nesses pressupostos a caracterizaccedilatildeoda estrutura de mercado da induacutestria frigoriacutefica exportadorade carne bovina eacute apresentada no quadro 3

Analisando o conjunto de informaccedilotildees e dadosapresentados neste artigo considera-se que o mercadorelevante eacute nacional As induacutestrias frigoriacuteficas estatildeo localizadasem diferentes estados brasileiros Observa-se nos estadosdo Sudeste e Centro-Oeste a existecircncia de unidades industriaisproacuteximas agraves das empresas concorrentes Nessa induacutestria umfator relevante para sua competitividade eacute a localizaccedilatildeo dasplantas sendo o raio oacutetimo de atuaccedilatildeo em torno de 300 Km(SILVA BATALHA 2000)

Calcular o grau de concentraccedilatildeo dessa induacutestrianatildeo eacute trivial Informaccedilotildees de valores exportados porempresa satildeo consideradas estrateacutegicas e natildeo satildeodivulgadas oficialmente Considerando o mercado nacionaltotal (Quadro 2) o CR

4 eacute baixo poreacutem ao se analisar a

participaccedilatildeo dessas mesmas induacutestrias nas exportaccedilotildeesbrasileiras (Quadro 1) pode-se inferir que a concentraccedilatildeodo setor exportador eacute uma realidade

A principal barreira agrave entrada eacute escala As recentesaquisiccedilotildees e os investimentos em novas unidades deproduccedilatildeo sinalizam para a necessidade de se aumentar acapacidade de abate e processamento das plantasindustriais De acordo com estudo feito por Silva e Batalha(2000) no Brasil existe grande diversidade de tamanho deplantas (500 a 2000 abatesdia) Constata-se poreacutem que

as novas unidades em fase de implantaccedilatildeo apresentamescala superior a 1000 animaisdia18 A despeito do altovalor de investimento em torno de R$ 50 a 70 milhotildees paraum abate de 1000 a 1600 cabeccedilasdia e o necessaacuterioconhecimento do mercado de carne natildeo haacute barreirastecnoloacutegicas ou de regulamentaccedilatildeo

No que se refere agraves importaccedilotildees entende-se que asua pequena relevacircncia no mercado nacional de carnebovina decorre da competitividade do produto nacionalprincipalmente em relaccedilatildeo ao fator preccedilo natildeo refletindoportanto exerciacutecio de poder de mercado das empresas Anecessaacuteria otimizaccedilatildeo das plantas industriais e atualmentea reduzida oferta de animais implica forte rivalidade dasempresas na busca por fornecedores Os programas dequalidade criados pelos frigoriacuteficos configuram umatentativa de estabelecer criteacuterios para tipificaccedilatildeo de carcaccedilascom preccedilos diferenciados para animais de maior qualidade

Existem no entanto indiacutecios de tentativa decoordenaccedilatildeo no estabelecimento de preccedilos para a aquisiccedilatildeode animais Recentemente em processo aberto junto aoCADE19 representaccedilotildees do setor de produccedilatildeo CNA20 eComissatildeo de Agricultura Pecuaacuteria Abastecimento eDesenvolvimento Rural da Cacircmara dos Deputadosacusaram de praacutetica de cartel um conjunto de induacutestriasfrigoriacuteficas especificamente de uniformizaccedilatildeo de criteacuteriospara a compra de animais para abate e acordo sobreporcentuais de desconto em relaccedilatildeo ao preccedilo do animalpadratildeo Como resultado desse processo em 2007 o CADEcondenou os frigoriacuteficos Mataboi Bertin Franco Fabril eMinerva por formaccedilatildeo de cartel O JBS-Friboi a fim deencerrar as investigaccedilotildees concordou em pagar uma multada ordem de R$ 137 milhotildees aleacutem de adotar um programade prevenccedilatildeo de condutas anticompetitivas

52 Anaacutelise dos preccedilos

Para complementar a anaacutelise da estrutura demercado procedeu-se agrave uma avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo dospreccedilos da carne bovina in natura e da carne industrializadaexportadas no periacuteodo de 1996 a 2008 (Figura 4)

17Guia para Anaacutelise Econocircmica de Atos de ConcentraccedilatildeoHorizontal Portaria Conjunta SEAESDE18Bertin 3000 cabdia (Campo GrandeMS) Minerva 1000cabeccedilasdia (Rolim de MouraRO) e Tatuibi 1600 (Chapadatildeo doSulMS) - Informaccedilotildees levantadas nos websites das empresasfrigoriacuteficas e junto agrave empresas de consultoria do setor19Conselho Administrativo de Defesa Econocircmica20Confederaccedilatildeo Nacional de Agricultura

Estrutura e conduta da agroinduacutestria exportadora de carne 103

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 13 n 1 p 93-108 2011

QUADRO 3 ndash Estrutura de Mercado da Induacutestria Frigoriacutefica Exportadora

Fatores analisados

Mercado Relevante Nacional

Grau de Concentraccedilatildeo Baixo (CR4=4450)

Barreiras agrave entrada Meacutedia

Importaccedilatildeo Baixa

Entrada de novas empresas Provaacutevel

Rivalidade entre empresas Alta

Fonte elaborada pelos autores() caacutelculo do CR

4 foi baseado nas informaccedilotildees apresentadas no Quadro 2 que tratam do mercado nacional e natildeo o SAG exportador

Observa-se que a meacutedia mensal dos preccedilosalcanccedilados no mercado internacional pela carne bovinaindustrializada brasileira eacute superior ao da carne in natura apartir de 2002 sendo crescente para ambos os tipos deproduto a partir dessa data No entanto o preccedilo meacutedioalcanccedilado pelas exportaccedilotildees da Argentina e Uruguai eacutesuperior ao da carne brasileira exportada (ANUALPEC2008)

Quanto aos preccedilos do boi-gordo no mercado internode Satildeo Paulo (Figura 5) observa-se estabilidade ateacute 2007poreacutem com preccedilos inferiores a US$ 15Kg no periacuteodo de1999 a 2006 A partir de 2007 observa-se um crescimentosignificativo nos preccedilos meacutedios mensais em Satildeo Paulo

Uma das questotildees de pesquisa apresentadas nesteartigo eacute avaliar o impacto do preccedilo alcanccedilado pela carnebrasileira no mercado internacional sobre o preccedilo da arrobano mercado interno Para tanto se propotildee um modelo com

algumas das principais variaacuteveis deste mercado No totaltem-se 149 observaccedilotildees resultado dos valores mensaismeacutedios de janeiro de 1996 a maio de 200821

Os valores foram transformados em logaritmosneperianos de modo a se desenvolver uma anaacutelise combase nas elasticidades Antes da anaacutelise dos dados foifeito um teste de estacionalidade nas referidas variaacuteveis eobservou-se que essas natildeo eram estacionaacuterias pois todasapresentavam raiz unitaacuteria Esse fato inviabiliza o uso domeacutetodo de miacutenimo quadrado ordinaacuterio (MQO) pois asimples utilizaccedilatildeo desse meacutetodo poderia gerar umaregressatildeo espuacuteria No entanto como as suas primeirasdiferenccedilas foram testadas e satildeo estacionaacuterias eacute possiacutevel a

21Ao se considerar o abate e a defasagem de 36 meses perdem-se48 observaccedilotildees Fica-se assim com 101 observaccedilotildees na regressatildeo

QUADRO 2 ndash Market Share dos principais frigoriacuteficos (mercado nacional)

Exportaccedilatildeo Frigoriacuteficos 2007 US$ Fob (em mi)

Ranking setor 2007 Partic Total 2007

JBS - Friboi 1070 1ordm 158 Bertin 924 2ordm 137

Minerva 546 3ordm 81

Marfrig 469 4ordm 69

Independecircncia 361 5ordm 53

Quatro Marcos 161 6ordm 24

MERCOSUL 109 7ordm 16

Margen 105 8ordm 16

Mataboi 95 9ordm 14

Outros 2926 432

Total 6766

Fonte ndash Minerva Press Release SECEX (inclui carne bovina in natura industrializada couro e boi-vivo)

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elaboraccedilatildeo de regressotildees das variaacuteveis desde que essassejam transformadas (ENDERS 2004) Os modelos deregressatildeo utilizados com as variaacuteveis transformadas foi ode vetor autorregressivo (VAR) com as oito primeirasdefasagens valor oacutetimo segundo o criteacuterio AkaikeInformation Criterion (AIC) (GREENE 2003 GUJARATI2003) Como resultados dessas anaacutelises surge um modelofinal (Modelo 1) Os resultados das estimaccedilotildees de seuscoeficientes estatildeo descritos abaixo assim como os seusvalores do erro padratildeo em ( ) e o valor da estatiacutestica z em [ ](Quadro 4)

OndeY = Primeira diferenccedila do logaritmo neperiano da meacutediamensal do preccedilo do boi em R$Kg ndash PrimDifLnPrecoIntSPK = ConstanteX

1di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano da meacutedia mensal do preccedilo do boi em R$Kg ndashPrimDifLnPrecoIntSPX

2di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano da meacutedia mensal do preccedilo em R$Kg da carnebovina in natura exportada ndash PrimDifLnPrecoInNatX

3di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano da meacutedia mensal do preccedilo em R$Kg da carnebovina industrializada exportada ndash PrimDifLnPrecoIndustX

4di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do cacircmbio (R$US$) ndash PrimDifLnCambioX

5di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do abate de animais em milhotildees de cabeccedilas-PrimDifLnAbateTMilhaoX

6di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do abate de fecircmeas em cabeccedilas ndashPrimDifLnAbateFem eX

7di= Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do iacutendice de porcentagem de abate de fecircmeasdefasados em 36 periacuteodos ndash PrimDifLnIndAbateFemL36

Esse modelo de VAR eacute estaacutevel tem resiacuteduos comdistribuiccedilatildeo normal e R2 de 06715 indicando assim que asvariaacuteveis independentes explicam mais de 67 da variacircnciados dados Esse modelo apresentou significacircncia em todosos seus paracircmetros estimados seja na constante ou nasvariaacuteveis estudadas sendo descritas abaixo as diferentesdefasagens em que essas variaacuteveis foram significativas

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos dos preccedilos internos de Satildeo Paulo(PrimDifLnPrecoIntSP) eacute significativa em quatro

defasagens diferentes sendo trecircs significativas a 1 (1 2e 7) e uma significativa a 10 (5) Aleacutem disso trecircsdefasagens (2 5 e 7) apresentam influecircncia negativaindicando que um aumento de 1 de seus valores reduzrespectivamente 056 023 e 051 o resultado davariaacutevel dependente Jaacute a defasagem 1 tem umcomportamento positivo ou seja um aumento de 1 emseus valores proporciona um acreacutescimo de 032 naprimeira diferenccedila dos preccedilos internos de Satildeo Paulo

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos da taxa da cacircmbio (PrimDifLnCambio) temsignificacircncia em quatro defasagens das quais duas (3 e 4)satildeo a niacutevel de 1 uma (1) a niacutevel de 5 e uma (7) a niacutevelde 10 Aleacutem disso duas dessas defasagens (1 e 7)apresentam comportamento negativo indicando que umaumento de 1 dos seus valores reduzem respectivamente039 e 031 o resultado da variaacutevel dependente Emcontraste a isso duas outras defasagens (3 e 4) apresentaminfluecircncia positiva ou seja um aumento de 1 em seusvalores acresce em respectivamente 059 e 075 adiferenccedila entre os preccedilos internos de Satildeo Paulo

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos de preccedilos in natura (PrimDifLnPrecoInNat) eacutesignificativa a niacutevel de 1 na defasagem 6 indicando queum aumento de 1 em seus valores aumenta em 032 oresultado da variaacutevel dependente

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos de preccedilos industrializados (PrimDifLnPrecoIndust)apresentou significacircncia em duas defasagens (1 e 4) sendouma delas (4) a niacutevel de 1 e com uma influecircncia negativaindicando que um aumento de 1 de seus valores reduz avariaacutevel dependente em 050 e a outra (1) a niacutevel de 10e com comportamento positivo ou seja um aumento de1 em seus valores aumenta essa diferenccedila de preccedilosinternos em 020

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos de abate em milhatildeo (PrimDifLnAbateTMilhao)foi significativa em trecircs defasagens a niacutevel de 5 (5 e 8) etambeacutem a niacutevel de 10 (6) Observa-se que as trecircs (5 6 e 8)apresentam um influecircncia negativa na variaacutevel dependentesignificando que um aumento de 1 dos seus valoresrepresentam uma reduccedilatildeo de respectivamente 048030 e 027 nos valores desta primeira diferenccedila

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos dos iacutendices porcentuais de abate de fecircmeasdefasados em 36 meses (PrimDifLnAbateFemL36) foisignificativa a niacutevel de 1 em duas defasagens (3 e 6) Haacuteduas influecircncias diferentes dessas uma negativa (6)indicando que um aumento de 1 em seus valores

Y K X1dii 1

8

X2dii 1

8

X3dii 1

8

X4 dii 1

8

X5dii 1

8

X6dii 1

8

X7di

i 1

8

(Modelo 1)

Estrutura e conduta da agroinduacutestria exportadora de carne 105

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FIGURA 4 ndash Preccedilos mensais ndash carne bovina exportada (in natura e industrializada)Fonte MDIC-SECEX - Dados elaborados pelos autores

FIGURA 5 ndash Preccedilos meacutedios mensais (US$Kg) ndash carne bovina ndash Satildeo PauloFonte CEPEA (2008) - Dados elaborados pelos autores

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representa uma reduccedilatildeo de 039 nos valores da variaacuteveldependente e uma positiva (3) em que um aumento de 1em seus valores acresce em 026 a diferenccedila entre ospreccedilos internos de Satildeo Paulo

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos do abate de fecircmeas (PrimDifLnIndAbateFem)foi significativa a niacutevel de 10 em duas defasagens (1 e 5)Quanto agraves suas influecircncias observa-se que haacute uma negativa(1) em que um aumento de 1 nos valores dessa defasagemreduz em 014 os valores da variaacutevel dependente e umapositiva (5) em que o acreacutescimo de 1 nos valores dessadefasagem aumenta em 021 os valores da diferenccedila entrepreccedilos internos em Satildeo Paulo

QUADRO 4 ndash Resultados da estimativa do modelo VAR com 8 defasagens (Modelo 1)

Variaacutevel dependente Y- Primeira Diferenccedila do Ln Preccedilo Interno de Satildeo Paulo (PrimDifLnPrecoIntSP)

Defasagem (d)

X1 X2 X3 X4 X5 X6 X7

1 03163

(01088) [290]

-03851

(01732) [-222]

00541ns

(01263) [043]

02011

(01062) [189]

00109ns

(01227) [009]

00105ns

(00830) [013]

-01419

(00815) [-174]

2 -05618

(01394) [-403)

-00404ns

(01797) [-023]

01924ns

(01317) [146]

00252ns

(01091) [023]

-02547ns

(01652) [-154]

04222ns

(00852) [050]

-00793ns

(00781) [-102]

3 00476ns

(01454) [033]

05923

(01884) [314]

-00725ns

(01343) [-054]

-00507ns

(01172) [-043]

-01874ns

(01708) [-110]

02599

(00907) [286]

-00682ns

(00851) [-080]

4 -00354ns

(01424) [-025]

07469

(02452) [304]

01456ns

(01398) [104]

-05035

(01291) [-390]

-02719ns

(01720) [-158]

-01594ns

(00961) [-166]

00335ns

(00915) [037]

5 -02348

(01404) [-167]

01769ns

(02467) [072]

00341ns

(01316) [026]

-00556ns

(01370) [-041]

-04763

(01934) [-246]

01600ns

(01011) [158]

02092

(01240) [169]

6 00825ns

(01411) [058]

-00301ns

(02040) [-015]

03185

(01148) [277]

00213ns

(01048) [020]

-02968

(01567) [-189]

-03946

(01025) [-385]

00686ns

(01244) [055]

7 -05081

(01406) [-361]

-03138

(01881) [-167]

-00108ns

(01052) [-010]

00067ns

(00939) [007]

-00667ns

(01492) [-045]

00227ns

(01188) [019]

01272ns

(01194) [106]

8 -00519ns

(01360) [-038]

00226ns

(02141) [011]

02093ns

(01015) [206]

-00373ns

(00989) [-038]

-02742

(01302) [-211]

-00119ns

(01085) [-011]

01696ns

(01058) [160]

Constante 00203

(00071) [286]

Obs = significativo agrave 1 = significativo agrave 5 = significativo agrave 10 e ns = natildeo significativo a 10 de significacircncia

6 CONCLUSOtildeES

O SAG exportador de carne bovina brasileiroapresenta uma estrutura concentrada em que um reduzidonuacutemero de empresas responde por parcela significativa dasexportaccedilotildees nacionais Essas empresas operam em todo oterritoacuterio nacional com plantas industriais exportadoraslocalizadas basicamente no Centro-Oeste Norte e Sudestedo paiacutes Identifica-se como principal barreira agrave entrada anecessidade da empresa possuir escala produtiva(capacidade de abate de animais e processamento de carne)

A importacircncia do SAG exportador de carne bovinapode tambeacutem ser demonstrada pelo impacto dos preccedilos

Estrutura e conduta da agroinduacutestria exportadora de carne 107

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alcanccedilados no mercado internacional sobre os preccedilospraticados no mercado interno Essa anaacutelise no entantoconfirma somente uma hipoacutetese de correlaccedilatildeo de preccedilossendo que um estudo sobre as variaacuteveis que impactam aformaccedilatildeo do preccedilo no mercado interno deveria contemplarum conjunto de fatores como disponibilidade de animaispara engorda oferta e demanda de carne bovina no mercadonacional e internacional Sugere-se como tema para umaagenda futura de pesquisa uma abrangente anaacutelise depreccedilos nesse SAG A relevacircncia das exportaccedilotildees para oSAG da Carne Bovina no Brasil eacute demonstrada pelacrescente participaccedilatildeo dos volumes exportados naproduccedilatildeo nacional Um indicador da eficiecircncia teacutecnica egerencial das empresas nacionais estaacute na forte tendecircnciade internacionalizaccedilatildeo com crescente participaccedilatildeo nomercado mundial de carne bovina A eficiecircncia dessainduacutestria pode tambeacutem ser observada na diversidade depaiacuteses importadores da carne brasileira

Entende-se portanto que a estrutura de mercadoda induacutestria exportadora de carne bovina brasileiraapresenta eficiecircncia econocircmica a despeito do seu grau deconcentraccedilatildeo e das barreiras agrave entrada fortementerelacionada agrave escala A contestabilidade desse mercado eacutegarantida pelo acesso e disponibilidade da necessaacuteriatecnologia para operar nesse setor pela ausecircncia debarreiras agrave saiacuteda ndash os investimentos realizados satildeofacilmente assumidos pelas empresas do setor e entrantes ndashe pela ausecircncia de barreiras agrave entrada da ordem deregulamentaccedilotildees e patentes A existecircncia de eficiecircnciaeconocircmica natildeo exime no entanto a possibilidade deexerciacutecio de poder de mercado pelas empresas liacutederes dosetor Dessa forma os oacutergatildeos competentes devem estaratentos agraves oportunidades de praacuteticas anticompetitivas

Essa eficiecircncia estaacute fortemente atrelada agravecompetitividade em preccedilo da carne brasileira Esforccedilosdeveratildeo ser dirigidos para que a carne brasileira seja tambeacutemreconhecida quanto aos aspectos da qualidade Para tantoaleacutem das iniciativas de divulgaccedilatildeo do produto em mercadosmais exigentes questotildees relacionadas ao ambienteinstitucional deveratildeo ser contempladas Rastreamento esanidade dos rebanhos satildeo fatores fundamentais para aagregaccedilatildeo de valor ao produto nacional Iniciativas em prolde uma maior coordenaccedilatildeo entre produccedilatildeo e induacutestria eacute amola mestra das accedilotildees estrateacutegicas a serem implementadas

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custos meacutedios decrescentes Os custos meacutedios podemdiminuir entre outros fatores por que (i) os custos fixos satildeouma parcela substantiva dos custos totais (ii) aprodutividade do trabalho aumenta (iii) a produtividade docapital se eleva (iv) as propriedades fiacutesicas do equipamentoou propriedades dos processos produtivos podem gerareconomias17 A presenccedila de economias de escala eacuteprovavelmente a explicaccedilatildeo mais relevante para o fato dealgumas induacutestrias serem mais concentradas que outras

Ainda segundo a portaria da SEAESDE queembasa as decisotildees do CADE a entrada de novasempresas no setor pode ser (i) tempestiva (quando puderocorrer em um tempo razoaacutevel ndash 2 anos) (ii) provaacutevel(quando for economicamente lucrativa a preccedilos preacute-concentraccedilatildeo) e (iii) suficiente (quando permitir que todasas oportunidades de venda sejam adequadamenteexploradas) A rivalidade das empresas eacute analisadaconsiderando-se o nuacutemero de empresas no mercadoexistecircncia de produto eou empresas homogecircneasdisponibilidade de informaccedilotildees sobre os competidorescondutas empresariais ainda que natildeo necessariamentelegais e a possibilidade de supervisatildeo de condutas

Com base nesses pressupostos a caracterizaccedilatildeoda estrutura de mercado da induacutestria frigoriacutefica exportadorade carne bovina eacute apresentada no quadro 3

Analisando o conjunto de informaccedilotildees e dadosapresentados neste artigo considera-se que o mercadorelevante eacute nacional As induacutestrias frigoriacuteficas estatildeo localizadasem diferentes estados brasileiros Observa-se nos estadosdo Sudeste e Centro-Oeste a existecircncia de unidades industriaisproacuteximas agraves das empresas concorrentes Nessa induacutestria umfator relevante para sua competitividade eacute a localizaccedilatildeo dasplantas sendo o raio oacutetimo de atuaccedilatildeo em torno de 300 Km(SILVA BATALHA 2000)

Calcular o grau de concentraccedilatildeo dessa induacutestrianatildeo eacute trivial Informaccedilotildees de valores exportados porempresa satildeo consideradas estrateacutegicas e natildeo satildeodivulgadas oficialmente Considerando o mercado nacionaltotal (Quadro 2) o CR

4 eacute baixo poreacutem ao se analisar a

participaccedilatildeo dessas mesmas induacutestrias nas exportaccedilotildeesbrasileiras (Quadro 1) pode-se inferir que a concentraccedilatildeodo setor exportador eacute uma realidade

A principal barreira agrave entrada eacute escala As recentesaquisiccedilotildees e os investimentos em novas unidades deproduccedilatildeo sinalizam para a necessidade de se aumentar acapacidade de abate e processamento das plantasindustriais De acordo com estudo feito por Silva e Batalha(2000) no Brasil existe grande diversidade de tamanho deplantas (500 a 2000 abatesdia) Constata-se poreacutem que

as novas unidades em fase de implantaccedilatildeo apresentamescala superior a 1000 animaisdia18 A despeito do altovalor de investimento em torno de R$ 50 a 70 milhotildees paraum abate de 1000 a 1600 cabeccedilasdia e o necessaacuterioconhecimento do mercado de carne natildeo haacute barreirastecnoloacutegicas ou de regulamentaccedilatildeo

No que se refere agraves importaccedilotildees entende-se que asua pequena relevacircncia no mercado nacional de carnebovina decorre da competitividade do produto nacionalprincipalmente em relaccedilatildeo ao fator preccedilo natildeo refletindoportanto exerciacutecio de poder de mercado das empresas Anecessaacuteria otimizaccedilatildeo das plantas industriais e atualmentea reduzida oferta de animais implica forte rivalidade dasempresas na busca por fornecedores Os programas dequalidade criados pelos frigoriacuteficos configuram umatentativa de estabelecer criteacuterios para tipificaccedilatildeo de carcaccedilascom preccedilos diferenciados para animais de maior qualidade

Existem no entanto indiacutecios de tentativa decoordenaccedilatildeo no estabelecimento de preccedilos para a aquisiccedilatildeode animais Recentemente em processo aberto junto aoCADE19 representaccedilotildees do setor de produccedilatildeo CNA20 eComissatildeo de Agricultura Pecuaacuteria Abastecimento eDesenvolvimento Rural da Cacircmara dos Deputadosacusaram de praacutetica de cartel um conjunto de induacutestriasfrigoriacuteficas especificamente de uniformizaccedilatildeo de criteacuteriospara a compra de animais para abate e acordo sobreporcentuais de desconto em relaccedilatildeo ao preccedilo do animalpadratildeo Como resultado desse processo em 2007 o CADEcondenou os frigoriacuteficos Mataboi Bertin Franco Fabril eMinerva por formaccedilatildeo de cartel O JBS-Friboi a fim deencerrar as investigaccedilotildees concordou em pagar uma multada ordem de R$ 137 milhotildees aleacutem de adotar um programade prevenccedilatildeo de condutas anticompetitivas

52 Anaacutelise dos preccedilos

Para complementar a anaacutelise da estrutura demercado procedeu-se agrave uma avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo dospreccedilos da carne bovina in natura e da carne industrializadaexportadas no periacuteodo de 1996 a 2008 (Figura 4)

17Guia para Anaacutelise Econocircmica de Atos de ConcentraccedilatildeoHorizontal Portaria Conjunta SEAESDE18Bertin 3000 cabdia (Campo GrandeMS) Minerva 1000cabeccedilasdia (Rolim de MouraRO) e Tatuibi 1600 (Chapadatildeo doSulMS) - Informaccedilotildees levantadas nos websites das empresasfrigoriacuteficas e junto agrave empresas de consultoria do setor19Conselho Administrativo de Defesa Econocircmica20Confederaccedilatildeo Nacional de Agricultura

Estrutura e conduta da agroinduacutestria exportadora de carne 103

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 13 n 1 p 93-108 2011

QUADRO 3 ndash Estrutura de Mercado da Induacutestria Frigoriacutefica Exportadora

Fatores analisados

Mercado Relevante Nacional

Grau de Concentraccedilatildeo Baixo (CR4=4450)

Barreiras agrave entrada Meacutedia

Importaccedilatildeo Baixa

Entrada de novas empresas Provaacutevel

Rivalidade entre empresas Alta

Fonte elaborada pelos autores() caacutelculo do CR

4 foi baseado nas informaccedilotildees apresentadas no Quadro 2 que tratam do mercado nacional e natildeo o SAG exportador

Observa-se que a meacutedia mensal dos preccedilosalcanccedilados no mercado internacional pela carne bovinaindustrializada brasileira eacute superior ao da carne in natura apartir de 2002 sendo crescente para ambos os tipos deproduto a partir dessa data No entanto o preccedilo meacutedioalcanccedilado pelas exportaccedilotildees da Argentina e Uruguai eacutesuperior ao da carne brasileira exportada (ANUALPEC2008)

Quanto aos preccedilos do boi-gordo no mercado internode Satildeo Paulo (Figura 5) observa-se estabilidade ateacute 2007poreacutem com preccedilos inferiores a US$ 15Kg no periacuteodo de1999 a 2006 A partir de 2007 observa-se um crescimentosignificativo nos preccedilos meacutedios mensais em Satildeo Paulo

Uma das questotildees de pesquisa apresentadas nesteartigo eacute avaliar o impacto do preccedilo alcanccedilado pela carnebrasileira no mercado internacional sobre o preccedilo da arrobano mercado interno Para tanto se propotildee um modelo com

algumas das principais variaacuteveis deste mercado No totaltem-se 149 observaccedilotildees resultado dos valores mensaismeacutedios de janeiro de 1996 a maio de 200821

Os valores foram transformados em logaritmosneperianos de modo a se desenvolver uma anaacutelise combase nas elasticidades Antes da anaacutelise dos dados foifeito um teste de estacionalidade nas referidas variaacuteveis eobservou-se que essas natildeo eram estacionaacuterias pois todasapresentavam raiz unitaacuteria Esse fato inviabiliza o uso domeacutetodo de miacutenimo quadrado ordinaacuterio (MQO) pois asimples utilizaccedilatildeo desse meacutetodo poderia gerar umaregressatildeo espuacuteria No entanto como as suas primeirasdiferenccedilas foram testadas e satildeo estacionaacuterias eacute possiacutevel a

21Ao se considerar o abate e a defasagem de 36 meses perdem-se48 observaccedilotildees Fica-se assim com 101 observaccedilotildees na regressatildeo

QUADRO 2 ndash Market Share dos principais frigoriacuteficos (mercado nacional)

Exportaccedilatildeo Frigoriacuteficos 2007 US$ Fob (em mi)

Ranking setor 2007 Partic Total 2007

JBS - Friboi 1070 1ordm 158 Bertin 924 2ordm 137

Minerva 546 3ordm 81

Marfrig 469 4ordm 69

Independecircncia 361 5ordm 53

Quatro Marcos 161 6ordm 24

MERCOSUL 109 7ordm 16

Margen 105 8ordm 16

Mataboi 95 9ordm 14

Outros 2926 432

Total 6766

Fonte ndash Minerva Press Release SECEX (inclui carne bovina in natura industrializada couro e boi-vivo)

CALEMAN S M de Q amp CUNHA C F da104

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 13 n 1 p 93-108 2011

elaboraccedilatildeo de regressotildees das variaacuteveis desde que essassejam transformadas (ENDERS 2004) Os modelos deregressatildeo utilizados com as variaacuteveis transformadas foi ode vetor autorregressivo (VAR) com as oito primeirasdefasagens valor oacutetimo segundo o criteacuterio AkaikeInformation Criterion (AIC) (GREENE 2003 GUJARATI2003) Como resultados dessas anaacutelises surge um modelofinal (Modelo 1) Os resultados das estimaccedilotildees de seuscoeficientes estatildeo descritos abaixo assim como os seusvalores do erro padratildeo em ( ) e o valor da estatiacutestica z em [ ](Quadro 4)

OndeY = Primeira diferenccedila do logaritmo neperiano da meacutediamensal do preccedilo do boi em R$Kg ndash PrimDifLnPrecoIntSPK = ConstanteX

1di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano da meacutedia mensal do preccedilo do boi em R$Kg ndashPrimDifLnPrecoIntSPX

2di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano da meacutedia mensal do preccedilo em R$Kg da carnebovina in natura exportada ndash PrimDifLnPrecoInNatX

3di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano da meacutedia mensal do preccedilo em R$Kg da carnebovina industrializada exportada ndash PrimDifLnPrecoIndustX

4di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do cacircmbio (R$US$) ndash PrimDifLnCambioX

5di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do abate de animais em milhotildees de cabeccedilas-PrimDifLnAbateTMilhaoX

6di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do abate de fecircmeas em cabeccedilas ndashPrimDifLnAbateFem eX

7di= Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do iacutendice de porcentagem de abate de fecircmeasdefasados em 36 periacuteodos ndash PrimDifLnIndAbateFemL36

Esse modelo de VAR eacute estaacutevel tem resiacuteduos comdistribuiccedilatildeo normal e R2 de 06715 indicando assim que asvariaacuteveis independentes explicam mais de 67 da variacircnciados dados Esse modelo apresentou significacircncia em todosos seus paracircmetros estimados seja na constante ou nasvariaacuteveis estudadas sendo descritas abaixo as diferentesdefasagens em que essas variaacuteveis foram significativas

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos dos preccedilos internos de Satildeo Paulo(PrimDifLnPrecoIntSP) eacute significativa em quatro

defasagens diferentes sendo trecircs significativas a 1 (1 2e 7) e uma significativa a 10 (5) Aleacutem disso trecircsdefasagens (2 5 e 7) apresentam influecircncia negativaindicando que um aumento de 1 de seus valores reduzrespectivamente 056 023 e 051 o resultado davariaacutevel dependente Jaacute a defasagem 1 tem umcomportamento positivo ou seja um aumento de 1 emseus valores proporciona um acreacutescimo de 032 naprimeira diferenccedila dos preccedilos internos de Satildeo Paulo

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos da taxa da cacircmbio (PrimDifLnCambio) temsignificacircncia em quatro defasagens das quais duas (3 e 4)satildeo a niacutevel de 1 uma (1) a niacutevel de 5 e uma (7) a niacutevelde 10 Aleacutem disso duas dessas defasagens (1 e 7)apresentam comportamento negativo indicando que umaumento de 1 dos seus valores reduzem respectivamente039 e 031 o resultado da variaacutevel dependente Emcontraste a isso duas outras defasagens (3 e 4) apresentaminfluecircncia positiva ou seja um aumento de 1 em seusvalores acresce em respectivamente 059 e 075 adiferenccedila entre os preccedilos internos de Satildeo Paulo

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos de preccedilos in natura (PrimDifLnPrecoInNat) eacutesignificativa a niacutevel de 1 na defasagem 6 indicando queum aumento de 1 em seus valores aumenta em 032 oresultado da variaacutevel dependente

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos de preccedilos industrializados (PrimDifLnPrecoIndust)apresentou significacircncia em duas defasagens (1 e 4) sendouma delas (4) a niacutevel de 1 e com uma influecircncia negativaindicando que um aumento de 1 de seus valores reduz avariaacutevel dependente em 050 e a outra (1) a niacutevel de 10e com comportamento positivo ou seja um aumento de1 em seus valores aumenta essa diferenccedila de preccedilosinternos em 020

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos de abate em milhatildeo (PrimDifLnAbateTMilhao)foi significativa em trecircs defasagens a niacutevel de 5 (5 e 8) etambeacutem a niacutevel de 10 (6) Observa-se que as trecircs (5 6 e 8)apresentam um influecircncia negativa na variaacutevel dependentesignificando que um aumento de 1 dos seus valoresrepresentam uma reduccedilatildeo de respectivamente 048030 e 027 nos valores desta primeira diferenccedila

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos dos iacutendices porcentuais de abate de fecircmeasdefasados em 36 meses (PrimDifLnAbateFemL36) foisignificativa a niacutevel de 1 em duas defasagens (3 e 6) Haacuteduas influecircncias diferentes dessas uma negativa (6)indicando que um aumento de 1 em seus valores

Y K X1dii 1

8

X2dii 1

8

X3dii 1

8

X4 dii 1

8

X5dii 1

8

X6dii 1

8

X7di

i 1

8

(Modelo 1)

Estrutura e conduta da agroinduacutestria exportadora de carne 105

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 13 n 1 p 93-108 2011

FIGURA 4 ndash Preccedilos mensais ndash carne bovina exportada (in natura e industrializada)Fonte MDIC-SECEX - Dados elaborados pelos autores

FIGURA 5 ndash Preccedilos meacutedios mensais (US$Kg) ndash carne bovina ndash Satildeo PauloFonte CEPEA (2008) - Dados elaborados pelos autores

CALEMAN S M de Q amp CUNHA C F da106

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 13 n 1 p 93-108 2011

representa uma reduccedilatildeo de 039 nos valores da variaacuteveldependente e uma positiva (3) em que um aumento de 1em seus valores acresce em 026 a diferenccedila entre ospreccedilos internos de Satildeo Paulo

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos do abate de fecircmeas (PrimDifLnIndAbateFem)foi significativa a niacutevel de 10 em duas defasagens (1 e 5)Quanto agraves suas influecircncias observa-se que haacute uma negativa(1) em que um aumento de 1 nos valores dessa defasagemreduz em 014 os valores da variaacutevel dependente e umapositiva (5) em que o acreacutescimo de 1 nos valores dessadefasagem aumenta em 021 os valores da diferenccedila entrepreccedilos internos em Satildeo Paulo

QUADRO 4 ndash Resultados da estimativa do modelo VAR com 8 defasagens (Modelo 1)

Variaacutevel dependente Y- Primeira Diferenccedila do Ln Preccedilo Interno de Satildeo Paulo (PrimDifLnPrecoIntSP)

Defasagem (d)

X1 X2 X3 X4 X5 X6 X7

1 03163

(01088) [290]

-03851

(01732) [-222]

00541ns

(01263) [043]

02011

(01062) [189]

00109ns

(01227) [009]

00105ns

(00830) [013]

-01419

(00815) [-174]

2 -05618

(01394) [-403)

-00404ns

(01797) [-023]

01924ns

(01317) [146]

00252ns

(01091) [023]

-02547ns

(01652) [-154]

04222ns

(00852) [050]

-00793ns

(00781) [-102]

3 00476ns

(01454) [033]

05923

(01884) [314]

-00725ns

(01343) [-054]

-00507ns

(01172) [-043]

-01874ns

(01708) [-110]

02599

(00907) [286]

-00682ns

(00851) [-080]

4 -00354ns

(01424) [-025]

07469

(02452) [304]

01456ns

(01398) [104]

-05035

(01291) [-390]

-02719ns

(01720) [-158]

-01594ns

(00961) [-166]

00335ns

(00915) [037]

5 -02348

(01404) [-167]

01769ns

(02467) [072]

00341ns

(01316) [026]

-00556ns

(01370) [-041]

-04763

(01934) [-246]

01600ns

(01011) [158]

02092

(01240) [169]

6 00825ns

(01411) [058]

-00301ns

(02040) [-015]

03185

(01148) [277]

00213ns

(01048) [020]

-02968

(01567) [-189]

-03946

(01025) [-385]

00686ns

(01244) [055]

7 -05081

(01406) [-361]

-03138

(01881) [-167]

-00108ns

(01052) [-010]

00067ns

(00939) [007]

-00667ns

(01492) [-045]

00227ns

(01188) [019]

01272ns

(01194) [106]

8 -00519ns

(01360) [-038]

00226ns

(02141) [011]

02093ns

(01015) [206]

-00373ns

(00989) [-038]

-02742

(01302) [-211]

-00119ns

(01085) [-011]

01696ns

(01058) [160]

Constante 00203

(00071) [286]

Obs = significativo agrave 1 = significativo agrave 5 = significativo agrave 10 e ns = natildeo significativo a 10 de significacircncia

6 CONCLUSOtildeES

O SAG exportador de carne bovina brasileiroapresenta uma estrutura concentrada em que um reduzidonuacutemero de empresas responde por parcela significativa dasexportaccedilotildees nacionais Essas empresas operam em todo oterritoacuterio nacional com plantas industriais exportadoraslocalizadas basicamente no Centro-Oeste Norte e Sudestedo paiacutes Identifica-se como principal barreira agrave entrada anecessidade da empresa possuir escala produtiva(capacidade de abate de animais e processamento de carne)

A importacircncia do SAG exportador de carne bovinapode tambeacutem ser demonstrada pelo impacto dos preccedilos

Estrutura e conduta da agroinduacutestria exportadora de carne 107

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alcanccedilados no mercado internacional sobre os preccedilospraticados no mercado interno Essa anaacutelise no entantoconfirma somente uma hipoacutetese de correlaccedilatildeo de preccedilossendo que um estudo sobre as variaacuteveis que impactam aformaccedilatildeo do preccedilo no mercado interno deveria contemplarum conjunto de fatores como disponibilidade de animaispara engorda oferta e demanda de carne bovina no mercadonacional e internacional Sugere-se como tema para umaagenda futura de pesquisa uma abrangente anaacutelise depreccedilos nesse SAG A relevacircncia das exportaccedilotildees para oSAG da Carne Bovina no Brasil eacute demonstrada pelacrescente participaccedilatildeo dos volumes exportados naproduccedilatildeo nacional Um indicador da eficiecircncia teacutecnica egerencial das empresas nacionais estaacute na forte tendecircnciade internacionalizaccedilatildeo com crescente participaccedilatildeo nomercado mundial de carne bovina A eficiecircncia dessainduacutestria pode tambeacutem ser observada na diversidade depaiacuteses importadores da carne brasileira

Entende-se portanto que a estrutura de mercadoda induacutestria exportadora de carne bovina brasileiraapresenta eficiecircncia econocircmica a despeito do seu grau deconcentraccedilatildeo e das barreiras agrave entrada fortementerelacionada agrave escala A contestabilidade desse mercado eacutegarantida pelo acesso e disponibilidade da necessaacuteriatecnologia para operar nesse setor pela ausecircncia debarreiras agrave saiacuteda ndash os investimentos realizados satildeofacilmente assumidos pelas empresas do setor e entrantes ndashe pela ausecircncia de barreiras agrave entrada da ordem deregulamentaccedilotildees e patentes A existecircncia de eficiecircnciaeconocircmica natildeo exime no entanto a possibilidade deexerciacutecio de poder de mercado pelas empresas liacutederes dosetor Dessa forma os oacutergatildeos competentes devem estaratentos agraves oportunidades de praacuteticas anticompetitivas

Essa eficiecircncia estaacute fortemente atrelada agravecompetitividade em preccedilo da carne brasileira Esforccedilosdeveratildeo ser dirigidos para que a carne brasileira seja tambeacutemreconhecida quanto aos aspectos da qualidade Para tantoaleacutem das iniciativas de divulgaccedilatildeo do produto em mercadosmais exigentes questotildees relacionadas ao ambienteinstitucional deveratildeo ser contempladas Rastreamento esanidade dos rebanhos satildeo fatores fundamentais para aagregaccedilatildeo de valor ao produto nacional Iniciativas em prolde uma maior coordenaccedilatildeo entre produccedilatildeo e induacutestria eacute amola mestra das accedilotildees estrateacutegicas a serem implementadas

7 REFEREcircNCIAS

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BEEF POINT O ponto de encontro da cadeia produtiva dacarne Disponiacutevel em lthttpwwwbeefpointcombrgtAcesso em 27 jun 2008

CENTRO DE ESTUDOS AVANCcedilADOS EM ECONOMIAAPLICADA Indicadores preccedilos Disponiacutevel emlthttpwwwcepeaesalquspbrgt Acesso em 27 jun2008

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Fatores analisados

Mercado Relevante Nacional

Grau de Concentraccedilatildeo Baixo (CR4=4450)

Barreiras agrave entrada Meacutedia

Importaccedilatildeo Baixa

Entrada de novas empresas Provaacutevel

Rivalidade entre empresas Alta

Fonte elaborada pelos autores() caacutelculo do CR

4 foi baseado nas informaccedilotildees apresentadas no Quadro 2 que tratam do mercado nacional e natildeo o SAG exportador

Observa-se que a meacutedia mensal dos preccedilosalcanccedilados no mercado internacional pela carne bovinaindustrializada brasileira eacute superior ao da carne in natura apartir de 2002 sendo crescente para ambos os tipos deproduto a partir dessa data No entanto o preccedilo meacutedioalcanccedilado pelas exportaccedilotildees da Argentina e Uruguai eacutesuperior ao da carne brasileira exportada (ANUALPEC2008)

Quanto aos preccedilos do boi-gordo no mercado internode Satildeo Paulo (Figura 5) observa-se estabilidade ateacute 2007poreacutem com preccedilos inferiores a US$ 15Kg no periacuteodo de1999 a 2006 A partir de 2007 observa-se um crescimentosignificativo nos preccedilos meacutedios mensais em Satildeo Paulo

Uma das questotildees de pesquisa apresentadas nesteartigo eacute avaliar o impacto do preccedilo alcanccedilado pela carnebrasileira no mercado internacional sobre o preccedilo da arrobano mercado interno Para tanto se propotildee um modelo com

algumas das principais variaacuteveis deste mercado No totaltem-se 149 observaccedilotildees resultado dos valores mensaismeacutedios de janeiro de 1996 a maio de 200821

Os valores foram transformados em logaritmosneperianos de modo a se desenvolver uma anaacutelise combase nas elasticidades Antes da anaacutelise dos dados foifeito um teste de estacionalidade nas referidas variaacuteveis eobservou-se que essas natildeo eram estacionaacuterias pois todasapresentavam raiz unitaacuteria Esse fato inviabiliza o uso domeacutetodo de miacutenimo quadrado ordinaacuterio (MQO) pois asimples utilizaccedilatildeo desse meacutetodo poderia gerar umaregressatildeo espuacuteria No entanto como as suas primeirasdiferenccedilas foram testadas e satildeo estacionaacuterias eacute possiacutevel a

21Ao se considerar o abate e a defasagem de 36 meses perdem-se48 observaccedilotildees Fica-se assim com 101 observaccedilotildees na regressatildeo

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Exportaccedilatildeo Frigoriacuteficos 2007 US$ Fob (em mi)

Ranking setor 2007 Partic Total 2007

JBS - Friboi 1070 1ordm 158 Bertin 924 2ordm 137

Minerva 546 3ordm 81

Marfrig 469 4ordm 69

Independecircncia 361 5ordm 53

Quatro Marcos 161 6ordm 24

MERCOSUL 109 7ordm 16

Margen 105 8ordm 16

Mataboi 95 9ordm 14

Outros 2926 432

Total 6766

Fonte ndash Minerva Press Release SECEX (inclui carne bovina in natura industrializada couro e boi-vivo)

CALEMAN S M de Q amp CUNHA C F da104

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elaboraccedilatildeo de regressotildees das variaacuteveis desde que essassejam transformadas (ENDERS 2004) Os modelos deregressatildeo utilizados com as variaacuteveis transformadas foi ode vetor autorregressivo (VAR) com as oito primeirasdefasagens valor oacutetimo segundo o criteacuterio AkaikeInformation Criterion (AIC) (GREENE 2003 GUJARATI2003) Como resultados dessas anaacutelises surge um modelofinal (Modelo 1) Os resultados das estimaccedilotildees de seuscoeficientes estatildeo descritos abaixo assim como os seusvalores do erro padratildeo em ( ) e o valor da estatiacutestica z em [ ](Quadro 4)

OndeY = Primeira diferenccedila do logaritmo neperiano da meacutediamensal do preccedilo do boi em R$Kg ndash PrimDifLnPrecoIntSPK = ConstanteX

1di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano da meacutedia mensal do preccedilo do boi em R$Kg ndashPrimDifLnPrecoIntSPX

2di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano da meacutedia mensal do preccedilo em R$Kg da carnebovina in natura exportada ndash PrimDifLnPrecoInNatX

3di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano da meacutedia mensal do preccedilo em R$Kg da carnebovina industrializada exportada ndash PrimDifLnPrecoIndustX

4di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do cacircmbio (R$US$) ndash PrimDifLnCambioX

5di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do abate de animais em milhotildees de cabeccedilas-PrimDifLnAbateTMilhaoX

6di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do abate de fecircmeas em cabeccedilas ndashPrimDifLnAbateFem eX

7di= Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do iacutendice de porcentagem de abate de fecircmeasdefasados em 36 periacuteodos ndash PrimDifLnIndAbateFemL36

Esse modelo de VAR eacute estaacutevel tem resiacuteduos comdistribuiccedilatildeo normal e R2 de 06715 indicando assim que asvariaacuteveis independentes explicam mais de 67 da variacircnciados dados Esse modelo apresentou significacircncia em todosos seus paracircmetros estimados seja na constante ou nasvariaacuteveis estudadas sendo descritas abaixo as diferentesdefasagens em que essas variaacuteveis foram significativas

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos dos preccedilos internos de Satildeo Paulo(PrimDifLnPrecoIntSP) eacute significativa em quatro

defasagens diferentes sendo trecircs significativas a 1 (1 2e 7) e uma significativa a 10 (5) Aleacutem disso trecircsdefasagens (2 5 e 7) apresentam influecircncia negativaindicando que um aumento de 1 de seus valores reduzrespectivamente 056 023 e 051 o resultado davariaacutevel dependente Jaacute a defasagem 1 tem umcomportamento positivo ou seja um aumento de 1 emseus valores proporciona um acreacutescimo de 032 naprimeira diferenccedila dos preccedilos internos de Satildeo Paulo

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos da taxa da cacircmbio (PrimDifLnCambio) temsignificacircncia em quatro defasagens das quais duas (3 e 4)satildeo a niacutevel de 1 uma (1) a niacutevel de 5 e uma (7) a niacutevelde 10 Aleacutem disso duas dessas defasagens (1 e 7)apresentam comportamento negativo indicando que umaumento de 1 dos seus valores reduzem respectivamente039 e 031 o resultado da variaacutevel dependente Emcontraste a isso duas outras defasagens (3 e 4) apresentaminfluecircncia positiva ou seja um aumento de 1 em seusvalores acresce em respectivamente 059 e 075 adiferenccedila entre os preccedilos internos de Satildeo Paulo

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos de preccedilos in natura (PrimDifLnPrecoInNat) eacutesignificativa a niacutevel de 1 na defasagem 6 indicando queum aumento de 1 em seus valores aumenta em 032 oresultado da variaacutevel dependente

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos de preccedilos industrializados (PrimDifLnPrecoIndust)apresentou significacircncia em duas defasagens (1 e 4) sendouma delas (4) a niacutevel de 1 e com uma influecircncia negativaindicando que um aumento de 1 de seus valores reduz avariaacutevel dependente em 050 e a outra (1) a niacutevel de 10e com comportamento positivo ou seja um aumento de1 em seus valores aumenta essa diferenccedila de preccedilosinternos em 020

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos de abate em milhatildeo (PrimDifLnAbateTMilhao)foi significativa em trecircs defasagens a niacutevel de 5 (5 e 8) etambeacutem a niacutevel de 10 (6) Observa-se que as trecircs (5 6 e 8)apresentam um influecircncia negativa na variaacutevel dependentesignificando que um aumento de 1 dos seus valoresrepresentam uma reduccedilatildeo de respectivamente 048030 e 027 nos valores desta primeira diferenccedila

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos dos iacutendices porcentuais de abate de fecircmeasdefasados em 36 meses (PrimDifLnAbateFemL36) foisignificativa a niacutevel de 1 em duas defasagens (3 e 6) Haacuteduas influecircncias diferentes dessas uma negativa (6)indicando que um aumento de 1 em seus valores

Y K X1dii 1

8

X2dii 1

8

X3dii 1

8

X4 dii 1

8

X5dii 1

8

X6dii 1

8

X7di

i 1

8

(Modelo 1)

Estrutura e conduta da agroinduacutestria exportadora de carne 105

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 13 n 1 p 93-108 2011

FIGURA 4 ndash Preccedilos mensais ndash carne bovina exportada (in natura e industrializada)Fonte MDIC-SECEX - Dados elaborados pelos autores

FIGURA 5 ndash Preccedilos meacutedios mensais (US$Kg) ndash carne bovina ndash Satildeo PauloFonte CEPEA (2008) - Dados elaborados pelos autores

CALEMAN S M de Q amp CUNHA C F da106

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 13 n 1 p 93-108 2011

representa uma reduccedilatildeo de 039 nos valores da variaacuteveldependente e uma positiva (3) em que um aumento de 1em seus valores acresce em 026 a diferenccedila entre ospreccedilos internos de Satildeo Paulo

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos do abate de fecircmeas (PrimDifLnIndAbateFem)foi significativa a niacutevel de 10 em duas defasagens (1 e 5)Quanto agraves suas influecircncias observa-se que haacute uma negativa(1) em que um aumento de 1 nos valores dessa defasagemreduz em 014 os valores da variaacutevel dependente e umapositiva (5) em que o acreacutescimo de 1 nos valores dessadefasagem aumenta em 021 os valores da diferenccedila entrepreccedilos internos em Satildeo Paulo

QUADRO 4 ndash Resultados da estimativa do modelo VAR com 8 defasagens (Modelo 1)

Variaacutevel dependente Y- Primeira Diferenccedila do Ln Preccedilo Interno de Satildeo Paulo (PrimDifLnPrecoIntSP)

Defasagem (d)

X1 X2 X3 X4 X5 X6 X7

1 03163

(01088) [290]

-03851

(01732) [-222]

00541ns

(01263) [043]

02011

(01062) [189]

00109ns

(01227) [009]

00105ns

(00830) [013]

-01419

(00815) [-174]

2 -05618

(01394) [-403)

-00404ns

(01797) [-023]

01924ns

(01317) [146]

00252ns

(01091) [023]

-02547ns

(01652) [-154]

04222ns

(00852) [050]

-00793ns

(00781) [-102]

3 00476ns

(01454) [033]

05923

(01884) [314]

-00725ns

(01343) [-054]

-00507ns

(01172) [-043]

-01874ns

(01708) [-110]

02599

(00907) [286]

-00682ns

(00851) [-080]

4 -00354ns

(01424) [-025]

07469

(02452) [304]

01456ns

(01398) [104]

-05035

(01291) [-390]

-02719ns

(01720) [-158]

-01594ns

(00961) [-166]

00335ns

(00915) [037]

5 -02348

(01404) [-167]

01769ns

(02467) [072]

00341ns

(01316) [026]

-00556ns

(01370) [-041]

-04763

(01934) [-246]

01600ns

(01011) [158]

02092

(01240) [169]

6 00825ns

(01411) [058]

-00301ns

(02040) [-015]

03185

(01148) [277]

00213ns

(01048) [020]

-02968

(01567) [-189]

-03946

(01025) [-385]

00686ns

(01244) [055]

7 -05081

(01406) [-361]

-03138

(01881) [-167]

-00108ns

(01052) [-010]

00067ns

(00939) [007]

-00667ns

(01492) [-045]

00227ns

(01188) [019]

01272ns

(01194) [106]

8 -00519ns

(01360) [-038]

00226ns

(02141) [011]

02093ns

(01015) [206]

-00373ns

(00989) [-038]

-02742

(01302) [-211]

-00119ns

(01085) [-011]

01696ns

(01058) [160]

Constante 00203

(00071) [286]

Obs = significativo agrave 1 = significativo agrave 5 = significativo agrave 10 e ns = natildeo significativo a 10 de significacircncia

6 CONCLUSOtildeES

O SAG exportador de carne bovina brasileiroapresenta uma estrutura concentrada em que um reduzidonuacutemero de empresas responde por parcela significativa dasexportaccedilotildees nacionais Essas empresas operam em todo oterritoacuterio nacional com plantas industriais exportadoraslocalizadas basicamente no Centro-Oeste Norte e Sudestedo paiacutes Identifica-se como principal barreira agrave entrada anecessidade da empresa possuir escala produtiva(capacidade de abate de animais e processamento de carne)

A importacircncia do SAG exportador de carne bovinapode tambeacutem ser demonstrada pelo impacto dos preccedilos

Estrutura e conduta da agroinduacutestria exportadora de carne 107

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 13 n 1 p 93-108 2011

alcanccedilados no mercado internacional sobre os preccedilospraticados no mercado interno Essa anaacutelise no entantoconfirma somente uma hipoacutetese de correlaccedilatildeo de preccedilossendo que um estudo sobre as variaacuteveis que impactam aformaccedilatildeo do preccedilo no mercado interno deveria contemplarum conjunto de fatores como disponibilidade de animaispara engorda oferta e demanda de carne bovina no mercadonacional e internacional Sugere-se como tema para umaagenda futura de pesquisa uma abrangente anaacutelise depreccedilos nesse SAG A relevacircncia das exportaccedilotildees para oSAG da Carne Bovina no Brasil eacute demonstrada pelacrescente participaccedilatildeo dos volumes exportados naproduccedilatildeo nacional Um indicador da eficiecircncia teacutecnica egerencial das empresas nacionais estaacute na forte tendecircnciade internacionalizaccedilatildeo com crescente participaccedilatildeo nomercado mundial de carne bovina A eficiecircncia dessainduacutestria pode tambeacutem ser observada na diversidade depaiacuteses importadores da carne brasileira

Entende-se portanto que a estrutura de mercadoda induacutestria exportadora de carne bovina brasileiraapresenta eficiecircncia econocircmica a despeito do seu grau deconcentraccedilatildeo e das barreiras agrave entrada fortementerelacionada agrave escala A contestabilidade desse mercado eacutegarantida pelo acesso e disponibilidade da necessaacuteriatecnologia para operar nesse setor pela ausecircncia debarreiras agrave saiacuteda ndash os investimentos realizados satildeofacilmente assumidos pelas empresas do setor e entrantes ndashe pela ausecircncia de barreiras agrave entrada da ordem deregulamentaccedilotildees e patentes A existecircncia de eficiecircnciaeconocircmica natildeo exime no entanto a possibilidade deexerciacutecio de poder de mercado pelas empresas liacutederes dosetor Dessa forma os oacutergatildeos competentes devem estaratentos agraves oportunidades de praacuteticas anticompetitivas

Essa eficiecircncia estaacute fortemente atrelada agravecompetitividade em preccedilo da carne brasileira Esforccedilosdeveratildeo ser dirigidos para que a carne brasileira seja tambeacutemreconhecida quanto aos aspectos da qualidade Para tantoaleacutem das iniciativas de divulgaccedilatildeo do produto em mercadosmais exigentes questotildees relacionadas ao ambienteinstitucional deveratildeo ser contempladas Rastreamento esanidade dos rebanhos satildeo fatores fundamentais para aagregaccedilatildeo de valor ao produto nacional Iniciativas em prolde uma maior coordenaccedilatildeo entre produccedilatildeo e induacutestria eacute amola mestra das accedilotildees estrateacutegicas a serem implementadas

7 REFEREcircNCIAS

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BEEF POINT O ponto de encontro da cadeia produtiva dacarne Disponiacutevel em lthttpwwwbeefpointcombrgtAcesso em 27 jun 2008

CENTRO DE ESTUDOS AVANCcedilADOS EM ECONOMIAAPLICADA Indicadores preccedilos Disponiacutevel emlthttpwwwcepeaesalquspbrgt Acesso em 27 jun2008

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Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 13 n 1 p 93-108 2011

elaboraccedilatildeo de regressotildees das variaacuteveis desde que essassejam transformadas (ENDERS 2004) Os modelos deregressatildeo utilizados com as variaacuteveis transformadas foi ode vetor autorregressivo (VAR) com as oito primeirasdefasagens valor oacutetimo segundo o criteacuterio AkaikeInformation Criterion (AIC) (GREENE 2003 GUJARATI2003) Como resultados dessas anaacutelises surge um modelofinal (Modelo 1) Os resultados das estimaccedilotildees de seuscoeficientes estatildeo descritos abaixo assim como os seusvalores do erro padratildeo em ( ) e o valor da estatiacutestica z em [ ](Quadro 4)

OndeY = Primeira diferenccedila do logaritmo neperiano da meacutediamensal do preccedilo do boi em R$Kg ndash PrimDifLnPrecoIntSPK = ConstanteX

1di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano da meacutedia mensal do preccedilo do boi em R$Kg ndashPrimDifLnPrecoIntSPX

2di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano da meacutedia mensal do preccedilo em R$Kg da carnebovina in natura exportada ndash PrimDifLnPrecoInNatX

3di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano da meacutedia mensal do preccedilo em R$Kg da carnebovina industrializada exportada ndash PrimDifLnPrecoIndustX

4di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do cacircmbio (R$US$) ndash PrimDifLnCambioX

5di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do abate de animais em milhotildees de cabeccedilas-PrimDifLnAbateTMilhaoX

6di = Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do abate de fecircmeas em cabeccedilas ndashPrimDifLnAbateFem eX

7di= Defasagens de 1 a 8 da primeira diferenccedila do logaritmo

neperiano do iacutendice de porcentagem de abate de fecircmeasdefasados em 36 periacuteodos ndash PrimDifLnIndAbateFemL36

Esse modelo de VAR eacute estaacutevel tem resiacuteduos comdistribuiccedilatildeo normal e R2 de 06715 indicando assim que asvariaacuteveis independentes explicam mais de 67 da variacircnciados dados Esse modelo apresentou significacircncia em todosos seus paracircmetros estimados seja na constante ou nasvariaacuteveis estudadas sendo descritas abaixo as diferentesdefasagens em que essas variaacuteveis foram significativas

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos dos preccedilos internos de Satildeo Paulo(PrimDifLnPrecoIntSP) eacute significativa em quatro

defasagens diferentes sendo trecircs significativas a 1 (1 2e 7) e uma significativa a 10 (5) Aleacutem disso trecircsdefasagens (2 5 e 7) apresentam influecircncia negativaindicando que um aumento de 1 de seus valores reduzrespectivamente 056 023 e 051 o resultado davariaacutevel dependente Jaacute a defasagem 1 tem umcomportamento positivo ou seja um aumento de 1 emseus valores proporciona um acreacutescimo de 032 naprimeira diferenccedila dos preccedilos internos de Satildeo Paulo

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos da taxa da cacircmbio (PrimDifLnCambio) temsignificacircncia em quatro defasagens das quais duas (3 e 4)satildeo a niacutevel de 1 uma (1) a niacutevel de 5 e uma (7) a niacutevelde 10 Aleacutem disso duas dessas defasagens (1 e 7)apresentam comportamento negativo indicando que umaumento de 1 dos seus valores reduzem respectivamente039 e 031 o resultado da variaacutevel dependente Emcontraste a isso duas outras defasagens (3 e 4) apresentaminfluecircncia positiva ou seja um aumento de 1 em seusvalores acresce em respectivamente 059 e 075 adiferenccedila entre os preccedilos internos de Satildeo Paulo

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos de preccedilos in natura (PrimDifLnPrecoInNat) eacutesignificativa a niacutevel de 1 na defasagem 6 indicando queum aumento de 1 em seus valores aumenta em 032 oresultado da variaacutevel dependente

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos de preccedilos industrializados (PrimDifLnPrecoIndust)apresentou significacircncia em duas defasagens (1 e 4) sendouma delas (4) a niacutevel de 1 e com uma influecircncia negativaindicando que um aumento de 1 de seus valores reduz avariaacutevel dependente em 050 e a outra (1) a niacutevel de 10e com comportamento positivo ou seja um aumento de1 em seus valores aumenta essa diferenccedila de preccedilosinternos em 020

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos de abate em milhatildeo (PrimDifLnAbateTMilhao)foi significativa em trecircs defasagens a niacutevel de 5 (5 e 8) etambeacutem a niacutevel de 10 (6) Observa-se que as trecircs (5 6 e 8)apresentam um influecircncia negativa na variaacutevel dependentesignificando que um aumento de 1 dos seus valoresrepresentam uma reduccedilatildeo de respectivamente 048030 e 027 nos valores desta primeira diferenccedila

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos dos iacutendices porcentuais de abate de fecircmeasdefasados em 36 meses (PrimDifLnAbateFemL36) foisignificativa a niacutevel de 1 em duas defasagens (3 e 6) Haacuteduas influecircncias diferentes dessas uma negativa (6)indicando que um aumento de 1 em seus valores

Y K X1dii 1

8

X2dii 1

8

X3dii 1

8

X4 dii 1

8

X5dii 1

8

X6dii 1

8

X7di

i 1

8

(Modelo 1)

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FIGURA 4 ndash Preccedilos mensais ndash carne bovina exportada (in natura e industrializada)Fonte MDIC-SECEX - Dados elaborados pelos autores

FIGURA 5 ndash Preccedilos meacutedios mensais (US$Kg) ndash carne bovina ndash Satildeo PauloFonte CEPEA (2008) - Dados elaborados pelos autores

CALEMAN S M de Q amp CUNHA C F da106

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 13 n 1 p 93-108 2011

representa uma reduccedilatildeo de 039 nos valores da variaacuteveldependente e uma positiva (3) em que um aumento de 1em seus valores acresce em 026 a diferenccedila entre ospreccedilos internos de Satildeo Paulo

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos do abate de fecircmeas (PrimDifLnIndAbateFem)foi significativa a niacutevel de 10 em duas defasagens (1 e 5)Quanto agraves suas influecircncias observa-se que haacute uma negativa(1) em que um aumento de 1 nos valores dessa defasagemreduz em 014 os valores da variaacutevel dependente e umapositiva (5) em que o acreacutescimo de 1 nos valores dessadefasagem aumenta em 021 os valores da diferenccedila entrepreccedilos internos em Satildeo Paulo

QUADRO 4 ndash Resultados da estimativa do modelo VAR com 8 defasagens (Modelo 1)

Variaacutevel dependente Y- Primeira Diferenccedila do Ln Preccedilo Interno de Satildeo Paulo (PrimDifLnPrecoIntSP)

Defasagem (d)

X1 X2 X3 X4 X5 X6 X7

1 03163

(01088) [290]

-03851

(01732) [-222]

00541ns

(01263) [043]

02011

(01062) [189]

00109ns

(01227) [009]

00105ns

(00830) [013]

-01419

(00815) [-174]

2 -05618

(01394) [-403)

-00404ns

(01797) [-023]

01924ns

(01317) [146]

00252ns

(01091) [023]

-02547ns

(01652) [-154]

04222ns

(00852) [050]

-00793ns

(00781) [-102]

3 00476ns

(01454) [033]

05923

(01884) [314]

-00725ns

(01343) [-054]

-00507ns

(01172) [-043]

-01874ns

(01708) [-110]

02599

(00907) [286]

-00682ns

(00851) [-080]

4 -00354ns

(01424) [-025]

07469

(02452) [304]

01456ns

(01398) [104]

-05035

(01291) [-390]

-02719ns

(01720) [-158]

-01594ns

(00961) [-166]

00335ns

(00915) [037]

5 -02348

(01404) [-167]

01769ns

(02467) [072]

00341ns

(01316) [026]

-00556ns

(01370) [-041]

-04763

(01934) [-246]

01600ns

(01011) [158]

02092

(01240) [169]

6 00825ns

(01411) [058]

-00301ns

(02040) [-015]

03185

(01148) [277]

00213ns

(01048) [020]

-02968

(01567) [-189]

-03946

(01025) [-385]

00686ns

(01244) [055]

7 -05081

(01406) [-361]

-03138

(01881) [-167]

-00108ns

(01052) [-010]

00067ns

(00939) [007]

-00667ns

(01492) [-045]

00227ns

(01188) [019]

01272ns

(01194) [106]

8 -00519ns

(01360) [-038]

00226ns

(02141) [011]

02093ns

(01015) [206]

-00373ns

(00989) [-038]

-02742

(01302) [-211]

-00119ns

(01085) [-011]

01696ns

(01058) [160]

Constante 00203

(00071) [286]

Obs = significativo agrave 1 = significativo agrave 5 = significativo agrave 10 e ns = natildeo significativo a 10 de significacircncia

6 CONCLUSOtildeES

O SAG exportador de carne bovina brasileiroapresenta uma estrutura concentrada em que um reduzidonuacutemero de empresas responde por parcela significativa dasexportaccedilotildees nacionais Essas empresas operam em todo oterritoacuterio nacional com plantas industriais exportadoraslocalizadas basicamente no Centro-Oeste Norte e Sudestedo paiacutes Identifica-se como principal barreira agrave entrada anecessidade da empresa possuir escala produtiva(capacidade de abate de animais e processamento de carne)

A importacircncia do SAG exportador de carne bovinapode tambeacutem ser demonstrada pelo impacto dos preccedilos

Estrutura e conduta da agroinduacutestria exportadora de carne 107

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 13 n 1 p 93-108 2011

alcanccedilados no mercado internacional sobre os preccedilospraticados no mercado interno Essa anaacutelise no entantoconfirma somente uma hipoacutetese de correlaccedilatildeo de preccedilossendo que um estudo sobre as variaacuteveis que impactam aformaccedilatildeo do preccedilo no mercado interno deveria contemplarum conjunto de fatores como disponibilidade de animaispara engorda oferta e demanda de carne bovina no mercadonacional e internacional Sugere-se como tema para umaagenda futura de pesquisa uma abrangente anaacutelise depreccedilos nesse SAG A relevacircncia das exportaccedilotildees para oSAG da Carne Bovina no Brasil eacute demonstrada pelacrescente participaccedilatildeo dos volumes exportados naproduccedilatildeo nacional Um indicador da eficiecircncia teacutecnica egerencial das empresas nacionais estaacute na forte tendecircnciade internacionalizaccedilatildeo com crescente participaccedilatildeo nomercado mundial de carne bovina A eficiecircncia dessainduacutestria pode tambeacutem ser observada na diversidade depaiacuteses importadores da carne brasileira

Entende-se portanto que a estrutura de mercadoda induacutestria exportadora de carne bovina brasileiraapresenta eficiecircncia econocircmica a despeito do seu grau deconcentraccedilatildeo e das barreiras agrave entrada fortementerelacionada agrave escala A contestabilidade desse mercado eacutegarantida pelo acesso e disponibilidade da necessaacuteriatecnologia para operar nesse setor pela ausecircncia debarreiras agrave saiacuteda ndash os investimentos realizados satildeofacilmente assumidos pelas empresas do setor e entrantes ndashe pela ausecircncia de barreiras agrave entrada da ordem deregulamentaccedilotildees e patentes A existecircncia de eficiecircnciaeconocircmica natildeo exime no entanto a possibilidade deexerciacutecio de poder de mercado pelas empresas liacutederes dosetor Dessa forma os oacutergatildeos competentes devem estaratentos agraves oportunidades de praacuteticas anticompetitivas

Essa eficiecircncia estaacute fortemente atrelada agravecompetitividade em preccedilo da carne brasileira Esforccedilosdeveratildeo ser dirigidos para que a carne brasileira seja tambeacutemreconhecida quanto aos aspectos da qualidade Para tantoaleacutem das iniciativas de divulgaccedilatildeo do produto em mercadosmais exigentes questotildees relacionadas ao ambienteinstitucional deveratildeo ser contempladas Rastreamento esanidade dos rebanhos satildeo fatores fundamentais para aagregaccedilatildeo de valor ao produto nacional Iniciativas em prolde uma maior coordenaccedilatildeo entre produccedilatildeo e induacutestria eacute amola mestra das accedilotildees estrateacutegicas a serem implementadas

7 REFEREcircNCIAS

ANUALPEC Anuaacuterio da pecuaacuteria brasileira Satildeo PauloInstituto FNP 2008

ASSOCIACcedilAtildeO DAS INDUacuteSTRIAS BRASILEIRASEXPORTADORAS DE CARNES INDUSTRIALIZADASEstatiacutesticas Disponiacutevel em ltHTTPwwwabieccombrgtAcesso em 30 jun 2008

BAIN J Barriers to new competition Cambridge HarvardUniversity 1956

BAUMOL W J PANZER J WILLIG R Contestablemarkets New York Harcourt Brace Jovanovich 1982

BEEF POINT O ponto de encontro da cadeia produtiva dacarne Disponiacutevel em lthttpwwwbeefpointcombrgtAcesso em 27 jun 2008

CENTRO DE ESTUDOS AVANCcedilADOS EM ECONOMIAAPLICADA Indicadores preccedilos Disponiacutevel emlthttpwwwcepeaesalquspbrgt Acesso em 27 jun2008

CONNOR J M Empirical challenges in analyzing marketperformance in the us food system American Journal ofAgricultural Economics v 72 n 5 p 1219-1226 Dec 1990Disponiacutevel em lthttpwwwjstororgstable1242536gtAcesso em 30 jun 2008

ENDERS W Applied econometric time series New YorkWiley 2004 460 p

FAGUNDES J PONDEacute J Barreiras agrave entrada e defesa daconcorrecircncia notas introdutoacuterias Satildeo Paulo UniversidadeCacircndido Mendes 1998 (Texto para discussatildeo 1 Cadernode estudos) Disponiacutevel em ltww2ieufrjbrgrcpdfsbarreiras_a_entrada_e_defesa_da_concorrenciapdfgtAcesso em 14 jul 2008

FARINA E M M Q NUNES R Desempenho doagronegoacutecio no comeacutercio exterior e governanccedila nossistemas agroindustriais das carnes de suiacutenos e das carnesbovinas In ENCONTRO NACIONAL DE ECONOMIA31 2003 Satildeo Paulo Anais Satildeo Paulo ANPEC 2003Disponiacutevel em ltwwwanpecorgbrencontro2003artigosE27pdfgt Acesso em 20 jun 2008

GREENE W H Econometric analysis New Jersey PrenticeHall 2003 1056 p

GUJARATI D Econometria baacutesica Satildeo Paulo Pearson2003 1083 p

CALEMAN S M de Q amp CUNHA C F da108

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 13 n 1 p 93-108 2011

NEVES M F SAAB M S Dez mudanccedilas estruturais nosfrigoriacuteficos Revista Agroanalysis Satildeo Paulo v 28 n 3 p22-25 Mar 2008

PINEDA N Bolso cheio bolso vazio Disponiacutevel em lthttpw w w r u r a l n e w s m s c o m b r conteudo=Artigosampart_id=3ampcol_idgt Acesso em 11 jul 2008

SAES M S M CALEMAN S M Q CUNHA C FMONTEIRO G F A Organizaccedilatildeo dos mercados de insumoe relaccedilotildees com a agricultura relatoacuterio preliminar depesquisa Satildeo Paulo Confederaccedilatildeo de Agricultura ePecuaacuteria do Brasil 2008 212 p

SCHERER F ROSS D Industrial market structureand economic perfomance Boston H Mifflin 1990 713p

SILVA C A BATALHA M O (Coords) Estudo sobre aeficiecircncia econocircmica e a competitividade da cadeiaagroindustrial da pecuaacuteria de corte no Brasil relatoacuteriofinal feito pelo Consoacutercio Funarbe Viccedilosa MG Satildeo CarlosCNPq 1999 552 p

WILLIAMSON O E The economic institutions ofcapitalism firms markets relational contracts New YorkThe Free 1985

Estrutura e conduta da agroinduacutestria exportadora de carne 105

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 13 n 1 p 93-108 2011

FIGURA 4 ndash Preccedilos mensais ndash carne bovina exportada (in natura e industrializada)Fonte MDIC-SECEX - Dados elaborados pelos autores

FIGURA 5 ndash Preccedilos meacutedios mensais (US$Kg) ndash carne bovina ndash Satildeo PauloFonte CEPEA (2008) - Dados elaborados pelos autores

CALEMAN S M de Q amp CUNHA C F da106

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 13 n 1 p 93-108 2011

representa uma reduccedilatildeo de 039 nos valores da variaacuteveldependente e uma positiva (3) em que um aumento de 1em seus valores acresce em 026 a diferenccedila entre ospreccedilos internos de Satildeo Paulo

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos do abate de fecircmeas (PrimDifLnIndAbateFem)foi significativa a niacutevel de 10 em duas defasagens (1 e 5)Quanto agraves suas influecircncias observa-se que haacute uma negativa(1) em que um aumento de 1 nos valores dessa defasagemreduz em 014 os valores da variaacutevel dependente e umapositiva (5) em que o acreacutescimo de 1 nos valores dessadefasagem aumenta em 021 os valores da diferenccedila entrepreccedilos internos em Satildeo Paulo

QUADRO 4 ndash Resultados da estimativa do modelo VAR com 8 defasagens (Modelo 1)

Variaacutevel dependente Y- Primeira Diferenccedila do Ln Preccedilo Interno de Satildeo Paulo (PrimDifLnPrecoIntSP)

Defasagem (d)

X1 X2 X3 X4 X5 X6 X7

1 03163

(01088) [290]

-03851

(01732) [-222]

00541ns

(01263) [043]

02011

(01062) [189]

00109ns

(01227) [009]

00105ns

(00830) [013]

-01419

(00815) [-174]

2 -05618

(01394) [-403)

-00404ns

(01797) [-023]

01924ns

(01317) [146]

00252ns

(01091) [023]

-02547ns

(01652) [-154]

04222ns

(00852) [050]

-00793ns

(00781) [-102]

3 00476ns

(01454) [033]

05923

(01884) [314]

-00725ns

(01343) [-054]

-00507ns

(01172) [-043]

-01874ns

(01708) [-110]

02599

(00907) [286]

-00682ns

(00851) [-080]

4 -00354ns

(01424) [-025]

07469

(02452) [304]

01456ns

(01398) [104]

-05035

(01291) [-390]

-02719ns

(01720) [-158]

-01594ns

(00961) [-166]

00335ns

(00915) [037]

5 -02348

(01404) [-167]

01769ns

(02467) [072]

00341ns

(01316) [026]

-00556ns

(01370) [-041]

-04763

(01934) [-246]

01600ns

(01011) [158]

02092

(01240) [169]

6 00825ns

(01411) [058]

-00301ns

(02040) [-015]

03185

(01148) [277]

00213ns

(01048) [020]

-02968

(01567) [-189]

-03946

(01025) [-385]

00686ns

(01244) [055]

7 -05081

(01406) [-361]

-03138

(01881) [-167]

-00108ns

(01052) [-010]

00067ns

(00939) [007]

-00667ns

(01492) [-045]

00227ns

(01188) [019]

01272ns

(01194) [106]

8 -00519ns

(01360) [-038]

00226ns

(02141) [011]

02093ns

(01015) [206]

-00373ns

(00989) [-038]

-02742

(01302) [-211]

-00119ns

(01085) [-011]

01696ns

(01058) [160]

Constante 00203

(00071) [286]

Obs = significativo agrave 1 = significativo agrave 5 = significativo agrave 10 e ns = natildeo significativo a 10 de significacircncia

6 CONCLUSOtildeES

O SAG exportador de carne bovina brasileiroapresenta uma estrutura concentrada em que um reduzidonuacutemero de empresas responde por parcela significativa dasexportaccedilotildees nacionais Essas empresas operam em todo oterritoacuterio nacional com plantas industriais exportadoraslocalizadas basicamente no Centro-Oeste Norte e Sudestedo paiacutes Identifica-se como principal barreira agrave entrada anecessidade da empresa possuir escala produtiva(capacidade de abate de animais e processamento de carne)

A importacircncia do SAG exportador de carne bovinapode tambeacutem ser demonstrada pelo impacto dos preccedilos

Estrutura e conduta da agroinduacutestria exportadora de carne 107

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 13 n 1 p 93-108 2011

alcanccedilados no mercado internacional sobre os preccedilospraticados no mercado interno Essa anaacutelise no entantoconfirma somente uma hipoacutetese de correlaccedilatildeo de preccedilossendo que um estudo sobre as variaacuteveis que impactam aformaccedilatildeo do preccedilo no mercado interno deveria contemplarum conjunto de fatores como disponibilidade de animaispara engorda oferta e demanda de carne bovina no mercadonacional e internacional Sugere-se como tema para umaagenda futura de pesquisa uma abrangente anaacutelise depreccedilos nesse SAG A relevacircncia das exportaccedilotildees para oSAG da Carne Bovina no Brasil eacute demonstrada pelacrescente participaccedilatildeo dos volumes exportados naproduccedilatildeo nacional Um indicador da eficiecircncia teacutecnica egerencial das empresas nacionais estaacute na forte tendecircnciade internacionalizaccedilatildeo com crescente participaccedilatildeo nomercado mundial de carne bovina A eficiecircncia dessainduacutestria pode tambeacutem ser observada na diversidade depaiacuteses importadores da carne brasileira

Entende-se portanto que a estrutura de mercadoda induacutestria exportadora de carne bovina brasileiraapresenta eficiecircncia econocircmica a despeito do seu grau deconcentraccedilatildeo e das barreiras agrave entrada fortementerelacionada agrave escala A contestabilidade desse mercado eacutegarantida pelo acesso e disponibilidade da necessaacuteriatecnologia para operar nesse setor pela ausecircncia debarreiras agrave saiacuteda ndash os investimentos realizados satildeofacilmente assumidos pelas empresas do setor e entrantes ndashe pela ausecircncia de barreiras agrave entrada da ordem deregulamentaccedilotildees e patentes A existecircncia de eficiecircnciaeconocircmica natildeo exime no entanto a possibilidade deexerciacutecio de poder de mercado pelas empresas liacutederes dosetor Dessa forma os oacutergatildeos competentes devem estaratentos agraves oportunidades de praacuteticas anticompetitivas

Essa eficiecircncia estaacute fortemente atrelada agravecompetitividade em preccedilo da carne brasileira Esforccedilosdeveratildeo ser dirigidos para que a carne brasileira seja tambeacutemreconhecida quanto aos aspectos da qualidade Para tantoaleacutem das iniciativas de divulgaccedilatildeo do produto em mercadosmais exigentes questotildees relacionadas ao ambienteinstitucional deveratildeo ser contempladas Rastreamento esanidade dos rebanhos satildeo fatores fundamentais para aagregaccedilatildeo de valor ao produto nacional Iniciativas em prolde uma maior coordenaccedilatildeo entre produccedilatildeo e induacutestria eacute amola mestra das accedilotildees estrateacutegicas a serem implementadas

7 REFEREcircNCIAS

ANUALPEC Anuaacuterio da pecuaacuteria brasileira Satildeo PauloInstituto FNP 2008

ASSOCIACcedilAtildeO DAS INDUacuteSTRIAS BRASILEIRASEXPORTADORAS DE CARNES INDUSTRIALIZADASEstatiacutesticas Disponiacutevel em ltHTTPwwwabieccombrgtAcesso em 30 jun 2008

BAIN J Barriers to new competition Cambridge HarvardUniversity 1956

BAUMOL W J PANZER J WILLIG R Contestablemarkets New York Harcourt Brace Jovanovich 1982

BEEF POINT O ponto de encontro da cadeia produtiva dacarne Disponiacutevel em lthttpwwwbeefpointcombrgtAcesso em 27 jun 2008

CENTRO DE ESTUDOS AVANCcedilADOS EM ECONOMIAAPLICADA Indicadores preccedilos Disponiacutevel emlthttpwwwcepeaesalquspbrgt Acesso em 27 jun2008

CONNOR J M Empirical challenges in analyzing marketperformance in the us food system American Journal ofAgricultural Economics v 72 n 5 p 1219-1226 Dec 1990Disponiacutevel em lthttpwwwjstororgstable1242536gtAcesso em 30 jun 2008

ENDERS W Applied econometric time series New YorkWiley 2004 460 p

FAGUNDES J PONDEacute J Barreiras agrave entrada e defesa daconcorrecircncia notas introdutoacuterias Satildeo Paulo UniversidadeCacircndido Mendes 1998 (Texto para discussatildeo 1 Cadernode estudos) Disponiacutevel em ltww2ieufrjbrgrcpdfsbarreiras_a_entrada_e_defesa_da_concorrenciapdfgtAcesso em 14 jul 2008

FARINA E M M Q NUNES R Desempenho doagronegoacutecio no comeacutercio exterior e governanccedila nossistemas agroindustriais das carnes de suiacutenos e das carnesbovinas In ENCONTRO NACIONAL DE ECONOMIA31 2003 Satildeo Paulo Anais Satildeo Paulo ANPEC 2003Disponiacutevel em ltwwwanpecorgbrencontro2003artigosE27pdfgt Acesso em 20 jun 2008

GREENE W H Econometric analysis New Jersey PrenticeHall 2003 1056 p

GUJARATI D Econometria baacutesica Satildeo Paulo Pearson2003 1083 p

CALEMAN S M de Q amp CUNHA C F da108

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 13 n 1 p 93-108 2011

NEVES M F SAAB M S Dez mudanccedilas estruturais nosfrigoriacuteficos Revista Agroanalysis Satildeo Paulo v 28 n 3 p22-25 Mar 2008

PINEDA N Bolso cheio bolso vazio Disponiacutevel em lthttpw w w r u r a l n e w s m s c o m b r conteudo=Artigosampart_id=3ampcol_idgt Acesso em 11 jul 2008

SAES M S M CALEMAN S M Q CUNHA C FMONTEIRO G F A Organizaccedilatildeo dos mercados de insumoe relaccedilotildees com a agricultura relatoacuterio preliminar depesquisa Satildeo Paulo Confederaccedilatildeo de Agricultura ePecuaacuteria do Brasil 2008 212 p

SCHERER F ROSS D Industrial market structureand economic perfomance Boston H Mifflin 1990 713p

SILVA C A BATALHA M O (Coords) Estudo sobre aeficiecircncia econocircmica e a competitividade da cadeiaagroindustrial da pecuaacuteria de corte no Brasil relatoacuteriofinal feito pelo Consoacutercio Funarbe Viccedilosa MG Satildeo CarlosCNPq 1999 552 p

WILLIAMSON O E The economic institutions ofcapitalism firms markets relational contracts New YorkThe Free 1985

CALEMAN S M de Q amp CUNHA C F da106

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 13 n 1 p 93-108 2011

representa uma reduccedilatildeo de 039 nos valores da variaacuteveldependente e uma positiva (3) em que um aumento de 1em seus valores acresce em 026 a diferenccedila entre ospreccedilos internos de Satildeo Paulo

A variaacutevel primeira diferenccedila dos logaritmosneperianos do abate de fecircmeas (PrimDifLnIndAbateFem)foi significativa a niacutevel de 10 em duas defasagens (1 e 5)Quanto agraves suas influecircncias observa-se que haacute uma negativa(1) em que um aumento de 1 nos valores dessa defasagemreduz em 014 os valores da variaacutevel dependente e umapositiva (5) em que o acreacutescimo de 1 nos valores dessadefasagem aumenta em 021 os valores da diferenccedila entrepreccedilos internos em Satildeo Paulo

QUADRO 4 ndash Resultados da estimativa do modelo VAR com 8 defasagens (Modelo 1)

Variaacutevel dependente Y- Primeira Diferenccedila do Ln Preccedilo Interno de Satildeo Paulo (PrimDifLnPrecoIntSP)

Defasagem (d)

X1 X2 X3 X4 X5 X6 X7

1 03163

(01088) [290]

-03851

(01732) [-222]

00541ns

(01263) [043]

02011

(01062) [189]

00109ns

(01227) [009]

00105ns

(00830) [013]

-01419

(00815) [-174]

2 -05618

(01394) [-403)

-00404ns

(01797) [-023]

01924ns

(01317) [146]

00252ns

(01091) [023]

-02547ns

(01652) [-154]

04222ns

(00852) [050]

-00793ns

(00781) [-102]

3 00476ns

(01454) [033]

05923

(01884) [314]

-00725ns

(01343) [-054]

-00507ns

(01172) [-043]

-01874ns

(01708) [-110]

02599

(00907) [286]

-00682ns

(00851) [-080]

4 -00354ns

(01424) [-025]

07469

(02452) [304]

01456ns

(01398) [104]

-05035

(01291) [-390]

-02719ns

(01720) [-158]

-01594ns

(00961) [-166]

00335ns

(00915) [037]

5 -02348

(01404) [-167]

01769ns

(02467) [072]

00341ns

(01316) [026]

-00556ns

(01370) [-041]

-04763

(01934) [-246]

01600ns

(01011) [158]

02092

(01240) [169]

6 00825ns

(01411) [058]

-00301ns

(02040) [-015]

03185

(01148) [277]

00213ns

(01048) [020]

-02968

(01567) [-189]

-03946

(01025) [-385]

00686ns

(01244) [055]

7 -05081

(01406) [-361]

-03138

(01881) [-167]

-00108ns

(01052) [-010]

00067ns

(00939) [007]

-00667ns

(01492) [-045]

00227ns

(01188) [019]

01272ns

(01194) [106]

8 -00519ns

(01360) [-038]

00226ns

(02141) [011]

02093ns

(01015) [206]

-00373ns

(00989) [-038]

-02742

(01302) [-211]

-00119ns

(01085) [-011]

01696ns

(01058) [160]

Constante 00203

(00071) [286]

Obs = significativo agrave 1 = significativo agrave 5 = significativo agrave 10 e ns = natildeo significativo a 10 de significacircncia

6 CONCLUSOtildeES

O SAG exportador de carne bovina brasileiroapresenta uma estrutura concentrada em que um reduzidonuacutemero de empresas responde por parcela significativa dasexportaccedilotildees nacionais Essas empresas operam em todo oterritoacuterio nacional com plantas industriais exportadoraslocalizadas basicamente no Centro-Oeste Norte e Sudestedo paiacutes Identifica-se como principal barreira agrave entrada anecessidade da empresa possuir escala produtiva(capacidade de abate de animais e processamento de carne)

A importacircncia do SAG exportador de carne bovinapode tambeacutem ser demonstrada pelo impacto dos preccedilos

Estrutura e conduta da agroinduacutestria exportadora de carne 107

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 13 n 1 p 93-108 2011

alcanccedilados no mercado internacional sobre os preccedilospraticados no mercado interno Essa anaacutelise no entantoconfirma somente uma hipoacutetese de correlaccedilatildeo de preccedilossendo que um estudo sobre as variaacuteveis que impactam aformaccedilatildeo do preccedilo no mercado interno deveria contemplarum conjunto de fatores como disponibilidade de animaispara engorda oferta e demanda de carne bovina no mercadonacional e internacional Sugere-se como tema para umaagenda futura de pesquisa uma abrangente anaacutelise depreccedilos nesse SAG A relevacircncia das exportaccedilotildees para oSAG da Carne Bovina no Brasil eacute demonstrada pelacrescente participaccedilatildeo dos volumes exportados naproduccedilatildeo nacional Um indicador da eficiecircncia teacutecnica egerencial das empresas nacionais estaacute na forte tendecircnciade internacionalizaccedilatildeo com crescente participaccedilatildeo nomercado mundial de carne bovina A eficiecircncia dessainduacutestria pode tambeacutem ser observada na diversidade depaiacuteses importadores da carne brasileira

Entende-se portanto que a estrutura de mercadoda induacutestria exportadora de carne bovina brasileiraapresenta eficiecircncia econocircmica a despeito do seu grau deconcentraccedilatildeo e das barreiras agrave entrada fortementerelacionada agrave escala A contestabilidade desse mercado eacutegarantida pelo acesso e disponibilidade da necessaacuteriatecnologia para operar nesse setor pela ausecircncia debarreiras agrave saiacuteda ndash os investimentos realizados satildeofacilmente assumidos pelas empresas do setor e entrantes ndashe pela ausecircncia de barreiras agrave entrada da ordem deregulamentaccedilotildees e patentes A existecircncia de eficiecircnciaeconocircmica natildeo exime no entanto a possibilidade deexerciacutecio de poder de mercado pelas empresas liacutederes dosetor Dessa forma os oacutergatildeos competentes devem estaratentos agraves oportunidades de praacuteticas anticompetitivas

Essa eficiecircncia estaacute fortemente atrelada agravecompetitividade em preccedilo da carne brasileira Esforccedilosdeveratildeo ser dirigidos para que a carne brasileira seja tambeacutemreconhecida quanto aos aspectos da qualidade Para tantoaleacutem das iniciativas de divulgaccedilatildeo do produto em mercadosmais exigentes questotildees relacionadas ao ambienteinstitucional deveratildeo ser contempladas Rastreamento esanidade dos rebanhos satildeo fatores fundamentais para aagregaccedilatildeo de valor ao produto nacional Iniciativas em prolde uma maior coordenaccedilatildeo entre produccedilatildeo e induacutestria eacute amola mestra das accedilotildees estrateacutegicas a serem implementadas

7 REFEREcircNCIAS

ANUALPEC Anuaacuterio da pecuaacuteria brasileira Satildeo PauloInstituto FNP 2008

ASSOCIACcedilAtildeO DAS INDUacuteSTRIAS BRASILEIRASEXPORTADORAS DE CARNES INDUSTRIALIZADASEstatiacutesticas Disponiacutevel em ltHTTPwwwabieccombrgtAcesso em 30 jun 2008

BAIN J Barriers to new competition Cambridge HarvardUniversity 1956

BAUMOL W J PANZER J WILLIG R Contestablemarkets New York Harcourt Brace Jovanovich 1982

BEEF POINT O ponto de encontro da cadeia produtiva dacarne Disponiacutevel em lthttpwwwbeefpointcombrgtAcesso em 27 jun 2008

CENTRO DE ESTUDOS AVANCcedilADOS EM ECONOMIAAPLICADA Indicadores preccedilos Disponiacutevel emlthttpwwwcepeaesalquspbrgt Acesso em 27 jun2008

CONNOR J M Empirical challenges in analyzing marketperformance in the us food system American Journal ofAgricultural Economics v 72 n 5 p 1219-1226 Dec 1990Disponiacutevel em lthttpwwwjstororgstable1242536gtAcesso em 30 jun 2008

ENDERS W Applied econometric time series New YorkWiley 2004 460 p

FAGUNDES J PONDEacute J Barreiras agrave entrada e defesa daconcorrecircncia notas introdutoacuterias Satildeo Paulo UniversidadeCacircndido Mendes 1998 (Texto para discussatildeo 1 Cadernode estudos) Disponiacutevel em ltww2ieufrjbrgrcpdfsbarreiras_a_entrada_e_defesa_da_concorrenciapdfgtAcesso em 14 jul 2008

FARINA E M M Q NUNES R Desempenho doagronegoacutecio no comeacutercio exterior e governanccedila nossistemas agroindustriais das carnes de suiacutenos e das carnesbovinas In ENCONTRO NACIONAL DE ECONOMIA31 2003 Satildeo Paulo Anais Satildeo Paulo ANPEC 2003Disponiacutevel em ltwwwanpecorgbrencontro2003artigosE27pdfgt Acesso em 20 jun 2008

GREENE W H Econometric analysis New Jersey PrenticeHall 2003 1056 p

GUJARATI D Econometria baacutesica Satildeo Paulo Pearson2003 1083 p

CALEMAN S M de Q amp CUNHA C F da108

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 13 n 1 p 93-108 2011

NEVES M F SAAB M S Dez mudanccedilas estruturais nosfrigoriacuteficos Revista Agroanalysis Satildeo Paulo v 28 n 3 p22-25 Mar 2008

PINEDA N Bolso cheio bolso vazio Disponiacutevel em lthttpw w w r u r a l n e w s m s c o m b r conteudo=Artigosampart_id=3ampcol_idgt Acesso em 11 jul 2008

SAES M S M CALEMAN S M Q CUNHA C FMONTEIRO G F A Organizaccedilatildeo dos mercados de insumoe relaccedilotildees com a agricultura relatoacuterio preliminar depesquisa Satildeo Paulo Confederaccedilatildeo de Agricultura ePecuaacuteria do Brasil 2008 212 p

SCHERER F ROSS D Industrial market structureand economic perfomance Boston H Mifflin 1990 713p

SILVA C A BATALHA M O (Coords) Estudo sobre aeficiecircncia econocircmica e a competitividade da cadeiaagroindustrial da pecuaacuteria de corte no Brasil relatoacuteriofinal feito pelo Consoacutercio Funarbe Viccedilosa MG Satildeo CarlosCNPq 1999 552 p

WILLIAMSON O E The economic institutions ofcapitalism firms markets relational contracts New YorkThe Free 1985

Estrutura e conduta da agroinduacutestria exportadora de carne 107

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 13 n 1 p 93-108 2011

alcanccedilados no mercado internacional sobre os preccedilospraticados no mercado interno Essa anaacutelise no entantoconfirma somente uma hipoacutetese de correlaccedilatildeo de preccedilossendo que um estudo sobre as variaacuteveis que impactam aformaccedilatildeo do preccedilo no mercado interno deveria contemplarum conjunto de fatores como disponibilidade de animaispara engorda oferta e demanda de carne bovina no mercadonacional e internacional Sugere-se como tema para umaagenda futura de pesquisa uma abrangente anaacutelise depreccedilos nesse SAG A relevacircncia das exportaccedilotildees para oSAG da Carne Bovina no Brasil eacute demonstrada pelacrescente participaccedilatildeo dos volumes exportados naproduccedilatildeo nacional Um indicador da eficiecircncia teacutecnica egerencial das empresas nacionais estaacute na forte tendecircnciade internacionalizaccedilatildeo com crescente participaccedilatildeo nomercado mundial de carne bovina A eficiecircncia dessainduacutestria pode tambeacutem ser observada na diversidade depaiacuteses importadores da carne brasileira

Entende-se portanto que a estrutura de mercadoda induacutestria exportadora de carne bovina brasileiraapresenta eficiecircncia econocircmica a despeito do seu grau deconcentraccedilatildeo e das barreiras agrave entrada fortementerelacionada agrave escala A contestabilidade desse mercado eacutegarantida pelo acesso e disponibilidade da necessaacuteriatecnologia para operar nesse setor pela ausecircncia debarreiras agrave saiacuteda ndash os investimentos realizados satildeofacilmente assumidos pelas empresas do setor e entrantes ndashe pela ausecircncia de barreiras agrave entrada da ordem deregulamentaccedilotildees e patentes A existecircncia de eficiecircnciaeconocircmica natildeo exime no entanto a possibilidade deexerciacutecio de poder de mercado pelas empresas liacutederes dosetor Dessa forma os oacutergatildeos competentes devem estaratentos agraves oportunidades de praacuteticas anticompetitivas

Essa eficiecircncia estaacute fortemente atrelada agravecompetitividade em preccedilo da carne brasileira Esforccedilosdeveratildeo ser dirigidos para que a carne brasileira seja tambeacutemreconhecida quanto aos aspectos da qualidade Para tantoaleacutem das iniciativas de divulgaccedilatildeo do produto em mercadosmais exigentes questotildees relacionadas ao ambienteinstitucional deveratildeo ser contempladas Rastreamento esanidade dos rebanhos satildeo fatores fundamentais para aagregaccedilatildeo de valor ao produto nacional Iniciativas em prolde uma maior coordenaccedilatildeo entre produccedilatildeo e induacutestria eacute amola mestra das accedilotildees estrateacutegicas a serem implementadas

7 REFEREcircNCIAS

ANUALPEC Anuaacuterio da pecuaacuteria brasileira Satildeo PauloInstituto FNP 2008

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BAIN J Barriers to new competition Cambridge HarvardUniversity 1956

BAUMOL W J PANZER J WILLIG R Contestablemarkets New York Harcourt Brace Jovanovich 1982

BEEF POINT O ponto de encontro da cadeia produtiva dacarne Disponiacutevel em lthttpwwwbeefpointcombrgtAcesso em 27 jun 2008

CENTRO DE ESTUDOS AVANCcedilADOS EM ECONOMIAAPLICADA Indicadores preccedilos Disponiacutevel emlthttpwwwcepeaesalquspbrgt Acesso em 27 jun2008

CONNOR J M Empirical challenges in analyzing marketperformance in the us food system American Journal ofAgricultural Economics v 72 n 5 p 1219-1226 Dec 1990Disponiacutevel em lthttpwwwjstororgstable1242536gtAcesso em 30 jun 2008

ENDERS W Applied econometric time series New YorkWiley 2004 460 p

FAGUNDES J PONDEacute J Barreiras agrave entrada e defesa daconcorrecircncia notas introdutoacuterias Satildeo Paulo UniversidadeCacircndido Mendes 1998 (Texto para discussatildeo 1 Cadernode estudos) Disponiacutevel em ltww2ieufrjbrgrcpdfsbarreiras_a_entrada_e_defesa_da_concorrenciapdfgtAcesso em 14 jul 2008

FARINA E M M Q NUNES R Desempenho doagronegoacutecio no comeacutercio exterior e governanccedila nossistemas agroindustriais das carnes de suiacutenos e das carnesbovinas In ENCONTRO NACIONAL DE ECONOMIA31 2003 Satildeo Paulo Anais Satildeo Paulo ANPEC 2003Disponiacutevel em ltwwwanpecorgbrencontro2003artigosE27pdfgt Acesso em 20 jun 2008

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GUJARATI D Econometria baacutesica Satildeo Paulo Pearson2003 1083 p

CALEMAN S M de Q amp CUNHA C F da108

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 13 n 1 p 93-108 2011

NEVES M F SAAB M S Dez mudanccedilas estruturais nosfrigoriacuteficos Revista Agroanalysis Satildeo Paulo v 28 n 3 p22-25 Mar 2008

PINEDA N Bolso cheio bolso vazio Disponiacutevel em lthttpw w w r u r a l n e w s m s c o m b r conteudo=Artigosampart_id=3ampcol_idgt Acesso em 11 jul 2008

SAES M S M CALEMAN S M Q CUNHA C FMONTEIRO G F A Organizaccedilatildeo dos mercados de insumoe relaccedilotildees com a agricultura relatoacuterio preliminar depesquisa Satildeo Paulo Confederaccedilatildeo de Agricultura ePecuaacuteria do Brasil 2008 212 p

SCHERER F ROSS D Industrial market structureand economic perfomance Boston H Mifflin 1990 713p

SILVA C A BATALHA M O (Coords) Estudo sobre aeficiecircncia econocircmica e a competitividade da cadeiaagroindustrial da pecuaacuteria de corte no Brasil relatoacuteriofinal feito pelo Consoacutercio Funarbe Viccedilosa MG Satildeo CarlosCNPq 1999 552 p

WILLIAMSON O E The economic institutions ofcapitalism firms markets relational contracts New YorkThe Free 1985

CALEMAN S M de Q amp CUNHA C F da108

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 13 n 1 p 93-108 2011

NEVES M F SAAB M S Dez mudanccedilas estruturais nosfrigoriacuteficos Revista Agroanalysis Satildeo Paulo v 28 n 3 p22-25 Mar 2008

PINEDA N Bolso cheio bolso vazio Disponiacutevel em lthttpw w w r u r a l n e w s m s c o m b r conteudo=Artigosampart_id=3ampcol_idgt Acesso em 11 jul 2008

SAES M S M CALEMAN S M Q CUNHA C FMONTEIRO G F A Organizaccedilatildeo dos mercados de insumoe relaccedilotildees com a agricultura relatoacuterio preliminar depesquisa Satildeo Paulo Confederaccedilatildeo de Agricultura ePecuaacuteria do Brasil 2008 212 p

SCHERER F ROSS D Industrial market structureand economic perfomance Boston H Mifflin 1990 713p

SILVA C A BATALHA M O (Coords) Estudo sobre aeficiecircncia econocircmica e a competitividade da cadeiaagroindustrial da pecuaacuteria de corte no Brasil relatoacuteriofinal feito pelo Consoacutercio Funarbe Viccedilosa MG Satildeo CarlosCNPq 1999 552 p

WILLIAMSON O E The economic institutions ofcapitalism firms markets relational contracts New YorkThe Free 1985