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Faculdade de Economia Universidade de Coimbra Anorexia Licenciatura em Sociologia 2003/2004 Elisabete Ferreira

Faculdade de Economia Universidade de Coimbra · aumentar de peso ou de ser gordo, mesmo quando se está excessivamente magro. Gordo para estas pessoas não significa obeso, significa

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Faculdade de Economia Universidade de Coimbra

Anorexia

Licenciatura em Sociologia

2003/2004

Elisabete Ferreira

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Faculdade de Economia Universidade de Coimbra

Anorexia

Docente: Paulo Peixoto Trabalho realizado no âmbito da disciplina Fontes de

Informação Sociológica

Aluno: Elisabete Magalhães Ferreira - 20032367

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Índice

Introdução 1 Desenvolvimento 2 Etapas de Pesquisa 9 Ficha de Leitura 11 Avaliação de Página Web 14 Conclusão 15 Bibliografia 16

Anexo I – Texto de Suporte da Ficha de Leitura Anexo II – Página Web Avaliada

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Introdução

O tema do trabalho apresentado é a anorexia. Com a realização deste trabalho pretendo, não só aprofundar os meus conhecimentos sobre a anorexia, mas também testar a minha capacidade de pesquisa, visto ser o objectivo da disciplina de Fontes de Informação Sociológica. Pretendo demonstrar que cada vez mais jovens sofrem desta doença, pois procuram uma forma de sentir que têm valor, existindo sites da Web a dar incentivo a essa opção. Pretendo também esclarecer dúvidas sobre esta doença e explicar o que pode levar alguém a sofrer dela e a morrer “por ela”, dando vários exemplos de casos de ex-anorécticos. As fontes de informação em que este trabalho se baseia poderão ser consultadas nos sites da Web, em livros e em artigos de revista visto não ser um tema desconhecido, pois não há um jornal ou um canal de televisão que não tenha feito uma reportagem sobre este tema.

Para a realização deste trabalho fundamentei-me em informações retiradas da Internet que, a meu ver, foram acessíveis e claras. Fundamentei-me também em livros e em reportagens da televisão, bem como de revistas.

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Desenvolvimento

Ao que parece, já não há nada de novo para se dizer sobre a Anorexia Nervosa. Ou pelo menos assim pensa Daniel Sampaio que nos últimos anos mais entrevistas tem dado e mais livros tem escrito sobre o tema, em Portugal.

A Anorexia Nervosa é hoje uma doença muito conhecida. É uma doença do foro psíquico que afecta cada vez mais jovens, especialmente e quase na sua totalidade, raparigas (Sampaio, Daniel). Há quem diga que é do foro social, como Sónia Cardoso. Há quem diga também que é do foro biológico.

O principal sintoma para se definir uma Anorexia Nervosa é exactamente uma perda de peso num curto espaço de tempo, resultante de uma restrição alimentar activa; o medo intenso de aumentar de peso ou de ser gordo, mesmo quando se está excessivamente magro. Gordo para estas pessoas não significa obeso, significa com mais peso do que a pessoa considera tolerável; interesse exagerado por alimentos; perda do ciclo menstrual nas mulheres e falta de interesse sexual nos homens; depressão, ansiedade e irritabilidade; exercícios físicos em excesso; progressivo isolamento da família e dos amigos.

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A Anorexia pode ter dois sub-tipos: a Anorexia Nervosa

Restritiva, caracterizada por uma recusa de comer, e a Anorexia Bulímica, caracterizada por crises de “voracidade alimentar de carácter compulsivo” – as pessoas comem muito, em excesso, e várias vezes por dia – “e por aparecimento de manobras compensatórias para perder peso, como por exemplo vómitos, períodos de jejum ou exercício físico excessivo” (Sampaio, 1998)

A anorexia pode existir na pré-puberdade, na puberdade e na infância. Nesta última não é preciso haver uma perda de peso, apenas se detecta fazendo um diagnóstico a partir de uma falência em ganhar peso e uma paragem de crescimento. Já na puberdade regista-se o atraso no aparecimento da primeira menstruação e um atraso no desenvolvimento.

Por vezes perguntamos: mas os anorécticos “querem perder

peso para ficarem mais atraentes?” como refere Dulce Bouça numa entrevista dada à revista Notícias Magazine, autora do livro “Anorexia Nervosa Minha Amiga”, “normalmente o motivo inicial é esse”. “Vou tentar perder peso para me tentar sentir melhor comigo próprio”. O objectivo é tornar-se uma pessoa melhor, com mais capacidades, mais bem aceite, mais “perfeita”.

Aqui entra a mensagem cultural de que “as pessoas com corpo magro e controlado tem mais sucesso” (Notícias Nagazine. Stilwell, 2003). Nos primeiros meses há um aspecto positivo, pois para a pessoa lutar contra a fome e controlar o corpo é algo de muito difícil e por isso a pessoa sente que está a conseguir algo. Mas há também quem pergunte: Quais as causas que levam uma pessoa a sofrer de Anorexia? Não se conhecem as causas fundamentais para explicar o desenvolvimento da Anorexia Nervosa. Esta doença é considerada multideterminada por um conjunto de factores biológicos, psicológicos, familiares e culturais. A ênfase cultural na

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aparência física pode ter um papel importante. Problemas familiares, baixa auto-estima e conflitos de identidade também são factores envolvidos no desencadeamento desses quadros.

Daniel Sampaio (1998) no seu livro “Vivemos Livres Numa

Prisão”, diz-nos que o grande problema destas doenças é que aparecem em pessoas que estão mal consigo próprias e com os outros. No livro chamou a isso “Sentimentos de Inadequação”

Tem-se a ideia de que os anorécticos são muito exigentes consigo próprios e muito perfeccionistas. Quem tem a forma restritiva são pessoas que se conformam com facilidade às normas propostas pelo exterior, neste caso pela família, são muito bons alunos, têm geralmente características de grande rigor e controlo, têm alta tolerância à frustração. “Perseguem um ideal com muito rigor” (Sampaio, Daniel. 1998).

Quem tem a forma bulímica são pessoas intolerantes à frustração, têm mais impulsividade e têm uma personalidade com maior instabilidade. Mas tanto os anorécticos do tipo restritivo como do tipo bulímico, quando começam a perceber que através da dieta não estão a conseguir os seus objectivos começam a intensificar o investimento escolar.

Segundo Dulce Bouça (Notícias Magazine. Stilwell, 2003) a forma mais frequente de Anorexia é a do tipo compulsivo/purgativo ou Bulímica. Este tipo de Anorexia é a mais difícil de detectar pois a perda de peso não é muito acentuada e passa mais despercebida, enquanto que na do tipo restritiva a perda de peso é muito acentuado sendo, por isso, mais perceptível.

Quem sofre de Anorexia Nervosa quer viver muito intensamente, anda à procura de uma forma de sentir que tem valor, de se sentir bem consigo própria, para poder viver de acordo

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com as expectativas que acha que a família, amigos e até a sociedade têm em relação a ela.

A Anorexia é uma doença que pode conduzir à morte, mas as pessoas com essa doença pensam que a podem controlar, que vão começar a comer no momento certo. Temos a ideia de que os anorécticos gostam, e pretendem, sentir-se assim tão magros.

Muitos usam roupas largas para esconderem a ausência das formas do corpo. As raparigas querem as formas femininas, e os rapazes querem músculo e desenvolvimento atlético.

Uma das primeiras dificuldades é no que diz respeito em

convencer o paciente ao tratamento. Para isso o médico faz ver ao paciente que existem outros caminhos para o seu bem-estar.

O tratamento passa por uma reaprendizagem de como alimentar-se para que o doente não entre em excessos. O paciente tem também um acompanhamento psicológico, pois sair de uma Anorexia Nervosa implica uma nova relação com os outros e consigo próprio. Convém também não esquecer que o acompanhamento da família é fundamental e muito importante, visto que ninguém pode substituir a família.

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Segundo o livro “Anorexia Nervosa Minha Amiga” lançado por

Dulce Bouça (Stilwell, 2003), que resultou de uma experiência no acompanhamento de pessoas com esta doença, diz-nos que 40% das curas são totais, 30% de recuperação parcial (bom aumento de peso, regresso da menstruação), 20% registam má evolução e tendem para a cronicidade e 5% a 10% morrem. Usando o resumo do conteúdo dos programas televisivos (onde testemunhas relatam situações vividas) elaborado por Sónia Cardoso, passo de seguida a transcrever alguns:

1. “Kelly, dezassete anos, vinte e oito quilos…

…sentia-me incapaz de resolver alguns problemas… incomodavam-me… Não tinha apoio para os resolver…; … sobrecarga de responsabilidades… ter de cuidar do meu irmão desde que ele nasceu foi uma enorme pressão…; queria ser perfeita… corresponder àquilo que os outros esperavam de mim… metas muito altas… nunca estava satisfeita…”. Desenvolveu uma Anorexia Nervosa.

2. “Marta, dezanove anos, trinta e oito quilos…

… sentia-me infeliz com tudo… não gostava de mim, nem do meu corpo… do aspecto físico, até do cabelo… achava-me inferior aos outros… eles faziam sempre as coisas melhor do que eu… era boa aluna, bem comportada… fazia tudo para os agradar… mesmo assim, não achava que fosse suficiente…”. “…aos treze anos comecei a

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ouvir… chamarem-me gordinha… comecei a fazer dieta…”. Desenvolveu uma Anorexia Nervosa.

3. “Tânia, dezoito anos, trinta e oito quilos… … queria ser nadadora de alta competição… queria ser perfeita

em tudo, nos estudos e na natação… tudo com óptimos resultados… sucesso…; … na piscina… começaram a dizer que eu tinha de emagrecer se queria ser mesmo boa… o peso começou a ser encarado como um entrave… (a) melhores resultados desportivos…”. “… resolvi fazer dieta… nunca mais parei…”. Acabou por desenvolver uma Anorexia Nervosa.

“Um dos países onde existem mais Anorexias é nos Estados

Unidos da América” (Bouça, Dulce. Notícias Magazine, 2003). Esta afirmação não é de admirar, pois desde 2001 que existem na Internet os sites pró-anorécticas (“pró-anas”, em inglês) criados por jovens que sofrem de transtornos alimentares. Sites animados com mensagens do género: “A Anorexia é uma opção de vida, e não uma doença; não queremos que nos obriguem a fazer tratamentos; não temos vontade de nos curarmos, somos anorécticas e temos orgulho de o ser”. São também ilustrados com fotografias de Top Models e actrizes magríssimas. O visitante destes sites é bombardeado com mensagens perturbantes: “se não fores magra, não és bonita; ser magra é mais importante que ter boa saúde; cada vez que comeres sentir-te-ás culpada” (Alexandre, Elisabeth. Notícias Magazine, 2003). Estes sites dão também conselhos

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perigosos: chupar cubos de gelo para enganar a fome ou as mais variadas técnicas de provocar o vómito.

Estes tipos de sites provocam nos jovens o sentimento de pertencerem a uma elite e dão uma imagem da perfeição física irrealista e perigosa.

Muitos jovens, que não são anorécticos, procuram estes sites para terem acesso a dietas e acabam por se depararem com fotografias de raparigas magríssimas acompanhadas por um discurso fundamentalista.

Aqueles que sofrem desta doença, procuram intensivamente uma forma de se sentirem bem consigo próprios e muitas vezes não conseguem levando, infelizmente, à morte.

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Etapas de Pesquisa

Quando iniciei a minha pesquisa para este trabalho comecei por consultar a Biblioteca da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra onde não encontrei muita informação acerca do tema. Entretanto, li “Vivemos Livres Numa Prisão” de Daniel Sampaio (1998). É uma obra que nos fala de duas problemáticas particularmente pertinentes. A primeira parte aborda o tema sobre o problema da Adolescência no espaço escolar e as estratégias para se lidar com as situações problemáticas. A segunda parte debruça-se sobre o tema deste trabalho, a Anorexia Nervosa, nomeadamente das causas, do diagnóstico, do tratamento, do internamento e sobre a prevenção desta doença. Depois comecei a pesquisar na Internet. O motor de busca que utilizei foi o Google por ser, a meu ver, mais fácil e por ser melhor no que diz respeito à actualização de informação. Numa primeira pesquisa utilizei apenas a palavra “Anorexia” como palavra-chave e obtive 1300 registos, um número muito extenso. Fiz então outra pesquisa utilizando as palavras-chave “Anorexia and Bulimia” obtendo desta vez 301 registos, um resultado ainda vasto. Fiz novamente outra pesquisa onde utilizei as palavras “Anorexia+Bulimia+Transtornos Alimentares” como palavras-chave obtendo assim 12 registos, uma diferença bastante significativa em relação aos primeiros registos obtidos. Ainda na Internet, pesquisei artigos da revista SaudeMais sobre o tema abordado neste trabalho, tendo tido sucesso na pesquisa.

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Para além de sites da Web procurei em Enciclopédias Médicas e em revistas algo que tivesse relacionado com o tema e encontrei na revista Notícias Magazine, publicada pelo Jornal de Noticias ao Domingo, uma artigo sobre “Anorexia na Internet” e uma entrevista realizada com a doutora Dulce Bouça intitulada como “Anorexia Nervosa – Acabar com as Dúvidas” (2003).

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Ficha de leitura

Sónia Cardoso, socióloga, realizou a sua tese de Mestrado em Sociologia na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, dando como título a essa investigação “distúrbios Alimentares”.

Nessa investigação Sónia Cardoso trata do contributo que a sociologia pode ter na explicação dos distúrbios alimentares, quer ao nível das suas causas, quer ao nível dos factores que contribuem para o seu desenvolvimento. Na medida em que este contributo (da sociologia) não tem sido muito bem aceite no meio científico, nasceu a necessidade de abordar esta problemática.

Sónia Cardoso refere que “a sociologia procura enquadrar estes fenómenos num contexto social específico, tomando por base a ligação entre a sua ocorrência e a presença de determinados factores sócio-culturais, enquanto outras ciências, como é o caso da ciência medica, a psiquiatria, ou a psicologia, dão importância quase exclusiva, neste domínio, a factores de ordem orgânica e/ou psicológica, relativizando o contributo de um contexto social”, dai a existência de falta de consenso relativamente à validade de uma explicação sociológica para os distúrbios alimentares.

A autora colocou uma questão (Poderá o modelo de beleza corporal estar relacionado com surgimento de distúrbios alimentares como a anorexia e a bulimia nervosas?) pretendendo encontrar uma ligação entre determinados factores sociais e o surgimento dos distúrbios alimentares, para a credibilidade e validade de uma explicação sociológica para isso. Nesta investigação, Sónia Cardoso reforça que o surgimento dos distúrbios alimentares têm origem nos factores sócio-culturais,

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mas que se encontra ainda bastante associada às ciências como a psicologia, a psiquiatria ou a ciência médica, que relacionam o seu surgimento e desenvolvimento quase exclusivamente a factores intrínsecos dos indivíduos.

Sónia Cardoso analisa estudos feitos por outros autores, no campo da sociologia, que apontam para a necessidade de enquadramento da sociologia e os distúrbios alimentares: Naomi Wolf (1994), Deborah Lupton (1996), Pasi Falk (1994) ou Patrícia Abordene (1993), entre outros. Estes autores identificam uma estreita associação entre a incidência dos distúrbios alimentares e a sua evolução e as características do padrão de beleza actual, cujas marcas distintivas são: a sobrevalorização da magreza; a apologia de uma imagem física perfeita. Wolf e Falk dizem-nos que os indivíduos que realizam uma maior interiorização das regras e pressupostos deste modelo (modelo de beleza), assim como das preocupações sociais com o corpo, com a sua magreza, com a sua imagem e com os meios de a alcançar, têm uma tendência maior de desenvolver distúrbios alimentares. Já Deborah Lupton responsabiliza a forma como o corpo é perspectivado como um objecto, “alvo de mudanças constantes e fáceis, sobre o qual se exerce disciplina, sobretudo através da dieta”. Segundo Lupton a tendência para o desenvolvimento dos distúrbios alimentares é maior nos indivíduos onde o comportamento de dieta é mais frequente.

Sónia Cardoso diz-nos que “A hipótese aqui colocada é a de que quanto maior for o grau de desenvolvimento económico e de urbanização de uma certa sociedade, maior será a probabilidade de aí se verificar a ocorrência de distúrbios alimentares”. É de referir que é absolutamente normal um indivíduo preocupar-se com o seu peso, com a sua imagem, recorrendo a

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dietas, mas por vezes esta preocupação torna-se uma obsessão que leva à Anorexia. Sendo a anorexia um tema muito complexo, exige diferentes perspectivas para que a sua origem e o seu desenvolvimento possam ser compreendidas. É importante referir que, os factores sociais e culturais podem ser entendidos como fenómenos que levam à anorexia e a bulimia nervosas, e foi este o tema que Sónia Cardoso deu principal relevância.

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Avaliação de uma página da Web

A página da Internet escolhida para analisar foi: http://www.portugal-linha.net/arteviver/anorexia.htm Na minha opinião, esta página fala-nos do problema desta doença tocando em todos os pontos relevantes sobre o tema. É uma página que nos fala das causas, do tratamento e nos dá o “retrato” de um indivíduo anoréctico. A meu ver, este site informa de uma forma clara e geral aqueles que estiverem interessados em conhecer algo (mais) sobre esta doença. A autora deste site é a doutora Gia Carneiro Chaves, é uma psicoterapeuta especializada em várias técnicas de psicoterapia. Esta página da Web é escrita em Português e de fácil navegação e não tem qualquer tipo de custo. Nele podemos encontrar diversos temas desenvolvidos para além da Anorexia. A autora do site disponibilizou um serviço de envio de mensagens (via e-mail) que permite ao visitante o esclarecimento de dúvidas. No que diz respeito à apresentação desta página considero que está bem elaborada e visto que é um tema que está virado para o lado negativo a autora do site utilizou um contraste entre o desespero de uma imagem e cores alegres.

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Conclusão

O tema deste trabalho, “ANOREXIA”, é um tema que já não é novo, pois nos últimos anos têm sido feitas muitas entrevistas e muitos livros se têm escrito sobre o tema em Portugal. Hoje temos conhecimento desde as várias possibilidades que podem levar a Anorexia até aos métodos de tratamento desta doença. O seu nome quase dispensa apresentações. Apesar disso não foi fácil a procura de fontes para a realização deste trabalho. A pesquisa que realizei na Internet foi produtiva na medida em que encontrei informação muito clara acerca do tema. Na parte literária encontrei também informação clara, aparecendo por vezes termos difíceis mas que facilmente foram descodificados.

No que diz respeito à estruturação do trabalho senti algumas dificuldades.

Em suma, a elaboração deste trabalho (apesar das dificuldades sentidas) permitiu-me reter mais informações que serão úteis para a minha cultura e formação pessoal.

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Referências Bibliográficas

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Alexandre, ELISABETH (2003), “Anorexia – A nova vedeta da Internet”. Noticias Magazine, 9 de Novembro, pp. 74-77.

Cardoso, SÓNIA CRISTINA, “Para uma Abordagem Sociológica dos Distúrbios Alimentares”, Actas do IV Congresso português de Sociologia.

Cardoso, SÓNIA (2002), “Representações Sociais dos Distúrbios Alimentares”. Tese de Mestrado em Sociologia. Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.

Chaves, GIA CARNEIRO, “Anorexia Nervosa”. Arte de Viver. Página Consultada a 19 de Dezembro de 2003, <http://www.portugal-linha.net/arteviver/anorexia.htm>

Farmácia Saúde, “Quando comer é uma doença”. Página consultada a 12 de Dezembro de 2003, <http://saude.sapo.pt/gkBh/352427.html>

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Ferreira, MARCELO (2003), Anorexia Nervosa, em Grande Enciclopédia Médica Saúde da Família, Vol. I, pp. 88-91

Sampaio, DANIEL (1998), Vivemos Livres Numa Prisão. Caminho Editora.

Stilwell, ISABEL (2003), “Anorexia Nervosa – Acabar com as dúvidas”, Noticias Magazine, 9 de Novembro, nº 598, pp. 78-82.

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