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Estrutura e Funcionamento do Ensino São Cristóvão/SE 2009 Maria José Nascimento Soares Valtênio Paes de Oliveira

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Estrutura e Funcionamentodo Ensino

São Cristóvão/SE2009

Maria José Nascimento SoaresValtênio Paes de Oliveira

Projeto Gráfico e CapaHermeson Alves de Menezes

DiagramaçãoNeverton Correia da Silva

IlustraçãoElisabete Santos

Elaboração de ConteúdoMaria José Nascimento Soares

Valtênio Paes de Oliveira

Soares, Maria José Nascimento.S676e Estrutura e funcionamento do ensino / Maria José

Nascimento Soares, Valtênio Paes de Oliveira -- SãoCristóvão: Universidade Federal de Sergipe, CESAD, 2009.

1. Educação - Organização da instrução. 2. Ensino - Estrutura. I. Oliveira, Valtênio Paes de. II. Título.

CDU 37.09

Copyright © 2009, Universidade Federal de Sergipe / CESAD.Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e grava-da por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem aprévia autorização por escrito da UFS.

FICHA CATALOGRÁFICA PRODUZIDA PELA BIBLIOTECA CENTRAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

Estrutura e Funcionamento do Ensino

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPECidade Universitária Prof. “José Aloísio de Campos”

Av. Marechal Rondon, s/n - Jardim Rosa ElzeCEP 49100-000 - São Cristóvão - SE

Fone(79) 2105 - 6600 - Fax(79) 2105- 6474

Chefe de GabineteEdnalva Freire Caetano

Coordenador Geral da UAB/UFSDiretor do CESAD

Itamar Freitas

Vice-coordenador da UAB/UFSVice-diretor do CESADFábio Alves dos Santos

Coordenador do Curso de Licenciaturaem Ciências Biológica

Silmara de Moraes Pantaleão

Presidente da RepúblicaLuiz Inácio Lula da Silva

Ministro da EducaçãoFernando Haddad

Secretário de Educação a DistânciaCarlos Eduardo Bielschowsky

ReitorJosué Modesto dos Passos Subrinho

Vice-ReitorAngelo Roberto Antoniolli

NÚCLEO DE MATERIAL DIDÁTICO

Hermeson Menezes (Coordenador)Jean Fábio B. Cerqueira (Coordenador)Baruch Blumberg Carvalho de MatosChristianne de Menezes GallyEdvar Freire CaetanoIsabela Pinheiro Ewerton

Jéssica Gonçalves de AndradeLucílio do Nascimento FreitasLuzileide Silva SantosNeverton Correia da SilvaNycolas Menezes MeloPéricles Morais de Andrade Júnior

Diretoria PedagógicaClotildes Farias (Diretora)Rosemeire Marcedo CostaAmanda Maíra Steinbach

Diretoria Administrativa e FinanceiraEdélzio Alves Costa Júnior (Diretor)Sylvia Helena de Almeida SoaresValter Siqueira Alves

Núcleo de AvaliaçãoCléber de Oliveira SantanaAlisson de Oliveira Silva

Núcleo de Serviços Gráficos eAudiovisuaisGiselda Barros

Núcleo de Tecnologia daInformaçãoFábio Alves (Coordenador)João Eduardo Batista de Deus AnselmoMarcel da Conceição SouzaMichele Magalhães de Menezes

Assessoria de ComunicaçãoGuilherme Borba GouyPedro Ivo Pinto Nabuco Faro

AULA 1Educação: definições e concepções num determinado contexto social....07

AULA 2Política educacional brasileira..............................................................................13

AULA 3Política educacional brasileira: a década de 1930...........................................21

AULA 4Política educacional brasileira: a década de 1960 e a ditadura militar ... 29

AULA 5Programas e projetos implementados pelo Governo Federal ................. 41

AULA 6A educação e a Constituição ....................................................................... 55

AULA 7O MEC, o Conselho Nacional de Educação e a educação básica................61

AULA 8A LDB 9.394/96 - Contexto e principais aspectos da tramitação .............. 67

AULA 9Organização e funcionamento da educação básica. ................................. 75

AULA 10Organização e finalidades da educação básica no Brasil ........................ 81

Sumário

METAExplicitar o processo histórico de acesso à educação e suas concepçõesem relação aos aspectos políticos e sociais.

OBJETIVOSAo final desta aula, o aluno deverá:

entender as concepções de educação implementadas, posteriormente,pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

PRÉ-REQUISITOSLeitura do capítulo “Educação? Educações: aprender com o índio” da obraO que é educação de Carlos Rodrigues Brandão.

Aula

1EDUCAÇÃO: DEFINIÇÕES E CONCEPÇÕES

NUM DETERMINADO CONTEXTO SOCIAL

(Fonte: http://www.avercamp.com.br)

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Estrutura e Funcionamento do Ensino

INTRODUÇÃO

Olá, sejam bem vindos a esta disciplina!Para começarmos esta aula, é necessário refletirmos sobre estas

questões: o que entendemos sobre educação? Será que as concepçõessobre educação sempre foram as mesmas ao longo de nossa história?

A educação, enquanto fenômeno social, ao longo de sua história,só pode ser convenientemente entendida quando exposta conjunta-mente com uma análise sócio-econômica da sociedade. No caso brasi-leiro, por exemplo, um dos pontos mais fracos está na alfabetização,uma vez que a maioria da classe menos favorecida precisa se ausentarda sala de aula a fim de trabalhar, para ajudar na renda familiar, geran-do, conseqüentemente, um “analfabeto” para o mundo dos letrados.

Assim, a política educacional estabelecida ao longo da história doBrasil não atingiu a maioria da população por uma série de fatores quevão desde as condições materiais, qualidade do ensino, acesso até apermanência na escola. Recursos didáticos, vontade política e pessoalqualificado são aspectos relevantes positivos para ampliar o nível deescolarização do povo brasileiro, a depender da concepção de educa-ção que se tem de homem e de sociedade.

(Fonte: http://www.arscientia.com.br)

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Aula

1Eucação: definições e concepções num determinado contexto social

DESENVOLVIMENTO

A educação deve ser entendida como uma formação ampla de ho-mem e de sociedade que influencia as relações entre os seres, de modo aimprimir o slogan de “mal-educado” àquele que não se enquadra nas nor-mas estabelecidas na sociedade. Assim, um conjunto de atos, regras enormas, é tido como satisfatório para um determinado grupo. Cria-se,então, um ‘modelo educativo’ para formar esse homem. Para Brandão,“[...] a educação existe difusa em todos os mundos sociais, entre asincontáveis práticas e mistérios do aprender; primeiro sem classes de alu-nos, sem livros e sem professores especialistas; mais adiante com escolas,salas, professores e métodos pedagógicos” (1982, p. 10).

Como se pode notar, a educação se confunde com as nossas práticascotidianas e se alteram na medida em que há mudanças no contexto dassociedades. Ao longo desse processo, várias concepções de educação fo-ram sendo ampliadas. A definição de educação proposta pela Liga Inter-nacional da Educação Nova é a de que

[...] a educação consiste em favorecer o desenvolvimento tão

completo quão possível das aptidões de cada pessoa. Há um

tempo como indivíduo e como membro de uma sociedade

regida pela solidariedade. A educação é inseparável da evolução

social; constitui uma das forças que a determinam. [...] O fim

da educação e seus métodos devem, pois, ser constantemente

revistos, à medida que se torna mais consciente a necessidade de

justiça social, à medida que a ciência e a experiência aumentam

nosso conhecimento de criança, do homem e da sociedade.

Em relação a definições de educação, René Hubert, em 1946, apon-ta caracteres comuns nas definições porque entende que

[...] todas as definições limitam a educação à espécie humana; todas

consideram que a educação consiste numa ação exercida por um ser

sobre o outro, mais particularmente por um adulto sobre um jovem,

ou, ainda, por uma geração chegada à maturidade sobre a geração

seguinte; todas concordam em reconhecer que essa ação é orientada

para um fim por atingir. Toda educação tem um destino. Está sujeita

a uma lei da finalidade. Mas esse destino coincide exatamente com o

determinado ao próprio homem, e é por isso que os ‘educadores’

deixam de entender-se desde que se trate de precisar-lhe o conteúdo.

A partir dessas definições e concepções, a educação escolar, a rigor, vaise configurando de várias maneiras, pois, desde a chegada dos jesuítas noBrasil, uma série de atos oficiais expressa a política educacional, cujo obje-

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Estrutura e Funcionamento do Ensino

tivo é permitir que a função do Estado se concretize de fato. Neste sentido,leis, decretos, resoluções, parâmetros e planos são objetos oficiais paramodificar o quadro desolador da educação no Brasil.

A concepção de educação implantada na atual legislação brasileiraestabelece que a “[...] educação abrange os processos formativos quese desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no traba-lho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais eorganizações da sociedade civil e nas manifestações culturais” (LDB,Art. 1º). Portanto, a educação implantada no Brasil tem como con-cepção básica formar homens para o processo de modernização.

CONCLUSÃO

A educação é uma prática social em que os povos criam e recriamsua própria cultura a depender dos interesses estabelecidos pelos gru-pos sociais. De maneira semelhante, a educação escolar estabelecenormas por meio da elaboração de grade curricular, onde os objetivosda escola apresentam-se com diretrizes e princípios, dependendo tam-bém do sistema a que está vinculada – público ou privado. Cada siste-ma, em particular, possui propósitos bem definidos, e os sujeitos nelaenvolvidos, por ter liberdade de escolha, faz a sua opção. Essa esco-lha, porém, perpassa pela concepção de homem, de sociedade e deeducação. Se a opção for de uma educação escolar voltada para o de-sempenho com sucesso em profissões, como as de advogado, médico,etc., o sujeito escolherá um sistema de ensino que possa atender aosseus interesses. No Brasil, este sistema é considerado, pela sociedadevigente, como o de ensino privado, pois desde a educação básica, ca-naliza seus recursos para um vestibular no sistema de ensino público.

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Aula

1Eucação: definições e concepções num determinado contexto social

RESUMO

A concepção de educação implementada no Brasil é determinadana LDB 9394.96, no seu art. 1º. A educação abrange os processosformativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência hu-mana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movi-mentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestaçõesculturais. Para que a escola possa incorporar essa educação, faz-se ne-cessário que a própria escola possa ampliar sua visão de currículo, deproposta pedagógica; que seus professores modifiquem suas posturaspedagógicas e apresente alternativas que possam contemplar os inte-resses dos sujeitos que freqüentam a escola tendo em vista tambémsua concepção de homem, de sociedade e de educação. Com essa pers-pectiva, a escola poderá desenvolver atitudes pedagógicas comprome-tidas com o interesse maior da população e não com a minoria que jádetermina, em grande parte, o fracasso escolar.

ATIVIDADES

Após a leitura realizada, argumente, em um parágrafo-síntese, sobresua concepção de educação.

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Caros alunos, não se esqueçam de que a concepção de educaçãodependerá de sua visão de sociedade, de mundo e de homem.

AUTO-AVALIAÇÃO

Serei capaz de apreender a concepção de educação presente em meucontexto social?

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Estrutura e Funcionamento do Ensino

PRÓXIMA AULA

Na próxima aula, falaremos sobre a política educacional brasileira.

REFERÊNCIAS

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. São Paulo:Brasiliense, 1982.FREITAG, Bárbara. Escola, Estado e sociedade. São Paulo: 1986RIBEIRO, Maria Luisa Santos. História da educação brasileira. A or-

ganização escolar. 14 ed. Campinas: São Paulo, 1995.

METACaracterizar historicamente a política educacional no Brasil desde o Império atéa década de 1930.

OBJETIVOSAo final desta aula, o aluno deverá:escrever síntese histórica sobre a educação brasileira até os anos de 1930;compreender os mecanismos da intencionalidade dos sistemas de ensino

implantados no Brasil.

PRÉ-REQUISITOSConhecimentos básicos acerca da história do descobrimento do Brasil.

Aula

2POLÍTICA EDUCACIONALBRASILEIRA

(Fonte: http://www.usp.br)

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Estrutura e Funcionamento do Ensino

INTRODUÇÃO

Vimos, na aula anterior, que a educação só pode ser conveniente-mente entendida quando exposta conjuntamente com uma análise só-cio-econômica da sociedade. Vimos também que a política educacionalestabelecida ao longo da história do Brasil não atingiu a maioria da po-pulação por uma série de fatores. Assim, uma retrospectiva histórica dodescobrimento do Brasil é importante para revelar não só as principaisações dos estrangeiros nas diferentes regiões brasileiras, quando foraminstaladas as Capitanias Hereditárias – nesse particular, à região nordes-te – a fim de explorarem nossas riquezas, como também os sistemas deensino implantados para atender ás necessidades vigentes.

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Aula

2Política educacional brasileira

NO IMPÉRIO

Historicamente, no período colonial, o malogro do regime dascapitanias hereditárias, em 1532, levou D. João III a instituir um novoregime no Brasil. Em 1549, o primeiro Governador Geral Tomé deSouza chega nestas terras e, com ele, vieram os primeiros jesuítas, coma missão de catequizar e instruir os indígenas, chefiados pelo PadreManuel da Nóbrega.

Como podemos notar, o início da educação do Brasil vem res-pondendo aos interesses políticos da metrópole, aos objetivos religio-sos e políticos da Companhia de Jesus que se propunha a combater oprotestantismo. Objetivamente, a intenção era a catequização dos in-dígenas para torná-lo mais submisso e obediente à ordem estabelecida,facilitando a colonização portuguesa.

Neste período, o modelo econômico iniciado é o agroexportador,que se fundamenta na organização da economia de produtos primários:açúcar, ouro, café, borracha e pau-brasil para o mercado externo. Res-salta-se, entretanto, que os referentes ciclos foram em época distintas.

A partir de 1580, foi desenvolvido um trabalho educacional se-cundário de pequeno alcance, pois era reservado, sobretudo para osfilhos dos colonizadores e para a formação de novos sacerdotes. Se-gundo Ribeiro, “[...] a instrução, a educação escolarizada só podia serconveniente e interessar a esta camada dirigente (pequena nobreza eseus descendentes) que, segundo o modelo de colonização adotado,deveria servir de articulação entre os interesses metropolitanos e asatividades coloniais” (1995, p. 20) já que a mão-de-obra das camadasinferiores não necessitava de qualificação.

No entanto, têm-se notícias de que, na Bahia, 15 dias depois da che-gada dos jesuítas, já funcionava uma escola de ler e escrever. A políticaeducacional estatal era inexistente, e a função da escola era a reprodu-ção das relações de dominação e a reprodução da ideologia dominante.

Durante mais de dois séculos, os jesuítas propagavam sua fé,catequizavam índios e monopolizavam a educação no Brasil. Em 1759,porém, Marquês de Pombal expulsou os jesuítas por entender que o ensi-no dado por eles era um empecilho na conservação da unidade cristã e dasociedade civil, porque era detentora de um poder econômico que deve-ria ser devolvido ao governo uma vez que eles educavam o cristão a servi-ço da ordem religiosa e não para atender aos interesses do país.

Assim, o sistema educacional que havia sido implantado, desmante-lou-se. Todas as escolas foram fechadas. Apenas algumas subsistiram,como a Escola da Arte e Edificações Militares (1699), na Bahia; as Aulasde Artilharia (1738) no Rio de Janeiro; e os Seminários de São José e SãoPedro (1739), no Rio de Janeiro. Todos foram organizados por uma orien-

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Estrutura e Funcionamento do Ensino

tação rígida, dogmática, anti-científica e voltados para interesses religio-sos e políticos da época.

Neste sentido, em vez de existir um único sistema de ensino, pas-saram a existir escolas leigas e confessionais com os princípios herda-dos do passado. Logo depois, surgiu o ensino público influenciadopelas idéias dos enciclopedistas franceses. O Marquês de Pombal pre-tendia modernizar o ensino, mas sem sucesso porque lhe faltavam re-cursos humanos, estruturais e materiais.

ATIVIDADES

Escreva um parágrafo sobre a vinda dos jesuítas para o Brasil, destacan-do a sua contribuição.

COMENTÁRIOS SOBRE A ATIVIDADE

Caro aluno, não se esqueça de que, com a chegada dos jesuítas noBrasil, algumas missões tiveram destaque no modo e na forma deorganizar comunidades guaranis. Contudo, por força das ordensestabelecidas pela Igreja, muitas comunidades foram dizimadas atéseu último habitante.

Com a vinda da família real para o Brasil, D. João VI foi obrigadoa fazer uma reorganização administrativa com a nomeação dos titula-res dos ministérios para os órgãos da administração pública e da justi-ça, para o Rio de Janeiro, então capital. Isto provocou o desenvolvi-mento da vida urbana de Vila Rica, Salvador e Recife.

A partir desta nova realidade, uma série de medidas atinentes aocampo intelectual, foi criada: a Imprensa Régia, em 1808; BibliotecaPública, em 1810; Jardim Botânico do Rio, em 1810; Museu Nacio-nal, em 1818. Em 1808, circulou o primeiro jornal A Gazeta do Rio e,em 1812, a primeira Revista Carioca O Patriota.

Como havia necessidade de maior preparo de pessoal, maior qua-lificação e diversidade, no campo educacional, foram criados os se-guintes cursos: Academia Real de Marinha (1810); Academia Real Mi-litar (1810), que, em 1858, passou a se chamar Escola Central; EscolaPolitécnica (1874), hoje Escola Nacional de Engenharia; Curso de Cirur-gia, na Bahia (1808), onde se instalou o Hospital Militar; Cursos de Cirur-

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Aula

2Política educacional brasileira

gias e Anatomia, no Rio de Janeiro; Economia, na Bahia (1808); Agricul-tura (1812), com estudos de botânica e Jardim Botânico anexo; Química,em 1817, abrangendo química industrial, geologia e mineralogia e Dese-nho técnico, em 1818.

O Plano de Educação de 1812 de D. João VI estabeleceu que no 1ºgrau de instrução pública se ensinaria aqueles conhecimentos que a to-dos eram necessários, qualquer que fosse o seu estudo, e, no 2º grau,todos os conhecimentos que eram essenciais aos agricultores, os artis-tas e comerciantes.

A constituição de 1824 continha, apenas, princípios gerais sobre agratuidade da instituição primária para todos os cidadãos e uma referên-cia geral aos colégios e universidades. O Plano Nacional de Educação de1826, por sua vez, recomendava insistir “particularmente, no conheci-mento dos terrenos e dos produtos naturais de maior utilidade nos usosda vida”. Assim, a reforma de 1879, pelo Decreto nº. 7.247, estabeleceuque “[...] o ensino nas escolas primárias do 2º grau constaria da continu-ação e desenvolvimento das disciplinas no 1º grau”.

Com a Proclamação da República em 1889, o país se apresenta comouma nação pobre, com renda per capita muito baixa. A economia era ca-racterizada por uma atividade primária, prevalecendo o café no modeloagro-exportador. A República foi instaurada sob a influência do modeloamericano (Estados Unidos do Brasil) e segundo a filosofia positivista(ordem e progresso). A República se fez por setores progressistas da soci-edade auxiliada pelo exército, mas imediatamente reabsorvida pelas oli-garquias que a dominam até a década de 30.

Após a 1ª Guerra Mundial, o Brasil teve seu primeiro surto decrescimento industrial. Cresceram, porém, as disparidades regionais.Terminada a Guerra, prosseguiu-se o processo de modernização (in-dustrialização e urbanização), não havendo crescimento industrial noterritório brasileiro. Com o início do processo de industrialização, deu-se a proletarização das massas e a formação de classes médias urbana.Assim, no bojo da modernização do capitalismo dependente, houve a(re)acomodação dos segmentos e setores internos da sociedade na par-ticipação e na distribuição do poder.

A ideologia política oficial se nutria do progresso, da ação de transfor-mação, da intervenção modernizadora do Estado, mas, de fato, as condi-ções reais eram de tradição e de conservação da ordem, numa visão liberaldo século XIX. Vários movimentos surgiram: socialismo, anarquismo,nacionalismo, catolicismo, tenentismo, modernismo e integralismo.

Durante as primeiras décadas do mencionado século, as relaçõesde produção permaneceram as mesmas, persistiram as mesmas rela-ções sociais. De certo modo, subsistiu o sistema escravista, mesmo após aabolição da escravatura no Brasil.

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Estrutura e Funcionamento do Ensino

No campo educacional, a plataforma republicana defendia uma re-forma onde a instabilidade política instaurada, após a proclamação, gerouuma série de reformas, mormente, quando, após 1889, aconteceu a sepa-ração entre Igreja e Estado e entre a liberdade de crença e o ensino nasescolas. Assim, surgiu a reforma Benjamin Constant em 1890 que subor-dinou o ensino secundário à União, uniformizando-se em âmbito nacio-nal, estendendo-se, em 1902, aos colégios estaduais, municipais, e parti-culares com a reforma Epitácio Pessoa.

A reforma Rivadávia Correia, em 1911, sob a tese da liberdade deensino, interrompeu a centralização normativa da União que foi reto-mada com as reformas Carlos Maximiniano, em 1915, e Luis AlvesRocha, em 1925, apesar de ficar restrita aos estabelecimentos oficiaisonde a “administração federal continuou a manter um único estabele-cimento de ensino secundário – Colégio Pedro II, modelo de organiza-ção para os equiparados, não tendo exercido o poder de criar estabele-cimento desse nível nos estados. Em tais condições e estando os esfor-ços do poder público estadual concentrado na área de educação po-pular, o ensino secundário permanecia até 1930 quase que totalmenteentregue aos cuidados da iniciativa particular” (HAIDAR, 1998, p.78).

CONCLUSÃO

Neste sentido, o processo educacional iniciado no Brasil teve a pers-pectiva de reproduzir a ideologia da classe dominante instalada nestasterras mediante a vinda dos jesuítas para o Brasil. Temos, até hoje, res-quícios da educação jesuítica com a abordagem de ensino de caráter enci-clopédico e tradicional em que prevalece a transmissão de conhecimen-tos acumulados historicamente pela humanidade e conteúdosprogramáticos sem relação com o cotidiano, As formas de avaliar tinhama perspectiva de reprovar e a avaliação era realizada de forma tão rigoro-sa que o aluno que não memorizasse o conteúdo ditado pelo professor eraconsiderado incapaz e incompetente. Apesar disso, o papel dos jesuítasfoi fundamental para impulsionar a elaboração de outra proposta de ensi-no que atendesse ao interesse da sociedade daquela época que reclamavado Estado uma política pública para efetivar tal anseio.

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Aula

2Política educacional brasileira

RESUMO

A política educacional iniciada no Brasil seguiu modelos estrangeirosna perspectiva de atender aos interesses de quem estava à frente do podercom uma série de reformas, a exemplos das Reformas do Marquês dePombal; da Reforma Benjamim Constant, Reforma Epitácio Pessoa; Re-forma Carlos Maximiniano e Luis Alves Rocha, todas com a intenção deorganizar um sistema brasileiro de ensino. Assim, o ensino público aquiimplantado foi efetivamente influenciado pelas idéias dos enciclopedistasfranceses, a exemplo do pensamento de Marquês de Pombal, que preten-dia modernizar o ensino, após expulsão dos jesuítas das terras brasileiras.No bojo do processo de modernização do capitalismo dependente, da(re)acomodação dos segmentos de setores internos da sociedade na parti-cipação e na distribuição do poder, os governantes foram ampliando asoportunidades educacionais, não por ser uma necessidade do povo brasi-leiro, mas por um mecanismo de atender às exigências internacionais.

AUTO-AVALIAÇÃO

Sou capaz de elaborar uma síntese caracterizando alguns aspectosconsiderados relevantes para o entendimento do processo educativoimplantado pelos jesuítas?

PRÓXIMA AULA

Na próxima aula, estudaremos sobre a política educacional brasi-leira no contexto da década de 1930.

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Estrutura e Funcionamento do Ensino

REFERÊNCIAS

FREITAG, Bárbara. Escola, Estado e sociedade. São Paulo, 1986HAIDAR, Maria de Lourdes Mariotto. O ensino secundário no

Império. São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1972.REALE, Miguel. ABC do integralismo. São Paulo, 1937.RIBEIRO, Maria Luisa Santos. História da Educação Brasileira. Aorganização escolar. 14 ed. Campinas: São Paulo, 1995.ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da Educação no Brasil

(1930-1973). 14 ed. Petrópolis: Vozes, 1991.TAPAJÓS, Vicente Costa Santos. História administrativa do Brasil. Apolítica administrativa de D. João III. 2 ed. Brasília: Fundação Centro deEducação de Formação do Servidor Público/UnB, 1983.

Política educacional brasileira

METADemonstrar as lutas empreendidas pelos educadores para ampliação daescolarização no Brasil, a reivindicação de um Plano Nacional de Educação e asprimeiras discussões para a elaboração da primeira LDB 4.024/61.

OBJETIVOSAo final desta aula, o aluno devera:analisar a organização, estrutura e funcionamento do sistema de ensino

brasileiro dentro do contexto sócio-econômico, político e cultural.

PRÉ-REQUISITOSConhecimentos acerca da política educacional no Brasil desde o Império até adécada de 1930.

Aula

3POLÍTICA EDUCACIONALBRASILEIRA: A DÉCADA DE 1930

Crianças na sala de aula.(Fonte: http://www.alexandracaracol.com)

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Estrutura e Funcionamento do Ensino

INTRODUÇÃO

Olá,Lembram-se de que, na aula passada, falamos sobre a política edu-

cacional no Brasil colônia e império? Nesta aula, conheceremos umpouco mais sobre estas políticas a partir da década de 1930.

No início do século XX, o Brasil vive num processo de transfor-mações sociais, econômicas e históricas que requer dos governantestomadas de decisões frente aos incentivos da implantação da indústriabrasileira e a urbanização nas principais regiões brasileiras e comoconseqüência impulsiona mudanças nas políticas públicas no que serefere, especialmente, ao sistema educacional.

Educadora.(Fonte: http://www.cpmoye.com.br).

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Aula

3Política educacional brasileira: a década de 1930

A DÉCADA DE 1930

A década de 1920 assistiu a um despertar de uma nova consciêncianacional. Surgiu grande mobilização em torno da educação escolar.Defenderam-se os princípios da obrigatoriedade, gratuidade,descentralização e planificação nacional da educação.

As mobilizações e os esforços educacionais, iniciados nesta década,podem ser caracterizados como uma tentativa de democratização e deadaptação do ensino às condições da sociedade brasileira. O ensino,então, assumiu uma nova estrutura, seguindo pressões de uma novademanda educacional por parte da população urbana, preocupada como processo de industrialização e modernização da sociedade.

Essas mobilizações e pressões se manifestaram num novo dualismo:ensino profissional e ensino secundário. O primeiro, destinado aospobres a fim de formar mão de obra para a indústria, comércio e agri-cultura; o segundo, para a elite condutora do país.

As preocupações ligadas aos sintomas da intensificação da migra-ção rural-urbana marginalizaram a educação através da regionalizaçãodo ensino (uma tentativa de adequar a escola às condições do meio,através do ruralismo pedagógico), criando, assim, escolas de “naturezarural”, objetivando conter a migração em suas fontes.

Com o nascimento da Radiofusão, em 1923, funda-se a Rádio So-ciedade do Rio de Janeiro com fins exclusivamente científicos, técni-cos e artísticos e de pura educação popular e com programação deaulas, conferências e palestras para o público.

Quanto aos aspectos sociais, o proletariado e a classe média urba-na passaram a ter maior importância na estrutura social. Acentuaram-se as desigualdades entre o “urbano” e o “rural”, centro e periferia, nointerior do País, desenvolvendo-se um “colonialismo interno”, graçasao crescimento industrial.

Com a crise de 1929 e a 2ª Guerra Mundial, aconteceu uma disso-lução do mercado internacional de exportação primária. Inicia-se, apartir daí, o modelo de substituição de importações com ênfase naindustrialização oportunista, pois, neste período, a produção indus-trial no Brasil cresceu 250%.

A partir da década de 1930, em torno do Governo Provisório, desen-volveu-se a ideologia populista como mecanismo de mobilização dasmassas para o “consenso social” e o “congelamento” dos conflitos e ten-sões sociais. A revolução de 1930 assumiu as reivindicações dos movi-mentos de reformas, mas a sociedade fazia da educação uma característi-ca social das elites. Criou-se, então, o Ministério da Educação e Saúde. OEstado se fortaleceu por meio das novas funções econômicas que assu-

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Estrutura e Funcionamento do Ensino

miu, garantindo, assim, uma “falsa participação” das massas em torno dasquestões relativas à educação.

Neste sentido, uma série de reformas se apresenta no cenário bra-sileiro, a saber:

Reforma Francisco Campos - ampliou a atuação das funções federaisno ensino. No secundário, todos os estabelecimentos mantidos pelos Es-tados e pela iniciativa privada tiveram a oportunidade de se equipararemao Colégio Pedro II com a mesma organização e submetendo-se à inspe-ção federal, desde que acatassem a organização didática e o regime criadopelo decreto nº. 20.158 de 30/06/31. Ainda, no ensino secundário, estareforma criou o currículo seriado, a freqüência obrigatória, a estruturaçãodo curso em dois ciclos totalizando sete anos: o fundamental – com cincoanos – e complementar – dois anos.

Com o fim da segunda Guerra Mundial, o capital estrangeiro vol-tou a redefinir um novo “modelo”, prosseguindo o processo de mo-dernização da sociedade industrial e urbana, mas sob o impacto dainstabilidade e insegurança derivadas do populismo. Nesse período,há uma grande expansão do ensino, pois a classe média e o operariadoaumentaram a pressão por oportunidades educacionais; o ensino pro-fissional se desenvolveu e foi estimulado para ser equivalente ao ensi-no secundário. Começou-se, também, a preparar uma abertura doensino superior para as massas; houve inúmeros debates sobre a LDBque mobilizaram a opinião pública nacional; o ensino supletivo e oensino noturno se difundiram nas classes desfavorecidas; constatou-se um esforço governamental relativo à preparação de professores combolsa de estudos por meio da CAPES e CNPq.

Neste contexto, floresceram movimentos educacionais voltadospara a educação de adultos e para a cultura popular. Constataram-se ofortalecimento das classes médias e do proletariado, mobilizadas porsindicatos e partidos políticos que disputavam o apoio popular. Tam-bém existiam conflitos de classes no setor rural, mobilização dos cam-poneses através de sindicatos e das ligas camponesas do Nordeste.

Assim, a burguesia se viu ameaçada de não poder manter sua posi-ção, face ao crescimento da força das massas urbanas em permanentemobilização. A ideologia dominante da época oferecia a legitimaçãodo “congelamento dos conflitos”, pela busca da “harmonia nacional”.Camuflava-se, ideologicamente, a luta entre os interesses antagônicosdas classes, com a predominância da preocupação com a justiça sobreo crescimento econômico, sustentado pelo ideal de DesenvolvimentoNacional. Este ideal era caracterizado por mobilização política dasmassas, fortalecimento dos partidos com base popular, desenvolvi-mento da ação sindical, extensão dos direitos sociais, reação contra asoligarquias, tensões devido às questões agrárias e proposta política dereforma de base.

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Aula

3Política educacional brasileira: a década de 1930

Com base nestes acontecimentos, uma série de atos oficiais foramimplementados a partir da constituição de 1946, que retomou a orienta-ção descentralizada e liberal da carta de 1934, restabelecendo grande partede seus dispositivos sobre a educação. “Assim, a União fica incumbidade legislar sobre as “[...] Diretrizes e Bases da Educação Nacional e deorganizar o sistema federal de ensino de caráter supletivo, estendendo-se a todo o país nos estritos limites das deficiências locais” (art. 5 e 170).

Neste sentido, algumas leis foram criadas para inovar a políticaeducacional: Lei Orgânica do Ensino Agrícola; Lei Orgânica do Ensi-no Primário; Lei Orgânica do ensino Normal; Criação do Ensino Su-pletivo; Criação do SENAC; Criação do INEP; Criação do Movimentoda Cultura Popular do Recife (1960); Criação do Movimento de Edu-cação de Base do centro Popular de Cultura do MEB e a primeira Leide Diretrizes e Bases da Educação Nacional – 4.024/61 que instituía oprimário, o ginásio com seu exame de admissão.

O nível médio e o superior eram legislados através da LDB doEnsino Brasileiro fundamentado em princípios liberais que não foiimplantada plenamente ante a tomada do poder pelos militares em1964 que fechariam vários institutos legais, descaracterizando-os aolongo do período militar.

ATIVIDADES

Pesquise, no site do MEC, as reformas e a Lei 4.024/61, identifican-do objetivos e finalidade da educação em nível nacional. Destacar osaspectos mais pertinentes dessa Lei no que se refere à obrigatoriedade daeducação e aos sistemas de ensino.

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

No Art. 1º ficam estabelecidos os princípios e finalidades da educaçãoe que estes estão ancorados nos “[...] princípios de liberdade e nosideais de solidariedade humana”. Em relação aos aspectos depertinência da Lei e à criação do Conselho Federal de Educação, aeducação torna-se um “[...] direito de todos e será dada no lar e naescola”, sendo sua obrigatoriedade o ensino primário. Em relaçãoaos sistemas de ensino Art. 12 “[...] atenderão à variedade dos cursos,à flexibilidade dos currículos e à articulação dos diversos graus eramos”. Destacam-se, ainda, as competências dos Estados e doDistrito Federal.

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Estrutura e Funcionamento do Ensino

CONCLUSÃO

Uma série de atos, discursos e mobilizações – promovida por inte-lectuais à frente da proposta de ampliar as oportunidades educacio-nais para o povo – passou por longos treze anos de debates acerca daPlanificação de uma Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional –Lei 4.024/61 – a qual foi aprovada para todo o Brasil, restando suaaplicabilidade em todo o território nacional. A política governamentaldeu início a uma série de atos oficiais a partir da Constituição de 1946,que retomou a orientação descentralizada e liberal da carta de 1934,restabelecendo grande parte de seus dispositivos sobre a educação.

RESUMO

As lutas empreendidas pelos intelectuais da época para inovar apolítica educacional resultaram na criação de uma série de Leis, a sa-ber: Lei Orgânica do Ensino Agrícola; Lei Orgânica do Ensino Primá-rio; Lei Orgânica do ensino Normal; Criação do Ensino Supletivo;Criação do SENAC; Criação do INEP; Criação do Movimento daCultura Popular do Recife (1960); Criação do Movimento de Educa-ção de Base do centro Popular de Cultura do MEB e a primeira Lei deDiretrizes e Bases da Educação Nacional – 4.024/61 que instituía oprimário, o ginásio com seu exame de admissão. A aprovação da LDBnº 4.024/61 foi um grande avanço para a sociedade oportunizando agratuidade do ensino primário para todos os brasileiros. O ensino bra-sileiro fundamentado em princípios liberais, contudo, não foi implantadoplenamente ante a tomada do poder pelos militares em 1964.

AUTO-AVALIAÇÃO

Sou capaz de tecer comentários acerca das competências dos Muni-cípios, Estados e Distrito Federal em relação à obrigatoriedade do ensinoprimário no Brasil?

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Aula

3Política educacional brasileira: a década de 1930

PRÓXIMA AULA

Na próxima aula, conheceremos a política educacional brasileirana década de 60 e durante a ditadura militar.

REFERÊNCIAS

FREITAG, Bárbara. Escola, Estado e sociedade. São Paulo: 1986GERMANO, José Willigton. Estado militar e educação no Brasil (1964-

1985). São Paulo: Cortez, 1993.NEVES, Lúcia Maria Wanderley. Educação e política no Brasil de hoje.São Paulo: Cortez, 1994.PELLANDA, Nize Maria Campos. Ideologia, educação e repressão

no Brasil pós - 64. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1986.RIBEIRO, Maria Luisa Santos. História da educação Brasileira. A or-ganização escolar. 14 ed. Campinas: São Paulo, 1995.ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da educação no Brasil

(1930-1973). 14 ed. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1991.SOARES, Maria José Nascimento. Educação municipal em Simão Dias:reconstituição histórica (1970-1990). 1996. 139/f . Dissertação (Mestradoem Educação) Pós-Graduação em Educação. Universidade Federal deSergipe. São Cristóvão, 1996

METAApresentar as intenções governamentais com as mudanças estabelecidas na

educação fundamental e a implantação da profissionalização em nível nacionalpara todas as escolas públicas na década de 1960 e na ditadura militar.

OBJETIVOSAo final desta aula, o aluno deverá:

analisar a organização, estrutura e funcionamento do sistema brasileiro dentrodo contexto sócio-econômico, político e cultural na década de 1960 e na ditaduramilitar.

PRÉ-REQUISITOSConhecimento sobre o regime militar no Brasil em livros de sua escolha,

especialmente, sobre o AI-05.

Aula

4POLÍTICA EDUCACIONALBRASILEIRA: A DÉCADA DE 1960 E A DITADURA

MILITAR

Movimento estudantil de 1968 na USP. Passeata dos 100 mil.(Fonte: htpp://www1.folhauol.com.br)

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Estrutura e Funcionamento do Ensino

INTRODUÇÃO

Caro aluno, vimos, na aula anterior, as reformas educacionais empre-endidas no Brasil entre 1930 e 1960. Apresentaremos, portanto, nestaaula, a política de educação a partir da década de 1960.

A própria dinâmica das conquistas adquiridas pela população brasi-leira e a condução de programas e projetos educacionais – a exemplo doprograma De Pé no chão, aprender a Ler e escrever, desenvolvido no Rio Gran-de do Norte, e a proposta de alfabetização de Paulo Freire em Pernambuco– impulsionaram algumas decisões acerca dos rumos do nosso país. En-tretanto, o processo de conscientização destacado nesses projetos que seampliavam em todo o território nacional, foi reprimido pelas Forças Ar-madas do Brasil com o golpe militar em 1964.

Paulo Freire.(Fonte: http://brciberjornalismo.wordpress.com).

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Aula

4Política educacional brasileira: a década de 1960 e a ditadura militar

A DÉCADA DE 1960

A partir de 1964, o poder político foi exercido pelas Forças Arma-das que passaram a funcionar como eixo norteador do aparelho estatal.Os militares assumiram o poder político; a economia brasileira apresen-tava sinais de crescimento por conta da implantação da indústria de basee a deterioração dos mecanismos de ascensão da classe média brasileira.Passamos à fase do tão propalado “milagre brasileiro”.

A implantação da indústria de base carecia de mão-de-obra para osetor terciário e para a organização burocrática, numa crescente com-plexidade de serviços necessários à industrialização. O Estado Brasilei-ro investia no processo de infra-estrutura de comunicações, transpor-tes e energia criando uma fonte de emprego que exigia diversos níveisde qualificação. No entanto, a classe média sofreu os recuos da suaascensão social com a abertura de pequenas empresas, investimentose poupanças. Com a concentração do capital, estruturaram-se os me-canismos de ascensão social. Na verdade, Germano afirma que

a industrialização – via processo de substituição de importação –

havia se completado com a implantação do chamado Departamento

I da economia, ou seja, do setor responsável pela produção de meios

de produção (máquinas, equipamentos, insumos destinados à

produção), enfim, de indústria pesada (GERMANO, 1993, p. 49).

O sistema educacional foi reorientado para produzir mão-de-obranos três níveis: respectivamente barato, técnicos de nível médio e deformação superior. As elites dominantes visavam transformar o Brasilnuma potência industrial, o que conseguiram à custa do sacrifício dopovo brasileiro, lançando mais de 70% da população na pobreza e namais absoluta miséria, o que negava o desenvolvimento pregado nes-tas duas décadas mediante o processo de modernização implantado. Adesigualdade sócio-econômica entre as classes só tendia a agravar-se àmedida que a política pública não promovia uma redistribuição maisjusta e eqüitativa. Assim, a educação passou a ser encarada como umcanal disponível para a ascensão, gerando conseqüentemente uma de-manda social sem responder à expansão do sistema educacional.

A política adotada após 1964 vai evoluir de forma diferente nos

dois movimentos antes assinalados. Em princípio, ela vai

procurar atender as exigências quantitativas da demanda social

de educação [...] a expansão da rede escolar, poderia

comprometer em parte a política econômica do governo. Daí

porque a expansão se deu em limites estreitos e, por não

32

Estrutura e Funcionamento do Ensino

acompanhar nem ao menos o ritmo do crescimento da demanda,

acabou agravando a crise do sistema educacional

(ROMANELLI, 1991, p. 206-207).

No trabalho de tese, publicada com o título de “Estado Militar eEducação no Brasil (1964-1985)”, de José Willigton Germano, EvaldoVieira afirma no prefácio que, após 1964, a política educacional brasi-leira nutriu-se de estudos de variada natureza (1993, p.13). O que equi-vale afirmar uma falta de uma política educacional coerente, cujo prin-cipal objetivo era tomar o lugar hegemônico exercido pelas forças quelhes julgavam esquerdista.

Agravou-se porque a demanda de pessoal com qualificação de nívelmédio cresceu em ritmo mais acelerado do que a oferta e criou um déficit

que persiste até os dias de hoje. A expansão neste período aconteceu emritmo lento, resultando numa contestação do sistema educacional feitapor manifestações estudantis, mediante protesto de docentes e discentes,na impossibilidade de se efetuar um trabalho de sala de aula, sobretudopelo excesso de estudantes e falta de recursos.

Tudo isso repercutia no campo da educação e da cultura.

Campanhas de movimentos de educação e cultura popular

despontavam em todos os pontos do país, notadamente no

Nordeste, com propostas de conscientização política e social

do povo. A matrícula no ensino fundamental aumentou no

período (1960-1964), enquanto uma parcela dos estudantes

universitários, através da UNE ( União Nacional dos Estudantes)

engajou-se na luta pela organização da cultura com vistas a uma

transformação estrutural da sociedade brasileira. Greves,

mobilizações, assembléias, crescimento das organizações

sindicais, surgimento das Ligas Camponesas e dos Sindicatos

Rurais faziam parte do contexto político da época

(GERMANO, 1993).

Para conter a crise, o Governo adotou uma série de medidas acurto e em longo prazo. Entre as medidas tomadas para reorientar osistema educacional, objetivando satisfazer as necessidades do modelode modernização industrial, instituiu-se, pela Lei nº 4.400 de 12-10-1964, o Salário-Educação, que obrigou cada indústria a pagar 2% deimpostos equivalentes ao salário mínimo de cada trabalhador em fa-vor do sistema oficial de educação.

Essas medidas não foram suficientes para gerarem recursos necessá-rios para a eliminação do analfabetismo, nem expandir o sistema educa-cional. Assim, no período de 64-68, a expansão do ensino ocorreu deforma lenta por conta da contenção econômica para captar recursos

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Aula

4Política educacional brasileira: a década de 1960 e a ditadura militar

numa fase de recuperação, gerando crise, em que o governo, numa transi-ção do “modelo econômico” e do “modelo político”, obteve recursos exter-nos, como ocorreu no processo de industrialização, de assessoria e coope-ração financeira prestada pelos acordos MEC-USAID.

A intervenção do setor externo voltava a se manifestar, assesso-rando a organização do ensino, apresentando propostas de moderni-zação e criando as condições prévias de retomadas da expansão eco-nômica e política. No entanto, a crise não passava de uma justificativade pretexto para assegurar ao setor externo oportunidade para pro-por uma organização do ensino capaz de retomar o desenvolvimentoeconômico do país. Segundo Romanelli, a forma de atuação da USAIDno Brasil seria “um tipo de ação que implicava doutrinação e treina-mento de órgãos e pessoas intermediárias brasileiras, com vistas obvi-amente a uma intervenção na formulação de estratégias [...] fosse ado-tada pelos dirigentes, órgãos e instituições educacionais”.(ROMANELLI, 1991).

A USAID, então, apresentava estratégias de estabelecer relações en-tre os recursos aplicados e a produtividade; de atuar no processo escolare nas instituições escolares; de modernizar os meios de comunicação; ede reforçar o ensino superior sob a forma de programas especiais. Noentanto, havia uma predominância para o ensino superior a qual era pro-posta de forma bastante clara num modelo americano. Foram assinados,entre o MEC-USAID, acordos que objetivavam a melhoria de todos ossetores educacionais do país, que iam desde o assessoramento, treina-mentos até cursos de aperfeiçoamento a todos os níveis de ensino.

No Programa Estratégico de Desenvolvimento – PED (1968-70), aeducação passou, então, a ser considerada relevante, mas pela necessida-de da “captação de novos contingentes de mão-de-obra”, ou como “ins-trumento de distribuição de renda”, cuja ideologia de ascensão social viaeducação já se fazia presente.

Para atender às especificidades do ideário político implantado, oensino passou por um processo de mudança em todos os níveis. Fo-ram realizadas tarefas por uma comissão formada por sete membros(cinco americanos e dois brasileiros) instituídas no convênio entre oMEC e USAID, resultando em nova legislação que praticamente re-vogou a primeira LDB: a reforma do ensino superior – Lei 5.540-1968; a reforma do ensino de 1º e 2º graus – Lei 5.692-1971; a criaçãodo Mobral – Decreto-Lei 5.379-1967 e 62.484-1970 e ainstitucionalização do ensino supletivo – Decreto-Lei 71.737.

O Decreto nº 62.997-68 e a Lei 5.540-68 instituíram a reforma Uni-versitária baseada no modelo norte-americano e pensada pelo Es-tado populista que fez da Universidade de Brasília um centro de trei-namento de estudos superiores que tivesse repercussão em todo o territó-

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Estrutura e Funcionamento do Ensino

rio nacional. Essa proposta tinha um caráter de urgência para conter aparticipação política de estudantes e professores universitários que seri-am, mais tarde, silenciados pelo Ato Institucional nº 5 (AI-5). Um verda-deiro clima de terror foi instituído, onde “[...] qualquer pessoa, a qualquermomento, sem razão válida, poderia ser presa, torturada e até mesmoassassinada” (WEREBE, 1994, p. 78).

A reforma do ensino superior trouxe algumas modificações naestrutura interna das universidades referidas na lei, como adepartamentalização, a matrícula por disciplina, o curso básico e ainstitucionalização da pós-graduação. Moreira Alves apresenta suma-riamente a abrangência do AI-5 em relação aos poderes atribuídos aoexecutivo por este Ato:

Poder de fechar o Congresso Nacional e as assembléias estaduais e

municipais;

Direito de cassar os mandatos eleitorais de membros dos legislativos e

executivos nos níveis federal, estadual e municipal;

Direito de suspender por dez anos os direitos políticos dos cidadãos;

Direito de demitir, remover, aposentar ou por em disponibilidade

funcionários da burocracia federal, estadual e municipal;

Direito de demitir ou remover juízes, e suspensão das garantias ao judiciário

de vitaliciedade, inamovibilidade e estabilidade;

Poder de decretar estado de sítio sem qualquer dos impedimentos afixados

na Constituição de 1967;

Direito de confiscar bens como punição por corrupção;

Suspensão de garantia de hábeas corpus em todos os casos de crimes

contra a segurança nacional;

Julgamento de crimes políticos por tribunais militares;

Direito de legislar por decreto e baixar outros atos institucionais ou

complementares; e finalmente,

Proibição e apreciação pelo judiciário de recursos impetrados por pessoas

acusadas em nome do AI-5 (MOREIRA ALVES, 1984, p. 131)

Do ponto de vista administrativo, a reforma universitária permi-tiu o aumento da matrícula a custo mínimo, através da nova estruturaacadêmica. Os seus decretos adicionais visavam à solução da crise uni-versitária por meio de medidas disciplinares de captação e controle doestudante brasileiro. Um exemplo dessas medidas se encontra descritano Decreto-Lei 477, de 26 de fevereiro de 1969, que liquidou o direitoao protesto estudantil, movimentos de greve e agitação de caráter po-lítico. A criação do vestibular classificatório (eliminava o problema dosexcedentes) definia, a priori, a quantidade de aprovados no vestibular. Osexcedentes eram convocados a partir de desistências dos aprovados dainstituição.

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Aula

4Política educacional brasileira: a década de 1960 e a ditadura militar

Já a Lei 5.692-71 apresentava três pontos fundamentais: a extensãoda escolaridade obrigatória, compreendendo agora todo o ensino de 1ºgrau; junção do primário com o ginásio e a generalização do ensino pro-fissional em nível de 2º grau (grifo nosso). Essa reforma do ensino tevecomo objetivo deslocar para o mercado de trabalho uma parte crescenteda demanda de candidatos ao ensino superior, transformando o ensinomédio em profissional e dando ao ensino de 1º grau uma conotação deiniciação para o trabalho.

Concentrava-se basicamente em adequar os recursos educacionaisàs propostas desenvolvimentistas mediante a internacionalização domercado brasileiro. Essas reformas educacionais subordinavam osobjetivos, os métodos, os currículos e áreas de ensino, aos projetos eaos cálculos econômicos. Adotou-se uma nova organização dos currí-culos e instituiu a habilitação profissional, retirando do ensino médioo caráter exclusivo de preparação para o ingresso na universidade.Freitag aponta que “[...] a lei 5.692-71 procura corrigir as inadequaçõesdo sistema de ensino médio anterior, em face de uma nova realidade,mas também uma decorrência necessária da reformulação do ensinosuperior, a fim de ajustar ideológica, estrutural e funcionalmente ostrês níveis de ensino” (1986, p. 93-94).

O ensino no Brasil passou a abranger os três sistemas básicos:regular, supletivo e especial. O ensino regular compreendia o ensinode pré-escolar, 1º, 2º e 3º graus, mais um 4º grau, de pós-graduação.O ensino de 1º e 2º graus era composto de um núcleo comum e deuma parte diversificada nos seus currículos, consubstanciados comoeducação geral e formação especial. Sua finalidade básica era “[...] pro-porcionar ao educando a formação necessária ao desenvolvimento desuas potencialidades como elemento de auto-realização, qualificaçãopara o trabalho e preparo para o exercício consciente da cidadania”(Art. 1º da LDB 5.692-71).

Os princípios básicos da Lei 5.692-71 baseavam-se na continuidadee na terminalidade. Pelo princípio da continuidade, entende-se comoum conteúdo que parte de uma base de educação geral ampla para aformação especial e profissional, ou seja, a passagem gradativa do geralpara o particular, garantindo a continuidade nas séries. O princípio daterminalidade é entendido como caráter terminal em que facultava umaformação que capacitava para o exercício de uma atividade, dando-lhe odireito de concluir o ensino de 1º grau. Uma vez concluído, o indivíduoestava em condições de ingressar no mercado de trabalho.

Segundo Romanelli, várias são as incoerências postas na reforma doensino de 1º e 2º graus, das quais destacamos a aplicação de reforma nazona rural, tendo em vista que as condições para a sua implantação é aintegração de recursos humanos e materiais necessários para o desenvol-vimento das atividades educacionais. Na zona rural, grande parte das es-

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Estrutura e Funcionamento do Ensino

colas possuía um número reduzido de salas de aulas e de pessoal habilita-do para exercer função, bem como da implantação em caráter gradativode todo o 1º grau.

O ensino na zona rural só atendia à primeira fase do 1º grau quecorresponde à 1ª até a 4ª série e ainda assim não existia pessoal habi-litado e também condições de infra-estrutura para tal funcionamento.Se, na cidade, as deficiências são muitas, imagine no campo onde aindaimpera uma dependência à “[...] modernização conservadora”(THERRIEN, 1993, p.39)! Este fato ainda persiste nas escolas locali-zadas na zona rural do território brasileiro, em particular no norte enordeste do Brasil.

Quanto ao ensino médio, este visava à demanda social da educaçãosuperior e lançar para o mercado de trabalho boa parcela da populaçãoque procurava a universidade. Pretendia-se, com este ensino, acabar como dualismo, superar a distinção entre profissões intelectuais e manuais,instituindo a homogeneidade, tornando obrigatória a profissionalizaçãoem todas as escolas do País. O elemento fundamental era “[...] destacar aprofissionalização do ensino de 2º grau como manifestação de um pro-cesso de reorganização do ensino, com vistas ao aperfeiçoamento dasfunções de discriminação social via escolaridade” (WARDE, 1979, p. 77).

No entendimento de Werebe, essa suposta profissionalização de “[...]romper com a dicotomia ‘ensino propedêutico’ e ‘ensino técnico’, era to-talmente ilusória e estava predestinada ao insucesso total” (1994, p. 151).O mesmo atribui-se ao fato da improvisação de instalações e equipamen-tos necessários para o desenvolvimento de atividades práticas, bem comoarranjos feitos em alguns estabelecimentos para acatar a obrigatoriedadeda profissionalização, tornando-a irreal pela falta de condições materiaise de pessoal habilitado, recursos financeiros para custear as despesas de-correntes de reposição de equipamentos necessários aos estabelecimen-tos de ensino.

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Aula

4Política educacional brasileira: a década de 1960 e a ditadura militar

CONCLUSÃO

A fim de reordenar o sistema brasileiro de ensino atos, decre-tos, leis foram determinando os fins educacionais visando atender aosinteresses da classe dominante e consequentemente ao mercado inter-nacional com a idéia de progresso e desenvolvimento num país comoas nossas. Quando concluíam o ensino médio, os jovens reivindica-vam o acesso ao ensino superior e, por não conseguir atender à de-manda social com uma nova legislação para o ensino superior, foicriado o vestibular classificatório. Apesar de os cursosprofissionalizantes serem igualados aos de 2º grau, aqueles sujeitosque concluíam o 2º grau de caráter profissional iam para o trabalho e,assim, o governo conseguia reter o quantitativo de jovens que busca-vam a universidade para ter acesso ao ensino superior e lançar para omercado de trabalho boa parcela da população que procurava a uni-versidade. Pretendia-se, com este ensino acabar com o dualismo, supe-rar a distinção entre profissões intelectuais e manuais, instituindo ahomogeneidade, tornando obrigatória a profissionalização em todasas escolas do País.

RESUMO

O Brasil modificou o ensino sob a forma de graus diferenciados1º, 2º, 3º e 4º graus, assumindo caráter de terminalidade a partir do1º grau em que o educando já se encontrava ‘preparado’ para assumiro trabalho na sociedade, prestando serviço de iniciação ao trabalho.As leis educacionais contiveram os impulsos dos estudantes que rei-vindicam vagas nas universidades, impondo o vestibular classificatóriocomo forma de conter as pressões dos estudantes. A lei 5.692-71 pro-curou corrigir as inadequações do sistema de ensino médio anterior,em face de uma nova realidade, mas também uma decorrência neces-sária da reformulação do ensino superior, a fim de ajustar ideológica,estrutural e funcionalmente os três níveis de ensino de modo a fazerajustes para atender aos interesses internacionais quando trouxe parao Brasil estrangeiro para auxiliar os brasileiros na elaboração de pro-postas, sobretudo no ensino de 2º grau e superior.

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Estrutura e Funcionamento do Ensino

ATIVIDADES

Consultar o site do MEC e fazer leitura dos objetivos e finalidades daLei 5.692/71. Converse com uma diretora da escola pública de sua cida-de a respeito dessas mudanças na prática do contexto escolar e depoistroque informações com seus colegas no chat.

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Ao conversar com os diretores, vocês terão surpresas ao se depararcom a falta de condições materiais e de pessoal qualificado paraatender às mudanças impostas pelo governo federal em todo oterritório nacional da implantação gradativa do 1º grau em todas asescolas e o 2º grau profissionalizante em todas as escolas públicas.

AUTO-AVALIAÇÃO

Sou capaz de analisar o período estudantil do qual faço parte, clas-sificando a legislação vigente?

PRÓXIMA AULA

Na próxima aula, conheceremos os programas e projetosimplementados pelo governo federal.

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Aula

4Política educacional brasileira: a década de 1960 e a ditadura militar

REFERÊNCIAS

BARROS, Samuel Rocha. Estrutura e funcionamento do ensino de 2º

Grau. De acordo com a reforma do ensino de 1º e 2º Graus: Lei5.692/71. 2 ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1980.BERGER, Manfredo. Educação e dependência. 4 ed. São Paulo:DIFEL, 1984.FREITAG, Bárbara. Escola, Estado e sociedade. São Paulo: Moraes,1986GERMANO, José Willington. Estado militar e educação no Brasil

(1964-1985). São Paulo: Cortez, 1993.NEVES, Lúcia Mª Wanderley. Educação e política no Brasil de hoje.São Paulo: Cortez, 1994.PELLANDA, Nize Maria Campos. Ideologia, educação e repressão

no Brasil pós - 64. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1986.RIBEIRO, Maria Luisa Santos. História da educação Brasileira. A or-ganização escolar. 14 ed. Campinas: São Paulo, 1995.ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da educação no Brasil

(1930-1973). 14. ed. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1991.SOARES, Maria José Nascimento. Educação municipal em Simão Dias:reconstituição histórica (1970-1990). 1996. 139, p. Dissertação (Mestradoem Educação) Pós-Graduação em Educação. Universidade Federal deSergipe. São Cristóvão, 1996SODRÉ, Nelson Werneck. A história militar do Brasil. 3 ed. Rio deJaneiro: Civilização Brasileira, 1979.THERRIEN, J; DAMASCENO, Maria N. (coord.). Educação e escola

no campo. Campinas: Papirus, 1993.WARDE, Mirian Jorge. Educação e estrutura social. Aprofissionalização em questão. 3 ed. rev. São Paulo, 1983WEREBE, Maria José G. Grandezas e misérias do ensino no Brasil:

30 anos depois. São Paulo: Ática, 1994.

METAApresentar os projetos e programas implementados pelo governo para atingirobjetivos previstos na legislação brasileira.

OBJETIVOSAo final desta aula, o aluno deverá:conhecer os programas e projetos executados com a implantação dasLeis 5.692-71 e 7.044-82.

PRÉ-REQUISITOSConhecimentos acerca da política educacional brasileira.

Aula

5PROGRAMAS E PROJETOSIMPLEMENTADOS PELOGOVERNO FEDERAL

Políticas educacional no Brasil(Fonte: http://ed-web3.educ.msu.edu).

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Estrutura e Funcionamento do Ensino

INTRODUÇÃO

Caro aluno,nesta aula, estudaremos sobre os programas e projetos que foram

executados pelo Governo Federal depois da ditadura militar. Com aabertura política, o país inicia um processo de redemocratização econsolidam-se as ações previstas na legislação vigente (Lei 5.692-71).O governo formula projetos para atenuar as diferenças na formaçãodos professores, nos métodos pedagógicos e nas condições estruturaisdas escolas. Investe também na transferência de recursos da Uniãopara os Estados e Municípios para que sejam viabilizados os progra-mas e os projetos nos respectivos municípios.

Professor.(Fonte: http://1.bp.blogspot.com).

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Aula

5Programas e projetos implementados pelo Governo Federal

PROGRAMAS E PROJETOS

Ao longo do processo histórico e com a demanda crescente depessoal ‘qualificado profissionalmente’, mas sem trabalho para aten-der ao mercado, o governo assume estratégias diferenciadas no siste-ma de ensino, alterando, significativamente, a estrutura organizacionaldas escolas que ofereciam o ensino de 2º grau naquela época. Estaalteração aboliu a Lei 5.692-71, homologando a Lei 7.044-82 – umaemenda à Lei 56921-71 – que suprimiu o caráter de obrigatoriedade daprofissionalização nas escolas públicas do Brasil. A expressão “qualifi-cação do trabalho” foi substituída por “preparação para o trabalho”,enfatizando a formação integral do aluno. Um panorama educacio-nal, neste período, pode ser caracterizado pela “[...] repressão,privatização do ensino, exclusão de boa parte das classes populares doensino elementar de boa qualidade, institucionalização do ensinoprofissionalizante, tecnicismo pedagógico e desmobilização do magis-tério através de abundante e confusa legislação educacional”(GHIRALDELLI JUNIOR, 1990, p. 165).

Como afirma Germano, o acesso à escola “[...] tem acompanhadoo perfil de distribuição da renda e da desigualdade social” (1993, p.171)muito presente na contemporaneidade. Apresentaremos, a seguir, algu-mas noções informativas de projetos e programas do governo federal.

O Mobral (Movimento Brasileiro de Alfabetização), criado em 1967,no governo de Costa e Silva, tinha como meta um esforço nacional dealfabetização de adultos na faixa etária de 15 a 35 anos de idade. Nãoalfabetizava diretamente, mas orientava, supervisionava, coordenava efinanciava supletivamente os municípios e ou comunidades interessadasem desenvolver ações de alfabetização nos seus respectivos municípios.O trabalho tinha duas etapas: alfabetização e educação integrada. Alémdo seu objetivo principal, o órgão interessava-se pelo aconselhamentovocacional, aprendizado e exercício de uma profissão e/ou encaminha-mento para futuros estudos, podendo ser considerado como uma medidade captação e contenção do operário, de modo a dar o mínimo de qualifi-cação aos trabalhadores.

Esse movimento não conseguiu sequer baixar o índice percentualde analfabetos no Brasil, permanecendo o problema até hoje pratica-mente inalterado apesar da grande quantidade de postos, recursos emétodos de ensino utilizados, o que leva a crer que o problema per-passa por questões sócio-econômicas da população brasileira. Assim,a falta de vontade política e o adequado financiamento prejudicaram aação educacional daquela época.

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Estrutura e Funcionamento do Ensino

O Mobral foi um programa de alfabetização que se opôs às idéiaspolíticas e anti-burocráticas de Paulo Freire. Na prática, não conse-guiu atingir os objetivos planejados. Foi extinto em 1986, sendo subs-tituído pela Fundação Educar. O projeto inicial fazia dessa fundaçãoapenas um organismo de financiamento e de movimentosalfabetizadores no âmbito da sociedade civil. No entanto, seu funcio-namento não passou de mero desempenho de atividades pautadas nasdiretrizes estabelecidas no momento de sua criação, sendo extinta nogoverno de Fernando Collor de Melo no início de 1990, sem que setivesse feito uma avaliação dos programas em andamento.

Paralelo às reformas educacionais, o ensino supletivo buscou al-cançar maior contingente da população analfabeta, principalmenteàqueles que nunca freqüentaram a escola na sua respectiva faixa etária,bem como os reprovados e evadidos do ensino regular. O supletivotem como funções básicas: o suprimento – atualização para o retornoao ensino regular; a qualificação – preparação para o trabalho semexigência do nível de escolaridade; e a aprendizagem – formação metó-dica no trabalho por empresas. Além de ter uma estrutura, duração ecaracterísticas diferentes dos outros cursos de formação normal, oensino supletivo difere dos outros por ser ministrado livremente atra-vés dos modernos meios de comunicação de massa.

Neste período, foram incentivadas as Escolas de Aprendizes, através deapoio, organização e programas de cursos de aperfeiçoamento; atualizaçãoe qualificação para a população adulta, por meio de cursos profissionalizantesoferecidos pelo SENAI, SENAC e pelas Escolas Técnicas.

As reformas do ensino destacaram também a utilização do usotecnológico: rádio, televisão, cinema e sistema de correios. O Estadodesenvolveu projetos nesta área, como o Projeto de Satélite Avança-do de Comunicações Interdisciplinares (SACI), na década de 70 quetinha a pretensão governamental do Brasil Potência e o ProjetoEDUCOM que consistia em projetos de experiências a serem desen-volvidas em escolas de 2º graus sob controle das universidades, ondese definiria uma política de informática na educação.

Do ponto de vista Constitucional, a educação inspirou-se nos ide-ais liberais, aparentemente democráticos, incorporando os lemas con-siderados importantes, conforme estabelece o art. 176 da Constitui-ção Federal “[...] a educação inspirada no princípio de unidade nacio-nal e nos ideais de liberdade e solidariedade humana, é direito de todose dever do Estado, será dada no lar e na escola” (BRASIL, 1988).

No entanto, serão negados, na prática, os recursos necessários para asua implantação. Nesta época, no Brasil, uma parte substancial da suapopulação pertencente às classes subalternas sequer teve acesso à escolapor vários fatores. Além disso, havia uma política educacional que tinha a

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5Programas e projetos implementados pelo Governo Federal

pretensão de suprir um quadro de carências, que se traduzia na pura e simplesexclusão da escola ao grande contingente populacional pela falta de promo-ver condições reais de permanência na escola.

A partir de meados dos anos de 1970, o esgotamento do chamadomilagre econômico aportava para um conjunto de bons resultados nocampo da economia. Existia alto nível no crescimento econômico daprodução, tinha-se gerado poupança e assegurado razoável estabilida-de monetária, diminuindo-se os efeitos da inflação divulgados pela pro-paganda governamental. Isto contribuiu decisivamente para que o pro-jeto de educação implantado em 1964 perdesse seu caráter nacional,voltando ao desenvolvimento de ações e programas dirigidos às áreasmais pobres do país (região Nordeste e Norte, mas especificamentena zona rural).

O Governo Federal Ernesto Geisel introduziu, na política educa-cional do país, mecanismos de coordenação das políticas e programassociais, objetivando “ajudar” aos “carentes”, por meio de projetos quelevaram a uma pulverização de recursos, passando a financiar ativida-des ligadas a área social para atender às necessidades de regiões ou lo-cais bastantes diferenciados e específicos.

O ensino supletivo, criado pelo Parecer 699-72 do CE, teve comofinalidade suprir a escolarização regular para os adolescentes e adultosque não tinham seguido ou concluído o curso regular em idade pró-pria. Assim, o supletivo proporcionaria, mediante repetida volta àescola, estudos de aperfeiçoamento e ou atualização para os que pu-dessem seguir o ensino regular no todo ou em parte. A Lei incentiva-va a procura de novos modelos de organização escolar, e esta flexibili-dade ensejou diversas experiências mais ou menos significativas. Sãofunções básicas do ensino supletivo:a) Suplência – suprir a escolarização regular para os adolescentes eadultos que não tenham seguido ou concluído o curso. É aescolarização intensiva ou extensiva;b) Suprimento – proporcionar, mediante repetida volta à escola, estu-dos de aperfeiçoamento ou atualização para os que tenham seguido oensino regular no todo ou em parte.c) Aprendizagem – formação metódica no trabalho, a cargo das empre-sas ou de instituições por estas criadas e mantidas, a exemplo do SENAI(Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e SENAC (ServiçoNacional de Aprendizagem Comercial), ambos criados na década de 40.d) Qualificação – visa efetivamente à profissionalização, sem preocu-pação com a educação geral. É o preparo profissional proporcionan-do aos não aprendizes, tecnicamente falando, em níveis inferiores, idên-ticos ou superiores níveis de aprendizagem.

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Estrutura e Funcionamento do Ensino

Os cursos supletivos no Brasil procuram, mediante acomplementaridade e a equivalência entre o ensino regular e o ensinosupletivo, dissimular a sua função de garantidor dos interesses das clas-ses dominantes, ou seja, destinar ensinos distintos para as classes soci-ais distintas, legitimando a desigualdade dos padrões de escolarizaçãoexistentes, em termos de duração e de conteúdo. As funções de su-plência e suprimentos permitem dissimular o fato importantíssimo daexistência do setor autônomo da aprendizagem destinados a jovens daclasse trabalhadora para continuar a pertencer a ela, ou seja, uma prá-tica quotidiana de reproduzir a estrutura de classes mediante educaçãosistemática. Esses são os argumentos para explicar as contradições decarências conjunturais no nosso país.

Nesse sentido, foram implantados inúmeros programas de impac-to político-social que envolvia toda a comunidade, a exemplo doPRODECOR – Programa Nacional de Desenvolvimento de Comu-nidades Rurais, 1976; PIASS - Programa de Interiorização das Açõesde Saúde e Saneamento do Nordeste, 1976; PRODASEC – Programade Ações sócio-Educativas e Culturais para as Populações Carentesdo Meio Urbano, 1980; PRONASEC – Programa de Ações Sócio-Educativas e Culturais para as populações Carentes do Meio Rural,1980 e o Programa de Educação Pré-escolar, em 1981. A propósitodeste projeto, Barreto e Arelaro escreveram que o “[...] apoio presta-do por este projeto à mais precária das redes de ensino do País consti-tui, entretanto, um esforço sobremodo modesto diante das dimensõesapresentadas pelos seus problemas estruturais” (1986, p. 8).

Nesse período, a educação foi uma das políticas sociais que serviuà cooptação das classes subordinadas. A prioridade deixa de ser emtorno do crescimento econômico e passa a ser regida como instru-mento para atenuar a situação social, criando a ilusão de que, median-te o planejamento e a administração, é possível promover a participa-ção de todos no bem comum. Nessa época, uma ciranda de projetosjá citados resultou numa fragmentação da política educacional e napulverização de recursos.

Em 1975, o governo retomou a chamada municipalização do ensi-no. Tal estratégia justificou-se pelo fato de transferir aos municípiosos encargos, cada vez maiores, com o ensino de 1º grau que se tornouobrigatório a partir dos 7 anos aos 14 anos. Cabia aos municípiospromover, anualmente, o levantamento da população que alcançassea idade escolar para proceder a sua chamada para matrícula. O Art.58, parágrafo único estabelece que “[...] as providências de que trataeste artigo visarão à progressiva passagem para a responsabilidademunicipal de encargos e serviços de educação, especialmente de 1º

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5Programas e projetos implementados pelo Governo Federal

grau, que pela sua natureza possam ser realizados mais satisfatoriamentepelas administrações locais.”

A responsabilidade desse grau de ensino é do município que deveatender à população em idade escolar de 7 a 14 anos, incentivando,assim, a municipalização do ensino. A municipalização do ensino foia política adotada pelo governo federal e pelos governos estaduais,desde os idos de 1970, para promover a implantação de projetos, comoo Projeto de Coordenação e Assistência Técnica ao ensino Municipal– PROMUNICÍPIO e o Programa de Expansão e Melhoria da educa-ção no Meio Rural do Nordeste – EDURURAL justificado pelo MECcomo uma necessidade de “descentralizar” e “democratizar” o sistemade ensino, transferindo para a esfera municipal.

A criação desses projetos se constituiu num marco significativoda municipalização da ação federal na área da educação que foramgeridos e gestados pela instância federal, com forma de intermediaçãopolítica e administrativa do município, tornando-se um poderoso ins-trumento de políticas educacionais voltadas para o meio rural, cujarede de ensino, na sua grande maioria, é da alçada municipal.

Esses planos e programas tiveram a finalidade de atender e suprir acarência de uma parte substancial da população localizada no Nordes-te, em virtude da precária situação do ensino pertencente à zona rural,com as seguintes prioridades: melhoria das condições de ensino,melhoria da rede física e o fortalecimento do processo de planejamen-to, de forma a garantir a continuidade do processo de expansão emelhoria da educação no meio rural.

Em relação à elaboração dos planos, o governo federal organizouo I Plano Nacional de Desenvolvimento (1972-1974) e propôs, segun-do Demo (1997), que para esse plano o aproveitamento dos recursoshumanos, como fator de produção e consumo [...] e o 1º grau, apare-ce claramente a meta de intensificar a preparação da mão-de-obra e deexpandir as oportunidades de emprego.

No II Plano de Educação e Cultura, elaborado para o período de1975-1979, estava prevista a necessidade de atualização de conheci-mento científico e técnico, a expansão seletiva da pós-graduação, re-comendando também o uso extensivo das telecomunicações na trans-missão de programas extensivos à população. A política educacionalse fundamentou em dois grandes objetivos: implementação do pro-cesso de desenvolvimento e a criação de uma sociedade democrática.

Assim, a educação deveria ser eficiente para transformar o homemem agente produtivo na sociedade. Propunha uma visão tecnicista: oplano tinha como objetivo assegurar meios de plena afirmação dohomem brasileiro; promover sua integração na sociedade; capacitá-lo

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Estrutura e Funcionamento do Ensino

para o desenvolvimento do país e garantir a democratização do acesso àeducação e do sucesso individual e social.

A educação sofre uma queda substancial no seu crescimento e nadeterminação da qualidade do ensino por vários fatores: os movimen-tos populares adquiriram nova postura, realizando inúmeras greves; aintensa atuação da Igreja progressista junto às camadas subalternas e anegação conduzida pelo Estado, que passa a privilegiar as políticas desaúde e habilitação que disputam as verbas destinadas à educação.

Poderíamos questionar: de fato, o que mudou no cenário educacio-nal neste período? É incontestável que os governos militares demons-traram uma preocupação acerca da democratização de vagas, aumentona construção de prédios escolares, aumento no número de matrícula.No entanto, o nível de ensino que mais cresceu foi o de pós-graduaçãoem 1970. É possível dizer que as pressões políticas exercidas por partede uma clientela intelectualizada tenha sido responsável pelo crescimen-to do ensino de pós-graduação no Brasil. Assim sendo, o topo da pirâ-mide cresce, antes que haja suficiente cobertura dos níveis inferiores.

No III Plano Nacional de Desenvolvimento, de 1980 a 1985, fo-ram asseguradas, para a educação, cinco prioridades, a saber: a educa-ção no meio rural; a educação nas periferias urbanas; o desenvolvi-mento cultural; o planejamento participativo e o aperfeiçoamento dacapacitação e alocação de recursos para os municípios.

Propagou-se, nesse período, uma educação voltada para a redu-ção das desigualdades sociais por meio de estratégias de atuação nossetores de baixa renda da população, especialmente na zona rural enas periferias, permanecendo desafiadoras as taxas de escolarização,índice de repetência e evasão, difícil adequação do sistema de ensino àsparticularidades da clientela da zona periférica e da rural.

Um projeto articulado por parte do Ministério da Educação pro-moveu ações e programas de 1º grau diretamente com os municípios,por meio de convênios tendo separado parte da quota federal do Salá-rio-Educação para financiar programas municipais numa ação diretado MEC-Município, “[...] na verdade foi um esforço sistemático parafortalecer as bases políticas de sustentação do governo federal juntoaos governos municipais” (MELO, 1993, p.18).

O Programa de Educação para todos, criado pelo Decreto nº88.374/83, passou a destinar 25% da quota federal do salário-Educa-ção aos municípios, configurando-se como veículo privilegiado pormeio do MEC que criou mecanismos para transferência e controledos mesmos. Assim, a instância estadual ficou reduzida à merarepassadora de informações puramente formais, restritas a uma decla-ração quanto à adequação dos projetos municipais. Estabeleceu tam-bém a ampliação e o redirecionamento dos Programas Nacional de

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5Programas e projetos implementados pelo Governo Federal

Alimentação Escolar (PANAE); do livro Didático (PNLD) e da MerendaEscolar (PNME), como mecanismos para amenizar, no interior da esco-la, os problemas pertinentes à reprovação, evasão e as desigualdades so-ciais que, sem dúvida, interferem no processo ensino-aprendizagem.

A partir de 1982, com a primeira eleição direta para governadores, ogoverno federal, através do MEC, perdeu, em definitivo, sua liderançacomo instância estratégica de articulação da política nacional de educa-ção. Munidos de legitimidade, os novos governadores dispunham de au-tonomias para implementar políticas educacionais próprias.

O governo federal acabou com a Cota Federal do Salário-Educa-ção, pois tinha grande poder de intervenção, utilizando novas formasde ação direta junto aos municípios. Guionar N. de Melo, afirma que,em 1983, o Decreto 88.374, reservou 25% dos 30% que constituem acota federal do Salário de Educação para financiamento a programasmunicipais, mediante convênios diretos com o MEC e as prefeituras.Tecnicamente esses programas deveriam ser avaliados pelo ConselhoEstaduais de Educação (CEE), mas, em função da carência dos municí-pios e das práticas político-clientelistas que os orientaram, grande partedos convênios foi submetido a uma aprovação meramente formal.

A escola, ao longo dos anos, é a persistência dos excludentes, conti-nua excluindo grande parte da população, distribuindo-a conforme suasituação econômica. Assim, a taxa de analfabetismo da população demais de 15 anos representa 19% da população. Nessa faixa etária, dosque ingressam na escola, apenas 58% conseguem chegar à segunda sériedo 1º grau e os demais são reprovados e se evadem precocemente.

Para Cunha, o ensino de primeiro grau brasileiro retém um nú-mero grande de crianças na fase de escolarização obrigatória: dos queingressam na primeira série só os aprovados têm a probabilidade de82% de chegarem à quarta série e 48% de chegarem à oitava série. Es-ses percentuais são agravados se comparados entre a zona urbana erural, caracterizando muito bem o papel da exclusão social que a esco-la assume, sem levar em conta a exclusão anterior ao ingresso da crian-ça por falta de vagas nesta época em questão.

Em 1986, o Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Educaçãono Município representa um redirecionamento na forma de o MEC serelacionar com os municípios. Esse programa procurava amenizar a situ-ação da escola, mas não significava que conseguiam ‘resolver’, por enten-der que a questão era de ordem meramente social. Diante da situaçãoexposta, o Brasil foi apontado como o país latino-americano mais impor-tante na produção de ciências. Contraditoriamente, expõe realizações semrelevo na educação básica. Dados demonstram que, nas séries iniciais doensino de 1º grau, os problemas vão desde os que nunca freqüentaram aescola, aos que saem sem completar sequer o ano letivo, enquanto que a

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Estrutura e Funcionamento do Ensino

qualidade do ensino demonstra a incapacidade do sistema em resolveresses problemas, gerando alta taxa de repetência e evasão.

A crise do ensino brasileiro exige, portanto, a elaboração de diretrizespolítico-econômicas voltadas para o aumento de recursos destinados àeducação; para a diminuição das diferenças entre as regiões; revisãocurricular; melhoria das condições de trabalho e de salário dos professo-res, bem como de sua qualificação.

Segundo dados publicados no Plano Decenal de Educação paraTodos de 1993, o Brasil vem enfrentando sérios problemas econômi-cos que trouxeram, como conseqüência, o nível crescente de desigual-dade social e regional, onde o número de pessoas vivendo na absolutapobreza aumentou de 29,5 para 39,2 milhões, estando a maior parteconcentrada na Região Nordeste (56%). A acentuação das desigualda-des reflete as condições de acesso à escola, e de extensão da escolarida-de, por motivo da incorporação de crianças e jovens na idade escolarao mercado de trabalho.

Neste sentido, o país deverá levar à frente um projeto político deinclusão das camadas populares, penalizadas no direito de usufruirdos bens culturais produzidos pela escola ao longo da história do Bra-sil. Isto implicará em recursos financeiros, vontade política e pessoalqualificado.

ATIVIDADES

Consulte o site do MEC para entender os aspectos pertinentes à Leinº 7.044-82 no que se refere à obrigatoriedade à profissionalização nasescolas públicas de modo a compreender as mudanças estabelecidas pelahomologação dessa lei.

Entreviste pessoas da comunidade que relate sobre a época do regi-me militar acerca da escola pública.

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Aula

5Programas e projetos implementados pelo Governo Federal

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Como forma de atenuar a situação das comunidades localizadas nazona rural, os municípios receberam verbas do governo federal e doBanco Mundial, recursos para a construção, reforma deestabelecimentos de ensino e para formar professores que foram,através do curso de formação intitulado LOGOS II, habilitados,pois a grande maioria da zona rural era leigo. Além disso, osrecursos também serviram para elaboração de cartilhas específicaspara a zona rural, como forma de resolver os problemaspedagógicos (métodos de alfabetização) dentre outras ações que,porventura, vocês ouviram dos professores e ou diretores dasescolas visitadas.

O problema de centralização ou descentralização de verbas ouampliação das liberdades de Estados e Municípios terá que ser encara-do ao nível político como renegociação da distribuição do poder, exi-gindo novas lideranças com metas e objetivos concretos, capazes deresolver o problema de democratização do ensino.

Decerto, num país como o nosso, de exclusão, é preciso buscarcanais mais abertos à democratização, sem considerar o neoliberalismocomo alternativa possível, já que este certamente contribuirá para maiorexclusão da maioria da população, buscando entender as determina-ções históricas que explicam as mudanças em todos os setores da vidasocial. Isto vai provocar a luta pela volta ao estado de direito, a recupe-ração da sociedade civil e o caminhar para uma “abertura calculada”.

A institucionalização democrática do País custou caro à educa-ção, sobretudo do ponto de vista da gestão que, sob a tutela do MEC,criou a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação(UNDIME) e o incentivo ao processo de municipalização do ensinode primeiro grau. Isto foi concebido mais como “prefeiturização” dasescolas do que como descentralização de decisões com a participaçãodas instâncias locais, ou seja, a reconcentração de poder em nível mu-nicipal, agravando a situação da educação do País.

Ademais, a política de educação prevista pelo governo militar de-monstrou decadência em todos os níveis: o ensino de 1º grau apresen-tou altas taxas de repetências e evasão principalmente nas séries inici-ais; o ensino de 2º grau, definido como profissionalizante, não apresentoucaracterísticas concretas de sua finalidade e, por isso, contou com poucasverbas, uma vez que a política do MEC concentrou esforços no ensino de1º grau; as escolas técnicas perderam seu caráter vocacional e de nível de

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Estrutura e Funcionamento do Ensino

instrução, ou seja, não conseguiram transmitir a noção de uma profissão,além do que não houve absorção do contingente de formados no merca-do de trabalho e, por fim, o ensino superior, após a reforma de 1969,mudou a forma. As universidades começaram a conviver com verbas in-suficientes e, a partir de 1984, os sinais de crise tornaram-se visíveis pormeio da proibição de contratação de funcionários e professores, baixossalários e a falta de condições materiais para a pesquisa e a extensão,culminando tudo isso com a avalanche de aposentadorias.

CONCLUSÃO

Acirram-se as questões acerca do público e do privado. O ensinopúblico passa por um processo de descrédito por parte da populaçãoque vem até nossos dias: para muitos o ensino é de baixa qualidade,prejudicado pelas greves sucessivas que, ao invés de colocar a popula-ção a favor do público, reforça o ensino privado. As longas grevescontribuem para importantes mudanças no plano ideológico, que sóbeneficiam o privativismo: a idéia de que o público é ruim, e o particu-lar é bom; de que a administração pública não tem competência paraprestar serviço público.

RESUMO

Caros alunos, o Brasil empenhou-se na promoção de políticaseducacionais voltadas para minimizar situações de carências na quali-ficação profissional dos docentes, no fracasso escolar do 1º grau (emparticular nas séries iniciais), na elaboração de métodos pedagógicos enas condições de infra-estrutura, dentre outras. Vários projetos e pro-gramas não devem ser esquecidos: Mobral; Ensino supletivo; SACI,PRODECOR, EDURURAL, PROMUNICIPIO, PIASS,PRODASEC, PRONASEC, FUNDAÇÃO EDUCAR e os planosvoltados exclusivamente para as escolas localizadas na zona rural, numaperspectiva de universalizar o ensino e democratizar oportunidadeseducativas para as classes menos favorecidas, num esforço nacional desanar problemas educacionais. Entretanto, a solução está longe de ser

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Aula

5Programas e projetos implementados pelo Governo Federal

AUTO-AVALIAÇÃO

Quais os projetos educacionais eu conheço? Serei capaz dedistingui-los?

PRÓXIMA AULA

Na próxima aula, veremos sobre a educação e a legislação do ensi-no brasileiro

REFERÊNCIAS

BARRETO, Elba S. de S.; ARELARI, Lisete R. A municipalização doensino de primeiro grau: teses controvertidas. Em Aberto. Brasília. 1986,29. p. 1-13.BARROS, Samuel Rocha. Estrutura e funcionamento do ensino de 2º

Grau. De acordo com a reforma do ensino de 1º e 2º Graus: Lei 5.692/71. 2 ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1980.BERGER, Manfredo. Educação e dependência. 4 ed. São Paulo:DIFEL, 1984CUNHA, Luis Antônio. Educação e desenvolvimento social no Bra-

sil. São Paulo: Moraes, 1985.DEMO, Pedro. A nova LDB. Ranços e avanços. São Paulo: Papirus,1997.FREITAG, Bárbara. Escola, Estado e sociedade. São Paulo: Moraes,1986.GERMANO, José Willigton. Estado militar e educação no Brasil (1964-

1985). São Paulo: Cortez, 1993.GHIRALDELLI JUNIOR, Paulo. História da Educação. São Paulo:Cortez, 1990.MELLO, Guiomar Namo de. Cidadania e competitividade: desafioseducacionais do terceiro milênio. 2 ed. São Paulo: Cortez, 1994.RIBEIRO, Maria Luisa Santos. História da educação brasileira. A or-ganização escolar. 14 ed. Campinas: São Paulo, 1995.ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da educação no Brasil

(1930-1973). 14 ed. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1991.

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Estrutura e Funcionamento do Ensino

SOARES, Maria José Nascimento. Educação municipal em Simão Dias:reconstituição histórica (1970-1990). 1996. 139 p. Dissertação (Mestradoem Educação) Pós-Graduação em Educação. Universidade Federal deSergipe. São Cristóvão, 1996.SODRÉ, Nelson Werneck. A história militar do Brasil. 3 ed. Rio deJaneiro: Civilização Brasileira, 1979.WARDE, Mirian Jorge. Educação e estrutura social. Aprofissionalização em questão. 3 ed. rev. São Paulo, 1983

Programas e projetos implementados pelo Governo Federal

METADemonstrar a evolução dos objetivos e finalidades da educação nas diferentes

Constituições brasileiras.

OBJETIVOSAo final da aula, o aluno deverá:relacionar as finalidades da educação nas Constituições brasileiras.

PRÉ-REQUISITOSBuscar no site www.planalto.gov.br/civil-03/leis artigos em relação à educaçãonas Constituições Federais do Brasil para lê-los.

Aula

6A EDUCAÇÃO E A CONSTITUIÇÃO

Assembléia legislativa.(Fonte: http://www.vermelho.org.br).

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Estrutura e Funcionamento do Ensino

INTRODUÇÃO

Bem vindos a nossa sexta aula. Depois de estudarmos acerca daspolíticas educacionais brasileiras e dos projetos implementados peloGoverno Federal, veremos agora sobre os objetivos e finalidades daeducação no Brasil. Durante muito tempo, os direitos sociais – emespecial, a educação – foram motivos de muitas reivindicações do povo,no sentido de legitimar direitos por meio da elaboração de artigos aserem contemplados nas Constituições. Entretanto, somente na Cons-tituição de 1824 é que a instrução pública é ampliada para a popula-ção brasileira.

Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA) - Plácido de Castro/Acre –Brasil.(Fonte: http://www.flickr.com).

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Aula

6A educação e a Constituição

CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA

A Constituição é a lei fundamental de uma nação que contém asnormas referentes à formação dos poderes públicos, forma de gover-no, distribuição de competências, direitos e deveres dos cidadãos coma finalidade de assegurar a ordem estabelecida entre os cidadãos queparticipam de uma determinada nação.

As primeiras Constituições brasileiras pouco enfatizaram a preo-cupação com a educação, modificando esta situação nas últimas cartascom regulamentações mais específicas. Para Souza, “[...] o que se tevenas primeiras Constituições de 1824 e 1891 foram referências em

passant ao tema, sem nenhuma intenção de valorizá-lo” (2001, p. 19).Nesse sentido, abordaremos os principais tópicos apresentados nasConstituições Brasileiras:1824 – instrução primária gratuita e aberta a todos os cidadãos (Art. 179);Lei do ensino primário de 1827, em que os professores deveriam ensinaros princípios da moral cristã e da doutrina da religião católica.1891 – omissão em relação à gratuidade do ensino primário;descentralização; liberdade de ensino e laicidade.1934 – a educação é direito declarado na constituição (Art. 149); ensinoprimário integral gratuito e de freqüência obrigatória, extensiva aos adul-tos (Art. 150); o papel da família e dos poderes públicos tornam-se evi-dentes; o governo federal elabora diretrizes (autonomia edescentralização); ensino religioso (Art. 153); aplicação de recursospara a educação (Art. 156); elaboração do Plano Nacional de Educa-ção (Art. 150).1937 - é dever do Estado contribuir, direta e indiretamente, para o estí-mulo e desenvolvimento (Art. 128) de todos; ensino primário obrigatórioe gratuito (Art. 130); ensino religioso (Art. 133); centralização adminis-trativa e padronização curricular.1946 – Estado e família – direito e dever de educar (Art. 166 e 167);ensino religioso com matrícula facultativa para os alunos e obrigató-ria para a escola (Art. 168); ensino primário gratuito (Art. 168); defini-ção de princípios estabelecidos em Lei (Art. 168); financiamento comvinculação constitucional (Art. 169); elaboração da Lei de Diretrizes eBases da Educação Nacional.1967 – educação como direito de todos; liberdade de ensino; igualdade deoportunidades; gratuidade universal – primário; no secundário e superior,gratuidade àqueles que comprovassem insuficiência de meios.1969 – educação inspirada no princípio da unidade nacional (Art. 176);definição de princípios e normas (Art. 176).

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Estrutura e Funcionamento do Ensino

1988 – educação: direito de todos e dever do Estado e da família (Art.205); o dever do Estado será garantir o ensino fundamental obrigató-rio e gratuito e é direito público subjetivo (Art. 208); ensino religioso(Art. 210); ensino ministrado com bases nos princípios estabelecidosem Lei (Art. 206); autonomia universitária; gestão democrática (art.206); aplicação de recursos para a educação (Art. 212); elaboração doPlano Nacional de Educação (Art. 214).

A Constituição nascida no período de transição mediou a passa-gem da nação do regime ditatorial para o democrático e trouxe, no seubojo, avanços e inviabilidades, direcionando-a a uma série de refor-mas. Em relação à educação, essa foi quantitativamente contempladanos art. 205 até o art. 214. Contudo, vale salientar que a Constituiçãode 1988 arrola os deveres do Estado e ainda os casos cabíveis para odireito público subjetivo da criança em idade escolar e casos de impe-dimento de matrícula.

ATIVIDADES

Leia, na Constituição Federal do Brasil de 1988, o capítulo “Da Edu-

cação” e estabeleça um comparativo dos princípios estabelecidos na Lei9.394/96.

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Caro aluno, verifique que, ao comparar o Art. 206 da ConstituiçãoFederal e o Art. 3º da Lei 9.393/96, não existem alterações nosrespectivos artigos.

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Aula

6A educação e a Constituição

CONCLUSÃO

Dessa forma, podemos afirmar que o Brasil demorou muito a legi-timar e planificar uma educação para todos os cidadãos de modo aatender aos interesses de fato, como estabelece os artigos da Consti-tuição Brasileira, em que define seus princípios, competências e for-mas organizativas dos sistemas de ensino e que só em 1996 foi de fatoregulamentado pela Lei 9.394/96.

RESUMO

As primeiras Constituições brasileiras pouco enfatizaram a preo-cupação com a educação. Mas, como vimos, a partir de 1934, a educa-ção ganhou regulamentações mais específicas. Ensino primário inte-gral e gratuito, por exemplo, foi referendada pela Constituição de 1934e nas demais – a de 1937, 1946, 1967, 1969 e a de 1988. Esta última,além de se referir à educação como um direito de todos e dever doEstado e da família (Art. 205), ainda garantiu autonomia universitáriae a elaboração do Plano Nacional de Educação (Art. 214).

AUTO-AVALIAÇÃO

Os princípios educacionais, previstos no Art. 206 da CF, são coloca-dos em prática?

PRÓXIMA AULA

Na próxima aula, estudaremos sobre o MEC e o Conselho Nacionalde Educação

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Estrutura e Funcionamento do Ensino

REFERÊNCIAS

CARNEIRO, Moacir Alves. A LBD fácil. Leitura crítica-compreensiva:artigo a artigo. Pretrópolis: Vozes, 1998.FREITAG, Bárbara. Escola, Estado e sociedade. São Paulo: 1986GERMANO, José Willigton. Estado militar e educação no Brasil (1964-

1985). São Paulo: Cortez, 1993.GHIRALDELLI JUNIOR, Paulo. História da Educação. São Paulo:Cortez, 1990.PELLANDA, Nize Maria Campos. Ideologia, educação e repressão

no Brasil pós - 64. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1986.RIBEIRO, Maria Luisa Santos. História da educação brasileira. A or-ganização escolar. 14 ed. Campinas: São Paulo, 1995.SOUZA, Paulo Nathanael Pereira. LDB e a educação superior. Estru-tura e Funcionamento. 2 ed. São Paulo: Pioneira, 2001.

A educação e a Constituição

METAApresentar as competências do Ministério da Educação em relação à políticanacional.

OBJETIVOSAo final da aula, o aluno deverá:conhecer o trâmite legal em relação aos órgãos governamentais de toda a políticaeducacional da União através de seus órgãos normativos e executivos.

PRÉ-REQUISITOSConhecimento sobre estrutura administrativa da educação básica. Ler o capítulo VIda obra Estrutura e funcionamento da Educação Básica, de Lopes Faustini.

Aula

7O MEC, O CONSELHONACIONAL DE EDUCAÇÃO E AEDUCAÇÃO BÁSICA

(Fonte: http://www.editoralancer.com.br).

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Estrutura e Funcionamento do Ensino

INTRODUÇÃO

Olá, chegamos a nossa sétima aula. Já aprendemos sobre as con-cepções de educação que, no Brasil, foi determinada pela LDB comoum processo formativo desenvolvido na vida familiar, no trabalho,nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e nasmanifestações culturais e vimos também que a política educacionalbrasileira esteve pautada nos interesses da classe dominante, apesardas reivindicações de um Plano Nacional da Educação e das lutas emprol da ampliação da escolarização do povo brasileiro, através das vá-rias reformas empreendidas pelo Governo Federal para diminuir situ-ações de carências educacionais, como o MOBRAL, SACI, PIASS,etc. Finalmente, vimos, na aula passada, que o Brasil demorou muito alegitimar e planificar uma educação para todos os cidadãos de modo aatender aos interesses de fato, como estabelece os artigos da Consti-tuição Brasileira, em que define seus princípios, competências e for-mas organizativas dos sistemas de ensino. Nesta aula, conheceremosmais sobre a estrutura administrativa da Educação que é composta,basicamente, por dois órgãos superiores: o Ministério da Educação eCultura- MEC e o Conselho Nacional de Educação- CNE.

(Fonte: http://petragaleria.files.wordpress.com).

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Aula

7O MEC, o Conselho Nacional de Educação e a Educação Básica

O MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA

O MEC tem suas origens no Decreto nº 19.402, de 14 de novem-bro de 1930, sob a responsabilidade de seu primeiro titular na área deeducação, o Sr. Francisco Luís da Silva Campos.

A lei 1.920, de 25 de julho de 1953, determina outra designação:Ministério da Educação e Cultura e passou ainda por várias outrasdenominações objetivando atender aos interesses dos governantes quesob a forma de Decreto sofreu diversas mudanças estruturais em rela-ção às competências desse ministério.

O Decreto de 2.890, de 21 de dezembro de 1998, por exemplo, esta-beleceu uma nova configuração nas mudanças institucionais e adminis-trativas, entre as quais se destacam: transformação do Instituto Nacionalde Estudos e Pesquisas Educacionais em autarquia; extinção da Fundaçãode Assistência ao Estudante, tendo sido sua competência transferida parao Fundo nacional de Desenvolvimento da Educação; extinção da Secreta-ria de Política Educacional e de Avaliação e informação Educacional eextinção das Delegacias Estaduais do Ministério, mantendo somente re-presentações nos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Assim, várias reformas foram sendo estabelecidas pelo Governo Fe-deral a fim de reestruturar o Ministério da Educação e adequar seu siste-ma administrativo à nova organização do ensino. Atualmente, o Ministé-rio da Educação e do Desporto (MEC) possui jurisdição maior sobre aeducação e ensino, atuando diretamente nas suas áreas de competência:- Política Nacional de educação e política nacional do desporto;- Educação Pré-escolar- Educação em geral (exceto o ensino militar), compreendendo: ensinofundamental, ensino médio, ensino superior, ensino supletivo, educaçãotecnológica, educação especial, educação a distância.- Pesquisa educacional- Pesquisa e extensão universitária- Magistério- Coordenação de programas de atenção especial a crianças e adolescen-tes.

Desse modo, o MEC possui diversos órgãos administrativos liga-dos ao ministro para auxiliar no desenvolvimento das matérias de suacompetência.

O Conselho Nacional de Educação, outro órgão administrativo, exercea função “normativa e de supervisão”. É composta por 24 conselheirosque são escolhidos e nomeados pelo presidente da República. Suas fun-ções são consideradas de interesse público relevante e suas atribuiçõessão: subsidiar a elaboração do Plano Nacional de Educação e acompa-

64

Estrutura e Funcionamento do Ensino

nhar sua execução; manifestar-se sobre as modalidades de ensino; asses-sorar o Ministério no diagnóstico dos problemas relacionados aos siste-mas de ensino; emitir pareceres; manter intercâmbios com os diferentessistemas de ensino, etc. Esse conselho possui duas Câmaras; Câmaras deEducação Básica e Câmara de Educação Superior.

ATIVIDADES

Elabore um quadro contendo as atribuições de cada órgão do sistemade ensino, com base nos artigos da LDB 9.394/96.

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Com base no Título IV – Da organização da Educação Nacional,nos Art. 8º ao 20º, você extraiu as principais atribuições dossistemas de ensino federal, municipal, estadual seja do público edo privado com a possibilidade de regulamentação. Contudo, valesalientar que em relação às escolas comunitárias, esse inciso temuma nova redação prevista na Lei nº 11.183/2005.

CONCLUSÃO

Em relação às competências dos sistemas de ensino em nível fede-ral, estadual e municipal é muito importante verificar sempre que pos-sível no site do MEC e CNE as alterações decorrentes de mobiliza-ções dos professores e setores competentes nos que se refere às Dire-trizes operacionais para a educação, por exemplo: educação indígena,jovens e adultos, educação do campo, dentre outras.

65

Aula

7O MEC, o Conselho Nacional de Educação e a Educação Básica

RESUMO

O Ministério da Educação e do Desporto (MEC) possui jurisdi-ção maior sobre educação e ensino, atuando diretamente nas suas áre-as de competência: Política Nacional de educação e política nacionaldo desporto; Educação Pré-Escolar; Educação em geral (exceto o ensi-no militar), compreendendo: ensino fundamental, ensino médio, ensi-no superior, ensino supletivo, educação tecnológica, educação especi-al, educação a distância; Pesquisa educacional; Pesquisa e extensãouniversitária; Magistério e a Coordenação de programas de atençãoespecial a crianças e adolescentes. Compete ao CNE subsidiar aelaboração do Plano Nacional de Educação e acompanhar sua execu-ção; manifestar-se sobre as modalidades de ensino; assessorar o Minis-tério no diagnóstico dos problemas relacionados aos sistemas de ensi-no; emitir pareceres; manter intercâmbios com os diferentes sistemasde ensino, etc.

PRÓXIMA AULA

Na próxima aula, apresentaremos a LDB 9.394/96, seu contextoe principais aspectos da tramitação

AUTO-AVALIAÇÃO

Quais são as ações empreendidas por mim frente às incumbênciasde docente, estabelecidas no Art.13 da LDB?

REFERÊNCIAS

CABRAL NETO, Antônio (org.). Política educacional. Desafios e ten-dências. Porto Alegre: Sulina, 2004.FAUSTINI, Lopes A et al. Estrutura e funcionamento da educação

básica. Leitura. São Paulo: Pioneira, 1998.

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Estrutura e Funcionamento do Ensino

FREITAG, Bárbara. Escola, Estado e sociedade. São Paulo: Moraes,1986.ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da educação no Brasil

(1930-1973). 14 ed. Petrópolis: Vozes, 1991.SAVIANI, Dermeval. A nova lei da educação: trajetória, limites e pers-pectivas. Campinas: Autores Associados, 1997.SOUZA, Paulo Nathanael Pereira. LDB e a educação superior. Estru-tura e Funcionamento. 2 ed. São Paulo: Pioneira, 2001.

O MEC, o Conselho Nacional de Educação e a Educação Básica

METAApresentar os artigos da Lei referentes à educação básica e ao ensino superior

OBJETIVOSAo final da aula, o aluno deverá:interpretar e analisar os procedimentos da tramitação do projeto da LDB.

PRÉ-REQUISITOSFazer uma leitura geral do processo de tramitação da Lei.

Aula

8A LDB 9.394/96 - CONTEXTO EPRINCIPAIS ASPECTOS DATRAMITAÇÃO

Educação infantil.(Fonte: http://www.univap.br).

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Estrutura e Funcionamento do Ensino

INTRODUÇÃO

O Projeto da LDB teve uma longa tramitação que foi de 1989 até1996, recebendo emendas das mais variadas até a sua aprovação.

Ensino superior.(Fonte: http://www.faculdadepitagoras.com.br).

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Aula

8A LDB 9.394/96 - contexto e principais aspectos da tramitação

A LDB 9.394/96

Com o advento da nova Constituição Brasileira, em 1988, todaestrutura jurídica do país deveria adequar-se à nova ordem legal geradapela Carta Magna, não sendo diferente com a educação, onde os princí-pios constitucionais estabelecidos nos artigos 205 e 217 fundamenta-ram o norteamento do processo para elaboração e aprovação da Lei deDiretrizes e Bases da Educação Brasileira, começando com o projeto dodeputado Otávio Elísio cujo relator fora o deputado Jorge Hage naComissão de Educação, Cultura e Desporto, no período de 1989/90.

Tal projeto foi importante pelo fato de ter sido constituído apartir de contribuições dos setores da sociedade educacional organiza-da, como ANDE [Associação Nacional de Desporto para deficiente],ANDES[Sindicato Nacional DOS Docentes das Instituições de Ensi-no Superior], ANPAE [Associação Nacional de Políticas e Adminis-tração da Educação], ANPED [Associação Nacional de Pós-Gradua-ção e Pesquisa em Educação], CEDES [Centro de Estudos Educaçãoe Sociedade], FASUBRA [Federação dos Sindicatos de Trabalhadoresdas Universidade Brasileiras], UNE [União Nacional dos Estudantes],SBPC [Sociedade Brasileira para o Progresso das Ciências] , UBES[União Brasileira de Estudantes Secundaristas]. Além disso, ainda con-tou com o mestre Dermeval Saviane (Unicamp/SP) por meio de con-tribuição publicada na Revista ANDE em 1989, entre outros expoen-tes do pensamento educacional do Brasil.

No primeiro semestre de 1989, o projeto foi apresentado naCâmara de deputados com as seguintes especificações: destacou a edu-cação como dever do Estado e da Família, apresentou definição desistemas estaduais e municipais de ensino, propôs nova configuraçãodo então Conselho Federal de Ensino que passara chamar-se Conse-lho Nacional de Educação, tipificou instituições educacionais sem finslucrativos, tratou da Educação de Jovens e Adultos, além de ter capi-tulado a Educação Infantil e recursos públicos para a educação.

Após dois anos, o projeto do relator, Jorge Hage, foi aprovado emde 1990 nas Comissões Permanentes da Câmara e no plenário em maiode 1993, sendo encaminhado ao senado onde, já se iniciara, em 1992,outro projeto de autoria do senador Darcy Ribeiro com apoio do Ministé-rio da Educação, atropelando o projeto inicial no momento em que sevivia o pós impeachment do presidente Collor e ascensão de Itamar Francoà presidência da República.

O Projeto de Darcy Ribeiro produzido em conjunto com os senado-res Marco Maciel e Mauricio Correia era sucinto em contraposição ao pro-jeto da Câmara já aprovado tendo o senado Cid Sabóia de Carvalho ofere-

70

Estrutura e Funcionamento do Ensino

cido um substitutivo que ao retomar, o senador Darcy Ribeiro produziunovo substitutivo recebendo centenas de emendas sendo aprovado no se-nado e encaminhado à Câmara em março de 1996 gerando uma intensanegociação ante a existência de projetos distintos nas duas casas legislativaspara ao final o substitutivo Darcy Ribeiro incorporar diversas modificaçõese ser aprovado em redação final em 17 de dezembro de 1996 sendo sanci-onado sem vetos pelo presidente.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, aprovada em20 de dezembro de 1996, distingue educação de ensino. Por conside-rar a educação como dever da família e do estado, esta Lei amplia aobrigatoriedade do ensino para todo o fundamental e cria possibilida-des jurídicas concretas para punição àqueles que negligenciarem naoferta do ensino obrigatório.

Além disso, estabelece atribuições da União, Estados e Municípiose Distrito Federal. Ao tratar de organização nacional, chega a especificaras incumbências das escolas e docentes no âmbito do sistema educacio-nal; torna obrigatória a gestão democrática no ensino público propon-do parâmetros para sua implementação e, por fim, tipifica as institui-ções privadas de ensino subdividindo-as em várias categorias.

Ao abordar as modalidades de ensino, suprime da legislação osprimeiros e segundo graus, substituindo-os por fundamental e médio,incluindo-os no conjunto da educação básica juntamente com a edu-cação infantil.

Ainda sobre a educação básica, estabelece normas gerais de orga-nização e funcionamento internos que merecem a atenção doseducadores(as) para toda a educação infantil, o ensino fundamental eo ensino médio; propõe normas gerais para o antigo supletivo comnovo nome: Educação de Jovens e Adultos. Por outro lado, cria capí-tulos próprios sobre o antigo supletivo com novo nome EducaçãoJovens e Adultos e a Educação Profissional.

A Educação especial assume o conceito para o ensino endereçadoaos portadores de necessidades especiais, tantos os suposto deficien-tes como os superdotados,

O legislador aprovou também um título específico para os profis-sionais de ensino onde estabelece a normatização para a formação e oexercício dos profissionais do magistério no país e outro tratando derecursos financeiros na educação desde sua origem até a sua aplicaçãoincluindo o que constitui e o que não constitui despesas de manuten-ção e desenvolvimento do ensino no Brasil.

Assim, a lei 9.394/96 traz regras que ampliam a atuação do Estadoe da sociedade na oferta da educação escolar para os brasileiros, oradescentralizando, ora detalhando de maneira que só sua aplicação ple-na ao longo dos anos permitirá sua avaliação concreta de sua eficácia.

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Aula

8A LDB 9.394/96 - contexto e principais aspectos da tramitação

CONCLUSÃO

As mobilizações em torno da elaboração de uma nova LDB coma sociedade civil marcaram, inicialmente, a participação efetiva de se-tores organizados, oportunizando contribuições de todas as regiõesbrasileiras num efetivo desejo de planificar uma educação que aten-dessem aos interesses dos cidadãos. A LDB trouxe avanços em rela-ção às modalidades de ensino, formação dos profissionais da educa-ção, especificando um título exclusivo para tratar da matéria, além deapontar a implantação do processo democrático nas escolas, dando-lhes autonomia para elaboração de seu Projeto Político Pedagógicoem parceria com a sociedade civil, como determina o Art. 12 da lei9.394/96. Além disso, aborda as regras que ampliam a atuação do Es-tado e da sociedade na oferta da educação escolar para os brasileirosnuma perspectiva descentralizadora.

RESUMO

Caros alunos, a LDB 9.394-96 foi gestada pelos setores da socieda-de civil organizada. Diante dos interesses conjunturais, várias emen-das foram ora acrescidas, ora retiradas pela comissão dos relatores res-ponsáveis pelo material de educação nas suas comissões (deputados esenadores) que foram submetidas à apreciação posteriormente sinteti-zada pelo senador Darcy Ribeiro, atendendo aos interesses da conjun-tura social daquela época. Por causa disso, essa Lei foi contempladacom o seu nome, uma forma de homenagem do Presidente da Repú-blica ao Senador. Nela figuram as regras que ampliam a atuação doEstado, dos municípios e da sociedade civil no que se reporta ao deverda família na oferta da educação escolar, em particular no ensino fun-damental, para os brasileiros, ora descentralizando, ora detalhando demaneira que só sua aplicação plena ao longo dos anos permitirá suaavaliação concreta de sua eficácia chegando a acionar o Poder Judiciá-rio para exigir a matrícula de alunos nas respectivas escolas munici-pais e estaduais.

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Estrutura e Funcionamento do Ensino

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

ATIVIDADES

Agora que você conhece o trâmite da LDB, vamos estudar, paulatina-mente, cada artigo sob a forma de um estudo dirigido, as questões básicasque permeiam toda a educação básica tratada na Lei 9.394-96. Para talatividade ,consulte o site www.planalto.gov.br/civil-03/leis.

1. Qual o conceito da educação expresso na LDB?2. Quais as finalidades da educação, segundo a LDB?3. O ensino deverá ser ministrado baseado em que princípios? Co-mente.4. Como será efetivado o dever do Estado com a educação? Comente.5. Como se estabelece o acesso ao ensino fundamental enquanto di-reito público subjetivo?

Você deve ter identificado os artigos 1º, 2º, 3º, 4º e 5º com seusrespectivos parágrafos e incisos para entender as questões acimaapresentadas.

AUTO-AVALIAÇÃO

Eu consigo estabelecer, a partir da concepção de educação vistana primeira aula, um comparativo entre minha idéia inicial sobre aeducação com a proposta nesta legislação?

PRÓXIMA AULA

Organização e funcionamento da Educação Básica

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Aula

8A LDB 9.394/96 - contexto e principais aspectos da tramitação

REFERÊNCIAS

BRZEZINKI, Iria (org). LDB interpretada: diversos olhares seentrecruzam. São Paulo: Cortez, 1997.CABRAL NETO, Antônio (org.) Política educacional. Desafios e ten-dências. Porto Alegre: Sulina, 2004.CARNEIRO, Moacir Alves. A LBD fácil. Leitura crítica-compreensiva:artigo a artigo. Petrópolis. Rio de Janeiro: Vozes, 1998.DEMO, Pedro. A nova LDB: ranços e avanços. São Paulo: Papirus,1997DORNAS, Roberto G. P. Diretrizes e Bases da Educação Nacional:

comentários e anotações. Belo Horizonte: Modelo Editorial, 1997.FAUSTINI, Lopes A et al. Estrutura e funcionamento da educação

básica. Leitura. São Paulo: Pioneira, 1998FREITAG, Bárbara. Escola, Estado e sociedade. São Paulo: Pioneira,1986ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da educação no Brasil

(1930-1973). 14 ed. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1991.SAVIANI, Dermeval. A nova lei da educação: trajetória, limites e pers-pectivas. Campinas: Autores Associados, 1997.SOUZA, Paulo Nathanael Pereira. LDB e a educação superior. Estru-tura e Funcionamento. 2 ed. São Paulo: Pioneira, 2001.

METAApresentar a concepção de ensino e educação básica exposta na LDB nos art. 1ºao 20º;

OBJETIVOSAo final desta aula, o deverá:analisar os artigos que compõe a educação básica, suas competências e níveis de

responsabilidade do Estado brasileiro.

PRÉ-REQUISITOSReler os aspectos da tramitação da LDB e o estudo dirigido sobre a concepção de

ensino, proposto na aula anterior.

Aula

9ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTODA EDUCAÇÃO BÁSICA

Educação básica.(Fonte: http://www.sesc-pe.com.br).

76

Estrutura e Funcionamento do Ensino

INTRODUÇÃO

Aprofundando a questão da educação na LDB, em particular, aeducação básica e suas modalidades de ensino.

Um breve panorama será apresentado para que vocês possam sesentir instigados em aprofundar os artigos dessa lei tão importantepara a reivindicação de direitos e cumprimentos de deveres enquantoprofissionais e também como cidadão que fiscaliza os investimentosda União, dos Estados e Municípios em relação ao material de investi-mento na educação escolar.

(Fonte: http://www.cesumar.br)

77

Aula

9Organização e funcionamento da educação básica

EDUCAÇÃO BÁSICA

É de conhecimento de todos que o poder público, mediante açãojudicial, pode ser acionado pela sociedade para se fazer valer o cum-primento dos artigos estabelecidos na LDB. A falta deste, não auxilianas mudanças em nível de formação do ser. Mas, amplia apenas osdados estatísticos do atendimento à educação básica, uma forma demascarar realidades com investimentos mais efetivos no nível de qua-lificação, formação e competências da escola enquanto instituição pro-motora dessa ação.

CONCLUSÃO

Esses artigos determinam claramente as responsabilidades da União,dos Estados e municípios em matéria de atendimento à educação bási-ca, definido cada ação, inclusive para as instituições de ensino privadono sentido de regulamentar as categorias previstas no Art. 20, inciso Ia IV. Como é de conhecimento de todos os brasileiros, o poder públi-co mediante ação pode ser acionado pela sociedade civil para se fazervaler o cumprimento dos artigos estabelecidos na LDB. A falta deste,não auxilia nas mudanças em nível de formação do ser. Mas, ampliaapenas os dados estatísticos do atendimento à educação básica, umaforma de mascarar realidades com investimentos mais efetivos no ní-vel de qualificação, formação e competências da escola enquanto insti-tuição promotora dessa ação.

RESUMO

Em se tratando das responsabilidades os Art. 9º, 10, 11, 12, 13regulamentam claramente as responsabilidades de cada instância, ca-bendo, portanto, aos setores responsáveis os cumprimentos do quese determina a LDB 9.394-96. Em matéria de responsabilidade, quere-mos ressaltar o art. 13 que trata especificamente da incumbência dodocente, inciso I a VI, cabendo a cada profissional de educação, repen-sar sua ação enquanto sujeito de responsabilidades sociais. No Art.19, os diferentes níveis classificam-se por categorias administrativas, asaber: instituição de ensino público e privado. As instituições de ensi-no privado são mantidas e administradas por pessoas físicas e jurídicasde direito privado enquanto que as públicas são criadas e mantidaspelo Poder Público.

78

Estrutura e Funcionamento do Ensino

ATIVIDADES

1. Quais são os direitos e deveres dos pais e responsáveis, segundo a LDB?2. Quais são as condições expressas a LDB, em relação à liberdadede ensino?3. Cite as incumbências da União na LDB.4. Quais as incumbências dos Estados e dos Municípios na LDB?5. Cite as incumbências dos estabelecimentos de ensino e dos profes-sores segundo a LDB.6. Quais são os princípios da gestão democrática? Comente.7. Como é composto o sistema federal, estadual e municipal de ensino?

A partir da consulta realizada no site, espero que tenham encontradoos artigos 6º. 7º, 8º. 9º, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19 e 20 quedispõem acerca do Direito à educação e do dever de educação (TítuloIII) e da Organização da Educação Nacional (Título IV), que definemos critérios organizacionais das instituições públicas e privadas noterritório brasileiro.

AUTO-AVALIAÇÃO

Analise as formas de organização da escola em que você atua eapresente as responsabilidades que se apresentam no conjunto dosprofessores que atuam e como a escola se organiza em termo de elabo-rar sua proposta pedagógica.

PRÓXIMA AULA

Organização e finalidades da Educação Básica no Brasil

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

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Aula

9Organização e funcionamento da educação básica

REFERÊNCIAS

BRZEZINKI, Iria (org). LDB interpretada: diversos olhares seentrecruzam. São Paulo: Cortez, 1997.CABRAL NETO, Antônio (org.) Política educacional. Desafios e ten-dências. Porto Alegre: Sulina, 2004.CARNEIRO, Moacir Alves. A LBD fácil. Leitura crítica-compreensiva:artigo a artigo. Petrópolis. Rio de Janeiro: Vozes, 1998.DEMO, Pedro. A nova LDB: ranços e avanços. São Paulo: Papirus,1997.DORNAS, Roberto G. P. Diretrizes e Bases da Educação Nacional:

comentários e anotações. Belo Horizonte: Modelo Editorial, 1997.FAUSTINI, Lopes A et al. Estrutura e funcionamento da educação

básica. Leitura. São Paulo: Pioneira, 1998SAVIANI, Dermeval. A nova lei da educação: trajetória, limites e pers-pectivas. Campinas: Autores Associados, 1997.______. Da nova LDB ao Plano Nacional de Educação: por umaoutra política educacional. Campinas: Autores Associados, 1998.______. Educação brasileira. Estrutura e sistema. 7 ed. Campinas:Autores Associados, 1996.

METAApresentar os objetivos da Lei com os expressos em regimentos de uma escolapública e de uma escola privada.

OBJETIVOSAo final desta aula, o aluno deverá:analisar a organização e incumbência da educação básica no Brasil e no Estado deSergipe, particularmente sua escola ou na comunidade em que reside.

PRÉ-REQUISITOSReler as aulas anteriores.

Aula

10ORGANIZAÇÃO E FINALIDADES DAEDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL

(Fonte: http://www.cnesaolourenco.seed.pr.gov.br)

82

Estrutura e Funcionamento do Ensino

INTRODUÇÃO

A LDB, ao regulamentar o papel da União, dos Estados, dos Mu-nicípios e Distrito Federal, definiu as incumbências de cada instânciade modo a atender rigorosamente a educação básica em todo o territó-rio nacional.

(Fonte: http://josemarcio999.zip.net).

83

Aula

10Organização e finalidades de educação básica no Brasil

FINALIDADE DA EDUCAÇÃO BÁSICA

A Educação Básica tem por finalidade “[...] desenvolver o educan-do, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercícioda cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e emestudos posterior” (Art. 22 da LDB 9.394-96), sendo organizado emséries anuais, ciclos e outros a depender da forma de organização dainstituição escolar.

A educação básica é composta dos níveis: fundamental e médio,mas que atendam ao previstos nos inciso I a VII com suas respectivasalíneas. Cabendo, portanto, ao profissional de educação ficar atento alegislação em vigor, consultando sempre o site que dispõe sobre anormalização da Educação Básica, neste particular o sitewww.planalto.gov.br/civil-03/leis para ficar informado a respeito dasatualizações realizadas pelo governo federal.

CONCLUSÃO

Em se tratando da educação básica, dever do Estado, como estáprevisto no Capítulo II, Seção I das disposições Gerais (Art. 22 a 38)está inclusive normalizada as regras comuns aos estabelecimentos deensino em relação à carga horária, dias letivos, formas de organização(promoção, seriação, freqüência, currículos, transferências, avaliações)sendo essa ultima prevista no art. 24, inciso V sobre a verificação deaprendizagem pontuar alguns critérios a serem observados durante oprocesso.Na elaboração dos currículos, observaram-se as alteraçõesprevistas na Lei 10.793 de 1/12/2003 e na lei 10.639, de 09/01/2003,na perspectiva de alterar em seus regimentos os aspectos legais destasleis. Neste capítulo, a legislação aborda a educação infantil (art. 29 a31); o ensino fundamental (Art. 32 a 34) observar atentamente a Lei11.274, de 2006 e a Lei 9.475, de 22/7/1997, que alteram os artigosdesse capítulo; o ensino médio (Art. 35 a 36); e a educação de jovens eadultos (Art. 37 a 38).

84

Estrutura e Funcionamento do Ensino

RESUMO

A educação básica, dever do Estado descrita no Capítulo II, com-postos dos Art. 22 a 38, define todas as formas de organização dasinstituições de ensino público e privado de modo que sejam observa-das as alterações previstas nas leis que revogam alguns artigos, a exem-plo da Lei 10.793 de 01/12/2003 – que apresenta nova redação para aeducação física, integrada à proposta pedagógica da escola como com-ponente curricular obrigatório da educação básica, sendo sua práticafacultativa ao aluno; e retrata sobre o cumprimento de jornada de tra-balho igual ou superior a 6 horas–; da Lei 10.639, de 09/01/2003 –que inclui, nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, ofi-ciais e particulares, a obrigatoriedade do ensino sobre a História eCultura Afro-Brasileira –; da Lei 11.274, de 2006 – que obriga a dura-ção do ensino fundamental ser de 9 anos, ao invés de 8, iniciando aosseis anos de idade –; e da Lei 9.475, de 22/7/1997 – que apresenta oensino religioso de matrícula facultativa, como parte integrante daformação do cidadão e constituinte das disciplinas dos horários nor-mais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurando o res-peito à diversidade cultural religiosa do Brasil. vedas quaisquer formasde proselitismo).

ATIVIDADES

Para realização deste estudo, consulte o site indicado anteriormente,neste módulo de estudo. Ao identificar os artigos, releiam atentamen-te cada um, especialmente se você atua em um dessas modalidades deensino. Verifique se você atende ao que se encontra determinado nes-sa legislação

1. Quais as finalidades da educação básica e como ela poderá serorganizada?2. Quais as regras comuns da organização do ensino fundamental emédio, segundo a LDB?3. Como devem ser organizados os currículos do ensino fundamentale médio?4. Quais as diretrizes previstas na LDB para os conteúdos curricularesda educação básica?5. Qual a finalidade da educação infantil e como será oferecida?6. Comente sobre o papel da avaliação na educação infantil.7. Como podem ser organizados os ciclos do ensino fundamental?8. Como será organizada a jornada de trabalho no ensino fundamental?

85

Aula

10Organização e finalidades de educação básica no Brasil

AUTO-AVALIAÇÃO

Se acaso identificou algo que não estava realizando enquanto pro-fissional da educação, procure atualizar sua proposta de trabalhadorevisando os artigos estudados.

REFERÊNCIAS

BRZEZINKI, Iria (org). LDB interpretada: diversos olhares seentrecruzam. São Paulo: Cortez, 1997.CABRAL NETO, Antônio (org.) Política educacional. Desafios e ten-dências. Porto Alegre: Sulina, 2004.CARNEIRO, Moacir Alves. A LBD fácil. Leitura crítica-compreensiva:artigo a artigo. Petrópolis. Rio de Janeiro: Vozes, 1998.DEMO, Pedro. A nova LDB: ranços e avanços. São Paulo: Papirus, 1997.DORNAS, Roberto G. P. Diretrizes e Bases da Educação Nacional:

comentários e anotações. Belo Horizonte: Modelo Editorial, 1997.FAUSTINI, Lopes A et al. Estrutura e funcionamento da educação

básica. Leitura. São Paulo: Pioneira, 1998SAVIANI, Dermeval. A nova lei da educação: trajetória, limites e pers-pectivas. Campinas, São Paulo: Autores Associados, 1997.______. Da nova LDB ao Plano Nacional de Educação: por umaoutra política educacional. Campinas, São Paulo: Autores Associados,1998.______. Educação brasileira. Estrutura e sistema. 7 ed. Campinas, SãoPaulo: Autores Associados, 1996.SOUZA, Paulo Nathanael Pereira. LDB e a educação superior. Estru-tura e Funcionamento. 2 ed. São Paulo: Pioneira, 2001.