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1 Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto Departamento de Química Programa de Pós-Graduação em Química “Estrutura e reatividade de complexos de íons metálicos com flavonols, antocianinas e antocianidinas” Andréia Alves de Lima Tese apresentada à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, como parte das exigências para a obtenção do título de Doutor em Ciências, Área: Química RIBEIRÃO PRETO -SP 2007

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Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto Departamento de Química Programa de Pós-Graduação em Química

“Estrutura e reatividade de complexos de íons metálicos com flavonols, antocianinas e antocianidinas”

Andréia Alves de Lima

Tese apresentada à Faculdade de

Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da

Universidade de São Paulo, como parte das

exigências para a obtenção do título de Doutor em

Ciências, Área: Química

RIBEIRÃO PRETO -SP

2007

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Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto Departamento de Química Programa de Pós-Graduação em Química

“Estrutura e reatividade de complexos de íons metálicos com flavonols, antocianinas e antocianidinas”

Andréia Alves de Lima

Orientador: Prof.Dr.Wagner Ferraresi De Giovani

Tese apresentada à Faculdade de

Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da

Universidade de São Paulo, como parte das

exigências para a obtenção do título de Doutor em

Ciências, Área: Química

RIBEIRÃO PRETO -SP

2007

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FICHA CATALOGRÁFICA

Lima, Andréia Alves de Estrutura e reatividade de complexos de íons metálicos com flavonols, antocianinas e antocianidinas. Ribeirão Preto, 2007.

189 p. : il. ; 30cm

Tese de Doutorado, apresentada à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto/USP – Área de concentração: Química

Orientador: De Giovani, Wagner Ferraresi.

1.Química Inorgânica. 2. Flavonóides. 3. Atividade Antioxidante. 4. Complexos metálicos.

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Se as coisas são inatingíveis ... ora! Não é motivo para não querê-las...

Que tristes os caminhos, se não fora A presença distante das estrelas!

Mário Quintana

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Dedico esta tese aos meus amados pais Antônio Carlos e Ana Nery pelo apoio

incondicional, imprescindível para transpor todas as dificuldades encontradas

pelo caminho, pela paciência e grande amizade, amor e carinho com que sempre

me ouviram, e sensatez com que sempre me ajudaram.

Às minhas irmãs: Adriana, Alessandra e Anelise pelo amor, pelo carinho e pela

compreensão.

A Nina que há cinco anos nos brinda com sua presença, deixando nossas vidas

muito mais harmoniosas e felizes.

A vocês minha eterna gratidão e o meu amor.

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“Ao Marcelo por estar ao meu lado

em todos os momentos, pela dedicação, amor e

compreensão e principalmente incentivo durante

todos estes anos.”

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AGRADECIMENTOS

“Concedei-me Senhor, a

Serenidade necessária para aceitar as coisas

que eu não posso modificar;

Coragem para modificar aquelas que posso e

Sabedoria para distinguir umas das outras”

Agradeço primeiramente a DEUS, que sempre me ajudou e nunca me desamparou,

que está presente, na alegria ou na tristeza, fazendo da derrota uma vitória, da

fraqueza uma força.

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Wagner Ferraresi de Giovani, pela sua orientação e auxílio na

elaboração desta tese.

Ao Prof. Dr. Glaico Chiericato Junior, por sempre estar disposto a ajudar, em

todos os momentos.

Ao Prof. Dr. Sérgio Emanuel Galembeck, pelos cálculos teóricos, gentilmente

realizados em seu laboratório.

Aos Prof. Dr.Zanatta e Profa. Dra. Kátia Jorge pela disponibilidade de seus

equipamentos.

Ao Prof. Dr. Herenilton Paulino de Oliveira, pelas contribuições na

qualificação.

Ao pessoal da secretaria do Departamento de Química, Isabel, Lâmia,

Emerson, André e Maria, pela atenção e pela prontidão com que sempre me

receberam quando necessitei de esclarecimento.

Aos funcionários deste Departamento: Lousane, Djalma, Virgínia, Vera e a

todos que de alguma forma contribuíram para o desenvolvimento deste trabalho.

Ao pessoal da secretaria da Pós-graduação: Inês, Denise, Sônia e César

sempre prestativos.

Ao pessoal do laboratório, Amanda, Dora, Eduardo, Karina, Leandro, Lúcia,

Mara, Tahuana e Ulisses, pela agradável convivência, pelas discussões e pelos

“bate-papos”, que certamente tornaram este período muito mais divertido e

agradável.

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Aos que passaram pelo laboratório e certamente deixaram muitas saudades,

Adriana, Ana Paula, Eliana e Fernandinho.

Ao Renato, pela ajuda dispensada nos cálculos teóricos. Obrigada pela

paciência.

Aos amigos Adriana, Andréa, Luciano, Fabiana, Fábio, Mirela e em especial à

minha grande amiga Stella, por todos estes anos de convivência pelos quais

passamos tanto no mestrado quanto no doutorado, em que dividimos não somente o

apartamento, como também nossas incertezas, tantos surtos de tristeza, aflições;

felicidade, euforia, conquistas e alegrias. Obrigada por você estar sempre presente!

À Cris e Mariana, pelas preciosas discussões.

À FAPESP (Processo 02/13832-0), pela bolsa concedida para a realização

deste trabalho.

Há muito mais a quem agradecer... A todos aqueles que, embora não citados,

me presentearam-me com seus inestimáveis apoios em distintos momentos e por

suas presenças afetivas em inesquecíveis períodos, o meu reconhecido e carinhoso

muito obrigada!

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i

RESUMO

Trabalhos recentes revelam o enorme potencial para a saúde humana de uma

das mais importantes classes de compostos fenólicos, os flavonóides, antioxidantes

estes que são encontrados em muitos dos alimentos que tradicionalmente

incorporam a dieta humana como frutas, vegetais, sumos e cereais. Estes

compostos são antioxidantes com grande capacidade doadora de elétrons; podendo

atuar como desativadores do oxigênio atmosférico e espécies extremamente

reativas.

O conhecimento da estrutura destes compostos, a influência de fatores como

o pH, a temperatura e a presença de íons metálicos, assumem importância

fundamental no estudo da atividade antioxidante, e mais especificamente em relação

às antocianinas, no estudo da estabilidade, visando seu possível uso em alimentos.

Neste trabalho, foi descrita a preparação de complexos entre os flavonols

(miricetina, fisetina), antocianidinas (delfinidina e cianidina) e antocianina (cianidina-

3-G) com os íons metálicos: Al(III), Fe(II), Ni(II), Zn(II) e Cu(II).

Os resultados obtidos mostraram a fundamental importância do grupo catecol

ou pirogalol na obtenção dos complexos.

Os flavonóides coordenados foram mais efetivos “removedores” de radicais

livres do que os na forma livre.

As estruturas otimizadas das antocianidinas e dos respectivos complexos com

Al(III) e Zn(II) foram obtidas utilizando a teoria do funcional de densidade com o

modelo B3LYP/6-31+G(d,p). Com a finalidade de comparação de resultados entre os

complexos com os íons Al(III) e Zn(II), um potencial efetivo de caroço (ECP –

Effective Core Potential) foi utilizado

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De acordo com os cálculos realizados, duas possíveis conformações para as

antocianidinas (cianidina, delfinidina e pelargonidina) foram obtidas, sendo que as

estruturas planares são energeticamente mais estáveis do que as não planares,

além disso, a formação de complexos, especialmente com Al(III) provocou algumas

alterações nas geometrias de equilíbrio destes compostos.

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ABSTRACT

Recent researches have shown the enormous importance of flavonoids to the

human health, especially because of their antioxidant activities. These phenolic

compounds are found in many common foods that are part of the human diet as

fruits, vegetables and cereals. Flavonoids have high electron donor such ability,

acting as deactivators of atmospheric oxygen and highly active species.

The antioxidant activity of flavonoids depends on their structure, pH,

temperature and the presence of metal ions.

In this work we describe the preparation of metal ion complexes (Al(III), Fe(II),

Ni(II), Zn(II), Cu(II)) with the flavonols myricetin and fisetin; with the anthocyanins

cyanidin-3-G; with the anthocyanidins delphinidin and cyanidin.

The complexes were characterized by elemental analysis; molar conductivities

IR and UV-Vis spectra, TG and DTA analyses; and cyclic and differencial pulse

voltammetries.

Results showed that the catechol and pyrogallol groups are very important for

the formation of the complexes. The complexed flavonoids have higher antioxidant

activities than the free ligands. The optimized structures of the anthocyanidins and

their Al(III) and Zn(II) complexes were obtained by using the density functional theory

using the B3LYP/6-31+G(d,p) model. The data for Al (III) and Zn (II) complexes were

compared by using an ECP- Effective core potential. The data revealed that the

planar structures of the anthocyanidins are energetically more stable than the non-

planar ones. The formation of the metal ion complexes, specially those with Al (III),

induced some changes in the equilibrium geometry of the compounds.

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ÍNDICE

I.Introdução............................................................................................................... 1

I.1-Polifenóis........................................................................................................ 1

I.1.1-Flavan-3-ols............................................................................................. 4

I.1.2-Flavonols................................................................................................. 7

I.1.3-Flavanonas.............................................................................................. 10

I.1.4-Flavonas.................................................................................................. 12

I.1.5-Isoflavonas.............................................................................................. 13

I.1.6-Antocianinas............................................................................................ 16

I.1.7-Copigmentação das Antocianinas........................................................... 22

I.2-Flavonóides e suas respostas biológicas....................................................... ........................................

25

II.Objetivos................................................................................................................ 29

III.Parte Experimental............................................................................................... 31

III.1-Materias........................................................................................................ 31

III.2-Técnicas de Análise e Caracterização.......................................................... 33

III.2.1-Análise Elementar................................................................................. 33

III.2.2-Espectroscopia de Absorção na Região do Infravermelho................... 33

III.2.3-Espectroscopia de Absorção na Região do Ultravioleta-Visível........... 34

III.2.4-Voltametria Cíclica ............................................................................... 34

III.2.5-Condutância Molar................................................................................ 34

III.2.6-Termogravimetria (TG) e Análise Térmica Diferencial (DTA)............... 34

III.2.7-Espectroscopia Raman......................................................................... 35

III.2.8-RMN 1H ................................................................................................ 35

III.3-Métodos Experimentais................................................................................ 36

III.3.1-Método de Job e Razão Molar.............................................................. 36

III.2.2-Propriedades antioxidantes dos compostos (Método do DPPH)..........

36

III.2.3-Determinação do Parâmetro EC50.........................................................

37

III.2.4-Estudo da interação entre o ácido ascórbico e as antocianinas e antocianidinas .................................................................................................

38

III.4-Métodos Computacionais.............................................................................

39

III.4.I-Otimização da Geometria (Geometria de equilíbrio)..............................

41

III.4.2-Cargas atômicas de Mulliken................................................................

40

III.4.3-Cargas atômicas GAPT (Generalized Atomic Polar Tensor)................ 42

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III.4.4-HOMA (Harmonic Oscillator Model of Aromaticity)…………………..… 43

IV.Resultados e Discussão....................................................................................... 46

IV.1-Determinação das Estequiometrias e Preparação dos Complexos.............

46

IV.2-Espectros de Absorção na Região do UV-Visível........................................

62

IV.3-Análise Elementar........................................................................................ 76

IV.4-Comportamento das antocianinas e antocianidinas em meio aquoso em função do pH........................................................................................................

77

IV.5-Espectros de Absorção na Região do Infravermelho...................................

83

IV.6-Espectroscopia Raman................................................................................

87

IV.7-Medidas de Condutividade Elétrica dos Complexos....................................

89

IV.8-Análise Termogravimétrica (TGA-DTA)........................................................

90

IV.9-Voltametria Cíclica........................................................................................

92

IV.10- Espectroscopia de RMN 1H.......................................................................

114

IV.11-Estruturas Propostas Para os Complexos..................................................

115

IV.12- Determinação do Parâmetro EC50.............................................................

117

IV.13. Estudo da Interação ácido ascórbico com as antocianinas e antocianidinas......................................................................................................

120

IV.14. Estabilidade em Tampão acetato pH = 5,43.............................................. 123

IV.15.Otimização da geometria, análise energética, distâncias e ângulos de ligação, ângulo de torsão, cargas atômicas.........................................................

125

IV.16-Harmonic Oscillator Model of Aromaticity (HOMA)......................................... 149

V. Conclusões........................................................................................................... 152

VI. Referências......................................................................................................... 154

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ÍNDICE DE FIGURAS E ESQUEMAS

Figura 1. Estruturas de importantes subclasses dos flavonóides.............................

3

Figura 2. Estruturas dos principais flavanols............................................................ .

6

Figura 3. Estruturas dos principais flavonols............................................................

8

Figura 4. Figura 4. Descrição taxonômica e quantitativa das flavanonas contidas em pomelos (grapefruit), limões e limas do gênero cítrico.......................................

11

Figura 5. Estruturas das principais flavanonas.........................................................

11

Figura 6. Estruturas das principais flavonas.............................................................

13

Figura 7. Estruturas das principais isoflavonas........................................................ 14

Figura 8. (a) Estrutura do cátion 2-fenilbenzopirílio, (b) antocianinas...................... 16

Figura 9. Antocianidinas comumente encontradas em flores...................................

18

Figura 10. Possíveis mudanças estruturais das antocianinas em meio aquoso em função do pH.............................................................................................................

19

Figura 11. Variação de coloração da pelargonidina em função do pH..................... 20

Figura 12. Modelo para copigmentação intramolecular............................................

23

Figura 13. Copigmentação intermolecular (1:1) entre apigenidina e quercetina-5’-ácido sulfônico..........................................................................................................

23

Figura 14. Peroxidação lipídica.................................................................................

28

Figura 15. Estruturas dos compostos propostos neste trabalho..............................

29

Figura 16. Primeira etapa do mecanismo da reação de abstração de hidrogênio do antioxidante pelo radical livre estável DPPH•......................................................

37

Figura 17. Curva de calibração para DPPH..............................................................

38

Figura 18. Representação do diedro 6’-1’-2-3 na estrutura dos flavonóides, representando a planaridade do anel B com o plano molecular..............................

40

Figura 19. Estrutura da quercetina e localização das bandas referentes aos sistemas Benzoil e Cinamoil.....................................................................................

46

Figura 20. Espectros de UV-Vis correspondentes a formação do complexo entre miricetina e Cu(II) em metanol. Os números nos espectros indicam a fração molar fração da miricetina (Χmiricetina), CCu(II) e Cmiricetina = 0,05 mmol.L-1....................

47

Figura 21. Variação da absorbância em 440 nm em função da fração molar da miricetina...................................................................................................................

48

Figura 22. Espectros de UV-Vis correpondentes a formação do complexo entre a miricetina e Al(III) em metanol, Cmiricetina = 0,032 mmol.L-1........................................

49

Figura 23. Variação da absorbância em 447 nm. A concentração da miricetina foi mantida constante Cmiricetina = 0,032 mmol.L-1...........................................................

50

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viii

Figura 42. Espectros de absorção UV-Vis da delfinidina e de seus respectivos complexos, em metanol, (a) e (c) = Cdelfinidina = 0,05 mmol.L-1, CAl(IIII) = 0,05 mmol.L-1 , Fe(II) = 0,05 mmol.L-1 , *Cdelfinidina = 0,025 mmol.L-1 e CAl(III) = 0,025 mmol.L-1; (b), (d) e (e) = Cdelfinidina = 0,02 mmol.L-1, CCu(II) = 10,0 mmol.L-1 , CNi(II) = 4,0 mmol.L-1 e CZn(II) = 4,0 mmol.L-1.........................................................................

70

Figura 43. Espectros de absorção UV-Vis da cianidina e de seus respectivos complexos, em metanol, (a) e (c) =.Ccianidina = 0,05 mmol.L-1, CAl(IIII) = 0,05 mmol.L-

1 , Fe(II) = 0,05 mmol.L-1 , *Ccianidina = 0,025 mmol.L-1 e CAl(III) = 0,025 mmol.L-1; (b), (d) e (e) = Ccianidina = 0,02 mmol.L-1, CCu(II) = 10,0 mmol.L-1 , CNi(II) = 2,0 mmol.L-1 e CZn(II) = 10,0 mmol.L-1...............................................................................................

71

Figura 44. (a) Mudança de coloração observada na interação entre a cianidina-3-G os íons metálicos. Espectros de absorção UV-Vis da cianidina-3-G e de seus respectivos complexos, em metanol, (b) e (d) = Ccianidina-3-G = 0,05 mmol.L-1, CAl(IIII) = 0,05 mmol.L-1 , Fe(II) = 0,05 mmol.L-1 , *Ccianidina-3-G = 0,025 mmol.L-1 e CAl(III) = 0,025 mmol.L-1; (c), (e), (f) = Ccianidina-3-G = 0,02 mmol.L-1 , CCu(II) = 10,0 mmol.L-1 , CNi(II) = 2,0 mmol.L-1 e CZn(II) = 2,0 mmol.L-1..............................................................

72

Figura 45. (a) Espectros UV-Vis correpondentes a formação do complexo entre delfinidina e Cu(II) em metanol, durante aproximadamente 30 minutos. (b) Gráfico das medidas de absorbância (548 nm) em função do tempo para a interação entre a delfinidina e Cu(II).........................................................................

73

Figura 46. Estrutura proposta para a complexação entre Malvina e Ferro(III)......... 74

Figura 47. Espectros de absorção UV-Vis da pelargonidina-3-G e da interação com Al(III), Cu(II) e Fe(II) em metanol, Cpelargonidina-3-G = 0,02 mmol.L-1, CAl(III), Cu(II),

Fe(II) = 10,0 mmol.L-1...................................................................................................

75

Figura 48. Espectros UV-Vis correspondentes às várias mudanças estruturais da delfinidina (a) e (b) em função da variação de pH....................................................

79

Figura 49. Espectros UV-Vis correspondentes às várias mudanças estruturais da cianidina (a) e (b) e cianidina-3-G (c) e (d) em função da variação de pH...............

80

Figura 50. Espectros de UV-Vis correspondentes às várias mudanças estruturais da pelargonidina (a) e (b) e pelargonidina-3-G (c) e (d) em função da variação de pH.............................................................................................................................

81

Figura 52. Espectros de absorção na região do Infravermelho da fisetina e seus respectivos complexos..............................................................................................

86

Figura 53. Espectros de absorção na região do infravermelho da delfinidina e do complexo com Al(III).................................................................................................

87

Figura 54. Espectro Raman: metanol, cianidina (0,05 mmol.L-1), cianidina (0,05 mmol.L-1) + Al(III) (10,0 mmol.L-1)....................................................................

88

Figura 55. Micrografia das amostras de: (a) delfinidina, (b) delfinidina/Al(III); magnificação de 500 vezes. Espectros Raman das amostras de: (c) delfinidina, (d) delfinidina/Al(III)...................................................................................................

89

Figura 56. Curvas TG e DTA para o complexo: (a) Fisetina/Zn(II) e (b) Fisetina/Cu(II) em atmosfera de ar sintético, velocidade de 20°C/min.....................

91

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ix

Figura 57. Voltamogramas cíclicos da miricetina e seus respectivos complexos em metanol, 1 mmol.L-1, 0,1 mol.L-1 Perclorato de Lítio, 50 mV.s-1..........................

95

Esquema 1. Representação da relação atividade antioxidante e oxidação eletroquímica para os flavonóides............................................................................

92

Figura 58. Voltamogramas cíclicos da fisetina e seus respectivos complexos em metanol, 1 mmol.L-1, 0,1 mol.L-1 Perclorato de Lítio, 50 mV.s-1................................

96

Figura 59. Fatores essenciais para elevada atividade antioxidante......................... 97

Figura 60. Voltamogramas Cíclicos da miricetina 0,5 mmol.L-1 em tampão McIlvaine, ν = 50 mV.s-1:...........................................................................................

98

Figura 61. Variação de Epa da miricetina em função do pH.................................... 98

Figura 62. Voltamogramas Cíclicos da fisetina 0,5 mmol.L-1 em tampão McIlvaine, ν= 50 mV.s-1:............................................................................................

99

Figura 63. Variação de Epa da fisetina em função do pH........................................ 99

Figura 64. Voltamogramas cíclicos: (a) delfinidina, (b) cianidina, (c) pelargonidina, (d) cianidina-3-G e (e) pelargonidina-3-G em metanol, 0,1 mmol.L-1, 0,1 mol.L-1

Perclorato de Lítio, 100 mV.s-1.................................................................................

101

Figura 65. (a) Voltamogramas cíclicos da delfinidina em várias velocidades de varredura, (b) Voltamograma de pulso diferencial, ν = 10 mV.s-1, (c) Gráfico de Ipa vs ν1/2 em metanol, 0,1 mmol.L-1, 0,1 mol.L-1 Perclorato de Lítio..............................

103

Figura 66. (a) Voltamogramas cíclicos da cianidina em várias velocidades de varredura, (b) Voltamograma de pulso diferencial, ν = 10 mV.s-1, (c) Gráfico de Ipa vs ν1/2 em metanol, 0,1 mmol.L-1, 0,1 mol.L-1 Perclorato de Lítio..............................

104

Figura 67. (a) Voltamogramas cíclicos da pelargonidina em várias velocidades de varredura, (b) Voltamograma de pulso diferencial, ν = 10 mV.s-1, (c) Gráfico de Ipa vs ν1/2 em metanol, 0,1 mmol.L-1, 0,1 mol.L-1 Perclorato de Lítio..............................

105

Figura 68. (a) Voltamogramas cíclicos da cianidina-3-G em várias velocidades de varredura, (b) Voltamograma de pulso diferencial, ν = 10 mV.s-1, (c) Gráfico de Ipa vs ν1/2 em metanol, 0,1 mmol.L-1, 0,1 mol.L-1 Perclorato de Lítio..............................

106

Figura 69. (a) Voltamogramas cíclicos da pelargonidina-3-G em várias velocidades de varredura, (b) Voltamograma de pulso diferencial, ν = 10 mV.s-1, (c) Gráfico de Ipa vs ν1/2 em metanol, 0,1 mmol.L-1, 0,1 mol.L-1 Perclorato de Lítio...

108

Figura 70. (a) Voltamogramas cíclicos da delfinidina 0,1 mmol.L-1 em tampão McIlvaine, ν = 100 mV.s-1, (b) Variação de Epa da delfinidina em função do pH......

109

Figura 71. (a) e (b) Voltamogramas de pulso diferencial da cianidina 0,1 mmol.L-1 em tampão McIlvaine, ν = 10 mV.s-1, (c) Variação de Epa da cianidina em função do pH. ......................................................................................................................

110

Figura 72. (a) Voltamogramas cíclicos da pelargonidina 0,1 mmol.L-1 em tampão McIlvaine, ν = 50 mV.s-1, (b) Variação de Epa da pelargonidina em função do pH...

111

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x

Figura 73. (a) Voltamogramas cíclicos da cianidina-3-G 0,1 mmol.L-1 em tampão McIlvaine, ν = 100 mV.s-1, (b) Variação de Epa da cianidina-3-G em função do pH, (c) Voltamogramas cíclicos da cianidina-3-G em várias velocidades de varredura, tampão McIlvaine, pH = 6,94, (d) Gráfico de Ipa vs ν1/2 em metanol, 0,1 mmol.L-1, McIlvaine, pH = 6,94.................................................................................................

112

Figura 74. (a) Voltamogramas Cíclicos da pelargonidina-3-G 0,01 mmol.L-1 em tampão McIlvaine, ν = 100 mV.s-1, (b) Variação de Epa da pelargonidina-3-G em função do pH.............................................................................................................

113

Figura 75. Espectros de RMN H1 da cianidina (a) e do complexo contendo o íon Al(III) (b) em CD3OD.................................................................................................

114

Figura 76. Estruturas dos complexos contendo miricetina como ligante.................. 116

Figura 77. Estruturas dos complexos contendo fisetina como ligante......................

116

Figura 78. Estrutura proposta para os complexos contendo cianidina como ligante.......................................................................................................................

116

Figura 79. Diminuição da absorbância em 515 nm de uma solução de DPPH•

(59,55 µmol.L-1) em metanol na presença da delfinidina.......................................... 117

Figura 80. (a) Variação da absorbância em 515 nm da solução de DPPH• (59,55 µmol.L-1) em função do tempo na presença da delfinidina. (b) Diminuição da concentração do radical DPPH• em função da concentração usada para a delfinidina. Determinação do valor de EC50 para a delfinidina..................................

118

Figura 81. Valores de EC50 (µmol.L-1) para as antocianinas e antocianidinas, livres e coordenadas.................................................................................................

120

Esquema 2. Possível explicação para o efeito sinérgico entre as antocianinas e o ácido ascórbico.........................................................................................................

121

Figura 82. Variação de absorbância com o tempo para a) cianidina (525 nm) b) cianidina/Al(III) (550 nm)...........................................................................................

123

Figura 83. Gráficos da variação de absorbância com o tempo para a cianidina, cianidina/Al(III), delfinidina, delfinidina/Al(III), pelargonidina e pelargonidina-3-G....

124

Figura 84. Conformações da delfinidina, obtidas no nível B3LYP/6-31+G(d,p); (a) hidroxila ligada ao C(5) e anel B fora do plano molecular; (b) planar.......................

126

Figura 85. Conformações da cianidina, obtidas no nível B3LYP/6-31+G(d,p); (a) hidroxila ligada ao C(5) e anel B fora do plano molecular; (b) planar.......................

126

Figura 86. Conformações da pelargonidina, obtidas no nível B3LYP/6-31+G(d,p); (a) hidroxila ligada ao C(5) e anel B fora do plano molecular; (b) planar.................

128

Figura 87. Geometria de equilíbrio: (a) delfinidina, (b) cianidina e (c) pelargonidina no vácuo, obtida no nível B3LYP/6-31+G(d,p)...................................

131

Figura 88. Geometrias de equilíbrio: (a) delfinidina/Al(III), (b) delfinidina/Zn(II), (c) cianidina/Al(III) e (d) cianidina/Zn(II) no vácuo, obtida no nível B3LYP/6-31+G(d,p), com uso do ECP para os metais............................................................

132

Figura 89. Superposição estrutural: (a) cianidina/Al(III); (b) delfinidina/(III). = 6-31+G(d,p) e = ECP para Al(III) e 6-31+G(d,p) para C, H e O...............................

134

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xi

Figura 90. Geometrias de equilíbrio da: (a) delfinidina, (b) cianidina e (c) pelargonidina (distâncias dadas em Ǻ).....................................................................

136

Figura 91. Geometrias de equilíbrio da: (a) delfinidina, (b) delfinidina/Al(III), (c) delfinidina/Zn(II) (distâncias dadas em Ǻ)................................................................

137

Figura 92. Geometrias de equilíbrio da: (a) cianidina, (b) cianidina/Al(III), (c) cianidina/Zn(II) (distâncias dadas em Ǻ)...................................................................

139

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xii

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1. Parâmetros estruturais do índice HOMA para sistemas heteroaromáticos......................................................................................................

45

Tabela 2. Dados do UV-Vis para a miricetina e fisetina e seus respectivos complexos com Al(III), Cu(II), Fe(II), Ni(II) e Zn(II) ..................................................

67

Tabela 3. Dados do UV-Vis para os ligantes e complexos com miricetina e fisetina.......................................................................................................................

76

Tabela 4. Dados de microanálise dos complexos com miricetina e fisetina.............

76

Tabela 5. Dados de Infravermelho (cm-1) para os ligantes e respectivos complexos.................................................................................................................

84

Tabela 6. Valores de condutâncias molares dos complexos.................................... 90

Tabela 7. Dados termogravimétricos dos complexos com fisetina como ligantes... 92

Tabela 8. Potenciais de oxidação dos ligantes e complexos (vs Ag/AgCl, ν = 50 mV.s-1)......................................................................................................................

94

Tabela 9. Potenciais de oxidação para as antocianinas e antocianidinas os ligantes (vs Ag/AgCl, ν = 100 mV.s-1) ......................................................................

102

Tabela 10. Dados de 1H , da cianidina e do complexo alumínio/Al(III) em CD3OD, δ (ppm)........................................................................................................

115

Tabela 11. Valores das capacidades antioxidantes dos compostos isolados e na mistura antocianina-ácido ascórbico.........................................................................

122

Tabela 12. Energia eletrônica (E), energia do ponto zero (ZPE), energia eletrônica corrigida pela ZPE (E+ZPE), energias relativas ∆(E+ZPE) e energia de complexação (Ecomplex)..............................................................................................

129

Tabela 13. Propriedades moleculares para a delfinidina, delfinidina/Al(III) e delfinidina/Zn(II)........................................................................................................

130

Tabela 14. Propriedades moleculares para a cianidina, cianidina/Al(III), cianidina/Zn(II) e pelargonidina.................................................................................

130

Tabela 15. Distâncias interatômicas (em Å) para a delfinidina, delfinidina/Al(III) delfinidina/Zn(II)........................................................................................................

140

Tabela 16. Distâncias interatômicas (em Å) para a cianidina, cianidina/Al(III) e cianidina/Zn(II)..........................................................................................................

141

Tabela 17. Distâncias interatômicas (em Å) para a pelargonidina, obtidas no nível B3LYP/6-31+G(d,p)..................................................................................................

142

Tabela 18. Principais ângulos interatômicos (em graus) nas moléculas da delfinidina, delfinidina/Al(III), e delfinidina/Zn(II).......................................................

143

Tabela 19. Principais ângulos interatômicos (em graus) nas moléculas da cianidina, cianidina/Al(III), cianidina/Zn(II) e pelargonidina......................................

144

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xiii

Tabela 20. Cargas atômicas (Mulliken e GAPT) para a delfinidina, delfinidina/Zn(II) e delfinidina/Al(IIII).........................................................................

146

Tabela 21. Cargas atômicas (Mulliken e GAPT) para a cianidina, cianidina/Zn(II) e Cianidina/Al(III)......................................................................................................

147

Tabela 22. Cargas atômicas (Mulliken) na molécula de pelargonidina, no vácuo, obtidas no nível B3LYP/6-31+G(d,p)........................................................................

148

Tabela 23. HOMA, EN e GEO para o anel C da delfinidina e respectivos complexos com Al(III) e Zn(II), cianidina e respectivos complexos com Al(III) e Zn(II) e pelargonidina................................................................................................

150

Tabela 24. Contribuição das diferentes ligações para HOMA, EN e GEO para o anel C da delfinidina e respectivos complexos com Al(III) e Zn(II), cianidina e respectivos complexos com Al(III) e Zn(II) e pelargonidina......................................

150

Tabela 25. HOMA, EN e GEO para os anéis A e B da da delfinidina e respectivos complexos com Al(III) e Zn(II), cianidina e respectivos complexos com Al(III) e Zn(II) e pelargonidina................................................................................................

151

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xiv

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS LDL – Lipoproteína de Baixa Densidade

SOD – Superóxido Dismutase

ε – Absortividade Molar

DFT – Teoria do Funcional de Densidade

ECP – Potencial Efetivo de Caroço

Cianidina-3-G – Cianidina-3-Glicosídeo

Pelargonidina-3-G – Pelargonidina-3-Glicosídeo

(DPPH•) – 1,1-Difenil-2-Picril-Hidrazil

TG – Termogravimetria

DTA – Análise Térmica Diferencial

λmax – Comprimento de Onda de Absorção Eletrônica Máxima

RMN – Ressonância Magnética Nuclear

HPLC – Cromatografia Líquida de Alto Desempenho

HOMO – Orbital Molecular Ocupado de Mais Alta Energia

LUMO – Orbital Molecular Vazio de Mais Baixa Energia

RMS – Root Mean Square

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INTRODUÇÃO

1

I. INTRODUÇÃO

I.1-POLIFENÓIS

Uma ampla variedade de substâncias constitui os compostos designados

polifenólicos, ou simplesmente polifenóis que estão presentes na natureza,

encontrados em frutos, vegetais, sementes, flores e cascas e que possuem como

característica principal a presença de múltiplos grupos funcionais do tipo fenol.

Os compostos fenólicos são responsáveis por diversas funções, tais como a

coloração das folhas e frutas, não menos importantes também, atraindo ou repelindo

os insetos, e protegendo plantas de herbívoros.

Polifenóis são estruturas formadas por mais de um anel aromático, que

apresentam pelo menos um grupo hidroxila ligado em cada anel. Baseado em sua

estrutura química, os polifenóis podem ser divididos em pelo menos dez classes

diferentes, sendo que as principais são: os flavonóides, taninos e ácidos fenólicos e

derivados[1].

Ácidos fenólicos, flavonóides, estilbenos, e lignanas são os mais abundantes

polifenóis encontrados em plantas, sendo que, os flavonóides e ácidos fenólicos

contribuem em 60% e 30%, respectivamente, em uma dieta de polifenóis[2].

Os polifenóis podem ser subdivididos em diferentes subclasses de acordo

com o grau de hidroxilação, saturação, oxidação e das ligações entre os anéis B e C,

dentre as quais podemos destacar as flavonas, flavonols, flavan-3-ols ou flavanols,

isoflavonas, flavanonas, proantocianidina e antocianidinas. A Figura 1 mostra as

principais subclasses dos flavonóides e suas respectivas estruturas.

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INTRODUÇÃO

2

Nos últimos anos estes compostos têm motivado vários estudos, pois foram

relacionados a vários tipos de benefício à saúde, variando desde a prevenção da

cárie[3,4] à diminuição do risco de se desenvolver qualquer tipo de câncer[2,5]. Muito

se tem dito a respeito da funcionalidade dos polifenóis que apresentam

características anticarcinogênicas, antiaterogênicas (previne obstruções arteriais),

antitrombóticas, antimicrobianas, vasodilatadora, analgésica e antioxidantes.

Numerosos estudos sugeriram que o conteúdo fitoquímico e a correspondente

atividade antioxidante de frutas e legumes levam estes compostos a atuarem como

protetores contra doenças crônicas e degenerativas[6,7]. Plantas específicas, com

combinações fenólicas e extratos de frutas que apresentam atividade antioxidante

foram reportados na inibição de mutagênese e carcinogênese[8,9].

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INTRODUÇÃO

3

O

OH

HO

OH

OH

OH

OH

OH

HO O

O

Epicatequina

(Flavan-3-ol)

Naringenina

(Flavanona)

O

OH

HO

O

OH

OH

OH

OH

OH

OH

HO O

O

Miricetina

(Flavonol)

Apigenina

(Flavona)

OH

HO O

OOH

OH

OH

OH

OH

HO O

OH

Genisteína

(Isoflavona)

Delfinidina

(Antocianidina)

Figura 1. Estruturas de importantes subclasses dos flavonóides.

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INTRODUÇÃO

4

I.1.1-Flavan-3-ols

Flavan-3-ols também são conhecidos como flavanols ou catequinas. Dentre

os principais representantes destes compostos estão: a (−)-epigalocatequina-3-

galato (EGCG), a (−)-epigalocatequina, a (−)-epicatequina-3-galato, a (−)-

epicatequina, a (+)-galocatequina, e a (+)-catequina (Figura 2).

Enquanto outros flavonóides ocorrem, nos alimentos, na forma de glicosídeos,

os flavanols são encontrados na sua forma livre.

São encontrados em muitos vegetais, notavelmente em chás, vinhos tintos e

maçãs. As concentrações de catequinas são particularmente altas em favas, uvas,

morangos e damascos; epicatequinas estão presentes em altas concentrações em

maçãs, amoras, chocolates e pêras.

No vinho branco a catequina e a epigalocatequina são os compostos fenólicos

majoritários, pois estão presentes em maiores quantidades no extrato da casca da

uva branca, já no tinto a catequina e o ácido gálico são os compostos fenólicos em

maior abundância. Independentemente do vinho, a predominância desses

compostos pode sofrer alterações de acordo com a procedência e o tipo da uva[10].

Os galatos e galocatequinas são encontrados quase que exclusivamente em

chás, especialmente no chá verde. O chá verde é uma infusão de folhas apenas

secas, enquanto que o chá preto provém de folhas processadas. No processamento,

as catequinas das folhas sofrem oxidação, o que é muito importante para o

desenvolvimento de cor e sabor da bebida. A oxidação é enzimática, realizada pela

ação da polifenoloxidase presente nos vacúolos das células. Para que ocorra a

liberação da enzima destes vacúolos, as folhas secas devem ser trituradas e

deixadas expostas ao oxigênio do ar[11]. Anteriormente acreditava-se que o processo

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INTRODUÇÃO

5

era fermentativo e, por este motivo, é ainda conhecido como “fermentação” para a

produção do chá preto.

Calcular as quantidades diárias de catequinas ingeridas é especialmente mais

difícil se comparado aos outros flavonóides. Isto se deve à faixa de concentrações, e

também às formas de catequinas não-galatos serem bastante difundidas,

complicando assim a estimativa da ingestão diária. Este fato pode levar a um

consumo adicional de fontes de catequinas. A situação é mais evidente nos galatos

e galocatequinas, porque são quase exclusivos no chá verde[12]. No chá preto está

dificuldade também é descrita, já que neste o processo de “fermentação” dá origem

a uma variedade de oligômeros estruturalmente diferentes. No entanto, as quantias

de catequinas monoméricas restantes podem ser prontamente calculadas[13]. As

catequinas são moléculas biologicamente ativas, que possuem um vasto leque de

efeitos in vitro, dentre os quais destacam-se os possíveis mecanismos de ação

contra o câncer, em todas as etapas do desenvolvimento da doença[14].

Testes realizados em humanos com catequinas, indicaram um aumento da

capacidade antioxidante do plasma, diminuição das concentrações lipoperóxidos no

plasma e aumento da resistência da LDL (lipoproteína de baixa densidade) a

oxidação[13].

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INTRODUÇÃO

6

O

OH

HO

OH

OH

OH

(+)-Catequina

O

OH

HO

OH

OH

OH

(-)-Epicatequina

O

OH

HO

OH

OH

OH

R

(-)-Epigalocatequina galato

O

OH

HO

OH

OH

R

(-)-Epicatequina galato

O

OH

HO

OH

OH

OH

OH

(-)-Epigalocatequina

R =

C

O

OH

OH

OHO

Figura 2. Estruturas dos principais flavanols.

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INTRODUÇÃO

7

I.1.2-Flavonols

Dentre os compostos pertencentes a esta subclasse de polifenóis, destacam-

se o kaempferol, a miricetina e a quercetina (Figura 3), principal representante dos

flavonols e encontrada em altas concentrações em cebolas, maçãs, chás, brócolis,

vinhos tintos e Ginkgo biloba.

Flavonols são metabólitos secundários nas plantas e estão presentes em

níveis variados em frutas habitualmente consumidas. Nos tecidos das plantas os

flavonols são encontrados ligados a açúcares, principalmente glicose, ramnose e

rutinose. A quercetina é encontrada nas frutas na sua forma glicosídica, conhecida

como rutina.

Estes compostos são amplamente estudados, porém, seu teor na dieta é

geralmente bastante baixo. A ingestão diária de flavonols foi estimada em

aproximadamente 20 –35 mg/d[15-17].

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INTRODUÇÃO

8

O

OH

HO

O

OH

OH

OH

OH

O

OH

HO

O

OH

OH

OH

Miricetina Quercetina

O

OH

HO

O

OH

OH

Kaempferol

Figura 3. Estruturas dos principais flavonols.

A quercetina, principal flavonol em muitos alimentos, influencia alguns

marcadores de carcinogêneses e tem pequeno efeito em biomarcadores para

atividade antioxidante de plasma in vivo, embora alguns estudos não tenham

mostrado este efeito[13]. Comparado com os efeitos deste polifenol in vitro, os efeitos

in vivo, embora significativos, são mais limitados. As razões para isto são:

– falta de validade em biomarcadores ou marcadores biológicos (moléculas que

podem ser medidas experimentalmente e indicam a ocorrência de um determinado

processo em um organismo) in vivo, especialmente na área de carcinogêneses;

– falta de estudos de longo prazo;

– falta de entendimento ou consideração da biodisponibilidade nos estudos in vitro,

que subseqüentemente são usados para o projeto de experiências in vivo.

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INTRODUÇÃO

9

Williamson e Manach[13] observaram alguns resultados importantes em

estudos in vivo com a quercetina. Vários efeitos positivos foram obtidos utilizando-se

Ginkgo biloba como fonte de quercetina, mas estes podem ser atribuídos também

aos terpenóides que são componentes destes extratos. Outros estudos mostraram

efeitos em biomarcadores antioxidantes, tal como, aumento da capacidade

antioxidante do plasma, função renal alterada, sintomas de prostatites melhorados e

resistência melhorada à oxidação da LDL (pois protegem a LDL contra oxidação,

prevenindo as lesões ateroscleróticas). No entanto, há estudos que não mostram

nenhum efeito nestes biomarcadores. Apesar da falta de evidências em relação aos

efeitos positivos da quercetina in vivo, em seres humanos, há numerosos estudos

promissores[18-20] das propriedades da quercetina in vitro. A discrepância aparente

entre estudos in vitro e in vivo pode ser atribuída parcialmente à absorção e ao

metabolismo[13].

Deparar-se com um quadro pleno da absorção e metabolismo dos flavonols é

essencial para poder detectar e quantificar todos os metabólitos importantes no

plasma e na urina, e isto implica na utilização de uma metodologia analítica

apropriada e a utilização de técnicas avançadas.

Geralmente, a quercetina não é encontrada no plasma na sua forma livre e

sim comumente conjugada com glicuronídeos e sulfatos[21].

Embora as informações sobre as propriedades destes conjugados in vitro

sejam bastante limitadas, pode-se concluir que estes compostos apresentam

propriedades quantitativas diferentes e são biologicamente menos ativos quando

comparado com a forma não conjugada[22,23].

Estes conjugados não estão disponíveis comercialmente, o que dificulta sua

análise direta. Deste modo, em estudos iniciais com a quercetina, os derivados que

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INTRODUÇÃO

10

se acumulavam nas amostras de plasma e urina, eram tratados com ácidos ou

enzimas glicuronidase/sulfatase para liberar estes conjugados e assim efetuar a

análise quantitativa por HPLC[24,25]. Mais recentemente, o uso de HPLC-MS2[26]

mostrou resultados promissores na análise destes conjugados, sem a utilização de

tratamentos prévios com ácidos ou enzimas.

Por se tratar de uma área de estudo recente, apesar dos inúmeros trabalhos

descritos em literatura, um maior número de pesquisas sobre o mecanismo biológico

destas substâncias torna-se necessário para determinar seus efeitos benéficos com

mais exatidão.

I.1.3-Flavanonas

As Flavanonas são comumente encontradas em frutos cítricos e representam

um grupo menor em relação aos outros flavonóides. Como componentes desta

classe destacam-se a hesperetina (limão, lima e tangerina) e naringenina (grapefruit,

também conhecida como pomelo). Estes compostos são encontrados em

concentrações mais altas nas cascas das frutas do que propriamente em seu interior

ou no suco. A Figura 4 mostra a descrição taxonômica e quantitativa das flavanonas

contidas em pomelos (grapefruit), limões e limas do gênero cítrico.

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INTRODUÇÃO

11

CITRUS

GrapefruitX paradisiMarsh, ThompsonRed Blush, Ruby Red

LimãoLimonEureka, IndianLisbon, Splendor

LimaAurantiifoliaIndian, KeyMexica, West Indian

↑ Flavanona30 mg aglicona / 100 g

Moderada Flavanona26 mg aglicona / 100 g

↓ Flavanona17 mg aglicona / 100 g

Nome comum

Nome da espécie

variedade

Figura 4. Descrição taxonômica e quantitativa das flavanonas contidas em pomelos

(grapefruit), limões e limas do gênero cítrico[27].

Diversos estudos realizados em animais e humanos apontam que ambas as

formas de hesperidina e naringina (glicosídeos), são provavelmente hidrolisadas por

colônias de bactérias na parte distal do intestino e no cólon às suas agliconas livres,

hesperetina e naringenina (Figura 5) respectivamente, sendo absorvidas no sistema

circulatório como glicuronídeos e sulfatos conjugados[28,29].

OH

OH

HO O

O

OH

OH

O

O

Rha-Glc-O

Naringenina Naringina

OH

OCH3

OH

HO O

O

OH

OCH3

OH

O

O

Rha-Glc-O

Hesperetina Hesperidina

Figura 5. Estruturas das principais flavanonas.

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INTRODUÇÃO

12

As agliconas também foram degradadas a simples fenóis e ácidos fenólicos

através da quebra do anel C por enzimas da microflora intestinal em humanos e

animais[30].

Em hamsters com hipercolesterolemia, a combinação de um extrato rico em

flavanona e ácido ascórbico diminuiu a quantidade de lipídeos e outros fatores

relacionados com a aterosclerose[31]. Já em ratos com câncer de cólon induzido, a

utilização de hesperidina foi apontada como um fator na diminuição da incidência de

tumores[32].

No trabalho descrito por Kanaze et al[33], o primeiro a avaliar os parâmetros

farmacocinéticos no plasma e urina das agliconas hesperetina e naringenina, foi

observado em seres humanos, que a velocidade de absorção da destes compostos

foi bastante rápida, após uma única administração oral de formulações de

dispersões sólidas, do que em estudo prévio[34], após a administração oral de seus

glicosídeos, hesperidina e naringenina, puros ou na forma de sucos cítricos.

I.1.4-Flavonas

Flavonas são compostos menos comuns do que os flavonols em frutas e

legumes. As flavonas são formadas principalmente por glicosídeos de luteolina e

apigenina (Figura 6). Dentre os compostos fenólicos, os mais característicos nos

grãos de cereais são as flavonas, como a luteolina[35].

O suco de frutas cítricas contém quantidades mínimas de flavonas relevantes,

ao contrário, a casca, contém uma concentração 20 vezes maior da substância[36].

As flavonas mais comumente encontradas em frutas cítricas são as polimetoxiladas:

tangeretina, nobiletina, e sinensetina (até 6.5 g/L de óleo essencial de tangerina)[37].

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INTRODUÇÃO

13

OH

OH

OH

HO O

O

OH

OH

HO O

O

Luteolina Apigenina

Figura 6. Estruturas das principais flavonas.

I.1.5-Isoflavona

Dentre as várias subclasses de flavonóides, as isoflavonas destacam-se por

serem as mais estudadas, com um vasto número de artigos publicados.

As isoflavonas podem ocorrer em diversas formas moleculares: malonil e

beta-glicosídeos, que são encontradas naturalmente nos grãos e na farinha de soja.

Quando a soja in natura é submetida a processamentos, onde sejam utilizadas altas

temperaturas e pressão, elas são convertidas nas formas acetil e estas, nas formas

glicosídicas[38]. Os processos fermentativos podem converter os glicosídeos em

agliconas correspondentes, devido ao aumento na atividade da enzima beta-

glicosidade[39].

Três tipos de isoflavonas destacam-se: a genisteína, a daidzeína e a gliciteína

(Figura 7) e suas respectivas formas glicosiladas, a genistina e a glicitina[40].

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INTRODUÇÃO

14

Figura 7. Estruturas das principais isoflavonas.

Estes compostos são conhecidos também como fitoestrógenos por

apresentarem semelhança estrutural com os hormônios estrogênicos, encontrados

em maior concentração nas mulheres. Embora não sejam esteróides, eles têm

grupos hidroxilas nas posições 7 e 4', correspondendo a uma configuração análoga

àquelas observadas na molécula de estradiol. Esta característica confere

propriedade pseudo-hormonal a estes compostos, inclusive a habilidade de ligar-se

a receptores de estrogênio. Esta particularidade tem despertando a atenção de

muitos pesquisadores para suas propriedades fisiológicas, na reposição

hormonal[41,42].

O consumo de soja e derivados tem sido associado à redução do risco de

doenças crônicas[43,44]. As isoflavonas, compostos fenólicos encontrados na soja,

estão envolvidas em atividade anticarcinogênica, redução da perda de massa óssea

e diminuição do colesterol sérico[45-47]. A presença e a concentração das isoflavonas

OH

HO O

OOH

HO O

OOH

Genisteína Daidzeína

HO O

O

H2CO

OH

Gliciteína

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INTRODUÇÃO

15

nos produtos à base de soja dependem das condições de processamento,

principalmente a temperatura de tratamento do material. Produtos não-fermentados

têm concentrações de isoflavonas duas a três vezes maiores que os fermentados,

entretanto, a distribuição dos constituintes difere nestes dois grupos: produtos

fermentados apresentam predominantemente agliconas enquanto os não-

fermentados apresentam maiores concentrações de beta-glicosídeos[48,49].

Estudos recentes comprovam que a administração de isoflavonas purificadas

produz efeitos biológicos menos significativos na redução do risco de doenças, do

que aqueles produzidos pelo consumo de isoflavonas e proteínas da soja[50].

Atualmente, preconiza-se que a ingestão de 25 g de proteínas de soja associados à

cerca de 30-50 mg de isoflavonas diariamente, são capazes de reduzir o colesterol

sérico[51].

Em geral as populações ocidentais consomem níveis baixos de isoflavonas

porque poucas comidas típicas da dieta ocidental incluem a proteína de soja ou

outros alimentos nos quais as isoflavonas estão associadas. A ingestão média diária

de isoflavonas na população ocidental é desprezível (<1 mg/d)[52] e a falta destes

compostos é vista como uma explicação para a disparidade nas taxas de incidência

de doença entre as populações ocidentais e asiáticas.

Estimativas mais recentes das quantias de alimentos a base de soja

consumidas no Japão indicam um influxo de 11–40 mg/d (reportados como

agliconas equivalentes para padronizar doses entre comidas diferentes) em

adultos[53].

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INTRODUÇÃO

16

I.1.6-Antocianinas

As Antocianinas são conhecidas como o maior e mais importante grupo de

pigmentos solúveis em água encontrado na natureza[54-56]. São responsáveis pela

maioria dos azuis e vermelhos das flores e frutos. Soluções destes compostos in

vitro, a valores de pH existentes nos vacúolos, são geralmente incolores[57].

A palavra antocianina derivou de duas palavras gregas: anthos, que significa

flor, e kyanos, que significa azul, revelando sua importante característica como um

corante natural[58].

As antocianinas são sais derivados do cátion flavílio, 2-fenilbenzopirílio

(Figura 8), que é formado por um sistema de dezesseis átomos, quinze carbonos e

um oxigênio, todos com hibridização sp2. Isto significa que há dezesseis orbitais

moleculares deslocalizados, dos quais oito são ligantes e oito são antiligantes. Dos

dezessete elétrons π, um elétron ocuparia um orbital antiligante, sendo facilmente

removido, originando a forma catiônica.

a b

Figura 8. (a) Estrutura do cátion 2-fenilbenzopirílio, (b) antocianinas.

As formas de antocianinas diferem entre si pelo número de grupos hidroxílicos

e/ou metoxílicos presentes na aglicona, pela natureza, número e posição dos

açúcares e de ácidos alifáticos ou aromáticos ligados à molécula de açúcar, o que

confere grande diversidade a esse grupo de substâncias[59].

O

A

B

C+

2

3'

4'2'

5'

6'

3

45

6

7

8O

OR3

OR4

HO+

R1

OH

R2

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INTRODUÇÃO

17

Entre as antocianidinas (agliconas), as mais comuns nos alimentos[60] são:

pelargonidina, cianidina, delfinidina, peonidina, malvidina e petunidina (Figura 9).

As antocianinas livres são raramente encontradas em plantas, ocorrendo

comumente na forma glicosilada com açúcares que estabilizam a molécula. A

glicosilação pode ocorrer em várias posições, sendo observada com maior

freqüência na posição 3. Os açúcares mais freqüentemente ligados as

antocianidinas são a glicose, a arabinose, a galactose, a ramnose e a xilose. Em

menor intensidade são encontrados di e trissacarídeos[61]. Em muitos casos os

resíduos de açúcar são acilados pelos ácidos p-cumárico, cafeíco, ferrúlico,

malônico, p-hidroxibenzóico, oxálico, málico, succínico ou acético[62].

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INTRODUÇÃO

18

OH

OH

OH

OH

HO O

OH

Delfinidina

OH

OCH3

OH

HO O

OH

Peonidina

OH

OH

OH

HO O

OH

Cianidina

OH

OCH3

OH

OH

HO O

OH

Petunidina

OH

OH

HO O

OH

Pelargonidina

OH

OCH3

OCH3

OH

HO O

OH

Malvidina

Figura 9. Antocianidinas comumente encontradas em flores.

Dependendo do grau de acidez ou alcalinidade, as antocianinas adotam

diferentes estruturas químicas em meio aquoso. Cada uma dessas estruturas

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INTRODUÇÃO

19

apresenta absorção característica na região do espectro visível[63]. Em meio ácido e

temperatura de 25 oC quatro estruturas coexistem em equilíbrio: o cátion flavílio, a

base quinoidal, a chalcona e a hemiacetal. Entretanto, somente o cátion flavílio e a

base quinoidal apresentam coloração, a chalcona e o hemiacetal são formas

incolores (Figuras 10 e 11).

OH

OMe

OMe

OH

HO O

O -β-D-Glc

OH

HO O

O -β-D-Glc

O

OMe

OMe

OH

OMe

OMe

OH

O O

O -β-D-Glc

base quinoidal

- H+ + H+

formas coloridas

cátion flavílio

- H2O / + H+ + H2O / - H+

OH

HO O

O -β-D-Glc

OHOMe

OH

OMe

OH

HO

O -β-D-Glc

OHOOMe

OH

OMe

cis-chalcona

trans-chalcona

OMe

OH

HOO -β-D-Glc

O

OH OH

OMe

formas menos coloridas

(pH 1-3)

(pH 4-5)

hemiacetal

(pH 6-7)

Figura 10. Possíveis mudanças estruturais das antocianinas em meio aquoso em

função do pH.

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INTRODUÇÃO

20

↑ pH →

Figura 11. Variação de coloração da pelargonidina em função do pH.

Entre as inúmeras funções destes compostos, uma das mais importantes é a

de agir como atraentes de insetos e pássaros, com o objetivo de polinizar e

dispersar as sementes, sendo assim um dos responsáveis pela grande interação

entre plantas e animais[64]. Outra função consiste na sua atividade inibidora sobre o

crescimento de larvas de alguns insetos.

O uso de extratos antociânicos como corantes naturais desperta amplo

interesse, entretanto, este uso é bastante limitado em decorrência da grande

instabilidade desses compostos a vários fatores, dentre os quais destacam-se a luz

e a temperatura de congelamento.

Os resultados de uma pesquisa, reportados por Manach et al[65], mostraram a

biodisponibilidade de antocianinas em seres humanos. Doses únicas de 150 mg a 2

g de antocianinas foram administradas a voluntários, em forma de extratos de

amoras, sendo que após alguns minutos estas já estavam na corrente sanguínea.

Depois de ingeridas, as concentrações de antocianinas medidas no plasma foram

baixas, no entanto o tempo médio para alcançar a concentração máxima foi de 1,5 h

para plasma e 2,5 h para urina, tempos estes, muito mais curtos do que os

encontrados para os outros flavonóides. A maioria dos estudos revelou excreções

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INTRODUÇÃO

21

urinárias relativamente baixas em relação a outros flavonóides, embora Lapidot et

al[66] e Felgines et al[67] tenham observado níveis mais altos de excreção de

antocianinas após o consumo de vinho tinto ou morango. Destaca-se que as

antocianinas foram rapidamente absorvidas e eliminadas, no entanto esta aparente

absorção foi ineficiente.

Embora a biodisponibilidade de antocianinas pareça baixa, duas razões

principais podem ter sido subestimadas, isto é, algum metabólito importante talvez

tenha sido ignorado ou os métodos usados necessitem ser otimizados para a análise

dos metabólitos das antocianinas. As diferentes formas químicas das antocianinas

estão presentes em equilíbrio, dependendo do pH. Na maioria dos estudos, a

quantificação foi feita por detecção ultravioleta-visível, por conversão completa de

todas as formas químicas de antocianinas à forma de cátion flavílio colorido, com

acidificação. No entanto, é possível que algumas formas existentes em pH neutro

não sejam convertidas na forma de flavílio, devido a algumas reações químicas com

outros componentes do plasma ou urina, por exemplo. O principal questionamento

em diversos artigos, são as importantes diferenças no metabolismo das antocianinas

quando comparadas a outros polifenóis. Enquanto os outros flavonóides são

geralmente recuperados no plasma e urina como sulfato, metil ou ácido glicurônico

conjugados, com nenhum ou somente traços de suas formas intactas, para as

antocianinas, os glicosídeos inalterados foram o único metabólito identificado na

maioria de estudos.

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INTRODUÇÃO

23

dos cromóforos. Estas interações são provavelmente forças fracas, ou seja,

interações hidrofóbicas[71].

Figura 12. Modelo para copigmentação intramolecular[72].

Na copigmentação intermolecular das antocianinas (Figura 13) com

compostos incolores, fenólicos ou não, predominam, provavelmente, forças de Van

der Waals e efeitos hidrofóbicos em meio aquoso, como resultado do

“empilhamento” entre a molécula de antocianina e o copigmento[70].

Fig. 13. Copigmentação intermolecular (1:1) entre apigenidina e quercetina-5’-ácido

sulfônico[73].

Com referência às soluções originais de antocianinas, os espectros de

soluções copigmentadas normalmente exibem uma mudança na absorção máxima

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INTRODUÇÃO

24

do UV-Visível em direção a comprimentos de onda maiores (efeito batocrômico)

juntamente com um aumento de absortividade molar (efeito hipercrômico). A

intensidade destes efeitos depende de muitos fatores tais como, pH, temperatura,

natureza da antocianina e do copigmento e a relação molar copigmento/pigmento.

O efeito hipercrômico não ocorre devido ao aumento do coeficiente de

absorção, mas ao aumento da concentração de moléculas coloridas. O efeito

batocrômico pode ser explicado pela redução local na polaridade do cromóforo

flavílio, causado pelo envolvimento desse com o copigmento mediante associações

hidrofóbicas[74]. O complexo pigmento-copigmento formado depende da

concentração de ambos os compostos. Elevando-se a concentração desses, o efeito

hipercrômico e o deslocamento batocrômico no comprimento de onda de máxima

absorção também aumentam[72].

Nos estudos realizados por Gris et al[75], utilizando-se ácido cafêico, observou-

se um aumento no comprimento de onda máximo de absorção (efeito batocrômico) e

na absorbância (efeito hipercrômico) nos espectros de absorção de antocianinas em

pH 3,0 e 4,0, caracterizando uma reação de copigmentação intermolecular. O ácido

cafêico conferiu maior estabilidade às soluções de antocianinas sob as condições de

armazenamento avaliadas, proporcionando assim um aumento de 6673 h ao t1/2 das

antocianinas.

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INTRODUÇÃO

25

I.2-FLAVONÓIDES E SUAS RESPOSTAS BIOLÓGICAS

Uma das características dos flavonóides que menos desperta divergências é

a sua função antioxidante, que consiste na remoção de radicais livres de diversos

tipos. Muitos trabalhos recentemente descritos[76-78] demonstram que os flavonóides

têm diferentes capacidades de fazer a limpeza dos radicais livres que "escapam" dos

mecanismos de proteção celular (enzimas como a SOD, catalase e vitaminas A, C e

E), funcionando também como agentes preventivos aos danos oxidativos tal como a

proteção contra espécies que atacam as membranas celulares causando a

peroxidação lipídica[78,79] (Figura 14), o que acarreta o aumento da permeabilidade

celular com a entrada do cálcio, a saída do citocromo c e das mitocôndrias e

ativação da esfingomielinase, todos processos que ativam as proteínas sinalizadoras

de morte celular.

Os flavonóides são antioxidantes em virtude do número e do arranjo dos seus

grupos hidroxilas fenólicas ligados a sua estrutura[55]. A atividade removedora de

radicais livres dos flavonóides consiste na doação de hidrogênios fenólicos[80,81]. A

presença de grupos doadores de elétrons nas posições orto e para do sítio envolvido

na doação do átomo de hidrogênio, aumenta a atividade antioxidante do flavonóide

através de um efeito indutivo[82]. Embora a atividade de vários antioxidantes dependa

de inúmeros fatores, a estabilidade ou a reatividade do radical antioxidante primário,

formado após a perda do átomo de hidrogênio, é sem dúvida o mais importante.

Sendo assim, a deslocalização do elétron desemparelhado na molécula do

composto em questão é determinante neste processo. Dentre os demais fatores que

regulam a atividade antioxidante dos flavonóides destaca-se a grande variação da

natureza e do número de grupos substituintes ligados diretamente na estrutura do

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INTRODUÇÃO

26

composto; como foi demonstrado que a presença de grupos volumosos nas

proximidades de grupos hidroxilas pode influenciar a atividade antioxidante do

composto devido a efeitos de ordem estérea[82].

Na literatura, dois mecanismos principais nos quais os antioxidantes exercem

seu papel protetor são extensamente estudados. O primeiro envolve a transferência

de um átomo de hidrogênio; o radical livre R• remove um átomo de hidrogênio do

antioxidante (ArOH) de acordo com a equação abaixo:

R• + ArOH → RH + ArO• (1)

O segundo se estabelece através do mecanismo de transferência de um

elétron; o antioxidante pode doar um elétron para o radical livre (Equação 2):

R• + ArOH → R- + ArOH•+ (2)

Os radicais que surgem de ambas as reações (ArO• e ArOH•+) devem ser

estáveis para prevenir ou retardar as reações radicalares em cadeia.

Outro mecanismo, não tão estudado como os anteriores, é baseado na

habilidade de alguns destes compostos em quelar íons de metais de transição

(especialmente ferro e cobre), formando complexos estáveis.

Os íons Fe(II) e Cu(I) são conhecidos por induzir o estresse oxidativo em

sistemas biológicos atuando como catalisadores na síntese de radicais livres

(reações de Fenton, Equação 3). Os íons metálicos são considerados essenciais à

vida e estão envolvidos em muitos processos fisiológicos, no entanto, quando se

acumulam no corpo por várias razões podem induzir o estresse oxidativo[83]. No

nosso organismo, os metais de transição mais importantes para a ocorrência dessa

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INTRODUÇÃO

27

reação são Cu(I) e Fe(II). Nesse sistema, a importância do ferro é mais pronunciada

devido a sua maior biodisponibilidade, pois na maior parte do tempo ele encontra-se

complexado com proteínas de transporte (ex. transferrina), e armazenamento (ex.

ferritina e hemosiderina). A coordenação dos flavonóides com íons metálicos, na

maioria das vezes, resulta na formação de complexos insolúveis, portanto

indisponíveis para atuarem na reação de Fenton, e com atividade antioxidante

superior a do respectivo flavonóide livre[84-86].

De fato, durante a Reação de Fenton, radicais hidroxila são produzidos

através do peróxido de hidrogênio na presença de um metal de baixo estado de

oxidação:

H2O2 + Mn+ → HO- + HO• + M(n + 1)+ (3)

A química de Fenton pode ocorrer em neurônios dopaminérgicos do tecido

nervoso, no qual normalmente o catabolismo da dopamina produz alguma

quantidade de peróxido de hidrogênio[87]. A acumulação de radicais livres nestes

neurônios pode ser reconhecida como o principal agente etiológico da doença de

Parkinson. As combinações metal-quelato removem os metais e podem alterar seu

potencial redox, tornando-os inativos[87].

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INTRODUÇÃO

28

Figura 14. Peroxidação lipídica.

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OBJETIVOS

29

II.OBJETIVOS

O objetivo deste trabalho foi preparar e caracterizar complexos de íons

metálicos Al(III), Cu(II), Fe(II), Ni(II) e Zn(II) com flavonóides, mais especificamente,

flavonols, antocianinas e antocianidinas (Figura 15) e realizar um estudo

comparativo da atividade antioxidante destes flavonóides e respectivos complexos,

utilizando-se o método do radical livre estável DPPH•.

Delfinidina

Cianidina

Pelargonidina

Cianidina-3-G Pelargonidina-3-G

Miricetina Fisetina

Figura 15. Estruturas dos compostos propostos neste trabalho.

O

OH

OH

HO

OH

OH

OH

1'

2

2'

3

3'

4

4'

5

5'

6

6'7

8

+ O

OH

OH

HO

OH

OH

1'

2

2'

3

3'

4

4'

5

5'

6

6'7

8

+

O

OH

OH

HO

OH

1'

2

2'

3

3'

4

4'

5

5'

6

6'7

8

+

O

O

OH

HO

OH

OH

1'

2

2'

3

3'

4

4'

5

5'

6

6'7

8

+

O

CH2OH

OH

OH

OH

O

O

OH

HO

OH

1'

2

2'

3

3'

4

4'

5

5'

6

6'7

8

+

O

CH2OH

OH

OH

OH

O

OH

HO

O

OH

OH

1

1'

2

2'

3

3'

4

4'

5

5'

6

6'7

8O

OH

OH

HO

O

OH

OH

OH1

1'

2

2'

3

3'

4

4'

5

5'

6

6'7

8

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OBJETIVOS

30

Estes estudos foram complementados através de métod

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PARTE EXPERIMENTAL

31

III.PARTE EXPERIMENTAL

III.1-MATERIAIS

Os reagentes utilizados foram:

– Cianidina (Extrasynthese)

– Delfinidina (Extrasynthese)

– Pelargonidina (Extrasynthese)

– Cianidina-3-G (Extrasynthese)

– Pelargonidina-3-G (Extrasynthese)

– Miricetina (Extrasynthese)

– Fisetina (Extrasynthese)

– Metanol grau HPLC (Mallinckrodt)

– Cloreto de cobre (II) dihidratado (Mallinckrodt)

– Cloreto de alumínio (III) hexahidratado (Mallinckrodt)

– Cloreto de zinco (II) (Mallinckrodt)

– Cloreto de ferro (II) (Mallinckrodt) ou sulfato de ferro (II) heptahidratado

– Cloreto de níquel (II) hexahidratado (Aldrich)

– Perclorato de lítio (Aldrich)

– 1,1-Difenil-2-Picril-Hidrazil (DPPH•) (Aldrich)

– Ácido cítrico (Acros Organics)

– Hidrogeno fosfato de sódio (Aldrich)

– Ácido ascórbico (Aldrich)

– Ácido bórico (Merck)

– Ácido fosfórico (Synth)

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PARTE EXPERIMENTAL

33

Solução tampão Britton-Robinson[90]: x mL de hidróxido de sódio 0,2 mol.L-1 (NaOH)

adicionado a 100 mL de solução estoque de ácido acético (0,04 mol.L-1), ácido

fosfórico (0,04 mol.L-1) e ácido bórico (0,04 mol.L-1)

pH NaOH 0,20 mol.L-1 (x mL)

1,81 0,00 8,09 60,00 8,65 65,00 9,57 75,00

III.2-TÉCNICAS DE ANÁLISE E CARACTERIZAÇÃO

III.2.1-Análise Elementar

A análise elementar dos elementos carbono e hidrogênio dos compostos

preparados foi realizada em um equipamento de ANÁLISE ELEMENTAR CARLO

ERBA EA111 do Instituto de Química/USP – São Paulo.

Os resultados mostrados representam a média aritmética de uma análise em

duplicata.

III.2.2-Espectroscopia de Absorção na Região do Infravermelho

Os espectros obtidos para os complexos de miricetina e fisetina foram

realizados em um espectrômetro SPECTRUM RX / FTIR SYSTEM, utilizando-se 4

varreduras com resolução de 4 cm-1, abrangendo a faixa de 400–4000 cm-1, em

pastilhas de KBr. Uma pequena quantidade da amostra é triturada utilizando-se um

almofariz de ágata juntamente com brometo de potássio (KBr). Pastilhas desta

mistura foram obtidas utilizando-se um pastilhador com 12.0 mm de diâmetro e uma

pressão da ordem de 1.0x107 Pa.

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PARTE EXPERIMENTAL

34

III.2.3-Espectroscopia de Absorção na Região do Ultravioleta-Visível

As medidas de absorção na região do ultravioleta-visível foram efetuadas no

espectrofotômetro HEWLET PACKARD modelo 8453, na faixa de 190-900 nm, com

abertura de fenda de 0,2 nm, em cubetas de quartzo de caminho óptico igual a 1 cm.

III.2.4-Voltametria Cíclica

Os voltamogramas cíclicos foram obtidos em um potenciostato da EG & G-

PAR modelo 273 A, utilizando uma célula eletroquímica de vidro com capacidade

para 10 mL, eletrodo de referência Ag/AgCl, fio de platina como eletrodo auxiliar e

como eletrodo de trabalho carbono vítreo.

III.2.5-Condutância Molar

Os experimentos para determinação das condutâncias molares dos

complexos foram realizados em temperatura ambiente em solução de metanol (1

mmol.L-1), usando um condutívimetro DSS-11A da Metrohm.

III.2.6-Termogravimetria (TG) e Análise Térmica Diferencial (DTA)

As curvas termogravimétricas e de análise térmica diferencial foram obtidas

através do módulo de análise térmica simultâneo, em um equipamento SDT 2960,

TA Instruments.

Os termopares para a amostra e referência são de Pt – Pt/Rh 13%, com

sensibilidade de balança de 0,1 µg e precisão 1%, capacidade de peso de 200 mg

(350 mg incluindo os cadinhos), sensibilidade ∆T (DTA) de 0,001 oC.

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PARTE EXPERIMENTAL

35

As curvas foram obtidas com massa de amostra em torno de 5 mg, em

atmosfera dinâmica de ar sintético, em razões de aquecimento de 20 oC min-1.

III.2.7-Espectroscopia Raman

Os espectros foram obtidos em um equipamento de micro-Raman Renishaw

RM2000, laser de He/Ne (632.8nm), área aproximada do spot 1micron-quadrado

(magnificação de 500 vezes e em um espectrômetro RAMAN de baixa resolução

(Raman System, Inc), com LASER diodo operando no infravermelho próximo (785

nm), detector do tipo CCD de 2048 elementos e interface gráfica desenvolvida em

ambiente MATLAB.

III.2.8-RMN 1H

Os espectros de RMN 1H foram obtidos utilizando-se um espectrômetro

Bruker DRX 400 MHz 9.4 T, em soluções tendo CD3OD como solvente.

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PARTE EXPERIMENTAL

36

III.3-MÉTODOS EXPERIMENTAIS

III.3.1-Métodos de Job[91] e Razão Molar[92]

Para a determinação das estequiometrias dos complexos utilizou-se dois

métodos diferentes.

O “Método de Job” foi implementado mantendo-se constante a soma das

concentrações do ligante Cligante e do íon metálico Cmetal, enquanto a proporção

metal/ligante foi metodicamente variada. Os valores de absorbância medidos foram

utilizados na construção de gráficos, em função da fração molar do ligante; os

valores máximos mostrados nas curvas indicam as estequiometrias dos complexos.

Para o “Método da Razão Molar”, a concentração do ligante (flavonóide) foi

mantida constante, enquanto que a concentração do metal foi sistematicamente

variada. Através da construção de um gráfico de absorbância em função da razão

molar de uma das espécies, observa-se a variação de absorbância até a razão molar

correspondente a estequiometria do complexo a ser atingida; verifica-se uma

mudança de inclinação da curva após a razão estequiométrica ter sido alcançada.

Portanto a intersecção das duas retas permite determinar a razão molar

correspondente a estequiometria.

III.3.2-Propriedades antioxidantes dos compostos (Método do DPPH)

As propriedades antioxidantes dos compostos foram estudadas utilizando-se

o método do radical DPPH•, de acordo com os procedimentos descritos na

literatura[93-96]. O radical livre estável 1,1-difenil-2-picril-hidrazil (DPPH•) (Figura 16) é

o reagente mais utilizado para determinar as propriedades antioxidantes dos

flavonóides. O mecanismo da reação consiste na abstração de um átomo de

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PARTE EXPERIMENTAL

37

hidrogênio do antioxidante, resultando na formação de difenilpicrilhidrazina e um

radical fenoxila (formado a partir do flavonóide). A reação envolve uma mudança de

coloração do violeta para o amarelo sendo facilmente acompanhada pela medida da

diminuição da absorbância da solução do radical DPPH• em 515 nm.

Figura 16. Primeira etapa do mecanismo da reação de abstração de hidrogênio

do antioxidante pelo radical livre estável DPPH•.

III.3.3-Determinação do Parâmetro EC50

Uma alíquota (0,1 mL) de uma solução contendo diferentes concentrações

finais (1,0; 2,0; 4,0; 6,0; 8,0; 10, 15 e 20 µmol.L-1) dos compostos, em metanol, foi

adicionada a 3,9 mL de uma solução, em metanol, de DPPH• 59,55 µmol.L-1

(concentração na mistura final). A diminuição na absorbância do radical DPPH• em

515 nm, foi acompanhada até atingir o estado estacionário. A temperatura da cela foi

mantida em 25°C durante todo o procedimento.

A concentração inicial exata do radical DPPH• foi calculada utilizando uma

curva de calibração, cuja equação foi determinada pela regressão linear

demonstrada na Figura 17.

O2N

O2N

NO2

OH

N N N N

H

O2N

O2N

NO2+ +

O

DPPH DPPHH

violeta amarelo

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PARTE EXPERIMENTAL

38

3,00x10-5 4,50x10-5 6,00x10-5 7,50x10-5 9,00x10-5 1,05x10-4

0,4

0,6

0,8

1,0 Linear Regression for Data1_E:Y = A + B * X

Parameter Value Error--------------------------------------------------A -0.01824 0.00614B 10034.9258791.77463--------------------------------------------------

R SD N P--------------------------------------------------0.99975 0.0054 8 <0.0001------------------------------------------------------------

Abs

orbâ

ncia

Concentração mol.L-1

Figura 17. Curva de calibração para DPPH.

Para cada concentração de antioxidante testada, a porcentagem de DPPH•

contida no estado estacionário foi calculada da seguinte forma:

% DPPH• remanescente = [DPPH•]T/[DPPH•]T=0 (4)

onde T é o tempo decorrido utilizado no experimento.

Gráficos dos valores obtidos, utilizando a Equação 4, em função da

concentração dos compostos, forneceram as concentrações necessárias para

diminuir em 50% as concentrações iniciais do radical DPPH• (EC50).

III.3.4-Estudo da interação entre o ácido ascórbico e as antocianinas e

antocianidinas

A interação dos compostos antioxidantes foi avaliada por meio de

comparação da soma dos valores individuais dos compostos testados na inibição do

radical DPPH• (valor calculado = inibição antocianina + inibição do ácido ascórbico)

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PARTE EXPERIMENTAL

40

A geometria de equilíbrio é aquela obtida através da minimização de energia

eletrônica e de repulsão internuclear do sistema molecular sob estudo quando da

variação das coordenadas atômicas. A este processo de procura da geometria de

equilíbrio dá-se o nome de otimização. Observa-se geralmente que, quanto mais

avançado o nível de cálculo empregado, maior a concordância alcançada entre os

valores das geometrias de equilíbrio e experimentais[108].

A partir das geometrias otimizadas da cianidina, delfinidina e pelargonidina,

pode-se determinar as características estruturais desses compostos tais como:

distâncias e ângulos de ligação, ângulos de torsão (diedro 6’-1’-2-3, ver Figura 18), o

qual reflete a planaridade da molécula e os momentos de dipolo dos compostos. As

principais alterações nas geometrias de equilíbrio da cianidina e delfinidina,

decorrentes da complexação com o cátion Al(III), foram observadas pela

comparação das características estruturais dessas duas antocianidinas antes e

depois da ligação com o metal.

O

OOH

HO

OH

OH

OHTorsão

6'

1'2

3

Figura 18. Representação do diedro 6’-1’-2-3 na estrutura dos flavonóides,

representando a planaridade do anel B com o plano molecular.

III.4.2-Cargas atômicas de Mulliken

A química, durante sua história, sempre procurou maneiras de explicar

qualitativa e quantitativamente os fenômenos da natureza através de modelos.

Assim, no decorrer destes estudos, a simplicidade foi e continua sendo uma das

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PARTE EXPERIMENTAL

41

características mais desejadas dos modelos. Dessa forma, os modelos de cargas

pontuais desempenham um papel de suma importância na representação da

distribuição de cargas de sistemas moleculares. Estes procuram resumir toda a

informação referente aos núcleos e à nuvem eletrônica molecular através de

quantidades definidas como cargas atômicas, as quais são centradas nos núcleos.

Apesar de ser um tratamento aproximado, o modelo permite uma análise

rápida e bastante simples de diversos problemas comuns na química, dentre os

quais destacam-se:

1) Estudo de efeitos de substituintes na previsão de grandezas como acidez e

basicidade de compostos;

2) Previsão de fatores determinantes de reações químicas como entalpias de

formação, energias de ativação e interações com sítios ativos;

3) Estudos de correlação entre estrutura química e atividade biológica;

4) Racionalização de características importantes em estudos biológicos como a

capacidade da formação de ligações de hidrogênio;

5) Estudos de correlações entre cargas e eletronegatividades;

6) Reprodução dos momentos de dipolos.

Neste contexto, os modelos de carga tentam representar de maneira

simplificada a informação que normalmente pode ser obtida através da análise da

distribuição de densidade eletrônica de uma molécula, a qual torna-se extremamente

complicada dependendo do sistema estudado. Entretanto estas cargas não são

observáveis, ou seja, não podem ser obtidas diretamente da função de onda, pois

não existe operador próprio para representar esta propriedade. Assim surgiram

diversos modelos teóricos de cargas atômicas (Mulliken, CHELPG, Bader (AIM),

entre outros) e não parece existir um consenso no meio cientifico sobre qual destes

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PARTE EXPERIMENTAL

42

modelos seria o mais adequado, uma vez que algumas propriedades podem ser

representadas por um tipo de carga específico, enquanto que as outras não.

O modelo de cargas atômicas de Mulliken[109,110] é um esquema de partição,

baseado no uso das matrizes densidade e de recobrimento, para distribuir os

elétrons de uma entidade molecular de algum modo fracionário entre suas várias

partes (átomos, ligações, orbitais, etc.). Como outros esquemas de partição da

densidade eletrônica em moléculas, o método de cargas atômicas de Mulliken é

arbitrário e, além disso, é fortemente dependente do conjunto de bases

empregado[109]. Isto significa que as cargas de Mulliken não convergem para um

valor definitivo em relação ao avanço na sofisticação do nível de cálculo empregado.

III.4.3-Cargas atômicas GAPT (Generalized Atomic Polar Tensor)

As cargas GAPT (Generalized Atomic Polar Tensor)[111] são obtidas pelos

tensores atômicos polares os quais se relacionam com as intensidades das bandas

no espectro infravermelho. O Tensor Atômico Polar (APT: Atomic Polar Tensor) para

um átomo é definido como:

∂∂

∂∂

∂∂

∂∂

=

zyx

zyx

zyx

zzz

yyy

xxx

µµµ

µµµ

µµµ

V(APT) (5)

A matriz é dependente no sistema de coordenadas, porém, o mesmo não

acontece com sua diagonal. Cioslowski propôs a definição das cargas atômicas

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PARTE EXPERIMENTAL

43

como sendo 1/3 do traço do APT, (Equação 5). Estas foram denominadas de cargas

GAPT (Generalized Atomic Polar Tensor) demonstrada na Equação 6[112].

))((3

1)GAPT(QA APTVTr= (6)

III.4.4-HOMA (Harmonic Oscillator Model of Aromaticity)

O método HOMA[113,114] é um índice para medida de aromaticidade, que utiliza

os comprimentos de ligação entre átomos situados em um anel como critério para

avaliação da variação da aromaticidade. Esse índice apresenta como diferencial o

fato de que ao invés de utilizar comprimentos (ou ordens de ligação) de ligações

médios, são empregados os conceitos de comprimento de ligação ótimo (Ropt):

∑=

−−=n

i

iopt RRn

HOMA1

2)(1α (7)

na qual “n” é o número de ligações contidas na somatória e “α” é uma constante

empírica escolhida para fornecer HOMA = 0 para estruturas hipotéticas de Kekulé de

sistemas aromáticos (com comprimentos de ligações C-C como no polieno acíclico

1,3-butadieno) e HOMA = 1 para o sistema com todas as ligações iguais ao valor do

Ropt. Os comprimentos de ligação individuais são descritos por “Ri”. O valor de Ropt é

definido como o comprimento de ligação C-C para o qual a energia é mínima

(estimada pelo uso do potencial harmônico), ao se considerar a compressão do

comprimento de uma ligação dupla e a expansão do comprimento de uma ligação

simples no 1,3-butadieno.

Este modelo permite separar dois termos que descrevem diferentes

contribuições para o decréscimo da aromaticidade: (i) devido ao aumento ou

redução do comprimento de ligação frente ao comprimento de ligação médio (o

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PARTE EXPERIMENTAL

44

termo denominado EN) e (ii) devido à alternância dos comprimentos de ligação, ou a

localização das ligações simples e duplas (o termo denominado GEO), como

observado nas equações abaixo:

GEOENRRn

RRRRn

HOMAn

i

iavavopt

n

i

iopt −−=

−+−−=−−= ∑∑

==

1)()(1)(11

22

1

2 αα

α (8)

na qual “Rav” é o comprimento de ligação médio

==== ∑∑∑∑

====

n

i

iav Rn

R1

1 e:

<<<<−−−−

>>>>====−−−−====

optav

optav

avoptRR

RRfRRfEN

:1

:1;)(

2αααα (9)

∑=

−=n

i

iav RRn

GEO1

2)(α (10)

O desenvolvimento da Equação 8 não pode ser aplicado diretamente para

sistemas heterocíclicos aromáticos[113]. Nesses casos, uma modificação adicional do

índice HOMA deve ser realizada[113,114]. As ligações com heteroátomos são

representadas pelos números de ligação de Pauling (n):

)ln()1()( ncRnR −−−−====−−−− (11)

Então “n” é calculado pelo uso do modelo de comprimento de ligação para

simples ou duplas ligações, R(1) e R(2), respectivamente:

c

nRRn

)()1(exp

−−−−==== (12)

Conseqüentemente, os números de ligação são convertidos em ligações “C-C

virtuais” com o uso da fórmula:

)ln(1702.0467.1)( nnr −−−−==== (13)

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PARTE EXPERIMENTAL

45

Finalmente, os valores de “r(n)” da Equação 13 podem ser aplicados na

Equação 8 para obtenção do índice HOMA e seus componentes EN e GEO. Na

Tabela abaixo estão expostos os parâmetros estruturais do índice HOMA para

sistemas heteroaromáticos[113,114].

Tabela 1. Parâmetros estruturais do índice HOMA para sistemas heteroaromáticos

Ligação R(1) R(2) Ropt α c nopt

CC 1,467 1,349 1,388 257,7 0,1702 1,590 CN 1,467 1,269 1,334 93,52 0,2828 1,589 CO 1,367 1,217 1,265 157,38 0,2164 1,602 CP 1,814 1,640 1,698 118,91 0,2510 1,587 CS 1,807 1,611 1,677 94,09 0,2828 1,584 NN 1,420 1,254 1,309 130,33 0,2395 1,590 NO 1,415 1,164 1,248 57,21 0,3621 1,586

III.5-PREPARAÇÃO DOS COMPLEXOS

Os complexos com os flavonóides miricetina e fisetina foram preparados pela

dissolução do flavonóide e do sal contendo o íon metálico, em uma quantidade

mínima de metanol, utilizando-se quantidades correspondentes as estequiometrias

determinadas. Uma pequena quantidade de água gelada foi adicionada até o

aparecimento de um sólido, que foi separado por filtração e em seguida lavado com

uma mistura 1:3 etanol/água e posteriormente com água[115]. O produto foi mantido

sob vácuo por aproximadamente 48 horas. Os rendimentos para as preparações

foram de 60-80% em média.

Para as antocianidinas e antocianinas, os complexos foram obtidos pela

dissolução destes compostos e do respectivo sal do íon metálico, em metanol.

Vale ressaltar que para se atingir as concentrações desejadas, as soluções

foram preparadas por diluições precisas de soluções estoques, recém-preparadas,

de antocianinas e antocianidinas.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

46

IV.RESULTADOS E DISCUSSÃO

IV.1-DETERMINAÇÃO DAS ESTEQUIOMETRIAS E PREPARAÇÃO DOS

COMPLEXOS

As estequiometrias dos complexos foram estimadas utilizando-se o método

de Job[91], que consiste em variar a concentração dos componentes flavonóide e

metal mantendo-se constante o número total de moléculas presentes na solução e/

ou da razão molar[92] como mostrado nas Figuras 20 à 25.

Os espectros de absorção na região do UV-Visível dos flavonóides

normalmente apresentam dois conjuntos de bandas que são atribuídos às diferentes

partes dos anéis aromáticos[115,116] O primeiro conjunto (Banda I) em 350-385 nm

corresponde ao sistema denominado Cinamoil-Anel B e o segundo (Banda II), em

250-280 nm corresponde ao sistema denominado Benzoil-Anel A, conforme

representado na Figura 19 para a quercetina.

O

OH

OH

HO

O

OH

OH2'

3

3'

4'

5

7A

B5'

6'

8

6

C

BenzoilBanda II

Cinamoil Banda I

Figura 19. Estrutura da quercetina e localização das bandas referentes aos sistemas

Benzoil e Cinamoil.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

48

-0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,20,00

0,05

0,10

0,15

0,20

Abs

orbâ

ncia

Fração molar da Miricetina

Figura 21. Variação da absorbância em 439 nm em função da fração molar da

miricetina.

Para a complexação entre miricetina e Al(III) (Figura 22), optou-se pelo

método da razão molar, onde a concentração de uma das espécies foi mantida

constante, enquanto a concentração da outra foi sistematicamente variada.

Algumas mudanças importantes foram observadas em relação ao espectro

obtido utilizando-se Al(III), como a presença de duas bandas referentes à formação

de complexos.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

49

300 400 500 600 700 8000,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda (nm)

Miricetina/Al(III)

447434

374

Figura 22. Espectros de UV-Vis correpondentes a formação do complexo entre a

miricetina e Al(III) em metanol, Cmiricetina = 0,032 mmol.L-1.

As mudanças espectrais foram acompanhadas pela adição de Al(III) e

demonstraram uma diminuição de intensidade na banda em 374 nm e um aumento

na banda em 434 nm com a quantidade de metal adicionada. A Figura 22 mostra a

presença de dois pontos isosbésticos. Para a razão Al(III):miricetina menor do que

0,5 temos o primeiro ponto isosbéstico, observado em 395 nm e indicativo de que

duas espécies estão em equilíbrio na formação do primeiro complexo.

O segundo ponto isosbéstico é observado em 430 nm, acompanhado pelo

aumento de uma nova banda em 447 nm, característico da formação de um

segundo complexo. A Figura 23 mostra a variação da absorbância em função da

razão molar para a formação do segundo complexo, indicando uma razão 2:1

Al(III):miricetina.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

50

Nota-se também que os dois processos de complexação ocorrem

consecutivamente e implicam em dois sítios de ligação. A presença do flavonóide na

sua forma livre não é observada na formação do segundo complexo, indicando que

esta segunda complexação somente é iniciada quando as moléculas da miricetina já

estão envolvidas na formação do primeiro complexo.

0 1 2 3 4 5 6

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

Abs

orbâ

ncia

Fração molar Al(III)/Miricetina

Figura 23. Variação da absorbância em 447 nm. A concentração da miricetina foi

mantida constante Cmiricetina = 0,032 mmol.L-1.

Para a complexação entre fisetina e Al(III) utilizou-se também o método da

Razão Molar e os resultados são mostrados na Figura 24.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

52

Nota-se que, semelhantes aos espectros da miricetina, neste caso também

dois pontos isosbésticos são observados, sugerindo a formação de dois complexos

em solução.

Na Figura 25 observa-se o gráfico da variação da absorbância em 453 nm,

indicando uma estequiometria de 2:1 Al(III):fisetina.

Cornard e Merlin[117] sugerem um mecanismo para a formação dos dois

complexos mostrado, na Figura 26, utilizando-se a quercetina. A primeira posição

ocupada pelo Al(III) é a 3-hidroxil-4-oxo, resultando na obtenção do complexo I.

Figura 26. Mecanismo proposto para a complexação quercetina/Al(III)[117].

Devido ao importante impedimento estérico provocado pela primeira

complexação e também por uma forte ligação de hidrogênio intramolecular entre o

OH na posição 5 e o grupo carbonila (4-oxo), a posição 5-hidroxil-4-oxo é bastante

desfavorecida para a formação do segundo sítio de coordenação,

conseqüentemente, o complexo II apresenta o Al(III) ocupando a posição 3’,4’-

hidroxil. Estas observações também são válidas para a miricetina. Entretanto, para a

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

53

fisetina existem apenas duas possibilidades de sítios de coordenação: 3-hidroxil-4-

oxo e 3’,4’-hidroxil, já que este composto não possui hidroxila na posição 5 como

pode ser observado na Figura 27.

a b

O

OH

OH

HO

O

OH

OH

OH1

1'

2

2'

3

3'

4

4'

5

5'

6

6'7

8

O

OH

HO

O

OH

OH

1

1'

2

2'

3

3'

4

4'

5

5'

6

6'7

8

Figura 27. Estruturas dos flavonóides: (a) miricetina; (b) fisetina.

Como os complexos obtidos para os flavonóides miricetina e fisetina foram

isolados, para a preparação dos mesmos utilizou-se uma quantidade referente a 2:1

metal:ligante, evitando a formação de complexos com outras estequiometrias.

Para as antocianidinas e antocianinas os conjuntos de bandas que são

atribuídos às diferentes partes dos anéis aromáticos correspondem à: Banda II: 270-

280 nm e Banda I 465-560 nm.

Observa-se na Figura 28 para a interação entre a cianidina e Al(III), que com

a formação do complexo, a Banda II não apresenta deslocamento e sim apenas um

decréscimo de intensidade, enquanto que a Banda I é deslocada de 537 nm para

573 nm. Monitorando-se as bandas de absorção do complexo cianidina/Al(III) em

573 nm em função da fração molar da cianidina obteve-se através do método de Job

a estequiometria da complexação representada na Figura 29.

Ao contrário do que foi observado para a miricetina e fisetina, em relação às

antocianinas a formação dos complexos envolve uma mudança expressiva na

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

54

coloração deste compostos que passam de uma tonalidade avermelhada ou rósea

para um azul bastante intenso[117,118].

200 300 400 500 600 7000,0

0,5

1,0

1,5

2,0

0,2

0,250,330,40,50,60,670,750,81

Cianidina/Al(III)AbsorbânciaComprimento de onda (nm) Figura 28. Espectros UV-Vis correpondentes a formação do complexo entre

cianidina e Al(III) em metanol. Os números nos espectros indicam a fração molar da

cianidina (Ccianidina), CAl(III) e Ccianidina = 0,05 mmol.L-1. 0,20,40,60,81,0

0,40,50,60,70,80,91,0

Cianidina/Al(III)AbsorbânciaFração molar da Cianidina Figura 29. Variação da absorbância em 573 nm em função da fração molar da

cianidina.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

55

Outra particularidade observada foi o tempo necessário para a formação dos

complexos, que diferente do que foi notado com a miricetina e fisetina, que ocorrem

quase que imediatamente, para as antocianinas alguns minutos são necessários até

a formação dos complexos.

A cinética de complexação entre a cianidina e Al(III) foi monitorada em 573

nm de 30 em 30 segundos durante aproximadamente 1 hora até atingir o estado

estacionário, como demonstrado nas Figuras 30 e 31.

A Figura 31 indica que o tempo necessário para a formação do complexo foi

de aproximadamente 10 minutos, sendo que após este período sua absorção

tornou-se inalterada.

Figura 30. Espectros UV-Vis correpondentes a formação do complexo entre a

cianidina e Al(III) em metanol, durante 50 minutos.

Utilizando-se o método da razão molar para a cianidina e Al(III) os valores

obtidos foram os mesmos observados para o método de Job. Os resultados são

mostrados na Figura 32.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

56

0 10 20 30 40 50 60

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

Abs

orbâ

ncia

Tempo (min)

Cianidina/Al(III)

Figura 31. Gráfico das medidas de absorbância (573 nm) em função do tempo para

a complexação entre a cianidina e Al(III).

0 1 2 3 4 5 60,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

1

573 nm

Abs

orbâ

ncia

Fração molar Al(III)/Cianidina

Figura 32. Variação da absorbância em 573 nm para a cianidina. A concentração da

cianidina foi mantida constante em C = 0,04 mmol.L-1.

O método da razão molar também foi utilizado na obtenção da estequiometria

de complexação das outras antocianinas e os resultados para a delfinidina e

cianidina-3-G com o íon Al(III) são mostrados na Figura 33. A concentração dos

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

57

ligantes foi mantida constante em 0,04 mmol.L-1, enquanto que a concentração do

metal foi sistematicamente variada.

a

0 1 2 3 4 5 60,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

583 nm

Abs

orbâ

ncia

Fração molar Al(III)/Delfinidina

b

0 1 2 3 4 5 6

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1574 nm

Abs

orbâ

ncia

Fração molar Al(III)/Cianidina-3-G

Figura 33. Variação da absorbância em 583 e 574 nm para: (a) delfinidina; (b)

cianidina-3-G. A concentração das antocianinas foi mantida constante em C = 0,04

mmol.L-1.

A formação do complexo utilizando-se o íon Fe(II) é mostrada na Figura 34, e

a banda referente ao ligante livre (Banda I), localizada em 537 nm, apresenta um

deslocamento significativamente maior quando comparado ao complexo com Al(III),

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

59

0 1 2 3 4 50,00

0,03

0,06

0,09

0,12

Abs

orbâ

ncia

Fração molar Fe(II)/Cianidina

1

Figura 35. Variação da absorbância em 654 nm. A concentração da cianidina foi

mantida constante Ccianidina = 0,025 mmol.L-1.

Para a delfinidina e cianidina-3-G em presença de Fe(II), os resultados

obtidos foram semelhantes aos descritos para a formação do complexo

cianidina/Fe(II), indicando uma estequiometria 1:1.

Com os íons Ni(II) e Zn(II), a utilização de excesso foi necessária para que

ocorresse a formação de complexo, o que impossibilitou uma análise mais precisa

através dos métodos da razão molar ou Job.

A interação entre a cianidina e Cu(II) é mostrada na Figura 36, e diferente dos

resultados obtidos utilizando-se Al(III), Zn(II), Fe(II) e Ni(II), não observa-se o

aparecimento da banda referente ao complexo e sim um decréscimo constante da

banda da cianidina, que proporcionou uma perda total da coloração da solução após

poucos minutos.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

60

200 300 400 500 600 700 8000,0

0,5

1,0

1,5

2,0

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

61

Os espectros obtidos com a perlargonidina (Figura 37) e a pelargonidina-3-G

(Figura 38), cujo anel B apresenta apenas uma hidroxila, indicam que não ocorre a

complexação, pois nenhuma mudança espectral importante foi observada, mesmo

utilizando-se um excesso de Al(III). Estes resultados demonstram a fundamental

importância dos grupos catecol ou pirogalol na formação de complexos de íons

metálicos.

Este fato também é um indicativo de que se os íons metálicos provocassem

oxidação do ligante como proposto por Jungbluth et al[119], utilizando-se quercetina e

os íons Cu(II) e Fe(III), mudanças espectrais deveriam ser observadas. Assim

podemos concluir que mudanças espectrais somente são observadas quando há

complexação com o centro metálico.

200 300 400 500 600 700 8000,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0 Pelargonidina Pelargonidina/Al(III)

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda (nm)

Figura 37. Espectros de absorção UV-Vis da pelargonidina e da interação com Al(III)

em metanol, Cpelargonidina 0,02 mmol.L-1, CAl(III) = 2,0 mmol.L-1.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

62

200 300 400 500 600 700 8000,0

0,5

1,0 Pelargonidina-3-G Pelargonidina-3-G/Al(III)

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda (nm)

Figura 38. Espectros de absorção UV-Vis da pelargonidina-3-G e da interação com

alumínio em metanol, Cpelargonidina-3-G = 0,02 mmol.L-1, CAl(III) = 10,0 mmol.L-1.

IV.2-ESPECTROS DE ABSORÇÃO NA REGIÃO DO UV-VISÍVEL

A Figura 39 mostra os espectros de absorção na região do UV-Vis dos sais

dos íons metálicos relatados neste estudo, utilizando-se metanol como solvente.

Os espectros de absorção na região do UV-Vis dos flavonóides como relatado

anteriormente apresentam dois conjuntos de bandas que são atribuídos às

diferentes partes dos anéis aromáticos denominadas de Banda I (350-385 nm) e

(Banda II) (250-280 nm). Para os ligantes miricetina e fisetina (Figuras 40 e 41),

estes dois conjuntos de bandas de absorção são correspondentes às transições

π→π* (Banda II e Banda I).

A interação com os íons metálicos implica em alterações nestas bandas,

sobretudo na Banda I destes compostos.

Mudanças importantes foram observadas nos espectros de absorção na

região do UV-Vis dos flavonóides quando acrescidos dos íons metálicos. Estes

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

63

resultados estão demonstrados na Figuras 40 e 41 para a miricetina e fisetina e seus

respectivos complexos .

Os espectros mostram evidências de coordenação através do aparecimento

de novas bandas de absorção para a região de maior comprimento de onda

(deslocamento batocrômico), além de provocar uma diminuição na intensidade de

absorção dessas bandas (efeito hipocrômico), exceto para o complexo

miricetina/Al(III). Nas bandas entre 200-280 nm observa-se um aumento de

intensidade após a formação dos complexos.

Nos estudos realizados por Cornard et al[120] através de métodos

computacionais utilizando-se a 3’,4’-dihidroxiflavona, foi observado que os cálculos

reproduziam o deslocamento batocrômico da Banda I observada na interação com

Al(III). Apesar destes cálculos não indicarem mudanças significativas nas estruturas

moleculares e eletrônicas entre a 3’,4’-dihidroxiflavona livre e a 3’,4’-

dihidroxiflavona/Al(III), o espectro de absorção do UV-Vis destes compostos são

bastante distintos.

Segundo Cornard et al[120] estas observações podem facilmente ser

explicadas pelo fato que as transições correspondentes a Banda I nos dois

compostos apresentam origens totalmente diferentes. Para a molécula livre, a banda

localizada em 342 nm corresponde principalmente à transição HOMO–LUMO, com

um significante caráter π → π*, e que a banda do complexo localizada em 384 nm no

espectro é devido a uma transição envolvendo diferente níveis de energia, e

notavelmente, uma destas transições sugere a participação dos orbitais do átomo de

Al para o nível excitado. Então, de fato, não é realmente apenas um deslocamento

da Banda I que é observado no espectro do complexo, mas sim uma nova banda

atribuída à transferência de carga do sistema π para o metal.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

64

Portanto, para os complexos a presença de uma nova banda na região de

370-450 nm pode ser atribuída a banda de transferência de carga do ligante para o

metal[121,122].

Para os complexos de níquel e ferro foram observadas bandas de menor

intensidade e localizadas em uma região de menor energia que podem ser

atribuídas a bandas de transições d-d[115]. Para os complexos de cobre estas bandas

só podem ser visualizadas a uma concentração bastante elevada do complexo.

Apesar de não contribuírem significantemente para elucidação das estruturas

dos complexos, os espectros de absorção na região do UV-Vis são um importante

instrumento para evidenciar a formação dos mesmos, através dos deslocamentos

observados nas bandas de absorção dos ligantes, ou mesmo através do

aparecimento de novas bandas.

A Tabela 2 apresenta os valores das bandas de absorção dos ligantes e dos

complexos e os respectivos coeficientes de absortividade molar (ε).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

65

Figura 39. Espectros de absorção UV-Vis dos sais metálicos, CAl(III), Fe(II), Cu(II), Zn(II), Ni(II)

= 0,05 mmol.L-1 em metanol.

200 300 400 5000,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25CuCl2.2H2O

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda (nm)

200 300 400 500 6000,0

0,1

0,2

0,3

0,4FeCl2

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda (nm)

200 300 400 500 600

0,0

0,1

0,2AlCl3.6H2O

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda (nm)

200 300 400 500 6000,0

0,1

0,2

0,3

0,4ZnCl

2

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda (nm)200 300 400 500 600

0,0

0,1

0,2

0,3NiCl2.6H2O

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda (nm)

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

66

200 300 400 500 600 700 8000,0

0,5

1,0

1,5

2,0 Miricetina Miricetina/Cu(II)

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda (nm)

374

444

Figura 40. Espectros de absorção UV-Vis da miricetina e de seus respectivos complexos,

em metanol, C = 0,05 mmol.L-1(Miricetina/Ni(II), C = 0,025 mmol.L-1).

200 300 400 500 600 700 8000,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

67

200 300 400 500 600 700 8000,0

0,5

1,0

1,5

2,0 Fisetina Fisetina/Cu(II)

414

365

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda (nm)

Figura 41. Espectros de absorção UV-Vis da fisetina e de seus respectivos

complexos, em metanol, C = 0,05 mmol.L-1 (Fisetina/Zn(II), C = 0,1 mmol.L-1).

200 300 400 500 600 700 8000,0

0,5

1,0

1,5

2,0 Fisetina Fisetina/Fe(II)

405

365

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda (nm)

200 300 400 500 600 700 8000,0

0,5

1,0

1,5

2,0 Fisetina Fisetina/Al(III)

448

365Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda (nm)

300 400 500 600 700 8000,0

0,5

1,0

1,5

2,0 Fisetina Fisetina/Ni(II)

517

398

365

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda (nm)

200 300 400 500 600 700 8000,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5 Fisetina Fisetina/Zn(II)

378365

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda (nm)

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

68

Tabela 2. Dados do UV-Vis para a miricetina e fisetina e seus respectivos

complexos com Al(III), Cu(II), Fe(II), Ni(II) e Zn(II)

Compostos λλλλmáx, nm εεεε, mol-1.cm-1.L Miricetina

Miricetina/Al(III)

Miricetina/Cu(II) Miricetina/Fe(II)

Miricetina/Ni(II)

Miricetina/Zn(II)

Fisetina Fisetina/Al(III)

Fisetina/Cu(II)

Fisetina/Fe(II)

Fisetina/Ni(II)

Fisetina/Zn(II)

254, 298, 374 269, 447 264, 444

236, 429, 541 257, 378, 438

268, 429 251, 320, 365 279, 323, 448

268, 414 257, 269, 323, 405

256, 274, 320, 398, 517 257, 317, 378

16366, 6419, 17712 21050, 20880 21590, 13400

15728, 10980, 3574 11804, 9168, 5744

42308, 16402 13231, 10318, 19174

9586, 4834, 15800 13926, 15059

15306, 15176, 11072, 16933 20270, 21420, 15742, 19681, 7924

12648, 8592, 15628

Para as antocianinas, como mencionado anteriormente, o conjunto de bandas

denominado Banda I é localizado em uma região de maior comprimento de onda

(465-560 nm) quando comparado aos flavonóides miricetina e fisetina. Enquanto que

o conjunto denominado Banda II é limitado entre 270-280 nm.

A formação do complexo foi evidenciada através da mudança de coloração

que foi alterada do vermelho para azul bastante intenso e a banda referente ao

ligante na forma livre, localizada em 537 nm para a cianidina, apresenta um

deslocamento de aproximadamente 50 nm, como pode ser mostrado nas Figuras 42

a 44.

A complexação entre as antocianinas e os íons metálicos foi realizada em

metanol devido a uma maior estabilidade do complexo formado, quando comparado

aos resultados obtidos em meio aquoso; o metanol tem uma constante dielétrica

mais baixa que a água, acarretando assim uma atração eletrostática maior entre as

entidades de cargas opostas.

Deste modo a complexação metal-antocianina em metanol é muito forte, pois

é governada por uma “driving force” (força motriz) de forças puramente

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

69

eletrostáticas, entre um íon altamente carregado positivamente e uma forma colorida

(antocianina) rica em elétrons[118,123].

Dos raros artigos[123-127] em literatura que descrevem a complexação entre

antocianinas e íons metálicos, todos se baseiam na espectroscopia UV-Vis para

efetivamente comprovar este fato.

Os espectros dos complexos mostram evidências de coordenação através do

deslocamento das bandas denominadas I, para a região de maior comprimento de

onda (deslocamento batocrômico). No caso do Al(III) há também um efeito

hipercrômico bastante pronunciado, como pode ser observado nas Figuras 42(a),

43(a) e 44(b).

A mudança de coloração da cianidina-3-G em presença dos íons Al(III), Cu(II),

Fe(II), Zn(II) e Ni(II) pode ser observada na Figura 44(a).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

70

a

b c

c d

Figura 42. Espectros de absorção UV-Vis da delfinidina e de seus respectivos

complexos, em metanol, (a) e (c) = Cdelfinidina = 0,05 mmol.L-1, CAl(IIII) = 0,05 mmol.L-1 ,

Fe(II) = 0,05 mmol.L-1 , *Cdelfinidina = 0,025 mmol.L-1 e CAl(III) = 0,025 mmol.L-1; (b), (d) e

(e) = Cdelfinidina = 0,02 mmol.L-1, CCu(II) = 10,0 mmol.L-1 , CNi(II) = 4,0 mmol.L-1 e CZn(II) =

4,0 mmol.L-1.

400 450 500 550 6000,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0 Delfinidina Delfinidina/Cu(II)

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda (nm)

200 400 600 800 10000,0

0,2

0,4

0,6

0,8 Delfinidina Delfinidina/Zn(II)

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda (nm)

548

566

200 400 600 800 10000,0

0,5

1,0

* Delfinidina Delfinidina/Al(III)AbsorbânciaComprimento de onda (nm)548583

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

72

a b

c d

e f

Figura 44. (a) Mudança de coloração observada na interação entre a cianidina-3-G

os íons metálicos. Espectros de absorção UV-Vis da cianidina-3-G e de seus

respectivos complexos, em metanol, (b) e (d) = Ccianidina-3-G = 0,05 mmol.L-1, CAl(IIII) =

0,05 mmol.L-1 , Fe(II) = 0,05 mmol.L-1 , *Ccianidina-3-G = 0,025 mmol.L-1 e CAl(III) = 0,025

mmol.L-1; (c), (e), (f) = Ccianidina-3-G = 0,02 mmol.L-1 , CCu(II) = 10,0 mmol.L-1 , CNi(II) =

2,0 mmol.L-1 e CZn(II) = 2,0 mmol.L-1.

400 450 500 550 6000,0

0,2

0,4

0,6

0,8 Cianidina-3-G Cianidina-3-G/Cu(II)

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda (nm)

200 400 600 800 10000,0

0,5

1,0

1,5 Cianidina-3-G Cianidina-3-G/Ni(II)

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda (nm)

529

608

200 400 600 800 10000,0

0,5

1,0 Cianidina-3-G Cianidina-3-G/Ni(II)

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda (nm)

529

591

400 600 800 10000,0

0,5

1,0

1,5

2,0

*

Cianidina-3-G Cianidina-3-G/Al(III)

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda (nm)

529

574

400 600 800 10000,0

0,5

1,0

1,5

2,0 Cianidina-3-G Cianidina-3-G/Fe(II)

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda (nm)

529

544

Cianidina-3-glu. (I)

(I) + Al(III)

(I) + Cu(II)

(I) + Fe(II)

(I) + Ni(II)

(I) + Zn(II)

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

74

Figura 46. Estrutura proposta para a complexação entre Malvina e Ferro(III)[128].

Os resultados obtidos na a interação entre os íons metálicos com a

pelargonidina e a pelargonidina-3-G (Figura 47) não apresentaram sinais de

complexação, confirmando a fundamental presença do grupo catecol na formação

de complexos metálicos.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

75

Figura 47. Espectros de absorção UV-Vis da pelargonidina-3-G e da interação com

Al(III), Cu(II) e Fe(II) em metanol, Cpelargonidina-3-G = 0,02 mmol.L-1, CAl(III), Cu(II), Fe(II) =

10,0 mmol.L-1.

200 300 400 500 600 700 8000,0

0,5

1,0

Pelargonidina-3-G Pelargonidina-3-G/Al(III)

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda (nm)

450 500 550 6000,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4 Pelargonidina-3-G Pelargonidina-3-G/Fe(II)

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda (nm)400 450 500 550 600 650

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0 Pelargonidina-3-G Pelargonidina-3-G/Cu(II)

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda (nm)

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

76

A Tabela 3 apresenta os valores de λmáx, (nm) dos ligantes e dos respectivos

complexos em metanol.

Tabela 3. Dados do UV-Vis para delfinidina, cianidina e cianidina-3-G e respectivos

complexos com Al(III), Fe(II), Zn(II) e Ni(II)

Compostos λλλλmáx, nm εεεε, mol-1.cm-1.L Delfinidina 548 20918

Delfinidina/Al(III) 583 34460 Delfinidina/Fe(II) 564 9422 Delfinidina/Ni(II)

Delfinidina/Zn(II) Cianidina

616 566 537

14292 15572 19480

Cianidina/Al(III) 573 35920 Cianidina/Fe(II) 543 13356 Cianidina/Ni(II)

Cianidina/Zn(II) Cianidina-3-G

597 586 529

19284 27832 18302

Cianidina-3-G/Al(III) 574 37526 Cianidina-3-G/Fe(II)

Cianidina-3-G/Ni(II)

Cianidina-3-G/Zn(II)

544 608 591

10882 30000 16840

IV.3-ANÁLISE ELEMENTAR

Os valores das análises elementares são mostrados na Tabela 4 para os

complexos contendo miricetina e fisetina.

Tabela 4. Dados de microanálise dos complexos com miricetina e fisetina

Complexos C (%) Exp/Calc.

H (%) Exp/Calc.

Fisetina [Cu2C15H16O10]Cl2

31,75/32,49

2,92/2,89

[Fe2C15H24O14]Cl2 30,28/29,48 3,98/3,93 [Al2C15H24O14]Cl4 29,85/28,81 3,95/3,85 [Zn2C15H16O10]Cl2 31,25/32,27 3,02/2,87 [Ni2C15H16O10]Cl2 31,26/33,06 3,12/2,94

Miricetina [Cu2C15H16O12]Cl2 30,62/30,71 2,67/2,73 [Fe2C15H24O16]Cl2 27,32/28,01 3,67/3,73 [Al2C15H24O16]Cl4 26,32/27,44 3,52/3,66 [Zn2C15H16O12]Cl2 29,43/30,51 2,68/2,71 [Ni2C15H16O12]Cl2 32,20/31,23 2,81/2,77

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

77

IV.4-COMPORTAMENTO DAS ANTOCIANINAS E ANTOCIANIDINAS EM MEIO AQUOSO EM FUNÇÃO DO PH As antocianinas e antocianidinas existem em fase aquosa como uma mistura

de 4 espécies moleculares[129,130]; a concentração de cada uma delas depende do

pH do meio. Em soluções em que o pH varia de 1 a 3, o cátion flavílio é a espécie

dominante responsável pela coloração vermelha; em valores de pH de 4 a 5, as

espécies principais são a chalcona e o hemiacetal, formas geralmente menos

coloridas, e de 6 a 7, a forma predominante é a base quinoidal, cuja coloração varia

do azul ao violeta (Figura 10).

Mudanças nos valores de pH exercem influência fundamental na capacidade

antioxidante destes compostos[131]. Esta influência na capacidade antioxidante é

especialmente relevante do ponto de vista biológico quando se compara a variação

de pH nas diferentes partes ou fluídos do organismo, como estômago, pH = 1,

intestino delgado, pH = 5,3, saliva, pH = 6,8, intestino grosso, pH = 8 e sangue pH =

7,4.

As mudanças de coloração nas antocianinas e antocianidinas foram

observadas em estudos realizados em meio aquoso em função do pH e são

mostradas nas Figuras 48 a 50.

Os resultados apresentados indicam que os valores de máximos de absorção

de todos os compostos sofrem um deslocamento batocrômico, seguido de um

aumento nos valores de pH. Essas diferenças entre os espectros implicam em

transformações estruturais resultando em mudanças de cor. Estas transformações

estão relacionadas à conversão do cátion flavílio em uma mistura de formas

tautoméricas de base quinoidal resultantes da desprotonação dos grupos OH nas

posições 4’,5 ou 7, e também devido à hidratação do cátion flavílio, dando origem à

forma hemiacetal. Após a abertura do anel pirílio, a forma hemiacetal encontra-se

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

78

em equilíbrio tautomérico com a espécie chalcona, que existe em solução como

isômeros cis e trans. A trans-chalcona absorve entre 320 nm e 350 nm, enquanto

que o máximo de absorção da forma cis encontra-se em torno de 300 nm, pois sua

conformação não é planar[132]. A diferenciação de ambos isômeros feita através de

absorção eletrônica é dificultada pela sobreposição espectral das espécies.

Nos espectros apresentados na Figuras 48 a 50 referentes as antocianidinas

e antocianidinas, observa-se que o cátion flavílio predomina em meios fortemente

ácidos (pH 1-3). A perda mais acentuada da coloração ocorre em meios menos

ácidos (pH 4-5), devido à hidratação destes compostos, originando as formas

hemiacetal (incolor) e chalcona (amarelo pálido). Para valores de pH acima de 5, o

espectro apresenta uma nova aparência, mudando a faixa de absorção para

comprimentos de ondas maiores, atribuídos à formação da base quinoidal.

Nas antocianinas, a presença do açúcar na posição C-3 (Figuras 49 e 50)

infere mudanças na faixa de absorção destes compostos. Observa-se um

deslocamento hipsocrômico para todas as variações de pH, juntamente com uma

pronunciada diminuição da intensidade de absorção para valores em meio básico.

As diferenças na quantidade de substituintes OH no anel B das antocianidinas

alteram o espectro de absorção para estes compostos. O aumento da hidroxilação

contribui para um deslocamento batocrômico do λmax em meio ácido.( pelargonidina,

λmax = 503 nm; cianidina, λmax = 513 nm; delfinidina, λmax = 520 nm). Para as

antocianinas o efeito dos substituintes OH também foi observado (pelargonidina-3-G,

λmax = 495 nm; cianidina-3-G, λmax = 508 nm).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

79

Figura 48. Espectros UV-Vis correspondentes às várias mudanças estruturais da

delfinidina (a) e (b) em função da variação de pH.

a b

↑ pH

200 300 400 500 600 700 8000,0

0,5

1,0

1,5

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda (nm)

Delfinidina

520

548

pH = 0

578pH = 7,5

200 300 400 500 600 700 800 900 10000,0

0,5

1,0

1,5

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda (nm)

Delfinidina

pH = 8593 610

pH = 9

613pH = 10

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

81

200 300 400 500 600 700 8000,0

0,5

1,0

1,5

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda (nm)

Pelargonidina-3-G

495pH = 0

pH

Figura 50. Espectros de UV-Vis correspondentes às várias mudanças estruturais da

pelargonidina (a) e (b) e pelargonidina-3-G (c) e (d) em função da variação de pH.

a b

c d

200 300 400 500 600 700 8000,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda (nm)

Pelargonidina

503

531 547

pH

pH = 0

200 300 400 500 600 700 8000,0

0,5

1,0

1,5

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda (nm)

Pelargonidina

597

537

pH = 10

pH

200 300 400 500 600 700 8000,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda (nm)

Pelargonidina-3-G

556

pH

pH = 11

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

82

Poucos trabalhos[133,134] propõem valores de pKa para as antocianinas, dentre

os quais relatam valores de 3,87 para delfinidina-3,5-DG, 4,25 para a malvidina-3-G

entre outros. Entretanto, estes valores não são atribuídos a uma forma específica

das muitas que podem existir em solução aquosa. Esta característica das

antocianinas denota uma dificuldade para se determinar experimentalmente o pKa

específico das etapas de desprotonação destes compostos, com exceção do

primeiro, pKa1, referente à desprotonação do cátion flavílio.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

83

IV.5-ESPECTROS DE ABSORÇÃO NA REGIÃO DO INFRAVERMELHO

Os espectros de absorção na região do IV para os complexos são mostrados

nas Figuras 51 e 52. As principais bandas para os ligantes e seus complexos, bem

como suas respectivas atribuições são apresentadas na Tabela 5. Através da

comparação entre os espectros dos ligantes e dos complexos pode-se obter

informações significantes sobre os sítios de coordenação.

Os espectros de absorção na região do Infravermelho dos complexos

apresentaram bandas características correspondentes aos flavonóides coordenados,

sendo que a principal, referente à freqüência de estiramento da ligação ν (C=O) da

carbonila livre, é observada em aproximadamente 1660 cm-1; quando coordenada

este valor apresenta, em média, um decréscimo de 36 cm-1. Estes resultados

sugerem que um dos sítios de coordenação seja através do oxigênio da carbonila do

anel C.

Observa-se também a presença de uma banda larga referente à freqüência ν

(O–H) entre 3050 a 3600 cm-1, para os ligantes esta banda é devido à presença de

interações de hidrogênio (responsáveis pela estabilização da molécula do

flavonóide), já nos complexos indica a presença de água em suas estruturas[115,116].

Nos complexos nota-se a presença de novas bandas na região de 550-650

cm-1, atribuídas a freqüência ν(M-O)[135].

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

84

Tabela 5. Dados de Infravermelho (cm-1) para os ligantes e respectivos

complexos

Compostos νννν(C=O) νννν(O-H) νννν(M-O) Miricetina 1663 3425-3286 –

Miricetina/Cu(II) 1631 3534-3188 629 Miricetina/Fe(II) 1643 3549-3198 611 Miricetina/Al(III) 1630 3548-2864 628 Miricetina/Zn(II) 1609 3593-3369 644 Miricetina/Ni(II) 1621 3560-2979 642

Fisetina Fisetina/Cu(II)

1613 1580

3552-3234 3557-3181

– 615

Fisetina/Fe(II) 1597 3546-3104 595 Fisetina/Al(II) 1591 3536-2808 566 Fisetina/Zn(II) 1593 3587-3105 595 Fisetina/Ni(II) 1582 3523-3332 615

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

85

3500 3000 2500 2000 1500 1000

80

85

90

95

100Miricetina

Tra

nsm

itânc

ia (

%)

Número de onda (cm-1)

1663

Figura 51. Espectros de absorção na região do Infravermelho da miricetina e

seus respectivos complexos.

3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

629

1631

Miricetina/Cu(II)

Tra

nsm

itânc

ia %

Número de onda (cm-1)

3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

611

1643Miricetina/Fe(II)

Tra

nsm

itânc

ia %

Número de onda (cm-1)

3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

628

1630Miricetina/Al(III)

Tra

nsm

itânc

ia %

Número de onda (cm-1)

3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

644

1609Miricetina/Zn(II)

Tra

nsm

itânc

ia %

Número de onda (cm-1)

3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

1621

Miricetina/Ni(II)

Tra

nsm

itânc

ia %

Número de onda (cm-1)

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

86

Figura 52. Espectros de absorção na região do Infravermelho da fisetina e seus

respectivos complexos.

Espectros da delfinidina e seu respectivo complexo com Al(III) foram obtidos

adicionando-se uma pequena quantidade do composto (solução 1,0 mol.L-1 em

metanol) em uma janela de KBr. O solvente foi evaporado lentamente, e após esta

evaporação a janela de KBr com o composto foi mantido sob vácuo por 24 horas. Os

espectros são mostrados na Figura 53.

3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

Fisetina/Fe(II)

Tra

nsm

itânc

ia %

Número de onda (cm-1)

1597

595

3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

Fisetina/Al(III)

Tra

nsm

itânc

ia %

Número de onda (cm-1)

566

1591

3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

Fisetina/Zn(II)

Tra

nsm

itânc

ia %

Número de onda (cm-1)

1593

3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

Fisetina/Ni(II)

Tra

nsm

itânc

ia %

Número de onda (cm-1)

1582

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

Fisetina

Tra

nsm

itânc

ia %

Número de onda (cm-1)

1613

3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

Fisetina/Cu(II)

Tra

nsm

itânc

ia %

Número de onda (cm-1)

1580

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

87

A primeira análise do espectro mostra que a delfinidina apresenta bandas

largas entre 3500-3000 cm-1 e que com a complexação ocorre um aumento de

intensidade bastante pronunciado nestas bandas.

A banda localizada em 1643 cm-1 sofre um decréscimo de aproximadamente

18 cm-1 e também um aumento de intensidade. A complexação também promove

uma mudança na banda em 1340 cm-1, que é significativamente reduzida em

intensidade devido à desprotonação dos grupos 3’,4’-OH.

Figura 53. Espectros de absorção na região do infravermelho da delfinidina e do

complexo com Al(III).

IV.6-ESPECTROSCOPIA RAMAN

A espectroscopia Raman poderia ser utilizada para evidenciar a formação de

complexo. No entanto as bandas do solvente metanol encobrem as possíveis

bandas correspondentes à interação entre o oxigênio e o metal, na região de 1500-

1600 cm-1 (Figura 54).

3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

Tra

nsm

itânc

ia %

Numero de onda (cm-1)

Delfinidina Delfinidina/Al(III)

1643

1625

1340

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

88

2500 2000 1500 1000 500 0

Cianidina/Al(III) Cianidina Metanol

Inte

nsid

ade

Numéro de onda (cm-1)

Figura 54. Espectro Raman: metanol, cianidina (0,05 mmol.L-1), cianidina

(0,05 mmol.L-1) + Al(III) (10,0 mmol.L-1).

Micrografias bem como os espectros Raman, utilizando-se o aparelho micro-

Raman Renishaw RM2000, na região de 200 a 2000 cm-1, da delfinidina e

delfinidina/Al(III) são apresentados na Figura 55. Algumas modificações são

consideradas evidências para a formação do complexo, sendo que a mais

pronunciada são as bandas na região de 1500-1650 cm-1. A banda em 1533 cm-1,

atribuída ao estiramento da ligação ν (C=O)[117,120,122], é característica da interação

entre o oxigênio do ligante e o íon Al(III).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

89

a b

c d

Figura 55. Micrografia das amostras de: (a) delfinidina, (b) delfinidina/Al(III);

magnificação de 500 vezes. Espectros Raman das amostras de: (c) delfinidina, (d)

delfinidina/Al(III).

IV.7-MEDIDAS DE CONDUTIVIDADE ELÉTRICA DOS COMPLEXOS

Os valores das condutâncias molares para os complexos, em metanol (1

mmol.L-1 do complexo) são mostrados na Tabela 6.

400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800

100000

150000

200000

250000

300000

Inte

nsid

ade

(u.a

.)

Número de onda (cm-1)

Delfinidina

500 750 1000 1250 1500 1750

25000

50000

75000

Inte

nsid

ade

(u.a

.)

Número de onda (cm-1)

Delfinidina/Al(III) 1533

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

90

Tabela 6. Valores de condutâncias molares dos complexos

Complexos ΛM (Ω-1.cm2. mol-1)

Tipos de eletrólitos[136]

Miricetina/Cu(II) 199 1:2 Miricetina/Fe(II) 205 1:2 Miricetina/Al(III) 459 1:4 Miricetina/Zn(II) 212 1:2 Miricetina/Ni(II) 220 1:2 Fisetina/Cu(II) 217 1:2 Fisetina/Fe(II) 240 1:2 Fisetina/Al(III) 515 1:4 Fisetina/Zn(II) 202 1:2 Fisetina/Ni(II) 195 1:2

Geary[136] estabeleceu faixas de referências aceitáveis para os tipos de

eletrólitos mais comuns em vários solventes, mas segundo ele, quando se faz um

estudo da condutância eletrolítica de complexos, as medidas em solução não trazem

muitas informações sobre o comportamento do complexo no estado sólido, pois não

se pode garantir que a estrutura permaneça a mesma.

Com base neste trabalho podemos observar que os valores de ΛM para os

compostos contendo Cu(II), Fe(II), Zn(II) e Ni(II), sugerem que eles se comportam

como eletrólito 1:2, já para os compostos com Al(III), o comportamento é de eletrólito

1:4.

IV.8-ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA (TGA-DTA)

As curvas termogravimétricas dos complexos de Zn(II) e Cu(II) com o ligante

fisetina (Figura 56) permitiram evidenciar os intervalos de decomposição dos

compostos preparados indicando a perda de moléculas de água presentes na

estrutura dos complexos, a decomposição dos resíduos orgânicos e a formação dos

respectivos óxidos.

O primeiro processo corresponde à perda de moléculas de água presentes na

estrutura dos complexos (Processo Endotérmico) e o segundo é referente à

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

91

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900

-200

0

200

400

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900

20

40

60

80

100

DT

A

Temperatura (oC)

Fisetina/Cu(II)

Mas

sa (

%)

Temperatura (oC)

decomposição dos compostos na qual resulta na formação de seus correspondentes

óxidos metálicos (Processo Exotérmico).

Os dados termogravimétricos dos complexos são mostrados na Tabela 7.

a

b

Figura 56. Curvas TG e DTA para o complexo: (a) Fisetina/Zn(II) e (b) Fisetina/Cu(II)

em atmosfera de ar sintético, velocidade de 20°C/min.

0 200 400 600 800 1000-250

-200

-150

-100

-50

0

50

100

0 200 400 600 800 100020

40

60

80

100

DT

A

Temperatura (oC)

Fisetina/Zn(II)

Mas

sa (

%)

Temperatura (oC)

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

92

Tabela 7. Dados termogravimétricos dos complexos co

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

93

O poder antioxidante total dos compostos é avaliado através da combinação

de dois parâmetros. O primeiro é o potencial de oxidação, o qual reflete a habilidade

de uma espécie redutora para doar elétrons. O segundo é a intensidade da corrente,

que reflete a concentração da(s) espécie(s) envolvida(s). Cada substância possui

seu potencial de oxidação específico e, quanto menor for este valor, maior será sua

habilidade em atuar como agente redutor. Portanto, compostos que apresentam

baixo potencial de oxidação podem ser considerados bons antioxidantes.

Vários trabalhos[119,139-142] recentes relatam o uso da voltametria cíclica na

avaliação da atividade antioxidante de flavonóides. Voltamogramas cíclicos de

polifenóis exibem um ou mais picos de oxidação, que são identificados por

comparação com dados obtidos para as simples flavonas. O primeiro pico de

oxidação (pH = 7,0) compreendido em aproximadamente 300 mV corresponde ao

grupamento 3’,4’-dihidroxil (grupo catecol) do anel B e o segundo obtido em 600 mV

referente ao grupo OH da posição 3 do anel C.

A partir dos voltamogramas cíclicos dos compostos (Figuras 57 e 58), pôde-

se observar a presença de dois picos de oxidação nos compostos contendo os

ligantes miricetina e fisetina. Os dados eletroquímicos dos compostos são

apresentados na Tabela 8.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

94

Tabela 8. Potenciais de oxidação dos ligantes e complexos (vs Ag/AgCl, ν =

50 mV.s-1)

E1/2 = (Epa + EpC/2)

Compostos Epa1(mV) Epa2(mV)

Miricetina 444 878

Miricetina/Cu(II) 425 845

Miricetina/Fe(II) 414 853

Miricetina/Al(III) 431 856

Miricetina/Zn(II) 419 843

Miricetina/Ni(II) – 831

Fisetina 581 900

Fisetina/Cu(II) 571 889

Fisetina/Fe(II) 581 888

Fisetina/Al(III) 579 811

Fisetina/Zn(II) 581 900

Fisetina/Ni(II) – 1021

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

95

Figura 57. Voltamogramas cíclicos da miricetina e seus respectivos complexos em

metanol, 1 mmol.L-1, 0,1 mol.L-1 Perclorato de Lítio, 50 mV.s-1.

200 400 600 800 1000 1200-10

-5

0

5

10

15

20

25

30 Miricetina Miricetina/Al(III)

I (µA

)

E vs Ag/AgCl (mV)

200 400 600 800 1000 1200-10

-5

0

5

10

15

20

25

30 Miricetina Miricetina/Fe(II)

I (µA

)

E vs Ag/AgCl (mV)

200 400 600 800 1000 1200-10

-5

0

5

10

15

20

25

30 Miricetina Miricetina/Zn(II)

I (µA

)

E vs Ag/AgCl (mV)0 200 400 600 800 1000 1200

-10

-5

0

5

10

15

20

25

30 Miricetina Miricetina/Ni(II)

I (µA

)

E vs Ag/AgCl (mV)

0 200 400 600 800 1000 1200

-20

-15

-10

-5

0

5

10

15

20

25

30 Miricetina Miricetina/Cu(II)

I (µA

)

E vs Ag/AgCl (mV)

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

97

Em relação aos flavonóides livres, os dados eletroquímicos confirmam a

importância de alguns fatores demonstrados na Figura 59:

1o Presença do grupo pirogalol (3’,4’,5’–OH)

2o Presença do grupo catecol (3’,4’–OH)

3o A coexistência da dupla ligação entre C(2)=C(3) em conjugação com o grupo 4-

oxo e o grupo 3-OH.

Figura 59. Fatores essenciais para elevada atividade antioxidante.

Portanto, pode-se considerar que a atividade antioxidante dos flavonóides

estudados segue a ordem: Miricetina > Fisetina.

Em relação aos complexos estudados, os dados eletroquímicos mostraram

que existe em alguns casos uma diminuição considerável nos potenciais de

oxidação dos flavonóides quando os mesmos encontram-se coordenados. Este fato

é consistente com um mecanismo de oxidação dos flavonóides que resulta na

formação de um intermediário radicalar. A presença do íon metálico coordenado ao

flavonóide contribui para a estabilização do radical gerado, diminuindo dessa forma

o potencial aplicado para oxidar o flavonóide.

Foi realizado um estudo para avaliar, através da técnica de voltametria cíclica,

a atividade antioxidante dos flavonóides em função do pH. Pode-se observar através

das Figuras 60 e 61 que o potencial de oxidação dos flavonóides diminui com o

aumento do pH, provocando um aumento da atividade antioxidante, isto é, sua

O

OH

OH

HO

O

OH

OH

OH1

1'

2

2'

3

3'

4

4'

5

5'

6

6'7

8

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

98

capacidade de seqüestrar/captar radicais livres. Para valores maiores que 8,05 não

ocorreram mudanças no valor do potencial de oxidação com o pH.

Figura 60. Voltamogramas Cíclicos da miricetina 0,5 mmol.L-1 em tampão McIlvaine,

ν = 50 mV.s-1:

Figura 61. Variação de Epa da miricetina em função do pH.

Observa-se nas Figuras 61 e 63, uma relação linear entre o potencial de

oxidação e o pH, com valores de coeficientes angulares -0,076 e - 0,065 V/pH

respectivamente, semelhantes ao obtido por Filipiak[140], 0,073 V/pH, para a

quercetina na forma livre.

0 100 200 300 400 500 600 700-10

-5

0

5

10

15

20 2,21 3,15 4,24

I (µA

)

E vs Ag/AgCl (mV)

-200 0 200 400 600-6

-4

-2

0

2

4

6

8

5,35 6,19

I (µA

)

E vs Ag/AgCl (mV)

2 3 4 5 6 7

0

100

200

300

400

500Miricetina

Epa

vs

Ag/

AgC

l (m

V)

pH

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

100

composto uma maior atividade antioxidante; a presença do grupo catecol (3’,4’–OH)

(Figura 64b) atribui uma maior atividade antioxidante a cianidina quando comparado

a pelargonidina que apresenta apenas uma hidroxila no anel B.

Em relação aos compostos miricetina e delfinidina, observa-se a importância

da coexistência da dupla ligação entre C(2)=C(3) em conjugação com o grupo 4-oxo

e o grupo 3-OH frente à atividade antioxidade, sendo que a miricetina apresentou

uma melhor atividade antioxidade em relação a delfinidina.

A presença do açúcar na posição 3 diminui a atividade antioxidante[144], isto

pode ser observado quando comparados os voltamogramas 64(b) e 64(d); 64(c) e

64(e).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

101

a b

c

d e

Figura 64. Voltamogramas cíclicos: (a) delfinidina, (b) cianidina, (c) pelargonidina, (d)

cianidina-3-G e (e) pelargonidina-3-G em metanol, 0,1 mmol.L-1, 0,1 mol.L-1 Perclorato de

Lítio, 100 mV.s-1.

0 200 400 600 800 1000 1200 1400-10

0

10

20

30

40Pelargonidina-3-G

I (µA

)

E vs Ag/AgCl (mV)

0 200 400 600 800 1000 1200 1400

-10

-5

0

5

10

15

20

25Pelargonidina

I (µA

)

E vs Ag/AgCl (mV)

0 200 400 600 800 1000 1200 1400-10

-5

0

5

10

15

20

25

Delfinidina

I (µA

)

E vs Ag/AgCl (mV)

0 200 400 600 800 1000 1200 1400

-5

0

5

10

15

20

25

Cianidina

I (µA

)

E vs Ag/AgCl (mV)

0 200 400 600 800 1000 1200 1400-5

0

5

10

15

20Cianidina-3-G

I (µA

)

E vs Ag/AgCl (mV)

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

102

Tabela 9. Potenciais de oxidação para as antocianinas e antocianidinas os ligantes

(vs Ag/AgCl, ν = 100 mV.s-1)

Compostos Epa1 (mV) Epa2 (mV) Epa3 (mV) Epa4 (mV)

Delfinidina Cianidina

Pelargonidina Cianidina-3-G

Pelargonidina-3-G

519 564 598 678 948

608 646

– 773

844 –

940 –

1108 1084 1121 1115 1086

Observa-se que a corrente do pico anódico (Ipa) aumenta linearmente com a

raiz quadrada da velocidade de varredura ν1/2, para todos os ligantes, indicando ser

um processo controlado por difusão[145,146]. Paralelamente foi utilizada a técnica de

voltametria de pulso diferencial, onde se observa uma melhor definição dos picos de

oxidação[147]. Os resultados obtidos são mostrados nas Figuras 65 a 69.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

103

a

b c

Figura 65. (a) Voltamogramas cíclicos da delfinidina em várias velocidades de

varredura, (b) Voltamograma de pulso diferencial, ν = 10 mV.s-1, (c) Gráfico de Ipa vs

ν1/2 em metanol, 0,1 mmol.L-1, 0,1 mol.L-1 Perclorato de Lítio.

0 200 400 600 800 1000 1200 1400

5

10

15

20Delfinidina

I (µA

)

E vs Ag/AgCl (mV)

0 200 400 600 800 1000 1200 1400-20

-10

0

10

20

30

40

50 Delfinidina 50 100 150 200 300

I (µA

)

E vs Ag/AgCl (mV)

O

OH

OH

HO

OH

OH

OH

1'

2

2'

3

3'

4

4'

5

5'

6

6'7

8

+

6 8 10 12 14 16 184

6

8

10

12

14

16

18

20 DelfinidinaI pa

(µA

)

ν1/2(mVs-1)1/2

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

104

a

b c

Figura 66. (a) Voltamogramas cíclicos da cianidina em várias velocidades de

varredura, (b) Voltamograma de pulso diferencial, ν = 10 mV.s-1, (c) Gráfico de Ipa vs

ν1/2 em metanol, 0,1 mmol.L-1, 0,1 mol.L-1 Perclorato de Lítio.

200 400 600 800 1000 1200

0

2

4

6

8

10

12

14

16

I (µA

)

Cianidina

E vs Ag/AgCl (mV)

0 200 400 600 800 1000 1200 1400

-20

-10

0

10

20

30

40

50

60

70

Cianidina 25 50 100 150 200 300 500I (mA)E vs Ag/AgCl (mV)OOH

OHHO

OHOH1'

22'3

3'4

4'

55'6

6'78+ 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24

051015202530

CianidinaIpa (mA)n1/2(mVs-1)1/2

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

105

a

b c

Figura 67. (a) Voltamogramas cíclicos da pelargonidina em várias velocidades de

varredura, (b) Voltamograma de pulso diferencial, ν = 10 mV.s-1, (c) Gráfico de Ipa vs

ν1/2 em metanol, 0,1 mmol.L-1, 0,1 mol.L-1 Perclorato de Lítio.

200 400 600 800 1000 1200 1400

5

10

15

20

Pelargonidina

I (µA

)

E vs Ag/AgCl (mV)4 6 8 10 12 14 16 18

0

5

10

15

20

25

30

Pelargonidina

I pa (

µA)

ν1/2(mVs-1)1/2

0 200 400 600 800 1000 1200 1400-30

-20

-10

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Pelargonidina 25 50 100 150 200 300 500I (mA)E

v

s

A

g

/

A

g

C

l

(

m

V

)OO

H

O

H

H

O

OH1'

2 2'3 3'

4

4'5

5'

66'7

8+

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

106

a

b c

Figura 68. (a) Voltamogramas cíclicos da cianidina-3-G em várias velocidades de

varredura, (b) Voltamograma de pulso diferencial, ν = 10 mV.s-1, (c) Gráfico de Ipa vs

ν1/2 em metanol, 0,1 mmol.L-1, 0,1 mol.L-1 Perclorato de Lítio.

O

O

OH

HO

OH

OH

1'

2

2'

3

3'

4

4'

5

5'

6

6'7

8

+

O

CH2OH

OH

OH

OH

400 500 600 700 800 900 1000

1

2

3

4

5

6

7

8 Cianidina-3-G

I (µA

)

E vs Ag/AgCl (mV)4 6 8 10 12 14

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11 Cianidina-3-G

I (µA

)

ν1/2(mVs-1)1/2

0 200 400 600 800 1000 1200 1400

-5

0

5

10

15

20

25

30 Cianidina-3-G 25 mV.s-1

50 mV.s-1

100 mV.s-1

150 mV.s-1

200 mV.s-1

I (µA

)

E vs Ag/AgCl (mV)

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

107

a

b c

Figura 69. (a) Voltamogramas cíclicos da pelargonidina-3-G em várias velocidades

de varredura, (b) Voltamograma de pulso diferencial, ν = 10 mV.s-1, (c) Gráfico de Ipa

vs ν1/2 em metanol, 0,1 mmol.L-1, 0,1 mol.L-1 Perclorato de Lítio.

Com o uso da técnica de voltametria cíclica observou-se, que há uma relação

linear entre o potencial de oxidação dos ligantes e o aumento do pH (Figuras 70 a

74).

A dependência do pH demonstra que a habilidade de seqüestrar/captar

radicais livres é aumentada após a desprotonação. Isto sugere que a doação de

elétrons é o mecanismo dominante da ação antioxidante depois da

desprotonação[146]. Na desprotonação a capacidade de captar radicais livres

600 800 1000 1200 14000

2

4

6

8

10

12 Pelargonidina-3-glicosídeo

I (µA

)

E vs Ag/AgCl (mV)

0 200 400 600 800 1000 1200 1400-20

-10

0

10

20

30

40

50

60

70 Pelargonidina-3-G 25 50 100 150 200 300 500

I (µA

)

E vs Ag/AgCl (mV)

O

O

OH

HO

OH

1'

2

2'

3

3'

4

4'

5

5'

6

6'7

8

+

O

CH2OH

OH

OH

OH

4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 240

5

10

15

20

25

30

35 Pelargonidina-3-G

I pa (

µA

)

ν1/2(mV.s-1)1/2

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

108

aumenta porque a doação de elétrons e não de prótons, se torna mais fácil. Isto

sugere que a doação de elétrons pode ser mais importante para a atividade

antioxidante em pH fisiológico.

Os voltamogramas cíclicos da cianidina não apresentaram nitidez nos

processos de oxido-redução, isto pode ser explicado pela baixa solubilidade deste

ligante em meio aquoso, por isto optou-se pela técnica de voltametria de pulso

diferencial, no qual os picos se mostraram nítidos, Figura 71(a). Na Figura 71(b)

nota-se que para valores de pH maiores que 7,5 não ocorrem mudanças nos valores

de potencial de oxidação.

Observa-se nas Figuras 70(b), 71(c), 72(b), 73(b) e 74(b) uma relação linear

entre o potencial de oxidação e o pH, com valores de coeficientes angulares - 0,062,

- 0,059, - 0,067, - 0,053 e - 0,063 V/pH, semelhantes ao valor obtido por Ignjatovic et

al[147] para a oxidação da malvina.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

109

a

b

Figura 70. (a) Voltamogramas cíclicos da delfinidina 0,1 mmol.L-1 em tampão

McIlvaine, ν = 100 mV.s-1, (b) Variação de Epa da delfinidina em função do pH.

2 3 4 5 6 7 8 9 100

100

200

300

400

500Delfinidina

Epa

vs

Ag/

AgC

l (m

V)

pH

-400 -200 0 200 400 600 800 1000 1200-10

-5

0

5

10

15

20

Delfinidina

2,20 5,86 8,09

I (µA

)

E vs Ag/AgCl (mV)

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

110

a b

c

Figura 71. (a) e (b) Voltamogramas de pulso diferencial da cianidina 0,1 mmol.L-1 em

tampão McIlvaine, ν = 10 mV.s-1, (c) Variação de Epa da cianidina em função do pH.

-200 0 200 400 600 800

5

10

15

Cianidina 2,20 2,98 3,89

I (µA

)

E vs Ag/AgCl (mV)

2 3 4 5 6 7 8 9 10

-200

-150

-100

-50

0

50

100

150

200 Cianidina

Epa

vc

Ag/

AgC

l (m

V)

pH

-400 -200 0 200 400 600 800

2

4

6

8

10

12

Cianidina 4,84 6,94 8,09

I (µA

)

E vs Ag/AgCl (mV)

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

113

a

b

Figura 74. (a) Voltamogramas Cíclicos da pelargonidina-3-G 0,01 mmol.L-1 em

tampão McIlvaine, ν = 100 mV.s-1, (b) Variação de Epa da pelargonidina-3-G em

função do pH.

2 3 4 5 6 7 8 9 10400

500

600

700

800

900Pelargonidina-3-G

Epa

vs

Ag/

AgC

l (m

V)

pH

0 200 400 600 800 1000 1200

-10

-5

0

5

10

15

20 Pelargonidina-3-G 2,20 2,98

I (µA

)

E vs Ag/AgCl (mV)

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

114

IV.10- ESPECTROSCOPIA DE RMN 1H

O espectro de RMN 1H, em CD3OD do complexo cianidina/Al(III) apresentou

pronunciadas alterações em relação ao espectro da cianidina livre, como mostrado

na Figura 75.

a

b

Figura 75. Espectros de RMN H1 da cianidina (a) e do complexo contendo o íon

Al(III) (b) em CD3OD.

(ppm)

6.46.87.27.68.08.48.8

Cianidina livre

O

OH

OH

HO

OH

OH

1'

2

2'

3

3'

4

4'

5

5'

6

6'7

8

+

4

6’

2’ 5’

8 6

(ppm)

6.66.87.07.27.47.67.88.08.28.4

4

6’

2’ 5’ 8

6

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

115

O espectro do complexo indica que todos os prótons encontram-se

deslocados para valores de δ menores, em conseqüência da interação do íon

metálico (ácido de Lewis) com o ligante, com exceção do próton na posição 6’, que

desloca-se para valores de δ maiores; comportamento semelhante foi observado por

Dangles[148] com a antocianidina 3’,4’,7-trihidroxi-3-metoxiflavílio. Os valores dos

deslocamentos para a cianidina e para o complexo com Al(III) estão apresentados

na Tabela 10.

Tabela 10. Dados de 1H , da cianidina e do complexo cianidina/Al(III)

em CD3OD, δ (ppm)

Multiplicidades e constantes de acoplamento J, em Hz; valores entre parênteses

IV.11-ESTRUTURAS PROPOSTAS PARA OS COMPLEXOS

Baseado nos resultados obtidos pôde-se propor estruturas para os complexos

(Figura 76 e 77). Aqueles contendo as antocianinas, a possibilidade de coordenação

se restringe ao anel B destes compostos, através do grupo catecol ou pirogalol,

como observado para a cianidina (Figura 78).

δ 1H

Cianidina Cianidina/Al(III)

8,56 (s, 4-H) 8,18 (d; 9 Hz; 4’-H)

8,22 (d; 8,7 Hz; 2’-H) 7,78 (s; 2’-H)

8,11 (s; 6’-H) 8,44 (s, 6’-H)

7,01 (d; 8,7 Hz; 5’-H) 6,80 (d; 9,25 Hz; 5’-H)

6,86 (s; 8-H) 6,74 (s; 8-H)

6,61 (s, 6-H) 6,51 (s, 6-H)

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

116

Figura 76. Estruturas dos complexos contendo miricetina como ligante.

Figura 77. Estruturas dos complexos contendo fisetina como ligante.

OH

HO O

OH

O

O

M

Figura 78. Estrutura proposta para os complexos contendo cianidina como

ligante.

ClyOHO

O

OH

O

1

1'

2

2'

3

3'

4

4'

5

5'

6

6'7

8

O

M(H2O)x

M(H2O)x

M = Cu(II), Fe(II), Al(III), Zn(II) e Ni(II) x = 2 para Cu(II), Zn(II) e Ni(II) x = 4 para Fe(II) e Al(III) y = 2 para Cu(II), Fe(II), Zn(II) e Ni(II) y = 4 para Al(III)

M = Cu(II), Fe(II), Al(III), Zn(II) e Ni(II) x = 2 para Cu(II), Zn(II) e Ni(II) x = 4 para Fe(II) e Al(III) y = 2 para Cu(II), Fe(II), Zn(II) e Ni(II) y = 4 para Al(III)

ClyO

OH

HO

O

OH

O

OH1

1'

2

2'

3

3'

4

4'

5

5'

6

6'7

8

O

M(H2O)x

M(H2O)x

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

117

IV.12- DETERMINAÇÃO DO PARÂMETRO EC50

A concentração necessária do antioxidante para diminuir (ou remover) em

50% a concentração do radical DPPH• (EC50) é o parâmetro mais usado para avaliar

o “poder” antioxidante de um composto. Quanto menor o valor de EC50, maior será

seu “poder” (ou atividade) antioxidante. As propriedades antioxidantes dos flavonols,

das antocianinas e antocianidinas livres e respectivamente coordenadas foram

avaliadas usando o método do radical livre DPPH•. A reação de transferência de

átomos de H do composto antioxidante para o radical DPPH• foi acompanhada pela

diminuição da absorbância da mistura em 515 nm. A Figura 79 apresenta a

diminuição da absorbância do radical DPPH• na presença da delfinidina em 515 nm.

Figura 79. Diminuição da absorbância em 515 nm de uma solução de DPPH• (59,55

µmol.L-1) em metanol na presença da delfinidina.

↓ 515 nm

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

118

A Figura 80 mostra a diminuição da absorbância em 515 nm da mistura

delfinidina e DPPH em função do tempo. A partir destes dados pôde-se obter os

valores para o parâmetro EC50.

a b

Figura 80. (a) Variação da absorbância em 515 nm da solução de DPPH• (59,55 µmol.L-1) em

função do tempo na presença da delfinidina. (b) Diminuição da concentração do radical

DPPH• em função da concentração usada para a delfinidina. Determinação do valor de EC50

para a delfinidina.

Vários estudos relatados[129,149,150] demonstraram que os flavonóides atuam

como “removedores de radicais livres” através da transferência de H e que, essa

atividade depende de suas propriedades estruturais. Dentre as quais destacam-se :

1o Presença do grupo pirogalol (3’,4’,5’–OH)

2o Presença do grupo catecol (3’,4’–OH)

3o Presença de glicosídeo

4º Presença da ligação dupla 2-3 em conjugação com a função 4-oxo no anel C

Entre as antocianinas livres, os resultados mostrados na Figura 81

confirmaram a grande atividade da delfinidina (EC50 = 3,74) seguida pela cianidina

(EC50 = 4,85), pelargonidina (EC50 = 5,25), cianidina-3-G (EC50 = 7,29) e

0 1 2 3 4 5 60.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

Abs

orbâ

ncia

Tempo (min)

1 mmol.L-1

2 mmol.L-1

4 mmol.L-1

6 mmol.L-1

8 mmol.L-1

10 mmol.L-1

15 mmol.L-1

20 mmol.L-1

0 5 10 15 20 25 30 35 4010

20

30

40

50

60

70

80

90

100

EC50

Delfinidina

DP

PH

Rem

ovid

o (%

)Concentração do Antioxidante (µmol.L-1)

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

119

pelargonidina-3-gli (EC50 = 10,97). O impedimento estéreo causado pela presença

do glicosídeo na posição 3 destes dois últimos compostos, bem como os efeitos

sacadores de elétrons desse substituinte são responsáveis pela grande diferença

nos valores de EC50 obtidos em relação aos demais compostos estudados. Os

resultados de EC50 confirmaram a relação entre a atividade antioxidante das

antocianinas livres com os valores de Epa obtidos no estudo eletroquímico desses

compostos (quanto menores os valores de EC50 e de Epa, maior a atividade para o

antioxidante).

Destaca-se a importância da dupla conjugada com a função 4-oxo,

responsável pela maior atividade dos flavonols em relação às antocianinas;

miricetina (EC50 = 2,98), delfinidina (EC50 = 3,74).

A presença do íon metálico coordenado aumenta a estabilidade do radical

gerado proveniente do complexo inicial. O íon Al(III) foi o responsável pela maior

atividade dos flavonóides; tal fato pode ser atribuido à presença de orbitais p vazios

(considerados bons receptores de elétrons) nesse íon, enquanto que os demais íons

interagem com o ligante via orbitais d.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

120

3,742,34

2,784,85

3,553,87

5,257,29

5,546,27

10,974,21

3,443,87

2,982,182,45

0 2 4 6 8 10 12

Delf inidinaDelfinidina/Al(III)Delfinidina/Fe(II)

CianidinaCianidina/Al(III)Cianidina/Fe(II)PelargonidinaCianidina-3-G

Cianidina-3-G/Al(III)Cianidina-3-G/Fe(II)Pelargonidina-3-G

FisetinaFisetina/Al(III)Fisetina/Fe(II)

MiricetinaMiricetina/Al(III)Miricetina/Fe(II)

Figura 81. Valores de EC50 (µmol.L-1) para as os flavonols, antocianinas e antocianidinas livres e coordenadas.

IV.13. ESTUDO DA INTERAÇÃO ÁCIDO ASCÓRBICO COM AS ANTOCIANINAS E ANTOCIANIDINAS

A reação simultânea de vários compostos antioxidantes com o radical DPPH•

pode alterar uma série de fatores que influenciam na atividade antioxidante de cada

um deles em separado. Assim, a atividade antioxidante dos compostos combinados

pode ser maior ou menor que a soma dos efeitos de cada um deles, podendo-se ter:

1) Efeito aditivo: efeito final se equivale à soma dos efeitos de cada um dos

compostos envolvidos.

2) Efeito sinérgico: efeito final é maior que a soma dos efeitos de cada um dos

compostos envolvidos.

3) Efeito potencializador: o efeito de um composto é aumentado quando em

combinação com outro composto.

4) Efeito antagônico: o efeito de um composto é diminuído, inativado ou eliminado

quando se combina com outro composto.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

121

Trabalhos recentes[151,152] mostraram que em certas combinações de

compostos que apresentam atividade antioxidante (principalmente os vinhos), os

resultados da capacidade antioxidante observada para a mistura muitas vezes

superam os valores esperados, baseando-se nos valores individuais dos seus

componentes (efeito sinérgico). Também tem sido demonstrado que alguns

compostos “protegem” ou até mesmo regeneram outros compostos antioxidantes[153]

(Exemplo: vitamina E e vitamina C).

Os resultados obtidos (Tabela 11) mostraram que as misturas equimolares

antocianinas-ácido ascórbico apresentaram efeito sinérgico, ou seja, a capacidade

antioxidante obtida (valor obtido) para a mistura é maior do que a soma das

capacidades antioxidantes dos compostos isolados (valor calculado).

Tais fatos podem ser explicados de acordo com o seguinte mecanismo

(Esquema 2): (1) os flavonóides agem como antioxidantes primários, reagindo

diretamente com o radical DPPH• e produzindo os radicais fenoxila; (2) os radicais

fenoxilas produzidos reagem com o ácido ascórbico regenerando os flavonóides

iniciais; (3) os radicais fenoxilas produzidos também podem reagir entre si formando

dímeros, fragmentos e outros produtos oxidados.

Para as misturas equimolares a etapa 2 prevalece sobre a etapa 3.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

122

Tabela 11. Valores das capacidades antioxidantes dos compostos isolados e na

mistura antocianina-ácido ascórbico.

Compostos % Inibição do composto

(16 µmol.L-1)

% Inibição da mistura composto + ácido ascórbico.

Ambos 16 µmol.L-1 Obtido (Calculado)

Delfinidina 55,15 95,00 (80,47) Cianidina 45,87 93,00 (71,19)

Pelargonidina 35,19 89,00 (60,51) Cianidina-3-gli 30,87 89,15 (56,19)

Pelargonidina-3-G 22,78 79,48 (48,10) ácido ascórbico 25,32 ____

Obs.: [DPPH•] = 98 µmmol.L-1 Valor obtido = inibição da mistura antocianina-ácido ascórbico, Valor calculado = inibição antocianina + inibição do ácido ascórbico % Inibição = 100 – (S/C).100, onde S = absorbância da amostra e C =

absorbância da solução do radical DPPH•

Esquema 2. Possível explicação para o efeito sinérgico entre as antocianinas e o

ácido ascórbico.

DPPH

DPPH-H Antocianina-O

ácido ascórbico-O

ácido ascórbico-OH

Produtos oxidados, fragmentados e dímeros

(1)(2)

(3)

Antocianina-OH

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

123

IV.14. ESTABILIDADE EM TAMPÃO ACETATO PH = 5,43

O comportamento da estabilidade da cianidina e do complexo com Al(III), em

função do tempo e da temperatura, é mostrado nas Figuras 82 e 83. Em meios

ligeiramente ácidos a cianidina perde a coloração, tornando-se incolor em poucos

segundos, já com íons Al(III), formam uma estrutura quinoidal mais estável aos

efeitos do pH, da luz e da temperatura, com alteração na cor do pigmento para azul,

A Figura 83 evidencia que há uma melhora, em várias temperaturas, na

estabilidade do complexo cianidina/Al(III) em relação ao ligante na forma livre.

a b

Figura 82. Variação de absorbância com o tempo para: (a) cianidina (525 nm), (b)

cianidina/Al(III) (550 nm).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

124

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 35000,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

125

IV.15.OTIMIZAÇÃO DA GEOMETRIA, ANÁLISE ENERGÉTICA, DISTÂNCIAS E ÂNGULOS DE LIGAÇÃO, ÂNGULO DE TORSÃO, CARGAS ATÔMICAS Os cálculos de otimização da geometria com o modelo B3LYP/6-31+G(d,p)

forneceram, inicialmente, duas possíveis conformações para as antocianidinas

(cianidina, delfinidina e pelargonidina), conforme demonstrado nas Figuras 84, 85 e

86 (a) com a hidroxila ligada ao C(5) e o anel B fora do plano molecular; (b) com

hidroxila ligada ao C(5) e o anel B no plano molecular.

As energias relativas, ∆(E+ZPE) (Tabela 12), obtidas pela diferença da

energia eletrônica entre as duas conformações, indicam que as estruturas planares

(Figuras 84b, 85b e 86b) são energeticamente mais estáveis do que as não planares

(Figuras 84a, 85a e 86a). A estabilização energética é da ordem de 5,39 kcal/mol

para a cianidina e delfinidina e de 5,58 kcal/mol para a pelargonidina. Desta forma,

os resultados discutidos para as antocianidinas livres, assim como a complexação

com o Al(III) e Zn(II), foram realizados considerando apenas as conformações

planares.

Resultados obtidos em trabalho realizado por Woodford[155], utilizando o

modelo B3LYP/6-31G(d), indicaram que o anel B da cianidina, delfinidina e

pelargonidina encontra-se 2,19, 3,75 e 1,82 graus (ângulo torsional) fora do plano

molecular, respectivamente. Ressalta-se que o conjunto de funções de base

utilizado por Woodford inclui apenas funções de polarização “d” para os átomos

diferentes de hidrogênio (átomos pesados) e não inclui funções difusas. Por outro

lado, o conjunto de funções de base 6-31+G(d,p), utilizado nos cálculos

apresentados neste trabalho, incluem funções de polarização “d” para os átomos

pesados e “p” para os átomos de hidrogênio. Adicionalmente, funções difusas foram

acrescentadas aos átomos pesados. Funções de base de valência permitem que os

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

126

orbitais mudem de tamanho, mas não de forma. Funções de base polarizadas

removem essa limitação pela adição de orbitais com momento angular superior ao

requerido para a descrição de cada átomo no estado fundamental. Já as funções

difusas nos átomos pesados são um conjunto de funções do tipo “s” e “p” que

decaem muito lentamente, podendo descrever assim o comportamento eletrônico

em uma região do espaço mais afastada dos núcleos.

Delfinidina: hidroxila ligada ao C(5) e anel B fora do plano molecular

a

Delfinidina planar b

Figura 84. Conformações da delfinidina, obtidas no nível B3LYP/6-31+G(d,p); (a)

hidroxila ligada ao C(5) e anel B fora do plano molecular; (b) planar.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

127

Cianidina: hidroxila ligada ao C(5) e anel B fora do plano molecular

a

Cianidina planar

b

Figura 85. Conformações da cianidina, obtidas no nível B3LYP/6-31+G(d,p); (a)

hidroxila ligada ao C(5) e anel B fora do plano molecular; (b) planar.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

128

Pelargonidina: hidroxila ligada ao C(5) e anel B fora do plano molecular

a

Pelargonidina planar

b

Figura 86. Conformações da pelargonidina, obtidas no nível B3LYP/6-31+G(d,p); (a)

hidroxila ligada ao C(5) e anel B fora do plano molecular; (b) planar.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

129

As energias de complexação (ou de ligação, complexE ), em kcal/mol,

apresentadas na Tabela 12 foram obtidas pela equação no nível B3LYP/6-31+G(d,p)

(14):

))](()([))(/(, IIIAlEinaantocianidEIIIAlinaantocianidEEcomplex +−×= 51627 (14)

na qual 627,51 é o valor de 1 Hartree em kcal/mol, ))(/( IIIAlinaantocianidE ,

)( inaantocianidE e ))(( IIIAlE são, respectivamente, as energias do complexo, da

antocianidina e do cátion Al(III) corrigidas pela ZPE. Os valores das complexE

demonstram a grande estabilidade da ligação metal-ligante, sendo a ligação do

cátion metálico com a cianidina um pouco mais estável (1,54 kcal/mol) do que a

observada com a delfinidina.

Tabela 12. Energia eletrônica (E), energia do ponto zero (ZPE), energia eletrônica

corrigida pela ZPE (E+ZPE), energias relativas ∆(E+ZPE) e energia de complexação

(Ecomplex)(a),(b)

Composto E (Hartree) ZPE

(Hartree)

E+ZPE

(Hartree)

∆(E+ZPE)

(kcal/mol)

Ecomplex

(Kcal/mol)

Al(III) -240,387380 0,0 -240,387380

Delfinidina NP -1104,604192 0,240430 -1104,363762 5,39

Delfinidina P -1104,613630 0,241271 -1104,372359 0,0

Delfinidina/Al(III) P -1345,495974 0,219779 -1345,276195 -324,08

Cianidina NP -1029,377693 0,236666 -1029,141027 5,39

Cianidina P -1029,387102 0,237483 -1029,149620 0,0

Cianidina/Al(III) P -1270,271532 0,215620 -1270,055913 -325,62

Pelargonidina NP -954,151376 0,232527 -953,918849 5,58

Pelargonidina P -954,160855 0,233106 -953,927749 0,0 (a)NP = conformação não planar; P = conformação planar. (b)Não foi possível obter as Ecomplex considerando os cálculos realizados com o ECP para o metal e 6-31+G(d,p) para os demais átomos.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

130

As Tabelas 13 e 14 mostram os valores de algumas propriedades

moleculares da delfinidina e cianidina, de seus respectivos complexos com Al(III) e

Zn(II), e da pelargonidina.

Tabela 13. Propriedades moleculares para a delfinidina, delfinidina/Al(III) e

delfinidina/Zn(II)

Propriedades Delfinidina (a) Delfinidina/ Al(III) (a)

Delfinidina/ Al(III)(b)

Delfinidina/ Zn(II) (b)

Estequiometria C15H11O7 C15H9AlO7 C15H9AlO7 C15H9ZnO7 Grupo de Ponto C1 C1 C1 C1 N° de elétrons α 78 83 78 78 N° de elétrons β 78 83 78 78

Carga +1 +2 +2 +1 Multiplicidade 1 1 1 1

Ângulo de torsão (diedro 6’-1’-2-3, em

graus) 0,0 10,3 9,8

0,0

(a) 6-31+G(d,p). (b) ECP para metal e 6-31+G(d,p) para os demais átomos.

Tabela 14. Propriedades moleculares para a cianidina, cianidina/Al(III),

cianidina/Zn(II) e pelargonidina

Propriedades Cianidina(a) Cianidina/ Al(III)(a)

Cianidina/ Al(III)(b)

Cianidina/ Zn(II)(b)

Pelargonidina(a)

Estequiometria C15H11O6 C15H9AlO6 C15H9AlO6 C15H9ZnO6 C15H11O5

Grupo de Ponto C1 C1 C1 C1 C1

N° de elétrons α 74 79 74 74 70 N° de elétrons β 74 79 74 74 70

Carga +1 +2 +2 +1 +1 Multiplicidade 1 1 1 1 1

Ângulo de torsão (diedro 6’-1’-2-3,

em graus) 0,0 10,9 10,4 0,0 0,0

(a) 6-31+G(d,p). (b) ECP para metal e 6-31+G(d,p) para os demais átomos.

As Figuras 87 e 88 apresentam as geometrias de equilíbrio da delfinidina,

cianidina e pelargonidina no vácuo, obtidas no nível B3LYP/6-31+G(d,p) e de seus

respectivos complexos com Al(III) e Zn(II), no vácuo, no nível B3LYP/6-31+G(d,p)

com uso do ECP para os metais. A numeração atribuída aos átomos das moléculas

é arbitrária e comumente utilizada para estas estruturas.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

131

a

b

c

Figura 87. Geometria de equilíbrio: (a) delfinidina, (b) cianidina e (c) pelargonidina

no vácuo, obtida no nível B3LYP/6-31+G(d,p).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

132

a

b

c

d

Figura 88. Geometrias de equilíbrio: (a) delfinidina/Al(III), (b) delfinidina/Zn(II), (c)

cianidina/Al(III) e (d) cianidina/Zn(II) no vácuo, obtida no nível B3LYP/6-31+G(d,p),

com uso do ECP para os metais.

O ângulo diedro 6’-1’-2-3 (Tabelas 13 e 14) observado para as moléculas de

delfinidina, cianidina e pelargonidina mostrou que essas estruturas são

completamente planares. Entretanto, a ligação da delfinidina e da cianidina com o

Al(III) provoca uma torsão nesse ângulo diedro, fazendo com que o anel B fique

cerca de 10º fora do plano molecular.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

133

Diferentemente do que foi observado para os complexos com Al(III), a

substituição pelo Zn(II) não provoca alteração no ângulo diedro destas moléculas,

desta forma, observa-se a permanência da planaridade.

Uma análise de superposição estrutural entre as geometrias de equilíbrio da

delfinidina/Al(III) e cianidina/Al(III) obtidas com as funções de base 6-31+G(d,p) e

com o uso do ECP para o Al(III) e Zn(II), utilizando-se o programa TINKER

4.2[156,157], indicou uma grande similaridade estrutural entre as mesmas, conforme

Figura 89 e valores de RMS. Desta maneira, as discussões das alterações

provocadas pela complexação com Al(III) na cianidina e delfinidina independem do

modelo computacional utilizado. Para finalidade de comparação com os complexos

com Zn(II), as observações a respeito das alterações geométricas foram realizadas

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

134

a

RMS = 0.013

b

RMS = 0.013

Figura 89. Superposição estrutural: (a) cianidina/Al(III); (b) delfinidina/(III). = 6-

31+G(d,p) e = ECP para Al(III) e 6-31+G(d,p) para C, H e O.

Os comprimentos de ligação e as distâncias interatômicas para as estruturas

otimizadas das antocianidinas e dos respectivos complexos com alumínio e zinco

estão apresentadas nas Tabelas 15 a 17 e nas Figuras 90 a 92.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

135

Comparando as geometrias de equilíbrio da delfinidina e da cianidina (Figuras

90(a) e 90(b), observa-se que a substituição do átomo de hidrogênio ligado ao C(5’)

do anel B da cianidina por um grupo hidroxila, obtendo-se a delfinidina, provoca uma

aumento no comprimento de ligação C(2’)-C(3’) de 0,004 Ǻ nesta última. Variações

opostas são observadas para C(1’)-C(2’). Para a molécula de delfinidina, a qual

possui três grupos hidroxilas ligadas ao anel B, o valor do comprimento de ligação

C(1’)-C(2’) é de 1,418 Ǻ, enquanto que para a cianidina este valor é de 1,421 Ǻ e

para a pelargonidina, molécula que apresenta apenas um grupo hidroxila no anel B,

este valor aumenta para 1,425 Ǻ. Na cianidina o comprimento de ligação C(3’)-C(4’)

é de 1,417 Ǻ, enquanto que para a delfinidina e pelargonidina é de 1,409 Ǻ e 1,410

Ǻ, respectivamente.

Resultados semelhantes são observados para o comprimento de ligação

C(5’)-C(6’). Para a delfinidina e pelargonidina o valor do comprimento desta ligação é

de 1,384 Ǻ, sendo 0,004 Ǻ maior na cianidina.

O comprimento de ligação C(4’)-C(5’) denota variações opostas às de

C(5’)-C(6’), com a delfinidina e pelargonidina apresentando valores de 1,405 Ǻ e

1,406 Ǻ, respectivamente, enquanto que para a cianidina o comprimento desta

ligação é de 1,396 Ǻ.

Não foram observadas diferenças significativas nos comprimentos de ligação

que constituem os anéis A e C destas moléculas.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

136

a

b

c

Figura 90. Geometrias de equilíbrio da: (a) delfinidina, (b) cianidina e (c)

pelargonidina (distâncias dadas em Ǻ).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

137

a

b

c

Figura 91. Geometrias de equilíbrio da: (a) delfinidina, (b) delfinidina/Al(III), (c)

delfinidina/Zn(II) (distâncias dadas em Ǻ).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

138

a

b

c

Figura 92. Geometrias de equilíbrio da: (a) cianidina, (b) cianidina/Al(III), (c)

cianidina/Zn(II) (distâncias dadas em Ǻ).

A complexação com Al(III) produz algumas mudanças nos comprimentos de

ligações como pode ser observado nas Tabelas 15 e 16. A modificação mais

pronunciada entretanto, está relacionada aos comprimentos de ligações de C(3’)-

C(4’), que variaram de 1,409 Å na delfinidina para 1,471 Å na delfinidina/Al(III), e de

1,417 Å na cianidina para 1,474 Å na cianidina/Al(III). Dessa forma, nota-se um

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

139

alongamento de aproximadamente 0,060 Å dessa ligação em relação as

antocianidinas na sua forma livre.

Outras alterações são observadas com a presença de Al(III), como o

comprimento da ligação que une o anel B aos anéis A e C, C(2)-C(1’). Observa-se

um aumento de 0,015 Å para a delfinidina/Al(IIII) e de 0,011 Å para a cianidina/Al(III)

nestas ligações em relação ao ligante na sua forma livre.

A complexação com Zn(II) não provocou modificações nos comprimentos de

ligação que constituem os anéis A e C da delfinidina e cianidina. Para esses cátions,

ressalta-se ainda que as variações mais importantes estão nos comprimentos de

ligação C(3’)-C(4’), C(3’)-O(3’) e C(4’)-O(4’) que formam o anel B. Observa-se um

aumento no comprimento destas ligações de 0,015 Ǻ, 0,027 Ǻ e 0,013 Ǻ

respectivamente para a delfinidina/Zn(II). Analogamente, são observadas variações

nos comprimentos de ligação destas ligações para a cianidina/Zn(II).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

140

Tabela 15. Distâncias interatômicas (em Å) para a delfinidina, delfinidina/Al(III)

delfinidina/Zn(II)

Ligação Delfinidina(a) Delfinidina /Al(III)(b)

Delfinidina /Zn(II)(b)

O(1)-C(2) 1,351 1,357 1,351 C(2)-C(3) 1,421 1,407 1,422 C(3)-O(3) 1,360 1,343 1,359 O(3)-H(3) 0,968 0,970 0,968 C(3)-C(4) 1,386 1,414 1,386 C(4)-H(4) 1,087 1,088 1,087

C(4)-C(4a) 1,405 1,380 1,405 C(4a)-C(8ª) 1,413 1,435 1,413 C(4a)-C(5) 1,430 1,449 1,430 C(5)-O(5) 1,352 1,338 1,352 O(5)-H(5) 0,968 0,970 0,968 C(5)-C(6) 1,379 1,373 1,380 C(6)-H(6) 1,085 1,085 1,085 C(6)-C(7) 1,416 1,424 1,416 C(7)-O(7) 1,345 1,326 1,345 O(7)-H(7) 0,968 0,971 0,968 C(7)-C(8) 1,398 1,411 1,399 C(8)-H(8) 1,084 1,084 1,084

C(8)-C(8a) 1,389 1,378 1,389 C(8a)-O(1) 1,358 1,353 1,358 C(2)-C(1’) 1,442 1,457 1,442 C(1’)-C(2’) 1,418 1,411 1,425 C(2’)-H(2’) 1,081 1,081 1,081 C(2’)-C(3’) 1,385 1,388 1,375 C(3’)-O(3’) 1,353 1,313 1,380 O(3’)-H(3’) 0,970 – –

O(3’)-Al – 1,865 – O(3’)-Zn – 1,401

C(3’)-C(4’) 1,409 1,471 1,424 C(4’)-O(4’) 1,347 1,281 1,360 O(4’)-H(4’) 0,972 – –

O(4’)-Al – 1,923 – O(4’)-Zn – – 1,411

C(4’)-C(5’) 1,405 1,445 1,401 C(5’)-O(5’) 1,367 1,333 1,354 O(5’)-H(5’) 0,967 0,970 0,967 C(5’)-C(6’) 1,384 1,378 1,394 O(4’)-H(4’) 0,972 – – C(6’)-H(6’) 1,080 1,081 1,080 C(6’)-C(1’) 1,422 1,422 1,422 H(6’)-O(3) 2,105 2,100 2,090 H(4)-O(5) 2,492 2,447 2,491 C(6’)-H(6’) 1,080 1,081 1,080

(a)6-31+G(d,p). (b)ECP para metal e 6-31+G(d,p) para os demais átomos.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

141

Tabela 16. Distâncias interatômicas (em Å) para a cianidina, cianidina/Al(III) e

cianidina/Zn(II)

Ligação Cianidina(a) Cianidina /Al(III)(b)

Cianidina /Zn(II)(b)

O(1)-C(2) 1,350 1,357 1,351 C(2)-C(3) 1,420 1,408 1,422 C(3)-O(3) 1,358 1,342 1,357 O(3)-H(3) 0,968 0,970 0,968 C(3)-C(4) 1,387 1,414 1,386 C(4)-H(4) 1,087 1,088 1,087

C(4)-C(4a) 1,404 1,381 1,405 C(4a)-C(8a) 1,413 1,434 1,413 C(4a)-C(5) 1,430 1,450 1,430 C(5)-O(5) 1,352 1,338 1,352 O(5)-H(5) 0,968 0,971 0,968 C(5)-C(6) 1,379 1,373 1,380 C(6)-H(6) 1,085 1,085 1,085 C(6)-C(7) 1,416 1,423 1,416 C(7)-O(7) 1,345 1,325 1,345 O(7)-H(7) 0,968 0,971 0,968 C(7)-C(8) 1,398 1,412 1,399 C(8)-H(8) 1,084 1,084 1,084

C(8)-C(8a) 1,389 1,378 1,389 C(8a)-O(1) 1,358 1,354 1,359 C(2)-C(1’) 1,443 1,454 1,442 C(1’)-C(2’) 1,421 1,401 1,429 C(2’)-H(2’) 1,082 1,082 1,082 C(2’)-C(3’) 1,381 1,399 1,372 C(3’)-O(3’) 1,353 1,307 1,380 O(3’)-H(3’) 0,970 – –

O(3’)-Al – 1,876 – O(3’)-Zn – – 1,400 O(4’)-Al – 1,896 – O(4’)-Zn – – 1,412

C(3’)-C(4’) 1,417 1,474 1,431 C(4’)-O(4’) 1,353 1,294 1,362 O(4’)-H(4’) 0,968 – – C(4’)-C(5’) 1,396 1,417 1,390 C(5’)-H(5’) 1,086 1,085 1,084 C(5’)-C(6’) 1,388 1,371 1,393 C(6’)-H(6’) 1,078 1,080 1,079 C(6’)-C(1’) 1,418 1,458 1,422 H(6’)-O(3) 2,115 2,113 2,101 H(4)-O(5) 2,490 2,446 2,491

(a)6-31+G(d,p). (b)ECP para metal e 6-31+G(d,p) para os demais átomos.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

142

Tabela 17. Distâncias interatômicas (em Å) para a pelargonidina, obtidas no nível

B3LYP/6-31+G(d,p)

Ligação Pelargonidina O(1)-C(2) 1,351 C(2)-C(3) 1,422 C(3)-O(3) 1,358 O(3)-H(3) 0,968 C(3)-C(4) 1,385 C(4)-H(4) 1,087

C(4)-C(4a) 1,405 C(4a)-C(8a) 1,412 C(4a)-C(5) 1,430 C(5)-O(5) 1,352 O(5)-H(5) 0,968 C(5)-C(6) 1,379 C(6)-H(6) 1,085 C(6)-C(7) 1,415 C(7)-O(7) 1,345 O(7)-H(7) 0,968 C(7)-C(8) 1,399 C(8)-H(8) 1,084

C(8)-C(8a) 1,389 C(8a)-O(1) 1,359 C(2)-C(1’) 1,440 C(1’)-C(2’) 1,425 C(2’)-H(2’) 1,082 C(2’)-C(3’) 1,377 C(3’)-H(3’) 1,084 C(3’)-C(4’) 1,410 C(4’)-O(4’) 1,343 O(4’)-H(4’) 0,969 C(4’)-C(5’) 1,406 C(5’)-H(5’) 1,086 C(5’)-C(6’) 1,384 C(6’)-H(6’) 1,079 C(6)-C(1’) 1,421 H(6’)-O(3) 2,113 (4)-O(5) 2,491

Os principais ângulos de ligação obtidos para as moléculas estão

apresentados nas Tabela 18 e 19.

Os ângulos de ligação das moléculas de delfinidina, cianidina e pelargonidina

praticamente não demonstram diferenças significativas. O ângulo de ligação C(6’)-

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

143

C(1’)-C(2’) diminui ligeiramente de acordo com o decréscimo da hidroxilação do anel

B destas moléculas.

A presença de Al(III) provocou modificações bastante significativas nos

ângulos de ligação C(4’)-C(3’)-O(3’) da delfinidina e da cianidina, sendo observada

uma diminuição de aproximadamente 7° nos complexos em relação a estas

moléculas na sua forma livre. Resultados semelhantes foram obtidos na presença de

Zn(II).

Tabela 18. Principais ângulos interatômicos (em graus) nas moléculas da delfinidina,

delfinidina/Al(III), e delfinidina/Zn(II)

Ângulo Delfinidina(a) Delfinidina/ Al(III)(b)

Delfinidina/ Zn(b)

O(1)-C(2)-C(3) 116,9 117,7 116,8 C(2)-C(3)-C(4) 119,7 119,3 119,7

C(3)-C(4)-C(4a) 121,4 121,2 121,4 C(4)-C(4a)-C(8a) 117,9 118,4 117,9 C(4a)-C(8a)-O(1) 118,5 118,2 118,6 C(8a)-O(1)-C(2) 125,5 125,3 125,6 C(4a)-C(5)-C(6) 120,1 119,7 120,1 C(5)-C(6)-C(7) 120,0 120,0 120,0 C(6)-C(7)-C(8) 121,8 122,4 121,8

C(7)-C(8)-C(8a) 117,1 117,1 117,7 C(8)-C(8a)-C(4a) 123,5 123,0 123,5 C(8a)-C(4a)-C(5) 117,5 117,9 117,5 C(6’)-C(1’)-C(2’) 119,4 121,3 119,8 C(1’)-C(2’)-C(3’) 120,6 118,6 118,1 C(2’)-C(3’)-C(4’) 119,7 120,6 121,9 C(3’)-C(4’)-C(5’) 120,1 119,7 120,4 C(4’)-C(5’)-C(6’) 120,9 118,1 118,2 C(5’)-C(6’)-C(1’) 119,4 121,5 121,5 C(4’)-C(3’)-O(3’) 120,7 113,2 112,6 C(3’)-C(4’)-O(4’) 117,5 115,7 114,1

(a)6-31+G(d,p). (b)ECP para metal e 6-31+G(d,p) para os demais átomos.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

144

Tabela 19. Principais ângulos interatômicos (em graus) nas moléculas da cianidina,

cianidina/Al(III), cianidina/Zn(II) e pelargonidina

Ângulo Cianidina(a) Cianidina/Al(III)(b)

Cianidina/Zn(II)(b)

Pelargonidina(a)

O(1)-C(2)-C(3) 117,0 117,8 116,9 117,0 C(2)-C(3)-C(4) 119,7 119,3 119,7 119,7

C(3)-C(4)-C(4a) 121,4 121,1 121,4 121,4 C(4)-C(4a)-C(8a) 117,9 118,5 117,9 117,9 C(4a)-C(8a)-O(1) 118,5 118,2 118,5 118,6 C(8a)-O(1)-C(2) 125,5 125,1 125,6 125,5 C(4a)-C(5)-C(6) 120,1 119,7 120,1 120,2 C(5)-C(6)-C(7) 120,0 119,9 120,0 120,0 C(6)-C(7)-C(8) 121,8 122,4 121,7 121,7

C(7)-C(8)-C(8a) 117,0 117,1 117,1 117,1 C(8)-C(8a)-C(4a) 123,5 123,0 123,5 123,5 C(8a)-C(4a)-C(5) 117,5 117,9 117,5 117,5 C(6’)-C(1’)-C(2’) 118,7 119,9 119,4 117,8 C(1’)-C(2’)-C(3’) 120,9 118,8 118,7 121,4 C(2’)-C(3’)-C(4’) 119,5 120,5 121,2 119,8 C(3’)-C(4’)-C(5’) 120,3 119,8 120,7 119,9 C(4’)-C(5’)-C(6’) 120,4 118,4 118,5 120,2 C(5’)-C(6’)-C(1’) 120,2 122,3 121,5 120,9 C(4’)-C(3’)-O(3’) 121,0 114,1 113,0 – C(3’)-C(4’)-O(4’) 114,8 114,6 113,4 116,8

(a)6-31+G(d,p). (b)ECP para metal e 6-31+G(d,p) para os demais átomos.

Vários métodos foram propostos para a comparação das cargas atômicas

com grandezas determinadas experimentalmente ou computacionalmente. Wiberg e

Rablen[158] compararam os momentos de dipolo e potenciais eletrostáticos

moleculares calculados por cargas atômicas com aqueles obtidos por métodos SCF

(Self-Consistent Field). Nesse trabalho também foi analisada a capacidade das

cargas atômicas de reproduzir variações de eletronegatividade. Os momentos de

dipolo para compostos heterocíclicos foram calculados a partir das cargas obtidas

por vários métodos e comparados com aqueles determinados

experimentalmente[159]. Sigfridsson e Ryde[160] compararam os momentos de

multipolo calculados a partir de cargas atômicas derivadas do potencial eletrostático

(µcargas) com os valores derivados diretamente da função de onda (µeigen).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

145

Posteriormente, o “Simple Potential Model” sugerido por Sieghban foi proposto como

critério para a qualidade de cargas atômicas parciais[161]. Um conjunto de cargas

atômicas pode ser considerado satisfatório se reproduzir os momentos de dipolo, o

potencial eletrostático molecular, a densidade eletrônica e a eletronegatividade

relativa dos vários átomos[162]. Apesar destes esforços, não se pode determinar

precisamente um critério para escolha de cargas atômicas.

As cargas atômicas obtidas pelos métodos de Mulliken e GAPT estão

apresentadas nas Tabelas 20 a 22. Considerando as cargas de Mulliken, foram

observadas algumas variações nas cargas atômicas das antocianidinas após a

complexação, que são significativamente mais pronunciadas para os carbonos C(1’)

e C(2) da delfinidina.

Os resultados obtidos demonstraram valores semelhantes de cargas GAPT

para os carbonos C(2), C(5), C(7), e C(4’) na delfinidina, cianidina e pelargonidina.

As alterações nas cargas GAPT após a complexação foram bem menos

intensas, e em alguns aspectos distintas, das observadas nas de Mulliken. Para os

complexos de cianidina/Al(III) e delfinidina/(III) os carbonos C(5) e C(7) apresentam

modificações, com um aumento pronunciado da carga positiva em relação ao ligante

livre. As cargas atômicas do O(4’), C(5’) e (4’) também foram significantemente na

presença de Al(III).

Diferentemente do que foi observado no complexo de Al(III), os carbonos C(5)

e C(7), na presença de Zn(II), praticamente não sofreram alterações nos valores de

suas cargas atômicas.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

146

Tabela 20. Cargas atômicas (Mulliken e GAPT) para a delfinidina, delfinidina/Zn(II) e

delfinidina/Al(IIII)

Delfinidina(a) Delfinidina/Zn(II)(b) Delfinidina/Al(III)(b)

(Mulliken) (GAPT) (Mulliken) (GAPT) (Mulliken) (GAPT)

1 O -0,346 -0,371 -0,335 -0,374 -0,314 -0,344 2 C 1,379 1,129 0,352 1,146 0,954 -0,185 3 C -0,336 -0,230 -0,303 -0,240 -0,237 0,136 4 C -0,499 0,681 -0,277 0,680 -0,469 0,596 5 C 0,297 1,083 0,146 1,092 -0,349 1,224 6 C 0,177 -0,316 0,248 -0,316 0,556 -0,290 7 C -0,045 0,990 0,100 0,986 -0,346 1,465 8 C -0,185 -0,534 -0,188 -0,533 -0,316 -0,834 8a C 0,285 0,321 0,268 0,317 0,733 0,330 4a C 0,093 -0,511 0,083 -0,509 0,093 -0,360 1’ C 0,357 -0,628 0,851 -0,652 0,766 0,738 2’ C -0,483 0,062 -0,206 0,082 0,559 -0,408 3’ C -0,077 0,277 -0,270 0,142 -0,820 0,254 4’ C 0,635 0,945 0,602 0,886 0,724 -0,080 5’ C 0,083 0,350 0,294 0,382 -0,073 1,052 6’ C -0,196 0,140 -0,193 0,156 -0,184 -0,428 3 O -0,573 -0,614 -0,549 -0,614 -0,505 -0,544 3 H 0,409 0,309 0,404 0,310 0,424 0,408 5 O -0,551 -0,810 -0,549 -0,814 -0,503 -0,924 5 H 0,393 0,356 0,400 0,358 0,421 0,425 7 O -0,495 -0,917 -0,477 -0,916 -0,404 -0,967 7 H 0,379 0,324 0,376 0,323 0,397 0,338 3’ O -0,526 -0,717 -0,218 -0,746 -0,496 -0,063 3’ H 0,402 0,358 – – – – 4’ O -0,564 -1,138 -0,239 -1,148 -0,450 0,235 4’ H 0,419 0,416 – – – – 5’ O -0,592 -0,769 -0,508 -0,737 -0,422 -0,817 5’ H 0,392 0,332 0,378 0,319 0,400 0,370 4 H 0,168 0,108 0,178 0,109 0,202 0,131 6 H 0,147 0,090 0,158 0,089 0,189 0,124 8 H 0,152 0,083 0,152 0,082 0,172 0,087 2’ H 0,155 0,094 0,159 0,095 0,179 0,092 6’ H 0,144 0,106 0,144 0,105 0,168 0,095

Al – – – 0,950 0,147 Zn 0,017 0,938

1,000 1,000 1,000 1,000 2,000 2,000 (a)6-31+G(d,p). (b)ECP para metal e 6-31+G(d,p) para os demais átomos.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

147

Tabela 21. Cargas atômicas (Mulliken e GAPT) para a cianidina, cianidina/Zn(II) e

Cianidina/Al(III)

Cianidina(a) Cianidina/Zn(II)(b) Cianidina/Al(III)(b)

(Mulliken) (GAPT) (Mulliken) (GAPT) (Mulliken) (GAPT)

1 O -0,352 -0,351 -0,335 -0,355 -0,317 -0,370 2 C 0,842 1,102 0,442 1,127 0,855 -0,187 3 C -0,480 -0,210 -0,118 -0,219 0,311 0,195 4 C -0,154 0,663 -0,342 0,660 -0,878 0,586 5 C 0,231 1,071 0,210 1,076 -0,267 1,232 6 C 0,227 -0,316 0,155 -0,315 0,537 -0,295 7 C -0,033 0,993 -0,014 0,986 -0,370 1,514 8 C -0,185 -0,531 -0,176 -0,530 0,038 -0,850

8a C 0,287 0,318 0,265 0,313 0,533 0,326 4a C 0,084 -0,497 0,082 -0,493 0,093 -0,380 1’ C 0,523 -0,662 0,672 -0,704 0,391 0,345 2’ C -0,276 0,077 -0,284 0,117 0,446 -0,310 3’ C 0,196 0,232 0,143 0,096 -0,475 0,260 4’ C 0,163 1,001 0,297 0,950 0,162 0,052 5’ C -0,185 -0,285 -0,144 -0,300 0,031 0,167 6’ C -0,103 0,286 -0,114 0,324 -0,081 -0,040 3 O -0,577 -0,616 -0,559 -0,618 -0,515 -0,561 3 H 0,409 0,313 0,406 0,314 0,423 0,423 5 O -0,567 -0,807 -0,546 -0,810 -0,502 -0,934 5 H 0,403 0,357 0,400 0,357 0,421 0,427 7 O -0,495 -0,913 -0,480 -0,910 -0,414 -0,963 7 H 0,379 0,324 0,378 0,323 0,397 0,338 3’ O -0,530 -0,721 -0,267 -0,764 -0,485 -0,011 3’ H 0,401 0,361 – – – – 4’ O -0,556 -1,111 -0,275 -1,144 -0,477 0,193 4’ H 0,395 0,387 – – – – 5’ H 0,173 0,049 0,173 0,082 0,208 0,113 4 H 0,156 0,109 0,175 0,109 0,203 0,134 6 H 0,152 0,089 0,159 0,089 0,189 0,126 8 H 0,157 0,083 0,152 0,082 0,172 0,085 2’ H 0,146 0,092 0,160 0,091 0,185 0,094 6’ H 0,168 0,112 0,173 0,113 0,199 0,103

Al – – – – 0,988 0,188 Zn – – 0,213 0,949 – –

1,000 1,000 1,000 1,000 2,000 2,000 (a)6-31+G(d,p). (b)ECP para metal e 6-31+G(d,p) para os demais átomos.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

148

Tabela 22. Cargas atômicas (Mulliken) na molécula de pelargonidina, no vácuo,

obtidas no nível B3LYP/6-31+G(d,p)

Pelargonidina

(Mulliken) (GAPT)

1 O -0,348 -0,372 2 C 0,452 1,141 3 C -0,436 -0,215 4 C -0,418 0,665 5 C -0,462 1,070 6 C 0,633 -0,318 7 C -0,512 0,989 8 C -0,320 -0,529

8a C 0,868 0,325 4a C 0,072 -0,502 1’ C 1,597 -0,782 2’ C -0,582 0,300 3’ C 0,061 -0,428 4’ C -0,228 1,128 5’ C 0,089 -0,384 6’ C -0,115 0,400 3 O -0,562 -0,620 3 H 0,411 0,312 5 O -0,543 -0,804 5 H 0,404 0,355 7 O -0,466 -0,913 7 H 0,379 0,325 3’ H 0,167 0,0785 4’ O -0,458 -1,109 4’ H 0,377 0,375 5’ H 0,142 0,047 4 H 0,172 0,109 6 H 0,157 0,090 8 H 0,148 0,081 2’ H 0,151 0,078 6’ H 0,172 0,110

1,000 1,000

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

149

IV.16-HARMONIC OSCILLATOR MODEL OF AROMATICITY (HOMA)

A aromaticidade dos compostos foi calculada utilizando dados estruturais

(com uso do ECP para metais) através do índice HOMA. Esse índice foi calculado de

duas formas: (i) transformando as ligações C-O em C-C virtuais (Tabela 23) e (ii)

com a separação do anel C em duas partes (uma considerando apenas as ligações

C-C e outra apenas com as ligações C-O, Tabela 24). Foram descritas as diferentes

contribuições para o decréscimo da aromaticidade: (i) devido à variação do

comprimento de ligação com relação ao Ropt (o termo denominado EN) e (ii) devido

à alternância dos comprimentos de ligação (o termo denominado GEO).

O índice HOMA (Tabelas 23 a 25) para os anéis A, B e, sobretudo C, dos

compostos demonstra que estes são menos aromáticos do que o benzeno (HOMA =

0,9742)[163] e que o cátion pirílio (HOMA = 0,7362)[163]. Os resultados (Tabela 23)

permitem verificar que os termos EN e GEO contribuem diferentemente para a perda

aromaticidade do anel C, e que o termo que mais contribui para o decréscimo da

aromaticidade está relacionado com a alternância dos comprimentos de ligação

(GEO). A contribuição do termo EN é praticamente o dobro da observada para o

termo GEO.

A divisão do anel C em duas partes (Tabela 24) indica que o índice HOMA da

parte heterocíclica é negativo. A principal contribuição para o decréscimo da

aromaticidade é decorrente dos longos comprimentos das ligações C-O em relação

ao comprimento ótimo dessa ligação (1,265 Å, Tabela 1), ou seja, do termo EN.

Analogamente, para a parte homocíclica (ligações C-C, Tabela 24) observa-se que o

termo EN apresenta contribuição superior ao termo GEO. Entretanto, nos complexos

com Al(III), verifica-se uma maior proximidade entre os valores destes dois termos, o

que provavelmente deve ser atribuído à perda de planaridade destes complexos.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

150

Tabela 23. HOMA, EN e GEO para o anel C da delfinidina e respectivos complexos

com Al(III) e Zn(II), cianidina e respectivos complexos com Al(III) e Zn(II) e

pelargonidina

Composto HOMA EN GEO Benzeno 0,9742 0,0257 0,0

Delfinidina 0,5022 0,3197 0,1781 Delfinidina/Al(III) 0,4420 0,3564 0,2017 Delfinidina/Zn(II) 0,5110 0,3109 0,1781

Cianidina 0,5110 0,3143 0,1747 Cianidina/Al(IIII) 0,4403 0,3621 0,1976 Cianidina/Zn(II) 0,4944 0,3251 0,1804 Pelargonidina 0,4963 0,3191 0,1846

Tabela 24. Contribuição das diferentes ligações para HOMA, EN e GEO para o anel

C da delfinidina e respectivos complexos com Al(III) e Zn(II), cianidina e respectivos

complexos com Al(III) e Zn(II) e pelargonidina

Contribuição C–C Contribuição C–O Composto HOMA HOMA EN GEO HOMA EN GEO

Delfinidina 0,4929 0,8707 0,0858 0,0435 -0,2626 1,2606 0,1781 Delfinidina/Al(III) 0,4327 0,7867 0,1136 0,0996 -0,2754 1,2748 0,0006 Delfinidina/Zn(II) 0,5020 0,8664 0,0882 0,0454 -0,2266 1,1912 0,0354

Cianidina 0,5018 0,8772 0,0835 0,0393 -0,2491 1,2466 0,0025 Cianidina/Al(IIII) 0,4310 0,7912 0,1164 0,0924 -0,2983 1,2890 0,0003 Cianidina/Zn(II) 0,4852 0,8664 0,0882 0,0454 -0,2773 1,2748 0,0025 Pelargonidina 0,4870 0,8692 0,0834 0,0473 -0,2773 1,2748 0,0025

O índice HOMA (Tabela 25) para os anéis A e B da cianidina, delfinidina e

pelargonidina é inferior ao calculado para o benzeno. Entretanto, ambos os anéis

demonstram uma aromaticidade maior do que a observada para o naftaleno

(HOMA= 0,7526)[163]. Adicionalmente, o aumento do número de hidroxilas no anel B

leva a um acréscimo na aromaticidade do mesmo (Tabela 25), sendo este mais

pronunciado quando se compara o índice HOMA da cianidina e delfinidina com a

pelargonidina.

Diferentemente do Zn(II), a complexação com o Al(III) conduz a uma

diminuição acentuada na aromaticidade do anel A. Em todos os casos, as

contribuições dos termos EN e GEO são próximas.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

151

Considerando o anel B (Tabela 25), verifica-se que a diminuição da

aromaticidade tanto para os complexos com Zn(II) quanto para os com Al(III),

embora a complexação com este último tenha provocado decréscimos de

aromaticidade significantemente mais acentuados. Novamente, os termos

relacionados com o aumento (EN) e com a alternância dos comprimentos de ligação

(GEO) contribuíram de modo similar para a menor aromaticidade do anel B nos

complexos (relativamente às antocianidinas não complexadas).

Tabela 25. HOMA, EN e GEO para os anéis A e B da da delfinidina e respectivos

complexos com Al(III) e Zn(II), cianidina e respectivos complexos com Al(III) e Zn(II)

e pelargonidina

HOMA EN GEO HOMA EN GEO Compostos

Anel A Anel B

Delfinidina 0,8559 0,0673 0,0767 0,8793 0,0646 0,0561

Delfinidina/Al(III) 0,6530 0,1443 0,2027 0,4123 0,3067 0,2809

Delfinidina/Zn(II) 0,8557 0,0701 0,0741 0,8198 0,0914 0,0888

Cianidina 0,8559 0,0673 0,0767 0,8736 0,0619 0,0645

Cianidina/Al(IIII) 0,6569 0,1632 0,1798 0,4109 0,2639 0,3252

Cianidina/Zn(II) 0,8557 0,0741 0,0702 0,7865 0,1285 0,0850

Pelargonidina 0,8595 0,0660 0,0746 0,8538 0,0646 0,0815

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CONCLUSÕES

152

V. CONCLUSÕES

Os resultados obtidos neste trabalho evidenciaram a ocorrência de

complexação entre os íons metálicos Al(III), Fe(II), Zn(II), Ni(II) e Cu(II) e os

flavonóides miricetina, fisetina, delfinidina, cianidina e cianidina-3-G.

Os dados espectrais mostraram a fundamental importância dos grupos catecol ou

pirogalol para a complexação; pelargonidina e pelargonidina-3-G não possuem estes

grupos e nenhuma evidência de complexação foi observada com estes compostos.

A reatividade das antocianinas em solução é bastante complexa, sendo muito

instáveis a mudanças de pH, luz e temperatura. Na presença dos íons Al(III), Fe(II),

Zn(II) e Ni(II), estes flavonóides apresentaram um aumento de estabilidade.

Pode-se ressaltar a maior estabilidade da cianidina/Al(III) em relação a

delfinidina/Al(III); os valores obtidos de complexE evidenciam a grande estabilidade da

ligação metal-ligante, sendo a ligação do cátion metálico com a cianidina um pouco

mais estável do que a observada com a delfinidina.

Além disso, os estudos mostraram que a quantidade de hidroxilas no anel B

tem influência direta na atividade antioxidante destes compostos livres e

coordenados.

A coexistência da dupla ligação entre C2=C3 em conjugação com o grupo 4-

oxo e o grupo 3-OH também influenciaram a atividade antioxidade: os flavónoides

miricetina e fisetina apresentaram melhor atividade antioxidade em relação às

antocianinas que não apresentam esta ligação

A presença do açúcar na posição 3 das antocianinas contribuiu para um

decréscimo da atividade antioxidante, que pode ser atribuído ao impedimento estéro

causado pela presença do glicosídeo.

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CONCLUSÕES

153

Cálculos quânticos apontaram que as estruturas planares da delfinidina,

cianidina e pelargonidina são energeticamente mais estáveis do que as não

planares. A complexação com Al(III) e Zn(II) produz algumas mudanças nos

comprimentos da ligações; as modificações mais pronunciadas estão nos

comprimentos de ligação C(3’)-C(4’), C(3’)-O(3’) e C(4’)-O(4’) que formam o anel B

destes compostos.

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