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ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS E URBANÍSTICAS 01. Município: Uberlândia 02. Distrito: Sede 03. Designação: Igreja Nossa Senhora do Rosário 04. Endereço: Praça Rui Barbosa s/n – Centro 05. Propriedade: Propriedade Privada - Eclesiástica 06. Responsável: Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens de Cor 07. Histórico: A Igreja Nossa Senhora do Rosário constitui-se a terceira construção destinada ao Rosário de Maria Santíssima nessa cidade. Sua primeira implantação seria realizada na baixada que verte para o Ribeirão São Pedro. Entretanto, considerando as tendências de crescimento do arraial, optou-se por construí-la no local atualmente ocupado pela Praça Dr. Duarte. No ano de 1891, o Sr. Arlindo Teixeira, membro da Comissão Procuradora da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, propôs a transferência da capela, que se encontrava em estado de abandono e degradação, para a praça hoje denominada Rui Barbosa. Autorizada pela comissão em junho do mesmo ano, a construção da capela foi finalizada em 1893, tendo sido empregada estrutura autônoma de madeira e fechamento em tijolos de adobe. Essa capela tinha frontispício voltado para o Ribeirão São Pedro e contava com três portas – uma central, mais larga, e duas laterais a esta; com duas janelas rasgadas por inteiro, com balaústres de madeira recortada, no nível do coro. No entanto, já nos primeiros anos, verificou-se um espírito geral de descontentamento em relação à essa edificação, considerada uma “acanhada ermida sertaneja”. Dessa forma, alguns anos mais tarde, já se cogitava a construção de uma nova capela. Por iniciativa do farmacêutico Cícero Macedo, que havia construído sua residência na Praça Rui Barbosa, formou- se uma comissão encarregada de uma construção de uma nova capela, “mais condizente com a época, para embelezar a praça”. Essa comissão conseguiu apoio e recursos da população de Uberlândia. A antiga capela foi então demolida e a construção da Igreja Nossa Senhora do Rosário se deu entre os anos de 1928 e 1931, tendo sido inaugurada em maio de 1931. 09. Documentação Fotográfica:

ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS E URBANÍSTICAS · 12. Proteção Legal ... A travessa lateral constitui uma espécie de rua particular, na qual o fluxo é pouco intenso. ... do piso da

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ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS E URBANÍSTICAS

01. Município: Uberlândia 02. Distrito: Sede

03. Designação: Igreja Nossa Senhora do Rosário

04. Endereço: Praça Rui Barbosa s/n – Centro

05. Propriedade: Propriedade Privada - Eclesiástica

06. Responsável: Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens de Cor

07. Histórico: A Igreja Nossa Senhora do Rosário constitui-se a terceira construção destinada ao Rosário de Maria Santíssima nessa cidade. Sua primeira implantação seria realizada na baixada que verte para o Ribeirão São Pedro. Entretanto, considerando as tendências de crescimento do arraial, optou-se por construí-la no local atualmente ocupado pela Praça Dr. Duarte. No ano de 1891, o Sr. Arlindo Teixeira, membro da Comissão Procuradora da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, propôs a transferência da capela, que se encontrava em estado de abandono e degradação, para a praça hoje denominada Rui Barbosa. Autorizada pela comissão em junho do mesmo ano, a construção da capela foi finalizada em 1893, tendo sido empregada estrutura autônoma de madeira e fechamento em tijolos de adobe. Essa capela tinha frontispício voltado para o Ribeirão São Pedro e contava com três portas – uma central, mais larga, e duas laterais a esta; com duas janelas rasgadas por inteiro, com balaústres de madeira recortada, no nível do coro. No entanto, já nos primeiros anos, verificou-se um espírito geral de descontentamento em relação à essa edificação, considerada uma “acanhada ermida sertaneja”. Dessa forma, alguns anos mais tarde, já se cogitava a construção de uma nova capela. Por iniciativa do farmacêutico Cícero Macedo, que havia construído sua residência na Praça Rui Barbosa, formou-se uma comissão encarregada de uma construção de uma nova capela, “mais condizente com a época, para embelezar a praça”. Essa comissão conseguiu apoio e recursos da população de Uberlândia. A antiga capela foi então demolida e a construção da Igreja Nossa Senhora do Rosário se deu entre os anos de 1928 e 1931, tendo sido inaugurada em maio de 1931.

09. Documentação Fotográfica:

A implantação da Igreja na praça foi modificada, sofrendo uma rotação – seu frontispício foi orientado para o Norte, isto é, para o lado em que a cidade crescia, ficando os fundos voltados para o Ribeirão São Pedro.Em 9 de dezembro de 1985, a Igreja Nossa Senhora do Rosário foi tombada em âmbito municipal pela Lei nº 4263. No biênio 1987/1988 e no ano de 1992, a igreja passou por processos de restauração. Além de ser a construção religiosa mais antiga da cidade, a importância dessa Igreja decorre também do fato de ela ser a sede da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens de Cor de Uberlândia, que a mantém. Fundada em 1916, essa Irmandade conserva até os dias atuais a tradição da Festa da Congada, que ocorre em novembro – uma das mais expressivas manifestações de festividade religiosa dessa cidade. Atualmente, a Igreja tem sido utilizada para missas e reuniões de grupos de oração.

08. Descrição: A Igreja foi projetada pelo arquiteto Thomaz Hovanes, que utilizou uma linguagem eclética, onde predominam elementos neogóticos. Com implantação no centro da praça, a Igreja possui frontispício voltado para o Norte. A volumetria da igreja é regular e simétrica, com uma torre central, localizada na parte anterior da edificação. Sua planta desenvolve-se em cruz, com transepto que avança nas laterais. Possui nave única, duas sacristias laterais, arco-cruzeiro, capela-mor e coro sobre a porta principal. As sacristias comunicam-se diretamente com a capela-mor através de portas de madeira, com bandeira na forma ogival, em madeira e vidro liso. A sacristia localizada à direita possui uma porta de acesso ao exterior do edifício. Um outro vão, de verga reta, foi aberto em data posterior à da construção da igreja, promovendo a comunicação entre a sacristia, localizada à esquerda, e a capela lateral. O altar é feito em mármore branco, com detalhes em mármores coloridos, iluminado por três vitrais coloridos. O piso da nave e do transepto é realizado em ladrilhos hidráulicos decorados, formando um mosaico. O piso da capela-mor é de ladrilho hidráulico branco, com peças de ladrilho hidráulico decorado formando um requadro. Nas sacristias, no coro e na torre, o piso é de assoalho de madeira, com tábuas corridas. Os forros da nave, transepto e capela-mor são em madeira, em gamela. Os pilares que sustentam o coro apresentam, na parte superior, mão-francesa em forma de voluta. Todas as paredes internas da igreja recebem pinturas decorativas. Os lustres existentes não são originais. Exteriormente, a composição da fachada frontal é marcada pelos pilares, que a dividem em três partes, elevando e destacando a torre central. A porta principal é em madeira, almofadada, apresentando entalhes decorativos, ladeada por dois falsos nichos. Vitrais coloridos fazem a iluminação do coro. Na parte superior da fachada, duas janelas, com mesma proporção e desenho dos vitrais, iluminam a torre. Na fachada central encontra-se um relógio, que não possui mecanismo de funcionamento. Os elementos decorativos constituem as cimalhas, as coroações em ogivas das janelas, vitrais e portas, ático, bordaduras abaixo do relógio e pináculos, que fazem o arremate final de cada pilar. Na altura do piso do coro, uma moldura percorre externa e horizontalmente as fachadas. Em cada uma das fachadas laterais, encontram-se duas portas, também de madeira, encimadas por um vitral. Na fachada posterior nota-se a presença de instalações sanitárias, construídas em 1984, que comprometeram a composição estética da igreja. A ventilação é realizada através de dois pequenos vãos gradeados abertos na fachada. A nave tem a sua cobertura em duas águas, feita em estrutura de madeira e revestida em telhas cerâmicas. Os condutores de água pluvial estão parcialmente aparentes. A cobertura da torre é realizada em quatro águas, com estrutura em madeira e revestimento em chapas metálicas. Acima dessa cobertura, está localizada a cruz, feita em treliça metálica.

10. Uso Atual: 11. Situação de Ocupação:

( ) Residencial ( ) Serviço ( ) Comercial ( X ) Institucional ( ) Industrial ( ) Outros

( X ) Própria ( ) Alugada ( ) Cedida ( ) Comodato ( ) Outros

12. Proteção Legal Existente 13.Proteção Legal Prop osta:

( X ) Tombamento ( X ) Municipal ( ) Federal ( ) Estadual ( ) Nenhuma

( ) Tombamento Federal ( ) Tombamento Estadual ( ) Tombamento Municipal ( ) Entorno de Bem Tombado ( ) Documentação Histórica ( ) Inventário

( ) Tombamento Integral ( ) Tombamento Parcial ( ) Fachadas ( ) Volumetria ( ) Restrições de Uso e Ocupação

14. Análise do Entorno - Situação e Ambiência: A Praça Rui Barbosa é delimitada, a Norte, pela Rua Silviano Brandão, a Sul, pela Rua Barão de Camargos, a Leste, pela Rua Rodolfo Correa e, a Oeste, por uma travessa sem denominação. O piso externo da praça, na área circundante à igreja, é feito em tijolo cerâmico, tipo “tijolinho espelho”. A praça, em suas outras áreas, recebe piso em pedra portuguesa preta, branca e vermelha, formando uma paginação em arcos definida com projeto paisagístico realizado em 1984. O entorno da igreja encontra-se parcialmente verticalizado, visto que se encontram, em seu entorno imediato, dois edifícios residenciais com mais de dez pavimentos.

Designação: Igreja Nossa Senhora do Rosário

As outras edificações adjacentes constituem em edifícios de tipologia arquitetônica variada, predominantemente térreas, com usos diversos, tais como restaurantes edifícios de serviço, de comércio e

residenciais. Destaca-se o conjunto arquitetônico da esquina da Praça, hoje ocupado pela Sorveteria Bicota e por uma pizzaria, edificações em estilo eclético, contemporâneas à igreja. As ruas circundantes possuem uma faixa para trânsito de veículos e outra para estacionamento. Apresentam fluxo de moderado a intenso, de acordo com o horário. A travessa lateral constitui uma espécie de rua particular, na qual o fluxo é pouco intenso.

15. Estado de Conservação:

( ) Excelente ( X ) Bom ( ) Regular ( ) Péssimo

16. Análise do Estado de Conservação: O estado de conservação da Igreja pode ser considerado bom, na medida em que a edificação mantém sua integridade estrutural. Porém apresenta alguns problemas de ordem física, de fácil resolução: a alvenaria e o reboco apresentam algumas partes danificadas; os elementos artísticos aplicados interna e externamente nas paredes apresentam algumas partes com danos; a pintura das paredes e das portas e janelas apresentam desgaste, manchas, vários vidros quebrados e início de processo de oxidação nas esquadrias de metal; a porta principal está bastante danificada; o piso de ladrilho hidráulico está sujo e apresenta algumas peças trincadas; a parte que separa o transepto da capela-mor apresenta um afundamento do piso; o piso em mármore do altar está sujo; o piso das sacristias, coro e torre, feito de assoalho de madeira, possui peças bastante desgastadas e abauladas; o forro apresenta problemas de deterioração de algumas peças e sua estrutura não se encontra em bom estado de conservação; na estrutura em madeira da cobertura da torre são encontradas peças em processo de apodrecimento e seu revestimento em chapas metálicas também está comprometido; os banheiros encontram-se em péssimo estado de conservação, com grande parte de seu revestimento de piso e de parede soltos, sujos ou quebrados.

17. Fatores de Degradação: Os fatores de degradação do imóvel estão relacionados principalmente à má conservação e manutenção da igreja. Cupins atacam o madeiramento da estrutura do forro, do telhado, do piso do coro, do piso da torre, do piso das sacristias; existem infiltrações de água em diversos pontos da igreja, tanto interna quanto externamente, provocados principalmente por problemas no telhado, como telhas deslocadas, quebradas ou faltantes; os banheiros encontram-se em mau estado de conservação, provocado pela falta de cuidado dos usuários. Outros problemas, como o desgaste e a sujeira, são causados pela ação natural do ambiente.

18. Medidas de Conservação: As medidas de conservação pertinentes referem-se à reforma no telhado, com recuperação da sua estrutura e substituição de telhas; reforma nos banheiros, recompondo todos os revestimentos e maximizando a ventilação e iluminação no local; tratamento especializado das madeiras, tanto no piso e estrutura como no forro; pintura geral da igreja, tanto interna quanto externa, realizando a restauração das pinturas decorativas. Outra medida de grande importância é a execução do um projeto de restauração da igreja, que está sendo elaborado pela Divisão de Memória e Patrimônio Histórico da Prefeitura Municipal de Uberlândia.

19. Intervenções: Em 1958, foi realizada uma reforma no forro e no telhado. Em 1961, os bancos foram restaurados. Posteriormente, algumas modificações foram realizadas: troca de esquadrias da torre; fechamento da escada de acesso ao coro; abertura de uma segunda porta na sacristia esquerda, interligando-a à capela lateral; construção de dois banheiros, nos fundos da igreja, com acesso pelo pátio externo. No biênio 1987/1988, a igreja passou por um processo de restauração, realizado pela empresa Século XXX – Preservação e Restauro, de Belo Horizonte. Projeto executado pela Secretaria Municipal de Cultura de Uberlândia, com acessoria técnica por um convênio firmado com IEPHA/MG, foi inaugurado em 12 de junho de 1988. Um novo processo de restauração da igreja foi realizado em junho de 1992, dessa vez executado pela empresa Hubaid Engenharia de Construção Ltda, de Uberlândia, sem o acompanhamento técnico de um responsável por esse setor, ocasionando, dessa forma, falhas na resolução dos problemas existentes na edificação.

20. Referências Bibliográficas: • ATTUX, Denise Elias. Revitalização Urbana em Centros Históricos: Estudo de Caso do Bairro

Fundinho. Dissertação de Mestrado. Instituto de Geografia, UFU, 2001. • GUERRA, Maria Eliza. As ‘Praças Modernas’ de João Jorge Coury em Uberlândia. Dissertação de

Mestrado. Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 1998. • PEZZUTI, Pedro. Município de Uberabinha. Uberabinha, 1922. • TEIXEIRA, Tito. Pioneiros e Bandeirantes do Brasil Central. Uberlândia, vol.1, 1970. • VALE, Marília Maria Brasileiro Teixeira. A Arquitetura Religiosa do Século XIX no Sertão da Farinha

Podre. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo, 1998.

21. Informações Complementares:

22. Atualização de Informações:

23. Ficha Técnica:

Fotografias: Edinardo Rodrigues Lucas Data: março/2002

Elaboração: Cíntia Maria Chioca Lopes Data: agosto/2002

Revisão: Marília M. B. T. Vale. Data: agosto/2002