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5º Encontro de Música e Mídia E(st)éticas do Som Apresentação Programação Resumos Programas

E(st)éticas do Som - musimid.mus.br · As imagens da música, 2007, O Brasil dos Gilbertos: Gilberto Freyre, João Gilberto, Gilberto Gil e Gilberto Mendes, 2008), o evento científico

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5º Encontro de Música e Mídia

E(st)éticas do Som

Apresentação

Programação

Resumos

Programas

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2 5º Encontro de Música e Mídia: E(st)éticas do Som

Instituição promotoraMusiMid – Centro de Estudos em Música e Mídia (Universidade de São Paulo)

Coordenação geralProf ª. Drª. Heloísa de Araújo Duarte ValenteProf. Dr. Paulo C. Chagas

Data de realização16 a 18 de setembro de 2009

Palavras-chaveMúsica: musicologia; semiótica; mídia; cultura;

Área de conhecimentoArtes: Música/ musicologiaCiências Sociais Aplicadas: Comunicação/ Teoria da Comunicação/ Mídia

ResumoO tema deste ano - E(st)éticas do Som - atende, como nas versões anteriores, a uma aborda-gem multidisciplinar da linguagem musical. Igualmente aos eventos anteriores realizados (As múltiplas vozes da cidade, 2005; Verbalidades, musicalidades: temas, tramas e trânsitos, 2006, As imagens da música, 2007, O Brasil dos Gilbertos: Gilberto Freyre, João Gilberto, Gilberto Gil e Gilberto Mendes, 2008), o evento científico e artístico pretende reunir pesquisadores, músicos (compositores, instrumentistas, cantores) e demais estudiosos das áreas que tangen-ciam a linguagem musical. O objetivo do evento centra-se, prioritariamente, na promoção de debates nas áreas afins à “semiótica da música midiática”, campo de estudo ainda recente, cam-po teórico o qual se encontra, ainda, em construção. Além do intercâmbio científico, almeja-se produzir e organizar documentação a respeito dos conteúdos debatidos no evento (audiovi-suais, depoimentos, debates, apresentações musicais). Com os textos publicados em anais e outras atividades registradas em áudio e vídeo (a exemplo das edições anteriores), espera-se estar-se contribuindo para os estudos sobre o tema do Encontro, ainda pouco explorado, na vertente aqui proposta.

Comitê científicoProf ª. Dra. Heloísa de Araújo Duarte ValenteProf. Dr. Eduardo VicenteProf. Dr. Paulo C. ChagasProf. Ms. Ricardo Santhiago

Comitê de leituraProf. Dr. Eduardo VicenteProf ª. Dra. Heloísa de Araújo Duarte ValenteProf ª. Dra. Mônica Rebecca Ferrari NunesProf. Dr. Paulo C. ChagasProf ª. Dra. Simone Luci PereiraProf ª. Dra. Teresinha PradaProf. Ms. Ricardo Santhiago

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5º Encontro de Música e Mídia:E(st)éticas do Som

Apresentação geral

O 5º Encontro de Música e Mídia é uma iniciativa do Centro de Estudos em Música e Mídia – MusiMid. O Grupo de Pesquisa – registrado no Sistema Grupo, do CNPq – é formado por profissionais do meio acadêmico altamente capacitados, de formação mul-tidisciplinar, além de estudantes de graduação e pós-graduação. Provenientes das univer-sidades mais conceituadas do país e do exterior, esses pesquisadores têm como centro de interesse comum o estudo das múltiplas relações entre música e suas formas de comuni-cação e recepção.

Visando ampliar os debates e estendê-los à comunidade interessada no tema, o grupo vem realizando anualmente os Encontros de Música e Mídia: As múltiplas vozes da cidade (2005); Verbalidades, musicalidades: temas, tramas e trânsitos (2006), As ima-gens da música (2007), O Brasil dos Gilbertos: Gilberto Freyre, João Gilberto, Gilberto Gil e Gilberto Mendes (2008), no SESC-Santos e no auditório Lupe Cotrim, da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP).

E sua quinta edição, o Encontro tem como tema “E(st)éticas do som”, dividido em quatro subtemas: 1) Som, culturas e comunicação; 2) Som, tecnologias e eletroacústica; 3) Som, discursos e mídia; 4) Música e relações de poder. O evento, científico e artístico, reúne pesquisadores, músicos (compositores, instrumentistas, cantores) e demais estu-diosos das áreas que tangenciam a linguagem musical.

A coordenação geral é conduzida pela Prof ª. Dra. Heloísa de A. Duarte Valente, com a colaboração do compositor Prof. Dr. Paulo C. Chagas, membro do Conselho Consultivo do MusiMid. O evento tem o apoio do Programa de Pós-Graduação em Música do Depto. de Música da ECA-USP.

Sobre o Tema do Evento - E(st)éticas do Som

O ano de 2009 coincide com algumas efemérides que, acreditamos, podem servir de motivação para as discussões a serem polarizadas no 5º Encontro: o cinqüentenário da morte de Heitor Villa-Lobos e o centenário de nascimento de Carmen Miranda, pilares na formação da música brasileira (e mundial) do século XX. Não obstante as grandes diferenças que os afastam, traços em comum conduzem a convergências interessantes. Considera-se que, por diferentes vieses, ambos construíram a representação do Brasil no país e do país, no exterior – fato que perdura até os dias atuais –, o que já se anuncia como um instigante ponto de partida. Assim, ambas as figuras – tanto do compositor, músico e regente, quanto da cantora- servem de baliza para questões amplas e variadas como:

1 - As dicotomias estéticas estabelecidas colocam, em extremos polares os repertóri-os, divididos em: nacional/popular; popular/erudito; popular/folclórico; massivo/ cul-to; nacional/internacional, sério/ ligeiro. O mundo globalizado não comporta uma limi-

3Apresentação

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tação a tais categorias, inadequadas para criação e análise de signos culturais e artísticos. Tampouco as linguagens artísticas podem ser pensadas através dessas referências.

2 - Questionamentos de cunho político-ideológico, tais como: até que ponto o estado deve interferir na produção cultura e vice-versa? Quais os limites da tutela governamental na produção artística? É possível, no século XXI, falar-se em mecenato, apadrinhamento, quando a hegemonia dos estados nacionais deixou de ser uma realidade? Nesta mesma época em que se discutem profundamente os meios de incentivo à cultura e a proteção do patrimônio imaterial, esbarra-se em severas dificuldades no que tange à definição de leis de incentivo à cultura e sua aplicabilidade.

3 - O poder e a função da mídia na difusão de repertório e ensino da música e suas in-terfaces. O papel de programas de ensino e cultura: do Canto Orfeônico ao Projeto Guri. O embate entre cultura do entretenimento, assistencialismo social e educação.

4 - Repertório, tecnologia e difusão: a música que se fixou no repertório é produto não apenas de políticas e entendimentos estéticos, dentre outros, mas também resultado da evolução tecnológica e de opções de cunho estético. Ocorre que há alguns anos as multinacionais do som e da música estão em severa crise financeira em virtude do esgota-mento do seu sistema.

5 - A derrocada do estado do bem-estar social e a telemática trouxe novos hábitos co-tidianos e, com isso, novas formas de relações sociais: as mudanças de papéis nas relações de trabalho, na organização das formas de lazer e da vida cotidiana, nas relações interpes-soais.

6 - Os modos de vida do terceiro milênio determinam distintas formas de utiliza-ção do tempo livre (lazer). Os espetáculos musicais retiveram modalidades tradicionais (ópera, concerto sinfônico), mas também introduziram novidades (notem-se os espe-táculos interativos pela internet e televisão, por exemplo).

Postas estas provocações preliminares, o evento será constituído de mesas redondas, sessões de comunicações, apresentações musicais e oficinas, polarizadas pelos referenci-ais que seguem abaixo e que, acreditamos, constituem o substrato das questões que aca-bamos de mencionar.

4 5º Encontro de Música e Mídia: E(st)éticas do Som

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5Apresentação

Eixos temáticos

I - Som, culturas e comunicaçãoComo o som se faz música e esta faz interagir performance e composição. Da per-

cepção diferenciada chega-se a uma nova recepção. As linguagens e formas de expressão consideradas tradicionais (de longa duração, estáveis, entenda-se): o teatro, o ‘show’ de variedades, cabaré e ‘music hall’, cinema, telenovela, mega-shows, competições. O main-stream (pop, axé), o exótico (world music), As paisagens sonoro-culturais, compostas pela música.

II - Tecnologia, percepção, estéticas do somA compreensão dos novos modos de criação, distribuição e escuta musical da socie-

dade digital. As múltiplas interações do som electroacústico na paisagem sonora contem-porânea. Música eletrônica, raves, musica eletroacústica, desenho sonoro, vídeo games, a conectividade musical da internet o som dos telefones celulares, ringtones, os campos híbridos de criatividade musical e sonora que antecipam novas tendências da sociedade.

III - Som, discursos e mídiaO “ruído sagrado” (Schafer): Como, através do som e da música, se detém, perde, re-

passa, multiplica o poder político e de policia: crítica, mídia, gravadoras, difusão (pensar na globalização), gêneros representativos. O som ininterrupto e o seqüestro do silêncio e a formação da ansiedade participativa, através do ruído.

IV - Música e relações de poderA importância de se revisar a história, a teoria e análise musical a fim de se incor-

porar a subjetividade das relações entre música, poder e violência. A política econômica da música reflete sobre a subjetividade do poder e a “imperfeição material e social do mundo que habitamos” (Susan McClary). A criatividade musical como um paradigma dos processos sociais.

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6 5º Encontro de Música e Mídia: E(st)éticas do Som

Sobre o Centro de Estudos em Música e Mídia - MusiMid

O MusiMid teve sua origem em 2001, durante o XIII Encontro Nacional da Anppom (Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música), em Belo Horizonte, quando se reuniu, pela primeira vez, o GT Música e Mídia. A partir de 2003, o grupo se constituiu formalmente e, além de atividades internas, promoveu diversas palestras e en-contros. Acreditando que o fruto das reflexões e debates devem ser compartilhados com a comunidade científica e demais interessados no assunto publicou, em junho de 2007, com apoio financeiro da FAPESP, a primeira obra coletiva, assinada por participantes do Grupo e convidados do Conselho Consultivo: “Música e Mídia: novas abordagens sobre a canção” (Via Lettera/ Fapesp), organizado por Heloísa de A. Duarte Valente.

Contemplado com financiamentos do CNPq (Edital Universal) e da FAPESP ( Jo-vem Pesquisador), uma significativa parte do Grupo vem se dedicando ao projeto A can-ção das mídias: memória e nomadismo, com a colaboração de especialistas de renome internacional. No ano de 2008, alguns resultados do projeto levados à comunidade cientí-fica foram o lançamento do livro Canção d’Além-Mar: o fado e a cidade de Santos (Edi-tora Realejo/ CNPq) e Canção d’Além-Mar: o fado na cidade de Santos, pela voz de seus protagonistas (CNPq; FAPESP).

Atualmente vinculado ao Departamento de Música da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), o MusiMid mantém diálogo perma-nente com outros centros de pesquisa voltados às áreas de Comunicação (CISC, Inter-com, Alaic), Semiótica (ABS, IASS, CEO) e Música (Anppom, Abet, ICMS, IASPM), no Brasil e no exterior.

Os temas estudados no âmbito do Centro são: performance: o corpo do músico e suas diversas mediações, ao longo da história.; o papel da tecnologia nos processos da comunicação poética; a concepção de instrumento musical e sua interpolação com as di-versas mídias sonoras existentes ou obsoletas (microfone, amplificação, alta-fidelidade); as variações dos padrões de escuta e dos padrões de gosto, propiciados pela introdução das diferentes mídias sonoras (os diferentes estágios da evolução tecnológica); paisagem sonora: a transformação sofrida pelo meio ambiente acústico, em determinado contexto sócio-histórico-cultural e suas conseqüências no que toca à formação de novos padrões estéticos; as múltiplas interfaces da linguagem musical com outras linguagens artísticas e outras mídias; a música na mídia como elemento de memória cultural e musical; os cruza-mentos possíveis de gêneros (fusão, cross over, hibridismo, mestiçagem entre outros); as relações entre criação artística, público, políticas culturais e criação de padrões estéticos; a canção das mídias ante o mundo contemporâneo (globalizado): questões de identidade e vínculo afetivo; a constituição de valores estáveis na era do efêmero; a música e seu papel crucial como elemento privilegiado da mega-indústria do entretenimento.

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PROGRAMAÇÃO

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GRADE DE PROGRAMAÇÃO

9Programação

19h30-20h30Audição - Música

eletroacústicaorg. Fernando Iazzetta

19h30-20h30Recital de boleros

org. Edwin Pitre/Heloísa Valente

19h30-20h30Recital de tangos para violão

org. Edelton GloedenHorário 7:

Noite

Horário 6: Noite

Horário 5: Tarde

Horário 4: Tarde

Horário 3: Tarde

Horário 2: Manhã

Horário 1: Manhã

18h30-19h30Palestra com Rodolfo CaesarEm torno do loop: girando

conceitos

18h30-19h30Palestra com Martha T. Ulhôa

18h30-19h30Sessão de encerramento

Painel sobre as sessões de comunicação pelos ouvintes

privilegiados

Balanço das atividades

16h30-18hMesa Redonda II:

Tecnologia, percepção, estéticas do som

16h30-18hSessão temática 4 -

MusiMid - Trabalhos em desenvolvimento

16h30- 17h30Palestra com Paulo Chagas

Os nós pulsantes: do estúdio de música eletrônica aos modelos emergentes de

criatividade musical

15h30-16h15Oficina com Sami Douek

15h30-16h15Oficina com Léo Fuks

15h30-16h15Oficina com Christian

Marcadet

11h30- 13hMesa Redonda 1:

Som, culturas e comunicação

10h30-12hMesa Redonda 3:

Som, discursos e mídia

10h30-12hMesa redonda 4:

Música e relações de poder

14h-15h15Sessão temática 1 - Som,

discursos e mídia: Identidades regionais (1)

Sessão temática 2 - Tecno-logia, percepção, estéticas

do som: Experimentalismos musicais

14h-15h15Sessão temática 5 - Som,

discursos e mídia: Música e cinema

Sessão temática 6 - Som, discursos e mídia: Identidades

religião e rock

14h-15h15Sessão temática 11 - Tecno-

logia, percepção, estéticas do som: Estética musical

Sessão temática 10 - Som, discursos e mídia: Identidades

regionais (2)

8h30-9hCredenciamento

9h-9h30Solenidade de abertura

10h-11h

Palestra inauguralNorval Baitello Jr.

O que é a era da mídia e o que é o espírito midiático?

9h - 10h15Sessão temática 3 - Música

e relações de poder: Música brasileira popular

Sessão temática 4 - Som, culturas e comunicação:

Música no rádio e história

9-10h15hSessão temática 8 - Música e relações de poder: Novos

formatos, novas mídias

Sessão temática 9 - Som, culturas e comunicação:

Música e espetáculo

Intervalo 19h-19h30 19h-19h30 -

Intervalo 18h-18h30 18h-18h30 18h-18h30

Intervalo 16h15-16h30 16h15-16h30 16h15-16h30

Intervalo 15h15-15h30 15h15-15h30 15h15-15h30

Intervalo 13h-14h 12h-14h 12h-14h

Intervalo 11h-11h30 10h15-10h30 10h15-10h30

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QUARTA-FEIRA, 16 DE SETEMBRO

8h30-9h – Credenciamento

9h-9h30 – Solenidade de abertura

10h-11h – Palestra inauguralNorval Baitello Jr. - O que é a era da mídia e o que é o espírito midiático?

11h30-13h – Mesa Redonda I: Som, culturas e comunicaçãoIrineu Franco PerpétuoJanete El Haouli - Entre o zumzum de todo dia....o rádio escuta ou só fala?Eduardo MendesChristian Marcadet

14h-15h15 – Sessão Temática 1Som, discursos e mídia - Identidade regionais (1)

Mediador: Jorge Luiz Ribeiro de VasconcelosOuvinte privilegiado: Eduardo Paiva

Rogério Bianchi de Araújo - A etnomusicologia e a construção do imaginário da mú-sica sertaneja goiana

Jorge Luiz Ribeiro de Vasconcelos - As fontes fonográficas na pesquisa da música tradicional: Sobre discos e sobre um disco de candomblé

Aline Cristina Ribeiro Alves - De repente: a música de improviso através do cantador popular

Thaís Amorim Aragão - Chegadinho: doce paisagem sonora

14h-15h15 – Sessão Temática 2Tecnologia, percepção, estéticas do som - Experimentalismos musicais

Mediador: Susana Oliveira DiasOuvinte privilegiado: Lílian Campesato

Betânia Maria Franklin de Melo - A Música como Persuasão Cultural e o Sig-não-ficado do Silêncio

Inês Guedes Nin Ferreira - Dan Deacon, experimentalismos eletrônicos contempo-râneos e a paisagem sonora hipermediada das grandes cidades

Conrado Vito Rodrigues Falbo - Marginal Popular Brasileiro: a brasilidade múltipla

11Programação

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de Itamar AssumpçãoSusana Oliveira Dias; Ana Paula Camelo - “Sons ao e-vento”: máquinas de tempos

bio-tecno-lógicos

15h30-16h15 – OficinaOficina com Sami Douek - Tecnologia, percepção, estéticas do som: Discursos pela

mídia sonora?

16h30-18h – Mesa Redonda 2: Tecnologia, percepção, estéticas do somFernando Iazzetta - O quê escutamos?Rodolfo CaesarPaulo C. ChagasJosé Augusto Mannis - Passeio por músicas em escuta

18h30-19h30 – PalestraRodolfo Caesar - Em torno do loop: girando conceitos

19h30-20h30 – Concerto EletroacústicoOrg.: Fernando Iazzetta

QUINTA-FEIRA, 17 DE SETEMBRO

9h-10h15 – Sessão Temática 3Música e relações de poder - Música brasileira popular

Mediador: Evaldo PiccinoOuvinte privilegiado: Márcia Tosta Dias

Marcus Vinícius da Silva - Adoniran Barbosa: um olhar crítico e de denúncia ao uni-verso suburbano do trabalho

Evaldo Piccino - “Pra Frente Brasil”, “Independência ou Morte” e o uso de música e audiovisual como propaganda oficial - Engajamento ou encampação?

Ricardo Alexandre de Freitas Lima - Elementos pré-audíveis e divulgação mediática: possibilidades de engajamento na obra de Edu Lobo

José Eduardo Gonçalves Magossi - MPB: sobre construção do capital simbólico e longevidade

9h-10h15 – Sessão Temática 4Som, culturas e comunicação - Música no rádio e história

12 5º Encontro de Música e Mídia: E(st)éticas do Som

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Mediador: Márcia Ramos de OliveiraOuvinte privilegiado: Carmen Lúcia José

Juliana Batista Ribeiro - “Quando Canta o Brasil”- uma análise das reestilizações ocorridas com o samba nos anos 50

Bruno Renato Lacerda - Surgimento, ápice e declínio das orquestras de rádioTheophilo Augusto Pinto - “As mais lindas canções” - exercícios da memória com mú-

sicas veiculados pelo programa “A canção da lembrança”, da Rádio Nacional - 1953/54Márcia Ramos de Oliveira - Reflexões sobre o nacionalismo, música e radiodifusão

no Brasil da década de 1920

10h30-12h – Mesa Redonda 3: Som, discursos e mídiaEduardo VicenteIrineu GuerriniJosé Carlos Costa NettoMárcia Tosta Dias - O objeto móvel: dificuldades atuais para uma sociologia da mú-

sica gravadaEugenio Menezes

14h-15h15 – Sessão Temática 5Som, discursos e mídia - Música e cinema

Mediador: Marcia Regina Carvalho da SilvaOuvinte privilegiado: Ney Carrasco

Marcia Regina Carvalho da Silva - Breve panorama da canção no cinema brasileiroDébora Regina Opolski - A paisagem sonora e a ambientação do desenho de som:

Os Sons ambiente como localizadores espaciais e temporais no filme Ensaio Sobre a Ce-gueira

Kira Santos Pereira - Ruído, silêncio: o espaço de percepção e expressão sonora re-presentado no audiovisual

Fabiana Quintana Dias - Orfeu: Do mito a realidade brasileira.A importância da tri-lha sonora na estratégia narrativa de Cacá Diegues e sua relação com o contexto sociocul-tural de uma época

14h-15h15 – Sessão Temática 6Som, discursos e mídia - Identidades, religião e rock

Mediador: Cláudia Souza Nunes de AzevedoOuvinte privilegiado: Daniel Gohn

Cláudia Souza Nunes de Azevedo - Black metal: mais do que musical, um gênero conceitual

13Programação

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Ivan Carlos da Silva - Segmentação e identidade: subgêneros de heavy metal e a mul-tiplicidade de identidades possíveis

Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão Fo - Mídia e espetáculo na canção gospel da Bola de Neve Church

15h30-16h15 – OficinaOficina com Léo Fuks - Low tech & Oligomedia: Experimentos, composições e per-

formances

16h30-18h – Sessão Temática 7MusiMid - Trabalhos em desenvolvimento

Heloísa de Araújo Duarte Valente - Centro de Estudos em Música e Mídia: balanço das atividades realizadas (setembro de 2008 a setembro de 2009)

Leandro Quintério dos Santos - Así es el tango: o tango rioplatense e o tango do Brasil - aproximações e distanciamentos

Edwin Pitre-Vásquez - O Bolero no Brasil: metáforas sociais interculturaisMarcos Julio Sergl - Do bolero ao rock: fronteiras e aproximaçõesEduardo Vicente - Linguagem radiofônica: uma proposta conceitualMônica Rebecca Ferrari Nunes - Rádio e Memória em Programas PortuguesesRicardo Santhiago - A vida do fado em histórias de vida: Ouvintes do programa Pre-

sença Portuguesa

18h-18h15 – Sessão de lançamentos

Canção d’Além-Mar: o fado na cidade de Santos: sua gente, seus lugares - Heloísa de Araújo Duarte Valente (org.)

18h30-19h30 – PalestraMartha T. Ulhôa

19h30-20h30 – Recital de bolerosOrg.: Edwin Pitre e Heloísa Valente

SEXTA-FEIRA, 18 DE SETEMBRO

9h-10h15 – Sessão Temática 8Música e relações de poder - Novos formatos, novas mídias

Mediador: José Eduardo Ribeiro de Paiva

14 5º Encontro de Música e Mídia: E(st)éticas do Som

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Ouvinte privilegiado: Marcos Júlio Sergl

José Eduardo Ribeiro de Paiva - Novos formatos de áudio e a produção musical bra-sileira atual

Simone Pereira de Sá - Rematerializações do álbum, do vinil e do CD na cibercul-tura

Daniel Gambaro; Bruno Eduardo Pires de Souza - O fim do disco e a mutação identi-tária da obra musical: reflexões sobre a sobrevivência do artista perante a queda do CD

9h-10h15 – Sessão Temática 9Som, culturas e comunicação - Música e espetáculo

Mediador: Sandra Sueli Garcia de SousaOuvinte privilegiado: Evaldo Piccino

Wilson Oliveira da Silva Filho - Solta a imagem aí, Vj: Por uma analítica do live cinema

Vinícius Silva Couto; Priscilla Paraiso Pessoa; Julia Mendes Selles; Otávio Augusto Oliveira de Menezes; Marcelo Jose de Araujo Bruno. Orientadores: Prof. Dr. Leonardo Fuks e Prof. Dr. Samuel Araujo- A criação de um espetáculo musical contemporâneo, a partir dos primeiros registros da indústria fonográfica brasileira

Sandra Sueli Garcia de Sousa - A composição de letra e música em um programa radiofônico

Heitor da Luz Silva - Produtores Musicais: legitimidade e autoridade cultural na mú-sica midiática contemporânea

10h30-12h – Mesa Redonda 4: Música e relações de poderCarole Gubernikof - Música “pura” e música “programática”: Algumas consideraçõesDenise GarciaAndréa Paula dos Santos - Performances híbridas em realidades mistas: e(st)éticas

de música, gênero e etniaAna Carolina de Toledo Murgel - A construção do feminino na canção popular bra-

sileiraPaulo C. Chagas

14h-15h15 – Sessão Temática 10Som, discursos e mídia - Identidades regionais (2)

Mediador: Marcus Ramúsyo de Almeida BrasilOuvinte privilegiado: Andrea Paula dos Santos

Angela Arruda; Marilena Jamur; Felipe Madruga Barroso; Thiago Benedito Livra-mento Melicio; Lilian Ulup; Andréa Silva Rodriguez; Rhaniele Sodré - Funk e funkeiros

15Programação

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no Rio de Janeiro: dançando a mesma músicaCássio Dalbem Barth; Reginaldo Gil Braga - O Choro no ciberespaço: (n)etnografía

entre jovens músicos porto-alegrensesMarcus Ramúsyo de Almeida Brasil - Reggae, religião, mídia e política: dos “outsi-

ders” ao “inner circle”Andréia de Lima Silva - Música, um espaço de transversalidade cultural

14h-15h15 – Sessão Temática 11Tecnologia, percepção, estéticas do som - Estética musical

Mediador: Mário da Silva JrOuvinte privilegiado: Rodolfo Coelho

Thiago Oliveira; Edelton Gloeden - A história do hibridismo da música culta com a música popular no âmbito do repertório para violão

Sofia Andrade Machado - O “Estilo Aforístico” na obra de Anton Webern: “Três Pe-quenas Peças para violoncelo e piano” op. 11

Mário da Silva Jr - Sonoridade dos corpos misturados do violãoMaurício Augusto Pimentel Liesen Nascimento - Para comunicar o silêncio: um en-

saio sobre música, comunicação e experiência estética

15h30-16h15 – OficinaChristian Marcadet

16h30-17h30 – PalestraPaulo C. Chagas - Os nós pulsantes: do estúdio de música eletrônica aos modelos

emergentes de criatividade musical

18h30-19h30 – Sessão de encerramento

Painel sobre as sessões de comunicação pelos ouvintes privilegiados

Balanço das atividades

19h30-20h30 – Recital de tangos para violãoOrg.: Edelton Gloeden

16 5º Encontro de Música e Mídia: E(st)éticas do Som

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RESUMOS

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A composição de letra e música em um programa radiofônicoSandra Sueli Garcia de SousaPontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) / [email protected]

O programa Visagem é um semanal radiofônico veiculado pela rádio Cultura FM do Pará, uma emissora pública. No ar desde 2003, o Visagem foi estruturado para tocar músicas do cenário europeu, mas com o passar do tempo adquiriu outras tonalidades deixando o programa multifacetado: trabalha com temas como humor, terror, ficção científica, li-teratura poética, experimentalismo etc. A música passou a ser selecionada a partir dos textos do programa, numa tentativa de dar unidade ao tema desenvolvido e deixou de ser pautada por uma única tendência e ampliou o horizonte, universalizando sua execução. O programa funciona como uma peça radiofônica única. Durante uma hora, o ouvinte pre-cisa ficar com a atenção focada para acompanhar o desenrolar da história apresentada por determinada edição, pois uma das características do programa é sua não-linearidade. A proposta deste paper é apresentar esta característica do programa: como texto-letra e mú-sica podem caminhar juntos em uma execução de uma hora. O trabalho é parte da tese de doutorado em desenvolvimento sob o título: Visagem: música, poesia e experimentação sonora na Rádio Cultura FM do Pará. Nosso principal objetivo é mostrar como a lingua-gem radiofônica comporta inovações, a partir da análise de um programa experimental. Serão analisadas todas as edições do programa. Para embasar a análise utilizaremos os conceitos de Iuri Lotman sobre Semiótica da Cultura, além das idéias de Paulo Zumthor sobre Poesia oral, Voz e Performance, além de autores como Eduardo Meditsch, Lilian Zaremba, Janete El Haouli e Ricardo Haye, que tratam do universo sonoro.

A construção do feminino na canção popular brasileiraAna Carolina Arruda de Toledo MurgelUniversidade Estadual de Campinas (Unicamp) / [email protected]

No livro “Um teto todo seu”, de 1928, Virgínia Woolf escreveu sobre um crítico que se sentia incomodado com o surgimento de uma consciência feminista na literatura. Para a autora, esse crítico protestava contra a igualdade do outro sexo através da afirmação da própria superioridade. Na música brasileira, as hierarquias e desigualdades nas relações de gênero também estiveram presentes, mas, a partir do final dos anos 1960, surge uma produção feminista mais específica no trabalho das compositoras. Com a contracultura, os micropoderes são questionados e, de forma semelhante à observada por Virgínia, esses trabalhos também provocaram reações inesperadas por partes dos compositores popu-lares. Procuro discutir, nessa apresentação, como são construídos e desconstruídos os estereótipos sobre as mulheres na MPB a partir dos anos 1960, buscando também com-preender, através da análise de canções, se de fato, como dizem, o feminismo já cumpriu seus desafios.

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A criação de um espetáculo musical contemporâneo, a partir dos primeiros regis-tros da indústria fonográfica brasileiraVinícius Silva Couto; Priscilla Paraiso Pessoa; Julia Mendes Selles; Otávio Augusto Oliveira de Menezes; Marcelo Jose de Araujo Bruno. Orientadores: Prof. Dr. Leonardo Fuks e Prof. Dr. Samuel AraujoEscola de Música da Universidade Federal do Rio de [email protected]

O grupo de pesquisa em performance musical “Revista do Ouvidor”, oriundo do projeto Práticas Vocais na Música Tradicional Brasileira da Universidade Federal do Rio de Ja-neiro, objetiva o estudo e reinterpretação sócio-histórica e performática, dos primeiros produtos da indústria fonográfica brasileira, registrados entre 1902 e 1928, período da tecnologia fonomecânica. Diante do amplo acervo de gravações originais, pertencentes ao acervo do Laboratório de Etnomusicologia da UFRJ, foram priorizadas aquelas já digi-talizadas e que possuem um forte componente satírico, oriundas da tradição do teatro de revista. As análises desse repertório aliam as capacidades perceptivas dos músicos-pesqui-sadores com recursos e ferramentas proporcionados pela acústicamusical, ciências da voz e etnomusicologia. O processo de trabalho compreende a análise sócio-cultural e labora-torial dos conteúdos textuais, vocais, harmônicos e instrumentais, seguida da elaboração coletiva de arranjos, composições e indicações cênico-performáticas. Tal processo é reali-zado de forma a manter uma relação artística entre passado e atualidade, aproveitando os materiais musicais e extramusicais de ambas de maneira que propicie uma “apropriação e transformação de elementos do passado” (Hobsbawm, 1998) resultando numa prática musical sumamente atual, utilizando instrumentação, mídias, gêneros e tipos de emissão vocal contemporâneos, apresentados num espetáculo musical. Dessa forma é estabeleci-do um diálogo criativo entre as épocas , aproximando-as, tendo como material primário o fragmento de uma outra performance - registro sonoro de tecnologia mecânica. Por meio de apresentações em ambientes acadêmicos e extra-acadêmicos, o grupo explora o potencial comunicativo do material reinterpretado, abrindo debate sobre o caminho interdisciplinar para a pesquisa em performance.

Adoniran Barbosa: um olhar crítico e de denúncia ao universo suburbano do tra-balhoMarcus Vinícius da SilvaUniversidade Estadual de Campinas (Unicamp) [email protected]

A noção de malandro está associada à noção de sambista desde a década de 20, no Rio de Janeiro. O personagem malandro é, de um modo geral, a tônica da temática das letras dos sambas, mesmo porque o próprio gênero sempre esteve relacionado com situações suburbanas e transgressoras, e sempre representou a voz daquele que está excluído do sistema social, e no limite entre a ordem e a desordem. Em Adoniran Barbosa, no en-tanto, não podemos entender esse universo marginal da malandragem ou da boêmia, e

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a dialética entre ordem/ desordem, como uma regra para o conjunto de suas canções. Queremos propor nessa apresentação uma leitura dos sambas de Adoniran na qual não cabe a figura do malandro no plano dos valores estereotípicos. Seus sambas se ocupam antes em retratar o mundo suburbano do trabalho do que o mundo marginal da malan-dragem. Os personagens de Adoniran, ao contrário do malandro, são sujeitos que estão inseridos no universo da ética do trabalho e da ordem pré-estabelecida. Mesmo filtrado por um olhar crítico e de denúncia, transparecem em seus melhores sambas a ênfase na positividade do trabalho, contraposta à negatividade da vadiagem, e o legalismo, condi-ções que já excluem qualquer possibilidade de entendermos esse personagem como um malandro, mesmo que mal-sucedido. Apesar de esse sujeito aceitar as leis de propriedade como de trânsito, acreditar no progresso individual e coletivo, na positividade do trabalho e da família, isso não significa necessariamente uma postura ingênua e alienada no que diz respeito à ideologia da dominação, e é isso que tentaremos demonstrar através de suas canções.

A etnomusicologia e a construção do imaginário da música sertaneja goianaRogério Bianchi de AraújoUniversidade Federal de Goiás (UFG)[email protected]

A chamada música sertaneja tornou-se um grande fenômeno da cultura de massas. Foi-se o tempo em que a música sertaneja era associada ao povo nordestino ou considerada a música caipira do interior. A moda de viola do caipira deu lugar aos instrumentos eletro-eletrônicos e se rendeu aos avanços tecnológicos. Aproveitando-se desse nicho de merca-do que crescera surpreendentemente, a mídia passou a difundir a música das centenas de duplas sertanejas que apareceram em todo o Brasil. Esse fato desencadeou um projeto de pesquisa que se desenvolve na Universidade Federal de Goiás, sob o qual pretendo fazer essa comunicação. O projeto pretende investigar a manifestação do imaginário da cultura goiana por meio da música sertaneja. Muitos críticos musicais consideram Goiás o “ber-ço” da música sertaneja no país. Centenas de duplas oriundas do Estado de Goiás buscam um espaço na mídia.Por isso proponho realizar uma etnomusicologia com o intuito de estudar a música em seu contexto social e cultural ao fazer a mediação entre a musicologia e a antropologia do imaginário, além de buscar o entendimento da música como um pro-cesso, ou seja, entender as manifestações que a música produz e reproduz no imaginário coletivo enquanto produto de uma época e de um contexto cultural específico.A música sertaneja conforme se instaura em território goiano cria ou empobrece o imaginário e a experiência autêntica dos indivíduos? Essa é uma questão que essa pesquisa antropológi-ca pretende senão resolvê-la, pelo menos trazer elementos que possam ser discutidas em âmbito científico.

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A História do hibridismo da música culta com a música popular no âmbito do re-pertório para violãoThiago Oliveira; Edelton GloedenUniversidade de São Paulo (USP)[email protected]

Este artigo visa elaborar um relato do surgimento do hibridismo entre a música popular urbana e a música de concerto no âmbito violonístico. Tal relato foi baseado em exemplos significativos desta prática por músicos de diversos períodos, culminando na segunda me-tade do século XX, onde a influência da indústria cultural e dos meios de comunicação em massa se traduz numa grande influência da música popular urbana no repertório e prática violonística.

A Música como Persuasão Cultural e o Sig-não-ficado do SilêncioBetânia Maria Franklin de MeloUniversidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)[email protected]; [email protected]

O artigo convida a repensar a música como suporte utilizado nas mãos que não estão para tocar um instrumento, - como relembramos Nachmanovith, “para um músico, a mão é, entre todas as estruturas que lhe impõem sua disciplina, a mais presente e a mais mara-vilhosa” - mas que estão na interação da comunicabilidade, dialogando em suas diversas linguagens, a tecnociência, a mídia e a multidão, destinando a trajetoriar nos ouvidos hu-manos o alcance da receptividade no seu percurso sonoro. Na circularidade em que a música tramita a sua legitimação, sua transmissibilidade direciona à arte, à educação com base nos precursores, e também atendendo o universo midiático. É importante repensar que, nesta polemização, a música se torna objeto cultural, comportamental e também de-silusório, porque na compreensão do silêncio, apesar de componente musical, é paradoxal o seu significado no mundo auditivo da vida moderna. Adjetivar o silêncio onde as ruas e locais públicos trazem o desconforto e a irritabilidade sonora e os jovens, quando dese-jam, se eximem deste mundo, presenteando seus ouvidos com aparelhos que o desagre-gue das multidões, é inar-harmonizar o pensamento musical e torná-lo persuadido.

A paisagem sonora e a ambientação do desenho de som: Os Sons ambiente como localizadores espaciais e temporais no filme Ensaio Sobre a CegueiraDébora Regina OpolskiUniversidade Federal do Paraná (UFPR)[email protected]

Este trabalho pretende levantar discussões a cerca da composição dos sons ambientes do filme Ensaio Sobre a Cegueira e analisar as relações entre esse processo e o conceito de

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paisagem sonora de Murray Schafer. De acordo com Wyatt, a composição sonora no cine-ma pode auxiliar na narrativa, localizando o espectador em relação ao ambiente ao tempo e ao período (2005, 01). Ao mesmo tempo, Schafer nos diz que uma paisagem sonora é formada por todos os sons que compõem determinado ambiente, podendo se referir a ambientes reais ou construções abstratas (2001, 366).Nesse contexto, analisamos os sons que caracterizam os ambientes desempenhando função de localização espacial e geográ-fica na história. A trama do filme se divide em três seções e a ambientação do desenho de som é um dos elementos responsáveis por localizar o espectador na narrativa. A primeira retrata a cidade, onde ouvimos sons de automóveis e buzinas, que geram um ambiente so-noro excessivamente ruidoso. A segunda compreende o período de isolamento dos cegos no hospital, com ambientação de movimentação humana e sons de animais. Na terceira o filme retorna para a cidade, mas os sons não são os mesmos de antes. Ouvimos um am-biente completamente oposto ao inicial que reforça o contraste, proposto pela narrativa, da transformação da organização da sociedade em caos.

Así es el tango: o tango rioplatense e o tango do Brasil - aproximações e distancia-mentosLeandro Quintério dos SantosUniversidade de São Paulo (USP) / [email protected]

Um anúncio de jornal em 1905 divulga concerto do “Rei dos Tangos”, Ernesto Nazare-th, em São Paulo. Ainda na mesma década, enquanto o tango rioplatense florescia e já se fixava na cultura Argentina, discos eram produzidos em Paris e Londres, e anos mais tarde Francisco Alves cantava sucessos como “A media luz” na Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Afinal, que “tangos” são esses? Baseado na audição de gravações - desde as analógicas mais antigas às digitais- e no estudo de importantes referências bibliográfi-cas, este trabalho tem como objetivo apontar as principais características do tango: 1) na sua origem rioplatense; 2) na sua versão nômade no Brasil; 3) nos tangos instrumentais compostos no país, como os de Ernesto Nazareth. Com um levantamento de gravações e partituras para análise será possível entender o que os aproxima e os afasta como variantes de um mesmo gênero. Abre-se também outra possibilidade: mostrar como o violão (ins-trumento ao qual me dedico na graduação) foi utilizado no tango ao longo de sua história e preparar um recital incluindo algumas obras de destaque, contando com a colaboração artística do Prof. Dr. Edelton Gloeden.Esta pesquisa de Iniciação Científica conta com o apoio do Fapesp (processo 200905987-2), é realizada sob a orientação da Prof ª Drª. Heloísa Valente, e vincula-se à sua pesquisa intitulada “A canção das mídias: Memória e nomadismo”, que tem como objetivos o estudo do fado, do tango e do bolero, em suas vertentes brasileiras, através das mídias.

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“As mais lindas canções” - exercícios da memória com músicas veiculados pelo pro-grama “A canção da lembrança”, da Rádio Nacional - 1953/54Theophilo Augusto PintoUniversidade de São Paulo (USP) [email protected]

O programa radiofônico “A canção da lembrança”, veiculado pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro, tinha por intenção trazer “as mais lindas canções do cinema e as melo-dias internacionais que em 30 anos conquistaram o maior destaque na simpatia popular”, como dizia seu locutor. Para tanto, criavam-se pequenos diálogos ficcionais onde os per-sonagens falavam da beleza daquelas melodias de uma era passada, embora próxima. O presente trabalho, tendo como referencial o registro de mais de trinta destes programas, pretende refletir sobre a escolha de canções utilizadas pelos programadores e verificar como a memória de um tempo passado recente foi operada em função dessas músicas, incorporando o programa radiofônico como documento para a historiografia de maneira distinta da gravação musical fonográfica.

As fontes fonográficas na pesquisa da música tradicional: Sobre discos e sobre um disco de candombléJorge Luiz Ribeiro de VasconcelosUniversidade Estadual de Campinas (Unicamp)[email protected]

Na pesquisa etnomusicológica, pautada principalmente pelo trabalho de campo como metodologia, as fontes fonográficas podem fornecer dados importantes tanto para etapas de preparação quanto para fornecer informações sobre continuidades históricas e rup-turas. Tais “documentos sonoros e audiovisuais”, como os classifica Marcadet (2007, p. 116), quando referentes às manifestações da cultura popular tradicional no Brasil, têm uma historicidade bastante peculiar, o que deve ser considerado na construção de fono-tecas de referência e no tratamento dado às informações obtidas pela pesquisa em tais coleções. Sobre estas, no geral, já se pode ter uma visão panorâmica e comparativa, como é o caso, por exemplo, daquelas que tomaram como referência o acervo da Missão de Pes-quisas Folclóricas engendrada por Mário de Andrade em 1938 (SANTOS, 2008). Além disso, se em meados dos anos 1990 as condições dos acervos de música étnica no Brasil eram precárias (DIAS, 1994 ), o cenário mudou bastante com o advento de novos recur-sos de gravação e difusão e leis de incentivo à cultura. Este artigo busca problematizar a construção de uma coleção de referência para as religiões afro-brasileiras, particularmen-te o candomblé queto e, mais especificamente ainda, discutir a relevância de um disco de tal acervo como exemplificação das possibilidades do uso desses registros. Trata-se do Lp Aché Ilê Obá, registro da performance de um dos mais importantes líderes religiosos, Pai Caio Aranha, de uma proeminente casa de culto do estado de São Paulo, contextuali-zando sua importância como documento sonoro sobre o desenvolvimento histórico do candomblé neste estado.

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A vida do fado em histórias de vida: Ouvintes do programa Presença PortuguesaRicardo SanthiagoUniversidade de São [email protected]

Nesta comunicação, apresento a proposta de pesquisa “A vida do fado em histórias de vida: Ouvintes do programa Presença Portuguesa”, que integra o projeto coletivo “‘Trago o fado nos sentidos’: Memória e significado nos trajetos de uma canção nômade”. O objetivo do trabalho é estudar a relação entre o programa Presença Portuguesa e seus antigos ouvintes, tendo como foco a noção de memória afetiva, a partir de narrativas de experiência pessoal.

Black metal: mais do que musical, um gênero conceitualCláudia Souza Nunes de AzevedoGrupo Música Urbana no Brasil – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio)[email protected]; [email protected]

Esta comunicação apresenta black metal (BM) como gênero conceitual - e não apenas mu-sical - a partir da prática de seus adeptos no Rio de Janeiro. Os principais referenciais na origem desta reflexão foram: teoria dos gêneros musicais (Fabbri, 1980), teoria sobre com-petência musical (Stefani, 1987) e Semiótica aplicada à música popular (Tagg, 1999).BM é um gênero de metal extremo, reconhecido por fãs desde meados dos anos 1980. Mais do que um gênero musical, trata-se de um gênero conceitual, cujo cerne é a expressão de “escu-ridão”, através de sonoridade e iconografia, opondo-se aos valores judaico-cristãos e às reli-giões constituídas, de modo geral. Praticado através de mecanismos alternativos aos meios de comunicação massivos e utilizando a internet significativamente, sua estética audiovisual é bastante homogênea de modo transnacional. Sonoramente, a exemplo das trilhas de ci-nema, a expressão da “escuridão” é construída através da criação e manutenção de tensão, como o emprego de dissonâncias, timbres, mudanças bruscas de andamento e dinâmica. Texturas muito densas propõem um teste de resistência aos hábitos de escuta figura/fundo: a mixagem frequentemente nivela vocais guturais, linhas melódicas de guitarras distorcidas, ruído e percussão rapidíssima. Assim, BM mostra-se mesmo extremo naquilo que Walser (1993) diz ser a maior questão do heavy metal: a fantasia de poder, direcionada contra as li-mitações/limites que a vida em sociedade impõe aos impulsos individuais de afirmação. Em pesquisa de campo no Rio de Janeiro, verificou-se que o campo semântico da “escuridão” extrapola o nível poético e refere-se grandemente à insegurança e à violência.

Breve panorama da canção no cinema brasileiroMarcia Regina Carvalho da SilvaUniversidade Estadual de Campinas (Unicamp) / [email protected]

Nesta comunicação pretendo apresentar as diferentes perspectivas do uso da canção popular nas convenções e experiências da trilha musical ao longo da história do cinema

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brasileiro, investigando novas concepções, técnicas e tecnologias que permeiam as arti-culações entre música e imagem no cinema. Para isso, irei sumarizar alguns resultados da minha tese de doutorado, realizada no Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

Centro de Estudos em Música e Mídia: balanço das atividades realizadas (setembro de 2008 a setembro de 2009)Heloísa de A. Duarte Valente (coordenação)Centro de Estudos em Música e Mídia - [email protected]

Esta sessão tem como objetivo apresentar os trabalhos desenvolvidos pelos participantes durante o período, além da exposição dos resultados do trabalho. Em particular, haverá destaque para a pesquisa intitulada “O fado na cidade de Santos: sua gente, seus lugares”, que resultou no hipertexto lançado durante o evento. Em seguida, haverá uma exposição das próximas etapas da pesquisa: ‘Donde estás, corazón?’ O tango no Brasil:, o tango do Brasil, livro em vias de publicação, com textos de Ramón Pelinski, Sérgio Estephan e outros; “Así es el tango ”O tango rioplatense e o tango no Brasil: aproximações e distan-ciamentos”, projeto de iniciação científica em desenvolvimento pelo estudante Leandro Quintério dos Santos. Também apresentaremos algumas notas sobre o subprojeto “Da suave e morna batida dos corações ardentes aos corpos pulsantes”, que conta com a cola-boração de pesquisadores externos. Por último, o mais novo projeto, que acaba de receber financiamento pelo CNPq: ‘Trago o fado nos sentidos’: Memória e significado nos traje-tos de uma canção nômade”.

Chegadinho: doce paisagem sonoraThaís Amorim AragãoUniversidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)[email protected]

Tomando a paisagem sonora como um sistema de comunicação dotado de suas próprias estruturas mediadoras de som e sentido, a passagem do vendedor de chegadinho pelas ruas de Fortaleza se estabelece como um sinal sonoro que enriquece a tessitura das redes urbanas de trocas de informação e delimita a cidade como uma comunidade acústica. Em consequência da readmissão estética do ruído no Século XX, este evento sonoro também pode ser percebido como música, a partir da tendência cageana de composição como processo e de utilização do acaso como elemento composicional. Assume-se a escuta como gesto poiético, em que o ouvinte confere seu próprio sentido musical aos sons do ambiente.

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Dan Deacon, experimentalismos eletrônicos contemporâneos e a paisagem sonora hipermediada das grandes cidadesInês Guedes Nin FerreiraUniversidade Federal Fluminense (UFF) / [email protected]

Este estudo pretende explorar, a partir da análise da obra de Dan Deacon e de outros ar-tistas contemporâneos de música eletrônica experimental como Daedelus e Prefuse 73, a maneira como sons do cotidiano, da paisagem sonora das grandes cidades, de ambientes midiáticos e de brinquedos infantis são incorporados e redefinidos a partir de uma aten-ta observação dos mesmos. Os caminhos que essas sonoridades vão tomar são os mais variados, tendo ora uma estrutura próxima a um gênero como o hip-hop ou o dubstep, ora impossibilitadas de serem enquadradas em qualquer estilo exceto o que se chama de experimental ou avant-garde, frequentemente soando como uma grande colagem de referências múltiplas e não raro absolutamente pop. Consideradas as inúmeras diferenças em sua produção, o que une os artistas que constituem o objeto desse estudo são precisa-mente as apropriações de elementos do universo midiático e de outros ambientes sonoros de forma a promover diversas inovações no campo da música contemporânea, as quais que se manifestam como um reflexo dessa cultura do cut-and-paste caracterizada pela hipermediação e hiperestímulos saturados.O universo teórico adotado inclui desde as ob-servações das formas de escuta mediadas pelas tecnologias ao longo do tempo, passando pelas cruciais pesquisas em torno das paisagens sonoras feitas por R. Murray Schafer e chegando ao diálogo com estudos em torno da sound art e outros recentes experimenta-lismos em música eletrônica.

Da música transcrita à tecnologia digitalSami [email protected]

Nos anos 1970 é questionada a alta fidelidade: a qualificação da alta fidelidade a partir de parâmetros e grandezas físicas não é mas considerada importante, já que o objetivo final é a apreciação subjetiva do ouvinte; portanto a fidelidade de um sistema depende da expec-tativa e reação de cada ouvinte que pode variar até mesmo em salas de concerto. Em 1980 o CD abre a porta da tecnologia da digitalização: um primeiro passo para desmaterializar a mensagem sonora a partir de um processo de codificação numérica. A memorização e leitura não acontecem mais em tempo real. Um programa de processamento de dados é responsável pelo processo construtivo da informação analógica necessária nos dois extre-mos no evento de gravação e da reprodução. É necessário propor o re-pensar da qualidade e o confronto entre tecnologia digital e analógica relacionando qualidade e redução de custos na evolução técnica e na percepção da indústria e dos consumidores desde os anos 30 ao início do século 21. A oficina sugere as possibilidades da tecnologia na reprodução sonora, apontando o que há de novo e as causas das inovações.

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De repente: a música de improviso através do cantador popularAline Cristina Ribeiro AlvesUniversidade Federal do Maranhão (UFMA)[email protected]

Trata-se de um estudo sobre o repente: forma variante das cantigas tradicionais (sempre na memória), constituindo-se essencialmente no improviso. O repente enquanto mani-festação cultural popular tornou-se conhecido em todo o Brasil por sua carga informativa e artística, além de notadamente musical, com marca identitária de forte influência na região Nordeste do país.A pesquisa, que tem como método a audição e análise desses pro-dutos culturais produzidos pelo povo e destinados ao povo, destaca o processo de criação das rimas e estruturação musical destas distintas formas poéticas que consistem no repen-te, bem como explica as suas influências sonoras e o legado da velha cantiga de viola até a performance que conhecemos hoje, em praças públicas, rodas familiares e o que mais a figura do repentista permitir.Nesse contexto, o momento tão importante de interação en-tre os próprios repentistas até chegar ao seu público que, ao longo de suas apresentações, vivencia as hi(e)stórias desses artistas e se informa sobre os fatos cotidianos e as trans-formações do mundo também será ponto de partida para esse trabalho. Entretanto, este aponta não só para casos de peleja entre repentistas (competições), mas para os aspectos de transformação social do repente, marcadamente caracterizado pelo olhar diferenciado dos seus produtores sobre a realidade e a recepção que provoca no público, de maneira sempre nova e positiva.

Do bolero ao rock: fronteiras e aproximaçõesMarcos Julio [email protected]

O bolero é visto em um primeiro momento como uma canção ligada às classes sociais inferiores, como reflexo de abandono por parte de um dos amantes, de traição e de amor não correspondido. Na maior parte das vezes resultando em tragédia, seja pelo suicídio e pela depressão, enfim, pelo adoecimento físico e/ou mental. Quantas letras não trazem em seu contexto a falta de vontade de continuar a existência, após a solidão causada pela separação? em atos insensatos, tais como “punhaladas”, tanto no sentido literal como fi-gurado? em ciúmes causados pela exposição da conpanhia de novos amantes somente para “enlouquecer” o outro? O ritmo dançante leva o receptor a se identificar e se emba-lar com esse universo dos cabarés e bares de terceira categoria das zonas portuárias e de meretrício, na penumbra intoxicante do cigarro e da bebida, e a se ver como o próprio personagem da letra, tornando realidade propostas definidas no contexto do bolero. É interessante observar que grupos de rock das décadas de 1960 a 1980, com tendências opostas a esse universo, se apropriam do ritmo e da estrutura melódica do bolero e criam um novo paradigma de aproximação sentimental, unindo guitarras e beats definidos do rock com letras melosas que propõem novas formas de amor, a exemplo de Rita Lee. É nossa proposta analisar essa apropriação e essa recriação, que passa a ser fruida por jovens das classes mais abastadas da sociedade.

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Elementos pré-audíveis e divulgação mediática: possibilidades de engajamento na obra de Edu LoboRicardo Alexandre de Freitas LimaUniversidade Estadual de Minas Gerais (URMG) / [email protected]

As canções de Edu Lobo compostas durante os primeiros anos do regime ditatorial civil/militar (1964 a 1985) foram colocadas pela história e por ouvintes num rol de compo-sições com fins altamente políticos. Um dos critérios propostos para investigar a fundo quais são as reais circunstâncias desse suposto engajamento é a ida ao repertório e a re-construção das condições de circulação e emissão de tais canções. Se de fato a obra de Edu Lobo faz parte de um movimento articulado de utilização da arte como instrumento de transformação social, cabe então compreender como isso se deu. Para além do olhar que deve ser lançado às parcerias, aos espaços de circulação de sua obra, interessa aqui reiterar a importância da mediatização de sua persona artística e de suas canções neste processo de politização do código musical. A exposição mediática em que se viu metido ao se tornar um partícipe frequente e relevante de programas e festivais de música pro-movidos pela televisão brasileira durante a década de 1960 interferiu, sobremaneira, na recepção de sua obra. Este é o aspecto que atrai a atenção deste trabalho: entre os vários elementos responsáveis pelo engajamento da obra de Edu Lobo, como o mass media aju-dou a construir a ponte que vincula sua canção às coisas de ordem política?

Em torno do loop: girando conceitosRodolfo [email protected]

Desenvolvendo questões surgidas na pesquisa do ‘loop’, integra-se a este dispositivo o da ‘retro-alimentação’ (ou ‘feedback’), na tentativa de compreendê-lo não somente como procedimento artístico, mas também como processo topológico de efeitos sócio-cultu-rais.

Entre o zumzum de todo dia....o rádio escuta ou só fala? Janete El [email protected]

A sensibilidade é deformada pelo hábito, a curiosidade anestesiada pela rotina e os ouvi-dos são abafados pelo zumzum de todo dia. E aos poucos vamos ficando loucos chegando ao ponto de trocar a alegria do novo pela chatice do igual ( John Cage).Com base nessa fala de John Cage, convidaremos os ouvintes (teremos ouvintes?) para uma breve ex-periência e(sté)tica de Rádio. Experiência de escuta.

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Funk e funkeiros no Rio de Janeiro: dançando a mesma músicaAngela Arruda; Marilena Jamur; Felipe Madruga Barroso; Thiago Benedito Livramento Me-licio; Lilian Ulup; Andréa Silva Rodriguez; Rhaniele SodréUniversidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)[email protected]@oi.com.br

Este trabalho é parte do Projeto O Universo do Funk Proibido no Rio de Janeiro, em desen-volvimento no Insti-tuto de Psicologia da UFRJ que objeti-va estudar uma das formas assu-midas por um gênero musical, o funk carioca - designada como funk proibido de facção - e sua disseminação entre a população residente nas áreas pobres da cidade do Rio de Janeiro, sobretudo nos bailes-funk, que atraem mais de um milhão de jovens nos fins de semana. Utilizando a perspectiva da Teoria das Representações Sociais, inaugurada por MOSCOVI-CI, este estudo se referencia na linha de investigação aberta por JODELET sobre produtos culturais musicais. Trata-se aqui da genealogia de uma representação socialmente construí-da sobre um personagem - o funkeiro - buscando compreender que fenômenos se articulam no início dos anos 1990, para que nessa representa-ção associem-se percepções de “pericu-losidade” e “violência” produzindo criminalização/repressão. Serão apresentados alguns re-sultados da analise, identificando processos de territorizalização, de produção de alteridade e de associação de determinados elementos simbólicos na construção das representações do funkeiro e do funk, tais como: o estado do campo social, a contribuição das imagens e dos discursos amplamente difundidos pela mídia no período, os dispositivos criados pela sociedade carioca para intervir naquela atividade de lazer percebia como problema. São examinados, também, processos similares ocorridos no país com outros produtos culturais populares e a repressão a outros gêneros musicais (o maxixe, o samba), que inicialmente associados à condição social “inferior” dos seus produtores/consumidores, ao serem apro-priados, transcendem à condição social originária.

Linguagem radiofônica: uma proposta conceitualEduardo VicenteUniversidade de São [email protected]

O texto busca oferecer uma atualização da discussão sobre a linguagem radiofônica e uma proposta de conceituação dos seus elementos. Em ambos os casos, a análise será desenvolvida tanto a partir do diálogo com autores que se dedicaram especificamente a esse tema quanto através de uma aproximação do debate mais geral sobre o uso do som na produção audiovisual, especialmente no cinema, e sobre a linguagem sonora em seu sentido mais amplo. Além do recurso à obra dos autores aqui listados, a proposta do tex-to passa por uma apresentação e análise de elementos da linguagem sonora como voz, ruídos, trilha musical e silêncio, além de uma discussão sobre o que aqui denominamos como “manipulação técnica” e que se refere às múltiplas possibilidades de alteração do dado sonoro disponibilizadas nas etapas de produção e pós-produção sonora. Entende-mos que são duas as principais justificativas para a discussão do tema. Em primeiro lugar,

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os novos recursos e práticas de produção, distribuição e consumo sonoro possibilitados pela internet, pela telefonia móvel e pelas tecnologias digitais, que têm levado tanto a um tensionamento da conceituação tradicional de radiofonia quanto à uma nova valoriza-ção das suas potencialidades expressivas. Em segundo, por procurar inserir a discussão da linguagem radiofônica – tradicionalmente confinada a seu campo específico – dentro do cenário mais amplo da produção audiovisual, permitindo assim o diálogo com um referencial teórico bem mais desenvolvido.

Low tech & Oligomedia: Experimentos, composições e performances Leo [email protected]

Os termos “modernidade” e “atualidade” nas artes geralmente envolvem a adoção de so-luções com tecnologias de ponta (high tech) e múltiplos meios (multimídia). O trabalho artístico de Leo Fuks, oboísta e professor de acústica musical da UFRJ, vem sendo cons-truído com propostas e performances de uso de instrumentos de baixo custo e tecnolo-gia e meios singelos, frequentemente conectando a música com o esporte e atividades recreativas, coletivas e do dia-a-dia. Portanto, esta linha de criação parodia e joga com a ampla e custosa disponibilidade de recursos técnicos e científicos, sempre sujeitos ao processo acelerado de obsolescência. A Cyclophonica Orquestra de Câmara de Bicicle-tas , emprega bicicletas convencionais, instrumentos simplificados e/ou adaptados para a performance em movimento e com recursos limitados de controle pelos músicos. A Cell-phonica, Orquestra de Celulares, utiliza funções secundárias dos aparelhos telefônicos para a prática musical. O grupo de Vuvuzelas Musicais faz uso das cornetas de estádios de futebol, como as que são tocadas por multidões na África do Sul, e busca integrá-las com os outros instrumentos, mantendo-as conectadas à prática e atmosfera do mundo do esporte. Em todas estas propostas, uma das operações centrais é a de misturar os execu-tantes com o público, muitas vezes atribuindo a este funções essenciais da performance. Neste workshop iremos expor algumas das atividades recentes e instrumentos construí-dos, para em seguida construir alguns deles e realizar um exercício de performance. Será formado o esboço de uma ferramenta coletiva, o OrganisMus, inspirado nos tradicionais “bell choirs” europeus e norte-americanos , em que os participantes possuem instrumen-tos monofônicos (ou oligifônicos) diversos dispostos em escalas de alturas e que são coordenados por gestos, toques e sinais projetados em telas de diversas tecnologias.

Marginal Popular Brasileiro: a brasilidade múltipla de Itamar AssumpçãoConrado Vito Rodrigues FalboUniversidade Federal de Pernambuco (UFPE) / [email protected]

Em 1998, o compositor paulista Itamar Assumpção (1949-2003) lança o disco PretoBrás pelo pequeno selo Atração Fonográfica. O album representa um novo momento na car-reira do compositor, até então associado ao rótulo de artista marginal, à complexidade de

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seu estilo de composição e às elaboradas performances cênicas que eram marca registrada em seus shows. Após gravar o premiado disco Para sempre agora, apenas com canções do sambista Ataulfo Alves, Assumpção retoma seu trabalho autoral aprofundando o diálogo com a tradição da música popular urbana do Brasil, sem deixar de expressar suas opini-ões polêmicas sobre identidade, cultura e política nacionais. Em um disco conciso, com canções estruturalmente mais simples, Itamar mantém as marcas de seu estilo pessoal de composição: diálogos com o backing vocal, irreverência e aguda crítica social. Entra em cena o personagem PretoBrás (um anagrama de PETROBRAS, Petróleo Brasileiro S/A), que é uma espécie de síntese do Brasil contemporâneo, com suas idiossincrasias políticas e artísticas. Este trabalho procura analisar as maneiras pelas quais o artista constrói o dis-curso de suas canções neste disco, partindo de referências da tradição cultural da música popular brasileira para criar uma visão original da cultura brasileira contemporânea e de suas implicações políticas e artísticas.

Mídia e espetáculo na canção gospel da Bola de Neve ChurchEduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão FoUniversidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) / Programa de Monitoria de Pós-gra-duação (PROMOP)[email protected]

A forma de apropriação do “mercado dos bens de salvação (conforme Bourdieu)” visa, através de diferentes mídias, utilizar os conteúdos religiosos para conquistar o envolvi-mento e a adesão emocional de fiéis. É o “marketing de Deus”, identificado especialmente à canção gospel, que associa a mercantilização do sagrado e a utilização de linguagens contemporâneas. Entendo que as diferentes representações do discurso religioso inserido no tempo presente se moldam a uma sociedade do mercado, da mídia e do espetáculo, e tomando como exemplo dessas “igrejas midiatizadas” a Bola de Neve Church, pretendo abordar a sua reificação e inserção num mercado de bens simbólicos. Como expressão maior da canção gospel desta igreja neopentecostal identifico dois gêneros musicais: o reggae da Tribo de Louvor e o rock de Rodolfo Abrantes, ex-líder do conjunto brasiliense Raimundos.

MPB: sobre construção do capital simbólico e longevidadeJosé Eduardo Gonçalves MagossiUniversidade de São Paulo (USP)[email protected]

O presente artigo tem como objetivo esclarecer e elencar os motivos pelos quais acredito que a MPB permaneceu em evidência nos últimos 40 anos no cenário musical brasilei-ro, principalmente a cena formada por artistas como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia e Gal Costa. Através da análise das estatísticas de venda de discos produzidas pelo Nopem – Nelson Oliveira Pesquisas de Mercado entre 1965 e 1999, vê-se que estes artistas praticamente nunca deixaram a lista anual dos 50 mais

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vendidos. Em um período mais recente, entre 2000 e 2009, este grupo de artistas também está mais presente em trilhas de novelas da Rede Globo que artistas contemporâneos como Ivete Sangalo e Ana Carolina. Entendo que a longevidade destes artistas e da MPB que representam está vinculada ao fato de, desde seu surgimento, eles terem apresentado propostas musicais diferenciadas e críticas sociais e políticas que deu legitimidade a este grupo como artistas verdadeiros ante uma situação anterior onde os artistas começaram a ser vistos como alienados. O texto também ressalta a importância da televisão nascente na consolidação deste grupo de artistas, que deixam de ser apenas voz e música, para se tornarem imagem, atitude e comportamento. É importante ressaltar que os cinco artistas citados eram contratados da Philips no início dos anos 70, em um período em que a gra-vadora era dirigida por André Midani, cuja estratégia era investir na criação de artistas e não em música. Este investimento no capital simbólico dos artistas, como argumentava Midani, pode ser um fator importante para a longevidade da MPB.

Música “pura” e música “programática”: Algumas consideraçõesCarole [email protected]

As questões que surgiram durante a pesquisa sobre o pensamento musical do século XX, a partir das obras e dos escritos de Pierre Boulez, levantaram muitas questões que extra-polaram o âmbito daquela pesquisa. Uma delas foi o da reescrita, em pelo menos duas direções. Uma para dentro da obra do próprio Boulez, onde esta prática é permanente e pode ser interpretada como variação contínua, forma infinitamente aberta, reorques-tração ou arranjo. A outra direção é para os diferentes sentidos da reescrita como meta-linguagem, tanto na música instrumental como na música eletroacústica e o conceito de remix. Todas estas frentes estão em andamento, com uma maior concetração nas obras dos compositores russos das décadas de sessenta e setenta como Alfred Shnittke e Edi-son Denisov onde acreditamos que o conceito de expressionismo musical é importante. Esta noção (expressionismo) nos encaminhou para o estudo das questões levantadas por Gilles Deleuze em Francis Bacon: Lógica dá Sensação. Para a mesa redonda nos concen-traremos na falsa oposição entre música “pura” e música “programática” para discutir as estéticas da segunda metade do século XX.

Música, um espaço de transversalidade culturalAndréia de Lima SilvaUniversidade Federal do Maranhão (UFMA)[email protected]

Com a globalização, em muitos momentos, os espaços sociais não mais se diferenciam por espaços geográficos, mas culturais. Porém, é ainda baseado no mapa que construímos nossas discussões acerca dos produtos culturais. Neste ensaio, tomamos uma das faces da música: a sua classificação rítmica sendo determinada pela posição geográfica. Para isso, o caso da banda Cordel do Fogo Encantado é exemplar, na medida em que apresentamos,

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a partir deste caso, como arbitrária a classificação da música em regional ou nacional. Uti-lizamos como fundamentação teórica as bases do pensamento de Nestor García Canclini que toma em seus estudos a cultura como híbrida.

Novos formatos de áudio e a produção musical brasileira atualJosé Eduardo Ribeiro de PaivaUniversidade Estadual de Campinas (Unicamp) [email protected]; [email protected]

De todas as tecnologias ligadas a reprodução sonora, nenhuma impactou tanto o mer-cado fonográfico quanto o formato mp3. Popularizado a partir dos anos 90, com o cres-cimento da Internet tornou-se o padrão mundial para troca de arquivos sonoros pela rede, sendo também o elo final da cadeia da produção dos home estúdios, permitindo ao artista o controle sobre a distribuição de sua obra e possibilitando o surgimento de milhões de músicas distribuídas livremente pela web.A indústria fonográfica ainda não absorveu de forma efetiva a potencialidade desse formato e o acusa de ser o grande vilão do encolhimento do mercado mundial de discos. Por outro lado, na medida em que no-vos grupos sociais se apropriam destas tecnologias, outros modelos de produção sonora, como o brega pop do Norte do Brasil ou o funk carioca vêem a tona, trazendo discussões sobre apropriação tecnológica e inclusão digital dentro da indústria cultural brasileira. Conceitos como autoria, direito autoral e outros tem de ser repensados a luz destes novos modelos, onde a preocupação com o mercado fonográfico convencional é praticamente nula. Além disso, ring tones, som para jogos e outros formatos decorrentes da convergên-cia digital criam novas formas de escuta e distribuição musical, trazendo mais indagações sobre como os artistas podem se relacionar com estas novas tecnologias e das alterações nos processos de criação musical dela decorrentes, principalmente nos novos modelos que correm a margem da indústria fonográfica, em uma ótica particular que vem revolu-cionando os modelos tradicionais de produção e consumo musical.

O Choro no ciberespaço: (n)etnografía entre jovens músicos porto-alegrensesCássio Dalbem Barth; Reginaldo Gil BragaUniversidade Federal do Rio Grande do Sul / [email protected]; [email protected]

Esta comunicação irá discutir a circulação dos jovens instrumentistas e a invenção da tra-dição do choro na cidade de Porto Alegre em espaços virtuais dentro do ciberespaço - nas plataformas de interação social, fóruns, programas de mensagens instantâneas - e em es-paços atuais, in loco, nas rodas de bar ou nas oficinas dedicadas ao ensino do choro, sejam estes espaços reais ou possíveis(LEVY: 2008). Também abordamos os processos de di-vulgação e comercialização de suas carreiras dentro desses espaços. Na construção da me-todologia cruzamos a etnografía tradicional, onde as notas de campo assumem papel de destaque, com a netnografia, ou seja, a etnografía de espaços virtuais, realizada através de inserção em plataformas de interação social por onde circulam os músicos pesquisados.

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O “Estilo Aforístico” na obra de Anton Webern: “Três Pequenas Peças para violon-celo e piano” op. 11Sofia Andrade MachadoUniversidade de São Paulo (USP) / Uni FIAM [email protected]

As “Três Pequenas Peças” para violoncelo e piano Op.11 de Anton Webern datam de 1914. São bastante representativas de uma das principais características de sua obra, que é a concisão formal. Devido à compactação de sua escrita, elas representam o exemplo extremo do “estilo aforístico”(pré-serial): são peças de duração muito curta, cuja expres-são está condensada em cada detalhe, restrita aos conteúdos essenciais.Neste contexto, o tempo se destaca como um elemento extremamente significativo na composição. A análise do aspecto métrico permite compreender cada pequeno trecho de música e seu significado de acordo com a estrutura fundamental da peça. Esta compreensão revela-se essencialmente valiosa, tanto para a escuta quanto para a performance deste repertório.O teórico norte-americano Wallace Berry (1928-1991) dedica um capítulo inteiro de seu trabalho “Structural Functions in Music” ao ritmo e à sua aplicação na performance. No início deste capítulo, Berry enfatiza que a análise métrica é a base vital da construção e da interpretação do fraseado na performance. Observa também que o ritmo é um fato men-tal, não só físico, e este aspecto subjetivo é o que caracteriza as interpretações diferentes de uma mesma peça. No final do capítulo Berry faz uma análise da terceira peça do Op. 11 enfatizando o aspecto métrico. Esta análise foi aqui tomada como modelo para a análise da primeira peça. No final do trabalho buscamos contextualizar esteticamente o sentido da compactação formal do “estilo aforístico”, tendo por base idéias apresentadas em um escrito do musicólogo alemão Carl Dahlhaus.

O fim do disco e a mutação identitária da obra musical: reflexões sobre a sobrevi-vência do artista perante a queda do CDDaniel Gambaro; Bruno Eduardo Pires de [email protected]; [email protected]

O presente artigo discute o conceito de álbum como obra fonográfica, e procura respon-der à hipótese de que tal conceito estaria desaparecendo, juntamente com o suporte físico CD, por conta das novas tecnologias digitais. Entendemos o álbum como um conjunto de canções que possui certa unidade artística, e que é resultado da obra conjunta de uma equipe que presa por essa unidade. Esse valor artístico atrubuído ao álbum garatiria, por-tanto, o reconhecimento do músico ou do grupo musical pela audiência. Propomos que, com as tecnologias digitais, possivelmente estamos vivendo um momento em que o valor cultural do álbum musical sai fortalecido, após ter sido diminuido com o avanço da pira-taria do CD. Isso ocorre porque, em um primeiro momento, o suporte físico representava um valor material que era agregado à obra artística – um bem com valor tátil – e o con-sumo desmaterializado de música, ao reduzir a importância do disco, torna necessárias outras formas de legitimar a obra artística.

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O objeto móvel: dificuldades atuais para uma sociologia da música gravadaMarcia Tosta DiasUniversidade Federal de São Paulo (UNIFESP)[email protected]

A abordagem busca retomar elementos de um debate instituído no final dos anos 1990, sobre a divisão do trabalho peculiar à indústria fonográfica. Tomando como referência a produção de discos tal como se realizava nas grandes companhias fonográficas, tal debate caracterizava, de um lado, o trabalho como “coletivo” e, de outro, compunha de formas diferenciadas a fórmula clássica da divisão entre “trabalho manual” e “trabalho intelec-tual”. À luz da crise das grandes empresas e das expressivas mudanças no panorama da produção de música gravada, trata-se de recolocar o debate buscando identificar possibi-lidades analíticas.

O que é a era da mídia e o que é o espírito midiático?Norval Baitello JuniorPontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)[email protected]

Nunca antes na história humana se operou tanto e tão convictamente dentro da lógica da produção de ausências, vazios, déficits, vácuos e bolhas. Nem se investiu tanto na repetição como estratégia de simulação de presença. O midiático, o que o define? Uma hierarquia invertida dos sentidos de proximidade e distância? Uma sociologia negativa, das ausências, diante do desaparecimento da alteridade? Uma inflação catastrófica dos signos enviados para o vazio ou para o futuro, se não há o outro para ouvi-los?

O quê escutamos? Fernando IazzettaUniversidade de São [email protected]

No século XX a escuta torna-se assunto proeminente nos discursos sobre a música. É quase impossível dar conta das condições que levaram a isso, dada a diversidade de elementos que apontaram para essa questão. Da escuta inconsciente freudiana ao aparelhamento do nosso sistema auditivo com próteses tecnológicas, passando pelo surgimentos das pesqui-sas em psicoacústica e experimentações com a materialidade do som na produção musi-cal, forma-se uma série de discursos, tipologias e estratégias para se lidar com a escuta musical. Recentemente, diversos autores estão se dedicando a uma espécie de arqueo-logia da escuta, buscando traçar algum tipo de processo de transformação ocorrido nos modos como percebemos os sons, especialmente a partir do aparecimento dos aparelhos de gravação e reprodução no final do século XIX. Estilos e movimentos musicais situados à margem das formas mais tradicionais exploram, com o seu experimentalismo, novos modos de escuta. A aproximação da música com um conceitualismo mais característico

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das artes visuais, traz para o som a escuta de contextos, simbologias, referências. De fato, a idéia de como percebemos o mundo acústico e as relações que criamos a partir dele tornam-se fundamentais para a compreensão das práticas musicais contemporâneas, ao mesmo tempo que ajudam a configurar essas práticas.

Orfeu: Do mito à realidade brasileira. A importância da trilha sonora na estratégia narrativa de Cacá Diegues e sua relação com o contexto sociocultural de uma épocaFabiana Quintana DiasUniversidade Estadual de Campinas (Unicamp) / [email protected]

O presente texto destaca a participação do som na estratégia narrativa do filme “Orfeu” (1999), de Cacá Diegues, mostrando a importância da trilha sonora na articulação au-diovisual e para o desenvolvimento da narrativa fílmica. São estudadas a polissemia e a plasticidade da relação som-imagem no discurso cinematográfico. Este trabalho também apresenta uma reflexão sobre como o som, por meio das canções, dos efeitos sonoros e diálogos presentes,pode revelar o contexto sociocultural de uma época.

Os marcadores sócio-estéticos e sócio-semióticos da expressividade vocalChristian MarcadetInstitut d’esthétique, des arts et des technologies, CNRS-Université de Paris 1 Panthéon-Sorbonne)

O domínio das canções populares é uma disciplina artística multidimensional, que exige dos artistas que a praticam competências teatrais, musicais, culturais e comportamentais singulares que se manifestam durante as performances. A performance, imediata (no palco) ou diferida (nas mídias), implica uma interpretação de um cantor e uma relação com uma audiência. A interpretação é ao mesmo tempo catálise e apoteose do sentido e da expressi-vidade. Esta contribuição tem por objetivo identificar as causas determinantes e as caracte-rísticas da “voz cantada” na sua qualidade de vetor essencial da construção do sentido, na medida em que se situa no meio dos processos criativos, performativos e receptivos. Três eixos de investigação serão desenvolvidos: 1. Os discriminantes técnico-corporais, que são de duas ordens: os critérios fisiológicos, ligados ao órgão vocal, e os critérios expressivos, que resultam de escolhas “técnicas” ligadas à personalidade e o projeto criador do intér-prete; 2. Os processos enunciativos de natureza sociocultural: o tom – ou as maneiras de cantar como tais – e os idioletos singulares dos intérpretes, que são tantas estratégias dota-das de significação; 3. Os marcadores sócio-semióticos da expressividade vocal: tais os de tipo afetivo, os que são “associados” parcialmente ao material melódico, os com conotação mais diretamente “ideológica” como os marcadores dissidentes e/ou divisores e os marca-dores sociosexuais, onipresentes nas artes cênicas. Em conclusão, este trabalho de escuta, de observação e de análisede múltiplas interpretações de músicas cantadas, em varias áre-as culturais, autoriza-nos a formular algumas observações de ordem geral relativas à vasta combinatória semiótica gerada pela voz, a expressividade vocal, a performance e a recepção.

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Os nós pulsantes: do estúdio de música eletrônica aos modelos emergentes de cria-tividade musicalPaulo C. ChagasUniversity of California, [email protected]

Durante algumas décadas, a música eletroacústica foi produzida em estúdios mantidos, sobretudo, por instituições públicas e privadas. A “música concreta” e a “música eletrôni-ca” marcaram tendências estéticas da década de 1950 que estão historicamente associadas, respectivamente, aos estúdios de Paris e Colônia. A partir da década de 1990, o estúdio perdeu sua função hegemônica e centralizadora. O desenvolvimento do computador pes-soal e das redes digitais de informação e comunicação – que transformou as atividades de criação, produção e distribuição de música em geral – teve também seu impacto na músi-ca eletroacústica. Este ensaio investiga questões estéticas relacionadas a esta evolução da música eletroacústica. Inicialmente, retomo a discussão sobre as diferenças entre a “músi-ca concreta” e a “música eletrônica” a fim de situar o contexto pós-histórico da música eletroacústica. Em seguida, desenvolvo algumas reflexões sobre as estéticas do som da música eletrônica e concreta e sobre a criatividade no Estúdio de Música Eletrônica da WDR, ressaltando também o contexto radiofônico e a minha atividade de Klangregisseur (1990-1999) [diretor de som]. Finalmente, discuto alguns aspectos da criatividade e da subjetividade do mundo digital que estão relacionados à minha experiência recente na Universidade da Califórnia, Riverside.

Para comunicar o silêncio: um ensaio sobre música, comunicação e experiência es-téticaMaurício Augusto Pimentel Liesen NascimentoUniversidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) / [email protected]

“Música: respiração das estátuas. Talvez:/ silêncio das imagens. Você, língua, onde a lín-gua/ termina. Você, tempo,/ que perpendicularmente vai em direção dos corações nau-fragados./ Sentimentos para quem? Oh, você, a transformação/ dos sentimentos em que? -: em paisagem audível”. É a partir desses versos de Rainer Maria Rilke que este ensaio busca refletir a concepção de uma comunicação estética na música pop instrumental pro-duzida sob o rótulo de post-rock, onde bandas como Sígur Rós, Múm, Mogwai e Bark Psychosis se preocupam com a criação de paisagens/ambiências sonoras. O objetivo é aproximar o debate em torno da comunicação e da música sob o eixo da experiência es-tética e sua identificação com uma comunicação-oxímoro: zona anfíbia, ambígua, ponto de indiscernibilidade entre a palavra e o silêncio, a música e a não-música, o sentido e o não-sentido. A música comunica antes de tudo afectos. Uma comunicação compreendida no seu excesso, no transbordamento, cuja problemática é a fusão do objeto com o sujeito, contrária à separação cartesiana do corpo/mente, de um observador exterior ao mundo, a partir de uma experiência intensa de perda de limites, identidades, particularidades. O

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que será, portanto, objeto deste estudo é uma forma de comunicação que atua rachando o discurso, o signo, a estrutura. Uma forma que não é troca de significados, nem transporte; que não se faz no discurso, mas atua em suas brechas. Uma comunicação-limite, alçada a partir das leituras dos livros de Georges Bataille, Maurice Blanchot, Emmanuel Levinas, Hans Ulrich Gumbrecht, Gilles Deleuze e Felix Guattari.

Passeio por músicas em escutaJosé Augusto MannisUniversidade Estadual de [email protected]

A escuta é inerente à idéia de música. Toda música passa pelo menos duas vezes por esse processo: quando criada e quando fruída. Algumas são elaboradas com auxilio de anotações, lembretes, indicações muito precisas e detalhadas ou segundo um plano es-tabelecido, mesmo seguindo sem rumo desde um ponto de partida conhecido ou não. A relação entre representação técnica e discurso artístico surpreendentemente tem enorme impacto na pratica musical. Passar ou não por uma mídia intermediária nos faz mudar não de estilo, mas de gênero. Aqui trataremos de músicas somente vividas e concebidas prioritariamente através da escuta. Não que seja proibido fazer qualquer anotação, mas onde o processo tenha fluxo centrado na escuta. Numa partitura também deveria ser as-sim, mas isso seria uma discussão demasiadamente ampla. Ocorre que a análise precisa ser contada, explicada, demonstrada a pessoas por uma delas que, ou tenha ouvido uma música e nessa escuta percebeu e descobriu uma série de coisas, ou que tenha ela mesma concebido e realizado a obra.

Performances híbridas em realidades mistas: e(st)éticas de música, gênero e etniaAndrea Paula dos [email protected]

A presente comunicação pretende levar ao debate questões como: A criatividade híbrida, em linguagens mistas e construções plurais de gênero e etnia favorecem agenciamentos de novas subjetividades e identidades? Performances e práticas híbridas e/ou reconhe-cidas como musicais hierarquizam diferenças transformando-as em desigualdades nos processos sociais definidos por relações de poder no contexto patriarcal, pós-colonial e pós-moderno? A não-linearidade e a simultaneidade das linguagens em realidades mistas na cultura digital favorecem performances híbridas que des-hierarquizam diferenças de práticas musicais, gênero e étnicas construídas como desigualdades?

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“Pra Frente Brasil”, “Independência ou Morte” e o uso de música e audiovisual como propaganda oficial - Engajamento ou encampação?Evaldo PiccinoUniversidade Estadual de Campinas (Unicamp) / [email protected]

Durante a ditadura militar no Brasil (1964-1984) a censura e a repressão contra artistas que utilizaram suas obras como meios de propaganda de oposição ao governo tiveram como contraponto o patrulhamento ideológico contra aqueles que, por outro lado, ti-veram suas obras utilizadas como propaganda oficial.Assim como muitas obras foram censuradas e taxadas como subversivas sem justificativa ou fundamento, tantas outras carregaram o pesado estigma do alinhamento com o regime, também sem que se investi-gasse de fato se houve intenção de engajamento por parte dos autores ou de encampação por parte do governo.O objetivo da comunicação é apontar e discutir brevemente sob esta ótica alguns casos concretos, focando a análise na ocasião das comemorações do ses-quicentenário da proclamação da independência do Brasil (1972). Dentro deste período histórico serão abordadas três obras: o filme “Independência ou Morte”, de Carlos Coim-bra e as canções: “Chamamos aos Heróis da Independência” de Geraldo Filme e “Hino do Sesquicentenário” de Miguel Gustavo (autor também da marcha “Pra frente Brasil”). A idéia é confrontar o conteúdo e a visão das obras com a visão oficial do governo militar sobre o fato histórico da independência na ocasião do sesquicentenário e, a partir daí, levantar alguns elementos dentro das relações das obras e dos autores com o governo que possam levar a possíveis indícios de intenção de engajamento ou encampação no uso como propaganda oficial. Neste contexto serão feitas referências a outras obras dos mesmos autores ou da época, outros meios de propaganda oficial e alguns documentos originais da época.

Produtores Musicais: legitimidade e autoridade cultural na música midiática con-temporâneaHeitor da Luz SilvaUniversidade Federal Fluminense (UFF)[email protected]

Partindo da observação de que os produtores musicais são atores sociais que ocupam um lugar privilegiado e exercem um papel determinante na cultura e na economia da músi-ca popular massiva midiática ainda hoje, este trabalho procura discutir de uma maneira inicial e exploratória algumas das balizas que asseguram capital cultural suficiente para o prosseguimento dessa função profissional em um contexto em que está totalmente de-sarticulada do contexto organizacional em que foi gerada, como uma imposição da estru-tura organizacional da indústria do disco. Apresenta-se uma breve análise da atuação de produtores musicais como jurados no programa televisivo “Astros” com o intuito de que se possa, através de uma leitura sobre as práticas discursivas destes personagens, obter um exemplo significativo para a compreensão das bases de legitimidade da autoridade

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crítica dos seus julgamentos de valores, negociados a partir de convenções e horizontes de expectativas específicos, mas que denotam uma posição de fala particular socialmente legitimada no universo da música midiática.

“Quando Canta o Brasil”- uma análise das reestilizações ocorridas com o samba nos anos 50Juliana Batista RibeiroUniversidade Federal da Bahia (UFBA) [email protected]

Este artigo pretende abordar o processo de reestilização da música popular brasileira, em especial o samba na década de 50, suas modificações e desdobramentos em estilos hifeni-zados como samba-canção e a polca-choro em decorrência, dentre outras coisas, da entra-da e boa aceitação de ritmos estrangeiros no país. A construção de um símbolo nacional através de um samba “dessudorizado”. O papel do rádio como mídia nacionalizadora de estilos considerados rurais como o samba vindo dos morros, a embolada, o baião. A Or-questra Brasileira criada pelo maestro Radamés Gnattali e o “refinamento formal” que propunha ao samba; a padronização das sonoridades seguindo referências da orquestra-ção norte-americana; a idéia unificadora de nação colocada pelo Estado e transposta para o ritmo através dos arranjos musicais. Será utilizado o corpus do programa Quando Canta o Brasil (1952-1957) da Rádio Nacional, composto por trezentos e quarenta canções que servirão de parâmetro para as análises propostas acima. Os conceitos de heterogeneidade e mediação transcultural encontrados em Vianna (1995), estarão presentes neste artigo tratando a música não como parcela isolada do social, mas como elemento de interface das relações coletivas, colocando em contato contextos, valores, comportamentos apa-rentemente distintos, reconfigurando modelos sociais.

Rádio e Memória em Programas PortuguesesMônica Rebecca Ferrari [email protected]

Expandir o projeto, “A canção das mídias: memória e nomadismo”, significa expandir igualmente a pesquisa sobre os deslocamentos de imigrantes portugueses para o estado de São Paulo, ainda tão pouco efetivada. As conexões entre os eixos históricos, comuni-cativos e musicais fortalecem o apelo polifônico e meritório da pesquisa implementada pelo MusiMid. O subprojeto, Rádio e Memória em Programas Portugueses, dialoga com textos culturais diversos, como a história da imigração portuguesa do pós-guerra e os pro-gramas radiofônicos organizados em torno da transmissão do fado, ranchos e notícias voltados para esse público.

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Reflexões sobre o nacionalismo, música e radiodifusão no Brasil da década de 1920Márcia Ramos de OliveiraUniversidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)[email protected]

O Projeto de Pesquisa Impressões sobre os “nacionalismos” no Brasil do Século XX: o repertório musical das emissoras de rádio nas décadas de 20 a 30 (CNPq/UDESC), ao qual esta comunicação encontra-se vinculada, propõe-se a realizar uma reflexão acerca do surgimento do ideário e sentimento de pertencimento a nação, vinculado as mani-festações musicais que integraram a programação musical das emissoras de rádio neste período, percebidas enquanto formadoras de opinião pública. Para seu desenvolvimen-to, deverá proceder-se a um extenso levantamento qualitativo acerca da programação musical desenvolvida pela indústria fonográfica e radiodifusão, visando a formação de um conjunto documental representativo quanto a dimensão histórica e política que tais registros sonoros são portadores. Enquanto expressão de uma formação discursiva es-pecífica, a partir da utilização da linguagem musical, peculiar com relação aos aspectos que a identificam e definem, apresentando diferentes maneiras de perceber a construção das múltiplas tendências presentes a constituição do nacionalismo no país, manifesto nas décadas iniciais da República, ou da chamada “República Velha”. Tendo como parâmetro a manifestação musical e sonora do universo midiático da radiofonia no Brasil, associada ao tema do nacionalismo em formação, esta comunicação pretende abordar aspectos re-lacionados a constituição da memória no país, inserida em um contexto de intensa trans-formação tecnológica, que caracterizou o século em questão, considerando a formação dos sistemas e redes de comunicação.

Reggae, religião, mídia e política: dos “outsiders” ao “inner circle”Marcus Ramúsyo de Almeida BrasilPontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) / Instituto Federal do Maranhão / [email protected]; [email protected]

O presente trabalho visa analisar e articular a imbricação entre religião, mídia e política, tendo como objeto a gênese do reggae na Jamaica e seu desenvolvimento mercadológico além-mar, principalmente sua extrema identificação com grupos sociais marginalizados da ilha de São Luís - MA e seu consequente sucesso nos clubes dos bairros populares da cidade. Serão esmiuçadas também as implicações das mídias no processo de identificação e expansão comercial desse singular fenômeno de indústria cultural no Maranhão, e da importância do empoderamento mercadológico e midiático das radiolas na incursão de alguns empresários de reggae no cenário político institucional do estado, como candida-tos a cargos eletivos nas eleições proporcionais, a saber: vereador, deputado estadual e deputado federal.

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Rematerializações do álbum, do vinil e do CD na ciberculturaSimone Pereira de SáUniversidade Federal Fluminense (UFF)[email protected]

O trabalho tem por objetivo refletir sobre as práticas de consumo musical no universo da cibercultura e sobre a reconfiguração dos suportes (disco e CD) - e formatos (álbum)tradicionais. Refutando a premissa de que a música se desmaterializa, tornando-se fluida e descontextualizada de seus suportes originais, a partir da sua circulação na internet, pre-tendemos abordar estratégias de escuta nesse ambiente que permanecem articuladas ao formato cultural dos CDs e do álbum. Para tanto, a discussão organiza-se em duas partes. Na primeira, retoma-se rapidamente a história da consolidação do disco e do álbum - em conjunto com uma linhagem de aparelhos que vai do gramofone aos toca-discos, vitrolas e picapes - a fim de apontar para a sua centralidade na consolidação da cultura da música popular-massiva do século XX.(Keitghley; 2004; Magoun; 2002)Na segunda, aborda-se exemplos de re-significação (ou, nos dizeres de Bolter e Grusin(2000) de Remediação) destes artefatos culturais (Sterne; 2003; Straw, 2000) - em especial o álbum, o vinil e o CD - em sites, blogs e sistemas de recomendação musical (tais como a “rádio”online Last.FM). Partindo da discussão da teoria das materialidades (Gumbrecht and Pfeiffer; 1994), a premissa mais geral do trabalho é a de que o consumo de música - mesmo na atualidade - não é uma prática abstrata, que dispensa a materialidade dos suportes e formatos.Desta maneira, o diálogo e a apropriação de formatos anteriores de escuta desempenha um pa-pel fundamental dentro da cibercultura.

Ruído, silêncio: o espaço de percepção e expressão sonora representado no audiovisualKira Santos PereiraUniversidade de São Paulo (USP) / [email protected]

Baseando-se nos conceitos de Parede Sonora e Audio Analgesia cunhados por Murray Scha-fer e na polarização entre Extensão Vasta e Extensão Nula do Espaço Sonoro, proposta por Michel Chion, será apresentada uma reflexão sobre o uso do som no audiovisual e sobre como Paisagens Sonoras Lo-Fi ou Hi-Fi podem influenciar na percepção e na expressão sonora individual ou coletiva.O conceito de Parede Sonora será transposto da música para o excesso de ruídos nas grandes cidades, e se discutirá como a saturação do espaço auditivo acaba formando uma barreira, dificultando a percepção de sons delicados e adormecendo o sentido da audição como instrumento de percepção do mundo. Neste espaço sonoro satu-rado também a expressão sonora se torna dificultada. Trazendo à tona a Extensão Sonora de Chion será discutido como o jogo entre ruído e silêncio pode ser usado narrativamente no audiovisual, favorecendo ora a representação da intimidade e subjetividade, ora a discussão de questões coletivas ou sociais, e sua influência nas relações pessoais.

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Segmentação e identidade: subgêneros de heavy metal e a multiplicidade de iden-tidades possíveisIvan Carlos da SilvaUniversidade de São [email protected]

O presente artigo pretende discutir a relação entre a segmentação da canção popular em gêneros e a identidade dos sujeitos naquilo que alguns autores denominam de pós-modernidade. Para isso focaliza o heavy metal como objeto, resgatando as origens das dezenas de subgêneros as quais o gênero se dividiu a partir do início da década de 1980, quando se torna mercadologicamente delimitado, com público alvo específico. Com as análises de Stuart Hall acerca do deslocamento identitário na pós-modernidade, apresen-ta a influência dos produtos culturais na formação da identidade do sujeito na moderni-dade tardia.

Solta a imagem aí, Vj: Por uma analítica do live cinemaWilson Oliveira da Silva FilhoUniversidade Estácio de Sá[email protected]

Com esse artigo pretendemos analisar o universo do chamado live cinema, apresentações de filmes mediadas por um videojockey (Vj). Montadas, sonorizadas, filtradas ao vivo, acompanhadas ou não por música ao vivo essa é uma prática que nos parece falar mais que aos ouvidos ao ampliar os horizontes da arte criada pelos irmãos Lumière. Torna-se a nosso ver necessário repensar conceitos como teatro filmado, expanded cinema e cinema de atrações bem como investigar a performance e as novas possibilidades que a tecnologia traz para uma nova prática do audiovisual no contemporâneo. E entre imagem e aconte-cimento, entre tecno(logias) e dispositivos, o cinema ao vivo parece uma manifestação próxima ao mundo dos games, das instalações, da música eletrônica do que do próprio cinema. Sendo assim, refletir essas práticas é também dialogar com a cibercultura e as transformações da arte das imagens e sons em movimento em nome de uma nova senso-rialidade e para além do próprio cinema. Em referência ao bordão que o funk sobretudo refere-se aos dj’s, acreditamos que os videojockeys são personagens importantes de uma nova possibilidade da arte contemporânea.

Sonoridade dos corpos misturados do violãoMário da Silva Jr [email protected]

O trabalho propõe a estética do ruído ao violão em peças de compositores contempo-râneos brasileiros. Como o violão se insere nesses meios e qual a sua participação? Bus-co exemplos em compositores brasileiros como Chico Mello e Arthur Kampela, cujas

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propostas são de transcender a sonoridade do instrumento retirando-o do estigma de instrumento de acompanhamento. Michel Serres questiona, reflete e aborda a origem da linguagem, desenvolvendo uma filosofia que atenda a todos os sentidos e não só o da visão, mas o da escuta por exemplo. Quais recursos o violão fornece do mundo sonoro e de quais formas o violão poderia contribuir. Desenvolver sonoridades expandidas. O aspecto da sonoridade contínua feita pelo intérprete simultânea à sonoridade contínua e transformada em linguagem pela composição é evidente. O corpo do violão com suas fa-cetas tímbricas o “salva” com um poder diferencial dos outros instrumentos. Ele está fora do âmbito ruidoso dos decibéis e da tessitura. Sua salvação frente a essas insuficiências é a variação de cores sonoras, de timbres diferenciados. Uma teia de corpos tímbricos asso-ciada à filosofia dos corpos misturados de Michel Serres que defende a tese de criar uma cultura da mestiçagem. O violão tem vivido a dicotomia de instrumento de sonoridade suave, com leque de volume reduzido, porém violento em rasgueados e pizz. alla Bartok. Ao mesmo tempo instrumento de Francisco Tárrega interpretando variações de óperas italianas e de Villa-Lobos compondo Estudos que chegam a sua agressividade própria.

“Sons ao e-vento”: máquinas de tempos bio-tecno-lógicosSusana Oliveira Dias; Ana Paula CameloLaboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) – Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) / CNPq-Preac/Unicamp-MEC/[email protected]; [email protected]

Interessa-nos per-correr as potencialidades que a criação do CD “Sons ao e-vento” - feito pelo músico João Arruda para a instalação “Num dado e-vento: biotecnologias e culturas em vãos, ventos, sombras, cores.” - tem para oferecer/criar/experimentar junto ao pensa-mento no campo da divulgação científica e cultural. A instalação fez parte das ações dos projetos de pesquisa e extensão “Biotecnologias de rua” e “Um lance de dados”, ambos desenvolvidos por pesquisadores e artistas vinculados ao Laboratório de Estudos Avança-dos em Jornalismo (Labjor) e Faculdade de Educação, da Universidade Estadual de Cam-pinas (Unicamp), e Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc). As músicas produzidas resultaram de mixagens de composições do artista, samplers diversos e do álbum Jogos de armar do músico Tom Zé e sons captados durante a performance teatral “Num dado momento: biotecnologias e culturas em jogo”, apresentada nas ruas de Campinas-SP e que propôs um jogo de dados com imagens e palavras com o público. Tais composições nos fazem pensar nas múicas como máquinas de tempos bio-tecno-lógicos. Produções maquinais-musicais que investem na criação de um tempo não cronológico, que não pretendem trazer à memória do visitante da instalação uma peça que aconteceu, numa recuperação e representação do passado. Mas antes, tentam inserir nela vazios, agenciar outras forças, ruídos, sons. Forças das culturas, conhecimentos e pensamentos, nas co-nexões entre arte, filosofia, ciência e comunicação, que sejam capazes de inserir ciências, biotecnologias e divulgações em outros fluxos, velocidades. Abrir as forças do território ciência-divulgação ao mundo. Movimento que, para o filósofo Gilles Deleuze, supõe o jogo e o acaso.

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Surgimento, ápice e declínio das orquestras de rádioBruno Renato LacerdaUniversidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) / [email protected]

Como parte parcial do resultado de pesquisa acadêmica de mestrado em Música, o pre-sente trabalho apresenta um esclarecimento sobre as orquestras de rádio. Esse artigo in-dica os processos que levaram a formação, a consolidação, a decadência e a supressão das orquestras de rádio no Brasil.Nesse contexto, o arranjo foi usado como meio de amplia-ção de mercado. Com a chegada de empresas norte-americanas de discos, os empresários aproveitaram a música nacional como produto comercial. No processo de produção, as músicas receberam tratamento semelhante às músicas norte-americanas quando comer-cializadas: ganharam um arranjo orquestral para se apresentarem de acordo com o pa-drão cultural do público consumidor da época. A expansão do mercado fonográfico no Brasil fez com que as gravadoras requisitassem arranjadores e regentes para dirigir suas orquestras que se encontravam no processo de afirmação de uma estrutura instrumental sinfônica designada para a função primordial de acompanhar cantores em suas gravações e apresentações em programas de rádio. A transmissão de música via disco foi, ao mesmo tempo, o ponto central para o surgimento e o fim das orquestras de rádio. A princípio, a transmissão de músicas via disco impossibilitava uma apreciação deleitosa por parte do ouvinte. Com o desenvolvimento tecnológico, os princípios acústicos do som foram manipulados independentemente da realidade que governava a construção do discurso musical até então. Com a conquista da alta-fidelidade acústica, tornou-se indiferente para o ouvinte de rádio, em geral, escutar uma música irradiada ao vivo ou via disco, pois pas-sou ser possível ouvi-la com nitidez e perfeição.

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PROGRAMAS

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Audição - Música Eletroacústica

Esta audição com peças eletroacústicas foi pensado como uma sessão de escuta, em que os compositores pudessem apresentar brevemente suas obras e mostrar suas perspec-tivas composicionais particulares. Há uma variedade não apenas estilística, mas também no tratamento do material sonoro, o que acaba servindo como uma amostra de tendên-cias da produção eletroacústica recente.

Data: Quarta-feira, 16 de setembro de 2009, das 19h30 às 20h30

Organização: Fernando Iazzetta

José Augusto MannisMosaico Duorganum (V movimento)

Paulo C. ChagasNós Pulsantes

Fernando IazzettaFive Places to Remember

Rodolfo CaesarLabiririntoPara cima, para cima e para longe

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Entre o bolero e o samba-canção

O programa terá parte expositiva e performática, apresentando um repertório de boleros e samba-canções em espanhol e em português. São composições que mostram as possibilidades artísticas para criação de textualidade e metáforas através de ambos gê-neros latino-americanos.

Data: Quinta-feira, 17 de setembro de 2009, das 19h30 às 20h30

Organização: Edwin Pitre e Heloísa de A. D. ValenteMúsicos e performers: Edwin Pitre-Vásquez, apresentador in off (MusiMid/CESA-

USP); Rita Maria, cantora e performer (CMU/ECA-USP); Sidney Ferraz, piano (Musi-Mid/ UNICAMP)

1. Noche de Ronda – María Teresa Lara (México)2. Historia de un amor – Carlos Eleta Almarán (Panamá)3. Contigo en la distancia – César Portillo de la Luz (Cuba)4. Dos Gardenias – Isolina Carrillo (Cuba)5. Sabor a mi – Álvaro Carrillo (México) 6. Tu me acostumbraste - Frank Domínguez (Cuba)7. La Barca – Roberto Cantoral (México)8. Anos Dourados - Tom Jobim / Chico Buarque de Holanda (Brasil)9. Feitio de Oração - Vadico / Noel Rosa (Brasil)10. Risque - Ary Barroso (Brasil)11. Folhas mortas - Ary Barroso (Brasil)12. Ninguém me ama - Fernando Lobo / Antonio Maria (Brasil)13. Nem eu - Dorival Caymmi (Brasil)

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Recital de Tangos

O recital, organizado pelo Prof. Dr. Edelton Gloeden, apresenta repertório executa-do por sua classe.

Data: Sexta-feira, 16 de setembro de 2009, das 19h30 às 20h30

Américo Jacomino (Canhoto) – Amor de argentinaAgustín Barrios Mangoré – Don Perez Freire Nicolas R. Salaberry

Matos Rodrigues – La Cumparsita Felipe Carcassi Fachini

Francisco Tárrega - TangoSebastian Piana – Milonga triste (Agustin Carlevaro)Abel Carlevaro – Microestudio nº 19João Teixeira Guimarães ( João Pernambuco) – Lágrima – Sentindo Leandro Quinteiro

Astor Piazzolla – Verano Porteño (Baltazar Benitez) Thiago de Almeida Tavares

Jorge Cardoso – Milonga Iury Cardoso

Carlos Gardel – Por uma cabeza (Marcelo Vani)P. Rubinstein – Inspiración (Ademir Faccioli)Julio Sanders – Adiós muchachos (Marcelo Vani) Marcelo Vani

Astor Piazzolla – Libertango (Iury Cardoso) Iury Cardoso Leandro Quinterio Felipe Carcassi Fachini Antonino Coutinho Thiago de Almeida Tavares Roberto Yoneta