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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ DÉBORA LÜDERS ESTUDANTES DE MÚSICA: PANORAMA GERAL DE UMA ATIVIDADE DE RISCO PARA A AUDIÇÃO CURITIBA 2012

ESTUDANTES DE MÚSICA: PANORAMA GERAL DE UMA …tcconline.utp.br/media/tcc/2015/03/ESTUDANTES-DE-MUSICA-PANORAMA.pdf · dos dados coletados nesse estudo. Ao Prof. Dr. Aloísio Leoni

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  • UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARAN

    DBORA LDERS

    ESTUDANTES DE MSICA: PANORAMA GERAL DE UMA

    ATIVIDADE DE RISCO PARA A AUDIO

    CURITIBA

    2012

  • DBORA LDERS

    ESTUDANTES DE MSICA: PANORAMA GERAL DE UMA

    ATIVIDADE DE RISCO PARA A AUDIO

    Tese apresentada como requisito parcial para obteno do ttulo de Doutor em Distrbios da Comunicao Universidade Tuiuti do Paran. Programa de Doutorado em Distrbios da Comunicao. Linha da Pesquisa: Sade Coletiva. Orientadora: Profa. Dra. Claudia Giglio de Oliveira Gonalves.

    CURITIBA

    2012

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    TERMO DE APROVAO

    DBORA LDERS

    ESTUDANTES DE MSICA: PANORAMA GERAL DE UMA

    ATIVIDADE DE RISCO PARA A AUDIO

    Esta tese foi apreciada e aprovada em banca examinadora do Programa de Doutorado em Distrbios

    da Comunicao da Universidade Tuiuti do Paran.

    Curitiba, 28 de novembro de 2012.

    _______________________________________________________________

    Orientadora: Profa. Dra. Claudia Giglio de Oliveira Gonalves. Universidade Tuiuti do Paran.

    Profa. Dra. Adriana Bender Moreira de Lacerda. Universidade Tuiuti do Paran

    Profa. Dra. Angela Ribas. Universidade Tuiuti do Paran

    Prof. Dr. Guilherme Romanelli Universidade Federal do Paran

    Profa. Dra. Juliana De Conto Universidade Estadual do Centro-Oeste - Paran.

  • 2

    DEDICATRIA

    Aos meus pais Irineu e Ceclia,

    meu porto seguro.

    minha irm Valria,

    por ter sido inmeras vezes, a luz no final do tnel.

    Aos meus filhos Pablo, Carol e Beatriz,

    razo maior de minha existncia.

  • 3

    AGRADECIMENTOS

    A Deus, inteligncia suprema, causa primria de todas as coisas.

    minha orientadora, Profa. Dra. Cludia Giglio de Oliveira Gonalves, muito

    obrigada. Voc pode falar muitas e muitas vezes sobre o mesmo assunto e mesmo

    assim, percebo que a cada nova fala, aprendo algo novo.

    Creio que palavras no sejam suficientes para agradecer minha querida amiga

    Evelyn Albizu. Sem voc, parte desta pesquisa no teria sido realizada. Sempre

    muito paciente, realizou todas as medies necessrias a esse estudo, esclarecendo

    minhas dvidas.

    A minha querida amiga Denise Frana, muito obrigada pela ajuda, pelas risadas e

    pelos momentos em que pudemos compartilhar, juntas, o desafio e a vontade de

    crescer profissionalmente.

    Profa. Dra. Adriana Bender Moreira de Lacerda, pelas consideraes feitas nesse

    estudo, tanto na banca de qualificao como durante as atividades do Ncleo de

    Pesquisa, e pela ajuda na montagem do grupo controle.

    Profa. Dra. ngela Ribas, pelas sugestes dadas na banca de qualificao, que

    muito contribuiram para o prosseguimento dessa pesquisa.

    Profa. Dra. Juliana De Conto, sempre disposta a colaborar, trouxe sugestes

    valiosas para esse estudo.

    Profa. Dra. Vnia Muniz Nquer Soares por todas as consideraes realizadas

    nesta pesquisa. Seu olhar especfico e dedicado me mostrou os acertos necessrios

    para a finalizao desse estudo.

    Ao Prof. Dr. Guilherme Romanelli por ter sido sempre to solcito quando busquei

    maiores e melhores informaes sobre o universo do msico. Sua ajuda nessa

    pesquisa foi decisiva para que eu no me perdesse frente a tantos questionamentos

    vivenciados neste percursso.

  • 4

    Ao msico e Prof. Dr. Danilo Ramos. Obrigada pela oportunidade de conchec-lo.

    Ainda tenho muito o que aprender com voc.

    Ao Prof. Dr. Jair Mendes, pela ateno, pacincia e cuidado na anlise estatstica

    dos dados coletados nesse estudo.

    Ao Prof. Dr. Alosio Leoni Schmid, pelas sugestes realizadas para a medio dos

    nveis de presso sonora dos instrumentos musicais.

    minha cunhada e amiga Luciana Silveira pelos artigos que gentilmente me enviava

    enquanto estudava fora do Brasil.

    Aos professores coordenadores dos cursos de msica participantes dessa pesquisa:

    Margaret Amaral de Andrade (EMBAP); Solange Maranho Gomes e Andr Acastro

    Egg (FAP) e Hugo de Souza Mello (UFPR). Muito obrigada por me abrirem as portas

    e permitirem que minha pesquisa fosse desenvolvida.

    Aos professores dos cursos de msica envolvidos nessa pesquisa, pela inestimvel

    colaborao, lvaro Luiz Ribeiro da Silva Carlini, Carlos Alberto Assis, Carmen Celia

    Fregoneze, Edvaldo Chiquini, Geraldo Henrique, Liane Guariente, Lilian Sobreira

    Gonalves, Marlia Giller, Paulo Barreto, Plinio Silva, Rosane Cardoso de Arajo,

    Rosemari Magdalena Brack, Silvio Spolaore e Willian Lentz. Cada solicitao

    atendida foi um passo a mais na construo desse estudo.

    Aos estudantes, primeiramente agradeo por me deixarem ter acesso ao mundo

    musical de cada um de vocs. Escutar vocs tocarem foi maravilhoso! Vocs so

    incrveis e gentilmente dispensaram seu tempo para comparecer s atividades

    propostas na pesquisa. Obrigada por me permitirem responder cada uma das

    dvidas trazidas por vocs durante os encontros que tivemos. Espero, sinceramente,

    ter contribudo na construo de um conhecimento que pode lev-los a uma prtica

    musical com menos riscos para a sade auditiva. Sem a colaborao de vocs nada

    disso teria comeado.

    Finalizando, agradeo a todos os colegas que fizeram parte dessa trajetria. Foi

    muito bom frequentar as aulas e os encontros do Ncleo com vocs. Aprendemos

    muito e, certamente, tambm nos divertimos.

  • 5

    Depois do silncio, aquilo que mais

    aproximadamente exprime o inexprimvel

    a msica.

    Aldous Huxley (1894 1963)

  • 6

    RESUMO

    Pesquisas comprovam que muitos msicos no tm conscincia do prejuzo que a

    msica em forte intensidade pode trazer para sua carreira profissional, como a

    dificuldade no reconhecimento de timbres e na afinao dos instrumentos. Este

    estudo teve como objetivo analisar o risco auditivo da prtica musical em estudantes

    de graduao em msica da cidade de Curitiba Paran. Participaram 62

    estudantes de trs instituies pblicas de ensino, sendo 26 (41,94%) do gnero

    feminino e 36 (58,06%) do gnero masculino, com idades variando entre de 18 a 58

    anos (mdia de 26 anos). Os estudantes responderam a um questionrio sobre

    prtica musical, histria da sade auditiva e geral, conhecimento dos riscos para a

    sade auditiva, medidas preventivas de alteraes auditivas e hbitos auditivos. A

    avaliao audiolgica foi realizada em 42 dos 62 estudantes e constou de:

    audiometria tonal convencional e de altas frequncias; emisses otoacsticas

    evocadas transientes e produto de distoro, sendo os resultados comparados com

    um grupo controle. Os nveis de presso sonora e espectro de frequncia dos

    instrumentos musicais foram mensurados. Entre os estudantes 48,38% tocam

    instrumentos de corda, seguidos dos instrumentos eletrnicos e/ou amplificados.

    80% j toca e/ou canta h mais de quatro anos e 56% j faz parte de um grupo h

    mais de quatro anos; 72% estuda at duas horas por dia 58% ensaia de trs a seis

    horas semanais. Apesar de 75% no perceber qualquer dificuldade auditiva, 45%

    referiu algum sintoma auditivo (intolerncia e/ou zumbido). Entre os problemas de

    sade foram encontrados estresse/irritao; dores de cabea; baixa concentrao;

    dores musculares, problemas para dormir e depresso. 91,93% referiu que a msica

    em forte intensidade pode prejudicar a audio, 11,3% irritao ou estresse; 9,67%

    dores de cabea e 8% zumbido. 58% conhece protetores auditivos, porm, entre

    aqueles que conhecem, 80,64% nunca o utiliza. Em relao a audiometria

    convencional, 39 (92,85%) dos 42 estudantes apresentaram todos os limiares

    auditivos dentro dos padres de normalidade. Porm, os piores limiares mdios

    foram observados na orelha esquerda para todas as frequncias, excetuando-se a

    4000 Hz. Quando comparado ao grupo controle o grupo estudo apresentou piores

    mdias dos limiares auditivos nas frequncias de 500 Hz na orelha esquerda, 250

    Hz e 6000 Hz em ambas as orelhas. Em relao a audiometria de altas frequncias,

  • 7

    os piores resultados para o grupo de estudantes ocorreram somente na frequncia

    de 9.000 Hz da orelha direita. No entanto, as mdias dos limiares das frequncias de

    9000 Hz na orelha esquerda e 10000 Hz e 11200 Hz em ambas as orelhas foram

    piores no grupo estudo em relao ao grupo controle. Houve presena de emisses

    otoacsticas transientes em 41 (97,6%) das orelhas direitas e 40 (95,2%) das

    orelhas esquerdas. Foram registradas ausncia das emisses otoacsticas produto

    de distoro em vrios estudantes, em todas as frequncias, principalmente na

    orelha esquerda. As mdias das amplitudes das EOAPD e da relao sinal/rudo,

    tambm foram piores na orelha esquerda, excetuando-se 8000 Hz. Comparado ao

    grupo controle, observou-se que as mdias das amplitudes das EOAPD do grupo

    estudo so menores em todas as frequncias, excetuando-se 4000 Hz na orelha

    direita, e maior nmero de resultados incertos, principalmente na orelha esquerda

    em todas as frequncias, exceto 6000 Hz na orelha direita. Os nveis mdios de

    presso sonora encontrados durante as atividades acadmicas variaram de 77,2

    dB(A) a 99,4 dB(A), com picos de intensidade entre 78,8 dB(A) e 113,1 dB(A). Os

    maiores valores ocorreram no ensaio da banda sinfnica, com maiores nveis na

    sesso das madeiras (entre as flautas transversais) e dos metais, prximos

    percusso (tmpano). A partir da anlise dos resultados, pode-se concluir que os

    estudantes de graduao em msica encontram-se em situao de risco para a

    perda auditiva. As diferenas encontradas nos limiares auditivos das altas

    frequncias, se acompanhadas durante um perodo maior de tempo, associadas

    tambm aos limiares auditivos convencionais e aos valores das amplitudes das

    emisses otoacsticas, podem trazer informaes sobre o estado auditivo dos

    msicos com o passar dos anos, mostrando-se eficazes na deteco precoce da

    deficincia auditiva. Se este acompanhamento puder ser realizado no perodo

    acadmico, como parte de um Programa de Preservao Auditiva, juntamente com

    aes educativas, o futuro msico estaria muito mais preparado para enfrentar as

    situaes de risco e, quem sabe, colaborar para que as intensidades sonoras no

    sejam fortes o suficiente ou, pelo menos, por tempo to prolongado, a ponto de

    afetar sua audio.

    Palavras-chave: msica; estudantes; audio; perda auditiva.

  • 8

    ABSTRACT

    Research has shown that many musicians are unaware of the damage that loud

    music can bring to their professional careers, such as the difficulty in recognizing the

    pitch and timbre of the instruments. This study aimed to analyze the risk of hearing

    from music practice in undergraduate music students in the city of Curitiba, Parana.

    Participants included 62 students from three public institutions, 26 (41.94%) were

    female and 36 (58.06%) were male, aged 18-58 years (mean 26 years). Students

    answered a questionnaire about musical practice, hearing health history and general

    knowledge of the risks to hearing health, preventive measures of hearing loss, and

    listening habits. An audiological evaluation was performed in 42 of the 62 students

    and included: conventional and high frequency audiometry; transient evoked and

    distortion product otoacoustic emissions, and the results were compared with a

    control group. The sound pressure levels and frequency spectrum of musical

    instruments were measured. Among the students, 48.38% play stringed instruments,

    followed by electronic and/ or amplified instruments. 80% already have played and/

    or sung for more than four years and 56% have already been part of a group for over

    four years; 72% study up to two hours per day, 58% rehearse three to six hours a

    week. Although 75% did not experience any hearing difficulties, 45% reported some

    auditory symptom (intolerance and/ or tinnitus). Among reported health problems

    were stress/ irritation, headaches, poor concentration, muscle pain, sleep problems

    and depression. 91.93% reported that loud music damaged hearing, 11.3% irritation

    or stress; 9.67% headaches and 8% tinnitus. 58% are aware of hearing protection

    devices, however, 80.64% of those people never use them. Compared to

    conventional audiometry, 39 (92.85%) of the 42 students had all hearing thresholds

    within normal limits. However, the worst average thresholds were observed in the left

    ear at all frequencies, except at 4000 Hz. When compared to the control group, the

    study group presented worse average hearing thresholds at frequencies of 500 Hz in

    the left ear, 250 Hz and 6000 Hz in both ears. Regarding the high-frequency

    audiometry, the worst results for the group of students occurred only at the frequency

    of 9,000 Hz in the right ear. However, the average threshold frequencies of 9000 Hz

    in the left ear and 10,000 Hz and 11,200 Hz in both ears were worse in the study

    group compared to the control group. There was a presence of otoacoustic emissions

  • 9

    in 41 (97.6%) of right ears and 40 (95.2%) of the left ears. We recorded the absence

    of distortion product otoacoustic emissions in several students, at all frequencies,

    especially in the left ear. The mean DPOAE amplitudes and signal/ noise ratio were

    also worse in the left ear, except for at 8000 Hz Compared to the control group. It

    was observed that the mean amplitudes of DPOAE in the study group were lower at

    all frequencies, except for 4000 Hz in the right ear, and a larger number of uncertain

    results, especially in the left ear at all frequencies except 6000 Hz in the right ear.

    The average sound pressure levels encountered during academic activities varied

    from 77.2 dB(A) to 99.4 dB(A), with peak intensity between 78.8 dB(A) and 113.1

    dB(A). The highest values occurred in symphonic band rehearsal, with higher levels

    in the woods section (among flutes) and the brass section, near the percussion

    section (tympani). From the analysis of the results, we can conclude that

    undergraduate students in music are at risk for hearing loss. The differences in

    hearing thresholds of high frequencies, if followed for a longer period of time, also

    associated with conventional hearing thresholds and the values of the amplitudes of

    otoacoustic emissions could shed light on the hearing status of musicians over the

    years, showing the effectiveness of early detection of hearing impairment. If this

    monitoring can be conducted during the school day, such as part of a Hearing

    Conservation Program, along with educational activities, the future musician would

    be much more prepared to face risky situations and, perhaps, collaborate so that the

    sound intensities are not strong enough to cause hearing loss, or at least that they

    are not exposed to the sounds for a time long enough as to affect hearing.

    Keywords: music; students; hearing, hearing loss.

  • 10

    LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 1 PROTETOR AUDITIVO MOLDADO INDIVIDUALMENTE ........ 69

    FIGURA 2 PROTETOR TAMANHO NICO ER 20 E.A.R. ULTRATECH

    EARPLUGS ................................................................................ 70

    FIGURA 3 PERCENTUAL ACUMULADO EM FUNO DA AMPLITUDE

    DAS EOAPD PARA ORELHAS COM AUDIO NORMAL E

    ORELHAS COM DEFICINCIA AUDITIVA 78

    FIGURA 4 FIGURA 4 AMPLITUDES DE EOAPD EM FUNO DA

    FREQUNCIA F2 PARA ORELHAS COM AUDIO

    NORMAL E ORELHAS COM ALTERAOES AUDITIVAS 80

    FIGURA 5 AMPLITUDES DE EOAPD EM FUNO DA FREQUNCIA

    F2... 82

    FIGURA 6 MEDIO DOS NVEIS DE PRESSO SONORA DA FLAUTA

    TRANSVERSAL.......................................................................... 131

    FIGURA 7 MEDIO DOS NVEIS DE PRESSO SONORA DO

    VIOLINO... 132

    FIGURA 8 MEDIO DOS NVEIS DE PRESSO SONORA DO

    BAIXO... 133

    FIGURA 9 MEDIO DOS NVEIS DE PRESSO SONORA DO

    SAXOFONE..... 137

    FIGRUA 10 MEDIO DOS NVEIS DE PRESSO SONORA DOS

    INSTRUMENTOS DE PERCUSSO.. 139

    FIGURA 11 MEDIO DOS NVEIS DE PRESSO SONORA DO

    CLARINETE.... 140

    FIGURA 12 MEDIO DOS NVEIS DE PRESSO SONORA DA FLAUTA

    TRANSVESAL. 141

    FIGURA 13 MEDIO DOS NVEIS DE PRESSO SONORA DA FLAUTA

    TRANSVESAL SOLO. 142

    FIGURA 14 MEDIO DOS NVEIS DE PRESSO SONORA DAS

    CLAVES... 144

    FIGURA 15 MEDIO DOS NVEIS DE PRESSO SONORA DO PIANO

    ELETRNICO. 146

  • 11

    FIGURA 16 MEDIO DOS NVEIS DE PRESSO SONORA DO VIOLO

    AMPLIFICADO 147

    FIGURA 17 ESQUEMA DA SALA DE ENSAIO DA ORQUESTRA DE

    MSICA POPULAR COM DISTRIBUIO DAS CAIXAS DE

    SOM.. 148

    FIGURA 18 SALA DE ENSAIO DA ORQUESTRA DE MSICA POPULAR

    PAREDES E TETO....................... 148

    FIGURA 19 SALA DE ENSAIO DA ORQUESTRA DE MSICA POPULAR

    DETALHES DA FRENTE DA SALA.. 149

    FIGURA 20 SALA DE ENSAIO DA ORQUESTRA DE MSICA POPULAR

    DETALHES DO FUNDO DA SALA 149

    FIGURA 21 MEDIO DOS NVEIS DE PRESSO SONORA DO

    INSTRUMENTO DE PERCUSSO .... 150

    FIGURA 22 MEDIO DOS NVEIS DE PRESSO SONORA DO

    VIOLO.... 151

    FIGURA 23 MEDIO DOS NVEIS DE PRESSO SONORA DO

    VIOLONCELO..... 152

    FIGURA 24 MEDIO DOS NVEIS DE PRESSO SONORA DA

    MAESTRINA.... 153

    FIGURA 25 MEDIO DOS NVEIS DE PRESSO SONORA DO

    VIOLINO... 155

  • 12

    LISTA DE GRFICOS

    GRFICO 1 DEMOSTRATIVOS DAS AUSNCIAS DE EMISSES

    OTOACSTICAS PRODUTO DE DISTORO NOS

    GRUPOS, POR ORELHAS (N=84)........................................ 119

    GRFICO 2 DEMONSTRATIVO DOS INDIVDUOS COM AMPLITUDES

    DE EOAPD COM STATUS INCERTO.................................... 125

    GRFICO 3 AMPLITUDES DE EOAPD DAS ORELHAS DIREITAS DO

    GRUPO ESTUDO (N=42). 127

    GRFICO 4 AMPLITUDES DE EOAPD DAS ORELHAS DIREITAS DO

    GRUPO CONTROLE (N=42)... 127

    GRFICO 5 AMPLITUDES DE EOAPD DAS ORELHAS ESQUERDAS

    DO GRUPO ESTUDO (N=42).. 128

    GRFICO 6 AMPLITUDES DE EOAPD DAS ORELHAS ESQUERDAS

    DO GRUPO CONTROLE (N=42) 128

    GRFICO 7 ESPECTRO DE BANDA DE 1/3 DE OITAVA DO

    CLARINETE (FILE 1). 130

    GRFICO 8 ESPECTRO DE BANDA DE 1/3 DE OITAVA DA FLAUTA

    TRANSVERSAL (FILE 6).. 131

    GRFICO 9 ESPECTRO DE BANDA DE 1/3 DE OITAVA DO VIOLINO

    (FILE 4).... 132

    GRFICO 10 NVEIS DE EXPOSIO SONORA DO ESTUDANTE AO

    BAIXO (FILE 5)... 133

    GRFICO 11 NVEIS DE EXPOSIO SONORA DO ESTUDANTE AO

    DERBACK (FILE 8) 134

    GRFICO 12 ESPECTRO DE BANDA DE 1/3 DE OITAVA DO

    CONTRABAIXO (FILE 9).. 136

    GRFICO 13 ESPECTRO DE BANDA DE 1/3 DE OITAVA DO

    SAXOFONE (FILE 10)... 136

    GRFICO 14 ESPECTRO DE BANDA DE 1/3 DE OITAVA DO

    TROMPETE (FILE 13)... 137

    GRFICO 15 ESPECTRO DE BANDA DE 1/3 DE OITAVA DA TROMPA

    (FILE 17).. 138

  • 13

    GRFICO 16 ESPECTRO DE BANDA DE 1/3 DE OITAVA DA FLAUTA

    TRANSVERSAL (FILE 19)... 138

    GRFICO 17 ESPECTRO DE BANDA DE 1/3 DE OITAVA DOS

    INSTRUMENTOS DE PERCUSSO (FILE 20) 139

    GRFICO 18 ESPECTRO DE BANDA DE 1/3 DE OITAVA DO

    CLARINETE (FILE 22).. 140

    GRFICO 19 ESPECTRO DE BANDA DE 1/3 DE OITAVA DA FLAUTA

    TRANSVERSAL (FILE 56)... 141

    GRFICO 20 ESPECTRO DE BANDA DE 1/3 DE OITAVA DA FLAUTA

    TRANSVERSAL SOLO (FILE 52) 142

    GRFICO 21 ESPECTRO DE BANDA DE 1/3 DE OITAVA DO PAR DE

    CLAVES (FILE 23). 143

    GRFICO 22 ESPECTRO DE BANDA DE 1/3 DE OITAVA DO AGOG

    (FILE 24)................................................................................. 144

    GRFICO 23 ESPECTRO DE BANDA DE 1/3 DE OITAVA DA TIMBA

    (FILE 25).. 145

    GRFICO 24 ESPECTRO DE BANDA DE 1/3 DE OITAVA DO PIANO

    ELETRNICO (FILE 26)... 145

    GRFICO 25 ESPECTRO DE BANDA DE 1/3 DE OITAVA DO VIOLO

    AMPLIFICADO (FILE 28).. 146

    GRFICO 26 ESPECTRO DE BANDA DE 1/3 DE OITAVA DOS

    INSTRUMENTOS DE PERCUSSO (FILE 64) 150

    GRFICO 27 ESPECTRO DE BANDA DE 1/3 DE OITAVA DO VIOLO

    (FILE 68).. 151

    GRFICO 28 ESPECTRO DE BANDA DE 1/3 DE OITAVA DO

    VIOLONCELO (FILE 70)... 152

    GRFICO 29 ESPECTRO DE BANDA DE 1/3 DE OITAVA PRXIMO

    MAESTRINA (FILE 71). 153

    GRFICO 30 ESPECTRO DE BANDA DE 1/3 DE OITAVA DO VIOLINO

    (FILE 35).. 155

    GRFICO 31 ESPECTRO DE BANDA DE 1/3 DE OITAVA DO

    VIOLONCELO (FILE 31)... 156

    GRFICO 32 ESPECTRO DE BANDA DE 1/3 DE OITAVA DO

    156

  • 14

    VIOLONCELO SOLO (FILE 40)

    GRFICO 33 ESPECTRO DE BANDA DE 1/3 DE OITAVA DO VIOLINO

    (FILE 34).. 157

    GRFICO 34 ESPECTRO DE BANDA DE 1/3 DE OITAVA DO VIOLINO

    SOLO (FILE 37).. 157

    GRFICO 35 ESPECTRO DE BANDA DE 1/3 DE OITAVA DO

    CLARINETE (FILE 48).. 158

  • 15

    LISTA DE QUADROS

    QUADRO 1 NVEIS DE PRESSO SONORA EM DIVERSOS GNEROS

    E ESTILOS MUSICAIS............................................................. 42

    QUADRO 2 OCORRNCIA DE SINTOMAS AUDITIVOS EM DIVERSOS

    GRUPOS MUSICAIS............................................................... 55

    QUADRO 3 PROGRAMAS DE PRESERVAO AUDITIVA PARA

    MSICOS.................................................................................. 60

    QUADRO 4 SUGESTO DE USO DOS PROTETORES ER-15 E ER-25... 71

  • 16

    LISTA DE TABELAS

    TABELA 1 EXEMPLOS INDICATIVOS DE EXPOSIO DOS MSICOS

    DE ORQUESTRA SEGUNDO O INSTRUMENTO E A OBRA

    APRESENTADA ........................................................................ 47

    TABELA 2 PICOS DE MXIMA INTENSIDADE A QUE ESTO

    EXPOSTOS OS MSICOS DE ORQUESTRA, SEGUNDO O

    INSTRUMENTO E A OBRA EXECUTADA ............................... 47

    TABELA 3 NVEIS MDIOS DE INTENSIDADE SONORA DURANTE

    UMA SESSO DE ESTUDO INDIVIDUAL DE CADA

    INSTRUMENTO ........................................................................ 48

    TABELA 4 PORCENTAGEM DE MSICOS EM RELAO AO TEMPO

    GASTO COM MSICAS CONSIDERADAS

    DESAGRADVEIS..................................................................... 52

    TABELA 5 CARACTERIZAO DOS ESTUDANTES SEGUNDO

    INSTITUIO DE ENSINO E GNERO (N=62)...... 97

    TABELA 6 CARACTERIZAO DOS ESTUDANTES SEGUNDO

    INSTITUIO DE ENSINO E HABILITAO (N=62) ... 97

    TABELA 7 CARACTERIZAO DOS ESTUDANTES QUANTO A

    PRTICA MUSICAL EM RELAO AO GNERO

    (N=62)......................................................................................... 103

    TABELA 8 CARACTERIZAO DOS ESTUDANTES QUANTO AO

    HISTRICO DA PRTICA MUSICAL (N=62) ........................... 104

    TABELA 9 CARACTERIZAO DOS ESTUDANTES QUANTO AO

    TEMPO GASTO COM ESTUDO INDIVIDUAL E ENSAIOS EM

    CONJUNTO (N=62) ................................................................... 105

    TABELA 10 CARACTERIZAO DOS ESTUDANTES QUANTO A

    FREQUNCIA E TEMPO DE APRESENTAO... .............. 105

    TABELA 11 PERCEPO DOS ESTUDANTES QUANTO A

    INTENSIDADE DO SEU INSTRUMENTO OU DA VOZ AO

    CANTAR (N=62). ....................................................................... 106

    TABELA 12 CARACTERIZAO DO ZUMBIDO APS EXPOSIO A

    NVEIS DE PRESSO SONORA ELEVADOS (n=51) .............. 107

  • 17

    TABELA 13 CARACTERIZAO DA INTOLERNCIA APS EXPOSIO

    A NVEIS DE PRESSO SONORA ELEVADOS (n=52) ........... 107

    TABELA 14 PROBLEMAS DE SADE POSSIVELMENTE

    RELACIONADOS EXPOSIO A NVEIS DE PRESSO

    SONORA ELEVADOS E HBITOS NOCIVOS SADE

    AUDITIVA DOS ESTUDANTES ................................................ 108

    TABELA 15 PERCEPO DOS ALUNOS QUANTO AOS

    INSTRUMENTOS QUE PODEM PREJUDICAR A AUDIO .. 109

    TABELA 16 UTILIZAO DE PROTETORES AUDITIVOS .........................

    110

    TABELA 17 HBITOS AUDITIVOS DOS ESTUDANTES DE MSICA

    (N=62)......................................................................................... 111

    TABELA 18 LIMIARES AUDITIVOS TONAIS AREOS MDIOS

    CONVENCIONAIS E DE ALTAS FREQUNCIAS NOS DOIS

    GRUPOS (N=84).. 112

    TABELA 19 LIMIARES AUDITIVOS TONAIS AREOS MDIOS

    CONVENCIONAIS E DE ALTAS FREQUNCIAS DAS

    ORELHAS DIREITA E ESQUERDA, POR FREQUNCIA,

    ENTRE O GRUPO ESTUDO (N=42) 113

    TABELA 20 LIMIARES AUDITIVOS TONAIS AREOS MDIOS DAS

    ORELHAS DIREITA E ESQUERDA, POR FREQUNCIA,

    ENTRE OS GNEROS MASCULINO E FEMININO DO

    GRUPO ESTUDO (N=42) 114

    TABELA 21 LIMIARES AUDITIVOS MDIOS DA ORELHA DIREITA, POR

    FREQUNCIA, PARA A IDADE DE AT 25 ANOS DOS

    GRUPOS ESTUDO E CONTROLE (n=50) 115

    TABELA 22 LIMIARES AUDITIVOS TONAIS AREOS MDIOS DA

    ORELHA DIREITA, POR FREQUNCIA, PARA A IDADE A

    PARTIR DE 26 ANOS, DOS GRUPOS ESTUDO E

    CONTROLE (n=34) .. 116

    TABELA 23 LIMIARES AUDITIVOS TONAIS AREOS MDIOS DA

    ORELHA ESQUERDA, POR FREQUNCIA, PARA A IDADE

    DE AT 25 ANOS DOS GRUPOS ESTUDO E CONTROLE

    (n=50).. 117

  • 18

    TABELA 24 LIMIARES AUDITIVOS TONAIS AREOS MDIOS DA

    ORELHA ESQUERDA, POR FREQUNCIA, PARA A IDADE

    A PARTIR DE 26 ANOS, DOS GRUPOS ESTUDO E

    CONTROLE (n=34) .. 118

    TABELA 25 MDIA DAS AMPLITUDES DAS EOAPD DAS ORELHAS

    DIREITA E ESQUERDA NO GRUPO ESTUDO (N=42)............ 119

    TABELA 26 VALORES MDIOS DA RELAO SINAL/RUDO DAS

    EOAPD PARA AS ORELHAS DIREITA E ESQUERDA NO

    GRUPO ESTUDO (N=42) ...................................................... 120

    TABELA 27 MDIAS DAS AMPLITUDES DAS EOAPD POR

    FREQUNCIAS E POR ORELHA, NOS GRUPOS ESTUDO E

    CONTROLE (N=84) . 121

    TABELA 28 VALORES MDIOS DA RELAO SINAL/RUDO DAS

    EOAPD POR FREQUNCIAS E POR ORELHA NOS

    GRUPOS ESTUDO E CONTROLE (N=84).. 121

    TABELA 29 MDIA DAS AMPLITUDES DAS EOAPD DOS GRUPOS

    CONTROLE E ESTUDO PARA IDADES DE AT 25 ANOS

    (N=44)..... 122

    TABELA 30 MDIA DAS AMPLITUDES DAS EOAPD DOS GRUPOS

    CONTROLE E ESTUDO PARA IDADES A PARTIR DE 26

    ANOS (N=40).. 123

    TABELA 31 RELAO SINAL/RUDO DAS EOAPD DOS GRUPOS

    CONTROLE E ESTUDO PARA IDADES DE AT 25 ANOS

    (N=44)...... 124

    TABELA 32 RELAO SINAL/RUDO DAS EOAPD DOS GRUPOS

    CONTROLE E ESTUDO PARA IDADES A PARTIR DE 26

    ANOS (N=40) .... 125

    TABELA 33 NVEIS DE PRESSO SONORA DE UM ENSAIO DO

    CONJUNTO DE MSICA POPULAR 130

    TABELA 34 NVEIS DE PRESSO SONORA DA BANDA

    SINFNICA 135

    TABELA 35 NVEIS DE PRESSO SONORA DE UMA AULA DE

    PRTICA DE CONJUNTO... 143

  • 19

    TABELA 36 NVEIS DE PRESSO SONORA DE UM ENSAIO DA

    ORQUESTRA DE MSICA POPULAR 149

    TABELA 37 NVEIS DE PRESSO SONORA DE UM ENSAIO DA

    ORQUESTRA SINFNICA 154

    TABELA 38 NVEIS DE PRESSO SONORA DE UM ENSAIO DA

    ORQUESTRA DE VIOLES 158

  • 20

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    CBO Classificao Brasileira de Ocupaes

    CLT Consolidao das Leis de Trabalho

    dB Decibel medida relativa de intensidade

    dB(A) Decibel ponderado na curva de compensao A

    dB Decibel ponderado na curva de compensao C

    dB NA Decibel nvel de audio

    EPI Equipamento de Proteo Individual

    EOA Emisses otoacsticas

    EOAT Emisses otoacsticas transientes

    EOAPD Emisses otoacsticas por produto de distoro

    ER Etymotic Research Inc.

    GIN Gaps-In-Noise

    Hz Hertz

    ISO International Organization for Standardization

    Leq Nvel mdio equivalente

    Lmax Presso sonora mxima

    Lmin Presso sonora mnima

    NHO Norma de Higiene Ocupacional

    NIOSH National Institute for Occupational Safety and Health

    NPS Nvel de Presso Sonora

    NR Norma Regulamentadora

    OMB Ordem dos Msicos do Brasil

    OSHA Occupational Safety and Health Adminstration

    PAIR Perda Auditiva Induzida por Rudo

    PAIM Perda Auditiva Induzida pela Msica

    RGDT Randon Gap Detection Test

  • 21

    SUMRIO

    1 INTRODUO. 25

    2 OBJETIVOS. 29

    2.1 OBJETIVO GERAL.. 29

    2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS.. 29

    3 FUNDAMENTAO TERICA... 30

    3.1 TRABALHO E SADE NA PROFISSO DE MSICO 30

    3.1.1 Conceito de msica..... 30

    3.1.2 A msica como trabalho. 31

    3.1.3 Legislao sobre a prtica musical relacionada sade auditiva. 38

    3.1.4 Condies de trabalho do msico........ 40

    3.1.4.1 Agentes de risco no trabalho. 40

    3.2 IMPACTO DA ATIVIDADE PROFISSIONAL NA SADE DO MSICO. 48

    3.2.1 Impacto na audio. 51

    3.2.2 Percepo e conhecimento dos msicos sobre os efeitos da msica

    em intensidade elevada na sade 57

    3.3 PROGRAMAS DE PRESERVAO AUDITIVA PARA O MSICO.. 59

    3.3.1 Avaliao do risco: metodologias de avaliao da intensidade da

    msica... 62

    3.3.2 Medidas de controle da msica intensa...... 64

    3.3.2.1 Medidas coletivas de proteo auditiva... 65

    3.3.2.2 Equipamento de proteo individual 68

  • 22

    3.3.3 Diagnstico e monitoramento auditivo. 73

    3.3.3.1 Metodologias de avaliao da audio 73

    3.3.4 Aes educativas. 84

    3.4 A FORMAO PROFISSIONAL DO MSICO.. 86

    3.4.1 Cursos de graduao em msica. 88

    3.4.2 Cursos livres / escolas de msica alternativas... 95

    4 MTODO... 96

    4.1 TIPO DE PESQUISA... 96

    4.2 CARACTERIZAO DA POPULAO.. 96

    4.3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS.. 98

    4.3.1 Etapas.... 98

    4.3.1.1 Aplicao do questionrio aos estudantes do curso de msica.. 98

    4.3.1.2 Avaliaes audiolgicas. 99

    4.3.1.3 Medio dos nveis de presso sonora nas atividades acadmicas.. 100

    4.3.2 Anlise dos dados... 102

    5 RESULTADOS. 103

    5.1 SOBRE A PRTICA MUSICAL. 103

    5.2 SOBRE A HISTRIA AUDITIVA E DE SADE GERAL DOS

    ESTUDANTES..... 106

    5.3 SOBRE O CONHECIMENTO DO RISCO E SUAS MEDIDAS

    PREVENTIVAS 109

    5.4 SOBRE OS HBITOS AUDITIVOS.. 111

    5.5 SOBRE A AVALIAO DA AUDIO. 111

  • 23

    5.5.1 Audiometria tonal limiar convencional e de altas frequncias. 111

    5.5.2 Emisses otoacsticas 118

    5.6 MEDIES DOS NVEIS DE PRESSO SONORA EM ATIVIDADES

    ACADMICAS. 129

    6 DISCUSSO. 159

    7 CONCLUSES 176

    8 CONSIDERAES FINAIS... 178

    REFERNCIAS... 180

    APNDICES. 190

    APNDICE A TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 191

    APNDICE B CARTA DE AUTORIZAO DA INSTITUIO DE ENSINO

    PARA O DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA 193

    APNDICE C QUESTIONRIO PARA OS ESTUDANTES. 194

    ANEXOS... 198

    ANEXO A MATRIZ CURRICULAR DO CURSO DE BACHARELADO EM

    MSICA POPULAR DA FACULDADE DE ARTES DO PARAN

    (FAP).......................................................................................................... 199

    ANEXO B MATRIZ CURRICULAR DO CURSO DE LICENCIATURA EM

    MSICA DA FACULDADE DE ARTES DO PARAN

    (FAP)................................................................................................... 200

    ANEXO C MATRIZ CURRICULAR DO CURSO DE BACHARELADO EM

    CANTO DA ESCOLA DE MSICA E BELAS ARTES DO PARAN

    (EMBAP)... 201

    ANEXO D MATRIZ CURRICULAR DO CURSO DE BACHARELADO EM

    INSTRUMENTO DA ESCOLA DE MSICA E BELAS ARTES DO PARAN

    (EMBAP)... 202

  • 24

    ANEXO E MATRIZ CURRICULAR DO CURSO DE BACHARELADO EM

    COMPOSIO E REGNCIA DA ESCOLA DE MSICA E BELAS ARTES DO

    PARAN (EMBAP). 203

    ANEXO F MATRIZ CURRICULAR DO CURSO DE LICENCIATURA EM

    MSICA DA ESCOLA DE MSICA E BELAS ARTES DO PARAN

    (EMBAP)... 204

    ANEXO G MATRIZ CURRICULAR DO CURSO DE BACHARELADO EM

    PRODUO SONORA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAN

    (UFPR)... 205

    ANEXO H MATRIZ CURRICULAR DO CURSO DE LICENCIATURA EM

    EDUCAO MUSICAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAN

    (UFPR)... 209

    ANEXO I CARTA DE APROVAO DO COMIT DE TICA EM PESQUISA

    (COMEP)... 213

  • 25

    1 INTRODUO

    A msica, sempre to ligada histria de vida das pessoas, marcando bons e

    maus momentos, vem a cada dia tornando-se foco de ateno de profissionais de

    diversas reas, principalmente os especialistas em sade do trabalhador, audio e

    acstica. Tal interesse deve-se ao fato de a exposio msica ser uma questo

    no apenas social, mas tambm profissional.

    Porm, o que era para ser acima de tudo agradvel e estimulante, pode trazer

    prejuzos para a audio, pois, a msica, assim como o rudo, quando em forte

    intensidade pode trazer danos irreversveis para a audio (RUSSO, 1999).

    No entanto, msica e rudo trazem diferenas importantes. Enquanto a

    msica, agradvel aos ouvidos, possui frequncias dominantes mais baixas e de

    caracterstica flutuante, o rudo indesejvel, composto de frequncias mais altas e

    contnuo (MENDES, MORATA e MARQUES, 2007).

    Na literatura podemos encontrar diversos estudos que comprovam a perda

    auditiva como consequncia da exposio msica em intensidades elevadas,

    acompanhada ainda de sintomas como zumbido, sensao de plenitude auricular,

    cefalia e tontura (AMORIM et al., 2008; ANDRADE et al., 2002; GONALVES et al.,

    2009; SANTONI, 2008; MENDES, MORATA e MARQUES, 2007; NAMUR et al.,

    1999; RUSSO et al., 1995). Segundo Mitre (2003), estes sintomas, juntamente com

    manifestaes no auditivas, como irritabilidade e fadiga podem ser os primeiros

    sinais de leso do rgo auditivo.

    Embora a intensidade parea ser o principal fator de risco para a perda

    auditiva, no havendo relao entre as bandas de frequncia do espectro do rudo e

    a frequncia a apresentar leso auditiva, torna-se importante a anlise das bandas

    de frequncia com nveis mais intensos de rudo para a elaborao de projetos de

    atenuao dos nveis sonoros de forma mais eficiente (BOGER, BRANCO e

    OTTONI, 2009).

    Ao contrrio dos trabalhadores que atuam em indstrias e fbricas, que

    enfrentam jornadas dirias especficas de exposio a rudo, os msicos esto

    expostos s mais diferentes combinaes de tempo de exposio, intensidade e

    espectro de frequncia da msica em questo.

    Cabe lembrar que a perda auditiva, independente do grau de acometimento

    do sistema auditivo, pode dificultar a percepo de tons e timbres, o que para o

  • 26

    msico pode trazer graves consequncias no seu desempenho profissional

    (MENDES e MORATA, 2007).

    Segundo Mendes e Morata (2007), muitos msicos no tm informao nem

    conscincia dos riscos a que esto expostos, desconhecendo a existncia de aes

    que possam prevenir a perda auditiva.

    A perda da audio por exposio a nveis elevados de msica gera a

    necessidade da criao de programas de preservao auditiva voltados

    especificamente para os msicos, dando enfoque em aes preventivas, que

    incluem o uso de protetores auditivos, modificaes no ambiente, acompanhamento

    audiolgico, informao sobre os riscos enfrentados no ambiente de estudo e

    trabalho e orientao quanto aos cuidados com a audio.

    Em um estudo sobre a percepo e o impacto da msica na audio,

    Gonalves et al. (2009) reforam a necessidade de uma ao efetiva do

    fonoaudilogo no sentido de orientar e educar os msicos para uma mudana de

    hbitos.

    Um programa de preservao auditiva proposto por Gonalves (2009) envolve

    trs dimenses de ao. A primeira, referente ao ambiente de trabalho, estuda e

    identifica os fatores de risco para a audio e para a sade, visando maior controle

    destes riscos. A segunda envolve o acompanhamento e gerenciamento do perfil

    auditivo, identificando a perda auditiva e suas provveis causas, ocupacionais ou

    no, que permitem identificar provveis riscos. Finalmente, a terceira dimenso

    prope aes educativas visando conscientizar os trabalhadores sobre os riscos no

    ambiente de trabalho e como as aes preventivas podem ser decisivas na

    preservao da audio.

    No entanto, todas as pesquisas sobre o tema discorrem sobre os problemas

    enfrentados por msicos que j esto atuando no mercado de trabalho, ou seja,

    msicos que acabam tomando conhecimento sobre os riscos que a msica em forte

    intensidade pode trazer para a audio, bem como aes que possam prevenir a

    perda auditiva depois de terem iniciado a carreira profissional. Quando os estudos

    so iniciados, muitos msicos j possuem uma perda auditiva instalada ou ento,

    por no possurem conscincia dos riscos enfrentados, so resistentes s aes

    preventivas. Hbitos j incorporados que dificultam a atuao fonoaudiolgica.

    Mediante este cenrio, torna-se fundamental o trabalho fonoaudiolgico com

    os msicos ainda em formao, ou seja, estudantes do curso de graduao em

  • 27

    msica. A Fonoaudiologia pode auxiliar Instituies de Ensino Superior que adotem

    esta iniciativa, oferecendo ao acadmico, a oportunidade de ampliar suas

    perspectivas em relao ao fazer musical com sade.

    A interveno, realizada ainda no perodo acadmico, poderia possibilitar aos

    estudantes a oportunidade de obter todas as informaes necessrias para um

    desempenho profissional com menos riscos. Conhecer o ouvido e a audio, os

    efeitos da intensidade sonora elevada e as medidas de controle desta intensidade,

    bem como os meios de preveno, incluindo o uso de protetores auditivos, poderiam

    promover hbitos mais saudveis e conscientes em relao exposio sonora.

    As informaes necessrias sobre a audio e a proteo auditiva deveriam

    compor o currculo de formao do msico, pois, no mbito acadmico se torna mais

    fcil vencer as barreiras referentes adaptao e desmistificao do uso de protetor

    auditivo do que na vida profissional. Apropriar-se de conhecimentos de outros

    campos, como a Audiologia, pode colaborar para a manuteno de sua sade, alm

    de proporcionar ainda, ao futuro msico uma melhor administrao de suas

    capacidades para o mercado de trabalho (COSTA, 2005; RITCHER et al. 2008).

    O Royal College of Music de Londres realizou um estudo piloto de quatro

    anos (2003 2006), intitulado Corpo So, Mente S, Msica S que teve por

    objetivo introduzir princpios fundamentais em sade fsica e psicolgica aos

    estudantes do primeiro ano, crendo que estes so princpios fundamentais para o

    sucesso no desempenho profissional do msico.

    A lgica por trs desta iniciativa que a adoo de uma abordagem saudvel no fazer musical, especialmente no incio da carreira do indivduo, pode ter um impacto substancial no alcance e na manuteno da performance de alto nvel. Por fornecer informaes e desenvolver uma ampla extenso de servios de apoio relacionados sade, espera-se que aqueles que educam e treinam msicos estaro numa posio melhor para desenvolver a aprendizagem e o ensino musical. (WILLIAMON e TROMPSON, 2007).

    Alm disso, considerando a Lei no 11.769, que dispe sobre a obrigatoriedade

    do contedo da msica na educao bsica, facultaria aos msicos formados em

    Educao Musical a possibilidade de atuarem como agentes multiplicadores,

    enfatizando, entre outros aspectos, os cuidados que se deve ter com a msica em

    alta intensidade.

    Apesar da aparncia de um certo ceticismo sobre os fatos como refere Clark

    (2008, p.5), compreender, controlar, reduzir e evitar a exposio excessiva aos

    nveis de presso sonora elevados, onde quer que ocorra, uma das

  • 28

    responsabilidades mais importantes do fonoaudilogo. Para o autor, a chave do

    sucesso a educao: educao para os consumidores, estudantes, higienistas,

    arquitetos, mdicos e outras pessoas que esto envolvidas no processo de

    produo, controle, tratamento ou preveno da exposio excessiva a nveis de

    presso sonora elevados e seus efeitos. Talvez o objetivo mais importante seja

    educar-nos sobre a base de conhecimentos sobre os verdadeiros efeitos da

    exposio excessiva ao rudo.

  • 29

    2 OBJETIVOS

    2.1 OBJETIVO GERAL

    Analisar o impacto da prtica musical na audio de estudantes de graduao

    em msica.

    2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS

    Caracterizar a prtica musical dos estudantes;

    Investigar a percepo dos estudantes sobre os efeitos da msica em forte

    intensidade e suas medidas preventivas;

    Comparar a audio dos estudantes com um grupo controle de no

    msicos em relao audiometria tonal liminar convencional e de altas

    frequncias e emisses otoacsticas evocadas por produto de distoro;

    Mensurar os nveis de intensidade da msica e espectro de frequncia dos

    instrumentos, aos quais os estudantes esto expostos em atividades

    acadmicas.

  • 30

    3 FUNDAMENTAO TERICA

    3.1 TRABALHO E SADE NA PROFISSO DE MSICO

    3.1.1 Conceito de msica

    Segundo Oliveira (2010, p. 220), definir msica uma das tarefas mais

    rduas que se pode imaginar dentro do escopo da musicologia e da filosofia da

    msica; h quem diga mesmo que uma tarefa impossvel se no for

    completamente intil. Sendo algo to complexo, o autor refere que talvez, o melhor

    seja no defin-la, uma vez que o conceito de msica suficientemente entendido

    por qualquer pessoa. possvel falar de msica, em seus diversos prismas, sem a

    necessidade de dizer o que o conceito significa. Porm, no se definir conceito

    algum pode levar a anarquia epistemolgica que resulta na homogeneizao do

    conceito de msica, uma vez que no se estabelece critrios estticos, ticos ou

    lgicos, e o conceito de gosto parece ser a palavra-mgica que resolve todas as

    questes.

    Coiro (2000) afirma que o aumento das informaes interdisciplinares sobre a

    msica tem transformado o prprio conceito relativo a esta arte, que na maioria das

    vezes tem como objeto a msica tradicional e raramente a msica contempornea,

    do sculo XX, onde se observa uma revoluo extremamente radical na maneira de

    compor. O dodecafonismo, o serialismo, a msica concreta e a msica

    eletroacstica transformaram para sempre o panorama da msica tradicional. Para

    alguns, msica uma harmoniosa combinao de sons; para outros, o que pode ser

    percebido como msica, msica.

    Oliveira (2010), em um de seus trabalhos, recupera o conceito de msica

    desde o perodo pr-socrtico, passando pelo pensamento clssico e entrando na

    Idade Moderna, onde passa ento, a ser pensada de outra maneira. nessa poca,

    justamente por perder seu valor filosfico, que surgem as indagaes sobre o seu

    significado. A msica deixa de ser vista como parte da cincia dos nmeros e das

    propores para se tornar um constructo que tem de dizer alguma coisa, mesmo que

    sentimentalmente, tendo como base os estudos da retrica e da linguagem potica.

    A partir do sculo XIX, a msica deixa de ser discurso para ser compreendida como

    expresso, aproximando-se novamente da filosofia. Para o autor, passa a ser a

  • 31

    encarnao daquilo que no pode ser dito, do inefvel, dos sentimentos, como um

    gesto da Vontade.

    No entendimento de alguns autores, a idia de que a msica cause ou possa

    causar estados afetivos, ou seja, represente sentimentos, uma desconstruo da

    prpria msica, pois uma escuta incapaz de exercer a compreenso imaginativa e

    fantasiosa da msica enquanto construo intelectual. Oliveira (2010) ao citar

    Hanslick (p.247), refere que para este autor, a base do estudo da esttica musical

    so as expectativas que surgem durante o desenvolvimento de uma obra musical,

    de como a forma musical se molda na mente, o que abre perspectivas para a rea

    da psicologia da msica.

    No entanto, definies precisas so sempre importantes para que a

    comunidade cientfica possa criar dilogos entre suas diversas vertentes e tambm

    dialogar com outras reas, em propostas interdisciplinares, tendo a filosofia como

    cincia basal, unificadora, que possibilite a inter-relao de todas as outras cincias

    mais especficas em relao s questes a serem investigadas (OLIVEIRA, 2010).

    Para Coiro (2000) a revoluo da infraestrutura dos suportes do meio musical

    (a incluso na msica de rudos e sons no peridicos, a revoluo eletroacstica e

    computacional) redimensionou a noo de instrumento musical, que possibilitou um

    enorme aumento no nvel de complexidade na execuo e de possibilidades sonoras

    jamais vistos em sculos anteriores. Tal fato vem levantar questionamentos

    importantes a respeito das propriedades e limites da percepo sonora. Torna-se

    necessrio rever os alicerces que fundamentavam uma antiga construo sonora,

    baseada na voz humana e instrumentos musicais para aprender o funcionamento da

    infraestrutura, dos suportes perceptivos, psicolgicos e tcnicos de uma nova

    proposta esttica.

    Talvez uma das melhores definies de msica seja: arte de coordenar

    fenmenos acsticos para produzir efeitos estticos (BARSA, 1991, vol. 11, p. 219).

    3.1.2 A msica como trabalho

    Segundo Requio (2008) e Requio e Rodrigues (2011) a msica associada

    por muitas pessoas, ao lazer e ao cio, a uma atividade no produtiva ou no

    rentvel, o que a distancia de uma atividade de trabalho. comum relatos de

    msicos sobre como sua atividade vista com certa desconfiana pela sociedade,

  • 32

    como se ser msico no fosse um trabalho, uma forma de sobrevivncia. Por outro

    lado, dizer que o msico toca por inspirao divina, um talento ou dom,

    desmerecer todo o processo de trabalho realizado, horas de estudo e dedicao at

    chegar a performance final, apresentada ao pblico, como se esse resultado no

    fosse s custas de grande esforo.

    Essa ideia no somente compartilhada por indivduos que no trabalham na

    rea da msica, mas tambm, segundo Schroeder (2004) por muitos artistas de

    modo geral, que frequentemente os tratam como seres humanos especiais, dotados

    de um dom ou talento, ou seja, essas ideias mitificadoras do msico so reforadas

    a todo momento pela crtica especializada, pelos prprios msicos e at mesmo

    pelos seus professores. Em seu estudo com msicos e crticos, a autora explica

    alguns aspectos interessantes atribudos por esses indivduos aos msicos:

    Genialidade: tendncia a atribuir aos msicos uma superioridade em

    relao s pessoas comuns, notada pela amplitude de repercusso que

    esses msicos tiveram, ou seja, o sucesso aparece como um indcio de

    qualidade.

    Misticismo: vinculao do artista ao divino, descrita em inmeros artigos

    que ressaltam supostas ligaes dos msicos com elementos msticos.

    Intuio: tambm chamada de inspirao ou sensibilidade, seria a

    capacidade especfica de fazer escolhas musicais pertinentes num nvel

    pr-consciente, ou seja, uma capacidade de discernimento em relao

    msica que a maioria das pessoas no tem, algo que vem de dentro.

    Talento ou musicalidade: ligado a um consenso de que todo msico

    demonstra um forte talento musical, que geralmente detectado

    precocemente, podendo, por alguns, ser considerado inato. Nestes casos,

    a capacidade musical j existe em estado latente, necessitando somente

    de impulsos ou estmulos para que sejam despertadas. Em relao a esse

    aspecto, a autora refere que as informaes biogrficas de msicos

    famosos pela sua precocidade, contradizem essa naturalidade, pois

    informam que nesses casos, h referncias sobre a presena de msicos

    amadores ou profissionais, muito prximos no ambiente familiar e/ou

    social dos msicos, ou ento um ambiente musical (como uma igreja)

    presente desde a mais tenra idade. No entanto, para esses, o ambiente

    funciona como um disparador de algo que inato.

  • 33

    Audio absoluta: considerada por muitos como tpica de uma

    musicalidade acima da mdia, segundo Willems (1969, apud Schroeder,

    2004), ao contrrio do que muitos pensam, a audio absoluta

    extremamente perigosa, pois msicos com ouvido absoluto correm o risco

    de conseguirem somente identificar o nome das notas, sendo incapazes

    de perceber as relaes sonoras. Enquanto a audio absoluta confere

    vantagens de ordem prtica, a audio relativa, segundo o autor,

    caracteriza melhor o msico nato, permitindo a ele uma afinao

    expressiva.

    Finalmente, a autora coloca que gnios e talentos existem, mas que so

    excees e que tais atributos no devem ser considerados como condio ou

    requisito para o sucesso, pois, educacionalmente, tal postura seria extremamente

    desastrosa, pois classificaria os estudantes em musicais ou no musicais. Isso

    poderia gerar uma apatia por parte de alguns professores em relao a estudantes

    que poderiam, por eles, serem considerados menos no aptos para o aprendizado

    da msica.

    Segundo Requio (2008), o desenvolvimento do mercado profissional do

    msico ocorreu devido inveno da escrita musical e o desenvolvimento da leitura

    e da literatura musicais; a conquista da impresso musical e o estabelecimento de

    um mercado editorial para a msica; o advento da gravao e o desenvolvimento da

    msica digital. A partir da, o trabalho com a arte tornou-se um trabalho profissional e

    o produto do trabalho do artista uma mercadoria.

    Portanto, embora se associe, historicamente, ao cio e sensualidade, a

    msica atualmente permeada pela idia de trabalho, sentido glorificado na era

    industrial como o principal interesse da produo capitalista. Segundo Bortz (2008) a

    ambiguidade desta associao, leva a uma ansiedade ao se relacionar msica e

    trabalho, que agravada com o valor de troca observada na indstria cultural.

    Na opinio de Pichoneri (2006), que frequentou o dia-a-dia da Orquestra

    Sinfnica do Teatro Municipal de So Paulo por dois anos, colhendo informaes e

    depoimentos sobre a formao profissional e a insero desses msicos no mercado

    de trabalho, msicos no so apenas artistas, mas tambm trabalhadores; so

    artistas-trabalhadores. Isso abre uma nova temtica para a sociologia do trabalho

    no Brasil, que sempre esteve muito focada nos setores de produo e de servios.

    Dos 115 msicos que formavam a orquestra, apenas 40% deles tinham contratos

  • 34

    estveis. Os 60% restantes possuam contratos temporrios de trs ou seis meses,

    sem qualquer tipo de seguridade. 26% dos msicos eram do gnero feminino. Entre

    as mulheres tambm havia os contratos temporrios: elas tocam at o nono ms de

    gravidez, acompanhando peras de cinco horas de durao dentro do fosso. O

    maestro finge que no v e a mulher finge que no est grvida.

    O msico, enquanto trabalhador vive de tocar. Em relao a essa

    afirmativa, Pichoneri (2006 e 2009) revela claramente como o msico trabalha,

    quando refere que no final da adolescncia ele j atua na sinfnica, d aulas

    particulares, chamado por gravadoras, monta grupos para fazer cach em

    casamentos, batizados e outros eventos. Assim, os inmeros postos de trabalho

    podem significar para alguns msicos, a possibilidade de trabalhos mais prazerosos,

    enquanto que para outros uma questo de sobrevivncia apenas.

    Explica Requio (2008) que ao se adequar aos processos produtivos da

    acumulao flexvel, o msico vem atuando de forma mais intensa em diversas

    reas da cadeia produtiva, tornando-se alm de artista, produtor e empresrio. Um

    instrumentista pode atuar tambm como tcnico de estdio, entre outras

    possibilidades.

    Na Classificao Brasileira de Ocupaes (CBO), disponvel no endereo

    virtual do Ministrio do Trabalho e do Emprego (http://www.mtecbo.gov.br/), os

    msicos dividem-se em duas famlias: msicos compositores, arranjadores, regentes

    e musiclogos e msicos intrpretes (cantor e instrumentista). Em relao primeira

    famlia, os msicos compem e arranjam obras musicais, regem e dirigem grupos

    vocais, instrumentais ou eventos musicais; estudam, pesquisam e ensinam msica;

    editoram partituras, elaboram textos e prestam consultoria na rea musical. J na

    segunda famlia, interpretam msicas por meio de instrumentos ou voz, em pblico

    ou em estdios de gravao e para tanto aperfeioam e atualizam as qualidades

    tcnicas de execuo e interpretao, pesquisam e criam propostas no campo

    musical.

    A instituio que regula o exerccio da profisso, a defesa da classe e a

    fiscalizao de seu exerccio a Ordem dos Msicos do Brasil (OMB), criada por

    meio da Lei n. 3.857 de 22 de dezembro de 1960. A OMB exige registro do

    profissional, que, por sua vez, requer ao profissional submeter-se ao exame

    especfico. A OMB, com forma federativa, constituda do Conselho Federal dos

    Msicos e de Conselhos Regionais, dotados de personalidade jurdica de direito

  • 35

    pblico e autonomia administrativa e patrimonial. Segundo o Art. 29, os msicos

    profissionais se classificam em nove categorias:

    Compositores de msica erudita ou popular;

    Regentes de orquestras sinfnicas, peras, bailados, operetas, orquestras

    mistas, de salo, ciganas, jazz, jazz-sinfnico, conjuntos, corais e bandas

    de msica;

    Diretores de orquestras ou conjuntos populares;

    Instrumentistas de todos os gneros e especialidades;

    Cantores de todos os gneros e especialidades;

    Professores particulares de msica;

    Diretores de cena lrica;

    Arranjadores e orquestradores;

    Copistas de msica.

    O Art. 30 incumbe privativamente ao compositor de msica erudita e ao

    regente, entre outras funes, lecionar matrias tericas musicais a domiclio ou em

    estabelecimentos de ensino primrio, secundrio ou superior, regularmente

    organizados.

    possvel notar que algumas funes descritas na Lei no so mais

    exercidas na atualidade, como por exemplo, ao arranjador ou orquestrador, que

    segundo o Art. 38 faz o fundo musical de programas montados em emissoras de

    rdio ou televiso em gravaes fonomecnicas; e o copista de msica, que

    segundo o Art. 39 executa trabalhos de cpia de msica e faz transposico de

    partituras e partes de orquestra, embora essa atividade ainda seja realizada na

    atualidade, porm de forma digital.

    No entanto, entre os msicos existe um forte movimento que se contrape

    tanto obrigatoriedade de filiao na Ordem dos Msicos, que tem sua histria

    marcada por polmicas que permanecem at hoje, quanto ao poder e legitimidade

    adquirida por esta instituio para fiscalizar o exerccio profissional (PICHONERI,

    2006).

    Segundo Mendona (2003) h uma crise de legitimidade da Ordem dos

    Msicos do Brasil, enquanto instituio que defende e valoriza os msicos, pois h

    muito tempo, segundo o autor, essa entidade perdeu tal finalidade ao afastar-se dos

    interesses que embasaram a sua criao, o que no tem passado despercebido

  • 36

    pelos grupos de msicos, em toda a sua diversidade, atravs da criao de diversas

    associaes culturais e musicais em todo o Brasil voltadas para essa problemtica.

    Segundo Requio (2008), em um estudo com msicos de casas de shows,

    essas classificaes no do conta da diversidade de funes nem do perfil

    profissional do msico popular que, ao exercer mltiplas funes em sua atividade

    profissional, dificilmente se enquadrar em uma ou outra categoria apenas. Alm

    disso, ressalta que atualmente, a informalidade a forma mais comum no exerccio

    da profisso de msico, tanto na forma assalariada como autnoma e que, em

    muitos casos, o msico realiza tambm atividade profissional em outras reas.

    Segnini (2008), aps pesquisar a Relao Anual de Informaes Sociais

    RAIS no perodo entre 2002 e 2004, observou que no campo profissional da

    msica foi registrada a supresso de 2.089 postos de trabalho, refletindo nesse dado

    o encerramento de orquestras, por razes polticas e econmicas, como foi o caso

    da orquestra da Rdio e Televiso Cultura do Estado de So Paulo. Em relao ao

    trabalho com registro em carteira compreende 37,5% dos trabalhadores ocupados

    no Brasil. No entanto, em Artes e Espetculo esta porcentagem reduzida para

    11,5% (PNAD, 2004).

    Voltando Classificao Brasileira de Ocupaes - CBO 2002, esta

    contempla os profissionais que constituem o mercado de trabalho dos Profissionais

    dos Espetculos e das Artes, incluindo Produtores de Espetculos, Diretores de

    Espetculos e Afins, Cengrafos, Atores, Artistas de Dana (exceto Popular),

    Msicos Compositores, Arranjadores, Regentes e Musiclogos, Msicos Intrpretes.

    No entanto, ainda pequena a participao dos Profissionais dos Espetculos e das

    Artes, no total dos ocupados no Brasil: dos quase 83 milhes de ocupados, somente

    215.000 (0,26%) inscrevem-se neste grupo ocupacional; entre eles, 7.039 (3,3%)

    so artistas da dana e 110.709 (51,6%), msicos.

    A anlise dos dados possibilita a compreenso de que o trabalho chamado

    formal (estvel) com acesso a seguridade, uma realidade de um nmero ainda

    muito restrito de msicos e bailarinos, no total de profissionais existentes no pas.

    Segundo Souza e Borges (2010), a Psicologia Social e/ou a Psicologia do

    Trabalho e das Organizaes pouca ateno defere ao estudo da ocupao de

    msico, mas o fato de estar inclusa na CBO e de ser regulamentada um indicador

    favorvel da importncia dessa profisso na sociedade.

  • 37

    No entanto, enquanto algumas profisses gozam de grande prestgio e

    respeito pela sociedade por prestarem um servio pblico e produtivo, como o

    caso de mdicos, engenheiros e advogados, o trabalho do msico muitas vezes

    associado ociosidade, uma vez que comumente visto como entretenimento

    (COLI, 2003).

    Bortz (2008), ao citar De Masi (2001) refere que s por uma conveno que

    algumas atividades so chamadas de trabalho, devendo adequar-se a tarefas

    precisas e possuindo valor de troca. Com a moderna diviso do trabalho,

    naturalmente a msica e a arte tambm passaram a ter valor de troca. Portanto,

    partindo deste aspecto, a questo : para o msico de hoje, o que trabalhar? A

    resposta poderia ser: praticar (tocar, compor, reger ou ensinar) e ao mesmo tempo,

    oferecer um prazer esttico em troca de pagamento.

    Marx e Engels (1986 apud REQUIO, 2008) consideravam que se uma

    cantora vende a voz por conta prpria uma trabalhadora improdutiva ao capital,

    mas quando contratada por um empresrio para cantar e ser paga por isso, uma

    trabalhadora produtiva, pois produz capital. Nesse sentido, Requio (2008) coloca

    que, num mesmo dia, os msicos podem ser produtivos ao se apresentarem numa

    casa de shows e improdutivos quando vendem um servio diretamente para o

    consumidor, como o caso das aulas particulares, por exemplo.

    Considerando a ideia acima, ainda segundo Requio (2008), o perfil

    profissional do msico e suas formas de atuao profissional vm se remodelando

    frente s transformaes do regime de acumulao capitalista. Atualmente, grande

    parte dos msicos no consegue se estabelecer profissionalmente ao se tornarem

    especialistas em uma determinada habilidade. Muitas vezes o instrumentista, por

    exemplo, trabalha tambm como professor, tcnico de som, produtor, etc. Alm

    disso, os contratos de trabalho, quando existem formalmente, em geral so

    temporrios, o que leva o msico a ter que aprender a administrar muito bem suas

    atividades.

    Neste contexto, talvez as motivaes individuais dos msicos possam ser o

    que Bortz (2008) chama de extrnsecas: agradar ao produtor, ao mercado

    fonogrfico e de concertos, manter seu lugar na orquestra ou como solista, muito

    mais que as necessidades de expresso artstica (chamadas intrnsecas). Costa

    (2005); Costa e Abraho (2004) mostram em seus estudos como a sade dos

  • 38

    msicos de orquestras profissionais em vrios pases est afetada, segundo estes

    autores, devido a motivaes puramente extrnsecas.

    3.1.3 Legislao sobre a prtica musical relacionada sade auditiva

    No Reino Unido, a partir de 2008, os empregadores da rea da msica e das

    artes so obrigados a realizar o controle do rudo, sendo responsabilidade jurdica

    dos empregadores dos msicos monitorarem os nveis sonoros durante as

    apresentaes e ensaios e tomar as medidas cabveis para controlar esses nveis.

    Nesse sentido, a Associao Britncia de Orquestras pretende montar um banco de

    dados de nveis de exposies sonoras em diferentes posies numa orquestra

    (REID e HOLLAND, 2008).

    Segundo Wade (2010), rgos do governo americano esto cientes do

    problema da perda de audio em msicos, o que inclui o Departamento do

    Trabalho dos Estados Unidos e o Departamento de Sade e Servios Humanos com

    suas organizaes OSHA e NIOSH, alm da Environmental Protection Agency

    (EPA). Todos esses rgos reconhecem que os msicos correm o risco de se

    exporem a intensidades sonoras que podem danificar a audio assim como em

    outras ocupaes perigosas tais como bombeiros, militares, trabalhadores da

    construo civil, mineiros e operrios. Segundo a lei americana, assim como em

    outros pases, como o Brasil, a exposio a nveis sonoros acima de 85 dB (A) ao

    longo de um dia de trabalho de oito horas considerada perigosa para a audio,

    fazendo com que os rgos acima citados venham a promulgar regulamentos de

    segurana para esses trabalhadores, mas que costumam ser so ignoradas na rea

    da msica.

    Segundo Isleb et al. (2010), alguns pases como Austrlia, Sua, Itlia e

    Finlndia preocupam-se com os limites de exposio sonora ocupacional em

    atividades musicais ou na indstria do entretenimento, tanto para os msicos como

    para o pblico. Embora no se perceba muitas diferenas nas recomendaes para

    a exposio msica e ao rudo intenso, pelo menos h sinalizao de que os

    msicos podem perder a audio e, portanto devem tomar medidas de preveno da

    perda auditiva. J na Sucia, as recomendaes so bem mais especficas. Para os

    msicos a intensidade Leq(A) para 8 horas dirias de exposio no deve

    ultrapassar 115 dB(A) e picos de mais de 140 dB(C). Para ouvintes, a intensidade

  • 39

    Leq(A) mxima de 115 dB(A). Os valores mximos foram assim definidos partindo

    do pressuposto de que a msica no to prejudicial para a audio quanto o rudo

    industrial.

    Infelizmente, no Brasil e em vrios pases, parece haver pouco

    reconhecimento do problema da perda auditiva em msicos profissionais em geral.

    No caso do Brasil, ainda no existe uma lei trabalhista especfica que ampare

    os msicos no que diz respeito aos riscos da exposio msica em intensidades

    elevadas. A Norma Regulamentadora 15 (NR15) do Ministrio do Trabalho trata das

    atividades e operaes insalubres e aplica-se somente aos trabalhadores cuja

    contratao seja regida pela Consolidao das Leis de Trabalho (CLT). Segundo

    esta norma, a intensidade mxima para uma exposio diria de 8 horas em

    ambiente industrial, com rudo contnuo ou intermitente, no deve ultrapassar 85

    dB(A). A partir dessa intensidade, para cada 5 dB de aumento (chamado fator de

    dobra ou de converso), o tempo de exposio deve cair pela metade. Assim sendo,

    quando o rudo alcanar 115 dB(A), o tempo de permanncia deve ser de apenas

    sete minutos e, acima dessa intensidade, desaconselhvel a exposio sem o uso

    de proteo auditiva adequada.

    O fator de dobra (ou converso) de 5 dB utilizado, entre outros pases, no

    Brasil, Estados Unidos e Colmbia. J na Argentina, Uruguai, Venezuela; Canad e

    Mxico; Frana, Alemanha, Itlia e muitos outros pases europeus, o fator de dobra

    utilizado de 3 dB, ou seja, a cada incremento de 3 dB, o tempo de exposio deve

    cair pela metade.

    No Brasil, a Fundao Jorge Duprat Figueiredo de Segurana e Medicina do

    Trabalho (FUNDACENTRO, 2001), publicou uma srie de Normas de Higiene

    Ocupacional, para orientar os profissionais da sade que atuam na rea da sade

    ocupacional. A NHO 1, que trata dos critrios para avaliao da exposio

    ocupacional ao rudo mostra um grande avano na preveno de perda auditiva

    ocupacional, uma vez que utiliza o fator de dobra de 3 dB, a exemplo do que ocorre

    em diversos pases, no mundo todo.

    Faz-se, portanto necessria uma legislao que ampare os msicos, no

    somente determinando nveis seguros de exposio sonora e medidas preventivas

    eficazes, mas que possam gerar tambm recursos financeiros para este fim

    (MENDES; MORATA e MARQUES, 2007; SANTONI, 2008).

  • 40

    3.1.4 Condies de trabalho do msico

    Como citado anteriormente, a msica muitas vezes est associada ao cio e

    ao prazer, onde o msico toca por puro prazer, ou ento, a alta performance

    desenvolvida pelo msico atravs de anos de estudo vista como tendo sido

    alcanada por inspirao divina, ou por dom, talento. Nesse sentido, Requio (2008)

    refere que essa ideologia vem amparando as mais diversas formas de se justificar as

    condies precrias do trabalho do msico. Como exemplo disso, observa-se de

    forma bastante frequente, as duplas jornadas de trabalho e tanto o valor pelo

    trabalho como as formas de pagamento pelos servios prestados, sem nenhum tipo

    de regra.

    Pichoneri (2006), em relao Orquestra Sinfnica do Teatro Municipal de

    So Paulo, cita o espao como um agravante nas condies de trabalho do msico.

    Por abrigar diversos corpos estveis (a orquestra sinfnica, uma orquestra

    experimental, dois corais, um bal, um quarteto de cordas e escolas de msica e

    bailado), no existem locais adequados para ensaios, os msicos trocam de roupa

    no fosso, onde guardam tambm instrumentos. Alm disso, em outro estudo de

    Pichoneri (2009), a autora afirma que a viso romntica do msico como artista

    inspirado, criativo e gnio, est muito distante da realidade, uma vez que ao mesmo

    tempo que ser parte de uma orquestra sinfnica significa prestgio para o msico, o

    trabalho rotinizado, hierarquizado e com pouca possibilidade de criao, sobretudo

    para os msicos que no so solistas.

    Costa e Galvo (2004) citam que, entre as queixas dos msicos que afetam

    sua sade, encontram-se carga de trabalho excessiva, cobranas externas pela

    perfeio, problemas ergonmicos, inadequao do mobilirio, do ambiente acstico

    e da iluminao, entre outros.

    3.1.4.1 Agentes de risco no trabalho

    O II Congresso Internacional de Medicina para Msicos, ocorrido em

    setembro de 2005 na Espanha preocupou-se em afirmar que os msicos so

    profissionais com grande risco de adoecimento ocupacional, enfatizando ainda, que

    h uma falta de conscientizao da classe sobre este risco, alm de pouca procura

    por informaes que possam preservar e gerenciar as condies de trabalho da

  • 41

    classe. Embora avanos tenham ocorrido, o trabalho preventivo e de manuteno da

    sade ainda est longe de ser o ideal. O que se percebe que, assim como em

    muitas outras patologias, os msicos s procuram atendimento aps a ocorrncia de

    sintomas que o alertem para um possvel adoecimento (COSTA, 2005).

    Em estudo realizado pelo autor acima sobre as contribuies da ergonomia

    sade do msico, a autora desta tese no deixa de lembrar a questo do som,

    matria bsica da msica. Refere que a adequao da dimenso fsica e o

    tratamento acstico dos espaos de estudo e de apresentao esto diretamente

    relacionados sade do msico, lembrando que as ms condies destes

    ambientes podem influir na audio e no conforto fsico, o que pode levar o msico

    ao estresse, considerado mais um fator ocupacional.

    Uma reviso de literatura no perodo de 1990 a 2005, sobre exposio

    profissional msica (Mendes e Morata, 2007) levantou, entre outros aspectos, os

    nveis de presso sonora de diversos grupos musicais, como orquestras sinfnicas e

    grupos carnavalescos. O quadro a seguir, alm de apresentar esses resultados, foi

    completado com estudos do perodo de 2006 a 2011.

  • 42

    QUADRO 1 NVEIS DE PRESSO SONORA EM DIVERSOS GRUPOS

    MUSICAIS.

    Grupo

    musical Referncia Ano NPS Nome do grupo

    Trios

    eltricos Russo et cols. 1995 109,4 dB(A) Trios eltricos de Fortaleza

    Frevo Andrade e cols. 2002 117 dB(A) Blocos de Frevo e Maracatu de

    Olinda - PE Maracatu Andrade e cols. 2002 119 dB(A)

    Orquestras

    Sinfnicas Royster e cols. 1991 79-99 dB(A) Chicago Synphony Orchestra

    McBride e cols. 1992 90-110 dB(A) Birmingham Symphony Orchestra

    Namur e cols. 1999 81,4 94,7 dB(A) Orquestra Sinfnica Municipal de

    So Paulo

    Marchiori e Mello 2001 93,9 102,1 NPS Orquestra Sinfnica da Universidade

    Estadual de Londrina

    Laitinen e cols. 2003 83-95 dB(A) Finnish National Opera Finlndia

    Fernandes e cols. 2004 87-100 dB(A) Orquestra Vritas da Universidade do

    Sagrado Corao de Bauru

    Maia e cols. 2007 75-108dB(A) Orquestra Sinfnica de Minas Gerais

    Lee e cols. 2005 79,8-95,3 Leq

    (dBA) Canadian Opera Company

    Schmidt e cols. 2011 82-98 Leq (dBA) Duas orquestras sinfnicas

    Bandas

    instrumentai

    s

    Antoniolli 2000 97-105 dB(A) Banda da Polcia Militar de Santa

    Catarina

    Mendes e cols. 2002 90-105 dB(A) Banda Municipal de Blumenau

    Fernandes e cols. 2004 100 110 dB(A) Banda da Polcia Militar de Bauru

    Mendes; Morata

    e Marques 2007 96,4-106,9 dB(A) Banda Municipal de Indaial

    Gonalves e cols. 2009 90,1-110,3 dB(A) Banda Militar do Exrcito do Paran

    Mendes; Catai e

    Alberti 2009 107 109 dB(A) Banda de Pop-Rock

    Steelpan

    Tambores

    de ao

    Juman e cols. 2004 Acima de 100

    dB(A) Ilha de Trinidad/India

    Escolas de

    Samba

    Monteiro e

    Samelli 2010

    110,75-111,92

    dB(A) Uma escola de samba de So Paulo

    Fonte: o prprio autor.

    Fernandes et al. (2004) avaliaram o nvel de intensidade em uma orquestra e

    uma banda da cidade de Bauru. Em relao orquestra, durante a afinao dos

    instrumentos a variao foi de 87 a 94 dB(A). Quando todos os instrumentos foram

    tocados juntos, essa variao subiu para 89 a 100 dB(A). Observou-se picos de

    intensidade de 110 dB(A) para os trompetes, seguidos dos trombones e percusso,

    106 dB(A).

  • 43

    Em relao banda, durante a afinao dos instrumentos o nvel de

    intensidade foi de 106 dB(A). Com a banda toda tocando seu repertrio houve uma

    variao de 100 a 110 dB(A), com destaque para os picos de intensidade para os

    trombones e trompetes, 110 dB(A). Concluindo, a anlise dos dados indicou um

    ambiente acstico de grande desconforto, com risco de perda auditiva para os

    msicos.

    Lee et al.. (2005) avaliaram os nveis de intensidade de uma orquestra,

    posicionada no fosso, durante a apresentao de duas peras (Madama Butterfly e

    Italian Girl in Algiers). Os nveis foram medidos em dBA (Leq), tendo sido

    encontrados valores de 89.3 em Madama Butterfly e de 86.4 em Italian Girl in

    Algiers. Apesar de intensidades mais elevadas terem sido observadas durante as

    medies, devido ao valor de Leq encontrado, os autores concluram, ao contrrio

    de diversos estudos, que estes msicos no esto em risco de desenvolver uma

    perda auditiva. No entanto, alertam para o fato de que no foram medidos os nveis

    de exposio desses msicos em outras atividades musicais, como participao em

    outras orquestras ou ainda a susceptibilidade individual.

    Os nveis de presso sonora encontrados durante o ensaio de uma orquestra

    sinfnica, em estudo realizado por Maia et al. (2007), variaram de 75 a 108 dB(A)

    com pico de intensidade de 105 dB(A) para instrumentos de percusso, 95 dB(A)

    para instrumentos da famlia dos metais e 85 dB(A) para os instrumentos da famlia

    das madeiras.

    Em estudo realizado com uma banda instrumental e vocal (MENDES,

    MORATA E MARQUES, 2007) foram observados nveis de intensidade sonora na

    sala de ensaio com mdias de 96,4 a 106,9 dB(A), sendo que os maiores valores

    referiram-se ao naipe de trompetes, nas proximidades deste naipe e na execuo

    dos trompetes durante a msica.

    Ritcher, Zander e Spahn (2008), referem que no mbito das escolas

    superiores de msica da Alemanha, a intensidade sonora durante o ensaio de uma

    hora com uma grande orquestra e repertrio romntico, em vrios pontos de

    medio, os valores obtidos ultrapassam 85 dB(A). Somente o maestro e a primeira

    fila dos violoncelos ficam abaixo desses valores, 82,9 dB(A) e 84,2 dB(A)

    respectivamente e ressaltam que, se os msicos trabalhassem durante oito horas

    nos cinco dias da semana, a exposio sonora ultrapassaria o limite superior de

    tolerncia para a maioria deles.

  • 44

    Para Reid e Holland (2008), numa orquestra o msico fica exposto a maior

    parte do tempo ao som do prprio instrumento. Embora os outros instrumentos

    sejam importantes no aumento da exposio sonora, raramente adicionam mais que

    2 a 3 dB dose diria de exposio sonora do msico, ou seja, o prprio

    instrumento gera mais que a metade da intensidade sonora durante o perodo de

    exposio. Segundo os autores, os metais so os instrumentos que mais provocam

    perda auditiva, seguidos pelas madeiras, pelos instrumentos de corda que se

    posicionam nas laterais e por ltimo os instrumentos de corda que ficam a frente da

    orquestra. A percusso, embora traga doses baixas de exposio, promove picos de

    intensidade sonora que ultrapassam 140 dB(A), o que resulta em alteraes

    auditivas semelhantes s provocadas pela famlia dos metais e das madeiras. A

    hiperacusia e o recrutamento diminuem o limiar de dor frente a um estmulo sonoro

    intenso e, embora os metais e as madeiras no atinjam nveis superiores a 140

    dB(A), excedem o limiar de dor tanto para o prprio executante como tambm para

    os seus vizinhos.

    Gonalves et al. (2009) avaliaram os nveis de presso sonora a que esto

    expostos 50 msicos de uma banda militar. Nessa avaliao, os nveis de presso

    sonora encontrados durante o ensaio da banda variaram de 90,1 a 110,3 dB(A).

    Chamou a ateno o fato de que mesmo a msica sendo um som agradvel, a

    intensidade demasiadamente elevada foi relatada pelos msicos (42%), bem como a

    possibilidade desta intensidade prejudicar a audio.

    Na pesquisa de Mendes, Catai e Alberti (2009), os autores aferiram o nvel de

    presso sonora prximos a cada um dos integrantes de uma banda de pop-rock e os

    resultados mostraram uma maior intensidade para o baterista, 109 dB(A), em

    comparao com os demais msicos (vocal, guitarra, contra-baixo e teclado), cujo

    valor foi de 107 dB(A).

    Outro estudo, realizado por Monteiro e Samelli (2010), constatou que os

    nveis de presso sonora durante os ensaios de uma escola de samba so

    extremamente elevados, com mdia de 111,42 dB(A), o que potencialmente lesivo

    para a audio. De acordo com a Norma Regulamentadora 15 (NR 15) do Ministrio

    do Trabalho e Emprego, o tempo de exposio mximo para esta intensidade

    sonora de aproximadamente 12 minutos e, no caso do ensaio de uma escola de

    samba, este pode chegar a cinco horas. Embora o nmero de ensaios seja varivel,

  • 45

    de duas a quatro vezes por semana, torna-se quase dirio quando prximo ao

    carnaval.

    Schmidt et al. (2011) analisaram os nveis de presso sonora a que estavam

    expostos os msicos de duas orquestras sinfnicas. A exposio sonora foi medida

    com microfones colocados nos ouvidos do msico, gravada digitalmente e analisada

    de forma independente para a orelha esquerda e orelha direita. Um total de 114

    medidas que abrangeram 106 horas foram registradas nas duas orquestras. Como

    resultados, constataram que a exposio depende significativamente do instrumento

    e do repertrio interpretado pelo msico. A maior intensidade encontrada foi de 86-

    98 Leq (dBA) entre os metais. Msicos de instrumentos de corda agudos foram

    expostos a 82-98 Leq (dBA) entre os metais, tendo sido a orelha esquerda exposta

    4,6 dB(A) mais do que a orelha direita. Percussionistas foram expostos a picos de

    som superiores a 115 dB(C), mas a exposio foi menos continua neste grupo.

    Projetada a dose para exposio de 8 horas, o nvel de intensidade chegou a 92 Leq

    (dBA), sendo que a maioria dos msicos foram expostos a nveis sonoros superiores

    a 85 Leq (dBA). Frente a esses resultados, os autores concluram que a gravao

    binaural da exposio sonora individual mostrou que os msicos da orquestra

    podem estar expostos de formas diferentes para as orelhas esquerda e direita e que

    o aumento da intensidade depende, primeiramente, da exposio aos seus prprios

    instrumentos e em seguida, de repertrios especficos.

    Para Wade (2010) estudantes de msica gastam tempo tocando e escutando

    instrumentos e vozes ao longo do dia, juntamente com sons ambientais tpicos,

    como barulho da rua, de casa, etc. Programas de graduao em msica requerem

    dos estudantes a frequncia regular em ensaios de conjunto e aulas particulares,

    tempo livre em salas de prtica e presena em concertos e recitais. Todas essas

    atividades devem ser consideradas quando da avaliao da exposio sonora total.

    Um estudo realizado pelo instituto de pesquisa em msica da Universidade do

    Norte da Carolina, nos Estados Unidos verificou que 52% dos msicos de uma

    banda de sopro frequentam um ou mais ensaios por semana, com nveis sonoros

    superiores a 100% da dose permitida, conforme o National Institute for Occupational

    Safety and Health (NIOSH). Acima de 100% dos nveis sonoros definidos pelo

    NIOSH estes estudantes esto expostos a nveis de intensidade sonora bastante

    perigosos durante um nico ensaio. Pior ainda seria o estado do maestro, que pode

    realizar vrios ensaios todos os dias, estando em srio risco de danificar sua

    http://www.cdc.gov/niosh/http://www.cdc.gov/niosh/

  • 46

    audio todos os dias. Entre os diversos fatores que tornam os ensaios em conjunto,

    um risco para a audio, esto a durao da exposio, a intensidade da msica, a

    acstica do espao de ensaio, a proximidade com as fontes sonoras, escolha do

    repertrio e a repetio de passagens musicais especficas. A autora lembra ainda

    que, em grande parte, o ensaio em conjunto que prepara os estudantes para suas

    carreiras profissionais. Portanto, os regentes desses ensaios so modelos maiores

    para os estudantes. Mtodos de conservao auditiva nesse tipo de atividade devem

    ser incorporados e compartilhados entre regentes e estudantes como uma questo

    de longevidade profissional (WADE, 2010).

    A nica parte da exposio musical que no definida em um programa de

    graduao em msica o tempo que o aluno gasta praticando seu instrumento. No

    entanto, o sucesso em um programa de msica exige muita prtica. Questiona Wade

    (2010) se o ambiente de sala de prtica seguro em relao aos nveis de som.

    Segundo o mesmo estudo descrito acima, a resposta "no". Doses de nvel sonoro

    mdios para 40 estudantes (representando metais, sopro e voz) esto em mdia de

    87-95 dB, com os metais tendo nveis significativamente mais elevados. Salas de

    prtica normalmente so projetadas para isolar o som do ambiente externo, no se

    preocupando em abafar o som o suficiente para garantir nveis seguros de

    exposio dentro da sala. Mtodos e estilos individuais de prtica, incluindo o tempo

    gasto e intensidade utilizada, contribuem fortemente para o nvel sonoro em geral.

    Reid e Holland (2008) referem que no h uma base de dados representativa

    sobre os nveis de intensidade sonora. Porm, baseados em um conjunto de

    medidas realizadas com orquestras do Reino Unido, os autores fazem algumas

    generalizaes:

    Em um mau dia os msicos de metais podem ser expostos 100dB,

    assim como o piccolo;

    Geralmente, os metais tm as maiores exposies e os violinos as

    menores;

    As orquestras de cmara tm cerca de 2 dB a menos de exposio;

    Os nveis de intensidade sonora no fosso so cerca de 3 dB maiores que

    no palco;

    A percusso tem picos de exposio sonora excessiva, mas no se sabe

    quanto, nem quantas vezes.

  • 47

    A seguir, as tabelas 1, 3 e 3 mostram nveis de intensidade sonora aos quais

    esto expostos os msicos de uma orquestra.

    TABELA 1 EXEMPLOS INDICATIVOS DE EXPOSIO DOS MSICOS DE

    ORQUESTRA SEGUNDO O INSTRUMENTO E A OBRA APRESENTADA.

    Leq Seco Obra

    75 Metais Haydn

    80 Maestro Carmen; Elektra

    80 90 Metais Schnabel I

    80 85 Cordas Mahler I - Sectional

    85 90 Cordas Mahler I

    85 90 Centro de orquestra Turangalila

    90 95 Metais Bruckner 5

    90 95 Metais Rigoletto

    92 94 Coro Unspecified (opera)

    95 100 Metais Mahler 9

    100 Trompote Elektra

    100 Flautim Nutcracker

    Fonte: Reid e Holland. Ouvir o Som II. Associao de Orquestras Britnicas, 2008, p. 26.

    A Tabela 2 mostra os picos de mxima intensidade a que esto expostos os

    msicos de orquestra. No entanto, alertam os autores que os picos registrados no

    sugerem, necessariamente, que o instrumento mencionado seja a fonte desse pico.

    TABELA 2 PICOS DE MXIMA INTENSIDADE A QUE ESTO EXPOSTOS OS

    MSICOS DE ORQUESTRA, SEGUNDO O INSTRUMENTO E A OBRA

    EXECUTADA.

    Obra Instrumento Pico

    Lago dos Cisnes Trombone > 125

    Mahler I Contrabaixo 122

    Mahler II Metais 128

    A Bela Adormecida Trompete 139

    A Bela Adormecida Viola 128

    A Bela Adormecida Flautim 145

    Fonte: Reid e Holland. Ouvir o Som II. Associao de Orquestras Britnicas, 2008, p. 26.

  • 48

    TABELA 3 NVEIS MDIOS DE INTENSIDADE SONORA DURANTE UMA

    SESSO DE ESTUDO INDIVIDUAL DE CADA INSTRUMENTO.

    Instrumento Leq

    Contrabaixo 79

    Violino 85

    Viola 86

    Violoncelo 88

    Harpa 89

    Outras madeiras 91

    Outros metais 95

    Flauta / flautim 96

    Trompete 97

    Percusso 99 + maiores exposies

    Fonte: Reid e Holland. Ouvir o Som II. Associao de Orquestras Britnicas, 2008, p. 26.

    3.2 IMPACTO DA ATIVIDADE PROFISSIONAL NA SADE DO MSICO

    Pouca ateno dada na literatura aos perigos vividos por msicos de

    orquestra na sade e segurana ocupacional, sendo o foco principal a exposio ao

    rudo, justificado pelos nveis de presso sonora elevados nesse ambiente de

    trabalho. No entanto, alm do risco de uma perda auditiva, os msicos tambm

    correm o risco de leses msculo-esquelticas e doenas relacionadas com

    estresse ocasionado pela postura corporal por perodos prolongados de

    trabalho. Alm disso, as presses pela alta performance e pela manuteno do

    emprego podem colocar os msicos em situao de risco para distrbios da sade

    mental, como por exemplo, depresso (RAYMOND, ROMEO e KUMKE, 2012). No

    entanto, citando Guptill e Golem (2008), os autores referem que mais de 500.000

    pessoas nos Estados Unidos ganham a vida tocando um instrumento musical, e at

    87% desses profissionais experimentam uma leso muscular durante suas carreiras.

    Refletindo sobre o escopo mais amplo de sade, muitos dos problemas de sade

    ocupacionais vividos por msicos de orquestra pode parecer pouco significativo, no

    entanto, uma dormncia ou formigamento em menores de um dedo pode acabar

    com uma carreira.

    Para Reid e Holland (2008), em estudo realizado com diversas orquestras

    britnicas, 16% dos msicos apresentam estresse no desempenho profissional, o

    que afeta sua performance mais que uma vez por semana; a maioria dos msicos

    http://www.healio.com/Nursing/journals/AAOHN/%7B129F81EC-B945-4AB0-93E3-8166C30DDEE8%7D/A-Pilot-Study-of-Occupational-Injury-and-Illness-Experienced-by-Classical-Musicians#x21650799-20111227-01-bibr5

  • 49

    apresentam batimentos cardacos acelerados, sudao nas mos e tenso

    aumentada dos msculos durante seu desempenho e somente 10% dos msicos de

    orquestras no experimentam efeitos fsicos de estresse enquanto tocam.

    Para Williamon e Thompson (2006) a manuteno do bem-estar fsico e

    psicolgico dos msicos uma das principais reas a ser pesquisada e

    desenvolvida, como por exemplo: encorajamento dos msicos para que aprendam

    mais e empreguem mtodos para prevenir problemas mdicos relativos profisso;

    aumento da conscincia sobre os recursos de sade disponveis para os msicos;

    criao de outros servios de apoio relacionados sade aos quais os msicos

    possam recorrer em qualquer ponto de suas carreiras. Os autores citam uma

    pesquisa realizada por Wynn Parry (2004) com 1046 msicos, dos quais 48% tinha

    uma patologia claramente definida, com diagnstico mdico especfico e sugerem

    que, por meio de melhores condies de trabalho e hbitos mais saudveis de

    prtica musical, muitos desses problemas poderiam ser evitados.

    Raymond, Romeo e Kumke (2012), estudaram atravs de questionrio, a

    experincia de 32 msicos de uma orquestra sinfnica do sudoeste dos Estados

    Unidos, com sinais e sintomas de possveis leses e doenas ocupacionais. Como

    resultados, os autores encontraram o diagnstico de tendinite (46,9%, n = 15) como

    o mais frequente, seguido de depresso (34,4%, n = 11). Quando questionados

    sobre as suas preocupaes em relao ao ambiente de trabalho, a preocupao

    mais frequentemente observada foi o rudo (87,5%, n = 28). Quando perguntado a

    quem foram dirigidas as denncias, a maioria (68,8%, n = 22) manifestou as suas

    preocupaes para os colegas, 59,4% ( n= 19) queixou-se a um membro

    administrativo da orquestra e 28,1% ( n = 9) queixou-se para um representante do

    sindicato.

    De acordo com Costa e Abraho (2004), em estudo com msicos de

    orquestras sinfnicas, as dores causadas pelo trabalho orques