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JV – Quando e por que você escolheu Direito como carreira? Marco Aurélio – Não foi de um estalo. Sempre me interessei pela parte de Humanas e há uns três anos cheguei ao Direito lendo sobre a carreira, na internet. Aí verifiquei quais eram as matérias, vi a grade. Concluí que era isso que eu queria. Além da Fuvest, você foi aprovado em outros vestibulares? Fui aprovado na PUC e na FGV. O que motivou você a vir para o cursinho? Meu irmão fez Etapa para prestar Medicina. Entrou e está agora no 4º ano, em Marília. Eu tinha essa indicação de família. No início do ano passado, como você avaliava suas possibilidades de ser aprovado nos vestibulares? Eu imaginava que ia ser o pior ano da minha vida, que ia ter de estudar o tempo todo e passaria a não existir como pessoa. Mas foi um de meus melhores anos, porque acabei descobrindo que as pessoas se ajudam e superam juntas as dificuldades. Conheci bastante gente e fiz amizades muito fortes no cursinho. Tinha uma amiga que me acompanhou o ano inteiro e me deu muita força. E quando ela estava fraca, eu é que ajudava. Como era seu método de estudo? Pegava matéria do dia? Eu prestava atenção nas aulas do colégio e do cursinho. Não estudava as matérias do dia, mas não deixava nenhuma atrasar muito. Consigo me organizar bem, não esqueço as coisas que preciso estudar. Fazendo o cursinho junto com o 3º colegial, como você organizava seu tempo? Eu entrava no colégio às 7 horas da manhã, saía de lá pouco depois do meio-dia, tentava estudar um pouco na hora do almoço e vinha para o cursinho. Depois que as aulas terminavam eu ficava na Sala de Estudo até umas 8, 9 horas da noite. E como ficava seu fim de semana? Sábado de manhã eu vinha para o Reforço para Direito. À tarde, fazia os simulados. Mesmo no domingo, estudava das 2 horas da tarde até umas 5 horas. Um estudo menos concentrado, mas interessante. Para relaxar, você tinha alguma atividade? Jogava vôlei. É um bom modo de relaxamento. Mas tive de parar porque eu treinava muito, treinava para jogar profissionalmente, e a rotina era muito complicada. Mas tinha vôlei aqui, no Etapa, e eu vinha de vez em quando. Também sempre gostei muito de sair e tive de diminuir a frequência. Na verdade, abri mão de todo meu tempo, para estudar. Precisei de muita disciplina. Quais matérias você tinha de estudar mais? A parte de Geografia na escola não era boa, mas eu estudava muito por conta. Em Biologia eu era uma negação, não tinha base. Estudei muito Biologia e valeu a pena. No começo do ano acertava 4 questões de 10. No final do ano acertava 8. Tinha alguma matéria de que você não gostava e passou a gostar? Acho que, de tanto estudar, comecei a gostar mais de Matemática. Conversava com meus amigos que iam prestar ITA e eles me passaram um pouco do gosto deles. E achei Geografia Física uma matéria interessante. Você usava o Plantão de Dúvidas? Claro. Os plantonistas ajudam bastante. Sempre foram muito bons comigo, mesmo quando eu não sabia nada. Em quais matérias você recorria mais ao Plantão de Dúvidas? Física e Matemática. Mais Física. Era uma matéria de que eu tinha receio, então estudava muito. Em Matemática, no final do ano, gastei umas trinta folhas sulfite só em Geometria, estudando, estudando. Matemática agora é matéria específica para Direito e eu precisava entender. Estudei pra caramba. Quais eram seus resultados nos simulados? Sempre ficava no C mais. Tirei no máximo um ou dois Bs. Não era o melhor nem o pior. Nos simulados, o importante é ter uma continuidade de notas, manter a média que você estipulou como meta. Se sua carreira normalmente fica no padrão C mais, você precisa se esforçar para isso. Não é garantia de que vai passar, mas é importante.

estudar um pouco na hora do almoço e vinha - etapa.com.br como carreira? Marco Aurélio – ... para estudar um pouco de Química. Em qual vestibular você achava que tinha ... Eu

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JV – Quando e por que você escolheu Direito

como carreira?

Marco Aurélio – Não foi de um estalo.Sempre me interessei pela parte de Humanase há uns três anos cheguei ao Direito lendosobre a carreira, na internet. Aí verifiqueiquais eram as matérias, vi a grade. Concluíque era isso que eu queria.

Além da Fuvest, você foi aprovado em outros

vestibulares?

Fui aprovado na PUC e na FGV.

O que motivou você a vir para o cursinho?

Meu irmão fez Etapa para prestar Medicina.Entrou e está agora no 4º ano, em Marília. Eutinha essa indicação de família.

No início do ano passado, como você

avaliava suas possibilidades de ser aprovado

nos vestibulares?

Eu imaginava que ia ser o pior ano da minhavida, que ia ter de estudar o tempo todo epassaria a não existir como pessoa. Mas foium de meus melhores anos, porque acabeidescobrindo que as pessoas se ajudam esuperam juntas as dificuldades. Conhecibastante gente e fiz amizades muito fortes nocursinho. Tinha uma amiga que me acompanhouo ano inteiro e me deu muita força. E quandoela estava fraca, eu é que ajudava.

Como era seu método de estudo? Pegava

matéria do dia?

Eu prestava atenção nas aulas do colégio e docursinho. Não estudava as matérias do dia,mas não deixava nenhuma atrasar muito.Consigo me organizar bem, não esqueço ascoisas que preciso estudar.

Fazendo o cursinho junto com o 3º colegial,

como você organizava seu tempo?

Eu entrava no colégio às 7 horas da manhã,saía de lá pouco depois do meio-dia, tentava

estudar um pouco na hora do almoço e vinhapara o cursinho. Depois que as aulasterminavam eu ficava na Sala de Estudo atéumas 8, 9 horas da noite.

E como ficava seu fim de semana?

Sábado de manhã eu vinha para o Reforçopara Direito. À tarde, fazia os simulados.Mesmo no domingo, estudava das 2 horas datarde até umas 5 horas. Um estudo menosconcentrado, mas interessante.

Para relaxar, você tinha alguma atividade?

Jogava vôlei. É um bom modo derelaxamento. Mas tive de parar porque eutreinava muito, treinava para jogarprofissionalmente, e a rotina era muitocomplicada. Mas tinha vôlei aqui, no Etapa, eeu vinha de vez em quando. Também sempregostei muito de sair e tive de diminuir a frequência.Na verdade, abri mão de todo meu tempo,para estudar. Precisei de muita disciplina.

Quais matérias você tinha de estudar mais?

A parte de Geografia na escola não era boa,mas eu estudava muito por conta. Em Biologiaeu era uma negação, não tinha base. Estudeimuito Biologia e valeu a pena. No começo doano acertava 4 questões de 10. No final doano acertava 8.

Tinha alguma matéria de que você não

gostava e passou a gostar?

Acho que, de tanto estudar, comecei a gostarmais de Matemática. Conversava com meusamigos que iam prestar ITA e eles mepassaram um pouco do gosto deles. E acheiGeografia Física uma matéria interessante.

Você usava o Plantão de Dúvidas?

Claro. Os plantonistas ajudam bastante.Sempre foram muito bons comigo, mesmoquando eu não sabia nada.

Em quais matérias você recorria mais ao

Plantão de Dúvidas?

Física e Matemática. Mais Física. Era umamatéria de que eu tinha receio, entãoestudava muito. Em Matemática, no final doano, gastei umas trinta folhas sulfite só emGeometria, estudando, estudando.Matemática agora é matéria específica paraDireito e eu precisava entender. Estudei pracaramba.

Quais eram seus resultados nos simulados?

Sempre ficava no C mais. Tirei no máximo umou dois Bs. Não era o melhor nem o pior. Nossimulados, o importante é ter umacontinuidade de notas, manter a média quevocê estipulou como meta. Se sua carreiranormalmente fica no padrão C mais, vocêprecisa se esforçar para isso. Não é garantiade que vai passar, mas é importante.

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Nos simulados do Reforço para Direito, qual

era seu desempenho?

No RPD tirei três As, e dois ou três Bsem Redação.

Você treinava muito para fazer redação?

Eu fazia no mínimo duas redações porsemana, uma para a escola, outra para ocursinho. Isso era o mínimo. Dava mais. Nofinal do ano cheguei a fazer oito redaçõesnuma semana. Faço redação contando otempo. Meu recorde, com rascunho, foi45 minutos.

Você já tinha facilidade em redigir?

Não sabia fazer, mas a gente aprende. Nocomeço do ano eu ia muito mal. No final doano ia muito bem. Com o tempo, fazendomuita redação, tomei gosto.

Do meio para o final do ano você ficou mais

confiante em relação ao vestibular?

Fui ganhando confiança. Eu percebia queestava num nível bom, que era possívelpassar.

Você assistiu às palestras sobre as obras

indicadas pela Fuvest e Unicamp como

leitura obrigatória? Deixou de ler algum

livro?

Não li A cidade e as serras. Palestras, perdiuma sobre Auto da barca do Inferno, porquefui assaltado no caminho. Foi a única queperdi. Ia a todas com muito prazer. Sou umapaixonado por literatura.

O que achou das palestras?

Muito boas. Gostava da análise dosprofessores. A interpretação ia muito além doque você normalmente vê. Saí da palestrasobre a Antologia poética, de Vinicius deMoraes, com muita vontade de reler o livro.

Qual foi a principal dificuldade que você

enfrentou no ano passado?

Cansaço. Ele bateu mais forte durante areposição de aulas depois da gripe suína, deagosto para setembro. Eu não faltava emnenhuma aula, não faltava em nenhumsimulado, mas era cansativo.

Quais foram as épocas mais tranquilas?

No começo do ano. O período um poucoantes de julho é um período bom, você vaientrando no clima de férias. E como era sómeio período para mim, já que não tinha maisaula no colégio, foi um período tranquilo. Etambém no final do ano, quando acabaram asaulas no colégio e tive um pouco mais detempo para descansar. Podia me dedicar só aocursinho.

O que você fez nas férias de julho?

Viajei por uma semana, fui para o Uruguai. Agente viajou porque estava barato mesmo. Foiuma viagem muito relaxante, muito boa,peguei os cadernos uma vez, para estudar umpouco de Química.

Em qual vestibular você achava que tinha

mais chance de ser aprovado?

O mais difícil era a Fuvest, mas eu estudavapara ela. O vestibular da GV não foicomplicado. O da PUC é longo, mas você criaresistência com as provas daqui.

Como você foi na 1ª fase da Fuvest?

Fui bem. Com o bônus, minha nota ficou em75. O corte em Direito foi 60. Passei com15 pontos acima. Aumentou muito minhaconfiança.

Na 2ª fase, quais foram suas notas?

A maior nota foi na prova de Português eRedação, 65,63. No segundo dia tirei umanota razoável, acima da média, 57,5. Noúltimo dia a prova de Matemática estavacomplicada, um nível muito alto em relaçãoàs provas dos outros anos. Foi minha piornota, 46,88, mas fiquei bem acima de muitos.Acho que Geografia e História melhoraramesse dia para mim.

Teve alguma surpresa nas notas da 1ª e da

2ª fase da Fuvest?

Eu esperava na 1ª fase uma nota um poucoparecida com a que tirei. Nos simulados eucheguei a tirar 72, 73. Aliás, minha maior notafoi no penúltimo simulado. E minha menornota foi no último simulado Fuvest. Tirei 51,não passaria, com certeza. Essa nota me fezvoltar firme ao estudo. Peguei o simulado e fizde novo.

Quando você terminou a 2ª fase, estava

confiante em ser aprovado?

Saí da última prova acreditando que tinhapassado. Mas, ao ver as correções, oscomentários, veio uma certa intranquilidade,que não retirou minha esperança.

Ao ver seu nome na lista, o que você sentiu?

Felicidade é clichê. Foi alívio mesmo. Umasensação muito boa. Fiquei realmenteemocionado. Era o melhor dia da minha vida.

Como foi a comemoração desse resultado?

Eu estava sozinho, em casa, ligado na internet.Quando saiu a lista e vi meu nome, saípulando. A primeira coisa que eu abracei foiminha cachorra. Aí, vim para o Etapa. Naverdade, antes de vir para cá, vi e revi umasdez vezes meu nome. Lia, conferia com o RG,lia de novo. Vim para cá, entrei na festa, vimeu nome de novo, liguei para meu irmão,minha mãe já estava em festa, meu pai mechamou de doutor. Uma sensação muito boa.

Você tinha algum plano B se não desse para

entrar na São Francisco?

Sempre quis entrar na São Francisco. Se nãofosse aprovado, acho que eu faria cursinho denovo e estudaria muito mais. Esse seria meuplano B.

Quais são as matérias deste primeiro

semestre?

Direito Penal, Direito Constitucional, TeoriaGeral do Estado, Economia Política,Introdução ao Estudo de Direito, DireitoRomano.

Qual é a mais pesada, nas suas primeiras

impressões?

Direito Romano, me parece que as pessoasnão estão muito a fim dela. Teoria Geral doEstado me parece muito teórica. A matériaque eu achei mais legal, que é mais prática, éDireito Penal. Nunca achei que fosse gostarde Direito Penal. Só que eu percebi apraticidade da aula e acabei me interessando.

Vou também acompanhar os grupos de estudode lá e vou para a parte de DireitoInternacional. É o que mais me interessa.

Do que você viu até agora na faculdade, do

que mais gostou?

As pessoas que estão dentro da faculdade e aspessoas que passaram por lá são realmenteapaixonadas pelas Arcadas. Falam: “Calouro,aproveita esta faculdade, que é a melhor domundo. Aqui você vai passar os melhoresanos da sua vida.” É uma coisa que tocamesmo, é inacreditável. Agora falo para todosos meus amigos: “Entra, que lá é sensacional.”

Hoje você se imagina em outra carreira?

Gostaria de ser professor também. Se possível,talvez curse outra faculdade, me especialize.Estou sempre aberto.

O que você diria a quem vai ler esta

entrevista, para aproveitar da melhor maneira

a preparação para os vestibulares?

Vestibular é uma questão de esforço. Se vocêse esforça, você consegue. Não são mágicosque entram, não são caras de outro mundo.São caras que estão convivendo com você,que estudaram. Não há pré-selecionados, asvagas são para os caras que se tornaram bonsquando se esforçaram. Se você se esforçar,acredite, a recompensa vem. E não pense quetudo que você precisa está nas apostilas. Vocêvai descobrir no final do ano que o que vocêsempre precisou estava dentro de você mesmo.

Você sente falta de algo do ano passado?

Sinto saudade dos professores, dos meusamigos, das aulas. É todo legal o clima decursinho. É um clima de amizade, decumplicidade.

Você acha que está diferente de quando

começou o cursinho?

Muito diferente. Sou uma pessoa maisdisciplinada, mais concentrada, maisextrovertida também. Eu percebi que todas asmatérias tinham um quê de especial, que elasnão eram jogadas, que elas eram aplicáveis.Você acaba amadurecendo muito.

O que fica de lição para você do ano passado?

A parte do esforço. Querendo ou não, esforçoé poder. Quando se dedica, você consegue oque pretende. Essa é uma coisa que ficoumuito bem marcada: se quiser, você consegue.Você percebe que as pessoas que estão lá,que chegaram aonde você quer ir, não são deoutro mundo. São pessoas que estiveram namesma cadeira que você, passaram pelasmesmas tensões que você. As pessoas que estãolá eram como você e chegaram lá. Então, porque não você?