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28 N ú m e r o T r e z e J u n h o 29 T h i r t e e n t h I s s u e J u n e INTRODUÇÃO ÀS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR HIGHER EDUCATION INSTITUTION OVERVIEWS INTRODUÇÃO ÀS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR HIGHER EDUCATION INSTITUTION OVERVIEWS www.must.edu.mo A exposição de mapas antigos “Cartografia Global de Macau”, organizada pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, retrata estudos sobre a fundação de Macau, sendo “Macau e a História Mundial” um dos três subtemas do projecto. O reitor da universidade, Prof. Liu Liang, quando fala sobre a origem do projecto refere-se sempre à importância de “conhecer a História”. Em conformidade com o lema da escola “Investigar a verdadeira natureza das coisas”, ele considera o reconhecimento das leis objectivas da ciência e da formação do espírito humano, uma unidade dialética (união de opostos). Durante os quatro anos na universidade os estudantes não só adquirem conhecimentos como também definem os seus valores pessoais, ganham um sentido de responsabilidade social. “Não há nada melhor do que levar os jovens a conhecer verdadeiramente o local onde vivem, o país, a história da população. O mais importante é conhecerem as suas “raízes”. Com mais de 450 anos de história, Macau desempenhou um papel muito importante no processo de divulgação de conhecimentos e tecnologias do “oriente para o ocidente” e do “ocidente para o oriente”. Contudo, é necessário clarificar a origem e o desenvolvimento dessa história. Não é uma tarefa fácil, terão de se procurar alguns materiais imprescindíveis, como dados históricos, bibliografias, mapas figurativos. A Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (UCTM) demorou cerca de três anos a coligir 1.500 mapas de todo o mundo que estivessem relacionados com Macau. Esta colectânea não só permitiu aos alunos e professores terem um sistema de informações mais preciso, como também forneceu materiais para que o Instituto Cultural de Macau pudesse organizar exposições públicas onde os residentes da cidade puderam apreciar preciosas colecções que retratam as transformações da cidade de Macau. “El Reino de China” Fonte: Biblioteca de Harvard “Plano da Cidade et do Porto de Macau” Fonte: Biblioteca de Harvard ESTUDO ACADÉMICO COMBINADO COM INVESTIGAÇÃO E DESENVOLVIMENTO: AS UNIVERSIDADES CONTRIBUEM PARA QUE OS RESIDENTES DE MACAU CONHEÇAM MELHOR A HISTÓRIA DA CIDADE CORRESPONDENTE ESPECIAL Estar preparado para o início da investigação sobre Macau — Entrevista com o Professor Liu Liang, Reitor da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau e com o Director da respectiva Biblioteca, Professor Dai Long Ji

ESTUDO ACADÉMICO COMBINADO COM INVESTIGAÇÃO E ... · na universidade os estudantes não só adquirem conhecimentos como também definem os seus valores pessoais, ganham um sentido

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IntROdUÇÃO ÀS InStItUIÇÕeS de enSInO SUpeRIOR hIghER EDUCATIoN INSTITUTIoN ovERvIEwS

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A exposição de mapas antigos “Cartografia Global de Macau”, organizada pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, retrata estudos sobre a fundação de Macau, sendo “Macau e a História Mundial” um dos três subtemas do projecto. O reitor da universidade, Prof. Liu Liang, quando fala sobre a origem do projecto refere-se sempre à importância de “conhecer a História”. Em conformidade com o lema da escola “Investigar a verdadeira natureza das coisas”, ele considera o reconhecimento das leis objectivas da ciência e da formação do espírito humano, uma unidade dialética (união de opostos). Durante os quatro anos na universidade os estudantes não só adquirem conhecimentos como também definem os seus valores pessoais, ganham um sentido de responsabilidade social. “Não há nada melhor do que levar os jovens a conhecer verdadeiramente o local onde vivem, o país, a história da população. O mais importante é conhecerem as suas “raízes”.

Com mais de 450 anos de história, Macau desempenhou um papel muito importante no processo de divulgação de conhecimentos e tecnologias do “oriente para o ocidente” e do “ocidente para o oriente”. Contudo, é necessário clarificar a origem e o desenvolvimento dessa história. Não é uma tarefa fácil, terão de se procurar alguns materiais imprescindíveis, como dados históricos, bibliografias, mapas figurativos. A Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (UCTM) demorou cerca de três anos a coligir 1.500 mapas de todo o mundo que estivessem relacionados com Macau. Esta colectânea não só permitiu aos alunos e professores terem um sistema de informações mais preciso, como também forneceu materiais para que o Instituto Cultural de Macau pudesse organizar exposições públicas onde os residentes da cidade puderam apreciar preciosas colecções que retratam as transformações da cidade de Macau.

“El Reino de China”Fonte: Biblioteca de Harvard “P

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ESTUDO ACADÉMICO COMBINADO COM INVESTIGAÇÃO E DESENVOLVIMENTO: AS UNIVErSIDADES CONTrIBUEM PArA QUE OS rESIDENTES DE MACAU CONHEÇAM MELHOr A HISTÓrIA DA CIDADECORRESPONDENTE ESPECIAL

Estar preparado para o início da investigação sobre Macau — Entrevista com o Professor Liu Liang, Reitor da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau e com o Director da respectiva Biblioteca, Professor Dai Long Ji

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Sob o ponto de vista do reitor, apesar de este projecto não ser grande, traz muitos benefícios e grandes influências. “Através dos mapas podemos ver claramente um período glorioso da história de Macau no mundo e que ao longo de 400 anos contribuiu e desempenhou um papel especial para com a nação chinesa. Ao compreender verdadeiramente a história, e com base no presente, os estudantes percebem como podem enfrentar o futuro. Espero que eles tenham os olhos postos no futuro, vejam as coisas como um todo, a três dimensões; só assim deixarão de ter o sentimento de que “Macau é demasiado pequeno para poderem fazer alguma coisa”.

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“Mapa de xiangshan xian”Fonte: Biblioteca de Universidade de Pequim

“Planta da Península de Macau”Fonte: Sociedade de Abastecimento de Águas de Macau Ltda

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Vamos “procurar o tesouro” entre vastíssimos mapas

O Instituto de Pesquisa Cultural e Social (ISCR) da UCTM, juntamente com a nossa biblioteca organizam projectos específicos. O Director da nossa Biblioteca Dai Long Ji diz, sem rodeios, que Macau é o primeiro destino dos europeus para residir no leste da Ásia e que foi desde muito cedo a cristalização da globalização; por esta razão a pesquisa sobre Macau deve ser realizada em ligação com a História Global como pano de fundo, caso contrário é muito difícil compreender a posição histórica de Macau. Por outro lado, apesar de Macau partilhar a história com mais de 500 anos de contacto, conflito e fusão com a civilização ocidental, a verdade é que por diversas razões, relacionadas

passados religiosos e étnicos, criam posições muito diferentes e diametralmente opostas. “Macau é um local de fusão da cultura ocidental e oriental; se se quiser investigar Macau, deve-se evitar que “os orientais tenham os seus próprios mapas e os ocidentais outros”, deveremos coligir todos os mapas, só assim conseguiremos um estudo completo”. O Director Dai considera que, para executar bem a sua profissão, uma das suas missões deve, necesssariamente, ser a recolha material.

O objectivo de Dai é muito claro, o ex-Director da Biblioteca da Universidade de Pequim, imerso na área bibliotecária há vários anos,

com a dispersão de documentos históricos pelo mundo e comparando com as outras fontes Macau, no que diz respeito à recolha e organização de mapas, fica notoriamente aquém — pois não há um sistema de organização dos dados estando os mapas simplesmente espalhados pelo mundo, sendo necessário perder algum tempo para resolver esta situação; para além disso, uma parte dos mapas recolhidos não está em bom estado e muito dificilmente poderão representar material de estudo.

Os mapas são documentos de elevada legibilidade, sendo intuitivos e simbólicos, mas não são inteiramente objectivos. Cartógrafos com diferentes

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“Plano da Cidade de Macau”Fonte: Biblioteca do Congresso [dos EUA]

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“está familiarizado” com as colecções de mapas das bibliotecas de todo o mundo. Teve a ideia de procurar e colectar mapas durante três anos, sendo a biblioteca da Universidade de Harvard precisamente a “primeira escolha” para as suas “paragens”, isto porque a Universidade de Harvard é uma universidade de investigação e as colecções recolhidas são muito distintas e têm uma resolução de imagem bastante elevada, o suficiente para satisfazer as necessidades desta investigação; em segundo lugar, a Universidade

Chegar à Biblioteca Apostólica Vaticana para “escavar um tesouro”

Se o primeiro período da colectânea de mapas foi para saber a forma como Macau era conhecido do ponto de vista histórico, o segundo período ganhou destaque pelo “tesouro escondido” na Biblioteca Apostólica Vaticana. Esta biblioteca tem milhões de colecções, especialmente dos anos em que os missionários ocidentais entraram na China continental através de Macau. Através da sua assimilação da cultura chinesa tendo por base o passado religioso original dos missionários, estes produziram uma série de mapas geográficos, mapas celestes e ainda pinturas que reflectem os verdadeiros resultados do intercâmbio da cultura ocidental e oriental nesses anos. Para além disso, há ainda diversos mapas,

os primeiros naqueles anos, mesmo antes do estabelecimento de Macau, que demonstram que “Macau” era um nome difícil de identificar. Só naquele momento é que se aperceberam que nos mapas não estava escrito “Macau”, mas sim “Maco” ou “Maca”, entre outros nomes. Um historiador, geógrafo e linguista da China continental corrobora que foi realizada uma pesquisa comparativa dos mapas onde se discutiram as formas que existiam nos primeiros tempos do surgimento de Macau.

Ir à Biblioteca Apostólica Vaticana “escavar um tesouro” não é tarefa fácil. Felizmente que aquela biblioteca foi muito cooperante com a biblioteca da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau. De acordo com o Vaticano, é a primeira vez que é permitido que outras bibliotecas

de Harvard tem uma colecção de 600 mil mapas e de entre eles constam os mapas mais antigos e os mais importantes do mundo. Uma pequena história confirma que a escolha do Director Dai é a mais acertada. No ano 2014, a Chanceler alemã Angela Merkel durante a visita do Presidente xi Jinping à Europa, ofereceu-lhe um mapa da China Antiga do século xVIII desenhado por um alemão; este mapa é precisamente um dos mapas que a Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau tinha

coligido da Universidade de Harvard, o suficiente para provar o valor das colecções de Harvard.

Mais fácil falar do que fazer, é “procurar um tesouro” entre os mapas, simplesmente porque a colecção de mapas e a investigação são áreas especializadas e, para pessoas que não são desta área, torna-se uma tarefa muito difícil. Para aprender a olhar para um mapa, primeiro é necessário ultrapassar a barreira da língua, pois os cartógrafos ocidentais costumavam legendar as suas obras em Latim, Francês ou Italiano; de seguida é necessário ter conhecimentos históricos e geográficos, analisar a idade de um mapa, a área envolvente, o desenhador, o cartógrafo, entre outras informações. Sem familiares que tenham sido alunos de cartografia, o Director Dai descreve o assistente Yang xun Ling como “um bezerro acabado de nascer que não teme as dificuldades”; para além de convidar os peritos da área para prestar ajuda, eles ainda se concentram na investigação antecipada, e procuram num período de tempo mais reduzido, entre o século xV e o século xIx, desde os navegadores portugueses que viajaram para oriente no período dos “Descobrimentos”. Depois de ler os mapas inúmeras vezes, ambos se tornam gradualmente “especialistas na área”. Com o seu trabalho incansável ainda conseguiram coligir mapas da famosa biblioteca da Universidade de Oxford em Inglaterra e da biblioteca do Congresso dos EUA. Ainda no primeiro ano da primeira fase do projecto já tinham conseguido reunir mais de 500 peças.

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reproduzam esta grande quantidade de material e, para além disso, foram revelados, pela primeira vez, alguns dos mapas mais preciosos. Durante o período de ocorrência do projecto, a universidade organizou o II Simpósio Internacional “Cartografia Global de Macau”, onde foram organizadas com êxito duas exposições de mapas, entre elas estava presente o mapa da biblioteca Apostólica Vaticana “Estrela como pérola brilhante e lua como jade branco”. Quase uma centena de preciosos documentos e mapas antigos foram expostos, tendo saído pela primeira vez do Vaticano para a China. Esta exposição ficou conhecida como uma das mais esplenderosas com o tema do intercâmbio cultural entre a Europa e a China.

“Planta da Península de Macau”Fonte: Biblioteca de Harvard

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Torna-se bastante interessante pois dá-nos a sensação de voltar ao passado num cruzamento de espaço e tempo.” Ele também se lembra de quando abriu no Vaticano um delicado mapa antigo de pele de carneiro e “inesperadamente caíram alguns fragmentos!”. A missão de salvar material histórico falou por si própria, com receio de que aqueles tesouros fossem submersos com a passagem do tempo da sua longa história.

A recolha e organização de mapas é, em sentido mais lato, a preparação para o desenvolvimento da investigação em Macau. Retomando o assunto da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, esta trouxe, na verdade, resultados práticos à pesquisa científica e ao trabalho de ensino. Um professor coreano especialista em turismo reconhece a importância da aprendizagem de mapas, e também

há um professor especialista em investigação de arte religiosa que diz que os mapas históricos são um tesouro. O Director Dai revelou que a biblioteca da escola planeia instalar uma sala de leitura de mapas, “onde alunos e professores possam abrir e analisar a totalidade dos verdadeiros mapas em vez de utilizarem o zoom e os verem através da internet, o que é menos cansativo e muito mais prático!”

Para permitir que cada vez mais pessoas tenham acesso aos mapas, a biblioteca desta universidade já comprou à agência espacial americana NASA o sistema online, público, como plataforma de pesquisa de imagens. Neste momento já introduziram uma lista de 500 mapas, juntamente com a respectiva descrição. Prevê-se que no mês de Julho deste ano seja aberto oficialmente ao público em Macau.

Olhando para o futuro, o Director Dai espera que o trabalho de colectânea de mapas continue. Contudo, para fazer um bom trabalho de recolha e uma boa colecção, é imprescindível ter conhecimentos dos produtos e a sua boa compreensão pelo que actualmente a Universidade está a seleccionar alunos do Departamento de Gestão de Informação para fazerem formação. Daí espera que na próxima etapa se inicie o trabalho de recolha de mapas em regiões que tiveram uma relação estreita com Macau, como as Filipinas, a Índia, o Japão, Malaca, entre outras. Afirma, ainda, que gostava que esses mapas se tornassem numa colecção especial desta biblioteca e espera contar com o apoio da equipa, apoio financeiro e de outros locais para que se complete a sua normalização.

O valor deste estudo está dependente do que é herdado

O projecto encontra-se neste momento no terceiro período, tendo já sido recolhidas mais de 1500 peças. Seguindo a alta precisão das dimensões originais foram reproduzidos 500 mapas e publicado o atlas “Em direcção a Oriente: Cartografia Global de Macau, Anuário de 2014”. O assistente Yang conta que durante o processo de recolha de mapas se depararam com alguns factos interessantes; por exemplo explica que, por temerem que as luvas influenciassem a sensação táctil e que provocassem danos nos manuscritos, preferiram não as utilizar, pelo que as bibliotecas costumam pedir que todas as pessoas lavem as mãos depois de entrarem em contacto directo com o mapa original, uma vez que “tocam com as próprias mãos nos pigmentos de metal e minerais em pó presentes no mapa, ou até mesmo em alguma mancha de sangue que um navegador possa ter deixado cair no mapa.

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Entrevista a Chan Peng Fai Vice-presidente do Instituto Cultural

PrOMOVEr O ESTUDO DA HISTÓrIA DE MACAU JUNTAMENTE COM AS INSTITUIÇõES DE ENSINO SUPErIOr

Esta edição da exposição de cartografia antiga organizada pela

Biblioteca Central representa uma parte admirável de um conjunto de

mapas antigos recolhidos pela Universidade de Ciência e Tecnologia

de Macau (UCTM) nos últimos dois anos, encontrando-se no seu

leque de oferta exemplares de cartografia oriental e ocidental de

Macau, bem como mapas da cidade de Macau. Alguns dos mapas

pertencem a académicos conhecidos como é o caso da “Carta

Geográfica Completa de todos os Reinos do Mundo” de Matteo

Ricci, mas também existem outros que o público também conhece

bem mas não teve a oportunidade de ver, por diversas razões, como

é o caso do “Mapa Panorâmico de Macau” de 1665, desenhado pelo

cartógrafo holandês Johannes Vingboons ou o mapa japonês de

1710 de “A Ma Gang” (antiga denominação para Macau), o “Mapa

de todos os reinos da Ásia oriental”. Para além destes, contam-se

ainda preciosos mapas revelados ao público pela primeira vez, por

exemplo a “planta da Península de Macau” da Macau water, datada

de 1935, extremamente rara e que contém muitos apontamentos

escritos à mão que merecem um estudo aprofundado.

Exposição de mapas antigos: os longos anos de transição, crescimento e desenvolvimento de Macau

O ano 2015 foi o ano do 10.º aniversário da inscrição do Centro Histórico de Macau na Lista do Património Mundial e do 120.º aniversário da Biblioteca Central de Macau (BCM), razão que levou o Instituto Cultural a organizar eventos durante todo o ano.

Um desses eventos foi a exposição denominada “Cartografia Global de Macau”, em que a Biblioteca da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau cedeu à Biblioteca Central de Macau (BCM), administrada

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pelo Instituto Cultural, cerca de 40 reproduções de mapas antigos do século xIII ao século xx.

A UCTM fez um importante trabalho de recolha de mais de mil mapas e plantas antigas de todo o mundo relacionados com Macau e, no seguimento dessa recolha, foi logo equacionada a realização de uma exposição.

Esta exposição de mapas antigos esteve patente na Biblioteca Sir Robert Ho Tung durante um período de quase três meses, tendo sido organizadas seis visitas guiadas, sempre lotadas, além de terem comparecido muitos entusiastas que puderam apreciar as relíquias recolhidas.

Esta exposição foi apenas uma das muitas exposições de mapas antigos

organizada pelo vice-presidente do Instituto Cultural Chan Peng Fai em conjunto com a Biblioteca da UCTM.

A exposição foi dividida de acordo com diferentes pontos de vista em “Cartografia Oriental de Macau”, “Cartografia Ocidental de Macau” e “Mapas da Cidade de Macau”, a fim de evidenciar a posição de Macau no mundo, bem como a transformação da própria cidade. O vice-presidente do Instituto Cultural Chan Peng Fai reconheceu que o valor dos mapas está no facto de estes não reflectirem dados objectivos, mas sim as diferentes perspectivas e emoções que transparecem nos mapas, influenciados pelo passado religioso e cultural do cartógrafo. Os mapas dos orientais, com a China ao centro, não têm uma

escala dimensional padronizada, contudo são considerados frequentemente mais bonitos e artísticos que os ocidentais; por outro lado, os mapas dos ocidentais são, em certa medida, aqueles que reflectem o mundo. Chan Peng Fai diz claramente que “depois de verem estes mapas, os residentes tiveram reacções diferentes quanto à posição especial de Macau na relação de intercâmbio entre o ocidente e o oriente.” Na verdade, os residentes também corresponderam ao entusiasmo, pois cerca de 10 mil pessoas visitaram a exposição e as seis visitas guiadas estiveram sempre repletas. Apesar de os mapas não serem um passatempo das pessoas, ainda há muitos estudantes e residentes interessados.

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“Hai Jiang Yang Jie xing Shi Tu – Cantão”Fonte: Biblioteca de Universidade de Pequim

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Complementariedade com as instituições de ensino superior

Falando sobre locais para recolher dados históricos, a Biblioteca Central de Macau (BCM), administrada pelo Instituto Cultural e o Arquivo de Macau também são locais importantes. O vice-presidente do Instituto Cultural Chan Peng Fai indicou que, de facto, o Arquivo Histórico também guarda alguns mapas antigos, contudo, o objectivo da sua recolha não passa por recolher mapas que olham Macau do ponto de vista de diferentes países ocidentais e orientais com passados históricos e religiosos diferentes. “A colecção de mapas do Arquivo de Macau é, na sua maioria, de mapas da cidade. Contudo, quer expandir a recolha de dados para o projecto de investigação, ou mesmo realizar trabalhos de investigação, mais adequados ao ensino superior.”

Chan Peng Fai considera que ambos precisam de fazer bem aquilo em que são competentes para completar os contributos uns dos outros e partilhar tudo o que têm para colmatar o que nâo têm, ou seja, terem uma relação de complementaridade.

Por todas estas razões, o vice-presidente do Instituto Cultural admira o vasto trabalho de investigação e a colectânea de mapas desenvolvido pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau: “no passado diversos historiadores estiveram envolvidos na investigação de Macau, contudo, poucos deles estudavam os mapas de forma sistemática e aprofundada. Esta investigação merece continuar a ser promovida e espero que consiga incentivar mais

historiadores a realizar pesquisas de mapas”. O vice-presidente do Instituto Cultural considera que a responsabilidade da investigação está nas instituições de ensino superior, por outro lado o papel de transmissão da informação cabe ao Instituto Cultural. Este Instituto planeia apoiar a universidade a reproduzir a colecção de mapas “Em direcção a Oriente: Cartografia Global de Macau, anuário de 2014” que já foi publicado, mas ainda não foi posto à venda. Este anuário foi descrito pelo vice-presidente do Instituto Cultural como “um dos raros bons livros” que poderá estar à venda em canal aberto. “Apesar do tempo da exposição ser curto, os conteúdos e os conhecimentos contidos

nos livros podem tornar esta exposição memorável, o que deixará uma marca nas gerações futuras; espero que cada vez mais pessoas conheçam a história e os enquadramentos de Macau.”

O vice-presidente do Instituto Cultural Chan Peng Fai apontou que, no passado, o Instituto Cultural desenvolveu mais iniciativas de cooperação com institutos de ensino superior de Macau, por exemplo a cooperação com o Instituto de Formação Turística, o que resultou na abertura de um Programa de Certificado em Administração das Artes, e com o Instituto Politécnico de Macau, com a abertura de cursos relacionados com a indústria da arte criativa, como a Arte Visual e o Design.

Ao mesmo tempo, disponibilizou bolsas de investigação académica, incentivando os estudantes e professores universitários a serem “pessoas com grandes aspirações e determinação” que desenvolvam pesquisas sobre a história, a cultura, a arte, o sistema político e a interpenetração da cultura ocidental e oriental em Macau. O trabalho de investigação dos bolseiros figurará entre as publicações de investigações de estudos culturais do Instituto Cultural. Este trabalho aconteceu numa situação semelhante à que ocorreu este ano no Centro de Estudos da Universidade de Macau em que foi aberto o “Estudo de Macau”.

Iniciar a pesquisa “Estudo de Macau”, foi precisamente a força motora

necessária para avançar rapidamente com o projecto da colectânea de mapas antigos e o Instituto Cultural pretende continuar a cooperar com o Centro de Estudos de Macau. Para além das novas bolsas de estudo para avaliação académica o Centro, depois de uma selecção rigorosa, convidou historiadores de diferentes áreas para falar de tópicos que lhes são familiares, dar conselhos académicos a pessoas não especialistas; ao mesmo tempo que incentiva os bolseiros a dar palestras individuais relacionadas com os seus projectos, sendo realizados filmes e a respectiva edição, para que muito mais espectadores, especialmente aqueles que frequentam o ensino superior e outros jovens, possam receber a mensagem deste projecto. •

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