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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE VETERINÁRIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL
ESTUDO CLÍNICO E HISTOLÓGICO DAS PÁLPEBRAS, CONJUNTIVA E CORNEA HÍGIDAS SUBMETIDAS A
TRATAMENTO LOCAL COM SOLUÇÕES ANESTÉSICAS EM COELHOS
Andréia Vitor Couto do Amaral
Orientador: Prof. Dr. Nilo Sérgio Troncoso Chaves
GOIÂNIA
2005
i
ANDRÉIA VITOR COUTO DO AMARAL
ESTUDO CLÍNICO E HISTOLÓGICO DAS PÁLPEBRAS, CONJUNTIVA E CÓRNEA HÍGIDAS SUBMETIDAS A
TRATAMENTO LOCAL COM SOLUÇÕES ANESTÉSICAS EM COELHOS
Dissertação apresentada para
obtenção do grau de Mestre em
Ciência Animal junto a Escola de
Veterinária da Universidade Federal de
Goiás.
Área de concentração: Patologia,
clínica e cirurgia animal.
Orientador: Prof. Dr. Nilo Sérgio Troncoso Chaves - EV/UFG
Comitê de Orientação: Prof. Dr. Luiz Antônio Franco da Silva - EV/UFG
Prof. Dr. Eugênio Gonçalves de Araújo - EV/UFG
GOIÂNIA
2005
ii
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
(GPT/BC/UFG)
Amaral, Andréia Vitor Couto do. A485e Estudo clínico e histológico das pálpebras, conjuntiva e córnea hígidas submetidas a tratamento local com solu- ções anestésicas em coelhos / Andréia Vitor Couto do A- maral. – Goiânia, 2005. xii, 39 f. : il. color. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Goiás, Escola de Veterinária, 2005. Bibliografia: f. 35. Inclui lista de figuras, de quadros, de tabelas. Anexos.
1. Coelho - Histologia 2. Coelho – Clínica veteriná- ria I. Universidade Federal de Goiás. Escola de Veteri- nária II. Título CDU: 636.92
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente, à minha família, especialmente a minha mãe,
Eni Vitor Couto do Amaral e meu pai, Alberto César do Amaral, sempre presente na
minha vida, dando o amor e força necessários, compreendendo a minha ausência
e superando as dificuldades para a realização de meus sonhos.
Ao professor, orientador deste trabalho e futuro orientador em meu
doutorado, Dr. Nilo Sérgio Troncoso Chaves, por repartir seus conhecimentos, pela
incontestável orientação e por creditar confiança em meu trabalho.
Ao Prof. Dr. Luiz Augusto Batista Brito, Prof. Dr. Jurij Sobestiansky, Prof.
Dr. Eugênio Gonçalves de Araújo, Profª Drª Maria Clorinda Soares Fioravanti, Profª
Drª Neusa Margarida Paulo, Profª Drª Maria da Conceição, Profª MSc. Moema
Pacheco Chediak Matos, Profª MSc. Ana Paula Iglesias Santin, Profª MSc. Regiane
Nascimento Gagno Porto, Prof. Dr. Olízio Claudino da Silva, Prof. MSc. Paulo
Henrique Jorge da Cunha, pelo aprendizado, dedicação ou simplesmente convívio
no decorrer do mestrado. Ao Prof. MSc. Adilson Donizeti Damasceno e Prof. MSc.
Afonso Henrique Miranda, pela amizade e apoio insubstituível para realização
deste trabalho. Em especial ao Prof. Dr. Luiz Antônio Franco da Silva, por sua
amizade, por seus ensinamentos e ajuda constante.
Ao Prof. MSc. Luiz Fernando Fleury e Prof. MSc. Marcos de Almeida
Souza, pela inestimável colaboração na leitura dos cortes histológicos.
Aos alunos de graduação Marcelo Santos Rocha, Alessandra
Nascimento de Souza e Flávia Gontijo de Lima, pela dedicação e responsabilidade
no tratamento dos animais.
Ao diretor do Hospital Veterinário da EV-UFG, MV. MSc. Apóstolo
Ferreira Martins, pela ajuda na execução deste estudo.
Aos colegas e companheiros de curso: Kellen de Sousa Oliveira, Liliana
Borges de Menezes, Meryonne Moreira e Rodrigo Oliveira França pela amizade e
convivência de um tempo que deixará saudades.
Aos meus amigos: Profª. MSc. Alana Flávia Romani, MV. MSc. Luiz
Felipe Ramos de Carvalho, MV. Ediane Batista da Silva, pelo apoio e carinho.
v
Ao Técnico de Laboratório Sr. Antônio Souza da Silva, pelo aprendizado
e pelo processamento das lâminas deste estudo.
Agradeço com indisfarçável admiração e franca sinceridade ao Prof. Dr.
Fernando Antônio Bretas Viana, da Escola de Veterinária da Universidade Federal
de Minas Gerais, pela amizade, por eu amar a oftalmologia veterinária e ter um
profissional em quem espelhar.
À Fundação de Apoio à Pesquisa (FUNAPE) pelo apoio financeiro
parcial do projeto e ao CNPq pela bolsa de mestrado.
vi
“O valor das coisas não está no tempo
que elas duram, mas na intensidade com
que acontecem. Por isso existem
momentos inesquecíveis, coisas
inexplicáveis e pessoas incomparáveis”.
Fernando Pessoa
vii
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ...............................................................................................viii LISTA DE QUADROS .............................................................................................. ix LISTA DE TABELAS ................................................................................................. x RESUMO.................................................................................................................. xi ABSTRACT ............................................................................................................. xii 1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................1 2. REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................5 2.2 Anatomia e fisiologia da córnea e da superfície ocular .......................................5 2.3 Alterações promovidas por colírios anestésicos na superfície ocular .................7 3. MATERIAL E MÉTODOS....................................................................................11 3.1 Local..................................................................................................................11 3.2 Animais de experimentação ..............................................................................11 3.3 Manejo dos animais ..........................................................................................11 3.4 Tratamentos ......................................................................................................12 3.4.1 Grupos experimentais ....................................................................................12 3.4.2 Soluções Oftálmicas.......................................................................................13 3.5 Avaliação clínica................................................................................................14 3.5.1 Protocolos de avaliação clínica ......................................................................14 3.6 Eutanásia ..........................................................................................................17 3.7 Estudo histológico .............................................................................................17 3.7.1 Avaliação histológica......................................................................................18 3.8 Análise estatística .............................................................................................18 4. RESULTADOS ....................................................................................................19 4.1. Avaliação clínica...............................................................................................19 4.2. Avaliação Histológica .......................................................................................22 4.2.1 Córnea............................................................................................................22 4.2.2 Conjuntiva ......................................................................................................24 4.3 Análise estatística .............................................................................................27 5. DISCUSSÃO .......................................................................................................29 6 CONCLUSÃO.......................................................................................................34 7 REFERÊNCIAS....................................................................................................35 ANEXOS .................................................................................................................40
viii
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Animais que receberam tratamento com colírios anestésicos: olho direito de um animal tratado por três dias com colírio de cloridrato de tetracaína apresentando blefarite com presença de secreção mucóide (A); olho direito de um animal tratado com colírio de cloridrato de tetracaína por sete dias, ao quinto dia de tratamento, apresentando ceratite puntiforme em grau leve (B); olho direito de animal tratado com colírio de proparacaína apresentando discreta hiperemia conjuntival (C); olho esquerdo de animal tratado com colírio de tetracaína apresentando quemose e secreção mucóide........................21
FIGURA 2 Fotomicrografias histológicas de córnea de coelho submetido ao tratamento com colírio anestésico: (1) epitélio; (2) estroma; (3) membrana de Descemet; (4) endotélio; (A) tratamento de 15 dias com colírio de cloridrato de tetracaína a 1%: perfeita integração do endotélio corneano e membrana de Descemet e disposição normal das fibras colágenas estromais (HE, 125X); (B) tratamento de sete dias com colírio de tetracaína 1%: detalhes do arranjo normal das camadas epiteliais e estroma subjacente (HE, 1000X); (C) tratamento de 15 dias com colírio de cloridrato de proparacaína a 0,5%: detalhes da camada endotelial e da membrana de Descemet, tecido corneano sem alterações (HE, 400X); (D) tratamento de três dias com colírio de cloridrato de proparacaína a 0,5%: regularidade das fibras colágenas (Mallory, 250X). ......................................................................................23
FIGURA 3 Fragmentos de conjuntiva palpebral de coelhos tratados com colírio de cloridrato de tetracaína a 1%, corados pela hematoxilina-eosina: animal tratado por sete dias (A): edema intenso na região entre o estroma e a lâmina própria (estrela), hiperplasia de células globosas (seta) (125X); animal tratado por sete dias (B): edema acentuado (estrela) envolvendo estroma e epitélio (125X); animal tratado por três dias (C): hiperemia (seta vermelha), discreto edema estromal (estrela preta), discreta hiperplasia de células globosas (seta preta), região do fórnix conjuntival (seta vermelha), onde foi encontrada a maior parte das alterações deste estudo (400X); animal tratado por quinze dias (D): intensa hiperplasia de células globosas (seta preta), infiltrado inflamatório com presença de eosinófilos (seta vermelha). (400X) ........27
ix
LISTA DE QUADROS QUADRO 1 Distribuição dos grupos em função da solução utilizada e a duração
do tratamento .....................................................................................13
x
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Resultados da avaliação clínica dos olhos em que se instilou colírio de cloridrato de proparacaína a 0,5%, no período de 1º de Março a 31 de Agosto de 2004, Goiânia, GO.................................................................19
Tabela 2 Resultados da avaliação clínica dos olhos em que se instilou colírio de cloridrato de tetracaína a 1%, no período de 1º de Março a 31 de Agosto de 2004, Goiânia, GO.................................................................22
Tabela 3 Resultados da avaliação clínica dos olhos dos grupos tratados com cloridrato de proparacaína, grupos tratados com cloridrato de tetracaína e grupos tratados com solução fisiológica (controle) e sua relação com a cor da pelagem, sexo, olho e tratamento utilizado no período de 1º de Março a 31 de Agosto de 2004, Goiânia, GO. ............40
xi
RESUMO
O propósito deste estudo foi comparar, utilizando parâmetros clínicos e histológicos, as alterações córneo-conjuntivais promovidas pelo uso local de solução anestésica a base de cloridrato de proparacaína a 0,5% e de solução anestésica a base de cloridrato de tetracaína a 1% em coelhos. Foram utilizados 63 coelhos da raça Nova Zelândia, espécie Oryctolagus cuniculus, saudáveis, com peso corpóreo médio de 2500g, com três a quatro meses de idade. Desses, 21 eram de pelagem vermelha, sendo 13 machos e 8 fêmeas, e 42 albinos, sendo 31 machos e 11 fêmeas, distribuídos, por meio de sorteio, em nove grupos de sete animais (G1, G2, G3, G4, G5, G6, G7, G8 e G9). Os animais pertencentes aos grupos G1, G2 e G3 foram tratados com colírio a base de cloridrato de proparacaína a 0,5%, aqueles que constituíram os grupos G4, G5 e G6 com colírio a base de cloridrato de tetracaína a 1% e, aqueles que pertenciam aos grupos G7, G8 e G9 com solução fisiológica a 0,9%. Os animais pertencentes aos grupos G1, G4 e G7 foram tratados por três dias, aqueles pertencentes aos grupos G2, G5 e G8 por sete dias e, aqueles que compuseram os grupos G3, G6 e G9, por 15 dias. O protocolo terapêutico instituído foi o mesmo para todos os grupos, constando de instilação de uma gota da solução em cada olho, a cada duas horas, durante doze horas do dia, perfazendo um total de seis instilações diárias em cada olho. Ao final dos tratamentos, os animais foram submetidos à eutanásia utilizando injeção de thiopental sódico, na dose de 65 mg por quilograma de peso vivo, na veia marginal da orelha. Para a avaliação histológica foram utilizados dois animais machos albinos de cada grupo experimental, perfazendo um total de 36 olhos. Nos animais tratados com colírio de cloridrato de tetracaína verificaram-se alterações clínicas que incluíram conjuntivite em 100% dos animais, blefarite e presença de secreção do tipo mucosa em 69,05 a 100% dos olhos, sendo que, apenas um animal apresentou ceratite puntiforme em um olho ao quinto dia de tratamento. A única alteração clínica apresentada nos olhos dos animais tratados com cloridrato de proparacaína caracterizou-se por discreta hiperemia em até 21,43% dos olhos. Clinicamente, não foi verificada diferença estatística entre os grupos tratados com cloridrato de proparacaína e aqueles que receberam solução fisiológica. Histopatologicamente, foi observada uma toxicidade ao cloridrato de proparacaína menor do que a causada pela tetracaína e não foi observada diferença estatística quando se comparou ao grupo controle, tratado com solução fisiológica. As lesões histológicas nas conjuntivas constituíram em edema, hiperemia, linfoangiectasia, hiperplasia de folículos linfóides e de células globosas e infiltrados inflamatórios do tipo mononuclear com presença de eosinófilos. Diante dos resultados, permitiu-se concluir que o tratamento com as soluções anestésicas não produziu alterações estatisticamente significativas nas córneas hígidas de coelhos e, o colírio a base de cloridrato de tetracaína a 1% promoveu alterações significativas nas pálpebras e conjuntiva ocular hígidas de coelhos. Palavras-chave: coelho, conjuntiva ocular, colírios anestésicos, córnea, proparacaína, tetracaína
xii
ABSTRACT
The aim of this study was to compare, using clinical and histological parameters, corneal and conjunctival alterations due to local use of 0,5 % proparacaine hydrochloride and 1% tetracaine hydrochloride anesthetic solutions in rabbits. Sixty three healthy New Zealand rabbits from specie Oryctolagus cuniculus, with average weight of 2,500 g and age from three to four months were used. Twenty one had red fur (13 male and 8 female) and 42 were albinic (31 male and 11 female) were randomly distributed in nine groups with seven animals each (G1, G2, G3, G4, G5, G6, G7, G8 e G9). Animals from G1, G2 and G3 were treated with 0,5% proparacaine hydrochloride eyedrops, G4, G5 and G6 had instilled 1% tetracaine hydrochloride eyedrops and G7, G8 and G9 received 0,9% saline solution ocular drops. G1, G4 and G7 were treated for three days, G2, G5 and G8 for seven days and G3, G6 and G9 for fifteen days. The therapeutic protocol established was the same for all groups and based in instillation of one drop in each eye, every two hours, during twelve hours of the day, totalizing six daily instillation for each eye. At the end of treatment the animals were sacrified using sodium thiopental in a dosis of 65 mg/kg in ear marginal vein. For histological study it was used two albinic male animals from each experimental group, totalizing thirty six eyes. Animals treated with 1% tetracaine hydrochloride showed clinical changes characterized by conjunctivitis in 100%, blepharitis and mucous secretion in 69,05 to 100% of the eyes, and only one showed pinpoint ceratitis in one eye at the fifth day of treatment. The only clinical abnormality showed on animals eyes treated with 0,5% proparacaine hydrochloride was a mild hyperemia in 21,43%. Clinically, it wasn’t observed statistical difference between animals treated with propacaraine hydrochloride and those treated with physiologic solution. In the histological study, the toxicity of the use of proparacaine hydrochloride was lower than the toxicity of tetracaine hydrochloride which was not statistically different when compared to the groups treated whith physiological solution. Conjuntival injuries were edema, hyperemia, lymphangiectasia, lymphoid follicles and round cells hyperplasia and mononuclear inflammatory infiltratration with presence of eosinophils. According to the results, we may conclude that the treatment with anesthetic solution didn’t show statistically significant changes in normal cornea of rabbits and 1% tetracaine hydrochloride eye drops induced significative changes in eyelids and ocular conjunctiva of the rabbits. Key words: anesthetic eyedrops, cornea, ocular conjunctiva, proparacaine, rabbit, tetracaine
1. INTRODUÇÃO
A superfície ocular, especialmente a córnea, é amplamente inervada
por terminações sensitivas da primeira divisão do trigêmio, sendo que, em
algumas regiões a densidade destas inervações pode ser de 300 a 600 vezes
maior que a pele (ROZSA & BEUERMAN, 1982). Os troncos nervosos penetram
no estroma junto ao limbo, avançando radialmente em direção à córnea central,
onde se ramificam repetidas vezes, terminando no epitélio como terminações
nervosas livres (COLLINS & RENDA, 1996; DAMASCENO & CHAVES, 2003).
Por esta razão, o emprego de colírios anestésicos nos procedimentos
diagnósticos e cirúrgicos oftalmológicos é de fundamental importância para
garantir o conforto do paciente e facilitar a inspeção e exploração ocular
(COUTINHO, 1988).
Os colírios anestésicos desempenham um papel de fundamental
importância na oftalmologia humana e veterinária. Manipulações simples para fins
diagnóstico, tais como a tonometria e a inspeção em busca de corpo estranho
ocular, seriam praticamente impossíveis sem a utilização destes fármacos. Estas
substâncias bloqueiam, de forma reversível, a transmissão de estímulos
nervosos, sendo sua principal ação farmacológica a interrupção do processo de
excitação e condução do estímulo nervoso em fibras periféricas. O papel
reversível da ação da droga é necessário de maneira a garantir a integridade das
estruturas atingidas (COUTINHO, 1988).
Os mecanismos de ação desses fármacos se processam na membrana
celular, diminuindo a permeabilidade transitória aos íons sódio. À medida que
avança a ação anestésica, o limiar para excitação elétrica é aumentado, até o
nível que se dá o bloqueio. Os anestésicos locais, portanto, possuem a
propriedade de bloquear a entrada de sódio na fibra nervosa (MARCONDES,
1999; GELATT, 1999).
As teorias propostas para explicar os mecanismos de ação dos
anestésicos locais podem ser classificadas em duas categorias: a que atribui o
efeito anestésico à ligação destes à proteína canal de sódio e a que considera a
interação dos anestésicos locais com lipídios da membrana, também conhecida
como “hipótese do lipídio”, como mecanismo responsável pelas alterações no
2
canal. Na primeira categoria enquadram-se inúmeras tentativas de explicar a
ligação direta dos anestésicos locais em um ou mais sítios específicos do canal
de sódio, alterando sua conformação e levando à inativação temporária do canal.
Na hipótese do lipídio considera-se que as alterações causadas pelos anestésicos
nas propriedades estruturais e dinâmicas da matriz lipídica como a separação
lateral de fases, aumento da fluidez ou lise celular, levariam a mudanças
conformacionais no canal de sódio, causando sua inativação (FRACETO, 2003).
Os anestésicos mais comumente utilizados em oftalmologia humana e
veterinária são o cloridrato de tetracaína e o cloridrato de proparacaína
(RAPUANO, 1990; GRANT & ACOSTA, 1994; MARCONDES, 1999; STILES et
al., 2001).
O cloridrato de tetracaína é um derivado do ácido para-aminobenzóico.
Soluções para uso oftalmológico a 0,5% e a 2% podem ser instiladas diretamente
no fundo de saco conjuntival. A tetracaína é o mais potente anestésico local e o
de maior penetração na córnea, daí a sua grande utilização. O cloridrato de
proparacaína, que também recebe a denominação brasileira de cloridrato de
proximetacaína, é um derivado éster do ácido benzóico e possui características
similares às da tetracaína. O fármaco é apresentado numa solução de 0,5%, e o
tempo para início da anestesia é em torno de 13 segundos, perdurando por 15
minutos em média. (GRANT & ACOSTA, 1994; CAMPOS et al., 1994;
BARTFIELD et al., 1994; MARCONDES, 1999).
A utilização de colírios anestésicos é freqüentemente associada ao
aparecimento de uma série de fenômenos tóxicos no epitélio da córnea, sendo
que, a lesão clássica decorrente do abuso destes fármacos consiste num infiltrado
em forma de anel no estroma corneal. Seu uso vem sendo proposto no pós-
operatório de intervenções corneanas, especialmente na ceratectomia
fotorrefrativa (PRK), procedimento onde é realizado uma ampla desepitelização
da córnea, deixando exposto o estroma, o que causa intensa reação dolorosa.
Porém, instilações repetidas destes fármacos potencializam lesões corneanas e
retardam sua cicatrização interferindo na regeneração epitelial, tanto na mitose
como na migração celular. A Microscopia confocal mostrou que o plexo nervoso
no estroma anterior permanece intacto, sendo responsável pelas severas
manifestações de dor no pós-operatório, especialmente nas primeiras 24 horas
3
(SEILER & WOLLENSAK, 1991; CHERRY et al., 1994; VERMA & MARSHALL,
1996; ARSHINOFF et al., 1996; MOREIRA et al., 1999; TANI et al., 2002).
O mecanismo exato da toxicidade destes fármacos não foi esclarecido,
porém sabe-se que possuem efeito tóxico direto sobre a célula e diminuição da
ação trópica das fibras nervosas (GRANT & ACOSTA, 1994). A tetracaína, por
exemplo, promove dano à membrana podendo causar eventualmente morte
celular (BOLJKA et al., 1994). Alterações na morfologia celular indicam que a
tetracaína pode acometer o citoesqueleto, resultando em diminuição da
viabilidade celular (MOREIRA et al., 1999).
Uma possível explicação para a ocorrência do infiltrado em forma de
anel induzido pelo abuso de colírios anestésicos foi proposta por
ROSENWASSER et al (1990). O autor e colaboradores postularam que a
liberação de um fator antigênico induziria a dissociação de complexos de
motilidade baseados na vinculina, resultando em uma resposta antígeno-
anticorpo. A reação imune seria responsável pela destruição primária do epitélio,
o que classificaria a ceratite “tóxica” secundária ao abuso de colírios anestésicos
como um tipo de ceratite imunomediada.
Conhecido o efeito tóxico à córnea, tentou-se reduzir ou eliminar esta
característica do cloridrato de proparacaína empregando-o em menores
concentrações em preparados de uso ocular (BRADY et al., 1994). BISLA &
TANELIAN (1992) especularam que a instilação de anestésico diluído poderia
promover anestesia corneana efetiva. MAURICE & SINGH (1985) não
constataram alterações no epitélio corneano quando instilado cloridrato de
proparacaína a 0,3% em coelhos durante uma semana. SHAHINIAN et al. (1997)
demostraram, em humanos, que o uso de colírio a base de cloridrato de
proparacaína a 0,05% induziu analgesia e não anestesia corneana, não
desencadeando toxicidade epitelial corneana. Os autores concluíram que a sua
utilização na primeira semana após PRK foi segura.
Devido ao aumento no número de cirurgias corneanas, nas quais é
necessário minimizar a dor no pós-operatório, a escassez de medicações locais e
sistêmicas eficazes, decidiu-se investigar o efeito tóxico de colírios anestésicos,
disponíveis comercialmente. O propósito deste estudo foi comparar, utilizando
parâmetros clínicos e histológicos, as alterações córneo-conjuntivais promovidas
4
pelo uso local de solução anestésica a base de cloridrato de proparacaína a 0,5%
e de solução anestésica a base de cloridrato de tetracaína a 1% em coelhos.
5
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.2 Anatomia e fisiologia da córnea e da superfície ocular
A superfície ocular é composta pelos epitélios da córnea, limbo e
conjuntiva, sendo o revestimento do epitélio da córnea contínuo com o epitélio
conjuntival (conjuntiva bulbar). A transição entre a esclera e a córnea ocorre
abruptamente na junção córneo-escleral, denominada limbo (BANKS, 1991). Os
três epitélios apresentam características comuns, porém diferenciam-se tanto
fenotípicamente quanto funcionalmente. São do tipo pavimentoso estratificado,
não queratinizado e repousam sobre uma membrana basal composta
basicamente de colágeno do tipo IV e proteínas da matriz extracelular.
Externamente encontram-se revestidos pelo filme lacrimal, apresentando uma
íntima relação metabólica (GOMES et al., 2002).
A córnea é a única porção transparente da túnica fibrosa do globo
ocular, sendo sua função mais importante a transmissão e a refração da luz, além
de ser uma barreira física, impermeável e resistente entre as estruturas internas
do olho e o meio ambiente (GELLAT, 1999; SLATTER, 2001). A efetividade óptica
da córnea é dependente da integridade física e funcional das camadas que a
compõe (PHILIPS & MAGRANE, 1957). A transparência é garantida pela
ausência de queratina no epitélio; manutenção do grau de turgescência
(desidratação relativa) do estroma em aproximadamente 81%; ausência de vasos
sanguíneos, vasos linfáticos e pigmentos; superfície anterior lisa conferida pelo
filme lacrimal; número reduzido de células e alto conteúdo de
mucopolissacarídeos no estroma; arranjo organizado das lamelas de colágeno e
pela manutenção de um espaço regular de 55 nm entre as fibras colágenas,
mantidas na posição pelos componentes da matriz fundamental do estroma
(BLOGG, 1980; STADES et al., 1999; SLATTER, 2001).
A córnea é composta por quatro camadas: epitélio anterior, estroma,
membrana de Descemet e endotélio. O epitélio consiste de uma camada de
células colunares, aderidas à membrana basal, duas a três camadas de células
poliédricas e duas a três camadas de células escamosas não queratinizadas. A
6
camada de células basais está firmemente aderida por hemidesmossomos à
membrana basal, por sua vez composta por fibrilas de colágenos tipo IV, VI e VII,
além de laminina, fibronectina e hialuronato. O estroma compõe cerca de 90% da
espessura total da córnea e é formado por fibrilas de colágeno (tipo I, III, V, VI e
XII), queratinócitos e fibras nervosas amielínicas. Sua matriz extracelular contém
glicosaminoglicanos (sulfato de condroitina 4 e 6, sulfato de dermatana, sulfato de
queratana) que são essenciais para a manutenção da adequada hidratação da
córnea. A membrana limitante caudal (membrana de Descemet) separa a camada
estromal do endotélio, é acelular e composta por fibrilas de colágeno dispostas de
forma ordenada. A face posterior da córnea é revestida pelo endotélio, constituído
por células pavimentosas que formam um revestimento celular estreitamente
interdigitado, separando-a do humor aquoso presente na câmara anterior
(BANKS, 1991; GELATT, 1999; SLATTER, 2001; MEEK & BOOTE, 2003).
A água penetra na córnea sob a influência da pressão intra-ocular
exercida pelo humor aquoso e por atração pelo colágeno e mucopolissacarídeos
do estroma. A turgescência é mantida as custas da integridade estrutural e
fisiológica do epitélio e endotélio (SLATTER, 2001). O epitélio controla o conteúdo
de água prevenindo a entrada da porção aquosa do filme lacrimal pré-corneal.
Contudo, verifica-se que uma interferência no suprimento de oxigênio para o
epitélio intensifica a glicólise anaeróbia causando um acúmulo de lactato e água,
provocando edema. Caso ocorra uma lesão epitelial, a espessura corneana pode
dobrar e o edema resultante irá se restringir à área lesada (MAGRANE, 1977;
BARRETO, 1996).
O endotélio procura manter o teor hídrico da córnea através de uma
bomba metabólica (transporte ativo dependente de oxigênio), que remove a água
excedente do estroma de volta ao humor aquoso, contra o gradiente de pressão
(BLOGG, 1980; SLATTER, 2001). Quando o endotélio é lesado, a córnea absorve
uma grande quantidade de água, aumentando sua espessura em três a quatro
vezes (BARRETO, 1996). Esta intensa edemaciação justifica-se pela maior
pressão hidrostática exercida pelo humor aquoso quando comparada à pressão
exercida pelo filme lacrimal (MILLER, 1960). Os fluidos acumulados entre as
lamelas do estroma alteram a orientação paralela das fibras colágenas,
produzindo opacidade (MEEK & BOOTE, 2003).
7
A conjuntiva é uma membrana mucosa fina que se dobra nos fórnices
superior e inferior, formando um espaço chamado saco conjuntival, que se abre
na fissura palpebral. É subdividida em conjuntiva bulbar, fórnice, dobra semilunar
e conjuntiva palpebral (LIMA et al., 1999). A conjuntiva bulbar consiste de células
epiteliais (seis a nove camadas no homem), além de células califormes secretoras
de mucina, linfócitos, melanócitos e células de Langerhans; está firmemente
aderida ao limbo, onde seu epitélio é contínuo com o epitélio corneano, assim
como a conjuntiva palpebral, contínua ao epitélio da pálpebra. O estroma
conjuntival é formado por tecido conjuntivo frouxo e contém glândulas e folículos
linfáticos (linfócitos, mastócitos, plasmócitos e neutrófilos) na camada superficial
e, na camada fibrosa, vasos sanguíneos e nervos. O epitélio do limbo contém
melanócitos, células de Langerhans e células precursoras do epitélio corneano
(GELATT, 1999; GARTNER & HIATT, 1999; GOMES et al., 2002).
A terceira pálpebra, ou membrana nictante, possui nódulos linfóides em
sua face bulbar e seu esqueleto é representado por uma cartilagem hialina em
forma de “T”, tecido conectivo denso irregular, músculo esquelético, tecido
adiposo e glândulas do tipo serosa e mucosa. A superfície é recoberta por epitélio
escamoso estratificado não-queratinizado e a face bulbar possui um número
maior de células caliciformes ou globosas (NUR & UNAL, 2002).
2.3 Alterações promovidas por colírios anestésicos na superfície ocular
Soluções a base de tetracaína para uso ocular provocam ardor e
sensação de queimação local por aproximadamente 30 segundos, quando se
instala o efeito anestésico (FLECKNELL, 1987; MARCONDES, 1999). A
proparacaína é confortável ao uso, bem tolerada pelos pacientes e apresenta
baixa toxicidade quando comparada à tetracaína, características que a tornam um
anestésico muito utilizado em oftalmologia, apesar de não penetrar na córnea e
conjuntiva tão bem quanto a tetracaína (GRANT & ACOSTA, 1994; CAMPOS et
al., 1994; BARTFIELD et al., 1994; MARCONDES, 1999)
VERMA et al. (1995) realizaram um estudo clínico para avaliar o
desempenho de anestésicos tópicos no controle da dor pós-operatória de
8
pacientes submetidos a PRK. Os autores concluíram que o cloridrato de
tetracaína a 1 % instilado a cada 30 minutos durante as primeiras 48 horas não
promoveu retardo na cicatrização.
Como principais manifestações clínicas do uso excessivo de colírios
anestésicos, o epitélio corneano desenvolve ceratite superficial puntiforme, edema
e opacificação corneana e há perda de epitélio da área central (DASS et al., 1988;
ZAGELBAUM et al., 1994). Infiltrados estromais e dobras na membrana de
Descemet também foram evidenciados (RAPUANO, 1990; KIM et al., 1994;
ROCHA et al., 1995). Foram também observados danos à membrana plasmática
e alterações na morfologia celular, podendo alterar o citoesqueleto epitelial,
promovendo ruptura das fibras de actina (SEABAUGH et al., 1993; VARGA et al.,
1997).
Alguns estudos revelaram que os efeitos tóxicos dos agentes
anestésicos sobre a córnea ocorrem com seu uso indiscriminado por mais de três
dias (VERMA & MARSHALL, 1996; ZAGELBAUM, 1994). BOLJKA et al. (1994).
Ceratite superficial, infiltrados e granulações e dobras na membrana de Descemet
foram observados após uma semana de uso contínuo de colírios anestésicos
(GRANT & ACOSTA, 1994; ROCHA et al., 1995). Já MARCONDES (1999)
postulou que os efeitos tóxicos imediatos à droga, que incluem a ceratite
puntiforme superficial e edema estromal acentuado, podem se instalar em até 30
minutos após seu uso.
Os efeitos de preparados anestésicos em córnea de coelhos foram
estudados por BREWITT et al. (1980) utilizando microscopia de varredura. Foram
observados diminuição do número de microvilos e escurecimento de uma grande
área do epitélio corneano com apenas uma aplicação de pomada oftálmica a base
de cloridrato de proparacaína no saco conjuntival. Com três aplicações
evidenciou-se erosão da superfície epitelial com perda de epitélio com
descamação e ruptura do espaço intercelular.
Alterações promovidas pelo uso de soluções anestésicas foram
observadas em culturas de células epiteliais corneanas. DASS et al. (1988)
estudaram os efeitos do cloridrato de proparacaína no citoesqueleto de actina in
vitro em células do epitélio corneano de coelhos, onde observaram ruptura e
desorganização das fibras de actina e junções celulares, porém houve reversão
9
destas alterações após um período de ausência da droga. GRANT & ACOSTA
(1994) avaliaram a citotoxicidade in vitro de soluções anestésicas, descrevendo
presença de vacuolizações e granulações citoplasmáticas, marcante
pseudopodia, além de extensas alterações morfológicas e destruição celular,
sendo que, o cloridrato de tetracaína mostrou-se ser cerca de quatro vezes mais
tóxico do que o cloridrato de proparacaína em culturas primárias de epitélio
corneano de coelhos.
A avaliação da reparação do epitélio corneano após trauma constitui
modelo de experimentação útil para o estudo de mecanismos e influências de
diversos fatores na cicatrização, inclusive devido ao uso de drogas, tais como os
anestésicos tópicos (HANNA & BRIEN, 1960; PEYMAN et al., 1995). Em
experimento realizado por MEDEIROS et al. (1999), em que se estudou o efeito
de colírios anestésicos em defeito superficial no epitélio corneano, observou-se
que a proparacaína nas concentrações de 0,05 e 0,5% não induziu alterações
significantes, enquanto que, a tetracaína na concentração de 0,5% retardou a
cicatrização corneana em 36 horas em relação ao grupo controle, sugerindo a
existência de toxicidade epitelial corneana associada ao uso tópico de
proparacaína.
MOREIRA et al (1999) verificaram o efeito de colírios disponíveis no
comércio de cloridrato de tetracaína 0,5 % e de proparacaína 0,5% diluídas em
três concentrações (0,001%, 0,01%, 0,1% e 0,25%) em culturas de queratócitos
estromais. Os autores observaram que ambos os fármacos apresentaram efeitos
tóxicos sobre queratócitos, relativo não somente pela concentração da droga, mas
também ao tempo de exposição, acentuando a hipótese de que anestésicos
locais podem interferir na cicatrização da ferida cirúrgica por meio de fenômenos
tóxicos que resultam em alterações morfológicas do citoesqueleto.
DANNAKER et al. (2001) relataram um caso de dermatite por contato,
provavelmente de origem alérgica, com presença de eczemas e prurido periocular
em um paciente que usou dois colírios, um a base de cloridrato de proparacaína e
outro de cloridrato de tetracaína. Relatos de reação eczematosa em pálpebras de
pacientes que utilizaram colírios anestésicos não são raros, sendo que, alguns
autores sugerem a reação de hipersensibilidade do tipo IV como responsável pelo
desencadeamento dos sinais e sintomas (MARCH & GREENWOOD, 1968;
10
HENKES & WAUBLE, 1978). Histologicamente, após exposição ao antígeno e
conseqüente sensibilização, a reação de hipersensibilidade do tipo IV é
caracterizada por um infiltrado inflamatório composto principalmente de células
monucleares que invadem a derme e conjuntiva em até 24 horas, com formação
de edema e hiperemia (COTRAN et al., 1994; TIZARD, 1996).
Medicamentos oftálmicos disponíveis no comércio geralmente são
associados a preservativos que podem causar danos oculares (BURSTEIN,
1980). GASSET et al. (1974) estudaram a toxicidade de preservativos,
demonstrando que o cloreto de benzalcônio pode possuir efeitos tóxicos, porém,
quando empregado na concentração de 0,04% mostrou-se seguro e efetivo. A
ação da fenilefrina em preparados anestésicos oculares é devido a sua ação
vasoconstritora (ANDRADE, 2002; FRAUNFELDER et al., 2002; HIGAKI et al.,
2005).
11
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Local
O estudo foi realizado no Hospital Veterinário da Escola de Veterinária da
Universidade Federal de Goiás (EV/UFG) e no Laboratório de histopatologia do
Departamento de Patologia da EV/UFG, no período de abril de 2004 a janeiro de
2005.
3.2 Animais de experimentação
Foram utilizados 63 coelhos da raça Nova Zelândia, espécie Oryctolagus
cuniculus, saudáveis, com peso corpóreo médio de 2500g, com três a quatro
meses de idade, obtidos de criatório comercial no Município de Goiânia – Goiás.
Desses, 21 eram de pelagem vermelha, sendo 13 machos e 8 fêmeas, e 42
albinos, sendo 31 machos e 11 fêmeas.
Previamente ao estudo experimental, os animais foram avaliados
clinicamente para exclusão de qualquer anormalidade sistêmica ou ocular que
pudessem interferir com os resultados.
3.3 Manejo dos animais
Na recepção, previamente à transferência às gaiolas, os animais
receberam duas identificações por meio de sorteio, sendo a primeira
correspondente ao número de identificação (1 a 63) e a segunda correspondente
ao tratamento ao qual seria submetido. Os animais foram numerados na face
externa da orelha esquerda utilizando caneta marcador atóxica (Permanent
Marker – Starpie, EUA) e na face interna da mesma utilizando Tatuador.
12
Os animais foram mantidos em gaiolas próprias para a espécie, e para
instilação dos colírios, foi utilizada bancada de madeira de localização próxima às
gaiolas.
O manejo alimentar constituiu-se de ração balanceada e água à vontade
uma vez ao dia.
A rotina diária de manejo dos animais incluiu limpeza do local, no período
da manhã, utilizando água e sabão e higienização das gaiolas, bebedouros e
comedouros no período da manhã e da tarde.
Os animais foram tratados conforme normas estabelecidas pelo Colégio
Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA) (GOLDENBERG, 2000) e Código
de Ética no Uso Científico de Animais (DUNIN & SOUZA, 1996).
3.4 Tratamentos
3.4.1 Grupos experimentais
63 coelhos foram distribuídos, por meio de sorteio, em nove grupos de
sete animais (G1, G2, G3, G4, G5, G6, G7, G8 e G9). Os animais pertencentes
aos grupos G1, G2 e G3 foram tratados com colírio a base de cloridrato de
proparacaína a 0,5% (ver alínea “a”, item 3.4.2), aqueles que constituíram os
grupos G4, G5 e G6 foram tratados com colírio a base de cloridrato de tetracaína
a 0,5% (ver alínea “b”, item 3.4.2) e, aqueles que pertenciam aos grupos G7, G8 e
G9 foram tratados com solução fisiológica a 0,9% (Halex Istar Indústria
Farmacêutica Ltda, Anápolis – GO). Os animais pertencentes aos grupos G1, G4
e G7 foram tratados por três dias, aqueles pertencentes aos grupos G2, G5 e G8
foram tratados por sete dias e, aqueles que compuseram os grupos G3, G6 e G9,
por 15 dias (Quadro 1).
O protocolo terapêutico instituído foi o mesmo para todos os grupos,
constando de instilação de uma gota da solução em cada olho, a cada duas
horas, durante doze horas do dia, perfazendo um total de seis instilações diárias
em cada olho.
13
QUADRO 1 - Distribuição dos grupos em função da solução utilizada e a duração do tratamento
Período (dias) Tratamento
3 7 15
Proparacaína 0,5% G1 (7 animais,
n=14)
G2 (7 animais,
n=14)
G3 (7 animais,
n=14)
Tetracaína 1% G4 (7 animais,
n=14)
G5 (7 animais,
n=14)
G6 (7 animais,
n=14)
Fisiológico 0,9% G7 (7 animais,
n=14)
G8 (7 animais,
n=14)
G9 (7 animais,
n=14)
3.4.2 Soluções Oftálmicas
a) Solução oftálmica a base de proparacaína (Anestalcon – Alcon Laboratórios do Brasil Ltda, São Paulo – SP):
- Cloridrato de proparacaína ....................... 0,5%
- Veículo q.s.p (*). ........................................ 5 ml
(*) Veículo constituído de glicerol, cloreto de benzalcônio como
preservativo e água destilada q.s.p.
b) Solução oftálmica a base de tetracaína (Colírio Anestésico – Allergan Produtos Farmacêuticos Ltda, São Paulo – SP).
- Cloridrato de tetracaína .......................... 1%
- Fenilefrina ............................................... 0,1%
- Veículo q.s.p (*). ..................................... 10 ml
(*) Veículo constituído de ácido bórico, cloreto de benzalcônio como
preservativo e água purificada q.s.p.
14
3.5 Avaliação clínica
Durante o período correspondente a cada tratamento os animais foram
submetidos diariamente a exame clínico ocular para avaliação da superfície da
córnea e conjuntiva. Para tal, foram utilizados fonte de luz, lupa e oftalmoscópio
direto (Miroflex – Heine, Alemanha).
Para o exame clínico avaliou-se a superfície corneana, considerando-se,
principalmente, a ausência ou presença de opacidade e os graus do leucoma
puntiforme e de opacidade corneana. Avaliou-se também a superfície conjuntival
e palpebral, considerando-se, principalmente, a ausência ou presença de
hiperemia, quemose, secreção, blefaroespasmo, epífora e prurido.
3.5.1 Protocolos de avaliação clínica
Para tabulação dos resultados do exame clínico, em cada animal, foram
adotados os seguintes critérios:
a. Conjuntiva e pálpebra
– Secreção
(0) Ausente
(1) Grau leve: Traços de secreção no fundo de saco
conjuntival ou aderida às margens palpebrais
(2) Grau moderado: Pequena quantidade de secreção,
facilmente visível na conjuntiva e margem
palpebral
(3) Grau acentuado: Grande quantidade de secreção
conjuntival e palpebral, permitindo, porém, a
observação do bulbo ocular
(4) Grau intenso: Grande quantidade de secreção conjuntival e
palpebral, dificultando a abertura da fenda
palpebral
15
– Conjuntivite
(0) Ausente
(1) Grau leve: Discreta hiperemia episcleral
(2) Grau moderado: Hiperemia episcleral em grau moderado,
discreta quemose e epífora
(3) Grau acentuado: Moderada a intensa hiperemia episcleral,
discreta quemose e epífora
(4) Grau intenso: Intensa hiperemia episcleral, quemose,
epífora e blefaroespasmo
- Blefarite
(0) Ausente
(1) Grau leve: Discreta hiperemia palpebral
(2) Grau moderado: Hiperemia moderada e discreto edema
palpebral
(3) Grau acentuado: Hiperemia acentuada e moderado edema
palpebral, prurido
(4) Grau intenso: Intensa hiperemia e edema palpebral, prurido
- Secreção ocular (tipos)
-Serosa: secreção límpida e transparente
- Seromucosa: presença de fração serosa e uma fração mucosa
- Mucosa: secreção esbranquiçada
- Purulenta: secreção amarelada na vigência de infecção
16
b) Córnea
- Ceratite superficial puntiforme:
(0) Ausente
(1) Grau leve: Ceratite ponteada que envolve área
correspondente a um quadrante da superfície da
córnea
(2) Grau moderado: Ceratite ponteada que envolve área
correspondente a dois quadrantes da superfície
da córnea
(3) Grau acentuado: Ceratite ponteada que envolve área
correspondente a três quadrantes da superfície
da córnea
(4) Grau intenso: Ceratite ponteada que envolve toda a área
da superfície da córnea
- Ceratite superficial
(0) Ausente
(1) Grau leve: Discreta opacidade da córnea, com visualização
da íris com detalhes
(2) Grau moderado: Moderada opacidade da córnea, com
visualização da íris sem detalhes
(3) Grau acentuado: Moderado a acentuada opacidade da
córnea, com visualização da íris sem detalhes
em algumas áreas
(4) Grau intenso: Acentuada opacidade de córnea sem
visualização da íris
17
3.6 Eutanásia
Ao final dos tratamentos, todos os animais foram submetidos à eutanásia
utilizando injeção de thiopental sódico (Thiopental – Cristália, São Paulo – SP) na
dose de 65 mg por quilograma de peso vivo na veia marginal da orelha, conforme
procedido por MEDEIROS et al. (1999).
3.7 Estudo histológico
Para a avaliação histológica foram utilizados dois animais (quatro olhos)
machos albinos de cada grupo experimental (G1, G2, G3, G4, G5, G6, G7, G8 e
G9), perfazendo um total de 18 coelhos (36 olhos). Imediatamente após a
eutanásia, realizou-se enucleação subconjuntival, além de retirada das pálpebras
e terceira pálpebra. Os tecidos foram transferidos para frascos contendo formol
tamponado a 10% na proporção de 20 vezes o volume do fixador em relação ao
volume da peça para sua fixação, sendo devidamente identificados.
Os tecidos ficaram imersos por 72 horas, quando foram então realizadas
as coletas dos fragmentos para análise histológica. Para tal, o globo ocular foi
seccionado ao meio, assim como as pálpebras e terceira pálpebra. No caso das
duas últimas estruturas, após secção da estrutura ao meio, retirou-se um
fragmento de aproximadamente 30 mm de espessura como amostra. Os tecidos
foram então transferidos para cassetes de histologia devidamente identificados
para serem então novamente imersos em solução de formol tamponado a 10%,
onde permaneceram até o momento do processamento.
O processamento histológico foi realizado conforme rotina do Laboratório
de histopatologia do Setor de Patologia Animal da EV/UFG, que consistiu em
desidratação dos tecidos em álcool etílico (Álcool etílico absoluto PA – Vetec
Química Fina Nacional), em série crescente de 70% até álcool absoluto, seguido
da clarificação da peça em xilol (Xileno PA – Cromato Produtos Químicos Ltda) e
inclusão em parafina histológica (Histotec pastilhas – Merck KGaA) com ponto de
fusão a 56°C.
Na etapa seguinte, as amostras colhidas foram seccionadas numa
espessura de 4 e 6 µm, em micrótomo rotativo (Micrótomo Spencer 820 –
18
American Optical), utilizando navalhas descartáveis (Navalhas descartáveis –
Leica Instruments GmbH). Os cortes obtidos foram corados pela hematoxilina e
eosina (HE) e Tricômio de Mallory, conforme descrito por LUNA (1968). Para
montagem das lâminas empregou-se solução de tolueno (Permount – Fisher
Scientific).
As Lâminas foram examinadas em fotomicroscópio óptico de campo
claro (Microscópio triocular – Modelo Jenaval – Carl Zeiss, Alemanha), sendo as
imagens selecionadas registrados por máquina filmadora (CCD Color câmera
SAC – 410ND – Sansung) acoplada ao microscópio e armazenadas digitalmente
empregando o software PCTV Vision (PCTV Vision (versão 1.04) – Pinacle
Systems Inc).
Para leitura das lâminas, analisou-se os seguintes requisitos: infiltrado
inflamatório na córnea, pálpebra e terceira pálpebra
3.7.1 Avaliação histológica
Para leitura das lâminas, analisou-se os seguintes requisitos de forma
subjetiva: infiltrado inflamatório, hiperemia, edema, hiperplasia de células
globosas (ou caliciformes), hiperplasia de folículos linfóides e linfoangiectasia.
3.8 Análise estatística Para cada animal foi feita a soma dos escores das alterações clínicas de
cada olho, obtendo-se com isso um escore final. Então, utilizou-se teste de
Kruskal-Wallis para se avaliar o efeito dos diferentes tratamentos e do dia da
avaliação clínica sobre o referido escore. Além disso, pelo teste de Wilcoxon
verificou-se o efeito do sexo, cor da pelagem e olho de aplicação sobre o escore
final. As análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o software estatístico
SAEG e adotando-se um nível de significância de 0,05 (UFV, 2003).
19
4. RESULTADOS
4.1. Avaliação clínica
Nos grupos tratados com o cloridrato de proparacaína a 0,5% a única
alteração evidenciada clinicamente foi a hiperemia da conjuntiva em grau leve
(Tabela 1), sendo que, nos animais observados após três dias de tratamento este
sinal foi verificado na freqüência de 16,67% (sete olhos); após sete dias de
tratamento em seis casos (21,43%), e, nos animais tratados por 15 dias a
hiperemia foi constatada em 2 olhos (14,28%). Não foi verificada nenhuma
alteração nas córneas ao exame clínico nos olhos tratados com este fármaco.
Tabela 1 - Resultados da avaliação clínica dos olhos em que se instilou colírio de cloridrato de proparacaína a 0,5%, no período de 1º de Março a 31 de Agosto de 2004, Goiânia-GO.
Avaliação Secreção Conjuntivite Blefarite Ceratite
Leve 0 7 (16,67%) 0 0
Moderada 0 0 0 0
Acentuado 0 0 0 0
Intensa 0 0 0 0 3º d
ia
(n=
42)
Total 7 (16,67%)
Leve 0 6 (21,43) 0 0
Moderada 0 0 0 0
Acentuado 0 0 0 0
Intensa 0 0 0 0 7º d
ia
(n=
28)
Total 6 (21,43)
Leve 0 2 (14,28%) 0 0
Moderada 0 0 0 0
Acentuado 0 0 0 0
15º d
ia
(n=
14)
Intensa 0 0 0 0
Total 2 (14,28%)
20
Nos animais em que foi instilado colírio de cloridrato de tetracaína
verificou-se conjuntivite em 100% dos casos, sendo que, nos animais avaliados
após três dias de tratamento esta alteração ocorreu em grau moderado em 21
(26,19%) olhos, de forma acentuada em 19 (54,24%) e de forma intensa em dois
(4,76%) casos; naqueles observados após sete dias de tratamento evidenciou-se
o grau moderado em dez olhos (35,71%) e acentuado em 18 (64,29%) e, nos
olhos tratados por 15 dias, observou-se conjuntivite em grau moderado em quatro
(28,57%) olhos, acentuado em sete (50%) e de forma intensa em três (21,43%)
casos.
A blefarite esteve presente em 50% dos olhos observados após três
dias de tratamento, sendo de grau leve em seis (14,29%), moderada em 13
(30,95%) e de forma acentuada em dois casos (4,76%); em 96,86% dos olhos
observados após sete dias de tratamento, constando de nove casos (32,14%) em
grau leve, 12 (42,86%) de forma moderada e cinco (17,86%) de forma acentuada
e, naqueles tratados por 15 dias, verificou-se blefarite em 100% dos animais,
sendo quatro casos (28,57%) em grau leve, seis (42,86%) moderado, três
(21,43%) em grau acentuado e um (7,14%) em grau intenso.
A presença de secreção foi verificada em 69,05% dos olhos
observados após três dias de tratamento, sendo de grau leve em 11 casos
(26,19%), moderada em 15 (35,72%) e acentuada em três (7,14%); em 100% dos
casos após sete dias, desses, dez (35,71%) em grau leve, oito (28,57%) de forma
moderada e dez (35,71%) na forma acentuada e, nos animais tratados por 15 dias
a presença de secreção também foi evidenciada em 100% dos olhos, sendo em
grau leve em dois (14,29%), moderada em seis (42,86%) e acentuada em cinco
(35,71%).
A ceratite puntiforme, em grau leve, foi verificada em um olho de um
animal que recebeu colírio de cloridrato de tetracaína por sete dias, sendo
observada ao quinto dia após o início do tratamento. Não foi observada qualquer
alteração clínica na córnea dos animais que receberam colírio por três dias e em
nenhum coelho tratado por 15 dias com o fármaco em questão.
Observou-se também que após a instilação deste colírio, as conjuntivas
que estavam hiperêmicas, tornavam-se normocrômicas por um período médio de
30 minutos. Verificou-se também que os animais apresentavam blefaroespasmo
21
intenso imediatamente após a instilação do colírio, chegando a permanecer com
as pálpebras fechadas por alguns segundos.
FIGURA 1 Animais que receberam tratamento com colírios anestésicos: olho direito de um animal tratado por três dias com colírio de cloridrato de tetracaína apresentando blefarite com presença de secreção mucóide (A); olho direito de um animal tratado com colírio de cloridrato de tetracaína por sete dias, ao quinto dia de tratamento, apresentando ceratite puntiforme em grau leve (B); olho direito de animal tratado com colírio de proparacaína apresentando discreta hiperemia conjuntival (C); olho esquerdo de animal tratado com colírio de tetracaína apresentando quemose e secreção mucóide (D).
A B
C D
22
Tabela 2 - Resultados da avaliação clínica dos olhos em que se instilou colírio de cloridrato de tetracaína a 1%, no período de 1º de Março a 31 de Agosto de 2004, Goiânia-GO.
Avaliação Secreção Conjuntivite Blefarite Ceratite
Leve 11 (26,19 %) 0 6 (14,29%) 0
Moderada 15 (35,72 %) 21 (50%) 13 (30,95%) 0
Acentuada 3 (7,14%) 19 (54,24%) 2 (4,76%) 0
Intensa 0 2 (4,76%) 0 0 3º d
ia
(n=
42)
Total 29 (69,05%) 42 (100%) 21 (50%) -
Leve 10 (35,71%) 0 9 (32,14%) 1
Moderada 8 (28,57%) 10 (35,71%) 12 (42,86%) 0
Acentuada 10 (35,71%) 18 (64,29%) 5 (17,86%) 0
Intensa 0 0 0 0 7º d
ia
(n=
28)
Total 28 (100%) 28 (100%) 26 (92,86%) 1 (3,57%)
2 (14,29%) 0 4 (28,57%) 0
6 (42,86%) 4 (28,57%) 6 (42,86%) 0
5 (35,71%) 7 (50,00%) 3 (21,43%) 0
15º d
ia
(n=
14)
0 3 (21,43%) 1 (7,14%) 0
Total 14 (100%) 14 (100%) 14 (100%) -
4.2. Avaliação Histológica
4.2.1 Córnea
As córneas de todos os grupos experimentais apresentaram-se em
arranjo perfeito, com continuidade entre as camadas epiteliais e o estroma
subjacente, com organização do estroma corneano, das células endoteliais
dispostas ordenadamente e sem alterações citoplasmáticas.
23
FIGURA 2 Fotomicrografias histológicas de córnea de coelho submetido ao tratamento com colírio anestésico: (1) epitélio; (2) estroma; (3) membrana de Descemet; (4) endotélio; (A) tratamento de 15 dias com colírio de cloridrato de tetracaína a 1%: perfeita integração do endotélio corneano e membrana de Descemet e disposição normal das fibras colágenas estromais (HE, 125X); (B) tratamento de sete dias com colírio de tetracaína 1%: detalhes do arranjo normal das camadas epiteliais e estroma subjacente (HE, 1000X); (C) tratamento de 15 dias com colírio de cloridrato de proparacaína a 0,5%: detalhes da camada endotelial e da membrana de Descemet, tecido corneano sem alterações (HE, 400X); (D) tratamento de três dias com colírio de cloridrato de proparacaína a 0,5%: regularidade das fibras colágenas (Mallory, 250X).
1
A B
C D
2 2
2
2
1
3
4
4
3
24
4.2.2 Conjuntiva
a) Hiperemia
No grupo tratado com solução oftalmológica a base de cloridrato de
tetracaína por três dias (G4) foram observados hiperemia na conjuntiva palpebral
em 100% dos olhos, sendo de grau leve em um olho (25%), de grau moderado
em dois olhos (50%) e de grau intenso em um (25%); Hiperemia na conjuntiva da
terceira pálpebra em grau leve em dois olhos (50%); Hiperemia na conjuntiva
bulbar em 100% das amostras, sendo de grau leve em duas (50%) e de grau
moderado em duas (50%); hiperemia na conjuntiva da terceira pálpebra em grau
leve em dois animais (50%).
No grupo tratado com solução oftalmológica a base de cloridrato de
tetracaína por sete dias (G5) foram observados hiperemia na conjuntiva palpebral
em 100% dos olhos, sendo de grau leve em um olho (25%) e moderado em três
(75%); hiperemia na conjuntiva bulbar em grau moderado em dois olhos (50%) e
intenso em um (25%); hiperemia na conjuntiva da terceira pálpebra em grau leve
em dois animais (50%).
No grupo tratado com solução oftalmológica a base de cloridrato de
tetracaína por 15 dias (G6) foram observados hiperemia na conjuntiva palpebral
em 100% dos olhos, desses, um (25%) em grau leve, dois (50%) em grau
moderado e um (25%) em grau intenso; hiperemia da conjuntiva bulbar em 75%
dos casos, sendo dois (75%) em grau leve e um (25%) de grau moderado;
hiperemia da conjuntiva da terceira pálpebra em grau leve em um caso (25%).
b) Edema
Observou-se edema na conjuntiva palpebral em 75% dos olhos
tratados com cloridrato de tetracaína durante três dias (G4), desses, dois (50%)
foram de grau moderado e um (25%) de grau intenso; edema na conjuntiva bulbar
25
em grau leve em dois olhos (50%); edema na terceira pálpebra em grau leve em
dois olhos (50%).
No G5 foi observado edema na conjuntiva palpebral em 100% dos
casos, sendo dois (50%) em grau leve e dois em grau moderado; edema na
conjuntiva bulbar de grau leve em dois (50%) olhos.
No G6 observou-se edema conjuntival em 100% dos olhos tratados,
sendo dois em grau leve e dois em grau intenso; edema na conjuntiva bulbar de
grau leve em dois (50%) olhos; edema na conjuntiva palpebral em um caso
(25%).
c) Hiperplasia de células globosas
Esta alteração foi observada em dois olhos (50%) pertencentes ao G1
em grau leve. No G4 observou-se hiperplasia de células globosas do epitélio
conjuntival palpebral em três (75%) olhos, sendo dois (50%) de forma moderada e
um (25%) de forma intensa. No G5 esta alteração foi observada em 100% dos
casos, sendo um (25%) de grau leve, dois (50%) moderados e um (25%) de forma
intensa. No G6 foi observada hiperplasia das células globosas em grau leve em
um caso (25%) e dois (50%) de forma moderada.
d) Hiperplasia de folículo linfóide
Foi encontrada hiperplasia de folículo linfóide na conjuntiva palpebral
em grau leve em dois olhos (50%) do G2, animal tratado com colírio de
proparacaína por sete dias.
Verificou-se hiperplasia de folículo linfóide na conjuntiva palpebral em
50% dos casos em grau leve no G4; dois (50%) em grau intenso no G5 e, no G6
um (25%) de grau leve e em dois (50%) olhos de forma moderada.
26
e) Linfoangiectasia
Linfoangiectasia foi observada na conjuntiva palpebral em todos os
grupos tratados com cloridrato de tetracaína em 75% dos casos. No G4 e G5 esta
alteração foi verificada em grau leve em um olho (25%) e dois (50%) de forma
moderada. No G6 foi verificada em grau leve em dois (50%) casos e de forma
moderada em um (25%) olho.
f) Infiltrado inflamatório
Presença de alguns eosinófilos, raros neutrófilos e linfócitos infiltrando
o epitélio da conjuntiva palpebral foram observados em dois olhos (50%) de G1,
dois (50%) de G2 e em um olho (25%) pertencente ao G3, classificando-se como
infiltrado inflamatório de grau leve em todos os animais tratados com colírio a
base de cloridrato de proparacaína.
Foram observados infiltração de células linfócitos, monócitos,
eosinófilos, macrófagos, mastócitos e alguns neutrófilos no epitélio e lâmina
basal. No G4 essa alteração esteve presente em dois olhos em grau leve, um em
grau moderado e um em grau intenso; em 75% dos casos de G5, sendo um
(25%) em grau leve e dois (50%) de grau moderado e em 100% dos olhos de G6,
sendo dois (50%) de forma leve e dois em grau intenso.
27
FIGURA 3 - Fragmentos de conjuntiva palpebral de coelhos tratados com colírio de cloridrato de tetracaína a 1%, corados pela hematoxilina-eosina: animal tratado por sete dias (A): edema intenso na região entre o estroma e a lâmina própria (estrela), hiperplasia de células globosas (seta) (125X); animal tratado por sete dias (B): edema acentuado (estrela) envolvendo estroma e epitélio (125X); animal tratado por três dias (C): hiperemia (seta vermelha), discreto edema estromal (estrela preta), discreta hiperplasia de células globosas (seta preta), região do fórnix conjuntival (seta vermelha), onde foi encontrada a maior parte das alterações deste estudo (400X); animal tratado por quinze dias (D): intensa hiperplasia de células globosas (seta preta), infiltrado inflamatório com presença de eosinófilos (seta vermelha). (400X)
4.3 Análise estatística
De acordo com a análise estatística, (Tabela 3) foi verificado efeito dos
tratamentos sobre o escore das alterações clínicas (p<0,05). Sendo, que pelas
comparações múltiplas foi verificada diferença entre os escores do grupo tratado
A B
C D
28
com cloridrato de proparacaína e o tratado com tetracaína; assim como entre o
grupo tratado com cloridrato de tetracaína e aquele que recebera solução
fisiológica (p>0,05). Porém, entre o grupo tratado com proparacaína e o que se
utilizou solução fisiológica não foi verificada diferença (p>0,05).
Não foi encontrada influência dos dias da avaliação clínica sobre o
escore de alterações (p>0,05). Também, não foi detectado efeito do olho (p=0,47)
e do sexo (p=0,17) sobre o escore das alterações clínicas.
29
5. DISCUSSÃO
Não foram verificadas alterações clínicas nas córneas dos coelhos
tratados com solução anestésica a base de cloridrato de proparacaína assim
como aquelas nos grupos tratados com solução fisiológica, como citadas por
DASS et al. (1988); RAPUANO (1990); KIM et al. (1994); ZAGELBAUM et al.
(1994).
Neste trabalho foi detectada ceratite puntiforme ao quinto dia de
tratamento, no olho direito, na área central da córnea, em grau leve, em apenas
um coelho tratado com colírio de cloridrato de tetracaína, coincidindo com
achados de ROCHA et al. (1995), VERMA (1996) e ZAGELBAUM (1994), que
descreveram a possibilidade de ocorrência desta alteração a partir de três dias de
uso contínuo da droga e ainda corrobora com CHANG (1997), que revelou que
nas reações de natureza tóxica, a córnea pode apresentar uma variedade de
manifestações, incluindo uma ceratite puntiforme leve a ceratopatia ulcerativa
severa.
Embora tenha sido constatada ceratite puntiforme em um coelho
tratado com cloridrato de tetracaína, nos cortes histológicos foi evidenciado
apenas irregularidades na disposição das fibras colágenas do estroma corneano.
Nas outras córneas estudadas não foram evidenciadas alterações quando
tratadas com soluções anestésicas, como presença de infiltrados inflamatórios,
vacuolizações e granulações citoplasmáticas e destruição de queratócitos, sendo
consideradas morfologicamente normais, conforme descrição por PHILIPS &
MAGRANE (1957); BLOGG (1980); BANKS (1991); BARRETO (1996); STADES
et al. (1999); GELLAT (1999); SLATTER (2001); GOMES et al. (2002) e MEEK &
BOOTE (2003).
Os achados clínicos encontrados nas pálpebras e conjuntivas nos
olhos dos coelhos tratados com o cloridrato de tetracaína como, edema,
hiperemia conjuntival, presença de secreção mucosa e prurido, evidenciaram
manifestações de toxicidade e/ou alergia ocular em todos os animais, revelando
explicação semelhante à das córneas, pois a reação alérgica consiste em um
processo de hipersensibilidade do tipo IV, também chamada de hipersensibilidade
tardia, que se desenvolve em algumas horas após exposição ao antígeno. Nos
30
grupos tratados com cloridrato de tetracaína evidenciou-se conjuntivite em 100%
dos casos, variando de grau moderado a intenso; presença de secreção de
aspecto mucoso de grau leve a acentuado de 69 a 100% das observações e
blefarite de grau leve a intenso em, no mínimo, 50% das observações. De forma
semelhante, SANTOS et al. (2003), avaliando a toxicidade córneo-conjuntival de
um colírio a base de iodo-povidona em coelhos, evidenciaram conjuntivite,
secreção esbranquiçada de aspecto mucoso em 100% dos casos dos animais
tratados. Embora a droga utilizada pelos autores acima citados seja diferente
daquelas usadas neste trabalho, as alterações clínicas referentes às pálpebras e
à conjuntiva foram semelhantes, caracterizando uma conjuntivite aguda
responsiva a um fármaco. DANNAKER et al. (2001) relataram um caso de
dermatite alérgica por contato num paciente que utilizou as duas soluções
anestésicas, com presença de conjuntivite e blefarite com prurido periocular,
alterações condizentes às encontradas neste estudo.
As alterações microscópicas observadas nos grupos tratados com o
cloridrato de tetracaína consistiram em hiperemia da conjuntiva palpebral,
hiperemia da conjuntiva bulbar de: hiperemia na conjuntiva da terceira pálpebra;
hiperplasia de folículos linfóides e edema na conjuntiva palpebral, bulbar e na
terceira pálpebra, geralmente acompanhado por linfoangiectasia. Foram também
observados infiltração de eosinófilos, linfócitos, macrófagos, mastócitos e poucos
neutrófilos na epitélio conjuntival palpebral e na lâmina própria. De forma
semelhante ao encontrado neste experimento, SANTOS et al. (2003) também
evidenciaram presença de infiltrados inflamatórios contendo eosinófilos,
macrófagos, linfócitos e monócitos em coelhos com conjuntivite responsiva a um
fármaco. As alterações encontradas na conjuntiva ocular dos animais tratados
com soluções anestésicas, segundo CHANG (1996); ABELSON & UDELL (2000);
TIZARD (1996) e HARGIS (1998), podem ser sugestivas tanto de um processo
tóxico quanto alérgico. De acordo com HARGIS (1998) e MARCONDES (1999) a
reação de hipersensibilidade por contato consiste, histopatologicamente, em
acúmulos de células monucleares e eosinófilos, vistos neste estudo, sendo a
resposta inflamatória linfócito-macrófago característica da reação de
hipersensibilidade. Os eosinófilos, por sua vez, estão classicamente associados
às reações alérgicas TIZARD (1996). No entanto não se pode afirmar que a
31
natureza da patologia decorrente do uso local de anestésicos seja alérgica pelo
fato da presença de eosinófilos, pois LIMBERG et al. (1986) postularam que este
tipo celular foi descrito em pacientes portadores de uma variedade de doenças
oftálmicas de caráter não alérgico.
A hiperplasia de células globosas e de pequenos agregados linfóides
distribuídos ao longo da lâmina própria da conjuntiva ocular, evidenciada nos
animais que receberam colírio de cloridrato de tetracaína e, em menor intensidade
nos animais tratados com o cloridrato de proparacaína, constitui um achado
inespecífico, que, de acordo com SPENCER (1996) e RENDER & CARLTON
(1998), poderia ocorrer em conjuntivite de qualquer natureza, podendo, inclusive,
progredir até formação de folículos gigantes. O edema estromal evidenciado nas
conjuntivas palpebral e bulbar caracterizou-se por afastamento das fibras
reticulares e a presença de linfoangiectasia confirmou a presença de excesso de
líquido a ser drenado. Estas alterações estão de acordo com aquelas
referenciadas por COTRAN et al. (1994) na reação de hipersensibilidade à
presença de um agente químico.
Imediatamente após a instilação do colírio de tetracaína foi observado
intenso ardor ocular, conforme citado por FLECKNELL (1987) e MARCONDES
(1999), visto que os animais apresentavam imediato blefaroespasmo. Esse
sintoma não foi verificado em nenhum animal que recebeu colírio de
proparacaína.
A diminuição da hiperemia conjuntival por aproximadamente trinta
minutos após a instilação do colírio de cloridrato de tetracaína é atribuída à ação
vasoconstrictora da fenilefrina, como referenciado por ANDRADE (2002). A
fenilefrina para uso ocular, na concentração de 5 a 10%, possui potente ação
midriática, podendo apresentar efeitos sistêmicos em alguns casos por ser um
agonista α1 seletivo, tais como aumento das pressões sistólica e diastólica e
bradicardia reflexa (HIGAKI et al., 2005), no entanto, essa droga é associada a
colírios anestésicos em concentrações diminutas, variando de 0,125 a 0,25%, não
sendo observadas as alterações descritas acima. Segundo LIMA FILHO &
BATISTUZZO (2000), a associação da fenilefrina em baixas doses no colírio de
tetracaína possui a finalidade de diminuir a ação irritante desta substância,
32
promovendo um efeito descongestionante, assim como foi observado neste
experimento.
Nos animais em que se utilizou cloridrato de proparacaína evidenciou-
se discreta hiperplasia de células globosas e de folículo linfóide e presença de
infiltrados inflamatórios em grau leve contendo eosinófilos, linfócitos e monócitos.
O único sinal clínico produzido pelo uso de colírio a base de proparacaína, a
hiperemia, assim como as discretas alterações microscópicas, podem ser
atribuídas ao seu efeito tóxico. DANNAKER et al. (1994) e MARCH &
GREENWOOD (1968) descreveram alterações clínicas de maior gravidade do
que as apresentadas neste estudo na pálpebra em pacientes que utilizaram o
colírio de forma indiscriminada, classificando-a como uma dermatite alérgica de
contato.
Foi observada uma toxicidade ao cloridrato de proparacaína menor do
que a causada pela tetracaína e não foi observada diferença estatística quando
se comparou ao grupo controle, tratado com solução fisiológica. Tais resultados
estão de acordo com GRANT & ACOSTA (1994); CAMPOS et al. (1994);
BARTFIELD et al. (1994) e MARCONDES (1999) que descreveram uma maior
toxicidade do cloridrato de tetracaína quando se comparado ao cloridrato de
proparacaína. Não foi observada diferença estatística entre o número de dias de
tratamento, ao contrário do postulado por MARCONDES (1999), que instituiu a
gravidade das lesões, entre outro fatores, ao tempo de uso de colírios
anestésicos.
Neste estudo, o cloreto de benzalcônio esteve presente constituindo o
veículo de ambos colírios, na concentração de 0,01%, não sendo relacionadas
alterações clínicas ou histológicas a sua ação. A literatura consultada descreve
que o cloreto de benzalcônio em concentração menor ou igual a 0,04% não
promove alterações oculares (BURSTEIN, 1980; GASSET et al., 1974).
Curiosamente, as alterações promovidas na conjuntiva na terceira
pálpebra decorrente do uso de colírio de cloridrato de tetracaína, foram em menor
número do que na conjuntiva palpebral. Apesar da literatura não relacionar lesões
decorrente do abuso de anestésicos tópicos nesta estrutura, as mesmas
poderiam ser previstas, uma vez que ambas porções anatômicas apresentam sua
conjuntiva semelhante: possuem células globosas (ou caliciformes) na porção
33
bulbar e a presença de folículos linfóides, só que em menor número na terceira
pálpebra quando comparada à pálpebra (NUR & UNAL, 2002). Presume-se que a
conjuntiva palpebral apresentou maior número de alterações devido ao fato de
que o colírio possui uma tendência de se acumular no fundo de saco palpebral até
ser totalmente drenado, o que aumenta o tempo de contato com esta estrutura em
relação à terceira pálpebra. Além disso, a pálpebra, além de possuir um maior
número de folículos linfóides, também possui tecido linfóide difuso.
34
6 CONCLUSÃO
Com base nas avaliações clínicas e estudo histológico por microscopia
óptica, permite-se admitir que:
A instilação de colírio anestésico a base de cloridrato de tetracaína a 1% e
de colírio anestésico a base de cloridrato de proparacaína a 0,5% em olhos
de coelhos sadios, durante 12 horas, com intervalo de duas horas entre
instilações, não produziu alterações corneanas significativas, quando
realizadas em períodos de três, sete e 15 dias. Porém, o colírio a base de
cloridrato de tetracaína a 1% pode causar alterações significativas nas
pálpebras e conjuntiva ocular.
35
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39
54. SEILER, T.; WOLLENSAK, J. Myopic photorefractive keratectomy with the excimer laser: one-year follow-up. Ophthalmology, v. 98, p. 1156-1163, 1991.
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40
ANEXOS
Tabela 3 - Resultados da avaliação clínica dos olhos dos grupos tratados com cloridrato de proparacaína, grupos tratados com cloridrato de tetracaína e grupos tratados com solução fisiológica (controle) e sua relação com a cor da pelagem, sexo, olho e tratamento utilizado no período de 1º de Março a 31 de Agosto de 2004, Goiânia, GO
Animal Pelagem Sexo Tratamento Olho Secreção Conjuntivite Blefarite Ceratite puntiforme
14 2 2 1 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
13 2 2 1 1 0 1 0 0 2 0 1 0 0
6 1 1 1 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
4 2 1 1 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
10 1 2 1 1 0 1 0 0 2 0 1 0 0
33 1 1 1 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
41 2 1 1 1 0 0 0 0 2 0 1 0 0
37 1 1 1 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
40 1 1 1 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
36 1 1 1 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
19 1 1 1 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
28 1 2 1 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
16 1 1 1 1 0 1 0 0 2 0 1 0 0
27 2 1 1 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
17 2 2 1 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
55 1 1 1 1 0 1 0 0 2 0 1 0 0
54 1 1 1 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
50 1 1 1 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
48 1 1 1 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
47 1 1 1 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
51 1 1 1 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
41
Tabela 3 – Resultados da avaliação clínica dos olhos dos grupos tratados com cloridrato
de proparacaína, grupos tratados com cloridrato de tetracaína e grupos tratados com solução fisiológica (controle) e sua relação com a cor da pelagem, sexo, olho e tratamento utilizado no período de 1º de Março a 31 de Agosto de 2004, Goiânia, GO (continuação).
Animal Pelagem Sexo Tratamento Olho Secreção Conjuntivite Blefarite Ceratite
puntiforme33 1 1 2 1 0 0 0 0
2 0 0 0 0 41 2 1 2 1 0 0 0 0
2 0 0 0 0 37 1 2 2 1 0 0 0 0
2 0 0 0 0 40 1 1 2 1 0 0 0 0
2 0 0 0 0 36 1 1 2 1 0 0 0 0
2 0 0 0 0 19 1 1 2 1 0 0 0 0
2 0 0 0 0 28 1 2 2 1 0 1 0 0
2 0 1 0 0 16 1 1 2 1 0 0 0 0
2 0 0 0 0 27 2 2 2 1 0 1 0 0
2 0 1 0 0 17 2 2 2 1 0 1 0 0
2 0 1 0 0 50 1 1 2 1 0 0 0 0
2 0 0 0 0 48 1 1 2 1 0 0 0 0
2 0 0 0 0 47 1 1 2 1 0 0 0 0
2 0 0 0 0 51 1 2 2 1 0 0 0 0
2 0 0 0 0 19 1 1 3 1 0 0 0 0
2 0 0 0 0 28 1 2 3 1 0 0 0 0
2 0 0 0 0 16 1 1 3 1 0 1 0 0
2 0 1 0 0 27 2 1 3 1 0 0 0 0
2 0 0 0 0 17 2 2 3 1 0 0 0 0
2 0 0 0 0 47 1 1 3 1 0 0 0 0
2 0 0 0 0 51 1 1 3 1 0 0 0 0
2 0 0 0 0 15 1 2 4 1 0 2 0 0
2 0 2 0 0
42
Tabela 3 – Resultados da avaliação clínica dos olhos dos grupos tratados com cloridrato de proparacaína, grupos tratados com cloridrato de tetracaína e grupos tratados com solução fisiológica (controle) e sua relação com a cor da pelagem, sexo, olho e tratamento utilizado no período de 1º de Março a 31 de Agosto de 2004, Goiânia, GO (continuação).
Animal Pelagem Sexo Tratamento Olho Secreção Conjuntivite Blefarite Ceratite
puntiforme11 2 2 4 1 1 3 1 0
2 1 2 1 0 1 2 2 4 1 0 2 0 0 2 0 2 0 0
9 1 1 4 1 1 3 0 0 2 1 2 0 0
2 1 2 4 1 2 3 1 0 2 2 3 2 0
44 2 2 4 1 0 2 0 0 2 0 2 0 0
31 1 2 4 1 0 2 0 0 2 0 2 0 0
45 2 1 4 1 2 3 2 0 2 2 3 2 0
43 2 1 4 1 1 2 0 0 2 1 2 0 0
32 1 2 4 1 2 3 2 0 2 2 3 2 0
25 2 1 4 1 2 3 2 0 2 2 3 2 0
20 1 1 4 1 2 3 1 0 2 2 3 1 0
22 2 1 4 1 2 3 2 0 2 2 3 2 0
23 1 2 4 1 0 2 0 0 2 0 2 0 0
21 2 1 4 1 2 3 2 0 2 2 3 2 0
61 1 1 4 1 2 4 3 0 2 3 4 3 0
58 1 1 4 1 1 2 0 0 2 1 2 0 0
57 1 1 4 1 0 2 0 0 2 1 2 0 0
60 1 1 4 1 1 2 0 0 2 1 3 1 0
46 1 1 4 1 0 2 0 0 2 0 2 0 0
49 1 1 4 1 3 3 2 0 2 3 3 2 0
44 2 1 5 1 2 3 2 0 2 2 3 2 0
31 1 2 5 1 1 2 1 1 2 1 2 2 0
43
Tabela 3 – Resultados da avaliação clínica dos olhos dos grupos tratados com cloridrato de proparacaína, grupos tratados com cloridrato de tetracaína e grupos tratados com solução fisiológica (controle) e sua relação com a cor da pelagem, sexo, olho e tratamento utilizado no período de 1º de Março a 31 de Agosto de 2004, Goiânia, GO (continuação).
Animal Pelagem Sexo Tratamento Olho Secreção Conjuntivite Blefarite Ceratite
puntiforme45 2 1 5 1 3 3 2 0
2 3 3 2 0 43 2 1 5 1 3 3 3 0
2 3 3 3 0 32 1 2 5 1 1 3 1 0
2 1 2 1 0 25 2 1 5 1 2 3 1 0
2 2 2 1 0 20 1 1 5 1 3 3 2 0
2 3 3 2 0 22 2 1 5 1 2 3 2 0
2 2 3 2 0 23 1 2 5 1 1 2 1 0
2 1 2 1 0 21 2 1 5 1 3 3 2 0
2 3 3 2 0 57 1 1 5 1 3 3 3 0
2 2 3 2 0 60 1 2 5 1 1 2 1 0
2 1 2 1 0 46 1 1 5 1 1 2 0 0
2 1 2 0 0 49 1 1 5 1 3 3 3 0
2 2 3 3 0 25 2 1 6 1 2 3 2 0
2 2 3 2 0 20 1 1 6 1 3 3 2 0
2 3 3 2 0 23 1 2 6 1 1 2 1 0
2 1 2 1 0 21 2 1 6 1 4 4 4 0
2 3 3 3 0 22 2 1 6 1 2 3 2 0
2 2 3 2 0 46 1 1 6 1 2 2 1 0
2 2 2 1 0 49 1 1 6 1 3 4 3 0
2 3 4 3 0 8 1 2 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
3 1 1 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
5 2 2 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
44
Tabela 3 – Resultados da avaliação clínica dos olhos dos grupos tratados com cloridrato de proparacaína, grupos tratados com cloridrato de tetracaína e grupos tratados com solução fisiológica (controle) e sua relação com a cor da pelagem, sexo, olho e tratamento utilizado no período de 1º de Março a 31 de Agosto de 2004, Goiânia, GO (continuação).
Animal Pelagem Sexo Tratamento Olho Secreção Conjuntivite Blefarite Ceratite
puntiforme7 2 1 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
12 1 1 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
38 1 1 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
35 2 1 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
34 2 2 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
39 1 2 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
42 1 2 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
18 1 2 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
24 2 1 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
26 2 1 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
29 1 1 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
30 2 1 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
52 1 1 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
63 1 1 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
62 1 1 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
56 1 1 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
53 1 1 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
59 1 1 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
38 1 1 8 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
35 2 1 8 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
34 2 2 8 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
45
Tabela 3 – Resultados da avaliação clínica dos olhos dos grupos tratados com cloridrato de proparacaína, grupos tratados com cloridrato de tetracaína e grupos tratados com solução fisiológica (controle) e sua relação com a cor da pelagem, sexo, olho e tratamento utilizado no período de 1º de Março a 31 de Agosto de 2004, Goiânia, GO (conclusão).
Animal Pelagem Sexo Tratamento Olho Secreção Conjuntivite Blefarite Ceratite
puntiforme39 1 2 8 1 0 0 0 0
2 0 0 0 0 42 1 2 8 1 0 0 0 0
2 0 0 0 0 18 1 2 8 1 0 0 0 0
2 0 0 0 0 24 2 1 8 1 0 0 0 0
2 0 0 0 0 26 2 1 8 1 0 0 0 0
2 0 0 0 0 29 1 1 8 1 0 0 0 0
2 0 0 0 0 30 2 1 8 1 0 0 0 0
2 0 0 0 0 62 1 1 8 1 0 0 0 0
2 0 0 0 0 56 1 1 8 1 0 1 0 0
2 0 0 0 0 53 1 1 8 1 0 0 0 0
2 0 0 0 0 59 1 1 8 1 0 0 0 0
2 0 0 0 0 18 1 2 9 1 0 0 0 0
2 0 1 0 0 24 2 1 9 1 0 0 0 0
2 0 0 0 0 26 2 1 9 1 0 0 0 0
2 0 0 0 0 29 1 1 9 1 0 0 0 0
2 0 0 0 0 30 2 1 9 1 0 0 0 0
2 0 0 0 0 53 1 1 9 1 0 0 0 0
2 0 0 0 0 59 1 1 9 1 0 0 0 0
2 0 0 0 0 Pelagem: albino (1), vermelho (2) Sexo: macho (1), fêmea (2) Tratamento: animais tratados com colírio a base de cloridrato de proparacaína durante três dias (1), sete dias (2) e 15 dias (3); animais tratados com colírio a base de cloridrato de tetracaína durante três dias (4), sete dias (5) e 15 dias (6); animais tratados com solução fisiológica a 0,9% (controle) por três dias (7), sete dias (8) e 15 dias (9) Olho: olho direito (1), olho esquerdo (2) Secreção, conjuntivite, blefarite e ceratite puntiforme: ausente (0), grau leve (1), moderado (2), intenso (3), acentuado (4)