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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO ESTUDO COMPARATIVO ENTRE OS MÉTODOS DE SONOHISTEROSSALPINGOGRAFIA CONTRASTADA, HISTEROSSALPINGOGRAFIA E LAPAROSCOPIA RODRIGO ALVES FERREIRA RIBEIRÃO PRETO 2001 PDF created with FinePrint pdfFactory Pro trial version http://www.fineprint.com

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE OS MÉTODOS DE SONOHISTEROSSALPINGOGRAFIA CONTRASTADA,

HISTEROSSALPINGOGRAFIA E LAPAROSCOPIA

RODRIGO ALVES FERREIRA

RIBEIRÃO PRETO

2001

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE OS MÉTODOS DE SONOHISTEROSSALPINGOGRAFIA CONTRASTADA,

HISTEROSSALPINGOGRAFIA E LAPAROSCOPIA.

Aluno: Rodrigo Alves Ferreira Orientadora: Profª. Dr.ª Maria Matheus de Sala

RIBEIRÃO PRETO

2001

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RODRIGO ALVES FERREIRA

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE OS MÉTODOS DE SONOHISTEROSSALPINGOGRAFIA CONTRASTADA,

HISTEROSSALPINGOGRAFIA E LAPAROSCOPIA.

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Tocoginecologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Tocoginecologia. Orientadora: Profª. Dr.ª Maria Matheus de Sala.

RIBEIRÃO PRETO 2001

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FICHA CATALOGRÁFICA

Ferreira, Rodrigo Alves Estudo comparativo entre os métodos de

sonohisterossalpingografia contrastada e histerossalpingografia, laparoscopia. Ribeirão Preto, 2001.

71 p. : il. Dissertação de Mestrado, apresentada à Faculdade de

Medicina de Ribeirão Preto/USP. Departamento de Ginecologia e Obstetrícia – Área de concentração: Tocoginecologia.

Orientadora: Sala, Maria Matheus de. 1. Tubas de Falópio. 2. Histerossalpingografia. 3. Hycosy.

4. Laparoscopia. 5. Infertilidade

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Dedico este trabalho à minha família e

agradeço especialmente aos meus pais José e

Maria Helena e ao meu irmão Rafael, pela fé

depositada, pelo estímulo, pela dedicação e

pelo otimismo vibrante mesmo nas maiores

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AGRADECIMENTOS

Ao Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina

de Ribeirão Preto, pelas oportunidades que me foram concedidas, pelas minhas

formações acadêmica e profissional, e ainda, em especial:

ª à Profª. Dr.ª Maria Matheus de Sala, minha orientadora, cuja participação

foi essencial e fundamental para a realização dessa dissertação, sempre

presente com dedicação, eficiência e competência, merecedora não apenas da

minha eterna gratidão mas também minha admiração como médica, mestre e

acima de tudo como pessoa humana;

ª ao Prof. Dr. Marcos Felipe Silva de Sá, pelo incentivo, pelos conselhos e

pelo convívio amigo ao longo da minha formação profissional;

ª ao Prof. Dr. Clóvis Simão Trad, pelos valiosos conselhos e sugestões para

esse trabalho;

ª ao Prof. Dr. Antônio Alberto Nogueira, pelas valiosas sugestões como

assessor desse trabalho;

ª ao Prof. Dr. Odilon Iannetta, por todo o apoio e colaboração, pela

disponibilidade, pela atenção e pela amizade sincera e fraterna;

ª ao Prof. Dr. Rui Alberto Ferriani, pelo exemplo de competência

profissional e acadêmica e pelo incentivo ao meu crescimento científico;

ª ao Prof. Dr. Aderson Tadeu Berezowsky, pelo apoio e pelo auxílio para

realização desse trabalho;

ª ao Prof. Dr. Marcos Dias de Moura e à Profª. Dr.ª Rosana Maria dos

Reis, pelo incentivo e colaboração, pelos numerosos ensinamentos e pela

convivência amiga;

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ª aos Prof. Dr. Hélio Humberto Angotti Carrara e Prof. Dr. Maurício

Mesquita Sabino de Freitas, pelo convívio amigo no decorrer de minha

formação acadêmica e profissional;

ª ao Prof. Dr. Francisco Cândido dos Reis, exemplo de dedicação

profissional, pelas inúmeras sugestões e pelo inestimável auxílio;

ª ao Dr. José Cassiano Machado, pela paciência, dedicação e auxílio na

introdução da técnica de sonohisterossalpingografia contrastada nesse

departamento;

ª a Dr.ª Stael Porto Leite, ao Prof. Dr. Gustavo Salata Romão e ao Dr.

Luiz Alberto Mannetta, pela marcante contribuição na minha formação

profissional;

ª à Sr.ª Maria Bernadete Malerbo, pela simpatia e pela eficiência na

realização da revisão das referências bibliográficas;

ª à minha querida Jussara Wagner, pelo apoio, confiança e pelo seu amor,

compreendendo a minha abdicação do convívio em comum, para que fosse

realizado esse trabalho;

ª aos colegas pós-graduandos, pela amizade, pelo companheirismo e apoio

nas diferentes etapas dessa jornada, tenham a certeza de poderem sempre

contar comigo, especialmente aos Drs. Evaldo Pereira dos Santos,

Fabrício da Silva Costa, Paula Andréa de Albuquerque Salles Navarro e

Rodrigo Coelho Franco;

ª à Sr.ª Ilza Alves de Rezende Mazzocato, pela dedicação, paciência,

compreensão e auxílio durante a execução nas diversas fases desse trabalho;

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ª à Enf. Sandra Aparecida Cavichiollo Vianna e à Sr.ª Albina Verceze

Bortolieiro, pelo essencial auxílio no agendamento dos exames e pela

inestimável amizade;

ª aos demais funcionários do Laboratório de Reprodução Humana do

HCFMRP – USP e do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia, pela

amizade e convivência;

ª aos residentes, pelo auxílio na execução das tarefas pertinentes a esse

trabalho e por todo o nosso convívio nesse período;

ª aos pacientes, pela valorosa cooperação, sem a qual seria impossível a

realização desse trabalho.

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CONCEDEI-ME SENHOR A SERENIDADE NECESSÁRIA PARA ACEITAR

AS COISAS QUE EU NÃO POSSO MODIFICAR, CORAGEM PARA

MODIFICAR AQUELAS QUE EU POSSO E SABEDORIA PARA DISTINGUIR

UMA DAS OUTRAS. (ORAÇÃO DA SERENIDADE)

ESPECIAL A DEUS, HABILIDOSO MAESTRO DESTA ORQUESTRA

DENOMINADA VIDA, POR TER PROPORCIONADO TODOS ESTES

MOMENTOS E TER PERMITIDO QUE O OBJETIVO FOSSE ALCANÇADO.

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SUMÁRIO

RESUMO

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................1

2. OBJETIVO.............................................................................................14

3. CASUÍSTICA E METODOLOGIA......................................................16

4. RESULTADOS......................................................................................44

5. DISCUSSÃO..........................................................................................54

6. CONCLUSÕES......................................................................................63

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................65

BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS

SUMMARY

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RREESSUUMMOO

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RESUMO

O fator tuboperitoneal é a causa mais freqüente de infertilidade na mulher e

a sua investigação é fundamental na propedêutica do casal infértil. Neste

estudo, avaliou-se o método da sonohisterossalpingografia contrastada

(Hycosy), que utiliza o contraste SH U 454 (Echovist), na detecção da

permeabilidade tubária, comparando-o com a histerossalpingografia (HSG)

e com a laparoscopia (LPS) acompanhada de cromotubagem (padrão ouro).

Realizou-se a investigação de 96 tubas uterinas de 48 pacientes, submetidas

à Hycosy, HSG e LPS. Todas as avaliações da Hycosy foram realizadas por

um único observador que desconhecia o resultado da HSG. O mesmo se

refere, também, quanto à realização da HSG, bem como da LPS. Foram

avaliados os seguintes instrumentos de medidas: sensibilidade (S),

especificidade (E), valor preditivo positivo (VPP), valor preditivo negativo

(VPN), concordância observada (CO), razão de verossimilhança positiva

(RV+) e razão de verossimilhança negativa (RV-). Comparando-se a

avaliação pela Hycosy com a LPS, foram encontrados os seguintes

resultados: S=86,6%, E=35,7%, VPP=88,75%, VPN=31,25%, CO=79,2%,

RV+=1,35 e RV-=0,38. Quanto à comparação da HSG com a LPS, os

valores obtidos foram: S=85,4%, E= 50%, VPP=90,9%, VPN=36,8%,

CO=80,2%, RV+=1,71 e RV-=0,29. Entre Hycosy e HSG, a co-

positividade foi de 87%, a co-negatividade de 31,6% e a concordância de

76%. Esse estudo demonstrou que a Hycosy é uma técnica segura e

confiável para a avaliação da permeabilidade tubária na propedêutica da

infertilidade.

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Siglas e abreviaturas

DIP Doença Inflamatória Pélvica

DST Doença Sexualmente Transmissível

E Especificidade

ESHRE European Society for Human Reproduction and Embriology

FN Falso Negativo

FP Falso Positivo

FTP Fator Tuboperitoneal

HCFMRP Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão

Preto

HSG Histerossalpingografia

HYCOSY Sonohisterossalpingografia Contrastada

ICSI Injeção Intracitoplasmática de Espermatozóides

LPS Laparoscopia

PE Prenhez Ectópica

RR Risco Relativo

RV+ Razão de Verossimilhança Positiva

RV- Razão de Verossimilhança Negativa

S Sensibilidade

SA Salpingite Aguda

SF Soro Fisiológico

US Ultra-som

USP Universidade de São Paulo

VPN Valor Preditivo Negativo

VPP Valor Preditivo Positivo

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IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO

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INTRODUÇÃO

A infertilidade conjugal pode ser definida como a incapacidade de

concepção, apesar de pelo menos 18 meses de vida sexual ativa e sem uso

de métodos contraceptivos. Portanto, a infertilidade conjugal é uma

condição patológica que afeta o casal, não sendo aceitável que

considerações sejam feitas levando-se em conta a infertilidade feminina ou

a infertilidade masculina, isoladamente. Nesse sentido, salienta-se que o

casal deve ser visto como uma unidade biológica.

A maioria das estimativas disponíveis sobre a prevalência da

infertilidade conjugal são estimativas da fertilidade feminina. Em 1988,

Farley e Belsey realizaram levantamentos em diversas partes do globo,

estimando a prevalência da infertilidade primária. A África tem a maior

média de prevalência de infertilidade primária, alcançando 10,1%,

chegando a atingir em certos países como Gabão, Zaire e Congo, cifras

como 32%, 21% e 21%, respectivamente. Já nos países europeus, a média

geral atinge 5,4%, sendo que a Suécia apresenta a maior prevalência 11%.

Os Estados Unidos apresentam cifras de 6,8% (Tabela 1). No Brasil,

calcula-se que a média de infertilidade esteja entre 8 e 10%. Segundo

alguns autores, a prevalência da infertilidade ainda pode ser mais

significativa, alcançando cifras em torno de 10 a 15% dos casais em idade

fértil (Barad, 1991) ou até 15 a 20% (Shulman, 1986).

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Tabela 1. Estimativas da prevalência mundial da infertilidade primária

África 10,1 %

Congo 21 %

Gabão 32 %

Gana 3 %

Zaire 21 %

Caribe 6,5 %

Ásia e Oceania 4,8 %

América Latina 3,1%

Colômbia 4 %

Guiana 9 %

México 3 %

Meio Leste 3 %

Egito 3 %

Turquia 4 %

Europa 5,4 %

Bélgica 7 %

Itália 6 %

Suécia 11 %

América do Norte 6 %

Fonte: Farley & Belsey, 1988

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O levantamento apresentado, na tabela 1, somente investigou

infertilidade primária, uma vez que estimativas da prevalência de

infertilidade secundária devem incluir a investigação da exposição da

mulher ao risco de engravidar (se está usando algum método contraceptivo

ou se está amamentando) e portanto, difíceis de serem realizadas (Farley &

Belsey, 1988).

A respeito das causas de infertilidade, feitas para ambos os parceiros

dos casais inférteis, estudos mostram que comprometimentos menores da

fertilidade são vistos em ambos os parceiros, mais freqüentemente que o

esperado (Farley, 1987). Tais observações levaram o Grupo da Sociedade

Européia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE - European

Society for Human Reproduction and Embriology) a enfatizar a distinção

entre infertilidade e subfertilidade. Assim, se a infertilidade pode ser

diagnosticada separadamente para o homem ou para a mulher, a

subfertilidade só pode ser realizada para o casal. Enquanto no homem, as

condições relacionadas à infertilidade são azoospermia e aspermia, na

mulher, as alterações incluem ausência de útero, completa oclusão tubária e

falência ovariana, não havendo nesses casos, nenhuma possibilidade de

concepção natural (ESHRE Group, 1996).

Fator Tuboperitoneal

O fator tuboperitoneal (FTP) é a causa mais freqüente de

infertilidade na mulher, estando a sua prevalência em torno de 35%, que

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poderia ser maior em países do Terceiro Mundo (Cates & Wasserheit,

1991). As causas deste fator são principalmente a doença inflamatória

pélvica (DIP), endometriose, cirurgias pélvicas anteriores, abortos sépticos,

apendicite com peritonite e prenhez ectópica.

As seqüelas de infecções genitais são causas de comprometimento da

fertilidade, sendo que os dois microorganismos mais referidos com

comprovada ação sobre a fertilidade, após um episódio de DIP, estão

representados pela Neisseria gonorrhoae e Chlamydia trachomatis (WHO,

1995). Em todo mundo, infecções causadas por esses dois agentes são

bastante comuns, sendo que em países industrializados, a infecção por C.

tracomatis é cerca de cinco vezes mais comum do que aquela causada pela

N. gonorrhoeae (Stamm & Holmes, 1990). Ambas as infecções podem ter

um impacto sobre a fertilidade, após um episódio de infecção, por

comprometimento das tubas de Falópio. Diversos estudos apresentaram tais

agentes infecciosos para a maioria das infecções pélvicas presentes em

mulheres em idade reprodutiva, principalmente naquelas com idade inferior

a 25 anos e relacionadas com atividade sexual. Mardh, em 1980, e

Westrom & Wolner-Hanssen, em 1993, estudaram pacientes com o

diagnóstico de salpingite aguda. Cerca de 75% das pacientes possuíam

idade inferior a 25 anos e apresentavam uma associação entre salpingite

aguda (SA) e uma doença sexualmente transmissível (DST) de 60%; já as

pacientes com mais de 25 anos de idade (25%) tinham a salpingite

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associada à DST em apenas 15% dos casos, sendo o restante relacionado a

outras etiologias.

O comprometimento da função tubária pela salpingite aguda foi

comprovada por um abrangente estudo prospectivo, realizado na

Universidade de Lund na Suécia. Foram avaliadas, durante 25 anos (1960-

1984), mais de 2500 pacientes com suspeita clínica de salpingite aguda,

sendo todas submetidas à laparoscopia para comprovação diagnóstica. Em

seguida, 1282 pacientes e 448 controles receberam autorização para

engravidar, sendo acompanhadas até 1984. As pacientes que não

engravidaram foram avaliadas com propedêutica para infertilidade

(Westrom, 1975; Westrom & Berger, 1992; Westrom, 1994). Entre as 448

pacientes que engravidaram e foram consideradas como grupo controle,

isto é, sem SA, apenas seis (1,3%) apresentaram prenhez ectópica (PE),

nove pacientes não engravidaram (2%), quatro com e cinco sem FTP.

Assim, as demais pacientes (96,6%) tiveram gravidez tópica. Já no outro

grupo, entre pacientes com episódio único de SA (6%), observou-se que 61

pacientes tiveram PE. Entre pacientes com dois episódios de SA (12,1%),

24 pacientes evoluíram com PE e quando houve três ou mais episódios de

SA (21,7%), 15 pacientes apresentaram PE. Em relação ao FTP, encontrou-

se 79 pacientes com FTP com um episódio de SA (7,7%), 46 com FTP com

dois episódios (23,2%), 30 com FTP com três episódios (43,4%). Tais

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observações ratificam o comprometimento gradativo da função tubária nas

subseqüentes ocorrências de infecção pélvica (Westrom, 1994).

Existe ainda outro importante fator que influencia a gravidade das

alterações causadas pela infecção pélvica por agentes sexualmente

transmissíveis que é o tempo entre o início dos sintomas e o tratamento.

Em uma publicação de Hillis e cols. (1993), estudando 443 pacientes com

DST e salpingite associada, verificou-se que aquelas, cujo tratamento foi

iniciado três dias após o aparecimento dos sintomas, tiveram sua fertilidade

comprometida aproximadamente três vezes mais (RR = 2,8) que as

pacientes que iniciaram o tratamento logo após o surgimento dos sintomas.

Além da salpingite aguda, outras variações da salpingite têm sido

relatadas (Wolner-Hanssen e cols., 1990) e também podem levar à

infertilidade (Osser e cols., 1989). Outros autores demonstraram que a

grande maioria das pacientes com diagnóstico laparoscópico de salpingite

não referiu episódio prévio de DIP (Sellors e cols., 1988; Kelver &

Nagamani, 1989).

Investigação do Fator Tuboperitoneal

Desde 1849, vários métodos foram utilizados para o diagnóstico da

obstrução tubária. Em 1910, Rindfleisch descreve a técnica da

histerossalpingografia logo após o desenvolvimento das técnicas de raio X.

Rubin (1914) e Carey (1914), referidos por O’Dowd & Philip (1994), em

publicações independentes testaram a utilização do colóide de prata

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radiopaco para a avaliação da permeabilidade tubária (O’Dowd & Philip,

1994). Rubin foi o primeiro a utilizar a insuflação das tubas com O2, o qual

era insuflado até a distensão visível da parede abdominal, sendo que a

presença do gás na cavidade era confirmada por raio X. A técnica tornou-se

popular e variações foram usadas até recentemente.

Decker e Cherry (1944) introduziram o uso do culdoscópio para a

avaliação dos órgãos pélvicos. A laparoscopia foi inicialmente

desenvolvida no princípio de 1900, mas não foi popular até 1960. Nessa

década, o aparelho foi aperfeiçoado com o desenvolvimento da ótica de

fibra de carbono e as lentes com ângulo abrangente, o que viabilizou a

técnica, facilitando a visualização da pelve e dos órgãos abdominais.

O ultra–som foi primeiramente usado em infertilidade por

Kratochvirl em 1972, com a finalidade de avaliar os ovários. Em 1979,

Hackeber, citado por Mitri e cols. (1991), correlacionou a dosagem de 17β-

estradiol com o diâmetro dos folículos ovarianos, medidos por ultra-som

transabdominal. Com o advento dos programas de fertilização in-vitro,

Lenz, citado por Mitri e cols. (1991), em 1981 descreveu um guia para a

coleta de oócitos humanos por ultra-som. E mais tarde, Gleicher em 1983

empregou o ultra-som para a coleta de oócitos (Mitri e cols., 1991).

Nanini e cols. (1981) foram os primeiros a citar a possibilidade de se

pesquisar a permeabilidade tubária por meio do ultra-som, realizando a

infusão de solução salina pelo colo do útero e o acompanhamento

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concomitante pelo ultra-som com sonda transabdominal de 3 MHz,

avaliando alterações intra-uterinas e também a permeabilidade tubária. A

crítica, em relação ao uso da solução salina como contraste para a

visualização da trompa, é não permitir a visualização de todo o seu trajeto e

sim, quando muito, a sua porção intramural. Nesse sentido, a inferência da

permeabilidade tubária era feita de maneira indireta, observando-se o

líquido no fundo de saco de Douglas, não se podendo concluir se a

permeabilidade seria uni ou bilateral, ou, se haveria algum

comprometimento da parede tubária. Portanto, esse método torna-se

inferior em relação à sonohisterossalpingografia contrastada (Hycosy) e

também à histerossalpingografia (HSG), que permitem uma avaliação

direta.

Em 1984, Richman e cols. publicaram o primeiro trabalho usando a

sonohisterossalpingografia, exclusivamente para a pesquisa da

permeabilidade tubária, utilizando a ultra-sonografia transabdominal e a

infusão de dextran. Esse estudo usou a HSG como padrão ouro, tendo sido

encontrado uma sensibilidade de 100% e especificidade de 96%. Tal

acurácia não foi encontrada por outros autores (Randolf e cols., 1986;

Volpi e cols., 1994). Além disto, o uso do dextran, solução altamente

viscosa, tinha por finalidade uma possível ação terapêutica, desfazendo

pela ação mecânica promovida pela sua passagem nas tubas, rolhas

mucosas ou aderências peritubárias (Richman e cols., 1984). A mesma

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crítica com relação à avaliação indireta é feita, pois o dextran não funciona

como um contraste positivo, isto é, não realçava a ecorrefringência do meio

perfundido, com igual efeito, portanto, que a solução salina.

Em 1986, Randolph e cols. publicaram o primeiro trabalho em que

os resultados da permeabilidade tubária avaliada por ultra-som foram

comparados com os achados de laparoscopia. Foram avaliadas 61 pacientes

através de ultra-som com sonda transabdominal, injetando-se solução salina

por sonda intra-uterina. O resultado obtido foi de uma sensibilidade de 96%

e especificidade de 94% (Randolph e cols., 1986).

Em 1991, Mitri e cols. publicaram o primeiro trabalho onde a sonda

utilizada foi a endovaginal de 5 MHz, usando como contraste a solução

salina, comparando-se os resultados com a HSG. Os dados demonstrados

dizem respeito somente à concordância entre os achados obtidos para a

trompa entre a sonohisterossalpingografia e a HSG, sendo a mesma igual a

72% (Mitri e cols., 1991).

Em 1994, Volpi e cols. publicaram um trabalho em que a

permeabilidade tubária pesquisada pelo US, utilizando a solução salina

como contraste, apresentava uma novidade. Utilizavam a solução salina

juntamente com o ar, obtendo uma melhoria da ecorrefringência do meio

perfundido. Os resultados desse estudo foram semelhantes aos descritos

quando a solução salina foi utilizada isoladamente, isto é, uma

concordância de 78,2% entre US e laparoscopia e de 90% entre US e HSG

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(Volpi e cols., 1994). Diversos outros trabalhos que utilizaram a solução

salina como contraste (Tufekci e cols., 1992; Omigbodun e cols., 1992;

Allahbadia e cols., 1992; Heikkinen e cols., 1995) apresentaram resultados

semelhantes.

Em 1991, Peters & Coulam publicaram o primeiro trabalho sobre a

investigação da permeabilidade tubária com o emprego de solução salina

com o acompanhamento do doppler. O método possibilitou identificar qual

trompa estaria comprometida, não fazendo entretanto cálculos

diferenciados por trompas de sensibilidade e especificidade. Nesse sentido,

o auxílio do doppler não parece aumentar a precisão desse método,

auxiliando somente nos casos onde a modalidade B-mode suscita dúvidas

(Campbell e cols., 1994).

O uso de agentes que realçam a ecorrefringência foi primeiramente

descrito em 1968, quando Gramiak & Shah descobriram que a

ecogenicidade do sangue poderia ser aumentada pela injeção IV de uma

solução contendo microbolhas de ar. Muitos outros produtos artesanais

surgiram até que em 1986 foi produzido na Alemanha o primeiro contraste

para ecografia, o Echovist300 (SH U 454, Schéring AG, Alemanha), que

foi inicialmente usado para exames ecográficos da câmara direita cardíaca

por US no módulo B-mode ou dopplersonografia. Uma variação do

Echovist, designado de SH U 508 (Levovist), permite não só a avaliação

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12

da ecocardiografia contrastada da câmara esquerda, mas também amplificar

os sinais de doppler através do sistema vascular.

Becher & Schlief, em 1989, demonstraram a boa tolerância da

injeção intravenosa da suspensão SH U 454. Henkel & Schlief, em 1987, já

haviam confirmado a absorção intraperitoneal e boa tolerância local após a

infusão transcervical.

Em 1992, Deichert e cols. publicaram a avaliação de 17 pacientes

submetidas à Hycosy e comparadas com a LPS. A sensibilidade foi de

85,7% e a especificidade foi de 100%. Nesse trabalho utilizou-se além da

sonda endovaginal de 5-7,5 MHz, o auxílio do doppler onda pulsátil com

freqüência de 4,5 MHz. Observou-se que nos resultados não houve

diferença na precisão do método dos trabalhos que tiveram o auxílio do

doppler.

Em 1996, Degenhardt e cols. apresentaram um estudo, comparando

Hycosy, HSG e LPS, utilizando uma sonda endovaginal e o Echovist. Os

resultados encontrados foram concordância de 90,6% entre Hycosy e HSG

e de 91,6% entre Hycosy e LPS. Assim, os autores concluíram que o

método Hycosy é adequado para avaliação da permeabilidade tubária em

casais inférteis, porém sendo necessária a utilização da LPS nos casos

duvidosos.

Mais recentemente, Reis e cols., em 1998, em estudo semelhante,

avaliando 88 tubas uterinas em 44 pacientes, encontraram resultados que

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13

corroboram os trabalhos anteriores, ou seja, a Hycosy e a HSG apresentam

acurácia semelhantes.

A grande vantagem em se utilizar um agente contrastante como o SH

U 454, ao invés da solução salina, está em poder visualizar sua passagem

por todo o seu trajeto dentro dos órgãos pélvicos, e, conseqüentemente,

inferir da presença ou ausência da permeabilidade tubária, avaliando cada

tuba individualmente.

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OOBBJJEETTIIVVOO

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15

OBJETIVO

O objetivo foi avaliar o método da sonohisterossalpingografia

contrastada que utiliza o contraste SH U 454 (Echovist), na detecção da

permeabilidade tubária, comparando-o com a histerossalpingografia e com

a laparoscopia acompanhada de cromotubagem (padrão ouro).

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CCAASSUUÍÍSSTTIICCAA EE MMEETTOODDOOLLOOGGIIAA

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17

CASUÍSTICA E METODOLOGIA

Neste estudo, foram avaliadas prospectivamente 96 trompas de 48

pacientes atendidas pelo Ambulatório de Infertilidade do Departamento de

Ginecologia e Obstetrícia do Hospital das Clínicas da Faculdade de

Medicina de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo, no período de

fevereiro de 1998 a novembro de 1999. Todas as pacientes concordaram,

com consentimento pós-informado que continha por escrito a importância e

o detalhamento dos exames a serem realizados.

Além disso, o protocolo deste estudo foi previamente analisado e

aprovado pelo Comitê de Ética Médica do Hospital das Clínicas da

Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto.

Foram incluídas neste estudo todas as pacientes com ausência de

concepção após um ano de coitos, sem nenhum método anticonceptivo,

(Speroff e cols., 1989, Glass e cols., 1990) com indicação para investigação

da permeabilidade tubária, atendidas no Ambulatório de Infertilidade do

Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto –

Universidade de São Paulo.

Os critérios de exclusão foram os seguintes:

a) pacientes menores de 18 anos;

b) infecção pélvica aguda (diagnóstico clínico);

c) antecedente pessoal de hipergalactosemia ou valvopatia;

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d) cirurgia tubária prévia;

e) pacientes com atraso menstrual;

f) mulheres cujos maridos eram portadores de azoospermia ou

qualquer outra alteração espermática que per se já indicava o

procedimento de fertilização assistida (ICSI), evitando assim a

realização de exames desnecessários para as pacientes.

Antibioticoterapia não foi utilizada como profilaxia em nenhum caso

deste presente estudo, uma vez que todas as pacientes foram submetidas à

avaliação ginecológica prévia, com coleta de swab endocervical, além da

citologia cérvico-vaginal, exames propedêuticos obrigatórios neste serviço.

Na presença de alguma infecção, procedia-se seu tratamento antes da

realização dos exames desse estudo.

Em relação à faixa etária, as pacientes tinham entre 20 e 38 anos,

com idade média de 28,94+4,76 anos (Tabela 2 e Figura 1). A mediana da

idade foi de 28 anos, enquanto o primeiro e o terceiro quartis foram 25 e 32

anos, respectivamente.

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Tabela 2. Distribuição da freqüência da idade das 48 pacientes pesquisadas

quanto à permeabilidade tubária por Hycosy, HSG e LPS

Idade Freqüência Percentual Percentual Acumulado

20 1 2,08% 2,08%

21 1 2,08% 4,17%

22 2 4,17% 8,33%

23 4 8,33% 16,67%

24 1 2,08% 18,75%

25 4 8,33% 27,08%

26 2 4,17% 31,25%

27 7 14,58% 45,83%

28 3 6,25% 52,08%

29 2 4,17% 56,25%

30 0 - 56,25%

31 5 10,41% 66,67%

32 5 10,41% 77,08%

33 0 - 77,08%

34 3 6,25% 83,33%

35 3 6,25% 89,58%

36 3 6,25% 95,83%

37 1 2,08% 97,92%

38 1 2,08% 100,00%

Total 48 100% 100%

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Figura 1. Histograma da freqüência de idades das 48 pacientes e

percentual cumulativo

Em relação à infertilidade, 37 pacientes (77%) apresentavam

infertilidade primária e as outras 11 pacientes (23%) tinham o diagnóstico

de infertilidade secundária (Tabela 3).

Tabela 3. Distribuição das 48 pacientes segundo a paridade

Gesta Freqüência Percentual Perc. Acumulado

0 37 77% 77%

1 3 6,3% 83,3%

2 7 14,7% 98%

4 1 2% 100%

O tempo médio de infertilidade das pacientes avaliadas foi de

5,25+3,5 anos, sendo o menor tempo igual a um ano e a paciente com

02468

101214161820

20-24 25-29 30-34 35-38

Idade (anos)

Freq

üênc

ia

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Perc

entu

al A

cum

ulad

o

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21

maior tempo apresentara 18 anos de infertilidade. Quanto à freqüência, o

tempo de infertilidade mais encontrado, isto é, a moda foi de três anos

(tabela 4).

Tabela 4. Distribuição da freqüência quanto ao tempo de infertilidade

Tempo de

Infertilidade

(anos)

Freqüência Percentual Percentual

Acumulado

1 1 2,1% 2,1% 2 9 18,7% 20,8% 3 10 20,8% 41,7% 4 4 8,3% 50% 5 7 14,6% 64,6% 6 2 4,2% 68,7% 7 7 14,6% 83,3% 8 2 4,2% 87,5% 9 2 4,2% 91,7%

10 0 0% 91,7% 11 0 0% 91,7% 12 1 2,1% 93,8% 13 1 2,1% 95,9% 14 1 2,1% 97,9% 15 0 0% 97,9% 16 0 0% 97,9% 17 0 0% 97,9% 18 1 2,1% 100%

TOTAL 48 100% 100%

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22

Foram pesquisados, dentre os antecedentes pessoais das pacientes, os

seguintes itens: valvulopatias, cirurgias pélvicas anteriores, cirurgias

tubárias (salpingectomia ou salpingoplastia) e hipergalactosemia (presente

em pacientes portadores da deficiência da 1-fosfato-uridiltransferase ou da

deficiência da galactoquinase). As pacientes que haviam sido submetidas a

alguma cirurgia tubária foram excluídas do estudo. Não houve pacientes

portadoras de valvulopatias ou intolerância à galactose. Cerca de 15% das

pacientes haviam sofrido uma cirurgia pélvica, sendo que duas pacientes

foram submetidas a LPS, outras duas a ooforoplastia unilateral e houve

ainda uma paciente para cada um dos seguintes procedimentos cirúrgicos:

apendicectomia, parto cesariana e cirurgia vesical.

Nos antecedentes ginecológicos, atentamos para o número de

curetagens anteriores e a ocorrência de anexite (leucorréia prévia

acompanhada de febre). Aproximadamente 84% das pacientes não

apresentaram nenhum destes antecedentes (tabela 5). A anexite ocorreu por

uma única vez em duas pacientes e por duas vezes em uma paciente. Em

relação à curetagem, quatro pacientes foram submetidas a tal procedimento

em duas oportunidades, enquanto uma paciente sofreu três curetagens e

outra paciente, apenas uma vez. Observamos ainda a data da última

menstruação de cada paciente, estabelecida com segurança.

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Tabela 5. Distribuição dos antecedentes ginecológicos em 48 pacientes

Pacientes sem

antecedente

ginecológico

Pacientes com

anexite

(n)

Pacientes com curetagem

(n)

40 2 (1) 1 (2) 1 (1) 4 (2) 1 (3)

Em relação à paridade, 37 pacientes (77%) eram nuligestas, enquanto

as demais pacientes apresentaram gestações anteriores (tabela 6), sendo que

em sete delas houve 14 abortamentos e cinco pacientes apresentaram

gestações a termo (sendo nove gestações, no total).

Tabela 6. Distribuição de freqüências quanto à paridade em 48 pacientes

Gesta Freqüência Percentual Percentual

Acumulado

0 37 77% 77% 1 3 6,3% 83,3% 2 7 14,7% 98% 3 0 0% 98% 4 1 2% 100%

TOTAL 48 100% 100%

Todas as pacientes se encontravam na primeira fase do ciclo

menstrual, quando foram submetidas aos exames. A Hycosy foi mais

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freqüentemente realizada em pacientes que se encontravam no oitavo dia

do ciclo menstrual. Houve dois casos em que as pacientes apresentavam-se

em amenorréia medicamentosa (tabela 7).

Tabela 7. Distribuição de freqüências, quanto ao dia do ciclo da realização

da Hycosy em 48 pacientes

Dia do ciclo Freqüência Percentual Percentual Acumulado

6º 3 6,3% 6,3% 7º 7 14,6% 20,9% 8º 10 20,8% 41,7% 9º 8 16,7% 58,4% 10º 6 12,5% 70,9% 11º 7 14,6% 85,5% 12º 5 10,4% 95,9%

Amenorréia 2 4,1% 100% TOTAL 48 100% 100%

Histerossalpingografia (HSG)

Todos os exames foram realizados no Serviço de Radiologia do

HCFMRP-USP, seguindo as normas habitualmente utilizadas, descritas a

seguir. A avaliação de todos os exames foi feita por um único examinador,

sem que este tivesse conhecimento dos resultados da Hycosy.

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25

As pacientes encontravam-se entre o quinto e o 12º dia do ciclo

menstrual. O procedimento básico foi realizado com a paciente em posição

ginecológica e após anti-sepsia vaginal, fez-se o pinçamento do colo

uterino com pinça Pozzi. Posicionou-se, a seguir, o histerossalpingógrafo

para a injeção do contraste radiopaco, tendo-se o cuidado de previamente

encher a luz do tubo com o referido contraste para retirar completamente o

ar. O total de radiografias obtidas foi seis, tendo a seguinte seqüência: uma

prévia à injeção do contraste, a fim de se posicionar a pélvis, a segunda

com o início da injeção do contraste, quando a cavidade uterina era

preenchida por ele, a terceira quando o contraste atingia as tubas até a sua

extremidade. Todas estas grafias são tomadas com a paciente em posição

ântero-posterior. A seguir, foram realizadas duas grafias: uma em oblíqua

direita e outra em posição oblíqua esquerda. Após dez minutos, realizou-se

a prova de Cotte. O contraste radiopaco utilizado para a realização da HSG

foi o Ioxitalamato de meglumina 25% (Telebrix), produzido pelo

Laboratório Guerbet, injetando-se 1 ml, 2 ml, 1 ml e 1 ml, respectivamente,

num total de 5 ml. Todos os exames foram precedidos de avaliação por

meio de ultra-som transvaginal.

Sonohisterossalpingografia Contrastada (Hycosy)

Todas as pacientes foram submetidas à sonohisterossalpingografia

contrastada no laboratório de Reprodução Humana do HCFMRP-USP,

durante a primeira fase do ciclo menstrual, isto é, até o 12º dia, evitando-se

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26

assim a possibilidade de gravidez presente e na tentativa de diminuir

possíveis queixas de dor (Campbell e cols., 1994).

Todos os exames foram realizados pelo mesmo examinador, sem que

houvesse conhecimento quanto a outras avaliações realizadas com o intuito

de investigar a permeabilidade tubária. O estudo pela Hycosy será descrito

a seguir.

A sonda utilizada tem como característica principal a presença de

duplo lúmen, sendo um para se inflar o balonete de 2 ml encontrado na sua

extremidade e outro para a injeção de fluidos para o interior da cavidade

uterina (figura 2). O diâmetro externo da sonda é de 2,0 mm e com um

comprimento total de 23 cm. A sonda utilizada é a mesma que acompanha

o kit comercial (figura 7) do contraste SH U 454 (Echovist).

Figura 2. Cateter para realização da Hycosy e detalhe da extremidade com

as duas vias

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Inicialmente, foi realizado um ultra-som pélvico transvaginal, com

equipamento da marca ATL, modelo HDI-3000, utilizando-se uma sonda

endovaginal convexa multifrequencial (4-9 MHz). A seguir, a sonda era

retirada e colocado o espéculo vaginal para realização do exame

ginecológico. Realizada a limpeza vaginal e do colo uterino com solução

fisiológica a 0,9% (SF 0,9%), procedia-se à introdução da sonda plástica de

duas vias, própria para a realização do exame (figura 3). Em virtude do seu

pequeno calibre e fácil manuseio, não houve a necessidade do pinçamento

do colo uterino com pinça Pozzi. Com a sonda no interior da cavidade

uterina, enchia-se o balonete com 1 ml de SF 0,9% (figura 4).

Figura 3. Sonda da Hycosy no interior da cavidade uterina

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28

Figura 4. Sonda com balonete cheio no interior da cavidade uterina

Utilizando ainda SF 0,9%, preenchia-se a cavidade uterina com um

volume de cerca de 5 a 8 ml, permitindo a visualização do seu interior,

possibilitando o diagnóstico de possíveis patologias (miomas submucosos,

pólipos, sinéquias e espessamento endometrial). A utilização de cortes

ultra-sonográficos longitudinal e transversal foi realizada para tal fim. Após

fixação do corte transversal, estando a região dos cornos uterinos visíveis,

iniciava-se a introdução do contraste SH U 454 (Echovist) em frações de

2 ml, de maneira intermitente, observando-se o seu fluxo primeiramente

pela tuba direita e em seguida pela tuba esquerda, até um máximo de 15 ml

(figura 5).

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Figura 5. Injeção do Echovist na cavidade uterina

Movimentos com a sonda endovaginal, mudando-se o ângulo de

inclinação e realizando-se pequenos deslocamentos laterais, foram

fundamentais para a visualização e detecção da passagem do contraste

pelas tubas. Os critérios de permeabilidade utilizados foram (Schlief &

Deichert, 1991; Campbell e cols., 1994; Fleischer e cols., 1996):

• visualização da passagem do contraste por toda a tuba até sua

saída para a cavidade peritoneal;

• visualização do acúmulo do contraste na região perianexial e/ou

no fundo de saco de Douglas;

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30

• visualização do fluxo do contraste em um segmento da tuba por

um período mínimo de dez segundos, sem a formação de

hidrossalpinge.

Preferencialmente, foram utilizados os dois primeiros critérios para a

confirmação da permeabilidade tubária (figura 6).

Figura 6. Foto US (Hycosy) demonstrando o contraste em tuba

uterina esquerda

Na maioria dos casos foram utilizados entre 8 a 10 ml do contraste,

isto é, metade do conteúdo total disponível para a realização completa da

avaliação de ambas as tubas uterinas.

O SH U 454 (Echovist) é um contraste composto de microbolhas,

estabilizado em um meio de galactose, especificamente elaborado para a

utilização em ultra-sonografia, proporcionando um aumento da

ecorrefringência do meio perfundido. O SH U 454 é produzido pela

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Schering/Berlim que cedeu parte dos contrastes utilizados para a realização

deste estudo.

Composição

O Echovist é uma suspensão de microbolhas e micropartículas em

uma solução aquosa, sendo preparada imediatamente antes de sua

utilização a partir de dois componentes: um granulado de micropartículas e

uma solução aquosa, ambos constituídos de galactose. O granulado contém

1 g de micropartículas de galactose, enquanto a solução é constituída de

200 mg de galactose por ml. Realizou-se a preparação da solução

utilizando-se uma seringa de plástico de 20 ml e uma agulha comum (25x7,

ex.) com a qual se aspirava a solução aquosa de galactose. Por meio de um

perfurador plástico que acompanha o kit do contraste (figura 7), a solução

era adicionada ao frasco contendo as micropartículas imediatamente antes

de sua utilização. A seguir, procedia-se à homogeneização do produto,

agitando-se o frasco por cerca de dez segundos. A solução adquiria um

aspecto branco leitoso que sob microscopia eletrônica apresenta

micropartículas que se assemelham a pequenas bolas de neve (figura 8).

Assim, o Echovist tornava-se uma suspensão de micropartículas de

galactose solúvel em uma solução aquosa de galactose a 20%, com uma

concentração homogênea de 200 mg/ml para uso em Hycosy. O diâmetro

médio das micropartículas de galactose é de 2 µm, sendo 99% menor que

12 µm (tabela 8) (Degenhardt e cols., 1996). Tais microbolhas de ar,

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32

quando em uma solução supersaturada com gás, ficam dispersas no fluido,

permanecendo um longo período nesta solução, assim como na água

mineral carbonada. Já em uma solução não saturada com gás, as

microbolhas sobem para a superfície, desaparecendo em seguida. Nas

micropartículas, encontram-se minúsculas fissuras que agem como

formadora de microbolhas, além de servirem como pontos de adesão. As

microbolhas de tamanho maior que as micropartículas desaparecem

rapidamente com a movimentação da solução, permanecendo aquelas de

tamanho igual ou menor que as micropartículas.

Tabela 8. Quadro esquemático da composição do Echovist

Diâmetro das micropartículas 2 µm (média), 99% < 12 µm Fórmula Molecular C6H12O6

Peso Molecular 180,18

Fonte: Degenhardt e cols., 1996

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33

Figura 7. Kit comercial do Echovist, mostrando os frascos e o

perfurador utilizado para a sua preparação

Figura 8. Microscopia eletrônica demonstrando as microbolhas da

solução do Echovist

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Propriedades Físico-químicas

A suspensão preparada é um fluido branco leitoso cuja viscosidade, a

25 ºC, é de 4,1mPa.s. Em relação à osmolaridade, as micropartículas são

incapazes de exercer um efeito osmótico significante (Degenhardt e cols.,

1996).

Com relação à estabilidade das microbolhas, tem-se que a suspensão

preparada corretamente tem finas bolhas (microbolhas) em torno das

micropartículas de galactose, sendo ambas distribuídas igualmente pela

solução, com um montante total de ar inferior a 100 µl por grama de

micropartículas. O tamanho das bolhas de gás encontra-se dentro do limite

das células sangüíneas humanas. Uma vez dentro do corpo humano, as

micropartículas dissolvem-se rapidamente, deixando somente as

microbolhas, sendo estas estáveis o suficiente para propiciar um aumento

da ecorrefringência por muitos minutos após sua administração (figura 9).

Figura 9. Esquema demonstrando o aumento da ecorrefringência do meio

perfundido com a presença das micropartículas com microbolhas

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35

Farmacocinética

Na Hycosy, após a perfusão das tubas, as micropartículas atingem a

cavidade abdominal onde se diluem com o líquido peritoneal e ao atingirem

a temperatura de 37 ºC, são totalmente dissolvidas em até 30 minutos. A

galactose dissolvida é absorvida para ser metabolizada no fígado, sob a

forma de galactose 1-fosfato ou pode ser quebrada, após isomerização, em

glicose 1-fosfato, seguindo assim, a via metabólica da glicose tendo como

produto final o gás carbônico (figura 10). Sua excreção é feita através da

via renal, quando o nível plasmático excede a 50 mg/100 ml. A meia-vida

da galactose em adultos sadios é em torno de 10 a 11 minutos e sua

excreção pode estar diminuída em pessoas com prejuízo da função hepática

(Degenhardt e cols., 1996).

Figura 10. Metabolização da galactose – Via metabólica glicose

Em pacientes portadores de hipergalactosemia, a galactose não pode

ser metabolizada pelas vias normais. Por isso, tal condição torna-se uma

Fígado

Glicose 1-

fosfatase

Via

Metabólica

Glicose

CO2

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contra-indicação para a realização da Hycosy. Entretanto, não há

necessidade de se realizar testes para a detecção desta enfermidade, uma

vez que, além de ser hereditária, a hipergalactosemia apresenta-se com

exuberante sintomatologia, estando portanto a paciente certamente ciente

de sua deficiência. A quantidade total de galactose, administrada para a

realização da Hycosy, usualmente não ultrapassa o total de galactose

contido em um copo de leite (Degenhardt e cols., 1996).

Em todas as pacientes avaliadas neste estudo, foi pesquisada a

ocorrência de possíveis efeitos colaterais, tais como: hipotensão,

bradicardia e tontura, estes tendo como causa provável o reflexo vagal,

além de náuseas, vômitos, sudorese e dor. A paciente classificou a dor,

subjetivamente, em leve, moderada ou intensa.

Laparoscopia com Cromotubagem (LPS)

As laparoscopias de todas as pacientes foram realizadas no Centro

Cirúrgico do HCFMRP-USP, sendo todas supervisionadas por um mesmo

preceptor, sem que este conhecesse os resultados das avaliações prévias

(HSG e Hycosy). O procedimento seguiu a rotina das laparoscopias

realizadas pelo Setor de Endoscopia Ginecológica do Departamento de

Ginecologia e Obstetrícia do HCFMR-USP, sendo todos os exames

realizados sob anestesia geral com a paciente em posição de Rose. Após os

procedimentos habituais de anti-sepsia e colocação de campos estéreis,

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37

iniciou-se a laparoscopia, visualizando-se a região pélvica (útero e anexos),

seguida da região abdominal superior (fígado, vesícula biliar, baço,

intestinos, epíploon e peritônio). Ao mesmo tempo, é posicionado o

histerossalpingógrafo no colo uterino de maneira semelhante à utilizada na

realização da HSG, seguindo-se os mesmos passos descritos previamente.

Procede-se a injeção do contraste azul de metileno em frações de 5 ml até o

máximo de 15 ml, observando-se (ou não) o seu extravasamento na

cavidade pélvica pelas tubas uterinas (figura 11). Ao término do exame, o

procedimento é descrito de forma bem detalhada, classificando as tubas

direita e esquerda em pérvias ou não, além de outras alterações que

puderam ter sido encontradas, tais como: hidrossalpinge, aderências e

outras patologias pélvicas associadas.

Figura 11. Laparoscopia – azul de metileno na tuba direita

Ovário D ►

Azul Metileno

Tuba Uterina D

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38

Análise Estatística – Cálculo Amostral

Para estimar o número adequado de pacientes necessárias para a

realização desta pesquisa de acordo com Hulley & Cummings (1988) que

consideram os estudos com testes diagnósticos como descritivos, foi

aplicada a seguinte fórmula para variável dicotômica:

N = [4 x (Z α)2 x P x (1 – P)]

W2

N = tamanho amostral

Zα = (1 - α) = (1 – 0,05) = 1,96

P = proporção esperada

W = amplitude da variação

Em relação aos trabalhos de investigação da permeabilidade tubária,

cada paciente foi considerada como duas unidades amostrais (Campbell e

cols., 1994; Schlief & Deichert, 1991; Reis e cols., 1998), uma vez que as

duas tubas são independentes, portanto podendo apresentar diferentes

resultados uma da outra, não havendo uma interdependência dos resultados.

Sendo assim, cada trompa foi considerada como uma unidade amostral em

nosso estudo. Tal critério também foi utilizado nos trabalhos relativos ao

estudo da criptorquidia (Longui e cols., 1994; Chagas e cols., 1994).

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39

Ao se considerar a fórmula descrita anteriormente para cálculo

amostral, utilizando-se um intervalo de confiança de 95%, o número de

pacientes varia segundo a sensibilidade e especificidade do teste em

questão, como também segundo a amplitude da precisão desejada para o

teste (tabela 9). Quando a amplitude for igual a 10%, isto significa que

quando se afirma estar diante de um teste que apresenta determinado valor

de sensibilidade, este terá uma variação de + 5%. Para uma amplitude de

15%, a variação será de 7,5% (Dean e cols., 1994).

Tabela 9. Distribuição do cálculo amostral, segundo a taxa de sensibilidade

e especificidade e a variação de amplitude (10% e 15%).

Sensibilidade /

Especificidade Amplitude 10% (5%) Amplitude 15% (7,5%)

40% 370 165

50% 385 175

60% 370 165

70% 325 145

80% 250 110

90% 140 65

95% 75 35

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40

Nos principais trabalhos da literatura (Schlief & Deichert, 1991;

Campbell e cols., 1994), a sensibilidade foi de 100% e 90% e a

especificidade de 86% e 100%, respectivamente. Considerando-se o nível

inferior de sensibilidade e especificidade encontrados na literatura, de 90%,

observa-se que o tamanho da amostra para uma amplitude de 10% (+ 5%) é

de 140 tubas, e para uma amplitude de 15% (+ 7,5%) é de 65 tubas (tabela

5). O grau de precisão exato para as 96 tubas uterinas avaliadas neste

estudo é 6%, isto é, uma amplitude de 12%, considerada bastante

satisfatória para a avaliação de testes diagnósticos (Hulley & Cummings,

1988).

Para a realização da avaliação do método testado, foram utilizados os

seguintes instrumentos de medidas (tabela 10): sensibilidade (S),

especificidade (E), valor preditivo positivo (VPP), valor preditivo negativo

(VPN), concordância observada (C), razão de verossimilhança positiva

(RV+), razão de verossimilhança negativa (RV-) (Fletcher e cols., 1989),

além de co-positividade e co-negatividade (Buck & Gart, 1966).

Neste estudo, definimos sensibilidade como a proporção de tubas

uterinas pérvias detectadas pelos testes (Hycosy e HSG) do total de

trompas pérvias confirmadas pela LPS (padrão ouro). Especificidade da

Hycosy e da HSG é a proporção de tubas obstruídas detectadas por elas

pelo total de tubas comprovadamente obstruídas pela LPS. O valor

preditivo positivo avalia a probabilidade do teste obter um resultado

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positivo correto, sendo que, o falso positivo corresponde a um menos este

valor. Já o valor preditivo negativo avalia a probabilidade do teste

apresentar um resultado negativo correto. Um menos este valor é o falso

negativo. Um valor preditivo positivo alto significa que, quando o teste

apresenta um resultado positivo, é muito provável que a paciente não

apresente obstrução tubária.

Concordância observada avalia o grau de concordância simples

obtida pelos testes em questão, isto é, a soma do número de casos

identificados como tubas pérvias com o número de casos correspondentes à

obstrução tubária nos dois testes, sendo o resultado obtido, dividido pelo

número total de casos.

As razões de verossimilhança resumem a mesma informação dada

pela sensibilidade/especificidade, sendo uma forma alternativa de descrever

o desempenho de um determinado teste diagnóstico. Elas são expressas em

chances. Assim, probabilidade é a proporção de pessoas nas quais uma

determinada característica (ex. teste positivo) está presente. Para que a

chance seja obtida, dividem-se duas probabilidades. Portanto, chances e

probabilidade contêm a mesma informação, porém a expressam de

diferentes formas, podendo ser interconvertidas usando fórmulas simples

(Fletcher e cols., 1989):

Chances = Probabilidade do evento Probabilidade = Chances .

1 – Probabilidade do evento 1 - Chances

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42

As razões de verossimilhança expressam quantas vezes mais

provável (ou menos) se encontra um resultado de um teste positivo,

comparado com o negativo. Se o teste for dicotomizado

(positivo/negativo), dois tipos de verossimilhança descrevem sua

capacidade de discriminação: um associado ao teste positivo e outro ao

teste negativo.

A vantagem principal das razões de verossimilhança é que elas

permitem ir além da simples classificação do resultado de um teste como

normal ou anormal. Com as razões de verossimilhança, é possível resumir a

informação contida no resultado de um teste em diferentes níveis. Desse

modo, utiliza-se a informação representada pelo grau de anormalidade, em

vez de simplesmente descrever sua presença ou ausência. Assim, as razões

de verossimilhança podem justificar a prática clínica comum e sensata de

dar mais valor aos valores extremamente altos (ou baixos), comparados

com testes limítrofes, ao se estimar a probabilidade (ou chances) de que

uma determinada doença esteja presente (Fletcher e cols., 1989).

Para a análise estatística deste estudo foram utilizados os softwares

Microsoft Excel (Microsoft Corporation 1983-1997) e GraphPad Prism v.

2.00 (GraphPad Software Incorporated 1995).

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Tabela 10. Resumo dos instrumentos de medidas utilizados neste estudo

Instrumento de medida Cálculo

Sensibilidade N.º de tubas pérvias com teste positivo N.º de tubas pérvias (LPS)

Especificidade N.º de tubas obstruídas com teste negativo N.º de tubas obstruídas (LPS)

Valor Preditivo Positivo N.º de tubas pérvias com teste positivo N.º de tubas com teste positivo

Valor Preditivo Negativo N.º de tubas obstruídas com teste negativo N.º de tubas com teste negativo

Concordância Nº tubas pérvias (2 testes)+Nºtubas obstruídas (2 testes) N.º total de tubas

Razão Verossimilhança RV+ = a / a+c RV- = c / a+c b/ b+d d / b+d

A co-positividade e a co-negatividade correspondem à sensibilidade

e à especificidade, quando são comparados dois testes diagnósticos, onde

nenhum dos dois é o padrão ouro. Por isso, quando comparamos a

Sonohisterossalpingografia (Hycosy) e a Histerossalpingografia (HSG),

justifica-se o uso da co-positividade e da co-negatividade (Buck & Gart,

1966).

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RREESSUULLTTAADDOOSS

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RESULTADOS

Análise Descritiva

Quanto à pesquisa da permeabilidade tubária, encontramos, na

avaliação da tuba direita, coincidência de resultados entre os métodos

Hycosy e HSG com uma taxa de 81,25% de tubas permeáveis, e 85,4% na

LPS (tabela 11).

Tabela 11. Distribuição da freqüência de permeabilidade tubária direita

encontrada pela Hycosy, HSG e LPS nas 48 pacientes estudadas

HSG Hycosy LPS Tuba Direita n % n % n %

Permeável 39 81,25 39 81,25 41 85,4 Obstruída 9 18,75 9 18,75 7 14,6

Total 48 100 48 100 48 100

Em relação à tuba esquerda, observamos que para a Hycosy, 85,4%

das tubas estavam permeáveis, para a HSG, 79,2% e para a LPS, 85,4%

(tabela 12).

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Tabela 12. Distribuição da freqüência de permeabilidade tubária esquerda

encontrada pela Hycosy, LPS e HSG nas 48 pacientes estudadas

HSG Hycosy LPS Tuba

Esquerda n % n % n %

Permeável 38 79,2 41 85,4 41 85,4 Obstruída 10 20,8 7 14,6 7 14,6

Total 48 100 48 100 48 100

Análise Estatística

A avaliação da acurácia da Sono-histerossalpingografia contrastada

(Hycosy) em comparação com a Laparoscopia com cromotubagem (LPS),

padrão ouro, mostrou os seguintes valores: sensibilidade igual a 86,6%

(87,8% e 85,4%, respectivamente tubas direita e esquerda), especificidade

de 35,7% (57,1% e 14,3%), valor preditivo positivo de 88,75% (92,3% e

85,4%), valor preditivo negativo de 31,25% (44,4% e 14,3%) e

concordância observada de 79,2% (sendo a concordância positiva igual a

de 86,6% e 35,7% a concordância negativa) (tabela 13).

A razão de verossimilhança positiva (RV+), encontrada para a

comparação da Hycosy com a LPS para ambas as tubas, foi de 1,35,

enquanto a razão de verossimilhança negativa (RV-) foi de 0,38.

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Tabela 13. Tubas uterinas das 48 pacientes avaliadas neste estudo,

classificadas como permeáveis ou obstruídas, comparando-se os achados da

Hycosy com a LPS (padrão ouro).

Hycosy LPS permeável LPS obstruída Total Permeável 71 9 80

Obstruída 11 5 16

Total 82 14 96

Sensibilidade: 86,6% Especificidade: 35,7% Valor Preditivo Positivo: 88,75% Valor Preditivo Negativo: 31,25% Concordância: 79,2%

A avaliação da Histerossalpingografia (HSG) comparativamente com

a LPS (padrão ouro) mostrou valores de sensibilidade de 85,4% (87,8% e

82,9%, respectivamente tubas direita e esquerda), especificidade de 50%

(57,1% e 42,9%), valor preditivo positivo de 90,9% (92,3% e 89,5%), valor

preditivo negativo de 36,8% (44,4% e 30%), e concordância observada de

80,2% (sendo 85,4% de concordância positiva e 50% de concordância

negativa). Os dados estão demonstrados na tabela 14.

A razão de verossimilhança positiva (RV+), encontrada para a

comparação da HSG com a LPS para ambas as tubas uterinas, foi de 1,71,

enquanto a razão de verossimilhança negativa (RV-) foi de 0,29.

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48

Tabela 14. Tubas uterinas das 48 pacientes avaliadas neste estudo,

classificadas como permeáveis ou obstruídas, comparando-se os achados da

HSG com a LPS (padrão ouro)

HSG LPS permeável LPS obstruída Total Permeável 70 7 77

Obstruída 12 7 19

Total 82 14 96

Sensibilidade: 85,4% Especificidade: 50% Valor Preditivo Positivo: 90,9% Valor Preditivo Negativo: 36,8% Concordância: 80,2%

Ao se comparar os resultados da Hycosy com a HSG, observamos

uma co-positividade de 87%, co-negatividade de 31,6% e a concordância

de 76% (tabela 15).

Tabela 15. Tubas uterinas das 48 pacientes avaliadas neste estudo,

classificadas como permeáveis ou obstruídas, comparando-se os achados da

Hycosy com a HSG

Hycosy HSG permeável HSG obstruída Total Permeável 67 13 80

Obstruída 10 6 16

Total 77 19 96

Co-positividade: 87% Co-negatividade: 31,6% Concordância: 76%

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Comparando-se isoladamente tuba direita e tuba esquerda,

verificamos que a concordância da Hycosy com a LPS para a tuba direita

foi a mesma observada entre HSG e LPS, isto é, 83,3% (tabelas 16 e 17).

Tabela 16. Comparação dos achados da Hycosy e LPS (padrão ouro) para

a tuba direita das 48 pacientes avaliadas neste estudo

Hycosy LPS permeável LPS obstruída Total Permeável 36 3 39

Obstruída 5 4 9

Total 41 7 48

Concordância positiva: 87,8% Concordância negativa: 57,1% Concordância: 83,3%

Tabela 17. Comparação dos achados da HSG e LPS (padrão ouro) para a

tuba direita das 48 pacientes avaliadas neste estudo

HSG LPS permeável LPS obstruída Total Permeável 36 3 39

Obstruída 5 4 9

Total 41 7 48

Concordância positiva: 87,8% Concordância negativa: 57,1% Concordância: 83,3%

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Já em relação à tuba esquerda, a concordância observada entre

Hycosy e LPS foi de 75% (tabela 18) enquanto que entre HSG e LPS, o

valor obtido foi de 77,1% (tabela 19).

Tabela 18. Comparação dos achados da Hycosy e LPS (padrão ouro) para

a tuba esquerda das 48 pacientes avaliadas neste estudo

Hycosy LPS permeável LPS obstruída Total Permeável 35 6 41

Obstruída 6 1 7

Total 41 7 48

Concordância positiva: 85,4% Concordância negativa: 14,3% Concordância: 75%

Tabela 19. Comparação dos achados da HSG e LPS (padrão ouro) para a

tuba esquerda das 48 pacientes avaliadas neste estudo

HSG LPS permeável LPS obstruída Total Permeável 34 4 38

Obstruída 7 3 10

Total 41 7 48

Concordância positiva: 82,9% Concordância negativa: 42,9% Concordância: 77,1%

Ao se compararem os resultados das duas tubas obtidos pela Hycosy,

procuramos avaliar se existe correspondência entre os resultados

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encontrados para a tuba direita e esquerda. Os resultados diferiram entre si

em 20,8% dos casos (tabela 20), justificando, assim, a utilização de cada

tuba uterina como uma unidade amostral.

Tabela 20. Discordância entre os resultados da tuba direita e da tuba

esquerda dentre as 48 pacientes avaliadas neste estudo pela Hycosy

Hycosy

(Tuba direita)

Hycosy

(Tuba esquerda)

Permeável

Hycosy

(Tuba esquerda)

Obstruída

Total

Permeável 35 4 39

Obstruída 6 3 9

Total 41 7 48

Discordância: 20,8%

Comparando-se os resultados da Hycosy (tabela 21) com a HSG

(tabela 22), não houve diferença quanto à avaliação da permeabilidade

tubária pelas duas metodologias (χ2=0,027).

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52

Tabela 21.Comparação dos dados obtidos pela Hycosy quanto à

permeabilidade tubária para as tubas direita e esquerda

Condição da tuba Tuba Direita Tuba Esquerda Total

Permeável 39 41 80

Obstruída 9 7 16

Total 48 48 96

Tabela 22. Comparação dos dados obtidos pela HSG quanto à

permeabilidade tubária para as tubas direita e esquerda

Condição da tuba Tuba Direita Tuba Esquerda Total

Permeável 39 38 77

Obstruída 9 10 19

Total 48 48 96

Em relação à ocorrência de efeitos colaterais, não houve relato de

sinais ou sintomas referentes ao reflexo vagal. Quanto à dor apresentada

pelas pacientes durante e imediatamente após a realização dos exames,

observou-se nítida diferença entre a HSG e a Hycosy. Dor moderada ou dor

intensa relacionadas à HSG foram referidas por 44 pacientes, enquanto

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53

apenas 20 pacientes referiram dor moderada relacionada à Hycosy (tabela

23). Uma paciente necessitou de medicação anti-espasmódica endovenosa

após a realização da HSG.

Tabela 23. Distribuição da freqüência de dor relacionada a HSG e Hycosy

Dor leve Dor moderada Dor intensa Total HSG 4 22 22 48

Hycosy 28 20 0 48

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DDIISSCCUUSSSSÃÃOO

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55

DISCUSSÃO

Os resultados obtidos neste estudo, quanto à acurácia do método

Hycosy na avaliação da permeabilidade tubária em comparação com a

HSG e com a LPS acompanhada de cromotubagem, estão de acordo com a

literatura mundial no que se refere à sensibilidade, VPP e concordância

(Schlief & Deichert, 1991; Deichert e cols., 1992; Campbell e cols., 1994;

Heikkinen e cols., 1995; Degenhardt e cols., 1996; Ayida e cols., 1997;

Kleinkauf-Haucker e cols., 1997; Reis e cols., 1998). No entanto, nesses

mesmos estudos, observaram-se diferenças em relação à especificidade e

VPN.

É de fundamental importância ressaltar que tanto a Hycosy quanto a

HSG realizam um exame de screening da permeabilidade tubária. Nesse

sentido, o padrão ouro, representado pela Laparoscopia acompanhada de

cromotubagem, deve ser realizado sempre que houver alguma alteração na

avaliação prévia das tubas. Os resultados desse estudo demonstram também

que ambos, Hycosy e HSG, apresentaram limitações na detecção da

permeabilidade tubária.

Em relação à amostra avaliada, conforme já comentada no capítulo

da metodologia, o número de tubas estudadas está dentro da faixa do

cálculo amostral, sendo que para 96 tubas a amplitude é de 12% (+6%). Em

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56

estudos com rigor metodológico, aceita-se que a amplitude seja equivalente

a no máximo 15% (+7,5%) (Hulley & Cummings, 1988).

Quanto à infertilidade, nesse estudo 77% das pacientes apresentam

infertilidade primária e o restante, 23%, refere-se à infertilidade secundária.

Em relação aos efeitos colaterais pesquisados, observamos que não

são de grande monta em ambos os exames. No entanto, a prevalência de

dor, subjetivamente avaliada, foi bastante superior quando realizada a

HSG. Tal fato também foi demonstrado em outros estudos da literatura

(Campbell e cols., 1994; Ayida e cols., 1996; Degenhardt e cols.,

1996:1996; Reis e cols., 1998). Contudo nesse estudo, existiu clara

evidência de que a Hycosy apresentou menor ocorrência de dor tendo sido

esta, quando presente, classificada predominantemente como leve. Uma

possível explicação para o presente fato pode estar relacionada com a

pressão de injeção do contraste e também devido à utilização durante a

Hycosy de uma sonda flexível, com pequeno calibre, comparada com o

histerossalpingógrafo habitualmente usado na HSG, onde é necessária, para

preensão do colo uterino, a utilização da pinça Pozzi. Entretanto, a questão

da diferença entre os sintomas álgicos dos dois exames não tem

fundamento estatístico, haja vista que a amostra deste estudo não foi

calculada para tal fim, além da aferição ter sido feita de maneira subjetiva.

Neste estudo, verificamos ainda um número pequeno de casos onde

houve realmente obstrução tubária que correspondeu a cerca de 14% das

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57

pacientes avaliadas. Essa baixa prevalência parece ter contribuído com os

resultados inferiores em relação aos trabalhos da literatura (Schlief &

Deichert, 1991; Deichert e cols., 1992; Campbell e cols., 1994; Heikkinen e

cols., 1995; Degenhardt e cols., 1996; Ayida e cols., 1997; Kleinkauf-

Haucker e cols., 1997; Reis e cols., 1998), no que se refere à Especificidade

(35,7% e 50%, respectivamente Hycosy e HSG), e Valor Preditivo

Negativo (31,25% e 36, 8%, respectivamente), enquanto Reis e cols., em

1998, encontraram 85,2% para Hycosy e 83,2% para HSG quanto à

especificidade e 71,9% e 69,7% quanto ao VPN para Hycosy e HSG,

respectivamente. Além da baixa prevalência acima referida, o espasmo

tubário, que pode ocorrer tanto na HSG quanto na Hycosy mas não na LPS

(paciente sob anestesia geral), pode ter contribuído para os baixos

resultados da E e do VPN. Uma outra possibilidade poderia ser atribuída à

existência de uma salpingite, levando à oclusão da tuba.

Por outro lado, em relação aos outros instrumentos de medida

(Sensibilidade, Valor Preditivo Positivo e Concordância), a Hycosy se

mostrou comparativamente com o padrão ouro (LPS) em patamares

bastante satisfatórios, ou seja, apresentou sensibilidade de 86,6%, VPP de

88,75% e concordância de 79,2%. Reis e cols. obtiveram os seguintes

resultados: sensibilidade igual a 85,2%, VPP igual a 92,9% e concordância

igual a 85,2%. Esses resultados foram bastante próximos aos da HSG (S =

85,36%, VPP = 90,9% e C = 80,2%) encontrados neste estudo e no de Reis

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e cols. (S = 85,2%, VPP = 92,7% e C = 84,1%). Assim, constatamos que os

exames são bastante similares, mas a Hycosy apresentou, com base neste

estudo e na literatura, diversas vantagens abaixo relatadas.

Em relação à avaliação da permeabilidade tubária, a acuidade da

Hycosy observada neste estudo e também verificada por outros autores

(Schilief & Deichert, 1991; Deichert e cols., 1992; Campbell e cols, 1994;

Heikkinen e cols., 1995; Degenhardt e cols., 1996; Ayida e cols., 1997;

Kleinkauf-Haucker e cols., 1997; Tekay e cols., 1997; Reis e cols., 1998)

demonstrou que esse método pode ser considerado equivalente à HSG. Por

outro lado, apesar de não ter sido objetivo deste estudo, a Hycosy permite

concomitantemente fazer a avaliação de patologias da cavidade uterina

(pólipos, miomas, dentre outras), fator extremamente importante na

abordagem de pacientes inférteis (Richman e cols., 1984; Degenhardt e

cols., 1996; Kleinkauf-Haucker e cols., 1997; Reis e cols., 1997).

Na Hycosy, não existiu o risco de reações anafiláticas ao contraste,

como pode ocorrer na HSG, sendo portanto um exame mais seguro

(Richman e cols., 1984; Campbell e cols., 1994; Degenhardt e cols., 1996).

Não verificamos neste estudo nenhuma ocorrência de reação anafilática ao

contraste iodado, utilizado na HSG. Porém, deve-se considerar que a

amostra é pequena para a avaliação de tais reações, tanto na Hycosy quanto

na HSG.

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Na realização da Hycosy, não existe exposição à radiação como

ocorre na HSG, benefício esse observado também por outros autores

(Richman e cols., 1984; Campbell e cols, 1994; Degenhardt e cols.,

1996:1996; Ayida e cols., 1997).

A Hycosy foi melhor tolerada pelas pacientes, observação relatada

também em outras publicações (Campbell e cols., 1994; Ayida e cols.,

1996, Degenhardt e cols., 1996:1996; Reis e cols., 1998).

Além disso, a Hycosy permitiu previamente a realização da avaliação

dinâmica de toda a pelve, bem como de patologias miometriais uterinas e

ovarianas (Richman e cols., 1984; Campbell e cols., 1994; Degenhardt e

cols., 1996:1996).

Os valores referentes a falso positivo (FP) e falso negativo (FN)

foram calculados através da subtração do VPP de 1, isto é, 1 – VPP e do

VPN (1 – VPN). Com isso, temos que o cálculo do FP da Hycosy é de

11,25% e o FN é de 68,75%, enquanto que para a HSG os resultados foram

os seguintes: FP = 9,1% e FN = 63,1%. Como podemos constatar, os

valores são também bastante próximos, deixando os testes similares

também neste aspecto, com uma ligeira desvantagem para a Hycosy. Os

elevados valores de falso negativo fazem com que a realização da LPS seja

necessária para comprovação de alguma alteração tubária. Por outro lado,

com as baixas taxas de falso positivo para ambos os métodos, pode-se ter

relativa precisão quando os testes afirmam que existe permeabilidade

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tubária, podendo considerar tal paciente como não portadora de fator

tubário obstrutivo. Uma provável causa para o índice elevado de falso

negativo, tanto para Hycosy quanto para HSG, é a possível ocorrência de

um espasmo tubário no momento da avaliação, podendo a tuba ser

considerada obstruída. As contraturas involuntárias das tubas (espasmos)

podem ser estimuladas pelo pinçamento do colo uterino e ou pela

introdução do contraste. Na LPS, tal fato dificilmente ocorreria ou se

ocorresse seria em percentuais infinitamente inferiores, uma vez que a

paciente se encontra sob anestesia geral (Campbell e cols., 1994).

A razão de verossimilhança positiva (RV+) para a Hycosy foi de

1,25, significando que a chance da LPS confirmar o resultado de

permeabilidade tubária é cerca de uma vez e meia maior que a

possibilidade de discordar do resultado da Hycosy.

A razão de verossimilhança negativa (RV-) foi de 0,38. Isso significa

que se a Hycosy acusar resultado negativo (obstrução tubária), existe uma

chance de cerca de um terço dos casos da LPS identificar permeabilidade

tubária, realçando também o papel importante do padrão ouro nesses casos.

A concordância observada para os resultados da tuba direita, obtidos

pela Hycosy e LPS (83,3%), foi superior à concordância observada por

esses exames para a tuba esquerda (75%). Explicações para tal observação

podem ser feitas a partir da tuba direita ter sido avaliada primeiramente,

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além de ser visualizada mais facilmente. Tal situação se repetiu entre os

resultados da HSG e LPS.

Como mencionado anteriormente, a co-positividade e a co-

negatividade são calculados quando o método utilizado para a comparação

não é o método ouro (Buck & Gart, 1966) e correspondem à sensibilidade e

à especificidade, respectivamente. A análise dos dados de comparação

entre Hycosy e HSG estão muito relacionados aos resultados já

apresentados. A co-positividade da Hycosy, tendo a HSG como referência,

foi de 87%, a co-negatividade de 31,6%, enquanto a concordância

observada dos resultados dos dois métodos atingiu o valor de 76%.

Porém, a metodologia correta para a avaliação desses dois exames é

aquela já descrita, envolvendo os principais instrumentos de medida

(sensibilidade, especificidade, VPP, VPN e concordância observada)

comparando-os com um padrão ouro (Fletcher e cols., 1989).

Um grande fator diferencial e limitante entre os dois exames

encontra-se no custo de cada uma das técnicas envolvidas neste estudo.

Para a realização da HSG, tem-se um gasto médio de R$ 150,00 por exame,

sendo o contraste utilizado (Telebrix Histero) responsável por menos de

20% deste total. Já o custo da Hycosy fica em torno de R$ 420,00 por

exame; neste caso, o Echovist corresponde a cerca de 71% deste valor.

Frente a isto, o alto custo da Hycosy dificultaria sua utilização para

avaliação em massa em nosso país.

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Assim, este estudo, realizado com rigor metodológico e amostra

representativa, concluiu que o novo método Hycosy é bastante adequado

para a pesquisa da permeabilidade tubária, apresentando vantagens em

relação à HSG.

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CCOONNCCLLUUSSÕÕEESS

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CONCLUSÕES

Baseado nos dados apresentados, concluímos que:

1. A Hycosy apresentou uma concordância com a LPS, seguida da

cromotubagem (padrão ouro) bastante significativa.

2. A técnica da sonohisterossalpingografia contrastada é um método

prático que permite o diagnóstico da permeabilidade tubária, podendo

ser utilizado rotineiramente na propedêutica do casal infértil.

3. A Hycosy não substitui a HSG, uma vez que esta aclara conceitos,

define diagnósticos, levando à instituição de uma terapêutica bem

definida.

4. O grande ponto desfavorável no método da sonohisterossalpingografia

contrastada é em relação a seu custo, três vezes superior ao da

histerossalpingografia.

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RREEFFEERRÊÊNNCCIIAASS BBIIBBLLIIOOGGRRÁÁFFIICCAASS

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SSUUMMMMAARRYY

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SUMMARY

Tubal disorders are the main causes of female infertility. Assessment of

tubal patency is a very important issue for evaluating an infertile couple. A

total of 96 Fallopian tubes from 48 patients was examined with

hysterosalpingo-contrast sonography (Hycosy), hysterosalpingography

(HSG) and laparoscopic chromopertubation (LPS). Hycosy was performed

by transvaginal ultrasound with a new contrast medium (Echovist).

Compared with laparoscopic results, we found a sensitivity of 86.6%, a

specificity of 35.7%, positive predictive value (VPP) of 88.75%, negative

predictive value (VPN) of 31.25% and concordance (Hycosy/LPS) of

79,2%, while the results for HSG were sensitivity of 85.4%, specificity of

50%, VPP of 90.9%, VPN of 36.8% and concordance (HSG/LPS) of

80.2%. In conclusion, the results have shown that Hycosy is a reliable and

safe method for evaluating tubal patency.

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