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Escola Superior São Francisco de Assis - ESFA Thiago Gonçalves-Souza “Estudo da Diversidade de Aranhas (Arachnida, Araneae) de Santa Teresa, Região Centro-Serrana do Espírito Santo: check-list, avaliação dos efeitos de borda e do tamanho da área”. Orientadora: M.Sc. Glória Matallana Tobón (UFRJ) Santa Teresa - ES 2005

“Estudo da Diversidade de Aranhas (Arachnida, Araneae ...e7alves... · a provar, eu já posso entender, ... marcelinha), Léia, Baiano e Bruna. ... Íria Karla, Ju Rodrigues, Ju

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Escola Superior São Francisco de Assis - ESFA

Thiago Gonçalves-Souza

“Estudo da Diversidade de Aranhas (Arachnida, Araneae) de Santa Teresa,

Região Centro-Serrana do Espírito Santo: check-list, avaliação dos efeitos de borda e

do tamanho da área”.

Orientadora: M.Sc. Glória Matallana Tobón (UFRJ)

Santa Teresa - ES 2005

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Thiago Gonçalves-Souza

“Estudo da diversidade de Aranhas (Arachnida, Araneae) de Santa Teresa,

Região Centro-Serrana do Espírito Santo: check-list, avaliação dos efeitos de borda e

do tamanho da área”. Monografia apresentada à disciplina Estágio

Supervisionado II, da Escola Superior São Francisco de Assis, como parte das exigências do Curso de Ciências Biológicas, para obtenção do título de Bacharel, aprovada no dia 29/11/2005 pelos professores Drº Leonardo Vanderlei Lutz e M.Sc. Gustavo Schiffler.

Orientador: M.Sc. Glória Matallana Tobón (Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ)

Santa Teresa – ES 2005

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Gonçalves-Souza, Thiago. Estudo da Diversidade de Aranhas (Arachnida, Araneae) de Santa Teresa, Região Centro-Serrana do Espírito Santo: check-list, avaliação dos efeitos de borda e do tamanho da área. Monografia de Graduação, 38p.

Orientadora: M.Sc. Glória Matallana Tobón (UFRJ)

Mata Atlântica, Diversidade, Aranhas e Fragmentação Florestal.

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Tango (Dead Fish)

Foi difícil entender, impossível de acreditar, uma vida devotada

embasada em sobreviver. Mais que qualquer ideal, sobressai o teu

amor, não há ruas, partidos e regras para te deter. Mais que uma

instituição, feita para deformar, liberdade e emoção me permitiram

sonhar. Tu és a vida real, e sempre esteve de pé, nunca reclamou da

batalha que é criar. Sociedade e discriminação, cabeça erguida a

enfrentar, nenhum patriarcado ou família te fizeram calar. Não há nada

a provar, eu já posso entender, o que pode ser mais rebelde depois de

você?

Forte, viva e a sorrir sua vitória deve insultar a todos que preferem te

ver a chorar. Acredite aprendi demais, seu silêncio constrangedor.

Liberdade é muito mais que palavras a dizer. Gostaria de agradecer,

espero um dia retribuir, coração do meu céu, por favor, seja feliz!

Agora vem a tua vez! Usufrua do teu amor, sua prole sobreviveu, só

resta agradecer...

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Dedico esta monografia aos meus pais, Eudis Bahia Souza e Rosita Helena Gonçalves Souza, por permitirem a minha

caminhada "aranhóloga". Amo Vocês.

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Agradecimentos

As minhas amigas aranhas por trocarem a vida pelos resultados obtidos pelo

meu trabalho monográfico! Ao meu Orientador do primeiro semestre Profº Dr.

Marcelo Passamani (parabéns pela transferência para UFLA). A minha

orientadora e grande amiga Glória Matallana Tobón (com todo respeito Périclão).

A Dr. Antônio Domingos Brescovit (Instituto Butantan; Araneidae, Anyphaenidae,

Theridiidae) pela confiança em nossa parceria e pela identificação das aranhas e a

toda a galera do Lab de Artrópodes: Éwerton Machado (cara, valeu pelas

correções à monografia; Pholcidae), Éder Álvares (Lycosidae), Igor Cizauskas

(medonho), Rafael Indicatti, Gustavo Ruiz (Salticidae), Japa, Cidão, Cristina

Rheims (Sparassidae, Hersiliidae), David Candiani, Cláudio, Dani (Ctenidae) e

Priscila. A Alessandro Giupponi "Sucrilhos" (UFRJ/Museu Nacional) pela ajuda

em campo, pelas dicas e pelos papos aracnólogos regados a uma boa cerveja no

Bar do Leo. A Milena Milleri (milky)...Por tudo, e pela coevolução. A Adalberto

Santos (Unicamp), Felipe Rego (UNB), Fátima Dias (UESC), Hílton Japiassú

(Instituto Butantan), Kátia Benati (Universidade Católica de Salvador), Rejan

Guedes-Bruni (Jardim Botânico), André Nogueira "Francês" (Instituto de Biologia

- USP), Camilo Cuellar (Pontificia Universidad Javeriana), Florencia Fernández

Campón (University of Tennessee), Jiquan Chen (University of Toledo), Adriano

Kury (Museu Nacional), Éwerton Machado (Butantan), Glauco Machado

(UNICAMP), Marcelo Tabarelli (UFPE) pelas dicas e artigos cedidos que foram

muito importantes para a realização do meu trabalho. Agradeço muito aos meus

ajudantes de campo: Bruno Batistti (pijama), Eduardo Obermüller (duzin), Luiz

Clemente (labirinti), Rogério Rodrigues (kiwi), Thiago Bernabé (diabete,

caraaaaaaalho véi) e Thiago Stoco (doug). Em especial a Kiwi, Diabete e Duzin

pela grande dedicação e esforços AMONETÁRIOS que permitiram que eu

terminasse este trabalho. Ao Museu de Biologia Profº Mello Leitão, por autorizar

o trabalho na Estação Biológica Santa Lúcia e pelo empréstimo do golzinho, em

especial Rose e Helena pela atenção prestada. Ao IBAMA, na pessoa de Jacques

Passamani, por conceder a licença de coleta de aranhas. Aos meus irmãos, Rafaela

Souza (lela) e Octaciano Neto (tata) por agüentarem meus papos de aranha. E

também a David (seu porra). A todas as pessoas da minha família que

contribuíram de alguma forma, comprando rifas ou tomando uma gelada nos

domingos da vida na casa da vô tácio. Aos meus amigos: André (índio), Isabel

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"Não vale a pena viver quando não se tem um bom amigo." (Demócrito).

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Ribeiro (gesebel), Martim Thiago (martim), Péricles Silva "djow" (valeu périclão),

Thiago (morcego) por ajudas aleatórias e satisfatórias. Aos professores:

Rosenberg Martins, Leonardo Lutz, Walter Có, Selma Hebling. As dicas feitas pela

banca (Walter Có, Leo Lutz, e Gustavo Schiffler). A "alta cúpula" da ESFA: Moacyr

Amorim, Ricardo Martinelli AND Cláudio. Ao pessoal do laboratório da ESFA que

contribuiram, e muito, com minhas triagens: Rogérin (Kiwi), Marcela (valeu

marcelinha), Léia, Baiano e Bruna. Aos amigos do copo (ou não): Zé pequeno

(carinhosamente chamado de cabeludo mentiroso), tyrix, zé maria, farjado, rock,

cocô, chatuba, bola de fogo, jesus "o nazareno", janelinha, jotalhão, tiaguin

careca, Thiego (thieeeeego), liliu, will, skiter, marcelão e danda, Lucas (carla

perez), Íria Karla, Ju Rodrigues, Ju Tessarolo, Dani nóia, Amanda e toda galera da

sala, Ro Nanuq, Paty, Luciano Vieira, Pedro peheca, macarrão, beto barriga e

bárbara, estevim, cirilo, rose e ludovic. Vilácio, takito, peixe, diego, bocão e toda a

família Quintão que sempre me tratou como se fizesse parte dela, em especial tia e

tio biliu. Aos bons e velhos amigos de Mucuri/BA, ainda que distantes, que são

aqueles que sem dúvida estão mais perto de mim...tenho muita saudades de vocês.

Ao seu Molina e Dona Lourdes pela ajuda na Estação Biológica Santa Lúcia. Aos

laboratórios Santa Teresa e Padrão pelas doações de material para triagem. Ao

Lenus Bar por permitir algumas "pinduras" de vez em quando. Ao sinucão do Bar

Elite. Ao Journal of Arachnology pelos artigos free. Ao Google Earth pelas

imagens de satélite. Eu te esqueci? esqueci não, lembrei agora!!!

"As pessoas não sabem o que é sentir o orvalho no pé descalço, admirar de perto a maravilhosa estrutura de uma

espiga de milho ou o trabalho incrível de uma aranha tecendo sua teia."

José Lutzenberger (ambientalista)

Agora que você já derrotou Mais um inimigo Seu ideal venceu!

Claro que ao preço de Milhares de vidas

Por seu sistema, seu racismo, sua cor!

Por quanto tempo mais?

Senhor, seu troco!

Dead Fish

Musica para George W. Bush

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SUMÁRIO

Resumo 8 Abstract 9 Introdução 10 Métodos 12 Coletas 13 Seleção de quadrantes 13 Coleta diurna 15 Coleta noturna 15 Análise dos dados 16 Identificação e armazenamento dos espécimes 17 Resultados 17 Discussão 19 Famílias mais abundantes 19 Relação entre tamanho da área e Índice de Diversidade de Shannon 21 Diferenças entre a amostragem diurna e noturna 21 Influência dos efeitos de borda 23 Conclusões 26 Referências 27 Anexos 33

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Resumo Este trabalho apresenta um inventário da araneofauna coletada em três

remanescentes de Mata Atlântica (Estação Biológica Santa Lúcia/EBSL, 440 ha;

Museu de Biologia Prof. Mello Leitão/MBML, 4,3 ha e Nova Valsugana/NVAL, 2

ha) no município de Santa Teresa, Região Centro-Serrana do Estado do Espírito

Santo, e aspectos de sua diversidade. As coletas foram realizadas entre os meses

de abril e agosto de 2005, utilizando dois métodos de coletas (i.e. batedores de

vegetação e coleta manual noturna). Foram distribuídos 8 quadrantes na EBSL, 3

no MBML e 3 em NVAL, com 40m2 cada. Este trabalho tem como objetivo a

elaboração de uma lista de espécies para a região de Santa Teresa, bem como

analisar como a comunidade responde aos efeitos de borda e ao tamanho da

área. Foram coletados um total de 2610 indivíduos, sendo 469 adultos (19,96%) e

2141 jovens (82,03%). Apenas os indivíduos adultos puderam ser separados em

morfo-espécies, resultando em 196 espécies distribuídas em 30 famílias. As

famílias que apresentaram o maior número de espécies foram Theridiidae (38),

Araneidae (31), Salticidae (25), Pholcidae (12), Tetragnathidae (11), Corinnidae

(8), Ctenidae (8) e Thomisidae (8), respectivamente. Grande parte (i.e. 40%) das

famílias encontradas foi representada por apenas uma espécie. O índice de

Shannon foi maior para a EBSL (H’= 4,3747) seguido do MBML (H’= 3,9436) e de

NVAL (H’= 3,6496), mostrando uma relação significativa entre tamanho da área e

diversidade (r= 0,96, p<0,05). Na EBSL foi encontrado um número maior de

espécies (50 spp.) no interior do remanescente (H=1753, p<0,05) do que na borda

(39 espécies). A coleta manual noturna rendeu um número maior (H=75,98,

p<0,0001) de espécies (123 spp.) do que o batedor de vegetação (80 spp.).

Concluí-se que a diversidade de aranhas tem uma forte relação com o tamanho da

área, com os efeitos de borda e com os métodos de coletas.

Palavras-chave: Mata Atlântica, Aranhas, Diversidade e Fragmentação.

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Abstract This survey synthesized an inventory of the spider community composition and

diversity aspects in three remnants of Atlantic Rainforest (Santa Lucia Biological

Station EBSL, 440 ha; Museum of Biology Prof. Mello Leitão/MBML, 4.3 ha and

Nova Valsugana/NVAL, 2 ha) in Santa Teresa mountain region, Espírito Santo

State, Southeastern Brazil. The study was conducted from April to August 2005.

Spiders were collected using both, the night hand collection method and the sweep

net day method. Eight plots (40m2 each), were sampled at EBSL, 3 at MBML and

another 3 at NVAL. I found a total of 2610 individuals, 469 adults (19,96%) and

2141 young (82,03%), with 196 species in 30 families, capable of identification.

Families with highest number of species were Theridiidae (38), Araneidae (31),

Salticidae (25), Pholcidae (12), Tetragnathidae (11), Corinnidae (8), Ctenidae (8)

and Thomisidae (8). A large proportion of the families (40%) were represented by

one species. EBSL showed the highest Shannon diversity index (H’= 4.37)

followed by MBML (H’= 3.94) and by NVAL (H’= 3.64). There is a positive

correlation between fragment size and diversity (r=0,96, p<0.05). In EBSL, higher

number of species were found in the interior of the remnants (50) when compared

to the edge (39), with this difference being statistically significant (H=1753,

p<0.05). The night hand collection method was significantly different against the

sweep net day method (H=75.98, p<0.0001) with 123 and 80 species respectively.

In conclusion the spider diversity has a strong relationship with sample size and

edge effects, as well as the sampling methods.

Key Words: Atlantic Rainforest, Spiders, Diversity and Fragmentation.

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Introdução Nas últimas décadas, evolucionistas e conservacionistas voltaram seus

olhos para as florestas tropicais, por duas razões principais: primeiro, embora

estes biomas cubram apenas 7% da superfície terrestre, eles contêm mais da

metade das espécies da biota mundial. Segundo, as florestas estão sendo

destruídas tão rapidamente que elas provavelmente desaparecerão dentro do

próximo século, levando com elas centenas de milhares de espécie à extinção

(Wilson, 1998). O acelerado processo de fragmentação da Mata Atlântica tornou

esta região uma das áreas de mais alta prioridade para conservação biológica

(hotspots) em todo mundo, pelo alto grau de endemismo de sua fauna e flora, alta

riqueza de espécies e taxa de fragmentação elevada (Myers et al., 2000). A maior

parte dos fragmentos florestais experimentou algum tipo de perturbação antrópica

(p.ex. retirada de lenha, exploração ilegal de madeira, caça, extrativismo vegetal e

invasão por espécies exóticas) e as poucas exceções são áreas de difícil acesso e

de topografia acidentada. Estes remanescentes de Mata Atlântica representam

hoje menos de 7% de sua extensão original, situação que é agravada por estarem

localizados em uma área que abriga cerca de 70% da população brasileira

(Tabarelli et al., 2005).

A fragmentação implica em quatro principais efeitos: (1) redução da

quantidade de habitats, (2) aumento no número de manchas de hábitat, (3)

diminuição do tamanho das manchas de habitats e (4) aumento do isolamento das

manchas (Fahrig, 2003). Porém, a maioria dos estudos realizados com

fragmentação utilizou apenas uma destas variáveis (i.e. redução da quantidade de

hábitats ou redução do tamanho das manchas), e apenas alguns utilizaram duas

ou três variáveis, mas nunca as quatro juntas (ver revisão em Fahrig, 2003). Além

destes fatores, existem ainda os efeitos de borda que resultam em alterações

microambientais (i.e. níveis de luz, temperatura, umidade e vento), introdução ou

aumento da densidade de espécies generalistas e desaparecimento de espécies

especialistas (Murcia 1995; Begon et al., 1996; Primack & Rodrigues, 2001;

Laurance et al., 2002).

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Atualmente, a ordem Araneae é a sétima categoria taxonômica em

diversidade animal do planeta com 110 famílias, 3607 gêneros e 38998 espécies

descritas (Platnick, 2005). Estão distribuídas em todo o mundo, onde são

encontradas em uma gama de ambientes ecológicos. Praticamente todas as

aranhas são carnívoras, com diferentes estratégias para a captura de presas:

algumas constroem teias para a captura de suas presas, enquanto outras caçam

ativamente suas vítimas, sendo a maioria de suas presas constituídas por insetos

(Foelix, 1982). Encontram-se no topo da cadeia trófica dos invertebrados

terrestres, por este motivo são consideradas as mais importantes para a

estabilidade do ecossistema (Coyle, 1981).

Aranhas são ótimos indicadores de alterações do hábitat, por serem

animais extremamente comuns na maioria dos ecossistemas terrestres, por

dependerem da fisionomia da paisagem para a construção de suas teias e, no

caso dos indivíduos errantes, para o forrageamento (Uetz, 1991; New, 1999).

Alguns estudos já demonstraram que a diversidade de estruturas presentes na

vegetação tem um efeito positivo sobre a diversidade de espécies, no que se

refere às aranhas de teia (Balfour & Rypstra, 1998; Halaj et al. 1998; Santos,

1999; Ysnel & Canard, 2000; Rego, 2003). À medida que a estrutura da vegetação

se torna mais diversificada, a heterogeneidade de hábitats e a capacidade do

ambiente em suportar mais espécies de aranhas é maior. Além disso, à medida

que a disponibilidade de refúgios aumenta, os pontos para fixação de teias e a

variedade do tamanho de presas é maior, o que favorece a diversidade de

aranhas (Rego, 2003).

Este trabalho tem como objetivo fazer um inventário das aranhas de Santa

Teresa e avaliar como responde a diversidade de aranhas sob a influência do

tamanho da área e dos efeitos de borda. Além disso, este trabalho teve como foco

responder a duas perguntas: (1) quanto maior a área maior o Índice de Shannon?

(2) O centro dos remanescentes estudados possui maior riqueza de espécies de

aranhas? Este estudo é muito importante para o conhecimento da araneofauna

capixaba, sabendo que no estado do Espírito Santo poucos trabalhos foram

realizados com diversidade de aranhas, alguns desenvolvidos por Mello-Leitão na

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década de 30 (Éwerton Machado, com. pess.) e um realizado em Linhares por

Santos (1999). Mesmo para o Brasil ainda se conhece muito pouco sobre

araneofauna e estima-se que cerca de 60 a 70% das aranhas depositadas em

coleções brasileiras sejam espécies novas (Brescovit, 1999). Métodos

Este estudo foi conduzido em três remanescentes de Mata Atlântica na

região Centro-Serrana do estado do Espírito Santo, município de Santa Teresa

(19°57'S, 40°31'W). O primeiro remanescente (NVAL - 19°54’09”S e 40°39’31”W)

é uma área de Mata Atlântica de 2 ha pertencente à família Dossi, localizada em

Nova Valsugana, a 12 km do centro de Santa Teresa. A região tem como matriz

um pasto com criação extensiva de gado bovino. O segundo remanescente

(MBML - 19°56’10”S e 40°36’06”W) é uma área de Mata Atlântica de 4,3 ha,

localizada no setor 3 do parque do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão, no centro

de Santa Teresa, sendo a matriz predominante plantação de eucalipto. A última é

a Estação Biológica Santa Lúcia (ESBL - 19°57’10”S e 40°31’30”W) de

propriedade da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Sociedade Amigos do

Museu Nacional, IPHAN/Museu de Biologia Prof. Mello Leitão e terras devolutas

do estado do Espírito Santo. Possui cerca de 440 ha com variação de altitude

entre 600 e 900m. Sua vegetação predominante é de Floresta Ombrófila Densa

Montana (Mendes & Padovan, 2000). A região está localizada na formação

geomorfológica do complexo cristalino sob o domínio da borda montanhosa do

planalto, com áreas de encostas íngrimes sub-retilíneas, pequenas várzeas

retilíneas e afloramento rochosos (Tabacow, 1992). A maioria dos remanescentes

florestais desta região está restrita a pequenos fragmentos, isolados uns dos

outros por vastas áreas de pastagens de plantações ou de eucaliptos, sujeitos a

uma série de fatores perturbadores “externos”, como queimadas, efeitos de borda,

e caça ilegal (Chiarello, 1999)

A mata nativa de Santa Teresa começou a ser destruída a partir de 1875

com a colonização de descendentes italianos, restando hoje cerca de 40% da área

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com vegetação nativa, distribuídas em áreas protegidas, fragmentos particulares e

capoeiras (Gonçalves, 1997 apud Passamani, 2003). A temperatura anual média é

de 20°C e a precipitação anual média é de 1.868 mm, sendo novembro o mês

mais chuvoso e junho o único mês do ano com precipitação abaixo de 60 mm.

Predominam no local, solos rasos, distróficos e com acidez elevada, altos teores

de alumínio trocável e baixa saturação por bases (Thomaz & Monteiro, 1997).

Coletas

As aranhas foram coletadas na Estação Biológica Santa Lúcia (EBSL), no

Museu de Biologia Prof. Mello Leitão (MBML) e em Nova Valsugana (NVAL), em

14 quadrantes, 8 na EBSL, 3 no MBML e 3 em NVAL. Em cada área foram

distribuídos 5 quadrantes de 40 m2 (10 metros de comprimento x 4 metros de

largura) com distâncias da borda de 0, 25, 50, 100 e 150m. Porém no MBML e

NVAL as duas últimas distâncias de borda foram excluídas devido ao tamanho

pequeno do fragmento, ultrapassando o centro (Rego, 2003; Marcelo Passamani,

com. pess.; ver figuras 1, 2 e 3).

Seleção de quadrantes

Na EBSL os quadrantes foram identificados com a letras A,B,C,D e E (com

mais três replicações onde foram realizadas coletas aleatórias) totalizando 8

quadrantes e distribuídos em distâncias de 5 a 150 metros. Em NVAL os

quadrantes receberam a codificação com as letras K, L e M, enquanto no MBML

as letras escolhidas foram N, O e P. Após ter codificado todos os quadrantes

sorteou-se uma letra para cada dupla, que realizava os dois métodos de coleta

usados. As coletas ocorreram mensalmente, entre os meses de abril e agosto de

2005. Para cada área, três quadrantes foram sorteados aleatoriamente. Em cada

quadrante foram realizadas coletas diurnas e noturnas com diferentes métodos de

captura (i.e. batedor de vegetação e coleta manual) para possibilitar uma

amostragem mais representativa da comunidade de aranhas (Coddington et al.,

1991), permitindo a captura de aranhas que exploram diferentes microhábitats e

com diferentes horários de atividade (Santos, 1999). Estas coletas foram sempre

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realizadas por uma mesma dupla de coletores (i.e. Thiago Souza e Eduardo

Obermüller; Rogério Rodrigues e Tiago Bernabé).

QK QM QL

Borda (Pasto)

5m

25m

50m

Figura 1 – Representação esquemática da distribuição dos três quadrantes em Nova Valsugana.

QN QP QO

Borda (Eucalipto)

5m

25m

50m

Figura 2 – Representação esquemática da distribuição dos três quadrantes Museu de Biologia Prof. Mello Leitão.

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Borda (Eucalipto)

QA QB QC QD QE

5m

25m

50m

100m

150m

Figura 3 – Representação esquemática dos cinco quadrantes da Área Controle e suas respectivas distâncias de borda.

Coleta Diurna

Batedores de vegetação: consistem em uma armação em cruz com tubos de PVC

que sustenta um tecido branco de 1 m2 (Rego, 2003). Com auxílio de um bastão,

dois coletores deram vinte batidas em cada planta (no máximo 20 plantas por

quadrante) de até 3 metros de altura, para que as aranhas caíssem da vegetação

sobre o tecido, onde são capturadas e fixadas em um tubo falcon (50ml) contendo

solução de álcool etílico a 75%. Cada quadrante com 20 plantas amostradas foi

considerado como uma amostra, daqui pra frente chamado de amostra diurna.

Coleta Noturna

Na coleta noturna foi investido mais tempo na coleta manual, pois de

acordo com Santos (1999) alocar mais tempo para métodos que rendem maior

número de espécies pode trazer um maior rendimento total para o inventário,

sendo muito importante quando se considera a escassez de tempo e dinheiro

disponíveis para coleta. Desta maneira, a coleta manual noturna foi utilizada por

ser mais eficiente que outros métodos (i.e. armadilhas de queda e batedor de

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vegetação; Coddington et al., 1991). As coletas foram realizadas entre 21h00m

e 22h30m. Com auxílio de uma lanterna de cabeça uma dupla de coletores

percorreu toda extensão do quadrante a procura de aranhas na vegetação (até 2

metros de altura) e no solo, inclusive embaixo de troncos, pedras, serrapilheira,

etc.,durante 1 hora e 30 minutos, fixando-as em tubo falcon (50 ml) contendo

álcool etílico 75%. Cada quadrante foi considerado como uma amostra, daqui pra

frente chamada de amostra noturna. Desta maneira, este trabalho teve um esforço

amostral de 28 amostras (14 diurnas e 14 noturnas).

Análise dos dados Os dados de diversidade foram calculados usando o Índice de Diversidade

de Shannon (H’) (Stiling, 1996):

H’= - ∑ pi.lnpi

Onde pi é a proporção de indivíduos encontrados da espécie X de uma

amostra e lnpi é o Logaritmo neperiano de pi. O índice de equitatibilidade

(H´/H´max, onde H´max= Ln S, e S= total de espécies) mede o quão igualmente

estão representadas as espécies dentro da amostra (Coyle, 1981). O Índice de

Shannon assume que os indivíduos são coletados aleatoriamente e que todas as

espécies estão representadas na amostra (Dias, 2004).

Com a finalidade de testar a relação da área com o índice de diversidade de

Shannon, foi realizada uma análise de correlação de Spearman (Lehner, 1979).

Igualmente o teste de Kruskall-Wallis ANOVA (H) (usado para dados não-

paramétricos; Lehner, 1979) foi usado para determinar se a diferença na

diversidade entre os três lugares amostrados, a diferença entre os métodos de

coleta e diferença entre riqueza de espécies da borda e do interior são

significativas. Todas as analises estatísticas foram realizadas usando o programa

Statistica versão 6.0 StatSoft (2003).

A coleta aleatória foi realizada nas três áreas e teve uma duração de duas

horas em cada. O método de coleta utilizado foi coleta manual noturna e os dados

foram apenas incluídos na lista das espécies de Santa Teresa e não tiveram

nenhum valor para os cálculos estatísticos.

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17

Identificação e armazenamento dos espécimes coletados Após as coletas, todos os indivíduos foram fixados em álcool etílico 75% e

identificados inicialmente em nível de família com a chave de identificação

proposta por Brescovit & Rheims (dados não publicados) e Brescovit et al. (2002).

Depois os espécimes foram enviados a especialistas para a separação em

espécies (somente os adultos foram identificados). Os espécimes foram

depositados no Laboratório de Artrópodes Peçonhentos, Instituto Butantan (São

Paulo-SP) e na coleção Zoológica do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão (Santa

Teresa – ES).

Resultados

Foram coletados 2610 indivíduos, 469 adultos (17,96%) e 2141 jovens

(82,03%). Foram encontradas 196 espécies distribuídas em 30 famílias (Anexo,

Tabela 3). As famílias que apresentaram o maior número de espécies foram

Theridiidae (38), Araneidae (31), Salticidae (25), Pholcidae (12) e Tetragnathidae

(11). Grande parte das famílias encontradas apresentou apenas uma espécie (i.e.

Amaurobiidae, Anapidae, Dictynidae, Deinopidae, Hersiliidae, Ochyrocerathidae,

Pisauridae, Scytodidae, Selenopidae, Sicariidae, Synotaxidae e Zodariidae).

Algumas apresentaram somente duas espécies (i.e. Hahniidae e Miturgidae)

(Tabela 3).

As espécies mais abundantes foram Episinus sp.01 (22 espécimes),

Chrysometa sp.01 (20 espécimes), Thwaitesia affinis e Dipoena fumicata com 12

espécimes cada. Grande parte das espécies encontradas estava representada por

apenas um (106 spp.) ou dois indivíduos (32 spp.).

A EBSL foi a área que apresentou maior índice de diversidade (H´ =

4,3747), seguida do MBML (H´ = 3,9436) e NVAL (H´ = 3,6496) (Tabela 1)

existindo diferença significativa entre as três áreas (H=517.42, p< 0,00001). Além

disso, um maior número de espécies exclusivas foi encontrado na EBSL (i.e.

62,85%), enquanto que no MBML e NVAL as espécies exclusivas representaram

43,33% e 37,77%, respectivamente (Tabela 1). Existe uma correlação positiva

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entre o tamanho da área amostrada e o Índice de Shannon (Spearman correl=

0,96, p<0.05) respondendo a pergunta sobre a relação entre o tamanho da área e

diversidade de aranhas.

Famílias Espécies Espécies exclusivas (%) H' E AbundânciaEBSL 22 105 66 (62.85) 4,4 0,93 260MBML 16 60 26 (43.33) 3,9 0,96 108NVAL 11 45 17 (37.77) 3,6 0,96 81

Tabela 1 - N ° de Famílias, espécies, espécies exclusivas e abundância total na Estação Biológica Santa Lúcia (EBSL), Museu de Biologia Prof. Mello Leitão (MBML) e Nova Valsugana (NVAL).

A amostragem noturna apresentou uma maior abundância e um maior

número de espécies (286 espécimes e 123 spp., respectivamente), além de um

maior número de espécies exclusivas (78 espécies, Tabela 2). Na amostragem

diurna, obteve-se 196 indivíduos distribuídos em 80 espécies e 35 espécies

exclusivas, o que mostrou uma diferença significativamente diferente entre a

amostra noturna e diurna (H=75,98, p<0.0001, Tabela 2). Das famílias que

ocorreram nas duas amostras, apenas Salticidae e Pholcidae foram mais comuns

na amostra diurna (Figura 4).

Na EBSL, o interior da mata apresentou uma riqueza de 50 espécies

enquanto que na borda o número de espécies foi 39 sendo significativamente

diferentes (H=1753, p<0.05). As coletas comparando a riqueza de espécies no

interior da mata (150 metros) e na borda (5 metros) tiveram uma grande variação

entre as famílias. As mais ricas no interior da mata foram: Anapidae, Araneidae,

Ctenidae, Deinopidae, Linyphiidae, Miturgidae, Ochyrocerathidae, Oonopidae,

Sparassidae, Synotaxidae, Theridiosomatidae, Thomisidae e Uloboridae. Na borda

houve maior riqueza das famílias: Hahniidae, Mimetidae, Pholcidae, Salticidae e

Theridiidae. Enquanto as famílias Anyphaenidae, Corinnidae e Tetragnathidae não

apresentaram diferenças entre o número de espécies no interior e na borda

(Figura 5).

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Discussão Famílias mais abundantes

Em diversos trabalhos as famílias Theridiidae, Araneidae e Salticidae têm

sido citadas como as mais ricas e abundantes (Fowler & Venticinque, 1993; Silva

& Coddington, 1996; Santos, 1999; Rego, 2003 incluindo Pisauridae; Scharff et al.,

2003; Rico et al., 2003) mesmo utilizando métodos de coleta diferentes como

batedores de vegetação, armadilhas de queda, redes de folhiço e coletas ativas

noturnas e diurnas.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Núm

ero

de E

spéc

ies

Anap

idae

Anyp

haen

idae

Aran

eida

e

Cor

inni

dae

Cte

nida

e

Dei

nopi

dae

Hah

niid

ae

Liny

phiid

ae

Mim

etid

ae

Mitu

rgid

ae

Och

yroc

erat

hida

e

Oon

opid

ae

Phol

cida

e

Saltic

idae

Spar

assi

dae

Syno

taxi

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Tetra

gnat

hida

e

Ther

idiid

ae

Ther

idio

som

atid

ae

Thom

isid

ae

Ulo

borid

ae

Fam ílias

Borda (5m)

Interior (150m)

Figura 4 – Diferenças no número de espécies de cada família entre o interior e a borda da mata. Dados referentes às amostras presentes apenas na Estação Biológica Santa Lúcia (EBSL).

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Total Total

Batedor de Vegetação 14 80 196 35

Manual Noturna 14 123 286 78

Tabela 2 - Diferenças nos valores de riqueza, abundância e espécies exclusivas entre os dois métodos de coleta utilizados.

Espécies exclusivasRiqueza AbundânciaMétodo de

Coleta N° de amostras

0

3

6

9

12

15

18

21

24

27

30

Núm

ero

de e

spéc

ies

Amau

robi

idae

Anap

idae

Anyp

haen

idae

Aran

eida

e

Cor

inni

dae

Cte

nida

e

Dei

nopi

dae

Hah

niid

ae

Liny

phiid

ae

Mim

etid

ae

Mitu

rgid

ae

Och

yroc

erat

hida

e

Oon

opid

ae

Phol

cida

e

Pis

aurid

ae

Sal

ticid

ae

Sica

riida

e

Spar

assi

dae

Syn

otax

idae

Tetra

gnat

hida

e

Ther

idiid

ae

Ther

idio

som

atid

ae

Thom

isid

ae

Ulo

borid

ae

Famílias

Amostra diurnaAmostra noturna

Figura 5 – Diferenças entre o número de espécies de cada família entre as amostras diurna e noturna.

20

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A família Araneidae é tipicamente construtora de teias orbiculares e são

comumente encontradas em uma gama de microhábitats desde a vegetação

rasteira até a copa das árvores (Silva & Coddington, 1996). A família Salticidae,

classificada como aranha cursorial, também pode ser encontrada em diversos

microhábitats, principalmente durante o dia (Silva & Coddington, 1996),

comumente encontradas forrageando na vegetação e no folhiço (Rego, 2003). Já

Theridiidae é uma família que tem uma grande variação de nichos, incluindo

desde caçadoras solitárias, coloniais e cleptoparasitas de aranhas construtoras de

teias, também ocupando vários microhábitats. Desta maneira, como este estudo

abrange métodos de coleta que alcançam tanto arbustos (i.e. Batedor de

Vegetação) como o chão (i.e. Coleta Manual Noturna) é de se esperar que tenha

encontrado uma maior abundância e riqueza destas três famílias.

Um número muito grande de espécies com um único indivíduo (54,08% das

espécies coletadas) foi encontrado neste trabalho. Silva & Coddington (1996)

explicam que o número de espécies singletons está diretamente ligado ao tempo

de amostragem. Na amostragem de Santos (1999) o número de espécies

singletons foi de 33,79% Logo, o alto número de singletons neste trabalho pode

estar relacionado ao curto tempo e baixo esforço amostral. Além disso, o número

de jovens foi maior (82,03% do total) em relação aos trabalhos de Coddington et

al. (1996) com 75,5% de jovens, Santos (1999) com 66% de jovens, Rego (2003)

com 72% de jovens, Rodrigues (2005) com 70,1% de jovens e Álvares et al.

(2004) com 78,6% de jovens.

Relação entre tamanho da área e Índice de Diversidade de Shannon

Neste trabalho, houve uma forte influência do tamanho da área sobre a

abundância e diversidade de Shannon (Tabela 1). Os poucos trabalhos já

publicados relacionando o tamanho da área e a distribuição de aranhas, tiveram

resultados diferentes dos encontrados neste estudo. Por exemplo, Miyashita et al.

(1998), no Japão, encontrou uma relação positiva entre área e riqueza de aranhas

orbitelas (construtoras de teia orbicular), ou seja, quanto maior a área de mata

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maior a riqueza em espécies. Rego (2003) também encontrou relação positiva

para as Famílias Ctenidae, Pisauridae e Salticidae. Já Bolger et al. (2000)

encontraram um efeito negativo entre a área e a riqueza. Além disso, Nogueira

(2004) não encontrou diferenças significativas entre a distribuição de aranhas

orbitelas e área. Rego (2003) também observou este padrão para as famílias

Araneidae, Corinnidae, Pholcidae, Theridiidae, Thomisidae e Uloboridae.

O número de espécies exclusivas (Tabela 1) também foi maior na Estação

Biológica Santa Lúcia (EBSL), o que pode estar relacionado a variações na

complexidade estrutural do ambiente (Santos, 1999) ou à diminuição do efeito de

borda (Didham, 1997b), pois Nova Valsugana possui criação extensiva de gado

bovino e freqüentemente estes animais entravam na área florestada para se

alimentar, diminuindo a quantidade de serrapilheira do fragmento (observação

pessoal) o que altera a composição estrutural, com influência nos tipos de

substratos e, conseqüentemente, na diversidade de aranhas. Enquanto que no

Museu de Biologia Prof. Mello Leitão uma estrada cortava o fragmento, o que

pode contribuir para aumentar os efeitos de borda (observação pessoal).

As famílias Anapidae, Ctenidae, Deinopidae, Hahniidae, Miturgidae,

Ochyroceratidae, Pisauridae, e Synotaxidae só foram coletadas na EBSL, o que

pode ter sido influenciado pelo esforço amostral (Rego, 2003) ou por

requerimentos microambientais específicos como: microhábitats sombreados

(Santos, 1999), vegetação mais densa para servir de refúgios contra predadores

(Santos, 1999), temperatura, umidade (Coyle, 1981) e intensidade luminosa

(Foelix, 1982).

Diferenças entre a amostragem diurna e noturna

Resultados de Coddington et al. (1991), Silva & Coddington (1996), Green

(1999), Santos (1999) e Scharff et al. (2003) apresentam resultados semelhantes

aos deste estudo, pois todos eles encontraram maior abundância e riqueza de

espécies na amostra noturna (Figura 5). Além disso, também verificaram que o

método visual rende maior número de espécies do que batedor de vegetação

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(Santos, 1999). Das famílias encontradas, apenas Amaurobiidae, Deinopidae,

Pholcidae, Salticidae e Synotaxidae foram mais comuns na amostra diurna.

O maior número de espécies da família Salticidae na amostra diurna era esperado

por elas serem mais ativas durante o dia (Silva & Coddington, 1996) e pelo fato de

serem caçadoras visualmente orientadas e de necessitarem de locais bem

iluminados para forragear (Rego, 2003). Apesar das espécies de Deinopidae e

Synotaxidae serem noturnas (Silva & Coddington, 1996; Agnarsson, 2003), neste

trabalho, elas foram coletados apenas na amostra diurna, fato que ocorre por

estes animais ficarem abrigados durante o dia na vegetação e caírem após as

batidas provenientes do método de coleta utilizado (i.e. batedor de vegetação). As

aranhas da família Pholcidae normalmente tecem suas teias irregulares em

arbustos (Silva & Coddington, 1996) ou em raízes-escora (Santos, 1999). Deste

modo, como as plantas com raízes-escora só foram acessíveis na amostra

noturna e pela ausência destas raízes nos dois menores fragmentos (observação

pessoal), pode-se explicar o maior número de espécies encontradas na amostra

diurna. Influência dos efeitos de borda

Duas das famílias mais abundantes neste trabalho (Salticidae e Theridiidae)

foram mais comuns na borda da mata (Figura VII). O fato da família Salticidae ter

sido mais comum na borda pode estar relacionado com a explicação dada por

Rego (2003) que estas aranhas possuem uma grande acuidade visual e preferem

locais mais iluminados. Já Theridiidae é uma família que inclui espécies com

nichos muito variados (i.e. coloniais, caçadoras solitárias e cleptoparasitas de

outras aranhas de teia; Silva & Coddington, 1996) o que possivelmente permitiu

que elas conquistassem nichos com menor diversidade em termos de

microhábitats.

Estudos que relacionaram efeitos de borda sobre aranhas tiveram

resultados bem diferentes, o que pode estar relacionado com a metodologia

empregada ou a esforços amostrais diferentes. Cortés & Fágua (2003)

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encontraram um crescimento no número de espécies da borda para o interior

(efeito de borda positivo). Campón (2002) encontrou um parâmetro descrito na

literatura como ecótone borda-interior (veja detalhes em Murcia, 1995 e Didham,

1997b), ou seja, nas distâncias intermediárias há um número de espécies maior

do que no interior e na borda. Horvárth e seus colaboradores (2002) encontraram

um padrão decrescente do número de espécies em coletas da borda ao interior

(efeito de borda negativo).

Na EBSL, o padrão de crescimento do número de espécies foi atípico. Da

borda (5 m) até 50 metros para dentro do remanescente o número de espécies

diminui, a partir dos 50 metros há uma rápida ascensão no número de espécies

até o interior da mata (150m) (Figura 6). A abundância também segue um padrão

semelhante, com uma diminuição gradativa até os 50 metros e um rápido aumento

em direção ao interior (Figura 6). Os resultados deste trabalho respondem à

pergunta (2) que diz que o interior do remanescente possui maior riqueza de

espécies.

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0

10

20

30

40

50

60

5m 25m 50m 100m 150m

Nº de espéciesAbundância total

Figura 6 - Relação entre distância de borda abundância absoluta e riqueza. Foram incluídas apenas famílias com pelo menos uma espécie em todas as 5 distâncias de borda.

Ao agrupar os dados brutos do número de espécies na borda e no interior

dos remanescentes, encontra-se, então, quatro respostas do grupo Araneae aos

efeitos de borda: (1) maior número de espécies no interior (Cortés & Fágua, 2003;

dados deste trabalho), (2) maior número de espécies na borda (Horvarth et al.,

2002), (3) maior número de espécies em distâncias intermediárias (Campón,

2002) e (4) sem diferenças significativas entre borda e interior (Gunnarson, 1988;

Rego, 2003), permitindo inferir que há uma ausência de padrão relacionando

efeito de borda em aranhas (Éwerton Machado, com. pess.).

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Conclusões Estes resultados sugerem que (1) a diversidade de microhábitats ocupados

por Araneidae, Salticidae e Theridiidae foi um dos motivos de estas serem as

famílias mais diversas. (2) A forte relação entre o tamanho da área e a

diversidade pode estar relacionada com a variação da complexidade estrutural

dos ambientes. A estrutura da vegetação permite uma maior área para a

fixação de teias e aumenta a quantidade de hábitats sombreados. (3) A coleta

manual noturna rende um número muito superior de espécies em relação aos

batedores de vegetação. (4) O tempo de amostragem e coletas em pelo menos

duas estações do ano pode diminuir substancialmente o número de jovens e

de espécies singletons. (5) A presença de algumas famílias somente na EBSL

pode estar relacionada com requerimentos microambientais específicos como:

microhábitats sombreados, vegetação mais densa para servir de refúgios

contra predadores, temperatura, umidade e intensidade luminosa. (6) O baixo

número de espécies em NVAL pode ter sido influenciado pela criação de gado

bovino, que provavelmente diminuiu a quantidade de serrapilheira e de árvores

menores. (7) O interior da mata é um ambiente que tem maiores diversidade

de microhábitats que permitiram encontrar um maior número de espécies de

aranhas. (8) Estudos com efeitos de borda deveriam ser realizados em escalas

mais finas como guildas e nichos, pois comparar dados ecológicos de famílias

tão diversas como Theridiidae podem induzir a conclusões incompletas.

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Anexos

33

EBSL MBML Nval Aleatória TotalAmaurobiidae 1 0 1 0 0 1

Amaurobiidae sp.02 0 1 0 0 0

Anapidae 1 1 0 0 0 1Anapisona sp.01 1 0 0 0 1

Anyphaenidae 5 9 2 1 1 13Osoriella sp.01 8 0 0 0 8Aysha sp.01 0 0 1 0 1Iguarima censorea Keyserling, 1891 0 2 0 0 2Tasata sp.01 0 0 0 1Wulfila sp.01 1 0 0 0 1

Araneidae 31 21 21 12 6 60Alpaida aff. lanei Levi, 1988 2 0 0 0 2Alpaida truncata Keyserling, 1865 0 0 0 1 1Alpaida sp.01 1 1 0 0 2Araneus sp.01 0 0 1 0 1Argiope argentata Fabricius, 1775 0 0 0 1 1Cyclosa fililineata Hingston, 1932 1 3 0 0 4Cyclosa tapetifaciens Hingston, 1932 1 0 1 0 2Dubiepeira sp.01 0 0 1 0 1Eustala sp.01 2 0 2 0 4Eustala sp.02 2 0 0 0 2Gasteracantha cancriformis Linnaeus, 1758 0 0 0 1 1Kaira sp.01 0 0 1 0 1Larinia sp.01 1 0 0 0 1Mangora sp.01 3 1 4 0 8Mangora sp.02 1 0 0 0 1Mangora sp.03 1 0 0 0 1Mangora sp.04 0 1 0 0 1Mangora sp.05 0 1 0 0 1Mangora sp.06 1 0 0 0 1Metazygia enabla Levi, 1995 0 6 0 0 6Metazygia sp.01 0 0 0 1 1Micrathena cicuta Gonzaga & Santos, 2004 1 0 0 0 1Micrathena crassispina Koch, 1836 0 1 0 0 1Micrathena reimoseri Mello-Leitão, 1935 2 4 0 0 6Micrathena plana Koch, 1836 0 0 0 1 1Micrathena sp. 01 0 0 0 1 1Parawixia audax Blackwall, 1863 1 0 0 0 1Pronous tuberculifer Keyserling, 1881 0 2 0 0 2Testudinaria unipunctata Simon, 1893 0 0 2 0 2Testudinaria sp.01 1 0 0 0 1Wagneriana gavensis Camargo, 1950 0 1 0 0 1

Corinnidae 8 10 5 0 1 16Castianeira sp.01 3 2 0 0 5

Tabela III - Lista das famílias e espécies encontradas Estação Biológica Santa Lúcia (EBSL), Museu de Biologia Prof. Mello Leitão (MBML) e Nova Valsugana (NVAL).

AbundânciaRiquezaEspécie

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Cont. tabela III

EBSL MBML Nval Aleatória TotalCorinnidae

Corinna sp.01 1 0 0 0 1Corinna sp.03 1 1 0 0 2Corinna sp.04 0 1 0 0 1Ianduba sp.01 2 0 0 0 2Myrmecium sp.01 1 1 0 0 2Trachelas sp.01 0 0 0 1 1

Ctenidae 8 14 0 0 4 18Ctenus ornatus Keyserling, 1876 6 0 0 0 6Ctenus taeniatus Keyserling, 1891 0 0 0 1Ctenus sp. nov. 01 4 0 0 0 4Ctenus sp. nov. 02 1 0 0 0 1Enoploctenus sp.01 2 0 0 0 2Isoctenus sp.01 1 0 0 0 0Nothroctenus sp.02 0 0 0 1 1Phoneutria nigriventer Keyserling, 1891 0 0 0 2 2

Dictynidae 1 0 0 0 1 1Dictyna sp.01 0 0 0 1 1

Deinopidae 1 2 0 0 0 2Deinopidae sp.01 2 0 0 0 2

Hahniidae 2 1 0 0 1 2Hahniidae sp.01 1 0 0 0 1Hahniidae sp.02 0 0 0 1 1

Hersiliidae 1 0 0 0 5 5Hersiliidae sp.01 0 0 0 5 5

Lycosidae 4 0 0 0 4 4Lycosa gr.nordenskjoldi Tullgren, 1905 0 0 0 1 1Lycosidae sp.1 0 0 0 1 1Lycosidae sp.02 0 0 0 1 1Porrimosa lagotis Holmberg, 1876 0 0 0 1 1

Linyphiidae 6 5 2 1 0 8Brattia sp.01 3 0 0 0 3Dubiaranea sp.01 0 1 0 0 1Dubiaranea sp.02 0 1 0 0 1Dubiaranea sp.03 1 0 0 0 1Linyphiidae sp.03 1 0 0 0 1Linyphiidae sp.04 0 0 1 0 1

Espécie Riqueza Abundância

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Cont. tabela III

EBSL MBML Nval Aleatória TotalMimetidae 4 9 2 6 0 17

Ero sp.01 2 0 0 0 2Ero sp.02 4 1 4 0 9Ero sp.03 3 1 1 0 5Gelanor sp.01 0 0 1 0 1

Miturgidae 2 1 0 0 1 2Radulphius sp.01 1 0 0 0 1Teminius insularis Lucas, 1857 0 0 0 1 1

Ochyrocerathidae 1 1 0 0 0 1Ochyrocera sp.01 1 0 0 0 1

Oonopidae 6 11 2 3 0 16Oonopidae sp.01 1 1 1 0 3Oonopidae sp.02 5 1 1 0 7Oonopidae sp.03 0 0 1 0 1Orchestina sp.01 1 0 0 0 1Orchestina sp.02 3 0 0 0 3Orchestina sp.03 1 0 0 0 1

Pholcidae 12 15 11 13 0 39Mesabolivar sp.01 1 3 1 0 4Mesabolivar sp.02 0 3 0 0 3Mesabolivar sp.03 0 1 3 0 4Metagonia sp.01 4 0 1 0 5Metagonia sp.02 1 0 4 0 5Pholcidae sp.02 1 0 0 0 1Pholcidae sp.04 0 0 3 0 3Pholcidae sp.05 0 0 1 0 1Tupigea sp.01 6 4 0 0 10Tupigea sp.02 1 0 0 0 1Tupigea sp.03 1 0 0 0 1

Pisauridae 1 3 0 0 0 3Pisaurina brasiliensis Mello-Leitão, 1940 3 0 0 0 3

Salticidae 25 37 10 12 4 63Arnoliseus sp.01 2 0 0 0 2Asaphobelis sp.01 2 0 1 0 3Bellota sp.01 0 0 0 1 1Bryantelle sp.01 0 0 0 1 1Chira sp.01 0 0 0 1 1Coryphasia sp.01 9 0 0 0 9Coryphasia sp.02 2 0 0 0 2Coryphasia sp.03 0 0 1 0 1Cotinusa sp.01 2 0 3 0 5Dendryphantinae sp.02 0 2 0 0 2

Espécie Riqueza Abundância

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Cont. tabela III

EBSL MBML Nval Aleatória TotalSalticidae

Erica sp.01 5 1 2 0 8Euophrynae sp.01 2 0 0 0 2Euophrynae sp.02 1 0 0 0 1Euophrynae sp.03 2 0 0 0 2Euophrynae sp.04 1 0 0 0 1Gastromicans levispina Cambridge, 1901 0 0 0 1 0Gastromicans sp.01 0 0 1 0 1Lyssomanes sp.01 0 1 0 0 1Noegus sp. 01 2 1 3 0 6Parafluda sp.01 2 0 0 0 2Salticidae sp.01 1 0 0 0 1Siloca aff. campeastrata Simon, 1902 1 0 0 0 1Tariona sp.01 1 3 1 0 5Uspachus sp.01 1 0 0 0 1Vinnius sp.01 1 2 0 0 3

Scytodidae 1 0 0 0 1 1Scytodes sp.01 0 0 0 1 1

Selenopidae 1 0 0 0 1 1Selenops sp.01 0 0 0 1 1

Sicariidae 1 0 2 0 0 2Loxosceles gaucho Gertsch, 1967 0 2 0 0 2

Sparassidae 4 4 1 2 0 7Olios albus Mello-Leitão, 1918 1 0 1 0 2Sparassidae sp.01 0 0 1 0 1Sparassidae sp.03 2 1 0 0 3Sparianthinae sp.02 1 0 0 0 1

Synotaxidae 1 2 0 0 0 2Synotaxus sp.01 2 0 0 0 2

Tetragnathidae 11 32 9 2 2 45Azilia histrio Simon, 1895 0 0 0 1 1Azilia sp.01 2 1 0 0 3Chrysometa boraceia Levi, 1986 2 1 0 0 3Chrysometa sp.01 15 3 2 0 20Chrysometa sp.02 6 0 0 0 6Chrysometa sp.04 0 1 0 0 1Chrysometa sp.05 1 0 0 0 1Leucauge sp.01 4 2 0 0 6Leucauge sp.02 2 0 0 0 2Leucauge sp.04 0 1 0 0 1Tetragnatha sp.01 0 0 0 1 1

Espécie Riqueza Abundância

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Cont. tabela III

EBSL MBML Nval Aleatória TotalTheridiidae 38 62 35 26 6 129

Achaearanea hirta Taczanowski, 1873 0 0 0 1 1Argyrodes sp.01 1 4 3 0 8Argyrodes sp.02 0 0 2 0 2Argyrodes sp.03 0 1 0 0 1Audifia sp.01 1 0 0 0 1Chrysso sp.01 2 2 0 0 4Chrysso sp.02 0 1 0 0 1Dipoena alta Keyserling, 1886 0 0 0 1 1Dipoena pumicata Keyserling, 1886 6 4 2 0 12Dipoena sp.01 2 4 2 0 8Dipoena sp.02 5 3 0 0 8Dipoena sp.03 1 1 0 0 2Dipoena sp.04 0 3 0 0 3Dipoena sp.05 1 1 1 0 3Dipoena sp.06 2 1 2 0 5Dipoena sp.07 1 0 0 0 1Dipoena sp.08 1 0 0 0 1Emertonella sp.01 0 0 1 0 1Episinus sp.01 14 4 4 0 22Episinus sp.02 2 0 0 0 2Episinus sp.03 1 0 3 0 4Episinus sp.04 1 0 0 0 1Guaraniella sp.01 2 0 0 0 2Keijia mneon Bösenberg & Strand, 1906 0 1 0 0 1Latrodectus geometricus Koch, 1841 0 0 0 1 1Nesticoides rufipes Lucas, 1846 0 0 0 1 1Spintharus gracilis Keyserling, 1886 7 0 0 0 7Steatoda sp.01 1 0 0 0 1Theridion calcynatum Holmberg, 1876 0 0 0 1 1Theridion sp.01 2 0 0 0 2Theridion sp.02 1 0 2 0 3Theridion sp.03 0 1 0 0 1Theridion sp.04 0 0 1 0 1Theridion sp.05 0 1 0 0 1Theridion sp.06 1 0 0 0 1Thimoites sp.01 0 0 0 1 1Thwaitesia affinis Cambridge, 1882 6 3 3 0 12Tidarren fordum Keyserling, 1884 1 0 0 0 1

Theridiosomatidae 7 24 2 0 0 26Chthonos sp.01 2 0 0 0 2Chthonus sp.02 1 0 0 0 1Chthonus sp.03 1 0 0 0 1Naatlo sp.01 5 0 0 0 5Naatlo sp.02 10 0 0 0 10Ogulnius sp.01 5 0 0 0 5Ogulnius sp.02 0 2 0 0 2

Espécie Riqueza Abundância

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Cont. tabela III

EBSL MBML Nval Aleatória TotalThomisidae 8 8 3 2 1 14

Acenthoscelus sp.01 0 1 0 0 1Deltoclita sp.01 0 1 0 0 1Onoculus sp.03 0 0 1 0 1Titidius sp.01 0 0 0 1 1Tmarus sp.01 4 1 1 0 6Tmarus sp.02 2 0 0 0 2Tmarus sp.03 1 0 0 0 1Tmarus sp.04 1 0 0 0 1

Uloboridae 3 6 1 0 0 7Miagrammopes sp.01 4 1 0 0 5Uloborus sp.01 1 0 0 0 1Zosis sp.01 1 0 0 0 1

Zodariidae 1 0 0 0 1 1Tenedos sp.01 0 0 0 1 1

Espécie Riqueza Abundância

38