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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO BIOMÉDICO DEPARTAMENTO DE MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU EM MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA APLICADAS CINTHYA FONSECA DOMINGUES ESTUDO DA DIVERSIDADE GENÉTICA DOS PARVOVÍRUS DE FELINOS DOMÉSTICOS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (2008-2017) Orientadora: Profa. Dra. Rita de Cássia Nasser Cubel Garcia Co-orientadora: Profa. Dra. Tatiana Xavier de Castro NITERÓI 2018

ESTUDO DA DIVERSIDADE GENÉTICA DOS PARVOVÍRUS DE …§ão de Mestrado... · MEV Vírus da Enterite das martas (do inglês Mink Enteritis Virus) MgCl 2 Cloreto de magnésio min Minuto

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO BIOMÉDICO

DEPARTAMENTO DE MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA

PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU EM

MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA APLICADAS

CINTHYA FONSECA DOMINGUES

ESTUDO DA DIVERSIDADE GENÉTICA DOS PARVOVÍRUS

DE FELINOS DOMÉSTICOS DO ESTADO

DO RIO DE JANEIRO (2008-2017)

Orientadora: Profa. Dra. Rita de Cássia Nasser Cubel Garcia

Co-orientadora: Profa. Dra. Tatiana Xavier de Castro

NITERÓI

2018

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CINTHYA FONSECA DOMINGUES

ESTUDO DA DIVERSIDADE GENÉTICA DOS PARVOVÍRUS DE FELINOS

DOMÉSTICOS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (2008-2017)

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Microbiologia e Parasitologia Aplicadas da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Microbiologia e Parasitologia.

Orientadora: Profa. Dra. Rita de Cássia Nasser Cubel Garcia

Coorientadora: Profa. Dra. Tatiana Xavier de Castro

Niterói, RJ

2018

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CINTHYA FONSECA DOMINGUES

ESTUDO DA DIVERSIDADE GENÉTICA DOS PARVOVÍRUS DE FELINOS

DOMÉSTICOS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (2008-2017)

Aprovada em março de 2018.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________________

Prof. Dr. Rafael Brandão Varella (UFF)

_______________________________________________________________

Dra. Marcelle Figueira Marques da Silva (Fiocruz)

_______________________________________________________________

Dra. Bárbara Vieira do Lago (Fiocruz)

Niterói, RJ

2018

Dissertação de mestrado apresentada ao curso de Pós-

Graduação Stricto Sensu em Microbiologia e Parasitologia

Aplicadas da Universidade Federal Fluminense, como

requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em

Microbiologia e Parasitologia.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar gostaria de agradecer a Deus, pois sem ele não estaria

concluindo mais essa etapa da minha vida. Agradeço a Deus também pela força que

me deu durante esse percurso, a Ele toda honra e Toda Glória.

À minha família, namorado e amigos por todo o amor, carinho e compreensão

ao longo desta etapa da minha vida.

À minha orientadora, profa. Dra. Rita de Cássia Nasser Cubel Garcia pelo

apoio e presença marcante desde o início da minha carreira científica.

À minha querida coorientadora, profa. Dra. Tatiana Castro (Tati) por toda

paciência, carinho e atenção.

Aos grandes amigos e parceiros que conquistei durante o Mestrado (Joylson,

Juliana, Magda e Robson), sem dúvida vocês foram a melhor parte do mestrado pra

mim, jamais esquecerei nossos almoços e bate-papos na copa, amo todos vocês.

À todos as alunas de PIBIC que participaram junto comigo, seja nas coletas

ou nos experimentos (Ana Carolina, Sarah e Letícia).

Aos colegas de laboratório da UFF e aos professores da Disciplina de

Virologia pela ajuda e convivência durante a realização deste trabalho.

Ao Laboratório Multisuários de Microbiologia e Parasitologia, em especial ao

técnico André Victor Barbosa pela enorme ajuda que deu no sequenciamento das

minhas amostras.

Ao Curso de Pós-Graduação da Microbiologia e Parasitologia Aplicadas da

UFF.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES),

ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) pelo

auxílio financeiro durante a elaboração do projeto.

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RESUMO

O Parvovírus Felino (FPV) apresenta uma similaridade genômica de aproximadamente 98% com o Parvovírus Canino (CPV) o qual é considerado uma variante do FPV. As novas variantes de CPV (2a/2b/2c) adquiriram a habilidade de replicar em gatos e até o momento não existem evidências de que o CPV infecte gatos no Brasil. Este trabalho teve como objetivo analisar a diversidade genética das variantes de parvovírus circulantes em felinos domésticos com gastrenterite no Estado do Rio de Janeiro, no período de 2008-2017. Um total de 75 amostras fecais de gatos com até um ano de idade com diarreia foram testadas por PCR convencional e 30 foram positivas. Destas, 25 foram selecionadas para sequenciamento e análise filogenética. Outras 15 sequências de CPV detectadas em amostras de cães com diarreia, no mesmo período, também foram analisadas para comparação com as sequências de gatos deste estudo. Além disso, análises de sítios de seleção positiva e eventos de recombinação genética foram realizadas utilizando o Datamonkey e programas RDP4/Simplot, respectivamente. Para amplificar a sequência completa do gene que codifica a proteína de capsídeo VP2 (1755pb), a PCR convencional foi realizada com cinco diferentes pares de iniciadores, sendo três desenhados neste estudo. Pôde-se observar mudanças de nucleotídeos em 48 posições ao longo do fragmento amplificado, sendo 32 sinônimas e 16 não sinônimas. Com base nos aminoácidos importantes para definição do espectro de hospedeiro, oito sequências foram caracterizadas como FPV, sendo cinco “FPV clássicas e 16 como CPV (sete CPV-2a e nove CPV-2b). Uma sequência (RJ1085/11) não pode ser caracterizada, no entanto, apresentou nos resíduos 80, 93, 103, 300 e 323 aa típicos de CPV-2. Algumas sequências

felinas e caninas deste estudo apresentaram alterações nos resíduos 297 (SerAsn

e SerAla) e 324 (TyrLeu), esta última descrita pela primeira vez em gatos e estes sítios apresentaram sob seleção positiva. Na análise filogenética, as 25 sequências felinas formaram dois grandes clados, um contendo as oito sequências de FPV e outro com as 16 sequências de CPV. Entre os FPVs, as cinco sequências consideradas “FPV clássicas” formaram um clado separado das demais. As sequências caracterizadas como CPV (2a/2b/2c) deste estudo com alteração no resíduo Leu324, tanto de origem felina como canina formaram um clado separado das demais sequências de CPV. De acordo com a presença de aa característicos de

FPV ou CPV nas posições 564 (AsnSer) e 568 (AlaGly), pode-se observar subdivisão deste clado. A sequência RJ1085/11 que não pôde ser caracterizada (FPV/CPV), formou um clado próximo à sequências de CPV-2 (tipo antigo), e um potencial evento de recombinação foi identificado com a sequência protótipo de CPV-2 disponível no GenBanK (número de acesso M38245). Este estudo é a primeira descrição das novas variantes de CPV em gatos no Brasil, e nos faz refletir se este hospedeiro poderia atuar como reservatório ou fonte de novas variantes de parvovírus. Uma avaliação contínua e mais detalhada destes vírus possibilitará uma melhor compreensão dos mecanismos que impulsionam a evolução do FPV/CPV no Brasil e sua importância epidemiológica.

Palavras–chave: Parvovírus Felino (FPV), Parvovírus Canino (CPV), gatos, análise filogenética, Rio de Janeiro

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ABSTRACT

Feline parvovirus (FPV) and canine parvovirus (CPV) are over 98% identical in their DNA sequences and CPV is clearly a host range variant of FPV. The new variants of CPV (2a/2b/2c) have gained the ability to infect and replicate in cats. Until now, there have been no reports of CPV infection in cats in Brazil. The purpose of this study was to evaluate the genetic diversity in the VP2 gene of parvovirus strains circulating in domestic cats in Rio de Janeiro State in the period of 2008-2017. A total of 75 fecal samples, collected from up to one year old cats with diarrhea, were screened for the presence of parvovirus by conventional PCR. Parvovirus DNA was detected in 30 samples and 25 were chosen for sequence and phylogenetic analysis. In addition, 15 CPV sequences obtained from fecal samples of diarrheic during the study period were also analyzed. To detect positive selection at amino acid sites as well the occurrence of possible recombination events, Datamonkey and RDP4/Simplot programs were used, respectively. For sequence analysis, five different primer pairs that amplify fragments encompassing the entire VP2 gene sequence (1755bp), which three was specifically designed for this study, were used. Considering all the nucleotide changes encountered in the VP2 sequences, 32 were synonymous and 16 were non-synonymous substitutions. Analysis of the deduced amino acid (aa) residues at critical positions that determine feline/canine host range allowed the identification of the parvoviruses: eight sequences were FPV, five of which were named “classical FPV”, while 16 were CPV (seven CPV-2a and nine CPV-2b). A single sequence (RJ1085/11) with aa changes characteristic of CPV at positions 80, 93, 103, 300 and 323 could not be classified. Non-synonymous substitutions were

found at residues 297 (SerAsn e SerAla) and 324 (TyrLeu), the latter had not been found in cats yet and these sites presented with positive selection. The phylogenetic tree revealed two well-supported clades: one containing the eight FPV and the other comprising the 16 CPV sequences. Inside the FPV clade, the five “classical FPV” sequences formed a separated group. The CPV (2a/2b/2c) sequences from cats and dogs containing the 324Leu non-synonymous mutation formed an individual subgroup within the CPV clade. According to the aa changes at

residues 564 (AsnSer) and 568 (AlaGly), a subdivision inside this 324 Leu subgroup could be observed. The strain RJ1085/11 was an outlier between the two main clades and was closely related to the old CPV-2 strains. A potential recombinant event between RJ1085/11 and the CPV-2 reference strain available in GenBank (accession number M38245) was identified. This is the first report of CPV-2a/2b in domestic cats in Brazil, and raises the question if cats may act as a reservoir or could potentially be a risk factor for infecting other dogs and cats with parvoviruses. Given the results obtained in our current study, the continuous surveillance of parvoviruses will help to elucidate the mechanisms that drive FPV/CPV evolution in Brazil and its epidemiological importance. Key words: feline parvovirus, canine parvovirus, cats, phylogenetic analysis, Rio de Janeiro

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

µg Micrograma

µl Microlitros

µM Micromolar

% Porcentagem

Å Angstrons

aa Aminoácidos

AS Ácido siálico

ß barrel-motif

BLAST Basic Local Aligment Search Tool

BFPV Parvovírus da raposa azul do ártico (do inglês blue fox parvovirus)

Ca2+ Cálcio

CCoV Coronavírus Canino

cDNA DNA complementar (do inglês complementary DNA)

CPV Parvovírus canino

CRFK Células de rim de gato (do inglês Crandell-Rees Feline Kidney)

DNA Ácido desoxirribonucleico (do inglês deoxyribose nucleic acid)

dsDNA DNA fita simples (do inglês double strand DNA)

DTT Ditiotreitol (do inglês dithiothreitol)

DXTP Deoxinucleotídeo

EDTA Ácido etilenodiamino tetra-acético (do inglês Ethylenediamine

Tetraacetic Acid).

ELISA Ensaio imunoenzimático ( do inglês Enzyme Linked Imunno Sorbent Assay)

FCV Calicivírus Felino

FeCoV Coronavírus Felino

FPV Parvovírus Felino

For Dianteiro (do inglês Forward)

g Gramas

h Hora

H2O Água

HA Reação de hemaglutinação

Ig Imunoglobulina

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Kb Kilobases

kDa Kilodaltons

LMMP Laboratório Multiusuário de Microbiologia e Parasitologia

M Molar

MAbs Anticorpos monoclonais

ME Microscopia eletrônica

MEME Mixed Effects Model of Episodic Diversifying Selection

MEV Vírus da Enterite das martas (do inglês Mink Enteritis Virus)

MgCl2 Cloreto de magnésio

min Minuto

mL Mililitro

mRNA RNA mensageiro (do inglês messenger RNA)

NCBI National Center for Biotechnology Information

ng Nanograma

nm Nanômetros

NS1/ NS2 Proteínas não estruturais 1 e 2

nt Nucleotídeo

ºC Graus Celsius

ORF Sequências abertas de leitura (do inglês Open Reading Frames)

pb Pares de base

PCR Reação em cadeia pela polimerase (do inglês Polimerase Chain

Reaction)

pH Potencial hidrogeniônico

PI Pós- infecção

pmol Picomol

qPCR PCR em tempo real (do inglês quantitative real-time PCR)

RPV Parvovírus dos mãos-peladas (do inglês Raccoon parvovirus)

RDP Recombination Detection Program

RdRp

RNA polimerase RNA dependente (do inglês RNA-dependent RNA

polymerase dependent RNA)

RNA Ácido ribonucleico (do inglês ribonucleic acid)

rpm Rotações por minuto

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RT-PCR Reação em cadeia pela polimerase precedida de transcrição reversa

(do inglês Reverse Transcription- Polymerase Chain Reaction)

Rev Reverso (do inglês Reverse)

SRD Sem raça definida

ssDNA DNA simples fita (do inglês single strand DNA)

ssRNA RNA simples fita (do inglês single strand RNA)

TCID50 Dose Infecciosa Média em cultura de tecido

TBE Tampão Tris/ácido bórico/EDTA

Tf Transferrina

TfR Receptor de transferrina tipo-1

Tm Temperatura de Melting

TRIS Tris (hidroximetil) aminometano

VP1/VP2 Proteínas do capsídeo viral 1 e 2

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Fig. 1 Fotomicrografia eletrônica de partículas de parvovírus canino em

amostra fecal de um cão com gastrenterite, p.21.

Fig. 2 (A)Estrutura do capsídeo do CPV determinada por cristalografia de raio-X mostrando as quatro regiões morfológicas do capsídeo (B) Estrutura tridimensional do capsídeo do CPV, p.22.

Fig. 3 Proteína de capsídeo do CPV, p.23.

Fig. 4 Organização genômica e mapa de transcrição do parvovírus canino, p.24.

Fig. 5 Esquema do ciclo replicativo dos parvovírus, p.26.

Fig. 6 (A)Inclusões nucleares em células (CRFK) infectadas com FPV; (B) Imunofluorescências nuclear de células infectadas (CRFK) com FPV, p.27.

Fig. 7 Relação filogenética entre os parvovírus de carnívoros baseada no gene que codifica para a proteína de capsídeo VP2, p.31.

Fig. 8 Representação de uma unidade do capsídeo viral mostrando as posições dos resíduos que alteraram durante a evolução do parvovírus canino (CPV), p.32.

Fig. 9 Esquema da patogenia da infecção pelo FPV, p.38.

Fig. 10

Localização da sequência dos iniciadores de cadeia utilizados na detecção do genoma e caracterização molecular dos parvovírus, p.48.

Fig. 11 Fluxograma das amostras positivas para parvovírus submetidas ao sequenciamento genômico, p.52.

Fig. 12 Imagem da estrutura da VP2 do CPV mostrando em vermelho a região de α-hélice, em amarelo a região β-pregueada e verde a região hipervariável “Loops”, p. 66.

Fig.13 (A)Imagem da estrutura do Loop 3 com destaque em azul para região do aa 297 (Ser), mostrando através do círculo azul sua proximidade ao resíduo 300, importante na definição do espectro hospedeiro felino-canino (B) Região do Loop 3 e em laranja a região 297 após a mutação para Asn, mostrando através do círculo sua proximidade ao resíduo 300, p.66. .

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Fig.14 (A)Região do Loop 3 e em rosa a região 324 sem a mutação (Tyr),

evidenciando a formação do anel aromático e no círculo (rosa) mostrando sua proximidade ao resíduo 323, importante na definição do espectro hospedeiro fel-can (B) em magenta a região 324 após a mutação (Leu), onde houve a perda do anel aromático após a mutação, p.66.

Fig.15

Árvore filogenética da sequência completa (1755pb) do gene que codifica a proteína VP2 dos parvovírus, p.68.

Fig.16

Representação gráfica do evento de recombinação da sequência RJ1085/11 obtida através do programa RDP4, p.70.

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Distribuição das amostras testadas neste estudo de acordo

com o sexo, faixa etária, raça, histórico de vacinação e origem dos gatos e cães, p.46.

TABELA 2 - Descrição dos iniciadores utilizados na reação em cadeia pela polimerase (PCR) para a detecção do genoma e caracterização molecular dos parvovírus com o tamanho em pares de bases (pb) de seus respectivos produtos, p.49.

TABELA 3 - Condições da PCR com os pares de iniciadores utilizados neste estudo, p.51.

TABELA 4 - Distribuição das 25 amostras fecais de gatos domésticos utilizadas neste estudo conforme a idade, local de coleta, histórico de vacinação e sinais clínicos, p.56.

TABELA 5 -

Substituições sinônimas encontradas a partir do alinhamento do produto amplificado de 1755pb do gene que codifica a proteína VP2 das 25 amostras de parvovírus de gatos do estado do Rio de Janeiro no período de 2008-2017, p.59.

TABELA 6 -

Diferenças de aminoácidos encontradas no fragmento de 1755 pb do gene que codifica para a proteína de capsídeo VP2 dos parvovírus detectados nas 25 amostras felinas e 15 amostras caninas no período de 2008-2017, p.63.

TABELA 7 - Distribuição dos animais estudados de acordo com a detecção de Parvovírus e outras viroses entéricas e sinais clínicos, p.71.

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LISTA DE QUADROS QUADRO 1 - Mutações no genoma do CPV durante a evolução do vírus em

cães, p.34.

QUADRO 2 - Infecção pelo Vírus da Panleucopenia Felina com suas consequências patológicas e manifestações clínicas, p.39.

QUADRO 3 - Reagentes utilizados na reação em cadeia pela polimerase para detecção do genoma dos Parvovírus, p.50.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO, p.16

2 REVISÃO DE LITERATURA, p.20

2.1 Parvovírus Felino (FPV), p.20

2.1.1 Classificação, p.20

2.2 Características do vírus, p.20

2.2.1 Propriedades gerais, p.20

2.2.2 Estrutura do capsídeo, p.21

2.2.3 Organização do genoma, p.23

2.3 Replicação do vírus, p.25

2.4 Evolução e Variabilidade Genética do Parvovírus Felino, p.27

2.5 Epidemiologia, p.35

2.6 Patogenia e Manifestações Clínicas, p.36

2.7 Diagnóstico Laboratorial, p.41

2.8 Imunidade e profilaxia, p.42

3 OBJETIVOS

3.1 Geral, p.44

3.2 Específicos, p.44

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Considerações sobre os aspectos éticos, p.45

4.2 Amostras clínicas, p.45

4.3 Processamento das amostras clínicas, p.47

4.3.1 Suspensão Fecal a 20%, p.47

4.3.2 Extração do genoma viral, p.47

4.4 Análise do genoma dos Parvovírus, p.47

4.4.1 Iniciadores de cadeia utilizados na PCR para detecção e

caracterização molecular dos parvovírus, p.47

4.4.2 Reação em cadeia pela polimerase (PCR) para detecção do

genoma dos Parvovírus, p.49

4.4.3 Reação em cadeia pela polimerase (PCR) para sequenciamento

completo do gene que codifica a proteína de capsídeo viral VP2, p.50

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4.4.4 Sequenciamento do gene da proteína VP2, p.53

4.4.5 Análise de seleção positiva, p.53

4.4.6 Análise estrutural da proteína VP2 do CPV, p.53

4.4.7 Análise Filogenética, p.53

4.4.8 Análise de eventos de recombinação genética, p.54

4.5 Detecção de outros vírus entéricos, p.54

5 RESULTADOS

5.1 Detecção de parvovírus em amostras fecais de gatos com diarreia

a partir da amplificação parcial do gene que codifica a proteína de

capsídeo VP2, p.56

5.2 Sequenciamento completo do gene que codifica a proteína de

capsídeo viral VP2, p.57

5.3 Caracterização molecular dos Parvovírus em amostras fecais de

gatos domésticos, p.57

5.4 Análise filogenética do gene completo que codifica a proteína VP2

do capsídeo viral, p.67

5.5 Análise de eventos de recombinação genética, p.69

5.6 Codetecção de outros vírus entéricos, p.70

6 DISCUSSÃO, p.72

7 CONCLUSÃO, p.81

8 REFERÊNCIAS, p.82

9 APÊNDICE, p.94

9.1 Apêndice I – Ficha clínica para coleta de dados, p.94

10 ANEXOS, p.95

10.1 Anexo I - Reagentes e Soluções, p.95

10.2 Anexo II - Certificados do Comitê de Ética, p.97

10.3 Anexo III - Lista das sequências de Parvovírus utilizadas neste

estudo, de acordo com o número do GenBank, nome do isolado, ano

do isolamento e origem, p.99

10.4 Anexo IV - Protótipos utilizados na construção da árvore

filogenética, p.111

10.5 Anexo V - Tabelas de Nucleotídeos e Aminoácidos, p.112

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1 INTRODUÇÃO

A evolução viral contínua pode gerar importantes variações fenotípicas,

incluindo mudanças no espectro de hospedeiro, nos mecanismos de transmissão, no

tropismo tecidual, antigenicidade, e / ou virulência (SHI et al., 2009). Essas novas

funções biológicas muitas vezes exigem mudanças genômicas múltiplas e a

compreensão desses processos pode ser fundamental para melhorar o prognóstico,

prevenção e estratégias de controle das doenças virais emergentes (STUCKER et

al., 2012).

Um dos mecanismos responsáveis pelo aparecimento de uma virose

emergente resulta da capacidade de determinados vírus em ampliar seu espectro de

hospedeiro (transposição da barreira de espécie), no qual adquire a habilidade de se

replicar e disseminar eficientemente neste novo hospedeiro, podendo gerar uma

endemia ou mesmo pandemia já que a população é imunologicamente suscetível ao

novo agente, como é o caso do Vírus Influenza A, Vírus da Zika e do Parvovírus em

cães (PARRISH & KAWAOKA, 2005; WIKAN & SMITH, 2016; PAULES &

SUBARAU, 2017).

Entre os vírus com essas características e que possui genoma de DNA fita

simples, o Parvovírus Canino (CPV) é um exemplo de sucesso na transposição da

barreira de hospedeiro (PARRISH & KAWAOKA, 2005; HOELZER & PARRISH,

2010), já que é considerado uma variante do parvovírus felino (FPV) que adquiriu a

capacidade de replicação em cães após a passagem em um hospedeiro carnívoro

selvagem (HORIUCHI et al., 1998; TRUYEN et al., 1998; STEINEL et al., 2001;

IKEDA et al., 2002).

O Parvovírus Felino (FPV) é o agente etiológico da Panleucopenia Felina,

doença conhecida desde o início do século XX, por causar leucopenia e

gastrenterite em gatos domésticos (Felis catus). Em 1947, uma epidemia ocorreu no

Zoológico de Londres e vários felídeos selvagens foram infectados, e atualmente

sabe-se que todos os membros da família Felidae são suscetíveis à infecção pelo

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FPV e podem desenvolver a doença (STEINEL et al., 2001). Inicialmente acreditava-

se que a infecção por este vírus era restrita aos felídeos, até que em 1947, uma

variante morfologicamente e antigenicamente semelhante a este vírus foi detectada

causando doença em martas (Mustela vison) no Canadá e este novo vírus foi

denominado de Vírus da Enterite das Martas (MEV) (PARRISH, 1994; TRUYEN &

PARRISH, 1995).

A partir de 1978, com a emergência do CPV como um novo patógeno, surtos

de doença fatal em que os sinais clínicos em cães eram similares aos observados

na infecção pelo FPV em gatos, e do MEV em martas foram descritos (APPEL et al.,

1979; MANN et al., 1980). A associação entre o CPV e o FPV foi logo reconhecida, e

alguns estudos demonstraram que o CPV é antigênica e geneticamente similar ao

FPV e MEV, sendo, portanto considerado uma variante do FPV (PARRISH et al.,

1988). O FPV e CPV apresentam uma homologia de genoma de aproximadamente

98% e diferem em cerca de 8-10 aminoácidos na proteína de capsídeo VP2

(PARRISH, 1994; 1999).

À medida que se disseminava na população canina, novas variantes (CPV-2a,

CPV-2b) surgiram em 1980 e 1984, respectivamente, e substituíram o tipo original

(CPV-2) em circulação (PARRISH et al., 1988). Em 2001, um novo tipo denominado

CPV-2c foi descrito na Itália (BUONAVOGLIA et al., 2001). As novas variantes de

CPV são detectadas, em diferentes proporções, na população canina ao redor do

mundo (STEINEL et al., 1998), e estenderam o espectro de hospedeiro deste vírus

que adquiriu a capacidade de infectar a espécie felina (PARRISH & KAWAOKA,

2005; HOELZER & PARRISH, 2010; ALLISON et al., 2014).

Um estudo realizado no final da década de 80, utilizando anticorpos

monoclonais e mapeamento do genoma com enzimas de restrição demonstrou que

três dos oitos isolados de parvovírus a partir de amostra fecal de gatos não

diarreicos, no período de 1987-1990, eram mais relacionados ao CPV-2a do que

FPV, sugerindo uma possibilidade de transmissão do CPV-2a de cão para gato

(MOCHIZUKI et al., 1993). A seguir, este grupo, utilizando sequenciamento

genômico, relatou a detecção de CPV-2a (isolado FPV-314/1993) a partir do swab

retal de um gato com panleucopenia felina. Naquela época, CPV-2a era a variante

de parvovírus prevalente na população canina do Japão (MOCHIZUKI et al., 1996).

No mesmo ano, Truyen e colaboradores (1996), utilizando anticorpos monoclonais,

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detectaram os tipos antigênicos CPV-2a CPV-2b em aproximadamente 5% dos

isolados de parvovírus de gatos na Alemanha e EUA.

A seguir, Ikeda e colaboradores (2000) relataram a detecção de CPV-2a ou

CPV-2b em 15/18 isolados de parvovírus de gatos domésticos e leopardos

(Panthera pardus) aparentemente saudáveis no Vietnam e Taiwan no período de

1995-1998. Sequências geneticamente relacionadas às variantes CPV-2a/CPV-2b

também foram detectadas em amostra fecal de tigre siberiano (Panthera tigris

altaica) de um Zoológico na Alemanha e em amostras de fezes e/ou tecidos de

guepardos (Acinonyx jubatus) na África e zoológico dos EUA (STEINEL et al., 2000).

Logo, esses estudos demonstraram que as novas variantes do CPV também são

capazes de infectar os felinos selvagens.

O CPV tem sido isolado de fezes de gatos clinicamente saudáveis, sugerindo

que este vírus possa causar infecção subclínica ou branda nesta espécie (CLEGG et

al., 2012). Entretanto, o isolamento de CPV a partir de células mononucleares do

sangue periférico de gatos sugere que este vírus possa infectar persistentemente

essas células em gatos mesmo na presença de anticorpos neutralizantes

(MIYAZAWA et al., 1999).

Na tentativa de esclarecer o potencial patogênico das novas variantes de CPV

na população felina, vários estudos de infecção experimental em gatos domésticos

foram realizados, os quais demonstraram que estes vírus são capazes de infectar,

replicar e causar doença nesta espécie, e o quadro clínico pode variar desde

assintomático até grave com evolução a óbito (CHALMERS et al., 1999;

NAKAMURA et al., 2001; IKEDA et al., 2002; GAMOH et al., 2003). Portanto, a

patogenicidade das variantes de CPV em gatos ainda é controversa.

Em 2013, Battillani e colaboradores utilizando técnicas de clonagem e

sequenciamento genômico, descreveram a coinfecção de FPV/CPV-2a em um gato

doméstico de três meses que apresentava sinais clínicos graves (diarreia

hemorrágica, vomito, anorexia e panleucopenia), com evolução a óbito. Os autores

sugeriram que neste caso a coinfecção tenha alterado o curso clínico da infecção

por FPV, uma vez que CPV representa um novo patógeno para gatos.

A detecção de sequências de parvovírus canino em gatos com mutações

características de sequências caninas sugere a possibilidade de transmissão

interespécie (cão ↔ gato) (MOCHIZUKI, HARASAWA; NAKATANI, 1993;

MOCHIZUKI et al., 1996; NAKAMURA et al., 2001; IKEDA et al., 2002;

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BRINDHALAKSHMI et al., 2016). Estudos realizados em abrigos com gatos

assintomáticos, demonstraram que 45% destes animais são capazes de disseminar

o CPV no ambiente por até seis semanas (CLEGG et al., 2012), tornando os gatos

potencialmente um fator de risco para infectar outros gatos e cachorros. Portanto, o

papel epidemiológico dos gatos domésticos precisa ser melhor investigado, como

são suscetíveis a infecção por ambos os vírus (FPV e CPV), podem atuar como

reservatórios e assim como contribuir para emergência de novos vírus.

No Brasil, até o momento não existem evidências de que o CPV infecte gatos,

já que o sequenciamento de amostras de parvovírus detectadas nas fezes de gatos

com diarreia confirmou a presença do FPV (CUBEL GARCIA et al., 2011).

Entretanto, pôde-se observar neste estudo que a sequência de uma amostra

(DQ658146) apresentava no resíduo 426, o aa Asp característico de CPV-2b.

Como o CPV e FPV circulam na população canina e felina no Rio de Janeiro

(CASTRO et al., 2007; SILVA, 2010), a caracterização molecular dos parvovírus em

gatos domésticos no Estado do Rio de Janeiro é necessário para identificar

possíveis mudanças genéticas, bem como proporcionar uma melhor compreensão

dos mecanismos que impulsionam a evolução dos parvovírus felino e canino em

gatos domésticos no Brasil.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Parvovírus Felino (FPV)

2.1.1 Classificação

Os parvovírus patogênicos de animais estão classificados na família

Parvoviridae, subfamília Parvovirinae, gênero Protoparvovirus, sendo que o

parvovírus felino (FPV), parvovírus canino (CPV), vírus da enterite das martas (MEV

- martas enteritis virus) e parvovírus dos mãos-peladas (RPV - racoon parvovirus)

compõe a espécie protoparvovírus dos carnívoros 1 (Carnivore protoparvovirus 1)

(COTMORE et al., 2014).

O FPV infecta gatos domésticos e outros felídeos bem como espécies das

famílias: Canidae, Mustelidae, Procyonidae e Viverridae (incluindo raposa,

bassarisco, guaxinim e visão) (STUETZER & HARTMANN, 2014).

2.2 Características do vírus

2.2.1 Propriedades Gerais

As partículas de parvovírus quando visualizadas ao microscópio eletrônico

são esféricas, destituídas de envelope, com diâmetro variando de 18 a 26 nm e

capsídeo de simetria icosaédrica (Figura 1). A massa molecular da partícula viral

completa é de 5,0 a 6,2 X 106 Da e a densidade do vírion em gradiente de cloreto de

césio é de 1,39 a 1,42 g/cm3. Partículas vazias apresentam peso molecular de 4.2 x

106 Da e são consideradas não infecciosas (MORAES & COSTA, 2012).

GORDON e ANGRICK (1986) demonstraram que o CPV pode manter-se

infeccioso por até cinco meses no ambiente. A partícula infecciosa é bastante

resistente, sendo estável em pH variando de 3 a 9, porém é inativada à temperatura

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de 560C por 60 minutos e ao tratamento por solventes orgânicos, agentes oxidantes,

com formalina ou propionolactona ou quando submetida à radiações gama (SIEGL

et al., 1984).

Figura 1. Fotomicrografia eletrônica de partículas de parvovírus canino em amostra fecal de

um cão com gastrenterite (Willi, 1998).

2.2.2 Estrutura do Capsídeo

A estrutura molecular tridimensional do CPV, avaliada por cristalografia com

raios-X, demonstrou que o capsídeo tem um diâmetro de aproximadamente 255

angstrons (Å), sendo constituído por 60 subunidades das proteínas estruturais: VP1

(5-6 cópias) e VP2 (54-55 cópias), que compõe cerca de 90% do capsídeo. A VP1

(80 kDa) é idêntica à VP2 (65kDa) com adição de 143 aminoácidos na região amino-

terminal (TSAO et al., 1991; CHAPMAN & ROSSMANN, 1996; BERNS & PARRISH,

2013).

Nas partículas infecciosas, a clivagem de 15-20 aminoácidos na região amino

terminal de VP2 gera a proteína VP3 de 63 kDa (PARADISE; RHODE; SINGER,

1982; TSAO et al., 1991). Esta clivagem parece ser essencial à infectividade do

vírus porque expõem sequências ricas em Glicina, importantes na interação com a

membrana celular (WU & ROSSMAN, 1993). A proteína VP2 além de ser o sítio de

ligação ao receptor confere ao vírus a propriedade hemaglutinante e contém os

epítopos responsáveis pela indução de anticorpos neutralizantes (LOPEZ DE

TURISO et al., 1991).

A superfície do capsídeo apresenta um canal cilíndrico ao redor do eixo de

simetria rotacional 5x, rodeado por estreitas depressões do tipo canyon, pequenas

projeções, espículas (spikes) ao redor do eixo de simetria 3x e depressões do tipo

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dimple, no eixo 2x (TSAO et al., 1991). Estas estruturas apresentam funções

biológicas importantes (PARRISH et al., 1991; LANGEVELD et al., 1993) (Figura

2A/B).

Os canyons seriam possíveis candidatos a sítios de ligação para receptores

celulares, pois correspondem às regiões mais conservadas dos genes estruturais

VP1/VP2 e ao mesmo tempo são inacessíveis aos anticorpos neutralizantes. Por

outro lado, as espículas e depressões estão associadas a propriedades antigênicas,

seleção de hospedeiros e de aglutinação (TSAO et al.,1991; CHAPMAN &

ROSSMAN, 1993).

A B

Figura 2. (A) Estrutura do capsídeo do CPV determinada por cristalografia de raio-X

mostrando as quatro regiões morfológicas do capsídeo (Adaptado de Allison et al., 2016) (B)

Estrutura tridimensional do capsídeo do CPV. Os canyons estão representados em verde,

ao redor do eixo de simetria 5x. As espículas correspondem às regiões em azul claro, ao

redor do eixo de simetria 3x. Os dimples estão representados em azul escuro, ao redor do

eixo de simetria 2x (TSAO et al., 1991).

O capsídeo apresenta um core central constituído por oito fitas antiparalelas

(B-I), com configuração espacial do tipo folhas beta (ß) (ß-barrel-motif) com

projeções (loops) flexíveis 1 a 4, entre estas fitas, que correspondem às principais

regiões expostas da superfície viral (TSAO et al., 1991) (Figura 3). A estrutura (β-

barrel) está localizada principalmente abaixo da superfície do capsídeo enquanto os

loops interagem para formar a maior parte da superfície do capsídeo e

correspondem às regiões hipervariadas de VP2 (AGBANJE, PARRISH,

ROSSMANN, 1995; TSAO et al., 1991; XIE & CHAPMAN, 1996).

Dois sítios antigênicos neutralizantes principais, denominados A e B, foram

mapeados e associados às espículas na superfície do CPV por análises com

anticorpos monoclonais (MAbs) e sequenciamento do DNA. O sítio antigênico A está

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localizado na extremidade da espícula (threefold spike) e corresponde aos loops 1, 2

e 4 da VP2, por outro lado o sítio B está localizado na base da estrutura (shoulder) e

é formado pelo loop 3 (TSAO et al., 1991; STRASSHEIM et al.,1994).

Figura 3. Proteína de capsídeo do CPV: os Loops 1 a 4 são projetados a partir das oito

fitas antiparalelas (ß- barrel em azul), são formadas por 36 resíduos entre as fitas B e C

formando loop 1, 74 resíduos entre as fitas E e F formando loop 2 e 223 resíduos entre as

fitas G e H formando os loops 3 e 4. Em conjunto compõem as espículas virais e possuem

aminoácidos determinantes de diversas propriedades biológicas dos parvovírus. Esferas

mostram as posições dos resíduos nos sítios antigênicos A (vermelho) e B (azul)

(Hafenstein et al., 2009).

Os resíduos de maior importância para os Parvovírus relacionados tanto a

mudança de hospedeiro felino - canino como de caracterização das variantes

(CPV/FPV) estão localizados principalmente nos loops: 1 (resíduos 80, 91, 93, 101 e

103), 2 (232), 3 (299, 300, 323, 324), e 4 (426). O resíduo 426 está localizado na

região three-fold spike (eixo de simetria 3x), considerada a mais antigênica do

capsídeo sendo alvo de ligação de anticorpos neutralizantes (AGBANDJE,

PARRISH, ROSSMANN, 1995).

2.2.3 Organização do Genoma

O genoma viral consiste em um filamento de ácido desoxirribonucleico (DNA)

linear de 5.124 nucleotídeos, contendo nas extremidades 3’ e 5’ sequências

palindrômicas de aproximadamente 150 nucleotídeos (nt) (Figura 4) (REED;

JONES; MILLER, 1988).

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O genoma dos parvovírus possuem apenas duas ORFs, que codificam quatro

proteínas: duas proteínas não estruturais (NS1 e NS2) e duas ou três proteínas

estruturais (VP1 e VP2/VP3) (Figura 4) (MORAES & COSTA, 2012).

As proteínas não estruturais (NS1 e NS2) são produzidas pela tradução de

mRNAs que sofrem splicing alternativo. A NS1 (87kDa) é essencial para a

replicação do genoma viral, e a NS2 (25kDa), está associada com a formação dos

capsídeos, controle da expressão gênica e também participa da replicação do

genoma. As proteínas produzidas a partir da outra ORF (VP1 e VP2) fazem parte da

estrutura do capsídeo. As proteínas VP1 e VP2 são traduzidas a partir de um

mesmo mRNA, após splicing, e compartilham a maior parte de sua sequência de

aminoácidos. A diferença entre a VP1 e VP2 resulta da utilização de diferentes

códons de iniciação pelos ribossomos. A VP3 é composta por uma sequência de

aminoácidos da região amino-terminal da VP2. Os mRNAs, produzidos pela

transcrição do genoma, possuem 5’ cap e são poliadenilados na extremidade 3’

(MORAES & COSTA, 2012).

Além disso, o genoma dos parvovírus canino e felino contém dois promotores

(P4 e P38), que dirigem a síntese das proteínas não estruturais e estruturais,

respectivamente (REED; JONES; MILLER, 1988). As proteínas estruturais são

codificadas por sequências de leitura aberta (ORF) que se sobrepõem: nt 2285-4786

para VP1 e nt 2786-4786 para VP2 (REED; JONES; MILLER, 1988; AGBANDJE,

PARRISH, ROSSMANN, 1995) (Figura 4).

Figura 4. Organização genômica e mapa de transcrição do parvovírus canino. O genoma do

CPV é representado na orientação 3 '- 5'. A posição dos promotores P4/P38 e dos sítios de

iniciação da transcrição das proteínas VP1/VP2 estão indicados por setas pontilhadas e

preenchidas, respectivamente. As linhas contínuas representam a cadeia de RNA, e os

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retângulos representam as ORFs codificantes das respectivas proteínas: NS1 e NS2 (não

estruturais); VP1 e VP2 (estruturais) (Adaptado de REED; JONES; MILLER, 1988).

2.3 Replicação do vírus

A infecção pelos parvovírus canino e felino está associada à habilidade do

capsídeo viral adsorver-se ao receptor de transferrina (Tf), uma glicoproteína de

superfície celular expressa na maioria das células do organismo, responsável pelo

transporte de ferro para o interior da célula (HUEFFER & PARRISH, 2003; PARRISH

& KAWAOKA, 2005).

Em células com intensa atividade mitótica estes receptores podem ser

encontrados em níveis elevados, representando os principais alvos do CPV e FPV

nos animais. A idade de um animal infectado é muito importante para o

estabelecimento dos principais alvos da infecção pelo parvovírus, sendo os tecidos

fetais ou de recém-nascidos uma rica fonte de células em atividade mitótica. Em

animais jovens o tecido linfoide e particularmente o epitélio do intestino delgado

apresentam intensa proliferação celular (STEINEL et al., 2001).

Os tipos novos de CPV são capazes de se ligar tanto ao receptor de Tf canino

como felino, enquanto que o FPV apenas a receptores de Tf felinos. Por essa razão

o FPV não é capaz de infectar cães e de se replicar em cultura de células caninas

(HUEFFER & PARRISH, 2003; PARRISH & KAWAOKA, 2005).

Após a ligação destes vírus ao receptor de Tf ocorre a formação de um

complexo (vírus-receptor) que é rapidamente transportado para um sistema

endossomal no interior da célula. A penetração ocorre por via endocítica, e os

vírions são transportados rapidamente até as proximidades do núcleo celular.

Durante esse trajeto, as partículas virais são expostas a pH progressivamente mais

baixo no interior do endossomo, o que induz alterações na conformação das

proteínas do capsídeo. No interior dos endossomos, as partículas virais sofrem três

alterações importantes: exposição da região amino-terminal da VP1, clivagem da

região amino-terminal da VP2 e, finalmente, desnudamento do genoma (Figura 5)

(MORAES & COSTA, 2012).

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Figura 5. Esquema do ciclo replicativo dos parvovírus (Adaptado Moraes & Costa, 2007).

Ao contrário da maioria dos outros vírus de DNA, os parvovírus são

incapazes de ativar a síntese do DNA nas células hospedeiras. Sua replicação está

no núcleo (Figura 5) e as células infectadas devem ser ativamente mitóticas

(HARTMANN, 2015). Isso acontece porque o genoma dos parvovírus não codifica a

enzima necessária para a etapa inicial da replicação do DNA, a DNA polimerase,

que é responsável pela síntese da fita de DNA complementar ao DNA viral simples

fita. Como a DNA polimerase celular é somente expressa durante a mitose, a

primeira e crucial etapa da replicação viral, portanto, requer a divisão celular (fase S

tardia ou G2 do ciclo mitótico) (TSAO et al., 1991).

No núcleo, o genoma DNA de fita simples (ssDNA) é, inicialmente,

convertido em DNA de fita dupla (dsDNA) por enzimas celulares, seguido da

expressão (transcrição, transdução) das proteínas NS1 e NS2. Com a produção das

proteínas não estruturais (NS1/NS2) e uma vez completada a primeira cadeia de

dsDNA, a polimerização continuaria produzindo uma cópia linear dupla que

corresponderia a quatro cópias do genoma viral (duas polaridade positiva e duas

negativas). Essa macromólecula composta por múltiplas cópias do genoma seria,

então, separada e individualizada pela atividade endonuclease da NS1, que clivaria

Transcrição

Liberação da partícula viral: Lise celular

Proteínas estruturais e não

estruturais

Desnudamento Núcleo

Montagem

- DNA

Infecta células em atividade

mitótica

Endocitose mediada

por receptor

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o multímero em unidades genômicas de polaridade positiva e negativa. Em geral, as

moléculas de DNA de polaridade negativa são preferencialmente encapsidadas. A

síntese das proteínas estruturais ocorre no citoplasma da célula e os genomas

recém-replicados são encapsidados pelas proteínas estruturais VP1 e VP2 no

núcleo, originando as novas partículas víricas, que são liberadas da célula por lise

celular (MORAES & COSTA, 2012).

A replicação viral em cultura de células pode ser observada pela presença

de corpúsculos de inclusão intranucleares (Figura 6) corados pelo método de May

Grunwald Giemsa (APPEL; SCOTT; CARMICHAEL,1979).

Figura 6. (A)Inclusões nucleares em células (CRFK) infectadas com FPV (B)

Imunofluorescências nuclear de células infectadas (CRFK) com FPV (Adaptado Hartmann,

2015).

Alguns aspectos do processo de replicação do vírus, incluindo a ausência de

algumas subunidades da DNA polimerase da célula hospedeira, a rápida replicação

do genoma e a natureza fita simples do genoma viral resultam em uma baixa

fidelidade de replicação dos parvovírus, facilitando a fixação de mutações

(HOELZER, SHACKELTON, PARRISH, 2008; HOELZER & PARRISH, 2010).

2.4 Evolução e Variabilidade Genética do Parvovírus Felino

A compreensão dos eventos envolvidos na evolução viral é importante, pois

tal variação pode levar a alterações na antigenicidade, no espectro de hospedeiros

ou no potencial patogênico, podendo determinar o sucesso da infecção viral em

novos hospedeiros ou sua resistência no ambiente (TRUYEN et al., 1995).

A B

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O FPV já era reconhecido há muitos anos quando o CPV surgiu em 1978 e

tornou-se um vírus pandêmico. O CPV e FPV apresentam uma similaridade

genômica de aproximadamente 98% e diferem em cerca de 8-10 aminoácidos na

proteína de capsídeo VP2 (SIEGL, 1984; CHANG, SGRO, PARRISH, 1992;

PARRISH, 1995).

O CPV adquiriu a capacidade de infectar os cães através de mutações nos

resíduos 93 (Lys→Asn), 300 (AspGly) e 323 (Asp→Asn) de VP2 que se

encontram expostos na superfície do capsídeo, e permitiram ao CPV se ligar ao

receptor de transferrina tipo-1 (TfR) da célula canina (CHANG, SGRO, PARRISH,

1992; PARKER & PARRISH, 1997; PARKER et al., 2001).

O receptor de Tf é uma glicoproteína tipo II expressa na membrana da célula

como um homodímero e cada monômero consiste de três domínios:

carboxipeptidase-like, helicoidal e apical, e a interação do FPV e CPV com o

receptor ocorre por meio do domínio apical. A especificidade da ligação de cada

vírus ao receptor é determinada por um único sítio de glicosilação no domínio apical

do TfR, ou seja, uma mutação no resíduo 384 (KN) do TfR canino foi determinante

para impedir a infecção de cães, coiotes e lobos pelo FPV até a emergência do CPV

(PALERMO, HAFENSTEIN, PARRISH, 2006; ALLISON et al., 2012; 2014).

O aparecimento do CPV várias décadas após a descrição do FPV em gatos

(Felis catus) e MEV em martas (Mustela vison), levantou a hipótese de que outro

carnívoro possa ter albergado o ancestral do CPV-2. Apesar da disseminação global

do CPV ter ocorrido em 1978, amostras de soro obtidas de cães em 1974 na Grécia,

em 1976 na Bélgica e em 1977 nos Países Baixos, já apresentavam anticorpos para

este vírus (TRUYEN et al., 1998).

De modo a elucidar a alteração do espectro de hospedeiros destes vírus,

vários estudos de análise de sequências do genoma dos parvovírus de animais

domésticos e selvagens foram realizados (TRUYEN et al., 1995; 1998; HORIUCHI

et al., 1998; IKEDA et al., 2000; STEINEL et al., 2000; ALLISON et al., 2012; 2013).

Em 1983, a sequência de DNA de um parvovírus (Blue Fox Parvovirus –

BFPV) isolado de uma raposa azul (Alopex lagopus) na Finlândia, parecia ser um

intermediário entre o FPV e o CPV, porém, a sequência de aminoácido

correspondente agrupava este vírus com o FPV (TRUYEN et al., 1995).

A sequência parcial do gene da VP2 de um parvovírus isolado de uma raposa

vermelha (Vulpes vulpes) na Alemanha apresentou características intermediárias

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entre o FPV e CPV, já que continha os aminoácidos 93 e 323 característicos do

CPV. Este achado, associado aos dados de um estudo sorológico que mostrou que

13% das raposas vermelhas da Alemanha apresentavam anticorpos para CPV pelo

teste de inibição da hemaglutinação, apoiou a hipótese de que o parvovírus de

raposa seja um possível ancestral do CPV (TRUYEN et al., 1998).

A seguir, a análise filogenética da sequência do gene da VP2 de parvovírus

de vários animais selvagens: onça parda (Puma concolor), coiote (Canis latrans),

lobo (Canis lupus), bobcat (Lynx rufus), guaxinim (Procyon lotor), cangambá

(Mephitis mephitis), mostrou que os diferentes isolados se organizam em dois

grupos maiores, um relacionado ao parvovírus felino (FPV-like) e outro ao parvovírus

canino (CPV-like) (ALLISON et al., 2013). Entretanto, as sequências de VP2 dos

isolados de guaxinim revelaram que estes vírus (Raccoon parvovirus - RPV) são

intermediários entre o CPV-2 e CPV-2a, já que RPV e CPV-2a partilham as mesmas

mutações nos resíduos 87 e 101 de VP2, sugerindo que estes hospedeiros podem

ter portado isolados intermediários no processo evolutivo do CPV, e com isso,

contribuído para a evolução do CPV-2a (ALLISON et al., 2012) (Figura 7).

Sendo assim, a capacidade de replicar em uma gama de hospedeiros é uma

propriedade chave dos parvovírus, o que reflete a diversidade de espécies (Canidae,

Felidae, Procyonidae, Mustelidae e Viverridae) que o vírus pode infectar

naturalmente (PARRISH et al., 1988). No entanto, o espectro de hospedeiros é

muitas vezes difícil de definir e outros fatores precisam ser associados, tais como a

susceptibilidade do hospedeiro à infecção, bem como a capacidade do vírus para

sofrer transmissão sustentada no novo hospedeiro (PARRISH & KAWAOKA, 2005).

O FPV não é único parvovirus que infecta gatos. Além do MEV, as novas

variantes de CPV-2 (2a, 2b e 2c) são capazes de replicar em gatos, causando

doenças indistinguíveis da panleucopenia felina (STEINEL et al., 2001).

Em consequência do deslocamento do espectro de hospedeiro do CPV de

cão para gatos, infecções naturais de gatos e felinos selvagens com CPV foram

relatadas (STEINEL et al., 2000), mas o FPV permanece a espécie mais prevalente

de parvovírus causadores de doenças em gatos naturalmente infectados

(BATTILANI et al., 2006; 2011; DECARO et al., 2008). Com isso, vem se observando

que o CPV iniciou um novo processo de readaptação em hospedeiros felinos,

confirmando a importância da evolução viral na mudança de tropismo/ infecção de

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novos hospedeiros, como mecanismo para o surgimento de novos vírus (BATTILANI

et al., 2011).

Além disso, uma vez que os gatos são suscetíveis tanto ao CPV como FPV,

superinfecção e coinfecção podem ocorrer com múltiplas variantes de parvovírus,

facilitando a recombinação e heterogeneidade levando a evolução de novas

variantes e a um aumento na virulência (BRINDHALAKSHMI et al., 2016).

Diante disso, as variantes CPV-2a e CPV-2b provavelmente atuariam como

novos vírus emergentes em gatos, em que algumas seleções positivas específicas

de gato, poderiam operar como uma força motriz da evolução do CPV (IKEDA et al.,

2002). O relato de uma infecção mista com duas variantes de CPV (2a e 2c) em um

mesmo gato (BATTILANI et al., 2011) e a detecção de uma coinfecção de CPV-2a e

FPV em 2013, pelo mesmo grupo de estudo, em uma amostra fecal de um gato

sintomático de 3 meses de idade, geraram um questionamento sobre o papel

epidemiológico dos gatos, em que eles poderiam estar atuando como: (a)

reservatórios, uma vez que são suscetíveis tanto para o CPV como para o FPV ou

como (b) fontes de novas variantes de parvovírus (BATTILANI et al., 2013).

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Figura 7. Relação filogenética entre os parvovírus de carnívoros baseada no gene

que codifica para a proteína de capsídeo VP2 (Adaptado Allison et al., 2012).

Em vermelho representa os isolados dos mãos-peladas; azul: CPV-2a/2b/2c; verde:

FPV; preto: CPV-2.

CPV-2a

CPV-2b

CPV-2c

Intermediário

Isolados dos mãos-peladas

Variantes dos Parvovírus: FPV CPV-2 Isolados dos mãos-peladas

CPV-2a/2b/2c

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A definição do espectro de hospedeiro felino e canino do FPV e CPV está

relacionada basicamente à diferença de aminoácidos em VP2. Mudanças nos

nucleotídeos (nt) 3065 e 3753 que correspondem à sequência de aminoácidos nas

posições 93 (FPV: Lisina-Lys para CPV-2: Asparagina-Asn) e 323 (FPV: Ácido

aspártico-Asp para CPV-2: Asparagina-Asn) de VP2 conferiram ao CPV-2 a

capacidade de se ligar ao receptor de Tf canino e com isso infectar células caninas,

mas o vírus perdeu a capacidade de infectar células felinas (PARRISH et al., 1991;

TRUYEN & PARRISH, 1992; CHANG, SGRO, PARRISH, 1992; AGBANDJE,

PARRISH, ROSSMANN, 1995; HUEFFER & PARRISH, 2003) (Figura 8).

Além destes resíduos, a sequência do aminoácido na posição 103, nt 3094

(FPV: Valina-Val para CPV-2: Alanina-Ala), parece ser crítica para a habilidade do

CPV replicar em cães, enquanto que outras sequências influenciam o espectro de

hospedeiro felino do FPV, incluindo as diferenças nos nucleotídeos 3025, 4477 e

4489 que correspondem aos aminoácidos 80 (FPV: Lys e CPV-2: Arginina-Arg), 564

(FPV: Asn e CPV: Serina-Ser) e 568 (FPV: Ala e CPV: Glicina-Gly) (PARRISH et al.,

1991; TRUYEN & PARRISH, 1992; CHANG, SGRO, PARRISH, 1992; AGBANDJE,

PARRISH, ROSSMANN, 1995; HUEFFER & PARRISH, 2003).

Figura 8. Representação de uma unidade do capsídeo viral mostrando as posições dos

resíduos que alteraram durante a evolução do parvovírus canino (CPV). Resíduos que

variaram entre: FPV e CPV em azul, CPV-2 e CPV-2a em verde, CPV-2a em CPV-2b/2c em

amarelo (Adaptado de Hueffer & Parrish, 2003; Parrish & Kawaoka, 2005).

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O tipo antigênico 2a que surgiu em 1979 e rapidamente substituiu o tipo

original (CPV-2) em circulação, difere do tipo original em apenas cinco substituições

de nucleotídeos (nt 3045, nt 3088, nt 3685, nt 3699, e nt 4499) que correspondem às

mudanças na sequência de aa nas posições: 87, 101, 300, 305 e 555 de VP2

(PARRISH et al., 1991; TRUYEN & PARRISH, 1992) (Quadro 1). Estas

substituições proporcionaram ao novo tipo de CPV ampliar seu espectro hospedeiro

aos felinos, contudo esta mudança na sequência de nucleotídeos não representou

uma reversão à sequência do FPV original (PARRISH & KAWAOKA, 2005).

O genoma dos CPV-2a e CPV-2b diferem em apenas dois nucleotídeos (nt

que o aa 555 do CPV-2b é idêntico ao do CPV-2, a mudança no aa 426 de Asn para

Asp foi determinante para o aparecimento do tipo 2b (PARRISH et al., 1991;

STEINEL et al., 2000).

Após 1990, os novos tipos em circulação (CPV-2a e 2b) passaram a

apresentar uma mutação no gene que codifica para a proteína de capsídeo VP2 (aa

297 Ser → Ala). Esta mutação representou uma vantagem evolutiva, e se fez

presente em mais de 90% dos isolados de CPV até o ano 2000 (TRUYEN, 1999;

HOELZER & PARRISH, 2010). Estas variantes (297 Ser→Ala) foram inicialmente

denominadas de “Novo CPV-2a” e “Novo CPV-2b”, entretanto esta nova

nomenclatura não é adotada por todos os autores (CASTRO et al., 2010; 2011)

(Quadro 1).

Em 2001, mais um tipo de CPV (CPV-2c) que apresenta uma mudança de aa

na posição 426 (Asp→Glu) da proteína VP2, foi relatado na Itália e já se disseminou

na população canina de vários países da Europa, Ásia, Oceania, Américas, inclusive

no Brasil (NAKAMURA et al., 2004; DECARO et al., 2006; HONG et al., 2007;

MEERS et al., 2007; PÉREZ et al., 2007; VIEIRA et al., 2008; CALDERON et al.,

2009; STRECK et al., 2009; CASTRO et al., 2010).

Embora as diferenças de nucleotídeos entre o CPV-2 e as variantes 2a/ 2b/2c

tenham ocasionado mudanças em epítopos neutralizantes definidos por anticorpos

monoclonais (TRUYEN, 1996), elas não foram capazes de alterar a

imunogenicidade conferida pelo vírus original (LARSON & SCHULTZ, 2008).

Algumas características do genoma viral dos parvovírus como tamanho e tipo

do genoma viral (único filamento de DNA), ocorrência de metilação em algumas

regiões do genoma (DUFFY; SHACKLETON; HOLMES, 2008; HOELZER;

SHACKELTON; PARRISH, 2008), a co-circulação de diferentes tipos de parvovírus

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em uma mesma população canina e felina (STEINEL et al., 1998; HOELZER &

PARRISH, 2010) e a coinfecção de diferentes tipos em um mesmo indivíduo

(BATTILANI et al., 2007; VIEIRA et al., 2008) são fatores que podem modular o

processo evolutivo.

Quadro 1. Mutações no genoma do CPV durante a evolução do vírus em cães

(Adaptado de Hoelzer & Parrish, 2010).

Mutações (resíduo VP2)

Vírus Ano Prevalência relativa

Posição AA

80 Arg Lys FPV CPV Associado com mudança do espectro de hospedeiro de

gatos para cães alteração na ligação ao receptor de

transferrina

91

93

Ala Ser

Lys Asn

103 Val Ala

232 Val Ile

323 Asp Asn

375 Asn Asp

564 Asn Ser

568 Ala Gly

87 Met Leu CPV- 2 → CPV-2a 1979 1980: 100%

101 Ile Thr

300 Ala Gly

305 Asp Tyr

426 Asn Asp CPV-2a → CPV-2b 1984 30- 80% entre 1984 - 2005

297 Ser Ala “Novo” CPV-2a e 2b 1990 >90% em 2000

555

Ile → Val

CPV-2a e 2b

2001

Não estimada

426 Asp Glu CPV-2c 2001 Distribuição mundial

440 Thr Ala ~2005 Encontrado em vários países

Estudos demostram que o CPV está evoluindo significativamente mais rápido

que o FPV, com uma taxa de substituição de nucleotídeos para a proteína de

capsídeo VP2 em torno de 1,7x10-4 substituições sítio por ano, enquanto o FPV de

9,4x10-5 substituições sítio por ano, valores comparáveis aos observados em vírus

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de genoma RNA (PARRISH & KAWAOKA, 2005; SHACKELTON et al., 2005;

DUFFY, SHACKLETON, HOLMES, 2008).

Um estudo realizado com isolados brasileiros de CPV-2a e 2b apresentaram

valores ainda maiores, de 2,4x10-4 substituições/ sítio/ ano para os genes que

codificam para as proteínas de capsídeo VP1 e VP2 (PEREIRA, LEAL, DURIGON,

2007).

Para outras proteínas não estruturais (NS1 e NS2) as taxas de mutações do

CPV e FPV são idênticas (7,9x10-5 substituições/ sítio/ ano), sugerindo que os genes

que codificam para estas proteínas estão sujeitos a uma menor pressão seletiva

(SHACKELTON et al., 2005).

2.5 Epidemiologia

O FPV é um vírus disseminado na natureza, epizoonótico e relatado em

quase todos os países do mundo, principalmente em áreas de grandes populações

de gato, como abrigos e residências com múltiplos animais (TUZIO, 2009).

Nos últimos 20 anos, com o uso de vacinas como medida de profilaxia contra

o FPV, a panleucopenia tornou-se menos prevalente na rotina clínica (GREENE,

2012). Em contrapartida, a situação parece bastante diferente em abrigos de

animais, que são locais de um influxo contínuo de gatos com histórico vacinal

desconhecido (PATTERSON et al., 2007; TRUYEN et al., 2009). Um estudo com 61

gatos selvagens na Flórida demonstrou que apenas 33% da população

apresentavam anticorpos para o vírus (FISCHER et al., 2007). Na Costa Rica, a

prevalência de anticorpos em gatos domésticos jovens foi de 92,8% (BLANCO et

al.,2009).

A faixa etária de maior incidência da doença é de animais menores de seis

meses de idade e não vacinados, embora os filhotes vacinados também possam

desenvolver a enfermidade. Isso ocorre pela interferência da imunidade materna

com a resposta vacinal (KRUSE et al., 2010).

A mortalidade varia de 25% a 90% em gatos não vacinados que apresentam

a forma aguda da doença e até 100% nas infecções mais graves. No entanto, a

prevalência de infecções subclínicas é desconhecida. Animais com até 12 meses de

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idade e não vacinados foram os que apresentaram maior morbidade e mortalidade

(ADDIE et al., 1998; CAVE et al., 2002).

A transmissão ocorre pelo contato direto ou indireto dos animais suscetíveis

com os animais infectados, sendo o vírus mais encontrado nas fezes diarreicas

(HARTMANN et al., 2015). Portanto, a rota fecal-oral é a principal forma de

transmissão. Pela alta resistência do FPV no ambiente, a transmissão por fômites

contaminados pode desempenhar um importante papel na propagação da infecção.

A sobrevivência do vírus no ambiente pode chegar a até um ano em material

orgânico infectado (POOLE, 1972). Dessa forma, é possível que proprietários

transportem o vírus altamente contagioso para a casa em suas mãos, sapatos ou

roupas, infectando dessa forma os gatos que residem dentro de casa sem acesso a

outros animais (SCOTT, 1987).

O CPV tem sido isolado em uma variedade de gatos domésticos, bem como

em outros carnívoros (IKEDA et al., 1999; IKEDA et al., 2000; STEINEL et al., 2000).

Com isso, vem se observando que o CPV iniciou um novo processo de readaptação

em hospedeiros felinos e confirmado a importância da mudança de hospedeiro como

mecanismo para o surgimento de novos vírus (BATTILANI et al., 2011).

A prevalência de CPV em gatos com panleucopenia, ainda permanece

desconhecida. Em um estudo conduzido na Alemanha, cerca de 10% dos vírus

isolados de gatos que apresentavam panleucopenia foi diagnosticado como CPV-2a

ou uma variante derivada de CPV-2a (TRUYEN; PLATZER; PARRISH, 1996). No

Reino Unido, o CPV foi identificado em 33% das amostras fecais de gatos

clinicamente saudáveis em um estudo transversal com 50 gatos de um abrigo e em

34% das amostras fecais em um estudo longitudinal de 74 gatos em um abrigo misto

(canino e felino). Embora muitos gatos disseminassem CPV, a panleucopenia clínica

não foi diagnosticada, e amostras fecais de cães do abrigo misto foram negativas

para o vírus (CLEGG et al., 2012).

2.6 Patogenia e Manifestações Clínicas

O FPV causa a panleucopenia felina, uma infecção sistêmica caracterizada por

redução grave na contagem de glóbulos brancos circulantes (menos de 4000

células/µL) (AUGUST et al., 1989) (valor de referência normal para felinos: 5500 a

19500 células/µL – KANEKO; HARVEY; BRUSS, 2008).

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Além disso, o FPV pode provocar uma enterite com degeneração das

vilosidades intestinais. No entanto, nem todos os gatos infectados com FPV

desenvolvem sinais clínicos e a gravidade depende da idade, do estado imunológico

e das infecções simultâneas (FOLEY et al., 1999).

Normalmente, os animais infectam-se pela via oral, com replicação inicial do

vírus nos tecidos linfoides da orofaringe dois dias pós-infecção (PI). Em seguida

ocorre uma intensa viremia 3 a 5 dias PI, levando à disseminação do vírus para

outros tecidos linfoides, tais como linfonodos, baço, timo e placas de Peyer, assim

como outros sistemas, incluindo medula óssea, animal prenhe e os fetos. Após a

fase virêmica, o vírus dissemina-se das placas de Peyer para as células do epitélio

germinativo das criptas do intestino delgado que se encontra em intensa atividade

mitótica. A infecção lítica destas células pode provocar a perda considerável do

epitélio intestinal responsável pelos sintomas de gastroenterite hemorrágica,

característicos da parvovirose (Figura 9). Quando ocorre a atrofia das vilosidades, o

intestino delgado perde a capacidade de absorção, pois o epitélio germinativo

responsável por substituir o epitélio maduro foi destruído. Devido à reposição celular,

que ocorre em 1-3 dias, esta perda normalmente é limitada (CSIZA et al., 1971;

MACARTNEY et al., 1984; POLLOCK & COYNE, 1993; SMITH-CARR, MACINTIRE,

SWANGO, 1997).

O vírus pode ser detectado nas fezes a partir do 3o e 4o dias PI, antes do

aparecimento dos sinais clínicos. A maior concentração do vírus nas fezes (109

partículas infecciosas por grama de fezes) é observada entre o 4o e 6o dias PI pelo

teste reação de hemaglutinação (HA), sendo raramente detectado a partir do 10º até

12o dia PI (APPEL & PARRISH, 1987; POLLOCK & COYNE, 1993).

Nos tecidos linfoides, o FPV pode causar uma depleção celular, gerando uma

imunossupressão funcional. A linfopenia pode aparecer como um resultado direto de

uma linfocitólise, mas também indiretamente, através de um recrutamento de

linfócitos para o interior dos tecidos (PARRISH, 1995). A medula óssea também é

afetada e a replicação do vírus tem sido descrita de forma precoce em células

progenitoras, justificando o efeito devastador sobre a população de células

mielóides. Isso é refletido pela definição da Panleucopenia que é observada em

gatos infectados (TRUYEN & PARRISH, 2000).

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Figura 9. Esquema da patogenia da infecção pelo FPV (Adaptado Hoelzer, Shackelton,

Parrish, 2008).

As manifestações clínicas dependem do período em que a infecção ocorre. A

infecção intrauterina ou perinatal pode afetar o sistema nervoso central dos fetos,

levando a ataxia cerebelar e tremores, devido a replicação lítica do vírus nas células

de Purkinje (CSIZA et al., 1971) (Quadro 2). Em cães, uma relação entre miocardite

e infecção neonatal foi descrita quando o CPV surgiu. Em gatos, a miocardite

relacionada ao parvovírus não foi comprovada e o miocárdio não mostrou ser um

sítio de replicação do FPV. No entanto, o genoma viral foi identificado em um

número significativo de gatos adultos que morreram de cardiomiopatia (MIYAZAWA

et al., 1999; MEURS et al., 2000). Recentemente, McEndaffer e colaboradores

(2017) concluíram que a endomiocardite e a fibrose endomiocardial do ventrículo

esquerdo de gatos pode ser de etiologia infecciosa, porém, não encontraram

associação com a infecção por FPV ou CPV.

A infecção por FPV em filhotes de gatos com mais de seis semanas de idade

é caracterizada por anorexia, febre, vômito, diarreia hemorrágica e leucopenia

(JOHNSON, MARGOLIS, KILHAM, 1967; CARPENTER, 1971). A diarreia é causada

pelo encurtamento da vilosidade intestinal devido à perda - às vezes completa - das

células epiteliais. O vírus replica em células que se dividem rápido como as células

Tonsilas e linfonodos

Porta de entrada do FPV

VIREMIA

Baço Dia 1

p.i

Timo

Dia 1 PI

Intestino

Dia 3 PI

Medula óssea

Dia 3 PI

Disseminação viral do FPV

Dia 4-9 PI

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da cripta de Lieberkühn, prejudicando a regeneração do epitélio intestinal

(PARRISH, 2006).

Quadro 2. Infecção pelo Vírus da Panleucopenia Felina com suas consequências

patológicas e manifestações clínicas (Adaptado Chandler EA, Gaskell RM, Gaskell CJ,

eds. Feline Medicine and therapeutics. 3rd edn. Oxford: Blackwell Publishing, 2004).

Células afetadas Consequências Manifestações clínicas

Epitélio da cripta

intestinal Colapso de vilosidade e enterite Diarreia

Nódulos linfáticos e timo

Depleção do centro germinativo,

apoptose de linfócitos e

atrofia do timo

Linfopenia

Medula óssea Depleção de células

Neutropenia

(seguida de

trombocitopenia e

anemia)

Células fetais Morte fetal Perda da gestação

Desenvolvimento do

cerebelo Hipoplasia cerebelar Ataxia cerebelar

Embora o FPV afete gatos de todas as idades, os filhotes são mais

suscetíveis, podendo chegar numa taxa de mortalidade de 90% nessa idade

(TRUYEN et al., 2009). A mortalidade nas infecções por FPV parece estar

estritamente relacionada às condições gerais dos animais antes da infecção e a

gravidade da infecção é aumentada quando há coinfecção com outras viroses

entéricas, como o Coronavírus Felino (CSIZA et al., 1971).

Um estudo de infecção experimental demonstrou que gatos livres de

patógenos específicos (specific pathogen free-SPF) ou livres de germes (germ free)

inoculados com FPV apresentaram leucopenia ou ausência de sinais clínicos

durante o período de observação, enquanto que gatos convencionais apresentaram

depressão, vômito, diarreia e leucopenia grave, chegando a óbito em quatro dias

após a inoculação. A observação de poucas lesões intestinais ou ausência destas

nos gatos SPF sugere que as lesões intestinais sejam causadas mais

provavelmente por infecção bacteriana secundária do que infecção viral primária

(CARLSON, SCOTT, DUNCAN, 1977). Os gatos normalmente morrem de

a

(a) Haemorrhagic enteritis is a common feature of feline panleukopenia, leading to the hallmark clinical manifestation of haemorrhagic diarrhoea. Courtesy of (a) Marian C Horzinek; (b) Albert Lloret

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complicações associadas à septicemia, desidratação e coagulação intravascular

disseminada (CID) (TUZIO, 2009).

Em gatos de abrigo, os sinais clínicos mais observados são anorexia,

desidratação, febre e diarreia. Em gatos com infecções fatais, a morte é precedida

por sinais clínicos de choque séptico (LITSTER & BENJANIRUTL, 2013).

A infecção subclínica atua de forma significativa na epidemiologia da doença,

visto que animais infectados assintomáticos eliminam partículas virais nas fezes e,

como não se apresentam doentes, são mantidos em contato direto ou indireto com

animais suscetíveis. Nesses casos, a transmissão é facilitada principalmente em

locais onde há grandes concentrações de animais, como: canis e gatis de criação,

exposições zootécnicas ou clínicas veterinárias, possibilitando a infecção de cães e

gatos suscetíveis (POLLOCK & CARMICHAEL, 1990; COYNE, 1996). Esta forma da

doença pode ser observada em filhotes com idade superior a seis meses

(GLICKMAN et al., 1985) e adultos (POLLOCK & COYNE, 1993; BERGMANN et al.,

2017).

Apesar dos tipos CPV-2a e CPV-2b terem sido isolados de gatos com

sintomatologia clínica compatível com parvovirose, a patogenicidade destes vírus

em felinos domésticos ainda é discutida (MOCHIZUKI; HARASAWA; NAKATANI,

1993; MOCHIZUKI et al., 1996). Estudos de infecção experimental demonstraram

que CPV-2a e 2b eram capazes de infectar felinos, mas não causavam

manifestações clínicas claras, apenas uma leucopenia transitória (CHALMERS et al.,

1999; SAKAMOTO, ISHIGURO, MOCHIZUKI, 1999); outros observaram óbito em

2/3 animais inoculados com uma amostra de CPV-2b isolada de um gato com

infecção pelo parvovírus (GAMOH et al., 2003).

Da mesma forma, DECARO e colaboradores (2010) detectaram CPV-2c em

uma amostra fecal de um filhote de gato que veio a óbito após um quadro grave de

gastrenterite hemorrágica. Por esta razão, a circulação dos novos tipos de CPV em

felinos domésticos, principalmente associada à doença clínica, deve ser monitorada.

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41

2.7 Diagnóstico Laboratorial

O diagnóstico da infecção pelo FPV na rotina clínica geralmente é realizado

usando uma combinação do histórico, sinais clínicos e exames laboratoriais

(hemograma completo e teste de antígeno de amostra fecal) (GREENE, 2012;

TRUYEN, 2009).

O diagnóstico laboratorial baseia-se na detecção ou isolamento do FPV a partir

de amostras fecais de animais com diarreia, principalmente dos casos agudos, pois

neste estágio a quantidade de vírus eliminada pelo animal infectado pode alcançar

até 109 TCID50/g de fezes ou sangue total nos casos não diarreicos (CARMICHAEL,

JOUBERT; POLLOCK, 1980; APPEL & PARRISH, 1987; MOCHIZUKI; HARASAWA;

NAKATANI, 1993; HIRASAWA, KANESHIGE, MIKAZUKI, 1994). Entre os métodos

de diagnóstico citam-se: (a) isolamento do vírus em culturas de células de rim de

gato (Crandell feline kidney – CRFK, (b) reação de hemaglutinação (HA) com

eritrócitos suínos, (c) testes rápidos baseados no ensaio imunoenzimático ou

imunocromatográfico e (d) detecção do genoma viral por PCR e/ou PCR em tempo

real (qPCR) (APPEL & PARRISH, 1987; GOTO, 1975; MIYAZAWA et al., 1999;

STRECK et al., 2013).

Os testes mais utilizados na rotina clínica são os testes rápidos e a estreita

relação estrutural e antigênica entre FPV e CPVs (MOCHIZUKI & AKABOSHI, 1988;

PARRISH, 1991) oferece o potencial de testar gatos para FPV usando kits de teste

caninos (CPV). Esses testes têm um valor aceitável de sensibilidade (até 60%) e

especificidade (até 100%) em comparação com os métodos clássicos (NEUERER et

al., 2008).

A caracterização das amostras de parvovírus em FPV ou CPV só pode ser

realizada por meio do sequenciamento genômico. A determinação da sequência de

nucleotídeos do gene que codifica para a proteína de capsídeo VP2 permite definir o

tipo de parvovírus presente na amostra e a análise da relação de homologia de nt e

aa do recente isolado com as amostras de parvovírus disponíveis em bancos de

dados (GenBank) (IKEDA et al., 2000; STEINEL et al., 2000; BATTILANI et al., 2002;

NAKAMURA et al., 2004; SHACKELTON et al., 2005; WANG et al., 2005; DECARO

et al., 2008; DECARO et al., 2009; DECARO et al., 2010).

Os testes imunológicos baseados na detecção de anticorpos de FPV, tais como

o ensaio imunoenzimático (ELISA indireto), são considerados de valor diagnóstico

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42

limitado, pois não diferenciam entre infecção e anticorpos induzidos pela vacinação

(FISCUS et al.,1985; HOFMANN et al.,1996).

2.8 Imunidade e Profilaxia

A resposta imune duradoura ocorre após a infecção natural em que o animal

desenvolve os anticorpos neutralizantes que podem ser detectados a partir do 5º a

6º dias PI. Os anticorpos maternos representam a principal proteção contra a

infecção por FPV em filhotes de gatos com poucas semanas de idade e podem ser

transferidos via transplacentária (em torno de 10%) e principalmente através do

colostro (90%), apresentando meia vida de 9,7 dias (POLLOCK & CARMICHAEL,

1982; MOORE, 1983; MURPHY et al., 1999).

A prevenção da panleucopenia felina em gatos domésticos também é

realizada pela vacinação com vírus atenuados ou inativados (PATTERSON et al.,

2007). Enquanto a vacina de FPV atenuada parece ser eficiente na proteção da

infecção por CPV (CHALMERS et al., 1999), Steinel et al. (2000) relataram que

vacinas de FPV inativadas não são sempre eficazes contra a infecção por CPV em

felinos selvagens.

Em filhotes, uma das causas mais comuns de falha vacinal é a interferência

pelos anticorpos maternos. Alguns estudos mostram que existe um período (até a

12ª semana de idade) de suscetibilidade em que o título de anticorpos maternos

interfere na resposta à vacinação, mas não protege o filhote da infecção pelo vírus

selvagem (POLLOCK & CARMICHAEL, 1982; JACKEL et al., 2012).

O protocolo vacinal para gatos sugere um mínimo de duas doses - uma com 8

a 9 semanas de idade e a segunda após 3-4 semanas (com no mínimo 12 semanas

de idade) a ser administrado em gatos que vivem em situações de baixo risco. Em

situações de maior risco, recomenda-se uma terceira vacinação às 16 semanas. Os

anticorpos maternos podem persistir além da 12ª semana em alguns gatos, como

sugerem os dados de campo, de modo que a vacinação na 12ª semana não induz

proteção. Portanto, uma terceira vacinação na 16ª semana de vida deve ser dada a

filhotes que convivem com outros gatos ou animais de abrigo. A vacinação na 16ª

semana também deve ser considerada para filhotes nascidos de gatas com títulos

elevados de anticorpos, pois é provável que transmitam altos níveis de anticorpos

maternos que podem persistir por mais de 12 semanas em seus filhotes (por

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43

exemplo, fêmeas que se recuperaram de doenças, que viveram em um ambiente de

alta exposição ou que receberam vacinas antes ou durante a gestação) (DAWSON

et al., 2001; KRUSE et al., 2010; JAKEL et al., 2012; SQUIRES, 2018).

Os gatos que respondem à vacinação com FPV mantêm uma imunidade sólida

durante pelo menos sete anos. No entanto, é recomendada a revacinação. Todos os

gatos devem receber o 1º reforço 12 meses após a conclusão da primovacinação

(isto assegurará imunidade induzida por vacina adequada para gatos que podem

não ter adequadamente respondido a primovacinação). Seguindo este primeiro

reforço, as revacinações subsequentes são recomendadas em intervalos de três

anos ou mais, a menos que se apliquem condições especiais (SCOTT &

GEISSINGER, 1999; LAPPIN et al., 2002).

Mesmo assim é importante isolar os filhotes, principalmente em canis e gatis,

de maneira que eles não entrem em contato com animais infectados antes de

completarem o protocolo de vacinação (POLLOCK & COYNE, 1993; HOSKINS,

1998; MURPHY et al., 1999).

Apesar de a vacina ser uma medida de profilaxia à infecção pelo FPV, um

recente estudo de campo na Alemanha demonstrou que 40% dos 244 gatos com

panleucopenia felina tinham recebido pelo menos uma dose de vacina (KRUSE et

al., 2010). Hoffmann e colaborabores (2010) relataram vários surtos de

panleucopenia felina em gatos domésticos no período de 2008/2009 na Alemanha e

em um estudo de campo subsequente revelou que 36,7% dos filhotes não

desenvolveram anticorpos, apesar de terem recebido três doses de vacinas na idade

de 8, 12 e 16 semanas.

Atualmente, com a detecção de variantes de CPV na espécie felina, surgiu o

debate sobre a eficácia das vacinas baseadas em FPV contra a infecção pelas

novas variantes de CPV-2 (2a/ 2b e 2c) e ressaltando a necessidade de intensificar

a vigilância na infecção por CPV em gatos (DECARO et al., 2010; BATTILANI et al.,

2011).

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44

3 OBJETIVOS

3.1 Geral:

Analisar a diversidade genética das variantes de parvovírus circulantes em

felinos domésticos com gastrenterite no Estado do Rio de Janeiro.

3.2 Específicos:

Realizar o diagnóstico molecular dos parvovírus em amostras fecais de gatos

com diarreia no período de 2008 a 2017.

Verificar a variabilidade genética dos parvovírus de gatos por meio do

sequenciamento e análise filogenética do gene da proteína de capsídeo viral

VP2.

Investigar a associação da infecção por parvovírus e outros vírus entéricos

(coronavírus felino, calicivírus entérico felino, norovírus felino, astrovírus felino,

rotavírus grupo A) com a gravidade dos sinais clínicos.

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45

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Considerações sobre os aspectos éticos

Este projeto obteve a aprovação do COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

ANIMAL (PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO) sob o número os

protocolos 653 e 654 de agosto de 2015 (Anexo II).

4.2 Amostras clínicas

Para a realização deste estudo, foram utilizadas amostras fecais diarreicas de

75 gatos com até um ano de idade coletadas no período de janeiro de 2008 a junho

de 2017, de abrigos, residências, clínicas e hospitais veterinários no Estado do Rio

de Janeiro. Das 75 amostras, 54 já pertenciam ao banco de amostras do Laboratório

de Gastrenterites Virais e Parvovírus do Departamento de Microbiologia e

Parasitologia da UFF. Outras 21 amostras foram coletadas no decorrer deste estudo

(março de 2016 a junho de 2017).

As amostras foram coletadas após defecação espontânea e mantidas a –20ºC

até o envio ao laboratório onde ficavam estocadas nas mesmas condições até o

processamento. Cada amostra foi acompanhada de uma ficha preenchida pelo

responsável pela coleta, contendo dados de identificação do animal, data de coleta,

sinais clínicos e histórico vacinal. Cada amostra foi identificada com a sigla do

estado de origem (RJ), seguido pelo número da amostra no laboratório e pelo ano

de coleta.

Outras 15 amostras fecais de cães com até um ano de idade, coletadas no

mesmo período deste estudo (2008 - 2017), pertencentes à coleção do Laboratório,

positivas para CPV por PCR, e que possuíam a região de VP2 parcialmente

sequenciadas (985bp) de estudos anteriores (CASTRO et al., 2007; 2010;

DOMINGUES, 2015) também foram analisadas a fim de comparar com as

sequências de gatos do estudo

Conforme demonstrado na Tabela 1, dos 75 gatos, 72 eram sem raça

definida (SRD) e os outros três eram de raça pura. Em relação à faixa etária, 53

(70,6%) animais tinham entre um e seis meses de idade, enquanto 22 (29,3%) entre

seis e doze meses. O histórico vacinal de 59 animais era conhecido, sendo que

10/59 receberam pelo menos uma dose de vacina quádrupla/ quíntupla contra vírus

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46

da rinotraqueíte felina, calicivírus felino e vírus da panleucopenia felina, Chlamydia

psittaci e vírus da leucemia felina (quíntupla). Os demais 49 animais não receberam

nenhuma dose de vacina. Todos os gatos estudados eram do Estado do Rio de

Janeiro: Guaratiba (8), Magé (5), Niterói (37), Sepetiba (2), cidade do Rio de Janeiro

(17) e Rio Bonito (6).

Tabela 1. Distribuição das amostras testadas neste estudo de acordo com o sexo,

faixa etária, raça, histórico de vacinação e origem dos gatos e cães.

a SRD = Sem Raça Definida

b Pêlo curto brasileiro (PcB)

Gatos Cães

Sexo

Fêmea 33 4

Macho 28 10

Sem dados 14 1

Faixa etária (meses)

≤6 53 13

7-12 21 1

Sem dados 1 1

Raça

SRDa 72 4

Pura b,c 3b 10c

Sem dados - 1

Vacinação

Sim 10 6

Não 49 3

Sem dados 16 6

Origem

Abrigo 18 -

Domicílio 21 1

Clínica 24 13

Resgate 12 -

Sem dados - 1

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c Bulldog Francês (1), Golden retriever (1) , Pit Bull Terrier (1) , Poodle (1), Pug (1), Rottweiller (6) e

Shih- tzu (1).

4.3 Processamento das amostras clínicas

4.3.1 Suspensão fecal a 20%

Inicialmente foi preparada uma suspensão a 20% de cada amostra fecal em

solução Tris-Ca++ 0,01M pH 7,2 (Anexo I). A seguir adicionou-se igual volume de

clorofórmio e após agitação em vórtex por 1 minuto, as suspensões foram

centrifugadas a 1000 rpm por 15 minutos, os sobrenadantes foram acondicionados

em tubo plástico de 1,5 mL até o momento da análise (CARMICHAEL; JOUBERT;

POLLOCK, 1980).

4.3.2 Extração do genoma viral

Após o preparo da suspensão fecal a 20%, procedeu-se a extração do

genoma viral com o uso do kit PureLink RNA/DNA kit (Invitrogen®), conforme

instruções do fabricante.

4.4 Análise do genoma dos Parvovírus

4.4.1 Iniciadores de cadeia utilizados na PCR para detecção e caracterização

molecular dos parvovírus

O par de iniciadores 555For/555Rev (4003-4585) que amplifica um fragmento

de 583pb do gene que codifica a proteína de capsídeo viral VP2 (BUONAVOGLIA et

al., 2001) foi utilizado na PCR para triagem das amostras para parvovírus (Figura

10, Tabela 2)

Para sequenciamento completo do gene que codifica a proteína VP2 (1755pb)

as reações de amplificação foram realizadas com os seguintes pares de iniciadores:

HFor/HRev e 555For/555Rev, já descritos na literatura (BUONAVOGLIA et al.,

2001) e que amplificam uma região do genoma (3556-4585) que contém alguns

aminoácidos importantes para definição do espectro de hospedeiros (297, 300, 305,

323, 564 e 568) e caracterização dos novos tipos de CPV (426 e 555).

CPV-4For/Rev (2951-3578), CPV-8For/Rev (2948-3582) e CPV-5For/Rev

(2307-2970) desenhados para este estudo por meio do programa Primer-BLAST

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disponível no site http://blast.ncbi.nlm.nih.gov/Blast.cgi, com base nas sequências

protótipos de parvovírus felino FPV-b (M38246) e canino CPV-d (M38245). As

sequências forward e reverse dos respectivos iniciadores foram alinhadas pelo

método CLUSTAL W contido no programa BioEdit® (HALL et al., 1999), com

protótipos de FPV e CPV que possuíam as sequências completas do genoma

disponíveis no GenBank. A confirmação da especificidade dos iniciadores foi feita

mediante o uso da ferramenta BLAST também disponível no site

http://blast.ncbi.nlm.nih.gov/Blast.cgi. Através dessa ferramenta foram observados

100% de similaridade entre as sequências dos iniciadores desenhados e as

sequências disponíveis no banco de dados do GenBank de FPV, MEV e CPV-2

(CPV-2a, 2b, 2c).

Estes iniciadores (CPV-4For/Rev, CPV-8For/Rev e CPV-5For/Rev) foram

utilizados para amplificar a região do gene de VP2 (2787-3555) que contém outros

resíduos importantes para caracterização dos parvovírus (80, 87, 93, 101 e 103).

Figura 10. Localização da sequência dos iniciadores de cadeia utilizados na detecção do

genoma e caracterização molecular dos parvovírus.

VP1 (80kDa)

VP2 (65kDa)

4786

4786

ATG (nt 2285)

ATG (nt 2786)

2970 2307 CPV-5For/Rev

2948 3582 CPV-8For/Rev

3578 2951 CPV-4For/Rev

3556 4166 HFor/Rev

4585 4003 555For/Rev

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Tabela 2. Descrição dos iniciadores utilizados na reação em cadeia pela polimerase

(PCR) para a detecção do genoma e caracterização molecular dos parvovírus com o

tamanho em pares de bases (pb) de seus respectivos produtos.

Iniciadores Posição (DNA) Sequência (5’- 3’) Produto (pb)

CPV-5Fora

CPV-5Rev

(2307-2326)

(2951-2970)

GCCAGGAGAGGTAAGGGTGT

TGATTTCCACCCACCCGTTT 664

CPV-8Fora

CPV-8Rev

(2948-2967)

(3559-3582)

GGAAAACGGGTGGGTGGAAA

TGTTCCTGTAGCAAATTCATCACC 634

CPV-4Fora

CPV-4Rev

(2951-2970)

(3555-3578)

AAAC GGGTGGGTGGAAATCA

CCTGTAGCAAATTCATCACCTGT 627

HForb

HRev

(3556-3575)

(4183-4166)

CAGGTGATGAATTTGCTACA

CATTTGGATAAACTGGTGGT 610

555Forb

555Rev

(4003-4022)

(4561-4585)

CAGGAAGATATCCAGAAGGA

GGTGCTAGTTGATATGTAATAAACA 583

a Iniciadores desenhados neste estudo

b Buonavoglia et al., 2001

4.4.2 Reação em cadeia pela polimerase (PCR) para detecção do genoma

Para a detecção do genoma viral, a PCR foi realizada em termociclador

automático em um volume final de 50 µL (40 µL da mistura de reação contendo os

iniciadores 555For/555Rev e 10µL do DNA extraído) (Quadro 3 e Tabela 3) nas

seguintes condições: desnaturação inicial a 94ºC por 10 minutos, seguida de 35

ciclos a 94ºC por 30 segundos, 50ºC por 1 minuto e 72ºC por 1 minuto e extensão

final de 72ºC por 10 minutos (BUONAVOGLIA et al., 2001, CASTRO et al., 2010).

Todos os cuidados e precauções para o trabalho com métodos de amplificação

genômica foram seguidos, sendo cada etapa realizada em uma área distinta. Como

controle positivo foi utilizado à vacina para FPV disponível no Brasil (Felocell CVR®-

C) e como controles negativos: água Nuclease-Free water (IDT®) e suspensão fecal

felina PCR negativa (Figura 11 e Quadro 3).

Os produtos da PCR foram submetidos à eletroforese em gel de agarose a

1,2% em tampão TBE 0,5X (Anexo I). Utilizou-se como padrão de corrida o 100bp

DNA Ladder (Invitrogen® Life Technologies, U.S. A). O gel foi corado em solução de

brometo de etídio a 0,5µg/mL (Anexo I) e os produtos amplificados foram

visualizados através de fotodocumentador L-Pix Ex (Loccus Biotecnologia).

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50

Quadro 3. Reagentes utilizados na reação em cadeia pela polimerase para

detecção do genoma dos Parvovírus.

Reagentes Volume por Reação (1x)

H2O Nuclease free water (IDT®) 27 µL

10X PCR Buffer (Invitrogen®) 5,0µL

dXTP (dATP, dTTP, dCTP e dGTP) 2,5mM (Invitrogen®) 4,0 µL

MgCl2 50mM (Invitrogen®) 1,5 µL

555F 20 pmol (IDT®) 1,0 µL

555R 20 pmol (IDT®) 1,0 µL

Platinum Taq DNA Polymerase II (5U/µL) (Invitrogen®) 0,5 µL

Volume final 40 µL

4.4.3 Reação em cadeia pela polimerase (PCR) para sequenciamento completo

do gene que codifica a proteína de capsídeo viral VP2

Para sequenciamento, as amostras positivas com os iniciadores

555For/555Rev, foram submetidas a novas reações com diferentes pares de

iniciadores a fim de amplificar a região de 1755pb do gene da VP2: CPV-5For/CPV-

5Rev (2307-2970), CPV-8For /CPV-8Rev (2948-3582), CPV-4For /CPV-4Rev (2951-

3578), HFor/HRev (3556-4183) e 555For/555Rev (4003-4585) (BUONAVOGLIA et

al., 2001; CASTRO et al., 2010; 2011) (Figura 11 e Tabela 3).

A reação com os iniciadores 555For/555Rev foi realizada conforme descrito

no item 4.4.2. A PCR com os iniciadores HFor/HRev foi realizada com as mesmas

concentrações de reagentes e condições da PCR que os iniciadores

555For/555Rev, exceto no número de ciclagem (40 ciclos) e na temperatura de

anelamento (52ºC) (Tabela 3).

Para os iniciadores desenhados neste estudo CPV-5, CPV-8 e CPV-4, foi

necessário estabelecer as condições das PCRs. As misturas das reações foram

preparadas com um volume final de 25µL, contendo 10mM de tampão de enzima

(10X) (Invitrogen®), 1,5mM MgCl2 (Invitrogen®), 2,5,mM de cada dNTP (Invitrogen®),

20pM de cada iniciador (IDT®), 0,5U de Platinum Taq DNA Polymerase II

(Invitrogen®) e 5 µL do DNA extraído das amostras. Inicialmente, a temperatura de

Melting (Tm) dos iniciadores foi calculada por meio do programa Tm da Thermo

Fisher Scientific, disponível no site https://www.thermofisher.com.br. A partir da Tm

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de cada par de iniciador (CPV-5: 53,6°C, CPV-4: 51,2°C e CPV-8: 51,7°C), as

reações de amplificação foram realizadas variando-se a temperatura de anelamento:

CPV-4 e CPV-8: 50ºC–54ºC, CPV-5: 52ºC-56ºC (Tabela 3).

Tabela 3. Condições da PCR com os pares de iniciadores utilizados neste estudo

No

de Ciclos Iniciadores Etapa da Reação Temperatura Tempo

1x desnaturação 94oC 10 minutos

35 x

555For/Rev

anelamento

50 oC

CPV-5 55 ºC

CPV-4 51 ºC 1 minuto

CPV-8 51 ºC

40 x HFor/HRev anelamento 52°C 1 minuto

1 x extensão 72 oC 1 minuto

1 x extensão final 72 oC 10 minutos

4 oC ∞

Nas reações utilizou-se DNA viral extraído das seguintes amostras: vacina

para cães Vanguard® e para gatos Felocell CVR®-C, como controles positivos, além

de suspensões fecais PCR-positivas de origem felina (RJ1064/11) e canina

(RJ006/95), suspensão fecal felina PCR-negativa (RJ1246/16), além de água

DNAse/RNAse free, como controle negativo.

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Figura 11. Fluxograma das amostras positivas para parvovírus submetidas ao

sequenciamento genômico.

CPV-8For/Rev 634pb

CPV-5For/Rev 664pb

555For/555Rev 583pb

CPV-4For/Rev 627pb

HFor/HRev 610pb

Sequenciamento BigDye terminator cycle sequencing kit.

Purificação das amostras High Pure PCR Purification Kit (Roche

®)

PCR DNA and Gel Band Purification Kit (GE Healthcare

®)

Alinhamento de Sequências Programa BioEdit Sequence Alignment Editor 7.2.1

Comparação com sequências do GenBank Ferramenta BLAST

Árvore filogenética Programa MEGA v.7.0.2

Amostras fecais felinas 2008-2017

Amostras fecais caninas 2008-2017

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4.4.4 Sequenciamento do gene da proteína VP2

Os produtos das reações de amplificação foram purificados utilizando o kit

comercial GFX™ PCR DNA and Gel Band Purification Kit (GE Healthcare®) ou High

Pure PCR Purification Kit (Roche), seguindo recomendações do fabricante. A reação

de sequenciamento foi realizada utilizando o kit comercial Big Dye Terminator® v 3.1

Cycle Sequencing Kit (Applied Biosystems®, CA, USA), conforme orientação do

fabricante.

Os cromatogramas das sequências foram obtidos a partir do sequenciador

automático ABI Prism 3130 Genetic Analyzer (Applied Biosystems, Foster City, CA,

USA) do Laboratório Multiusuário de Microbiologia e Parasitologia (LMMP) da UFF,

conforme OTTO et al., 2008. Todas as amostras foram sequenciadas nas duas

direções (5’→3’e 3’→5’). Após o alinhamento com as sequências protótipos, as

regiões correspondentes aos iniciadores foram retiradas e um fragmento de 1755pb

foi utilizado na análise filogenética.

4.4.5 Análise de seleção positiva

As sequências foram submetidas à análise de seleção por meio do servidor

de domínio público Datamonkey (www.datamonkey.org) (DELPORT et al., 2010). A

partir deste servidor, o método MEME (Mixed Effects Modelo of Episodic Diversifying

Selection), foi utilizado (MURRELL et al., 2012).

4.4.6 Análise estrutural da proteína VP2 do CPV

A fim de avaliar se mutações poderiam causar impacto na estrutura da

proteína VP2, foi realizado a análise da estrutura da proteína VP2 do Parvovírus

Canino, a partir da estrutura do capsídeo vazio da VP2 descrita em WU &

ROSSMANN (1993), disponível na base de dados “Protein Data Bank” (PDB code

2CAS) (NEU et al., 2012) utilizando o software PyMol Molecular Graphics Systems

versão 3.3.0 (https://sourceforge.net/projects/pymol/).

4.4.7 Análise filogenética

A fim de comparar as sequências deste estudo com as descritas na literatura,

buscou-se no GenBank as sequências de FPV e CPV que possuíam a região

completa da proteína de capsídeo viral VP2. As sequências cujo ano de isolamento

da amostra não constava no GenBank ou no artigo publicado também foram

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excluídas. As 176 sequências protótipos de FPV e 815 de CPV (CPV-2, 2a, 2b e 2c)

foram alinhadas usando o método CLUSTAL W, contido no programa BioEdit ® 7.2.1

(HALL et al., 1999) e analisadas no DAMBE (XIA & XIE, 2001) a fim de excluir as

sequências idêntica, restando então 85 sequências de FPV e 296 de CPV (Anexo

III).

Para determinar o melhor modelo a ser usado para calcular as distâncias

evolutivas foi usado o programa MEGA v.7.0.2 (TAMURA et al., 2018), que

determinou o modelo T92 + G + I seria o melhor a ser utilizado neste estudo. A

significância estatística das diferentes filogenias foi obtida pelo método Maximum

Likelihood (ML) através de 2.000 réplicas de bootstrap.

4.4.8 Análise dos eventos de recombinação genética

A detecção de possíveis eventos de recombinação, identificação de

sequências recombinantes e localização de pontos de quebra foram investigados

pelos métodos (Similarity Plot, Boot Scan e Find Sites) implementados no programa

SimPlot v 3.5.1 (LOLE et al., 1999) e os métodos (RDP, GENECONV, Bootscan,

MaxChi, Chimaera, SiScan e 3Seq) implementados no programa Recombination

Detection Program (RDP4) (MARTIN et al., 2015).

4.5 Detecção de outros vírus entéricos

As amostras fecais de felinos foram também testadas para a presença de

outros agentes virais associados à gastrenterites por RT-PCR e sequenciamento

(CASTRO et al., 2015).

A detecção de coronavírus (CoV) por RT-PCR foi realizada no decorrer deste

estudo, utilizando os iniciadores CCV1/CCV2, que amplificam o fragmento de 410pb

do gene que codifica para proteína M do envelope viral (PRATELLI et al., 1999).

Os resultados relativos à detecção de calicivírus entérico felino (FCV),

Norovírus felino (FeNoV), astrovírus (AstV) e rotavírus do grupo-A (RV-A) foram

obtidos de estudos anteriores do grupo (Castro et al., 2015). Para a detecção de

FCV e FeNoV foram utilizados os iniciadores P289 /P290 (FARKAS et al., 2004) e

FNoV-F9/FNoV-R15 (PINTO et al., 2012), que amplificam, respectivamente,

fragmentos de 300pb e 550pb do gene que codifica a RNA polimerase RNA

dependente (RdRp). Os iniciadores FN4D/RN4D que amplificam um fragmento de

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55

673pb da NSP4 viral foram utilizados para detecção de Rotavírus do grupo A (RV-A)

(GÓMEZ et al., 2011), enquanto que para a detecção de Astrovirus (AstV) foram

utilizados três iniciadores: PanAstroF1, PanAstroF2 e PanAstroR, que amplificam um

fragmento de 422pb da RdRp (CHU et al., 2008).

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5. RESULTADOS

5.1 Detecção de parvovírus em amostras fecais de gatos com diarreia a partir

da amplificação parcial do gene que codifica a proteína de capsídeo VP2

Das 75 amostras fecais de gatos domésticos coletadas no período de 2008-

2017, 30 foram positivas por PCR com os iniciadores 555For/555Rev, entretanto, 25

foram selecionadas para sequenciamento com base na intensidade do produto da

PCR em gel de agarose.

Entre as 25 amostras, 24 (96%) eram de animais até seis meses de idade. De

acordo com os sinais clínicos, 21 apresentaram diarreia não hemorrágica sendo que

quatro com vômito. Em relação ao histórico de vacinação, somente dois animais

receberam uma ou duas doses de vacina. A maioria das amostras (44%) foi coletada

em clínicas das cidades de Niterói e Rio de Janeiro e aproximadamente 30% (7/25)

foram provenientes de animais de abrigo ou resgate (Tabela 4). De acordo com a

ficha clínica os animais atendidos nas clínicas eram domiciliados.

.

Tabela 4. Distribuição das 25 amostras fecais de gatos domésticos utilizadas neste

estudo conforme a idade, local de coleta, histórico de vacinação e sinais clínicos.

Idade

(meses)

No de

animais

Local de coleta Vacinação Sinais clínicos

Abrigo Resgate Domicílio Clínica

Sim Não Sem

dados

DH DNH

V,

DNH

1 2 - 2 - - - 2 - - 2a -

2 13 2 1 6 4 - 9 4 - 9b 4

b

3 3 - - - 3 - 3 - - 3 -

5 1 - - - 1 - - 1 - 1 -

6 5 2 - - 3 2 2 1 4 1 -

9 1 - - 1 - - 1 - - 1 -

Total 25 4 3 7 11 2 17 6 4 17 4

DH = diarreia hemorrágica; DNH = diarreia não hemorrágica; V= vômito a dois evoluíram

a óbito

b um evolui a óbito

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5.2 Sequenciamento completo do gene que codifica a proteína de capsídeo

viral VP2

Com a finalidade de amplificar o fragmento de 1755pb do gene da VP2, foi

preciso otimizar no laboratório as condições das reações de amplificação com os

pares de iniciadores desenhados neste estudo (CPV-5, CPV-8 e CPV-4). Foi

possível observar amplificação do fragmento esperado (CPV-5 = 664pb, CPV-8 =

634pb, CPV-4 = 627pb) nas amostras positivas (vacinas e suspensão fecal) com os

três pares de iniciadores em todas as temperaturas testadas, sendo que nas

temperaturas próximas ao Tm de cada iniciador observou-se uma maior intensidade

nas bandas após eletroforese em gel de agarose. Portanto, as PCRs foram

realizadas com as seguintes temperaturas de anelamento: 51ºC para os iniciadores

CPV-4 e CPV-8 e 55ºC para o CPV-5.

Foi possível observar diferenças na amplificação de amostras felinas com os

pares de iniciadores CPV-4 e 8, sendo que a reação com CPV-4 produziu

fragmentos com bandas de maior intensidade no gel de agarose e este iniciador foi

escolhido para amplificação desta região para sequenciamento.

Em relação a amostras caninas, a intensidade das bandas no gel com estes

pares de iniciadores (CPV-4 e CPV-8) foi a mesma, entretanto, os fragmentos

obtidos após amplificação com CPV-8 apresentaram após sequenciamento,

eletroferogramas com melhor qualidade para análise das sequências e filogenia.

5.3 Caracterização molecular dos Parvovírus em amostras fecais de gatos

domésticos

De modo a analisar as substituições de nucleotídeos nos fragmentos de

1755pb amplificados e as mudanças de aa, as 25 sequências de parvovírus obtidas

de amostras fecais de gatos domésticos em um período de nove anos (2008-2017)

foram comparadas com 381 sequências (85 gatos e 296 cães) obtidas do GenBank

(Anexo III). Além disso, quinze sequências de CPV obtidas de amostras fecais de

cães no mesmo período também foram analisadas.

As principais diferenças observadas entre as 25 sequências do gene que

codifica para a proteína VP2 geradas neste estudo e as sequências obtidas do

GenBank estão descritas nas Tabelas 5 e 6. Pôde-se observar mudanças de

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nucleotídeos em 48 posições ao longo do fragmento amplificado sendo 32 sinônimas

(Tabela 5) e 16 não sinônimas (Tabela 6).

Das 32 alterações sinônimas, 29 ocorreram no 3º códon. As mudanças nas

posições 3657 (TTA → CTA), 4077 (CTA → TTA), 4533 (TTA → CTA) ocorreram no

1º códon, mas não alteraram o aminoácido: Leu (Anexo V).

Conforme destacado na Tabela 5, doze amostras felinas apresentaram

substituições sinônimas ainda não descritas RJ872/08, RJ874/08 (nt 2990, T → C; nt

3419, T C e nt 3458, A G), RJ1047/11, RJ1063/11, RJ1064/11, RJ1065/11( nt

3281,T → C), RJ922/08, RJ1159/12, RJ1160/12, RJ1161/12, RJ1198/13 (nt 3389, A

G; nt 3419, T C e nt 3890, A G ) e RJ1096/11 (nt 3419, TC). Além disso,

16/32 mudanças também foram descritas em sequências de parvovírus de cães.

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Tabela 5. Substituições sinônimas encontradas a partir do alinhamento do produto

amplificado de 1755pb do gene que codifica a proteína VP2 das 25 amostras de

parvovírus de gatos do estado do Rio de Janeiro no período de 2008-2017.

posição nt

mudança de nt

aa Amostras

2804b GTT → GTA Val RJ872/08, RJ1018/10, RJ1063/11, RJ1129/12, RJ1217/14

2990a CTT → CTC Leu RJ872/08, RJ874/08

3032b GTA → GTG Val RJ872/08, RJ874/08, RJ990/10, RJ1047/11, RJ1048/11,

RJ1063/11, RJ1064, RJ1065/11, RJ1085/11, RJ1095/11,

RJ1129/12, RJ1213/15, RJ1217/14, RJ1218/14, RJ1219/14,

RJ1230/16, RJ1256/17

3191b GAG → GAA Glu RJ1047/11, RJ1048/11, RJ1063/11, RJ1064/11, RJ1065/11

3224 TTT → TTC Phe RJ1047/11, RJ1063/11, RJ1064/11, RJ1065/11

3281a,b

TAT → TAC Tyr RJ1129/12, RJ1217/14, RJ1218/14, RJ1219/14, RJ1213/15,

RJ1230/16, RJ1256/17

3377 TTT →TTC Phe RJ922/08, RJ1159/12, RJ1160/12, RJ1161/12, RJ1198/13

3389a AAA → AAG Lys RJ922/08, RJ1159/12, RJ1160/12, RJ1161/12, RJ1198/13

3416 TAT → TAC Tyr RJ872/08, RJ874/08

3419a TAT → TAC Tyr RJ922/08, RJ1159/12, RJ1160/12, RJ1096/11, RJ1161/12,

RJ1198/13

3446b CCA → CCG Pro RJ1095/11

3458a GGA → GGG Gly RJ872/08, RJ874/08

3485b TAT → TAC Tyr RJ872/08, RJ874/08, RJ990/10, RJ1018/10, RJ1047/11,

RJ1048/11, RJ1063/11, RJ1064/11, RJ1065/11, RJ1085/11,

RJ1095/11, RJ1129/12, RJ1217/14, RJ1218/14, RJ1219/14,

RJ1213/15, RJ1230/16, RJ1256/17

3518 TAT → TAC Tyr RJ922/08, RJ1018/10, RJ1159/12, RJ1160/12, RJ1096/11,

RJ1161/12, RJ1189/13, RJ1198/13

3545 CAC → CAT His RJ872/08

3596b TGC → TGT Cys RJ872/08, RJ874/08, RJ922/08, RJ1018/11, RJ1047/11,

RJ1063/11, RJ1064/11, RJ1065/11, RJ1085/11, RJ1095/11,

RJ1096/11, RJ1129/12, RJ1159/13, RJ1160/12, RJ1161/12,

RJ1189/13, RJ1217/14, RJ1218/14, RJ1219/14, RJ1213/15,

RJ1230/16, RJ1256/17

3617b CAT → CAC His RJ1129/12, RJ1217/14, RJ1218/14, RJ1219/14, RJ1213/15,

RJ1230/16, RJ1256/17

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3657b TTA → CTA Leu RJ872/08, RJ874/08, RJ990/10, RJ1047/11, RJ1048/11,

RJ1063/11, RJ1064/11, RJ1065/11, RJ1085/11, RJ1095/11,

RJ1129/12, RJ1189/13, RJ1217/14, RJ1217/14, RJ1218/14,

RJ1219/14, RJ1230/16, RJ1256/17

3722 AAA → AAG Lys RJ872/08, RJ874/08

3824b GAA →GAG Glu RJ872/08, RJ874/08, RJ990/10, RJ1047/11, RJ1048/11,

RJ1063/11, RJ1064/11, RJ1065/11, RJ1085/11, RJ1095/11,

RJ1096/11, RJ1129/12, RJ1189/13, RJ1217/14, RJ1218/14,

RJ1219/14, RJ1213/15, RJ1230/16, RJ1256/17

3875 GGA →GGG Gly RJ922/08, RJ1159/12, RJ1160/12, RJ1161/12, RJ1198/13

3890a GAA →GAG Glu RJ922/08, RJ1159/12, RJ1160/12, RJ1161/12, RJ1198/13

3953b ACT → ACC Thr RJ872/08, RJ874/08, RJ990/10, RJ1018/10, RJ1047/11,

RJ1048/11, RJ1063/11, RJ1064/11, RJ1065/11, RJ1085/11,

RJ1095/11, RJ1096/11, RJ1129/12, RJ1189/13, RJ1217/14,

RJ1218/14, RJ1219/14, RJ1213/15, RJ1230/16, RJ1256/17

4013b TAT → TAC Tyr RJ990/10, RJ1047/11, RJ1048/11, RJ1063/11, RJ1064/11,

RJ1065/11, RJ1129/12, RJ1217/14, RJ1218/14, RJ1219/14,

RJ1213/15, RJ1230/16, RJ1256/17

4077b CTA → TTA Leu RJ922/08, RJ1085/11, RJ1159/12, RJ1160/12, RJ1161/12,

RJ1189/13, RJ1198/13, RJ1218/14, RJ1213/15

4202 AAA → AAG Lys RJ872/08, RJ874/08

4307b ACG → ACA Thr RJ872/08, RJ874/08, RJ922/08, RJ990/10, RJ1018/10,

RJ1047/11, RJ1048/11, RJ1063/11, RJ1064/11, RJ1065/11,

RJ1085/11, RJ1095/11, RJ1096/11, RJ1129/12, RJ1159/12,

RJ1160/12, RJ1161/12, RJ1189/13, RJ1198/13, RJ1217/14,

RJ1218/14, RJ1219/14, RJ1213/15, RJ1230/16, RJ1256/17

4358b TAT → TAC Tyr RJ872/08, RJ874/08, RJ990/10, RJ1018/10, RJ1063/11,

RJ1064/11, RJ1065/11, RJ1095/11, RJ1096/11, RJ1129/12,

RJ1217/14, RJ1256/17

4388 GTA → GTT Val RJ1064/11, RJ1065/11

4409b GCA → GCC Ala RJ872/08, RJ874/08, RJ990/10, RJ1018/10, RJ1063/11,

RJ1064/11, RJ1065/11, RJ1095/11, RJ1096/11, RJ1129/12,

RJ1217/14, RJ1256/17

4508b GAA → GAG Glu RJ872/08, RJ874/08

4533b TTA → CTA Leu RJ1064/11, RJ1065/11, RJ1217/14, RJ1256/17

a mudanças sinônimas não descritas em outros estudos

b mudanças sinônimas descritas também em sequências de parvovírus de cães deste estudo

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As diferenças de aminoácidos observadas entre as sequências de amostras

felinas do estudo e os isolados de FPV obtidos no GenBank, estão descritas na

Tabela 6.

De acordo com os aa importantes para definição do espectro de hospedeiro

felino (80, 93, 103, 300, 323, 564 e 568), oito sequências foram caracterizadas como

FPV, sendo cinco “FPV clássicas (RJ922/08, RJ1159/12, RJ1160/12, RJ1161/12,

RJ1198/13). As três sequências (RJ1018/10, RJ1096/11, RJ1189/1) contendo aa

típicos de CPV nos resíduos 80, 564 ou 568, mas com Val e Ala nos resíduos 103 e

300, característicos de FPV, foram consideradas “FPV não clássicas”. Outras 16

sequências (RJ872/08, RJ874/08, RJ990/10, RJ1047/11, RJ1048/11, RJ1063/11,

RJ1064/11, RJ1065/11, RJ1095/11, RJ1129/12, RJ1213/15, RJ1217/14, RJ1218/14,

RJ1219/14, RJ1230/16, RJ1256/17) foram caracterizadas como CPV. Uma

sequência (RJ1085/11) não pode ser caracterizada neste momento, no entanto,

apresentou nos resíduos 80, 93, 103, 300 e 323 aa típicos de CPV-2 (Tabela 6).

As sequências de FPV (n=8) e as de CPV (n=16) do Rio de Janeiro

apresentaram alta identidade nucleotídica dentro de cada grupo, 99,0%-100% para

FPV e 98,5%-100% para CPV, respectivamente. Duas sequências de FPV

(RJ1159/12 e RJ1160/12) e duas de CPV (RJ1064/11 e RJ1065/11) eram 100%

idênticas entre elas. As sequências de FPV e de CPV deste estudo também

apresentaram alta similaridade nucleotídica quando comparadas aos seus

respectivos protótipos do Genbank (FPV = 98,7% - 99,7%; CPV = 97,8% - 99,8%).

Conforme demonstrado na Tabela 6, todas as sequências felinas, com

exceção da RJ1085/11, apresentaram alteração no resíduo lle101Thr, a qual já é

descrita desde meados da década de 1960 (HORIUCHI et al., 1998; DECARO et

al.,2008; HOELZER; SHACKELTON; PARRISH, 2008). Outras alterações descritas

em isolados de FPV a partir de 2005 como nos resíduos 14 (AlaThr) e 91 (Ala

Ser) também foram observadas nas sequências deste estudo.

Com base nos aa utilizados para caracterização dos diferentes tipos de CPV

(87, 101, 297, 300, 305, 426 e 555), sete sequências felinas foram classificadas

como CPV-2a (RJ872/08, RJ874/08, RJ990/10, RJ1095/11, RJ1213/15, RJ1218/14,

RJ1219/14) e outras nove como CPV-2b (RJ1047/11, RJ1048/11, RJ1063/11,

RJ1064/11, RJ1065/11, RJ1129/12, RJ1217/14, RJ1230/16, RJ1256/17).

Das 15 sequências obtidas de amostras fecais de cães diarreicos no período

deste estudo, cinco foram caracterizadas como CPV-2a (RJ1108/12, RJ1156/13,

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62

RJ1164/13, RJ1211/14, RJ1214/15), sete como CPV-2b (RJ936/08, RJ1127/12,

RJ1145/12, RJ1215/14, RJ1216/14, RJ1226/16, RJ1234/16) e três CPV-2c

(RJ1003/10, RJ1086/11, RJ1249/17).

Pôde-se observar uma alteração sinônima, ainda não descrita na literatura em

sequências de parvovírus canino do tipo 2c, no resíduo 426 (GAAGAG) da

sequência RJ1249/17 obtida de um cão com cinco meses apresentando vômito e

diarreia hemorrágica líquida, sem histórico de vacinação conhecido. Este resultado

foi confirmado em duas reações de sequenciamento.

Conforme destacado na Tabela 6, outras mudanças de aa foram observadas

nas sequências de parvovírus de gatos e cães neste estudo: (i) no resíduo 297, a

alteração de SerAsn foi detectada em 13/25 sequências felinas e 13/15

sequências caninas, enquanto a de SerAla em apenas duas sequências de gatos

e duas de cão, (ii) no resíduo 324, a alteração TyrLeu estava presente em 7/25

sequências de gatos e 12/15 de cães obtidas de amostras fecais coletadas a partir

de 2012. A análise das sequências por meio do método MEME revelou a presença

de dois sítios de seleção positiva nos resíduos 297 (nt 3675-3676-3677) e 324 (nt

3756-3757-3758).

No intuito de avaliar se as mutações não sinônimas que ocorreram nos aa

297 e 324 alterariam a estrutura da proteína de capsídeo viral VP2, realizou-se a

análise dessas alterações na estrutura da proteína utilizando o software PyMOL

(versão 3.3.0). Os aas 297 e 324 estão localizados no loop 3 na região de simetria

3x (threefold spike) (Figuras 12-14).

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Tabela 6. Diferenças de aminoácidos encontradas no fragmento de 1755 pb do gene que codifica para a proteína de capsídeo VP2

dos parvovírus detectados nas 25 amostras felinas e 15 amostras caninas no período de 2008-2017.

Posições dos aminoácidos / nucleotídeos

14 80 87 91 93 101 103 232 297 300 305 323 324 426 555 564 568

2826 3025 3045 3057 3065 3088 3094 3480 3675-6 3685 3699 3753 3757-8 4062 4449 4477 4489

ProtótIpos GenBank Tipo de

Parvovírus

M38246 FPV Ala Lys Met Ala Lys Ile Val Val Ser Ala Asp Asp Tyr Asn Val Asn Ala

AB054225 FPV . . . . . Thr . . . . . Asn . . . . .

EU360959 FPV . . . Ser . Thr . . . . . . . . . Ser Gly

EU498711 FPV Thr . . . . Thr . . . . . . . . . . .

FJ231389 FPV . . . . . . . Ile . . . Asn . . . Ser .

JN867593 FPV . . . . . Thr . . Ala . . . . . . . .

DQ658146 (RJ606/04) FPV - . . Ser Asn Thr . . . . . . . Asp . . .

DQ658147 (RJ616/04) FPV - . . Ser Asn Thr . . . . . . . . . . .

M38245 CPV-2 . Arg . . Asn . Ala Ile . . . Asn . . . Ser Gly

DQ340430 CPV-2a . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Asn Gly Tyr Asn . . . Ser Gly

EF011664 CPV-2a . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Ala Gly Tyr Asn Ile . . Ser Gly

FJ998133 (RJ001/95) CPV-2a - - - - - - - - Ala Gly Tyr . . . . . .

GU569946 CPV-2a . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Ala Gly Tyr Asn Ile . . . Gly

JF346754 CPV-2a . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Asn Gly Tyr Asn . . . Ser Gly

GU362932 (gato) CPV-2a . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Ala Gly Tyr Asn . . . . .

AB120722 CPV-2b . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Ala Gly Tyr Asn . Asp . Ser Gly

DQ340409 CPV-2b . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile . Gly Tyr Asn . Asp . Ser Gly

KR002796 CPV-2b . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Ala Gly Tyr Asn Ile Asp . Ser Gly

JF414817 CPV-2b . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Asn Gly Tyr Asn . Asp . Ser Gly

FJ222821 CPV-2c . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Asn Gly Tyr Asn . Glu . Ser Gly

GU380303 CPV-2c . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Asn Gly Tyr Asn Ile Glu . Ser Gly

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64

KM457118 CPV-2c Thr Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Asn Gly Tyr Asn . Glu . Ser Gly

GU362935 (gato) CPV-2c . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Ala Gly Tyr Asn Ile Glu . Ser Gly

Amostras felinas

RJ922/08 FPV . . . Ser . Thr . . . . . . . . . . .

RJ1161/12 FPV . . . Ser . Thr . . . . . . . . . . .

RJ1198/13 FPV . . . Ser . Thr . . . . . . . . . . .

RJ1159/12 FPV Thr . . Ser . Thr . . . . . . . . . . .

RJ1160/12 FPV Thr . . Ser . Thr . . . . . . . . . . .

RJ1096/11 FPV . . . . . Thr . . . . . . . . . Ser Gly

RJ1018/10 FPV . . . . . Thr . . . . . . . . . Ser Gly

RJ1189/13 FPV . Arg . . . Thr . . . . . . . . . . .

RJ1085/11 ? . Arg . . Asn . Ala Ile . . . Asn . . . . .

RJ1095/11 CPV-2a . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile . Gly Tyr Asn . . . Ser Gly

RJ872/08 CPV-2a . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Ala Gly Tyr Asn . . . Ser Gly

RJ874/08 CPV-2a . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Ala Gly Tyr Asn . . . Ser Gly

RJ990/10 CPV-2a . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Asn Gly Tyr Asn . . . Ser Gly

RJ1218/14 CPV-2a . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Asn Gly Tyr Asn Leu . . . .

RJ1219/14 CPV-2a . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Asn Gly Tyr Asn Leu . . . .

RJ1213/15 CPV-2a . Arg Leu . . Thr Ala Ile Asn Gly Tyr Asn Leu . . . .

RJ1047/11 CPV-2b . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Asn Gly Tyr Asn . Asp . . .

RJ1048/11 CPV-2b . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Asn Gly Tyr Asn . Asp . . .

RJ1063/11 CPV-2b . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Asn Gly Tyr Asn . Asp . Ser Gly

RJ1064/11 CPV-2b . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Asn Gly Tyr Asn . Asp . Ser Gly

RJ1065/11 CPV-2b . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Asn Gly Tyr Asn . Asp . Ser Gly

RJ1129/12 CPV-2b . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Asn Gly Tyr Asn Leu Asp . . Gly

RJ1217/14 CPV-2b . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Asn Gly Tyr Asn Leu Asp . Ser Gly

RJ1230/16 CPV-2b . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Asn Gly Tyr Asn Leu Asp . . .

RJ1256/17 CPV-2b . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Asn Gly Tyr Asn Leu Asp . Ser Gly

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65

Amostras caninas

RJ1108/12 CPV-2a . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Asn Gly Tyr Asn Leu . . . .

RJ1164/13 CPV-2a . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Asn Gly Tyr Asn Leu . . . .

RJ1211/14 CPV-2a . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Asn Gly Tyr Asn Leu . . . .

RJ1214/15 CPV-2a . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Asn Gly Tyr Asn Leu . . . .

RJ1156/13 CPV 2a . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Asn Gly Tyr Asn Leu . . Ser Gly

RJ936/08 CPV-2b . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Asn Gly Tyr Asn . Asp . Ser Gly

RJ1127/12 CPV-2b . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Asn Gly Tyr Asn Leu Asp . Ser Gly

RJ1145/12 CPV-2b . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Asn Gly Tyr Asn Leu Asp . Ser Gly

RJ1215/14 CPV-2b . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Asn Gly Tyr Asn Leu Asp . Ser Gly

RJ1216/14 CPV-2b . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Asn Gly Tyr Asn Leu Asp . Ser Gly

RJ1226/16 CPV-2b . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Asn Gly Tyr Asn Leu Asp . Ser Gly

RJ1234/16 CPV-2b . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Asn Gly Tyr Asn Leu Asp . Ser Gly

RJ1249/17 CPV-2c . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Asn Gly Tyr Asn Leu Glu . Ser Gly

RJ1003/10 CPV-2c . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Ala Gly Tyr Asn . Glu . Ser Gly

RJ1086/11 CPV-2c . Arg Leu . Asn Thr Ala Ile Ala Gly Tyr Asn . Glu . Ser Gly

(a) Em vermelho: aa importantes para definição do espectro de hospedeiro felino; (b) Em azul: aa que determinam os diferentes tipos de CPV; (c) Negrito: alteração nos resíduos 297 e 324.

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66

Figura 12. Imagem da estrutura da VP2 do CPV mostrando em vermelho a região de α-

hélice, em amarelo a região β-pregueada e verde a região hipervariável “Loops”.

Figura 13.(A) Imagem da estrutura do Loop 3 com destaque em azul para região do aa 297

(Ser), mostrando através do círculo azul sua proximidade ao resíduo 300, importante na

definição do espectro hospedeiro felino-canino (B) em laranja a região 297 após a mutação

para Asn.

Figura 14.(A) Região do Loop 3 e em rosa a região 324 sem a mutação (Tyr), evidenciando

a formação do anel aromático e no círculo (rosa) mostrando sua proximidade ao resíduo

323, importante na definição do espectro hospedeiro fel-can (B) em magenta a região 324

após a mutação (Leu), onde houve a perda do anel aromático após a mutação.

B A

A B

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5.4 Análise filogenética do gene completo que codifica a proteína VP2 do

capsídeo viral

A análise filogenética foi realizada a partir da sequência do gene completo

que codifica a proteína VP2 do capsídeo viral. Para construção da árvore utilizou-se,

como protótipos, 77 sequências do GenBanK (Anexo IV).

As 25 sequências felinas deste estudo formaram dois grandes grupos, um

com os isolados felinos e outro com os caninos (Figura 15). As oito sequências

felinas (RJ922/08, RJ1018/10, RJ1096/11, RJ1159/12, RJ1160/12, RJ1161/12,

RJ1189/13, RJ1198/13) caracterizadas como FPV, com base nos aa importantes

para definição do espectro de hospedeiro, agruparam com os protótipos de FPV,

MEV e BFPV, sendo que as sequências consideradas “FPV clássicas” formaram um

clado separado das demais. Outras 16 sequências caracterizadas como CPV-2a/2b

agruparam com as sequências de cães deste estudo e protótipos de CPV.

As duas sequências CPV-2a de origem felina (RJ872/08, RJ874/08) com

alteração no resíduo 297Ala agruparam com o isolado brasileiro (DQ340431) de cão

de 1995, que apresenta a mesma alteração nesse resíduo.

As sequências caracterizadas como CPV (2a/2b/2c) deste estudo com

alteração no resíduo 324Leu, tanto de origem felina (RJ1129/12, RJ1213/15,

RJ1217/14, RJ1218/14, RJ1219/14, RJ1230/16, RJ1256/17) como canina

(RJ1108/12, RJ1127/12, RJ1145/12, RJ1156/13, RJ1164/13, RJ1211/14,

RJ1214/15, RJ1215/14, RJ1216/14, RJ1226/16, RJ1234/16, RJ1249/17), formaram

um clado separado das demais sequências de CPV. De acordo com a presença de

aa característicos de FPV ou CPV nas posições 564 (AsnSer) e 568 (AlaGly),

pode-se observar subdivisão deste clado (Tabela 6 , Figura 15).

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Figura 15. Árvore filogenética da sequência completa (1755pb) do gene que codifica a proteína VP2

dos parvovírus construída pelo método de máxima verossimilhança (ML) baseado no modelo

evolutivo de Tamura -3 parâmetros (T92+G+I) com 2.000 réplicas de bootstrap (valores menores que

50% não estão representados). Os círculos e quadrados cheios representam sequências de FPV e

324Leu

Asn564 Ala568

564Ser 568Gly

FPV

CPV-2b

CPV

297Ala

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CPV deste estudo (FPV: rosa, CPV- like: laranja, CPV-2a: vermelho, CPV-2b: azul, CPV-2c: verde).

Os círculos e quadrados vazios representam as sequências de FPV e CPV do GenBank (FPV: rosa,

CPV- 2: preto, CPV-2a: vermelho, CPV-2b: azul, CPV-2c: verde).

De acordo com as fichas clínicas somente dois animais (RJ1085/11,

RJ1129/12) receberam uma ou duas doses de vacina contra FPV e o intervalo entre

a vacinação e o aparecimento dos sinais clínicos não era conhecido. A análise do

fragmento de 1755pb destas sequências revelou elevada similaridade nucleotídica

com a sequência da vacina Felocell®CVR (98,5 - 99,2%). Entretanto, as demais

sequências de FPV e CPV de gatos também apresentam identidade de 98,4% a

99,0% com a sequência da vacina. A sequência RJ1129/12 foi caracterizada como

CPV-2b excluindo a possibilidade de detecção de vírus vacinal. A sequência

RJ1085/11 apresentou identidade de 99% a 99,2% com a vacina atenuada contra

CPV que é constituída do tipo “antigo” de CPV-2.

5.5 Análise de eventos de recombinação genética

Nenhum evento de recombinação foi detectado após a análise das

sequências RJ1018/10, RJ1085/11, RJ1096/11 e RJ1189/13 com as sequências de

referência de FPV (FJ231389, FJ440712; EU360959, EU498687, M38246), CPV

(DQ340409, DQ340430, FJ005251, FJ435342, JX660690, GU363932, GU363935,

M38245) e MEV (U22191) utilizando o Simplot.

Com base no RDP4, um potencial evento de recombinação foi identificado

por dois métodos MaxChi e 3Seq, na sequência RJ1085/11 com a sequência de

referência de CPV-2 (M38245) nas regiões correspondentes aos nt 3909 (aa 375) e

nt 4515 (aa577), ilustrado na Figura 16.

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Figura 16. Representação gráfica do evento de recombinação da sequência RJ1085/11 obtida

através do programa RDP4. R= RDP; G= GENECONV; B= Bootscan; M= MaxChi; C= Chimaera; S=

SiScan e T= 3Seq.

5.6 Codetecção de outros vírus entéricos

Das 25 amostras fecais de gatos positivas para Parvovírus, 12 também foram

positivas para outras viroses entéricas por RT-PCR: Astrovírus Felino (FeAstV),

Calicivírus Entérico Felino (FCV), Coronavírus Felino (FeCoV), Norovírus Felino

(FeNoV) e Rotavírus (RV-A). Os sinais clínicos e a evolução clínica desses animais

são descritos na Tabela 7. Para outros 13 animais somente o parvovírus foi

detectado.

Entre os quatro animais que evoluíram a óbito (RJ1217/14, RJ1218/14 e

RJ1219/14), apenas um (RJ922/08) apresentou coinfecção (FCV + FeCoV + FPV)

com sintomatologia de vômito e diarreia não hemorrágica (Tabela 7).

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Tabela 8. Distribuição dos animais estudados de acordo com a detecção de

Parvovírus e outras viroses entéricas e sinais clínicos.

Amostras Tipo de Parvovírus Outras viroses entéricas Sinais clínicos

RJ922/08 FPV FCV, FeCoV V, DNHa

RJ1159/12 FPV FCV, FeCoV DNH

RJ1160/12 FPV FCV, FeCoV DNH

RJ1161/12 FPV - DNH

RJ1198/13 FPV - V, DNH

RJ1018/10 FPV FCV, FeNoV DNH

RJ1096/11 FPV FCV, RV-A DNH

RJ1189/12 FPV - DNH

RJ872/08 CPV-2a FeCoV V, DNH

RJ874/08 CPV-2a FeCoV V, DNH

RJ1095/11 CPV-2a FeAstV DNH

RJ990/10 CPV-2a FCV DNH

RJ1218/14 CPV-2a - DNHa

RJ1219/14 CPV-2a - DNHa

RJ1063/11 CPV-2b - DNH

RJ1064/11 CPV-2b FCV DNH

RJ1065/11 CPV-2b - DNH

RJ1217/14 CPV-2b - DNHa

RJ1047/11 CPV-2b - DH

RJ1048/11 CPV-2b - DH

RJ1129/12 CPV-2b - DH

RJ1230/16 CPV-2b - DNH

RJ1256/17 CPV-2b - DNH

RJ1213/15 CPV-2b FeCoV DH

RJ1085/11 CPV- like FCV DNH

V, DNH= Vômito, Diarreia não hemorrágica, DH= Diarreia hemorrágica, DNH= Diarreia não hemorrágica. a Óbito.

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6 DISCUSSÃO

O aparecimento de novos vírus com potencial patogênico constitui uma

ameaça importante tanto para seres humanos como animais (TRUYEN et al., 2009).

Inicialmente acreditava-se que o FPV era patogênico somente para gatos até que

em 1947 uma doença similar a panleucopenia felina foi observada em martas. No

final da década de 70 outro parvovírus emergiu, o CPV-2 em cães, o qual perdeu a

capacidade de infectar gatos. À medida que disseminava na população canina, o

CPV-2 foi logo substituído pelas variantes CPV-2a e CPV-2b, as quais são capazes

de infectar e causar doença em ambos, cães e gatos (HUEFFER & PARRISH,

2003).

Os primeiros relatos de isolamento de CPV a partir de gatos ocorreram no

Japão (MOCHIZUKI; HARASAWA; NAKATAMI, 1993) e posteriormente, este vírus

pôde ser detectado infectando felinos domésticos e selvagens em várias partes do

mundo (MOCHIZUKI et al., 1996; TRUYEN; PLATZER; PARRISH, 1996; IKEDA et

al., 2000; STEINEL et al., 2000; GAMOH et al., 2003). Como o CPV e FPV circulam

na população canina e felina no Rio de Janeiro, respectivamente (CASTRO et al.,

2007; SILVA, 2010), desde 2004 o nosso grupo investiga as sequências de

parvovírus a partir de amostras fecais de gatos domésticos. Uma sequência felina

(DQ658146) do ano de 2004 apresentou aa típicos das novas variantes de CPV.

Entretanto, neste estudo apenas um fragmento de 932pb do gene da proteína de

capsídeo VP2 foi analisado e esta sequência foi caracterizada como FPV (CUBEL

GARCIA et al., 2011).

Estes achados demonstraram que o contínuo monitoramento das amostras de

parvovírus que circulam na população felina é necessário a fim de identificar o

surgimento de novas variantes em gatos domésticos.

Aproximadamente 95% do capsídeo dos parvovírus é constituído de VP2,

sendo esta a principal proteína do capsídeo, pois contém o sítio de ligação ao

receptor, os epítopos responsáveis pela indução de anticorpos neutralizantes e os

aminoácidos importantes para mudança de espectro de hospedeiro (LOPEZ DE

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TURISO et al., 1991; PARRISH & KAWAOKA, 2005). Além disso, a maioria (80%)

das sequências de parvovírus de gatos disponíveis no GenBank, corresponde ao

gene que codifica a VP2. Estes dados justificam porque neste estudo optou-se por

realizar o sequenciamento completo do gene da VP2 para caracterização molecular

dos parvovírus a partir de gatos domésticos.

Devido a capacidade de leitura do sequenciador de DNA do LMMP

(fragmentos até 800pb), para amplificação completa do gene (1755pb) foi necessário

utilizar cinco pares de iniciadores, dois já descritos na literatura (BUONAVOGLIA et

al., 2001) e outros três desenhados especialmente para este estudo. Com esta

metodologia foi possível amplificar mais de 80% (25/30) das amostras de parvovírus

a partir de gatos e 100% (15) de cães.

Considerando todas as mudanças de nucleotídeos nas 25 sequências de VP2

detectadas em amostras fecais de gatos, pode-se observar o predomínio de

substituições sinônimas, mas em resíduos não relacionados à mudança de espectro

de hospedeiro ou evolução destes vírus.

Apenas 32% (8/25) das sequências deste estudo foram caracterizadas como

FPV, sendo cinco nomeadas inicialmente “FPV clássicas” por apresentarem uma

identidade nucleotídica de 98,7%-99,7% com os protótipos de FPV e de 99,8% -

100% quando comparadas entre elas. As sequências 100% idênticas, RJ1159/12 e

RJ1160/12, foram obtidas simultaneamente de dois gatos de dois meses de idade

que viviam juntos no abrigo do Campo de Santana/RJ, confirmando a circulação

desta variante no local.

A análise filogenética confirmou como FPV, as sequências RJ1018/10,

RJ1096/11 e RJ1189/11 que apresentavam nas posições 80, 564 e 568, aa

característicos de CPV. Até o momento, alterações nos resíduos 564 e 568 só foram

descritas nas sequências obtidas a partir de amostras de tecido de uma civeta de

palmeira asiática (Paradoxurus hermaphroditus) e de dois gatos domésticos que

evoluíram a óbito por panleucopenia em 2007 na Malásia e Hungria respectivamente,

além de uma sequência de FPV, detectada em fezes de macaco durante um surto de

enterite hemorrágica em um centro de experimentação animal, em 2008, na China

(DEMETER et al., 2009; 2010; YANG et al., 2010).

As consequências biológicas das mutações não sinônimas detectadas nos

resíduos 14 e 91 não são claras. A mudança no aa 14Thr só foi descrita em duas

sequências de FPV de 2005 e 2006 da Itália (EU498695, EU498711) e outras duas

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CPV-2c dos anos de 2007/2009 do Uruguai (KM457110, KM457118) (DECARO et

al., 2008; PÉREZ et ., 2014). A alteração do aa 91 (Ala→Ser) já foi detectada em

sequências de FPV a partir de 2006 da Itália, Argentina, Hungria e Coréia do Sul

(DECARO et al., 2008; DEMETER et al., 2009; YANG et al., 2010). A existência

destas mutações sugerem que as amostras de FPV podem estar sob pressão

seletiva constante, levando à sua evolução genética (MIRANDA et al., 2015).

Entretanto, desde a primeira identificação em 1920, o vírus não sofreu

alterações nas propriedades antigênicas e biológicas, uma vez que sua evolução

ocorre a uma velocidade lenta por derivação genética aleatória (genetic drift) sem

uma distribuição temporal ou geográfica clara (BATTILANI et al., 2006; 2011;

DECARO et al., 2008; YANG et al., 2010). Os estudos evolutivos do FPV indicam

que as sequências de FPV apresentam um alto grau de conservação de

nucleotídeos no gene VP2 mesmo após mais de 90 anos desde o seu surgimento

(DECARO et al., 2008, HOELZER ; SHACKELTON; PARRISH, 2008).

Historicamente, FPV e CPVs são isolados, preferencialmente, a partir de gatos

e cães domésticos, embora periodicamente também de carnívoros selvagens

(raposas, lobos, coiotes, mãos-peladas). Estes hospedeiros alternativos (animais de

vida livre ou de fazendas de produção de lã/carne) podem ter contribuído para a

emergência de ambos CPV-2 e CPV-2a em cães, já que um vírus intermediário entre

FPV e CPV-2 ou CPV-2 e CPV-2a ainda não foi isolado da população de cães e

gatos domésticos (ALLISON et al., 2012; 2013). Estudos de análises filogenética das

sequências do gene da VP2 de parvovírus de vários carnívoros (onça, coiote, lobo,

lince, cangambá) revelaram a existência de dois maiores grupos: um relacionado ao

FPV (“FPV-like”) e outro ao CPV (“CPV-like”) (ALLISON et al., 2013).

Uma das sequências descritas neste estudo (RJ1085/11), obtida de um gato

de seis meses de idade com diarreia pastosa e que recebeu uma dose de vacina

múltipla, apresentou aa característicos de CPV-2, com exceção dos resíduos 564 e

568, característicos de FPV. Estes resíduos (564 e 568) estão localizados na base

(shoulder) da região mais exposta do capsídeo (threefold spike) e são relacionados a

capacidade do vírus em replicar em células felinas (TRUYEN et al., 1994, TRUYEN;

PLATZER; PARRISH, 1996).

A ocorrência de mutações aleatórias, selecionadas pela pressão imunológica

parece ser o principal mecanismo de evolução dos parvovírus (SHACKELTON et al.,

2005; HOELTZER & PARRISH, 2010). Em 2008 foi descrito pela primeira vez a

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detecção de amostras recombinantes de CPV (CPV-2/2a e CPV-2/2b) provenientes

de amostras clinicas de cães diarreicos que haviam recebido vacinas atenuadas

constituídas por CPV-2 (MOCHIZUKI et al., 2008). A seguir, o mesmo grupo

(OSHMINA & MOCHIZUKI, 2009) descreveu que a sequência de DNA do isolado XJ-

1 (EF988660) de fezes de um gato com panleucopenia na China era na verdade um

recombinante contendo o gene NS do CPV e VP1/VP2 do FPV.

Para que ocorra o evento de recombinação é fundamental que a célula

intestinal seja coinfectada por dois tipos de parvovírus. Ao estudarem a correlação

entre a infecção por parvovírus e lesões no sistema nervoso central de gatos, Url e

colaboradores (2003) detectaram sequências de CPV-2 no tecido neuronal de dois

animais e de CPV-2 + FPV em outro. Achados similares foram também relatados por

Battilani e colaboradores (2006) que mostraram a coexistência de CPV-2a e CPV-2b

em um único animal.

Sabe-se que a infecção por CPV é comum no Rio de Janeiro e no mercado

nacional existem vacinas atenuadas para prevenção da parvovirose em cães que

são constituídas por cepas isoladas no início da década de 80, ou seja, tipo antigo

CPV-2 (CASTRO et al., 2010; SILVA, 2010). Recentemente, Freisl e colaboradores

(2017) demonstraram que o DNA do CPV pode ser detectado nas fezes de animais

vacinados até 28 dias pós-vacinação por qPCR.

A detecção em uma amostra fecal de gato de uma sequência (RJ1085/11)

com aa característicos de CPV-2 nas regiões que controlam a interação do vírus

com o receptor de transferrina (aa 93 e 103) pode sugerir um evento de

recombinação na natureza entre amostra selvagem e vacinal. Além disso, a

convivência de cães e gatos no mesmo ambiente pode criar um ambiente propício

para a ocorrência de tais eventos. Os dados da ficha clínica sugerem que este

animal era domiciliado, pois a amostra fecal foi coletada em uma clínica veterinária,

e dois métodos (MaxChi e 3Seq) do programa de análise de recombinação RDP4

indicaram tal evento.

A análise das sequências de gatos domésticos deste estudo mostrou, pela

primeira vez no Brasil, a detecção das novas variantes de CPV (2a/2b) na espécie

felina. Já existem relatos de detecção de CPV em felinos selvagens e domésticos,

sintomáticos ou não, ao redor do mundo (MOCHIZUKI; HARASAWA; NAKATANI,

1993; MOCHIZUKI et al., 1996; TRUYEN; PLATZER; PARRISH, 1996, IKEDA et al.,

2000, STEINEL et al., 2000; GAMOH et al., 2003; 2005; BATTILLANI et al., 2006;

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DUARTE et al., 2009; DECARO et al., 2010; MIRANDA et al., 2015;). No entanto, o

FPV ainda é o parvovírus mais prevalente associado a gastrenterite em gatos

(BATILLANI et al., 2006; DECARO et al., 2008; AN et al., 2011; MIRANDA et al.,

2015).

Mais de 60% (16/25) dos parvovírus associados a enterite em gatos

domésticos neste estudo foram caracterizados como CPV-2a/2b, que são as

variantes mais detectadas na população canina do Rio de Janeiro de 2008-2017. A

análise de sequências de FPV de gatos no período de 2004-2005 já demonstravam

a presença de aminoácidos típicos de CPV-2a/2b em resíduos importantes para

replicação (aa93) e tipagem dos CPV (aa 426), sugerindo que os novos FPVs

poderiam estar alterando suas propriedades biológicas (CUBEL GARCIA et al.,

2011).

A razão para uma maior ocorrência da infecção por CPV-2a/2b precisa ser

melhor elucidada, já que 72% dos animais deste estudo eram domiciliados. Em

locais com grande circulação de animais, como clínicas veterinárias, praças

públicas, abrigos, o risco de infecção para animais não vacinados é alto. Esse fato,

associado a resistência dos parvovírus no ambiente favorece a propagação da

infecção por meio de indivíduos/animais que podem atuar como carreadores do

vírus (STEINEL et al., 2000; GREENE, 2012).

A transmissão interespécie do CPV começou a ser estudada quando Steinel e

colaboradores (2000) detectaram sequências de CPV-2a/2b em amostras fecais

felinos selvagens com enterite da África e Ásia. A seguir, Ikeda e colaboradores

(2000) descreveram a detecção de CPV-2a/2b em 80% dos gatos domésticos e

selvagens assintomáticos, do Vietnã e Taiwan, com altos títulos de anticorpos para

FPV, sugerindo que as novas variantes de CPV, sob condições naturais, poderiam

disseminar mais eficientemente na população felina.

As sequências felinas do estudo apresentaram substituições nos aminoácidos

297 e 324, os quais estão localizados no loop 3, na região threefold spike da

proteína de capsídeo VP2. Estes aa são adjacentes aos resíduos 300 e 323,

respectivamente, implicados na ligação ao receptor de transferrina (TfR), e portanto

na definição do espectro de hospedeiro (HUEFFER et al., 2003; HOELZER &

PARRISH, 2010).

A alteração no aa 297 (Ser→Ala), já é descrita desde 1990 em sequências de

CPV de caninos e felinos domésticos e selvagens e se tornou predominante nos

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tipos 2a e 2b em diferentes países, como Alemanha, EUA, Itália e Taiwan, Vietnã e

inclusive no Brasil (TRUYEN, 1999; BATTILANI et al., 2002; IKEDA et al., 2002;

NAKAMURA et al., 2004; SHACKELTON et al., 2005; PEREIRA; LEAL; DURIGON,

2007, CASTRO et al., 2010). Por outro lado, a mudança Ser→Asn só foi detectada,

até o momento, nas variantes de CPV-2a/2b obtidas a partir de amostras fecais de

cães domésticos com enterite no Brasil, Argentina e Uruguai (PEREIRA; LEAL;

DURIGON, 2007; CASTRO et al., 2010; CALDERON et al., 2012; MAYA et al.,

2013).

É possível que este sítio tenha uma função importante no processo de

adaptação local do vírus já que a alteração 297Asn só foi descrita na América do Sul

(PEREIRA; LEAL; DURIGON, 2007; CASTRO et al., 2010; CALDERON et al., 2012;

MAYA et al., 2013), e pela primeira vez em sequências de CPV obtidas de gatos

domésticos. Embora o resíduo 297 esteja localizado em um sítio antigênico menor

(B), substituições nesta posição podem alterar a antigenicidade e talvez a

patogenicidade das variantes de CPV (TRUYEN, 2006). Além disso, nossos

resultados corroboram achados anteriores de que este sítio está sob forte seleção

positiva (PEREIRA; LEAL; DURIGON, 2007; CALDERON et al., 2012).

Dados da literatura tem demonstrado que o resíduo 324 também está sob

forte pressão positiva nos parvovírus de todos os carnívoros (HOELZER;

SHACKELTON; PARRISH, 2008). Desde 2004, sequências de CPV-2a obtidas a

partir de amostra fecal de cães diarreicos na China e Coréia do Sul apresentaram

neste resíduo a alteração TyrIle, a qual se tornou predominante entre os isolados

de CPV-2a nesta região (JEOUNG et al., 2008; ZHANG et al., 2010; ZHOU et al.,

2017). A partir de 2010, a mesma alteração foi detectada em sequências CPV-2a do

Uruguai (PÉREZ et al., 2011).

No presente estudo, as novas variantes de CPV (2a/2b/2c) detectadas em

gatos (7/25) e cães (12/15) a partir de 2012, apresentaram a mudança de aa

TyrLeu. A mesma alteração só foi detectada, até momento, em sequências de

CPV-2b/CPV-2a, obtidas de amostra fecal de cães diarreicos nos anos de 2014-

2015 em Belém/PA e de 2016-2017 da Itália, respectivamente (SILVA et al., 2017;

Mira et al., 2018). Esta é a primeira descrição desta variante Tyr324Leu em gatos.

A real importância desta alteração não está clara, mas nossos resultados

sugerem que possa ter conferido alguma vantagem ao vírus, ou seja, um melhor

fitness viral, já que também foi detectada em sequências CPV-2a/2b de gatos. A

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análise estrutural da VP2 do CPV revelou que a mudança de TyrLeu causou a

perda de um anel aromático, o que poderia alterar as estruturas secundária e

terciária da proteína. Logo, a substituição de um aminoácido polar (Tyr) por um

hidrofóbico (Leu) pode ter afetado a interação do vírus ao receptor celular, uma vez

que o componente aromático é essencial para garantir estabilidade à proteína

(MAKWANA & MAHALAKSHMI, 2015; LYONS & LAURING, 2017).

Ao comparar as sequências de VP2 dos parvovírus de várias espécies de

carnívoros (gato, cão, coiote, raposa, lobo, leopardo, mão-pelada, panda, martas)

Allison e colaboradores (2014) mostraram que o resíduo 300 é altamente polimórfico

na natureza (Ala, Asp, Gly, Ile, Leu, Pro, Ser e Val), sendo o mais variável no

capsídeo dos parvovírus e é crítico em determinar se um hospedeiro é suscetível ou

refratário a infecção viral (ALLISON et al., 2014; 2016; HAFENSTEIN et al., 2009).

Todos os isolados de FPV de gatos e o CPV-2 contém o resíduo Ala no 300,

enquanto todos os isolados recentes de CPV (2a/2b/2c) de cães contém o resíduo

Gly300 sugerindo que este fornece ótima interação com o receptor TfR de cão

(TRUYEN & PARRISH,1992; PARKER et al., 2001; HUEFFER et al., 2003; ALLISON

et al., 2014). Estudos in vitro, mostraram que a mudança no resíduo 300 foi a única

necessária para o vírus adquirir a habilidade de infectar células de cão (ALLISON et

al., 2014). O aa Gly no resíduo 300 está presente em todas as sequências de

CPV2a/2b de gatos deste estudo.

O potencial patogênico das novas variantes de CPV em gatos ainda é

discutível, pois a infecção pode cursar desde quadros assintomáticos até casos

graves com evolução a óbito (MOCHIZUKI et al., 1996; GAMOH et al., 2003;

DECARO et al., 2010; NAKAMURA et al., 2001; 2004; MUZ et al., 2012; MIRANDA

et al., 2015). Como estes vírus foram também isolados de animais clinicamente

saudáveis, alguns autores sugerem que a patogenicidade seja baixa (IKEDA et al.,

2000; STEINEL et al., 2001; CLEGG et al., 2012). Por outro lado, com os relatos de

casos fatais de panleucopenia por CPV-2a/2b/2c, questiona-se a eficácia das

vacinas FPV, se esta poderia proteger os gatos da infecção pelas variantes de CPV

(CHALMERS et al.,1999; NAKAMURA et al., 2001; IKEDA et al., 2002; GAMOH et

al., 2005; DECARO et al., 2010; JAKEL et al., 2012).

Embora o FPV afete gatos de todas as idades, a faixa etária de maior

incidência da doença é de animais menores de seis meses de idade e não

vacinados, podendo chegar numa taxa de mortalidade de 90% nesses animais

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(TRUYEN et al., 2009; KRUSE et al., 2010). Quase a totalidade dos animais desse

estudo (96%) possuía idade até seis meses, no entanto, apenas quatro animais

evoluíram a óbito.

Em relação à sintomatologia clínica, a maioria dos gatos desse estudo

apresentou sinais clínicos brandos (diarreia não hemorrágica) e os quatro que

evoluíram a óbito tinham de 1-2 meses de idade, não eram vacinados, e três destes

animais (RJ1217/14, RJ1218/14, RJ1219/14) que estavam infectados somente por

CPV-2a ou 2b possuíam origem de resgate de rua. Em concordância com outros

estudos, estes dados indicam que a gravidade da infecção por CPV-2a / 2b depende

muito da condição geral do animal no momento da infecção (NAKAMURA et al.,

2001; IKEDA et al., 2002; DECARO et al., 2010).

Em relação às coinfecções, apesar de um animal ter evoluído a óbito (FPV+

FeCoV + FCV), os outros 11 não apresentaram agravamento nos sinais clínicos,

evidenciando que nesses animais não houve associação de um quadro clínico mais

grave na presença de outro agente entérico viral. O agravamento do quadro clínico

frente à coinfecções é bastante conhecido nas gastrenterites associadas à CPV+

CCoV em cães (CSIZA et al., 1971; APPEL et al., 1988). Entretanto, para felinos o

papel dos demais vírus entéricos na patogenia da gastrenterite viral ainda não foi

completamente esclarecido, uma vez que, apesar de frequentes, esses agentes

foram detectados em um grande número de animais assintomáticos (NG et al., 2014;

PARIS et al., 2014; CASTRO et al., 2015).

A dinâmica evolutiva da infecção por CPV em gatos mostra que o vírus iniciou

um novo processo de readaptação no hospedeiro felino e confirma a importância da

mudança do espectro de hospedeiro como um mecanismo para a emergência de

novos vírus. Os achados de CPV em gatos nos faz refletir sobre a necessidade de

conduzir mais estudos a fim de esclarecer o papel epidemiológico dessa espécie, se

poderiam atuar como reservatórios ou fonte de novas variantes de parvovírus, por

serem suscetíveis a ambos os vírus (FPV/CPV) (BATTILANI et al., 2011; 2013;

CLEGG et al., 2012).

Elucidar como os parvovírus felinos estão evoluindo e o comportamento das

suas novas variantes pode ajudar a prevenir um possível surto dessa nova variante

(IKEDA et al., 2002). Análises recentes revelam que a maioria das sequências de

parvovírus em carnívoros selvagens nos EUA são “CPV-like” (ALLISON et al., 2013),

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e discute-se atualmente se as novas variantes de CPV podem vir a substituir o FPV

na população felina.

Estes achados indicam que uma avaliação contínua e mais detalhada das

amostras de parvovirus circulantes na população felina é necessária para esclarecer

o padrão de evolução destes vírus no Rio de Janeiro, bem como proporcionar uma

melhor compreensão dos mecanismos que impulsionam a evolução do FPV/CPV no

Brasil e sua importância epidemiológica.

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7 CONCLUSÕES

Este estudo representa a primeira descrição das novas variantes de CPV em

gatos domésticos no Brasil.

De um total de 75 amostras fecais de gatos diarreicos entre 2008-2017

testadas para a detecção de parvovírus, 40% (30/75) foram consideradas

positivas por PCR, sendo que 25 foram sequenciadas para análise da

diversidade genética dos isolados circulantes.

Das 25 sequências analisadas, oito foram caracterizadas como FPV e 16

como CPV (sete CPV-2a e nove CPV-2b).

A sequência (RJ1085/11) que não pode ser caracterizada como FPV ou CPV

apresentou um potencial evento de recombinação com a sequência protótipo

de CPV-2 (M38245) no programa RDP4.

Algumas sequências de parvovírus de gatos e cães deste estudo

apresentaram alterações nos resíduos Ser297Asn e Tyr324Leu, ambos

considerados sítios de seleção positiva pelo método MEME.

Na análise filogenética, as sequências de FPV deste estudo formaram um

subgrupo distinto dos demais protótipos disponíveis no GenBank. As

sequências felinas e caninas caracterizadas como CPV (2a/2b/2c) com

alteração no resíduo 324Leu, formaram um subgrupo separado das demais

sequências de CPV. Outra subdivisão foi observada neste clado de acordo

com a presença de aa característicos de FPV ou CPV nas posições 564 e

568.

Não foi observada associação entre a presença de outros agentes virais

entéricos e a gravidade dos sinais clínicos nos animais estudados.

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9 APÊNDICES

9.1- Apêndice I FICHA DE IDENTIFICAÇÃO DO ANIMAL

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO BIOMÉDICO

DEPARTAMENTO DE MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA

Protocolo de Parvovirose Canina Registro Data de coleta

/ /

1 – CLÍNICA

Nome: ______________________________________ Local: _________________

2 – PROPRIETÁRIO DO ANIMAL

Nome: ______________________________________________________________

Endereço: ______________________________________ Bairro: ______________

Cidade: _______________________ Estado: _____ Telefone: _______________

3 – ANIMAL CÃO ( ) GATO ( )

Nome: _________________ Idade (meses): ______ Sexo: ____ Raça_________

Moradia: ( ) casa ( )apto Finalidade: ( ) guarda ( ) companhia ( ) outros

Local predominante de passeio: ( )rua ( )praia ( )praça ( )outros ( )Não passeia

4 – VACINAÇÃO

Nome da vacina Data Nome da vacina Data

/ / / /

/ / / /

/ / / /

/ / / /

5 – SINAIS CLÍNICOS

OCORRÊNCIA EM DIAS: TEMPERATURA: OC

VÔMITO ANOREXIA APATIA

( ) sim ( ) não ( ) sim ( ) não ( ) sim ( ) não

DIARREIA CONSISTÊNCIA DAS FEZES

( ) Ausente ( ) Hemorrágica ( ) Outra ( ) Líquida ( ) Pastosa

6 – RESULTADO

Data: / / ( ) negativo ( ) positivo

7 – OBSERVAÇÕES

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10 ANEXOS

Anexo I REAGENTES E SOLUÇÕES

1. Tampão Tris-Ca++ 0,01M pH 7,2

Tris-base

(Invitrogen®).........................................................................................1,21 g

Cloreto de Cálcio (Vetec®) 0,0015M....................................................0,02 g

Água destilada q.s.p.....................................................................1000,00 mL

Em um béquer de 2000mL os reagentes foram adicionados e homogeneizados com

agitador magnético. O pH 7,2 foi ajustado com ácido clorídrico P.A. (Merck®) antes

de completar o volume final em proveta de 1000mL. A solução foi transferida para

frasco com vedação, autoclavada a 121ºC por 20 min e foi estocada em geladeira a

4ºC.

2. NaOH 10N

Hidróxido de Sódio (Merck®) ..........................................................10,0 g

Água destilada q.s.p......................................................................200,0 mL

Os reagentes foram homogeneizados em béquer de 250mL. O volume final foi

ajustado em proveta de 250 mL. A solução foi mantida a temperatura ambiente.

3. Etanol 70%

Etanol P.A. (Merck®).......................................................................70,0 mL

Água destilada q.s.p. ......................................................................30,0 mL

Os regentes foram homogeneizados em béquer de 250mL. O volume final foi

ajustado em proveta de 250 mL. A solução foi mantida a -20ºC.

4. EDTA 0,5M pH 8,8

Ácido etilenodiamino tetra-acético (Sigma®)....................................146,1 g

Água destilada q.s.p. .....................................................................1000,0 mL

Em um béquer de 1000 ml foram adicionados EDTA e 300 mL de água destilada. O

pH 8,8 foi ajustado com hidróxido de Sódio (Merck®) e a solução foi homogeneizada

com agitador magnético. A solução foi transferida para proveta de 1000 mL e o

volume final ajustado. A solução foi aliquotada em frascos com tampa e autoclavado

a 121ºC por 20 min. Os frascos foram mantidos em geladeira a 4ºC.

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5. Agarose a 1,5%

Agarose.........................................................................................1,5 g

Tampão TBE 0,5 X pH 8,4........................................................100,0 mL

Misturar e dissolver por aquecimento no forno de microondas. Deixar esfriar até

50oC e verter na cuba de eletroforese, evitando a formação de bolhas.

6. Solução de brometo de etídio

Brometo de etídio 10 mg/mL (Invitrogen®)..................................15,0 μL

Água destilada q.s.p .................................................................300,0 mL

Adicionar o brometo de etídio à água destilada e homogeinizar até a dissolução.

7. Tampão corante azul de Bromofenol

Azul de Bromofenol (Shandom So)...............................................0,1 g

Xylene Cyanol FF (Sigma®)..........................................................0,1 g

EDTA 0,2 M pH 8 (Sigma®).........................................................10,0 mL

Glicerol P.A. (Sigma®).................................................................50,0 mL

Água destilada q.s.p. .................................................................100,0 mL

Os reagentes foram gentilmente homogeneizados em um béquer de 250 mL até a

completa dissolução. Alíquotas de 10 ml foram acondicionadas em frascos âmbar e

mantidas em temperatura ambiente.

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10.2 Anexo II – Certificados do Comitê de Ética

Aprovação do Comitê de Ética

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Aprovação do Comitê de Ética

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10.3 Anexo III - Lista das sequências de Parvovírus utilizadas neste estudo, de

acordo com o número do GenBank, nome do isolado, ano do isolamento e origem.

Número

GenBank

Isolado Ano de

isolamento

Origem Referência

AB000050 94-1 1994 Japão Horiuchi,M., 1998

AB000052 AO1 1994 Japão Horiuchi,M., 1998

AB000054 Fukagawa 1993 Japão Horiuchi,M., 1998

AB000056 Obihiro 1974 Japão Horiuchi,M., 1998

AB000061 Som4 1995 Japão Horiuchi,M., 1998

AB000064 TU12 1978/90 Japão Horiuchi,M., 1998

AB000066 TU2 1975 Japão Horiuchi,M., 1998

AB000068 TU4 1975 Japão Horiuchi,M., 1998

AB000070 TU8 1976/77 Japão Horiuchi,M., 1998

AB054225 V142 1997 Vietnã Ikeda,Y et al., 2000

AB054226 V208 1997 Vietnã Ikeda,Y et al., 2000

AB054227 V211 1997 Vietnã Ikeda,Y et al., 2000

D88286 483 1990 Japão Horiuchi,M. et al., 1996

D88287 PLI-IV 1968 Japão Horiuchi,M. et al., 1996

EF418568 FPLV/Tiger/PT06 2006 Portugal Duarte,M. et al., 2009

EU221280 cat/39897/PT06 2005 Portugal Duarte,M. et al.,2009

EU252145 KF001 2003-2006 Coréia do

Sul

Jeoung,S.-Y. et al., 2008

EU252146 KF002 2003-2006 Coréia do

Sul

Jeoung,S.-Y. et al., 2008

EU252147 KF003 2003-2006 Coréia do

Sul

Jeoung,S.-Y. et al., 2008

EU360958 933/07 2007 Hungria Demeter,Z. et al., 2009

EU360959 1335/07 2007 Hungria Demeter,Z. et al., 2009

EU498682 198/01 2001 Itália Decaro,N. et al., 2008

EU498683 41/02 2002 Itália Decaro,N. et al., 2008

EU498684 103/02 2002 Itália Decaro,N. et al., 2008

EU498685 150/03 2003 Itália Decaro,N. et al., 2008

EU498687 300/03 2003 Itália Decaro,N. et al., 2008

EU498688 134/04-1 2004 Itália Decaro,N. et al., 2008

EU498689 134/04-2 2004 Itália Decaro,N. et al., 2008

EU498690 134/04-3 2004 Itália Decaro,N. et al., 2008

EU498691 134/04-5 2004 Itália Decaro,N. et al., 2008

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100

EU498692 143/04 2004 Itália Decaro,N. et al., 2008

EU498693 355/04-2 2004 Itália Decaro,N. et al., 2008

EU498694 20/05 2005 Itália Decaro,N. et al., 2008

EU498695 119/05 2005 Itália Decaro,N. et al., 2008

EU498696 22/05 2006 Itália Decaro,N. et al., 2008

EU498697 42/06-G1 2006 Itália Decaro,N. et al., 2008

EU498698 42/06-G2 2006 Itália Decaro,N. et al., 2008

EU498699 42/06-G3 2006 Itália Decaro,N. et al., 2008

EU498700 42/06-G4 2006 Itália Decaro,N. et al., 2008

EU498701 42/06-G5 2006 Itália Decaro,N. et al., 2008

EU498704 42/06-G8 2006 Itália Decaro,N. et al., 2008

EU498705 42/06-G10 2006 Itália Decaro,N. et al., 2008

EU498706 42/06-G11 2006 Itália Decaro,N. et al., 2008

EU498707 42/06-G12 2006 Itália Decaro,N. et al., 2008

EU498709 42/06-G16 2006 Itália Decaro,N. et al., 2008

EU498711 42/06-G18 2006 Itália Decaro,N. et al., 2008

EU498712 42/06-G19 2006 Itália Decaro,N. et al., 2008

EU498713 97/06-10 2006 Reino Unido Decaro,N. et al., 2008

EU498714 97/06-11 2006 Reino Unido Decaro,N. et al., 2008

EU498716 50/07-1 2007 Reino Unido Decaro,N. et al., 2008

EU498717 50/07-2 2007 Reino Unido Decaro,N. et al., 2008

EU498718 443/07 2007 Itália Decaro,N. et al., 2008

EU498719 490/07 2007 Reino Unido Decaro,N. et al., 2008

EU659111 FVP-3.us_67 1967 EUA Hoelzer,K. et al., 2008

EU659112 FPV-4.us_64 1964 EUA Hoelzer,K. et al., 2008

EU659113 FPV-8a.us_89 1989 EUA Hoelzer,K. et al., 2008

EU659114 FPV-8b.us_89 1989 EUA Hoelzer,K. et al., 2008

EU659115 FPV-kai.us.06 2006 EUA Hoelzer,K. et al., 2008

FJ231389 BJ-22 2008 China Yang,S. et al., 2010

FJ405225 - 2008 China Xia,X.Z. et al., 2008

JN867593 FPV/Raccoon/CA/208-A/10

2010 EUA Allison,A.B.et al., 2012

JN867594 FPV/Raccoon/NJ/RPV-6/90

1990 EUA Allison,A.B.et al., 2012

JN867595 FPV/Raccoon/TX/Rac2.2/78

1978 EUA Allison,A.B.et al., 2012

JN867596 FPV/Raccoon/TX/Rac1.2/78

1978 EUA Allison,A.B.et al., 2012

JX475245 CO/952/10 2010 EUA Allison,A.B.et al., 2013

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101

JX475253 CO/546/10 2010 EUA Allison,A.B.et al., 2013

JX475256 CO/1103/11 2011 EUA Allison,A.B.et al., 2013

KJ813893 FPV/Bobcat/ND/979/2013

2013 EUA Allison,A.B. et al., 2014

KJ813894 FPV/Raccoon/MA/190/2012

2012 EUA Allison,A.B. et al., 2014

KJ813895 FPV/Raccoon/MA/188/2012

2012 EUA Allison,A.B. et al., 2014

KT240128 PT020/06 2006 Portugal Miranda,.C et al., 2015

KT240129 PT001/07 2007 Portugal Miranda,.C et al., 2015

KT240131 PT022/08 2008 Portugal Miranda,.C et al., 2015

KT240132 PT183/12 1997 Portugal Miranda,.C et al., 2015

KT240133 PT083/13 1997 Portugal Miranda,.C et al., 2015

KT240134 PT210/13 1997 Portugal Miranda,.C et al., 2015

KT240135 PT264/14 2014 Portugal Miranda,.C et al., 2015

KT240136 PT271/14 1998 Portugal Miranda,.C et al., 2015

KU248462 PT002/07 2007 Portugal Miranda,.C et al., 2015

KX434461 FPV_IZSSI_3201_1

_15 2015 Itália

Mira,F. et al., 2017

KX434462 FPV_IZSSI_42807_

15 2015 Itália

Mira,F. et al., 2017

M38246 FPV-b 1967 EUA Parrish,C.R., 1991

MF069445 FPV/Raccoon/RC6/

BC_2015 2015 Canada

Canuti,M. et al., 2017

MF069446 FPV/Raccoon/RC9/

BC_2010 2010 Canada

Canuti,M. et al., 2017

MF069447 FPV/Raccoon/RC18

/BC_2016 2016 Canada

Canuti,M. et al., 2017

AB054213 Taiwan 9 1998 China Ikeda,Y. et al., 2000

AB054214 LCPV T1 1995 China Ikeda,Y. et al., 2000

AB054215 V120 1997 Vietnã Ikeda,Y. et al., 2000

AB054217 V154 1997 Vietnã Ikeda,Y. et al., 2000

AB054218 V123 1997 Vietnã Ikeda,Y. et al., 2000

AB054219 V209 1997 Vietnã Ikeda,Y. et al., 2000

AB054220 V217 1997 Vietnã Ikeda,Y. et al., 2000

AB054221 LCPV-V204 1997 Vietnã Ikeda,Y. et al., 2000

AB054222 LCPV-V139 1997 Vietnã Ikeda,Y. et al., 2000

AB054224 LCPV-V203 1997 Vietnã Ikeda,Y. et al., 2000

AB115504 CPV 97-008 1997 Japão Ikeda,Y. et al., 2000

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102

AB120720 HCM-6 2002 Vietnã Nakamura,M. et al., 2004

AB120721 HCM-8 2002 Vietnã Nakamura,M. et al., 2004

AB120722 HCM-18 2002 Vietnã Nakamura,M. et al., 2004

AB120723 HCM-23 2002 Vietnã Nakamura,M. et al., 2004

AB120724 HNI-2-13 2002 Vietnã Nakamura,M. et al., 2004

AB120725 HNI-3-4 2002 Vietnã Nakamura,M. et al., 2004

AB120727 HNI-4-1 2002 Japão Nakamura,M. et al., 2004

AY742932 CPV-193 1991 EUA Shackelton,L.A. et al., 2005

AY742934 CPV-447 1995 Alemanha/EUA

Shackelton,L.A. et al., 2005

AY742936 CPV-395 1998 EUA Shackelton,L.A. et al., 2005

AY742951 CPV-431 2003 EUA Shackelton,L.A. et al., 2005

AY742953 CPV-435 2004 EUA Shackelton,L.A. et al., 2005

AY869724 Taichung 2003 - 2004 China Wang,H.C. et al., 2005

D78585 FPV-314 1993-94 Japão Mochizuki M., 1996

DQ340404 BR6-80 1980 Brasil Pereira,C.A. et al., 2007

DQ340407 BR145-80 1980 Brasil Pereira,C.A. et al., 2007

DQ340409 BR183-85 1985 Brasil Pereira,C.A. et al., 2007

DQ340410 BR315-86 1986 Brasil Pereira,C.A. et al., 2007

DQ340411 BR8-90 1990 Brasil Pereira,C.A. et al., 2007

DQ340412 BR17-90 1990 Brasil Pereira,C.A. et al., 2007

DQ340413 BR18-90 1990 Brasil Pereira,C.A. et al., 2007

DQ340417 BR52-91 1991 Brasil Pereira,C.A. et al., 2007

DQ340419 BR570-92 1992 Brasil Pereira,C.A. et al., 2007

DQ340421 BR597-92 1992 Brasil Pereira,C.A. et al., 2007

DQ340422 BR22-93 1993 Brasil Pereira,C.A. et al., 2007

DQ340423 BR136-93 1993 Brasil Pereira,C.A. et al., 2007

DQ340427 BR133-94 1994 Brasil Pereira,C.A. et al., 2007

DQ340428 BR209-94 1994 Brasil Pereira,C.A. et al., 2007

DQ340429 BR237-94 1994 Brasil Pereira,C.A. et al., 2007

DQ340430 BR46-95 1995 Brasil Pereira,C.A. et al., 2007

DQ340431 BR56-95 1995 Brasil Pereira,C.A. et al., 2007

DQ340432 BR62-95 1995 Brasil Pereira,C.A. et al., 2007

DQ340433 BR7168-00 2000 Brasil Pereira,C.A. et al., 2007

DQ340434 BR8155-00 2000 Brasil Pereira,C.A. et al., 2007

EF011664 B-2004 2004 China Ying,H. et al., 2009

EF599097 DH326 2005 - 2007 Coréia do Sul

Kang,B.K. et al., 2008

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103

EF599098 Pome 2005 - 2007 Coréia do Sul

Kang,B.K. et al., 2008

EU377537 CPV/WH02/06 2006 China Xiong,N. et al., 2010

EU659118 CPV-13.us.81 1981 EUA Hoelzer,K. et al., 2008

EU659119 CPV-410.us.00 2000 EUA Hoelzer,K. et al., 2008

EU659120 CPV-411a.us.98 1998 EUA Hoelzer,K. et al., 2008

EU659121 CPV-411b .us.98 1998 EUA Hoelzer,K. et al., 2008

FJ005195 136/00 2000 Itália Decaro,N. et al., 2009

FJ005197 G51/97 1997 Alemanha Decaro,N. et al., 2009

FJ005199 G172/97 1997 Alemanha Decaro,N. et al., 2009

FJ005201 G362/97 1997 Alemanha Decaro,N. et al., 2009

FJ005203 G52-9/2-98 1998 Alemanha Decaro,N. et al., 2009

FJ005205 279/04 2004 Itália Decaro,N. et al., 2009

FJ005206 287/04 2004 Itália Decaro,N. et al., 2009

FJ005209 303/04 2004 Itália Decaro,N. et al., 2009

FJ005212 349/04 2004 Itália Decaro,N. et al., 2009

FJ005213 9/05 2005 Itália Decaro,N. et al., 2009

FJ005214 67/06 2006 Espanha Decaro,N. et al., 2009

FJ005216 284/06 2006 Itália Decaro,N. et al., 2009

FJ005219 336/06 2006 Itália Decaro,N. et al., 2009

FJ005221 340/06 2006 Itália Decaro,N. et al., 2009

FJ005226 383/06 2006 Itália Decaro,N. et al., 2009

FJ005231 406/06 2006 Itália Decaro,N. et al., 2009

FJ005232 411/06 2006 Itália Decaro,N. et al., 2009

FJ005233 40/07 2007 Itália Decaro,N. et al., 2009

FJ005235 67/07-11 2007 EUA Decaro,N. et al., 2009

FJ005236 110/07-27 2007 EUA Decaro,N. et al., 2009

FJ005243 243/07 2007 Itália Decaro,N. et al., 2009

FJ005247 195/08 2008 Bélgica Decaro,N. et al., 2009

FJ005248 219/08-2 2008 Itália Decaro,N. et al., 2009

FJ005250 219/08-13 2008 Itália Decaro,N. et al., 2009

FJ005251 239/08 2008 Itália Decaro,N. et al., 2009

FJ005252 96/02 2002 Itália Decaro,N. et al., 2009

FJ005253 67/05 2005 Itália Decaro,N. et al., 2009

FJ005254 331/05 2005 Itália Decaro,N. et al., 2009

FJ005255 333/05 2005 Itália Decaro,N. et al., 2009

FJ005257 54/08 2008 Itália Decaro,N. et al., 2009

FJ005258 80/08 2008 Itália Decaro,N. et al., 2009

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104

FJ005260 G82/97 1997 Alemanha Decaro,N. et al., 2009

FJ005261 G162/97 1997 Alemanha Decaro,N. et al., 2009

FJ005262 311/04 2004 Itália Decaro,N. et al., 2009

FJ005263 42/05-49 2005 Itália Decaro,N. et al., 2009

FJ005264 134/05 2005 Itália Decaro,N. et al., 2009

FJ005265 140/05 2005 Itália Decaro,N. et al., 2009

FJ197823 CPVK1 2007 Coréia do Sul

Yoon,S.H. et al., 2009

FJ197824 CPVK2 2007 Coréia do Sul

Yoon,S.H. et al., 2009

FJ197825 CPVK3 2007 Coréia do Sul

Yoon,S.H. et al., 2009

FJ197826 CPVK4 2007 Coréia do Sul

Yoon,S.H. et al., 2009

FJ197827 CPVK5 2007 Coréia do Sul

Yoon,S.H. et al., 2009

FJ197828 CPVK6 2007 Coréia do Sul

Yoon,S.H. et al., 2009

FJ197829 CPVK7 2007 Coréia do Sul

Yoon,S.H. et al., 2009

FJ197830 CPVK8 2007 Coréia do Sul

Yoon,S.H. et al., 2009

FJ197835 CPVK13 2007 Coréia do Sul

Yoon,S.H. et al., 2009

FJ197836 CPVK14 2007 Coréia do Sul

Yoon,S.H. et al., 2009

FJ197837 CPVK15 2007 Coréia do Sul

Yoon,S.H. et al., 2009

FJ197838 CPVK16 2007 Coréia do Sul

Yoon,S.H. et al., 2009

FJ197839 CPVK17 2007 Coréia do Sul

Yoon,S.H. et al., 2009

FJ197840 CPVK18 2007 Coréia do Sul

Yoon,S.H. et al., 2009

FJ197841 CPVK19 2007 Coréia do Sul

Yoon,S.H. et al., 2009

FJ197842 CPVK20 2007 Coréia do Sul

Yoon,S.H. et al., 2009

FJ197843 CPVK21 2007 Coréia do Sul

Yoon,S.H. et al., 2009

FJ197844 CPVK22 2007 Coréia do Sul

Yoon,S.H. et al., 2009

FJ197845 CPVK23 2007 Coréia do Sul

Yoon,S.H. et al., 2009

FJ197846 CPVint(vaccine) 2007 Coréia do Sul

Yoon,S.H. et al., 2009

FJ222821 56/00 2000 Itália Decaro,N. et al., 2009

FJ432718 CPV-Cv 2008 China Yi, L. et al., 2014

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105

FJ435342 CPV-04/08/CN-1 2008 China Zhang,R. et al., 2010

FJ435343 CPV-04/08/CN-2 2008 China Zhang,R. et al., 2010

FJ435344 CPV-04/08/CN-3 2008 China Zhang,R. et al., 2010

FJ435345 CPV-04/08/CN-4 2008 China Zhang,R. et al., 2010

FJ435346 CPV-04/08/CN-5 2008 China Zhang,R. et al., 2010

FJ435347 CPV-04/08/CN-6 2008 China Zhang,R. et al., 2010

FJ435348 CPV-04/08/CN-7 2008 China Zhang,R. et al., 2010

FJ869122 KU1_08 2008 Tailândia Phromnoi,S. et al. , 2010

FJ869123 KU3_08 2008 Tailândia Phromnoi,S. et al. , 2010

GQ169545 bj-1 2006-2008 China Yi, L. et al., 2014

GQ169550 1-nj 2006-2008 China Yi, L. et al., 2014

GQ379042 KU13_08 2008 Tailândia Phromnoi,S. et al. , 2010

GQ379043 KU14_08 2008 Tailândia Phromnoi,S. et al. , 2010

GQ379044 KU143_09 2009 Tailândia Phromnoi,S. et al. , 2010

GQ379047 KU616_09 2009 Tailândia Phromnoi,S. et al. , 2010

GQ379049 KU18_08 2008 Tailândia Phromnoi,S. et al. , 2010

GU212790 VAC_M primodog 2009 Tailândia Phromnoi,S. et al. , 2010

GU212791 VAC_P vanguard 2009 Tailândia Phromnoi,S. et al. , 2010

GU212792 VAC_S quantum 2009 Tailândia Phromnoi,S. et al. , 2010

GU362932 cat11/08 2008 Itália Decaro et al., 2010

GU362935 cat234/08 2008 Itália Decaro et al., 2010

GU380299 02/09 2009 China Zhang,R.Z. et al., 2010

GU380300 03/09 2009 China Zhang,R.Z. et al., 2010

GU380303 06/09 2009 China Zhang,R.Z. et al., 2010

GU380305 08/09 2009 China Zhang,R.Z. et al., 2010

GU569936 CNJL0804 2008 China Zhang,R.Z. et al., 2010

GU569937 GZ0202 2002 China Zhang,R.Z. et al., 2010

GU569938 YN0201 2002 China Zhang,R.Z. et al., 2010

GU569939 YN0202 2002 China Zhang,R.Z. et al., 2010

GU569940 YN0203 2002 China Zhang,R.Z. et al., 2010

GU569944 GZ0201 2002 China Zhang,R.Z. et al., 2010

GU569945 QB0101 2001 China Zhang,R.Z. et al., 2010

GU569946 JL0201 2001 China Zhang,R.Z. et al., 2010

GU569947 BJ9901 1999 China Zhang,R.Z. et al., 2010

GU569948 CC8601 1986 China Zhang,R.Z. et al., 2010

HQ025913 cat300/10 2010 Itália Decaro et al., 2011

JF346754 Arg9 2003 Argentina Gallo Calderon,M. et al., 2012

JF414817 Arg5 2003 Argentina Gallo Calderon,M. et al., 2012

Page 106: ESTUDO DA DIVERSIDADE GENÉTICA DOS PARVOVÍRUS DE …§ão de Mestrado... · MEV Vírus da Enterite das martas (do inglês Mink Enteritis Virus) MgCl 2 Cloreto de magnésio min Minuto

106

JF414818 Arg32 2008 Argentina Gallo Calderon,M. et al., 2012

JF414819 Arg35 2008 Argentina Gallo Calderon,M. et al., 2012

JF414820 Arg44 2009 Argentina Gallo Calderon,M. et al., 2012

JF414823 Arg60 2009 Argentina Gallo Calderon,M. et al., 2012

JF414824 Arg66 2010 Argentina Gallo Calderon,M. et al., 2012

JF414825 Arg67 2010 Argentina Gallo Calderon,M. et al., 2012

JF414826 Arg68 2010 Argentina Gallo Calderon,M. et al., 2012

JN403045 Shanaxi 2011 China Han,S. et al., 2011

JN867597 CPV/Raccoon/NY/94742/10

2010 EUA Allison,A.B. et al., 2012

JN867598 CPV/Bobcat/KS/44/10

2010 EUA Allison,A.B. et al., 2012

JN867600 CPV/Raccoon/KY/33817/09

2009 EUA Allison,A.B. et al., 2012

JN867601 CPV/Raccoon/NJ/76836/10

2010 EUA Allison,A.B. et al., 2012

JN867602

CPV-2b/Dog/CA/148743/08

2008

EUA

Allison,A.B. et al., 2012

JN867603 CPV-

2b/Dog/KS/81213/09

2009 EUA Allison,A.B. et al., 2012

JN867604 CPV-

2b/Dog/IL/137654/08

2008 EUA

Allison,A.B. et al., 2012

JN867605 CPV-

2b/Dog/US/142805/09

2009 EUA Allison,A.B. et al., 2012

JN867606 CPV-

2b/Dog/US/19923/09

2009 EUA Allison,A.B. et al., 2012

JN867610 CPV/Raccoon/VA/1

18-A/07 2007 EUA

Allison,A.B. et al., 2012

JN867611 CPV/Raccoon/KY/3

58-B/09 2009 EUA

Allison,A.B. et al., 2012

JN867612 CPV/Raccoon/TN/3

51/09 2009 EUA

Allison,A.B. et al., 2012

JN867613 CPV/Raccoon/FL/38

1/09 2009 EUA

Allison,A.B. et al., 2012

JN867614 CPV/Raccoon/VA/278-A/09

2009 EUA Allison,A.B. et al., 2012

JN867615 CPV/Raccoon/GA/287/08

2009 EUA Allison,A.B. et al., 2012

JN867616 CPV/Raccoon/GA/289/08

2008 EUA Allison,A.B. et al., 2012

JN867617 CPV/Raccoon/349/08

2008 EUA Allison,A.B. et al., 2012

JN867618 CPV/Raccoon/WI/37/10

2010 EUA Allison,A.B. et al., 2012

Page 107: ESTUDO DA DIVERSIDADE GENÉTICA DOS PARVOVÍRUS DE …§ão de Mestrado... · MEV Vírus da Enterite das martas (do inglês Mink Enteritis Virus) MgCl 2 Cloreto de magnésio min Minuto

107

JQ268283 CPV-LZ1 2011 China Han,S.C. et al., 2015

JQ268284 CPV-LZ2 2011 China Han,S.C. et al., 2015

JQ686671 CPV-2a 2011 China Han,S.C. et al., 2015

JX475237 CT/372/11 2010 EUA Allison,A.B. et al., 2013

JX475238 GA/11/11 2011 EUA Allison,A.B. et al., 2013

JX475240 AZ/16382-01/99 1999 EUA Allison,A.B. et al., 2013

JX475242 WI/18268/02 2002 EUA Allison,A.B. et al., 2013

JX475243 ID/22772/09 2009 EUA Allison,A.B. et al., 2013

JX475244 CO/1269/11 2011 EUA Allison,A.B. et al., 2013

JX475247 CO/1246/10 2010 EUA Allison,A.B. et al., 2013

JX475249 CO/898/10 2010 EUA Allison,A.B. et al., 2013

JX475250 CO/728/10 2010 EUA Allison,A.B. et al., 2013

JX475251 CO/2235/09 2009 EUA Allison,A.B. et al., 2013

JX475252 CO/1316/10 2010 EUA Allison,A.B. et al., 2013

JX475257 CO/1237/10 2010 EUA Allison,A.B. et al., 2013

JX475260 CO/704/10 2010 EUA Allison,A.B. et al., 2013

JX475269 CO/422/12 2012 EUA Allison,A.B. et al., 2013

JX475272 AL/362/12 2012 EUA Allison,A.B. et al., 2013

JX475273 MT/909/12 2012 EUA Allison,A.B. et al., 2013

JX475275 MT/914/12 2012 EUA Allison,A.B. et al., 2013

JX475277 AL/361/12 2012 EUA Allison,A.B. et al., 2013

JX475278 AR/1069/12 2012 EUA Allison,A.B. et al., 2013

JX475279 TN/1/11 2011 EUA Allison,A.B. et al., 2013

JX475280 TN/4/11 2011 EUA Allison,A.B. et al., 2013

JX475283 TN/18/11 2011 EUA Allison,A.B. et al., 2013

JX475284 TN/26/11 2011 EUA Allison,A.B. et al., 2013

JX660690 SC02/2011 2011 China Ju,C. et al., 2012

KC196079 M181 2009 Uruguai Maya,L. et al., 2013

KC196080 M101 2007 Uruguai Maya,L. et al., 2013

KC196081 M95 2007 Uruguai Maya,L. et al., 2013

KC196083 M82 2007 Uruguai Maya,L. et al., 2013

KC196085 M57 2007 Uruguai Maya,L. et al., 2013

KC196086 M55 2006 Uruguai Maya,L. et al., 2013

KC196087 M52 2006 Uruguai Maya,L. et al., 2013

KC196090 M346 2011 Uruguai Maya,L. et al., 2013

KC196091 M326 2011 Uruguai Maya,L. et al., 2013

KC196094 M269 2010 Uruguai Maya,L. et al., 2013

KC196095 M258 2010 Uruguai Maya,L. et al., 2013

Page 108: ESTUDO DA DIVERSIDADE GENÉTICA DOS PARVOVÍRUS DE …§ão de Mestrado... · MEV Vírus da Enterite das martas (do inglês Mink Enteritis Virus) MgCl 2 Cloreto de magnésio min Minuto

108

KC196096 M247 2010 Uruguai Maya,L. et al., 2013

KC196097 M242 2010 Uruguai Maya,L. et al., 2013

KC196098 M235 2010 Uruguai Maya,L. et al., 2013

KC196099 M21 2006 Uruguai Maya,L. et al., 2013

KC196101 M187 2009 Uruguai Maya,L. et al., 2013

KC196102 M185 2009 Uruguai Maya,L. et al., 2013

KC196103 M173 2009 Uruguai Maya,L. et al., 2013

KC196104 M169 2008 Uruguai Maya,L. et al., 2013

KC196105 M152 2008 Uruguai Maya,L. et al., 2013

KC196107 M129 2008 Uruguai Maya,L. et al., 2013

KC196108 M124 2008 Uruguai Maya,L. et al., 2013

KF149962 2c_ME1_ECU2012 2012 Equador Aldaz,J. et al., 2013

KF149963 2c_ME10_ECU2012 2012 Equador Aldaz,J. et al., 2013

KF149964 2c_ME23_ECU2012 2012 Equador Aldaz,J. et al., 2013

KF149965 2c_ME25_ECU2012 2012 Equador Aldaz,J. et al., 2013

KF149966 2c_ME26_ECU2012 2012 Equador Aldaz,J. et al., 2013

KF149968 2c_ME29_ECU2012 2012 Equador Aldaz,J. et al., 2013

KF149969 2c_ME31_ECU2012 2012 Equador Aldaz,J. et al., 2013

KF149970 2c_ME34_ECU2012 2012 Equador Aldaz,J. et al., 2013

KF149971 2c_ME32_ECU2012 2012 Equador Aldaz,J. et al., 2013

KF149974 2a_ME42_ECU2012

2012 Equador Aldaz,J. et al., 2013

KF149984 2c_ME28_ECU2012 2012 Equador Aldaz,J. et al., 2013

KF149985 2b_ME20_ECU2012

2012 Equador Aldaz,J. et al., 2013

KF539789 H-Erd 2012 Hungria Cságola A. et al., 2014

KF539790 H-Illatos 2012 Hungria Cságola A. et al., 2014

KF539791 H-Halmai 2012 Hungria Cságola A. et al., 2014

KF539792 H-Szentgothard 2012 Hungria Cságola A. et al., 2014

KF539793 H-5 2012 Hungria Cságola A. et al., 2014

KF539794 H-7 2012 Hungria Cságola A. et al., 2014

KF539795 H-8 2012 Hungria Cságola A. et al., 2014

KF539796 H-9 2012 Hungria Cságola A. et al., 2014

KF539797 H-11 2012 Hungria Cságola A. et al., 2014

KF539798 H-31 2012 Hungria Cságola A. et al., 2014

KF539799 H-39 2012 Hungria Cságola A. et al., 2014

KF539800 H-27 2012 Hungria Cságola A. et al., 2014

KF539801 H-25 2012 Hungria Cságola A. et al., 2014

KF539802 H-41 2012 Hungria Cságola A. et al., 2014

KF539803 H-2 2012 Hungria Cságola A. et al., 2014

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109

KF539804 H-212 2012 Hungria Cságola A. et al., 2014

KF539805 H-36 2012 Hungria Cságola A. et al., 2014

KF638400 s5 2010 China Zhu,Y. et al., 2014

KF676668 CPV-JS2 2009 - 2012 China Zhao,Y. et al., 2013

KM457103 UY12 2006 Uruguai Perez,R. et al., 2014

KM457104 UY47 2006 Uruguai Perez,R. et al., 2014

KM457107 UY72 2007 Uruguai Perez,R. et al., 2014

KM457118 UY190 2009 Uruguai Perez,R. et al., 2014

KM457126 UY318 2010 Uruguai Perez,R. et al., 2014

KM457131 UY368 2011 Uruguai Perez,R. et al., 2014

KM457132 UY245 2010 Uruguai Perez,R. et al., 2014

KM457143 UY364 2011 Uruguai Perez,R. et al., 2014

KR002792 CPV/CN/SH1/ 2013

2013 China Wang,H.L. et al., 2016

KR002793 CPV/CN/HB1/2013 2013 China Wang,H.L. et al., 2016

KR002795 CPV/CN/JL1/2013 2013 China Wang,H.L. et al., 2016

KR002796 CPV/CN/JL3/2013 2013 China Wang,H.L. et al., 2016

KR002798 CPV/CN/JL5/2013 2013 China Wang,H.L. et al., 2016

KR002801 CPV/CN/SD6/2014 2013 China Wang,H.L. et al., 2016

KR559891 PT032/12 2012 Portugal Miranda,C. et al., 2016

KR559892 PT174/12 2012 Portugal Miranda,C. et al., 2016

KR559893 PT178/12 2012 Portugal Miranda,C. et al., 2016

KR559895 PT077/13 2013 Portugal Miranda,C. et al., 2016

KR559896 PT267/14 2014 Portugal Miranda,C. et al., 2016

KT162019 BJ14-37 2014 China Wang J. et al., 2016

KT162038 BJ14-28 2014 China Wang J. et al., 2016

KX774249 Bel2014-01 2014 Brasil Silva et al., 2017

KX774251 Bel2015-01 2015 Brasil Silva et al., 2017

KX774252 Bel2015-02 2015 Brasil Silva et al., 2017

M23255 CPV-d Cornell 1979 EUA Parrish, C.R. et al., 1988

M24000 CPV-31 1983 EUA Truyen et al., 1995

M24003 15 1984 EUA Truyen et al., 1995

M38245 CPV-d 1978 EUA Parrish, C.R., 1991

MF423125 CPV/Coyote/C67/NL_2014

2014 Canada Canuti, M et al., 2017

MG434738 CPV_IZSSI_PA43847/ 2016

2016 Itália Mira et al., 2018

MG434739 CPV_IZSSI_PA48686/ 2016

2016 Itália Mira et al., 2018

MG434740 CPV_IZSSI_PA3213/ 2017

2017 Itália Mira et al., 2018

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110

MG434741 CPV_IZSSI_PA5610/ 2017

2017 Itália Mira et al., 2018

MG434742 CPV_IZSSI_PA10388/ 2017

2017 Itália Mira et al., 2018

MG434743 CPV_IZSSI_PA13577/ 2017

2017 Itália Mira et al., 2018

MG434744 CPV_IZSSI_PA13579id90/2017

2017 Itália Mira et al., 2018

MG434745 CPV_IZSSI_PA13579id93/2017

2017 Itália Mira et al., 2018

U22896 FPV-24 1990 EUA Truyen,U. et al., 1996

U72696 T10 1995 China Chang,W.L. et al., 1996

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10.4 Anexo IV - Protótipos utilizados na construção da árvore filogenética:

Tipo Ano de isolamento País de origem N. de acesso no

GenBank

FPV 1997 Vietnã AB054225

FPV 1967 EUA EU659111

FPV 2008 China FJ405225

FPV 1990 EUA JN867594

FPV 2010 EUA JX475245

FPV 2006 Portugal KT240128

FPV 1967 EUA M38246

FPV 2015 Canadá MF069445

CPV-2a 2002 Itália FJ005252

CPV-2a 2008 Itália GU362932

CPV-2a 2014 Portugal KR559896

CPV-2a 2016 Itália MG434738

CPV-2a 2016 Itália MG434739

CPV-2a 2017 Itália MG434740

CPV-2a 2017 Itália MG434741

CPV-2a 2017 Itália MG434742

CPV-2a 2017 Itália MG434743

CPV-2a 2017 Itália MG434744

CPV-2a 2017 Itália MG434745

CPV-2b 1997 Vietnã AB120720

CPV-2b 2002 Vietnã AB120721

CPV-2b 1997 Tailândia AB054219

CPV-2b 1995 China AY742934

CPV-2b 1985 Brasil DQ340409

CPV-2b 1997 Alemanha FJ005261

CPV-2b 2008 EUA JN867604

CPV-2b 2002 EUA JX475242

CPV-2b 1990 EUA U22896

CPV-2c 2004 Itália FJ005212

CPV-2c 2008 Itália GU362935

CPV-2c 2009 Argentina JF414823

CPV-2c 2010 Argentina JF414824

CPV-2c 2010 EUA JX475252

CPV-2c 2008 Uruguai KC196105

CPV-2c 2008 Uruguai KC196107

CPV-2c 2012 Equador KF149966

CPV-2c 2012 Equador KF149971

CPV-2c 2012 Equador KF149984

CPV-2c 2006 Uruguai KM457104

CPV-2c 2010 Uruguai KM457126

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112

10.5 Anexo V - Tabelas de Nucleotídeos e Aminoácidos

TABELA DE NUCLEOTÍDEOS

Símbolo Nome

A Adenina

T Timina

G Guanina

C Citosina

TABELA DE AMINOÁCIDOS

Símbolo (3 letras) Símbolo (1 letra) Nome

Gly G Glicina

Ala A Alanina

Leu L Leucina

Val V Valina

Ile I Isoleucina

Pro P Prolina

Phe F Fenilalanina

Ser S Serina

Thr T Treonina

Cys C Cisteína

Tyr Y Tirosina

Asn N Asparagina

Gln Q Glutamina

Asp D Ácido aspártico

Glu E Ácido glutâmico

Arg R Arginina

Lys K Lisina

His H Histidina

Met M Metionina