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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS CURSO DE OCEANOGRAFIA JESSYCA BEATRIZ ALVES PALMEIRA ESTUDO DA EFICIÊNCIA DA DEGRADAÇÃO DO ÓLEO DA BACIA DE CAMPOS ATRAVÉS DA ADIÇÃO DE CONSÓRCIO FÚNGICO E NUTRIENTES Salvador 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

CURSO DE OCEANOGRAFIA

JESSYCA BEATRIZ ALVES PALMEIRA

ESTUDO DA EFICIÊNCIA DA DEGRADAÇÃO DO ÓLEO DA BACIA DE CAMPOS ATRAVÉS DA ADIÇÃO DE

CONSÓRCIO FÚNGICO E NUTRIENTES

Salvador 2014

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JESSYCA BEATRIZ ALVES PALMEIRA

ESTUDO DA EFICIÊNCIA DA DEGRADAÇÃO DO ÓLEO DA BACIA DE CAMPOS ATRAVÉS DA ADIÇÃO DE

CONSÓRCIO FÚNGICO E NUTRIENTES

Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Oceanografia, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia, como requesito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Oceanografia. Orientador: Prof. Dr. Antônio Fernando de Souza Queiroz Co-Orientadora: Profa. Dra. Danusia Ferreira Lima

Salvador 2014

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TERMO DE APROVAÇÃO

JESSYCA BEATRIZ ALVES PALMEIRA

ESTUDO DA EFICIÊNCIA DA DEGRADAÇÃO DO ÓLEO DA BACIA DE CAMPOS ATRAVÉS DA ADIÇÃO DE

CONSÓRCIO FÚNGICO E NUTRIENTES

Monografia aprovada como requesito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Oceanografia, Universidade Federal da Bahia, pela seguinte banca

examinadora:

BANCA EXAMINADORA: _____________________________ Danusia Ferreira de Lima Doutora em Geologia pela Universidade Federal da Bahia. Núcleo de Estudos Ambientais/IGEO/UFBA. _____________________________ Ícaro Thiago Andrade Moreira Doutor em Geologia pela Universidade Federal da Bahia. Universidade Salvador. _____________________________ Sarah Adriana Rocha Soares Doutora em Química pela Universidade Federal da Bahia Núcleo de Estudos Ambientais/IGEO/UFBA.

Salvador, 11 de Dezembro de 2014

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“Dedico este trabalho ao Homem lá de cima, que nunca me abandona, nem me desampara; que me guarda, me governa e me ilumina. Dedico este trabalho a minha

mãe e meu irmão, representação perfeita do amor incondicional”

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AGRADECIMENTOS

Á sociedade brasileira na figura da Universidade Federal da Bahia pela oportunidade a mim concedida, não somente pelo aprendizado acadêmico, mas, sobretudo pessoal, ser Ufbense é um arte! Ao Instituto de Geociências, aos colaboradores (Bossal e Jairo), professores e colegas, foi muito bom estar com vocês. Ao curso de Oceanografia, e seu corpo docente e discente. Especialmente a secretária do curso Rita de Cássia, por ser sempre tão atenciosa comigo; aos professores Hebe Queiroz e Paulo Mafalda, pelo exemplo profissional e humano; sou muito grata pelos conselhos e orientações; aos veteranos e colegas da turma 2008, aprendi muito com vocês, e a todos os amigos de Oceano. Ao Núcleo de Estudos Ambientais (NEA) e ao Laboratório de Estudos do Petróleo (LEPETRO), pelos inúmeros aprendizados, aos alunos de pós-graduação (Ícaro, Joana, Bonfim, entre outros) e a coordenação (Profa. Karina Garcia) que em muitos momentos me orientaram. Ao meu orientador não somente neste trabalho, mas em toda minha iniciação científica Prof. Dr. Antônio Fernando, sou muito grata pela oportunidade e conselhos. A minha co-orientadora Dra. Danúsia por ter expandido meu conhecimento; por ter compartilhado seu trabalho e conhecimento comigo, pela confiança e orientação. Por ter disponibilizado seu tempo, meu muito obrigada! Aos técnicos do laboratório, em especial Sarinha (Sarah Rocha), Gisa (Gisele Moraes) e Jorginho (Jorge Mário) por terem pacientemente me ensinado, auxiliado e orientado, pelo apoio e incentivo nos momentos difíceis e os risos nos alegres, ao longo desses anos, serei eternamente grata. A Claudinha por ter compartilhado o seu grande conhecimento sobre petróleo comigo. Aos colegas de iniciação científica atuais e antigos (Ana Paula Roberto, Bel (Cibele), Clarinha, Deco, Fernanda, Flávia, Ingrid Maciel, Igor Andrade, Isana, Marcão, Maria Isabel, Mary, Mirela, Júlia, Lary, Lucas Cintra, Luquinhas Medeiros, Luanna Maia, Luana Sena, Rodrigo, Ramilla, Tita, Thiara Taíse, Nai, Natalie Melquíades...e tantos outros) pelas inúmeras experiências vividas, sem dúvidas vocês foram os melhores. Me recordarei sempre com grande alegria dos nossos momentos. A Bele (Cibele), Emili, Gisa, Márcinho, Marcos e Jorginho; pela ajuda fundamental na realização deste trabalho, por terem disponibilizado seu conhecimento e seu tempo, por terem me ajudado ativamente com as atividades, análises e resultados, meu muitíssimo obrigada! Ah! E a Deco (André) pelas transferências, a Mary e Carol pelas configurações e correções hehehehe Aos colegas do Inema (Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos), por compartilharem comigo toda sua experiência no segmento ambiental e do sistema Estadual, por me aturarem pacientemente neste momento da monografia, em especial minha coordenadora Adriana Batista.

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Aos meus eternos amigos (colegas e professores) de Feira de Santana, que apesar da distância, dos anos e dos rumos distintos de vida, estão sempre comigo em meu coração, e por esse sentimento bom que sentimos... Nana (Alana), Fau (Fabricia), Paty (Patrícia Suzart), Thaty (Thatiane), Jady (Jadiane), May (Mayara), Willi (Williane), Bruna Arantes, Karlinha (Karla de Jesus), Gessica, Neto (Roque), Fabinho (Fábio Duarte), Neném (Wesley), Roni (Ronilson), John (Jonatan), Cobrina (Marcus), Nino (Vinicius) Pedrinho Troglodita, Joaby, Gerson, Pró Ade (Adenice), Ednólia, Noemia, Ivonete, Ancelia, Valquiria, Dimas, Roberta, e as outras pessoas que por motivos estruturais não foram citadas, mas que moram em meu coração. A tantos outros colegas de Oceano que compartilhei momentos maravilhosos, obrigada “pelos momentos que vivemos em águas”... Aos grandes amigos de curso que adquiri ao longo desses anos e se tornaram amigos de vida: Aninha (Ana Paula Carvalho), Bele (Cibele), Jel (Verane), Lulu (Luana Bonfim) e Thiaguinho (Thiago Brito), pelos momentos compartilhados, pelos estudos, farras, companheirismo, conselhos, apoio, por terem me suportando todos esses anos (hehehe) e pela grande amizade que construirmos. Vocês moram em meu coração!!! E aos que muito me ensinaram e me acolheram Carine, Yuri, Xenna, Nara, Maria, Edvaldo. Aos meus grandes amigos da vida Nuno (Junnior Mello), Vagner, Luh (Lucilene), Ed (Edjanilton), Márcinho, Oliver, Robsinho (Robson Melo), Taízi, Nai, Paulinha, Jadson, Pri (Priscila) e outros que não citei...obrigada por tudo, pra sempre e em todo o momento vocês estão em meu coração!!! As minhas amigas-irmãs, Ruíva (Lary) e Paty (Patrícia Santos) e meu amigo-irmão Marcolino, por serem assim tão especiais em minha vida! Por tudo que vivemos e que ainda iremos viver... por serem meus anjos de guarda. A minha psicóloga, irmã, companheira, anjo de longas datas Mi (Emili Junqueira). É impossível agradecer tudo o que você é em minha vida...Te amo muito mana!!!! A minha família de sangue, minha tia Nina e meu tio Décio, por todo apoio e disponibilidade; ao meu pai; a meu irmão que apesar de tudo é meu maior exemplo hehehehe e a minha mãe, que é a fonte de minha inspiração. A todos aqueles que direta ou indiretamente participaram da construção desta jornada, e aqueles que por ventura tenha esquecido de citar peço desculpa. Ao Homem lá de cima, por nunca me desamparar, por ser meu abrigo, minha força e minha luz, por tudo o que acontece em meu viver ser sempre para o meu melhor. E que nunca me falte fé! Por que minha fé é inabalável!

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“Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás passar, para atravessar o rio da vida - ninguém, exceto tu, só tu.

Existem, por certo, atalhos sem números, e pontes, e semideuses que se oferecerão para levar-te além do rio; mas isso te custaria a tua própria pessoa; tu te hipotecarias e te

perderias. Existe no mundo um único caminho por onde só tu podes passar.

Onde leva? Não perguntes, segue-o!” (Friedrich Nietzsche)

“Vou-me embora... vou buscar a sorte... caminhos que me levam... não têm Sul nem Norte... mas meu andar é firme... e meu anseio é forte... eu quero a todo custo encontrar a sorte... e

levo na partida... resolução no peito... firme e definida... Deus por todos nós”

(Paulo Diniz)

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RESUMO Um dos ambientes costeiros mais comuns encontrados no Brasil são manguezais, que por sua vez são considerados como as áreas mais produtivas da zona costeira. Um dos impactos antrópicos mais preocupantes nesses ambientes são os promovidos por petróleo e seus derivados. Dentre as técnicas de biorremediação, a bioaumentação e bioestimulação, tem se apresentado bastante interessante no processo de remediação de áreas impactadas por atividades petrolíferas. Os microrganismos são capazes de consumir petróleo, utilizando como fonte de carbono para a geração de biomassa. Os fungos apresentam alto potencial degradador, e quando associados em consórcios aumentam a sua potencialidade da degradação completa do óleo, contudo a presença de nutrientes é essencial para o seu desenvolvimento. Para este trabalho foram utilizados consórcios fúngico específicos com maior potencial de degradar as frações do petróleo e a folha de manguezal como fonte de nutrientes, com o objetivo de avaliar a eficiência de degradação do óleo da Bacia de Campos em sedimento de manguezal. Para isso, foram realizadas coleta de sedimento e folha num manguezal nas cercanias do rio São Paulo, para montagem de três experimentos onde foram testados consórcios fúngicos, previamente selecionados, com potencialidade em degradar as principais frações do petróleo (hidrocarbonetos saturados, hidrocarbonetos aromáticos e NSO). Cada experimento foi constituído por 32 amostras, onde foram testadas diferentes concentrações de suspensão fúngica e de folha, e também foi testada a suspensão na sua forma livre e encapsulada, além dos brancos experimentais, sendo realizadas coletas em tempos pré-estabelecidos (0, 7, 15 e 30 dias). As análises que compuseram a interpretação dos resultados foram compostas por avaliação microbiológica (contagem de esporos, fungos e bactérias), inorgânicas (fósforo, carbono orgânico, nitrato e amônio) e orgânicas (cromatografia líquida). Nos resultados é possível verificar que os consórcios fúngicos apresentaram tendência positiva na degradação das frações. Na condição de folha e fungo livre existe uma maior tendência a degradação do óleo. A degradação do petróleo foi verificada, sobretudo da fração NSO. A Análise dos Componentes Principais é possível observar que o percentual de degradação da fração saturada e aromática do petróleo apresenta tendência de similaridade oposta ao NSO, e que os nutrientes apresentaram perfil de acordo com o crescimento fúngico. Palavras-Chaves: bioestimulação, bioaumentação; biorremediação

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ABSTRACT One of the most common coastal environments found in Brazil are mangroves, which are considered as the most productive areas of the coastal zone. The main concern about human impacts in these environments are promoted by oil and oil products. Bioremediation, bioaugmentation and biostimulation has been appearing as interesting techniques in remediation process of areas impacted by oil activities. The microorganisms are able to consume oil by using carbon as a source to generate biomass. Fungi have high degrading potential, and the combined consortia increases its capability of complete degradation of oil, however the presence of nutrients is essential for their development. For this study, it was employed specific fungal consortia with the greatest potential to degrade the oil fractions and it was used mangrove leaf as a source of nutrients, in order to evaluate the efficiency of the degradation of oil from Campos Basin in mangrove sediment. For this, it was done collecting of sediment and leaf in a mangrove near of Sao Paulo river for mounting of three experiments where previously selected fungal consortia were tested with the potential to degrade the main fractions of oil (saturated hydrocarbons, aromatic hydrocarbons and NSO). Each experiment consisted of 32 samples, which were tested different concentrations of fungal suspension and leaf. It was also tested the suspension in free and encapsulated forms, in addition to white experiments. Sampling was performed at pre-established times (0, 7, 15 and 30 days). The analysis that comprised the interpretation of the results were composed of microbiological evaluation (spore counts, fungi and bacteria), inorganic evaluation (phosphorus, organic carbon, ammonium and nitrate) and organic evaluation (liquid chromatography). From the results it was possible to see that the fungal consortia showed a positive trend in the degradation of fractions. In the condition of leaf and fungus free there are high trend to oil degradation. The oil degradation was observed particularly at the NSO fraction. The oil degradation was observed particularly at the NSO fraction. In the Principal Component Analysis is possible to observe that the percentage of degradation of saturated fraction and aromatic fraction of the oil is similarity opposite to the NSO, and that nutrients presented a profile according to the fungal growth. Key Words: biostimulation, bioaugmentation; bioremediation

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Distribuição dos manguezais no Brasil em 2010 ................................................... 19

Figura 2 - Distribuição da produção de petróleo por Bacia Brasileira, relativo ao ano de 2014

............................................................................................................................................ 23

Figura 3 - Local de amostragem. (a) mapa de situação da BTS; e (b) imagem de satélite da

área ..................................................................................................................................... 29

Figura 4 - Local de coleta do sedimento e folha de manguezal. (a) ponto central da área; e

(b) ponto mais a borda da área ............................................................................................ 31

Figura 5- Área de coleta de sedimento. (a) coleta com auxílio de testemunho de aço

inoxidável; e (b) homogeneização em bacias de aço inoxidável e armazenamento em

quentinhas ........................................................................................................................... 31

Figura 6 - Coleta e tratamento da folha de manguezal. (a) coleta da folha de manguezal em

campo; e (b) folha de manguezal após secagem em estufa ................................................ 32

Figura 7 – Esquema da disposição de amostras para cada Experimento ............................ 35

Figura 8 - Esquema dos brancos experimentais para cada Experimento ............................. 35

Figura 9 – Procedimento de repique. (a) vertendo o meio BDA em placas de Petri; e (b)

retirada de pedaço de uma colônia fúngica .......................................................................... 37

Figura 10 – Micrografia e imagem fotográfica dos fungos que compuseram o consórcio.

Imagens obtidas por microscopia ótica com aumento de 400x ............................................ 38

Figura 11 - Erlenmeyer com suspensão de esporos em mesa agitadora ............................. 40

Figura 12 - Cápsulas de folhas de manguezal. (a) confecção em placas multipoços; e (b)

cápsulas prontas para utilização .......................................................................................... 41

Figura 13 – Extração Soxhlet. (a) extrator com tonalidade amarelada, indicando a presença

de compostos orgânicos no sedimento; e (b) extrator com solvente visualmente transparente

indicando o término da extração dos compostos orgânicos ................................................. 44

Figura 14 - Cromatografia Líquida. (a) transferência da amostra de óleo da extração Soxhlet

para coluna cromatográfica; (b) vista da extração; e (c) gradação das cores entre as frações

saturada, aromática e NSO, respectivamente ...................................................................... 45

Figura 15 - Fases do crescimento microbiológico ................................................................ 46

Figura 16 - Percentual de esporo por consórcio fúngico ...................................................... 48

Figura 17 - Gráfico de crescimento fúngico para o Experimento 1, nos tempos 0, 7, 15 e 30

dias ...................................................................................................................................... 49

Figura 18 - Gráfico de percentual de crescimento fúngico pra o Experimento 1 ................... 50

Figura 19 - Gráfico de crescimento bacteriano para o Experimento 1, nos tempos 0, 7, 15 e

30 dias ................................................................................................................................. 51

Figura 20 - Gráfico de percentual de crescimento bacteriano pra o Experimento 1 ............. 51

Figura 21 - Gráfico de crescimento fúngico para o Experimento 2, nos tempos 0, 7, 15 e 30

dias ...................................................................................................................................... 52

Figura 22 - Gráfico de percentual de crescimento fúngico pra o Experimento 2 ................... 53

Figura 23 - Gráfico de crescimento bacteriano para o Experimento 2, nos tempos 0, 7, 15 e

30 dias ................................................................................................................................. 54

Figura 24 - Gráfico de percentual de crescimento bacteriano pra o Experimento 2 ............. 55

Figura 25 - Gráfico de crescimento fúngico para o Experimento 3, nos tempos 0, 7, 15 e 30

dias ...................................................................................................................................... 56

Figura 26 - Gráfico de percentual de crescimento fúngico pra o Experimento 3 ................... 56

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Figura 27 - Gráfico de crescimento bacteriano para o Experimento 3, nos tempos 0, 7, 15 e

30 dias ................................................................................................................................. 57

Figura 28 - Gráfico de percentual de crescimento bacteriano pra o Experimento 3 ............. 58

Figura 29 - Teores de fósforo para os tempos 0 e 30 dias do Experimento 1 ...................... 60

Figura 30 - Teores de carbono orgânico para os tempos 0 e 30 dias do Experimento 1 ...... 60

Figura 31 - Teores de nitrato para os tempos 0 e 30 dias do Experimento 1 ....................... 61

Figura 32 - Teores de amônio para os tempos 0 e 30 dias do Experimento 1 ...................... 61

Figura 33 - Teores de fósforo para os tempos 0 e 30 dias do Experimento 2 ...................... 62

Figura 34 - Teores de carbono orgânico para os tempos 0 e 30 dias do Experimento 2 ...... 63

Figura 35 - Teores de nitrato para os tempos 0 e 30 dias do Experimento 2 ....................... 63

Figura 36 - Teores de amônio para os tempos 0 e 30 dias do Experimento 2 ...................... 64

Figura 37 - Teores de fósforo para os tempos 0 e 30 dias do Experimento 3 ...................... 65

Figura 38 - Teores de carbono orgânico para os tempos 0 e 30 dias do Experimento 3 ...... 65

Figura 39 - Teores de nitrato para os tempos 0 e 30 dias do Experimento 3 ....................... 66

Figura 40 - Teores de amônio para os tempos 0 e 30 dias do Experimento 3 ...................... 66

Figura 41 - Gráfico de degradação das frações do petróleo para o Experimento 1 .............. 69

Figura 42 - Diagrama ternário para o Experimento 1 ........................................................... 70

Figura 43 - Gráfico de degradação das frações do petróleo para o Experimento 2 .............. 71

Figura 44 - Diagrama ternário para o Experimento 2 ........................................................... 72

Figura 45 - Gráfico de degradação das frações do petróleo para o Experimento 3 .............. 73

Figura 46 - Diagrama ternário para o Experimento 3 ........................................................... 74

Figura 47 - Análise de PCA para o Experimento 1 ............................................................... 75

Figura 48 - Integração dos dados geoquímicos para o Experimento 1 ................................. 76

Figura 49 - Gráfico de correlação para o Experimento 1 ...................................................... 77

Figura 50 - Análise de PCA para o Experimento 2 ............................................................... 77

Figura 51 - Integração dos dados geoquímicos para o Experimento 2 ................................. 78

Figura 52 - Gráfico de correlação para o Experimento 2 ...................................................... 79

Figura 53 - Análise de PCA para o Experimento 3 ............................................................... 79

Figura 54 - Integração dos dados geoquímicos para o Experimento 3 ................................. 80

Figura 55 - Gráfico de correlação para o Experimento 3 ...................................................... 81

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Situação da conservação de manguezais por Unidade Federativa (em ha) ........ 19

Tabela 2 - Parâmetros do sedimento intersticial medidos em campo ................................... 32

Tabela 3 - Identificação das amostras ................................................................................. 36

Tabela 4 – Fungos identificados por Lima (2014) com maior capacidade de degradar as

frações específicas do petróleo ........................................................................................... 38

Tabela 5 – Concentração de nitrogênio total e carbono orgânico na folha de mangue ........ 41

Tabela 6 - Metodologia utilizada nas análises microbiológicas ............................................ 42

Tabela 7 - Metodologia utilizada nas análises inorgânicas ................................................... 43

Tabela 8 - Quantidade de esporos por consórcios fúngicos ................................................. 47

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SIGLAS E ABREVIATURAS

APA - Área de Proteção Ambiental

bbl/d - barris por dia

BDA - Batata-Dextrose-Ágar

BTS - Baía de Todos os Santos

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente

Eh - potencial redox

EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

HPAs - Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos

IUCN - União Internacional para a Natureza

LEPETRO - Laboratório de Estudos do Petróleo (NEA/IGEO/UFBA)

NEA - Núcleo de Estudos Ambientais do Instituto de Geociências da UFBA

(NEA/IGEO/UFBA)

NSO - compostos do petróleo com nitrogênio, enxofre e oxigênio em sua estrutura

PCA - Análise de Componentes Principais

pH - potencial hidrogeniônico

RLAM - Refinaria Landulpho Alves de Mataripe

RPM - rotação por minuto

Tequimar - Terminal Químico do Porto de Aratu

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SÚMARIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 16

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 18

2.1. MANGUEZAL ............................................................................................................ 18

2.2. O PETRÓLEO ........................................................................................................... 20

2.2.1. PETRÓLEO BRASILEIRO ................................................................................. 22

2.2.2. DEGRADAÇÃO DO PETRÓLEO POR MICRORGANISMOS ............................ 23

2.3. BIORREMEDIAÇÃO ................................................................................................. 24

2.4. FUNGOS .................................................................................................................. 26

3. OBJETIVOS ................................................................................................................. 28

3.1. OBJETIVO GERAL ................................................................................................... 28

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................. 28

4. ÁREA DE AMOSTRAGEM ........................................................................................... 29

5. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................... 30

5.1. TRABALHO EM ESCRITÓRIO ................................................................................. 30

5.2. TRABALHO EM CAMPO .......................................................................................... 30

5.3. TRABALHO EM LABORATÓRIO .............................................................................. 33

5.3.1 MONTAGEM DOS EXPERIMENTOS ................................................................. 33

5.3.2. PREPARO DE MATERIAL MICROBIOLÓGICO................................................. 36

5.3.3. ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS ....................................................................... 42

5.3.4. ANALISES INORGÂNICAS ................................................................................ 42

5.3.5. ANALISES ORGÂNICAS ................................................................................... 43

6. RESULTADOS E DISCURSÕES ................................................................................. 46

6.1. ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS .............................................................................. 46

6.1.1. CONTAGEM DE ESPOROS .............................................................................. 47

6.1.2. EXPERIMENTO 1 .............................................................................................. 48

6.1.3. EXPERIMENTO 2 .............................................................................................. 52

6.1.4. EXPERIMENTO 3 .............................................................................................. 55

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6.2. ANÁLISES INORGÂNICAS ....................................................................................... 59

6.2.1. EXPERIMENTO 1 .............................................................................................. 59

6.2.2. EXPERIMENTO 2 .............................................................................................. 62

6.2.3. EXPERIMENTO 3 .............................................................................................. 64

6.3. ANÁLISES ORGÂNICAS – CROMATOGRAFIA LÍQUIDA ........................................ 67

6.3.1. EXPERIMENTO 1 .............................................................................................. 67

6.3.2. EXPERIMENTO 2 .............................................................................................. 70

6.3.3. EXPERIMENTO 3 .............................................................................................. 72

6.4. INTEGRAÇÃO DOS DADOS GEOQUÍMICOS ...................................................... 74

6.4.1. EXPERIMENTO 1 .............................................................................................. 74

6.4.2. EXPERIMENTO 2 .............................................................................................. 77

6.4.3. EXPERIMENTO 3 .............................................................................................. 79

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 82

8. RECOMENDAÇÕES .................................................................................................... 83

9. REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 84

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1. INTRODUÇÃO

O Brasil possui uma área superficial de 8.515.767,049 km2 (Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística, 2013). Desta, 10.800 quilômetros correspondem a faixa costeira

(Ministério do Meio Ambiente, 2010), sendo composta por um mosaico de ecossistemas

com grande riqueza e biodiversidade. Dentre eles encontram-se os ambientes mais

sensíveis e frágeis do território nacional, como os recifes de corais e manguezais (Ministério

do Meio Ambiente, 2013.a). Com um total de 395 municípios costeiros, que concentram

cerca de 80% da população brasileira, grande parte das atividades do país está de alguma

forma relacionada com o mar, a exemplo de que 95% do comércio exterior tem suas

atividades realizadas por vias marítimas. Assim, o desenvolvimento do país está

diretamente relacionado a esse ambiente (Ministério do Meio Ambiente, 2013.b) e seus

ecossistemas estão expostos as atividades antrópicas, tornando-os ainda mais frágeis.

Os ambientes costeiros mais comuns encontrados no Brasil são as ilhas, recifes de

corais, manguezais e estuários (DANTAS et al., 2012). As áreas de manguezais formam um

ecossistema costeiro de transição entre o ambiente terrestre e marinho, e são consideradas

como as áreas mais produtivas da zona costeira (ALVES et al., 2001).

O vínculo do homem com o manguezal data da pré-história, remontando a

civilizações como a da Grécia Antiga e a Pré-Colombiana no Equador, sendo uma das mais

importantes fontes de alimento, moradia e economia (ALVES et al., 2001). Fatores

antrópicos e naturais, entretanto, têm gerado a perda desse ecossistema promovendo uma

comoção mundial.

Um dos impactos antrópicos mais preocupantes é o promovido por petróleo. O

petróleo é a mistura de compostos naturais, sobretudo hidrocarbonetos (saturados,

parafinicos, naftênicos, aromáticos, naftenoaromáticos), que representa cerca de 90% de

sua composição, e em menor concentração derivados orgânicos sulfurados, nitrogenados,

oxigenados e organo-metálicos (ZÍLIO; PINTO, 2002). Devido ao seu grande potencial

poluidor, derrames de óleo em ambientes costeiros, como de manguezais, podem ter

consequências graves.

Muitos métodos foram e estão sendo desenvolvidos no intuito da remoção e limpeza

em áreas com vazamento de óleo. Entretanto, quase todos esses métodos possuem algum

tipo de impacto associado, podendo muitas vezes apresentar escala de danos superior ou

na mesma ordem dos gerados pelo óleo, como p. ex., a supressão de populações

biológicas. Alguns exemplos desses métodos de remoção são os mecânicos (barreiras e

skimmers); a queima in situ; o uso de surfactantes lançados por avião e técnicas de

biorremediação (OTA, 1991; CRUZ, 2011).

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Dentre as técnicas utilizadas, a biorremediação tem se mostrado como uma

alternativa interessante no processo de remediação de área impactada por atividades

petrolíferas. Algumas dessas tecnologias são a atenuação natural, bioventilação,

landfarming, compostagem, fitorremediação, bioestimulação e bioaumentação (OLIVEIRA,

2008).

Em 1946, o microbiólogo marinho Claude E. ZoBell identificou pela primeira vez

microrganismos com a capacidade de consumir petróleo, ou seja, de utilizá-lo como fonte de

carbono para a geração de biomassa. Por muitos anos os estudos no setor ficaram inertes,

porém com o crescimento das atividades petrolíferas as pesquisas foram retomadas

(CRAPEZ et al., 2007). De acordo com Burns pelo menos 35 gêneros de bactérias, 41 de

fungos, 9 de algas e 6 de cianobactérias são capazes de degradar os componentes do

petróleo (BURNS et al., 1999).

Os fungos são capazes de metabolizar hidrocarbonetos do petróleo utilizando como

fonte de energia (ESPOSITO; AZEVEDO, 2010). Chaîneau et al. (1990), indicam os fungos

do gênero Aspergillus e Penicillium, como as espécies que mais assimilam hidrocarbonetos.

Entretanto trata-se de uma característica individual da espécie e não do gênero (CHAINEAU

et al., 1990; ESPOSITO; AZEVEDO, 2010).

Frente à problemática do aumento do consumo de petróleo e seus derivados, os

riscos de acidentes ligados ao setor e a dificuldade na remoção de compostos orgânicos

pesados; sobretudo em ambientes de manguezal que possuem alta vulnerabilidade

ambiental. Este trabalho visa ampliar o conhecimento da interação do ecossistema de

manguezal com os problemas relacionados ao petróleo, bem como do uso de consórcios

fúngicos e da folha de mangue como nutriente no processo de bioaumentação e

bioestimulação, o que auxiliará no avanço da pesquisa no âmbito da remediação utilizado

microrganismos.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. MANGUEZAL

O manguezal é uma formação tropical, que ocorre entre as latitudes 23º30’N e

23º30’S, com extensões até 30º sob condições favoráveis, havendo no Brasil indicações que

vão desde o Amapá até Santa Catarina. A flora no Brasil é constituída por 7 espécies em 4

gêneros: Rhizophora (3 espécies) - Avicennia (2 espécies) – Laguncularia (1

espécie) - Conocarpus (1 espécie). Sua vegetação é tipicamente lenhosa, com

capacidade de suportar a variação da salinidade e de reprodução no substrato lodoso e

anóxico. Por sofrer influência direta do regime de marés, está sujeito a variações bruscas de

pH e Eh. O solo possui características redutoras (QUEIROZ, CELINO, 2008; CETESB,

2013).

Quanto à geomorfologia, a variação da composição do sedimento está relacionada à

sua origem, sendo seu substrato composto, sobretudo por vasa e lama, formados por

depósitos recentes, enriquecido de silte e argila, e eventuais concentrações de areia.

Apresentam também materiais vegetais e animais (CORREIA; SOVIERZOSKI, 2005).

Os manguezais são considerados as áreas mais produtivas da zona costeira por

apresentarem fatores ambientais favoráveis à sobrevivência de uma ampla variedade de

espécies, servindo de área de alimentação, proteção e reprodução de representantes de

todos os elos da cadeia trófica. Consiste em um ambiente extremamente dinâmico, além de

altamente produtivo e diversificado. Esse ecossistema atua como proteção da linha de

costa, na retenção de sedimento, como banco genético para recuperação de áreas

degradadas e fármacos, possui ação depuradora, é área de concentração de nutrientes,

ambiente de renovação da biomassa costeira e recanto de repouso de aves (ALVES et al.,

2001).

Além disso, segundo Rezende et al. (2009), a soma das características ambientais e

as adaptações fisiológicas das plantas de mangue propiciam a formação de uma barreira

biogeoquímica no transporte de poluentes para a região costeira adjacente, como por

exemplo, os metais pesados.

No mundo, estão distribuídos em mais de 162.000 km2 e no Brasil existem cerca de

25.000 km2 de manguezais o que representa 12% do total mundial (OLINTO et al., 2014)

distribuído nos Estados de acordo com a Figura1. Desde 1983 os manguezais são

considerados como Reserva da Bioesfera, pela União Internacional para a Natureza (IUCN)

(ALVES et al., 2001). Esse ecossistema dispõe de normativas em todas as esferas jurídicas

brasileiras nos níveis federal, estaduais e municipais. Entre elas destaca-se a Resolução nº

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4 do CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente), de 18/09/1985 (Ministério do Meio

Ambiente, 2014) e o Código Florestal, Lei Nº 12.651, de 25/05/2012, que o considera como

Área Protegida de Preservação Permanente ou Reserva Ecológica (Lei Nº 12.651, 2012).

Figura 1- Distribuição dos manguezais no Brasil em 2010

Fonte: Ministério do Meio Ambiente, 2010.

Os Estados brasileiros apresentam percentual de manguezal protegido superior a 10

%. Entretanto, a efetividade dessa proteção é comprometida por estar em Área de Proteção

Ambiental (APA), com exceção de Paraíba e Santa Catarina, como pode ser observado na

Tabela 1, abaixo (Ministério do Meio Ambiente, 2010).

Tabela 1 - Situação da conservação de manguezais por Unidade Federativa (em ha)

Fonte: Ministério do Meio Ambiente, 2010.

A pressão antrópica, associada a fatores sócio-ecológicos tem gerado problemas

sanitários e desequilíbrio ecológico nesse ecossistema. Estudos estimam que cerca de 25%

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dos manguezais brasileiros foram destruídos, e que os principais causadores estão

relacionados a aquicultura e a especulação imobiliária. Além disso, estudiosos ressalvam

que esse ambiente é vulnerável ás mudanças climáticas devido a sua fragilidade e restrita

capacidade de adaptação, onde os danos ao meio podem ser irreversíveis. Assim, a

estrutura de um manguezal permite avaliar às variações ambientais, representando um

importante parâmetro para estudos e ações na tangente da conservação do meio ambiente

(REZENDE et al. 2009; Ministério do Meio Ambiente, 2010).

No tangente a indústria petrolífera, por se tratarem de uma região geralmente

confinada e de baixa energia, os manguezais são alvos da poluição crônica e dos derrames

acidentais de óleo. A trajetória de uma mancha de óleo pode ser estimada, através do

conhecimento de parâmetros oceanográficos (com por exemplo, intensidade e direção das

ondas, mares, correntes e ventos), variações sazonais, características do óleo e condições

meteorológicas (NOERNBERG; LANA, 2002).

Ao atingir o ecossistema do manguezal o óleo e seus derivados podem causar

efeitos em curto prazo até mesmo crônicos. Alguns dos efeitos são: a redução nas taxas de

respiração e fotossíntese que afeta a produtividade primária; a mortalidade das árvores;

aumento inicial na quantidade de semente como reação ao estresse; mortalidade da

comunidade epífita; asfixia dos animais; morte da fauna devido à ação sobre processos

celulares e fisiológicos; alteração na densidade de moluscos e caranguejos; mudanças na

endofauna; desalojamento de organismos; além de poder afetar diretamente os organismos

em fases iniciais das comunidades de manguezal, que de modo geral são mais sensíveis do

que nas fases adultas. Esses efeitos geram mudanças no equilíbrio do ecossistema,

podendo interferir na manutenção da dinâmica local e das populações (ALVES et al., 2001).

Noernberg e Lana (2002), ainda destacam a importância de se considerar a posição,

direção e intensidade do fluxo do lençol freático no tratante da sensibilidade dos sistemas

costeiro, que no caso específico de manguezais é muitas vezes subestimado ou ignorado.

Contudo, a vulnerabilidade dos manguezais aos derramamentos de óleo é clara e

deve ser considerada a sua sensibilidade ecológica quando definida as prioridades de

limpeza em caso de acidentes.

2.2. O PETRÓLEO

A palavra petróleo é derivada do Latim petra e oleum e significa “óleo de pedra”, em

referência a rochas sedimentares, sendo tratado por alguns estudiosos como a substância

mais importante consumida pela sociedade atual (SPEIGHT, 2001).

Segundo Braga et al. (2005) tomando-se como base a teoria orgânica do petróleo, é

uma mistura complexa, oriundo da matéria orgânica acumulada nos ambientes de baixa

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energia em condições ideais; em seu estado líquido trata-se de uma substância oleosa,

inflamável, com tonalidade variando entre o preto ao castanho, odor e propriedades

características; podendo ser denominado de leve ou pesado de acordo com seus

constituintes (THOMAS, 2001; BRAGA et al., 2005; CRUZ, 2011). O mesmo é composto por

uma mistura de hidrocarbonetos e heteroátomos; onde de modo geral, prevalecem as

frações de hidrocarbonetos saturados, aromáticos e NSO, respectivamente (SPEIGHT,

2001; VEIGA et al., 2008).

As características do petróleo bruto variam de acordo com o campo produtor,

podendo haver variações dentro do próprio campo.

“Sua composição varia em virtude das características geoquímicas, da matéria orgânica de origem; evolução térmica da rocha geradora; estado de biodegradação do óleo e fracionamento ocorrido até a chegada a rocha reservatório etc.” (THOMAS, 2001; VEIGA et al., 2008).

Os hidrocarbonetos são compostos químicos apolares (hidrófobos) constituídos por

moléculas formadas por átomos de hidrogênio e carbono, com baixa solubilidade e

tendência de formação de partículas sólidas, e são a principal composição do petróleo

(THOMAS, 2001; VEIGA, 2003; LOPES et al., 2007; VEIGA et al., 2008).

Podem ser classificados quanto à origem como: I. petrogênicos (relacionado

diretamente ao petróleo); II pirolíticos (oriundos de uma combustão de matéria orgânica ou

combustível fóssil) e; III. biogênicos (corelato a síntese por organismos) (THOMAS, 2001;

VEIGA, 2003; LOPES et al., 2007; VEIGA et al., 2008).

Quanto a sua estrutura química, os hidrocarbonetos são classificados como:

I. insaturados ou oleofínicos, que apresentam ligações duplas ou triplas entre

os átomos de carbono; e são formados a partir do craqueamento do petróleo; por exemplo,

o eteno e o propeno;

II. saturados, também denominados de alcanos ou parafinas, compostos por

ligações simples; podendo este serem lineares – chamados de alcanos normais, n-alcanos e

n-parafinas-; ramificados – chamados de isoalcanos e isoparafinas-; ou cíclicos – com as

extremidades da cadeia unida, chamados de cicloalcanos, cicloparafinas, ou

hidrocarbonetos naftênicos. Os compostos saturados correspondem a maior parte da

constituição da composição de gás natural e do petróleo. Alguns exemplos são o metano,

etano, propano, butano, isobutano, isopropano, 3-metil-pentano, ciclopentano, ciclobutano e

o cicloxano; e

III. aromáticos, são compostos por ligações duplas e simples, com anéis

benzênicos na sua estrutura. Este é relativamente solúvel em água e apresenta maior

toxidade. Dentre os compostos aromáticos destacam-se os HPAs (Hidrocarbonetos

Policíclicos Aromáticos), devido a sua elevada resistência a biodegradação e capacidade de

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bioacumulação, podendo permanecer no ambiente por anos; são compostos com alto poder

carcinogênico e por sua característica lipofílica o óleo tende a se agregar no material em

suspensão e sedimentar. Alguns exemplos de HPAs são o naftaleno, antraceno e

benzopireno (THOMAS, 2001; VEIGA, 2003; LOPES et al., 2007; VEIGA et al., 2008).

Os heteroátomos são compostos por carbono, hidrogênio e outros elementos

químicos, como o nitrogênio, enxofre e oxigênio (NSO), nos quais se ressaltam os

asfaltenos e resinas. Os asfaltenos são moléculas grandes coloidais dispersas no petróleo,

já as resinas são sólidos amorfos facilmente solúveis no petróleo (BALBA et al., 1998;

THOMAS, 2001; MORAES, 2005).

Alguns metais podem ser encontrados na composição do petróleo, e alguns desses

são o ferro, zinco, cobre, chumbo, cobalto, arsênio, manganês, cromo, sódio, molibdênio,

níquel e vanádio (THOMAS, 2001).

2.2.1. PETRÓLEO BRASILEIRO

O Brasil em novembro de 2013 teve sua produção de petróleo estimada em cerca de

2,081 milhões de barris por dia (bbl/d), um aumento de em torno de 1,8% se comparado

com o mesmo mês em 2012 e de aproximadamente 0,1% em relação ao mês anterior

(Agência Nacional do Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis, 2013). Já no mês de

setembro de 2014, a produção foi de 2,358 milhões de barris diários de petróleo, havendo

um aumento de 1,4% em relação ao mês de agosto de 2014, sendo um recorde na

produção (Agência Nacional do Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis, 2014).

Além disso, está sendo aprimorada a tecnologia na produção do petróleo no pré-sal,

que compreende a extração do petróleo a 7 mil metros de profundidade, que no início da

sua produção em 2008 superou-se 100 milhões de barris de petróleo. Diariamente são mais

de 360 mil barris, nas bacias de Santos e de Campos e espera-se que em 2017 alcance a 1

milhão de barris por dia (PETROBRAS, 2013). A produção de petróleo confere grande poder

ao país e é estratégica na economia mundial, com isso dá-se uma busca incessante por

novas reservas, indo-se até áreas remotas em território marinho e ou mesmo regiões

desertas congeladas, como o Alasca (INAFUKU; HELAL, 2011).

A Bacia de Campos, localizada no litoral do Rio de Janeiro, se estendendo desde a

cidade de Vitória (ES) até o Arraial do Cabo (norte do RJ), com uma área aproximada de

100.000 Km2, representa a maior área sedimentar explorada na costa brasileira, sendo

responsável pela produção de mais de 70% do petróleo do país, como mostra a Figura 2.

Sua produção alcançou 1.772,655 bbl/d no mês de setembro de 2014 (Agência Nacional do

Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis, 2014; LIMA, 2014).

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Segundo Lima (2014) o óleo da Bacia de Campos possui grau °API <29, sendo

classificado como um óleo médio, tendo em sua composição uma grande quantidade de

compostos aromáticos e NSO.

Figura 2 - Distribuição da produção de petróleo por Bacia Brasileira, relativo ao ano de 2014

Fonte: Agência Nacional do Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis / SDP / SIGEP, 2014.

2.2.2. DEGRADAÇÃO DO PETRÓLEO POR MICRORGANISMOS

A biodegradação de hidrocarbonetos por microrganismos é uma reação de oxidação-

redução, que ocorre na presença de receptores de elétrons, podendo ocorre via aeróbica;

onde o oxigênio é o receptor de elétrons; e via anaeróbica, sendo nitrato, sulfato, manganês

(IV), ferro (III) e o dióxido de carbono os receptores de elétrons (NUNES; CORSEUIL, 2007).

Microrganismos podem usar o petróleo como fonte de carbono e energia e existem

vários grupos de bactérias, fungos, actinomicetes e leveduras que apresentam essa

capacidade (MORAES, 2005). A compreensão dos processos metabólicos dos

microrganismos frente a degradação de hidrocarbonetos vem sendo melhor compreendida

com avanço no desenvolvimento de técnicas moleculares (VAN HAMME et al., 2003).

Microrganismos capazes de degradar hidrocarbonetos são encontrados em todas ás

áreas, sendo estas contaminadas ou não. Entretanto, em áreas impactadas a quantidade de

microrganismos é maior e pode levar a seleção linhagens com maior capacidade de

degradar esses compostos (CHAINEAU et al., 1990; MORAES, 2005; ESPOSITO;

AZEVEDO, 2010).

Tendo em vista a complexidade da composição do petróleo, a formação de

consórcios microbiológicos com organismos pode tornar mais eficiente a biodegradação,

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como também ter maior resistência a substâncias tóxicas, tendo assim um efeito aditivo na

degradação (BALBA et. al., 1998; MORAES, 2005; MORAES, TAUK-TORNISIELO, 2009).

Atlas (1995) relata que hidrocarbonetos que apresentam cadeias entre 10C-26C são

degradados ligeiramente. Alguns exemplos são o benzeno, xileno e tolueno (ATLAS, 1995;

MORAES, 2005). Já os compostos com estrutura molecular mais complexa possuem maior

resistência a degradação. Alcanos com cadeias mais longas (20C-40C), conhecidos como

ceras, são mais difíceis de degradar pelo seu caráter hidrofóbico. Os alcanos com cadeias

ramificadas possuem degradação mais lenta (BALBA et al., 1998). Galli (1994) relata que os

aromáticos com até dois anéis são facilmente degradados. O aumento no número de anéis

torna-os mais persistentes (GALLI, 1994; MORAES, 2005). A biodegradação das resinas e

asfaltenos é pouco conhecida e necessita ser melhor estudada (LIMA, 2014).

A degradação completa do petróleo resulta na formação de dióxido de carbono e

água, fenômeno denominado de mineralização, sendo esta essencial para manutenção da

biota terrestre. Esta degradação do hidrocarboneto depende da sua estrutura química,

estado físico e sua toxicidade (MORAES, TAUK-TORNISIELO, 2009). Perry (1984) e Lima

(2014) mostram que a ordem de degradação das frações dá-se na ordem n-

alcanos>alcanos ramificados>aromáticos de baixo peso molecular>alcanos cíclicos.

2.3. BIORREMEDIAÇÃO

A biorremediação tem sido amplamente divulgada no processo de remediação de

áreas impactadas por petróleo, por se tratar de uma alternativa ecologicamente adequada,

eficaz e de baixo custo (YEUNG et al., 1997; LIMA, 2014), além de ser considerada menos

invasiva e eficiente (APRIL et al., 1999; LIMA, 2014). Trata-se de um processo no qual

organismos vivos, geralmente plantas ou microrganismos, são utilizados tecnologicamente

para remover ou reduzir poluentes ambientais em compartimentos como águas superficiais,

subterrâneas e solos (GAYLARDE et al., 2005). Dentre as técnicas que utilizam processos

biotecnológicos, tem-se a bioestimulação e a bioaumentação (CETESB, 2014).

A aplicação da biorremediação passou a ser utilizada para a descontaminação de

áreas afetadas por óleo, após análises de fatores bióticos e abióticos envolvidos no

processo de biodegradação (LINDSTROM et al., 1991; LIMA, 2014).

A bioestimulação consiste na aceleração do crescimento de microrganismos

autóctones pelo estimulo via introdução de oxigênio, nutrientes, substâncias para correção

do pH do meio e receptores de elétrons específicos para degradação de contaminantes

(CETESB, 2014). Técnicas de aplicação de nutrientes têm apresentado boa eficiência na

despoluição de ambientes aquáticos contaminados por petróleo, onde experimentos

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demonstra um aumento de 5 a 10 vezes nas taxas de degradação (GAYLARDE et al.,

2005).

Os microrganismos necessitam de macronutrientes (p.ex., nitrogênio e fósforo) e

micronutrientes (p.ex., enxofre, ferro, magnésio, cálcio e sódio), para sintetizar componentes

celulares e realizar atividades enzimáticas. A depleção desses nutrientes atinge a eficiência

do processo de biodegradação e deve ser suprida ao longo do mesmo, podendo ser feita

através da adição de elementos naturais como folhas, galhos e raízes de plantas (LIMA,

2014). O conhecimento das quantidades necessárias desses elementos é importantíssimo,

podendo ser introduzido na forma livre ou encapsulado, dependendo da dinâmica local

(LIMA, 2010).

A vegetação de manguezal tem um papel fundamental na produtividade das águas

costeiras, realizando a ciclagem da matéria orgânica e nutrientes. A determinação de sua

composição química representa um avanço na compreensão das interações ocorrentes

entre vegetação-sedimento-meio, podendo ser utilizada como bioestimulante no processo

da biorremediação (MATOS et al., 2008).

A bioaumentação compreende a adição de populações de microrganismos

degradadores autócnes, ou mediadores de biodegradação estranhos ao sistema (indígenos)

repicados em laboratório, e é utilizada quando é identificada uma insuficiência de

microrganismos para a biodegradação do contaminante em questão (GAYLARDE et al.,

2005; CETESB, 2014). Para tanto, deve-se considerar as características do local

contaminado, visando a adequação da metodologia e tecnologia a ser aplicada. A adição de

organismos deve ser devidamente avaliada e liberada por órgãos competentes, bem como

seu potencial tóxico, a sua eficiência, a inocuidade ao ambiente e sinergismo com as

espécies locais, e possíveis interferências em processos biogeoquímicos naturais, devem

ser cuidadosamente observadas a fim de garantir que o uso da técnica não altere o

equilíbrio do ecossistema (CETESB, 2014).

O potencial da biodegradação é influenciado por fatores ambientais físicos, químicos

e biológicos, como por exemplo, matriz do composto (solo, água, sedimento), temperatura e

luz, pH, umidade, teor de oxigênio dissolvido, composição e estrutura química do poluente,

dentre outros (GAYLARDE et al., 2005).

O uso da técnica de biorremediação apresenta inúmeras vantagens, dentre elas tem-

se a degradação do óleo por parte dos microrganismos e não apenas a remoção do mesmo

para áreas de menor impacto ambiental; a eficiência em meios homogêneos e de textura

arenosa; baixo custo frente a outras técnicas de limpeza; a amplitude de atuação. Trata-se

de uma tecnologia que pode ser considerada destrutiva, e por destruir a maior parte dos

compostos biodisponíveis, permite obterem-se concentrações ambientais aceitáveis dos

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compostos, tratando-se, portanto, de um processo que não altera o equilíbrio do sistema

local (CETESB, 2014).

2.4. FUNGOS

Fungos são seres eucarióticos, unicelulares ou pluricelulares, com ampla distribuição

na natureza, sendo encontrado em todos os compartimentos ambientais (água, atmosfera,

solo, animais e vegetais vivos). São formados por uma parede rígida, nutrição heterotrófica

por absorção e reprodução assexuada e sexuada (SILVEIRA, 1995; OLIVEIRA, 2008).

São também conhecidos como bolores, mofos, cogumelos comestíveis e

alucinógenos, existentes em qualquer nicho ecológico, e com exceção dos insetos,

representam o maior número de seres vivos, com cerca 1.5 milhão de espécies, sendo que

apenas 90 mil foram descritas. São responsáveis pela produção de ácidos orgânicos (como

o ácido cítrico) e controle biológico natural, além de serem largamente utilizados na

produção de energia (produção de etanol), fármacos, bebidas, alimentos e enzimas de uso

industrial (celulases e amilases, por exemplo). Os parâmetros ambientais (temperatura, pH,

umidade, e aeração) afetam o seu crescimento, e de modo geral desenvolvem-se entre pH 5

e 7, alta umidade e temperatura variando entre 15ºC e 40ºC. Entretanto existem espécies

adaptadas a variações extremas desses parâmetros (COOKE; WHIPPS, 1993; GRIFFIN,

1194; ESPOSITO; AZEVEDO, 2010).

Na natureza, os fungos encontram os compostos necessários para o seu

desenvolvimento, que em sua maioria, por se tratar de macromoléculas, necessitam de uma

degradação para posterior assimilação, como por exemplo, os polissacarídeos, proteínas,

ácidos nucléicos, lignina e lipídios e outros compostos de grande peso molecular, ou

insolúveis. A absorção é realizada através da membrana plasmática, onde moléculas

simples possuem maior preferência na utilização como nutriente. Na presença de glicose

por exemplo, os fungos não produziriam enzimas para degradar compostos mais complexos

(p. ex.; sacarose), que pudessem também estar disponíveis no meio. Entre os

micronutrientes necessários tem-se ferro, cobre, manganês, zinco e molibdênio e nos

macronutrientes o fósforo, potássio, nitrogênio, enxofre, magnésio e sobretudo o carbono

(OLIVEIRA, 2008), esses nutrientes são utilizados nos processos metabólicos e atividades

enzimáticas.

O crescimento microbiológico de modo geral apresenta quatro fases, a primeira

sendo de adaptação do meio, seguida de crescimento exponencial, fase estacionária e de

declínio (MEIRA, 2009).

Nos últimos anos têm sido identificados inúmeros fungos que auxiliam no processo

da biorremediação. Estes podem ser identificados por sequenciamento de DNA ou por

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características morfológicas. Algumas características dos fungos filamentosos, como a

bioatividade e o crescimento morfológico, os tornam melhores degradadores potenciais do

que as bactérias (MOLLEA et al., 2005; OLIVEIRA, 2008).

Um dos estudos pioneiros sobre a degradação de hidrocarbonetos foi realizado na

Carolina do Norte, onde dentre os fungos isolados tem-se: Aspergilluns versicolor,

Cephalosporium acremonium, Penicillium e o Cuninghamella elegans (CERNIGLIA; PERRY,

1973; ESPOSITO; AZEVEDO, 2010).

Desde então vários estudos estão sendo realizados, apresentando a capacidade dos

fungos em degradar petróleo.

Macedo e Berbert (2002), observaram em seus estudos que as linhagens de fungos

Aspergillus versicolor tinham eficiência na biodegradação de 11% e o Aspergillus Níger

tinham eficiência de 7,33%.

Segundo Chaineaus et al. (1999) os fungos Beauveria Alba e Penicillium

simplicissmum são os mais eficientes na degradação dos composto saturados e aromáticos.

Em relação aos aromáticos, Field et al. (1992) apresentam os fungos Phanerochaete

chrysosporium, Trametes versicolor e Bjerkanderan adusta, com a capacidade em degradar

hidrocarbonetos aromáticos policíclicos antraceno e benzo(a)pireno.

Um importante estudo foi realizado por Ravelet et al. (2000), que isolaram vários

fungos filamentosos de sedimento contaminado por HPAs e identificaram várias espécies de

fungos com capacidade para degradar pireno, que foram o Mucor racemosus, Mucor

racemosusvar. sphaerosporus, Gliocadium virens, Penicillium simplicissimum, Penicillium

janthinellion, Phialophora alba, Phialophora hoffmannii, Trichoderma hazianum,

Scopulariopsis brumptii e Coniothyrium fuckelii (RAVELET et al., 2000; ESPOSITO;

AZEVEDO, 2010); e também por MOLLEA et al. (2005) que fizeram uso de linhagens

fúngicas puras na otimização da biodegradação de HPA (MOLLEA et al., 2005; OLIVEIRA,

2008).

O basidiomicetos responsáveis pela podridão branca da madeira podem ser

utilizados nos processos de biorremediação, devido a sua capacidade em degradar

compostos que não são facilmente utilizados por bactérias. Foi ainda testada a habilidade

dos fungos Phanerochaete chrysosporium, Pleurotus ostreatus e Coriolus versicolor em

degradar óleo em solos poluídos com óleo, obtendo excelentes resultados para a

degradação (YATEEM et al., 1998; MORAES, 2005).

O uso de microrganismos, sobretudo fungos filamentosos, é conveniente nos

processos de produção de longa escala, devido as suas características, que dispensam uso

de reagentes químicos adicionais, e da frequente auto-sustentabilidade do processo, além

da natureza pouco poluente dos processos biológicos (BRITO et al., 2004; OLIVEIRA,

2008).

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3. OBJETIVOS

3.1. OBJETIVO GERAL

Avaliar a eficiência dos consórcios fúngicos e das folhas de manguezal como

nutriente na degradação das frações do óleo (Saturado, Aromático e NSO) da Bacia de

Campos, em sedimentos de manguezal.

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

i. Testar consórcios fúngicos específicos, na degradação das frações do óleo

(saturado, aromático e NSO);

ii. Verificar as taxas de nutrientes associada à degradação das frações através da

adição de folha de manguezal;

iii. Observar a eficiência dos consórcios fúngicos imobilizados e livres na

degradação das frações do óleo da Bacia de Campos, em condições laboratoriais.

iv. Avaliar os processos biogeoquímicos nos experimentos laboratoriais.

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4. ÁREA DE AMOSTRAGEM

O presente trabalho apresenta área de amostragem localizada politicamente em São

Francisco do Conde, nas proximidades de Madre de Deus e Candeias, nas cercanias do rio

São Paulo, que deságua próximo a estação Pedra Branca, nas coordenadas 12º 44’ 26,0”

(S) e 38º 31’ 53,9(W)”; tendo como principal via de acesso ao local seguindo-se de Salvador

a BR-324, onde no entroncamento com a BA-522, segue-se em direção a Candeias e

mantém-se na direção contínua nordeste da BA-522 pela vicinal, chegando à RLAM

(Refinaria Landulpho Alves) . A partir daí segue-se o acesso à esquerda, chegando ao local

de coleta, que por sua vez é sinalizado com uma placa indicativa, especificamente próximo

a Estação de Produção da JO-BA (Petrobras) denominada “Estação Pedra Branca”, que

possui uma área de cerca de 10 km² a NW de Salvador (LIMA, 2014) (Figura 3).

Figura 3 - Local de amostragem. (a) mapa de situação da BTS; e (b) imagem de satélite da área

Fonte: Lima (2014).

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5. MATERIAIS E MÉTODOS

A pesquisa foi desenvolvida em várias etapas, contemplando trabalhos em escritório,

em campo e em laboratório, análise e discussão dos dados. A seguir, são apresentadas as

atividades que foram realizadas, a fim de atingir os objetivos propostos.

5.1. TRABALHO EM ESCRITÓRIO

A atividade de escritório compreendeu o levantamento e revisão bibliográfica de

trabalhos publicados relacionados ao tema, bem como o emprego de estatísticas, que

auxiliaram na formação, desenvolvimento e conclusões científicas desta monografia.

Foram utilizados livros, artigos, monografias, dissertações, teses, relatórios, boletins,

dentre outros, disponíveis no acervo da biblioteca da Universidade Federal da Bahia, no

Portal de Periódicos CAPES, plataformas online governamentais e internet, que serviram

como referência e direcionamento das atividades teóricas e laboratoriais deste projeto.

Na análise dos dados foram utilizados os seguintes programas estatísticos: softwares

Excel 2007 (no qual foram elaboradas tabelas e gráficos); Statistica versão 7.0 onde foram

realizadas as análises descritivas e multivariadas (Análise dos Componentes Principais –

PCA e Matriz de Correlação). As siglas descritas anteriormente têm origem no inglês

Principal Component Analysis e Matrix Correletion respectivamente) e o Tridraw 2.6. (usado

na geração de diagramas Ternários), que auxiliaram na interpretação dos resultados e

conclusões.

A finalização do trabalho de escritório resultou nesta monografia, que será publicada

e apresentada em eventos e revistas científicas.

5.2. TRABALHO EM CAMPO

O trabalho de campo consistiu na obtenção do sedimento e da folha de manguezal,

ambos utilizados na montagem dos experimentos em laboratório.

Foram realizadas duas campanhas para obtenção do material; a primeira em 19 de

setembro de 2013 e a segunda em 24 de julho de 2014, no qual foram adotados os mesmos

procedimentos de coleta. O sedimento e a folha de mangue foram coletados em uma única

área, em vários pontos dessa, de modo aleatório; considerando-se as características do

lugar, como também visando abranger a área de forma homogênea (Figura 4). In loco,

constatou-se que a área tratava-se de um manguezal, visualmente e analiticamente isenta

de indícios de petróleo.

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Figura 4 - Local de coleta do sedimento e folha de manguezal. (a) ponto central da área; e (b) ponto mais a borda da área

(a)

(a)

(b)

Fonte: Palmeira (2014).

O sedimento foi coletado nas duas campanhas com o auxílio de um testemunho de

aço inoxidável (QUEIROZ; OLIVEIRA, 2012) de 10 cm de diâmetro e capacidade para

coletar até 30 cm. No entanto, foram coletados os primeiros 5 cm de sedimento

aproximadamente, com o auxílio de um recipiente plástico, em um ponto considerado

visualmente com alta deposição lamosa e geralmente inundado; na região marginal, próximo

a via de acesso. O sedimento do centro do recipiente foi transferido para recipiente de aço

inoxidável, sendo descartado o material que teve contato com o fundo e a lateral do

recipiente plástico, evitando-se, assim, possíveis contaminações. A amostra foi

homogeneizada com amostrador de aço inoxidável e transferida para recipientes de

alumínio com capacidade de 500 mL, encaminhadas ao laboratório LEPETRO (Laboratório

de Estudos do Petróleo) e congeladas (Figura 5).

Figura 5- Área de coleta de sedimento. (a) coleta com auxílio de testemunho de aço inoxidável; e (b) homogeneização em bacias de aço inoxidável e armazenamento em quentinhas

(a) (b)

Fonte: Palmeira (2014).

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As folhas dos espécies Avicennia schaueriana e Rhizophora mangle foram coletadas

apenas na primeira campanha, por terem sido as únicas encontradas no local, sendo

mantido o galho lateral, a fim de preservar a conservação das folhas e dos nutrientes que

são transmitidos através dos galhos. Foram coletadas folhas adultas a velhas, por

possuírem maior probabilidade de queda, e com isso maior possibilidade de constituir

grande parte da composição de serrapilheira. No entanto, não foi observada a formação da

mesma no local amostrado. As folhas foram armazenadas em sacos plásticos e

encaminhadas ao laboratório LEPETRO. Posteriormente, foram secas em estufa de

secagem e esterilização da marca DeLeo Equipamentos Laboratoriais, a temperatura

máxima de 40ºC; trituradas em liquidificador; maceradas com auxílio de grau e pistilo e

armazenadas em sacos plásticos identificados (Figura 6).

Figura 6 - Coleta e tratamento da folha de manguezal. (a) coleta da folha de manguezal em campo; e (b) folha de manguezal após secagem em estufa

(a) (b)

Fonte: Palmeira, 2013.

Foram medidos in situ os seguintes parâmetros físico-químicos: pH, Eh, temperatura

e condutividade com sonda multiparâmetros Horiba pH/COND METER (modelo D-54); e a

salinidade do sedimento intersticial através um refratômetro RTS-28 portátil. Os valores

destes parâmetros estão demonstrados na Tabela 2.

Tabela 2 - Parâmetros do sedimento intersticial medidos em campo

Parâmetros Ambienetais Medidas da 1ª Campanha Medidas da 2ª Campanha

pH 7,17 6,72

Eh (mV) - 25,3 -158

Temperatura (°C) 23,2 28,4

Salinidade 30 32

Condutividade (S/m) - 4,49

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5.3. TRABALHO EM LABORATÓRIO

O procedimento realizado em laboratório compreendeu desde a conservação,

armazenamento e preparo do sedimento e das folhas, além da montagem e execução do

experimento, incluindo também as análises microbiológicas, inorgânicas e orgânicas.

Todo o procedimento laboratorial foi executado no Laboratório de Estudos do

Petróleo (LEPETRO), do Núcleo de Estudos Ambientais (NEA), localizado no Instituto de

Geociências (IGEO) da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

5.3.1 MONTAGEM DOS EXPERIMENTOS

Foram executados três experimentos para avaliar a degradação do óleo da Bacia de

Campos com a adição de consórcios fúngicos específicos a cada fração do óleo (saturado,

aromático e NSO) e folha de mangue como nutriente, sob as mesmas condições. Cada

Experimento foi composto de 32 amostras. Assim sendo, tem-se:

- Experimento 1: corresponde ao consórcio fúngico com maior capacidade para

degradar a fração saturada do petróleo;

- Experimento 2: consórcio fúngico com maior capacidade para degradar a fração

aromática do petróleo; e

- Experimento 3: consórcio fúngico com maior capacidade para degradar a fração

NSO do petróleo.

Vale ressaltar que os procedimentos de esterilização foram utilizados durante todo o

processo montagem do experimento, execução e análises microbiológicas. De modo geral,

todo material, por exemplo: pipetas de Pauster, espátulas, ponteira, placas de Petri, dentre

outros, utilizados, bem como, os meios e soluções foram esterilizados em autoclave Pro-

tools (autoclave Vertical CS), a 120ºC, por 20 minutos. O fluxo laminar de marca Pachant foi

descontaminado antes de ser utilizado em qualquer procedimento, sendo essa limpeza

realizada com detergente, álcool 70%, e radiação ultravioleta disponível no próprio

equipamento, por um tempo mínimo de 15 minutos.

Durante as execuções das análises aguardou-se que os materiais, p. ex., placa,

ponteira, bem como meio e soluções, atingissem a temperatura ambiente, a fim de evitar

uma possível degradações do óleo e da folha de manguezal, ou a morte dos fungos devido

a levadas temperaturas.

Para cada experimento foram pesados em potes de vidro com capacidade de 200

mL, devidamente descontaminados, 100 g de sedimento, que por sua vez foram embalados

e esterilizados em autoclave a 120°C por 50 minutos, a fim de eliminar a comunidade

microbiológica existente no sedimento. Com o auxílio de uma capela de fluxo laminar, os

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potes foram dispostos e o sedimento homogeneizado. Após chegar à temperatura ambiente,

é que então adicionou-se a folha de mangue, o consórcio fúngico e o óleo.

As folhas de mangue, utilizadas na forma livre, foram igualmente esterilizadas como

o sedimento. Já as folhas utilizadas na confecção das cápsulas foram esterilizadas em

estufa a 120ºC por 30 minutos, e expostas a radiação ultravioleta por 40 minutos com o

mesmo objetivo do sedimento. Na condição livre variaram em 1 g, 1,5 g e 3 g e na condição

encapsulada variaram em 10, 30 e 50 cápsulas, sendo que em todas as cápsulas foi

adicionado a mesma quantidade de folha no valor de 0,01 g. Nos potes de vidro colocou-se

as folhas livres e homogeneizou-se com o sedimento. Já as cápsulas foram acondicionadas

cuidadosamente, para não ocorrer a quebra da mesma, em perfurações feitas no sedimento,

e cobertas.

A solução de consórcio fúngico com capacidade de degradar o óleo correspondente

a cada fração foi adicionada na condição livre na quantidade de 200 µL na porção superficial

do sedimento sem homogeneizar, e na condição encapsulado 0,100 mL. Em seguida,

colocou-se homogeneamente o óleo na superfície do sedimento, simulando um

derramamento de petróleo em sedimento de manguezal. Também foram realizados brancos

experimentais, a fim de garantir o controle da qualidade das amostras, que por sua vez era

composto de apenas sedimento ou sedimento e óleo.

Os períodos de coletas foram no dia 0, que corresponde ao dia de montagem do

experimento, 7, 15 e 30 dias após a montagem. Com isso cada experimento foi composto de

32 amostras e seguiram-se os esquemas das Figura 7 e Figura 8.

Os tempos de coleta, bem como as quantidades de cápsulas, as concentrações de

folha e consórcio fúngico foram escolhidos aleatoriamente, baseados em uma média de

estudos já realizados, entretanto, não foi seguido nenhum destes.

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Figura 7 – Esquema da disposição de amostras para cada Experimento

Fonte: Palmeira (2014).

Figura 8 - Esquema dos brancos experimentais para cada Experimento

Fonte: Palmeira (2014).

Após a montagem, as amostras foram incubadas numa incubadora Logen a

temperatura constante de 30°C, com exceção do tempo 0, cujas amostras foram coletadas e

refrigeradas. A coleta consistiu na refrigeração a baixas temperaturas das amostras nos

tempos estabelecidos, a fim de interromper o crescimento fúngico no experimento, até a

realização das demais análises geoquímicas. Por questões de planejamento, foram

realizadas primeiro as análises microbiológicas e posteriormente as demais análises.

Experimento

Sedimento 100 g

Óleo 1 g

Consórcio Fúngico (200 µL) e

Folha Livre

Tempo 0

1g

1,5g

3, 0g

Tempo 7

1g

1,5g

3,0g

Tempo 15

1g

1,5g

3,0g

Tempo 30

1g

1,5g

3,0g

Consórcio Fúngico (0,100 mL) e

Folha Encapsulado (0,01 g)

Tempo 0

10 cápsulas

30 cápsulas

50 cápsulas

Tempo 7

10 cápsulas

30 cápsulas

50 cápsulas

Tempo 15

10 cápsulas

30 cápsulas

50 cápsulas

Tempo 30

10 cápsulas

30 cápsulas

50 cápsulas

Branco

Sedimento

Tempo 0 Tempo 7 Tempo 15 Tempo 30

Sedimento e Óleo (1 g)

Tempo 0 Tempo 7 Tempo 15 Tempo 30

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Para as análises físico-químicas e orgânicas, todas as amostras foram congeladas e

liofilizadas num Liofilizador L108 da marca LIOTOP, a fim de eliminar a umidade. Essas

amostras foram desagregadas com o auxílio de grau e pistilo e peneiradas em peneiras de

aço inoxidável de malha de 2mm. Aqui ressalte-se que foi percebido uma perda na fração

fina do sedimento, que ficou retido na parede do grau, sendo assim fonte de erro que deve

ser considerada na análise granulométrica.

O isolamento dos fungos foi realizado por Lima (2014) e o consórcio fúngico variou

de acordo com a fração do óleo (Saturado, Aromático e NSO) que se queria observar, visto

o seu maior potencial degradador.

Vale ressaltar que o óleo utilizado neste experimento, corresponde ao óleo da Bacia

de Campos. Essa amostra foi cedida pela instituição Petróleo Brasileiro S/A-Petrobras, ao

NEA/IGEO/UFBA, para a realização de pesquisas acadêmicas no setor.

As amostras foram identificadas conforme a Tabela 3 abaixo, variando de acordo

com o consórcio e tempo de coleta. Uma observação a ser destacada é que as amostras

preparadas com consórcios fúngicos para degradação de saturados e aromáticos teve sua

última coletada realizada em 32 dias, mas a fim de facilitar a interpretação dos resultados

foram considerados todos como tempo 30 dias.

Tabela 3 - Identificação das amostras

Amostra Elementos que compõe a amostra Tempo de coleta Consórcios Fúngicos

BS Sedimento 0/7/15/30 SAT/ARO/NSO

BSO Sedimento+óleo 0/7/15/30 SAT/ARO/NSO

FFL1 Sedimento+1g de folha+suspensão de fungo+óleo 0/7/15/30 SAT/ARO/NSO

FFL1,5 Sedimento+1,5g de folha+suspensão de fungo+óleo 0/7/15/30 SAT/ARO/NSO

FFL3 Sedimento+3g de folha+suspensão de fungo+óleo 0/7/15/30 SAT/ARO/NSO

FFE10 Sedimento+10 cápsulas de folha com fungo+óleo 0/7/15/30 SAT/ARO/NSO

FFE30 Sedimento+30 cápsulas de folha com fungo+óleo 0/7/15/30 SAT/ARO/NSO

FFE50 Sedimento+50 cápsulas de folha com fungo+óleo 0/7/15/30 SAT/ARO/NSO

5.3.2. PREPARO DE MATERIAL MICROBIOLÓGICO

5.3.2.1. RENOVAÇÃO DAS COLÔNIAS PARA O PREPARO DA SOLUÇÃO DE FUNGO EM SUSPENSÃO

A obtenção das colônias para o preparo da solução de fungo em suspensão foi

realizada a partir de colônias preexistentes, cedidas por Lima (2014). A formação das novas

colônias de fungo teve por objetivo garantir o potencial de crescimento dos mesmos durante

a execução dos experimentos, tendo em vista que as colônias de fungos existentes estavam

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refrigeradas e não podia ser garantido o seu estado de ativação, haja vista que o

crescimento ou a morte desses poderia ter sido ocasionado ou inibida por motivos diversos.

O procedimento adotado para a renovação das colônias foi o repique das colônias

existentes. Na capela de fluxo laminar verteu-se o meio BDA (Batata-Dextrose-Ágar) - cujo

preparo consistiu em para cada 500 mL de água destilada foram usados 150 g de batata em

bom estado de conservação (que foi aquecida e coada para obtenção do sumo), 10 g de

glicose e 8 g de Ágar, e autoclavado - em placas de Petri de tamanho 90 cm x 20 cm,

devidamente esterilizada após vertido, esperou-se que o mesmo endurecesse e chegasse a

temperatura ambiente. Em seguida pequenos pedaços das colônias antigas foram retirados

e adicionados nas novas placas em sua porção central. Para tal, foi utilizado um bisturi

esterilizado com álcool 70% e chama. As placas foram lacradas com filme e incubadas por 7

dias para obtenção das novas colônias, sendo posteriormente usadas no preparo das

soluções de fungo em suspensão (Figura 9).

Figura 9 – Procedimento de repique. (a) vertendo o meio BDA em placas de Petri; e (b) retirada de pedaço de uma colônia fúngica

(a) (b)

Fonte: Palmeira, 2014.

5.3.2.2. PREPARO DA SOLUÇÃO DE CONSÓRCIO FÚNGICO EM SUSPENSÃO

A obtenção e seleção das colônias de fungos com maior potencial a degradar as

frações específicas do petróleo foi realizada por Lima (2014) através de isolamento fúngico,

testes de oxidação, crescimento radial e teste de antagonismo. Foram obtidos 18 fungos

para a formação do consórcio saturado, 8 fungos para aromáticos e 11 fungos para o NSO,

com codificações específicas da pesquisadora (Tabela 4) (Figura 10). Até o momento da

montagem dos experimentos foram perdidas as séptas dos fungos identificados por Lima

(2014) como A63/F49, R13/F70, R33/F19/ e S40/F21. Com isso esses fungos não

compuseram o consórcio fúngico preparado para esta Monografia.

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Tabela 4 – Fungos identificados por Lima (2014) com maior capacidade de degradar as frações específicas do petróleo

Frações do Petróleo Saturados Aromáticos NOS

Fungos isolados e codificados por Lima (2014)

R1/F14 A63/F49 R14/F5

R2/ F1 A64/F51 R30/F60

R8/F2 A84/F55 R31/F61

R11/F18 R8/F2 R32/F7

R16/F16 R14/F5 N82/F33

R13/F70 R16/F11 N88/F40

R26/F8 R11/F18 N89/F41

R27/F17 R33/F19 N96/F36

R30/F60

N100/F38

R33/F19

N103/F42

S36/F22

N104/F39

S37/F25

S38/F20

S39/F23

S40/F24

S43/F21

S52/F13

S53/F12

Figura 10 – Micrografia e imagem fotográfica dos fungos que compuseram o consórcio. Imagens obtidas por microscopia ótica com aumento de 400x

Micrografia Imagem real Micrografia Imagem real

R2

R30

R16

R31

R26

R33

R27

S38

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39

R11

S36

R32

S39

S40

S53

R13

S52

R8

N10

0

S37

A84

N82

N10

3

N96

N89

R14

Fonte: Lima (2014).

A solução de suspensão de consórcio fúngico foi realizada em triplicata para cada

fração do óleo, sendo cada Erlenmeyer composto por 100 mL de solução salina a 0,9 %

(m/v), onde foram adicionados aproximadamente 0,6 mm de cada colônia fúngica com o

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40

auxílio da pipeta de Paster (fundo da pipeta), também esterilizada. O crescimento dos

fungos foi estimulado através de agitação, na mesa agitadora TE-420 Incubadora Tecnal, a

200 RPM e posteriormente acondicionado em baixa temperatura no freezer até o dia de

montagem do experimento (Figura11).

Figura 11 - Erlenmeyer com suspensão de esporos em mesa agitadora

Fonte: Palmeira (2014).

5.3.2.3. CONFECÇÃO DAS CÁPSULAS

As cápsulas utilizadas foram confeccionadas seguindo-se o procedimento adotado

por Lima (2014). Foi possível obter uma cápsula com textura enrijecida, mas com

capacidade de se degradar no meio (Figura12).

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Figura 12 - Cápsulas de folhas de manguezal. (a) confecção em placas multipoços; e (b) cápsulas prontas para utilização

(a) (b)

Fonte; (a) Palmeira (2014); (b) Lima (2014).

A concentração de nitrogênio e carbono total foi obtida por meio de injeção em

analisador elementar da marca LECO. Assim pode-se estimar as concentrações desses

parâmetros em condição livre e encapsulada no experimento (Tabela 5). Em relação a todo

o conjunto de concentrações de N e C em folha de manguezal apresentados na tabela 5,

tem-se que 3 g de folha livre apresenta um percentual de 47%, sedo essa massa a maior

entre todas as concentrações adicionadas nos experimentos.

Tabela 5 – Concentração de nitrogênio total e carbono orgânico na folha de mangue

Folha de Manguezal Massa (g) Média (N%) Média (C%)

Folha por Cápsula 0,01 0,143 4,3321

Folha em 10 cápsulas 0,10 1,433 43,321

Folha em 30 cápsulas 0,30 4,300 129,964

Folha em 50 cápsulas 0,50 7,168 216,607

Folha livre 1 1,00 14,335 433,214

Folha livre 1,5 1,50 21,503 649,821

Folha livre 3 3,00 43,006 1299,642

A formação de cápsulas teve como objetivo controlar a liberação dos esporos,

fazendo com que sua disponibilização se desse ao longo do experimento, e não ocorresse a

desintegração do consórcio fúngico (LIMA, 2014).

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42

5.3.3. ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS

Foram compostas por contagem de esporos, contagem de UFC (Unidade Formadora

de Colônia) de bactérias e fungos (Tabela 6).

Tabela 6 - Metodologia utilizada nas análises microbiológicas

Parâmetro Análise / Determinação Contagem de Esporos A determinação da concentração de células da suspensão preparada

seguiu o método da Câmara de Neubauer, com superfície de câmera espelhada, sendo coletado 10µL de amostra; com contagem realizada no quadrante C, e realizada na objetiva de 400X, na sequência esquerda superior, direita superior, direita inferior, esquerda inferior e centro (GOLÇALVES, 2013, LIMA, 1014).

Análise de Bactéria O método usado para contar as unidades formadoras de colônias, foi a técnica genericamente denominada microgota, com o objetivo de realizar o teste de controle. O preparo da suspensão foi feito com 250mL de água destilada, mais 2,25g de cloreto de sódio e 0,750mL de Tween agitado manualmente e autoclavado (essa mistura foi denominado de Solução A). Separadamente distribui-se 0,9mL da solução A em Eppendorfs. Disposto da solução A, adicionou-se 25g de sedimento, após adicionou-se 0,1 mL no Eppendorf de diluição 1, e foram feitas 8 diluições sucessivas e adicionou-se 4 gotas nas placas de Petri previamente preparadas; essas foram incubadas por 24horas e então realizada a contagem. As placas de Petri foram preparadas com 250mL de água destilada, adicionado 15,0g de Ágar; 1,0g de Glicose; 2,5g de Extrato de leveduras e 5,0g de Triptona, o preparo é agitado e autoclavado, depois disposto aproximadamente 15mL da solução em cada placa, homogeneizado suavemente e realizado o teste de esterilidade (DA SILVA, 1996)

Análise de Fungo Para se realizar a contagem da colônia adiciona-se 95mL de água deionizada e 0,95g de cloreto de sódio, autoclavou-se e adicionou-se 10g de sedimento. Acrescentou-se 1mL da mistura no tubo de ensaio de diluição 1, e fez-se 5 diluições sucessivas, agitou-se-se e retirou-se 1,0mL do sobrenadante e colocou-se esse material na placa de Petri, onde cada amostra foi feita em duplicata, homogenizou-se e incubou-se por 5-7 dias e então realizou-se a contagem. Separadamente distribuiu-se 9mL de solução salina nos tubos de ensaio e preparou-se as placas de Petri da mesma forma que a usada na análise de bactéria. Para esse trabalho não foi feito a adição de Agar Sabouraud e cloranfenicol, como proposto (GERBA; PEPPER, 2004).

5.3.4. ANALISES INORGÂNICAS

As análises realizadas foram de carbono orgânico, fósforo, nitrato e amônio (Tabela

7), e os valores de granulometria cedidos por Lima (2014), haja vista o fato de se tratar do

mesmo sedimento utilizado em seu trabalho.

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Tabela 7 - Metodologia utilizada nas análises inorgânicas

Parâmetro Análise / Determinação

Carbono orgânico (C.O.) Determinação do carbono orgânico total, que é fundamentada na oxidação do carbono com uma solução de K2Cr2O7 e mistura de ácido sulfúrico (H2SO4) com o sulfato de prata (Ag2SO4); agitado e mantido sob repouso, o excesso de dicromato é titulado com sulfato ferroso amoniacal hexahidratado [Fe (NH4)2(SO4)2.6H2O] à 0,5 mol L-1. Para a obtenção dos valores de matéria orgânica multiplica-se o valor de C.O. por 1,724 (WALKEY-BLACK, 1947)

Nitrato (NO3-) e Amônio (NH4

+) Para obtenção das concentrações de NO3- e NH4

+ foi pesado 10g de sedimento adicionado 100mL de KCl a 1M, submetido a 1 hora de agitação e 1 hora de repouso, foi retirado uma alíquota de 30mL para determinação de cada teor, em seguida foi adicionado 0,2g MgO para análise de amônio e 0,2g de Liga de Devarda para análise de nitrato, ambas foram agitadas e adicionou-se 5mL de H3BO3 2% corado, em seguida as amostras foram destilados pelo método Kjeldhal e tituladas (EMBRAPA, 2009).

Fósforo assimilável (P) O pré-tratamento da amostra de sedimento foi feito com ácido clorídrico (HCl) à 1 mol L-1, mantido sob agitação por 16 horas e centrifugado por 15minutos a 3000RPM, em seguida foi retirado um alíquota de 1mL de amostra seguido da adição da solução ácida de molibdato e tartarato e de ácido ascórbico à 0,1 mol L-1. Após a formação do complexo azul de molibdênio a absorbância do complexo foi medida no espectrofotômetro molecular a 880nm, de marca Varian, modelo Cary Bio 50 (EMBRAPA, 2009).

5.3.5. ANALISES ORGÂNICAS

Foram realizadas extrações de compostos orgânicos e cromatografia líquida do

extrato orgânico obtido.

5.3.5.1 EXTRAÇÃO SOXHLET

Para a realização da extração Soxhlet foi pesado 3 g de sedimento e colocado em

cartuchos de papel de filtro para análises quantitativas. Os cartuchos com sedimento foram

colocados abertos cuidadosamente dentro do extrator, e adicionou-se bolas de gude,

devidamente descontaminadas, nas laterais livres do extrator, a fim de diminuir o volume

interno e aumentar o número de vezes que o sedimente seria lavado pelo solvente um dado

intervalo de tempo, otimizando assim o processo de extração. Foi acoplado um balão de

fundo redondo, contendo aproximadamente 80 mL de diclorometano e um fio de cobre, este

por sua vez com finalidade de precipitar sais de enxofre que poderiam estar presentes nas

amostras e gerar uma falsa massa de óleo (Figura13). A extração ocorreu até a obtenção da

de transparência aparente do solvente, sendo estipulado um tempo mínimo de 2 horas.

Durante o processo de extração, procurou-se manter o gotejamento constante e o controle

da temperatura, a fim de evitar a ebulição da amostra, e entrada de água.

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Os extratos dos balões foram transferidos para vials devidamente pesados, que

foram posteriormente utilizados no fracionamento por Cromatografia Líquida a pressão

atmosférica.

Figura 13 – Extração Soxhlet. (a) extrator com tonalidade amarelada, indicando a presença de compostos orgânicos no sedimento; e (b) extrator com solvente visualmente transparente indicando o término da extração dos compostos orgânicos

(a)

(b)

Fonte: Palmeira (2014).

4.3.5.2 FRACIONAMENTO POR CROMATOGRAFIA LÍQUIDA

Em uma coluna de vidro adicionou-se 12 cm de sílica gel ativa suspendida em

hexano, empacotada com ajuda de batidas na lateral da coluna durante a adição da sílica.

Em seguida transferiu-se toda a amostra dos vials, obtida da extração Soxhlet,

cuidadosamente com a ajuda de uma pipeta de Pauster. Para garantir que toda amostra de

óleo foi transferida para a coluna, o solvente e as misturas utilizadas para obtenção das

frações do óleo foi colocado nos vials e transferidos para a coluna antes de sua adição total

dos solventes na mesma (Figura 14).

Para a obtenção da primeira fração do óleo (Saturados) foi adicionado a coluna 25

mL de hexano (1:1), depois acrescentou-se uma mistura de 24 mL de hexano e 6mL de

diclorometano (4:1), para obter-se a fração de Aromáticos; e por fim uma mistura de 32 mL

de diclorometano e 8 mL de metanol (4:1), para a obtenção da fração NSO.

Foi possível visualizar facilmente as diferentes zonas coloridas eluindo pela coluna

cromatográfica, indicando a separação das frações do óleo.

Foram utilizados béqueres para armazenar as amostras por frações, que foram

pesados antes e depois da cromatografia líquida, obtendo-se assim a massa adquirida por

fração.

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Figura 14 - Cromatografia Líquida. (a) transferência da amostra de óleo da extração Soxhlet para coluna cromatográfica; (b) vista da extração; e (c) gradação das cores entre as frações saturada, aromática e NSO, respectivamente

(a)

(b)

(c)

Fonte: Palmeira (2014).

Todas as análises realizadas foram embasadas pela literatura e validadas no

LEPETRO/NEA/IGEO/UFBA.

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6. RESULTADOS E DISCURSÕES

6.1. ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS

As análises de fungos e bactérias são de grande importância no processo de

biorremediação por bioestimulação, por permitir ao pesquisador acompanhar as taxas de

crescimento, adaptação e eficiência dos microrganismos envolvidos no processo, além da

efetividade e da taxa de biodegradação do petróleo. A análise de bactéria por exemplo,

permitiu nesse experimento averiguar possíveis influências de outros microrganismos

bacterianos que viesse a integrar as simulações, influenciando no desenvolvimento dos

fungos.

A contagem de fungos foi realizada com interesse de acompanhar o crescimento

desses ao longo do experimento. O crescimento de microrganismos apresenta quatro fases,

que são: I. fase lag , também dita de latência, período de adaptação ao novo meio, com a

síntese de novas enzimas, podendo ser mais ou menos extensa a depender das condições

fisiológicas da cultura e crescimento; II. fase exponencial, a população de microrganismos

cresce a uma taxa constante de crescimento máximo que varia de acordo com seu potencial

genético e das condições do meio/crescimento, nessa fase os nutrientes necessários para o

desenvolvimento encontram-se em excesso; III. fase estacionária, promovida devido o

esgotamento de nutrientes e acúmulo de produtos inibidores do metabolismo ou substâncias

tóxicas, nesse momento as taxas de morte se igualam as de crescimento e; IV. fase de

morte, onde ocorre a perda da capacidade de divisão celular, gerando um declínio na

concentração de UFC ao longo do tempo (Figura 15) (MEIRA,2009).

Figura 15 - Fases do crescimento microbiológico

Fonte: Universidade Federal Fluminense (2014).

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A contagem de bactérias foi realizada objetivando-se o controle e acompanhamento

da proliferação de microrganismos que viesse a interferir no crescimento fúngico e atuar na

degradação do petróleo. Assim, quanto menor o crescimento bacteriano nos experimentos,

maior seria a tendência da formação de UFC fúngica, e de que o petróleo estaria sendo

degradado pela ação dos consórcios fúngicos.

Por questões de planejamento foram mantidos o crescimento fúngico em meio BDA,

como sugerido por Lima (2014), e tal escolha foi substanciada na revisão da literatura que

mostra inúmeros benefícios do uso desse meio (LIMA, 2014).

6.1.1. CONTAGEM DE ESPOROS

A contagem de esporos foi realizada para estimar a quantidade de esporos contidos

em cada consórcio, confirmando o potencial de um crescimento fúngico para a realização

dos experimentos. Apesar de ser formado por um menor número de fungos, o consórcio

aromático apresentou maior quantidade de esporo/mL (Tabela 8).

Tabela 8 - Quantidade de esporos por consórcios fúngicos

Num panorama geral os percentuais de esporos/mL entre as frações foram

aproximados (Figura 16), onde não foi possível estabelecer uma relação direta entre a

quantidade de fungos contidos no consórcio e a produção de esporos. Segundo Lima

(2014), o potencial de degrabilidade dos compostos orgânicos não está relacionado com a

quantidade de esporos disponíveis nos consórcios.

Consórcio Quantidade média de esporos Esporos/mL

Saturado 19,1 4775000

Aromático 20,2 5050000

NSO 17,2 4300000

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Figura 16 - Percentual de esporo por consórcio fúngico

Fonte: Palmeira (2014).

6.1.2. EXPERIMENTO 1

No gráfico da Figura 17 está demonstrado a variação da quantidade de UFC/mL (10-

5) – Unidade Formadora de Colônia- para cada amostra que compõe o Experimento 1.

No tempo 0 dias (T0), o crescimento fúngico se manteve próximo a zero, sendo

observado uma menor quantidade de UFC nas amostras FFL3 (0,005 UFC/mL (10-5)),

FFL30 (0,001 UFC/mL (10-5)) e FFE50 (0,001 UFC/mL (10-5)), com percentual de

crescimento em relação a todas as amostras do tempo 0, sendo respectivamente 73%, 14%

e 13%.

No tempo 7 dias (T7), apesar de não ser evidenciado no gráfico, foi possível

observar um crescimento inicial de fungos, sobretudo nas amostras FFL1 (0,005 UFC/mL

(10-5)); FFL1,5 (0,007 UFC/mL (10-5)); e FFL3 (2,502 UFC/mL (10-5)), sendo este último

facilmente observado na figura e com quase 100% do crescimento em relação ao conjunto

amostral.

No tempo 15 dias (T15), foi possível verificar um crescimento em FFL1 (0,0005

UFC/mL (10-5)); FFL3 (0,003 UFC/mL (10-5)), com destaque para FFL50 (0,160 UFC/mL (10-

5)) que teve 98% do crescimento frente a todas as amostras nesse período.

No teste do tempo 30 dias (T30), foi possível notar um crescimento fúngico nas

amostras no gráfico, sendo as amostras FFL1 (0,012 UFC/mL (10-5)); FFL1,5 (0,008

UFC/mL (10-5)); FFL3 (0,067 UFC/mL (10-5)); FFL10 (0,025 UFC/mL (10-5)) e FFL50 (0,030

UFC/mL (10-5)), com respectivos percentuais de 8%, 6%, 47%, 18% e 21%.

34%

36%

30%

Quantidade média de esporos por consórcio

Saturado

Aromático

NOS

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Figura 17 - Gráfico de crescimento fúngico para o Experimento 1, nos tempos 0, 7,

15 e 30 dias

O panorama geral do gráfico não permitiu inferir um perfil de crescimento fúngico

como proposto na literatura, isso pode ser devido ao crescimento de microrganismos

bacterianos concomitantemente nas placas de crescimento fúngico durante o experimento.

Tais organismos podem ter atuado como agente competidor de espaço e alimento, ou

elemento tóxico, inibindo o crescimento fúngico. Entretanto, através de observações

individuais das amostras pode-se verificar que os brancos do experimento (BS e BSO) não

apresentaram crescimento fúngico em nenhum momento do experimento. As demais

amostras apresentaram maior crescimento do T0 ao tempo T7; de T7 a T15 houve um

decréscimo de UFC; e de T15 a T30 um novo crescimento. O crescimento foi maior nos

consórcios livres, o que pode ser devido a liberação dos esporos ocorrer livremente, e o

FFL3 e o FFE50 apresentaram os maiores crescimentos.

A Figura 18 mostra o percentual de UFC/mL (10-5) fúngico de todas as amostras por

tempo de coleta estabelecido, sendo possível observar que o T7 apresentou maior

crescimento fúngico em relação aos demais.

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Figura 18 - Gráfico de percentual de crescimento fúngico pra o Experimento 1

Ao se observar os percentuais é possível verificar as fases de crescimento fúngico

como T0 fase lag; T7 fase exponencial, T15 fase estacionária e T30 fase de declínio.

No gráfico da Figura 19 são representadas as quantidades de UFC/mL (10-5)

bacterianas para o Experimento 1, ao longo dos tempos estabelecidos de coleta.

Em todos os tempos foram observados crescimentos bacterianos, que podem ser

oriundos do próprio sedimento, por se tratarem de bactérias mais resistentes que

necessitariam de uma maior temperatura de esterilização; ou laboratorial, onde pode ter

ocorrido contaminação durante manipulação das amostras, ou mesmo do próprio ambiente

onde as análises foram realizadas.

Em T0 a amostra que apresentou maior percentual de crescimento em relação ao

conjunto de amostras nesse tempo foi a FFE10 (52%), com 0,550 UFC/mL (10-5).

No T7 a amostra FLL1,5 apresentou maior crescimento bacteriano com 65% (3,951

UFC/mL (10-5)) e a amostra FFE30 teve 29% (1,748 UFC/mL (10-5)); as demais amostras

apresentaram crescimento igual ou inferior a 2% em relação ao lote amostral desse período.

No T15 a amostra FFE50 teve maior percentual no lote amostral com 23% (0,647

UFC/mL (10-5)).

O período T30 apresentou o maior crescimento bacteriano, tendo destaque para as

amostras FFE30 (55% - 11,161 UFC/mL (10-5)) e FFE10 (40% - 8,020 UFC/mL (10-5)).

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Figura 19 - Gráfico de crescimento bacteriano para o Experimento 1, nos tempos 0, 7, 15 e 30 dias

A Figura 20 mostra o percentual de UFC/mL (105) de todas as amostras por período,

sendo possível observar que o tempo 30 dias apresentou maior crescimento bacteriano em

relação as demais.

Figura 20 - Gráfico de percentual de crescimento bacteriano pra o Experimento 1

Foi possível observar um crescimento bacteriano nos tempos T0 e T30, que

teoricamente coincidiram com a fase lag e de morte dos fungos, se for considerado o gráfico

de percentual de fungos, onde ocorreria menor competição por nutriente e espaço, visto que

corresponderiam ao momento de adaptação e morte dos fungos. O T7 seria a fase

exponencial do fungo, onde é possível observar um crescimento bacteriano também,

podendo ser devido ao excesso de nutrientes que não ocasionou uma competição por

nutrientes. T15 seria a fase estacionária dos fungos, sendo observado um decaimento na

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quantidade de fungos e bactérias. Entretanto, como não é possível definir tais padrões de

crescimento fúngico para as amostras, essas observações não podem ser confirmadas.

A fração saturada do petróleo apresentou maior grau de degradabilidade, devido a

sua estrutura química ser mais simples, o cumprimento do ciclo de crescimento fúngico é

em parte devido a esta facilitação.

6.1.3. EXPERIMENTO 2

No gráfico da Figura 21 foi representada a quantidade de UFC/mL(10-5) para as

amostras que compõe o Experimento 2.

O período T0 apresentou elevado UFC, sendo que todas as amostras tiveram

crescimento de fungos. As amostras BS, FFE50 e BSO tiveram os maiores valores sendo de

16,485 UFC/mL(10-5), 11,197 UFC/mL(10-5), e 6,434 UFC/mL(10-5), respectivamente, o que

corresponde a percentual de 42%, 28% e 16%.

Em T7 o crescimento foi evidenciado nas amostras FFL3 com 1,12 UFC/mL(10-5) e

FFE50 com 1,852 UFC/mL(10-5), tendo 38% e 62%, respectivamente dos percentuais de

crescimento de todas as amostras no período.

No tempo T15 ocorreu o crescimento apenas de FFL3 e FFE30, com valores de

0,260 UFC/mL(10-5) e 2,350 UFC/mL(10-5) cujos percentuais são de quase 90% para FFE30

e 10 % para FFL3, em relação ao conjunto amostral desse tempo.

A amostra do T30 que apresentou maior taxa de crescimento foi FFL3 com 12,134

UFC/mL(10-5), que corresponde a 98% do crescimento de fungos de todas as amostras

desse período.

Figura 21 - Gráfico de crescimento fúngico para o Experimento 2, nos tempos 0, 7, 15 e 30 dias

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Nesse experimento também não é possível evidenciar as fases de crescimento

fúngico, o que pode ter ocorrido também devido ao crescimento bacteriano. Em uma análise

mais pontual, a presença de fungos nos brancos experimentais (BS e BSO) pode ter sido

oriunda do próprio sedimento ou contaminação laboratorial. As outras amostras tiveram de

modo geral um decréscimo no crescimento de T0 para T7 e de T7 para T15; já de T15 para

T30 ocorreu um crescimento fúngico. Para esse experimento os crescimentos foram

maiores nos consórcios encapsulados, que pode ser justificado pela quantidade de solução

de suspensão de esporos colocada ser maior do que em condição livres, sendo que FFL3 e

FFE 50 apresentaram os maiores crescimentos.

Na Figura 22 têm-se os percentuais UFC/mL (10-5) das amostras por período de

coleta. Onde nota-se um elevado percentual para o crescimento em T0. Isso é devido a

presença de fungos em BS e BSO em quantidade elevadas para esse tempo. Essas

mesmas amostras apresentam valores muito inferiores em T30, sendo elas responsáveis

por esse gradiente elevado no percentual. Se desconsiderarmos essas duas amostras os

percentuais em T0 ficaria de 49% e T30 35%.

Figura 22 - Gráfico de percentual de crescimento fúngico pra o Experimento 2

Observando-se o gráfico com os percentuais, também não é possível estabelecer

correlações com as fases de crescimento fúngico.

Na Figura 23 são apresentados os dados de UFC/mL (10-5) bacteriana para o

Experimento 2 ao longo dos períodos de coleta.

Para esse experimento foi encontrado UFC/mL (10-5) em todas as amostras de modo

mais evidente. As fontes de contaminação podem ter sido do sedimento ou laboratorial.

Em T0 o crescimento bacteriano nas amostras foi mais homogêneos, onde FFE30

apresentou maior valor com 0,35 UFC/mL (10-5), o que corresponde a um percentual de

29% do crescimento fúngico em relação a todas as amostra de T0.

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T7 teve um pico de crescimento na amostra BS com 1,284 UFC/mL (10-5); que

representa 54%; BSO 0,35 UFC/mL (10-5); e FFE50 0,442 UFC/mL (10-5) também

apresentaram um elevado crescimento, com percentuais de 15% e 18% em relação ao

conjunto amostral do período.

No tempo T15 a amostra FFE30 foi a que apresentou maior taxa, com 0,262 UFC/mL

(10-5), que equivale a 32% em relação ao total de crescimento do período.

Já em T30 as amostras FFL3, FFE10 e FFE50 obtiveram maiores quantidade, sendo

estas respectivamente, 1,107 UFC/mL (10-5) – 44%, 0,302 UFC/mL (10-5) - 12% e 0,571

UFC/mL (10-5) – 22%, cujos percentuais foram obtidos em relação ao conjunto amostral do

tempo.

Figura 23 - Gráfico de crescimento bacteriano para o Experimento 2, nos tempos 0, 7, 15 e 30 dias

O gráfico da Figura 24 mostra o percentual de UFC/mL (10-5) das amostras em

relação aos tempos de coleta, onde observa-se distribuição aproximada entre T0 e T15 e T7

e T30.

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Figura 24 - Gráfico de percentual de crescimento bacteriano pra o Experimento 2

Igualmente ao Experimento 1, pode-se observar um crescimento fúngico mais

acentuado em T0 e T30, que seriam em teoria as fases lag e de morte dos fungos. No

entanto, em T7 houve um crescimento fúngico, mas não bacteriano, onde pode ter ocorrido

competição por espaço e nutriente. Em T15 teve um decaimento na UFC dos fungos, que

pode ser devido a competição com as bactérias, visto que houve conservação no percentual

de bactérias nesse tempo. Porém, como não é possível observar esse crescimento fúngico

ao longo dos períodos de coletas, tais fases de crescimento não podem ser evidenciadas.

A fração aromática do petróleo é mais resistente a biodegradação, sendo essa

resistência do meio fator de interferência no crescimento fúngico.

6.1.4. EXPERIMENTO 3

Na Figura 25 é apresentado a variação no valor de UFC/mL (10-5) para as amostras

do Experimento 3.

Em T0, tem-se que o crescimento fúngico foi elevado, sendo encontrado inclusive em

BS e BSO, cujos motivos assemelham-se aos descritos no Experimento 2. As amostras

FFL3 com 3,951 UFC/mL (10-5); FFE10 com 3,127 UFC/mL (10-5); e FFE 30 com 2,945

UFC/mL (10-5) obtiveram os maiores valores. Os percentuais foram na mesma ordem de

30%, 24% e 22%, respectivamente.

Em T7, ocorreu um pico no crescimento de BS, com 5,348 UFC/mL (10-5) o que

representa 55% em relação ao total de crescimento das amostras no período.

No período T15, houve um acentuado declínio no crescimento fúngico, sendo a

amostra FFL3 a com maior taxa de crescimento, com percentual de 46% (0,375 UFC/mL

(10-5)).

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No tempo T30, ocorreu um crescimento em FFL3 com 2,830 UFC/mL (10-5)) e FFE30

com 1,755 UFC/mL (10-5)), que corresponde a 59% e 37% dos percentuais em relação ao

conjunto amostral do tempo.

Figura 25 - Gráfico de crescimento fúngico para o Experimento 3, nos tempos 0, 7, 15 e 30 dias

Nesse experimento também não é possível inferir assertivamente a respeito das

fases de crescimento fúngico, apesar de apresentar um perfil mais semelhante. Nota-se

maior crescimento fúngico de T0 a T7; T7 a T15 há um decaimento. Em T15 a T30 uma

queda no crescimento na maioria das amostras. O crescimento foi maior nos consórcios

livres, com destaque para as amostras FFL3 e FFE30.

O gráfico da Figura 26 apresenta o percentual de UFC/mL (10-5) fúngico das

amostras nos tempos de coleta, onde o T0 apresentou maior crescimento.

Figura 26 - Gráfico de percentual de crescimento fúngico pra o Experimento 3

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57

Observando-se os percentuais tem-se que um crescimento nos tempos T0 e T7 são

aqueles de maior crescimento, em T15 tem-se um decréscimo; e um pequeno aumento em

T30.

No gráfico da Figura 27 são mostradas as concentrações de UFC/mL (10-5)

bacteriana para o Experimento 3.

Apesar de não estar evidenciado no gráfico, foram observados crescimentos

bacterianos nas amostras do Experimento 2, com exceção do T0, que apresentou bactérias

apenas em BS, com valor de 0,011 UFC/mL (10-5).

Em T7 tem-se dois picos de crescimento, dados pelas amostras FFE10 e FFE30,

com quantidades de 120,327 UFC/mL (10-5) e 10,387 UFC/mL (10-5), respectivamente; e

percentuais em relação ao conjunto amostral do tempo de cerca de 92% e 2%.

O tempo T15 apresentou maior crescimento bacteriano em FFE50, com 1,795

UFC/mL (10-5), que corresponde a 66% em relação ao grupo amostrado.

T30 obteve um crescimento bacteriano mais homogêneo entre as amostras, sendo a

BSO com maior valor 0,391 UFC/mL (10-5), que equivale 21% do crescimento de todas as

amostras nesse tempo.

Figura 27 - Gráfico de crescimento bacteriano para o Experimento 3, nos tempos 0, 7, 15 e 30 dias

A Figura 28 traz o percentual de UFC/mL (10-5) bacteriana por tempo de coleta,

sendo que 97% do crescimento se deram em T7.

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58

Figura 28 - Gráfico de percentual de crescimento bacteriano pra o Experimento 3

É possível observar que o crescimento bacteriano foi maior de T0 para T7,

igualmente ao crescimento fúngico; seguido por um declínio bacteriano em T15 e T30;

diferindo do aumento fúngico que ocorreu em T30.

O composto NSO possui um potencial ainda maior a resistir a biodegradação.

E possível fazer as seguintes considerações a respeito dos três Experimentos:

- Não foi possível estabelecer uma relação direta entre o crescimento fúngico e o

estado livre ou encapsulado para eficiência do crescimento, visto que no Experimento 1 e 3,

o estado livre obteve uma maior UFC/mL (10-5). Já o Experimento 2, o estado encapsulado

obteve valores de crescimento maior.

- A amostra em condição de fungo e folha livre apresentou maior crescimento fúngico

durante a realização dos três experimentos FFL3. E na condição de encapsulado foi a

FFE50 para os Experimento 1 e 2 e FFE30 para o Experimento 3.

- Não foi possível estabelecer período de maior crescimento dos fungos, visto que

para o Experimento 1 e 3 foi T7 e o Experimento 2 T0, sendo observado que de modo geral

houve acréscimo das UFC do tempo T0 para T30. Entretanto, os padrões das fases de

crescimento não foram definidos nos tempos.

- O crescimento fúngico nos experimentos foi distinto, na ordem crescente de

consórcio saturado, aromático e NOS. Esse crescimento diferenciado está relacionado as

características dos fungos que compõe os consórcios e do meio. A agilidade do

crescimento (rápido, médio e lento), o tipo de óleo a ser degradado e a fração química de

maior interesse na degradação, são fatores importantes no processo de adaptação dos

fungos ao meio.

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59

6.2. ANÁLISES INORGÂNICAS

A granulometria do sedimento está relacionada a fixação de hidrocarbonetos em

frações mais finas. Sendo assim, as áreas que apresentam esse tipo de frações são mais

suscetíveis a poluição orgânica, além de apresentar elevados teores de carbono orgânico

(PROAMB, 2008). Os resultados da granulometria da área foram cedidos por Lima (2014) e

apresentaram maiores percentuais nas frações mais finas.

As concentrações de nutrientes nos sedimentos de manguezal variam ao longo da

zona intertidal, sobretudo devido as marés, a saturação do sedimento e a disponibilidade

dos elementos químicos. No entanto, as concentrações dos nutrientes nas folhas de

manguezais apresentam absorção diferenciada dos íons e não estão relacionadas

diretamente a concentração dos mesmos nos sedimentos (BERNINI, 2006).

Sedimentos de manguezais são ricos em carbono orgânico, e os valores de nitrato e

amônio, bem como fósforo, são diferenciados.

O nitrogênio e o fósforo são considerados elementos limitantes a produtividade

primária, e sais como o nitrato e o amônio são utilizados por esses microrganismos. Em

ambientes contaminados por hidrocarbonetos, o aumento na quantidade de carbono origina

uma concentração inferior de nitrogênio e fósforo, essenciais para o crescimento

microbiológico (SILVA, 2008; ANDRADE, 2013).

Foram realizadas análises de fósforo, carbono orgânico, nitrato e amônio apenas

para os tempos de coleta T0 e T30, por motivos de planejamento.

6.2.1. EXPERIMENTO 1

A Figura 29 apresenta os valores do teor de fósforo obtidos no Experimento 1.

Observou-se que ocorreu o incremento de fósforo de T0 a T30, exceto nas amostras BSO e

FFE10.

Em T0 o maior percentual na quantidade de fósforo foi na amostra BSO, com 16%

em relação ao teor de todas as amostras desse período. E em T30 foi a FFL1,5 e FFL3, com

15% para ambas as amostras, em relação ao conjunto amostral.

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60

Figura 29 - Teores de fósforo para os tempos 0 e 30 dias do Experimento 1

O gráfico da Figura 30 mostra as variações das quantidades do teor de carbono

orgânico para o Experimento 1. Onde ocorreu um decaimento dos teores de T0 a T30 com

exceção das amostras BS, FFL1 e FFE10. Esse decaimento possivelmente pode ser

justificado pelo consumo do carbono orgânico pelos microrganismos. Concentrações

elevadas de carbono orgânico estão relacionadas a elevada produtividade primária (Lima,

2014).

No T0 a amostra FFL3 apresentou maior percentual em relação ao grupo amostral

desse tempo, com 14%.

E em T30 a amostra FFL 1 também apresentou 14% no seu grupo amostral.

Figura 30 - Teores de carbono orgânico para os tempos 0 e 30 dias do Experimento 1

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61

As quantidades de nitrato desse experimento são apresentadas na Figura 31, sendo

facilmente observado um aumento no seu teor ao longo do tempo. Esse aumento pode ser

atribuído ao incremento da folha e à disponibilidade desse nutriente após 30 dias, sendo que

os brancos experimentais (BS e BSO) tiveram os maiores valores de incremento.

Figura 31 - Teores de nitrato para os tempos 0 e 30 dias do Experimento 1

Na Figura 32 é mostrada a concentração de amônio para o Experimento 1, que

apresentou perfil semelhante ao nitrato, com aumento no seu teor em todas as amostras de

T0 para T30, com destaque para BS e BSO. Esse perfil do nitrato e amônio está relacionado

ao crescimento fúngico.

Figura 32 - Teores de amônio para os tempos 0 e 30 dias do Experimento 1

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62

Para esse experimento não foi possível observar um padrão ou relação entre a

condição livre ou encapsulado, nem a concentração da folha de manguezal. De modo geral

os nutrientes sofreram um aumento de T0 a T30. Isso pode estar relacionado ao maior

crescimento fúngico entre T0 e T7, que leva o consumo dos mesmos; e em T30 como é

observado um declínio no crescimento fúngico o que pode sugerir uma maior concentração

de nutrientes devido a falta de competição, como sugerido na literatura, ou mesmo devido o

incremento feito através da folha de manguezal.

6.2.2. EXPERIMENTO 2

O gráfico da Figura 33 mostra os teores de fósforo para o experimento em T0 e T30.

A maioria das amostras apresentou valores de fósforo maior em T0, com exceção de

FFL1, FFL1,5 e FFE50.

Em T0 as amostras FFE10 e FFE30 obtiveram os maiores valores, com percentuais

de 17% e 15%, em relação a concentração de todas as amostras nesse período.

T30 as amostras FFL1,5 e FFE10 apresentaram os maiores valores, com 14% para

ambas.

Figura 33 - Teores de fósforo para os tempos 0 e 30 dias do Experimento 2

A Figura 34 mostra as variações nas quantidades do teor de carbono desse

experimento, decresceu com pouca variação em relação a concentração inicial. Com FFL3

maior em ambos os tempos, e com percentual de 14% em T0 e T30.

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63

Figura 34 - Teores de carbono orgânico para os tempos 0 e 30 dias do Experimento 2

Os valores de nitrato são apresentados na Figura 35, sendo que todas as amostras

apresentam valores inferiores em T0, com exceção de FFL3. Nessa amostra a diferença de

teores ao longo do tempo é bem pequena.

Figura 35 - Teores de nitrato para os tempos 0 e 30 dias do Experimento 2

No gráfico da Figura 36 têm-se uma maior concentração de amônio em T30,

apresentando o mesmo padrão que o nitrato, e para ambos os sais as amostras BSO e FFE

apresentam teores maiores.

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64

Figura 36 - Teores de amônio para os tempos 0 e 30 dias do Experimento 2

No Experimento 2, também não foi possível estabelecer uma relação sobre a

condição (livres ou encapsulado) da folha de manguezal. E igualmente ao Experimento 1, os

nutrientes aumentaram de T0 para T30, possivelmente pelos mesmos motivos.

6.2.3. EXPERIMENTO 3

Os teores de fósforo para esse experimento são apresentados na Figura 37 onde

diferentemente dos outros experimentos, não foi possível observar um padrão nas suas

concentrações.

Em T0, BS apresentou maior teor, com 15% do percentual do conjunto amostral para

esse período; e em T30 as amostras FFL1 e FFE30 foram as que tiveram as maiores

concentrações, com 17% e 16% respectivamente.

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65

Figura 37 - Teores de fósforo para os tempos 0 e 30 dias do Experimento 3

Na Figura 38 apresenta-se os valores de carbono orgânico do Experimento 3.

Observa-se que igualmente ao Experimento 1, os valores de variação entre T0 e T30 foram

próximos.

Em T0 as amostras FFL3 e FFE30 tiveram os maiores valores de carbono orgânico,

já para o tempo T30 as amostras FFL3 e FFE10 apresentaram as maiores concentrações.

Figura 38 - Teores de carbono orgânico para os tempos 0 e 30 dias do Experimento 3

O gráfico da Figura 39 mostra as concentrações de nitrato, onde todas as amostras

apresentaram uma grande diferença entre T0 e T30, sendo o mesmo incrementado ao longo

do tempo.

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66

Figura 39 - Teores de nitrato para os tempos 0 e 30 dias do Experimento 3

Assim como previsto na literatura, a Figura 40 apresenta perfil semelhante ao nitrato,

sendo igualmente observado uma acentuada elevação ao longo do tempo.

Figura 40 - Teores de amônio para os tempos 0 e 30 dias do Experimento 3

No Experimento 3, também não foi possível estabelecer uma relação sobre a

condição (livres ou encapsulados) da folha de manguezal e sua concentração. E igualmente

ao Experimento 1, os nutrientes aumentaram de T0 para T30, possivelmente pelos mesmos

motivos, com exceção do fósforo que apresentou comportamento diferenciado. Isso pode

ser atribuido ao crescimento tardio do consórcio fúngico, onde as fases de consumo e

disponibilização podem ter variado, não sendo bem definidas.

Para os três Experimentos é possível realizar as seguintes observações:

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67

- Não foi possível estabelecer uma relação sobre a condição (livres ou encapsulado)

da folha de manguezal na eficiência do crescimento fúngico.

- Para os Experimento 1 e 2 foi possível observar o aumento dos nutrientes nas

fases iniciais do crescimento dos consórcios fúngicos e também em T30 que corresponderia

a fase de morte dos mesmo.

- Para os três Experimentos o nitrato e amônio apresentaram comportamento

semelhante e como descrito na literatura para sedimento de manguezal.

- Os teores de nutrientes nos três experimentos estão relacionados, ao crescimento

fúngico (gerando momentos de maior concentração dos nutrientes pelo menor consumo e

momentos de menor concentração pelo maior consumo nas atividades metabólicas) e o

incremento pela folha de manguezal, que pode ter disponibilizado os elementos nutritivos ao

longo do tempo experimental, com isso o fato de nitrato e amônio, por exemplo, apresentar

valores elevados em T30 não implica necessariamente que o mesmo não foi consumido.

6.3. ANÁLISES ORGÂNICAS – CROMATOGRAFIA LÍQUIDA

Como já mencionado na revisão literária a tendência de degradação do petróleo dar-

se a partir da degradação das estruturas químicas mais simples, seguindo a tendência de

degradar das frações saturadas, aromáticas e NSO, não sendo ainda totalmente definido.

Nessas condições os alcanos de cadeia mais simples são ligeiramente degradados,

seguidos pelos alcanos ramificados, pelos aromáticos de baixo peso molecular e por

alcanos cíclicos, sendo que a degradação das resinas e asfaltenos ainda não são bem

conhecidas (PERRY, 1984; BALBA et al., 1998; MORAES, 2005; LIMA, 2014).

6.3.1. EXPERIMENTO 1

Na Figura 41 são apresentados os percentuais de degradação das frações do óleo

para os consórcios saturados.

Nota-se que os brancos experimentais (BS e BSO), bem como as amostras em

condição livres (FFL1, FFL1,5 e FFL3) apresentaram decaimento na fração saturado de T0

para T30. No entanto, nas amostras encapsuladas observou-se o oposto, com aumento

dessa fração no passar do tempo. Isso pode ser devido a capacidade que alguns fungos

que compõe o consórcio possa apresentar em degradar a outras frações do petróleo.

Cabe observar também, que para a fração NSO, as amostras em estado livres

(FFL1, FFL1,5 e FFL3) apresentaram aumento, e o inverso ocorre para as amostras em

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estado de encapsulamento (FFE10, FFE30 e FFE50). A fração aromática apresentou

panorama geral de aumento.

A degradação mais eficiente da fração saturada deu-se nos consórcios livres e a

degradação não pode ser relacionada às concentrações de folha, devido as amostras não

apresentarem um padrão. As frações saturadas apresentaram maior facilidade de

degradação.

Partindo-se do pressuposto que o sedimento estava livre de hidrocarbonetos, como

demonstrado por Lima (2014), os valores encontrados para os brancos experimentais

podem estar relacionados a matéria orgânica, que possui similaridade química com os

solventes utilizados na realização da cromatografia líquida.

Para esse experimento observa-se que as amostras preparadas com fungo e folha

livres apresentaram maior degradação da fração saturada, gerando um aumento percentual

nas demais frações. Nota-se ainda que os encapsulados têm uma maior degradação para a

fração NOS. Isso mostra uma tendência do crescimento de fungos capazes de degradar as

frações mais complexas do petróleo. Ao degradar moléculas mais complexas tem-se a

formação de estruturas químicas mais simples, que gera um incremento percentual nas

frações mais leves do petróleo, com pode ser observar para esse experimento.

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69

Figura 41 - Gráfico de degradação das frações do petróleo para o Experimento 1

Foi realizado também o diagrama ternário para verificar a degradação do petróleo

(Figura 42). Nesse os pontos marcados com o símbolo estrela correspondem a amostras no

tempo 0 e com gota no tempo 30.

O óleo da Bacia de Campos é considerado um óleo médio, sendo composto

sobretudo pelas frações aromáticas e NOS (LIMA, 2014). Ao analisar-se o posicionamento

do óleo cru no diagrama ternário, observa-se que o óleo usado nesse experimento é rico em

compostos NSO. As amostras para esse experimento apresentaram posicionamento no

diagrama para as frações mais leves do óleo para ambos os tempos (T0 e T30). Em T0 isso

está relacionado a processos intempéricos sofridos, como por exemplo a adsorção. Em T30,

isso se dá possivelmente devido a degradação da fração NSO, oriundo de crescimento

fúngico com tendência a degradar tal fração.

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70

Figura 42 - Diagrama ternário para o Experimento 1

6.3.2. EXPERIMENTO 2

No gráfico da Figura 43 são apresentados os percentuais de degradação das frações

do óleo para os consórcios aromáticos.

É possível verificar-se que houve redução da fração aromática apenas na amostra

BS. As demais amostras podem não ter apresentado elevada degradação devido ao tempo

do crescimento fúngico, visto que foi observado ainda em T30, tendo assim um curto

período de exposição do fungo com o óleo. Além disso, por se tratar de uma fração de

estruturas químicas mais complexas, o tempo de adaptação do fungo ao meio contaminado

com petróleo tende a ser maior. Isso também pode ser devido a possibilidade de ter ocorrido

crescimento de fungos capazes de degradar a fração NSO, que possibilita a formação de

moléculas químicas mais simples como as que compõem a fração aromática, gerando assim

um aumento no percentual de aromáticos. Observa-se que a fração de saturado diminui em

todas as amostras, exceto na BS, o que pode estar relacionado a maior facilidade de

degradação dessa fração. Já a fração de NSO aumenta em todas as amostras menos nos

brancos experimentais (BS e BSO).

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71

Não é possível estabelecer nesse experimento uma relação da condição livre e

encapsulado da degradação do óleo.

Figura 43 - Gráfico de degradação das frações do petróleo para o Experimento 2

Para esse experimento foi também realizado o diagrama ternário (Figura 44), e

igualmente ao Experimento 1, todas as amostras exceto BS e FFE30, se deslocaram para

frações mais leves do óleo, sendo essa tendência justificada pelos mesmos motivos que no

Experimento 1.

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72

Figura 44 - Diagrama ternário para o Experimento 2

6.3.3. EXPERIMENTO 3

São amostrados na Figura 45 os percentuais de degradação das frações do óleo

para os consórcios NSO.

Para a fração de NSO, todas as amostras, com exceção da FFE 30, apresentaram

maiores percentuais ao longo do tempo. Igualmente ao Experimento 2, é possível notar um

crescimento fúngico em T30. Logo, o tempo de exposição dos fungos ao óleo pode não ter

sido suficiente, além do fato da fração NSO ser composta por estruturas químicas mais

complexas, dificultando mais a degradação e seu tempo de adaptação. Entretanto, se

observarmos as frações de saturados e aromáticos para o T0 e T30, teremos que o

percentual para saturado diminui ao longo do tempo, e que aromático aumentou ao longo do

tempo. Isso nos remete a uma degradação da fração NSO, que geraria um aumento

percentual nas demais frações.

A fração saturada diminuiu ao longo do tempo para as amostras, com exceção de

BS, o que deve estar relacionado ao potencial de degradabilidade facilitada da mesma.

Os compostos aromáticos apresentaram menor concentração BS, FFL1 e FFE50,

sendo que em FFL3 foram aproximadamente iguais. Existe uma tendência de degradação

maior dos compostos aromáticos pelas amostras em condição livre nesse experimento.

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73

Figura 45 - Gráfico de degradação das frações do petróleo para o Experimento 3

O diagrama ternário desse experimento (Figura 46) mostra que para as amostras,

assim como nos demais experimentos, evidenciaram um posicionamento nas frações mais

leves do petróleo, reafirmando a tendência de que nos três experimentos houve crescimento

de fungos capazes de degradar a fração NSO do óleo.

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74

Figura 46 - Diagrama ternário para o Experimento 3

Para os experimentos foi possível observar uma tendência de degradação das

frações do óleo, e uma tendência positiva da eficiência dos consórcios fúngicos

selecionados para efetuar as degradações das frações do óleo, sobretudo da fração NSO.

6.4. INTEGRAÇÃO DOS DADOS GEOQUÍMICOS

Para integração dos dados geoquímicos foram considerados as variáveis: % SAT de

degradação, % ARO de degradação, % NSO de degradação, UFC/mL Fúngica, P (mg kg-1),

CO (%), NO3- (mg kg-1) e NH4

+(mg kg-1) das amostra e a variação no tempo de T0 e T30.

6.4.1. EXPERIMENTO 1

No experimento 1, as componentes principais (PC1 e PC2) juntas representaram

cerca de 64,06% dos dados analíticos, onde PC1 corresponde há 35,45% e PC2 28,61%,

sendo que as variáveis %SAT degradação, %ARO degradação, UFC/mL Fúngica, C.O.,

NO3-, NH4

+ e P, tiveram uma maior representatividade na PC1; enquanto que %NSO de

degradação, em PC2.

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75

% SAT D EGR AD AÇ ÃO % AR OD EGR AD AÇ ÃO

% N SO D EGR AD AÇ ÃO

U FC /m L Fú n g ica P (m g kg

-1)

C O (% )

N O 3- (m g kg

-1) N H 4

+(m g kg

-1)

-1 ,0 -0 ,5 0 ,0 0 ,5 1 ,0

Fa cto r 1 : 3 5 ,4 5 %

-1 ,0

-0 ,5

0 ,0

0 ,5

1 ,0

Fa

cto

r 2

: 2

8,6

1%

SAT-BS-0SAT-BSO-0

SAT-FFL 1 -0

SAT-FFL 1 ,5 -0

SAT-FFL 3 -0

SAT-FFE1 0 -0

SAT-FFE3 0 -0

SAT-FFE5 0 -0

SAT-BS-3 0

SAT-BSO-3 0

SAT-FFL 1 -3 0

SAT-FFL 1 ,5 -3 0

SAT-FFL 3 -3 0

SAT-FFE1 0 -3 0

SAT-FFE3 0 -3 0

SAT-FFE5 0 -3 0

-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5

Fa cto r 1 : 3 5 ,4 5 %

-6

-5

-4

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

Fa

cto

r 2

: 2

8,6

1%

O nitrato e o amônio possuem similaridade entre si e similaridade inversa ao carbono

orgânico; e o grupo formado por (%SAT degradação, % ARO degradação, UFC/mL Fúngica

e P) oposta a % NSO degradação (Figura 47).

Ao se analisar os casos tem-se a formação de três grupos principais: 1) o primeiro

(esquerda superior) influenciado por %SAT degradação, %ARO degradação, UFC/mL

Fúngica e o P; 2) o segundo (direita superior) C.O.; 3) um terceiro grupo por (direita abaixo)

% NOS degradação; e 4) o quarto (esquerda inferior) por NO3- e NH4

+, estando apenas o

BS-30 isolado (Figura 47).

Figura 47 - Análise de PCA para o Experimento 1

O comportamento semelhante do nitrato/amônio é observado ao longo do

experimento, e o fósforo apresenta uma tendência de crescimento ao longo do tempo.

Esses nutrientes possuem uma relação com os estágios do crescimento fúngico podendo

ser vistos com o aumento ou diminuição do consumo dos mesmos. Isso pode ser notado na

integração dos dados geoquímicos, como mostra a Figura 48.

PC 1 PC 1

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76

Figura 48 - Integração dos dados geoquímicos para o Experimento 1

A degradação da fração saturada está relacionada ao crescimento dos consórcios. A

degradação de uma fração gera um incremento percentual nas demais, que para esse

experimento no panorama geral a %SAT e %ARO tiveram perfis semelhantes e oposto ao %

NSO. Esses comportamentos são também observados nos dados de correlação (Figura 49).

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77

Figura 49 - Gráfico de correlação para o Experimento 1

6.4.2. EXPERIMENTO 2

Para o Experimento 2 as duas primeiras componentes principais explicam 70,17%,

sendo que PC1 equivale a 40,23% e PC2 29,86%, dos dados analíticos. As variáveis %SAT

degradação, %ARO degradação, %NSO degradação, UFC/mL Fúngica, P, apresentam uma

correlação significativa com a PC1. Por outro lado, as variáveis C.O., NO3-, NH4

+, com a

PC2.

A formação de um grupo com similaridade com nitrato e amônio (esquerda superior),

um outro com % NSO degradação (direita superior), o terceiro com o grupo de %SAT

degradação, % ARO degradação, P e C.O. (esquerda inferior), e por fim o quarto com

similaridade com UFC/mL Fúngica (direita inferior) (Figura 50).

Figura 50 - Análise de PCA para o Experimento 2

% SAT D EGR AD AÇ ÃO

% AR OD EGR AD AÇ ÃO

% N SO D EGR AD AÇ ÃO

U FC /m L Fú n g ica

P (m g kg-1

)

C O (% )

N O 3- (m g kg

-1) N H 4

+(m g kg

-1)

-1 ,0 -0 ,5 0 ,0 0 ,5 1 ,0

Fa cto r 1 : 4 0 ,2 3 %

-1 ,0

-0 ,5

0 ,0

0 ,5

1 ,0

Fa

cto

r 2

: 2

9,8

5%

AR O-BS-0

AR O-BSO-0

AR O-FFL 1 -0

AR O-FFL 1 ,5 -0

AR O-FFL 3 -0

AR O-FFE1 0 -0

AR O-FFE3 0 -0

AR O-FFE5 0 -0

AR O-BS-3 0

AR O-BSO-3 0

AR O-FFL 1 -3 0

AR O-FFL 1 ,5 -3 0

AR O-FFL 3 -3 0

AR O-FFE1 0 -3 0

AR O-FFE3 0 -3 0

AR O-FFE5 0 -3 0

-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7

Fa cto r 1 : 4 0 ,2 3 %

-4

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

Fa

cto

r 2

: 2

9,8

5%

PC 1

PC 1

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78

O íon nitrato e o amônio possuem similaridade entre si, sendo essa similaridade

oposta à do carbono orgânico e fósforo. Esses teores de nutrientes estão ligados ao

crescimento fúngico, que para esse experimento apresentou fases distintas ao longo dos 30

dias. Enquanto que a degradação da fração % SAT degradação e o C.O. possui similaridade

oposta a % NSO degradação, como pode ser observado na Figura 51 da integração dos

dados geoquímicos.

Figura 51 - Integração dos dados geoquímicos para o Experimento 2

O mesmo pode ser visto no gráfico de correlação (Figura 52).

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79

Figura 52 - Gráfico de correlação para o Experimento 2

6.4.3. EXPERIMENTO 3

No Experimento 3 a variação dos dados analíticos apresentou percentual de 70,79%

onde PC1 representa 45,35% e PC2 25,44%, . Desse percentual a PC1 representou cerca

de 45,35% tendo as variáveis %SAT degradação, % ARO degradação, % NSO degradação,

C.O., P, UFC/mL tiveram uma maior representatividade; enquanto que, a PC2 foram as

variáveis NO3-, NH4

+.

Tem-se a separação de quatro grupos com similaridade na variável com % NSO

degradação o (esquerda superior), o segundo com UFC/mL Fúngica (direita superior), o

terceiro com P, nitrato e amônio (esquerda inferior), e o último com %SAT degradação, %

ARO degradação e C.O. (direita inferior) (Figura 53).

Figura 53 - Análise de PCA para o Experimento 3

% SAT D EGR AD AÇ ÃO

% AR OD EGR AD AÇ ÃO

% N SO D EGR AD AÇ ÃO

U FC /m L Fú n g ica

P (m g kg-1

) C O (% )

N O 3- (m g kg

-1) N H 4

+(m g kg

-1)

-1 ,0 -0 ,5 0 ,0 0 ,5 1 ,0

Fa cto r 1 : 4 5 ,3 5 %

-1 ,0

-0 ,5

0 ,0

0 ,5

1 ,0

Fa

cto

r 2

: 2

5,4

4%

N SO-BS-0

N SO-BSO-0

N SO-FFL 1 -0

N SO-FFL 1 ,5 -0

N SO-FFL 3 -0N SO-FFE1 0 -0

N SO-FFE3 0 -0N SO-FFE5 0 -0

N SO-BS-3 0

N SO-BSO-3 0N SO-FFL 1 -3 0

N SO-FFL 1 ,5 -3 0

N SO-FFL 3 -3 0

N SO-FFE1 0 -3 0

N SO-FFE3 0 -3 0

N SO-FFE5 0 -3 0

-8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5

Fa cto r 1 : 4 5 ,3 5 %

-4

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

5

Fa

cto

r 2

: 2

5,4

4%

PC 1

PC 1

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80

Para esse experimento o nitrato e o amônio continuam apresentando similaridade,

sendo oposto ao carbono, enquanto que as variáveis de % SAT degradação e %ARO

degradação opostas ao % NSO degradação, como demonstra a integração dos dados

geoquímicos (Figura 54)

Como é também observado no experimento e no gráfico de correlação (Figura 55).

Figura 54 - Integração dos dados geoquímicos para o Experimento 3

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81

Figura 55 - Gráfico de correlação para o Experimento 3

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82

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o resultado dos experimentos é possível observar uma tendência de

degradação do óleo via adição de consórcios fúngicos específicos a cada fração e da folha

de manguezal na remediação de sedimentos de manguezal impactados por atividades

petrolíferas.

Ocorreu biodegradação do petróleo nos períodos de coletas estabelecidos nos

experimentos, podendo ser realizado uma suposição positiva na atuação desses consórcios

no processo de degradação, sobretudo para degradação da degradação NSO em todos os

três experimentos.

O uso da folha de manguezal como bioestimulante não pode ser constatado, por não

terem sido estabelecidos padrões na concentração das folhas em relação ao crescimento

fúngico, nutrientes e degradação do óleo.

As análises de degradação mostram uma tendência de eficiência maior na condição

em que o consórcio fúngico e a folha de manguezal estiveram livres, podendo ser uma

alternativa utilizada no processo de biorremediação por bioaumentação.

O crescimento microbiológico dos fungos foi notado, com tendência de crescimento

também no período de 30 dias.

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83

8. RECOMENDAÇÕES

Com as análises dos resultados e em função da complexidade da interação dos elementos

que envolvem os processos de biorremediação, recomenda-se para trabalhos futuros:

Adicionar aos brancos experimentais, um branco contendo apenas sedimento e folha

de manguezal, na condição livre e encapsulado, bem como um branco de sedimento e

consórcio fúngico, o que poderia corroborar para avaliação da eficiência da folha de

manguezal como bioestimulante, para a ação dos fungos na degradação do óleo, e para a

relação de consumo dos nutrientes disponíveis nas folhas de manguezais, pelos fungos.

Realizar maiores variações na concentração das folhas de manguezais.

Verificar a necessidade de adição de nutrientes durante o experimento.

Ampliar o período de experimento, sobretudo para os experimentos que

envolvam a degradação com o uso de consórcios aromáticos e NSO, cobrindo assim todo o

crescimento fúngico e aumentando o período de exposição dos mesmo ao óleo.

Avaliar possíveis adaptações metabólicas ou mutações que podem ser

realizadas pelo fungo, com o período de exposição do contaminante.

Realizar maiores investigações a respeito dos fungos que compõem os

consórcios, como por exemplo sua identificação taxonômica.

Aumentar o tempo de esterilização do sedimento e da folha de manguezal,

com a finalidade de garantir a ausência de comunidades microbiológicas mais resistentes,

bem como do ambiente laboratorial.

Fazer uso do Agar Sabouraud e cloranfenicol, como proposto Gerba &

Pepper (2004), a fim de inibir o crescimento bacteriano nas análises de fungos, ocasionando

uma possível inibição dos crescimentos dos mesmos.

Avaliar a degradação do petróleo através dos biomarcadores com uso da

técnica da cromatografia gasosa.

Verificar a existência da degradação dos HPAs pelos consórcios fúngicos.

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