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i Estudo da formação de rebarba nos processos de fresamento e torneamento Luiz Claudio Paganotti de Oliveira Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: José Luis Lopes da Silveira Rio de Janeiro Outubro de 2015

Estudo da formação de rebarba nos processos de …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016006.pdf · Standard ISO 13715:2000). O processo de rebarbar nem sempre pode ser

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Estudo da formação de rebarba nos

processos de fresamento e torneamento

Luiz Claudio Paganotti de Oliveira

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Mecânica da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientador:

José Luis Lopes da Silveira

Rio de Janeiro

Outubro de 2015

ii

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Departamento de Engenharia Mecânica

DEM/POLI/UFRJ

TÍTULO DO PROJETO FINAL

Luiz Claudio Paganotti de Oliveira

PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO

DE ENGENHARIA MECÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE

ENGENHEIRO MECÂNICO.

Aprovado por:

________________________________________________

Prof. Jose Luís Lopes da Silveira

________________________________________________

Prof. Lavinia Maria Sanabio Alves Borges

________________________________________________

Prof. Anna Carla Monteiro de Araujo

Rio de Janeiro

Outubro de 2015

iii

Oliveira, Luiz Claudio Paganotti

Estudo da formação de rebarba nos processos de

fresamento e torneamento/ Luiz Claudio Paganotti de

Oliveira. – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica,

2015.

V, 59 p.: il,; 29,7cm.

Orientador: Jose Luis Lopes da Silveira

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/

Curso de Engenharia Mecânica, 2015.

Referencias Bibliográficas: p. 51 – 52.

1. Rebarba. 2. Rebarba no torneamento 3. Rebarba no

fresamento

iv

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.

Estudo da Formação de Rebarba nos Processos de Fresamento e Torneamento.

Luiz Claudio Paganotti de Oliveira

Outubro, 2015

Orientador: José Luis Lopes da Silveira

Curso: Engenharia Mecânica

Este trabalho estuda as rebarbas, suas classificações e seus métodos de

formação. Dois processos de usinagem são apresentados: um processo de torneamento

em um torno vertical CNC para desbaste e acabamento de Inconel, e o outro processo, o

fresamento de um bloco de aço 4130 em uma mandriladora CNC. Em ambos os

processos foi possível eliminar totalmente as rebarbas, evitando o retrabalho e

consequentemente diminuindo o custo de produção.

Palavras chaves : Rebarba, torneamento, fresamento.

v

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer

Study of Burr Formation in Milling and Turning Processes

Luiz Claudio Paganotti de Oliveira

October / 2015

Advisor: José Luis Lopes da Silveira

Course: Mechanic Engineering

This work studies the burrs, their classifications and formations methods. Two

machining processes are presented: a turning process for roughing and finishing of

Inconel on a CNC lathe and a milling process of a 4130 steel part on a CNC boring

machine. In both cases, it was possible to eliminate the burr totally, thus avoiding the

need for rework and consequently reducing production cost.

Keywords: Burr, turning, milling.

ÍNDICE 1. Introdução ............................................................................................................................1

2. Introdução da rebarba na usinagem ....................................................................................1

3. Definições sobre rebarba .....................................................................................................3

4. Normas para a classificação de rebarba ...............................................................................4

5. Geometria da rebarba ..........................................................................................................6

6. Mecanismos de Formação de Rebarbas ...............................................................................8

6.1. Mecanismos da formação de rebarbas segundo Gillespie e Blotter (1976) ......................8

6.2. Mecanismos da Formação de Rebarbas segundo Ko e Dornfeld (1991)..........................11

7. Formação das rebarbas durante o processo de fresamento ..............................................13

8. Influência dos Parâmetros de Usinagem na Formação das Rebarbas ................................17

9. Estudo da rebarba no torneamento ...................................................................................19

9.1. Detalhamento do material e da peça bruta ....................................................................19

9.2. Equipamento ...................................................................................................................21

9.3. Desenho da peça acabada ...............................................................................................22

9.4. Fixação da peça na máquina ...........................................................................................25

9.5. Usinagem na parte interna revestida de Inconel .............................................................26

9.5.1. Percurso da ferramenta no desbaste do Inconel ..........................................................26

9.5.2. Cálculo teórico da operação de desbaste .....................................................................27

9.5.3. Desbaste do Inconel .....................................................................................................28

9.5.4. Parâmetro de corte no desbaste ..................................................................................28

9.5.5. Ferramenta utilizada no desbaste ................................................................................29

9.5.6. Parâmetro de corte para acabamento no Inconel ........................................................29

9.5.7. Cálculo teórico para o acabamento Inconel .................................................................30

9.5.8. Ferramenta para acabamento das dimensões finais do Inconel ..................................31

10. Análise sobre o processo de torneamento .......................................................................35

11. Estudo a respeito de rebarba no fresamento ...................................................................35

11.1. Detalhamento do material e da peça bruta ..................................................................36

11.2. Equipamento .................................................................................................................37

11.3. Desenho da peça ...........................................................................................................37

11.4. Fixação da peça na máquina .........................................................................................39

11.5. Processo de fresamento na pré-usinagem ....................................................................40

11.6. Percurso da ferramenta na pré-usinagem .....................................................................40

1

11.7. Pré-usinagem ................................................................................................................41

11.7.1. Fatores que influenciam o acabamento e a rebarba. .................................................42

11.7.1.1. Parâmetro de corte .................................................................................................42

11.7.1.2. Ferramenta utilizada ...............................................................................................42

11.7.1.3. Fixação da ferramenta .............................................................................................43

11.7.1.4. Sentido de corte ......................................................................................................44

12. Estudo de rebarba no processo de desbaste ....................................................................44

13. Estudo a respeito de rebarba no acabamento .................................................................45

13.1. Fatores que influenciam o acabamento e a rebarba .....................................................45

13.1.1. Parâmetro de corte ....................................................................................................46

13.1.2. Ferramenta utilizada ..................................................................................................46

14. Análise processo de fresamento. .....................................................................................48

15. Conclusão .........................................................................................................................49

BIBLIOGRAFIA .........................................................................................................................51

vii

1. Introdução

Cada vez mais os projetos têm exigido do setor de fabricação um melhor

acabamento e precisão nas peças, dentre as exigências o aspecto mais importante é a

condição nas extremidades da peça, pois as geometrias geradas por projetistas em um

sistema CAD, ou um desenho técnico, geralmente são limpas e em linha reta, mas a

geometria real das bordas de uma peça fabricada é em grande parte determinada pela

formação de rebarbas no processo de fabricação e a retirada destas, em sua maioria, é

lenta e encarece o processo.

Estudos recentes têm mostrado o impacto econômico da remoção das rebarbas.

Em muitos casos, o aumento da formação de rebarbas é um fator chave para o desgaste

da ferramenta de corte.

Este trabalho visa apresentar os principais problemas que ocorrem devido à

rebarba, seus mecanismos de formação e classificações, assim como a análise de dois

processos de usinagem realizados na indústria e como evitar a rebarba nestes processos.

2. Introdução da rebarba na usinagem

Se as rebarbas não forem removidas de uma peça após sua fabricação, há dois

perigos remanescentes. O primeiro é que as rebarbas são muitas vezes bem acentuadas e

podem levar a pequenas lesões nos dedos dos trabalhadores durante o manuseio das

peças. O segundo é que as rebarbas inicialmente estão presas na peça, mas podem se

soltar durante a operação de um produto e causar danos mais tarde.

Outra questão importante é a relação fornecedor/cliente, em que há uma clara

necessidade da especificação de um padrão do que é considerado rebarba e dos métodos

de remoção. O controle e remoção de rebarbas são questões importantes do ponto de

vista econômico e tem sido o foco de pesquisa em operações de corte em usinagem nos

últimos 50 anos.

1

2

Os primeiros trabalhos relatados descreveram as rebarbas na furação. As

primeiras considerações de formação de rebarbas no corte de metal apareceram junto

com investigações de formação de cavacos, ambos estão intimamente ligados.

O primeiro trabalho dedicado ao mecanismo de formação de rebarba foi

publicado por Gillespie e Blotter (1976) onde foi apresentado um modelo analítico que

ilustra os mecanismos de formação de rebarbas e prevê propriedades da rebarba. Os

resultados deste modelo são comparados com as observações experimentais. Depois da

compreensão básica dos mecanismos de formação da rebarba ter sido alcançado, o foco

da pesquisa voltou-se para a retirada das rebarbas. A operação de rebarbar é muito

demorada e dispendiosa, em muitos casos é uma tarefa manual tediosa.

Há um grande número de ferramentas, máquinas e processos para rebarbar

disponíveis. No entanto, na prática industrial muitas operações de rebarbar ainda são

realizadas manualmente.

Um estudo realizado na Alemanha por Aurich et al. (2009) analisou os custos

associados com a minimização da rebarba, para avaliar o impacto econômico das

despesas causadas por rebarbas, os participantes da pesquisa foram solicitados a

informar o percentual de produção relacionado às rebarbas de uma peça específica.

Calculando a média das perdas e utilizando uma distribuição sem qualquer peso dos

fatores, resultou que até 9% do custo total de produção é devido às rebarbas, a Figura 1

mostra a divisão para os custos.

Figura 1 Divisão do esforço de produção causada pelas rebarbas (Aurich et al.,

2009).

3

3. Definições sobre rebarba

Atualmente, existem várias normas nacionais e internacionais, bem como

padronização para descrever rebarbas e avaliar a qualidade das bordas do componente.

Na maioria dos casos, as rebarbas podem ser definidas como sendo projeções

indesejáveis de material além da aresta da peça devido à deformação plástica durante a

usinagem (Olvera e Barrow, 1996).

Segundo Aurich et al. (2009) a definição completa pode ser encontrada em Beier

(1999): rebarba é um ressalto criado em uma superfície da peça durante a fabricação,

esta se mantem sobre a peça final e tem um volume relativamente pequeno comparado

com a peça, sendo indesejada e em alguns casos é inevitável.

A definição de rebarba por Gillespie (1996) se limita ao corte e a processos de

corte. A rebarba produzida por essas operações inclui ''o material que se estende além da

interseção teórica de duas superfícies que cercam a rebarba''.

Além disso, segundo Aurich et al. (2009) a definição de Gillespie (1996) inclui

rebarbas que se encontram no interior da intersecção teórica como mostrado na Figura

2.

Figura 2 Exemplos de definição rebarba de acordo com Gillespie (1996).

Em desenhos técnicos ou modelos de peças, a forma geométrica ideal é

representada sem qualquer desvio, não levando em conta as condições da borda. No

entanto, em muitos casos para o funcionamento de uma peça, é necessário que sejam

estabelecidos estados particulares da peça para a segurança (International Standard ISO

13715:2000).

da peça de trabalho rebarba rebarba

rebarba

Borda teórica

4

Define-se que a borda de uma peça apresenta rebarba se ela tem uma saliência

superior á zero (ver Figura 3).

Figura 3 Definição de rebarbas de acordo com a norma ISO 13175 (International

Standard ISO 13715:2000).

O processo de rebarbar nem sempre pode ser automatizado, tornando-se um

procedimento manual, e criando assim um obstáculo à redução de custos e ao aumento

de produtividade, ou seja, gerando um gargalo na produção.

4. Normas para a classificação de rebarba

Existem várias normas gerais para avaliar a qualidade das bordas de

componentes, para a classificação de rebarbas e construção de processos para a remoção

do material. A seguir, as propostas internacionais já existentes para classificar as bordas

dos componentes serão apresentadas.

5

O primeiro padrão para a classificação de rebarba introduz sete medidas de

qualidade que são seguidas por uma descrição do estado da borda do componente para

cada grau de qualidade, além disso, uma descrição do processo de verificação segundo

Aurich et al. (2009) é dada para alguns casos por Gillespie em seu artigo de 1999.

Segundo Aurich et al. (2009) a classificação de Schäfers (1975) fornece nove

classes de qualidade para rebarba. O limite de uma classe é determinado

quantitativamente utilizando séries de números preferenciais, a fim de alcançar um

espaçamento homogêneo e para manter o número de classes pequeno. Isto assegura que

a classificação seja aplicável na prática. Além disso, a escala de qualidade da rebarba é

inserida em quatro quadrantes em um sistema de coordenadas (ver Figura 4).

Finalmente, neste contexto, deve ser mencionado que uma pesquisa da indústria,

realizada no projeto ‘‘Spansauber” (em alemão), mostrou que, devido à falta de uma

estratégia global para classificação da rebarba, cerca de 45 % dos entrevistados das

empresas utilizam uma classificação própria (Aurich et al., 2009).

Figura 4 Classes de qualidade para arestas (Schäfers, 1975).

Limites excluídos

Limites incluídos

6

5. Geometria da rebarba

Segundo Aurich et al. (2009), Schäfers (1975) usa uma seção transversal

aleatória para descrever parâmetros básicos de rebarba, afirma que cada rebarba pode

ser caracterizada pelo seu perfil longitudinal e transversal, e descreve as definições de

rebarbas pelas seguintes categorias de medição:

A espessura da raiz da rebarba br é a espessura da área da raiz rebarba

medida na seção transversal

A altura da rebarba h é definida pela distância entre a borda ideal da peça e o

ponto mais alto na seção transversal

O raio da raiz da rebarba rf como mostrado na Figura 5 é determinado pelo

posicionamento de um círculo na parte da raiz da rebarba.

A espessura da rebarba bg é descrita como uma relação entre a seção

transversal e a distância rf, medida no meio da seção da raiz.

O perfil longitudinal de uma rebarba não é muito informativo na maioria dos

casos, por conseguinte, é raramente usado para descrever rebarbas, porém o

comprimento total da rebarba é de interesse, pois descreve o quanto do comprimento da

aresta apresenta uma rebarba e está por sua vez diretamente relacionado com o tempo

necessário para rebarbar uma peça de trabalho.

Para uma descrição detalhada das rebarbas o chamado valor da rebarba foi

definido (ver Figura 5). O valor da rebarba g consiste em quatro parâmetros

geométricos: espessura da raiz da rebarba br, raio da raiz rebarba rf, espessura da rebarba

bg e altura h da rebarba. A ponderação dos diferentes fatores resulta do impacto nos

parâmetros individuais no processo de rebarbar (Schäfers, 1975).

7

Figura 5 Valores medidos de uma rebarba (Schäfers, 1975).

A norma ISO 13715 usa apenas um valor para definir o desvio do contorno ideal

geométrico da borda (ver Figura 6). O tamanho da área de extremidade é denominado

''borda medida a'', este valor é medido a partir da ponta da rebarba perpendicular à

superfície a partir de onde a rebarba é saliente.

Figura 6 Geometria da rebarba como indicado na norma ISO 13715.

rebarba rebarba

rebarba

8

6. Mecanismos de Formação de Rebarbas

Uma das maneiras de classificar as rebarbas é segundo as arestas principais e

secundárias de corte, sendo: rebarba de entrada (de fluxo para trás); rebarba (de fluxo)

lateral; rebarba de saída (de fluxo à frente) e rebarba inclinada (na direção do avanço).

Gillespie e Blotter (1976) pesquisaram a formação de rebarbas com o intuito de

classificá-las e identificar os mecanismos de sua formação, investigaram a influência

dos parâmetros de corte, da geometria da ferramenta e desgaste, nas propriedades das

rebarbas.

Constataram que as rebarbas no corte ortogonal são formadas por quatro

mecanismos básicos, que são apresentados nas seções a seguir.

6.1. Mecanismos da formação de rebarbas segundo Gillespie e Blotter

(1976)

a) Rebarba de Poisson

A rebarba de Poisson surge devido ao abaulamento lateral dos materiais com

comportamento dúctil, em torno de um ponto ou área de compressão, até atingir a

deformação plástica permanente, isto se deve porque as arestas de corte das ferramentas

não são perfeitamente afiadas, possuindo um raio de arredondamento, se houver a

formação de aresta postiça de corte (APC), este raio se torna ainda maior. As altas

pressões causadas pelas forças de avanço são também um fator importante para a

formação desse tipo de rebarba, que se concentra nas laterais do material e em toda a

extremidade da peça enquanto há o contato com a ferramenta. O mecanismo de

formação da rebarba de Poisson é provocado então pelo raio efetivo da aresta de corte

da ferramenta e pelo grau de encruamento dos materiais. Outro tipo de rebarba que

surge para essas mesmas condições é a rebarba de entrada que é formada, no momento

da entrada da ferramenta. A Figura 7 ilustra estes dois tipos de rebarbas formadas.

9

Figura 7 Ilustração da rebarba de Poisson (Gillespie, 1973).

b) Rebarba de Encurvamento (rollover)

Esse tipo de rebarba é formado ao final do corte, quando a ferramenta sai da

peça, como ilustra a Figura 8. O cavaco é empurrado na direção da saída da ferramenta

e não sofre cisalhamento, encurvando-se sobre si na direção do corte, gerando a rebarba.

No processo de fresamento de topo, o seu comprimento corresponde aproximadamente

à penetração de trabalho (ae) e sua largura à profundidade de corte (ap). A rebarba é

bastante visível, pois são formadas arestas na superfície livre das peças, local onde a

força de corte será nula (Gillespie, 1973). No caso de materiais frágeis ocorre a

tendência de fraturas antes que essa rebarba se complete, promovendo o lascamento de

bordas ou “breakout” (Ko e Dornfeld, 1980).

Figura 8 Ilustração da rebarba de encurvamento (Gillespie, 1973).

10

c) Rebarbas de Estiramento (rasgar)

Rebarba formada no corte pela ação da ferramenta, onde esta provoca um efeito

de cunha entre a superfície usinada da peça e o cavaco, causando um estiramento até o

rompimento, antes do seu cisalhamento, (ver Figura 9) é muito frequente no processo de

fresamento.

Figura 9 Ilustração da rebarba de estiramento (Gillespie, 1973).

d) Rebarba de Interrupção de Corte (cut off)

Rebarba resultante no corte de seccionamento de um material e ocorre quando a

parte seccionada não é fixada adequadamente e cai por gravidade, antes que o corte

tenha sido completado, e é muito frequente no processo de serrar e no sangramento

radial realizado no torno, como ilustra a Figura 10.

Figura 10 Ilustração da rebarba de interrupção de corte (Gillespie, 1973).

11

6.2. Mecanismos da Formação de Rebarbas segundo Ko e Dornfeld

(1991)

Para Ko e Dornfeld (1991), na análise das dimensões das rebarbas, devem ser

consideradas suas dimensões geométricas como altura e espessura. Para medidas usa-se

desde relógio comparador até microscópio eletrônico. No corte ortogonal de materiais

dúcteis, a rebarba ocorre em três etapas: iniciação, desenvolvimento e formação.

a) Iniciação

A iniciação da rebarba se dá onde há transição do regime cavaco/rebarba, porém

depende das propriedades dos materiais, pois pode haver o prosseguimento da formação

do cavaco enquanto há a formação da rebarba.

Na posição de transição surge uma zona de cisalhamento negativa à frente da

aresta de corte e abaixo do plano de corte, que se estende até a superfície da peça que

por sua vez intercepta o plano de corte, formando um ângulo de cisalhamento negativo.

A zona de cisalhamento depende do ângulo de borda da peça (ângulo entre a

superfície usinada e a superfície onde a ferramenta sai da peça). Para valores acima de

150º, não há formação de rebarbas, segundo Soares Filho (1995).

O plano de cisalhamento negativo ainda contém o ponto de rotação ou

pivotamento, onde o cavaco faz o movimento de rotação antes de sair da peça (ver

Figura 11).

b) Desenvolvimento

O desenvolvimento se dá pelo avanço da ferramenta provocando a rotação do

plano de cisalhamento negativo em torno do ponto de pivotamento que permanece

imóvel durante a formação da rebarba. As deformações nesse plano vão aumentando

com o avanço da ferramenta. A Figura 11 é uma ilustração deste mecanismo.

12

Figuras 11 Variáveis geométricas e o deslocamento da ferramenta do ponto A para

o ponto A’, e ainda a rotação do plano de cisalhamento negativo em torno de B (Ko

e Dornfeld, 1991).

c) Formação

A formação da rebarba se dá com a aproximação da ferramenta no final do corte

na borda da peça, onde aumenta a rotação em torno do plano de cisalhamento negativo e

também há deformações contidas neste plano. Quando a ferramenta finalmente sai da

peça, forma-se a rebarba, que pode ocorrer com ou sem fratura do material na posição

cavaco/rebarba. Se houver fratura, haverá o lascamento da borda.

Nos materiais dúcteis, as deformações ocorridas no plano de cisalhamento

negativo não atingem o valor crítico de fratura e a rebarba que se forma se encontra

acima deste plano, recebendo a denominação de rebarba positiva.

Para materiais frágeis, uma pequena deformação já é suficiente para atingir o

valor crítico e causar a fratura no plano de cisalhamento negativo. A borda da peça irá

conter uma superfície fraturada e esta região recebe a denominação de “breakout”. A

rebarba que se forma abaixo do plano de cisalhamento negativo é denominada rebarba

negativa (ver Figura 12) indicada na micrografia deste tipo de rebarba para o fresamento

frontal de ferro fundido cinzento.

13

Figura 12 Formação do “breakout” no ferro fundido cinzento (Silva, 2004).

7. Formação das rebarbas durante o processo de fresamento

Todos os tipos de rebarbas classificadas por Gillespie (1973), ou Nakayama e

Arai (1987) são encontradas no processo de fresamento tangencial e frontal.

No fresamento cilíndrico tangencial discordante de um rasgo passante são

identificados oito tipos de rebarbas relacionadas a três mecanismos de formação, que

são: Poisson, de encurvamento e de estiramento.

Na Figura 13, observa-se as rebarbas de estiramento 1 e 2, produzidas pelo

movimento ascendente dos dentes da ferramenta na saída da peça. A rebarba 8 é a

rebarba de Poisson (entrada), e as rebarbas 6 e 7 podem ser classificadas tanto como

rebarba de entrada como quanto rebarba de estiramento, são localizadas nas bordas

laterais da peça e são produzidas pela penetração sucessiva dos dentes da ferramenta,

até atingir a espessura de penetração. As rebarbas 3 e 4 são rebarbas de estiramento e a

rebarba 5 é uma rebarba de encurvamento, todas formadas na superfície de saída da

peça durante a saída da ferramenta.

No fresamento cilíndrico tangencial concordante, as rebarbas 1 e 2 continuam

sendo de estiramento, porém agora são produzidas pela entrada da ferramenta na peça,

podendo assim mudar suas características geométricas (ver Figura 13 com a direção de

14

avanço invertida). A rebarba de encurvamento, identificada pelo número 5 também é

formada na superfície de entrada da ferramenta na peça. A rebarba 8 de Poisson, agora é

formada pela entrada da aresta de corte na saída da ferramenta do material, isto se dá

pela inversão do movimento de avanço. As rebarbas 3 e 4 que antes eram somente de

estiramento agora são também de entrada, enquanto 6 e 7 são somente rebarbas de

estiramento.

Figura 13 Localização das rebarbas formadas no fresamento cilíndrico tangencial

discordante, de um rasgo passante (Gillespie, 1973).

Hashimura et al. (1999), ainda relacionaram as rebarbas produzidas no

fresamento com sua localização nas bordas de um ressalto usinado por fresamento

frontal (ver Figura 14) e essas denominações podem ser aplicadas a quaisquer rebarbas

de fresamento, desde que correspondam aos mecanismos de sua formação.

Figura 14 Localização das bordas e suas respectivas rebarbas formadas no

processo de fresamento frontal (Hashimura et al, 1999).

rotação da fresa

F

15

Essas rebarbas podem ser observadas no processo de fresamento em cinco

regiões distintas na borda: entre a superfície usinada e a superfície de saída; superfície

de transição e a superfície de saída; superfície superior e a superfície de transição;

superfície usinada e a superfície de entrada; superfície de transição e a superfície de

entrada.

A formação da rebarba de saída no fresamento frontal sobre condições de

acabamento foi analisada por Kishimoto et al. (1981) e verificaram as condições de

corte para a sua aparição e que alterações no corte provocam a ruptura em sua seção

transversal mais fina e reduz assim o comprimento da rebarba remanescente, chamaram

então a rebarba de saída sem ruptura de rebarba primária e a rebarba resultante da

ruptura de rebarba secundária (ver Figura 15).

Esse tipo de rebarba é a mais difícil de ser removida devido ao seu longo

comprimento e resistência. Olvera e Barrow (1998), Chern e Dornfeld (1996),

observaram ainda três formas distintas da rebarba primária, sendo estas: rebarba tipo

faca, rebarba tipo onda e rebarba tipo anelada.

A profundidade de corte e o ângulo de saída da fresa da peça (θ) são fatores

determinantes na dimensão da rebarba 5 e 9 (ver Figura 16). Eles observaram que para

um dado ângulo θ existe um determinado intervalo de profundidade de corte

responsável pela transição da rebarba primária para secundária, chamada de

profundidade de corte de transição (apt) conforme mostra o gráfico da Figura 17, onde h

é a altura da rebarba.

Figura 15 Ilustração da rebarba primária e secundária no fresamento frontal

(Kishimoto et al., 1981).

rebarba primária

rebarba secundária

16

Figura 16 Tipos de rebarbas formada no faceamento da operação de fresamento

(a) fresamento de rasgo passante, (b) fresamento de rebaixo (Gillespie, 1976).

Figura 17 Formação e transição da rebarba primária para a secundária (Silva,

2004).

No fresamento de faceamento em pequenas profundidades, o corte será formado

principalmente pela aresta secundária da ferramenta, gerando-se a rebarba primária. À

medida que a profundidade de corte aumenta a participação da aresta secundária de

corte em relação à primária diminui (dividindo a função do corte com a aresta

principal), gerando-se a rebarba de transição. A geração da rebarba secundária acontece

quando a ação do corte ocorre principalmente pela aresta principal da ferramenta de

corte. Observa-se que a rebarba secundária tem altura reduzida em relação à rebarba

rebarba 1

rebarba 3

rebarba 5

rebarba 9

rebarba 1

rebarba 2

rebarba 8

rebarba 6

rebarba 4

rebarba 5

rebarba 3

(b)

(a)

17

primária, devido ao seu tamanho reduzido (Kishimoto et al., 1981), (Olvera e Barrow,

1996) passaram a considerar as bordas formadas por rebarba secundária como regiões

livres de rebarba.

Os estudos de Kishimoto et al. (1981), Olvera e Barrow (1996) e Chern e

Dornfeld (1996) sobre a formação da rebarba 9 apontaram que a transição entre a

rebarba primária e a rebarba secundária é afetada principalmente pela profundidade de

corte, pela geometria da ferramenta devido ao seu raio de ponta e pelo ângulo de saída

da ferramenta na peça, que é formado a partir do vetor velocidade de corte e a superfície

livre da peça.

8. Influência dos Parâmetros de Usinagem na Formação das

Rebarbas

Os parâmetros de usinagem influenciam diretamente na formação das rebarbas e

por isso devem ser levados em conta na análise dos mecanismos de sua formação.

Segundo Soares Filho (1995) esses parâmetros estão em primeiro plano na influência

sobre a formação de rebarbas.

A geometria da ferramenta também influencia as dimensões das rebarbas, o raio

da aresta de corte e o raio de ponta da ferramenta possuem influência direta na

espessura da raiz segundo Gillespie (1973), Nakayama e Arai (1987), Hashimura et al.

(1999). As condições de desgaste da ferramenta também estão relacionadas com as

características da rebarba (entrada, saída lateral e inclinada) e também com suas

dimensões geométricas (altura e espessura). Olvera e Barrow (1996) analisaram a

influência dos principais parâmetros de usinagem nas dimensões da rebarba durante o

fresamento de um aço com médio teor de carbono e foi verificado que o aumento da

velocidade de corte proporcionou uma redução na altura da rebarba e um aumento em

sua espessura. O avanço pode influenciar na formação da fratura durante o

desenvolvimento da rebarba, mudando as características e dimensões da espessura da

raiz (Nakayama e Arai, 1987) e da rebarba de entrada (Gillespie, 1973).

Em relação aresta principal de corte observou-se que o aumento do avanço por

dente acarreta a diminuição da altura da rebarba, porém quando a formação da rebarba

18

se dá pela aresta secundária, notou-se o acentuado aumento de sua altura em função do

avanço. A altura da rebarba de saída e lateral também é influenciada pelo ângulo de

saída da ferramenta, sendo que a rebarba lateral é a que mais apresenta variações.

Quanto à profundidade de corte, a rebarba do tipo enrolada (rollover) teve altura

correspondente à profundidade axial. Para outros tipos de rebarbas (aquelas geradas pela

aresta principal) percebeu-se um aumento da altura das mesmas em função do aumento

da profundidade de corte em até 5 mm aproximadamente, mas para a rebarba formada

pela aresta secundária a altura manteve-se constante, principalmente para uma

profundidade de corte acima de 0,5 mm.

A Figura 18 mostra os principais parâmetros geométricos a serem considerados

na análise do fenômeno em questão, onde “b” e “h” são a espessura e altura da rebarba,

respectivamente.

Figura 18 Principais dimensões consideradas na análise das rebarbas, altura “h”, e

espessura “b” (Kaminise et al., 2001).

Segundo Olvera e Barrow (1998) a principal dimensão da rebarba é a sua

espessura, pois quanto maior for o valor de “b”, maior será a dificuldade de removê-la

na etapa de rebarbar (processo de remoção da rebarba).

A condição de saída da ferramenta é um fator determinante para criação da

rebarba, o ângulo formado entre a ferramenta e a superfície determina se há ou não

formação de rebarba. O tamanho da rebarba tende a diminuir com o aumento deste

ângulo e, sobretudo para valores superiores a 150º.

19

9. Estudo da rebarba no torneamento

Será apresentado a seguir um estudo de caso real sobre torneamento vertical de

Inconel, que apresentou dificuldades durante os primeiros processos realizados. Na

época, não foi realizada nenhuma análise prévia sobre o material e ferramentas, isto

levou a quebra prematura de inserto e em alguns casos a soldagem do inserto na peça.

9.1. Detalhamento do material e da peça bruta

A peça bruta é composta por um cilindro com revestimento interno de Inconel,

parte mais escura, pesando aproximadamente 1500 kg, com 717 mm de altura, diâmetro

interno de 264 mm e diâmetro externo de 685 mm (ver Figura 19).

Figura 19 Pré-usinagem para deposição de Inconel na parte do assento do anel de

vedação (groove BX-160) e pequena região interna (diâmetro 369 mm) sendo

mostradas pela parte mais escura no desenho.

20

Realizou-se uma análise da composição química do material, (ver Tabela 1) para

determinar uma melhor forma de usinagem, também foi realizada uma análise de tração

(ver tabela 2) para verificar o motivo da quebra da pastilha durante pequenas remoções

de material.

Tabela 1 - Composição química do aço 8630 modificado

Material %C %Mn %P,

máx.

%S,

máx.

%Si %Cr %Ni %Mo %Cu,

máx.

%V,

máx.

Aço

8630

0,28

0,33

0,85

1,00 0,025 0,025

0,15

0,35

0,85

1,00

0,75

0,90

0,35

0,45 0,2 0,05

,

Tabela 2 - Propriedades de tração

Tensão de

escoamento

mínima

Resistência a

tração

Alongamento

em 2", min(%)

Redução de

Área (mm)

75ksi

(517MPa)

95ksi

(655MPa) 17 35

As superligas a base de níquel possuem estrutura CFC austenítica até o seu

ponto de fusão. Estas ligas possuem alto percentual de elementos químicos na forma de

solução sólida em sua matriz de Ni. A baixa condição de usinagem de uma liga de

níquel ocorre devido a alguns fatores (Zeeman, 2003):

1. A maior parte da resistência do material é mantida durante a usinagem devido a sua

alta resistência ao calor;

2. O encruamento ocorre rapidamente a partir dos esforços aplicados sobre o material

durante a usinagem, contribuindo para o desgaste da ferramenta, principalmente na

altura da profundidade de corte e aumentando os esforços de corte;

3. Há um alto desgaste abrasivo da ferramenta devido à presença de diversos carbonetos

com dureza elevada;

4. Há altas taxas de difusão no par ferramenta-peça, devido às temperaturas elevadas

presentes na região de corte, que giram entorno de 1000ºC durante o corte de uma

superliga a base de níquel;

21

5. Soldagem por atrito da liga de níquel nas superfícies de saída e de folga da

ferramenta de corte, devido à alta adesão da liga, além das baixas velocidades

empregadas para a usinagem, causando penetração excessiva da ferramenta na peça

(enganchar), bem como lascamento na superfície de saída da ferramenta. Apresentaram

resultados de tensões acima de 3450 MPa na região do corte de uma superliga à base de

níquel;

6. Alta ductilidade sob uma dureza média (250-350 HV);

9.2. Equipamento

Para realizar a operação foi utilizado um torno vertical com magazine giratório,

comando SIEMENS, diâmetro da placa de 1000 mm, rotação máxima de 350 rpm, que

suporta 5000 kg de peso sobre a placa, e o fechamento das castanhas é manual (ver

Figura 20).

Figura 20 Torno vertical TAURUS WOTAN TWVT comando SIEMENS.

22

9.3. Desenho da peça acabada

A peça utilizada na análise de formação de rebarba no torneamento é

apresentada na Figura 21, denominada mancal superior, com 13 5/8'' de diâmetro, 5000

psi de pressão de trabalho interna, que faz parte da estrutura de conexão rotativa

flangeado com 13 5/8” de diâmetro e 5000 psi de pressão de trabalho, que compõe o

dispositivo de teste da principal peça do PLET, essa peça foi escolhida por ter

apresentado um grande desafio na sua usinagem em geral, tendo cotas com um grau de

precisão elevado, assim como necessitar de baixa rugosidade, e ter recobrimento de

Inconel.

Figura 21 Desenho final da peça em 2D.

23

A Figura 22 apresenta um corte da peça, buscando exibir em detalhes a parte

interna da peça que é revestida em Inconel, indicada pela região mais escura onde será

feita análise do processo de usinagem.

Figura 22 Detalhe da parte do revestimento de Inconel.

Nas Figuras 23 e 24 temos a montagem do conjunto onde será utilizada a peça,

na Figura 23 temos um detalhe em corte do conjunto em 2D, que mostra como será feita

a vedação do Inconel. Na Figura 24 temos um desenho em 3D mostrando a montagem

final do dispositivo.

24

Figura 23 Dispositivo completo de teste 2D

Figura 24 Dispositivo completo de teste 3D

25

9.4. Fixação da peça na máquina

A peça foi apoiada sobre a placa, centralizada pelo diâmetro interno e fixada

pelo diâmetro externo por quatro castanhas na placa, tendo cada castanha 130 mm de

altura (ver Figura 25).

Figura 25 Fixação da peça no torno vertical.

Nas próximas seções serão descritos os processos de usinagem, as ferramentas

utilizadas, o maquinário e os parâmetros de usinagem para esta peça.

A sequência de usinagem será:

1. Desbaste interno

1.1. Será abordado em detalhes nas seções 9.5.1, 9.5.2, 9.5.3, 9.5.4 e 9.5.5 e ao final

uma comparação na Tabela 4.

2. Acabamento interno

2.1. Será abordado em detalhes nas seções 9.5.6, 9.5.7, 9.5.8 e ao final uma

comparação na Tabela 4.

26

9.5. Usinagem na parte interna revestida de Inconel

Foi realizada uma operação de desbaste copiando o perfil da peça como

mostrado na Figura 26 deixando 2 milímetros de sobre metal no diâmetro interno para o

acabamento. Devido ao excesso de material na peça bruta, foi utilizada uma ferramenta

de baixo custo, as características desta ferramenta podem ser observadas na Tabela 3.

Sequencialmente foi modificada a ferramenta e o processo de usinagem para

atender as exigências do projeto em relação ao acabamento superficial da peça.

Nesta operação de torneamento foi utilizado um torno vertical para retirada do

material com velocidade, rotação, profundidade de corte e avanço com limitações

devido ao tipo de material como ilustrado na tabela 4. Sendo estes parâmetros bem

diferentes do recomendado pelo fornecedor da ferramenta acarretou um tempo de

operação elevado.

9.5.1. Percurso da ferramenta no desbaste do Inconel

A Figura 26 apresenta o torneamento interno e mostra em corte a parte interna

da peça que está sendo usinada, a trajetória vermelha representa o caminho de usinagem

e a parte verde a parte de material que está sendo retirada, a tonalidade em azul o

material ainda restante, a ferramenta é o retângulo azul com ponta amarela. Esta

usinagem procedeu-se da parte superior da peça para a inferior.

27

Figura 26 Simulação computacional 2D do desbaste interno do Inconel.

9.5.2. Cálculo teórico da operação de desbaste

Cálculo para o desbaste teórico

𝑅𝑚á𝑥 =1000𝑓𝑛

2

8𝑟𝜀

𝑓𝑛2

é o avanço por rotação, igual a 0,2 mm/min

𝑟𝜀 é o raio de ponta do inserto, igual a 1,2 mm

𝑅𝑚á𝑥 é a rugosidade da superfície acabada, igual a 4,16 µm

𝑅𝑚á𝑥 é aproximadamente 3,1Ra e é valido para valores de Ra ≤ 3µm (Ferraresi, 1970)

A rugosidade teórica Ra para essa operação é 1,342 µm, e a rugosidade

encontrada ao final desta primeira fase de operação foi de 5,9 µm medida com

rugosímetro na peça.

(9.1)

28

9.5.3. Desbaste do Inconel

Devido ao fato da classe do inserto estar em desacordo com a classe do material,

foi necessário utilizar parâmetros de corte mais baixos que os recomendados pelo

fabricante, tais como o avanço, a quantidade de material retirado por passada e a

rotação, com isto obteve-se um tempo de usinagem elevado, cerca de aproximadamente

14 horas de usinagem.

Numa breve inspeção visual, constatou-se que devido a profundidade de corte

utilizada, a rebarba formada era muito semelhante ao tipo enrolada (rollover).

Outro tipo de rebarba que surge para essas mesmas condições, no momento da

entrada da ferramenta é a rebarba de entrada.

Os fatores que influenciaram este acabamento e rebarba foram:

Parâmetros de corte

Ferramenta utilizada

Fixação da ferramenta

Sentido de corte

Estes fatores serão abordados com mais detalhes nas seções seguintes com

valores reais utilizados durante a usinagem, e ao final na Tabela 4 será realizada uma

comparação entre alguns fatores.

9.5.4. Parâmetro de corte no desbaste

Parâmetros de corte:

Velocidade de corte: 20 m/min

Profundidade de corte: 0,5 mm por passada no raio

Avanço: 0,2 mm/min, pois acima deste valor ocorre muita vibração e

rebarbas na saída da ferramenta.

Rotação: 18 rpm, pois acima deste valor ocorre o derretimento da

pastilha pela categoria do inserto não ser adequado para este material.

29

9.5.5. Ferramenta utilizada no desbaste

A Figura 27 mostra a ferramenta e sua geometria. As características que levaram

a utilizar esta ferramenta foram: a fixação central feita por um pino interno regulável e o

travamento por parafuso. A geometria entre o suporte e o inserto cria um ângulo de

inclinação negativo da ferramenta, que ajuda na quebra do cavaco impedindo a

formação de rebarba.

Figura 27 Imagens da ferramenta e dimensões.

9.5.6. Parâmetro de corte para acabamento no Inconel

Os parâmetros de corte para o acabamento foram calculados, após a ocorrência

de falhas durante a usinagem. A utilização de velocidades padrões não foram suficientes

para a obtenção dos resultados desejados e acarretam em quebras de inserto, assim

como, danos na peça.

Depois de uma pesquisa sobre formas de usinagem desse material, foi obtido o

acabamento especificado no projeto assim como a eliminação da rebarba do processo.

Logo abaixo estão os valores que foram utilizados e que obtiveram sucesso. Ao final do

Capítulo 11 teremos na Tabela 4 um comparativo entre as tentativas feitas.

Rotação da placa: 27 rpm.

Velocidade de corte: 30 m/min

Avanço: 0,04 mm/min.

Profundidade de corte: foi escalonada para eliminar vibração e rebarba

30

1º passe retirou 0,3 mm no diâmetro

2º passe retirou 0,3 mm no diâmetro

3º passe retirou 0,2 mm no diâmetro

4º passe retirou 0,1 mm no diâmetro

5º passe retirou 0,1 mm no diâmetro

Além da profundidade de corte ter sido escalonada para evitar rebarbas e

vibração, também se procedeu a realização do acabamento por etapas, pois se fosse feito

por completo promoveria o desgaste prematuro da ferramenta.

9.5.7. Cálculo teórico para o acabamento Inconel

Cálculo para o acabamento teórico:

𝑅𝑚á𝑥 =1000𝑓𝑛

2

8𝑟𝜀

𝑓𝑛2

é o avanço por rotação e é igual a 0,04 mm/min

𝑟𝜀 é o raio de ponta do inserto e é igual a 0,8 mm

𝑅𝑚á𝑥 é a rugosidade da superfície acabada e é igual a 0,25 µm

𝑅𝑚á𝑥 é aproximadamente 3,1Ra e é válido para Ra≤ 3 µm (Ferraresi 1970).

A rugosidade Ra encontrada ao final desta primeira fase de operação foi de 0,31

µm medida com rugosímentro na peça e a teórica 0,080 µm.

(9.2)

31

9.5.8. Ferramenta para acabamento das dimensões finais do Inconel

A Figura 28 mostra a ferramenta e sua geometria, nesta operação as

características importantes desta ferramenta são: a fixação central da pastilha feita por

um parafuso e a geometria da pastilha com relação ao suporte.

Figura 28 Configuração do inserto VBMT160408 com raio de ponta de 0,8 mm.

A Figura 29 mostra a peça finalizada livre de rebarbas e com acabamento

superficial de acordo com o especificado no projeto, a Figura 30 é uma ampliação da

Figura 29 para mostrar com mais detalhes a parte de Inconel que foi o objeto de estudo.

Figura 29 Peça finalizada livre de rebarba e com acabamento satisfatório

32

Figura 30 Peça finalizada livre de rebarba e com acabamento especificado no

projeto na parte do Inconel.

33

Tabela 3 – Valores globais para o torneamento

Processo de desbaste

1 – Ferramenta CNMG190412 Mitsubshi

2 - Suporte Esquerdo

3 - Classe do inserto UE6020

4 - Número de insertos 1

5 - Comprimento da ferramenta 170 mm

6 - Fixação do suporte Montado numa barra

7 - Prolongamento da barra 550 mm

8 - Diâmetro da barra 200 mm

9 - Ângulo de inclinação 6º

10 - Dimensões do cabo do suporte 32 mm por 32 mm

11 - Raio da ferramenta 1,2 mm

12 - Tipo de inserto Positivo

13 - Ângulo de posição 95º

14 - Ângulo de ponta 80º

15 - Fluido refrigerante ECOCOOL MH 1000

16 – Equipamento Torno vertical Siemens

17 - Posicionamento da peça Presa por quatro castanhas

18 - Perfil usinado Total

Processo de acabamento

19 – Ferramenta VBMT160408 Mitsubshi

20 - Classe do inserto VP 15TF

21 - Suporte Esquerdo

22 - Número de insertos 1

23 - Comprimento da ferramenta 170 mm

24 - Fixação do suporte No torpedo do equipamento

25 - Prolongamento da barra 600 mm

26 - Diâmetro da barra 200 mm

27 - Ângulo de inclinação 13º

28 - Dimensões do cabo do suporte 25 mm por 25 mm

29 - Tipo de inserto Negativo

30 - Ângulo de posição 93º

31 - Ângulo de ponta 35º

32 - Raio da ferramenta 0,8 mm

33 – Equipamento Torno vertical siemens

34 - Posicionamento da peça Presa por quatro castanhas

34

Tabela 4 – Comparação no processo de torneamento

Processo de desbaste

Processo

aprovado

Processo

reprovado 1

Processo

reprovado 2

Processo

reprovado 3

Processo

reprovado 4

Ferramenta CNMG190412 CNMG190412 CNMG190412 CNMG190412 CNMG190412

Velocidade de

Avanço 0,2 mm/min 0,35 mm/min 0,25 mm/min 0,2 mm/min 0,2 mm/min

Rotação 80 rpm 160 rpm 160 rpm 80 rpm 80 rpm

Velocidade de

corte 20 m/min 100 m/min 60 m/min 20 m/min 20 m/min

Profundidade de

corte removida

por passada

0,5 mm 2,5 mm 1,5 mm 0,5 mm 0,5 mm

Dano ao inserto Não

Derretimento

do inserto após

15 mm de

usinagem.

Quebra de inserto

deixando rebarba ao

longo da usinagem

Não Não

Rebarba

Redução da altura

da rebarba em

relação ao

processo

reprovado 1

Rebarba criada

e difícil de ser

retirada

Rebarba criada

porém amenizada,

com dificuldade de

remoção

Redução da altura

da rebarba em

relação ao

processo

reprovado 1

Redução da altura

da rebarba em

relação ao

processo

reprovado 1

Ra teórico 1,34 4,11 2,1 1,34 1,34

Ra prático 5,25 Não realizado Não realizado 5,25 5,25

Processo de acabamento

Ferramenta VBMT160408 Não realizado VBMT160408 VBMT160408 VBMT160404

Classe do inserto VP15TF Não realizado US735 VP15TF VP15TF

Raio da

ferramenta 0,8 mm Não realizado 0,8 mm 0,8 mm 0,4 mm

Avanço 0,04 mm/min Não realizado 1 mm/min 1 mm/min 0,04 mm/min

Rotação 50 rpm Não realizado 200 rpm 80 rpm 50 rpm

Velocidade de

corte 30 m/min Não realizado 120 m/min 40 m/min 30 m/min

Profundidade de

corte removida

por passada

1º passe 0,3 mm

2º passe 0,3 mm

3º passe 0,2 mm

4º passe 0,1 mm

5º passe 0,1 mm

Não realizado 0,25 mm 1 mm 0,3 mm

Perfil usinado Escalonado

Total Total Total

Dano ao inserto Não realizado Não realizado Quebra prematura

devido a desgaste

Quebra e

derretimento Não

Rebarba

Não ocorreram

rebarbas visíveis a

olho nu

Não realizado Não realizado

Não ocorreram

rebarbas visíveis a

olho nu

Derretimento do

inserto

Processo

Perfil usinado

com interpolação

na entrada e saída

dos ângulos

Não realizado Não realizado

Perfil usinado

com interpolação

na entrada e saída

dos ângulos

Não realizado

Ra teórico 0,08 Não realizado 0,08 0,08 0,16

Ra prático 0,31 Não realizado 5,7 Não realizado 4,18

35

10. Análise sobre o processo de torneamento

As superligas à base de níquel apresentam algumas características que são

responsáveis pela baixa usinabilidade, elas apresentam uma matriz austenítica, como

alguns aços inoxidáveis, e endurecem rapidamente durante a usinagem, além disso, a

localização do corte produz rebarbas nas bordas da peça o que as torna de difícil

manipulação. Estas ligas também têm uma tendência a soldar no material da ferramenta

devido à alta temperatura gerada durante a usinagem.

Neste estudo tentou-se demonstrar um método conciso que garantirá uma boa taxa

de sucesso quando aplicado na usinagem deste tipo de material, os resultados são

apresentados nas Tabelas 3 e 4 que fazem uma análise minuciosa de como a peça foi

usinada.

Os problemas com a usinagem foram superados devido ao embasamento teórico

obtido pelo estudo feito sobre rebarbas, pois no primeiro caso a falta de conhecimento

se tornou um fator decisivo para o fracasso.

Isto ocorreu, pois neste caso a peça não poderia ser rebarbada de maneira

tradicional utilizando-se de lixas e limas, uma vez que poderia impregnar o material o

que acarretaria em vazamentos, devido a sua vedação ser metal/metal. Também ocorreu

outra experiência negativa anteriormente, na qual foram criadas superfícies irregulares

na peça devido ao fato de ter sido lixada no torno, para atingir o acabamento necessário

e remover qualquer rebarba criada.

Utilizando este modelo de processo além de não haver mais a necessidade do gasto

com a operação de rebarbar, a peça atingiu o acabamento requerido na especificação,

sem utilizar outros artifícios, tendo um custo moderado e tempo de operação razoável.

11. Estudo a respeito de rebarba no fresamento

Nos próximos capítulos iremos analisar a usinagem numa mandrilhadora CNC. O

processo de usinagem terá seu foco na parte do fresamento onde ocorreram rebarbas na

usinagem.

36

Dentro deste estudo iremos descrever o maquinário utilizado, as ferramentas, a

matéria prima utilizada, a fixação da peça na máquina e os parâmetros utilizados com o

intuito de minimizar as rebarbas.

Será apresentado nos capítulos a seguir um caso real, identificando as rebarbas

criadas ao longo do processo de usinagem, os motivos delas ocorrerem assim como as

soluções para a sua eliminação.

11.1. Detalhamento do material e da peça bruta

Bloco homogêneo retangular maciço de aproximadamente 2400 kg com 375 mm

de espessura, altura de 590 mm e largura 1900 mm, com um excesso de material em

todas as suas dimensões, este bloco depois de usinado ira ter a forma em linhas

pontilhadas da Figura 31.

Figura 31 Matéria prima da peça pré-usinada.

As propriedades químicas e de tração do material apresentadas nas Tabelas 5 e 6

foram importantes, pois a partir delas foi selecionado o processo de usinagem a ser feita

assim como a ferramenta a ser utilizada.

Tabela 5 - Propriedades químicas

Material %C max. %Mn max. %P, máx. %S, máx.

%Si max. Carbono equivalente

(Ceq), max

Aço

estrutural

0,30

1,60

0,04

0,04

0,50

1 a 0,45

1900 375

590

37

Tabela 6 – Propriedades de tração e dureza

Tensão de

escoamento

mínima

Resistência à tração Dureza máxima

50ksi(345MPa) 65ksi(450MPa) 300HB

11.2. Equipamento

Máquina DOOSAN DOC 130, de cinco eixos com tamanho da mesa de

1800x1600mm, utilizando comando FANUC para sua programação. Este equipamento

tem algumas limitações impostas pelo fabricante como avanço máximo de 4 m/min,

distância máxima de aproximação entre o eixo e a mesa limitada em 80 mm, para não

ocorrer colisão. Por limitação imposta pelo setor de manutenção, o mangote não pode

ser lançado (ver Figura 32).

Figura 32 Imagem ilustrativa da máquina sem carenagem e mesa vazia

11.3. Desenho da peça

Mancal superior denominado “swivel”, com 13 5/8'' de diâmetro e 5000 Psi de

pressão interna de trabalho, e que faz parte da estrutura de sustentação do PLET

(Pipeline End Terminal) (ver Figura 33).

38

Figura 33 Desenho final do projeto

Detalhe sobre a utilização da peça PLET (Pipeline End Terminal) - Estrutura

metálica composta de tubulações, que é lançada no fundo do mar e recebe dutos de gás

ou petróleo e conecta-se a risers (que são os dutos rígidos ou flexíveis que conecta o

PLET com a plataforma ou o navio plataforma) (ver Figura 34).

Figura 34 Pipeline End Terminal (PLET)

39

11.4. Fixação da peça na máquina

A peça foi apoiada sobre pequenos macacos como é mostrado na Figura 35.

Devido ao fato da máquina ser limitada pelo fabricante para evitar colisões. Foi fixada

por quatro tirantes na parte superior da peça, que estão presos nos rasgos da mesa e

colocaram-se quatro topadores na parte de trás da peça para evitar algum tipo de

deslocamento da peça.

Figura 35 Fixação da peça na máquina

Nas próximas seções serão descritos os processos de usinagem, as ferramentas

utilizadas, o maquinário e os parâmetros de usinagem para esta peça.

A sequência de usinagem será:

1. Pre-usinagem

1.1.Será abordado em detalhes nas seções 11.6, 11.7, 11.8. e ao final uma

comparação na Tabela 7.

2. Desbaste deixando 2 mm de sobre-metal e ao final uma comparação na Tabela

7.

3. Acabamento

3.1.Será abordado em detalhes nas seções 13.1, 13.1.1, 13.1.2 e ao final

uma comparação na Tabela 7.

40

11.5. Processo de fresamento na pré-usinagem

Foi realizada uma operação de pré-usinagem devido ao excesso de material, o

que acarretou muita vibração, rebarba e um acabamento visual muito ruim.

Nesta operação a fresa está cortando tanto no sentido concordante quanto no

sentido discordante, ao se deslocar da esquerda para a direita a fresa corta no sentido

concordante, o que gerou um esforço menor e baixa vibração, diferente de quando se

deslocava cortando da direita para esquerda, pois acentua a vibração da peça, assim

como o esforço da ferramenta. Na usinagem tangencial o esforço de corte foi elevado,

de acordo com o painel da máquina indicando o esforço.

Devido ao fato desta ferramenta ter sido recomendada pelo fornecedor como de

alto desempenho com o avanço de 4m/min e pequena remoção de material por passada

conseguimos um tempo de usinagem relativamente baixo, cerca de aproximadamente 18

horas de usinagem.

11.6. Percurso da ferramenta na pré-usinagem

Na Figura 36 a linha cinza na parte verde representa o caminho de usinagem,

enquanto o círculo azul dentro da parte verde é a ferramenta, e a parte verde indica o

local onde foi retirado material. Neste caso tivemos tanto usinagem frontal de

faceamento quanto tangencial.

Figura 36 Esquema da usinagem 3D, apresentando o deslocamento da ferramenta.

41

11.7. Pré-usinagem

Foi observado visualmente na Figura 37 que a rugosidade superficial da peça

não estava de acordo com o especificado no desenho de projeto, devido a isto foi

alterado à ferramenta e o processo de usinagem.

Figura 37 Usinagem tangencial gerando vibração e rebarba.

No fresamento frontal o corte é formado principalmente pela aresta secundária

da ferramenta, gerando a rebarba primária. À medida que a profundidade de corte

aumenta, a participação da aresta secundária de corte em relação à primária diminui

(dividindo a função do corte com a aresta principal), gerando a rebarba de transição. A

geração da rebarba secundária acontece quando a ação do corte ocorre principalmente

pela aresta principal da ferramenta de corte.

Após a usinagem foi verificado visualmente que a rebarba formada é do tipo

enrolada (rollover), este fato está ligado diretamente com a profundidade de corte

utilizada.

42

11.7.1. Fatores que influenciam o acabamento e a rebarba.

Alguns fatores afetam diretamente a formação de rebarba e o acabamento

superficial eles são:

Parâmetros de corte

Ferramenta utilizada

Fixação da ferramenta

Sentido de corte

Nas seções a seguir esses fatores serão apresentados com mais detalhe.

11.7.1.1. Parâmetro de corte

Foram utilizados os seguintes parâmetros de corte na pré-usinagem:

Velocidade de corte: 395 m/min

Profundidade de corte: 0,5 mm por passada.

Avanço da mesa: 4000 mm/min é o valor limitado pelo fabricante da

máquina, no entanto esta mesma ferramenta foi utilizada com avanço de

6000 mm/min em outra máquina.

Rotação: 2000 rpm.

11.7.1.2. Ferramenta utilizada

As características da ferramenta utilizada na pré-usinagem seguem abaixo e são

vistas em detalhes na Figura 38:

Insertos positivos 15° gerando baixo esforço de corte.

Utilizada para usinagem com altos avanços.

Ferramenta com refrigeração interna.

Geometria especial do inserto com três arestas de corte.

Dupla fixação, sendo por parafuso passando pelo centro do inserto e uma

segunda fixação por garra.

43

Figura 38 Ferramenta utilizada na pré-usinagem.

11.7.1.3. Fixação da ferramenta

Comprimento da ferramenta: A fresa foi fixada diretamente em um eixo

sólido de 315 mm de comprimento para obter uma extensão maior de corte e evitar

movimentar a peça fixada sobre a mesa entre as operações de usinagem, isto gerou

muita vibração, levando a quebra prematura do inserto (ver Figura 39).

Figura 39 Ferramenta prolongada para conseguirmos usinar toda a região.

44

11.7.1.4. Sentido de corte

Nesta operação, foi utilizada a rotação da máquina no sentido anti-horário. A

ferramenta em relação à peça desloca-se da esquerda para a direita gerando um corte

discordante e quando ela desloca-se da direita para a esquerda gera um corte

concordante, o esquema de deslocamento pode ser visto na Figura 36.

12. Estudo de rebarba no processo de desbaste

Para esta operação girou-se a mesa em 90º em relação ao processo anterior de

usinagem, utilizou-se a mesma fresa, com extensor de 500 mm. A idéia era eliminar do

processo o corte tangencial, para somente fresamento frontal. Neste processo foi

deixado 2 mm de sobre metal para realizar o acabamento na próxima operação, os

parâmetros de corte serão mencionados na sequência.

Rotação da fresa: realizou corte concordante o que possibilitou utilizarmos o máximo

de avanço disponível pela máquina.

Comprimento da ferramenta: Com 500 mm em um eixo sólido, somente assim foi

possível utilizar esta ferramenta sem necessitar de outra montagem, porém gerou-se

muita vibração na haste de prolongamento, o que promoveu maior esforço sobre a

ferramenta, que foi transferido para as pastilhas tendo um desgaste precoce e

consequentemente a quebra prematura dos insertos.

Ao final a Tabela 7 apresenta uma comparação entre estes dois processos e o

processo apresentado no próximo Capítulo e faz uma análise entre as diferenças nestes

processos.

Na figura 40 verifica-se visualmente a quantidade e tipos de rebarba que foram

criadas.

45

Figura 40 Imagem da rebarba criada

13. Estudo a respeito de rebarba no acabamento

Para obter a qualidade superficial especificada no desenho de projeto utilizou-se

o mesmo posicionamento da ferramenta no processo de desbaste, a ferramenta utilizada

será vista em detalhe na próxima seção. Para este experimento não utilizou-se nenhuma

extensão, pois o mangote foi lançado aproximadamente 500 mm.

13.1. Fatores que influenciam o acabamento e a rebarba

Nas próximas seções serão analisados alguns fatores que afetam

diretamente a formação da rebarba e o acabamento superficial eles são:

Parâmetros de corte

Ferramenta utilizada

46

13.1.1. Parâmetro de corte

Velocidade de corte: 100 m/min (valor especificado pelo fabricante).

Profundidade de corte: foi escalonada para retirada da rebarba e

melhorar o acabamento.

1º passe retirou 0,5 mm na face

2º passe retirou 0,4 mm na face

3º passe retirou 0,1 mm na face

Avanço da mesa: 600 mm/min

Rotação: 1000 rpm calculada levando em conta o diâmetro da fresa e o

inserto utilizado.

13.1.2. Ferramenta utilizada

As características da ferramenta são apresentadas na Figura 41:

Insertos intercambiáveis de menor custo, que utilizam avanços e rotações e tem

produtividade mais baixa que a ferramenta utilizada nos processos de desbaste e pré-

usinagem.

Fixação feita por um parafuso passando pelo centro do inserto, fixado sobre um

calço na ferramenta.

Ângulo de posição da ferramenta de 45º.

Alta rigidez devido à montagem de calço de metal duro.

Figura. 41 Ferramenta utilizada para acabamento superficial

47

Tabela 7 – Análise entre os processos de fresamento.

Processo Pre-usinagem Desbaste Acabamento

Ferramenta AJX14R16008F AJX14R16008F ASX445-200C12R

Diâmetro 63 mm 63 mm 200 mm

Número de insertos 4 4 12

Comprimento da

ferramenta 50 mm 50 mm 63 mm

Prolongamento da

ferramenta 315 mm 500 mm -----------------------------

Ângulo da ferramenta Ângulo de 3º Ângulo de 3º -----------------------------

Tipo de inserto Insertos positivos 15° Insertos positivos 15° Insertos positivos 20°

Velocidade de avanço 4000 mm/min 4000 mm/min 600 mm/min

Rotação 2000 rpm 2000 rpm 1000 rpm

Velocidade de corte 395 m/min 395 m/min 100 m/min

Sentido de corte Concordante/discordante Concordante Concordante

Quantidade de

material removido por

passada

0,5mm 0,5mm

1º passada 0,5 mm

2º passada 0,4 mm

3º passada 0,1 mm

Fixação da peça Apresentada na

Figura 38

Apresentada na Figura

38

Apresentada na Figura

38

Fixação da ferramenta Apresentada na Figura

42

Apresentada na Figura

42 -----------------------------

Fluido refrigerante ECOCOOL MH 1000 ECOCOOL MH 1000 -----------------------------

Equipamento Mandriladora Dosan

DOC 130

Mandriladora Dosan

DOC 130

Mandriladora Dosan

DOC 130

Posicionamento da

peça

Peça sobre a mesa com

os rasgos da mesa 90º ao

mangote

Peça sobre a mesa com

os rasgos da mesa

paralelos ao mangote

Peça sobre a mesa com

os rasgos da mesa

paralelos ao mangote

Giro da mesa ----------------------------- Girou-se a mesa 90º Girou-se a mesa 90º

Lançamento do

mangote ----------------------------- ----------------------------- 500mm

Rebarba 1 gerada Poisson Encurvamento -----------------------------

Rebarba 2 gerada Ruptura ----------------------------- -----------------------------

Acabamento Visualmente ruim Visualmente longe do

valor teórico

Deixou um bom

acabamento superficial

visual

48

14. Análise processo de fresamento.

Este processo demonstrou os problemas causados no fresamento que estão

ligados diretamente à usinagem e constatou-se que a utilização incorreta dos parâmetros

de corte, assim como, a fixação da ferramenta prejudica quase em sua totalidade o

processo de usinagem, porém a fixação da peça não influi muito nos processos, mas a

maneira como é retirado o material.

A Tabela 7 mostra um comparativo entre os processos de pré-usinagem,

desbaste e acabamento, apresentando claramente que a mesma ferramenta pode ter

resultados totalmente diferentes, dependendo do tipo de processo realizado na

usinagem.

Para o processo de acabamento atender as especificações de projeto, foi

necessário modificar a ferramenta, devido ao fato da ferramenta utilizada na pré-

usinagem e desbaste, não ser recomendada para acabamento por ser uma ferramenta de

alto desempenho utilizada para avanços elevados.

Após uma análise visual constatou-se a eliminação das rebarbas através do

processo de acabamento, assim como, foi melhorado o acabamento superficial. A Figura

42 mostra a peça acabada em suas dimensões finais.

Figura. 42 Peça final livre de rebarba

49

15. Conclusão

Este projeto foi iniciado após a constatação do tempo perdido em rebarbação de

peças na bancada, através de um breve acompanhamento de alguns processos de

produção houve a confirmação que as peças que passavam pelas máquinas CNC saiam

em sua totalidade com rebarbas, o que aumentava o tempo de produção das peças no

setor produtivo e levando a empresa a pagar altas multas em virtude de atrasos.

Diante disto, foi verificado que as rebarbas do processo CNC são geradas

independentemente do maquinário como da ferramenta, as rebarbas estão relacionadas

diretamente a falta de um estudo prévio sobre a usinagem das peças, então cada peça

passou a ser analisada individualmente, fazendo-se um estudo sobre parâmetros,

equipamentos, fixação de peça e ferramenta para cada processo de transformação de

matéria-prima em um produto final.

Anteriormente, a fabricação era realizada por meio de uma tabela fixa para

parâmetros de corte, equipamentos dedicados a certos tipos de processo.

A primeira parte do estudo consistiu em averiguar quais tipos de rebarbas eram

criadas, a segunda analisou os motivos de uma ocorrência, ocorrendo devido a

parâmetro utilizados de forma errada, assim como ferramentas não recomendadas para

aquele tipo de usinagem e dispositivos de fixação inadequados.

Com isso, foi realizada uma leitura extensa sobre o assunto e iniciou-se a

implantação destas alterações nos processos de usinagem das peças, de imediato foi

sentida a redução dos casos de rebarba.

O primeiro estudo foi a respeito da rebarba no processo de fresamento, tentou-se

analisar de um panorama geral todo o processo de usinagem e constatou-se que estava

em sua totalidade errado, com isso foram alterados os processos de usinagem que

proporcionou um ganho de tempo na fabricação, por não ser mais necessário rebarbar a

peça manualmente.

A partir disto, cada peça que passou a ser fabricada somente após a verificação

do tipo de corte, a ferramenta mais adequada, fixação em máquina, cálculo de

parâmetros, não só para ganho em velocidade de trabalho com também aumento da

50

qualidade e eficiência do processo, evitando assim deixar imperfeições na peça que

levariam horas para ser retirada no setor de bancada.

Diante deste novo quadro foi reduzido o contingente de 10 para 5 colaboradores

no setor de rebarbação, devido a redução do contigente de peças que necessitavam ser

rebarbadas. Como também, passou-se a explorar com mais eficiência o ferramental

assim como o maquinário, proporcionando mais qualidade do produto final e redução de

lesões causadas pelas rebarbas.

Conclui-se que este trabalho foi de suma importância para empresa, pois

promoveu a redução no desgaste prematuro das ferramentas, tais como fresas e brocas, e

aumento da qualidade no produto final, como também embasamento teórico e mais

eficiência em solucionar problemas.

51

BIBLIOGRAFIA

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Mestrado). Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica, Universidade Federal

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Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC.

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http://www.infosolda.com.br/artigos/metsol10.

53

ANEXO 1

PROGRAMA PARA USINAR o diameto interno na parte do inconel

1º e 2º PROCESSO DE USINAGEM

(;CORPO DO SWIVEL 13.5/8 - 5000 PSI

;FERRAMENTAS P/ TCN-11 - SIEMENS 840D

;SUPORTE ESQ. 3232 CNMG190612 - MONTADO HORIZONTALMENTE DE FRENTE -

P/INTERNO

;SUPORTE ESQ. 2525 VBMT160404 - MONTADO HORIZONTALMENTE DE FRENTE

N3 ;SUPORTE ESQ. 3232 CNMG190612 - MONTADO HORIZONTALMENTE DE FRENTE -

P/INTERNO

;DESB. INT.

;FERRAMENTE EM X POSITIVO

T01 M6

D0

G53 Z0

G54 D1

M42

M3

LIMS= 80

G0 Z5. M8

;DESB. PARTE DO INCONEL SOMENTE

G96 S20

X255.

Z-615.655

G1 X265. F.2

Z-628.776

X264.

G0 Z-615.447

X266.

G1 Z-628.776

X265.

...

X367.

G1 Z-481.022

X366. Z-482.888

G0 Z-474.43

X367.853

G1 Z-479.43

X367. Z-481.022

X363.136 Z-480.505

G0 Z5.

M00

N4 ;SUPORTE ESQ. 2525 VBMT160404 - MONTADO HORIZONTALMENTE DE FRENTE

;DESB. CAVIDADE INT. 1

;P/AMARRAR COMP. 30.65/30.60MM

;+ DIAM. 363.65/363.35MM

;+ ANG.'S 10GRAUS C/SOBREMETAL

;FERRAMENTA EM X POSITIVO

T02 M6

D0

G53 Z0

G54 D1

M42

M3

LIMS= 200

G96 S20

G0 Z10. M8

54

X354.354

Z-588.332

G1 X360.354 F.08

Z-590.908

X359.555 Z-593.176

X359.354

Z-591.176

G0 X356.354

Z-548.403

G1 X360.354

X360.805

X361.354 Z-549.962

Z-588.073

X360.354 Z-590.908

G0 X357.354

Z-549.962

G1 X361.354

X362.354 Z-552.798

Z-585.237

X361.354 Z-588.073

G0 X358.354

Z-552.798

G1 X362.354

X362.7 Z-553.778

Z-584.257

X362.354 Z-585.237

X358.354

;DESB. CAVIDADE INT. 2

;P/AMARRAR COMP. 8.00/8.05MM

;+ DIAM. 361.20/361.25MM

;+ ANG.'S 10GRAUS C/SOBREMETAL

G96 S40

G0 Z-601.009

X358.165

G1 X359.555 Z-604.948

X360.55 Z-607.771

Z-617.75

X359.55

G0 X356.55

Z-607.771

G1 X360.55

X361.45 Z-610.323

Z-617.75

X360.55

X356.55 Z-615.75

G0 X348.

Z200.

M00

N5 ;SUPORTE 2525 VBMT160404

;ACAB. FACE INT. AMARRANDO COMP. 131.80/132.00MM

;FERRAMENTA EM X POSITIVO

;PARADAS PROGRAMADAS PARA TROCA DE INSERTO SE FOR NECESSÁRIO

T02 M6

D0

G53 Z0

G54 D1

M41

M4

LIMS= 50

G96 S30

55

G0 Z5. M8

X350.05

Z-486.

G1 X389.75 F.05

G2 X390.75 Z-485.5 CR=.5

G1 Z-485.

G0 X348.

Z200.

M00

;ACAB. DIAM. 363.10/363.00M + CH. ANG. 15GRAUS E 10GRAUS

G96 S120

Z2.004

X450.127

G1 X441.65 Z-2.234 F.5

Z-50.7

G3 X436.45 Z-53.3 CR=2.6

G1 X413.619

X410.384 Z-54.917

X410.15 Z-55.034

Z-340.834

G3 X410.143 Z-340.86 CR=.1

G1 X398.577 Z-362.442

X398.55 Z-362.493

Z-433.734

G3 X398.543 Z-433.76 CR=.1

G1 X392.211 Z-445.575

G2 X392.15 Z-445.808 CR=.9

G1 Z-485.6

G3 X391.35 Z-486. CR=.4

G1 X390.55

G0 X348.

Z200.

M00

;ACAB. FACE INT. AMARRANDO COMP. 131.80/132.00MM

G96 S30

Z10.

X303.25

Z-617.9

G1 X304.05 F.04

X362.25

Z-616.9

G2 X361.25 Z-616.4 CR=.5

G1 X360.25

G0 X348.

Z200.

M00

;ACAB. DIAM. 363.10/363.00M + CH. ANG. 15GRAUS E 10GRAUS

G96 S30

Z10.

X366.372

Z-483.399

G1 X363.05 Z-489.597

Z-531.315

X360.211 Z-539.366

G0 X348.

Z200.

M00

;ACAB. DIAM.'S 363.10/363.00MM - 361.55/361.65MM + ANG.'S 10GRAUS

G96 S30

Z10.

56

X361.6

Z-529.462

G1 Z-548.377

X363.5 Z-553.765

Z-584.27

X358.266 Z-599.111

G0 X348.

Z200.

M00

;ACAB. DIAM.'S 360.30/360.40MM - 362.20/362.30MM + ANG. 10GRAUS

G96 S30

Z10.

X360.35

Z-587.237

G1 Z-604.922

X362.25 Z-610.31

Z-617.5

X358.25 Z-615.5

G0 X348.

Z200.

M00

;ACAB. FACE INT. AMARRANDO COMP. 131.80/132.00MM

G96 S30

Z10.

X310.397

Z-616.486

G1 X306.5 Z-618.434

Z-625.85

G3 X305.7 Z-626.25 CR=.4

G1 X277.969

X277.734 Z-626.367

X270.906 Z-629.781

G0 X264.

Z200.

M00

Z100.

M9

D0

G53 X-1300 Z0

M30

57

ANEXO 2

PROGRAMA PARA USINAR

1º PROCESSO DE USINAGEM

(FRESA DE TOPO INTERCAMBIÁVEL DE 63 MM - INSERTO JDMW140520ZDSR -

4NAVALHAS)

G40G80G90G21G94

(Y0 NA SUPERFÍCIE INFERIOR)

(X0 NO CENTRO DO RAIO 675.5/675.8)

N1(FRESA DE TOPO INTERCAMBIÁVEL DE 63 MM - INSERTO JDMW140520ZDSR -

4NAVALHAS)

(DESB. P/AMARRAR MEDIDAS DE 459.0/457.0MM X 290.5/289.5MM - LADO ESQUERDO)

T01 M6

G54

G0 B0 W0.

X0. Y0.

S900 M3

G0 X-939.5 Y533.

G43 Z100. H01 D1

G0X-939.5Y533.

G1 Z10. F4000.

Z-.5

X-490.5

Y518.

X-939.5

Y458.

X-490.5

Y398.

X-939.5

Y338.

X-490.5

Y278.

X-939.5

Y218.

X-490.5

Y188.

X-939.5

G0Y533.

G1Z-1.

X-490.5

Y518.

X-939.5

Y458.

X-490.5

Y398.

X-939.5

Y338.

X-490.5

Y278.

X-939.5

Y218.

X-490.5

Y188.

X-939.5

G0Y533.

A PARTIR DESTE PONTO TEMOS UMA REPETIÇÃO DA FORMA DE USINAGEM

QUE SE REPETE ATE O SEU PONTO DE MÁXIMO DESLOCAMENTO.

58

G1Z-294.5

X-490.5

Y518.

X-939.5

Y458.

X-490.5

Y398.

X-939.5

Y338.

X-490.5

Y278.

X-939.5

Y218.

X-490.5

Y188.

X-939.5

G0Y533.

G1Z-295.

X-490.5

Y518.

X-939.5

Y458.

X-490.5

Y398.

X-939.5

Y338.

X-490.5

Y278.

X-939.5

Y218.

X-490.5

Y188.

X-939.5

G0 Z700. M9

M30

59

ANEXO 3

- Cromo (Cr): Aumenta a resistência à corrosão e à oxidação. Este elemento protege a

liga durante a sua soldagem, evitando a oxidação da zona termicamente afetada.

Aumenta a resistência ao desgaste de componentes sujeitos a atrito. Diminui a

usinabilidade devido à sua forte presença na formação de carbonetos;

- Molibdênio (Mo): É um metal considerado refratário com ponto de fusão próximo a

3000ºC. É acrescido na liga para aumentar a resistência mecânica e à corrosão em altas

temperaturas. Forma carbonetos resistentes à abrasão;

- Carbono (C): É um elemento intersticial de aumento de resistência do níquel. Durante

a soldagem, o carbono na zona afetada é dissolvido devido à temperatura atingida na

região. Esse carbono precipita-se como grafita no contorno de grão, reduzindo a

ductilidade da zona afetada termicamente e conseqüentemente seu limite elástico.

Possui grande influência na formação de carbonetos, tais como carboneto de cromo,

nióbio e titânio;

- Manganês (Mn): Reduz a plasticidade de forma moderada. Aumenta a

endurecibilidade;

- Silício (Si): Aumenta a fluidez e a fundibilidade. Causa a fratura a quente da liga;

- Fósforo (P): É um elemento indesejável para a liga devido a sua capacidade de

fragilização em temperaturas médias. Este elemento surge a partir de reações de redução

durante a fusão da liga;

- Enxofre (S): Idem ao fósforo