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Estudo da Frequência de Lesões Músculo-Esqueléticas Relacionadas com o Trabalho (LMERT) em Profissionais de Enfermagem Proposta de um Programa de Ginástica Laboral Marta Sofia Rodrigues Coelho Porto 2009

Estudo da Frequência de Lesões Músculo-Esqueléticas ... · 2.2 A Ergonomia ... 5 Apresentação dos Resultados ... Bancada de trabalho com altura inadequada

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Estudo da Frequência de Lesões Músculo-Esqueléticas

Relacionadas com o Trabalho (LMERT) em

Profissionais de Enfermagem

Proposta de um Programa de Ginástica Laboral

Marta Sofia Rodrigues Coelho

Porto 2009

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Estudo da Frequência de Lesões Músculo-Esqueléticas

Relacionadas com o Trabalho (LMERT) em Profissionais de

Enfermagem

Proposta de um Programa de Ginástica Laboral

Orientador: Prof. Doutor Rui Garganta

Marta Sofia Rodrigues Coelho

Porto 2009

Monografia realizada no âmbito da

disciplina de Seminário do 5º ano da

licenciatura em Desporto e Educação

Física, na área de Recreação e Tempos

Livres, da Faculdade de Desporto da

Universidade do Porto

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Coelho, M. (2009). Estudo da Frequência de Lesões Músculo-

Esqueléticas Relacionadas com o Trabalho (LMERT) em Profissionais de

Enfermagem. Proposta de um Programa de Ginástica Laboral. Faculdade de

Desporto da Universidade do Porto, Porto. Dissertação de licenciatura

apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: LESÕES MÚSCULO-ESQUELÉTICAS

RELACIONADAS COM O TRABALHO; GINÁSTICA LABORAL; ERGONOMIA;

ENFERMAGEM.

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i

Agradecimentos

A concretização deste trabalho só foi possível com a diversificada

colaboração, apoio e persistente incentivo de um grupo de pessoas. Deste

modo, gostaria de expressar os mais sinceros e profundos agradecimentos:

Ao Professor Doutor Rui Garganta, pelo acompanhamento,

disponibilidade, orientação e incentivo que, desde o início, foram determinantes

para a realização deste trabalho.

Ao meu tio, Dr. Reinaldo Roldão, Médico no Centro de Saúde de

Cinfães, aos enfermeiros deste e do Hospital Padre Américo Vale do Sousa

(Centro Hospitalar Tâmega e Sousa, EPE), pois sem eles a realização deste

trabalho não seria possível.

À Drª Maria Helena Barbedo pela simpatia, disponibilidade e amizade.

Aos meus pais, pela confiança depositada em mim e nas minhas

capacidades e pelo apoio incondicional que demonstraram.

Às minhas irmãs pelo constante incentivo nos momentos mais difíceis

desta longa caminhada e sobretudo por serem guia deste e de todos os

percursos da minha vida.

À minha família que está sempre presente nos bons e nos maus

momentos.

À Sandrinha, um agradecimento muito especial pela amizade, paciência

e companheirismo sempre presentes e pelas inúmeras palavras de apoio.

A todos os meus amigos, que estiveram presentes e me deram apoio,

força e boa disposição para ultrapassar alguns momentos mais difíceis.

A todos o meu mais profundo obrigada por me terem confirmado que

sozinhos não somos nada e que os amigos e a família é que nos dão

significado.

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ii

Índice Geral

Agradecimentos ............................................................................................................................................. i

Índice Geral .................................................................................................................................................. ii

Índice Figuras ............................................................................................................................................... v

Índice Quadros ............................................................................................................................................ vii

Índice Anexos .............................................................................................................................................. ix

Resumo ...................................................................................................................................................... xi

Abstract ..................................................................................................................................................... xiii

Resumé ..................................................................................................................................................... xv

Lista de abreviaturas .................................................................................................................................. xvii

1 Introdução .................................................................................................... 1

2 Revisão da Literatura ....................................................................................... 5

2.1 Lesões Músculo-Esqueléticas Relacionadas com o Trabalho (LMERT) .................................... 6

2.1.1 Histórico e Conceito ......................................................................................................... 6

2.1.2 Causas das LMERT ......................................................................................................... 9

2.1.3 Sintomas das LMERT .................................................................................................... 12

2.1.4 Estádios e suas características ...................................................................................... 14

2.1.5 Prevenção e Tratamento das LMERT ............................................................................ 15

2.2 A Ergonomia ............................................................................................................................ 18

2.2.1 Conceito ......................................................................................................................... 18

2.2.2 A Ergonomia na enfermagem ......................................................................................... 19

2.2.3 Frequência das LMERT na Actividade de Enfermagem ................................................. 22

2.2.4 Aspectos Ergonómicos Relacionados com o Ambiente e Equipamentos Hospitalares .. 24

2.3 Ginástica Laboral ..................................................................................................................... 30

2.3.1 Breve enquadramento histórico ...................................................................................... 30

2.3.2 Conceito ......................................................................................................................... 31

2.3.3 Tipos e objectivos da Ginástica Laboral ......................................................................... 32

2.3.4 Benefícios da Ginástica Laboral ..................................................................................... 35

2.3.5 Ginástica Laboral como complemento da Ergonomia .................................................... 37

2.4 Estruturação de um programa de Ginástica Laboral................................................................ 39

2.4.1 Pré-fase .......................................................................................................................... 39

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iii

2.4.2 Avaliação Inicial .............................................................................................................. 39

2.4.3 Planeamento .................................................................................................................. 40

2.4.4 Execução ....................................................................................................................... 41

2.4.5 Avaliação do programa .................................................................................................. 42

3 Objectivos .................................................................................................. 43

3.1 Geral ........................................................................................................................................ 44

3.2 Específicos .............................................................................................................................. 44

3.3 Hipóteses ................................................................................................................................. 44

4 Material e Métodos ........................................................................................ 45

4.1 Caracterização da amostra ...................................................................................................... 46

4.2 Procedimentos Metodológicos ................................................................................................. 46

4.3 Aplicação da Metodologia ........................................................................................................ 47

4.4 Procedimentos estatísticos ...................................................................................................... 47

5 Apresentação dos Resultados ........................................................................... 48

5.1 Análise da Posturas adoptada pelos Enfermeiros ................................................................... 49

5.2 Frequência de LMERT ............................................................................................................. 52

6 Discussão dos resultados ................................................................................ 56

7 Conclusões ................................................................................................ 59

8 Bibliografia ................................................................................................. 61

9 Anexos ...................................................................................................... 71

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Índice Figuras

Fig. 1. Bancada de trabalho com altura inadequada .......................................................... 25 Fig. 2. Colocar os pés alternadamente numa superfície ligeiramente elevada ............................ 25 Fig. 3. Bancada de trabalho com altura adequada ............................................................ 25 Fig. 4. Armário em altura elevada ............................................................................... 27 Fig. 5. Utilização de superfície elevada ......................................................................... 27 Fig. 6. Armazenamento de objectos pesados numa altura próxima do nível da cintura .................. 27 Fig. 7. Postura incorrecta ......................................................................................... 27 Fig. 8. Baixar com a coluna em posição recta e joelhos flectidos ........................................... 27 Fig. 9. Risco: Movimentar e transportar pacientes sem auxilio de equipamento adequado ............. 28 Fig. 10. Correcto: Utilizar equipamentos de auxilio adequados ............................................... 28 Fig. 11. Distribuição dos profissionais de enfermagem por classes etárias ................................. 46 Fig. 12. Escala visual analógica (EVA), Bonica (1990). ........................................................ 47 Fig. 13. Flexão da zona lombar, extensão dos Membros Inferiores (MI) .................................... 49 Fig. 14. Flexão do tronco e cervical, MI em extensão .......................................................... 49 Fig. 15. Flexão acentuada da coluna lombar e cervical; joelhos em semi-flexão ........................... 49 Fig. 16. Flexão da coluna cervical, MI em extensão; flexão plantar e anca afastada da marquesa ...... 49 Fig. 17. Flexão da coluna cervical, MI em extensão e afastados da marquesa ............................. 50 Fig. 18. Flexão da coluna cervical e lombar ..................................................................... 51 Fig. 19. Tronco afastado da banca e em flexão; MI em extensão ............................................ 51 Fig. 20. Flexão do tronco à frente ................................................................................. 51 Fig. 21. Flexão da coluna cervical ................................................................................ 51 Fig. 22. Percentagem de profissionais de enfermagem que referem sintomas músculo-esqueléticos nas diferentes regiões corporais (n= 59). .............................................................................. 52 Fig. 23. Intensidade do incómodo ou dor nos últimos 12 meses distribuídos pelos diferentes segmentos corporais (n=59). ..................................................................................................... 54 Fig. 24. Percentagem de desconforto por zona corporal e frequência do absentismo nos últimos 12 meses (n=59). ........................................................................................................ 55

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Índice Quadros

Quadro 1. Distribuição de lesões entre os diferentes sexos ...................... 53

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Índice Anexos

Anexo 1 – Questionário Nórdico Músculo-Esquelético

Anexo 2 – Escala de dor EVA

Anexo 3 – Recomendações Ergonómicas quanto à prevenção das Lesões

Músculo-Esqueléticas Relacionadas com o Trabalho

Anexo 4 – Sugestão de um Programa de Ginástica Laboral Aplicado aos

Profissionais de Enfermagem

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xi

Resumo

No contexto das Lesões Músculo-Esqueléticas Relacionadas com o

Trabalho (LMERT) encontramos uma vasta bibliografia que corrobora de forma

irrefutável a presença de sintomatologia músculo-esquelética entre os

profissionais de enfermagem. São vários os estudos que alertam para as

condições de trabalho dos enfermeiros e para o risco de lesões músculo-

esqueléticas ligadas ao trabalho nesta actividade.

O presente estudo visa avaliar a frequência das LMERT em Profissionais

de Enfermagem, bem como as zonas corporais mais sujeitas a lesão, com vista

à elaboração de uma proposta de prevenção baseada em sugestões

ergonómicas básicas e em exercícios de Ginástica Laboral.

Pretendeu-se identificar a sintomatologia músculo-esquelética auto-

referida por profissionais de enfermagem em contexto hospitalar. A recolha da

informação relativa às LMERT foi realizada com base no Questionário Nórdico

Músculo-Esquelético (QNM) (Kuorinka et al., 1987), que se aplicou a 59

enfermeiros, dos quais, 38 do sexo feminino (64%) e 21 do sexo masculino

(36%), do Centro de Saúde de Cinfães e do Hospital Padre Américo Vale do

Sousa (Centro Hospitalar Tâmega e Sousa, EPE).

Os resultados evidenciaram uma frequência elevada de sintomas

músculo-esqueléticos em diferentes zonas anatómicas, particularmente

atingindo a região lombar (59%), cervical (41%), dorsal (37%). As mulheres

apresentam uma frequência de lesão significativamente superior aos homens

(t=2,302 e p= 0,029).

Como medida de prevenção deste tipo de lesões temos a Ginástica

Laboral (GL), que na enfermagem tem a finalidade de preparar a musculatura

para as acções habituais do trabalho, compensar desequilíbrios musculares de

forma a contribuir para melhor atenção e concentração no trabalho, além de

promover uma quebra da rotina durante a jornada de trabalho.

Podemos concluir que frente ao elevado número de enfermeiros

afectados pela sintomatologia das LMERT, é necessária a informação e

utilização dos princípios ergonómicos na prática hospitalar, assim como a

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xii

aplicação de programas de GL, de forma a melhorar as condições de trabalho

e favorecer a qualidade de vida dos enfermeiros.

PALAVRAS-CHAVE: LESÕES MÚSCULO-ESQUELÉTICAS RELACIONADAS

COM O TRABALHO; GINÁSTICA LABORAL; ERGONOMIA; ENFERMAGEM

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Abstract

In the context of Work Related Musculoskeletal Disorders (WMSDs), we

find a vast bibliography that confirms the presence of symptoms among nursing

professionals. There are several studies that draw our attention to the nurses

working conditions and the risk of musculoskeletal disorders related to its

professional activity.

The present study focuses on the evaluation of these WMSDs, as well as

other body parts more subjected to lesions, with the purpose of elaborating a

proposal for an intervention based on ergonomic suggestions and workplace

exercises.

The main purpose was to find the symptomology self referred by nursing

professionals in hospital environment. The data related to WMSDs was based

on the Nordic Musculoskeletal Questionnaire (NMQ) (Kuorinka et al., 1987),

applied to 59 nurses 38 women (64%) and 21 men (36%) in “Centro de Saúde

de Cinfães” (helth center) and “Hospital Padre Américo Vale do Sousa”

(hospital center for Tâmega and Sousa region). The results show an elevated

frequency of symptoms in different anatomic areas, particularly the lumbar

region (59%), cervical (41%) and dorsal (37%). The women had a significantly

superior number of lesions when compared to men (t=2,302 e p= 0,029).

As a preventive action for these type of lesions we have workplace

exercises, that in nursing has the purpose of preparing muscles for usual

working actions, compensate muscular unbalances, contributing to a better

attention and concentration at work, besides promoting a break in the work

routine.

Therefore we conclude that facing the high number of nurses affected by

WMSDs, more information to nurses is required and better use of ergonomic

principles in hospital practice, as well as the application of workplace exercises

in order to improve working conditions and improve nurses quality of life.

KEY WORDS: WORK RELATED MUSCULOSKELETAL DISORDERS;

WORKPLACE EXERCISE; ERGONOMY; NURSING.

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xiv

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xv

Resumé

Dans le contexte des Lésions attribuables au travail répétitif (LATR), il

existe une abondante bibliographie qui confirme sans équivoque la présence de

symptômes musculo-squelettiques chez les professionnels d’infirmerie. De

nombreuses études mettent en garde contre les conditions de travail des

infirmiers et le risque de blessures musculo-squelettiques lié à l’exercice du

travail dans le milieu hospitalier.

Cette étude vise l’évaluation de la fréquence des LATR chez les

infirmiers professionnels, ainsi que les zones du corps les plus sujettes aux

blessures, afin d’élaborer une proposition de prévention basée sur des conseils

d'ergonomie de base et des exercices de gymnastique au travail.

Il s’agissait en fait d’identifier les symptômes musculo-squelettiques auto-

déclarés par les infirmiers à l'hôpital. La collecte d'informations sur les LATR a

été réalisée à partir du questionnaire Nordique musculo-squelettique (QNM)

(Kuorinka et al., 1987), qui s'appliquait à 59 infirmiers: parmi eux, 38 étaient des

femmes (64%) et 21 des hommes (36%) du Centre de santé de Cinfães et de

l’hôpital Padre Américo Sousa (Centre hospitalier de Tâmega e Sousa, EPE).

Les résultats ont montré une fréquence élevée de symptômes musculo-

squelettiques dans les différentes zones anatomiques, particulièrement

localisés au niveau de la zone lombaire (59%), cervicale (41%), et dorsale

(37%). Les femmes connaissent une fréquence de blessures beaucoup plus

élevée que les hommes (t = 2,302 et p = 0,029).

Il existe, comme mesure de prévention contre ce type de blessures, la

gymnastique au travail (GL); au niveau des soins infirmiers, elle sert à préparer

les muscles aux activités habituelles professionnelles, à compenser les

déséquilibres musculaires afin de contribuer à une meilleure attention et

concentration sur le lieu de travail, et à favoriser une cassure de la routine au

cours de la journée.

Nous pouvons donc en conclure que, face au grand nombre d'infirmiers

affectés par les symptômes de LATR, sont nécessaires la transmition de

l'information et l'utilisation des principes de l'ergonomie dans le milieu

hospitalier, ainsi que l’application des programmes de GL, dans le but

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xvi

d’améliorer les conditions de travail et promouvoir ainsi la qualité la vie des

infirmiers.

MOTS CLÉS: LÉSIONS ATTRIBUABLES AU TRAVAIL RÉPÉTITIF;

GYMNASTIQUE AU TRAVAIL; L´ERGONOMIE; INFIRMIERS.

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xvii

Lista de abreviaturas

AESST Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho

APERGO Associação Portuguesa de Ergonomia

Cit. Citado

CTDs Cumulative Trauma Disorders

DO Doenças Ocupacionais

DGS Direcção Geral de Saúde

EVA Escala Visual Analógica

GL Ginástica Laboral

ICN International Council of Nurses

LATR Lésions Attribuables au Travail Répétitif

LER Lesões por Esforços Repetidos

LMERT Lesões Músculo-Esqueléticas Relacionadas com o Trabalho

MI Membros Inferiores

MS Membros Superiores

NMQ Questionário Nórdico Músculo-Esquelético

OCD Occupational Cervicobrachial Disorder

OMS Organização Mundial de Saúde

OOS Occupational Overuse Syndrome

RST Repetitive Strain Injury

WMSDs Work Related Musculoskeletal Disorders

WHO World Health Organization

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1

1 Introdução

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2

Investigação internacional no contexto da actividade dos enfermeiros

corrobora de forma irrefutável o impacto das Lesões Músculo-Esqueléticas

Relacionadas com o Trabalho (LMERT) em termos de produtividade,

absentismo e decréscimo da qualidade de vida dos profissionais envolvidos.

São vários os estudos desenvolvidos que alertam para as condições de

trabalho dos enfermeiros e para o risco de desenvolvimento de lesões

músculo-esqueléticas nesta actividade (Marziale e Robazzi, 2000; Trinkoff et

al., 2002; Alexopoulos et al., 2003; Murofuse e Marziale, 2005; Alexopoulos et

al., 2006; Baumann, 2007).

Em Portugal, nos últimos anos vários autores têm-se debruçado sobre

as lesões músculo-esqueléticas de origem profissional. Em contexto hospitalar

têm sido, igualmente, desenvolvidos vários estudos (Maia, 2002; Fonseca,

2005; Cotrim et al., 2006; Barroso et al., 2007) que alertam quer para as

condições de trabalho, quer para o significativo nível de risco de LMERT a que

se encontram expostos os profissionais de enfermagem.

As LMERT correspondem a estados patológicos do sistema músculo-

esquelético, que surgem em consequência do efeito cumulativo do

desequilíbrio entre as solicitações mecânicas repetidas do trabalho e as

capacidades de adaptação da zona do corpo atingida, ao longo de um período

em que o tempo para a recuperação da fadiga foi insuficiente (Ranney, 2000).

Alexandre e seus colaboradores têm direccionado a atenção para

estudos abordando aspectos ergonómicos e posturais no transporte do

paciente e em relação à ocorrência de cervicodorsolombalgias entre os

profissionais de enfermagem (Alexandre et al., 1991; Alexandre & Angerami,

1993; Alexandre, 1998). Através dos referidos estudos foi constatado que

grande parte das agressões à coluna vertebral estão relacionadas com a

inadequação de mobiliários e equipamentos utilizados nas actividades

quotidianas de enfermagem, e com a adopção de posturas corporais

incorrectas adoptadas pelos enfermeiros. A má concepção de postos de

trabalho, por exemplo no que concerne às dimensões do mobiliário e espaços,

as exigências físicas associadas às actividades e a adopção de posturas

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3

inadequadas são, por isso, constantemente referenciadas como factores que

predispõem à ocorrência de LMERT no contexto profissional de enfermagem.

São várias as estratégias que se podem utilizar para contrariar ou

prevenir as LMERT. Uma delas é a Ginástica Laboral (GL), que surge, como

uma forma de incrementar a motivação dentro do local de trabalho, a

consciencialização de acções saudáveis, o rendimento mas, sobretudo,

prevenir o aparecimento de lesões profissionais. Procura-se que através do

trabalho coordenado de profissionais de medicina do trabalho, profissionais de

Educação Física, Ergonomistas, Fisioterapeutas, prevenir os efeitos nocivos do

trabalho, adaptando o trabalho ao homem e o homem ao trabalho (Pinto,

2003).

Neste sentido a orientação de uma actividade física e de posturas

ocupacionais adequadas poderá levar a uma capacitação dos enfermeiros para

realizar as suas actividades laborais, melhorando as suas condições de saúde.

Em Portugal a GL está a dar os primeiros passos e a tentativa de

implementação de programas tem apresentado bastantes resistências. Os

custos, a perda de tempo e de rendimento são razões apresentadas, que

demonstram falta de conhecimento, no entanto, acreditamos que com a

divulgação dos benefícios e o início de programas em alguns locais, Portugal

siga o caminho já traçado por outros países, lutando pela qualidade de vida no

trabalho.

Está bem fundamentado numa vasta bibliografia que a actividade de

enfermagem acarreta vários riscos para os seus profissionais. Neste contexto,

o nosso trabalho centra-se no estudo da frequência de LMERT, que têm esses

profissionais.

Assim, ao equacionar-se a realização deste estudo propusemo-nos a:

Avaliar a Frequência das LMERT em Profissionais de Enfermagem, bem como

as zonas corporais mais sujeitas a lesão, com vista à elaboração de uma

proposta de prevenção baseada em sugestões ergonómicas básicas e em

exercícios de GL.

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4

Deste modo, o presente estudo tem um foco de atenção fulcral na

temática das LMERT. Analisando a lesão músculo-esquelética associada a

actividades de movimentação e transferência de doentes, incluindo a

identificação de factores que para tal contribuem.

Definiram-se, assim, os seguintes objectivos específicos:

▪ Identificar a Frequência de LMERT que acometem os profissionais de

enfermagem de ambos os sexos;

▪ Verificar as regiões mais afectadas pela dor/desconforto.

Este documento encontra-se estruturado em três áreas lógicas. A

primeira é composta por uma revisão da literatura sobre a temática em

questão, sendo abordados os temas mais significativos relacionados com o

estudo. Na segunda serão abordados os materiais e métodos. Na terceira

apresentaremos os resultados obtidos, respectiva discussão e conclusões.

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5

2 Revisão da Literatura

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6

2.1 Lesões Músculo-Esqueléticas Relacionadas com o Trabalho (LMERT)

2.1.1 Histórico e Conceito

Em Inglaterra do século XVIII, durante a Revolução Industrial, na

passagem do sistema artesanal ou familiar para o sistema fabril de produção,

as empresas começaram a preocupar-se com custos, métodos de fabricação e

planeamento. O primeiro relato a associar queixas dolorosas nos membros

superiores, em diferentes profissões, foi em 1713, feito por Ramazzini

considerado o “pai da medicina”.

Em 1830, a própria forma da escrita sofre alteração e a pena de ave

antes usada pelos escriturários foi substituída pela de aço, o que tornou o

trabalho de escrever muito mais veloz, e contribuiu para o crescimento das

Doenças Ocupacionais (DO) (Ribeiro, 1997).

Após 1870, com o desenvolvimento e expansão do telégrafo, uma nova

categoria de trabalho, a dos telegrafistas, passou a apresentar LMERT. No

caso, o instrumento de trabalho não era mais a pena mas sim o teclado

(Dembe, 1995).

Porém, foi no Japão no final da década de 50, que a automação e a

racionalização do trabalho aconteceram de forma mais evidente. Com elevada

sobrecarga, alta velocidade e jornadas longas de trabalho contínuo é que se

percebe a gravidade da situação em relação aos distúrbios cérvico-braquiais de

natureza ocupacional, nome da doença no país.

No século XIX com o alargamento do sistema fabril aos demais países

da Europa e Estados Unidos, e a grande quantidade de pessoas a trabalhar

nas indústrias, as LMERT aparecem com grande evidência (Regis Filho, 2006).

Ao percorrer a enciclopédia da indústria podemos verificar que o horário

de trabalho era de 15 horas por dia, 6 dias por semana e com grande exigência

em termos de esforço físico. No início do século XX, as linhas de produção

voltaram sua atenção para a racionalização de métodos, tempos e movimentos

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7

(Taylor, 1997). A partir da metade do século XX, o trabalho moderno

definitivamente foi baseado em padrões de produtividade (Juran, 1992).

Em decorrência da automação e do avanço tecnológico, a produção

consome hoje uma menor massa de trabalho humano do que no século XIX,

para produzir bem mais. Pode dizer-se que, com um dispêndio relativamente

pequeno de energia e horas de trabalho humano, produzem-se centenas de

vezes mais do que se produzia há um século (Terebentino, 2002). Hoje em dia

para além do horário ser mais reduzido para 7 a 8 horas por dia o esforço físico

é cada vez mais reduzido.

Essa diminuição do nível de actividade física realizada durante o próprio

trabalho leva a uma evidente atrofia das estruturas musculares. Para além

disso, a maioria das profissões constam de actividades fragmentadas,

movimentos repetitivos, monótonos que promovem a degeneração ósteo-

articular e, como se tal não chegasse, os princípios ergonómicos não são

contemplados.

É dentro deste contexto de mudança e do aumento significativo da

industrialização e da produtividade que emerge um conjunto de manifestações

do foro clínico, denominadas LMERT.

Na literatura internacional existem diferentes termos aplicados como

referência aos distúrbios músculo-esqueléticos e ocupacionais: Lesões por

Esforços Repetitivos (LER), Distúrbios por Trauma Cumulativo, Síndrome de

Sobrecarga Ocupacional, Síndrome do Esforço Repetitivo, Distúrbio Músculo-

Esquelético Ocupacional, Síndrome Ombro-Braço, Síndrome do Membro

Superior, Síndrome Cervicobraquial Ocupacional, Síndrome da

Hipersolicitação, Síndrome da Dor Crónica do Membro Superior, Injúrias por

Uso Repetitivo, Lesões de Sobrecarga Ocupacional, Injúrias Ocupacionais de

Esforço de Repetição, Distúrbios do Membro Superior Relacionados ao

Trabalho.

Em Portugal tais doenças são designadas Lesões Músculo-Esqueléticas

Relacionadas com o Trabalho (LMERT).

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8

A terminologia utilizada para essas afecções varia nos diferentes países,

sendo as mais recorrentes: “Cumulative Trauma Disorders” (CTDs) nos

Estados Unidos, “Occupational Cervicobrachial Disorder” (OCD) no Japão,

“Occupational Overuse Syndrome” (OOS) na Austrália, “Repetitive Strain Injury”

(RSI) na Austrália e no Canadá,” Lésions attribuables au travail répétitif” (LATR)

na França e no Canadá e “Work Related Musculoskeletal Disorders” (WMSDs),

termo cada vez mais usado internacionalmente.

As lesões músculo-esqueléticas correspondem a estados patológicos do

sistema músculo-esquelético, que surgem em consequência do efeito

cumulativo do desequilíbrio entre as solicitações mecânicas repetidas do

trabalho e as capacidades de adaptação da zona do corpo atingida, ao longo

de um período em que o tempo para a recuperação da fadiga foi insuficiente

(Ranney, 2000).

Segundo a Direcção-Geral da saúde (2008), as LMERT são um conjunto

de doenças inflamatórias e degenerativas do sistema locomotor. Lesões que

resultam da acção de factores de risco profissionais como a repetitividade, a

sobrecarga e/ou postura adoptada durante o trabalho.

A Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (AESST,

2000) define as LMERT como lesões de estruturas orgânicas como os

músculos, as articulações, os tendões, os ligamentos, os nervos, os ossos e

doenças localizadas do aparelho circulatório, causadas ou agravadas

principalmente pela actividade profissional e pelos efeitos das condições

imediatas em que essa actividade teve lugar.

Lima (2001), definiu LMERT como sendo um conjunto de doenças

ocasionadas por uma actividade ocupacional que acometem os nervos,

músculos e tendões juntos ou separadamente, apresentando característica

degenerativa e cumulativa sendo sempre precedida de dor ou incómodo.

LMERT são doenças ocupacionais relacionadas a lesões por traumas

cumulativos. Resultam de uma descompensação entre a capacidade de

movimento dos músculos e a execução de movimentos rápidos e constantes

(Oliveira, 2006; Martins e Duarte, 2001).

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Regis e Lopes (2006), constataram um aumento na incidência de casos

de LMERT nos últimos anos, e citam como etiologia para o aparecimento desta

doença alguns factores como: actividades profissionais que exijam força

excessiva e/ou repetição de um mesmo padrão de movimento; postura

inadequada; actividades domésticas e actividades desportivas que exijam

grande esforço dos membros superiores.

Ribeiro (1997), no entanto afirma que os factores de riscos para o

aparecimento das LMERT não estão limitados somente a uma causa

independente, apresentando assim, razão multifactorial.

Diante de uma visão mais humanista e crítica ao modo de produção

actual, Ribeiro (1997) defende a dimensão social e histórica das LMERT,

caracterizando estes distúrbios como um “modo de adoecimento emblemático”.

Perante esses conceitos, o autor critica a baixa eficácia das intervenções

técnicas no âmbito da engenharia, ergonomia ou da medicina na prevenção,

diagnóstico e tratamento dessas doenças e a dificuldade na reinserção dos

indivíduos no trabalho, visto que as novas tecnologias e formas de trabalho se

fazem de interesse exclusivo do capital, o que se torna uma ameaça a saúde

de um contingente cada vez maior de jovens trabalhadores.

2.1.2 Causas das LMERT

É de extrema importância considerar que muitos casos de LMERT são

resultado de múltiplas exposições a um conjunto de factores de risco

(Boudreau e Wright, 2003)

Segundo Kuorinka et al. (1998; cit. por Longen, 2003), as LMERT

constituem uma realidade bastante preocupante a nível mundial pela sua

incidência e causas. Além de ser um processo doloroso, é também um

distúrbio que pode invalidar o indivíduo para certos movimentos, trazendo não

só o desconforto físico, como também angustia, depressão e perda da auto-

estima e quebra de confiança relativamente ao futuro. Este distúrbio tem sido

uma das maiores causas de absentismo e afastamento por doença funcional,

gerando um custo altíssimo, tanto para os governos como para as empresas

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particulares que têm de conviver com funcionários afectados por esses

problemas até à reforma (Lima, 2004)

É considerado um factor de risco algo que pode provocar um efeito

adverso ou negativo no trabalhador. O tempo de exposição a um factor pode

causar, ou não, doença ou lesão, dependendo de factores adicionais. (Uva et

al., 2008).

De entre factores que desencadeiam as LMERT estão a intensidade de

exposição, a organização das tarefas e o tempo de exposição a estas

situações de risco. Para além destes factores estão inerentes outras situações

como o excesso de trabalho, ausências de intervalos apropriados, posturas

inadequadas, força excessiva nas tarefas estáticas ou dinâmicas, técnicas

incorrectas de trabalho, invariabilidade de tarefas como os factores

organizacionais e psicossociais, podem favorecer o seu aparecimento (Araújo,

2003)

Segundo Rasia (2004) alguns autores descrevem determinados factores

causais relacionados com as LMERT:

o Factores de Natureza Organizacional: concentração de

movimentos numa mesma pessoa, horas extras, turno duplo,

aumento do ritmo de trabalho, ausência de intervalos de

descanso, de gratificação por produtividade, incompatibilidade

entre a formação e as exigências do trabalho, trabalho sobre

pressão e outros;

o Factores de Natureza Biomecânica: força excessiva, por exemplo,

levantar, transportar, puxar, empurrar e utilização de ferramentas.

Movimentos repetitivos, posturas inadequadas dos membros

superiores, posturas forçadas ou estáticas, por exemplo, mãos

acima do nível dos ombros, posição sentada ou de pé durante

muito tempo. Compressão localizada exercida por ferramentas ou

superfícies, vibrações, frio ou calor em excesso, iluminação

deficiente, susceptível de causar, por exemplo, tensão física;

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o Factores de Natureza Psicossocial: trabalho sobre pressão para

obtenção de bons resultados, ambiente de trabalho hostil,

problemas nas relações e interacções humanas, empobrecimento

e fragmentação de tarefas, baixos níveis de autonomia e

satisfação com o trabalho, actividades monótonas e rotineiras,

executado a um ritmo muito rápido, falta de apoio por parte dos

colegas, dos supervisores e das chefias;

o Factores Sócio-económicos e culturais: receio de desemprego,

baixa remuneração e falta de reconhecimento social, ausência de

perspectivas de desenvolvimento humano e pessoal e condições

precárias de vida (Miranda e Dias, 1999)

o Factores Individuais: antecedentes clínicos, capacidade física,

idade, obesidade, tabagismo.

São múltiplos os factores que favorecem a ocorrência das LMERT, como

podemos constatar pela literatura. Porém, a presença de um factor de risco no

trabalho não é suficiente para desencadear este tipo de lesões. Para o seu

aparecimento é necessária a conjunção de outros factores (Settimi et al.,

2001). Segundo esta autora e colaboradores, o factor de risco apresenta três

características moduladoras: a intensidade, a frequência e a duração. Quanto

mais intensa, frequente e duradoura for a actividade, maior será o risco. Vários

factores de risco associados às LMERT podem não causar directamente o

problema mas favorecem as reacções fisiopatológicas que determinam o seu

aparecimento.

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2.1.3 Sintomas das LMERT

Na maioria dos casos, os sintomas surgem gradualmente, agravam-se

no final do dia de trabalho ou durante os picos de produção e aliviam com as

pausas ou o repouso e nas férias.

O diagnóstico das LMERT é realizado clinicamente, baseia-se na história

clínico-laborativa, no exame físico detalhado, nos exames complementares,

quando justificados e na análise do trabalho responsável pelo aparecimento da

lesão (Oliveira, 1991).

Muitas manifestações de dor e desconforto não possuem diagnóstico

preciso e podem ser confundidas com outras patologias.

Os sintomas dolorosos destas afecções apresentam-se, na maior dos

casos de forma inespecífica e indefinida, sendo muitas vezes ignorados. O

diagnóstico deve ser precoce, uma vez que, quanto mais tarde for detectada,

mais prejudicial fica a qualidade de vida do indivíduo.

Assim os trabalhadores mantêm o mesmo ritmo de trabalho e as LMERT

só são diagnosticadas quando outros indicadores, mais severos, como

acidentes e incidentes e a queda de produtividade se manifestarem (Caillet,

2000; cit. por Longen, 2003)

Logo Staal et al., (2004) alertam para que a dor seja encarada como um

dos primeiros sinais dos distúrbios músculo-esqueléticos, sendo importante

analisar de imediato as causas do seu surgimento.

De acordo com McArdle (1998), a dor muscular tem causa

desconhecida, mas o grau de desconforto depende da intensidade e duração

do esforço e do tipo de actividade realizada. Segundo este autor, é a

magnitude da sobrecarga activa imposta a uma fibra muscular que

desencadeia a dor muscular absoluta propriamente dita e, pode ter vários

factores que causam esse processo:

o Espasmos musculares;

o Distensão excessiva e laceração do tecido conjuntivo do músculo;

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o Lacerações no tecido muscular dos seus componentes

contrácteis;

o Alterações na pressão osmótica causando retenção hídrica nos

tecidos circundantes;

o Alterações no mecanismo celular para regulação do cálcio;

o Inflamação aguda;

o Combinação dos factores acima referidos.

Outros sintomas subjectivos das LMERT além da dor são sensações de

peso e cansaço nos membros afectados, paralisia, formigueiro, distúrbios

circulatórios, edema, calor localizado, rubor, sudurese, perda de força

muscular, crepitações, choques, alterações de sensibilidade, transtornos

emocionais, depressão e insónias (Oliveira, 2002)

Rio e Pires (1998), descrevem a dor como o processo de condução dos

impulsos eléctricos, transmitidos pelos axónios neurais, cuja modelação é feita

pelas sinapses dos neurónios e no corno posterior da medula espinal. Para os

autores, os mecanismos de inibição e facilitação da dor ocorrem em grande

parte nos sistemas nervoso central e periférico em circuitos locais ou fechados.

Esses processos sofrem influência de vários factores físicos como a

intensidade e a qualidade do estímulo doloroso, a serotonina e a noradrenalina

(neurotransmissores) são substâncias químicas que têm, igualmente, um papel

fundamental.

No aspecto motor, Longen (2003), refere que além dos movimentos

perturbados pelos sintomas dolorosos e pelo processo inflamatório, que pode

estar presente, existe a redução da resistência muscular ao trabalho e

consequentemente da resistência à fadiga. Tal facto reduz os potenciais

quantitativos e qualitativos de trabalho. Podem ocorrer ainda perdas motoras,

também conhecidas como motricidade fina, que influenciadas pelas reduções

sensoriais e associadas às restrições de resposta do aparelho músculo-

esquelético, ficam extremamente comprometidas.

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2.1.4 Estádios e suas características

Segundo Oliveira, (1998); Nicoletti, (1996); Miranda, (1998) o processo

de evolução dos sintomas pode ser caracterizado em quatro estádios:

o Estádio I: o paciente apresenta sensação de peso e desconforto

na zona afectada, dor espontânea. Os sinais inflamatórios estão

ausentes, a dor não se irradia, melhora com o repouso e o

prognóstico é bom.

o Estádio II: a dor torna-se mais intensa e persistente, aparecendo

durante a jornada de trabalho de forma intermitente, sendo

tolerável. Provoca queda na produtividade. Demora mais tempo a

recuperar com o repouso, pode ser acompanhada de sensação

de formigueiro e calor, com leves distúrbios de sensibilidade, a

recuperação é mais lenta mesmo com repouso. O prognóstico é

favorável.

o Estádio III: a intensidade da dor aumenta, tornando-se mais

persistente. É comum a ocorrência de dor nocturna. Edema e

alterações de sensibilidade estão presentes. O sistema nervoso

autónomo pode sofrer alterações, provocando sudação e palidez.

A produtividade é muito afectada e, às vezes, a tarefa torna-se

impossível de ser realizada. O prognóstico é reservado.

o Estádio IV: a dor torna-se contínua e às vezes insuportável. O

edema torna-se persistente e, nesta fase a atrofia e as

deformidades são características. Alterações do perfil psicológico

podem acompanhar o quadro. A capacidade de trabalho é

anulada e advém a incapacidade. O prognóstico é desfavorável.

Ao analisar a diversidade dos factores etiológicos e a abrangência

sintomatológica referente aos distúrbios músculo-esqueléticos nos

trabalhadores, podemos constatar a diversificação dos indivíduos susceptíveis

à problemática.

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Este tipo de distúrbios são comuns em ambos os géneros, no entanto,

Oliveira (1991) relata que estes problemas afectam preferencialmente a

mulheres (76%), sendo que Przysiezny (2000) acrescenta que esta maior

incidência se deve às diferenças hormonais e de resistência muscular para a

realização de algumas tarefas, às horas extra de trabalho e ao aumento

significativo do número de mulheres no mercado de trabalho. Já com relação à

idade as estimativas são diversas pois depende sobretudo da idade média da

população trabalhadora do país em questão.

Alguns estudos apontam um conjunto de profissões/ocupações que

apresentam maior probabilidade de incidência de LMERT. De entre estas

podem destacar-se os empacotadores, descarregadores, montadores de peças

em linhas de produção, costureiros, bancários, dactilógrafos, utilizadores de

ferramentas vibratórias, dentistas, enfermeiros, entre outros (Lima, 2004).

Múltiplos factores associados conduziram o profissional a entender a

forma de trabalho, ultrapassando os limites de resistência do próprio corpo e

que como consequências poderia trazer sobrecarga músculo-esquelética e /ou

stress emocional, vários pesquisadores e organizações de várias partes do

mundo têm destacado os profissionais de enfermagem como grupo de risco em

relação ao desenvolvimento destes distúrbios músculo-esqueléticos

(Josephson, M. et al., 1997).

2.1.5 Prevenção e Tratamento das LMERT

A prevenção das LMERT é um problema de todos e não dos médicos e

dos trabalhadores com doenças ou lesões.

O aspecto mais importante de qualquer programa de prevenção das

LMERT é a participação de todos os trabalhadores da empresa, incluindo os

órgãos da administração/gestão e as chefias intermédias.

É ainda indispensável a partilha total de informação sobre os elementos

das situações de trabalho, partindo do conhecimento existente e integrando os

resultados da avaliação do risco. A prevenção das LMERT passa sempre pela

existência de um conjunto de procedimentos que reduzam o risco de lesões.

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Esses procedimentos constituem o modelo de gestão do risco de LMERT,

também na perspectiva ergonómica, que integra as seguintes principais

componentes (Direcção geral de Saúde, 2008): a análise do trabalho; a

avaliação do risco de LMERT; a vigilância médica (ou da saúde) do trabalhador

e a informação e formação dos trabalhadores.

Segundo Araújo (2003) alguns autores recomendam acções preventivas

em relação às LMERT para a obtenção de uma melhor qualidade de vida,

como:

o Alternância entre período de esforço muscular e entre tarefas que exijam

maior e menor esforço;

o Evitar movimentos repetitivos;

o Evitar ficar em posição estática por um período de tempo prolongado;

o Adoptar medidas ergonómicas correctas:

o As articulações devem estar em posição neutra durante as actividades

laborais e os membros próximos ao corpo,

o Evitar flexão da coluna vertebral,

o Fazer intervalos com frequência entre a jornada de trabalho,

o Reduzir a velocidade e a força compressiva dos instrumentos manuais;

o Escolha de aparelhos ergonómicamente adequados;

o Para quem está muito tempo sentado, utilizar meias de média

compressão para prevenção de varizes;

o Evitar o uso de luvas que apertem o punho.

Valachi & Valachi (2003) afirmam que a prevenção é a melhor medida

adoptada para evitar este tipo de doenças. O primeiro passo é a realização

constante de auto-exame, de forma a observar as possíveis mudanças dos

hábitos rotineiros e, a partir daí, a organização trabalho-trabalhador que deve

ser modificada.

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Outras medidas como rotina de exercícios de relaxamento diário e

manutenção da amplitude de movimento articular, aliviam a dor e a tensão

muscular.

A conduta de tratamento das LMERT inicia-se com tratamento

conservador, com afastamento da actividade de esforço repetitivo, medicação

analgésica e anti-inflamatória, fisioterapia, reforço muscular, orientações

preventivas e gerais sobre a organização do trabalho. Os indivíduos que

apresentam essas lesões devem ser afastados do trabalho e são

condicionados ao repouso e a mudança do estilo de vida, sendo que em casos

extremos exigida intervenção cirúrgicas.

O tratamento das lesões músculo-esqueléticas necessita de uma equipa

multiprofissional que consta de Médicos, Fisioterapeutas, Terapeuta

Ocupacional, Profissionais de Educação Física, Psicólogo ou Psiquiatra e

Ergonomistas (Chiavegato & Pereira, 2003).

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2.2 A Ergonomia

A palavra Ergonomia provém do grego Ergon (trabalho) e Nomos

(estudo das regras e normas). O termo Ergonomia é relativamente recente.

Criado e utilizado pela primeira vez pelo inglês K. Murrel foi adaptado

oficialmente em 1949, aquando da primeira sociedade de Ergonomia – a

Ergonomic Research Society - onde se reuniam psicólogos, fisiologistas e

engenheiros ligados a problemas de adaptação do trabalho ao homem (Laville,

1977).

2.2.1 Conceito

Segundo Renner (2005) ergonomia é entendida como a ciência que

busca melhorias no ambiente de trabalho com o objectivo de manter não só a

saúde dos trabalhadores mas também a sua capacidade produtiva, tendo como

principal objectivo adaptar o trabalho ao ser humano.

Segundo a International Ergonomics, cit. por Kotbiyal (1996) a

ergonomia define-se como “estudo dos aspectos anatómicos, fisiológicos e

psicológicos dos seres humanos no âmbito de trabalho. Preocupa-se em

optimizar a eficiência, a saúde, a segurança e o conforto das pessoas no

trabalho em casa e em ambientes de recreação. Em geral, requer o estudo de

sistemas dos quais interagem os seres humanos, máquinas e meio ambiente,

com o objectivo de adequar a tarefa às pessoas.”.

Segundo a Associação Portuguesa de Ergonomia (APERGO) a

ergonomia é a disciplina científica relacionada com a compreensão das

interacções entre os seres humanos e os outros elementos do sistema de

trabalho, e a profissão que aplica os princípios teóricos, dados e métodos

pertinentes para conceber, com o objectivo de optimizar, o bem-estar humano

e o desempenho global do sistema.

Para Añez (sd), a meta principal constitui a segurança e o bem-estar dos

trabalhadores no seu relacionamento com os sistemas produtivos. A eficiência

é consequência e não fim, pois se fosse colocada como objectivo principal

poderia significar sofrimento e sacrifício dos trabalhadores, o que seria

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inaceitável. A ergonomia é entendida como matéria pluridisciplinar. Existem

diversos profissionais ligados à questão ergonómica, ou seja, relacionado à

saúde, ao projecto de máquinas e equipamentos ou à organização do trabalho

por si. Não existe uma categoria profissional capaz de dar a solução

ergonómica completa, de forma que, Engenheiros, Médicos, Professores de

Educação Física, Psicólogos, Nutricionistas, etc., podem ser observados a

trabalhar em projectos comuns.

A ergonomia assume um papel fundamental na prevenção das LMERT.

Tal só é possível efectuando uma correspondência entre o trabalhador e o

posto de trabalho de maneira a aumentar a produtividade enquanto se diminui

os riscos de lesão e desconforto dos trabalhadores (Stobbe, 1996; cit. por

boudreau e wright, 2003). Alguns programas relacionados com a Ergonomia

(Participatory ergonomics) estão a ser usados na prevenção das LMERT em

grupos de trabalhadores, resultando numa redução dos sintomas dessas

doenças e das taxas de trabalho nas empresas. Este tipo de programas tem

como objectivo compensar os trabalhadores que possuem doenças

ocupacionais em relação ao desenvolvimento das mesmas e reabilitá-los

rapidamente, proporcionando aconselhamento e ajuda individualizada no local

de trabalho (Anema et al., 2003).

2.2.2 A Ergonomia na enfermagem

O bem-estar do profissional de enfermagem é cada vez mais uma

preocupação actual. Para a Ergonomia, as condições de trabalho

representadas por um conjunto de factores interligados, que actuam directa ou

indirectamente na qualidade de vida das pessoas e nos resultados do próprio

trabalho (Marziale e Robazzi, 2000).

Estryn-Behar & Poinsignon (1989) referem uma descrição detalhada dos

factores que interferem nas condições de trabalho hospitalar, as referidas

autoras mencionam o desenvolvimento rápido e contínuo da tecnologia médica,

a grande variedade de procedimentos e exames realizados, o aumento

constante do conhecimento teórico e prático exigido na área da saúde, a

especialidade do trabalho, a hierarquização e a dificuldade de circulação de

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informação, o ritmo e o ambiente físico, o stress e o contacto com o paciente, a

dor e a morte como elementos que potencializam a carga de trabalho,

ocasionando riscos à saúde física e mental dos trabalhadores de enfermagem.

A abordagem ergonómica para análise da situação de trabalho de

enfermagem tem sido utilizada por estudiosos de todo o mundo.

No Brasil, Mauro et al., (1976) foram as pioneiras a utilizar os princípios

ergonómicos para analisar o trabalho de enfermagem e na última década

houve uma maior utilização da referida abordagem e um número crescente de

estudos têm sido realizados.

Marziale (1990), estudou através da abordagem ergonómica a fadiga

mental entre enfermeiros que actuavam em hospitais por turnos que iam

alternando, constatando que o referido sistema de horários era responsável

pela inadaptação dos enfermeiros às condições de trabalho.

Faria (1996), investigou as causas geradoras de sofrimento psíquico

para técnicos e auxiliares de enfermagem de um hospital público com o intuito

de conhecer a forma e processo de organização do trabalho através da

utilização da metodologia ergonómica.

Têm sido realizados estudos ergonómicos para analisar as posturas

corporais adquiridas na execução das actividades do trabalho de enfermagem,

procurando a adequação dessas actividades respeitando os princípios da

biomecânica.

Alexandre e seus colaboradores têm direccionado a atenção para

estudos abordando aspectos ergonómicos e posturais no transporte do

paciente e em relação à ocorrência de cervicodorsolombalgias entre os

profissionais de enfermagem (Alexandre et al., 1991; Alexandre & Angerami,

1993; Alexandre, 1998). Através dos referidos estudos foi constatado que

grande parte das agressões à coluna vertebral estão relacionadas com a

inadequação de mobiliários e equipamentos utilizados nas actividades

quotidianas de enfermagem, e com a adopção de posturas corporais

incorrectas adoptadas pelos enfermeiros.

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Silveira (1997), utilizou as contribuições advindas da ergonomia para

formular uma proposta de metodologia de acção em enfermagem, em que está

inerente a relação saúde-vida laboral.

Na enfermagem, como nos demais campos, a Ergonomia simplifica o

trabalho, previne a fadiga, proporcionando maior conforto tanto para o

trabalhador, no caso do profissional de enfermagem, quanto para os seus

pacientes (Stubbs et al., 1983).

A manipulação de doentes tem sido considerada como o mais

importante factor de risco na etiologia das LMERT em enfermeiros (Daraiseh et

al., 2003).

O exercício profissional obriga profissionais de enfermagem a utilizarem

como rotina de trabalho membros superiores e inferiores, sujeitando-os a um

mesmo padrão de movimento que promove a compreensão mecânica das

estruturas localizadas na região. Além disso a adopção de posturas corporais

incorrectas, extremamente prejudiciais, é, na maioria dos casos, causada pela

inadequação do trinómio formado pelo técnico/equipamento/instrumento

(Barbosa et al., 2004)

Desta forma, torna-se necessária uma abordagem ergonómica sistémica

para a prática de enfermagem que possa melhorar ainda mais as condições de

trabalho, optimizando a produtividade e diminuindo a ocorrência de lesões

(Conrado et al., 1996; Rio, 2000).

Para castro e Figlioli (1999; cit. por Pinto, 2001) a aplicação dos

conceitos ergonómicos, a utilização de equipamentos que, permitam adoptar

posições adequadas, a manutenção destas posturas e trabalho auxiliado, são

alguns dos factores básicos para uma rentabilização do trabalho e prevenção

de doenças, relacionadas com a profissão. Contudo, a abordagem das LMERT

pelo estudo ergonómico não pode ser resumida às condições físicas. Segundo

Assunção (2001; cit. por Longen, 2003), esta abordagem assenta sobre a ideia

de uma construção permanente pelo trabalhador do seu local de trabalho, para

atingir os objectivos em condições socialmente determinadas, levando em

consideração os constrangimentos que representam, de um lado, as condições

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de trabalho, e de outro, as suas próprias capacidades. Esta escolha

fundamenta-se no facto de que as pessoas trabalham diferentemente em

função das suas características individuais e que a saúde é o resultado de uma

negociação entre os objectivos da produção e o estado interno dos

trabalhadores. Tal abordagem permite, na situação de trabalho, colocar em

evidência o contexto da tarefa e o seu ambiente, destacando a maneira pela

qual o trabalhador realiza a sua tarefa e como ele reage às más condições de

trabalho. Esta abordagem propõe medidas de prevenção a partir do que fazem

as pessoas para proteger a sua própria saúde contra riscos presentes no

ambiente de trabalho.

2.2.3 Frequência das LMERT na Actividade de Enfermagem

As LMERT são um problema de saúde com reflexo a nível mundial. E,

embora este tipo de patologia esteja presente em todas as profissões e

sectores de actividades (AESST, 2000), em alguns grupos profissionais

observam-se taxas particularmente elevadas, nomeadamente, entre os

enfermeiros (AESST, 2000; WHO, 2002; Baumann, 2007). Segundo Trinkoff et

al., (2002), nos EUA a actividade de enfermagem ocupa a 6ª posição no que

diz respeito a patologia músculo-esquelética.

A dimensão da patologia músculo-esquelética é visível na quantidade de

estudos realizados. De acordo com Baumann (2007), num estudo que

desenvolveu recentemente para o ICN (International Council of Nurses), os

trabalhadores de saúde sofrem mais lesões osteomusculares que outros

grupos profissionais, em particular as enfermeiras que apresentam altos

índices de distensões e luxações. De igual modo, Horneij et al., (2004) referem

que a prevalência de dor do pescoço, ombro e lombar é superior entre

trabalhadores da saúde comparativamente com trabalhadores com outras

ocupações. Também, segundo Pheasant e Stubbs (1992); cit. por Barroso et

al., (2007) as enfermeiras apresentam mais 30% de dias de trabalho perdidos

devido a problemas lombares que a população em geral. Um outro estudo,

realizado nos EUA, apresentou valores de patologia músculo-esquelética entre

os enfermeiros na ordem dos 72,5%, em pelo menos uma região corporal.

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Destes, 15,8% apresentam sintomas simultaneamente nas regiões lombar,

pescoço e ombros (Trinkoff et al., 2002).

Em Portugal, à semelhança do que acontece com outras actividades

(Serranheira et al., 2004), não existem registos nacionais da prevalência das

LMERT nos enfermeiros. Segundo a mesma fonte, o que existe é um registo

dos acidentes de serviço compilado no relatório do Departamento de

Modernização e Recursos da Saúde sobre acidentes de trabalho do Ministério

da Saúde. No ano de 2000, as lesões por aplicação de força e posturas

inadequadas foram a segunda causa de acidente de trabalho nos enfermeiros.

No total de 1690 acidentes, 197 resultaram destas causas (Ministério da

Saúde, 2002; cit. por Fonseca, 2005).

Fonseca (2005), num estudo sobre a prevalência da sintomatologia

músculo-esquelética auto-referida pelos enfermeiros, realizado em cinco

hospitais da região do grande Porto em meio hospitalar, registou uma elevada

prevalência de sintomas músculo-esqueléticos em diferentes zonas anatómicas

(84%). Valores igualmente elevados foram encontrados em estudos nacionais

mais recentes (Cotrim et al., 2006; Barroso et al., 2007). Cotrim et al., (2006)

registaram 78,6% de queixas músculo-esqueléticas entre os enfermeiros de um

hospital central de Lisboa. Do mesmo modo, Barroso et al., (2007) registaram

uma elevada frequência de sintomatologia músculo-esquelética entre os

enfermeiros de um hospital distrital do norte do país (cerca de 70%).

Segundo a AESST (2000) a patologia músculo-esquelética ligada ao

trabalho pode ser evitada com uma intervenção ergonómica eficaz quer na

organização do trabalho quer na concepção dos locais de trabalho, baseada na

avaliação dos factores de risco.

No contexto nacional das LMERT, concretamente na actividade de

enfermagem, alguns autores apontam como áreas de intervenção prioritária as

actividades de elevação, as posturas e os movimentos adoptados (Maia, 2002;

Fonseca, 2005). Barroso et al., (2007), além dos aspectos referidos, reforçam a

importância de serem tomadas medidas de controlo e redução de riscos,

sugerindo intervenções sobre factores organizacionais, estruturais e de

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24

equipamentos. A formação e treino dos profissionais de enfermagem sobre

como manipular cargas e/ou doentes em segurança constitui outro exemplo de

abordagem na redução do risco de LMERT.

2.2.4 Aspectos Ergonómicos Relacionados com o Ambiente e Equipamentos Hospitalares

Um estudo (Alexandre, 1993) realizado num hospital universitário

brasileiro com profissionais de enfermagem, procurou determinar factores

ergonómicos e posturais relacionados com a ocorrência de dores na coluna.

Neste estudo foi avaliado o ambiente de trabalho, chegando à conclusão que:

o Berços, camas e macas são demasiado baixos;

o Armários com soro estão numa altura elevada;

o Desnível entre as alturas da cama e da maca;

o Suporte de monitor elevado;

o Falta de equipamentos especiais para transportar pacientes e materiais;

o Relação inadequada entre computadores, mesa e cadeira.

Com este estudo foi também possível verificar que cada unidade

hospitalar tem problemas ergonómicos comuns e outros específicos. É

importante que se projecte adequadamente o espaço físico e dimensões da

área de trabalho, assim como os equipamentos e mobiliários do local. Para

isso, é indispensável que os mesmos estejam adaptados às capacidades

humanas.

Desta forma torna-se fundamental fazer algumas considerações

ergonómicas de determinados aspectos do ambiente hospitalar:

o Espaço de Trabalho

o No planeamento da área de trabalho deve estar patente a

ergonomia, devendo ter-se em conta factores tais como o tipo de

actividade manual a ser executada, posturas adoptadas, dados

antropométricos dos operadores, equipamentos e mobiliários

envolvidos, entre outros.

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25

o A questão da interferência do espaço físico disponível para

atendimento de pacientes e utilização de equipamentos pelos

profissionais de enfermagem tem sido pouco estudada.

o Colocar pacientes que necessitam de auxílio ou que usam

cadeira de rodas em casas de banho estreitas, por exemplo, é um

procedimento penoso para os profissionais de enfermagem.

o Superfície de Trabalho

o Em geral, recomenda-se que, quando o enfermeiro trabalha de

pé, a superfície da bancada esteja de 5 a 10 centímetros abaixo

da altura dos cotovelos (Alexandre, 1993; Iida, 1990; Grandjean,

1988) (Figura 3).

o No estudo realizado por Alexandre (1993), profissionais de

enfermagem perceberam que as bancadas onde preparavam

medicações, colhem sangue e medem crianças, eram muito

baixas, obrigando-os a assumir posturas incorrectas (figura 1).

o Para solucionar parcialmente o problema das bancadas onde os

enfermeiros preparam medicações, etc., sugere-se que se

coloque os pés alternadamente num banquinho (figura 2).

Fig. 1. Bancada de trabalho

com altura inadequada

Fig. 2. Colocar os pés

alternadamente numa superfície

ligeiramente elevada

Fig. 3. Bancada de trabalho

com altura adequada

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26

o Limites de Alcance

o A distensão da coluna é muito utilizada ao colocar ou retirar

objectos de partes altas de estantes. Segundo Knoplich (1986), a

distensão consiste na ampliação de um segmento da coluna às

custas da musculatura que pode causar danos quando realizado

com frequência. Agravando este movimento, quando as pessoas

levantam ou retiram objectos acima do nível dos ombros.

o Chaffin (1987), reforça que nestes procedimentos não só a fadiga

muscular é factor importante, mas também o facto da pessoa se

tornar mais instável, com riscos adicionais (figura 4).

o Palmer (1976), menciona que estes factores são influenciados

não apenas pelo tamanho do corpo e pela força aplicada, mas

também pela frequência da acção. Recomenda ainda que os

objectos pesados devem ser guardados dentro de uma amplitude

de altura próxima do nível da cintura e que objectos leves podem

ser armazenados a qualquer altura situada entre o joelho e o

ombro (figura 5 e 6).

o Durante a execução das suas actividades ocupacionais, os

trabalhadores de enfermagem frequentemente têm que pôr ou

retirar objectos (soros, roupas, monitores, caixas de instrumentos,

etc.) de alturas elevadas (Alexandre, 1993; Marziale, 1995;

Girling, 1988).

o Para evitar estes problemas, é aconselhável a realização de um

planeamento para o armazenamento destes materiais em

armários e a utilização de degraus (escada ou banco).

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27

Fig. 4. Armário em altura

elevada

Fig. 5. Utilização de superfície

elevada

Fig. 6. Armazenamento de

objectos pesados numa

altura próxima do nível da

cintura

o Hearn (1985) mencionou que em virtude do mecanismo dos

discos, é desaconselhável forçar demasiado a flexão das

articulações da coluna ao inclinar o tronco, mantendo os

membros inferiores esticados (figura 7).

o Por essa razão, deve evitar-se baixar desnecessariamente e

recomenda-se que o enfermeiro faça flexão dos joelhos (figura 8).

Fig. 7. Postura incorrecta Fig. 8. Baixar com a coluna em posição recta e

joelhos flectidos

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28

o Equipamentos

o Um factor crítico que merece ser ressaltado nesta fase de

trabalho, é a falta de equipamentos auxiliares que facilitam não só

o manuseio de materiais como também a manipulação de

pacientes (figura 9 e 10).

Fig. 9. Risco: Movimentar e transportar

pacientes sem auxilio de equipamento

adequado

Fig. 10. Correcto: Utilizar equipamentos de auxilio

adequados

o A falta de manutenção de equipamentos e a utilização de

mobiliários improvisados e inadequados, também tornam o

trabalho mais árduo para os profissionais de enfermagem.

Podemos citar como exemplo camas pesadas com rodas que não

funcionam, local improvisado para fazer anotações e colher

sangue, manivelas das camas de difícil movimentação, entre

outros (Alexandre, 1993; Girling, 1988).

o O hospital por ser uma empresa, apresenta na sua área de

manutenção e reparos os mesmos riscos de uma fábrica, com

algumas particularidades típicas (Wakamatsu et al., 1986).

o Os profissionais de enfermagem devem estar consciencializados

para o controle eficiente do ambiente e dos equipamentos

utilizados nos hospitais, é fundamental para o bom funcionamento

Page 49: Estudo da Frequência de Lesões Músculo-Esqueléticas ... · 2.2 A Ergonomia ... 5 Apresentação dos Resultados ... Bancada de trabalho com altura inadequada

29

do trabalho e para a preservação de doenças ocupacionais e

acidentes de trabalho.

o Bell (1987), aconselha que para se realizar a avaliação destes

factores, devemos ter em conta quatro variáveis: o paciente, o

trabalhador, a tarefa e o ambiente.

Desta forma, acreditamos que os profissionais de enfermagem devem

urgentemente desenvolver pesquisas acerca da utilização de equipamentos

hospitalares que envolvam não só soluções técnicas, mas também a politica

administrativa a respeito do assunto.

Para a Organização Mundial de Saúde, a prevenção de lesões do

sistema músculo-esquelético deve ser realizada mediante o melhoramento do

ambiente, instrumentos, equipamentos e métodos de trabalho. Esta

organização ressalta ainda que a prevenção destas lesões constitui o maior

desafio para a ergonomia (OMS, 2008).

É importante destacar que as unidades hospitalares têm problemas

ergonómicos comuns e outros específicos, porém, o mais importante é

incentivar o desenvolvimento de uma consciência crítica em relação aos efeitos

do ambiente de trabalho sobre a saúde dos trabalhadores no ambiente

hospitalar.

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30

2.3 Ginástica Laboral

2.3.1 Breve enquadramento histórico

Ao longo dos tempos, tem vindo a aumentar a necessidade da

implementação da Ginástica Laboral (GL). Esta necessidade é facilmente

compreendida pelo facto de vivermos a nível mundial uma política que busca

insanavelmente do aumento de produtividade com uma enorme

competitividade a todos os níveis.

A revolução industrial alterou o ritmo do mundo, o progresso da

tecnologia desencadeou uma grande concorrência entre os sectores

empresariais, havendo uma corrida desenfreada em busca do capital, que é

formado por três variáveis: económica, financeira e humana.

A nível internacional vivemos a “era” da globalização em que se procura

a busca do aumento da produtividade, competitividade, qualidade total, clientes

felizes e accionistas satisfeitos.

A ciência e a tecnologia cresceram rapidamente, não dando muito tempo

para que as pessoas pudessem assimila-los de uma forma mais natural. Neste

contexto temos os trabalhadores que começam a sofrer as consequências

referentes a estas mudanças. Tais transformações tendem a gerar um número

crescente de LMERT. Estes problemas fizeram com que as organizações

empresariais começassem a preocupar-se com o aumento da sua capacidade

competitiva, enfatizando o capital humano do trabalho em prol do controlo dos

custos.

Os primeiros registos de GL surgem em 1925 na Polónia, esta

preocupação não é recente, medidas para melhorar a competitividade e, ao

mesmo tempo, manter os trabalhadores saudáveis, já se verificavam em

empresas nessa altura (Oliveira, 2007)

A GL foi evoluindo ao longo do tempo em todo o mundo, na Polónia,

1925, foi chamada de Ginástica de Pausa. Existem relatos que apresentam

este tipo de actividades em países como Holanda, Rússia, Bulgária e

Alemanha Oriental (Cañete, 2001; Lima, 2007)

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31

É no Ocidente que GL é difundida e encontra um grande número de

empresas interessadas nesta nova proposta, apesar de o Oriente ter sido

pioneiro nessa actividade.

Começa a desenvolver-se no Japão uma adaptação de um programa da

Rádio Taissô, ao qual se resume a transmissão diária e material de uma rotina,

de exercícios próprios semelhantes à ginástica rítmica, acompanhados de

música específica. Em 1928, os funcionários dos correios já a praticavam com

o objectivo de descontrair e de melhorar a nível de saúde.

Em 1960, após a Segunda Guerra Mundial, essa actividade é erradicada

por todo o país e o Japão torna-se o grande impulsionador da GL, apontando

resultados da prática como redução de acidentes de trabalho, aumento da

produtividade e melhora do bem-estar dos trabalhadores.

Actualmente um terço dos trabalhadores japoneses pratica exercício nas

empresas (Cañete, 2001)

No Brasil a iniciativa foi da escola FEEVALE, em 1973, com exercícios

baseados em análises biomecânicas de posturas e exercícios de repetição.

Actualmente a GL é realizada em diversos países desenvolvidos e em

desenvolvimento, onde a produtividade e o lucro são resultados de

trabalhadores satisfeitos, motivados e saudáveis (Cañete, 2001; Lima, 2007)

Em Portugal parece haver um longo caminho a percorrer. As iniciativas

com vista à compensação de problemas relacionados com o trabalho são

pontuais, ocorrendo apenas em multinacionais.

2.3.2 Conceito

Várias definições são utilizadas e principalmente distintas atribuições

são empregues à aplicação prática de GL. Uma grande carência de

fundamentação teórica e científica sobre este método dificulta a definição

concreta do seu papel dentro da saúde do trabalho.

Polito e Bergamaschi (2006), definem GL como uma série de exercícios

físicos realizados diariamente no próprio local de trabalho, durante a jornada de

trabalho, que tem como objectivos a prevenção das lesões ocasionadas pelo

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trabalho além de normalizar as funções corporais e servir como um momento

de descontracção e socialização entre funcionários.

Mendes e Leite (2004), destacam a não obrigatoriedade de participação,

uma vez que os trabalhadores participam das actividades por livre e

espontânea vontade. Os autores referem ainda a GL como um espaço de

qualidade de vida e lazer dentro das empresas, a actuar como uma quebra da

monotonia, além de trabalhar a mente, o corpo e estimular o

autoconhecimento.

Para Lima, Deise (2004, pp.20) a GL define-se como a “pratica de

exercícios físicos realizados individual ou colectivamente durante a jornada de

trabalho, prescrito de acordo com a função exercida pelo trabalhador. Essa

prática tem como finalidade prevenir doenças ocupacionais e promover o bem-

estar individual por intermédio da consciência corporal: conhecendo,

respeitando, amando e estimulando o próprio corpo”.

Acreditamos que esta última seja a definição mais completa, tendo em

conta a GL com abordagem Ergonómica.

2.3.3 Tipos e objectivos da Ginástica Laboral

Definida como uma actividade de prevenção e compensação, a GL

procura a promoção da saúde, a melhora das condições de trabalho, uma

maior rentabilidade e produtividade, e consequente redução dos custos

relacionados com a saúde dos trabalhadores.

Diversos autores classificam GL de acordo com os seus objectivos e

horários de prática. Cañete (2001), distingue os tipos de GL de acordo com a

sua finalidade: Ginástica de Compensação, Ginástica Preparatória, Ginástica

Correctiva, Ginástica Laboral Preparatória.

Mendes (2001), distingue Ginástica Correctiva ou Postural, Ginástica de

Compensação, Ginástica Terapêutica e Ginástica de Manutenção ou

Conservação.

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Neste estudo será utilizada a classificação de GL de acordo com Zilli

(2002), Lima (2005), e Lima (Deise, 2004) visando a melhor aplicabilidade. De

acordo com estes autores a GL pode ser classificada em três tipos:

o Ginástica de Aquecimento ou Preparatória

o Praticada antes da jornada de trabalho, tem uma duração de 10 a

12 minutos. De referir que a individualização deste tipo de

ginástica deve ser privilegiada pois permite preparar cada

trabalhador para a tarefa que vai executar.

o Este tipo de GL visa activar fisiologicamente o organismo para as

tarefas laborais e melhorar o nível de concentração e disposição.

Previne acidentes, distúrbios osteomusculares e ligamentares,

preparando o organismo para actividades de velocidade, força ou

resistência, uma vez que age de forma a activar o organismo,

elevar a temperatura corporal, promover maior oxigenação aos

tecidos e aumentar a frequência cardíaca.

o Consiste em exercícios de coordenação, equilíbrio, concentração,

flexibilidade e resistência muscular, flexibilidade e mobilidade

articular.

o Ginástica Compensatória ou de Pausa

o Realizada em pequenos intervalos durante a jornada de trabalho,

tem uma duração de 5 a 10 minutos.

o Esta GL interrompe a monotonia operacional aproveitando as

pausas para executar exercícios específicos de compensação

para Esforços Repetitivos, estruturas sobrecarregadas e posturas

solicitadas nos postos de trabalho.

o Assim, este tipo de GL visa melhorar a circulação, modificar a

postura no trabalho, alongar, “libertar” a tensão dos músculos

sobrecarregados, prevenir a fadiga muscular e compensar

desequilíbrios musculares.

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o Entre os tipos de exercícios para libertar a tensão dos músculos

sobrecarregados, podem ser sugeridos exercícios de

relaxamento, mobilidade articular, alongamento e resistência

muscular.

o Realizar exercícios de alongamento é uma tarefa fácil, ressalta

Oliveira (2002, cit. por Pinto, 2003), mas é muito importante que

se conheçam alguns motivos que podem levar ao

desenvolvimento de lesões sérias. Ao realizar-se, o alongamento

deve-se fazê-lo de forma lenta e sem movimentos balísticos, pois

se o movimento for repentino e com intensidade elevada, podem-

se ocasionar microlesões e, caso se prossiga com essas formas,

essas microlesões tornar-se-ão cicatrizes (não-eslásticas),

prejudicando o alongamento e interferindo no fluxo sanguíneo,

entre outros factores nocivos.

o Ginástica de Relaxamento ou Final da Jornada de Trabalho

o Conjunto de exercícios baseados em alongamentos e

relaxamento muscular, realizados na final da jornada de trabalho.

Tem como objectivo oxigenar as estruturas musculares

envolvidas na tarefa diária. Tal actividade poderá servir para a

eliminação, não só das tensões geradas pelo trabalho e

consequente relaxamento muscular, como também para a

redução do processo de fadiga.

o Este tipo de relaxamento pode ser feito por meio de auto-

massagem, exercícios respiratórios, exercícios de alongamento,

flexibilidade e meditação.

o É importante referir que as actividades propostas devem

compreender exercícios de baixa a moderada intensidade, das

quais todos possam participar. Além disso, a curta duração das

aulas tem o intuito de não comprometer a prestação de serviço

dos trabalhadores.

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35

2.3.4 Benefícios da Ginástica Laboral

A GL na enfermagem tem a finalidade de preparar a musculatura para

as acções habituais do trabalho, aumentar a circulação sanguínea nos

membros mais activos da prática laboral, melhorar a oxigenação do cérebro de

forma a contribuir para melhor atenção e concentração no retorno ao trabalho,

além de promover quebra da rotina durante a jornada de trabalho.

Quanto aos objectivos das organizações empresariais que adoptam um

programa de GL são a redução das doenças ocupacionais, das queixas de dor

e do elevado índice de baixas devido às LMERT. Normalmente esses

problemas têm como causa o intenso ritmo de trabalho, longas jornadas de

trabalho e excesso de carga a suportar pelo trabalhador. Outro objectivo é a

melhoria de qualidade de vida dos seus funcionários, factor relacionado à

responsabilidade social da empresa bem como promoção do marketing social

(Cañete, 2001)

De acordo com a literatura são vários os benefícios atribuídos à GL.

Segundo Zilli (2002), a GL pode gerar vários benefícios fisiológicos, tais

como:

o Melhoria da activação neuromuscular;

o Melhoria da ventilação pulmonar;

o Melhoria da respiração;

o Aumento da circulação sanguínea e da oxigenação muscular;

o Redução da pressão intra-articular;

o Equilíbrio muscular;

o Redução do sono durante a jornada de trabalho;

o Preparação do organismo para o trabalho;

o Prevenção da fadiga muscular.

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36

Quanto aos benefícios físicos são referidos os seguintes:

o Melhoria da agilidade e coordenação motoras;

o Melhoria da postura;

o Melhoria da amplitude articular e da flexibilidade;

o Melhoria da força e resistência muscular;

o Correcção dos desequilíbrios musculares;

o Prevenção de lesões músculo-tendinosas e ligamentares.

Relativamente aos benefícios psicológicos, Lima (2004), refere:

o Desperta o espírito de equipa;

o Melhoria do ânimo e disposição para o trabalho;

o Promove a socialização;

o Redução da fadiga mental.

Relativamente aos benefícios sociais são referidos os seguintes:

o Favorece o contacto pessoal;

o Promove a integração social;

o Desperta novas lideranças;

o Melhora o relacionamento interpessoal;

o Favorece o espírito de grupo.

Como resultado dos itens acima citados, vários são os autores que

referem que a GL melhora a produtividade individual e de grupo (Lima, 2003;

Adams, 2004; Lima Deise, 2004; Pinto, 2003; Weinstein, 2004).

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37

2.3.5 Ginástica Laboral como complemento da Ergonomia

A GL associada à Ergonomia contribui para a melhora da saúde e da

qualidade de vida do trabalhador levando a um aumento da produtividade e

redução dos custos uma vez que proporciona ao trabalhar condições ideais,

sendo os riscos de acidentes e de lesões reduzidos. Porém, em profissões,

como na enfermagem, existe uma série de limitações. Zilli (2002)

A GL, aliada à ergonomia, vem-se apresentando como a solução

encontrada pelas empresas para lidar com as graves consequências das

LMERT, pois a melhor saída para evitar doenças ocupacionais e acidentes de

trabalho, gastos com licenças e baixa produtividade, decorrentes da fadiga e

desmotivação dos funcionários, é a prevenção desses quadros clínicos

mediante a educação no trabalho, que envolve a segurança e a boa qualidade

de vida, associadas aos objectivos da empresa, bem como o exercício físico

orientado por profissionais qualificados. (Zilli, 2002).

As avaliações ergonómicas englobam diferentes dimensões do trabalho

que vão desde as actividades desenvolvidas às suas consequências ao

trabalhador. A análise ergonómica do trabalho ou análise da actividade do

trabalho é um instrumento metodológico que visa posteriormente propor

alterações e melhorias ergonómicas.

Ao realizar esta análise é necessário “estudar um trabalhador em

concreto, a observação da realização da tarefa no local e com os

equipamentos e equipas envolvidas, a colecta de todos os dados, qualitativos e

quantitativos, incertos, incompletos ou contraditórios, necessários a um

diagnóstico” (Santos e Fialho, 1997).

Almeida (1994) refere que as melhorias ergonómicas são relativas e

devem obedecer a um processo contínuo visto a variabilidade das

características do trabalhador e do trabalho. Neste sentido, uma alteração

ergonómica num determinado sector poderá trazer novas problemáticas,

oriundas da modificação em si ou da observação de factores que antes não

foram diagnosticados, confirmando assim a necessidade da continuidade das

alterações ergonómicas.

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A GL como estratégia de prevenção também serve para colmatar

algumas limitações da ergonomia.

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39

2.4 Estruturação de um programa de Ginástica Laboral

Adaptando as propostas de estruturação de um programa de GL de

Mendes e Leite (2004) e Lima (2004), sugerimos o seguinte: Pré-fase;

Avaliação inicial; Planeamento; Execução; Avaliação do programa.

2.4.1 Pré-fase

Inicialmente é necessário informar e motivar, todos os sectores de

administração assim como trabalhadores, para depois se proceder à

estruturação do programa de GL. Esta fase é decisiva para a implementação e

continuidade do processo. Existem várias estratégias para a implementação e

continuidade do processo, tais como, através de palestras, vídeos e materiais

informativos nas paredes da empresa e/ou jornais internos. Todas estas

estratégias são de grande importância para o envolvimento no programa,

compreendendo bem os motivos e entregando-se efectivamente, uma vez que

se pretende atingir todos os sectores.

2.4.2 Avaliação Inicial

Esta fase tem como objectivo fazer um levantamento da realidade da

empresa e do grupo de pessoas com quem se vai trabalhar. Como tal, é

essencial conhecer cada sector e apresentar um conjunto de motivos que

justificam a implementação de um programa deste género. Segundo Mendes e

Leite (2004), o combate ao stress e a prevenção de doenças ocupacionais,

costumam estar no topo dos motivos. Esta fase corresponde a uma avaliação

diagnóstica para determinar o ponto de partida, além de ser também utilizada

para tomar decisões relativas às recomendações apropriadas de promoção de

saúde do trabalhador, tendo o exercício físico como base. Nesta avaliação

devem-se considerar os seguintes tópicos: 1. caracterizar a empresa (dados

gerais); 2. caracterizar o trabalhador; 3. caracterizar o local de trabalho.

o Relativamente ao primeiro ponto – a empresa – a análise deve ser

efectuada junto da gerência solicitando dados variados: número de

empregados, distribuição por sexo e por departamento; horário de

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40

entrada, refeições, pausas e saídas; tecnologias utilizadas. Ainda neste

ponto devemos solicitar aos recursos humanos outros dados sobre a

rotatividade, absentismo, dias de afastamento e quais os principais

motivos. Devemos também fazer um levantamento, em conjunto com o

médico da empresa, quanto ao número e tipo de acidentes de trabalho;

dia, hora e partes do corpo predominantemente afectadas e doenças

ocupacionais (tipo de doença e número de trabalhadores acometidos).

o 2. No que diz respeito ao segundo ponto – o trabalhador – é necessário

realizar o levantamento do seu “perfil”. Aqui devem constar os seguintes

dados: idade, sexo, tempo de profissão, horas de trabalho, dados

relativos à sua saúde e qualidade de vida e possíveis lesões

relacionadas com a sua profissão.

o 3. O terceiro ponto – local de trabalho – está relacionado essencialmente

com a ergonomia. Para esta análise devemos ter em conta as

características dos postos de trabalho e os dados antropométricos

estáticos e dinâmicos para a adaptação do respectivo layout. De todos

estes dados devemos seleccionar apenas os mais relevantes para o

sector em questão, sistematizando-os para os transformar em

informações capazes de auxiliar o profissional de educação física e o

terapeuta a prescrever correctamente os exercícios e a propor

actividades que venham a contribuir para a melhoria da saúde e

qualidade de vida do trabalhador.

2.4.3 Planeamento

Após a reunião de todos os dados e de termos efectuado o estudo do

público-alvo, passamos à fase de planeamento, isto é, à selecção dos

exercícios físicos, à organização dos horários de pausa activa e à informação

sobre a importância da implementação deste programa em diferentes sectores

da empresa. A escolha dos exercícios mais adequados varia de acordo com os

objectivos do programa de GL e da realidade de cada sector. Os exercícios

escolhidos devem ser de fácil execução e adaptados ao posto de trabalho.

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41

Mendes e Leite (2004) referem ainda que a escolha do exercício é

fundamental para evitar a monotonia, devendo considerar-se não só as

componentes anatomofisiológicas mas também a psicológica, a social e a de

integração.

Por outro lado, na organização dos horários deve ter-se em conta as

características e condições do sector e do posto de trabalho onde será a GL,

as características das principais funções desempenhadas pelos trabalhadores,

o ritmo de trabalho, a jornada e o turno de trabalho mais adequados e as

condições do ambiente físico e do ambiente de trabalho. Isto porque existem

funções dentro de uma empresa que não podem ser interrompidas e, como tal,

pode ser necessário organizar escalas, para que enquanto uns trabalhadores

estão na sessão de GL, existam outros a exercer essas funções.

2.4.4 Execução

É nesta fase que têm lugar a execução da pausa activa do grupo-alvo e

as reuniões informativas regulares que auxiliam na divulgação permanente das

actividades e na aceitação do programa por todos. Em simultâneo deve existir

uma avaliação dos resultados para que o programa se vá ajustando.

A primeira abordagem da fase de execução pode ser entendida como

um estudo piloto que de acordo com Lima (2004) e Mendes e Leite (2004) tem

a duração de três a seis meses e que será ministrado pelo profissional de GL

que planeou as séries de exercícios físicos. Deve implantar-se este programa

em apenas um sector. Depois, a sua aplicação em outros grupos decorre da

consciencialização da importância deste tipo de actividade. Além disso, nesta

primeira abordagem, o profissional deve não só supervisionar a prática de

ginástica laboral, como também procurar despertar a motivação, o interesse e a

participação de todos os praticantes.

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42

2.4.5 Avaliação do programa

Esta fase é determinante para conhecer se os objectivos foram

alcançados. Serve para detectar os problemas decorrentes da aplicação do

programa e realizar os ajustes necessários. Mendes e Leite (2004) consideram

que esta avaliação deve ser efectuada a cada três ou seis meses.

Deste modo, esta fase engloba a avaliação dos resultados alcançados, a

participação e satisfação nas actividades propostas e a possibilidade de

continuidade do programa. A continuidade da aplicação do programa

apresentará sucesso quando houver repercussão positiva e o desenvolvimento

de novas actividades for aguardado com grande expectativa.

A implementação em outros grupos ocorrerá após a selecção e a

identificação do próximo sector de acordo com as necessidades e as

características da empresa. Além disso deve ser elaborado um novo trabalho

de diagnóstico do grupo e do sector, incluindo um perfil psicológico das

pessoas e do grupo, que deve abordar todas as fases já descritas:

estruturação, planeamento, execução e avaliação.

Nos sectores que já estão na fase de continuidade, a avaliação e o

acompanhamento, bem como os ajustes necessários, devem fazer parte da

rotina diária e do processo como um todo que possibilitará novos ajustes e

envolvimento dos participantes, a fim de cultivar a consciência, a

responsabilidade e manter o programa.

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43

3 Objectivos

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44

3.1 Geral

Avaliar a Frequência das LMERT em Profissionais de Enfermagem, bem

como as zonas corporais mais sujeitas a lesão, com vista à elaboração de uma

proposta de prevenção baseada em sugestões ergonómicas básicas e em

exercícios de GL.

3.2 Específicos

o Identificar a Frequência de LMERT que acometem os profissionais de

enfermagem de ambos os sexos;

o Verificar as regiões corporais mais afectadas pela dor/desconforto;

3.3 Hipóteses

No sentido de atingir os objectivos propostos, formularam-se as

seguintes hipóteses:

H1: Existe uma frequência significativa de LMERT nos profissionais de

Enfermagem, sendo maior no sexo feminino.

H2: A região da coluna com particular realce para a lombar é a que

apresenta maior frequência de dor.

H3: Nos últimos 12 meses a região lombar foi a zona mais referida com

maior frequência de dor.

H4: Nos últimos 7 dias a região lombar foi a zona mais referida com

maior frequência de dor.

H5: A dor lombar foi a causa mais referida para o absentismo.

Page 65: Estudo da Frequência de Lesões Músculo-Esqueléticas ... · 2.2 A Ergonomia ... 5 Apresentação dos Resultados ... Bancada de trabalho com altura inadequada

45

4 Material e Métodos

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46

4.1 Caracterização da amostra

No presente estudo foram incluídos 59 técnicos de enfermagem

do Centro de Saúde de Cinfães e do Hospital Padre Américo Vale do Sousa

(Centro Hospitalar Tâmega e Sousa, EPE); 38 do sexo feminino (64%) e 21 do

sexo masculino (36%). Apenas incluímos no estudo os enfermeiros que se

mostraram disponíveis.

As idades são compreendidas entre os 26 e 65 anos (Figura 11).

Fig. 11. Distribuição dos profissionais de enfermagem por classes etárias

4.2 Procedimentos Metodológicos

A recolha da informação relativa às LMERT foi realizada com base no

Questionário Nórdico Músculo-Esquelético (QNM) (Kuorinka et al., 1987) (ver

anexo 1). Este instrumento tem por objectivo quantificar as regiões mais

acometidas pelos sintomas músculo-esqueléticos.

O questionário contém uma figura humana vista pela região posterior,

dividida em nove regiões anatómicas: coluna vertebral, ombros, coluna dorsal,

cotovelos, coluna lombar, punhos/mãos, ancas e coxas, pernas/joelhos,

tornozelos/pés.

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47

As questões estão relacionadas com cada área anatómica sendo

possível constatar se os indivíduos tiveram dores nos últimos 12 meses e 7

dias; procuram também investigar se precisaram de faltar ao serviço ou

procurar auxílio médico nos últimos 12 meses devido aos mesmos sintomas.

Para o levantamento do nível de dor, foi solicitado aos indivíduos da

amostra que indicassem, no caso de existirem dores, a região ou regiões do

corpo nas quais a sentiam e o grau de intensidade avaliado numa uma escala

de dor EVA de Bonica (1990) Figura 12). Esta escala vai de 0, que corresponde

a ausência de dor, até 10, valor numérico ao qual é atribuída uma dor

insuportável.

Fig. 12. Escala visual analógica (EVA), Bonica (1990).

4.3 Aplicação da Metodologia

A pesquisa foi realizada no próprio local de trabalho. Inicialmente foi feita

a explicação sobre o estudo e eventual colaboração.

4.4 Procedimentos estatísticos

Os dados foram tratados de forma a perceber a frequência de dor

e/ou desconforto em diferentes regiões do corpo. Foi utilizado o programa

Microsoft Office Excel 2007 e o programa SPSS versão 17 (com nível de

significância de 5%).

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48

5 Apresentação dos Resultados

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49

5.1 Análise da Posturas adoptada pelos Enfermeiros

Durante o levantamento de imagens fotográficas, pudemos identificar

algumas características relativas às posturas adoptadas. De seguida

apresentamos aquelas que consideramos mais relevantes e que estão de

acordo com o objectivo do nosso estudo:

A maioria das funções exercidas pelos enfermeiros é na posição de pé

Figura 13 e 14.

Fig. 13. Flexão da zona lombar, extensão dos

Membros Inferiores (MI)

Fig. 14. Flexão do tronco e cervical, MI em

extensão

Funções que implicam, essencialmente, movimentos de flexão,

extensão e compressão da coluna vertebral (figura 15,16, 17).

Fig. 15. Flexão acentuada da coluna lombar e cervical;

joelhos em semi-flexão

Fig. 16. Flexão da coluna cervical, MI em extensão; flexão

plantar e anca afastada da marquesa

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50

Fig. 17. Flexão da coluna cervical, MI em extensão e afastados da marquesa

Estes movimentos, quando repetidos no tempo, estão referidos como

prejudiciais e o seu impacto faz-se sentir, particularmente na zona lombar tal

como é referido por Adams (2004), Orlando e King (2004). A flexão do tronco à

frente é limitada e “protegida “ pelos músculos da zona lombar, mas essa

protecção muscular tende a deteriorar-se pela realização de movimentos

repetitivos de flexão. Isto acontece porque as deformações dos receptores dos

estímulos da coluna eliminam o reflexo de protecção dos músculos (Adams,

1994 e Solomonow, 1999, citados por Adams, 2004). Por outro lado, a

compressão da coluna tem origem, essencialmente, em movimentos que

provocam tensão nos músculos longitudinais das costas e do abdómen (Dolan

et al., 1994, citado por Adams, 2004). Os movimentos de compressão e flexão,

quando aplicados repetidamente e em simultâneo, podem causar graves

lesões a nível da zona lombar (Adams, 2004; Orlando e King, 2004; Pinho,

2006). Estes movimentos são bastante frequentes, como podemos verificar

pelas imagens.

Todos estes movimentos são executados repetidamente e para além

disso muitos deles são executados em posturas incorrectas durante um turno

de 8 horas de trabalho (Figura 18, 19, 20 e 21).

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51

Fig. 18. Flexão da coluna cervical e lombar Fig. 19. Tronco afastado da banca e em flexão; MI

em extensão

Fig. 20. Flexão do tronco à frente Fig. 21. Flexão da coluna cervical

Deste modo, as articulações mais solicitadas e mais propensas a lesão

são a escápulo-umeral e lombar. Em termos musculares podem destacar-se

para os movimentos de flexão/extensão e compressão da coluna os oblíquos

externos e interno, o recto abdominal, o quadrado lombar, e os erectores da

coluna (iliocostais torácico e lombar e longo dorsal). Para os movimentos de

flexão e extensão do membro superior em abdução, os músculos mais

solicitados são o deltóide, o supra-espinhoso, o bicípite braquial (longa porção),

o grande dentado, o trapézio e o grande peitoral (Pina, 1999).

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52

5.2 Frequência de LMERT

Independentemente da região afectada, 81% dos participantes referiram

algum tipo de sintomas músculo-esqueléticos nos últimos 12 meses e 42% nos

últimos 7 dias.

A figura 22 mostra a frequência de sintomas músculo-esqueléticos anual

e semanal.

Fig. 22. Percentagem de profissionais de enfermagem que referem sintomas músculo-esqueléticos nas

diferentes regiões corporais (n= 59).

Os participantes apresentaram as mais elevadas taxas de distúrbios

osteomusculares nos últimos 12 meses nas seguintes regiões anatómicas:

lombar (59%), cervical (41%), dorsal (37%), pernas/joelhos (34%), ombros

(25%), tornozelos/pés (24%), punhos/mãos (20%), ancas/coxas (12%) e

cotovelos (8%).

Em relação à sintomatologia dolorosa nos últimos 7 dias, a região

lombar continuou a ser a mais citada (37%), seguida a região cervical (15%),

posteriormente as regiões dorsal e pernas/joelhos (10%), as regiões

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53

punhos/mãos e tornozelos/pés (8%), a região dos ombros (7%) e por fim a

região dos cotovelos e ancas/coxas (5%).

Fazendo uma descriminação entre esta ocorrência de lesões nos

diferentes sexos, foram obtidos os seguintes resultados:

Sexo Total Masculino Feminino

Lesão

SIM N 13 34 47

% Total 22,0% 57,6% 79,7%

NÃO N 8 4 12

% Total 13,6% 6,8% 20,3% Total N 21 38 59

% Total 35,6% 64,4% 100,0%

Quadro 1. Distribuição de lesões entre os diferentes sexos

Como podemos verificar através do quadro 1, as mulheres apresentam

maior número de lesão que os homens.

Na nossa amostra os resultados foram estatisticamente significativos já

que p<0,05 (t=2,302 e p=0,029).

A análise da intensidade do incómodo ou dor (figura 23) permite

evidenciar referências próximas dos 30% para níveis de intensidade moderada

(coluna lombar), indo até aos 2% para nível insuportável.

Relativamente à região cervical, 19% referem queixas para níveis de

intensidade moderada e 2% para níveis de intensidade forte a insuportável.

Para os ombros destacam-se níveis (2%) de intensidade forte, assim

como para as restantes zonas corporais.

Para a coluna dorsal e cotovelos não houve referências para níveis de

incómodo ou dor forte ou insuportável.

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54

Fig. 23. Intensidade do incómodo ou dor nos últimos 12 meses distribuídos pelos diferentes segmentos

corporais (n=59).

Para avaliar indicadores de gravidade dos sintomas, pesquisou-se o

absentismo, ou seja, o abandono das suas actividades normais, que podem ser

analisados na figura 24.

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55

Fig. 24. Percentagem de desconforto por zona corporal e frequência do absentismo nos últimos 12

meses (n=59).

A dor lombar foi a queixa mais frequente para justificar a ausência

no trabalho. Dos participantes, 25% referiram ter-se ausentado ao trabalho

devido a dor lombar num período de 12 meses. Verificou-se também que 12%

dos inquiridos se ausentou devido a dores na coluna cervical; 8% nos

tornozelos/pés; 7% nos punhos/mãos e pernas/joelhos; 5% nas ancas/coxas e

3% nos ombros e coluna dorsal. De uma forma geral, 39% dos inquiridos

faltaram ao serviço, tendo como justificação problemas osteomusculares.

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56

6 Discussão dos resultados

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57

Destaca-se neste estudo a elevada ocorrência de queixas músculo-

esqueléticas (81%), a qual é ligeiramente superior à encontrada em alguns

estudos (Trinkoff et al., 2002; Smith et al., 2004; Cotrim et al., 2006; Barroso et

al., 2007), mas semelhante a um estudo recentemente desenvolvido em

Portugal na região do grande Porto (Fonseca, 2005). A região lombar foi a área

corporal que registou maior ocorrência de queixas músculo-esqueléticas (59%),

seguida da região cervical (41%), dorsal (37%), pernas/joelhos (34%), ombros

(25%), tornozelos/pés (24%), punhos/mãos (20%), ancas/coxas (12%) e

cotovelos (8%).

A ocorrência de queixas para a região lombar obtida neste estudo é

ligeiramente inferior relativamente aos valores apresentados por Fonseca

(2005) para a mesma região (65%). No entanto, para a cervical os valores

foram iguais (41%), nas restantes regiões corporais a frequência de queixas

músculo-esqueléticas é ligeiramente inferior aos valores obtidos pelo mesmo

autor (região dorsal 37%; ombros 34%; punhos/mãos 30%). Salienta-se que a

região lombar continua a ser a mais frequentemente atingida neste grupo

profissional, o que vai de encontro ao publicado noutros estudos (Marziale e

Robazzi, 2000; WHO, 2002; Trinkoff et al. 2002; Alexopoulos et al., 2003;

Fonseca, 2005; Barroso et al., 2007).

Os resultados permitem ainda verificar que para cerca de 39% dos

respondentes, cujo desempenho das suas actividades profissionais conduz ao

absentismo, devido ao aparecimento de queixas músculo-esqueléticas.

Relativamente ao absentismo ao trabalho, a AESST (2000) refere que as

LMERT são o problema de saúde relacionado com o trabalho com maior

impacto no absentismo por doença na Europa. Refere ainda que 39% do

absentismo por doença por duas ou mais semanas de trabalho se deve a

LMERT. Segundo Pheasant e Stubbs (1992) citado por Barroso et al. (2007) as

enfermeiras apresentam mais 30% de dias de trabalho perdidos devido a

problemas lombares que a população em geral.

Através do teste t verificou-se existir uma variação estatisticamente

significativa das queixas músculo-esqueléticas para as variáveis género

(p<0,05; t=2,302 e p=0,029). Os resultados sugerem que os problemas

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músculo-esqueléticos são superiores no sexo feminino (57,6%) em relação ao

sexo masculino (22,0%), Oliveira (1991) relata que estes problemas afectam

preferencialmente a mulheres (76%).

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7 Conclusões

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Conforme as hipóteses propostas pelo estudo e de acordo com a análise

e discussão dos resultados, emergem as seguintes conclusões:

Existe uma frequência significativa de LMERT nos profissionais de

enfermagem, sendo maior no sexo feminino.

A região da coluna lombar foi a que apresentou maior frequência de dor,

como podemos constatar nos dados obtidos.

As queixas envolvem várias regiões anatómicas e a região lombar foi a

zona corporal mais afectada nos últimos 12 meses (59%) e sétima semana

(37%), dados que estão de acordo com a vasta literatura encontrada e que

deixam bem claro a existência de risco de LMERT entre os profissionais de

enfermagem.

Relativamente à capacidade funcional, a dor lombar demonstrou ser

uma das maiores causas de absentismo.

Em suma, podemos constatar os riscos diários a que a profissão de

enfermagem está sujeita, a um conjunto de riscos e de posturas inadequadas,

sendo por isso fundamental a implementação de um programa de GL,

melhorando as condições de trabalho assim como a qualidade de vida dos

enfermeiros.

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61

8 Bibliografia

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9 Anexos

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Anexo I. Questionário Nórdico Músculo-Esquelético

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Anexo II. Escala de dor EVA

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Anexo III. Recomendações ergonómicas quando à prevenção Lesões

Músculo-Esqueléticas Relacionadas com o Trabalho (LMERT)

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Recomendações ergonómicas quanto à prevenção das LMERT

De carácter genérico

o Adoptar hábitos posturais saudáveis dentro e fora do ambiente de

trabalho;

o Evitar posturas estáticas por períodos prolongados, pois estas

contribuem para o aumento da fadiga muscular;

o Procurar trocar de posturas durante o atendimento;

o Evitar longas jornadas de trabalho;

o Realizar pausas curtas e frequentes (as pausas deverão ser de 10

minutos a cada hora trabalhada);

o Optar por equipamentos mais ergonómicos;

o Realizar alongamentos musculares sempre que julgar necessário e nos

intervalos entre um paciente e outro fazer uso da GL;

o Trabalhar sempre que possível com ajuda de um auxiliar;

o Praticar actividade física regular, que compense os movimentos e

posturas utilizados no período laboral.

Relacionadas com o exercício da profissão

o Recomenda-se que, quando o enfermeiro trabalha de pé, a superfície da

bancada esteja de 5 a 10 centímetros abaixo da altura dos cotovelos;

o Recomenda-se que os objectos pesados devem ser guardados dentro

de uma amplitude de altura próxima do nível da cintura e que objectos

leves podem ser armazenados a qualquer altura situada entre o joelho e

o ombro;

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o Evitar baixar-se desnecessariamente e recomenda-se que, ao se baixar,

o enfermeiro faça flexão dos joelhos;

o Equipamentos auxiliares que facilitem não só o manuseio de materiais

como também a manipulação de pacientes;

o Evitar o uso de luvas que apertem o punho.

Estas sugestões como adopção de medidas preventivas, ajudam na

manutenção da saúde, condicionamento físico e prevenção de ocorrência das

LMERT. É necessária uma consciencialização e estabelecer horários e uma

boa organização, além de pausas entre os atendimentos e a prática de

actividade física regular, fora do ambiente de trabalho.

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Anexo IV. Sugestão de um Programa de Ginástica Laboral aplicado aos

Profissionais de Enfermagem

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Sugestão de um Programa de Ginástica Laboral Aplicado aos Profissionais de Enfermagem

Ao estudarmos a Frequência de LMERT nos enfermeiros, constatou-se a

necessidade de elaborar uma proposta como prevenção para os sintomas

referidos por esses profissionais. Sugerimos um programa de GL com

exercícios aplicados três vezes por semana e durante a jornada de trabalho,

com a duração entre 10 a 12 minutos. O programa sugerido neste estudo será

elaborado com base nas regiões corporais onde os enfermeiros relataram

maior sensação de dor/desconforto.

Os exercícios indicados serão de GL de aquecimento (alongamento), GL

compensatória (fortalecimento), e GL de relaxamento (respiratórios).

Os alongamentos deverão ser realizados de forma lenta e progressiva,

são exercícios que visam a manutenção dos níveis de flexibilidade, minimiza a

tensão muscular e suas consequências. Esse tipo de exercício pode ser

utilizado em quase todos os lugares e a qualquer hora.

Os exercícios de fortalecimento deverão ser realizados com o objectivo

de trabalhar os músculos antagonistas daqueles usados na prática hospitalar e

relaxar os agonistas, para recuperar assim o equilíbrio muscular perdido com

as más posturas.

Os exercícios respiratórios têm um papel muito importante na

manutenção da postura. Durante as actividades os indivíduos adoptam

posturas inadequadas, as quais mantém os músculos inspiratórios sempre

tensos, o que pode provocar o seu encurtamento. Desta forma é essencial, em

qualquer actividade física, insistir na realização adequada do movimento

expiratório, para favorecer o relaxamento da musculatura inspiratória.

A sugestão dos exercícios desse estudo está voltada as pessoas que

trabalham na posição de pé, funções que implicam, essencialmente,

movimentos de flexão, extensão e compressão da coluna vertebral.

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Programa de Exercícios

Os exercícios que apresentamos visam o alongamento e o reforço

muscular. Queremos, no entanto, referir que a atenção e concentração na

musculatura solicitada e o acompanhamento da respiração são fundamentais

no sucesso do programa.

Em termos de regra geral pode dizer-se o seguinte: procurar ter uma

postura correcta, com a região abdominal e dos glúteos contraída

estaticamente, procurando fazer uma respiração longa, particularmente na fase

expiratória.

Passamos a apresentar uma sequência de exercícios, onde se

apresenta a fotografia da postura do exercício de compensação, com o

respectivo objectivo e descrição.

GL de Aquecimento:

Objectivo: Alongamento da região lombar,

parte anterior do tronco e anterior de ombros.

Descrição: MS acima da cabeça e “estica”.

Objectivo: Activação geral das estruturas

ligamentares do pescoço.

Descrição: Inclinação da cabeça, alternado o lado

direito e lado esquerdo.

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Ginástica Laboral Compensatória:

Objectivo: Activação geral das estruturas

ligamentares do pescoço.

Descrição: Rotação da cabeça para o lado direito e

esquerdo.

Objectivo: Mobilização da região da anca e da

cintura.

Descrição: Rotação da anca.

Objectivo: Fortalecimento da região posterior

das costas, quadricipedes.

Descrição: Pés afastados à largura dos ombros;

Flexão e extensão dos MI; tronco ligeiramente

inclinado à frente, acompanhando o movimento;

abdominal em contracção.

Objectivos: Fortalecimento dos erectores da

coluna e da zona abdominal.

Descrição: M.I. à largura dos ombros, prendendo a

“banda elástica”; M.I. semi-flectidos; M.S. em

extensão, a segurar a “banda elástica”; flexão e

extensão do tronco.

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Objectivo: Fortalecimento do bicípite.

Descrição: “Curl” para Bicípite com “banda

elástica”.

Objectivo: Fortalecimento dos erectores da coluna

e zona abdominal.

Descrição: M.I. em “afundo” lateral; M.I. frontal

flectido a prender a “banda elástica” e o M.I. contra-

lateral em extensão completa; M.S. em extensão a

segurar a “banda elástica”; flexão e extensão do

tronco; repetir o exercício para o lado oposto.

Objectivo: Fortalecimento do deltóide.

Descrição: M.I. à largura dos ombros e semi-flectidos; abdução

dos M.S. à frente e lateralmente.

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Ginástica de relaxamento:

Objectivo: Alongamento do deltóide e peitoral.

Descrição: M.I. à largura dos ombros e semi-

flectidos; mãos entrelaçadas e seguras atrás das

costas e MS em extensão.

Objectivo: Alongamento da região lombar da

coluna lombar e peitoral.

Descrição: Apoios à largura dos ombros e em

semi-flexão; mãos apoiadas; tronco paralelo ao

solo; M.I. em semi-flexão; forçar lentamente a

região do peito para baixo até um limite

confortável; contracção abdominal.

Objectivo: Alongamento do deltóide posterior.

Descrição: MI à largura dos ombros, semi-flectidos; braço direito

em extensão junto ao tronco, braço esquerdo “empurra” braço

direito contra o peito; repetir o exercício para o braço esquerdo.

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Objectivo: Alongamento da região antero-lateral

e tricipete braquial.

Descrição: Pés afastados à largura dos ombros,

joelhos ligeiramente flectidos; mão direita agarra

no cotovelo direito e “empurra” braço para trás;

abdominal em contracção, costas direitas.

Objectivo: Alongamento da região cervical.

Descrição: M.I. à largura dos ombros, semi-

flectidos; mão direita apoia na orelha esquerda;

ligeira tracção alongando os músculos laterais

do pescoço.