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1 INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL-IFRS-CAMPUS BENTO GONÇALVES. TECNOLOGIA EM LOGÍSTICA JONAS NUMER ESTUDO DA LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO EM UM POSTO DE COMBUSTÍVEIS. Bento Gonçalves 2012

Estudo da logística reversa de pós-consumo em um posto de

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Page 1: Estudo da logística reversa de pós-consumo em um posto de

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA

DO RIO GRANDE DO SUL-IFRS-CAMPUS BENTO GONÇALVES.

TECNOLOGIA EM LOGÍSTICA

JONAS NUMER

ESTUDO DA LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO EM UM POSTO DE COMBUSTÍVEIS.

Bento Gonçalves

2012

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JONAS NUMER

ESTUDO DA LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO EM UM

POSTO DE COMBUSTÍVEIS.

Trabalho de estágio, como requisito

obrigatório do curso de Tecnólogo em

Logística do Instituto Federal de Educação,

Ciência e Tecnologia, campus Bento

Gonçalves.

Profº Orientador: Daniel Battaglia

Bento Gonçalves

2012

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RESUMO

A busca pela correta destinação de resíduos se tornou fundamental e de grande importância para as empresas, sendo oportuna a utilização da logística reversa de pós-consumo para a correta destinação dos bens como o desmanche, reuso ou reciclagem. Para tanto, este estudo tem por objetivo analisar como o fluxo reverso de pós-consumo de resíduos gerados está implementado na empresa estudada e como pode ser melhor utilizado. Este trabalho emprega como método de pesquisa o estudo de caso de caráter exploratório com abordagem qualitativa para o levantamento e análise das informações. Como resultados, identificou-se a forma de armazenagem dos óleos lubrificantes usado, embalagens plásticas, estopas contaminadas e filtros, resíduos estes já utilizados ou consumidos. Da mesma forma verificaram-se as responsabilidades dos fornecedores, além de analisar os canais reversos de pós-consumo para estes resíduos, sugerindo-se oportunidades de melhorias e fatores de sucesso. Palavras Chaves: Resíduos, Logística Reversa Pós-consumo e Melhorias.

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SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO ................................................................................................................ 8

1.1 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................. 9

1.2 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 9

1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................................... 9

1.2.2 Objetivos Específicos ........................................................................................................ 9

1.3 LIMITAÇÕES E DELIMITAÇÕES DA PESQUISA ....................................................... 10

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ....................................................................................... 10

2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 11

2.1 INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA ........................................................................................ 11

2.2 LOGÍSTICA DE SUPRIMENTO ...................................................................................... 12

2.3 LOGÍSTICA REVERSA .................................................................................................... 13

2.4 LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-VENDA ...................................................................... 14

2.5 LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO ................................................................ 15

2.6 LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO E SUA IMPORTÂNCIA ....................... 16

2.7 FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO DA LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO .............................................................................................................................. 17

3 METOLOGIA...................................................................................................................... 18

4 CASO ESTUDADO ............................................................................................................. 20

4.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA .................................................................................. 20

4.2 RESÍDUOS GERADOS, DESCARTES, MANUSEIO, LEGISLAÇÃO E CANAIS DE PÓS-CONSUMO. .................................................................................................................... 23

4.2.1 Óleo lubrificante usado ou contaminado ......................................................................... 23

4.2.2 Filtros de óleo contaminado ............................................................................................ 25

4.2.3 Papelões contaminados com óleo .................................................................................... 26

4.2.4 Estopas contaminadas ...................................................................................................... 26

4.2.5 Embalagens vazias de óleo lubrificante .......................................................................... 27

4.2.6 Água contaminada ........................................................................................................... 27

5. ANÁLISE DE RESULTADOS .......................................................................................... 29

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 34

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LISTA DE ABREVIATURAS

ANP Agência Nacional do Petróleo

CDPV Canais de Distribuição de Pós-Venda

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

FECOMBUSTÍVEIS Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e

Lubrificantes

FEPAM Fundação Estadual de Proteção Ambiental

IPS Indústria Petroquímica do Sul

LO Licença de Operação

LR Logística Reversa

LS Logística de Suprimento

LRPC Logística Reversa de Pós-Consumo

MB ENGENHARIA MB Engenharia e Meio Ambiente

PROAMB Pro Ambiente (Soluções Ambientais, Aterro Industrial,

Assessoria Ambiental e Projetos)

RLEC Reverse Logistics Executive Council

GEAB Transportes & Logística Ambiental LTDA

UTRESA União dos Trabalhadores em Resíduos Especiais e

Saneamento Ambiental

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Logística de estrutura escalonada ............................................................... 12

Figura 2 Fluxo da logística reversa ............................................................................. 14

Figura 3 Fluxo resumo do metodologia utilizada ...................................................... 19

Figura 4 Fachada principal do Posto .......................................................................... 20

Figura 5 Fluxograma de entrada de insumos para a troca de óleo ......................... 21

Figura 6 Fluxograma de uma troca de óleo ............................................................... 22

Figura 7 Fluxograma de toda atividade de troca de óleo em relação aos destinos dados ........................................................................................................................................ 28

Figura 8 Tonel de óleo queimado ................................................................................ 38

Figura 9 Saco com embalagens vazias ........................................................................ 38

Figura 10 Tonel de filtros usados .................................................................................. 38

Figura 11 Tonel de estopas contaminadas.................................................................... 38

Page 7: Estudo da logística reversa de pós-consumo em um posto de

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Entrevista Funcionários.............................................................................. 29

Quadro 2 Observação na Empresa ............................................................................. 30

Quadro 3 Legislação Pertinente .................................................................................. 30

Quadro 4 Resumo para melhorias .............................................................................. 32

Page 8: Estudo da logística reversa de pós-consumo em um posto de

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1 APRESENTAÇÃO

A troca de óleo dos veículos gera uma série de preocupações ambientais, pois dela

saem muitos resíduos de descartes que, se não forem tomadas as devidas precauções, podem

gerar contaminação do solo, das nascentes, de um ecossistema, conforme pode-se entender

pela definição abaixo.

a presença de óleo lubrificante remanescente nas embalagens impõe periculosidade ainda maior ao resíduo em questão, quando considerado o potencial de contaminação do meio por esse hidrocarboneto e seus aditivos, através das diversas vias (solo, meio aquoso e atmosférico – queima). Da mesma forma, os outros resíduos contaminados pelo óleo lubrificante representam um risco ao meio ambiente. (XAVIER, CARDOSO e GAYA, 2004 apud PEREIRA, et. al., 2008 p. 2).

Com o avanço de pesquisas e também de tantas tecnologias, ainda não se desenvolveu

uma forma de reutilizar todos os descartes, sejam eles, como exemplo, as estopas e os filtros

utilizados em uma troca de óleo de um veículo. Por outro lado, os outros descartes desse

processo já têm uma destinação, seja ela a reciclagem que é o caso das embalagens

contaminadas vazias de óleo lubrificante e, por sua vez, o óleo contaminado usado conhecido

como “óleo queimado ou preto” que vai para o processo de rerrefino.

Outro agravante para a contaminação do meio ambiente é a venda de óleo lubrificante

em mercados ou mercearias, pois esse óleo geralmente tem um fim doméstico, Dessa forma

quem compra geralmente faz a sua troca de óleo em casa, gerando as vezes o descarte das

embalagens contaminadas para o ambiente ou dependendo da embalagem acabam

reutilizando para fins domésticos, sendo usadas para cochos dos animais e quanto ao óleo

usado acaba sendo despejado no solo, ou até mesmo sendo utilizado para pintar árvores,

caibros de casas, cercas, com intuito de não apodrecer ou ter cupim.

Os principais geradores desses descartes são as mecânicas, os postos de combustíveis,

as concessionárias de veículos que muitas vezes desconhecem os procedimentos corretos de

armazenagem desses resíduos e a correta destinação, justamente pela simples falta de

informação das empresas que realizam este tipo de atividade e também pela falta de

conscientização das pessoas que levam seus veículos em lugares sem o mínimo de

responsabilidade ambiental.

De acordo com a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes –

FECOMBUSTÍVEIS, a questão ambiental ganha cada vez mais importância no dia-a-dia dos

postos revendedores, que precisam atender às exigências da Resolução do CONAMA nº. 273

e de legislações estaduais específicas. Dessa forma, não estão apenas evitando multas e outras

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punições, mas também fazendo sua parte na preservação do meio ambiente e evitando gastos

futuros com problemas de passivo ambiental.

Desta forma vê-se um grande risco ambiental gerado por todos os descartes

relacionados a uma troca de óleo automotivo. O presente trabalho visa diagnosticar todas as

etapas desse processo, identificando todos entraves e também os procedimentos realizados

em um posto de combustível na cidade de Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul. Como

procedimento metodológico, este trabalho tem como parâmetros um estudo de caso

exploratório, por meio da observação da unidade de análise, para o levantamento prático das

atividades realizadas sob o ponto de vista da Logística Reversa de Pós-Consumo (LRPC).

1.1 JUSTIFICATIVA

Este trabalho justifica-se pelo fato de permitir uma compreensão maior da Logística

Reversa de Pós-Consumo e os fatores que contribuem para uma melhor entendimento das

variáveis envolvidas no estudo, além da qualificação e os aprendizados gerados. Da mesma

forma, justifica-se também, pois busca identificar oportunidades de melhorias para a empresa,

através das análises dos procedimentos operacionais para agilizar os processos ligados à

Logística Reversa.

1.2 OBJETIVOS Esta seção visa apresentar os objetivos geral e específicos do trabalho realizado.

1.2.1 Objetivo Geral

Esta pesquisa tem como objetivo geral analisar como a Logística Reversa de Pós-

Consumo de resíduos gerados está implementada em uma revenda de combustíveis e como

tais processos podem ser melhor utilizados.

1.2.2 Objetivos Específicos Este trabalho tem como objetivos específicos:

• Analisar a forma de armazenagem dos óleos lubrificantes usado, tais como,

embalagens plásticas, estopas contaminadas e filtros, resíduos estes já utilizados ou

consumidos;

• Verificar as responsabilidades dos fornecedores perante os resíduos;

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• Identificar os canais reversos de pós-consumo para estes resíduos gerados, assim

como, sua correta destinação;

• Apresentar oportunidades de melhorias do fluxo reverso de pós-consumo.

1.3 LIMITAÇÕES E DELIMITAÇÕES DA PESQUISA

O presente estudo apresenta algumas limitações e, portanto, não tem como objetivos:

• Analisar a Logística Reversa de Pós-Vendas;

• Otimizar os canais reversos de Pós-Consumo;

• Estudar indicadores de desempenho aplicados à Logística Reversa;

• Implantar a logística reversa na unidades em análise, já que a mesma adota já políticas

de gerenciamento do fluxo reverso de materiais usados;

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

No capítulo 1, estão descritas a apresentação, justificativa, objetivos geral e objetivos

do específicos, além das limitações e delimitações da pesquisa e estrutura do trabalho. Na

seqüência, o capítulo 2, apresenta o referencial teórico sobre o tema, descrevendo o atual

cenário da logística, incluindo-se introdução à logística, logística de suprimento, logística

reversa, logística reversa de pós-venda, logística reversa de pós-consumo, logística reversa de

pós-consumo e sua importância, fatores críticos de sucesso da logística reversa de pós-

consumo.

No capítulo 3, encontra-se a metodologia utilizada para o desenvolvimento do

trabalho. Em continuidade, o capítulo 4 apresenta o caso estudado com a apresentação da

empresa, incluindo todos os resíduos e descartes gerados pela atividade de troca de óleo, além

do manuseio, legislação e canais reversos de pós-consumo. Apresentam-se também as

referências sobre o óleo lubrificante usado, filtros de óleo contaminado, papelões

contaminados com óleo, estopas contaminadas, embalagens vazias de óleo lubrificante e a

água contaminada.

No capítulo 5, apresenta-se a análise dos resultados com o comparativo entre o roteiro

semi-estruturado, constatado na empresa e legislação pertinente da categoria, além de

oportunidades de melhorias e pontos críticos de sucesso. Na sequência no capítulo 6,

encontram-se as considerações finais e contribuições do trabalho.

E por fim no capítulo 7, apresentam-se as oportunidades e sugestões para trabalhos

futuros.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA

O atual ambiente e a globalização fazem com que as empresas submentam-se a

constantes mudanças. Antigamente as empresas eram vistas como instituições com limitadas

responsabilidades perante o consumidor, não se preocupavam com sua concorrência e com a

satisfação dos clientes, perceberam que começaram a perder mercado e tiveram que tomar

medidas urgentes nos seus processos de produção e atendimento ao seu consumidor, mudando

os conceitos de produção empurrada para a puxada, com a finalidade de primeiro vender para

depois produzir, melhorando-se também as informações entre setores produtivos com o foco

no cliente. Para se equipararem aos seus concorrentes, começaram a utilizar uma ferramenta

chamada de Logística, conforme Fleury (2008, p. 28), “no rastro da globalização, surge o

aumento da incerteza econômica, com isso a Logística tem que atuar em antecipação à

demanda, produzindo o produto certo, no local correto, no momento adequado e com um

preço justo”.

A Logística tem como objetivo a satisfação do cliente, ou seja, todas as etapas de

planejamento, implementação, execução e troca de informações tem que estar de acordo com

o objetivo. De acordo com Giacobo et al. (2003, apud Rezende, Slomski E Dalmácio 2005, p.

2), “a Logística compreende todo o processo de planejar, programar e controlar o fluxo

eficiente e eficaz de mercadorias, serviços e informações, desde o local de origem até o local

de consumo, com a finalidade de satisfazer as necessidades dos clientes”.

A Logística em uma empresa constitui-se de três partes:

• Suprimento, gerência da matéria-prima e de seus componentes: abrange o pedido ao fornecedor, transporte, armazenagem e expedição da matéria-prima à produção.

• Produção: Administra o estoque semiacabado no processo de fabricação e engloba o fluxo de materiais dentro da fábrica, os armazéns intermediários, o abastecimento dos postos de trabalho e a expedição do produto acabado.

• Distribuição: administra a demanda do cliente e os canais de distribuição, abrange estoques de produtos acabados, armazenagem, transporte e entrega ao cliente. (CASTIGLIONE 2009, p. 165)

A Logística, de um modo geral, é o processo responsável pela circulação de materiais

e serviços em uma organização. Dessa forma o fluxo logístico, se bem organizado e

controlado, pode contribuir com a diferenciação das empresas no mercado. Bowersox e Closs

(2010, p. 19) descrevem a Logística como algo impressionante, ou seja, suas atividades

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permanecem constantes e estão ocorrendo em todas as partes do mundo, 24 horas por dia, sete

dias por semana, durante 52 semanas por ano. Segundo os autores, o objetivo central da

Logística é o de atingir um nível de serviço ao cliente, pelo menor custo total possível. Neste

contexto, busca-se oferecer capacidades logísticas alternativas, com ênfase na flexibilidade,

na agilidade, no controle operacional e no compromisso para se alcançar um nível de

desempenho que implique um serviço perfeito. Verifica-se na figura 1 a estrutura escalonada

da Logística.

Figura 1 Logística de estrutura escalonada. Adaptado de Bowersox, Closs e Cooper (2006, p. 57).

2.2 LOGÍSTICA DE SUPRIMENTO

A Logística de Suprimento (LS) tem como objetivo o gerenciamento dos pedidos, do

estoque, da armazenagem, do manuseio dos materiais, enfim de todas as etapas de

movimentação de materiais, pessoas, máquinas e também de informações, pois hoje em um

mercado cada vez mais competitivo e acirrado, toda e qualquer informação seja ela de

mercado, da concorrência ou principalmente a comunicação interna faz a diferença, e se

tratando de suprimentos isso é crucial para a diferenciação de uma ou outra empresa. Dessa

forma podemos saber como as empresas querem realmente reconhecidas nesse mercado atual,

ou seja, tem que ser eficiente (BOWERSOX, CLOSS E COOPER, 2006).

Outro fator importante na Logística de Suprimento é em relação ao estoque, seja de

matéria prima, em processo ou em produto acabado, já que esse geralmente tem um bom valor

agregado, assim sendo é imprescindível um bom gerenciamento. Segundo Bowersox, Closs e

Cooper (2006, p. 48), “o estoque tem valor limitado até que esteja posicionado no momento e

local certo para apoiar a transferência de propriedade ou a criação de valor agregado”. E ainda

os autores comentam que “se uma empresa não satisfaz constantemente as exigências

relacionadas ao tempo e ao local, ela não tem nada para vender. Para que uma cadeia de

suprimento extraia o máximo de beneficio estratégico da Logística, toda a gama de trabalho

funcional deve estar integrada”.

Distribuidor Fabricante Varejista Atacadista Cliente Fornecedor

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13

2.3 LOGÍSTICA REVERSA

A Logística Reversa (LR) nada mais é do que o inverso da Logística tradicional, ou

seja, fazer com que os descartes do sistema tenham uma destinação mais apropriada, seja pelo

reciclamento, pelo reuso, ou pelo descarte final. Para Castiglioni (2010, p.168), “Logística

Reversa pode ser entendida como o processo de planejamento, implementação e controle do

fluxo de matérias-primas, estoque em processo e produtos acabados do ponto de consumo até

o ponto de origem, com o objetivo de recapturar o valor ou realizar um descarte adequado”.

Também para Castiglioni (2010, p.192), “é o processo de movimentação de produtos

de seu típico destino final para outro local a fim de elevar o valor ora indisponível, ou para a

adequada disposição dos produtos (Definição do RLEC – Reverse Logistics Executive

Council)”.

Já Stock et al. (2002, apud Daugherty et al. 2005), resumem o potencial de ganhos

reversos logísticos não devem ser vistos como operações normais de um lado, mas, sim (ele)

deve ser visto como uma oportunidade para construir uma vantagem competitiva.

Para Lacerda (2002, apud Perreira et al. 2008), a Logística Reversa pode ser

entendida como um processo complementar à Logística tradicional, pois enquanto a última

tem o papel de levar produtos de sua origem dos fornecedores até os clientes intermediários

ou finais, a Logística Reversa deve completar o ciclo, trazendo de volta os produtos já

utilizados dos diferentes pontos de consumo a sua origem.

Comentado por Jayant, Iaeng e Garg (2011), os avanços tecnológicos desenvolveram

nos consumidores hábitos descartáveis, e isso tem causado um grande aumento na quantidade

de resíduos e a escassez rápida de recursos e sérios danos ao meio ambiente, sendo assim os

governos vêm resolvendo esses problemas críticos incrementando as leis ambientais,

encorajando as empresas a desenvolverem projetos de produtos verdes, implementando

também as cadeias de suprimento verde e Logística Reversa de forma a melhorar a satisfação

do cliente, aumentando a vida útil do produto e diminuindo o investimento de recursos. Sendo

assim, a Logística Reversa é um sistema recuperável que aumenta a vida útil do produto por

meio de reciclagem, reparação, renovação e reconstrução.

Citado por Geethan, Jose, Chandar (2011), que a cadeia de Suprimentos Reversa tem

como finalidade coletar os produtos dos consumidores e empresas, assim voltando ao

retrocesso para os fabricantes, muitas vezes via distribuidores.

Podemos entender então que a Logística Reversa é um processo de planejar,

programar e controlar a eficiência e custo efetivo do fluxo de matérias-primas, estoques em

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14

processo, produtos acabados e as informações correspondentes do ponto de consumo para o

ponto de origem com o propósito de recapturar o valor ou destinar à apropriada disposição.

(BOWERSOX, 2001).

A Logística Reversa quanto ao objetivo:

a logística reversa tem como objetivo o possível retorno dos bens ou de seus materiais ao ciclo produtivo ou de negócios, agregando valor econômico, de serviço ecológico, legal e de localização ao planejar as redes reversas e as respectivas informações e ao operacionalizar o fluxo, desde a coleta de bens de pós-consumo ou de pós-venda, por meio dos processamentos logísticos de consolidação, separação e seleção, até a reintegração ao ciclo. (LEITE 2009, P. 17, 18)

Entende-se que o objetivo principal da Logística Reversa é o de atender aos princípios

de sustentabilidade ambiental como o da produção limpa, onde a responsabilidade é do “berço

à cova”, ou seja, quem produz deve responsabilizar-se também pelo destino final dos produtos

gerados, de forma a reduzir o impacto ambiental que eles causam, conforme podemos

visualizar na figura 2.

Figura 2 – Fluxo da logística reversa Fonte: Lacerda, (2002) apud SANTOS E SOUZA, (2009, p. 139).

2.4 LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-VENDA

Comentado por Leite (2003, apud Rego, 2005) os canais de distribuição de pós-venda

(CDPV) são constituídos pelas diferentes formas e possibilidades de retorno de uma parcela

de produtos, com pouco ou nenhum uso, que fluem no sentido inverso, do consumidor ao

varejista ou ao fabricante, entre as empresas, motivadas por problemas relacionados à

Processo Logístico Direto Suprimento

Produção

Distribuição

Materiais reaproveitados

Processo Logístico Reverso

Materiais Novos

Page 15: Estudo da logística reversa de pós-consumo em um posto de

15

qualidade em geral ou a processos comerciais entre empresas, retornando ao ciclo de negócios

de alguma maneira.

Esses produtos poderão ser submetidos a consertos ou reformas que permitam que

retornem ao mercado primário ou a mercados diferenciados denominados secundários,

agregando-lhes novamente valor comercial, denomina-se que:

Logística Reversa de pós-venda é a específica área de atuação da Logística Reversa que se ocupa do planejamento, da operação e do controle do fluxo físico e das informações logísticas correspondentes de bens de pós-venda, sem uso ou com pouco uso, que por diferentes motivos retornam aos diferentes elos da cadeia de distribuição direta. (LEITE, 2009, p. 187)

2.5 LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

A Logística Reversa de Pós-Consumo (LRPC), objeto do trabalho, constitui os canais

reversos de pós-consumo, que trata do fluxo reverso de produtos e materiais gerados do

descarte, depois de acabada sua função principal e que retornam ao ciclo produtivo.

A maior preocupação da Logística Reversa de Pós-Consumo é com o meio ambiente,

conceito pelo qual poder ser destacado a seguir:

A Logística Reversa de Pós-Consumo está ligada à preocupação com o meio ambiente, com a conscientização de que os recursos oferecidos pela natureza são finitos. É nesse contexto que se insere o problema ecológico nos canais de distribuição reversos e observa-se um crescente interesse de empresas modernas, entidades governamentais e comunidades em geral pelo envolvimento ativo, nos problemas ecológicos, na defesa de sua própria importância econômica e no posicionamento de sua imagem corporativa. (REGO, 2005, p. 18)

Segundo Leite (2009), Logística Reversa de Pós-Consumo equaciona e operacionaliza

igualmente o fluxo físico e as informações geradas dos bens de pós-consumo descartados pela

população, e assim retornam ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo por meio dos canais

de distribuição reversos específicos. Ainda o autor comenta que seu objetivo estratégico é

agregar valor a um produto logístico constituído por bens de inservíveis ao proprietário

original ou que ainda possuam condições de utilização, por produtos descartados pelo fato de

terem chegado ao fim da vida útil e por resíduos industriais (LEITE, 2009).

Nota-se que no mundo inteiro cresceu o número de descartes de alguns produtos,

como por exemplo, as das garrafas PET (Polietileno tereftalato). Leite (2009) comenta que

nos anos 2000, atingiram uma impressionante marca de 13 bilhões de garrafas produzidas,

sendo assim vê-se uma grande fonte de resíduos que possivelmente não terão um canal de LR,

e consequentemente acabarão sendo descartados no meio ambiente, poluindo-o e tudo isso é

gerado pelo homem em sua grande maioria.

Page 16: Estudo da logística reversa de pós-consumo em um posto de

16

Outro fator importante a ser considerado é a diminuição do ciclo de vida dos produtos,

pois o ciclo começa com sua introdução, crescimento, maturidade e declínio, e que segundo

Castiglioni (2009, p. 168), “a vida de um produto, do ponto de vista logístico, não termina

com sua entrega ao cliente. Produtos se tornam obsoletos, danificados ou não funcionam e

devem retornar ao seu ponto de origem para serem adequadamente descartados, reparados ou

reaproveitados”. Sendo assim, o crescimento do poder de consumo, gerado pelas novas

tecnologias de fabricação que acabam baixando o custo de venda, sistemas logísticos que

buscam cada vez mais a qualidade do serviço garantindo a acessibilidade dos consumidores e

o Marketing acirrado em função das vendas são fatores que acarretam ao problema do ciclo de

vida dos produtos (MUELLER, 2005).

A Logística Reversa de Pós-Consumo trata do fluxo físico e das informações

correspondentes aos bens de consumo descartados pela sociedade, em fim de vida útil ou

usados com possibilidade de utilização, além dos resíduos industriais, que retornam ao ciclo

de negócios ou ao ciclo produtivo pelos canais de distribuição reversos específicos.

2.6 LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO E SUA IMPORTÂNCIA

O canal da Logística Reversa de Pós-Consumo tem como sua maior preocupação a

correta destinação dos bens e materiais após sua vida útil. Leite (2009) comenta que esses

bens ou materiais transformam-se em produtos denominados de pós-consumo e podem ser

enviados a destinos finais tradicionais, como a incineração ou os aterros sanitários,

considerados meios seguros de estocagem e eliminação, ou retornam ao ciclo produtivo por

meio de canais de desmanche, reciclagem ou reuso em uma extensão de sua vida útil. Essas

alternativas de retorno ao ciclo produtivo constituem-se na principal preocupação do estudo

da logística reversa e dos canais de distribuição reversos de pós-consumo.

Conforme o autor, existem diversos meios de recuperação e de agregar valor

econômico e ambiental aos bens de pós-consumo: reuso, reciclagem de materiais e

incineração.

O sistema de remanufatura e o de reciclagem agregam valor econômico, ecológico e logístico aos bens de pós- consumo, criando condições para que os componentes e os materiais sejam reintegrados ao ciclo produtivo e substituindo as matérias-primas novas, gerando uma economia reversa; o sistema de reuso agrega valor de reutilização ao bem de pós-consumo; e o sistema de incineração agrega valor econômico, pela transformação dos resíduos em energia elétrica. (LEITE, 2009, p. 47)

Também comentado por Rodrigues et al. (2005), que muitas empresas já entenderam a

necessidade do processamento logístico reverso, sendo por diversos motivos, entre eles,

Page 17: Estudo da logística reversa de pós-consumo em um posto de

17

pressões legais, vantagem competitiva, redução de custo e conscientização ecológica. Mas

existem empresas que transferem o processo de recuperação de materiais pós-uso para outros

através de uma espécie de terceirização. Desta forma, todo o processo de coleta e seleção é

deixado geralmente para recicladores que têm a função de separar e disponibilizar o que de

fato tem algum valor e pode interessar o setor produtivo.

Assim acaba-se criando uma extensão do setor produtivo que na última análise integra

outros trabalhadores a este setor, gerando emprego e renda através do que seria considerado,

há um tempo atrás, apenas lixo.

2.7 FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO DA LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

Como fatores críticos para o sucesso da Logística Reversa de Pós-Consumo, pode-se

citar a falta de consciência ambiental por parte de algumas empresas e pessoas, que

desconhecem os procedimentos corretos quanto ao canal reverso. Considerado por Leite

(2009, p. 46), “são denominados de disposição final segura o desembaraço dos bens usando-

se um meio controlado que não danifique, de alguma maneira, o meio ambiente, e que não

atinja, direta ou indiretamente a sociedade”. Também conforme o autor, um fator crítico ao

controle correto dos bens de pós-consumo é a disposição incorreta e não controlada, que

gerará impactos ambientais pela liberação de contaminantes nocivos à vida, e pelo acúmulo

desses resíduos em locais impróprios sendo eles, terrenos baldios, riachos, rios, mares, lixões

em quantidades indevidas.

Page 18: Estudo da logística reversa de pós-consumo em um posto de

18

3 METOLOGIA

Como método de pesquisa optou-se pelo estudo de caso que segundo, Neto (2006 p.

14) estabelece que “é possível através do estudo de caso explicar ou descrever um sistema de

produção ou sistema técnico no âmbito particular ou coletivo”, assim esse procedimento é

considerado uma importante ferramenta para pesquisadores que têm por finalidade responder

às questões “como” e “por que”.

Já em relação ao caráter do estudo, tem como característica exploratória, que conforme

Neto (2006, p. 9) compreende que a: “pesquisa exploratória estabelece critérios, métodos e

técnicas para a elaboração de uma pesquisa e visa oferecer informações sobre o objeto desta e

orientar a formulação de hipóteses”.

Destacado por Marconi e Lakatos (2009, p. 43), “toda pesquisa implica o

levantamento de dados de variadas fontes, quaisquer que sejam os métodos ou técnicas

empregadas”. Segundo as autoras existem duas formas de se obter dados pela forma direta

(pesquisa de campo ou laboratório) ou indireta (pesquisa documental ou pesquisa

bibliográfica). Como abordagem de pesquisa, caracteriza-se como qualitativa, já que tem

como elementos que conforme Bauer e Gaskell (2008, p. 64) “a pesquisa qualitativa refere-se

a entrevistas do tipo semi-estruturado com um único respondente ou grupo de respondentes”.

Já segundo Richardson (2009, apud Marconi e Lakatos 2010) “pode ser caracterizada como

tentativa e uma compreensão detalhada dos significados e características situacionais

apresentadas pelos entrevistados, em lugar da produção de medidas quantitativas de

características ou comportamentos”.

Para a realização da revisão bibliográfica referente ao estudo, foram utilizados dados

primários e secundários, consultados livros, artigos, para se ter conhecimento na área da

Logística Reversa, após foram feita as coletas de dados na empresa, de forma organizada,

fazendo um apanhado geral de todas as etapas e dos métodos já utilizados, em seguida, como

instrumento de coleta de dados desta pesquisa, foram à realização de entrevistas com o uso de

um roteiro semi-estruturado com questões abertas. Esta técnica foi escolhida por permitir que

a entrevista seja adaptada de acordo com o pesquisador e a circunstância em que se

desenvolve a pesquisa (GIL, 2000), garantindo a flexibilidade necessária para o levantamento

dos dados e informações de como são realizadas as etapas de logística reversa na empresa.

Para a realização das entrevistas e orientação na obtenção das informações, elaborado-

se um questionário a partir da essência deste trabalho conforme anexo 1, dividindo em quatro

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19

áreas, assim definidas em relação aos resíduos e descarte, manuseio e comprometimento, os

canais de pós-consumo além da legislação pertinente e riscos ambientais. Este questionário

permitiu a imparcialidade do entrevistador sobre as respostas do entrevistado. As entrevistas

foram realizadas de forma individual, com todos os funcionários da empresa totalizando uma

amostra de 7 pessoas, sendo entrevistados o proprietário do estabelecimento, 2 caixas e 4

frentistas e ocorreram durante os meses de setembro e outubro de 2011.

Desta forma buscou-se através do questionário entender como ocorre à troca de óleo e

como a empresa estudada trata os resíduos gerados na troca de óleo, identificando por que

estes resíduos apresentam diferentes meios para a sua destinação, seja por reciclagem ou

reuso, ou por destinação final.

Após a descrição do caso e a união dos dados foram elaboradas as análises dos

resultados. Uma das estratégias analíticas para conduzir a análise de estudos de caso consiste

em desenvolver uma estrutura descritiva a fim de organizar o estudo de caso YIN (2001).

Abaixo na figura 3 segue o fluxograma resumo da metodologia aplicada ao trabalho.

Figura 3- Fluxo resumo do metodologia utilizada. Fonte: Elaborado pelo autor

Objetivos Questionário Estudo de caso

Analise de resultados

Conclusões

Page 20: Estudo da logística reversa de pós-consumo em um posto de

20

4 CASO ESTUDADO

4.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA

A empresa utilizada como unidade de análise neste estudo atua no comércio de venda

de combustíveis, troca de óleo e loja de conveniência. Sendo que para tal estudo somente

serão utilizados dados referentes à troca de óleo, pelo curto espaço de tempo para um estudo

mais elaborado. A empresa se denomina Auto Posto Anderle e localiza-se junto à RST 470,

km 207, no distrito de São Valentin, na cidade de Bento Gonçalves-RS opera com a bandeira

Charrua. Na figura 4 segue a fachada principal.

Figura 4- Fachada principal do Posto Fonte: Arquivo da empresa

Para ter um parâmetro sobre essa atividade de troca de óleo de veículos,

primeiramente deve-se entender como é o funcionamento de um ramo do comércio varejista,

muito importante para a sociedade, que é dos postos de combustíveis, cuja principal atividade

é a venda de combustível.

O órgão regulamentador das atividades que integram a indústria do petróleo e gás

natural e a dos bicombustíveis no Brasil é a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e

Bicombustível (ANP), assim todos que desejarem desenvolver estas atividades devem

sujeitar-se às normas por ela impostas.

É de competência do CONAMA legislar sobre a atividade e da FEPAM licenciar e

fiscalizar o cumprimento das normas estabelecidas. Cabendo às prefeituras municipais a

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21

questão da permissão para o funcionamento dos postos, ou seja, identificar os locais

adequados ao desenvolvimento dessa atividade.

A empresa trabalha com cinco combustíveis: gasolina comum e aditivada, diesel

comum e aditivado e etanol combustível. Sendo que esses combustíveis são armazenados em

dois tanques, um de 30 mil litros subdivido em dois compartimentos de 15 mil litros

respectivamente para gasolina e diesel comum e outro também de 30 mil litros subdividido

em três compartimentos de 10 mil litros que armazenam respectivamente gasolina e diesel

aditivados e etanol. Sua pista de abastecimento conta com quatro bombas eletrônicas,

totalizando sete bicos de abastecimento.

Inclui-se loja de conveniência ampla, com diversos itens tanto do setor alimentício

como no setor automotivo e troca de óleo para os mais diversos veículos, também fazem parte

do espaço físico do estabelecimento: lavagem de veículos, restaurante, borracharia e mecânica

pesada, sendo estes terceirizados.

Voltando ao objeto de tal estudo faz necessário entender as etapas de uma troca de

óleo veicular, primeiramente deve-se pensar por que troca-se o óleo de um veículo, pois todo

óleo lubrificante é sempre submetido a um trabalho severo e em altas temperaturas, assim

acaba perdendo sua viscosidade e sua aditivação, devido também ao atrito dos componentes

do motor. Sendo assim, existem duas maneiras para a substituição do óleo dos veículos: a

primeira pode ser pela quilometragem percorrida conforme especificação de cada lubrificante

ou montadora, e a segunda pelo tempo de uso de seis meses. Para entender melhor como é o

processo de uma troca de óleo, segue na figura 5 o fluxograma de entrada dos insumos:

Figura 5- Fluxograma de entrada de insumos para a troca de óleo. Fonte: Elaborado pelo autor

Compra de Insumos

Óleo Lubrificante Filtros Estopas/panos

Armazenamento

Entrega pelos fornecedores

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22

Após todas essas observações ocorre a troca de óleo, com o carro posicionado no local

adequado para esse fim, primeiramente com a escolha dos produtos corretos para a

substituição do óleo lubrificante. Deste modo à atividade de troca de óleo gera os seguintes

descartes:

• Óleo queimado;

• Filtros usados;

• Estopa usada para a limpeza;

• Embalagens vazias contaminadas;

• Papelão com respingos de óleo queimado;

• Água contaminada usada para limpeza.

Para se ter um melhor entendimento seguem as etapas descritas na figura 6:

Figura 6- Fluxograma de uma troca de óleo. Fonte: Elaborado pelo autor

Chegada do veículo

Escolha do óleo lubrificante certo

Separação do filtro de óleo certo

Óleo lubrificante usado

Embalagens vazias contaminadas

Resíduos gerados por essa atividade

Filtros contaminados Estopas contaminadas

Papelões contaminados Água usada na limpeza

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23

4.2 RESÍDUOS GERADOS, DESCARTES, MANUSEIO, LEGISLAÇÃO E CANAIS DE PÓS-CONSUMO.

4.2.1 Óleo lubrificante usado ou contaminado

O óleo lubrificante usado ou contaminado conhecido vulgarmente por “óleo

queimado”, é gerado, segundo o funcionário que realiza essa atividade, após a abertura ou

retirada do parafuso do carter dos veículos, e por sua vez durante a troca fica armazenado no

coletor de óleo que está posicionado abaixo do veículo. Ao término da troca é transportado

para tonéis de 200 litros, isto é, na empresa são dois (vide anexo 2), que ficam aguardando até

serem recolhidos por empresa autorizada pela ANP.

A obrigação por tal recolhimento deveria ser das empresas que comercializam o óleo

lubrificante, mas no caso da empresa em questão, segundo os entrevistados quem realiza tal

recolhimento é a IPS (Indústria Petroquímica do Sul), localizada na cidade de Alvorada-RS,

dessa maneira a empresa está levando uma vantagem financeira de R$ 0,15 ao litro de óleo

queimado.

No ato do recolhimento é concedido laudo que especifica a quantidade recolhida e

também a autorização da empresa IPS pela ANP para desenvolver tal atividade (vide anexo

3), e consequentemente irá realizar o transporte desses contaminantes até a sede da empresa,

onde será destinado ao processo de rerrefino, que é o processo de reaproveitamento deste

óleo, conforme CONAMA nº 362/2005 "ART 3º: Todo o óleo lubrificante usado ou

contaminado coletado deverá ser destinado à reciclagem por meio do processo de rerrefino”.

A legislação atribui ao revendedor um papel de ligação entre os consumidores do óleo

lubrificante acabado (geradores) e os agentes da cadeia de recuperação/reciclagem do óleo

lubrificante usado ou contaminado (coletores).

Desta forma, a responsabilidade dos revendedores é dupla, isto é, de um lado têm

todas as obrigações dos geradores no sentido de evitar que o óleo lubrificante contaminado

acabe de uma forma ou outra poluindo o meio-ambiente ou que possa ser misturado com

produtos que inviabilizem o seu rerrefino. De outro lado, como parceiros dos produtores e

importadores de óleo lubrificante, têm a obrigação de dar todo o suporte ao recolhimento,

armazenamento temporário e seguro do óleo lubrificante contaminado e a sua correta entrega

aos coletores autorizados pela ANP.

Conforme leis pertinentes, existem cinco tipos de “atores” da cadeia de óleo

lubrificante assim sendo eles: produtores e importadores, revendedores, geradores, coletores e

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24

rerrefinadores. Assim, todos esses elementos da cadeia devem ter comprometimento com as

leis pertinentes ao setor.

No caso do estabelecimento estudado, ele se enquadra em três categorias:

• Revendedores, que são as pessoas jurídicas que comercializam óleo lubrificante

acabado no atacado e no varejo, que dentre outras obrigações devem receber dos

geradores o óleo lubrificante usado ou contaminado, em instalações adequadas.

• Geradores, que são as pessoas físicas ou jurídicas que em função do uso de

lubrificantes geram o óleo lubrificante usado ou contaminado, e que têm

obrigação de entregar este resíduo perigoso ao ponto de recolhimento

(revendedor) ou coletor autorizado.

• Coletores, que são pessoas jurídicas devidamente licenciadas pelo órgão

ambiental competente e autorizadas pelo órgão regulador da indústria do petróleo,

para realizar atividade de coleta de óleo lubrificante usado ou contaminado,

entregando-o ao rerrefinador. (CONAMA 362/2005)

Comentado por Filho e Silva (2009) que, no Brasil, empresas fabricantes de produtos

como óleo lubrificante, lâmpadas fluorescentes, baterias de celulares e pilhas estão sendo

responsabilizadas pelo ciclo de vida de seus produtos. Desta forma, estão buscando

desenvolver processos reversos que visem seus produtos a um fim mais apropriado.

Sendo assim, os óleos lubrificantes atingem o fim de sua vida útil quando perdem suas

características originais, por contaminação interna ou externa, oxidação ou depleção dos

aditivos. Os óleos usados, de base mineral, não são biodegradáveis e podem provocar danos

irreparáveis ao meio ambiente se descartados de forma inadequada. Os lubrificantes usados

possuem diferentes tipos de contaminantes, dependendo de sua origem, tais como: borras,

ferro, cobre, alumínio, zinco, fósforo, cloro, chumbo, enxofre, etc.(TRISTÃO, FREDERICO,

VIÉGAS, 2008)

Para evitar esse tipo de contaminação, o CONOMA 362/2005 regula as atividades de

coleta e recolhimento destes óleos lubrificantes. Com essa aprovação, foi possível criar um

sistema harmônico e claro para a gestão deste perigoso resíduo, estabelecendo obrigações e

ações coordenadas para evitar o caos ambiental.

Segundo Gusmão (2011), o processo de rerrefino pode trazer muito mais do que o

benefício ambiental:

Mas além do benefício ambiental, o processo de rerrefino também oferece vantagens econômicas, pois quando coletados e corretamente encaminhados à reciclagem, por meio do processo de rerrefino, os óleo lubrificantes usados ou contaminados são transformados novamente em óleo lubrificante , numa proporção de 75% a 80% de aproveitamento. Representam um recurso mineral valioso e possibilitam a geração

Page 25: Estudo da logística reversa de pós-consumo em um posto de

25

de importante parcela de óleos básicos, destinados à formulação de lubrificantes acabados essenciais para a operação de maquinário de diversos segmentos industriais como, por exemplo, operações de corte, estampagem, fabricação de borrachas, metalurgia, etc.(GUSMÃO, 2011)

Comentado pelo funcionário responsável pela atividade, existe uma preocupação

muito grande por parte da empresa (Gerente e Diretor) para que de nenhuma maneira esse

óleo seja vendido a terceiros para um uso doméstico incorreto. Nota-se, portanto, uma grande

conscientização ambiental por parte da empresa em seguir a legislação pertinente.

Observa-se, a seguir, o procedimento adotado em relação aos filtros de óleo

contaminado.

4.2.2 Filtros de óleo contaminado

Os filtros de óleo contaminados são gerados após sua retirada do veículo e depois para

que haja um bom escorrimento, segundo o responsável são colocados em uma espécie de

pingadeira, que nada mais é do que um balde de 20 litros de óleo lubrificante cortado na

vertical com um tijolo dentro. Os filtros são depositados sobre os furos do tijolo, assim

através da gravidade acaba que quase todo o óleo queimado escorrega de dentro do filtro,

ficando depositado nesse recipiente. Posteriormente, o óleo é transferido para o coletor, e os

filtros são transferidos para um tonel que deveria ter como proteção plástico interno para que

se evitem vazamentos; neste caso a empresa deverá se readaptar (vide anexo 2).

Quando excede a capacidade é recolhido pela GEAB de (Passo Fundo-RS), empresa

que presta consultoria ambiental para a empresa, e assim segue para sua destinação final que é

o aterro sanitário. Para esse resíduo existem duas opções: a PROAMB (Pro Ambiente -

Soluções Ambientais, Aterro Industrial, Assessoria Ambiental e Projetos, Pinto Bandeira-RS)

e a Pró-Ambiente Indústria e Comércio Ltda (Gravataí-RS). Chegando na estação de

tratamento por ser um resíduo de classe I, não existe nenhum tipo de tratamento em relação

aos contaminantes, simplesmente são colocados em valas com revestimento interno. Vale

ressaltar que pelas leis pertinentes, esse resíduo é de responsabilidade da empresa para

sempre. A partir de junho de 2012 não será mais permitida essa destinação e os filtros vão ser

côo-processados e o metal irá para reciclagem, o elemento filtrante de papel será destinado a

inserinação.

Outro fato de suma importância é que de nenhuma maneira sejam utilizados esses

filtros contaminados como combustível para caldeira, por se tratar de um elemento bem

tóxico. Uma forma de se ter um melhor aproveitamento seria a separação de todos os seus

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26

componentes, conforme menciona a FEPAM (Fundação Estadual de Proteção Ambiental). A

destinação das partes seria: plástico para reciclagem; a parte metálica para reaproveitamento

em siderúrgica, por exemplo; e a filtrante para destruição térmica (co-processamento) ou em

aterro para resíduo perigoso, após a extração do óleo residual, com a prensagem, por exemplo,

e com coleta do óleo residual (em aterro não é permitido óleo na forma líquida). Em seguida,

inclui-se outro contaminante gerado por esta atividade.

4.2.3 Papelões contaminados com óleo

Os papelões contaminados com óleo são gerados por respingos ou gotejamento do

veiculo durante a atividade de troca de óleo. Eles ficam sobre o fundo da rampa e são

recolhidos da rampa e, às vezes, colocados no lixo, ao invés de serem separados junto aos

filtros de óleo, para posteriormente serem recolhidos pela GEAB e dado o correto destino a

um aterro sanitário também na PROAMB.

Já perante as responsabilidades dos fabricantes em relação aos papelões contaminados

torna-se isenta, pois esse resíduo não faz parte dos materiais utilizados para a realização de

uma troca de óleo, mas sim, apenas é utilizado para cobrir o fundo da rampa da troca e sua

maior utilidade é que mantém por um tempo maior a limpeza do ambiente, isto é, quando

acontece de sujá-los apenas são substituídos. Da mesma maneira, as estopas contaminadas

seguem para aterro.

4.2.4 Estopas contaminadas As estopas contaminadas são geradas após seu uso tanto na pista de abastecimento

como na rampa de troca de óleo. Vale ressaltar que a empresa para haver uma economia das

estopas primeiramente as utiliza na pista e após são transferidas para a troca de óleo, que ali

servem para a limpeza do veículo. Após a utilização são colocadas em um tonel (vide anexo

2) que da mesma maneira dos filtros fica aguardando ficar cheio para após ser recolhido pela

GEAB, que irá levar para seu destino final que também é o aterro sanitário. Neste caso vai

para a UTRESA e lá vão diretamente para valas.

Da mesma forma que os papelões em relação às responsabilidades dos fornecedores

se torna isenta, pois a empresa adquire esse material de pequenas empresas, geralmente

familiares, ou seja, não teria como retroceder tal responsabilidade aos fabricantes, sendo por

falta de estrutura, pois geralmente não conhecem a legislação e de uma ou outra maneira esses

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27

descartes acabariam sendo destinados a aterro sanitário comum. Assim a empresa assume os

riscos de terceiros e realiza tal procedimento de destinação correta a esse contaminante.

Em seguida é realizado o trabalho final de troca de óleo, ou seja, é colocado um filtro

novo, fechado o parafuso do carter e colocado o óleo lubrificante novo; desta maneira acaba

gerando um novo descarte as embalagens vazias.

4.2.5 Embalagens vazias de óleo lubrificante

As embalagens vazias contaminadas são geradas através da colocação do óleo

lubrificante no veículo, depois são colocadas na pingadeira, para que haja um total

escorrimento e após são fechadas e colocadas em tonéis com saco plástico (vide anexo 2).

Segundo a FEPAM a obrigação do recolhimento deve ser feita pelo fabricante, conforme

descrito:

O Rio Grande do Sul possui a Lei Estadual n.º 9.921, de 27/07/1993, que dispõe sobre a gestão dos resíduos sólidos no Estado, que por sua vez é regulamentada pelo Decreto Estadual n.º 38.356/98. Na elaboração do Decreto Estadual n.º 38.356/98, foi previsto no art. 14 que os fabricantes de agrotóxicos e de óleos lubrificantes deveriam se responsabilizar pela coleta armazenagem, transporte e destino final das embalagens pós-consumo de óleos lubrificantes. (FEPAM SITE).

Mas no caso deste estabelecimento, quem realiza tal procedimento de recolhimento é a

MB Engenharia e Meio Ambiente que recolhe as embalagens e no ato do recolhimento são

pesadas, emitido laudo de recolhimento e transportadas até uma das unidades de

armazenamento da MB. Ali, as embalagens são conferidas e prensadas e após são

transportadas para recicladores licenciados. O material é transformado em novas embalagens,

mangueiras de eletrodutos, entre outros produtos, sendo assim a reciclagem contribui para a

economia de recursos naturais e energia.

A empresa analisada sempre mantém os seus locais de trabalho limpo e de maneira

organizada, e para tal limpeza utiliza água de poço artesiano, sendo assim acaba gerando mais

um contaminante à água.

4.2.6 Água contaminada

A água contaminada é gerada através da limpeza do ambiente de trabalho do setor de

troca de óleo. Essa através de tubulação vai para caixa de decantação e acaba se juntando a

toda água provida das calhas da pista de abastecimento e também por todo o lodo da lavagem,

que acaba se misturando e sendo chamado de lodo contaminado. Ali na caixa, como esta

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28

funciona em forma de cascata, a água acaba saindo para o esgoto comum após quatro etapas

de decantação.

Em relação ao lodo, ele é recolhido periodicamente de dentro da caixa com baldes de

forma manual e colocado em tonéis que ficam ao seu lado. Nesse caso são quatro de 200

litros, e ali essa mistura de lodo aguado fica depositada e com o passar do tempo através do

calor acaba secando e ficando apenas lodo, que depois também é recolhido pela GEAB, que

destina para o aterro sanitário da UTRESA. A seguir, na figura 7 segue o fluxograma de toda

a atividade de troca de óleo em relação aos destinos dados:

Figura 7- Fluxograma de toda atividade de troca de óleo em relação aos destinos dados.

Fonte: Elaborado pelo autor

Com base no fluxograma percebe-se que a empresa em questão preocupa-se em

manter seu fluxo reverso de pós-consumo de maneira que todos os descartes sigam seus

destinos de maneira correta, conforme a legislação pertinente em acordo com FEPAM,

CONAMA e ANP.

Água usada na limpeza

Rerrefino Reciclagem Aterro Aterro

Aterro

Caixa separadora de água

Retorno ao fabricante

Retorno como matéria-prima

Logística Reversa de Pós-Consumo

Destinos dados aos insumos de pós-consumo

Óleo lubrificante usado

Embalagens vazias contaminadas

Filtros contaminados

Estopas contaminadas

Papelões contaminados

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29

5. ANÁLISE DE RESULTADOS

As empresas que utilizam da logística reversa em seus processos ganham não só em

serem empresas politicamente corretas, mas também economia na sua escala produtiva, pois

hoje no atual cenário tudo o que pode ser reaproveitado tem seu valor na cadeia logística

como um todo.

Com base no questionário semi-estruturado (vide anexo 1) aplicado na empresa

estudada, segue no quadro 1 os levantamentos realizados, separados por resíduo gerado,

forma de armazenamento temporário e o destino dado a esses resíduos sob o ponto de vista

dos entrevistados.

Quadro 1 – Entrevista Funcionários Fluxo Reverso de Pós-Consumo – Entrevistas.

Resíduo Armazenamento Destinação

Óleo usado ou contaminado Tonéis Empresas autorizadas Fornecedores

Filtros contaminados Tonéis Empresas autorizadas Fornecedores

Papelões Lixo comum Coleta seletiva

Estopas Tonéis Empresas autorizadas

Embalagens vazias Tonéis Empresas autorizadas Fornecedores

Água contaminada Caixa de separação Empresas autorizadas

Fonte: Elaborado pelo Autor

Com base nas respostas, percebe-se que os colaboradores de uma maneira geral

percebem a importância do cuidado com o meio ambiente. É claro que isso vem da forma de

trabalho dos administradores, passando todas as informações sob os riscos ambientais

provenientes da atividade de troca de óleo. Mas por outro lado quando se observa a destinação

dada aos papelões contaminados, constata-se uma falta de coerência em relação aos demais

descartes. Sob esse ponto sugere-se um maior controle para que possa estar colocando em

prática o que a legislação deixa bem claro, e por outro lado, dessa forma, está passivo de

tomar uma multa ambiental.

No quadro 2 encontra-se o levantamento das informações observadas na empresa.

Com base em relatos do observado, há uma diferença entre o que os colaboradores relatam e o

que realmente a empresa está fazendo com os seus resíduos, talvez seja pela falta de

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30

conhecimento, informação ou até mesmo por não executar de uma forma correta tudo o que

os responsáveis do estabelecimento passaram como procedimentos corretos.

Quadro 2 – Observação na Empresa. Fluxo Reverso de Pós-Consumo – Empresa.

Resíduo Armazenamento Destinação

Óleo usado ou contaminado Tonéis com caixa de proteção Empresas autorizadas pela ANP (IPS), Rerrefino

Filtros contaminados Pingadeira para escorrer após tonéis

Empresas autorizadas, GEAB, Aterro Sanitário PROAMB

Papelões Lixo Comum/Tonéis Coleta seletiva, GEAB, Aterro Sanitário PROAMB

Estopas Tonéis com caixa de proteção Empresas autorizadas, GEAB, Aterro Sanitário tonéis

UTRESA Embalagens vazias Pingadeira para escorrer,

Após tonéis com caixa de proteção Empresa autorizadas

MB, reciclagem Água contaminada Caixa de separação (decantação) Empresas autorizadas GEAB,

Aterro Sanitário UTRESA Fonte: Elaborado pelo Autor.

No quadro 2 observa-se que a empresa procura cuidar bem de seus resíduos de

descarte, há única exceção que está relacionada com os papelões contaminados que estão

sendo colocados, em muitas vezes, junto com a coleta seletiva. Sugere-se, então, colocar mais

um tonel com saco de proteção para que se evitem vazamentos junto à sala já existente onde

ficam os demais tonéis para que haja um melhor controle de todos os descartes.

Na sequência apresenta-se o quadro 3 onde se encontram todas as medidas cabíveis

em relação a esses descartes oriundos da atividade de troca de óleo veicular.

Quadro 3 – Legislação Pertinente. Fluxo Reverso de Pós-Consumo – Legislação.

Resíduo Armazenamento Destinação

Óleo usado ou contaminado Acondicionado em bombonas, latões, tambores ou tanques sobre bacia de contenção e local adequado

Entrega para Coletor Autorizado

Filtros contaminados 1. escoamento do óleo lubrificante restante; 2. acondicionado em separado em bombonas ou latões específicos sobre bacia de contenção e local adequado.

Reciclagem (se possível); Aterro licenciado de

resíduos perigosos (se não houver alternativa de

tratamento)

Papelões Acondicionamento em embalagem identificada e armazenagem temporária em local adequado.

Aterro licenciado de resíduos Perigosos

Page 31: Estudo da logística reversa de pós-consumo em um posto de

31

Estopas Acondicionamento em embalagem identificada e armazenagem temporária em local adequado.

Aterro licenciado de resíduos Perigosos

Embalagens vazias 1. escoamento do óleo lubrificante restante; 2. acondicionado em separado em bombonas ou latões específicos sobre bacia de contenção e local adequado.

Reciclagem (se possível); Aterro licenciado de

resíduos perigosos (se não houver alternativa de

tratamento)

Água contaminada Separação do óleo da água através de centrifugação ou caixa de separação água/óleo

1. água: reuso nos sistemas de limpeza; 2. óleo lubrificante: coletor autorizado; 3. outros resíduos oleosos: aterro licenciado de resíduos perigosos

Fonte: Guia Básico Gerenciamento de Óleos Lubrificantes Usados ou Contaminados (2008).

Fazendo um comparativo entre o quadro 2, atividades feitas pela empresa, e o quadro

3 legislação, percebe-se que a empresa precisa adaptar e se reorganizar em seus processos. A

seguir sugere-se as seguintes alterações e sugestões:

a) Em relação ao óleo lubrificante usado ou contaminado:

• Modificar a caixa de proteção já existente para que essa suporte em sua capacidade

apenas os 450 litros, pois atualmente ela comporta muito mais ficando na altura dos

tonéis, dessa forma a caixa dificulta a limpeza e a organização da sala;

• Colocar placa indicativa do produto (por exemplo, somente óleo usado), contendo

também nos tonéis o símbolo indicativo da reciclagem.

b) Em relação aos filtros contaminados:

• Construir uma caixa de proteção;

• Colocar placa indicativa do produto (por exemplo, somente filtro de óleo

contaminado), contendo também nos tonéis o símbolo indicativo da reciclagem;

• Usar dentro no tonel saco de proteção para que se evitem vazamentos, dessa maneira

se evitam retrabalhos e também melhora a organização e a aparência do ambiente;

• Adquirir uma pingadeira para o escorrimento do óleo restante, já que a existente se

encontra adaptada.

c) Já para os papelões contaminados:

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32

• Ter um tonel somente para esse contaminante com saco de proteção, evitando assim

que se coloque junto ao lixo comum;

• Colocar placa indicativa do produto (por exemplo, somente papelões contaminados),

contendo também nos tonéis o símbolo indicativo da reciclagem;

• Somente destinar a aterro licenciado de resíduos perigosos.

d) Em relação as estopas contaminadas:

• Colocar saco de proteção dentro do tonel;

• Colocar placa indicativa do produto (por exemplo, somente estopas contaminadas),

contendo também nos tonéis o símbolo indicativo da reciclagem.

e) Nas embalagens vazias contaminadas:

• Colocar placa indicativa do produto (por exemplo, somente embalagens vazias

contaminadas), contendo também nos tonéis o símbolo indicativo da reciclagem.

f) Para a água contaminada após saída da caixa de decantação:

• Instalação de uma caixa para o reaproveitamento da água para a limpeza da pista de

abastecimento.

Com base nas análise de resultados constata-se em relação aos destinos dados a seus

resíduos de pós-consumo que a empresa estudada deve cuidar mais com o destino dado aos

papelões contaminados. Sendo assim, os demais resíduos seguem destinação correta, as

mudanças sugeridas na sua maioria deve-se à organização no armazenamento dos mesmos,

portanto segue no quadro 4 o resumo das oportunidades de melhorias fazendo um link entre

os quadros 2 e 3.

Quadro 4 – Resumo para melhorias Fluxo Reverso de Pós-Consumo – Resumo.

Resíduo Armazenamento Destinação

Óleo usado ou contaminado Modificar caixa de proteção, Colocar placa indicativa e símbolo

de reciclagem no tonel

Destinação está correta

Filtros contaminados Construção da caixa de proteção, aquisição da pingadeira, usar saco de proteção no tonel e colocação de placa indicativa e símbolo de

reciclagem no tonel

Destinação está correta

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Papelões Tonel somente para o mesmo, e colocação de placa indicativa e

símbolo de reciclagem no tonel

Aterro licenciado de resíduos Perigosos

Estopas Colocar saco de proteção no tonel, e colocação de placa indicativa e símbolo de reciclagem no tonel

Destinação está correta

Embalagens vazias Colocação de placa indicativa e símbolo de reciclagem no tonel

Destinação está correta

Água contaminada Instalação de caixa para o reaproveitamento da água para a

limpeza da pista de abastecimento

Destinação correta dos resíduos (óleo e lodo)

Fonte: Elaborado pelo Autor

No quadro 4 estão descritas todas as mudanças sugeridas para que o estabelecimento

analisado siga todas as condições corretas de armazenamento e destino para os resíduos

gerados pela atividade de troca de óleo veicular.

Page 34: Estudo da logística reversa de pós-consumo em um posto de

34

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho foi de grande valia para compreender como são realizadas todas as

etapas desde a geração de todos os resíduos, passando por métodos utilizados e a correta

destinação desse descartes de uma forma que não atinja, ou o mínimo possível, o meio

ambiente.

Foi possível analisar a forma de armazenagem dos óleos lubrificantes usados,

embalagens plásticas, estopas contaminadas e filtros; resíduos esses já utilizados ou

consumidos. Permitiu também verificar as responsabilidades dos fornecedores perante os

resíduos Da mesma forma compreendeu-se que os mesmos são responsáveis pelos resíduos

gerados, mesmo assim, hoje na empresa estudada, existem outras empresas que prestam esse

serviço facilitando-o mesmo.

Identificaram-se, também os canais reversos de pós-consumo para os resíduos gerados,

assim como sua correta destinação. Na sua maioria, os resíduos encontram-se de acordo com

a legislação, ressaltando a mudança já sugerida nas análises, sendo estas a colocação de placas

indicativas, construção de uma caixa de proteção para os resíduos e reaproveitamento da água

da caixa separadora. Permitiu também apresentar as oportunidades de melhorias do fluxo

reverso de pós-consumo.

Dessa maneira vale ressaltar que é indispensável o empenho dos gestores na

construção de ferramentas que ajudem, mesmo que de uma forma parcial, a diminuição de

resíduos gerados, seja ela como uma alternativa de conscientizar também os clientes pela sua

parcela de responsabilidade, começando por escolherem locais que se enquadrem dentro da

legislação e exigirem desses a apresentação de documentos que comprovem tais atividades.

Contudo, a tomada da decisão está vinculada ao que realmente pretende-se executar à

luz do reconhecimento da sociedade, pelo fato de tratar-se de uma atividade com grande

potencial de poluição e que, se bem gerenciada, pode promover melhorias significativas na

imagem corporativa e nas atividades inerentes ao fluxo reverso de pós-consumo.

Para trabalhos futuros sugere-se a continuidade deste estudo contabilizando outros

descartes como, por exemplo, os descartes gerados na loja de conveniência e vapores gerados

pela atividade de venda de combustível e também a logística reversa de pós-consumo dos

resíduos após saída da empresa, fazendo um estudo dos impactos gerados nos aterros

sanitários, verificando a legislação e as condições dos mesmos.

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Sendo assim, esse estudo contribuiu para acrescentar e salientar a importância da

Logística Reversa de Pós-Consumo em uma revenda de combustíveis, e como tal atividade se

não controlada de maneira eficaz pode acarretar uma série de consequências poluidoras ao

meio ambiente como um todo. Por outro lado, se todos os procedimentos cabíveis as questões

ambientais forem feitas de uma maneira correta todos ganhamos, por isso, reciclar hoje é

preservar o amanhã.

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ANEXOS

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Anexo 1

Perguntas realizadas aos colaboradores e ao Diretor da empresa. Roteiro Semi-Estruturado A) Resíduos e descarte:

1. Quais são os resíduos/descartes gerados em uma troca de óleo?

2. Quais os procedimentos realizados para o descarte de itens de pós-consumo?

3. Os procedimentos são efetuados de maneira correta?

B) Manuseio e comprometimento:

4. Como é feito o armazenamento dos resíduos gerados como óleo usado, filtros, embalagens

e estopas?

5. Qual a preocupação dos colaboradores para que esses procedimentos sejam realizados de

maneira correta?

C) Canais de Pós-consumo:

6. Qual é a destinação dada aos resíduos gerados como, óleo usado, filtros, embalagens e

estopas?

7. Como é a periodicidade da (ou realizada) a coleta dos itens de pós-consumo?

D) Legislação pertinente e riscos ambientais:

8. Quais os riscos ambientais provenientes dessa atividade, como contaminação do solo,

descarte incorreto entre outros?

9. A empresa cumpre de maneira efetiva as normas da legislação pertinente?

10. A empresa e os colaboradores executam ações para a melhoria dos processos para reduzir

os riscos ambientais em conformidade com os canais reversos de pós-consumo?

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Anexo 2

Figura 8- Tonel de óleo queimado. Figura 9- Saco com embalagens vazias.

Figura 10- Tonel de filtros usados. Figura 11- Tonel de estopas contaminadas.

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7. REFERÊNCIAS

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