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Câmpus de Presidente Prudente Curso de Graduação em Geografia (Licenciatura e Bacharelado) Convênio UNESP/INCRA/Pronera ESTUDO DA PRODUÇÃO DE LEITE NO ASSENTAMENTO VALE VERDE MUNICÍPIO TEODORO SAMPAIO-SP MANOEL MESSIAS DUDA Orientador: Prof. Ms. Anderson Antônio da Silva Co-orientador: Prof. Dr. Bernardo Mançano Fernandes Monitor: Leandro Nieves Ribeiro Presidente Prudente 2011

ESTUDO DA PRODUÇÃO DE LEITE NO ASSENTAMENTO VALE … · Vale Verde, considera a principal fonte de renda das famílias deste assentamento. O assentamento Vale Verde localiza-se

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Page 1: ESTUDO DA PRODUÇÃO DE LEITE NO ASSENTAMENTO VALE … · Vale Verde, considera a principal fonte de renda das famílias deste assentamento. O assentamento Vale Verde localiza-se

Câmpus de Presidente Prudente

Curso de Graduação em Geografia (Licenciatura e Bacharelado) Convênio UNESP/INCRA/Pronera

ESTUDO DA PRODUÇÃO DE LEITE NO ASSENTAMENTO VALE VERDE MUNICÍPIO TEODORO SAMPAIO-SP

MANOEL MESSIAS DUDA

Orientador: Prof. Ms. Anderson Antônio da Silva Co-orientador: Prof. Dr. Bernardo Mançano Fernandes

Monitor: Leandro Nieves Ribeiro

Presidente Prudente 2011

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Câmpus de Presidente Prudente

Curso de Graduação em Geografia (Licenciatura e Bacharelado) Convênio UNESP/INCRA/Pronera

ESTUDO DA PRODUÇÃO DE LEITE NO ASSENTAMENTO VALE VERDE MUNICÍPIO TEODORO SAMPAIO-SP

MANOEL MESSIAS DUDA

Trabalho de Monografia apresentada como pré-requisito para obtenção do título de Bacharel em Geografia da FCT/UNESP - Faculdade de Ciências e Tecnologia – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”.

Orientador: Prof. Ms. Anderson Antônio da Silva

Co-orientador: Prof. Dr. Bernardo Mançano Fernandes Monitor: Leandro Nieves Ribeiro

Presidente Prudente 2011

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MANOEL MESSIAS DUDA

ESTUDO DA PRODUÇÃO DE LEITE NO ASSENTAMENTO VALE VERDE MUNICÍPIO TEODORO SAMPAIO-SP

Aprovado em __/__/2011

Trabalho de Monografia apresentada como pré-requisito para obtenção do título de Bacharel em Geografia da FCT/UNESP - Faculdade de Ciências e Tecnologia – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”.

MEMBROS DA BANCA EXAMINADORA

Orientador: Prof. Ms. Anderson Antonio da Silva (FATEC-PP) 2º Examinador: Prof. Dr. Bernardo Mançano Fernandes (FCT/UNESP) 3º Examinador: Prof. Dr. Luis Antonio Barone (FCT/UNESP)

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha mãe Maria Carmelita e ao meu pai

Valdomiro que Deus os iluminou para minha existência e aos meus

irmãos. A Senhora Andréa Cristina dos Santos, companheira de

todas as horas, Emanoelle, Mainara, Maina, Bruno, Melina, Rafael

e Talita minhas família querida que são os pilares da minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Ao professor e orientador Anderson Antonio da Silva, do qual ao longo do processo eu recebi

inúmeros ensinamentos valiosos para minha formação. Ao meu professor, co-orientador e

amigo Bernardo Mançano Fernandes, pessoa importante para que eu realizasse esta

monografia.

As contribuições dos membros da banca de qualificação, professores (a) Anderson, Fatima

Rotta, Bernadete e Antonio Flávio Simonete, que me ajudaram a refletir sobre o meu trabalho.

A todos aqueles que de algum modo, cooperaram com o levantamento de dados e informações

que deram origem a esta monografia. A humildade das famílias assentadas, que para

responderam aos questionários desta pesquisa muitas vezes tiveram que interromper as

atividades da lida no lote para nos atender.

Agradeço a todos os meus professores (a) da FCT/UNESP. Hoje sem dúvida posso dizer que

a universidade me ofereceu valiosas contribuições para mudança da minha vida. Aos meus

amigos de trabalho e militantes do MST, a minha companheira Andréa que esteve ao meu

lado em todas as etapas da pesquisa. Ao companheiro do Pontal Sidnei Macedo e aos

monitores Leandro e Guthierre, que também deram sua valorosa contribuição para que eu

desse bom andamento em meus trabalhos.

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É melhor tentar e falhar do que se preocupar e ver a vida passar. È melhor tentar, ainda em vão, que sentar-se

fazendo nada até o final. Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias tristes em casa me esconder. Prefiro ser feliz,

embora louco, que em conformidade viver. Martin Luther King

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RESUMO

Esta monografia tem como tema central o estudo da produção de leite no assentamento do

Vale Verde, considera a principal fonte de renda das famílias deste assentamento. O

assentamento Vale Verde localiza-se no município de Teodoro Sampaio, região do Pontal do

Paranapanema-SP. Buscando compreender a baixa produtividade do leite, e a necessidade de

buscar novas fontes de renda a partir da diversificação produtiva, foi associado à produção de

leite o estudo de outras dimensões como: situação educacional; comercialização; assistência

técnica; conhecimento; crédito; transporte; estradas e percepção das famílias assentadas sobre

processos relevantes para o desenvolvimento do assentamento. Estas dimensões ofereceram

informações importantes para compreensão da baixa produção e das dificuldades que as

famílias enfrentam para prática da diversificação produtiva no assentamento. Também

apresentamos o processo de ocupação do pontal, a questão agrária do pontal, criação do

município de Teodoro Sampaio e luta de conquista do assentamento Vale Verde. A

importância da análise multidimensional para uma leitura mais ampla das problemáticas

relacionadas ao tema assentamentos rurais também é abordada no trabalho.

Palavras-chave: assentamento, leite, Luta pela terra, multidimensionalidade, renda.

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ABSTRACT

This monograph is focused on the study of milk production in the settlement of Green Valley,

considered the main source of income for the families of this settlement. The settlement Green

Valley is located in the municipality of Teodoro Sampaio, Pontal region-SP. Seeking to

understand the low productivity of milk, and the need to seek new sources of income from the

diversification of production, was associated with milk production study of other dimensions

such as educational status, marketing, technical assistance, knowledge, credit, transport, roads

and perception of families settled on processes relevant to the development of the settlement.

These dimensions provide important information for understanding the low production and

the difficulties that families face in practice diversification of production in the settlement.

We also present the process of occupation of the headland, the agrarian question of the spit,

creating the municipality of Teodoro Sampaio and fight for the conquest of Green Valley

settlement. The importance of multidimensional analysis to a wider reading of the issues

related to rural settlements issue is also addressed in the work.

Keywords: settlement, milk, Struggle for land, multidimensionality income.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - PONTAL DO PARANAPANEMA – ASSENTAMENTOS RURAIS POR MUNICÍPIO - 1983-2005. ........................................................................................................ 37

FIGURA 2 - PLANTA DO GRILO MÃE DA FAZENDA PIRAPÓ SANTO ANASTÁCIO. .................................................................................................................................................. 40

FIGURA 3 - ORIGEM DO ENTREVISTADO, SEGUNDO LOCAL DE NASCIMENTO .. 50

FIGURA 4 - GRAU DE PARENTESCO DO RESPONDENTE EM RELAÇÃO AO TITULAR ................................................................................................................................. 51

FIGURA 5 - FAMÍLIAS QUE SOBREVIVEM DA RENDA DO LOTE ............................... 56

FIGURA 6 - CRIAÇÃO DE VACAS DE LEITE. ................................................................... 58

FIGURA 8 - PRODUTORES QUE UTILIZAM RAÇÃO ESPECIAL NA ÉPOCA DAS SECAS ...................................................................................................................................... 62

FIGURA 9 - ORIGEM DA COMPRA DE GADO DE LEITE. .............................................. 64

FIGURA 10 - TIPO DE TRANSPORTE DAS FAMÍLIAS ASSENTADAS ATÉ A CIDADE. .................................................................................................................................................. 68

FIGURA 11 - DESTINAÇÃO DO LIXO. ............................................................................... 70

FIGURA 12 - FONTE DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA. ................................................. 70

FIGURA 13 - LOCAL DE ARMAZENAMENTO DA PRODUÇÃO. ................................... 71

FIGURA 14 - OPINIÃO DO ENTREVISTADO SOBRE O TAMANHO DO LOTE. .......... 73

FIGURA 15 - OPINIÃO DO ENTREVISTADO SOBRE A LOCALIZAÇÃO DO LOTE. .. 74

FIGURA 16 - OPINIÃO DO ENTREVISTADO SOBRE OS SERVIÇOS DE ÁGUA E LUZ .................................................................................................................................................. 75

FIGURA 17 - OPINIÃO DO ENTREVISTADO SOBRE OS SERVIÇOS BÁSICOS DE SAÚDE ..................................................................................................................................... 75

FIGURA 18 - OPINIÃO DO ENTREVISTADO SOBRE OS SERVIÇOS BÁSICOS DE EMERGÊNCIA ........................................................................................................................ 76

FIGURA 19 - ENTREVISTADOS QUE ACREDITAM QUE QUANTO MENOR É O ESTUDO MAIOR É A DESTRUIÇÃO ................................................................................... 77

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - NÚMERO DE ASSENTAMENTOS E FAMÍLIAS ASSENTADAS NO MUNICÍPIO DE TEODORO SAMPAIO ................................................................................ 15

Tabela 2 - ASSENTAMENTOS QUE COMPÕEM A ANTIGA FAZENDA RIBEIRÃO BONITO ................................................................................................................................... 46

Tabela 3 - NÚMERO DE PESSOAS OCUPADAS POR ESTABELECIMENTO, SEGUNDO OS TIPOS FAMILIARES ........................................................................................................ 50

Tabela 4 - TAMANHO DA FAMÍLIA .................................................................................... 51

Tabela 5 – ESCOLARIDADE. ................................................................................................. 53

Tabela 6 - EXISTÊNCIA DE REFRIGERADOR. ................................................................... 58

Tabela 7 - VENDA DO LEITE. ............................................................................................... 59

Tabela 8 - COMERCIALIZAÇÃO DO LEITE. ....................................................................... 59

Tabela 9 - DESTINO DO LEITE RESFRIADO. ..................................................................... 60

Tabela 10 - POSSIBILIDADES DO RECUSAR PREÇO PAGO NO LEITE. ....................... 60

Tabela 11 - VISITAS TECNICAS. .......................................................................................... 62

Tabela 12 - PORQUE OS ENTREVISTADOS ENFRENTAM DIFICULDADE. ................. 63

Tabela 13 - JÁ FEZ CURSO DE INSIMINAÇÃO. ................................................................. 64

Tabela 14 - ACEITAÇÃO DO PREÇO DO LEITE. ................................................................ 65

Tabela 15 - MOTIVOS PARA NÃO REALIZAÇÃO DE BENEFICIAMENTO. .................. 65

Tabela 16 - TEM AGROINDÚSTRIA ASSENTAMENTO. ................................................... 65

Tabela 17 - QUALIDADE DAS ESTRADAS DO ASSENTAMENTO. ................................ 68

Tabela 18 - DESLOCAMENTO ATÉ A ESCOLA. ................................................................ 69

Tabela 19 - EQUIPAMENTOS E TRANSPORTE. ................................................................. 69

Tabela 20 - OPINIÃO DO ENTREVISTADO SOBRE SUA MORADIA E RESIDÊNCIA74

Tabela 21 - VOCE CONCORDA QUE A POPULAÇÃO CAMPO DEVE SABER LER ESCREVER .............................................................................................................................. 76

Tabela 22 - OPINIÃO DOS ENTREVISTADOS ACERCA DA RELAÇÃO DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO ................................................................................ 77

Tabela 23 - OPINIÃO DO ENTREVISTADO SOBRE A PERMANÊNCIA DOS JOVENS NO CAMPO ............................................................................................................................. 77

Tabela 24 - OPINIÃO SOBRE A POSSIBILIDADE DOS ALUNOS DA CIDADE APREENDEREM MAIS RAPIDAMENTE QUE OS ALUNOS DOS SSENTAMENTOS .. 78

Tabela 25 - OPINIÃO DO ENTREVISTADO ACERCA DA IMPORTÂNCIA DA INFORMÁTICA ....................................................................................................................... 78

Tabela 26 - OPINIÃO DOS ENTREVISTADOS ACERCA DA POSSIBILIDADE DOS JOVENS ASSENTADOS INGRESSAREM NA UNIVERSIDADE ...................................... 78

Tabela 27 - OPINIÃO DO ASSENTADO ACERCA DA ORGANIZAÇÃO NO ASSENTAMENTO .................................................................................................................. 79

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LISTA DE SIGLAS

AGRIFAM – Feira da Agricultura Familiar e do Trabalhador Rural AMASP – Associação dos Municípios com Assentamentos da região do Pontal do Paranapanema BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social CODETER - Colegiados Territoriais de Desenvolvimento Rural CPDA – Curso de Pós – Graduação em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro CPT - DATALUTA - Banco de Dados da Luta pela Terra FAO - Órgão das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IICA – Instituto Latino Americano de Cooperação Agrícola INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ITESP – Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo “José Gomes da Silva” MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra NEAD – Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural PAM – Produção Agrícola Municipal PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios PPM – Pesquisa Pecuária Municipal, dos Censos Agropecuários PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar PTB - Partido Trabalhista Brasileiro SDT - Secretaria de Desenvolvimento Territorial SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural UNICAMP - Universidade de Campinas UNIPONTAL - União dos Municípios do Pontal do Paranapanema

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - ESTUDOS SOBRE ASSENTAMENTOS: ESCALA GEOGRAFICA – PONTAL DO PARANAPANEMA. ......................................................................................................... 21

Quadro 2 - ESTUDOS SOBRE ASSENTAMENTOS: ESCALA GEOGRAFICA – ESTADO DE SÃO PAULO. ..................................................................................................................... 24

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 12

>> PARTE 1 1. DELIMITAÇÃO DA ÁREA ESTUDO ......................................................................... 15

2. ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA .................................................... 18

2.1. Plano Amostral ........................................................................................................... 18

2.2. Instrumentos de pesquisa ........................................................................................... 18

2.3. Seleção das famílias entrevistas ................................................................................. 18

2.4. Respondente dos questionários .................................................................................. 19

2.5. Referenciais utilizados ............................................................................................... 19

2.6. Tabulação e sistematização dos dados ....................................................................... 19

>> PARTE 2 3. REVISÃO BIBLIOGRAFICA ....................................................................................... 21

3.1. Justificativas que motivaram a realização deste estudo ............................................. 26

3.2. Pesquisas em assentamentos ...................................................................................... 27

3.3. Da multidimensionalidade ......................................................................................... 30

4. PROCESSO DE OCUPAÇÃO DA REGIÃO DO PONTAL E CRIAÇÃO DO MUNICÍPIO DE TEODORO SAMPAIO ............................................................................ 36

4.1. Definição de Pontal do Paranapanema ....................................................................... 36

4.2. Questão Agrária no Pontal do Paranapanema ............................................................ 37

4.3. Formação do município de Teodoro Sampaio ........................................................... 44

4.4. Luta de conquista do Assentamento Vale Verde ....................................................... 45

>> PARTE 3 5. DIMENSÃO - CARACTERIZAÇÃO DO ASSENTAMENTO VALE VERDE: análise multidimensional ........................................................................................................ 49

5.1. Aspectos físicos .......................................................................................................... 49

5.2. Dados da família: origem, tamanho da família e grau de parentesco ........................ 49

6. DIMENSÃO - ESCOLARIDADE .................................................................................. 53

7. DIMENSÃO - LEITE, PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO .............................. 55

8. DIMENSÃO - ASSISTÊNCIA TÉCNICA, CONHECIMENTO E CRÉDITO ........ 62

9. DIMENSÃO - TRANSPORTE E ESTRADAS ............................................................. 68

10. DIMENSÃO - PERCEPÇÕES DAS FAMÍLIAS ASSENTADAS: perguntas afirmativas ............................................................................................................................... 73

CONSIDERAÇÕES REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS .................................................................................. 82

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INTRODUÇÃO

Esta pesquisa tem como tema o estudo da produção de leite no assentamento Vale

Verde, localizado no município de Teodoro Sampaio – SP, região do Pontal do

Paranapanema. Considerada uma das principais fontes de renda das famílias assentadas, à

produção de leite no assentamento Vale Verde é realizada sem uso de técnicas como:

piqueteamento; reforma de pastagem e melhoramento genético, dificultando o aumento de

produtividade.

A partir deste trabalho de monografia, procuramos dar o primeiro dos passos de um

processo mais amplo de planejamento, e realizamos o diagnóstico de cinco dimensões do

assentamento Vale Verde, que se encontram relacionadas à produção de leite, e, portanto

podem refletir alguma mudança na qualidade de vida das famílias. O trabalho em questão

encontra-se dividido em três partes.

Na primeira, abrimos o trabalho com apresentação de informações sobre a delimitação

da área de estudo, seguida pela apresentação dos procedimentos metodológicos utilizados na

coleta dos dados da pesquisa, que resultou neste trabalho.

Na segunda parte, apresentamos quais foram às justificativas que motivaram a

realização do trabalho, bem como um breve histórico sobre as principais pesquisas em

assentamentos e em seguida a importância da análise multidimensional para compreensão de

processos, que o estudo isolado de uma única dimensão da realidade pode esconder. Na

seqüência, ainda na segunda parte, apresentamos a definição de Pontal do Paranapanema, o

problema agrário do Pontal, a formação do município de Teodoro Sampaio e a luta de

conquista do assentamento Vale Verde, tendo em vista, destacar os principais processos que

culminaram na criação do assentamento em estudo.

Na terceira é ultima parte, apresentamos análises sobre a situação educacional das

famílias entrevistas durante nossa pesquisa de campo, sobre a produção de leite que é o tema

central do trabalho, sobre a comercialização; assistência técnica; conhecimento e crédito;

acesso a transporte e, estado de conservação das estradas. Para finalizar, analisamos algumas

perguntas que envolvem a percepção das famílias assentadas sobre temas relevantes para o

desenvolvimento do assentamento.

Com relação aos procedimentos metodológicos adotamos como referência, tomamos

como referência os Relatórios de Impactos Socioterritoriais – RIST, projeto de pesquisa

desenvolvido pelos pesquisadores do Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma

Agrária – NERA desde 2001. Embora os procedimentos metodológicos do RIST sejam mais

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amplos, optamos por estudar apenas algumas das dimensões que são sugeridas pelo relatório.

De acordo com a proposta metodologia do RIST, faz-se necessário estudar as diferentes

dimensões da realidade de um projeto de assentamento (análise multidimensional), tendo em

vista o estudo da totalidade do território. Esta opção metodológica busca captar o conjunto

dos processos envolvidos na dinâmica de um projeto de assentamento, conforme discussão

sobre multidimensionalidade realizadas na revisão bibliográfica deste trabalho.

Nos últimos 25 anos os assentamentos rurais tornaram-se uma importante estratégia de

reprodução social do campesinato brasileiro. Dentre os muitos desafios que a luta na terra

descrita pelas famílias assentadas enfrentam atualmente destacamos a falta de informações

sobre a realidade dos assentamentos, fato que tem dificultado a criação de uma agenda para

que as famílias possam reivindicar junto das autoridades publicas melhorias para os

assentamentos.

Dada a dependência das famílias do assentamento em relação à produção de leite, será

necessária a elaboração de projetos com objetivo tanto de melhorar os índices de produção,

quanto fomento a criação de novas fontes de renda por meio da diversificação produtiva.

Esperamos com nosso trabalho de monografia, cujos resultados serão socializados

com as famílias do assentamento Vale Verde, dar o primeiro dos passos no sentido de

compreender melhor o território do assentamento.

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PARTE 1 DELIMITAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

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1. DELIMITAÇÃO DA ÁREA ESTUDO

O município de Teodoro Sampaio esta localizado na região do Pontal do

Paranapanema – SP. È considerado o segundo município do Estado em número de famílias

assentadas. De acordo com os dados do Relatório DATALUTA - Banco de Dados da Luta

pela Terra do ano de 2019 existem atualmente em Teodoro Sampaio 20 assentamentos e 856

famílias assentadas distribuídos em uma área de 22.861 ha. Deste total de área, o

Assentamento Vale Verde ocupa com 4% da área total, ver Tabela 1.

TABELA 1 - NÚMERO DE ASSENTAMENTOS E FAMÍLIAS ASSENTADAS NO MUNICÍPIO DE TEODORO SAMPAIO

O assentamento Vale Verde foi criado no ano de 1998, durante a primeira gestão do

Governador Paulista Mário Covas. Tendo como via de acesso a SP-613, Rodovia Arlindo

Bettio o assentamento mantém limites, com a Reserva Florestal do Parque Estadual Morro do

Diabo e dista a 23 km da sede do município de Teodoro Sampaio e a 110 km do município de

Presidente Prudente, sede da microrregião. Internamente o assentamento é vizinho de seis

assentamentos da antiga Fazenda Ribeirão Bonito, a saber: Córrego Azul, Cachoeira do

RANKING NOME DO ASSENTAMENTO Nº LOTES ÁREA % ÁREA ANO DE 1º PA AGUA SUMIDA 121 4.214 19 05/10/1988

2º PE ÁGUA BRANCA I 29 630 3 10/04/1999

3º PE ALCÍDIA DA GATA 19 462 2 10/04/1999

4º PE CACHOEIRO DO ESTREITO* 29 490 2 09/10/1998

5º PE CORREGO AZUL* 9 226 1 04/08/1998

6º PE FUSQUINHA 43 1.081 5 12/12/2003

7º PE HAIDÉIA* 24 868 4 04/08/1998

8º PE LAUDENOR DE SOUZA 60 1.545 7 09/10/1998

9º PE PADRE JOSIMO 97 2.290 10 23/12/2003

10º PE SANTA CRUZ DA ALCÍDIA 28 712 3 11/05/2001

11º PE SANTA EDWIRGES 25 684 3 23/12/2003

12º PE SANTA RITA DA SERRA* 40 837 4 04/08/1997

13º PE SANTA TEREZINHA DA ÁGUA SUMIDA

50 1.345 6 11/05/2001

14º PE SANTA TEREZINHA DA ALCÍDIA 26 1.345 6 12/10/1999

15º PE SANTA VITÓRIA* 27 515 2 04/08/1998

16º PE SANTA ZÉLIA 104 2.730 12 12/10/1999

17º PE SANTO ANTONIO DOS COQUEIROS*

23 485 2 04/08/1998

18º PE SANTO EXPEDITO 30 662 3 15/03/2006

19º PE VALE VERDE* 50 1.010 4 04/08/1998

20º PE VÔ TONICO 22 550 2 10/04/1999

TOTAL 856 22.681 100

Fonte: DATALUTA - Bando de Dados da Luta pela Terra, 2010* A reunião dos assentamentos com asterisco formam o assentamento Vale Verde

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Estreito, Haidéia, Santa Rita da Serra, Santa Vitória, Santo Antonio dos Coqueiros e Vale

Verde.

Deste a sua implantação o assentamento Vale Verde localiza-se a 20 km da Destilaria

de Álcool Alcídia, que atualmente pertence ao Grupo Odebrecht e passou a chamar-se ETH

Alcídia dede 2007.

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PARTE 1 ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA

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2. ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA

A pesquisa de campo que deu origem ao texto deste trabalho de monografia foi

realizada durante o mês de abril do ano de 2011. O questionário utilizado é composto de cinco

dimensões: caracterização do assentamento (aspectos físicos e dados da família);

escolaridade; leite, produção e comercialização; assistência técnica, conhecimento e crédito e

transporte e estradas, ver anexos.

2.1. Plano Amostral

Com relação ao plano amostral, foram aplicados 24 questionários, valor equivalente a

50% do número total de famílias do assentamento. De acordo com Gerardi (1981) quanto

maior a variabilidade da população, maior deve ser o tamanho da amostra para representar

essa variabilidade, aumentando o grau de precisão sobre os dados pesquisados. Neste sentido,

optou-se no trabalho pelo plano amostral de 50%, tendo em vista aumentar o universo da

percepção sobre a realidade do assentamento.

2.2. Instrumentos de pesquisa

O questionário com perguntas fechadas foi o principal instrumento de pesquisa

utilizado na coleta de dados. Além dos questionários foram realizados na forma de caderneta

de campo, no verso do próprio questionário, além de pesquisa bibliografia.

2.3. Seleção das famílias entrevistas

Com relação à escolha das famílias entrevistadas, tendo em vista, que se constitui em

objetivo deste trabalho de monografia a análise multidimensional do leite no assentamento

Vale Verde, foram preferencialmente selecionadas famílias que trabalham com a produção

familiar de leite. Do total das 24 entrevistas, quatro delas foram realizadas com famílias que

não produzem leite, tendo em vista a criação de parâmetros de comparação que permitissem

verificar a importância do leite na renda das famílias assentadas.

Neste sentido, a distribuição das entrevistas foi realizada de maneira aleatória e não

seguiu necessariamente uma distribuição espacial definida. Tendo em vistas que a renda de

algumas famílias do assentamento é constituída de atividades não agrícolas (aposentadorias

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rurais e trabalho na usina), a aplicação dos questionários não fez distinção entre as diferentes

fontes de renda das famílias.

2.4. Respondente dos questionários

As entrevistas foram realizadas preferencialmente com o titular do lote e na sua

ausência com seu cônjuge ou filhos. Embora seja uma possibilidade de enriquecimento das

respostas dos questionários, não houve nenhuma situação onde o questionário foi respondido

coletivamente belo binômio titular x cônjuge ou desse com os filhos.

2.5. Referenciais utilizados

O Relatório de Impactos Socioterritoriais, bem como a pesquisa Impactos dos

Assentamentos: um estudo sobre o meio rural brasileiro, elaborado pelo CPDA – Curso de

Pós – Graduação em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade da Universidade Federal

Rural do Rio de Janeiro, publicado pelo NEAD – Núcleo de Estudos Agrários e

Desenvolvimento Rural do MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário, foram utilizadas

como referencias metodológicas, no sentido de pensar a estruturação do trabalho. Estes dois

trabalhos são utilizados como referencias na criação de parâmetros para relativizar os dados

do assentamento Vale Verde com outras escalas de análise.

Outros trabalhos também foram consultados, e são mencionados em nossa monografia

no item revisão bibliográfica, tendo em vista subsidiar pesquisadores interessados no estudo

do tema.

2.6. Tabulação e sistematização dos dados

A tabulação dos dados foi realizada a partir do software Microsoft Excel. Os dados

foram organizados na forma de tabelas e gráficos, com objetivo de representar a mesma

informação de duas maneiras diferentes, com valores absolutos e porcentagens.

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PARTE 2 REVISÃO BIBLIOGRAFICA

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21

3. REVISÃO BIBLIOGRAFICA

Neste item do trabalho procuramos realizar um breve apanhado sobre as principais

pesquisas sobre o tema assentamentos rurais. Os trabalhos em questão, mesmo não sendo em

sua totalidade direcionados ao estudo da região do Pontal do Paranapanema, são

representativos para compreender o estado da arte da pesquisa sobre assentamentos rurais.

Juntamente da apresentação destes estudos, também apresentamos quadro organizado

em ordem cronológica, com o conjunto das pesquisas sobre o tema assentamentos, realizado

na região do Pontal do Paranapanema. Embora não tenha sido possível utilizar este conjunto

de referências em nosso trabalho, compilamos este quadro, tendo em vista, contribuir com

pesquisadores interessados.

QUADRO 1 - ESTUDOS SOBRE ASSENTAMENTOS: ESCALA GEOGRAFICA – PONTAL DO PARANAPANEMA.

AUTOR TITULO DA OBRA ANO

CLEPS JUNIOR, JOÃO

O PROCERSSO DE ASSENTAMENTO RURAL NO PONTAL DO PARANAPANEMA: A GLEBA RIBEIRÃO BONITO

1986

SILVA, MARILDA TELES MARACCI

A QUESTÃO AGRÁRIA NO BRASIL: ALGUNS ASPECTOS UM ESTUDO DE CASO DO PLANALTO SUL - PONTAL DO PARANAPANEMA

1987

SOUZA, JOSÉ GILBERTO DE

O PROCESSO DE PRODUÇÃO NOS PROJETOS DE REFORMA AGRÁRIA E ASSENTAMENTOS RURAIS NO PONTAL DO PARANAPANEMA: OS CASOS DA FAZENDA REBOJO E DA GLEBA XV DE NOVEMBRO

1989

ANTONIO, ARMANDO PEREIRA

MOVIMENTO SOCIAL E A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO RURAL NOS ASSENTAMENTOS POPULACIONAIS DIRIGIDO PELO ESTADO: OS EXEMPLOS DA ALTA SOROCABANA NO PERIODO 1960 - 1990.

1990

SOUZA, MARIA ANTONIA DE

A FORMAÇÃO DA IDENTIDADE COLETIVA : UM ESTUDO DAS LIDERANÇAS DE ASSENTAMENTOS RURAIS NO PONTAL DO PARANAPANEMA

1994

ARAUJO, LUCIMAR DE

O TRABALHO DA MULHER NOS ASSENTAMENTOS RURAIS O EXEMPLO DAS GLEBAS XV DE NOVEMBRO, ROSANA E AREIA BRANCA NO PONTAL DO PARANAPANEMA PAULISTA

1995

ALMEIDA, ROSEMEIRE APARECIDA DE

DIFERENTES MODOS DE ORGANIZAÇÃO DE EXPLORAÇÕES FAMILIARES NO PONTAL DO PARANAPANEMA: REASSENTAMENTO ROSANA E ASSENTAMENTO SANTA CLARA

1996

OLIVEIRA, ROBSON IVANI DE IMPACTOS DOS ASSENTAMENTOS NO 1996

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PONTAL DO PARANAPANEMA: ENFOQUE SOBRE O MUNICÍPIO DE MIRANTE DO PARANAPANEMA - SP

SILVEIRA, FÁTIMA ROTUNDO DA CENSO DE ASSENTAMENTOS RURAIS DO PONTAL DO PARANAPANEMA 1996

SOUZA, SÉRGIO PEREIRA DE.

OS ASSENTAMENTOS RURAIS NO CONTEXTO ESPACIAL E SÓCIO -ECONÔMICO DO MUNICIPIO DE EUCLIDES DA CUNHA PAULISTA

1996

CAVALCANTE, ELIANE

TERRITORIALIDADE DA POLÍTICA DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA DO ESTADO NO ASSENTAMENTO BOM PASTOR MUNICÍPIO DE SANDOVALINA/SP

1998

CORDEIRO, L. E.

BOSQUES AGROFLORESTAIS: ALTERNATIVA ECONÔMICA E ECOLÓGICA PARA ASSENTAMENTOS DE REFORMA AGRÁRIA NO PONTAL DO PARANAPANEMA, SÃO PAULO.

1998

ITESP

PONTAL VERDE: PLANO DE RECUPERACAO AMBIENTAL NOS ASSENTAMENTOS DO PONTAL DO PARANAPANEMA

1998

ITESP

PONTAL VERDE: PLANO DE RECUPERAÇAO AMBIENTAL NOS ASSENTAMENTOS DO PONTAL DO PARANAPANEMA

1999

REBOUÇAS, LIDIA MARCELINO

O PLANEJADO E O VIVIDO: O REASSENTAMENTO DE FAMILIAS RIBEIRINHAS NO PONTAL DO PARANAPANEMA

2000

BEDUSCHI FILHO, LUIZ CARLOS

SOCIEDADE, NATUREZA E REFORMA AGRÁRIA: ASSENTAMENTOS RURAIS E UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NA REGIÃO DO PONTAL DO PARANAPANEMA.

2002

BOTASIM, RODRIGO DA SILVA

TRABALHADOR SEM TERRA ASSENTADO: UM PEQUENO FUTURO CAPITALISTA? ESTUDO DO ASSENTAMENTO ÁGUA SUMIDA NO MUNICIPIO DE TEODORO SAMPAIO - SP

2002

FERNANDES, BERNARDO MANÇANO

RELATÓRIO DE IMPACTO SOCIOTERRITORIAL DO ASSENTAMENTO SÃO BENTO MIRANTE DO PARANAPANEMA - SP

2002

RAMALHO, CRISTIANE BARBOSA

IMPACTOS SOCIOTERRITORIAIS DOS ASSENTAMENTOS RURAIS DO MUNICIPIO DE MIRANTE DO PARANAPANEMA - REGIÃO DO PONTAL DO PARANAPANEMA - SP

2002

RIBAS, ALEXANDRE DOMINGUES

GESTÃO POLÍTICO-TERRITORIAL DOS ASSENTAMENTOS, NO PONTAL DO PARANAPANEMA (SP) : UMA "LEITURA" A PARTIR DA COCAMP

2002

CERVEIRA FILHO, JOSÉ LUIZ FERNANDES

RECUPERAÇÃO AMBIENTAL EM ASSENTAMENTOS RURAIS NO PONTAL DO PARANAPANEMA: UMA ANÁLISE DA TRAJETÓRIA DO PROGRAMA PONTAL VERDE

2003

LEAL, GLEISON MOREIRA IMPACTOS SOCIOTERRITORIAIS DOS ASSENTAMENTOS RURAIS DO MUNICIPIO 2003

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DE TEODORO SAMPAIO - SP

SILVA, RAIMUNDO PIRES ASSENTAMENTO RURAL: UM NOVO MOMENTO DE OCUPAÇÃO ECONOMICA NO PONTAL DO PARANAPANEMA

2003

GONÇALVEZ, RENATA CRISTINA

VAMOS ACAMPAR: A LUTA TERRA E A BUSCA PELO ASSENTAMENTO DE NOVAS RELAÇÕES DE GENERO NO MST DO PONTAL DO PARANAPANEMA

2005

PINTO, LEONARDO DE BARROS

A IMPORTANCIA DA DIVERSIDADE ENTRE OS IGUAIS : UM ESTUDO DE CASO DA ASSISTENCIA TECNICA E EXTENSÃO RURAL EM UM ASSENTAMENTO NO PONTAL DO PARANAPANEMA - SP

2005

RODRIGUES, ELISANGELA RONCONI

ESTRATÉGIA AGROFLORESTAL PARA A RECOMPOSIÇÃO DE ÁREAS DE RESERVA LEGAL EM ASSENTAMENTOS DE REFORMA AGRÁRIA: UM ESTUDO DE CASO NO PONTAL DO PARANAPANEMA, SÃO PAULO

2005

SANTOS, CINTIA C. FARIAS SANTOS PODER LOCAL E ASSENTAMENTOS RURAIS: UM ESTUDO EM MARABÁ - PAULISTA - SP

2005

TAVEIRA, LUÍS RENATO SILVA A EXTENSÃO RURAL NA PERSPECTIVA DE AGRICULTORES ASSENTADOS NO PONTAL DO PARANAPANEMA - SP

2005

DOMBEK, LUIZ ANTÔNIO AUTOCONSUMO E SEGURANÇA ALIMENTAR EM ASSENTAMENTOS RURAIS DO PONTAL DO PARANAPANEMA

2006

FREITAS, FLÁVIO LUIZ MAZZARO DE

AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DA INSERÇÃO DA CULTURA CANAVIEIRA EM ÁREAS DE ASSENTAMENTOS RURAIS DA REGIÃO DO PONTAL DO PARANAPANEMA - SP

2006

MIRALHA, WAGNER

A ORGANIZAÇÃO INTERNA E AS RELAÇÕES EXTERNAS DOS ASSENTAMENTOS RURAIS NO MUNICIPIO DE PRESIDENTE BERNARDES - SP

2006

SILVA, ANDERSON ANTONIO DA; FERNANDES, BERNARDO MANÇANO; VALENCIANO, RENATA CRISTIANE

RIST - RELATÓRIO DE IMPACTOSSOCIOTERRITORIAIS: DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL E POLÍTICAS PÚBLICAS NO PONTAL DO PARANAPANEMA.

2006

SILVA, LIGIA TERESA PALUDETTO

UMA VISÃO AMBIENTAL DA GÊNESE DOS ASSENTAMENTOS RURAIS NO ESTADO DE SÃO PAULO: SUMARÉ AO PONTAL DO PARANAPANEMA.

2006

SOUZA, VANILDE FERREIRA DE

ACAMPAR, ASSENTAR E ORGANIZAR: RELAÇÕES SOCIAIS CONSTITUTIVAS DE CAPITAL SOCIAL EM ASSENTAMENTOS RURAIS DO PONTAL DO PARANAPANEMA

2006

FERREIRA JÚNIOR, ANTONIO CARLOS

AÇÕES E POLITICAS PUBLICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DOS ASSENTAMENTOS SANTA TERESINHA DE ALCIDIA E ALCIDIA DA GATA

2007

MAZZINI, ELIANE DE JESUS TEIXEIRA

ASSENTAMENTOS RURAIS NO PONTAL DO PARANAPANEMA - SP: UMA POLITICA DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL OU DE COMPENSAÇÃO SOCIAL?

2007

MELO, ELIZABETE JOSEFA DE QUESTÃO AMBIENTAL, REFORMA AGRÁRIA E LUTA PELA TERRA 2007

Page 26: ESTUDO DA PRODUÇÃO DE LEITE NO ASSENTAMENTO VALE … · Vale Verde, considera a principal fonte de renda das famílias deste assentamento. O assentamento Vale Verde localiza-se

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OCUPAÇÃO IRREGULAR DA RESERVA FLORESTAS LAGOINHA E OS ASSENTAMENTOS DE PRESIDENTE EPITÁCIO-SP

SOUZA, SÉRGIO PEREIRA DE

ASSENTAMENTOS RURAIS E NOVAS DINÂMICAS SOCIOECONÔMICAS: O CASO DOS MUNICIPIOS DE ROSANA, EUCLIDES DA CUNHA PAULISATA E TEODORO SAMPAIO - SP

2007

CLEMENTE, CINTIA DAMASCENO OCUPAR, RESISTIR E PRODUZIR: REFORMA AGRÁRIA E ENFRENTAMENTO À FOME NO OESTE PAULISTA.

2008

RAMIRO, PATRÍCIA ALVES

ASSENTAMENTOS RURAIS: O CAMPO DAS SOCIABILIDADES EM TRANSFORMAÇÃO. O CASO DOS ASSENTADOS DA NOVA PONTAL.

2008

SILVA, ANDERSON ANTONIO DA MULTIDIMENSIONALIDADE DAS UNIDADES TERRITORIAIS CAMPONESAS DO MUNICIPIO DE TEODORO SAMPAIO

2008

MACIEL, MARLUSE CASTRO

TUPANCIRETÃ: DEUS PASSOU POR AQUI. UM ESTUDO SOBRE AS RELAÇÕES ENTRE OS MOVIMENTOS SOCIAIS E AS REGIÕES NOS ASSENTAMENTOSRURAIS PRIMAVERA E TUPANCIRETÃ NO PONTAL DO PARANAPANEMA/SP

2009

FERREIRA JUNIOR, ANTONIO CARLOS

RECUPERAÇÃO AMBIENTAL EM ASSENTAMENTOS RURAIS: O PROGRAMA PONTAL VERDE NO SANTA ROSA I, SÃO PAULO

2010

Fonte: Grupo de Pesquisa em Ruralidades, Projeto Uniara/Unesp/Fatec/INCRA - 2011

QUADRO 2 - ESTUDOS SOBRE ASSENTAMENTOS: ESCALA GEOGRAFICA – ESTADO DE SÃO PAULO.

AUTOR TITULO DA OBRA ANO

MEDEIROS, LEONILDES ASSENATAMENTOS RURAIS: UMA VISÃO MULTIDISCIPLINAR 1994

LOPES, JOSÉ ANTONIO MORENO

ASSENTADOS: O PROJETO LAGOA SÃO PAULO SUAS RELAÇÕES COM AS CIDADES VIZINHAS 1988

LEITE, SÉRGIO PEREIRA A FACE ECONÔMICA DA REFORMA AGRÁRIA ESTADO E ASSENTAMENTOS RURAIS EM SÃO PAULO NA DÉCADA DE 80

1992

LEONILDE SERVOLO MEDEIROS (ORG.)

ASSENTAMENTOS RURAIS: UMA VISÃO MULTIDISCIPLINAR 1994

BERGAMASCO, SONIA MARIA PEREIRA

CENSO DE ASSENTAMENTOS RURAIS DO ESTADO DE SÃO PAULO 1995

FERRANTE, VERALUCIA SILVEIRA BOTTA

CENSO DE ASSENTAMENTOS RURAIS DO ESTADO DE SÃO PAULO, ANALISE E AVALIAÇÃO DOS PROJETOS DE REFORMA AGRÁRIA.

1995

BERGAMASCO, SONIA MARIA O QUE SÃO ASSENTAMENTOS RURAIS 1996

BERGAMASCO, SÔNIA MARIA POR UM ATLAS DOS ASSENTAMENTOS BRASILEIROS: ESPAÇOS DE PESQUISA 1997

ITESP TÉCNICAS E RUMOS: SISTEMATICA APLICADA AO CADASTRO TÉCNICO RURAL E DEMARCAÇÃO DE ASSENTAMENTOS

1998

ITESP RETRATO DA TERRA : PERFIL SÓCIO ECONÔMICO DOS ASSENTAMENTOS DO ESTADO DE SÃO PAULO 1998

MEDEIROS, LEONILDE A FORMAÇÃO DOS ASSENTAMENTOS RURAIS NO 1999

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SERVOLO DE. BRASIL: PROCESSOS SOCIAIS E POLITICAS PUBLICAS

RUA, MARIA DAS GRAÇAS COMPANHEIRAS DE LUTA OU "COORDENADORAS DE PANELAS"? : AS RELAÇÕES DE GÊNERO NOS ASSENTAMENTOS RURAIS

2000

MINISTÉRIO DA SAÚDE SAÚDE DOS TRABALHADORES RURAIS DE ASSENTAMENTOS E ACAMPAMENTOS DA REFORMA AGRÁRIA

2001

BARONE, LUIS ANTONIO CONFLITO E COOPERAÇÃO: O JOGO DAS RACIONALIDADES SOCIAIS E O CAMPO POLITICO NUM ASSENTAMENTO DE REFORMA AGRÁRIA

2002

BRENNEISEN, ELIANE CARDOSO

RELAÇÕES DE PODER, DOMINAÇÃO E RESISTÊNCIA: O MST E OS ASSENTAMENTOS RURAIS

2002

BEDUSCHI FILHO, LUIZ CARLOS.

ASSENTAMENTOS RURAIS E CONSERVAÇÃO DA NATUREZA: DO ESTRANHAMENTO À AÇÃO COLETIVA

2003

BERGAMASCO, SONIA MARIA DINÂMICA FAMILIAR, PRODUTIVA E CULTURAL NOS ASSENTAMENTOS RURAIS DE SÃO PAULO 2003

FABRINI, JOÃO EDIMILSON A RESISTÊNCIA CAMPONESA NOS ASSENTAMENTOS DE SEM - TERRA 2003

FERRANTE, VERALUCIA SILVEIRA BOTTA

DINAMICAS FAMILIAR,PRODUTIVA E CULTURAL NOS ASSENTAMENTOS DO ESTADO DE SÃO PAULO 2003

SANTOS, ISABEL PÉRES DA TERRA NUA AO PRATO CHEIO: PRODUÇÃO PARA CONSUMO FAMILIAR NOS ASSENTAMENTOS RURAIS DO ESTADO DE SÃO PAULO

2003

SPAROVEK, GERD A QUALIDADE DOS ASSENTAMENTOS DA REFORMA AGRÁRIA BRASILEIRA 2003

LEITE, SÉRGIO IMPACTOS DOS ASSENTAMENTOS: UM ESTUDO SOBRE O MEIO RURAL BRASILEIRO 2004

LEITE, SÉRGIO ASSENTAMENTOS RURAIS: MUDANÇA SOCIAL E DINÂMICA REGIONAL 2004

AMADEU, FERNANDA BIACCO A POLITICA DA FUNDAÇÃO ITESP NA FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE ASSENTAMENTOS RURAIS 2005

INCRA ASSENTAMENTOS RURAIS: IMPASSES E DILEMAS (UMA TRAJETÓRIA DE 20 ANOS) 2005

IOKOI, ZILDA MÁRCIA GRICOLI VOZES DA TERRA: HISTÓRIAS DE VIDA DOS ASSENTADOS RURAIS DE SÃO PAULO 2005

SILVA, RAFAELA MAGALHÃES DA.

A EDUCAÇÃO FÍSICA NAS ESCOLAS DOS ASSENTAMENTOS RURAIS 2005

SALES, CELECINA DE MARIA VERAS

CRIAÇÕES COLETIVAS DA JUVENTUDE NO CAMPO POLITICO: UM OLHAR SOBRE OS ASSENTAMENTOS RURAIS DO MST

2006

BUENO, OSMAR DE CARVALHO

MAPA DE FERTILIDADE DOS SOLOS DE ASSENTAMENTOS RURAIS DO ESTADO DE SÃO PAULO: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DE TERRITÓRIOS

2007

FERRANTE, VERA LÚCIA SILVEIRA BOTTA

REFORMA AGRÁRIA E DESENVOLVIMENTOS RURAIS: DESASFIOS E RUMOS DA POLITICA DE ASSENTAMENTOS RURAIS

2008

BERGAMASCO, SONIA MARIA PESSOA PEREIRA

REFORMA AGRARIA E CRÉDITO AGRICOLA: OS RESULTADOS DE ASSENTAMENTOS RURAIS FRENTE A INEPTA POLITICA DE CRÉDITO PARA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (PROCERA)

2009

ROCHA, ERIVELTON FERNANDES

ANÁLISE E MAPEAMENTO DA IMPLANTAÇÃO DE ASSENTAMENTOS RURAIS E DA LUTA PELA TERRA NO BRASIL 1985 - 2008

2009

Fonte: Grupo de Pesquisa em Ruralidades, Projeto Uniara/Unesp/Fatec/INCRA - 2011

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3.1. Justificativas que motivaram a realização deste estudo

Um das principais justificativas para elaboração deste trabalho refere-se ao fato dos

assentamentos rurais ainda não se constituírem em setores censitários “específicos” do IBGE

– Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Com isso, não se sabe em qual medida dados

sobre a realidade dos assentamentos comparecem nos levantamentos da PAM – Produção

Agrícola Municipal, da PPM – Pesquisa Pecuária Municipal, dos Censos Agropecuários e da

PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. O que se sabe é que a falta de

informações sobre as famílias assentadas tem causado dificuldades a reflexão das famílias

assentadas sobre seus desafios e perspectivas bem como a elaboração de políticas.

No último senso agropecuário do IBGE realizado no ano de 2006, apesar da inclusão

do universo familiar, o que sem dúvidas foi um avanço, muitas dimensões importantes para

compreensão da dinâmica interna dos assentamentos e da sua relação com os municípios,

onde se encontram inseridos continuam sem séries estatísticas de dados que possibilitassem

algum tipo de análise mais aprofundada.

Nos últimos 25 anos, em meio ao processo de redemocratização do país os

assentamentos rurais ganharam destaque no cenário nacional. De acordo com DATALUTA –

Banco de Dados da Luta pela Terra do ano de 2009, temos hoje assentado no Brasil 1.015.918

mil famílias, das quais 15.574 mil encontram-se assentadas no Estado de São Paulo e 6.182

mil na região do Pontal. Ou seja, o assentamento Vale Verde localiza-se em uma das áreas

com maior concentração de projetos tanto do Estado quanto da região do Pontal do

Paranapanema. Embora os assentamentos tenham se tornado tema de pesquisa pelo seu

crescimento numérico e pela sua importância na alteração da dinâmica produtiva das regiões

onde encontram se inseridos.

Essa carência de informações cria diferentes perguntas, desafiando as próprias famílias

assentadas que necessitam conhecerem melhor a realidade do assentamento, a universidade e

os gestores públicos. Responder a essas perguntas é sem dúvida um dos principais desafios

para elaboração de políticas públicas pelos gestores públicos das escalas de governo

municipal, estadual e federal.

Neste sentido, a elaboração deste trabalho de monografia, tem como finalidade

contribuir com o autoconhecimento das famílias assentadas sobre a realidade da qual elas

fazem parte, para que possa cobrar dos gestores públicos o aprimoramento das políticas

públicas destinadas a atendê-los. Após o julgamento da banca examinadora do texto de nossa

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monografia, agendaremos reunião com as famílias do assentamento Vale Verde, com objetivo

de compartilhar os resultados de nossa pesquisa.

3.2. Pesquisas em assentamentos

Atualmente são inúmeras as pesquisas sobre o tema assentamentos rurais.

Apresentamos a seguir alguns dos principais trabalhos que forneceram contribuições

importantes sobre o estudo do tema.

Desde a década de 1990, as pesquisas sobre assentamentos de reforma agrária têm se

multiplicado, contribuindo com melhores compreensões dessa nova realidade de criação e

recriação do campesinato e, ao mesmo tempo, de reflexão sobre teorias, métodos,

metodologias e técnicas de pesquisa.

Segundo Silva (2008) em duas décadas, diversas teses, dissertações, monografias,

relatórios, livros e artigos foram elaborados e publicados possibilitando diferentes e amplas

visões das distintas realidades dos assentamentos de reforma agrária. Estas obras abriram

novos espaços para debates e construção de perspectivas metodológicas e aprofundamento das

pesquisas em assentamentos. Os resultados das pesquisas destinadas ao estudo de

assentamentos rurais vão depender dos elementos que são priorizados na elaboração dos

procedimentos metodológicos e do método de análise de pesquisas destinados à compreensão

desta realidade.

A desconcentração da estrutura fundiária constitui-se numa das questões mais

importantes que diferenciam os países considerados desenvolvidos daqueles que não

alcançaram índices de desenvolvimento compatíveis com as suas potencialidades. O Professor

Manuel Correia de Andrade nos lembra que “o problema agrário sempre foi um dos mais

discutidos nos países subdesenvolvidos” Andrade (1979 p. 31).

Até a década de 80 os censos agropecuários eram os principais instrumentos para

avaliar as transformações territoriais evolutivas da estrutura fundiária brasileira. Com a

territorialização da luta pela terra e o crescimento do número de projetos de assentamentos

implantados, surgiram diversos estudos a respeito dos resultados das políticas de

assentamentos rurais.

Ainda na década de 1980 o BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento

Econômico e Social fez uma amostragem nas regiões brasileiras com assentamentos, sobre a

situação socioeconômica dos beneficiários do processo de reforma agrária, com vistas a

analisar qual seria a viabilidade da realização da reforma agrária brasileira. A Professora

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Sônia Bergamasco da Universidade de Campinas – UNICAMP, em seu livro A Alternativa

dos Assentamentos Rurais: organização social, trabalho e renda faz a seguinte consideração

sobre os procedimentos metodológicos utilizados na pesquisa do BNDES:

As principais críticas aos procedimentos metodológicos das pesquisas do

BNDES, dizem respeito à impropriedade da utilização generalizada dos

parâmetros contábeis de grandes empresas rurais capitalistas para uma

realidade distinta, onde os trabalhadores rurais em situação de enorme

precariedade social, econômica e educacional passam a trabalhar e obter

rendimentos a partir de atividades agropecuárias, tendo com objetivo

imediato o atendimento de necessidades básicas de consumo familiar

(BERGAMASCO, 2003, p. 162).

Para a autora a pesquisa do BNDES só levou em consideração em sua análise à renda

monetária produzida nos assentamentos, ou seja, deixou de considerar a renda de

autoconsumo. Para Chayanov (1974) a renda de autoconsumo gerada pelo núcleo familiar, no

contexto do (balanço-trabalho- consumo) é uma importante referência para entender os

camponeses. O autor considera o consumo da família para compreender o volume do trabalho

dos camponeses. A circulação da produção camponesa, onde reside sua subordinação ao

capital e a conseqüente expropriação do camponês é considerada “marginal” na compreensão

do autor.

Os trabalhos de pesquisa de Ramalho e Leal (2003); Silva, Fernandes e Valenciano

(2006) e Silva (2008) desenvolvidos na região do Pontal do Paranapanema, também

contrariam os resultados obtidos pela pesquisa do BNDES.

Os estudos destes pesquisadores sobre os impactos socioterritoriais, locais gerados

pela implantação de projetos de assentamentos nos município de Mirante do Paranapanema e

Teodoro Sampaio respectivamente, concluíram que nenhum outro setor da economia se

mostrou tão dinâmico em termos de geração de renda e emprego.

No ano de 1994 a FAO - Órgão das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação,

em convênio celebrado com o INCRA e o IICA – Instituto Latino Americano de Cooperação

Agrícola, realizaram pesquisa em escala nacional sobre os projetos de assentamentos rurais

implantado no Brasil entre os anos de 1985 a 1990. A interpretação que norteou este estudo

fundamentou-se sobre a idéia de que a continuidade dos assentamentos e das políticas que os

assistia, dependia de um conhecimento mais acentuado e profundo da evolução do processo

de implantação dos projetos de assentamentos rurais ocorridos entre 1985 e 1990.

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Contraditoriamente os estudos desenvolvidos pela FAO quando comparados aos do

BNDES chegaram a conclusões bastante diferenciadas. Ao contrário do BNDES, a

metodologia da FAO faz uma avaliação da renda que não ficou limitada simplesmente ao

retorno monetário oriundo da comercialização dos produtos agropecuários dos assentamentos.

Junto com essa fonte monetária foram agregadas outras atividades: a renda

proveniente do autoconsumo, o assalariamento fora do lote e a valorização

patrimonial da área através do trabalho e dos investimentos em diversos

meios de produção. Partindo desta metodologia, chegou-se aos seguintes

resultados, entre outros: a renda média gerada por uma família de

beneficiários a nível nacional era de 3,7 salários mínimos, valor este que

ficava bastante próximo da renda mensal média de uma família brasileira e

maior que o salário mensal médio dos trabalhadores assalariados rurais

(BERGAMASCO, 2003, p. 162).

Em 1996, como parte integrante do projeto “Analise dos Projetos de Reforma Agrária

e Assentamentos do Estado de São Paulo”, foi elaborado o Censo de Assentamentos Rurais

do Pontal do Paranapanema por Silveria (et al1996). Neste trabalho foram estudados seis

assentamentos1, e entrevistadas um total de 1048 famílias.

A obra Retrato de Assentamentos de Ferrante (1996) também teve como objetivo

realizar uma análise dos assentamentos do Estado de São Paulo. Este estudo é composto por

uma coletânea de textos que abordam diversas questões relativas à criação de projetos de

assentamentos paulistas. No livro assentamentos rurais: mudança social e dinâmica regional

organizada por Medeiros e Leite (2004) são estudados os impactos socioeconômicos dos

assentamentos rurais nos Estados do Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato

Grosso, Sergipe e Acre.

Na atualidade a obra de Sparovek (2003) A Qualidade dos Assentamentos Rurais

Brasileiros e o livro, Impactos dos Assentamentos: um estudo sobre o meio rural brasileiro de

Heredia (et al, 2004), são consideradas as duas principais referências sobre o estudo do tema

assentamentos em escala nacional. A primeira é realizada na perspectiva de compreender os

impactos regionais causados pela implantação dos assentamentos, conceituação adotada pelos

autores, e a segunda com objetivo de realizar um estudo sobre a qualidade dos projetos de

assentamentos.

1 Quanto aos 1048 formulários eles foram aplicados nos seguintes assentamentos, Areia Branca, Água Sumida, Fazenda Rebojo, Gleba XV de Novembro, projetos de reassentamentos populacionais Rosana e Lagoa São Paulo.

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Recentemente, também foram publicados os livros de Sparovek (2005). A Produção

Territorial dos Assentamentos e a coletânea coordenada por França e Sparovek (2005) com o

nome Assentamentos em Debate. No primeiro caso o autor trabalha com os dados de

produção em escala nacional dos assentamentos de sua pesquisa publicada em 2003. Sua

ênfase recai sobre a importância da produção na perspectiva do desenvolvimento rural e da

importância da agricultura familiar. No segundo livro são debatidos o conjunto da obra de

Sparovek (2003). Esse debate foi realizado no sentido de produzir uma leitura crítica sobre

esta pesquisa, considerada a avaliação mais abrangente já produzida sobre a situação em que

se encontram os beneficiários da reforma agrária no Brasil.

Tomando como referencia a abrangência da escala geográfica de análise ou o

desenvolvimento da pesquisa em regiões com alta concentração de projetos de assentamentos,

estas são algumas das principais pesquisas sobre assentamentos realizadas no Brasil até a

atualidade.

Todavia, mesmo com esse conjunto de pesquisas, embora se tenha uma riqueza

enorme de leituras sobre os assentamentos realizada a partir de diferentes enfoques, e com

consideráveis avanços metodológicos no estudo do tema, ainda não dispomos ainda de uma

metodologia de estudos dos impactos socioterritoriais a partir de uma perspectiva Geográfica,

sobretudo, que tenha o espaço e o território como categoriais fundamentais de análise.

3.3. Da multidimensionalida

A multidimensionalidade neste trabalho de monografia é compreendida pela análise da

das dimensões do assentamento Vale Verde. O estudo da multidimensionalidade do

assentamento Vale Verde deve ser entendido como uma tentativa de ampliação da

compreensão do território do assentamento. As dimensões da realidade mantêm relação entre

si. A tentativa de entender a realidade de um projeto de assentamento correlacionando as suas

dimensões é uma possibilidade de apreender processos, que o estudo de uma dimensão

isoladamente pode esconder, tendo em vista que o território é compreendido pela

multidimensionalidade.

A multidimensionalidade é formada pela reunião de um conjunto de dimensões. Cada

dimensão possui um conjunto de condicionalidades e cada condicionalidade suas concretudes.

Assim como a territorialidade significa as formas de uso do território a condicionalidade

constitui modos de concretização das condições para a realização das dimensões dos

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territórios. A condicionalidade é uma propriedade da condição da mesma forma como a

territorialidade é uma propriedade do território.

A análise multidimensional pressupõe que à educação esta contida em todas as

dimensões da mesma forma que a política, o social o econômico também estão. Ou seja, todas

as dimensões contêm e estão contidas umas nas outras.

Na década de 1980 o BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e

Social fez uma amostragem nas regiões brasileiras com assentamentos, sobre a situação

socioeconômica dos beneficiários do processo de reforma agrária, com vistas a analisar qual

seria a viabilidade da realização da reforma agrária brasileira. Sobre os resultados da pesquisa

do BNDES a Professora Sônia Bergamasco da Universidade de Campinas – UNICAMP, em

seu livro A Alternativa dos Assentamentos Rurais: organização social, trabalho e renda tece

as seguintes considerações, sobre os procedimentos metodológicos utilizados na pesquisa do

BNDES:

As principais críticas aos procedimentos metodológicos das pesquisas do BNDES, dizem respeito à impropriedade da utilização generalizada dos parâmetros contábeis de grandes empresas rurais capitalistas para uma realidade distinta, onde os trabalhadores rurais em situação de enorme precariedade social, econômica e educacional passam a trabalhar e obter rendimentos a partir de atividades agropecuárias, tendo com objetivo imediato o atendimento de necessidades básicas de consumo familiar (BERGAMASCO, 2003, p. 162).

Pela lógica teórica do desenvolvimento desigual e combinado na ótica de León

Trotsky, a dimensão econômica sempre exercerá maior influência sobre as demais dimensões

e, portanto, ela não pode ser a única dimensão a ser levada em consideração no estudo dos

assentamentos, pois ainda que sejam levadas em consideração todas as condicionalidades da

dimensão econômica, ainda assim elas serão insuficientes para explicar o conjunto dos

processos do território de um assentamento.

As condicionalidades envolvidas na concretização das condições de realização das

dimensões no território de um assentamento são diferentes das condicionalidades envolvidas

na concretização das condições de realização das dimensões do território do agronegócio ou

do latifúndio, por exemplo.

A rigor é impossível tentar compreender a totalidade de qualquer que seja o território

a partir de uma única dimensão da realidade. Essa talvez seja a grande falácia dos ditos

projetos de desenvolvimento territorial no Brasil. Na ausência de uma política agrícola com

condições de contemplar o conjunto das dimensões que envolvam a superação dos problemas

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da agricultura brasileira e dos assentamentos rurais, estes são tratados individualmente na

forma de programas pelas políticas públicas. Esses programas enfrentam dificuldades de

comunicação entre si.

Temos na matriz de investimentos do Ministério do Desenvolvimento Agrário –

MDA, recursos para fomento a agroindústria, alimentação escolar, assistência técnica e

crédito rural. Embora esse enfoque territorial do desenvolvimento deva ser considerado um

avanço, necessita ser aprimorado, pois as dimensões das políticas públicas do MDA ainda são

incompletas no que diz respeito às condicionalidades que contemplam.

Ampliar as condicionalidades que compõem as dimensões das políticas públicas é uma

questão de desenvolvimento territorial, pois para serem de fato territoriais as políticas

públicas necessitam ter condições de atender a multidimensionalidade do território.

Os resultados de toda monografia, relatório científico, dissertação ou tese, querendo ou

não estão contidos dentro de alguma dimensão. Não existe pesquisa adimensional. Até mesmo

o espaço sideral possui as suas dimensões. O que existe são pesquisas unidimensionais, ou

seja, que se limitam ao estudo de uma única dimensão. Todavia, ainda que o estudo privilegie

um único assunto, mesmo assim encontra-se contido dentro de alguma dimensão.

As condicionalidades e as dimensões fazem parta da realidade. Todavia, uma

condicionalidade dependendo da sua escala de análise pode se transformar em dimensão. As

dimensões possuem escalas. Estas escalas podem ser macro, meso ou micro. São as

condicionalidades que vão nos indicar de qual nível escalar estamos falando. Além dos níveis

escalares também é importante compreender como as mudanças que ocorrem nestes vários

níveis se inter-relacionam.

A relação entre condicionalidades-dimensão, entre dimensão-dimensão e entre

condicionalidade-condicionalidade são importantíssimos para compreensão do movimento da

realidade. O que é dimensão em uma escala pode vir a ser condicionalidade em outra escala.

Mesmo que a pesquisa privilegie todas as dimensões, são as condicionalidades envolvidas na

concretização das condições da dimensão que vão garantir a profundidade na análise da

realidade.

As dimensões são recortes da realidade que se pretende estudar. São fotografias do

objeto de análise. Estas fotografias podem ser tiradas de um único ângulo (estudo de uma

única dimensão) ou de diferentes ângulos (estudo de várias dimensões). A maneira como essa

fotografia é tirada é uma questão de metodologia. Quanto maior a riqueza de detalhes desta

foto/realidade, maior será o número de condicionalidades que contribuirão para a

concretização das condições da dimensão.

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Pela amplitude da realidade, nem sempre em um projeto de pesquisa é possível estudar

a totalidade das dimensões que fazem parte do território, da mesma forma que nas políticas

públicas igualmente também não tem sido possível levar em consideração as múltiplas

dimensões que compõem a realidade. As políticas públicas direcionadas a fortalecer a

agricultura familiar no Brasil ainda necessitam de aprimoramento.

Ao passo que o agronegócio assume cada vez mais centralidade na agenda política do

Agro Brasileiro, tornando-se um dos eixos estruturantes do desenvolvimento do país, segundo

campanhas realizadas por entidades de classe do setor, por outro lado, a agricultura familiar

conta com parcos investimentos destinados a realizar o seu fortalecimento, mostrando a

imensa desigualdade de modelos entre agronegócio e agricultura familiar.

È justamente por esse motivo que é possível exercer o controle político sobre os

modelos de desenvolvimento por meio das políticas públicas. Governos na elaboração das

políticas públicas, por exemplo, podem selecionar apenas as condicionalidades que garantam

a condições de realização das dimensões sobre as quais tem interesse político. Para Silva,

Fernandes e Valenciano (2006) quando isso acontece a multidimensionalidade do espaço é

restringida ao ser delimitada pela determinação da intencionalidade:

Em outras palavras: a parte é transformada em todo e o todo é transformado em parte. Isso significa que o espaço agora passa a ser compreendido segundo a intencionalidade da relação social que o criou. É, então, reduzido a uma representação unidimensional e a visão que o criou, embora parcial, é expandida como representação da multidimensionalidade. A relação social em sua intencionalidade cria uma determinada leitura do espaço, que conforme o campo de forças em disputa pode ser dominante ou não. E assim, criam-se diferentes leituras socioespaciais.

São as opções política, ideológica e paradigmática que vão definir quais são as

condicionalidades que serão selecionadas para garantir as condições de realização das

dimensões no território. Este é o limite entre o ideal e o possível. Tanto as condicionalidades,

quanto as dimensões levadas em consideração pela academia, pelos movimentos sociais,

quanto pelo governo não possuem o mesmo conteúdo.

Ainda que o governo, a academia e os movimentos sociais escolham as mesmas

condicionalidades na determinação do conteúdo de uma dimensão, ainda assim, não esta

garantida a leitura da totalidade da realidade aconteça a partir de uma mesma perspectiva

política, social, econômica. Ainda que as condicionalidades sejam as mesmas, cada uma

destas entidades atribuirá suas perspectivas políticas e ideológicas as condicionalidades

selecionadas.

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Do ponto de vista governamental, por exemplo, podemos inclusive afirmar que existe

uma disputa perene entre o Estado como ente formulador de políticas públicas e os

movimentos sociais. Estado e movimentos sociais disputam permanentemente, tanto as

condicionalidades, quanto a perspectiva política destas, na formulação das dimensões que

serão atendidas pelas políticas públicas.

Uma maneira de alcançar uma leitura consensual entre estes entes seria a discussão

conjunto das condicionalidades, das dimensões, das suas diferentes escalas de aplicação e do

significado das suas inter-relações. Desta maneira existiria a possibilidade de construir uma

dimensão, cujo conteúdo contemplasse os diferentes grupos de interesse. Este tipo de prática

vem sendo adotada nos Territórios da Cidadania, por intermédio da Secretaria de

Desenvolvimento Territorial - SDT do Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA.

Neste sentido, o diálogo que vem sendo desenvolvido a partir dos Colegiados

Territoriais de Desenvolvimento Rural – CODETER pode ser considerado como um

importante espaço para construção de consensos, e aprimoramento das políticas públicas. A

partir dos Colegiados Territoriais é possível discutir quais condicionalidades serão apoiadas

com recursos do MDA. Uma questão preocupante, é que nesta perspectiva de discussão do

desenvolvimento, baseada na participação dos diferentes grupos sociais e políticos que fazem

parte do território, há de considerar-se que o grupo majoritário também exercerá controle

social sobre o desenvolvimento.

Uma questão preocupante, é que de acordo com os documentos de referencia

publicados pela SDT/MDA o território é uma dimensão do desenvolvimento, ou seja, não é a

totalidade. Este fato que por si, coloca o MDA em disputa da sua leitura de território com boa

parte do conhecimento sobre desenvolvimento territorial que vem sendo produzido por

estudiosos do tema nas principais universidades brasileiras.

Essa leitura do território dimensão pode comprometer a leitura de desenvolvimento e a

elaboração das políticas públicas formuladas pelo MDA que a rigor não passa de uma

pequena política, para citarmos Gramsci, tendo em vista que as discussões realizadas no

âmbito dos colegiados territoriais, não perpassam pelos rumos da política nacional, ou da

criação de um projeto de desenvolvimento para o campo brasileiro, com objetivo de resolver

problemas estruturais históricos como a desconcentração da estrutura fundiária, por exemplo.

A partir do ano de 2010 a SDT começou a trabalhar com o conceito de território identidade.

Esse conceito visa discutir o empoderamento dos atores territoriais e fortalecer a alto-gestão

dos CODETERES.

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PARTE 2 PROCESSO DE OCUPAÇÃO DA REGIÃO DO PONTAL E CRIAÇÃO DO MUNICÍPIO DE TEODORO SAMPAIO

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4. PROCESSO DE OCUPAÇÃO DA REGIÃO DO PONTAL E CRIAÇÃO DO MUNICÍPIO DE TEODORO SAMPAIO

4.1. Definição de Pontal do Paranapanema

A região do Pontal do Paranapanema localiza-se no extremo oeste do Estado de São

Paulo, na fronteira com os Estados do Paraná e do Mato Grosso do Sul, Figura 1. Considerada

uma das regiões brasileiras com maior número de conflitos por terra o Pontal do

Paranapanema ficou conhecimento nacionalmente. Contudo, as diferentes definições de

Pontal não são tão conhecidas e ao fazer referência à região são comuns os equívocos, pois

em algumas situações não se sabe ao certo quais das delimitações geográficas de Pontal esta

sendo usada como referência. Cada uma das definições de Pontal possui sua própria

delimitação geográfica, bem como conteúdo político.

Neste trabalho de monografia adotamos a definição de Pontal da União dos

Municípios do Pontal do Paranapanema - UNIPONTAL. Esta definição abrange todas as 32

prefeituras da região é pode ser considerada uma das classificações mais amplas. Com relação

à UNIPONTAL, ainda que suas ações não representem algum tipo de repercussão

significativa para o processo de desenvolvimento da região, a associação tem como objetivo a

discussão do desenvolvimento mediante a participação de todas as prefeituras.

Para fins de consulta, o Atlas interativo1: uma contribuição à educação ambiental do

Pontal do Paranapanema, desenvolvido no ano de 2003, com tese e livre docência, pela Profª.

Drª. Arlete Aparecida Correia Meneguette do Campus da Unesp de Presidente Prudente, é

possível tomar conhecimento sobre as diferentes denominações de Pontal.

De acordo com Silva (2008) para a UNIPONTAL a totalidade do território é dada pela

inclusão de todos os 32 municípios da região, ao passo que para a AMASP a totalidade do

território é dada pelos municípios com projetos de assentamentos rurais. Ainda de acordo com

o autor, a classificação da AMASP trabalha a noção de desenvolvimento a partir de uma

leitura territorial onde o critério para constituição deste território sejam as famílias assentadas.

A criação da AMASP destaca-se por priorizar o fortalecimento da agricultura

camponesa representada pelas famílias que vivem em 114 assentamentos implantados em 16

dos 32 municípios da região, Figura 1.

1 O ATLAS INTERATIVO do Pontal do Paranapanema pode ser acessado em: http://www.multimidia.prudente.unesp.br/mapoteca.htm

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Figura 1 - Pontal do Paranapanema – assentamentos rurais por município - 1983-2005.

4.2. Questão Agrária no Pontal do Paranapanema

Em um momento onde a pertinência do tema reforma agrária é amplamente debatido

no país, tendo em vista que alguns setores mais conservadores da sociedade defendem a idéia

que a reforma agrária é coisa do passado, apresentamos informações sobre a questão agrária

do Pontal.

Para entendermos quais são os elementos que contribuíram para a formação da

realidade atual dos projetos de assentamentos rurais do município de Teodoro Sampaio, temos

que retroceder na história, tendo em vista entender o problema agrário da região como um

resultado do seu processo de ocupação.

No ano de 1981 o Geógrafo e Professor da FCT/UNESP José Ferrari Leite, publicou

sua tese de livre docência “A ocupação do Pontal do Paranapanema”. Ferrari Leite é

considerado um dos pioneiros no estudo e análise da ocupação do oeste paulista. Sua obra

sucede a tríade composta pelas obras de Pierre Monbeig em Pioneiros e Fazenderios do

Estado de São Paulo e Cláudio Branco Vasques, a Evolução da Ocupação no Município de

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Teodoro Sampaio. A obra de Leite (1981) faz parte da coleção das grandes obras que são

referencias para compreensão da ocupação do espaço geográfico do Estado de São Paulo,

juntamente com os trabalhos de Pasquale Petrone - A Baixada do Ribeira; Antônio Candido –

Os Parceiros do Rio Bonito e o José de Souza Martins com a obra O cativeiro da Terra.

Outras referências importantes para o estudo da região e do município de Teodoro

Sampaio podem ser encontradas nas obras de Antônio Pereira Antônio em Movimentos

Sociais e Organização do Espaço Rural nos Assentamentos Populacionais Dirigidos pelo

Estado: os exemplos da Alta Sorocabana no período de 1960 a 1990; em João Cleps em o

Pontal do Paranapanema: a incorporação regional da periferia do café; em Rosemeire

Aparecida de Almeida A Conquista da Terra pelo MST: as ocupações da fazenda São Bento e

Santa Clara e em Bernardo Mançano Fernandes com o livro MST: formação e

territorialização no Estado de São Paulo. É a partir da obra desses autores que

contextualizaremos a questão agrária do Pontal do Paranapanema e o histórico da criação do

município de Teodoro Sampaio.

Em meados do século XIX, o território do oeste paulista, correspondente a atual região

do Pontal do Paranapanema era desconhecido e despovoado. Sua área era habitada por

agrupamentos indígenas na sua maior parte de origem tupi-guarani. As notas de caráter

científico, mais antigas que se possui sobre o Vale do Paranapanema, são do Engenheiro

Theodoro Sampaio, que como membro da Comissão Geográfica e Geológica do Estado de

São Paulo, explorou, em 1886, o rio Paranapanema desde a sua nascente até a foz do rio

Paraná. A leitura da obra de Leite (1981) deixa evidências irrefutáveis de a ocupação da

região do Pontal do Paranapanema aconteceu a partir de um intenso processo de grilagem do

seu inicio ao fim.

Entenda-se por grilagem de terra o processo de falsificação de documentos das

propriedades fundiárias. O termo nasceu do dito popular e foi utilizado por pesquisadores e

escritores da época. Segundo a explicação do escritor Monteiro Lobato, grilagem é a técnica

de se envelhecer papéis usando grilos: os papéis são colocados em gavetas com centenas de

grilos, estas são trancadas e assim que os insetos morrem, apodrecem liberando resinas que

mancham os papéis, dando-lhes assim o aspecto de velho, Fernandes (1996).

Segundo Leite (1981) a história de grilagem de terras do Pontal do Paranapanema tem

seu início em maio de 1856, quando Antônio José Gouvêa, chega à região e extrai uma

imensa gleba de terras, denominada de Fazenda Pirapó Santo Anastácio, junto à Paróquia de

São João Batista do Rio Verde, como pode ser visualizado na Figura 2.

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A descrição do grilo realizado por Antônio José Gouvêa é a seguinte: os limites da

fazenda vão desde a barranca do Rio Paranapanema, seguindo por 10 léguas o rio Paraná

acima e voltando-se para leste pelas vertentes do rio Pirapó, até encontrar-se de novo com o

rio Paranapanema.

Na mesma época, outro grileiro, José Teodoro de Souza, obtém semelhante registro

paroquial de posse da Fazenda Rio do Peixe ou Fazenda Boa Esperança do Aguapehy. De

acordo com as divisas constantes do termo de posse, esta gleba era ainda mais extensa que a

Pirapó Santo Anastácio, pois tinha origem nas barrancas do rio Turvo, cujas nascentes estão

nos municípios de Agudos e Bauru.

Essas falsificações ocorreram, visto que os “proprietários” deveriam legitimar as suas

posses com base na lei nº. 601, de 1850, conhecida como lei de terras. A lei de terras

determinava o fim das declarações de posse por meio dos registros paroquiais e permitia

apenas a legitimação de terras ocupadas até 1856, proibindo assim a ocupação de terras

devolutas. Igualmente determinava que a aquisição de terras feitas por meio da compra e que

não fossem devidamente regulamentadas, também seriam consideradas devolutas.

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Figura 2 - Planta do grilo mãe da fazenda Pirapó Santo AnastácioFonte: LEITE, José Ferrari, 1981.

No ano de 1861, Antônio José Gouveia vendeu sua posse a Joaquim Alves de Lima.

Com o falecimento deste último, quem assume a

Evangelista de Lima. Evangelista, na tentativa de legitimar a posse de suas terras, comete no

processo de medição das mesmas uma série de erros de caráter tanto técnicos quanto

jurídicos. Isso fez com que o Governado

imprestável e nula a medição apresentada. Mesmo antes de sair à sentença sobre a fazenda

Pirapó-Santo Anastácio, Evangelista e Manuel Pereira Goulart (que também solicitou registro

paroquial da Fazenda rio do Pei

Manuel Goulart necessitava do reconhecimento oficial de “suas” terras. Para tanto,

encaminhou petição ao Ministério da Agricultura da época, solicitando permissão para

receber colonos estrangeiros na Pi

autorizando a contratação de imigrantes para sua fazenda, a partir de então, Goulart vendeu,

trocou e doou terras.

Em 1917, aproveitando

Paranapanema, chegaram muitos imigrantes na busca de terras para plantação de café. Os

Planta do grilo mãe da fazenda Pirapó Santo Anastácio. Fonte: LEITE, José Ferrari, 1981.

No ano de 1861, Antônio José Gouveia vendeu sua posse a Joaquim Alves de Lima.

Com o falecimento deste último, quem assume a Pirapó-Santo Anastácio é seu filho João

Evangelista de Lima. Evangelista, na tentativa de legitimar a posse de suas terras, comete no

processo de medição das mesmas uma série de erros de caráter tanto técnicos quanto

jurídicos. Isso fez com que o Governador da época Prudente de Morais, considerasse

imprestável e nula a medição apresentada. Mesmo antes de sair à sentença sobre a fazenda

Santo Anastácio, Evangelista e Manuel Pereira Goulart (que também solicitou registro

paroquial da Fazenda rio do Peixe) realizaram uma permuta entre as glebas griladas.

Manuel Goulart necessitava do reconhecimento oficial de “suas” terras. Para tanto,

encaminhou petição ao Ministério da Agricultura da época, solicitando permissão para

receber colonos estrangeiros na Pirapó-Santo Anastácio. Obtendo resposta favorável,

autorizando a contratação de imigrantes para sua fazenda, a partir de então, Goulart vendeu,

Em 1917, aproveitando-se da construção da ferrovia em direção ao Vale do

garam muitos imigrantes na busca de terras para plantação de café. Os

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No ano de 1861, Antônio José Gouveia vendeu sua posse a Joaquim Alves de Lima.

Santo Anastácio é seu filho João

Evangelista de Lima. Evangelista, na tentativa de legitimar a posse de suas terras, comete no

processo de medição das mesmas uma série de erros de caráter tanto técnicos quanto

r da época Prudente de Morais, considerasse

imprestável e nula a medição apresentada. Mesmo antes de sair à sentença sobre a fazenda

Santo Anastácio, Evangelista e Manuel Pereira Goulart (que também solicitou registro

xe) realizaram uma permuta entre as glebas griladas.

Manuel Goulart necessitava do reconhecimento oficial de “suas” terras. Para tanto,

encaminhou petição ao Ministério da Agricultura da época, solicitando permissão para

Santo Anastácio. Obtendo resposta favorável,

autorizando a contratação de imigrantes para sua fazenda, a partir de então, Goulart vendeu,

se da construção da ferrovia em direção ao Vale do

garam muitos imigrantes na busca de terras para plantação de café. Os

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pequenos povoados que ali existiam, acolhiam pessoas de toda espécie: comerciantes e

especuladores de terras, aventureiros, foragidos da justiça ou ocupantes de terras.

Como algumas propriedades eram adquiridas, porém, não ocupadas, estas acabaram

sendo invadidas por intrusos que até apresentavam o “título de propriedade” falso. Houve

conflitos entre os grileiros que queriam as mesmas terras e esses ocupantes. A área da

Fazenda Pirapó-Santo Anastácio, apesar de extensa com área calculada em cerca de 60 mil

hectares, tornou-se pequena em vista do número de transcrições que se passaram. Eram

necessárias a medição e a divisão dessa imensa gleba, dando início a um dos mais volumosos

processos de litígio de terras do Estado de São Paulo.

Em 1930, o governo do Estado de São Paulo negou a partilha da Pirapó-Santo

Anastácio, alegando ser nulo o processo divisório, já que os títulos originais da posse e

domínio dos particulares sobre as terras da aludida fazenda foram falsificados

criminosamente, lesando o patrimônio do Estado. Assim, todos os títulos referentes ao

imóvel, desde o registro paroquial de 14 de maio de 1856 até a permuta feita em janeiro de

1890, entre João Evangelista de Lima e Manuel Pereira Goulart, eram falsos ou nulos e sem

valor jurídico. Nestas condições, essas terras eram de domínio do Estado, por serem

devolutas.

Em 1932 a Secretaria da Agricultura do Estado divulga uma nota oficial comunicando

ser perigosa à compra de terras no Pontal do Paranapanema por serem devolutas. Mesmo

assim os negócios continuaram. Os compradores que se deslocavam para o Oeste Paulista

queriam comprar terras e os grileiros queriam vender. Para assegurar o procedimento dessas

atividades eles apelavam incansavelmente contra as decisões judiciais do Estado. No decorrer

da história, as terras devolutas do Pontal do Paranapanema estiveram em poder de nomes

conhecidos da política e do meio financeiro, como as famílias Melão Nogueira, Cesarino dos

Santos, Gonçalves Foz, Antônio Silva, Ênio Pipino e Justino de Andrade, todos do partido do

então governador Adhemar de Barros.

Em 1935, Alfredo Marcondes transfere 2/3 da gleba grilada a Xavier Pereira e Homero

de Barros Veiga. No ano seguinte, Marcondes funda, na capital da República da época Rio de

Janeiro, a Companhia Imobiliária e Agrícola Sul-Americana e três meses depois, readquire

daqueles mesmos compradores a totalidade das terras que havia transferido um ano antes. O

Coronel, servindo-se da recém criada Companhia, lançou-se a vender lotes no Pontal.

Na década de 40, o governador Fernando Costa criou as reservas florestais: Morro do

Diabo, Lagoa São Paulo e a Grande Reserva do Pontal, somando 297.400 hectares. Por outro

lado, como as levas de migrantes atraídas pelos grileiros não paravam de crescer, acabaram

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tornando sem efeito o decreto do governador para a preservação destas áreas. Em 10 anos a

população da região cresceu de 275.000 para 416.000 pessoas.

Em 1950, com a morte de Alfredo Marcondes, em Presidente Epitácio, parte de seu

patrimônio foi tomado por grileiros com significativo poder político e econômico, enquanto

uma outra parte considerável fica com seus herdeiros. Novos grileiros ocuparam a região. Um

deles é Sebastião Camargo, dono da empreiteira Camargo Correia, em sociedade com a

família de Adhemar de Barros. Esse laço político leva o Estado a incumbir à empresa à

construção do ramal ferroviário de Dourados, o qual passaria por dentro da reserva florestal

do Pontal. De posse dessa informação e do percurso da ferrovia, os donos da empresa

começam a comprar grandes extensões de terras (cerca de 15.000 hectares), todas

pertencentes ao grilo Pirapó-Santo Anastácio. No final da linha dos trilhos, os donos da

empresa decidiram fundar a cidade de Rosana, nome da filha de Sebastião Camargo e assim

foram surgindo outros povoados que, posteriormente, se consolidaram como municípios.

Em 1954, a Imobiliária e Colonizadora Camargo Correia, lançou um edital de

loteamento da recém fundada cidade de Rosana. O Estado embargou o loteamento na justiça,

por se tratar de terras públicas. O dono da empresa não esperou a sentença e começou a

vender os lotes.

Neste mesmo ano, na Assembléia Legislativa, começou a batalha parlamentar a

respeito da peleja do Pontal: de um lado existiam os deputados simpáticos aos grileiros que

queriam revogar os decretos das reservas florestais e, de outro, os deputados que defendiam a

manutenção daquelas áreas, em nome do interesse público. Começa então a batalha em torno

do projeto do deputado Cunha Lima, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), que propôs a

extinção das reservas sobre o argumento de que o Estado falhou em sua missão de conservar

as matas. Este projeto foi aprovado pelo plenário em primeira votação e rejeitado pela

comissão de Agricultura da Assembléia Legislativas, que o considerou lesivo ao interesse

público. Surgiram outros projetos que previam a liberação de apenas parte da reserva. Estes

também não foram aprovados Leite (1981).

Na metade dos anos 50 Jânio Quadros assumiu o governo do Estado e mandou

demitir, suspender e transferir funcionários públicos acusados de envolvimento em

ilegalidades com terras. São publicados três decretos declarando de utilidade pública as Terras

das reservas florestais estabelecidas por Fernando Costa em 1941, proibindo a retirada de

madeira da região e encaminhando ações de discriminação de terras a justiça.

Em 1963, Adhemar de Barros voltou ao governo, impulsionando a construção do

ramal ferroviário que se encontrava em um ritmo lento de desenvolvimento no governo de

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Jânio Quadros e Carvalho Pinto. As ações judiciais são esquecidas e conclui-se a venda de

lotes da cidade de Rosana.

Esses acontecimentos históricos são exemplos reais da instalação de um complexo

grilento no Pontal do Paranapanema, Ramalho (2001). Com exceção de alguns acordos

políticos realizados entre grileiros e o Estado, as terras do Pontal encontram-se até hoje sem

solução jurídica. Ainda no final dos anos sessenta e começo dos anos setenta, como nos

mostra (Antonio, 1990), aconteceram os conflitos por terras nas glebas Santa Rita e Ribeirão

Bonito.

(...) a origem do conflito está relacionado ao processo de apropriação dessas terras e deu-se do seguinte modo: os supostos proprietários das fazendas Santa Rita e Ribeirão Bonito para legitimarem e justificarem sua posse arrendaram “suas terras” a médios e grandes arrendatários. Estes, por sua vez, fazendo o papel de testas de ferro desses latifúndios, subarrendavam a, camponeses que derrubavam a mata, reserva florestal do pontal e cultivavam-na, pagando aos subarrendatários uma determinada renda. Se com esse mecanismo os latifundiários não conseguiram legitimar suas posses, pelo menos arrolaram a questão judicial até os dias atuais. Atualmente, 1983-1990, os governos do Estado de São Paulo, através do Departamento Regularização Fundiária, vêm realizando acordos com os latifundiários supostos proprietários e com os camponeses para resolver definitivamente esse conflito. A proposta principal que permeia o acordo é resgatar 25% das terras de cada fazenda e assentar, nessas, os camponeses e abandonar as ações discriminatórias contra os fazendeiros, permitindo a eles legitimidade dos 75% das terras de cada fazenda envolvida no acordo (ANTONIO, 1990, p. 41-3).

Em 1991, a CPT impetrou uma Ação Popular processo nº. 1.083/91, impossibilitando

assim, a realização desse tipo de acordo. Além das lutas de resistências dos posseiros, no

início da década de oitenta, emerge, também no Pontal do Paranapanema, um novo

personagem na luta pela terra: o trabalhador expropriado, excluído, marginalizado, que faz

parte da reserva de mão de obra à disposição do capital, que no movimento da luta foi se

denominando de trabalhador sem-terra Fernandes (1996).

Enfim, é em meio a esse processo de grilagem com exploração predatória dos recursos

naturais da região (substituição de florestas pelas monoculturas do café e do algodão),

transportados a partir do ramal ferroviário de Dourados, que nascem os municípios que

compõem atualmente a região do Pontal do Paranapanema. É em meio a este contexto, que

surge a município de Teodoro Sampaio. Sendo assim, vejamos então como se deu o processo

de formação do município de Teodoro Sampaio.

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4.3. Formação do município de Teodoro Sampaio

Com a instalação dos trilhos da Estrada de Ferro Sorocabana, intensificou-se a procura

por terras para o plantio do café, dando seqüência à formação dos municípios. Assim, do

território que constituía o município de Presidente Venceslau, formaram-se os municípios de

Presidente Epitácio (1944), Marabá Paulista (1958) e Teodoro Sampaio (1964).

Na formação dos municípios do Pontal do Paranapanema, o poder público associado

ao poder privado, caracterizou o coronelismo, em que há uma relação de compromisso entre

as duas partes. Em Presidente Prudente, por exemplo, esse sistema foi explícito,

principalmente com as disputas pelo poder municipal entre os coronéis Francisco de Paula

Goulart (dono de terras) e José Soares Marcondes (empresário no setor de imóveis).

No coronelismo, os elementos centrais estão caracterizados na subordinação, no

favorecimento e na compaternidade das decisões a serem tomadas e, por isso, dependem das

vontades do coronel mandonismo local e das trocas de favores. Um dos exemplos do

coronelismo são as atitudes tomadas por alguns políticos no Pontal do Paranapanema, como a

utilização de equipamentos públicos municipais de acordo com seus interesses. Esses

elementos permanecem à formação dos municípios do Pontal do Paranapanema, contribuindo

com a disputa de poder na sociedade civil.

A origem do nome Teodoro Sampaio foi uma homenagem ao engenheiro cartógrafo e

geógrafo Theodoro Fernandes Sampaio. O município localiza-se nos extremos do oeste do

Estado de São Paulo, na microrregião de Presidente Prudente.

A área do município de Teodoro Sampaio foi parte da antiga fazenda Cuiabá de

origem litigiosa por meio de grilagem de terras. Esse grilo constituiu parte da fazenda Pirapó

Santo Anastácio, ou seja, a primeira grande propriedade grilada no Pontal do Paranapanema.

A sede da fazenda Cuiabá localiza-se no atual distrito de Cuiabá Paulista, pertencente

ao município de Mirante do Paranapanema. A fazenda foi negociada entre grileiros, surgindo

varias propriedades menores e, após sucessivas vendas, a fazenda foi dividida em três partes,

idealizando em 7 de janeiro de 1952 a formação do povoado que mais tarde daria origem ao

município de Teodoro Sampaio.

A formação de Teodoro Sampaio permitiu a aglutinação de pessoas vindas de varias

localidades do país. Nos seus primeiros anos de existência a população rural de Teodoro teve

predominância sobre a urbana, visto que, a maior parte das famílias residia em grandes

fazendas. Como a maior parte dos assentamentos da região foi criada após 1995, ou seja, um

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ano depois da realização do Censo, as populações dos assentamentos não foram

contabilizadas pelo IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Neste sentido, as populações rurais dos municípios do Pontal, sobretudo do município

de Teodoro Sampaio, são maiores que as estatísticas publicadas pelo IBGE. A dinâmica

demográfica do Pontal do Paranapanema apresenta diferentes períodos conforme ressalta

Alegre (1982), a primeira delas se dá com construção das ferrovias da Alta Sorocabana,

depois pelos latifúndios cafeeiros, da pecuária extensiva, da construção civil usinas

hidrelétricas e dos assentamentos de trabalhadores rurais, após 1990.

O aumento da população rural faz crescer em termos absolutos a importância da

agricultura do município como elemento propulsor dos desequilíbrios necessários para

dinamização do desenvolvimento territorial do município.

De acordo com a apresentação do processo de ocupação da região do Pontal do

Paranapanema, verifica-se que ainda estão presentes no município de Teodoro Sampaio,

marcas deixadas por esse predatório processo de colonização derrubadas das florestas pelas

madeireiras, monocultura do café realizando o empobrecimento dos já enfraquecidos solos da

região, criando assim, graves problemas para o setor agrícola na atualidade.

4.4. Luta de conquista do Assentamento Vale Verde

Conhecida pela maioria da população do município de Teodoro Sampaio, como

Assentamento Ribeirão Bonito, também popularmente conhecido como Gleba Ribeirão

Bonito, o assentamento foi criado após 21 anos de esperas e lutas. O uso do termo popular

Gleba Ribeirão Bonito em substituição ao termo assentamento, deu-se em virtude da

origem das famílias da antiga Fazenda Ribeirão Bonito, que em sua maioria eram

posseiros.

Diferentemente de outros assentamentos do município e região, pela condição de

posseiros, e que, portanto, já residiam na área que se transformou em assentamento há quase

duas décadas e meia, nota-se no assentamento Ribeirão Bonito, formado da reunião de sete

assentamentos relações de parentesco entre as famílias, Tabela 2. Esse assentamento é

resultado do processo de luta de conquista mais antigo do município de Teodoro Sampaio.

Estiveram envolvidos no processo de luta trabalhadores rurais, sem-terras, posseiros,

fazendeiros e o Estado.

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46

TABELA 2 - ASSENTAMENTOS QUE COMPÕEM A ANTIGA FAZENDA RIBEIRÃO BONITO

Nome do assentamento Número de Área (ha) Área média dos lotes (ha)(a)

PE CACHOEIRO DO ESTREITO 29 490 16,9 PE CORREGO AZUL 9 226 25,1 PE HAIDÉIA 24 868 36,2 PE SANTA RITA DA SERRA 40 837 20,9 PE SANTA VITÓRIA 27 515 19,1 PE SANTO ANTONIO DOS COQUEIROS 23 485 21,1 PE VALE VERDE 50 1.010 20,2 TOTAL 193 4.206,71 16,81 Fonte: DATALUTA, 2010.

Segundo Borges (1996), o conflito entre posseiros e grileiros da Fazenda Ribeirão

Bonito, teve inicio em 1976. Contudo, foi somente após a morte do Fazendeiro Antonio

Cândido de Paula, quando o seu filho Álvaro Candido de Paula assumi o controle da fazenda

no ano de 1980. Após intensas disputas judiciais, o governo federal, declara a propriedade

para fins de implantação de projetos agrários.

Cabe ressaltar, que o conjunto dos sete assentamentos que compõem a Gleba de

Terras que deu origem ao Assentamento Ribeirão Bonito, Tabela 2, instalado na antiga

Fazenda Ribeirão Bonito, apesar das suas especificidades, no que diz respeito à criação de

cada um dos assentamentos do conjunto, fazem parte de um mesmo processo de conquista.

Foram inúmeras as ordens de desapropriação e liminares de reintegração de posse da

área. Segundo Borges (1996), o ganho da liminar de reintegração de posse pelo fazendeiro,

dada a improcedência da área duravam pouco, sendo que no ano de 1986, o então Presidente

da República José Sarney decretou novamente a desapropriação da fazenda para fins de

reforma agrária. Ainda de acordo com Borges (1996), Álvaro Candido recorre novamente da

ação, conseguindo a suspensão da mesma, porém o Instituto Nacional de Colonização e

Reforma Agrária – INCRA recorreu da decisão a fim de concretizar sua desapropriação.

No ano de 1990, a justiça deu ganho de causa ao INCRA, favorecendo os posseiros,

mas o órgão não tomou as devidas providências e, mesmo após a desapropriação da área, a

condição do decreto não prevaleceu, resultando em uma nova situação de conflito. As lutas

entre fazendeiro e posseiros se acirraram no início dos anos 80, período em que algumas

famílias trabalhavam para o fazendeiro “grileiro” na derrubada da mata, processo anterior a

formação das pastagens.

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Ambos realizavam o chamado “contrato de gaveta”, que estabelecia que os

arrendatários trabalhassem por um período de dois a três anos na área, onde teriam como

garantia de sobrevivência uma parcela de terra para plantar.

Ao final desse período, deveriam deixar a área com pastagens formadas e se

deslocarem para outra área da propriedade, dando início a um novo processo de

desmatamento caso não quisessem sair para outra fazenda. Transcorridos alguns anos desta

prática e com a chegada do MST a região por temer a resistência dos posseiros/arrendatários,

o fazendeiro decidiu pela quebra do contrato de gaveta, dando início a uma nova série de

conflitos.

Visando pressionar as famílias, o deu início a uma série de perseguições. Em relatos

das famílias dos assentamentos foi informado que na época o fazendeiro soltou seus rebanhos

para que as roças dos posseiros fossem pisoteadas, proíbe o uso da água, cercou a estrada que

dava acesso ao interior da Gleba e propôs novas ações de despejo. Apesar de fracassada, neste

período o fazendeiro procurou a mediação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Teodoro

Sampaio para realizar a mediação dos seus interesses com as famílias.

Segundo entrevista feita com Zé Prego apud Junior, (1986) posseiro e líder da gleba,

o fazendeiro havia firmado um contrato verbal em 1971, para que se derrubasse a mata e num

prazo de três anos a terra fosse entregue plantada com capim colonião. Visando auxiliar no

processo de desmate, os posseiros tiveram permissão para trazer outras famílias para fazenda

Ribeirão Bonito, Junior (1986).

As versões, de ambas as partes, divergiam, ora o fazendeiro dizendo que a relação

com os posseiros era pacífica ora os posseiros revelando artimanhas e ameaças de despejo

realizado pelo fazendeiro.

Segundo Borges (1996), essas posses oscilava de 1 a 12 ha, sendo que existiam casos

de pessoas com mais de uma posse. No ano de 1996 com a organização destas famílias pelo

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, foi possível unificar a luta dos

posseiros e com a mediação do Instituto de Terras do Estado de São Paulo “Fundação José

Gomes da Silva” – ITESP no ano de 1997 é feito o pagamento das benfeitorias aos

proprietários do conjunto de fazendas que deram origem ao Assentamento Ribeirão Bonito,

Tabela 2.

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PARTE 3 DIMENSÃO - CARACTERIZAÇÃO DO ASSENTAMENTO

VALE VERDE: análise multidimensional

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5. CARACTERIZAÇÃO DO ASSENTAMENTO VALE VERDE: ANÁLISE MULTIDIMENSIONAL

Nesta parte do trabalho apresentamos a análise de sete dimensões: aspectos físicos,

dados da família; educação; mercado cooperativismo; tecnologia, trabalho, produção e

produtividade; infra-estrutura e reorganização social. A compreensão da

multidimensionalidade do assentamento Vale Verde é dada pela leitura destas dimensões.

5.1. Aspectos físicos

A área do assentamento Vale Verde do ponto de vista físico possui relevo com

longas planícies e leves ondulações que inclinam-se em direção ao rio Paranapanema. De

acordo com Carta de Solos da SENAGRO (1998), geologicamente esta área é constituída pela

formação Serra Geral sobre a qual se depositam as formações Bauru e Caiuá, aparecendo esta

ultima de maneira predominante em Teodoro Sampaio.

Ainda de acordo com SENAGRO (1998), o solo da área é derivado do arenito Caiuá

(Grupo LEA), de cor vermelho escuro, apresenta baixa fertilidade e é muito suscetível à

erosão. Do ponto de vista climático, de acordo com a classificação de Koppen o assentamento

insere-se transitoriamente numa faixa entre o tropical e subtropical, recebendo parte do ano

influencia da massa polar atlântica e das massas temperadas originadas no sul do continente e

também de parte das frentes tropicais, que provocam temperaturas elevadas no verão de até

40°c.

Os últimos fragmentos existentes das matas tropicais latifoliadas, que predominavam

no território do assentamento, foram desmatados durante o processo de ocupação no final dos

anos de 1930. Como testemunho das matas originais da região, atualmente existe a reserva

florestal do Parque Estadual Morro do Diabo, funcionando como último reduto da fauna e a

flora regional, e com a qual o assentamento Vale Verde faz limite.

5.2. Dados da família: origem, tamanho da família e grau de parentesco

Origem

Verificamos a partir dos questionários aplicados junto as famílias dos vinte e quatro

lotes visitados no assentamento Vale Verde, Figura 3, que 92% das pessoas declaram que

nasceram no campo e 8% na cidade. Esta alta porcentagem de pessoas nascidas no campo

pode ser explicada pelo fato do assentamento ser uma conquista conjunta de lutas organizadas

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pelo MST, junto dos posseiros da antiga Fazenda Ribeirão Bonito.

Figura 3 - Origem do Fonte: Duda, 2011.

Tamanho da família

Com relação ao tamanho

referência o Relatório do Projeto de

Cardim (2000 p. 63) a média entre o tamanho das famílias nas cinco grandes regiões

brasileiras oscila de 4,3 a 2,9. Na região sudeste esta oscilação esta entre 4,1 e 2,8, ou seja,

encontra-se bem próxima da média nacional

Analisando as famílias do assentamento, segundo estes parâmetros, verificamos que

46% das famílias tem entre 2 a 3 pessoas e 51% entre 4 a 6 pessoas, Tabela

TABELA 3 - NÚMERO DE PESSOAS OC

PESSOAL OCUPADO TIPOS

Número de Pessoas Ocupadas por Estabelecimento

A

B

C

D Fonte: Censo Agropecuário 1995/96 Elaboração: Projeto de Cooperação Técnica INCRA/FAO

pelo MST, junto dos posseiros da antiga Fazenda Ribeirão Bonito.

do entrevistado, segundo local de nascimento .

Com relação ao tamanho das famílias no assentamento Vale Verde,

Relatório do Projeto de Cooperação Técnica INCRA/FAO de

(2000 p. 63) a média entre o tamanho das famílias nas cinco grandes regiões

brasileiras oscila de 4,3 a 2,9. Na região sudeste esta oscilação esta entre 4,1 e 2,8, ou seja,

se bem próxima da média nacional, Tabela 3.

Analisando as famílias do assentamento, segundo estes parâmetros, verificamos que

46% das famílias tem entre 2 a 3 pessoas e 51% entre 4 a 6 pessoas, Tabela

NÚMERO DE PESSOAS OCUPADAS POR ESTABELECIMENTO, SEGUNDO

OS TIPOS FAMILIARES

TIPOS REGIÕES / BRASIL

Nordeste Centro-Oeste Norte Sudeste

4,9 4,2 5,1 4,1

4,0 3,6 4,3 3,4

3,5 3,3 3,8 3,2

2,9 3,0 3,5 2,8

Censo Agropecuário 1995/96 – IBGE. Projeto de Cooperação Técnica INCRA/FAO.

50

das famílias no assentamento Vale Verde, tomando como

Cooperação Técnica INCRA/FAO de Guanziroli e

(2000 p. 63) a média entre o tamanho das famílias nas cinco grandes regiões

brasileiras oscila de 4,3 a 2,9. Na região sudeste esta oscilação esta entre 4,1 e 2,8, ou seja,

Analisando as famílias do assentamento, segundo estes parâmetros, verificamos que

46% das famílias tem entre 2 a 3 pessoas e 51% entre 4 a 6 pessoas, Tabela 4.

IMENTO, SEGUNDO

Sudeste Sul BRASIL

3,9 4,3

3,3 3,7

2,9 3,4

2,6 2,9

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TAMANHO DA FAMÍLIAAté 2 pessoas Até 3 pessoas Até 4 pessoas Até 5 pessoas Até 6 pessoas Até 8 pessoas

Fonte: DUDA, 2011

Grau de parentesco

Tendo em vista informar o leitor deste trabalho sobre o

membros da família nas respostas dos questionários, informamos na Figura

de titulares, cônjuges, filhos e filhas que contribuiram com a qualificação da pesquisa.

Figura 4 - Grau de Fonte: DUDA, 2011

TABELA 4 - TAMANHO DA FAMÍLIA

TAMANHO DA FAMÍLIA V. ABS. 4 7 5 4 3 1

TOTAL 24 DUDA, 2011.

Tendo em vista informar o leitor deste trabalho sobre o a participação dos diferentes

membros da família nas respostas dos questionários, informamos na Figura

filhos e filhas que contribuiram com a qualificação da pesquisa.

Grau de parentesco do respondente em relação ao titularDUDA, 2011

51

% 17 29 21 17 13 4 100

a participação dos diferentes

membros da família nas respostas dos questionários, informamos na Figura 4, a porcentagem

filhos e filhas que contribuiram com a qualificação da pesquisa.

parentesco do respondente em relação ao titular

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PARTE 3 DIMENSÃO - ESCOLARIDADE

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6. ESCOLARIDADE

Seguindo a tendência nacional a escola do Assentamento Vale Verde foi construída

depois do processo de implantação do assentamento. De acordo pesquisa realizada por

Heredia et al (2003) em seis áreas com concentração de projetos de assentamento no Brasil, a

média nacional de escolas construídas ou criadas depois da implantação dos assentamentos é

de 80%. Este dado situa o Assentamento Vale Verde dentro do contexto nacional, deixando

evidente que a educação do campo ainda é bastante incipiente, recobrando atenção especial

das políticas públicas.

Com relação à escolaridade das famílias entrevistadas, verificamos que 8% são

analfabetas, 29% freqüentaram igualmente o ensino fundamental de 1ª a 4ª e 5ª a 8ª série, 8%

ensino médio e apenas 2% o ensino Técnico. A média nacional referente ao grau de

escolaridade de 5ª a 8ª série é de 13%, ou seja, a média de escolaridade do assentamento para

ensino fundamental esta acima da média nacional.

TABELA 5 – ESCOLARIDADE.

ESCOLARIDADE V. ABS % Nunca frequentou escola, não lê e não escreve 2 8 Nunca frequentou escola, mas lê e não escreve 3 13 Pré-escola 1 4 Frequentou classe de alfabetização 1 4 Ensino fundamental de 1ª a 4ª séries 7 29 Ensino fundamental de 5ª a 8ª séries 7 29 Ensino médio 2 8 Ensino profissional técnico 1 4

TOTAL 24 100 Fonte: DUDA, 2011.

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PARTE 3 DIMENSÃO - LEITE, PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO

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7. LEITE, PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO

Verificamos na pesquisa que o conjunto das atividades produtivas nos lotes dos

assentamentos Vale Verde é praticada em pequenas extensões de área. Esta mesma tendência

foi anteriormente verifica no Relatório de Impactos Socioterritoriais – RIST dos

assentamentos do município de Teodoro Sampaio publicado no ano de 2006. No referido

relatório essa pratica é associada à falta de aplicabilidade das políticas públicas destinadas a

fomentar a produção nos assentamentos.

A produção em pequenas áreas surte repercussão na renda das famílias, conforme

pode ser verificado na Figura 5, tendo em vista que 88% das pessoas entrevistadas, afirmaram

que a renda do lote é insuficiente para sobreviver. Ainda que essa seja uma percepção das

famílias e, portanto devem ser consideradas, ao responderem esta pergunta, as famílias não

estão levando em consideração a horta, o pomar de frutas do quintal localizadas no entorno da

casa, e o próprio leite, que são computados como renda de autoconsumo, e também

necessitam ser considerados na análise da composição da renda.

Segundo Silva (2008) a renda média gerada por família assentada com a produção de

leite gira em torno de 1 salário mínimo/mês. Em seu trabalho, Silva verificou que as famílias

assentadas que, por exemplo, conjugam a produção de mandioca com a produção de leite,

consegue gerar uma renda monetária média de 18 salários míninos/ano, valor equivalente a

1,5 salários mínimos/mês ou R$ 622,00 reais.

Neste sentido, a renda das famílias assentadas do assentamento Vale Verde foi

analisada isoladamente, até porque se constitui neste assentamento, como única fonte de renda

das famílias assentadas.

Com base na composição dos rendimentos médios brutos anuais da produção agrícola

e animal, vendida entre os anos de 1999/2000 a média nacional da renda por lote é de R$

2.100.00, valor equivalente a 5,1 salários mínimos/ano.

Considerando-se que a produção média de leite oscila entre 4,5 e 6 litros por animal e

que cada família assentada tem em média 10 vacas em produção, multiplicando pelo número

total de famílias, 856 dos 19 assentamentos do município, temos uma produção média de

42.800,00 litros de leite dia. Usando este mesmo sistema de referência, e considerando que

existem atualmente assentadas na região do Pontal do Paranapanema, de acordo com dados do

Relatório DATALUTA do ano de 2009 cerca de 6.248, podemos aferir que a bacia leiteira

constituídas pelos assentamentos do Pontal é de 312.400,00 litros de leite dia, evidenciando a

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enorme importância desta atividade produtiva para composição da renda das famílias

assentadas, ainda que num contexto de subordinação aos laticínios da região.

Analisada por regiões, verificamos qu

salários mínimos/ano, na região do Sertão do CE é 1,2 salários mínimos, no Entorno do DF de

8 salários, no Sudeste PA de 7 salários, no Oeste de SC de 9 salários e na Zona da Cana NE

de 4 salários mínimos. Es

famílias assentadas do município de Teodoro Sampaio, esta acima da média nacional e das

médias regionais.

Figura 5 - Famílias que sobrevivem da renda do lote Fonte: DUDA, 2011

Uma possibilidade de contribuição com o aprimoramento e aplicabilidade das políticas

públicas, destinadas a fomentar a produção nos assentamentos, seria o atrelamento da

assistência técnica a tomada de crédito via o Programa Nacional de Forta

Agricultura Familiar – PRONAF. Essa possibilidade foi recentemente aventada

Brasil Sem Miséria publicado

Outra alternativa, seria ampliar a leitura de desenvolvimento dos projetos destinados a

apoiar os assentamentos rurais

multidimensional da agricultura de base familiar.

Guanziroli (2006) a maioria dos projetos

destinada a atender famílias assentadas.

o PRONAF foi utilizado durante o ano de 2006,

vendida pelas famílias assentadas ao Grupo Odebrecht

A articulação de ações en

Pacto Federativo no Estado de São Paulo, também deve ser entendida como uma

enorme importância desta atividade produtiva para composição da renda das famílias

assentadas, ainda que num contexto de subordinação aos laticínios da região.

Analisada por regiões, verificamos que a renda média da região do Sul da BA é de 3,6

salários mínimos/ano, na região do Sertão do CE é 1,2 salários mínimos, no Entorno do DF de

8 salários, no Sudeste PA de 7 salários, no Oeste de SC de 9 salários e na Zona da Cana NE

de 4 salários mínimos. Esses valores indicam que comparativamente a renda obtida pelas

famílias assentadas do município de Teodoro Sampaio, esta acima da média nacional e das

Famílias que sobrevivem da renda do lote DUDA, 2011

Uma possibilidade de contribuição com o aprimoramento e aplicabilidade das políticas

públicas, destinadas a fomentar a produção nos assentamentos, seria o atrelamento da

assistência técnica a tomada de crédito via o Programa Nacional de Forta

PRONAF. Essa possibilidade foi recentemente aventada

Brasil Sem Miséria publicado pelo Governo Federal.

Outra alternativa, seria ampliar a leitura de desenvolvimento dos projetos destinados a

assentamentos rurais, para além da dimensão produtiva, contemplando

multidimensional da agricultura de base familiar. De acordo com Mattei (2005 p. 136) e

a maioria dos projetos que são apoiados com recursos do

inada a atender famílias assentadas. Na região do Pontal do Paranapanema, por exemplo,

durante o ano de 2006, para financiar o plantio de cana,

vendida pelas famílias assentadas ao Grupo Odebrecht.

A articulação de ações entre as esferas de governo federal e estadual via assinatura do

Pacto Federativo no Estado de São Paulo, também deve ser entendida como uma

56

enorme importância desta atividade produtiva para composição da renda das famílias

assentadas, ainda que num contexto de subordinação aos laticínios da região.

e a renda média da região do Sul da BA é de 3,6

salários mínimos/ano, na região do Sertão do CE é 1,2 salários mínimos, no Entorno do DF de

8 salários, no Sudeste PA de 7 salários, no Oeste de SC de 9 salários e na Zona da Cana NE

ses valores indicam que comparativamente a renda obtida pelas

famílias assentadas do município de Teodoro Sampaio, esta acima da média nacional e das

Uma possibilidade de contribuição com o aprimoramento e aplicabilidade das políticas

públicas, destinadas a fomentar a produção nos assentamentos, seria o atrelamento da

assistência técnica a tomada de crédito via o Programa Nacional de Fortalecimento da

PRONAF. Essa possibilidade foi recentemente aventada no documento

Outra alternativa, seria ampliar a leitura de desenvolvimento dos projetos destinados a

contemplando o caráter

Mattei (2005 p. 136) e

com recursos do PRONAF não é

Na região do Pontal do Paranapanema, por exemplo,

para financiar o plantio de cana, que era

tre as esferas de governo federal e estadual via assinatura do

Pacto Federativo no Estado de São Paulo, também deve ser entendida como uma

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57

possibilidade importante de fortalecimento das ações dos órgãos públicos oficiais de pesquisa

e extensão, sobretudo no que diz respeito à articulação de ações que atualmente são

sobrepostas num contexto de intensa disputa política.

Investimentos em projetos de educação do campo direcionados a criação de capital

social, foco produtivo e mercados ecologicamente corretos, socialmente justos e

economicamente viáveis, seriam importantes para construção de uma agenda de

desenvolvimento camponesa, sobretudo no que diz respeito à criação de possibilidades de

emprego para os jovens do assentamento.

Esta agenda seria importante, no sentido de oferecer uma proposta de

encaminhamento, para uma tendência nacional da população assentada, bem como do

assentamento Vale Verde, que criado a cerca de uma década e meia, esta envelhecendo e em

breve enfrentará problemas de sucessão e mão de obra.

Atualmente, no assentamento mais da metade do trabalho, 68% são desenvolvidos

com até duas pessoas, Tabela 11, o que evidência a predominância da mão de obra de base

familiar.

TABELA 11 – TRABALHO NO LOTE, SEGUNDO NÚMERO DE PESSOAS

NÚMERO DE PESSOAS V. ABS. % Uma pessoa 7 30 Duas pessoas 9 38 Três pessoas 6 24 Quatro pessoas 0 0 Cinco pessoas 2 8 TOTAL 24 100 Fonte: DUDA, 2011.

O leite constitui-se no principal produto agropecuário comercializado pelas famílias

assentadas. Contudo, em virtude da pequena quantidade produzida, média de 4,5 litros de leite

por animal, e considerando-se as distâncias envolvidas entre lotes e do assentamento com a

cidade, fator que dificulta a comercialização do produto que é coletado pelo atravessador que

revende para a agroindústria de leite ou diretamente pelos caminhões da agroindústria. Estas

duas opções são os únicos canais de distribuição das quais as famílias dispõem para

comercializar seu leite.

Os dados da Tabela 6 corroboram a idéia de que a agroindústria é o único canal de

distribuição com relação à comercialização do leite. No caso do assentamento Vale Verde que

não possui associações ativas, e, portanto sem capacidade de tomar crédito, os três tanques de

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resfriamento do assentamento, em atendimento a normativa 51 (

rígidos de contagem de células somáticas, contagem bacteriana e detecção de resíduos de

antimicrobianos no leite) são de propriedade dos laticínios Nova Mix, antigo laticínio Quatá,

que possui dois tanques no assentamento e um tanque do laticínio Jussara,

TABELA

TEM RESFRIADOR DE LEITE NOSim Não Não produz Não comercializa TOTAL Fonte: DUDA, 2011.

Figura 6 - Criação de vacas de leiteFonte: DUDA, 2011

Ambos os laticínios cobram uma taxa de R$ 0,02, centavos de reais, que é descontado

sobre o valor pago pelo preço do leite, com objetivo de custear o custo operacional dos

tanques de resfriamento.

Ou seja, além do assentamento não realizar a venda do seu

associação, também não possui organização capaz de aliviar as pressões

laticínios ao longo do ano no período, sobretudo no período

Em linhas gerais, as famílias assentadas da Vale Verde, na re

com os laticínios, são tomadoras de preço e, portanto encontram

amento, em atendimento a normativa 51 (que versa

rígidos de contagem de células somáticas, contagem bacteriana e detecção de resíduos de

) são de propriedade dos laticínios Nova Mix, antigo laticínio Quatá,

ssui dois tanques no assentamento e um tanque do laticínio Jussara,

TABELA 6 - EXISTÊNCIA DE REFRIGERADOR.

TEM RESFRIADOR DE LEITE NO ASSENTAMENTO V. ABS.

Criação de vacas de leite. DUDA, 2011.

Ambos os laticínios cobram uma taxa de R$ 0,02, centavos de reais, que é descontado

sobre o valor pago pelo preço do leite, com objetivo de custear o custo operacional dos

Ou seja, além do assentamento não realizar a venda do seu

associação, também não possui organização capaz de aliviar as pressões

no período, sobretudo no período das secas e das águas.

Em linhas gerais, as famílias assentadas da Vale Verde, na relação de comercialização

com os laticínios, são tomadoras de preço e, portanto encontram

58

que versa sobre índices mais

rígidos de contagem de células somáticas, contagem bacteriana e detecção de resíduos de

) são de propriedade dos laticínios Nova Mix, antigo laticínio Quatá,

ssui dois tanques no assentamento e um tanque do laticínio Jussara, Tabela 8.

.

V. ABS. % 2 8 20 84 2 8 0 0 24 100

Ambos os laticínios cobram uma taxa de R$ 0,02, centavos de reais, que é descontado

sobre o valor pago pelo preço do leite, com objetivo de custear o custo operacional dos

Ou seja, além do assentamento não realizar a venda do seu principal produto via

associação, também não possui organização capaz de aliviar as pressões realizadas pelos

das secas e das águas.

lação de comercialização

com os laticínios, são tomadoras de preço e, portanto encontram-se subordinadas a

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59

agroindústria do leite. Essa relação de subordinação é uma característica marcante do sistema

agroindustrial do leite.

No Brasil ainda que o sistema agroindustrial do leite tenha passado por varias reformulações desde os anos 1990, ainda se verifica uma incerteza nas expectativas dos produtores em relação ao s laticínios, assim como o inverso. É por este motivo que ocorrem fases de excesso e falta de matéria-prima no mercado nacional. Quando há excesso de leite no mercado ocorre queda na remuneração do produtor e na escassez verifica-se recuperação dos preços pagos ao produtor (Santos, 2004, pág. 76).

Em Stevanato, (2002).

No sistema agroindustrial do leite está sendo incentivada a aquisição de tanques resfriadores para poder garantir a coleta a granel, medida que vem sendo adotada tanto nas grandes como nas pequenas propriedades (ás vários pequenos produtores se reúnem para comprar um tanque), esta medida deve reduzir custos de captação, de transporte e aumentar a qualidade do leite que chega à plataforma dos laticínios (Stevanato 2002 pág. 79).

Ou seja, os resfriadores são uma medida que contribuiu com a melhoria da

coordenação produtiva do leite apenas no momento pós-porteira, e não repercutiu pelo menos

no caso das famílias assentadas estudas, em aumento de renda, ou do valor pago pelo preço do

litro de leite, e em alguns casos contribuiu com a intensificação do processo de exploração e

dominação da agroindústria do leite sobre as famílias.

TABELA 7 - VENDA DO LEITE.

COMO É FEITA A VENDA DO LEITE V. ABS. % Entrega para o laticínio 20 84 Venda direta ao consumidor 0 0 Não produz 4 16 Não comercializa 0 0 Outros 0 0 TOTAL 24 100 Fonte: DUDA, 2011.

TABELA 8 - COMERCIALIZAÇÃO DO LEITE.

COMERCIALIZA O LEITE V. ABS. % Nova Mix – Antigo laticínio Quatá 11 46 Lider 1 4 Novo Tempo 1 4

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60

Jussara 7 30 Não produz 3 12 Não comercializa 1 4 Outros 0 0 TOTAL 24 100 Fonte: DUDA, 2011.

TABELA 9 - DESTINO DO LEITE RESFRIADO.

O LEITE VENDIDO É RESFRIADO V. ABS. % Sim 18 76 Não 3 12 Não produz 3 12 TOTAL 24 100 Fonte: DUDA, 2011.

TABELA 10 - POSSIBILIDADES DO RECUSAR PREÇO PAGO NO LEITE.

POSSIBILIDADE DE RECUSAR PREÇO PAGO NO LEITE V. ABS. % Nenhuma condição 10 40 Guardo produção até encontrar preço 2 8 Vou arás de outros que pague melhor 11 44 Outros 1 4 TOTAL 24 100 Fonte: DUDA, 2011.

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PARTE 3 DIMENSÃO - ASSISTÊNCIA TÉCNICA, CONHECIMENTO E

CRÉDITO

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8. ASSISTÊNCIA TÉCNICA,

Verificando os dados sobre assistência técnica,

possível qualificar melhor o debate sobre as dificuldades enfrentadas pelas famílias do

assentamento Vale Verde,

exemplo, principal produto do assentamento, na época das secas quando as áreas de pastagens

são reduzidas, apenas 16% das famílias utilizam ração especial para alimentação o gado de

leite.

Figura época das secasFonte: DUDA, 2011

O manejo de pastagem é

do assentamento. Outro importante problema

o baixo valor nutritivo da forragem consumida pelos animais

FOI VISITADO PELOS TÉCNICOSUma vez Duas vezes Sempre recebo visitas dos técnicos ITNunca recebi TOTAL Fonte: DUDA, 2011

ASSISTÊNCIA TÉCNICA, CONHECIMENTO E CRÉDITO

Verificando os dados sobre assistência técnica, conhecimento e crédito, torna

possível qualificar melhor o debate sobre as dificuldades enfrentadas pelas famílias do

com relação à produção. Com relação à produção de leite, por

exemplo, principal produto do assentamento, na época das secas quando as áreas de pastagens

são reduzidas, apenas 16% das famílias utilizam ração especial para alimentação o gado de

gura 7 - Produtores que utilizam ração especial na época das secas

DUDA, 2011.

O manejo de pastagem é um dos principais problemas do sistema de produção leiteira

Outro importante problema relacionado à pastagem e a assistência técnica

o baixo valor nutritivo da forragem consumida pelos animais, Tabela 11.

TABELA 11 - VISITAS TECNICAS.

FOI VISITADO PELOS TÉCNICOS V. ABS.0 14

Sempre recebo visitas dos técnicos ITESP 7 3 24

DUDA, 2011.

62

E CRÉDITO

conhecimento e crédito, torna-se

possível qualificar melhor o debate sobre as dificuldades enfrentadas pelas famílias do

com relação à produção. Com relação à produção de leite, por

exemplo, principal produto do assentamento, na época das secas quando as áreas de pastagens

são reduzidas, apenas 16% das famílias utilizam ração especial para alimentação o gado de

Produtores que utilizam ração especial na

um dos principais problemas do sistema de produção leiteira

relacionado à pastagem e a assistência técnica é

.

V. ABS. % 0 59 28 13 100

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63

A assistência técnica é um quesito que afeta as famílias em diferentes aspectos. O

cumprimento de normas sanitárias, por exemplo, dependem de conhecimentos que somente

uma assistência técnica de qualidade pode oferecer. Fatores como baixa qualidade genética

dos animais, falta de renovação dos pastos e ausência de irrigação, são na opinião da

população assentada os três principais motivos da baixa produção de leite, Tabela 12.

TABELA 12 - PORQUE OS ENTREVISTADOS ENFRENTAM DIFICULDADE.

PORQUE ENFRENTAM DIFICULDADE V. ABS. % Falta de assistência técnica 3 13 Baixa qualidade genética dos animais 1 4 Falta de renovação dos pastos 3 13 Ausência de irrigação 0 0 Todas as anteriores 16 66 Outros 1 4 Total 24 100 Fonte: DUDA, 2011.

Para melhorar a produção de leite seria necessário investir em técnicas simples,

acessíveis a totalidade da população do assentamento como o manejo de pastagem associado

ao uso de piqueteamento, de gramíneas, leguminosas e arbóreas plantadas nas divisas e curvas

de níveis do lote. Estas espécies além de sombra, também serviriam de quebra vento,

estabelecendo deste modo uma agenda de transição para um modelo de produção mais

sustentável. Este tipo de manejo seria um passo importante para produção de leite

agroecologica, inserido num contexto de transição mais amplo.

O uso do piquete, por exemplo, ou são pouco utilizados pelas famílias que o possuem

em seu lote, ou são utilizados de maneira inadequada. Essa informação demonstra que as

famílias assentadas têm dificuldade de acesso até mesmo a informações básicas sobre

piqueteamento.

A formação de técnicos, numa perspectiva de utilização de tecnologias sociais, é outro

desafio a ser superado e uma experiência a ser construída no âmbito da assistência técnica

direcionada as famílias assentadas.

Algumas práticas relacionadas à inseminação artificial manual, imprescindíveis para

famílias que tem na bovinocultura de leite sua principal fonte de renda, não são

acessadas/praticadas pelas famílias do assentamento. A prática de inseminação seria uma

importante iniciativa no sentido de contribuir com a renovação do rebanho, uma vez que boa

parte das famílias assentadas acaba adquirindo animais de baixa qualidade genética oriundos

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de descartes de grandes fazendas das regiões do Pontal e norte do Paraná.

TABELA

JÁ FEZ CURSO DE INSIMINAÇÃO Sim Não TOTAL Fonte: DUDA, 2011

Figura 8 - Origem da compra de gado de leiteFonte: DUDA, 2011

Pensando a produção agropecuária como um todo, a assistência técnica cumpre um

importante papel de acompanhar o manejo dos diferentes cultivos agrícolas que

pelas famílias assentadas que geralmente possuem baixa escolaridade, e dificuldades de

acesso a informações relaciona

produtiva, que é considerada

monetária quanto a renda de autoconsumo.

Como sua produção é baixa,

produtos artesanais como queijo, iogurte e doces, ao passo que também não estão

como o preço pago pelos laticínios. Todos os 24 entrevistados declararam que não existe

nenhum tipo de agroindústria no assentamento. Esta questão necessita ser discutida junto às

famílias do assentamento Vale Verde.

Para produzir um contexto

importante realizar o fortalecimento dos órgãos oficiais de assistência técnica,

grandes fazendas das regiões do Pontal e norte do Paraná.

TABELA 13 - JÁ FEZ CURSO DE INSIMINAÇÃO

JÁ FEZ CURSO DE INSIMINAÇÃO V. ABS.0 24 24

DUDA, 2011.

Origem da compra de gado de leite. DUDA, 2011.

Pensando a produção agropecuária como um todo, a assistência técnica cumpre um

importante papel de acompanhar o manejo dos diferentes cultivos agrícolas que

pelas famílias assentadas que geralmente possuem baixa escolaridade, e dificuldades de

acesso a informações relacionadas a tecnologias de produção, num contexto de diversificação

que é considerada uma importante alternativa para melhorar tanto a renda

monetária quanto a renda de autoconsumo.

Como sua produção é baixa, Tabela 15, não se sentem estimulados a investir em

produtos artesanais como queijo, iogurte e doces, ao passo que também não estão

como o preço pago pelos laticínios. Todos os 24 entrevistados declararam que não existe

nenhum tipo de agroindústria no assentamento. Esta questão necessita ser discutida junto às

famílias do assentamento Vale Verde.

Para produzir um contexto adverso do revelado pelos dados analisados, seria

importante realizar o fortalecimento dos órgãos oficiais de assistência técnica,

64

grandes fazendas das regiões do Pontal e norte do Paraná.

MINAÇÃO.

V. ABS. % 0

100 100

Pensando a produção agropecuária como um todo, a assistência técnica cumpre um

importante papel de acompanhar o manejo dos diferentes cultivos agrícolas que são praticados

pelas famílias assentadas que geralmente possuem baixa escolaridade, e dificuldades de

das a tecnologias de produção, num contexto de diversificação

uma importante alternativa para melhorar tanto a renda

se sentem estimulados a investir em

produtos artesanais como queijo, iogurte e doces, ao passo que também não estão satisfeitos

como o preço pago pelos laticínios. Todos os 24 entrevistados declararam que não existe

nenhum tipo de agroindústria no assentamento. Esta questão necessita ser discutida junto às

adverso do revelado pelos dados analisados, seria

importante realizar o fortalecimento dos órgãos oficiais de assistência técnica, melhorando a

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65

qualidade e abrangência dos serviços prestados. Este tipo de medida contribuiria com a queda

de produtividade do leite no período das secas, ao passo que também poderia gerar

contribuições com relação à melhoria genética do rebanho, valendo-se de técnicas como da

inseminação artificial.

A ampliação dos serviços de assistência técnica e extensão rural, acompanhados de

políticas públicas e de crédito que valorizem a multifuncionalidade da agricultura familiar,

assumem papel relevante no fortalecimento de práticas coletivas, imprensidíveis para

construção de relações mais juntas com mercado.

Infelizmente, no Estado de São Paulo, a falta de dialogo entre as esferas de governo

federal e estadual, tem prejudicado o oferecimento de serviços que pudessem contribuir para

que houvesse superação deste quadro. O desmonte do ITESP pelo Governo do Estado nos

últimos anos, com relação às reposições salariais, plano de carreira, falta de agenda e

oferecimento de infra-estrutura, tem cada vez mais dificultado o trabalho dos seus servidores,

e com isso intensificado o conflito e descontentamento entre as famílias assentadas, e técnicos

da instituição.

TABELA 14 - ACEITAÇÃO DO PREÇO DO LEITE.

FELIZ COM PREÇO PAGO AO LEITE V. ABS. % Sim 1 4 Não 23 96 TOTAL 24 100 Fonte: DUDA, 2011.

TABELA 15 - MOTIVOS PARA NÃO REALIZAÇÃO DE BENEFICIAMENTO.

PORQUE NÃO FAZ QUEIJOS E DOCES V. ABS. % Porque o leite é pouco 10 40 Em grupo pode ser 2 8 Não produz leite 3 12 Não compensa 1 4 Da mais trabalho 1 4 Vender para o laticínio por não ter opções 1 4 Não por causa da fiscalização 1 4 Envolve mão-de-obra 1 4 Não opinou 3 12 Entregar ao laticínio é melhor 1 4 TOTAL 24 100 Fonte: DUDA, 2011.

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66

TABELA 16 - TEM AGROINDÚSTRIA ASSENTAMENTO.

TEM AGROINDÚSTRIA ASSENTAMENTO V. ABS. % Sim 0 0 Não 24 100 TOTAL 24 100 Fonte: DUDA, 2011.

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PARTE 3 DIMENSÃO - TRANSPORTE E ESTRADAS

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9. TRANSPORTE E ESTRADAS

A porcentagem referente ao tipo de transporte utilizado pelas famílias do

Vale Verde para se deslocarem até a cidade com carro próprio e transpo

próximas, 50% carro próprio e 46% coletivo, demonstrando a importância do transporte

coletivo e ao mesmo tempo, pela baixa oferta desta opção no que d

dificuldade que as famílias do assentamento enfrentam para se deslocar

Teodoro Sampaio.

Figura 9 - Tipo de transporte das famílias assentadas até a cidadeFonte: DUDA, 2011

A qualidade das estradas do assentamento de acordo com mais da metade dos

entrevistados 56% é boa. Por outro lado, 40% dos respondentes afirmaram que as estradas são

ruins, o que significa quem em diferentes trechos do assentamento, dependendo da

localização do lote, as famílias enfrentam dificuldade com deslocamento.

TABELA 17

OPINIÃO DOS ENTREVISTADOSÉ boa É ruim TOTAL Fonte: DUDA, 2011

E ESTRADAS

A porcentagem referente ao tipo de transporte utilizado pelas famílias do

Vale Verde para se deslocarem até a cidade com carro próprio e transpo

50% carro próprio e 46% coletivo, demonstrando a importância do transporte

coletivo e ao mesmo tempo, pela baixa oferta desta opção no que diz respeito a horários a

dificuldade que as famílias do assentamento enfrentam para se deslocarem

Tipo de transporte das famílias assentadas até a cidadeDUDA, 2011.

qualidade das estradas do assentamento de acordo com mais da metade dos

entrevistados 56% é boa. Por outro lado, 40% dos respondentes afirmaram que as estradas são

ruins, o que significa quem em diferentes trechos do assentamento, dependendo da

do lote, as famílias enfrentam dificuldade com deslocamento.

17 - QUALIDADE DAS ESTRADAS DO ASSENTAMENTO

OPINIÃO DOS ENTREVISTADOS V. ABS.14 10 24

DUDA, 2011.

68

A porcentagem referente ao tipo de transporte utilizado pelas famílias do assentamento

Vale Verde para se deslocarem até a cidade com carro próprio e transporte coletivo são muito

50% carro próprio e 46% coletivo, demonstrando a importância do transporte

iz respeito a horários a

em até o município de

Tipo de transporte das famílias assentadas até a cidade.

qualidade das estradas do assentamento de acordo com mais da metade dos

entrevistados 56% é boa. Por outro lado, 40% dos respondentes afirmaram que as estradas são

ruins, o que significa quem em diferentes trechos do assentamento, dependendo da

do lote, as famílias enfrentam dificuldade com deslocamento.

AS DO ASSENTAMENTO.

V. ABS. % 56 40 100

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69

TABELA 18 - DESLOCAMENTO ATÉ A ESCOLA.

DESLOCAMENTO ATÉ A ESCOLA V. ABS. % A pé 0 0 De bicicleta 0 0 De cavalo 0 0 De moto 0 0 Com transporte oferecido pela Prefeitura 24 100 Transporte particular pago pelos assentados 0 0 Outros 0 0 TOTAL 24 100 Fonte: DUDA, 2011.

Na analise da Tabela 18, referente ao deslocamento dos alunos até a escola, 100% dos

entrevistados declararam que a prefeitura oferece o transporte escolar. Comparativamente, de

acordo com os resultados da pesquisa de Silva (2008), que comparou os do transporte escolar

do município de Teodoro Sampaio, com os de assentamentos de outras seis regiões do país,

pode-se afirmar que as estatísticas deste tipo de serviço público esta entre os melhores do

país. Como estamos discutindo um dado que esta sendo relativizada a outros contextos, essa

informação deve ser interpreta com cautela, pois não significa dizer que a rede de transporte

escolar do município de Teodoro Sampaio, não precise passar por aprimoramentos.

TABELA 19 - EQUIPAMENTOS E TRANSPORTE.

ITENS QUE POSSUI NO LOTE V. ABS. % Tratores 1 4 Caminhões 0 0 Caminhonetas 1 4 Automóveis 4 16 Máquinas agrícolas 1 4 Motocicletas 14 58 Outros 0 0 Nenhum desses 3 12 TOTAL 24 100 Fonte: DUDA, 2011.

Com relação aos equipamentos e transporte, verificamos que 58% das pessoas

entrevistadas têm motocicleta, 16% automóveis, 12% não tem nenhum desses itens e que 4%

possuem maquinas agrícolas, até um trator e caminhoneta, Tabela 19.

Page 72: ESTUDO DA PRODUÇÃO DE LEITE NO ASSENTAMENTO VALE … · Vale Verde, considera a principal fonte de renda das famílias deste assentamento. O assentamento Vale Verde localiza-se

Figura 10 Fonte: DUDA, 2011

Na Figura 11, é possível verificar que 83% dos entrevistados informaram que fazem a

queima o lixo, revelando que

presente até mesmo nos pequenos municípios da região. Este tipo de informação evidência o

hiato, o distanciamento existente

campo e a cidade. A mesma situação pode ser verifica com relação às fontes de abastecimento

de água, Figura 12.

Figura 11 - Fonte de abastecimento de águaFonte: DUDA, 2011

A quase que totalidade dos entrevistados

realizar o armazenamento da sua produção

realizar o armazenamento da produção, deixa as famílias assentadas numa situação de

- Destinação do lixo. DUDA, 2011.

Na Figura 11, é possível verificar que 83% dos entrevistados informaram que fazem a

queima o lixo, revelando que as famílias não dispõem de coleta de lixo, infra

presente até mesmo nos pequenos municípios da região. Este tipo de informação evidência o

existente entre as políticas públicas e investimentos destinados ao

A mesma situação pode ser verifica com relação às fontes de abastecimento

onte de abastecimento de água. DUDA, 2011

A quase que totalidade dos entrevistados 86%, informou que não possuem lugar para

realizar o armazenamento da sua produção, Figura 13. A ausência de local apropriado para

realizar o armazenamento da produção, deixa as famílias assentadas numa situação de

70

Na Figura 11, é possível verificar que 83% dos entrevistados informaram que fazem a

as famílias não dispõem de coleta de lixo, infra-estrutura

presente até mesmo nos pequenos municípios da região. Este tipo de informação evidência o

as políticas públicas e investimentos destinados ao

A mesma situação pode ser verifica com relação às fontes de abastecimento

informou que não possuem lugar para

, Figura 13. A ausência de local apropriado para

realizar o armazenamento da produção, deixa as famílias assentadas numa situação de

Page 73: ESTUDO DA PRODUÇÃO DE LEITE NO ASSENTAMENTO VALE … · Vale Verde, considera a principal fonte de renda das famílias deste assentamento. O assentamento Vale Verde localiza-se

extrema fragilidade com relação às oscilações

atravessador, que é fruto deste contexto de ausência de infra

Figura 12 - Fonte: DUDA, 2011

extrema fragilidade com relação às oscilações do mercado, além de fomentar a presença do

ruto deste contexto de ausência de infra-estrutura.

Local de armazenamento da produção. DUDA, 2011.

71

do mercado, além de fomentar a presença do

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PARTE 3 DIMENSÃO - PERCEPÇÃO DAS FAMÍLIAS ASSENTADAS:

perguntas afirmativas

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10. PERCEPÇÕES DAS FAMÍLIAS ASSENTADAS

Com relação à percepção das famílias assentadas, 33% informaram que não estão

satisfeitas com o tamanho do lote.

baixa produtividade e tamanho do lote, dado as dificuldades que as famílias assentadas

enfrentam para produzir. Sua dificuldade de acesso as tecnologias de produção é sem dúvidas

um fator, que associada de maneira equivocada

para serem mais produtivas necessitariam de uma gleba de terras maior.

Como a diversidade produtiva é pouco praticada, e a maior parte das famílias tem sua

renda atrelada a produção do leite, não é incomum encontrar na fala das família

esse tipo opinião.

De acordo com Silva (

área dos lotes e as formas de organização das atividades produtivas nos

município de Teodoro Sampaio, são desenvolvidos em pequenas extensões de área e podem

ser entendidas como um reflexo da falta de aplicabilidade das políticas publica destinad

incentivar a produção nos assentamentos.

Figura 13 - Opinião do entrevistado sobre o tamanho do loteFonte: DUDA, 2011

Com relação à localização do lote

localização. Do ponto de vista das famílias assentadas

vista como um local de moradia

do acesso a mercados, a distribuição espacial dos lotes do assentamento Vale Verde, a

exemplo dos lotes dos demais assentamentos d

PERCEPÇÕES DAS FAMÍLIAS ASSENTADAS: perguntas afirmativas

Com relação à percepção das famílias assentadas, 33% informaram que não estão

satisfeitas com o tamanho do lote. É muito comum no discurso das famílias a associação entre

baixa produtividade e tamanho do lote, dado as dificuldades que as famílias assentadas

enfrentam para produzir. Sua dificuldade de acesso as tecnologias de produção é sem dúvidas

ciada de maneira equivocada a produtividade, levam as famílias a crer que

para serem mais produtivas necessitariam de uma gleba de terras maior.

Como a diversidade produtiva é pouco praticada, e a maior parte das famílias tem sua

produção do leite, não é incomum encontrar na fala das família

De acordo com Silva (2008), ainda que apresente tendência à diversificação, o uso da

área dos lotes e as formas de organização das atividades produtivas nos

município de Teodoro Sampaio, são desenvolvidos em pequenas extensões de área e podem

ser entendidas como um reflexo da falta de aplicabilidade das políticas publica destinad

incentivar a produção nos assentamentos.

Opinião do entrevistado sobre o tamanho do lote. DUDA, 2011.

Com relação à localização do lote, a totalidade das famílias 92%, está satisfeita com a

localização. Do ponto de vista das famílias assentadas, a localização do lote é muito mais

vista como um local de moradia, do que como um espaço de produção, pois do ponto de vista

do acesso a mercados, a distribuição espacial dos lotes do assentamento Vale Verde, a

exemplo dos lotes dos demais assentamentos do município, apresentam uma logística

73

erguntas afirmativas

Com relação à percepção das famílias assentadas, 33% informaram que não estão

É muito comum no discurso das famílias a associação entre

baixa produtividade e tamanho do lote, dado as dificuldades que as famílias assentadas

enfrentam para produzir. Sua dificuldade de acesso as tecnologias de produção é sem dúvidas

, levam as famílias a crer que

Como a diversidade produtiva é pouco praticada, e a maior parte das famílias tem sua

produção do leite, não é incomum encontrar na fala das famílias assentadas

ainda que apresente tendência à diversificação, o uso da

área dos lotes e as formas de organização das atividades produtivas nos assentamentos do

município de Teodoro Sampaio, são desenvolvidos em pequenas extensões de área e podem

ser entendidas como um reflexo da falta de aplicabilidade das políticas publica destinadas a

a totalidade das famílias 92%, está satisfeita com a

a localização do lote é muito mais

do que como um espaço de produção, pois do ponto de vista

do acesso a mercados, a distribuição espacial dos lotes do assentamento Vale Verde, a

apresentam uma logística

Page 76: ESTUDO DA PRODUÇÃO DE LEITE NO ASSENTAMENTO VALE … · Vale Verde, considera a principal fonte de renda das famílias deste assentamento. O assentamento Vale Verde localiza-se

complexa. No intuito de ligar sem a intermediação de atravessadores e da agroindústria a

produção das famílias assentamentas aos consumidores da cidade, a arquitetura logística

complexa dos assentamentos é uma questão

Figura 14 - Opinião do entrevistado sobre a localização do loteFonte: DUDA, 2011

No que diz respeito à opinião das famílias sobre condições de

metade, 64% classificaram a infra

apresentaram uma opinião dividida, com relação aos serviços de água e luz, demonstrando

que ainda são necessários investimentos, visando à consolidaç

assentamento.

TABELA 20 - OPINIÃO DO ENTREVIST

MORADIA E RESIDÊNCIABom Regular Ruim TOTAL

Fonte: DUDA, 2011

complexa. No intuito de ligar sem a intermediação de atravessadores e da agroindústria a

produção das famílias assentamentas aos consumidores da cidade, a arquitetura logística

complexa dos assentamentos é uma questão que necessita ser superada.

Opinião do entrevistado sobre a localização do lote. DUDA, 2011.

No que diz respeito à opinião das famílias sobre condições de

metade, 64% classificaram a infra-estrutura de suas residências como boas, Tabela

apresentaram uma opinião dividida, com relação aos serviços de água e luz, demonstrando

que ainda são necessários investimentos, visando à consolidação da infra

OPINIÃO DO ENTREVISTADO SOBRE SUA MORADIA E

MORADIA E RESIDÊNCIA V. ABS.16 8 0 24

DUDA, 2011.

74

complexa. No intuito de ligar sem a intermediação de atravessadores e da agroindústria a

produção das famílias assentamentas aos consumidores da cidade, a arquitetura logística

No que diz respeito à opinião das famílias sobre condições de moradia, mais da

estrutura de suas residências como boas, Tabela 20, mas

apresentaram uma opinião dividida, com relação aos serviços de água e luz, demonstrando

ão da infra-estrutura social do

MORADIA E RESIDÊNCIA

V. ABS. % 64

32 0

100

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Figura 15 - Opinião do entrevistado sobre os serviços deFonte: DUDA, 2011

Com relação aos serviços básicos de saúde

17. Esse grau de satisfação pode ser atribuído aos postos

PSFs, que funcionam no assentamento e nos assentamentos vizinhos. Neste sentido, apesar

deste tipo de infra-estrutura fazer

sobretudo as que pertencem a uma faixa

de acesso. Também há de se considerar que os PSFs constituem

atendimento básico e são focados na prevenção, o que de certa forma explica a diversidade de

respostas da Figura 18, com relação ao

Figura 16 - Opinião do entrevistado sobre os serviços básicos de saúdeFonte: DUDA, 2011

Opinião do entrevistado sobre os serviços de água e luzDUDA, 2011.

Com relação aos serviços básicos de saúde, mais da metade estão satisfeitos

. Esse grau de satisfação pode ser atribuído aos postos do Programa Saúde da Família

que funcionam no assentamento e nos assentamentos vizinhos. Neste sentido, apesar

estrutura fazer-se presente, por falta de transporte

as que pertencem a uma faixa-etária de idade mais elevada enfrentam

de acesso. Também há de se considerar que os PSFs constituem

atendimento básico e são focados na prevenção, o que de certa forma explica a diversidade de

com relação aos serviços de emergência.

pinião do entrevistado sobre os serviços básicos de saúdeDUDA, 2011.

75

água e luz

mais da metade estão satisfeitos, Figura

Programa Saúde da Família –

que funcionam no assentamento e nos assentamentos vizinhos. Neste sentido, apesar

se presente, por falta de transporte, algumas famílias,

enfrentam dificuldades

de acesso. Também há de se considerar que os PSFs constituem-se em unidades de

atendimento básico e são focados na prevenção, o que de certa forma explica a diversidade de

pinião do entrevistado sobre os serviços básicos de saúde

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Figura 17 - Opinião do entrevistado sobre os serviços básicos de emergência Fonte: DUDA, 2011

Neste item analisamos

interpretação de perguntas afirmativas, tentando captar

relacionados a processos de desenvolvimento do assentamen

Existe por parte da população um sentimento de que a população do campo deve saber

ler e escrever, Tabela 21. Tendo em vista que muitas das famílias encontram

escolar, faz-se necessário pensar meios de ampliar o leque de opções

escolaridade que são oferecidas nas escolas do assentamento.

TABELA 21 - VOCE CONCORDA QUE A

VOCE CONCORDA QUE A CAMPO DEVE SABER Concorda com a idéiaDiscorda da idéiaTOTAL Fonte: DUDA, 2011

Outro dado interessante, é que 60% das famílias, Tabela

educação possui relação com o desenvolvimento do assentamento.

Opinião do entrevistado sobre os serviços básicos de

DUDA, 2011.

Neste item analisamos o posicionamento das famílias assentadas, a partir da

de perguntas afirmativas, tentando captar sua opinião sobre aspectos importantes

de desenvolvimento do assentamento, Tabela 22

Existe por parte da população um sentimento de que a população do campo deve saber

. Tendo em vista que muitas das famílias encontram

se necessário pensar meios de ampliar o leque de opções, referent

escolaridade que são oferecidas nas escolas do assentamento.

VOCE CONCORDA QUE A POPULAÇÃO CAMPO DEVEESCREVER

VOCE CONCORDA QUE A POPULAÇÃO DEVE SABER LER ESCREVER V. ABS.com a idéia 24

Discorda da idéia 0 24

DUDA, 2011.

Outro dado interessante, é que 60% das famílias, Tabela 22

educação possui relação com o desenvolvimento do assentamento.

76

Opinião do entrevistado sobre os serviços básicos de

o posicionamento das famílias assentadas, a partir da

opinião sobre aspectos importantes

22.

Existe por parte da população um sentimento de que a população do campo deve saber

. Tendo em vista que muitas das famílias encontram-se fora de idade

referente aos níveis de

POPULAÇÃO CAMPO DEVE SABER LER

V. ABS. % 100 0 100

22, concordam que a

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TABELA 22 - OPINIÃO DOS ENTREVIS

CONCORDA QUE EXISTEENTRE DESENVOLVIMENTO EEDUCAÇÃO EDUCAÇÃOConcorda com a idéiaDiscorda da idéiaTOTAL Fonte: DUDA, 2011

As totalidades das famílias acreditam que os jovens devem permanecer no campo,

Tabela 23, entretanto, admitem que a falta de oportunidades no assentamento, dada as

dificuldades encontradas pelas famílias para produzir, somada a falta de infra

de lazer, entre outros, tem contribuído para evasão dos jovens.

TABELA 23 - OPINIÃO DO ENTREVIST

OPINIÃO SOBRE PERMANENCIA DOS JOVENS NO CAMPOConcorda que devem permanecerDiscorda, acha que devem morar na cidadeTOTAL Fonte: DUDA, 2011

Em relação à associação de esc

que quanto menor é o estudo maior é a destruição, ou seja, associam a falta de estudo a

destruição,

Figura 18 - Entrevistados que acreditam que quanto menor é o estudo maior é a destruiçãoFonte: DUDA, 2011

OPINIÃO DOS ENTREVISTADOS ACERCA DA RELADESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO

CONCORDA QUE EXISTE RELAÇÃO ENTRE DESENVOLVIMENTO E

EDUCAÇÃO V. ABS.Concorda com a idéia 15 Discorda da idéia 9

24 DUDA, 2011.

As totalidades das famílias acreditam que os jovens devem permanecer no campo,

, entretanto, admitem que a falta de oportunidades no assentamento, dada as

dificuldades encontradas pelas famílias para produzir, somada a falta de infra

de lazer, entre outros, tem contribuído para evasão dos jovens.

OPINIÃO DO ENTREVISTADO SOBRE A PERMANÊNNO CAMPO

OPINIÃO SOBRE PERMANENCIA DOS JOVENS NO CAMPO V. ABS.

que devem permanecer no campo 24 , acha que devem morar na cidade 0

24 DUDA, 2011.

Em relação à associação de escolaridade e preservação, 33%, Figura 19

o estudo maior é a destruição, ou seja, associam a falta de estudo a

Entrevistados que acreditam que quanto menor é o estudo maior é a destruição

DUDA, 2011.

77

TADOS ACERCA DA RELAÇÃO

V. ABS. % 60 36 100

As totalidades das famílias acreditam que os jovens devem permanecer no campo,

, entretanto, admitem que a falta de oportunidades no assentamento, dada as

dificuldades encontradas pelas famílias para produzir, somada a falta de infra-estrutura social

ADO SOBRE A PERMANÊNCIA DOS JOVENS

V. ABS. % 100 0 100

olaridade e preservação, 33%, Figura 19, acreditam

o estudo maior é a destruição, ou seja, associam a falta de estudo a

Entrevistados que acreditam que quanto menor é o estudo

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A maioria das famílias discorda que os alunos do assentamento da cidade apreendem

mais rápido que os alunos dos assentamentos, Tabela 24.

TABELA 24 - OPINIÃO SOBRE A POSSIBILIDADE DOS ALUNOS DA CIDADE

APREENDEREM MAIS RAPIDAMENTE QUE OS ALUNOS DOS SSENTAMENTOS

ALUNOS CIDADE APRENDEM MAIS QUE OS DO ASSENTAMENTO V. ABS. %

Concorda com a idéia 9 36 Discorda da idéia 15 60 TOTAL 24 100 Fonte: DUDA, 2011.

É consenso que a informática é importante no contexto da educação, Tabela 25, e que

os jovens devem ingressar na universidade, Tabela 26. Quando questionados sobre os tipos de

organização que existem no assentamento, 68%, Tabela 27, afirmaram que no assentamento

não possui organização social ou desconhecem sua existência. Apenas 24% afirmaram ter

conhecimento sobre existência de associações de produtores rurais, e não souberam informar

se as mesmas estão funcionando.

Pensando a definição de estratégias coletivas para o desenvolvimento do

assentamento, urge investir em ações com objetivo de sensibilizar as famílias a trabalharem

numa perspectiva de recuperação, da importância das associações e cooperativas no contexto

da luta na terra.

TABELA 25 - OPINIÃO DO ENTREVISTADO ACERCA DA IMPORTÂNCIA DA INFORMÁTICA

COMPUTAÇÃO. NÃO É IMPOR. ALUNOS CAMPO V. ABS. % Concorda com a idéia 0 0 Discorda da idéia 24 100

TOTAL 24 100 Fonte: DUDA, 2011.

TABELA 26 - OPINIÃO DOS ENTREVISTADOS ACERCA DA POSSIBILIDADE DOS JOVENS ASSENTADOS INGRESSAREM NA UNIVERSIDADE

INGRESSO DO JOVEN NA UNIVERSIDADE V. ABS. % Concorda com a idéia 5 20 Discorda da idéia 19 76 TOTAL 24 100

Fonte: DUDA, 2011.

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TABELA 27 - OPINIÃO DO ASSENTADO ACERCA DA ORGANIZAÇÃO NO ASSENTAMENTO

ORGANIZAÇÃO SOCIAL V. ABS. % Não temos organização social no assentamento 11 44 Desconheço tipo de organização assentamento 6 24 Associação de produtores rurais 6 24 Sindicato de trabalhadores rurais 0 0 Grupos informais de mulheres e jovens 1 4 Núcleo de partido político 0 0 Movimento social organizado 0 0

TOTAL 24 100 Fonte: DUDA, 2011.

CONSIDERAÇÕES

Com base na análise dos dados quantitativos do assentamento Vale Verde verificamos

que o leite é um dos produtos mais importantes na composição da renda das famílias

assentadas. Todavia, verificamos que a produtividade é baixa e encontra-se relacionada a

questões como, assistência técnica; crédito, e conhecimento, que quando associadas ajudam a

entender a baixa produtividade deste tipo de atividade no assentamento.

A produção de leite é realizada sem uso de técnicas como piqueteamento, reforma de

pastagem e melhoramento genético dificultando o aumento de produtividade. Dada a

dependência das famílias do assentamento em relação à produção de leite, será necessária a

elaboração de projetos com objetivo tanto de melhorar os índices de produção do produto,

quanto fomento a criação de novas fontes de renda por meio da diversificação produtiva.

Ações no sentido de sensibilizar as famílias a trabalharem coletivamente, definindo estratégias

conjuntas também são de extrema importância para o futuro do assentamento.

O envolvimento da comunidade na discussão dos seus desafios e perspectivas é uma

possibilidade de aprimoramento das políticas públicas. Para isso, outros trabalhos sobre o

assentamento Vale Verde, dando seqüência a este trabalho de monografia necessitam ser

desenvolvidos. Trabalhos desta natureza assumem papel decisivo na ampliação da leitura de

desenvolvimento da população do assentamento sobre as suas possibilidades de

desenvolvimento e necessidade de investimento via políticas públicas para concretização

destas possibilidades.

Investimentos em infra-estrutura das estradas, local para armazenamento da produção

e outras infra-estruturas sociais relacionadas às opções de lazer, saúde e educação também

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serão necessários, para que a família do assentamento Vale Verde, possam melhorar sua

qualidade de vida no campo.

Desde que haja organização de grupos de famílias, órgão como Serviço Nacional de

Aprendizagem Rural – SENAR podem fazer o atendimento das famílias com a mediação de

algum sindicato rural, e com isso, contribuir para a superação de dificuldades com a produção

do leite e de outros produtos que a comunidade julgue interessante produzir.

Outra, alternativa seria investir na criação de pequenas agroindústrias, podendo estas

ser ou não artesanais, dentro dos próprios assentamentos, no intuito de pensar a reorganização

do uso do espaço produtivo do lote. Essa alternativa libertaria as famílias da relação de

subordinação e controle exercida pelos laticínios. A participação das famílias assentadas de

feira com enfoque familiar, como a Feira do Agricultor Familiar e Trabalhador Rural –

Agrifam, por exemplo, são importantes para colocar as famílias assentadas em contato com

tecnologias de produção pensadas para agricultura de pequena escala.

Anualmente na Agrifam empresas especializadas em fabricar plantas para

beneficiamento do leite em pequena escala, bem como empresas voltadas a agroindústrias

familiares de outros produtores participam da feira expondo seus produtos. Atualmente é

possível desenhar uma planta de laticínio relacionada à capacidade de produção de uma

associação de produtores, contemplando a escala de produção das famílias assentadas.

Por outro lado, na matriz de investimento do Plano Safra 2011-2012 publicado pelo

MDA, é previsto investimentos para implantação de agroindústrias, desde que os mesmos

encontrem-se organizados e comprovem via projeto capacidade de gestão do

empreendimento. Diante deste contexto, o estimulo a práticas coletivas talvez seja uma das

principais portas de acesso a projetos de investimentos para as famílias do Assentamento Vale

Verde. A busca de apoio em intuições de ensino superior como a Faculdade de Tecnologia de

Presidente Prudente – FATEC e a Universidade Estadual Paulista – UNESP do mesmo

município, são alternativas que devem ser consideradas pelas famílias assentadas.

Com bons projetos em mãos, que podem ser construídos com auxilio das

universidades e institutos técnicos, conforme acabamos de mencionar, as famílias do

assentamento também podem pleitear recursos via ementa parlamentar, junto a deputados e

senadores identificados com o tema.

A recuperação de experiências bem sucedidas em assentamentos de outras regiões do

país também necessita ser resgatada. A troca de experiência das famílias do assentamento Vale

Verde, com famílias de assentamentos com experiências produtivas consolidas, também deve

ser uma prática recorrente, dada a sua função pedagógica para construção de diálogos em prol

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do desenvolvimento do assentamento Vale Verde.

O resultado produzido por este trabalho de monografia constitui-se em uma das

inúmeras iniciativas que precisam ser deflagradas no assentamento, com objetivo de

diagnosticar e propor projetos, visando à superação de problemáticas, tanto de ordem

conjuntural quanto estrutural do assentamento Vale Verde. Conhecer melhor o território do

assentamento Vale Verde é uma questão de desenvolvimento territorial.

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