NO VALE VERDE...NO VALE VERDE...

1951

No vale verde, entre rios,te lapidaram, cidade:

de tuas águas, a fonte dessa imensa saudade.

Foi pelas tuas ruas nosso tempo de menino;

ali se entrelaçaramnosso futuro e destino.

1956

Ali, tantas descobertas,surpresas em cada canto:

era a vida se mostrando ao nosso olhar de espanto.

Pasmados das variâncias:mundo novo e complexo;novo até o próprio corpo:vagas ardências do sexo.

1964

E pelas mesmas ruas e pelas mesmas esquinas

explodiam como flores os peitinhos das meninas.

Era o amor que aflorava em flertes e risadinhas;inescondível do mundo:revelado... nas espinhas.

1964

Pintinhas que não deixaramnem sinais, nem cicatrizes;apenas “terríveis dramas”em tempos muito felizes.

Os amores, no entanto, marcaram pra sempre, eternos,

deles ‘inda encontramos vestígios pelos cadernos.

No velho “questionário”,álbum de recordação,numa foto amarelada,numa antiga canção.

E o amor, com o tempo, se torna apaziguado:

é a permissão do segredo ou licença em ser revelado.

Huberto Meurer e Maria Lehmkuhl1º Casamento registrado no livro paroquial 1952

Sem as ganas da paixão,se permite emparedado;

ou já feliz por ter sido, se autoriza delatado:

num sorriso embevecido, num jeito mais brincalhão,

em olhar inesquecível,em tímido aperto de mão,

Numa risada sonante,num abraço demorado,num 'ciau' de promessa

do afeto reencontrado.

Digo amor, digo amizade, mais feliz em seus ofícios:

seus caminhos se bifurcam, mas não cobram sacrifícios.

Assim sopramos de novo,em flashes de emoção,

o amor e a amizade nas brasas do coração.

Longe do que nos foste – pela distância e idade –permaneces nos amoresque celebramos, cidade.

Tuas escolas, teus mestresnos ensinaram carinho:

um jeito de amar pra sempreo que se viu no caminho.

Pelos teus clubes e bares descobrimos que viver

pode ser uma aventura, pode ser puro prazer.

19541ª professora Maria de Lourdes Patriota

São de seda esses laçosentre nós e contigo,mas laços que não desatam:

– abraço de velho amigo.

E como amigos são feitos só no tempo passarinho, passamos o tempo hoje cantando o velho ninho.

São cantigas de encontro,são canções de lealdadeembaladas na harmonia

do vale da mocidade.

E não sabes da alegriade encontrar um paisano;

de saber o que se passa na vida do velho mano.

Nem da troca de notícias de quem ficou na “terrinha”,

de quem mudou de país,de quem não se avizinha,

de um outro filho teu, de uma outra tua filha,

de alguém que já morreu, de algo que ainda brilha.

– “'Cê lembra daquele cara?”– “E daquela menina?”

– “Casou de novo?!” – “Ficou rico?!”– “Dá aulas na Medicina?!”

– “Montou um restaurante...”– “Sei que fez Engenharia...”

– “Se formou junto comigo...”.– “Hoje dá consultoria...”

Ah, cidade, se soubessesquanto guardamos de ti,saberias que te amamoscomo os teus filhos daí.

Em meados dos sessentado século que já passou

nossa alma adolescente pelo teu vale vagou.

E essa turma dos sessenta, que próprios sessenta alcança,

ainda adolesce na alma:– nossa alma de criança.

E ora entendo: na visita que – já adulto – te fiz

me brotou grande espinhabem na ponta do nariz.

Brindamos tua existência: jamais serás esquecida;

porquanto sempre estivesteindelével em nossa vida.

No vale verde, entre rios, te incrustaram ali.

No vale verde, a saudade:

– nossa Paranavaí.

CréditosCréditos Poesia:Poesia:

O Vale Verde O Vale Verde – Justiniano Antão do Nascimento – abril de 2008Justiniano Antão do Nascimento – abril de 2008

Fotos:Fotos: Arquivo pessoal de:Arquivo pessoal de:

– Frei Wilmar Santin – Eliomar Fiorenza – Juraci Arantes - Rogério Vianna Frei Wilmar Santin – Eliomar Fiorenza – Juraci Arantes - Rogério Vianna e Antonio Campos.e Antonio Campos.

Músicas:Músicas:– Greenfields – Viagem – My Way Greenfields – Viagem – My Way

Produção e Formatação:Produção e Formatação:– Antonio Campos Silva Junior – Curitiba, julho de 2008Antonio Campos Silva Junior – Curitiba, julho de 2008

Permitida a divulgação para uso doméstico, desde que Permitida a divulgação para uso doméstico, desde que não se altere a forma e o conteúdo, sendo obrigatória a não se altere a forma e o conteúdo, sendo obrigatória a citação dos créditos.citação dos créditos.