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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ESTUDO DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR EM PAINEL FOTOVOLTAICO PRISCILA MEDEIROS SANTANDREA NATAL- RN, 2019

ESTUDO DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR EM …...A ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica) realizou um estudo no qual prevê que até 2040 serão 126GW de energia

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

ESTUDO DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR EM

PAINEL FOTOVOLTAICO

PRISCILA MEDEIROS SANTANDREA

NATAL- RN, 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

ESTUDO DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR EM

PAINEL FOTOVOLTAICO

PRISCILA MEDEIROS SANTANDREA

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao curso de Engenharia

Mecânica da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte como parte dos

requisitos para a obtenção do título de

Engenheira Mecânica, orientado pelo

Prof. Dr. George Santos Marinho.

NATAL - RN

2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

ESTUDO DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR EM

PAINEL FOTOVOLTAICO

PRISCILA MEDEIROS SANTANDREA

Banca Examinadora do Trabalho de Conclusão de Curso

Prof. Dr. George Santos Marinho ___________________________

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Orientador

Prof. Dr. Kleiber Lima De Bessa ___________________________

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Avaliador Interno

Prof. Ewerton Felipe De Souza Cordeiro ___________________________

Robô Ciência LTDA - Avaliador Externo

NATAL, 17 de Junho de 2019.

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Dedicatória

Dedico este trabalho ao meu pai, por ser meu oito, aquele que me inspira,

apoia e suporta ao longo desses anos de conhecimento e minha mãe por ser meu

oitenta, aquela que sempre me deu liberdade de seguir meus sonhos, aos meus

irmãos e amigos por estarem sempre ao meu lado e por fim aos meus mestres que

me deram a oportunidade de chegar até aqui.

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Agradecimentos

Este trabalho não poderia ser concluído sem a ajuda de diversas pessoas as

quais presto minha homenagem:

Professor George Santos Marinho;

Engenheiro Higo Leonardo;

Engenheiro Rafael Escóssia;

Professor Tulio César Soares Santandrea.

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Santandrea, P M. Estudo da transferência de calor em painel fotovoltaico. 2019.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Mecânica) –

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal-RN, 2019.

Resumo

O uso de energias renováveis é o caminho para o desenvolvimento sustentável. O

Brasil tem se destacado no cenário mundial devido à longa tradição no

aproveitamento de fontes renováveis, como a energia hidroelétrica e a de biomassa.

Mais recentemente o Rio Grande do Norte tornou-se o maior produtor nacional de

energia renovável a partir dos ventos. Devido à localização geográfica, o estado

também dispõe de amplo potencial para exploração da energia solar, apesar de

ainda incipiente neste setor. Para que essa pretensão seja viabilizada, técnica e

economicamente, são necessários estudos que considerem as peculiaridades

regionais e locais. Nesse sentido, é necessário considerar o uso de painéis

fotovoltaicos. Devido ao elevado índice de radiação solar incidente, há um

sobreaquecimento dos painéis, que reduz a eficiência da conversão em eletricidade

e diminui o tempo de vida útil das células fotovoltaicas. Visando contribuir para

promover o aproveitamento da energia solar no RN, considerou-se a possibilidade

de reduzir o problema de sobreaquecimento dos painéis solares por meio de

resfriamento passivo. Assim, no presente trabalho, realizou-se um estudo

experimental no qual um painel fotovoltaico foi submetido a aquecimento controlado

em duas situações: com e sem troca de calor entre o painel e um recipiente d’água.

Para arrefecimento da temperatura do painel, foram considerados três diferentes

fluidos de trabalho: ar, água e etileno glicol. Os experimentos foram realizados em

ambiente termicamente controlado, com aquecimento do painel por meio de um

banco de lâmpadas incandescentes e monitoramento da temperatura por meio de

termopares acoplados a um sistema de aquisição de dados por computador. Para

cada fluido, foram realizados três experimentos. Considerou-se como referência a

situação na qual o recipiente acoplado à base do painel continha ar. Nesse caso,

conforme esperado, foram registrados os maiores valores para temperatura média

do painel. Quando o recipiente foi preenchido com água, a temperatura média do

painel ficou cerca de 2 ºC abaixo do caso anterior. Resultado semelhante foi

observado quando do preenchimento do recipiente com etileno glicol.

Palavras-chave: Energia solar; Painel fotovoltaico; Resfriamento passivo.

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Santandrea, P. M. Study of heat transfer in photovoltaic panel. 2019.

Conclusion work project (Graduate in Mechanical Engineering) - Federal University

of Rio Grande do Norte, Natal-RN, 2019.

Abstract

The use of renewable energy is the way to sustainable development. Brazil has

stood out in the world scene because of the long tradition in the use of renewable

sources, such as hydroelectric power and biomass. More recently, Rio Grande do

Norte has become the largest national producer of renewable energy from the

winds. This study is the state of potential of solar energy, even incipient this sector.

For this pretension to be made feasible, technically and economically, studies are

necessary that consider as regional and local peculiarities. In this sense, it is

necessary to use photovoltaic panels. Due to the high solar radiation, there is an

overheating of the panels, which reduce the efficiency of solar radiation and reduce

the shelf life of photovoltaic cells. Aiming at helping to obtain the use of solar

energy in the RN, considering the possibility of reducing the consumption of solar

energy through passive cooling. Thus, no work was done, an experimental study

was carried out in which a photovoltaic panel was moderated in two situations: with

and without heat exchange between the panel and a water container. For warming

the panel temperature, there were three different working fluids: air, water and

ethylene glycol. The experiments were carried out in a thermally controlled

environment, with the heat of a bank of incandescent batteries and the temperature

monitoring by means of thermocouples coupled to a computer data capture

system. For each fluid, three experiments were used. Reference was made to the

condition of the carrier coupled to the base of the air-contained panel. In this case,

as expected, they were the highest values for the panel average. When shipping

was done with water, the heat was below 2 ° C below the previous case. The result

was when filling the container with ethylene glycol.

Keywords: Solar energy; Photovoltaic panel; Passive cooling.

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Lista de Ilustrações

Figura 1 - Comparação da temperatura x eficiência das célular nos diferentes

modelos. Fonte: Adaptado de Roney et al. (2004). __________________________ 5

Figura 2 - Influência da temperatura da célula fotovoltaica na curva IxV. _________ 6

Figura 3 - Modelo denominado TEPVIS criado na Alemanha em 1995. _________ 10

Figura 4 - Esquema dos modos de transferência de calor. ___________________ 12

Figura 5 - Entrada dos fluidos de trabalho no recipiente térmico. ______________ 18

Figura 6 - Diâmetro do recipiente térmico. ________________________________ 19

Figura 7 - Altura do recipiente térmico. __________________________________ 20

Figura 8 - Espuma na qual proporciona isolamento térmico ao recipiente. _______ 20

Figura 9 - Recipiente térmico com pasta térmica. __________________________ 21

Figura 10 - Placa fotovoltaica. _________________________________________ 22

Figura 11 - Termopares utilizados no sistema. _____________________________ 23

Figura 12 - Painel de iluminação. _______________________________________ 23

Figura 13 - Processo de destilação da água. ______________________________ 24

Figura 14 - Etilenoglicol fabricado pela Valeo. _____________________________ 25

Figura 15 - Sistema de aquisição de dados. ______________________________ 26

Figura 16 - Programa que capta os valores quantitativos do sistema de aquisição de

dados. ___________________________________________________________ 27

Figura 17 - Organização dos termopares no sistema de aquisição de dados. _____ 28

Figura 18 - Localização dos termopares 01 e 03 na placa fotovoltaica. __________ 28

Figura 19 - Localização dos termopares 02 e 07 no recipiente térmico. _________ 29

Figura 20 - Localização dos termopares 04 e 05. __________________________ 30

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Figura 21 - Junção da placa fotovoltaica e do coletor térmico. ________________ 30

Figura 22 – Distância entre o sitema placa fotovoltaica / painel de lâmpadas. ____ 31

Figura 23 - Esquema térmico da célula fotovoltaica sem o recipiente. ___________ 33

Figura 24 - Esquema térmico da célula fotovoltaica com o recipiente térmico. ____ 33

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Lista de Tabelas

Tabela 1 - Propriedades termofísicas da água pura. ................................................. 11

Tabela 2 - Propriedades termofísicas de misturas água/álcool-30%. ........................ 11

Tabela 3 - Efeito da difusividade térmica na taxa de propagação de calor .............. 17

Tabela 4 - Valores difusividade térmica. ................................................................... 39

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Lista de Gráficos

Gráfico 1 - Demostração da perda de potêcia durante os anos .................................. 9

Gráfico 2 – Temperatura x Tempo do resfriamento da placa fotovoltaica. ................ 37

Gráfico 3 - Temperatura x Tempo do comportamento da temperatura ambiente. .... 37

Gráfico 4 - Temperatura x Tempo dos fluidos de trabalho. ....................................... 38

Gráfico 5 - Temperatura x Tempo do comportamento da temperatura entre o

recipiente e o isolamento. ......................................................................................... 39

Gráfico 6 - Temperatura x Tempo da temperatura na placa comparando os três

fluidos. ....................................................................................................................... 40

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Sumário

Dedicatória ...................................................................................................... i

Agradecimentos .............................................................................................. ii

Resumo ......................................................................................................... iii

Abstract ......................................................................................................... iv

Lista de Ilustrações ......................................................................................... v

Lista de Tabelas ........................................................................................... vii

Sumário ......................................................................................................... ix

1 Introdução .................................................................................................... 1

1.1 Problema ............................................................................................... 4

1.2 Hipóteses .............................................................................................. 4

1.3 Objetivo Geral ....................................................................................... 4

1.4 Objetivo Específico ............................................................................... 4

2 Fundamentação ........................................................................................... 5

2.1 Análise do Parâmetro Temperatura. ..................................................... 5

2.2 Análise da Conversão Térmica ........................................................... 11

2.3 Análise dos Modelos Térmicos ........................................................... 13

2.4 Análise da difusividade térmica ........................................................... 16

3 Materiais e Procedimentos ........................................................................ 18

3.1 Especificação e dimensionamento dos materiais utilizados ................ 18

3.2 Caracterização dos fluidos utilizados .................................................. 24

3.2.1 Água Destilada ............................................................................. 24

3.2.2 Etileno Glicol ................................................................................. 25

3.3 Caracterização dos programas computacionais utilizados ................. 26

3.3.1 SecCool ........................................................................................ 26

3.3.2 Aquisição de dados ...................................................................... 26

3.4 Montagem da bancada ....................................................................... 27

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3.5 Testes realizados ................................................................................ 31

4 Resultados e Discussões .......................................................................... 33

4.1 Balanço de energia do sistema ........................................................... 33

4.1.1 Célula fotovoltaica sem o recipiente ............................................. 35

4.1.2 Célula fotovoltaica com recipiente preenchido de água ............... 35

4.1.3 Célula fotovoltaica com recipiente preenchido de etilenoglicol ..... 36

4.2 Tempo de Resfriamento ...................................................................... 36

4.3 Variação da temperatura ambiente no laboratório .............................. 37

4.4 Variação da temperatura do fluido de trabalho. .................................. 38

4.5 Variação da temperatura entre o recipiente e o isolamento. ............... 39

4.6 Variação da temperatura na placa. ..................................................... 40

5 Conclusões ................................................................................................ 41

6 Referências ............................................................................................... 42

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1 Introdução

Um dos grandes avanços na globalização é a grande corrida em busca de

energia renovável a partir de fontes alternativas, essa busca insaciável é decorrente

aos esgotamentos dos combustíveis fosseis e principalmente aos grandes impactos

ambientais que eles causam.

É evidente que o crescimento populacional é realidade e com isso é

necessário prever maneiras para disponibilizar energia suficiente para atender toda a

população sem que haja esgotamento e principalmente degradação do meio

ambiente. Atualmente já existem várias pesquisas em cima de fontes alternativas de

energia, como as eólicas, hídricas, geotérmicas, das ondas e marés, biomassa e a

solar.

A energia solar é considerada um recurso limpo e abundante, segundo a

Agência Nacional de energia elétrica (ANEEL, 2008), no plano nacional de Energia

de 2030, a irradiação de energia solar por ano na superfície da Terra é suficiente

para atender milhares de vezes o consumo anual de energia do mundo, porém

depende da localidade de cada região, na qual ela conseguirá ou não captar

irradiação solar suficiente para atender a demanda de energia necessária.

O Brasil está localizado bem próximo à linha do Equador o que lhe favorece

na absorção dos raios solares. A ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar

Fotovoltaica) realizou um estudo no qual prevê que até 2040 serão 126GW de

energia gerada pela luz do sol em nosso país. Desse modo, temos grande potencial

para se tornar referência mundial em energia solar comparado com outros países

altamente desenvolvido, porém com uma localização desfavorecida.

Sabendo que o efeito fotovoltaico é devido à excitação dos elétrons com a

incidência da luz solar, a geração de energia elétrica com módulos fotovoltaicos é

100% livre de emissão de poluentes. Entre os diversos materiais utilizados na

fabricação das células fotovoltaicos para montagem desses módulos, na conversão

da radiação solar em energia elétrica, o mais usual é o silício. Na década de 50, os

painéis solares convertiam apenas 4,5% da energia solar em eletricidade, o que

correspondia a 13 Wp/m², a um custo de US$ 1.785/Wp. Atualmente, a eficiência

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média mundial triplicou para 15% (143 Wp/m²), a um custo 1.370 vezes mais barato,

de US$ 1,30/Wp (MME, 2014).

Atualmente existem dois segmentos de geração de energia, o de geração

distribuída, em que os consumidores fazem o uso das PV (placas fotovoltaicas) para

geração de energia própria, e os de geração centralizada, que engloba as grandes

usinas solares.

Segundo o caderno Setorial da ETENE a capacidade instalada de geração

solar fotovoltaica no Brasil corresponde a 1,22 GW, sendo 1,02 GW em projetos

centralizados e 0,20 GW em geração distribuída (dados de 28/02/2018). O Nordeste

sedia 73,1% dos projetos centralizados e 20,2% da geração distribuída. Nessa

região, destacam-se a Bahia, que detém cerca de um terço da geração centralizada

do Brasil, e o Ceará, com 6,4% da geração distribuída do País. O 27º Leilão de

Energia Nova, realizado em 05 de abril de 2018, aprovou 806,6 MW em projetos de

energia solar fotovoltaica, dos quais 78,9% no Nordeste. Os investimentos previstos

somam R$ 4,3 bilhões.

Segundo o LABREN (Laboratório de Modelagem e Estudos de Recursos

Renováveis de Energia) a taxa de radiação solar na região do Rio Grande do Norte

tem uma média na faixa de 5.500 Wh/m², o que favorece o Estado em investir no

mercado solar. Já existe um projeto de lei que propõe a implantação de

equipamentos para a produção de energia fotovoltaica em locais como hospitais,

escolas e repartições públicas do Estado a fim de resultar em significativa economia

de recursos por parte do Poder Público.

Como já foi visto o mercado que envolve as células fotovoltaicas está cada

dia mais em alta, com isso os estudos em cima do aumento de sua eficiência se

torna fundamental para que possamos alavancar os avanços nessa tecnologia.

O seu desempenho é afetado por vários parâmetros como, ângulo de

incidência dos raios solares nos painéis, qualidade construtiva (matéria prima

utilizada), qualidade da instalação e a temperatura de operação, dentre todo o mais

relevante. A radiação solar absorvida que não é convertida em energia elétrica se

converte em energia térmica e provoca uma diminuição na eficiência elétrica dos

painéis solares (ABDULGAFAR et al., 2014).

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O aumento da temperatura compromete diretamente o funcionamento da

célula fotovoltaica diminuindo sua eficiência, para que isso não ocorra o método

mais eficaz seria a extração de calor. Estudos em cima do resfriamento das PV

estão sendo feitos justamente para analisar a quantidade final total de energia,

comprovando ou não sua eficácia quando comparada com aquelas que não

estariam submetidos à retirada de calor.

Atualmente, existem demasiados trabalhos em cima de novas tecnologias

que envolvem o resfriamento da placa fotovoltaica, os mais difundidos são os

chamados Sistemas Híbridos PV/T (Photovoltaic/Thermal), no qual o fluido de

trabalho utilizado para extração de calor não possui função apenas de arrefecimento

da célula fotovoltaica, mas também para outras aplicações práticas.

Os sistemas PV/T’s consistem na junção de uma unidade térmica,

geralmente usam-se serpentinas, e uma bomba para dar movimento ao fluido de

trabalho, com isso a energia economizada na extração de calor muitas vezes seria

usada na bomba acoplada ao sistema. Desse modo para equipamentos menores,

principalmente utilizados para geração de energia própria, que utiliza esse tipo de

sistema para economizar energia não seria recomendado.

Geralmente esses sistemas utilizam apenas a água como fluido de trabalho,

atualmente não há estudos comparativos sobre o melhor tipo de fluido que poderia

ser utilizado para esse fim.

A água é um bom refrigerante, porém quando falamos de lubrificação ele

não possui características adequadas para exercer esse tipo de função,

principalmente quando trabalhamos com longos períodos sem lubrificação

adequada. Se o fluido estiver contaminado por ferrugem, o desgaste é ainda maior.

Hoje em dia os álcoois estão tendo forte presença como solutos para fluidos

secundários a base de água, principalmente pela sua baixa ou até nenhuma ação

corrosiva. No presente trabalho foi realizado o estudo comparativo entre a água, o ar

e o etilenoglicol, este último foi escolhido principalmente por possuir propriedades

físico-químicas que permitem utiliza-lo como um aditivo nos processos de

refrigeração e arrefecimento. (FINK, 2003).

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1.1 Problema

A intensa irradiação solar faz com que as placas fotovoltaicas fiquem

expostas a altas temperaturas, o que causa sua degradação e tenha que ser feita a

troca prematura das células.

1.2 Hipóteses

O resfriamento passivo é a primeira opção para melhoria do desempenho de

painéis fotovoltaicos, contribuindo para o aumento do tempo de vida útil das células.

1.3 Objetivo Geral

O presente trabalho tem como objetivo geral o estudo do aproveitamento da

energia provinda de lâmpadas, focando na comparação da analise térmica de três

fluidos usados para o resfriamento da placa, sendo eles o ar, a água e o etileno

glicol.

1.4 Objetivo Específico

Construir dispositivos para testes de fluidos de arrefecimento em

painel fotovoltaico;

Realizar testes de aquecimento da célula fotovoltaica submetido ao

aquecimento em ambiente termicamente controlado;

Comparar os resultados obtidos a partir dos testes com os três fluidos

de trabalhos distintos.

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2 Fundamentação

Nesse tópico discutiremos sobre as análises para o estudo teórico do

presente trabalho.

2.1 Análise do Parâmetro Temperatura.

Roney et al. (2004), cita a influência da temperatura na eficiência de vários

modelos encontrados na literatura. Verifica-se que a energia elétrica resultante das

células fotovoltaicas está fortemente ligada a temperatura. Quanto maior a

temperatura menor a eficiência da célula. A figura 1 compara seis modelos

diferentes nos quais o aumento da temperatura interferiu na eficiência do sistema

estudado. A diferença dos resultados encontrados é explicada pelo valor de pico de

eficiência de cada módulo fotovoltaico.

Figura 1 - Comparação da temperatura x eficiência das células de seis diferentes modelos.

Fonte: Adaptado de Roney et al. (2004).

Segundo Pinho et al. (2014), o aumento da irradiância incidente e/ou da

temperatura ambiente produz um aumento da temperatura da célula e,

consequentemente tende a reduzir a sua eficiência. Ele explica que esse efeito é

ocasionado pela significativa perda de tensão devido ao aumento da temperatura e

em contrapartida a corrente sofre uma elevação quase desprezível. Um exemplo

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citado é de uma célula de silício cristalino, na qual um aumento de 100ºC na

temperatura produz uma variação da ordem de 0,2 V (-30%) em Voc (tensão de

circuito aberto) e de +0,2 em Isc (corrente de curto circuito). A figura 2 demonstra o

gráfico da influência da temperatura da célula fotovoltaica na curva I-V.

Figura 2 - Influência da temperatura da célula fotovoltaica na curva IxV.

Fonte: Adaptado de Pinho et al. (2014).

Outro fator no qual a temperatura influencia é sobre as propriedades da

célula solar, dependendo do material que a placa seja fabricada, podemos

determinar o efeito da temperatura sobre elas, alguns dos coeficientes já são pré-

determinados pelos fabricantes dos módulos, suas referências geralmente estão

especificadas nas folhas de dados técnicos.

Para os materiais nos quais não especificam o valor de cada coeficiente,

Pinho et al. (2014) descreveu as fórmulas nas quais determinam os coeficientes de

temperaturas, definidos abaixo, para representar o efeito da temperatura nas

características dos módulos.

Primeiramente vamos especificar a equação 1, do coeficiente (β) de

variação da tensão de circuito aberto (Voc) com a temperatura:

( 1 )

Em que o ΔVoc é a variação da tensão em circuito aberto para uma variação de

temperatura de célula ΔT.

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Já o coeficiente (α) de variação da corrente de curto-circuito com a

temperatura pode ser expresso pela equação 2:

( 2 )

Onde o ΔIsc significa a variação da corrente de curto-circuito (Isc) para uma variação

de temperatura de célula ΔT.

Por fim o coeficiente (γ) de variação de potência máxima (potência de pico)

do módulo com a temperatura pode ser descrito pela fórmula 3:

( 3 )

No qual o ΔPmp é a variação de potência máxima do módulo para uma variação de

temperatura de célula ΔT.

Quando as condições-padrão de ensaio (STC) não apresentam condições

operacionais reais, as normas definem uma temperatura nominal para a operação

das células nos módulos, em que as características encontradas em campo se

aproximam das características elétricas. Essa temperatura é independente para

cada módulo e pode ser obtida através da exposição do módulo em circuito aberto a

uma radiância de 800 W/m² em um ambiente com temperatura do ar a 20ºC e

sofrendo ação do vento incidindo com velocidade de 1 m/s. Geralmente essa

temperatura vem especificada nos dados técnicos das células e é identificada como

NOCT (Nominal Operating Cell Temperature), ela normalmente varia entre 40 a 50

ºC, ela está relacionada às características térmicas e ópticas dos materiais utilizados

em sua fabricação. Caso os coeficientes de temperatura (α, β e γ) sejam os

mesmos, o módulo que tiver a menor NOCT terá menos perdas relacionadas à

temperatura, o que lhe garantirá melhor desempenho em campo (Pinho et al., 2014)

Como podemos ver existem varias variáveis que influenciam diretamente na

temperatura da placa fotovoltaica, como a irradiância, a temperatura ambiente, se há

fluxo de vento perto da placa, entre outros. Esses fatores interferem diretamente na

eficiência elétrica da placa, outro parâmetro é a capacidade de absorção que célula

tem, segundo Dubey et al., 2013, um módulo fotovoltaico comercial consegue

converter de 6 à 20% da radiação solar incidente em energia elétrica, do restante

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parte da radiação é refletida, porém outra parte é absorvida e convertida em calor

aumentando a temperatura do módulo, com isso ele perde sua eficiência com o

tempo.

Com o passar do tempo a placa fotovoltaica vai perdendo eficiência,

principalmente pela alta incidência de radiação sobre elas, tornando-a mais quente.

Para diminuir a temperatura dessas células fotovoltaicas e aumentar seu tempo útil

de vida é necessário retirar o calor absorvido que pode ser extraído por água, ar,

etileno glicol, entre outros fluidos, porém atualmente existem poucos estudos em

cima de opções de fluidos de trabalho a serem usados nos coletores térmicos.

Pinho et al. (2014) exemplifica a perda de potência de uma célula

fotovoltaica, ele diz que a garantia de rendimento mínimo é de 25 anos. O módulo

fotovoltaico instalado no campo perde cerca de 0,5% a 1% ao ano. Geralmente

durantes os 12 primeiros anos é garantida uma potência mínima de 90% já para um

período de 20 a 25 anos o fabricante garante uma potência de 80%, ele classifica

esse grupo como G1, já o grupo G2 são as células nas quais os fabricantes

garantem por 5 anos pelo menos 95% da potência, durante 12 anos pelo menos

90%, durante 18 anos pelo menos 85% e durante 25 anos pelo menos 80%. Existem

também o grupo G3, os fabricantes que garantem uma degradação de rendimento

anual linear de 0,7 a 8% por ano durante 25 anos. Podemos analisar as classes G1,

G2 e G3 a partir do gráfico 1.

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Gráfico 1 - Demostração da perda de potêcia durante os anos

Fonte: PINHO et al., 2014

Um dos primeiros trabalhos foi desenvolvido em 2004, o autor Krauter notou

a necessidade que parte da população brasileira tinha em ter acesso à energia

elétrica. Levando energia solar a elas foi verificado outro problema, as células

fotovoltaicas fornecidas eram substituídas frequentemente, com isso ele criou um

sistema solar caseiro de coletor térmico no qual acoplava na placa fotovoltaica um

tanque de água triangular, a fim de aumentar a vida útil da célula solar, pois ele

notou que um dos problemas frequentemente encontrados era o desgaste prematuro

dos módulos caseiros devido, principalmente, ao aumento da temperatura na placa.

Com o uso dessa tecnologia ele obteve uma redução significativa na temperatura

operacional do módulo, aumentando seu rendimento elétrico em 9-12%. Segue na

figura 3 o modelo no qual ele se baseou para desenvolver seu estudo.

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10

Figura 3 - Modelo denominado TEPVIS criado na Alemanha em 1995.

Já existem dispositivos mais modernos nos quais trabalham com o

movimento da água, como foi citado na introdução, os sistemas PV/T’s. É em cima

deles que a tecnologia vem se desenvolvendo para o aumento do rendimento

térmico das células fotovoltaicas. A maioria dos trabalhos ainda utiliza a água como

fluido, que apesar de ter boas características termofísicas, apresentam em sua

composição cloro ou flúor, além de outros mineirais, esses elementos quando

entram em contato com partes metálicas sofrem reações químicas formando as

famosas ferrugens, que dificultam a troca de calor entre o bloco e o fluido, fazendo

dele um mau lubrificante.

Como foi estabelecido, o objetivo do presente trabalho é estudar, a partir da

temperatura, qual o melhor fluido para absorver a radiação solar incidente na placa

fotovoltaica. Um dos fluidos que iremos abordar é a mistura de água com etileno

glicol.

Em 2010, Medeiros et al., discutiram sobre as propriedades termofísicas da

água pura e da mistura água/álcool. Para efeito de comparação as tabela 1 e 2

mostram as propriedades térmicas dos fluidos para uma temperatura de 4°C.

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11

Tabela 1 - Propriedades termofísicas da água pura.

Fonte: Medeiros et al. 2010.

Tabela 2 - Propriedades termofísicas de misturas água/álcool-30%.

Fonte: Medeiros et al. 2010.

Para analisar o sistema em questão, uma das propriedades do fluido

escolhido de maior relevância foi o calor específico, que segundo Çengel et al.

(2012) trata-se da energia necessária para elevar a temperatura em uma unidade de

massa de uma substância. Quanto maior o valor do calor específico de um

determinado fluido, maior será a dificuldade de ele sofrer variações em sua

temperatura.

Outra propriedade que vale a pena ser analisada é a condutividade térmica,

que também é função da temperatura, ela analisa a taxa com qual um dado material

pode transportar energia sob determinadas condições de geometria e temperatura.

Nos fluidos essa característica é mais difícil de ser descrita, principalmente pelos

mecanismos envolvidos ainda não serem bem definidos. (Çengel, 2012)

2.2 Análise da Conversão Térmica

Para que possamos entender como funciona a conversão da irradiação solar

sob a placa em energia térmica, Ciência Viva (2006), explica a conversão térmica da

energia solar como sendo a absorção de radiação numa superfície absorsora, no

caso a célula fotovoltaica, e na transferência desta energia, sob forma de calor, para

o elemento que irá receber a energia útil, que será abordado nesse trabalho como

sendo o ar, a água e o etileno glicol. Com isso a temperatura atingida no elemento

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que recebe a energia útil é resultado do balanço entre a quantidade de radiação

absorvida e as perdas térmicas existentes. Dessa forma para que a energia útil seja

maximizada é necessário um aumento da quantidade de radiação absorvida na

superfície absorsora e diminuir as perdas térmicas do conjunto.

Como foram definidas no tópico anterior, as propriedades da célula solar

interferem na absorção da radiação solar. Os coeficientes de transmissividade,

refletividade e absortividade são propriedades que quantificam a fração da radiação

incidente que é transpassada, refletida e absorvida por uma superfície, a soma

desses três fatores precisa ser igual a um. (Incropera et al. 2008).

Para que possamos modificar a energia útil do sistema é preciso conhecer

um pouco sobre as perdas térmicas, que ocorre na transferência de calor por meio

da condução, convecção ou radiação.

Segundo Incropera et al. (2008), condução ocorre através das superfícies,

em que o calor se propaga para o exterior. Já a convecção refere-se ao calor

difundido entre uma superfície e um fluido em movimento, estando eles a diferentes

temperaturas. Por fim radiação é o calor espalhado por meio da emissão de energia

na forma de ondas eletromagnéticas a partir das superfícies. A figura 4 esquematiza

esses três processos.

Figura 4 - Esquema dos modos de transferência de calor.

Fonte: Adaptado de Ciência Viva (2006).

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13

Para que possamos minimizar as perdas térmicas na condução pode ser

utilizado os isolamentos térmicos no sistema ou reduzir a área superficial por onde

essas perdas ocorrem. Já na convecção podemos limitar o escoamento de ar sobre

a superfície absorsora ou colocando-a no vácuo, eliminando totalmente estas

perdas. Em relação à radiação, as perdas térmicas podem ser minimizadas através

da utilização de uma cobertura transparente, como o vidro, pois ele apresenta uma

elevada transmitância no espectro solar e uma reduzida transmitância para maiores

comprimentos de onda no infravermelho, processo encontrado no famoso efeito

estufa. Outros dois fatores que diminuem a perda na radiação é a minimização da

área da superfície absorsora e a utilização de uma superfície absorsora seletiva, na

qual apresenta menores valores de emitância para uma mesma absortância. (Ciêcia

Viva 2006).

Falando um pouco sobre o coletor solar, que segundo a Associação

Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), é um dispositivo capaz de absorver radiação

solar incidente e transferi-la para um fluido de trabalho através de energia térmica.

Eles podem ser classificados como aberto ou fechado, esse último foi o escolhido no

presente trabalho.

O coletor fechado é composto pela cuba, pelo isolamento térmico, para

reduzir as perdas por condução, pelas placas absorvedoras, nas quais absorvem e

transferem a energia solar para a água e para o etileno e pela vedação, na qual

aumenta a superfície de condução do sistema, representada pela pasta térmica.

2.3 Análise dos Modelos Térmicos

Para quantificar o efeito físico da temperatura da placa fotovoltaica acoplada

às cubas de água e etileno glicol, foram desenvolvidos nesse tópico modelos

térmicos baseados na primeira lei da termodinâmica.

Segundo Çengel (2012) a conservação de energia é descrita pelo aumento

ou diminuição da energia total de um sistema durante um processo, ou seja, a

variação líquida que é igual à diferença entre a energia total recebida e a energia

que não é utilizada pelo sistema durante o processo, essa energia pode ser

transferida para ou do sistema por meio de calor, trabalho e fluxo de massa.

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Descrevendo ainda uma fórmula na qual a energia total do sistema é igual a soma

das energias interna, cinética e potencial.

( 4 )

Onde:

Ėent = taxa de energia total na entrada do sistema (W/m²)

Ėsai = taxa de energia total na saída do sistema (W/m²)

Esistema = mudança de energia do sistema (W/m²)

Como existe uma imensa complexidade ao analisar todas as variáveis que

interferem na mudança de energia no sistema em questão, foi considerado o regime

permanente. Dessa forma a taxa de mudança da energia total nos sistemas é igual a

zero, assim, a taxa de energia total que entra no sistema é igual a taxa de energia

total que sai do sistema, como mostra a equação abaixo:

( 5 )

Segundo Incropera et al. (2008) a equação simplificada que define energia

térmica para sistemas com escoamento em regime estacionário, pode ser expressa

da seguinte maneira:

( 6 )

Onde:

q = taxa líquida de saída de entalpia para um gás ideal ou de saída de energia para

um líquido incompressível (W/m²);

ṁ = vazão mássica de um fluido (kg/s);

Cp = calor específico do fluido (J/(kg.K));

= temperatura de saída do fluido (K);

= temperatura de entrada do fluido (K).

Incropera et al. (2008) quantifica condução térmica pela lei de Fourier,

representada, em regime estacionário pela equação abaixo:

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( 7 )

Onde:

= taxa de transferência de calor por condução (W/m²);

K = condutividade térmica (W/(m.K));

ΔT = gradiente de temperatura (K);

Y = espessura por onde o fluxo térmico percorre (m).

Para expressar convecção térmica, Incropera et al. (2008) utiliza a lei de

resfriamento de Newton, pois é a expressão adequada para quantificar o fluxo de

calor, independente do processo de transferência utilizado na convecção.

( 8 )

Em que:

= taxa de transferência de calor por convecção (W/m²)

h = coeficiente de transferência de calor por convecção (W/m²K)

= temperatura da superfície (K);

= temperatura do fluido em repouso longe da superfície (K).

A partir da equação 8 é possível encontrar o valor do coeficiente de

transferência de calor por convecção.

( 9 )

Onde:

= entrada de calor ou perda de calor (J);

h = coeficiente de transferência de calor (W/(m²K));

A = área de superfície de transferência térmica (m²);

Por fim, Incropera et al. (2008) descreve uma equação para radiação térmica,

ele cita um caso particular que acontece com frequência inclusive no trabalho em

questão, onde a troca de radiação é entre uma pequena superfície, no caso desse

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trabalho a célula solar, e uma superfície muito maior, no caso as paredes do

laboratório no qual foi realizado o trabalho, envolvendo a placa completamente e

apresentando uma temperatura diferente. Segue a equação abaixo:

) ( 10 )

Onde:

= taxa de transferência de calor por radiação (W/m²);

ɛ = emissividade da superfície;

σ = constante de Stefan-Boltzmann (W/(m². ));

= temperatura da superfície (K);

= temperatura efetiva da parede (K).

2.4 Análise da difusividade térmica

Segundo Ozisik (1985), quanto maior for a difusividade térmica de um

material mais rápida será a propagação do calor envolvido no meio. Ele cita um

exemplo que explica fisicamente esse efeito, imaginemos um meio semi-infinito que

vá de x = 0 até x → ∞ que esteja a uma temperatura de 100 ºC e repentinamente cai

para 0ºC, com isso a temperatura do material se alterará com o tempo e com a

posição, com isso conseguimos comparar numa mesma posição quanto tempo

determinado material levou para resfriar.

A fórmula que representa a difusividade térmica é descrita pela equação 11.

( 11 )

Na qual:

= difusividade térmica (m²/s);

k = condutividade térmica (W/m.K);

ρ = massa volumétrica (kg/m³);

Cp = calor específico (KJ/kg.ºC).

A tabela 3 compara a difusividade térmica de quatro materiais distintos.

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Tabela 3 - Efeito da difusividade térmica na taxa de propagação de calor

Fonte: Modificado de Ozisik (1985)

Material Prata Cobre Aço Vidro

α x m²/s 170 103 12,9 0,59

Tempo 9,5 min 16,5 min 2,2 h 2,0 dias

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3 Materiais e Procedimentos

Serão descritos nesse tópico os materiais e procedimentos que foram

necessários para desenvolver o projeto em questão.

3.1 Especificação e dimensionamento dos materiais utilizados

Para que possamos entender o funcionamento do sistema do presente

trabalho, serão descritos os materiais necessários.

O recipiente térmico utilizado para acoplar o fluido foi retirado de um bebedouro

de coluna de pressão confeccionado em aço inox. Nela existem quatro tipos de

entradas, onde foram testadas para que conseguíssemos encontrar a função de

cada uma. Como podemos ver na figura 5, foi especificada cada entrada pelas letras

A, B, C e D. Na entrada A, o fluido consegue entrar e sair da coluna interna, o

diâmetro da entrada é de 11 mm. Já na entrada B o fluido consegue apenas entrar

na coluna interna e possui um diâmetro de 11 mm. Na entrada C o fluido não

consegue nem entrar, nem sair. Por fim, na saída D o fluido consegue tanto entrar

como sair e seu diâmetro também tem o valor de 11 mm.

Figura 5 - Entrada dos fluidos de trabalho no recipiente térmico.

Como segue nas figuras 6 e 7, o diâmetro da cuba possui um valor de 18 cm

e a altura de 12 cm, com isso chegamos a um volume de aproximadamente 3,053L.

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Já para encontrar a massa da cuba sem o fluido foram realizadas na balança de

precisão, que mede de 1 até 10kg, três medições e o valor médio encontrado foi de

1180g.

Figura 6 - Diâmetro do recipiente térmico.

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Figura 7 - Altura do recipiente térmico.

Para evitar as perdas de calor para o meio externo, o recipiente no qual

acondiciona o fluido de trabalho foi isolado termicamente com espuma, como segue

na figura 8.

Figura 8 - Espuma na qual proporciona isolamento térmico ao recipiente.

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Para aderir o recipiente térmico de aço inox na placa fotovoltaica foi utilizada

a pasta térmica, como mostra na figura 9, cuja função vai além de aumentar a

aderência entre os componentes, ela ajuda a manter a temperatura.

Figura 9 - Recipiente térmico com pasta térmica.

A célula fotovoltaica ilustrada na figura 10 é fabricada pela Komaes, ela é feita de

Silício Policristalino, modelo KM(P)20, seu peso é de 2,4kg e as suas dimensões são

de 500 x 350 x 25 (mm). Segundo o fabricante o módulo foi certificado pelo

INMETRO e apresenta uma eficiência de 10,7%. Segue abaixo as especificações da

placa segundo a folha técnica:

Potência máxima (Pmax): 20W;

Tolerância da potência: ±5%;

Tensão de potência máxima (Vm): 17,56V;

Corrente da potência máxima (Im): 1,14A;

Tensão em circuito aberto (Voc): 21,56V;

Corrente de curto-circuito (Isc): 1,23A;

Tensão máxima do sistema: 750Vcc;

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Figura 10 - Placa fotovoltaica.

A medição da temperatura foi feita a partir dos termopares, distribuídos por

oito pontos sendo eles, dois na placa fotovoltaica, a fim de medir a temperatura

atingida pela célula, dois entre o recipiente e o isolamento, para analisar a

quantidade de energia restante que não foi absorvida pelo fluido, dois dentro do

recipiente térmico, para medir a temperatura do fluido e por fim dois no ambiente.

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Figura 11 - Termopares utilizados no sistema.

A figura 11 apresenta todos os termopares utilizados na medição das

temperaturas.

O experimento foi realizado dentro do laboratório de Transferência de Calor

da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) a partir de um painel de

iluminação (Figura 12) com cinco lâmpadas incandescentes, sendo quatro delas de

100W e uma de 200W, somando um total de 600W. O diâmetro do painel é de

aproximadamente 63cm.

Figura 12 - Painel de iluminação.

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Foi optado por realizar o experimento dentro do laboratório que tem

dimensões de aproximadamente 750 cm x 800 cm. Com isso, não há tanta variação

nas condições climáticas, já que durante os testes deixamos a temperatura do ar

condicionado sempre a 25ºC, diferentemente se fosse medido com a radiação solar,

na qual o experimento estaria exposto a ventos e instabilidades climáticas.

3.2 Caracterização dos fluidos utilizados

Os fluidos escolhidos para serem analisados foram o ar, a água e o

etilenoglicol. Nesse tópico iremos discutir sobre eles.

3.2.1 Água Destilada

Um dos fluidos utilizados para a comparação foi a água destilada, ela foi

retirada do Laboratório de Química da UFRN a partir do processo de Destilação. A

figura 13 mostra a bancada de destilação da água.

Figura 13 - Processo de destilação da água.

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Geralmente a água natural é composta por vários contaminantes

microscópicos e minerais dissolvidos, para que esses elementos sejam removidos

tornando a água mais pura, ela sofre o processo de destilação, na qual a água é

fervida até alcançar o estado de vapor, após esse procedimento esse vapor fica

resfriando e condensado, passando novamente para o estado líquido, porém sem as

impurezas, gerando assim a água destilada.

3.2.2 Etileno Glicol

O outro fluido que utilizamos no processo de resfriamento foi a mistura

etileno glicol e água na proporção de 1:2. Optou-se por não se utilizar o etileno glicol

puro, por ser tóxico. A figura 14 ilustra o produto utilizado.

Figura 14 - Etilenoglicol fabricado pela Valeo.

O produto da figura 14 é da marca Valeo e é composto por monoetilenoglicol,

inibidores orgânicos, corante, componente anticorrosivo e água desmineralizada.

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3.3 Caracterização dos programas computacionais utilizados

3.3.1 SecCool

O Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade da Dinamarca

desenvolveu um programa chamado SecCool, no qual detém uma biblioteca com as

propriedades termofísicas de fluidos secundários baseados nos parâmetros

experimentais de ASHRAE, entre outros, e pode ser baixado gratuitamente pela

internet. Foi utilizado esse programa para encontrar as propriedades térmicas dos

fluidos utilizados.

3.3.2 Aquisição de dados

Outro programa utilizado foi o de aquisição de dados desenvolvido pela

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no qual contém um sistema de polos

positivos e negativos para acondicionar os termopares e transmitir para o

computador as temperaturas medidas nos pontos desejados. A Figura 15 ilustra o

sistema de aquisição de dados.

Figura 15 - Sistema de aquisição de dados.

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A figura 16 ilustra o sistema de aquisição de dados do programa, e a partir

dele podem ser medidos até 16 termopares. A gravação pode ser realizada

automaticamente ou manualmente, nesse caso é preciso determinar um intervalo de

gravação e só após acionar o botão ‘gravar’ para iniciar a gravação. Para terminar

basta clicar no botão ‘Parar’.

Figura 16 - Programa que capta os valores quantitativos do sistema de aquisição de dados.

3.4 Montagem da bancada

O primeiro passo para iniciar a montagem do sistema foi organizar e enumerar

os termopares de maneira que pudéssemos identifica-los no programa de aquisição

de dados. A figura 17 ilustra o estado final da organização.

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Figura 17 - Organização dos termopares no sistema de aquisição de dados.

A localização de cada termopar ficou da seguinte maneira:

Termopares 01 e 03: em cima da placa fotovoltaica;

Termopares 02 e 07: dentro do recipiente térmico;

Termopares 04 e 05: entre o recipiente e o isolamento térmico;

Termopares 00 e 06: no ambiente dentro do laboratório.

Logo após a identificação de cada termopar, aderimos os mesmos em seus

respectivos lugares.

A figura 18 ilustra a posição dos termopares 01 e 03 na parte superior da

placa de forma equidistante.

Figura 18 - Localização dos termopares 01 e 03 na placa fotovoltaica.

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Para a colocação dos termopares 02 e 07, como visualizado na figura 19, no

interior do recipiente, foi preciso enchê-lo com o primeiro fluido no qual iniciou-se o

experimento, qual seja, água destilada, logo após enchermos o recipiente foi

necessário determinar o peso deste com o fluido, para que possamos ter uma

média, foram realizadas três medições. O passo seguinte foi conter o vazamento do

fluido, para isso utilizamos dois tipos de colas específicas para minimizar o

vazamento quando o mesmo fosse submetido a algum tipo de pressão, como nesse

caso a posição do recipiente ficou com a entrada dos fluidos virada para baixo, foi

necessário o uso desse tipo de vedação.

Figura 19 - Localização dos termopares 02 e 07 no recipiente térmico.

Como representado pela figura 20 os termopares 04 e 05 ficaram dispostos

entre o recipiente que continha o fluido e o isolamento de espuma. Para que fosse

possível alocar esses termopares foi preciso acondicionar o recipiente com a água

no isolamento de espuma e logo após espalhamos pasta térmica na superfície de

contato entre o recipiente e a placa térmica.

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Figura 20 - Localização dos termopares 04 e 05.

Logo após a colocação dos termopares em seus respectivos locais, aderimos

o recipiente térmico na placa fotovoltaica com ajuda da pasta térmica, como

podemos ver na figura 21.

Figura 21 - Junção da placa fotovoltaica e do coletor térmico.

Por fim, identificamos a altura na qual o sistema composto pela placa

fotovoltaica e o recipiente térmico ficaria, para isso adotamos uma altura de 40 cm

abaixo do painel de lâmpadas. Como visto na figura 22.

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Figura 22 – Distância entre o sitema placa fotovoltaica / painel de lâmpadas.

3.5 Testes realizados

Logo após o término da montagem da bancada, iniciamos os testes no

Laboratório de Transferência de Calor da UFRN sob uma temperatura controlada de

25ºC. Foi determinado um tempo de 3 horas para cada teste.

O experimento foi organizado em dez passos, sendo eles:

1. Medir a voltagem da placa fotovoltaica;

2. Medir a temperatura inicial da célula, deixando-a a T=25ºC;

3. Iniciar a gravação no programa de aquisição de dados, estabelecendo um

intervalo de 10 minutos.

4. Ligar o painel de lâmpadas;

5. Deixar o experimento nas 3h programadas;

6. Passadas as 3h, verificar os resultados obtidos;

7. Realizar um gráfico Temperatura x Tempo do teste realizado;

8. Conferir a voltagem na placa fotovoltaica;

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9. Deixar a placa fotovoltaica e o recipiente térmico resfriando até atingir a

temperatura ambiente de 25ºC, que foi alcançada em aproximadamente 2h;

10. Iniciar um novo teste.

Os testes foram realizados entre os dias 13/05/2019 e 24/05/2019, iniciando

com a placa sem o recipiente, logo depois com a água, com o etileno e por fim

deixamos o recipiente vazio. Para cada fluido foram feitos três repetições a fim de

encontrar uma média para os pontos medidos.

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4 Resultados e Discussões

Nos itens 4.1 a 4.5 são apresentados os resultados dos experimentos

realizados, correspondentes aos doze ensaios.

4.1 Balanço de energia do sistema

Foram especificadas no item 2.3 as equações que compõem o balanço

energético do sistema. Seguem nas figuras 23 e 24 os esquemas dos modelos

reproduzidos para o experimento.

Figura 23 - Esquema térmico da célula fotovoltaica sem o recipiente.

Figura 24 - Esquema térmico da célula fotovoltaica com o recipiente térmico.

Aplicando o balanço energético para o esquema térmico da figura 23, resultará

na seguinte equação:

( 12 )

Já para a figura 24 o balanço energético ficará da seguinte maneira:

( 13 )

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Para o cálculo da radiação, convecção e condução serão consideradas as

seguintes constantes:

Segundo Ozisik (1985), a constante de Stefan-Boltzmann é igual a σ = 5,6697

x W/(m². ).

Como o fabricante não nos fornece o valor de emissividade da placa, Zhang et

al. (2006) recomenda um valor estimado para célula fotovoltaica de 0,855. Este

mesmo valor foi adotado por Correa et al. (2013) e Roney et al. (2004).

Para estimativa do coeficiente de transferência de calor convectivo foram

considerados os dados fornecidos por Ozisik (1985, pp 373-375), para placa plana

horizontal foi tirada a média de dois coeficientes, um para o escoamento turbulento

que nos fornece um valor de 6,18 W/(m².ºC) e o outro para escoamento laminar, que

possui um valor de 2,29 W/(m².ºC), com isso temos um coeficiente convectivo de

aproximadamente 4,2 W/(m².ºC).

Cantor (2017) cita que geralmente os módulos fabricados a base de silício

conseguem absorver quase 77% dos fótons irradiados. O vidro temperado possui

uma camada antireflexo que diminue a perda por reflexão em até 10%.

O cálculo da temperatura da superfície do módulo fotovoltaico foi obtido a partir

da média de quatro pontos, sendo dois localizados na superfície superior da placa e

os outros dois localizados na superfície inferior. Com isso a .

A condutividade térmica do aço inox do recipiente à é de

aproximadamente 15,3 W/m.K.

A temperatura ambiente média foi de aproximadamente 24ºC.

A área do módulo fotovoltaico é de 0,175 m², já a área do painel de iluminação

é igual a 0,312m² e por fim a área do recipiente térmico é de 0,102m².

A irradiação provinda das lâmpadas incandescentes é igual a

.

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As temperaturas médias do recipiente para o cálculo da condução são de

26,57ºC e 26,13ºC para a água e 29,5ºC e 28,5ºC para o etileno e a espessura na

qual o fluido térmico percorre é de 0,12m.

No próximo tópico serão descritos os valores quantitativos para todos os casos.

4.1.1 Célula fotovoltaica sem o recipiente

Aplicando os valores especificados no item 4.1, a equação 12 ficara da

seguinte forma:

( 14 )

( 15 )

( 16 )

( 17 )

4.1.2 Célula fotovoltaica com recipiente preenchido de água

Já para o caso do balanço com a placa e a água como fluido de trabalho

resultará no seguinte valor quantitativo:

( ) ( )

( 18 )

[

] ( 19 )

( 20 )

( 21 )

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4.1.3 Célula fotovoltaica com recipiente preenchido de etilenoglicol

Com etileno glicol o resultado foi de:

( ) ( )

( 22 )

[

] ( 23 )

( 24 )

( 25 )

Nas equações 17, 21 e 25 verificamos que os valores foram respectivamente

18,37%, 18,24% e 18,03% menores do valor da incidência solar. Essa diferença se

deu principalmente pelo fato dos raios serem difusos, provavelmente apenas uma

parcela da incidência consegue chegar ao módulo fotovoltaico, outro fator que

influenciou no resultado foram os valores estimados de α, ρ e h.

4.2 Tempo de Resfriamento

Para encontrarmos o tempo de resfriamento da placa fotovoltaica foi utilizado o

gráfico 2 que apresenta o comportamento térmico da placa fotovoltaica durante 4

horas.

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Gráfico 2 – Temperatura x Tempo do resfriamento da placa fotovoltaica.

Observa-se que a placa fotovoltaica atinge estabilidade no resfriamento a partir

de aproximadamente duas horas.

4.3 Variação da temperatura ambiente no laboratório

No gráfico 3 apresenta-se o comportamento da temperatura no local dos

experimentos pelo tempo.

Gráfico 3 - Temperatura x Tempo do comportamento da temperatura ambiente.

20

22

24

26

28

30

32

34

0 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00

Tem

pe

ratu

ra (

ºC)

Tempo (minutos)

Termopar 01

Termopar 03

15

17

19

21

23

25

27

29

0 20,00 40,00 60,00 80,00 100,00 120,00 140,00 160,00 180,00

Tem

pe

ratu

ra (

ºC)

Tempo (minutos)

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Conforme se observa no gráfico 3, durante os 35 dias de experimento a

temperatura ambiente do laboratório variou 3ºC, evidenciando a estabilidade térmica

necessária para condução dos experimentos.

4.4 Variação da temperatura do fluido de trabalho.

No gráfico 4 visualizam-se as curvas de temperatura dos fluidos de trabalho

em função do tempo.

Gráfico 4 - Temperatura x Tempo dos fluidos de trabalho.

Analisando-se o gráfico 4 percebe-se que a água atinge temperaturas

superiores comparadas àquelas atingidas pelo etileno glicol, já o ar atinge

temperaturas muito maiores que os dois fluidos.

A menor diferença de temperatura entre os fluidos de trabalho (Etilenoglicol e

ar) foi de ΔT=0,4ºC, enquanto a maior diferença foi de ΔT=3,6ºC. De acordo com a

equação 10 essas diferenças podem ser justificadas pela difusividade térmica dos

fluidos. A maior condutividade térmica da água, cerca de 2,5 vezes maior que a do

etileno, faz com que os valores atingidos sejam superiores.

23

24

25

26

27

28

29

30

31

32

33

Tem

pe

ratu

ra (

ºC)

Tempo (minutos)

Água

Etileno Glicol

Ar

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Tabela 4 - Valores difusividade térmica.

Água Etilenoglicol Ar

k 0,6 0,25 0,27

ρ 994 1100 1,1307

Cp 4180 2500 1006,5

α 1,44x 0,91x 0,23x

A tabela 4 nos fornece os valores quantitativos calculados a partir da equação

10, quando comparados com os valores tabelados (Ozisik, 1985), nos quais a água

apresenta = 1,5 x e = 0,9 x chegamos a um valor bem

próximo.

4.5 Variação da temperatura entre o recipiente e o isolamento.

No gráfico 5 mostram-se as curvas de variação de temperatura entre o

recipiente e o isolamento em função do tempo.

Gráfico 5 - Temperatura x Tempo do comportamento da temperatura entre o recipiente e o

isolamento.

No gráfico 5 constata-se que as temperaturas do recipiente com etileno glicol

foram superiores as do recipiente com água. Esse comportamento corrobora os

resultados apresentados no gráfico 4, uma vez que a energia absorvida pelo etileno

glicol foi menor que a energia absorvida pela água – consequência da primeira lei da

termodinâmica: se o etileno glicol absorveu menos energia o restante de energia se

distribuiu pelo recipiente.

22

23

24

25

26

27

28

Tem

pe

ratu

ra (

ºC)

Tempo (minutos)

Água

Etileno Glicol

Ar

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4.6 Variação da temperatura na placa.

A comparação entre as temperaturas dos três fluidos de trabalho é

apresentada no gráfico 6.

Gráfico 6 - Temperatura x Tempo da temperatura na placa comparando os três fluidos.

Como esperado o acoplamento de um reservatório térmico à placa permitiu

perceptível redução da temperatura desta. No intervalo de tempo considerado

durante os experimentos a diferença de temperatura entre as situações da placa

com e sem o acoplamento foi de aproximadamente 2°C. É de suma importância

destacar que os resultados foram obtidos para a situação na qual a área da placa

fotovoltaica foi sete vezes maior que a área de absorção relativa ao fluido.

A placa fotovoltaica com o recipiente térmico abastecido com etilenoglicol

apresentou as menores temperaturas, esse efeito pode ser explicado pelo calor

específico do fluido (Cp), pois quanto maior for esse valor maior a dificuldade dele

sofrer variações em sua temperatura, a tabela 4 mostra que o etilenoglicol possui o

menor valor de Cp o que corrobora o resultado encontrado no gráfico 6, em que o

etilenoglicol possui um ΔT=12 °C e a água um ΔT= 14 °C.

20

22

24

26

28

30

32

34

36

38

40

Tem

pe

ratu

ra (

ºC)

Tempo (minutos)

Água

Etileno Glicol

Ar

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5 Conclusões

A fim de comparar o melhor fluido de trabalho para se utilizar no

arrefecimento de placas fotovoltaicas, foi desenvolvido um modelo para testes

experimentais no Laboratório de Transferência de Calor – UFRN, em sala mantida

sob temperatura controlada de aproximadamente 25 ºC.

Realizaram-se testes com a placa fotovoltaica sem acoplamento ao

recipiente do fluido de arrefecimento. Nessa situação (i. e., com a placa apenas em

contato com o ar) obteve-se a maior temperatura, conforme previsto. Como se sabe

essa configuração interfere no tempo de vida útil da célula fotovoltaica.

As discrepâncias constatadas na análise do balanço de energia podem ser

atribuídas às perdas por convecção e radiação, não totalmente identificadas e,

portanto, não quantificadas no processo.

Nos testes com a placa acoplada ao recipiente com fluido de arrefecimento,

foi possível identificar facilmente o efeito de cada fluido de trabalho no arrefecimento

do coletor, com a temperatura mais baixa sendo proporcionada pelo etilenoglicol.

Utilizando o acoplamento do recipiente térmico a placa fotovoltaica

percebeu-se que se obteve uma diferença de temperatura de aproximadamente 2°C,

em que a placa fotovoltaica sem o recipiente obteve uma temperatura de

aproximadamente 39,3°C, já com o recipiente preenchido com água a placa atingiu a

temperatura de 37,8°C e com etilenoglicol 37,5°C, ou seja, aproximadamente 0,06%

a menos, em um período de três horas e com uma área de absorção relativa aos

fluidos sete vezes menor que a da placa fotovoltaica.

Para futuros trabalhos sugere-se analisar outros fluidos de trabalho e aumento

da área de absorção pelo fluido de arrefecimento. Além disso, sugere-se comparar

resultados experimentais obtidos em laboratório com aqueles que poderão ser

obtidos pela exposição direta ao Sol.

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