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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA TÊXTIL ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE PROTEÇÃO LUCILIA DE ALBUQUERQUE REIS E FONSECA NATAL- RN, 2021

ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

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Page 1: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA TÊXTIL

ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO

CALÇADO DE PROTEÇÃO

LUCILIA DE ALBUQUERQUE REIS E FONSECA

NATAL- RN, 2021

Page 2: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA TÊXTIL

ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO

CALÇADO PROTEÇÃO

LUCILIA DE ALBUQUERQUE REIS E FONSECA

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Engenharia Têxtil

(PPGET), da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, como parte dos

requisitos para a obtenção do título de

MESTRE EM ENGENHARIA

TÊXTIL, orientado pelo Prof. Dr. José

Ivan de Medeiros.

NATAL - RN

2021

Page 3: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Fonseca, Lucilia de Albuquerque Reis e.

Estudo das propriedades técnicas do calçado de proteção Lucilia / Lucilia de Albuquerque Reis e Fonseca. - 2021.

69f.: il.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, Centro de Tecnologia, Pós-Graduação em Engenharia Têxtil, Natal, 2021.

Orientador: Dr. José Ivan de Medeiros.

Coorientador: Dr. José Heriberto Oliveira do Nascimento. Coorientador: Dr. Jose de Anchieta Lima.

1. Calçado de proteção - Dissertação. 2. Esgarçamento -

Dissertação. 3. Variação da cor - Dissertação. 4. Hidrofobicidade

- Dissertação. I. Medeiros, José Ivan de. II. Nascimento, José

Heriberto Oliveira do. III. Lima, Jose de Anchieta. IV. Título.

RN/UF/BCZM CDU 677

Elaborado por RAIMUNDO MUNIZ DE OLIVEIRA - CRB-15/429

Page 4: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE

PROTEÇÃO

Lucilia de Albuquerque Reis e Fonseca

Dissertação APROVADA pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia

Têxtil (PPGET) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Banca Examinadora

Prof. Dr. José Ivan de Medeiros

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Orientador

Prof. Dr. José Heriberto Oliveira do Nascimento

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Avaliador Interno

Prof. Dr. Jose de Anchieta Lima

Instituto Federal do Rio Grande do Norte - Avaliador Externo

NATAL/RN, 2021.

Page 5: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter me dado saúde e por conseguir concluir esse trabalho. À

minha família, em especial a minha mãe Myrna por sempre me incentivar para a realização

desse projeto.

Agradeço a Superintendência Regional da Polícia Rodoviária Federal do Rio Grande

do Norte, por ter concedido as botas operacionais para estudo.

Agradeço aos professores da Pós-Graduação em Engenharia Têxtil e do Departamento

de Engenharia Têxtil.

Agradeço a ajuda e orientação do professor Dr. José Ivan de Medeiros. Aos professores

Maria Gorete Felipe, Rasiah Ladchumananandasivam e Fernando Ribeiro Oliveira pelo apoio

para realização deste trabalho.

Agradeço também pelo apoio financeiro da CAPES e a todos que diretamente e

indiretamente me ajudaram durante o mestrado.

Agradeço a colega engenheira Andreza Bernades da Silva, pela ajuda na realização do

teste de mudança de cor no espectro fotômetro.

Agradeço a minhas amigas do curso de Direito da Universidade Potiguar, por me

ajudarem quando tive que me ausentar das aulas para me dedicar a esse trabalho.

Page 6: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

“PROLEM SINE MATRE CREATAM”

(OVÍDIO)

Page 7: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

Resumo

O objetivo desta dissertação é estudar as propriedades técnicas do calçado de

proteção, utilizado pela Polícia Rodoviária Federal, e verificar se atende o determinado na

norma NRPRF-019.2015, que traz as condições mínimas exigidas para confecção do calçado.

Para a Polícia Rodoviária Federal, esse estudo servirá de base para melhoria do calçado, já que

em 2015, foi realizado um investimento para confecção de um novo uniforme, incluindo o

calçado operacional. Este estudo foi realizado utilizando-se dois calçados com 15 (quinze) dias

de uso, a fim de comparar com outro calçado novo, sem uso. Foi observado que o calçado,

durante o uso, apresentou deformidades em sua estrutura, como esgarçamento da costura nos

pontos que sofrem grandes tensões, especialmente na região do cano, onde se localiza os

ganchos de amarração, bem como entre a emenda da parte externa com a interna do cano. Diante

destes resultados, foi analisado a margem de costura e o tipo de ponto de costura utilizado

naquela região. A margem de costura foi medida utilizando-se uma régua milimétrica, enquanto

o tipo de ponto, foi verificado qual ponto foi utilizado, a fim de aferir se é um ponto resistente

a tensões. Também foi observado variação de cor no calçado, então foram realizados testes de

análise de mudança de cor do tecido, utilizando espectrofotômetro de refletância, sendo

analisadas as regiões do cano, lingueta e colarinho, bem como teste de hidrofobicidade em sete

seções do calçado novo, que engloba a parte interna e externa do calçado, com finalidade de

verificar se o calçado atende a propriedade de repelência a líquido. Os resultados obtidos

mostraram que em relação à margem de costura, por se tratar de um tecido de poliéster, a

margem deveria ser maior do que a encontrada, em torno de 1,5cm; já os resultados dos testes

de hidrofobicidade mostraram que as partes externas e internas atendem perfeitamente à norma;

e no teste de variação de cor, observou-se que houve variação de cor na parte do colarinho e do

cano, ambos localizados na traseira do calçado, região diretamente exposta à luz.

Palavras Chave: Calçado de proteção, esgarçamento, variação da cor, hidrofobicidade.

Page 8: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

Abstract

The objective of this Dissertation is to study the technical properties of protective

footwear used by the Federal Highway Police, and verify whether it meets the requirements of

the NRPRF-019.2015 standard, which provides the minimum conditions required for the

manufacture of footwear. For the Federal Highway Police, this study will serve as a basis for

improving footwear, since in 2015 an investment was made to manufacture a new uniform,

including operational footwear. This study was carried out using two shoes with 15 (fifteen)

days of use, to compare with other new, unused shoes. It was observed that the shoe during use

presented deformities in its structure, such as tearing of the seam at points that suffer great

stress, especially in the region of the barrel, where the mooring hooks are located, as well as

between the seam between the external and the internal parts. of the pipe. In view of these

results, the seam allowance and the type of stitch used in that region were analyzed. The seam

allowance was measured using a millimeter ruler, while the type of stitch was checked which

stitch was used, in order to verify if it is a stress resistant stitch. Color variation in the shoe was

also observed, so tests were carried out to analyze the color change of the fabric, using a

reflectance spectrophotometer, the regions of the barrel, tongue and collar were analyzed, as

well as a hydrophobicity test in seven sections of the new shoes, which encompasses the inside

and outside of the shoe, with the purpose of verifying whether the shoe meets the liquid

repellency property. The results obtained showed that, in relation to the seam allowance, as it

is a polyester fabric, the margin should be greater than that found, around 1.5 cm; on the other

hand, the results of the hydrophobicity tests showed that the external and internal parts perfectly

meet the standard and in the color variation test, it was observed that there was color variation

in the collar and barrel, both located in the back of the shoe, directly exposed region the light.

Keywords: Proctetive footwear, Fraying, Color variation, hydrophobicity.

Page 9: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Movimento do corpo, contato da perna com o solo

Figura 2: Tipos de formato de pé

Figura 3: Fluxograma fabricação de um calçado

Figura 4: Categorias de desenhos de calçados

Figura 5: Certificação de aprovação

Figura 6: Composição de calçado operacional

Figura 7: Calçado da Polícia Rodoviária Federal

Figura 8: Vista da bota tática lateral externa, posterior e frontal.

Figura 9: Vista dos ilhós e ganchos

Figura 10: Vista sapato novo lado esquerdo

Figura 11: Vista sapato novo lado direito

Figura 12: Sapato usado que apresentou esgarçamento na emenda da peça

Figura 13: Sapato usado que apresentou esgarçamento na costura

Figura 14: Diagrama de gotas sobre a superfície com diferentes graus de mobilidade

Figura 15: Teste de Hidrofobicidade parte interna da lingueta

Figura 16: Teste de Hidrofobicidade parte externa da lingueta

Figura 17: Teste de Hidrofobicidade parte superior externa da lingueta

Figura 18: Teste de Hidrofobicidade parte externa do cano

Figura 19: Teste de Hidrofobicidade parte externa do colarinho

Figura 20: Teste de Hidrofobicidade parte interna do colarinho

Figura 21: Teste de Hidrofobicidade parte externa da biqueira

Figura 22: Margem de costura da emenda das partes da lingueta

Figura 23: Margem de costura da parte lateral

Figura 24: Espectrofotômetro de refletância

Figura 25: Coordenadas L*a*b*

Page 10: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Material Utilizado e Ângulo de contato

Tabela 2: Valores de refletância da parte da lingueta

Tabela 3: Valores de refletância da parte traseira(cano)

Tabela 4: Valores de refletância da parte do colarinho

Tabela 5: Valores constante L*a*b* da parte da lingueta

Tabela 6: Valores constante L*a*b* da parte traseira(cano)

Tabela 7: Valores constante L*a*b* da parte do colarinho

Page 11: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

LISTA DE QUADROS

Quadro 1:Tipos de linha de costura

Quadro 2: Simbologia específica que identifica a condição de proteção

Quadro 3: Especificações básicas para bota de segurança - NBR20345:2015

Quadro 4: Especificações de ensaios realizados pela PRF

Quadro 5: Pontos de costura

Page 12: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

LISTA DE SIGLAS

AATCC American Association of Textile Chemists & Colorists

ABNT Agência Brasileira de Normas Técnicas

ANIMASEG Associação Nacional da Industria de Material de Segurança e Proteção ao

Trabalho

CLT Consolidação das Leis do Trabalho

EPI Equipamento de Proteção Individual

ISO International Organization for Standardization

Kn/M Kilonewton por metro

L.a.b Escala de cor

N Newton

NASA National Aeronautics and Space Administration

NBR Norma Brasileira Regulamentadora

NTPRF Norma técnica da Polícia Rodoviária Federal

PCMs Phase Change Materials

PET Poliéster (tereftalato de polietileno)

PRF Polícia Rodoviária Federal

TEX Unidade de medida da espessura do fio

TNT Tecido-não-tecido

UV Radiação ultravioleta

Page 13: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

SUMÁRIO

1. Prefácio .................................................................................................................................. 13

2. Objetivo ................................................................................................................................ 15

2.1. Objetivo Geral. .............................................................................................................. 15

2.2. Objetivo Específico. ...................................................................................................... 15

3. Fundamentação Teórica ....................................................................................................... 16

3.1. Introdução ...................................................................................................................... 16

3.2. Biomecânica ................................................................................................................. 16

3.3. Processo de Produção do Calçado ................................................................................ 18

3.3.1 Linhas utilizadas na costura dos calçados. ......................................................... 19

3.4. Têxteis Tecnicos ........................................................................................................... 21

3.5. Texteis na area de Proteção .......................................................................................... 23

3.6. Equipamentos de Proteção-EPI .................................................................................... 23

3.7. Calçado de Proteção. ..................................................................................................... 24

3.8. Norma Técnica Calçado de Proteção ............................................................................ 29

3.9. Estrutura do Calçado de Proteção Estudado-Bota. ........................................................ 30

3.10 Especificações do calçado (bota) da Polícia Rodoviária Federal. ................................. 31

3.11 Norma Técnica da Polícia Rodoviária Federal para a Bota Tática ................................ 35

4. Materiais e Metodos .............................................................................................................. 41

4.1. Materiais ....................................................................................................................... 41

4.1.1. Calçado novo - Amostra padrão ....................................................................... 41

4.1.2. Calçado já utilizado .......................................................................................... 42

4.2 Metodos ......................................................................................................................... 43

4.2.1 Análise da hidrofobicidade ................................................................................ 44

4.2.2. Análise da margem de costura .......................................................................... 48

4.2.3. Análise da costura e do ponto de costura ........................................................... 49

4.2.4. Análise da mudança de cor ............................................................................... 50

5. Resultados e Discussões ....................................................................................................... 53

6. Conclusões ........................................................................................................................... 57

7. Testes Sugeridos ................................................................................................................... 59

8. Referências ........................................................................................................................... 60

9. Anexos. ................................................................................................................................. 64

Page 14: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

13

1. Prefácio

De acordo com Ferreira (2010), no período da antiguidade até o século XVI, os

calçados eram adquiridos como forma de obter prestígio social, eles eram desenvolvidos

de forma manual por sapateiros, que passaram a ser considerados artistas de prestígio.

Durante o período renascentista, no Brasil, país recém-descoberto, os calçados

continuaram a não apresentar inovações, pois eram trazidos da Europa ou fabricados de

forma rústica pelos sapateiros, somente as botas, utilizadas pelos bandeirantes, eram

símbolo de poder. [1]

Na corrida da modernização os têxteis estão presentes em diversos setores,

atualmente o mercado exige que o têxtil proporcione, além do conforto, propriedades

técnicas, e em especial, proteção aos usuários em suas atividades laborais. Hoje, os

equipamentos de proteção, principalmente para a proteção dos pés, são confeccionados

por estruturas compostas, na maioria das vezes, por algodão, poliéster e couro.

De acordo com A. Goldcher Et al. (2005), o calçado de proteção é um produto

destinado a proteger o usuário, durante a realização de suas atividades profissionais,

sendo um equipamento de proteção individual. O primeiro calçado de proteção surgiu

quando ocorreu um acidente em uma fundição norte-americana, onde um operário teve

seus dedos esmagados. Esses acidentes eram comuns naquela época, os primeiros

calçados de proteção, na parte que se localizava os dedos, eram reforçados com fibras.

Em 1925 essas fibras foram substituídas por um casco de aço, que no início era removível

para ser utilizado como um calçado usual, mas a falta de conforto e o esquecimento da

proteção fez com que na década de 1950, fosse criado um calçado específico para

segurança. [2]

Na década de 1980, com a grande variedade de calçados de proteção e de

fabricantes, a concorrência favoreceu para a melhoria do calçado em relação ao conforto,

proteção, estética e preço. As normas legais aplicadas para esse artigo variam de acordo

com o risco ocupacional, que caracteriza o calçado pelo conceito da estrutura, resistência

e o conforto [2]. De acordo com Marcelo Reis Cezar (2003), o conforto é a propriedade

mais importante para o calçado, que geralmente se confunde com qualidade, o ideal seria

a união dessas duas propriedades, qualidade e conforto. [3]

Na conferência internacional de automação flexível e fabricação inteligente

(2019), D. Janson Et. al. apresentou um calçado inteligente, voltado para a industria 4.0

Page 15: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

14

de automação e digitalização, com o potencial de suportar funções opercionais e ajudar a

suavizar riscos. De acordo com D. Joson (2019), o calçado de segurança era voltado

especificamente para trabalhadores do setor petroleiro, mas com o tempo foi sendo

introduzido e padronizado para as indústrias. Alguns calçados têm aplicações específicas,

como os calçados militares, mas com o crescimento da exigência do calçado de segurança

os projetos se tornaram mais genéricos, e independente da sua aplicação, o calaçado deve

ser substituido com frequência e regularidade, normalmente deve ser substituído a cada

seis meses.[4]

Para a Polícia Rodoviária Federal, esse estudo trará melhorias para o calçado

operacional, com sugestão de aumento no desempenho e da vida útil, já que houve um

investimento em pesquisas para a elaboração do novo uniforme, e o calçado ser um item

na composição do fardamento.

Page 16: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

15

2. Objetivos

2.1.Objetivo geral

Esse trabalho tem como objetivo realizar um estudo no calçado de proteção

(bota), utilizado pela Polícia Rodoviária Federal, tendo como critério, estudar a bota após

uso (usada) e a bota que ainda não foi utilizada, ou seja, nova. Identificando a ocorrência

de irregularidades na estrutura, como esgarçamento de costura, e nas propriedades

técnicas, como por exemplo, a propriedade de repelência a líquidos, hidrofobicidade e

análise da variação e cor do tecido.

2.2. Objetivo específico

• Analisar cada irregularidade encontrada na bota já utilizada;

• Estudar o porquê da ocorrência da irregularidade encontrada;

• Sugestões de ideias para solucionar as irregularidades verificadas;

• Sugestões de melhorias para o calçado.

Page 17: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

16

3. Fundamentação teórica

3.1.Introdução

Os têxteis vêm se introduzindo de uma forma mais especifica na sociedade,

tanto encontramos como indumentária, como nos artigos de proteção, durante a realização

da atividade laboral. Os têxteis podem conter estruturas e propriedades específicas que

facilitam o desempenho da atividade que está sendo executada. Podemos encontrá-los nos

equipamentos de proteção, com a função de proporcionar conforto e proteção ao seu

usuário, compostos por várias propriedades técnicas em sua estrutura, como maior

durabilidade, repelência a líquidos, proteção UV, entre outras propriedades que variam

de acordo com o ambiente que será exposto.

Os artigos de proteção são diferenciados de acordo com a região do corpo a ser

protegida. Um dos equipamentos de proteção é o calçado, utilizado para a proteção dos

pés, durante o desempenho de uma atividade e do meio que está sendo realizada, ou seja,

ambiente seco ou úmido, e para que se tenha o desempenho esperado, esses artigos de

proteção possuem em suas estruturas, têxteis com propriedades específicas, conhecidos

como têxteis técnicos.

O foco desse trabalho é estudar o calçado de proteção, utilizado pela Polícia

Rodoviária Federal, com intuito de verificar se as propriedades técnicas, estudadas, estão

de acordo com as especificações da norma NRPRF19-2015 e sugerir melhorias, para que

o calçado tenha um melhor desempenho e durabilidade.

3.2. Biomecânica

A biomecânica do caminhar, permite que se entenda melhor o movimento

energético, quando se caminha ou realiza alguma atividade, para isso se utiliza da

mecânica para melhor compreensão desse movimento [6]. Celia Regina (2013), relata que

o estudo dessa ciência ajuda na melhoria do desempenho, durante as atividades realizadas

pelo usuário. De acordo com Amadio (2000), a biomecânica é a ciência que estuda o

movimento do corpo humano, ciência que analisa a parte física dos movimentos do corpo

humano junto com a anatomia e fisiologia. [7]

Quando se caminha, o corpo em movimento é sustentado por uma perna e em

seguida pela outra, de modo que uma perna sempre permaneça em contato com o solo,

como na figura 1. Existem requisitos básicos durante a caminhada, que é o movimento

Page 18: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

17

periódico das pernas de suporte para a próxima posição de suporte e as forças de reação

do solo, que é aplicado nos pés para sustentação do corpo. Durante a caminhada se realiza

a transferência do peso corporal sobre um membro, o apoio e o avanço do membro em

movimento.[7]

O calçado, além de proteger, tem o fator de preservar o alinhamento adequado

dos membros inferiores, a presença da biomecânica no calçado, quando dedicada às

atividades específicas, visa a correção de algumas deficiências anatômicas encontradas

nos pés. O calçado pode ser utilizado tanto por pessoas do sexo feminino, como do sexo

masculino, em que o peso e a estrutura do pé podem variar de acordo com a estrutura

física do usuário. De acordo com Dornelles (2011), existem os seguintes tipos de formato

de pé, que seriam: o pé normal, pé plano ou chato, e o pé cavo, figura 2. Segundo Manfio

(2001), a característica do pé plano é apresentar uma diminuição elevada ou o

desparecimento do arco longitudinal medial; já a característica do pé cavo é o aumento

do arco longitudinal medial. O arco longitudinal medial, de acordo com Palhano (2008),

é ligado a estrutura plantar, com função de sustentar as estruturas corporais. O Arco

Longitudinal Medial é responsável em possibilitar a realização da caminhada bipedal.[10]

Figura 1: Movimento do corpo, contato da perna com o solo

Fonte: BARELA, 2005

Figura 2:Tipos de formato de pé

Fonte: Manual de orientação: calçados-EPI

Page 19: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

18

3.3. Processo de fabricação de calçado

De acordo com Gerson Zorn (2007), o processo de fabricação de um calçado é

dividido em design, corte, costura, montagem e acabamento, como mostrado no

fluxograma apresentado na figura 3.

Figura 3: Fluxograma fabricação de um calçado

Fonte: como funciona o processo de fabricação de calçados.

Design: representa o protótipo do calçado, que manifesta alguns imperativos na

projeção do calçado, como a adequação, aparência e conforto. Esse fator é bastante

relevante na confecção do calçado, já que com a competição do mercado, que não ocorre

somente devido ao valor, também se considera o design do calçado. [12]

Modelagem: essa etapa é a mais complexa da produção do calçado, pois nela é

que se torna aparente os possíveis defeitos, como de modelagem, costura e design. A

modelagem do calçado, também é a parte em que se define os tamanhos, formatos e os

locais da união das peças que compõe o calçado. [12]

Corte: o corte normalmente é feito manualmente quando se trata da

amostragem, ou seja, quando ainda está em fase inicial, devido ao alto valor e

aproveitamento do couro, e dos defeitos e sentido do corte das diferentes peças do

cabedal. O corte é realizado em mesas de corte, que podem ser de diferentes materiais e

características. Já com o protótipo aprovado, se tem o corte industrial que é realizado em

uma prensa hidráulica, com peças metálicas no formato das peças do calçado. [12]

Costura: Essa etapa é onde acontece a junção das peças umas nas outras,

podendo ser utilizado diferentes tipos de pontos e máquinas de costura, no caso dos

calçados são realizadas em máquinas de costuras industriais, e o ponto mais comum,

Page 20: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

19

utilizado nesse processo, é o ponto tipo corrente, em que se tem uma máquina específica

para a confecção desse ponto. De acordo com Gerson Zorn (2007), esse setor tem uma

parcela inferior em relação ao custo, por ser um setor crítico na fabricação, pois pode

haver uma grande variação de características de um modelo para outro.

Montagem: é o processo de união de todas as peças, ou seja, é a operação que

consiste na colagem do cabedal ao solado do calçado. Essa fase é a que tem a maior

automação dentro do processo de produção, pois podemos encontrar em seu layout

diversos tipos de máquinas.[12]

Acabamento: é a etapa final da fabricação do calçado, pois é onde ocorre a

colagem da palmilha, queima das possíveis extremidades de linhas de costuras, a

realização do chanfrado, pintura e limpeza. Após o processo de acabamento, faz-se uma

revisão para verificar se o calçado apresenta não-conformidades em relação à exigência

do cliente, de acordo com o pé utilizado como amostra.[12]

3.3.1. Linhas utilizadas na costura dos calçados

As linhas recomendadas para costura de calçados são compostas por fibras e

filamentos contínuos, unidos por torção mecânica, que podem ser sintéticas ou naturais,

empregadas de acordo com suas características. No quadro 1, está apresentado os tipos

de linhas, quanto propriedade, obtenção e aplicação. [12]

Page 21: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

20

Quadro 1 :Tipos de linha de costura

Fonte: DOSSIÊ TÉCNICO: Processo de fabricação do calçado.

Page 22: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

21

3.4. Têxteis Técnicos

De acordo com Mario de Araújo (2000), os têxteis técnicos são utilizados em

áreas que necessitam de materiais com alto desempenho técnico, já que na área de

vestuário o principal ponto seria a estética. Encontramos esses têxteis nas áreas de

transporte, aeronáutica, médica, aeroespacial, construção civil, área militar, desporto,

dentre outras áreas que necessitam de materiais com alto desempenho.

Mario de Araújo (2000), relata que esses têxteis podem ser utilizados em três

formas diferentes, como componente de produtos (compósitos) para melhorar resistência

e desempenho; como artefato, como por exemplo, os filtros das máquinas; e nos geotêxtis

com propriedades de isolamento e filtração entre as diferentes camadas do solo. Nesses

têxteis podemos encontrar fibras de alto desempenho como as fibras de carbono, boro,

aramida, fibra de vidro, dentre outras fibras têxteis, consideradas de alto desempenho.

Os têxteis técnicos são aplicados em diversos setores do cotidiano, por exemplo,

na construção civil, que encontramos os geotêxteis, como estruturas permeáveis

conjuntamente aplicadas com o solo, pedras e água, normalmente construídos por tecidos

e não tecidos; na medicina encontramos esses têxteis além do vestuário, como em

implantes, substituindo vasos sanguíneos e em intervenções cirúrgicas; na área de

transporte encontramos esses têxteis nos automóveis, com função de isolamento acústico,

estética e conforto, por serem materiais que proporcionam baixo peso e excelente

propriedade mecânica; no desporto e lazer encontramos esses têxtis nos uniformes,

equipamentos e instalações desportivas por serem resistente, duráveis e leves [14]; além

desses setores, também encontramos os têxteis utilizados como forma de proteção do

corpo.

Como forma de proteção do corpo, esses têxteis são usados para proteção do

usuário contra os efeitos ambientais, que possam gerar danos a sua saúde, como por

exemplo, proteção contra fogo e calor extremo, que é o caso dos bombeiros, que devem

ter um fardamento retardante à chama e que tenha um bom isolamento térmico,

retardando a transferência de calor; já contra o frio, utiliza-se de matérias confeccionados

com fibras ocas de PET, que conferem leveza e baixa condutividade térmica, pela

capacidade de armazenar ar, essas fibras permitem uma boa conservação de calor corporal

sem aumento do peso do material, e possibilita a evaporação da umidade que é conduzida

da pele até a extremidade do tecido, que seria o caso dos que trabalham em câmeras frias.

[14]

Page 23: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

22

Já em relação aos riscos mecânicos, a proteção será contra os possíveis acidentes

de trabalho, como na proteção das mãos, com a utilização de luvas, que variam de acordo

com o risco (perfuração, corte, abrasão, tração e rasgo); na proteção das pernas será

utilizado um material de proteção de acordo com o tipo de trabalho que será executado,

por exemplo, pessoas que trabalham em plantações utiliza uma espécie de caneleira, e a

proteção do tronco, contra balística, usa-se do colete balístico, que é formado por uma

camada de tecido, feito com fibras de alto desempenho, e uma camada de um compósito,

que possui uma estrutura com alto nível de dissipação de energia. [15]

Como proteção contra a radiação, no caso das partículas químicas, que são os

têxteis voltados para as indústrias químicas e farmacêuticas, são confeccionados por

costuras termo-seladas, que impedem a passagem de partículas menores que 1 mícron,

partículas radioativas, nesse caso são utilizados os materiais da marca Du Pont Tyvek,

que é um material tipo folha formado por fios contínuos, por fibras interconectadas muito

finas unidas por calor e pressão. [15]

Encontramos esses têxteis em diversas áreas, como já mencionado. Na área

militar, esses têxteis são utilizados tanto no vestuário de proteção e como EPI’s, nos

materiais utilizadas para a defesa e armamentos. O tipo de material a ser usado nesses

têxteis vai de acordo com a aplicação, que pode variar conforme o uso, como por

exemplo, o material que compõe o calçado é diferente do que é solicitado para a

confecção do colete à prova de bala. [16]

No uniforme, pode ser utilizado um tecido confeccionado em poliamida, no

colete utiliza-se de um material composto por várias camadas de tecido fabricado em

aramida, e nos calçados encontramos têxteis para proporcionar conforto e proteção contra

agentes químicos e biológicos, variação climática, que pode variar durante uma missão

ou uma guerra, em locais que abrange variação climática constante, assim terá uma norma

técnica com as especificações para confecção do calçado.

Em meados de 2005 Goldcher Et. al, afirmou que nessa época existiam cerca de

vinte Normas (ISO) para calçados de segurança, cada uma contendo um objetivo

específico, como por exemplo, norma para resistência a óleo, para resistência a produtos

químicos, resistência à descargas elétricas, dentre outras. Nos uniformes militares, utiliza-

se para a proteção dos pés o coturno e/ou bota tática.

Page 24: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

23

3.5. Têxteis na área de proteção

Os texteis utilizados em áreas operacionais são conhecidos como têxteis

inteligentes, que de acordo com Ribeiro (2014), podem mudar suas propriedades térmicas

ou mecânicas, com intuito de produzir uma resposta ao meio em que é exposto. [16]

De acordo com Eugene Wilusz (2008), os têxteis operacionais são formados por

várias camadas de tecido, confeccionados com fibras de alta resistência à tração, a

cisalhamento e por materiais com multicamadas, como por exemplo, os utilizados para a

proteção contra balística.

Segundo Eugene (2008), fibras sintéticas são comumente usadas nesses têxteis,

pois quando tecidas além de fornecer proteção, são leves e flexíveis, em algumas vezes

esses materiais não são encontrados em forma de tecido, e sim de folhas, tipo filmes, que

promovem proteção em conjunto com outros materiais têxteis, ampliando a proteção

contra balística.

Já na proteção pessoal, até o período da segunda guerra, a única proteção que

existia, era contra a fragmentação da luz, que incluia capacetes e coletes à prova de bala.

Essa proteção permaneceu até a introdução da lei de proteção contra ameaça de armas de

fogo, que surgiu devido ao aumento do papel do militar nas atividades antiterroristas, no

final dos anos 50 e 60.

3.6. Equipamento de proteção individual-EPI

Na década de 70 em uma reunião nos Estados Unidos, surgiu o primeiro conceito

sobre biossegurança, onde se discutiu sobre os impactos da engenharia genética na

sociedade. Essa reunião foi um marco para discussões sobre a proteção do trabalhador.

[17] Somente em 1980, a Organização Mundial de Saúde conceituou a biossegurança

como prática de prevenção para o trabalho e classificou os riscos como biológicos,

químicos, físicos, radioativos e ergonômicos.

Na legislação brasileira o empregador é obrigado a fornecer todos os

equipamentos de segurança para o trabalhador, sem custo para o trabalhador, esses

equipamentos devem estar em perfeito estado e serem destinados para o seu devido uso,

como previsto na CLT. [18]

De acordo com a Norma Regulamentadora – NR6, Equipamento de Proteção

Individual -EPI é todo produto ou utensílio de uso individual, destinado para a proteção

Page 25: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

24

do trabalhador, contra riscos suscetíveis de ameaça à segurança e à saúde durante

realização da atividade laboral [19]. Segundo a ANIMASEG (2017), esses equipamentos

são diferenciados de acordo com a região do corpo que se deseja proteger, como por

exemplo, proteção da cabeça, usa-se o capacete e/ou capuz; para a proteção do tronco,

utiliza-se o colete à prova de balas; na proteção dos membros superiores, luvas, e para a

proteção dos membros inferiores temos os calçados, além de outros equipamentos, como

caneleiras e joelheiras.

No Brasil, a autoridade pública responsável pela aprovação e certificação desses

equipamentos é a Secretaria de Trabalho, secretaria especial do Ministério da Economia,

sendo o responsável por credenciar laboratórios e autorizar a produção e a venda desses

equipamentos de proteção. [20]

3.7. Calçado de proteção

Um dos itens do EPI é o calçado de proteção, de acordo com a ANIMASEG

(2017), existem três tipos de calçados de proteção, que se dividem em tipo A, B, C, D e

E, essa classificação está relacionada de acordo com a altura do cano calçado, figura 4.

Essa divisão, é complementada por testes específicos por campo de risco, ou testes

adicionais, que vão direcionar a aplicação do calçado no campo específico. No Brasil

existe a certificação de aprovação, CA, onde os campos de risco, de acordo com a

simbologia, quadro 2, ficam gravadas no calçado, identificando o campo específico para

uso, exemplo na figura 5.[20]

Page 26: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

25

Figura 4: Categorias de desenhos de calçados

Fonte: Manual de Orientação: Calçados-EPI

Figura 5: Certificação de aprovação

Fonte: Manual de Orientação: Calçados-EPI

Page 27: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

26

Quadro 2: Simbologia específica que identifica a condição de proteção

Page 28: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

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Fonte: Manual de Orientação: Calçados-EPI

Page 30: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

29

3.8. Normas Técnicas de um Calçado de Proteção

A norma regulamentadora NBR ISO 20346:2015, em vigor, é a norma que

contém os requisitos básicos que deve conter um calçado de proteção, para garantir a

proteção do trabalhador caso ocorra algum acidente no ambiente de trabalho.

Além da NBR ISO 20346:2015, existem também as normas NBR ISO

20345:2015 (Equipamento de proteção individual - Calçado de Segurança) e a NBR ISO

20347 (Equipamento de proteção individual - Calçado ocupacional), ambas em vigor, que

estabelece as regras para a elaboração do calçado de segurança de acordo com o risco em

que será exposto.[21]

O quadro 3 apresenta as especificações básicas que a norma NBR ISO

20345:2015, com as especificações básicas para elaboração de um calçado de segurança.

Quadro 3: Especificações básicas para bota de segurança -NBR 20345:2015[22]

Desenho Altura do Cabedal

Área do Salto

Calçado Completo

Desempenho da sola: sua construção e resistência da união

cabedal/sola

Proteção dos dedos: generalidades, comprimento interno da biqueira

e resistência ao impacto, entre outros.

Resistência ao vazamento, escorregamento em pisos diversos.

Cabedal

Generalidades

Espessura

Resistência ao rasgo e flexão

Valor do pH, hidrolise e teor do cromo VI

Forro da Gáspea

Resistência ao rasgo e abrasão

Permeabilidade e coeficiente de vapor de água

Valor do pH

Teor de Cromo VI

Forro da Lateral

Resistência ao rasgamento e abrasão

Permeabilidade e coeficiente de vapor de água

Valor do pH

Teor de cromo VI

Page 31: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

30

Lingueta

Resistencia ao rasgamento

Valor do pH

Teor de cromo IV

Sola

Desenho anatomico

Resistência ao rasgamento, abrasão, flexão e união entre as

camadas.

Não ocorrer Hidrólise

Palmilha de montagem pH

Absorção de água

Palmilha interna Abrasão da palmilha de montagem interna

Cromo VI

Fonte: NBR 20345:2015

3.9. Estrutura do Calçado de Proteção Estudado-Bota

Figura 6: Composição do calçado operacional

Fonte: NTPRF -019/2015

Colarinho: acabamento no fim do cano, com função de proteger o tornozelo.

Cano: porção que se eleva acima do pé até próximo a panturrilha, com função

de proteger o tornozelo.

Page 32: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

31

Traseira: parte posterior do calçado, que pode ser de forma contínua ou

confeccionada por uma única peça ou por várias peças.

Lateral: acabamento localizado entre a parte frontal e posterior do sapato.

Entressola: camada intermediária colocada entre a palmilha de montagem e a

sola.

Sola: peça que integra a parte inferior do calçado, localizada entre o pé e o

solo, constituído pela entressola, vira e salto, comumente fabricado de borracha ou couro,

no calçado estudado encontramos confeccionada em borracha.

Biqueira: localizado na parte da frente externa e interna, que pode ser

confeccionada de aço, compósitos, plástico ou couraça, tem como função oferecer

proteção aos dedos dos pés contra impactos ou compressão, comumente encontrado em

calçados de proteção, no calçado estudado essa parte é confeccionada em couraça.

Gáspea: área frontal do cabedal do calçado, localizada na parte entre os dedos

até o peito do pé.

Ilhós: peça metálica ou plástica usada como reforço do furo, por onde passa o

cadarço.

Lingueta: localizada na parte superior da gáspea, possui estrutura flexível, tem

como função de proteger o pé do atrito com cadarço.

Atacador: tipo de corda normalmente utilizada para fechar e apertar as peças do

calçado, ajustando-as ao pé, comumente conhecido como cadarço, podendo ser

confeccionado com fibras de algodão ou fibras sintéticas, como poliamida,

comercialmente conhecida como Nylon.

3.10. Especificações do calçado (bota) da Polícia Rodoviária Federal

O calçado de proteção (bota), figura 7, deve conter as propriedades técnicas,

como a tecnologia 3D, conforto térmico, tecnologia sanitec, tecnologia outlast, tecnologia

Vibram; e materiais, como couro, poliéster, poliamida, tecido de algodão, Etil vinil

acetato (EVA), poliuretano, látex, borracha de butadieno estireno (SBR), borracha

nitrílica (NBR), como na Norma Técnica NTPRF-019. [23]

Page 33: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

32

Figura 7: Calçado da Polícia Rodoviária Federal

Fonte: Site Empresa Guartela

O calçado deve conter os seguintes materiais em sua estrutura:

Couro vacum: couro de origem bovina, em que a pele bovina é dividida em

flor que seria a camada externa do couro, que apresenta as características típicas da

pele do animal e em raspa que é a camada subjacente a flor. A raspa é utilizada para

fabricação de artigos aveludados. No calçado estudado, deve-se encontrar, a raspa de

couro estilo camurça, curtido com cromo e recurtido com tanino, tingido atravessado

para evitar o desbotamento, tratamento superficial com lixas para melhorar o aspecto

visual das fibras.

Poliéster: polímero sintético de estrutura química com ligações de grupos de

éster, comumente composto de álcool orgânico e ácido carboxílico, conhecido como PET

(tereftalato de polietileno), polímero bastante resistente e dúctil. O tecido de poliéster

possui alta durabilidade, confere a manutenção da cor e resistência à formação de

rugosidade, já o não tecido, conhecido como TNT, de poliéster, possui estrutura plana,

porosa e flexível.[25]. No calçado estudado esse material deve ser um tecido plano de

poliéster com gramatura de (360 ± 20) g/cm² e (610 ± 30) g/cm com repelência a água

e com gramatura de (300 ± 20) g/cm², e como malha de poliéster com gramatura de

(50 ± 5) g/cm² e (250 ± 15) g/cm² apresentando propriedade antibacteriana e

antifúngica, e o não tecido (TNT) de poliéster com gramatura de (950 ± 50) g/m².

Poliamida: Ferro W. P. Et. al., relata que a poliamida é um dos principais

termoplásticos usado na engenharia, por possuir boa propriedade mecânica e física,

incluindo alta resistência à abrasão, resistência ao impacto, resistência a solventes e baixo

coeficiente de atrito. É um polímero com unidades repetitivas de cadeias moleculares,

Page 34: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

33

ligadas entre em si por grupos amida, produzidos pela interação de uma amina e uma

carboxila, também podem ser formados pela polimerização de aminoácidos ou

aminoácidos derivados, em geral as poliamidas incluem proteínas e peptídeos. É um

grupo importante de polímeros sintéticos produzidos industrialmente, o mais conhecido

é o nylon, que pode conter anéis fenil [26]. No calçado estudado, esse material deve ser

um não tecido (TNT) de gramatura (220 ± 15) g/m² com tratamento antibacteriano e

antifúngico, e um não tecido (TNT) com propriedade termocolante, com gramatura

de (160 ±10) g/cm². Também encontramos linha de costura em poliamida número 40.

Tecido de Algodão: é um tecido de fibra natural, confeccionado por fibras da

flor de algodão. De acordo com Chi-Wai Kan Et al., o tecido de algodão possui

propriedades de biodegradação, regeneração e higroscópica, além de possuir maciez,

capacidade de reter oxigênio, umidade e calor, e o suor corporal. No calçado estudado

encontramos esse material como tecido plano, com propriedade termocolante, com

gramatura de (240 ± 15) g/cm².

Etil Vinil Acetato (EVA): copolímero produzido a partir dos monômeros

etileno e acetato vinilo. O etileno é um gás incolor produzido pela reação de rompimento

da estrutura orgânica do petróleo, que é a quebra das ligações de alcanos de cadeias

longas, para obter hidrocarboneto de cadeias curtas. Já o acetato vinilo é um líquido, com

um odor forte, produzido pela ração de etileno e ácido acético com oxigênio, utilizando

o paládio como catalisador [28]. No calçado estudado encontramos esse material no

acolchoamento interno e externo do contraforte, com densidade de aproximadamente 0,1

g/cm, e 15 mm de espessura.

Poliuretano (PU): é polímero derivado a partir da reação de duas substâncias

principais, os monômeros mais utilizados para originar as espumas são isocianatos e

polióis orgânicos, que são derivados do refino do petróleo e do carvão. Segundo

A.A.Beltrán Et al.(2011), não se encontra poliuretano com base totalmente biológica e

com propriedades aceitáveis, pelo motivo de não se obter um resultado aceitável na

síntese de isocianato. No calçado estudado encontramos esse material na forma

expandida, laminada, de células aberta e com densidade mínima de (18 ± 3) kg/m3 e

expandida com densidade de (110 ± 10) kg/m3, recoberta com tecido tipo malha de

poliéster 100% na parte superior.

Latex: Pierozan N. J. (2007) define o látex como uma dispersão coloidal estável

de uma substância polimérica num meio essencialmente aquoso, constituído como tipo

Page 35: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

34

de hidrosol, com capacidade de apresentar uma etapa dispersa de natureza polimérica com

propriedade hidrofóbica. No calçado estudado encontramos esse material na forma de

espuma de látex, usado como enchimento em algumas partes do calçado.

Borracha de Butadieno Estireno (SBR): borracha sintética, composta à base

de butadieno e estireno, quanto maior for o teor de estireno maior característica de

termoplástico. Possui grande resistência à abrasão e à altas temperaturas, pouco flexível

e à baixa temperatura adquire elasticidade [31]. No calçado estudado esse material está

presente na confecção do solado.

Borracha Nitrilica (NBR): borracha sintética da polimerização do batadieno e

acrilonitrilo, polimerização feita por emulsão, podendo ser em alta ou baixa temperatura,

possui resistência a alguns produtos inflamáveis, como o óleo e a gasolina, tem

propriedade flexível à baixa temperatura, possui resistência à deformação por

compressão, relevante resistência elétrica, alta tensão de rotura e baixa elasticidade [32].

No calçado estudado esse material está presente na confecção do solado.

De acordo com a empresa que confecciona o calçado, Guartela, o calçado deve

conter as seguintes propriedades técnicas:

Tecnologia 3D: é composta por três camadas responsáveis pela estruturação e

acolchoamento. A junção dessas camadas proporciona mais conforto, protegendo e

proporcionando o isolamento térmico [33].

Conforto térmico: fator relevante quando se avalia funcionalidade de um

calçado, essa propriedade depende de fatores como temperatura e umidade, da estrutura

e das propriedades térmicas do material utilizado na confecção do calçado [33]. O calçado

estudado deve conter manta de isolamento térmico, com função de controlar a

temperatura entre o interior do calçado com o meio externo, proporcionando um conforto

térmico durante o uso do calçado. Como o calçado estudado será utilizado em lugares que

podem variar a temperatura e clima, ocorre à necessidade da utilização de um material

que possua hidrofobicidade e repelência ao calor e ao frio, por essa razão utilizou-se na

sua confecção couro hidrofóbico, que é um material a base de óleos graxos inseridos na

fibra do couro durante o processo de tratamento, com função de repelir e absorver

líquidos; também utilizou um couro com tecnologia à base de aditivo físico-químico,

que tem função de impedir a absorção da luz quente, proporcionando um melhor conforto

térmico.

Page 36: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

35

Tecnologia Sanitec: é um tecido com sistema integrado, que possui uma

tecnologia voltada à parte de contaminação e poluição, o calçado estudado deve conter

uma camada reforçada com fibras de agulhamento aleatório em célula aberta para melhor

resistência, com rápida absorção, impermeável e respirável, além da proteção microbiana

de Prata Ativa Snitized®, que é um tratamento que impede a proliferação de bactérias

que causam odor no interior dos calçados.

Tecnologia Outlast: são microcápsulas de materiais que mudam de fase (PCM),

também conhecido como reguladores de temperatura, que absorvem o calor em excesso

e devolvem ao corpo quando a temperatura diminui. São mais conhecidos como

reguladores térmicos do que como isolantes térmicos [34]. No calçado estudado essa

tecnologia tem a função de regular o calor ao mesmo tempo em que controla a umidade;

regula a temperatura da pele, à medida que a pele esquenta, o calor é absorvido, e à medida

que a pele esfria, o calor é liberado, proporcionando assim o conforto térmico.

Tecnologia Vibram®: idealizada por Vitale Bramani, é baseada na mesma

tecnologia utilizada em pneus automotivos. É uma propriedade que proporciona ao

calçado de se adaptar em ambientes e superfícies que podem variar sua forma.

Primeiramente, Bramani, utilizou das impressões compostas nas superfícies dos pneus e

acomodou, utilizando pregos, pedaços de borracha no solado de seu calçado,

conjuntamente com ele, Leopoldo Pirelli, dono de uma fábrica de pneus, confeccionou,

utilizando da vulcanização, as primeiras sapatilhas com solado que possuía desenhos que

se assemelhavam à estrutura de pneus, para proporcionar ao calçado uma melhor

adaptação a qualquer ambiente e superfície [35]. Essa tecnologia é encontrada na

confecção do solado do calçado estudado.

3.11. Norma Técnica da Polícia Rodoviária Federal para a Bota Tática

A Polícia Rodoviária Federal possui uma norma técnica, que determina as

condições mínimas exigidas para confecção da bota tática operacional, a norma NTPRF-

019, que de acordo com a norma, conforme exigência, a bota tática deverá ser resistente

e confortável, hidrofóbica, com boa vestimenta, não deve comprometer a mobilidade e

proporcionar liberdade de movimento. A bota deve conter a estrutura de acordo com o

que está apresentado na figura 8.

Page 37: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

36

Figura 8: Vista da bota tática lateral externa, posterior e frontal.

Fonte: NTPRF - 019/2015

A bota tática é composta por 34 (trinta e quatro) peças técnicas, divididas em

peças da parte externa que são: biqueira, gáspea, lateral, traseiro, cano, tira do cano, vista

frontal, vista de ilhoses/ganchos, tira traseira, colarinho, lingueta inferior, lingueta

superior, etiqueta da lingueta e passador do atacador; e as peças da parte interna (forro)

são: forro da gáspea, do cano, forro superior e inferior da lingueta, forro detrás, forro do

colarinho, da vista frontal, da vista de ilhoses/ganchos.

O material que faz parte do aviamento da bota tática, dever ser composto pelas

seguintes peças: couraça, entretela da gáspea e da lateral, reforço da vista frontal e da

vista de ilhoses/ganchos, contraforte, acolchoamento interno e externo do contraforte,

espuma da lingueta e do colarinho, enchimento do colarinho e o reforço superior da tira

traseira.

As bordas da bota tática devem conter peças confeccionadas em couro da mesma

cor do cabedal, com todas as peças do cabedal externo com fio aparente em couro

chanfrado, para diminuir a espessura das bordas e melhorar a qualidade, e nas emendas

das peças, que ficam na parte inferior, devem também ser chanfradas, para diminuir a

espessura da borda e melhorar a vestimenta.

A lingueta é costurada junto à parte interna do forro da vista fronte e da vista dos

ilhós, para promover um efeito “fole” e o fechamento completo do cabedal, com apenas

abertura nos dois últimos ganchos superiores. No forro, sua união com o cabedal, deve

ser realizada através de costura, sem uso de adesivos, para facilitar a transpiração do forro

Page 38: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

37

e do pé, já o forro próximo ao calcanhar tem a função de reforço, para que não ocorra o

rompimento e/ou enovelamento do forro do cano.

O conjunto de aviamentos como ilhós, ganchos e atacador, apresentados na

figura 9, possuem características distintas. A distância e posicionamento dos ilhós e

ganchos, em relação ao cabedal, deve proporcionar uma harmonia visual, funcionalidade

técnica e segurança. Eles devem ser fixados por uma costura dupla equidistantes entre si,

já os ganchos possuem um avanço entre o limite do cabedal, se adequando com a forma

da concepção e uso. Os ilhós ficam localizados abaixo da reentrância e devem ser um

conjunto de quatro peças, totalizando oito ilhós por cada par da bota tática.

Figura 9: Vista dos ilhós e ganchos

Fonte: NTPRF-019/2015

De acordo com a Norma Técnica NTPRF-019/2015, que estabelece as normas

para a confecção da bota tática da Polícia Rodoviária Federal, as botas são submetidas a

ensaios de conformidade, como demonstrado no quadro 4, com intuito de verificar se a

bota está dentro do padrão exigido na norma NTPRF-019/2015.

Page 39: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

38

Quadro 4 :Especificações de ensaios realizados pela PRF [23]

BOTA TÁTICA

ENSAIO NORMA ESPECIFICAÇÕES OBSERVAÇÃO

Determinação do

valor do Ph

ISO 4045

O valor de Ph não deve ser menor do

que 3,2. Se o valor do Ph estiver

abaixo de 4, a cifra diferencial deve

ser menor que 0,7.

Couro cabedal tipo raspa.

Determinação do

teor de cromo VI

ABNT NBR

ISO 17075

O cromo não deve ser detectado.

Couro cabedal tipo raspa.

Repelência a água:

Spray Teste

AATCC 22

Padrão 100 (ISO 5)

Couro cabedal, tecido

cabedal e tecido da tira

do cano.

Determinação da

resistência à

abrasão-método

Martindale

ABNT NBR

15496

Couro cabedal: 51.200 ciclos a seco:

abrasão moderada e descoloração

leve (maior ou igual ao grau três na

escala de cinzas, conforme ABNT

NBR © 105 A02) 25.600 ciclos a

úmido: abrasão moderada e

descoloração leve (maior ou igual ao

grau três na escala de cinzas,

conforme ABNT NBR © 105 A02)

- Tecido cabedal: 51.200 ciclos a

seco: abrasão muito leve 25.600

ciclos a úmido: abrasão leve e

descoloração leve (maior ou igual ao

grau três na escala de cinzas,

conforme ABNT NBR © 105 A02).

- Tecido forro, não tecido forro do

calcanhar 25.600 ciclos a seco e

12.800 a úmido, o forro não deve

apresentar furos.

- Palmilha interna 25.600 ciclos a

seco e 12.800 a úmido, a superfície de uso (tecido tipo malha) não deve

apresentar furos.

Couro cabedal, tecido

cabedal, tecido do forro,

não tecido do forro do

calcanhar e tecido tipo

malha da palmilha

interna.

Determinação da

resistência ao

rasgamento

ABNT NBR

ISO 20344 –

item 6.3

Couro e tecido cabedal: Mínimo 120

N.

Tecido do forro: mínimo 30 N.

Couro cabedal, tecido

cabedal e tecido forro.

Determinação da

resistência ao

ataque

microbiano

ABNT NBR

15275

Resistência bacteriana: não deve

haver o crescimento bacteriano no

meio de cultura sob os corpos de

prova analisados.

Resistência fúngica: não deve haver

o crescimento de hifas fúngicas no

meio de cultura sob os corpos de prova analisados.

Tecido forro e não

tecido forro do

calcanhar e sobre

palmilha (palmilha

interna).

Page 40: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

39

Determinação da

permeabilidade

ao vapor de água

ABNT NBR

12834

Couro cabedal + tecido forro:

mínimo 1,0 mg/(cm².h).

Tecido cabedal + tecido forro:

mínimo 2,0 mg/(cm².h).

Testar em conjunto:

couro cabedal + tecido

forro e tecido cabedal +

tecido forro.

Determinação da

resistência ao

escorregamento

ABNT NBR ©

20344 –item

5.18

(© 13287)

Piso cerâmica com NaSL

Salto para frente: mínimo 0,34

Plano para frente: mínimo 0,34

Calçado pronto.

Determinação da

resistência da

união

cabedal/solado e

entre camadas

de solado

ABNT NBR

ISO 20344 –

item 5.2

Mínimo: 5,0 N/mm

Calçado pronto

Resistência do

atacador à fricção

DIN EN ISO

22774

Procedimento1

Não deve romper até 15.000 ciclos,

aceitável a presença de danos leves

superficiais.

Atacador

Determinação da

resistência ao óleo

combustível

ABNT NBR

ISO 20344 –

item 8.6

O aumento do volume não deve ser

maior que 12%.

Solado

Determinação da

resistência à flexão

da sola

ABNT NBR

ISO 20344 –

item 8.4

O perfuro não deve progredir mais

que 4,0 mm. (Ensaio a ser realizado

conforme critério de seleção do

ensaio de rigidez).

Se no ensaio de rigidez conforme

ABNT NBR © 20344 – item 8.4, o

resultado encontrado for menor que

45º, deve-se proceder o ensaio

conforme a norma ABNT NBR

14743 (item 4.4.2 solados

semirrígidos ou flexíveis), sendo que

o perfuro não deve progredir mais

que 4,0 mm.

Solado

Resistência ao

rasgamento da sola

ABNT NBR

ISO 20344 –

item 8.2

Mínimo: 8 Kn/m

Solado

Determinação da

resistência de solas

a abrasão

ABNT NBR

ISO 20344 –

item 8.3

Máximo: 100 mm³

Solado

Determinação da

resistência ao calor

com contato

ABNT NBR

ISO 20344 –

item 8.7

O solado não deve derreter nem

apresentar rachaduras.

Solado

Deformação por

compressão

dinâmica

PRI 604/72

Deformação máxima, até 24 horas de

recuperação, 20% menor que a

espessura inicial.

Palmilha interna

Page 41: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

40

Determinação da

absorção e

dessorção de água

na palmilha interna

ABNT NBR

ISO 20344 –

item 7.2

A absorção de água não deve ser

menor que 70 mg/cm² e a dessorção

não deve ser menor que 80% da água

absorvida.

Palmilha interna

Determinação da

resistência à

corrosão por água

salina

ABNT NBR

15262

Em condições normais, leve

corrosão e alteração visual não

geram problemas no produto final

(calçados e artefatos).

Ilhós e ganchos

Determinação do

índice de pronação

do calçado

ABNT NBR

14839

Nível de conforto: Normal.

Calçados prontos

Determinação da

temperatura

interna do calçado

ABNT NBR

14837

Nível de conforto: Confortável.

Calçados prontos

Determinação

dinâmica da

distribuição da

pressão plantar

ABNT NBR

14836

Nível de conforto para a região do

calcâneo: normal.

Nivel de conforto para a região da

cabeça dos metatarsos: confortável.

Calçados prontos

Determinação do

índice de

amortecimento do

calçado

ABNT NBR

14838

Nível de conforto: Confortável

Calçados prontos

Determinação dos

níveis de percepção

de calce

ABNT NBR

14840

Nível de conforto da percepção de

calce: confortável.

Nível de conforto da avaliação das

marcas e lesões: normal.

Calçados prontos

Determinação da

solidez da cor a luz

natural

ABNT NBR

14392

Grau de alteração de cor da amostra

ensaiada deve ser igual ou maior que

3 da escala de azuis.

Ensaio realizado na face

externa do tecido cabedal,

couro cabedal e tecido da

tira do cano.

Determinação da

resistência dos

pontos críticos

ABNT NBR

15326

Mínimo: 200 N

Arrancamento dos ganchos

metálicos do Cabedal.

Determinação da

resistência à água

para o calçado

inteiro

ISO 20344–

item 5.15.2

Após 30 minutos a área molhada

dentro do calçado não pode ser maior

que 3 cm².

Calçados pronto

Fonte: NTPRF-019/2015

Page 42: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

41

4. Materiais e Métodos

Os materiais e métodos utilizados para a realização desse estudo estão

apresentados a seguir.

4.1. Materiais

Os materiais utilizados neste estudo foram três pares de calçados (bota),

utilizados pela Polícia Rodoviária Federal, sendo um calçado novo e dois calçados já

utilizados, com aproximadamente quinze dias de uso, os quais durante a utilização

apresentaram imperfeições, como por exemplo, esgarçamento à costura. O tempo de uso

em horas vai de acordo com a escala de trabalho, o agente que trabalha em escala de

plantão, 24 horas de trabalho por 72 horas de descanso, a utilização do calçado em horas

durante 15 dias foi de 96 horas, caso o agente que trabalhe em escala administrativa, 8

horas diárias de trabalho por dia, durante 5 dias, onde o uso do uniforme é facultativo,

caso faça a opção por usar o uniforme, o calçado será utilizado por 120 horas. O calçado

que não foi utilizado, ou seja, novo, com a estrutura já relatada ao decorrer do trabalho,

foi usado como padrão na análise dos resultados. Abaixo estão apresentados os materiais

utilizados no estudo e irregularidades identificadas.

4.1.1. Calçado Novo-Amostra Padrão.

Calçado que não tinha sido utilizado, ou seja, novo, que não demonstrou

nenhuma imperfeição de acordo com inspeção visual e que deve apresentar as

especificações previstas na norma NTPRF 019:2015, calçado usado como amostra

padrão, referência, apresentado nas figuras 10 e 11.

Figura 10: Vista calçado novo lado esquerdo

(a) (b) (c)

Page 43: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

42

Figura 11: Vista calçado novo lado direito

(a) (b) (c)

4.1.2. Calçados Usados

Foi utilizado dois pares de calçados que durante o uso apresentaram

imperfeições. Os calçados analisados tinham aproximadamente duas semanas de uso, 15

dias, e dependendo da escala de trabalho, se for plantão, o calçado foi utilizado,

aproximadamente, 96 horas, caso em escala administrativa, o calçado foi utilizado 120

horas, aproximadamente. Um dos calçados apresentou esgarçamento da costura na

emenda das partes da lingueta, figura 12, que pode ter sido devido ao uso contínuo, e a

margem de costura está no tamanho adequado. O outro par de calçado, apresentou

esgarçamento na região da emenda da parte interna com a externa do colarinho e na

junção da parte lateral, confeccionada em tecido plano de poliéster a parte do cano, com

a parte frontal confeccionada em couro, como apresentado na figura 13. Também foi

observado, que ocorreu o desbotamento da cor em algumas regiões dos calçados.

Figura 12: Calçado após uso que apresentou esgarçamento na emenda da peça

(a) (b)

Page 44: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

43

Figura 13: Calçado após uso que apresentou esgarçamento na costura

(a) (b) (c)

4.2. Métodos

(d) (e)

Realização de ensaios para verificar, os fatores, que levou a ocorrência dos

incidentes encontrados nos calçados após uso.

Um dos testes realizados, foi o teste de hidrofobicidade, com intuito de analisar

se o material possui propriedade de repelência a líquidos, onde foi inserida uma gota de

água em diferentes partes do calçado novo, padrão, e observado, o comportamento da

Page 45: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

44

gota em contato com a superfície, em um tempo determinado de 3 minutos, e logo

classificado de acordo com o diagrama de gotas sobre a superfície.

Também foi realizado o teste de solidez a cor nos calçados usados, e comparado

com a amostra nova, em que foi utilizado um espectrofotômetro de refletância modelo

portátil UV, com intuito de observar se ocorreu variação da cor do material, onde o

espectrofotômetro fez uma varredura no tecido utilizado como padrão, no caso parte do

calçado novo, e após um comparativo com as demais amostras, calçados usados; com

isso, fornecendo uma escala que apresenta a variação de cor, nas constantes L*a* b* e

valores de refletância, SCI/100.

Por fim, foi verificada a margem de costura nos locais em que apresentaram

esgarçamento na costura, nos calçados. A análise foi realizada através da medição, com

uma régua milimetrada de 50cm, da distância deixada entre os pés ponto e o corte do

tecido, e observado qual o tipo de ponto utilizado na emenda das partes do colarinho, já

que ocorreu esgarçamento da costura nesse local, por ser uma região que sofre grande

tensão, devido a amarração do cadarço.

4.2.1. Análise da Hidrofobicidade

De acordo com Ferreira (2013), a molhabilidade de uma superfície é uma

propriedade muito importante, pois na natureza muitas plantas e animais usam dessa

propriedade, para se manterem secos e/ou limpos. Nos últimos anos, aspectos de como a

natureza se comporta, vêm sendo observado pelo homem, e o inspirado para

desenvolvimento de materiais, esse processo é conhecido como Biomimética. De acordo

com Jesse Goldstein, a biomimética é bastante complexa, e serve para despertar a

curiosidade humana. Como por exemplo, as máquinas malsucedidas de Leonardo da

Vinci foram inspiradas no voo dos pássaros, e Georges Mestral que se inspirou nos

carrapatos para o desenvolvimento do velcro. Somente nos últimos vinte anos, essa

ciência ganhou destaque na estrutura organizacional que une engenharia e design [37].

As superfícies hidrofóbicas vêm sendo o foco de um intenso desenvolvimento,

na criação de materiais com propriedades hidrofóbicas ou super-hidrofóbicas. Essa

propriedade foi inspirada principalmente no exemplo da flor de Lótus, que apresenta alto

grau de repelência a água, a mantendo sempre limpa [38].

Na análise da hidrofobicidade, foram utilizadas sete seções diferentes do

sapato sem uso, ou seja, novo, que englobava a parte externa e interna do sapato,

confeccionada por diferentes materiais, como tecido e malha de poliéster e couro. As

Page 46: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

45

partes escolhidas foram as seguintes: parte interna da lingueta confeccionada em malha

de poliéster, as partes externas da lingueta confeccionada em tecido plano de poliéster,

parte externa do cano confeccionada em tecido plano de poliéster, parte externa do

colarinho confeccionada em couro, parte interna do colarinho confeccionada em malha

de poliéster e a parte externa da biqueira confeccionada em couro. A determinação dessas

partes objetivou analisar o calçado como um todo, ou seja, os materiais que compõe o

calçado na área externa e interna.

Foi utilizado para análise, um conta gota, onde foi introduzido três gotas de

água em cada superfície, e verificado o comportamento da gota durante aproximadamente

três minutos. Após os três minutos foi analisado, o comportamento da gota ao se encontrar

com a superfície, e classificada de acordo com o diagrama de gostas sobre superfícies

com diferentes graus de molhabilidade, figura 14.

Figura 14: Diagrama de gotas sobre superfícies com diferentes graus de molhabilidade

Fonte: FENG, L.; LI, S.; LI, H.; LI, L.; ZHANG, J.; ZHAI, Y.; et al. Dec. 2002[38]

I. Seção 1

Esta seção refere-se à parte interna da lingueta, forro, confeccionada em malha

de poliéster. Durante a realização do teste, como observado na figura 15, ao gotejar o

líquido, água, o mesmo foi absorvido rapidamente. Diante disso, e de acordo com o

comportamento observado, esta seção é super-hidrofílica.

Figura 15: Teste de hidrofobicidade parte interna da lingueta

Page 47: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

46

II. Seção 2

Esta seção refere-se à parte inferior externa da lingueta, confeccionada em tecido

plano de poliéster. Durante a realização do teste, como observado na figura 16, ao gotejar

o líquido, água, a gota durante aproximadamente três minutos permaneceu da mesma

forma e com tendência a estender-se um pouco na superfície, mas mantendo o contato

pequeno com a superfície. Diante disso, e de acordo com o comportamento observado, a

seção é hidrofóbica.

Figura 16: Teste de hidrofobicidade parte inferior externa da lingueta

III. Seção 3

Esta seção refere-se à parte superior externa da lingueta, confeccionada em

tecido plano de poliéster. Durante a realização do teste, como observado na figura 17, ao

gotejar o líquido, água, a gota durante aproximadamente três minutos, ao encostar na

superfície ampliou seu contato. Diante disso, e de acordo com o comportamento

observado, a seção é hidrofóbica.

Figura 17: Teste de hidrofobicidade parte superior externa da lingueta

IV. Seção 4

Esta seção refere-se à parte externa do cano, confeccionada em tecido plano de

poliéster. Durante a realização do teste, como observado na figura 18, ao gotejar o líquido,

água, a gota, durante aproximadamente três minutos, ao encostar na superfície ampliou

seu ângulo de contato. Diante disso, e de acordo com o comportamento observado, esta

seção é hidrofóbica.

Page 48: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

47

Figura 18: Teste de hidrofobicidade parte externa do cano

V. Seção 5

Esta seção refere-se ao colarinho, confeccionada em couro vacum. Durante a

realização do teste, como observado na figura 19, ao gotejar o líquido, água, a gota,

durante aproximadamente três minutos, ao encostar na superfície ampliou seu ângulo de

contato. Diante disso, e de acordo com o comportamento observado, a referida seção é

hidrofóbica.

Figura 19: Teste de hidrofobicidade parte externa do colarinho

VI. Seção 6

Esta seção refere-se à parte interna do colarinho, confeccionada em malha de

poliéster. Durante a realização do teste, como observado na figura 20, ao gotejar o líquido,

água, em questões de segundos, o líquido foi absorvido. Diante disso, e de acordo com o

comportamento observado, a seção é super-hidrofílica.

Figura 20: Teste de hidrofobicidade parte interna do colarinho

VII. Seção 7

Esta seção se refere à parte externa da biqueira, confeccionada por couro vacum.

Durante a realização do teste, como observado na figura 21, ao gotejar o líquido, água,

por natureza, ao tocar na superfície, a gota se repelia mantendo o formato. Diante disso,

e de acordo com o comportamento observado, essa seção é super-hidrofóbica.

Page 49: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

48

Figura 21: Teste de hidrofobicidade parte externa da biqueira

4.2.2. Análise da margem de costura

A margem de costura deve ter um tamanho para que não cause um aspecto

grosseiro, e tem que ser suficiente para que não ocorra esgarçamento da costura. Esse

tamanho vai depender do tipo de tecido e da máquina que será utilizado. Tecidos com

poucos fios por centímetros exige margem maior, é o caso dos tecidos mais lisos e

brilhantes. A margem de costura é definida já no molde, onde é colocado 1 cm em volta

de todas as partes do molde, e no corte do tecido essa margem é medida a partir da última

aresta de corte do tecido. [39]

Costuras representam, o jeito mais simples de unir duas ou mais partes de um

material na construção de vestuário. A quantidade de margem de costura adicionada, varia

de acordo com o tipo de costura utilizado e, em geral, apresenta-se na parte interna da

roupa. As costuras também são usadas para criar formas e causar impacto no design de

uma peça. (FISCHER, 2010, p. 78)

Na análise dos calçados que apresentaram essa irregularidade, verificou-se que

ocorreu o esgarçamento da costura nas partes que unem as peças na emenda das partes da

lingueta, e na união da lateral do calçado, como já mostrado nas figuras 12 e 13.

A margem de costura verificada, na emenda das partes que constituem a

lingueta, é de aproximadamente 0,5cm, como apresentado na figura 20, sendo uma

margem muito pequena para o tipo de tecido utilizado, por ser um tecido de fibra sintética

e ter superfície lisa, possui tendência ao deslizamento. Nesse caso, a margem de costura

deve ser maior em relação aos demais tecidos, como no caso de tecidos de fibra sintética,

para poder suportar o deslizamento e consequentemente evitar o esgarçamento, sem que

a costura "escape" do seu ponto de suporte, ou ponto de reforço.

Foi realizada medição da margem de costura com uma régua milimetrada de 50

cm, posicionada desde início da costura até o fim do corte do tecido, como apresentado

nas figuras 22 e 23.

Page 50: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

49

Figura 22: Margem de costura da união das partes da lingueta

Figura 23: Margem de costura da parte lateral

4.2.3. Análise da costura e do ponto de costura

O ponto é definido por cada ciclo de entrelaçamento entre a linha e o tecido, o

tipo de ponto é determinado na repetição de vários pontos em um determinado intervalo.

De acordo com Vanessa Baronio, a quantidade de pontos por centímetro é o que

determina a resistência da costura, mas o excesso de pontos por centímetro pode ter como

consequência o corte do tecido, caso o tecido tenha elastano em sua composição pode

deformar o tecido. Vanessa Baroni, relata que a norma NBR 13483:1995, classifica os

pontos de costuras em oito classes, como apresentados no quadro 5. [41]

Page 51: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

50

Quadro 5: Pontos de costura

Fonte: Vanessa Baroni.

Foi analisado o tipo de ponto, utilizado na realização da emenda da parte

externa com a interna do colarinho, já que se necessita de um ponto mais firme para que

não corra “ruptura” da costura, como verificado na figura 12d, onde se observa que a

costura da emenda entre a parte interna e a externa do colarinho apresentou ruptura, e que

o ponto utilizado foi o do tipo corrente.

4.2.4. Análise da mudança de cor

Na análise da mudança de cor foi utilizado, um espectrofotômetro de

refletância modelo espectrofotômetro UV portátil para medição de cor de esfera, figura

24, que fornece valores das constantes L*a*b*. Tais constates fazem parte do sistema

CIELab. que analisa de forma matemática as cores medidas pelo espectrofotômetro e

fornece o valor de refletância de luminosidade sobre a superfície.

De acordo com SCHUCH, o sistema CIELab é formado pelas coordenadas

colorimétricas L*a*b*, onde L* representa a luminosidade, a coordenada a* representa a

cor vermelha (+a*) e verde (-a*); e a coordenada b* representa a cor amarela (+b*) e azul

(-b*), como demonstrado na figura 25.

Page 52: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

51

Figura 24: espectrofotômetro de refletância

Fonte: Google Imagens

Figura 25:Coordenadas L*a*b*

Fonte: Anand et al. (2016)

A análise da mudança de cor ocorreu da seguinte forma: como amostra padrão,

foi utilizado as partes do calçado novo, que forneceu os valores das coordenadas L* a*

b* e o valor de refletância. Foi analisado se os valores encontrados se aproximavam dos

valores das coordenadas L* a* b* e dos valores de refletância, especificada nas tabelas

5 e 6 que se encontram na NTPRF-019/2015 (anexo I e II), que estabelece os valores

padrão do calçado operacional. Analisadas três partes de um calçado novo, que foi

utilizado como base para valor padrão (bota 1), e três partes de cada calçado usado (bota

2 e 3), com aproximadamente quinze dias de uso. Foram analisadas as seguintes partes

de cada calçado: parte da traseira confeccionada em tecido plano de poliéster (cano), a

parte do colarinho confeccionada em couro, e a parte da lingueta confeccionada em

tecido plano de poliéster.

Page 53: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

52

O estudo utilizou os valores de medição da cor, que inclui os valores da

refletância, que avalia a aparência total, independente das condições que encontre a

superfície da amostra, e utilizou os valores L*a*b*. Os valores encontrados estão

demonstrados nas tabelas de 2 a 7 do item 5.4 desse trabalho.

Page 54: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

53

5. Resultados e Discussões

5.1. Teste de hidrofobicidade

No teste de Hidrofobicidade, foi analisado sete partes do calçado estudado, que

englobava todo o material utilizado na confecção do calçado. A tabela 1 apresenta as

seções estudadas, os materiais da confecção de cada seção e a classificação de acordo

com o diagrama de gotas sobre a superfícies com diferentes graus de molhabilidade,

figura 14.

Em razão da pandemia do "coronavírus", causador da doença COVID-19, foram

tomadas pelas Autoridades Públicas uma série de medidas restritivas que restringiam a

circulação de pessoas, bem como estabelecia a suspensão de inúmeras atividades

econômicas e acadêmicas. Por essa razão, não foi possível realizar os testes em

laboratório, e dessa forma obter resultados mais precisos.

Tabela 1: Material Utilizado e Classificação

Seção Material Classificação

Seção 1: Lingueta interna Malha de poliéster Super-Hidrofílica

Seção 2: Lingueta Externa Inferior Tecido plano de poliéster Hidrofóbica

Seção 3: Lingueta Externa Superior Tecido plano poliéster Hidrofobica

Seção 4: Cano Tecido plano de poliéster Hidrofóbica

Seção 5: Colarinho Externa Couro Vacum Hidrofóbica

Seção 6: Colarinho interna Malha de poliéster Super-Hidrofílica

Seção 7: Biqueira externa Couro Vacum (raspa) Super-Hidrofóbica

Como observado na tabela 4, os materiais que se encontram na área externa do

calçado, apresentam a propriedade de repelência a líquidos, ou seja, são hidrofóbicos, que

são as seções confeccionadas em tecido plano de poliéster e couro Vacum. Já os materiais

que se encontram na parte interna, confeccionados em malha de poliéster, não apresentam

essa propriedade, podendo ser para que evite o acúmulo de líquido dentro do calçado,

proporcionando assim, maior conforto.

5.2. Análise margem de costura

O esgarçamento da costura, pode ter ocorrido devido a fatores como o tipo de

tecido utilizado, na parte interna e externa, e o tamanho da margem de costura. Em relação

ao tecido usado, na parte interna se utilizou um tecido de malha, que tem elevada

Page 55: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

54

elasticidade. A malha estica durante a utilização do calçado, por ter propriedade elástica,

enquanto o tecido externo, por ser um tecido plano e não possuir alta elasticidade, sofre

tensão, ocasionando esgarçamento da costura, já que o tecido de poliéster, por ser um

tecido feito de fibra sintética, tem uma superfície lisa facilitando o deslizamento.

Na costura relativa à emenda da parte interna com a externa do tecido, no cano

do sapato, como demonstrado na figura 12, o esgarçamento pode ter ocorrido pelo fato

do tipo de ponto de costura ou a linha utilizada, não serem adequados, por ser uma região

que sofre bastante tensão, devido à amarração do cadarço. Verificou-se que o ponto de

costura utilizado foi o ponto tipo corrente, esse ponto possui propriedade elástica, é um

ponto utilizado em regiões que sofreram tensões constantes, diante disso foi verificado

que o ponto de costura utilizado estava adequado.

Já em relação ao tipo da linha utilizado, sugiro que deve verificar se ela está

dentro do padrão, ou seja, para tecidos com gramaturas até 200g/m², utiliza-se a linha

com título de 24 a 27 TEX, que seria o caso do tecido do forro, para tecidos considerados

médio, como por exemplo, o couro, que possui gramatura em torno de 300g/cm², utiliza-

se linha com título entre 60 e 80 TEX.[44]

5.3. Análise do ponto de costura

O ponto utilizado foi o do tipo corrente, indicado para esse tipo de costura, já

que é um ponto usado quando a costura deve suportar tensões e ter propriedade elástica,

que no caso do colarinho, devido aos ganchos utilizados para o cadarço, é um local que

sofre bastante tensão, quando é realizado a amarração do cadarço, assim seria o ponto

recomentado para união da parte interna e externa do colarinho.

A ruptura pode ter ocorrido pelo fato da costura não está adequada para o

material, já que o tipo de costura vai depender do material utilizado, com isso terá a

escolha do tipo de agulha apropriada e o tipo de linha de costura, seguindo o recomendado

no item 3.3.1 desse trabalho.

5.4. Análise da mudança de cor

Em relação à mudança de cor do material pós uso, diante dos resultados obtidos,

conclui-se que as partes que sofreram diferença de tonalidade na cor, foram as seguintes:

a parte do cano confeccionado em tecido plano sintético, e a amostra do colarinho da bota

3 em relação a bota padrão (nova), que é confeccionado em couro, onde pode ter ocorrido

falha na resistência da cor e da solidez à cor.

Page 56: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

55

De acordo com J. Berenguer, a solidez pode ser classifica em três tipos, que vai

de acordo com a função e o fator responsável pelo resultado, são eles: a solidez à luz,

solidez à migração e solidez à migração em meio de solvente. Segundo Berenguer, a

solidez à luz está relacionada com o tipo de corante (grupo cromóforo), como por

exemplo, os corantes antraquinônicos são melhores que os azóicos, e os azóicos

metalizados são melhores que os não metalizados.

A degradação do tingimento pela ação da luz não depende somente do corante,

mas do conjunto dos produtos químicos utilizados no processo. No couro, a luz fornece

energia que faz com que as moléculas dos produtos passem de um estado estacionário

para um estado excitado. Devido essa excitação, surge as reações fotoquímicas que

provocam a destruição das moléculas. Se estas moléculas forem de corante, acarreta

degradação da cor.

Bianca Mella, em sua tese, relata que o corante comumente utilizado na

indústria coureira são os corantes ácidos. Corantes esses, que tem características

aniônicas, e possuem bastante afinidade com couros de carga catiônica, e são aplicados

em meios ácidos devido à presença do sulfonato.

As tabelas abaixo apresentam os valores obtidos, pelo equipamento de varredura,

espectrofotômetro de refletância, e utilizados para análise de mudança de cor.

Tabela 2: Valores de refletância da parte da lingueta

Amostra Valor SCI/100

Bota1(padrão) 9,57

Bota 2 10,53

Bota 3 10,59

Tabela 3: Valores de refletância da parte traseira(cano)

Amostra Valor SCI/100

Bota1 (padrão) 9,8

Bota 2 7,84

Bota 3 9,9

Page 57: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

56

Tabela 4: Valores de refletância da parte do colarinho

Amostra Valor SCI/100

Bota1 (padrão) 13,84

Bota 2 13,89

Bota 3 10,12

Tabela 5: Valores constante L*a*b* da parte da lingueta

Constante Padrão (nova) Bota 1 Bota 2

L* 1,56 1,47 1,55

a* 0,95 -0,92 -0,79

B* 0,15 -0,01 0,12

Tabela 6: Valores constante L*a*b* da parte traseira(cano)

Constante Padrão (nova) Bota 1 Bota 2

L* 0,11 0,00 0,05

a* -0,55 -0,66 -0,46

b* -1,04 -1,16 -1,24

Tabela 7: Valores constante L*a*b* da parte do colarinho

Constante Padrão (nova) Bota 1 Bota 2

L* -1,65 -1,99 -2,02

a* -2,31 -1,62 -1,21

b* -1,18 -2,18 -1,44

Page 58: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

57

6. Conclusões

Após o estudo realizado no calçado, utilizado pela Polícia Rodoviária Federal,

foi possível identificar os possíveis fatores das ocorrências verificadas, como as falhas

em relação a emenda das peças que compõe o material, pois a costura não está resistindo,

principalmente a costura da emenda da parte interna do cano com a parte externa. Nesse

caso, o ponto utilizado está correto, ponto tipo corrente, recomenda-se que seja realizado

um reforço, arremate, na própria costura nos locais em que ocorreu o esgarçamento,

principalmente, dos pontos que sofrem maior tensão.

Em relação a linha utilizada na costura possuir resistência à tração, e se a

espessura da mesma está adequada para o tipo de tecido; sugiro que seja analisada a

gramatura do tecido, bem como a espessura da linha utilizada, expressa em TEX. Após

análise, verificar diante da tabela no anexo VI, se a linha utilizada está de acordo com o

especificado para costura desse tipo de gramatura do tecido usado.

Já em relação à característica de repelência a líquidos, a parte externa atende

perfeitamente a propriedade de repelência a líquidos, resultado esperado para que não

ocorra a absorção do líquido, evitando assim, o encharcamento do calçado; já na parte

interna ocorre a absorção do líquido, esse resultado é favorável, uma vez que evita o

acúmulo de líquido dentro do calçado, gerando um melhor conforto ao usuário e

facilitando a respirabilidade dos pés. Em razão da pademia do "coronavírus" , causador

da doença COVID-19, foram tomadas pelas Autoridades Públicas, uma série de medidas

sanitárias que restringem a circulação de pessoas, bem como estabelecia a suspensão de

inúmeras atividades econômicas e acadêmicas, assim, não pude realizar os testes em

laboratório, para um resultado mais preciso.

Para a análise de mudança de cor, foi utilizada o valor de refletância de

comprimento de onda referente a 700nm. De acordo com a norma, os valores de

refletância nesse comprimento de onda, na bota nova, no tecido de couro, devem ter valor

de 9,62; no tecido plano da parte do cabedal de 7,7 e a parte da tira do cano de 9,92. Após

o teste verificou-se que os valores obtidos na bota nova, padrão, estão divergentes dos

valores da norma na parte do colarinho e traseira, podendo ser um problema no processo

de tingimento, durante a absorção e fixação do corante, ou até mesmo, a forma de

armazenamento do material não está adequada.

Page 59: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

58

Verificou-se que após análise das três amostras, padrão (nova) e as duas botas

usadas, na parte da traseira (cano), a bota 2, bota usada, sofreu variação de cor em relação

a bota padrão, já a mesma parte da bota 3 não foi verificada mudança significativa de

variação de cor. Na parte do colarinho foi observado, apenas na bota 3, em relação a

amostra padrão, que ocorreu uma mudança significativa de cor, neste caso, um

desbotamento, assim o corante sofreu degradação. Já na lingueta da bota 2 e bota 3, não

apresentaram mudança significativa de cor entre si e nem em relação a bota padrão, como

demonstrado nos resultados nas tabelas 2, 3 e 4.

Para a correção dessas possíveis variações de cores, sugere-se que seja, se

possível, trocado e/ou verificado se o corante é do tipo antraquinônicos e/ou sulfurosos,

pois possuem maior solidez à luz. Caso já esteja sendo utilizado esses corantes, realizar

um tratamento no material ou o uso de produtos auxiliares durante o tingimento, para que

proporcione uma melhor fixação do corante, e assim uma melhor solidez na cor do

material.

Page 60: ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉCNICAS DO CALÇADO DE …

59

7. Testes Sugeridos

De acordo com o mencionado neste trabalho, a Polícia Rodoviária Federal

realiza ensaios para aceitação e recebimento da bota tática, mencionados no quadro 4.

Além dos testes realizados durante este trabalho, sugiro realização dos testes

mencionados abaixo, já que foi identificado outros defeitos em calçados com pouco

tempo de uso, para determinar se estão de acordo com a norma da PRF, específica para

esse artigo do uniforme, o calçado. Esses testes estão referenciados na NTPRF-19/2015.

Determinação da resistência à abrasão: seguido pela norma ABNT NBR 15496, esta

análise é importante já que a abrasão se refere ao desgaste causado pelo atrito durante o

uso, e pelo material estudado ser um objeto de uso contínuo, além de reduzir a experiência

do usurário e encurtar a vida útil do objeto [48]. A abrasão apresenta o desbotamento,

pilling, descamação, dentre outros defeitos.

Determinação da Resistencia ao ataque microbiano: baseado pela norma ABNT NBR

15275, esta análise é de fundamental importância, para que evite o desconforto, em

questão biológica, pois pode causar doenças como micoses e podobromidrose (chulé).

Determinação da resistência ao escorregamento: baseado pela norma ABNT NBR ISO

20344 – item 5.18 (ISO 13287), esta análise vai determinar se o calçado é resistente ao

escorregamento nas superfícies, principalmente na presença de água, óleo ou outras

substâncias e em superfícies irregulares, com a presença de aclives e declives [49].

Outrossim, sua importância destaca-se já que o material estudado será utilizado em locais

que podem variar suas características, ou seja lugares com superfícies lisas e/ou

inclinadas.

Determinação da resistência ao calor com contato: baseado pela norma ABNT NBR

ISO 20344 – item 8.7, neste teste será verificado o solado do calçado. O objetivo é aferir

sua resistência a altas temperaturas, e se não apresenta rachaduras, parte importante, pois

é um dos itens que gera conforto durante o uso; o teste é considerado como “Muito

Satisfatório”, quando o calçado é exposto a determinada temperatura sem rachar e/ou

derreter.

Determinação da resistência do atacador a fricção: baseado pela norma DIN EM ISSO

22774-Procedimento 1, a importância deste teste seria, devido a observação de nesse

ponto ter ocorrido rompimento da costura, já que é um local que sofre bastante tensão,

devido a amarração do cadarço.

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60

8. Referências

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9. Anexos

Anexo I-Tabela 5 da NTPRF-019/2015 Cor padrão do couro cabedal, tecido cabedal e

tecido da tira do cano e Coordenadas.

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Anexo II- Tabela 6 da NTPRF-019/2015 Cor padrão do couro cabedal, tecido cabedal e

tecido da tira do cano. Valores de refletância.

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Anexo III- resultado da espectroscopia de refletância Lingueta (tecido plano poliéster)

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Anexo IV- resultado da espectroscopia de refletância Colarinho (couro)

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Anexo V- resultado da espectroscopia de refletância Cano (poliéster)

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Anexo VI- Tabela orientativa de adequação da linha ao tecido.