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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA
CAMILA DE AZEVEDO SOUZA
ESTUDO DE CASO DA RELAÇÃO ENTRE ESCOLA E FAMÍLIA EM DUAS ESCOLAS PÚBLICAS DE JARDIM DO SERIDÓ/RN.
CAICÓ, RN 2016
1
CAMILA DE AZEVEDO SOUZA
ESTUDO DE CASO DA RELAÇÃO ENTRE ESCOLA E FAMÍLIA EM DUAS ESCOLAS PÚBLICAS DE JARDIM DO SERIDÓ/RN.
CAICÓ, RN
2016
Catalogação da Publicação na Fonte Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de
Ensino Superior do Seridó -
CAMILA DE AZEVEDO SOUZA
Souza, Camila de Azevedo.
Estudo de caso da relação entre escola e família
em duas escolas públicas de Jardim do Serídó-RN /
Camila de Azevedo Souza. - Natal: UFRN, 2016.
44f: il.
Orientador: Me. Djanní Martinho dos Santos
Sobrinho.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ.
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO.
1. Escola. 2. Família. 3. Ensino e aprendizagem.
I. Sobrinho, Djanní Martinho dos Santos. II. Título.
RN/UF/BS-Caicó CDU 37.062
2
CAMILA DE AZEVEDO SOUZA
ESTUDO DE CASO DA RELAÇÃO ENTRE ESCOLA E FAMÍLIA EM DUAS ESCOLAS PÚBLICAS DE JARDIM DO SERIDÓ/RN.
Monografia apresentada ao curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rio grande do Norte como requisito parcial para a obtenção de grau em Licenciatura no curso de Pedagogia. Orientador: Prof. Me. Djanní Martinho dos Santos Sobrinho
CAICÓ, RN 2016
CAMILA DE AZEVEDO SOUZA
ESTUDO DE CASO DA RELAÇÃO ENTRE ESCOLA E FAMÍLIA EM DUAS ESCOLAS PÚBLICAS DE JARDIM DO SERIDÓ/RN.
Monografia apresentada como requisito para à obtenção do título de Licenciado
em Pedagogia, pelo Centro de Ensino Superior do Seridó da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte, ao Departamento de Educação – DEDUC.
Prof. Me. Djanni Martinho dos Santos Sobrinho (Orientador)
Profª Ma. Suenyra Soares Nóbrega Examinador
Profª Ma. Fabiana Érica de Brito Examinador
Aprovada em: ______ de _______________ de 2016.
CAICÓ-RN 2016
Dedico este trabalho primeiramente a Deus, a minha família e a todos aqueles que
contribuíram para que eu chegasse até aqui.
AGRADECIMENTOS
Quero, com o coração cheio de alegria, agradecer primeiramente a Deus
que durante esta longa e árdua caminhada sempre me ajudou com seu braço forte e
o seu amor.
Minha base, minha essência, minha família. Estes me dão a força diária, os
conselhos essenciais e o amor incondicional. Gratidão por ter tido nesta longa
jornada o apoio dos meus familiares que são exemplo de luta e vitória em minha
vida.
Agradeço principalmente ao meu tesouro, minha rainha, minha mãe, que me
educou com amor, carinho e soube me dar a educação necessária para lutar pelos
meus sonhos e objetivos com humildade e dignidade. A você mãe, toda gratidão e
amor do mundo.
A educação vem do berço e neste berço sempre tive uma pedagoga que foi
meu exemplo para que até aqui eu chegasse. A minha tia Alcione Souza, agradeço
por todas as vezes que me ajudou com seus conhecimentos que só vieram a
enriquecer ainda mais minha caminhada acadêmica.
Gratidão aos meus mestres, meus professores, os degraus do conhecimento
nos quais pude ter toda firmeza para percorrer a caminhada com sabedoria e
competência. Hoje me sinto preparada, uma grande profissional, porque tive
grandes professores.
De uma forma especial e carinhosa agradeço ao meu orientador, Djanní
Martinho dos Santos Sobrinho, pois tive o prazer de conviver e de muito aprender.
Um ser humano de um coração gigante, um profissional que possui conhecimentos
admiráveis. Quisera eu tê-lo para sempre como meu orientador, mas como não
posso, levarei comigo todos os momentos que juntos passamos, morará
eternamente em meu coração.
Aos meus amigos, jóias preciosas, que sempre me deram força e
acreditaram no meu potencial, agradeço de todo coração pelo apoio e carinho.
E por fim, gratidão a todos que suportaram meus defeitos e contribuíram
para que eu pudesse concluir mais uma etapa da minha vida com êxito. Retribuirei
colocando-os em minhas orações diárias.
A todos, o meu sincero obrigada!
RESUMO O presente trabalho monográfico, intitulado “Estudo de caso da relação entre escola e família em duas escolas públicas de Jardim do Seridó/RN” tem por objetivo abordar a importância da parceria que se faz necessária entre escola e a família no contexto educacional, bem como, discutir o quanto a ausência dos pais na escola, pode ser prejudicial para seus filhos. Deste modo, procura-se elencar situações em que a ausência familiar existe, o porquê que acontece esse distanciamento e até que ponto os alunos são afetados no processo de ensino e aprendizagem. O interesse da pesquisa surgiu durante a caminhada acadêmica e com base nas experiências proporcionadas pelos estágios, ou seja, a partir disso fui instigada a realizar um estudo a fim de compreender o cotidiano escolar e as relações existentes entre escola e família. Metodologicamente o trabalho consistiu em pesquisa com autores como Pereira (2013), Picanço (2012), Freire (1975) e outros que discutem acerca da importância da escola e da família no contexto educacional. Além disso, utilizou-se também a realização de questionários, pesquisa documental e registro fotográfico. Portanto a partir disso foi destacado que a escola e família desempenham papeis importantes na educação e que ambas devem caminhar em união almejando sempre o sucesso escolar. Palavras-chaves: Escola. Família. Educação. Ensino e Aprendizagem.
ABSTRACT This monograph, entitled "Case Study of the relationship between school and family in two public schools in Jardim do Seridó / RN" aims to address the importance of school and family establish partnerships in the educational context and discuss how the absence of parents at school, can be harmful to children. Thus, looking to list situations where the family absence exists, why it happens this gap and to what extent students are affected in the teaching and learning process. The research interest arose during the academic hiking and based on the experiences provided by stages, that is, from that was prompted to carry out a study in order to understand the daily school and the relationship between school and family. Methodologically the work consisted of research with authors such as Pereira (2013), Shrike (2012), Freire (1975) and others argue about the importance of school and family in the educational context. It also used up the completion of questionnaires, documentary research and photographic record. So from that it was highlighted that the school and family play important roles in education and that both must walk in unity always aiming for success in school. Keywords: School. Family. Education. Teaching the Learning.
12
LISTA DE QUADROS
Quadro 01: Infraestrutura da escola Estadual Antônio de Azevedo Maia ............... 16
Quadro 02: Infraestrutura da escola Municipal Calpúrnia Caldas de Amorin ........... 18
Quadro 03: Formação dos docentes que atuam na EJA e 6º Ano do regular .......... 19
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Médias bimestrais de uma turma de 5º Ano do Ensino Fundamental ..... 35
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 12
CAPÍTULO 1: CARACTERIZAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS ................ 14
1.1 Compreendendo o ontem e o hoje das escolas .............................................. 14
1.2 Estruturação e organização das escolas ........................................................ 16
1.3 Perfil docente e discente ................................................................................. 19
CAPÍTULO 2: ACOMPANHAMENTO ESCOLAR: UM DEVER DA ESCOLA E DA
FAMÍLIA .................................................................................................................... 24
2.1 Escola e família: uma análise inicial ................................................................ 24
CAPÍTULO 3: CONEQUÊNCIAS DECORRENTES DA AUSÊNCIA DOS PAIS NA
ESCOLA .................................................................................................................... 32
3.1 O que constatamos? ....................................................................................... 32
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 39
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 41
APÊNDICES
12
INTRODUÇÃO
Tendo em vista que se faz necessário que a escola e a família sejam unidas
para que então o processo de ensino e aprendizagem ocorra com tranquilidade e se
obtenha resultados positivos, é importante que se reflita dentro da realidade
educacional brasileira como essa relação está sendo construída nos dias atuais.
Sabe-se que a primeira educação vem de casa e que é importante que os
pais se preocupem e participem da educação escolar de seus filhos, porém, diante
dos fatos e observações do cotidiano de algumas escolas, que inclusive são objetos
de pesquisa deste trabalho, percebe-se que a família encontra-se ainda distante do
cotidiano escolar e que se faz necessário parar para analisar a existência e os
motivos dessa ausência e se a mesma afeta no desenvolvimento escolar de nossas
crianças.
Deste modo, a escola e a família devem ser parceiras, para que juntas
busquem soluções a fim de garantir um desempenho positivo e uma aprendizagem
significativa para os alunos.
É importante destacar também que identificar problemas é necessário,
porém, é preciso pensar em possiblidades que venham a favorecer o processo de
ensino e aprendizagem, bem como valorizar aqueles que acompanham seus filhos
diariamente.
Com base na importância dessa parceria entre escola e família no processo
de ensino e aprendizagem, surgiu o interesse em desenvolver um estudo de caso
em duas escolas do município de Jardim do Seridó/RN, com o intuito de analisar
como funciona a relação das instituições com os pais e de que maneira a
participação, ou não, destes afetam na aprendizagem dos alunos.
Neste sentido, o presente trabalho ainda tem como objetivos identificar qual
relação existente entre acompanhamento familiar e aprendizado, tendo como foco
as duas escolas que são objetos de pesquisa, e identificar a consequências
decorrentes da ausência dos pais na escola. Para tanto utilizamos pesquisa
bibliográfica com autores como Freire (1975), Picanço (2012), Oliveira (2010) dentre
outros, registro fotográfico da faixada das escolas, pesquisa documental onde
tivemos como subsidio o Projeto Político Pedagógico das referidas escolas,
questionários nos quais foram realizadas com quatro professores do ensino
fundamental I que no texto estão representadas como: D1, D2, D3 e D4. Assim
13
como também realizamos um questionário com duas mães que estão identificadas
por M1 e M2.
O referido trabalho monográfico está dividido em três capítulos. Em termos
de organização, o primeiro capítulo abordará o contexto histórico das duas escolas,
intituladas como Escola Municipal Calpúrnia Caldas de Amorin e Escola Estadual
Antônio de Azevedo Maia.
O segundo capítulo discute a relação que deve existir entre escola e família
tendo como instrumento de pesquisa as entrevistas a fim de uma aproximação com
a realidade escolar. Como também enfatiza o papel da família no processo de
ensino e aprendizagem.
O terceiro capítulo aborda as consequências advindas da ausência dos pais
na escola, enfocando a analise da realidade de duas séries distintas que são o 3º e
5º ano do ensino fundamental.
Nas considerações finais enfatiza-se a importância atribuída à relação
existente entre e escola e família para o processo de ensino e aprendizagem. Neste
sentido, observamos que a ausência familiar ainda é uma realidade, ausência no
sentido de não haver preocupação com o desempenho dos alunos, e que se faz
necessário alertar os pais do seu papel na educação de seus filhos.
14
CAPÍTULO 1: CARATERIZAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS
O presente capítulo abordará o contexto histórico das duas escolas que
serão objetos de pesquisa deste trabalho. A primeira intitulada de Escola Estadual
Antônio de Azevedo Maia e a segunda, Escola Municipal Calpúrnia Caldas de
Amorin. O mesmo compreenderá informações básicas e importantes sobre ambas
as escolas, contendo o perfil dos docentes e discentes, afim de uma compreensão
de como as instituições funcionam e qual a proposta pedagógica que norteia o
trabalho docente.
1.1 Compreendendo o ontem e o hoje das escolas
A Escola Estadual Antônio de Azevedo (Figura 1), foi criada no dia 08 de
Agosto de 1910, através do Decreto n° 225, do governo do Estado do Rio Grande do
Norte, que autorizou o funcionamento da mesma anteriormente denominada de
Grupo Escolar Antônio de Azevedo.
A partir de 1928 a escola passou a funcionar em sede própria, num prédio
de propriedade da Secretaria de Educação.
Em 1975, por força do Decreto de nº 6.632, de 26 de março do governo do
estado, o Grupo Escolar Antônio de Azevedo e o Ginásio Normal de Jardim do
Seridó, que havia sido criado pela Lei de nº 873 de 31 de dezembro de 1952, e
renomeado para Ginásio Estadual, pelo Decreto 5.261 de 12 de fevereiro de 1970,
são transformados na Escola Estadual Antônio de Azevedo.
Figura 1: Faixada da escola Estadual Antônio de Azevedo Maia
Fonte: Acervo da escola
15
A escola Estadual Antônio de Azevedo Maia está localizada á Praça Doutor
José Augusto n° 220, Centro, na cidade de Jardim do Seridó.
A escola tem como patrono Antônio de Azevedo Maia que nasceu na
Paraíba, em 1742, sendo filho mais velho do casal: Antônio de Azevedo I e de
Josefa Maria Valcácer de Almeida. Tinha traços do seu espírito progressista e de
uma influência benéfica, tendo fundado o Povoado “CONCEIÇÃO DO AZEVEDO”,
atual Jardim do Seridó. Pertencia às nobres famílias Azevedo e Maia de Portugal. O
mesmo não possui autorretrato pelo fato de que na época ainda não havia sido
criada a máquina fotográfica e na cidade de Jardim do Seridó onde residia, não
havia pintores.
A outra instituição de ensino que constitui a base empírica da pesquisa foi a
escola Municipal Calpúrnia Caldas de Amorin (Figura 2) que foi criada pelo Decreto
Municipal nº 507, de 20 de dezembro de 1989, visando atender a demanda de vagas
na zona urbana de Jardim do Seridó-RN para ministrar o Ensino de 1º Grau, hoje,
Ensino Fundamental.
Figura 2: Faixada da escola Municipal Calpúrnia Caldas de Amorin
Fonte: Acervo da escola (2016)
A Escola está situada na Av. Dr. Fernandes, número 447, localizada no
Centro do município de Jardim do Seridó – Estado do Rio Grande do Norte. Atua no
ensino Fundamental, do 1º ao 9º ano, funcionando no turno diurno, e Educação de
Jovens e Adultos Multisseriado no turno noturno, atendendo I a IV período,
atendendo a 433 alunos no ano corrente, sendo estes provenientes das zonas rurais
e urbanas do município.
A instituição foi nomeada como Escola Municipal “Professora Calpúrnia
Caldas de Amorim” (Figura 3), considerado os méritos profissionais da referida
16
professora que, durante décadas, exerceu o magistério com devoção e abnegação,
preparando várias gerações jardinenses para o exercício da cidadania.
Figura 3: Professora Calpúrnia Caldas de Amorin
Fonte: Acervo da escola (2016)
Calpúrnia Caldas de Amorin era do brejo paraibano, irmã de Tabelião
Sebastião Guilherme Caldas que residia na cidade de Jardim do Seridó e por este
motivo a mesma resolveu morar em Jardim. Esposa de Olavo Freire, foi uma mulher
bastante importante na educação, vinda de família inteligente, na época atuou como
professora no grupo escolar Antonio de Azevedo Maia onde ajudou na educação
com empenho e doação. Após anos de dedicação à educação de Jardim, Calpúrnia
Caldas foi morar na cidade de Caicó onde também atuou na area da educação como
professora também com muita dedicação.
1.2 Estruturação e organização das escolas
A Escola Estadual Antônio de Azevedo Maia, possui uma área de 930m2,
espaço que está totalmente construído. No ambiente interno, a mesma conta com
(Quadro 1):
QUADRO 1: Infraestrutura da escola Estadual Antônio de Azevedo Maia
AMBIENTE QUANTIDADE
SALA DE AULA 08
17
SALA DE VIDEO 01
SALA MULTIFUNCIONAL 01
BIBLIOTECA 01
DIRETORIA 01
SALA DOS PROFESSORES 01
SALA DE COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA 01
BANHEIROS 06
DEPÓSITO 01
COZINHA 01
Fonte: Elaboração da autora (2016)
A estrutura física é composta ainda por um almoxarifado e um palco que
acompanha a estrutura original do prédio construído em 1928 e que por muito tempo
foi o local onde se realizavam as atividades teatrais da escola e as festas da cidade.
O palco foi preservado com abertura para uma sala de aula, conservando espaço
para a realização das atividades inerentes a arte e a cultura quando necessário.
Todas as salas possuem capacidade para acomodar 40 alunos. Das 08
salas de aula, 03 estão totalmente climatizadas e, 01 parcialmente. As salas de
vídeo, de reunião, a sala do UCA e mais educação, a multifuncional e a biblioteca
também já estão dotadas de ar condicionados. As outras 04 salas de aula ainda
possuem ventiladores de parede.
A biblioteca dispõe de espaço e materiais didáticos para serem utilizados
tanto pelos alunos como pelos professores. As salas de aula são amplas e arejadas.
A sala de vídeo também é ampla e bem equipada quanto a aparelhos tecnológicos e
espaço.
A escola não dispõe de espaço para desenvolver as atividades esportistas e
educação física tendo que recorrer ao Ginásio de Esportes da prefeitura municipal
ou a quadra poliesportiva de outra escola do Estado existente na cidade que muitas
vezes dificulta o trabalho do profissional bem como o aprendizado dos alunos. A
escola conta com equipamentos tecnológicos modernos que favorecem
aprendizagem dos alunos, bem os professores podem utilizar como recurso didático.
Quanto à questão da acessibilidade, a rampa de entrada da escola não
atende as prescrições técnicas e faltam corrimãos na entrada da mesma. A
sinalização é precária tanto no interior como no exterior do prédio, não existem
sinalização tátil, visual ou sonora.
18
O material pedagógico e de comunicação disponível na sala multifuncional
são os disponibilizados pelo Ministério de Educação e que se mostra bastante
limitado dificultando o desenvolvimento dos trabalhos do professor junto ao aluno. O
mobiliário escolar está adequado as necessidades existentes na escola, no entanto
a mesma não dispõe de cadeira de rodas para as eventualidades.
No tocante a outra instituição de ensino “Escola Municipal Calpúrnia Caldas
de Amorin”, no ambiente interno a mesma possui (Quadro 2):
QUADRO 2: Infraestrutura da escola Municipal Calpúrnia Caldas de Amorin
AMBIENTE QUANTIDADE
SALAS DE AULA 10
DIRETORIA 01
SECRETARIA 01
SALA DE SUPERVISÃO 01
SALA DOS PROFESSORES 01
SALA MULTIFUNCIONAL 01
BIBLIOTECA 01
SALA DE INFORMÁTICA 01
BANHEIROS 03
COZINHA 01
SALA DE COORDENAÇÃO DO MAIS EDUCAÇÃO 01
Fonte: Elaboração da autora (2016)
A escola conta ainda com um pátio interno onde no intervalo é utilizado
pelos alunos, bem como os professores também utilizam para desenvolver diversas
atividades.
O espaço oferecido pela escola é bastante amplo, porém, algumas salas são
pequenas para o número de alunos e outras não são acessíveis para alunos que
possuem alguma necessidade especial pelo fato de que estas ficam no primeiro
andar e o único acesso são escadas e isto influencia negativamente na
aprendizagem dos alunos visto que está em um ambiente pequeno com um número
grande de pessoas gera desconforto e, por conseguinte causa desconcentração
durante as aulas e as escadas impedem que os alunos estudem nas salas
localizadas no primeiro andar. Apenas três salas de aula são climatizadas, as outras
19
possuem ventiladores. A sala dos professores, supervisão, diretoria, multifuncional e
informática também são climatizadas.
Com relação às atividades físicas, a escola também não possui quadra de
esportes tendo que recorrer ao Ginásio de Esportes da prefeitura municipal ou a
quadra poliesportiva de outra escola do Estado existente na cidade que muitas
vezes dificulta o trabalho do profissional bem como o aprendizado dos alunos.
1.3 Perfil docente e discente
De acordo com o Projeto Politico Pedagógico, o quadro geral da escola
Antônio de Azevedo Maia é composto de 26 professores, todos aprovados em
concurso público que cumprem uma jornada de 30 horas de trabalho semanal.
A escola sempre primou pela formação mínima exigida do docente para o
exercício da função e hoje a escola não dispõe de nenhum professor que não tenha
nível superior.
Com relação ao quadro de professores, 08 leciona no fundamental regular
do 1° ao 5° ano; 06 no 6° ano do fundamental regular, nas 05 turmas do ensino
fundamental na modalidade de jovens e adultos, IV e V períodos e 01 no III período.
Dos oito professores do ensino fundamental I, sete são formados em
pedagogia, um é formado em história, mas está concluindo o curso de pedagogia.
Os professores disciplinas específicas da EJA ( IV e V períodos ) e do 6°
ano do regular, possuem as seguintes habilitações (Quadro 3):
QUADRO 3: Formação dos docentes que atuam na EJA e 6º ano do regular.
DISCIPLINA FORMAÇÃO
Português Letras com especialização em história;
Ciências Historiador com especialização em história
do Nordeste e cursando biologia;
Geografia Geógrafo com mestrado em desenvolvimento
e meio ambiente;
Educação Física Formado em educação física
Fonte: Elaboração da autora (2016)
20
Com base nas informações contidas no quadro 3, identificamos que existe
uma professora que possui carga horária bastante fragmentada, e que ensina
Português, Arte e Ensino Religioso e è formada em Geografia, com especialização
em Linguagem e Educação e a professora do III período da EJA que é formada em
letras.
Percebe-se que professores lecionando em áreas que não condizem com
sua formação é uma realidade presente no cenário educacional brasileiro e que
tanto a referida escola tem consciência por relatar no PPP, como o governo do
estado vem procurando medidas para melhorar a educação.
Houve concursos no ano de 2014 e agora em 2015 onde foram abertas
1.400 vagas para professores e especialistas em educação, atendendo justamente a
lei 9394/96 – LDB, onde no artigo Art. 62º onde diz que:
A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal.
Ou seja, aborda justamente que o profissional precisa ter formação
necessária para exercer a docência.
Quanto ao atendimento educacional especial, a escola não dispõe de um
profissional especifico para este fim. O aluno fica sobre a responsabilidade do
coordenador pedagógico que é formado em História e Pedagogia, com
especialização em supervisão escolar e formação de professor numa perspectiva
interdisciplinar e das duas supervisoras, ambas formadas em pedagogia.
A falta de profissional preparado prejudica no processo de aprendizagem
dos alunos com necessidades especiais e é direito os mesmos ter estes
profissionais qualificados onde consta na lei nº 9.394/96 art. 59:
Os sistemas de Ensino assegurarão aos educando com necessidades especiais: III. Professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns.
21
Ou seja, é necessário ter professores especializados para atendimento
especializado, bem como, os professores de ensino regular devem estar
capacitados para assim integrar os alunos com necessidades especiais nas classes
comuns.
Com relação aos discentes, segundo o PPP a escola apresenta um quadro
bastante diversificado no que diz respeito as condições sócio econômicas do
alunado: no turno matutino, o alunado é na sua quase totalidade, mais de 80%,
filhos de profissionais do setor terciário, policiais, entregadores, professores,
marceneiros, auxiliares de marcenaria, pintores, soldadores, armadores, balconistas,
moto taxistas, agentes penitenciários comerciários e pequenos comerciantes
trabalhadores de facções de costura, famílias onde as mulheres trabalham para
compor a renda familiar.
É raro, embora existam alunos de família situada na faixa da pobreza.
Predomina entre os pais um nível de participação razoável, mais identificado com o
ensino médio, no entanto, existem pais que não se empenham no ensino dos filhos,
ficando omissos aos problemas que são gerados no percurso escolar destes e só no
final do ano aparecem na escola para exigir a aprovação dos mesmos, isso
influencia de forma negativa nos estudos destes alunos que passam a ver a escola
não como um local de aprendizagens, de descobertas, mas como um espaço de
aprovação espontânea, fazendo com que esses alunos percam o interesse pelos
estudos.
Existe na escola, um número razoável de alunos com dificuldades de
aprendizagem, são alunos com necessidades especiais relacionadas a déficit
cognitivo, lenta coordenação motora, hiperatividade e deficiências físicas que se não
determinam os processos psíquicos, influem muito negativamente para torna-los
mais lentos ou conflituosos e segundo o PPP (2015), é uma preocupação dos
professores que não tem formação para lidar com as situações do cotidiano e com o
comportamento destes alunos.
No turno noturno, o quadro é mais heterogêneo. São na maioria
trabalhadores nas áreas da indústria, agricultura e da transformação e do comércio
marcenaria, cerâmica, calçados, queijaria, entregadores de supermercados,
comerciários, pintores, empacotadores, vendedores, etc., Há também um número
exorbitante de jovens que não trabalham e são sustentados pela família.
22
A outra instituição de ensino como constitui a pesquisa, de acordo com o
PPP (2015), apresenta um quadro geral de 24 professores aprovados em concurso
público para cumprir uma jornada de 30 horas e trabalho semanal.
Dos 24 professores, 21 estão em sala de aula e o restante se encontra
readaptado desempenhando outras funções dentro do ambiente escolar. Quanto a
formação, 11 professores são formados em pedagogia, 5 em letras, 3 em geografia,
2 em história, 1 em matemática e um bolsista do IEL (Instituto Euvaldo Lodi) que se
encontra cursando Química.
Quanto ao atendimento educacional especial, a escola conta com uma
profissional formada em Pedagogia que não especifica para este fim mas procura
sempre aprender e oferecer um melhor aprendizado aos alunos.
No que diz respeito aos discentes, na escola tem predominância de filhos
de agricultores, mas atende filhos de comerciantes, operários, funcionários públicos,
empresários, funcionários de empresas, profissionais liberais e autônomos.
Em relação o nível socioeconômico segundo o PPP (2015) a maioria das
famílias é de baixa renda, sobrevivendo de serviços informais que não geram uma
renda fixa ou a garantia dos direitos trabalhistas como Carteira de Trabalho
assinada. Outro dado que demonstra a renda desta comunidade é o número
considerável de famílias atendidas por programas sociais, relatados na ficha de
matrícula como: Bolsa Família1, Bolsa alimentação2, SCFV (Serviço de Convivência
e Fortalecimento de Vínculos), dentre outros.
Grande parcela da comunidade escolar segue a religião Católica Apostólica
Romana, observando-se também alguns Evangélicos. O que caracteriza uma
diversidade religiosa na escola. De acordo com a realidade brasileira na qual a
Escola Municipal “Profª Calpúrnia Caldas de Amorim” está inserida verifica-se,
dentre as já citadas, outras características sociais que refletem no processo de
ensino e aprendizagem como a violência, a desigualdade social, a inversão de
valores, que muitas vezes acaba refletindo na convivência dos alunos de maneira
negativa. Ou seja, tanto o convívio como aprendizado é comprometido dificultando o
1 O Bolsa Família é um programa federal destinado às famílias em situação de pobreza e extrema pobreza, com
renda per capita de até R$ 154 mensais, que associa à transferência do benefício financeiro do acesso aos direitos sociais básicos - saúde, alimentação, educação e assistência social. 2 O Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à Saúde: “Bolsa Alimentação” instituído pela Medida
Provisória n.º 2.206-1 de 6 de setembro de 2001, é um instrumento de participação financeira da União na complementação da renda familiar para melhoria da alimentação e destinas e à promoção da melhoria das condições de saúde e nutrição de crianças e mulheres gestantes.
23
progresso dos alunos quando deveria ser o contrário. Como diz Paulo Freire (1975,
p. 77):
É na escola que se aprende a conviver e, um dos lugares onde se aprende a interpretar o mundo. É o espaço onde as regras e as leis regulam a convivência, o diálogo, a interação, onde se constrói as relações pessoais”.
Assim, a escola precisa ser um espaço onde existe harmonia, respeito e
interação para que de fato a aprendizagem aconteça e proporcione aos alunos
conhecimento e crescimento.
24
CAPÍTULO 2: ACOMPANHAMENTO ESCOLAR: UM DEVER DA ESCOLA E DA
FAMÍLIA
O presente capítulo abordará o papel da escola e da família no processo de
ensino e aprendizagem e a importância de ambas no contexto educativo. Para tanto,
traremos relatos de pais, professores e supervisores que desempenham um papel
essencial na educação dos alunos, sendo de extrema relevância apurar o olhar
voltado para a realidade do cotidiano.
2.1 Escola e família: uma análise inicial
Considerando que a escola e a família são dois agentes importantes no
processo de ensino e aprendizagem, faz-se necessário compreender o papel que
cada uma desempenha na vida dos educandos.
A escola tem como função preparar o aluno para o exercício da cidadania
ensinando os valores éticos e morais para viver em sociedade. Como ressalta o
artigo 22 da LDB 9394/96:
A educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores.
Ou seja, é dever do Estado proporcionar ao educando formação necessária
de modo a prepará-lo para exercer o seu papel enquanto cidadão, onde deve estar
inserido neste processo tanto o contexto cultural como o saber, sendo a escola
assim um ambiente de construção do conhecimento.
Visto que a família também exerce um papel importante no desenvolvimento
do educando, é preciso esclarecer que a participação dos pais na educação de seus
filhos é essencial para que o aprendizado aconteça de forma significativa. Desta
forma, a função da família é sim garantir que o aluno esteja matriculado,
acompanhá-lo durante o processo de ensino aprendizagem, bem como participar
das atividades em que a escola necessita contar com o apoio dos pais e/ou
responsáveis.
25
O envolvimento dos pais no processo escolar de seus filhos é determinante,
visto que o aluno tem um convívio diário maior com a família e por isso esta pode
contribuir ajudando e acompanhando de maneira assídua. Sobre isso Picanço
(2012, p. 2) nos diz que:
A intervenção dos pais na educação dos filhos é indiscutivelmente essencial. Dar apoio e cuidados adequados ao filho é uma responsabilidade bastante exigente. Muitas vezes, os pais estão preocupados/envolvidos com os outros problemas (profissionais, pessoais, económicos, financeiros) que se esquecem de dar atenção aos seus filhos, o que leva muitas vezes a um afastamento entre pais e filhos, e é precisamente isso que não se quer.
De fato, o distanciamento dos pais só prejudica seus filhos e essa falta de
atenção muitas vezes é percebida dentro de sala de aula, principalmente quando o
aluno não vai bem no seu desenvolvimento e rendimento escolar. Então, é preciso
que os pais se façam presentes no processo de escolarização de seus filhos.
Essa importância da família no contexto escolar e o compromisso desta com
o processo de escolarização dos educandos estão positivados também na LDB
9394/96 no artigo 12 quando diz que a família deve participar da vida escolar dos
filhos para que haja um bom desenvolvimento educacional e que a escola deve está
sempre criando formas de se comunicar e informar como anda o desempenho
escolar dos filhos.
Deste modo a família,
(...) é vulgarmente considerada o núcleo central do desenvolvimento moral, cognitivo e afetivo, no qual se “criam” e “educam” as crianças, ao proporcionar os contextos educativos indispensáveis para cimentar a tarefa de construção de uma existência própria. Lugar em que as pessoas se encontram e convivem, a família é também o espaço histórico e simbólico do qual se desenvolve a divisão do trabalho, dos espaços, das competências, dos valores, dos destinos pessoais de homens e mulheres. A família revela-se, portanto, um espaço privilegiado de construção social da realidade em que, através das relações entre os seus membros, os factos do quotidiano individual recebem o seu significado. (Diogo, 1998, p.37).
Diante da compreensão do papel que a escola e a família desempenham no
processo de ensino e aprendizagem, é perceptível que ambas são agentes
importantes e que a separação das mesmas pode vir a prejudicar a vida escolar dos
educandos. Neste caso, torna-se essencial que a escola procure sempre manter
26
contato, bem como tente envolver a família no processo de ensino e aprendizagem
para que haja respeito e ajuda mútua como diz Tavares e Nogueria (2013, pg. 51):
Como a escola é uma instituição que se propõe a formar cidadãos, torna-se necessário construir uma relação de diálogo, onde exista entre família e escola uma troca de saberes. E como em qualquer relação é necessário que exista compreensão. É necessário que uma instituição saiba escutar a outra, e, principalmente, respeitar e compreender as ideias, crenças e valores diferentes, tornando-se complementares, integradoras.
Assim, a escola necessita ser um ambiente promotor de diálogo e troca de
saberes, onde a família seja parceira nas decisões e nos trabalhos a serem
desenvolvidos, com respeito e compreensão de ambas as partes.
Em se tratando da questão de que a escola e família precisam estar em
consonância tanto no diálogo como nas decisões, torna-se essencial construir uma
relação harmônica visando fortalecer ainda mais o processo de ensino e
aprendizagem.
Sabe-se que a escola e a família necessitam dessa parceria no universo do
aprendizado, porém, atualmente percebe-se que muitas instituições de ensino do
Brasil, vêm enfrentando dificuldades em caminhar junto à família para que realmente
o aprendizado se torne uma parceria e seja efetivado com sucesso.
Nesse contexto, questionamentos surgem a respeito do distanciamento dos
pais para com as instituições e principalmente a ausência que se torna cada vez
mais comum com relação ao acompanhamento do rendimento escolar dos filhos e
sua evolução no processo de aprendizagem.
Assim, não identificamos distanciamento acerca do tema em nossa base
empírica, pois durante a realização dos questionários com pais, professores e
supervisores foi perceptível que a ausência da família existe e que esta prejudica o
rendimento escolar dos educandos.
Com base nos questionários realizados com professores nas duas escolas
que foram objetos de pesquisa deste trabalho, foi constatado que existe ausência
por parte de muitos pais e que mesmo que tenha casos onde a família seja limitada
em questão de tempo ou até mesmo em não saber ajudar por não saber ler, pode
contribuir incentivando para que o desempenho dos alunos não seja prejudicado, ou
27
seja, o aluno necessita saber a importância do aprendizado e que para conseguir se
desenvolver necessita ter compromisso com os estudos.
Encontramos relatos de que atualmente, esse distanciamento entre a família
e a escola é uma realidade dura para se enfrentar e que tem se tornado angustiante
principalmente porque a instituição necessita ter apoio e contribuição dos pais para
que os alunos não sejam prejudicados quanto ao rendimento escolar.
Nesse contexto, interrogamos os professores acerca da realidade
educacional, tendo como foco o acompanhamento escolar por parte da família para
com o aprendizado dos educandos, os docentes responderam que:
É uma turma que os pais estão sempre presentes. Tenho contato com os pais praticamente todos os dias na escola. Existe uma exceção que é um pai que usa droga e que não acompanha o aprendizado dos filhos. E isso atrapalha o desempenho do aluno. (sic). D1 A turma são 34 alunos e pouquíssimos pais acompanham seus filhos e não se compromete com o aprendizado dos mesmos e isto me deixa angustiada e preocupada. (sic). D2 Esse ano, nessa turma do 1º ano a grande maioria dos pais procuram saber e cobrar a respeito dos estudos dos filhos. O ano passado na turma que eu lecionava não havia presença dos pais. E é angustiante quando não conseguimos ter um contato com os pais. Vejo que existe uma preocupação maior dos pais quanto a transição dos filhos da educação infantil para o ciclo de alfabetização. (sic). D3 Os pais acompanham de forma assídua e sempre ligam pra saber como está o desempenho dos filhos. (sic). D4
Diante das respostas dos docentes, percebe-se uma diversificação. O D1
relatou que os pais estão sempre presentes, porém, não hesitou em expor que
existe um aluno que não tem acompanhamento e que inclusive relatou a situação do
pai que vive nas drogas e que atrapalha o aprendizado do aluno. E de fato, uma
criança que não tem a atenção que necessita da família acaba sendo prejudicada no
seu desenvolvimento e desempenho escolar.
Já o D2 afirmou que pouquíssimos são os pais que se preocupam com o
desempenho escolar dos filhos e disse ainda que se sente angustiada e
preocupada. E essa preocupação advém justamente do fato de que a turma não
progride por existir um número grande alunos que apresentam dificuldades no
aprendizado.
O D3 fez questão de colocar em sua fala que nesse ano de 2016 está sendo
privilegiada com uma turma onde os pais são atenciosos, porque já lecionou em
28
turmas onde a participação da família na aprendizagem era mínima e isso se
tornava angustiante. A mesma falou ainda que existe uma preocupação maior dos
pais na transição da educação infantil para o ciclo de alfabetização. Ou seja, quando
os alunos passam do ciclo da alfabetização para o fundamental 2, a preocupação já
diminui segundo a experiência da professora.
O relato da D4 vai ao encontro do que diz Picanço (2012, p.41):
A importância da participação dos pais na vida escolar dos filhos tem apresentado um papel importante no desempenho escolar. O diálogo entre a família e a escola, tende a colaborar para um equilíbrio no desempenho escolar.
Assim, a participação dos pais é fundamental para que o desempenho do
aluno seja positivo. Quando a família e a escola caminham juntas existe então um
equilíbrio no desempenho escolar dos alunos.
É perceptível que o acompanhamento dos pais é essencial para o
aprendizado dos filhos e que diferente da docente 1 onde só havia uma exceção, a
D2 relatou que grande parte dos alunos da sala que leciona não tem
acompanhamento dos pais e que a situação é preocupante.
Faz-se necessário que a família se aproxime da escola, participe das
atividades solicitadas e esteja sempre acompanhando o desenvolvimento dos filhos.
Nesse contexto Picanço (2012, p. 40) menciona que:
A importância da participação ativa da família com a escola tem sido alvo de diversos estudos, tendo em conta fatores como o comportamento dos alunos em sala de aula e os problemas de adaptação.
É perceptível o quanto a participação da família é importante e pode trazer
benefícios à escola e aos alunos. Diante das discussões acerca de família e escola
também interrogamos os pais, visto que são importantes na busca pela
compreensão de tal ausência, pois possuem total responsabilidade sobre seus
filhos.
Com base nos questionários aplicados, foi perceptível que existem tanto pais
presentes que demonstra sempre preocupação, como pais ausentes, e estes
raramente vão à escola. Em um dos relatos, uma mãe falou que na classe do filho
acontecem confusões e a maioria dos pais sequer vão à escola ou participam das
29
reuniões para saber como está o comportamento do filho e ver no que pode ajudar.
Segundo a mesma, pouquíssimos são os pais que aparecem nas reuniões
bimestrais.
Um fato que chamou atenção, é que uma das mães relatou ser presente na
educação do filho, mas disse que se sentia triste por ver que muitos alunos são
jogados como se fossem objetos e a escola um depósito.
Nesse sentindo, concordamos com Tavares (2013, p. 1), quando o mesmo
enfatiza que:
A família tem deixado suas crianças à revelia nas escolas públicas e privadas, se omitindo de suas funções e obrigações. E, com isso, a escola assumiu a função da família e esta passou a ter um papel mais tímido e omisso no dever de educar, esquecendo-se que ela é a base de toda a nossa formação e também do nosso caráter.
Ou seja, existe uma falta de responsabilidade por parte de algumas famílias
em assumir suas funções e obrigações, deixando a cargo somente da escola o deve
de educar.
A mesma falou ainda que hoje em dia a educação é o bem mais precioso
que um pai pode oferecer a um filho e que é justamente por esse motivo que ela
procura ser participativa e ajudar no que for necessário.
Quando questionamos a mães se havia diferença a participação da família
na vida escolar dos filhos, as mesmas responderam:
Com certeza. Tem crianças que não vão bem nos estudos e muitas vezes os pais não procuram saber de nada e o professor não dá conta de tudo sozinho. (sic). M1 Fundamental. Porque a gente entra no convívio dos filhos e fica ciente de tudo que está acontecendo para orientar e ajudar no que for necessário. (sic). M2
Percebe-se nas falas, que existe uma preocupação e não é somente com os
próprios filhos, mas também, com a escola como um todo. Enquanto a M1 relata que
existem crianças que muitas vezes não tem um desempenho bom e os pais não se
importam deixando apenas para o professor a preocupação, a M2 enfatiza a
importância de ajudar no que a escola precisar.
Nota-se então que ambas as mães tem consciência da importância em
participar do processo de ensino e aprendizagem dos filhos e sabem que
30
infelizmente muitos pais agem e pensam de forma diferente, se eximindo da
responsabilidade e deixando a cargo somente da escola a educação dos filhos.
Neste contexto, Santos e Toniosso (2014, p. 127), nos diz que:
A família desempenha um papel de grande importância no desenvolvimento do indivíduo, já que será a principal transmissora das condutas e valores que permearão o comportamento do ser que com ela convive.
Podemos perceber que a família desempenha um papel essencial para o
aprendizado dos educandos e que os relatos acima colocados foram de mães
presentes, mais estas não deixam de perceber o quanto existem crianças que são
carentes de atenção e acompanhamento da família e que isso reflete no
aprendizado e rendimento escolar das crianças.
Considerando também o papel da escola neste processo, não podemos
esquecer do papel do supervisor pedagógico que desempenha uma função
primordial. Assim, Rosa e Santana (2013, p.50) menciona que:
O papel do supervisor escolar é importante entre os professores, os alunos e os pais para que problemas relacionados à aprendizagem e a determinados comportamentos possam ser mediados de maneira efetiva e qualitativa.
Percebe-se então que o supervisor assume a função de ajudar os alunos,
sendo mediador do conhecimento, bem como auxilia na construção da relação
escola e família.
Sabe-se que é papel da escola estabelecer vinculo com a família, tendo
como mediador desta relação o supervisor que deve sempre construir uma relação
harmoniosa pensando justamente no êxito do processo de ensino e aprendizagem.
De acordo comas observações realizadas nas escolas, pôde-se perceber
que o trabalho do supervisor é importante para que exista uma boa relação entre a
escola e família sendo ele o mediador dos conflitos e comportamentos relacionados
aos alunos e a sua aprendizagem.
Diante de todos os questionários e diálogos realizados, vimos que a
ausência existe e de fato prejudica o desempenho e rendimento escolar dos alunos.
Ocasiona estresse e preocupação aos profissionais da educação, pois se veem
31
comprometidos com o processo de ensino e aprendizagem mais necessitam da
ajuda participação dos pais.
Deste modo, a ajuda da família contribui para que a educação seja um
sucesso e não um fracasso e assim mude vidas, prepare os alunos para serem
cidadãos de bem e realmente contribuam para a sociedade com saberes e
qualificações profissionais.
32
CAPÍTULO 3: CONSEQUÊNCIAS DECORRENTES DA AUSÊNCIA DOS PAIS NA
ESCOLA
O referido capítulo discutirá as consequências oriundas da ausência dos
pais nas escolas, que constituem nossa base empírica. Além disso, aborda os
problemas que a falta de compromisso da família trazem para os alunos e por sua
vez para o processo de ensino e aprendizagem.
3.1 O que constatamos?
Sabe-se que família desempenha um papel fundamental no crescimento da
criança, visto que a mesma assume um papel de mediadora entre esta com a
sociedade. Como foi observado nos capítulos anteriores, existe um impacto muito
grande na vida escolar quando a família se ausenta do seu papel, deixando somente
a responsabilidade de educar a cargo da escola.
É importante estar ciente do papel que a família e escola desempenham. E
que estes são essenciais no processo de ensino e aprendizagem. Percebe-se que é
comum a família se ausentar do papel que lhe é destinado e como consequência o
comportamento da criança muda, o rendimento escolar enfraquece e o ensino passa
a acontecer de maneira negativa.
De acordo com Picanço (2013, P. 45):
O papel dos pais no estudo dos filhos é fundamental, senão o mais importante, porque o acompanhamento sistemático, metódico e constante permite que as crianças e jovens tenham uma organização e desempenho muito mais coerentes e lógicos, pois o apoio parental é fulcral para o “crescimento” académico, a criança sente-se “protegida” e acompanhada.
Desta forma, é perceptível a importância da participação dos pais na vida
escolar dos filhos tanto na escola, como no acompanhamento em casa, pois, o aluno
se sente seguro e protegido.
Existe uma grande preocupação com relação a participação dos pais na
escola. Claro que são inúmeros os fatores que levam os pais a se distanciarem da
escola como, por exemplo, a falta de tempo, a falta de conhecimento, a falta de
33
consciência da importância que exerce na educação dos filhos, porém, é necessário
compreender que essa ausência prejudica os alunos em seu rendimento escolar,
nas atividades que são realizadas, ocasionando também indisciplina, repetência,
desinteresse, evasão e dentre tantos outros problemas que tem angustiado muitos
educadores.
Sabe-se que se a ausência dos familiares de fato vier a acontecer, o
processo de ensino e aprendizagem dos alunos é afetado e acaba gerando uma
preocupação por partes dos profissionais que estão envolvidos neste processo.
Muito tem se discutido sobre parceria entre escola e família e é nesse
momento que a instituição precisa procurar medidas para trazer os pais a escola,
mas, é importante ressaltar que a família precisa ter consciência do seu papel na
vida escolar dos filhos e que também ajude a escola, para que realmente a
educação aconteça com sucesso e assim passe longe do fracasso.
Neste sentido, segundo Oliveira (2010, p. 30):
O professor não é e nunca poderá substituir os pais/a família do aluno/filho. Ele é um profissional que trabalha com a criança e não somente com o filho daquela ou esta família. É apenas aquela pessoa a mais na vida do aluno e que, por um determinado período desta vida escolar, irá ajuda-la a perceber o que ela é, sua importância na sociedade em que está inserida e a construir sua identidade como cidadão. Entretanto, é fundamental que para esta etapa da vida da criança aconteça de maneira tranquila e satisfatória, a escola e família estejam unidas em busca de um único objetivo: a otimização do processo de aprendizagem da criança.
Ou seja, pode-se perceber que tanto a escola como a família são
importantes no processo de aprendizagem do aluno. E o professor é o mediador
entre o aluno e conhecimento, ficando sob responsabilidade dos pais dar a
educação e atenção necessária para que o desempenho seja satisfatório.
Compreende-se então que o ambiente escolar é prejudicado a partir do
momento que a família transfere o dever de educar totalmente para a instituição
eximindo-se de suas responsabilidades e obrigações.
Com efeito, como já mencionados anteriormente, diversos fatores são
resultantes da falta de compromisso da família para com o aprendizado dos filhos.
Dentre os eles os mais comuns são: evasão, repetência e as dificuldades no
processo de alfabetização.
34
Na contemporaneidade, a escolas tem se tornado alvo de evasão. Embora
várias medidas sejam tomadas diariamente, as dificuldades ainda são enormes. Os
educadores se preocupam com alunos que apresentam comportamentos
inadequados e por sua vez um desempenho negativo.
Os motivos e consequências estão atrelados principalmente a fatores
culturais e sociais, cabendo também à escola assumir um papel de tentar trazer a
família para o convívio dos alunos e propor essa parceria, sempre lembrando a
importância que os pais tem no processo de aprendizagem.
Outro fator causado pela ausência familiar é a repetência. A mesma advém
de inúmeras causas, fator social, financeiro e a falta de acompanhamento e
incentivo por parte dos pais.
Com relação ao fator financeiro, sabe-se que nem todos os alunos vivem em
condições econômicas favoráveis e muitos dependem dos programas do governo.
Ou seja, a partir do momento que o estudante chega a sala de aula com fome, ou
até mesmo sem tomar banho, pode comprometer o processo de ensino e
aprendizagem.
No caso da ausência de acompanhamento e incentivo por parte dos pais
que é o fator que nos interessa na pesquisa, o aluno que não apresenta um bom
desempenho escolar, necessita em sua maioria de atenção e cobrança para que
exista uma responsabilidade maior com os estudos e a repetência não venha a
acontecer.
Partindo da realidade, onde o aluno passa a grande parte do seu dia em sua
residência, é importante ter um tempo para aprofundar o conteúdo estudado na
escola. Como afirma Nascimento (2012, p. 1):
A família é o alicerce para que a formação das crianças e adolescentes seja construída de maneira sólida, isto é, de forma que eles consigam conviver segundo os parâmetros da sociedade (de cultura, regras, respeito, etc).
Assim, o apoio da família é importantíssimo para o desenvolvimento do
educando, bem como para evitar problemas como a própria repetência.
Vale salientar que de acordo com as orientações, a repetência só deve
acontecer a partir do 4º ano do ensino fundamental, mas, o acompanhamento da
35
família é necessário em qualquer série/ano escolar para que o processo de
aprendizagem dos alunos seja positivo e por sua vez evolua.
Deste modo, não se pode esquecer que a escola, assim como a família,
também precisa fazer sua parte para que os números de repetência diminuam. É
necessário procurar soluções e não se entregar ao fracasso.
Mais uma vez, como muito se vem discutindo, é notável a necessidade da
escola e família caminharem juntas para que problemas como evasão, repetência,
dentre outros, sejam sanados com eficácia. A esse respeito, Fornari (2010, p. 113)
corrobora que:
Com efeito, a educação não é entendida como um direito cuja responsabilidade é imposta exclusivamente a um determinado órgão ou município, mas que deve ser compartilhado por todos, ou seja, pela família, comunidade e sociedade em geral.
É necessário que a família, a comunidade e a escola construam um vinculo
para que o processo de ensino e aprendizagem aconteça de modo a favorecer os
alunos.
De acordo com a pesquisa realizada na Escola Calpúrnia Caldas de Amorin,
no do 5º ano, foi constatado que grande parte dos alunos possuem desempenho
negativo e consequentemente reflete nas notas como será mostrado no gráfico a
seguir (Gráfico 1).
GRÁFICO 1: Médias Bimestrais de uma Turma de 5º ano do Ensino fundamental
Elaboração da autora (2016)
Q
T
D
D
E
A
L
U
N
O
S
36
De acordo com o gráfico 1, é perceptível o quanto o desempenho dos alunos
se encontra fraco. A maioria das notas é entre 21 a 40 pontos, quando a média
bimestral que precisa ser atingida para que o discente não corra risco de repetência
são 6,0. De uma turma de 31 alunos, apenas 12 alunos obtiveram êxito no primeiro
bimestre, o que representa menos de 50% de total dos estudantes.
O gráfico nos permite elencar duas hipóteses diante dos resultados
apresentados: a falta de compromisso dos alunos e possivelmente a pouca atenção
dos pais que segundo a professora da turma, não se preocupam muito com o
desempenho negativo de seus filhos e que a situação é delicada.
Ou seja, novamente torna-se ainda mais necessário à presença dos pais
neste momento onde o desempenho dos alunos encontra-se negativo e as notas
comprovam que não existe esforço por partes dos mesmos por mais que a
professora articule meios para que a realidade não seja esta.
E por último, não menos importante, um dos fatores que tem angustiado e
dificultado os professores no cotidiano escolar: as dificuldades no processo de
alfabetização.
Sabe-se que o processo de alfabetização é a fase onde a criança entra em
contato com o mundo letrado e começa a compreender a importância da leitura e da
escrita para sua vida. Soares (2003, p. 80) nos diz que alfabetização é:
[...] Tomando-se a palavra em seu sentido próprio como o processo de aquisição da “tecnologia da escrita”, isto é, do conjunto de técnicas – procedimentos, habilidades necessárias para a prática da leitura e da escrita: as habilidades de codificação de fonemas em grafemas e de decodificação de grafemas em fonemas, isto é, o domínio do sistema de escrita (alfabético, ortográfico); [...] habilidades de uso de instrumentos de escrita (lápis, caneta, borracha, corretivo, régua, de equipamentos como máquina de escrever, computador...), habilidades de escrever ou ler seguindo a direção correta na página (de cima para baixo, da esquerda para a direita), habilidades de organização espacial do texto na página, habilidades de manipulação correta e adequada dos suportes em que se escreve e nos quais se lê – livro, revista, jornal, papel sob diferentes apresentações e tamanhos (folha de bloco, de almaço, caderno, cartaz, tela do computador...). Em síntese: alfabetização é o processo pelo qual se adquire o domínio de um código e das habilidades de utilizá-lo para ler escrever, ou seja: o domínio da tecnologia – do conjunto de técnicas – para exercer a arte e ciência da escrita.
37
A alfabetização é um processo de fundamental importância na vida escolar
do aluno principalmente por que é nesta fase que o domínio da leitura, bem como da
escrita e dos números se iniciam e tudo que é apreendido durante o ciclo de
alfabetização (1º a 3º ano) auxilia os educandos nas séries posteriores.
Neste processo a avaliação torna-se necessária e é o principal instrumento
que o professor utiliza para analisar o processo de ensino e aprendizagem. Neste
sentido, Jussara Hoffaman (2013, p. 24) diz que:
A avaliação é a reflexão transformada em ação. Ação, essa, que nos impulsiona a novas reflexões. Reflexão permanente do educador sobre sua realidade, e acompanhamento de todos os passos do educando na sua trajetória de construção do conhecimento. Um processo interativo, por meio do qual os educandos e educadores aprendem sobre si mesmos e sobre a realidade escolar no ato próprio da avaliação.
Ou seja, a avaliação é um instrumento importante para os educadores e
educandos quando é um processo interativo em que ambos aprendem sobre si
mesmos e sobre a realidade.
Em se tratando do processo de alfabetização nas séries de 1º a 3º ano, a
avaliação é realizada através de relatório, isso significa que o aluno não é avaliado
por nota durante o processo de alfabetização. Porém, a família não deve esquecer
que o seu papel em acompanhar, cobrar, orientar e incentivar o filho não muda, visto
que todos os alunos necessitam dominar a leitura, a escrita e as noções básicas de
matemática para a partir de então, ter um bom desempenho da 4º série em diante.
Ou seja, as crianças que não conseguem avançar no processo de
alfabetização acabam sendo prejudicadas quando necessitam dominar leitura,
escrita e noções básicas de matemática para adquirir mais conhecimentos.
Ainda no decorrer da pesquisa foi constado um caso de uma criança que se
encontra no 3º ano do Ensino fundamental, cujo pai é envolvido com tráfico de
drogas. Sobre isso a docente relatou:
O aluno apresenta dificuldade, é extremamente dependente do professor, não consegue realizar nada sozinho, não participa da aula, demonstra apatia e é desligado. Também não consegue escrever nada a não ser rabiscos, bolinhas e não retira atividade da lousa. Não se relaciona com os colegas e é bastante isolado. Tem uma grande necessidade de fazer caligrafia, agora apresenta
38
um bom comportamento em sala, porém, só se levanta e sai do lugar com incentivo do professor. O mesmo necessita de reforço paralelo, ele não consegue ler e não tem a participação diária da família na escola. (sic). Professora X.
É perceptível, segundo a docente, que o aluno apresenta dificuldade no
processo de alfabetização e tem um desempenho lento. Ou seja, deveria ter apoio
total da família e como relatado, não existe acompanhamento diário e isso acaba
prejudicando ainda a criança que se torna totalmente dependente da professora e
somente da escola.
Deste modo, nota-se mais uma vez que a ausência da família afeta o
processo de ensino e aprendizagem e consequentemente gera angustia no
educador que necessita do auxilio dos pais para que o aprendizado seja efetivado
com sucesso.
39
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na sociedade atual muito se tem discutido acerca da relação escola e
família. Ambas possuem uma importância relevante no processo de ensino e
aprendizagem.
A escola tem como função preparar o aluno para exercer sua cidadania e
assim atuar no mercado de trabalho, a família tem o papel de orientar, educar e
incentivar os filhos na construção de um caminho digno onde a escola seja o
principal alicerce desse caminho.
Neste sentido, percebe-se que em se tratando de educar, a participação da
família neste processo é essencial justamente porque é no seio familiar que a
criança aprende os valores e as regras para viver em harmonia e com dignidade.
Nesta perspectiva, analisando a realidade educacional brasileira,
infelizmente ainda existe um distanciamento dos pais para com a escola e que por
sua vez reflete no desempenho dos filhos.
Durante a realização da pesquisa, foi possível identificar que embora exista
dificuldade no processo de ensino e aprendizagem, estes se tornam mais fáceis de
resolver e encontrar soluções quando a família está junto da escola.
A realidade é que muitos pais trabalham para obter o sustento diário, porém,
mesmo com toda essa responsabilidade e outras ocupações, é preciso encontrar
formas de não colocar somente para a escola o dever de educar. Como diversos
autores já apresentados neste trabalho refletem a escola sozinha não consegue
caminhar nessa empreitada de tantas dificuldades e problemas que necessitam de
soluções.
Porém, um fato importante que não podemos deixar de mencionar, é que se
as escolas percebem que existe distanciamento da família, a mesma tem o dever de
procurar meios que possam propiciar a aproximação desses pais no cotidiano e na
vida escolar dos filhos.
A questão não é somente culpar ou julgar os pais no momento que estão
afastados. É certo que é dever da família acompanhar os filhos no aprendizado,
mas, a escola é essencial para ser mediadora neste processo e assim tentar mostrar
a estes pais que a educação é o caminho que os alunos têm para chegar ao
sucesso profissional e por consequência, ao sucesso pessoal.
40
Diante dessa realidade, percebe-se que muitos educadores têm procurado
meios de ir até os pais dos alunos e numa tentativa carregada de esperança e
motivação, oferecer uma aprendizagem prazerosa e que contribua significativamente
no desempenho escolar dos educandos.
Desse modo, é perceptível que fechar os olhos para os problemas não é a
solução. E o objetivo deste trabalho foi justamente pesquisar e por sua vez perceber
se a ausência familiar existe de fato e principalmente as consequências que a falta
de acompanhamento por parte dos pais trazem para o aprendizado dos alunos.
Visando este objetivo, a pretensão da pesquisa foi contribuir para a
sensibilidade do olhar das pessoas, de maneira a incentiva-las no que diz respeito à
importância da educação e que principalmente a mesma não somente é constituída
de profissionais mais também pela comunidade que é o alvo principal deste
processo.
Com base nesta realidade, pode-se concluir que a ausência da família é
uma realidade que muitas escolas enfrentam, porém, somente reclamar desta
ausência é tempo perdido. É preciso correr atrás destes pais que se fazem
ausentes, insistir e mostrar que os filhos precisam do apoio e acompanhamento
durante essa longa jornada de erros e acertos, durante essa longa caminha de
aprendizado e troca de saberes.
As soluções são encontradas no dia a dia, pois cada caso é um caso e nós
estamos aqui não para trazer soluções prontas e sim para alertar que a educação é
o caminho para o sucesso. E que esse sucesso depende de nossas atitudes e acima
de tudo da consciência de cada um sobre o papel que deve exercer.
41
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei de Diretrizes e B. Lei nº 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. Programa alimentação saudável: bolsa-alimentação. 1. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/alimenta_saudavel.pdf>. Acesso em: 22 de Jun. 2016. Coordenação Geral de alimentação e nutrição. Disponível em: <http://bolsafamilia.datasus.gov.br/w3c/bfa.asp>. Acesso em: 22 de Jun. 2016.
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42
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43
APÊNDICE
APÊNDICE A
QUESTIONÁRIO PARA OS PROFESSORES
1. Sabemos que a educação dos alunos é responsabilidade da escola e
também da família. Diante da realidade educacional que vivemos onde
muitos pais se encontram distantes da escola, como avalia o
acompanhamento escolar dos pais para com seus filhos?
2. Existe um número maior de pais presentes ou ausentes?
3. Com relação aos alunos em que os pais que não realizam um
acompanhamento escolar sistemático, o rendimento escolar dos discentes
é prejudicado?
4. Quando o (a) senhor (a) percebe que um pai se ausenta do
acompanhamento escolar do seu filho?
5. Como a escola procura trazer os pais pra instituição?
APÊNDICE B
QUESTIONÁRIO PARA OS PAIS
1. Sabemos que a educação dos alunos é responsabilidade não somente da
escola como também da família. Diante dessa importância da escola e a
família caminharem juntas, como o (a) senhor (a) acompanha seus filhos
na escola?
2. Você se considera uma mãe/pai presente na educação do seu filho? Por
quê?
3. Para o (a) senhor (a) a presença dos pais na escola faz diferença no
processo de ensino aprendizagem?
4. Como os pais podem se tornar parceiros da escola e propiciar o ensino de
qualidade para os filhos?