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1. INTRODUÇÃO
A Organização Mundial de Saúde
(OMS) define estabilidade farmacêutica
como a capacidade do produto farmacêutico
de manter a suas propriedades químicas,
físicas, microbiológicas e biofarmacêuticas
dentro dos limites especificados durante
todo o seu prazo de validade. (ALLEN,
2007).
A estabilidade dos fármacos é
influenciada por fatores ambientais
relacionados com a temperatura, a umidade,
a luz e outros fatores inerentes ao próprio
_______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
ESTUDO DE ESTABILIDADE DOS FÁRMACOS
STABILITY STUDY OF DRUGS
Gaspar Henrique SALES¹; Pedro Marcos FRUGERI².
RESUMO
Introdução: O presente trabalho tem como tema o estudo de estabilidade de fármacos. O estudo de estabilidade
de fármaco é um importante parâmetro para se avaliar a integridade química, física, microbiológica, terapêutica,
segurança, qualidade e eficácia dos fármacos. Surgiu interesse neste estudo o fato de alguns fármacos
apresentarem instabilidade e consequentemente afetarem o seu efeito terapêutico frente à recuperação de
paciente. Sem mencionar que o estudo da estabilidade dos fármacos é que determina o seu prazo de validade o
qual permite observar a sua eficiência quando da sua aplicação. O objetivo foi demonstrar a importância da
realização do estudo da estabilidade de fármacos e os fatores e de outros relacionados ao próprio produto como
propriedades físicas e químicas, forma farmacêutica, processo de fabricação e tipos de embalagens, conforme
Resolução nº 1 de 29/07/2005 / ANVISA. A metodologia deste estudo foi através de pesquisa bibliográfica e de
campo, onde foi analisada com a pomada sulfaguanidina a qual continha sulfaguanidina, BHT, vaselina líquida e
vaselina sólida. A pesquisa baseou nos autores. Os resultados confirmaram o prazo de validade das condições de
armazenamento do pomada pesquisa. Além da comprovação da estabilidade do fármaco este estudo também visa
não somente o seu prazo de validade, mas a importância na área econômica, a comercialização e o custos dos
mesmos.
Palavras-Chave: Estabilidade; fármacos; validade; eficácia.
ABSTRACT
Introduction: The present work has as its theme the study of drug stability. The drug stability study is an
important parameter to evaluate the chemical, physical, microbiological, therapeutic, safety, quality and efficacy
of the drugs. The interest in this study was the fact that some drugs present instability and consequently affect its
therapeutic effect against patient recovery. Not to mention that the study of drug stability is that it determines its
shelf life which allows to observe its efficiency when it is applied. The objective was to demonstrate the
importance of the study of the stability of drugs and the factors and other factors related to the product itself as
physical and chemical properties, pharmaceutical form, manufacturing process and types of packaging, according
to Resolution nº 1 of 29 / 07/2005 / ANVISA. Materials and methods: The methodology of this study was
through bibliographical and field research, where it was analyzed with the sulphaguanidine ointment which
contained sulfaguanidine, BHT, liquid vaseline and solid petroleum jelly. The research based on the authors like.
Results: The results confirmed the shelf-life of the ointment storage conditions. Conclusion: In addition to
confirming the stability of the drug, this study also aims not only at its expiration date, but at the importance in
the economic area, the commercialization and the costs thereof.
Keywords: Stability; drugs; shelf life; efficiency.
2
produto como suas propriedades físicas e
químicas, as substâncias ativas e
excipientes farmacêuticos, formação e
composição farmacêutica, modo de
fabricação, e referente as embalagens
utilizadas quanto as propriedades do
material utilizado nas mesmas. (BRASIL,
2005)
Quando se estuda a estabilidade dos
fármacos, de acordo com Leite (2006) este
tem como objetivo garantir sua integridade
química, física, microbiológica, terapêutica
e toxicológica e da forma farmacêutica
dentro do especificado, sempre ressaltando
a influência dos fatores ambientais em
função do tempo que os fármacos podem
sofrer. (LEITE, 2006).
A estabilidade é composta por
propriedades física, química,
microbiológica, terapêutica e toxicológica.
Quanto aos ensaios de estabilidade
dividem-se em estudo acelerado, de
acompanhamento e de longa duração.
Segundo a OMS a estabilidade
farmacêutica pode ser definida como a
capacidade do fármaco manter sua
propriedades químicas, físicas,
microbiológicas, dentro dos limites
específicos durante todo o seu prazo de
validade, potencia, qualidade e pureza.
(MEIRELLES, 2018).
A importância da determinação da
estabilidade de medicamentos está
relacionada com a saúde pública de um
país, já que a perda da estabilidade de um
medicamento leva a perda do efeito
terapêutico. Diante da importância da
estabilidade de todo fármaco, como deve
agir todo fabricante e comerciante para que
assegure que os fármacos não se tornem
medicamentos instáveis atingido o
destinatário final. Sabe-se que quando um
fármaco perde a sua estabilidade perde o
seu efeito terapêutico ou a sua degradação
tóxica. (OLIVEIRA, 2001).
O presente trabalho tem como
objetivo demonstrar a importância da
realização do estudo da estabilidade de
fármacos e de outros fatores relacionados
ao próprio produto como propriedades
físicas e químicas, forma farmacêutica,
processo de fabricação e tipos de
embalagens, conforme Resolução nº 1 de
29/07/2005 / ANVISA. (BRASIL, 2005).
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Os antibióticos são substâncias
desenvolvidas a partir de fungos, bactérias
ou materiais sintéticos. A principal
finalidade do antibiótico é combater
microrganismos causadores de infecções
(CHAMBERS; SANDE, 1996).
Ao longo da evolução da
humanidade, são vários os relatos de
tentativas do uso de substâncias com o
intuito de tratar lesões e inibir dores de
forma geral (LIVEMORE;
WILLIAMS,1996).
3
A descoberta dos antibióticos, na
década de 1920, por Alexander Fleming
(1881 – 1955) é considerada uma das
principais conquistas da humanidade, pois
além de aumentar significativamente a
expectativa de vida contribuiu para a
medicina moderna como precursor para
descoberta de novos medicamentos. Nos
anos seguintes à descoberta dos
antibióticos, principalmente nas décadas de
40 a 70, ocorreu um grande aumento na
produção e disponibilização de novos
antibióticos no mercado, no entanto, nos
últimos 30 anos a produção de antibióticos
sofreu uma queda em razão, destes novos
fármacos, apresentarem menos resistência
ao combate e controle de micro-organismos
(COATES, 2002).
É de conhecimento que o uso
indiscriminado de antibióticos contribui
para o surgimento de bactérias que se
ajustam às mudanças em seu ambiente e
desenvolvem mecanismos de resistência
que inativam ou limitam a efetividade
destes antibióticos. Quando os primeiros
medicamentos começaram a ser
comercializados, tinha-se a ideia de que as
doenças infecciosas estavam controladas
entretanto, o uso excessivo destes
compostos contribuiu para a proliferação de
cepas resistentes de bactérias tanto na
medicina humana quanto veterinária
(BARRETT, 2005).
2.1 Sulfonamidas
É uma classe de antibiótico com
bastante aplicação terapêutica também
destinados para tratamentos na linha
humana como na linha veterinária para
animais de grande porte e aves para o abate.
Esta classe é conhecida desde 1940, quando
então, mais de 150 compostos têm sido
usados. Conhecido como sulfas, são
classificados como antimicrobianos
bacteriostáticos sintéticos que possuem
ação contra diversos agentes patológicos.
Na medicina, os mais utilizados dentro
deste grupo são: sufadiazina,
sulfadimetoxina,sulfaguanidina e sulfatiazol
(SARMAH; MEYER; BOXALL, 2006).
Estes compostos são constituídos de
um anel benzênico, um grupo amina (-NH2)
e um grupo sulfonamida (-SO2NH2), sendo
que os grupos amina (Figura 1) e
sulfonamida devem estar na posição “para”,
um em relação ao outro e assim apresentar
propriedades antibacterianas (SARMAH;
MEYER; BOXALL, 2006).
Figura 1: Estrutura geral de uma
sulfonamida.
Fonte:(SARMAH, 2006)
Atualmente essa classe de medicamentos,
em particular a sulfaguanidina sódica, tem
4
sido mais aplicada para controle de doenças
como infecções gastrointestinais e
respiratórias. A sulfaguanidina sódica
apresenta uma ação local significativa, em
razão da sua baixa absorção intestinal, e
tem sido utilizada na medicina no
tratamento de infecções entéricas
(MOHAMED, 2003).
Com registros de acidentes graves,
surgem medidas regulatórias para registro e
acompanhamento dos medicamentos
comercializados. Exemplo a ser citado,
conforme Mirco e Rocha (2007) a
Talidomida, considerado um sedativo
confiável na época para evitar náuseas em
mulheres grávidas, onde o fabricante não
relatou haver nenhum efeito adverso quanto
ao seu uso, o fármaco se alastra por todo o
mundo e, de vez de se tornar um fármaco
em prol da saúde das mulheres durante a
gestação, se tornou uma catástrofe,
originando a formação de focomelia nas
mulheres grávidas, consequentemente
fazendo com que gerassem crianças com
deformidades, com membros superiores e
inferiores menores. (MIRCO, ROCHA,
2007).
Diante da necessidade de controle e
monitoramento internacional de
medicamentos, em 1968 foi criado um
projeto de pesquisa da Organização
Mundial de Saúde (OMS) dando inicio,
assim, a prática eficiência da
farmacovigilância, onde a OMS conceitua
farmacovigilância como a ciência relativa a
identificação, avaliação e prevenção dos
efeitos adversos ou qualquer outro efeito
adverso que possa surgir relacionados a
medicamentos. De acordo com a Agência
Nacional de Vigilância (ANVISA, 2002) há
a exigência de comprovação da estabilidade
e a determinação de prazo de validade de
produtos farmacêuticos através de registros.
A comercialização de medicamentos no
Brasil depende da aprovação da ANVISA
por meio da avaliação técnica dos estudos
de estabilidade farmacêutica apresentada e
realizada conforme procedimentos técnicos
definidos no guia para realização de
estabilidade publicada pela agência.
(LEITE, 2006)
O estudo da estabilidade do fármaco
é importante para avaliar a qualidade,
segurança e eficácia exigida para o registro
de medicamentos. Além disso, tem-se a
preocupação com a saúde pública, pois a
degradação do fármaco pode acarretar em
perda da sua eficácia ou a produção de
substâncias toóxicas que podem ser
administradas ao paciente. (ORIQUI,
2012).
Alguns países publicaram
resoluções e guias para a determinação do
estudo de estabilidade de fármacos. No
Brasil vigora o guia contido na Resolução
nº 1 de 2005 da ANVISA.
Para Meireles (2014) o registro de
um fármaco e, após a sua comercialização é
5
preciso que a empresa responsável pelo
registro tenha concluído os estudos de
estabilidade acelerada e os ensaios de
longa duração estejam em execução.
(MEIRELES, 2014).
2.2 Cinética Química
Para determinar a estabilidade e o
prazo de validade de medicamentos, os
estudos se baseiam nas cinéticas de reação,
ou seja, no estudo da velocidade de
degradação e como essa velocidade é
influenciada pela concentração dos
excipientes e fármacos que estão presentes
nas formulações e por fatores como
pressão, luz, umidade e temperatura
(NUDELMAN, 1975; PRISTA et al, 1990).
As reações de degradação em
formulações ocorrem com velocidades
definidas e são de natureza química, para
considerar a estabilidade química de um
produto farmacêutico, é preciso conhecer a
ordem e as velocidades de reação. A
expressão da velocidade da reação é uma
descrição da concentração do fármaco com
relação ao tempo. (ANSEL e colaboradores
(1999).
A estabilidade de fármacos e
medicamentos podem ser afetadas por
vários fatores. Alguns fatores que exercem
grande influência na estabilidade dos
produtos farmacêuticos são a temperatura,
umidade, luz, gases atmosféricos,
embalagem, entre outros. A temperatura é o
mais importante dentre os fatores
ambientais envolvidos na degradação de
produtos farmacêuticos, uma vez que, na
maioria dos casos, a velocidade de
degradação química aumenta com o
aumento da temperatura e não existe um
acondicionamento capaz de protegê-los dos
efeitos do calor (KOMMANDABOYANA
e RHODES, 1999).
A umidade é outro fator ambiental
que exerce grande influência na
estabilidade de produtos farmacêuticos.
Não só os fármacos higroscópicos são
sensivelmente degradados pela umidade
relativa (UR) do ar, mas também fármacos
não higroscópicos sofrem fenômenos de
alteração, principalmente quando a umidade
é associada aos efeitos da temperatura. A
umidade pode promover reações de
hidrólise e afetar a cinética de degradação
de fármacos com ácido ascórbico, aspirina,
vitamina A e cloridrato de ranitidina. A
umidade também exerce influência na
estabilidade de medicamentos sólidos ou
semissólidos. A influência deste fator, no
entanto, pode ser reduzida pela utilização
de embalagens impermeáveis ou pela
adição de saches com dessecante ao
recipiente de acondicionamento. (MIRCO,
2007).
2.3 Luz
A luz é outro fator ambiental que em
determinados comprimentos de onda pode
6
fornecer a energia necessária para
desencadear reações de degradação tais
como oxidação e redução, rearranjo de
anéis, polimerização, rupturas de ligações,
isomerizações e racemizações e promover a
instabilidade farmacêutica. A utilização de
embalagens âmbar, resistentes à luz, pode
minimizar os efeitos da luz sobre produtos
farmacêuticos (NUDELMAN, 1975).
2.4 Gases Atmosféricos
Dentre os gases atmosféricos, o
oxigênio é o que tem maior participação
nos processos de degradação química de
fármacos. A degradação química
promovida pela oxidação pode ser reduzida
pela remoção do ar contido no interior do
recipiente de acondicionamento, seja por
seu preenchimento total com o produto ou
pela substituição do oxigênio por nitrogênio
(FIGUEIREDO e LAPORTA, 2003).
2.5 Material de Embalagem
Outros fatores que podem
influenciar na estabilidade de um
medicamento são os componentes da
embalagem primária do produto. Segundo o
Lachman, embalagens defeituosas podem
comprometer a estabilidade da maioria dos
medicamentos. Consequentemente é
essencial que a escolha dos materiais de
embalagem, para um determinado produto,
possa ser feita exclusivamente após uma
avaliação adequada da influência desses
materiais sobre a estabilidade do produto e
sobre a eficácia do recipiente em proteger o
medicamento durante o armazenamento
prolongado sob condições ambientais
variáveis de temperatura, umidade e luz. Os
materiais usados mais frequentemente como
componentes de recipientes para
preparações farmacêuticas são o vidro, o
plástico, o metal e a borracha.
(LACHMAN, 2001).
Dentre os fatores que alteram a
estabilidade de fármacos existem os fatores
intrínsecos e extrínsecos. Os fatores
intrínsecos consiste em interações entre
fármacos, interações entre fármacos e
solventes ou excipientes, pH do meio,
tamanho das partículas, qualidade da
embalagem, condições nas quais o fármaco
pode sofrer hidrolise, oxidação, fotólise.
Em relação aos fatores extrínsecos se tem
as condições de estocagem, transporte, no
qual o fármaco pode sofrer alterações
devido à temperatura, luminosidade, ar e
umidade. (LEITE, 2006).
Quanto à classificação os estudos da
estabilidade são classificados em acelerado,
em longa duração e de acompanhamento.
Em relação a aceleração é quando projetado
para acelerar a degradação química ou
mudanças físicas de um produto em
condições forçadas de armazenamento. Se
diz de longa duração quando é projetada
para verificação das características físicas,
químicas, biológicas e microbiológicas de
7
um produto farmacêutico durante e
opcionalmente depois do prazo de validade
esperado sob as condições ambientais de
temperatura e umidade. O estudo de
acompanhamento é realizado para verificar
que o produto farmacêutico mantém as
características físicas, químicas, biológicas
conforme os resultados obtidos nos estudos
de estabilidade de longa duração. Os
resultados serão usados para estabelecer ou
confirmar o prazo de estabelecer ou
confirmar o prazo de validade e recomendar
condições de armazenamento. (BRASIL,
2005)
A partir desses estudos é possível
determinar o prazo de validade. O material
de embalagem e as condições de
armazenamento e transporte de
medicamentos. (FIGUEIREDO, 2003)
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Foi realizado um estudo de revisão
de literatura e de pesquisa de campo sobre a
estabilidade de fármacos.
Os materiais utilizados foram:
Ácido clorídrico 1 M;
Água purificada;
Azul de bromotimol SI;
B.H.T.
Cloridrato de N-naftiletilenodiamino
0,1%;
Etanol;
Hidróxido de sódio 0,1 M;
Hipoclorito de sódio;
β-naftol SR;
Nitrito de sódio 0,1%;
Nitrito de sódio SR;
Padrão de sulfaguanidina;
Sulfamato de amônio 0,5%.
Sulfaguanidina sódica.
Vaselina líquida.
Vaselina sólida.
Câmara de estabilidade acelerada.
Fonte: Próprio Autor (2018)
3.1 Preparo da Pomada
Preparo da pomada a base de
sulfaguanidina sódica.
- Em uma batedeira doméstica, foi
adicionado 312 g de vaselina líquida, 14,92
g sulfaguanidina sódica e 1 g BHT,
posteriormente o material foi mantido em
agitação até completa dissolução dos
compostos.
- Em seguida, foram adicionados 322 g de
vaselina sólida e a mistura foi mantida em
agitação por mais 15 minutos (Figura 2)
Figura 02 - Preparo da pomada a base de
sulfaguanidina sódica
Fonte: Próprio Autor (2018)
8
- A pomada obtida foi envazada em
bisnagas metálicas de 15 g (43 unidades)
(Figura 3)
Figura 03 - forma farmacêutica semissólida
desenvolvida.
Fonte: Próprio Autor (2018)
- O teor de sulfaguanidina sódica foi
analisada imediatamente após a
manipulação (tempo t0) e posteriormente
colocadas em câmara climática de
estabilidade acelerada ( Figuras 4, 5 e 6 ).
A tabela 01, mostra o período que a
forma farmacêutica semissólida ficou
exposta a umidade relativa e a temperatura
controlada.
Figura 04 - Parte interna da câmara de
estabilidade acelerada onde as pomadas
foram testadas.
Figura 05 - Parte interna da câmara de
estabilidade acelerada onde foi colocado a
pomada manipulada
.
Fonte: Próprio Autor (2018)
Figura 06 - Parte externa da câmara de
estabilidade acelerada.
Fonte: Próprio Autor (2018)
Fonte: Próprio Autor (2018)
9
Tabela 1: Variações de temperatura e
umidade no estudo de estabilidade
acelerada
T Temp.
ºC
U.R. Duração
mínimo
Frequência de
análises
RE
398
/04
40 ±
2ºC
ou
50 ±
2ºC
75 ±
5%
ou
90 ±
5%
6 meses
ou
3 meses
0,1,2,3 e 6
ou
0,1,2 e 3
U.R. : Umidade Relativa
Fonte: Próprio Autor (2018)
As amostras de pomadas envasadas
foram acondicionadas na câmara de
estabilidade (temperatura de 40 ± 2ºC e
umidade relativa de 75 ± 5% ). As amostras
foram analisadas no tempo (t0 – inicial),
tempo t1 – um mês na câmara de
estabilidade, t2- dois meses na câmara de
estabilidade, t3 – três meses na câmara de
estabilidade e t4- 180 dias na câmara de
estabilidade.
3.2 Estudo da variação da concentração
de sulfaguanidina sódica na câmara de
estabilidade.
Preparo do padrão primário de
sulfaguanidina sódica para o doseamento
físico químico da pomada.
Pesou-se, exatamente, 0,02 g de
padrão de sulfaguanidina sódica, transferiu-
se para um balão volumétrico de 200 mL,
adicionou-se 50 mL de ácido clorídrico 1 M
e completou-se o volume com água
destilada. Homogeneizou-se. A partir da
solução obtida, pipetou-se 5 mL e
transferiu-se para balão volumétrico de 100
mL. Homogeneizou-se. Adicionou-se 7,5
mL de ácido clorídrico 1 M e completou-se
o volume com água destilada. Transferiu-se
uma alíquota de 10 mL para um balão
volumétrico de 50 mL, acrescentou-se 2 mL
de nitrito de sódio 0,1% e aguardou-se por
2 minutos. Adicionou-se 2 mL de sulfamato
de amônio 0,5% e aguardou-se por 2
minutos. Adicionou-se 2 mL de cloridrato
de N-naftiletilenodiamino 0,1% e aguardou-
se por 15 minutos.
3.3 Preparo da amostra de pomada para
análise de sulfaguanidina sódica.
Pesou-se exatamente uma massa da
pomada contendo o equivalente de 0,02 g
de sulfaguanidina sódica, transferiu-se para
um funil de separação e adicionou-se 90
mL de clorofórmio, posteriormente,
adicionou-se 150 mL de solução de HCl
1M em três porções de 50 mL, após a
adição de cada porção, agitou-se a mistura ,
deixou o sistema em repouso e após a
separação das fases, transferiu-se as
porções aquosas (150 mL) para um balão
volumétrico de 200 mL e completou-se o
volume com água destilada.
Homogeneizou-se. A partir da solução
obtida, pipetou-se 5 mL e transferiu-se para
balão volumétrico de 100 mL.
10
Homogeneizou-se. Adicionou-se 7,5 mL de
ácido clorídrico 1 M e completou-se o
volume com água destilada. Transferiu-se
uma alíquota de 10 mL para um balão
volumétrico de 50 mL, acrescentou-se 2 mL
de nitrito de sódio 0,1% e aguardou-se por
2 minutos. Adicionou-se 2 mL de sulfamato
de amônio 0,5% e aguardou-se por 2
minutos. Adicionou-se 2 mL de cloridrato
de N-naftiletilenodiamino 0,1% e aguardou-
se por 15 minutos.
A partir das soluções obtidas
(amostra e padrão), mediu-se as
absorvâncias no comprimento de onda 545
nm, utilizando a solução de HCl 1 M para o
branco em um espectrofotômetro. Calculou-
se quantidade de sulfaguanidina na amostra
a partir das leituras obtidas.
3.4 Cálculos Da Concentração De
Sulfaguanidina Sódica Nas Amostras
% = Abs a x mp x Pp
Abs p x ma
Abs a: absorbância da amostra
Abs p: absorbância da padrão
mp: massa de padrão pesada em g
ma: massa de amostra pesada em g
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A ANVISA, na Resolução RE n.
398/2004, estabelece um período de vida
útil tentativo de 24 meses quando a
substância ativa é considerada estável (não
facilmente degradável e nenhuma mudança
significativa foi observada); os dados de
apoio mostraram que para formulações
similares foi atribuída uma vida de
prateleira de 24 meses ou mais. De acordo
com a Resolução RE n. 1/2005, por ocasião
do registro do medicamento, esse prazo de
validade provisório de 24 meses poderá ser
concedido se aprovado o relatório de estudo
de estabilidade de longa duração de 12
meses ou se aprovado o relatório de estudo
de estabilidade acelerado de seis meses
acompanhado dos resultados preliminares
de estudo de longa duração, estes podem
garantir a vida útil superior ao previamente
estabelecido, mas as empresas precisam se
sentir bastante seguras em relação aos
parâmetros dos estudos a que foram
submetidos os produtos para garantir esse
período extra. (ORIQUI, 2012)
Para Gil (2010) no estudo de longa
duração este deve ser realizado em
condições normais de armazenamento, com
o objetivo de se confirmar dados obtidos no
estudo acelerado e determinação do prazo
de validade do produto farmacêutico. As
análises são realizadas inicialmente durante
24 meses, porém é facultado ao o fabricante
prosseguir os estudos a fim de prolongar o
prazo de validade, mediante a manutenção
dos limites de aceitação. (GIL, 2010).
11
Tabela 2: Resultados do estudo da
estabilidade acelerada para a pomada
contendo a sulfaguanidina sódica.
Tempo Teor de sulfaguanidina
sódica (%)
t0 início 98,82± 0,41
t1 30 dias 98,61± 0,12
t2 60 dias 98,57± 0,33
t3 90 dias 98,77±0,27
t4 180 dias 99,02±0,29
Fonte: Próprio Autor (2018)
A tabela 02, mostra os resultados
dos estudos realizados em condições
forçadas de armazenamento. Este tipo de
estudo demonstrou empiricamente e com
grande probabilidade de acerto o que
ocorreria no produto farmacêutico quando
este é submetido a condições normais de
armazenamento por longo período de
tempo. Nos resultados obtidos, é possível
verificar pouca variação nos resultados
físico-químicos de doseamento da
sulfaguanidina sódica na pomada. As
variações apresentadas estão dentro da faixa
específica de variação de 5 % entre os
resultados.
De acordo com o MS (2002) o
estudo da estabilidade do fármaco no estado
acelerado induz o aumento da velocidade de
degradação química e/ou alterações físicas
no produto farmacêutico pela utilização de
condições drásticas de armazenamento,
com o propósito de monitorar as reações de
degradação e estimar o prazo de validade,
durante um período de seis meses. O estudo
de estabilidade é uma maneira de assegurar a
manutenção dos parâmetros de qualidade dos
produtos enquanto forem fabricados pela
empresa, verificando a manutenção das
características mediante um controle de
mudanças. Portanto, com o início do processo
de fabricação, o produto não poderá sofrer
variações sem a avaliação do impacto das
mudanças na estabilidade do medicamento.
(MS, 2002).
Assim, de acordo com Oliveira
(2001) a instabilidade de um fármaco
sempre foi uma preocupação e um requisito
inerente à produção de fármacos. Hoje, este
problema está reduzido pelo avanço das
tecnologias e da industrialização, mas ainda
existe a preocupação quanto a produção em
larga escala, pois não é possível prever a
utilização imediata dos fármacos. A
instabilidade compromete a garantia do
fármaco quanto a sua qualidade, sua
segurança e sua eficácia terapêutica. Com
isto, os registros na ANVISA levam à
formulação de exigências, o que representa
um atraso para a aprovação do registro
sanitário. Este atraso acarreta juízos à
população e também a Indústria.
(OLIVEIRA, 2001).
12
5. CONCLUSÃO
Os estudos de estabilidade devem
garantir que a identidade, efetividade,
potência, pureza dos produtos
farmacêuticos devem ser preservadas,
dentro dos limites específicos, durante todo
o período de validade incluindo o período
de utilização pelo paciente.
Os procedimentos estabelecidos pela
legislação sanitária brasileira e diretrizes
internacionais, os procedimentos, critérios e
condições de armazenamento para a
realização do estudo estabilidade.
A comprovação da estabilidade, a
determinação do prazo de validade dos
produtos farmacêuticos, a comercialização
e validação técnica devem ser través de
registros exigidos pela Agência de
Vigilância Sanitária.
Os estudos de estabilidade acelerado
quando realizados em paralelo com os
estudos de longa duração mostram as
influencias causadas pela temperatura e
umidade, permitindo uma avaliação
metódica da estabilidade, já a estabilidade
acompanhada é útil para avaliar o perfil de
estabilidade por longo tempo. Esses estudos
em si, demonstram mais que um resultado
para determinar o prazo de validade do
medicamento, mas também podemos
verificar o quanto esses produtos são
influenciados por agente externos e internos
e por quanto tempo eles ainda serão
seguros, eficaz e de qualidade para o uso.
Conforme mostrado na tabela 2, foi
possível verificar que a formulação
desenvolvida passou neste quesito de
estabilidade.
6. REFERÊNCIAS
ALLEN JÚNIOR. L. V. Farmacotécnica:
formas farmacêuticas & sistemas de
liberação de fármacos. 8ª ed. Porto Alegre:
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Drug Delivery Sistems. 7. ed.
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BARAN, W.; ADAMEK, E.;
ZIEMIANSKA, J.; SOBCAZ, A. Effects of
the presence os sulfonamides in the
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