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EIA/RIMA REVESA CARCINICULTURA SÍTIO ALBUQUERQUE ARACATI CEARÁ Processo SEMACE nº 10586845-0 Estudo de Impacto Ambiental EIA Relatório de Impacto Ambiental RIMA REVESA Carcinicultura Revesa Agropecuária, Indústria, Comércio, Importação e Exportação de Camarão Ltda Sítio Albuquerque Aracati Ceará Termo de Referência nº 453/2011 COPAM/NUCAM Empreendedor: Revesa Agropecuária, Indústria, Comércio, Importação e Exportação de Camarão Ltda Responsabilidade Técnica: Ricardo A. M. Theophilo Geólogo CREA 7302/D 9ª região - Consultor de meio ambiente Cadastro Técnico Federal nº 238900 Cadastro Técnico Estadual cf Declaração 419/2012 DICOP/GECON INFOAMBIENTAL SERVIÇOS DE CONSULTORIA LTDA Certidão CREA-CE nº 62/2006 Cadastro Técnico Federal nº 651689 Cadastro Técnico Estadual cf Declaração 421/2012 DICOP/GECON Fortaleza Ceará Janeiro de 2013

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EIA/RIMA – REVESA CARCINICULTURA

SÍTIO ALBUQUERQUE – ARACATI – CEARÁ

Processo SEMACE nº 10586845-0

Estudo de Impacto Ambiental – EIA

Relatório de Impacto Ambiental – RIMA

REVESA Carcinicultura Revesa Agropecuária, Indústria, Comércio, Importação e Exportação de

Camarão Ltda

Sítio Albuquerque – Aracati – Ceará

Termo de Referência nº 453/2011 – COPAM/NUCAM

Empreendedor:

Revesa Agropecuária, Indústria, Comércio, Importação e Exportação de Camarão Ltda

Responsabilidade Técnica:

Ricardo A. M. Theophilo

Geólogo CREA 7302/D 9ª região - Consultor de meio ambiente Cadastro Técnico Federal nº 238900 Cadastro Técnico Estadual cf Declaração 419/2012 DICOP/GECON

INFOAMBIENTAL SERVIÇOS DE CONSULTORIA LTDA Certidão CREA-CE nº 62/2006 Cadastro Técnico Federal nº 651689 Cadastro Técnico Estadual cf Declaração 421/2012 DICOP/GECON

Fortaleza – Ceará Janeiro de 2013

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Apresentação

Este Estudo de Impacto Ambiental (EIA) foi elaborado com base nas diretrizes e normas estabelecidas no Termo de Referência nº 453/2011- COPAM/NUCAM, o qual subsidiará a análise da solicitação de Licença de Instalação para o projeto de ampliação do empreendimento REVESA Carcinicultura, bem como atende a condicionante da Licença de Operação nº 307/2011 – COPAM/NUCAM, referente a área deste empreendimento que encontra-se em operação. Os condicionantes da citada Licença de Operação determinam que, dentre outros aspectos citados, faz-se necessária a apresentação de EIA/RIMA que contemple o empreendimento atualmente em operação e o projeto de ampliação proposto.

O empreendimento é de interesse da empresa Revesa Agropecuária, Indústria, Comércio, Importação e Exportação de Camarão Ltda, e localiza-se na área rural do município de Aracati, especificamente na localidade Sítio Albuquerque, possuindo acesso fácil à Sede de Aracati pela estrada que liga a BR-304 ao município de Itaiçaba.

A ampliação da REVESA Carcinicultura propõe ser implantada em terreno localizado em área contígua à fazenda de cultivo de camarão de propriedade da mesma empresa, que atualmente está em funcionamento, sendo detentora da respectiva licença de operação. A área proposta para ampliação do empreendimento corresponde a 95,92 hectares, que somada aos 109 hectares da área já em operação totaliza 204,92 hectares de área produtiva.

Ressalta-se que o local destinado à ampliação do empreendimento não se trata de uma área natural conservada, haja vista já ter sido explorada em atividades agropecuárias e extrativistas. No entanto, por conta da particularidade da implantação, que requer intervenções no ambiente, cuidados mais detalhados foram definidos e explicados nos capítulos referentes à Identificação e Avaliação dos Impactos Ambientais, Medidas de Mitigação e Controle Ambiental e Planos de Controle e Monitoramento Ambiental.

Este Estudo de Impacto Ambiental e seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental – EIA/RIMA destina-se ao cumprimento da legislação brasileira, no que se refere ao licenciamento ambiental de atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas impactantes ao meio ambiente, e foi elaborado por uma equipe multidisciplinar formada por profissionais de diversas áreas de conhecimento, a saber: geólogo, biólogo, engenheiro agrônomo, arquiteto, economista, advogado, assistente social e tecnólogo em gestão ambiental, dentre outros.

As atividades realizadas pela equipe da INFOambiental envolveram a elaboração de um diagnóstico geoambiental da área proposta para ampliação da REVESA Carcinicultura, bem como para a área já em operação, englobando também o município de Aracati e de forma mais geral os municípios situados na região do baixo Jaguaribe, que juntos integram as áreas de influência do empreendimento; a avaliação da situação ambiental pré-existente; a análise das alterações passíveis de ocorrer durante as fases de implantação e operação da ampliação proposta; a identificação e avaliação dos impactos positivos e negativos que podem ocorrer ao meio ambiente receptor com a ampliação do empreendimento; a proposição de ações destinadas a prevenir, minimizar e monitorar e/ou compensar os impactos negativos passíveis de ocorrer e a elaboração de uma auditoria ambiental para a área já em operação.

Para o empreendedor este EIA constitui-se em um instrumento técnico legal capaz de promover sua habilitação funcional, levando ainda em consideração que a adoção das recomendações nele expressas tem o objetivo de minimizar os efeitos dos impactos ambientais adversos do empreendimento sobre o meio ambiente receptor, bem como maximizar os impactos benéficos, contribuindo para assegurar um futuro sustentável para a área onde se insere e àquelas onde proporcionar efeitos indiretos.

Este Estudo de Impacto Ambiental é apresentado em 15 (quinze) capítulos, distribuídos em 03 (três) TOMOS de textos e 01 (um) volume de ANEXOS, que contém a documentação legal e normativa, a documentação fotográfica e a documentação cartográfica do empreendimento. O conteúdo abordado nos capítulos está indicado a seguir:

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O Capítulo 01 – Introdução: caracteriza o empreendedor; o empreendimento; a localização e acesso; os objetivos e a justificativa; a definição das áreas de influência; a qualidade ambiental; os planos e projetos congêneres e colocalizados; o prognóstico potencial de risco ambiental e a metodologia de trabalho.

O Capítulo 02 – Legislação Ambiental: detalha a Legislação Federal, Estadual e Municipal; correlacionando a adequação do empreendimento às Leis e Normas citadas.

O Capítulo 03 – Estudos Básicos: aborda temas relevantes e específicos para o empreendimento e para o meio onde se propõe sua implantação, optando-se por apresentá-los separadamente. São eles: Localização, Levantamento Planialtimétrico, Estudo de Prospecção Geofísica e Estudo Arqueológico Não Técnico.

O Capítulo 04 – Estudo de Alternativas: apresenta alternativas locacionais e tecnológicas para o empreendimento, estas especificamente quanto a escalas produtivas, regimes de produção, sistemas de cultivo, tipos de tratamento, despesca e abastecimento d’água, confrontando as alternativas escolhidas com a hipótese de não execução do projeto.

O Capítulo 05 – Caracterização Técnica do Empreendimento: apresenta informações sobre o processo produtivo propriamente dito, as instalações a serem construídas, fornecimento de energia elétrica, telecomunicação, sistemas de tratamento de esgotos, drenagem, saneamento, gerenciamento de resíduos sólidos, mão de obra, fases de implantação e operação, e estimativa dos custos gerais de implantação da ampliação da REVESA Carcinicultura;

O Capítulo 06 – Diagnóstico Geoambiental: descreve o Meio Físico, que inclui a climatologia, a geologia e geomorfologia regional, geologia local, pedologia e recursos hídricos; o Meio Biótico, que inicia com a metodologia, caracteriza a área, faz a análise dos ecossistemas existentes e finaliza com os impactos causados pela implantação do empreendimento neste meio; o Meio Antrópico (socioeconômico), que faz a caracterização histórica do município de Aracati, descrevendo também aspectos de sua população, economia, infraestrutura urbana (abastecimento d’água, esgotamento sanitário, energia, transportes e estradas), equipamentos sociais (saúde e educação), e conclui com uma abordagem sobre as condições de vida no município. O diagnóstico foi realizado como preconizado nas normas do CONAMA, partindo do arcabouço regional para a situação local.

O Capitulo 07 – Zoneamento Geoambiental: apresenta, após o diagnóstico prévio, apresentado em forma de texto e em mapa explicativo, o zoneamento geoambiental, que reflete as características naturais da área onde o empreendimento já está em operação e da área proposta para ampliação da REVESA Carcinicultura e seu entorno, com o objetivo de proporcionar uma melhor compreensão do projeto proposto.

O Capítulo 08 – Identificação e Avaliação dos Impactos Ambientais: identifica os impactos ambientais, efetivos e potenciais, do empreendimento sobre suas áreas de influência, realizando a avaliação dos impactos positivos e negativos que podem ocorrer no meio ambiente com base na ‘Metodologia de Cálculo do Grau de Impacto Ambiental’, criada pelo Decreto nº 6.848, de 14 de maio de 2009, que é exigido para os fins de fixação da ‘Compensação Ambiental’.

O Capítulo 09 – Medidas de Mitigação e Controle Ambiental: Enfoca as medidas que objetivam eliminar ou minimizar os impactos adversos identificados e quantificados para o empreendimento, propondo medidas factíveis que incluem as seguintes metas: proposição de medidas para fase de implantação e operação do empreendimento.

O Capítulo 10 – Planos de Controle e Monitoramento Ambiental: propõe o acompanhamento dos impactos ambientais, na maioria das vezes para os impactos adversos, visando evitar a degradação do meio ambiente por meio da prevenção, sendo sugeridos os seguintes planos: Programa de Educação Ambiental, Plano de Monitoramento da Qualidade da Água (Superficial e Subterrânea), Plano de Monitoramento da Qualidade do Solo, Plano de Monitoramento do Nível de Ruídos e Vibrações, Plano de Proteção ao Trabalhador e Segurança ao Ambiente de Trabalho, Plano de Encontro ao Acaso de Peças do Patrimônio Histórico, Arqueológico ou Antropológico, Plano de Proteção à Fauna e à Flora, Plano de Recuperação de Áreas Degradadas, Plano de Comunicação para as

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Comunidades Circunvizinhas, Plano de Contingência, Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, Programa de Monitoramento da Sanidade do Camarão e Plano de Aclimatação do Camarão.

O Capítulo 11 – Auditoria Ambiental: apresenta informações sobre a auditoria ambiental realizada na área que encontra-se em operação, como a composição da equipe auditora e respectivas atribuições, identificação e descrição funcional e administrativa do empreendimento e características das instalações auditadas, objetivos, escopo e plano de auditoria estabelecidos, dentre outros itens.

O Capítulo 12 traz as Conclusões e Recomendações do EIA.

O Capítulo 13 apresenta a Bibliografia.

O Capítulo 14 indica a Equipe Técnica responsável pela elaboração deste EIA/RIMA.

O Capítulo 15 traz o Glossário, com a listagem dos termos técnicos utilizados neste Estudo de Impacto Ambiental.

O Relatório de Impacto Ambiental – RIMA referente a este EIA, apresentará suas conclusões em linguagem simples e objetiva, com a finalidade de divulgar os aspectos abordados no EIA para o poder público e a sociedade.

Para possibilitar a acessibilidade às informações do EIA, além da adoção de linguagem simplificada são apresentadas gravuras, quadros, gráficos e fotografias, de modo a dar clareza às vantagens e desvantagens decorrentes da manutenção da operação da REVESA Carcinicultura, bem como da implantação de seu projeto de ampliação, além de todas as consequências ambientais passíveis de ocorrer com sua implementação.

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Sumário

Estudo de Impacto Ambiental (EIA) Relatório de Impacto Ambiental (RIMA)

REVESA Carcinicultura VOLUME 01

Estudo de Impacto Ambiental – EIA

TOMO A

Capítulo 01 – Introdução 12

1.1. O Empreendedor 12

1.2. O Empreendimento 12

1.2.1. Localização do Empreendimento 13

1.3. Objetivos 16

1.4. Justificativas 16

1.5. A Evolução da Carcinicultura no Brasil 18

1.6. Definição das Áreas de Influência 19

1.7. Programas/Projetos Governamentais 22

1.7.1. Federal 22

1.7.2. Estadual 24

1.7.3. Municipal 25

1.8. Unidades de Conservação da Natureza 26

1.8.1. Unidade de Conservação Existentes em Aracati 27

1.8.1.1. APA de Canoa Quebrada 27

1.8.1.2. Proposta de Criação de UC 28

1.8.2. Unidades de Conservação na AII 28

1.8.3. Propostas de Apoio a Unidades de Conservação 28

1.8.3.1. Fortalecimento da Gestão da APA de Canoa Quebrada 29

1.8.3.2. Criação de Unidade de Conservação de Proteção Integral em Aracati 29

1.9. Reserva Legal 29

1.10. Prognóstico Ambiental 30

1.11. Metodologia de Trabalho 33

Capítulo 02 – Legislação Ambiental 35

2.1. Legislação Federal 35

2.1.1. Constituição Federal 35

2.1.2. Leis Federais 36

2.1.2.1. Destaque para Leis Federais 38

2.1.3. Decretos Federais 45

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2.1.3.1. Destaque para Decretos Federais: 46

2.1.4. Resoluções CONAMA 48

2.1.4.1. Destaque para Resoluções CONAMA: 49

2.1.5. Portarias Federais 51

2.1.6. Instruções Normativas 51

2.1.7. Outras Normas 52

2.2. Legislação Estadual 52

2.2.1. Constituição Estadual do Ceará 52

2.2.2. Leis Estaduais 55

2.2.2.1. Destaques das Leis Estaduais 56

2.2.3. Decretos Estaduais 63

2.2.3.1. Destaques dos Decretos Estaduais 64

2.2.4. Resoluções do COEMA 65

2.2.4.1. Destaques das Resoluções COEMA 66

2.2.5. Outras Normas 69

2.2.5.1. Destaques das Portarias SEMACE 70

2.3. Legislação Municipal 71

Capítulo 03 – Estudos Básicos 73

3.1. Localização 73

3.2. Levantamento Planialtimétrico 74

3.3. Estudo de Prospecção Geofísica e Estudos Complementares 74

3.3.1. Metodologia do Estudo de Prospecção Geofísica 75

3.3.2. Conclusões 75

3.3.3. Estudos Complementares 76

3.3.3.1. Estudo Hidrogeológico 76

3.3.3.2. Estudo Hidrológico 77

3.3.3.3. Estudo Geotécnico 77

3.4. Estudo Arqueológico Não Técnico 78

3.4.1. Patrimônio Arqueológico do Município de Aracati 80

Capítulo 04 – Estudo De Alternativas 84

4.1. Alternativa de Não Realização do Empreendimento 85

4.2. Alternativas de Localização 86

4.2.1. Escolha do Local 87

4.3. Alternativas Tecnológicas 87

4.3.1. Escalas Produtivas 87

4.3.2. Regimes de Produção 88

4.3.3. Sistemas de Cultivo 89

4.3.3.1. Sistema Heterotrófico 89

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1.1.1.1.1. Cultivo Heterotrófico com Renovação Parcial de Água 89

1.1.1.1.2. Cultivo Heterotrófico com Decantadores 89

4.3.3.2. Sistema de Bioflocos 90

4.3.4. Tipos de Tratamento 91

4.3.4.1. Uso de Probióticos 91

4.3.4.2. Tratamento de Efluentes de Tanques de Criação de Litopenaeus vannamei por

Sedimentação e Absorção de Nutrientes pela Macroalga Ulva fasciata 91

4.3.5. Despesca 92

4.3.5.1. Despesca de Rotina 92

4.3.5.2. Despesca de Emergência 92

4.4. Abastecimento D’água 93

4.4.1.1. Vantagens e Desvantagens das Águas de Poços 93

4.4.2. Bacia de Sedimentação 94

Capítulo 05 – Caracterização Técnica Do Empreendimento 96

5.1. Introdução 96

5.2. Aspectos Gerais da Área de Estudo 97

5.3. Descrição do Processo Tecnológico 97

5.3.1. Tanques Pré-Berçários 97

5.3.1.1. Higienização dos Pré-Berçários 98

1.1.1.1.3. Etapas para Higienização 98

5.3.1.2. Abastecimento e Fertilização 98

5.3.1.3. Monitoramento da Qualidade da Água 99

5.3.2. Pós-larvas 99

5.3.2.1. Aquisição das Pós-larvas 99

5.3.2.2. Recepção, Aclimatação e Estocagem 100

1.1.1.1.4. Recepção 100

1.1.1.1.5. Aclimatação 100

1.1.1.1.6. Estocagem 100

5.3.2.3. Sistema de Alimentação (Estocagem Indireta) 100

5.3.2.4. Parâmetros de Monitoramento das Pós-larvas e Ações Corretivas 101

5.3.2.5. Despesca e Transporte das Pós-Larvas para os Viveiros 102

5.3.3. Viveiros de Engorda 102

5.3.3.1. Manejo Hidráulico 103

5.3.3.2. Processo de Abastecimento 103

5.3.3.3. Processo de Drenagem 103

5.3.3.4. Limpeza das Comportas 103

1.1.1.1.7. Etapas da Limpeza 103

1.1.1.1.8. Desinfecção das Comportas 104

5.3.3.5. Desinfecção dos Viveiros 104

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5.3.3.6. Fertilização 104

5.3.3.7. Uso de Probióticos 105

5.3.3.8. Povoamento 105

5.3.3.9. Alimentação dos Camarões 106

1.1.1.1.9. Seleção da Ração 107

1.1.1.1.10. Armazenamento da Ração 108

5.3.4. Monitoramento dos Parâmetros Físico-Químicos da Qualidade da Água 109

5.3.5. Monitoramento dos Parâmetros Biológicos 110

5.3.6. Prevenção e Controle Sanitário 110

5.3.6.1. Monitoramento da Sanidade dos Camarões 110

5.3.7. Biometria e Avaliação de Mudas do Exoesqueleto 111

5.3.8. Despesca 111

5.3.9. Avaliação da Produção 111

5.4. O Empreendimento: Atual e o Projeto de Ampliação 111

5.4.1. Cálculo de Demanda D’água do Projeto (Operação + Ampliação) 112

5.4.2. Beneficiamento e Comercialização 113

5.4.3. Cronograma de Despesca 113

5.4.4. Composição do Pessoal Empregado 118

5.4.5. Descrição Técnica da Obra (Ampliação) 118

5.4.5.1. Construção de Diques (Canais e Viveiros) – Terraplanagem 119

5.4.5.2. Construções Civis 119

1.1.1.1.11. Comportas de Abastecimento 120

1.1.1.1.12. Comportas de Despesca e Drenagem 120

1.1.1.1.13. Tanques Berçários 120

5.4.6. Implantação do Empreendimento 120

5.4.6.1. Custos de Implantação do Empreendimento (Ampliação) 120

5.4.6.2. Cronograma de Execução 121

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Relação das Ilustrações

Figura 1.1 – Viveiros em Operação na Revesa Carcinicultura 13

Figura 1.2 – Área Proposta para Ampliação da Revesa Carcinicultura e Área já em Operação 14

Figura 1.3 – Mapa de Localização da Revesa Carcinicultura 15

Figura 1.4 – Trecho do Terreno Onde foi Instituída a Servidão Perpétua de Passagem para o

Gasoduto 16

Figura 1.5 – Litopenaeus Vannamei, Espécie Introduzida que Apresenta Viabilidade Comercial 19

Figura 1.6 – Área Proposta para Implantação do Projeto de Ampliação da Revesa Carcinicultura 21

Figura 1.7 – Área de Influência Direta e Diretamente Afetada da Revesa Carcinicultura 21

Figura 1.8 – Trecho Duplicado da CE 040 22

Figura 1.9 – Aeroporto Regional Dragão do Mar, em Aracati 25

Figura 1.10 – Praia, Falésias e Dunas na APA de Canoa Quebrada 27

Quadro 1.1 – Apresentação do Prognóstico, com e sem a Implantação do Empreendimento 31

Figura 3.1 – Planta de Layout dos Viveiros 73

Figura 3.2 – Croqui de Situação e Distância Geográfica entre o Empreendimento, Sede Municipal e

Unidade de Conservação mais Próxima 74

Quadro 3.1 – Caracterização Hidrológica do Município de Aracati 77

Figura 3.3 – Mapa de Localização de Sítios Arqueológicos no Brasil 80

Quadro 3.2 – Lista de Sítios Arqueológicos de Aracati 80

Figura 4.1 – Imagem de Satélite de toda Propriedade Revesa Carcinicultura 84

Figura 4.2 – Exemplo de Práticas Inadequadas na Área Proposta para a Ampliação 85

Figura 4.3 – Alternativas Locacionais de Acordo com a Macrozona Rural 86

Figura 4.4 – Diagrama Ilustrativo de Regimes de Produção 88

Figura 4.5 – Proposta para Bacias de Sedimentação 94

Quadro 5.1 – Quadro de Áreas do Empreendimento 96

Figura 5.1 – Tanques Berçários da Área em Operação 98

Quadro 5.2 – Monitoramento da Qualidade da Água 99

Figura 5.2 – Sistema de Aeração dos Viveiros em Funcionamento 100

Quadro 5.3 – Variação da Granulometria da Ração 101

Quadro 5.4 – Parâmetros de Monitoramento das Pós-Larvas e Ações Corretivas 101

Figura 5.3 – Viveiros de Engorda em Operação na Revesa Carcinicultura 102

Figura 5.4 – Abastecimento Realizado por Poços nos Canais de Recirculação 103

Quadro 5.5 – Procedimentos para Ajuste de Parâmetros Durante a Aclimatação 105

Quadro 5.6 – Procedimentos para Ajuste de Salinidade (10 – 0 PPT) Durante a Aclimatação 106

Figura 5.5 – Bandeja Confeccionada Com Virola de Pneu Onde é Distribuída a Ração 106

Figura 5.6 – Caiaques Utilizados na Distribuição da Ração nas Bandejas 106

Quadro 5.7 – Procedimento de Medida de Quantidade de Ração 107

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Figura 5.7 – Local de Armazenagem de Ração da Revesa Carcinicultura 108

Figura 5.8 – Área em Operação e Área Proposta para Ampliação na Revesa Carcinicultura 112

Quadro 5.8 – Despescas Programadas Para o Primeiro Trimestre de 2013 114

Quadro 5.9 – Despescas Programadas Para o Segundo Trimestre de 2013 115

Quadro 5.10 – Despescas Programadas Para o Terceiro Trimestre de 2013 116

Quadro 5.11 – Despescas Programadas Para o Quarto Trimestre de 2013 117

Quadro 5.12 – Quadro de Funcionários da Revesa Carcinicultura 118

Quadro 5.13 – Custos de Implantação do Projeto de Ampliação da Revesa Carcinicultura 121

Quadro 5.14 – Cronograma Físico 121

TOMO B

Capítulo 06 – Diagnóstico Geoambiental

Capítulo 07 – Zoneamento Geoambiental

Capítulo 08 – Identificação e Avaliação dos Impactos Ambientais

TOMO C

Capítulo 09 – Medidas de Mitigação e Controle Ambiental

Capítulo 10 – Planos de Controle e Monitoramento Ambiental

Capítulo 11 – Auditoria Ambiental

Capítulo 12 – Conclusões e Recomendações

Capítulo 13 – Bibliografia

Capítulo 14 – Equipe Técnica

Capítulo 15 – Glossário

VOLUME 02

Relatório de Impacto no Meio Ambiental – RIMA

VOLUME 03 ANEXOS ao EIA/RIMA

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Estudo de Impacto Ambiental – EIA

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

REVESA Carcinicultura Revesa Agropecuária, Indústria, Comércio, Importação e Exportação de

Camarão Ltda

Sítio Albuquerque – Aracati – Ceará

TOMO A

TEXTO

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1. Introdução

1.1. O Empreendedor

A Revesa Agropecuária, Indústria, Comércio, Importação e Exportação de Camarões Ltda iniciou suas atividades na carcinicultura em 2002 ao implantar seus primeiros viveiros de engorda de camarão em área localizada em Aracati, município litorâneo do estado do Ceará. Trata-se de uma das maiores empresas de produção de camarão de cativeiro da região leste do estado.

Atualmente, esta empresa desenvolve a atividade de carcinicultura em uma área de 109 hectares, localizada no Sítio Albuquerque, em Aracati, Ceará e está propondo a ampliação do empreendimento em uma área de 95,92 hectares, especificamente em áreas contíguas aos viveiros que já se encontram em operação.

1.2. O Empreendimento

Este Estudo de Impacto Ambiental foi elaborado para subsidiar as análises necessárias à concessão de Licença de Instalação para o projeto de ampliação da REVESA Carcinicultura, bem como se destina a cumprir condicionante da Licença de Operação nº 307/2011 – COPAM/NUCAM, que determina, dentre outros aspectos citados, a necessidade de apresentação de EIA/RIMA que contemple o empreendimento atualmente em operação e o projeto de ampliação proposto.

E para atender a condicionante da Licença de Operação supracitada foi incluído neste Estudo de Impacto Ambiental um capítulo específico referente à Auditoria Ambiental realizada na área construída e em operação, conforme diretrizes expressas no Termo de Referência nº 453/2011 – COPAM/NUCAM.

O empreendimento de Carcinicultura em operação possui as seguintes características:

Área ocupada na produção: 109 hectares;

Localização: Sítio Albuquerque, município de Aracati, Ceará;

Instalações: 25 viveiros, 60 poços, 06 tanques berçários, canais de abastecimento e recirculação, além de instalações auxiliares como escritório, vestiário, laboratório etc.

Importante ressaltar que os 06 tanques berçários existentes, bem como o laboratório serão relocados para outra área do empreendimento. No ano da implantação dessas estruturas (2001) a vegetação de mangue ficava a mais de 50 metros dessas instalações, no entanto, com a proteção destinada a essas áreas a vegetação de mangue aproximou-se da área construída, que hoje se encontra a menos de 30 metros do mangue. Ante a possibilidade de expansão dos tanques berçários, o empreendedor optou por transferir todos estes tanques e construir mais alguns, totalizando 10 tanques, em área mais interior do terreno, ou seja, mais distante da área de preservação permanente da Gamboa Grande.

A Figura 1.1 a seguir permite observar viveiros em operação na REVESA Carcinicultura.

Empreendedor: Revesa Agropecuária, Indústria, Comércio, Importação e Exportação de Camarão Ltda

CNPJ: 74.172.370/0002-23

Sócio Gerente: Francisco Hélio de Castro Holanda Filho

CPF: 368.671.013-72

Fone: (85)3361-6032 e 9167-8010

Email: [email protected]

Endereço para correspondências: Avenida Santos Dumont, 1687, Sala 202, Aldeota, CEP 60.150-170. Fortaleza/CE

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Figura 1.1 – Viveiros em operação na REVESA Carcinicultura

Fonte: INFOambiental, 2012

O Projeto de Ampliação propõe o seguinte:

Área ocupada na produção: 95,92 hectares;

Localização: Sítio Albuquerque, município de Aracati, Ceará;

Instalações: 05 viveiros de engorda, poços para captação d’água, 05 comportas de abastecimento; 05 comportas de despesca, 01comporta de drenagem do canal de drenagem / recirculação / lagoa de sedimentação e canal de abastecimento, 10 tanques berçários.

Portanto, a área total a ser ocupada com as instalações necessárias à produção será de 204,92 hectares, o que caracteriza o empreendimento como de Grande Porte.

Conforme definido em Resolução do Conselho Estadual do Meio Ambiente (nº 02/2002), os empreendimentos de grande porte são aqueles com áreas ocupadas maiores que 50 (cinquenta) hectares, os quais deverão apresentar, obrigatoriamente, Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental no processo de licenciamento. Esta mesma norma indica que na ampliação dos projetos de carcinicultura os estudos ambientais solicitados serão referentes ao novo porte em que será classificado o empreendimento, o que ratifica a necessidade de elaboração de um estudo mais abrangente e complexo no caso da REVESA Carcinicultura.

Com a ampliação da REVESA Carcinicultura a área será alterada, provocando modificações no meio ambiente e alterando as suas características, no entanto, o fato do terreno proposto para sua implantação já ter sido utilizado em atividades produtivas anteriormente, como a agropecuária e o extrativismo da palha da carnaúba, além dos benefícios a serem gerados no setor socioeconômico do município de Aracati, certamente contribuirão significativamente nas análises que serão realizadas para decidir sobre a viabilidade ambiental da ampliação do empreendimento nas áreas propostas.

1.2.1. Localização do Empreendimento

A ampliação do empreendimento denominado REVESA Carcinicultura propõe ser implantada em áreas contíguas à fazenda de cultivo de camarão de propriedade da mesma empresa, que atualmente está em funcionamento, sendo detentora da Licença de Operação nº 307/2011-COPAM/NUCAM, situada na localidade de Sítio Albuquerque, Município de Aracati, Estado do Ceará, possuindo acesso fácil à Sede de Aracati pela estrada que liga a BR-304 ao município de Itaiçaba.

A imagem destacada na Figura 1.2, a seguir, permite observar a área produtiva em operação e a área proposta para ampliação.

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Figura 1.2 – Área proposta para ampliação da Revesa Carcinicultura e área já em operação

Fonte: Projeto Técnico apresentado pelo empreendedor

A área proposta para ampliação do empreendimento corresponde a 95,92 hectares, que somada aos 109 hectares da área já em operação totaliza 204,92 hectares.

A área produtiva atualmente em operação, em sua integralidade, está incluída no imóvel de Matrícula nº 265 do Cartório Jorge Almeida do Registro de Imóveis, 3º Ofício da Comarca de Aracati – Ceará, que abrange uma área total de 258 hectares. Nesta matrícula encontra-se averbada uma área de 56 hectares como Reserva Legal.

As áreas propostas para receber o projeto de ampliação do empreendimento estão inseridas, em parte, no mesmo imóvel citado no parágrafo anterior e, em parte, no imóvel objeto da Certidão emitida pelo Cartório Alexandre Gondim, 2º Ofício, da Comarca de Aracati, estado do Ceará. Este imóvel está sendo desmembrado, e uma área de 134,582 hectares foi adquirida pela Revesa Agropecuária, conforme Instrumento Particular de Contrato de Compra e Venda em anexo.

O município de Aracati possui 1.219,19 Km2 de área e dista 122 Km de Fortaleza em linha reta, apresentando uma população residente crescente, com 69.159 habitantes em 2010, segundo dados do IPECE/2011.

Aracati localiza-se em área litorânea, na porção leste do estado do Ceará, limitando-se ao norte com o Oceano Atlântico e Fortim, ao sul com Jaguaruana e o Estado do Rio Grande do Norte, a leste com Icapuí e o Oceano Atlântico e a oeste com Beberibe, Palhano e Itaiçaba.

Além de estar entre os maiores produtores de camarão do estado, Aracati é conhecido nacional e internacionalmente pela Praia de Canoa Quebrada, que já foi considerada a 5ª praia mais conhecida do mundo. Este município teve sua sede tombada em 2000 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN como patrimônio Nacional. É a terra do romancista Adolfo Caminha, do abolicionista Dragão do Mar e do ator Emiliano Queiroz. Aracati é uma das principais economias do Ceará, reconhecida como cidade polo do Vale do Jaguaribe e já foi capital do Ceará.

Na imagem apresentada na Figura 1.3 é possível visualizar a localização do município de Aracati em relação ao território do estado do Ceará, bem como observar as áreas de interesse da REVESA Carcinicultura.

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Figura 1.3 – Mapa de localização da REVESA Carcinicultura

Fonte: Elaborado sobre imagem do wikicommons, Google Earth e planta fornecida pelo empreendedor

Ressalta-se, ainda, que no imóvel onde a REVESA Carcinicultura está em operação passa o gasoduto da Petróleo Brasileiro S/A – Petrobrás, denominado GASFOR II, o qual foi registrado na Matrícula nº 265 por meio de escritura pública de rerratificação amigável de instituição de servidão perpétua de passagem, que ressalta a renúncia dos proprietários a qualquer direito de retrocessão. A área instituída como servidão amigável de passagem corresponde a 18.187,00 m², possuindo 909,35 m de extensão e um perímetro de 1.861,02 m, com uma largura de 20 m. Ver Figura 1.4, a seguir.

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Figura 1.4 – Trecho do terreno onde foi instituída a servidão perpétua de passagem para o Gasoduto

Fonte: INFOambiental, 2012

1.3. Objetivos

O Projeto de ampliação da REVESA Carcinicultura tem por finalidade incrementar o potencial produtivo deste empreendimento de criação de camarão em cativeiro da espécie Litopenaeus vannamei que, atualmente, encontra-se em fase de operação, gerando, por consequência, maiores receitas para a empresa, além de contribuir para o aumento na arrecadação de impostos e, em especial, na geração de emprego e renda, fortalecendo a cadeia produtiva da carcinicultura, e contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico do município de Aracati e do estado do Ceará, haja vista a importância da atividade da aquicultura na economia estadual.

Ao promover o aumento da arrecadação de impostos e tributos, o empreendimento contribuirá para a ampliação e melhoria nas ofertas de serviço público, como educação, transporte, saúde, saneamento básico, cultura e lazer.

É válido salientar alguns fatores que têm contribuído decisivamente para a expansão da carcinicultura no estado do Ceará, fazendo com que os empreendimentos logrem êxito em seus objetivos:

Consolidação da tecnologia de reprodução e engorda;

Alcance da autossuficiência da produção de pós-larvas;

Oferta de ração de qualidade;

Despertar o setor produtivo para a importância da qualidade do produto final em função da demanda crescente.

1.4. Justificativas

O crescimento da economia brasileira nos últimos anos tem impulsionado fortemente o aumento no consumo de alimentos, onde se insere o consumo de peixes, mariscos e crustáceos. A crescente demanda por camarão no mercado brasileiro tem contribuído para tornar a criação deste crustáceo em cativeiro uma atividade cada vez mais lucrativa no Ceará, considerando que as variações cambiais comprometeram as exportações e o mercado interno passou a absorver quase toda a produção.

Com base nesse cenário de crescimento econômico constata-se o avanço da classe média, alvo principal da indústria de alimentos, e importante consumidora de camarão. Tal fato leva os empreendedores a produzir com foco no crescente mercado interno, que se fortaleceu devido às flutuações cambiais e econômicas.

Entretanto, é inquestionável a importância que as exportações têm na economia brasileira, no sentido de gerar divisas para o país, mas também é importante que o consumo de peixes e crustáceos no Brasil aumente, e que a cadeia produtiva da aquicultura como um todo se desenvolva equilibrada em dois pilares, o da exportação e o do mercado interno.

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Ressalta-se que quase todo o camarão consumido no Brasil é de cativeiro, e mais de 90% da produção é oriunda do Nordeste, principalmente dos estados do Ceará e Rio Grande do Norte. Estima-se que, em todo o Brasil, existam cerca de 1,3 mil produtores de camarão em cativeiro e 95% estão no Nordeste, segundo a Associação Brasileira de Criadores de Camarão. No ano de 2010 a produção nacional foi de, aproximadamente, 75 mil toneladas, com 30 mil somente no Ceará, que lidera o mercado. Mas é senso comum que o potencial do estado e do país é muito maior, o que, por si só já justificaria a ampliação dessa atividade no Ceará, logicamente que em consonância com todos os aspectos técnicos e legais que assegurem a produção do camarão associada com a conservação do meio ambiente.

O litoral cearense apresenta especiais características geográficas de topografia e relevo plano ou suavemente ondulado, com reentrâncias marinhas, rios e lagoas, onde se misturam água doce e salgada. Esse ambiente se constitui num grande potencial para o cultivo do camarão marinho, tanto no sistema extensivo quanto no semi-intensivo. Assim, a carcinicultura marinha representa, atualmente, uma das mais interessantes alternativas para o agronegócio do estado do Ceará.

Portanto, a criação de camarão no litoral cearense apresenta diversas vantagens locacionais, entre as quais se destacam:

As áreas de exploração são concentradas, diminuindo o nível de investimentos em infraestrutura;

Disponibilidade de energia elétrica e estradas asfaltadas;

Produção continuada o ano inteiro, podendo ser realizados até três cultivos por ano;

Existência de indústria de ração e fornecimento de pós-larvas na região;

Condições climáticas favoráveis ao cultivo do camarão;

Criação do Comitê da Pesca e Aquicultura do Estado Ceará, composto por representantes de entidades públicas e privadas, com caráter consultivo;

Criação, em 2011, da Secretaria da Pesca e Aquicultura, órgão central do Governo do Estado que tem o objetivo de formular, planejar, coordenar, e executar as políticas e diretrizes para o desenvolvimento sustentável da pesca e da aquicultura no Estado do Ceará.

É inquestionável o fato de que a carcinicultura possui grande expressão para a economia das regiões litorâneas do nordeste, uma vez que conseguiu superar a crise da década passada e expande-se em produção e mão de obra. Em 2010, a produção desse crustáceo colocou o Brasil entre os 10 maiores produtores mundiais de camarão em cativeiro. No Nordeste, responsável por 95% da safra brasileira, os carcinicultores mudaram o sistema produtivo e focaram o mercado interno como alternativa de sobrevivência, ou seja, após passar por uma crise de grandes dimensões, provocada principalmente por fatores sanitários e econômicos, a carcinicultura voltou a crescer, expandindo as áreas de produção e recontratando pessoal. Como lição da crise, o setor registrou mudanças no sistema produtivo, com densidade menor de animais nos viveiros, o que resultou em menor incidência de doenças, e focou o mercado interno.

Atualmente, 97% da produção nacional de cerca de 80 mil toneladas destinam-se ao mercado interno, cujo crescimento foi muito significante na última década. Entre 1999 e 2010 houve um aumento de 570% no consumo per capita de camarão no Brasil, que passou de 60 gramas para 402 gramas.

Quanto à geração de empregos convém ressaltar que, em empreendimentos de carcinicultura, são beneficiados homens e mulheres que moram nas comunidades situadas no entorno das fazendas de cultivo de camarão em cativeiro, sendo comum o emprego maciço de mão de obra não especializada, representada pelos próprios pescadores artesanais, que apresentam alto índice de marginalização, com a sensível diminuição, via predação e poluição, dos estoques naturais de pescados.

No Ceará, o maior município produtor é Aracati, seguido de Acaraú e em todo o Estado são cinco os principais polos produtivos: Coreaú, Acaraú, Curu, Baixo e Médio Jaguaribe.

A região nordeste vem, sistematicamente, destacando-se no cenário nacional, notadamente nos segmentos de piscicultura, com a criação da tilápia em cativeiro, e na carcinicultura. O Ceará lidera este ranking e se destaca ocupando o topo da produção das espécies de camarão, tilápia e lagosta. Foram gerados na economia local, em 2011, recursos estimados em R$ 450 milhões. Esses dados demonstram a potencialidade do setor.

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Neste contexto, a carcinicultura apresenta excelente potencial de crescimento, com três características notáveis: ser uma produção do setor primário que não depende de chuvas; encontra nas águas salobras, principalmente da costa do nordeste brasileiro, condições ideais para o seu crescimento; e gera emprego permanente para trabalhadores rurais das pequenas comunidades costeiras.

É importante ressaltar que, de acordo com o Plano Diretor Participativo do Município de Aracati, instituído pela Lei Complementar nº 01/2009, a área ocupada pela REVESA Carcinicultura, bem como as áreas propostas para sua ampliação, estão inseridas na Macrozona Rural, especificamente na Zona de Produção Aquícola – ZPA, que compreende as áreas não urbanas onde predominam atividades de aquicultura.

1.5. A Evolução da Carcinicultura no Brasil

Na década de 1970 foram realizados os primeiros experimentos relacionados ao cultivo do camarão marinho no Brasil, quando o Governo do Rio Grande do Norte criou o Projeto Camarão, cujo objetivo era analisar a viabilidade do cultivo desse crustáceo em substituição à tradicional atividade de extração do sal, que na época enfrentava uma séria crise de preço e mercado, tendo ocasionado desemprego generalizado nas suas regiões salineiras.

Nesse período inicial, o estado de Santa Catarina também desenvolveu pesquisas de reprodução, larvicultura e engorda de camarão cultivado e conseguiu produzir as primeiras pós-larvas em laboratórios da América Latina.

O primeiro esforço organizado e orientado para a produção comercial do camarão confinado ocorreu no período compreendido entre os anos de 1978 a1984 por iniciativa do Governo do Rio Grande do Norte, que importou a espécie Penaeus japonicus, reforçou o Projeto Camarão e envolveu a EMPARN (Empresa de Pesquisas Agropecuárias do RN) para sistematizar e desenvolver os trabalhos de adaptação da espécie exótica às condições locais.

Este período caracteriza a primeira fase do camarão cultivado no Brasil, onde predominaram cultivos extensivos de baixa densidade de estocagem, reduzida renovação da água e uso da alimentação natural produzida no próprio viveiro. No que se refere à reprodução e larvicultura, crescimento e engorda, os resultados favoráveis obtidos com o P. japonicus nos três primeiros anos dos trabalhos da EMPARN serviram de base para a mobilização dos mecanismos federais de assistência técnica e financiamento, como formas de apoio à iniciativa privada.

Em setembro de 1981 foi realizado em Natal o 1º Simpósio Brasileiro sobre Cultivo do Camarão, e nessa ocasião houve uma ampla divulgação do desempenho da espécie importada do Japão, o que contribuiu para a instalação das primeiras fazendas de camarão no Nordeste. A Companhia Industrial do Rio Grande do Norte (CIRNE) ao decidir transformar parte de suas salinas em viveiros de camarão promoveu um estímulo importante para outras iniciativas do setor privado.

O fracasso na domesticação do P. japonicus, apesar de ter apresentado resultados iniciais promissores, teve como causas a ausência de um plano abrangente de pesquisa e validações tecnológicas, além do fato de que a partir de 1984, com o encerramento de um prolongado período seco e a ocorrência de chuvas intensas, com apreciáveis variações de salinidade nas águas estuarinas, ficaram evidenciadas as intransponíveis dificuldades para assegurar a maturação, a reprodução e a própria sobrevivência do P. japonicus em ambiente tropical. Em 1985/1986 já estava descartada a viabilidade de se desenvolver uma carcinicultura regional com a referida espécie.

Apesar do insucesso, esta primeira fase deixou alguns pontos de apoio que serviram de estímulo para continuar os esforços de viabilização da carcinicultura comercial no Brasil. Contando com fazendas e laboratórios de camarão instalados e com experiência acumulada em procedimentos e práticas de produção, os técnicos e produtores envolvidos no setor partiram para a domesticação das espécies nativas (L. subtilis, L. paulensis e L. schimitti), período este que passa a constituir a segunda fase da evolução da carcinicultura nacional. Neste caso, alguns cultivos passaram a adotar uma maior densidade de povoamento (de 4 a 6 camarões por m² de espelho d’água), taxas de renovação de água de 3% a 7% e alimento concentrado. Ficou caracterizado nesta fase o primeiro intento de estabelecer um sistema semiextensivo para produzir o camarão confinado no Nordeste.

Durante dez anos de trabalhos de domesticação de espécies nativas, nos quais se demonstrou a viabilidade de importantes aspectos como maturação, reprodução e larvicultura e se trabalhou intensivamente em manejo de água e de solo de fundo dos viveiros, o desempenho produtivo dessas espécies não ultrapassou as médias de 400 a 600 Kg/ha/ano. Tais níveis de produtividade

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traduzidos em termos financeiros mostraram-se apenas suficientes para cobrir os custos diretos de produção das fazendas que tinham um melhor manejo. Em um bom número de casos, nem sequer se chegou a este nível de cobertura financeira. Tal situação comprometeu a rentabilidade do agronegócio levando à desativação de algumas grandes unidades produtivas da região.

As observações resultantes dos trabalhos de validação tecnológica, desta segunda fase, indicam que a principal restrição que limitou a produtividade das espécies nativas esteve relacionada com os seus requerimentos proteicos e a inexistência de alimentos concentrados que atendessem às suas exigências.

Nesta fase ficou demonstrado o bom potencial das três espécies brasileiras e a necessidade de um programa de pesquisa básica e aplicada para melhor caracterizá-las e preservá-las, bem como para investigar a fundo sua biologia, reprodução e seus requerimentos nutricionais.

A decisão de descontinuar a domesticação das espécies silvestres nacionais como opção para viabilizar a carcinicultura no Brasil, levou o grupo pioneiro de técnicos e produtores a buscar solução com a espécie exótica Litopenaeus vannamei, ainda na década de 80.

As importações de pós-larvas e reprodutores, e os trabalhos de validação se acentuaram nos primeiros anos da década de 90. Esta nova situação caracterizou a terceira etapa da carcinicultura brasileira. O critério básico para a adoção da nova espécie foi o fato de ser a mesma já cultivada com êxito no Equador e Panamá e haver demonstrado capacidade de adaptação aos ecossistemas de diferentes partes do hemisfério ocidental.

A partir do momento em que laboratórios brasileiros dominaram a reprodução e larvicultura do L. vannamei e iniciaram a distribuição comercial de pós-larvas, o que vem a ocorrer na primeira metade dos anos 90, as fazendas em operação ou semiparalizadas adotaram o cultivo do novo camarão obtendo índices de produtividade e rentabilidade superiores aos das espécies nativas.

As validações tecnológicas foram intensificadas no processo de adaptação do L. vannamei, sendo válido afirmar que a partir de 1995/1996 ficou demonstrada a viabilidade comercial de sua produção no país. A imagem a seguir apresenta indivíduos de L. vannamei.

Figura 1.5 – Litopenaeus vannamei, espécie introduzida que apresenta viabilidade comercial

Fonte: www.noeyeddeer.com

O L. vannamei é, portanto, a única espécie atualmente cultivada no Brasil. Nos últimos anos, os resultados dos trabalhos realizados no processo de sua domesticação convergiram e continuam convergindo cada vez mais para a estruturação de um sistema semi-intensivo de produção, que é próprio para as condições dos estuários brasileiros. Este sistema é caracterizado pelo uso de alimentos concentrados, aeradores mecânicos e densidade de povoamento variando entre 20 a 50 pós-larvas/m².

1.6. Definição das Áreas de Influência

A Resolução nº 01/86 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), em seu art. 5°, ao estabelecer as diretrizes gerais de um Estudo de Impacto Ambiental, preconiza a definição dos limites das áreas geográficas direta e indiretamente afetadas pelos impactos, denominadas de áreas de influência do projeto. Essas áreas de influência enquadram as áreas de incidência dos impactos,

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envolvendo os distintos contornos para as diversas variáveis enfocadas. Nesse sentido, a delimitação da área de estudo leva em conta, dentre outros, os seguintes fatores:

Características geográficas do local previsto para o empreendimento;

Natureza, características e porte do projeto;

Legislação territorial e ambiental aplicável à região e à atividade;

Existência de outros projetos de grande porte previstos para a mesma área;

A bacia hidrográfica na qual se localiza o empreendimento.

No caso da REVESA Carcinicultura, que já está em operação e propõe a ampliação de sua área produtiva em áreas contíguas aos viveiros que já estão em funcionamento na localidade de Sítio Albuquerque, município de Aracati, deve ser considerada a dimensão da área que o empreendimento como um todo ocupará no terreno e a natureza das atividades a serem desenvolvidas.

O empreendimento provocará alteração do meio ambiente, pois serão realizadas impermeabilizações, o tráfego de veículos pesados na região será intensificado, bem como será aumentado o nível de ruídos da área, alterando hábitos de fauna e flora. Assim, o projeto estará propenso a causar modificações ambientais significativas, envolvendo variáveis capazes de sofrer impactos negativos ou positivos, diretos ou indiretos, a curto ou a longo prazos, reversíveis ou irreversíveis.

Para melhor descrição da caracterização ambiental da área objeto deste estudo, adequando a avaliação dos impactos gerados ou previsíveis pelas ações propostas, considerou-se para diagnóstico ambiental três áreas de influência: a área diretamente afetada, que compreende toda a área de propriedade do empreendedor, onde já se encontra em operação o empreendimento de carcinicultura e onde está prevista sua ampliação; a área de influência direta, que engloba toda a extensão territorial do município de Aracati, que receberá com mais intensidade os impactos ambientais do empreendimento; e a área de influência indireta, que abrange 8 dos 9 municípios situados no baixo curso do Rio Jaguaribe, exceto Aracati que representa a AID do empreendimento, e indo mais além, abrangendo todo o Estado do Ceará, sobretudo para os temas relacionados à análise socioeconômica, haja vista a importância deste empreendimento para o fortalecimento da cadeia produtiva da aquicultura do estado.

Desta maneira, o Diagnóstico Geombiental foi elaborado com base na definição das seguintes Áreas de Influência:

Área Diretamente Afetada (ADA), inserida na bacia hidrográfica do Rio Jaguaribe, contempla a área formada pela junção de dois terrenos, sendo 258,00 ha do imóvel onde existem viveiros em operação e onde foram projetadas parte das estruturas propostas na ampliação do empreendimento, e 134,582 ha do imóvel onde está proposta as demais estruturas da ampliação do empreendimento, totalizando 392,582 ha. Tais áreas são contíguas e situadas em área rural do município de Aracati, na localidade de Sítio Albuquerque.

Área de Influência Direta (AID), inclui toda a extensão territorial do município de Aracati, onde os impactos ambientais decorrentes dessa atividade produtiva serão sentidos de forma mais intensa e onde o diagnóstico geoambiental dos meios físico, biológico e socioeconômico serão mais detalhados. Além da ADA é na AID que os efeitos benéficos e adversos do empreendimento serão mais intensos.

Área de Influência Indireta (AII), representada pela área que sofrerá, embora de forma indireta, parte dos impactos ambientais decorrentes, sobretudo, da fase de operação do empreendimento, abrangendo os municípios situados no baixo curso do Rio Jaguaribe, excluindo Aracati, como: Icapuí, Fortim, Itaiçaba, Jaguaruana, Limoeiro do Norte, Palhano, Quixeré e Russas, e incluindo todo o Estado do Ceará no que se refere à análise socioeconômica.

É válido ressaltar que, embora a ADA abranja uma área de 392,582 ha, apenas 204,92 hectares serão utilizados na atividade produtiva propriamente dita, o que corresponde a 52,19 % da área total formada pela junção dos dois terrenos. Dentre das áreas remanescentes situam-se as áreas de preservação permanente e reserva legal, dentre outras áreas livres de qualquer tipo de construção. A área de influência diretamente afetada está localizada em terreno antropizado, haja vista o uso atual de parte dessa área na atividade de carcinicultura, e o desenvolvimento pretérito de atividades agropecuárias e de extrativismo vegetal, especificamente de extração da palha de carnaúba, nas

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áreas propostas para ampliação do empreendimento, conforme pode ser observado na Figura 1.6 a seguir.

Figura 1.6 – Área proposta para implantação do projeto de ampliação da REVESA Carcinicultura

Fonte: INFOambiental, 2012

É importante ressaltar que neste Estudo de Impacto Ambiental, ora se contemplará a área de influência diretamente afetada, ora a de influência direta e ora a indireta, sem que isso venha a descaracterizar a intenção do levantamento, uma vez que os impactos ambientais se farão sentir em todas as áreas de influência identificadas, em maior ou menor intensidade.

A Figura 1.7, a seguir, permite visualizar a área diretamente afetada e de influência direta do empreendimento.

Figura 1.7 – Área de Influência Direta e Diretamente Afetada da REVESA Carcinicultura

Fonte: Google Maps e planta do empreendimento

Para melhor entendimento recomenda-se a leitura deste estudo na íntegra, mas pode-se antecipar que o diagnóstico ambiental dos sistemas, físico, biótico e socioeconômico focará com maior nível de detalhe as áreas diretamente afetada e de influência direta.

Nas áreas de influência direta e indireta a principal importância do empreendimento se reveste na geração de emprego e renda para a população, e no aumento da arrecadação de impostos para o estado e município de Aracati, que contribuirá para melhorar o nível de oferta de serviços públicos para a sociedade.

A existência de vários empreendimentos camaroeiros em áreas próximas ao Rio Jaguaribe tornou essa atividade econômica muito importante para o município de Aracati, que é o maior produtor de camarão do estado do Ceará, uma vez que um dos principais empecilhos na melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores na região do Baixo Jaguaribe é a falta de empregos e renda estáveis. Portanto, a REVESA Carcinicultura tem contribuído para melhorar o nível de empregos do

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município, ao contratar e capacitar mão de obra local para essa atividade, onde se incluem trabalhadores com baixos níveis de escolaridade, o que torna ainda mais difícil sua inserção no mercado de trabalho formal, garantindo o sustento de várias famílias residentes tanto na zona rural quanto urbana desse município. Este fato justifica a definição do município de Aracati como a área de influência direta do empreendimento, haja vista que o processo produtivo ocorre integralmente em seus limites e a mão de obra contratada é, em grande parte, oriunda deste município.

1.7. Programas/Projetos Governamentais

Na região onde está implantada a REVESA Carcinicultura, bem como onde está proposta sua ampliação, encontram-se em andamento diversos programas e projetos que incrementam as atividades de diversos setores da economia, gerando expectativas de melhoria da qualidade de vida, geração de emprego e renda e inclusão social.

Com a finalidade de garantir o alcance de benefícios socioeconômicos toda a região turística denominada Litoral Leste – Polo de Canoa Quebrada vem recebendo vários investimentos governamentais durante os últimos anos.

Assim, os principais projetos e programas, no âmbito das três esferas governamentais são os seguintes:

1.7.1. Federal

Programa de Desenvolvimento do Turismo Nacional – PRODETUR NACIONAL: é um programa que foi concebido para criar condições favoráveis à expansão e melhoria da qualidade da atividade turística no Brasil. Suas metas incluem a qualificação dos destinos turísticos do Estado, especialmente na infraestrutura urbana, como saneamento básico. Além disso, também serão priorizadas obras de urbanismo, com a construção e recuperação de vias e acessos urbanos.

Os municípios cearenses beneficiados no Prodetur Nacional estão inseridos nos polos da Chapada da Ibiapaba, do Litoral Leste e do Maciço de Baturité.

No Polo Litoral Leste são realizados projetos executivos de infraestrutura de acesso, como a duplicação, adequação e melhoramento da Rodovia CE-040 (trecho Entroncamento CE-453, em Fagundes, ao Entrocamento da CE-352, em Beberibe). A obra garante maior segurança e conforto aos usuários que passarão a trafegar em uma via agradável e de qualidade, melhorando a acessibilidade aos atrativos turísticos. A Figura 1.8 permite observar trecho duplicado da CE 040.

Figura 1.8 – Trecho Duplicado da CE 040

Fonte: www.praiaceara.com.br

Outro trecho beneficiado pelo Prodetur Nacional será o situado a partir do entroncamento com a CE-352, em Beberibe, até o entroncamento com a BR-304, em Aracati. No percurso será realizada a duplicação, adequação e melhoramento da rodovia CE-040.

A implantação ou reestruturação de rodovias pavimentadas de acesso a praias e lugares turísticos também serão priorizadas. Serão eles os percursos da CE-352, no trecho Beberibe – Praia das Fontes – Área Hoteleira (10 km); a CE-371, no entroncamento da BR-304 à Canoa Quebrada/ Majorlândia/Quixaba (16 km); a CE-253, trecho Cascavel – Barra Nova (12 km); a CE-261, no trecho Icapuí - Barreiras (7 km); a CE-123, trecho Fortim – Maceió (6 km) e a construção de Rodovia pavimentada, no trecho Pindoretama – Praia do Batoque – 10 km (nova).

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Dentre os serviços básicos inclusos no Prodetur Nacional vale destacar a implantação do aterro sanitário regionalizado no município de Aracati. Em Canoa Quebrada será feita a elaboração e implementação do Plano de Manejo Ambiental no município.

Programa de Aceleração do Crescimento – PAC 2: envolve um conjunto de políticas econômicas e tem como objetivo acelerar o crescimento econômico do Brasil, tendo como uma de suas prioridades o investimento em infraestrutura, em áreas como saneamento, habitação, transporte, energia e recursos hídricos, entre outros.

Programa Bolsa Família: O Programa Bolsa Família (PBF) é um programa de transferência direta de renda que beneficia famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza em todo o País. O Bolsa Família integra o Plano Brasil Sem Miséria (BSM), que tem como foco de atuação os 16 milhões de brasileiros com renda familiar per capita inferior a R$ 70 mensais, e está baseado na garantia de renda, inclusão produtiva e no acesso aos serviços públicos.

A gestão do Bolsa Família é descentralizada e compartilhada entre a União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Os entes federados trabalham em conjunto para aperfeiçoar, ampliar e fiscalizar a execução do Programa. A qualidade do acompanhamento do Programa é expressa através do Índice de Gestão Descentralizado – IGD, calculado através dos índices de cumprimento das condicionalidades, da atualização e validade dos cadastros. Em dezembro de 2009, Aracati alcançou o índice de 0,88, o que permite afirmar que houve um avanço no acompanhamento das famílias beneficiadas do PBF, que é realizado essencialmente pelas equipes dos Centros de Referência da Assistência Social - CRAS, que mantém uma articulação permanente com o setor de Cadastro Único.

Programa Luz para Todos: Lançado pelo Governo Federal em novembro de 2003, com o desafio de acabar com a exclusão elétrica no país. A meta deste Programa é levar energia elétrica para mais de 10 milhões de pessoas do meio rural. É coordenado pelo Ministério de Minas e Energia, operacionalizado pela Eletrobrás e executado pelas concessionárias de energia elétrica e cooperativas de eletrificação rural. Durante a execução do Programa, novas famílias sem energia elétrica em casa foram localizadas e, em função do surgimento de um grande número de demandas, o Programa Luz para Todos foi prorrogado.

Programa de Fortalecimento da Gestão Municipal Urbana: Enfoca o planejamento urbano no Brasil. As diretrizes deste Programa indicam que os municípios devem planejar seu desenvolvimento, respaldados por uma política normativa inserida no Estatuto da Cidade - Lei Federal nº 10.247/2001, que estabeleceu que, cerca de 1.682 municípios, deveriam elaborar e aprovar seus Planos Diretores Participativos.

Programa Habitacional Popular Entidades - Minha Casa Minha Vida: Tem como objetivo atender as necessidades de habitação da população de baixa renda nas áreas urbanas, garantindo o acesso à moradia digna, com padrões mínimos de sustentabilidade, segurança e habitabilidade. O Programa pode ter contrapartida complementar de estados, do Distrito Federal e dos municípios, por intermédio do aporte de recursos financeiros, bens e/ou serviços economicamente mensuráveis, necessários à composição do investimento a ser realizado.

Projeto de Integração do Rio São Francisco: o Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional é um empreendimento do Governo Federal, sob a responsabilidade do Ministério da Integração Nacional. É destinado a assegurar oferta de água, em 2025, a cerca de 12 milhões de habitantes de 390 municípios do Agreste e do Sertão dos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.

ProJovem Trabalhador: os principais objetivos deste programa é preparar o jovem para o mercado de trabalho e para ocupações alternativas geradoras de renda. O Governo do Estado do Ceará, por meio da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS), e o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) vêm ampliando as oportunidades de qualificação para a juventude cearense e garantem o desenvolvimento de ações que beneficiarão jovens e adultos em todo o Estado, por meio do ProJovem Trabalhador/Juventude Cidadã em 132 municípios cearenses.

Em Aracati, o Programa Nacional de Inclusão de Jovens está instalado na modalidade PROJOVEM Adolescente – Serviço Socioeducativo, destinado a jovens de 15 a 16 anos, com o objetivo de promover a reintegração ao processo educacional, preparação para o mundo do trabalho e o desenvolvimento humano e social, através de atividades socioeducativas, de esportes, cultura, lazer e oficinas com temas transversais.

Programa PAC Cidades Históricas: as cidades cearenses de Aracati, Fortaleza, Sobral e Viçosa são os mais recentes municípios brasileiros a se beneficiarem com os financiamentos deste

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programa, que visa a recuperação de imóveis privados em cidades históricas. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) realiza o repasse de recursos através da firmatura de convênios com o governo do estado e prefeituras municipais, para viabilizar as obras de recuperação de fachadas e coberturas, instalação de fiação elétrica, além da estabilização das estruturas e consolidação dos prédios. Os imóveis serão selecionados para receber os financiamentos por meio de editais públicos a serem lançados pelo governo do estado ou pelas prefeituras municipais.

Projeto Curumim: Criado com o objetivo de dirimir ou ao menos atenuar a poluição da atividade humana, a Universidade Federal do Ceará (UFC) desenvolveu este projeto através do Núcleo de Economia Ecológica e do Meio Ambiente do Departamento de Economia Agrícola. O projeto oferecerá cursos de extensão para a educação dos gestores públicos, técnicos, lideranças comunitárias, empreendedores e público em geral, abordando temáticas relacionadas à ciência, gestão, economia e política ambiental rumo ao desenvolvimento sustentável das comunidades rurais e urbanas no Estado.

Financiado pelo Banco do Nordeste, o projeto terá sua primeira edição iniciando nas cidades de Fortim, Aracati e Icapuí. Em seguida, a ideia é atuar nas demais regiões litorâneas, semiáridas e serras úmidas do Ceará. A região escolhida para esse passo inaugural tem recursos marinhos e costeiros importantes tanto para a subsistência das comunidades tradicionais, como a pesca e o extrativismo, quanto para o desenvolvimento sustentável da região, como o Ecoturismo.

1.7.2. Estadual

Projeto Cinturão das Águas do Ceará – CAC: se constitui de um grande sistema gravitário de canais que, se originando no chamado Eixo Norte do Projeto de Transposição de Águas do Rio São Francisco para o Nordeste Setentrional, à altura da cidade de Jati, permitirá a adução das águas transpostas para a maioria do território cearense, inclusive para as regiões mais secas do estado, bem como para aquelas de potencial turístico e econômico.

Projeto Cinturão Digital do Ceará: trata-se da implantação da maior e mais veloz rede pública de banda larga do Brasil, cobrindo 82% da população urbana do Estado. São mais de 2.500 km de fibra ótica de alta velocidade (1 a 2 Gps) conectando escolas, hospitais, postos de saúde, delegacia e demais órgãos públicos, levando também, telemedicina, educação à distância, TV digital, videoconferência e outros serviços essenciais para o desenvolvimento do Estado e a qualidade de vida dos cearenses. Mais do que levar internet àqueles que não têm chance de acessá-la, o Projeto busca a inclusão digital e social dos indivíduos que não podem pagar pelo serviço.

O Cinturão Digital integrará outros projetos do Governo, como o e-Jovem, a digitalização da TVC, o incentivo ao desenvolvimento tecnológico, a automatização de postos da Secretaria da Fazenda, e o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), do Governo Federal, dentre outros. Este projeto também lança as bases para vários projetos de Educação à Distância, atração de novas empresas de base tecnológica, fornecimento de laboratórios e recursos computacionais para uso da população.

Projeto Aeroporto Regional Dragão do Mar: Construído com recursos do Ministério do Turismo e Tesouro Estadual, este aeroporto foi inaugurado em 04 de agosto de 2012. Localizado no município de Aracati, às margens da CE 040 e vizinho à praia de Canoa Quebrada, o equipamento é capaz de receber aviões de grande porte, que normalmente operam em voos internacionais (Ver Figura 1.9).

Este equipamento também abrigará um Centro de Tecnologia, Manutenção e Comercialização de Aeronaves e Prestação de Serviços Aeronáuticos da TAM Aviação Executiva. Já na sua fase inicial serão gerados 150 novos empregos diretos. A base operacional vai atender aos mercados das regiões Norte e Nordeste, além da América Central, oferecendo serviços técnicos para aviões executivos de pequeno e médio porte. O centro cearense será maior do que o que a empresa mantém no município paulista de Jundiaí, também para aviação executiva.

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Figura 1.9 – Aeroporto Regional Dragão do Mar, em Aracati

Fonte: INFOambiental, 2012

Projeto de Gerenciamento Integrado de Recursos Hídricos do Estado do Ceará – PROGERIRH: foi criado em 1997 pelo Governo do Estado, em parceria com o Banco Mundial, com o intuito de ampliar a infraestrutura hídrica e fornecer um aparato técnico, operacional e institucional no gerenciamento dos recursos hídricos capazes de dar suporte não só ao abastecimento humano, mas também ao desenvolvimento econômico, lidando com o problema da escassez de recursos hídricos através de medidas estruturais e de ações que visem fortalecer o sistema de gestão, buscando criar uma nova cultura e consolidar um novo modelo para tratar os recursos hídricos de forma integrada, tecnicamente planejada, democrática e participativa.

Programa Alfabetização na Idade Certa – PAIC: Tem como meta alfabetizar todas as crianças da rede pública de ensino até sete anos de idade. O PAIC foi lançado em 2007 e já capacitou cerca de 15 mil professores dos 184 municípios cearenses, beneficiando mais de 300 mil alunos de 1º e 2º ano do ensino fundamental, entre outras ações. Para isso, conta com investimentos da ordem de R$ 20 milhões, provenientes dos Governos Federal e Estadual.

Na prática, o programa oferece materiais pedagógicos aos alunos das séries atendidas na rede municipal e formação aos profissionais em alfabetização. O PAIC também leva aos municípios um programa de incentivo à leitura e a implantação de sistemas que avaliem as séries iniciais do ensino fundamental. A partir de um diagnóstico da situação, o município terá condições de gerenciar o ensino que oferta à sociedade.

Programa Praia Limpa: O Programa Praia limpa, desenvolvido pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente – SEMACE é realizado ao longo dos 573 km do litoral cearense, onde os técnicos da Coordenadoria de Extensão e Educação Ambiental abordam os frequentadores das praias, orientando para a destinação correta dos resíduos, principalmente restos de comidas e produtos consumidos nas barracas de praia. O objetivo do Programa Praia Limpa é desenvolver uma consciência ecológica nos diversos segmentos sociais que trabalham ou frequentam o litoral cearense, melhorando as condições de limpeza das praias, tendo em vista que são espaços coletivos de lazer e de grande beleza cênica.

1.7.3. Municipal

A Prefeitura Municipal de Beberibe apresenta uma série de projetos e ações que são desenvolvidos em parceria com órgãos públicos e privados e visam o desenvolvimento local, de acordo com critérios de sustentabilidade econômica, social, política e ambiental. Os principais estão relacionados a seguir:

Polo de Atendimento Várzea da Matriz: Tem por objetivo atender Crianças e Adolescentes em situação de vulnerabilidade e/ou risco social, cuja meta inicial de atendimento de 200 Crianças, Adolescentes e suas famílias já foi superada. No Polo de Atendimento Várzea da Matriz são realizadas as seguintes atividades: incentivo à leitura, artístico culturais (dança e capoeira), esportivas, grupo de convivência com mulheres, visitas domiciliares, visitas institucionais, eventos comunitários e complementação alimentar.

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Os resultados alcançados incluem o resgate da cidadania e fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários, bem como dá visibilidade e credibilidade ao serviço pelos usuários e comunidade. Vale destacar a articulação permanente realizada com a equipe do NASF – Núcleo de Apoio e Saúde da Família, que possibilitou às famílias atendimento Fonaudiológico e Nutricional.

Programa Primeiro Passo: É desenvolvido através de parceria estabelecida entre a Prefeitura Municipal e o Governo do Estado através da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social – STDS e visa prioritariamente a qualificação profissional e a inserção no mercado de trabalho de jovens e adolescentes, através das Linhas de Ação: Jovem Aprendiz e Jovem Bolsista.

Programa Cidadania ao Alcance de Todos: Tem como objetivo garantir à população o acesso à documentação essencial exigida pela Legislação. A partir de 2009 a Casa do Cidadão passou a funcionar na Rua Coronel Alexandrino, nº 572, Centro de Aracati, o que garantiu maior comodidade no atendimento aos usuários pela localização mais central. São oferecidos os seguintes serviços à população: ilha digital, correios, emissão da carteira de trabalho e previdência social, INCRA, CAGECE, junta militar, emissão da carteira de identidade, assessoria jurídica e emissão da 2ª via da certidão de nascimento.

Projeto de Incentivo a Apicultura: A Prefeitura de Aracati em parceria com o Governo do Estado do Ceará contemplou a Associação dos Apicultores do Canal do Trabalhador com um Projeto de Apicultura ao destinar um kit completo de 500 colmeias, fumigadores, macacões, botas, luvas, máscaras, e promovendo a capacitação dos apicultores, beneficiando 100 famílias aracatienses, considerando que a apicultura é uma importante fonte de riqueza e alimento em áreas secas.

Projeto Educação de Jovens e Adultos - EJA: possui o objetivo de atender as necessidades educacionais dos Jovens e Adultos que não tiveram acesso à escolarização na idade certa, a fim de criar situações de aprendizagens adequadas às características dos alunos, satisfazendo as suas necessidades, para que aconteça em sala de aula o desempenho satisfatório. A modalidade da Educação de Jovens e Adultos é garantida na rede municipal de ensino somente no Ensino Fundamental, como forma de atender o público alvo definido pela Legislação Educacional mais recente (Constituição Federal e LDBEN). Seguindo orientações do Ministério da Educação, o Ensino Fundamental de jovens e adultos em Aracati está organizado em quatro módulos equivalentes às oito séries do Ensino Regular. Na Zona Urbana do Município de Aracati está implantado o CEJA- Centro de Educação de Jovens e Adultos, que funciona no Colégio Municipal de Aracati.

Projeto Observatório da Infância: tem como objetivo construir e monitorar indicadores municipais relacionados à infância. As principais ações deste projeto envolvem a reestruturação e reativação das atividades do observatório da infância e a realização de pesquisa de avaliação de impacto social produzida nas crianças participantes do Projeto Cuidar e Educar.

Projeto Pequeno Cidadão: Tem como objetivo combater a violação de direito de crianças de 0 a 6 anos, incluindo suas famílias. Os objetivos alcançados incluem redução da violação de direitos de crianças, com destaque para redução da desnutrição e/ou risco nutricional, melhoria no acesso e rendimento escolar, desenvolvimento de habilidades na coordenação motora, cognição, socialização e integração com o meio, integração da família e comunidade nas atividades e eventos e fortalecimento dos laços socioafetivos e comunitários. Implantado nas comunidades de São Chico, Quixaba e Majorlândia é operacionalizado, semanalmente, através dos grupos lúdicos e no atendimento às famílias através de atividades psicossociais e socioeducativas.

1.8. Unidades de Conservação da Natureza

De acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, instituído pela Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000, conceitua-se unidade de conservação como o espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.

A Declaração de Bali, elaborada durante o III Congresso Mundial de Parques, realizado em 1982, enfatiza a importância das unidades de conservação como elementos indispensáveis para a conservação de biodiversidade, já que assegurariam, se adequadamente distribuídas geograficamente e em extensão, a manutenção de amostras representativas de ambientes naturais, da diversidade de espécies e de sua variabilidade genética, além de promover oportunidades para

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pesquisa científica, educação ambiental, turismo e outras formas menos impactantes de geração de renda, juntamente com a manutenção de serviços ecossistêmicos essenciais à qualidade de vida.

Essa premissa foi reforçada pela Convenção das Nações Unidas sobre a Diversidade Biológica, adotada pela Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento – CNUMAD (Rio-92). No âmbito da convenção, assinada por 175 países, um sistema adequado de unidades de conservação é considerado o pilar central para o desenvolvimento de estratégias nacionais de preservação da diversidade biológica.

No Estado do Ceará foram criadas várias Unidades de Conservação pelo poder público Federal, Estadual e Municipal, além das reservas particulares, que são reconhecidas pelos órgãos ambientais. A grande maioria das UCs do Estado do Ceará pertence à categoria de uso sustentável, ou seja, permitem a utilização sustentável de parcela de seus recursos naturais, mas praticamente todas ainda carecem de recursos materiais e humanos, que sejam suficientes para permitir que tais áreas protegidas cumpram com plenitude os objetivos de sua criação.

1.8.1. Unidade de Conservação Existentes em Aracati

1.8.1.1. APA de Canoa Quebrada

O município de Aracati conta com apenas uma Unidade de Conservação da Natureza, a Área de Proteção Ambiental de Canoa Quebrada. Conforme determinado na Lei nº 9985/2000 as APAs fazem parte do Grupo de Uso Sustentável, onde é possível compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais.

A APA de Canoa Quebrada foi criada pela Lei Municipal nº 40, de 20 de março de 1998 e abrange uma área de 4.000 hectares, que vai do Porto Canoa até a Foz do Rio Jaguaribe. Localiza-se a 12 km da sede de Aracati e 156 km de Fortaleza. A APA inclui as mais variadas paisagens de rio, manguezal, dunas, praias, picos e falésias. Por trás das falésias, as dunas brancas e móveis encontram a vegetação interior. As lagoas e os alagados em meio ao carnaubal e coqueiros complementam a paisagem. A praia fica em frente à pequena enseada situada na base de falésias. Ver Figura 1.10 a seguir.

Figura 1.10 – Praia, Falésias e Dunas na APA de Canoa Quebrada

Fonte: pbase.com

A sua implantação tem como objetivo preservar as comunidades bióticas nativas, as dunas fixas e móveis, as paleodunas, as falésias, as gamboas, as lagoas perenes e intermitentes, os mangues, as formações geológicas de grande potencial paisagístico, os arrecifes e os solos.

Em 2002, a APA de Canoa Quebrada teve, além da ampliação dos seus limites, a regulamentação para o zoneamento ecológico/econômico a ser implantado na área, tendo por objetivos, conforme a Legislação Ambiental da APA:

“I – A promoção do uso sustentado dos recursos naturais existentes em seu perímetro;

II – A preservação da biodiversidade e dos recursos hídricos;

III – A preservação do patrimônio ambiental e cultural;

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IV – A melhoria da qualidade de vida das populações tradicionais nela fixadas e a unidade histórico-social dos moradores;

V – A proteção da paisagem, das comunidades bióticas nativas;

VI – O desenvolvimento sustentável do turismo, da agricultura e da pesca;

VII – A proteção da área de praia da descaracterização e ocupação irregular; e

VIII – A promoção e execução de atividades em educação ambiental.”

O objetivo de criação desta APA é regular a exploração e ocupação da região, sendo proibidas na área as seguintes atividades: construção de rodovias, loteamentos ou empreendimentos turísticos sem prévia autorização, extração de minerais, captura de crustáceos, conchas, uso de agrotóxicos, etc.

As dunas e falésias que permeiam toda a região e são fundamentais para o equilíbrio do ecossistema local são objeto de atenção e qualquer tipo de construção nestas formações só poderá ser autorizada após estudo de impacto ambiental, sendo proibida a derrubada da vegetação que fixa as dunas.

1.8.1.2. Proposta de Criação de UC

De acordo com informações obtidas na página eletrônica da Aquasis, esta associação tornou-se parceira das comunidades costeiras, órgãos ambientais, ONGs e Prefeituras de Icapuí, Aracati, Fortim e Beberibe com o objetivo de criação de uma grande Área Marinha Protegida. A intenção é promover o ordenamento, a pesca, preservar a biodiversidade costeira, promover a capacitação comunitária, gestão compartilhada de ações, discussão de Códigos de Conduta para Pesca Responsável, fiscalização da pesca ilegal, entre outros.

A Aquasis e parceiros consolidaram um Diagnóstico Socioambiental da região, no qual foi possível apresentar uma proposta de categoria, limites e recomendações para a criação e o manejo da Unidade de Conservação.

A área proposta para esta Unidade de Conservação abrange a plataforma continental situada na frente dos municípios de Beberibe, Fortim, Aracati e Icapuí, e inclui ambientes flúvio-marinhos, como os estuários com manguezais dos rios Jaguaribe, Pirangi, Choró e Barra Grande. A proposta de criação de uma Unidade de Conservação foi protocolada no órgão ambiental em junho de 2008, e seu processo de criação está em andamento. A categoria proposta é Área de Proteção Ambiental (APA), uma Unidade de Conservação de Uso Sustentável, que permite a conciliação do uso e ocupação da região com a conservação da biodiversidade.

As recomendações finais do Diagnóstico foram discutidas junto às comunidades e poder público local, que firmaram termos de adesão à proposta, o que também ocorreu com o poder público estadual, que apoia a criação desta área protegida. O resultado foi encaminhado ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio, que é o órgão federal responsável pela criação de Unidades de Conservação, para dar continuidade ao processo de criação legal.

1.8.2. Unidades de Conservação na AII

Foram identificadas 02 UCs localizadas na Área de Influência Indireta do empreendimento, ambas localizadas no município de Icapuí e, tal qual a APA de Canoa Quebrada, também fazem parte do Grupo de Uso Sustentável. São elas:

APA da Praia da Ponta Grossa

APA do Manguezal da Barra Grande

1.8.3. Propostas de Apoio a Unidades de Conservação

Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos que causem impactos ambientais significativos, devidamente fundamentados em EIA/RIMA e assim considerados pelo órgão ambiental competente, o empreendedor deverá, obrigatoriamente, apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral.

Conforme estabelecido na Lei nº 9.985/2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, caberá ao órgão ambiental licenciador definir as unidades de

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conservação a serem beneficiadas, considerando as propostas apresentadas no EIA/RIMA e ouvido o empreendedor, podendo inclusive ser contemplada a criação de novas unidades de conservação.

Os terrenos onde se encontra em funcionamento e onde está proposta a ampliação da REVESA Carcinicultura não estão situados em nenhuma Unidade de Conservação nem em Zona de Amortecimento de UC, o que permitiria a utilização dos recursos da compensação ambiental nesta UC, mesmo que não pertencesse ao Grupo de Proteção Integral, conforme determina a legislação vigente.

No entanto, pela necessidade e importância de proteger as áreas litorâneas do estado, a equipe da INFOambiental sugere que sejam analisadas as seguintes opções de ações a serem custeadas com os recursos oriundos da compensação ambiental, o que inclui a destinação de recursos para uma Unidade de Conservação de Uso Sustentável, haja vista a necessidade de fortalecimento de uma UC já instituída e reconhecida pela população, mas que ainda carece de recursos materiais e humanos que possibilitem uma maior eficácia na conservação da natureza ímpar das paisagens inseridas na APA de Canoa Quebrada:

1.8.3.1. Fortalecimento da Gestão da APA de Canoa Quebrada

Embora não seja uma Unidade de Conservação pertencente ao Grupo de Proteção Integral, a APA da Canoa Quebrada é de fundamental importância para a manutenção dos ecossistemas existentes em sua área de abrangência, que devem ser protegidos do intenso fluxo turístico existente na região, além da necessidade de preservar as comunidades bióticas nativas, as dunas fixas e móveis, as falésias, as gamboas, os mangues, e a paisagem de grande beleza cênica da área.

Portanto, sugere-se que parcela dos recursos da compensação ambiental seja utilizada para viabilizar a implantação das ações necessárias para o cumprimento das determinações do Zoneamento Ecológico-Econômico elaborado para a APA de Canoa Quebrada, cuja finalidade é garantir a preservação e o uso sustentável dos recursos naturais existentes em seu interior.

Os recursos da compensação ambiental podem ser empregados para custear as seguintes atividades:

Revisão de seu Plano de Manejo;

Recuperação/modernização de equipamentos que compõem o projeto de sinalização da APA;

Elaboração e implantação de programa de educação ambiental para as comunidades residentes na área abrangida pela APA e seu entorno, contemplando temas referentes à legislação ambiental e a coleta seletiva de resíduos sólidos, dentre outros temas de igual importância;

Recuperação de áreas degradadas.

1.8.3.2. Criação de Unidade de Conservação de Proteção Integral em Aracati

Sugere-se que sejam realizados os estudos necessários, bem como que sejam promovidos novos debates com a população local sobre a possibilidade de que o processo de criação da Unidade de Conservação Marinha proposta pela Aquasis e parceiros, e que atualmente encontra-se em análise no ICMBio, seja alterado com a finalidade de que seja criada uma Unidade de Conservação do Grupo de Proteção Integral e não de Uso Sustentável, como originalmente proposto.

Esta alteração justifica-se pelo fato das UCs do Grupo de Proteção Integral possuírem maior relevância para a preservação da biodiversidade, além de que apenas 3% da superfície do território brasileiro encontra-se dedicado oficialmente a esse objetivo. As demais áreas abrangidas por UCs permitem o uso de parcela de seus recursos naturais, ou seja, são do Grupo de Uso Sustentável.

1.9. Reserva Legal

Conforme expresso na Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, a Reserva Legal é uma área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos

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processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa.

No imóvel onde se encontra em operação o empreendimento REVESA Carcinicultura está averbada uma área de 56 hectares a título de Reserva Legal, conforme Matrícula nº 265 emitida pelo Cartório Jorge Almeida – Registro de Imóveis, do 3º Ofício da Comarca de Aracati/Ceará, cuja cópia integra os anexos desse estudo ambiental.

Para o terreno que possui área de 134,582 hectares, onde está proposta parte das estruturas que integram a ampliação do empreendimento, e que é objeto do Instrumento Particular de Promessa de Compra e Venda que também faz parte dos anexos deste EIA/RIMA, o empreendedor deverá adquirir uma área de, no mínimo, 26,92 hectares para compor a área de reserva legal. Segundo o empreendedor, esta área será adquirida nas proximidades do terreno onde atualmente desenvolve-se o processo produtivo da REVESA Carcinicultura.

1.10. Prognóstico Ambiental

A finalidade deste item é traçar uma conjectura comparativa entre o atual uso do solo da área do empreendimento com o seu uso futuro, ou seja, com e sem a implantação do projeto de ampliação da REVESA Carcinicultura, para posterior análise dos possíveis riscos que o meio ambiente poderá vir a ser submetido.

Para elaborar o prognóstico ambiental da área do empreendimento devem ser analisados diversos fatores que, em conjunto, permitem delinear a condição futura da área. Alguns desses fatores são: a sustentabilidade ambiental da área, o tipo de manejo produtivo utilizado, a proximidade da área com outros projetos similares ou afins, a existência de mão de obra qualificada, a atual qualidade ambiental da área, dentre outras. Convém ressaltar que devem ser considerados os aspectos referentes à implantação dos planos de controle e monitoramento ambientais e das medidas mitigadoras apresentadas neste EIA, que são essenciais para assegurar a viabilidade ambiental de qualquer tipo de empreendimento.

É válido salientar que já existem na área 25 viveiros de engorda de camarão, dentre outras estruturas necessárias ao processo produtivo, ou seja, nessa área não haverá alteração na forma de uso do solo, uma vez que o empreendimento já opera regularmente, mas que, no entanto, pretende ampliar sua área de produção em área contígua ao empreendimento em funcionamento. Para a ampliação proposta é que foi elaborado o prognóstico ambiental da área.

O progresso da qualidade ambiental futura da área proposta para ampliação desta Fazenda de Carcinicultura se dará em função não só da sua construção e funcionamento, mas da utilização da área de influência diretamente afetada, e com respeito ao uso e ocupação do solo das áreas de entorno, principalmente, em observância aos regulamentos e posturas municipais, de forma que para se fazer uma previsão ambiental do futuro da área deve-se tomar como pressuposto o programa de ações para o crescimento econômico da região como um todo e os investimentos governamentais em infraestrutura, além dos incentivos à cadeia produtiva da aquicultura no estado do Ceará.

No foco regional é fato que os parâmetros ambientais das áreas de influência do empreendimento serão alterados, quer a região venha a abrigar o empreendimento, quer não venha, pois a presença e proximidade antrópica exige obras consideráveis de infraestrutura, que refletirão em alterações nos componentes ambientais, sejam físicos, bióticos ou socioeconômicos, ressaltando-se que as intervenções a serem geradas ao meio ambiente resultarão em benefícios e adversidades. Podem ser contabilizadas como adversidades as intervenções impostas aos parâmetros físicos e bióticos, que geram fatores que resultarão em alteração da qualidade ambiental, gerando formas de poluição, ainda que em benefício do sistema social e econômico.

Quanto aos benefícios, os efeitos serão mais atuantes sobre o meio antrópico, pois todas as intervenções a serem geradas visam, em primeiro plano, ofertar melhores condições de vida à população, através da geração de empregos e, em segundo lugar, incrementar o setor produtivo da atividade aquícola do estado e multiplicar rendas, o que trará benefícios para a população da região, refletindo em perspectiva de melhoria de sua qualidade de vida pela aquisição de emprego formal.

O Quadro 1.1, a seguir, apresenta o Prognóstico Ambiental do empreendimento, confrontando a hipótese de não realização do empreendimento com sua efetiva implantação.

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Quadro 1.1 – Apresentação do Prognóstico, Com e Sem a Implantação do Empreendimento

Elementos Ambientais

Sem a Implantação Com a Implantação

Meio Biótico

Fauna A Fauna existente encontra-se prejudicada pela redução do seu habitat natural, ocasionada pela prática de atividades antrópicas ao longo de décadas, como a atividade agropecuária e o extrativismo vegetal.

Ocorrerá o afugentamento de espécies da fauna terrestre, sobretudo na fase de implantação do empreendimento, em função da supressão da vegetação, movimentação de terras e ruídos que serão emitidos pelas máquinas e pelo aumento do tráfego de veículos pesados.

Flora A vegetação existente conta com essências florestais nativas, no entanto, na maior parte da área predomina espécies típicas de sucessão secundária, haja vista as supressões vegetais já realizadas na área para permitir o extrativismo vegetal, sobretudo da carnaúba, e o desenvolvimento da pecuária.

A supressão de parte da vegetação reduzirá a qualidade ambiental da área. No entanto, a implantação da área de reserva legal e a manutenção das áreas de preservação permanentes existentes no terreno, contribuirão para melhorar a qualidade ambiental da área. Esta consultoria sugere que essas áreas protegidas sejam demarcadas em campo antes de quaisquer tipos de intervenção na área.

Meio Físico

Solo O solo local apresenta sinais de erosão com o desenvolvimento de sulcos originários do impacto das chuvas sobre o solo desnudo. Este componente ambiental apresenta-se, em grande parte, sem vegetação devido às práticas de desmatamento e de queimadas, cujos sinais ainda são visíveis em campo. Tais práticas tornaram o solo propenso a ser alterado por fatores erosivos diversos.

O solo será ocupado de forma planejada e ordenada, em total obediência aos índices permitidos pela legislação pertinente, devendo ainda ser adotadas práticas que evitem a incidência dos processos erosivos sobre o solo, através do plantio de espécies florestais nativas em áreas desmatadas e de cessar o extrativismo vegetal na área, que contribui para expor o solo às intempéries.

Clima Na área não foram identificados problemas locais significativos que possam afetar o clima, haja vista não possuir grande dimensão em relação ao ecossistema onde se insere e apresentar nas áreas mais próximas às gamboas uma vegetação de mangue bem conservada, além dos 56 hectares de reserva legal, referentes à área que está em operação, que não sofrem interferência antrópica

Como as áreas produtivas são ocupadas, na maior parte do tempo, pelos espelhos d’água dos viveiros de engorda de camarão e como a capacidade térmica da água é muito grande, tais superfícies funcionarão como reguladoras de temperaturas em locais próximos a elas. Durante o dia, a água absorve grande quantidade de calor sem se aquecer muito e, durante a noite, libera muito calor sem se esfriar muito.

Com o solo ocorre o oposto: a capacidade térmica da areia é pequena e faz com que, durante o dia, ela se aqueça rapidamente e, durante a noite, esfrie-se facilmente. Como não estão previstas áreas pavimentadas no projeto de ampliação, acredita-se que algum aumento na temperatura local possa ocorrer apenas temporariamente durante a fase de implantação do empreendimento.

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Elementos Ambientais

Sem a Implantação Com a Implantação

Não haverá alteração na velocidade dos ventos, uma vez que as estruturas projetadas não possuem altura suficiente para barrar o fluxo das correntes eólicas.

Relevo O relevo da área diretamente afetada é plano com suave caimento para as áreas mais próximas das gamboas e do Rio Jaguaribe.

Após conclusão das obras, o relevo será pouco modificado em comparação com as condições naturais, haja vista tratar-se de um empreendimento que irá adotar técnicas adequadas para o uso racional do terreno, que leva em consideração o tipo de relevo.

Paisagem A paisagem local encontra-se descaracterizada quanto a sua condição natural, por já ter sofrido intervenções antrópicas com a prática de atividades agropecuárias e extrativismo vegetal, no entanto, apresenta espécies de mangue em franco desenvolvimento.

O empreendimento irá alterar a paisagem de forma definitiva, porém, essa alteração respeitará integralmente as restrições ambientais existentes na área ao preservar toda a vegetação existente nas margens de gamboas e de demais recursos hídricos, bem como se integrará a paisagem já existente em seu entorno, uma vez que se refere à ampliação de área produtiva já estabelecida.

Meio Socioeconômico

Geração de emprego e renda

Em Aracati e municípios vizinhos há carência de atividades que possam ofertar mais fontes de emprego/renda, sobretudo para uma população não qualificada para exercer as atividades que comumente são as maiores empregadoras dos municípios, como a do setor público e do comércio, contribuindo para a existência de mão de obra ociosa e sem perspectiva.

O empreendimento em operação conta com uma mão de obra fixa de 42 funcionários e com a ampliação serão oferecidas mais 40 vagas. Esta mão de obra será absorvida, principalmente, do município de Aracati, sendo composta por trabalhadores envolvidos com a pesca artesanal, agricultura ou que já tenham experiência no cultivo de camarão em outros projetos da região.

Além dos postos de trabalho fixos, durante a despesca do camarão é contratada mão de obra temporária adicional.

Tráfego de veículos

É possível constatar a existência de tráfego de veículos pesados na CE 040, principal acesso a área proposta para ampliação da REVESA Carcinicultura. No entanto, nas vias carroçáveis esse tráfego é discreto e só se intensifica na fase de despesca das fazendas de camarão da região. Constatou-se que o tráfego de veículos flui sem problemas de congestionamento.

Haverá uma intensificação do tráfego de veículos pesados na CE 040 e nas vias carroçáveis que dão acesso à área do empreendimento, sobretudo na fase de Implantação do projeto de ampliação da REVESA Carcinicultura, devendo também influenciar na intensificação do tráfego na época de despesca dos viveiros, pois aumentará o número de caminhões frigoríficos que transportarão a produção ao comprador.

Ressalta-se que o projeto de ampliação da REVESA Carcinicultura deverá, obrigatoriamente, seguir as recomendações contidas neste Estudo de Impacto Ambiental - EIA e adotar técnicas que visem minimizar ao máximo os impactos negativos que, porventura, possam ser gerados ao meio ambiente.

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A projeção futura da área sem o empreendimento em apreço, por sua vez, levaria a mesma a continuar como uma área antropizada, seja pela continuidade de práticas agropecuárias ou pelo extrativismo vegetal constatados in loco. Ressalta-se, inclusive, que há a possibilidade de outras atividades econômicas, como a agropecuária, virem a se desenvolver na área sem o necessário licenciamento ambiental, fator que comprometeria seriamente a qualidade ambiental da área, pois não seriam demarcadas as áreas de preservação permanente e de reserva legal, as quais poderiam ter a vegetação que as recobre consumida pelos animais criados na área ou mesmo suprimidas para dar espaço a cultivos agrícolas, haja vista o hábito arraigado do cultivo em várzeas nas áreas susceptíveis às secas, como ocorre no estado do Ceará, uma vez que os solos dessas áreas são mais férteis e as condições de umidade mais favoráveis.

Prognosticar sobre o futuro de um empreendimento qualquer não é tarefa das mais simples, sobretudo quando se trata de um empreendimento susceptível a interferências decorrentes de questões sanitárias e crises econômicas, no entanto, o fato da área proposta para implantação deste projeto de ampliação já encontrar-se consolidada como região produtora de camarão, os avanços tecnológicos constatados no processo produtivo da carcinicultura, com o domínio do ciclo reprodutivo e da produção de pós-larvas, que resultou em autossuficiência e regularização de sua oferta, consolidando a tecnologia de formação de plantéis em cativeiro e relegando ao passado a dependência das importações, que constituíam veículos de introdução de doenças e que ocasionavam irregularidades na oferta de pós-larvas, com reflexos negativos no desempenho geral dessa atividade produtiva, o crescimento econômico verificado no Brasil que tem impulsionando o consumo interno desse crustáceo, além da área situar-se em terreno contíguo a área já destinada ao cultivo de camarão, colaboram para afirmar que o projeto de ampliação se adéqua à área proposta para sua implantação.

No caso de desativação das atividades de criação de camarão, a área provavelmente retornaria à condição de utilização em atividades agropecuárias, associada ao extrativismo vegetal ou mesmo desenvolveria outra atividade aquícola, como a criação de tilápia.

1.11. Metodologia de Trabalho

Todas as atividades necessárias à elaboração deste Estudo de Impacto Ambiental foram realizadas de acordo com critérios científicos metodológicos adequados, envolvendo tanto etapa de campo, quanto etapa de gabinete, conforme indicado a seguir:

Inicialmente, o projeto foi estudado em gabinete, delimitando-se seu perfil de implantação e sua locação em cartas pré-existentes e em imagens de satélite;

Em seguida procedeu-se à coleta de dados preliminares tomados em campo, onde se inclui o levantamento topográfico de detalhe da área onde será implantado o projeto;

De posse desses dados, a área de interesse passou a ser objeto de levantamentos temáticos para os interesses da caracterização ambiental, principalmente os referentes ao meio físico, em cartas geológicas, morfológicas, pedológicas e de recursos hídricos;

Os dados referentes ao sistema atmosférico foram tomados de publicações do banco de dados do Departamento Nacional de Meteorologia (DNM) e da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos – FUNCEME;

Foram também levantados aspectos descritivos de todos esses componentes ambientais em projetos setorizados, sendo que essa condição também foi realizada em relação ao meio biótico;

Para o meio antrópico foram considerados os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará – IPECE e da Prefeitura Municipal de Aracati, através de mídia eletrônica;

Foi realizada investigação normativa, cujo objetivo foi efetuar a descrição e análise da legislação Federal, Estadual e Municipal pertinente;

Na área já construída e em operação foi realizada uma auditoria ambiental, com a finalidade de verificar o cumprimento da legislação ambiental aplicável, avaliar o desempenho da gestão ambiental e identificar os impactos ambientais decorrentes do funcionamento do empreendimento;

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Caracterizado o empreendimento e realizada a compilação bibliográfica foi efetuada campanha de campo com participação da equipe técnica e representante do empreendedor, onde foram identificados in loco todos os aspectos já preliminarmente indicados, para permitir a caracterização definitiva da área e seu entorno próximo. Nesta ocasião, foram obtidas exposições fotográficas da área diretamente afetada pelo projeto, as quais integram o volume de anexos deste estudo ambiental;

Concluída a etapa de campo, foi realizada pela equipe técnica, a avaliação dos impactos ambientais, conforme metodologia compatível ao presente estudo. Após a totalização dos resultados foram propostas medidas mitigadoras para os impactos ambientais adversos e definidas as conclusões e recomendações necessárias para garantir a viabilidade ambiental do empreendimento.

Ressalta-se que a elaboração deste EIA/RIMA foi baseada nos critérios e procedimentos estabelecidos no Termo de Referência nº 453/2011-COPAM/NUCAM, sendo acrescidas informações adicionais, com vistas ao fornecimento de dados que contribuam para a análise da viabilidade ambiental da REVESA Carcinicultura no local proposto para sua ampliação.

Ressalta-se que as ilustrações que não possuírem a citação de fonte devem ser atribuídas à Infoambiental.

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2. Legislação Ambiental

Meio ambiente é a interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciam o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas.

Este capítulo vem atender ao item 12.2 do Termo de Referência nº 453/2011 – COPAM/NUCAM emitido pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente – SEMACE, para elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) relativos ao empreendimento de carcinicultura denominado REVESA Carcinicultura.

O presente capítulo, sob o aspecto legal e ambiental, ressalta as principais normas regulamentadoras pertinentes à implantação do empreendimento, que será localizado no Sítio Albuquerque, na Zona Rural do município de Aracati, estado do Ceará. Essas normas serão elencadas segundo o âmbito federal, estadual e municipal.

Os capítulos correlatos ao tema ambiental da Carta Magna e Constituição Estadual serão transcritos. Quanto à Legislação Municipal os instrumentos normativos serão citados e comentados. Os demais instrumentos legais (leis, decretos, resoluções e outras normas), tanto os referentes ao meio ambiente como, em particular, aqueles que envolvem direta e indiretamente o supracitado empreendimento, serão citados e discriminados, havendo comentários destacados das normas mais relevantes, quando necessário.

2.1. Legislação Federal

2.1.1. Constituição Federal

A Constituição Federal de 1988 consagrou em normas expressas as diretrizes fundamentais de proteção ao meio ambiente. O Art. 23 estabelece a competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios para: proteção do acervo histórico e cultural, bem como dos monumentos e principais agentes naturais e dos sítios arqueológicos; a proteção ao meio ambiente e o combate à poluição em quaisquer de suas formas e a preservação das florestas, da fauna e da flora.

A seguir, no Capítulo II, Arts. 20, 21 e 23, são elencados os bens e a competência administrativa da União em relação ao meio ambiente:

Art. 20. São bens da União:

“ I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos;

II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;

III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;

IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no Art. 26, II;

V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva;

VI - o mar territorial;

VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;

VIII - os potenciais de energia hidráulica;

IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;

X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos;

XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.”

No Artigo 21 a competência da União se volta para a instituição de diretrizes e normas como:

“(...)

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XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso;

XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos;

XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de aviação;

XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;

XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;”

No Artigo 23 é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:

“(...)

III. proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;

(...)

VI. proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;

VII. preservar as florestas, a fauna e a flora;

(...)

X. combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização social dos setores desfavorecidos;

(...)”

Parágrafo Único: Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.

No Capítulo VI, do Meio Ambiente, o Art. 225 expressa que "todos têm direito ao ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações", atribuindo ao Poder Público a responsabilidade da aplicação de medidas eficazes ao cumprimento do preceito protecionista. A Constituição Federal assegurou as seguintes prerrogativas: criação de espaços territoriais que devem ficar a salvo de qualquer utilização ou supressão, a não ser que a lei expressamente o autorize; exigir, na forma da Lei, precedentemente à instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo de impacto ambiental, ao qual se dará publicidade; obrigar os que exploram recursos minerais a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com as soluções técnicas exigidas pelo órgão público competente, na forma da lei; e impor sanções penais e administrativas aos que desenvolvam atividades consideradas lesivas ao meio ambiente, seja pessoa física ou jurídica, sem prejuízo da obrigação de recuperação dos danos causados.

Analisando a Constituição Federal Brasileira, no quesito meio ambiente, não foi constatado nenhum fator que impeça a implantação do empreendimento REVESA Carcinicultura no terreno proposto, desde que sejam cumpridas todas as determinações legais pertinentes e as orientações e recomendações técnicas expressas neste EIA/RIMA.

A pesquisa legislativa (Leis e Decretos) foi realizada conjuntamente nos sites da Presidência da República Federativa do Brasil e do Senado Federal. Dentre as normas legais que envolvem aspectos ambientais, merece destaque as que estão apresentadas a seguir.

2.1.2. Leis Federais

Lei nº 3.924, de 16 de julho de 1961 - Dispõe sobre os monumentos arqueológicos e pré-históricos de qualquer natureza existentes no território nacional e todos os elementos que neles se encontram, de acordo com o que estabelece o Art. 180 da Constituição Federal;

Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964 - Dispõe sobre o Estatuto da Terra, e dá outras providências;

Lei nº 6.225, de 14 de julho de 1975 - Dispõe sobre a discriminação, pelo Ministério da Agricultura, de regiões para execução obrigatória de planos de proteção ao solo e combate à erosão e dá outras providências;

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Lei nº 6.292, de 15 de dezembro de 1975 - Dispõe sobre o tombamento de bens no Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN);

Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981 - Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação e dá outras providências (alterada pela Lei nº 7.804, de 18 de julho de 1989);

Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985 - Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (vetado), e dá outras providências;

Lei nº 7.661, de 16 de maio de 1988 – Institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro, e dá outras providências;

Lei nº 7.797, de 10 de junho de 1989 - Cria o Fundo Nacional de Meio Ambiente e dá outras providências;

Lei nº 7.804, de 18 de julho de 1989 - Altera a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981 (que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente); a Lei nº 7.735, de 22 de fevereiro de 1989; a Lei nº 6.803, de 02 de junho de 1980 (que dispõe sobre a extinção da SEMA e da SUDEPE e sobre a criação do IBAMA vinculado ao Ministério do Interior); a Lei nº 6.902, de 21 de abril de 1981 (que dispõe sobre a criação de Estações Ecológicas, Áreas de Proteção Ambiental e dá outras providências) e dá outras providências;

Lei nº 8.746, de 09 de dezembro de 1993 - Cria, mediante transformação, o Ministério do Meio Ambiente e da Amazônia Legal, alterando a redação de dispositivo da Lei nº 8.490, de 19 de novembro de 1992;

Lei nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997 - Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do Art. 21 da Constituição Federal e altera o Art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989;

Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 - Dispõe sobre crimes ambientais, estabelece mecanismos efetivos de punição e reparação de danos ecológicos e dá outras providências;

Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999 - Dispõe sobre a Educação Ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental;

Lei nº 9.984 de 17 de Julho de 2000 - Dispõe sobre a criação da Agência Nacional de Águas - ANA, entidade federal de implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e de coordenação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, e dá outras providências;

Lei nº 9.985, de 18 de Julho de 2000 - Regulamenta o art. 225, § 1°, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências;

Lei nº 10.165, de 27 de dezembro de 2000 - Altera a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências;

Lei nº 10.650, de 16 de abril de 2003 - Dispõe sobre acesso público aos dados e informações existentes nos órgãos e entidades integrantes do SISNAMA;

Lei nº 11.959, de 29 de junho de 2009 - Dispõe sobre a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável da Aquicultura e da Pesca, regula as atividades pesqueiras, revoga a Lei nº 7.679, de 23 de novembro de 1988, e dispositivos do Decreto-Lei nº 221, de 28 de fevereiro de 1967, e dá outras providências;

Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010 - Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências;

Lei Complementar nº 140, de 8 de dezembro de 2011 – Fixa normas, nos termos dos incisos III, IV e VII do caput e do parágrafo único do Art. 23 da Constituição Federal, para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios nas ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em

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qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora; e altera a Lei nº 6.938, de 31 de Agosto de 1981;

Lei de nº 12.651, de 25 de maio de 2012 - Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as Leis nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, nº 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, e nº 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências;

Lei nº 12.727, de 17 de outubro de 2012 - Altera a Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, que dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, nº 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006; e revoga a Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, e nº 7.754, de 14 de abril de 1989, a Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001, o item 22 do inciso II do Art. 167 da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973, e o § 2º do Art. 4º da Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012.

2.1.2.1. Destaque para Leis Federais

Cabe sublinhar algumas Leis Federais que estão relacionadas mais diretamente com o empreendimento REVESA Carcinicultura, as quais são:

Lei de nº 12.651 de 25 de maio de 2012, considerada o Novo Código Florestal, que apresenta as disposições gerais, e sofreu alterações impostas pela Lei de nº 12. 727, de 17 de outubro de 2012.

“Art. 1º- A. Esta Lei estabelece normas gerais sobre a proteção da vegetação, áreas de Preservação Permanente e as áreas de Reserva Legal; a exploração florestal, o suprimento de matéria-prima florestal, o controle da origem dos produtos florestais e o controle e prevenção dos incêndios florestais, e prevê instrumentos econômicos e financeiros para o alcance de seus objetivos. (Com alteração da Lei nº 12.727, de 17 de outubro de 2012)

Parágrafo único. Tendo como objetivo o desenvolvimento sustentável, esta Lei atenderá aos seguintes princípios:

I - afirmação do compromisso soberano do Brasil com a preservação das suas florestas e demais formas de vegetação nativa, bem como da biodiversidade, do solo, dos recursos hídricos e da integridade do sistema climático, para o bem estar das gerações presentes e futuras;

II - reafirmação da importância da função estratégica da atividade agropecuária e do papel das florestas e demais formas de vegetação nativa na sustentabilidade, no crescimento econômico, na melhoria da qualidade de vida da população brasileira e na presença do País nos mercados nacional e internacional de alimentos e bioenergia;

III - ação governamental de proteção e uso sustentável de florestas, consagrando o compromisso do País com a compatibilização e harmonização entre o uso produtivo da terra e a preservação da água, do solo e da vegetação;

IV - responsabilidade comum da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, em colaboração com a sociedade civil, na criação de políticas para a preservação e restauração da vegetação nativa e de suas funções ecológicas e sociais nas áreas urbanas e rurais;

V - fomento à pesquisa científica e tecnológica na busca da inovação para o uso sustentável do solo e da água, a recuperação e a preservação das florestas e demais formas de vegetação nativa;

VI - criação e mobilização de incentivos econômicos para fomentar a preservação e a recuperação da vegetação nativa e para promover o desenvolvimento de atividades produtivas sustentáveis.

Art. 3º merece destaque a definição da:

(...)

II - Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas;

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III - Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, delimitada nos termos do Art. 12, com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa;

IV - Área rural consolidada: área de imóvel rural com ocupação antrópica preexistente a 22 de julho de 2008, com edificações, benfeitorias ou atividades agrossilvipastoris, admitida, neste último caso, a adoção do regime de pousio;

(...)

VII - manejo sustentável: administração da vegetação natural para a obtenção de benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema objeto do manejo e considerando-se, cumulativa ou alternativamente, a utilização de múltiplas espécies madeireiras ou não, de múltiplos produtos e subprodutos da flora, bem como a utilização de outros bens e serviços;

(...)

XIII - manguezal: ecossistema litorâneo que ocorre em terrenos baixos, sujeitos à ação das marés, formado por vasas lodosas recentes ou arenosas, às quais se associa, predominantemente, a vegetação natural conhecida como mangue, com influência flúvio marinha, típica de solos limosos de regiões estuarinas e com dispersão descontínua ao longo da costa brasileira, entre os Estados do Amapá e de Santa Catarina;

XIV - salgado ou marismas tropicais hipersalinos: áreas situadas em regiões com frequências de inundações intermediárias entre marés de sizígias e de quadratura, com solos cuja salinidade varia entre 100 (cem) e 150 (cento e cinquenta) partes por 1.000 (mil), onde pode ocorrer a presença de vegetação herbácea específica;

XV - apicum: áreas de solos hipersalinos situadas nas regiões entre marés superiores, inundadas apenas pelas marés de sizígias, que apresentam salinidade superior a 150 (cento e cinquenta) partes por 1.000 (mil), desprovidas de vegetação vascular;

XVI - restinga: depósito arenoso paralelo à linha da costa, de forma geralmente alongada, produzido por processos de sedimentação, onde se encontram diferentes comunidades que recebem influência marinha, com cobertura vegetal em mosaico, encontrada em praias, cordões arenosos, dunas e depressões, apresentando, de acordo com o estágio sucessional, estrato herbáceo, arbustivo e arbóreo, este último mais interiorizado;

XVII - nascente: afloramento natural do lençol freático que apresenta perenidade e dá início a um curso d’água;

XVIII - olho d’água: afloramento natural do lençol freático, mesmo que intermitente;

XIX - leito regular: a calha por onde correm regularmente as águas do curso d’água durante o ano;

(...)

XXI - várzea de inundação ou planície de inundação: áreas marginais a cursos d’água sujeitas a enchentes e inundações periódicas;

XXII - faixa de passagem de inundação: área de várzea ou planície de inundação adjacente a cursos d’água que permite o escoamento da enchente;

XXIII - relevo ondulado: expressão geomorfológica usada para designar área caracterizada por movimentações do terreno que geram depressões, cuja intensidade permite sua classificação como relevo suave ondulado, ondulado, fortemente ondulado e montanhoso;

XXIV - pousio: prática de interrupção temporária de atividades ou usos agrícolas, pecuários ou silviculturais, por no máximo 5 (cinco) anos, para possibilitar a recuperação da capacidade de uso ou da estrutura física do solo; (Com alteração da Lei nº 12.727, de 17 de outubro de 2012).

XXV - áreas úmidas: pantanais e superfícies terrestres cobertas de forma periódica por águas, cobertas originalmente por florestas ou outras formas de vegetação adaptadas à inundação; e (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012).

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(...)”.

Quanto às Áreas de Preservação Permanentes cabe destacar o Art. 4º da nova legislação com as suas delimitações:

Art. 4º. Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei:

I – as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de: (Com alteração da Lei nº 12.727, de 17 de outubro de 2012):

a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de largura;

b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura;

c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura;

d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura;

e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros;

II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima de:

a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com até 20 (vinte) hectares de superfície, cuja faixa marginal será de 50 (cinquenta) metros;

b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas;

III - as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, na faixa definida na licença ambiental do empreendimento, observado o disposto nos §§ 1º e 2º;

IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros; (Com alteração da Lei nº 12.727, de 17 de outubro de 2012);

V - as encostas ou partes destas com declividade superior a 45°, equivalente a 100% (cem por cento) na linha de maior declive;

VI - as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;

VII - os manguezais, em toda a sua extensão;

VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais;

(...)

§ 1º Não será exigida Área de Preservação Permanente no entorno de reservatórios artificiais de água que não decorram de barramento ou represamento de cursos d’água naturais. (Com alteração da Lei de nº 12.727, de 17 de outubro de 2012)

(...)

§ 6º - Nos imóveis rurais com até 15 (quinze) módulos fiscais é admitida nas áreas de que tratam os incisos I e II do caput deste artigo, a prática da aquicultura e a infraestrutura física diretamente a ela associada, desde que:

I - sejam adotadas práticas sustentáveis de manejo de solo e água e de recursos hídricos, garantindo sua qualidade e quantidade, de acordo com norma dos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente;

II - esteja de acordo com os respectivos planos de bacia ou planos de gestão de recursos hídricos;

III - seja realizado o licenciamento pelo órgão ambiental competente;

IV - o imóvel esteja inscrito no Cadastro Ambiental Rural - CAR.

V – não implique novas supressões de vegetação nativa.

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(...)

Art. 6º. Consideram-se, ainda, de preservação permanente, quando declaradas de interesse social por ato do Chefe do Poder Executivo, as áreas cobertas com florestas ou outras formas de vegetação destinadas a uma ou mais das seguintes finalidades:

I - conter a erosão do solo e mitigar riscos de enchentes e deslizamentos de terra e de rocha;

II - proteger as restingas ou veredas;

III - proteger várzeas;

IV - abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaçados de extinção;

V - proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico, cultural ou histórico;

VI - formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;

VII - assegurar condições de bem-estar público;

VIII - auxiliar a defesa do território nacional, a critério das autoridades militares.

IX – proteger áreas úmidas, especialmente as de importância internacional. (Com alteração da Lei nº 12.727, de 17 de outubro de 2012)”.

Quanto ao Regime de Proteção das Áreas de Preservação Permanente, ressalta:

Art. 7º. A vegetação situada em Área de Preservação Permanente deverá ser mantida pelo proprietário da área, possuidor ou ocupante a qualquer título, pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado.

§ 1º - Tendo ocorrido supressão de vegetação situada em Área de Preservação Permanente, o proprietário da área, possuidor ou ocupante a qualquer título é obrigado a promover a recomposição da vegetação, ressalvados os usos autorizados previstos nesta Lei.

§ 2º - A obrigação prevista no § 1º tem natureza real e é transmitida ao sucessor no caso de transferência de domínio ou posse do imóvel rural.

(...)

Art. 9º. É permitido o acesso de pessoas e animais às Áreas de Preservação Permanente para obtenção de água e para realização de atividades de baixo impacto ambiental.

Quanto ao uso ecologicamente sustentável dos apicuns e salgados, os artigos seguintes norteiam o devido uso, conforme a Lei nº 12.727, de 17 de outubro de 2012:

Art. 11-A. A Zona Costeira é patrimônio nacional, nos termos do § 4º do Art. 225 da Constituição, devendo sua ocupação e exploração dar-se de modo ecologicamente sustentável. (Com alteração da Lei nº 12.727, de 17 de outubro de 2012).

§ 1º Os apicuns e salgados podem ser utilizados em atividades de carcinicultura e salinas, desde que observados os seguintes requisitos: (Com alteração da Lei nº 12.727, de 17 de outubro de 2012).

I - área total ocupada em cada Estado não superior a 10% (dez por cento) dessa modalidade de fitofisionomia no bioma amazônico e a 35% (trinta e cinco por cento) no restante do País, excluídas as ocupações consolidadas que atendam ao disposto no § 6º deste Artigo; (Com alteração da Lei nº 12.727, de 17 de outubro de 2012).

II - salvaguarda da absoluta integridade dos manguezais arbustivos e dos processos ecológicos essenciais a eles associados, bem como da sua produtividade biológica e condição de berçário de recursos pesqueiros; (Com alteração da Lei nº 12.727, de 17 de outubro de 2012).

III - licenciamento da atividade e das instalações pelo órgão ambiental estadual, cientificado o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA e, no caso de uso de terrenos de marinha ou outros bens da União, realizada regularização prévia da titulação perante a União; (Com alteração da Lei nº 12.727, de 17 de outubro de 2012).

IV - recolhimento, tratamento e disposição adequados dos efluentes e resíduos; (Com alteração da Lei nº 12.727, de 17 de outubro de 2012).

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V - garantia da manutenção da qualidade da água e do solo, respeitadas as Áreas de Preservação Permanente;

V - respeito às atividades tradicionais de sobrevivência das comunidades locais.

§ 2º A licença ambiental, na hipótese deste Artigo, será de 5 (cinco) anos, renovável apenas se o empreendedor cumprir as exigências da legislação ambiental e do próprio licenciamento, mediante comprovação anual inclusive por mídia fotográfica.

§ 3º - São sujeitos à apresentação de Estudo Prévio de Impacto Ambiental - EPIA e Relatório de Impacto Ambiental - RIMA os novos empreendimentos:

I - com área superior a 50 (cinquenta) hectares, vedada a fragmentação do projeto para ocultar ou camuflar seu porte;

II - com área de até 50 (cinquenta) hectares, se potencialmente causadores de significativa degradação do meio ambiente; ou

III - localizados em região com adensamento de empreendimentos de carcinicultura ou salinas cujo impacto afete áreas comuns.

§ 4º - O órgão licenciador competente, mediante decisão motivada, poderá, sem prejuízo das sanções administrativas, civis e penais cabíveis, bem como do dever de recuperar os danos ambientais causados, alterar as condicionantes e as medidas de controle e adequação, quando ocorrer:

I - descumprimento ou cumprimento inadequado das condicionantes ou medidas de controle previstas no licenciamento, ou desobediência às normas aplicáveis;

II - fornecimento de informação falsa, dúbia ou enganosa, inclusive por omissão, em qualquer fase do licenciamento ou período de validade da licença; ou

III - superveniência de informações sobre riscos ao meio ambiente ou à saúde pública.

§ 5º - A ampliação da ocupação de apicuns e salgados respeitará o Zoneamento Ecológico-Econômico da Zona Costeira - ZEEZOC, com a individualização das áreas ainda passíveis de uso, em escala mínima de 1:10.000, que deverá ser concluído por cada Estado no prazo máximo de 1 (um) ano a partir da data de publicação desta Lei.

§ 6º - É assegurada a regularização das atividades e empreendimentos de carcinicultura e salinas cuja ocupação e implantação tenham ocorrido antes de 22 de julho de 2008, desde que o empreendedor, pessoa física ou jurídica, comprove sua localização em apicum ou salgado e se obrigue, por termo de compromisso, a proteger a integridade dos manguezais arbustivos adjacentes.

§ 7º - É vedada a manutenção, licenciamento ou regularização, em qualquer hipótese ou forma, de ocupação ou exploração irregular em apicum ou salgado, ressalvadas as exceções previstas neste Artigo.

(...)

Quanto à Área de Reserva Legal importante destacar os seguintes tópicos:

Art. 12º. Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação nativa, a título de Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação das normas sobre as Áreas de Preservação Permanente, observados os seguintes percentuais mínimos em relação à área do imóvel:

I - localizado na Amazônia Legal:

a) 80% (oitenta por cento), no imóvel situado em área de florestas;

b) 35% (trinta e cinco por cento), no imóvel situado em área de cerrado;

c) 20% (vinte por cento), no imóvel situado em área de campos gerais;

II - localizado nas demais regiões do País: 20% (vinte por cento).

(...)

Art. 17º. A Reserva Legal deve ser conservada com cobertura de vegetação nativa pelo proprietário do imóvel rural, possuidor ou ocupante a qualquer título, pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado.

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§ 1º - Admite-se a exploração econômica da Reserva Legal mediante manejo sustentável, previamente aprovado pelo órgão competente do SISNAMA, de acordo com as modalidades previstas no Art. 20.

§ 2º - Para fins de manejo de Reserva Legal na pequena propriedade ou posse rural familiar, os órgãos integrantes do SISNAMA deverão estabelecer procedimentos simplificados de elaboração, análise e aprovação de tais planos de manejo.

(...)”.

Especificamente quanto ao empreendimento REVESA Carcinicultura vale destacar que, conforme informação do empreendedor, os 06 tanques berçários existentes, bem como o laboratório serão relocados para outra área do empreendimento. O fato é que no ano da implantação dessas estruturas (2001) a vegetação de mangue ficava a mais de 50 metros dessas instalações, no entanto, com a proteção destinada a essas áreas a vegetação de mangue aproximou-se da área construída e hoje se encontra a menos de 30 metros do mangue. Ante a possibilidade de expansão dos tanques berçários, o empreendedor optou por transferir todos os tanques berçários e construir mais alguns, totalizando 10 tanques, em área mais interior do terreno, ou seja, mais distante da área de preservação permanente da Gamboa Grande.

Ressalta-se também que a área em operação já dispõe de Reserva Legal devidamente averbada à margem da matrícula do imóvel, e que o empreendedor deverá adquirir um terreno para constituir a Reserva Legal de parte da área proposta para ampliação do empreendimento nas proximidades do imóvel onde se desenvolverá a atividade produtiva propriamente dita.

Lei Complementar nº 140, de 8 de dezembro de 2011 – Fixa normas, nos termos dos incisos III, IV e VII do caput e do parágrafo único do Art. 23 da Constituição Federal, para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios nas ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora; e altera a Lei nº 6.938, de 31 de Agosto de 1981.

“(...)

Art. 3º. Constituem objetivos fundamentais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, no exercício da competência comum a que se refere esta Lei Complementar:

I - proteger, defender e conservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado, promovendo gestão descentralizada, democrática e eficiente;

II - garantir o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico com a proteção do meio ambiente, observando a dignidade da pessoa humana, a erradicação da pobreza e a redução das desigualdades sociais e regionais;

III - harmonizar as políticas e ações administrativas para evitar a sobreposição de atuação entre os entes federativos, de forma a evitar conflitos de atribuições e garantir uma atuação administrativa eficiente;

IV - garantir a uniformidade da política ambiental para todo o País, respeitadas as peculiaridades regionais e locais.

(...)

Art. 6º. As ações de cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão ser desenvolvidas de modo a atingir os objetivos previstos no Art. 3º e a garantir o desenvolvimento sustentável, harmonizando e integrando todas as políticas governamentais.

(...)

Art. 13. Os empreendimentos e atividades são licenciados ou autorizados, ambientalmente, por um único ente federativo, em conformidade com as atribuições estabelecidas nos termos desta Lei Complementar.

§ 1º - Os demais entes federativos interessados podem manifestar-se ao órgão responsável pela licença ou autorização, de maneira não vinculante, respeitados os prazos e procedimentos do licenciamento ambiental.

§ 2º - A supressão de vegetação decorrente de licenciamentos ambientais é autorizada pelo ente federativo licenciador.

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§ 3º Os valores alusivos às taxas de licenciamento ambiental e outros serviços afins devem guardar relação de proporcionalidade com o custo e a complexidade do serviço prestado pelo ente federativo.

Art. 14. Os órgãos licenciadores devem observar os prazos estabelecidos para tramitação dos processos de licenciamento.

§ 1º - As exigências de complementação oriundas da análise do empreendimento ou atividade devem ser comunicadas pela autoridade licenciadora de uma única vez ao empreendedor, ressalvadas aquelas decorrentes de fatos novos.

§ 2º - As exigências de complementação de informações, documentos ou estudos feitas pela autoridade licenciadora suspendem o prazo de aprovação, que continua a fluir após o seu atendimento integral pelo empreendedor.

§ 3º - O decurso dos prazos de licenciamento, sem a emissão da licença ambiental, não implica emissão tácita nem autoriza a prática de ato que dela dependa ou decorra, mas instaura a competência supletiva referida no Art. 15.

§ 4º - A renovação de licenças ambientais deve ser requerida com antecedência mínima de 120 (cento e vinte) dias da expiração de seu prazo de validade, fixado na respectiva licença, ficando este automaticamente prorrogado até a manifestação definitiva do órgão ambiental competente”.

Lei nº 11.959, de 29 de junho de 2009 - Dispõe sobre a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável da Aquicultura e da Pesca, regula as atividades pesqueiras, revoga a Lei nº 7.679, de 23 de novembro de 1988, e dispositivos do Decreto-Lei nº 221, de 28 de fevereiro de 1967, e dá outras providências;

“(...)

Art. 1º. Esta Lei dispõe sobre a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável da Aquicultura e da Pesca, formulada, coordenada e executada com o objetivo de promover:

I – o desenvolvimento sustentável da pesca e da aquicultura como fonte de alimentação, emprego, renda e lazer, garantindo-se o uso sustentável dos recursos pesqueiros, bem como a otimização dos benefícios econômicos decorrentes, em harmonia com a preservação e a conservação do meio ambiente e da biodiversidade;

II – o ordenamento, o fomento e a fiscalização da atividade pesqueira;

III – a preservação, a conservação e a recuperação dos recursos pesqueiros e dos ecossistemas aquáticos;

IV – o desenvolvimento socioeconômico, cultural e profissional dos que exercem a atividade pesqueira, bem como de suas comunidades.

(...)

Art. 18. O aquicultor poderá coletar, capturar e transportar organismos aquáticos silvestres, com finalidade técnico-científica ou comercial, desde que previamente autorizado pelo órgão competente, nos seguintes casos:

I – reposição de plantel de reprodutores;

II – cultivo de moluscos aquáticos e de macroalgas disciplinado em legislação específica.

Art. 19. A aquicultura é classificada como:

I – comercial: quando praticada com finalidade econômica, por pessoa física ou jurídica;

II – científica ou demonstrativa: quando praticada unicamente com fins de pesquisa, estudos ou demonstração por pessoa jurídica legalmente habilitada para essas finalidades;

III – recomposição ambiental: quando praticada sem finalidade econômica, com o objetivo de repovoamento, por pessoa física ou jurídica legalmente habilitada;

IV – familiar: quando praticada por unidade unifamiliar, nos termos da Lei no 11.326, de 24 de julho de 2006;

V – ornamental: quando praticada para fins de aquariofilia ou de exposição pública, com fins comerciais ou não.

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Art. 20. O regulamento desta Lei disporá sobre a classificação das modalidades de aquicultura a que se refere o art. 19, consideradas:

I – a forma do cultivo;

II – a dimensão da área explorada;

III – a prática de manejo;

IV – a finalidade do empreendimento.

Parágrafo único. As empresas de aquicultura são consideradas empresas pesqueiras.

Art. 21. O Estado concederá o direito de uso de águas e terrenos públicos para o exercício da aquicultura.

Art. 22. Na criação de espécies exóticas, é responsabilidade do aquicultor assegurar a contenção dos espécimes no âmbito do cativeiro, impedindo seu acesso às águas de drenagem de bacia hidrográfica brasileira.

Parágrafo único. Fica proibida a soltura, no ambiente natural, de organismos geneticamente modificados, cuja caracterização esteja em conformidade com os termos da legislação específica.

Art. 23. São instrumentos de ordenamento da aquicultura os planos de desenvolvimento da aquicultura, os parques e áreas aquícolas e o Sistema Nacional de Autorização de Uso de Águas da União para fins de aquicultura, conforme definidos em regulamentação específica.

(...)”

2.1.3. Decretos Federais

Decreto nº 24.643, de 10 de julho de 1934 - Institui o Código de Águas;

Decreto nº 76.389 de 03 de outubro de 1975 - Dispõe sobre as medidas de controle ambiental de que trata o Decreto-Lei nº 1413/75;

Decreto nº 79.367, de 09 de março de 1977 - Estabelece o padrão da potabilidade da água;

Decreto nº 86.028, de 27 de maio de 1981 - Institui em todo o Território Nacional a Semana Nacional do Meio Ambiente e dá outras providências;

Decreto nº 97.632, de 10 de abril de 1989 - Dispõe sobre a regulamentação do Art. 2º, inciso VIII da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981 (que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação e dá outras providências), e dá outras providências;

Decreto nº 97.633, de 10 de abril de 1989 - Dispõe sobre o Conselho Nacional de Proteção à Fauna - CNPF e dá outras providências;

Decreto nº 97.822, de 08 de junho de 1989 - Institui o Sistema de Monitoramento Ambiental e dos Recursos Naturais por Satélites - SISMARN e dá outras providências;

Decreto nº 99.193, de 27 de março de 1990 - Dispõe sobre as atividades relacionadas ao zoneamento ecológico - econômico e dá outras providências;

Decreto nº 1.218, de 15 de agosto de 1994 - Atribui ao Ministro de Estado do Meio Ambiente e da Amazônia Legal competência para praticar os atos que menciona (delegação de competência);

Decreto nº 3.179, de 21 de setembro de 1999 - Dispõe sobre a especificação das sanções aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao meio ambiente;

Decreto nº 3.524, de 26 de junho de 2000 - Regulamenta a Lei nº 7.797, de 10 de julho de 1989, que cria o Fundo Nacional do Meio Ambiente e dá outras providências;

Decreto nº 3.551, de 04 de agosto de 2000 - Institui o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial que Constituem Patrimônio Cultural Brasileiro. Cria o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial e dá outras providências;

Decreto nº 3.919, de 14 de setembro de 2001 - Acrescenta Art. ao Decreto nº 3.179, de 21 de setembro de 1999, que dispõe sobre a especificação das sanções aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências;

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Decreto n° 4.281, de 25 de junho de 2002 - Regulamenta a Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências.

Decreto nº 4.297, de 10 de julho de 2002 - Regulamenta o art. 9º, inciso II, da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que estabelece critérios para o zoneamento ecológico – econômico do Brasil - ZEE, e dá outras providências;

Decreto nº 4.339, de 22 de agosto de 2002 - Institui princípios e diretrizes para implementação da Política Nacional da Biodiversidade;

Decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002 - Regulamenta Arts. da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC e dá outras providências.

Decreto nº 4.613, de 11 de março de 2003 - Regulamenta o Conselho Nacional de Recursos Hídricos e dá outras providências.

Decreto nº 4.703, de 21 de maio de 2003 - Dispõe sobre o Programa Nacional da Diversidade Biológica - PRONABIO e a Comissão Nacional da Biodiversidade, e dá outras providências;

Decreto nº 4.987, de 12 de Fevereiro de 2004 - Dá nova redação ao Art. 7º do Decreto nº 4.703, de 21 de maio de 2003, que dispõe sobre o PRONABIO e a Comissão Nacional de Biodiversidade;

Decreto nº 5.300, de 07 de dezembro de 2004 - Regulamenta a Lei nº 7.661, de 16 de maio de 1988, que institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro - PNGC dispõe sobre regras de uso e ocupação da zona costeira e estabelece critérios de gestão da orla marítima e dá outras providências;

Decreto nº 5.566, de 26 de outubro de 2005 - Dá nova redação ao caput do Art. 31 do Decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002, que regulamenta artigos da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC;

Decreto nº 5.705, de 16 de fevereiro de 2006 - Promulga o Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança, na Convenção sobre Diversidade Biológica;

Decreto nº 6.514, de 22 de julho de 2008 - Dispõe sobre as infrações e sanções administrativas ao meio ambiente, estabelece o processo administrativo federal para apuração destas infrações, e dá outras providências;

Decreto nº 6.848, de 14 de maio de 2009 - regulamenta o processo de fixação da ‘Compensação Ambiental’;

Decreto nº 7.024, de 7 de dezembro de 2009 - Regulamenta a alínea "e" do inciso XXIV do Art. 27 da Lei nº 10.683, de 28 de maio de 2003. (Sanidade Pesqueira e Aquícola);

Decreto nº 7.217, de 21 de junho de 2010 - Regulamenta a Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007, que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico, e dá outras providências;

Decreto nº 7.762, de 19 de junho de 2012 - Promulga o Memorando de Entendimento entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República de Cuba para a Cooperação nos Setores de Pesca e Aquicultura, firmado em Havana, em 26 de setembro de 2003;

Decreto nº 7.794, de 20 de agosto de 2012 - Institui a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica;

Decreto nº 7.830, de 17 de outubro de 2012 - Dispõe sobre o Sistema de Cadastro Ambiental Rural, estabelece normas de caráter geral aos Programas de Regularização Ambiental, de que trata a Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, e dá outras providências.

2.1.3.1. Destaque para Decretos Federais:

Decreto nº 6.848, de 14 de maio de 2009: Altera e acrescenta dispositivos ao Decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002, para regulamentar a compensação ambiental.

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“Art. 1º. Os Arts. 31 e 32 do Decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002 passam a vigorar com a seguinte redação:

Art. 31. Para os fins de fixação da compensação ambiental de que trata o Art. 36 da Lei nº 9.985/2000, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA estabelecerá o grau de impacto a partir de estudo prévio de impacto ambiental e respectivo relatório - EIA/RIMA, ocasião em que considerará, exclusivamente, os impactos ambientais negativos sobre o meio ambiente.

§ 1º - O impacto causado será levado em conta apenas uma vez no cálculo.

§ 2º - O cálculo deverá conter os indicadores do impacto gerado pelo empreendimento e das características do ambiente a ser impactado.

§ 3º - Não serão incluídos no cálculo da compensação ambiental os investimentos referentes aos planos, projetos e programas exigidos no procedimento de licenciamento ambiental para mitigação de impactos, bem como os encargos e custos incidentes sobre o financiamento do empreendimento, inclusive os relativos às garantias, e os custos com apólices e prêmios de seguros pessoais e reais.

§ 4º - A compensação ambiental poderá incidir sobre cada trecho, naqueles empreendimentos em que for emitida a licença de instalação por trecho.” (NR)

Art. 32. Será instituída câmara de compensação ambiental no âmbito do Ministério do Meio Ambiente, com a finalidade de:

I - estabelecer prioridades e diretrizes para aplicação da compensação ambiental;

II - avaliar e auditar, periodicamente, a metodologia e os procedimentos de cálculo da compensação ambiental, de acordo com estudos ambientais realizados e percentuais definidos;

III - propor diretrizes necessárias para agilizar a regularização fundiária das unidades de conservação; e

IV - estabelecer diretrizes para elaboração e implantação dos planos de manejo das unidades de conservação.” (NR)

Art. 2º. O Decreto nº 4.340, de 2002, passa a vigorar acrescido dos seguintes artigos:

Art. 31 - A. O Valor da Compensação Ambiental - CA será calculado pelo produto do Grau de Impacto - GI com o Valor de Referência - VR, de acordo com a fórmula a seguir:

CA = VR x GI, onde:

CA = Valor da Compensação Ambiental;

VR = somatório dos investimentos necessários para implantação do empreendimento, não incluídos os investimentos referentes aos planos, projetos e programas exigidos no procedimento de licenciamento ambiental para mitigação de impactos causados pelo empreendimento, bem como os encargos e custos incidentes sobre o financiamento do empreendimento, inclusive os relativos às garantias, e os custos com apólices e prêmios de seguros pessoais e reais; e

GI = Grau de Impacto nos ecossistemas, podendo atingir valores de 0 a 0,5%.

§ 1º - O GI referido neste Artigo será obtido conforme o disposto no Anexo deste Decreto.

§ 2º - O EIA/RIMA deverá conter as informações necessárias ao cálculo do GI.

§ 3º - As informações necessárias ao calculo do VR deverão ser apresentadas pelo empreendedor ao órgão licenciador antes da emissão da licença de instalação.

§ 4º - Nos casos em que a compensação ambiental incidir sobre cada trecho do empreendimento, o VR será calculado com base nos investimentos que causam impactos ambientais, relativos ao trecho.” (NR)

Art. 31-B - Caberá ao IBAMA realizar o cálculo da compensação ambiental de acordo com as informações a que se refere o Art. 31-A.

§ 1º - Da decisão do cálculo da compensação ambiental caberá recurso no prazo de dez dias, conforme regulamentação a ser definida pelo órgão licenciador.

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§ 2º - O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão, a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, o encaminhará à autoridade superior.

§ 3º - O órgão licenciador deverá julgar o recurso no prazo de até trinta dias, salvo prorrogação por igual período expressamente motivada.

§ 4º Fixado em caráter final o valor da compensação, o IBAMA definirá sua destinação, ouvido o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico Mendes e observado o § 2o do art. 36 da Lei no 9.985, de 2000.” (NR)

Art. 3º. Nos processos de licenciamento ambiental já iniciados na data de publicação deste Decreto, em que haja necessidade de complementação de informações para fins de aplicação do disposto no Anexo do Decreto nº 4.340/2002, as providências para cálculo da compensação ambiental deverão ser adotadas sem prejuízo da emissão das licenças ambientais e suas eventuais renovações.

Art. 4º.Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação”.

Este EIA/RIMA atende integralmente ao que preceitua a legislação federal vigente e particularmente a este decreto, ao fornecer todos os dados necessários para o cálculo do valor que será destinado a compensação ambiental.

2.1.4. Resoluções CONAMA

CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986: Dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para o Relatório de Impacto Ambiental – RIMA;

CONAMA nº 237, de 19 de dezembro de 1997: Dispõe sobre licenciamento ambiental; competência da União, Estados e Municípios; listagem de atividades sujeitas ao licenciamento; Estudos Ambientais, Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental.

CONAMA nº 002, de 05 de março de 1985: Dispõe sobre licenciamento de atividades potencialmente poluidoras, pelos órgãos estaduais competentes;

CONAMA nº 001-A, de 23 de janeiro de 1986: Dispõe sobre transporte de produtos perigosos em território nacional;

CONAMA nº 006, de 24 de janeiro de 1986: Aprova os modelos de publicações em periódicos de licenciamento em quaisquer de suas modalidades, sua renovação e a respectiva concessão e aprova modelos para publicação de licenças;

CONAMA nº 011, de 18 de março de 1986: Altera e acrescenta incisos à Resolução nº 001/86 que institui o RIMA;

CONAMA nº 020, de 18 de junho de 1986: Dispõe sobre a classificação das águas doces, salobras e salinas do Território Nacional.

CONAMA nº 009, de 03 de dezembro de 1987: Estabelece normas para realização de audiência pública para informação sobre o projeto e seus impactos ambientais e discussão do RIMA.

CONAMA nº 006 de 15 de junho de 1988 - Dispõe sobre o licenciamento ambiental de atividades industriais geradoras de resíduos perigosos;

CONAMA nº 001, de 16 de março de 1988 - Dispõe sobre o Cadastro Técnico Federal de atividades e instrumentos de defesa ambiental;

CONAMA nº 005, de 15 de junho de 1989 - Institui o Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar – PRONAR, e dá outras providências;

CONAMA nº 001 de 08 de março de 1990 - Dispõe sobre a emissão de ruídos em decorrência de quaisquer atividades industriais e outras;

CONAMA nº 003, de 28 de junho de 1990 - Estabelece padrões de qualidade do ar e amplia o número de poluentes atmosféricos passíveis de monitoramento e controle;

CONAMA nº 008, de 06 de dezembro de 1990 - Estabelece limites máximos de emissão de poluentes do ar em nível nacional (padrões de emissão);

CONAMA nº 009, de 31 de agosto de 1993 - Dispõe sobre óleos lubrificantes e dá outras providências;

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CONAMA nº 025, de 07 de dezembro de 1994 - Define vegetação primária e secundária nos estágios inicial, médio e avançado de regeneração da Mata Atlântica, a fim de orientar os procedimentos de licenciamento de atividades florestais no Ceará;

CONAMA nº 009, de 24 de outubro de 1996 - Define corredores entre remanescentes, estabelece parâmetros e procedimentos para sua identificação e proteção;

CONAMA nº 237, de 22 de dezembro de 1997 - Determina a revisão dos procedimentos e critérios utilizados para o licenciamento ambiental, de forma a efetivar a utilização do sistema de licenciamento como instrumento de gestão ambiental, visando o desenvolvimento sustentável e a melhoria contínua, instituída pela Política Nacional do Meio ambiente;

CONAMA nº 281, de 12 de julho de 2001 - Dispõe sobre modelos de publicação de pedidos de licenciamento;

CONAMA nº 302, de 20 de março de 2002 - Dispõe sobre os parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente de reservatórios artificiais e o regime de uso do entorno;

CONAMA nº 303, de 20 de março de 2002 - Dispõe sobre parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente;

CONAMA nº 307, de 05 de julho de 2002 - Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil;

CONAMA nº 312, de 10 de outubro de 2002 - Dispõe sobre o licenciamento ambiental dos empreendimentos de carcinicultura na zona costeira;

CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005 - Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências;

CONAMA nº 369, de 28 de março de 2006 - Dispõe sobre os casos excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente – APP;

CONAMA nº 371, de 05 de abril de 2006 - Estabelece diretrizes aos órgãos ambientais para o cálculo, cobrança, aplicação, aprovação e controle de gastos de recursos advindos de compensação ambiental, conforme a Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza-SNUC e dá outras providências;

CONAMA nº 396, de 3 de abril de 2008 - Dispõe sobre a classificação e diretrizes ambientais para o enquadramento das águas subterrâneas e dá outras providências;

CONAMA nº 420, de 28 de dezembro de 2009 - Dispõe sobre critérios e valores orientadores de qualidade do solo quanto à presença de substâncias químicas e estabelece diretrizes para o gerenciamento ambiental de áreas contaminadas por essas substâncias em decorrência de atividades antrópicas;

CONAMA nº 413, de 26 de junho de 2009 - Dispõe sobre o licenciamento ambiental da aquicultura, e dá outras providências;

CONAMA nº 429, de 28 de fevereiro de 2011 - Dispõe sobre a metodologia de recuperação das Áreas de Preservação Permanente – APPs;

CONAMA nº 430, de 13 de maio de 2011- Dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução nº 357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA;

CONAMA nº 442, de 30 de dezembro de 2011- Aprova a lista de espécies indicadoras dos estágios sucessionais de vegetação de restinga para o Estado do Ceará, de acordo com a Resolução nº 417, de 23 de novembro de 2009.

2.1.4.1. Destaque para Resoluções CONAMA:

Resolução CONAMA nº 09, de 03 de dezembro de 1987 - Dispõe sobre a questão de audiências Públicas.

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“Art. 1º. A Audiência Pública referida na RESOLUÇÃO CONAMA nº 01/86 tem por finalidade expor aos interessados o conteúdo do produto em análise e do seu referido RIMA, dirimindo dúvidas e recolhendo dos presentes as críticas e sugestões a respeito.

Art. 2º. Sempre que julgar necessário, ou quando for solicitado por entidade civil, pelo Ministério Público, ou por 50 (cinquenta) ou mais cidadãos, o Órgão do Meio Ambiente promoverá a realização de Audiência Pública.

§ 1º - O Órgão de Meio Ambiente, a partir da data do recebimento do RIMA, fixará em edital e anunciará pela imprensa local a abertura do prazo que será no mínimo de 45 dias para solicitação de audiência pública.

§ 2º - No caso de haver solicitação de audiência pública e na hipótese do Órgão Estadual não realizá-la, a licença concedida não terá validade.

§ 3º - Após este prazo, a convocação será feita pelo Órgão Licenciador, através de correspondência registrada aos solicitantes e da divulgação em órgãos da imprensa local.

§ 4º - A audiência pública deverá ocorrer em local acessível aos interessados.

§ 5º - Em função da localização geográfica dos solicitantes, e da complexidade do tema, poderá haver mais de uma audiência pública sobre o mesmo projeto de respectivo Relatório de Impacto Ambiental - RIMA.

(...)”.

Resolução CONAMA nº 312 , de 10 de outubro de 2002 - Dispõe sobre o licenciamento ambiental dos empreendimentos de carcinicultura na zona costeira;

“(...)

Art. 2º. É vedada a atividade de carcinicultura em manguezal.

Art. 3º. A construção, a instalação, a ampliação e o funcionamento de empreendimentos de carcinicultura na zona costeira, definida pela Lei nº 7.661, de 1988, e pelo Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro, nos termos desta Resolução, dependem de licenciamento ambiental.

Parágrafo único. A instalação e a operação de empreendimentos de carcinicultura não prejudicarão as atividades tradicionais de sobrevivência das comunidades locais.

(...)

§ 1º - Os empreendimentos com área menor ou igual a 10 (dez) ha poderão ser licenciados por meio de procedimento de licenciamento ambiental simplificado, desde que este procedimento tenha sido aprovado pelo Conselho Ambiental.

§ 2º - No processo de licenciamento será considerado o potencial de produção ecologicamente sustentável do estuário ou da bacia hidrográfica, definida e limitada pelo ZEE.

§ 3º Os empreendimentos com área maior que 10 (dez) ha, ficam sujeitos ao processo de licenciamento ambiental ordinário.

§ 4º - Os empreendimentos localizados em um mesmo estuário poderão efetuar o EPIA/RIMA conjuntamente.

§ 5º - Na ampliação dos projetos de carcinicultura os estudos ambientais solicitados serão referentes ao novo porte em que será classificado o empreendimento.

Art. 5º. Ficam sujeitos à exigência de apresentação de EPIA/RIMA, tecnicamente justificado no processo de licenciamento, aqueles empreendimentos:

I - com área maior que 50 (cinquenta) ha;

II - com área menor que 50 (cinquenta) ha, quando potencialmente causadores de significativa degradação do meio ambiente;

III - a serem localizados em áreas onde se verifique o efeito de adensamento pela existência de empreendimentos cujos impactos afetem áreas comuns.

Art. 6º. As áreas propícias à atividade de carcinicultura serão definidas no Zoneamento Ecológico- Econômico, ouvidos os Conselhos Estaduais e Municipais de Meio Ambiente e em conformidade com os Planos Nacionais, Estaduais e Municipais de Gerenciamento Costeiro.

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Art. 7º. Nos processos de licenciamento ambiental, o órgão licenciador deverá exigir do empreendedor, obrigatoriamente, a destinação de área correspondente a, no mínimo, 20% da área total do empreendimento, para preservação integral.

(...)

Art. 9º. O órgão licenciador deverá exigir obrigatoriamente no licenciamento ou regularização de empreendimentos de carcinicultura as outorgas de direito de uso dos recursos hídricos.

(...)

Art. 14. Os projetos de carcinicultura, a critério do órgão licenciador deverão observar, dentre outras medidas de tratamento e controle dos efluentes, a utilização das bacias de sedimentação como etapas intermediárias entre a circulação ou o deságue das águas servidas ou, quando necessário, a utilização da água em regime de recirculação.

Parágrafo único. A água utilizada pelos empreendimentos da carcinicultura deverá retornar ao corpo d’água de qualquer classe atendendo as condições definidas pela Resolução do CONAMA nº 20, de 18 de junho de 1986.

(...)”.

2.1.5. Portarias Federais

Portaria Ministerial nº 124, de 20 de agosto de 1980 - Estabelece normas para a proteção dos cursos d'água;

Portaria Ministerial nº 092, de 19 de junho de 1980 - Edita critérios e padrões a serem obedecidos na emissão de sons e ruídos em decorrência de quaisquer atividades industriais, comerciais, sociais ou recreativas, inclusive programada;

Portaria Interministerial nº 917, de 06 de junho de 1982 - Dispõe sobre mobilização de terra, poluição da água, do ar e do solo;

Portaria Ministerial nº 013, de 15 de janeiro de 1986 - Dispõe sobre a classificação dos cursos d’água interiores;

Portaria IBAMA nº 94, de 26 de janeiro de 1990 - Dispõe sobre o Serviço de Defesa Ambiental na estrutura das Superintendências Estaduais e no Distrito Federal;

Portaria Normativa IBAMA nº 48N, de 23 de abril de 1993 - Cria a rede nacional de informação sobre o meio ambiente com o objetivo de dar suporte informacional às atividades técnico – científicas e industriais e apoiar o processo de gestão ambiental;

Portaria nº 96, de 30 de outubro de 1996 - Estabelece critérios para o funcionamento do Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras ou utilizadoras de recursos ambientais;

Portaria Normativa IBAMA nº 94-N, de 9 de julho de 1998 - Regulamenta a sistemática de queima controlada;

Portaria nº 518/GM, de 25 de março de 2004 - Estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e dá outras providências.

2.1.6. Instruções Normativas

Instrução Normativa MMA nº 03, de 26 de maio de 2003 - Apresenta a Lista Oficial das espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção;

Instrução Normativa nº 5, de 21 de maio de 2004 - Reconhece como espécies ameaçadas de extinção e espécies sobre-explotadas ou ameaçadas de sobre-explotação, os invertebrados aquáticos e peixes;

Instrução Normativa IBAMA nº 93, de 03 de março de 2006 - Estabelece normas técnicas para apresentação de mapas e informações georreferenciadas quanto à localização de reserva legal e áreas sob manejo florestal e suas respectivas subdivisões;

Instrução Normativa IBAMA nº146, de 10 de janeiro de 2007 - Estabelece os critérios para procedimentos relativos ao manejo de fauna silvestre (levantamento, monitoramento, salvamento, resgate e destinação) em áreas de influencia de empreendimentos e atividades

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consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de impactos à fauna sujeitas ao licenciamento ambiental;

Instrução Normativa MMA nº 06, de 23 de setembro de 2008 - Apresenta a Lista Oficial das espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção;

Instrução Normativa MMA nº 001, de 29 de fevereiro de 2008 - Regulamenta os procedimentos administrativos das entidades vinculadas ao Ministério do Meio Ambiente em relação ao embargo de obras ou atividades que impliquem em desmatamento, supressão ou degradação florestal, quando constatadas infrações administrativas ou penais contra a flora, previstas na Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 e Decreto nº 3.179, de 21 de setembro de 1999.

2.1.7. Outras Normas

Resolução nº 12, de 19 de julho de 2000 - Estabelece procedimentos para o enquadramento de corpos de água em classes segundo os usos preponderantes;

Resolução CNRH nº 15, de 11 de janeiro de 2001 - Estabelece diretrizes gerais para a gestão de águas subterrâneas;

Medida Provisória nº 2.163-41, de 23 de agosto de 2001 - Acrescenta dispositivo a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de1998, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente;

Resolução CNRH nº 29, de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a outorga de uso dos recursos hídricos para o aproveitamento dos recursos minerais;

Resolução ANA nº 707, de 21de dezembro de 2004 - Dispõe sobre procedimentos de natureza técnica e administrativa a serem observados no exame de pedidos de outorga, e dá outras providências;

Resolução CNRH nº 65, de 07 de dezembro de 2006 - Estabelece diretrizes de articulação dos procedimentos para obtenção da outorga de direito de uso de recursos hídricos com os procedimentos de licenciamento ambiental;

Resolução CNRH nº 91, de 05 de novembro de 2008 - Dispõe sobre procedimentos gerais para o enquadramento dos corpos de água superficiais e subterrâneos;

Resolução CNRH nº 92, de 05 de novembro de 2008 - Estabelece critérios e procedimentos gerais para proteção e conservação das águas subterrâneas no território brasileiro;

Resolução ANA nº 724, de 3 outubro de 2011 - Estabelece procedimentos padronizados para a coleta e preservação de amostras de águas superficiais para fins de monitoramento da qualidade dos recursos hídricos, no âmbito do PNQA.

2.2. Legislação Estadual

O ordenamento jurídico brasileiro, tendo em vista o sistema de controle de constitucionalidade reservou a competência dos órgãos judiciários estaduais para fiscalização da lei ou ato normativo estadual e municipal em face da Constituição Estadual.

A legitimação para o controle de constitucionalidade estadual foi instituída pela CF/88 no seu Art. 125, § 2º, instituindo a possibilidade de controle concentrado pelos estados membros, tendo por objeto a lei ou ato normativo estadual.

A Constituição de 1988 possibilitou a coexistência de dois sistemas de controle de constitucionalidade: estadual e federal.

2.2.1. Constituição Estadual do Ceará

“(...)

CAPÍTULO VIII

DO MEIO AMBIENTE

Art. 259. O meio ambiente equilibrado e uma sadia qualidade de vida são direitos inalienáveis do povo, impondo-se ao Estado e à comunidade o dever de preservá-los e defendê-los.

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Parágrafo único. Para assegurar a efetividade desses direitos, cabe ao Poder Público, nos termos da Lei Estadual:

I - manter um órgão próprio destinado ao estudo, controle e planejamento da utilização do meio ambiente;

II - manter o Conselho Estadual do Meio Ambiente - COEMA;

III - delimitar, em todo o território do Estado, zonas específicas para desapropriação, segundo critérios de preservação ambiental e organizados de acordo com um plano geral de proteção ao meio ambiente;

IV - estabelecer, dentro do planejamento geral de proteção ao meio ambiente, áreas especialmente protegidas, criando através de lei, parques, reservas, estações ecológicas e outras unidades de conservação, implantando-os e mantendo-os com os serviços públicos indispensáveis às suas finalidades;

V - limitar zonas industriais do território estadual para instalação de parques fabris, estabelecendo-os mediante legislação ordinária, vedada a concessão de subsídios ou incentivos de qualquer espécie, para a instalação de novas indústrias fora dessas áreas;

VI - conservar os ecossistemas existentes nos seus limites territoriais, caracterizados pelo estágio de equilíbrio atingido entre as condições físico-naturais e os seres vivos, com o fim de evitar a ruptura desse equilíbrio;

VII - adotar nas ações de planejamento uma visão integrada dos elementos que compõem a base física do espaço;

VIII - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e promover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas concomitantemente com a União e os Municípios, de forma a garantir a conservação da natureza, em consonância com as condições de habilidade humana;

IX - preservar a diversidade e integridade do patrimônio genético do Estado e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético, no âmbito estadual e municipal;

X - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida e o meio ambiente;

XI - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade, fiscalizando a extração, captura, produção, transporte, comercialização e consumo de seus espécimes e subprodutos;

XII - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;

XIII - fomentar o florestamento e o reflorestamento nas áreas críticas em processo de degradação ambiental, bem como em todo o território estadual;

XIV - controlar, pelos órgãos estaduais e municipais, os defensivos agrícolas, o que se fará apenas mediante receitas agronômicas;

XV - definir as áreas destinadas a reservas florestais, criando condições de manutenção, fiscalização, reflorestamento e investimento em pesquisas, sobretudo na Chapada do Araripe;

XVI - proibir, no território do Estado, a estocagem, a circulação e o livre comércio de alimentos ou insumos contaminados por acidentes graves de qualquer natureza, ocorridos fora do Estado;

XVII - implantar delegacias policiais especializadas na prevenção e combate aos crimes ambientais;

XVIII - desenvolver estudos e estimular projetos, visando à utilização de fontes naturais de energia e à substituição de combustíveis atualmente utilizados em indústrias e veículos por outros menos poluentes;

XIX - embargar a instalação de reatores nucleares, com exceção daqueles destinados exclusivamente à pesquisa científica e de uso terapêutico, cuja localização e especificação serão definidas em lei;

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XX - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;

XXI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direito de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seu território, autorizadas pela União, ouvidos os municípios.

Art. 260. O processo de planejamento para o meio ambiente deverá ocorrer de forma articulada entre Estado, Municípios e entidades afins, em nível federal e regional.

Parágrafo único. O sistema estadual de meio ambiente orientar-se-á para a recuperação, preservação da qualidade ambiental, visando o desenvolvimento socioeconômico, dentro de parâmetros a serem definidos em Lei ordinária que assegurem a dignidade humana e proteção à natureza.

Art. 261. Os resíduos líquidos, sólidos, gasosos ou em qualquer estado de agregação de matéria, provenientes de atividades industriais, comerciais, agropecuária, domésticas, públicas, recreativas e outras, exercidas no Estado do Ceará, só poderão ser despejados em águas interiores ou costeiras, superficiais ou subterrâneas existentes no Estado, ou lançadas à atmosfera ou ao solo, se não causarem ou tenderem a causar poluição.

Art. 262. Será prioritário o uso de gás natural por parte do sistema de transporte público.

Art. 263. O Estado e os Municípios deverão promover educação ambiental em todos os níveis de ensino, com vistas à conscientização pública da preservação do meio ambiente.

Art. 264. Qualquer obra ou atividade pública ou privada, para as quais a Superintendência Estadual do Meio Ambiente – SEMACE exigir Estudo de Impacto Ambiental, deverá ter o parecer técnico apreciado pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente – COEMA, com a publicação da resolução, aprovada ou não, publicada no Diário Oficial do Estado. (EC nº 22/91).

§ 1º - A lei estabelecerá os tipos de obra ou atividades que podem ser potencialmente causadoras de significante degradação do meio ambiente e/ou que comportem risco à vida e à qualidade de vida, e disporá sobre o Conselho Estadual do Meio Ambiente, órgão subordinado diretamente ao Governador do Estado, em que é garantida a participação da comunidade através das entidades representativas de classe de profissionais de nível superior das áreas de engenharia, arquitetura, agronomia, biologia, medicina e direito.

§ 2º - Só será licitada, aprovada ou executada a obra ou atividade, cujo relatório conclusivo de estudo prévio de que trata o caput deste Artigo, apreciado pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente, for favorável à licitação, aprovação ou execução.

Art. 265. A política de desenvolvimento urbano, executada pelos Poderes Públicos Estadual e Municipal, adotará, na forma da lei estadual, as seguintes providências:

I - (...)

II - (...)

III - garantia, juntamente com o Governo Federal, de recursos destinados à recomposição de fauna e da flora em áreas de preservação ecológica;

IV - proibição da pesca em açudes públicos, rios e lagoas, no período de procriação da espécie;

V - proibição a indústrias, comércio, hospitais e residências de despejarem, nos mangues, lagos e rios do Estado, resíduos químicos e orgânicos não tratados;

VI - proibição de caça de aves silvestres no período de procriação, e, a qualquer tempo, do abate indiscriminado;

VII - proibição do uso indiscriminado de agrotóxicos de qualquer espécie nas lavouras, salvo produtos liberados por órgãos competentes;

VIII - articulação com órgãos federais e municipais para criação, a curto, médio e longo prazos, de mecanismos para resgatar as espécies em extinção da fauna e da flora;

IX - fiscalização, juntamente com a União e Municípios, objetivando a efetiva proteção da fauna e da flora;

X - instalação em cada Município, de órgão auxiliar dos órgãos federais e estaduais, na preservação da ecologia e do meio ambiente;

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XI - proibição de desmatamentos indiscriminados, bem como de queimadas criminosas e derrubadas de árvores para madeira ou lenha, punindo-se o infrator, na forma da Lei.

Art. 266. O zoneamento ecológico-econômico do Estado deverá permitir:

I - áreas de preservação permanente;

II - localização de áreas ideais para a instalação de parques, florestas, estações ecológicas, jardins botânicos e hortos florestais ou quaisquer unidades de preservação estaduais ou municipais;

III - localização de áreas com problemas de erosão, que deverão receber especial atenção dos governos estadual e municipal;

IV - localização de áreas ideais para o reflorestamento.

Art. 267. As condutas e atividades lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores a sanções administrativas na forma da Lei.

(...)

Art. 270. O Estado estabelecerá um plano plurianual de saneamento, com a participação dos Municípios, determinando diretrizes e programas, atendidas as particularidades das bacias hidrográficas e os respectivos recursos hídricos.

Art. 271. Cabe ao Estado e aos Municípios promover programas que assegurem, progressivamente, os benefícios do saneamento à população urbana e rural.

(...)”.

2.2.2. Leis Estaduais

Lei nº 10.148, de 02 de dezembro de 1977 - Dispõe sobre a preservação e controle dos recursos hídricos existentes no Estado, e dá outras providências;

Lei nº 11.411, de 28 de dezembro de 1987 - Dispõe sobre a Política Estadual do Meio Ambiente, e cria o Conselho Estadual do Meio Ambiente - COEMA, a Superintendência Estadual do Meio Ambiente - SEMACE, e dá outras providências. (art. 3º, caput, alterado pela Lei nº 13.093, de 30 de dezembro de 1997);

Lei nº 11.678, de 23 de maio de 1990 - Acrescenta competências ao Conselho Estadual de Meio Ambiente, estabelecidas pela Constituição do Estado do Ceará e pela Lei nº 11.564, de 26 de junho de 1980;

Lei nº 11.787, de 21 de janeiro de 1991 - Altera o art. 3º, § único, da Lei nº 11.411, de 28 de dezembro de 1987;

Lei nº 12.148, de 29 de julho de 1993 - Dispõe sobre a realização de Auditorias Ambientais e dá outras providências;

Lei nº 12.225, de 06 de dezembro de 1993 - Considera a coleta seletiva e a reciclagem do lixo como atividades ecológicas de relevância social e de interesse público no Estado;

Lei nº 12.227, de 06 de dezembro de 1993 - Determina sobre a publicação no Diário Oficial do Estado do Ceará da relação mensal das concessões de licença ambiental e dá outras providências;

Lei nº 12.413, de 10 de janeiro de 1995 - Altera a alínea "e" e acresce as alíneas "v", "x" e "z" ao parágrafo único do artigo 3º da Lei nº 11.411, de 28 de dezembro de 1987;

Lei nº 12.488, de 13 de setembro de 1995 - Dispõe sobre a Política Florestal do Ceará e dá outras providências;

Lei nº 12.685, de 09 de maio de 1997 - Altera dispositivos da Lei nº 12.148, de 29 de julho de 1993, que dispõe sobre Auditorias Ambientais no Estado do Ceará;

Lei nº 12.910, de 09 de junho de 1999 - Altera o Art. 3º, parágrafo único, da Lei nº 11.411, de 28 de dezembro de 1987;

Lei nº 13.103, de 24 de janeiro de 2001 - Dispõe sobre a política estadual de resíduos sólidos e dá providências correlatas;

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Lei nº 13.497, de 06 de julho de 2004 - Dispõe sobre a Política Estadual de Desenvolvimento da Pesca e Aquicultura, cria o Sistema Estadual da Pesca e da Aquicultura – SEPAQ, e dá outras providências;

Lei Complementar nº 48, de 19 de julho de 2004 - Cria o Fundo e o Conselho Estadual Gestor do Meio Ambiente – FEMA;

Lei nº 13.613, de 28 de junho de 2005 - Dispõe sobre a proibição, no Estado do Ceará, de utilização, perseguição, destruição, caça, apanha, coleta ou captura de exemplares da fauna criticamente ameaçada de extinção;

Lei nº 13.875, de 07 de fevereiro de 2007 - Altera a estrutura da Administração Estadual, criando neste escopo o Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente – CONPAM, que passa a presidir o Sistema Estadual do Meio Ambiente;

Lei nº 14.198, de 05 de agosto de 2008 - Institui a política estadual de combate e prevenção à desertificação e dá outras providências;

Lei nº 14.844, de 28 de Dezembro de 2010 - Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos, institui o Sistema Integrado de Gestão de Recursos Hídricos - SIGERH, e dá outras providências;

Lei nº 14.892, de 31 de março de 2011 - Dispõe sobre a Educação Ambiental, institui a Política Estadual de Educação Ambiental e dá outras providências.

2.2.2.1. Destaques das Leis Estaduais

Lei nº 10.148, de 02 de dezembro de 1977 - Dispõe sobre a preservação e controle dos recursos hídricos, existentes no Estado e dá outras providências.

“Art.1º. É dever do Estado e de todo o cidadão, preservar, proteger e recuperar os recursos hídricos.

Art. 2º. Incumbe ao Estado planejar, determinar e efetivar, providências necessárias à preservação, proteção e recuperação dos recursos hídricos, obedecidas em qualquer circunstância, à legislação federal em vigor.

Art. 3º. Cumpre ao cidadão, acatar e cumprir as medidas impostas pelas autoridades competentes, com vistas à preservação, proteção e recuperação dos recursos hídricos.

Art. 4º. Para fazer cumprir as disposições desta lei, o Estado poderá celebrar convênios com órgãos federais e municipais.

Art. 5º. Considera-se poluição, para os efeitos desta lei, a presença, o lançamento, ou liberação nos corpos de água, de toda e qualquer forma de matéria ou energia, com intensidade em quantidade de concentração ou com características em desacordo com as que forem estabelecidas em decorrência desta lei, ou que tornem ou possam tornar as águas:

I - impróprias, nocivas ou ofensivas à saúde;

II - inconvenientes ao bem-estar público;

III - danosos à fauna e à flora;

IV - prejudiciais à utilização, conforme os usos preponderantes definidos.

Art. 6º. Fica proibido o lançamento ou a liberação de poluentes nas águas situadas no território deste Estado.

Parágrafo único. Considera-se poluente toda e qualquer forma de matéria ou energia que, direta ou indiretamente, cause poluição das águas.

Art. 7º. A atividade fiscalizadora e repressiva será exercida, no que diz respeito a despejos, pelo órgão estadual responsável pela preservação e controle dos recursos hídricos, em todo e qualquer corpo ou curso de água, situado nos limites do território do Estado, ainda que, não pertencendo ao seu domínio, não esteja sob sua jurisdição.

(...)

Art. 8º. A instalação, a construção ou a ampliação, assim como a operação ou funcionamento das fontes de poluição, ficam sujeitas a prévia autorização do órgão estatal competente, mediante licença de instalação e de funcionamento.

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Parágrafo único. São consideradas fontes de poluição, para os efeitos desta lei, qualquer atividade, sistema, processo, operação, maquinaria , equipamento, dispositivos móveis ou não, que causem ou possam vir a causar a emissão de poluentes.

Art. 9º. Os órgãos da Administração direta ou indireta do Estado e dos Municípios deverão exigir a apresentação das licenças de que trata o artigo anterior, antes de aprovarem os projetos de ampliação, instalação ou construção das fontes de poluição, ou de autorizarem a operação ou o funcionamento dessas fontes, sob pena de nulidade de seus atos.

(...)

Art. 14. As fontes de poluição ficam obrigadas a submeterem à SUDEC (*) o plano completo de lançamento de poluentes.

Parágrafo único. Para efeito do disposto neste Artigo, poder-se-á exigir a apresentação de detalhes fluxogramas, memoriais, informações, plantas e projetos, bem como linhas completas de produção e respectivos produtos, subprodutos e resíduos, para cada operação, com demonstração de quantidade, qualidade, natureza e composição de uns e de outros, assim como o consumo de água.”

(*) Ressalta-se que a SEMACE é a efetiva sucedânea do Departamento de Recursos Naturais da SUDEC.

Lei nº 11.411, de 28 de dezembro DE 1987 - Dispõe sobre a Política Estadual do Meio Ambiente, e cria o Conselho Estadual do Meio Ambiente - COEMA, a Superintendência Estadual do Meio Ambiente - SEMACE e dá outras providências.

“(...)

Art. 11. Estão sujeitas ao licenciamento ambiental as obras, empreendimentos e atividades que, por suas características, porte ou localização, estejam sujeitas à elaboração de Estudo de Impacto Ambiental - EIA.

§ 1º - Estão também sujeitos ao licenciamento ambiental:

I - os loteamentos e os desmembramentos;

II - a instalação, ampliação ou modificação de uma fonte de poluição ou de degradação ambiental;

III - a instalação de fonte de poluição ambiental ou prédio já construído;

(...)

§ 3º - O licenciamento ambiental de que trata esta lei compreende as seguintes licenças:

I - Licença Prévia (LP), na fase preliminar do planejamento da atividade, contendo requisitos básicos a serem atendidos nas fases de localização, instalação e operação, observados os planos municipais, estaduais ou federais de uso do solo;

II - Licença de Instalação (LI), autorizando o início da implantação, de acordo com as especificações constantes do Projeto Executivo aprovado;

III - Licença de Operação (LO), autorizando, após as verificações necessárias, o início da atividade licenciada e o funcionamento de seus equipamentos de controle de poluição, de acordo com o previsto nas licenças Previa e de Instalação.

§ 4º - As Licenças Prévias, de Instalação e de Operação serão outorgadas pela SEMACE, com observância dos critérios e padrões estabelecidos ao Regulamento, nas normas dele decorrentes e, no que couber, nas normas e padrões/ estabelecidos pela legislação federal pertinente, após ouvido o COEMA.

§ 5º - A Licença Prévia será obrigatória para as atividades sujeitas à elaboração e aprovação de Estudo de Impacto Ambiental - EIA e respectivo Relatório de Impacto Ambiental - RIMA e facultativo nos demais casos.

§ 6º - Caberá ao Conselho Estadual do Meio Ambiente - COEMA, por proposta da SEMACE, o estabelecimento de critérios que orientarão as decisões de que trata o parágrafo anterior.

(...)

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Art. 12. Os conceitos de meio ambiente, degradação da qualidade ambiental, poluição, poluidor, poluente e recursos ambientais serão estabelecidos em Regulamento, observados o disposto na legislação federal.

Art. 13. As pessoas físicas ou jurídicas que causarem poluição das águas, do ar, do solo e do subsolo ou degradação ambiental de qualquer natureza, no Território do Estado do Ceará, infringindo as disposições desta lei, do seu Regulamento e das normas dele decorrentes, bem como da Legislação Federal em vigor, ficam sujeitas às seguintes penalidades:

I - Advertência;

II - Multa (simples ou diária), de 10 (dez) a 1.000 (mil) vezes o valor nominal da Unidade Fiscal do Estado do Ceará - UFECE, na data da infração;

III - Embargo:

IV - Interdição definitiva ou temporária;

V - Perda ou restrições de incentivos e benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público Estadual;

VI - Perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos Estaduais de Crédito;

(...)

§ 2º - As infrações desta lei, do seu Regulamento e das normas dela decorrentes serão, a critério da SEMACE, classificadas em leves, graves e gravíssimas, levando-se em consideração as circunstâncias atenuantes e agravantes.

(...)

§ 5º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste Artigo, é o poluidor obrigado, independentemente de existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade”.

Lei nº 12.274, de 05 de abril de 1994 - Altera a redação dos Artigos que especificam a Lei nº 11.411, de 28 de dezembro de 1987, acrescenta outros e dá outras providências.

(...)

Art. 3º. A Secretaria da Fazenda exigirá das pessoas físicas ou jurídicas que desenvolverem atividades econômicas utilizadoras de recursos ambientais e/ou potencialmente poluidoras, a apresentação de Licença de Instalação ou de Parecer da SEMACE, para realizar o registro no Cadastro Geral da Fazenda – CGF.

Parágrafo Único. A Secretaria da Fazenda não concederá benefícios fiscais aos contribuintes que estão em débito com o meio ambiente, ou seja, descumprirem permanentemente as medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental.

Art. 5º. As novas fontes de poluição ou de degradação ambiental serão proibidas de instalar-se ou funcionar quando, a critério da SEMACE, houver risco significativo de ocorrência de poluição ambiental, ainda que as emissões estejam enquadradas nos padrões legais.

Art. 7º. No exercício da ação fiscalizadora ficam assegurados aos agentes credenciados da SEMACE a entrada, a qualquer dia e hora, e a permanência pelo tempo que se fizer necessário, em estabelecimentos públicos ou privados.

§ 1° - Os agentes credenciados, quando obstados, poderão requisitar força policial para o exercido de suas atribuições, em qualquer parte do território do Estado do Ceará.

§ 2° - A Polícia Militar ou, na falta desta, a Polícia Civil deverá atender de imediato à solicitação de reforço policial feita pelos agentes credenciados da SEMACE.

Art. 8º. Os preços para análise dos pedidos das licenças de que trata esta lei, do Estudo de Impacto Ambiental e respectivo Relatório de Impacto Ambiental, Relatório de Controle Ambiental, assim como para emissão de pareceres técnicos e execução de serviços serão estabelecidos por Portaria da SEMACE.

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§ 1º - Para estabelecimentos dos preços, de que trata este Artigo, será utilizada a Unidade Fiscal do estado do Ceará - UFECE.

§ 2º - Ocorrendo a extinção da UFECE, adotar-se-á, para os efeitos desta lei, do seu Regulamento e das normas dela decorrentes, o mesmo índice que a substituir.

§ 3º - O produto da arrecadação dos preços de que trata este artigo se constituirá receita da SEMACE e o seu Regulamento disporá sobre os projetos em que o mesmo deverá ser aplicado, bem como as isenções do pagamento dos mencionados preços.

Art. 9º. Serão estabelecidos por Decreto, os padrões de qualidade ambiental, assim como os de emissão ou de lançamento de poluentes no meio ambiente”.

Lei nº 13.103, de 24 de janeiro de 2001 – Dispõe sobre a política estadual de resíduos sólidos e dá outras providências correlatas.

“Art. 1º. Esta lei institui a Política Estadual de Resíduos Sólidos e define as diretrizes e normas de prevenção e controle da poluição, para a proteção e recuperação da qualidade do meio ambiente e a proteção da saúde pública, assegurando o uso adequado dos recursos ambientais no Estado do Ceará.

(...)

Art. 3º. Nos termos desta, os resíduos sólidos obedecerão à seguinte classificação:

I - Quanto à origem:

a) Resíduos Urbanos - os provenientes de residências, estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços, da varrição, de podas e da limpeza de vias, logradouros públicos, de sistema de drenagem urbana e tratamento de esgotos, os entulhos da construção civil e similares;

b) Resíduos Industriais - os provenientes de atividades de pesquisa e transformação de matérias-primas e substâncias orgânicas e inorgânicas em novos produtos, por processos específicos, bem como os provenientes das atividades de mineração, de montagem e aqueles gerados em áreas de utilidades e manutenção dos estabelecimentos industriais;

c) Resíduos de Serviços de Saúde - os provenientes de atividades de natureza médico-assistencial, de centros de pesquisa e de desenvolvimento e experimentação na área de saúde, bem como os remédios vencidos e/ou deteriorados requerendo condições especiais quanto ao acondicionamento, coleta, transporte, tratamento e disposição final, por apresentarem periculosidade real ou potencial à saúde humana, animal e ao meio ambiente;

d) Resíduos Especiais - os provenientes do meio urbano e rural que pelo seu volume, ou por suas propriedades intrínsecas exigem sistemas especiais para acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e destinação final, de forma a evitar danos ao meio ambiente;

e) Resíduos de atividades rurais - os provenientes da atividade agrosilvopastoril, inclusive os resíduos dos insumos utilizados nestas atividades;

f) Resíduos de serviços de transporte - decorrentes da atividade de transporte e os provenientes de portos, aeroportos, terminais rodoviários, ferroviários, portuários e postos de fronteira;

g) Rejeitos radioativos - materiais resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de isenção especificados de acordo com a norma da Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN, e que sejam de reutilização imprópria ou não prevista, observado o disposto na Lei n.º 11.423, de 08.01.88.

II - Quanto à natureza:

a) Resíduos classe I - perigosos: são aqueles que, em função de suas características intrínsecas de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxidade ou patogenecidade, apresentam riscos à saúde ou ao meio ambiente;

b) Resíduos classe II - não inertes: são aqueles que podem apresentar características de combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade, com possibilidade de acarretar riscos à saúde ou ao meio ambiente, não se enquadrando nas classificações de resíduos classe I - perigosos ou classe III - inertes;

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c) Resíduos classe III - inertes: são aqueles que, por suas características intrínsecas, não oferecem riscos à saúde e que apresentam constituintes solúveis em água e em concentrações superiores aos padrões de potabilidade.

§ 1° - A determinação da classe dos resíduos, segundo a sua natureza, deverá ser feita conforme norma estabelecida pelo organismo normatizador federal competente.

§ 2° - Quando um resíduo não puder ser classificado nos termos da norma específica, o órgão ambiental estadual poderá estabelecer classificação provisória.

(...)

Art. 8º. A gestão dos resíduos sólidos urbanos exercida pelos municípios será feita de forma preferencialmente integrada com os demais Municípios.

Parágrafo único. Os sistemas para tratamento e disposição final de resíduos sólidos somente poderão ser instalados mediante prévio licenciamento ambiental após estudo das condições ambientais locais.

(...)

Art. 10. Constituem serviços públicos de caráter essencial à organização e ao gerenciamento dos sistemas de segregação, acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e disposição final dos resíduos sólidos urbanos.

Art. 11. A gestão dos resíduos sólidos observará as seguintes etapas:

I - a prevenção da poluição ou a redução da geração de resíduos na fonte;

II - a minimização dos resíduos gerados;

III - o adequado acondicionamento, coleta e transporte seguro e racional dos resíduos;

IV - a recuperação ambientalmente segura de materiais, substâncias ou de energia dos resíduos ou produtos descartados;

V - o tratamento ambientalmente seguro dos resíduos;

VI - a disposição final ambientalmente segura dos resíduos remanescentes; e

VII - a recuperação das áreas degradadas pela disposição inadequada dos resíduos;

Art. 12. Ficam proibidas as seguintes formas de destinação e utilização de resíduos sólidos:

I - lançamento in natura a céu aberto;

II - queima a céu aberto;

III - lançamento em mananciais e em suas áreas de drenagem, cursos d’água, lagos, praias, mar, manguezais, áreas de várzea, terrenos baldios, cavidades subterrâneas, poços e cacimbas, mesmo que abandonadas, e em áreas sujeitas à inundação com períodos de recorrência de cem anos;

IV - lançamentos em sistemas de redes de drenagem de águas pluviais, de esgotos, de eletricidade, de telefone, bueiros e assemelhados;

V - solo e o subsolo somente poderão ser utilizados para armazenamento, acumulação ou disposição final de resíduos sólidos de qualquer natureza, desde que sua disposição seja feita de forma tecnicamente adequada, definida em projetos específicos, obedecidas as condições e critérios estabelecidos por ocasião do licenciamento pelo órgão ambiental estadual;

VI - armazenamento em edificação inadequada;

VII - utilização de resíduos perigosos como matéria-prima e fonte de energia, bem como a sua incorporação em materiais, substâncias ou produtos sem o prévio licenciamento ambiental;

VIII - utilização para alimentação humana; e

IX - utilização para alimentação animal em desacordo com a normatização dos órgãos federais, estaduais e municipais competentes;

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Parágrafo único, O armazenamento, o tratamento e a disposição final dos resíduos sólidos dependerão de projetos específicos previamente licenciados pelo órgão ambiental competente.

(...)

Art. 24. As empresas geradoras e receptoras de resíduos deverão contratar seguro ambiental visando garantir a recuperação das áreas degradadas em função de suas atividades, por acidentes, ou pela disposição inadequada de resíduos.

Art. 25. São de responsabilidade do gerador os resíduos sólidos industriais, especialmente os perigosos, desde a geração até a destinação final, que serão feitas de forma a atender os requisitos de proteção ambiental e de saúde pública, devendo as empresas geradoras apresentarem a caracterização dos resíduos como condição para o prévio licenciamento ambiental, previsto nesta lei.

Art. 26. O emprego de resíduos industriais perigosos, mesmo que tratados, reciclados ou recuperados para utilização como adubo, matéria-prima ou fonte de energia, bem como suas incorporações em materiais, substâncias ou produtos, dependerá de prévio licenciamento ambiental especial, previsto nesta Lei.

§ 1º - O fabricante deverá comprovar que o produto resultante da utilização dos resíduos referidos no caput deste Artigo não implicará em risco adicional à saúde pública e ao meio ambiente.

(...)

Art. 29. Caberá aos geradores de resíduos da construção civil a elaboração e a implementação de plano de gerenciamento de resíduos da construção civil, de acordo com a seção VI do Capítulo VI desta lei.

Art. 30. O transporte, tratamento e destinação final dos resíduos da construção civil serão de responsabilidade do gerador e deverão ser obrigatoriamente destinados às Centrais de Tratamento de Resíduos, devidamente autorizadas e licenciadas pelos órgãos ambientais competentes.

Art. 31. O gerenciamento dos resíduos da construção civil, desde a geração até a disposição final, será feito de forma a atender os requisitos de proteção, preservação e economia dos recursos naturais, segurança do trabalhador e da saúde pública.

(...)

Art. 49. Constitui infração, para os efeitos desta lei, toda ação ou omissão que importe na inobservância de preceitos por ela estabelecidos.

Art. 50. As infrações às disposições desta lei, do seu regulamento e dos padrões e exigências técnicas federais e estaduais respectivas, estão sujeitas às penalidades previstas na Lei Estadual nº 11.411, de 28.12.87 e legislação penal incidente.

Art. 51. Os responsáveis pela degradação ou contaminação de áreas em decorrência de acidentes ambientais ou pela disposição de resíduos sólidos, independente de culpa, terão responsabilidade objetiva devendo promover a sua recuperação em conformidade com as exigências estabelecidas pelo órgão ambiental competente”.

Lei nº 14.844, de 28 de Dezembro de 2010, que revoga a Lei nº 11.996, de 24 de julho de 1992, que regia os mesmos componentes para os recursos hídricos no Estado do Ceará e estabeleceu os seguintes instrumentos de gerenciamento:

a) Outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos e de Execução de Obras e/ou Serviços de Interferência Hídrica;

b) Cobrança pelo Uso dos Recursos Hídricos;

c) Planos de Recursos Hídricos;

d) Fundo Estadual de Recursos Hídricos;

e) Enquadramento dos Corpos D’Água em Classes de Usos Preponderantes;

f) Fiscalização de Recursos Hídricos.

“(...)

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Art.6º. A outorga de direito de uso de recursos hídricos é um ato administrativo de competência do Secretário dos Recursos Hídricos do Estado do Ceará, no qual será outorgado o uso de determinado recurso hídrico nos termos e condições expressas no ato respectivo, sem prejuízo das demais formas de licenciamento ambiental a cargo de instituições competentes.

§1º A outorga de direito de uso de recursos hídricos tem por objetivo efetuar o controle do uso e assegurar o direito de acesso à água, condicionada às prioridades estabelecidas no Plano Estadual de Recursos Hídricos e nos Planos de Bacias Hidrográficas.

§2º A outorga de direito de uso de recursos hídricos não implica a alienação total ou parcial desses recursos que são inalienáveis, mas o simples direito de seu uso.

§3º A outorga estará condicionada às exigências desta Lei e das demais normas regulamentares, como também, dos critérios fixados pelo Conselho de Recursos Hídricos do Ceará - CONERH e pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos, no que couber.

Art.7º. Estão sujeitos à outorga de direito de uso de recursos hídricos:

I - derivação ou captação de parcela de água existente em um corpo hídrico para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo;

II - extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo produtivo;

III - lançamento em corpo hídrico de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados, com o fim de disposição final, dentro dos padrões de tratamento estabelecidos na legislação pertinente;

(...)

Art.15. A cobrança pelo uso dos recursos hídricos objetiva:

I - reconhecer a água como um bem de valor econômico e dar ao usuário uma indicação de sua real importância;

II - incentivar a racionalização do uso da água;

III - obter recursos financeiros para apoiar estudos, programas e projetos incluídos nos Planos de Recursos Hídricos;

IV - obter recursos para o gerenciamento dos recursos hídricos.

(...)

Art.28. O enquadramento dos corpos d’água em classes segundo os usos preponderantes visa:

I - assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes a que forem destinados;

II - diminuir os custos de combate à poluição das águas, mediante ações preventivas permanentes.

Art.29. As classes de corpos d’água serão estabelecidas pela legislação ambiental.

Art.30. Os procedimentos e mecanismos para enquadramento serão definidos em regulamento e considerarão as normas do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, no que couber.

(...)

Art.60. Constituem infrações às normas de uso dos recursos hídricos e de execução de obras e/ou serviços de interferência hídrica:

I - utilizar recursos hídricos de domínio, ou sob a administração do Estado do Ceará, sem a respectiva outorga de direito de uso de recursos hídricos, ressalvados os usos isentos de outorga;

II - iniciar a implantação, ou implantar qualquer empreendimento, sem a competente outorga de execução de obra ou serviço de interferência hídrica;

III - utilizar-se de recursos hídricos ou executar obras e/ou serviços com os mesmos relacionados, em desacordo com as condições estabelecidas na outorga;

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IV - perfurar poços para extração de água subterrânea ou operá-los sem as devidas outorgas;

V - declarar valores diferentes das medidas ou fraudar as medições dos volumes de água captados;

VI - infringir as normas estabelecidas nesta Lei ou em seus regulamentos, inclusive normas administrativas, nestas compreendidas portarias, instruções normativas, resoluções do Conselho de Recursos Hídricos do Ceará – CONERH, e procedimentos fixados pelo órgão gestor;

VII - realizar interferências nos leitos dos rios e demais corpos hídricos para a extração de mineral ou de outros materiais sem as autorizações dos órgãos competentes;

VIII - obstar ou dificultar a ação fiscalizadora das autoridades competentes, integrantes do SIGERH, no exercício de suas funções;

IX - lançar em corpos hídricos, efluentes líquidos ou gasosos, tratados, com finalidade de disposição final sem a respectiva outorga de direito de uso.

(...)”

2.2.3. Decretos Estaduais

Decreto nº 14.535, de 14 de outubro de 1981 - Dispõe sobre a preservação e controle dos recursos hídricos e regulamenta a Lei nº 10.148, de 02 de dezembro de 1987;

Decreto nº 23.067, de 11 de fevereiro de 1994 - Regulamenta o Artigo 4° da Lei nº 11. 996, de 24 de julho de 1992, na parte referente à outorga do direito de uso dos recursos hídricos, cria o Sistema de Outorga para Uso da Água e dá outras providências;

Decreto nº 24.221, de 12 de setembro de 1996 - Regulamenta a Lei nº 12.488, de 13/09/1995, que dispõe sobre a Política Florestal do Estado do Ceará;

Decreto nº 24.264, de 12 de novembro de 1996 - Regulamenta o Art. 7º, da Lei nº 11.996, de 24 de junho de1992, na parte referente à cobrança pela utilização de recursos hídricos e dá outras providências;

Decreto nº 25.443, de 28 de abril de 1999 - Altera o Artigo 22 do Decreto nº 23.067, de 11 de fevereiro de 1994, que altera o prazo máximo de vigência da outorga e dá outras providências;

Decreto nº 26.604, de 16 de maio de 2002 - Regulamenta a Lei nº 13.103, de 24 de janeiro de 2001, que dispõe sobre a política estadual de resíduos sólidos do Estado do Ceará;

Decreto nº 27.271, de 28 de novembro de 2003 - Regulamenta o art.7º, da Lei nº 11.996, de 24 de julho de1992, no tocante à cobrança pelo uso dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos e o art.4º da citada lei, no que se refere à outorga de direito de uso e dá outras providências;

Decreto nº 27.413, de 30 de março de 2004 - Dispõe sobre a instituição da carnaúba como árvore símbolo do Estado do Ceará;

Decreto nº 27.434, de 28 de abril de 2004 - Dispõe sobre a criação do Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Caatinga e dá outras providências;

Decreto nº 27.596, de 20 de outubro de 2004 - Dispõe sobre a criação do Comitê Estadual de Prevenção, Monitoramento, Controle de Queimadas e Combate aos Incêndios Florestais - PREVINA;

Decreto nº 27.719, de 07 de março de 2005 - Regulamenta a Lei Complementar nº 48, de 19 de julho de 2004, que cria o Fundo Estadual do Meio Ambiente - FEMA, o Conselho Gestor e revoga o Decreto nº 27.564, de 17 de setembro de 2004;

Decreto nº 29.373, de 08 de agosto de 2008 - Regulamenta o art. 7º da Lei nº 11.996, de 24 de julho de1992 e suas alterações posteriores, no tocante à cobrança pelo uso dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos e dá outras providências;

Decreto nº 30.522, de 29 de abril de 2011 - Dispõe sobre a estrutura organizacional, a distribuição e a denominação dos cargos de Direção e Assessoramento da Superintendência Estadual do Meio Ambiente - SEMACE.

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2.2.3.1. Destaques dos Decretos Estaduais

Decreto nº 14.535, de 02 de julho de 1981 - Dispõe sobre a preservação e o controle dos Recursos Hídricos, regulamentando a Lei nº 10.148, de 02 de dezembro de 1977.

“(...)

Art. 2º. Fica proibido o lançamento ou a liberação de poluentes nas águas situadas no Território deste Estado.

Parágrafo único. Considera-se poluente toda e qualquer forma de matéria ou energia que, direta ou indiretamente, cause poluição das águas.

Art. 3º. Considera-se poluição, para os efeitos deste Regulamento, o lançamento ou a liberação nos corpos d’água, de toda e qualquer forma de matéria ou energia, com intensidade, quantidade e concentração em desacordo com os padrões que foram estabelecidos neste Regulamento ou normas dele decorrentes que possam tornar as águas:

I - impróprias, nocivas ou ofensivas à saúde;

II - inconvenientes ao bem estar público;

III - danosas à flora e à fauna;

IV - prejudiciais à sua utilização, conforme os usos preponderantes definidos.

(...)

Art. 5º. Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados, direta ou indiretamente nas coleções de águas do Estado, se obedecido o disposto na Portaria GMI nº 0013, de 15 de janeiro de 1976, que classifica as águas interiores do Território Nacional, segundo seus usos preponderantes.

Art. 6º. Compete à Superintendência de Desenvolvimento do Estado do Ceará – SUDEC (*), através do seu Departamento de Recursos Naturais, a aplicação deste Regulamento e das normas dele decorrentes, bem como do disposto no Artigo 11 da lei ora regulamentada.

(*) Ressalta-se que a SEMACE é efetiva sucedânea do Departamento de Recursos Naturais da SUDEC.

Decreto nº 26.604, de 16 de maio de 2002 - Regulamenta a Lei nº 13.103, de 24 de janeiro de 2001, que dispõe sobre a política estadual de Resíduos Sólidos do Estado do Ceará.

“Art.1º. A gestão dos resíduos sólidos é responsabilidade de toda a sociedade e terá como meta prioritária a sua não-geração, devendo o sistema de gerenciamento desses resíduos dar preferência à sua minimização, reutilização ou reciclagem.

(...)

Art.3º. Entendem-se por práticas ambientalmente adequadas as que tenham caráter de redução, reutilização, reciclagem, biorremediação, compostagem, aquisição de produtos e/ou serviços que minimizem o impacto ao meio ambiente.

(...)

Art.33. São responsáveis pelo gerenciamento dos resíduos sólidos oriundos da construção civil, os construtores e/ou qualquer pessoa que execute, direta ou indiretamente, construção e/ou reforma em unidades comerciais, industriais, habitacionais, saúde, entre outras.

Art.34. A destinação e gerenciamento dos resíduos da construção civil são da responsabilidade do (as):

I - proprietário do imóvel e/ou do empreendimento;

II - construtor e/ou empresa construtora, bem como qualquer pessoa que tenha poder de decisão na construção ou reforma;

III - empresas e/ou pessoas que prestem serviços de coleta e/ou disposição de resíduos da construção civil.

Art.35. O construtor e a empresa construtora são responsáveis pelos atos de gerenciamento de resíduos especiais advindos do exercício de suas atividades.

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Parágrafo único. A contratação de construtor ou empresa construtora que não apresente anotação de responsabilidade técnica acarretará a responsabilidade solidária de todos quantos da relação jurídica tenham participado, relativamente aos atos de gerenciamento de resíduos da obra ou reforma.

Art.36. Os geradores de resíduos da construção civil que possam ser, por força do exercício profissional ou atividade continuada, considerados geradores habituais, deverão elaborar e implementar, por ocasião do licenciamento ambiental ou renovação, Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil - PGRCC, com, no mínimo, os seguintes itens:

I - a segregação dos resíduos na fonte geradora;

II - a coleta seletiva;

III - o transporte;

IV - a destinação final;

V - outros que se fizerem necessários de acordo com termo de referência do órgão ambiental.

§1º - Ficam isentos de apresentar o PGRCC os geradores de resíduos de construção civil que executarem as seguintes atividades:

I - obra pequena,

II - reparos gerais.

§ 2º - As atividades de construção civil que não se enquadrem na previsão do parágrafo anterior e que não estejam passíveis de licenciamento ambiental deverão apresentar o PGRCC com 01 (um) mês de antecedência do início da obra civil, cabendo aos responsáveis solicitar o termo de referência pertinente.

(...)”.

2.2.4. Resoluções do COEMA

O Conselho Estadual de Meio Ambiente (COEMA) é um órgão colegiado vinculado diretamente ao Governador do Estado e com jurisdição em todo o Estado, com o objetivo de assessorar o Chefe do Poder Executivo em assuntos de política de proteção ambiental. Sua estrutura é composta, atualmente, por 35 representantes, sendo dois da Assembleia Legislativa e um das demais entidades do poder público, universidades, ambientalistas, sociedade civil e representantes de classes profissionais de nível superior. A seguir, encontram-se elencadas as principais resoluções do COEMA:

Resolução COEMA nº 07, de 06 de fevereiro de 1990 - Institui o Cadastro Técnico Estadual de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental;

Resolução COEMA nº 08, de 01 de outubro de 1996 - Estabelece que o Estudo de Impacto Ambiental - EIA e respectivo Relatório de Impacto Ambiental - RIMA, solicitados pela SEMACE, deverão ser executados por equipe multidisciplinar qualificada e devidamente cadastrada no Departamento Técnico - DETEC, da SEMACE;

Resolução COEMA nº 13, de 30 de julho de 1998 - Prevê notificação da entrega junto à SEMACE, dos estudos de impacto ambiental e dos relatórios de impacto ambiental sobre o meio ambiente, aos conselheiros titulares do Conselho Estadual do Meio Ambiente;

Resolução COEMA nº 20, de 10 de dezembro de 1998 - Estabelece diretrizes para a cooperação técnica e administrativa com os órgãos municipais de meio ambiente, visando ao licenciamento e a fiscalização de atividades de impacto ambiental local e dá outras providências.

Resolução COEMA nº 16, de 25 de novembro de 1999 - Estabelece critérios para seleção da representação das organizações não governamentais no Conselho Estadual do Meio Ambiente - COEMA, e dá outras providências;

Resolução COEMA nº 01, de 28 de fevereiro de 2000 - Estabelece norma específica sobre as placas de identificação, indicativas de licenciamento ambiental pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente - SEMACE;

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Resolução COEMA nº 07, de 27 de julho de 2000 - Estabelece exigências aos profissionais prestadores de serviços nos processos envolvendo estudos ambientais;

Resolução COEMA nº 02, de 27 de março de 2002 - Fundamentado no parecer da Câmara Técnica sobre Carcinicultura e proteção do Meio Ambiente, criada pela Resolução nº 17, de 13 de dezembro de 2001 do COEMA;

Resolução COEMA nº 12, de 29 de agosto de 2002 - Procedimentos necessários para licenciamento simplificado das atividades de carcinicultura de empreendimentos de pequeno porte;

Resolução COEMA nº 09, de 29 de maio de 2003 - Institui o Termo de Compromisso de Compensação Ambiental, e estabelece normas e critérios relativos à fixação do seu valor, modo, lugar e tempo do pagamento, bem como a quem deve ser pago e a aplicação desses recursos à gestão, fiscalização, monitoramento, controle e proteção do meio ambiente no Estado do Ceará;

Resolução COEMA nº 08, de 15 de abril de 2004 - Institui os critérios de remuneração dos custos operacionais e de análise do licenciamento e autorização ambiental de atividades modificadoras do meio ambiente no território do Estado do Ceará;

Resolução COEMA nº 01, de 24 de fevereiro de 2005 - Adota definições de unidades geoambientais e acidentes geográficos constantes do litoral cearense;

Resolução COEMA nº 35, de 23 de novembro de 2006 (DOE 04/12/06) - Aprova a Avaliação Ambiental Estratégica, AAE do Complexo Industrial - Portuário do Pecém - CIPP.

2.2.4.1. Destaques das Resoluções COEMA

Resolução COEMA nº 08, de 01 de outubro de 1996 - Institui o registro obrigatório ao Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental;

“Art. 1º. O Estudo de Impacto Ambiental - EIA e respectivo Relatório de Impacto Ambiental - RIMA, solicitados pela SEMACE, deverão ser executados por equipe multidisciplinar qualificada e devidamente cadastrada no Departamento Técnico - DETEC, da SEMACE.

§ 1º - Qualquer outro estudo ambiental solicitado pela SEMACE deverá ser executado por empresa de consultoria ou profissional, cadastrados junto à SEMACE e habilitados junto ao Conselho profissional respectivo, devendo ser apresentada a anotação de responsabilidade técnica específica.

(...)”.

Resolução COEMA nº 01, de 28 de fevereiro de 2000 - Determina dentre outras providências que, quando do recebimento da licença ambiental emitida pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente - SEMACE, o responsável pela atividade, obra ou empreendimento deverá afixar na área, em local de fácil visualização, placa indicativa do licenciamento.

“Art. 1º. Determinar que, quando do recebimento da licença ambiental emitida pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente - SEMACE, o responsável pela atividade, obra ou Empreendimento deverá afixar na área, em local de fácil visualização, durante as três fases da licença (prévia, de instalação e de operação), placa indicativa do licenciamento, cujas características serão dispostas no Anexo Único desta Resolução.

(...)”.

A Resolução COEMA nº 09, de 29 de maio de 2003 - Institui no âmbito da Política Estadual do Meio Ambiente do Estado do Ceará o compromisso de compensação ambiental por danos causados ao meio ambiente e pela utilização de recursos ambientais.

“(...)

Art. 2º. O compromisso tem por objetivo determinar o valor e o modo pelo qual o empreendedor deve cumprir a obrigação de compensação ambiental por relevantes impactos ambientais ocasionados pela implantação de atividade ou Empreendimento sujeito à obtenção de licença ambiental.

Art. 3º. Nas atividades ou empreendimentos causadores de significativa degradação, licenciados com base em estudo ambiental na modalidade de Estudo de Impacto Ambiental e respectivo Relatório - EIA/RIMA, o valor destinado à compensação ambiental será estabelecido, no

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correspondente procedimento de licenciamento, não podendo ser inferior a 0,5% (meio por cento) do custo total da respectiva implantação, devendo, a graduação dos percentuais, considerar a amplitude dos impactos gerados.

(...)

§ 2º - Na valoração dos danos ambientais, o órgão licenciador deverá fundamentar a exigência do percentual, quantificando os danos a partir da análise do EIA/RIMA e de outros estudos disponíveis, com base em métodos de avaliação objetivos e reconhecidos na prática.

Art. 4º. Nas atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais para fins econômicos, o valor da compensação ambiental será estabelecido com base no respectivo estudo ambiental, indicado pelo órgão ambiental, não podendo ser inferior a 0,5% (meio por cento) do custo total da respectiva implantação.

§1º - Resolução específica estabelecerá os casos em que será cobrada a compensação ambiental definida no caput e fixará a maneira de apurar-se o valor e o modo pelo qual se fará o pagamento da compensação ambiental nos casos de supressão de vegetação, corte de árvores isoladas ou outras atividades que utilizem ou degradem recursos ambientais, gerando impactos de menor magnitude.

§2º - Quando a compensação for estabelecida com base no custo total do Empreendimento, aplicar-se-ão as normas dos parágrafos 1° e 2° do artigo anterior.

Art. 5º. Nas atividades ou empreendimentos implantados, em implantação ou que venham a ser implantados sem o correspondente licenciamento ambiental, o valor da compensação ambiental será estabelecido no respectivo procedimento de licenciamento para ajustamento de conduta, observado o disposto nos artigos 3° e 4° desta Resolução.

Art. 6º. O pagamento do valor da compensação ambiental pode dar-se mediante recolhimento ou por outro modo que for estabelecido pela autoridade ambiental no correspondente procedimento de licenciamento.

(...)

Art.7º. O lugar do pagamento será estabelecido no procedimento de licenciamento ambiental.

Art.8º. O pagamento do valor da compensação ambiental poderá ser feito parceladamente, mediante cronograma definido pela autoridade ambiental. Parágrafo único. O prazo para o pagamento do valor correspondente à compensação ambiental, de atividade ou empreendimento licenciado com base em EIA/RIMA ou em outros estudos ambientais, não poderá ser superior ao da respectiva implantação, ficando a emissão da licença de operação condicionada à verificação de sua integral satisfação.

(...)

Art. 9º. Quando a obrigação consistir na execução de ações com prazo superior ao da própria implantação do empreendimento ou atividade deverá ser considerado o seguinte:

I - a emissão da licença de operação será condicionada ao implemento da obrigação prevista no caput deste artigo;

II - na hipótese de descumprimento do cronograma estabelecido pelo órgão ambiental, a licença de operação será suspensa até à normalização do pagamento ou da execução das ações.

§ 2º - Para a emissão da licença de operação, o órgão licenciador deverá confirmar o custo total do empreendimento, verificando a aplicação do percentual determinado e o disposto no Art. 3° para fixação do valor das medidas de compensação ambiental.

Art. 10. No caso de atividade ou empreendimento cujo licenciamento exaurir-se com a expedição de uma única licença ambiental, expedida ou não com base em EIA/RIMA, o prazo para o cumprimento da obrigação de compensação ambiental será fixado pelo órgão licenciador.

Art.11. As medidas de compensação ambiental terão por objeto estudos ambientais, serviços, obras e aquisição de bens ou equipamentos desde que necessários à gestão, fiscalização, monitoramento, controle e proteção do meio ambiente no Estado do Ceará.

(...)

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Art.13. Semestralmente a SEMACE apresentará ao COEMA os compromissos de compensação ambiental e respectivas aplicações a fim de dar publicidade a suas ações na administração das medidas de compensação ambiental.

(...)

Art. 15. O termo de compromisso é parte integrante das condições do respectivo licenciamento ambiental e sua inexecução implicará na execução judicial das obrigações dele decorrentes, como título executivo extrajudicial, na forma do disposto no Art. 585, inciso II, do Código de Processo Civil, sem prejuízo da imposição autônoma das demais sanções administrativas e penais aplicáveis à espécie.

(...)

Art. 16. Para a emissão da Licença Prévia, a SEMACE , como base na análise dos respectivos estudos ambientais, deverá definir o montante dos recursos a serem pagos atítulo de compensação ambiental. Art. 17.É condição para a emissão da Licença de Instalação, quando for o caso, a subscrição do termo de compromisso.

(...)”.

Resolução COEMA nº 02, de 27 de março de 2002 - Fundamentado no parecer da Câmara Técnica sobre Carcinicultura e proteção do Meio Ambiente, criada pela Resolução nº 17, de 13 de dezembro de 2001 do COEMA;

“(...)

Art. 2º. A localização, instalação, modificação, ampliação e operação de empreendimentos de carcinicultura dependerá de prévio licenciamento ambiental pela SEMACE, sem prejuízo de outras licenças exigidas legalmente.

§ 1º-Nos Terrenos da União, a SEMACE quando da análise do licenciamento ambiental, deverá solicitar a anuência prévia do IBAMA.

§ 2º-Não será permitida a instalação de empreendimento em faixa de médio-litoral inferior, até o limite do nível médio de maré.

Art. 3º. Para efeito desta Resolução, os empreendimentos individuais de carcinicultura serão classificados em categorias, de acordo com a dimensão máxima efetiva de área ocupada.

§1º- Os empreendimentos de pequeno porte são aqueles com áreas ocupadas inferiores ou iguais a 02 (dois) hectares, que poderão, a critério da SEMACE, ter os seus processos de licenciamento simplificados, de acordo com a Resolução CONAMA nº 237, de 19 de dezembro de 2001.

§2º- Os empreendimentos de médio porte são aqueles com áreas ocupadas maiores que 02 (dois) e menores ou iguais a 50 (cinqüenta) hectares, devendo comprovar sua viabilidade ambiental no processo de licenciamento.

§3º-Os empreendimentos de grande porte são aqueles com áreas ocupadas maiores que 50 (cinquenta) hectares, devendo apresentar obrigatoriamente Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental no processo de licenciamento.

§4º- Na ampliação dos projetos de carcinicultura os estudos ambientais solicitados serão referentes ao novo porte em que será classificado o empreendimento.

§5º- A SEMACE poderá determinar a elaboração de estudos ambientais mais restritivos dependendo da fragilidade da área onde serão implantados os empreendimentos de carcinicultura.

Art. 4º. Será permitido a instalação de equipamentos de captação, adução e drenagem dos empreendimentos de carcinicultura nas margens dos rios e demais recursos hídricos, desde que não provoquem desmatamento.

§1º-Na área de preservação permanente (APP), colonizada por formações vegetais não será admitida a introdução de equipamentos de captação, adução e drenagem.

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§2º-Os equipamentos de captação, adução e drenagem se limitarão a ocupar no máximo 5% (cinco por cento) de cada faixa de ecossistema no trânsito pela APP.

§3º-O total do ecossistema a ser considerado para cálculo da limitação será sempre aquele defronte à propriedade, ao longo do recurso hídrico onde se fizer o abastecimento ou se lançar à drenagem.

Art. 5º. Os empreendimentos situados em zona de influência flúvio-marinha, cujo abastecimento se dê em captações de águas classe 7, e em presença de formação vegetal de mangue na APP ou além dela, manterão um corredor de reserva, de no mínimo, 10 (dez) metros, entre a parte posterior da vegetação de mangue e o empreendimento, em toda a área de médio litoral aonde ocorra esta condição.

Art. 6º. Os empreendimentos de carcinicultura a serem implantados tanto em ecossistemas de apicuns quanto de salgados, deverão preservar, no mínimo 20% (vinte por cento) dessas áreas, cuja localização será definida pela SEMACE.

§1º-No caso de empreendimentos circunvizinhos às áreas definidas para preservação deverão ser, preferencialmente, contíguas.

§2º- Este percentual de 20% (vinte por cento) não poderá ser incorporado ao de Reserva Legal da propriedade.

Art. 10. Todos os empreendimentos com lançamento das águas de despesca em corpos hídricos de qualquer classe, deverão atender aos padrões definidos nas legislações vigentes.

Parágrafo Único- A SEMACE após análise do projeto e do meio onde se insere determinará as medidas de tratamento e controle desses lançamentos, através da emissão de termo de referência.

(...)”

2.2.5. Outras Normas

Portaria SEMACE nº 14, de 31 de janeiro de 1989 - Estabelece normas técnicas e administrativas necessárias à regulamentação do sistema de licenciamento de atividades poluentes no Estado do Ceará;

Portaria SEMACE nº 97, de 03 de abril de 1996 - Estabelece condições para lançamento dos efluentes líquidos gerados por qualquer fonte poluidora;

Instrução Normativa SEMACE nº 01, de 04 de outubro de 1999 - Normatiza os procedimentos administrativos para a exploração florestal, o uso alternativo do solo e para a queima controlada das florestas e demais formas de vegetação em todo o Estado do Ceará e dá outras providências;

Portaria SEMACE nº 201, de 13 de outubro de 1999 - Estabelece normas técnicas e administrativas necessárias à regulamentação do Sistema de Licenciamento de Atividades utilizadoras de recursos ambientais no território do Estado do Ceará;

Portaria SEMACE nº 154, de 22 de julho de 2002 - Dispõe sobre padrões e condições para lançamento de efluentes líquidos gerados por fontes poluidoras;

Portaria SEMACE nº 151, de 25 de novembro de 2002 - Dispõe sobre normas técnicas e administrativas necessárias à execução e acompanhamento do automonitoramento de efluentes líquidos industriais;

Portaria SEMACE nº 159, de 02 de agosto de 2002 - Dispõe sobre o cadastramento de profissionais e empresas submetido à análise da Superintendência Estadual do Meio Ambiente – SEMACE, regulamenta a Resolução do Conselho Estadual do Meio Ambiente – COEMA 08, de 01 de outubro de 1996 e dá outras providências;

Instrução Normativa SEMACE nº 01, 15 de agosto de 2003 - Regulamenta as normas para expedição de autorização ou licenciamento das atividades ligadas à supressão total ou parcial de vegetação em todo Estado do Ceará para implementação da Política Florestal Estadual como atividades principais para o uso racional desses recursos naturais;

Portaria SEMACE nº 192, de 14 de outubro de 2003 - Constitui, no âmbito da Superintendência Estadual do Meio Ambiente - SEMACE, uma Comissão Recursal, com a competência de examinar e decidir sobre recursos administrativos, adequação de valores de multas aplicadas e parcelamento de débito ambiental;

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Resolução SRH nº 02, de 27 de novembro de 2003 - Estabelece critérios e normas para a cobrança pelo uso dos recursos hídricos com base no modelo tarifário de água bruta definido para o Estado do Ceará;

Instrução Normativa SRH nº 01 de 2004 - Estabelece os procedimentos gerais de leitura, faturamento, operacionalização técnica de medição, recursos e direito dos usuários de água bruta;

Instrução Normativa SRH nº 02 de 2004 - Dispõe sobre os procedimentos administrativos aplicados à fiscalização, autuação e interposição de recursos junto à Secretaria dos Recursos Hídricos - SRH, por infrações à Legislação Estadual de Recursos Hídricos;

Instrução Normativa SRH nº 03, de 28 de dezembro de 2006 - Dispõe sobre os procedimentos administrativos complementares a serem aplicados à outorga de direito de uso da água pela Secretaria dos Recursos Hídricos - SRH e pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará - COGERH;

Portaria SEMACE nº 117, de 22 de junho de 2007 - Dispõe sobre os procedimentos administrativos aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao meio ambiente no âmbito de competência da SEMACE;

Resolução CONERH-CE nº 01, de 19 de fevereiro de 2008 - Dispõe sobre o reajuste da Tarifa pelo uso da Água Bruta de Domínio do Estado do Ceará, para as Categorias de uso de Abastecimento Público, de Uso Industrial e demais categorias de uso;

Portaria SEMACE nº103, de 23 de abril de 2010 - Estabelece diretrizes para a regularização dos licenciamentos ambientais dos empreendimentos de carcinicultura no Estado do Ceará.

2.2.5.1. Destaques das Portarias SEMACE

Portaria nº 103, de 23 de abril de 2010 - Estabelece diretrizes para a regularização dos licenciamentos ambientais dos empreendimentos de carcinicultura no Estado do Ceará.

“(...)

Art.2º. Os pedidos de concessão, renovação ou regularização de licença ambiental para atividade de carcinicultura localizada na Zona Costeira e/ou em terrenos de marinha no Estado do Ceará deverão observar os seguintes procedimentos:

I - Não será cobrada a remuneração dos custos operacionais e de análise dos empreendimentos com pedido de concessão ou renovação de licença ambiental pendente de apreciação em 11 de julho de 2008, desde que tenham sido protocolados tempestivamente e que correspondam ao mesmo pedido formulado anteriormente;

II - Nos empreendimentos cujo vencimento da licença ocorreu após 11 de julho de 2008, em se tratando de pedido de renovação da referida licença vencida ou de pedido de concessão da licença diretamente sucessiva (Licença de Instalação-LI ou Licença de Operação - LO), será cobrada a remuneração dos custos operacionais e de análise referente ao pedido de licença a ser formulado, e não o equivalente à regularização de licença;

III - Nos empreendimentos em fase de instalação ou de operação que possuam licença ambiental vencida e não se enquadrem em qualquer das situações descritas nos incisos anteriores, será cobrada a remuneração dos custos operacionais e de análise referente à regularização da respectiva licença requerida;

IV - Os novos empreendimentos ou aqueles que se encontrem em fase de instalação ou operação sem o devido licenciamento ambiental devem obedecer aos procedimentos de solicitação de Licença Prévia-LP ou regularização de LI ou LO, respectivamente, previstos na Resolução nº 08/2004, do Conselho Estadual do Meio Ambiente - COEMA.

§ 1º - As autorizações para desmatamento solicitadas em função dos licenciamentos de empreendimentos de carcinicultura descritos no caput, e ainda não concedidas, ou aquelas concedidas, mas ainda não executadas, ensejarão reanálise e vistoria técnica em sua respectiva área, a partir das quais será determinado o procedimento a ser adotado.

§ 2º - Por ocasião do licenciamento referido neste Artigo, serão exigidos os documentos listados no Anexo Único desta Portaria, podendo ainda ser solicitados projetos técnicos e estudos complementares em decorrência de eventuais modificações constatadas mediante vistoria técnica.

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§ 3º - Os documentos protocolados no Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA durante o período em que o licenciamento da atividade de carcinicultura esteve sob responsabilidade dessa Autarquia Federal, poderão ser anexados ao processo da respectiva licença junto à SEMACE.

Art. 3º. Deverão ser observados os procedimentos e critérios previstos na Resolução nº 312/2002, do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA, e nas Resoluções nº 02/2002 e nº 12/2002 do Conselho Estadual de Meio Ambiente COEMA. Parágrafo único. Ressalvados os procedimentos específicos previstos nesta Portaria quanto à cobrança da remuneração dos custos operacionais e de análise, deverão ser observados os procedimentos regulares previstos na Resolução nº 08/2004 do COEMA.

Art. 4º. Com o objetivo de se conhecer a situação atual da área e atualizar o banco de dados da atividade de carcinicultura no estado do Ceará, deverão ser realizadas inspeções técnicas nas áreas correspondentes a todos os pedidos de licenças dessa atividade.

(...)”.

2.3. Legislação Municipal

Cabe destacar no município de Aracati as seguintes normas legais:

Lei nº 02, de 06 de abril de 1990 - Lei Orgânica do município de Aracati.

Quanto à ordem econômica e social o município tem como diretriz o caput do Artigo de nº 133 – “O Município promoverá o seu desenvolvimento econômico agindo de modo que as atividades econômicas realizadas em seu território contribuam para elevar o nível de vida e o bem estar da população, valorizando o trabalho humano”.

A legislação municipal, a Lei Orgânica do município de Aracati, promove uma sintonia com a legislação federal e estadual com vistas à proteção do meio ambiente local, dentro da visão de sustentabilidade, como está explícito no Art. 197 da Lei Orgânica Municipal: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, como bem de uso comum do povo essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público Municipal e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

O Artigo nº 198 enfatiza a harmonização do desenvolvimento como a proteção do meio ambiente:

“O desenvolvimento deve conciliar-se com a proteção ao Meio Ambiente, obedecidos os seguintes princípios:

I - preservação e reestruturação dos processos ecológicos essenciais;

II - conservação do manejo ecológico das espécies e dos ecossistemas;

III - proibição de alterações físicas, químicas ou biológicas direta ou indiretamente nocivas à saúde, à segurança e ao bem estar da comunidade;

IV - proibição de danos de qualquer forma à flora, às águas, ao solo e à atmosfera;”

Lei Complementar nº 01, de 30 de julho de 2009 - Institui o Plano Diretor Participativo do Município de Aracati e dá outras providências.

O Plano Diretor Participativo é um instrumento técnico-jurídico central da gestão do espaço urbano, pois define as grandes diretrizes urbanísticas. Constitucionalmente, entretanto, o plano diretor só é obrigatório no caso de Municípios com população residente que ultrapassa o número de vinte mil habitantes, como é o caso do município de Aracati.

Diante dessas considerações ressaltam-se, a seguir, algumas diretrizes que regem o município de Aracati e que são de grande importância para o empreendimento REVESA Carcinicultura.

“(...)

Art.16. São diretrizes da política de meio ambiente:

I - promover a preservação, conservação, recuperação e uso sustentável dos ecossistemas e recursos naturais;

II - garantir a participação da população no planejamento, acompanhamento e gestão da política ambiental;

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III - elaborar e implementar projeto de arborização com árvores nativas, recuperação de mata ciliar e áreas degradadas, criação de áreas verdes no município;

IV - fortalecer parcerias para a defesa, preservação, conservação, manejo do meio ambiente entre as diversas esferas do setor público e a sociedade civil;

V - elaborar e implementar o programa municipal de educação ambiental;

VI - estimular o uso de fontes de energia não poluidoras;

VII - promover a implementação das ações estabelecidas na agenda 21 do município de Aracati;

VIII - elaborar estudo sobre a viabilidade do desmembramento da secretaria de turismo, cultura e meio ambiente;

IX - elaborar e implementar Plano Municipal de Desenvolvimento Ambiental Sustentável;

X - incentivar recuperação dos manguezais como garantia da segurança alimentar das populações tradicionais.

Art.17. São ações prioritárias pactuadas com a sociedade para a área de Meio Ambiente:

I - elaborar diagnóstico ambiental do município;

II - elaborar estudo sobre a viabilidade de implantação de área de preservação ambiental em Majorlândia, Quixaba, Lagoa do Mato e Cajazeiras;

III - instalar usina de reciclagem de lixo no Aterro Sanitário;

IV - implantar área verde utilizando a vegetação nativa na comunidade de Canoa Quebrada;

V - revitalizar nascentes, cursos d’águas, lagoas, com ênfase no Rio Jaguaribe e riachos do Pedregal e Córrego da Ubarana;

VI - implantar programa de preservação ambiental no município, no prazo de dois anos a partir da entrada em vigor desta lei.”

(...)

Quanto ao ordenamento territorial, tratando-se da Macrozona Rural, a área onde encontra o empreendimento REVESA Carcinicultura, situada na localidade Sitio Albuquerque se enquadra na Zona de Produção Aquícola - ZPA

Art.50. A Macrozona Rural subdivide-se nas seguintes zonas:

I - Zona Agropecuária – ZA;

II - Zona de Extração Vegetal – ZEV;

III - Zona de Extração Mineral – ZEM;

IV - Zona de Produção Aquícola – ZPA.

§ 1º - Zona Agropecuária – ZA - compreende as áreas não urbanas onde predominam atividades agropecuárias.

§ 2º - Zona de Extração Vegetal – ZV - compreende as áreas não urbanas onde predominam atividades de extração vegetal.

§ 3º - Zona de Extração Mineral – ZEM - compreende as áreas não urbanas onde predominam atividades de extração mineral.

§ 4º - Zona de Produção Aquícola – ZPA - compreende as áreas não urbanas onde predominam atividades de aquicultura.

(...)

Desta forma, a análise do Projeto de ampliação da REVESA Carcinicultura permite afirmar que o mesmo foi elaborado em consonância com a legislação vigente, sendo observados também os critérios técnicos e ambientais que permitem uma maior integração do projeto com o meio ambiente de entorno.

Quanto à área em operação, deverão ser relocadas as estruturas dos 06 tanques berçários e do laboratório, de tal forma que tais instalações não ocupem áreas de preservação permanente.

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3. Estudos Básicos

Os estudos básicos abordados neste capítulo tratam de temas bastante relevantes para o empreendimento REVESA Carcinicultura, como: Localização, Levantamento Planialtimétrico, Estudo de Prospecção Geofísica e Estudos Complementares (Hidrogeológico, Hidrológico e Geotécnico) e Estudo Arqueológico Não Técnico, sendo que este último aborda sobre a provável existência de sítios arqueológicos no município de Aracati, incluindo informações sobre os que foram encontrados, quantos são, onde se localizam e o que existe de relevante neste patrimônio cultural.

3.1. Localização

A planta de Layout dos Viveiros (em anexo) foi elaborada sob a responsabilidade técnica do Engenheiro de Pesca Daniel Lustosa (CREA nº 2825-D).

Na Figura 3.1 destaca-se a delimitação das faixas de área de preservação permanente e a implantação almejada.

Figura 3.1 – Planta de layout dos viveiros

Fonte: Planta Layout dos Viveiros (02/02)

Segundo informações locais, na época da construção do empreendimento, em 2001, os tanques berçários não foram construídos em APP, no entanto, o alastramento do mangue na área aproximou essa vegetação dessas estruturas e as mesmas serão relocadas para outra área do terreno.

Distâncias em relação ao empreendimento:

O Centro de Fortaleza dista cerca de 160 km da localidade de Sítio Albuquerque, em Aracati;

Da Sede de Aracati até a localidade de Sítio Albuquerque a distância é de, aproximadamente, 6,5 km;

Do perímetro da APA de Canoa Quebrada, em linha reta, até a fazenda da REVESA Carcinicultura, a distância é de cerca de 8 km (ver Figura 3.2).

Os acessos a partir de Fortaleza podem ser realizados pela:

CE-040 – Ponte sobre o Rio Jaguaribe – Estrada que liga Aracati a Itaiçaba;

BR-116 – BR-304 – Ponte sobre o Rio Jaguaribe – Estrada que liga Aracati a Itaiçaba.

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Figura 3.2 – Croqui de situação e distância geográfica entre o empreendimento, sede municipal e unidade de conservação mais próxima

Fonte: Adaptação INFOambiental sobre imagem Google Earth, 2010

3.2. Levantamento Planialtimétrico

O levantamento topográfico foi executado sob responsabilidade técnica do Geógrafo Antônio Márcio Alves Sousa (CREA RNP 0602008107) e pode ser observado em planta no volume de anexos deste estudo.

O levantamento identificou uma área total (junção de dois terrenos) de 371,15 hectares, conforme plantas fornecidas, com todo dimensionamento da área, suas confrontações e curvas de nível. No entanto, cabe ressaltar a diferença de área em comparação ao que é informado em documentação cartorial, que apresenta um montante de 392,582 hectares (área atual de 258,00 ha + área nova de 134,582 ha), ou seja, uma diferença de 21,432 hectares. Para fins deste estudo ambiental e para o projeto arquitetônico preferiu-se optar por utilizar a informação advinda da topografia, haja vista ter sido determinada mais recentemente.

Portanto, torna-se imprescindível uma definição mais precisa para determinação da área de reserva legal referente a nova área do projeto de carcinicultura.

O terreno possui superfície relativamente plana, diminuindo sua cota topografica ao aproximar-se da borda do Rio Jaguaribe, das gamboas e demais drenagens.

Conforme descrição da matrícula nº 265 e certidão nº 3165, o terreno confronta-se ao Norte com terras de Joaquim da Rocha e Francisco Rodrigues Pitombeira; a Leste com terras de Antonio Bandeira Gondin e com a Estrada Pública Aracati (Morrinhos); ao Sul com terras de Francisco da Silva Monteiro; e a Oeste com a margem direita do Rio Jaguaribe.

Acredita-se que houve equívoco quanto à montagem do desenho, pois nitidamente percebe-se que aplicaram a informação de um trabalho topográfico sobre a primeira topografia apresentada a esta consultoria.

3.3. Estudo de Prospecção Geofísica e Estudos Complementares

O Estudo de Prospecção Geofísica foi concebido pelo Geólogo Helvécio Freire Moura - CREA-CE nº 5.589D, realizado em julho de 2010. Este estudo teve por objetivo avaliar as condições

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hidrogeológicas nas dependências do empreendimento REVESA Carcinicultura em sua futura área de ampliação.

3.3.1. Metodologia do Estudo de Prospecção Geofísica

O método geofísico de resistividade é um dos métodos elétricos de prospecção geofísica mais utilizada na pesquisa de água subterrânea. Este método se caracteriza por provocar um campo elétrico artificial, possibilitando um certo controle de profundidade de investigação.

Dos métodos geofísicos, este tem se revelado como uma técnica eficiente, de rápida execução, associado aos baixos custos na definição de mananciais de água subterrânea.

Este método tem um índice de acerto em torno de 85% (oitenta e cinco por cento).

A partir do ponto zero, local de fixação do eletroresistivímetro no terreno, esticam-se fios para os lados direito e esquerdo do aparelho, ligando-os a eletrodos em locais preestabelecidos ao longo da rede esticada e que estão dispostos simétricos e colinearmente em direção ao ponto zero denominado de A e B, e se emite uma corrente de intensidade I ao solo.

A diferença de potencial v é medida através de dois outros eletrodos, denominados de M e N, dispostos como os primeiros e entre eles. Quanto maior abertura AB, maior a profundidade de investigação.

K v / I, onde:

K ► Fator geométrico, é função da relação entre a abertura dos eletrodos AB e MN.

v ► Diferença de Potencial.

I ► Intensidade de Corrente.

As resistividades assim medidas deverão ser calculadas em campo para corrigir possíveis erros de operação. Em seguida, estes dados deverão ser calculados num papel de coordenadas

bilogarítmicas, ficando no eixo das ordenadas os valores de resistividades aparentes () e no eixo das abcissas (AB/2) obedecendo ao diagrama elétrico cuja interpretação foi feita pelo método do ponto auxiliar.

Este método de interpretação parte do princípio de que cada camada é eletricamente homogênea e que os contatos entre as camadas são superfícies planas.

O arranjo utilizado foi o de Schlumberger, sendo o uso mais comum com os eletrodos dispostos, devendo sempre manter a relação NM AB/5.

Os equipamentos utilizados no campo são de fabricação nacional. Consistem em: uma bateria (fonte de energia), um transmissor (miliamperímetro), um receptor (milivoltímetro), cabos e eletrodos.

3.3.2. Conclusões

Com base na interpretação das Sondagens e Perfis Elétricos aliados as observações de campo e aos dados existentes, conclui-se que a aplicabilidade deste método revelou-se positiva na definição das áreas que melhor orientam os pontos a serem perfurados os poços tubulares.

As resistividades aparentes das camadas geoelétricas variam de um mínimo de 1 .m a um máximo de 300 .m, sendo que as camadas superficiais são as que possuem maiores valores de resistividades aparentes, constituído por areias secas, seguidos por areias friáveis de grã variável, intercaladas com finas camadas de argila, e com aquíferos encaixados.

Os aquíferos sedimentares estão em vários níveis de profundidade, sendo que os da seção basal, ou seja, os aquíferos inferiores apresentam elevado potencial hídrico, com expectativa de se obter grandes vazões.

Foram realizadas 33 (trinta e três) Sondagens Elétricas Verticais, onde foram analisados o comportamento elétrico vertical dos pontos investigados, e 33 Perfis Elétricos, mas estes não auxiliaram na interpretação final dos resultados obtidos.

Foram observados que a melhor região ficou situada entre a estrada do gasoduto e a gamboa, com curvas horizontalizadas e inflexionadas, indicando aquíferos muito bons, principalmente na seção basal, e com expectativa de se obter elevadas vazões.

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Curvas semelhantes em áreas próximas acusaram vazões que se situaram entre 70 e 100m³/h, podendo ocasionalmente variar para um pouco mais ou um pouco menos.

O raio de abrangência é de, aproximadamente, 300 m de largura, ou seja, a partir da gamboa, com os poços devendo se distanciarem entre 80 e 150m, e isto ficará determinado à medida que os poços forem sendo construídos. Isto é válido para o terreno onde passa o gasoduto e estão os viveiros e também para o terreno, que receberá a ampliação do empreendimento.

Pelo tamanho da área, é provável que a quantidade de poços a serem construídos permita total independência deste empreendimento da água do rio, a exemplo do que já ocorre na área em operação, muito embora a mesma apresente elevado teor de salinidade, tendo isto ficado evidenciado pelos baixíssimos valores de resistividades aparentes.

O estudo geofísico elaborado estimou “grosseiramente” que a quantidade de poços construídos na área que encontra-se em operação poderia ficar entre 30 a 40 poços, no entanto, sabe-se que esta área comportou uma quantidade maior de poços. Para a área da ampliação estima-se que essa mesma quantidade de poços possa ser implantada, considerando sua localização em área contígua a área onde este estudo foi realizado, ou seja, em área com as mesmas condições hidrogeológicas. Vale destacar, que não serão realizados poços profundos e sim poços rasos com finalidade exclusiva de complementação das águas dos viveiros já que o projeto visa o reaproveitamento total das águas através de processo de tratamento em circuito fechado, não desaguando sobre o Rio Jaguaribe ou qualquer outro curso hídrico. Ou seja, a quantidade de poços poderá a ser maior que o estimado pelo estudo de prospecção geofísica.

É recomendável que os poços sejam construídos com profundidade em torno de 12m, e diâmetro de 14 polegadas, com tubos e filtros geomecânicos de 8 polegadas, com ranhura dos filtros de 0,5 a 0,75mm, utilizando como pré-filtro cascalho selecionado de rio de natureza quartzosa com grãos subarredondados e bem selecionados, se possível com a granulometria de acordo com a grã das formações geológicas atravessadas. Um bom processo de construção implica numa perspectiva de se obter melhores vazões, bem como, uma vida útil maior do poço.

Vale salientar que alguns pontos isolados apresentaram aquíferos que podem ser considerados de boa potencialidade hídrica, mas alerta-se para os riscos de em intenso processo de bombeamento, que poderia não manter uma vazão constante.

Destaca-se ainda que estudos geofísicos são métodos indiretos e como tal não permitem determinar valores diretos de vazão, e sim identificar em profundidade as melhores estruturas geológicas capazes de armazenar água subterrânea. Este método tem um índice de acerto em torno de 85% a 90%.

3.3.3. Estudos Complementares

Este tópico trás informações complementares a respeito de estudos Hidrogeológico, Hidrológico e Geotécnico realizados na região em apreço, realizando então descrições sobre o que é esperado para a área de estudo.

3.3.3.1. Estudo Hidrogeológico

Segundo o CPRM (1998), no município de Aracati pode-se distinguir dois domínios hidrogeológicos distintos: coberturas sedimentares e depósitos aluvionares.

O domínio representado pelos sedimentos da Formação Barreiras caracteriza-se por uma expressiva variação faciológica, com intercalações de níveis mais e menos permeáveis, o que lhe confere parâmetros hidrogeológicos variáveis de acordo com o contexto local. Essas variações induzem potencialidades diferenciadas quanto à produtividade de água subterrânea. Essa situação confere localmente ao domínio da Formação Barreiras características de um aquitarde, ou seja, uma formação geológica que possui baixa permeabilidade e transmite água lentamente, não tendo muita expressividade como aquífero. Apesar disso, em determinadas áreas, sua exploração é bastante desenvolvida. Ainda no contexto do domínio hidrogeológico sedimentar, as dunas destacam-se como unidade geológica de alta potencialidade aquífera, produzindo vazões da ordem de 5 a 10 m³/h.

Os depósitos aluvionares são representados por sedimentos areno-argilosos recentes, que ocorrem margeando as calhas dos principais rios e riachos que drenam a região, e apresentam, em geral, uma boa alternativa como manancial, tendo uma importância relativa alta do ponto de vista hidrogeológico, principalmente em regiões semiáridas com predomínio de rochas cristalinas.

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Normalmente, a alta permeabilidade dos terrenos arenosos compensa as pequenas espessuras, produzindo vazões significativas.

Localmente, o levantamento hidrológico foi executado através de pesquisa eletrônica do Atlas da Secretária de Recursos Hídricos do Estado do Ceará, que possui o cadastro de um único poço na localidade de Sítio Albuquerque, justamente dentro do perímetro da área de estudo. Foi identificado 01 poço tubular fechado construído pela SOHIDRA em 1997, de código nº 2300005156 e coordenadas UTM: N 9.490.569 e E 635.214 (CPRM, 2012).

O poço identificado capta água do aquífero Barreiras e apresenta os seguintes dados:

Profundidade – 35 metros;

Vazão – 14,4 m³/h;

Nível Estático – 4,5 metros;

Nível Dinâmico – 7,2 metros;

pH – 6,9.

Ainda segundo o CPRM (1998), em termos de qualidade das águas subterrâneas, as amostras analisadas até o ano de 1998 mostraram que a maioria dos poços apresentava águas com teores de sais dissolvidos médios, ou seja, cerca de 52% dos poços tubulares apresentam águas do tipo salobra e cerca de 26% deles têm águas classificadas como salgadas, somente recomendadas para o consumo animal e uso humano secundário (lavar, banho etc.).

3.3.3.2. Estudo Hidrológico

A bacia do Rio Jaguaribe, em seu médio curso, apresenta heterogeneidade na distribuição espaço temporal da precipitação e escoamento de suas águas.

No Quadro 3.1 podem ser observados alguns dos dados hidrológicos do município de Aracati.

Quadro 3.1 – Caracterização hidrológica do município de Aracati

Precipitação Média Anual

Deflúvio Médio Anual Volume Escoado

Médio Anual Evapotranspiração

Potencial

935 mm 37 mm 58 hm³ 1611 mm

Fonte: PLANERH (1992), in: INESP (2009)

O Quadro 3.1 indica informações importantes que se relacionam às características de escoamento e armazenamento das águas, tanto superficiais como subterrâneas. Assim, pode-se verificar o Deflúvio Médio Anual, que indica a lâmina média de água que escoa sobre a superfície, e está diretamente relacionada às características geológicas, geomorfológicas e de uso e ocupação do solo da região; o Volume Escoado que indica qual a contribuição na reservação; e a Evapotranspiração Potencial, que corresponde à parcela da precipitação que retorna à atmosfera antes mesmo de atingir o solo, ou seja, a parcela que, efetivamente, não é utilizada na oferta (INESP, 2009).

Segundo o Projeto RADAMBRASIL (1981), a unidade apresenta níveis argilosos, que reduz, consideravelmente a sua permeabilidade, porém, inversamente, atua como suporte de aquíferos suspensos de pequena monta e contribui localizadamente para a existência de alguns exutórios que ocorrem sob a forma de fontes.

3.3.3.3. Estudo Geotécnico

O Estudo Geotécnico visa determinar o índice de resistência à penetração e o reconhecimento pedológico do solo, fornecendo dados técnicos que são utilizados como base para o cálculo e dimensionamento das fundações, aterros, contenções de talude e encostas. Será fundamental também para elaboração do projeto de pavimentação, para o rebaixamento do lençol freático e controle do fluxo d’água, haja vista a necessidade de retificação de curso hídrico.

As sondagens deverão ser executadas seguindo, no mínimo, as seguintes normas ABNT: NBR-6484/2001 – “Solos-Sondagens de simples reconhecimento com SPT-Método de Ensaio”; NBR-6502/95 – “Rochas e Solos-Terminologia” e NBR-1344/95 – “Rochas e Solos-Simbologia”.

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É de praxe, na realização das sondagens, a percussão e utilização, inicialmente, de um trado concha e, em seguida, dar prosseguimento ao avanço do furo com a utilização de um amostrador, para retirar amostras que são obtidas por ação da penetração do amostrador no solo, provocada pelo golpe da queda de um peso pré-definido e elevado a uma altura correspondente.

Após ser retirada do furo, a amostra coletada é acondicionada e identificada em sacos plásticos para ser analisada a posteriori em laboratório.

De posse de dados obtidos em áreas próximas ao terreno em estudo, pode-se afirmar o que é comumente encontrado, bem como as características geológicas das amostras de sondagens.

Com base na Litologia do Poço identificado de código nº 2300005156 e coordenadas UTM: N 9.490.569 e E 635.214 (CPRM, 2012), encontra-se:

Na 1º Camada: Sedimento areno-argiloso, cor avermelhada e granulometria fina;

Na 2º Camada: Areia quartzosa, cor amarelada, granulometria média a grosseira;

Na 3º Camada: Sedimento arenoso, bastante seixos de quartzo, tamanhos variados com intercalações argilosa de cor cinza escura.

Vale destacar que esta ordem e conteúdo são meramente subjetivos, pois foram formulados através de pesquisa em um poço inserido na área de estudo, servindo apenas de parâmetro preliminar.

3.4. Estudo Arqueológico Não Técnico

Esta análise visa abordar sobre a provável existência de sítios arqueológicos no município de Aracati, verificando: o que foi encontrado, quantificando os sítios existentes e fornecendo informações sobre a localização dos mesmos, além de indicar o que existe de relevante neste patrimônio cultural.

A palavra arqueologia vem do grego: archaios, 'velho' ou 'antigo', e logos, 'ciência'. Ao contrário do que se pensa, a arqueologia não estuda apenas o passado remoto da Humanidade. Nas Américas, convencionou-se chamar de Arqueologia Histórica a pesquisa feita em locais ocupados pelos europeus e africanos que entraram em contato com os indígenas durante o processo de colonização.

A Arqueologia atua também junto a sociedades atuais, como grupos indígenas, negros ou caiçaras, buscando compreender, através da observação do presente, a maneira como os vestígios materiais podem informar sobre o comportamento e os padrões culturais de sociedades extintas.

A Arqueologia é a ciência que estuda o homem através da sua cultura material. Assim, tudo que é produzido pelo ser humano é passível de uma análise sob a ótica da Arqueologia. Pode-se fazer história tanto a partir de fragmento de um objeto quanto a partir de uma edificação, uma vez que ambos são criações humanas e, portanto, a materialização da cultura, um bem cultural. Pode-se afirmar, então, que a Arqueologia estuda os bens culturais (DUARTE & NAJJAR, 2002).

Os testemunhos e evidências da vida humana são encontrados num sítio arqueológico, que, segundo o “Manual de Arqueologia Histórica em Projetos de Restauração” de Duarte & Najjar (2002):

“Sítios arqueológicos, sejam eles cavernas, sambaquis, galeões naufragados, ruínas de casas, fortes, igrejas, fazendas, cidades são pedaços da história passada e presente de um povo. São as tramas que formam o tecido da memória. Através delas nos identificamos como pertencentes àquela ou a outra cultura, àquele ou a outro segmento da sociedade em que vivemos. A esse tecido damos o nome de patrimônio arqueológico. E é dever da Arqueologia estudá-lo, apresentá-lo ao público, e juntamente com ele cuidar para que seja preservado. Ao cidadão cabe a tarefa de - dentro de seus domínios - colaborar para a preservação de sua memória”.

Os tipos mais comuns de sítios arqueológicos são:

Sítios Lito-Cerâmicos

Neste tipo de sítio há a predominância de materiais cerâmicos em sua superfície, sendo um indício para esta classificação. Ao escavar este tipo de sítio são encontrados cacos de cerâmicas ou mesmo cerâmicas inteiras, geralmente associadas a outros elementos arqueológicos, como

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por exemplo: os artefatos líticos, ferramentas em pedra, ossos e restos de alimentos. Algumas peças, como urnas funerárias, potes de barro para utilidades culinárias, para armazenamento de líquidos, dentre outras funções, são bastante comuns neste tipo de sítio.

Sítios de Arte Rupestre

Neste caso são encontradas pinturas e gravações realizadas nos paredões de rocha pelos grupos pré-históricos, possivelmente na intenção de contarem a história do seu dia-a-dia. Este tipo de sítio está geralmente associado ou próximo aos sítios lito-cerâmicos.

Os Sambaquis

Este tipo de sítio, na forma de pequenas montanhas, encontra-se geralmente próximo a superfícies aquosas, como o mar, rios, mangues, lagunas, etc.

Os grupos pré-históricos sambaquieiros construíram estes montes utilizando conchas, restos de habitações, alimentos, dentre outros elementos que, junto com os sedimentos (areia), formaram esta elevação.

Os sambaquis não eram os locais de moradia; eram simplesmente os “lixões” onde eram depositadas as sobras da alimentação, as carcaças dos crustáceos e as ossadas de peixes e pequenos mamíferos que serviam de alimento.

Por motivos desconhecidos, passaram a abrigar sepulturas humanas, sendo que as intempéries dissolveram as camadas superiores do sambaqui, ocasionando uma petrificação promovida pelo cálcio dos esqueletos imersos no núcleo do sambaqui, conservando-os por milênios, juntamente com seus adornos funerários.

Sítios Históricos

Nesses tipos de sítio enquadram-se ruínas de edificações ou mesmo a edificação propriamente dita, como fortes, igrejas, prédios antigos, engenhos e monumentos. Associados aos materiais encontrados nestes sítios estão os canhões, armas de fogo, balas, moedas, louças/faianças e garrafas, dentre outros objetos.

A partir de características particulares da localidade em que estão os sítios arqueológicos, pode-se compreender com maior facilidade como viveram os antigos habitantes e como eles utilizaram o meio ambiente para suprir as suas necessidades. Daí a importância e a necessidade de preservação de tais sítios.

É importante ressaltar que achados arqueológicos não são encontrados e investigados apenas no Egito (pirâmides) ou nos monumentos clássicos gregos e romanos. O que se percebe atualmente é que a arqueologia está se diversificando cada vez mais e no Brasil é possível encontrar pesquisadores em atividade na Mata Atlântica, nas Dunas do Nordeste ou em meio à Floresta Amazônica.

Oficialmente, o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) registra 20.085 sítios arqueológicos catalogados no país, sendo 525 sítios só no Estado do Ceará. A presença de tantos remanescentes arqueológicos inseridos principalmente no Nordeste, que guarda riquezas naturais, foi responsável pela criação de parques nacionais, como no caso do Parque Nacional da Serra da Capivara, criado em 1979 e tombado pela UNESCO como patrimônio da humanidade em 1991.

A Figura 3.3 mostra como estão distribuídos os sítios arqueológicos no Brasil. Nota-se o quanto a região Nordeste é representativa, destacando-se nesta ilustração.

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Figura 3.3 – Mapa de localização de sítios arqueológicos no Brasil

Fonte: http://www.comciencia.br/reportagens/arqueologia/img/andre_mapa.jpg

3.4.1. Patrimônio Arqueológico do Município de Aracati

De acordo com o Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos (CNSA), em pesquisa on line realizada em 26/09/2012 na página eletrônica do IPHAN, o município de Aracati apresenta 67 sítios arqueológicos, sendo 14 sítios históricos, 47 sítios pré-coloniais e 06 sítios com características históricas e coloniais (ver Quadro 3.2).

Quadro 3.2 – Lista de sítios arqueológicos de Aracati

Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos

Nome Tipo de Sítio

CE00035 GASFOR-29 Pré-Colonial

CE00271 Aeolis I Pré-Colonial

CE00300 Cumbe 01 Pré-Colonial

CE00301 Cumbe 02 Pré-Colonial

CE00302 Cumbe 03 Pré-Colonial

CE00303 Cumbe 04 Pré-Colonial

CE00304 Cumbe 05 Histórico / Pré-Colonial

CE00305 Cumbe 06 Pré-Colonial

CE00306 Cumbe 07 Pré-Colonial

CE00307 Cumbe 08 Pré-Colonial

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Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos

Nome Tipo de Sítio

CE00308 Cumbe 09 Pré-Colonial

CE00309 Cumbe 10 Pré-Colonial

CE00310 Cumbe 11 Pré-Colonial

CE00311 Cumbe 12 Pré-Colonial

CE00312 Cumbe 13 Pré-Colonial

CE00313 Cumbe 14 Pré-Colonial

CE00314 Cumbe 15 Pré-Colonial

CE00315 Cumbe 16 Pré-Colonial

CE00316 Cumbe 17 Pré-Colonial

CE00317 Cumbe 18 Pré-Colonial

CE00318 Cumbe 19 Pré-Colonial

CE00319 Cumbe 20 Pré-Colonial

CE00320 Cumbe 21 Pré-Colonial

CE00321 Cumbe 22 Pré-Colonial

CE00322 Cumbe 23 Pré-Colonial

CE00323 Canoa Quebrada 01 Pré-Colonial

CE00324 Canoa Quebrada 02 Pré-Colonial

CE00325 Canoa Quebrada 03 Pré-Colonial

CE00326 Canoa Quebrada 04 Pré-Colonial

CE00327 Canoa Quebrada 05 Pré-Colonial

CE00328 Canoa Quebrada 06 Histórico / Pré-Colonial

CE00329 Canoa Quebrada 07 Pré-Colonial

CE00330 Canoa Quebrada 08 Pré-Colonial

CE00331 Canoa Quebrada 09 Histórico / Pré-Colonial

CE00332 Canoa Quebrada 10 Pré-Colonial

CE00333 Canoa Quebrada 11 Pré-Colonial

CE00334 Canoa Quebrada 12 Pré-Colonial

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Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos

Nome Tipo de Sítio

CE00335 Canoa Quebrada 13 Pré-Colonial

CE00336 Canoa Quebrada 14 Pré-Colonial

CE00337 Canoa Quebrada 15 Pré-Colonial

CE00338 Canoa Quebrada 16 Histórico

CE00339 Canoa Quebrada 17 Pré-Colonial

CE00340 Canoa Quebrada 18 Pré-Colonial

CE00341 Canoa Quebrada 19 Pré-Colonial

CE00342 Barão do Aracati 01 Histórico

CE00343 Barão do Aracati 02 Histórico / Pré-Colonial

CE00344 Barão do Aracati 03 Histórico / Pré-Colonial

CE00345 Barão do Aracati 04 Pré-Colonial

CE00346 Barão do Aracati 05 Pré-Colonial

CE00347 Barão do Aracati 06 Pré-Colonial

CE00348 Barão do Aracati 07 Pré-Colonial

CE00349 Barão do Aracati 08 Pré-Colonial

CE00350 Barão do Aracati 09 Pré-Colonial

CE00351 Barão do Aracati 10 Pré-Colonial

CE00352 Barão do Aracati 11 Pré-Colonial

CE00444 CE0057 LA/UFPE Histórico

CE00476 Vila Buiú Histórico

CE00477 Sítio Histórico da Cidade de Aracati (Polígono Tombado)

Histórico

CE00478 Trav. Nossa Senhora dos

Prazeres/Rua Dom Manuel Histórico

CE00479 Complexo Cacimba do Povo Histórico

CE00480 Rua Felismino Filho Histórico

CE00481 Rua José de Alencar Histórico

CE00482 Rua Dom Manuel/Rua Beni

Carvalho Histórico

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Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos

Nome Tipo de Sítio

CE00492 Aeolis II Histórico

CE00493 Aeolis III Histórico

CE00494 Aeolis IV Histórico

CE00495 Aeolis V Histórico

Fonte: IPHAN, 2012

Conforme a caracterização desses sítios realizada pelo IPHAN conclui-se que se apresentam, em sua maioria, fragmentos cerâmicos, material lítico lascado e polido, além de malacológicos.

Ressalta-se que as visitas realizadas pela equipe da INFOambiental ao local do empreendimento REVESA Carcinicultura não objetivaram chegar aos locais dos sítios existentes em Aracati. O Estudo Arqueológico deteve-se na consulta bibliográfica através da página eletrônica do IPHAN.

Vale destacar, ainda, que este estudo ambiental está sendo requerido para subsidiar a análise do órgão ambiental quanto a renovação da licença de operação da atual estrutura existente e a obtenção de licença prévia para o seu projeto de ampliação. Ou seja, enxerga-se como desnecessária a elaboração de parecer técnico do IPHAN para a área já licenciada, uma vez que esta já passou por intervenções físicas em sua implantação, e que a Portaria do IPHAN indica a necessidade de realização de Diagnóstico e Prospecção Arqueológica como pré-requisito para a concessão da Licença Prévia e Licença de Instalação, respectivamente, ambas já emitidas para a área da REVESA que se encontra em operação. Portanto, acredita-se que seja necessário parecer do IPHAN para a área na qual se almeja a ampliação do empreendimento.

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4. Estudo de Alternativas

O estudo de alternativas se desenvolve discutindo os aspectos de uso e ocupação do solo, quanto aos acessos e a distribuição do projeto no terreno, bem como alternativas tecnológicas de construção e até mesmo a hipótese de não realização do projeto. Este capítulo é parte indissociável do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), elaborados para subsidiar as análises referentes à solicitação da Licença Prévia (LP) para a ampliação do empreendimento REVESA Carcinicultura, por parte da SEMACE, considerando também a área que já se encontra em operação.

O Estudo de Alternativas, aqui apresentado, contempla integralmente o que dispõe a Resolução CONAMA nº 001/86, que trata do regulamento sobre o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), mais precisamente o Artigo 5º, que trata da necessidade de tal estudo atender obrigatoriamente à Política Nacional de Meio Ambiente, obedecendo algumas diretrizes, dentre as quais a principal é:

“I – Contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização do projeto, confrontando-as com a hipótese de não execução do projeto”.

O projeto da REVESA Carcinicultura foi idealizado buscando a ampliação de um empreendimento aquícola já consolidado, considerando o potencial econômico dessa atividade, bem como a produção de alimento de qualidade em consonância com a proteção do meio ambiente natural que o cerca.

O projeto REVESA Carcinicultura, em si, aproveita um terreno onde anteriormente já foram desenvolvidas atividades antrópicas, atualmente degradado, localizado em área servida pelos serviços de água, telefonia e eletricidade, e apesar da precariedade das vias de deslocamento locais ainda possui acesso fácil à Sede de Aracati pela estrada que liga a BR-304 ao município de Itaiçaba, além do fato de que as áreas propostas para ampliação são contíguas aos viveiros da Fazenda de produção de camarão do mesmo empreendedor.

Ressalta-se, desta forma, que as alternativas de ocupação do terreno, desde a concepção do projeto de ampliação, já são coincidentes no sentido da conservação do meio ambiente e compatíveis com o que se deseja alcançar vem termos de sustentabilidade.

A ilustração apresentada na Figura 4.1 permite observar o terreno onde encontra-se em operação a REVESA Carcinicultura, bem como a respectiva área de expansão proposta.

Figura 4.1 – Imagem de Satélite de Toda propriedade Revesa Carcinicultura

Fonte: Google Earth

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Parte dos locais escolhidos para ampliação do empreendimento está atualmente sendo utilizado, ocasionalmente, como pastagem para animais de pequeno porte, como caprinos e ovinos, além de atividades extrativistas, e se inserirá de forma integrada a área onde já existe no empreendimento REVESA Carcinicultura. O projeto de ampliação não irá interferir nas áreas de preservação permanente, evitando, assim, tratar dessa possibilidade ao se aventar as alternativas possíveis para o empreendimento. Portanto, de uma maneira geral pode-se afirmar que o projeto de ampliação da REVESA Carcinicultura já nasce adequado ao sistema ambiental onde se insere, mesmo sendo possível discutir alternativas no intuito de melhorá-lo ainda mais.

O empreendimento REVESA Carcinicultura se associa ao meio ambiente local ao invés de combatê-lo, como ocorre em outros projetos de carcinicultura situados no entorno. Assim, o projeto foi concebido em função das condições topográficas e da natureza do local, onde se definiu o melhor sentido de fluxo de energias e matérias para projeção dos viveiros.

De acordo com as características naturais do terreno, a área escolhida foi considerada a melhor possível para o empreendimento, e mesmo a equipe da INFOambiental sendo criteriosa e rigorosa, não encontrou melhor alternativa ou sugeriu modificações no projeto inicial apresentado, demonstrando com isso o melhor aproveitamento dos recursos naturais. Certamente que a escolha da alternativa mais viável pelos empreendedores não levou em consideração apenas o aspecto ambiental, mas uma junção das condições de acessibilidade, engenharia de projeto, econômico-financeira e ambiental, portanto, tratou-se de uma decisão equilibrada, na busca da sustentabilidade do projeto em todos os níveis.

Partindo-se desses relatos segue-se com a discussão das alternativas para a REVESA Carcinicultura.

4.1. Alternativa de Não Realização do Empreendimento

A primeira condição a ser discutida num estudo de alternativas é a hipótese de não realização do empreendimento ou qualquer outra ação na área. De uma maneira geral, nos terrenos naturais essa é sempre a opção de menor impacto, pois, em tese, deixaria o meio ambiente para os demais elementos da fauna, bem como para a ocupação da flora já existente, sem intervenção humana. Ocorre que da teoria à prática existem inúmeras variáveis que impedem uma solução tão simples, devendo esta solução ser estudada caso a caso, mesmo nos ambientes naturais.

Para o projeto de ampliação da REVESA Carcinicultura o local escolhido já vem sendo previamente utilizado, portanto, pouco guarda de suas condições naturais. A condição natural do local onde deverá ser instalado o empreendimento antes dessas ocupações provavelmente era de um terreno de agricultura, extrativismo e práticas inadequadas como as queimadas e desmatamento desordenado (ver Figura 4.2), além do processo erosivo que se evidencia próximo à margem do Rio Jaguaribe.

Figura 4.2 – Exemplo de práticas inadequadas na área proposta para a ampliação

Queimadas. Desmatamento.

Fonte: Arquivo INFOambiental

De acordo com a experiência da equipe técnica da INFOambiental, e que pode ser confirmado pelos próprios analistas da SEMACE é que, normalmente, as terras são abandonadas por falta de recursos

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financeiros de seus proprietários, pois ao contrário seriam utilizadas para gerar alguma produção. A questão maior é a condição dessas terras no tempo de abandono, bem como a ausência de intervenções físicas, que dificultam o acesso da fiscalização ambiental à mesma, considerando a extensa gama de atividades a que se sujeitam esses órgãos de controle. Uma condição ambientalmente favorável à manutenção das terras em abandono é pouco visível, considerando principalmente as necessidades humanas por habitar e/ou cultivar. Entretanto, por se tratar de uma região pertencente à planície fluvial do Rio Jaguaribe, composta por drenagens, fauna e flora típicas de mata de tabuleiro; estas áreas sofrem frequentemente com a invasão humana desordenada e inconsequente.

4.2. Alternativas de Localização

Uma das principais discussões em alternativas de empreendimentos se reporta à sua localização. Aqui, inicialmente se discutirá a ampliação da fazenda da REVESA Carcinicultura no município de Aracati.

Refinando mais a situação, sabe-se que uma fazenda de camarão deve ficar próxima à região costeira, pois é de lá que virá seu principal insumo: a água, ou de captação subterrânea ou diretamente do Rio Jaguaribe, devido à salinidade das águas da região serem propícias ao cultivo de camarão (ver Figura 4.3).

Figura 4.3 – Alternativas locacionais de acordo com a macrozona rural

Fonte: Adaptado a partir do Mapa de Macrozoneamento Municipal de Aracati, 2007

Com base na Lei Complementar nº 01/2009, que institui o Plano Diretor Participativo de Aracati, em consonância com consulta ao Mapa de Macrozoneamento do município de Aracati, foi possível traçar quatro situações locacionais para a ampliação do projeto de carcinicultura REVESA Carcinicultura:

Setor 01 – A atual situação do empreendimento seria a melhor opção locacional, primeiramente por já possuir unidade estabelecida em terreno contíguo a área proposta para ampliação, área esta que já sofreu interferências antrópicas, e por tal área estar inserida no Macrozoneamento Rural de Aracati como Zona de Produção Aquícola, assim pré-definida no plano diretor municipal, ou seja, setor que compreende área não urbana e onde predominam atividades de aquicultura;

Setor 02 – Este setor seria uma boa opção locacional, apesar de não concorrer diretamente com a atual área de produção, no entanto, segundo o Macrozoneamento citado, trata-se de uma área definida como Zona Agropecuária;

Setor 03 – Este setor já se distancia mais da margem do Rio Jaguaribe e da atual fazenda de camarão, o que não o tornaria interessante para produção de camarão. Além disso, segundo o Macrozoneamento, Trata-se de área indicada como Zona de Extração Mineral;

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Setor 04 – Esta unidade setorial mantém certa distância do Rio Jaguaribe e da atual fazenda de camarão da REVESA Carcinicultura, o que certamente a desaprovaria como locação ideal. Outro empecilho seria considerar a utilização de área situada na Zona de Extração Vegetal para o desenvolvimento de atividade aquícola.

Através de consulta simples ao Mapa de Macrozoneamento Municipal de Aracati é fácil demonstrar que a locação no Setor 01 seria a mais favorável comparativamente aos demais setores, após superada a questão do terreno.

Dentro do Setor 01, a distribuição da locação da ampliação da REVESA Carcinicultura segue também pela proximidade com a área atualmente em operação, e principalmente pelas condições favoráveis de solo, água salobra, acesso viário, abastecimento de água potável para os demais setores, e fornecimento de energia elétrica.

O local escolhido enquadra-se dentro da zona delimitada como possível para ampliação da REVESA Carcinicultura, tendo sido a escolha mais facilitada pela disponibilização do terreno em área contígua a área que já se encontra em operação, além das condições de acessibilidade e infraestrutura que estão presentes na região.

4.2.1. Escolha do Local

De acordo com SEBRAE-ES (2005), a escolha do local para a instalação dos viveiros de criação deverá levar em consideração os seguintes aspectos:

Temperatura: o local não deve apresentar grandes variações de temperatura;

Água: os viveiros podem ser abastecidos com água de superfície ou água subterrânea. No primeiro caso, deve-se evitar ao máximo possível o uso de filtros na entrada de predadores e/ou competidores, no entanto, a qualidade e a quantidade são fatores primordiais ao cultivo de camarões. É extremamente importante que as características físico-químicas da água sejam analisadas antes do uso;

Os parâmetros físico-químicos recomendados são:

- pH entre 7,0 e 8,4

- OD > 5 ppm

- T°C, entre 20 e 30°C

- Dureza, entre 60 e 120 mg/l (CaCO3)

- Fe < 2.0 ppm

- NO2 < 1,0 ppm

- Odor nenhum

- Coliformes fecais: ausência

Topografia: o terreno deve ser plano ou levemente ondulado;

Solo: o solo ideal para construção de viveiros deve apresentar um teor de argila entre 20 e 70%. Com menos de 40% de argila o solo apresentará baixo poder de retenção da água. Com mais de 70%, o solo poderá apresentar rachaduras por ocasião de sua exposição ao sol para fins de assepsia;

Localização: o local do cultivo deve dispor de vias que facilitem o acesso rápido à área do empreendimento para que seja facilitado o escoamento da produção.

4.3. Alternativas Tecnológicas

4.3.1. Escalas Produtivas

Com base em GIA (2007) em estudo intitulado: “Estudo Setorial para Consolidação de uma Aquicultura Sustentável no Brasil”, as escalas produtivas da carcinicultura marinha brasileira aplicam tecnologias diferenciadas em função do tamanho das propriedades e do tipo de cultivo.

As diferentes escalas produtivas do cultivo de camarões estão descritas a seguir:

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Carcinicultura em pequena escala – são classificados como pequenos empreendimentos aqueles que utilizam área de até 10 ha de lâmina de água. A preparação dos viveiros é feita através da secagem do fundo e do uso de cloro ou de cal virgem para eliminar possíveis peixes predadores. As densidades utilizadas variam entre 2 e 10 camarões/m², alcançando produtividades da ordem de 500kg/ha/ano a 2.200 kg/ha/ano. Não raro, os produtores utilizam regime tidal (relativo à maré) de troca de água, utilizam pós‐larvas oriundas de laboratórios locais, arraçoam apenas nos últimos 30 dias do cultivo através do uso de bandejas e obtém taxas de conversão da ordem de 0,4 a 1:1.

Carcinicultura de média escala – são assim considerados em empreendimentos que utilizam áreas entre 11 a 100 ha de lâmina de água. Empregam geralmente o regime semi‐intensivo, com densidades de até 45 camarões/m², alcançando produtividades médias da ordem de 4.500k/ha/ano (em três ciclos de produção), com conversões de 1:4 - 1,6:1 e, ao contrário dos pequenos produtores, têm que usar obrigatoriamente a captação de água através de bombeamento, além de fazer uso de aeradores com frequência;

Carcinicultura de grande escala – são aqueles que empregam áreas acima de 100 ha de lâmina de água. Com frequência, são empreendimentos com alto grau de verticalização, ou seja, possuem laboratórios de produção de larvas, formam seus próprios reprodutores, dispõem de plantas beneficiadoras com serviço de inspeção federal (SIF) e têm condições para exportar sua produção. Os grandes empreendimentos estão concentrados na região Nordeste e é o praticado na REVESA Carcinicultura, sendo este nível de escala o mais condizente, visto que o empreendedor visa uma ampliação de forma racional e empregando tecnologias modernas de produção.

4.3.2. Regimes de Produção

Ainda segundo o GIA (2007) em estudo intitulado, “Estudo Setorial para Consolidação de uma Aquicultura Sustentável no Brasil”, a aquicultura brasileira é baseada principalmente em regimes semi‐intensivos de produção (ver Figura 4.4).

Figura 4.4 – Diagrama ilustrativo de regimes de produção

Fonte: SEBRAE-ES, 2005

Como exemplo de produção em regime semi‐intensivo, enquadram‐se os cultivos de camarões marinhos que empregam uma tecnologia relativamente bem desenvolvida de produção, envolvendo: o uso de viveiros‐berçários, de ração comercial, de aeradores e controle (básico) da qualidade da água. Tal regime fez com que a produtividade média dos cultivos de camarões marinhos chegasse a 4.510 kg/hectare, em 2004.

Os sistemas de produção de camarões marinhos em regime intensivo também já foram testados no país. Nesse caso, os sistemas de cultivo são muito semelhantes aos empregados em regime semi‐intensivos, porém em maior densidade de povoamento dos camarões nos viveiros, e por consequência com uma maior quantidade de aeradores e técnicas mais controladas de manejo. Normalmente, os camarões são estocados em viveiros de engorda em densidades que variam de 30 a 60 pós‐larvas/m², mas, em alguns casos, chegaram a ser utilizadas densidades de até 150 pós‐larvas/m². Além disso, algumas fazendas estão fazendo uma integração com ostras (Crassostrea rhizophorae) e macroalgas (Gracillaria sp.), como filtro natural de partículas em suspensão e de nutrientes no canal de drenagem, a fim de melhorar a qualidade da água antes de seu retorno para os viveiros e/ou para o meio ambiente.

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Contudo, o surgimento e a propagação de epidemias de origem viral tem inibido o uso desses sistemas de produção de camarões em regime intensivo e forçado os produtores a reduzirem as suas densidades de estocagem.

O projeto em apreço adota e adotará o sistema bifásico de produção, que consiste na prática do regime intensivo em tanques pré-berçarios e semi-intensivo em viveiros de engorda, sendo esta pratica considerada a melhor sob o ponto de vista ambiental e econômico.

Quanto ao regime extensivo, este tipo de cultivo é realizado em represas com baixa densidade de estocagem, com até dois indivíduos por metro quadrado (2 ind./m²). Neste caso, não são praticados o monitoramento da qualidade de água, arraçoamento e a adubação da água, e não se faz o controle de produção. A produtividade gira em torno de 300 kg/ha/ano.

4.3.3. Sistemas de Cultivo

4.3.3.1. Sistema Heterotrófico

Com base no estudo acadêmico de Magnotti (2011), intitulado “Cultivo heterotrófico do camarão marinho Litopenaeus vannamei avaliando duas metodologias de remoção de sólidos” descreve-se o sistema heterotrófico.

O sistema heterotrófico é uma tecnologia que vem sendo desenvolvida a fim de se tornar uma alternativa aos cultivos tradicionais do camarão marinho da espécie Litopenaeus vannamei. Para manejá-lo se faz necessária a retirada periódica de sólidos da água, que não foram consumidos pelos camarões e ficam em excesso no tanque, podendo causar diversos problemas.

1.1.1.1.1. Cultivo Heterotrófico com Renovação Parcial de Água

O cultivo consiste na mescla de sistema heterotrófico, quimioautotrófico e autotrófico em densidades de 100-200 cam/m². A primeira vez que foi desenvolvido em escala comercial foi em Belize (América Central) no início dos anos 90 (BOYD & CLAY, 2002). Na Ásia este método serviu de alternativa para evitar a entrada e disseminação de doenças nos tanques de cultivo, como o vírus da mancha branca.

Nesse sistema, o procedimento de retirada de sólidos da água de forma mista, onde é estimulada a sedimentação prévia dos sólidos no próprio viveiro por um período definido de tempo, é seguido da retirada do mesmo por drenagem do lodo, renovação parcial, ou por meio de sucção por bombas.

Aparentemente, é um sistema simples e de fácil execução. Para sedimentar a matéria particulada alguns aeradores são desligados fazendo com que a velocidade média da água diminua, reduzindo e transformando o fluxo de turbulento para fluxo laminar. A água apresentando baixa velocidade (provavelmente menor que 0,3 m/s) propicia a decantação das partículas suspensas, sendo assim, estas são depositadas no local mais fundo ou que apresenta menor velocidade média da mesma. Após sedimentação por um período de tempo calculado, que varia de acordo com o volume de sólidos a ser retirado e velocidade de sedimentação das partículas presentes no tanque, um funcionário previamente treinado executa a retirada do mesmo.

Em tanques adaptados para esse sistema, ou não projetados corretamente, o usual é a utilização de bombas para sucção do material sedimentado, realizando-se o mesmo procedimento.

Em viveiros que são projetados e construídos para a implantação deste sistema, com definição prévia do local onde os sólidos serão aglomerados para retirada, sistema de comportas ou monge com adaptações para obter melhor eficiência, a técnica de retirada do lodo por renovação parcial da água é o recomendado. Após o tempo de sedimentação desejado, o lodo se depositará próximo à comporta de saída, e com a abertura parcial da mesma, o material será succionado de forma eficiente e sem gasto energético, para fora do viveiro.

1.1.1.1.2. Cultivo Heterotrófico com Decantadores

Esta metodologia de retirada de sólidos é mais utilizada e conhecida para tratamento de efluentes de cidades e indústrias, apresentando boas características para ser implantada como sistema para a retirada de sólidos de tanques de cultivo com flocos bacterianos. Consiste na retirada dos sólidos sedimentáveis da água, por meio da decantação em um tanque acoplado em paralelo ao tanque de cultivo.

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No caso da aquicultura, a água do tanque de cultivo é enviada via air-lift, por bombeamento ou gravidade para um decantador. Neste, o fluxo da água passa de turbulento a laminar de maneira natural, devido ao formato, tamanho do tanque de decantação, e forma como foi projetado. A decantação ocorre de maneira eficiente, podendo chegar a valores superiores a 85-90% de eficiência da retirada de sólidos da água, dependendo do fluxo e do tipo de decantador.

Uma característica que diferencia a remoção de sólidos por decantadores daquela por renovação parcial é a frequência com que os sólidos são removidos, pois o uso de decantadores permite uma remoção contínua com a manutenção constante da concentração de sólidos nos tanques de cultivo, ao contrário da remoção intermitente realizada no controle por renovação.

A retirada do lodo decantado é realizada de maneira simples, onde o fluxo de água que passa por este é retido, a água presente dentro do mesmo é destinada de volta ao tanque principal, de maneira sensível para que os sólidos decantados não sejam revolvidos. Após a retirada da parte liquida em quase sua totalidade, o lodo, adensado e compacto, pode ser retirado e destinado para o seu tratamento.

Essa metodologia pode gerar uma economia grande de água, já que o que é retirado do decantador é praticamente lodo adensado.

4.3.3.2. Sistema de Bioflocos

De acordo com a publicação de um artigo na Revista Advocate (2012), na combinação da tecnologia de uso de bioflocos com biossegurança modular o cultivo do camarão pode se tornar mais sustentável e economicamente viável.

Para aperfeiçoar a produção de bioflocos em reservatórios, viveiros revestidos e alta densidade de estocagem são essenciais. Aeradores mecânicos do tipo Paddle Wheel mantêm o oxigênio dissolvido em alto nível. As chaves do sucesso deste empreendimento são: a filtragem adequada da água, tratamento químico e maturação da água antes da estocagem do viveiro com larvas SPF (Livres de Patógenos Específicos). Uma vez que o viveiro seja estocado, outro fator de maior importância a ser controlado é o volume de bioflocos.

Para aperfeiçoar o cultivo comercial no sistema de bioflocos, o revestimento dos viveiros com lonas de PEAD, ou cimento, são requerimentos básicos. Densidade de estocagem ao redor de 130 a 150 camarões/m² e alta taxa de aeração na razão de 28 a 32 HP/ha também é essencial. Aeradores de pá são colocados nos viveiros para manter os níveis de oxigênio dissolvido altos e para direcionar os resíduos para a região central dos viveiros. Uma vez concentrados, os resíduos podem então ser sifonados para fora do viveiro, periodicamente, ou sempre que se fizer necessário.

Bioflocos são conglomerados de micróbios, algas e protozoários juntos com os detritos e partículas orgânicas inertes. A forte aeração mantém os bioflocos em suspensão na água do viveiro - uma das principais exigências para maximizar o potencial do processo microbiológico no viveiro de cultivo de camarão. Os bioflocos, assim suspendidos, estarão disponíveis para serem consumidos pelos camarões.

Peletes granulados e melaço são usados para sustentar a relação carbono: nitrogênio em tono de 15:1. Adicionalmente, produtos químicos típicos tal como calcário dolomítico, cal e caulim são utilizados na preparação da água do viveiro e durante a operação. O caulim é aplicado na razão de 50 a 100 kg/ha, uma a duas vezes por semana.

Uma vez tratada, a água poderá ser utilizada nos viveiros. Geralmente a água de abastecimento é filtrada com malha de 250 micras para prevenir a entrada de larvas de vetores de enfermidades, especialmente crustáceos, para os reservatórios e viveiros de produção. A água é tratada com crustacida para erradicar crustáceos remanescentes e suas demais formas larvais. Ao mesmo tempo a água permanecerá em repouso por, pelo menos, 74 horas dentro do reservatório, ou viveiro, para a completa eliminação de partículas virais.

O fator mais importante é se certificar de que o procedimento de filtragem e de tratamento químico utilizados no processo está sendo eficiente no tratamento da água antes da estocagem no viveiro com camarões. Neste caso apenas larvas SPF poderão ser estocadas.

Especialmente no sistema de bioflocos a aeração precisa ser constantemente monitorada, exigindo uma atenção especial quanto à manutenção e reposição de aeradores com defeitos mecânicos ou mau funcionamento.

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Este tipo de sistema é bem avaliado e possível de ser praticado na futura ampliação do projeto REVESA Carcinicultura.

4.3.4. Tipos de Tratamento

4.3.4.1. Uso de Probióticos

Com base no Artigo nº 176 (Uso de Probióticos na Aquicultura – Revisão), descreve-se a utilização de probióticos na água.

Uma das alternativas para evitar a utilização de antibióticos na aquicultura é o uso de probióticos em rações para peixes. O probiótico é formado por um conjunto de microrganismos vivos que atuam sobre o animal de modo a favorecê-lo em seu estado de saúde, apresentando resultados promissores quanto a sua utilização para peixes.

As espécies de bactérias mais comuns na composição de probióticos no uso da aquicultura são: Lactobacillus bulgaricus, L. acidophilus, L. casei, L. lactis, L. salivarius, L. plantarium, L. reuteri, L. johonsii, Streptococcus thermophilus, Enteroccus faecium, E. faecalis, Bifidobacterium spp, Bacillus subtilis e B. toyoi. O uso de probióticos em rações tem mostrado resultados quando os peixes são submetidos a algum tipo de estresse.

No entanto, um sistema aquícola que apresente as condições necessárias para bom desempenho dos peixes (manejo nutricional e sanitário) não torna necessária a utilização de probióticos, já que o contato com micro-organismos patogênicos é mínimo. Os probióticos podem ser utilizados na água ou em rações para promover um melhor estado de saúde e desempenho da espécie cultivada, evitando patógenos indesejáveis no intestino e na água, caso os animais estejam submetidos a algum tipo de estresse (temperatura inadequada, baixo teor de oxigênio dissolvido, pH inadequado, níveis elevados de íon-amônia, elevada turbidez).

Ou seja, os probióticos são utilizados na aquicultura com a finalidade de controle de infecções e para reduzir a poluição da água. Esta técnica é atualmente aplicada no projeto em apreço.

No empreendimento REVESA Carcinicultura atual e em sua futura ampliação serão utilizados 50g de probióticos/ha. Para ministrar adequadamente serão necessários aproximadamente 10 litros de água para cada 50 g de probióticos, de forma a promover uma distribuição homogênea nos viveiros. Esse tipo de tratamento é considerado atualmente como o mais indicado para o projeto da REVESA Carcinicultura.

4.3.4.2. Tratamento de Efluentes de Tanques de Criação de Litopenaeus vannamei por Sedimentação e Absorção de Nutrientes pela Macroalga Ulva fasciata

Com base no resumo do artigo científico de Ramos et al (2008) descreve-se sobre o tratamento de efluentes por sedimentação e absorção:

Avaliou-se a eficiência de remoção de sólidos suspensos e nutrientes dissolvidos presentes nos efluentes gerados na criação do camarão marinho Litopenaeus vannamei, empregando tratamentos de sedimentação e absorção por macroalgas (Ulva fasciata), em três tempos de retenção do efluente: 6, 12 e 24 horas.

Os parâmetros de qualidade de água analisados foram oxigênio dissolvido (mg/L), salinidade (‰), pH, temperatura (°C), turbidez (NTU), DBO5 (mg/L), sólidos suspensos totais (mg/L), amônia (mg/L N-NH4

+), nitrito (mg/L N-NO2), nitrato (mg/L N-NO3) e ortofosfatos (mg/L PO4ˉ3). Os resultados

sugerem que a maior eficiência no processo de sedimentação foi alcançada no tempo de 6 horas, atingindo valores de 94,0%, 93,6%, 41,6%, 74,3%, 47,4% e 56,1% para a clorofila a DBO5, N-NH4

+, N-NO 2, N-NO 3 e P-PO4, respectivamente.

Para a remoção da turbidez, o melhor desempenho foi alcançado pelo tratamento de 24 horas, com 95,5%, comparado com 78,4% para 6 horas e 93,5% para 12 horas em relação aos valores do efluente bruto. No processo de absorção de nutrientes as maiores porcentagens de remoção foram alcançadas pelo tratamento de 6 horas, com 23,7%, 47,1%, 7,1%, 37,0% e 48,4% para DBO5, N-NH3, N-NO 2, N-NO 3 e P-PO4, respectivamente, quando comparado com os valores do controle.

Finalmente, quando integrados os processos de sedimentação e absorção com macroalgas observou-se que todos os tratamentos apresentaram uma alta eficiência de remoção de nutrientes. A

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turbidez para os três tempos testados foi de 95,8% (6 h), 96,6% (12 h) e 96,8% (24 h). Na remoção final da DBO5 o melhor desempenho foi conseguido no tempo de 6 horas de retenção, com 90,7%, comparado como os tratamentos de 12 horas (85,6%) e 24 horas (81,4%). No caso da remoção de N-NH4

+ (57,1 – 59,8 e 57,4% para 6, 12 e 24 h), N-NO2 (64,9 - 62,2 e 59,5% para 6, 12 e 24 h), N-NO3 (37,3 – 21,0 e 41,1% para 6, 12 e 24 h) e P-PO4 (75,9 - 76,9 e 77,7% para 6, 12 e 24 h) os resultados foram semelhantes. O presente experimento sugere que os processos de sedimentação e absorção testados são eficientes para remover os nutrientes gerados no processo de produção do camarão.

4.3.5. Despesca

Segundo o projeto elaborado para o empreendimento em apreço (Projeto Camarão – Revesa, 2012), a despesca se dará com a obtenção da biomassa econômica, realizada preferencialmente à noite para conciliar com o horário de maior movimento dos camarões e de temperaturas mais amenas, minimizando-se desta forma, o estresse dos animais e refletindo positivamente sobre sua qualidade.

Com base no Manual de Boas Práticas de Manejo e Biossegurança para a Carcinicultura Marinha Nacional (ABCC, 2012) a despesca poderá ocorrer de forma rotineira ou de emergência:

4.3.5.1. Despesca de Rotina

A realização da despesca envolve o uso de alguns procedimentos especiais de Biossegurança, a fim de minimizar as possibilidades de transmissão horizontal de enfermidades entre viveiros de uma mesma unidade produtiva e entre fazendas locadas em um mesmo ambiente, tais como:

Antes da despesca, a carga de água do viveiro deverá ser rebaixada suavemente para 30% do volume final com o objetivo de amenizar a corrente no canal de drenagem e, assim, evitar excesso de sólidos suspensos para o meio ambiente;

O pessoal envolvido nas operações de despescas deverá obedecer às normas de Biossegurança da fazenda em relação à higiene pessoal e uso de EPIs;

Máquinas e equipamentos utilizados em despescas, ainda que não estejam contaminadas, deverão ser sanitizadas antes de serem usados em outros viveiros;

O gelo utilizado nas despescas deverá ser fabricado com água tratada;

O veículo envolvido no processo de despesca deverá estar previamente sanitizado;

A caixa de isopor, em nenhuma circunstância, deve ser utilizada em operações de despescas;

Recomenda-se colocar uma pia com água clorada para que os funcionários envolvidos nas operações de despescas lavem as mãos após contato com superfícies contaminadas ou após a realização de necessidades fisiológicas;

Um banheiro sanitário móvel, constantemente sanitizado, deverá estar à disposição do pessoal envolvido nas despescas;

Os animais mortos e detritos que são coletados durante a despesca deverão ser descartados de forma responsável em vala sanitária;

Os camarões recolhidos na limpeza final dos viveiros devem ser lavados com água gelada (<5ºC) e clorada a 100ppm (154g de cloro a 65%/m3) antes da imersão na solução de metabisulfito de sódio. Após o tratamento deverão ser colocados em caixas separadas e identificadas;

Após as despescas os materiais utilizados deverão ser higienizados com uso de escova e detergentes, e depois devem ser sanitizados com solução de cloro a 100ppm (154g de cloro a 65%/m3).

4.3.5.2. Despesca de Emergência

Nas áreas livres das enfermidades específicas de importância econômica, as despescas de emergências dos viveiros deverão ser realizadas exclusivamente com auxílio de redes de arrasto.

A comporta de drenagem deverá estar lacrada para evitar vazamento de água contaminada para o ambiente de entorno;

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Após a despesca, a água do viveiro deverá ser tratada com 30ppm de cloro ativo (46gr de cloro a 65%/m3) antes do descarte para o ambiente de entorno;

Nas áreas onde as enfermidades de importância econômica são endêmicas a despesca de emergência deverá ser comunicada com antecedência aos proprietários das fazendas vizinhas para que estas não bombeiem água contaminada para suas instalações nas marés subsequentes à citada despesca;

Os viveiros contaminados, nos quais os camarões não apresentem tamanho comercial, deverão ter a água tratada com cloro na concentração de 30ppm de cloro ativo (46gr de cloro a 65%/m³). Os animais de pequeno porte deverão ser coletados manualmente depois da drenagem da água. O descarte dos animais coletados poderá ser realizado por meio de incineração ou, alternativamente, em vala sanitária obedecendo às orientações contidas no Manual de Biossegurança da ABCC 1ª Edição.

4.4. Abastecimento D’água

Os títulos seguintes sugerem alternativas possíveis de abastecimento para a REVESA Carcinicultura. Caberá ao empreendedor escolher a opção ambiental e economicamente mais adequada à realidade do local onde se pretende implantar o projeto.

A água para abastecimento dos viveiros da REVESA Carcinicultura poderia advir de duas possibilidades:

Diretamente de Poços, que é a praticada pelo empreendimento.

Diretamente do Rio Jaguaribe;

A primeira alternativa é possível e utilizada em algumas propriedades que desenvolvem a carcinicultura, notadamente aqueles com maior dificuldade em captação de água do rio, podendo ainda ser inclusos nessa condição viveiros cujas águas do rio próximo estejam com baixa qualidade; ou ainda aquele cujo controle deva ser mais preciso, sobre a colonização dos viveiros. Isso é uma condição importante quando se considera a adução de água do rio, uma vez que a mesma traz consigo espécies vivas que podem se reproduzir no ambiente fechado. Os maiores cuidados são quanto à proliferação de vetores e de predadores.

Em termos ambientais o importante não é só quanto às águas de ingresso nos viveiros, mas principalmente quanto à água de despejo deles. No projeto da REVESA Carcinicultura não haverá lançamento de qualquer água dos viveiros, uma vez que foi adotado o sistema de recirculação dessas águas, com seu reaproveitamento nos viveiros. O lançamento de águas nas quais convivem espécies exóticas poderia levar algumas delas a colonizar o litoral, com consequências imprevisíveis ao meio ambiente. Um exemplo claro disso é o cultivo do camarão Litopenaeus Vannamei, que hoje está disseminado em todo o litoral nordestino a partir das fugas dos viveiros nas fazendas.

Comparando a possibilidade de utilização da água do rio com a água de poços, sob o ponto de vista ambiental é fácil decidir pela água de poços, considerando que a água subterrânea não é utilizada para consumo humano devido ao seu alto nível de salinidade, o que é indiscutivelmente favorável para o cultivo da carcinicultura marinha que depende diretamente desse tipo de água. O que se propõe é que as águas de poços sejam utilizadas em um circuito fechado (recirculação), ou seja, trata-se a água e a reutiliza, não desperdiçando esse bem, nem como efluente limpo para o rio, já que a água do circuito fechado torna-se quase sempre melhor em termos de qualidade do que a do próprio Rio Jaguaribe.

Em termos técnicos, a demanda do empreendimento é de um volume de 26.521,8 m³/dia, de volume drenado é de 13.057,8 m³/dia. No processo de recirculação 90% do volume drenado será utilizado no sistema Esse valor corresponde a 11,752 m³/dia. Os 10% (1.305,8 m³/dia) também sofrerão perdas por evaporação e infiltração (Projeto Camarão – Revesa, 2012).

Para os demais usos no empreendimento (escritório, laboratório e banheiros), a água será tomada da CAGECE ,portanto, será reduzida a demanda por água tratada com a instalação da REVESA Carcinicultura.

4.4.1.1. Vantagens e Desvantagens das Águas de Poços

Segundo o Ministério do Meio Ambiente, em seu III Programa de Suporte Técnico à Gestão de Recursos Hídricos, descrevem-se as principais vantagens e desvantagens da água subterrânea:

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Devido ao alto consumo de água e a falta de qualidade das águas superficiais (que recebem cerca de 90% dos esgotos domésticos e 70% dos efluentes industriais não-tratados), a água subterrânea vem se destacando em termos de importância. Suas vantagens: para começar, está protegida, apesar de não estar isenta de contaminação por poluição; apresenta elevado padrão de qualidade físico-química e biológica; não evapora; pode ter vários usos, como, por exemplo, na indústria e na irrigação. Projetos de saneamento básico podem ser amplamente beneficiados pela água subterrânea, cujo sistema de exploração tem sua manutenção, do ponto de vista econômico, mais econômico e seguro. Os impactos ambientais são de pequeno porte: seu aproveitamento não acarreta inundações com consequentes perdas de áreas agricultáveis, nem deslocamento de populações.

Nem tudo, porém, é vantagem. Há desvantagens: por estar escondida, o acesso à água é difícil e de avaliação complexa. Se estiver poluída, a água subterrânea demanda um longo e oneroso período de tratamento. Ainda falta pessoal especializado em conceber projetos de exploração que evitem super-explotação – a retirada de um volume de água superior à capacidade do aquífero.

É notório, porém, que as vantagens superam as desvantagens. No entanto, isso não implica utilizar a água subterrânea sem considerar certos cuidados, pois a água, sendo um bem indispensável à vida, reclama um tratamento que transcende seu mero proveito econômico. Para o bom uso da água subterrânea, é imprescindível ter o projeto do poço e o responsável técnico pelo poço, além das análises físico-química e biológica.

4.4.2. Bacia de Sedimentação

O Art. 14, da Resolução CONAMA nº 312/2002, que dispõe sobre licenciamento ambiental dos empreendimentos de carcinicultura na zona costeira, define sobre a utilização de bacias de sedimentação: “... Art. 14 Os projetos de carcinicultura, a critério do órgão licenciador, deverão observar, dentre outras medidas de tratamento e controle dos efluentes, a utilização das bacias de sedimentação como etapas intermediárias entre a circulação ou o deságüe das águas servidas ou, quando necessário, a utilização da água em regime de recirculação. ...”.

Os projetos de carcinicultura necessitam de um sistema de tratamento de efluentes, como bacias de sedimentação, para que esta carga não seja despejada no meio ambiente de forma a impactá-lo negativamente. A questão é: qual a melhor opção de localização da lagoa de sedimentação na nova área destinada a ampliação do projeto em estudo? A Figura 4.5 expõe duas alternativas locacionais, bem como descreve seu uso do ponto de vista técnico ambiental.

Figura 4.5 – Proposta para bacias de sedimentação

Fonte: Adaptado sobre a Planta Layout dos Viveiros

Das duas propostas, uma seria a utilização da lagoa natural existente (provavelmente, um meandro abandonado), que ciclicamente fica totalmente seca, como se demonstrou no ano de 2012. Esta lagoa possui área de 149.192,33 m², e uma profundidade média estimada de 2 metros, portanto, deduz-se que possua capacidade volumétrica de 298.384,66 m³.

No entanto, se for utilizada esta lagoa para este fim, assim como as lagoas de estabilização para uma estação de tratamento de efluentes, será necessária a obtenção de outorga para lançamento em corpo hídrico.

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Quanto à opção de utilizar o canal de drenagem como bacia de estabilização, se propôs a duplicação de parte do canal planejado, formando uma área de 75.099,98 m² e acreção de mais 12.587,02 de um terreno situado em área já licenciada, ambos respeitando as faixas de área de preservação permanente. Considerando uma profundidade de 3 metros, estima-se uma capacidade volumétrica de 313.491,72 m³, ou seja, superior ao volume estimado para a lagoa. Além disso, apresenta a vantagem de dispensar qualquer tipo de outorga por não interferir em corpo hídrico natural. Ou seja, esta alternativa seria a melhor sob o ponto de vista técnico ambiental. Destaca-se ainda que além desse canal de drenagem proposto em comparação com o uso da lagoa como bacia de sedimentação, o projeto de ampliação contará ainda com mais três canais de drenagem, além de canais de abastecimento que serão implantados.

De acordo com Nunes (2002), vale destacar que as bacias de sedimentação podem ser naturais ou artificiais, ou seja, na forma de viveiros, canais ou lagoas. O importante é que obtenha resultados positivos na remoção de material em suspensão, transformação de nutrientes dissolvidos em biomassa vegetal e redução da demanda bioquímica de oxigênio. A bacia deve ter capacidade para conter, no mínimo, um volume capaz de armazenar as águas resultantes das descargas diárias das unidades produtivas e do esvaziamento total do maior viveiro.

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5. Caracterização Técnica do Empreendimento

Atuando desde 2002 com cultivo de camarão marinho da espécie Litopenaeus vannamei, através do sistema bifásico de cultivo, a REVESA Carcinicultura apresenta um projeto de ampliação de suas instalações, que será detalhado no decorrer deste capítulo, juntamente com as informações referentes a área que já se encontra em operação.

5.1. Introdução

Localizado às margens do Rio Jaguaribe, no município de Aracati, o empreendimento refere-se à operação de cultivo de camarões da espécie Litopenaeus vannamei, destinado ao consumo humano. Atualmente, a REVESA Carcinicultura funciona em uma área de 109 ha, onde estão instalados 25 viveiros, e está propondo sua ampliação em uma área de 95,92 ha, que abrigará, a princípio, 5 viveiros, além de canais de abastecimento, drenagem/recirculação, totalizando 204,92 ha.

A área total abrangida pelos dois terrenos é de 392,582 hectares, e somando a área que já se encontra em operação com a área que será destinada a ampliação, o total de área construída prevista será de 204,92 hectares (área de viveiros existentes, viveiros a serem implantados, canais de abastecimento, recirculação, área edificada, área administrativa, diques).

O Quadro 5.1, a seguir, apresenta o quadro de áreas do empreendimento, incluindo informações da área em operação e da área proposta par ampliação.

Quadro 5.1 – Quadro de áreas do empreendimento

Quadro de Áreas (hectares)

Descrição Em Planta Em Documentos

Área Total (junção dos dois terrenos) 371,15 392,58

Área Total do terreno - Matrícula nº 265 236,42 258,00

Área de Reserva Legal 53,25 56,00

Área Nova 134,73 134,58

Área Produtiva em Operação -- 109,00

Área Produtiva Proposta para Ampliação -- 95,92

Viveiros Existentes 82,64 83,00

Viveiros a Implantar 88,27 --

Área Edificada 0,20 --

Área Administrativa 4,77 --

Manguezal 6,57 --

Áreas de APP 41,90 --

Canais 43,36 --

Área de Drenagem 50,23 -- Fonte: Memorial Descritivo e planta do empreendimento, Licença de Operação, documentos de propriedade do terreno

Ressalta-se a divergência entre algumas áreas demarcadas em planta e respectivo documento de propriedade dos imóveis. Embora seja comum existir diferenças devido ao espaço de tempo que se dá entre o registro dos imóveis e a realização de levantamentos topográficos mais atuais, que empregam instrumentos mais precisos, convém chamar a atenção para a necessidade de proceder com os devidos ajustes, especialmente com relação à área de reserva legal já averbada em cartório, que deverá ser adequada à dimensão real do terreno. No entanto, recomenda-se que o produtor realize um novo levantamento topográfico na área para verificar se houve alguma falha na sua execução, uma vez que a dimensão da área demarcada em campo e a registrada na matrícula do imóvel diverge em mais de 20 hectares, montante considerado significativo, especialmente em uma região onde o valor dos imóveis é bastante elevado.

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5.2. Aspectos Gerais da Área de Estudo

De acordo com CPRM (1998), o relevo do município mostra campos de dunas móveis e fixas, a planície fluvial do Rio Jaguaribe e em direção ao interior formas tabuliformes que se estabelecem sobre formações sedimentares mais antigas; as altitudes situam-se em poucas dezenas de metros acima do nível do mar. Foram catalogados solos de variados tipos: solonchak, podzólicos, latossolos e areias quartzosas distróficas, sendo esta a predominante; a cobertura vegetal da região compreende espécies herbáceas e gramíneas da faixa litorânea, arbustos e árvores na retaguarda das dunas, mata dos tabuleiros, floresta mista dicótilo-palmácea (mata ciliar) ao longo do rio e a floresta perenifólia paludosa marítima (mangue), na foz do Jaguaribe.

Sob o aspecto geológico predominam sedimentos detríticos conglomeráticos a areno-argilosos, atribuídos ao Terciário/Quaternário. Na porção sudeste do município ocorrem sedimentos de diversas granulometrias da chapada do Apodi (Mesozóico) e ao longo do rio e da praia, sedimentos arenosos aluviais ou marinhos do Quaternário.

O município de Aracati está totalmente inserido na bacia hidrográfica do Baixo Jaguaribe e tem como drenagens principais o Rio Jaguaribe e os córregos do Fernandes, do Retiro e das Aroeiras, onde podem ser distinguidos dois domínios hidrogeológicos distintos: coberturas sedimentares e depósitos aluvionares. (CPRM, 1998)

O domínio representado pelos sedimentos da Formação Barreiras caracteriza-se por uma expressiva variação faciológica, com intercalações de níveis mais e menos permeáveis, o que lhe confere parâmetros hidrogeológicos variáveis de acordo com o contexto local. Essas variações induzem potencialidades diferenciadas quanto à produtividade de água subterrânea. Essa situação confere localmente ao domínio da Formação Barreiras características de um aquitarde, ou seja, uma formação geológica que possui baixa permeabilidade e transmite água lentamente, não tendo muita expressividade como aquífero. Apesar disso, em determinadas áreas, sua exploração é bastante desenvolvida. Ainda no contexto do domínio hidrogeológico sedimentar, as dunas destacam-se como unidade geológica de alta potencialidade aquífera, produzindo vazões da ordem de 5 a 10 m3/h.

Os depósitos aluvionares são representados por sedimentos areno-argilosos recentes, que ocorrem margeando as calhas dos principais rios e riachos que drenam a região, e apresentam, em geral, uma boa alternativa como manancial, tendo uma importância relativa alta do ponto de vista hidrogeológico, principalmente em regiões semiáridas com predomínio de rochas cristalinas. Normalmente, a alta permeabilidade dos terrenos arenosos compensa as pequenas espessuras, produzindo vazões significativas.

5.3. Descrição do Processo Tecnológico

A fazenda da REVESA Carcinicultura cultiva camarões através do sistema bifásico, envolvendo o cultivo intensivo em tanques pré-berçários e cultivo semi-intensivo em viveiros de engorda com comedouros fixos, contínuo monitoramento dos parâmetros ambientais e a adoção do conceito de “biosseguridade”.

As etapas que compõem o processo produtivo e que serão descritas neste item são válidas para a área em operação e para a área a ser ampliada.

5.3.1. Tanques Pré-Berçários

O projeto de ampliação da REVESA Carcinicultura contempla 10 tanques pré-berçários instalados em ambiente aberto com capacidade individual de 60 m3, em formato circular, construídos em alvenaria de tijolo e colunas e cintas em concreto armado. O fundo dos tanques é inclinado no sentido do centro possibilitando o escoamento total da água. Um sistema de aeração no fundo proporciona a circulação de toda a massa d’água, promovendo a introdução de oxigênio e a melhor distribuição dos alimentos ofertados.

Para garantir o suprimento de oxigênio dissolvido necessário, 2 sopradores de ar com motor de 7,5 CV, serão usados. Para o constante suprimento de energia, será instalado um grupo gerador com capacidade de 60 KVA, tendo em vista o suprimento alternativo de energia. Além disso, serão mantidos na unidade de pré-berçários, compressores à bateria (12 volts), que são utilizados no momento da transferência dos camarões para os viveiros de engorda. Entre as principais funções dos tanques pré-berçário, podem ser destacados:

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o Aclimatação das pós-larvas às condições da fazenda;

o Facilidade no monitoramento da qualidade da água e na sanidade das pós-larvas;

o Servir como setor de quarentena para as pós-larvas recém adquiridas;

o Facilidade na oferta e no controle do alimento.

Os tanques berçários, que atualmente estão localizados em área de preservação permanente - APP, serão transferidos para outra área da propriedade, conforme demonstrado em projeto.

Figura 5.1 – Tanques berçários da área em operação

Fonte: INFOambiental, 2012

5.3.1.1. Higienização dos Pré-Berçários

Todo processo que evolve o cultivo de organismos aquáticos precisa de um protocolo de manejo, para assegurar a saúde dos animais e evitar a contaminação dos tanques e o estresse dos animais.

o Limpeza: remoção física das sujidades;

o Sanitização: aplicação de produtos que reduzam a população de microorganismos patógenos das superfícies dos tanques.

1.1.1.1.3. Etapas para Higienização

Inicialmente, todos os materiais e equipamentos devem ser retirados do interior do tanque. É realizada uma escovação das paredes internas e do fundo e, após esse procedimento, é realizado um enxágue com ácido muriático. Após esse enxágue, são realizados três enxágues com água e secagem por 24 horas.

Para o abastecimento, é utilizada água oriunda do canal de abastecimento, passando por um processo de filtragem, através de bolsas com malha de 300 µm.

5.3.1.2. Abastecimento e Fertilização

A água que abastece os tanques pré-berçários é oriunda do canal de abastecimento, que passa por um processo de filtragem atarvés de bolsas com malha de 300 µm.

A disponibilidade de nutrientes na água deve ser incrementada com a adição de fertilizantes inorgânicos, minerais e vitaminas.

Os fertilizantes inorgânicos mais usados são:

o Uréia agrícola ou Nitrato de Sódio, como fontes de Nitrogênio (N).

o Superfosfato Triplo (S.F.T.) ou Monoamônio Fosfato (M.A.P.), como fontes de fósforo (P).

Utiliza-se, ainda, Silicato de Sódio e Vitaminas do Complexo B.

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5.3.1.3. Monitoramento da Qualidade da Água

O monitoramento da qualidade da água é realizado diariamente, com a medição de parâmetros específicos, como temperatura, salinidade, pH e oxigênio dissolvido, transparência e cor e, semanalmente, no caso da amônia, alcalinidade e nitrito.

O quadro a seguir apresenta informações gerais sobre o monitoramento da qualidade da água realizado no empreendimento.

Quadro 5.2 – Monitoramento da qualidade da água

Parâmetro Frequência Horários Faixa ideal

(limite) Ações corretivas

Temperatura Diária 05:00 e 17:00

26° a 32°C

(18° A 36°C)

< 22°C utilizar aquecedor

> 32°C aumentar renovação d’água

Salinidade Diária 12:00 15 a 25 ppt

(0 A 60 ppt)

Renovação parcial para ajustar níveis

Oxigênio dissolvido

Diária 05:00 e 17:00

5,0 mg/l

(3,7 mg/l)

< 3,7 mg/l aumentar aeração, promover renovação d’água e reduzir a alimentação

Ph Diária 05:00 e 17:00

7 a 9 Variações diárias > 0,5, realizar renovação de 20% e adicionar de 200 a 600 g de calcário/m³

Alcalinidade Semanal 07:00 80 a 150 (50 a 200)

Abaixo do limite realizar calagem e acima do limite realizar renovação

Amônia (NH3) 2 X por semana

07:00 < 0,4 mg/l > 0,4 mg/l renovar água, suspender fertilização, reduzir alimentação e aumentar aeração

Nitrito (NO2) 2 X por semana

07:00 < 0,1 mg/l > 0,1 mg/l renovar água, suspender fertilização, reduzir alimentação e aumentar aeração

Transparência Diária 12:00 30 a 50 cm

< 30 cm calagem e posterior renovação,

> 50 cm fertilizar

Cor Diária 12:00 Marrom Verificar e ajustar nutrientes

Fonte: Memorial Descritivo do Empreendimento

5.3.2. Pós-larvas

5.3.2.1. Aquisição das Pós-larvas

o Aquisição de pós-larvas com alta qualidade e em laboratórios idôneos;

o Repassar ao laboratório as informações de salinidade pelo menos com 72 horas de antecedência para facilitar a aclimatação;

o Adquirir pós-larvas em estágio mínimo de “PL 10”;

o Solicitar laudo do laboratório atestando a sanidade dos lotes.

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5.3.2.2. Recepção, Aclimatação e Estocagem

1.1.1.1.4. Recepção

Durante a recepção de pós-larvas alguns cuidados devem ser tomados a fim de garantir a sua sanidade e reduzir o estresse, garantindo um melhor aproveitamento do lote.

o Verificar a estrutura dos tanques e qualidade da água;

o Verificar o sistema de aeração;

o Verificar as instalações de abastecimento e drenagem;

o Montar a estrutura para aclimatação;

o Higienizar caixas e utensílios (cloro 200 ppm);

o Enxaguar por três vezes;

o Posicionar as caixas;

o Instalar mangueiras com pedras de aeração.

1.1.1.1.5. Aclimatação

A aclimatação consiste em adaptar as pós-larvas às novas condições de ambiente, buscando a redução de mortalidade do lote e melhor qualidade do produto final. Para isso, a aeração deve ser ligada antes mesmo da transferência das pós-larvas ao novo tanque (Ver Figura 5.2). A densidade de estocagem deve ser mantida sempre menor ou igual a mil pós-larvas por litro de água. Os parâmetros temperatura, pH, salinidade e oxigênio dissolvido devem ser medidos constantemente para evitar uma variação desses parâmetros que condene as pós-larvas.

Figura 5.2 – Sistema de aeração dos viveiros em funcionamento

Fonte: INFOambiental, 2012

1.1.1.1.6. Estocagem

o Indireta: Povoamento prévio em tanques pré-berçários;

o Direta: Povoamento direto nos viveiros de engorda.

5.3.2.3. Sistema de Alimentação (Estocagem Indireta)

Tipo de Alimento: deve ser adequado ao tamanho do animal e com composição nutricional adequada (taxa maior de proteína)

A granulometria do alimento pode variar conforme demonstrado no Quadro 5.3 a seguir

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Quadro 5.3 – Variação da granulometria da ração

Idade da PL Granulometria adequada do alimento

PL 8 a 13 250 – 300 µm

PL 14 a 18 300 – 500 µm

PL 19 a 23 500 – 750 µm

PL 24 a 35 750 – 1.000 µm

Fonte: Memorial Descritivo do Empreendimento

A oferta de alimento deve ser constante, mantido o intervalo de duas horas.

A quantidade de alimento ofertado deve ser ajustada de acordo com os parâmetros da água, pela presença ou ausência de ração na água, de acordo com o trato digestivo das pós-larvas.

5.3.2.4. Parâmetros de Monitoramento das Pós-larvas e Ações Corretivas

O monitoramento de pós-larvas e a realização de ações corretivas previnem a mortalidade de pós-larvas, o acometimento de doenças e o estresse devido ao manejo. Os parâmetros que devem ser analisados estão descritos no Quadro 5.4.

Quadro 5.4 – Parâmetros de monitoramento das pós-larvas e ações corretivas

Parâmetro Método Frequência Limites Ações Corretivas

Tamanho, Homogeneidade e Formato

Visual Diária

Tamanho compatível à idade, homogeneidade de 80% e formato alongado

Checar quantidade e corrigir alimento ofertado

Estado nutricional

Análise visual e microscopia do intestino e análise microscópica do hepatopâncreas

Diária Intestino completo e hepatopâncreas repleto de lipídios

Checar quantidade e corrigir alimento ofertado (aumentar ou diminuir)

Relação músculo: intestino

Visual Diária = 4:1 no 6º somito Checar quantidade e corrigir alimento ofertado

Natação (atividade) Visual (agitação da água do Becker)

Diária

Nadam orientadas contra a corrente e não se agrupam no fundo do Becker

Avaliar quantidade da água para determinar ação

Coloração Visual Diária Amarelas e translúcidas

Larvas esbranquiçadas ou opacas, checar O.D., pH, NH3, NO2 e H2S

Limpeza e aparência

Visual e microscópica

Diária Carapaças limpas e sem deformidade

Realizar renovação de água e calagem de cobertura e checar incidência de patógenos

Fonte: Memorial Descritivo do Empreendimento

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5.3.2.5. Despesca e Transporte das Pós-Larvas para os Viveiros

A despesca é uma ação que deve ocorrer cercada de vários cuidados, no que diz respeito ao manejo dos animais, conforme citados a seguir:

o Analisar parâmetros físico-químicos (berçário e viveiro);

o Observar as pós-larvas quanto ao índice de muda;

o Trazer água do viveiro para o processo de transferência;

o Montar a estrutura de materiais para despesca;

o Distribuir mangueiras com pedras de aeração;

o Baixar o volume dos tanques até 30%;

o Retirar as pós-larvas pela caixa de despesca;

o Homogeneizar as caixas de contagem;

o Retirar as amostras para contagem e calcular a sobrevivência;

o Posicionar submarinos, caixas ou bombonas para transporte;

o Ligar o sistema de aeração e transferir as pós- larvas;

o Mensurar continuamente o oxigênio dissolvido (> 5,0 mg/l);

o Verificar diferença de parâmetros entre as caixas de transferência e o viveiro, principalmente pH e temperatura, antes da liberação das pós-larvas e, caso necessário, realizar aclimatação;

o Não havendo diferença significativa, além do tolerado para a espécie, entre os parâmetros das caixas e do ambiente de destino, pode-se então liberar as pós-larvas.

5.3.3. Viveiros de Engorda

Para a engorda dos camarões a área atualmente em operação conta com 25 viveiros, e estão previstos mais 5 viveiros na ampliação da fazenda, os quais apresentam as seguintes características:

Os viveiros possuem as seguintes características: Formato retangular ou seguindo a conformação e topografia do terreno; elevado no terreno natural; seções longitudinal e transversal em trapézio isósceles; crista com 4,00 m de largura, taludes internos (molhados) de 2:1 e externos (secos) de 2:1, cortados em material impermeável, compactado; revanche (folga) de 0,40 m; profundidade média 1,20 m; e piso com declividade de 0,3 – 0,5% na direção da comporta de despesca.

A Figura 5.3, a seguir, mostra os viveiros da área que já se encontra em operação.

Figura 5.3 – Viveiros de engorda em operação na Revesa Carcinicultura

Fonte: Revesa Carcinicultura

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5.3.3.1. Manejo Hidráulico

É a fase mais importante do cultivo, tendo em vista que um controle severo é exigido para a manutenção dos parâmetros ideais. Este manejo está divido em partes distintas (abastecimento e drenagem), mas na maioria das vezes acontecem simultaneamente.

5.3.3.2. Processo de Abastecimento

São utilizadas bombas centrífugas e bombas submersas com vazão nominal total de 2.652,18m³/h, e operação estimada em 10 horas/dia, nos poços tubulares, e no canal de drenagem/recirculação (Ver Figura 1.3). O abastecimento dos viveiros é feito através de canais de abastecimento, e distribuído por gravidade nos viveiros por intermédio de comportas de abastecimento, através de tubulações de 800 mm de diâmetro compostas por monges de alvenaria/concreto em forma de “U” com 3 ranhuras, providos de telas de náilon com malha de 1 a 5 para evitar a entrada de animais aquáticos predadores e competidores.

O processo de abastecimento dos viveiros se dá através de poços, não havendo captação de água do Rio Jaguaribe ou gamboas. Futuramente, caso seja necessário captar água do rio, deverá ser elaborado um projeto que será submetido ao processo de licenciamento ambiental.

Figura 5.4 – Abastecimento realizado por poços nos canais de recirculação

Fonte: INFOambiental, 2012

5.3.3.3. Processo de Drenagem

A drenagem dos mesmos é feita através de tubulações de 800 mm de diâmetro compostas por monges de alvenaria/concreto em forma de “U” com 3 ranhuras, providos de telas de náilon com malha de 1 a 5 mm que impedem a saída dos camarões criados. Para o controle do nível dos viveiros são utilizadas tábuas de madeira de 3 cm de espessura que, justapostas, determinam a altura da lâmina d’água. A água drenada dos viveiros não é tratada por quaisquer processos químicos, porém, será conduzida para uma bacia de sedimentação (canal de drenagem/recirculação) para posterior recirculação.

5.3.3.4. Limpeza das Comportas

É necessária para garantir a exclusão de vetores de doenças e preservar a integridade física dos trabalhadores e material de filtração.

1.1.1.1.7. Etapas da Limpeza

o Raspagem para retirada das incrustações das paredes das comportas;

o Retirada das incrustações e sedimentos nas canaletas;

o Substituição das armações, telas e stop-log danificados.

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1.1.1.1.8. Desinfecção das Comportas

São utilizados 200 ppm (g/m³) de cloro ou hidróxido de cálcio a 10 g/l/10 m²/48 horas. Essa ação exclui predadores, competidores e vetores patógenos, que poderiam interferir no crescimento dos camarões; além de evitar a fuga dos animais.

Cronograma para substituição em função da malha:

o 1.000 micras = enchimento do viveiro até camarões com 5 – 6 gramas.

o ≥ 3.000 micras = camarões co 5 – 6 gramas até o final do cultivo.

5.3.3.5. Desinfecção dos Viveiros

Objetiva excluir predadores e competidores, bem como organismos patógenos.

Produtos utilizados para a desinfecção:

o Cloro granulado (hipoclorito de cálcio a 65%, 20 -30 ppm).

o Óxido de cálcio (1.000 a 1.500 kg/ha).

Tratamento do Solo:

Utiliza basicamente a ação dos raios solares. Caso necessário, faz-se a aplicação de calcário dolomítico e óxido de cálcio, que têm como objetivo corrigir o pH do solo e provocar uma reação com o gás sulfídrico proveniente da decomposição da matéria orgânica e, consequentemente, melhorar as condições do fundo dos viveiros para os camarões, além de propiciar o desenvolvimento de bactérias que fazem parte do zoobentos e que têm um importante papel na degradação e transformação dos detritos e da matéria orgânica em nutrientes.

A adoção do sistema semi-intensivo exige a observância de critérios rígidos no tocante ao manejo do solo dos viveiros, especialmente no que diz respeito à redução de matéria orgânica, eliminação de organismos competidores, predadores e elementos patógenos. A prática comum na maioria dos empreendimentos envolve a realização dos seguintes procedimentos entre as colheitas:

o Revirada da camada superficial dos solos dos viveiros;

o Mapeamento do pH do solo;

o Utilização de óxido de cálcio (CaO) na proporção de 500 kg/ha, nas partes úmidas dos viveiros, sendo 50% antes e 50% depois da revirada do solo;

o Utilização de calcário dolomítico (CaCO3), à razão de 1000 a 3000 kg/ha, dependendo dos valores de pH do solo, distribuídos manual ou mecanicamente na proporção de 50% antes e 50% depois do processo de revolvimento do solo. Os benefícios advindos do uso continuado desse tratamento estão diretamente relacionados com a melhoria das condições de cultivo, via eliminação sistemática de organismos patógenos e metabólicos nocivos aos camarões, contribuindo para a sustentabilidade do cultivo, além do fato de que a utilização sistemática do calcário melhora a capacidade de mecanização do solo, facilitando sua aplicação e reduzindo custos com o referido tratamento.

5.3.3.6. Fertilização

Em seguida à preparação prévia (tratamento do solo), os viveiros são abastecidos e fertilizados com Nitrato de Sódio (caso necessário). Esta fertilização propiciará o aumento do nível de nutrientes nos viveiros e contribuirá para o desenvolvimento da cadeia alimentar primária constituída pelo fitoplâncton e zooplâncton, e zoobentos que, na realidade, são os mais importantes elos, especialmente nas fases de pós-larvas e juvenil.

No sistema de cultivo semi-intensivo de Litopenaeus vannamei, o alimento natural representado pelo fitoplâncton, fitobentos e zooplâncton e zoobentos, é um importante componente na sua dieta. Daí a importância do desenvolvimento desses alimentos via incremento dos nutrientes pelas fertilizações químicas, antes do povoamento e durante o cultivo.

A prática corrente recomenda uma fertilização prévia, que deve coincidir com o início do abastecimento dos viveiros, utilizando-se Nitrato de Sódio ou Cálcio à razão de 15kg/ha, aplicados em 02 (duas) dosagens com intervalos de 03 (três) dias. Como fertilizações de cobertura, vêm sendo adotadas dosagens de Nitrato de Cálcio ou Sódio com 5kg/ha e 10kg/ha de silicato. Este

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procedimento promove o florescimento de diatomáceas e a manutenção de níveis adequados de alimento natural durante todo o período de cultivo, o que pode ser avaliado pelas condições físico-químicas da água, pela transparência e, evidentemente, pelo próprio crescimento dos camarões em cultivo.

5.3.3.7. Uso de Probióticos

A REVESA Carcinicultura utiliza probióticos no cultivo do camarão, o qual também será utilizado no processo produtivo da área a ser ampliada.

Deverá ser aplicado em solução aquosa, com água do próprio viveiro. Não há necessidade de fermentar, ativar ou germinar, basta que seja misturado com água e adicionado ao viveiro em seguida. O objetivo é distribuir da forma mais homogênea possível.

São utilizados 50g de probióticos/ha. Para ministrar adequadamente são necessários aproximadamente 10 litros de água para cada 50g de probióticos, de forma a promover uma distribuição homogênea no viveiro.

As aplicações ocorrem após as renovações de água, distribuindo-o uniformemente por toda a superfície dos viveiros com a utilização de caiaques, atentando para a direção do vento com o fim de evitar concentração do produto nos cantos dos viveiros.

A escolha do probiótico depende:

o Registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para uso específico na carcinicultura;

o Das bactérias naturais dos sistemas aquícolas e da microflora bacteriana de camarões;

o Segurança de ausência de contaminações por Bacillus ceraeus ou de genes que condicionem a síntese de toxinas nocivas para camarões e humanos;

o Produto concentrado, que dispensa fermentação, e embalado na forma de esporo;

o Atuação em diferentes salinidades (0 – 60);

o Ação antivibrio e digestão de matéria orgânica;.

o Aplicação simples e direta, menor logística e custo reduzido associado ao uso na fazenda.

5.3.3.8. Povoamento

Devem ser respeitados os critérios de aclimatação da espécie, tornando o povoamento uma operação que cause o menor estresse possível aos animais.

Para realizar a aclimatação das pós-larvas devem ser seguidos os procedimentos relacionados no quadro a seguir.

Quadro 5.5 – Procedimentos para ajuste de parâmetros durante a aclimatação

Parâmetro Faixa Procedimento

Salinidade (ppt)

Baixar

35 a 15 1 ppt a cada 20 minutos

15 a 10 1 ppt a cada hora

10 a 0 Consultar quadro 5.4

Salinidade (ppt)

Elevar

30 a 40 1 ppt a cada 15 minutos

40 a 50 1 ppt a cada hora

pH 1°C a cada 15 minutos

Temperatura 1°C a cada 30 minutos

Fonte: Memorial Descritivo do Empreendimento

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Especificamente quanto aos ajustes de salinidade (10 a 0 ppt), recomendam-se os procedimentos relacionados no quadro a seguir.

Quadro 5.6 – Procedimentos para ajuste de salinidade (10 – 0 ppt) durante a aclimatação

Parâmetro Faixa Procedimento

Salinidade (ppt)

Baixar

10 a 6 1 ppt a cada 3 horas

6 a 3 1 ppt a cada 4 horas

3 a 0 1 ppt a cada 6 horas

Fonte: Memorial Descritivo do Empreendimento

5.3.3.9. Alimentação dos Camarões

A ração na forma de “pellet” é distribuída em bandejas fixas confeccionadas com virolas de pneu e tela de nylon, que são distribuídas na razão de 30-40 unidades por hectares. Ver figura a seguir.

Figura 5.5 – Bandeja confeccionada com virola de pneu onde é distribuída a ração

Fonte: INFOambiental, 2012

A ração é distribuída nas bandejas através do emprego de “caiaques” de fibra de vidro, movidos a remos, conforme pode ser observado na figura a seguir.

Figura 5.6 – Caiaques utilizados na distribuição da ração nas bandejas

Fonte: INFOambiental, 2012

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A ração é ofertada 3 vezes ao dia. Acompanhamentos diários serão realizados para verificar se a quantidade ofertada está promovendo sobras ou faltas. O excesso de ração poderá causar deterioração da qualidade da água de cultivo além de reduzir a rentabilidade do empreendimento. Portanto, é de grande importância que a quantidade de ração ofertada seja plenamente consumida pelos camarões.

Para confecção dos comedouros são utilizadas “virolas” de pneus, cuja elevada densidade dispensa o emprego de chumbadas, onde são colocadas telas de nylon de 1 mm.

Os comedouros são amarrados com cordões de nylon para que sejam afixados nas estacas.

Para a mensuração do consumo e correção da quantidade de alimento ofertado, os comedouros são observados sempre antes da próxima alimentação, segundo os procedimentos expressos no Quadro 5.7.

Quadro 5.7 – Procedimento de medida de quantidade de ração

Sobra Procedimentos Redução Aumento

Muita Retirada do alimento residual 50% -

Média Retirada do alimento residual 20% -

Pouca Retirada do alimento residual - -

Nenhuma Acréscimo da quantidade de ração - 20%

Fonte: Memorial Descritivo do Empreendimento

A adoção deste sistema proporciona, dentre muitas outras, as seguintes vantagens:

o Minimização do processo de desintegração e perdas do alimento ministrado, que são comuns nos sistemas convencionais de alimentação por voleio;

o Possibilidade de correção imediata do alimento fornecido a cada arraçoamento;

o Permite a observação intensiva e frequente das condições gerais dos camarões, dada a presença constante destes nos comedouros;

o Avaliação mais efetiva da biomassa em cultura e maior eficiência na aplicação dos medicamentos, vitaminas, etc., caso se façam necessários;

o Redução do deslocamento dos camarões na procura de alimento, com reflexos positivos sobre o seu crescimento;

o Efetiva minimização da população de microorganismos indesejados na água e no solo em função da retirada de todas as sobras de alimento nos comedouros;

o Redução substancial da necessidade das trocas d’água, dado ao estado de boa qualidade da água nos viveiros, acarretando a diminuição dos custos de renovação.

Em decorrência de seus inúmeros aspectos positivos, a adoção do sistema de comedouros fixos tem se apresentado como a opção mais apropriada às exigências de ajuste alimentar da carcinicultura semi-intensiva, evitando os fenômenos de sub e super alimentação, proporcionando a diminuição das taxas de conversão alimentar e a redução substancial dos custos de produção, via diminuição do desperdício, acarretando em contrapartida, o incremento da sua rentabilidade.

1.1.1.1.9. Seleção da Ração

Na seleção da ração é importante observar:

o Granulometria adequada dos grãos ao tamanho do camarão;

o Requerimento nutricional adequado a cada fase do cultivo da espécie;

o Conformidade quanto à análise física e sensorial (tempo de lixiviação, hidratação, desintegração, flutuabilidade, presença de finos, tamanho das partículas e corpos estranhos);

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A Granulometria da ração deve ser adequada ao peso do camarão:

- 1.000 micras para camarão até 2,5g.

- 2,5 x 2,5mm para camarão até 6,0g.

- 2,5 x 6,0mm para camarão acima de 4,0g.

No que se refere a conformidade quanto à análise física e sensorial:

o Verificar o prazo de validade informado nas embalagens;

o Utilizar 2% das embalagens para amostragem (2 em cada 100 sacos);

o Observar algumas características diretas, como:

- Odor característico (farinha de peixe);

- Temperatura (não superior a 35°C);

- Agregação dos pellet’s;

- Presença de fungos (mofo ou bolores);

- Predomínio da coloração em todos os pellet’s.

1.1.1.1.10. Armazenamento da Ração

Os alimentos deverão ser adquiridos livres de contaminantes químicos, toxinas microbianas ou outras substâncias adulterantes ou que contenham concentrações inadequadas de vitaminas, minerais e demais nutrientes.

A estocagem dos alimentos processados deverá ser feita em ambiente coberto, ventilado e distantes de locais onde existe a predisposição de umidade de ar e do solo. A figura a seguir indica o local de armazenamento de ração da REVESA Carcinciultura.

Figura 5.7 – Local de armazenagem de ração da REVESA Carcinicultura

Fonte: INFOambiental, 2012

Os procedimentos para armazenamento de ração são os seguintes:

o Deverão ser adotadas práticas de limpeza e manutenção, assim como um programa integrado de controle de pragas (CIP);

o O estoque de ração deverá ser protegido do contato direto com o solo através do uso de estrados;

o As pilhas estocadas deverão conter uma altura máxima de 15 sacos para evitar danos à integridade física das embalagens e do produto, e um distanciamento de 30 cm entre os lotes e as paredes laterais do depósito. Estes distanciamentos facilitarão a circulação de ar;

o A estocagem deve ser programada com identificadores para controlar os lotes, fabricantes, data da entrada e tipos de ração com relação ao teor de proteínas, etc;

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o O alimento deverá ser adquirido recém-fabricado e mantido em período não superior ao seu prazo de validade;

o Adotar método de controle de estoque – Primeiro que Entra é o Primeiro que Sai (PEPS) ou Primeiro que Vence é o Primeiro que Sai (PVPS).

5.3.4. Monitoramento dos Parâmetros Físico-Químicos da Qualidade da Água

A avaliação físico-química da qualidade da água não deve ser realizada de forma pontual e sim acompanhando sua evolução e os efeitos sinérgicos e antagônicos entre eles.

Temperatura, salinidade pH, amônia, gás sulfídrico, nitrito, nitrato e fosfato são alguns dos principais parâmetros físico-químicos que durante todo o período de cultivo serão monitorizados sistematicamente, visando oferecer condições favoráveis para o crescimento e engorda dos camarões. A posse desses dados é de extrema importância para a determinação do período e qualidade do fertilizante e das taxas de renovação d’água. Semanalmente, também serão realizadas biometrias com o propósito de acompanhar o crescimento dos camarões em comprimento e peso, e determinar o momento ideal da despesa com a obtenção da biomassa econômica. As amostras serão coletadas nos viveiros de cultivo e estas informações também nortearão os técnicos quanto ao estado geral dos camarões.

O controle dos níveis adequados de algumas variáveis físico-químicas são de importância sine qua non para o sucesso dos cultivos, dentre elas deve-se dispensar atenção especial a:

o Oxigênio dissolvido – o oxigênio dissolvido é a variável mais importante e mais crítica da qualidade da água. As taxas de oxigênio requeridas pelos animais aquáticos são bastante variáveis e dependem (além da temperatura e da salinidade) da espécie, do tamanho, do alimento ofertado e de sua atividade. O Litopenaeus vannamei se desenvolve bem sob índices superiores a 3 mg/l de O2 dissolvido;

o Alcalinidade – em águas salobras, a alcalinidade e a dureza são geralmente altas, devendo-se dispensar atenção especial as suas variações, pois existem áreas em que os solos são ácidos e necessitam de correção através de calagem. Os teores recomendados para carcinicultura são da ordem de 50-150 mg/l;

o Amônia – a amônia é um gás extremamente solúvel na água e sua forma mais tóxica é a não ionizada (NH3) que, quando atinge níveis elevados, provoca estresse e mortalidade na população cultivada, com consequente diminuição da produção. É, portanto, recomendável que a água de captação apresente níveis de amônia menor que 1,0 mg/l.

o Nitrito – o nitrito (NO2), forma ionizada do ácido nitrito (HNO2), é um conjunto intermediário do processo de nitrificação e, quando em concentrações consideradas altas, reduz a capacidade da hemocianina em transportar oxigênio ao sangue dos artrópodes (camarões), causando danos à população em cultivo. Os níveis recomendados devem ser inferiores a 0,1 mg/l;

o Temperatura – este fator desempenha um papel importantíssimo nos organismos e nos demais indicadores hidrológicos. As temperaturas registradas nas regiões Norte e Nordeste do Brasil apresentam patamar ideal para a prática da carcinicultura. Os camarões se desenvolvem bem em temperaturas entre 26 ~ 32°C.

o Salinidade – os organismos aquáticos que interagem com os estuários, suportam grandes variações de salinidade. Na maioria das espécies, a salinidade tem pouco efeito na sobrevivência e no crescimento, exceto em casos extremos. A espécie Litopenaeus vannamei resiste e se desenvolve bem em salinidades variando de 0‰ a 35‰;

o pH – o potencial hidrogeniônico é um importante parâmetro nos ambientes aquáticos e sua relação com os animais do meio está diretamente ligada a efeitos sobre o metabolismo e processos fisiológicos. Valores de 6,5 ~ 9,0 são considerados ideais para a carcinicultura;

o Fosfato, Nitrato e Silicato – as concentrações desses importantes nutrientes da água variam em função de diversos fatores, daí a necessidade de uma avaliação dos nutrientes com objetivo de se determinar o tipo específico de fertilização a ser empregado.

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5.3.5. Monitoramento dos Parâmetros Biológicos

Serão realizados para acompanhamento do desenvolvimento do fitoplâncton, zooplâncton, fitobentos e zoobentos, através do monitoramento da água, e estes também determinarão as taxas de renovação da água e fertilização.

Este monitoramento consta de análise limnológica da água, que pode ser realizada em laboratório especializado.

5.3.6. Prevenção e Controle Sanitário

A incidência de enfermidades no cultivo de camarões ocorre quando não são seguidas as práticas de manejo sustentável. É recomendado que qualquer atividade conduzida em um projeto camarão seja bem planejada e executada, objetivando manter uma boa condição de saúde dos camarões cultivados. Deve-se precaver ao invés de esperar o aparecimento de enfermidades, evitando, assim, o uso de drogas como agente terapêutico.

São usadas as seguintes medidas de prevenção e controle sanitário na REVESA Carcinicultura:

Animais de Qualidade: iniciar o cultivo com organismos de alto padrão de qualidade, preferivelmente livres de patógenos específicos (Specific Pathogen Free);

Manejo Eficiente: operar o projeto camarão de uma forma adequada, de acordo com as condições e o sistema de cultivos implementados, a fim de manter um bom estado de saúde da produção cultivada;

Rígida Sanidade: implementar medidas rígidas de prevenção com o objetivo de evitar a introdução e a disseminação de enfermidades. Deve-se também monitorar de forma contínua e sistemática o estado de saúde dos camarões;

Bom Alimento: o alimento deve satisfazer os requerimentos nutricionais conhecidos para a espécie e para o sistema de cultivo empregado;

Coleta e Interpretação de Dados: permite controlar o sistema de cultivo de forma contínua, mediante a interpretação dos dados coletados. Isso agiliza a identificação de problemas e também a implementação de medidas pertinentes.

5.3.6.1. Monitoramento da Sanidade dos Camarões

Para o monitoramento da sanidade dos camarões são amostrados, semanalmente, pelo menos 20% dos viveiros, analisando os aspectos nutricionais e fisiológicos dos animais. A metodologia aplicada é a seguinte:

Recepção das Amostras:

o Coletar os animais utilizando tarrafas;

o Acondicionamento em recipientes providos de aeração;

o Evitar estresse excessivo durante o transporte;

o Evitar o acúmulo de muitos animais no local de análise;

o Analisar animais por ordem de chegada.

Análises:

o Brânquias;

Verificar a presença de epibiontes, fungos, bactérias, melanizações, deformações, etc;

o Hepatopâncreas;

Observar a coloração, a forma e o conteúdo lipídico nos túbulos, etc;

Identificar sintomas de agentes patogênicos;

o Trato Digestivo;

Verificar a presença de gregarinas, canibalismo e do tipo de alimento ingerido;

o Hemolinfa;

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Identificador de possível septicemia bacteriana;

o Epipodito;

Verificar a presença de protozoários e bactérias filamentosas;

o Exoesqueleto;

Observar a presença de necroses multifocais e o grau de pigmentação.

5.3.7. Biometria e Avaliação de Mudas do Exoesqueleto

São procedimentos adotados para se gerar um controle do crescimento dos animais e qualidade do produto final. As biometrias (medição dos camarões) são realizadas a partir do 21º dia de cultivo. É utilizada uma tarrafa de abertura de malha adequada, de até 8mm para camarões de 5,0g e 13mm para animais maiores. Diariamente é realizada a avaliação de mudas do exoesqueleto até, pelo menos, sete dias antes da despesca.

5.3.8. Despesca

A despesca se dará com a obtenção da biomassa econômica. É realizada preferencialmente à noite para conciliar com o horário de maior movimento dos camarões e de temperaturas mais amenas, minimizando-se, desta forma, o estresse dos animais e refletindo positivamente sobre a sua qualidade.

A colheita é feita mediante a drenagem gradual dos viveiros e a aposição de redes tipo “bag-nets” em suas comportas de drenagem. Dois dias antes da despesca, a água dos viveiros é gradativamente diminuída. Para facilitar a operação, a despesca é iniciada quando o volume de água do viveiro atinge cerca de 30%. Com o nível da água mais baixo, o monitoramento do oxigênio dissolvido e da temperatura é realizado com mais frequência. Os camarões arrastados pela correnteza da água são aprisionados nas redes, sendo coletados em intervalos variáveis segundo o volume de saída. Logo que capturados, os camarões são sacrificados por choque térmico em caixas de fibra de vidro com capacidade de 1.000 litros, contendo uma mistura de água com gelo triturado e metabissulfito de sódio a um nível máximo de inclusão de 100 ppmil. Os camarões são mantidos nesta mistura por 20 – 30 minutos. Este tratamento tem por objetivo a eliminação do oxigênio molecular, reduzindo drasticamente o processo de escurecimento enzimático do produto e a formação de melanose (manchas negras ou black spot). A tirosina (contida no fígado do camarão) é oxidada pela tirosinase (presente em grande quantidade no sistema digestivo dos camarões) que, na ausência de sais de sulfito, acelera as reações que causam o escurecimento. Visando-se a minimização desse problema, suspende-se a alimentação dos camarões dois dias antes do início da despesca. Daí, Gradualmente, os camarões são retirados e colocados em caixas de isopor com capacidade de 60 litros, cobertos com gelo e transportados ao setor de beneficiamento por caminhões baú.

5.3.9. Avaliação da Produção

Ao encerrar a despesca o produtor deve estar de posse de todos os dados do cultivo: produção (kg), quantidade de ração consumida (kg), peso médio final (g), duração do ciclo (dias). Desta forma podem ser avaliadas a eficiência e produtividade do viveiro através do cálculo de produtividade (kg/ha), sobrevivência (%), taxa de conversão alimentar, entre outros. Todos esses dados devem ser anotados em fichas próprias de controle, para que o produtor tome por base para comparação com outros cultivos do mesmo viveiro, buscando alternativas mais adequadas de manejo.

5.4. O Empreendimento: Atual e o Projeto de Ampliação

O empreendimento tem como objetivo a engorda e comercialização de camarões da espécie Litopenaeus vannamei, utilizados na alimentação humana, através da implantação de 204,92 hectares de viveiros e instalações auxiliares. Adota o sistema bifásico de produção, que consiste em: (1) cultivo intensivo em tanques pré-berçários; (2) cultivo semi-intensivo em viveiros de engorda.

A figura a seguir permite visualizar a área em operação, bem como a área proposta para ampliação do empreendimento.

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Figura 5.8 – Área em operação e área proposta para ampliação na REVESA Carcinicultura

Fonte: Planta do empreendimento, adaptada pela INFOambiental

5.4.1. Cálculo de Demanda D’água do Projeto (Operação + Ampliação)

Área total dos viveiros = 1.789.200m²

Profundidade média dos viveiros = 1,20m

Pluviosidade no período = 1.000mm/ano

Taxa de evaporação = 2.000mm/ano = 5,5mm/dia

Taxa de infiltração = 1 mm/dia

Taxa de renovação = 1%/dia (0,01 x 1,20m x 1.789.200m² = 2.147m³/dia)

Taxa de recirculação = 90% do Volume drenado

O balanço hídrico para viveiros de aquicultura é analisado pela seguinte equação:

Vd = Vrv + Vev + Vinf + Vre – Vp

Onde:

Vd = volume de demanda total

Vrv = volume de repleção do viveiro = área x profundidade média x 3 ciclos

Vp = volume pluviométrico = área x pluviosidade no período

Vev = volume de evaporação = área x evaporação no período

Vinf = volume de infiltração = área x infiltração no período

Vre = volume de renovação = taxa de renovação x 365 dias

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Vrv = 1.789.200m²x 1,20m x 3 = 6.441.120m³/ano

Vp = 1.789.200m² x 1.000mm/ano = 1.789.200m³/ano

Vev = 1.789.200m² x 0,0055mm x 365 dias = 3.591.819 m³/ano

Vinf = 1.789.200m² x 0,001mm x 365 dias = 653.058m³/ano

Vre = 2.147m³/dia x 365 dias = 783.655m³/ano

Vd = 6.441.120m³/ano + 3.591.819 m³/ano + 653.058m³/ano + 783.655m³/ano – 1.789.200m³/ano

Vd = 9.680.452m³/ano = 26.521,8 m³/dia

Para calcular o volume drenado apresentamos a seguinte equação:

Vdr = Vrv + Vp + Vre – (Vev + Vinf)

Onde:

Vdr = volume drenado

Vdr = 6.441.120m³/ano + 1.789.200m³/ano + 783.655m³/ano – (3.591.819 m³/ano + 653.058m³/ano)

Vdr = 4.766.098m³/ano = 13.057,8m³/dia

Para o processo de recirculação 90% do volume drenado será utilizado. Esse valor corresponde a 11,752m³/dia. Os 10% (1.305,8m³/dia) também sofrerão perdas por evaporação e infiltração e o restante retornará ao canal de recirculação, após o tempo previsto de permanência no canal de drenagem ou bacia de sedimentação.

5.4.2. Beneficiamento e Comercialização

O camarão produzido na REVESA Carcinicultura é beneficiado de acordo com a demanda dos clientes, como filé, descascado, inteiro, sem cabeça etc. Atualmente o beneficiamento é realizado na ICAPEL, empresa localizada no município de Icapuí. Em seguida é comercializado com a marca GOUMAR para os estabelecimentos comerciais que o adquirem, como restaurantes e hotéis situados em Fortaleza, São Paulo e Rio Janeiro.

5.4.3. Cronograma de Despesca

O cronograma de despesca apresentado refere-se a área que encontra-se em operação e foi elaborado com base na produção dos 25 viveiros de engorda de camarão.

As épocas de despescas poderão sofrer variações decorrentes, sobretudo, da demanda de mercado e de alterações nas exigências dos compradores quanto ao peso ideal de cada camarão pelos compradores.

Os quadros a apresentados nas páginas seguintes contemplam o cronograma de despesca estimado para o ano de 2013.

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Quadro 5.8 – Despescas programadas para o primeiro trimestre de 2013

Janeiro 2013 Fevereiro 2013 Março 2013

VIVEIRO AREA 30 a 6 7 a 13 14 a 20 21 a 27 28 a 3 4 a 10 11 a 17 18 a 24 25 a 3 4 a 10 11 a 17 18 a 24 25 a 31

1 2 11,10 12,20 13,30 14,40 15,50 16,60 17,70 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88

2 2 0,88 0,88 4,50 5,50 6,50 7,50 8,50 9,50 10,50 11,50 12,50 13,50 14,50

3 2 0,88 4,50 5,50 6,50 7,50 8,50 9,50 10,50 11,50 12,50 13,50 14,50 15,50

4 2 5,50 6,50 7,50 8,50 9,50 10,50 11,50 12,50 13,50 14,50 15,50 16,50 17,50

5 2 9,50 10,50 11,50 12,50 13,50 14,50 15,50 16,50 17,50 PREP PREP 0,88 0,88

6 2 14,28 15,28 16,28 17,28 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,50 6,50

7 2 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,50 6,50 7,50 8,50 9,50 10,50

8 2 12,90 13,90 14,90 15,90 16,90 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,50

9 1,8 10,50 11,50 12,50 13,50 14,50 15,50 16,50 17,50 PREP PREP 0,88 0,88 0,88

10 2 15,28 16,28 17,28 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,50 6,50 7,50

11 2 4,50 5,50 6,50 7,50 8,50 9,50 10,50 11,50 12,50 13,50 14,50 15,50 16,50

12 2 14,72 15,72 16,72 17,72 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,50 6,50

13 2 13,50 14,50 15,50 16,50 17,50 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,50

14 2,1 16,66 17,56 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,50 6,50 7,50 8,50

15 2,1 10,50 11,50 12,50 13,50 14,50 15,50 16,50 17,50 PREP PREP 0,88 0,88 0,88

16 5,5 0,88 0,88 4,50 5,55 6,60 7,65 8,70 9,75 10,80 11,85 12,90 13,95 15,00

17 5,5 13,95 15,00 16,05 17,10 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,55 6,60

18 - A 2,1 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,55 6,60 7,65 8,70 9,75 10,80 11,85 12,90

18 - B 2,1 0,88 4,50 5,55 6,60 7,65 8,70 9,75 10,80 11,85 12,90 13,95 15,00 16,05

19 5,6 6,60 7,65 8,70 9,75 10,80 11,85 12,90 13,95 15,00 16,05 17,10 PREP PREP

20 4,7 9,75 10,80 11,85 12,90 13,95 15,00 16,05 17,10 PREP PREP 0,88 0,88 0,88

21 6,6 9,75 10,80 11,85 12,90 13,95 15,00 16,05 17,10 PREP PREP 0,88 0,88 0,88

22 5,5 13,97 15,02 16,07 17,12 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,55 6,60

23 4,9 6,60 7,65 8,70 9,75 10,80 11,85 12,90 13,95 15,00 16,05 17,10 PREP PREP

24 5,9 5,55 6,60 7,65 8,70 9,75 10,80 11,85 12,90 13,95 15,00 16,05 17,10 PREP

25 1 4,50 5,30 6,10 6,90 7,70 8,50 9,30 10,10 10,90 PREP PREP 0,88 0,88

Fonte: REVESA Carcinicultura

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Quadro 5.9 – Despescas programadas para o segundo trimestre de 2013

Abril 2013 Maio 2013 Junho 2013

VIVEIRO AREA 1 a 7 8 a 14 15 a 21 22 a 28 29 a 5 6 a 12 13 a 19 20 a 26 27 a 2 3 a 9 10 a 16 17 a 23 24 a 30

1 2 4,50 5,50 6,50 7,50 8,50 9,50 10,50 11,50 12,50 13,50 14,50 15,50 16,50

2 2 15,50 16,50 17,50 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,50 6,50 7,50

3 2 16,50 17,50 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,50 6,50 7,50 8,50

4 2 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,50 6,50 7,50 8,50 9,50 10,50

5 2 0,88 0,88 4,50 5,50 6,50 7,50 8,50 9,50 10,50 11,50 12,50 13,50 14,50

6 2 7,50 8,50 9,50 10,50 11,50 12,50 13,50 14,50 15,50 16,50 17,50 PREP PREP

7 2 11,50 12,50 13,50 14,50 15,50 16,50 17,50 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88

8 2 6,50 7,50 8,50 9,50 10,50 11,50 12,50 13,50 14,50 15,50 16,50 17,50 PREP

9 1,8 0,88 4,50 5,50 6,50 7,50 8,50 9,50 10,50 11,50 12,50 13,50 14,50 15,50

10 2 8,50 9,50 10,50 11,50 12,50 13,50 14,50 15,50 16,50 17,50 PREP PREP 0,88

11 2 17,50 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,50 6,50 7,50 8,50 9,50

12 2 7,50 8,50 9,50 10,50 11,50 12,50 13,50 14,50 15,50 16,50 17,50 PREP PREP

13 2 6,50 7,50 8,50 9,50 10,50 11,50 12,50 13,50 14,50 15,50 16,50 17,50 PREP

14 2,1 9,50 10,50 11,50 12,50 13,50 14,50 15,50 16,50 17,50 PREP PREP 0,88 0,88

15 2,1 0,88 4,50 5,50 6,50 7,50 8,50 9,50 10,50 11,50 12,50 13,50 14,50 15,50

16 5,5 16,05 17,10 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,55 6,60 7,65 8,70

17 5,5 7,65 8,70 9,75 10,80 11,85 12,90 13,95 15,00 16,05 17,10 PREP PREP 0,88

18 - A 2,1 13,95 15,00 16,05 17,10 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,55 6,60

18 - B 2,1 17,10 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,55 6,60 7,65 8,70 9,75

19 5,6 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,55 6,60 7,65 8,70 9,75 10,80 11,85 12,90

20 4,7 0,88 4,50 5,55 6,60 7,65 8,70 9,75 10,80 11,85 12,90 13,95 15,00 16,05

21 6,6 0,88 4,50 5,55 6,60 7,65 8,70 9,75 10,80 11,85 12,90 13,95 15,00 16,05

22 5,5 7,65 8,70 9,75 10,80 11,85 12,90 13,95 15,00 16,05 17,10 PREP PREP 0,88

23 4,9 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,55 6,60 7,65 8,70 9,75 10,80 11,85 12,90

24 5,9 PREP 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,55 6,60 7,65 8,70 9,75 10,80 11,85

25 1 0,88 0,88 4,50 5,30 6,10 6,90 7,70 8,50 9,30 10,10 10,90 PREP PREP

Fonte: REVESA Carcinicultura

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Quadro 5.10 – Despescas programadas para o terceiro trimestre de 2013

Julho 2013 Agosto 2013 Setembro 2013

VIVEIRO AREA 1 a 7 8 a 14 15 a 21 22 a 28 29 a 4 5 a 11 12 a 18 19 a 25 26 a 1 2 a 8 9 a 15 16 a 22 23 a 29

1 2 17,50 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,50 6,50 7,50 8,50 9,50

2 2 8,50 9,50 10,50 11,50 12,50 13,50 14,50 15,50 16,50 17,50 PREP PREP 0,88

3 2 9,50 10,50 11,50 12,50 13,50 14,50 15,50 16,50 17,50 PREP PREP 0,88 0,88

4 2 11,50 12,50 13,50 14,50 15,50 16,50 17,50 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88

5 2 15,50 16,50 17,50 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,50 6,50 7,50

6 2 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,50 6,50 7,50 8,50 9,50 10,50 11,50 12,50

7 2 4,50 5,50 6,50 7,50 8,50 9,50 10,50 11,50 12,50 13,50 14,50 15,50 16,50

8 2 PREP 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,50 6,50 7,50 8,50 9,50 10,50 11,50

9 1,8 16,50 17,50 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,50 6,50 7,50 8,50

10 2 0,88 0,88 0,88 4,50 5,50 6,50 7,50 8,50 9,50 10,50 11,50 12,50 13,50

11 2 10,50 11,50 12,50 13,50 14,50 15,50 16,50 17,50 PREP PREP 0,88 0,88 0,88

12 2 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,50 6,50 7,50 8,50 9,50 10,50 11,50 12,50

13 2 PREP 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,50 6,50 7,50 8,50 9,50 10,50 11,50

14 2,1 0,88 0,88 4,50 5,50 6,50 7,50 8,50 9,50 10,50 11,50 12,50 13,50 14,50

15 2,1 16,50 17,50 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,50 6,50 7,50 8,50

16 5,5 9,75 10,80 11,85 12,90 13,95 15,00 16,05 17,10 PREP PREP 0,88 0,88 0,88

17 5,5 0,88 0,88 0,88 4,50 5,55 6,60 7,65 8,70 9,75 10,80 11,85 12,90 13,95

18 - A 2,1 7,65 8,70 9,75 10,80 11,85 12,90 13,95 15,00 16,05 17,10 PREP PREP 0,88

18 - B 2,1 10,80 11,85 12,90 13,95 15,00 16,05 17,10 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88

19 5,6 13,95 15,00 16,05 17,10 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,55 6,60

20 4,7 17,10 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,55 6,60 7,65 8,70 9,75

21 6,6 17,10 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,55 6,60 7,65 8,70 9,75

22 5,5 0,88 0,88 0,88 4,50 5,55 6,60 7,65 8,70 9,75 10,80 11,85 12,90 13,95

23 4,9 13,95 15,00 16,05 17,10 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,55 6,60

24 5,9 12,90 13,95 15,00 16,05 17,10 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,55

25 1 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,30 6,10 6,90 7,70 8,50 9,30 10,10 10,90

Fonte: REVESA Carcinicultura

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Quadro 5.11 – Despescas programadas para o quarto trimestre de 2013

Outubro 2013 Novembro 2013 Dezembro 2013

VIVEIRO AREA 30 a 6 7 a 13 14 a 20 21 a 27 28 a 3 4 a 10 11 a 17 18 a 24 25 a 1 2 a 8 9 a 15 16 a 22 23 a 29 31 a 5

1 2 10,50 11,50 12,50 13,50 14,50 15,50 16,50 17,50 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88

2 2 0,88 0,88 0,88 4,50 5,50 6,50 7,50 8,50 9,50 10,50 11,50 12,50 13,50 14,50

3 2 0,88 0,88 4,50 5,50 6,50 7,50 8,50 9,50 10,50 11,50 12,50 13,50 14,50 15,50

4 2 4,50 5,50 6,50 7,50 8,50 9,50 10,50 11,50 12,50 13,50 14,50 15,50 16,50 17,50

5 2 8,50 9,50 10,50 11,50 12,50 13,50 14,50 15,50 16,50 17,50 PREP PREP 0,88 0,88

6 2 13,50 14,50 15,50 16,50 17,50 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,50 6,50

7 2 17,50 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,50 6,50 7,50 8,50 9,50 10,50

8 2 12,50 13,50 14,50 15,50 16,50 17,50 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,50

9 1,8 9,50 10,50 11,50 12,50 13,50 14,50 15,50 16,50 17,50 PREP PREP 0,88 0,88 0,88

10 2 14,50 15,50 16,50 17,50 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,50 6,50 7,50

11 2 0,88 4,50 5,50 6,50 7,50 8,50 9,50 10,50 11,50 12,50 13,50 14,50 15,50 16,50

12 2 13,50 14,50 15,50 16,50 17,50 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,50 6,50

13 2 12,50 13,50 14,50 15,50 16,50 17,50 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,50

14 2,1 15,50 16,50 17,50 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,50 6,50 7,50 8,50

15 2,1 9,50 10,50 11,50 12,50 13,50 14,50 15,50 16,50 17,50 PREP PREP 0,88 0,88 0,88

16 5,5 0,88 4,50 5,55 6,60 7,65 8,70 9,75 10,80 11,85 12,90 13,95 15,00 16,05 17,10

17 5,5 15,00 16,05 17,10 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,55 6,60 7,65 8,70

18 - A 2,1 0,88 0,88 0,88 4,50 5,55 6,60 7,65 8,70 9,75 10,80 11,85 12,90 13,95 15,00

18 - B 2,1 4,50 5,55 6,60 7,65 8,70 9,75 10,80 11,85 12,90 13,95 15,00 16,05 17,10 PREP

19 5,6 7,65 8,70 9,75 10,80 11,85 12,90 13,95 15,00 16,05 17,10 PREP PREP 0,88 0,88

20 4,7 10,80 11,85 12,90 13,95 15,00 16,05 17,10 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50

21 6,6 10,80 11,85 12,90 13,95 15,00 16,05 17,10 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50

22 5,5 15,00 16,05 17,10 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,55 6,60 7,65 8,70

23 4,9 7,65 8,70 9,75 10,80 11,85 12,90 13,95 15,00 16,05 17,10 PREP PREP 0,88 0,88

24 5,9 6,60 7,65 8,70 9,75 10,80 11,85 12,90 13,95 15,00 16,05 17,10 PREP PREP 0,88

25 1 PREP PREP 0,88 0,88 0,88 0,88 4,50 5,30 6,10 6,90 7,70 8,50 9,30 10,10

Fonte: REVESA Carcinicultura

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5.4.4. Composição do Pessoal Empregado

A mão de obra utilizada atualmente na área do empreendimento que se encontra em fase de operação, bem como a estimativa de mão de obra que será contratada para operacionalizar a área ampliada está indicada no quadro a seguir.

Quadro 5.12 – Quadro de funcionários da REVESA Carcinicultura

Discriminação Categoria Quantidade

Atual Projetada

1. ADMINISTRAÇÃO (05) (07)

- Administrador Especializado 1 1

- Contador Especializado 1 1

- Auxiliar de Escritório Semiespecializado 2 3

- Motorista Especializado 1 2

2. RECRIA (Pré-berçário/Engorda) (32) (65)

- Técnico Especializado 1 2

- Auxiliar Técnico Semi-especializado 2 3

- Trabalhador de Serviços Gerais Não Especializado 25 45

- Vigilantes Não Especializado 4 10

3. MANUTENÇÃO (05) (10)

- Eletricista Especializado 1 2

- Mecânico Especializado 1 2

- Carpinteiro Especializado 1 2

- Servente Não Especializado 2 4

TOTAL 42 82

Fonte: REVESA Carcinicultura

5.4.5. Descrição Técnica da Obra (Ampliação)

De acordo com o Memorial Descritivo fornecido pelo empreendedor, a estrutura física para construção da ampliação do projeto a ser implantado na fazenda será composta de: Canal de Abastecimento; Canal de Drenagem/Recirculação; Viveiros; Comportas de Abastecimento; Comportas de Despesca/Drenagem; Tanques berçários. A área administrativa da fazenda não sofrerá alterações.

O trabalho de construção obedecerá às seguintes etapas:

o limpeza da área;

o locação dos viveiros, canais de abastecimento e drenagem/recirculação, de acordo com o layout proposto na planta/projeto;

o terraplanagem (escavação, transporte, deposição e compactação de terra, visando a modelagem dos viveiros e diques; e

o implantação das estruturas hidráulicas (comportas de abastecimento, despesca/drenagem).

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5.4.5.1. Construção de Diques (Canais e Viveiros) – Terraplanagem

A área da Fazenda da REVESA Carcinicultura apresenta relevo relativamente plano, com suave declive, de acordo com levantamento planialtimétrico apresentado.

O material para elevação dos diques é encontrado dentro da propriedade e constitui-se de argila/areia. O Cálculo de terraplanagem dos diques dos canais e viveiros, na ampliação é de, aproximadamente, 130.108m³ de material [11.294,09m (perímetro de canais e viveiros) x seção média do trapézio 11,52m² (seção do trapézio)].

Os diques que formarão os viveiros e canais apresentam conformação trapezoidal e serão todos do tipo trafegável, apresentando uma crista de 4,00 metros de largura, declividade dos taludes de 2:1 e altura média de 1,60 metros, variando de acordo com as cotas do terreno natural adjacente.

Sendo a área do trapézio (A) igual:

Fonte:Memorial Descritivo do Empreendimento

A cota de coroamento dos diques que formam o canal de abastecimento será única. Já com relação às cotas de coroamento dos diques dos viveiros, a regra adotada foi a referência de 1,20 metros (altura média de lâmina d’água) do leito dos viveiros, mantendo-se um bordo livre de 40 centímetros, o que, evidentemente, representa valores variáveis de viveiro para viveiro.

Os diques serão construídos preferencialmente com material do próprio local de intervenção do projeto, sendo que, tanto podem ser construídos utilizando material local adjacente (“bota dentro”), como utilizando material de empréstimo, ou seja, transportado.

A construção pode ser feita com trator de esteira e com escavadeira hidráulica. No caso do uso de trator de esteira, utilizando material da lateral dos diques de ambos os lados, deve-se espalhar e compactar o material empilhado em camadas nunca superiores a 40 centímetros, até atingir a cota de coroamento do dique. Se o método construtivo envolver o emprego de escavadeira hidráulica, utilizando material de valas ao longo dos diques, deve-se empilhar inicialmente o material de um lado, procedendo-se o seu espalhamento e compactação simples para então complementar o volume com o material do outro lado do dique, repetindo-se a operação de espalhamento e compactação no nível da cota de coroamento estabelecida para cada dique.

Na construção de diques com material de empréstimo transportado através de caminhão basculante, o material se dará em camadas nunca superiores a 40 centímetros, procedendo-se o espalhamento e compactação antes de se iniciar um novo empilhamento de material.

Dessa forma, o método construtivo consistirá da escavação, carga, transporte, empilhamento, espalhamento, umedecimento e compactação até as cotas previamente estabelecidas dos diques dos canais de adução, dos viveiros e dos canais de drenagem.

5.4.5.2. Construções Civis

Correspondem à construção das comportas de abastecimento, de despesca/drenagem e os tanques berçários.

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1.1.1.1.11. Comportas de Abastecimento

Cinco comportas de abastecimento serão construídas em alvenaria de tijolos com base de concreto. Este tipo de comporta é dividido em três segmentos:

1. Monge simples dentro do canal de abastecimento, com altura variando de acordo com a cota do terreno, largura interna de 1,10m e dotado de 3 ranhuras de 4cm x 4 cm providas de telas de náilon de 1 e 5mm para evitar a entrada de animais aquáticos predadores e competidores, e tábuas de madeira de 2” de espessura que justapostas determinam a altura da lâmina d’água;

2. Galeria em tubos de concreto armado de 0,80m de diâmetro e comprimento de 6,00 metros;

3. Monge simples de 1,60m de altura, largura interna de 1,10m e dotado de 2 ranhuras de 4cm x 4cm para colocação de tela de náilon de 2mm para evitar a entrada de camarões na galeria.

1.1.1.1.12. Comportas de Despesca e Drenagem

Serão construídas seis comportas de despesca e drenagem,em alvenaria de tijolo com base de concreto, apresentando quatro segmentos:

1. Monge simples dentro do viveiro, com altura variando de acordo com a cotas do terreno, largura interna de 1,10m e dotado de 3 ranhuras de 4cm x 4cm providas de telas de náilon de 1 ou 2mm para evitar o escape dos camarões, e tábuas de madeira de 2” de espessura que justapostas determinam a altura da lâmina d’água do viveiro, colocadas nas duas últimas ranhuras e preenchidas com argila para vedação total;

2. Galeria em tubos de concreto armado de 0,80m de diâmetro e comprimento de 6,00 metros;

3. Monge simples de 1,60m de altura, largura interna de 1,10m e dotado de 2 ranhuras de 4cm x 4cm para colocação da rede de despesca;

4. Caixão para despesca com 1,00m de altura, 1,50m de largura por 5,00m de comprimento e ranhura no final para colocação de tábuas objetivando diminuir a pressão da água drenada sobre os camarões retidos na rede de despesca.

1.1.1.1.13. Tanques Berçários

O projeto de ampliação da REVESA Carcinicultura contempla 10 tanques pré-berçários instalados em ambiente aberto com capacidade individual de 60 m3, em formato circular, construídos em alvenaria de tijolo e colunas e cintas em concreto armado.

O fundo dos tanques é inclinado no sentido do centro, possibilitando o escoamento total da água. Um sistema de aeração no fundo proporciona a circulação de toda a massa d’água, promovendo a introdução de oxigênio e a melhor distribuição dos alimentos ofertados.

Os tanques berçários já existentes serão relocados para outra área da propriedade em virtude de estarem localizados em área de preservação permanente – APP.

5.4.6. Implantação do Empreendimento

A Fazenda da REVESA Carcinicultura prevê, com a implantação do projeto de ampliação, utilizar uma área de 204,92 no processo produtivo de criação de camarão marinho (1ª ETAPA = 104 ha, em operação + 2ª ETAPA = 95,92ha, a implantar). Localiza-se às margens do Rio Jaguaribe, no município de Aracati /CE.

Na concepção do layout foram levadas em consideração as características físicas da área e a configuração topográfica do terreno, além das restrições ambientais, de forma que os viveiros foram projetados para permitir uma drenagem rápida e total, e um controle mais eficaz das práticas de manejo do camarão cultivado, possibilitando, também, a reutilização (recirculação) da água drenada dos viveiros.

5.4.6.1. Custos de Implantação do Empreendimento (Ampliação)

Os custos para implantação da Projeto de Ampliação da REVESA Carcinicultura estão na ordem de R$ 929.734,40 (novecentos e vinte e nove mil, setecentos e trinta e quatro reais, e quarenta

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centavos), incluindo a construção dos diques dos canais de abastecimento e drenagem; construção dos 5 (cinco) viveiros de engorda; construção de 05 (cinco) comportas de abastecimento; construção de 05 (cinco) comporta de despesca; e construção de 01 (uma) comporta de drenagem do canal de drenagem / recirculação / lagoa de sedimentação.

O detalhamento dos custos para implantação do projeto de ampliação podem ser observados no quadro a seguir.

Quadro 5.13 – Custos de Implantação do Projeto de ampliação da REVESA Carcinicultura

Discriminação Unidade Quantidade Valor

Unitário (R$ 1,00)

Valor Total (R$ 1,00)

1. Instalações -

1.1. Canais e Viveiros (Terraplanagem) m³ 130.108 6,80 884.734,40

1.2. Comportas de Abastecimento un 05 3.000,00 15.000,00

1.3. Comportas de Despesca un 05 5.000,00 25.000,00

1.4. Comporta de Drenagem un 01 5.000,00 5.000,00

CUSTO TOTAL 929.734,40 Fonte: Memorial Descritivo do Empreendimento

5.4.6.2. Cronograma de Execução

Estima-se que sejam necessários dois anos para concluir a implantação do projeto de ampliação da REVESA Carcinicultura, com início previsto para o 1º semestre de 2013, no entanto, as atividades só serão iniciadas após o recebimento da respectiva licença de instalação, o que poderá levar a necessidade de realizar ajustes sobre a data de início das obras.

Quadro 5.14 – Cronograma Físico

Discriminação 1º

Semestre 2013

2º Semestre

2013

1º Semestre

2014

1º Semestre

2014

1. Instalações

1.3. Canais e Viveiros (Terraplanagem) ********* ********* ********* *********

1.4. Comportas de Abastecimento ********* ********* *********

1.5. Comportas de Despesca ********* *********

1.5. Comportas de Drenagem ********* Fonte: Memorial Descritivo do Empreendimento