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Ficha Técnica

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Ficha Técnica

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ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA

Página 1

Título

Estudo de Linha de Base do Sector Económico e Produtivo do Município da Bibala

Organização e Coordenação

Ministério da Administração do Território

Assistência Técnica

Fundo de Apoio Social (FAS)

Coordenação Institucional

José Tchindongo António, Administrador Municipal da Bibala

Tchinanga Khole, Administrador Municipal Adjunto da Bibala para a Área Social

Subunidade Técnica de Economia Local

Júlio Manuel António, Coordenador da Subunidade Técnica

Yuri Wassuca Mutuaty

Mariano António

Felisberto Soares

Judson Cassoma

Guilherme José

Cristóvão Manuel Neto

Entidade Consultora

Plurália, Consultoria e Formação, Lda

Financiador

União Europeia

Agosto de 2016

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ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA

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Índice Geral

Índice Geral ............................................................................................................................................. 2

Índice de Figuras ...................................................................................................................................... 4

Índice de Tabelas ..................................................................................................................................... 5

Índice de Matrizes ................................................................................................................................... 5

Lista de Abreviaturas ............................................................................................................................... 6

Mensagem da Sub-Comissão Técnica de Economia Local ...................................................................... 7

Sumário ................................................................................................................................................... 8

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 9

2. ENQUADRAMENTO ........................................................................................................................... 13

2.1. Sectores da Economia ................................................................................................................13

2.2. Da Doença Holandesa à diversificação da Economia .................................................................14

2.3. A SADC e a integração económica regional ...............................................................................16

2.4. A Agricultura no panorama nacional..........................................................................................17

2.5. Segurança Alimentar ..................................................................................................................18

2.6. Desenvolvimento Humano, IDH e PIB ........................................................................................20

3. METODOLOGIA DO ESTUDO ............................................................................................................. 24

3.1. Objectivo e Produtos do Estudo de Linha de Base.....................................................................24

3.2. Metodologia Geral .....................................................................................................................25

3.3. Plano de Trabalho ......................................................................................................................25

3.4. Instrumentos de recolha e organização da informação ............................................................27

3.5. Limitações do Estudo de Linha de Base .....................................................................................28

4. CARACTERIZAÇÃO GERAL DO MUNICÍPIO ......................................................................................... 30

4.1. Enquadramento Geográfico .......................................................................................................30

4.2. Aspectos biofísicos .....................................................................................................................31

4.3. Educação e Saúde .......................................................................................................................35

4.4. Demografia .................................................................................................................................37

4.4.1. Caracterização Demográfica Geral ...................................................................................... 37

4.4.2. Caracterização Geral da Demografia Municipal da Bibala .................................................. 41

4.4.3. Actividades económico-produtivas da População .............................................................. 42

4.4.4. Formação Profissional ......................................................................................................... 43

4.4.5. As particularidades Populacionais do Município da Bibala ................................................. 43

4.5. Aspectos institucionais ...............................................................................................................49

4.6. Aspectos gerais da situação sócio económica ...........................................................................51

4.7. Área Económica ..........................................................................................................................56

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ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA

Página 3

5. DESCRIÇÃO DOS SECTORES ECONÓMICOS/PRODUTIVOS ................................................................ 58

5.1. Sector Primário ...........................................................................................................................58

5.1.1. Sub-Sector Agro-pecuário ................................................................................................... 60

5.1.2. Sub-Sector de Extracção Florestal ....................................................................................... 69

5.1.3. Sub-Sector de Extracção Mineral ........................................................................................ 71

5.2. Sector Secundário ......................................................................................................................72

5.2.1. Sub-Sector Indústria ............................................................................................................ 73

5.2.2. Sub-Sector Transformação Artesanal .................................................................................. 74

5.3. Sector Terciário ..........................................................................................................................75

5.3.1. Sub-Sector Comércio (formal) ............................................................................................. 76

5.3.2. Sub-Sector Serviços Estatais ................................................................................................ 77

5.3.3. Sub-Sector Turismo ............................................................................................................. 79

5.4. Actividades económicas não formais .........................................................................................81

5.4.1. Comércio Informal ............................................................................................................... 81

5.4.2. Serviços Informais de Transporte ........................................................................................ 81

5.5. Infra-estruturas económicas e produtivas diversas ...................................................................82

5.5.1. Mercado .............................................................................................................................. 82

5.5.2. Entidades Bancárias............................................................................................................. 82

6. RECOMENDAÇÕES GERAIS ................................................................................................................ 83

6.1. Sector Primário ...........................................................................................................................84

6.2. Sector Secundário ......................................................................................................................85

6.3. Sector Terciário ..........................................................................................................................86

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................................... 87

REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 88

ANEXOS ................................................................................................................................................. 89

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ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA

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Índice de Figuras Figura 1. Fases do Plano de Trabalho ...................................................................................................................... 8

Figura 2. Enquadramento geográfico do PDL IV ..................................................................................................... 9

Figura 3. Modelo de Matriz SWOT a aplicar aos sub-sectores do Sector Económico-Produtivo .......................... 11

Figura 4. Áreas de desenvolvimento prioritário no sector da Indústria Transformadora, de acordo com o PND 16

Figura 5. Grandes Linhas do Desenvolvimento Humano ...................................................................................... 20

Figura 6. Correlação entre trabalho e desenvolvimento humano ........................................................................ 21

Figura 7. Opções para o reforço do Desenvolvimento Humano através do trabalho .......................................... 22

Figura 8. Comparativo das linhas de evolução do PIB e do PIB per capita de Angola, nos anos 2006 a 2013...... 23

Figura 9. Plano de Trabalho para a realização do ELB ........................................................................................... 26

Figura 10. Mapa de divisão Comunal da Bibala .................................................................................................... 30

Figura 11. Gráfico climático da Bibala ................................................................................................................... 31

Figura 12. Enquadramento climático do Município da Bibala segundo a classificação de Thornthwaite ............ 31

Figura 13. Rede Hidrográfica do Município da Bibala ........................................................................................... 32

Figura 14. Mutuati ................................................................................................................................................. 32

Figura 15. Zonas Fitográficas do Município da Bibala ........................................................................................... 33

Figura 16. Mapa dos solos da Bibala ..................................................................................................................... 34

Figura 17. Afloramentos rochosos do Município .................................................................................................. 34

Figura 18. Termas da Montipa .............................................................................................................................. 35

Figura 19. Escola do Ensino Primário das Mangueiras, Sede ................................................................................ 35

Figura 20. Hospital Municipal da Bibala ................................................................................................................ 36

Figura 21. Cartograma de população por Comuna ............................................................................................... 37

Figura 22. Pirâmide Etária da População Angolana, por sexo, em 2014 ............................................................... 38

Figura 23. Índice de Sustentabilidade Potencial, por Província, 2014 .................................................................. 39

Figura 24. Índice de Rejuvenescimento da População Activa por Província, em 2014 ......................................... 40

Figura 25. Casas Sociais do Programa Habitacional do Estado ............................................................................. 42

Figura 26. Escola Técnico-Profissional do Capangombe ....................................................................................... 43

Figura 27. Distribuição dos grupos étnicos de Angola .......................................................................................... 43

Figura 28. Rapazes Mucubal na Montipa .............................................................................................................. 44

Figura 29. Bois de raça «mucubal» ....................................................................................................................... 46

Figura 30. Mulher e criança Mucubal ................................................................................................................... 46

Figura 31. Mãe lava filho na Montipa ................................................................................................................... 47

Figura 32. Direcção Municipal do Registo Civil e Notariado da Bibala .................................................................. 49

Figura 33. Gado a pastar ....................................................................................................................................... 51

Figura 34. Furo artesiano com bomba manual ..................................................................................................... 51

Figura 35. Chafariz público com painel solar ........................................................................................................ 52

Figura 36. Grupo gerador da Sede Municipal ....................................................................................................... 53

Figura 37. Antena UNITEL ..................................................................................................................................... 54

Figura 38. Acesso à Montipa, estrada de terra batida .......................................................................................... 54

Figura 39. Estação da Bibala, CFM ........................................................................................................................ 55

Figura 40. Práticas agrícolas no Município ............................................................................................................ 56

Figura 41. Terras em estiagem .............................................................................................................................. 58

Figura 42.Transumância ........................................................................................................................................ 59

Figura 43. Massambala (Sorgo) - Imagem de referência ...................................................................................... 60

Figura 44. Plantação de Hortícolas........................................................................................................................ 63

Figura 45. Gado bovino em travessia da via Lubango – Bibala, Chela ................................................................. 63

Figura 46. Criadores a observar um bovino .......................................................................................................... 65

Figura 47. Ovelhas Karakul .................................................................................................................................... 66

Figura 48. Cacimba temporária na localidade do Hambwe .................................................................................. 67

Figura 49. Produção de carvão .............................................................................................................................. 69

Figura 50. Oleiras Mucubais .................................................................................................................................. 74

Figura 51. Avenida principal da Bibala .................................................................................................................. 75

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Página 5

Figura 52. Tribunal Municipal da Bibala ................................................................................................................ 77

Figura 53. Vista parcial do Forte de Capangombe ................................................................................................ 79

Figura 54. Makahama - Estação do Caraculo ........................................................................................................ 79

Figura 55. Termas da Montipa .............................................................................................................................. 79

Figura 56. Cerimónia de iniciação dos rapazes Mucubais ..................................................................................... 80

Índice de Tabelas Tabela 1. Registo populacional em 2016, por Comuna e género ......................................................................... 41

Tabela 2. Situação da população face à empregabilidade .................................................................................... 56

Tabela 3. Especificação dos Sectores e Sub-Sectores presentes no Município .................................................... 57

Tabela 4. Culturas mais frequentes....................................................................................................................... 60

Tabela 5. Valores de venda dos produtos mais frequentemente cultivados ........................................................ 61

Tabela 6. Número de produtores organizados nos Polos Agrícolas ...................................................................... 61

Tabela 7. Culturas mais frequentes....................................................................................................................... 62

Tabela 8. Unidades animais identificadas na pecuária do Município, 2015 ......................................................... 64

Tabela 9. Unidades animais identificadas na pecuária do Município, 2015 ......................................................... 64

Tabela 10. Trabalhadores Dependentes do Sub-Sector Agro-pecuário em 2015, por Comuna e Género ........... 68

Tabela 11.Empresas actuantes na Extracção Mineral ........................................................................................... 71

Tabela 12. Estabelecimentos comerciais, por tipologia e localização .................................................................. 76

Tabela 13. Número de cidadãos empregados nos Serviços Estatais..................................................................... 78

Índice de Matrizes Matriz 1. SWOT do Sub-sector Agro-Pecuário do Município da Bibala ................................................................ 69

Matriz 2. SWOT do Sub-sector da Extracção Florestal do Município da Bibala .................................................... 70

Matriz 3. SWOT do Sub-sector da Extracção Mineral do Município da Bibala ..................................................... 72

Matriz 4. SWOT do Sub-sector da Indústria do Município da Bibala .................................................................... 73

Matriz 5. SWOT do Sub-sector da Transformação Artesanal do Município da Bibala .......................................... 75

Matriz 6. SWOT do Sub-sector do Comércio (formal) do Município da Bibala ..................................................... 77

Matriz 7. SWOT do Sub-sector dos Serviços Estatais do Município da Bibala ...................................................... 78

Matriz 8. SWOT do Sub-sector do Turismo do Município da Bibala ..................................................................... 80

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Lista de Abreviaturas

ADPP – Ajuda de Desenvolvimento de Povo para Povo

CAE – Classificação das Actividades Económicas

EDA – Estação de Desenvolvimento Agrário

ELB – Estudo de Linha de Base

FAO – Food and Agriculture Organization

FAS – Fundo de Apoio Social

IDA – Instituto de Desenvolvimento Agrário

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

INDF – Instituto de Desenvolvimento Florestal

MINAGRI – Ministério da Agricultura

NACE – Nomenclatura Estatística das Actividades Económicas

ONG – Organização não-governamental

PEA – População Economicamente Activa

PEI – População Economicamente Inactiva

PIB – Produto Interno Bruto

PMIDCP – Programa Integral de Desenvolvimento Rural e Combate à Fome e à Pobreza

PND – Plano Nacional de Desenvolvimento 2013-2017

SADC – Southern Africa Development Community

SMDE – Secretaria Municipal do Desenvolvimento Económico

UNACA – Confederação das Associações de Camponeses e Cooperativas Agro-Pecuárias de Angola

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ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA

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Mensagem da Sub-Comissão Técnica de Economia Local

O Estudo de Linha de Base do Sector Económico e Produtivo que agora se apresenta é resultado de

um trabalho realizado pelos Técnicos da Administração Municipal nomeados para o devido efeito, em

colaboração com os Técnicos Provinciais do Fundo de Apoio Social e a Equipa Técnica da Plurália,

empresa contratada para apoiar a realização do Estudo.

O caminho traçado para que o Estudo assumisse o cariz e a expressão actual, foi trilhado

conjuntamente com todas as Repartições da Administração Municipal, que coligiram e forneceram

dados de segunda ordem sobre os assuntos de seu domínio. Foi também percorrido todo um processo

relacional com todas as forças vivas da Comunidade, que amavelmente se dispuseram a prestar

informações sobre as suas actividades económicas, aquando da realização dos trabalhos de terreno

onde foram recolhidos dados de primeira ordem.

Na consciência de que um Estudo desta dimensão nunca é um produto esgotado, pois terá ficado

sempre um pouco da realidade Municipal por caracterizar, foi investido um forte esforço para que

chegássemos a um produto final de qualidade que cumpra os seus objectivos enquadradores e seja

um instrumento efectivamente útil para suportar as decisões das Entidades Públicas ou Privadas

quanto a futuros investimentos, a novos Planos de Desenvolvimento Local e ao trabalho com

Programas e Acções Internacionais de apoio ao Desenvolvimento do Município.

O Estudo de Linha de Base que temos agora em nossas mãos é um trabalho de todos e para todos. Por

esta razão, a Sub-Comissão Técnica de Economia Local agradece a todos os que intervieram e apoiaram

directa ou indirectamente todo o processo de construção do mesmo.

A Sub-Comissão de Economia Local

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ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA

Página 8

Sumário

O Estudo de Linha de Base do Sector Económico e Produtivo do Município da Bibala teve como linha

orientadora o Termo de Referência construído pelo Fundo de Apoio Social (FAS), entidade promotora

do mesmo.

O trabalho foi conduzido pela Administração Municipal, executado pela Sub-Comissão Técnica de

Economia Local, assessorado por Técnicos e Consultores da Empresa Plurália e com o financiamento

do Fundo de Apoio Social (FAS), através do Projecto de Desenvolvimento Local (PDL) financiado pelo

Governo de Angola e pela União Europeia (EU), tendo como principal objectivo “combater a pobreza

através de uma efectiva descentralização da prestação de serviços, aumento das oportunidades de

negócio e geração de receitas” (em Termo de Referência).

A Empresa Consultora procedeu ao acompanhamento dos trabalhos através dos seus Consultores, que

forneceram suporte metodológico e técnico no processo, desde a recolha de dados à redacção final

do presente Relatório do Estudo de Linha de Base do Sector Económico e Produtivo do Município.

Os trabalhos decorreram em três grandes fases, adiante apresentadas.

O processo foi iniciado com um conjunto de encontros entre representantes das instituições

envolvidas (Administração Municipal de Cacuaco, FAS Provincial de Luanda e Plurália), tendo sido

conjuntamente construído o plano de trabalho para a realização do Estudo de Linha de Base. As

principais fases delineadas no plano de trabalho foram as apresentadas na figura 1: Fase 1 - Diagnóstico

e preparação processual, que incluiu a apresentação pública dos objectivos e metodologia de

realização do Estudo e uma sessão de refrescamento dos Técnicos da Administração Municipal para a

utilização das ferramentas de trabalho e das metodologias de recolha de dados; Fase 2 - Recolha de

Dados Secundários, a partir da análise documental ao Perfil Municipal e aos mais recentes Relatórios

Municipais, e sequente trabalho de campo para recolha dos dados primários; Fase 3 - Elaboração do

Relatório com a sequente disseminação de resultados em modelo de workshop.

Figura 1. Fases do Plano de Trabalho

Fase 1

Diagnóstico e preparação processual

Fase 2

Recolha de Dados

Fase 3

Elaboração do Relatório e Workshop de disseminação de Resultados

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1. INTRODUÇÃO

No âmbito do PDL – Projecto de Desenvolvimento Local, o Fundo de Apoio Social (FAS) em parceria

com o Ministério da Administração do Território (MAT), através do Instituto de Formação da

Administração Local (IFAL), e com várias entidades, tem vindo a promover iniciativas e a criar diversos

instrumentos que permitem melhorar o conhecimento do território angolano, designadamente a nível

municipal.

O PDL, em linha com o Angola 2025, entrou na sua fase IV e atende às seguintes prioridades chave: (1)

Diminuir as assimetrias territoriais e disparidades sociais no acesso aos bens públicos básicos, (2)

Promover uma economia local diversificada destinada a melhorar o bem-estar social e (3) Fortalecer a

capacidade dos governos locais para prestar serviços de qualidade às famílias mais pobres.

Com uma cobertura geográfica apresentada na figura 2, o PDL é financiado pela União Europeia e

abrange, no seu leque de trabalho, acompanhamento a onze Municípios no âmbito do

Desenvolvimento da Economia Local (assinalados na figura a vermelho).

Fonte: PDL IV - Fundo de Apoio Social

Figura 2. Enquadramento geográfico do PDL IV

No âmbito do aumento do conhecimento do território e sequente melhoria na definição de políticas

de intervenção a nível local, atenuando as debilidades e reforçando os pontos fortes, o PDL IV define

três grandes objectivos: (1) Combater a pobreza através de uma efectiva descentralização da prestação

de serviços, aumentando as oportunidades de negócio e a geração de receitas, (2) Melhorar o acesso

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ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA

Página 10

das famílias rurais vulneráveis aos serviços sociais básicos e às oportunidades económicas e (3)

Fortalecer as capacidades institucionais dos Municípios de Angola.

Um dos instrumentos que concorre para o aprofundamento deste conhecimento do território é o

Estudo de Linha de Base do Sector Económico e Produtivo, que recolhe dados aprofundados relativos

à situação económica e produtiva dos Municípios e que, conforme expresso nos seus Termos de

Referência, “(…)sirva de referência para as actividades a desenvolver no âmbito do ciclo de

Planeamento Estratégico Municipal e da componente 2 em particular que forneça informações chave

sobre as potencialidades e limitações do sector económico-produtivo” (em Termos de Referência do

Estudo de Linha de Base do Sector Económico-Produtivo).

O Município já elaborou anteriormente Perfis Municipais, e mais recentemente está de posse do seu

Perfil Municipal Dinâmico. O facto de aquele ser dinâmico permite actualizações frequentes pela

inserção de novos dados, que ficam armazenados na correspondente Base de Dados. Isto leva a que o

Perfil seja utilizado na realização deste Estudo de Linha de Base.

Este Estudo de Linha de Base foi desenvolvido pelos Técnicos do Município destacados para a Sub-

Comissão Técnica de Economia Local, acompanhadas pela Plurália, sob supervisão do FAS. Pela

evidente necessidade de enquadramento, a apresentação do Estudo de Linha de Base encontra-se

suportada técnica e teoricamente, definindo-se inicialmente conceitos e terminologias. O

aprofundamento de estudo nesta área é ainda suportado pela sua contextualização na realidade

municipal, maioritariamente transferida do Perfil Municipal Dinâmico.

Foram recolhidos dados primários e secundários, tendo-se compilado um vasto conjunto de dados

quantitativos, qualitativos e cadastrais que reflectem os principais aspectos Económicos e Produtivos

do Município, no âmbito da Economia Formal mas também numa abordagem estruturante a

indicadores da Economia Informal presente no Município.

O Estudo de Linha de Base do Sector Económico-Produtivo constitui-se como um instrumento de

diagnóstico e planificação das acções futuras para o desenvolvimento do território municipal. Desta

forma, importa dotar o Município de sustentação teórica que permita, futuramente, a utilização

conceptual para a constituição de processos concursais e de captação de investidores. Por esta razão,

se inclui no Estudo de Linha de Base um conjunto de definições conceptuais que visam apoiar a

Administração Municipal numa melhor compreensão e argumentação futura. De igual forma, os

Estudo de Linha de Base proporciona a identificação dos pontos fortes e fracos do Município nos

diversos sub-sectores económicos, assim como das potencialidades e ameaças ao desenvolvimento. A

expressão destes factores é apresentada, em local devido, num sistema de análise SWOT que sinaliza

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ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA

Página 11

os principais indicadores das forças que influenciam os sentidos do desenvolvimento local para cada

sub-sector económico e produtivo identificado na dinâmica do Município.

A técnica de análise SWOT, consubstanciada na construção de Matrizes SWOT, foi criada pelo norte-

americano Albert Humphrey no final da década de 1960. Desde então é amplamente utilizada para

ajudar a compreender o ambiente em que se implementa o ciclo de desenvolvimento institucional,

pela realização do inventário de indicadores de forças e fraquezas institucionais. SWOT é o anagrama

dos termos Strenghts, Weaknesses, Opportunities e Threats (em português: Forças, Fraquezas,

Oportunidades e Ameaças).

As Forças (S= Strenghts) descrevem as competências e pontos fortes internos. As Fraquezas (W=

Weaknesses) descrevem os indicadores internos que de alguma forma atrapalham, não gerando

vantagens. As Oportunidades (O= Opportunities) são as forças externas que se tornam favoráveis ao

desenvolvimento. As ameaças (T= Threats) são as forças externas que pesam negativamente sobre o

desenvolvimento.

Na figura 3 apresenta-se o gráfico de Matriz SWOT a ser utilizado no âmbito do Estudo de Linha de

Base do Sector Económico-Produtivo.

Figura 3. Modelo de Matriz SWOT a aplicar aos sub-sectores do Sector Económico-Produtivo

As fontes utilizadas neste Estudo foram diversas. Os dados apresentados, sempre que não seja

identificada a fonte, são directamente retirados da Plataforma Dinâmica da Administração Municipal.

As imagens que ilustram o texto foram maioritariamente capturadas pela Equipa de Trabalho, sendo

identificadas as fontes das fotografias que não são de autoria desta Equipa.

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ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA

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O Estudo de Linha de Base inicia-se com a apresentação do Sumário Executivo e da presente

Introdução, seguida do Enquadramento, em capítulo 2, onde se explicitam e fundamentam conceitos

e ideias utilizadas ao longo do Estudo, permitindo assim uma leitura do documento mais fiável e a

disponibilização de elementos de análise que poderão vir, futuramente, a facilitar tomadas de decisão

sobre as conclusões da presente Linha de Base. No capítulo 3 apresenta-se a Metodologia do Estudo e

no Capítulo 4 procede-se à caracterização do contexto do Município, que virá fornecer a necessária

consistência à caracterização do Sector Económico e Produtivo. No Capítulo 5, capítulo central do

presente Relatório, descrevem-se os dados recolhidos do Sector Económico e Produtivo, organizados

pelos sub-sectores com expressão no Município. No Capítulo 6, Considerações Finais, apresentam-se

as linhas de tendência do Município no sector em análise. Por último, apresentam-se as Referências

Bibliográficas e os anexos, devidamente identificados, a que houver lugar.

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ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA

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2. ENQUADRAMENTO

A Economia observa o comportamento humano em decorrência da relação entre as necessidades e os

recursos disponíveis para satisfazer essas necessidades. No sentido figurado, economia significa o

controlo para evitar desperdícios em qualquer serviço ou actividade. Enquanto o crescimento

económico, de matriz quantitativa, se verifica aquando da geração de mais receitas no sistema

económico, o desenvolvimento económico, de matriz qualitativa, corresponde à estrutura da

participação social no resultado do crescimento económico. Desta forma, o desenvolvimento

económico implica uma mudança estrutural de médio e longo prazo dentro do sistema económico.

2.1. Sectores da Economia

A Economia é um sistema consolidado de actividades humanas relacionadas com a produção,

distribuição, troca e consumo de bens e serviços de um País. A economia refere-se também às formas

estruturais como um país ou região está progredindo em termos de produção. A actividade económica

gera riqueza mediante a extracção, transformação e distribuição de recursos naturais, bens e serviços,

tendo como finalidade a satisfação das necessidades humanas em cada momento (educação,

alimentação, segurança, entre outros).

Todos os Países possuem uma população economicamente activa (PEA) e uma população

economicamente inactiva (PEI). A PEA corresponde às pessoas que trabalham e possuem vínculo de

empregabilidade ou que estão procurando trabalho. Já a PEI refere-se às pessoas que se encontram

desempregadas à mais de um ano, que estão inseridas no mercado informal, os aposentados, as donas

de casa e as crianças e adolescentes com idades impróprias para o trabalho.

A população economicamente activa distribui-se, no âmbito das características da sua actividade

laboral, por sectores. O conceito de sectores da actividade económica corresponde a uma divisão

artificial das actividades económicas de cada país, de acordo com a essência das tarefas em questão.

A hipótese dos três sectores, construída teoricamente por Colin Clark e Jean Fourastié, divide as

actividades da economia em três sectores: Sector Primário, Sector Secundário e Sector Terciário. Para

os autores, a ênfase central, em determinados momentos de uma Sociedade, muda do sector primário

para o secundário e finalmente para o terciário, significando estas mudanças o aumento da qualidade

de vida e da segurança social, o desenvolvimento da educação e da cultura, um nível mais elevado de

qualificações, a humanização do trabalho e a minimização do desemprego.

O sector primário compreende as actividades produtivas ligadas à natureza, como sejam a agricultura,

a silvicultura, as pescas, a pecuária, a caça e o extractivismo (mineral, animal e vegetal), que estão

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relacionadas com a exploração dos recursos naturais e com a exploração de matéria-prima que será

absorvida pelo sector secundário da economia.

O sector secundário integra as actividades industriais transformadoras, de larga escala e artesanais, a

produção de bens de consumo, a construção civil e a geração de energia.

O sector terciário (ou dos serviços) representa as actividades ligadas à prestação de serviços e ao

comércio, englobando o turismo, os transportes, as actividades financeiras e as actividades

profissionais liberais (incluindo o ensino e investigação).

A regulação estrutural das Actividades Económicas pressupõe a existência documental de um sistema

de classificação que permita clarificar o respectivo enquadramento, de forma inequívoca e coerente.

A CAE-Rev1, Classificação das Actividades Económicas actualmente em vigor, foi elaborada a partir do

ISIC Rev3 e aprovada em 2004, tendo passado a partir desta data a preencher as evidentes lacunas

existentes a nível nacional em termos de um quadro normalizado de classificação de actividades

económicas: “Uma Classificação de Actividades Económicas bem adaptada à realidade económica

angolana constitui uma estrutura indispensável ao desenvolvimento e à consolidação do Sistema

Estatístico Nacional, quer pelo papel que desempenha na recolha, tratamento, publicação e análise da

informação estatística, quer pelo sentido de coerência e de unidade que confere ao Sistema.”

(Apresentação da CAE-Rev1, em http://www.ine.cv/forumsine).

2.2. Da Doença Holandesa à diversificação da Economia

Em economia, a Doença Holandesa refere-se à relação entre a exportação de recursos naturais e o

declínio do processo industrial, ocorrendo quando num país a abundância de um recurso natural gera

grandes vantagens de mercado internacional, levando a que aconteça uma especialização na produção

desse recurso em detrimento de outras áreas da economia nacional, o que a longo prazo determina a

inibição do processo de desenvolvimento destas outras áreas.

Pode definir-se a Doença Holandesa como o conjunto de consequências que afectam uma economia

devido à existência de um sector produtivo muito relevante, vinculado às exportações, de crescimento

mais dinâmico do que o resto de actividades produtivas. O «boom» de exportação pode ser devido ao

surgimento de (1) novos recursos exportáveis, (2) aumento dos preços de certas exportações ou (3)

inovações tecnológicas que reduzem os custos de alguns bens exportáveis. Estas três causas podem

ocorrer simultaneamente ou de forma separada.

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A denominação «Doença Holandesa» (na origem, Dutch Desease) foi primeiramente mencionada na

revista The Economist em 1977, comentando o efeito adverso da descoberta de gás natural na Holanda

sobre o desenvolvimento da produção industrial.

Comummente, a Doença Holandesa é associada às economias onde a maior parte das vantagens

económicas surge da exploração e exportação do petróleo e do gás natural. Assim, o aumento das

exportações de matérias-primas traduz-se, numa primeira fase, no aumento do valor global das

exportações mas, numa segunda fase, acaba por prejudicar a indústria local que, diante da

concorrência internacional, perde mercado. Importa assim conseguir atingir um equilíbrio nestes

fluxos de área, para precaver uma crise financeira geradas pela diminuição de receitas na exportação

de matérias-primas (por esgotamento das fontes ou por queda das cotações internacionais, entre

outros factores).

O enquadramento estratégico do Plano Nacional de Desenvolvimento 2013-2017 (PND), na sua

objectivação da Estratégia Nacional “Angola 2025”, que fixa as Grandes Orientações para o

Desenvolvimento de Angola, destaca oito grandes linhas de desenvolvimento nacional: (1) Garantir a

Unidade e a Coesão Nacional; (2) Construir uma Sociedade Democrática e Participativa, garantindo as

liberdades e direitos fundamentais e o desenvolvimento da sociedade civil; (3) Promover o

Desenvolvimento Humano e o Bem-Estar dos Angolanos, assegurando a Melhoria da Qualidade de

Vida, Combatendo a Fome e a Pobreza Extrema; (4) Promover o Desenvolvimento Sustentável,

Competitivo e Equitativo, garantindo o Futuro às Gerações Vindouras; (5) Promover o

Desenvolvimento da Ciência, Tecnologia e Inovação; (6) Apoiar o Desenvolvimento do

Empreendedorismo e do Sector Privado; (7) Desenvolver de Forma Harmoniosa o Território Nacional;

(8) Promover a Inserção Competitiva da Economia Angolana no Contexto Mundial e Regional.

Um dos objectivos centrais do PND 2013-2017 no que respeita ao desenvolvimento da Economia

Nacional é a sua diversificação, de forma a consolidar o crescimento de forma independente aos

produtos da indústria petrolífera. Neste âmbito, encontram-se bem definidos os eixos de actuação do

Governo para a consolidação da diversificação da Economia Nacional. As bases para a intensificação

do processo de diversificação encontram-se em fase de consolidação, resultante do forte esforço de

investimento público na reabilitação e desenvolvimento das infraestruturas, bem como da criação de

um ambiente macroeconómico favorável ao investimento privado no sector não petrolífero.

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Figura 4. Áreas de desenvolvimento prioritário no sector da Indústria Transformadora, de acordo com o PND

O desenvolvimento da indústria transformadora, em bases sustentáveis, contribui para a maior

geração de emprego, o aproveitamento das matérias-primas agrícolas e minerais, o equilíbrio da

balança comercial e a economia de divisas. A materialização dos grandes objectivos de

desenvolvimento do sector da indústria transformadora assentam, de acordo com o PND, no

desenvolvimento de 7 sectores prioritários, conforme especificado na figura 4.

O PND preconiza 3 Programas de Acção Fundamentais para a consolidação da diversificação da

Economia Nacional: (1) Diversificação da Produção Nacional, (2) Criação de Clusters de intervenção

prioritária e (3) Programa «Angola Investe». A propósito da Diversificação da Economia Nacional, Sua

Exa. Presidente da República Engº José Eduardo dos Santos afirmou, aquando da mensagem sobre o

estado da Nação de 15 de Outubro de 2014: “A sustentabilidade do nosso desenvolvimento pressupõe

a necessidade de reduzir a actual dependência da nossa economia do petróleo bruto. Diversificar a

actividade económica e a produção, em particular, é, pois, uma questão crítica, uma tarefa urgente e

inadiável, determinante do nosso futuro e de uma mais efectiva Independência Nacional”.

2.3. A SADC e a integração económica regional

Angola é país-membro da SADC (Southern Africa Development Community), organização sub-regional

de integração económica dos países da África Austral. Desde a sua criação, em Agosto de 1992, e

aglutinando os princípios da SADCC (Southern Africa Development Co-ordination Conference – Abril

de 1980), a SADC tem formulado políticas e estratégias para a Integração Regional, em apoio do

crescimento e desenvolvimento económico dos 15 Países que a compõem. Os benefícios económicos

Indústrias alimentares e de bebidas

Indústrias têxtil de vestuário e de calçado

Indústrias da madeira, do mobiliário de madeira e da pasta, papel e cartão

Indústrias química e farmacêutica

Indústrias dos minerais e dos materiais de construção não metálicos

Indústrias metalúrgicas de base, dos produtos metálicos, das máquinas e material de transporte

Reciclagem

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esperados com esta integração têm mostrado em toda a parte do Mundo, inclusive nos mercados

financeiros mais fortes, optimização dos fluxos de comércio e investimento intra-regional,

potenciando a transferência da experiência e da Tecnologia dos Estados-membros.

O principal objectivo para todos e cada um dos Membros da SADC é alcançar um crescimento

económico sustentado e um desenvolvimento sustentável que permita às populações da Região terem

uma vida melhor e oportunidades de emprego suficientes. A sua principal estratégia consiste na

reabilitação e crescimento das capacidades já existentes nos Países que a compõem.

Para que se possa atingir o desenvolvimento económico pretendido, é essencial que se promova a

indústria local, pois apenas com consolidados processos de industrialização se poderá atingir a

independência em relação aos produtos industrializados estrangeiros, garantindo maior economia

local e regional. Paralelamente, são objectivos estruturantes da SADC os que concernem ao

desenvolvimento da Educação e Formação Profissional, da Saúde, prioritariamente no que respeita ao

HIV/SIDA e ao aumento da participação as mulheres em todas as camadas da sociedade (Fonte:

www.sadc.int).

2.4. A Agricultura no panorama nacional

Angola apresenta um elevado potencial para o desenvolvimento de práticas agrícolas, devido às

características dos solos e do clima e à presença de cursos água numa parte considerável do território.

A Agricultura Familiar (AF) assume um papel de grande relevo no País: “A Agricultura Familiar em

Angola domina a quase totalidade das explorações agrícolas, representando 99,8%, com as suas

características de pluriactividades. A mesma desempenha múltiplas funções (produção alimentar,

contribuição para o produto interno bruto, promoção do emprego, preservação do ambiente). Mais de

1/3 da população angolana depende da agricultura itinerante e de sequeiro. A Agricultura Familiar

detém mais de 98% das explorações agrícolas. Em Angola, de acordo com o MINAGRI, existem cerca

de2,6 milhões de famílias que praticam AF e asseguram os postos de trabalho de milhares de pessoas”

(em Relatório Social de Angola 2014).

A Agricultura Familiar assegura a maioria da produção e comercialização das culturas alimentares

nacionais. O Relatório Social de Angola 2014 assinala que esta produção é diversificada, incluindo

frequentemente: “(…) cereais, por exemplo, milho, massango e massambala; leguminosas, por

exemplo, feijão comum, feijão macunde e soja; raízes e tubérculos, como a mandioca, a batata-rena e

a batata-doce” (em Relatório Social de Angola 2014).

Entenda-se por Agricultura Familiar “(…) o cultivo da terra realizado por pequenos proprietários rurais,

tendo como mão-de-obra essencialmente o núcleo familiar. A mesma inclui todas as actividades

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agrícolas de base familiar e está ligada a diversas áreas de desenvolvimento rural e à organização das

produções. Integra as componentes agrícola, florestal, pesqueira, pastoril e aquícola, que são geridas

e operacionalizadas por uma família e predominantemente dependentes de mão-de-obra familiar,

tanto de mulheres como de homens. (…) A distinção entre a agricultura familiar e o agronegócio é

económica, social e ambiental. O agronegócio é o termo usado para se referir a integração estre

actividades agrícolas e não agrícolas (processamento dos produtos, comercialização, etc) e é uma

categoria política e ideológica que vai além do negócio. A agricultura familiar e o agronegócio não são

dois mundos separados, mas modelos de agricultura que coexistem, que se podem complementar e

articular na cadeia de valor. O agronegócio, que também está ligado às exportações de alimentos faz

parte da visão dominante do sistema mundial alimentar. Não se deve negar a cadeia de valor, mas o

mercado da agricultura familiar edifica-se numa construção social. A produção para o autoconsumo é

uma estratégia de segurança alimentar e nutricional da agricultura familiar” (em Relatório Social de

Angola 2014).

A Caracterização Mesológica de Angola determina a existência no país de cinco grandes regiões

agrícolas de Agricultura Familiar, agrupadas em 33 zonas agrícolas de características distintas em

função de vários critérios (características e aptidão dos solos, relevo, clima, vegetação, hidrografia,

entre outros):

Região I – Litoral Norte de economia de sequeiro, tendo como principal cultura a mandioca e

o milho;

Região II – a Norte, com as culturas de mandioca complementadas com café e palmar;

Região III – no Planalto Central, onde predomina a cultura do milho;

Região IV – na parte Leste do país, desde Norte a Sul, onde predomina a mandioca no eixo

Norte e os cereais no eixo Sul, com manchas de cultura de arroz de sequeiro;

Região V – no Sudoeste, agro-pastoril, de criação de gado bovino e caprino, complementada

com cereais.

De entre a diversidade de factores que influenciam as dinâmicas da agricultura nas cinco regiões, a

precipitação condiciona em larga medida os roteiros agrícolas. Em Angola, a precipitação é

influenciada pelo centro de altas pressões do Atlântico Sul, pela corrente fria de Benguela e pela

altitude.

2.5. Segurança Alimentar

Na Cimeira Mundial da Alimentação de 1996, a FAO (Food and Agriculture Organization of the United

Nations) definiu o conceito de Segurança Alimentar: “A segurança alimentar existe quando todas as

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pessoas, em todos os momentos, têm acesso físico, social e económico a alimentos suficientes, seguros

e nutritivos para satisfazer as suas necessidades energéticas diárias e preferências alimentares para

uma vida ativa e saudável” (www.fao.org). Esta definição assinala quatro dimensões primordiais da

Segurança Alimentar: (1) A disponibilidade física dos alimentos, (2) o acesso económico e físico aos

alimentos, (3) a utilização dos alimentos e (4) a estabilidade, no tempo, das 3 anteriores dimensões.

A existência de alterações, ao longo do ano, no que respeita às condições climáticas (seca, inundações),

a alterações no circuito político-social ou a factores de oscilação económica e produtiva (desemprego,

os aumentos nos preços dos alimentos) podem afetar o estado da segurança alimentar das pessoas

numa região ou País.

“Existe segurança alimentar quando todas as pessoas, em todos os momentos, têm acesso físico e

económico a alimentos suficientes para satisfazer as suas necessidades alimentares para uma vida

produtiva e saudável. A segurança alimentar inclui aspectos da agricultura, pecuária, pesca e água. As

pessoas ou famílias conseguem alimentos por 3 vias: produção, compra ou troca e oferta de fora. A

produção pode ser agricultura, pecuária, florestas, pesca ou outra actividade complementar de

rendimento e tal tem implicações na análise dos sistemas de produção. A compra ou troca tem

implicação na análise do sistema de comercialização e dos termos de troca. A oferta tem implicações

na análise do sistema de direitos sociais locais e das obrigações em termos de apoio do Estado /

Governo” (em Relatório Social de Angola 2014).

A OCDE (Organización para la Cooperación y el Desarrollo Económicos) assinala que a natureza

dinâmica da segurança alimentar está implícita quando falamos de pessoas que são vulneráveis à

insegurança alimentar no futuro. A vulnerabilidade é definida a partir da perspectiva de três dimensões

críticas: (1) a vulnerabilidade como um efeito / resultado directo dos acontecimentos que condicionam

a alimentação disponível, (2) a vulnerabilidade resultante da ocorrência de vários factores de risco e

(3) a vulnerabilidade enquanto incapacidade de gerir a ocorrência de riscos. As pessoas podem manter

um nível aceitável de segurança alimentar no momento, mas pode estar em risco de insegurança

alimentar no futuro. Assim, a OCDE assinala que a análise de vulnerabilidade indica duas opções

principais de intervenção: (1) reduzir o grau de exposição ao perigo e (2) fortalecer a capacidade de

resposta das pessoas.

Em suma, a segurança alimentar representa um conceito bastante abrangente: (1) comportando as

noções do alimentar e do nutricional; (2) enfatizando os aspectos do acesso e da disponibilidade em

termos de suficiência, continuidade e preços estáveis e compatíveis com o poder aquisitivo da

população; (3) ressaltando a importância de qualidade; (4) valorizando os hábitos alimentares

adequados e colocando a segurança alimentar e nutricional como uma prerrogativa básica para a

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condição de cidadania; mais recentemente, (5) a sustentabilidade ecológica, social e económica do

sistema alimentar.

2.6. Desenvolvimento Humano, IDH e PIB

O Desenvolvimento Humano é um objectivo mundial, simultaneamente sendo um processo e um

resultado. Traduzindo-se na possibilidade de as pessoas influenciarem os percursos que moldam as

suas próprias vidas, mantendo controlo sobre estas, o Desenvolvimento Humano pressupõe o

crescimento económico embora não se esgote neste. Significa também “(…) o desenvolvimento das

pessoas por via do reforço das suas capacidades humanas, por visar melhorar as suas vidas, e pelas

pessoas por participarem activamente nos processos que moldam as suas vidas. O Desenvolvimento

Humano permite “(…) alargar o leque

de escolhas das pessoas, na medida em

que adquirem mais capacidades e

gozam de mais oportunidades para as

usar” (Fonte: Relatório do

Desenvolvimento Humano).

O conceito de Desenvolvimento

Humano define um processo de

ampliação das escolhas das pessoas,

para que elas tenham capacidades e

oportunidades para serem aquilo que

desejam ser. Diferentemente da

perspectiva do crescimento económico,

que vê o bem-estar de uma sociedade

apenas pelos recursos ou pela renda

que ela pode gerar, a abordagem de desenvolvimento humano procura olhar diretamente para as

pessoas, para as suas oportunidades e capacidades. A renda é importante, mas como um dos meios

do desenvolvimento e não como seu fim. É uma mudança de perspectiva: com o desenvolvimento

humano, o foco é transferido do crescimento económico para o ser humano.

O conceito de Desenvolvimento Humano também parte do pressuposto de que para aferir o avanço

na qualidade de vida de uma população é preciso ir além do viés puramente econômico e considerar

outras características sociais, culturais e políticas que influenciam a qualidade da vida humana. Esse

conceito é a base do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e do Relatório de Desenvolvimento

Humano (RDH), publicados anualmente pelo PNUD.

Fonte: Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano

Figura 5. Grandes Linhas do Desenvolvimento Humano

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O Desenvolvimento Humano dos países mundiais determina-se pelo cálculo do Índice de

Desenvolvimento Humano (IDH), para cada país e em cada novo ano, colocando em relação todos os

países. O IDH é um índice composto que incide sobre três dimensões básicas do desenvolvimento

humano: (1) uma vida longa e saudável medida pela esperança de vida à nascença; (2) a capacidade

de adquirir conhecimento medida pela média de anos de escolaridade e anos de escolaridade

esperados; (3) a capacidade de atingir um nível de vida digno medido pelo rendimento nacional bruto

per capita.

Angola sustentou, no ano de 2014, e de acordo com os dados do PNUD 2015, o 149º lugar da lista de

países com cálculo de IDH, com um Índice de Desenvolvimento Humano de 0,532. Com um valor de

IDH crescente, ao longo dos últimos anos, não foi ainda atingido o valor médio mundial, que se situa

em 0,711 (Fonte: Relatório do Desenvolvimento Humano).

Fonte: Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano

Figura 6. Correlação entre trabalho e desenvolvimento humano

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Fonte: Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano

Figura 7. Opções para o reforço do Desenvolvimento Humano através do trabalho

Criado por Mahbub ul Haq com a colaboração do economista indiano Amartya Sen, o IDH pretende ser

uma medida geral, sintética, do desenvolvimento humano. Apesar de ampliar a perspectiva sobre o

desenvolvimento humano, o IDH não abrange todos os aspectos de desenvolvimento e não é uma

representação da "felicidade" das pessoas, nem indica "o melhor lugar no mundo para se viver".

Democracia, participação, equidade, sustentabilidade são outros dos muitos aspectos do

desenvolvimento humano que não são contemplados no IDH.

O objectivo da criação do Índice de Desenvolvimento Humano foi o de oferecer um contraponto a

outro indicador muito utilizado, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, que considera apenas a

dimensão económica do desenvolvimento. O PIB (Produto Interno Bruto) representa a soma (em

valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região ou País

durante um determinado período de tempo. Sendo um dos indicadores mais utilizados na

macroeconomia, tem como principal objectivo quantificar a actividade económica dessa região ou

País.

O PIB per capita foi o primeiro indicador utilizado para analisar a qualidade de vida em um País. Países

podem ter um PIB elevado por serem grandes e terem muitos habitantes, mas o seu PIB per capita

pode ser baixo, já que a renda total é dividida por muitas pessoas.

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Uma breve análise à figura 8, que apresenta as linhas de evolução do PIB e do PIB per capita

considerados para os anos 2006 a 2013, pode verificar-se que a evolução do PIB não corresponde à

evolução do PIB per capita, em termos do desenho produzido pelas respectivas linhas. As variáveis

associadas à população, que condicionam o PIB per capita devem ser consideradas em qualquer

análise de desenvolvimento de uma população, pois oferecem representações mais reais da situação

do País. Sendo indicadores diferenciados, não se substituem na análise às condições de vida das

populações.

Fonte: tradingeconomics.com_angola

Figura 8. Comparativo das linhas de evolução do PIB e do PIB per capita de Angola, nos anos 2006 a 2013

A diversificação das fontes que constituem o PIB tem vindo a ocorrer, sendo claro que o

desenvolvimento humano em Angola passa pela concretização dos planos de redução da dependência

do PIB em relação ao petróleo.

Na sua mensagem à Nação por ocasião do Ano Novo, Sua Exa., Presidente da República, Engº José

Eduardo dos Santos afirmou que “(…) o desenvolvimento humano, e particularmente o conhecimento

e a habilidade do homem para fazer coisas, constituem o factor decisivo da transformação social e a

base do crescimento económico e do progresso social (…) temos que ajustar os nossos programas e

planos para enfrentar com sucesso o próximo ano, acelerando a nossa intervenção na agricultura,

pescas, turismo, indústria da madeira, indústria alimentar e indústria ligeira e mineira, para aumentar

as exportações e reduzir as importações com o aumento da produção local e do comércio”.

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3. METODOLOGIA DO ESTUDO

A elaboração do Estudo de Linha de Base do Sector Económico e Produtivo a que o presente

documento se refere enquadra-se no Projecto de Desenvolvimento Local – PDL, que apresenta como

principal objectivo “combater a pobreza através de uma efectiva descentralização da prestação de

serviços, aumento das oportunidades de negócio e geração de receitas” (in Termos de Referência).

A necessidade de aperfeiçoar a elaboração de documentos orientadores para o desenvolvimento dos

Municípios, no respeito dos princípios e preocupações enunciadas no documento Angola 2025,

enquadra e fundamenta o programa de trabalhos agora apresentado. A aquisição e desenvolvimento

de competências locais assume uma redobrada importância no contexto do desenvolvimento

harmonioso do território e do combate à pobreza e à exclusão.

O envolvimento das três Entidades – Administração Municipal, Fundo de Apoio Social e Plurália –

constitui-se como uma enorme mais-valia da qualidade dos produtos do Estudo de Linha de Base.

São vários os factores que influenciam o desenvolvimento económico, mas compete, nesta tipologia

de Estudos de Linha de Base, destacar os principais: (1) a qualidade e a quantidade dos recursos

produtivos disponíveis, a força de trabalho, a capacidade tecnológica do capital existente e a

diversidade e quantidade e qualidade das matérias-primas existentes no sistema económico; (2) as

condições sociais da comunidade que gera e usufrui do sistema económico; (3) o dinamismo dos

agentes económicos, que proporcionam a eficácia organizacional, estimulando o funcionamento das

actividades produtivas, possibilitando que mais unidades produtivas surjam no mercado e assim

aumentando os níveis de emprego e qualidade de vida.

3.1. Objectivo e Produtos do Estudo de Linha de Base

O Objectivo central do presente Planeamento é o de elaborar uma linha de base que sirva de referência

para as actividades a desenvolver no âmbito do ciclo de Planeamento Estratégico Municipal e da

componente 2 em particular que forneça informações chave sobre as potencialidades e limitações do

sector económico-produtivo.

De acordo com os Termos de Referência orientadores, são produtos a apresentar: (1) Realização de

um Workshop de disseminação dos resultados dos estudos dirigido aos parceiros locais e às equipas

provinciais do FAS nas províncias em que se vai realizar o estudo e (2) Produção de um relatório

descritivo de toda a informação recolhida, analisada e sistematizada.

Para que a demanda seja cumprida, importa que sejam obtidos os seguintes produtos: (1)

Caracterização geral do Município; (2) Descrição dos sectores económico-produtivos existentes; (3)

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População Economicamente Activa (PEA) por sector e sub-sector; (4) Percentagem da população por

sector; (5) Tipologia e organização de empresas e unidades de produção / produtores; (6) Descrição

das principais actividades económicas não formais, incluindo as de carácter doméstico; (7)

Fornecedores e provedores de bens e serviços; (8) Principais fontes de acesso a recursos financeiros;

(9) Mapeamento georreferenciado das infra-estruturas económicas e produtivas públicas e privadas

por sector, incluindo mobilidade de transportes.

3.2. Metodologia Geral

Como facilmente se identificou atrás, uma boa parte da informação que integra o presente Estudo

existe coligida e actualizada em diversos documentos produzidos pela Administração Municipal:

Relatórios Gerais da Administração Municipal, Relatórios das diversas Repartições da Administração

Municipal, Perfil Municipal, outros Estudos e Documentos produzidos e validados.

Assim, a realização do Estudo de Linha de Base suportou-se na recolha de dados de segunda ordem e

respectiva actualização, sendo o Perfil Municipal uma das fontes privilegiadas desta recolha de

informação.

Para as tipologias de informação ainda não sistematizadas em documentos validados, existiu então a

necessidade de recolher dados de primeira ordem, através do cumprimento de rotas no terreno onde

se procedeu também à georreferenciação das estruturas ainda não referenciadas.

A metodologia de trabalho proposta em Termos de Referência implicou o trabalho sistemático dos

elementos da Sub-Comissão Técnica, que foi devidamente nomeada pelo Senhor Administrador

Municipal e que realizou, conjuntamente com a equipa de Consultores, a recolha e sistematização da

informação.

São objectivos da Entidade Consultora, e de acordo com os Termos de Referência que supra-orientam

o presente planeamento, os seguintes: a) Elaborar o Estudo de Linha de Base do Sector Económico e

Produtivo do Município da Bibala, em articulação com as forças locais; b) Apoiar a Administração

Municipal da Bibala, utilizando metodologias de transferência de competências, na autonomização

progressiva dos seus Técnicos

3.3. Plano de Trabalho

Pela complexidade da elaboração do Estudo de Linha de Base do Sector Económico e Produtivo,

estabeleceu-se um Plano de Acção detalhado no que diz respeito às suas fases, nomeadamente às

tarefas diversificadas que competem a cada um dos intervenientes neste processo.

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De acordo com o definido no Paradigma supra-orientador e nos Termos de Referência, o Plano de

Acção decorreu em três fases, de acordo com o esquema apresentado abaixo:

Figura 9. Plano de Trabalho para a realização do ELB

Apresentam-se os passos de concretização de cada uma das fases do processo, sendo o Macro Plano

de calendarização do faseamento das actividades remetido a Anexo 1:

o Fase 1: Apresentação das entidades e intervenientes; Apresentação metodológica do Estudo aos

Chefes de Repartições da Administração Municipal e outras entidades que se considere

pertinente convidar, para potenciar o envolvimento; Diagnóstico situacional e acerto de

procedimentos com a Sub-Comissão Técnica da Administração Municipal; Negociação de Rotas

para recolha de dados de Primeira Ordem e Georreferenciação; Compilação documental de todos

os Perfis e/ou estudos de linha de base existentes no Município.

o Fase 2: Caracterização Geral do Município; Descrição dos sectores; Apuramentos populacionais;

Percentuais de população por actividade económica; Levantamento das principais actividades

económicas não formais; Mapeamentos e georreferenciações; Asseguramento de inserção de

dados na plataforma do Município.

o Fase 3: Redacção do Relatório; Realização do Workshop de disseminação dos resultados dos

estudos dirigido aos parceiros locais e às equipas provinciais do FAS.

Para a fase 2 foram disponibilizados instrumentos de recolha de informação (questionários e check

lists) facilitadores do processo de investigação e diagnóstico por parte dos técnicos das Administrações

Municipais. Cada um destes instrumentos de recolha tem uma temática específica e contribui para

alimentar os vários indicadores definidos pelo FAS, sendo basilares para a elaboração do Perfil

Municipal.

Os instrumentos foram apresentados e explicados às Unidades Técnicas (e outros participantes)

durante o workshop de refrescamento, sendo clarificada a metodologia de utilização. Foram também

Fase 1

Diagnóstico e preparação processual

Fase 2

Recolha de Dados

Fase 3

Elaboração do Relatório e Workshop de disseminação de Resultados

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criados guiões das entrevistas a serem aplicadas a actores locais, grupos focais e figuras de destaque

a nível do Município.

Embora os referidos instrumentos fossem entregues a técnicos específicos, optou-se por nomear um

coordenador do projecto que assumisse a complementaridade das diferentes tarefas e garantisse o

cumprimento dos prazos estipulados. A este coordenador foi facultada a possibilidade de estar em

permanente contacto com a Plurália, através do Consultor de Terreno e, sempre que solicitado, com

os técnicos especialistas.

Nas actividades de pesquisa para recolha de dados secundários, procedeu-se ao respectivo registo e

anotação / identificação das fontes, colectando-se as evidências do processo de pesquisa.

Posteriormente avançou-se para a recolha de dados primários. A este nível, também, sempre que foi

solicitado, foram especificadas técnicas de recolha. Foi explicada a importância da complementaridade

das diferentes tarefas e das várias equipas, essenciais à construção de um trabalho coerente e

integrado.

Além da atenção dada à questão metodológica do processo de recolha, houve a preocupação de

sedimentar a consciência de um necessário trabalho em equipa, essencial para a concretização de um

projecto com estas características dinâmicas.

3.4. Instrumentos de recolha e organização da informação

Os instrumentos de recolha e organização da informação foram diversificados. O principal instrumento

foi o ODK Collect, plataforma e sistema de recolha de dados que equipa os Municípios. Este sistema

foi criado para a realização dos Perfis Municipais Dinâmicos, pelo que, para a realização do Estudo de

Linha de Base, foi necessário complementá-lo com outros instrumentos, de forma a poder proceder-

se aos devidos aprofundamentos para a área económica e produtiva.

O ODK, enquanto Base de Dados, incorpora um conjunto de possibilidades de recolha de informação

expresso no questionamento apresentado no interface da Aplicação instalada nos dispositivos móveis

de recolha de dados, que importa agora especificar:

Questionários (89, identificados de q01 a q89) desmultiplicados em conjuntos de perguntas e

instruções para a colheita dos Dados;

Quando especificado, dispositivo para a recolha dos pontos georreferenciais do local onde os

Dados são recolhidos;

Quando especificado, dispositivo para a recolha de imagem (foto) do local / infraestrutura

sobre o qual estão a ser recolhidos os Dados.

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Para o enriquecimento da recolha de Dados, foram utilizados os seguintes instrumentos

complementares:

Matriz de Análise de Lacunas – matriz que tem como entrada principal os indicadores

necessários à elaboração do Estudo de Linha de Base, preenchida no início do Estudo, onde é

possível entender com clareza e facilidade de acesso qual a informação em falta e os locais /

documentos / contextos onde esta informação pode ser recolhida;

Diário de Campo – constitui-se como um guião de questionamento aos informadores-chave e

grupos focais, que desdobra os items preconizados na Matriz de Análise de Lacunas isolando,

para cada indicador, o que deve ser questionado aos informadores / grupos focais, para que

sejam complementados os Dado existentes;

Matriz de Verificação de Dados – directamente derivada da Matriz de Análise de Lacunas, esta

matriz é o instrumento de controlo diário e sistemático da entrada de nova informação, ao

longo de todo o processo de recolha de dados.

Especificamente sobre o processo de organização da Informação, foram utilizados os mecanismos

próprios da Base de Dados ODK Collect como centralizadores da informação recolhida. Os

instrumentos complementares, nomeadamente a Matriz de Verificação de Dados, agrega toda a

informação recolhida num sistema de tabela onde são referidas as fontes dos Dados recolhidos.

No que respeita ao traçado das rotas de recolha de Dados, foi possível, face às características

territoriais, proceder a visitas a todas as Aldeias e Bairros, procedendo a uma cobertura 100% do

território Municipal.

O processo de construção do Documento do Estudo de Linha de Base foi apoiado pela utilização

metodológica de Matrizes SWOT sectoriais, definidas para cada Sub-Sector definido para a organização

do processo de análise, sendo para a construção destas matrizes utilizada toda a informação a que

houve acesso: preenchimento do ODK Collect, entrevistas a informadores-chave, informação recolhida

por análise documental aos Relatórios Globais e Sectoriais da Administração Municipal e de outras

entidades operantes no Município, informação recolhida por observação directa, informações obtidas

no Trabalho de Campo pelo questionamento de membros da população local, entre outras.

3.5. Limitações do Estudo de Linha de Base

As limitações do presente Estudo de Linha de Base do Sector Económico e Produtivo situam-se,

principalmente, em três níveis:

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Dificuldades de acesso a Dados sobre as Empresas e Unidades de Produção cuja dimensão

envolve trabalho assalariado;

Dificuldades de serem obtidas respostas no que concerne às actividades não formalizadas.

Maioritariamente, e face aos esforços que o Município tem vindo a desenvolver para

inspeccionar e regularizar as actividades económicas locais, os focos de actividades não

formalizadas encontram-se em situação de receio face à prestação de informações para o

presente Estudo;

Impossibilidades técnicas de georreferenciar os locais produtivos, por inacessibilidade aos

satélites de referência do ODK.

Não podemos deixar de mencionar que a ruptura da Equipa de Trabalho no processo final de realização

do presente Estudo foi marcante no aperfeiçoamento de alguns dados. No entanto, sendo este um

processo dinâmico de construção, o resultado a que se chegou não compromete os objectivos iniciais

do presente Estudo de Linha de Base, pois com o esforço e envolvimento das Entidades (Plurália, FAS

e Sub-Unidade Técnica da Administração Municipal) na concertação dos constrangimentos foi possível

produzir o esperado produto final.

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4. CARACTERIZAÇÃO GERAL DO MUNICÍPIO

O Município da Bibala faz parte da Província do Namibe, estando localizado a nordeste. Definido pelas

coordenadas -14o 40’ de latitude e 13o 10’ de longitude, faz fronteira com a Província da Huíla ao longo

da Escarpa da Chela. A altitude estimada é de 697 metros acima do nível do mar.

Situado a 167 quilómetros da Cidade de Moçâmedes, Sede Provincial da Província do Namibe, dista da

Cidade do Lubango, Sede Provincial da Huíla, 49 quilómetros.

A Bibala é um Município maioritariamente Agrícola, apresentando também incidência na criação de

gado e encontrando-se na rota de transumância do Sul de Angola.

4.1. Enquadramento Geográfico

Fonte: Perfil Municipal Dinâmico da Bibala 2015

Figura 10. Mapa de divisão Comunal da Bibala

O Município tem uma área total de 7.612 km², superfície que corresponde a cerca de 13% do território

da Província do Namibe. A Bibala é limitada a Norte pelo Município de Camucuio, a Sul pelo Município

de Virei, a Este pelos Municípios de Quilengues, Cacula, Lubango e Humpata (Província da Huíla) e a

Oeste pelo Município do Namibe.

Apresenta uma distribuição administrativa estruturada em quatro Comunas: Comuna Sede, Comuna

de Lola, Comuna de Caitou e Comuna de Capangombe.

A fundação da Bibala situa-se no dia da chegada do Caminho-de-ferro, em 01 de Fevereiro de 1912,

tendo sido a sua circunscrição civil criada em 21 de Junho de 1918. A elevação a concelho data de 13

de Dezembro de 1965.

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4.2. Aspectos biofísicos

Clima

A Bibala apresenta um clima de tipo tropical, temperado médio, com duas estações do ano, sendo uma

chuvosa que vai de Outubro a Abril e outra seca de Maio a Setembro. As chuvas são irregulares e

escassas durante o ano. A região da faixa Este do Município é caracterizada por um clima Subtropical

húmido.

A classificação do clima é Aw, de acordo com

a classificação de Köppen e Geiger. A Bibala

tem uma temperatura média de 26.2 °C,

sendo a temperatura mais baixa no mês de

Agosto, com um valor médio de 21,5 °C.

A pluviosidade média anual é de 815 mm. O

mês mais seco é Junho, com 0 mm, e o mês de

maior precipitação é Março, com uma média

de 248 mm.

O Município apresenta duas zonas com algumas diferenças de comportamento climático, devido às

influências de proximidade da Escarpa da Chela, conforme se verifica na figura 12.

Fonte: Perfil Municipal Dinâmico da Bibala, 2015

Figura 12. Enquadramento climático do Município da Bibala segundo a classificação de Thornthwaite

Fonte: pt.climate-data.org

Figura 11. Gráfico climático da Bibala

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Hidrografia

A Bibala é uma região com rios intermitentes, cujos leitos secam durante os meses de estiagem. Os

principais rios do Município são: o Munhino, o Dáreia, o Caitou, o Pirangombe, o Tchapitchapi, o Lola,

o Ndukuta, o Muhnda e o Tchimbanque-Lute.

Conforme afirma Aldino Francisco, “(…) a mineralização das águas aumenta, por faixas paralelas, de

este para oeste, bruscamente nos interflúvios e gradualmente junto aos vales aluvionares dos cursos

de água: Na 1ª faixa envolvente da escarpa da Chela e que engloba as zonas de Cainde, Vila Arriaga e

Lola as águas são hipossalinas, próprias para consumo humano, rega e abeberamento de gado”

(Desafios do Desenvolvimento e do Ordenamento do Território na Província do Namibe, Dissertação

de Mestrado, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, 2013).

Na figura 13 apresenta-se a representação da Rede Hidrográfica do Município.

Fonte: Perfil Municipal Dinâmico da Bibala 2015

Figura 13. Rede Hidrográfica do Município da Bibala

Flora

O Mutuati (Colophespernum mopane) é o elemento lenhoso

largamente dominante na região. Porém, do extracto

arbustivo são bastante frequentes as acácias como a tristis,

mellifera, albida e a giraffae, as coníferas (africanas e

angolensis) e outras espécies arbóreas como a terminália

prunioide e a combretuns psidioides. Crédito de imagem: southernafricanplants.net

Figura 14. Mutuati

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A definição as Zonas Fitográficas do Município determina, conforme expresso na figura 15, a

coexistência de quatro tipologias de zona. Maioritariamente existem «matas de mutiáti». No entanto,

a frente das escarpas da Chela é preenchida por Floresta aberta, do tipo «mata de panda», debruada

com uma faixa envolvente de «matos brenhosos». No extremo sul da Comuna de Capangombe

assinala-se a presença de uma zona de estepe de arbustos de faixa subdesértica.

Fonte: Perfil Municipal Dinâmico da Bibala, 2015

Figura 15. Zonas Fitográficas do Município da Bibala

Fauna

A fauna do Município é diversificada, embora insipiente quanto a espécies maiores que marcam

presença em outros Municípios da Província. É principalmente constituída por aves, antílopes, javalis,

felinos e roedores, em quantidades não apuradas.

Relevo

O relevo do Município não se apresenta com acidentes muito elevados, sendo principalmente

constituído por sucessões de pequenas colinas e planaltos. As quotas de relevo vão-se atenuando no

sentido Sudoeste, das faldas da Serra da Chela para o vizinho Município do Namibe.

Solos

A Bibala, na sua condição geográfica de interior, possui um solo de características tipicamente

tropicais, com a presença de cambissolos, calcissolos, e também fluvissolos. Também se encontram

solos arídicos que frequentemente possuem horizonte B textural.

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Conforme se explicita na figura 16, os solos da Bibala sectorizam-se em quatro tipologias distintas,

embora próximas nas características dos solos das Comunas Sede e Lola.

A proximidade da Serra da Chela determina a presença de solos ferralíticos e paraferralíticos,

envolvidos numa extensão de solos ferralíticos tropicais. As Comunas de Caitou e Capangombe

possuem solos dominantes de tipo litossolos e terreno rochoso.

Fonte: Perfil Municipal Dinâmico da Bibala, 2015

Figura 16. Mapa dos solos da Bibala

Recursos do Solo e Sub-solo

Está identificada no Município a presença de vários

recursos minerais. De entre outros, o mármore e o

granito, assim como inertes de aplicação na

construção, são frequentes.

O clima da Bibala potencia o processo de composição

de mármore (rocha metamórfica originada de calcário

exposto a altas temperaturas e pressão). Encontram-

se identificadas jazidas de granito, variedades branco

e negro, assim como de mármore nas variedades

banco e preto.

As águas minerais são também um recurso do Município. Destacam-se as águas de mesa da Mahita e

as águas minero-medicinais das Termas da Montipa.

Crédito de imagem: Perfil Municipal Dinâmico da Bibala, 2015

Figura 17. Afloramentos rochosos do Município

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As águas da Montipa são sulfúreas, emergindo de rochas

granitoides, com pH de 8.12, a uma temperatura média

próxima dos 50 oC.

O seu caudal é de aproximadamente 1l/s e o valor TDS (Total

Dissolved Solids) é de 2,27 g/l, apresentando uma

condutividade eléctrica de 800 uS/cm2.

4.3. Educação e Saúde

Educação

De acordo com os dados da Repartição

Municipal de Educação, no ano de 2015

estiveram matriculados 13.798 alunos, dos

quais 957 no nível de Iniciação, 10.106 no

ensino primário, 1.486 no 1º ciclo do ensino

secundário e 1.249 no 2º ciclo do ensino

secundário. A maior parte dos alunos

encontravam-se nas escolas da Comuna

Sede, que reuniu 69% da população escolar.

A distribuição dos alunos pelas Comunas foi a seguinte: 1.339 alunos no Lola, 1.380 alunos no Caitou,

1.548 alunos no Capangombe e 9.531 alunos na Sede.

O Parque Escolar do Município da Bibala é constituído por 35 Escolas, sendo 26 do Ensino Primário, 7

do 1º Ciclo do Ensino Secundário e 2 do 2º Ciclo do Ensino Secundário, estas últimas situadas na

Comuna Sede.

O Sistema Escolar da Bibala dispôs, no ano de referência, de 361 Professores, dos quais 209 do ensino

primário e 160 do ensino secundário.

Encontram-se duas Escolas Profissionais a funcionar no Município. A Escola do 1º Ciclo do Capangombe

na Comuna do Capangombe, com os seguintes cursos em funcionamento: Mecânica, Agronomia,

Informática, Serralharia, Eletricidade e Alvenaria. A Escola Técnico-Profissional da Mahita, situada na

Comuna Sede, com os seguintes cursos em funcionamento: Alvenaria, Agronomia, Serralharia,

Eletricidade e Corte e Costura.

Crédito de Imagem: Perfil Municipal Dinâmico da Bibala, 2015

Figura 19. Escola do Ensino Primário das Mangueiras, Sede

Figura 18. Termas da Montipa

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A Escola de Formação de Professores (EFP) da Bibala registou, no ano de 2015, a conclusão de

formação de 170 estudantes. A formação pedagógica de nível médio destes estudantes distribuiu-se

pelas especialidades de geo-história, bioquímica, matemática, física e português.

Está projectada a instalação de um núcleo de Ensino Superior no Município, mas ainda não foi possível

concretizar este desejo, não existindo Ensino Superior na Bibala.

Foram contabilizados, no ano de 2014, 3.899 cidadãos maiores de 18 anos inscritos no âmbito dos

Programas de Alfabetização do Município. Destes, cerca de 1.500 já sabem ler e escrever, sendo a

maior incidência de frequência no género feminino. O Município contou com o esforço de 150

alfabetizadores, nos vários centros de alfabetização do Município.

Saúde

Conforme dados da Repartição Municipal de

Saúde, o Município da Bibala dispõe de 27

Unidades Sanitárias, que cobrem o território

municipal: a Comuna Sede tem 1 Hospital e 10

Postos de Saúde, a Comuna da Lola tem 3 Postos

de Saúde, a Comuna do Caitou tem 7 Postos de

Saúde e a Comuna do Capangombe tem 6 Postos

de Saúde.

O Município dispõe de 113 Funcionários ao serviço da área da Saúde. Destes, 83 são Técnicos de Saúde

30 são Administrativos.

As patologias de maior incidência foram, no ano de 2015, as DRA (doenças respiratórias agudas, com

8.870 casos), a Malária (com 8.578 casos), as DDA (doenças diarreicas agudas, com 4.871 casos) e a

Febre Tifoide (com 971 casos). Comparativamente ao ano anterior, verificou-se uma grande melhoria

dos níveis de incidência destas doenças, com a redução de casos das DRA em 12.126 casos (doenças

respiratórias agudas, com 20.996 casos em 2014), da Malária em 567 casos (com 9.145 casos em 2014),

das DDA em 11.071 casos (doenças diarreicas agudas, com 15.942 casos em 2014) e da Febre Tifoide

em 4.215 casos (com 5.186 casos em 2014). Foram rastreados, nos anos de 2014 e 2015, 45 novos

casos de HIV/SIDA.

Crédito de imagem: hunakulu.blogspot.com

Figura 20. Hospital Municipal da Bibala

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4.4. Demografia

4.4.1. Caracterização Demográfica Geral

Com a realização do Censo 2014, foi possível afinar todo o conhecimento de factos sobre as condições

da População, nas diversas categorias demográficas que foram alvo deste trabalho estruturante.

A recente publicação dos resultados definitivos do RGPH (Recenseamento Geral da População e da

Habitação) permite agora a existência de uma visão Nacional quanto aos variados indicadores

demográficos, o que facilita a interpretação de dados locais e Nacionais, assim procedimentos de

análise mais sustentados e tomadas de decisões melhor fundamentadas.

De acordo com os dados definitivos do RGPH 2014, a população em Angola, à data do

momento censitário, 16 de Maio de 2014, é de 25.789.024, com um Índice de Masculinidade Nacional

de 94, o que significa uma distribuição populacional por género de 48,47% de homens (12.499.041

pessoas de género masculino) e 51,53% de mulheres (13.289.983 pessoas de género feminino). Reside

na área urbana 63% da população e na área rural 37% da população.

Fonte: RGPH, Resultados Definitivos, 2016

Figura 21. Cartograma de população por Comuna

A Densidade Demográfica Nacional é de 20,7 (representando uma média nacional de vinte a vinte e

uma pessoas por quilómetro quadrado).

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Angola possui uma população extremamente jovem, com 65% dos Angolanos situados no intervalo de

idades dos 0 aos 24 anos. A pirâmide etária, agora apresentada, sustenta, assim, um agrupamento

populacional por grupos etários de:

o 47,2% de crianças dos 0 aos 14 anos;

o 50,3% de População Jovem e Adulta, no intervalos dos 15 aos 64 anos;

o 2,3% de população idosa, com 65 ou mais anos.

Fonte: RGPH, Resultados Definitivos, 2016

Figura 22. Pirâmide Etária da População Angolana, por sexo, em 2014

Os indicadores nacionais apontam o valor de 60,29 como a esperança média de vida em anos, sendo

ligeiramente superior nas mulheres (que apresentam uma esperança média de vida de 63 anos,

enquanto os homens apresentam uma esperança média de vida de 60,29 anos). A Taxa Bruta de

Natalidade é de 36,12 (entenda-se, segundo o RGPH, taxa bruta de natalidade como o número de

nascimentos por cada mil habitantes, por ano). A Taxa Bruta de Mortalidade é de 9,12 (entenda-se,

segundo o RGPH, taxa bruta de mortalidade como o número de mortes por cada mil habitantes, por

ano).

A Taxa de Fecundidade é de 5,7 filhos por mulher, o que, em correlação com os dados de esperança

média de vida e com as taxas de natalidade e de mortalidade resulta no apuramento de uma Taxa de

Crescimento Anual de 2,70%, na população Nacional.

O Índice de Sustentabilidade Potencial apresenta a relação entre o número de indivíduos em

idade activa (15 e 64 anos) e o número de indivíduo idoso (65 anos ou mais). Assim, este índice

determina quantos são os indivíduos potencialmente activos por cada idoso. O valor nacional do índice

de Sustentabilidade Potencial é de 21,2, apresentando uma variabilidade grande entre Meio Urbano

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(com Índice de Sustentabilidade Potencial de 32,8) e o Meio Rural (com Índice de Sustentabilidade

Potencial de 13,0).

Fonte: RGPH, Resultados Definitivos, 2016

Figura 23. Índice de Sustentabilidade Potencial, por Província, 2014

O valor apurado nacionalmente para o Alfabetismo é de 66%, representando este valor a percentagem

populacional que domina as competências básicas da leitura e escrita adquiridas numa frequência

escolar. O analfabetismo manifesta-se mais no Meio Rural do que no Meio Urbano, com cerca de 79%

de população alfabetizada no Meio Urbano e cerca de 41% de população alfabetizada no meio rural.

Por género, o valor do analfabetismo é maior nas mulheres do que nos homens, sendo que estes

apresentam um valor de 80%, emquanto que as mulheres apresentam um valor de 53% de

alfabetismo.

Como ilustrado na pirâmide etária, a franja populacional nacional que se encontra fora da classificação

de PIA (População em Idade Activa) é de 47,2%, valor percentual de crianças que se encontram na faixa

etária dos 0 aos 14 anos. Assim, é potencialmente activa, no contributo para a Economia Nacional, um

valor percentual de 52,8% da População.

Define-se População Economicamente Activa (PEA) a que tem 15 anos ou mais de idade e que em 16

de Maio de 2014 se encontrava na situação de empregada ou desempregada.

A Taxa de Actividade Nacional apurada n o momento censitário é de 53%, sendo a dos homens (61%)

superior à das Mulheres (45%). Atente-se que a Taxa de Actividade nacional exprime a relação

existente entre os valores de PEA e de PIA.

A Taxa de Emprego, calculada encontrando a razão entre a população empregada com 15 ou mais anos

de idade e o total da população com 15 ou mais anos de idade, está estimada em 40%, sendo um pouco

mais alta nos homens (46,6%) do que nas mulheres (34,1%). A Taxa de Desemprego é a razão entre o

número de desempregados e o número de PEA, estando estimado nacionalmente em 24%, com

variação desprezível entre géneros.

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No que diz respeito à distribuição populacional por Sector de Actividade Económica, maioritariamente

a População empregada desempenha a sua actividade no Sector Primário, com 42,2% de população.

O Sector Secundário é o que ocupa menos população, com 6,1% de empregados no sector, sendo que

no Sector Terciário encontram-se empregados 26,2% da população. Ao momento censitário existe um

valor percentual de 23,5% com Sectorização de emprego não declarada.

Na identificação de predominância de uma tipologia de Agricultura Familiar Nacional, encontra-se um

valor percentual de 46,3% de agregados familiares que praticam actividade agro-pecuária, sendo que

destes, 74% praticam Cerealicultura. No que concerne à actividade piscatória, apura-se um valor

percentual de 6,0% de agregados familiares que se dedicam a este ramo do Sector Primário.

O Índice de Rejuvenescimento da população activa é uma medida que relaciona a população com 20-

29 anos de idade com a população com 55-64 anos. Ao momnto censitário, este índice era de 457, o

que significa que, potencialmente, por cada 100 pessoas que saem do mercado de trabalho, entram

457, isto é, o número de pessoas a entrar no mercado de trabalho é significativamente superior ao

número de pessoas que saem.

Fonte: RGPH, Resultados Definitivos, 2016

Figura 24. Índice de Rejuvenescimento da População Activa por Província, em 2014

Existem 5.544.834 agregados familiares, ao nível Nacional, o que resulta em que, em média, cada

agregado familiar seja composto por 4,6 pessoas. Estima-se que 62% dos agregados familiares são

chefiados por homens. Um agregado familiar é o conjunto de pessoas que residem na mesma casa e

compartilham as despesas.

As habitações familiares são manifestamente de tipologia casa própria, estando identificado o valor

percentual de 76% das ocorrências de casa própria. Maioritariamente, com 92%, a habitação própria

é de tipo de construção auto-dirigida. As restantes famílias residem em casa arrendada (19%) e em

casa ocupada ou cedida (5%).

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No que diz respeito ao acesso à água, o panorama nacional determinado no RGPH de 2014 é de 44%

dos agregados familiares com acesso a fontes apropriadas de água. O conceito de fonte apropriada de

água inclui cinco indicadores: torneira ligada à rede pública, chafariz público, furo com bomba, cacimba

ou nascente protegida.

As principas fontes de energia utilizadas para cozinhar são, ao nível nacional, o gás, o carvão e a lenha.

O gás é utilizado principalmente nas zonas urbanas e a lenha principalmente nas zonas rurais.

A proporção de agregados familiares com acesso a electricidade da rede é de cerca de 32%, e destes

cerca de 51% situam-se nas zonas urbanas (apenas 3% nas zonas rurais).

O saneamento básico é garantido por 60% dos agregados familiares com estruturas ou locais próprios,

embora este valor percentual seja de apenas 26% na área rural, contra os 82% na área urbana.

Contribui para este fosso, o facto dos membros de 69% dos agregados residentes na área rural

defecarem no capim, mato, ou ar livre.

Cerca de 6 em cada 10 agregados familiares, nas áreas urbanas, depositam o lixo ao ar livre e cerca de

9 em cada 10 nas áreas rurais têm o mesmo procedimento.

4.4.2. Caracterização Geral da Demografia Municipal da Bibala

A População geral apresentada no Censo do ano de 2014 contabilizou um total populacional de 55.399

habitantes no Município, dos quais 25.850 são homens e 29.549 são mulheres. A Densidade

Demográfica apurada é de 7.2 habitantes por quilómetro quadrado.

O Município da Bibala reúne 11.7% da população da Província do Namibe. Apresenta um Índice de

Masculinidade (IM) de 87.5, o mais baixo da Província, onde o IM médio é de 93.3.

Uma aferição populacional realizada a propósito do presente estudo, no ano de 2016, resultou no

apuramento populacional de 55.116 habitantes. Nesta actualização, a distribuição da população por

Comunas apresenta-se na tabela 1.

Tabela 1. Registo populacional em 2016, por Comuna e género

Comuna Homens Mulheres População

Sede 9.887 10.031 19.918

Caitou 4.606 4.870 9.476

Capangombe 6.076 6.488 12.564

Lola 6.382 6.776 13.158

Fonte: Pré-Perfil 2016

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As tendências da distribuição populacional pelas Comunas determinam que é a Comuna Sede a que

acolhe mais população, com cerca de 36% dos munícipes. A Comuna do Caitou é a que acolhe menos

população, com cerca de 17% dos munícipes. As Comunas de Capangombe e da Lola acolhem,

respectivamente, aproximadamente 23% e 24% da População do Município.

As crianças constituem uma parte significativa da população, contabilizando-se 26.481 crianças

divididas da seguinte forma por grupo etário: dos 0 aos 4 anos, 10.470; dos 5 aos 9 anos, 8.697; dos 10

aos 14 anos, 7.314.

Encontram-se 2.290 habitantes com idades acima dos 60 anos.

Os restantes grupos etários distribuem-se da seguinte forma: dos 15 aos 19 anos, 6.093; dos 20 aos 24

anos, 4.654; dos 25 aos 29 anos, 3.323; dos 30 aos 34 anos, 3.080; dos 35 aos 39 anos, 2.611; dos 40

aos 44 anos, 2.157; dos 45 aos 49 anos, 1793; dos 50 aos 54 anos, 1.608; dos 55 aos 59 anos, 1.026.

Uma estimativa do número de agregados familiares presentes no Município, revelada no Perfil

Municipal Dinâmico de 2014, aponta para a fixação de 12.156 agregados, assim distribuídos pelas

Comunas: Sede com 4.669 agregados familiares, Capangombe com 2.692 agregados familiares, Lola

com 2.934 agregados familiares e Caitou

com 1.861 agregados familiares. Os

valores estimados estão próximos da

média nacional, que determina que os

agregados familiares são constituídos por

4,6 pessoas. No caso da Bibala, encontrou-

se um valor de 4,8 pessoas na composição

média dos agregados familiares do

Município.

4.4.3. Actividades económico-produtivas da População

A Bibala é um Município predominantemente Rural, estimando-se, e de acordo com os indicadores

apurados nacionalmente e a análise aos dados disponíveis no Pré Perfil produzido pelo presente

Estudo, que exista uma População Economicamente Activa (PEA) de 28.635 habitantes. Destes, 14.813

são Mulheres.

Figura 25. Casas Sociais do Programa Habitacional do Estado

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4.4.4. Formação Profissional

A Formação Profissional em Curso no Município é escassa, quanto à diversidade de Oferta aos Jovens

para melhorarem a sua formação para o exercício de uma profissão.

Na Comuna Sede, na Escola Técnico-Profissional

da Mahita, são ministrados Cursos Médios de

Alvenaria, Agronomia, Serralharia, Eletricidade e

Corte e Costura.

Na Comuna do Capangombe, a Escola do 1º ciclo

do Ensino Médio ministra cursos de Mecânica,

Agronomia, Informática, Serralharia, Eletricidade

e Alvenaria.

4.4.5. As particularidades Populacionais do Município da Bibala

Angola é um território rico em povos, línguas e culturas ancestrais. Pelas suas 18 Províncias,

particularmente na região Sul, abundam ainda hoje gerações pré-bantu que convivem com as

diversificadas gerações bantu. A coabitação

de povos vem de longa data. Começou

com os não negros e não bantu, entre os

quais os Khoisan (kamusekeles), seguidos

dos pré-bantu, como os Vátwa ou Kuroka. A

ocupação e predomínio dos povos bantu

veio originar a ramificação, por todo

território nacional, de povos de típicas

culturas africanas, cujos descendentes

abundam pelo Sul do país.

Os grupos pré-bantu predominam na zona

Sul, particularmente na província do

Namibe, descendentes de Vátwa ou Kuroka.

Alguns resultam da fusão entre oriundos de

várias etnias e diferentes proveniências, que

abandonaram o seu meio, sem radicação

étnica nem uma língua única, passando a

adoptar a cultura «quimbar».

Crédito de imagem: wikipedia.pt

Figura 27. Distribuição dos grupos étnicos de Angola

Figura 26. Escola Técnico-Profissional do Capangombe

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“No Município da Bibala, estes «sobreviventes» mantém os mesmos hábitos, costumes e tradições,

num verdadeiro "cocktail de ritual africano". À semelhança das demais regiões da província, coabitam,

em típicas moradias semi-primitivas (situadas em montanhas ou feitas à base de areia), descendentes

de Kwisi, Kwepe, Cuvale e Nyaneka. Pelas suas características naturais, nem sempre esta coabitação se

mostra fácil e funcional, daí muitos deles optarem pela transumância, andando dia e noite com os seus

maiores tesouros, o gado, em busca de zonas de pasto e abeberamento” (Angop, “Um centro de

culturas, povos e línguas, 27/08/2013).

A gestão da matriz cultural do Município não é simples, estado identificados matizes de conflito entre

os interesses das sociedades modernas e os objectivos das sociedades tipicamente tradicionais.

A invasão dos quimbos por criadores de gado é, entre outros exemplos, um foco potencial de conflito,

pois as necessidades de terrenos de pastorícia não se compatibilizam, a miúde, com as características

da agricultura dos moradores desse quimbo.

Existem manadas e rebanhos muito grandes no Município, compreendendo várias centenas de

cabeças, com grandes necessidades de espaço de pasto e água. Estas necessidades são, assim, zonas

conflituais.

O Município é rico em culturas, povos e línguas. Aqui habitam povos de várias matrizes e opções

culturais, mas são os Cuvale (Mucubais) e os Nyaneka

Nkhumbi (Mumilas), aqueles que mais facilmente

se aproximam das cidades.

Há povos de origem pré-banto, cujas primeiras

gerações habitam o país desde o paleolítico, sobretudo

os Ova – Kwandu (Kwisi) que a par dos Ova-Kwepe ou

Kwepe ramificam do grupo étnico Vátwa ou Kuroka. De

acordo com pesquisas, estes povos Kwisi e Kwepe

habitam até hoje a faixa semi – desértica do Deserto do

Namibe, entre o mar e a Serra da Chela. Coabitam na

região, sem grandes problemas, os Kwissis, Nyaneka

Nkhumbe, Cuvales e os Ndenguelengos, todos povos de

características singulares que despertam atenção a

turistas e pesquisadores. São povos bantu e pré-bantu,

como os Kwissis, que habitam a região do Namibe em

quase toda a extensão da Província. Crédito de imagem: Perfil Municipal Dinâmico 2014

Figura 28. Rapazes Mucubal na Montipa

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A forte predominância da etnia Nyaneka-Khumbi embebe o território de práticas agrícolas e

pastorícias, pois são essencialmente pastores de gado e agricultores. Tal como todos os outros grupos

principais, consistem em diferentes subgrupos, incluindo os Ngambwe (também Ovangambwe) que

são os principais habitantes da bacia inferior, no Baixo Cunene, a par dos Himba e Zemba.

Os Nyanekas Nkhumbe também habitam quase na mesma cordilheira dos Cuvale. Com os conflitos,

fez-se mover muita população do município de Quilenges, que também é um grupo dos Nyaneka

(quilenguemusso). Habitam praticamente a região da Lola, Camucuio e Bibala, tendo migrado para

esta zona na altura do conflito, sendo actualmente habitantes regulares da Bibala.

Já os Ndenguelengos são um povo quase desconhecido para a maior parte dos visitantes. São

controlados pelas autoridades locais, que procuram traze-los à globalização, sem «ferir» a matriz

tradicional da sua cultura, os seus hábitos e costumes. Vivem num habitat praticamente típico, em

montanhas que se leva quase um dia a subir e descer. Habitam maioritariamente na montanha do

Nguendelengo.

Os Kwisi são outra marca da diversidade étnica do município da Bibala e da província do Namibe em

geral. Este povo é, a par dos Kwepe, pré-banto. Deriva do grupo étnico Vátwa. As primeiras gerações

de Kwisi identificava-se com os Hotentote, um sub-grupo étnico dos Khoisan. Diz a história, que terão

sido assimilados pelos Ovakuvale, de quem adoptaram a língua, a circuncisão e as cerimónias para a

puberdade feminina. O regime familiar assenta na poligamia moderada, ao contrário dos Kwepe. Na

origem um povo caçador, são criadores de gado bovino, mas também experimentam a agricultura. São

um povo simples e quase alheio à cultura ocidental ou globalização. Há Kwissis que ainda fogem do

mundo moderno, de viaturas ou pessoas com vestimenta moderna.

Os Kuvale, o povo que mais se encontra integrado na dinâmica do Município, habita na cordilheira da

Serra da Chela, fundamentalmente a Sul do Município da Bibala, Norte de Virei, e Sul de Quilenges.

Existem ainda outros povos Umbundos, Nganguelas e de outras regiões (Fonte: Declarações de

António Pedro Musungo, Administrador Municipal da Bibala em 2013, em declarações à Angop).

Os pastores kuvales encontram-se dispersos em praticamente toda a extensão da SubRegião Árida mas

regista-se maior concentração no centro-leste da província do Namibe. Na faixa leste, ao longo das

faldas da cadeia de montanhas da Chela, encontram-se populações mais sedentarizadas do grupo

etno-linguístico Nyanekas, principalmente os Mumuilas. A pastorícia extensiva é a actividade

económica dominante. Em praticamente toda a extensão da área de estudo, o sistema tem uma feição

silvopastoril, na medida em que arbustos e árvores contribuem decisivamente para a alimentação dos

animais. Nas condições ecológicas mais favoráveis à agricultura de sequeiro, os Nyanekas

cultivam cereais, como milho-miúdo, massambala, massango, feijões e cucurbitáceas.

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O gado bovino representa uma actividade

de importância decisiva para a

subsistência da população Kuvale, tendo

em conta a grandeza do seu efectivo, a

sua distribuição espacial, a mobilidade e

a grande dimensão do nicho ecológico

em que se insere. Os bovinos mucubais

são diferentes das outras raças do sul de

Angola, recebendo a designação de “Raça

Mucubal”, que pertence ao grande grupo

dos bovinos do tipo Sanga da África

Austral. A diferença diz respeito à sua conformação, pelagem e qualidade zootécnica: cornos longos

com bossa mais ou menos desenvolvida provavelmente derivada das raças Afrikander, maior

corpulência (peso vivo médio: machos 500 kg e fêmeas mais de 300 kg), pelagem avermelhada ou

amarelada. A diferenciação destas características decorre de um processo de selecção ao longo dos

tempos e corresponde a uma adaptação ao meio.

“A zona em referência é uma zona de pastos doces, que suportam uma baixa carga bovina por hectare;

esses pastos caracterizam-se ainda pela abundância de arbustos comestíveis e espinhosos. Nas zonas

de pastos doces há tendência para pastoreio contínuo, o que leva frequentemente à exaustão dos

recursos pascigosos. Não há tradição de aprovisionamento de fenos por parte das populações nativas

e como medida de prevenção das secas, em alguns casos, são reservadas áreas para esse fim. A

escassez de pastos e a indisponibilidade de água para o abeberamento do gado, durante uma parte do

ano ou por períodos mais longos, leva a que os criadores de gado (quase exclusivamente os Kuvales)

se desloquem com as suas manadas em transumância”. (Fonte: Avaliação das Terras de Pastoreio

Extensivo na Província do Namibe, Professor Doutor Joaquim César)

Estima-se que a população Mucubal esteja

próxima das 10.000 pessoas. O sistema de

pastoreio em transumância abrange áreas com

condições ecológicas variáveis que vão desde o

nível do mar até ao “planalto antigo”, a cerca

2000 m de altitude, vencendo em anos de

extrema secura o desnível de mais de 1000 m,

nas modalidades mais amplas da

transumância.

Figura 29. Bois de raça «mucubal»

Crédito de imagem: Adalberto Gourgel

Figura 30. Mulher e criança Mucubal

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As movimentações do gado em transumância na província do Namibe no espaço e no tempo são

conhecidas: de Maio a Setembro todo o gado Kuvale converge para as áreas de «mutiáti» de porte

baixo (“transumância pulsatória”); os movimentos podem alargar-se a partir de Julho a Novembro até

à Escarpa da Chela (“transumância horizontal”); nos anos de seca prolongada, as manadas são forçadas

a subir a escarpa e alcançarem as terras do planalto interior (“transumância vertical”). A sociedade

Kuvale está firmemente estruturada com base na endogamia grupal, segmentarismo, parentesco e

reciprocidade, e é funcionalmente resistente às incidências externas, por exemplo a escolaridade. Os

pastores Kuvale possuem uma elevada capacidade de gestão das suas manadas e o gado está bem

adaptado às condições de aridez, onde a produção de cereais é insignificante para suprir as

necessidades alimentares; por isso, o maior problema desse povo é a segurança alimentar, dado

estarem dependentes do abastecimento exterior de cereais.

“Nos últimos tempos têm-se revelado sinais de perturbações internas no quadro institucional da

transumância, o qual cultural e socialmente assenta em valores como a endogamia, a mobilidade, a

flexibilidade, o parentesco, a reciprocidade e a solidariedade. A alterarem-se esses pilares, o sistema

poder-se-á desmoronar, como consequência dos seus próprios excessos, através da sobrevalorização

dos seus próprios argumentos: multas avultadas (feitiçaria, adultério, divórcio, agressões, devolução

de multas por adultério nampingo’s), insignificância e desinteresse pela actividade agrícola, razias,

desvios de gado (kwholela), consumo de álcool, o mais generalizado aliciante do exterior para os

Kuvale. Os kuvale vagueiam em mais de metade do território e, além disso, recorrem às terras dos

povos vizinhos (Nyanekas e Tyilenges) que praticam o agropastoralismo (Santos & Zacarias, 2010). Os

centros urbanos do Namibe e do Lubango que registaram

elevada concentração de população, devido aos conflitos

militares do passado, continuam a crescer e, por

conseguinte, a aumentar a pressão sobre as terras e os

corredores de transumância. Embora os terrenos

comunitários e os corredores de transumância estejam

protegidos pela legislação (Lei das Terras – Lei 09/04 e

Regulamento da Lei das Terras – Decreto 58/09),

actualmente os instrumentos para a sua implementação

são ainda muito débeis” (Fonte: Avaliação das Terras de

Pastoreio Extensivo na Província do Namibe, Professor

Doutor Joaquim César).

No âmbito da Convenção Intergovernamental sobre as

Alterações Climáticas (UNFCCC), foi elaborado o Programa

Crédito de Imagem: Perfil Municipal Dinâmico 2014

Figura 31. Mãe lava filho na Montipa

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de Acção Nacional para Adaptação (PANA), no âmbito da Rede da Convenção das Nações Unidas para

as Alterações Climáticas, para gizar um instrumento para desenvolver respostas imediatas e

adequadas aos desafios que o país enfrenta na adaptação às alterações climáticas. No

Sudoeste de Angola as alterações climáticas previstas afectarão a principal actividade sócio-económica

– criação de gado e pecuária – através da escassez estacional e baixa qualidade dos alimentos, da

diminuição das áreas de pastagem e do acesso à água, da degradação das terras, da variabilidade

climática e da incidência de secas. No futuro próximo as acções deverão ser concentradas na mitigação

dos efeitos dos eventos extremos, particularmente as secas no caso do Sudoeste de Angola, que

tendem a ocorrer com mais frequência.

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4.5. Aspectos institucionais

As estratégias de desenvolvimento

do sector económico no Município

têm vindo a desenvolver-se a partir

de acções conjugadas de apoio e

fiscalização, no sentido de ser

melhorado o perfil de

funcionamento das actividades. O

exercício da actividade comercial, a

distribuição da produção até ao

consumidor, a informação para a protecção dos interesses económicos, são zonas de desenvolvimento

para os próximos anos, na convicção de que a melhoria do circuito da actividade comercial representa

uma mais-valia local e nacional.

O “Plano de Desenvolvimento Económico e Social da Província do Namibe para o Período 2013-2017”,

formulado em 2013, preconizou quatro eixos de desenvolvimento para a Província que importa agora

vincular:

1. “Especialização produtiva:

a. Desenvolver as funções portuárias do Namibe para o sul de Angola e Norte da

Namíbia

b. Desenvolver uma forte indústria piscatória e de transformação do pescado no

Tômbwa

c. Desenvolver a indústria de mármore e de gesso

d. Instalar/ explorar o gás e desenvolver a primeira transformação do ferro

e. Desenvolver as culturas agrícolas de características mediterrânicas e subtropicais

f. Valorizar a pecuária

2. Explorar as enormes potencialidades turísticas

3. Aumento da capacidade energética e volume de água na Província

4. Desenvolver um programa de combate à desertificação”

A mesma fonte documental determina que a estratégia de desenvolvimento endógeno a implementar

na Província do Namibe deve ser perspectivada tendo em conta sete aspectos, agora sistematizados:

i. “Gestão responsável pelos recursos naturais, tendo em conta que a Província do Namibe

dispõe de recursos naturais que podem contribuir para o desenvolvimento de três sectores

económicos: agro-pecuária, pescas e turismo. Estão identificadas áreas de grande

Figura 32. Direcção Municipal do Registo Civil e Notariado da Bibala

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susceptibilidade ecológica ou de protecção estabelecidas (Parque Nacional do Iona e Reserva

Parcial do Namibe) e a estabelecer (Escarpa da Chela, Orla Costeira do Namibe, Serra da Neve,

Morro Maluco) cuja utilização deve ser alvo de práticas sustentáveis em actividades em

expansão como seja o caso do turismo. (…) No que diz respeito à agro-pecuária, o esgotamento

das pastagens e dos solos, pode levar à redução da capacidade de produção, inviabilizando-se

qualquer projecto de investimento concebido na fileira da agro-indústria.”

ii. “Criação de Capital Humano, (…) essencial para o reforço da capacidade competitiva da

Província. As regiões que investiram na formação da população ganharam não só em termos

de investimento externo em ramos tecnologicamente avançados e em nichos de inovação

especializados, como também no fomento de acções de empreendedorismo local que

possibilitaram a estruturação de uma rede de pequenas e médias empresas com impactos

notáveis a médio e longo prazo.”

iii. “Desenvolvimento da rede de Centros Urbanos enquanto polos de desenvolvimento,

entendendo que as cidades desempenham um papel determinante na descentralização de

serviços e funções, bem como na geração de emprego e serviços.”

iv. “Criação de condições para o desenvolvimento de novos sectores económicos, através da

criação de condições de base à atracção de capital produtivo. Desta forma iniciativas como a

criação de parques industriais e programas de investimento produtivo assumem um cariz

determinante no desenvolvimento de novos sectores económicos. Para além do turismo

associado às potencialidades naturais e culturais evidentes, a Província do Namibe detém

excelentes condições para o fomento de actividades logísticas (enquanto principal plataforma

na região Sul) e industriais de suporte e de criação de valor nas cadeias produtivas.”

v. “Criação de condições para a modernização sectorial de sectores tradicionais, atendendo a

que estes (agro-pecuária e pescas) assistiram a uma estagnação produtiva resultante da falta

de investimento e abandono a que estiveram sujeitos. A degradação do tecido produtivo gera

deseconomias de escala e de valor elevadas que não facilitam a reactivação da produção e a

criação de emprego.”

vi. “Modernização Administrativa como forma de promover o acesso à cidadania e integração

social, que constitui um passo para a melhoria dos serviços públicos e do acesso que a

população possa ter em relação à integração na sociedade e nos mercados.”

vii. “Infra-estruturação do território, com modelos de gestão que possibilitem a manutenção e

operacionalidade das infra-estruturas.”

(Fonte: Plano de Desenvolvimento Económico e Social da Província do Namibe para o Período 2013-2017)

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A par com o desenvolvimento

genericamente preconizado para a

Província do Namibe, a implementação

das Medidas preconizadas pelo PMIDCP

(Programa Integral de Desenvolvimento

Rural e Combate à Fome e à Pobreza)

tem vindo a promover algum equilíbrio

nas fragilidades identificadas.

No âmbito do desenvolvimento do PMIDCP, a proposta para orçamentação no ano de 2016 foi de um

valor total de 479.506.325,00 akz, distribuídos oito sub-programas fundamentais: Cuidados Primários

de Saúde (191.520.000 akz), Programa «água para todos» (40.000.000 akz), Merenda Escolar

(40.000.000 akz), Construção de Infraestruturas do Micro-Fomento (7.003.760 akz), Mobilização Social

«Cidades Limpas» (37.000.000 akz), Operacionalização das Infraestruturas (9.553.400 akz),

Operacionalização do Escoamento da Produção – PAPAGRO (28.120.000 akz), Construção de

Infraestruturas Sociais (126.309.165 akz) (Fonte: Administração Municipal da Bibala).

4.6. Aspectos gerais da situação sócio económica

No Município da Bibala o Sistema Económico e Produtivo tem como principais sectores de

desenvolvimento a Agricultura e a Pecuária, sendo ainda incipientes os contributos da Indústria e do

Comércio.

Água

O Município possui um nível regular de abastecimento de água potável.

A distribuição de água no Município da Bibala agrega

diversos sistemas para que a água potável chegue às

populações. Contabilizam-se 25% das casas do

Município com água canalizada e cerca de 50% das

habitações abastecidas a partir de furos com bombas

manuais que se encontram distribuídos pelas

diversas povoações.

A restante população procura alternativas de abastecimento nos rios e cacimbas.

Figura 33. Gado a pastar

Crédito de imagem: Perfil Municipal Dinâmico 2014

Figura 34. Furo artesiano com bomba manual

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O Município possui uma captação de água sobre a nascente, constituída por bomba e tanque de

acumulação e de tratamento de água, situado aproximadamente a 2 quilómetros da

nascente, com curso permanente e fornecimento de cerca de 150.000 litros por hora.

No âmbito do Programa «Água para Todos» foram já construídos sistemas de abastecimento de água

nas quatro Sedes Comunais, que garantem

um fornecimento contínuo de 24/24 horas.

Nas localidades mais recônditas foram

efectuados furos compostos de pequenos

sistemas simples do ponto de vista de

operacionalidade, num total de 55 furos

artesianos distribuídos em quase toda

extensão do Município, sendo 30 com

painéis solares e 25 com bombas manuais.

Em cada sede comunal existem pequenos

sistemas de abastecimento de água onde uma moto-bomba acumula água no reservatório e

aproveitando a gravidade faz-se a distribuição à população adjacente. Estes sistemas funcionam em

dois períodos diários, manhã e tarde. Nas povoações existem sondas a volante e solares. As sondas a

volante encontram-se funcionais 24h por dia, sendo que as solares funcionam de manhã e de tarde.

Estes sistemas abrangem, na Comuna da Lola, 3.600 habitantes, na Comuna do Caitou, 4.500

habitantes e na Comuna do Capangombe, 4.019 habitantes.

Energia

A Sede do Município é abastecida pela rede eléctrica da centralidade do Lubango e pela barragem

hidroeléctrica da Matala, sendo complementada por grupos de geradores.

A corrente eléctrica da Rede Pública apresenta-se degradada, necessitando de uma reabilitação e

ampliação, tendo em conta a expansão da cidade. A lenha e o carvão são os recursos energéticos mais

usados pela população.

A Sede do Município possui energia eléctrica a funcionar 24/24 horas a 85%, uma vez que é abastecida

através da rede geral da Matala e do Lubango. Na ausência deste fornecimento utiliza-se gerador

Municipal ou geradores particulares. Cada Comuna possui o seu grupo de geradores que garantem a

iluminação pública nas sedes comunais.

Crédito de imagem: Perfil Municipal Dinâmico 2014

Figura 35. Chafariz público com painel solar

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O fornecimento de energia ao Município é realizado a

partir de um posto de seccionamento Instalado na

Humpata, através de um Ramal de 15kv Proveniente

da Central Hídrica da Matala.

As Sedes Comunais são beneficiadas de energia vinda

de um gerador da Administração local, que faz

distribuição à população adjacente num único período

(noite).

A população abrangida pela distribuição energética

regular é de: 578 habitantes na Comuna Sede, 39

habitantes na Comuna da Lola, 47 habitantes na

Comuna do Caitou e 27 habitantes na Comuna do

Capangombe.

Saneamento básico

O saneamento básico do meio é regular, apesar de se registarem ainda alguns focos de lixo em certas

artérias dos centros urbanos, normalmente produzidos por pessoas pouco sensibilizadas.

Na zona urbana, existe recolha de lixo e resíduos sólidos, realizada através do uso de um tractor

pertencente à Administração Municipal. Nas Comunas do Caitou, da Lola e do Capangombe o lixo é

recolhido de modo tradicional nas povoações, pela utilização de carrinhos de mão, e deitado ao ar livre

em locais determinados.

Existe a cultura do uso de latrinas em certas aldeias e bairros, enquanto em outros ainda não se faz

sentir.

O Município carece ainda de um sistema de esgotos e de escoamento das águas utilizadas. Não existe

tratamento de resíduos sólidos nem tão pouco líquidos por parte da população. As águas fluviais

escorrem em valas de drenagem que reclamam reabilitação, o que provoca o aparecimento de ravinas

em alguns locais.

Na Comuna Sede existe uma equipa mantida, por contrato a termo certo, pela Administração local,

que cuida da limpeza e manutenção das vias públicas.

Em épocas lectivas, com o auxílio das Escolas através do lançamento de campanhas, procede-se

frequentemente ao arranjo dos espaços públicos nas Sedes Comunais.

Crédito de imagem: Perfil Municipal Dinâmico 2014

Figura 36. Grupo gerador da Sede Municipal

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Acesso às Comunicações

O Município dispõe de uma rede de telefone móvel, Unitel, que apresenta um raio de acção de cerca

de 15 quilómetros, dando cobertura às Sedes Comunais. A Administração Municipal conta com os

serviços do sistema interno de telecomunicações VSAT / INATEL.

Na Bibala existe um Centro de Produção Radiofónica apetrechado com

material de última geração, cujo funcionamento é assegurado por seis

técnicos, embora ainda não seja possível proceder-se às emissões.

A ANGOP tem um correspondente na Sede do Município, responsável pela

produção de diversas notas informativas, a serem transmitidas pela Rádio

Nacional de Angola para todo o país. O Município possui um emissor

profissional da TPA, e emissores semiprofissionais nas sedes das Comunas,

embora a emissão não atinja alguns pontos mais recôndidos das Comunas.

O sinal da RNA é também bom na Sede Municipal.

Não está disponível sinal de internet no Município, sendo que os sinais de televisão e rádio não

alcançam o território municipal fora das Sedes Comunais.

Vias de acesso

O Município possui uma rede viária principal, que liga a Bibala à Cidade de Moçâmedes e à Cidade do

Lubango, as duas Sedes Provinciais mais próximas. A Estrada AN280 é uma via estruturante que se

encontra em bom estado e facilita o acesso à Sede da Província do Namibe.

As obras de pavimentação da via de ligação da Bibala ao Lubango, com cerca de 50 quilómetros, foram

recentemente terminadas, oferecendo condições muito boas de circulação.

A pavimentação das vias estruturantes permite maior circulação de pessoas e bens, factor de

relevância no desenvolvimento do Município.

Maioritariamente, a circulação entre a Sede e as Sedes

Comunais necessita de intervenções de melhoria.

Muitas ligações entre aldeias são realizadas por

picadas e caminhos de terra batida que comprometem

uma circulação ágil. O Plano de Desenvolvimento do

Município prevê a reabilitação destas ligações,

melhorando a circulação dos munícipes. Figura 38. Acesso à Montipa, estrada de terra batida

Figura 37. Antena UNITEL

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As ligações Bibala a Camucuio e da Bibala a Lola estão a ser reabilitadas, tendo já sido terraplanada

uma boa parte dos cerca de 200 quilómetros previstos. Esta empreitada compreende a criação de

valetas para o escoamento das águas pluviais, colocação de bases e sub-base, tapete asfáltico e

sinalização, bem como a edificação de pontes e pontecos ao longo das vias.

A ponte da Feira encontra-se em processo de reabilitação e a ponte da Peça-Mutipa em construção.

Acessibilidades

Os transportes públicos são escassos, maioritariamente garantidos por serviços privados, estando

identificadas 2 empresas privadas de transporte de passageiros: a Tucotuco, a Betacap e a ACP

Comercial. Existem transportes que operam informalmente (moto-táxis e táxis colectivos) na

circulação de mercadorias e passageiros.

O Município possui ligação rodoviária por autocarros privados de transporte intermunicipal na ligação

entre a Bibala e o Namibe. Os serviços privados de Táxis fazem ligação ao Namibe e ao Lubango. As

rotas intramunicipais são feitas maioritariamente pelas motorizadas.

O Município é atravessado pelo Caminho-de-Ferro de Moçâmedes (CFM) que, partindo do Namibe e

alcançando a Cidade do Menongue, possui

uma extensão de 907 quilómetros e conta com

56 Estações. Estão disponíveis sete

locomotivas, 87 vagões de transporte de

cargas diversas e 60 carruagens de várias

classes para passageiros. Neste percurso, a

linha férrea passa pela Bibala, pelo Lubango e

pela Matala, troço este com um potencial

económico elevado face ao volume de

mercadorias e pessoas que nele circulam.

Os transportes para a Sede Provincial têm custos diferenciados, dependendo da empresa e Comuna

de saída: da Bibala a Moçâmedes a Tucotuco cobra 1.200 akz por passageiro, empresa que também

opera de Capangombe, onde o custo da viagem entre Munhino e Moçâmedes é de 1.000 akz. De Caitou

à Sede da Província, a ACP Comercial cobra 2.200 akz por passageiro. Da sede da Lola, os transportes

são agendados com privados que operam fora do sistema formal, cobrando 3.200 akz por passageiro

no destino para Moçâmedes. O preço de transporte terrestre para Luanda é de 13.000 akz por

passageiro.

Figura 39. Estação da Bibala, CFM

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O bilhete de transporte ferroviário da Bibala a Moçâmedes tem o valor de 1.200 akz e a possibilidade

de viajar para a Capital Nacional desde a Bibala tem, a partir do aeroporto do Namibe, um custo

referencial de 33.000 akz.

4.7. Área Económica

O sistema económico-produtivo do Município da Bibala sustenta-se na agricultura familiar, assumida

como actividade económica dominante, complementada com a criação de gado.

No entanto, outros sectores assumem alguma importância na Economia Local, como é o caso do

Comércio e dos Serviços Públicos. Neste segundo caso, entenda-se o âmbito da Função Pública como

maior empregador no Município.

A partir das informações conjugadas dos diversos sectores da Administração Municipal, foi possível

apurar a situação, face à situação de empregabilidade, de uma parte da população das Comunas Sede

e do Capangombe, que se apresenta na tabela 2 e que requer futuro complemento.

Tabela 2. Situação da população face à empregabilidade

Trabalhadores por

conta própria Trabalhadores por conta de outrem

Desempregados

Sede

Mulheres 352 345 5.930

Homens 319 1.255 4.603

Total 671 1.600 10.533

(Total populacional = 19.918)

Capangombe

Mulheres 3.897 65 - - -

Homens 2.691 57 - - -

Total 6.588 122 - - -

(Total populacional = 12.564) Fonte: Dados cruzados das Repartições da Administração Municipal

Crédito de imagem: ANGOP TV

Figura 40. Práticas agrícolas no Município

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A saber-se, são 10 os Sub-Sectores com expressão no Município. Explicitam-se, na tabela 3, os Sectores

e Sub-Sectores que compõem o sistema da Economia Local do Município da Bibala.

Tabela 3. Especificação dos Sectores e Sub-Sectores presentes no Município

Sector Sub-Sector

Primário

Agro-pecuária

Extracção Florestal

Extracção Mineira

Secundário Indústria

Transformação Artesanal

Terciário

Comércio

Serviços Estatais

Turismo

Actividades Não Formais Comércio Informal

Serviços Informais de Transporte

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5. DESCRIÇÃO DOS SECTORES ECONÓMICOS/PRODUTIVOS

5.1. Sector Primário

O Sector Primário no Município da Bibala é estruturante nas dinâmicas económico-produtivas das

comunidades.

As actividades agrícolas e pecuárias são maioritariamente de tipo familiar, assistindo-se a uma

agricultura de subsistência complementada pela criação de algumas espécies animais. A criação de

gado é também uma actividade de muito impacto económico-produtivo no Município.

A pesca não existe no Município e a extracção florestal tem apenas expressão na acção dos carveiros.

A extracção mineral apresenta pouco desenvolvimento.

As características sócio-climáticas locais preconizam a influência, no Município, de dois fenómenos

determinantes na região, que importa assinalar: a estiagem e a transumância.

Estiagem

Entenda-se a estiagem como um fenómeno de seca continuada, de ausência de chuvas com

implicações nas dinâmicas sociais e produtivas locais. São vários os autores (por exemplo, Sansigolo,

2004) que determinam quatro definições de seca, baseando-as em considerações meteorológicas,

hidrológicas, agrícolas, e económicas, identificando-se como ponto comum o facto de terem origem

num déficit de precipitação que resulta em uma baixa disponibilidade hídrica, para a actividade que a

requer: seca meteorológica, que se refere à precipitação abaixo das normais esperadas para a época;

secas hidrológicas e agrícolas, que se referem, respectivamente, a níveis de rios e reservatórios abaixo

do normal e a uma humidade do solo insuficiente para suprir a demanda das plantas; seca económica,

que ocorre quando o déficit de água induz a falta de bens ou serviços (energia elétrica, alimentos e

etc) devido ao volume inadequado, à má

distribuição das chuvas, ao aumento no consumo,

ou ainda à má gestão dos recursos hídricos.

O índice de Severidade de Seca de Palmer (Palmer,

1965) é um dos índices mundialmente mais

reconhecidos para a quantificação da seca. Para o

autor, o total de precipitação requerida para

manter uma área num determinado período sob Imagem de referência: angolabelazebelo.com

Figura 41. Terras em estiagem

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condições de economia estável é dependente da média dos elementos meteorológicos, das condições

meteorológicas dos meses precedentes e do mês actual para a área em questão.

O método para a estimativa da precipitação requerida (CAFEC) baseia-se nas médias históricas de

evapotranspiração, recarga de água no solo, runoff e perda de humidade do solo.

Transumância

A transumância corresponde ao movimento sazonal de pessoas com os seus animais (rebanhos /

manadas), de um para outro ponto geográfico, normalmente entre dois regimes de clima e recursos

diferenciados. O termo é originário do latim, combinando as palavras «trans» (que significa além, ou

através) e «húmus» (equivalente a solo, terreno, pastagem). A fragilidade ecológica reconhecida na

Região Sul e Sueste de Angola (Namibe, Huíla e Cunene) produz impacto nas populações cuja principal

fonte de economia é a criação de gado (bovino, caprino e ovino), que conforma o estatuto social, o

poder e o status dos proprietários nestas sociedades (Fonte: Relatório Social de Angola, Universidade

Católica de Angola, 2014).

“A actividade de criação de gado possui um imperativo essencial que é o espaço vital para o maneio e

mobilidade. A prática da transumância é tradicional no maneio do gado, encaminhando e distribuindo

as suas manadas, no período da seca, pelas áreas melhor providas de recursos aquíferos e pascigosos.

Em face dos condicionalismos climáticos, no que se refere sobretudo à escassez de chuva e à sua

irregularidade, a agricultura de sequeiro é quase marginal, limitando-se à exploração de pequenos

espaços de terreno nas vizinhanças das habitações, com base na cultura de cereais menos exigentes

em umidade, como a massambala e o massango (…) A actividade pastoril subordina-se exclusivamente

às condições do meio, com aproveitamento dos pastos naturais, que se fundamentam na cobertura de

gramíneas muito ricas de espécies, e na folhagem e frutos de alguns arbustos ou árvores.

As transumâncias ocorrem normalmente nos meses de Junho e o retorno de procedência às zonas de

origem nos meses de Dezembro. Os critérios

da transumância são a procura de pastos e

água, mas também dos maquelos para o

gado (solos arenosos), da manutenção e

reprodução do gado, de protecção e

equilíbrio ambiental e de critérios

socioculturais” (Fonte: Relatório Social de

Angola, Universidade Católica de Angola,

2014, pgs 177 e 178). Imagem de referência: ANGOP TV

Figura 42.Transumância

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5.1.1. Sub-Sector Agro-pecuário

A agricultura do Município da Bibala ocorre primordialmente num regime extensivo de sequeiros, que

é necessariamente mais intenso no uso do factor terra. A irregularidade e escassez das precipitações

promove a exploração agrícola com base em culturas resistente à seca, destacando-se a massambala

(Sorghum) e o massango (Pennisetum) como cultura de excelência na região. De realçar que, de acordo

com fontes diversas nacionais, o Município da Bibala é um dos maiores produtores de milho,

massambala e massango do país.

Na campanha de 2015/2016, e de acordo

com dados apurados na Repartição

Municipal da Agricultura, foram

produzidas 6.218 toneladas de cereais e

tubérculos no âmbito do Programa de

Apoio Directo às Famílias Camponesas. O

Programa teve o envolvimento de 289

Famílias, tendo os maiores valores de

produção sido obtidos na Comuna da Lola.

Foram preparados 3.357 hectares de terreno, o que implica o apuramento de um indicador médio de

rentabilidade das terras de 1,85 ton/ha/ano.

No âmbito do presente Estudo, foram auscultados 36 agricultores sobre a incidência das suas

produções ao longo do ano, tendo sido possível apurar a ordenação de culturas agora apresentada:

Tabela 4. Culturas mais frequentes

Bairro 1º 2º 3º 4º 5º

Matuco Milho Massango Girassol Massambala Ginguba

Comercial Bibala

Limão - - - - - - - - - - - -

Mutipa Cana-de-açúcar Couve

Tronchuda Milho Cebola Feijão

Quilemba Velha

Tomate Couve

Tronchuda Milho Mandioca Feijão

Tatahila Milho Massango Massambala Girassol Ginguba

Mungundue Massambala Milho Massango Feijão Feijão-frade

Fonte: Pré Perfil 2016

Crédito de imagem: novojornal.co.ao

Figura 43. Massambala (Sorgo) - Imagem de referência

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Estas culturas são determinantes na vida produtiva das populações do Município, sendo a sua maior

fonte de sustento. Os valores de produção variam muito, de unidade para unidade produtiva, tendo

sido possível apurar o valor comercial mínimo e máximo de venda destes produtos.

Tabela 5. Valores de venda dos produtos mais frequentemente cultivados

Produto Produção (kg) Valor mínimo

(akz) Valor máximo

(akz)

Valor mais frequente

(akz)

Milho 1.360 50 150 100

Massango 1.110 80 50 80

Girassol 430 150 50 150

Massambala 1.000 50 250 150

Ginguba 180 250 500 250

Tomate 900 100 100 100

Limão 9.000 350 350 350

Couve 1.000 100 100 100

Mandioca 50 200 200 200

Feijão 300 250 300 250

Feijão-frade 250 150 150 150

Cana-de-açúcar 28.000 (unidades) - - - - - - - - -

Fonte: Pré Perfil 2016

A cana-de-açúcar foi contabilizada à unidade, tendo-se apurado que foram cortadas cerca de 28.000

canas, que foram comercializadas ao valor de 900 akz o molho.

Os Polos Agrícolas do Município, organizados por Comuna, associam alguns Camponeses para

rentabilizar os insumos e as trocas de produções.

Tabela 6. Número de produtores organizados nos Polos Agrícolas

Polos Agrícolas do sector produtivo primário

Nº de produtores associados por organização

Polo Agrícola do Caitou 41

Polo Agrícola do Capangombe 24

Polo Agrícola da Bibala Sede 12

Polo Agrícola do Caitou 17

Fonte: Pré Perfil 2016

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No que concerne a outros mecanismos de cooperativismo ou associativismo, o Perfil Municipal

Dinâmico de 2014 indica que o Município controlava, à data, 107 Associações de Camponeses com

10.307 associados e 3 Cooperativas com 1.479 cooperativistas, controlados pelas entidades

reguladoras e apoiantes do Sector: a Repartição Municipal da Agricultura, a Estação de

Desenvolvimento Agrário (EDA) e a UNACA. A EDA tem desempenhado um papel fundamental no

apoio aos Camponeses, fazendo distribuição atempada de sementes às populações, enquanto a

missão da UNACA tem sido legalizar, controlar e monitorar as actividades camponesas.

Foram implementados recentemente três polos agrícolas, ocupando um total de 5.400 hectares de

terreno, sobre os quais não foi ainda possível sistematizar dados de culturas: Polo da Camucua/Lola

com 2.000 Hectares, Polo do Tchapi-Tchapi/Caitou com 1.700 Hectares, Polo do

Mungondué/Quilemba Velha com 1.700 Hectares.

No sentido de melhor se compreender a dinâmica de produção do Município, foi possível traçar, a

partir da análise cruzada aos múltiplos dados recolhidos, a tabela de rentabilidade na Campanha de

2015/2016 dos produtos mais frequentemente cultivados em cada Comuna, que agora se apresenta.

Tabela 7. Culturas mais frequentes (em toneladas)

SEDE LOLA CAITOU CAPANGOMBE

Tipo de Agricultura

Familiar Associação Familiar Associação Familiar Associação Familiar Associação

Milho 30 90 55 165 40 120 30 90

Massango 25 75 45 135 25 75 - - - - - -

Massambala 45 135 65 195 35 105 - - - - - -

Cebola - - - - - - 1.35 4,05 - - - - - - - - - - - -

Tomate - - - - - - 10 30 90 270 - - - - - -

Batata rena 9 27 20 60 55 165 15 45

Ginguba - - - - - - 0,35 1,05 - - - - - - - - - - - -

Batata-doce - - - - - - 0,55 1,65 - - - - - - - - - - - -

Pimento - - - - - - - - - - - - 12 36 10 30

Melancia - - - - - - - - - - - - 45 135 40 120

Mandioca - - - - - - - - - - - - - - - - - - 13 39

Feijão 1,20 3,60 - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Fonte: Análise aos dados das Repartições Municipais e Associações

Não foi possível actualizar os dados do Perfil Municipal Dinâmico de 2014 sobre a evolução do

movimento associativo e cooperativo do Município. Os membros das Associações e Cooperativas

agrícolas estão principalmente focados na optimização da produção de massango, massambala e

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milho, produções que necessitam de acesso à água e que encontram no Município condições muito

interessantes de produtividade e rentabilidade.

Existe uma pequena parte de produtos cultivados pelas famílias camponesas que são utilizados, para

além da diversificação do consumo, na troca com outros produtores: tomate, cebola, pimenta, couve,

repolho, laranja, goiaba e manga.

De acordo com as declarações à comunicação

social da Administração Municipal no final da

Campanha de 2015/2016, “(…) as atenções do

Município estão praticamente centradas no

desenvolvimento da agricultura com a criação de

vários polos de desenvolvimento agrícola, onde a

população está a trabalhar a terra e a produzir

alimentos que para alimentação e comércio”.

Reconhecidamente, os apoios estatais têm-se

feito sentir à população camponesa com meios agrícolas que visam a expansão da produção no

Município: moto-bombas, fertilizantes, sementes, tractores, carrinhos de mão, viaturas para

escoamento do produto do campo para as Cidades e mangueiras de irrigação.

O circuito de comercialização dos produtos agrícolas é realizado maioritariamente nas Cidades do

Lubango e de Moçâmedes, para além das vendas locais.

Estimou-se que a renda média dos Camponeses no Município é de 275.000 akz por ano, tendo em

conta um ano de produção considerada boa, como foi o caso da Campanha de 2015/2016. Este valor

apenas contabiliza, como os auscultados afirmaram, os produtos comercializados, pois não é estimado

o valor das trocas de produtos que são realizadas entre produtores com vista à diversificação da

alimentação familiar.

Figura 45. Gado bovino em travessia da via Lubango – Bibala

Crédito de imagem: Perfil Municipal Dinâmico 2014

Figura 44. Plantação de Hortícolas

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No domínio da pecuária, o Município apresentou uma identificação estimada de 204.430 unidades,

para o ano de 2015, distribuídas de acordo com as especificações da tabela 8. A designação de aves*,

utilizada nas tabelas adiante, não inclui os galináceos, tratados à parte, referindo-se a patos e outros

tipos de aves aqui criadas.

Tabela 8. Unidades animais identificadas na pecuária do Município, 2015

SEDE LOLA CAITOU CAPANGOMBE

Tipo de Criação Familiar Associação Familiar Associação Familiar Associação Familiar Associação

Caprinos 4.500 1.500 6.000 2.000 8.000 3.000 4.000 1.000

Suínos 500 250 1.500 700 2.500 1.000 1.500 500

Bovinos 3.000 500 75.000 250 5.500 300 12.000 4.000

Ovinos 100 50 200 100 150 80 4.500 1.500

Aves* 2.500 500 7.000 2.500 4.000 1.500 3.500 1.000

Galináceos 1.000 250 15.000 6.000 7.000 5.000 1.500 500

Fonte: Dados do Relatório 2015 da Repartição da Agricultura

Para maior clarificação dos dados, na tabela 9 apresentam-se os valores totais, por Comuna e para o

Município, dos efectivos animais atrás descritos.

Tabela 9. Unidades animais identificadas na pecuária do Município, 2015

SEDE LOLA CAITOU CAPANGOMBE TOTAL

Caprinos 6.000 8.000 11.000 5.000 30.000

Suínos 750 2.200 3.500 2.000 8.450

Bovinos 3.500 75.250 5.800 16.000 100.550

Ovinos 150 300 230 6.000 6.680

Aves 3.000 9.500 5.500 4.500 22.500

Galináceos 1.250 21.000 12.000 2.000 36.250

Total 14.650 116.250 38.030 35.500 204.430

Fonte: Dados do Relatório 2015 da Repartição da Agricultura

No âmbito do controlo do Gado, existem no Município duas Estações Zootécnicas, a Estação

Zootécnica de Caraculo e a Estação Zootécnica de Cacanda. Existem ainda dois Parques de Retém, o

Parque do Caraculo e o Parque da Montipa. As actividades de abate do Gado são realizadas

maioritariamente no Matadouro Provincial do Namibe e no Matadouro Municipal, embora se saiba

que o abate de animais de pequeno porte é realizado informalmente nas zonas de criação.

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Página 65

A grande concentração de animais no Município tem vindo a preocupar as Entidades responsáveis, no

que diz respeito à sanidade e vacinação das espécies. No âmbito do «Projecto de melhoria de acesso

à água e às pastagens para as Comunidades de Pastores nos Corredores de Transumância», que

engloba as Províncias da Huíla, do Cunene e do Namibe, foi lançado em Maio de 2011 material de

apoio, no sentido de ajudar a população criadora a cuidar dos seus animais, para a manutenção as suas

condições veterinárias, ajudando assim a mitigar a carência de assistência veterinária que ainda se faz

sentir neste corredor de transumância. Como se encontra expresso no seu prefácio:

“O Projecto Transumância – também conhecido pela sigla MAAP/CPCT - foi um projecto piloto para dar

apoio às comunidades de pastores nos Corredores de Transumância no sul de Angola, no melhoria de

acesso à água e aos pastos. As actividades do projecto foram realizadas em duas áreas piloto, a saber,

no município do Bibala e nos municípios de Gambos e Cahama. Além da reabilitação de pontos de água,

do mapeamento das áreas e rotas de transumância nas áreas piloto do projecto, o projecto também

logrou outros resultados menos visíveis, como a formação de pastores e técnicos no uso do Diagnóstico

Rural Participativo, a análise da vegetação dos pastos, o uso do GPS para cartografar e a sensibilização

à ocorrência de zoonoses que transferem doenças do gado para os pastores. Para facilitar a integração

da utilização destes resultados menos visíveis, o projecto decidiu editar uma série de manuais

apresentando as intervenções chave do projecto MAAP e os métodos utilizados. Trata-se de 4 manuais,

a saber: o Guião prático Diagnósticos Rurais Participativos de transumância; o Guia de Pastos nas Áreas

de Transumância; o Manual dos Tratadores de

Gado; o Manual da Água para o Gado.

Esperamos que estes manuais sirvam para a

disseminação e utilização da base de dados

recolhidos pelo projecto, e para as técnicas e

métodos praticados nos vários domínios em que

tem actuado.” (Fonte: Projecto de melhoria de

acesso à água e às pastagens para as

Comunidades de Pastores nos Corredores de

Transumância).

As raças de bovinos dos corredores de

transumância têm vindo a ser melhoradas, no sentido de serem criados animais cada vez mais

adaptados às especificidades da região.

As Feiras Agro-pecuárias do Namibe e da Huíla têm sido consideradas, pelos criadores, como mais-

valias na melhoria do sub-sector da pecuária, tendo alguns destes criadores testemunhado, a

propósito do presente Estudo, que a importação de alguns machos das espécies «Brasman» e

Crédito de imagem: MAAP/CPCT

Figura 46. Criadores a observar um bovino

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Página 66

«Semadra» pode ser uma prioridade para futuros cruzamentos. Segundo opiniões da Cooperativa de

Criadores de Gado do Sul de Angola (CCGSA), os cruzamentos realizados têm produzido um gado

melhorado, agora original da Huíla, pertencente a um conjunto originário de raças de suporte:

Bosmara, Semantra, Braman, Timbra, Anelor e Borbote.

A diversificação da economia nacional deve assumir uma aposta clara no Sul, na criação de Gado. Na

prática, pretende-se reduzir o número de importações de carne, através, e conforme declarado pelo

Senhor Governador Provincial do Namibe à comunicação social, da “(…) realização de estratégias que

permitam a criação de condições para a produção, criação de gado de qualidade e abeberamento, sem

depender das condições climáticas”. Reconheceu ainda a oportunidade de adquirir animais de raça que

vão melhorar a qualidade do rebanho bovino no país, afirmando que “(…) o Executivo continua a

fortalecer o sector agro-pecuário nacional, com vista a valorizar e a transformar a riqueza nacional”

(Fonte: Jornal de Economia e Finanças, 21/08/2015).

Os ovinos das criações do Município são originários

da raça «Karakul», animais caracterizados por serem

bastante rústicos e com grande adaptabilidade às

regiões secas. É uma espécie originária da Ásia

Central, mas muito difundida mundialmente pelas

suas características. O «Karakul» possui cauda gorda,

o que revela a sua capacidade de armazenar uma

reserva de gordura para enfrentar períodos de

subnutrição. Nas suas características assemelha-se

muito aos ovinos primitivos. O macho pesa entre 70 e 75 kg e a fêmea pesa uma média de 50 kg. A lã,

com comprimento de 15 cm, tem fios de espessura de 65 a 80 micros. Cobre todo o corpo do animal,

é lisa, grosseira, cerrada e apresenta cor de acordo com a idade do animal: é negra no cordeiro; depois

de três anos de idade, cinzenta; após os sete anos, adquire coloração branco-suja. A cara, as orelhas e

os membros são cobertos de pelos curtos e sedosos. Os cascos são cinzentos. Cabeça comprida, forte

e estreita, completamente negra. Chanfro romano no macho, direito ou levemente côncavo na fêmea,

tem olhos grandes e claros e orelhas estreitas, longas e pendentes, colocadas um pouco abaixo na

cabeça. Os chifres estão, em geral, presentes no macho, sendo fortes, triangulares, rugosos, chatos na

base, descrevendo uma espiral, descendo por trás das orelhas e subindo até a altura dos olhos, virando

as pontas para fora. As fêmeas são mochas ou apresentam chifres minúsculos, com focinho pontiagudo

e boca fina, o pescoço longo e erguido, pouco espesso. O corpo estreito e comprido, com peito

deprimido e quartos traseiros mais desenvolvidos. A garupa é larga, longa e inclinada e os membros

finos e longos, musculosos apenas nas coxas e um pouco nos braços, com cascos negros, pequenos e

Imagem de referência

Figura 47. Ovelha Karakul

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duros. A raça é explorada principalmente pela finíssima pele dos seus cordeiros, de grande valor

comercial. O valor das peles de Karakul é dado pela forma, direção e intensidade do brilho dos rolos.

A idade do animal na retirada da pele, assim como os cuidados na preparação e na secagem da mesma,

exercem grande influência sobre o valor comercial do produto obtido. As peles são assim denominadas

no comércio: «Breitschwanz», quando retiradas de cordeiros nonatos, com o sacrifício da ovelha entre

1 a 10 dias antes da parição; «Astracã», quando obtidas de cordeiros abatidos logo após o nascimento;

«Persa», retiradas de cordeiros sacrificados com cerca de 20 dias de idade (Fonte: Breeds of Livestock

– Karakul Sheeps, capturado em ansi.okstate.edu).

Estimou-se que a renda média dos Produtores Pecuários no Município é de 575.000 akz por ano, tendo

em consideração e como exemplo o ano 2015. Este valor contabiliza, como os auscultados afirmaram,

os produtos comercializados, pois não é estimado o valor das trocas de espécies que são realizadas

entre produtores com vista à reprodução e à diversificação da alimentação familiar.

O Município da Bibala possui as melhores condições de pasto da região, principalmente face à

estiagem que se tem instalado na Província, tendo-se tornado um ponto de "refúgio" para o gado de

outras localidades. As marcas da estiagem são facilmente notadas nos animais, particularmente o gado

bovino. Ainda assim, os números de morte na Bibala são quase inexistentes, daí ser um ponto

importante para as sagradas cabeças de povos vizinhos.

A Administração Municipal tem vindo a ensaiar

várias soluções para contrapor a falta de chuva. Em

foco está a melhoria da vida dos animais, mas

também a transformação progressiva da agricultura

de subsistência. Estão a ser explorados sistemas de

melhoria do acesso à água: furos, painéis solares e

sistemas de irrigação gota-a-gota, assim como a

recuperação de chimpacas e cacimbas.

Importa que a população não se limite a fazer agricultura quando há chuva, pois a terra da Bibala é

fértil e, se bem aproveitada, permite colheitas duas a três vezes por ano.

São múltiplos os reportes de roubo de gado na Bibala. O elevado índice de furto de cabeças de gado

bovino e ovino preocupa as Autoridades Administrativas e as Autoridades Tradicionais. Alguns

auscultados afirmam que o roubo de gado é uma questão de raiz cultural e que se prende com

questões de tribos de origem e confrontos de poder. As invasões de manadas aos quimbos, com as

suas fortes necessidades de pastagem e água, podem ser também fonte de confrontos que resultam

em desvio e desaparecimento de cabeças de gado.

Fonte: Perfil Municipal Dinâmico 2014

Figura 48. Cacimba temporária na localidade do Hambwe

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Não foi possível apurar a População Economicamente Activa (PEA) no Sub-sector agro-pecuário do

Município, na medida em que os registos existentes são realizados, face à especificidade sectorial,

através do número de famílias. Foi, no entanto, estimado o número de trabalhadores dependentes

deste Sub-Sector, que agora se apresenta, por Comuna e Género, na tabela 10.

Tabela 10. Trabalhadores Dependentes do Sub-Sector Agro-pecuário em 2015, por Comuna e Género

SEDE LOLA CAITOU CAPANGOMBE

Homens 105 25 27 25

Mulheres 90 55 75 45

Total 195 80 102 70

Fonte: Análise cruzada aos Dados existentes na Administração Local e às declarações dos auscultados

Não tendo sido viável o apuramento dos valores de vencimento dos trabalhadores dependentes do

Sub-Sector Agro-Pecuário, sabe-se que a referência salarial nacional indica um salário mínimo de

15.003 akz para os trabalhadores por conta de outrem nesta área.

As formas contratuais são maioritariamente de tipo verbal, feitas através de contrato a termo certo

limitado entre o empregador e o empregado. O sistema remuneratório é variável, podendo ser

auferido por valores monetários ou por retribuições de bens e produtos, normalmente das produções

para as quais o empregado foi contratado. Este sistema de contrato e de remunerações foi encontrado

em todas as Comunas do Município.

No sentido de tornar o mais explícito possível o estado do Sub-Sector Agro-Pecuário do Município da

Bibala, apresenta-se a respectiva Matriz SWOT, construída a partir do trabalho de análise a todas as

características e variáveis que este Sub-Sector apresenta, no sentido de vir a ser um instrumento

facilitador do futuro planeamento municipal, da sustentação de submissão a Projectos e Programas

que apoiam esta área económico e produtiva e da motivação para novos investimentos locais.

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Matriz 1. SWOT do Sub-sector Agro-Pecuário do Município da Bibala

5.1.2. Sub-Sector de Extracção Florestal

A prática da Extracção Florestal é, na regulamentação nacional, sujeita a reconhecimento por Alvará,

o que limita as áreas concessionadas para exploração. A legalidade destes Alvarás é controlada pelos

Órgãos de Governação.

No Município da Bibala não existe qualquer emissão de Alvarás de Extracção Florestal, pelo que todo

o abate realizado pela população é feito à margem da legalidade.

Embora este Sub-Sector não tenha grande expressão como actividade produtiva no Município, importa

rever as práticas denotadas de actividade

informal de corte de árvores para produção de

lenha e carvão, posteriormente vendidos.

Os carveiros entendem a actividade produtiva do

carvão como tradicional, sendo praticada de

forma ancestral pelas Comunidades Mucubais,

que a entendem como secular e de sobrevivência.

Crédito de imagem: voaportugues.com

Figura 49. Produção de carvão

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Os aspectos ecológicos desta actividade não são colocados pelos carveiros, que estão mais

preocupados com a liquidez que a venda da lenha e do carvão lhes pode proporcionar do que com o

impacto ambiental que a actividade tem. Para muitos, em época de estiagem, onde as culturas

agrícolas não desenvolvem, a produção de carvão é o último recurso de sobrevivência.

Existem algumas queixas, por parte de munícipes, face à irregularidade do pagamento de taxas de

extracção de lenha e de produção de carvão que, segundo alguns colectores, não têm critério bem

definido por parte do Instituto de Desenvolvimento Florestal (IDF), entidade responsável pela

regulação do Sub-Sector.

Matriz 2. SWOT do Sub-sector da Extracção Florestal do Município da Bibala

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5.1.3. Sub-Sector de Extracção Mineral

Estão identificadas no Município da Bibala jazidas de mármore e granito, conforme foi já determinado

e caracterizado. No entanto, a exploração dos inertes ainda não se encontra em fase de

desenvolvimento lucrativa, sendo incipientes as explorações existentes. O seu potencial para a

diversificação das fontes de renda do Município e da Província é, no entanto, reconhecida. No

Caraculo, Comuna do Capangombe, o Mármore e o Granito abundam.

Dados da Direcção Provincial de Geologia e Minas, tornados públicos em entrevista à Angop, apontam

para “(…) perto de 16 empresas têm título de concessão para explorar mármore no Namibe. Porém, a

maioria está sem operar. Por este facto, a produção e exploração de rochas ornamentais representa

ainda pouco para a balança económica da província. O município da Bibala quer assumir este ónus da

transformação e melhor potencialização das riquezas minerais e, como tal, tem as portas abertas para

todos potenciais empresários” (Fonte: Angop, 28/08/2013).

Apesar de estarem licenciadas 16 empresas extractivas, operam no Município apenas 7 empresas. Os

materiais extraídos são fundamentalmente utilizados na construção. Na tabela 11 discriminam-se as

empresas do Sub-sector, assim como o material que extraem e a localização das suas operações.

Tabela 11.Empresas actuantes na Extracção Mineral

Empresa Localização Actividade

Emanha Caraculo Granito

Rocafrica Caraculo Mármore

Grupo Socolil Km 58 / Caraculo Brita

CSD Mil Lda Raposeira / Caraculo Cobre

Chinesa Km 55 / Caraculo Brita

Hiper Máquina Luso 93 Mármore Branco

AFA Humbria Brita Fonte: Perfil Municipal Dinâmico, 2014

O clima da Bibala é um aspecto fundamental para o processo de composição do mármore, definido

em termos científicos como uma rocha metamórfica originada de calcário exposto a altas

temperaturas e pressão. A tipicidade do mármore é causada pela forma com que a rocha é criada. Na

sua formação, existem diversas variáveis que determinam a cor e as texturas do produto final.

Estão também identificados cursos de águas subterrâneas com potencial para a indústria da água

mineral. Trata-se principalmente de nascentes afectas à região da escarpa da Tundavala, à Montipa e

à Manhita. Por agora, apenas a Montipa tem alguma expressão como água mineralizada, mas sem

potencial de consumo.

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O Plano de Desenvolvimento Socio-económico da Província 2013-2017 aponta para a construção de

quatro fábricas de corte e polimento de granitos e duas unidades de corte e polimento de mármore,

contando-se ainda instalar 20 unidades de fabrico de cubos de granito e mármore. A seu tempo,

acredita-se que a Extracção Mineral será um Sub-Sector de relevo na economia e produtividade do

Município da Bibala.

Matriz 3. SWOT do Sub-sector da Extracção Mineral do Município da Bibala

5.2. Sector Secundário

O Sector Secundário no Município da Bibala encontra-se com potencial de expansão, nomeadamente

no que diz respeito à instalação de empresas de transformação dos recursos naturais da região.

As problemáticas associadas à intermitência de energia têm vindo a ser um constrangimento para a

implementação de novas unidades industriais.

Também a escassez de água corrente tem inibido alguma implementação industrial, nomeadamente

no que concerne ao tratamento de minerais.

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5.2.1. Sub-Sector Indústria

As Indústrias presentes no Município estão circunscritas à transformação Agro-Pecuária, à

transformação da Extracção Florestal, à Panificação e à transformação do Granito. Não foi possível,

ainda, apurar os níveis de produção destas unidades de produção, nem mesmo o número de

trabalhadores dependentes que empregam.

Também não foi possível auscultar sobre volumes de negócios nem rentabilidade das unidades

produtivas.

No âmbito do desenvolvimento industrial propriamente dito, é possível discriminar a presença, no

Município, de três unidades industriais, a saber-se: a Fábrica de Cal, o Matadouro e a Empresa SoCubos

(transformação de Granito).

A referência salarial nacional para esta área determina salários mínimos de 18.750 akz para a indústria

transformadora e de 22.504 akz para as especificidades da indústria extractiva.

Uma análise ao Sub-Sector permite a realização da Matriz SWOT que agora se apresenta e que exprime

a percepção sobre estas actividades na Bibala.

Matriz 4. SWOT do Sub-sector da Indústria do Município da Bibala

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5.2.2. Sub-Sector Transformação Artesanal

O desenvolvimento de actividades de produção artesanal não se encontra sistematizado no Município.

Muitas famílias produzem, no complemento das suas actividades agro-pecuárias, instrumentos e

objectos de uso corrente para sua própria utilização, não sendo vistos como Artesãos. Eventualmente,

algumas destas peças acabam por ser vendidas, mas não são entendidas como parte produtiva de um

Sub-Sector da Economia local.

Entenda-se que a transformação que remete à produção artesanal difere do sub-sector anteriormente

considerado pela escassez de utilização de maquinaria e pela adopção por metodologias

transformativas tradicionais.

A produção artesanal que marca presença no Município é de tipologia agro-alimentar,

nomeadamente:

Uma moageira

Uma padaria

Um forno de pão

Uma gelataria

No trabalho com madeiras, existem no Município duas carpintarias, também de instrumentação

considerada artesanal.

A produção de pequenas peças de utilização comum, pelo trabalho com o barro, é realizada por

pequenos grupos de mulheres Mucubais. Estas peças de olaria são produzidas para utilização própria,

embora seja possível adquiri-las em encontros casuais com estas comunidades.

Crédito de imagem: delcampe.net

Figura 50. Oleiras Mucubais

A análise ao Sub-Sector permite traçar a Matriz SWOT que agora se apresenta:

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Matriz 5. SWOT do Sub-sector da Transformação Artesanal do Município da Bibala

5.3. Sector Terciário

No domínio do Sector Terciário, o Município contabiliza escassas Unidades Comerciais. Os Serviços

Estatais possuem alguma expressão, nomeadamente nas áreas da Educação e Saúde, assim como nos

Serviços associados à Administração Local.

Muitos dos Serviços encontram-se situados na Sede Municipal, nomeadamente na avenida principal.

Figura 51. Avenida principal da Bibala

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5.3.1. Sub-Sector Comércio (formal)

Foi possível listar um conjunto de 13 unidades comerciais no Município, que se apresentam na tabela

12, discriminados por tipologia e localização.

Tabela 12. Estabelecimentos comerciais, por tipologia e localização

Tipologia comercial Bairro Comuna

Salão de beleza Comercial

Sede Cozinha Comercial

Janela de Cantina Matuco

Loja de venda a retalho Caitou Sede

Caitou

Loja de venda a retalho Caitou Sede

Loja de venda a retalho Muvanda

Lanchonete Pirangombe

Loja de venda a retalho Chapi-Chapi

Janela de venda a retalho Mangueiras Capangombe

Loja de venda a retalho Munhino

Loja de venda a retalho Lola Sede

Lola Lanchonete Tchitemo

Restauração Vambanda

No âmbito do processo em curso para a renovação de alvarás comerciais, o Município posiciona-se, no

processo comercial, de forma a promover a respectiva reconversão legal no ano de 2016.

O comércio grossista, que envolve a distribuição pelos pequenos comerciantes, existe

também no Município, embora não tenha sido possível proceder ao respectivo registo de

listagem.

Os trabalhadores do Sub-Sector do Comércio a retalho são, maioritariamente, proprietários da área

comercial em que desenvolvem as suas actividades. No entanto, a referência salarial nacional indica

um salário mínimo de 22.504 akz para os trabalhadores por conta de outrem nesta área.

No âmbito do apuramento Municipal de trabalhadores do Sector Terciário para as Unidades

Comerciais, e embora não tenha sido possível caracterizar os seus intervenientes, apurou-se

globalmente que o género feminino predomina na ocupações dos cargos gerados no Sub-sector, ao

nível do comércio a retalho, sendo que maioritariamente é o próprio dono do espaço que o explora

comercialmente, sem recurso a empregados.

Uma análise à implementação e dinâmica deste Sub-Sector permite traçar a Matriz SWOT que se

apresenta abaixo.

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Matriz 6. SWOT do Sub-sector do Comércio (formal) do Município da Bibala

5.3.2. Sub-Sector Serviços Estatais

Os Serviços Estatais presentes no Município encontram-se principalmente situados em três grandes

áreas: Administração Local, Educação e Saúde. Nestas 3 áreas encontram-se colocados 613 cidadãos,

transformando o Sub-Sector na maior entidade empregadora do Município.

O número de funcionários estatais em

funções, agora apresentado, não

contabiliza os funcionários dos Orgãos

Delegados nem das Forças Policiais, que

não foi possível apurar. No entanto, os

números apurados são indicadores da

relevância deste Sub-Sector no âmbito

da análise das Entidades Empregadoras

mais presentes no Município, sendo que

o Estado é manifestamente a Maior destas Entidades.

Apresenta-se na tabela 13 a distribuição do número apurado de Funcionários do Estado que

desempenham funções no Município da Bibala.

Figura 52. Tribunal Municipal da Bibala

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ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA

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Tabela 13. Número de cidadãos empregados nos Serviços Estatais ÁREA TOTAL

Administração Local 139

Educação 361

Saúde 113

Total 613

As Autoridades Tradicionais não podem ser consideradas como Funcionários Públicos, pese embora

recebam, por parte do Estado, subsídios para apoiarem a dinâmica local pelo seu trabalho junto das

Comunidades. Esta razão subsidiária justifica a inclusão de contagem do número de Autoridades

Tradicionais que, embora não sendo Funcionários Públicos, trabalham em conjunto com as

Administrações e devem ter um registo em local apropriado, pois ao auferirem subsidiação de funções

encontram-se inseridos na dinâmica económica local. Incorporam-se no Município 103 representantes

das Autoridades Tradicionais das diversas categorias, sendo que 35 destes possuem direito a auferir

subsídio de funções (Fonte: Perfil Municipal Dinâmico da Bibala, 2014).

Uma análise ao Sub-Sector permite traçar a Matriz que abaixo se apresenta.

Matriz 7. SWOT do Sub-sector dos Serviços Estatais do Município da Bibala

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5.3.3. Sub-Sector do Turismo

O enquadramento sócio-geográfico do Município constitui um potencial ponto de atracção turística,

embora o Sub-Sector do Turismo não se

encontre ainda desenvolvido.

A Fortaleza de Capangombe é um local

classificado como tendo potencial turístico,

pelas suas características históricas, tendo sido

o local de concentração de escravos na época

dos movimentos de escravatura para o

continente americano.

As Pinturas e Gravuras Rupestres marcam presença no Município, com valor histórico-cultural

reconhecido. A recente descoberta da Estação Rupestre do Mulioluia, com mais de mil metros, revelou

a particularidade de possuir gravuras com cores, sendo que no tecto deste abrigo rochoso é possível

observar pinturas de animais e cenas domésticas e da vida quotidiana. A zona do Caraculo apresenta

diversas manifestações de Pintura e Gravura Rupestre, que importa, a breve prazo catalogar e

inventariar, de forma a implementar processos

de conservação nos locais. A Dissertação de

Mestrado realizada pelo Doutor José Caema

Fernandes, sob título «As Pinturas do Abrigo

do Tchitundu-Hulu Mucai», defendida em 2014

ao abrigo do seu Mestrado na área da

Arqueologia Pré-Histórica e Arte Rupestre,

veio melhorar o conhecimento sobre a

presença das Estações Rupestres no Município

da Bibala.

As Termas da Montipa foram, em tempos, local muito

apreciado para práticas de Turismo de Saúde, embora

de momento, fruto da conjuntura nacional, estejam a

aguardar recuperação. As características da sua

nascente de águas quentes de enxofre conferem a este

complexo características de importante potencial para

a atracção de visitantes. Crê-se que estas águas têm

múltiplas funções para as curas: consumo interno,

banhos, entre outras opções de utilização.

Fonte: As Pinturas do Abrigo do Tchitundu-Hulu Mucai

Figura 54. Makahama - Estação do Caraculo

Crédito de Imagem: Perfil Municipal Dinâmico, 2014

Figura 53. Vista parcial do Forte de Capangombe

Figura 55. Termas da Montipa

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Acresce às manifestações já diagnosticadas de potencial turístico toda a matriz comunitária que torna

a região da Bibala num atractivo mosaico antropocultural.

As manifestações culturais dos povos ancestrais, Bantu e não Bantu, que confluem no território da

Bibala são potenciais de atracção a um

segmento de Turismo Cultural que

importa não esquecer. As Cerimónias

Mucubais de iniciação dos rapazes ou

as Cerimónias Fiko onde as jovens

adolescentes se assumem como

mulheres da Comunidade são

dinâmicas locais que se mantém como

testemunho da conservação das

culturas dos povos de origem da região.

Embora o Sub-Sector do Turismo não tenha, por agora, uma efectiva expressão no plano económico e

produtivo do Município, todo o seu potencial de desenvolvimento leva à sua consideração no presente

Estudo.

A análise ao Sub-Sector determina a construção a Matriz que agora se apresenta.

Matriz 8. SWOT do Sub-sector do Turismo do Município da Bibala

´Crédito de imagem: perola-negra.com

Figura 56. Cerimónia de iniciação dos rapazes Mucubais

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5.4. Actividades económicas não formais

A Economia informal agrupa todas as actividades que se encontram à margem do sistema económico

formal, não possuindo por isso quaisquer registos de actividade, de volume de negócio ou de número

de funcionários.

Foram identificados, no Município, focos de Economia Informal nos Sub-Sectores do Comércio e da

Prestação de Serviços.

Existe um conjunto de Unidades da Economia Informal cujas actividades tendem, por diploma legal,

ao processo de legalização. Face à diversidade observada, o presente Estudo aborda as Actividades

Económicas não formais nas dimensões identificadas: Comércio Informal e Serviços Informais de

Transportes.

5.4.1. Comércio Informal

O Comércio Informal no Município encontra-se identificado em duas áreas: no âmbito da

comercialização precária de produtos diversos, realizado principalmente por mulheres que vendem na

rua, gerando dinâmicas de mercado informal, e no âmbito de pontos de venda de produtos

alimentares confecionados.

Não foram identificadas muitas unidades comerciais informais, estando esta actividade ocupada por

mulheres que deambulam pelos centros das Sedes Comunais procedendo a venda de produtos

essencialmente frutícolas e alguns produtos alimentares processados artesanalmente.

As tendências de acção da Administração Municipal sobre o Comércio Informal, e nomeadamente

através dos órgãos competentes de inspecção, são de apoiar os protagonistas desta forma comercial

a legalizarem os seus serviços, de forma fazerem parte dos quadros empresariais e empreendedores

do Município, acreditando-se que a breve prazo será possível a regularização do sector.

5.4.2. Serviços Informais de Transporte

O mercado informal da prestação de serviços de transporte de pessoas e bens é realizado de forma

pouco estruturada, sendo principalmente realizado por homens que, por disporem de um meio de

transporte próprio (motorizada ou automóvel), «emprestam» lugar nos seus veículos para

transportarem quem necessita a troco de pagamento deste serviço.

Não existe, assim, contabilização do número de unidades informais de transporte no Município,

embora exista a percepção da sua existência e forma de operar no mercado.

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5.5. Infra-estruturas económicas e produtivas diversas

As Infra-estruturas económicas e produtivas são todas aquelas que, de alguma forma, respondem às

demandas da Comunidade no desenvolvimento do Sector Económico e do desenvolvimento das

actividades produtivas locais.

No Município, estas infra-estruturas estão confinadas aos Mercados e às Agências Bancárias que aqui

se fazem representar.

5.5.1. Mercado

O Município da Bibala possui o seu Mercado Municipal, onde se procede à comercialização de produtos

diversos, que vão desde os produtos alimentares a alguns utensílios domésticos, panos e ferramentas.

Predominantemente são comercializados produtos da agricultura, nomeadamente excedentários às

produções familiares locais.

5.5.2. Entidades Bancárias

Sobre a área bancária, encontra-se presente no Município uma agência do Banco de Poupança e

Crédito (BPC).

A abertura destas Agências veio trazer ao Município maior conforto no acesso aos movimentos de

dinheiro, nomeadamente por garantir aos Funcionário Públicos o acesso aos seus ordenados sem

terem que se deslocar à Sede de Província, como ainda recentemente acontecia.

Não existe acesso a informação estruturada sobre os serviços prestados por esta entidade bancária no

apoio ao sector privado e aos pequenos produtores, nomeadamente no que diz respeito à concessão

de crédito bancário no Município. A percepção obtida junto da população ao longo do processo de

Recolha de Dados dos sectores que constituem a força da economia e produção local aponta para a

ausência de processos de concessão de créditos bancários de apoio ao Sector Económico e Produtivo.

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6. RECOMENDAÇÕES GERAIS

A realização do Estudo de Linha de Base do Sector Económico-Produtivo do Município da Bibala

permitiu traçar algumas linhas de força sobre aqueles que podem vir a ser os maiores desafios e

potenciais do Desenvolvimento Local.

Na convicção de que o presente Estudo oferece suporte para futuras etapas de Planeamento Local, é

claro que oferece também sustentação para adesão a Projectos e Programas de Desenvolvimento

Local e para captação de Investimento Privado.

Importa rever as Estratégias Provinciais definidas pelo Plano de Desenvolvimento Económico e Social

2013-2017 da Província do Namibe (2013), que determina seis Eixos Estratégicos para o

desenvolvimento estrutural do seu território:

1. Ambiente de Atractividade: que desenvolva uma imagem de uma região dotada de vasto leque

de oportunidades de emprego e de uma qualidade de vida peculiar, permitindo a criação de

um ambiente social e económico atractivo para o investimento.

2. Ordenamento e Coesão Territorial: que operacionalize a requalificação de todo o território,

apoiando a criação da sua nova imagem e, bem assim, contribuir para a atractividade e fixação

de novas camadas populacionais, para além da atracção a exercer sobre o investimento, no

decréscimo da pobreza e no combate das assimetrias.

3. Diversificação Económica: que operacionalize a exploração dos principais recursos existentes,

designadamente ao nível do Turismo e da Agro-Pecuária, incluindo todas as actividades

complementares de tais desenvolvimentos, melhor aproveitamento dos Recursos Humanos,

criação de Plataformas Empresariais, para além de estar associada à implementação de Redes

de PME’s. O Turismo pode diversificar o tecido económico, devendo ser eleito como actividade

privilegiada para combater o grau de dependência actual da Economia do Namibe, para além

de poder fornecer contributos essenciais à internacionalização da Província, num modelo em

que a oferta turística esteja directa e sustentadamente relacionada com os outros Eixos

Estratégicos.

4. Valorização dos Recursos Humanos: que se possa criar emprego não muito exigente a nível

das qualificações profissionais, com combate ao subemprego e ao emprego chamado “social”,

através da inovação e qualificação de recursos, designadamente dos Recursos Humanos, pela

criação de Programas mais ou menos expeditos, mais ou menos evolutivos, mais ou menos

aprofundados, de formação profissional – neste caso, começando por privilegiar a formação

direccionada para os sectores económicos mais consolidados – e de combate “feroz” ao

analfabetismo.

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5. Qualidade de Vida: que se melhorem as infra-estruturas existentes, com lançamento de novos

serviços e a aquisição de equipamentos adequados, com Projectos de extensão social, cultural

e do lazer.

6. Quadro Institucional: que se enfrentem Projectos que se traduzam no fortalecimento do

Modelo Institucional existente, adaptando-o a novas realidades, tornando-o mais flexível e

criando-lhe eficácia e eficiência na gestão, mas sempre em estreita obediência aos princípios

Legais da Administração e Contabilidade Públicas.

(Fonte: Plano de Desenvolvimento Económico e Social da Província do Namibe 2013-2017)

Foram, ao longo do presente Estudo, ressalvadas as características peculiares da região, no que esta

apresenta de constrangimentos e potencialidades. Foram também identificadas dificuldades

genéricas, na dinâmica do Município, relativas à escassez de recursos humanos qualificados e à

insuficiência de infra-estruturas diversas. O fraco desenvolvimento do investimento privado, agregado

à escassez de apoios aos empreendedores locais, são questões também reconhecidas.

Importa, então, proceder ao alinhamento estratégico de sinergias que, de origem nacional ou

internacional, públicas ou privadas, possam promover o desenvolvimento do Município da Bibala no

quadro do Plano Estratégico de Desenvolvimento da Província do Namibe.

As Recomendações Gerais que agora se apresentam encontram-se organizadas por Sector e alinham

um conjunto de sugestões para o futuro, com o foco no Desenvolvimento Económico do Município e,

por consequência directa, na melhoria da qualidade de vida da população da Bibala. Em paralelo, e

não menos importante, as Recomendações direcionam-se também para a redefinição das linhas

produtivas locais, de forma a gerar, a breve prazo, novas Cadeias Produtivas concorrentes para a

diversificação da economia local.

6.1. Sector Primário

1. Produção de Cereais: A produção de cereais tem vindo a crescer ao longo dos últimos anos e

uma observação cuidada dos resultados produtivos indica que as culturas do Milho, do

Massango e da Massambala podem ser potenciadas de forma a ganhar uma dimensão

produtiva de nível nacional e internacional. Será pertinente proceder-se à realização de um

Estudo de Cadeia Produtiva que venha a aprofundar os conhecimentos sobre esta linha

produtiva, de forma a melhor ser sustentada a pertinência do desenvolvimento da sua

produção.

2. Produção de Hortícolas e Frutícolas: O funcionamento dos sistemas de rega deve ser revisto,

de forma a proporcionar mais do que um Ciclo Produtivo destas produções em cada ano, num

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processo de agilização das suas Cadeias Produtivas. É importante rever os apoios a estas

plantações, dedicando-lhe atenção no âmbito dos campos de experimentação e na

delimitação de terrenos de cultura face às condições requeridas para a optimização da sua

produção.

3. Polos Agrícolas: O presente Estudo permitiu obter indicadores de que a organização dos Polos

Agrícolas deve ser agregada à criação de Campos de Experimentação no Município, com vista

a melhorar as práticas agrícolas dos Camponeses e a experimentar produção de novas

culturas.

4. Cadeia Produtiva do Girassol: As experiências de cultura do Girassol permitem preconizar o

estudo desta Cadeia Produtiva, cujo potencial de desenvolvimento pode conduzir à obtenção

de matéria-prima para futura indústria agro-alimentar.

5. Criação de Gado: A Criação de Gado é um dos principais suportes económicos e produtivos do

Município, pelo que é importante proceder-se a estudos que impactem nos apuramentos

adaptativos das raças em criação, melhorando a quantidade e qualidade das carnes obtidas.

6. Transumância: As boas condições de pasto e o acesso a reservas de água que se apresentam

no Município colocam a Bibala numa posição importante do Corredor Sul de Transumância,

pelo que o investimento na manutenção dos pastos e recuperação dos pontos de água devem

ser requisitos fundamentais no investimento Municipal, de forma a vincular a tradição local e

a poderem vir a ser implementadas unidades produtivas de carne bovina na zona,

devidamente apoiadas quanto ao controlo veterinário.

7. Minerais: O Plano Nacional de Geologia, em desenvolvimento, virá clarificar algumas questões

sobre o mapeamento de minerais no Município. Face a esta diversidade mineral, é

recomendável que sejam identificados todos os recursos e estimados os seus potenciais de

reserva, para que se venha a traçar no Município, e em conjunto com os órgãos provinciais e

nacionais competentes, uma estratégia sólida de enquadramento da exploração mineral no

desenvolvimento local e nacional.

8. Águas Minerais: O estudo detalhado das reservas de águas com propriedades minerais deve

ser equacionado, para se aferir do interesse e rentabilidade de se constituir uma unidade de

captação e produção de água de mesa no Município.

6.2. Sector Secundário

1. Criação de Unidades de Indústria agro-alimentar: O desenvolvimento da produção agrícola

do Município pode e deve ser potenciado como obtenção de matéria-prima para a

implementação local de pequenas unidades de indústria ago-alimentar, que permitirão

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diversificar a economia local, criar novos postos de trabalho e potenciar os resultados das

campanhas pelo aproveitamento integral dos produtos. O recurso a apoios nacionais e

internacionais deve ser estimulado, nomeadamente através de campanhas de esclarecimento

e sensibilização das populações para os instrumentos disponíveis para o efeito.

2. Abastecimento de energia e água: Os modelos de abastecimento de energia e água têm que

ser melhorados, no sentido de proporcionar às Unidades Industriais fornecimento continuado,

garantindo a sustentabilidade de produção.

3. Artesanato: A produção de peças artesanais Mucubais, entre outras que potenciais artesãos

possam realizar, deve ser reforçada através da criação de um sistema adequado de

escoamento dos produtos artesanais para a Capital Provincial e para outros mercados

nacionais e internacionais, através do delineamento de um plano sustentado de produção que,

em simultâneo, valorize o património cultural que o próprio artesanato representa. A criação

de um Centro de Formação local, para que as técnicas artesanais se perpetuem, deve ser

ponderada pelo Município.

6.3. Sector Terciário

1. Reconversão legal do Comércio: O Município deve prosseguir com a implementação do plano

de reconversão legal do Comércio, para que o Sector esteja, o mais rapidamente possível,

regulado. Esta regulação deverá resultar em melhores condições comerciais no Município, o

que inevitavelmente promoverá a expansão, diversificação e sustentabilidade do comércio

local.

2. Funcionários Públicos: O crescimento dos Quadros dos sectores públicos – Educação, Saúde e

Administração Pública – tem repercussões directas no desenvolvimento económico local, na

medida em que o aumento do número de Funcionários do Sector Terciário no Município

envolve maior movimentação na área do consumo, logo, desenvolvimento na Economia Local.

Assim, é expectável que o desenvolvimento da área social seja motor de alavancagem do

desenvolvimento económico.

3. Turismo: O levantamento dos locais com potencial turístico e a sua sequente caracterização

devem conduzir, com a brevidade possível, à construção do Plano Estratégico Municipal para

o Desenvolvimento Turístico, que possa motivar os Investidores privados e os

Empreendedores locais a implementarem unidades e estruturas turísticas no Município, com

especial relevância para as áreas do Turismo de Saúde e Natureza e do Turismo Cultural.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Estudo de Linha de Base do Sector Económico-Produtivo realizado no Município da Bibala permitiu

encontrar linhas gerais de caracterização das dinâmicas do seu Sistema Económico.

No decorrer do presente Estudo de Linha de Base foram encontradas muitas dificuldades de

sistematização dos dados populacionais, motivadas pelos receios que em algumas situações a

população demonstra ter no fornecimento de pormenores sobre a sua vivência dentro do Sistema

Económico.

As orientações da Administração Municipal da Bibala, em articulação com todas as entidades

governativas com poderes reguladores sobre a Economia, apontam para que o ano civil de 2016 seja

um ano particularmente importante no que diz respeito à inspecção, regulação e legalização das

unidades produtivas locais, face ao plano de aplicação dos recentes normativos legais.

Os sistemas de fiscalização económica têm vindo a ser organizados, de forma que a sua actuação esteja

cada vez mais regulada e por isso aumente a eficácia do seu desempenho. A legalização das Unidades

Industriais, Comerciais e de Prestação de Serviços do Sector Privado encontra-se num momento

particularmente expressivo de implementação.

Face às mudanças que foram identificadas acima, é especialmente importante que após

implementadas todas as medidas de regulação do Sistema Económico e Produtivo do Município sejam

revistos os dados apurados no presente Estudo para confirmação e eventual correcção.

Tendo o presente Estudo apontado para a relevância da Agricultura Familiar e da Criação de Gado

como actividades de maior enfoque produtivo, a Economia Local apresenta-se em fase de

desenvolvimento crescente e a presença de Entidades Privadas dos Sectores Secundário e Terciário

deve ser incrementada a breve prazo, numa lógica de pequenas unidades produtivas.

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REFERÊNCIAS

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César, J. (2014).Avaliação das Terras de Pastoreio Extensivo na Província do Namibe – ANGOLA. Instituto Superior

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Fernando, J. e Ntondo, Z. (2002). Angola: Povos e Línguas. Luanda: Edições Nzila.

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Luanda: INE.

Perfil Municipal Dinâmico do Município da Bibala, 2014

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Economic Journal, 92 (December 1982).

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ANEXOS

Anexo I – Termos de Referência para a Elaboração dos estudos de Linha de Base

Anexo II – Listagem de documentos utilizados na Elaboração do Estudo de Linha de Base

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Apoio Técnico: Financiador: