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Ficha Técnica
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
Página 1
Título
Estudo de Linha de Base do Sector Económico e Produtivo do Município da Bibala
Organização e Coordenação
Ministério da Administração do Território
Assistência Técnica
Fundo de Apoio Social (FAS)
Coordenação Institucional
José Tchindongo António, Administrador Municipal da Bibala
Tchinanga Khole, Administrador Municipal Adjunto da Bibala para a Área Social
Subunidade Técnica de Economia Local
Júlio Manuel António, Coordenador da Subunidade Técnica
Yuri Wassuca Mutuaty
Mariano António
Felisberto Soares
Judson Cassoma
Guilherme José
Cristóvão Manuel Neto
Entidade Consultora
Plurália, Consultoria e Formação, Lda
Financiador
União Europeia
Agosto de 2016
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
Página 2
Índice Geral
Índice Geral ............................................................................................................................................. 2
Índice de Figuras ...................................................................................................................................... 4
Índice de Tabelas ..................................................................................................................................... 5
Índice de Matrizes ................................................................................................................................... 5
Lista de Abreviaturas ............................................................................................................................... 6
Mensagem da Sub-Comissão Técnica de Economia Local ...................................................................... 7
Sumário ................................................................................................................................................... 8
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 9
2. ENQUADRAMENTO ........................................................................................................................... 13
2.1. Sectores da Economia ................................................................................................................13
2.2. Da Doença Holandesa à diversificação da Economia .................................................................14
2.3. A SADC e a integração económica regional ...............................................................................16
2.4. A Agricultura no panorama nacional..........................................................................................17
2.5. Segurança Alimentar ..................................................................................................................18
2.6. Desenvolvimento Humano, IDH e PIB ........................................................................................20
3. METODOLOGIA DO ESTUDO ............................................................................................................. 24
3.1. Objectivo e Produtos do Estudo de Linha de Base.....................................................................24
3.2. Metodologia Geral .....................................................................................................................25
3.3. Plano de Trabalho ......................................................................................................................25
3.4. Instrumentos de recolha e organização da informação ............................................................27
3.5. Limitações do Estudo de Linha de Base .....................................................................................28
4. CARACTERIZAÇÃO GERAL DO MUNICÍPIO ......................................................................................... 30
4.1. Enquadramento Geográfico .......................................................................................................30
4.2. Aspectos biofísicos .....................................................................................................................31
4.3. Educação e Saúde .......................................................................................................................35
4.4. Demografia .................................................................................................................................37
4.4.1. Caracterização Demográfica Geral ...................................................................................... 37
4.4.2. Caracterização Geral da Demografia Municipal da Bibala .................................................. 41
4.4.3. Actividades económico-produtivas da População .............................................................. 42
4.4.4. Formação Profissional ......................................................................................................... 43
4.4.5. As particularidades Populacionais do Município da Bibala ................................................. 43
4.5. Aspectos institucionais ...............................................................................................................49
4.6. Aspectos gerais da situação sócio económica ...........................................................................51
4.7. Área Económica ..........................................................................................................................56
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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5. DESCRIÇÃO DOS SECTORES ECONÓMICOS/PRODUTIVOS ................................................................ 58
5.1. Sector Primário ...........................................................................................................................58
5.1.1. Sub-Sector Agro-pecuário ................................................................................................... 60
5.1.2. Sub-Sector de Extracção Florestal ....................................................................................... 69
5.1.3. Sub-Sector de Extracção Mineral ........................................................................................ 71
5.2. Sector Secundário ......................................................................................................................72
5.2.1. Sub-Sector Indústria ............................................................................................................ 73
5.2.2. Sub-Sector Transformação Artesanal .................................................................................. 74
5.3. Sector Terciário ..........................................................................................................................75
5.3.1. Sub-Sector Comércio (formal) ............................................................................................. 76
5.3.2. Sub-Sector Serviços Estatais ................................................................................................ 77
5.3.3. Sub-Sector Turismo ............................................................................................................. 79
5.4. Actividades económicas não formais .........................................................................................81
5.4.1. Comércio Informal ............................................................................................................... 81
5.4.2. Serviços Informais de Transporte ........................................................................................ 81
5.5. Infra-estruturas económicas e produtivas diversas ...................................................................82
5.5.1. Mercado .............................................................................................................................. 82
5.5.2. Entidades Bancárias............................................................................................................. 82
6. RECOMENDAÇÕES GERAIS ................................................................................................................ 83
6.1. Sector Primário ...........................................................................................................................84
6.2. Sector Secundário ......................................................................................................................85
6.3. Sector Terciário ..........................................................................................................................86
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................................... 87
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 88
ANEXOS ................................................................................................................................................. 89
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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Índice de Figuras Figura 1. Fases do Plano de Trabalho ...................................................................................................................... 8
Figura 2. Enquadramento geográfico do PDL IV ..................................................................................................... 9
Figura 3. Modelo de Matriz SWOT a aplicar aos sub-sectores do Sector Económico-Produtivo .......................... 11
Figura 4. Áreas de desenvolvimento prioritário no sector da Indústria Transformadora, de acordo com o PND 16
Figura 5. Grandes Linhas do Desenvolvimento Humano ...................................................................................... 20
Figura 6. Correlação entre trabalho e desenvolvimento humano ........................................................................ 21
Figura 7. Opções para o reforço do Desenvolvimento Humano através do trabalho .......................................... 22
Figura 8. Comparativo das linhas de evolução do PIB e do PIB per capita de Angola, nos anos 2006 a 2013...... 23
Figura 9. Plano de Trabalho para a realização do ELB ........................................................................................... 26
Figura 10. Mapa de divisão Comunal da Bibala .................................................................................................... 30
Figura 11. Gráfico climático da Bibala ................................................................................................................... 31
Figura 12. Enquadramento climático do Município da Bibala segundo a classificação de Thornthwaite ............ 31
Figura 13. Rede Hidrográfica do Município da Bibala ........................................................................................... 32
Figura 14. Mutuati ................................................................................................................................................. 32
Figura 15. Zonas Fitográficas do Município da Bibala ........................................................................................... 33
Figura 16. Mapa dos solos da Bibala ..................................................................................................................... 34
Figura 17. Afloramentos rochosos do Município .................................................................................................. 34
Figura 18. Termas da Montipa .............................................................................................................................. 35
Figura 19. Escola do Ensino Primário das Mangueiras, Sede ................................................................................ 35
Figura 20. Hospital Municipal da Bibala ................................................................................................................ 36
Figura 21. Cartograma de população por Comuna ............................................................................................... 37
Figura 22. Pirâmide Etária da População Angolana, por sexo, em 2014 ............................................................... 38
Figura 23. Índice de Sustentabilidade Potencial, por Província, 2014 .................................................................. 39
Figura 24. Índice de Rejuvenescimento da População Activa por Província, em 2014 ......................................... 40
Figura 25. Casas Sociais do Programa Habitacional do Estado ............................................................................. 42
Figura 26. Escola Técnico-Profissional do Capangombe ....................................................................................... 43
Figura 27. Distribuição dos grupos étnicos de Angola .......................................................................................... 43
Figura 28. Rapazes Mucubal na Montipa .............................................................................................................. 44
Figura 29. Bois de raça «mucubal» ....................................................................................................................... 46
Figura 30. Mulher e criança Mucubal ................................................................................................................... 46
Figura 31. Mãe lava filho na Montipa ................................................................................................................... 47
Figura 32. Direcção Municipal do Registo Civil e Notariado da Bibala .................................................................. 49
Figura 33. Gado a pastar ....................................................................................................................................... 51
Figura 34. Furo artesiano com bomba manual ..................................................................................................... 51
Figura 35. Chafariz público com painel solar ........................................................................................................ 52
Figura 36. Grupo gerador da Sede Municipal ....................................................................................................... 53
Figura 37. Antena UNITEL ..................................................................................................................................... 54
Figura 38. Acesso à Montipa, estrada de terra batida .......................................................................................... 54
Figura 39. Estação da Bibala, CFM ........................................................................................................................ 55
Figura 40. Práticas agrícolas no Município ............................................................................................................ 56
Figura 41. Terras em estiagem .............................................................................................................................. 58
Figura 42.Transumância ........................................................................................................................................ 59
Figura 43. Massambala (Sorgo) - Imagem de referência ...................................................................................... 60
Figura 44. Plantação de Hortícolas........................................................................................................................ 63
Figura 45. Gado bovino em travessia da via Lubango – Bibala, Chela ................................................................. 63
Figura 46. Criadores a observar um bovino .......................................................................................................... 65
Figura 47. Ovelhas Karakul .................................................................................................................................... 66
Figura 48. Cacimba temporária na localidade do Hambwe .................................................................................. 67
Figura 49. Produção de carvão .............................................................................................................................. 69
Figura 50. Oleiras Mucubais .................................................................................................................................. 74
Figura 51. Avenida principal da Bibala .................................................................................................................. 75
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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Figura 52. Tribunal Municipal da Bibala ................................................................................................................ 77
Figura 53. Vista parcial do Forte de Capangombe ................................................................................................ 79
Figura 54. Makahama - Estação do Caraculo ........................................................................................................ 79
Figura 55. Termas da Montipa .............................................................................................................................. 79
Figura 56. Cerimónia de iniciação dos rapazes Mucubais ..................................................................................... 80
Índice de Tabelas Tabela 1. Registo populacional em 2016, por Comuna e género ......................................................................... 41
Tabela 2. Situação da população face à empregabilidade .................................................................................... 56
Tabela 3. Especificação dos Sectores e Sub-Sectores presentes no Município .................................................... 57
Tabela 4. Culturas mais frequentes....................................................................................................................... 60
Tabela 5. Valores de venda dos produtos mais frequentemente cultivados ........................................................ 61
Tabela 6. Número de produtores organizados nos Polos Agrícolas ...................................................................... 61
Tabela 7. Culturas mais frequentes....................................................................................................................... 62
Tabela 8. Unidades animais identificadas na pecuária do Município, 2015 ......................................................... 64
Tabela 9. Unidades animais identificadas na pecuária do Município, 2015 ......................................................... 64
Tabela 10. Trabalhadores Dependentes do Sub-Sector Agro-pecuário em 2015, por Comuna e Género ........... 68
Tabela 11.Empresas actuantes na Extracção Mineral ........................................................................................... 71
Tabela 12. Estabelecimentos comerciais, por tipologia e localização .................................................................. 76
Tabela 13. Número de cidadãos empregados nos Serviços Estatais..................................................................... 78
Índice de Matrizes Matriz 1. SWOT do Sub-sector Agro-Pecuário do Município da Bibala ................................................................ 69
Matriz 2. SWOT do Sub-sector da Extracção Florestal do Município da Bibala .................................................... 70
Matriz 3. SWOT do Sub-sector da Extracção Mineral do Município da Bibala ..................................................... 72
Matriz 4. SWOT do Sub-sector da Indústria do Município da Bibala .................................................................... 73
Matriz 5. SWOT do Sub-sector da Transformação Artesanal do Município da Bibala .......................................... 75
Matriz 6. SWOT do Sub-sector do Comércio (formal) do Município da Bibala ..................................................... 77
Matriz 7. SWOT do Sub-sector dos Serviços Estatais do Município da Bibala ...................................................... 78
Matriz 8. SWOT do Sub-sector do Turismo do Município da Bibala ..................................................................... 80
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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Lista de Abreviaturas
ADPP – Ajuda de Desenvolvimento de Povo para Povo
CAE – Classificação das Actividades Económicas
EDA – Estação de Desenvolvimento Agrário
ELB – Estudo de Linha de Base
FAO – Food and Agriculture Organization
FAS – Fundo de Apoio Social
IDA – Instituto de Desenvolvimento Agrário
IDH – Índice de Desenvolvimento Humano
INDF – Instituto de Desenvolvimento Florestal
MINAGRI – Ministério da Agricultura
NACE – Nomenclatura Estatística das Actividades Económicas
ONG – Organização não-governamental
PEA – População Economicamente Activa
PEI – População Economicamente Inactiva
PIB – Produto Interno Bruto
PMIDCP – Programa Integral de Desenvolvimento Rural e Combate à Fome e à Pobreza
PND – Plano Nacional de Desenvolvimento 2013-2017
SADC – Southern Africa Development Community
SMDE – Secretaria Municipal do Desenvolvimento Económico
UNACA – Confederação das Associações de Camponeses e Cooperativas Agro-Pecuárias de Angola
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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Mensagem da Sub-Comissão Técnica de Economia Local
O Estudo de Linha de Base do Sector Económico e Produtivo que agora se apresenta é resultado de
um trabalho realizado pelos Técnicos da Administração Municipal nomeados para o devido efeito, em
colaboração com os Técnicos Provinciais do Fundo de Apoio Social e a Equipa Técnica da Plurália,
empresa contratada para apoiar a realização do Estudo.
O caminho traçado para que o Estudo assumisse o cariz e a expressão actual, foi trilhado
conjuntamente com todas as Repartições da Administração Municipal, que coligiram e forneceram
dados de segunda ordem sobre os assuntos de seu domínio. Foi também percorrido todo um processo
relacional com todas as forças vivas da Comunidade, que amavelmente se dispuseram a prestar
informações sobre as suas actividades económicas, aquando da realização dos trabalhos de terreno
onde foram recolhidos dados de primeira ordem.
Na consciência de que um Estudo desta dimensão nunca é um produto esgotado, pois terá ficado
sempre um pouco da realidade Municipal por caracterizar, foi investido um forte esforço para que
chegássemos a um produto final de qualidade que cumpra os seus objectivos enquadradores e seja
um instrumento efectivamente útil para suportar as decisões das Entidades Públicas ou Privadas
quanto a futuros investimentos, a novos Planos de Desenvolvimento Local e ao trabalho com
Programas e Acções Internacionais de apoio ao Desenvolvimento do Município.
O Estudo de Linha de Base que temos agora em nossas mãos é um trabalho de todos e para todos. Por
esta razão, a Sub-Comissão Técnica de Economia Local agradece a todos os que intervieram e apoiaram
directa ou indirectamente todo o processo de construção do mesmo.
A Sub-Comissão de Economia Local
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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Sumário
O Estudo de Linha de Base do Sector Económico e Produtivo do Município da Bibala teve como linha
orientadora o Termo de Referência construído pelo Fundo de Apoio Social (FAS), entidade promotora
do mesmo.
O trabalho foi conduzido pela Administração Municipal, executado pela Sub-Comissão Técnica de
Economia Local, assessorado por Técnicos e Consultores da Empresa Plurália e com o financiamento
do Fundo de Apoio Social (FAS), através do Projecto de Desenvolvimento Local (PDL) financiado pelo
Governo de Angola e pela União Europeia (EU), tendo como principal objectivo “combater a pobreza
através de uma efectiva descentralização da prestação de serviços, aumento das oportunidades de
negócio e geração de receitas” (em Termo de Referência).
A Empresa Consultora procedeu ao acompanhamento dos trabalhos através dos seus Consultores, que
forneceram suporte metodológico e técnico no processo, desde a recolha de dados à redacção final
do presente Relatório do Estudo de Linha de Base do Sector Económico e Produtivo do Município.
Os trabalhos decorreram em três grandes fases, adiante apresentadas.
O processo foi iniciado com um conjunto de encontros entre representantes das instituições
envolvidas (Administração Municipal de Cacuaco, FAS Provincial de Luanda e Plurália), tendo sido
conjuntamente construído o plano de trabalho para a realização do Estudo de Linha de Base. As
principais fases delineadas no plano de trabalho foram as apresentadas na figura 1: Fase 1 - Diagnóstico
e preparação processual, que incluiu a apresentação pública dos objectivos e metodologia de
realização do Estudo e uma sessão de refrescamento dos Técnicos da Administração Municipal para a
utilização das ferramentas de trabalho e das metodologias de recolha de dados; Fase 2 - Recolha de
Dados Secundários, a partir da análise documental ao Perfil Municipal e aos mais recentes Relatórios
Municipais, e sequente trabalho de campo para recolha dos dados primários; Fase 3 - Elaboração do
Relatório com a sequente disseminação de resultados em modelo de workshop.
Figura 1. Fases do Plano de Trabalho
Fase 1
Diagnóstico e preparação processual
Fase 2
Recolha de Dados
Fase 3
Elaboração do Relatório e Workshop de disseminação de Resultados
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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1. INTRODUÇÃO
No âmbito do PDL – Projecto de Desenvolvimento Local, o Fundo de Apoio Social (FAS) em parceria
com o Ministério da Administração do Território (MAT), através do Instituto de Formação da
Administração Local (IFAL), e com várias entidades, tem vindo a promover iniciativas e a criar diversos
instrumentos que permitem melhorar o conhecimento do território angolano, designadamente a nível
municipal.
O PDL, em linha com o Angola 2025, entrou na sua fase IV e atende às seguintes prioridades chave: (1)
Diminuir as assimetrias territoriais e disparidades sociais no acesso aos bens públicos básicos, (2)
Promover uma economia local diversificada destinada a melhorar o bem-estar social e (3) Fortalecer a
capacidade dos governos locais para prestar serviços de qualidade às famílias mais pobres.
Com uma cobertura geográfica apresentada na figura 2, o PDL é financiado pela União Europeia e
abrange, no seu leque de trabalho, acompanhamento a onze Municípios no âmbito do
Desenvolvimento da Economia Local (assinalados na figura a vermelho).
Fonte: PDL IV - Fundo de Apoio Social
Figura 2. Enquadramento geográfico do PDL IV
No âmbito do aumento do conhecimento do território e sequente melhoria na definição de políticas
de intervenção a nível local, atenuando as debilidades e reforçando os pontos fortes, o PDL IV define
três grandes objectivos: (1) Combater a pobreza através de uma efectiva descentralização da prestação
de serviços, aumentando as oportunidades de negócio e a geração de receitas, (2) Melhorar o acesso
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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das famílias rurais vulneráveis aos serviços sociais básicos e às oportunidades económicas e (3)
Fortalecer as capacidades institucionais dos Municípios de Angola.
Um dos instrumentos que concorre para o aprofundamento deste conhecimento do território é o
Estudo de Linha de Base do Sector Económico e Produtivo, que recolhe dados aprofundados relativos
à situação económica e produtiva dos Municípios e que, conforme expresso nos seus Termos de
Referência, “(…)sirva de referência para as actividades a desenvolver no âmbito do ciclo de
Planeamento Estratégico Municipal e da componente 2 em particular que forneça informações chave
sobre as potencialidades e limitações do sector económico-produtivo” (em Termos de Referência do
Estudo de Linha de Base do Sector Económico-Produtivo).
O Município já elaborou anteriormente Perfis Municipais, e mais recentemente está de posse do seu
Perfil Municipal Dinâmico. O facto de aquele ser dinâmico permite actualizações frequentes pela
inserção de novos dados, que ficam armazenados na correspondente Base de Dados. Isto leva a que o
Perfil seja utilizado na realização deste Estudo de Linha de Base.
Este Estudo de Linha de Base foi desenvolvido pelos Técnicos do Município destacados para a Sub-
Comissão Técnica de Economia Local, acompanhadas pela Plurália, sob supervisão do FAS. Pela
evidente necessidade de enquadramento, a apresentação do Estudo de Linha de Base encontra-se
suportada técnica e teoricamente, definindo-se inicialmente conceitos e terminologias. O
aprofundamento de estudo nesta área é ainda suportado pela sua contextualização na realidade
municipal, maioritariamente transferida do Perfil Municipal Dinâmico.
Foram recolhidos dados primários e secundários, tendo-se compilado um vasto conjunto de dados
quantitativos, qualitativos e cadastrais que reflectem os principais aspectos Económicos e Produtivos
do Município, no âmbito da Economia Formal mas também numa abordagem estruturante a
indicadores da Economia Informal presente no Município.
O Estudo de Linha de Base do Sector Económico-Produtivo constitui-se como um instrumento de
diagnóstico e planificação das acções futuras para o desenvolvimento do território municipal. Desta
forma, importa dotar o Município de sustentação teórica que permita, futuramente, a utilização
conceptual para a constituição de processos concursais e de captação de investidores. Por esta razão,
se inclui no Estudo de Linha de Base um conjunto de definições conceptuais que visam apoiar a
Administração Municipal numa melhor compreensão e argumentação futura. De igual forma, os
Estudo de Linha de Base proporciona a identificação dos pontos fortes e fracos do Município nos
diversos sub-sectores económicos, assim como das potencialidades e ameaças ao desenvolvimento. A
expressão destes factores é apresentada, em local devido, num sistema de análise SWOT que sinaliza
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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os principais indicadores das forças que influenciam os sentidos do desenvolvimento local para cada
sub-sector económico e produtivo identificado na dinâmica do Município.
A técnica de análise SWOT, consubstanciada na construção de Matrizes SWOT, foi criada pelo norte-
americano Albert Humphrey no final da década de 1960. Desde então é amplamente utilizada para
ajudar a compreender o ambiente em que se implementa o ciclo de desenvolvimento institucional,
pela realização do inventário de indicadores de forças e fraquezas institucionais. SWOT é o anagrama
dos termos Strenghts, Weaknesses, Opportunities e Threats (em português: Forças, Fraquezas,
Oportunidades e Ameaças).
As Forças (S= Strenghts) descrevem as competências e pontos fortes internos. As Fraquezas (W=
Weaknesses) descrevem os indicadores internos que de alguma forma atrapalham, não gerando
vantagens. As Oportunidades (O= Opportunities) são as forças externas que se tornam favoráveis ao
desenvolvimento. As ameaças (T= Threats) são as forças externas que pesam negativamente sobre o
desenvolvimento.
Na figura 3 apresenta-se o gráfico de Matriz SWOT a ser utilizado no âmbito do Estudo de Linha de
Base do Sector Económico-Produtivo.
Figura 3. Modelo de Matriz SWOT a aplicar aos sub-sectores do Sector Económico-Produtivo
As fontes utilizadas neste Estudo foram diversas. Os dados apresentados, sempre que não seja
identificada a fonte, são directamente retirados da Plataforma Dinâmica da Administração Municipal.
As imagens que ilustram o texto foram maioritariamente capturadas pela Equipa de Trabalho, sendo
identificadas as fontes das fotografias que não são de autoria desta Equipa.
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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O Estudo de Linha de Base inicia-se com a apresentação do Sumário Executivo e da presente
Introdução, seguida do Enquadramento, em capítulo 2, onde se explicitam e fundamentam conceitos
e ideias utilizadas ao longo do Estudo, permitindo assim uma leitura do documento mais fiável e a
disponibilização de elementos de análise que poderão vir, futuramente, a facilitar tomadas de decisão
sobre as conclusões da presente Linha de Base. No capítulo 3 apresenta-se a Metodologia do Estudo e
no Capítulo 4 procede-se à caracterização do contexto do Município, que virá fornecer a necessária
consistência à caracterização do Sector Económico e Produtivo. No Capítulo 5, capítulo central do
presente Relatório, descrevem-se os dados recolhidos do Sector Económico e Produtivo, organizados
pelos sub-sectores com expressão no Município. No Capítulo 6, Considerações Finais, apresentam-se
as linhas de tendência do Município no sector em análise. Por último, apresentam-se as Referências
Bibliográficas e os anexos, devidamente identificados, a que houver lugar.
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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2. ENQUADRAMENTO
A Economia observa o comportamento humano em decorrência da relação entre as necessidades e os
recursos disponíveis para satisfazer essas necessidades. No sentido figurado, economia significa o
controlo para evitar desperdícios em qualquer serviço ou actividade. Enquanto o crescimento
económico, de matriz quantitativa, se verifica aquando da geração de mais receitas no sistema
económico, o desenvolvimento económico, de matriz qualitativa, corresponde à estrutura da
participação social no resultado do crescimento económico. Desta forma, o desenvolvimento
económico implica uma mudança estrutural de médio e longo prazo dentro do sistema económico.
2.1. Sectores da Economia
A Economia é um sistema consolidado de actividades humanas relacionadas com a produção,
distribuição, troca e consumo de bens e serviços de um País. A economia refere-se também às formas
estruturais como um país ou região está progredindo em termos de produção. A actividade económica
gera riqueza mediante a extracção, transformação e distribuição de recursos naturais, bens e serviços,
tendo como finalidade a satisfação das necessidades humanas em cada momento (educação,
alimentação, segurança, entre outros).
Todos os Países possuem uma população economicamente activa (PEA) e uma população
economicamente inactiva (PEI). A PEA corresponde às pessoas que trabalham e possuem vínculo de
empregabilidade ou que estão procurando trabalho. Já a PEI refere-se às pessoas que se encontram
desempregadas à mais de um ano, que estão inseridas no mercado informal, os aposentados, as donas
de casa e as crianças e adolescentes com idades impróprias para o trabalho.
A população economicamente activa distribui-se, no âmbito das características da sua actividade
laboral, por sectores. O conceito de sectores da actividade económica corresponde a uma divisão
artificial das actividades económicas de cada país, de acordo com a essência das tarefas em questão.
A hipótese dos três sectores, construída teoricamente por Colin Clark e Jean Fourastié, divide as
actividades da economia em três sectores: Sector Primário, Sector Secundário e Sector Terciário. Para
os autores, a ênfase central, em determinados momentos de uma Sociedade, muda do sector primário
para o secundário e finalmente para o terciário, significando estas mudanças o aumento da qualidade
de vida e da segurança social, o desenvolvimento da educação e da cultura, um nível mais elevado de
qualificações, a humanização do trabalho e a minimização do desemprego.
O sector primário compreende as actividades produtivas ligadas à natureza, como sejam a agricultura,
a silvicultura, as pescas, a pecuária, a caça e o extractivismo (mineral, animal e vegetal), que estão
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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relacionadas com a exploração dos recursos naturais e com a exploração de matéria-prima que será
absorvida pelo sector secundário da economia.
O sector secundário integra as actividades industriais transformadoras, de larga escala e artesanais, a
produção de bens de consumo, a construção civil e a geração de energia.
O sector terciário (ou dos serviços) representa as actividades ligadas à prestação de serviços e ao
comércio, englobando o turismo, os transportes, as actividades financeiras e as actividades
profissionais liberais (incluindo o ensino e investigação).
A regulação estrutural das Actividades Económicas pressupõe a existência documental de um sistema
de classificação que permita clarificar o respectivo enquadramento, de forma inequívoca e coerente.
A CAE-Rev1, Classificação das Actividades Económicas actualmente em vigor, foi elaborada a partir do
ISIC Rev3 e aprovada em 2004, tendo passado a partir desta data a preencher as evidentes lacunas
existentes a nível nacional em termos de um quadro normalizado de classificação de actividades
económicas: “Uma Classificação de Actividades Económicas bem adaptada à realidade económica
angolana constitui uma estrutura indispensável ao desenvolvimento e à consolidação do Sistema
Estatístico Nacional, quer pelo papel que desempenha na recolha, tratamento, publicação e análise da
informação estatística, quer pelo sentido de coerência e de unidade que confere ao Sistema.”
(Apresentação da CAE-Rev1, em http://www.ine.cv/forumsine).
2.2. Da Doença Holandesa à diversificação da Economia
Em economia, a Doença Holandesa refere-se à relação entre a exportação de recursos naturais e o
declínio do processo industrial, ocorrendo quando num país a abundância de um recurso natural gera
grandes vantagens de mercado internacional, levando a que aconteça uma especialização na produção
desse recurso em detrimento de outras áreas da economia nacional, o que a longo prazo determina a
inibição do processo de desenvolvimento destas outras áreas.
Pode definir-se a Doença Holandesa como o conjunto de consequências que afectam uma economia
devido à existência de um sector produtivo muito relevante, vinculado às exportações, de crescimento
mais dinâmico do que o resto de actividades produtivas. O «boom» de exportação pode ser devido ao
surgimento de (1) novos recursos exportáveis, (2) aumento dos preços de certas exportações ou (3)
inovações tecnológicas que reduzem os custos de alguns bens exportáveis. Estas três causas podem
ocorrer simultaneamente ou de forma separada.
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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A denominação «Doença Holandesa» (na origem, Dutch Desease) foi primeiramente mencionada na
revista The Economist em 1977, comentando o efeito adverso da descoberta de gás natural na Holanda
sobre o desenvolvimento da produção industrial.
Comummente, a Doença Holandesa é associada às economias onde a maior parte das vantagens
económicas surge da exploração e exportação do petróleo e do gás natural. Assim, o aumento das
exportações de matérias-primas traduz-se, numa primeira fase, no aumento do valor global das
exportações mas, numa segunda fase, acaba por prejudicar a indústria local que, diante da
concorrência internacional, perde mercado. Importa assim conseguir atingir um equilíbrio nestes
fluxos de área, para precaver uma crise financeira geradas pela diminuição de receitas na exportação
de matérias-primas (por esgotamento das fontes ou por queda das cotações internacionais, entre
outros factores).
O enquadramento estratégico do Plano Nacional de Desenvolvimento 2013-2017 (PND), na sua
objectivação da Estratégia Nacional “Angola 2025”, que fixa as Grandes Orientações para o
Desenvolvimento de Angola, destaca oito grandes linhas de desenvolvimento nacional: (1) Garantir a
Unidade e a Coesão Nacional; (2) Construir uma Sociedade Democrática e Participativa, garantindo as
liberdades e direitos fundamentais e o desenvolvimento da sociedade civil; (3) Promover o
Desenvolvimento Humano e o Bem-Estar dos Angolanos, assegurando a Melhoria da Qualidade de
Vida, Combatendo a Fome e a Pobreza Extrema; (4) Promover o Desenvolvimento Sustentável,
Competitivo e Equitativo, garantindo o Futuro às Gerações Vindouras; (5) Promover o
Desenvolvimento da Ciência, Tecnologia e Inovação; (6) Apoiar o Desenvolvimento do
Empreendedorismo e do Sector Privado; (7) Desenvolver de Forma Harmoniosa o Território Nacional;
(8) Promover a Inserção Competitiva da Economia Angolana no Contexto Mundial e Regional.
Um dos objectivos centrais do PND 2013-2017 no que respeita ao desenvolvimento da Economia
Nacional é a sua diversificação, de forma a consolidar o crescimento de forma independente aos
produtos da indústria petrolífera. Neste âmbito, encontram-se bem definidos os eixos de actuação do
Governo para a consolidação da diversificação da Economia Nacional. As bases para a intensificação
do processo de diversificação encontram-se em fase de consolidação, resultante do forte esforço de
investimento público na reabilitação e desenvolvimento das infraestruturas, bem como da criação de
um ambiente macroeconómico favorável ao investimento privado no sector não petrolífero.
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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Figura 4. Áreas de desenvolvimento prioritário no sector da Indústria Transformadora, de acordo com o PND
O desenvolvimento da indústria transformadora, em bases sustentáveis, contribui para a maior
geração de emprego, o aproveitamento das matérias-primas agrícolas e minerais, o equilíbrio da
balança comercial e a economia de divisas. A materialização dos grandes objectivos de
desenvolvimento do sector da indústria transformadora assentam, de acordo com o PND, no
desenvolvimento de 7 sectores prioritários, conforme especificado na figura 4.
O PND preconiza 3 Programas de Acção Fundamentais para a consolidação da diversificação da
Economia Nacional: (1) Diversificação da Produção Nacional, (2) Criação de Clusters de intervenção
prioritária e (3) Programa «Angola Investe». A propósito da Diversificação da Economia Nacional, Sua
Exa. Presidente da República Engº José Eduardo dos Santos afirmou, aquando da mensagem sobre o
estado da Nação de 15 de Outubro de 2014: “A sustentabilidade do nosso desenvolvimento pressupõe
a necessidade de reduzir a actual dependência da nossa economia do petróleo bruto. Diversificar a
actividade económica e a produção, em particular, é, pois, uma questão crítica, uma tarefa urgente e
inadiável, determinante do nosso futuro e de uma mais efectiva Independência Nacional”.
2.3. A SADC e a integração económica regional
Angola é país-membro da SADC (Southern Africa Development Community), organização sub-regional
de integração económica dos países da África Austral. Desde a sua criação, em Agosto de 1992, e
aglutinando os princípios da SADCC (Southern Africa Development Co-ordination Conference – Abril
de 1980), a SADC tem formulado políticas e estratégias para a Integração Regional, em apoio do
crescimento e desenvolvimento económico dos 15 Países que a compõem. Os benefícios económicos
Indústrias alimentares e de bebidas
Indústrias têxtil de vestuário e de calçado
Indústrias da madeira, do mobiliário de madeira e da pasta, papel e cartão
Indústrias química e farmacêutica
Indústrias dos minerais e dos materiais de construção não metálicos
Indústrias metalúrgicas de base, dos produtos metálicos, das máquinas e material de transporte
Reciclagem
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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esperados com esta integração têm mostrado em toda a parte do Mundo, inclusive nos mercados
financeiros mais fortes, optimização dos fluxos de comércio e investimento intra-regional,
potenciando a transferência da experiência e da Tecnologia dos Estados-membros.
O principal objectivo para todos e cada um dos Membros da SADC é alcançar um crescimento
económico sustentado e um desenvolvimento sustentável que permita às populações da Região terem
uma vida melhor e oportunidades de emprego suficientes. A sua principal estratégia consiste na
reabilitação e crescimento das capacidades já existentes nos Países que a compõem.
Para que se possa atingir o desenvolvimento económico pretendido, é essencial que se promova a
indústria local, pois apenas com consolidados processos de industrialização se poderá atingir a
independência em relação aos produtos industrializados estrangeiros, garantindo maior economia
local e regional. Paralelamente, são objectivos estruturantes da SADC os que concernem ao
desenvolvimento da Educação e Formação Profissional, da Saúde, prioritariamente no que respeita ao
HIV/SIDA e ao aumento da participação as mulheres em todas as camadas da sociedade (Fonte:
www.sadc.int).
2.4. A Agricultura no panorama nacional
Angola apresenta um elevado potencial para o desenvolvimento de práticas agrícolas, devido às
características dos solos e do clima e à presença de cursos água numa parte considerável do território.
A Agricultura Familiar (AF) assume um papel de grande relevo no País: “A Agricultura Familiar em
Angola domina a quase totalidade das explorações agrícolas, representando 99,8%, com as suas
características de pluriactividades. A mesma desempenha múltiplas funções (produção alimentar,
contribuição para o produto interno bruto, promoção do emprego, preservação do ambiente). Mais de
1/3 da população angolana depende da agricultura itinerante e de sequeiro. A Agricultura Familiar
detém mais de 98% das explorações agrícolas. Em Angola, de acordo com o MINAGRI, existem cerca
de2,6 milhões de famílias que praticam AF e asseguram os postos de trabalho de milhares de pessoas”
(em Relatório Social de Angola 2014).
A Agricultura Familiar assegura a maioria da produção e comercialização das culturas alimentares
nacionais. O Relatório Social de Angola 2014 assinala que esta produção é diversificada, incluindo
frequentemente: “(…) cereais, por exemplo, milho, massango e massambala; leguminosas, por
exemplo, feijão comum, feijão macunde e soja; raízes e tubérculos, como a mandioca, a batata-rena e
a batata-doce” (em Relatório Social de Angola 2014).
Entenda-se por Agricultura Familiar “(…) o cultivo da terra realizado por pequenos proprietários rurais,
tendo como mão-de-obra essencialmente o núcleo familiar. A mesma inclui todas as actividades
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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agrícolas de base familiar e está ligada a diversas áreas de desenvolvimento rural e à organização das
produções. Integra as componentes agrícola, florestal, pesqueira, pastoril e aquícola, que são geridas
e operacionalizadas por uma família e predominantemente dependentes de mão-de-obra familiar,
tanto de mulheres como de homens. (…) A distinção entre a agricultura familiar e o agronegócio é
económica, social e ambiental. O agronegócio é o termo usado para se referir a integração estre
actividades agrícolas e não agrícolas (processamento dos produtos, comercialização, etc) e é uma
categoria política e ideológica que vai além do negócio. A agricultura familiar e o agronegócio não são
dois mundos separados, mas modelos de agricultura que coexistem, que se podem complementar e
articular na cadeia de valor. O agronegócio, que também está ligado às exportações de alimentos faz
parte da visão dominante do sistema mundial alimentar. Não se deve negar a cadeia de valor, mas o
mercado da agricultura familiar edifica-se numa construção social. A produção para o autoconsumo é
uma estratégia de segurança alimentar e nutricional da agricultura familiar” (em Relatório Social de
Angola 2014).
A Caracterização Mesológica de Angola determina a existência no país de cinco grandes regiões
agrícolas de Agricultura Familiar, agrupadas em 33 zonas agrícolas de características distintas em
função de vários critérios (características e aptidão dos solos, relevo, clima, vegetação, hidrografia,
entre outros):
Região I – Litoral Norte de economia de sequeiro, tendo como principal cultura a mandioca e
o milho;
Região II – a Norte, com as culturas de mandioca complementadas com café e palmar;
Região III – no Planalto Central, onde predomina a cultura do milho;
Região IV – na parte Leste do país, desde Norte a Sul, onde predomina a mandioca no eixo
Norte e os cereais no eixo Sul, com manchas de cultura de arroz de sequeiro;
Região V – no Sudoeste, agro-pastoril, de criação de gado bovino e caprino, complementada
com cereais.
De entre a diversidade de factores que influenciam as dinâmicas da agricultura nas cinco regiões, a
precipitação condiciona em larga medida os roteiros agrícolas. Em Angola, a precipitação é
influenciada pelo centro de altas pressões do Atlântico Sul, pela corrente fria de Benguela e pela
altitude.
2.5. Segurança Alimentar
Na Cimeira Mundial da Alimentação de 1996, a FAO (Food and Agriculture Organization of the United
Nations) definiu o conceito de Segurança Alimentar: “A segurança alimentar existe quando todas as
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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pessoas, em todos os momentos, têm acesso físico, social e económico a alimentos suficientes, seguros
e nutritivos para satisfazer as suas necessidades energéticas diárias e preferências alimentares para
uma vida ativa e saudável” (www.fao.org). Esta definição assinala quatro dimensões primordiais da
Segurança Alimentar: (1) A disponibilidade física dos alimentos, (2) o acesso económico e físico aos
alimentos, (3) a utilização dos alimentos e (4) a estabilidade, no tempo, das 3 anteriores dimensões.
A existência de alterações, ao longo do ano, no que respeita às condições climáticas (seca, inundações),
a alterações no circuito político-social ou a factores de oscilação económica e produtiva (desemprego,
os aumentos nos preços dos alimentos) podem afetar o estado da segurança alimentar das pessoas
numa região ou País.
“Existe segurança alimentar quando todas as pessoas, em todos os momentos, têm acesso físico e
económico a alimentos suficientes para satisfazer as suas necessidades alimentares para uma vida
produtiva e saudável. A segurança alimentar inclui aspectos da agricultura, pecuária, pesca e água. As
pessoas ou famílias conseguem alimentos por 3 vias: produção, compra ou troca e oferta de fora. A
produção pode ser agricultura, pecuária, florestas, pesca ou outra actividade complementar de
rendimento e tal tem implicações na análise dos sistemas de produção. A compra ou troca tem
implicação na análise do sistema de comercialização e dos termos de troca. A oferta tem implicações
na análise do sistema de direitos sociais locais e das obrigações em termos de apoio do Estado /
Governo” (em Relatório Social de Angola 2014).
A OCDE (Organización para la Cooperación y el Desarrollo Económicos) assinala que a natureza
dinâmica da segurança alimentar está implícita quando falamos de pessoas que são vulneráveis à
insegurança alimentar no futuro. A vulnerabilidade é definida a partir da perspectiva de três dimensões
críticas: (1) a vulnerabilidade como um efeito / resultado directo dos acontecimentos que condicionam
a alimentação disponível, (2) a vulnerabilidade resultante da ocorrência de vários factores de risco e
(3) a vulnerabilidade enquanto incapacidade de gerir a ocorrência de riscos. As pessoas podem manter
um nível aceitável de segurança alimentar no momento, mas pode estar em risco de insegurança
alimentar no futuro. Assim, a OCDE assinala que a análise de vulnerabilidade indica duas opções
principais de intervenção: (1) reduzir o grau de exposição ao perigo e (2) fortalecer a capacidade de
resposta das pessoas.
Em suma, a segurança alimentar representa um conceito bastante abrangente: (1) comportando as
noções do alimentar e do nutricional; (2) enfatizando os aspectos do acesso e da disponibilidade em
termos de suficiência, continuidade e preços estáveis e compatíveis com o poder aquisitivo da
população; (3) ressaltando a importância de qualidade; (4) valorizando os hábitos alimentares
adequados e colocando a segurança alimentar e nutricional como uma prerrogativa básica para a
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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condição de cidadania; mais recentemente, (5) a sustentabilidade ecológica, social e económica do
sistema alimentar.
2.6. Desenvolvimento Humano, IDH e PIB
O Desenvolvimento Humano é um objectivo mundial, simultaneamente sendo um processo e um
resultado. Traduzindo-se na possibilidade de as pessoas influenciarem os percursos que moldam as
suas próprias vidas, mantendo controlo sobre estas, o Desenvolvimento Humano pressupõe o
crescimento económico embora não se esgote neste. Significa também “(…) o desenvolvimento das
pessoas por via do reforço das suas capacidades humanas, por visar melhorar as suas vidas, e pelas
pessoas por participarem activamente nos processos que moldam as suas vidas. O Desenvolvimento
Humano permite “(…) alargar o leque
de escolhas das pessoas, na medida em
que adquirem mais capacidades e
gozam de mais oportunidades para as
usar” (Fonte: Relatório do
Desenvolvimento Humano).
O conceito de Desenvolvimento
Humano define um processo de
ampliação das escolhas das pessoas,
para que elas tenham capacidades e
oportunidades para serem aquilo que
desejam ser. Diferentemente da
perspectiva do crescimento económico,
que vê o bem-estar de uma sociedade
apenas pelos recursos ou pela renda
que ela pode gerar, a abordagem de desenvolvimento humano procura olhar diretamente para as
pessoas, para as suas oportunidades e capacidades. A renda é importante, mas como um dos meios
do desenvolvimento e não como seu fim. É uma mudança de perspectiva: com o desenvolvimento
humano, o foco é transferido do crescimento económico para o ser humano.
O conceito de Desenvolvimento Humano também parte do pressuposto de que para aferir o avanço
na qualidade de vida de uma população é preciso ir além do viés puramente econômico e considerar
outras características sociais, culturais e políticas que influenciam a qualidade da vida humana. Esse
conceito é a base do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e do Relatório de Desenvolvimento
Humano (RDH), publicados anualmente pelo PNUD.
Fonte: Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano
Figura 5. Grandes Linhas do Desenvolvimento Humano
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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O Desenvolvimento Humano dos países mundiais determina-se pelo cálculo do Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH), para cada país e em cada novo ano, colocando em relação todos os
países. O IDH é um índice composto que incide sobre três dimensões básicas do desenvolvimento
humano: (1) uma vida longa e saudável medida pela esperança de vida à nascença; (2) a capacidade
de adquirir conhecimento medida pela média de anos de escolaridade e anos de escolaridade
esperados; (3) a capacidade de atingir um nível de vida digno medido pelo rendimento nacional bruto
per capita.
Angola sustentou, no ano de 2014, e de acordo com os dados do PNUD 2015, o 149º lugar da lista de
países com cálculo de IDH, com um Índice de Desenvolvimento Humano de 0,532. Com um valor de
IDH crescente, ao longo dos últimos anos, não foi ainda atingido o valor médio mundial, que se situa
em 0,711 (Fonte: Relatório do Desenvolvimento Humano).
Fonte: Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano
Figura 6. Correlação entre trabalho e desenvolvimento humano
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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Fonte: Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano
Figura 7. Opções para o reforço do Desenvolvimento Humano através do trabalho
Criado por Mahbub ul Haq com a colaboração do economista indiano Amartya Sen, o IDH pretende ser
uma medida geral, sintética, do desenvolvimento humano. Apesar de ampliar a perspectiva sobre o
desenvolvimento humano, o IDH não abrange todos os aspectos de desenvolvimento e não é uma
representação da "felicidade" das pessoas, nem indica "o melhor lugar no mundo para se viver".
Democracia, participação, equidade, sustentabilidade são outros dos muitos aspectos do
desenvolvimento humano que não são contemplados no IDH.
O objectivo da criação do Índice de Desenvolvimento Humano foi o de oferecer um contraponto a
outro indicador muito utilizado, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, que considera apenas a
dimensão económica do desenvolvimento. O PIB (Produto Interno Bruto) representa a soma (em
valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região ou País
durante um determinado período de tempo. Sendo um dos indicadores mais utilizados na
macroeconomia, tem como principal objectivo quantificar a actividade económica dessa região ou
País.
O PIB per capita foi o primeiro indicador utilizado para analisar a qualidade de vida em um País. Países
podem ter um PIB elevado por serem grandes e terem muitos habitantes, mas o seu PIB per capita
pode ser baixo, já que a renda total é dividida por muitas pessoas.
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Uma breve análise à figura 8, que apresenta as linhas de evolução do PIB e do PIB per capita
considerados para os anos 2006 a 2013, pode verificar-se que a evolução do PIB não corresponde à
evolução do PIB per capita, em termos do desenho produzido pelas respectivas linhas. As variáveis
associadas à população, que condicionam o PIB per capita devem ser consideradas em qualquer
análise de desenvolvimento de uma população, pois oferecem representações mais reais da situação
do País. Sendo indicadores diferenciados, não se substituem na análise às condições de vida das
populações.
Fonte: tradingeconomics.com_angola
Figura 8. Comparativo das linhas de evolução do PIB e do PIB per capita de Angola, nos anos 2006 a 2013
A diversificação das fontes que constituem o PIB tem vindo a ocorrer, sendo claro que o
desenvolvimento humano em Angola passa pela concretização dos planos de redução da dependência
do PIB em relação ao petróleo.
Na sua mensagem à Nação por ocasião do Ano Novo, Sua Exa., Presidente da República, Engº José
Eduardo dos Santos afirmou que “(…) o desenvolvimento humano, e particularmente o conhecimento
e a habilidade do homem para fazer coisas, constituem o factor decisivo da transformação social e a
base do crescimento económico e do progresso social (…) temos que ajustar os nossos programas e
planos para enfrentar com sucesso o próximo ano, acelerando a nossa intervenção na agricultura,
pescas, turismo, indústria da madeira, indústria alimentar e indústria ligeira e mineira, para aumentar
as exportações e reduzir as importações com o aumento da produção local e do comércio”.
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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3. METODOLOGIA DO ESTUDO
A elaboração do Estudo de Linha de Base do Sector Económico e Produtivo a que o presente
documento se refere enquadra-se no Projecto de Desenvolvimento Local – PDL, que apresenta como
principal objectivo “combater a pobreza através de uma efectiva descentralização da prestação de
serviços, aumento das oportunidades de negócio e geração de receitas” (in Termos de Referência).
A necessidade de aperfeiçoar a elaboração de documentos orientadores para o desenvolvimento dos
Municípios, no respeito dos princípios e preocupações enunciadas no documento Angola 2025,
enquadra e fundamenta o programa de trabalhos agora apresentado. A aquisição e desenvolvimento
de competências locais assume uma redobrada importância no contexto do desenvolvimento
harmonioso do território e do combate à pobreza e à exclusão.
O envolvimento das três Entidades – Administração Municipal, Fundo de Apoio Social e Plurália –
constitui-se como uma enorme mais-valia da qualidade dos produtos do Estudo de Linha de Base.
São vários os factores que influenciam o desenvolvimento económico, mas compete, nesta tipologia
de Estudos de Linha de Base, destacar os principais: (1) a qualidade e a quantidade dos recursos
produtivos disponíveis, a força de trabalho, a capacidade tecnológica do capital existente e a
diversidade e quantidade e qualidade das matérias-primas existentes no sistema económico; (2) as
condições sociais da comunidade que gera e usufrui do sistema económico; (3) o dinamismo dos
agentes económicos, que proporcionam a eficácia organizacional, estimulando o funcionamento das
actividades produtivas, possibilitando que mais unidades produtivas surjam no mercado e assim
aumentando os níveis de emprego e qualidade de vida.
3.1. Objectivo e Produtos do Estudo de Linha de Base
O Objectivo central do presente Planeamento é o de elaborar uma linha de base que sirva de referência
para as actividades a desenvolver no âmbito do ciclo de Planeamento Estratégico Municipal e da
componente 2 em particular que forneça informações chave sobre as potencialidades e limitações do
sector económico-produtivo.
De acordo com os Termos de Referência orientadores, são produtos a apresentar: (1) Realização de
um Workshop de disseminação dos resultados dos estudos dirigido aos parceiros locais e às equipas
provinciais do FAS nas províncias em que se vai realizar o estudo e (2) Produção de um relatório
descritivo de toda a informação recolhida, analisada e sistematizada.
Para que a demanda seja cumprida, importa que sejam obtidos os seguintes produtos: (1)
Caracterização geral do Município; (2) Descrição dos sectores económico-produtivos existentes; (3)
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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População Economicamente Activa (PEA) por sector e sub-sector; (4) Percentagem da população por
sector; (5) Tipologia e organização de empresas e unidades de produção / produtores; (6) Descrição
das principais actividades económicas não formais, incluindo as de carácter doméstico; (7)
Fornecedores e provedores de bens e serviços; (8) Principais fontes de acesso a recursos financeiros;
(9) Mapeamento georreferenciado das infra-estruturas económicas e produtivas públicas e privadas
por sector, incluindo mobilidade de transportes.
3.2. Metodologia Geral
Como facilmente se identificou atrás, uma boa parte da informação que integra o presente Estudo
existe coligida e actualizada em diversos documentos produzidos pela Administração Municipal:
Relatórios Gerais da Administração Municipal, Relatórios das diversas Repartições da Administração
Municipal, Perfil Municipal, outros Estudos e Documentos produzidos e validados.
Assim, a realização do Estudo de Linha de Base suportou-se na recolha de dados de segunda ordem e
respectiva actualização, sendo o Perfil Municipal uma das fontes privilegiadas desta recolha de
informação.
Para as tipologias de informação ainda não sistematizadas em documentos validados, existiu então a
necessidade de recolher dados de primeira ordem, através do cumprimento de rotas no terreno onde
se procedeu também à georreferenciação das estruturas ainda não referenciadas.
A metodologia de trabalho proposta em Termos de Referência implicou o trabalho sistemático dos
elementos da Sub-Comissão Técnica, que foi devidamente nomeada pelo Senhor Administrador
Municipal e que realizou, conjuntamente com a equipa de Consultores, a recolha e sistematização da
informação.
São objectivos da Entidade Consultora, e de acordo com os Termos de Referência que supra-orientam
o presente planeamento, os seguintes: a) Elaborar o Estudo de Linha de Base do Sector Económico e
Produtivo do Município da Bibala, em articulação com as forças locais; b) Apoiar a Administração
Municipal da Bibala, utilizando metodologias de transferência de competências, na autonomização
progressiva dos seus Técnicos
3.3. Plano de Trabalho
Pela complexidade da elaboração do Estudo de Linha de Base do Sector Económico e Produtivo,
estabeleceu-se um Plano de Acção detalhado no que diz respeito às suas fases, nomeadamente às
tarefas diversificadas que competem a cada um dos intervenientes neste processo.
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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De acordo com o definido no Paradigma supra-orientador e nos Termos de Referência, o Plano de
Acção decorreu em três fases, de acordo com o esquema apresentado abaixo:
Figura 9. Plano de Trabalho para a realização do ELB
Apresentam-se os passos de concretização de cada uma das fases do processo, sendo o Macro Plano
de calendarização do faseamento das actividades remetido a Anexo 1:
o Fase 1: Apresentação das entidades e intervenientes; Apresentação metodológica do Estudo aos
Chefes de Repartições da Administração Municipal e outras entidades que se considere
pertinente convidar, para potenciar o envolvimento; Diagnóstico situacional e acerto de
procedimentos com a Sub-Comissão Técnica da Administração Municipal; Negociação de Rotas
para recolha de dados de Primeira Ordem e Georreferenciação; Compilação documental de todos
os Perfis e/ou estudos de linha de base existentes no Município.
o Fase 2: Caracterização Geral do Município; Descrição dos sectores; Apuramentos populacionais;
Percentuais de população por actividade económica; Levantamento das principais actividades
económicas não formais; Mapeamentos e georreferenciações; Asseguramento de inserção de
dados na plataforma do Município.
o Fase 3: Redacção do Relatório; Realização do Workshop de disseminação dos resultados dos
estudos dirigido aos parceiros locais e às equipas provinciais do FAS.
Para a fase 2 foram disponibilizados instrumentos de recolha de informação (questionários e check
lists) facilitadores do processo de investigação e diagnóstico por parte dos técnicos das Administrações
Municipais. Cada um destes instrumentos de recolha tem uma temática específica e contribui para
alimentar os vários indicadores definidos pelo FAS, sendo basilares para a elaboração do Perfil
Municipal.
Os instrumentos foram apresentados e explicados às Unidades Técnicas (e outros participantes)
durante o workshop de refrescamento, sendo clarificada a metodologia de utilização. Foram também
Fase 1
Diagnóstico e preparação processual
Fase 2
Recolha de Dados
Fase 3
Elaboração do Relatório e Workshop de disseminação de Resultados
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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criados guiões das entrevistas a serem aplicadas a actores locais, grupos focais e figuras de destaque
a nível do Município.
Embora os referidos instrumentos fossem entregues a técnicos específicos, optou-se por nomear um
coordenador do projecto que assumisse a complementaridade das diferentes tarefas e garantisse o
cumprimento dos prazos estipulados. A este coordenador foi facultada a possibilidade de estar em
permanente contacto com a Plurália, através do Consultor de Terreno e, sempre que solicitado, com
os técnicos especialistas.
Nas actividades de pesquisa para recolha de dados secundários, procedeu-se ao respectivo registo e
anotação / identificação das fontes, colectando-se as evidências do processo de pesquisa.
Posteriormente avançou-se para a recolha de dados primários. A este nível, também, sempre que foi
solicitado, foram especificadas técnicas de recolha. Foi explicada a importância da complementaridade
das diferentes tarefas e das várias equipas, essenciais à construção de um trabalho coerente e
integrado.
Além da atenção dada à questão metodológica do processo de recolha, houve a preocupação de
sedimentar a consciência de um necessário trabalho em equipa, essencial para a concretização de um
projecto com estas características dinâmicas.
3.4. Instrumentos de recolha e organização da informação
Os instrumentos de recolha e organização da informação foram diversificados. O principal instrumento
foi o ODK Collect, plataforma e sistema de recolha de dados que equipa os Municípios. Este sistema
foi criado para a realização dos Perfis Municipais Dinâmicos, pelo que, para a realização do Estudo de
Linha de Base, foi necessário complementá-lo com outros instrumentos, de forma a poder proceder-
se aos devidos aprofundamentos para a área económica e produtiva.
O ODK, enquanto Base de Dados, incorpora um conjunto de possibilidades de recolha de informação
expresso no questionamento apresentado no interface da Aplicação instalada nos dispositivos móveis
de recolha de dados, que importa agora especificar:
Questionários (89, identificados de q01 a q89) desmultiplicados em conjuntos de perguntas e
instruções para a colheita dos Dados;
Quando especificado, dispositivo para a recolha dos pontos georreferenciais do local onde os
Dados são recolhidos;
Quando especificado, dispositivo para a recolha de imagem (foto) do local / infraestrutura
sobre o qual estão a ser recolhidos os Dados.
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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Para o enriquecimento da recolha de Dados, foram utilizados os seguintes instrumentos
complementares:
Matriz de Análise de Lacunas – matriz que tem como entrada principal os indicadores
necessários à elaboração do Estudo de Linha de Base, preenchida no início do Estudo, onde é
possível entender com clareza e facilidade de acesso qual a informação em falta e os locais /
documentos / contextos onde esta informação pode ser recolhida;
Diário de Campo – constitui-se como um guião de questionamento aos informadores-chave e
grupos focais, que desdobra os items preconizados na Matriz de Análise de Lacunas isolando,
para cada indicador, o que deve ser questionado aos informadores / grupos focais, para que
sejam complementados os Dado existentes;
Matriz de Verificação de Dados – directamente derivada da Matriz de Análise de Lacunas, esta
matriz é o instrumento de controlo diário e sistemático da entrada de nova informação, ao
longo de todo o processo de recolha de dados.
Especificamente sobre o processo de organização da Informação, foram utilizados os mecanismos
próprios da Base de Dados ODK Collect como centralizadores da informação recolhida. Os
instrumentos complementares, nomeadamente a Matriz de Verificação de Dados, agrega toda a
informação recolhida num sistema de tabela onde são referidas as fontes dos Dados recolhidos.
No que respeita ao traçado das rotas de recolha de Dados, foi possível, face às características
territoriais, proceder a visitas a todas as Aldeias e Bairros, procedendo a uma cobertura 100% do
território Municipal.
O processo de construção do Documento do Estudo de Linha de Base foi apoiado pela utilização
metodológica de Matrizes SWOT sectoriais, definidas para cada Sub-Sector definido para a organização
do processo de análise, sendo para a construção destas matrizes utilizada toda a informação a que
houve acesso: preenchimento do ODK Collect, entrevistas a informadores-chave, informação recolhida
por análise documental aos Relatórios Globais e Sectoriais da Administração Municipal e de outras
entidades operantes no Município, informação recolhida por observação directa, informações obtidas
no Trabalho de Campo pelo questionamento de membros da população local, entre outras.
3.5. Limitações do Estudo de Linha de Base
As limitações do presente Estudo de Linha de Base do Sector Económico e Produtivo situam-se,
principalmente, em três níveis:
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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Dificuldades de acesso a Dados sobre as Empresas e Unidades de Produção cuja dimensão
envolve trabalho assalariado;
Dificuldades de serem obtidas respostas no que concerne às actividades não formalizadas.
Maioritariamente, e face aos esforços que o Município tem vindo a desenvolver para
inspeccionar e regularizar as actividades económicas locais, os focos de actividades não
formalizadas encontram-se em situação de receio face à prestação de informações para o
presente Estudo;
Impossibilidades técnicas de georreferenciar os locais produtivos, por inacessibilidade aos
satélites de referência do ODK.
Não podemos deixar de mencionar que a ruptura da Equipa de Trabalho no processo final de realização
do presente Estudo foi marcante no aperfeiçoamento de alguns dados. No entanto, sendo este um
processo dinâmico de construção, o resultado a que se chegou não compromete os objectivos iniciais
do presente Estudo de Linha de Base, pois com o esforço e envolvimento das Entidades (Plurália, FAS
e Sub-Unidade Técnica da Administração Municipal) na concertação dos constrangimentos foi possível
produzir o esperado produto final.
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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4. CARACTERIZAÇÃO GERAL DO MUNICÍPIO
O Município da Bibala faz parte da Província do Namibe, estando localizado a nordeste. Definido pelas
coordenadas -14o 40’ de latitude e 13o 10’ de longitude, faz fronteira com a Província da Huíla ao longo
da Escarpa da Chela. A altitude estimada é de 697 metros acima do nível do mar.
Situado a 167 quilómetros da Cidade de Moçâmedes, Sede Provincial da Província do Namibe, dista da
Cidade do Lubango, Sede Provincial da Huíla, 49 quilómetros.
A Bibala é um Município maioritariamente Agrícola, apresentando também incidência na criação de
gado e encontrando-se na rota de transumância do Sul de Angola.
4.1. Enquadramento Geográfico
Fonte: Perfil Municipal Dinâmico da Bibala 2015
Figura 10. Mapa de divisão Comunal da Bibala
O Município tem uma área total de 7.612 km², superfície que corresponde a cerca de 13% do território
da Província do Namibe. A Bibala é limitada a Norte pelo Município de Camucuio, a Sul pelo Município
de Virei, a Este pelos Municípios de Quilengues, Cacula, Lubango e Humpata (Província da Huíla) e a
Oeste pelo Município do Namibe.
Apresenta uma distribuição administrativa estruturada em quatro Comunas: Comuna Sede, Comuna
de Lola, Comuna de Caitou e Comuna de Capangombe.
A fundação da Bibala situa-se no dia da chegada do Caminho-de-ferro, em 01 de Fevereiro de 1912,
tendo sido a sua circunscrição civil criada em 21 de Junho de 1918. A elevação a concelho data de 13
de Dezembro de 1965.
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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4.2. Aspectos biofísicos
Clima
A Bibala apresenta um clima de tipo tropical, temperado médio, com duas estações do ano, sendo uma
chuvosa que vai de Outubro a Abril e outra seca de Maio a Setembro. As chuvas são irregulares e
escassas durante o ano. A região da faixa Este do Município é caracterizada por um clima Subtropical
húmido.
A classificação do clima é Aw, de acordo com
a classificação de Köppen e Geiger. A Bibala
tem uma temperatura média de 26.2 °C,
sendo a temperatura mais baixa no mês de
Agosto, com um valor médio de 21,5 °C.
A pluviosidade média anual é de 815 mm. O
mês mais seco é Junho, com 0 mm, e o mês de
maior precipitação é Março, com uma média
de 248 mm.
O Município apresenta duas zonas com algumas diferenças de comportamento climático, devido às
influências de proximidade da Escarpa da Chela, conforme se verifica na figura 12.
Fonte: Perfil Municipal Dinâmico da Bibala, 2015
Figura 12. Enquadramento climático do Município da Bibala segundo a classificação de Thornthwaite
Fonte: pt.climate-data.org
Figura 11. Gráfico climático da Bibala
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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Hidrografia
A Bibala é uma região com rios intermitentes, cujos leitos secam durante os meses de estiagem. Os
principais rios do Município são: o Munhino, o Dáreia, o Caitou, o Pirangombe, o Tchapitchapi, o Lola,
o Ndukuta, o Muhnda e o Tchimbanque-Lute.
Conforme afirma Aldino Francisco, “(…) a mineralização das águas aumenta, por faixas paralelas, de
este para oeste, bruscamente nos interflúvios e gradualmente junto aos vales aluvionares dos cursos
de água: Na 1ª faixa envolvente da escarpa da Chela e que engloba as zonas de Cainde, Vila Arriaga e
Lola as águas são hipossalinas, próprias para consumo humano, rega e abeberamento de gado”
(Desafios do Desenvolvimento e do Ordenamento do Território na Província do Namibe, Dissertação
de Mestrado, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, 2013).
Na figura 13 apresenta-se a representação da Rede Hidrográfica do Município.
Fonte: Perfil Municipal Dinâmico da Bibala 2015
Figura 13. Rede Hidrográfica do Município da Bibala
Flora
O Mutuati (Colophespernum mopane) é o elemento lenhoso
largamente dominante na região. Porém, do extracto
arbustivo são bastante frequentes as acácias como a tristis,
mellifera, albida e a giraffae, as coníferas (africanas e
angolensis) e outras espécies arbóreas como a terminália
prunioide e a combretuns psidioides. Crédito de imagem: southernafricanplants.net
Figura 14. Mutuati
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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A definição as Zonas Fitográficas do Município determina, conforme expresso na figura 15, a
coexistência de quatro tipologias de zona. Maioritariamente existem «matas de mutiáti». No entanto,
a frente das escarpas da Chela é preenchida por Floresta aberta, do tipo «mata de panda», debruada
com uma faixa envolvente de «matos brenhosos». No extremo sul da Comuna de Capangombe
assinala-se a presença de uma zona de estepe de arbustos de faixa subdesértica.
Fonte: Perfil Municipal Dinâmico da Bibala, 2015
Figura 15. Zonas Fitográficas do Município da Bibala
Fauna
A fauna do Município é diversificada, embora insipiente quanto a espécies maiores que marcam
presença em outros Municípios da Província. É principalmente constituída por aves, antílopes, javalis,
felinos e roedores, em quantidades não apuradas.
Relevo
O relevo do Município não se apresenta com acidentes muito elevados, sendo principalmente
constituído por sucessões de pequenas colinas e planaltos. As quotas de relevo vão-se atenuando no
sentido Sudoeste, das faldas da Serra da Chela para o vizinho Município do Namibe.
Solos
A Bibala, na sua condição geográfica de interior, possui um solo de características tipicamente
tropicais, com a presença de cambissolos, calcissolos, e também fluvissolos. Também se encontram
solos arídicos que frequentemente possuem horizonte B textural.
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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Conforme se explicita na figura 16, os solos da Bibala sectorizam-se em quatro tipologias distintas,
embora próximas nas características dos solos das Comunas Sede e Lola.
A proximidade da Serra da Chela determina a presença de solos ferralíticos e paraferralíticos,
envolvidos numa extensão de solos ferralíticos tropicais. As Comunas de Caitou e Capangombe
possuem solos dominantes de tipo litossolos e terreno rochoso.
Fonte: Perfil Municipal Dinâmico da Bibala, 2015
Figura 16. Mapa dos solos da Bibala
Recursos do Solo e Sub-solo
Está identificada no Município a presença de vários
recursos minerais. De entre outros, o mármore e o
granito, assim como inertes de aplicação na
construção, são frequentes.
O clima da Bibala potencia o processo de composição
de mármore (rocha metamórfica originada de calcário
exposto a altas temperaturas e pressão). Encontram-
se identificadas jazidas de granito, variedades branco
e negro, assim como de mármore nas variedades
banco e preto.
As águas minerais são também um recurso do Município. Destacam-se as águas de mesa da Mahita e
as águas minero-medicinais das Termas da Montipa.
Crédito de imagem: Perfil Municipal Dinâmico da Bibala, 2015
Figura 17. Afloramentos rochosos do Município
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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As águas da Montipa são sulfúreas, emergindo de rochas
granitoides, com pH de 8.12, a uma temperatura média
próxima dos 50 oC.
O seu caudal é de aproximadamente 1l/s e o valor TDS (Total
Dissolved Solids) é de 2,27 g/l, apresentando uma
condutividade eléctrica de 800 uS/cm2.
4.3. Educação e Saúde
Educação
De acordo com os dados da Repartição
Municipal de Educação, no ano de 2015
estiveram matriculados 13.798 alunos, dos
quais 957 no nível de Iniciação, 10.106 no
ensino primário, 1.486 no 1º ciclo do ensino
secundário e 1.249 no 2º ciclo do ensino
secundário. A maior parte dos alunos
encontravam-se nas escolas da Comuna
Sede, que reuniu 69% da população escolar.
A distribuição dos alunos pelas Comunas foi a seguinte: 1.339 alunos no Lola, 1.380 alunos no Caitou,
1.548 alunos no Capangombe e 9.531 alunos na Sede.
O Parque Escolar do Município da Bibala é constituído por 35 Escolas, sendo 26 do Ensino Primário, 7
do 1º Ciclo do Ensino Secundário e 2 do 2º Ciclo do Ensino Secundário, estas últimas situadas na
Comuna Sede.
O Sistema Escolar da Bibala dispôs, no ano de referência, de 361 Professores, dos quais 209 do ensino
primário e 160 do ensino secundário.
Encontram-se duas Escolas Profissionais a funcionar no Município. A Escola do 1º Ciclo do Capangombe
na Comuna do Capangombe, com os seguintes cursos em funcionamento: Mecânica, Agronomia,
Informática, Serralharia, Eletricidade e Alvenaria. A Escola Técnico-Profissional da Mahita, situada na
Comuna Sede, com os seguintes cursos em funcionamento: Alvenaria, Agronomia, Serralharia,
Eletricidade e Corte e Costura.
Crédito de Imagem: Perfil Municipal Dinâmico da Bibala, 2015
Figura 19. Escola do Ensino Primário das Mangueiras, Sede
Figura 18. Termas da Montipa
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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A Escola de Formação de Professores (EFP) da Bibala registou, no ano de 2015, a conclusão de
formação de 170 estudantes. A formação pedagógica de nível médio destes estudantes distribuiu-se
pelas especialidades de geo-história, bioquímica, matemática, física e português.
Está projectada a instalação de um núcleo de Ensino Superior no Município, mas ainda não foi possível
concretizar este desejo, não existindo Ensino Superior na Bibala.
Foram contabilizados, no ano de 2014, 3.899 cidadãos maiores de 18 anos inscritos no âmbito dos
Programas de Alfabetização do Município. Destes, cerca de 1.500 já sabem ler e escrever, sendo a
maior incidência de frequência no género feminino. O Município contou com o esforço de 150
alfabetizadores, nos vários centros de alfabetização do Município.
Saúde
Conforme dados da Repartição Municipal de
Saúde, o Município da Bibala dispõe de 27
Unidades Sanitárias, que cobrem o território
municipal: a Comuna Sede tem 1 Hospital e 10
Postos de Saúde, a Comuna da Lola tem 3 Postos
de Saúde, a Comuna do Caitou tem 7 Postos de
Saúde e a Comuna do Capangombe tem 6 Postos
de Saúde.
O Município dispõe de 113 Funcionários ao serviço da área da Saúde. Destes, 83 são Técnicos de Saúde
30 são Administrativos.
As patologias de maior incidência foram, no ano de 2015, as DRA (doenças respiratórias agudas, com
8.870 casos), a Malária (com 8.578 casos), as DDA (doenças diarreicas agudas, com 4.871 casos) e a
Febre Tifoide (com 971 casos). Comparativamente ao ano anterior, verificou-se uma grande melhoria
dos níveis de incidência destas doenças, com a redução de casos das DRA em 12.126 casos (doenças
respiratórias agudas, com 20.996 casos em 2014), da Malária em 567 casos (com 9.145 casos em 2014),
das DDA em 11.071 casos (doenças diarreicas agudas, com 15.942 casos em 2014) e da Febre Tifoide
em 4.215 casos (com 5.186 casos em 2014). Foram rastreados, nos anos de 2014 e 2015, 45 novos
casos de HIV/SIDA.
Crédito de imagem: hunakulu.blogspot.com
Figura 20. Hospital Municipal da Bibala
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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4.4. Demografia
4.4.1. Caracterização Demográfica Geral
Com a realização do Censo 2014, foi possível afinar todo o conhecimento de factos sobre as condições
da População, nas diversas categorias demográficas que foram alvo deste trabalho estruturante.
A recente publicação dos resultados definitivos do RGPH (Recenseamento Geral da População e da
Habitação) permite agora a existência de uma visão Nacional quanto aos variados indicadores
demográficos, o que facilita a interpretação de dados locais e Nacionais, assim procedimentos de
análise mais sustentados e tomadas de decisões melhor fundamentadas.
De acordo com os dados definitivos do RGPH 2014, a população em Angola, à data do
momento censitário, 16 de Maio de 2014, é de 25.789.024, com um Índice de Masculinidade Nacional
de 94, o que significa uma distribuição populacional por género de 48,47% de homens (12.499.041
pessoas de género masculino) e 51,53% de mulheres (13.289.983 pessoas de género feminino). Reside
na área urbana 63% da população e na área rural 37% da população.
Fonte: RGPH, Resultados Definitivos, 2016
Figura 21. Cartograma de população por Comuna
A Densidade Demográfica Nacional é de 20,7 (representando uma média nacional de vinte a vinte e
uma pessoas por quilómetro quadrado).
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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Angola possui uma população extremamente jovem, com 65% dos Angolanos situados no intervalo de
idades dos 0 aos 24 anos. A pirâmide etária, agora apresentada, sustenta, assim, um agrupamento
populacional por grupos etários de:
o 47,2% de crianças dos 0 aos 14 anos;
o 50,3% de População Jovem e Adulta, no intervalos dos 15 aos 64 anos;
o 2,3% de população idosa, com 65 ou mais anos.
Fonte: RGPH, Resultados Definitivos, 2016
Figura 22. Pirâmide Etária da População Angolana, por sexo, em 2014
Os indicadores nacionais apontam o valor de 60,29 como a esperança média de vida em anos, sendo
ligeiramente superior nas mulheres (que apresentam uma esperança média de vida de 63 anos,
enquanto os homens apresentam uma esperança média de vida de 60,29 anos). A Taxa Bruta de
Natalidade é de 36,12 (entenda-se, segundo o RGPH, taxa bruta de natalidade como o número de
nascimentos por cada mil habitantes, por ano). A Taxa Bruta de Mortalidade é de 9,12 (entenda-se,
segundo o RGPH, taxa bruta de mortalidade como o número de mortes por cada mil habitantes, por
ano).
A Taxa de Fecundidade é de 5,7 filhos por mulher, o que, em correlação com os dados de esperança
média de vida e com as taxas de natalidade e de mortalidade resulta no apuramento de uma Taxa de
Crescimento Anual de 2,70%, na população Nacional.
O Índice de Sustentabilidade Potencial apresenta a relação entre o número de indivíduos em
idade activa (15 e 64 anos) e o número de indivíduo idoso (65 anos ou mais). Assim, este índice
determina quantos são os indivíduos potencialmente activos por cada idoso. O valor nacional do índice
de Sustentabilidade Potencial é de 21,2, apresentando uma variabilidade grande entre Meio Urbano
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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(com Índice de Sustentabilidade Potencial de 32,8) e o Meio Rural (com Índice de Sustentabilidade
Potencial de 13,0).
Fonte: RGPH, Resultados Definitivos, 2016
Figura 23. Índice de Sustentabilidade Potencial, por Província, 2014
O valor apurado nacionalmente para o Alfabetismo é de 66%, representando este valor a percentagem
populacional que domina as competências básicas da leitura e escrita adquiridas numa frequência
escolar. O analfabetismo manifesta-se mais no Meio Rural do que no Meio Urbano, com cerca de 79%
de população alfabetizada no Meio Urbano e cerca de 41% de população alfabetizada no meio rural.
Por género, o valor do analfabetismo é maior nas mulheres do que nos homens, sendo que estes
apresentam um valor de 80%, emquanto que as mulheres apresentam um valor de 53% de
alfabetismo.
Como ilustrado na pirâmide etária, a franja populacional nacional que se encontra fora da classificação
de PIA (População em Idade Activa) é de 47,2%, valor percentual de crianças que se encontram na faixa
etária dos 0 aos 14 anos. Assim, é potencialmente activa, no contributo para a Economia Nacional, um
valor percentual de 52,8% da População.
Define-se População Economicamente Activa (PEA) a que tem 15 anos ou mais de idade e que em 16
de Maio de 2014 se encontrava na situação de empregada ou desempregada.
A Taxa de Actividade Nacional apurada n o momento censitário é de 53%, sendo a dos homens (61%)
superior à das Mulheres (45%). Atente-se que a Taxa de Actividade nacional exprime a relação
existente entre os valores de PEA e de PIA.
A Taxa de Emprego, calculada encontrando a razão entre a população empregada com 15 ou mais anos
de idade e o total da população com 15 ou mais anos de idade, está estimada em 40%, sendo um pouco
mais alta nos homens (46,6%) do que nas mulheres (34,1%). A Taxa de Desemprego é a razão entre o
número de desempregados e o número de PEA, estando estimado nacionalmente em 24%, com
variação desprezível entre géneros.
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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No que diz respeito à distribuição populacional por Sector de Actividade Económica, maioritariamente
a População empregada desempenha a sua actividade no Sector Primário, com 42,2% de população.
O Sector Secundário é o que ocupa menos população, com 6,1% de empregados no sector, sendo que
no Sector Terciário encontram-se empregados 26,2% da população. Ao momento censitário existe um
valor percentual de 23,5% com Sectorização de emprego não declarada.
Na identificação de predominância de uma tipologia de Agricultura Familiar Nacional, encontra-se um
valor percentual de 46,3% de agregados familiares que praticam actividade agro-pecuária, sendo que
destes, 74% praticam Cerealicultura. No que concerne à actividade piscatória, apura-se um valor
percentual de 6,0% de agregados familiares que se dedicam a este ramo do Sector Primário.
O Índice de Rejuvenescimento da população activa é uma medida que relaciona a população com 20-
29 anos de idade com a população com 55-64 anos. Ao momnto censitário, este índice era de 457, o
que significa que, potencialmente, por cada 100 pessoas que saem do mercado de trabalho, entram
457, isto é, o número de pessoas a entrar no mercado de trabalho é significativamente superior ao
número de pessoas que saem.
Fonte: RGPH, Resultados Definitivos, 2016
Figura 24. Índice de Rejuvenescimento da População Activa por Província, em 2014
Existem 5.544.834 agregados familiares, ao nível Nacional, o que resulta em que, em média, cada
agregado familiar seja composto por 4,6 pessoas. Estima-se que 62% dos agregados familiares são
chefiados por homens. Um agregado familiar é o conjunto de pessoas que residem na mesma casa e
compartilham as despesas.
As habitações familiares são manifestamente de tipologia casa própria, estando identificado o valor
percentual de 76% das ocorrências de casa própria. Maioritariamente, com 92%, a habitação própria
é de tipo de construção auto-dirigida. As restantes famílias residem em casa arrendada (19%) e em
casa ocupada ou cedida (5%).
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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No que diz respeito ao acesso à água, o panorama nacional determinado no RGPH de 2014 é de 44%
dos agregados familiares com acesso a fontes apropriadas de água. O conceito de fonte apropriada de
água inclui cinco indicadores: torneira ligada à rede pública, chafariz público, furo com bomba, cacimba
ou nascente protegida.
As principas fontes de energia utilizadas para cozinhar são, ao nível nacional, o gás, o carvão e a lenha.
O gás é utilizado principalmente nas zonas urbanas e a lenha principalmente nas zonas rurais.
A proporção de agregados familiares com acesso a electricidade da rede é de cerca de 32%, e destes
cerca de 51% situam-se nas zonas urbanas (apenas 3% nas zonas rurais).
O saneamento básico é garantido por 60% dos agregados familiares com estruturas ou locais próprios,
embora este valor percentual seja de apenas 26% na área rural, contra os 82% na área urbana.
Contribui para este fosso, o facto dos membros de 69% dos agregados residentes na área rural
defecarem no capim, mato, ou ar livre.
Cerca de 6 em cada 10 agregados familiares, nas áreas urbanas, depositam o lixo ao ar livre e cerca de
9 em cada 10 nas áreas rurais têm o mesmo procedimento.
4.4.2. Caracterização Geral da Demografia Municipal da Bibala
A População geral apresentada no Censo do ano de 2014 contabilizou um total populacional de 55.399
habitantes no Município, dos quais 25.850 são homens e 29.549 são mulheres. A Densidade
Demográfica apurada é de 7.2 habitantes por quilómetro quadrado.
O Município da Bibala reúne 11.7% da população da Província do Namibe. Apresenta um Índice de
Masculinidade (IM) de 87.5, o mais baixo da Província, onde o IM médio é de 93.3.
Uma aferição populacional realizada a propósito do presente estudo, no ano de 2016, resultou no
apuramento populacional de 55.116 habitantes. Nesta actualização, a distribuição da população por
Comunas apresenta-se na tabela 1.
Tabela 1. Registo populacional em 2016, por Comuna e género
Comuna Homens Mulheres População
Sede 9.887 10.031 19.918
Caitou 4.606 4.870 9.476
Capangombe 6.076 6.488 12.564
Lola 6.382 6.776 13.158
Fonte: Pré-Perfil 2016
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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As tendências da distribuição populacional pelas Comunas determinam que é a Comuna Sede a que
acolhe mais população, com cerca de 36% dos munícipes. A Comuna do Caitou é a que acolhe menos
população, com cerca de 17% dos munícipes. As Comunas de Capangombe e da Lola acolhem,
respectivamente, aproximadamente 23% e 24% da População do Município.
As crianças constituem uma parte significativa da população, contabilizando-se 26.481 crianças
divididas da seguinte forma por grupo etário: dos 0 aos 4 anos, 10.470; dos 5 aos 9 anos, 8.697; dos 10
aos 14 anos, 7.314.
Encontram-se 2.290 habitantes com idades acima dos 60 anos.
Os restantes grupos etários distribuem-se da seguinte forma: dos 15 aos 19 anos, 6.093; dos 20 aos 24
anos, 4.654; dos 25 aos 29 anos, 3.323; dos 30 aos 34 anos, 3.080; dos 35 aos 39 anos, 2.611; dos 40
aos 44 anos, 2.157; dos 45 aos 49 anos, 1793; dos 50 aos 54 anos, 1.608; dos 55 aos 59 anos, 1.026.
Uma estimativa do número de agregados familiares presentes no Município, revelada no Perfil
Municipal Dinâmico de 2014, aponta para a fixação de 12.156 agregados, assim distribuídos pelas
Comunas: Sede com 4.669 agregados familiares, Capangombe com 2.692 agregados familiares, Lola
com 2.934 agregados familiares e Caitou
com 1.861 agregados familiares. Os
valores estimados estão próximos da
média nacional, que determina que os
agregados familiares são constituídos por
4,6 pessoas. No caso da Bibala, encontrou-
se um valor de 4,8 pessoas na composição
média dos agregados familiares do
Município.
4.4.3. Actividades económico-produtivas da População
A Bibala é um Município predominantemente Rural, estimando-se, e de acordo com os indicadores
apurados nacionalmente e a análise aos dados disponíveis no Pré Perfil produzido pelo presente
Estudo, que exista uma População Economicamente Activa (PEA) de 28.635 habitantes. Destes, 14.813
são Mulheres.
Figura 25. Casas Sociais do Programa Habitacional do Estado
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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4.4.4. Formação Profissional
A Formação Profissional em Curso no Município é escassa, quanto à diversidade de Oferta aos Jovens
para melhorarem a sua formação para o exercício de uma profissão.
Na Comuna Sede, na Escola Técnico-Profissional
da Mahita, são ministrados Cursos Médios de
Alvenaria, Agronomia, Serralharia, Eletricidade e
Corte e Costura.
Na Comuna do Capangombe, a Escola do 1º ciclo
do Ensino Médio ministra cursos de Mecânica,
Agronomia, Informática, Serralharia, Eletricidade
e Alvenaria.
4.4.5. As particularidades Populacionais do Município da Bibala
Angola é um território rico em povos, línguas e culturas ancestrais. Pelas suas 18 Províncias,
particularmente na região Sul, abundam ainda hoje gerações pré-bantu que convivem com as
diversificadas gerações bantu. A coabitação
de povos vem de longa data. Começou
com os não negros e não bantu, entre os
quais os Khoisan (kamusekeles), seguidos
dos pré-bantu, como os Vátwa ou Kuroka. A
ocupação e predomínio dos povos bantu
veio originar a ramificação, por todo
território nacional, de povos de típicas
culturas africanas, cujos descendentes
abundam pelo Sul do país.
Os grupos pré-bantu predominam na zona
Sul, particularmente na província do
Namibe, descendentes de Vátwa ou Kuroka.
Alguns resultam da fusão entre oriundos de
várias etnias e diferentes proveniências, que
abandonaram o seu meio, sem radicação
étnica nem uma língua única, passando a
adoptar a cultura «quimbar».
Crédito de imagem: wikipedia.pt
Figura 27. Distribuição dos grupos étnicos de Angola
Figura 26. Escola Técnico-Profissional do Capangombe
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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“No Município da Bibala, estes «sobreviventes» mantém os mesmos hábitos, costumes e tradições,
num verdadeiro "cocktail de ritual africano". À semelhança das demais regiões da província, coabitam,
em típicas moradias semi-primitivas (situadas em montanhas ou feitas à base de areia), descendentes
de Kwisi, Kwepe, Cuvale e Nyaneka. Pelas suas características naturais, nem sempre esta coabitação se
mostra fácil e funcional, daí muitos deles optarem pela transumância, andando dia e noite com os seus
maiores tesouros, o gado, em busca de zonas de pasto e abeberamento” (Angop, “Um centro de
culturas, povos e línguas, 27/08/2013).
A gestão da matriz cultural do Município não é simples, estado identificados matizes de conflito entre
os interesses das sociedades modernas e os objectivos das sociedades tipicamente tradicionais.
A invasão dos quimbos por criadores de gado é, entre outros exemplos, um foco potencial de conflito,
pois as necessidades de terrenos de pastorícia não se compatibilizam, a miúde, com as características
da agricultura dos moradores desse quimbo.
Existem manadas e rebanhos muito grandes no Município, compreendendo várias centenas de
cabeças, com grandes necessidades de espaço de pasto e água. Estas necessidades são, assim, zonas
conflituais.
O Município é rico em culturas, povos e línguas. Aqui habitam povos de várias matrizes e opções
culturais, mas são os Cuvale (Mucubais) e os Nyaneka
Nkhumbi (Mumilas), aqueles que mais facilmente
se aproximam das cidades.
Há povos de origem pré-banto, cujas primeiras
gerações habitam o país desde o paleolítico, sobretudo
os Ova – Kwandu (Kwisi) que a par dos Ova-Kwepe ou
Kwepe ramificam do grupo étnico Vátwa ou Kuroka. De
acordo com pesquisas, estes povos Kwisi e Kwepe
habitam até hoje a faixa semi – desértica do Deserto do
Namibe, entre o mar e a Serra da Chela. Coabitam na
região, sem grandes problemas, os Kwissis, Nyaneka
Nkhumbe, Cuvales e os Ndenguelengos, todos povos de
características singulares que despertam atenção a
turistas e pesquisadores. São povos bantu e pré-bantu,
como os Kwissis, que habitam a região do Namibe em
quase toda a extensão da Província. Crédito de imagem: Perfil Municipal Dinâmico 2014
Figura 28. Rapazes Mucubal na Montipa
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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A forte predominância da etnia Nyaneka-Khumbi embebe o território de práticas agrícolas e
pastorícias, pois são essencialmente pastores de gado e agricultores. Tal como todos os outros grupos
principais, consistem em diferentes subgrupos, incluindo os Ngambwe (também Ovangambwe) que
são os principais habitantes da bacia inferior, no Baixo Cunene, a par dos Himba e Zemba.
Os Nyanekas Nkhumbe também habitam quase na mesma cordilheira dos Cuvale. Com os conflitos,
fez-se mover muita população do município de Quilenges, que também é um grupo dos Nyaneka
(quilenguemusso). Habitam praticamente a região da Lola, Camucuio e Bibala, tendo migrado para
esta zona na altura do conflito, sendo actualmente habitantes regulares da Bibala.
Já os Ndenguelengos são um povo quase desconhecido para a maior parte dos visitantes. São
controlados pelas autoridades locais, que procuram traze-los à globalização, sem «ferir» a matriz
tradicional da sua cultura, os seus hábitos e costumes. Vivem num habitat praticamente típico, em
montanhas que se leva quase um dia a subir e descer. Habitam maioritariamente na montanha do
Nguendelengo.
Os Kwisi são outra marca da diversidade étnica do município da Bibala e da província do Namibe em
geral. Este povo é, a par dos Kwepe, pré-banto. Deriva do grupo étnico Vátwa. As primeiras gerações
de Kwisi identificava-se com os Hotentote, um sub-grupo étnico dos Khoisan. Diz a história, que terão
sido assimilados pelos Ovakuvale, de quem adoptaram a língua, a circuncisão e as cerimónias para a
puberdade feminina. O regime familiar assenta na poligamia moderada, ao contrário dos Kwepe. Na
origem um povo caçador, são criadores de gado bovino, mas também experimentam a agricultura. São
um povo simples e quase alheio à cultura ocidental ou globalização. Há Kwissis que ainda fogem do
mundo moderno, de viaturas ou pessoas com vestimenta moderna.
Os Kuvale, o povo que mais se encontra integrado na dinâmica do Município, habita na cordilheira da
Serra da Chela, fundamentalmente a Sul do Município da Bibala, Norte de Virei, e Sul de Quilenges.
Existem ainda outros povos Umbundos, Nganguelas e de outras regiões (Fonte: Declarações de
António Pedro Musungo, Administrador Municipal da Bibala em 2013, em declarações à Angop).
Os pastores kuvales encontram-se dispersos em praticamente toda a extensão da SubRegião Árida mas
regista-se maior concentração no centro-leste da província do Namibe. Na faixa leste, ao longo das
faldas da cadeia de montanhas da Chela, encontram-se populações mais sedentarizadas do grupo
etno-linguístico Nyanekas, principalmente os Mumuilas. A pastorícia extensiva é a actividade
económica dominante. Em praticamente toda a extensão da área de estudo, o sistema tem uma feição
silvopastoril, na medida em que arbustos e árvores contribuem decisivamente para a alimentação dos
animais. Nas condições ecológicas mais favoráveis à agricultura de sequeiro, os Nyanekas
cultivam cereais, como milho-miúdo, massambala, massango, feijões e cucurbitáceas.
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
Página 46
O gado bovino representa uma actividade
de importância decisiva para a
subsistência da população Kuvale, tendo
em conta a grandeza do seu efectivo, a
sua distribuição espacial, a mobilidade e
a grande dimensão do nicho ecológico
em que se insere. Os bovinos mucubais
são diferentes das outras raças do sul de
Angola, recebendo a designação de “Raça
Mucubal”, que pertence ao grande grupo
dos bovinos do tipo Sanga da África
Austral. A diferença diz respeito à sua conformação, pelagem e qualidade zootécnica: cornos longos
com bossa mais ou menos desenvolvida provavelmente derivada das raças Afrikander, maior
corpulência (peso vivo médio: machos 500 kg e fêmeas mais de 300 kg), pelagem avermelhada ou
amarelada. A diferenciação destas características decorre de um processo de selecção ao longo dos
tempos e corresponde a uma adaptação ao meio.
“A zona em referência é uma zona de pastos doces, que suportam uma baixa carga bovina por hectare;
esses pastos caracterizam-se ainda pela abundância de arbustos comestíveis e espinhosos. Nas zonas
de pastos doces há tendência para pastoreio contínuo, o que leva frequentemente à exaustão dos
recursos pascigosos. Não há tradição de aprovisionamento de fenos por parte das populações nativas
e como medida de prevenção das secas, em alguns casos, são reservadas áreas para esse fim. A
escassez de pastos e a indisponibilidade de água para o abeberamento do gado, durante uma parte do
ano ou por períodos mais longos, leva a que os criadores de gado (quase exclusivamente os Kuvales)
se desloquem com as suas manadas em transumância”. (Fonte: Avaliação das Terras de Pastoreio
Extensivo na Província do Namibe, Professor Doutor Joaquim César)
Estima-se que a população Mucubal esteja
próxima das 10.000 pessoas. O sistema de
pastoreio em transumância abrange áreas com
condições ecológicas variáveis que vão desde o
nível do mar até ao “planalto antigo”, a cerca
2000 m de altitude, vencendo em anos de
extrema secura o desnível de mais de 1000 m,
nas modalidades mais amplas da
transumância.
Figura 29. Bois de raça «mucubal»
Crédito de imagem: Adalberto Gourgel
Figura 30. Mulher e criança Mucubal
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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As movimentações do gado em transumância na província do Namibe no espaço e no tempo são
conhecidas: de Maio a Setembro todo o gado Kuvale converge para as áreas de «mutiáti» de porte
baixo (“transumância pulsatória”); os movimentos podem alargar-se a partir de Julho a Novembro até
à Escarpa da Chela (“transumância horizontal”); nos anos de seca prolongada, as manadas são forçadas
a subir a escarpa e alcançarem as terras do planalto interior (“transumância vertical”). A sociedade
Kuvale está firmemente estruturada com base na endogamia grupal, segmentarismo, parentesco e
reciprocidade, e é funcionalmente resistente às incidências externas, por exemplo a escolaridade. Os
pastores Kuvale possuem uma elevada capacidade de gestão das suas manadas e o gado está bem
adaptado às condições de aridez, onde a produção de cereais é insignificante para suprir as
necessidades alimentares; por isso, o maior problema desse povo é a segurança alimentar, dado
estarem dependentes do abastecimento exterior de cereais.
“Nos últimos tempos têm-se revelado sinais de perturbações internas no quadro institucional da
transumância, o qual cultural e socialmente assenta em valores como a endogamia, a mobilidade, a
flexibilidade, o parentesco, a reciprocidade e a solidariedade. A alterarem-se esses pilares, o sistema
poder-se-á desmoronar, como consequência dos seus próprios excessos, através da sobrevalorização
dos seus próprios argumentos: multas avultadas (feitiçaria, adultério, divórcio, agressões, devolução
de multas por adultério nampingo’s), insignificância e desinteresse pela actividade agrícola, razias,
desvios de gado (kwholela), consumo de álcool, o mais generalizado aliciante do exterior para os
Kuvale. Os kuvale vagueiam em mais de metade do território e, além disso, recorrem às terras dos
povos vizinhos (Nyanekas e Tyilenges) que praticam o agropastoralismo (Santos & Zacarias, 2010). Os
centros urbanos do Namibe e do Lubango que registaram
elevada concentração de população, devido aos conflitos
militares do passado, continuam a crescer e, por
conseguinte, a aumentar a pressão sobre as terras e os
corredores de transumância. Embora os terrenos
comunitários e os corredores de transumância estejam
protegidos pela legislação (Lei das Terras – Lei 09/04 e
Regulamento da Lei das Terras – Decreto 58/09),
actualmente os instrumentos para a sua implementação
são ainda muito débeis” (Fonte: Avaliação das Terras de
Pastoreio Extensivo na Província do Namibe, Professor
Doutor Joaquim César).
No âmbito da Convenção Intergovernamental sobre as
Alterações Climáticas (UNFCCC), foi elaborado o Programa
Crédito de Imagem: Perfil Municipal Dinâmico 2014
Figura 31. Mãe lava filho na Montipa
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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de Acção Nacional para Adaptação (PANA), no âmbito da Rede da Convenção das Nações Unidas para
as Alterações Climáticas, para gizar um instrumento para desenvolver respostas imediatas e
adequadas aos desafios que o país enfrenta na adaptação às alterações climáticas. No
Sudoeste de Angola as alterações climáticas previstas afectarão a principal actividade sócio-económica
– criação de gado e pecuária – através da escassez estacional e baixa qualidade dos alimentos, da
diminuição das áreas de pastagem e do acesso à água, da degradação das terras, da variabilidade
climática e da incidência de secas. No futuro próximo as acções deverão ser concentradas na mitigação
dos efeitos dos eventos extremos, particularmente as secas no caso do Sudoeste de Angola, que
tendem a ocorrer com mais frequência.
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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4.5. Aspectos institucionais
As estratégias de desenvolvimento
do sector económico no Município
têm vindo a desenvolver-se a partir
de acções conjugadas de apoio e
fiscalização, no sentido de ser
melhorado o perfil de
funcionamento das actividades. O
exercício da actividade comercial, a
distribuição da produção até ao
consumidor, a informação para a protecção dos interesses económicos, são zonas de desenvolvimento
para os próximos anos, na convicção de que a melhoria do circuito da actividade comercial representa
uma mais-valia local e nacional.
O “Plano de Desenvolvimento Económico e Social da Província do Namibe para o Período 2013-2017”,
formulado em 2013, preconizou quatro eixos de desenvolvimento para a Província que importa agora
vincular:
1. “Especialização produtiva:
a. Desenvolver as funções portuárias do Namibe para o sul de Angola e Norte da
Namíbia
b. Desenvolver uma forte indústria piscatória e de transformação do pescado no
Tômbwa
c. Desenvolver a indústria de mármore e de gesso
d. Instalar/ explorar o gás e desenvolver a primeira transformação do ferro
e. Desenvolver as culturas agrícolas de características mediterrânicas e subtropicais
f. Valorizar a pecuária
2. Explorar as enormes potencialidades turísticas
3. Aumento da capacidade energética e volume de água na Província
4. Desenvolver um programa de combate à desertificação”
A mesma fonte documental determina que a estratégia de desenvolvimento endógeno a implementar
na Província do Namibe deve ser perspectivada tendo em conta sete aspectos, agora sistematizados:
i. “Gestão responsável pelos recursos naturais, tendo em conta que a Província do Namibe
dispõe de recursos naturais que podem contribuir para o desenvolvimento de três sectores
económicos: agro-pecuária, pescas e turismo. Estão identificadas áreas de grande
Figura 32. Direcção Municipal do Registo Civil e Notariado da Bibala
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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susceptibilidade ecológica ou de protecção estabelecidas (Parque Nacional do Iona e Reserva
Parcial do Namibe) e a estabelecer (Escarpa da Chela, Orla Costeira do Namibe, Serra da Neve,
Morro Maluco) cuja utilização deve ser alvo de práticas sustentáveis em actividades em
expansão como seja o caso do turismo. (…) No que diz respeito à agro-pecuária, o esgotamento
das pastagens e dos solos, pode levar à redução da capacidade de produção, inviabilizando-se
qualquer projecto de investimento concebido na fileira da agro-indústria.”
ii. “Criação de Capital Humano, (…) essencial para o reforço da capacidade competitiva da
Província. As regiões que investiram na formação da população ganharam não só em termos
de investimento externo em ramos tecnologicamente avançados e em nichos de inovação
especializados, como também no fomento de acções de empreendedorismo local que
possibilitaram a estruturação de uma rede de pequenas e médias empresas com impactos
notáveis a médio e longo prazo.”
iii. “Desenvolvimento da rede de Centros Urbanos enquanto polos de desenvolvimento,
entendendo que as cidades desempenham um papel determinante na descentralização de
serviços e funções, bem como na geração de emprego e serviços.”
iv. “Criação de condições para o desenvolvimento de novos sectores económicos, através da
criação de condições de base à atracção de capital produtivo. Desta forma iniciativas como a
criação de parques industriais e programas de investimento produtivo assumem um cariz
determinante no desenvolvimento de novos sectores económicos. Para além do turismo
associado às potencialidades naturais e culturais evidentes, a Província do Namibe detém
excelentes condições para o fomento de actividades logísticas (enquanto principal plataforma
na região Sul) e industriais de suporte e de criação de valor nas cadeias produtivas.”
v. “Criação de condições para a modernização sectorial de sectores tradicionais, atendendo a
que estes (agro-pecuária e pescas) assistiram a uma estagnação produtiva resultante da falta
de investimento e abandono a que estiveram sujeitos. A degradação do tecido produtivo gera
deseconomias de escala e de valor elevadas que não facilitam a reactivação da produção e a
criação de emprego.”
vi. “Modernização Administrativa como forma de promover o acesso à cidadania e integração
social, que constitui um passo para a melhoria dos serviços públicos e do acesso que a
população possa ter em relação à integração na sociedade e nos mercados.”
vii. “Infra-estruturação do território, com modelos de gestão que possibilitem a manutenção e
operacionalidade das infra-estruturas.”
(Fonte: Plano de Desenvolvimento Económico e Social da Província do Namibe para o Período 2013-2017)
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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A par com o desenvolvimento
genericamente preconizado para a
Província do Namibe, a implementação
das Medidas preconizadas pelo PMIDCP
(Programa Integral de Desenvolvimento
Rural e Combate à Fome e à Pobreza)
tem vindo a promover algum equilíbrio
nas fragilidades identificadas.
No âmbito do desenvolvimento do PMIDCP, a proposta para orçamentação no ano de 2016 foi de um
valor total de 479.506.325,00 akz, distribuídos oito sub-programas fundamentais: Cuidados Primários
de Saúde (191.520.000 akz), Programa «água para todos» (40.000.000 akz), Merenda Escolar
(40.000.000 akz), Construção de Infraestruturas do Micro-Fomento (7.003.760 akz), Mobilização Social
«Cidades Limpas» (37.000.000 akz), Operacionalização das Infraestruturas (9.553.400 akz),
Operacionalização do Escoamento da Produção – PAPAGRO (28.120.000 akz), Construção de
Infraestruturas Sociais (126.309.165 akz) (Fonte: Administração Municipal da Bibala).
4.6. Aspectos gerais da situação sócio económica
No Município da Bibala o Sistema Económico e Produtivo tem como principais sectores de
desenvolvimento a Agricultura e a Pecuária, sendo ainda incipientes os contributos da Indústria e do
Comércio.
Água
O Município possui um nível regular de abastecimento de água potável.
A distribuição de água no Município da Bibala agrega
diversos sistemas para que a água potável chegue às
populações. Contabilizam-se 25% das casas do
Município com água canalizada e cerca de 50% das
habitações abastecidas a partir de furos com bombas
manuais que se encontram distribuídos pelas
diversas povoações.
A restante população procura alternativas de abastecimento nos rios e cacimbas.
Figura 33. Gado a pastar
Crédito de imagem: Perfil Municipal Dinâmico 2014
Figura 34. Furo artesiano com bomba manual
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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O Município possui uma captação de água sobre a nascente, constituída por bomba e tanque de
acumulação e de tratamento de água, situado aproximadamente a 2 quilómetros da
nascente, com curso permanente e fornecimento de cerca de 150.000 litros por hora.
No âmbito do Programa «Água para Todos» foram já construídos sistemas de abastecimento de água
nas quatro Sedes Comunais, que garantem
um fornecimento contínuo de 24/24 horas.
Nas localidades mais recônditas foram
efectuados furos compostos de pequenos
sistemas simples do ponto de vista de
operacionalidade, num total de 55 furos
artesianos distribuídos em quase toda
extensão do Município, sendo 30 com
painéis solares e 25 com bombas manuais.
Em cada sede comunal existem pequenos
sistemas de abastecimento de água onde uma moto-bomba acumula água no reservatório e
aproveitando a gravidade faz-se a distribuição à população adjacente. Estes sistemas funcionam em
dois períodos diários, manhã e tarde. Nas povoações existem sondas a volante e solares. As sondas a
volante encontram-se funcionais 24h por dia, sendo que as solares funcionam de manhã e de tarde.
Estes sistemas abrangem, na Comuna da Lola, 3.600 habitantes, na Comuna do Caitou, 4.500
habitantes e na Comuna do Capangombe, 4.019 habitantes.
Energia
A Sede do Município é abastecida pela rede eléctrica da centralidade do Lubango e pela barragem
hidroeléctrica da Matala, sendo complementada por grupos de geradores.
A corrente eléctrica da Rede Pública apresenta-se degradada, necessitando de uma reabilitação e
ampliação, tendo em conta a expansão da cidade. A lenha e o carvão são os recursos energéticos mais
usados pela população.
A Sede do Município possui energia eléctrica a funcionar 24/24 horas a 85%, uma vez que é abastecida
através da rede geral da Matala e do Lubango. Na ausência deste fornecimento utiliza-se gerador
Municipal ou geradores particulares. Cada Comuna possui o seu grupo de geradores que garantem a
iluminação pública nas sedes comunais.
Crédito de imagem: Perfil Municipal Dinâmico 2014
Figura 35. Chafariz público com painel solar
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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O fornecimento de energia ao Município é realizado a
partir de um posto de seccionamento Instalado na
Humpata, através de um Ramal de 15kv Proveniente
da Central Hídrica da Matala.
As Sedes Comunais são beneficiadas de energia vinda
de um gerador da Administração local, que faz
distribuição à população adjacente num único período
(noite).
A população abrangida pela distribuição energética
regular é de: 578 habitantes na Comuna Sede, 39
habitantes na Comuna da Lola, 47 habitantes na
Comuna do Caitou e 27 habitantes na Comuna do
Capangombe.
Saneamento básico
O saneamento básico do meio é regular, apesar de se registarem ainda alguns focos de lixo em certas
artérias dos centros urbanos, normalmente produzidos por pessoas pouco sensibilizadas.
Na zona urbana, existe recolha de lixo e resíduos sólidos, realizada através do uso de um tractor
pertencente à Administração Municipal. Nas Comunas do Caitou, da Lola e do Capangombe o lixo é
recolhido de modo tradicional nas povoações, pela utilização de carrinhos de mão, e deitado ao ar livre
em locais determinados.
Existe a cultura do uso de latrinas em certas aldeias e bairros, enquanto em outros ainda não se faz
sentir.
O Município carece ainda de um sistema de esgotos e de escoamento das águas utilizadas. Não existe
tratamento de resíduos sólidos nem tão pouco líquidos por parte da população. As águas fluviais
escorrem em valas de drenagem que reclamam reabilitação, o que provoca o aparecimento de ravinas
em alguns locais.
Na Comuna Sede existe uma equipa mantida, por contrato a termo certo, pela Administração local,
que cuida da limpeza e manutenção das vias públicas.
Em épocas lectivas, com o auxílio das Escolas através do lançamento de campanhas, procede-se
frequentemente ao arranjo dos espaços públicos nas Sedes Comunais.
Crédito de imagem: Perfil Municipal Dinâmico 2014
Figura 36. Grupo gerador da Sede Municipal
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Acesso às Comunicações
O Município dispõe de uma rede de telefone móvel, Unitel, que apresenta um raio de acção de cerca
de 15 quilómetros, dando cobertura às Sedes Comunais. A Administração Municipal conta com os
serviços do sistema interno de telecomunicações VSAT / INATEL.
Na Bibala existe um Centro de Produção Radiofónica apetrechado com
material de última geração, cujo funcionamento é assegurado por seis
técnicos, embora ainda não seja possível proceder-se às emissões.
A ANGOP tem um correspondente na Sede do Município, responsável pela
produção de diversas notas informativas, a serem transmitidas pela Rádio
Nacional de Angola para todo o país. O Município possui um emissor
profissional da TPA, e emissores semiprofissionais nas sedes das Comunas,
embora a emissão não atinja alguns pontos mais recôndidos das Comunas.
O sinal da RNA é também bom na Sede Municipal.
Não está disponível sinal de internet no Município, sendo que os sinais de televisão e rádio não
alcançam o território municipal fora das Sedes Comunais.
Vias de acesso
O Município possui uma rede viária principal, que liga a Bibala à Cidade de Moçâmedes e à Cidade do
Lubango, as duas Sedes Provinciais mais próximas. A Estrada AN280 é uma via estruturante que se
encontra em bom estado e facilita o acesso à Sede da Província do Namibe.
As obras de pavimentação da via de ligação da Bibala ao Lubango, com cerca de 50 quilómetros, foram
recentemente terminadas, oferecendo condições muito boas de circulação.
A pavimentação das vias estruturantes permite maior circulação de pessoas e bens, factor de
relevância no desenvolvimento do Município.
Maioritariamente, a circulação entre a Sede e as Sedes
Comunais necessita de intervenções de melhoria.
Muitas ligações entre aldeias são realizadas por
picadas e caminhos de terra batida que comprometem
uma circulação ágil. O Plano de Desenvolvimento do
Município prevê a reabilitação destas ligações,
melhorando a circulação dos munícipes. Figura 38. Acesso à Montipa, estrada de terra batida
Figura 37. Antena UNITEL
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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As ligações Bibala a Camucuio e da Bibala a Lola estão a ser reabilitadas, tendo já sido terraplanada
uma boa parte dos cerca de 200 quilómetros previstos. Esta empreitada compreende a criação de
valetas para o escoamento das águas pluviais, colocação de bases e sub-base, tapete asfáltico e
sinalização, bem como a edificação de pontes e pontecos ao longo das vias.
A ponte da Feira encontra-se em processo de reabilitação e a ponte da Peça-Mutipa em construção.
Acessibilidades
Os transportes públicos são escassos, maioritariamente garantidos por serviços privados, estando
identificadas 2 empresas privadas de transporte de passageiros: a Tucotuco, a Betacap e a ACP
Comercial. Existem transportes que operam informalmente (moto-táxis e táxis colectivos) na
circulação de mercadorias e passageiros.
O Município possui ligação rodoviária por autocarros privados de transporte intermunicipal na ligação
entre a Bibala e o Namibe. Os serviços privados de Táxis fazem ligação ao Namibe e ao Lubango. As
rotas intramunicipais são feitas maioritariamente pelas motorizadas.
O Município é atravessado pelo Caminho-de-Ferro de Moçâmedes (CFM) que, partindo do Namibe e
alcançando a Cidade do Menongue, possui
uma extensão de 907 quilómetros e conta com
56 Estações. Estão disponíveis sete
locomotivas, 87 vagões de transporte de
cargas diversas e 60 carruagens de várias
classes para passageiros. Neste percurso, a
linha férrea passa pela Bibala, pelo Lubango e
pela Matala, troço este com um potencial
económico elevado face ao volume de
mercadorias e pessoas que nele circulam.
Os transportes para a Sede Provincial têm custos diferenciados, dependendo da empresa e Comuna
de saída: da Bibala a Moçâmedes a Tucotuco cobra 1.200 akz por passageiro, empresa que também
opera de Capangombe, onde o custo da viagem entre Munhino e Moçâmedes é de 1.000 akz. De Caitou
à Sede da Província, a ACP Comercial cobra 2.200 akz por passageiro. Da sede da Lola, os transportes
são agendados com privados que operam fora do sistema formal, cobrando 3.200 akz por passageiro
no destino para Moçâmedes. O preço de transporte terrestre para Luanda é de 13.000 akz por
passageiro.
Figura 39. Estação da Bibala, CFM
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O bilhete de transporte ferroviário da Bibala a Moçâmedes tem o valor de 1.200 akz e a possibilidade
de viajar para a Capital Nacional desde a Bibala tem, a partir do aeroporto do Namibe, um custo
referencial de 33.000 akz.
4.7. Área Económica
O sistema económico-produtivo do Município da Bibala sustenta-se na agricultura familiar, assumida
como actividade económica dominante, complementada com a criação de gado.
No entanto, outros sectores assumem alguma importância na Economia Local, como é o caso do
Comércio e dos Serviços Públicos. Neste segundo caso, entenda-se o âmbito da Função Pública como
maior empregador no Município.
A partir das informações conjugadas dos diversos sectores da Administração Municipal, foi possível
apurar a situação, face à situação de empregabilidade, de uma parte da população das Comunas Sede
e do Capangombe, que se apresenta na tabela 2 e que requer futuro complemento.
Tabela 2. Situação da população face à empregabilidade
Trabalhadores por
conta própria Trabalhadores por conta de outrem
Desempregados
Sede
Mulheres 352 345 5.930
Homens 319 1.255 4.603
Total 671 1.600 10.533
(Total populacional = 19.918)
Capangombe
Mulheres 3.897 65 - - -
Homens 2.691 57 - - -
Total 6.588 122 - - -
(Total populacional = 12.564) Fonte: Dados cruzados das Repartições da Administração Municipal
Crédito de imagem: ANGOP TV
Figura 40. Práticas agrícolas no Município
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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A saber-se, são 10 os Sub-Sectores com expressão no Município. Explicitam-se, na tabela 3, os Sectores
e Sub-Sectores que compõem o sistema da Economia Local do Município da Bibala.
Tabela 3. Especificação dos Sectores e Sub-Sectores presentes no Município
Sector Sub-Sector
Primário
Agro-pecuária
Extracção Florestal
Extracção Mineira
Secundário Indústria
Transformação Artesanal
Terciário
Comércio
Serviços Estatais
Turismo
Actividades Não Formais Comércio Informal
Serviços Informais de Transporte
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5. DESCRIÇÃO DOS SECTORES ECONÓMICOS/PRODUTIVOS
5.1. Sector Primário
O Sector Primário no Município da Bibala é estruturante nas dinâmicas económico-produtivas das
comunidades.
As actividades agrícolas e pecuárias são maioritariamente de tipo familiar, assistindo-se a uma
agricultura de subsistência complementada pela criação de algumas espécies animais. A criação de
gado é também uma actividade de muito impacto económico-produtivo no Município.
A pesca não existe no Município e a extracção florestal tem apenas expressão na acção dos carveiros.
A extracção mineral apresenta pouco desenvolvimento.
As características sócio-climáticas locais preconizam a influência, no Município, de dois fenómenos
determinantes na região, que importa assinalar: a estiagem e a transumância.
Estiagem
Entenda-se a estiagem como um fenómeno de seca continuada, de ausência de chuvas com
implicações nas dinâmicas sociais e produtivas locais. São vários os autores (por exemplo, Sansigolo,
2004) que determinam quatro definições de seca, baseando-as em considerações meteorológicas,
hidrológicas, agrícolas, e económicas, identificando-se como ponto comum o facto de terem origem
num déficit de precipitação que resulta em uma baixa disponibilidade hídrica, para a actividade que a
requer: seca meteorológica, que se refere à precipitação abaixo das normais esperadas para a época;
secas hidrológicas e agrícolas, que se referem, respectivamente, a níveis de rios e reservatórios abaixo
do normal e a uma humidade do solo insuficiente para suprir a demanda das plantas; seca económica,
que ocorre quando o déficit de água induz a falta de bens ou serviços (energia elétrica, alimentos e
etc) devido ao volume inadequado, à má
distribuição das chuvas, ao aumento no consumo,
ou ainda à má gestão dos recursos hídricos.
O índice de Severidade de Seca de Palmer (Palmer,
1965) é um dos índices mundialmente mais
reconhecidos para a quantificação da seca. Para o
autor, o total de precipitação requerida para
manter uma área num determinado período sob Imagem de referência: angolabelazebelo.com
Figura 41. Terras em estiagem
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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condições de economia estável é dependente da média dos elementos meteorológicos, das condições
meteorológicas dos meses precedentes e do mês actual para a área em questão.
O método para a estimativa da precipitação requerida (CAFEC) baseia-se nas médias históricas de
evapotranspiração, recarga de água no solo, runoff e perda de humidade do solo.
Transumância
A transumância corresponde ao movimento sazonal de pessoas com os seus animais (rebanhos /
manadas), de um para outro ponto geográfico, normalmente entre dois regimes de clima e recursos
diferenciados. O termo é originário do latim, combinando as palavras «trans» (que significa além, ou
através) e «húmus» (equivalente a solo, terreno, pastagem). A fragilidade ecológica reconhecida na
Região Sul e Sueste de Angola (Namibe, Huíla e Cunene) produz impacto nas populações cuja principal
fonte de economia é a criação de gado (bovino, caprino e ovino), que conforma o estatuto social, o
poder e o status dos proprietários nestas sociedades (Fonte: Relatório Social de Angola, Universidade
Católica de Angola, 2014).
“A actividade de criação de gado possui um imperativo essencial que é o espaço vital para o maneio e
mobilidade. A prática da transumância é tradicional no maneio do gado, encaminhando e distribuindo
as suas manadas, no período da seca, pelas áreas melhor providas de recursos aquíferos e pascigosos.
Em face dos condicionalismos climáticos, no que se refere sobretudo à escassez de chuva e à sua
irregularidade, a agricultura de sequeiro é quase marginal, limitando-se à exploração de pequenos
espaços de terreno nas vizinhanças das habitações, com base na cultura de cereais menos exigentes
em umidade, como a massambala e o massango (…) A actividade pastoril subordina-se exclusivamente
às condições do meio, com aproveitamento dos pastos naturais, que se fundamentam na cobertura de
gramíneas muito ricas de espécies, e na folhagem e frutos de alguns arbustos ou árvores.
As transumâncias ocorrem normalmente nos meses de Junho e o retorno de procedência às zonas de
origem nos meses de Dezembro. Os critérios
da transumância são a procura de pastos e
água, mas também dos maquelos para o
gado (solos arenosos), da manutenção e
reprodução do gado, de protecção e
equilíbrio ambiental e de critérios
socioculturais” (Fonte: Relatório Social de
Angola, Universidade Católica de Angola,
2014, pgs 177 e 178). Imagem de referência: ANGOP TV
Figura 42.Transumância
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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5.1.1. Sub-Sector Agro-pecuário
A agricultura do Município da Bibala ocorre primordialmente num regime extensivo de sequeiros, que
é necessariamente mais intenso no uso do factor terra. A irregularidade e escassez das precipitações
promove a exploração agrícola com base em culturas resistente à seca, destacando-se a massambala
(Sorghum) e o massango (Pennisetum) como cultura de excelência na região. De realçar que, de acordo
com fontes diversas nacionais, o Município da Bibala é um dos maiores produtores de milho,
massambala e massango do país.
Na campanha de 2015/2016, e de acordo
com dados apurados na Repartição
Municipal da Agricultura, foram
produzidas 6.218 toneladas de cereais e
tubérculos no âmbito do Programa de
Apoio Directo às Famílias Camponesas. O
Programa teve o envolvimento de 289
Famílias, tendo os maiores valores de
produção sido obtidos na Comuna da Lola.
Foram preparados 3.357 hectares de terreno, o que implica o apuramento de um indicador médio de
rentabilidade das terras de 1,85 ton/ha/ano.
No âmbito do presente Estudo, foram auscultados 36 agricultores sobre a incidência das suas
produções ao longo do ano, tendo sido possível apurar a ordenação de culturas agora apresentada:
Tabela 4. Culturas mais frequentes
Bairro 1º 2º 3º 4º 5º
Matuco Milho Massango Girassol Massambala Ginguba
Comercial Bibala
Limão - - - - - - - - - - - -
Mutipa Cana-de-açúcar Couve
Tronchuda Milho Cebola Feijão
Quilemba Velha
Tomate Couve
Tronchuda Milho Mandioca Feijão
Tatahila Milho Massango Massambala Girassol Ginguba
Mungundue Massambala Milho Massango Feijão Feijão-frade
Fonte: Pré Perfil 2016
Crédito de imagem: novojornal.co.ao
Figura 43. Massambala (Sorgo) - Imagem de referência
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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Estas culturas são determinantes na vida produtiva das populações do Município, sendo a sua maior
fonte de sustento. Os valores de produção variam muito, de unidade para unidade produtiva, tendo
sido possível apurar o valor comercial mínimo e máximo de venda destes produtos.
Tabela 5. Valores de venda dos produtos mais frequentemente cultivados
Produto Produção (kg) Valor mínimo
(akz) Valor máximo
(akz)
Valor mais frequente
(akz)
Milho 1.360 50 150 100
Massango 1.110 80 50 80
Girassol 430 150 50 150
Massambala 1.000 50 250 150
Ginguba 180 250 500 250
Tomate 900 100 100 100
Limão 9.000 350 350 350
Couve 1.000 100 100 100
Mandioca 50 200 200 200
Feijão 300 250 300 250
Feijão-frade 250 150 150 150
Cana-de-açúcar 28.000 (unidades) - - - - - - - - -
Fonte: Pré Perfil 2016
A cana-de-açúcar foi contabilizada à unidade, tendo-se apurado que foram cortadas cerca de 28.000
canas, que foram comercializadas ao valor de 900 akz o molho.
Os Polos Agrícolas do Município, organizados por Comuna, associam alguns Camponeses para
rentabilizar os insumos e as trocas de produções.
Tabela 6. Número de produtores organizados nos Polos Agrícolas
Polos Agrícolas do sector produtivo primário
Nº de produtores associados por organização
Polo Agrícola do Caitou 41
Polo Agrícola do Capangombe 24
Polo Agrícola da Bibala Sede 12
Polo Agrícola do Caitou 17
Fonte: Pré Perfil 2016
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No que concerne a outros mecanismos de cooperativismo ou associativismo, o Perfil Municipal
Dinâmico de 2014 indica que o Município controlava, à data, 107 Associações de Camponeses com
10.307 associados e 3 Cooperativas com 1.479 cooperativistas, controlados pelas entidades
reguladoras e apoiantes do Sector: a Repartição Municipal da Agricultura, a Estação de
Desenvolvimento Agrário (EDA) e a UNACA. A EDA tem desempenhado um papel fundamental no
apoio aos Camponeses, fazendo distribuição atempada de sementes às populações, enquanto a
missão da UNACA tem sido legalizar, controlar e monitorar as actividades camponesas.
Foram implementados recentemente três polos agrícolas, ocupando um total de 5.400 hectares de
terreno, sobre os quais não foi ainda possível sistematizar dados de culturas: Polo da Camucua/Lola
com 2.000 Hectares, Polo do Tchapi-Tchapi/Caitou com 1.700 Hectares, Polo do
Mungondué/Quilemba Velha com 1.700 Hectares.
No sentido de melhor se compreender a dinâmica de produção do Município, foi possível traçar, a
partir da análise cruzada aos múltiplos dados recolhidos, a tabela de rentabilidade na Campanha de
2015/2016 dos produtos mais frequentemente cultivados em cada Comuna, que agora se apresenta.
Tabela 7. Culturas mais frequentes (em toneladas)
SEDE LOLA CAITOU CAPANGOMBE
Tipo de Agricultura
Familiar Associação Familiar Associação Familiar Associação Familiar Associação
Milho 30 90 55 165 40 120 30 90
Massango 25 75 45 135 25 75 - - - - - -
Massambala 45 135 65 195 35 105 - - - - - -
Cebola - - - - - - 1.35 4,05 - - - - - - - - - - - -
Tomate - - - - - - 10 30 90 270 - - - - - -
Batata rena 9 27 20 60 55 165 15 45
Ginguba - - - - - - 0,35 1,05 - - - - - - - - - - - -
Batata-doce - - - - - - 0,55 1,65 - - - - - - - - - - - -
Pimento - - - - - - - - - - - - 12 36 10 30
Melancia - - - - - - - - - - - - 45 135 40 120
Mandioca - - - - - - - - - - - - - - - - - - 13 39
Feijão 1,20 3,60 - - - - - - - - - - - - - - - - - -
Fonte: Análise aos dados das Repartições Municipais e Associações
Não foi possível actualizar os dados do Perfil Municipal Dinâmico de 2014 sobre a evolução do
movimento associativo e cooperativo do Município. Os membros das Associações e Cooperativas
agrícolas estão principalmente focados na optimização da produção de massango, massambala e
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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milho, produções que necessitam de acesso à água e que encontram no Município condições muito
interessantes de produtividade e rentabilidade.
Existe uma pequena parte de produtos cultivados pelas famílias camponesas que são utilizados, para
além da diversificação do consumo, na troca com outros produtores: tomate, cebola, pimenta, couve,
repolho, laranja, goiaba e manga.
De acordo com as declarações à comunicação
social da Administração Municipal no final da
Campanha de 2015/2016, “(…) as atenções do
Município estão praticamente centradas no
desenvolvimento da agricultura com a criação de
vários polos de desenvolvimento agrícola, onde a
população está a trabalhar a terra e a produzir
alimentos que para alimentação e comércio”.
Reconhecidamente, os apoios estatais têm-se
feito sentir à população camponesa com meios agrícolas que visam a expansão da produção no
Município: moto-bombas, fertilizantes, sementes, tractores, carrinhos de mão, viaturas para
escoamento do produto do campo para as Cidades e mangueiras de irrigação.
O circuito de comercialização dos produtos agrícolas é realizado maioritariamente nas Cidades do
Lubango e de Moçâmedes, para além das vendas locais.
Estimou-se que a renda média dos Camponeses no Município é de 275.000 akz por ano, tendo em
conta um ano de produção considerada boa, como foi o caso da Campanha de 2015/2016. Este valor
apenas contabiliza, como os auscultados afirmaram, os produtos comercializados, pois não é estimado
o valor das trocas de produtos que são realizadas entre produtores com vista à diversificação da
alimentação familiar.
Figura 45. Gado bovino em travessia da via Lubango – Bibala
Crédito de imagem: Perfil Municipal Dinâmico 2014
Figura 44. Plantação de Hortícolas
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No domínio da pecuária, o Município apresentou uma identificação estimada de 204.430 unidades,
para o ano de 2015, distribuídas de acordo com as especificações da tabela 8. A designação de aves*,
utilizada nas tabelas adiante, não inclui os galináceos, tratados à parte, referindo-se a patos e outros
tipos de aves aqui criadas.
Tabela 8. Unidades animais identificadas na pecuária do Município, 2015
SEDE LOLA CAITOU CAPANGOMBE
Tipo de Criação Familiar Associação Familiar Associação Familiar Associação Familiar Associação
Caprinos 4.500 1.500 6.000 2.000 8.000 3.000 4.000 1.000
Suínos 500 250 1.500 700 2.500 1.000 1.500 500
Bovinos 3.000 500 75.000 250 5.500 300 12.000 4.000
Ovinos 100 50 200 100 150 80 4.500 1.500
Aves* 2.500 500 7.000 2.500 4.000 1.500 3.500 1.000
Galináceos 1.000 250 15.000 6.000 7.000 5.000 1.500 500
Fonte: Dados do Relatório 2015 da Repartição da Agricultura
Para maior clarificação dos dados, na tabela 9 apresentam-se os valores totais, por Comuna e para o
Município, dos efectivos animais atrás descritos.
Tabela 9. Unidades animais identificadas na pecuária do Município, 2015
SEDE LOLA CAITOU CAPANGOMBE TOTAL
Caprinos 6.000 8.000 11.000 5.000 30.000
Suínos 750 2.200 3.500 2.000 8.450
Bovinos 3.500 75.250 5.800 16.000 100.550
Ovinos 150 300 230 6.000 6.680
Aves 3.000 9.500 5.500 4.500 22.500
Galináceos 1.250 21.000 12.000 2.000 36.250
Total 14.650 116.250 38.030 35.500 204.430
Fonte: Dados do Relatório 2015 da Repartição da Agricultura
No âmbito do controlo do Gado, existem no Município duas Estações Zootécnicas, a Estação
Zootécnica de Caraculo e a Estação Zootécnica de Cacanda. Existem ainda dois Parques de Retém, o
Parque do Caraculo e o Parque da Montipa. As actividades de abate do Gado são realizadas
maioritariamente no Matadouro Provincial do Namibe e no Matadouro Municipal, embora se saiba
que o abate de animais de pequeno porte é realizado informalmente nas zonas de criação.
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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A grande concentração de animais no Município tem vindo a preocupar as Entidades responsáveis, no
que diz respeito à sanidade e vacinação das espécies. No âmbito do «Projecto de melhoria de acesso
à água e às pastagens para as Comunidades de Pastores nos Corredores de Transumância», que
engloba as Províncias da Huíla, do Cunene e do Namibe, foi lançado em Maio de 2011 material de
apoio, no sentido de ajudar a população criadora a cuidar dos seus animais, para a manutenção as suas
condições veterinárias, ajudando assim a mitigar a carência de assistência veterinária que ainda se faz
sentir neste corredor de transumância. Como se encontra expresso no seu prefácio:
“O Projecto Transumância – também conhecido pela sigla MAAP/CPCT - foi um projecto piloto para dar
apoio às comunidades de pastores nos Corredores de Transumância no sul de Angola, no melhoria de
acesso à água e aos pastos. As actividades do projecto foram realizadas em duas áreas piloto, a saber,
no município do Bibala e nos municípios de Gambos e Cahama. Além da reabilitação de pontos de água,
do mapeamento das áreas e rotas de transumância nas áreas piloto do projecto, o projecto também
logrou outros resultados menos visíveis, como a formação de pastores e técnicos no uso do Diagnóstico
Rural Participativo, a análise da vegetação dos pastos, o uso do GPS para cartografar e a sensibilização
à ocorrência de zoonoses que transferem doenças do gado para os pastores. Para facilitar a integração
da utilização destes resultados menos visíveis, o projecto decidiu editar uma série de manuais
apresentando as intervenções chave do projecto MAAP e os métodos utilizados. Trata-se de 4 manuais,
a saber: o Guião prático Diagnósticos Rurais Participativos de transumância; o Guia de Pastos nas Áreas
de Transumância; o Manual dos Tratadores de
Gado; o Manual da Água para o Gado.
Esperamos que estes manuais sirvam para a
disseminação e utilização da base de dados
recolhidos pelo projecto, e para as técnicas e
métodos praticados nos vários domínios em que
tem actuado.” (Fonte: Projecto de melhoria de
acesso à água e às pastagens para as
Comunidades de Pastores nos Corredores de
Transumância).
As raças de bovinos dos corredores de
transumância têm vindo a ser melhoradas, no sentido de serem criados animais cada vez mais
adaptados às especificidades da região.
As Feiras Agro-pecuárias do Namibe e da Huíla têm sido consideradas, pelos criadores, como mais-
valias na melhoria do sub-sector da pecuária, tendo alguns destes criadores testemunhado, a
propósito do presente Estudo, que a importação de alguns machos das espécies «Brasman» e
Crédito de imagem: MAAP/CPCT
Figura 46. Criadores a observar um bovino
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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«Semadra» pode ser uma prioridade para futuros cruzamentos. Segundo opiniões da Cooperativa de
Criadores de Gado do Sul de Angola (CCGSA), os cruzamentos realizados têm produzido um gado
melhorado, agora original da Huíla, pertencente a um conjunto originário de raças de suporte:
Bosmara, Semantra, Braman, Timbra, Anelor e Borbote.
A diversificação da economia nacional deve assumir uma aposta clara no Sul, na criação de Gado. Na
prática, pretende-se reduzir o número de importações de carne, através, e conforme declarado pelo
Senhor Governador Provincial do Namibe à comunicação social, da “(…) realização de estratégias que
permitam a criação de condições para a produção, criação de gado de qualidade e abeberamento, sem
depender das condições climáticas”. Reconheceu ainda a oportunidade de adquirir animais de raça que
vão melhorar a qualidade do rebanho bovino no país, afirmando que “(…) o Executivo continua a
fortalecer o sector agro-pecuário nacional, com vista a valorizar e a transformar a riqueza nacional”
(Fonte: Jornal de Economia e Finanças, 21/08/2015).
Os ovinos das criações do Município são originários
da raça «Karakul», animais caracterizados por serem
bastante rústicos e com grande adaptabilidade às
regiões secas. É uma espécie originária da Ásia
Central, mas muito difundida mundialmente pelas
suas características. O «Karakul» possui cauda gorda,
o que revela a sua capacidade de armazenar uma
reserva de gordura para enfrentar períodos de
subnutrição. Nas suas características assemelha-se
muito aos ovinos primitivos. O macho pesa entre 70 e 75 kg e a fêmea pesa uma média de 50 kg. A lã,
com comprimento de 15 cm, tem fios de espessura de 65 a 80 micros. Cobre todo o corpo do animal,
é lisa, grosseira, cerrada e apresenta cor de acordo com a idade do animal: é negra no cordeiro; depois
de três anos de idade, cinzenta; após os sete anos, adquire coloração branco-suja. A cara, as orelhas e
os membros são cobertos de pelos curtos e sedosos. Os cascos são cinzentos. Cabeça comprida, forte
e estreita, completamente negra. Chanfro romano no macho, direito ou levemente côncavo na fêmea,
tem olhos grandes e claros e orelhas estreitas, longas e pendentes, colocadas um pouco abaixo na
cabeça. Os chifres estão, em geral, presentes no macho, sendo fortes, triangulares, rugosos, chatos na
base, descrevendo uma espiral, descendo por trás das orelhas e subindo até a altura dos olhos, virando
as pontas para fora. As fêmeas são mochas ou apresentam chifres minúsculos, com focinho pontiagudo
e boca fina, o pescoço longo e erguido, pouco espesso. O corpo estreito e comprido, com peito
deprimido e quartos traseiros mais desenvolvidos. A garupa é larga, longa e inclinada e os membros
finos e longos, musculosos apenas nas coxas e um pouco nos braços, com cascos negros, pequenos e
Imagem de referência
Figura 47. Ovelha Karakul
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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duros. A raça é explorada principalmente pela finíssima pele dos seus cordeiros, de grande valor
comercial. O valor das peles de Karakul é dado pela forma, direção e intensidade do brilho dos rolos.
A idade do animal na retirada da pele, assim como os cuidados na preparação e na secagem da mesma,
exercem grande influência sobre o valor comercial do produto obtido. As peles são assim denominadas
no comércio: «Breitschwanz», quando retiradas de cordeiros nonatos, com o sacrifício da ovelha entre
1 a 10 dias antes da parição; «Astracã», quando obtidas de cordeiros abatidos logo após o nascimento;
«Persa», retiradas de cordeiros sacrificados com cerca de 20 dias de idade (Fonte: Breeds of Livestock
– Karakul Sheeps, capturado em ansi.okstate.edu).
Estimou-se que a renda média dos Produtores Pecuários no Município é de 575.000 akz por ano, tendo
em consideração e como exemplo o ano 2015. Este valor contabiliza, como os auscultados afirmaram,
os produtos comercializados, pois não é estimado o valor das trocas de espécies que são realizadas
entre produtores com vista à reprodução e à diversificação da alimentação familiar.
O Município da Bibala possui as melhores condições de pasto da região, principalmente face à
estiagem que se tem instalado na Província, tendo-se tornado um ponto de "refúgio" para o gado de
outras localidades. As marcas da estiagem são facilmente notadas nos animais, particularmente o gado
bovino. Ainda assim, os números de morte na Bibala são quase inexistentes, daí ser um ponto
importante para as sagradas cabeças de povos vizinhos.
A Administração Municipal tem vindo a ensaiar
várias soluções para contrapor a falta de chuva. Em
foco está a melhoria da vida dos animais, mas
também a transformação progressiva da agricultura
de subsistência. Estão a ser explorados sistemas de
melhoria do acesso à água: furos, painéis solares e
sistemas de irrigação gota-a-gota, assim como a
recuperação de chimpacas e cacimbas.
Importa que a população não se limite a fazer agricultura quando há chuva, pois a terra da Bibala é
fértil e, se bem aproveitada, permite colheitas duas a três vezes por ano.
São múltiplos os reportes de roubo de gado na Bibala. O elevado índice de furto de cabeças de gado
bovino e ovino preocupa as Autoridades Administrativas e as Autoridades Tradicionais. Alguns
auscultados afirmam que o roubo de gado é uma questão de raiz cultural e que se prende com
questões de tribos de origem e confrontos de poder. As invasões de manadas aos quimbos, com as
suas fortes necessidades de pastagem e água, podem ser também fonte de confrontos que resultam
em desvio e desaparecimento de cabeças de gado.
Fonte: Perfil Municipal Dinâmico 2014
Figura 48. Cacimba temporária na localidade do Hambwe
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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Não foi possível apurar a População Economicamente Activa (PEA) no Sub-sector agro-pecuário do
Município, na medida em que os registos existentes são realizados, face à especificidade sectorial,
através do número de famílias. Foi, no entanto, estimado o número de trabalhadores dependentes
deste Sub-Sector, que agora se apresenta, por Comuna e Género, na tabela 10.
Tabela 10. Trabalhadores Dependentes do Sub-Sector Agro-pecuário em 2015, por Comuna e Género
SEDE LOLA CAITOU CAPANGOMBE
Homens 105 25 27 25
Mulheres 90 55 75 45
Total 195 80 102 70
Fonte: Análise cruzada aos Dados existentes na Administração Local e às declarações dos auscultados
Não tendo sido viável o apuramento dos valores de vencimento dos trabalhadores dependentes do
Sub-Sector Agro-Pecuário, sabe-se que a referência salarial nacional indica um salário mínimo de
15.003 akz para os trabalhadores por conta de outrem nesta área.
As formas contratuais são maioritariamente de tipo verbal, feitas através de contrato a termo certo
limitado entre o empregador e o empregado. O sistema remuneratório é variável, podendo ser
auferido por valores monetários ou por retribuições de bens e produtos, normalmente das produções
para as quais o empregado foi contratado. Este sistema de contrato e de remunerações foi encontrado
em todas as Comunas do Município.
No sentido de tornar o mais explícito possível o estado do Sub-Sector Agro-Pecuário do Município da
Bibala, apresenta-se a respectiva Matriz SWOT, construída a partir do trabalho de análise a todas as
características e variáveis que este Sub-Sector apresenta, no sentido de vir a ser um instrumento
facilitador do futuro planeamento municipal, da sustentação de submissão a Projectos e Programas
que apoiam esta área económico e produtiva e da motivação para novos investimentos locais.
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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Matriz 1. SWOT do Sub-sector Agro-Pecuário do Município da Bibala
5.1.2. Sub-Sector de Extracção Florestal
A prática da Extracção Florestal é, na regulamentação nacional, sujeita a reconhecimento por Alvará,
o que limita as áreas concessionadas para exploração. A legalidade destes Alvarás é controlada pelos
Órgãos de Governação.
No Município da Bibala não existe qualquer emissão de Alvarás de Extracção Florestal, pelo que todo
o abate realizado pela população é feito à margem da legalidade.
Embora este Sub-Sector não tenha grande expressão como actividade produtiva no Município, importa
rever as práticas denotadas de actividade
informal de corte de árvores para produção de
lenha e carvão, posteriormente vendidos.
Os carveiros entendem a actividade produtiva do
carvão como tradicional, sendo praticada de
forma ancestral pelas Comunidades Mucubais,
que a entendem como secular e de sobrevivência.
Crédito de imagem: voaportugues.com
Figura 49. Produção de carvão
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
Página 70
Os aspectos ecológicos desta actividade não são colocados pelos carveiros, que estão mais
preocupados com a liquidez que a venda da lenha e do carvão lhes pode proporcionar do que com o
impacto ambiental que a actividade tem. Para muitos, em época de estiagem, onde as culturas
agrícolas não desenvolvem, a produção de carvão é o último recurso de sobrevivência.
Existem algumas queixas, por parte de munícipes, face à irregularidade do pagamento de taxas de
extracção de lenha e de produção de carvão que, segundo alguns colectores, não têm critério bem
definido por parte do Instituto de Desenvolvimento Florestal (IDF), entidade responsável pela
regulação do Sub-Sector.
Matriz 2. SWOT do Sub-sector da Extracção Florestal do Município da Bibala
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
Página 71
5.1.3. Sub-Sector de Extracção Mineral
Estão identificadas no Município da Bibala jazidas de mármore e granito, conforme foi já determinado
e caracterizado. No entanto, a exploração dos inertes ainda não se encontra em fase de
desenvolvimento lucrativa, sendo incipientes as explorações existentes. O seu potencial para a
diversificação das fontes de renda do Município e da Província é, no entanto, reconhecida. No
Caraculo, Comuna do Capangombe, o Mármore e o Granito abundam.
Dados da Direcção Provincial de Geologia e Minas, tornados públicos em entrevista à Angop, apontam
para “(…) perto de 16 empresas têm título de concessão para explorar mármore no Namibe. Porém, a
maioria está sem operar. Por este facto, a produção e exploração de rochas ornamentais representa
ainda pouco para a balança económica da província. O município da Bibala quer assumir este ónus da
transformação e melhor potencialização das riquezas minerais e, como tal, tem as portas abertas para
todos potenciais empresários” (Fonte: Angop, 28/08/2013).
Apesar de estarem licenciadas 16 empresas extractivas, operam no Município apenas 7 empresas. Os
materiais extraídos são fundamentalmente utilizados na construção. Na tabela 11 discriminam-se as
empresas do Sub-sector, assim como o material que extraem e a localização das suas operações.
Tabela 11.Empresas actuantes na Extracção Mineral
Empresa Localização Actividade
Emanha Caraculo Granito
Rocafrica Caraculo Mármore
Grupo Socolil Km 58 / Caraculo Brita
CSD Mil Lda Raposeira / Caraculo Cobre
Chinesa Km 55 / Caraculo Brita
Hiper Máquina Luso 93 Mármore Branco
AFA Humbria Brita Fonte: Perfil Municipal Dinâmico, 2014
O clima da Bibala é um aspecto fundamental para o processo de composição do mármore, definido
em termos científicos como uma rocha metamórfica originada de calcário exposto a altas
temperaturas e pressão. A tipicidade do mármore é causada pela forma com que a rocha é criada. Na
sua formação, existem diversas variáveis que determinam a cor e as texturas do produto final.
Estão também identificados cursos de águas subterrâneas com potencial para a indústria da água
mineral. Trata-se principalmente de nascentes afectas à região da escarpa da Tundavala, à Montipa e
à Manhita. Por agora, apenas a Montipa tem alguma expressão como água mineralizada, mas sem
potencial de consumo.
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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O Plano de Desenvolvimento Socio-económico da Província 2013-2017 aponta para a construção de
quatro fábricas de corte e polimento de granitos e duas unidades de corte e polimento de mármore,
contando-se ainda instalar 20 unidades de fabrico de cubos de granito e mármore. A seu tempo,
acredita-se que a Extracção Mineral será um Sub-Sector de relevo na economia e produtividade do
Município da Bibala.
Matriz 3. SWOT do Sub-sector da Extracção Mineral do Município da Bibala
5.2. Sector Secundário
O Sector Secundário no Município da Bibala encontra-se com potencial de expansão, nomeadamente
no que diz respeito à instalação de empresas de transformação dos recursos naturais da região.
As problemáticas associadas à intermitência de energia têm vindo a ser um constrangimento para a
implementação de novas unidades industriais.
Também a escassez de água corrente tem inibido alguma implementação industrial, nomeadamente
no que concerne ao tratamento de minerais.
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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5.2.1. Sub-Sector Indústria
As Indústrias presentes no Município estão circunscritas à transformação Agro-Pecuária, à
transformação da Extracção Florestal, à Panificação e à transformação do Granito. Não foi possível,
ainda, apurar os níveis de produção destas unidades de produção, nem mesmo o número de
trabalhadores dependentes que empregam.
Também não foi possível auscultar sobre volumes de negócios nem rentabilidade das unidades
produtivas.
No âmbito do desenvolvimento industrial propriamente dito, é possível discriminar a presença, no
Município, de três unidades industriais, a saber-se: a Fábrica de Cal, o Matadouro e a Empresa SoCubos
(transformação de Granito).
A referência salarial nacional para esta área determina salários mínimos de 18.750 akz para a indústria
transformadora e de 22.504 akz para as especificidades da indústria extractiva.
Uma análise ao Sub-Sector permite a realização da Matriz SWOT que agora se apresenta e que exprime
a percepção sobre estas actividades na Bibala.
Matriz 4. SWOT do Sub-sector da Indústria do Município da Bibala
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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5.2.2. Sub-Sector Transformação Artesanal
O desenvolvimento de actividades de produção artesanal não se encontra sistematizado no Município.
Muitas famílias produzem, no complemento das suas actividades agro-pecuárias, instrumentos e
objectos de uso corrente para sua própria utilização, não sendo vistos como Artesãos. Eventualmente,
algumas destas peças acabam por ser vendidas, mas não são entendidas como parte produtiva de um
Sub-Sector da Economia local.
Entenda-se que a transformação que remete à produção artesanal difere do sub-sector anteriormente
considerado pela escassez de utilização de maquinaria e pela adopção por metodologias
transformativas tradicionais.
A produção artesanal que marca presença no Município é de tipologia agro-alimentar,
nomeadamente:
Uma moageira
Uma padaria
Um forno de pão
Uma gelataria
No trabalho com madeiras, existem no Município duas carpintarias, também de instrumentação
considerada artesanal.
A produção de pequenas peças de utilização comum, pelo trabalho com o barro, é realizada por
pequenos grupos de mulheres Mucubais. Estas peças de olaria são produzidas para utilização própria,
embora seja possível adquiri-las em encontros casuais com estas comunidades.
Crédito de imagem: delcampe.net
Figura 50. Oleiras Mucubais
A análise ao Sub-Sector permite traçar a Matriz SWOT que agora se apresenta:
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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Matriz 5. SWOT do Sub-sector da Transformação Artesanal do Município da Bibala
5.3. Sector Terciário
No domínio do Sector Terciário, o Município contabiliza escassas Unidades Comerciais. Os Serviços
Estatais possuem alguma expressão, nomeadamente nas áreas da Educação e Saúde, assim como nos
Serviços associados à Administração Local.
Muitos dos Serviços encontram-se situados na Sede Municipal, nomeadamente na avenida principal.
Figura 51. Avenida principal da Bibala
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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5.3.1. Sub-Sector Comércio (formal)
Foi possível listar um conjunto de 13 unidades comerciais no Município, que se apresentam na tabela
12, discriminados por tipologia e localização.
Tabela 12. Estabelecimentos comerciais, por tipologia e localização
Tipologia comercial Bairro Comuna
Salão de beleza Comercial
Sede Cozinha Comercial
Janela de Cantina Matuco
Loja de venda a retalho Caitou Sede
Caitou
Loja de venda a retalho Caitou Sede
Loja de venda a retalho Muvanda
Lanchonete Pirangombe
Loja de venda a retalho Chapi-Chapi
Janela de venda a retalho Mangueiras Capangombe
Loja de venda a retalho Munhino
Loja de venda a retalho Lola Sede
Lola Lanchonete Tchitemo
Restauração Vambanda
No âmbito do processo em curso para a renovação de alvarás comerciais, o Município posiciona-se, no
processo comercial, de forma a promover a respectiva reconversão legal no ano de 2016.
O comércio grossista, que envolve a distribuição pelos pequenos comerciantes, existe
também no Município, embora não tenha sido possível proceder ao respectivo registo de
listagem.
Os trabalhadores do Sub-Sector do Comércio a retalho são, maioritariamente, proprietários da área
comercial em que desenvolvem as suas actividades. No entanto, a referência salarial nacional indica
um salário mínimo de 22.504 akz para os trabalhadores por conta de outrem nesta área.
No âmbito do apuramento Municipal de trabalhadores do Sector Terciário para as Unidades
Comerciais, e embora não tenha sido possível caracterizar os seus intervenientes, apurou-se
globalmente que o género feminino predomina na ocupações dos cargos gerados no Sub-sector, ao
nível do comércio a retalho, sendo que maioritariamente é o próprio dono do espaço que o explora
comercialmente, sem recurso a empregados.
Uma análise à implementação e dinâmica deste Sub-Sector permite traçar a Matriz SWOT que se
apresenta abaixo.
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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Matriz 6. SWOT do Sub-sector do Comércio (formal) do Município da Bibala
5.3.2. Sub-Sector Serviços Estatais
Os Serviços Estatais presentes no Município encontram-se principalmente situados em três grandes
áreas: Administração Local, Educação e Saúde. Nestas 3 áreas encontram-se colocados 613 cidadãos,
transformando o Sub-Sector na maior entidade empregadora do Município.
O número de funcionários estatais em
funções, agora apresentado, não
contabiliza os funcionários dos Orgãos
Delegados nem das Forças Policiais, que
não foi possível apurar. No entanto, os
números apurados são indicadores da
relevância deste Sub-Sector no âmbito
da análise das Entidades Empregadoras
mais presentes no Município, sendo que
o Estado é manifestamente a Maior destas Entidades.
Apresenta-se na tabela 13 a distribuição do número apurado de Funcionários do Estado que
desempenham funções no Município da Bibala.
Figura 52. Tribunal Municipal da Bibala
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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Tabela 13. Número de cidadãos empregados nos Serviços Estatais ÁREA TOTAL
Administração Local 139
Educação 361
Saúde 113
Total 613
As Autoridades Tradicionais não podem ser consideradas como Funcionários Públicos, pese embora
recebam, por parte do Estado, subsídios para apoiarem a dinâmica local pelo seu trabalho junto das
Comunidades. Esta razão subsidiária justifica a inclusão de contagem do número de Autoridades
Tradicionais que, embora não sendo Funcionários Públicos, trabalham em conjunto com as
Administrações e devem ter um registo em local apropriado, pois ao auferirem subsidiação de funções
encontram-se inseridos na dinâmica económica local. Incorporam-se no Município 103 representantes
das Autoridades Tradicionais das diversas categorias, sendo que 35 destes possuem direito a auferir
subsídio de funções (Fonte: Perfil Municipal Dinâmico da Bibala, 2014).
Uma análise ao Sub-Sector permite traçar a Matriz que abaixo se apresenta.
Matriz 7. SWOT do Sub-sector dos Serviços Estatais do Município da Bibala
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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5.3.3. Sub-Sector do Turismo
O enquadramento sócio-geográfico do Município constitui um potencial ponto de atracção turística,
embora o Sub-Sector do Turismo não se
encontre ainda desenvolvido.
A Fortaleza de Capangombe é um local
classificado como tendo potencial turístico,
pelas suas características históricas, tendo sido
o local de concentração de escravos na época
dos movimentos de escravatura para o
continente americano.
As Pinturas e Gravuras Rupestres marcam presença no Município, com valor histórico-cultural
reconhecido. A recente descoberta da Estação Rupestre do Mulioluia, com mais de mil metros, revelou
a particularidade de possuir gravuras com cores, sendo que no tecto deste abrigo rochoso é possível
observar pinturas de animais e cenas domésticas e da vida quotidiana. A zona do Caraculo apresenta
diversas manifestações de Pintura e Gravura Rupestre, que importa, a breve prazo catalogar e
inventariar, de forma a implementar processos
de conservação nos locais. A Dissertação de
Mestrado realizada pelo Doutor José Caema
Fernandes, sob título «As Pinturas do Abrigo
do Tchitundu-Hulu Mucai», defendida em 2014
ao abrigo do seu Mestrado na área da
Arqueologia Pré-Histórica e Arte Rupestre,
veio melhorar o conhecimento sobre a
presença das Estações Rupestres no Município
da Bibala.
As Termas da Montipa foram, em tempos, local muito
apreciado para práticas de Turismo de Saúde, embora
de momento, fruto da conjuntura nacional, estejam a
aguardar recuperação. As características da sua
nascente de águas quentes de enxofre conferem a este
complexo características de importante potencial para
a atracção de visitantes. Crê-se que estas águas têm
múltiplas funções para as curas: consumo interno,
banhos, entre outras opções de utilização.
Fonte: As Pinturas do Abrigo do Tchitundu-Hulu Mucai
Figura 54. Makahama - Estação do Caraculo
Crédito de Imagem: Perfil Municipal Dinâmico, 2014
Figura 53. Vista parcial do Forte de Capangombe
Figura 55. Termas da Montipa
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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Acresce às manifestações já diagnosticadas de potencial turístico toda a matriz comunitária que torna
a região da Bibala num atractivo mosaico antropocultural.
As manifestações culturais dos povos ancestrais, Bantu e não Bantu, que confluem no território da
Bibala são potenciais de atracção a um
segmento de Turismo Cultural que
importa não esquecer. As Cerimónias
Mucubais de iniciação dos rapazes ou
as Cerimónias Fiko onde as jovens
adolescentes se assumem como
mulheres da Comunidade são
dinâmicas locais que se mantém como
testemunho da conservação das
culturas dos povos de origem da região.
Embora o Sub-Sector do Turismo não tenha, por agora, uma efectiva expressão no plano económico e
produtivo do Município, todo o seu potencial de desenvolvimento leva à sua consideração no presente
Estudo.
A análise ao Sub-Sector determina a construção a Matriz que agora se apresenta.
Matriz 8. SWOT do Sub-sector do Turismo do Município da Bibala
´Crédito de imagem: perola-negra.com
Figura 56. Cerimónia de iniciação dos rapazes Mucubais
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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5.4. Actividades económicas não formais
A Economia informal agrupa todas as actividades que se encontram à margem do sistema económico
formal, não possuindo por isso quaisquer registos de actividade, de volume de negócio ou de número
de funcionários.
Foram identificados, no Município, focos de Economia Informal nos Sub-Sectores do Comércio e da
Prestação de Serviços.
Existe um conjunto de Unidades da Economia Informal cujas actividades tendem, por diploma legal,
ao processo de legalização. Face à diversidade observada, o presente Estudo aborda as Actividades
Económicas não formais nas dimensões identificadas: Comércio Informal e Serviços Informais de
Transportes.
5.4.1. Comércio Informal
O Comércio Informal no Município encontra-se identificado em duas áreas: no âmbito da
comercialização precária de produtos diversos, realizado principalmente por mulheres que vendem na
rua, gerando dinâmicas de mercado informal, e no âmbito de pontos de venda de produtos
alimentares confecionados.
Não foram identificadas muitas unidades comerciais informais, estando esta actividade ocupada por
mulheres que deambulam pelos centros das Sedes Comunais procedendo a venda de produtos
essencialmente frutícolas e alguns produtos alimentares processados artesanalmente.
As tendências de acção da Administração Municipal sobre o Comércio Informal, e nomeadamente
através dos órgãos competentes de inspecção, são de apoiar os protagonistas desta forma comercial
a legalizarem os seus serviços, de forma fazerem parte dos quadros empresariais e empreendedores
do Município, acreditando-se que a breve prazo será possível a regularização do sector.
5.4.2. Serviços Informais de Transporte
O mercado informal da prestação de serviços de transporte de pessoas e bens é realizado de forma
pouco estruturada, sendo principalmente realizado por homens que, por disporem de um meio de
transporte próprio (motorizada ou automóvel), «emprestam» lugar nos seus veículos para
transportarem quem necessita a troco de pagamento deste serviço.
Não existe, assim, contabilização do número de unidades informais de transporte no Município,
embora exista a percepção da sua existência e forma de operar no mercado.
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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5.5. Infra-estruturas económicas e produtivas diversas
As Infra-estruturas económicas e produtivas são todas aquelas que, de alguma forma, respondem às
demandas da Comunidade no desenvolvimento do Sector Económico e do desenvolvimento das
actividades produtivas locais.
No Município, estas infra-estruturas estão confinadas aos Mercados e às Agências Bancárias que aqui
se fazem representar.
5.5.1. Mercado
O Município da Bibala possui o seu Mercado Municipal, onde se procede à comercialização de produtos
diversos, que vão desde os produtos alimentares a alguns utensílios domésticos, panos e ferramentas.
Predominantemente são comercializados produtos da agricultura, nomeadamente excedentários às
produções familiares locais.
5.5.2. Entidades Bancárias
Sobre a área bancária, encontra-se presente no Município uma agência do Banco de Poupança e
Crédito (BPC).
A abertura destas Agências veio trazer ao Município maior conforto no acesso aos movimentos de
dinheiro, nomeadamente por garantir aos Funcionário Públicos o acesso aos seus ordenados sem
terem que se deslocar à Sede de Província, como ainda recentemente acontecia.
Não existe acesso a informação estruturada sobre os serviços prestados por esta entidade bancária no
apoio ao sector privado e aos pequenos produtores, nomeadamente no que diz respeito à concessão
de crédito bancário no Município. A percepção obtida junto da população ao longo do processo de
Recolha de Dados dos sectores que constituem a força da economia e produção local aponta para a
ausência de processos de concessão de créditos bancários de apoio ao Sector Económico e Produtivo.
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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6. RECOMENDAÇÕES GERAIS
A realização do Estudo de Linha de Base do Sector Económico-Produtivo do Município da Bibala
permitiu traçar algumas linhas de força sobre aqueles que podem vir a ser os maiores desafios e
potenciais do Desenvolvimento Local.
Na convicção de que o presente Estudo oferece suporte para futuras etapas de Planeamento Local, é
claro que oferece também sustentação para adesão a Projectos e Programas de Desenvolvimento
Local e para captação de Investimento Privado.
Importa rever as Estratégias Provinciais definidas pelo Plano de Desenvolvimento Económico e Social
2013-2017 da Província do Namibe (2013), que determina seis Eixos Estratégicos para o
desenvolvimento estrutural do seu território:
1. Ambiente de Atractividade: que desenvolva uma imagem de uma região dotada de vasto leque
de oportunidades de emprego e de uma qualidade de vida peculiar, permitindo a criação de
um ambiente social e económico atractivo para o investimento.
2. Ordenamento e Coesão Territorial: que operacionalize a requalificação de todo o território,
apoiando a criação da sua nova imagem e, bem assim, contribuir para a atractividade e fixação
de novas camadas populacionais, para além da atracção a exercer sobre o investimento, no
decréscimo da pobreza e no combate das assimetrias.
3. Diversificação Económica: que operacionalize a exploração dos principais recursos existentes,
designadamente ao nível do Turismo e da Agro-Pecuária, incluindo todas as actividades
complementares de tais desenvolvimentos, melhor aproveitamento dos Recursos Humanos,
criação de Plataformas Empresariais, para além de estar associada à implementação de Redes
de PME’s. O Turismo pode diversificar o tecido económico, devendo ser eleito como actividade
privilegiada para combater o grau de dependência actual da Economia do Namibe, para além
de poder fornecer contributos essenciais à internacionalização da Província, num modelo em
que a oferta turística esteja directa e sustentadamente relacionada com os outros Eixos
Estratégicos.
4. Valorização dos Recursos Humanos: que se possa criar emprego não muito exigente a nível
das qualificações profissionais, com combate ao subemprego e ao emprego chamado “social”,
através da inovação e qualificação de recursos, designadamente dos Recursos Humanos, pela
criação de Programas mais ou menos expeditos, mais ou menos evolutivos, mais ou menos
aprofundados, de formação profissional – neste caso, começando por privilegiar a formação
direccionada para os sectores económicos mais consolidados – e de combate “feroz” ao
analfabetismo.
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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5. Qualidade de Vida: que se melhorem as infra-estruturas existentes, com lançamento de novos
serviços e a aquisição de equipamentos adequados, com Projectos de extensão social, cultural
e do lazer.
6. Quadro Institucional: que se enfrentem Projectos que se traduzam no fortalecimento do
Modelo Institucional existente, adaptando-o a novas realidades, tornando-o mais flexível e
criando-lhe eficácia e eficiência na gestão, mas sempre em estreita obediência aos princípios
Legais da Administração e Contabilidade Públicas.
(Fonte: Plano de Desenvolvimento Económico e Social da Província do Namibe 2013-2017)
Foram, ao longo do presente Estudo, ressalvadas as características peculiares da região, no que esta
apresenta de constrangimentos e potencialidades. Foram também identificadas dificuldades
genéricas, na dinâmica do Município, relativas à escassez de recursos humanos qualificados e à
insuficiência de infra-estruturas diversas. O fraco desenvolvimento do investimento privado, agregado
à escassez de apoios aos empreendedores locais, são questões também reconhecidas.
Importa, então, proceder ao alinhamento estratégico de sinergias que, de origem nacional ou
internacional, públicas ou privadas, possam promover o desenvolvimento do Município da Bibala no
quadro do Plano Estratégico de Desenvolvimento da Província do Namibe.
As Recomendações Gerais que agora se apresentam encontram-se organizadas por Sector e alinham
um conjunto de sugestões para o futuro, com o foco no Desenvolvimento Económico do Município e,
por consequência directa, na melhoria da qualidade de vida da população da Bibala. Em paralelo, e
não menos importante, as Recomendações direcionam-se também para a redefinição das linhas
produtivas locais, de forma a gerar, a breve prazo, novas Cadeias Produtivas concorrentes para a
diversificação da economia local.
6.1. Sector Primário
1. Produção de Cereais: A produção de cereais tem vindo a crescer ao longo dos últimos anos e
uma observação cuidada dos resultados produtivos indica que as culturas do Milho, do
Massango e da Massambala podem ser potenciadas de forma a ganhar uma dimensão
produtiva de nível nacional e internacional. Será pertinente proceder-se à realização de um
Estudo de Cadeia Produtiva que venha a aprofundar os conhecimentos sobre esta linha
produtiva, de forma a melhor ser sustentada a pertinência do desenvolvimento da sua
produção.
2. Produção de Hortícolas e Frutícolas: O funcionamento dos sistemas de rega deve ser revisto,
de forma a proporcionar mais do que um Ciclo Produtivo destas produções em cada ano, num
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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processo de agilização das suas Cadeias Produtivas. É importante rever os apoios a estas
plantações, dedicando-lhe atenção no âmbito dos campos de experimentação e na
delimitação de terrenos de cultura face às condições requeridas para a optimização da sua
produção.
3. Polos Agrícolas: O presente Estudo permitiu obter indicadores de que a organização dos Polos
Agrícolas deve ser agregada à criação de Campos de Experimentação no Município, com vista
a melhorar as práticas agrícolas dos Camponeses e a experimentar produção de novas
culturas.
4. Cadeia Produtiva do Girassol: As experiências de cultura do Girassol permitem preconizar o
estudo desta Cadeia Produtiva, cujo potencial de desenvolvimento pode conduzir à obtenção
de matéria-prima para futura indústria agro-alimentar.
5. Criação de Gado: A Criação de Gado é um dos principais suportes económicos e produtivos do
Município, pelo que é importante proceder-se a estudos que impactem nos apuramentos
adaptativos das raças em criação, melhorando a quantidade e qualidade das carnes obtidas.
6. Transumância: As boas condições de pasto e o acesso a reservas de água que se apresentam
no Município colocam a Bibala numa posição importante do Corredor Sul de Transumância,
pelo que o investimento na manutenção dos pastos e recuperação dos pontos de água devem
ser requisitos fundamentais no investimento Municipal, de forma a vincular a tradição local e
a poderem vir a ser implementadas unidades produtivas de carne bovina na zona,
devidamente apoiadas quanto ao controlo veterinário.
7. Minerais: O Plano Nacional de Geologia, em desenvolvimento, virá clarificar algumas questões
sobre o mapeamento de minerais no Município. Face a esta diversidade mineral, é
recomendável que sejam identificados todos os recursos e estimados os seus potenciais de
reserva, para que se venha a traçar no Município, e em conjunto com os órgãos provinciais e
nacionais competentes, uma estratégia sólida de enquadramento da exploração mineral no
desenvolvimento local e nacional.
8. Águas Minerais: O estudo detalhado das reservas de águas com propriedades minerais deve
ser equacionado, para se aferir do interesse e rentabilidade de se constituir uma unidade de
captação e produção de água de mesa no Município.
6.2. Sector Secundário
1. Criação de Unidades de Indústria agro-alimentar: O desenvolvimento da produção agrícola
do Município pode e deve ser potenciado como obtenção de matéria-prima para a
implementação local de pequenas unidades de indústria ago-alimentar, que permitirão
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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diversificar a economia local, criar novos postos de trabalho e potenciar os resultados das
campanhas pelo aproveitamento integral dos produtos. O recurso a apoios nacionais e
internacionais deve ser estimulado, nomeadamente através de campanhas de esclarecimento
e sensibilização das populações para os instrumentos disponíveis para o efeito.
2. Abastecimento de energia e água: Os modelos de abastecimento de energia e água têm que
ser melhorados, no sentido de proporcionar às Unidades Industriais fornecimento continuado,
garantindo a sustentabilidade de produção.
3. Artesanato: A produção de peças artesanais Mucubais, entre outras que potenciais artesãos
possam realizar, deve ser reforçada através da criação de um sistema adequado de
escoamento dos produtos artesanais para a Capital Provincial e para outros mercados
nacionais e internacionais, através do delineamento de um plano sustentado de produção que,
em simultâneo, valorize o património cultural que o próprio artesanato representa. A criação
de um Centro de Formação local, para que as técnicas artesanais se perpetuem, deve ser
ponderada pelo Município.
6.3. Sector Terciário
1. Reconversão legal do Comércio: O Município deve prosseguir com a implementação do plano
de reconversão legal do Comércio, para que o Sector esteja, o mais rapidamente possível,
regulado. Esta regulação deverá resultar em melhores condições comerciais no Município, o
que inevitavelmente promoverá a expansão, diversificação e sustentabilidade do comércio
local.
2. Funcionários Públicos: O crescimento dos Quadros dos sectores públicos – Educação, Saúde e
Administração Pública – tem repercussões directas no desenvolvimento económico local, na
medida em que o aumento do número de Funcionários do Sector Terciário no Município
envolve maior movimentação na área do consumo, logo, desenvolvimento na Economia Local.
Assim, é expectável que o desenvolvimento da área social seja motor de alavancagem do
desenvolvimento económico.
3. Turismo: O levantamento dos locais com potencial turístico e a sua sequente caracterização
devem conduzir, com a brevidade possível, à construção do Plano Estratégico Municipal para
o Desenvolvimento Turístico, que possa motivar os Investidores privados e os
Empreendedores locais a implementarem unidades e estruturas turísticas no Município, com
especial relevância para as áreas do Turismo de Saúde e Natureza e do Turismo Cultural.
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Estudo de Linha de Base do Sector Económico-Produtivo realizado no Município da Bibala permitiu
encontrar linhas gerais de caracterização das dinâmicas do seu Sistema Económico.
No decorrer do presente Estudo de Linha de Base foram encontradas muitas dificuldades de
sistematização dos dados populacionais, motivadas pelos receios que em algumas situações a
população demonstra ter no fornecimento de pormenores sobre a sua vivência dentro do Sistema
Económico.
As orientações da Administração Municipal da Bibala, em articulação com todas as entidades
governativas com poderes reguladores sobre a Economia, apontam para que o ano civil de 2016 seja
um ano particularmente importante no que diz respeito à inspecção, regulação e legalização das
unidades produtivas locais, face ao plano de aplicação dos recentes normativos legais.
Os sistemas de fiscalização económica têm vindo a ser organizados, de forma que a sua actuação esteja
cada vez mais regulada e por isso aumente a eficácia do seu desempenho. A legalização das Unidades
Industriais, Comerciais e de Prestação de Serviços do Sector Privado encontra-se num momento
particularmente expressivo de implementação.
Face às mudanças que foram identificadas acima, é especialmente importante que após
implementadas todas as medidas de regulação do Sistema Económico e Produtivo do Município sejam
revistos os dados apurados no presente Estudo para confirmação e eventual correcção.
Tendo o presente Estudo apontado para a relevância da Agricultura Familiar e da Criação de Gado
como actividades de maior enfoque produtivo, a Economia Local apresenta-se em fase de
desenvolvimento crescente e a presença de Entidades Privadas dos Sectores Secundário e Terciário
deve ser incrementada a breve prazo, numa lógica de pequenas unidades produtivas.
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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REFERÊNCIAS
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ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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ANEXOS
Anexo I – Termos de Referência para a Elaboração dos estudos de Linha de Base
Anexo II – Listagem de documentos utilizados na Elaboração do Estudo de Linha de Base
ESTUDO DE LINHA DE BASE DO SECTOR ECONÓMICO-PRODUTIVO * MUNICÍPIO DA BIBALA
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Apoio Técnico: Financiador: