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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIADE MATERIAIS ALDO NONATO BORGES ESTUDO DO APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS PAE NO DESENVOLVIMENTO DE MATERIAIS CERÂMICOS Natal RN 2014

ESTUDO DO APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS PAE NO ... · Prof. Dr.ª. Djane Santiago de Jesus Externo à Instituição _____ Prof. Dr. Marcio Luiz Varela Nogueira de ... submetidas à

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIADE MATERIAIS

ALDO NONATO BORGES

ESTUDO DO APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS PAE NO DESENVOLVIMENTO DE MATERIAIS CERÂMICOS

Natal – RN 2014

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ALDO NONATO BORGES

ESTUDO DO APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS PAE NO DESENVOLVIMENTO DE MATERIAIS CERÂMICOS

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para a obtenção do título de Doutor em Ciência e Engenharia de Materiais.

Orientador: Prof. Dr. Carlos Alberto Paskocimas Co-orientador: Prof. Dr. Rubens Maribondo do Nascimento

Natal – RN 2014

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Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / SISBI / Biblioteca Setorial Especializada Centro de Ciências Exatas e da Terra – CCET.

Borges, Aldo Nonato. Estudo do aproveitamento de resíduos PAE no desenvolvimento de materiais cerâmicos / Aldo Nonato Borges. - Natal, 2014. 100 f. : il.

Orientador: Prof. Dr. Carlos Alberto Paskocimas.

Coorientador: Prof. Dr. Rubens Maribondo do Nascimento. Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Exatas e da Terra. Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais.

1. Argila – Tese. 2. Formulação cerâmica – Tese. 3. Resíduos – Tese. I. Paskocimas, Carlos Alberto. II. Nascimento, Rubens Maribondo do. III. Título.

RN/UF/BSE-CCET CDU: 666.32

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

ENGENHARIA DE MATERIAIS

ESTUDO DO APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS PAE NO DESENVOLVIMENTO DE MATERIAIS CERÂMICOS

ALDO NONATO BORGES

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________

Prof. Dr. Carlos Alberto Paskocimas Presidente

_______________________________________________ Prof. Dr. Rubens Maribondo do Nascimento

Interno

_______________________________________________ Prof. Dr. George Santos Marinho

Interno

_______________________________________________ Prof. Dr.ª. Djane Santiago de Jesus

Externo à Instituição

_______________________________________________ Prof. Dr. Marcio Luiz Varela Nogueira de Moraes

Externo à Instituição

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Aos meus pais Edwiges e Acidália (in memoriam),

a minha esposa Nivaldina e aos meus filhos:

Paterson, Patrese, Sara e Aldo Jr.

Este trabalho é uma resposta ao estímulo que

todos me dão ao longo de cada

etapa da minha vida.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por me conceber saúde, paciência e tranquilidade para conseguir concluir

mais uma etapa da minha vida.

Ao meu orientador Professor Dr. Carlos Alberto Paskocimas pelo conhecimento

teórico e prático.

Ao Professor Dr. Rubens Maribondo do Nascimento, coordenador do Programa

DINTER/UFRN pelo ensinamento e sugestões para a realização deste trabalho.

Ao Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia da Bahia por ter

possibilitado, através do convênio, a realização deste feito com anuência, essencial,

do afastamento para dedicação as atividades de pesquisa.

À CAPES pelo apoio financeiro durante a realização deste trabalho.

À Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pela oportunidade proporcionada

de fazer o curso de qualificação em nível de doutorado na área de Engenharia de

Materiais.

À ARMIL pelo fornecimento das matérias-primas para a realização deste trabalho.

Aos colegas professores do IFBA: Sílvia Becher, Jorge Fernando, Mirtânia Leão,

Lurdes Ribeiro, Élvio Guimarães e Osvaldo Cruz, pelo companheirismo durante a

estadia na UFRN.

Aos amigos professores César Rogério, Cristina Abreu, Juarez Caetano e Antônio

Sobral, que dedicaram seu tempo a me incentivar no término deste trabalho.

Aos técnicos de laboratório e bolsistas da UFRN pela realização dos ensaios,

principalmente Hudson, Samara, Igor, Paulo Brito e Ismael Torquato, secretário do

PPGCEM.

Aos colegas da UFRN: Jean Andrade e José Calado pela hospitalidade e dedicação

nos trabalhos de laboratório.

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A busca por melhores condições vida, crescimento, pensamento e ação,

faz do homem, um ser cada dia mais insaciável.

Acreditando nisso, sigo em direção à luz que vejo no fim do túnel,

e a cada dia com mais convicção de que irei alcançá-la.

Aldo Nonato Borges

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RESUMO

Neste trabalho é apresentado um novo material cerâmico obtido por meio da

incorporação de resíduos sólidos, provenientes do setor siderúrgico e conhecido

como pó de despoeiramento – resíduo PAE – em formulações cerâmicas à base de

argila, feldspatos sódicos e potássicos, caulim e talco. Formulações cerâmicas foram

preparadas com teores de resíduos de 0% (massa básica – MB), 2%, 4% e 8%,

submetidas à queima nas temperaturas de 1000ºC, 1050ºC, 1100ºC e 1150ºC,

durante os períodos de 15 min. e 120 min. As propriedades físico-químicas e

mecânicas dessas formulações cerâmicas foram determinadas em função da

temperatura de queima, tempo de permanência em forno e do percentual de

resíduos. Já as propriedades físico-químicas e mecânicas dos materiais sinterizados

foram avaliadas através de técnicas de análise química (Fluorescência de Raios-X –

FRX), distribuição granulométrica, superfície específica, massa específica aparente,

análise estrutural por difração de raios-X (DRX) e caracterização de superfície por

microscopia eletrônica de varredura (MEV). A resposta magnética, as

características e o padrão magnético das ferritas foram analisados nas condições de

ensaio das amostras, constatando-se que a susceptibilidade magnética de saturação

independe da temperatura de sinterização do material, estando relacionada à sua

estrutura cristalina. A partir da análise dos resultados, concluiu-se que o material

cerâmico com melhores propriedades físicas e mecânicas é obtido quando é

adicionado 8% do resíduo PAE à formulação padrão, sob o tempo de queima de 15

minutos e temperatura de 1150ºC.

Palavras-chave: Argila. Formulação Cerâmica. Resíduos.

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ABSTRACT

This work presents a new ceramic material obtained through the incorporation

of solid waste from the steel industry and known as dedusting powder PAE - in

ceramic formulations based on clay, potassium and sodium feldspars, kaolin and

talc. Formulations were prepared with ceramic residue levels of 0% (basic mass -

MB), 2%, 4% and 8%, subjected to firing at temperatures of 1000 ° C, 1050ºC,

1100ºC and 1150ºC for periods of 15 min. and 120 min. The physicchemical and

mechanical properties of these ceramic formulations were determined based on the

firing temperature, residence time in the oven and the percentage of waste. Since the

physicochemical and mechanical properties of the sintered materials were evaluated

by chemical analysis techniques (fluorescence X-rays - FRX), particle size

distribution, specific surface area, apparent density, structural analysis by diffraction

of X-rays (DRX) and characterization of surface by scanning electron microscopy

(SEM). The magnetic response characteristics and the pattern of magnetic ferrites of

the samples were analyzed in the assay conditions, having noticed that the

saturation magnetic susceptibility depend on the sintering temperature of the material

and it is associated with its crystal structure. From the analysis results, it was

concluded that the ceramic material with better physical and mechanical properties is

obtained when the 8% from PAE residue is added to standard formulation under the

burn time of 15 minutes and temperature of 1150ºC.

Keywords: Clay. Ceramic formulation. Waste.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Destinação dos resíduos no ano de 2012. ........................................... 23

Figura 2.2 – Destinação e aplicação dos agregados siderúrgicos no ano de 2012. . 24

Figura 2.3 – Fluxograma de produção de aço. ......................................................... 25

Figura 2.4 – Teores de escória, metal, volatização e arraste de material no PAE ... 26

Figura 2.5 – Representação esquemática de formação do PAE em fornos elétricos

............................................................................................................. 26

Figura 2.6 –Sistema de despoeiramento da siderúrgica Gerdau - Divinópolis ......... 28

Figura 2.7 – Esquema geral do processamento cerâmico ....................................... 32

Figura 2.8 – Carregamento e nivelamento da matriz. ............................................... 34

Figura 2.9 – Deformação e empacotamento dos grânulos. ...................................... 35

Figura 2.10 – Variação da retração de secagem em função da água de

conformação. ....................................................................................... 37

Figura 3.1 – (a) Prensa utilizada; (b) Corpo de Prova obtido. .................................. 45

Figura 3.2 – Corpo de Prova no formato de uma barquinha. ................................... 46

Figura 3.3 – Moinho em funcionamento. .................................................................. 47

Figura 3.4 – MB antes e após estufa. ....................................................................... 47

Figura 3.5 – Sinterização da MB – Forno Tubular. ................................................... 48

Figura 3.6 – Formulação com 8% de resíduo ........................................................... 49

Figura 3.7 – Corpos de Prova ................................................................................... 50

Figura 4.1 – Representação das composições em um diagrama ternário simplificado

............................................................................................................. 52

Figura 4.2 – DRX da MB à 1000ºC por 15 min. ........................................................ 53

Figura 4.3 – DRX da MB à 1000ºC por 120 min. ...................................................... 53

Figura 4.4 – DRX do R8%à 1150ºC por 15 min. ...................................................... 54

Figura 4.5 – DRX do R8%à 1150ºC por 120 min. .................................................... 54

Figura 4.6 – PAp em função da temperatura com 15 min. de permanência em forno.

............................................................................................................. 55

Figura 4.7 – PAp em função da temperatura com 120 min. de permanência em

forno. .................................................................................................... 56

Figura 4.8 – MEA em função da temperatura com 15 min. de permanência em forno.

............................................................................................................. 57

Figura 4.9 – MEA em função da temperatura com 120 min. de permanência em

forno. .................................................................................................... 57

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Figura 4.10 – TRF em função da temperatura com 15 min. de permanência em

forno. .................................................................................................... 59

Figura 4.11 – TRF em função da temperatura com 120 min. de permanência em

forno. .................................................................................................... 59

Figura 4.12 – AA em função da temperatura com 15 min. de permanência em forno.

............................................................................................................. 60

Figura 4.13 – AA em função da temperatura com 120 min. de permanência em

forno. .................................................................................................... 61

Figura 4.14 – RLQ em função da temperatura com 15 min. de permanência em

forno. .................................................................................................... 62

Figura 4.15 – RLQ em função da temperatura com 120 min. de permanência em

forno. .................................................................................................... 62

Figura 4.16 – Micrografias da MB à 1000ºC com tempos de queima de 15 min e 120

min e aproximações gráficas de x500, x1000 e x2000........................ 63

Figura 4.17 – Micrografias da MB à 1150ºC com tempos de queima de 15 min e 120

min e aproximações gráficas de x500, x1000 e x2000........................ 64

Figura 4.18 – Micrografias da R8% à 1000ºC com tempos de queima de 15 min e

120 min e aproximações gráficas de x500, x1000 e x2000. ................ 65

Figura 4.19 – Micrografias da R8% à 1150ºC com tempos de queima de 15 min e

120 min e aproximações gráficas de x500, x1000 e x2000. ................ 66

Figura 4.20 – Micrografia com EDS da MB com 15min de queima a 1000ºC .......... 67

Figura 4.21 – Micrografia com EDS da MB com 120min de queima a 1000ºC ........ 68

Figura 4.22 – Micrografia com EDS da MB com 15min de queima a 1150ºC .......... 69

Figura 4.23 – Micrografia com EDS da MB com 120min de queima a 1150ºC ........ 69

Figura 4.24 – Micrografia com EDS da R8% com 15min de queima a 1000ºC ........ 70

Figura 4.25 – Micrografia com EDS da R8% com 120min de queima a 1000ºC ...... 71

Figura 4.26 – Micrografia com EDS da R8% com 15min de queima a 1150ºC ........ 72

Figura 4.27 – Micrografia com EDS da R8% com 120min de queima a 1150ºC ...... 73

Figura 4.28 – Curva de resposta magnética da amostra marrom claro .................... 76

Figura 4.29 – Curva de resposta magnética da amostra marrom escuro ................. 77

Figura 4.30 – Curva de resposta magnética da amostra preta ................................. 78

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LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Relação dos principais resíduos siderúrgicos. ..................................... 23

Tabela 2.2 – Temperaturas típicas de queima .......................................................... 39

Tabela 3.1 – Percentual de materiais para a massa base. ....................................... 46

Tabela 4.1 – Análise química das matérias-primas. ................................................. 51

Tabela 4.2 – MB com 15min de queima a 1000ºC .................................................... 68

Tabela 4.3 – MB com 120min de queima a 1000ºC .................................................. 68

Tabela 4.4 – MB com 15min de queima a 1150ºC .................................................... 69

Tabela 4.5 – MB com 120min de queima a 1150ºC .................................................. 70

Tabela 4.6 – R8% com 15min de queima a 1000ºC ................................................. 71

Tabela 4.7 – R8% com 120min de queima a 1000ºC ............................................... 71

Tabela 4.8 – R8% com 15min de queima a 1150ºC ................................................. 72

Tabela 4.9 – R8% com 120min de queima a 1150ºC ............................................... 73

Tabela 4.10 – Valores de temperatura, magnetização, campo magnético e

susceptibilidade magnética das amostras. ........................................... 79

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AA Absorção de Água (%)

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ASTM American Society for Testing and Materials

CP(„s) Corpos de Prova

DRX Difração de Raios-X

DTA Análise Térmica Diferencial

EDS Espectroscopia de raios-x por Energia Dispersiva

FEA Forno Elétrico a Arco

FRX Fluorescência de Raios-X

ip Índice de piroplasticidade

IP Índice de Plasticidade

MEA Massa Específica Aparente (g/cm3)

MEV Microscopia Eletrônica de Varredura

MB Massa Base

MRF Módulo de Ruptura à Flexão em três pontos

NBR Norma Brasileira

PA Porosidade Aparente (%)

PAE Pó de Aciaria Elétrica

RLq Retração Linear de queima (%)

R2% Resíduo com 2% aplicado na mistura

R4% Resíduo com 4% aplicado na mistura

R8% Resíduo com 8% aplicado na mistura

TRF Tensão de Ruptura à Flexão (MPA/cm2)

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................ 15

1.1 – Hipótese ............................................................................................. 16

1.2 – Objetivo Geral .................................................................................... 17

1.3 – Objetivos Específicos ......................................................................... 17

CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................. 18

2.1 – Matérias-primas .................................................................................. 18

2.1.1 – Argila Plástica .............................................................................. 18

2.1.2 – Caulim ......................................................................................... 19

2.1.3 – Feldspato ..................................................................................... 20

2.1.4 – Talco ............................................................................................ 21

2.1.5 – Resíduos Siderúrgicos ................................................................. 22

2.1.5.1 – Resíduos ......................................................................... 22

2.1.5.2 – Aciaria Elétrica ................................................................ 24

2.1.5.3 – Formação do Pó de Aciaria ............................................. 25

2.1.5.4 – Meio Ambiente ................................................................ 27

2.1.5.5 – Aplicações ....................................................................... 29

2.2 – Processamento Cerâmico .................................................................. 30

2.2.1 – Preparação da Massa .................................................................. 30

2.2.2 – Prensagem .................................................................................. 33

2.2.3 – Secagem...................................................................................... 36

2.2.4 – Queima ........................................................................................ 38

CAPÍTULO 3 MATERIAL E PROCEDIMENTOS .......................................... 40

3.1 – Matérias-primas .................................................................................. 40

3.2 – Caracterização das Matérias-primas .................................................. 41

3.2.1 – Análise Química por Fluorescência de Raios-X (FRX) ...... 41

3.2.2 – Análise por Difração de Raios-X (DRX) ............................. 42

3.2.3 – Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) ...................... 42

3.2.4 – Espectroscopia de Raios-X por Energia Dispersiva (EDS) 42

3.2.5 – Ensaios Tecnológicos ........................................................ 42

3.2.5.1 – Porosidade Aparente (PAp) ............................................... 43

3.2.5.2 – Massa Específica Aparente (MEA) .................................... 43

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3.2.5.3 – Tensão de Ruptura a Flexão (TRF) ................................... 43

3.2.5.4 – Absorção de Água (AA) ..................................................... 44

3.2.5.5 – Retração Linear de Queima (RLQ) .................................... 44

3.3 – Preparação dos Corpos de Prova ...................................................... 45

3.3.1 – Seleção e Mistura dos Componentes .......................................... 46

3.3.2 – Adição de Resíduos à MB ........................................................... 48

3.3.3 – Conformação dos Corpos de Prova ............................................. 49

CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................. 51

4.1 – Caracterização das Matérias-primas .................................................. 51

4.1.1 – Análise por Fluorescência de Raios-X (FRX) .............................. 51

4.1.2 – Análise por Difração de Raios-X (DRX) ....................................... 52

4.1.3 – Ensaios Tecnológicos .................................................................. 55

4.1.3.1 – Porosidade Aparente (PAp) ............................................ 55

4.1.3.2 – Massa Específica Aparente (MEA) ................................. 56

4.1.3.3 – Tensão de Ruptura a Flexão (TRF) ................................ 58

4.1.3.4 – Absorção de Água (AA) .................................................. 60

4.1.3.5 – Retração Linear de Queima (RLQ) ................................. 61

4.1.4 – Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) ................................ 63

4.1.5 – Espectroscopia de Raios-X por Energia Dispersiva (EDS) .......... 67

4.1.5.1 – EDS da MB com 15min e 120min de queima a 1000ºC e

1150ºC .............................................................................. 67

4.1.5.2 – EDS do R8% com 15min e 120min de queima a 1000ºC e

1150ºC .............................................................................. 70

4.2 – Análise das Propriedades Magnéticas das Amostras ........................ 73

4.2.1 – Ensaios Magnéticos ..................................................................... 74

4.2.2 – Análise dos Resultados ............................................................... 75

4.2.3 – Conclusões .................................................................................. 79

CAPÍTULO 5 CONCLUSÕES ....................................................................... 81

CAPÍTULO 6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ..................... 82

REFERÊNCIAS .............................................................................................. 83

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15

Capítulo 1

INTRODUÇÃO

A sociedade atual é totalmente dependente do aço. Sua produção,

distribuição e utilização são indicadores determinantes do nível de desenvolvimento

econômico de uma nação, visto que seu consumo cresce na mesma proporção que

a construção civil, a execução de obras públicas, a produção de equipamentos, o

desenvolvimento de novas tecnologias e a instalação de meios de comunicação.

De acordo com dados recentes do Instituto Aço Brasil (2014), em julho de

2014 a produção bruta de aço no país foi de 2,9 milhões de toneladas, além de 2

milhões de toneladas de laminados, totalizando uma produção acumulada de 19,7

milhões de toneladas de aço bruto e de 14,5 milhões de toneladas de laminados

somente no primeiro semestre de 2014. Até julho/2014 foram vendidos 12,5 milhões

de toneladas para o público externo, num total de 3,6 bilhões de dólares

movimentados, enquanto que, internamente, o Brasil consumiu 14,8 milhões de

toneladas; isso justifica o grande investimento feito em estudos envolvendo a

indústria siderúrgica, para que novas técnicas e processos oriundos das descobertas

nessa área viabilizem uma melhor e mais racional utilização do aço desde a sua

fabricação.

Durante o processo de beneficiamento de metais ou da fabricação de

qualquer liga, especialmente o aço, em todas as etapas de processamento são

geradas grandes quantidades de resíduos, que podem ser sólidos, efluentes líquidos

ou emissões gasosas (SOBRINHO; TENÓRIO, 2000). Esses resíduos são

usualmente classificados e divididos em três grupos: (1) Recicláveis (nível de ferro

entre 25% a 85% do peso); (2) Resíduos Carboquímicos e (3) Escórias.

O cálculo médio de produção de resíduos em uma usina integrada brasileira é

de 200 kg para cada tonelada de aço produzido, envolvendo sólidos, pós e gases, o

que preocupa a toda a sociedade, visto que estes são, em geral, depositados ou

lançados no meio ambiente (RIBEIRO, 2010).

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16 Introdução Resultados e Discussão

No processo de fabricação de aço também são obtidos subprodutos

conhecidos como aciarias à base de sucata que correspondem a aproximadamente

1,5% de todo o material carregado e apresentam elementos químicos com ponto de

ebulição inferior ao ponto de fusão do aço. Esse resíduo é composto principalmente

de ZnO, óxidos de ferro, CaO, SiO2 e de outros óxidos metálicos, considerados

perigosos pela NBR 10.004/2004 (ABNT, 2004). Por serem gases tóxicos, esses

resíduos precisam passar por um processo de filtragem em equipamentos

apropriados para isso (GRILLO, 2011).

A indústria siderúrgica utiliza, portanto, vários sistemas de despoeiramento

com a função de captar as partículas geradas no processo de produção, com a

maior eficiência possível. Após a filtragem deste material, é obtido um coproduto,

chamado de Pó de Aciaria Elétrica (PAE), que tem sido utilizado em diversos

setores industriais para a fabricação ou para o beneficiamento de outros produtos.

Estima-se que, somente no Brasil, o processo de forno elétrico gere entre 15 e 25 kg

de resíduos de PAE por tonelada de aço produzido (INSTITUTO AÇO BRASIL,

2013; POPOVICI, 2009).

Como a indústria cerâmica apresenta um grande potencial para absorção de

resíduos sólidos, vários estudos têm sido realizados para avaliar as propriedades

desses materiais cerâmicos com resíduos incorporados, basicamente, devido à

heterogeneidade das matérias-primas utilizadas, normalmente argilosas

(MACHADO, 1999; BASEGIO, et al., 2002; CIMDINS, et al., 2000). Com efeito,

pretende-se investigar de que maneira é possível aproveitar os resíduos da indústria

siderúrgica, especialmente o pó de aciaria elétrica (PAE), na fabricação de cerâmica,

visando o desenvolvimento de um material cerâmico com adição de resíduo

siderúrgico.

1.1 – Hipótese

Essa proposta considera que é possível adicionar resíduos siderúrgicos a

materiais cerâmicos, conferindo-lhes melhores propriedades físicas, como a

diminuição de porosidade a altas temperaturas e maior rigidez mecânica, entre

outros.

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17 Introdução Resultados e Discussão

1.2 – Objetivo Geral

O objetivo geral dessa pesquisa consiste em estudar os efeitos da adição de

resíduos siderúrgicos provenientes do processo de despoeiramento do aço à massa

cerâmica com base de argila, visando o desenvolvimento de um novo material

cerâmico de baixo custo de produção e alta resistência física e mecânica.

1.3 – Objetivos Específicos

Especificamente, os objetivos deste trabalho são:

Estudar o efeito do resíduo PAE nas propriedades gerais de um novo

material cerâmico;

Analisar as implicações da adição do resíduo na evolução das

propriedades físicas por meio dos ensaios de resistência, porosidade

aparente (Pap), massa específica aparente (MEA), tensão de ruptura a

flexão (TRF) absorção de água (AA) e retração linear de queima (RLq);

Examinar as decorrências do resíduo na evolução microestrutural do

novo material pela caracterização dos materiais cerâmicos através da

microscopia eletrônica de varredura (MEV), difração de raios-x (DRX),

fluorescência de raios-x (FRX) e espectroscopia de raios-x por energia

dispersiva (EDS).

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18

Capítulo 2

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Nesta seção são apresentados os referenciais teóricos que norteiam essa

pesquisa, com a descrição dos estudos mais relevantes no tema visando identificar

o perfil científico e as perspectivas de desenvolvimento de um novo produto de

cerâmica, no qual o resíduo siderúrgico proveniente da produção do aço esteja

presente.

2.1 – Matérias-primas

A argila plástica, o caulim, o feldspato sódico e o potássico, o talco e o

resíduo siderúrgico proveniente do sistema de despoeiramento na produção do aço,

foram as matérias-primas utilizadas na confecção dos corpos de prova deste

trabalho, a saber:

2.1.1 – Argila Plástica

Segundo Godinho (2004), a argila é matéria-prima básica para realização do

processamento de pisos e revestimentos cerâmicos, devido às seguintes

características:

a) Ampla disponibilidade e em grandes quantidades;

b) Plasticidade (capacidade de modelagem);

c) Relativa simplicidade na aplicação de técnicas de processamento; e

d) Adequada resistência mecânica após queima, favorecendo a aplicação no

setor cerâmico.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) traz a definição técnica

da argila como sendo “materiais compostos por partículas coloidais de diâmetro

inferior a 0,005 mm, com alta plasticidade quando úmidas e que, quando secas,

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19 Fundamentação Teórica

formam torrões dificilmente desagregáveis pela pressão dos dedos”. Quimicamente,

sua forma pura apresenta-se como silicatos de alumínio hidratados, além de ferro e

magnésio, geralmente denominados de argilominerais, conforme a proporção

desses minerais em sua composição. Quando encontradas na natureza, as argilas

também podem conter em sua composição diversas substâncias orgânicas, além de

partículas de outros minerais, como quartzo, pirita, mica, dolomita, calcita e outros

(PAIXÃO, 2005).

De modo geral, principalmente para aplicações industriais, as argilas são

consideradas produtos naturais terrosos, de grãos muito finos, capazes de formarem

peças que podem ser criadas, destruídas e criadas novamente ao longo do ciclo das

rochas e apresentam fração granulométrica ≤ 2µm (MEIRA, 2001; GOMES, 1986).

Esses grãos têm estruturas cristalinas em camadas que são capazes de

deslizar umas sobre as outras. Uma vez em contato com a água, esta se posiciona

entre elas, formando uma película fina ao redor das partículas da argila, originando

propriedades físicas como a facilidade de clivagem, sensação que o material está

ensaboado e suavidade (PAIXÃO, 2005).

2.1.2 – Caulim

O caulim é um material cuja composição básica é o argilomineral caulinita

(Al2O3.2SiO2.2H2O), que é formado por intemperismo ou por alteração hidrotérmica.

Apresenta-se com granulometria fina, geralmente de cor branca e tem boa inércia

química, com menor plasticidade e resistência mecânica, tanto a verde quanto a

seco, quando comparado com a argila comum (JORDÃO, 1995). Apesar disso, é

comum que sejam utilizados em alguns produtos como elementos adicionais ou

substitutivos às argilas plásticas, por seu comportamento na queima ser semelhante

ou superior àquelas, além do fato de ter menos conteúdo de matéria orgânica em

sua composição (MOTTA; CABRAL JUNIOR; TANNO, 1998).

Os tipos de caulim são definidos de acordo com suas características físicas:

alvura, grau de cristalização, opacidade, viscosidade, forma das partículas, entre

outras. Dentre os minerais mais comuns na constituição desse material estão o

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20 Fundamentação Teórica

caulim, a caulinita, a haloisita, a diquita e a nacrita, cujas composições químicas,

embora basicamente similares, apresentam diferenças estruturais específicas.

Impurezas coloridas podem ser encontradas no caulim, fazendo com que seu valor

comercial seja reduzido caso se utilize o material para fabricação de produtos de cor

clara, como, por exemplo, o papel (PINHEIRO, et al., 2007).

A mineração do caulim é feita em larga escala no Brasil e seu beneficiamento

e produção ocorre a partir da extração em diferentes tipos de rochas e diversos

portes de depósitos. Como matéria-prima, o caulim é considerado de grande

importância pela indústria, principalmente por ser um material plástico de queima

branca mais abundante que as argilas plásticas. Ainda assim, é preciso considerar

que os custos de produção de cerâmicas podem ser severamente afetados quando

a extração do caulim se encontra distante do polo industrial ou quando ele apresenta

muitas impurezas, o que encarece os custos com transporte e beneficiamento

(MOTTA; CABRAL JUNIOR; TANNO, 1998).

2.1.3 – Feldspato

Por feldspato entende-se um grupo de minerais cuja composição básica

lastreia-se nos alumino-silicatos de potássio, sódio e cálcio, quase sempre se

apresentando com uma composição de 10% de K2O, e, no caso dos feldspatos de

sódio, com cerca de 7% de Na2O (LUZ; COELHO, 2005). A obtenção desses

minerais é feita a partir de diversos tipos de rochas feldspáticas, como pegmatito,

granito e sienito (DONDI, 1994). Tradicionalmente a indústria cerâmica utiliza a albita

(Na[AlSi3O8]), o ortoclásio (K[AlSi3O8]) e a anortita (Ca[Al2Si2O8]); ou seja, silicatos

de sódio, potássio e cálcio, respectivamente.

O feldspato é utilizado como material fundente na preparação das cerâmicas,

já que seu ponto de fusão é menor do que a maioria dos outros componentes,

permitindo que ele aja como cimento para as partículas de várias substâncias

cristalinas, além de outros aspectos relacionados às reações físico-químicas

(RAMOS, 2001). Na atualidade, o feldspato sódico ou potássico são os mais

utilizados pela indústria, até porque são os tipos comercialmente mais disponíveis.

(OLIVEIRA, 2012).

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21 Fundamentação Teórica

Em geral, as minas de feldspato se encontram distantes dos centros

ceramistas, o que pode acarretar na elevação de preço para o produto final. Ainda

assim, por se tratar de um material importante e com inúmeras aplicações, muitas

pesquisas têm sido feitas para diminuir sua concentração na massa cerâmica pelo

emprego de outros materiais fundentes alternativos, ou mesmo por sua substituição,

nos casos em que isso seja possível (MOTTA; CABRAL JUNIOR; TANNO, 1998).

2.1.4 – Talco

O talco é um material utilizado largamente como matéria-prima mineral na

indústria moderna. Como mineral puro, trata-se de um filossilicato de magnésio

hidratado, apresentando fórmula química Mg3 (Si4O10) (OH)2. De estrutura cristalina

e textura peculiar, apresenta um amplo espectro de propriedades tecnológicas com

aplicações que vão desde a elaboração de cosméticos, tintas e cobertura de papel

até sua utilização na indústria na indústria cerâmica ou na fabricação de tintas,

borracha, inseticidas, fertilizantes, papel entre outros (PONTES; ALMEIDA, 2005).

Trata-se de um mineral mole e que cliva com facilidade, podendo entrar na

composição de uma massa cerâmica como constituinte ou mesmo ser usado para a

fabricação de isoladores elétricos de alta frequência. Contudo, é muito mais

conhecido pela sua aplicação como fundente, substituindo parcialmente o feldspato

em massas para a fabricação de corpos semivítreos e vítreos (NORTON, 1973;

JORDÃO, 1995).

As principais propriedades tecnológicas do talco, que o fazem ser tão atrativo

para a indústria são: alta resistência ao choque térmico, leveza, suavidade, brilho

intenso, elevado poder de lubrificação e deslizamento, ampla capacidade de

absorção de óleo e graxa, baixa condutibilidade térmica e elétrica, alta área de

superfície, inércia química e boa retenção como carga. Tais propriedades fazem do

talco um importante mineral industrial, com vasto campo de aplicação (PONTES;

ALMEIDA, 2005).

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22 Fundamentação Teórica

2.1.5 – Resíduos Siderúrgicos

O crescimento exponencial da utilização de metais no mundo demanda da

indústria uma utilização cada vez maior de insumos e de energia para a extração,

beneficiamento, tratamento e distribuição desses materiais. Esse progresso traz

consigo, também, a inescapável produção de resíduos que podem, em maior ou

menor grau, afetar o meio ambiente quando descartados de forma inadequada. Por

conta disso as grandes indústrias se preocupam cada vez mais com a destinação

desses resíduos e a sua reciclagem é considerada, por vários setores industriais,

como prática a contribuir para a minimização de tais problemas (OLIVEIRA;

MARTINS, 2003).

2.1.5.1 – Resíduos

Dados divulgados pelo Instituto Aço Brasil (2013), demonstram que em 2012,

foram gerados - para cada tonelada de aço produzida – 600 kg de co-produtos e

resíduos, num volume total de 17,7 milhões de toneladas, inferior aos 19,2 milhões

de toneladas gerados no ano anterior. Apesar dessa redução, que foi provocada

pela pequena queda na economia, o número ainda é impressionante.

No que se refere à destinação, 88,5% dos materiais gerados são

reaproveitados, o que fez com que, entre os anos de 2011 e 2012, com esse tipo de

iniciativa, o estoque de resíduos tenha sido reduzido de 15% para 6,5% (INSTITUTO

AÇO BRASIL, 2013).

No ano de 2012, como resultado do processo de tratamento nas siderúrgicas,

a geração de resíduos no Brasil chegou a 63%, envolvendo não somente co-

produtos do aço, mas também outros materiais considerados extremamente finos,

como os pós e lamas, cuja maior parte foi vendida para ser reciclada. O Instituto Aço

Brasil relata que a maior parte, cerca de 70%, foi comprada para utilização na

produção de cimento, representando um aumento de 15% em relação ao ano

anterior. Outra destinação desses resíduos está em sua utilização na construção de

bases de estradas, o que, em 2012, representou 18% do total.

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23 Fundamentação Teórica

A Tabela 2.1 apresenta os principais resíduos siderúrgicos e suas

destinações, conforme estudo de Reis (2007).

Tabela 2.1 – Relação dos principais resíduos siderúrgicos.

Resíduo Destino Observação %massa

Pó Coletor de Alto Forno

Sinterização Presença de zinco 41% Fe e 26% C

Pó de sinterização Sinterização Piora na Permeabilidade da mistura a sinterizar

45% Fe

Fino de coque (moinha)

Sinterização Presença de álcalis 70% C

Lama Grossa de Aciaria LD

Concentrado de ferro em substituição a sucata

Aumento na geração de finos

87% Fe onde 85% metal

Lama Fina de Aciaria LD

Disponibilizado em aterro para venda

Presença de zinco 60% Fe onde 10% metal

Carepa Sinterização Perda na redutibilidade 70% Fe

Pó de Forno Elétrico Disponibilizado em aterro

Presença de Zinco 52% Fe2O3 e 15% ZnO

Fonte: REIS, 2007.

As Figuras 2.1 e 2.2, a seguir, ilustram os resultados estatísticos relacionados

à geração, destinação e aplicação de resíduos siderúrgicos no ano de 2012.

Figura 2.1 – Destinação dos resíduos no ano de 2012.

Fonte: Instituto Aço Brasil, 2013.

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24 Fundamentação Teórica

Figura 2.2 – Destinação e aplicação dos agregados siderúrgicos no ano de 2012.

Fonte: Instituto Aço Brasil, 2013.

2.1.5.2 – Aciaria Elétrica

O aço é produzido por meio de duas rotas principais. A primeira delas é via Forno

Básico a Oxigênio (ou processo BOF), e que é, atualmente, a mais difundida e a mais

utilizada. Em 2013 esta rota foi responsável por mais de 67% da produção no Brasil.

A segunda rota ocorre via Forno Elétrico a Arco (FEA), tendo representado,

também em 2013, 30,6% da produção nacional (INSTITUTO AÇO BRASIL, 2013).

A Figura 2.3 apresenta o fluxograma dos processos de produção de aço.

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25 Fundamentação Teórica

Figura 2.3 – Fluxograma de produção de aço.

Fonte: Instituto Aço Brasil, 2013.

A produção de aço via FEA vem crescendo nos últimos anos e vários países

do mundo têm preferido utilizar essa metodologia, a exemplo dos EUA, que

apresentou em apenas oito anos - entre os anos de 2000 e 2008 - um aumento

significativo, passando de 40% para 58,1%. Alguns países adotam esse processo

em 100% dos casos (p. ex.: Noruega, Eslovênia, Croácia, Indonésia, Equador,

Uruguai e Venezuela) (TELLES, 2010).

No Brasil, a produção de aço entre junho de 2013 e junho de 2014 totalizou

33.906,5 milhões de toneladas, das quais apenas 24,78% foram produzidos via rota

de aciarias elétricas (FEA).

2.1.5.3 – Formação do Pó de Aciaria

No intuito de compreender e correlacionar as propriedades dos materiais a

serem estudados, principalmente as características químicas do PAE, faz-se

necessário delinear e quantificar os fenômenos de geração do pó no processo de

forno elétrico a arco (FEA), como ilustrado na Figura 2.4.

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26 Fundamentação Teórica

Figura 2.4 – Teores de escória, metal, volatização e arraste de material no PAE

Fonte: Guézennec et al., 2004

De acordo com Guézennec et al. (2004), aproximadamente 27% da poeira

produzida na siderurgia está relacionada com a volatização, enquanto que 60% dela

(escória e metal) é gerada pelo processo de ruptura da bolha de CO que arrasta

partículas de metal e escória; 13% é constituída pelo arraste de materiais que são

adicionados no forno.

A Figura 2.5 ilustra os teores relativos aos processos em que se forma a

poeira de aciaria.

Figura 2.5 – Representação esquemática de formação do PAE em fornos elétricos

Fonte: Guézennec et al., 2004.

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27 Fundamentação Teórica

Na Figura 2.5, os pontos representados pelos números 1 e 2 ilustram o

processo de volatização; em 2 e 3, por seu turno, apresenta-se o processo de

ruptura da bolha de monóxido de carbono (CO); no ponto 4 ocorre o contato com

uma atmosfera oxidante; e, no ponto 5, ilustra-se o arraste de material adicionado no

forno.

Badger e Kneller (1997) explicam que a geração do PAE ocorre por conta da

volatização dos metais provenientes da sucata, a exemplo do chumbo, cádmio e

zinco. Além disso, a formação desse resíduo também acontece devido à adição de

outros materiais durante o carregamento na forma de pó. No caso da explosão de

bolhas de monóxido de carbono, pequenas bolhas de metal e escória são ejetadas

no processo, sendo este, segundo os autores, o principal mecanismo de formação

da poeira.

Pode-se então resumir esquematicamente os mecanismos que contribuem

potencialmente para a geração da poeira, tanto em forno elétrico a arco como em

convertedor a oxigênio (TELLES, 2010):

Vaporização de metais não ferrosos (Zn, Cd, Pb, entre outros);

Ejeção de gotas de aço líquido (óxido de ferro MnO);

Ejeção de partículas oriundas da escória (CaO e SiO2);

Arraste de materiais adicionados ao forno (Sílica).

2.1.5.4 – Meio Ambiente

A preservação do meio ambiente é uma prerrogativa essencial para a

indústria de produção de aço, em face da grande potencialidade de contaminação

presente nesse tipo de atividade. Assim, estabelecer um programa de destinação

eficiente, inteligente e sustentável de reciclagem não é mais apenas uma alternativa

de destinação dos resíduos, antes, é obrigação ética e cidadã desse segmento.

Antes de se pensar na aplicação e viabilização de novas tecnologias de

processamento do material a ser reciclado, os rejeitos precisam ser submetidos a

uma adequada etapa de caracterização por meio da qual será possível avaliar a

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28 Fundamentação Teórica

composição química do resíduo, suas fases constituintes, seu aspecto

microestrutural, sua granulometria, entre outros fatores a determinar futuras

aplicações, agilizando e direcionando corretamente o descarte. Por conta disso, as

pesquisas que visam conhecer as propriedades dos variados resíduos e seu

reaproveitamento ou reciclagem, apresentam-se como de vital importância, em face

da necessidade de diminuir ou eliminar o impacto causado pela extensa quantidade

de rejeitos lançados todos os dias no meio ambiente ou em aterros. De fato, a

tendência atual é direcionar esses rejeitos como matérias-primas em outros

processos metalúrgicos, ou mesmo, como é o caso deste trabalho, em seu uso em

outros setores como a construção civil e a indústria cerâmica (TELLES, 2010).

Estudos para o aproveitamento do PAE buscam desenvolver suas

potencialidades como uma alternativa para processos siderúrgicos por conta de seu

grande teor de ferro. Deve-se, portanto, considerar que sua proveniência já busca

diminuir os impactos ambientais negativos, a partir da instalação de um sistema de

despoeiramento, Figura 2.6, pela indústria siderúrgica responsável pelo processo de

exaustão e limpeza dos gases gerados na produção do aço;essa medida visa evitar

a liberação direta para a atmosfera de gases na forma de particulas em suspensão.

Figura 2.6 –Sistema de despoeiramento da siderúrgica Gerdau - Divinópolis

Fonte: GERDAU, 2003.

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29 Fundamentação Teórica

O processo básico para o despoeiramento ocorre da seguinte forma: os gases

gerados passam por uma filtragem tipo manga, na qual as partículas em suspensão

são separadas e depositadas na parte inferior da casa de filtro enquanto que o ar

filtrado é lançado na atmosfera pela chaminé, que possui monitoramento de

composição dos gases e do percentual de sólidos suspensos. Periodicamente, o pó

acumulado na casa de filtro é removido e armazenado em local adequado, com piso

impermeabilizado, evitando a contaminação do ambiente até sofrer seu

processamento final.

Como já citado, descartar o PAE no meio-ambiente não é uma opção

recomendada, visto que, conforme a NBR 10.004/2004, ele é um resíduo classe 1,

considerado perigoso em função da elevada concentração de cádmio e chumbo, que

excede as concentrações máximas permitidas. Logo, é necessário o emprego de

tecnologias limpas que permitam o seu reaproveitamento ou reciclagem de maneira

eco-eco (econômica - ecológica).

Reaproveitar os resíduos provenientes de processos industriais siderúrgicos

no campo da cerâmica com o objetivo de obter produtos para construção civil tem

sido uma alternativa viável na atualidade, uma tendência que cresce a cada dia,

apresentando-se como uma das melhores soluções para o problema ambiental

associado ao descarte de resíduos poluentes (MENEZES, 1996; ACOSTA, 2002;

DOMINGUES, 2002).

2.1.5.5 – Aplicações

A literatura científica tem demonstrado serem variadas as aplicações do PAE,

em diversos tipos de utilidades, como, por exemplo:

- Na agricultura, como corretivos e fertilizantes, por conter zinco em sua

composição (embora sejam necessários cuidados em relação a possíveis

efeitos negativos para o solo) (SANTOS et al., 2002) ou

- Como fonte de micronutrientes para otimizar a produção de soja (MELLONI

et al., 2001);

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30 Fundamentação Teórica

-Como alternativa para descontaminação de efluentes e corpos d'água

através da redução do cromo hexavalente utilizando materiais à base de

ferro (COSTA et al., 2010) ou mesmo

- Na indústria ceramista, como elemento constituinte das massas para

variados tipos de cerâmica (TELLES, 2010).

Salienta-se, contudo, que a utilização do PAE como matéria-prima em vários

processos industriais é, de longe, o mais recorrente.

De acordo com Pureza (2004, p. 54):

Dentre os resíduos disponíveis para serem utilizados na formulação de massas cerâmicas que possuem características de baixa granulometria, encontram-se o pó resultante de processo de fabricação de aço em aciarias elétricas, o pó captado em sistemas de filtros de atomizadores em processos de moagem a úmido e recentemente o pó gerado dos processos finais de acabamento do grês porcelanato.

Assim, em vista da necessidade de destinação apropriada desse material, a

indústria ceramista tem sido uma das que mais pesquisam e absorvem esses

resíduos, buscando alternativas que possam aliar a aplicação industrial segura, que

não comprometa a qualidade final dos produtos e promova o lado comercial, sem

agredir o meio ambiente (PUREZA, 2004).

2.2 – Processamento Cerâmico

O processamento cerâmico para a produção de peças articula-se em quatro

estágios: (1) Preparação da Massa, (2) Prensagem, (3) Secagem e (4) Queima.

2.2.1 – Preparação da Massa

Esta primeira fase é fundamental para a qualidade final do produto a ser

fabricado. De acordo com Andrade (2009), é preciso que haja um adequado

manuseio das matérias-primas, especialmente da argila (base da massa), que não

deve ser trazida da jazida e colocada diretamente no caixão dosador, pois isso pode

provocar diversos problemas de qualidade. A mistura da massa precisa de um

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31 Fundamentação Teórica

tempo adequado de descanso visando à homogeneização dos elementos, o que vai

diminuir as tensões sofridas após passar por equipamentos e possibilitar que o grão

argiloso absorva a água adicionada no processo. Ou seja, o cuidado adequado com

a preparação da massa refletirá na produtividade e na qualidade do produto,

contribuindo para a redução do consumo energético e do desgaste dos

equipamentos (ANDRADE, 2009).

Ainda em relação a esta fase, faz-se necessário que se conheçam todas as

matérias-primas e suas propriedades, pois estas informações valiosas auxiliam na

escolha do melhor método de conformação a ser utilizado e na definição do tipo de

produto final a ser disponibilizado. Ademais, a boa preparação inicial da massa pode

evitar problemas no produto final, como: trincas, deformações, variações na

regulagem da boquilha, na quantidade produzida, na amperagem e no corte

(TUBINO; BORBA, 2006).

Para que a massa cerâmica apresente condições para um adequado produto

final, algumas condições devem ser atendidas (FACINCANI, 1993):

A relação de plásticos e não plásticos deve ser tal que confira, à massa

cerâmica, a plasticidade necessária para realizar um molde adequado e a

peça conformada tenha suficiente resistência mecânica a verde e a seco.

A preparação da mistura, se realizada por via úmida, dever ser facilmente

defloculante.

A massa deve apresentar uma adequada composição química e mineralógica

de modo que as transformações físico-químicas, que têm lugar durante o

processo de queima, confiram ao produto acabado as qualidades desejadas.

A Figura 2.7 apresenta, de forma geral, as etapas do processamento

cerâmico.

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32 Fundamentação Teórica

Figura 2.7 – Esquema geral do processamento cerâmico

Fonte: BORBA et al., 2002

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33 Fundamentação Teórica

Assim, pode-se considerar, resumidamente, que as razões para uma

preparação prévia das massas cerâmicas são:

Homogeneizar a mistura das argilas,

Reduzir o tamanho de grãos,

Controlar o percentual de unidade da mistura,

Controlar o percentual de resíduo,

Melhorar a trabalhabilidade da massa,

Padronizar a qualidade da massa cerâmica, aumentar a produtividade,

economizar energia, entre outros (TUBINO; BORBA, 2006).

2.2.2 – Prensagem

A fase de prensagem é aquela em que ocorre a compactação e conformação

simultânea de um material granulado ou em pó, confinados em uma matriz rígida ou

molde flexível. Tem-se aqui um processo de conformação que, na indústria, visa a

produzir peças de vários tamanhos e formas, com baixa variação dimensional,

praticamente sem retração de secagem. De acordo com Neckel (2008), os mais

destacados materiais produzidos por este método de conformação são as cerâmicas

magnéticas, dielétricas, cerâmicas técnicas, materiais de engenharia, revestimentos

cerâmicos, porcelanas, além de produtos estruturais.

O comportamento mecânico dos grânulos afeta de maneira determinante a

variação de compactação e da estrutura porosa da massa durante a prensagem,

bem como a microestrutura resultante da peça. Além disso, também, devem-se levar

em conta as características estruturais das partículas (tamanho, forma e distribuição)

que formam os grânulos.

Outros fatores a serem considerados nesse estágio são a velocidade com que

se aplica a carga e o tempo de permanência da carga máxima, pois eles influenciam

consideravelmente na recuperação elástica e na saída de gases durante a

compactação; o mesmo não pode ser dito quanto à compacidade e à microestrutura

da peça resultante (AMORÓS, 2001).

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34 Fundamentação Teórica

Quando as peças são maiores que 0,5mm ou em peças com relevo superficial

na direção de compactação, recomenda-se a prensagem por punção e matriz de

metal duro (chamada também de prensagem a seco). A pressão isostática em

moldes flexíveis é usada para peças com relevo em duas ou três dimensões, formas

com uma dimensão alongada (como bastões) e produtos massivos com sessão

larga (NECKEL, 2008).

Na Figura 2.8 estão ilustrados os estágios de prensagem a seco, incluindo (1)

a alimentação da matriz, (2)a compactação e a conformação e (3)a ejeção.

Figura 2.8 – Carregamento e nivelamento da matriz.

Fonte: REED, 1994.

Reed (1994) descreve a prensagem a seco como aquela na qual a pressão

produzida pelo movimento dos punções realiza a compactação do pó granulado até

que se forme somente uma peça coesa, com forma e microestrutura particulares. A

pressão inicial é transmitida através dos grânulos, os quais sofrem deformação por

escorregamento e rearranjo de suas partículas. A deformação causa a redução da

porosidade intergranular, aumentando em número e área os contatos entre os

grânulos, por meio de densificação com pressões até 50 Mpa, pois acima disso

ocorre desgaste da punção, caso se esteja trabalhando com cerâmicas duras.

Ademais, na indústria utilizam-se pressões de compactação menores que 100 Mpa

para cerâmicas técnicas de alta performance e menores que 40 Mpa para cerâmica

branca e revestimento.

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35 Fundamentação Teórica

A prensagem apresenta três etapas distintas: (1) fluxo e rearranjo dos

grânulos, (2) deformação dos grânulos e a etapa final, e (3) densificação dos

grânulos.

Na etapa inicial ocorre o escorregamento e o rearranjo dos grânulos sob baixa

pressão; é quando se inicia o contato da punção com o pó. Em seguida, tem-se a

deformação dos grânulos, que ocorre inicialmente com a deformação nas fronteiras

intersticiais: é quando a pressão excede a resistência dos grânulos, ocorrendo,

então, uma diminuição do volume vazio.

A etapa final se inicia sob altas pressões, quando a deformação ocorre por

escorregamento e causa o rearranjo das partículas para obter uma configuração

mais compactada. Em termos ideais os maiores poros entre os grânulos deformados

somem e não há interface entre os grânulos (REED, 1994).A Figura 2.9 ilustra, de

forma esquemática, esse processo de deformação.

Figura 2.9 – Deformação e empacotamento dos grânulos.

Fonte: REED, 1994.

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36 Fundamentação Teórica

2.2.3 – Secagem

A etapa da secagem é aquela em que se busca a eliminação, por meio de

evaporação, da água presente na massa de formação das peças em meio a um

ambiente que atenda às devidas especificidades técnicas, de acordo com cada tipo

de cerâmica. As peças cerâmicas são secas mesmo que ainda exista de 1% a 2%

de umidade residual (TUBINO, 2006). Vale ressaltar que durante essa etapa é

necessário que permaneça no material uma umidade de equilíbrio capaz de

provocar uma tensão de vapor igual à existente no ambiente (PETRUCCI, 1982).

Como existe um gradiente de velocidade de evaporação, isto é, de saída de

água especialmente no caso das peças industriais, é necessário que o início do

processo seja rápido, causando uma grande contração na peça. À medida que os

grãos se encostam um nos outros, a contração diminui até chegar ao ponto crítico,

quando a massa não mais se contrai e a velocidade de secagem passa a decrescer

(ANDRADE, 2009).

A evolução da retração de secagem em função da perda de água de

conformação é representada por uma curva típica de Bigot, Figura 2.10, na qual se

observa o ponto (A) localizado na ordenada do ponto (E), representando a

quantidade de água de umidade que as peças apresentam no início de secagem. Na

abscissa, obtém-se o grau de retração total de secagem que irá ocorrer.

A linha (A-B) representa a primeira fase de secagem com a eliminação da

água de plasticidade localizada entre as partículas. É a fase mais problemática na

etapa de secagem, visto que a eliminação de água entre partículas é acompanhada

de retração.

A linha (B-C) representa a segunda fase de secagem caracterizada pela

eliminação de água intersticial.

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37 Fundamentação Teórica

Figura 2.10 – Variação da retração de secagem em função da água de conformação.

Fonte: VIEIRA, 2003.

É preciso considerar que, no processo de secagem, o tipo de material pode

ser afetado, portanto, é necessário conhecer sua procedência de maneira plena.

Argilas dotadas de excessiva plasticidade ou de granulometria muito fina, por

exemplo, demandam maior quantidade de água de amassamento e sua contração

de secagem é elevada. Nesse caso a velocidade de secagem torna-se lenta, uma

vez que a massa tem uma textura mais compacta, dificultando a migração de água

até a superfície. Por consequência, a secagem de massas argilosas muito finas

pode ser facilitada se na composição original da massa for adicionado algum

material de granulação fina (VIEIRA, 2003).

Possíveis defeitos produzidos durante o processo de secagem são causados

pela contração da massa, geralmente em função de desatenções ou

desconhecimentos das propriedades das matérias-primas e posteriores

inadequações na regulação da temperatura ou tempo de secagem. No caso de uma

contração diferenciada, acontecem tensões internas, causando trincas visíveis ou

empenamentos produzidos durante a formação das peças, ou ainda, pela

diferenciação de secagem (TUBIO; BORBA, 2006).

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38 Fundamentação Teórica

O custo da secagem é um fator significante no preço de venda. A secagem

das cerâmicas ao natural, ou seja, ao sol e ao vento, é utilizada na extração e

estoque de matérias-primas.

Materiais processados a úmido são secos normalmente em secadores

rotativos tipo torre ou túnel. Quanto maior a quantidade de fase líquida presente em

um corpo conformado durante a secagem, maior o gasto energético na sua retirada

e maior a retração na sua secagem (REED,1994).

2.2.4 – Queima

A queima consiste na submissão das peças conformadas e secas a uma

temperatura específica, a fim de que elas adquiram as propriedades que se deseja

obter (ANDRADE, 2009), dentre as quais se pode destacar: dureza, resistência

mecânica, resistência à água, às intempéries e aos agentes químicos (SANTOS;

SILVA, 1995).

Nesta etapa ocorrem transformações estruturais do material e por isso a

velocidade de aquecimento e resfriamento precisa variar de acordo com cada tipo de

material.

Essas transformações são bem diferentes umas das outras; algumas vezes

precisam ser rápidas, outras, lentas; às vezes devem ser evitadas, outras devem

ocorrer apenas no início ou apenas no final do processo.

Depreende-se disso que o processo de queima é, de fato, bastante complexo

e afeta não apenas a temperatura, mas também a velocidade de aquecimento, a

velocidade de resfriamento, as condições de umidade, o tipo de forno e de energia,

além da geometria do produto a sofrer o processo (VERÇOSA,1987;

PETRUCCI,1982).

A temperatura e o tempo de queima apresentam-se como fatores essenciais

no processo. As diferenças estruturais de cada material, abrangendo especificidades

químicas, estruturas cristalinas e distribuição do tamanho de partículas, definem o

ponto ideal para que as reações químicas aconteçam.

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39 Fundamentação Teórica

A Tabela 2.2 mostra alguns produtos cerâmicos e suas respectivas

temperaturas de queima.

Tabela 2.2 – Temperaturas típicas de queima

Temperatura Típica Material/Produto

600ºC Tijolos de olaria, esfarelados com sonoridade baixa.

700ºC Terracota artística de artesanato.

900ºC a 1000ºC Indústria cerâmica da extrusão em massa vermelha.

1110ºC a 1120ºC Revestimento poroso, 10% a 18% de absorção d‟agua.

1140ºC Revestimento de grês vermelho de 3% de absorção.

1160ºC Revestimento cerâmico de grês claro de 3% de absorção.

1200ºC a 1250ºC Porcelana branca de mesa, torneada, colada ou injetada.

1200ºC a 1250ºC Grês porcelânico em prensas hidráulicas.

1300ºC a 1400ºC Refratários aluminosos para altas temperaturas.

Fonte: GIARDULO, 2005.

Santos e Silva (1995) explicam que a operação de queima se divide em três

etapas: aquecimento, queima e resfriamento, que são conduzidas de acordo com

estudos prévios realizados com a matéria-prima. Ou seja, com os ensaios realizados

em corpos de prova a fim de verificar as temperaturas adequadas a cada etapa e a

velocidade e o tempo de exposição às condições determinadas.

Em síntese, essas etapas consistem em:

I. Aquecimento: evaporação da água contida nos poros, com queima de parte

da matéria orgânica. A velocidade de eliminação dessas substâncias depende

da quantidade de água, porosidade e textura da argila (PETRUCCI, 1982).

II. Queima: toda a matéria combustível é consumida, o carvão e o enxofre são

eliminados e o óxido ferroso é oxidado, passando a óxido férrico (PETRUCCI,

1982).

III. Resfriamento: as peças não podem sofrer um abaixamento em sua

temperatura de forma brusca, sob pena de sofrerem deformações e fissuras

(SANTOS; SILVA, 1995).

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40

Capítulo 3

MATERIAL E PROCEDIMENTOS

Como o objetivo desse trabalho é avaliar os efeitos da adição de resíduo

siderúrgico proveniente do processo de despoeiramento do aço à massa cerâmica

com base de argila, para desenvolver um novo material cerâmico que agregue um

baixo custo de produção à uma alta resistência física e mecânica, torna-se

necessário caracterizar de que forma esses materiais serão considerados durante os

procedimentos laboratoriais.

Para o resíduo siderúrgico a ser adicionado à massa cerâmica foram

estabelecidos os percentuais de 2%, 4% e 8%, coerentemente com a literatura e

com os estudos cinéticos realizados previamente para a avaliação das propriedades

dos materiais.

As medidas de tempo e de temperatura foram definidas também com base

nas literaturas técnicas específicas nacionais e internacionais, além de estarem de

acordo com a resolução nº 316 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA,

2006), que estabelece que o Tratamento Térmico é todo e qualquer processo

realizado acima da temperatura mínima de 800ºC.

3.1 – Matérias-primas

Durante os ensaios foram consideradas cinco (5) matérias-primas, além do

resíduo PAE, a saber:

Argila Plástica,

Feldspato Sódico,

Feldspato Potássico (Albita)

Talco,

Caulim.

Todas essas matérias-primas foram fornecidas pela Armil (Mineração do

Nordeste LTDA), situada e estrategicamente instalada no centro da Província

Pegmatítica da Borborema, equidistante das maiores reservas de minerais

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41 Material e Procedimentos

pegmáticos da região no Município de Parelhas – RN. O resíduo PAE é oriundo de

uma usina siderúrgica.

3.2 – Caracterização das Matérias-primas

A utilização de cada um desses componentes considerou as seguintes

características básicas:

Argila: possibilita a criação das condições propícias de processamento por

prensagem;

Caulim: favorece a formação de mulita em temperaturas mais altas, com

propriedades mecânicas adequadas, formador de estrutura;

Feldspato potássico e sódico: fundentes de baixa temperatura que contribuem

para a formação de fase líquida em temperaturas próximas de 900°C. A

combinação deles permite a geração de eutético, potencializando a presença

de líquidos reativos capazes de uniformizar a microestrutura em tempos e

temperaturas mais baixas;

Talco: fundente de médias temperaturas que contribui principalmente com as

propriedades do choque térmico;

Resíduo PAE: rico em óxidos fundentes atuando em combinação com os

feldspatos e o talco.

Além dessas propriedades, um levantamento experimental das características

dessas matérias-primas foi feito utilizando-se os procedimentos identificados a

seguir.

3.2.1 – Análise Química por Fluorescência de Raios-X (FRX)

A análise química de cada uma das matérias-primas foi feita utilizando-se um

espectrômetro de energia dispersiva da marca Shimadzu, modelo EDX-720,

considerando uma atmosfera a vácuo e empregando o método semi-quantitativo

para a determinação dos elementos presentes.

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42 Material e Procedimentos

3.2.2 – Análise por Difração de Raios-X (DRX)

Os DRX foram realizados com o emprego de um Difratômetro de Marca

Shimadzu, modelo XRD-7000.

3.2.3 – Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

A análise microscópica das amostras estudadas foi feita por microscopia

eletrônica de varredura (MEV), com microscópio da marca Hitachi, modelo Tabletop

Microscope TM-3000.

3.2.4 – Espectroscopia de Raios-X por Energia Dispersiva (EDS)

O equipamento utilizado para analisar o EDS foi de Marca Oxford

Instruments, modelo Swift ED3000.

3.2.5 – Ensaios Tecnológicos

Os ensaios tecnológicos consistiram na avaliação das seguintes propriedades

das amostras:

Porosidade Aparente (PAp)

Massa Específica Aparente (MEA)

Tensão de Ruptura a Flexão (TRF)

Absorção de Água (AA)

Retração Linear de Queima (RLQ)

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43 Material e Procedimentos

3.2.5.1 – Porosidade Aparente (PAp)

A PAp foi obtida utilizando-se o princípio de Arquimedes, que consiste em

submergir os corpos-de-prova em um fluido na temperatura ambiente; nesse

trabalho o fluido considerado foi a água. A PAp foi obtida através da expressão:

– (3.1)

Sendo:

- PAp – porosidade aparente (%)

- Mu – massa do corpo-de-prova úmido (g)

- MQ – massa do corpo-de-prova queimado (g)

- Mi – massa do corpo-de-prova imerso em água (g)

3.2.5.2 – Massa Específica Aparente (MEA)

A massa específica aparente (MEA) dos corpos-de-prova foi obtida através da

expressão abaixo:

– (3.2)

Sendo:

- MEA – massa específica aparente (g/cm3)

- MQ– massa do corpo-de-prova queimado (g)

- Mu – massa do corpo-de-prova úmido (g)

- Mi – massa do corpo-de-prova imerso em água (g)

3.2.5.3 – Tensão de Ruptura a Flexão (TRF)

A tensão de ruptura à flexão (TRF) foi obtida com base na norma ASTM

C1161-90 em uma máquina universal de ensaio mecânico, modelo Zwick/Roel Z2.5,

utilizando-se o ensaio de flexão em três pontos, por meio da expressão abaixo:

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44 Material e Procedimentos

(3.3)

Sendo:

- TRF – tensão de ruptura à flexão (N/m2)

- P – carga obtida no momento da ruptura do corpo de prova (kgf)

- L – distância entre os apoios dos corpos-de-prova (cm)

- b – largura do corpo-de-prova no local da ruptura (cm)

- h – altura do corpo-de-prova no local da ruptura (cm)

3.2.5.4 – Absorção de Água (AA)

A absorção de água (AA) dos corpos-de-prova, em percentagem, foi obtida

através da expressão abaixo:

(3.4)

Sendo:

- AA – absorção de água (%)

- Pu – peso do corpo-de-prova saturado de água (g)

- Ps – peso do corpo-de-prova seco (g)

3.2.5.5 – Retração Linear de Queima (RLQ)

Foram determinadas as dimensões dos corpos-de-prova a verde e a seco,

após secagem a 75°C, por 24 horas. Os corpos-de-prova foram levados para

queima, para serem posteriormente medidos, a fim de se obter a sua retração linear

de queima (RLQ) através da expressão:

(3.5)

Sendo:

- RLq – Retração Linear de queima (%)

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45 Material e Procedimentos

- Cs – comprimento do corpo-de-prova após secagem (cm)

- Cq – comprimento do corpo-de-prova após a queima (cm)

3.3 – Preparação dos Corpos de Prova

Todas as etapas de preparação dos corpos de prova apresentadas nesse

trabalho foram realizadas no laboratório de materiais cerâmicos e na sala de fornos

da UFRN. Os corpos de prova em questão, compostos pela mistura da Massa-Base

aos percentuais de 2%, 4% e 8% de resíduos PAE, utilizaram resíduos da Gerdau

em uma quantidade de 20 g prensados a 30 Mpa.

A figura 3.1a apresenta a prensa utilizada no processo e a figura 3.1b mostra

a forma final do corpo de prova obtido.

Figura 3.1 – (a) Prensa utilizada; (b) Corpo de Prova obtido.

Fonte: Autor.

Após a prensagem o corpo de prova foi fragmentado para se adequar ao

tamanho de uma barquinha, Figura 3.2.

(a) (b)

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46 Material e Procedimentos

Figura 3.2 – Corpo de Prova no formato de uma barquinha.

Fonte: Autor.

3.3.1 – Seleção e Mistura dos Componentes

A massa base (MB) utilizada nesse trabalho foi preparada de acordo com os

percentuais apresentados na tabela 3.1.

Tabela 3.1 – Percentual de materiais para a massa base.

Material Percentual (%)

Argila plástica 30

Feldspato Sódico 40

Feldspato Potássico 15

Talco 5

Caulim 10 Fonte: Autor.

A mistura dos materiais para obtenção da MB iniciou-se com a dosagem das

matérias primas nas proporções pré-estabelecidas na tabela 3.1. Em seguida, elas

foram colocadas em um recipiente e foram adicionados 2,6 litros de água, obtendo-

se 4 kg de MB.

A homogeneização do material foi feita com o emprego de um moinho com 30

bolas de tamanho médio que permaneceu em funcionamento durante 24 horas.

Na figura 3.3 pode-se visualizar o moinho em funcionamento, realizando a

homogeneização.

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47 Material e Procedimentos

Figura 3.3 – Moinho em funcionamento.

Fonte: Autor.

Após o processo de homogeneização da MB, a pasta aquosa foi colocada em

um recipiente, Figura 3.4a, onde foi feita a separação da matéria e das bolas. Em

seguida a massa foi levada à estufa para a etapa de secagem, onde permaneceu

por um tempo de 24h na temperatura aproximada de 100°C.

Na Figura 3.4b é mostrada a MB após 24h de secagem em estufa.

Figura 3.4 – MB antes e após estufa.

Fonte: Autor.

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48 Material e Procedimentos

Durante a etapa de Sinterização o forno, Figura 3.5, foi programado para

aquecer até a temperatura de 1100° C; ao chegar esta temperatura a barquinha foi

inserida no forno por um patamar de 2 horas.

Figura 3.5 – Sinterização da MB – Forno Tubular.

Fonte: Autor.

Após a sinterização os fragmentos foram transformados em Pó e

encaminhados para a análise de DRX.

3.3.2 – Adição de Resíduos à MB

Antes de ser adicionado à MB, o resíduo foi passado em uma peneira de 200

mesh; posteriormente foram preparados e acrescentados à MB os percentuais de

2%, 4% e 8% de resíduo em relação à quantidade da mesma e finalmente, foram

acondicionados em recipientes para homogeneização no moinho, seguindo as

mesmas etapas de preparação da MB.

A Figura 3.6 mostra a formulação da MB com 8% de resíduo PAE após essa

etapa.

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49 Material e Procedimentos

Figura 3.6 – Formulação com 8% de resíduo

Fonte: Autor.

3.3.3 – Conformação dos Corpos de Prova

Para a confecção dos corpos-de-prova foi utilizada uma matriz retangular com

as dimensões de 60mm x 20mm, nas quais foram determinadas as propriedades

listadas no item 3.2.5: RLQ, AA, PA, MEA e TRF.

Na produção de cada corpo de prova foi considerada uma massa total de 20g

de material – massa básica e resíduo – já incluso 8% de umidade. A carga aplicada

foi de 3,6 toneladas (equivalente a 30 Mpa).

Os corpos de prova foram levados para estufa para a etapa de secagem por

um período de 24 horas. Antes e depois do processo de secagem foram verificadas

as dimensões das amostras.

A Figura 3.7 apresenta os corpos de prova compostos de MB e dos

percentuais de 2% (R2%), 4% (R4%) e 8% (R8%) de resíduos PAE.

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50 Material e Procedimentos

Figura 3.7 – Corpos de Prova

Fonte: Autor.

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51

Capítulo 4

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nesse capítulo são apresentadas as tabelas com os resultados das análises

feitas nas matérias primas como proposto no capítulo anterior, tanto para a MB,

quanto para os corpos de prova contendo os percentuais de 2%, 4% e 8% de

resíduos.

Além desses resultados, também é apresentada uma análise do

comportamento magnético dos corpos de prova considerados.

4.1 – Caracterização das Matérias-primas

4.1.1 – Análise por Fluorescência de Raios-X (FRX)

A tabela 4.1 apresenta os resultados obtidos na análise por fluorescência de

raios-X para a massa base e para todos os corpos de prova utilizados. Na figura 4.1,

por sua vez, é possível identificar a representação das composições avaliadas em

um diagrama ternário simplificado.

Tabela 4.1 – Análise química das matérias-primas.

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52 Resultados e Discussão

Figura 4.1 – Representação das composições em um diagrama ternário simplificado

Fonte: Autor.

4.1.2 – Análise por Difração de Raios-X (DRX)

Nas Figuras 4.2 a 4.5 estão representados os resultados da análise do

comportamento dos corpos de prova em suas formulações sinterizadas, submetidos

às temperaturas de 1000ºC e de 1150ºC, considerando em ambos os casos os

intervalos de tempo de 15min e 120min. Através da análise dessas figuras verifica-

se que ambas as formulações são constituídas pelas fases cristalinas do quartzo,

hematita e mulita.

Os resultados mostram ainda que a variação da temperatura de sinterização

provoca uma redução marcante no pico principal referente à fase quartzo, indicando

a reação do óxido de silício com os óxidos fundentes, promovendo a formação de

uma fase líquida à base de sílica.

Um aspecto importante verificado em todos os difratogramas é a presença da

fase mulita que, combinada à fase vítrea que forma matriz cerâmica, tem como efeito

a melhoria das propriedades mecânicas. A formação da fase mulita em presença da

grande quantidade de fase líquida pode ser explicada pela elevada capacidade de

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53 Resultados e Discussão

acomodação de cátions Ca+2, Mg+2, Fe+2, Fe+3, Na+, e K+, sem que haja a

decomposição da estrutura da referida fase.

Observa-se também que em temperaturas mais baixas a importância do

tempo de patamar é mais significativa para a formação de fase líquida.

Figura 4.2 – DRX da MB à 1000ºC por 15 min.

Figura 4.3 – DRX da MB à 1000ºC por 120 min.

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54 Resultados e Discussão

Figura 4.4 – DRX do R8%à 1150ºC por 15 min.

Figura 4.5 – DRX do R8%à 1150ºC por 120 min.

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55 Resultados e Discussão

4.1.3 – Ensaios Tecnológicos

4.1.3.1 – Porosidade Aparente (PAp)

De acordo com os gráficos apresentados nas Figuras 4.6 e 4.7, houve

decréscimo da PAp do corpo de prova na medida em que a temperatura do forno foi

aumentada variando de 1000ºC até 1150ºC para os períodos de tempo de

permanência no forno de 15min e de 120min.

À temperatura de 1000ºC não houve diferença significativa na PAp entre a

MB e as amostras R2%, R4% e R8%, tanto para 15min quanto para 120min de

permanência em forno. Na temperatura de 1050ºC, a diferença foi significativa

apenas para o tempo de permanência de 120min.

Já nas temperaturas de 1100ºC e 1150ºC, observou-se uma significativa

diminuição da PAp tanto para o período de tempo de 15min quanto o de 120min.

Figura 4.6 – PAp em função da temperatura com 15 min. de permanência em forno.

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56 Resultados e Discussão

Figura 4.7 – PAp em função da temperatura com 120 min. de permanência em forno.

4.1.3.2 – Massa Específica Aparente (MEA)

As Figuras 4.8 e 4.9 registram o comportamento da MEA durante os ensaios.

Pode-se observar que o aumento da MEA é relativamente proporcional ao aumento

da temperatura, ainda que essa diferença só seja significativa a partir da

temperatura de 1100ºC tanto para o tempo de 15min quanto para o tempo de

120min.

Nas temperaturas de 1000ºC e 1050ºC, não houve diferença significativa na

MEA entre a MB e as R2%, R4% e R8% para os tempos de 15min e 120min de

permanência em forno.

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57 Resultados e Discussão

Figura 4.8 – MEA em função da temperatura com 15 min. de permanência em forno.

Figura 4.9 – MEA em função da temperatura com 120 min. de permanência em forno.

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58 Resultados e Discussão

Considerando a aplicação futura do novo material aliando uma melhor MEA

ao menor custo de produção em relação à eficiência energética, a amostra que

apresentou melhores resultados foi a R8% na temperatura de 1150ºC e no tempo de

15min.

4.1.3.3 – Tensão de Ruptura a Flexão (TRF)

Nas figuras 4.10 e 4.11 é possível observar que a TRF aumenta em função da

temperatura e do percentual de resíduos, mas essa diferença só é significativa a

partir da temperatura de 1100ºC, para os tempos de 15min e 120min.

Até a temperatura de 1100ºC, independente do tempo de permanência dos

corpos de prova no forno, as amostras apresentaram maior TRF e maior resistência

mecânica. À temperatura de 1150ºC, entretanto, observou-se que o R4% apresentou

maior resistência mecânica que o R8%. A explicação mais provável para tal

acontecimento está relacionada à diminuição da porosidade do R4% na temperatura

de 1150ºC por 120 min, com uma melhor sinterização do material.

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59 Resultados e Discussão

Figura 4.10 – TRF em função da temperatura com 15 min. de permanência em forno.

Figura 4.11 – TRF em função da temperatura com 120 min. de permanência em forno.

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60 Resultados e Discussão

4.1.3.4 – Absorção de Água (AA)

Nas figuras 4.12 e 4.13 observa-se uma diminuição no percentual da AA na

medida em que o percentual de resíduo adicionado à MB é aumentado,

independentemente dos períodos de tempo de permanência no forno.

Nas temperaturas de 1000ºC e 1050ºC, a redução do percentual da AA entre

a MB e os corpos de prova R2%, R4% e R8% não foi significativa para os tempos de

15min e 120 min de permanência no forno, o que está coerente com os resultados

observados para a PAp.

O decréscimo do percentual de AA na MB nas temperaturas de 1000ºC e

1150ºC no tempo de 120min foi de 16%. Para as amostras R4% e R8%, quando

submetidas às mesmas condições, esse decréscimo foi de aproximadamente 19,6%.

Figura 4.12 – AA em função da temperatura com 15 min. de permanência em forno.

A amostra R8% apresentou o menor percentual de absorção de água à

medida que a temperatura foi aumentada, tanto em 15min quanto em 120 min.

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61 Resultados e Discussão

Comparando essas condições, verificou-se que, na condição de 120min e a

1150ºC, a AA teve um valor de 0,12%; assim, visando atender a requisitos de

eficiência energética, o melhor resultado encontrado foi para R8%, à temperatura de

1150ºC e tempo de permanência no forno de 15min.

Figura 4.13 – AA em função da temperatura com 120 min. de permanência em forno.

4.1.3.5 – Retração Linear de Queima (RLQ)

Observando as Figuras 4.14 e 4.15 verifica-se que há um aumento na RLQ

proporcional ao aumento do percentual de resíduo adicionado em relação a MB,

para os tempos de 15min e 120min, ainda que este só seja significativo a partir de

1100ºC.

Nas temperaturas de 1000ºC e 1050ºC, não foram observadas mudanças

significativas na RLQ independente do tempo de permanência da amostra no forno.

O melhor resultado para a retração linear foi observado em R8%, à 1150ºC

em 15 min. e permanência no forno.

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62 Resultados e Discussão

Figura 4.14 – RLQ em função da temperatura com 15 min. de permanência em forno.

Figura 4.15 – RLQ em função da temperatura com 120 min. de permanência em forno.

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63 Resultados e Discussão

4.1.4 – Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

De acordo com a Figura 4.16, a microestrutura do sistema não sofreu

alterações com relação ao tempo de queima. Alterações morfológicas dos grãos

originados da matéria prima também não foram identificadas. Observou-se ainda

que no processo de sinterização por fase líquida, agentes formadores desta fizeram

com que ocorresse uma dissolução e redistribuição de massas a partir de uma

determinada temperatura.

Figura 4.16 – Micrografias da MB à 1000ºC com tempos de queima de 15 min e 120 min e aproximações gráficas de x500, x1000 e x2000.

(a) MB à 1000ºC por 15 min – x500

(b) MB à 1000ºC por 15 min – x1000

(c) MB à 1000ºC por 15 min – x2000

(d) MB à 1000ºC por 120 min – x500

(e) MB à 1000ºC por 120 min – x1000

(f) MB à 1000ºC por 120 min – x2000

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64 Resultados e Discussão

Comparando a Figura 4.17 com a Figura 4.16, verificou-se que esta

apresentou alteração da microestrutura em relação à temperatura, com elevada

alteração morfológica e considerável redução de poros.

Figura 4.17 – Micrografias da MB à 1150ºC com tempos de queima de 15 min e 120 min e aproximações gráficas de x500, x1000 e x2000.

Da Figura 4.18, em comparação à Figura 4.16, verificou-se que houve uma

grande mudança com relação à textura do material aditivado com os resíduos PAE;

nestas os minerais de partida, bem evidenciados na microestrutura da MB, dão

origem a uma textura fina, resultante da reação dos aditivos com estes minerais, o

que evidencia o efeito do resíduo como agente promotor de densificação.

(a) MB à 1150ºC por 15 min – x500

(b) MB à 1150ºC por 15 min – x1000

(c) MB à 1150ºC por 15 min – x2000

(d) MB à 1150ºC por 120 min – x500

(e) MB à 1150ºC por 120 min – x1000

(f) MB à 1150ºC por 120 min – x2000

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65 Resultados e Discussão

Observa-se que o tempo de queima não influenciou de maneira significativa a

evolução desta microestrutura. No entanto, ampliações maiores sugerem a formação

de uma microestrutura com grãos maiores, resultado este que é esperado, visto que

o tempo de patamar favorece o crescimento dos mesmos.

Figura 4.18 – Micrografias da R8% à 1000ºC com tempos de queima de 15 min e 120 min e aproximações gráficas de x500, x1000 e x2000.

A Figura 4.19, em comparação com as Figuras 4.16 e 4.17, possibilita ratificar

o efeito do resíduo favorecendo a formação da fase líquida. As Figuras 4.17c e 4.19c

mostram claramente o efeito do resíduo como agente promotor de fase líquida,

sendo que na Figura 4.19c ainda é possível verificar uma microestrutura típica de

(a) R8% à 1000ºC por 15 min – x500

(b) R8% à 1000ºC por 15 min – x1000

(c) R8% à 1000ºC por 15 min – x2000

(d) R8% à 1000ºC por 120 min – x500

(e) R8% à 1000ºC por 120 min – x1000

(f) R8% à 1000ºC por 120 min – x2000

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66 Resultados e Discussão

um material rico em fase líquida com baixa porosidade e regiões formadas por uma

matriz vítrea.

A Figura 4.19f apresenta uma microestrutura bastante semelhante à figura

4.19c. Este resultado mostra que o resíduo é um aditivo eficaz da redução do tempo

de queima, contribuindo para uma evolução rápida da microestrutura final desejada.

Figura 4.19 – Micrografias da R8% à 1150ºC com tempos de queima de 15 min e 120 min e aproximações gráficas de x500, x1000 e x2000.

(a) R8% à 1150ºC por 15 min – x500

(b) R8% à 1150ºC por 15 min – x1000

(c) R8% à 1150ºC por 15 min – x2000

(d) R8% à 1150ºC por 120 min – x500

(e) R8% à 1150ºC por 120 min – x1000

(f) R8% à 1150ºC por 120 min – x2000

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67 Resultados e Discussão

4.1.5 – Espectroscopia de Raios-X por Energia Dispersiva (EDS)

Apesar dos espectros EDS não mostrarem o pico de oxigênio, sabe-se que no

processo siderúrgico empregando forno elétrico, o oxigênio é soprado em alta

pressão no banho de aço líquido. Logo, é inevitável que os elementos químicos

presentes na manga aspirada pelo sistema de despoeiramento oxidem, em sua

maior parte, devido às condições termodinâmicas de alta temperatura e tempo para

reação de oxidação.

4.1.5.1 – EDS da MB com 15min e 120min de queima a 1000ºC e 1150ºC

O mapeamento por EDS das superfícies da MB, para as temperaturas de

1000ºC e 1150ºC por 15 min. e 120 min. mostrou uma distribuição uniforme dos

elementos, como apresentado nos gráficos das Figuras 4.20 a 4.23.

Nenhuma diferença significativa foi observada para os elementos, à exceção

do manganês: a amostra com menor teor de manganês apresenta a fase amorfa, o

que, consequentemente, causa a diminuição da condução de corrente.

Figura 4.20 – Micrografia com EDS da MB com 15min de queima a 1000ºC

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68 Resultados e Discussão

As Tabelas 4.2 e 4.3 apresentam os dados da distribuição dos elementos da

MB obtidos à temperatura de 1000ºC para a permanência das amostras no forno por

15min e 120 min respectivamente. As Tabelas 4.4 e 4.5 apresentam os dados da

distribuição dos elementos da MB obtidos à temperatura de 1150ºC.

Tabela 4.2 – MB com 15min de queima a 1000ºC

Elemento Peso % Atômico %

Alumínio 26.697 29.190

Silício 60.587 63.642

Potássio 4.180 3.153

Manganês 0.927 0.498

Ferro 4.984 2.633

Estrôncio 2.626 0.884

Figura 4.21 – Micrografia com EDS da MB com 120min de queima a 1000ºC

Tabela 4.3 – MB com 120min de queima a 1000ºC

Elemento Peso % Atômico %

Alumínio 22.581 25.196

Silício 61.571 66.000

Potássio 5.263 4.052

Manganês 0.376 0.206

Ferro 5.310 2.863

Estrôncio 4.899 1.683

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69 Resultados e Discussão

Figura 4.22 – Micrografia com EDS da MB com 15min de queima a 1150ºC

Tabela 4.4 – MB com 15min de queima a 1150ºC

Elemento Peso % Atômico %

Alumínio 23.263 25.730

Silício 62.697 66.620

Potássio 4.738 3.616

Manganês 0.000 0.000

Ferro 4.467 2.387

Estrôncio 4.834 1.647

Figura 4.23 – Micrografia com EDS da MB com 120min de queima a 1150ºC

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70 Resultados e Discussão

Tabela 4.5 – MB com 120min de queima a 1150ºC

Elemento Peso % Atômico %

Alumínio 22.939 25.223

Silício 63.274 66.839

Potássio 5.498 4.171

Manganês 0.505 0.273

Ferro 4.456 2.367

Estrôncio 3.329 1.127

4.1.5.2 – EDS do R8% com 15min e 120min de queima a 1000ºC e 1150ºC

Após a incorporação de 8% do resíduo PAE foram observados nos espectros

de EDS o aparecimento de partículas de ferro metálico apresentando aspecto

brilhoso, resultante da incorporação do ferro proveniente do resíduo na formulação

padrão. De acordo com as Figuras 4.24 e 4.25, observa-se que R8%, a uma

temperatura de 1000ºC tem maior percentual de ferro, o que melhora as

características deste material para uso em revestimentos.

Figura 4.24 – Micrografia com EDS da R8% com 15min de queima a 1000ºC

As Tabelas 4.6 e 4.7 apresentam os dados da distribuição dos elementos da

amostra R8% obtidos à temperatura de 1000ºC para a permanência das amostras

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71 Resultados e Discussão

no forno por 15min e 120 min respectivamente. As Tabelas 4.8 e 4.9 apresentam os

dados da distribuição dos elementos de R8% obtidos à temperatura de 1150ºC.

Tabela 4.6 – R8% com 15min de queima a 1000ºC

Elemento Peso % Atômico %

Alumínio 22.099 26.025

Silício 52.800 59.734

Potássio 4.535 3.685

Manganês 0.594 0.344

Ferro 11.476 6.529

Zinco 4.882 2.373

Estrôncio 3.614 1.311

Figura 4.25 – Micrografia com EDS da R8% com 120min de queima a 1000ºC

Tabela 4.7 – R8% com 120min de queima a 1000ºC

Elemento Peso % Atômico %

Alumínio 22.568 26.699

Silício 52.500 59.667

Potássio 3.442 2.810

Ferro 9.178 5.246

Zinco 8.811 4.302

Estrôncio 3.501 1.275

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72 Resultados e Discussão

Nas figuras 4.26 e 4.27 foram observados menores teores de ferro do que a

R8% à 1000ºC, o que se justifica pela perda de óxido de ferro com o aumento da

temperatura de sinterização. Observou-se também que com o aumento do tempo de

15min para 120min à mesma temperatura ocorreu uma redução de 20% no teor de

ferro presente na amostra, o que representa uma perda das características do

material, além do maior consumo de energia.

Figura 4.26 – Micrografia com EDS da R8% com 15min de queima a 1150ºC

Tabela 4.8 – R8% com 15min de queima a 1150ºC

Elemento Peso % Atômico %

Sódio 5.090 6.390

Alumínio 21.893 23.419

Silício 61.328 63.025

Potássio 5.080 3.750

Ferro 6.610 3.416

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73 Resultados e Discussão

Figura 4.27 – Micrografia com EDS da R8% com 120min de queima a 1150ºC

Tabela 4.9 – R8% com 120min de queima a 1150ºC

Elemento Peso % Atômico %

Alumínio 22.174 25.642

Silício 55.783 61.970

Potássio 4.262 3.401

Cálcio 1.214 0.945

Manganês 0.377 0.214

Ferro 4.253 2.376

Zinco 9.920 4.735

Estrôncio 2.017 0.718

4.2 – Análise das Propriedades Magnéticas das Amostras

O comportamento magnético das ferritas é observado quando estas são

expostas a forças físicas, que atuam como fontes de excitação revelando através da

sua resposta magnética, ou seja, sua resposta de indução magnética, suas

características e padrão magnético. Os elementos químicos que compõem esses

materiais, sua organização molecular e a estrutura cristalina formada, por sua vez,

determinam o comportamento magnético das ferritas e de outros materiais.

Ferritas que possuem estrutura cristalina tipo espinélio apresentam maior

facilidade de magnetização e desmagnetização, uma vez que a orientação

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74 Resultados e Discussão

magnética de suas estruturas polares se altera com facilidade quando fontes

magnéticas ou eletromagnéticas externas atuam sobre elas e modificam seu estado

de alinhamento de partículas ou nanopartículas, estabelecendo o momento

magnético. No caso das ferritas que possuem estrutura cristalina do tipo hexagonal,

é mais difícil alterar seu estado de magnetização: em determinado momento

magnético, sob a ação ou modificação do momento de energia de uma fonte

magnética ou eletromagnética externa, a ferrita identificada como magneticamente

dura não sofre alteração imediata quando submetida a variação de campo

magnético externo, necessitando de um tempo maior para alterar o seu momento

magnético.

Através da análise e estudo das curvas de respostas magnéticas ou de

histerese magnética, constituída de diversos pontos e regiões de análise do

comportamento magnético dos materiais, que se identificam as propriedades dos

materiais magnéticos, possibilitando classificá-los e determinar em que aplicações

eles podem ser utilizados.

A dimensão da área da região central da curva determina se a ferrita é um

material magnético mole ou duro: se essa área é estreita ou significativamente

estreita, a ferrita é magneticamente mole; caso contrário, se for larga, a ferrita é

magneticamente dura. Ou seja, a área central da curva de resposta magnética

revela a concentração ou armazenamento de energia magnética do material.

No caso da ferrita magneticamente mole, em função das condições externas

da fonte excitadora e da baixa concentração de energia magnética remanente, seu

estado magnético é facilmente modificado. Considerando ainda que sob tratamento

térmico as características mecânicas dos materiais são alteradas, algumas

características magnéticas das ferritas podem ter alteradas.

4.2.1 – Ensaios Magnéticos

Os ensaios magnéticos foram realizados com magnetômetro de amostra

vibrante, com variação de campo magnético de zero a ±15kGauss, e a

magnetização mássica obtida como resposta da aplicação do campo magnético de

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75 Resultados e Discussão

excitação, dada em emu/g. Para facilitar, o termo campo magnético de excitação

será tratado como campo magnético e o termo magnetização mássica como

magnetização.

Foram produzidas três amostras do material base tipo Resíduos PAE 97% +

Óxido de Lítio 3%, composto de SiO2, Fe2O3 e Al6Si2O13. A ferrita produzida como

parte integrante do material base é dada pela fórmula e proporção estequiométrica:

AlxO. Fe(2-x)O3.

As análises dessas amostras foram denominadas marrom claro, marrom

escuro e preta, correspondentes à cor final apresentada pelas amostras e que

apresentam essas características físicas em função da temperatura de sinterização:

sendo que a amostra marrom claro foi sinterizada a 1.000°C, a amostra marrom

escuro a 1.100°C e a amostra preto a 1.150°C.

4.2.2 – Análise dos Resultados

As Figuras 4.28, 4.29 e 4.30 apresentam o comportamento dessas amostras

durante as análises realizadas. Nessas curvas, o eixo horizontal apresenta a

intensidade do Campo Magnético de Excitação, ou simplesmente campo magnético

dado em Gauss e o vertical apresenta a Magnetização, dada em emu/g.

O resultado da relação entre a magnetização e o campo magnético

representa a susceptibilidade magnética do material, geralmente adimensional, mas

que, para maior formalidade dos resultados obtidos nesse trabalho, será expressa

em emu/g.G.

A Figura 4.28 apresenta a curva de resposta magnética da amostra marrom

claro.

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76 Resultados e Discussão

Figura 4.28 – Curva de resposta magnética da amostra marrom claro

-15000 -10000 -5000 0 5000 10000 15000

-12

-8

-4

0

4

8

12

Magnetizaçao (

em

u/g

)

Campo Magnético (G)

Marrom Claro

Neste ensaio é possível identificar que a amostra marrom claro apresenta

início de saturação em 6,5 emg/g. Analisando a inclinação da curva na região

central, obtém-se uma susceptibilidade magnética em torno de 4,6x10-3emu/g.G.

A amostra marrom claro apresenta uma curva de magnetização com

inclinação constante até o limite do campo magnético de ensaio (+ 15.000 Gauss), o

que demonstra que o material possui um limite de saturação superior ao valor deste.

Na região central da curva a inclinação indica uma elevada velocidade de

resposta de transição magnética, o que sugere que esta ferrita possui alta

velocidade de orientação de campo e tem possibilidade de ser utilizada em sistemas

magnéticos ou eletromagnéticos de alta frequência.

A figura 4.29 apresenta a curva de resposta magnética da amostra marrom

escuro.

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77 Resultados e Discussão

Figura 4.29 – Curva de resposta magnética da amostra marrom escuro

-15000 -10000 -5000 0 5000 10000 15000

-8

-6

-4

-2

0

2

4

6

8

Marrom EscuroM

agnetizaçao (

em

u/g

)

Campo Magnético (G)

No caso dessa amostra marrom escuro, a curva mostra o início de saturação

em 4,5 emg/g. Analisando a inclinação da curva na região central, pode-se

aproximar a susceptibilidade magnética em torno de 3,3x10-3emu/g.G.

Observa-se ainda que, nos pontos de magnetização com o campo magnético

igual a + 15.000 Gauss, a amostra apresenta a mesma inclinação de saturação, o

que indica um limite de saturação do material superior ao valor de ensaio.

A Figura 4.30 apresenta a curva de resposta magnética da amostra preto.

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78 Resultados e Discussão

Figura 4.30 – Curva de resposta magnética da amostra preta

-15000 -10000 -5000 0 5000 10000 15000

-6

-4

-2

0

2

4

6

PretaM

agnetizaçao (

em

u/g

)

Campo Magnético (G)

Neste ensaio é possível identificar que a amostra preta apresenta início de

saturação em 2,1 emg/g.

Analisando a inclinação da curva na região central, pode-se estimar o valor da

susceptibilidade magnética em torno de 1,5x10-3emu/g.G. A partir do momento

magnético de saturação, a amostra preto apresenta a mesma inclinação de

saturação, ou seja, existe linearidade na região de saturação da amostra, o que

indica a possibilidade de diversas aplicações deste material, dentre as quais, a de

sensor magnético ou eletromagnético.

Na amostra preta a inclinação da curva de resposta magnética na região

central também apresenta uma elevada velocidade de resposta de transição

magnética que sugere que esta ferrita possui alta velocidade de orientação de

campo e pode ser utilizada em sistemas magnéticos ou eletromagnéticos de alta

frequência, porém apresenta uma limitação de magnetização em torno de 2,5 emu/g.

Como a magnetização é dada pelo produto da susceptibilidade magnética pelo

campo magnético, conclui-se que essa amostra apresenta uma susceptibilidade

magnética em torno de 1,5 x 10-3emu/g.G.

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79 Resultados e Discussão

A tabela 4.10 resume os valores das temperaturas de sinterização das

amostras, limite de magnetização, campo magnético de saturação, susceptibilidade

de magnetização e susceptibilidade de saturação, obtidos a partir da análise das

curvas de magnetização.

Tabela 4.10 – Valores de temperatura, magnetização, campo magnético e susceptibilidade magnética

das amostras.

Amostra Marrom Claro Marrom Escuro Preto

Temperatura de Sinterização (ºC) 1000 1100 1150

Limite de Magnetização (emu/g) 7,5 4,5 2,5

Campo Magnético de Saturação (Gauss) 1685 1606 1568

Susceptibilidade Magnética (emu/g.G) na magnetização 4,6 x 10-3

3,3 x 10-3

1,5 x 10-3

Susceptibilidade Magnética (emu/g.G) na saturação 0,2 x 10-3

0,2 x 10-3

0,2 x 10-3

4.2.3 – Conclusões

Analisando a Tabela 4.10, considerando que todas as amostras possuem a

mesma estequiometria, verifica-se que o acréscimo da temperatura de sinterização

provocou reduções nos valores dos limites de magnetização e das susceptibilidades

magnéticas; associado ao aumento de temperatura de sinterização, ocorreram

reduções nos valores dos campos magnéticos para que as amostras atinjam os

valores limites de magnetização. Ou seja, o decaimento da magnetização indica que

o material é paramagnético, conforme literatura universal da física da matéria

condensada.

Em todas as amostras, a susceptibilidade magnética de saturação apresentou

o valor, 2,2 x 10-3emu/g.G, o que comprova que a saturação é o limite organizacional

das partículas magnéticas de alinhamento unificado (direção e sentido). Logo, a

susceptibilidade magnética de saturação independe da temperatura de sinterização

do material, ou seja, ela está relacionada com a estrutura cristalina do material,

possivelmente a estequiometria do material, o que implicará nos valores de spin e

momento magnético.

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80 Resultados e Discussão

Todas as amostras apresentaram estreitamento significativo na região central

da curva de magnetização, o que indicou que a ferrita é do tipo mole, ou seja, de

fácil magnetização e desmagnetização. Além disso, revelou que as amostras de

ferrita praticamente não possuem energia magnética remanente detectável.

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81

Capítulo 5

CONCLUSÕES

Os estudos para obter um material cerâmico com melhor desempenho em

função da inserção de resíduos PAE em sua composição nas proporções de R2%,

R4% e R8% foram concluídos satisfatoriamente, principalmente considerando os

requisitos de melhor porosidade aparente aliado a um menor custo de produção, em

relação à eficiência energética.

Das amostras avaliadas, a que apresentou os melhores resultados foi a

amostra com 8% de resíduos PAE adicionados à MB, R8%, para um tempo de

permanência no forno de 15min a uma temperatura de 1150ºC.

Com relação às propriedades magnéticas, verificou-se que o tratamento

térmico dado às amostras alterou algumas de suas propriedades físicas, como a

coloração, mas isso não interferiu em seu desempenho magnético. De fato, o

aspecto mais relevante dessa análise foi verificar que, mesmo diante da elevação da

temperatura de sinterização, todas as amostras apresentaram decaimento da

susceptibilidade magnética.

Sendo este um parâmetro magnético dependente da estrutura molecular

cristalina, da sua densidade mássica e volume, é correto afirmar que o acréscimo de

temperatura de sinterização desse material irá reduzir a susceptibilidade magnética.

Com relação à aplicabilidade do novo material, ainda que tenha sido a

referência para o desenvolvimento dessa pesquisa, não foi contemplada no escopo

do trabalho; novos estudos ainda precisarão ser desenvolvidos com essa finalidade.

Por ora, para que esse trabalho apresente resultados ainda mais conclusivos,

seria necessário efetuar a análise química da microestrutura para obter uma

interpretação mais completa de sua evolução estrutural.

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Capítulo 6

SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Considerando o caráter da pesquisa atual, cujo enfoque principal foi o

desenvolvimento de um material cerâmico mais resistente e de menor custo, existe

toda uma gama de pesquisas complementares que podem ser desenvolvidas e que

vão, desde a realização de novos estudos estruturais do material proposto até sua

aplicabilidade.

Dentre essas possibilidades, são algumas sugestões de trabalhos futuros:

Avaliar o impacto ambiental do material cerâmico desenvolvido.

Avaliar outras as propriedades físicas e mecânicas do material

desenvolvido para utilização em revestimento.

Realizar ensaios de absorção de radiação eletromagnética do material

com testes nas frequências de 800MHz, 1,8GHz, 2,5GHz e 3,2GHz,

utilizadas por sistemas de comunicação móveis, bem como nas

frequências de rastreamento de aeronaves.

Realizar ensaios de Magnetostricção, procedimento que pode revelar a

possibilidade de aplicação do material na área de sensores de posição.

Efetuar a análise de granulometria visando identificar se o material

possui propriedade do super-paramagnetismo, o que está diretamente

ligado ao tamanho das nanopartículas magnéticas.

Analisar o comportamento da Anisotropia Magnética e a

permeabilidade magnética das amostras.

Realizar ensaios para avaliar a permissividade elétrica das amostras,

verificando a possibilidade de sua aplicação em eletrodos.

Entre outros.

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