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Instituto de Planejamento e Economia Agrícola de Santa CatarinaSecretaria de Estado da Agricultura e Política Rural

Pesquisa desenvolvida com o apoio financeiro do Fundo Rotativo deEstímulo à Pesquisa Agropecuária do Estado de Santa Catarina - FEPA

Agosto/2004

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ESTADO DE SANTA CATARINA

GOVERNADOR DO ESTADO - Luis Henrique da SilveiraVICE-GOVERNADOR - Eduardo Pinho MoreiraSECRETÁRIO DE ESTADO DA AGRICULTURA E POLÍTICA RUAL - Moacir SopelsaSECRETÁRIO ADJUNTO DE ESTADO DA AGRICULTURA E POLÍTICA RUAL - Renato BroettoSECRETÁRIO EXECUTIVO DO INSTITUTO CEPA/SC - Ademar Paulo Simom

COORDENAÇÃOLuis Toresan e Márcia J.F. Cunha Varaschin

PESQUISA DE CAMPOCarlos CappeliniDaniele Lima GelbckeMárcia J.F. Cunha VaraschinThaise Costa Guzzatti

TEXTOMárcia J.F. Cunha VaraschinLuis ToresanCarlos CappeliniDaniele Lima GelbckeThaise Costa GuzzattiAntonio Carlos da SilvaSamantha da Silva Silveira

APOIOJanice Waintuch Reiter - QuestionárioJoares A. Segalin - Revisão LinguísticaJosé Maria Paul - Revisão TécnicaSidaura Lessa Graciosa- EditoraçãoZélia Alves Silvestrini - Editoração

CAPA E PROJETO GRÁFICONGD - Núcleo de Gestão de Design - UFSC

VARASCHIN, M.J.F.C.; TORESAN, L.; CAPPELINI, C.; GELBCKE, D.L.;GUZZATTI, T.C.; SILVA, A.C. da; SILVEIRA, S.da S. Estudo dos entravesnas legislações que afetam o agroturismo e proposta deadequação ao desenvolvimento da atividade. Florianópolis:Instituto Cepa/SC, 2004. 199 p.

1. Agroturismo. 2. Legislação

ISBN 85-88974-22-3

INSTITUTO DE PLANEJAMENTO E ECONOMIA AGRÍCOLA DE SANTA CATARINARodovia Admar Gonzaga, 1486 – 88.034-001 - Florianópolis/SC

CP 1587 - Tel. (048) 239.3900 – Fax (048) 334-2311www.icepa.com.br – email – [email protected]

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APRESENTAÇÃO

(1) Cerca de 191.760 estabelecimentos agrícolas, ou seja 94,3%, estão enquadrados na categoria definida como

agricultura familiar (MODELO, 2003). Segundo dados do IBGE de 2000, mais de 75% dos 293 municípios

catarinenses possuem menos de 15 mil habitantes, englobando cerca de 69% dos estabelecimentos

agropecuários do estado. Ainda, mais de 50% dos catarinenses moram em municípios com menos de 50 mil

habitantes.

A indústria, outrora responsável pelo esvaziamento do campo por oferecer e absorver mão-de-obra, está em crise, ou em transformação.

A cidade, outrora miragem para o homem do campo, está em crise. As gerações de hoje, mesmomais escolarizadas e profissionalmente preparadas, deixaram de ser promessa para setransformar em problema social. Além disso, as cidades estão cada vez mais acuadas pelo cercoda violência.

O emprego está em crise. Há espaço para trabalho. Mas trabalho exige iniciativa, competênciae competitividade.

Barrada a alternativa do êxodo - embora até há pouco falsamente promissora -, que outrassobram para o homem do campo ficou à margem, o pequeno produtor rural(1)? Preocupação daspolíticas era encontrar fórmulas para ‘agregar renda aos agricultores familiares e melhorar suacompetitividade’, com o desenvolvimento de micro, pequenos e médios agronegócios e estimularsua permanência no campo.

De acordo com estudos realizados pelo Instituto Cepa/SC em 2002, diversos agricultoresencontrartam no agroturismo uma forma para aumentar a renda. Os números são animadores:em 293 municípios catarinenses, 551 unidades, localizadas no Oeste Catarinense, no Vale doItajaí e na região Sul do Estado, foram classificadas como agroturismo. São iniciativas recentes:tem média de tempo de 6 anos, 60% delas em atividade há menos de cinco anos. São atividadesque cumprem os objetivos das políticas e dos esforços de quem tem a tarefa de viabilizar soluções.

Entre as várias atividades, a do agroturismo emprega, aumenta a renda, resgata a auto-estimados envolvidos e revitaliza o espaço rural. Pela presença do turista, as comunidades, antesesquecidas e abandonadas, se reencontram como parte viva do mapa do interior.

As transformações por que passa a estrutura social não se restringem a diversificar atividades,mas acompanham um processo de modelo, com o que mudam as funções do cidadão. Osambientes acadêmicos, políticos, administrativos discutem as novas funções do meio rural, osnovos papéis que o agricultor familiar passa a desempenhar frente a este processo.

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Se, nestes ambientes, o produtor de alimentos se transformou em cidadão do meio rural, aindafaltam dispositivos jurídicos que contemplem suas novas funções e atividades. Segundo osestatutos legais atuais - trabalhista, previdenciário e sanitarista - ele continua ‘produtor dealimentos’. Qualquer outra atividade, por falta de instrumentos adequados, fica confinada nainformalidade, o que é o mesmo que dizer que fica na ilegalidade. Os empreendimentos maisdesenvolvidos se ressentem dessa situação os problemas (13,3% das respostas se referem àsdificuldades relacionadas aos problemas de legislação(2).

O presente estudo tem como questão central a análise das dificuldades representadas pelasnormas e legislações em vigor em relação ao agroturismo desenvolvido por agricultores familiares.Nas experiências mais organizadas – os chamados circuitos de agroturismo, que já recebem umfluxo maior de visitantes -, esta questão é bastante importante, começando a inibir odesenvolvimento da atividade.

A pesquisa e os estudos sobre as legislações vigentes enfatizam as dificuldades representadaspela aplicação dos dispositivos atuais. É constrangedor registrar, até mesmo para os órgãos emsuas respectivas jurisdições, que a fiscalização deva fazer ‘vista grossa’. O que se pretende, sobpena de frustrar todos os esforços em se encontrar alternativas para a contenção do êxodo epara a geração de renda, é que se refaçam as várias legislações, e que estas admitam a existênciade novas funções e atividades no meio rural em sua singularidade, originalidade, em seusatrativos para o cidadão urbano, enfim, se encontre um meio legítimo que permita a estaspessoas sair da informalidade e contribuir para o desenvolvimento rural sustentável.

Esta limitação já havia sido identificada pelo Ministério do Turismo (Mtur) e pelo Serviço Nacionalde Aprendizagem do Cooperativismo no início de 2003. A preocupação com a legislação, porém,vem desde 1998, quando foram elaboradas as Diretrizes para uma Política Nacional de TurismoRural Brasileiro pelo então Ministério de Esportes e Turismo.

Esta é mais uma das reformas estruturais reclamadas, por ter a ver com o fortalecimento daspossibilidades de crescimento do Brasil no médio prazo. A questão é mais ampla do quesimplesmente o meio rural. O próprio FMI, por seu diretor-gerente, Rodrigo Rato, em recentevisita, dizia que, para ampliar seu espaço no cenário internacional, o País deve implementarreformas estruturais, aproveitando do ambiente econômico e político favorável à sua

implementação.

Ademar Paulo SimonSecretário Executivo do Instituto Cepa/SC

(2) TORESAN; MATTEI; GUZZATTI, 2002.

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SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO .............................................................................. 7

1.1 Antecedentes e Justificativas ........................................................... 7

1.2 Objetivos da Pesquisa ................................................................... 13

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..................................... 152.1 Levantamento de Informações ...................................................... 16

2.2 Seleção dos Empreendimentos ..................................................... 18

2.3 Pesquisa de Campo ...................................................................... 21

3 LEVANTAMENTO DOCUMENTAL DE INFORMAÇÃO EENTREVISTAS EM ORGANISMOS COMPETENTES .................. 23

3.1 Entidades de Apoio/Representação ................................................ 30

4 RESULTADOS E ANÁLISE DOS ESTUDOS DE CASO................... 39

4.1 Legislação Sanitária ...................................................................... 39

4.2 Legislação Trabalhista ................................................................... 54

4.3 Legislação Fiscal ........................................................................... 57

4.4 Legislação Tributária – Impostos e Taxas ....................................... 60

4.5 Responsabilidade Civil ................................................................. 62

4.6 Benefícios Previdenciários e de Política Agrícola ............................ 63

4.7 Outros aspectos ........................................................................... 64

4.8 Resumo dos Principais Entraves Legais .......................................... 65

5 AS LEGISLAÇÕES QUE AFETAM O AGROTURISMO ................... 67

5.1 Implicações do Direito Previdenciário ........................................... 67

5.2 Implicações do Direito Civil ......................................................... 88

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5.3 Implicações do Direito do Trabalho ............................................ 114

5.4 Implicações das Normas da Vigilância Sanitária .......................... 121

5.5 Normas da Política Agrícola - Programa de Fortalecimentoda Agricultura (Pronaf) ................................................................ 137

5.6 Implicações de Direito Tributário ................................................ 150

6. OS ENTRAVES DA LEGISLAÇÃO PARA O AGROTURISMO ....... 155

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES .................... 164

8. LITERATURA CONSULTADA ...................................................... 169

ANEXO - Questionário de Levantamento de Campo ........................ 173

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INTRODUÇÃO1

1.1 ANTECEDENTES E JUSTIFICATIVAS

Em 2002, o Instituto Cepa/SC, em parceria com oCentro de Estudos e Promoção da Agricultura deGrupo - Cepagro -, a Associação de AgroturismoAcolhida na Colônia e com o apoio Programa Nacionalde Fortalecimento da Agricultura Familiar - Pronaf -,responsável pelo financiamento, e diversas outrasorganizações, realizou duas pesquisas sobre o tematurismo rural. A primeira delas foi o “Levantamentodos Empreendimentos de Turismo no Espaço Ruralde Santa Catarina”; a outra foi o “Estudo do Potencialdo Agroturismo em Santa Catarina”. Esta iniciativa foi

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motivada pelos indicativos do Observatório deAgronegócios1, que mostravam o agroturismo comouma atividade promissora para a agricultura familiar.

No “Levantamento dos Empreendimentos de Turismono Espaço Rural de Santa Catarina” foram cadastrados1.174 empreendimentos, ambientados no espaço ruraldos então 293 municípios catarinenses, sendo 551unidades classificadas como de agroturismo. Destas,29% configuravam-se como empreendimentos depesque-pague, 26% na categoria de venda de produtose os demais 45% foram enquadrados em outrascategorias. Verificou-se que a maior concentração dasiniciativas está no Oeste Catarinense, no Vale do Itajaíe na região Sul do Estado. São iniciativas recentes,tendo como média de tempo na atividade seis anos deoperação, ressaltando-se que mais de 60% dosempreendimentos tenham iniciado suas atividades hámenos de cinco anos.

O “Estudo do Potencial do Agroturismo em SantaCatarina” (TORESAN; MATTEI; GUZZATTI, 2002)buscou verificar em que nível esta atividade poderiaconstituir uma alternativa para a agricultura familiarcatarinense e identificar os pontos de estrangulamento.

Através deste estudo, percebeu-se que o agroturismoé uma fonte geradora de vários benefícios para osagricultores e suas comunidades. Além de empregos erenda adicional, o resgate da auto-estima dos

1 Observatório deAgronegócios –Trata-se de um

projeto-piloto doInstituto Cepa/SC,

que tem porobjetivos servir deapoio à comercia-

lização de produtosda agricultura

familiar, ao desen-volvimento de

micro, pequenos emédios agrone-

gócios, para quepossam agregar

renda aos agricul-tores familiares e

melhorar suacompetitividade.Objetiva tambémsubsidiar ações e

projetos regionaisde desenvolvi-

mento do espaçorural.

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envolvidos e a revitalização do espaço rural – namedida em que estimulam a melhoria na infra-estrutura das cidades e comunidades rurais – sãoresultados evidentes. Os visitantes injetam ânimo nascomunidades rurais que estavam quase esquecidas eabandonadas (TORESAN; MATTEI; GUZZATTI,2002).

A atividade, enquanto complemento à exploraçãoagropecuária, mostrou-se uma forma de estímulo àpermanência de famílias e de jovens no meio rural,constituindo-se assim em importante instrumento paraa promoção do desenvolvimento sustentável.

As características desse meio são bastante propícias àexploração do agroturismo, destacando-se a riquezados atrativos naturais, as diferentes etnias, ahospitalidade, as tradições, o folclore e a diversidadede clima. Além destas, o fato de o espaço ruralcatarinense ser ocupado majoritariamente porestabelecimentos agrícolas do tipo familiar também éum aspecto favorável. Cerca de 191.760estabelecimentos agrícolas, ou seja 94,3%, estãoenquadrados na categoria definida como agriculturafamiliar (MODELO, 2003).

Outra oportunidade para o desenvolvimento doagroturismo é a proximidade da população. Mais de75% dos, à época, 293 municípios catarinenses,possuiam menos de 15 mil habitantes, englobando

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cerca de 69% dos estabelecimentos agropecuários doestado. Ainda segundo dados do IBGE (2000), maisde 50% dos catarinenses moram em municípios commenos de 50 mil habitantes. Existe, assim, umaproximidade evidente entre o rural e o urbano, oque facilita bastante a circulação da população urbananos empreendimentos de agroturismo.

Uma parcela importante dos agricultores familiaresenfrenta dificuldades para gerar renda monetáriasuficiente com atividades exclusivamente agrícolas.Na maioria dos casos, isto leva à pobreza rural, vistoque alguns indicativos demonstram que atualmentehá uma grande precariedade das fontes não-agrícolasde geração de renda nas sedes dos pequenosmunicípios do interior. Uma grande parte destes“municípios rurais” depende do desempenho dasatividades agropecuárias para o sucesso de suaseconomias (SCHMIDT, 2002).

Diante desta situação, a diversificação das atividadesnas propriedades rurais vem sendo indicada porórgãos do governo ligados ao desenvolvimento rurale por organizações não-governamentais de assessoriae apoio aos agricultores familiares como forma deminimizar o empobrecimento das famílias rurais e,conseqüentemente, a migração destas pessoas paraas cidades (GUZZATTI, 2003).

De acordo com estudos realizados pelo InstitutoCepa/SC em 2002 (já mencionados anteriormente),

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diversos agricultores vêm buscando na atividade deagroturismo uma forma de aumentar a renda.Contudo, eles vêm enfrentando sérios problemas parao desenvolvimento da atividade. O principal deles é ada falta de recursos próprios para a realização deinvestimentos, apontada por 24,5% dosestabelecimentos visitados. Na seqüência aparecem:dificuldades para obtenção de financiamento (15%dos estabelecimentos) e falta de capacitação (9,3% dosestabelecimentos).

O financiamento e a capacitação são questões que jáestão sendo trabalhadas pelo Ministério doDesenvolvimento Agrário (MDA). Este organismo prevêrecursos, através do Pronaf, para que os agricultorespossam desenvolver a atividade. Dispõe também derecursos para capacitação, contemplando a questãoda geração de rendas não-agrícolas, nas quais estáenquadrado o agroturismo. Além disso, no que tangeà capacitação, diversas entidades como Sebrae, Senac,Senar e Epagri estão trabalhando esta questão atravésde cursos, dias de campo, visitas técnicas, etc.

Dificuldades relacionadas à legislação aparecem em13,3% das respostas sobre os problemas sentidos(TORESAN; MATTEI; GUZZATTI, 2002). Chama aatenção, de uma forma geral, que somente osempreendimentos mais desenvolvidos se ressentemdos problemas de legislação, talvez porque a grandemaioria, justamente pelo pouco tempo de atividade,atue de maneira informal.

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Em contrapartida, nas experiências mais organizadas– os chamados circuitos de agroturismo, dentre osquais se destacam a Estrada Bonita em Joinville, aAcolhida na Colônia, em Santa Rosa de Lima, e a daVargem do Cedro, no município de São Martinho,que já recebem um fluxo maior de visitantes -,observou-se que esta questão é bastante importante,começando a inibir o desenvolvimento da atividade.

Acompanhando as discussões sobre as funções domeio rural - além daquela de produção de alimentose dos novos papéis que o agricultor familiar passa adesempenhar frente a este processo -, preocupa ofato que as legislações não acompanharam asmudanças, deixando o agricultor familiar legalmentedesamparado em suas novas atividades, ou mesmoimpossibilitado de as desenvolver.

Esta limitação já havia sido identificada no Estudoda Legislação Pertinente à Atividade do TurismoRural, com Proposta de Alteração Legislativa,elaborado sob encomenda do Ministério do Turismo(Mtur) e do Sescoop (Serviço Nacional deAprendizagem do Cooperativismo), no início de2003. Contudo, a preocupação com a legislação jáexiste desde 1998, quando da elaboração dasDiretrizes para uma Política Nacional de TurismoRural Brasileiro pelo então Ministério de Esportes eTurismo.

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Assim, torna-se necessário identificar os entraves legaisque os agricultores familiares encontram atualmentepara o desenvolvimento do agroturismo em suaspropriedades rurais. Ressalta-se a importância daavaliação deste problema para que se proponhamsoluções adequadas, a fim de que a atividade possacontinuar sendo estimulada (como vem sendo, peloMDA, por exemplo), para garantir uma fonte de rendacomplementar aos agricultores, além da geração deempregos, da preservação do patrimônio natural ecultural, dentre tantos outros benefícios asseguradosnas experiências já consolidadas.

Por esta razão, a questão central que se coloca nesteestudo é de que forma o agroturismo poderá serdesenvolvido por agricultores familiares, respeitandoas normas e legislações em vigor, permitindo a estaspessoas sair da informalidade e contribuir para odesenvolvimento rural sustentável.

1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA

1.2.1 Objetivo Geral

Levantar os entraves relacionados aos aspectos legaisque dificultam o pleno desenvolvimento doagroturismo em Santa Catarina, com vistas a subsidiarpropostas para facilitar a atividade.

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1.2.2 Objetivos Específicos

- Identificar, junto aos agricultores familiarescatarinenses que desenvolvem atividades deagroturismo e a outros proprietários deempreendimentos também de turismo rural, osprincipais entraves relacionados à legislação parao funcionamento de atividades turísticas empropriedades rurais.

- Delimitar a problemática através de pesquisadocumental, de visitas a órgãos competentes e deentrevistas com técnicos que atuam na área,enfocando a questão da legislação para oagroturismo.

- Analisar as diversas legislações que interferem noagroturismo e no turismo rural, do ponto de vistajurídico, e apontar encaminhamentos de soluçõesaos pontos de estrangulamento identificados.

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PROCEDIMENTOSMETODOLÓGICOS2

O estudo foi dividido, basicamente, em duas etapas.A primeira delas procura identificar na origem, ouseja, junto aos agricultores familiares que jádesenvolvem o agroturismo (especialmente aqueles queo fazem há mais tempo), os entraves legais percebidospor eles para o desenvolvimento da atividade. Devidoao pouco tempo de funcionamento destas iniciativas,buscou-se visitar também os chamados hotéis-fazenda2, principalmente aqueles localizados emLages, cidade considerada pioneira em turismo ruralno País. Também foram levantados documentos jáproduzidos por outras instituições ou estudiosos dotema; foram entrevistados funcionários e

2 Cabe salientarque, emboratenham sidoentrevistadosproprietários deempreendimentosde turismo rural demédio e/ou grandeporte, o focoprincipal desteestudo é oagroturismodesenvolvidosobretudo porpequenosagricultoresfamiliares, os quaistêm nesta atividadeuma fontecomplementar derenda para suasobrevivência e desuas famílias.

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personalidades de órgãos (especialmente de âmbitoestadual) que poderiam ter relação com a questão dalegislação para o desenvolvimento do agroturismo.

Esta etapa é dividida em duas fases: a primeira écomposta pelo levantamento documental deinformações e entrevistas em organismos e técnicosrelacionados à temática do agroturismo; a segunda,consiste na seleção de empreendimentos (definiçãoda amostra); por fim, a pesquisa de campo.

A segunda etapa do estudo foi destinada à busca derespostas para as questões levantadas na primeiraetapa deste trabalho, ou seja, na análise dos aspectosjurídicos envolvidos e na proposição de alteraçõesnas legislações consideradas restritivas para aatividade. Nesta fase, contou-se com uma assessoriajurídica para trabalhar os problemas diagnosticadosem campo à luz das legislações existentes.

2.1 LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÕES

O levantamento de informações ocorreu através depesquisa bibliográfica e documental e de contatospessoais e telefônicos com técnicos de entidades quepossuem algum tipo de envolvimento com a atividadede turismo no espaço rural, destacando-se:

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- Epagri – Empresa de Pesquisa Agropecuária eExtensão Rural de Santa Catarina;

- Cidasc – Companhia Integrada de DesenvolvimentoAgrícola de Santa Catarina;

- Pronaf – Programa Nacional de Fortalecimento daAgricultura Familiar da Secretaria da AgriculturaFamiliar, vinculada ao Ministério doDesenvolvimento Agrário;

- MDA - Ministério do Desenvolvimento Agrário;

- Fetaesc – Federação dos Trabalhadores Rurais doEstado de Santa Catarina;

- Ocesc – Organização das Cooperativas do Estado deSanta Catarina;

- Procuradoria Jurídica da Assembléia Legislativa doEstado de Santa Catarina e Comissão de Agriculturada Assembléia Legislativa;

- Santur – Santa Catarina Turismo S.A.;

- Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro ePequenas Empresas;

- Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado da Saúdede Santa Catarina;

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- Mtur - Ministério do Turismo;

- Abraturr Associação Brasileira de Turismo Rural;

- Senar – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural.

2.2 SELEÇÃO DOS EMPREENDIMENTOSPARA PESQUISA DE CAMPO

A definição da amostra das propriedades rurais quefizeram parte deste estudo foi realizada com base emalguns critérios. Inicialmente, partiu-se dos dadosda pesquisa realizada em 2002 pelo Instituto Cepa/SC, denominada ‘Levantamento dos Empreendimen-tos de Turismo no Espaço Rural de Santa Catarina’,o qual cadastrou 1.174 empreendimentos. Destes,foram selecionados os que desenvolviam algum tipode atividade turística há mais de quatro anos; dessadrenagem resultaram 474 propriedades.

A partir destes dados, foram pré-selecionados apenasos empreendimentos que ao mesmo tempopossuíssem mais de 20% de sua renda gerada pelaexploração da atividade turística, e mais de 20% pelocultivo agrícola, como forma de delimitar a amostraaos empreendimentos que efetivamente tivessem naagricultura uma das principais atividades geradoras

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de renda da propriedade. Ao aplicar este critério,chegou-se a um total de 141 empreendimentos.

Partiu-se, então, para o processo de seleção daamostra, o qual se deu através de duas abordagens. Aprimeira, por uma amostra dirigida, pela qual douniverso inicial de 474 propriedades foramselecionados estabelecimentos situados parte em Lages,parte em Joinville, São Martinho e Santa Rosa de Lima,totalizando 13 propriedades.

Este procedimento foi adotado pelo fato de que Lagesé um importante pólo de turismo rural, consideradoo primeiro no Brasil, e por possuir empreendimentoscom mais de dez anos de atuação. Estesestabelecimentos, apesar de não serem o objetivoprincipal deste estudo - não se caracterizam comoiniciativas ligadas à agricultura familiar -, foramconsiderados importantes como fonte de informaçãopara a pesquisa em curso.

Joinville, São Martinho e Santa Rosa de Lima sãomunicípios em que, de uma forma integrada eorganizada em circuitos turísticos locais, agricultoresfamiliares estão desenvolvendo a atividade turísticacomo forma de agregar uma nova fonte de renda paraa família. Trata-se de experiências que recebem umfluxo constante de visitantes, e nas quais os atoreslocais já perceberam de forma mais evidente asrestrições legais.

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A segunda abordagem partiu dos 141empreendimentos pré-selecionados pelos critériosanteriormente descritos (20% da renda do turismo,20% da agricultura e quatro anos de existência). Aseguir, foram agrupados segundo a atividade principalda propriedade, a saber: venda de produtos,hospedagem, alimentação, lazer em geral, parqueaquático, pesque-pague, camping, turismo deconhecimento e outros.

Uma vez definidos os grupos, foi selecionadaaleatoriamente uma amostra com 10% dosempreendimentos que desenvolvem cada uma dasseguintes atividades: lazer em geral, pesque-pague,parque aquático, turismo de conhecimento e vendade produtos, e ainda 35% dos empreendimentos quedesenvolvem as atividades de alimentação ehospedagem. A determinação das atividades quecompuseram a amostra, com uma representatividadede 10% ou 35%, se deveu à sua maior ou menorrelevância para o desenvolvimento da atividadeagroturística, assim como do grau em que suasdiferentes atividades são afetadas pelas legislações.

Chegou-se então a uma amostra de 20 propriedades,assim distribuídas:

· lazer em geral (1);

· parque aquático (1);

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· pesque-pague (4);

· serviços de alimentação (3);

· serviços de hospedagem (5);

· turismo de conhecimento (1);

· venda de produtos (5).

Estas propriedades estão localizadas em cincomacrorregiões do estado, sendo uma na GrandeFlorianópolis, oito no Sul do Estado, três no Vale doItajaí, quatro na Região Serrana e quatro no OesteCatarinense.

2.3 PESQUISA DE CAMPO

A pesquisa de campo foi realizada nosempreendimentos selecionados nos meses de outubroe novembro de 2003. Fundamentou-se na entrevistacom os responsáveis pela operação dosempreendimentos, estruturada conforme roteiroconstante de anexo.

Nestas entrevistas, buscou-se identificar a percepçãodos entrevistados quanto à adequação dos produtose/ou serviços oferecidos em seu empreendimento àslegislações em vigor nos aspectos sanitários (processo

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de preparação de alimentos, manipulação dealimentos, instalações, origem dos alimentos),trabalhistas (atividades dos empregados, jornada detrabalho, tipo de contrato de trabalho, reclamaçõestrabalhistas), fiscais (forma de constituição, emissãode nota fiscal), tributários (impostos e taxas pagas,forma de enquadramento do empreendimento), deresponsabilidade civil (acidentes com turistas eformas de prevenção), previdenciários(aposentadoria), de política agrícola (acesso ao créditodo Pronaf) e outros aspectos que fossem consideradosimportantes (proteção contra incêndio,disponibilização de suporte técnico pelo poderpúblico).

Apesar da diversidade das atividades exercidas porcada um dos respondentes, elaborou-se umquestionário geral. Os entrevistados só responderiamàs questões relativas à atividade desenvolvida em suapropriedade rural. Assim, o resultado de cadapergunta do questionário representa um valorpercentual a partir do número de respondentes dapergunta específica e não o percentual relativo aonúmero total de questionários aplicados.

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As atividades de turismo no espaço rural estão sendodesenvolvidas em grande parte do território brasileiro.Cada estado tem adotado uma nomenclatura paraidentificar a atividade (turismo rural, agroturismo,agroecoturismo, turismo verde, etc.), o que acabacausando grande confusão entre entidades de apoio,consumidores, etc.

Para melhorar o entendimento da atividade, oMinistério do Turismo, em parceria com o Sescoop,iniciou em 2002 um processo de discussão paranormatizar a atividade e, a partir daí, criarmecanismos de apoio para as diversas iniciativas.

LEVANTAMENTODOCUMENTAL DEINFORMAÇÕES EENTREVISTAS EMORGANISMOSCOMPETENTES

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Turismo Rural foi definido como “o conjunto deatividades turísticas desenvolvidas no meio rural,comprometido com a produção agropecuária,agregando valor a produtos e serviços, resgatando epromovendo o patrimônio cultural e natural dacomunidade”. (SESCOOP, 2003). Este conceito foielaborado com a participação de várias pessoas queatuam no setor, através da realização de oficinasregionais por todo o Brasil (a oficina da Região Sulaconteceu em Curitiba, no estado do Paraná).

Nestes eventos, vários pontos foram abordados; aquestão da legislação foi uma preocupação constante.Este fato acabou originando um estudoencomendado pelo Ministério do Turismo e Sescoop,chamado “Estudo da Legislação Pertinente àAtividade do Turismo Rural com Proposta deAlteração Legislativa”, o qual tem característicassimilares ao estudo ora desenvolvido, mas quefundamenta todo o trabalho sobre um conceito muitomais largo de Turismo Rural, “ “ “ “ “de forma a abranger asatividades de promoção ao patrimônio cultural ounatural, ainda que não vinculadas a uma produçãoagropecuária paralela” (Ministério do Turismo,SESCOOP, 2003). Ou seja, a preocupação daqueleestudo é buscar a solução dos problemas legaisenfrentados pelo desenvolvimento da atividadeturística no meio rural, e não soluções voltadas paraproblemas relacionados especificamente ao turismona agricultura familiar.

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O documento Mtur/Sescoop levanta problemasrelacionados à legislação tributária, previdenciária etrabalhista. Para atender às preocupações de naturezatrabalhista do turismo rural, é necessário alterar o textoda legislação, não apenas para identificar oempreendedor rural como empregador rural, mastambém para esclarecer a natureza da relação de trabalho.É preciso admitir que, mesmo nos casos em que oempregado labora em atividades tipicamente urbanas(como recepcionista, tratorista, entre outras), quandoprestadas ao empreendedor do turismo rural elasdeveriam ser consideradas rurais.

Com relação à legislação tributária e previdenciária, odocumento reforça que o empreendedor de turismorural “pessoa jurídica” pode louvar-se do SIMPLES (Lein° 9.319/96), de modo a reduzir sua carga tributáriapagando um percentual uno (pagamento unificado)sobre sua receita bruta mensal para custear algunstributos. No entanto, quanto ao empreendedor pessoafísica, não se prevê tratamento do SIMPLES, sendo essatalvez uma das grandes mudanças necessárias para ocaso do turismo rural, que exige desburocratizaçãoafinada às peculiaridades do empreendedor do meiorural.

Com relação à legislação previdenciária, o documentoinforma que há pessoas que têm receio de perderalguns benefícios previdenciários e da própriaaposentadoria como trabalhador rural ao se envolver

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na atividade de turismo rural. Também receiam poreventuais impedimentos legais em caso deadministração de hotéis e estabelecimentoscongêneres no meio rural.

Neste documento é citado um projeto de lei (PL5797/01), de autoria da ex-deputada federal MarisaSerrano, que busca dar um tratamento adequado aoturismo rural, mediante alteração nas Leis n° 8.171,de 17 de janeiro de 1991 (que dispõe sobre a políticaagrícola) e 8.870, de 15 de abril de 1994 (que dispõesobre a seguridade social trabalhista e planos debenefício da previdência social). No entanto, segundoinformações recentes, tal projeto encontra-searquivado.

Outro projeto de lei que trata da atividade deagroturismo é o PL 1.043/03, de autoria do deputadofederal Bernardo Ariston, dispõe sobre osfundamentos e a política do “agroturismo ou turismorural”. Define os objetivos e as competênciasinstitucionais relativas ao planejamento da atividade;define o conceito de “agroturismo ou turismo rural”;preconiza que as pessoas jurídicas que se dedicam àatividade agrícola ou ao agroturismo estejam sujeitasaos mesmos regimes tributários, trabalhistas eprevidenciários, ressalvando o direito de opção peloSIMPLES, quando possível; estipula também que acontribuição devida à seguridade social peloempregador/pessoa jurídica que se dedique ao

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agroturismo ou turismo rural e à produção rural éestabelecida pela Lei no 8.870, de 15/04/94, emsubstituição à prevista nos incisos I e II do art. 22 daLei nº 8.212, de 24/7/91.

No Paraná, o Departamento de EstudosSocioeconômicos Rurais – Deser -, preocupado coma situação dos agricultores familiares que possuempequenas agroindústrias - assim como com osproprietários de pequenos empreendimentos deagroturismo – e que não estão atuando emconformidade com as legislações vigentes, buscouestudar algumas destas legislações (sobretudo aprevidenciária, a fiscal, a trabalhista e a sanitária),visando propor alterações, de modo que estesagricultores possam adequar suas atividades àslegislações pertinentes sem perder os direitos sociais- como a condição de segurado especial da previdência- já conquistados.

Neste estudo, fica definido que, para a PrevidênciaSocial, é agricultor familiar (e, por conseguinte,segurado especial) aquele que:

- trabalha apenas com a família (em mútuadependência e colaboração);

- trabalha exclusivamente na produção agropecuáriaprimária;

- não utiliza empregados remunerados;

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- ocasionalmente utiliza serviços de terceiros, desdeque sem remuneração (mutirão, troca de dias, etc.).

Na opinião dos técnicos do Deser, este é “um conceitocompletamente inadequado à atual realidade daagricultura familiar. Além de possuir um caráterbastante restritivo, visa garantir a restrição de direitos,muito mais que a sua ampliação, muito embora, naprática, em função das pressões e da impossibilidadede fiscalização, a sua aplicação tenha sido maisabrangente.” (BONATO, 2000).

Em função disto, eles estão realizando um debatepara elaborar um projeto de lei, junto com oMinistério da Previdência Social e o Ministério doDesenvolvimento Agrário, que atenda às necessidadesdos agricultores familiares para que possamlegalmente desenvolver atividades em suaspropriedades, e não apenas a produção de produtosprimários, sem perder os direitos já conquistados.Tal projeto, além de atender aos que possuemagroindústrias, pode contemplar também oagroturismo, visto que alguns problemas são comunsa estas duas atividades.

Com o mesmo objetivo, já foi aprovada umaResolução Conjunta (SEAB/SEMA/SESA No. 001/04),com a qual o Governo do Paraná disciplina a atividademultifuncional de agroindústrias e unidades detransformação de produtos de origem animal e vegetal

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da agricultura familiar, de acordo com normas maiscondizentes com este tipo de produção. Nestaresolução, o foco são as exigências ligadas à legislaçãosanitária.

Da mesma forma, estão propondo uma alteração nalegislação fiscal/tributária e na legislação trabalhista;neste último caso, visando permitir a possibilidadede contratação esporádica de mão-de-obra (até mesmocom carteira assinada) para outras atividades - quenão a atividade agrícola/pecuária - sem que empregadore empregado percam a condição de segurado especial.

Com o objetivo de conhecer as legislações vigentesem Santa Catarina sobre as atividades de agroturismo,buscou-se visitar/entrevistar os organismoscompetentes de cada setor (fiscal, trabalhista, sanitário,previdenciário, etc.), além das entidades de apoio erepresentação dos agricultores no estado. Nestas visitas,procurou-se verificar quais orientações cada entidadedá aos agricultores interessados em investir noagroturismo, principalmente no que concerne aosaspectos legais. Para tanto, foi feita a seguinte pergunta:

Quais as preocupações legais que um agricultor familiarQuais as preocupações legais que um agricultor familiarQuais as preocupações legais que um agricultor familiarQuais as preocupações legais que um agricultor familiarQuais as preocupações legais que um agricultor familiar

precisa ter para implantar um negócio de agroturismoprecisa ter para implantar um negócio de agroturismoprecisa ter para implantar um negócio de agroturismoprecisa ter para implantar um negócio de agroturismoprecisa ter para implantar um negócio de agroturismo

em sua prem sua prem sua prem sua prem sua propriedade ropriedade ropriedade ropriedade ropriedade ruraluraluraluralural?

A partir desta pergunta, foram colhidas as seguintesinformações:

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3.1 ENTIDADES DE APOIO/REPRESENTAÇÃO

Entidade: Fetaesc – Federação dos T Fetaesc – Federação dos T Fetaesc – Federação dos T Fetaesc – Federação dos T Fetaesc – Federação dos TrabalhadorrabalhadorrabalhadorrabalhadorrabalhadoresesesesesRurais de Santa CatarinaRurais de Santa CatarinaRurais de Santa CatarinaRurais de Santa CatarinaRurais de Santa Catarina

A Fetaesc não atua na área de turismo rural e somentenos últimos tempos tem sido procurada pararesponder a algumas dúvidas de agricultoresrelacionadas a este assunto.

Diversas preocupações legais, foram destacadas.

Com relação à Legislação Ambiental, foi dito que oagricultor que deseja implantar um açude ficaobrigado a reflorestar uma área com raio de 30 metrosao seu redor, o que financeiramente é inviável para amaior parte deles.

Com relação à Legislação Previdenciária, comentou-se que, ao constituir uma pousada ou qualquer outroempreendimento turístico, o agricultor perde acondição de segurado especial e passa a contribuirna categoria de empregador, o que exige umacontribuição maior de sua parte, mas tambémpossibilita uma melhor renda na aposentadoria.

Finalmente, em relação à Legislação Trabalhista, foicolocado que ao empregar qualquer pessoa, oagricultor também perde a condição de segurado

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especial, passando a se tornar um empregador rural,muito embora continue sendo uma pessoa física quecontrata um empregado. Assim, o agricultor torna-seum contribuinte individual e passa a ter de contribuirsobre a folha do empregado.

Entidade: Ocesc – Organização das Cooperativas do Ocesc – Organização das Cooperativas do Ocesc – Organização das Cooperativas do Ocesc – Organização das Cooperativas do Ocesc – Organização das Cooperativas doEstado de Santa CatarinaEstado de Santa CatarinaEstado de Santa CatarinaEstado de Santa CatarinaEstado de Santa Catarina

A informação colhida com o responsável pela área deTurismo Rural da Ocesc é que, para ser possíveldesenvolver a atividade de agroturismo de formacoletiva, cada um dos cooperados deve possuir umbloco de Notas Fiscais da cooperativa, emitindo suanota fiscal no momento da prestação do serviço. Destaforma, pode ser possível ao agricultor desenvolver aatividade de turismo sem constituir uma empresa,preservando com isso sua condição de seguradoespecial. O problema deste procedimento é que, aoemitir a nota fiscal em cada uma das propriedades, ocontrole da cooperativa passa a ser muito disperso edesta maneira as notas emitidas erroneamente oucanceladas poderão causar problemas de ordemcontábil.

Além disso, ao emitir a nota, o pagamento do ISS(Imposto Sobre Serviços) passa a ser exigido. Assim,poderá ser feito um controle por parte dos órgãosfiscalizadores, que podem acabar impondo aformalização do empreendimento (tornado-o uma

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pessoa jurídica) que oferece o serviço de hospedagem,pois, legalmente, a prestação do serviço cooperadosó é válida em caso de ser prestado esporadicamente.

Em relação à venda de produtos, verificou-se que,como cooperado, o produtor os pode até vender napropriedade, mas a nota fiscal deverá ser emitida nacooperativa e não na propriedade.

Entidade: Sebrae – Sebrae – Sebrae – Sebrae – Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Serviço Brasileiro de Apoio às Serviço Brasileiro de Apoio às Serviço Brasileiro de Apoio às Serviço Brasileiro de Apoio àsMicro e Pequenas EmpresasMicro e Pequenas EmpresasMicro e Pequenas EmpresasMicro e Pequenas EmpresasMicro e Pequenas Empresas

O serviço do Sebrae é direcionado às micro epequenas empresas do estado; portanto, nãodisponibiliza nenhum tipo de apoio técnico paraagricultores que desejem desenvolver a atividade deagroturismo sem que constituam uma empresa paraeste fim. No caso de já terem uma ou de estarempropensos à constituíção de uma empresa, o Sebraeoferece cursos, material bibliográfico e apoio técnico,disponíveis para os futuros empreendedores, desdea escolha da melhor maneira de constituir a empresa,até a elaboração de um Plano de Negócios.

Entidade: Senar – Serviço Nacional deSenar – Serviço Nacional deSenar – Serviço Nacional deSenar – Serviço Nacional deSenar – Serviço Nacional deAprendizagem RuralAprendizagem RuralAprendizagem RuralAprendizagem RuralAprendizagem Rural

O Senar, apesar de ter desenvolvido um materialbibliográfico interessante sobre a área de TurismoRural, não possui na entidade uma pessoa habilitada

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a responder à questão colocada pela presente pesquisa.Este material cita algumas leis que interferem nodesenvolvimento da atividade turística no meio rurale alguns problemas que o agricultor pode enfrentarno caso de iniciar-se no desenvolvimento da atividade.Na ocasião, foi sugerido conversar com a consultoraexterna, que desenvolveu todos os trabalhos na áreade turismo rural. Esta conversa foi realizada e osresultados estão colocados junto com os questionáriosaplicados, visto que esta pessoa também possui umempreendimento de turismo rural.

Entidade: Abratur Abratur Abratur Abratur Abraturr – Associação Brasileira de Tr – Associação Brasileira de Tr – Associação Brasileira de Tr – Associação Brasileira de Tr – Associação Brasileira de TurismourismourismourismourismoRuralRuralRuralRuralRural

Segundo as informações, os entraves existentes naslegislações em vigor e que podem interferir nodesenvolvimento do turismo no meio rural estão napauta para serem debatidos e otimizados desde 1998,pelo então Ministério de Esportes e Turismo, quandoda elaboração das Diretrizes para uma PolíticaNacional de Turismo Rural Brasileiro. Muito emboraesta preocupação exista, a solução para tal problemaainda não foi identificada e encaminhada.

Entidade: Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado

da Saúdeda Saúdeda Saúdeda Saúdeda Saúde

Existem alguns problemas em relação à questãosanitária que precisam ser levados em consideraçãopelos interessados em iniciar a atividade de

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agroturismo. Para que se possa entender um poucomais a questão, é preciso esclarecer que existem doistipos de fiscalizações em relação à questão sanitária.

No caso da industrialização de alimentos, a atividadeé regulamentada pela Resolução 275, de 21 deoutubro de 2002, da Anvisa (Agência Nacional deVigilância Sanitária).

Em Santa Catarina existe ainda a Lei 10.6102, queregulariza a fabricação do ‘Produto Artesanal’, masque, por ferir a legislação federal, não é reconhecidapela Vigilância Sanitária.

A fiscalização na indústria é realizada, no caso deprodutos de origem animal, pela Cidasc (CompanhiaIntegrada de Desenvolvimento Agrícola do Estadode Santa Catarina). Os demais produtos, constantesda lista de produtos da Vigilância Sanitária, sãofiscalizados por sua congênere municipal, levandoem consideração o Decreto 31.455 (estadual) - o qualem breve será substituído por outro decreto,atualmente sob Consulta Pública (no. 70) -, além daResolução no. 23 (2000), que lista os produtosdispensados de registro, mas que ainda assimprecisam ter licença sanitária.

Na prática, a maior parte dos fiscais têm feito ‘vistagrossa’ nas fiscalizações, pois entendem não serpossível aos pequenos agricultores adaptar-se às

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exigências legais. Aqueles que exigem a aplicação dalei têm causado grande revolta entre os agricultores e,em muitos casos, têm inviabilizado o desenvolvimentoda atividade.

Isto ocorre apenas nas propriedades legalmenteconstituídas, pois as propriedades que desenvolveminformalmente a atividade não podem ser fiscalizadas,pois, de acordo com o informante da VigilânciaSanitária, o órgão não tem autoridade para fiscalizaruma pessoa física.

Percebeu-se, durante a entrevista, que existemdiferenças de tratamento dos fiscais do órgão devigilância do Estado no cumprimento da legislação.Em certos casos, estes profissionais são mais severos eexigem o cumprimento integral do que prega a lei eem outros casos são mais flexíveis, permitindo certasdesobediências à lei.

Entidade: Procuradoria Jurídica da AssembléiaProcuradoria Jurídica da AssembléiaProcuradoria Jurídica da AssembléiaProcuradoria Jurídica da AssembléiaProcuradoria Jurídica da AssembléiaLegislativa do Estado de Santa Catarina e ComissãoLegislativa do Estado de Santa Catarina e ComissãoLegislativa do Estado de Santa Catarina e ComissãoLegislativa do Estado de Santa Catarina e ComissãoLegislativa do Estado de Santa Catarina e Comissãode Agricultura da Assembléia Legislativade Agricultura da Assembléia Legislativade Agricultura da Assembléia Legislativade Agricultura da Assembléia Legislativade Agricultura da Assembléia Legislativa

Primeiramente, em relação à legislação trabalhista,existe um grande problema que é a impossibilidadede um trabalhador rural exercer atividades não-agrícolas, como o agroturismo. Por isso, acredita-seque a solução seja a criação de uma cooperativa deturismo. Os trabalhadores rurais assinariam um termo

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de responsabilidade, no qual se comprometeriam atrabalhar esporadicamente com o turismo. Assim, aosfinais de semana ou em períodos pré-determinados,poderiam exercer uma atividade diferente da deagricultor.

Em relação à questão sanitária, o problema apontadoé a falta de comprometimento das prefeituras nacontratação de técnicos (agrônomo/veterinário) queacompanham e controlam a produção, poisalimentos produzidos de forma artesanal (semindustrialização), segundo as normas da VigilânciaSanitária, não podem ser servidos aos turistas. Asugestão do entrevistado é de se estabelecer umanormatização especial para restaurantes e demaisestabelecimentos de turismo rural, através deseminários que envolvam todos os atores do processo- agricultores, técnicos de instituições relacionadasàs atividades agrícolas e turísticas e políticos.

A questão da legalização da atividade de turismo foiapontada como o maior entrave, principalmente emfunção dos custos de constituição de uma empresa.De acordo com o entrevistado, uma solução possívelseria uma cooperativa estadual, a ser criada, comsubsedes em cada região. Cada cooperado teria seubloco de notas fiscais, e o problema da constituiçãode uma empresa estaria solucionado.

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Entidade: Instituto Nacional de Serviço SocialInstituto Nacional de Serviço SocialInstituto Nacional de Serviço SocialInstituto Nacional de Serviço SocialInstituto Nacional de Serviço Social

A preocupação do agricultor interessado emdesenvolver a atividade de agroturismo está relacionadaà perda da condição de segurado especial; naverdade, todos os segurados da Previdência Socialpossuem os mesmos benefícios, com pequenasdiferenciações.

O segurado especial possui uma contribuição muitomenor que os demais contribuintes, mas recebe umaaposentadoria bem menor que os demais (de apenasum salário mínimo). Um benefício do seguradoespecial é que o contribuinte se aposenta, no caso deaposentadoria por idade, com cinco anos a menosque os demais contribuintes.

No caso do agricultor - segurado especial – queconstitui legalmente uma empresa e que passa acontribuir também como empregado - aquele quepresta serviço de natureza urbana ou rural à empresa,em caráter não-eventual, sob sua subordinação emediante remuneração, inclusive como diretorempregado –, não poderá ter acesso à aposentadoriacomo segurado especial. Este contribuinte receberáapenas a aposentadoria como empregado, a qualmuitas vezes é maior que a do segurado especial.

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Entidade: Ministério do TMinistério do TMinistério do TMinistério do TMinistério do Turismourismourismourismourismo

Segundo a entrevistada, a atividade de turismo ruralencontra-se dentro da Gerência de Segmentação doTurismo, do Ministério do Turismo, que estáresgatando o trabalho realizado em parceria com oSescoop. Em breve, deverá lançar as Diretrizes Básicaspara o Turismo Rural e instalar a câmara técnica desegmentação do turismo e uma subcâmara de turismorural, âmbito no qual serão abordadas questões delegislação, tendo em vista a importância do tema.

Entidade: Santur – Santa Catarina TSantur – Santa Catarina TSantur – Santa Catarina TSantur – Santa Catarina TSantur – Santa Catarina Turismo S.A.urismo S.A.urismo S.A.urismo S.A.urismo S.A.

A Santur não atua na área de turismo rural (somentedesenvolveu um guia promocional da atividade).Também nunca foi procurada por interessados eminvestir em turismo rural, em especial por agricultorescom preocupações com relação a aspectos legais.Somente em 2002 iniciou uma aproximação com otema, através de uma parceria com a Associação deAgroturismo Acolhida na Colônia.

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Os estudos de caso derivam de uma pesquisa queresultou em 33 questionários respondidos, conformejá foi informado na metodologia. Deste total, 11prestam serviços de hospedagem; outros 11 prestamserviços de venda de produtos; 5 trabalham compesque-pague; 4 prestam serviço de alimentação; 1opera camping e 1 se dedica ao que se convencionouchamar de turismo de conhecimento.

4.1 LEGISLAÇÃO SANITÁRIA

Dado o impacto diferenciado que esta legislação temnas diversas atividades desenvolvidas pelos

RESULTADOS E ANÁLISEDOS ESTUDOS DE CASO4

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entrevistados, ela foi dividida em três categorias deempreendimentos mais comuns: serviço dealimentação, transformação de produtos e atividadesde hospedagem. Nas demais, não se fez esta divisãoporque sua repercussão é a mesma,independentemente da atividade desenvolvida.

4.1.1 Serviço de Alimentação

Dos 33 estabelecimentos entrevistados, 25 oferecemalgum tipo de serviço de alimentação. Destes, 80%estão abertos ao público em geral e 20%,exclusivamente aos seus hóspedes.

O número semanal de refeições oferecidas nestesestabelecimentos varia consideravelmente; em metadedeles, o número máximo não ultrapassa 100. Onúmero mínimo é de 20; contudo, um dosestabelecimentos chegou a servir 2,1 mil refeiçõesem uma semana. Este é um caso atípico e ocorreusomente em uma determinada semana.

Foi possível verificar que as exigências da VigilânciaSanitária não condizem com o tipo de serviço e escalade produção desses estabelecimentos. Isto porque,apesar do pequeno número de refeições servidas, sãoobrigados a seguir as mesmas exigências que osestabelecimentos dos centros urbanos. Com isto, oque se verifica é que a maior parte dos

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estabelecimentos (54,2%) se encontra em situaçãoilegal, ou seja, não tem alvará sanitário emitido pelaprefeitura, muito embora grande parte deles afirmeestar em conformidade com as normas da VigilânciaSanitária.

As normas, na verdade, são conhecidas por metadedos proprietários entrevistados. A outra metade dizconhecê-las parcialmente. Apenas um proprietáriodisse desconhecê-las .

Quando questionados se o estabelecimento estava emconformidade com as normas da Vigilância Sanitária,29,2% responderam que sim; 41,7% disseram estarparcialmente em conformidade e 25% disseram nãoestar em conformidade. Um proprietário não souberesponder.

Em mais de dois terços dos estabelecimentos (69,6%),a preparação dos alimentos servidos aos turistas érealizada em uma cozinha específica. No restante(30,4%) dos casos, a preparação é feita na cozinhautilizada pela família do proprietário.

Também em relação ao local em que são preparadosos alimentos, metade disse estar em conformidadecom as normas da Vigilância Sanitária; 25% disseramestar parcialmente em conformidade e 25% disseramnão estar em conformidade. Tais fatos demonstramque, mesmo sendo obrigados a cumprir exigências

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que não condizem com as características dosestabelecimentos, há uma atitude proativa entre osempreendedores, seja para oferecer serviços eprodutos de qualidade aos turistas, seja para adequarseus estabelecimentos às normas em vigor.

Em função destas exigências, muitas vezes chegamaté a descaracterizar o seu produto ou serviço - porexemplo, não é permitido utilizar forno a lenha,servir frango caipira abatido na propriedade, etc. -,o que transforma os estabelecimentos em réplicasrurais de restaurantes urbanos, sem nenhum tipo dediferencial, que é justamente o que os visitantesprocuram.

Quanto aos manipuladores de alimentos, verificou-se que em um terço dos estabelecimentos todospossuem carteira de saúde; em 16,7%, algunspossuem a carteira; em metade dos estabelecimentosentrevistados nenhum manipulador possui a carteira.A dificuldade maior, nestes casos, é o local para aobtenção do documento, em geral distante de ondeeles residem.

Além disso, percebeu-se, em relatos colhidos comalguns dos entrevistados, que, devido à falta depessoal nos órgãos públicos, parte das carteiras desaúde dos manipuladores de alimentos havia sidorevalidada sem que tivessem passado por uma novaconsulta, o que comprova uma certa deficiência naaplicabilidade da legislação em vigor.

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Quando questionados sobre a utilização de umprocedimento-padrão para manter a higiene do localde trabalho, 41,7% dos estabelecimentos respondentesdisseram realizar este procedimento e 58,3% disseramnão o fazer. Embora 41,7% afirmem realizá-lo, apenas20,8% disseram conhecer o POP (ProcedimentosOperacionais Padronizados), que é o que é exigidopela Vigilância Sanitária.

Embora os entrevistados estejam preocupados com estaquestão, tentando padronizar seus processos dehigienização no local de trabalho, ainda assim podemestar atuando em desacordo com o que exige a legislação,pois o POP é desconhecido da maioria dos respondentes.Além disso, dos 20,8% que afirmam conhecê-lo, maisda metade (55,6%) disse não segui-lo.

Sobre as condições físicas e de uso dos banheiros dosestabelecimentos, a grande maioria (87,5%) dosestabelecimentos respondeu que estava de acordo comas normas da Vigilância.

Embora a maioria dos proprietários tenha dito queestá de acordo com as normas da Vigilância Sanitária,sobretudo nos quesitos cozinha e banheiro, a maiorparte deles (60,9%) afirma ter algum tipo dedificuldade para que seus empreendimentos seadaptem às normas da Vigilância Sanitária. E, comojá era de se esperar, a principal dificuldade apontada(48,1% dos casos) está relacionada à falta de recursos

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financeiros. Em segundo lugar, empatadas com 14,8%de respostas, estão a falta de recursos humanos, afalta de espaço físico e a falta de conhecimento. Doisentrevistados alegaram outras dificuldades comoprincipal razão de inadaptação.

Quando indagados sobre as normas às quais elesteriam mais dificuldade em se adaptar, a respostamais freqüente foi a da adaptação das instalaçõesfísicas, sobretudo a construção de uma nova cozinhae/ou de outro banheiro. Alguns falaram que, alémda falta de recursos financeiros e recursos humanos,eles necessitam de um prazo maior para realizar aspesadas exigências da Vigilância Sanitária.

Verificou-se também que a maioria dosestabelecimentos, 62,5%, já havia passado por umafiscalização e que, destes, 78,6% não estavam deacordo com as normas sanitárias no momento dafiscalização. O procedimento adotado, na maior partedos casos (72,7%), foi dar orientação e prazo paraque o empreendimento procedesse às devidasadaptações. Um estabelecimento recebeu advertênciado fiscal; um teve seus produtos retirados doestabelecimento; outro foi interditado.

Dos depoimentos, observa-se que, tendo em vista ascondições financeiras destes empreendedores, partedas exigências são impraticáveis e impossíveis deserem cumpridas nos prazos apresentados pelo órgãode fiscalização.

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Dentre os pontos mais comuns em desacordo com asnormas que tratam da estrutura física, os entrevistadosapontaram:

- na cozinha: falta de azulejos nas paredes; ausênciade telas nas janelas; falta de equipamentos eutensílios adequados (em inox); saneamento eabastecimento de água inadequados;

- nos banheiros: ausência de papeleiras para toalhade papel e saboneteiras para sabonete líquido; faltade banheiro exclusivo para os funcionários.

A partir das orientações dos fiscais, 44,4% dosestabelecimentos fizeram as adaptações sugeridas;33,3% as realizaram em parte e o restante adotou outrosprocedimentos.

Vinte e nove respondentes informaram sobre aprocedência dos alimentos utilizados noestabelecimento. Destes, 19 afirmaram servir aosturistas produtos cultivados na propriedade, emquantidade que varia entre 2% e 90% do totalconsumido. Cinco estabelecimentos servem produtoscultivados em propriedades vizinhas, variando entre25% e 60% do total consumido. Outros cincoestabelecimentos disseram utilizar em seusrestaurantes produtos de outra procedência. Assim,percebe-se outra característica importante dosempreendimentos de agroturismo, que é justamente

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a complementaridade entre a produção agrícola –própria ou de vizinhos - e o desenvolvimentoturístico.

O estudo verificou também que quase metade (43,5%)dos estabelecimentos vendia produtos “in natura” aosturistas. A maioria absoluta (92,3%) destes produtosera cultivada na propriedade do entrevistado; osdemais, na propriedade de vizinhos.

Além dos produtos in natura, verificou-se tambémque alguns estabelecimentos vendiam produtostransformados por terceiros. Em 76,9% dos casos,tais produtos seguiam as normas da VigilânciaSanitária em sua fabricação.

Foi possível verificar descontentamento por parte dosentrevistados em relação às exigências sobre osprodutos servidos. Grande parte deles poderia virda propriedade do agricultor, agregando valor à suaprodução, mas, segundo as normas da VigilânciaSanitária, só podem ser servidos aos turistas alimentosque tenham passado por processo de industrializaçãoe que possuam registro, principalmente no caso deprodutos como frango, carne bovina, suína, derivadosde leite, embutidos, conservas, doces, etc. Outroargumento dos entrevistados em defesa dapossibilidade de utilização de alimentos produzidosem suas propriedades é que, além de agregar valoraos produtos, pode-se criar uma demanda e

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valorização por parte dos turistas de uma alimentaçãodiferenciada e mais artesanal.

Quando indagados sobre o que poderia ser feito parasolucionar os problemas decorrentes das exigênciasque constam nas legislações do município, do estadoe da União e que atingem os proprietários derestaurantes no espaço rural, a resposta principal foia necessidade de uma legislação específica ediferenciada para os pequenos agricultores, de modoa permitir que possam agregar valor aos seus produtossem perder a condição de produto artesanal.

Além disso, foi sugerido que a Vigilância Sanitáriaatue mais como um órgão parceiro - orientando edivulgando as normas, dando prazos adequados paraque as adaptações possam ser realizadas – e menoscomo um órgão fiscalizador e punidor.

Outro ponto levantado pelos entrevistados foi anecessidade de eles terem orientação técnica antes demontarem seus empreendimentos, assim como de umacompanhamento técnico mais constante.

4.1.2 Transformação de Produtos

Em relação a esse tópico, as informações coletadasnão diferem muito do serviço de alimentação. Dostrinta e três entrevistados, 16 relataram vender produtostransformados ou beneficiados na propriedade.

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Destes, a grande maioria (84,2%) afirmou venderprodutos cultivados e produzidos na suapropriedade. Em 10,5% dos casos, os produtos sãocultivados por vizinhos e transformados napropriedade do respondente; em apenas 5,3% doscasos, os produtos são transformados em outro locale vendidos na propriedade do respondente.

Verifica-se, mais uma vez, que grande parte dosagricultores busca, através da agregação de valor aosprodutos cultivados na propriedade, gerar uma novafonte de renda para melhorar a qualidade de vidada família.

Os principais produtos transformados napropriedade dos entrevistados são: derivados de leite(21,9%); conserva de frutas (18,8%); derivados decarne e de cana (15,6% cada); conserva de verdurase legumes (6,25%); massas, pães e biscoitos (3,1%) ederivados de mandioca (3,1%).

A maior parte dos produtos (58,8%) é transformadaem uma agroindústria com instalações próprias,conforme exige a legislação em vigor. Contudo,devido a diversos obstáculos - de ordem econômica,técnica, entre outros - parte dos agricultores queprocessam produtos em suas propriedades não temcondições de construir uma agroindústria. Por estarazão, 23,5% dos produtos são transformados nacozinha da família e os demais (17,4%) sãoproduzidos em outro local.

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Aproximadamente 61% da produção destasagroindústrias é vendida diretamente ao consumidorfinal; já a produção vendida a varejistas correspondea 21,7%; o restante tem outra destinação.

Dos entrevistados que afirmaram vender produtostransformados ou beneficiados em sua propriedade,apenas 25% possuem registro destes produtos naVigilância Sanitária/Cidasc. Dos que possuem registro,20% referem-se ao Serviço de Inspeção Estadual – SIE;40% possuem o Serviço de Inspeção Municipal - SIM;40% possuem o Serviço de Inspeção Federal - SIF.Neste último caso, trata-se de produtores de suco deuva e vinho. Assim, como já se esperava, verificou-seque muitos dos produtos transformados naspropriedades não são registrados. Isto se deveprincipalmente à pequena escala de produção, cujavenda não cobre os custos do registro junto aos órgãosresponsáveis pela inspeção de produtos animais evegetais.

Metade dos produtores que vendem produtostransformados ou beneficiados em suas propriedadesafirmou conhecer as normas da Vigilância Sanitáriaem relação à transformação de alimentos. Outros 25%afirmaram conhecê-las parcialmente; 25% asdesconhecem.

Quando questionados se a cozinha/agroindústriaestava em conformidade com as normas da VigilânciaSanitária, 13,3% responderam que sim; 40% disseram

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que não; 40% disseram estar parcialmente emconformidade e 6,7% disseram não saber se estavamou não em conformidade.

Diferentemente do que acontece com osestabelecimentos que apenas servem alimentos, naagroindústria verifica-se uma menor porcentagem deestabelecimentos adequados à legislação em vigor. Issodemonstra de imediato a dificuldade, principalmentefinanceira, que estes agricultores enfrentam parapoder construir um local destinado à transformaçãoda produção, que precisa ser uma agroindústria paraeste fim específico. A legislação não autoriza atransformação de produtos em outro local, mesmoque a venda seja realizada somente para turistas queprocuram a propriedade, e muito menos no atacado.

Quanto aos manipuladores de alimentos, verificou-se que apenas 26,7% possuem carteira de saúde equase metade (46,7%) não a tem. No restante dosestabelecimentos (26,7%), alguns de seusmanipuladores possuem a carteira.

Com relação a um procedimento-padrão para mantera higiene do local de trabalho, 57,1% dosestabelecimentos disse seguir este procedimento,contra 42,9% que disseram não o seguir. Do total derespondentes, a maioria absoluta (86,7%) afirmounão conhecer o POP (Procedimentos OperacionaisPadronizados) exigido pela Vigilância Sanitária,

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contra 13,3% que o conhecem. Os que o conhecemafirmaram não obedecer às suas determinações.

Assim como acontece nos estabelecimentos queoferecem serviço de alimentação, nos estabelecimentosonde se transformam produtos, embora osproprietários adotem um processo de higienização nolocal de trabalho, este processo poderá não estar deacordo com a legislação em vigor, visto quepraticamente todos desconhecem o POP.

Verificou-se ainda que mais da metade dosestabelecimentos (53,3%) que vendem produtostransformados ou beneficiados em suas propriedadesjá havia passado por uma fiscalização da VigilânciaSanitária; apenas 50% não estavam de acordo com asnormas no momento da fiscalização, como já indicadono parágrafo anterior.

Alguns dos entrevistados relataram receberacompanhamento periódico da Vigilância Sanitária,quando são verificados, entre outros itens, a validadee controle de qualidade dos produtos, a qualidadeda água e do local de produção.

Uma importante questão levantada pelos entrevistadosé a incoerência entre as exigências da VigilânciaSanitária, principalmente do ponto de vista deestrutura física, e as características de uma produçãoartesanal/colonial. Em muitos casos, os moldesexigidos pela Vigilância Sanitária acabam com o

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diferencial (artesanal/colonial) da produçãodemandado pelos turistas.

Outra falha apontada é a ausência de padronizaçãoentre as normas dos diferentes órgãos de assistência,principalmente no que concerne a higiene eprodução. Por exemplo, no caso da produção devinho, o Ministério da Agricultura permite que aaltura mínima para uma cantina seja de 2,7 metros,ao passo que a Vigilância Sanitária (ligada aoMinistério e à Secretaria da Saúde) requer 3 metros.

Pela não-confirmidade à legislação no momento dafiscalização 60% dos proprietários foram orientadosa se adaptar às normas, enquanto outros 20% foramformalmente advertidos e 20% tiveram seus produtosinutilizados.

A partir do procedimento adotado pelos fiscais nomomento da fiscalização, metade dosestabelecimentos fiscalizados afirmou ter realizadoparcialmente as adaptações sugeridas; 25% disseramter feito todas as adaptações sugeridas; os 25%restantes ignoraram as sugestões.

O alto índice dos estabelecimentos que não seadaptaram integralmente ao que lhes foi sugeridodemonstra a dificuldade enfrentada para cumprir alegislação.

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Quando perguntados sobre os problemas quedificultam a obediência à legislação sanitária, dos61,5% que responderam ao questionário, mais dametade (53,3%) alegou ser a falta de recursosfinanceiros; 13,3% mencionaram a falta de espaçofísico; 6,7% disseram ser a falta de recursos humanos;26,7% afirmaram ser ‘outro’ o problema.

Quando se perguntou o que se deveria fazer paraatender às exigências dos órgãos de fiscalização dostrês níveis (municipal, estadual ou federal), a respostamais freqüente foi a necessidade de se diferenciar osprodutos coloniais/artesanais dos produtosindustrializados, reduzindo/facilitando, por isso, taisexigências. A sugestão já deveria estar sendo praticadase a Lei Estadual 10.610, de 1º de dezembro de 1997– que dispõe sobre as normas sanitárias para aelaboração de produtos artesanais comestíveis deorigem animal e vegetal - tivesse sido reconhecidapelos órgãos de fiscalização do Estado.

4.1.3 Atividade de Hospedagem

Em relação à atividade de hospedagem, observou-seque em 100% dos casos os quartos oferecidos aosturistas possuem janela com abertura direta para oexterior, conforme orientação da Vigilância Sanitária.

Em 93,3% dos casos, os banheiros estão de acordocom as normas da Vigilância Sanitária. Sobre a

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destinação dada ao esgoto sanitário, verificou-se queem 88,2% dos estabelecimentos utiliza-se fossaséptica; em 17,8%, faz-se uso da fossa negra.

4.2 LEGISLAÇÃO TRABALHISTA

Através da aplicação do questionário, verificou-se queem 41,2 % dos estabelecimentos, toda a mão-de-obraempregada na atividade de turismo rural pertence àunidade familiar do proprietário; em 58,8%,empregam-se também pessoas não–pertencentes àfamília.

Entre os que empregam mão-de-obra não-familiar(20 estabelecimentos), constatou-se que o númeromáximo de empregados formais é de 44 pessoas, commédia de 6,3 trabalhadores formais porestabelecimento. Deve-se salientar que oempreendimento que possui os 44 empregados, naverdade não faz parte dos estabelecimentos deagroturismo, mas, de acordo com a legislação atual,classifica-se como uma hotel-fazenda. Talempreendimento foi incluído na lista de entrevistadosporque dele se esperavam mais informações sobreeste assunto, por estar há mais tempo estabelecido eatuando.

O número máximo de trabalhadores informais é deoito, com média de 1,5 trabalhador informal porestabelecimento.

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A relação entre as pessoas envolvidas na atividade deturismo rural (não-pertencentes à unidade familiar)e o proprietário do estabelecimento, em dois terços(66,7%) dos casos é apenas comercial sem vínculo deparentesco; em 23,8% dos casos, o empregado éapenas vizinho. Em apenas dois estabelecimentos osempregados contratados são parentes distantes.

Com relação à jornada de trabalho, o número máximode trabalhadores em regime de tempo integral é de44 empregados (média de 6,7 empregados). No casode tempo parcial, o número máximo é de 11 (médiade 1,8 empregado por propriedade).

Grande parte dos trabalhadores (empregados) agrícolasse envolve com a atividade de turismo em carátertemporário e durante os períodos de maior demandade turistas – finais de semana, feriados, férias escolarese períodos de alta estação -, como forma de receberum salário extra e assim aumentar a sua renda. Nocaso do agroturismo, praticamente todos osempregados trabalham nestas condições. Isto porqueos pequenos agricultores que se dedicam à atividadenão têm condições financeiras de contratarempregados para trabalhar permanente eexclusivamente na atividade.

Dentre as principais atividades desenvolvidas por estestrabalhadores, têm-se: preparação de alimentos (25,9%),limpeza e arrumação (24,1%), atendimento ao turista(24,1%), agropecuária (9,3%) e outros (3,7%).

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Pelas informações coletadas, uma das grandesquestões trabalhistas, por parte dos trabalhadores, éo desempenho de funções diversas - ora ligadas àatividade agrícola, ora ligadas à atividade turística -o que legalmente caracteriza uma dupla jornada detrabalho e que pode, por esta razão, levar oempreendedor rural a pagar o piso salarial daatividade urbana (turística) ou ainda a responder aprocessos trabalhistas.

A maior parte dos respondentes (68,4%), porém,disse desconhecer essas exigências da legislaçãotrabalhista. Apenas três entrevistados disseramconhecer o assunto e se preocupar com ele; outrostrês disseram que conheciam, mas acreditavam queisto não lhes traria problemas.

Em relação a reclamações trabalhistas, apenas seisdos 21 respondentes disseram ter tido estaexperiência com seus trabalhadores. Destes, um doscasos deu-se por falta de carteira assinada; outro,por não haver sido pago o piso salarial devido aoagricultor; um terceiro, em função da gravidez datrabalhadora.

De acordo com os proprietários, a solução para osproblemas trabalhistas que ocorrem nessa atividade- turismo com atividade agropecuária - seria umalegislação específica que regulamentasse a atividadede agroturismo e o trabalho multifuncional do

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empregado rural. No âmbito da questão trabalhista,esta legislação deveria levar em conta os seguintesaspectos:

- O trabalhador agrícola deveria ser autorizado aexercer atividades turísticas, como: acom-panhamento de turistas em passeios, preparação dealimentos, limpeza e arrumação, etc. Em função daprestação destes serviços, deveria receber o pisosalarial da atividade agropecuária, para nãoinviabilizar a prestação do serviço ligado ao turismo,até porque a atividade agrícola também não necessitade dedicação em regime de tempo integral durantetodos os meses do ano.

- O produtor rural deveria ser autorizado a empregar,em caráter temporário, os trabalhadores que viessema desenvolver a atividade, haja vista que em muitoscasos a recepção de turistas só acontece nos finaisde semana, sendo por isso inviável manter umempregado em regime integral para trabalhar apenasoito dias por mês.

4.3 LEGISLAÇÃO FISCAL

A maioria dos estabelecimentos entrevistados (61,8%)desenvolve a atividade de forma informal, ou seja,não está legalmente constituída.

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Isto se deve a: falta de recursos financeiros (21,1%);alto valor dos tributos (17,5%); excesso de burocracia(15,8%); necessidade de se contratar o serviço deum contador (12,3%); perda da condição deprodutor rural (12,3%); não atender a todas asexigências legais (3,5%); outros (17,5%).

O que se percebe é que, pelas exigências da legislaçãoatual, que obriga a constituir empresa para poderdesenvolver qualquer atividade de agroturismo – afim de agregar renda à sua receita familiar -, oagricultor se sente desestimulado e desiste ou o fazde forma informal e ilegal. Isto acontece porque essasatividades, além do caráter familiar, têm carátercomplementar; os altos custos para a legalizaçãoinviabilizam a atividade. Trata-se, na verdade, de umaatividade esporádica, havendo períodos em que nãoexiste turismo nas propriedades rurais.

Ademais, a constituição de uma empresa em nomedo agricultor faz com que ele deixe de pertencer aesta categoria e passe a ser empresário, perdendo,dessa forma, a condição de segurado especial.

Mesmo assim, quase metade dos respondentes(47,6%) pensa em constituir uma empresa em breve.Dos que já a constituíram (13 empreendimentos), 8o fizeram sob a forma de uma sociedade limitada, 5,de uma firma individual; 1, de uma associação; 1,de uma cooperativa e 1, sob outra forma.

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Na maior parte dos casos (83,3%), a empresa foiregistrada em nome do proprietário; nos demais, foiregistrada em nome dos filhos do proprietário. A razãopara terem escolhido esta segunda forma de registrofoi o receio dos proprietários de prejudicarem orecebimento de suas aposentadorias como produtoresrurais, já que três quartos dos respondentes continuamsendo agricultores.

Outro fato importante é que 26 respondentes (de umtotal de 27 para este item) já foram solicitados a emitirnota fiscal por algum turista. Para 11 deles esta tarefafoi simples, porque eles possuíam uma empresaconstituída e, conseqüentemente, possuíam um blocode nota fiscal. Contudo, como grande parte dosagricultores não possui uma empresa constituída epor isso não pode emitir sua própria nota fiscal,verificou-se que dez respondentes tiveram que solicitarnota fiscal em um outro estabelecimento (em geralhotel ou restaurante na vizinhança). Quatroproprietários emitiram apenas um recibo próprio; doisemitiram a nota fiscal de uma associação e umproprietário solicitou uma nota fiscal da prefeiturapara poder atender ao turista.

Em todos os casos em que a empresa não é legalmenteconstituída – caso da maioria absoluta dosentrevistados que desenvolvem o agroturismo -, foramcriadas medidas paliativas para solucionartemporariamente o problema – emissão de nota fiscal.Mas na visão de quase todos os interessados, a melhor

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solução seria autorizá-los a emitir nota de produtorpela prestação dos serviços turísticos oferecidos emsuas propriedades. Uma minoria (quatrorespondentes) preferia emitir nota fiscal através deuma cooperativa ou associação.

4.4 LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA/IMPOSTOSE TAXAS

Quanto à Legislação Tributária, verifica-se que, alémdos tributos normalmente pagos pelas pessoasjurídicas, os agricultores que desenvolvem atividadeagroturística são também obrigados a pagar:

a. taxa a um químico (relativa à prestação de serviços),bem como ao Conselho Regional de Química –CRQ -, quando o estabelecimento oferece umapiscina como equipamento de lazer;

b. taxa ao Escritório Central de Arrecadação eDistribuição – Ecad -, quando é disponibilizadosom ambiente em apresentações musicais nosestabelecimentos;

c. salário a um veterinário, quando o estabelecimentooferece passeios a cavalo, ou com outra traçãoanimal;

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d. taxas para o órgão ambiental, normalmente a Fatmaou o Ibama, quando um deles presta algum serviçoou produz algo de impacto sobre o meio ambiente.

De acordo com os resultados do questionário, apenas25% dos empreendimentos pagam algum tipo de taxaà Polícia Civil e/ou Militar. Um fato curioso é que,embora apenas 13 estabelecimentos estejam legalmenteconstituídos, 20 pagam algum tipo de taxa à prefeituramunicipal; trata-se, em geral (75%), de uma taxacorresponde à licença/alvará de funcionamento doestabelecimento. Outros 15 pagam algum tipo de taxaà Vigilância Sanitária.

Como era de se esperar, apenas os 13 legalmenteconstituídos pagam o ICMS; destes, 11 estãoenquadrados no SIMPLES.

Para solucionar a questão do volume excessivo, comotambém do valor elevado dos tributos cobrados dosagricultores, diversas sugestões foram por elesfornecidas: redução ou isenção de impostos para osprestadores de atividade agroturística; utilização denota do produtor rural para a prestação de serviçosde agroturismo e venda de produtos ao turista; isençãodo pagamento de taxas cobradas pelo ConselhoRegional de Química e outros; elaboração de umalegislação específica que regulamente a atividade e sejaaplicável às condições financeiras dos agricultores;possibilidade de utilização de nota de associações para

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venda de produtos ou prestação de serviços ligadosà atividade.

4.5 RESPONSABILIDADE CIVIL

Quando perguntados sobre a ocorrência de acidentesem suas propriedades, quase metade (44,1%) dosrespondentes declarou já haver ocorrido pelo menosum. Dez dos entrevistados afirmaram que osacidentes aconteceram por imprudência do turista,enquanto o restante os considera fatalidade.

Constatou-se também que os agricultores nãoencontraram ainda nenhuma maneira de se prevenirde possíveis processos civis por causa de taisacidentes em suas propriedades. Talvez por estarazão, 74,2% dos estabelecimentos visitados disseramadotar algum tipo de procedimento para preveniracidentes: sinalização; orientação aos turistas;utilização de informativos indicando cuidados quedevem ser tomados durante a estadia no local;acompanhamento das atividades desenvolvidas pelosturistas por funcionários e treinamento próprio. Alémdisso, 30,4% disseram adotar também procedimentoscom vistas a se eximir de responsabilidadesrelacionadas aos acidentes.

Alguns estabelecimentos utilizam-se de termos deresponsabilidade, que são assinados pelos turistasantes de participar de atividades com risco de

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acidentes, muito embora a maioria dos proprietáriossaiba que tais documentos podem ser contestadosjudicialmente.

Mesmo com o registro de ocorrência de acidentes emquase metade das propriedades, em nenhum destescasos o estabelecimento foi responsabilizado por açãojudicial.

Como resultado das pesquisas de campo, colocam-seas seguintes questões: Existe alguma maneira de oagricultor se precaver legalmente dos agravos de umacidente em sua propriedade? Qual a validade de seadotar um procedimento para se eximir deresponsabilidades em relação a um acidente ocorridodentro da propriedade do agricultor?

4.6 BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS E DEPOLÍTICA AGRÍCOLA

Sobre os benefícios previdenciários, verificou-se queos maiores problemas com os quais se deparam osagricultores após a constituição de uma empresa são:perda do direito a ser segurado especial e perda dodireito à aposentadoria rural.

Ficou evidente durante as entrevistas que as questõesrelativas à contribuição para o Fundo Rural e para oINSS são bastante confusas. Segundo alguns relatos,

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o produtor rural que contribui para o INSS perde apossibilidade de receber a sua aposentadoria rural eperde a condição de segurado especial. Esta éapontada como uma razão para a não-constituiçãolegal do empreendimento. O mesmo problema afetaalguns trabalhadores rurais que não querem serregistrados na empresa turística para não perder acondição de segurado especial.

Já alguns disseram que não há problema algum emcontribuir para o Fundo Rural e o INSS, afirmandoaté que poderão receber as duas aposentadorias, jáque não existe comunicação entre os dois órgãos.

Quanto aos benefícios de política agrícola, o maiorproblema é a impossibilidade de acesso ao créditodo Pronaf (63.2%), no caso de o agricultor constituirlegalmente seu empreendimento turístico.

4.7 OUTROS ASPECTOS

Através da aplicação do questionário, verificou-se quea maior parte dos respondentes (67,6%) participade alguma cooperativa.

A prefeitura de suas cidades, na maior parte dos casos(52,9%), disponibiliza algum tipo de suporte técnicona área agrícola/veterinária ou de turismo.

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A maioria dos estabelecimentos (65,6%) não possuinenhum tipo de sistema de proteção contra incêndioe apenas 21,9% dos estabelecimentos já tiveram a visitado Corpo de Bombeiros na propriedade. Destes,85,7% disseram que apresentavam algum tipo deirregularidade no momento da visita, tais como:número de extintores inferior ao exigido; largura dasportas menor do que o necessário; botijão de gásacomodado de forma imprópria; ausência de luzesde emergência, entre outros.

Em função dos problemas verificados, o Corpo deBombeiros adotou um dos seguintes procedimentos:orientação para que se adaptassem às normasestabelecidas; retenção do habite-se até que o problemafosse corrigido e apresentação de multa aoestabelecimento.

4.8 QUADRO-RESUMO DOS PRINCIPAISENTRAVES LEGAIS

Para facilitar a compreensão dos problemasencontrados na pesquisa de campo, faz-se a seguirum quadro-resumo dos principais entraves legais parao desenvolvimento da atividade de agroturismo,mencionados pelos agricultores familiaresentrevistados, relacionando-os às legislaçõespertinentes e à forma como afetam a atividade.

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QUADRO 1 - RESUMO DOS PRINCIPAIS ENTRAVES LEGAIS

SITUAÇÃO-PROBLEMA LEGISLAÇÃO PERTINENTE

COMO AFETA O AGROTURISMO

Exigências das normas sanitárias não condizentes com o tipo de serviço prestado e a escala de produção. As normas são as mesmas que se aplicam aos grandes empreendimentos

Maioria dos estabelecimentos está em situação ilegal, sem alvará sanitário ou sem registro (SIM, SIE ou SIF). Outros seguem as exigências, descaracterizando assim seu produto/serviço - que deixa de ser diferenciado, o que também eleva seus custos de produção.

Por serem complexas e extensas, muitos desconhecem as normas sanitárias, como o POP

Sanitária

Embora os proprietários estejam seguindo padrões de higiene, ainda assim podem estar em desacordo com as normas estabelecidas.

Contratação informal de trabalhadores para atuar esporadicamente no agroturismo

Se ocorrer um acidente com este trabalhador, seu empregador pode sofrer processo trabalhista e até civil. O empregador não tem condições financeiras de arcar com os ônus de contratações legais de trabalhadores para o agroturismo. Por outro lado, se as contratações informais forem efetivamente proibidas, os trabalhadores perderão esta importante fonte de renda.

Dupla jornada de trabalho para os empregados, que trabalham na agricultura (dias de semana) e no agroturismo (finais de semana/feriados)

Trabalhista O empregador pode ser obrigado a pagar o piso salarial do agroturismo, maior do que o da agricultura. Deve também respeitar o número de horas de descanso obrigatório, sob pena de ser processado/multado. O empregador não tem recursos financeiros para contratar empregados para trabalhar exclusivamente com o agroturismo. O agricultor não tem condições financeiras de arcar com os custos decorrentes da constituição legal de uma empresa (diversos impostos e taxas, contratação de um contador, etc.),porque é uma atividade complementar à principal (agricultura) e temporária.

Maioria dos estabelecimentos desenvolve informalmente a atividade, ou seja, como pessoa física

Fiscal e Tributária Não tem como emitir nota fiscal para atender a alguns

turistas que a solicitam. Neste caso, acaba pedindo uma nota fiscal para outro estabelecimento ou recorrendo a outros artifícios que tornam o processo mais trabalhoso, mas não solucionam em definitivo o problema.

Previdência não reconhece o turismo rural na agricultura familiar como atividade de pequeno produtor rural.

Previdenciária Ao constituir legalmente uma empresa, o agricultor perde a condição de segurado especial da previdência.

Formalização da atividade dificulta o acesso às políticas públicas

Política Agrícola - Pronaf

Ao constituir legalmente uma empresa, o agricultor perde o acesso a políticas diferenciadas, como a de crédito subsidiado do Pronaf.

Responsabilidade civil sobre ocorrência de acidentes com turistas

Direito Civil

Por não existir um seguro que cubra este tipo de acidente e como o agricultor não tem condições financeiras de arcar com os custos de um possível processo civil, ele reage evitando exercer determinadas atividades e disponibilizar determinados serviços com maior probabilidade de causar acidentes.

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5.1 IMPLICAÇÕES DE DIREITOPREVIDENCIÁRIO

5.1.1 Condição de Segurado Especial

A grande preocupação dos produtores rurais, noâmbito da Previdência Social, é manter a condição desegurado especial.

A última categoria de segurados obrigatóriosenumerada pela legislação é a dos segurados especiais.Esta se estabelece a partir da redação do artigo 195, §8º da Constituição Federal, que determina ao

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legislador que observe tratamento diferenciado paraaqueles que, trabalhando por conta própria em regimede economia familiar, realizem pequena produção,da qual retiram sua subsistência. O dispositivoconstitucional determina que a base de cálculo desuas contribuições à Seguridade Social seja o produtoda comercialização de sua produção, criando, assim,regra diferenciada para a participação no custeio.Tratando-se de uma atividade instável durante o ano(em função dos períodos de safra, no caso dosagricultores, criação e engorda do gado, no caso dospecuaristas, etc.), não se podem exigir deles, em boaparte dos casos, contribuições mensais estipuladas emvalores fixos.4

A Constituição Federal, igualmente, prevê, no artigo201, §7º, II, que é assegurada a aposentadoria noregime geral de previdência social quando o homeme a mulher contarem com 65 e 60 anos de idade,respectivamente, reduzido em cinco anos o limite paraos trabalhadores rurais de ambos os sexos e para osque exerçam suas atividades em regime de economiafamiliar, entre estes incluídos o produtor rural, ogarimpeiro e o pescador artesanal.

Podem ser segurados especiais junto à PrevidênciaSocial o produtor, o parceiro, o meeiro, o comodatário,o arrendatário, o pescador artesanal e assemelhadosque exerçam suas atividades individualmente ou emregime de economia familiar, ainda que com o auxílio4 Lazzari, 2002, p.

157.

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eventual de terceiros, bem como seus respectivoscônjuges ou companheiros e filhos maiores de 16anos ou a eles equiparados, desde quecomprovadamente trabalhem com o grupo familiar.

Com o intuito de tornar mais claras as exigênciasacima listadas, define-se:

1. 1. 1. 1. 1. Regime de economia familiar Regime de economia familiar Regime de economia familiar Regime de economia familiar Regime de economia familiar – atividade em queo trabalho dos membros da família é indispensávelà própria subsistência e é exercido em condiçõesde mútua dependência e colaboração, semutilização de empregados. A composição do grupofamiliar inclui cônjuge ou companheiro, o filhomaior de 16 anos de idade e, mediante declaraçãojunto ao INSS, o enteado, maior de 16 anos deidade, o menor sob guarda ou tutela, o maior de16 anos e menor de 21 anos, que não possua benssuficientes para o próprio sustento e educação.

2. 2. 2. 2. 2. Auxílio eventual de terceirosAuxílio eventual de terceirosAuxílio eventual de terceirosAuxílio eventual de terceirosAuxílio eventual de terceiros – é o que é exercidoocasionalmente em condições de mútuacolaboração, não existindo subordinação nemremuneração entre as partes.

3. 3. 3. 3. 3. Pescador artesanal Pescador artesanal Pescador artesanal Pescador artesanal Pescador artesanal – aquele que, individualmenteou em regime de economia familiar, faz da pescasua profissão habitual ou o meio principal devida, desde que não utilize embarcação, ou,utilizando-a, ela seja de até seis toneladas de

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arqueação bruta, ainda que com auxílio deparceiro. Na condição exclusivamente de parceirooutorgado, pode utilizar embarcação de até deztoneladas de arqueação bruta.

4. 4. 4. 4. 4. TTTTTonelagem de aronelagem de aronelagem de aronelagem de aronelagem de arqueação brqueação brqueação brqueação brqueação bruta uta uta uta uta – é a expressão dacapacidade total da embarcação, constante dacertificação fornecida pelo órgão competente, naimpossibilidade de obter a informação sobre acapacidade total da embarcação fornecida peloestaleiro naval ou construtor da respectivaembarcação.

5. Assemelhados a pescador artesanal são, dentreoutros, o mariscador, o caranguejeiro, o eviscerador(limpador de pescado), o observador de cardumes,o pescador de tartarugas e o catador de algas.

Não se considera segurado especial o membro do grupofamiliar que possua outra fonte de rendimento,qualquer que seja a sua natureza, ressalvados osrendimentos provenientes de:

a. pensão por morte deixada pelo segurado especiale os benefícios de auxílio-acidente, auxílio-reclusãoe pensão por morte, cujo valor seja inferior ouigual ao menor benefício de prestação continuada;

b. remuneração recebida pelo dirigente sindical;

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c. comercialização do artesanato rural, conforme §5ºdo artigo 200 do RPS (processos de beneficiamentoou industrialização rudimentar), bem como ossubprodutos e os resíduos obtidos por meio dessesprocessos;

d. contratos de arrendamento firmados emcumprimento à orientação contida no item 1.10da OS/INSS, nº 590/97, com registro oureconhecimento de firma efetuados até 28/11/1999,data da publicação do Decreto nº 3.265/99, até ofinal do prazo estipulado em cláusula;

e. contratos de parceria e meação efetuados até 21/11/2000, data da publicação do Decreto nº 3.668/2000.

Também não se considera segurado especial a pessoafísica, proprietária ou não, que explora a atividadeagropecuária ou pesqueira por intermédio depreposto, com ou sem o auxílio de empregados,observando-se que não descaracteriza a condição desegurado especial a outorga de até cinqüenta por centodo imóvel rural, cuja área total seja de no máximoquatro módulos fiscais, por meio de contrato deparceria ou meação, desde que o outorgante e ooutorgado continuem a exercer a respectiva atividade,individualmente ou em regime de economia familiar

Igualmente, não são segurados especiais: aquele queem determinado período utilizar mão-de-obra

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assalariada, sendo considerado nesse períodocontribuinte individual; os filhos menores de 21 anos,cujos pai e mãe tenham perdido a condição desegurados especiais por motivo do exercício de outraatividade remunerada, salvo se comprovarem oexercício de atividade rural individualmente; damesma forma, o arrendador de imóvel rural, ressalvadoo disposto no item “d” supra.

É importante ressaltar que não integram o grupofamiliar do segurado especial os filhos e filhas casados,genros e noras, sogros e sogras, tios e tias, sobrinhose sobrinhas, primos e primas, netos e netas e afins.

O próprio produtor é responsável pelo recolhimentoquando comercializar sua produção, com o adquirentedomiciliado no exterior, observando fatos geradoresocorridos até 11/12/01, conforme EmendaConstitucional nº 33; produtor rural pessoa física;outro segurado especial; consumidor pessoa física, novarejo; destinatário incerto ou quando não comprovarformalmente o destino da produção.

Pode ser responsável todo adquirente até 27/6/1997,que fica sub-rogado nas obrigações do produtor ruralpessoa física, a empresa adquirente, consumidora,consignatária ou a cooperativa que ficam sub-rogadasnas obrigações do produtor rural pessoa física e apessoa física não-produtor rural, que fica sub-rogadanas obrigações do produtor rural pessoa física quando

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adquire produção para venda, no varejo, aconsumidor pessoa física.

Não integram a base de cálculo das contribuições dosegurado especial o produto vegetal destinado aoplantio ou reflorestamento, o animal destinado areprodução ou criação pecuária ou granjeira, o animalutilizado como cobaia para fins de pesquisas científicasno País e o vegetal vendido por pessoa ou entidadeque, registrada no Ministério da Agricultura, Pecuáriae Abastecimento, se dedique ao comércio de sementese de mudas no País.

A partir de 1º/11/91, o segurado especial podecontribuir facultativamente para ter direito a umbenefício superior a um salário mínimo.

Até 28/11/99, considera-se salário de contribuição osalário base; a partir de 29/11/99, salário decontribuição é o valor declarado pelo trabalhador,observado o limite mínimo e o máximo.

O segurado especial deve fazer sua inscrição e a deseu respectivo grupo familiar na Agência daPrevidência Social ou nos serviços disponibilizadosaos usuários. Deverá, outrossim, efetuar sua matrículano Cadastro Específico do INSS – CEI.

É importante salientar que no empreendimento deatividades de agroturismo, o pequeno produtor ruraldeseja conciliar a agricultura familiar com o

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agroturismo sem perder a condição de seguradoespecial junto à Previdência Social. Entretanto, talconciliação não é possível, porque a legislação é clarae taxativa ao dispor que não é segurado especial omembro do grupo familiar que possuir outra fonte derenda, proveniente de qualquer natureza, com asexceções descritas anteriormente neste item.

Assim, ao optar pelo exercício de atividades deagroturismo, de acordo com a legislação vigente, opequeno produtor rural estará optando, igualmente,pela perda de sua condição de segurado especial.

5.1.2 Pessoa Física/Contribuinte Individual

O contribuinte individual não é segurado especial.Denomina-se Produtor Rural Pessoa Física aquele que,sendo proprietário ou não, desenvolve em área urbanaou rural atividade agropecuária (agrícola, pastoril ouhortifrutigranjeira), pesqueira ou silvicultural, bemcomo a extração de produtos primários, vegetais ouanimais, em caráter permanente ou temporário,diretamente ou por intermédio de prepostos.Oprodutor rural pessoa física é considerado contribuinteindividual: quando exerce atividade rural diretamenteou por intermédio de terceiros, com auxílio deempregados; quando exerce a atividade rural atravésde prepostos; quando, como pescador, exerce atividadepesqueira trabalhando em regime de parceria, meação

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ou arrendamento, em embarcação com mais de 6toneladas de arqueação bruta, na condição exclusivade parceiro outorgante; quando, como marisqueiro,sem utilizar embarcação pesqueira, exerce atividadede captura dos elementos animais ou vegetais comauxílio de empregados.

Entende-se que o produtor rural explora a atividaderural através de prepostos quando, na condição deparceiro outorgante, utiliza-se de parceiros ou meeirospara desenvolver a atividade agropecuária oupesqueira.

Observe-se que, quando o produtor exercer atividadeatravés de prepostos, mesmo quando não tiverempregados, será considerado contribuinte individual.

É responsável pelo recolhimento o produtor ruralpessoa física – contribuinte individual - e deverárecolher as contribuições retidas de seus empregados,devidas a terceiros, decorrentes da prestação deserviços por contribuintes individuais de 05/96 até02/2000, decorrentes da prestação de serviços porcontribuintes individuais a partir de 11/2001.

Não integram a base de cálculo das contribuições doprodutor rural pessoa física o produto vegetaldestinado a plantio ou reflorestamento, animaldestinado a reprodução ou criação pecuária ougranjeira, o animal utilizado como cobaia para fins

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de pesquisas científicas no País e os vegetais vendidospor pessoa ou entidade que, registrada no Ministérioda Agricultura, Pecuária e Abastecimento, se dediqueao comércio de sementes e de mudas no País.

5.1.3 Contribuição Pessoal

Conforme descrito no item 5.1.1, é facultada aosegurado especial contribuição pessoal de forma aaumentar o valor do benefício, sem perder a suacondição de segurado especial.

Já o produtor rural pessoa física é contribuinteobrigatório. Assim, deve recolher mensalmente suacontribuição individual.

5.1.4 Salário de Contribuição

Para os segurados filiados ao regime geral daPrevidência Social até o dia 28/11/99, considera-sesalário de contribuição o salário base; para ossegurados filiados após o dia 28/11/99, considera-sesalário de contribuição a remuneração auferida,observado o limite mínimo e o máximo.

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5.1.5 Consórcio Simplificado deProdutores Ruras

Consórcio Simplificado de Produtores Rurais é a uniãode produtores rurais, pessoas físicas, com a finalidadede contratar trabalhadores para prestação de serviçosexclusivamente aos seus integrantes, sendo outorgadosa um deles poderes para contratar, demitir e gerir amão-de-obra a ser utilizada em suas propriedades.

Com essa união, os produtores rurais objetivamregularizar a contratação da mão-de-obra e racionalizarcustos no cumprimento da legislação trabalhista eprevidenciária.

O consórcio tem como características:

a. sua formalização, feita através de documentoregistrado em cartório de títulos e documentos;

b. identificação de cada produtor, em documento queconterá seu endereço pessoal e o de suapropriedade, bem como o respectivo registro noIncra ou informações relativas a parceria,arrendamento e matrícula CEI de cada um dosprodutores rurais;

c. matrícula específica no Cadastro Específico do INSS-CEI para cada integrante do consórcio;

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d. matrícula do consórcio no Cadastro Específico doINSS-CEI em nome do empregador a quem hajamsido outorgados os poderes para contratar, demitire gerir a mão-de-obra;

e. outorga de poderes somente para contratar, gerir edemitir trabalhadores rurais na condição deempregados (art. 200-A, Decreto nº 3048/99);

f. responsabilidade sólida dos produtores ruraisintegrantes do consórcio em relação às obrigaçõesprevidenciárias;

g. equiparação do consórcio simplificado deprodutores rurais ao empregador rural pessoafísica;

h. recolhimento das contribuições incidentes sobre afolha de pagamento em caso de contratação peloconsórcio simplificado de produtores rurais deoutras categorias de segurados que não o seguradoempregado.

As contribuições devidas pelo consórcio, relativas àparte patronal, serão substituídas pelas contribuiçõesincidentes sobre a comercialização da produção ruraldos respectivos integrantes.

A substituição das contribuições acima referidas ocorreem relação ao consórcio simplificado de produtores

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rurais apenas em caso de remuneração de seguradosempregados contratados para prestarem serviçosexclusivamente aos seus integrantes

Cada produtor terá duas matrículas CEI, umaindividual, por meio da qual serão recolhidas ascontribuições de seus empregados permanentes e sobrea comercialização de sua produção rural; outracoletiva, na qual serão recolhidas as contribuições dosempregados comuns.

5.1.6 Produtor Rural Pessoa Jurídica

Produtor rural pessoa jurídica é a empresa legalmenteconstituída que se dedica à atividade agropecuáriaou pesqueira, em área urbana ou rural.

Quanto a esse tipo de contribuinte, há consideraçõesimportantes, como:

a. a partir de1º/08/94, a contribuição incidente sobrea receita bruta proveniente da comercialização daprodução rural substitui as contribuições sobre afolha de pagamento a cargo da empresa (20% -Seguridade Social e 3% - SAT) devidas peloprodutor rural pessoa jurídica;

b. se, além da atividade rural, explorar também outraatividade econômica autônoma, quer seja

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comercial, industrial ou de serviços, no mesmoou em estabelecimento distinto, independente-mente de qual seja a atividade preponderante, devecontribuir com base na folha de pagamento dossegurados a seu serviço, para todas as suasatividades;

c. se, porém, mantiver escritório administrativo,exclusivamente para o exercício de atividade rural,deve contribuir com base na receita bruta dacomercialização da produção rural;

d. se produzir ração exclusivamente para alimentaçãodos animais de sua própria produção, seráconsiderado produtor rural e, nessa condição, devecontribuir com base na receita bruta dacomercialização da produção, ao passo que seproduzir ração também para fins comerciais, seráconsiderado empresa agroindustrial;

e. no período de 05/96 a 02/2000, passou a contribuircom 15% sobre o valor da retirada dos empresários,e sobre o valor da remuneração paga ou creditadaa autônomos e equiparados, avulsos e demaispessoas físicas que lhes prestem serviços (LC 84/96);

f. a partir de 1º/03/2000, a contribuição sobre aremuneração paga ao contribuinte individual foisubstituída pela contribuição sobre acomercialização da produção rural;

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g. a partir de 1º/11/2001, passou a contribuir (art. 25,Lei 8870/94, com redação dada pela Lei 10256/01): com 20% sobre o valor da remuneração ouretribuição paga ou creditada no decorrer do mêsao contribuinte individual; com 15% sobre o valorda nota fiscal/fatura relativamente a serviçosprestados por intermédio de cooperativa detrabalho;

h. a partir de 1º/04/2003, é devida a contribuiçãoadicional de nove, sete, ou cinco pontospercentuais, a cargo da empresa tomadora deserviços de cooperado filiado a cooperativa detrabalho, incidente sobre o valor bruto da notafiscal ou fatura de prestação de serviços, conformea atividade exercida pelo cooperado permita aconcessão de aposentadoria especial após 15, 20ou 25 anos de contribuição, respectivamente - (MPnº 83, de 12/12/02, convertida na Lei nº 10666,de 08/05/2003 e IN INSS/DC nº 87, de 27/03/2003);

i. a partir de 1º/04/2003, deve arrecadar a contribuiçãodo segurado contribuinte individual a seu serviçoaté o limite máximo do salário de contribuição,descontando-a da respectiva remuneração, erecolher o valor arrecadado juntamente com acontribuição a seu cargo até o dia dois do mêsseguinte ao da competência; a contribuição a serdescontada é de 11% da remuneração, conformeMP nº 83, de 12/12/02, convertida na Lei nº 10666,

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de 08/05/2003 e IN INSS /DC nº 87, de 27/03/2003;

j. a partir de 1º/04/2003, é obrigado a efetuar ainscrição no Instituto Nacional do Seguro Social –INSS - dos seus contratados como contribuintesindividuais, ainda não inscritos.

5.1.7 Cooperativas de Produtores Rurais

É a sociedade de produtores rurais pessoas físicas oude produtores rurais pessoas físicas e pessoas jurídicasque tenham o objetivo de comercializar, ou deindustrializar, ou de industrializar e comercializar aprodução rural dos cooperados.

Eventualmente, a cooperativa rural poderá terprodução própria.

Para melhor compreensão sobre a cooperativa deprodutores rurais, acrescentam-se algunsesclarecimentos de caráter legal.

a. Cooperativa é a sociedade de pessoas, com forma enatureza jurídica própria, de natureza civil, nãosujeita a falência, constituída para prestar serviçosaos associados.

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b. O ingresso nas cooperativas é livre a todos os quedesejarem utilizar os serviços prestados pelasociedade, desde que adiram aos propósitos sociaise preencham as condições estabelecidas noestatuto, observando-se o estabelecido na definiçãoda letra “a”.

c. Poderão ingressar nas cooperativas de pesca e nasconstituídas por produtores rurais ou extrativistasas pessoas jurídicas que pratiquem as mesmasatividades econômicas das pessoas físicasassociadas.

d. A entrega da produção do associado à suacooperativa significa a outorga a esta de plenospoderes para a sua livre disposição, inclusive paragravá-la e dá-la em garantia de operações de créditorealizadas pela sociedade, salvo se, tendo em vistaos usos e costumes relativos à comercialização dedeterminados produtos, sendo de interesse doprodutor, os estatutos dispuserem de outro modo.

e. As cooperativas agropecuárias e de pesca poderãoadquirir produtos de não associados, agricultores,pecuaristas ou pescadores, para completar lotesdestinados ao cumprimento de contratos ou suprircapacidade ociosa de instalações industriais dascooperativas.

f. As cooperativas poderão oferecer bens e serviços anão associados, desde que tal faculdade atenda

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aos objetivos sociais e estejam de conformidade coma Lei nº 5.764/71.

g. Qualquer que seja o tipo de cooperativa, não existevínculo empregatício entre ela e seus associados.

h. As cooperativas igualam-se às demais empresas emrelação aos seus empregados para os fins dalegislação trabalhista e previdenciária.

O enquadramento no código do Fundo de Previdênciae Assistência Social - FPAS -, que é o códigoidentificador da atividade da empresa utilizado paradeterminação das respectivas alíquotas decontribuição, em conjunto com a competência e oitem de cobrança, será feito de acordo com a atividadede cada estabelecimento da cooperativa.

No estabelecimento com atividade exclusivamenteadministrativa será utilizado o FPAS 795 se a atividadeda cooperativa estiver relacionada no DL 1.146/70,ou FPAS 787 para as demais.

Quando a sede administrativa estiver inserida dentrode estabelecimento com atividade relacionada noDecreto-Lei nº 1.146/70, deverá ser utilizado o FPAS795. Nas demais situações, mesmo em se tratando deestabelecimento com atividade exclusivamenteadministrativa, utilizar-se-á o FPAS 787.

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A contribuição pode ser feita:

a. sobre a folha de pagamento de todos os seusempregados;

b. sobre a remuneração ou retribuição paga oucreditada às pessoas físicas que lhe prestem serviços(Lei Complementar 84/96) até 02/2000;

c. sobre o total das remunerações pagas ou creditadasa qualquer título, no decorrer do mês, aossegurados contribuintes individuais que lhesprestem serviços (Lei 9876/99), a partir de 03/2000;

d. sobre o total das remunerações pagas ou creditadasa qualquer título aos segurados empregados parao Sescoop, a partir de 1º/01/99, com 2,5%;

e. sobre a folha de pagamento dos empregados quetrabalhem, exclusivamente, na colheita deprodução dos cooperados, a partir de 10/07/01.

A empresa que possuir trabalhador exposto a agentesnocivos químicos, físicos e biológicos ou a associaçãode agentes que comprovadamente sejam prejudiciaisà saúde ou à integridade física e propiciem aconcessão de aposentadoria especial, está sujeita aorecolhimento de alíquota adicional a partir dacompetência 04/99, de forma progressiva, conformequadro abaixo:

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a. A partir de 1º/04/2003 é devida a contribuiçãoadicional de nove, sete, ou cinco pontospercentuais, a cargo da empresa tomadora deserviços de cooperado filiado à cooperativa detrabalho, incidente sobre o valor bruto da notafiscal ou fatura de prestação de serviços, conformea atividade exercida pelo cooperado permita aconcessão de aposentadoria especial após 15, 20ou 25 anos de contribuição, respectivamente (MPnº 83, de 12/12/02, convertida na Lei nº 10.666,de 08/05/2003 e IN INSS/DC nº 87, de 27/03/2003).

b. A partir de º1°/04/2003, a cooperativa deve arrecadara contribuição do segurado contribuinte individuala seu serviço descontando-a da respectivaremuneração até o limite máximo do salário decontribuição, e recolher o valor arrecadadojuntamente com a contribuição a seu cargo até odia dois do mês seguinte ao da competência. Acontribuição a ser descontada é de 11% daremuneração (MP nº 83, de 12/12/02, convertidana Lei nº 10.666, de 08/05/2003 e IN INSS/DC nº87, de 27/03/2003).

c. A partir de 1º/04/2003, a cooperativa é obrigada aefetuar a inscrição no INSS dos seus contratadoscomo contribuintes individuais, se ainda nãoinscritos.

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A cooperativa que, a partir da introdução do art. 25Ada Lei 8.870/94, com a redação dada pela Lei nº10.256, de 9 de julho de 2001, passou a contratarpessoal para a colheita de produção de seuscooperados, deve recolher somente a parte descontadados empregados e a relativa a terceiros (2,7%), sendo0,2% Incra e 2,5% salário educação.

As contribuições relativas à parte patronal sãosubstituídas pelas contribuições incidentes sobre acomercialização da produção dos respectivoscooperados, nas seguintes situações: se os cooperadosforem pessoas físicas, a contribuição dos produtoresrurais é de 2,2% até a competência 12/2001, e de 2,3%a partir da competência 01/2002, sobre o valor daprodução comercializada; se os cooperados forempessoas jurídicas, a contribuição dos produtores ruraisé de 2,7% até a competência 12/2001, e de 2,85% apartir da competência 01/2002, sobre o valor daprodução comercializada.

Importante ressaltar que os encargos decorrentes dacontratação dos segurados empregados, que trabalhemexclusivamente na colheita de produção doscooperados, serão apurados separadamente dosrelativos aos empregados regulares da cooperativa,discriminadamente, por cooperado. Para tanto,deverão ser feitas folhas de pagamento distintas eobservadas as normas específicas de elaboração de Guiade Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempode Serviço e Informações à Previdência Social – GFIP.

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As cooperativas deverão preencher e recolher a guia(GFIP) por meio magnético, através do SEFIP, emrelação aos empregados, trabalhadores avulsos econtribuintes individuais que lhes prestem serviços.

5.2 IMPLICAÇÕES DE DIREITO CIVIL

5.2.1 Responsabilidade Civil: Noções gerais

Muito se tem discutido sobre o verdadeiro significadoda palavra responsabilidade, em seu sentido jurídico.

Toda manifestação da atividade humana traz em si oproblema da responsabilidade, sendo ela conceituadade diversas formas por muitos estudiosos daresponsabilidade civil. Mais aproximada de umadefinição de responsabilidade é a idéia de obrigação.A noção de garantia, empregada por alguns autores,em hábil expediente para fugir às dificuldades a queos conduz seu incondicional apego à noção de culpa,como substituta da responsabilidade, corresponde, elatambém, à concepção de responsabilidade.

Pode-se conceituar a palavra responsabilidade comoa repercussão obrigacional da atividade humana, comoleciona Aguiar Dias.

Ao introduzir o conceito de responsabilidade civil,Carlos Alberto Gonçalves ensina que “o instituto da

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responsabilidade civil é parte integrante do direitoobrigacional, pois a principal conseqüência práticade um ato ilícito é a obrigação que acarreta, para oseu autor, de reparar o dano, obrigação esta de naturezapessoal, que se resolve em perdas e danos”.5

Há um salutar princípio jurídico geral que, objetivandoresguardar os interesses, os direitos e as obrigações dohomem no seio da sociedade, estabelece a todoindivíduo mentalmente sadio e capaz a obrigação deresponder por prejuízos cometidos a outrem, por meiode dolo ou de atuação negligente, imperita eimprudente, obrigação esta que será calculada, sob aperspectiva civilista, exclusivamente sobre a extensãodo dano e não pelo grau da culpa, seja ela grave, sejaleve ou mesmo levíssima.6

O artigo 186 do Código Civil aduz que “aquele que,por ação ou omissão voluntária, negligência ouimprudência, violar direito e causar dano a outrem,ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”

Da análise do artigo acima transcrito, conclui-se quequatro são os pressupostos da responsabilidade civil:ação ou omissão, culpa do agente, nexo de causalidadee dano sofrido pelo ofendido.

Analisemos, pois, cada um deles. 5 Gonçalves, 2002,p. 2

6 Croce; CroceJúnior, 1997, p. 02.

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5.2.1.1 Ação ou omissão

É através de uma ação ou omissão que o agente causaráum dano a outrem.

O elemento primário de todo ato ilícito é uma condutavoluntária no mundo exterior. Não háresponsabilidade civil e o conseqüente dever deindenizar sem determinado comportamento contrárioà ordem jurídica.

Quando se fala em ação ou omissão voluntária, estanão se pode confundir com vontade de ocorrência deum dano, ou seja, com a intenção de um resultadodanoso. A voluntariedade expressa no artigo 186 doCódigo Civil corresponde a agir por vontade própria,precipitadamente, ou com incapacidade manifesta.

Contudo, não se insere no contexto de‘voluntariedade’ o propósito ou a consciência doresultado danoso, ou seja, a deliberação ou consciênciade causar prejuízo. Este é um elemento definidor dodolo. A voluntariedade pressuposta na culpa é a daação em si mesma.

Quando o agente procede voluntariamente, e suaconduta voluntária implica ofensa ao direito alheio,advém o que se classifica como procedimento culposo.

Entretanto, este entendimento não é pacífico. Um dosque defendem que o artigo 186 do Código Civil

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consigna a idéia de dolo do agente é Carlos RobertoGonçalves, para quem o artigo 186 do Código Civilcogita do dolo logo no início, quando fala em açãoou omissão voluntária.7

Chamando a atenção para o fato de que aresponsabilidade pode derivar de ato próprio, de atode terceiro que esteja sob a guarda do agente, e dedano ocasionado por coisas ou animais que lhepertençam, o que, neste último caso, pode ser bastantefreqüente em se tratando de agroturismo, eis queacidentes de pessoas com animais são comuns, CarlosRoberto Gonçalves explica que a responsabilidade pordanos causados por animais e coisas que estejam soba guarda do agente é, em regra, objetiva: independede prova de culpa.8

Passa-se, então, ao exame da culpa.

5.2.1.2 Culpa e dolo

A culpa, genericamente entendida, é fundo animadordo ato ilícito, da injúria, ofensa ou má condutaimputável. Nesta figura encontram-se dois elementos:o objetivo, expresso na iliceidade, e o subjetivo, domau procedimento imputável. A conduta reprovável,por sua parte, compreende duas projeções: o dolo,no qual se identifica a vontade direta de prejudicar,configura a culpa no sentido amplo; e a simples

7 Gonçalves, 2002,p. 32.

8 Gonçalves, 2002,p. 32.

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negligência (negligência, imprudência, imperícia) emrelação ao direito alheio, que vem a ser a culpa nosentido restrito e rigorosamente técnico.9

Assim, a culpa em sentido amplo abrange não somenteo ato ou conduta intencional, dolo, mas também osatos ou condutas eivados de negligência, imprudênciaou imperícia, qual seja, a culpa em sentido estrito.10

Embora o Código Civil não faça distinção entre osgraus de culpa, convencionou-se tripartir a culpa emtrês graus: grave, leve e levíssima: a grave é a que semanifesta de forma grosseira, aproximando-se do dolo,sendo também incluída nesta a culpa consciente,quando o agente assume o risco de que o eventodanoso e previsível não ocorrerá; a culpa levecaracteriza-se pela infração de um dever de condutacompatível ao homem médio, o bonus pater familiae; aculpa levíssima, por sua vez, é caracterizada pela faltade atenção extraordinária, que somente uma pessoamuito atenta ou perita poderia possuir.11

Distinguem-se, ainda, outras modalidades de culpa,quais sejam, a culpa in vigilando, que promana deausência de fiscalização por parte do patrão, querrelativamente aos seus empregados, quer no tocante àprópria coisa, o que inclui animais; a culpa in eligendo,que se traduz na má escolha de representante oupreposto; a culpa in committendo, quando o agentepratica ato positivo (imprudência) e culpa in omittendo,

9 Dias, 1995, p. 108.

10 Venosa, 2002, p.22.

11 Venosa, 2002, p.23.

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caracterizada pela decorrência de uma abstenção(negligência).12

5.2.1.3 Nexo causal

Um dos pressupostos da responsabilidade civil é onexo causal entre o fato ilícito e o dano por eleproduzido. Sem essa relação de causalidade, não seadmite a obrigação de indenizar. Assim, o dano sópode gerar responsabilidade quando seja possívelestabelecer um nexo causal entre ele e o seu autor.

Nexo causal é a relação de causa e efeito entre aconduta culpável do agente e o dano por elaprovocado. O dano deve ser fruto de condutareprovável do agente. Não havendo essa relação, nãose pode falar em ato ilícito.

Não basta que o agente haja procedido contra o direito,isto é, não se define a responsabilidade pelo fato decometer um ‘erro de conduta’; não basta que a vítimasofra um ‘dano’, que é o elemento objetivo do deverde indenizar, pois, se não houver um prejuízo, aconduta antijurídica não gera obrigação ressarcitória.É necessário que se estabeleça uma relação de causalidadeentre a injuricidade da ação e o mal causado, ‘é precisoque esteja certo que, sem esse fato, o dano não teriaacontecido’.13

12 Stoco, 1997, p. 57.

13 Pereira, 1998, p.75.

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Na identificação do nexo de causalidade, há duasquestões a serem analisadas: primeiramente, adificuldade em sua prova; em seguida, a identificaçãodo fato que constitui a verdadeira causa do dano,principalmente quando este decorre de múltiplascausas. Normalmente, aponta-se a teoria dacausalidade adequada, ou seja, a causa predominanteque ocasionou o dano, o que nem sempre satisfaz nocaso concreto.14

Como excludentes do nexo causal, tem-se o casofortuito ou força maior, fato de terceiro e culpaexclusiva da vítima.

5.2.1.4 Dano

Não há responsabilidade sem que do ato ilícito resulteum dano, caracterizado pela lesão de qualquer bemjurídico, e aí se inclui o dano moral. Entretanto, emsentido estrito, dano é a lesão do patrimônio; epatrimônio é o conjunto das relações jurídicas de umapessoa, apreciáveis em dinheiro. Aprecia-se o danotendo em vista a diminuição sofrida no patrimônio.15

Com efeito, o elemento subjetivo da culpa é o deverviolado. A responsabilidade é uma reação provocadapela infração a um dever preexistente. No entanto,ainda mesmo que haja violação de um dever jurídicoe que tenha havido culpa, e até mesmo dolo, por parte

14 Venosa, 2002, p.37.

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16 Venosa, 2002, p.28.

do infrator, nenhuma indenização será devida, umavez que não se tenha verificado prejuízo.

O dano deve ser atual e certo, não sendo indenizáveis,a princípio, os danos hipotéticos. A apuração dodano se dá com a determinação do prejuízoefetivamente suportado pela vítima. O Código Civilbrasileiro traz um capítulo específico sobre aliqüidação do dano, sobre a apuração dos prejuízose, conseqüentemente, a indenização cabível aoofendido em seus direitos.

O artigo 402 do Código Civil dispõe que, “salvo asexceções previstas neste Código, de modo expresso,as perdas e danos devidos ao credor abrangem, alémdo que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmentedeixou de ganhar.” Assim, está-se diante das figurasdo dano emergente e dos lucros cessantes.

Dano emergente é o chamado dano positivo, quetraduz uma diminuição do patrimônio, uma perdapor parte da vítima: aquilo que efetivamente perdeu.Na prática, é o dano mais facilmente avaliável, eisque depende exclusivamente de dados concretos16.

O lucro cessante, por sua vez, é tudo aquilo que avítima deixou de ganhar, em virtude da ocorrênciado dano. Diferentemente do dano emergente, não étão fácil de ser avaliado, posto que se deve consideraro que a vítima receberia caso não tivesse ocorrido odano.

15 Alvim apudGonçalves, 2002, p.

529.

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Recentemente, surgiu também a questão do danoreflexo, ou dano em ricochete, que seria o dano sofridopor uma pessoa em virtude de dano causado a outra.Importa sempre, no caso concreto, verificar o nexode causalidade. O ofensor deve reparar todo danoque causou segundo o nexo de causalidade. Emprincípio, os danos causados reflexamente não devemser indenizados. A única exceção aberta pela lei é aindenização decorrente de morte, admitindo-se queseja pleiteada por aqueles que viviam sob suadependência econômica.17

5.2.2 Responsabilidade Civil Subjetiva eObjetiva

Em rigor, não se pode afirmar serem espécies diferentesde responsabilidade, mas sim maneiras diferentes deencarar a obrigação de reparar o dano.

Diz-se ser subjetiva a responsabilidade quando seinspira na idéia de culpa, e objetiva quando esteadana teoria do risco.

Na responsabilidade objetiva, portanto, a atitudeculposa ou dolosa do agente causador do dano é demenor relevância, pois, desde que exista relação decausalidade entre o dano experimentado pela vítimae o ato do agente, surge o dever de indenizar.17 Venosa, 2002, p.

29.

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18Dias, 1995, p. 49.

A teoria do risco é a da responsabilidade objetiva evem consignada no parágrafo único do artigo 927 doCódigo Civil. Segundo a teoria, aquele que, atravésde sua atividade, cria um risco de dano para terceiros,deve ser obrigado a repará-lo, ainda que sua atividadee seu comportamento sejam isentos de culpa. Examina-se a situação, e, se for verificada objetivamente arelação de causa e efeito experimentado pela vítima,esta tem direito de ser indenizada por aquele.

Igualmente, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) tem-se manifestado no sentido de que “a responsabilidadefundada no risco da atividade, como previsto nasegunda parte do parágrafo único do art. 927 do novoCódigo Civil, configura-se quando a atividadenormalmente desenvolvida pelo autor do dano causara pessoa determinada um ônus maior do que aosdemais membros da coletividade.”

A teoria subjetiva da responsabilidade tem-se mostradoinsuficiente para a proteção da vítima. Imprescindívelse tornava, para a solução do problema daresponsabilidade extracontratual, afastar-se doelemento moral para colocar a questão sob um ânguloaté então não encarado devidamente, isto é, sob oponto de vista exclusivo da reparação18. Nessecontexto, surge a teoria da responsabilidade objetiva,a qual prescinde do elemento culpa e se satisfaz como nexo causal e o dano.

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Nos casos em que a culpa é presumida, inverte-se oônus da prova, ficando, então, a cargo do réu provaralguma excludente. Ao autor basta apenas provar odano e o nexo de causalidade.

Para o presente estudo, em que se procura analisar asimplicações da responsabilidade civil aos agricultoresque desenvolvem atividades de agroturismo, éimportante a ciência de que:

a. os empresários individuais e as empresas respondemindependentemente de culpa (teoria do risco)pelos danos causados pelos produtos postos emcirculação, conforme disposto no artigo 931;

b. ainda que não haja culpa da sua parte, responderãosolidariamente pelos atos de seus empregados,serviçais e prepostos, no exercício do trabalho quelhes competir, ou em razão dele, conforme artigo932, III;

c. se exercerem atividades de hospedagem, nos casosde hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentosonde se albergue por dinheiro, respondemsolidariamente, independentemente de culpa,pelos seus hóspedes/moradores, conformedisposição do artigo 932, IV;

d. o dono ou detentor do animal ressarcirá o danopor este causado, se não provar culpa exclusiva

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da vítima ou força maior, conforme artigo 936,todos do Código Civil;

O caso previsto no item “a” também encontradisposições no Código de Defesa do Consumidor, emseu artigo 12, abaixo transcrito:

“Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor,nacional ou estrangeiro, e o importador respondem,independentemente da existência de culpa, pelareparação dos danos causados aos consumidores pordefeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção,montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ouacondicionamento de seus produtos, bem como porinformações insuficientes ou inadequadas sobre suautilização e riscos.

§1º. O produto é defeituoso quando não fornece asegurança que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entreas quais:

I - sua apresentação;

II – o uso e os riscos que razoavelmente dele seesperam;

III – a época em que foi posto em circulação.

§2º. O produto não é considerado defeituoso pelofato de outro de melhor qualidade ter sido colocadono mercado.

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§3º. O fabricante, o construtor, o produtor ouimportador só não será responsabilizado quandoprovar:

I – que não colocou o produto no mercado;

II – que, embora haja colocado o produto no mercado,o defeito inexiste;

III – a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.”

Assim, o agricultor que puser à venda produtos,mesmo artesanais, responderá pelos danos causadosaos consumidores decorrentes de defeitos no produto.

Importa frisar que no caso dos itens “b” e “c”, aqueleque ressarcir o dano provocado por outrem pode reavero que houver pago daquele por quem pagou, salvo seo causador do dano for descendente seu, absoluta ourelativamente incapaz.

Há solidariedade, nos casos acima apontados, quandona mesma obrigação concorre mais de um devedor,cada um obrigado à dívida toda.

Para que a responsabilidade do patrão emerja, faz-senecessária a presença dos seguintes pressupostos:

a. culpa do empregado;

b. relação de emprego ou de dependência do agentedireto do dano para com o patrão;

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c. que o ato danoso do preposto se dê no exercício dotrabalho, ou por ocasião dele.19

Desta forma, se o empregado que causou o dano nãoteve culpa, nem ele nem seu patrão devem responder.

O segundo elemento é a relação de emprego ou depreposição. Quando o patrão contrata empregado paradeterminada tarefa, ou quando o preponenteencarrega o preposto de certa atividade cria-se umrisco de que eles causem dano a terceiro. Se a relaçãode emprego ou de preposição inexiste, não houve acriação daquele risco pelo patrão ou preponente,donde derivaria para eles o dever de indenizar.

Quanto a este tipo de responsabilidade, o STJ, noRecurso Especial nº 200.808, do Rio de Janeiro,manifestou-se no sentido de que “há presunção deresponsabilidade civil da empresa ou instituição porato ilícito praticado por seu preposto com dolo ouculpa (imprudência ou negligência), devendo estareparar o dano material e/ou moral.”

Quanto aos hospedeiros e estalajadeiros, além dodisposto anteriormente, é importante atentarem paraa regra contida no artigo 649 do Código Civil, que aeles atribui a responsabilidade, como depositários,pelas bagagens dos hóspedes, entendendo que essaresponsabilidade os alcança ainda quando o prejuízodecorra de roubos ou furtos perpetrados por pessoasempregadas em suas casas.

19 Rodrigues, 2003,vol. IV, p. 72.

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Tal responsabilidade é contratual, e diz respeito nãosó à segurança quanto à pessoa do hóspede –responsabilidade objetiva, como também se estendeàs suas bagagens. Na verdade, o hospedeiro assume aobrigação de garantia para com os viajantes no sentidode que as bagagens que estes trazem consigo lhes serãodevolvidas intactas, a menos que ocorra uma dasexcludentes da responsabilidade mencionadas no art.650 do Código Civil, a saber:

a. se os hospedeiros provarem que os fatos prejudiciaisaos hóspedes, viajantes ou fregueses não podiamter sido evitados, a despeito de haverem sidotomadas todas as cautelas;

b. se demonstrarem haver ocorrido força maior, comonas hipóteses de escalada, invasão da casa, rouboa mão armada ou violências semelhantes.

Afora tais hipóteses, respondem os hospedeiros pelasbagagens de seus viajantes, hóspedes e fregueses.

Importante mencionar a responsabilidade pelo furtode veículos dentro do estabelecimento. Se o agricultorfornecer estacionamento para seus hóspedes ouclientes, responde, perante eles, pela reparação dedano ou furto do veículo ocorrido em seuestacionamento. Tal responsabilidade é tambémobjetiva, ou seja, independe de culpa.

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O Código de Defesa do Consumidor prevê, ainda, aresponsabilidade do fornecedor de serviços, em seuartigo 14, abaixo transcrito:

“Art. 14. O fornecedor de serviços responde,independentemente da existência de culpa, pelareparação dos danos causados aos consumidores pordefeitos relativos à prestação dos serviços, bem comopor informações insuficientes ou inadequadas sobresua fruição e riscos.

§1º. O serviço é defeituoso quando não fornece asegurança que o consumidor dele pode esperar,levando-se em consideração as circunstânciasrelevantes, entre as quais:

I- o modo de seu fornecimento;

II – o resultado e os riscos que razoavelmente dele seesperam;

III- a época em que foi fornecido.

§2º. O serviço não é considerado defeituoso pelaadoção de novas técnicas.

§3º. O fornecedor de serviços só não seráresponsabilizado quando provar:

I- que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;

II – a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.”

(...)

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Ainda no caso de atividade hoteleira ou de hospedaria,há que se mencionar caso interessante julgado peloSTJ, onde há incidência do artigo 14 do CDC (Códigode Defesa do Consumidor):

Hotel (fornecedor) . Responsabilidade. CulpaHotel (fornecedor) . Responsabilidade. CulpaHotel (fornecedor) . Responsabilidade. CulpaHotel (fornecedor) . Responsabilidade. CulpaHotel (fornecedor) . Responsabilidade. Culpaconcorrente da ví t ima.concorrente da ví t ima.concorrente da ví t ima.concorrente da ví t ima.concorrente da ví t ima. O hotel é civilmenteresponsável por não sinalizar, convenientemente, aprofundidade da piscina de acesso livre aos hóspedes(CDC 14); mas a concorrência de culpa da vítimapermite a redução da condenação imposta aofornecedor (CDC 12 §3º III) (STJ, 4ª T. Resp 287849-SP, rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, 17.4.2001).

O agricultor que mesmo simultaneamente exerceratividade de hospedaria e agricultura, por maissimples que seja o seu estabelecimento, deve atentarpara todos os detalhes da atividade, sob pena de, emcaso de ocorrência de dano, ser responsabilizadocivilmente.

Outro ponto importante a ser analisado, em setratando de agroturismo, é a responsabilidade pelodano causado por animal. Com a vigência do CódigoCivil de 2002, há uma presunção de responsabilidadedo dono, ou detentor, que só pode ser revertida pelaprova de imprudência da vítima, força maior ou casofortuito.

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5.2.3 Causas de Irresponsabilidade ouExcludentes de Responsabilidade

São excludentes de responsabilidade ou causas deirresponsabilidade a culpa exclusiva da vítima, o casofortuito ou de força maior, o fato de terceiro e, atuandoexclusivamente no campo contratual, a cláusula denão indenizar. Existem outras excludentes, tais comoa legítima defesa, o exercício regular de direito e oestrito cumprimento de dever legal; porém, sua análisenão é relevante para o presente estudo.

Na maioria das hipóteses acima, a presença de umaexcludente de responsabilidade atenua ou extingueo dever de ressarcir, por atenuar ou extinguir a relaçãode causalidade.

5.2.3.1 Culpa exclusiva da vítima

Se a culpa é exclusiva da vítima, inexiste, pordefinição, culpa do agente causador do dano e,obviamente, não há relação de causa e efeito entre oato culposo deste e o prejuízo. Quando há culpaconcorrente da vítima e do agente causador do dano,a responsabilidade e, conseqüentemente, aindenização são repartidas, podendo as frações deresponsabilidade ser desiguais, de acordo com aintensidade da culpa.20

20 Venosa, 2002, p.38

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Ordinariamente, em caso de concorrência de culpa,o juiz divide a indenização e só impõe ao agentecausador do dano o ônus de reparar por metade oprejuízo, deixando que a vítima arque com a outrametade. Contudo, a divisão da indenização nãoprecisa, necessariamente, ser feita por metade,podendo variar segundo o grau de culpabilidade dequalquer das partes, conforme parágrafo anterior.

Seguem abaixo duas jurisprudências que tratam dotema:

“Dono de animal. A responsabilidade presumidado dono de animal pelos danos causados aterceiros é relativa, razão pela qual, sedemonstrada a imprudência da vítima aoingressar em local privado da residência, nomomento em que foi atacada pelos cães, afasta-se o dever de indenizar do proprietário,mormente se este os guardava e vigiava de formaadequada.” (RT 787/229)

“Civil. Dano Material. CDC. Hotel Fazenda.Hóspede que cai do cavalo. Danificação defilmadora. Responsabilidade Civil Objetivaafastada. Culpa exclusiva da consumidora. 1. Ohotel fazenda, na qualidade de fornecedor deserviços, é, em regra, responsabilizadoobjetivamente pelos danos que vier a causar aconsumidor, em razão da prestação do serviçodefeituoso. 2. No entanto, consumidora-hóspede que, mesmo sem saber montar, sujeita-se a andar a cavalo, portando nas mãos umafilmadora, e, devido ao refugo do animal, sofre

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uma queda e vê danificado o aparelho defilmagem, age com culpa exclusiva, afastando,assim, a responsabilidade civil objetiva dofornecedor de serviços.” (TJDF, Apelação Cívelnº 20010110791862, 13.06.2002)

De forma a evidenciar a culpa exclusiva da vítima/cliente em caso de ocorrência de dano, o agricultorque exerce atividade de agroturismo deve forneceravisos, efetuar sinalizações, entre outros, facilitandoa comprovação de que atuou com total zelo em seuempreendimento, demonstrando ter havido descuidoda própria vítima/cliente.

5.2.3.2 Caso fortuito e força maior

O artigo 393, parágrafo único do Código Civil, defineo caso fortuito ou de força maior como o fatonecessário, cujos efeitos não era possível evitar ouimpedir. É, em rigor, o ato alheio à vontade das partescontratantes ou do agente causador do dano quetampouco derivou da negligência ou imperíciadaqueles ou deste.

Essas duas situações constituem excludentes daresponsabilidade porque afetam a relação decausalidade, rompendo-a, entre o ato do agente e odano sofrido pela vítima.21

21 Gonçalves, 2002,p. 737.

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Como exemplo, podemos citar caso de temporal, emque um isolador se desprende e a vítima, que esbarrano fio elétrico, vem a ser eletrocutada. Neste caso, emque incidiu caso fortuito ou força maior, não se podeculpar ninguém.

Muito embora não se costume fazer diferenciação entreo caso fortuito e a força maior, alguns doutrinadores,como Agostinho Alvim, fazem distinção quanto àexterioridade ou interioridade do evento caracterizadocomo fortuito, conforme segue:

“A distinção que modernamente a doutrina vemestabelecendo, aquela que tem efeitos práticose que já vai se introduzindo em algumas leis, é aque vê no caso fortuito um impedimentorelacionado com a pessoa do devedor ou com asua empresa, enquanto que a força maior é umacontecimento externo.

Tal distinção permite estabelecer umadiversidade de tratamento para o devedor,consoante o fundamento da suaresponsabilidade.

Se esta fundar-se na culpa, bastará o casofortuito para exonerá-lo. Com maioria de razão oabsolverá a força maior.Se a sua responsabilidade fundar-se no risco,então o simples caso fortuito não o exonerará.Será mister haja força maior, ou como algunsdizem, caso fortuito externo.”22 (grifo nosso)22 Alvim apud

Gonçalves, 2002, p.208.

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De fato, parece inteiramente justificável a idéia deque quando o fato de que resultou o acidente estáligado à pessoa, ou à coisa, ou à empresa do agentecausador do dano (o que se poderia chamar de fortuitointerno), mais rigoroso deve ser para com este ojulgador, ao decidir a demanda proposta pela vítima.

Muito embora a doutrina esteja se encaminhado paraesta direção, a jurisprudência não é muito firme nempara uma, nem para a outra. Esta liberalidade, maisou menos extensa, que a flexibilidade da expressãocaso fortuito ou de força maior oferece ao juiz e quepor ele é discretamente usada talvez se apresente comoinstrumento útil para corrigir as distorções que aprópria vida apresenta. Valendo-se de tal liberdade efugindo de uma apreciação objetiva, excessivamenterígida, quem sabe conseguirá o julgador chegar aconclusões que melhor atendam ao interesse social.

5.2.3.3 Fato de terceiro

Terceiro é qualquer pessoa além da vítima ou dosuposto responsável.

O fato de terceiro pode derivar do comportamento deuma pessoa que não tenha qualquer ligação com avítima ou com o agente causador do dano, como podedecorrer do comportamento de pessoa por quem oresponsável deva responder, tais como seus prepostos,

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filhos, pupilos, curatelados, auxiliares, etc. Neste caso,quando o dano resulta de fato do preposto, não háexoneração de responsabilidade, pois terceiro ésomente aquele por quem o indigitado responsávelnão responde, muito embora aquele que paga aindenização possa valer-se de ação regressiva contraseu preposto, causador direto do prejuízo.

O fato de terceiro pode ser o causador exclusivo dodano ou ser apenas o causador concorrente doprejuízo. Cada uma dessas hipóteses deve serexaminada separadamente.

Quando o fato de terceiro é fonte exclusiva do prejuízo,desaparece qualquer relação de causalidade entre ocomportamento do indigitado responsável e a vítima.O contrato de transporte é um contrato em que existeuma obrigação de resultado (entregar o passageiro emperfeitas condições ao lugar de destino). Desta forma,o disparo feito no interior de um ônibus por terceiroexime o transportador de responsabilidade pelo danoexperimentado pelo passageiro ferido com o projétil.

Assim também ocorre com o agricultor que se obrigoua fornecer sua colheita a um comerciante, ou a matéria-prima por ele produzida a um industrial, e que foiimpedido de cumprir a obrigação em virtude deterroristas haverem incendiado sua lavoura ou suafábrica. Houve fatos de terceiro, absolutamenteirresistíveis, que tornaram impossível o cumprimento

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da obrigação. O fato de terceiro, na hipótese, éequivalente a força maior. Ele exonera o devedor daobrigação de reparar, em virtude da quebra do nexode causalidade.23

O fato de terceiro, para excluir integralmente aresponsabilidade do causador direto do dano, há quese vestir de características semelhantes às do casofortuito, sendo imprevisível e irresistível. Nessahipótese, não havendo relação de causalidade, nãohá responsabilidade pela reparação.

Ocorre que, às vezes, o ato danoso pode ser causadoparcialmente por terceiro, podendo haver situaçõesem que a vítima, o indigitado responsável e um terceiroconcorrem para o resultado desastroso. Em casos comoeste, a responsabilidade subdivide-se de acordo como grau de culpa, que é o grau de causalidade de cadaqual.

5.2.3.4 Cláusula de irresponsabilidade oucláusula de não indenizar

Essa excludente consiste na estipulação prévia pordeclaração unilateral, ou não, através da qual a parteque viria a obrigar-se civilmente perante outra afasta,de acordo com esta, a aplicação da lei comum ao seucaso.24 23 Rodrigues, 2002,

p. 171.

24 Stoco, 1997, p. 4.

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As cláusulas de não indenizar se restringem ao âmbitoda responsabilidade contratual, não se admitindo emmatéria extracontratual.

Nem sempre é fácil ter certeza de que uma cláusulade não indenizar é válida. Contudo, para se fazer talanálise, o caminho menos complexo é averiguar se aconvenção atende a interesse de ordem privada, emque pode haver aplicação desta excludente, o que nãoocorre com as normas de caráter público.

Sobre o assunto, Carlos Roberto Gonçalves lecionaque:

Muito se discute a respeito da validade de taltipo de cláusula. Para alguns, seria uma cláusulaimoral, porque contrária ao interesse social.Vedando-a, principalmente nos contratos deadesão, estar-se-á protegendo a parteeconomicamente mais fraca (Aguiar Dias,Cláusula , cit . n.15). Outros, entretanto,defendem-na, estribados principalmente noprincípio da autonomia da vontade: as partessão livres para contratar, desde que o objeto docontrato seja lícito.25

Diga-se que um dos argumentos mais utilizados pelosdefensores da ilegitimidade da cláusula de nãoindenizar baseia-se no fato de tal cláusula fomentar adesídia, a negligência e a imprudência do contratante,pois, não tendo de responder pelos efeitos desastrososdo seu comportamento, não zela por esmerá-lo.26

25 Gonçalves, 2002,p. 745.

26 Rodrigues, 2002,p. 227.

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O primeiro requisito de sua validade é a bilateralidadedo consentimento. Isso significa que não pode umadas partes fugir à responsabilidade pela meradeclaração unilateral de sua vontade, sem aconcordância da outra.

Conseqüentemente, é inteiramente ineficaz adeclaração unilateral do hoteleiro, alegando que nãose responsabiliza pelos furtos das bagagens dosviajantes hospedados em seu hotel, pois tal declaraçãonão apenas não conta com o assentimento do hóspede,como colide com o disposto no artigo 649 do CódigoCivil.

Também é unânime o entendimento de que a cláusulade não indenizar não pode eximir o dolo doestipulante.

Desta forma, temos que a utilização de cláusula denão indenizar, como forma de exclusão daresponsabilidade no caso de atividades de agroturismo,por si só não é totalmente segura, pois ainda hádiscussão sobre a sua validade e limitação de seualcance. Assim, como forma de precaver-se, pode oagricultor utilizar termo de irresponsabilidade/cláusulade não indenizar, porém tal documento pode serdiscutido judicialmente.

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5.3 IMPLICAÇÕES DE DIREITO DOTRABALHO

Empregado, conforme a Consolidação das Leis doTrabalho, é toda pessoa física que prestar serviços denatureza não-eventual a empregador, sob adependência deste e mediante salário, não se fazendodistinções relativas à espécie de emprego e à condiçãode trabalhador, nem entre o trabalho intelectual,técnico e manual.

Quanto ao requisito “prestar serviços de natureza não-eventual”, significa que a utilização da força detrabalho como fator de produção deve corresponderàs necessidades normais da atividade econômica emque é empregada. Desde que o serviço não sejaexcepcional ou transitório em relação à atividade doestabelecimento, não há que se falar em trabalhoeventual.27 O termo “eventualidade”, em Direito doTrabalho, não está ligado especificamente a tempo,mas sim, ao exercício do trabalho na atividade-fimdo estabelecimento, ou não.

Empregador, por sua vez, é a empresa, individual oucoletiva, que, assumindo os riscos da atividadeeconômica, admite, assalaria e dirige a prestaçãopessoal de serviços. Segundo entendimento deEduardo Gabriel Saad e Arnaldo Süssekind,empregador é a pessoa física ou jurídica, eis que apalavra “empresa” foi empregada em sentido

27Süssekind, 2003,vol. I, p. 307.

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impróprio, porque, a rigor, empresa significaatividade, é objeto de direito. Assim, não pode serempregador.

Assim, o termo “empresa”, presente na definição deempregador, foi utilizado de forma equivocada pelolegislador, sendo empregador a pessoa física oujurídica.

A Lei nº 5.889/73, que estatui normas reguladoras dotrabalho rural, lança também conceito de empregadoe empregador, e prevê expressamente que este últimoé a pessoa física ou jurídica, proprietária ou não,conforme segue:

“Art. 2º- Empregado rural é toda pessoa física que,em propriedade rural ou prédio rústico, presta serviçosde natureza não eventual a empregador rural, sob adependência deste e mediante salário.

Art. 3º - Considera-se empregador rural, para os efeitosdesta Lei, a pessoa física ou jurídica, proprietário ounão, que explore atividade agro-econômica, em caráterpermanente ou temporário, diretamente ou atravésde prepostos e com auxílio de empregados.

§ 1º Inclui-se na atividade econômica, referida no“caput” deste artigo, a exploração industrial emestabelecimento agrário não compreendido naConsolidação das Leis do Trabalho.

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§ 2º Sempre que uma ou mais empresas, embora tendocada uma delas personalidade jurídica própria,estiverem sob direção, controle ou administração deoutra, ou ainda quando, mesmo guardando cada umasua autonomia, integrem grupo econômico oufinanceiro rural, serão responsáveis solidariamente nasobrigações decorrentes da relação de emprego.

Art. 4º - Equipara-se ao empregador rural a pessoafísica ou jurídica que, habitualmente, em caráterprofissional e por conta de terceiros, execute serviçosde natureza agrária, mediante utilização do trabalhode outrem.”

Há no direito do trabalho a figura do trabalhadoreventual, aquele admitido por circunstânciasexcepcionais ou transitórias do estabelecimento, aquem não é aplicável a Consolidação das Leis doTrabalho (CLT), e que pode ser utilizada nacontratação de mão-de-obra externa, inclusive paraatividades agrícolas.

Não basta, porém, seja o trabalho temporário. A CLTprevê o contrato de trabalho a termo. A caracterizaçãoda natureza eventual dos trabalhos há de ser feitalevando-se em consideração os fins normais daempresa. A descontinuidade da prestação nem sempreafastará a existência de autêntico contrato de trabalho,desde que corresponda a uma normaldescontinuidade de atividade econômica do

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empregador: prestação descontínua, mas necessidadepermanente.28

É eventual o bóia-fria, volante rural, que cada dia vaitrabalhar numa fazenda diferente, ganhando por dia,sem se fixar em nenhuma delas. Eventual tambémserá, no serviço doméstico, a diarista que vai de vezem quando fazer a limpeza da residência da família.3

Observe-se que um trabalhador eventual podetransformar-se automaticamente em não-eventual,portanto, em empregado. Basta que em vez de trabalharde vez em quando passe a fazê-lo seguidamente paraa mesma fonte de trabalho, caso em que surgirá umajuste, até mesmo tácito, ou uma relação de emprego.

O trabalhador eventual é um trabalhadorsubordinado. Neste ponto, é que se distingue dotrabalhador autônomo e se aproxima do empregado.Porém, é um subordinado de curta duração. Nas horasou no pouco tempo em que vai trabalhar para alguém,está submetido às suas ordens de serviço.

Muito embora não seja aplicável a CLT aostrabalhadores eventuais, já existe acentuada tendênciade se estender os direitos do empregado ao eventual,desde que compatíveis. Inclusive, nesse sentido é aexperiência da Lei do Contrato de Trabalho daArgentina.

28Nascimento, 2003,p. 173

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Desta forma, para atividades agrárias, o agricultor podevaler-se, esporadicamente, de trabalhador eventualsem arcar com encargos trabalhistas. Vale lembrar que,se contratar empregado nos moldes previstos pela Lei5.889/73, este será empregado rural, possuindo osmesmos direitos do trabalhador urbano, conformedisposição constitucional.

Infelizmente, a carga tributária e encargos trabalhistasimpostos aos empresários e empregadores é bastantealta, o que muitas vezes inviabiliza a empresa. Emfunção da simplicidade no exercício de agroturismopor pequenos agricultores, com a finalidade deaumentar sua pequena renda, a não-contratação deforma adequada já vem acarretando demandastrabalhistas, o que significa dizer que os trabalhadoresdeveriam ser contratados de forma regular.

A rigor, todos os trabalhadores contratados paratrabalhar em restaurantes, comércio, hotéis,hospedarias, entre outros, desde que trabalhem nasatividades-fim do agroturismo, são empregados, nãoimportando o tempo da prestação do serviço.

A contratação deverá ser feita por contrato de trabalho,com a assinatura da carteira de trabalho e devidosrecolhimentos trabalhistas e previdenciários. Ostrabalhadores terão direito a férias, décimo terceirosalário, enfim, todos os direitos garantidos pelaConstituição Federal, pela CLT, acordos coletivos detrabalho e convenções coletivas de trabalho

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Para a minimização dos custos decorrentes dascontratações para atividades de agroturismo, osagricultores/”empresários” deveriam constituir umsindicato patronal, com base municipal, regional ouestadual; por sua vez, os trabalhadores que exercematividades de agroturismo também deveriam constituirum sindicato de trabalhadores nas mesmas condições,com o objetivo de elaborar convenção coletiva detrabalho.

Os instrumentos normativos (convenções e acordoscoletivos de trabalho) seriam pactuados observando-se as particularidades das atividades de agroturismo.Como exemplo, pode ser negociada a jornada detrabalho compatível com as necessidades da atividade,salário, entre outros. Lembra-se que acordos coletivosde trabalho somente podem ser realizados entre apessoa jurídica e seus empregados.

Ainda, é necessário lembrar que a CLT, em seu artigo59, determina que a jornada de trabalho deve ser deoito horas diárias, acrescidas de, no máximo, duashoras extras diárias. Entre duas jornadas de trabalho,conforme disposição do artigo 66 da CLT, haverá umperíodo mínimo para descanso de onze horas. Todoempregado terá também um descanso semanal (artigos67/68, CLT).

Isto significa que o trabalhador pode ter mais de umcontrato de trabalho, desde que não haja coincidência

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nos horários, e que seja respeitado o intervalo paradescanso.

As atividades de agroturismo enfocadas no presenteestudo são exercidas com simplicidade, em virtudeda pouca renda obtida pelos seus empreendedores.Contudo, independentemente ou não da importânciada atividade exercida pelos pequenos agricultores,caso se valham de trabalhadores que se enquadremna definição de empregados, estes devem serdevidamente registrados e receber as respectivas verbas.

É sabido que os pequenos agricultores familiares queexercem atividades de agroturismo praticam-nas, nãoraro, somente aos finais de semana, utilizando a forçade trabalho de vizinhos, parentes ou amigos, os quaisrecebem pequena contraprestação pelos serviçosprestados. Entretanto, não existe, na legislação vigente,extinção da condição de empregado em virtude dograu de parentesco ou afinidade, bem como pelo graude simplicidade com que é exercido o trabalho.

Certamente, a legislação trabalhista em vigor é umentrave para o pequeno produtor rural que pretendeexercer ou exerce atividades de agroturismo, pois osencargos encarecem sobremaneira os custos daatividade.

Contudo, a não-observação da legislação trabalhista,nestes casos, pode também dar ensejo a ajuizamento

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de ações trabalhistas contra os agricultores, trazendo-lhes maiores problemas.

Por exemplo, caso ocorra a fratura da perna de umvizinho que trabalha na atividade de agroturismo aosfinais de semana, não registrado regularmente, oagricultor, independentemente ou não de possuirpessoa jurídica legalmente constituída, corre o riscode ser demandado judicialmente via ação deindenização, ação trabalhista e ação previdenciária,simultaneamente.

5.4 IMPLICAÇÕES DAS NORMAS DAVIGILÂNCIA SANITÁRIA

No estado de Santa Catarina não existe uma legislaçãoespecífica para a atividade de agroturismo exercidapor pequenos agricultores. Assim, por mais simplesque sejam, estes pequenos empreendedores precisamadequar suas atividades às normas da vigilânciasanitária, sob pena de infringência da lei.

5.4.1 Lei 6.320, de 20 de Dezembro de1983

A Lei nº 6.320/83, que dispõe sobre normas gerais desaúde e penalidades, estabelece que toda pessoaproprietária de ou responsável por estabelecimento

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industrial, comercial ou agropecuário, de qualquernatureza, deve cumprir as exigências regulamentares,de forma que, por sua localização, condição, estado,tecnologia empregada ou pelos produtos de suaatividade, não ponha em risco a saúde e a vida dosque nele trabalhem ou o utilizem.

Da mesma forma, para estabelecimentos e locais paralazer, a lei supra dispõe que toda pessoa, proprietáriaou responsável por estabelecimento ou local para lazer,deve contar, para construção, instalação,funcionamento ou utilização dele, com a aprovaçãodo serviço de saúde competente, a fim de que nãoponha em perigo a saúde e a vida dos que neletrabalhem ou dele se utilizem, nem polua oucontamine o ambiente.

Lugar ou estabelecimento para lazer, nos termos daLei nº 6.320/83, inclui, entre outros, aeródromo,balneário, boate, camping, campo e centro esportivo,cinema, circo, clube, colônia de férias, estádio, ginásiode esportes, hipódromo, jardim público, jardimzoológico, locais de amostras, kartódromo, museu,parque, piscina, pista de corridas, pista de patinação,praça, praia, sauna, teatro e termas.

É importante que a pessoa proprietária deestabelecimento com piscina, sauna ou termas saibaque seus usuários devem submeter-se a exame médicoperiódico na forma regulamentar, devendo exigir-lheso atestado.

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No tocante a alimentos e bebidas, toda pessoa queproduza, fabrique, transforme, comercie, transporte,manipule, armazene ou coloque à disposição dopúblico, inclusive ao ar livre, alimentos e/ou bebidas,deve obedecer aos padrões de higiene e salubridadeestabelecidos em lei e regulamento. A pessoa quemanipule alimentos ou bebidas deve submeter-se aexame de saúde periódico, conforme regulamento,cujo atestado, expedido por serviço de saúde, deveser exigido pelo respectivo proprietário ou responsável.Somente pode ser comercializado o alimento quepreencher os requisitos dispostos em lei, regulamentos,portarias e/ou normas técnicas.

Ainda sobre alimentos e bebidas, a Lei 6.230/83 dispõeque toda pessoa poderá construir, instalar ou pôr emfuncionamento estabelecimento que produza,fabrique, transforme, comercie, manipule, armazeneou coloque à disposição do público alimento e/oubebida, desde que obtenha autorização e registro juntoao serviço público competente, cumprindo, para isto,normas regulamentares, entre outras, as referentes aprojeto de construção, localização, saneamento,pessoal, tecnologia empregada, reutilização deembalagens, instalações, materiais e instrumentos,conforme a natureza e a importância das atividades,assim como dos meios de que dispõe para proteger asaúde da comunidade e evitar a poluição econtaminação do ambiente.

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Conforme afirmado anteriormente, não há, no âmbitoestadual, legislação sanitária específica para pequenosagricultores, ou pequenos empresários, no exercíciode suas atividades. Por mais simples que seja acomercialização do alimento, por exemplo, suafabricação, manipulação, transporte, etc. deveráobedecer rigorosamente à legislação. Cada municípiopossui também suas normas sanitárias, e estas poderãocriar normas mais específicas, sem, no entanto,conflitar com a legislação estadual.

Desta forma, é importante que todos aqueles queprestam serviços de hotelaria, comércio de alimentos(mesmo que em pequenas quantidades), bem comomantêm restaurantes, parque-aquáticos, entre outrasatividades congêneres, atentem para as normassanitárias vigentes, muito embora algumas exigênciastornem inviável a manutenção do negócio.

5.4.2 Decretos Regulamentadores da Lei6.320/93

A Lei nº 6.320/93, juntamente com os decretos queregulamentam seus artigos, formam o Código SanitárioEstadual.

Dentre as regulamentações mais relevantes, temos asreferentes a água e alimentos, dispostas nos Decretos24.981/85 e 31.455/87, respectivamente.

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No tocante à água, a pessoa proprietária ou usuária,responsável por edificações residenciais, comerciais eindustriais, localizados em áreas servidas por sistemade abastecimento de água, será obrigada a fazer asrespectivas ligações ao sistema de abastecimento deágua. Pode-se fazer uso, igualmente, de fonte própria,desde que a água dela proveniente se apresenteconforme os padrões de potabilidade exigidos,confirmados através de análise específica emlaboratório oficial.

Caso o serviço local não tenha condições deproporcionar o devido atendimento através de suasredes, o que pode ser muito comum longe dos centrosurbanos, as edificações deverão possuir sistema própriode abastecimento.

A pessoa proprietária de edificações residenciais,industriais e comerciais, dependendo de sua altura edas condições técnicas operacionais do serviço públicode abastecimento de água, deverá provê-las de:

a. abastecimento direto, ou seja, alimentação dospontos de consumo em função da rede pública,ou

b. abastecimento indireto, ou seja, alimentação dospontos de consumo pelo reservatório superior, ou

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c. abastecimento misto, ou seja alimentação dos pontosde consumo distintos, com adoção simultânea dosdois sistemas anteriores, ou

d. abastecimento indireto com recalque, ou seja,alimentação dos pontos de consumo peloreservatório superior, que será alimentado peloreservatório inferior, através de um sistema derecalque de água.

Nas edificações comerciais, residenciais, industriais,de diversões públicas, de prestação de serviços esimilares, deve-se observar que as edificações com atédois pavimentos poderão ter abastecimento direto,indireto ou misto, enquanto que nas edificações comaté quatro pavimentos somente os dois primeirospoderão ter abastecimento direto, indireto ou misto,devendo os demais ter abastecimento indireto ou porrecalque.

Quanto aos proprietários de hotéis, estes deverãoprover a edificação de água com abastecimentoindireto com recalque.

Atendendo às condições locais, a autoridade de saúdepoderá exigir, para qualquer edificação, a instalaçãode sistema de recalques.

Nos locais onde não houver abastecimento de águapotável, a pessoa neles domiciliada ou residente poderá

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abrir poços ou aproveitar fontes para fornecimentode água potável, desde que satisfeitas as exigênciassanitárias fixadas no Decreto nº 24.981 ou em normastécnicas.

No que se refere a alimentos e bebidas, muitas são asexigências para sua exposição a consumo.

Primeiramente, o Decreto nº 31.455/87 define comoestabelecimento o local onde se fabrica, produz,manipula, beneficia, fraciona, acondiciona, conserva,transporta, armazena, deposita para venda, distribuiou vende alimentos, matérias-primas alimentares,alimento “in natura”, aditivos – intencionais,materiais, artigos e equipamentos destinados a entrarem contato com eles. É considerado matéria-primaalimentar a substância de origem vegetal ou animal,em estado bruto que, para ser utilizada como alimento,precisa sofrer tratamento e/ou transformação denatureza física, química ou biológica.

Ao dispor sobre a qualidade dos alimentos e dasbebidas, o decreto prevê que somente se podem exporà venda ou ao consumo alimentos e bebidas própriospara tal finalidade, assim considerados, entre outros,aqueles provenientes de estabelecimentos licenciadospelo órgão competente ou neles se encontrem.

Dentre as principais exigências, encontramos asdescritas no artigo 9º do Decreto nº 31.455/87, abaixotranscrito:

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“Art. 9º. A pessoa não pode comercializar os alimentose bebidas que:

I – provenham de estabelecimento não-licenciado peloórgão competente;

II – não possuam registro no órgão federal competente,quando a eles sujeitos;

III – não estejam rotulados, quando obrigados a estaexigência, ou quando desobrigados, não puder sercomprovada a sua procedência;

IV – estejam rotulados em desacordo com a legislaçãovigente;

V – não correspondam à denominação, à definição, àcomposição, à qualidade e aos requisitos relativos a:

a. rotulagem e apresentação do produto especificadosno respectivo padrão de identidade e qualidade –quando se tratar de alimento padronizado;

b. outros requisitos que tenham sido declarados nomomento do respectivo registro – quando se trata dealimento de fantasia ou não padronizado;

c. especificações federais pertinentes ou, em sua falta,às dos regulamentos estaduais concernentes, ou àsnormas e padrões internacionais aceitos – quandoainda não padronizados.”

Não obstante tais normas, existem outras que podemdificultar, e muito, as atividades de agroturismo

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empreendidas pelos pequenos agricultores. Seguem-seas principais, todas previstas no Decreto nº 31.455/87:

“Art. 93. Toda pessoa proprietária de/ou responsávelpor estabelecimentos industriais e comerciais degêneros alimentícios deve providenciar para que osmesmos sejam instalados e equipados para os fins aque se destinam, quer em unidades físicas, quer emmaquinaria e utensílios diversos em razão dacapacidade de produção com que se propõem a operar.(...)

Art. 94. Toda pessoa proprietária de/ou responsávelpor estabelecimentos industriais e comerciais degêneros alimentícios deve, para o seu funcionamento,construção e instalação, obedecer, além das exigênciasdeste Regulamento e da legislação federal, as doregulamento específico sobre estabelecimentosindustriais, comerciais e agropecuários.

§1º Os estabelecimentos industriais e comerciais degêneros alimentícios devem ainda:

a. dispor de dependências e instalações mínimasadequadas às finalidades específicas;

b. dispor, nas dependências ou local de trabalho, deáreas físicas adequadas ao número de pessoasempregadas ou atendidas;

c. dispor de instalações, aparelhos e locais conformeo caso, para a limpeza e desinfecção dos

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equipamentos, utensílios e alimentos, providos deágua corrente;

d. dispor de instalações e elementos necessários àpermanente higiene de seu pessoal e para utilizaçãopelo público, se for o caso, abrangendo instalaçõessanitárias e vestiários com armários individuais,cujo número e localização devem obedecer àsdisposições do decreto que dispõe sobreestabelecimentos industriais, comerciais eagropecuários;

e. dispor, obrigatoriamente, de lavatório de usoexclusivo dos manipuladores de alimentos, nasáreas onde se elaborem, fracionem ou acondicionemalimentos;

f. prover os lavatórios, obrigatoriamente, de sabão etoalhas de uso individual, de preferênciadescartáveis;

g. dispor de abastecimento de água limpa e potávelpara atender suficientemente às necessidades dotrabalho industrial ou comercial e às exigênciassanitárias, devendo fluir canalizada e sob pressãoem todas as áreas de elaboração, fracionamento ouacondicionamento de alimentos, nas instalações delimpeza e desinfeccção de utensílios eequipamentos e nas instalações sanitárias;

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h. dispor de adequado sistema de esgotamentosifonado, ligado a tubos coletores e estes ao sistemageral de escoamento público, quando existente, oua fossas sépticas;

i. dispor de ventilação suficiente em todas asdependências, de modo a manter o ambiente livrede odores desagradáveis e da condensação devapores, respeitadas as peculiaridades de ordemtecnológica;

j. dispor de iluminação natural sempre que possívele quando a luz artificial se fizer necessária, estadeve ser o mais semelhante possível à luz natural,com intensidade e distribuição suficientes paragarantir a apreciação do estado dos alimentos, dosequipamentos, dos utensílios e da construção, ede forma a proporcionar conforto visual;

k. possuir dispositivos de produção de frio, quandose fizer necessário, em número, capacidade eeficiência adequados às finalidades efuncionamento do estabelecimento.

l. dispor as instalações sanitárias, vestiários oudependências de moradia, quando for o caso, demodo a não haver comunicação direta com asdependências onde se encontrem alimentos.

m. manter todas as dependências à prova de roedores;

n. (...)

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o. dispor de pisos e paredes convenientementeimpermeabilizados, laváveis e não-corrosíveis, noslocais de elaboração, fracionamento,acondicionamento, depósito ou armazenamento dealimentos, de acordo com este Regulamento enormas técnicas da ABNT;

p. instalar fornos e caldeiras em locais apropriados,observadas as disposições concernentes a seguran-ça, higiene do trabalho e incômodos à vizinhança.

(...)

Art. 95. A pessoa proprietária e/ou responsável porestabelecimentos industriais e comerciais de gênerosalimentícios deve providenciar para que as câmarasfrias estejam providas de antecâmaras e instaladas demodo a assegurar a conservação e proteção adequadasdos alimentos.

Art. 96. À pessoa proprietária de/ou responsável porestabelecimento de produção, industrialização ecomercialização de alimentos e bebidas é proibido:

(...)

IV – expor à venda ou ter em depósito produtos semregistro no órgão sanitário competente ou com o prazode validade esgotado;

(...)

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VIII – ter no local matérias-primas, instrumentos oumateriais estranhos ao processo de fabricação oupreparo licenciado, bem como depositar produtos,objetos e materiais estranhos às finalidades dasdependências;

IX – fazer refeições em dependências não- licenciadaspara tal finalidade, incluindo-se na proibição osempregados do estabelecimento;

X – utilizar as dependências como habitação,dormitório ou outras finalidades estranhas àsatividades licenciadas;

(...)

Art. 98. A pessoa pode, a título precário, ser autorizadaa vender alimentos em estabelecimento nãoespecializado, a critério da autoridade de saúde, quelevará em conta características locais, condições deconservação e de acondicionamento e as facilidadesde controle sanitário.

Art. 133. Toda pessoa proprietária de/ou responsávelpor estabelecimento de preparação e/ou serviço dealimentos e bebidas somente pode fazê-los funcionarcom o Alvará Sanitário, obedecidos os requisitos doregulamento específico sobre estabelecimentosindustriais, comerciais e agropecuários.

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Art. 134. Toda pessoa proprietária de/ou responsávelpor estabelecimentos de preparação e/ou serviço dealimentos e bebidas deve obedecer às exigências desteRegulamento no que lhes for aplicável, em especial àsseguintes:

(...)

II – as copas e cozinhas devem ajustar-se à capacidadeinstalada e operacional do estabelecimento;

(...)

IV – as instalações sanitárias para o público e para osempregados devem ser em número adequado,instaladas de acordo com as disposiçõesregulamentares, em perfeitas condições de higiene,com papel higiênico fornecido permanentemente peloestabelecimento, e com recipientes coletores para omesmo com tampa, dispostos de forma a nãocontaminarem o papel não utilizado;

V – os lavatórios devem ser localizados junto àsinstalações sanitárias e providos de água corrente,sabão, toalha de uso individual, de preferênciadescartável, e cestos coletores com tampa.

(...)

§1º. É expressamente proibido o funcionamento deestabelecimentos que preparem e/ou sirvam refeições

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quando não dispuserem de água quente e fria emquantidade suficiente para suas finalidades.

(...)

Ainda, quanto a bares, restaurantes, churrascarias,pizzarias, pastelarias, cafés, lanchonetes eestabelecimentos congêneres, dispõe o Decreto31.455/87:

Art. 137. Toda pessoa proprietária de/ou responsávelpor estabelecimento de que trata essa subseção, alémde cumprir as exigências deste regulamento e dalegislação federal pertinente, deve provê-lo de:

I – pisos íntegros, de material liso, lavável, resistente,impermeável, não–corrosível, provido de ralos paraescoamento de águas de limpeza, na cozinha, copa,despensa, depósitos e banheiros;

II – paredes da cozinha, copa, despensa, depósitos ebanheiros íntegras, revestidas até o teto com materialliso, lavável, resistente, impermeável, não–corrosívele de cor clara;

III – balcões e mesas de manipulação de alimentosrevestidos de material lavável, resistente,impermeável, não-corrosível;

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IV – armários revestidos de material impermeável elavável, dispostos e conservados de maneira a evitarpoeira, umidade e vetores;

V – recipientes coletores com tampa para os restosde alimentos da cozinha;

VI – sanitários para ambos os sexos, com acessoindependente, sendo no mínimo 2 para cada grupode 20 pessoas ou fração.

Como se pode observar, muitas são as exigências dalegislação sanitária estadual, principalmente notocante ao comércio de alimentos. Tais exigênciasinviabilizam a comercialização de produtos e demaisserviços realizados pelos agricultores que exercematividades de agroturismo, pois o valor obtido com apequena venda dos produtos/prestação de serviçosnão cobre os gastos advindos do cumprimento dosexaustivos detalhes da legislação sanitária, elaboradatendo em vista as atividades dos médios e grandesempreendedores, em visível desproporção com arealidade do meio rural.

Quanto à comercialização de alimentos, o Decretonº 31.455/87, em seu artigo 98, dá abertura a umprocedimento mais simplificado de controlesanitário, porém ainda a título precário.

Faz-se urgente a elaboração de legislação voltada àsatividades de agroturismo exercidas pelos pequenos

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agricultores familiares, mais simplificada, com exigênciasque se atenham ao estritamente necessário à boa higienee conservação dos produtos, como forma, inclusive, denão descaracterizar o produto rural.

5.5 NORMAS DA POLÍTICA AGRÍCOLA -PROGRAMA DE FORTALECIMENTO DAAGRICULTURA FAMILIAR (PRONAF)

“Tem sido cada vez mais freqüente a inclusão doturismo nas discussões que tratam dodesenvolvimento rural e da agricultura familiar. Astransformações no modo de organização daspopulações rurais apontam o turismo comoferramenta capaz de proporcionar a diversificaçãoda renda, a valorização da cultura local, acomercialização da produção pelos própriosagricultores familiares e ainda estimular o resgate

da auto-estima dessas populações.” Pronaf

Assim, o Programa de Fortalecimento da AgriculturaFamiliar – Pronaf - tem sido utilizado para viabilizaro turismo rural entre os pequenos agricultores, emregime de economia familiar.

O Pronaf é um apoio creditício aos pequenosagricultores, cujas disposições gerais estão abaixotranscritas:

“Disposições Gerais - 1

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1- O Programa Nacional de Fortalecimento daAgricultura Familiar (PronafPronafPronafPronafPronaf) destina-se ao apoiofinanceiro das atividades agropecuárias e não–agropecuárias, exploradas mediante empregodireto da força de trabalho do produtor rural ede sua família, observadas as condiçõesestabelecidas neste capítulo.

2 - Na concessão dos créditos devem ser observadasas seguintes condições especiais:

a. para atendimento a um grupo de produtores ruraisque apresentem características comuns deexplorações agropecuárias e estejam concentradosespacialmente, a operação pode ser formalizada emum único instrumento de crédito, devendo constaro montante e a finalidade do financiamento decada um dos participantes do grupo, bem comoa utilização individual dos recursos;

b. a assistência técnica é facultativa, podendo, quandoprevista no instrumento de crédito, ser prestadade forma grupal, inclusive para os efeitos doPrograma de Garantia da Atividade Agropecuária(Proagro), no que diz respeito à apresentação deorçamento, croqui e laudo.

3 - Os créditos podem ser concedidos de formaindividual, coletiva ou grupal.

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4 - É considerado crédito:

a. coletivo: quando formalizado com grupo deprodutores, para finalidades coletivas;

b. grupal: quando formalizado com grupo deprodutores, para finalidades individuais.

5- A documentação pertinente à relação contratualentre o proprietário da terra e o beneficiário docrédito, quando for o caso, não está sujeita àexigência de registro em cartório.

6- A escolha das garantias é de livre convenção entreo financiado e o financiador, que devem ajustá-las de acordo com a natureza e o prazo do crédito,ressalvado o disposto no item seguinte.

7- Na concessão de crédito a beneficiários do Grupo“B” deve ser exigida apenas a garantia pessoal doproponente.

8 - A exigência de qualquer forma de reciprocidadebancária na concessão de crédito está sujeita àinstituição financeira e os seus administradores,às sanções previstas na legislação e regulamentaçãoem vigor.

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9 - A exigência de cadastro de clientes e arealização de fiscalização de operações, noâmbito do crédito rural ou do Proagro, ficam acritério das instituições financeiras.

10- É dispensado o registro das operações deinvestimento no sistema Registro Comum deOperações Rurais (Recor).

11- Os créditos são concedidos ao amparo de recursoscontrolados do crédito rural e dos fundosconstitucionais de financiamento regional.

12 - Os bônus de adimplência concedidos emoperações amparadas em recursos dos fundosconstitucionais de financiamento regional sãoônus dos respectivos fundos.

13 - Os créditos formalizados ao amparo de RecursosObrigatórios (MCR 6-2) não estão sujeitos àsubvenção de encargos financeiros.

14 - Para efeito de cumprimento da exigibilidade,o valor correspondente ao saldo das aplicaçõescom Recursos Obrigatórios (MCR 6-2) écomputado mediante sua multiplicação pelofator de ponderação 1,45 (um inteiro e quarentae cinco centésimos).

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15 - O disposto no item anterior não se aplica aossaldos das aplicações daquela fonte de recursos,relacionadas com financiamentos destinados à:

a. cultura de fumo desenvolvida em regime de parceriaou integração com empresas fumageiras econcedidos a partir de 25 de julho de 2002;

b. comercialização, nas modalidades previstas no MCR3-4-2.

16 - A instituição financeira pode conceder créditosao amparo de Recursos Obrigatórios (MCR 6-2)para as finalidades a seguir descritas, sob ascondições estabelecidas nos demais capítulos destemanual para aquela fonte de recursos, semprejuízo de o mutuário continuar sendobeneficiário do PronafPronafPronafPronafPronaf:

a. comercialização, nas modalidades previstas no MCR3-4-2;

b. custeio ou investimento para a cultura de fumodesenvolvida em regime de parceria ou integraçãocom indústrias fumageiras.

17 - A instituição financeira deve exigir doproponente, no momento da formalização docrédito, declaração minuciosa, sob as penas dalei, a respeito do montante de crédito obtido

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em outras instituições ao amparo de recursoscontrolados do crédito rural e dos fundosconstitucionais de financiamento regional.

18 - É vedada a concessão de crédito ao amparo do

PronafPronafPronafPronafPronaf relacionado com a produção de fumo,desenvolvida em regime de parceria ou integraçãocom indústrias fumageiras.

19 - É vedada a concessão de crédito com recursoscontrolados do crédito rural a mutuárioresponsável por operação “em ser” ao abrigo do

PronafPronafPronafPronafPronaf ou do Programa de Crédito Especial para aReforma Agrária (Procera), exceto:

a. se sob a égide do PronafPronafPronafPronafPronaf, do Programa de Geraçãode Emprego e Renda Rural Familiar (ProgerRural Familiar) ou do Programa de Geração deEmprego e Renda Rural (Proger Rural);

b. quando se tratar de operações de programas deinvestimento conduzidos pelo Ministério daAgricultura, Pecuária e Abastecimento,amparados em recursos equalizados pelo TesouroNacional junto ao Banco Nacional deDesenvolvimento Econômico e Social (BNDES);

c. quando se tratar de financiamentos destinados à:

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I- comercialização, nas modalidades previstas no MCR3-4-2;

II - cultura de fumo desenvolvida em regime deparceria ou integração com indústrias fumageiras;

d. na hipótese de o mutuário não mais seenquadrar como beneficiário do PronafPronafPronafPronafPronaf.

20 - O mutuário do PronafPronafPronafPronafPronaf, para ter acesso aos créditosdos programas de investimento conduzidos peloMinistério do Desenvolvimento Agrário, deve:

a. apresentar projeto técnico que:

I - demonstre capacidade produtiva, representadapor terra, mão-de-obra familiar e acompanhamentotécnico;

II - comprove taxa interna de retorno compatível comos limites de endividamento e as condiçõesfinanceiras estabelecidas para a operaçãopretendida no programa de investimento;

b. formalizar declaração de que está ciente de que:

I- contará com apenas mais um financiamento decusteio no âmbito do PronafPronafPronafPronafPronaf;

II- não poderá receber mais créditos de investimentoao amparo do PronafPronafPronafPronafPronaf.

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21 - Entende-se por serviços, atividades ou renda não-agropecuários aqueles relacionados com turismorural, produção artesanal, agronegócio familiar ecom a prestação de serviços no meio rural, quesejam compatíveis com a natureza da exploraçãorural e com o melhor emprego da mão-de-obrafamiliar.

22 - A instituição financeira deve dar preferência aoatendimento creditício das propostas queobjetivem a produção agroecológica.

23 - Preferencialmente, 30% (trinta por cento) dovolume de crédito do programa deve ser destinadoa beneficiários do sexo feminino.

24 - A operação de crédito deverá ser consideradavencida antecipadamente se verificada a ocorrênciade desvio ou aplicação irregular dos recursos,hipóteses em que o mutuário ficará sujeito àspenalidades aplicáveis às irregularidades daespécie.

A Secretaria da Agricultura Familiar – SAF -, doMinistério do Desenvolvimento Agrário – MDA -, como objetivo de promover o desenvolvimento sustentáveldas comunidades rurais, através da implantação dasatividades turísticas pelos agricultores familiares,agregando renda e gerando postos de trabalho no meiorural, com conseqüente melhoria das condições de

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vida, criou o Programa de Turismo Rural naAgricultura Familiar 2004/2007, que possui osseguintes princípios:

1. valorização e resgate do patrimônio cultural enatural dos agricultores e suas organizações;

2. comprometimento com a produção agropecuária;

3. inclusão dos agricultores familiares e suasorganizações, respeitando as relações de gênero,geração, raça e etnia, como atores sociais;

4. gestão social da atividade, priorizando a interaçãode agricultores e suas entidades;

5. estabelecimento das parcerias institucionais;

6. caráter complementar dos produtos e serviços doTurismo Rural em relação às demais atividadestípicas da agricultura familiar;

7. compreensão da pluralidade da agriculturafamiliar em todo o território nacional, respeitandoos valores e especificidades regionais;

8. processo de planejamento e gestão descentralizada.

O programa possui como diretriz a promoção daqualidade, eficiência e eficácia dos serviços e produtos

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turísticos de agricultores familiares, com foco navalorização das atividades rurais e da auto-estima.

O Ministério do Turismo – Mtur -, nas Diretrizes parao Desenvolvimento do Turismo Rural no Brasil,elaboradas em parceria com o Programa Nacional deFortalecimento da Agricultura Familiar – Pronaf -,define turismo rural como o “conjunto de atividadesdesenvolvidas no meio rural, comprometido com aprodução agropecuária, agregando valor a produtos eserviços, resgatando e promovendo o patrimôniocultural e natural da comunidade.”

Assim, surge a noção de Turismo Rural na AgriculturaFamiliar adotado pelo Ministério do DesenvolvimentoAgrário (MDA), entendido como “a atividade turísticaque ocorre na unidade de produção dos agricultoresfamiliares que mantêm as atividades econômicas típicasda agricultura familiar, dispostos a valorizar, respeitare compartilhar seu modo de vida, o patrimôniocultural e natural, ofertando produtos e serviços dequalidade e proporcionando bem-estar aosenvolvidos”.

O programa visa a beneficiar o agricultor familiar,incluindo-se neste conceito os produtores familiarestradicionais e assentados por programas de reformaagrária, extrativistas florestais, ribeirinhos, indígenas,quilombolas, pescadores artesanais, povos da floresta,seringueiros e sua organizações dentre outros públicosdefinidos como beneficiários de programas do

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Ministério de Desenvolvimento Agrário e Secretariade Agricultura Familiar.

O Governo Federal pretende investir R$ 73.840.500,00(setenta e três milhões, oitocentos e quarenta mil equinhentos reais) no programa, no período de 2004a 2007.

Atualmente, não existe um financiamento do Pronafespecífico para agroturismo ou turismo rural. Nessescasos, o agricultor pode valer-se do Pronaf Agregar.

Optando por este financiamento, o agricultor comrenda bruta anual superior a R$ 2.000,00 e até R$40.000,00, que também utiliza a força de trabalho desua família, pode buscar apoio financeiro para suasatividades agropecuárias e não-agropecuárias noPronaf Agregar.

Esta linha de crédito lhe permite ampliar a rendafamiliar, desenvolver a propriedade rural, fortalecer aagricultura familiar e abrir novas oportunidades deemprego e de renda no meio rural.

O agricultor poderá, ainda, fazer investimentos,inclusive em infra-estrutura, que visem aobeneficiamento, processamento e comercialização daprodução agropecuária ou de produtos artesanais e aexploração de turismo rural. Poderá também exploraro turismo rural.

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O teto do financiamento é de até R$ 18.000,00 (dezoitomil reais) por beneficiário: até 30% (trinta por cento)do valor financiado pode ser destinado ao investimentona produção agropecuária objeto do beneficiamento,processamento ou comercialização; até 15% do valordo financiamento de cada unidade agroindustrial podeser destinado à unidade central de apoio gerencial, nocaso de projetos de agroindústrias em rede.

O financiamento tem como encargos financeiros umataxa efetiva de 4% (quatro por cento) e bônus deadimplência de 25% na taxa de juros, para cadaparcela da dívida paga no vencimento. O prazo dopagamento é de oito anos, com até cinco anos decarência, quando a atividade assistida requerer esseprazo e o projeto técnico comprovar sua necessidade.

Os agricultores familiares para terem acesso aosrecursos do Pronaf terão de apresentar ao Banco, entreoutros documentos, a Declaração de Aptidão aoPrograma - DAP.

Os produtores, de acordo com a renda e a condiçãoda mão-de-obra utilizada, são classificados nos grupos“A”, “A/C”, “C” e “D”, conforme abaixo:

• GRUPO “A”: são beneficiários desta linha de créditoos agricultores familiares assentados pelo ProgramaNacional de Reforma Agrária que não foramcontemplados com operação de investimento sob a

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égide do Programa de Crédito para a Reforma Agrária(Procera) ou com crédito de investimento paraestruturação no âmbito do Pronaf e os beneficiadospor programas de crédito fundiário do GovernoFederal;

• GRUPO “A/C”: os agricultores familiares egressosdo Grupo A, que atendam às condições exigidaspara o Grupo “C”;

• GRUPO “C” E “D”: os mutuários que residam napropriedade ou em local próximo e não disponham,a qualquer título, de área superior a seis módulosfiscais, no caso de pecuaristas, ou quatro módulosfiscais, nos demais casos, quantificados segundo alegislação em vigor.

Para obterem o crédito, os agricultores deverão ter, nomínimo, 80% da renda familiar oriunda da exploraçãoagropecuária ou não-agropecuária do estabelecimento.

O critério para financiamento nas respectivas linhasobedece à faixa da renda bruta anual.

Em alguns casos, quando é de interesse do Pronaf,como é o caso do Pronaf Agregar, o agricultor podeobter dois financiamentos, ficando sempre limitadopela capacidade de pagamento, cuja avaliação é feitapelo banco operador da respectiva linha de crédito.

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Desta forma, o Pronaf é uma opção de crédito para opequeno agricultor familiar que pretende exerceratividades de agroturismo; porém, diversas são asdificuldades encontradas para a obtenção do crédito:falta de informação, não-enquadramento nasexigências do programa; não-existência de linha decrédito específica para atividades de agroturismo, bemcomo falta de interesse dos bancos operadores em atrairclientes para essa modalidade de financiamento (quemopera em Santa Catarina são o Banco do Brasil e oBesc; não há conhecimento de que o Besc esteja, nomomento, com a linha de crédito aberta).

5.6 IMPLICAÇÕES DE DIREITO TRIBUTÁRIO

A Lei 9.317, de 2/12/96, regulamentou, emconformidade com o disposto no artigo 179 daConstituição Federal de 1988, o SIMPLES – SistemaIntegrado de Pagamento de Impostos e Contribuições,que confere tratamento diferenciado, simplificado,desburocratizado e favorecido de tributação earrecadação, aplicável a microempresa e a empresasde pequeno porte.

O SIMPLES possibilita o pagamento mensal unificadode impostos e contribuições, inclusive asprevidenciárias, exceto a contribuição do seguradoempregado.

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5.6.1 Simulação de estabelecimento emque são exercidas atividades relacionadascom o agroturismo, na forma do SIMPLESfederal, Lei nº 9.317/96, artigos 5º e 23, edo SIMPLES estadual, Decreto nº 2.870/01,alterado pelo Decreto nº 1.516/04

Como forma de visualização mais clara das implicaçõestributárias em atividades de agroturismo, quandoconstituída uma empresa nos moldes do SIMPLESestadual/federal, foi elaborado um caso hipotético deconstituição de microempresa, meramenteexemplificativo.

Ramo de atividade:Ramo de atividade:Ramo de atividade:Ramo de atividade:Ramo de atividade: hospedagem, serviços de refeições,vendas de doces e congelados.

Número de Sócios:Número de Sócios:Número de Sócios:Número de Sócios:Número de Sócios: 2 (dois) – sendo um sócioadministrador e outro sócio cotista.

Pró-Labore: Pró-Labore: Pró-Labore: Pró-Labore: Pró-Labore: 1 (um) salário mínimo para cada sócio.

Número de empregados: Número de empregados: Número de empregados: Número de empregados: Número de empregados: 2 (dois).

Salário:Salário:Salário:Salário:Salário: 1 (um) salário mínimo para cada empregado– total de R$ 480,00 (quatrocentos e oitenta reais).

Faturamento mensal:Faturamento mensal:Faturamento mensal:Faturamento mensal:Faturamento mensal: R$ 2.100,00 (dois mil e cemreais), sendo 1/3 (um terço) deste valor para cadaatividade indicada no item “ramo de atividade”.

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Encargos obrigatórios:Encargos obrigatórios:Encargos obrigatórios:Encargos obrigatórios:Encargos obrigatórios:

a. a. a. a. a. SIMPLES federal = SIMPLES federal = SIMPLES federal = SIMPLES federal = SIMPLES federal = 3% (três por cento) dofaturamento = R$ 63,00 (sessenta e três reais);

b. b. b. b. b. SIMPLES estadual = SIMPLES estadual = SIMPLES estadual = SIMPLES estadual = SIMPLES estadual = taxa fixa para faturamentode até R$ 5.000,00 (cinco mil reais) = R$ 25,00 (vintee cinco reais);

c. c. c. c. c. FGTS =FGTS =FGTS =FGTS =FGTS = 8% (oito por cento) do salário de cadaempregado = R$ 38,40 (trinta e oito reais e quarentacentavos) no total;

d. d. d. d. d. Previdência Social = Previdência Social = Previdência Social = Previdência Social = Previdência Social = 7,65% calculado sobre o valortotal do salário do empregado = R$ 36,72 (trinta eseis reais e setenta e dois centavos) no total (obs.:.:.:.:.:este custo é arcado pelo próprio empregado);este custo é arcado pelo próprio empregado);este custo é arcado pelo próprio empregado);este custo é arcado pelo próprio empregado);este custo é arcado pelo próprio empregado);

e. Previdência Social sobre o pró-labore do sócio-e. Previdência Social sobre o pró-labore do sócio-e. Previdência Social sobre o pró-labore do sócio-e. Previdência Social sobre o pró-labore do sócio-e. Previdência Social sobre o pró-labore do sócio-

administrador: administrador: administrador: administrador: administrador: deverá ser obrigatoriamentedescontado 11% (onze por cento) = R$ 26,40 (vintee seis reais e quarenta centavos); 30 (Obs: este custo éarcado pelo prórprio empregado)

f. f. f. f. f. ISS sobre atividade de hospedagem= ISS sobre atividade de hospedagem= ISS sobre atividade de hospedagem= ISS sobre atividade de hospedagem= ISS sobre atividade de hospedagem= 3% (três porcento) = R$ 21,00 (vinte e um reais) (a alíquotapode variar conforme o município);

g.g.g.g.g. Honorários contábeis = Honorários contábeis = Honorários contábeis = Honorários contábeis = Honorários contábeis = R$ 120,00 (cento e vintereais).

30 1. Este tributodeve ser recolhido

em guia própria, novalor mínimo de R$29,00 (vinte e nove

reais). Emconseqüência

disso, quando ovalor a ser recolhido

é inferior àquele, opagamento deve

ser feitobimestralmente.

2: O sócio cotista,por sua conta,

poderá efetuar suacontribuição para o

INSS na mesmaproporção.

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5.6.2 Esclarecimentos Adicionais

O ramo de atividade da empresa dentro doagroturismo poderá ser escolhido de acordo com asnecessidades e peculiaridades de cada empreendedor.

O pesque-pague, em tese, poderia ser enquadradocomo contribuinte autônomo, desde que dentro dapropriedade não se faça comércio de mercadorias,como bebidas e lanches. Caso o empreendedor optepor vender quantidade significativa de peixes, deveemitir nota fiscal do bloco de produtor rural.

Os alvarás sanitários e de localização são emitidos pelasprefeituras nunicipais, com custo máximo aproximadode R$ 100,00 (cem reais) por alvará.

Com a legislação atual, segundo pesquisas, umaempresa com faturamento mensal de até R$ 2.100,00(dois mil e cem reais) não consegue se sustentar nomercado. Neste caso, o ideal seria que o faturamentomensal atingisse de R$ 5 mil a R$ 7 mil. A taxaçãoúnica sobre o faturamento deveria ser de de 2% a 3%,substituindo todos os demais tributos (federais,estaduais e municipais).

O estado de Santa Catarina não aderiu ao SIMPLESfederal, que possibilita a adesão dos estados emunicípios. Em caso de adesão, os encargos seriamsensivelmente diminuídos. O SIMPLES federal incluios encargos de previdência social sobre a folha de

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pagamento do empregado, imposto de renda, PIS eCofins. O FGTS continua sendo encargo doempresário.

A não-adesão do estado de Santa Catarina e seusmunicípios provavelmente não se deu em virtude darenúncia fiscal a que teriam de proceder. A Secretariade Estado da Fazenda do Estado de Santa Catarina,certamente, deve ter elaborado estudo sobre a matéria.

Para a abertura/constituição de uma empresa, gasta-se em torno de R$ 300,00 (trezentos reais) em taxas ehonorários.

Muito embora existam dificuldades para aimplementação de empresa por parte dos pequenosagricultores interessados em exercer atividadescomplementares à agricultura, como o agroturismo, oexercício, para ser legal, depende da constituição deuma empresa, o que implica perda da condição desegurado especial.

Ao optar pela constituição de uma empresa, mesmonos moldes do SIMPLES, o produtor rural, segundo alegislação vigente, perde a qualidade de seguradoespecial.

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OS ENTRAVES DALEGISLAÇÃO PARA OAGROTURISMO

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O turismo no meio rural é uma atividade que temamparo constitucional. No capítulo da OrdemEconômica e Financeira da Constituição Federal,promulgada em 1988, pela primeira vez se fez mençãoexpressa ao setor turístico, quando se determina que“a União, os Estados, o Distrito Federal e osMunicípios devem promover o turismo como fator dedesenvolvimento social e econômico”.

Apesar de considerada, constitucionalmente, umaatividade aceleradora do desenvolvimento rural, oagroturismo não tem recebido dos governantes adisposição necessária para implementar políticasespecíficas, de modo que a atividade realmente

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contribua, como acontece em outros países, para odesenvolvimento tão desejado e esperado por aquelesque têm na atividade rural o suporte de suasubsistência.

Ao longo das pesquisas bibliográficas e,principalmente, junto às diversas instituições e aosproprietários dos empreendimentos, foi possívelobservar que diversas legislações têm impactado odesenvolvimento do agroturismo. Na maioria dasvezes, negativamente, visto que tais legislações nãotiveram em vista as especificidades do setor, masapenas normatizar atividades realizadas no meiourbano. Ou seja, o agroturismo não tem leis eregulamentos específicos que normatizem a suadiversidade. Os procedimentos previstos são osmesmos para o setor industrial e comercial denatureza urbana.

No Brasil e, especificamente, em Santa Catarina,como o turismo rural não está regulamentado - atépor ser uma atividade relativamente nova e só muitorecentemente ter-se implantado cá e lá -, submete-sea um regime híbrido, parte rural, parte urbano,notadamente na área trabalhista e na previdenciária,além de sofrer com a inexistência de uma disciplinaespecial (trabalhista e previdenciária) para oempreendedor pessoa física.

O que ocorre, na verdade, é que a legislação vigente,ao invés de concorrer para o desenvolvimento dos

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pequenos agricultores, dificulta-lhes sobremaneira aatividade, pois é voltada para o médio e grandeempreendedor, deixando o pequeno agricultor àmargem da legislação. Isto significa dizer que oagricultor familiar empreendedor de agroturismo nãopossui condições de arcar com todas as exigências deuma legislação que não contempla suasespecificidades.

Através desses empreendimentos, o pequeno produtorrural deseja conciliar a agricultura familiar comagroturismo sem perder a condição de seguradoespecial junto à Previdência Social. A legislação emvigor, porém, impede tal conciliação, quando vedaque tenha outra fonte de renda, não importa de quenatureza, senão com poucas exceções.

Isto contraria as novas tendências demultifuncionalidade e pluriatividade que acontecemna área rural na atualidade. Ou seja, o meio rural nãoé mais somente um local de produção de alimentos,mas também de outros serviços, como o agroturismo.

Outro aspecto da atividade que deve ser observadopelos seus empreendedores é o da responsabilidadecivil, principalmente a responsabilidade civil objetiva,a que independe de culpa do agente.

Alguns proprietários já percebem os reflexos dessaresponsabilidade em suas atividades. Por esta razão,

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tentam de diversas formas prevenir acidentes,utilizando sinalização, treinando funcionários paraacompanhar os turistas em certas atividades, etc.Outros também buscam, além disso, algum meio dese eximir da responsabilidade de eventuais acidentesem seus empreendimentos, exigindo dos clientes aassinatura de termos de responsabilidade, sem saberque este mecanismo não tem amparo legal.

Conforme foi destacado, o novo Código Civil adotoua teoria do risco, a qual prevê que aquele que exerceatividade passível de provocar risco a outrem ficaresponsável pelo dano sofrido, independentementede culpa, a não ser que comprove alguma dasexcludentes do nexo de causalidade, como, porexemplo, a culpa exclusiva da vítima.

A ausência de mecanismos que os eximam dos custosdos riscos, os inibe em relação à atividade. A reaçãonatural tem sido deixar de oferecer serviços queenvolvem mais riscos de acidentes para os usuários,o que limita o desenvolvimento da própriaatividade.Algum tipo de seguro poderia ser umaforma de lhes fornecer alguma garantia.

Os gargalos da legislação trabalhista também reforçamas dificuldades. Em primeiro lugar, por causa dajornada de trabalho, que, neste caso, é bem diferenteda jornada de empresas urbanas. A maior demandados produtos/serviços dos agricultores acontece em

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finais de semana, em férias escolares e feriados, o queinviabiliza a contratação de empregados permanentese exclusivos.

Deste modo, o que acontece é que o trabalhador quedurante a semana atua na lavoura e/ou pecuária éaproveitado nos finais de semana/feriados, nas fériasescolares e, eventualmente, no período noturno paratrabalhar na preparação de alimentos, no atendimentoao turista, e outros. Na verdade, esta atividade é apenasum complemento à atividade principal dapropriedade. Do ponto de vista da legislação, estascaracteríticas envolvem a dupla jornada de trabalho ea necessidade do pagamento não mais do piso detrabalhador rural, mas do piso do trabalhador doturismo, que é ainda maior.

Na atualidade não ocorrem ações trabalhistas paracorrigir estes problemas. Ainda são poucos ostrabalhadores que conhecem os seus direitos emrelação a esta questão. A longo prazo, porém, esteaspecto será um problema que poderá inviabilizar aatividade se não se criarem mecanismos adequadospara permitir que os agricultores possam desempenharfunções distintas. Isto permitiria a criação de novosempregos no meio rural; os agricultores poderiamcontratar legalmente seus funcionários quando fossenecessário e evitariam o desperdício de seus já escassosrecursos financeiros, sem a ameaça de perder acondição de segurado especial da previdência oficial.

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Atualmente, conforme descrito no capítulo anterior,as contratações de trabalhadores para as atividadesagroturísticas, à luz da legislação trabalhista, sãoirregulares porque a forma como são contratadosconfigura dupla jornada de trabalho (e isto conferediferenciação de direitos trabalhistas); além disso, acontratação temporária usual de parentes e/ouvizinhos em caráter informal também é ilegal.

Da mesma forma, a legislação fiscal e a tributária serefletem negativamente sobre as atividades turísticasno meio rural. A principal irregularidade é o fato dea empresa não estar legalmente constituída, o que aimpede de emitir nota fiscal de serviços dehospedagem, restaurantes, entre outros. Isto muitasvezes é um requisito para o turista comprar aqueleproduto/serviço. Na realidade, exercem a atividadena informalidade.

A forma legal para resolver a questão tributária e fiscaldá-se na constituição regular de empresa e adesãoao SIMPLES. Neste caso, embora haja carga tributáriamenor, as atividades agroturísticas se tornam inviáveispara os pequenos agricultores, para a maioria dosquais a renda mensal bruta e a receita com oagroturismo não justificam os gastos decorrentes deconstituição de empresa.

Tais gastos incluem desde impostos como o ISS, IPI,ICMS, até taxas que devem ser recolhidas para órgãosambientais (Fatma, Ibama), entidades de classe

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(Conselho regional de Química, Conselho Regionalde Medicina Veterinária, Ecad), prefeiturasmunicipais, vigilância sanitária, entre outros.

A necessidade de contratação de um serviço contábiltambém passa a ser uma exigência legal paraempreendimentos formalmente constituídos e o customuitas vezes inviabiliza a atividade. Porém, aprincipal perda para o agricultor que opta porconstituir legalmente seu empreendimento turísticoé a sua condição de segurado especial, pois passa aser considerado não mais um produtor rural, mas umempresário.

A constituição de empresa para operar comagroturismo também impediria o acesso a algumaspolíticas agrícolas diferenciadas, como o crédito doPronaf, que apóia técnica e financeiramente ospequenos agricultores em condições bastantefacilitadas, limitado porém a pessoas físicas.

No caso da legislação sanitária, a inadequação dalegislação se torna ainda mais evidente. Nenhum dosentrevistados conhece integralmente todas essasnormas. Em muitos casos eles conhecem apenasalgumas delas, mas, ainda assim, acreditam que aforaa dificuldade em segui-las, elas não são adequadas aotipo de produto/serviço por eles ofertado.

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O que está acontecendo na prática é que os técnicosda vigilância sanitária estão fazendo “vista grossa” ounão estão fiscalizando estas propriedades; casocontrário, teriam de interditá-las por estaremdesenvolvendo atividades em desacordo com asnormas.

O principal problema para os pequenos agricultoresfamiliares, neste caso, é que eles vêm sendo tratadoscomo se fossem donos de hotéis, restaurantes ou deagroindústrias que vendem seus produtos/serviçosem média e grande escala.

Muitos deles dizem que esta legislação acabadescaracterizando por completo a produçãoartesanal/colonial - que é a principal razão para oturista adquirir seu produtos e serviços. Impor-lhesa produção nos moldes e padrões da escala industrialfaz com que seu trabalho perca o sentido e aoriginalidade, que é a tradição culinária, os usos eas práticas típicas da etnia e da cultura envolvida.

Defende-se que, mesmo entre os agricultoresfamiliares que transformam seus produtos, a legislaçãoestabeleça diferenças de tratamento. As exigênciaslegais deveriam ser diferenciadas para quem vendeos produtos somente dentro da propriedade rural -em pequenas quantidades e diretamente para oturista ou para o consumo destas pessoas dentro dapropriedade - das exigências feitas àqueles que

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vendem a produção para atacadistas, varejistas, oupara quem possua um ponto de venda específico.

A falta de sincronização entre as normas de diferentesórgãos – de fomento e de fiscalização – também acabagerando confusão entre os agricultores e fazendo comque tenham gastos adicionais para se adequar ao quelhes é exigido. A legislação sanitária não pode serobedecida senão por médios e grandesempreendedores. O empreendedor que não dispuserde informações e recursos fica praticamente de “mãosatadas” diante de todas as exigências e procedimentosa serem adotados.

O estudo mostrou que na atualidade existem muitasinstituições que discutem e orientam agricultoresinteressados em desenvolver o agroturismo em suaspropriedades rurais; podem-se citar o Senar, a Epagri,o Sebrae, etc. Estas instituições oferecem, dentre outrascoisas, assessoria técnica, cursos de capacitação eproduziram, ao longo dos anos, uma amplabibliografia sobre turismo no espaço rural. No entanto,a questão legislação não tem sido suficientementeabordada, ou então tem sido discutida de formasuperficial sem que esforços efetivos tenham sidorealizados para remover os gargalos legais da atividade.

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Com base no levantamento de informaçõesbibliográficas e legislações, bem como junto aostécnicos das diversas entidades de alguma formaenvolvidas com a atividade de turismo no espaçorural e, principalmente, nas análises dosquestionários aplicados em 33 empreendimentos emSanta Catarina, foi possível constatar os entraves decaráter legal que dificultam o desenvolvimento doagroturismo e também elaborar recomendações quepoderão contribuir para remover estes entraves.

De acordo com o que ficou evidenciado no capítuloanterior, um pequeno agricultor familiar, para

CONSIDERAÇÕESFINAIS ERECOMENDAÇÕES

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empreender o agroturismo de conformidade com alegislação atual, terá de arcar com importantes custospara a constituição, manutenção da e adaptação dafirma à legislação sanitária e trabalhista. O riscoimplícito na intenção de empreender é que ele teriade abrir mão da condição de segurado especial daprevidência social; também não mais poderia sebeneficiar das condições e facilidades do Pronaf parao exercício de suas atividades agrícolas. Além disso,seu modo de ser, a condição diferenciada e única deseus produtos e serviços tenderia a se descaracterizare, com isso, perderia a essência do valor específico ediferenciado do produto agrotursimo. É justamente aidéia de manter e melhorar as condições de vida e deresgatar os valores dos produtos da culinária, dacultura, do jeito de ser e viver dos pequenosagricultores que motiva o apoio público aodesenvolvimento do agroturismo e de todo oimaginário que o acompanha.

A fim de ajudar entidades de apoio e assessoria aosagricultores familiares, além dos legisladores deste País,a desenvolverem regulamentações que permitam opleno desenvolvimento deste segmento turístico,permitimo-nos fazer algumas recomendações.

O interessante, para os empreendedores deagroturismo, é que se simplifique a legislação no queconcerne a: pessoa jurídica, contratação eventual detrabalhadores, emissão de nota de produtor ou algo

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semelhante também para serviços de hospedagem,restaurantes, entre outros. Também se sugere que atributação seja estabelecida em percentualproporcional à produção mensal-agricultura/agroturismo, sem a perda, para o empreendedor, dacondição de segurado especial, ou seja, assegurar acondição de segurado especial aos agricultores quetambém se dediquem ao agroturismo.

Uma das ações mais importantes e necessárias paraalavancar o Programa de Turismo Rural na AgriculturaFamiliar do Pronaf é a implementação de mudançasnas legislações pertinentes, mobilizando todas asinstâncias do Legislativo para respaldar a atividade epropor incentivos federais, estaduais e municipaisespecificamente para este segmento.

Igualmente importante seria realizar seminários edebates entre órgãos federais, estaduais e municipaiscom os empreendedores do agroturismo, a fim deaprofundarem o estudo sobre os entraves ao exercícioda atividade por agricultores de baixa renda e abuscar possíveis soluções.

Da parte dos pequenos agricultores familiares énecessário que se organizem em âmbito estadual ouregional, pleiteando, junto aos órgãosgovernamentais, a elaboração de legislação maisflexível, que atenda às suas necessidades epeculiaridades.

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Sabe-se que as alterações nas legislações devem ocorrerem níveis diferentes. No caso da legislaçãoprevidenciária e trabalhista, do direito civil e dapolítica agrícola (Pronaf, especificamente), estasmudanças devem ocorrer exclusivamente no âmbitofederal. Já no caso da legislação sanitária, fiscal etributária, tanto o governo federal quanto os governosdo estado e do município devem adaptar as respectivaslegislações nos pontos de estrangulamento jámencionados neste trabalho.

A legislação previdenciária, conforme § 5º do artigo200 do Regulamento da Previdência Social, admitealgumas hipóteses em que o agricultor pode obterrenda de fontes diversas, sem perder a sua condiçãode segurado especial, como, por exemplo,recebimento de pensão por morte deixada pelosegurado especial, auxílio-acidente, auxílio reclusão,remuneração recebida pelo dirigente sindical ecomercialização de artesanato rural. Estaregulamentação poderia ser refeita para que oagricultor que exerce atividade de agroturismo tambémpossa ser incluído nas hipóteses que admitem exceção.

Outra sugestão, já no âmbito estadual e municipal, éde se permitir a emissão da nota fiscal de produtorpara os produtos/serviços do agroturismo nos moldesdo que se aplica no caso da venda de artesanato.

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Propõe-se que o estado de Santa Catarina e osmunicípios conjuguem seus esforços na adoção demedidas que facilitem e viabilizem a atividade deagroturismo, especificamente em legislação sanitária(restringindo-se ao meramente necessário para asparticularidades da atividade); na tributária, comisenções ou reduções significativas nos valores detributos, em consonância com a realidade do meiorural, e, finalmente, na criação de programas detreinamento e prestação de informações sobre aatividade.

Conforme foi bastante destacado, a inexistência delegislação específica para o agroturismo de pequenosagricultores e suas famílias acaba por inibir seudesenvolvimento ou por os inviabilizar. Daí propor-se, no âmbito federal, a criação de uma lei quereconheça a atividade no formato pequenosagricultores familiares, que a normatize e crieincentivos e facilidades para o seu desenvolvimento.

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potencial do agroturismo em Santa Catarina: potencial do agroturismo em Santa Catarina: potencial do agroturismo em Santa Catarina: potencial do agroturismo em Santa Catarina: potencial do agroturismo em Santa Catarina: impactos

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QUESTIONÁRIO

LEVANTAMENTO DE CAMPO

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VERSO - EM BRAN CO

FOLHA ANEXOQUESTIONÁRIO

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175Anexo

ESTUDO DOS ENTRAVES LEGAIS PARA O DESENVOLVIMENTO DO TURISMO NO ESPAÇO RURAL

1. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO E DA PROPRIEDADE

1.1 IDENTIFICAÇÃO

Proprietário:...................................................................................................................................................

Informante:....................................................................................................................................................

Função do informante:[ ] proprietário [ ] gerente contratado [ ] outra pessoa da família [ ] outro

Natureza (tipo): [ ] pessoa física (passe p/ quadro 1.2) [ ] pessoa jurídica

Razão social:........................................................................................... CNPJ:................................................

Nome Fantasia:.........................................................................................................................[ ] Não tem

1.1 LOCALIZAÇÃO (endereço)

Rua (tifa,linha,estrada,etc):......................................................................................................................N°.......................

Localidade (bairro, comunidade,etc.):...............................................................................................................................

Município:.........................................................................CEP:.....................................................................

Telefone:.............................................. Fax:.................................................................................................... e-mail:............................................................................................................................................................

1.3 TIPO DE EMPREENDIMENTO (principal)

Qual a principal atividade do empreendimento?

[ ] serviço de alimentação [ ] venda de produtos

[ ] Camping [ ] turismo de conhecimento

[ ] serviço de hospedagem [ ] parque aquático

[ ] lazer em geral [ ] outro (especificar abaixo)

[ ] pesque-pague [___________________________________________]

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176Anexo

2 – LEGISLAÇÃO SANITÁRIA 2.1 – SERVIÇOS DE ALIMENTAÇÃO

2.1.1- O empreendimento oferece serviço de alimentação? (restaurante, lachonete,etc.)

[ ] Sim [ ] não (passe para quadro 2.2-transformação de produtos)

2.1.2 - O serviço de alimentação do empreendimento é:

[ ] aberto ao público em geral

[ ] exclusivo para as refeições dos hóspedes

2.1.3 Qual o número de refeições que são servidas em média, por semana, no período de maior movimento? [_________________] refeições

2.1.4 O empreendimento possui alvará sanitário emitido pela prefeitura?

[ ] Sim [ ] Não

2.1.5 – Você conhece as normas da Vigilância Sanitária para locais de produção e serviço de alimentação?

[ ] Sim [ ] parcialmente [ ] Não

2.1.6 – O empreendimento está em conformodidade com as normas da Vigilância Sanitária?

[ ] Sim

[ ] Não

[ ] Parcialmente

[ ] não sei

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177Anexo

2.1.7 – Onde são preparados os alimentos servidos aos clientes?

[ ] em uma cozinha específica para o serviço do empreendimento

[ ] na cozinha da casa (família) do proprietário

[ ] outro (especificar): [____________________________________________________]

Espaço para observação do entrevistador para este item:

....................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

2.1.8 – A cozinha, onde são preparados os alimentos servidos neste empreendimento, está em conformidade com as normas da Vigilância Sanitária?

[ ] Sim

[ ] Não

[ ] Parcialmente

[ ] não sei

Espaço para observação do entrevistador para este item:

....................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

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178Anexo

2.1.9 – Os manipuladores de alimentos (cozinheira, ajudante de cozinha, garçom), do empreendimento, possuem carteira de saúde?

[ ] todos possuem

[ ] parte possui

[ ] Nenhum possui

2.1.10 – O empreendimento possui um procedimento padrão para manter a higiene no local de preparação dos alimentos?

[ ] Sim [ ] parcialmente [ ] não

2.1.11 – Você conhece o POP (Procedimentos Operacionais Padronizados)?

[ ] sim [ ] não (passe para 2.1.13)

2.1.12 - Em caso afirmativo, o empreendimento segue o POP?

[ ] sim [ ] parcialmente [ ] não

2.1.13 - Os banheiros do empreendimento estão de acordo com as Normas da Vigilância Sanitária?

[ ] Sim

[ ] parcialmente

[ ] Não

[ ] não sei

2.1.14 – O empreendimento já passou por alguma fiscalização da Vigilância Sanitária?

[ ] sim [ ] não (passe para 2.1.17)

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179Anexo

2.1.15 – No momento da fiscalização havia alguma coisa que não estava em conformidade com as normas da Vigilância Sanitária?

[ ] sim [ ] não (passe para questão 2.1.20)

2.1.16 O que não estava de acordo com as normas da vigilância sanitária?

....................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

2.1.17 – Qual foi o procedimento adotado pelo fiscal?

[ ] Multa

[ ] Advertência

[ ] interdição do empreendimento

[ ] orientação para que o empreendimento s e adapta-se as normas

[ ] Outros (especificar): [_____________________________________________________]

2.1.18 – A partir do procedimento adotado pelo fiscal da Vigilância Sanitária, qual foi a providência tomada pelo responsável pelo empreendimento?

[ ] as adaptações sugeridas foram realizadas

[ ] as adaptações sugeridas foram realizadas parcialmente

[ ] houve tentativa de realizar as adaptações sugeridas, mas sem sucesso

[ ] as adaptações sugeridas foram ignoradas

[ ] outro procedimento (especificar): [_____________________________________________________]

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180Anexo

2.1.19 – Existe algum problema para o empreendimento adaptar-se as normas da Vigilância Sanitária?

[ ] Sim

[ ] não (passe para questão 2.1.23)

[ ] O empreendimento já segue as normas (passe para questão 2.1.23)

2.1.20 – Quais são os problemas para a adaptação do empreendimento às normas de vigilância sanitária? (checar todas as alternativas)

[ ] falta recursos financeiros

[ ] falta recursos humanos

[ ] falta espaço físico

[ ] falta de conhecimento

[ ] outro (especificar): [________________________________________________________________]

2.1.21 – Quais são as normas que o empreendimento teria mais dificuldade em se adaptar?

....................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

2.1.22 – Qual o percentual de produtos utilizados no restaurante que são produzidos na sua propriedade ou em propriedade de vizinhos? na propriedade: [_______] % na propriedade de vizinhos: [_______] % outro [_____] %

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181Anexo

2.1.23 – Você vende produtos in natura neste empreendimento?

[ ] sim [ ] não (passe para questão 2.1.26)

2.1.24 – Qual a procedência deles? (checar todas as alternativas que se aplicam)

[ ] produzido nesta propriedade

[ ] produzido pelos vizinhos

[ ] outro (especificar): [________________________________________________________________]

2.1.25 – Os produtos que não são produzidos na propriedade, também seguem as normas da vigilância sanitária?

[ ] Sim

[ ] Não

[ ] Parcialmente

[ ] Não sei

2.1.26 – O que deveria ser feito para solucionar os problemas das exigências sanitárias feitas pelo órgão municipal, estadual ou federal aos proprietários de restaurantes no espaço Rural?

....................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

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182Anexo

2.2 – TRANSFORMAÇÃO DE PRODUTOS

2.2.1 – Você vende produtos transformados ou beneficiados (queijo, geléia, embutidos, etc.) em sua propriedade?

[ ] sim [ ] não (passe para o quadro 3 – legislação trabalhista)

2.2.2 – Em caso afirmativo, qual a procedência deles? (checar todas as alternativas)

[ ] cultivados e transformados nesta propriedade

[ ] cultivados por vizinhos e transformados nesta propriedade

[ ] transformados em outro local e revendidos nesta propriedade

[ ] outro (especificar): [________________________________________________________________]

2.2.3 – Qual o tipo de produto que é transformado na sua propriedade? (checar todas as alternativas)

[ ] derivados de leite

[ ] derivados da carne

[ ] derivados de cana

[ ] derivados de mandioca

[ ] conservas de frutas

[ ] conservas de verduras/legumes

[ ] massas, pães, biscoitos

[ ] outro (especificar): [______________________________________________________________]

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183Anexo

2.2.4 – Onde são produzidos os produtos transformados/beneficiados e comercializados na sua propriedade?

[ ] em uma agroindústria com instalações próprias

[ ] na cozinha da família

[ ] outro local (especificar): [______________________________________________________________]

2.2.5 – Para quem você vende seus produtos? (Checar todas as alternativas que se aplicam)

[ ] consumidor final – pessoa física

[ ] varejistas – pessoa jurídica

[ ] outro (especificar): [______________________________________________________________]

2.2.6 – Você tem registro dos produtos na Vigilância Sanitária Municipal/Cidasc?

[ ] sim [ ] não

2.2.7 – Qual tipo de inspeção o empreendimento possui? (checar todas as alternativas que se aplicam)

[ ] SIE (responda a questão 2.2.9 e 2.2.10)

[ ] SIM

[ ] SIF

[ ] nenhum deles

2.2.8 - Você conhece as normas da Vigilância Sanitária para locais de transformação de alimentos de alimentos?

[ ] sim [ ] parcialmente [ ] não (passe para questão 2.2.12)

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184Anexo

2.2.9 - A cozinha/agroindústria está de acordo com as normas da Vigilância Sanitária?

[ ] Sim

[ ] Não

[ ] Parcialmente

[ ] não sei

Espaço para observação do entrevistador para este item:

....................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

2.2.10 - Os manipuladores de alimento possuem careteira de saúde?

[ ] todos possuem

[ ] parte possui

[ ] nenhum possui

2.2.11 – O empreendimento possui ou segue um procedimento padrão para manter a higiene no local de preparação dos alimentos?

[ ] sim [ ] não

2.2.12 – Você conhece o POP (Procedimentos Operacionais Padronizados)?

[ ] sim [ ] parcialmente [ ] não (passe p/ questão 2.2.16)

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185Anexo

2.2.13 – O empreendimento segue o POP?

[ ] sim [ ] parcialmente [ ] não

2.2.14 – O empreendimento já passou por alguma fiscalização da Vigilância Sanitária/Cidasc?

[ ] sim [ ] não (passe para questão 2.2.21)

2.2.15 – No momento da fiscalização havia alguma coisa que não estava de acordo com as normas da Vigilância Sanitária/Cidasc?

[ ] sim [ ] não (passe para questão 2.2.21)

2.2.16 O que não estava de acordo com as normas da vigilância sanitária?

....................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

2.2.17 – Qual foi o procedimento adotado pelo fiscal?

[ ] Multa [ ] Advertência [ ] apreensão do produto [ ] inutilização do produto

[ ] suspensão das vendas e/ou fabricação do produto [ ] orientação para que o empreendimento s e adapta-se as normas

[ ] outra penalidade (especificar): [_____________________________________________________]

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186Anexo

2.2.18 – A partir do procedimento adotado pelo fiscal da Vigilância Sanitária, qual foi a providência tomada pelo responsável pelo empreendimento?

[ ] as adaptações sugeridas foram realizadas [ ] as adaptações sugeridas foram realizadas parcialmente [ ] houve tentativa de realizar as adaptações sugeridas, mas sem sucesso [ ] as adaptações sugeridas foram ignoradas [ ] outro procedimento (especificar): [_____________________________________________________]

2.2.19 – Existe problemas para que o empreendimento se adapte às normas da Vigilância Sanitária/Cidasc?

[ ] Sim (responda a questão 2.2.22 e 2.2.23)

[ ] não (passe para questão 2.2.24)

[ ] O empreendimento já segue as normas (passe para questão 2.2.24)

2.2.20 – Quais são os problemas para a adaptação do empreendimento às normas da vigilância sanitária?

[ ] falta recursos financeiros

[ ] falta recursos humanos

[ ] falta espaço físico

[ ] outro (especificar): [________________________________________________________________]

2.2.21 – Quais são as normas que você teria mais dificuldade em se adaptar?

....................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

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187Anexo

2.2.22 – O que deveria ser feito para solucionar os problemas das exigências sanitárias feitas pelo órgão municipal, estadual ou federal para as pessoas que transformam e vendem em suas propriedades produtos de origem animal e/ou vegetal e que trabalham com o Turismo Rural?

....................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

2.3 ATIVIDADE DE HOSPEDAGEM

2.3.1 - Os banheiros do empreendimento estão de acordo com as Normas da Vigilância Sanitária?

[ ] sim [ ] parcialmente [ ] não [ ] não sei

2.3.2 – Os quartos onde os clientes se hospedam possuem janela com abertura direta para o exterior?

[ ] sim [ ] não

2.3.3 – Qual a destinação dada ao esgoto sanitário e a água servida (pias e ralos)?

[ ] fossa séptica ou sumidouro [ ] rede pública [ ] fossa negra [ ] rio ou descarte a aberto [ ] outro (especificar): [_________________________________________________________]

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188Anexo

3 - LEGISLAÇÃO TRABALHISTA

3.1 – Todas as pessoas envolvidas com turismo rural na sua propriedade pertencem a unidade familiar do proprietário?

[ ] sim (passe p/ quadro 4-legislação fiscal) [ ] não

3.2 – Das pessoas que estão envolvidas na atividade de turismo rural( e não pertencem a unidade familiar do produtor), quantas possuem relação de trabalho:

formal [_____] pessoas

Informal [_____] pessoas

3.3 – Qual a sua relação com esse (s) trabalhador (es)? (checar todas as alternativas)

[ ] parente (não próximo)

[ ] Vizinho

[ ] apenas empregado

[ ] outro (especificar): [________________________________________________________________]

3.4 – Qual o número de trabalhadores envolvidos na atividade de turismo rural, segundo a jornada de trabalho:

tempo integral [_______] pessoas

tempo parcial [_______] pessoas

3.5 – Qual o número de trabalhadores envolvidos na atividade de turismo rural, segundo a classificação:

temporário/sazonal [_______] pessoas (responda a questão 3.6)

permanente [_______] pessoas

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189Anexo

3.6 – Caso exista trabalhador temporário/sazonal, qual é o período em que trabalha na sua propriedade? (checar todas as alternativas)

[ ] final de semana/feriado

[ ] férias escolares

[ ] outro (especificar): [________________________________________________________________]

3.7 – Em qual tipo de atividade este (s) trabalhador (es) se envolve(m) na sua propriedade (checar todas as que se aplicam):

[ ] Agropecuária

[ ] atendimento ao turista (recepção, cavalgadas, passeios, etc.) [ ] preparação de alimentos [ ] Garçom [ ] limpeza e arrumação [ ] outro (especificar): [________________________________________________________________]

3.8 – Você tem conhecimento de que o trabalhador rural que exerce também atividade relacionada ao turismo, pela legislação vigente, está tendo uma dupla jornada de trabalho?

[ ] não sabia

[ ] sabia e me preocupa

[ ] sabia mas acho que no meu caso não terei problemas por isso

3.9 – O empreendimento teve problema de reclamação trabalhista com empregado envolvido na atividade de turismo rural?

[ ] sim [ ] não (passe para questão 3.11)

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190Anexo

3.10 – Em caso afirmativo, qual a razão da reclamação? (checar todas as que se aplicam)

[ ] falta de carteira assinada

[ ] falta de pagamento de hora extra

[ ] falta de pagamento do piso salarial

[ ] Falta de pagamento de abono de férias e/ou 13°

[ ] dupla jornada de trabalho

[ ] Outro (especificar): [________________________________________________________________]

3.11 – O que deveria ser feito para solucionar os problemas trabalhistas que atingem os produtores rurais e os trabalhadores rurais, que exercem atividade turística?

....................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

4 – LEGISLAÇÃO FISCAL

4.1 – Este seu empreendimento é constituído legalmente (você registrou firma)?

[ ] sim (passe para questão 4.4) [ ] não

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191Anexo

4.2 – Em caso negativo, qual a razão de não ter constituído legalmente o empreendimento? (checar todas as alternativas)

[ ] falta de recursos financeiros

[ ] tributos muito elevados (caros)

[ ] não atendia todas as exigências legais

[ ] excesso de burocracia/exigências

[ ] necessidade de contratar o serviço de um contador

[ ] Perda da condição de produtor rural

[ ] outro (especificar): [________________________________________________________________]

4.3 – Caso não tenha constituído legalmente este seu empreendimento, você pensa em fazê-lo em breve?

[ ] sim [ ] não

4.4 – Qual a natureza do empreendimento (forma legal)?

[ ] sociedade limitada

[ ] firma individual

[ ] Cooperativa

[ ] Associação

[ ] outro (especificar): [________________________________________________________________]

4.5 A firma foi registrada em nome do proprietário?

[ ] Sim (passe para a questão 4.7) [ ] Não

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192Anexo

4.6 – Em nome de quem foi constituída a firma? [ ] filho (a) do proprietário [ ] cônjuge do proprietário [ ] neto (a) do proprietário [ ] outro (especificar): [________________________________________________________________]

4.7 – Por que esta foi a forma escolhida para constituir a firma? [ ] para não prejudicar minha aposentadoria na condição de produtor rural [ ] para poder continuar tendo acesso ao PRONAF e outras políticas de crédito para pequeno produtor rural [ ] outro (especificar): [________________________________________________________________]

4. 8 – O dono do empreendimento continua sendo agricultor? [ ] sim [ ] não

4.9 – Já houve solicitação de emissão de Nota Fiscal por algum turista? [ ] sim [ ] não 4.10 – O que foi entregue para ele? [ ] recibo próprio [ ] recibo de uma associação [ ] recibo de uma cooperativa [ ] nota fiscal do próprio empreendimento [ ] nota fiscal de uma associação [ ] nota fiscal de uma cooperativa [ ] nota fiscal da prefeitura [ ] outro (especificar): [________________________________________________________________]

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193Anexo

4.11 – Existe algum problema em entregar este documento para os turistas?

[ ] sim [ ] não

4.12 - Qual é o problema? Favor relatar no espaço abaixo:

....................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

4.13 – Qual seria a melhor maneira de solucionar a questão de emissão de Nota Fiscal para os clientes do Turismo Rural?

[ ] poder emitir Nota de Produtor para os serviços turísticos executados [ ] utilizar a Nota Fiscal de uma cooperativa [ ] utilizar a Nota Fiscal de uma associação [ ] outro (especificar): [________________________________________________________________]

5 – LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA/IMPOSTOS E TAXAS

5.1 – O empreendimento paga algum tipo de taxa para a Polícia Civil e/ou Militar?

[ ] sim [ ] não

5.2 – O empreendimento paga algum tipo de taxa para a Prefeitura Municipal?

[ ] sim [ ] não (passe para questão 5.4)

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194Anexo

5.3 – Em caso afirmativo, esta taxa é referente a licença/alvará de funcionamento do seu empreendimento?

[ ] sim [ ] não

5.4 – O empreendimento paga algum tipo de taxa à Vigilância Sanitária?

[ ] sim [ ] não

5.5 – O empreendimento paga ICMS?

[ ] sim [ ] não

5.6 – O empreendimento está enquadrado no SIMPLES?

[ ] sim [ ] não

5. 7 – Quais outros impostos/taxas o empreendimento paga para desenvolver a atividade turística? Favor citar no espaço abaixo:

....................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

5.8 – Além dos custos, quais outros problemas, existem para desenvolver legalmente a atividade de turismo rural? Favor citar no espaço baixo

....................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

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195Anexo

5.9– Qual seria a melhor maneira de solucionar os problemas relacionados a questão tributária que atinge os proprietários rurais que exercem atividade turística?

....................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

................................................................................................................................................................... 6 – RESPONSABILIDADE CIVIL

6. 1 - Já ocorreu algum acidente com cliente(s)/ turista(s) em sua propriedade?

[ ] sim [ ] não (passe para a questão 6.5)

6.2 - Em caso afirmativo, qual o procedimento adotado para evitar a reincidência do acidente? Favor relatar no espaço abaixo:

....................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

Espaço para observação do entrevistador quanto a este item:

....................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

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196Anexo

6.3 – Qual o motivo do acidente? (checar todas as alternativas)

[ ] imprudência do turista [ ] Casualidade [ ] falta de segurança/inadequação do empreendimento [ ] outro (especificar): [________________________________________________________________]

6.4 – Se ocorreu acidente, que tipo de conseqüência este causou ao estabelecimento(processo civil, etc)?

6. 5 – A propriedade adota algum procedimento para prevenir acidentes?

[ ] sim [ ] não (passe para a questão 6.7)

6.6 – Qual? Descrever o procedimento:

6. 7 – A propriedade adota algum procedimento para se eximir das responsabilidades relacionadas aos acidentes?

[ ] sim [ ] não (passe para a questão 7)

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197Anexo

6.8 – Qual? Descrever o procedimento:

7 – BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS E DE POLÍTICA AGRÍCOLA

7.1 – Quais os maiores problemas, relacionados a benefícios previdenciários, que o agricultor depara ao constituir uma empresa?

[ ] perda do direito a ser segurado especial [ ] perda do direito a aposentadoria rural [ ] outro (especificar): [________________________________________________________________]

7.2 – Quais os maiores problemas, relacionados a benefícios de política agrícola, que o agricultor depara ao constituir uma empresa?

[ ] impossibilidade de acesso ao crédito do Pronaf

[ ] outro (especificar): [________________________________________________________________]

7.3 – Qual seria a melhor maneira de solucionar os problemas relacionados a questão de benefícios previdenciários e de política pública, que atinge os proprietários rurais que exercem atividade turística?

....................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

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198Anexo

8 – OUTROS

8.1 - Você participa de alguma cooperativa ou associação de agricultura e/ou turismo?

[ ] sim Qual(ais)?[_______________________________________] [________________________________________]

[ ] Não

8.2 A prefeitura de sua cidade disponibiliza algum tipo de suporte técnico na área agrícola/ veterinária/ turismo?

[ ] sim Qual(ais)?[_______________________________________] [________________________________________]

[ ] Não

8.3 - Existe algum sistema de proteção contra-incêndio (instalações e equipamentos) no restaurante, pousada e/ou em outra área da propriedade?

[ ] sim Qual(ais)?[_______________________________________] [________________________________________]

[ ] Não

8.4 - Já houve alguma visita do corpo de bombeiros à sua propriedade?

[ ] sim [ ] não

8.5 - Em caso afirmativo, no momento da fiscalização havia algo que não estava de acordo?

[ ] sim [ ] não

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199Anexo

8.6 – O que não estava de acordo com as normas exigidas pelo Corpo de Bombeiros? Favor citar no espaço a seguir:

....................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

8.7 - Qual foi o procedimento adotado pelo Corpo de Bombeiros?

....................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

8.8 – Qual foi o procedimento adotado pelo responsável pelo empreendimento?

[ ] as adaptações sugeridas foram realizadas

[ ] as adaptações sugeridas foram realizadas parcialmente

[ ] houve tentativa de realizar as adaptações sugeridas, mas sem sucesso

[ ] as adaptações sugeridas foram ignoradas

[ ] outro (especificar): [________________________________________________________________]