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ESTUDO E IMPLEMENTAC ¸ ˜ AO DE MODELOS DE CANAL PARA COMUNICAC ¸ ˜ OES ENTRE VE ´ ICULOS Lucas de Andrade Cerqueira Projeto de Gradua¸c˜ ao apresentado ao Curso de Engenharia Eletrˆ onicaedeComputa¸c˜ao da Escola Polit´ ecnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necess´ arios ` aobten¸c˜ ao do t´ ıtulo de Enge- nheiro. Orientador: Paulo Sergio Ramirez Diniz Rio de Janeiro Mar¸co de 2019

ESTUDO E IMPLEMENTAC˘AO DE MODELOS DE CANAL~ PARA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027990.pdf · 2019-04-08 · pude contar. Agrade˘co tamb em a Alyssa Takazume,

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ESTUDO E IMPLEMENTACAO DE MODELOS DE CANAL

PARA COMUNICACOES ENTRE VEICULOS

Lucas de Andrade Cerqueira

Projeto de Graduacao apresentado ao Curso

de Engenharia Eletronica e de Computacao

da Escola Politecnica, Universidade Federal

do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos

necessarios a obtencao do tıtulo de Enge-

nheiro.

Orientador: Paulo Sergio Ramirez Diniz

Rio de Janeiro

Marco de 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Escola Politecnica - Departamento de Eletronica e de Computacao

Centro de Tecnologia, bloco H, sala H-217, Cidade Universitaria

Rio de Janeiro - RJ CEP 21949-900

Este exemplar e de propriedade da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que

podera incluı-lo em base de dados, armazenar em computador, microfilmar ou adotar

qualquer forma de arquivamento.

E permitida a mencao, reproducao parcial ou integral e a transmissao entre bibli-

otecas deste trabalho, sem modificacao de seu texto, em qualquer meio que esteja

ou venha a ser fixado, para pesquisa academica, comentarios e citacoes, desde que

sem finalidade comercial e que seja feita a referencia bibliografica completa.

Os conceitos expressos neste trabalho sao de responsabilidade do(s) autor(es).

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DEDICATORIA

A minha famılia.

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AGRADECIMENTOS

Agradeco a minha mae e meu pai por todo o apoio e amor incondicional, por

sempre me incentivarem a estudar e pela dedicacao incansavel para minha formacao

pessoal e academica. Agradeco tambem a minha irma pelo companheirismo e pelas

brincadeiras. Agradeco as minha avos pelos ensinamentos, pelas boas risadas e

por tudo que fizeram para criar seus filhos e netos. Agradeco tambem as minhas

madrinhas, padrinhos e a toda minha famılia por sempre me apoiarem e por estarem

presentes sempre que precisei.

Agradeco a minha namorada, Fabiana, por estar sempre ao meu lado, nos

momentos bons e ruins, e por tornar a jornada da graduacao muito menos cansa-

tiva. Obrigado pela proatividade e por sempre estar disposta a ajudar nao so os

alunos do curso de Engenharia Eletronica e Computacao, mas tambem qualquer um

que precise. Agradeco tambem pela ajuda com as ilustracoes deste projeto e pela

incansaveis revisoes.

Agradeco a meu orientador Paulo Diniz por ter me orientado neste trabalho,

por estar sempre disponıvel e pelos ensinamentos e dicas que me ajudaram muito

no desenvolvimento deste projeto.

Agradeco aos meus companheiros de turma Bruno Granato, Diogo Nocera,

Felipe Claudio, Vinicius Mesquita, Renata Baptista e a todos os outros que sempre

ajudaram a tornar a graduacao um ambiente mais descontraıdo e com quem sempre

pude contar. Agradeco tambem a Alyssa Takazume, Joao Felipe, Matheus Lima,

Victor Cossetti e outros que, mesmo nao sendo da minha turma, sempre ajudaram

de alguma forma durante minha formacao.

Agradeco tambem aos meus amigos Felippe Pinheiro, Patrick van Oorschot,

Renan van Oorschot e Renan Passos pelo companheirismo e pelos momentos de

descontracao que sempre rendem boas risadas.

Agradeco a todos os professores do Departamento de Engenharia Eletronica

e de Computacao (DEL) pelos ensinamentos teoricos e praticos necessarios para

minha formacao. Agradeco tambem a coordenacao e a secretaria do DEL por sempre

ajudarem quando precisei.

Agradeco tambem aos professores Brendan Jackman, Patrick Felicia, Patrick

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McInerney e P. J. Cregg pelo acolhimento e por todo o conhecimento que adquiri

durante intercambio para o Waterford Institute of Technology, Irlanda. Agradeco a

todos que ajudaram a tornar essa experiencia possıvel.

Agradeco tambem ao CNPq e a Universidade Federal do Rio de Janeiro pelas

bolsas de iniciacao cientıfica e de monitoria.

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RESUMO

Este projeto apresenta o estudo de modelos de canal criados especialmente

para comunicacoes entre veıculos (V2V) e propoe a inclusao deles no simulador ns-3.

Conhecido por ser um simulador de redes gratuito desenvolvido por pesquisadores

de diversas instituicoes (University of Washington, Georgia Institute of Technology,

International Institute of Computer Science, na California, e Institut National de

Recherche en Informatique et en Automatique, na Franca), o ns-3 possui codigo

aberto e e muito utilizado para fins de pesquisa e ensino. Tambem sao discutidos

os padroes vigentes relacionados a comunicacao V2V: a emenda IEEE 802.11p e a

famılia de padroes IEEE 1609. As informacoes contidas neles foram consolidadas de

forma a propiciar um entendimento amplo dessas normas. Os modelos foram im-

plementados utilizando a linguagem C++ e foram validados com base nos resultados

apresentados em suas respectivas referencias. Por fim, sao exibidos os resultados de

simulacoes utilizando os novos modelos no simulador ns-3.

Palavras-Chave: V2V, V2I, V2X, modelo de canal, two-ray, dual-slope, log-distancia,

IEEE 802.11p, IEEE 1609, OFDM, VANET, WAVE, WSMP, simulador, ns-3.

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ABSTRACT

This work presents a study of channel models that were developed speci-

fically for vehicle-to-vehicle communication (V2V) and proposes their addition to

the ns-3 network simulator. As a free and open source simulator developed by re-

searchers from several institutions (University of Washington, Georgia Institute of

Technology, International Institute of Computer Science, in California, and Insti-

tut National de Recherche en Informatique et en Automatique, in France), ns-3 is

mainly used for academic and educational purposes. The active standards related

to V2V communication are also discussed: the amendment IEEE 802.11p and the

family of IEEE 1609 standards. Their content is summarised in this work to provide

a wide understanding of these standards. The channel models were implemented in

C++ and they were validated against the results presented in their sources. Finally,

simulation results using the new models in the ns-3 simulator are presented.

Key-words: V2V, V2I, V2X, channel model, two-ray, dual-slope, log-distance, IEEE

802.11p, IEEE 1609, OFDM, VANET, WAVE, WSMP, simulator, ns-3.

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Sumario

Lista de Figuras xiii

Lista de Tabelas xv

Lista de Siglas xvii

Lista de Sımbolos xxi

1 Introducao 1

1.1 Tema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

1.2 Delimitacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

1.3 Justificativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

1.4 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

1.5 Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

1.6 Descricao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

2 Emenda IEEE 802.11p 5

2.1 Introducao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

2.2 Vehicular Ad-Hoc Network (VANET) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

2.3 Caracterizacao do canal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

2.4 Arquitetura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

2.5 Camada fısica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

2.5.1 Especificacoes tecnicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

2.5.2 Transmissor e receptor OFDM . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

2.6 Fluxo de dados entre a camada fısica e a camada MAC . . . . . . . . 28

2.6.1 Transmissao de dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

2.6.2 Recepcao de dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

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3 Famılia de padroes IEEE 1609 31

3.1 Introducao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

3.2 Padrao IEEE 1609.3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

3.2.1 WAVE Short Message Protocol (WSMP) . . . . . . . . . . . . 32

3.2.2 WAVE Service Advertisement (WSA) . . . . . . . . . . . . . . 34

3.3 Padrao IEEE 1609.4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

3.3.1 Coordenacao de canal e modos de acesso . . . . . . . . . . . . 36

3.3.2 Priorizacao de mensagens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

3.3.3 Sincronizacao de multiplos canais . . . . . . . . . . . . . . . . 41

4 Modelos de canal 45

4.1 Introducao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

4.2 Modelo dual-slope . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

4.3 Modelo two-ray ground . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

4.4 Modelo VirtualSource11p . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

5 Implementacao e Resultados 54

5.1 Introducao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

5.2 Simulador ns-3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

5.3 Implementacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

5.3.1 Modelo dual-slope . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

5.3.2 Modelo two-ray ground . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

5.3.3 Modelo VirtualSource11p . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60

5.4 Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

5.4.1 Cenarios de simulacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

5.4.2 Modelos dual-slope e two-ray ground . . . . . . . . . . . . . . 65

5.4.3 Modelo VirtualSource11p . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67

5.4.4 Analise de latencia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

6 Conclusoes 71

Bibliografia 73

A Codigo-fonte do modelo dual-slope 78

A.1 dual-log-propagation-loss-model.h . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78

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A.2 dual-log-propagation-loss-model.cc . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80

B Codigo-fonte do modelo two-ray ground 84

B.1 kunisch-tworay-propagation-loss-model.h . . . . . . . . . . . . . . . . 84

B.2 kunisch-tworay-propagation-loss-model.cc . . . . . . . . . . . . . . . . 87

C Codigo-fonte do modelo VirtualSource11p 93

C.1 intersection-propagation-loss-model.h . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93

C.2 intersection-propagation-loss-model.cc . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96

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Lista de Figuras

2.1 Rede sem fio em modo infraestrutura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

2.2 Rede sem fio em modo ad-hoc. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

2.3 Ilustracao de comunicacoes V2V e V2I. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

2.4 Arquitetura do modelo de referencia do padrao IEEE 802.11. Fonte: IEEE

802.11 [1]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

2.5 Estrutura do frame da camada fısica (PPDU). Fonte: IEEE 802.11 [1]. . . 14

2.6 Codificacao de um sımbolo OFDM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

2.7 Decodificacao de um sımbolo OFDM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

2.8 Diagrama de blocos de um LFSR. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

2.9 Scrambler da camada PHY (baseado em figura do padrao IEEE 802.11 [1]). 19

2.10 Diagrama de blocos do codificador convolucional (baseado em figura do

padrao IEEE 802.11 [1]). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

3.1 Ilustracao simplificada da arquitetura do sistema WAVE. Fonte: IEEE

1609.0 [2] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

3.2 Estrutura de uma Wave Short Message. Fonte: IEEE 1609.3 [3] . . . . . . 33

3.3 Estrutura do bloco WaveServiceAdvertisement. Fonte: IEEE 1609.3 [3] . . 35

3.4 Ilustracao dos modos de acesso aos canais. (a) Modo contınuo (b) Modo

alternado (c) Modo imediato. Fonte: IEEE 1609.4 [4] . . . . . . . . . . . 37

3.5 Exemplo de coordenacao dos canais no modo de acesso alternado. Fonte:

IEEE 1609.4 [4] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

3.6 Alocacao dos canais de servico e de controle utilizados pelo sistema WAVE

nos Estados Unidos. Fonte: FCC [5] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

3.7 Fluxograma simplificado do procedimento de backoff no algortimo EDCA. 42

3.8 Estrutura do elemento Timing Advertisement. Fonte: IEEE 802.11 [1] . . 43

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4.1 Ilustracao do caminho de visada direta (dLOS) e do caminho com reflexao

no solo (dr) entre um transmissor e um receptor. . . . . . . . . . . . . . 49

5.1 Atenuacao do canal em funcao da distancia para validacao do modelo dual-

slope adicionado ao simulador ns-3. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

5.2 Comparacao entre o modelo proposto por Kunisch e Pamp [6] e o imple-

mentado pela classe KunischTwoRayPropagationLossModel. . . . . . . . 60

5.3 Comparacao entre o modelo proposto por Mangel et al. [7] e o implemen-

tado pela classe IntersectionPropagationLossModel. . . . . . . . . . . 64

5.4 Comparacao da potencia de recepcao utilizando valores de xt decimais e

truncados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

5.5 Packet delivery ratio (PDR) em funcao da distancia utilizando o modelo

dual-slope em cenario de rodovia e urbano. . . . . . . . . . . . . . . . . 66

5.6 Packet delivery ratio (PDR) em funcao da distancia utilizando o modelo

log-distance no ambiente urbano e o modelo two-ray ground em cenario de

rodovia e rural. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68

5.7 Packet delivery ratio (PDR) em funcao da distancia do receptor ao cru-

zamento utilizando o modelo de Mangel et al. [7] e variando a posicao do

transmissor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

5.8 Latencia maxima observada em um ambiente de rodovia ao variar a quan-

tidade de veıculos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70

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Lista de Tabelas

2.1 Caracterizacao do canal quanto a sua seletividade em frequencia e ao seu

desvanecimento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

2.2 Parametros dos padroes IEEE 802.11a e IEEE 802.11p. Fonte: IEEE

802.11p [1] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

2.3 Taxas de transmissao para diferentes modulacoes e taxas de codificacao. . 16

2.4 Valores do fator de normalizacao KMOD de acordo com a modulacao.

Fonte: IEEE 802.11 [1]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

2.5 Mapeamento QPSK. Fonte: IEEE 802.11 [1]. . . . . . . . . . . . . . . . 24

2.6 Mapeamento 16-QAM. Fonte: IEEE 802.11 [1]. . . . . . . . . . . . . . . 25

2.7 Mapeamento 64-QAM. Fonte: IEEE 802.11 [1]. . . . . . . . . . . . . . . 25

3.1 Mapeamento entre UP, AC e ACI no padrao IEEE 802.11 [1]. . . . . . . . 39

3.2 Valores dos parametros do algoritmo EDCA definidos pela camada fısica

OFDM. Fonte: IEEE 802.11 [1] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

3.3 Valores padrao dos parametros do algoritmo EDCA para comunicacao em

modo OCB. Fonte: IEEE 802.11 [1] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

3.4 Valores padrao dos parametros do algoritmo EDCA para comunicacao em

modo OCB e camada fısica OFDM. Fonte: IEEE 1609.4 [4] . . . . . . . . 41

4.1 Expoente n da perda de propagacao em funcao da distancia para diferentes

cenarios. Fonte: [8] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

4.2 Parametros do modelo de canal dual-slope para rodovia e ambiente urbano.

Fonte: [9] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

4.3 Parametros do modelos two-ray ground e log-distancia para diferentes am-

bientes. Fonte: [6] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

5.1 Atributos da classe DualLogPropagationLossModel. . . . . . . . . . . . 57

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5.2 Parametros utilizados na validacao do modelo dual-slope no simulador ns-3. 57

5.3 Atributos da classe KunischTwoRayPropagationLossModel. . . . . . . . . 59

5.4 Atributos da classe IntersectionPropagationLossModel. . . . . . . . . 61

xvi

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Lista de Siglas

AGC Automatic Gain Control .

AIFS Arbitration Inter-Frame Space.

AP Access Point .

AWGN Additive White Gaussian Noise.

BPSK Binary Phase-Shift Keying .

BSM Basic Safety Message.

BSS Basic Service Set .

BSSID Basic Service Set Identifier .

CCH Control Channel .

CP Cyclic Prefix .

CSMA/CA Carrier Sense Multiple Access/Collision Avoidance.

CW Contention Window .

DLL Data Link Layer .

DSRC Dedicated Short Range Communications .

EDCA Enhanced Distributed Channel Access .

EIRP Effective Isotropic Radiated Power .

FCC Federal Communications Commission.

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FEC Forward Error Correction.

FFT Fast Fourier Transform.

IBSS Independent Basic Service Set .

ICI Intercarrier Interference.

IFFT Inverse Fast Fourier Transform.

IoT Internet of Things .

ISI Intersymbol Interference.

ITS Intelligent Transportation System.

LFSR Linear Feedback Shift Register .

LLC Logical Link Control .

LME Layer Management Entity .

LOS Line of Sight .

MAC Media Access Control .

MANET Mobile Ad-Hoc Network .

MLME MAC Layer Management Entity .

MLMEX MAC Layer Management Entity Extension.

MPDU MAC Protocol Data Unit .

NLOS Non-Line of Sight .

OCB Outside Context of Basic Service Set .

OLOS Obstructed Line of Sight .

OSI Open Systems Interconnection.

PAPR Peak-to-Average Power Ratio.

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PDR Packet Delivery Ratio.

PHY Camada fısica.

PLCP Physical Layer Convergence Procedure.

PLME Physical Layer Management Entity .

PMD Physical Medium Dependent .

PPDU Physical Layer Protocol Data Unit .

PSID Provider Service Identifier .

QPSK Quadriphase-Shift Keying .

RSU Roadside Unit .

SAP Service Access Point .

SCH Service Channel .

SIFS Short Inter-Frame Space.

SME Station Management Entity .

STA Station.

TA Time Advertisement .

TSF Timing Synchronization Function.

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro.

UTC Coordinated Universal Time.

V2I Vehicle-to-Infrastructure.

V2V Vehicle-to-Vehicle.

V2X Vehicle-to-Everything .

VANET Vehicular Ad-Hoc Network .

xix

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WAVE Wireless Access in Vehicular Environments .

WME WAVE Management Entity .

WSA WAVE Service Advertisement .

WSM WAVE Short Message.

WSMP WAVE Short Message Protocol .

xx

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Lista de Sımbolos

BS Largura de banda do sinal.

BC Banda de coerencia do canal.

NBPSC Numero de bits codificados por subportadora.

NCBPS Numero de bits codificados por sımbolo OFDM.

NDBPS Numero de bits de dados por sımbolo OFDM.

Tm Maximum delay spread .

TC Tempo de coerencia do canal.

TFFT Perıodo da FFT.

TRMS RMS delay spread .

∆fD Desvio Doppler.

∆fm Desvio Doppler maximo.

xxi

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Capıtulo 1

Introducao

1.1 Tema

A comunicacao entre veıculos (V2V, do ingles Vehicle-to-Vehicle) e entre

eles e a infraestrutura a seu redor (V2I, do ingles Vehicle-to-Infrastructure) vem se

tornando um assunto com cada vez mais destaque no contexto de Internet of Things

(IoT) e da pesquisa acerca de veıculos autonomos. Contudo, assim como outros

sistemas de comunicacao, e necessaria uma padronizacao das especificacoes com o

objetivo de garantir o funcionamento do sistema e de nao permitir a interferencia

com solucoes ja existentes, como 3G e 4G para comunicacoes moveis, por exemplo.

A emenda IEEE 802.11p, de 2010, e a famılia de padroes IEEE 1609 foram criadas

para especificar o sistema de comunicacao V2V e V2I.

Com o objetivo de tentar prever os efeitos sofridos por um sinal que e trans-

mitido atraves de um canal de comunicacao, diversos modelos de canal foram desen-

volvidos ao longo de decadas. Eles sao de fundamental importancia para simular os

sistemas de comunicacao e avaliar seu desempenho e viabilidade. Da mesma forma,

modelos de canal especıficos para ambientes veiculares vem sendo desenvolvidos e

estao presentes na literatura de V2V e V2I [7, 9, 6, 10, 11, 12].

Devido ao fato de que aplicacoes utilizando veıculos envolvem a vida e a segu-

ranca de pessoas, a utilizacao de simuladores para testar as solucoes de comunicacao

torna-se crucial. Dentre os simuladores gratuitos e voltados para fins educacionais e

de pesquisa, destacam-se o ns-2 [13] e, seu sucessor, ns-3 [14]. Alem disso, por serem

de codigo aberto, usuarios podem contribuir com novas funcionalidades para esses

1

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simuladores. Contudo, ha uma quantidade limitada de modelos de canal disponıveis

para a simulacao de comunicacoes V2V e V2I.

Nesse contexto, o trabalho apresenta a norma IEEE 802.11p e a famılia de

padroes IEEE 1609, que definem especificacoes para os sistemas de comunicacao

em ambientes veiculares, e discorre sobre a inclusao de tres modelos de canal para

comunicacoes V2V no simulador ns-3 [14].

1.2 Delimitacao

Por serem modelos de canal empıricos, sua aplicacao e restrita a ambientes

sob condicoes similares as do momento em que as medicoes foram realizadas, como

anteparos existentes e a velocidade dos veıculos. Alem disso, devido ao fato de que

os padroes para comunicacoes veiculares sao recentes, eles estao sujeitos a revisoes

e podem diferir das descricoes apresentadas neste projeto em alguns pontos. O

trabalho foi desenvolvido no Laboratorio de Sinais, Multimıdia e Telecomunicacoes

(SMT) da Escola Politecnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

1.3 Justificativa

De acordo com o relatorio da Organizacao Mundial da Saude (OMS) de 2018

sobre acidentes de transito [15], cerca de 1,35 milhao de pessoas morrem por ano

devido a acidentes de transito e mais de 20 milhoes ficam feridas, muitas com sequelas

permanentes. Do numero de mortes, mais da metade das vıtimas eram pedestres,

ciclistas ou motociclistas. Alem disso, acidentes de transito se tornaram a causa de

morte mais comum entre criancas e jovens nos ultimos anos.

Dado esse panorama de acidentes, aplicacoes com o objetivo de aumentar a

seguranca no transito estao sob alta demanda, como localizar obstaculos, identificar

condicoes da via e prever e evitar acidentes. Em aplicacoes como essas, transmis-

sores e receptores podem ser utilizados na comunicacao V2V e V2I com o objetivo

de compartilhar informacoes e alertas. Essa comunicacao pode servir tanto para

aplicacoes mais simples, como um veıculo de emergencia enviando mensagens para

os veıculos proximos e alertando os condutores para abrir caminho, como tambem

2

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aplicacoes complexas, onde o trafego de carros autonomos pode ser redirecionado a

partir do aviso de um acidente repassado entre eles.

Contudo, aplicacoes de comunicacao precisam de uma etapa de simulacao

exaustiva, a fim de atestar sua confiabilidade, desempenho e viabilidade. Por esse

motivo, a utilizacao de simuladores para pesquisa e desenvolvimento e impres-

cindıvel. Por ser gratuito, possuir codigo aberto e por ser voltado para fins de

pesquisa e educacionais, o simulador ns-3 [14] foi escolhido para ser utilizado neste

projeto.

De forma analoga, experimentos com medicoes em campo para o desenvol-

vimento de modelos de canal tambem sao de extrema importancia para entender

a dinamica de propagacao do sinal em ambientes veiculares, onde os dispositivos

se movem com velocidades altas e ha uma quantidade grande de anteparos, como

construcoes, vegetacao e outros veıculos. Porem, o simulador ns-3 possui poucos

modelos de canal que possam ser aplicados para comunicacao V2V e V2I.

Assim, neste trabalho, tres modelos de canal para comunicacao V2V criados

a partir de medicoes em campo sao adicionados ao simulador ns-3. Alem disso,

por serem padroes relativamente recentes, o trabalho apresenta as principais carac-

terısticas e arquitetura especificadas pela emenda IEEE 802.11p e pela famılia de

padroes IEEE 1609.

1.4 Objetivos

Os objetivos deste trabalho sao expandir as capacidades do simulador ns-3

no que diz respeito a modelos de canal para ambientes veiculares e propiciar um

entendimento amplo sobre a emenda IEEE 802.11p e sobre a famılia de padroes

IEEE 1609.

1.5 Metodologia

Em um primeiro momento, foi feita uma pesquisa bibliografica para iden-

tificar trabalhos relacionados a modelos de canal para comunicacoes V2V e seus

resultados. Alem disso, a emenda IEEE 802.11p [1] e a famılia de padroes IEEE

1609 [2, 3, 4, 16] foram estudadas.

3

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A partir da pesquisa, foram encontrados tres modelos de canal [7, 9, 6] pre-

sentes na literatura de comunicacao V2V para serem adicionados ao simulador ns-3.

Esse simulador e escrito em C++ e os modelos foram implementados com novas

classes, que se integram as ja existentes.

Por fim, os resultados obtidos nas referencias de cada modelo de canal fo-

ram utilizados para validar suas implementacoes. Simulacoes foram realizadas para

exemplificar a total integracao dos novos modelos com o simulador ns-3 e para analise

de desempenho da transmissao em diferentes cenarios.

1.6 Descricao

No capıtulo 2 sera apresentada a emenda IEEE 802.11p, que introduz mu-

dancas ao padrao IEEE 802.11 para possibilitar a comunicacao em ambientes vei-

culares.

No capıtulo 3, e apresentada a famılia de padroes IEEE 1609, com enfoque

aos padroes IEEE 1609.3 e IEEE 1609.4 e a arquitetura do sistema Wireless Access

in Vehicular Environments (WAVE).

O capıtulo 4 contem a descricao de tres modelos de canal encontrados na lite-

ratura de comunicacao Vehicle-to-Vehicle (V2V) e que nao tinham implementacao

no simulador ns-3.

No capıtulo 5, ha uma breve descricao do simulador ns-3 e e detalhada a

implementacao de cada modelo de canal descrito no capıtulo 4. Foram criadas classes

em C++, uma para cada modelo, de forma que possam ser integradas ao simulador.

Alem disso, sao exibidos os resultados de simulacoes realizadas em diferentes cenarios

utilizando os modelos implementados.

Por fim, o capıtulo 6 expoes as conclusoes e sugestoes de trabalhos futuros.

4

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Capıtulo 2

Emenda IEEE 802.11p

2.1 Introducao

A norma IEEE 802.11p [17] e uma emenda aprovada e adicionada em 2010

ao IEEE 802.11 [1], padrao responsavel por definir especificacoes da camada fısica

(PHY) e da camada Media Access Control (MAC) para o funcionamento de redes

sem fio nas frequencias de 2,4, 3,6, 5 e 60 GHz. Essa norma tem por objetivo

viabilizar a implementacao de comunicacao entre veıculos (V2V) e entre veıculo

e a infraestrutura ao redor dele (V2I), como sensores, postes e pedagios [18], por

exemplo.

O principal desafio para a comunicacao em ambientes veiculares e a dinamica

de propagacao do canal, que pode variar muito ao longo do tempo. Por esse motivo,

as mudancas presentes na emenda IEEE 802.11p servem para mitigar os efeitos

causados por essas variacoes.

2.2 Vehicular Ad-Hoc Network (VANET)

O ambiente de comunicacao sem fio proposto pelo padrao IEEE 802.11 e

composto por estacoes (STA, do ingles station) e tambem pode contar com pontos

de acesso (AP, do ingles access point). Uma STA e definida como uma entidade que

possui um endereco unico para sua camada MAC (endereco MAC) e uma interface

com o meio de propagacao atraves de uma camada PHY. Ja um AP, e composto

por uma STA e disponibiliza servicos de distribuicao para as STAs associadas a ele.

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Figura 2.1: Rede sem fio em modo infraes-

trutura.

Figura 2.2: Rede sem fio em modo ad-hoc.

Essa associacao ocorre, por exemplo, quando um celular se conecta a uma rede sem

fio provida por um roteador, onde o celular e uma STA e o roteador um AP.

Antes da emenda IEEE 802.11p, o padrao IEEE 802.11 previa dois modos de

funcionamento possıveis para redes sem fio: infraestrutura ou ad-hoc. No primeiro

modo, as STAs se comunicam entre si atraves de um AP ao qual elas estejam sin-

cronizadas e o conjunto desses dispositivos forma um Basic Service Set (BSS). Ja

no modo ad hoc (do latim, significa “para esta finalidade”), a rede nao possui APs

e nao depende de uma infraestrutura pre-existente para que ela funcione. Nessa

configuracao, as STAs se comunicam diretamente entre si, sao responsaveis pelo

roteamento das mensagens e sao capazes de criar ou de se associar a redes sob de-

manda. O conjunto de STAs capazes de se comunicarem entre si em uma rede ad hoc

e denominado Independent Basic Service Set (IBSS), pois as estacoes independem

de um AP para gerir o trafego entre elas. Um BSS ou IBSS e identificado por um

codigo unico chamado de Basic Service Set Identifier (BSSID).

Uma rede ad-hoc composta por dispositivos moveis e que se configura auto-

maticamente e conhecida como Mobile Ad-Hoc Network (MANET). Para o caso es-

pecial que as STAs sao veıculos, a rede e conhecida como Vehicular Ad-Hoc Network

(VANET). Apesar do nome sugerir que seja composta por veıculos, uma VANET

pode possuir outros dispositivos que irao se comunicar com os carros e vice-versa.

Eles sao conhecidos como Roadside Units (RSUs), ou unidades de lateral de pista em

uma traducao livre, e podem ser usados para monitoramento de trafego, deteccao

de infracoes, sistemas para evitar colisoes e para estabelecer limites de velocidade

variaveis de acordo com as condicoes de trafego, por exemplo.

Em uma VANET, a comunicacao entre os dispositivos ocorre, principalmente,

por meio de broadcast, ou seja, a mensagem e enviada para todos os nos da rede den-

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Figura 2.3: Ilustracao de comunicacao V2V e V2I.

tro do raio de alcance; A comunicacao entre veıculos e a infraestrutura ao seu redor

e conhecida por Vehicle-to-Infrastructure (V2I). A figura 2.3 ilustra comunicacoes

entre veıculos (V2V) e entre um veıculo e uma RSU. O termo cunhado para englobar

as comunicacoes V2V e V2I e Vehicle-to-Everything (V2X).

Contudo, os processos de associacao e autenticacao existentes nos modos in-

fraestrutura e ad-hoc demandam um intervalo de tempo que e crucial para aplicacoes

onde a latencia e uma das maiores prioridades, como e caso da comunicacao entre

veıculos. Por esse motivo, a emenda IEEE 802.11p adicionou um novo modo de

operacao chamado de Outside Context of Basic Service Set (OCB). Caso o dispo-

sitivo esteja configurado para operar nesse modo, as funcoes de associacao, auten-

ticacao e seguranca entre os nos sao desativadas na camada MAC, acarretando em

uma latencia menor na comunicacao entre dois nos. Para diferenciar de uma co-

municacao dentro do contexto de um BSS, e utilizado um BSSID fixo composto

somente por bits 1.

2.3 Caracterizacao do canal

O canal de comunicacoes V2X pode ser caracterizado por um ambiente ex-

tramente dinamico onde as STAs e os anteparos podem se mover em velocidades

bastante elevadas. Dentre os obstaculos, os mais comuns sao outros veıculos, sendo

esses de diferentes tamanhos e formatos (carros, caminhoes, motocicletas, onibus,

etc.), edificacoes e vegetacao.

Ao se transmitir um sinal atraves de um canal de comunicacao sem fio, ele

sofre dois tipos de atenuacao (fading): de larga escala (large-scale fading) e de pe-

quena escala (small-scale fading). A atenuacao de larga escala se refere as perdas de

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propagacao ao longo de grandes distancias, da ordem de centenas de comprimentos

de onda. Essa atenuacao ocorre quando o sinal se propaga pelo ar gerando flutuacoes

na potencia recebida devido a reflexoes, difracoes e espalhamento (scattering) resul-

tantes da interacao da onda com os anteparos quando nao ha visada direta entre

transmissor e receptor, fenomeno conhecido como sombreamento (shadowing). Ja

a atenuacao em pequena escala modela as flutuacoes rapidas de potencia em um

curto intervalo de tempo ou ao percorrer pequenas distancias. Essas flutuacoes sao

resultado de interferencias construtivas e destrutivas do sinal quando ocorrem os

fenomenos de multicaminho e espalhamento Doppler.

Ao interagir com os anteparos presentes no ambiente, parte da energia do sinal

que esta sendo transmitido e absorvida e a outra e refletida de volta para o meio

de propagacao. Por percorrer uma distancia maior ate alcancar o receptor, o sinal

refletido chega atrasado em relacao ao sinal recebido atraves do caminho de visada

direta (LOS, do ingles line of sight) entre o transmissor e receptor. Esse fenomeno em

que multiplas copias de um sinal chegam ao receptor atraves de diferentes caminhos

e com diferentes atrasos de tempo e conhecido como multicaminho.

A resposta ao impulso no domınio do tempo de um canal com N caminhos

de propagacao entre o transmissor e receptor e dada por:

h(t) =N∑n=1

αn(t)ejφn(t)δ(t− τn(t)) (2.1)

onde αn(t) e φn(t) representa a magnitude e a fase, respectivamente, e τn(t) de-

nota o atraso de propagacao (do ingles, propagation delay) da n-esima copia. Esses

parametros variam com o tempo por conta da mobilidade inerente ao canal, alte-

rando suas condicoes de propagacao.

Aplicando a transformada de Fourier na equacao 2.1, obtem-se a resposta ao

impulso do canal no domınio da frequencia:

H(f) = F(h(t)) =

∫ +∞

−∞h(t)e−2πftdt =

N∑n=1

αn(t)ejφn(t)e−2πfτn(t) (2.2)

Normalmente, para determinar o ultimo impulso recebido, e definido um

limiar mınimo de potencia de recepcao, onde os impulsos que estiverem abaixo dele

sao descartados. O intervalo de tempo entre o primeiro e o ultimo impulso e chamado

de maximum delay spread e e calculado por:

Tm = τN − τ1 (2.3)

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O RMS (root mean squared) delay spread e dado por: [8]

TRMS =√τ 2 − τ 2 (2.4)

onde

τ 2 =

∑Nn=1 α

2nτ

2n∑N

n=1 α2n

(2.5)

e

τ =

∑Nn=1 α

2nτn∑N

n=1 α2n

(2.6)

Desses parametros que determinam o espalhamento temporal de um canal

com multiplos caminhos, pode-se calcular a banda de coerencia (BC), que e o inter-

valo de frequencias em que a resposta em frequencia do canal pode ser considerada

constante. Outra interpretacao e que banda de coerencia e o intervalo de frequencias

em que a correlacao em amplitude de duas componentes e maior do que um limiar

definido. Caso esse limiar seja igual a 0,5, a banda de coerencia pode ser aproximada

por: [19]

BC ≈1

5TRMS

(2.7)

Caso a banda de coerencia seja o intervalo em que a funcao de correlacao

entre as frequencias for maior do que 0,9, BC pode ser aproximada por: [19]

BC ≈1

50TRMS

(2.8)

Esse conceito de banda de coerencia serve para classificar o canal como sele-

tivo em frequencia ou plano. Considere um sinal cuja largura de banda e igual a BS

que sera transmitido por um canal com banda de coerencia BC . Caso BS BC ,

isso significa que todas as componentes em frequencia do sinal sofrerao uma mesma

atenuacao com ganho aproximadamente constante e fase linear, caracterizando um

canal com resposta plana; caso contrario, BS BC , o canal apresenta ganho em am-

plitude e resposta em fase variando nao-linearmente com a frequencia, distorcendo o

sinal recebido e criando picos e vales em seu espectro em frequencia devido a inter-

ferencias construtivas e destrutivas entre as copias do sinal que chegam ao receptor.

Esse problema pode ser mitigado utilizando-se um equalizador no receptor para des-

fazer o efeito do canal sobre o sinal ou, como e utilizado no OFDM, distribuindo

a informacao a ser transmitida em multiplas subportadoras para que, caso alguma

9

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componente em frequencia seja muito atenuada por conta de uma interferencia des-

trutiva, o codigo corretor de erro consiga reconstituı-la. De forma analoga, o canal

pode ser classificado utilizando o domınio do tempo: se a duracao do sımbolo a ser

transmitido TSYM for muito maior do que TRMS, ocorre interferencia intersimbolica

(ISI) e o canal e seletivo em frequencia; caso contrario, se TSYM TRMS, o canal

tem resposta plana.

Outro fenomeno muito presente em canais com alta mobilidade e o efeito

Doppler, onde a velocidade relativa entre transmissor e receptor e o angulo de che-

gada do sinal acarretam em um desvio de frequencia ∆fD, que pode ser calculado

por:

∆fD =v

λcos θ (2.9)

onde v e a velocidade relativa entre o receptor e o transmissor, λ e o comprimento

de onda do sinal sendo transmitido e θ e o angulo de chegada do sinal em relacao a

direcao de movimentacao do receptor. O desvio de frequencia e positivo caso trans-

missor e receptor estejam se aproximando e negativo na situacao em que estejam se

afastando. O desvio maximo ∆fm e dado por:

∆fm =v

λ=v

cfc (2.10)

sendo c a velocidade da luz no meio e fc a frequencia da portadora do sinal transmi-

tido. Em uma situacao de comunicacao entre dois veıculos com velocidade relativa

de 200 km/h (aproximadamente 55,56 m/s) e frequencia da portadora em 5,9 GHz,

o desvio maximo ∆fm e da ordem de 1 kHz.

O efeito Doppler aliado ao multicaminho resulta em multiplas copias do sinal

chegando ao receptor com desvios de frequencia diferentes que variam com o tempo.

Isso resulta em um espalhamento das componentes de frequencia do sinal recebido

em torno da frequencia da portadora, sendo este fenomeno conhecido como espa-

lhamento Doppler (do ingles, Doppler spread). Da mesma forma que o delay spread

e a banda de coerencia sao parametros que refletem o espalhamento no domınio

do tempo e a variacao da resposta do canal em relacao a frequencia, o desvio de

frequencia do efeito Doppler e o conceito de tempo de coerencia caracterizam o es-

palhamento das componentes frequenciais do sinal e a natureza variante no tempo

do canal. O tempo de coerencia pode ser entendido como o intervalo de tempo em

10

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que a resposta ao impulso do canal e praticamente invariante ou, de forma analoga a

interpretacao da banda de coerencia, como o intervalo em que a correlacao temporal

em amplitude entre dois sinais recebidos e maior do que um certo limiar. O tempo

de coerencia TC pode ser aproximado como o inverso do desvio maximo de Doppler

∆fm:

TC ≈1

∆fm(2.11)

Caso seja utilizada a interpretacao utilizando a correlacao temporal e o limiar

seja definido em 0,5, TC pode ser aproximado por [20]:

TC ≈9

16π∆fm(2.12)

Na pratica, como uma regra empırica, TC e definido como a media geometrica

entre as equacoes 2.11 e 2.12: [8]

TC =

√9

16π∆fm2 ≈

0.423

∆fm(2.13)

O tempo de coerencia e utilizado para classificar o desvanecimento do canal

como rapido ou lento. Se o perıodo de um sımbolo TSYM e menor do que o tempo de

coerencia TC do canal, isso significa que a resposta ao impulso do canal no domınio

do tempo varia pouco enquanto o sımbolo esta sendo transmitido, caracterizando

um desvanecimento com variacoes lentas. Caso contrario, TSYM TC , a resposta

ao impulso do canal varia rapidamente no intervalo de duracao de um sımbolo,

causando dispersao na frequencia devido ao espalhamento Doppler e distorcendo o

sinal.

A tabela 2.1 apresenta um resumo das classificacoes do canal quanto a sua

seletividade em frequencia e ao seu desvanecimento em relacao a duracao do sımbolo,

a largura de banda do sinal, ao tempo de coerencia do canal e a banda de coerencia.

2.4 Arquitetura

A arquitetura da famılia de protocolos 802.11 e basicamente a mesma para

todas as suas normas. Isso ocorre porque a arquitetura e baseada no modelo de

referencia definido na norma Open Systems Interconnection (OSI)(ISO/IEC 7498-

1:1994) e e pautada em duas partes principais: a camada PHY e a camada de

11

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Tabela 2.1: Caracterizacao do canal quanto a sua seletividade em frequencia e ao seu

desvanecimento.

TSY M TC TSY M TC

BS BCdesvanecimento lento

Plano em frequencia e

desvanecimento rapido

Plano em frequencia e

BS BCdesvanecimento lento

Seletivo em frequencia e

desvanecimento rapido

Seletivo em frequencia e

enlace de dados (Data Link Layer, DLL), que e composta pela subcamada MAC

e pela subcamada de controle de enlace logico (Logical Link Control, LLC). A ca-

mada fısica e a interface do dispositivo com o meio externo, sendo responsavel pela

transmissao e recepcao de dados atraves do canal. A camada MAC e responsavel

pelo enderecamento dos dados, protecao contra erros ao checar a integridade da

mensagem e controle de acesso ao meio para evitar transmissoes quando o canal

estiver ocupado. A camada MAC e projetada de forma que ela seja independente

da camada PHY presente no dispositivo. A figura 2.4 contem uma ilustracao do

modelo de referencia adotado pelos padroes IEEE 802.11. No capıtulo 3, a camada

MAC e definida com mais detalhes.

Os Service Access Points (SAPs) servem para prover os servicos de uma

camada para outra atraves de primitivas. Atraves do SAP entre as camadas PHY e

MAC, por exemplo, a MAC pode requerer servicos como transferir para a camada

PHY dados a serem transmitidos, solicitar o inıcio de uma transmissao e enviar

parametros de configuracao para a camada PHY, assim como a camada fısica pode

notificar a camada MAC do inıcio e fim de uma recepcao. A lista detalhada das

primitivas disponıveis em cada SAP incluindo suas funcionalidades e parametros

necessarios pode ser encontrada em [1].

A Station Management Entity (SME) pode ser entendida como uma entidade

independente responsavel pelo gerenciamento da STA e que interage com as Layer

Management Entitys (LMEs) das camadas MAC e PHY. Cada LME tem o papel

de gerenciar parametros e funcoes da sua respectiva camada. Existem SAPs para

que as LMEs interajam entre si e com a SME. A Physical Layer Management Entity

12

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Figura 2.4: Arquitetura do modelo de referencia do padrao IEEE 802.11. Fonte: IEEE

802.11 [1].

(PLME), por exemplo, armazena e disponibiliza atraves de primitivas uma serie

de caracterısticas da camada fısica como duracao e comprimento de preambulo,

comprimento do sımbolo, duracao maxima de um bloco de dados a ser transmitido,

dentre outras. Ja a MAC Layer Management Entity (MLME) gerencia funcoes para

solicitacoes de troca de canal, gerenciamento de energia, sincronizacao e busca por

pontos de acesso, por exemplo.

Blocos de informacao (frames) sao definidos para as camadas MAC e fısica

com formatos especıficos. Eles possuem informacoes estruturadas em campos (fields)

pre-estabelecidos no padrao IEEE 802.11 de forma que possam ser utilizados para

enviar dados entre as camadas e, no caso da camada fısica, transmitir o frame atraves

do ar para que seja recebido e decodificado no receptor. O frame da camada MAC

tambem e chamado de MAC Protocol Data Unit (MPDU) e o da camada PHY e

chamado de Physical Layer Protocol Data Unit (PPDU). Enfoque maior sera dado

ao frame da camada fısica, cuja estrutura pode ser vista na figura 2.5.

13

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Figura 2.5: Estrutura do frame da camada fısica (PPDU). Fonte: IEEE 802.11 [1].

2.5 Camada fısica

2.5.1 Especificacoes tecnicas

A camada fısica da emenda IEEE 802.11p baseia-se nas especificacoes da

norma IEEE 802.11a [21], que foi umas das primeiras emendas ao padrao IEEE

802.11. Essa norma estabelecia a comunicacao na banda de 5 GHz para ambientes

com baixa mobilidade relativa entre os nos e a utilizacao de multiplexacao OFDM

(Orthogonal Frequency-Division Multiplexing) [22].

A principal diferenca para a norma IEEE 802.11a e a largura de banda do

canal. Na emenda IEEE 802.11p, define-se a banda como 10 MHz, metade do que

e utilizado pela norma IEEE 802.11a. Essa reducao propicia uma maior robustez

contra a atenuacao do canal, ja que a transmissao pode ser feita em canais com

banda de coerencia menor, ou seja, com maior mobilidade, e permite a utilizacao

de um prefixo cıclico (CP) mais longo, tornando o sistema mais robusto quanto ao

delay spread do canal e reduzindo, assim, a interferencia intersimbolica (ISI). O CP

tambem serve para mitigar a interferencia entre subportadoras (ICI), que se torna

mais acentuada na norma IEEE 802.11p, ja que o espacamento entre as subpor-

tadoras no domınio da frequencia e metade do definido no padrao IEEE 802.11a,

fazendo com que o receptor seja mais sensıvel a desvios em torno da frequencia da

portadora causados pelo efeito Doppler. Alem dessa diferenca, a frequencia cen-

tral de operacao e 5,9 GHz nos Estados Unidos e 5,8 GHz na Europa e no Japao.

A tabela 2.2 compara alguns parametros entre as normas IEEE 802.11a e IEEE

802.11p.

14

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Tabela 2.2: Parametros dos padroes IEEE 802.11a e IEEE 802.11p. Fonte: IEEE

802.11p [1]

Parametro IEEE 802.11a IEEE 802.11p

Total de subportadoras utilizadas (NST ) 52 52

Total de subportadoras de dados (NSD) 48 48

Total de subportadoras piloto (NSP ) 4 4

subportadoras (∆F )

Espacamento entre0,3125 MHz 0,15625 MHz

Largura de banda 20 MHz 10 MHz

Perıodo da FFT (TFFT ) 3,2 µs 6,4 µs

(1/4× TFFT )

Duracao do prefixo cıclico (TCP )0,8 µs 1,6 µs

(TCP +TFFT )

Perıodo do sımbolo OFDM4 µs 8 µs

(Mb/s)

Taxa de bits

24, 36, 48, 54

6, 9, 12, 18

12, 18, 24, 27

3, 4,5, 6, 9

A reducao da largura da banda tambem impacta na taxa de transmissao de

bits, que depende da tecnica de modulacao e da taxa de codificacao de bits que

serao utilizadas. As modulacoes disponıveis sao BPSK(Binary phase-shift keying),

QPSK(Quadriphase-shift keying) e 16- ou 64-QAM(Quadrature amplitude modula-

tion). O esquema de codificacao dos bits utiliza Forward Error Correction (FEC)

com um codificador convolucional que pode operar com taxas de 1/2, 2/3 ou 3/4.

Essa codificacao serve para adicionar bits de redundancia ao sımbolo OFDM para

aumentar a probabilidade de uma decodificacao bem-sucedida no receptor. Sao es-

pecificadas 8 combinacoes de tecnicas de modulacao e taxas de codificacao no padrao

IEEE 802.11, acarretando em diferentes taxas de transmissao, como pode ser visto

na tabela 2.3. O suporte as taxas de transmissao de dados de 3, 6 e 12 Mb/s e obri-

gatorio, sendo as demais opcionais. Por exemplo, a modulacao QPSK utiliza 2 bits

para representar o sımbolo de uma subportadora, originando um sımbolo OFDM

com 96 bits. Desse total, se for utilizada uma taxa de codificacao de 3/4, 72 bits

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sao para dados e 24 bits para redundancia. Como a duracao do sımbolo OFDM e

de 8 µs, a taxa de transmissao de dados e de 9 Mb/s nesse caso.

Tabela 2.3: Taxas de transmissao para diferentes modulacoes e taxas de codificacao.

Modulacao

(R)

codificacao

Taxa de

(NBPSC)

subportadora

Bits por

(NCBPS)

OFDM

sımbolo

codificados por

Bits

(NDBPS)

OFDM

sımbolo

por

Bits de dados

[Mb/s]

de dados

Taxa

BPSK 1/2 1 48 24 3

BPSK 3/4 1 48 36 4,5

QPSK 1/2 2 96 48 6

QPSK 3/4 2 96 72 9

16-QAM 1/2 4 192 96 12

16-QAM 3/4 4 192 144 18

64-QAM 2/3 8 288 192 24

64-QAM 3/4 8 288 216 27

A definicao da potencia maxima de transmissao permitida fica a cargo dos

orgaos reguladores de cada paıs e e, geralmente, especificada como a potencia efe-

tiva irradiada por uma antena isotropica ideal (EIRP, do ingles Effective Isotropic

Radiated Power), onde essa antena teorica irradia sua potencia em todas as direcoes

uniformemente. Nos Estados Unidos, por exemplo, a Federal Communications Com-

mission (FCC) define EIRP maximo de 23 dBm ou 33 dBm dependendo do canal de

operacao para comunicacao V2X. Para calcular a EIRP em dBm, leva-se em conta

a potencia de saıda da antena (PT ) em dBm, perdas no cabo (LC) em dB e o ganho

da antena (GA) em dBi. A unidade dBm e uma unidade logarıtmica de potencia

em relacao a 1 mW. Ja a unidade dBi serve para indicar que o ganho em questao

foi comparado ao de uma antena isotropica ideal.

EIRP = PT − LC +GA (2.14)

PdBm = 10 log10

P

1 mW(2.15)

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Scramblerconvolucional

Codificador

Modulacao

Interleaver+IFFT...

de CP

Adicao

OFDM

Sımbolo...

Figura 2.6: Codificacao de um sımbolo OFDM.

de CP

RemocaoFFT...

Demodulacao

Deinterleaver+...

Viterbi

Decod.Descrambler Dados

Figura 2.7: Decodificacao de um sımbolo OFDM.

2.5.2 Transmissor e receptor OFDM

A geracao de um sımbolo OFDM a partir de dados binarios e composta

por uma serie de operacoes, como ilustrado no diagrama de blocos da figura 2.6.

Primeiro, os dados sao embaralhados por um scrambler e, em seguida, codificados

utilizando-se um codificador convolucional (convolutional encoder). Apos codifica-

dos, os dados sao distribuıdos nas subportadoras pelo interleaver, modulados com

alguma das tecnicas disponıveis e divididos em grupos com tamanho igual a quan-

tidade de subportadoras, onde cada grupo dara origem a um sımbolo OFDM. E

calculada a transformacao rapida de Fourier inversa (IFFT, do ingles Inverse Fast

Fourier Transform) de cada grupo, levando a modulacao em constelacoes para o

domınio do tempo. O resultado e agrupado de volta como dados seriais e o prefixo

cıclico (CP) e adicionado entre os sımbolos, formando uma sequencia de sımbolos

OFDM. Para ser transmitido, esse sinal e modulado na frequencia da portadora e

amplificado.

Ja na recepcao de um sımbolo OFDM, apos aplicar o ganho do receptor,

demodular o sinal para banda base e fazer a recuperacao de relogio, os prefixos

cıclicos sao removidos. Em seguida, e aplicada a Fast Fourier Transform (FFT) nos

dados complexos que estao nas subportadoras. O resultado da FFT e demodulado

a partir da constelacao utilizada e passa pelo deinterleaver. Para decodificar o

codigo corretor de erro convolucional, o padrao sugere a utilizacao do algoritmo

de Viterbi [23]. Por fim, apos decodificados, os dados sao desembaralhados pelo

descrambler. A figura 2.7 ilustra o processo de decodificacao de um sımbolo OFDM.

17

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2.5.2.1 Scrambler/Descrambler

Como o transmissor nao tem controle sobre como os dados estao sendo gera-

dos, pode acontecer dos dados binarios possuırem longas sequencias de 0 ou 1. Se

essas sequencias fossem moduladas dessa forma, haveria uma concentracao maior

de energia em algumas subportadoras do que em outras e dificultaria a acao de

algoritmos de recuperacao de relogio (clock recovery) ou de controle automatico de

ganho (AGC), ja que haveria poucas transicoes no sinal. Alem disso, caso um con-

junto de bits consecutivos (burst) de uma mesma sequencia seja perdido, torna-se

praticamente impossıvel recupera-lo.

Por esses motivos, e utilizado o scrambler, ou embaralhador, que transforma

uma sequencia de dados binarios em outra descorrelacionada de mesmo comprimento

com bits uniformemente distribuıdos. Esse processo permite um clock recovery mais

preciso e distribui a energia de forma mais uniforme entre as subportadoras, redu-

zindo a Peak-to-Average Power Ratio (PAPR), que e a razao entre a potencia de

pico e a potencia media do sinal. Para reverter o embaralhamento no receptor, e

utilizado um descrambler, ou desembaralhador, que aplica a funcao inversa da que

foi utilizada no scrambler.

No caso do padrao IEEE 802.11, o scrambler e o descrambler sao o mesmo

circuito, ja que e utilizado um scrambler aditivo. Ele tambem e chamado de sıncrono,

ja que o scrambler e o descrambler precisam utilizar um mesmo estado inicial. Uma

sequencia de bits pseudoaleatoria e gerada pela camada PHY ao transmitir cada

frame e e utilizada como estado inicial do scrambler.

Um scrambler aditivo de comprimento L e formado por L registradores de

deslocamento com realimentacao linear (LFSR, do ingles Linear Feedback Shift Re-

gister), onde o estado atual de cada registrador e representado por X i, sendo

i = 1, 2, 3, ..., L o numero correspondente ao deslocamento associado ao registra-

dor. Dado o comprimento L do scrambler, ele pode gerar uma sequencia de no

maximo 2L − 1 bits a partir de um dado estado inicial do LFSR diferente de 0. A

funcao polinomial P (X) associada ao LFSR e dada por:

P (X) = 1 +L∑i=1

ciXi (2.16)

onde ci e o coeficiente do polinomio associado ao registrador de estado atual X i e

18

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X1X2...XL

c1c2cL

+

mod2

...

Figura 2.8: Diagrama de blocos de um LFSR.

Figura 2.9: Scrambler da camada PHY (baseado em figura do padrao IEEE 802.11 [1]).

o somador utilizado e modulo 2. A figura 2.8 ilustra o diagrama de blocos de um

LFSR.

O padrao IEEE 802.11 define a utilizacao de um scrambler de comprimento

L = 7, como ilustrado na figura 2.9, gerando uma sequencia que se repete a cada

127 bits. A funcao polinomial e definida como P (X) = 1 + X4 + X7 e a saıda do

scrambler e a soma modulo 2 do dado de entrada com a saıda do LFSR.

2.5.2.2 Codificador convolucional

A tecnica FEC utiliza codigos corretores de erro para codificar uma mensagem

adicionando redundancia com o objetivo de mitigar erros na propagacao atraves de

canais ruidosos. Essa redundancia reduz a quantidade de informacao perdida e

torna o receptor capaz de corrigir possıveis erros sem que os dados precisem ser

retransmitidos.

Um dos codigos corretores de erro existentes e o codigo convolucional. O

codificador convolucional definido no padrao IEEE 802.11 baseia-se na combinacao

de bits presentes em uma janela movel de tamanho k bits, que se move um bit a

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cada iteracao. A partir de uma janela, sao gerados NP bits de paridade e a taxa R

do codificador e dada pelo inverso de NP .

R =1

NP

(2.17)

As combinacoes dos bits da janela sao definidas por NP equacoes de pari-

dade, que utilizam adicoes modulo 2. Um exemplo de equacoes de paridade de um

codificador convolucional com taxa R = 1/2 e janela de tamanho k = 3 pode ser

visto abaixo:

p0[n] = x[n]⊕ x[n− 1]⊕ x[n− 2]

p1[n] = x[n]⊕ x[n− 2]

onde x[n] e o bit mais recente da janela movel no instante n e o sımbolo ⊕ denota

uma soma modulo 2.

Uma equacao de paridade pi pode ser associada a um gerador polinomial gi

cujo coeficiente gi[j] refere-se ao coeficiente do termo com atraso j da equacao pi.

No caso do exemplo anterior, os geradores polinomiais sao:

g0 = (1, 1, 1)

g1 = (1, 0, 1)

Utilizando essa notacao, uma equacao de paridade pi pode ser escrita como:

pi =

(k−1∑j=0

gi[j]x[n− j])

mod 2 (2.18)

O padrao IEEE 802.11 [1] define a utilizacao do codificador convolucional

ilustrado na figura 2.10. Sua taxa e 1/2, o tamanho da janela movel e de 7 bits e

seus polinomios geradores g0 = (1, 0, 1, 1, 0, 1, 1) e g1 = (1, 1, 1, 1, 0, 0, 1). Observe

tambem na figura 2.10 que, para implementar uma janela movel de tamanho k,

utilizam-se k − 1 registradores de deslocamento. As equacoes de paridade desse

codificador sao dadas por:

p0 = x[n] + x[n− 2] + x[n− 3] + x[n− 5] + x[n− 6] (2.19)

p1 = x[n] + x[n− 1] + x[n− 2] + x[n− 3] + x[n− 6] (2.20)

Para se obter as outras taxas de codificacao especificadas no padrao (2/3 e

3/4), e realizado o processo de puncturing nos dados codificados com a taxa 1/2,

20

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x[n] z−1 z−2 z−3 z−4 z−5 z−6 x[n− 6]

+

+

p0[n]

p1[n]

Figura 2.10: Diagrama de blocos do codificador convolucional (baseado em figura do

padrao IEEE 802.11 [1]).

no qual bits sao removidos de forma a obter a razao desejada entre numero de bits

codificados e a quantidade de bits de entrada. No caso da taxa de 2/3, a cada

dois bits que sao codificados, quatro sao gerados com a taxa 1/2 e um e removido,

obtendo-se a taxa de 2/3. Ja para a taxa de 3/4, a cada tres bits de entrada, o

codificador gera seis bits e dois sao removidos, totalizando quatro bits na saıda.

2.5.2.3 Interleaver/Deinterleaver

Devido a interferencias destrutivas e a seletividade em frequencia do canal,

como visto na secao 2.3 sobre caracterısticas do canal, algumas subportadoras podem

ser muito atenuadas. Caso os dados fossem modulados da forma como eles sao

gerados, sequencialmente, e transmitidos e se houvesse a perda de uma subportadora

devido a atenuacao do canal, uma parte consideravel da informacao transmitida nao

poderia ser decodificada. Por esse motivo, o interleaver e utilizado para intercalar

bits de uma sequencia de dados binarios de forma que a informacao fique distribuıda

em diferentes subportadoras. Ao fazer isso, mesmo que algumas portadoras sejam

atenuadas pelo canal, o receptor e capaz de recuperar a informacao utilizando o

codigo corretor de erro.

A intercalacao dos bits e feita atraves de sequencias de permutacoes. O

padrao IEEE 802.11 define duas etapas de permutacao. A primeira faz com que bits

adjacentes sejam mapeados em subportadoras nao adjacentes e e definida pela regra

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abaixo:

i = (NCBPS/16)× (k mod 16) + bk/16c, k = 0, 1, . . . , NCBPS − 1 (2.21)

onde k e o ındice do bit antes da permutacao, i representa o ındice depois da primeira

permutacao e NCBPS e a quantidade de sımbolos codificados por sımbolo OFDM

(conforme a tabela 2.3). O operador b.c trunca o valor do operando para sua parte

inteira e a operacao a mod b e igual ao resto da divisao de a por b. Por exemplo,

o primeiro (k = 0) e o segundo (k = 1) bits de uma sequencia sendo NCBPS = 192

(16-QAM) sao mapeados para os ındices i = 0 e i = 12, respectivamente.

A segunda permutacao serve para mapear alternadamente bits adjacentes

como bits mais e menos significativos da constelacao, sendo sua regra definida como:

j = s×⌊i

s

⌋+

(i+NCBPS −

⌊16× iNCBPS

⌋)mod s, i = 0, 1, . . . , NCBPS − 1 (2.22)

onde i e o ındice depois da primeira permutacao e antes da segunda, j representa o

ındice apos a segunda permutacao e s e dado por:

s = max(NBPSC/2, 1) (2.23)

sendo NBPSC a quantidade bits codificados por subportadora. Esse numero varia de

acordo com a modulacao, como pode ser visto na tabela 2.3. Como sao utilizadas 48

subportadoras de dados na emenda IEEE 802.11p, a relacao entre NCBPS e NBPSC

e dada por:

NCBPS = NBPSC × 48 (2.24)

Seguindo o exemplo anterior, teremosNBPSC = 4, portanto s = 2, e os ındices

i = 0 e i = 12 serao mapeados respectivamente para j = 0, bit mais significativo da

primeira portadora, e j = 13, segundo bit mais significativo da quarta portadora.

Para desfazer essa intercalacao, o receptor utiliza o deinterleaver para apli-

car duas permutacoes, sendo elas as inversas das implementadas no interleaver.

Primeiro, e aplicada a permutacao inversa da segunda permutacao do interleaver

para, em seguida, reverter a primeira permutacao. Invertendo a notacao, os ındices

dos dados recebidos pelo receptor que estao intercalados sao representados por j;

apos a primeira e antes da segunda permutacao do deinterleaver seus ındices sao

dados por i e, por fim, depois de reverter todas as permutacoes, o ındice volta a ser

representado por k.

22

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A primeira permutacao do deinterleaver, que e a inversa da equacao 2.22, e

dada por:

i = s×⌊j

s

⌋+

(j +

⌊16× jNCBPS

⌋)mod s, j = 0, 1, . . . , NCBPS − 1 (2.25)

e a segunda permutacao do deinterleaver, que e a inversa da equacao 2.21, e definida

como:

k = 16× i− (NCBPS − 1)×⌊

16× iNCBPS

⌋, i = 0, 1, . . . , NCBPS − 1 (2.26)

Ainda utilizando o exemplo anterior, os bits que foram intercalados para as

posicoes j = 0 e j = 13 apos as duas permutacoes do interleaver, voltam para seus

ındices k = 0 e k = 1 depois de reverte-las com o deinterleaver no receptor.

2.5.2.4 Modulacao

O padrao IEEE 802.11 possui quatro modulacoes disponıveis, como visto na

secao 2.5.1: BPSK, QPSK, 16-QAM e 64-QAM. Essas modulacoes mapeiam valores

binarios em numeros complexos da forma (I + jQ) que representam pontos de uma

constelacao. E definido no padrao IEEE 802.11 a utilizacao um fator de norma-

lizacao multiplicativo KMOD de forma a manter uma potencia media igual entre

diferentes mapeamentos, ja que mais de um deles pode ser utilizado na transmissao

de um mesmo frame. Portanto, o resultado d da modulacao e a multiplicacao do

mapeamento por KMOD. Os valores de KMOD dependendo da constelacao utilizada

estao na tabela 2.4. Alem disso, o mapeamento utiliza codigo Grey, ou seja, pon-

tos da constelacao adjacentes representam numeros binarios que diferem entre si

somente por um dıgito, reduzindo a probabilidade de erro.

d = (I + jQ)×KMOD (2.27)

Antes de ser modulada, a sequencia de bits intercalados pelo interleaver e

dividida em grupos de NBPSC , modulando cada subportadora independentemente.

A quantidade de valores distintos que podem ser representados pela constelacao e

dado por 2NBPSC .

As modulacoes BPSK e QPSK representam valores binarios como numeros

complexos de mesmo modulo e fases diferentes. No caso da constelacao BPSK, caso

23

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Tabela 2.4: Valores do fator de normalizacao KMOD de acordo com a modulacao. Fonte:

IEEE 802.11 [1].

Modulacao KMOD

BPSK 1

QPSK 1/√

2

16-QAM 1/√

10

64-QAM 1/√

42

o bit a ser modulado seja 0, ele e mapeado como −1; caso contrario, e mapeado

como 1, ou seja, Q vale sempre 0 na modulacao BPSK. Ja ao utilizar a constelacao

QPSK, dois bits de entrada B0B1, sendo B0 o primeiro bit da sequencia de dados,

podem ser modulados como (1 + j), (1 − j), (−1 + j) e (−1 − j) de forma que o

valor de B0 determina o valor de I e o valor de B1 determina o valor de Q conforme

a tabela 2.5.

Tabela 2.5: Mapeamento QPSK. Fonte: IEEE 802.11 [1].

Bit B0 I

0 -1

1 1

Bit B1 Q

0 1

1 1

Ja nas modulacoes QAM (Quadrature amplitude modulation), os valores

binarios sao utilizados para modular a amplitude e fase de numeros complexos.

No caso da 16-QAM, a partir de uma sequencia de 4 bits B0B1B2B3, I e Q podem

assumir os valores -3, -1, 1, 3 de acordo com a tabela 2.6, onde B0B1 determinam

I e B2B3 definem o valor de Q. Ja para a modulacao 64-QAM, os valores possıveis

para I e Q sao -7, -5, -3, -1, 1, 3, 5, 7, sendo que sua entrada e composta por seis

bits B0B1B2B3B4B5. Os bits B0B1B2 definem o valor de I e o restante e utilizado

para se obter o valor de Q, conforme ilustra a tabela 2.7.

24

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Tabela 2.6: Mapeamento 16-QAM. Fonte: IEEE 802.11 [1].

Bits B0B1 I

00 -3

01 -1

11 1

10 3

Bits B2B3 Q

00 -3

01 -1

11 1

10 3

Tabela 2.7: Mapeamento 64-QAM. Fonte: IEEE 802.11 [1].

Bits B0B1B2 I

000 -7

001 -5

011 -3

010 -1

110 1

111 3

101 5

100 7

Bits B3B4B5 Q

000 -7

001 -5

011 -3

010 -1

110 1

111 3

101 5

100 7

2.5.2.5 FFT/IFFT

A transformada de Fourier e uma operacao que decompoe um sinal no domınio

no tempo em uma soma infinita de senoides complexas, que sao interpretadas como

as componentes frequenciais do sinal. A transformada de Fourier inversa realiza o

processo oposto, compondo, atraves de uma representacao no domınio da frequencia,

um sinal no domınio do tempo. Elas sao definidas tanto para sinais contınuos no

tempo quanto para sinais discretos. A transformada de Fourier para sinais discretos

no tempo (DTFT) e sua inversa sao definidas respectivamente como:

DTFT : X(ejΩ) =∞∑

n=−∞

x[n]e−jΩn (2.28)

DTFT−1 : x[n] =1

∫ π

−πX(ejΩ)ejΩndΩ (2.29)

Como nao e possıvel realizar uma soma infinita de termos na pratica, e utili-

25

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zada uma amostragem de um numero finito de componentes igualmente espacadas

da DTFT do sinal, que e conhecida como transformada de Fourier discreta (DFT).

Ela e sua inversa sao definidas respectivamente como:

DFT : Xk =N−1∑n=0

xne−j 2πkn

N =N−1∑n=0

xn

[cos

2πkn

N− j sin

2πkn

N

](2.30)

IDFT : xn =1

N

N−1∑k=0

Xkej 2πkn

N =N−1∑k=0

Xk

[cos

2πkn

N+ j sin

2πkn

N

](2.31)

onde Xk sao as componentes senoidais complexas do sinal, as amostras do sinal de

entrada sao dadas por xn e N e o comprimento da DFT.

Uma propriedade muito importante da DFT e que serve como base para o

OFDM e a ortogonalidade entre as componentes Xk. Ao utilizar subportadoras

centradas em frequencias ortogonais entre si, o OFDM remove a interferencia en-

tre subportadoras no caso ideal (sem desvios de frequencia) e permite alocar mais

subportadoras em uma mesma largura de banda do que no caso de nao se uti-

lizarem frequencias ortogonais, aumentando a eficiencia espectral. Alem disso, a

demodulacao se torna muito simples, pois basta multiplicar pelo mesmo conjunto

de componentes senoidais.

Na transmissao, os sımbolos mapeados nas constelacoes sao posicionados nas

subportadoras, formando um espectro em frequencia, e e aplicada a IDFT para

se obter um sinal no domınio do tempo a ser transmitido. No receptor, ocorre o

processo inverso aplicando-se a DFT, onde um sinal temporal recebido precisa ter

suas componentes frequenciais extraıdas com o objetivo de recuperar os sımbolos

complexos que foram alocados nas subportadoras.

Como na emenda IEEE 802.11p e definido o uso de 48 subportadoras de

dados (conforme a tabela 2.2), um sımbolo OFDM corresponde a modulacao de 48

sımbolos complexos nas subportadoras. Caso a sequencia de dados mapeados nas

constelacoes possua mais do que 48 sımbolos, ela e dividida em grupos de 48, dando

origem a mais de um sımbolo OFDM. A partir deste ponto, as equacoes demonstram

a modulacao de um unico sımbolo OFDM de ındice n, que varia de 0 ate NSYM − 1,

onde NSYM e a quantidade total de sımbolos, e basta repetir o processo para cada

sımbolo.

O primeiro passo e definir a frequencia central de cada subportadora, que

depende do ındice k do sımbolo complexo dk,n presente no grupo correspondente ao

26

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sımbolo de ındice n. A partir desse ındice k, a funcaoM(k), definida na equacao 2.32,

faz um mapeamento para o ındice da subportadora, que varia de -26 a 26, excluindo-

se os ındices das subportadoras piloto (-21, -7, 7, 21) e o da subportadora DC (0).

Uma vez calculado o ındice da subportadora, basta multiplica-lo pelo espacamento

entre as subportadoras ∆F (conforme a tabela 2.2) para calcular a frequencia da

subportadora fSC(k), definida na equacao 2.33. Essa frequencia representa um des-

locamento em torno da frequencia central da portadora, 5,9 GHz no caso do IEEE

802.11p.

M(k) =

k − 26, 0 ≤ k ≤ 4

k − 25, 5 ≤ k ≤ 17

k − 24, 18 ≤ k ≤ 23

k − 23, 24 ≤ k ≤ 29

k − 22, 30 ≤ k ≤ 42

k − 21, 43 ≤ k ≤ 47

(2.32)

fSC(k) = M(k)∆F (2.33)

Com as frequencias das subportadoras, basta calcular a IDFT da sequencia

de 48 sımbolos complexos para fazer a modulacao OFDM:

rINFO, n(t) =47∑k=0

dk,nej2πfSC(k)(t−TCP ) (2.34)

onde TCP e a duracao do prefixo cıclico (conforme a tabela 2.2), que sera adicionado

em seguida e serve como um intervalo de guarda entre as subportadoras. Alem das

que transportam a informacao, as subportadoras piloto, que servem para tornar o

sistema mais robusto a desvios de frequencia e erros de fase, tambem sao moduladas

de forma muito semelhante, como pode ser visto na equacao 2.35.

rPILOT, n(t) = pn+1

26∑k=−26

Pkej2πk∆F (t−TCP ), Pk =

−1, k = 21

1, k ∈ −21,−7, 7

0, caso contrario

(2.35)

27

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onde pn+1 vale 1 ou -1 e serve para alterar a polaridade das portadoras piloto depen-

dendo do ındice n do sımbolo. Para mais detalhes sobre essa sequencia pn, referir-se

a secao 17.3.5.10 do padrao IEEE 802.11 [1].

Para se obter o sinal a ser transmitido referente a um sımbolo OFDM, basta

somar as equacoes 2.34 e 2.35 e multiplicar por uma funcao de janelamento de

duracao TSYM , como na equacao 2.36. Para transmitir varios sımbolos OFDM,

basta soma-los com um deslocamento referente a duracao de um sımbolo (TSYM ,

conforme a tabela 2.2):

rDATA, n(t) = wTSYM (t)[rINFO, n(t) + rPILOT, n(t)] (2.36)

rDATA(t) =

NSYM−1∑n=0

rDATA, n(t− nTSYM) (2.37)

onde NSYM e a quantidade de sımbolos OFDM a ser transmitida.

No receptor, a demodulacao realiza o processo inverso. Primeiro e calculada

a DFT do sinal recebido, as subportadoras de dados sao extraıdas do resultado e os

sımbolos complexos seguem para desfazer o mapeamento em constelacao.

2.6 Fluxo de dados entre a camada fısica e a ca-

mada MAC

2.6.1 Transmissao de dados

Quando a camada MAC faz uma requisicao de inıcio de transmissao para

a camada PHY atraves do PHY SAP, a MAC envia um vetor TXVECTOR com

os campos LENGTH, DATARATE, TXPWR LEVEL INDEX e outros definidos no

padrao IEEE 802.11 [1]. O campo LENGTH deve ser um inteiro de 1 a 4095 re-

presentando o numero de octetos presentes no MPDU que serao transmitidos pela

camada PHY. O campo DATARATE e preenchido com o valor da taxa de da-

dos a ser utilizado dentre os possıveis (conforme a tabela 2.3). Por fim, o campo

TXPWR LEVEL INDEX e um inteiro de 1 a 8 que serve para definir qual potencia

de transmissao sera utilizada dentre 8 valores definidos na implementacao da camada

PHY.

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Uma vez recebido o TXVECTOR, a taxa de transmissao de dados e a potencia

da camada PHY sao configuradas com os valores dos campos DATARATE e com a

potencia correspondente ao TXPWR LEVEL INDEX. Apos configurada, a camada

fısica da inıcio a transmissao do seu preambulo (preamble) e a preparacao do seu

cabecalho (header). O preambulo dura 32 µs e e composto por sequencias de treina-

mento curtas e longas. No total, sao 10 repeticoes da sequencia curta, que e utilizada

para sincronizacao, estimar desvios de frequencia e na convergencia do controle au-

tomatico de ganho, e duas repeticoes da sequencia longa, que serve, principalmente,

para estimar o efeito do canal sobre o sinal.

Ja o cabecalho tem os campos RATE (4 bits) e LENGTH (12 bits) preenchi-

dos a partir do conteudo do TXVECTOR, possui 1 bit de paridade par, 6 bits de

preenchimento com zero (zero padding) para garantir a deteccao dos campos RATE

e LENGTH, 1 bit reservado para uso futuro que deve ser configurado como zero e

o campo SERVICE, composto por 16 bits, onde os 7 primeiros devem ser zero e os

outros 9 bits restantes tambem sao reservados para uso futuro. Esses sete primeiros

bits do campo SERVICE que sao configurados como 0 servem para que o receptor

estime qual foi o estado inicial do scrambler. Apos transmitir o preambulo, todos

os campos do header, com excecao do SERVICE, sao codificados com taxa R = 1/2

e constelacao BPSK e forma um sımbolo OFDM passando pelas etapas descritas

na figura 2.6. Esse sımbolo OFDM compoe o campo SIGNAL do frame da camada

PHY (PPDU).

Apos transmitir o preambulo e o header, a camada PHY faz uma serie de

requisicoes para a camada MAC para receber em octetos a informacao a ser trans-

mitida. Uma vez que todos os bits foram recebidos na camada PHY, eles sao em-

baralhados junto do campo SERVICE do header pelo scrambler, em seguida sao

adicionados seis bits 0 ao fim da sequencia embaralhada (tail bits), que servem para

voltar o codificador convolucional do receptor para o estado zero, e, caso necessario,

pode ser feito um zero padding para tornar a quantidade de bits um multiplo de

NCBPS (conforme a tabela 2.3). O conjunto desses bits forma o campo SIGNAL

do PPDU, que passa pelas mesmas etapas de codificacao da figura 2.6 para formar

sımbolos OFDM. Uma vez formados, os sinais sao modulados na frequencia central

da portadora, amplificados e transmitidos.

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2.6.2 Recepcao de dados

Ao detectar a recepcao de um preambulo, a camada PHY notifica a camanda

MAC de que foi detectado um preambulo. Dele, sao extraıdas as sequencias de

treinamento curtas e longas, que sao utilizadas para estimativa do canal e de desvios

na frequencia e para sincronizacao.

Apos receber o preambulo, o campo SIGNAL do PPDU e recebido e decodi-

ficado atraves das etapas descritas na figura 2.7. Sua paridade e checada e, se tiver

sido recebido com sucesso, seu campo LENGTH e utilizado para determinar a quan-

tidade de dados esperada na recepcao e o campo RATE serve para configurar a taxa

do codificador convolucional e a constelacao que foram utilizadas pelo transmissor

na codificacao do sımbolo. A camada PHY utiliza uma primitiva para notificar a

camada MAC de que houve uma recepcao de header bem sucedida e envia as in-

formacoes contidas nele atraves de um vetor chamado RXVECTOR. Nesse vetor,

sao enviadas a quantidade de octetos que sera recebida, a taxa de dados, a potencia

de recepcao (received signal strength indication, RSSI) medida durante a recepcao

do preambulo e outras informacoes adicionais.

Apos configurar a camada fısica a partir do campo RATE, os dados recebidos

sao decodificados e desembaralhados tambem seguindo o diagrama da figura 2.7. Em

seguida, os dados ja decodificados sao divididos em octetos e enviados para a camada

MAC atraves de uma serie de primitivas. Ao fim da recepcao, a camada PHY indica

o termino e se houve algum erro na recepcao (portadora foi perdida, formato invalido

do frame ou taxa de dados nao suportada) para a camada MAC atraves tambem de

uma primitiva pelo PHY SAP.

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Capıtulo 3

Famılia de padroes IEEE 1609

3.1 Introducao

Com o objetivo de estender a norma IEEE 802.11p no contexto de V2X,

foram criados os padroes da famılia IEEE 1609. Eles sao responsaveis por definir a

camada de rede, camada de transporte, extensao a camada MAC do padrao IEEE

802.11, servicos de seguranca, dentre outros aspectos do sistema WAVE. Esse sistema

tem como meta prover aplicacoes e servicos voltados para solucoes de transporte e

mobilidade com base nos padroes criados. Um dispositivo conectado a esse sistema,

seja ele um veıculo ou parte da infraestrutura, sera chamado de dispositivo WAVE.

A figura 3.1 ilustra a arquitetura do sistema WAVE. Utiliza-se a camada

fısica definida pela emenda IEEE 802.11p com o modo OCB ativado e sua camada

MAC e estendida pelo padrao IEEE 1609.4, permitindo a operacao em multiplos

canais. Tambem e definida uma extensao para a MLME, chamada de MAC Layer

Management Entity Extension (MLMEX), adicionando novas primitivas. O padrao

IEEE 1609.3 especifica algumas modificacoes a subcamada LLC e define a camada

de rede e de transporte. Esse padrao permite comunicacao tanto via IPv6 quanto

atraves do WAVE Short Message Protocol (WSMP), definido no mesmo padrao. A

definicao da WAVE Management Entity (WME) e feita em conjunto pelos padroes

1609.3 e 1609.4. Ja o padrao IEEE 1609.2 implementa servicos de seguranca, uma

vez que o modo OCB desabilita funcoes da camada MAC de associacao e auten-

ticacao. Existem outros padroes na famılia IEEE 1609, mas sera dado um enfoque

maior aos padroes 1609.3 e 1609.4.

31

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PHY

WAVE MAC

IPv6

TCP/UDPWSMP

PLME

MLMEX

MLME

LLC

WMEServiços

de

segurança

(1609.2)

802.11

1609.4

1609.3

Figura 3.1: Ilustracao simplificada da arquitetura do sistema WAVE. Fonte: IEEE

1609.0 [2]

Nos Estados Unidos, por exemplo, o sistema WAVE esta relacionado ao sis-

tema de comunicacao dedicada de curta distancia (DSRC, Dedicated Short Range

Communications). Nessa aplicacao, mensagens com formatos especıficos definidos

no dicionario SAE J2735 [24] sao utilizadas na comunicacao V2X. Um exemplo de

mensagem e a Basic Safety Message (BSM), que contem informacoes basicas do

veıculo, como suas dimensoes, velocidade, posicao, aceleracao, angulo do volante,

informacoes sobre os freios e direcao de deslocamento. As BSMs sao enviadas fre-

quentemente na forma de broadcast para todos os dispositivos proximos. Essas

informacoes podem ser utilizadas por outros veıculos para prever possıveis colisoes

ou por uma RSU para identificar as condicoes de trafego em uma via, por exemplo.

3.2 Padrao IEEE 1609.3

3.2.1 WAVE Short Message Protocol (WSMP)

O WSMP define e gerencia a transmissao e recepcao de WAVE Short Mes-

sages (WSMs). Utilizando-se dessas mensagens curtas, esse protocolo foi criado

com o objetivo de diminuir o overhead na comunicacao. Alem de WSM, o protocolo

WSMP tambem pode ser utilizado para transportar frames de anuncio de servico

(WSA, do ingles WAVE Service Advertisement), definido na subsecao 3.2.2, quando

solicitado pela WME.

Uma WSM e composta pelo seu payload e por um cabecalho, que contem um

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headerWSMP-N

headerWSMP-T

Payload

Figura 3.2: Estrutura de uma Wave Short Message. Fonte: IEEE 1609.3 [3]

WSMP Network (WSMP-N) header e um WSMP Transport (WSMP-T) header. Seu

payload, ou seja, a informacao a ser transmitida, trata-se de uma string codificada

em bytes de acordo com o valor ASCII de cada caractere. Nao ha um valor maximo

para o tamanho do payload, porem, o tamanho de uma WSM, somando cabecalho e

dados, nao pode ultrapassar o parametro WsmMaxLength definido na WME, cujo

valor padrao e 1400 bytes. A estrutura de uma WSM e ilustrada na figura 3.2.

O cabecalho WSMP-N contem informacoes relativas a caracterısticas supor-

tadas pelo protocolo de rede, como encaminhamento de multiplos saltos e Geo-

Networking [25], que consiste em roteamento de pacotes com base na posicao ge-

ografica dos nos. Alem disso, esse header tambem carrega informacao sobre a versao

do protocolo WSMP que foi utilizada para gerar a mensagem, o identificador do pro-

tocolo de transporte (TPID, Transport Protocol Identifier) e um elemento opcional

com informacoes extras, como numero do canal, potencia e taxa de dados utilizados

para transmissao da WSM.

Ja o cabecalho WSMP-H contem informacoes de enderecamento, um campo

que define o comprimento do payload que sera enviado e um elemento com in-

formacoes adicionais, semelhante ao que pode estar presente no header WSMP-N.

Dependendo do valor do TPID, os enderecos contidos no cabecalho WSMP-H podem

ser Provider Service Identifiers (PSIDs) ou numeros de portas, que sao utilizadas

no Intelligent Transportation System (ITS) [26]. O PSID serve para identificar o

destino da WSM em uma camada acima dos padroes WAVE, como uma aplicacao

que utiliza os servicos de comunicacao descritos nesses padroes.

O padrao IEEE 1609.3 [3] define que um dispositivo WAVE deve suportar

pelo menos um padrao dentre WSMP e IPv6. Uma vantagem do WSMP em relacao

ao IPv6 e que o canal, a potencia de transmissao, a taxa de dados e em qual intervalo

a transmissao ocorrera (intervalos 0 e 1 definidos em 3.3.1) podem ser escolhidos para

cada mensagem pela aplicacao que solicita o envio. No protocolo IPv6, o canal, a

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potencia e a taxa de dados precisam ser armazenadas em um perfil de transmissor,

que precisa ser previamente registrado, e cada pacote pode utilizar um perfil. Esses

perfis sao criados e deletados atraves de chamadas a primitivas da MLMEX.

Antes de serem enviados a camada MAC para transmissao, os pacotes re-

cebem um campo na camada LLC chamado EtherType, utilizado para diferenciar

se foram gerados pelo protocolo WSMP ou IPv6. Caso seja uma WSM, o campo

EtherType vale 0x88DC; caso seja um pacote IPv6, recebe o valor 0x86DD, onde o

prefiro “0x” e utilizado para indicar que o valor encontra-se na base hexadecimal.

3.2.2 WAVE Service Advertisement (WSA)

O padrao IEEE 1609.3 tambem define frames de anuncio de servicos cha-

mados de WAVE Service Advertisement (WSA) frames. Um WSA e enviado por

um dispositivo WAVE para anunciar servicos oferecido por ele e torna-los acessıveis

para outras STAs .

Um frame WSA e enviado utilizando-se o padrao WSMP, como definido na

subsecao 3.2.1, e fixando o PSID do header WSMP-N em um valor especıfico para

indicar que a WSM enviada trata-se de um WSA. O conteudo da mensagem, payload,

carrega o bloco WaveServiceAdvertisement e informacoes relacionadas a seguranca

definidas no padrao IEEE 1609.2 [16]. Esse bloco e composto por um cabecalho WSA

e pode conter campos opcionais como Service Info Segment, Channel Info Segment

e WAVE Routing Advertisement. A estrutura do bloco WaveServiceAdvertisement

e apresentada na figura 3.3.

O cabecalho WSA carrega a versao do WSA, um identificador unico de cada

frame WSA e um contador que e incrementado cada vez que um WSA de mesmo

identificador e modificado, alem de 4 bits que indicam quais dos segmentos opcionais

mencionados anteriormente estao presentes no WSA. Junto desses campos, o header

WSA tambem pode incluir informacoes extras, como latitude, longitude e elevacao

da antena utilizada para transmitir o frame, uma taxa de repeticao, que indica

quantas vezes o mesmo WSA sera enviado a cada 5 segundos, e um identificador do

dispositivo que transmitiu o frame.

No campo opcional Channel Info Segment, podem estar presentes ate 32

instancias de Channel Info Instance, onde cada uma contem especificacoes relativas

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headerWSA

(opcional)Segment

Service Info

(opcional)Segment

Channel Info

(opcional)AdvertisementWAVE Routing

Figura 3.3: Estrutura do bloco WaveServiceAdvertisement. Fonte: IEEE 1609.3 [3]

a operacao de um canal para uma dada classe de operacao. Essas classes sao espe-

cificadas no anexo E do padrao IEEE 802.11 [1] e estao relacionadas as informacoes

definidas pelos orgaos reguladores de cada paıs, como frequencia inicial da banda,

numero dos canais e o espacamento entre eles. Dessa forma, uma instancia de Chan-

nel Info Instance contem a potencia de transmissao e taxa de dados que devem ser

utilizadas para um dado canal e classe de operacao, alem de informacoes opcionais,

como parametros utilizados para priorizacao de mensagens (subsecao 3.3.2). Cada

instancia e identificada por um ındice de 0 a 31.

De forma similar ao campo Channel Info Segment, o Service Info Segment

pode conter ate 32 instancias de Service Info Instance, onde cada uma descreve um

servico oferecido pelo dispositivo que transmite o WSA. Uma instancia e composta

por um PSID, utilizado para identificar a aplicacao ou servico anunciado, um ındice

de 0 a 31 referente a uma Channel Info Instance para determinar em qual canal o

servico e oferecido e informacoes opcionais que podem ser necessarias dependendo

da aplicacao oferecida, como enderecamento IPv6, e potencia mınima de recepcao

recomendada, abaixo da qual o receptor deveria descartar o WSA.

Por fim, caso o servico esteja sob uma rede IPv6 que necessita de confi-

guracoes especıficas para que ele possa ser acessado, o campo WAVE Routing Ad-

vertisement e incluıdo no WSA. Ele contem informacoes como gateway, prefixo IP

da subrede e DNS primario e secundario.

3.3 Padrao IEEE 1609.4

O padrao IEEE 1609.4 foi criado com o objetivo de estender as capacidades

da camada MAC definida no padrao IEEE 802.11 para tornar possıvel a comunicacao

em diferentes canais entre dispositivos WAVE. Sendo assim, o padrao adiciona novas

funcionalidades e servicos a camada MAC, passando a suportar coordenacao de

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canal, priorizacao de usuario, sincronizacao de multiplos canais, reenderecamento,

dentre outros servicos.

3.3.1 Coordenacao de canal e modos de acesso

No sistema WAVE, um canal pode ser classificados em dois tipos: canal de

controle (CCH) ou canal de servico (SCH). O CCH e um canal unico utilizado

para troca de mensagens WSM em aplicacoes de seguranca no transito, anuncio de

servicos com WSA e para o envio de frames de gerenciamento e de sincronizacao. Ja

os canais SCH, como o nome sugere, sao utilizados para disponibilizar servicos com

foco em diferentes aplicacoes, sejam elas de seguranca ou nao, e podem ser definidos

multiplos canais de servico em um dado espectro. Mensagens do tipo WSM ou

baseadas no protocolo IPv6 podem ser enviadas atraves dos canais SCH, porem, o

canal CCH so permite mensagens WSM.

Sao definidos tres modos de acesso aos canais: contınuo, alternado e imediato.

No modo contınuo, o dispositivo tem acesso ininterrupto a um dos canais, seja ele de

controle ou de servico. No modo alternado, como o nome sugere, a STA tem acesso

aos canais CCH e SCH ou a dois canais SCH em intervalos especıficos, intervalo 0

e intervalo 1, de forma alternada. Ja no modo de acesso imediato, e concedido ao

dispositivo acesso a algum canal de servico sem que haja necessidade de aguardar

pelo proximo intervalo 0 ou 1; a duracao desse acesso pode ser fixa ou indeterminada,

sendo configurada ao chamar a primitiva da MLMEX de acesso ao canal. A figura 3.4

ilustra os modos de acesso possıveis aos canais de controle e de servico.

E importante notar que os modos de acesso descritos anteriormente aplicam-

se, principalmente, a dispositivos que utilizam uma unica camada fısica. Porem,

o padrao permite a utilizacao de multiplas camadas fısicas, inclusive operando sob

modos de acesso diferentes, como um radio com acesso contınuo ao canal de controle

para ser utilizado em aplicacoes de seguranca e outro com acesso alternado para

utilizar outros servicos.

Os intervalos 0 e 1 definem um perıodo de tempo no qual o dispositivo WAVE

tem acesso a um canal de controle ou de servico. Normalmente, o intervalo 0 esta

associado ao canal CCH e o intervalo 1 a algum canal SCH. A soma do intervalo

0 (T0) e do intervalo 1 (T1) seguinte e chamada de intervalo de sincronia, que sera

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Tempo

Intervalo 0 Intervalo 1 Intervalo 0 Intervalo 1

CCH ou SCH

CCH

SCH

CCH

SCH

a)

b)

c)

Figura 3.4: Ilustracao dos modos de acesso aos canais. (a) Modo contınuo (b) Modo

alternado (c) Modo imediato. Fonte: IEEE 1609.4 [4]

denotado por TS. De acordo com o padrao IEEE 1609.4, deve haver uma quantidade

inteira de intervalos de sincronia na duracao de um segundo. Os intervalos sao

sincronizados com base no Coordinated Universal Time (UTC) e o inıcio de um

intervalo de sincronia deve coincidir com o inıcio de um segundo no horario UTC. O

padrao IEEE 1609.4 [4] define a duracao dos intervalos 0 e 1 como 50 ms, portanto,

a duracao total de um intervalo de sincronia e 100 ms.

TS = T0 + T1 (3.1)

Para lidar com erros relacionados a falta de precisao na sincronia temporal

e devido ao tempo necessario para o radio trocar a sintonia para outro canal, e

adicionado um intervalo de guarda ao inıcio de cada intervalo 0 e 1. A figura 3.5

ilustra a coordenacao entre um canal de servico e um canal de controle para o modo

de acesso alternado.

De acordo com o padrao IEEE 802.11 [1], as frequencias centrais dos canais

sao espacadas de 5 MHz a partir de uma frequencia inicial. Sendo assim, a frequencia

central fCH(n) de um canal cujo numero e igual a n e determinada atraves da

equacao 3.2, onde FB e a frequencia inicial da banda.

fCH(n) = FB + n× 5 MHz (3.2)

Nos Estados Unidos, por exemplo, foi reservado um espectro de 75 MHz em

torno da frequencia de 5,9 GHz para alocar sete canais de largura 10 MHz e uma

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Começo do segundo no horário UTC

Intervalo 0 Intervalo 0Intervalo 1 Intervalo 1

CCH

SCH

Intervalo de guarda

Intervalo de sincronia

Tempo

Figura 3.5: Exemplo de coordenacao dos canais no modo de acesso alternado. Fonte:

IEEE 1609.4 [4]

Figura 3.6: Alocacao dos canais de servico e de controle utilizados pelo sistema WAVE

nos Estados Unidos. Fonte: FCC [5]

banda de guarda de 5 MHz, conforme a figura 3.6, sendo seis canais de servico e um

canal de controle. Interessante notar que a definicao dos canais pelo FCC permite

a utilizacao dos pares de canais 174-176 e 180-182 como canais unicos com o dobro

da largura de banda, ou seja, 20 MHz.

3.3.2 Priorizacao de mensagens

Para realizar a priorizacao dos frames da camada MAC que devem ser envi-

ados a camada fısica para que sejam transmitidos, e utilizado o algortimo Enhanced

Distributed Channel Access (EDCA), definido no padrao IEEE 802.11e [27]. Ele e

estendido de forma a gerenciar a priorizacao para canais de controle e de servico.

Dependendo da arquitetura utilizada para a camada MAC, a priorizacao pode ser

38

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feita de forma independente para canais de controle e para canais de servico.

No padrao IEEE 802.11 [1], sao definidos 8 nıveis de prioridade de usuario

(UP), numerados de 0 a 7, onde 0 representa a menor prioridade. Esses nıveis

sao mapeados em quatro categorias de acesso (AC) e, posteriormente, nos ındices

referentes a cada categoria (ACI). Cada categoria de acesso representa uma fila

onde sao inseridos os frames a serem enviados e o acesso ao canal e gerido de forma

independente para cada AC, com parametros do algoritmo EDCA distintos para

cada uma.

Tabela 3.1: Mapeamento entre UP, AC e ACI no padrao IEEE 802.11 [1].

UP AC Descricao

1 AC BK Segundo plano (background)

2 AC BK Segundo plano (background)

0 AC BE Melhor esforco (best effort)

3 AC BE Melhor esforco (best effort)

4 AC VI Vıdeo

5 AC VI Vıdeo

6 AC VO Voz

7 AC VO Voz

O algoritmo EDCA baseia-se no metodo Carrier Sense Multiple Access/Col-

lision Avoidance (CSMA/CA), no qual a STA so inicia uma transmissao ao detectar

que o canal esta livre apos um certo intervalo de tempo. Os parametros principais do

algoritmo sao o Arbitration Inter-Frame Space (AIFS) e os valores mınimo e maximo

da janela de contencao (CW, do ingles contention window), que serao representados

por CWmin e CWmax. Os valores padrao de CWmin e CWmax para cada AC estao

apresentados na tabela 3.3, onde aCWmin e aCWmax sao definidos pela camada

fısica (conforme a tabela 3.2).

O AIFS determina o menor intervalo de tempo entre o canal se tornar dis-

ponıvel e o inıcio de uma transmissao. Seu valor varia de acordo com a categoria de

acesso: quanto maior a prioridade da categoria, menor seu AIFS, dando uma chance

maior de transmissao para os frames que estiverem na fila de uma AC com maior

prioridade. Ele e calculado atraves da equacao 3.3, onde os parametros aSlotT ime

39

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e aSIFSTime sao definidos pela camada fısica (tabela 3.2) e representam, respec-

tivamente, um intervalo temporal de referencia e o tempo necessario para que uma

possıvel recepcao seja concluıda. Sendo assim, a duracao do AIFS e a soma de um

intervalo Short Inter-Frame Space (SIFS) com uma quantidade inteira, representada

por AIFSN , de blocos de duracao aSlotT ime. Os valores de AIFSN definidos pelo

padrao IEEE 802.11 para comunicacoes em modo OCB, como e o caso de dispositivos

WAVE, estao apresentados na tabela 3.3.

AIFS[AC] = AIFSN [AC]× aSlotT ime+ aSIFSTime (3.3)

Tabela 3.2: Valores dos parametros do algoritmo EDCA definidos pela camada fısica

OFDM. Fonte: IEEE 802.11 [1]

Parametro Valor

aSlotT ime 13 µs

aSIFSTime 32 µs

aCWmin 15

aCWmax 1023

Tabela 3.3: Valores padrao dos parametros do algoritmo EDCA para comunicacao em

modo OCB. Fonte: IEEE 802.11 [1]

AC CWmin CWmax AIFSN

AC VO aCWmin+14

− 1 aCWmin+12

− 1 2

AC VI aCWmin+12

− 1 aCWmin 3

AC BE aCWmin aCWmax 6

AC BK aCWmin aCWmax 9

Caso o canal permaneca disponıvel para transmissao apos o intervalo AIFS, o

transmissor inicia o contador de backoff. O valor inicial desse contador e um numero

aleatorio que pertence ao intervalo [0, CW ] conhecido como janela de contencao.

Esse contador e decrementado a cada perıodo de aSlotT ime caso o canal permaneca

livre; caso contrario, a contagem e interrompida e, depois do canal ficar disponıvel

40

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novamente, ela e retomada apos um novo intervalo AIFS. Quando o contador de

backoff chegar a 0, a transmissao pode ser iniciada.

O valor de CW e limitado entre CWmin e CWmax e pertence a sequencia

2k − 1 para k ∈ N. Ao iniciar o procedimento de backoff para cada categoria em

cada STA, CW e inicializado com o valor de CWmin correspondente a categoria.

Caso o contador de backoff de diferentes categorias ou em diferentes STAs chegue

a zero no mesmo instante, uma colisao e detectada e CW e atualizado com o valor

2(CW + 1) − 1 sem ultrapassar CWmax. Com esse novo valor, o procedimento

de backoff e recomecado. Apos uma transmissao bem sucedida da STA em uma

certa categoria de acesso, seu valor de CW retorna para CWmin. O fluxograma do

procedimento de backoff para uma dada fila e apresentado na figura 3.7

A tabela 3.4 apresenta os valores de CWmin e CWmax e a duracao do intervalo

AIFS para cada categoria de acesso em dispositivos WAVE, ou seja, utilizando modo

OCB e camada fısica OFDM.

Tabela 3.4: Valores padrao dos parametros do algoritmo EDCA para comunicacao em

modo OCB e camada fısica OFDM. Fonte: IEEE 1609.4 [4]

AC CWmin CWmax AIFS

AC VO 3 7 58 µs

AC VI 7 15 71 µs

AC BE 15 1023 110 µs

AC BK 15 1023 149 µs

3.3.3 Sincronizacao de multiplos canais

Devido a forma como a coordenacao dos canais e realizada em dispositivos

WAVE, descrita na subsecao 3.3.1, o sincronismo temporal e fundamental para seu

funcionamento. Para realizar essa sincronizacao, e utilizado o UTC como referencia

comum entre os dispositivos, que pode ser obtido de diversas fontes. A fonte mais

comum em um veıculo seria o receptor de GPS, que disponibiliza um sinal com 1

pulso por segundo (PPS) sincronizado com o horario UTC.

Caso o dispositivo nao possua uma fonte da qual ele possa obter o horario

UTC, essa informacao pode ser extraıda de frames chamados de Time Advertisement

41

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Frames na

fila da AC

Escolher obackoff no

intervalo [0, CW ]

Aguardar oAIFS depoisdo canal terficado livre

Canal livre?

backoff = 0?

Aguardar umaSlotT imeCanal livre?

Decrementarbackoff Colisao?

Transmitirframe

Tranmissao

realizada

Aumentar CW(limitado por CWmax)

nao

sim

simnao

nao

sim

sim

nao

Figura 3.7: Fluxograma simplificado do procedimento de backoff no algortimo EDCA.

42

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Element ID Length CapabilitiesTiming

(opcional)Time Value

(opcional)Time Error

(opcional)Counter

Time Update

Figura 3.8: Estrutura do elemento Timing Advertisement. Fonte: IEEE 802.11 [1]

(TA) frames enviados por outros dispositivos WAVE. O padrao IEEE 802.11 [1]

define a estrutura de um TA frame, que contem um timestamp, informacoes sobre

possıveis restricoes de potencia dependendo do paıs e um elemento que pode ser

composto por ate seis campos: Element ID, Length, Timing Capabilities, Time

Value, Time Error e Time Update Counter. A figura 3.8 ilustra a estrutura desse

elemento, que carrega as informacoes de Timing Advertisement. Cada STA deve

possuir um cronometro local de modulo 264 que e incrementado a cada microssegundo

e seu valor define o campo timestamp incluıdo no frame de TA.

O campo Element ID e utilizado para identificar o tipo de elemento com base

em seu conteudo, como especificado pelo padrao IEEE 802.11. A tabela 9-77 em [1]

apresenta a lista de completa dos valores de Element ID. O campo Length contem

a quantidade de octetos presentes no frame apos esse campo.

Ja o campo Timing Capabilities pode assumir os valores 0, 1 ou 2, sendo os

valores de 3 a 255 reservados. Caso seja igual a 0, indica que o transmissor nao

possui uma fonte externa de horario, fazendo com que os campos Time Value, Time

Error e Time Update Counter nao sejam incluıdos no elemento. Se seu valor for

igual a 1 ou 2, o campo Time Value e preenchido com uma estimativa do offset

entre a timestamp do frame e o horario UTC; ja o valor do campo Time Error e o

desvio padrao do erro da estimativa presente no campo Time Value. O campo Time

Update Counter so e incluıdo quando o valor de Timing Capabilities e igual a 2 e

contem a quantidade de vezes que a STA atualizou seu horario com relacao ao UTC.

A informacao horaria obtida atraves do GPS, de um TA frame ou de outra

fonte pode ser utilizada pela MLMEX para calcular uma estimativa do horario UTC

e do seu desvio padrao. Em [4], e descrito um exemplo de estimador utilizando o

horario obtido pelo GPS, osciladores a cristal presentes no dispositivo WAVE e um

filtro de Kalman. Para dispositivos WAVE que operam em modo de acesso alternado

aos canais de controle e servico, e obrigatorio possuir uma estimativa do horario UTC

e o desvio padrao do erro dessa estimativa.

43

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Para determinar se um dispositivo WAVE esta corretamente sincronizado,

o padrao IEEE 1609.4 [4] define dois parametros: SyncTolerance, utilizado para

verificar a sincronia com o horario UTC, e MaxChSwitchT ime, que define o tempo

maximo para que um dispositivo WAVE troque de canal. O desvio padrao do erro

de estimativa do horario UTC calculado pela MLMEX e comparado com metade

do intervalo SyncTolerance. Caso o triplo do desvio padrao seja menor do que

SyncTolerance/2, o dispositivo esta corretamente sincronizado; caso contrario, a

MLMEX nao permite a utilizacao de modos de acesso que alternam regularmente

entre canais.

A duracao do intervalo de guarda, mencionado na subsecao 3.3.1 sobre coor-

denacao entre os canais, e a soma de SyncTolerance e MaxChSwitchT ime. Ambos

valem 2 ms, como definido no padrao IEEE 1609.4, portanto, a duracao total de um

intervalo de guarda e igual a 4 ms. Esse intervalo e utilizado para garantir que os

dispositivos estao operando no canal correto, de acordo com seu modo de acesso, e

que seus relogios estao sincronizados com o horario UTC.

44

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Capıtulo 4

Modelos de canal

4.1 Introducao

Os modelos de canal sao de extrema importancia para conhecer os efeitos

de um canal sem fio sobre o sinal sendo transmitido e para prever como esse sinal

sera detectado pelo receptor. Ao longo dos anos, pesquisas sobre modelos de canal

vem acompanhando o desenvolvimento das diversas tecnologias (GSM, 3G, 4G, 5G,

Wi-Fi, dentre outras) e sao de fundamental importancia para simular os sistemas

de comunicacao e avaliar seu desempenho e viabilidade.

O crescimento da ideia de comunicacoes em ambientes veiculares impulsionou

as pesquisas sobre modelos que descrevessem esses canais com elevada mobilidade

dos dispositivos e uma variedade de anteparos dependendo do ambiente, como rural,

urbano e rodovias. Os fenomenos de multicaminho e espalhamento Doppler tornam-

se mais proeminentes em canais veiculares, como descrito na secao 2.3, e esses novos

modelos que vem sendo pesquisados e desenvolvidos visam contribuir para uma

analise de desempenho da comunicacao V2X mais proxima da realidade.

4.2 Modelo dual-slope

O modelo conhecido como log-distancia, ou log-distance, em ingles, e utili-

zado em diversas aplicacoes de telecomunicacoes com radiofrequencia, tanto em am-

bientes externos como internos. Seja teoricamente ou atraves de medidas empıricas,

sabe-se que a atenuacao do canal aumenta com a distancia atraves de uma relacao lo-

45

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garıtmica. Partindo desse princıpio, a perda por propagacao do modelo log-distancia

e dada pela equacao 4.1. [8]

PL(d)[dB] = PL0 + 10n log10

(d

d0

)+Xσ (4.1)

onde PL0 e a atenuacao do canal na distancia de referencia d0, d e a distancia entre

transmissor e receptor e n e o expoente que define a taxa de aumento da atenuacao

com a distancia. Esse expoente e determinado a partir de medicoes empıricas e varia

de acordo com as condicoes do ambiente. Em uma situacao de propagacao em espaco

livre, ou seja, em um ambiente sem anteparos, a atenuacao aumenta com o quadrado

da distancia, sendo utilizado o expoente n = 2. A tabela 4.1 apresenta alguns valores

do expoente n para diferentes cenarios de comunicacoes moveis. A variavel aleatoria

Xσ e utilizada para acrescentar o efeito do fenomeno de sombreamento. Ela e uma

variavel de media zero e desvio padrao σ cuja funcao de densidade de probabilidade

(PDF) e gaussiana. A PDF da variavel Xσ e definida pela equacao 4.2.

f(x) =1√

2πσ2e−

x2

2σ2 (4.2)

Tabela 4.1: Expoente n da perda de propagacao em funcao da distancia para diferentes

cenarios. Fonte: [8]

Cenario Expoente n

Espaco livre 2

Sistema celular em area urbana 2,7 a 3,5

com sombreamento

Sistema celular em area urbana3 a 5

Ambiente interno com visada direta 1,6 a 1,8

Contudo, ha cenarios em que a relacao de aumento da atenuacao com a

distancia pode variar bruscamente em certas faixas de valores da distancia. Nesses

casos, podem ser utilizados modelos log-distancia com mais de uma inclinacao (do

ingles, slope), ou seja, diferentes expoentes dependendo da distancia. A equacao 4.3

apresenta a perda por propagacao em funcao da distancia utilizando o modelo dual-

46

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slope, ou dupla inclinacao, em traducao livre. O modelo dual-slope vem sendo muito

utilizado em diversas referencias na literatura de comunicacoes V2V [9, 10, 11].

PL(d)[dB] =

PL0 + 10n0 log10

(dd0

)+Xσ, se d0 ≤ d ≤ d1

PL0 + 10n0 log10

(d1d0

)+ 10n1 log10

(dd1

)+Xσ, se d > d1

(4.3)

sendo n0 e n1 os expoentes correspondentes as faixas do ≤ d ≤ d1 e d > d1, respec-

tivamente, e d1 e a distancia de transicao.

Buscando representar canais de comunicacao V2V que apresentam o fenomeno

de sombreamento em ambientes urbanos e em rodovias, Abbas et al. [9] desenvol-

veram um modelo empırico a partir de medicoes reais em uma rodovia e na area

urbana de duas cidades suecas. Foram utilizados dois carros com 1,47 m de altura

equipados com antenas omnidirecionais no teto. Alem disso, dados de GPS foram

utilizados para monitorar a distancia entre os veıculos e cameras de vıdeo serviram

para identificar quando havia visada direta (LOS) e quando a visada estava obstruıda

por outro veıculo (OLOS, obstructed line of sight). A partir dessa separacao entre

LOS e OLOS, Abbas et al. conseguiram criar modelos distintos para cada situacao,

diferente do que ja havia sido feito em [10] e [11], onde os modelos foram obtidos a

partir de um conjunto de dados contendo medidas com e sem visada direta.

Na rodovia, os veıculos trafegaram na mesma direcao com velocidades entre

80 e 90 km/h. A estrada possuıa 4 faixas, 2 em cada direcao, e era cercada por

um guarda-corpo metalico. As pistas em direcoes opostas eram separadas por uma

mureta de concreto com 50 cm de altura e, ao longo da via, havia vegetacao, placas,

postes e poucas construcoes.

Ja no ambiente urbano, a velocidade maxima atingida pelo carros foi de

50 km/h, variando com o trafego. Os veıculos se moveram na mesma direcao e em

direcoes opostas em ruas de mao unica ou dupla cujas larguras variavam de 12 a 20

metros. Havia construcoes de 2 a 4 andares, arvores, carros estacionados, placas e

postes ao longo da via.

Abbas et al. utilizaram o modelo dual-slope, definido previamente na equacao

4.1. De acordo com o artigo, por possuırem poucas amostras para distancias menores

do que 10 metros entre os veıculos, o modelo so e valido para distancias maiores

47

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do que esse valor. Sendo assim, definiram d0 = 10 m. Alem disso, definiram a

distancia de transicao d1 como 104 m. Os valores de n0, n1, PL0 e σ, o desvio

padrao da variavel aleatoria que representa um AWGN, estao descritos na tabela

4.2 para ambiente urbano e em rodovias para situacao de LOS e OLOS.

Tabela 4.2: Parametros do modelo de canal dual-slope para rodovia e

ambiente urbano. Fonte: [9]

Cenario d0 d1 n0 n1 PL0 σ

Rodovia - LOS 10 m 104 m 1,66 2,88 66,1 dB 3,95

Rodovia - OLOS 10 m 104 m 1,66* 3,18 76,1 dB 6,12

Urbano - LOS 10 m 104 m 1,81 2,85 63,9 dB 4,15

Urbano - OLOS 10 m 104 m 1,93 2,74 72,3 dB 6,67

* Expoente nao informado pelos autores em [9]. Sera utilizado

o mesmo expoente do caso LOS.

Importante notar que, nos experimentos descritos em [9], a condicao de visada

direta obstruıda (OLOS) no ambiente de rodovia so ocorreu quando os veıculos

estavam separados por uma distancia maior do que 80 m. Por esse motivo, tornou-

se inviavel determinar o coeficiente n0 para distancias entre 10 e 104 m, ja que havia

poucas amostras. Sendo assim, sera utilizado o coeficiente n0 obtido para a condicao

de LOS, com a ressalva de que isso foi observado empiricamente e ha uma grande

chance de nao se aplicar para outras situacoes.

Pode-se observar que o modelo encontrado por Abbas et al. em [9] preve uma

atenuacao menor do que a propagacao em espaco livre para distancias entre 10 m

e 104 m em todos os cenarios. Isso ocorre pois a potencia do sinal que chega ao

receptor e resultado da soma de multiplas copias do sinal devido ao multicaminho,

podendo, inclusive, gerar um efeito de guia de onda nas vias do ambiente urbano.

Apos a distancia de transicao, os valores dos expoentes assemelham-se aos utilizados

para modelar um sistema celular urbano (tabela 4.1).

Interessante notar tambem que ha uma variacao em torno de 10 dB no

parametro PL0 de um cenario LOS para OLOS. Variacoes semelhantes foram obser-

vadas em [28], onde e estudada a atenuacao causada por um veıculo obstruindo a

visada direta entre transmissor e receptor em um ambiente de rodovia.

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TxRx

xx′

dLOS

dr = x+ x′

θ θ

d

ht hr

Figura 4.1: Ilustracao do caminho de visada direta (dLOS) e do caminho com reflexao no

solo (dr) entre um transmissor e um receptor.

4.3 Modelo two-ray ground

Na situacao de comunicacoes entre veıculos, onde a distancia entre o trans-

missor e receptor geralmente nao excede 1 km e as antenas estao posicionadas em

alturas pequenas com relacao ao solo, caso o ambiente possua poucos anteparos, a

componente de multicaminho referente ao raio refletido no chao torna-se bastante

proeminente [12]. Por esse motivo, diversas referencias [6, 12, 29] utilizam o modelo

two-ray ground, ou modelo de reflexao no solo. Como o nome sugere, ele e baseado

em dois raios entre o transmissor (Tx) e o receptor (Rx): um deles referente a visada

direta (LOS) e o outro representa o caminho de propagacao percorrido pelo raio que

alcanca o receptor apos refletir no solo.

A figura 4.1 ilustra geometricamente os raios de visada direta e refletido, onde

ht e hr sao as alturas do transmissor e do receptor, respectivamente, em relacao

ao solo, d e a distancia horizontal entre transmissor e receptor; dLOS e dr sao as

distancias percorridas pelo raio de visada direta e pelo raio refletido no solo. Pela

geometria ilustrada na figura, as distancias dLOS e dr podem ser calculadas por:

dLOS =√

(ht − hr)2 + d2 (4.4)

dr =√

(ht + hr)2 + d2 (4.5)

A partir de medicoes em ambientes rurais e em rodovias, Kunisch e Pamp [6]

desenvolveram um modelo de canal two-ray ground que serviu como base, poste-

riormente, para o modelo de Karedal et al. [12]. O transmissor e receptor foram

posicionados no teto de veıculos a uma altura de 1,6 m do solo e, nesses ambientes,

os veıculos deslocaram-se, principalmente, na mesma direcao. Alem disso, os au-

49

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tores ressaltam que algumas medidas no ambiente rural foram obtidas durante um

feriado, ou seja, havia pouco trafego e, por consequencia, uma maior probabilidade

de visada direta entre o transmissor e receptor.

O ganho do canal em funcao da distancia proposto por Kunisch e Pamp

para os ambientes rural e em rodovia e dado pela equacao 4.6 do modelo two-ray

ground : [6]

G(d) = G12 + 20 log10

∣∣∣∣e−jk0dLOSdLOS+ r

e−jk0dr

dr

∣∣∣∣)+Xσ (4.6)

onde d e a distancia horizontal entre o transmissor e o receptor, G12 e o ganho de

referencia, Xσ representa um AWGN de desvio padrao σ e j e a unidade imaginaria.

O comprimento de onda do sinal e representado por λ e k0 e o numero de onda

dado por k0 = 2π/λ. As distancias dLOS e dr dependem de d e sao definidas nas

equacoes 4.4 e 4.5, respectivamente. O parametro complexo r e o coeficiente efetivo

de reflexao do solo. Os valores de todos esses parametros para o ambiente rural e

em rodovia podem ser vistos na tabela 4.3. Nessa tabela, o parametro h representa

a altura do transmissor e receptor, que foram assumidas como iguais por Kunisch e

Pamp.

Ja no ambiente urbano, dados foram obtidos com os veıculos se movendo

na mesma direcao, em direcoes opostas e ambos parados em sinais de transito. As

medicoes realizadas por Kunisch e Pamp nesse ambiente nao eram representadas pelo

modelo two-ray ground e observaram que um modelo log-distancia seria a melhor

opcao. A equacao 4.3 define a atenuacao em funcao da distancia para esse modelo.

No entanto, para manter a mesma notacao utilizada pelos autores com ganho em

funcao da distancia para o modelo two-ray ground, sera utilizada a equacao 4.7 para

representar o modelo log-distancia: [9]

G(d) = G0 + 10n log10

(d

1 m

)+Xs (4.7)

onde d e a distancia entre o transmissor e o receptor, G0 e o ganho de referencia,

n e o coeficiente do modelo tendo a distancia de 1 m como referencia e Xs modela

um AWGN de desvio padrao s. Os valores de G0, n e s que melhor representam

os dados obtidos atraves das medicoes nos tres ambientes tambem se encontram na

tabela 4.3.

50

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Tabela 4.3: Parametros do modelos two-ray ground e log-distancia para diferentes ambi-

entes. Fonte: [6]

Ambiente Two-ray Log-distancia

[dB]

G12

[m]

h|r| ∠r

[dB]

σ

[dB]

G0n

[dB]

s

Rural -9,5 1,80 0,264 -158o 2,7 -62,1 -1,79 3,3

Rodovia -9,0 1,81 0,353 -154o 2,3 -59,7 -1,85 3,2

Urbano − − − − − -68,5 -1,61 3,4

Karedal et al. em [12] basearam-se nas equacoes 4.6 e 4.7 e adicionaram um

fator de correcao ζPLc em ambas, que depende da direcao de movimento relativa

entre os veıculos. As equacoes abaixo foram adaptadas de [12] para preservar a

notacao:

G(d) = G12 + 20 log10

∣∣∣∣e−jk0dLOSdLOS+ r

e−jk0dr

dr

∣∣∣∣)+ ∆G(σ)− ζPLc (4.8)

G(d) = G0 + 10n log10

(d

1 m

)+ ∆G(s)− ζPLc (4.9)

onde PLc e um fator que depende do ambiente em questao e ζ foi definido por

Karedal et al. como:

ζ =

1, veıculos em direcoes opostas e se afastando

−1, veıculos em direcoes opostas e se aproximando

0, veıculos na mesma direcao (comboio)

(4.10)

Observa-se que os modelos de Karedal et al. [12] e os de Kunisch e Pamp [6]

sao equivalentes quando os veıculos estao se movendo na mesma direcao.

4.4 Modelo VirtualSource11p

Uma situacao comum de acidentes no transito e a de colisao em cruzamentos.

Ela poderia ser evitada se houvesse uma comunicacao entre os veıculos que estao se

aproximando da intersecao, seja para alertar os condutores ou para que um carro

autonomo tome uma decisao, por exemplo. Contudo, em uma situacao em que dois

veıculos estao se aproximando de um cruzamento por vias perpendiculares, ha uma

51

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grande chance de que nao havera visada direta entre o transmissor e receptor devido

a construcoes ao longo das esquinas, especialmente em ambientes urbanizados.

Para entender como o sinal se propaga em uma situacao como essa e per-

mitir simulacoes mais proximas da realidade, Mangel et al. [7] desenvolveram um

modelo de canal especıfico para cruzamentos. Foram realizadas medicoes em oito

cruzamentos diferentes de uma cidade alema, sendo metade em ambiente urbano e

o restante em areas suburbanas. Os autores escolheram vias com larguras variadas

para determinar a influencia desse parametro na comunicacao. Nas medicoes, o

transmissor foi posicionado a 100 m, 60 m, 30 m e 0 m do centro do cruzamento e

em diferentes faixas da via para variar a distancia entre ele e a parede. Ja o receptor,

posicionado no teto de um veıculo, deslocava-se livremente em ambas as direcoes na

via perpendicular a do transmissor, porem, o artigo nao menciona as velocidades

atingidas pelo receptor.

O transmissor utilizou uma taxa de dados igual a 3 Mbps, ou seja, modulacao

BPSK e taxa do codificador convolucional igual a 1/2, e a potencia de transmissao

era igual a 20 dBm. A frequencia central do canal era 5,9 GHz e foram transmitidos

pacotes com payload de 200 bytes a uma taxa de 100 Hz, simulando o envio de

BSMs. Tanto o receptor quanto o transmissor estavam a, aproximadamente, 1,5 m

de altura em relacao ao solo.

Mangel et al. utilizaram como base o modelo de canal celular proposto em [30]

chamado VirtualSource e fizeram modificacoes com base nas medicoes realizadas

em campo, criando um modelo que ficou conhecido como VirtualSource11p. A

equacao 4.11, proposta pelos autores, determina a perda de propagacao em cruza-

mentos de areas urbanas e suburbanas. Os parametros dt e dr sao, respectivamente,

as distancias do transmissor e do receptor ate o centro do cruzamento, wr e a largura

da via onde se encontra o receptor, xt e a distancia do transmissor ate a parede, λ e

o comprimento de onda do sinal e is e um parametro que vale 1 quando o ambiente e

suburbano e 0 quando o cruzamento esta em ambiente urbano. O fator de correcao

is2,94 foi adicionado porque foi observada uma atenuacao maior em cruzamentos

situados no suburbio. A equacao 4.11 foi obtida considerando o parametro xt como

metade de wr.

52

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PL(dt, dr, wr, xt, is) = 3,75 + is2,94 +

10 log10

(d0,957t

(xtwr)0,814πdrλ

)2,69

, dr ≤ db

10 log10

(d0,957t

(xtwr)0,814πd2rλdb

)2,69

, dr > db

(4.11)

sendo db a distancia de transicao [30] definida na equacao 4.12, onde ht e hr sao as

alturas do transmissor e do receptor, respectivamente, em relacao ao chao.

db =4hthrλ

(4.12)

Os autores do artigo adotaram um criterio de que esse modelo e valido so-

mente para distancias do receptor ate o centro do cruzamento maiores do que 10 m.

Para distancias menores, a equacao 4.11 nao representava os dados medidos.

Observa-se que a perda por propagacao e maior para distancia que ultra-

passam a distancia de transicao. Isso ocorre devido ao fato de que o fenomeno da

difracao se torna mais predominante do que a reflexao, como observado tambem

em [30].

53

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Capıtulo 5

Implementacao e Resultados

5.1 Introducao

Os modelos dual-slope, two-ray ground e VirtualSource11p, que foram des-

critos no capıtulo 4, foram implementados em tres classes distintas. Cada uma

possui parametros que podem ser configurados pelo usuario a nıvel de simulacao.

Essas classes foram implementadas de forma que sejam totalmente compatıveis com

o simulador ns-3.

5.2 Simulador ns-3

A primeira versao, ns-1 [31], da serie de simuladores ns (network simulator),

foi criada por pesquisadores no Lawrence Berkeley National Laboratory (LBNL),

California, em 1995. Desenvolvido a partir de um outro simulador criado pelo mesmo

laboratorio chamado REAL [32], o ns-1 tinha seu codigo-fonte em C++ e os scripts

das simulacoes eram escritos com a linguagem Tcl [33], criada em 1988. Essa versao

nao e mais desenvolvida nem mantida. O ns-1 era um simulador de redes discreto

baseado em eventos, ou seja, possuıa um estado interno que era alterado de acordo

com os eventos que ocorriam durante a simulacao. Em um simulador contınuo, a

resposta do sistema e modelada matematicamente com o uso de equacoes diferenciais

a partir de um conjunto de condicoes iniciais.

Em 1997, foi disponibilizada a segunda versao do simulador, ns-2 [13], como

uma evolucao da primeira. Seu codigo-fonte tambem era escrito em C++ e muitas

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de suas funcionalidade foram herdadas do ns-1. A principal diferenca para a versao

anterior e que a linguagem utilizada para escrever os scripts das simulacoes passou

a ser OTcl, que e uma extensao da Tcl com orientacao a objetos, desenvolvida

no Massachusetts Institute of Technology (MIT). Essa versao foi muito utilizada em

todo o mundo para pesquisas na area de redes e comunicacoes. Seu desenvolvimento

foi encerrado em 2010 e, atualmente, essa versao nao e mais mantida, apesar de ainda

ser utilizada em algumas pesquisas.

A versao atual, ns-3 [14], teve seu desenvolvimento iniciado em 2006, quando

um grupo de pesquisadores de diferentes instituicoes (University of Washington,

Georgia Institute of Technology, International Institute of Computer Science, na

California, e Institut National de Recherche en Informatique et en Automatique, na

Franca) recebeu financiamento do governo dos Estados Unidos para desenvolver um

simulador que iria substituir o ns-2. Apesar das versoes ns-1 e ns-2 serem bastante

similares, o ns-3, lancado em 2008, abandonou a retrocompatibilidade com a segunda

versao e difere dela em diversos aspectos, porem, ainda mantem a caracterıstica de

ser um simulador de redes discreto baseado em eventos.

A primeira diferenca e que, apesar do codigo-fonte do ns-3 tambem ser es-

crito em C++, somente uma pequena porcao foi aproveitada do ns-2. Alem disso, a

linguagem OTcl foi substituıda por Python [34], porem, diferente do ns-1 e ns-2, a

utilizacao dessa segunda linguagem para executar as simulacoes e opcional, podendo

utilizar somente C++. Outra diferenca a ser citada e que algumas funcionalidades,

protocolos e servicos presentes no ns-2 nao estao implementadas no ns-3, e vice-

versa. Contudo, por ser uma versao que esta sendo mantida e com atualizacoes

regulares, a tendencia e de que o ns-3 se torne a versao mais completa.

Por ser gratuito e implementar a camada fısica e MAC de diversos padroes

e tecnologias, como IEEE 802.11, famılia IEEE 1609 (WAVE), famılia IEEE 802.16

(WiMAX) e LTE, alem dos protocolos IPv4, IPv6 e WSMP (sistema WAVE) da

camada de rede e, na camada de transporte, os protocolos TCP e UDP, assim como

protocolos de roteamento, modelos de propagacao, modelos de antenas e, inclusive,

possuir capacidade de emulacao/, o simulador ns-3 tem sido muito utilizado para

diversas pesquisas, inclusive na area de comunicacoes V2V e V2I [35, 36, 37]. Algu-

mas dessas funcionalidades foram adicionadas a partir da contribuicao de usuarios

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e pesquisadores, ja que o codigo do simulador e aberto.

Sendo assim, este projeto implementa tres modelos de canal novos no ns-3

com o objetivo de contribuir com o desenvolvimento do simulador e permitir que

outros usuarios utilizem esses modelos em suas simulacoes.

5.3 Implementacao

5.3.1 Modelo dual-slope

O simulador ns-3 [14] possui implementacoes dos modelos de log-distancia

com inclinacao unica (equacao 4.1) e inclinacao tripla (equacao 5.1), porem nao

possui o modelo dual-slope, de inclinacao dupla. Uma solucao possıvel e utilizar o

modelo de inclinacao tripla e configurar a segunda distancia de transicao d2 com um

valor muito grande, representando infinito. Porem, a solucao escolhida foi de acres-

centar um modelo dual-slope ao simulador para que o usuario nao precise adaptar

um modelo existente para implementar o de inclinacao dupla e, dessa forma, tornar

os codigos das simulacoes mais compreensıveis.

PL(d) =

PL0 + 10n0 log10

(dd0

), se d0 ≤ d ≤ d1

PL0 + 10n0 log10

(d1d0

)+ 10n1 log10

(dd1

), se d1 ≤ d ≤ d2

PL0 + 10n0 log10

(d1d0

)+ 10n1 log10

(d2d1

)+ 10n2 log10

(dd2

), se d > d2

(5.1)

Para adicionar o modelo dual-slope ao simulador ns-3, foi implementada a

classe DualLogPropagationLossModel, representando um modelo de propagacao

que pode ser atribuıdo ao canal configurado na simulacao. A classe possui cinco atri-

butos que podem ser configurados: Distance0, Distance1, Exponent0, Exponent1

e ReferenceLoss. Eles correspondem, respectivamente, aos parametros d0, d1, n0,

n1 e PL0 da equacao 4.3. O valor padrao e uma breve descricao sobre cada um

dos parametros estao apresentados na tabela 5.1. O codigo-fonte da classe esta

disponıvel no apendice A.

Por ser um modelo relativamente simples, foi feita uma validacao utilizando

valores fictıcios para os parametros, de forma a avaliar se a atenuacao obedecia

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Tabela 5.1: Atributos da classe DualLogPropagationLossModel.

Atributo Descricaopadrao

Valor

Distance0 Distancia de referencia d0, em metros. 1 m

Distance1 Distancia de transicao d1 em metros. 200 m

Exponent0 Expoente n0 1,9

Exponent1 Expoente n1 3,8

ReferenceLoss Atenuacao na distancia de referencia d0, em dB 47,865 dB

a equacao 4.3. Foram realizadas duas simulacoes de teste utilizando os valores

apresentados na tabela 5.2 variando a distancia de 1 a 1000 m. A distancia de

transicao foi fixada em 100 m para ambos os testes. Os graficos da atenuacao do

canal em funcao da distancia obtidos em cada teste estao apresentados na figura 5.1.

Tabela 5.2: Parametros utilizados na validacao do modelo dual-slope no simulador ns-3.

d0 d1 n0 n1 PL0

Teste 1 1 m 100 m 2,0 3,0 50 dB

Teste 2 10 m 100 m 2,5 4,0 55 dB

Com os parametros do teste 1, era esperado um crescimento da atenuacao de

20 dB por decada para distancias entre 1 e 100 m devido ao coeficiente n0 = 2. De

fato, a atenuacao variou de 50 dB para 90 dB nessas duas decadas. Apos a distancia

de transicao, o coeficiente n1 = 3 faria com que a atenuacao passasse a crescer 30 dB

por decada. Como esperado, a atenuacao variou de 90 dB para 120 dB entre 100 e

1000 m.

Tambem foi obtido o comportamento esperado pelo modelo com os parametros

do segundo teste. A atenuacao cresceu de 55 dB para 80 dB na decada entre 10 e

100 m, referente ao coeficiente n0 = 2,5; entre 100 e 1000 m, a atenuacao variou de

80 dB para 120 dB, ou seja, 40 dB por decada, devido ao coeficiente n1 = 4.

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100 101 102 103

Distancia Tx-Rx [m]

50

60

70

80

90

100

110

120

Atenuacao

docanal

[dB]

n0 = 2,0; n1 = 3,0; PL0 = 50 dB; d0 = 1 m; d1 = 100 m

n0 = 2,5; n1 = 4,0; PL0 = 55 dB; d0 = 10 m; d1 = 100 m

Figura 5.1: Atenuacao do canal em funcao da distancia para validacao do modelo dual-

slope adicionado ao simulador ns-3.

5.3.2 Modelo two-ray ground

O simulador ns-3 [14] possui uma implementacao do modelo two-ray ground,

porem, e uma aproximacao para distancias entre o transmissor e o receptor muito

maiores do que 4πhthr/λ. Em uma situacao de comunicacao V2V com altura do

transmissor e do receptor em torno de 2 m e frequencia de 5,9 GHz, a distancia

entre os veıculos precisaria ser muito maior do que 988 m para que a aproximacao

implementada no simulador fosse valida.

Por esse motivo, o modelo two ray ground de Kunisch e Pamp foi esco-

lhido para ser adicionado ao simulador ns-3 [14] com o objetivo de permitir si-

mulacoes de comunicacoes V2X mais proximas da realidade. Foi implementada a

classe KunischTwoRayPropagationLossModel, que representa o modelo de perdas

por propagacao a ser adicionado ao canal sem fio. Seu codigo-fonte esta disponibi-

lizado no apendice B.

A classe possui seis atributos que podem ser configurados ao adicionar esse

modelo ao canal. Sao eles a frequencia da portadora em Hz, a distancia mınima

acima da qual o modelo e valido, a magnitude e a fase do coeficiente efetivo de

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reflexao complexo r (equacao 4.6) e o ganho de referencia G12 (equacao 4.6). O

valor padrao de cada atributo corresponde aos parametros encontrados por Ku-

nisch e Pamp para o modelo two-ray ground em ambientes de rodovia, definidos

na tabela 4.3. As informacoes sobre os atributos da classe foram condensadas na

tabela 5.3.

Tabela 5.3: Atributos da classe KunischTwoRayPropagationLossModel.

Atributo Descricaopadrao

Valor

Frequency Frequencia da portadora, em Hz. 5,9 GHz

MinDistanceo modelo e valido.

Distancia em metros acima da qual32 m

ReflectionCoefficientMagde reflexao r (equacao 4.6).

Modulo do coeficiente efetivo0,353

ReflectionCoefficientPhasede reflexao r (equacao 4.6).

Fase em graus do coeficiente efetivo-154o

BaseGain(equacao 4.6).

Ganho de referencia G12 em dB-9,0 dB

As alturas do transmissor e receptor sao configuradas utilizando a coordenada

z da posicao dos dispositivos no simulador. Ao calcular a distancia entre eles, obtem-

se a distancia de visada direta dLOS. Para calcular a distancia dr do raio refletido

no solo, utiliza-se a relacao expressa na equacao 5.2, que e facilmente obtida a partir

das equacoes 4.4 e 4.5.

dr =√d2LOS + 4hthr (5.2)

Para distancias abaixo da distancia mınima, o ganho do canal e determinado

pelo modelo de Friis, definido na equacao 5.3.

G(d) = G12 + 10 log10

4πd

)2

(5.3)

onde G12, λ e d sao os mesmo parametros utilizados na equacao 4.6.

Como forma de validacao da implementacao do modelo two-ray ground, a

figura 5.2 mostra os graficos apresentados por Kunisch e Pamp em [6] e, abaixo, as

59

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(a)

10 15 20 25Distancia Tx-Rx [dB(m)]

(a) Rural

−75

−80

−85

−90

−95

−100

Ganhodocanal

[dB] Log-distancia

Two-ray

15 20 25Distancia Tx-Rx [dB(m)]

(b) Rodovia

−70

−75

−80

−85

−90

−95

−100Ganhodocanal

[dB] Log-distancia

Two-ray

10 15 20Distancia Tx-Rx [dB(m)]

(c) Urbano

−75

−80

−85

−90

−95

−100

Ganhodocanal

[dB] Log-distancia

(b)

Figura 5.2: (a) Graficos apresentados por Kunisch e Pamp em [6], onde e exibido o

modelo log-distancia (vermelho), o modelo two-ray ground (verde), o modelo de Friis na

frequencia de 5,9 GHz (preto) e as amostras coletadas nas medicoes (azul). (b) Figuras

geradas a partir de simulacoes com o modelo adicionado ao simulador ns-3 utilizando os

parametros definidos na tabela 4.3.

figuras geradas a partir de simulacoes com o modelo que foi adicionado ao simulador

ns-3 utilizando os parametros definidos na tabela 4.3. O modelo log-distancia e

ilustrado nas figuras do ambiente rural e rodovia para facilitar a comparacao com os

graficos de Kunisch e Pamp, mas nao e utilizado no simulador para esses ambientes.

O modelo log-distancia descrito por Kunisch e Pamp ja havia sido implemen-

tado no simulador ns-3, como discutido na subsecao 5.3.1. Os modelos encontrados

por Karedal et al. nao foram incluıdos no simulador por serem facilmente imple-

mentados a partir do modelo de Kunisch e Pamp, que foi adicionado como parte

deste projeto.

5.3.3 Modelo VirtualSource11p

Com o objetivo de incluir um modelo para condicoes sem visada direta em

cruzamentos, o modelo VirtualSource11p foi adicionado ao simulador ns-3 no ambito

60

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deste projeto. Foi criada a classe IntersectionPropagationLossModel, que dispoe

de 7 atributos para configurar o ambiente de propagacao: a posicao do cruzamento

(obrigatorio), a frequencia de transmissao, a distancia mınima de validade do mo-

delo, distancia de transicao, largura da via onde esta o receptor, distancia do trans-

missor ate a parede e um valor booleano que indica se o ambiente e suburbano ou

nao. A tabela 5.4 contem a descricao de cada atributo e seus valores padrao. O

codigo-fonte da classe esta disponıvel no apendice C.

Tabela 5.4: Atributos da classe IntersectionPropagationLossModel.

Atributo Tipo Descricaopadrao

Valor

IntersectionCenter Vector2Dnas coordendas (x,y)

Posicao do centro do cruzamento-

Frequency double Frequencia da portadora, em Hz. 5,9 GHz

MinDistance doubleo modelo e valido, em metros.

Distancia acima da qual10 m

BreakDistance doubleem metros.

Distancia de transicao db, 4πhthrλ

RxStreetWidth doublereceptor, em metros.

Largura wr da via do30 m

TxWallDistance doubleate a parede, em metros.

Distancia xt do transmissorwr/2

IsSuburban bool

(parametro is)

False para ambiente urbano.

True para suburbio e

False

O atributo IntersectionCenter e o unico obrigatorio; caso ele nao seja con-

figurado, a simulacao e interrompida e um erro e emitido. No momento, nao e

verificado se a posicao do cruzamento e coerente com as posicoes que foram confi-

guradas para os veıculos, ficando a cargo do usuario o posicionamento correto.

A distancia de transicao db, segundo [30], e dada pela equacao 4.12. Porem,

para dar uma maior flexibilidade ao usuario, a classe implementada possui o parametro

BreakDistance, que pode ser utilizado para configurar uma distancia de transicao

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especıfica. Caso ele nao seja incluıdo ao instanciar a classe, a distancia de transicao

e calculada com a equacao 4.12 e as alturas do transmissor e receptor sao obtidas a

partir da coordenada z dos dispositivos.

Apesar do parametro xt nao ter sido testado em [7] para gerar a equacao do

modelo VirtualSource11p, foi criado o atributo TxWallDistance para que esse valor

possa ser configurado nas simulacoes. Caso ele nao seja especificado pelo usuario,

utiliza-se metade do parametro RxStreetWidth, assim como foi utilizado no artigo

para obter a equacao desse modelo.

A referencia utilizada para validacao foi a figura 5.3a, extraıda de [7], que

apresenta a potencia de recepcao em funcao da distancia do receptor ao centro do

cruzamento para diversos cruzamentos. Com a potencia de transmissao (PT ) igual a

20 dBm, a perda inerente ao sistema (LS) calculada em [7] como 1,75 dB, e a perda

por propagacao (PL) dada pelo modelo VirtualSource11p (equacao 4.11), obtem-se

a potencia de recepcao (PR) a partir da equacao 5.4.

PR = PT − LS − PL(dt, dr, wr, xt, is) (5.4)

Contudo, ao validar o modelo adicionado como parte deste projeto sem espe-

cificar o parametro TxWallDistance, ou seja, utilizando-o como metade da largura

da via do receptor (como especificado por Mangel et al. na legenda da figura 5.3a),

foi detectada uma discrepancia nos resultados dos cruzamentos 2, 3 e 10. Apos

alguns testes, identificou-se que a causa mais provavel dessa discrepancia seria uma

divisao truncada na implementacao dos autores em [7]. Em diversas linguagens

de programacao, a divisao de dois valores inteiros resulta em uma variavel inteira,

descartando-se a parte decimal em divisoes nao exatas. Por esse motivo, acredita-se

que o valor de xt utilizado por Mangel et al. [7] para gerar os graficos dos cru-

zamentos 2, 3 e 10 (figura 5.3a), onde os valores de wr sao ımpares, foi truncado

para a parte inteira da divisao de wr por 2. A figura 5.4 apresenta testes com os

parametros desses cruzamentos para valores de xt decimais e truncados. Observou-

se que, quando xt e truncado, o resultado ficou como o apresentado por Mangel et

al., visto na figura 5.3a.

Sendo assim, a figura 5.3 apresenta a validacao do modelo implementado pela

classe IntersectionPropagationLossModel, com a ressalva de que os valores de xt

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utilizados nos cruzamentos 2, 3 e 10 sao resultados de uma divisao truncada de wr

por 2.

5.4 Resultados

5.4.1 Cenarios de simulacao

Com o objetivo de validar a integracao das classes criadas com as funcionali-

dades do simulador ns-3, foram criados alguns cenarios de simulacao para testar os

modelos de canal que foram implementados. Em seguida, foram feitos testes com

um dos modelos variando a quantidade de veıculos na simulacao. O objetivo era

avaliar a relacao da quantidade de dispositivos com a latencia entre a transmissao

e a recepcao de um pacote. Na literatura, e comum considerar uma latencia limite

de 100 ms para aplicacoes voltadas para seguranca no transito [38, 39].

Foram criados quatro cenarios, que serao chamados de cenario rodovia, rural,

urbano e cruzamento. Nos tres primeiros, a simulacao consistia de dois veıculos,

sendo um transmissor e o outro receptor, movendo-se em comboio e com o receptor

se afastando. As velocidades vt e vr do transmissor e do receptor, respectivamente,

para cada cenario sao descritas abaixo. O receptor estava posicionado a 10 metros

de distancia do transmissor no inıcio da simulacao.

• Rodovia: vt = 80 km/h e vr = 90 km/h.

• Rural: vt = 60 km/h e vr = 70 km/h.

• Urbano: vt = 40 km/h e vr = 50 km/h.

No cenario de cruzamento, foram utilizadas os parametros da intersecao 10

descrita em [7], onde a largura da via e de 23 m. O transmissor foi posicionado a

distancias fixas do cruzamento e o receptor deslocava-se livremente na via perpen-

dicular a do transmissor com velocidade de 30 km/h.

Ja para a simulacao de latencia, foi criado um cenario de uma rodovia com

quatro faixas, espacadas de 3 m, sendo duas para cada sentido. Nas faixas mais

proximas do centro da via, os veıculos trafegavam a 90 km/h e, nas outras faixas,

com uma velocidade de 80 km/h. Eles foram distribuıdos igualmente em cada faixa

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(a)

0 20 40 60 80 100 120 140 160Distancia do receptor ao centro do cruzamento [m]

−60

−65

−70

−75

−80

−85

−90

Potenciaderecepcao[dBm]

Cruzamento 2 e 3 (dt = 30 m, wr = 21 m, xt = 10 m, is = 1)

Cruzamento 2 e 3 (dt = 60 m, wr = 21 m, xt = 10 m, is = 1)

Cruzamento 10 (dt = 30 m, wr = 23 m, xt = 11 m, is = 0)

Cruzamento 10 (dt = 60 m, wr = 23 m, xt = 11 m, is = 0)

Cruzamento 11 (dt = 30 m, wr = 26 m, xt = 13 m, is = 0)

Cruzamento 11 (dt = 60 m, wr = 26 m, xt = 13 m, is = 0)

Cruzamento 11 (dt = 100 m, wr = 26 m, xt = 13 m, is = 0)

Cruzamento 20 (dt = 30 m, wr = 30 m, xt = 15 m, is = 0)

Cruzamento 20 (dt = 60 m, wr = 30 m, xt = 15 m, is = 0)

(b)

Figura 5.3: (a) Grafico apresentado por Mangel et al. em [7], onde cada cor representa um

cruzamento, os diferentes tracos indicam distancias diferentes do receptor ao cruzamento e

os marcadores representam as medicoes obtidas em campo. (b) Figura gerada a partir de

simulacoes com o modelo implementado pela classe IntersectionPropagationLossModel

utilizando os parametros da legenda de (a), porem truncando xt.

64

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0 20 40 60 80 100 120 140 160Distancia do receptor ao centro do cruzamento [m]

−60

−65

−70

−75

−80

−85

−90

Potenciaderecepcao[dBm]

Cruzamento 2 e 3 (dt = 30 m, wr = 21 m, xt = 10,5 m)

Cruzamento 2 e 3 (dt = 30 m, wr = 21 m, xt = 10 m)

Cruzamento 2 e 3 (dt = 60 m, wr = 21 m, xt = 10,5 m)

Cruzamento 2 e 3 (dt = 60 m, wr = 21 m, xt = 10 m)

Cruzamento 10 (dt = 30 m, wr = 23 m, xt = 11,5 m)

Cruzamento 10 (dt = 30 m, wr = 23 m, xt = 11 m)

Cruzamento 10 (dt = 60 m, wr = 23 m, xt = 11,5 m)

Cruzamento 10 (dt = 60 m, wr = 23 m, xt = 11 m)

Figura 5.4: Comparacao da potencia de recepcao utilizando a classe

IntersectionPropagationLossModel com valores de xt decimais e truncados.

e posicionados de forma aleatoria ao longo de 1 km no inıcio da simulacao e se

moviam com a velocidade correspondente a sua faixa.

Em todas as simulacoes, eram enviados 10 pacotes por segundo com 400

bytes cada, simulando o envio de BSMs. Foi utilizado o sistema WAVE com acesso

contınuo ao canal de servico 180 (frequencia central em 5,9 GHz) e a potencia de

transmissao era igual a 20 dBm (ou 100 mW). As simulacoes dos cenarios rodovia,

rural, urbano e cruzamento foram executadas 10 vezes e foram calculados a media

e o desvio padrao dos resultados. Ja na analise de latencia, a mesma simulacao

foi executada para cada quantidade de veıculos. O cenario era simulado por 100

segundos e o resultado foi amostrado a cada segundo, calculando-se a media e o

desvio padrao das amostras ao fim da execucao.

5.4.2 Modelos dual-slope e two-ray ground

A figura 5.5 apresenta a Packet Delivery Ratio (PDR), que e a razao entre

a quantidade de pacotes recebida pelo receptor e a quantidade de pacotes transmi-

tidos, em funcao da distancia entre o receptor e o transmissor utilizando o modelo

65

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0 250 500 750 1000 1250 1500 1750 2000Distancia entre transmissor e receptor [m]

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

PDR

LOS Urbano

LOS Rodovia

OLOS Urbano

OLOS Rodovia

Figura 5.5: Packet delivery ratio em funcao da distancia utilizando o modelo dual-slope

em cenario de rodovia e urbano.

dual-slope, descrito na secao 4.2, com os parametros da tabela 4.2, obtidos por Ab-

bas et al. [9]. Como esperado, a PDR para condicao de visada direta e maior do que

quando ha uma obstrucao entre o transmissor e o receptor. Importante ressaltar

que essas simulacoes sao teoricas, ja que a condicao LOS torna-se muito improvavel

com o aumento da distancia entre os dispositivos, especialmente no ambiente ur-

bano. Em [9], por exemplo, foi observado que a chance de ocorrer visada direta e

praticamente nula para distancias maiores do que 600 metros.

Outro ponto interessante, ainda sobre a figura 5.5, e o fato da PDR ser maior

em ambiente urbano. Na descricao sobre o ambiente de medicao em [9], nota-se que

as vias por onde os veıculos trafegaram eram rodeadas por construcoes com 2 a 4

andares, alem de haver arvores e carros estacionados. Essa configuracao de anteparos

provavelmente contribuiu para a formacao de uma guia de onda, concentrando a

potencia do sinal na sentido da via. Alem disso, no ambiente urbano, o alcance

chega proximo de 500 m mesmo com a visada direta obstruıda para uma PDR igual

a 70%.

Para testar a utilizacao do modelo two-ray ground implementado como parte

66

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deste projeto, os cenarios rodovia e rural foram simulados com os parametros da

tabela 4.3, descritos por Kunisch e Pump [6]. Tambem foi simulado o modelo log-

distance, descrito na subsecao 4.3, que foi utilizado pelos mesmo autores no ambiente

urbano. A PDR obtida nessas simulacoes em funcao da distancia entre transmissor

e receptor e apresentada na figura 5.6. O desempenho do modelo log-distance no

ambiente urbano assemelha-se ao obtido com o modelo dual-slope OLOS urbano,

apresentado na figura 5.5.

Nota-se que o desempenho em ambiente rural foi bem proximo do cenario de

rodovia. De fato, os arredores de uma rodovia podem se assemelhar bastante a um

ambiente rural, com pouquıssimas construcoes ao longo da via. Contudo, em [6],

nao ha muitas informacoes sobre esses cenarios.

Comparando o desempenho na rodovia ao utilizar os modelos two-ray ground

de Kunisch e Pamp [6] e o dual-slope de Abbas et al. [9], e possıvel observar que, com

o two-ray ground, a PDR ate cerca de 400 m e bastante proxima do modelo LOS

dual-slope para rodovia e, apos essa distancia, decai mais rapidamente, similar ao

modelo OLOS dual-slope para rodovia. Ja que a probabilidade de visada direta entre

os veıculos e inversamente proporcional a distancia e pelo fato desse modelo two-ray

ground ter sido obtido a partir de dados sem diferenciar situacoes com visada direta

e com obstrucao, ele se assemelha a uma composicao dos modelos dual-slope LOS e

OLOS.

Portanto, em situacoes em que e possıvel identificar quando ha obstrucoes

entre o transmissor e receptor, o modelo dual-slope pode ser mais adequado. Porem,

caso essa informacao nao seja conhecida, o modelo two-ray ground consolida de

forma satisfatoria os resultados para LOS e OLOS.

5.4.3 Modelo VirtualSource11p

Para exemplificar uma simulacao envolvendo o modelo para cruzamentos de

Mangel et al., foi utilizado o cenario da intersecao 10 descrito em [7], onde as ruas

possuıam cerca de 23 m de largura em um ambiente urbano. O transmissor foi

fixado a 20, 30, 40, 50 e 60 m do centro do cruzamento. O receptor comecava a

500 m da intersecao e se movia em direcao a ela com uma velocidade constante de

30 km/h. O objetivo era analisar o alcance do sinal do transmissor a medida que ele

67

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0 250 500 750 1000 1250 1500 1750 2000Distancia entre transmissor e receptor [m]

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

PDR

Two-ray Rodovia

Two-ray Rural

Log-distance Urbano

Figura 5.6: Packet delivery ratio (PDR) em funcao da distancia utilizando o modelo

log-distance no ambiente urbano e o modelo two-ray ground em cenario de rodovia e rural.

se aproxima do cruzamento. Os dispositivos estavam a 1,5 m de altura, resultando

em uma distancia de transicao de aproximadamente 180 m (equacao 4.5).

Os resultados estao apresentados na figura 5.7. Uma distancia positiva indica

que o receptor estava se aproximando do cruzamento e o valores negativos indicam

que estava se afastando. Conforme o transmissor se aproxima do cruzamento, o

alcance do sinal na via perpendicular aumenta de forma progressiva, como esperado.

Foi possıvel observar tambem que o alcance obtido nas simulacoes utilizando

o cenario de cruzamento foi menor do que quando os canais dual-slope (figura 5.5)

e two-ray ground (figura 5.6) foram utilizados. Esse resultado condiz com as dife-

rencas entre os cenarios propostos, ja que a propagacao do sinal em uma situacao de

cruzamento sem visada direta envolve reflexoes e difracoes nas construcoes ao longo

das esquinas, resultando em uma maior atenuacao do que em cenarios de rodovia,

por exemplo.

68

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−400 −300 −200 −100 0 100 200 300 400Distancia entre receptor e o centro do cruzamento[m]

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

PDR

Variacao da PDR em funcao da distancia do transmissorno cruzamento 10 (wr = 23 m)

dt = 20 m

dt = 30 m

dt = 40 m

dt = 50 m

dt = 60 m

Figura 5.7: Packet delivery ratio (PDR) em funcao da distancia do receptor ao cruzamento

utilizando o modelo de Mangel et al. [7] e variando a posicao dt do transmissor.

5.4.4 Analise de latencia

Para a analise de latencia, foi utilizado o modelo two-ray ground com os

parametros para rodovia obtidos em [6], apresentados na tabela 4.3. O cenario

utilizado, descrito anteriormente, simula uma rodovia com diferentes concentracoes

de veıculos, variando de 10 a 150 dispositivos.

O resultado e apresentado na figura 5.8. Com o aumento da quantidade

de veıculos e, consequentemente, uma maior congestao do canal, observa-se um

aumento da latencia maxima. Apesar disso, seu valor ainda fica bastante abaixo do

limite considerado de 100 ms.

O tempo total necessario para realizar as simulacoes variando a quantidade

de 10 ate 150 veıculos foi em torno de 2 horas e 30 minutos. Por esse motivo e

para evitar cenarios onde os veıculos estivessem muito proximos, simulando uma

distancia segura de frenagem, a quantidade maxima escolhida foi 150.

69

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10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150Quantidade de veıculos

5

10

15

20

Latenciamaxim

a[m

s]

Figura 5.8: Latencia maxima observada em um ambiente de rodovia ao variar a quanti-

dade de veıculos. Foi utilizado o modelo two-ray ground com os parametros para rodovia

obtidos em [6], descritos na tabela 4.3.

70

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Capıtulo 6

Conclusoes

Este trabalho teve como objetivos expandir as capacidades do simulador ns-

3 no que diz respeito a modelos de canal para ambientes veiculares e propiciar um

conhecimento amplo sobre a norma IEEE 802.11p e sobre a famılia de padroes IEEE

1609.

O capıtulo 1 apresentou uma introducao sobre o tema do projeto, a justifica-

tiva para seu desenvolvimento e objetivos. A metodologia utilizada e a delimitacao

do projeto tambem foram expostas.

No capıtulo 2, informacoes referentes a emenda IEEE 802.11p foram apre-

sentadas. Foram discutidos detalhes sobre VANET, caracterizacao do canal de

propagacao veicular, apresentacao da arquitetura IEEE 802.11, especificacoes da

camada fısica e as mudancas presentes na emenda.

O capıtulo 3 apresentou a arquitetura do sistema WAVE e a famılia de

padroes IEEE 1609, com enfoque aos padroes IEEE 1609.3 e IEEE 1609.4. Este

capıtulo tratou da camada MAC e suas funcoes para permitir operacao em multiplos

canais, como priorizacao de mensagens, coordenacao de canal e controle de acesso.

Foi apresentado, tambem, o protocolo WSMP, desenvolvido especificamente para o

envio de WSMs.

Os modelos de canal encontrados na literatura e escolhidos para serem adici-

onados ao simulador ns-3 foram apresentados no capıtulo 4. Foi feita uma descricao

teorica sobre cada modelo, alem das condicoes sob as quais as medidas em campo

foram obtidas.

No capıtulo 5, as principais caracterısticas do simulador ns-3 foram apresen-

71

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tadas e a implementacao de cada modelo no simulador ns-3 foi detalhada e validada

com base nos resultados obtidos pelas referencias que desenvolveram os modelos. Fo-

ram criadas classes em C++, linguagem base do simulador, correspondentes a cada

modelo. Em seguida, foram apresentados resultados de simulacoes realizadas no

simulador ns-3 utilizando os novos modelos. Com elas, foi possıvel confirmar a total

integracao das novas classes com as funcoes do simulador e realizar uma analise de

desempenho dos modelos em diversos cenarios.

A inclusao de metodos para detectar visada direta e obstrucao ao simulador

ns-3, a implementacao de uma interface grafica, com o objetivo de tornar o ns-3 mais

acessıvel, e adicionar algoritmos de ray tracing, que sao utilizados para simular a

trajetoria do sinal e suas reflexoes com base na geometria, sao sugestoes de trabalhos

futuros.

Os codigos-fonte do projeto estao disponıveis em: https://github.com/

Lucas-Cerqueira/Projeto-Final-src.

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Apendice A

Codigo-fonte do modelo dual-slope

A.1 dual-log-propagation-loss-model.h

/∗ −∗− Mode :C++; c−f i l e −s t y l e :” gnu ” ; indent−tabs−mode : n i l ; −∗− ∗//∗∗ Author : Lucas de A. Cerqueira < l u c a s . c e r q u e i r a @ p o l i . u f r j . br>

∗ Univers idade Federa l do Rio de Janeiro (UFRJ)

∗/

#ifndef DUAL LOG PROPAGATION LOSS MODEL H

#define DUAL LOG PROPAGATION LOSS MODEL H

#include ” s t r i n g . h”

#include ”ns3/ nstime . h”

#include ”ns3/ propagation−l o s s−model . h”

#include <map>

namespace ns3

class DualLogPropagationLossModel : public PropagationLossModel

public :

/∗∗∗ \ b r i e f Get the type ID .

∗ \ re turn the o b j e c t TypeId

∗/

78

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stat ic TypeId GetTypeId (void ) ;

DualLogPropagationLossModel ( ) ;

private :

/∗∗∗ \ b r i e f Copy c o n s t r u c t o r

∗∗ Defined and unimplemented to avoid misuse

∗/DualLogPropagationLossModel (

const DualLogPropagationLossModel&

) ;

/∗∗∗ \ b r i e f Copy c o n s t r u c t o r

∗∗ Defined and unimplemented to avoid misuse

∗ \ r e t u r n s

∗/DualLogPropagationLossModel& operator= (

const DualLogPropagationLossModel&

) ;

virtual double DoCalcRxPower (double txPowerDbm ,

Ptr<MobilityModel> a ,

Ptr<MobilityModel> b) const ;

virtual i n t 6 4 t DoAssignStreams ( i n t 6 4 t stream ) ;

double m distance0 ; //!< Beginning o f the near f i e l d

double m distance1 ; //!< Beginning o f the f a r f i e l d .

double m exponent0 ; //!< The exponent f o r the near f i e l d .

double m exponent1 ; //!< The exponent f o r the f a r f i e l d .

double m re fe renceLoss ; //!< Reference l o s s at d i s t a n c e d0 (dB ) .

;

/∗ namespace ns3∗/

#endif /∗ DUAL LOG PROPAGATION LOSS MODEL H ∗/

79

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A.2 dual-log-propagation-loss-model.cc

/∗ −∗− Mode :C++; c−f i l e −s t y l e :” gnu ” ; indent−tabs−mode : n i l ; −∗− ∗//∗∗ Author : Lucas de A. Cerqueira < l u c a s . c e r q u e i r a @ p o l i . u f r j . br>

∗ Univers idade Federa l do Rio de Janeiro (UFRJ)

∗/

#include ”ns3/ propagation−l o s s−model . h”

#include ”ns3/ log . h”

#include ”ns3/ mobi l i ty−model . h”

#include ”ns3/ double . h”

#include ”ns3/ s t r i n g . h”

#include ”ns3/ boolean . h”

#include ”ns3/ po in t e r . h”

#include <cmath>

#include <complex>

#include ” s t r i n g . h”

#include ”dual−log−di s tance−propagation−l o s s−model . h”

#include <fstream>

namespace ns3

NS LOG COMPONENT DEFINE ( ” DualLogPropagationLossModel ” ) ;

NS OBJECT ENSURE REGISTERED ( DualLogPropagationLossModel ) ;

TypeId

DualLogPropagationLossModel : : GetTypeId (void )

stat ic TypeId t i d = TypeId ( ”ns3 : : DualLogPropagationLossModel ” )

. SetParent<PropagationLossModel> ( )

. SetGroupName ( ” Propagation ” )

. AddConstructor<DualLogPropagationLossModel> ( )

. AddAttribute ( ” Distance0 ” ,

” Beginning o f the f i r s t ( near ) d i s t anc e f i e l d ” ,

DoubleValue ( 1 . 0 ) ,

80

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MakeDoubleAccessor (

&DualLogPropagationLossModel : : m distance0

) ,

MakeDoubleChecker<double> ( ) )

. AddAttribute ( ” Distance1 ” ,

” Beginning o f the second ( f a r ) d i s t ance f i e l d . ” ,

DoubleValue ( 2 0 0 . 0 ) ,

MakeDoubleAccessor (

&DualLogPropagationLossModel : : m distance1

) ,

MakeDoubleChecker<double> ( ) )

. AddAttribute ( ”Exponent0” ,

”The exponent f o r the f i r s t f i e l d . ” ,

DoubleValue ( 1 . 9 ) ,

MakeDoubleAccessor (

&DualLogPropagationLossModel : : m exponent0

) ,

MakeDoubleChecker<double> ( ) )

. AddAttribute ( ”Exponent1” ,

”The exponent f o r the second f i e l d . ” ,

DoubleValue ( 3 . 8 ) ,

MakeDoubleAccessor (

&DualLogPropagationLossModel : : m exponent1

) ,

MakeDoubleChecker<double> ( ) )

. AddAttribute ( ” ReferenceLoss ” ,

”The r e f e r e n c e l o s s at d i s t anc e d0 (dB) . \( Defau l t i s F r i i s at 1m with 5 .9 GHz) ” ,

DoubleValue ( 4 7 . 8 6 5 ) ,

MakeDoubleAccessor (

&DualLogPropagationLossModel : : m re f e renceLoss

) ,

MakeDoubleChecker<double> ( ) )

;

return t i d ;

DualLogPropagationLossModel : : DualLogPropagationLossModel ( )

81

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double

DualLogPropagationLossModel : : DoCalcRxPower (double txPowerDbm ,

Ptr<MobilityModel> a ,

Ptr<MobilityModel> b) const

double d i s t anc e = a−>GetDistanceFrom (b ) ;

NS ASSERT ( d i s t anc e >= 0 ) ;

double pathLossDb ;

i f ( d i s t anc e < m distance0 )

pathLossDb = 0 ;

else i f ( d i s t anc e < m distance1 )

pathLossDb = m re fe renceLoss

+ 10 ∗ m exponent0 ∗ std : : log10 ( d i s t anc e / m distance0 ) ;

else

pathLossDb = m re fe renceLoss

+ 10 ∗ m exponent0 ∗ std : : log10 ( m distance1 / m distance0 )

+ 10 ∗ m exponent1 ∗ std : : log10 ( d i s t anc e / m distance1 ) ;

NS LOG DEBUG ( ” DualLogDistance d i s t ance=” << d i s t anc e << ”m, ” <<

” at tenuat ion=” << pathLossDb << ”dB” ) ;

return txPowerDbm − pathLossDb ;

i n t 6 4 t

DualLogPropagationLossModel : : DoAssignStreams ( i n t 6 4 t stream )

return 0 ;

82

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// namespace ns3

83

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Apendice B

Codigo-fonte do modelo two-ray

ground

B.1 kunisch-tworay-propagation-loss-model.h

/∗ −∗− Mode :C++; c−f i l e −s t y l e :” gnu ” ; indent−tabs−mode : n i l ; −∗− ∗//∗∗ Author : Lucas de A. Cerqueira < l u c a s . c e r q u e i r a @ p o l i . u f r j . br>

∗ Univers idade Federa l do Rio de Janeiro (UFRJ)

∗/

#ifndef KUNISCH TWORAY PROPAGATION LOSS MODEL H

#define KUNISCH TWORAY PROPAGATION LOSS MODEL H

#include ” s t r i n g . h”

#include ”ns3/ nstime . h”

#include ”ns3/ propagation−l o s s−model . h”

#include <map>

namespace ns3

class KunischTwoRayPropagationLossModel : public PropagationLossModel

public :

/∗∗∗ \ b r i e f Get the type ID .

84

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∗ \ re turn the o b j e c t TypeId

∗/stat ic TypeId GetTypeId (void ) ;

KunischTwoRayPropagationLossModel ( ) ;

/∗∗∗ \param frequency (Hz)

∗∗ Set the c a r r i e r f requency used in the TwoRay model

∗ c a l c u l a t i o n .

∗/void SetFrequency (double f r equency ) ;

/∗∗∗ \ r e t u r n s the curren t f requency (Hz)

∗/double GetFrequency (void ) const ;

/∗∗∗ \param minDistance the minimum d i s t a n c e

∗∗ Below t h i s d i s tance , the txpower i s re turned

∗ unmodif ied as the rxpower .

∗/void SetMinDistance (double minDistance ) ;

/∗∗∗ \ r e t u r n s the minimum d i s t a n c e .

∗/double GetMinDistance (void ) const ;

/∗∗∗ \ r e t u r n s the curren t system l o s s ( dimension− l e s s )

∗/double GetSystemLoss (void ) const ;

/∗∗∗ \param noi seS t d the no i se s tandard d e v i a t i o n

∗∗ Se t s the AWGN standard d e v i a t i o n

85

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∗/void SetNoiseStd (double no i seStd ) ;

/∗∗∗ \ r e t u r n s the AWGN standard d e v i a t i o n

∗/double GetNoiseStd (void ) const ;

private :

/∗∗∗ \ b r i e f Copy c o n s t r u c t o r

∗∗ Defined and unimplemented to avoid misuse

∗/KunischTwoRayPropagationLossModel (

const KunischTwoRayPropagationLossModel &

) ;

/∗∗∗ \ b r i e f Copy c o n s t r u c t o r

∗∗ Defined and unimplemented to avoid misuse

∗ \ r e t u r n s

∗/KunischTwoRayPropagationLossModel & operator = (

const KunischTwoRayPropagationLossModel &

) ;

virtual double DoCalcRxPower (double txPowerDbm ,

Ptr<MobilityModel> a ,

Ptr<MobilityModel> b) const ;

virtual i n t 6 4 t DoAssignStreams ( i n t 6 4 t stream ) ;

/∗∗∗ Transforms a Dbm v a l u e to Watt

∗ \param dbm the Dbm v a l u e

∗ \ re turn the Watts

∗/double DbmToW (double dbm) const ;

86

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/∗∗∗ Transforms a Watt v a l u e to Dbm

∗ \param w the Watt v a l u e

∗ \ re turn the Dbm

∗/double DbmFromW (double w) const ;

double m lambda ; //!< the c a r r i e r wave leng th

double m frequency ; //!< the c a r r i e r f requency

double m minDistance ; //!< minimum d i s t a n c e f o r the model

double m coe f f i c i entMag ; //!< r e f l e c t i o n c o e f f i c i e n t magnitude

double m c o e f f i c i e n t P h a s e ; //!< r e f l e c t i o n c o e f f i c i e n t phase

double m baseGain ; //!< cons tant base channel gain

;

/∗ namespace ns3∗/

#endif /∗ KUNISCH TWORAY PROPAGATION LOSS MODEL H ∗/

B.2 kunisch-tworay-propagation-loss-model.cc

/∗ −∗− Mode :C++; c−f i l e −s t y l e :” gnu ” ; indent−tabs−mode : n i l ; −∗− ∗//∗∗ Author : Lucas de A. Cerqueira < l u c a s . c e r q u e i r a @ p o l i . u f r j . br>

∗ Univers idade Federa l do Rio de Janeiro (UFRJ)

∗/

#include ”ns3/ propagation−l o s s−model . h”

#include ”ns3/ log . h”

#include ”ns3/ mobi l i ty−model . h”

#include ”ns3/ double . h”

#include ”ns3/ s t r i n g . h”

#include ”ns3/ boolean . h”

#include ”ns3/ po in t e r . h”

#include <cmath>

#include <complex>

#include ” s t r i n g . h”

87

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#include ” kunisch−tworay−propagation−l o s s−model . h”

#include <fstream>

namespace ns3

NS LOG COMPONENT DEFINE ( ”KunischTwoRayPropagationLossModel” ) ;

NS OBJECT ENSURE REGISTERED ( KunischTwoRayPropagationLossModel ) ;

TypeId

KunischTwoRayPropagationLossModel : : GetTypeId (void )

stat ic TypeId t i d = TypeId ( ”ns3 : : KunischTwoRayPropagationLossModel” )

. SetParent<PropagationLossModel> ( )

. SetGroupName ( ” Propagation ” )

. AddConstructor<KunischTwoRayPropagationLossModel> ( )

. AddAttribute ( ”Frequency” ,

”The c a r r i e r f requency ( in Hz) at which \propagat ion occurs ( d e f a u l t i s 5 .15 GHz) . ” ,

DoubleValue ( 5 . 9 e9 ) ,

MakeDoubleAccessor (

&KunischTwoRayPropagationLossModel : : SetFrequency ,

&KunischTwoRayPropagationLossModel : : GetFrequency

) ,

MakeDoubleChecker<double> ( ) )

. AddAttribute ( ” MinDistance ” ,

”The d i s t anc e under which the propagat ion model \uses F r i i s model (m) ” ,

DoubleValue (32 ) ,

MakeDoubleAccessor (

&KunischTwoRayPropagationLossModel : : SetMinDistance ,

&KunischTwoRayPropagationLossModel : : GetMinDistance

) ,

MakeDoubleChecker<double> ( ) )

. AddAttribute ( ”BaseGain” ,

”The constant base gain o f the channel in dB\( d e f a u l t i s −9.0 dB) ” ,

DoubleValue (−9.0) ,

88

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MakeDoubleAccessor (

&KunischTwoRayPropagationLossModel : : m baseGain

) ,

MakeDoubleChecker<double> ( ) )

. AddAttribute ( ” Re f l e c t i onCoe f f i c i en tMag ” ,

”The magnitude o f the complex r e f l e c t i o n c o e f f i c i e n t \( d e f a u l t i s 0 . 353 ) ” ,

DoubleValue ( 0 . 3 5 3 ) ,

MakeDoubleAccessor (

&KunischTwoRayPropagationLossModel : : m coe f f i c i entMag

) ,

MakeDoubleChecker<double> ( ) )

. AddAttribute ( ” R e f l e c t i o n C o e f f i c i e n t P h a s e ” ,

”The phase o f the complex r e f l e c t i o n c o e f f i c i e n t \in degree s ( d e f a u l t i s −154 degree s ) ” ,

DoubleValue (−154.0) ,

MakeDoubleAccessor (

&KunischTwoRayPropagationLossModel : : m c o e f f i c i e n t P h a s e

) ,

MakeDoubleChecker<double> ( ) )

;

return t i d ;

KunischTwoRayPropagationLossModel : : KunischTwoRayPropagationLossModel ( )

void

KunischTwoRayPropagationLossModel : : SetMinDistance (double minDistance )

m minDistance = minDistance ;

double

KunischTwoRayPropagationLossModel : : GetMinDistance (void ) const

return m minDistance ;

89

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void

KunischTwoRayPropagationLossModel : : SetFrequency (double f r equency )

m frequency = frequency ;

stat ic const double C = 299792458 .0 ; // speed o f l i g h t in vacuum

m lambda = C / frequency ;

double

KunischTwoRayPropagationLossModel : : GetFrequency (void ) const

return m frequency ;

double

KunischTwoRayPropagationLossModel : :DbmToW (double dbm) const

double mw = std : : pow ( 1 0 . 0 ,dbm / 1 0 . 0 ) ;

return mw / 1 0 0 0 . 0 ;

double

KunischTwoRayPropagationLossModel : :DbmFromW (double w) const

double dbm = std : : log10 (w ∗ 1000 .0 ) ∗ 1 0 . 0 ;

return dbm;

double

KunischTwoRayPropagationLossModel : : DoCalcRxPower (double txPowerDbm ,

Ptr<MobilityModel> a ,

Ptr<MobilityModel> b) const

double d i s t anc e = a−>GetDistanceFrom (b ) ;

// Get the h e i g h t o f the Tx and Rx antennas

double txAntHeight = a−>GetPos i t ion ( ) . z ;

90

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double rxAntHeight = b−>GetPos i t ion ( ) . z ;

double r e f l e c t e d D i s t a n c e = std : : s q r t (

std : : pow( d i s tance , 2) + 4 ∗ txAntHeight ∗ rxAntHeight

) ;

i f ( d i s t anc e <= m minDistance )

// Use F r i i s model

double numerator = m lambda ∗ m lambda ;

double tmp = M PI ∗ d i s t anc e ;

double denominator = 16 ∗ tmp ∗ tmp ;

double pr = 10 ∗ std : : log10 ( numerator / denominator ) + m baseGain ;

return txPowerDbm + pr ;

double k = ( 2 . 0 ∗ M PI) / m lambda ;

const std : : complex<double> j (0 , 1 ) ;

double phaseInRadians = ( m c o e f f i c i e n t P h a s e ∗ M PI) / 1 8 0 . 0 ;

s td : : complex<double> g roundCoe f f i c i en t = std : : po la r ( m coef f i c i entMag ,

phaseInRadians ) ;

s td : : complex<double>

complexFactor = ( std : : exp((− j ) ∗ k ∗ d i s t anc e ) / d i s t anc e ) +

( g roundCoe f f i c i en t ∗ std : : exp((− j ) ∗ k ∗ r e f l e c t e d D i s t a n c e ) /

r e f l e c t e d D i s t a n c e ) ;

double

channelGain = m baseGain + 20 .0 ∗ (

std : : log10 ( ( m lambda / ( 4 . 0 ∗ M PI ) ) ∗ std : : abs ( complexFactor ) )

) ;

NS LOG DEBUG ( ” d i s t anc e=” << d i s t anc e << ”m, txPower=” << txPowerDbm <<

”dBm, channelGain=” << channelGain << ”dB” ) ;

return txPowerDbm + channelGain ;

91

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i n t 6 4 t

KunischTwoRayPropagationLossModel : : DoAssignStreams ( i n t 6 4 t stream )

return 0 ;

// namespace ns3

92

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Apendice C

Codigo-fonte do modelo

VirtualSource11p

C.1 intersection-propagation-loss-model.h

/∗ −∗− Mode :C++; c−f i l e −s t y l e :” gnu ” ; indent−tabs−mode : n i l ; −∗− ∗//∗∗ Author : Lucas de A. Cerqueira < l u c a s . c e r q u e i r a @ p o l i . u f r j . br>

∗ Univers idade Federa l do Rio de Janeiro (UFRJ)

∗/

#ifndef INTERSECTION PROPAGATION LOSS MODEL H

#define INTERSECTION PROPAGATION LOSS MODEL H

#include ” s t r i n g . h”

#include ”ns3/ nstime . h”

#include ”ns3/ vec to r . h”

#include ”ns3/ propagation−l o s s−model . h”

#include <map>

namespace ns3

class Inte r sec t ionPropagat ionLossMode l : public PropagationLossModel

public :

/∗∗

93

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∗ \ b r i e f Get the type ID .

∗ \ re turn the o b j e c t TypeId

∗/stat ic TypeId GetTypeId (void ) ;

Inte r sec t ionPropagat ionLossMode l ( ) ;

/∗∗∗ \param frequency (Hz)

∗∗ Set the c a r r i e r f requency used in the TwoRay model

∗ c a l c u l a t i o n .

∗/void SetFrequency (double f r equency ) ;

/∗∗∗ \ r e t u r n s the curren t f requency (Hz)

∗/double GetFrequency (void ) const ;

/∗∗∗ \param i n t e r s e c c e n t e r

∗∗ Set the i n t e r s e c t i o n c e n t e r p o s i t i o n .

∗/void S e t I n t e r s e c t i o n ( Vector2D i n t e r s e c c e n t e r ) ;

/∗∗∗ \ r e t u r n s the i n t e r s e c t i o n c e n t e r p o s i t i o n

∗/Vector2D G e t I n t e r s e c t i o n (void ) const ;

private :

/∗∗∗ \ b r i e f Copy c o n s t r u c t o r

∗∗ Defined and unimplemented to avoid misuse

∗/Inte r sec t ionPropagat ionLossMode l (

94

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const Inte r sec t ionPropagat ionLossMode l&

) ;

/∗∗∗ \ b r i e f Copy c o n s t r u c t o r

∗∗ Defined and unimplemented to avoid misuse

∗ \ r e t u r n s

∗/Inte r sec t ionPropagat ionLossMode l& operator= (

const Inte r sec t ionPropagat ionLossMode l&

) ;

virtual double DoCalcRxPower (double txPowerDbm ,

Ptr<MobilityModel> a ,

Ptr<MobilityModel> b) const ;

virtual i n t 6 4 t DoAssignStreams ( i n t 6 4 t stream ) ;

double m lambda ; //!< the c a r r i e r wave leng th

double m frequency ; //!< the c a r r i e r f requency

bool m i n t e r s e c s e t = fa l se ; //!< Whether i n t e r s e c t i o n was s e t

Vector2D m i n t e r s e c c e n t e r ; //!< I n t e r s e c t i o n c e n t e r c o o r d i n a t e s

double m min distance ; //!< Min . d i s t a n c e to the i n t e r s e c t i o n

double m break di s tance ; //!< Break even d i s t a n c e .

double m rx s t r e e t w id th ; //!< Receiver s t r e e t width

double m tx w a l l d i s t an c e ; //!< Distance o f t r a n s m i t t e r to w a l l

bool m is suburban ;

;

/∗ namespace ns3∗/

#endif /∗ INTERSECTION PROPAGATION LOSS MODEL H ∗/

95

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C.2 intersection-propagation-loss-model.cc

/∗ −∗− Mode :C++; c−f i l e −s t y l e :” gnu ” ; indent−tabs−mode : n i l ; −∗− ∗//∗∗ Author : Lucas de A. Cerqueira < l u c a s . c e r q u e i r a @ p o l i . u f r j . br>

∗ Univers idade Federa l do Rio de Janeiro (UFRJ)

∗/

#include ”ns3/ propagation−l o s s−model . h”

#include ”ns3/ log . h”

#include ”ns3/ mobi l i ty−model . h”

#include ”ns3/ a t t r i b u t e . h”

#include ”ns3/ vec to r . h”

#include ”ns3/ double . h”

#include ”ns3/ s t r i n g . h”

#include ”ns3/ boolean . h”

#include ”ns3/ po in t e r . h”

#include <cmath>

#include <complex>

#include ” s t r i n g . h”

#include ” i n t e r s e c t i o n−propagation−l o s s−model . h”

#include <fstream>

namespace ns3

NS LOG COMPONENT DEFINE ( ” Inter sec t ionPropagat ionLossMode l ” ) ;

NS OBJECT ENSURE REGISTERED ( Inter sec t ionPropagat ionLossMode l ) ;

TypeId

Inter sec t ionPropagat ionLossMode l : : GetTypeId (void )

stat ic TypeId t i d = TypeId ( ”ns3 : : Inte r sec t ionPropagat ionLossMode l ” )

. SetParent<PropagationLossModel> ( )

. SetGroupName ( ” Propagation ” )

. AddConstructor<Intersect ionPropagat ionLossMode l> ( )

. AddAttribute ( ” I n t e r s e c t i o n C e n t e r ” ,

96

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” I n t e r s e c t i o n cente r coo rd ina t e s (x , y ) . ” ,

EmptyAttributeValue ( ) ,

MakeVector2DAccessor (

&Inter sec t ionPropagat ionLossMode l : : S e t I n t e r s e c t i o n ,

&Inter sec t ionPropagat ionLossMode l : : G e t I n t e r s e c t i o n

) ,

MakeVector2DChecker ( ) )

. AddAttribute ( ”Frequency” ,

”The c a r r i e r f requency ( in Hz) at which\propagat ion occurs ( d e f a u l t i s 5 .15 GHz) . ” ,

DoubleValue ( 5 . 9 e9 ) ,

MakeDoubleAccessor (

&Inter sec t ionPropagat ionLossMode l : : SetFrequency ,

&Inter sec t ionPropagat ionLossMode l : : GetFrequency

) ,

MakeDoubleChecker<double> ( ) )

. AddAttribute ( ” MinDistance ” ,

”The r e c e i v e r minimum d i s t anc e to the i n t e r s e c t i o n \in meters ( d e f a u l t i s 10 m) . ” ,

DoubleValue (10 ) ,

MakeDoubleAccessor (

&Inter sec t ionPropagat ionLossMode l : : m min distance

) ,

MakeDoubleChecker<double> ( ) )

. AddAttribute ( ” BreakDistance ” ,

”The break event d i s t anc e in meters \( d e f a u l t i s Fre sne l d i s t anc e ) . ” ,

DoubleValue (−1) ,

MakeDoubleAccessor (

&Inter sec t ionPropagat ionLossMode l : : m break di s tance

) ,

MakeDoubleChecker<double> ( ) )

. AddAttribute ( ”RxStreetWidth” ,

” Rece iver s t r e e t width in meters ( d e f a u l t i s 30 m) . ” ,

DoubleValue (30 ) ,

MakeDoubleAccessor (

&Inter sec t ionPropagat ionLossMode l : : m rx s t r e e t w id th

) ,

MakeDoubleChecker<double> ( ) )

97

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. AddAttribute ( ”TxWallDistance” ,

” Distance o f t r an smi t t e r to wa l l in meters \( d e f a u l t i s 15 m) . ” ,

DoubleValue (−1) ,

MakeDoubleAccessor (

&Inter sec t ionPropagat ionLossMode l : : m t x w a l l d i s t an c e

) ,

MakeDoubleChecker<double> ( ) )

. AddAttribute ( ” IsSuburban ” ,

” Flag to i n d i c a t e whether i t i s a suburban \environment or not ( d e f a u l t i s f a l s e ) . ” ,

BooleanValue ( fa l se ) ,

MakeBooleanAccessor (

&Inter sec t ionPropagat ionLossMode l : : m is suburban

) ,

MakeBooleanChecker ( ) )

;

return t i d ;

void

Inte r sec t ionPropagat ionLossMode l : : SetFrequency (double f r equency )

m frequency = frequency ;

stat ic const double C = 299792458 .0 ; // speed o f l i g h t in vacuum

m lambda = C / frequency ;

double

Inte r sec t ionPropagat ionLossMode l : : GetFrequency (void ) const

return m frequency ;

void

Inte r sec t ionPropagat ionLossMode l : : S e t I n t e r s e c t i o n (

Vector2D i n t e r s e c c e n t e r

)

98

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m i n t e r s e c c e n t e r = i n t e r s e c c e n t e r ;

m i n t e r s e c s e t = true ;

Vector2D

Inter sec t ionPropagat ionLossMode l : : G e t I n t e r s e c t i o n (void ) const

return m i n t e r s e c c e n t e r ;

Inte r sec t ionPropagat ionLossMode l : : Inte r sec t ionPropagat ionLossMode l ( )

m i n t e r s e c s e t = fa l se ;

double

Inte r sec t ionPropagat ionLossMode l : : DoCalcRxPower (double txPowerDbm ,

Ptr<MobilityModel> a ,

Ptr<MobilityModel> b) const

NS ASSERT MSG (

m i n t e r s e c s e t == true ,

”The a t t r i b u t e I n t e r s e c t i o n C e n t e r must be s e t . ”

) ;

Vector3D txPos = a−>GetPos i t ion ( ) ;

Vector3D rxPos = b−>GetPos i t ion ( ) ;

double txHeight = txPos . z ;

double rxHeight = rxPos . z ;

double txDistance = Calcu la teDi s tance (

Vector2D ( txPos . x , txPos . y ) ,

m i n t e r s e c c e n t e r

) ;

double rxDistance = Calcu la teDi s tance (

Vector2D ( rxPos . x , rxPos . y ) ,

99

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m i n t e r s e c c e n t e r

) ;

double t x w a l l d i s t a n c e ;

double br eak d i s t ance ;

double pathLossDb ;

i f ( m break di s tance == −1) // Break even d i s t a n c e not s e t

// I f i t was not se t , use Fresne l zone d i s t a n c e

br eak d i s t ance = 4 ∗ txHeight ∗ rxHeight / m lambda ;

else

br eak d i s t ance = m break d i s tance ;

i f ( m tx w a l l d i s t an c e == −1) // Tx d i s t a n c e to w a l l not s e t

// I f i t was not se t , use h a l f o f the r e c e i v e r s t r e e t width

t x w a l l d i s t a n c e = m rx s t r e e t w id th / 2 . 0 ;

else

t x w a l l d i s t a n c e = m tx w a l l d i s t an c e ;

i f ( rxDistance < m min distance )

pathLossDb = 0 ;

else

double geometryFactor = std : : pow (

t x w a l l d i s t a n c e ∗ m rx st ree t w idth ,

0 .81

) ;

double d i s tanceFacto r = std : : pow ( txDistance , 0 . 957 ) ∗ rxDistance ;

i f ( rxDistance > br eak d i s t ance )

d i s tanceFacto r ∗= ( rxDistance / b r eak d i s t ance ) ;

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pathLossDb = 3.75 + 26 .9 ∗ std : : log10 (

d i s tanceFacto r / geometryFactor ∗ 4 .0 ∗ M PI / m lambda

) + 2.94 ∗ ( int ) m is suburban ;

pathLossDb += 1 . 7 5 ; // system l o s s

return txPowerDbm − pathLossDb ;

i n t 6 4 t

Inter sec t ionPropagat ionLossMode l : : DoAssignStreams ( i n t 6 4 t stream )

return 0 ;

// namespace ns3

101