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UNIVERSIDADE TECNOLGICA FEDERAL DO PARAN DEPARTAMENTO ACADMICO DE QUMICA E BIOLOGIA
BACHARELADO EM QUMICA TECNOLGICA COM NFASE AMBIENTAL E LICENCIATURA EM QUMICA
PENELLOPE PATRICIA ROMAN PROHMANN
ESTUDO EXPERIMENTAL DA FORMAO DE HIDRATOS DE METANO
TRABALHO DE CONCLUSO DE CURSO
CURITIBA 2014
PENELLOPE PATRICIA ROMAN PROHMANN
ESTUDO EXPERIMENTAL DA FORMAO DE HIDRATOS DE METANO
Trabalho de Concluso de Curso de graduao, apresentado disciplina de Trabalho de Concluso de Curso 2, do Curso de graduao em Qumica com habilitaes em Bacharelado em Qumica Tecnolgica e Licenciatura em Qumica. Do Departamento Acadmico de Qumica e Biologia DAQBI da Universidade Tecnolgica Federal do Paran UTFPR, como requisito parcial para obteno dos ttulos de Bacharel e Licenciado. Orientador: Prof. Dr. Rigoberto Eleazar Melgarejo Morales (LACIT/DAMEC) Co-orientadores: Prof. Dr. Luciano Fernando dos Santos Rossi (LACIT/DAMEC); Eng. Celina Kakitani (LACIT/PPGEM).
CURITIBA
2014
A Folha de Aprovao assinada encontra-se na Coordenao do Curso
TERMO DE APROVAO
PENELLOPE PATRICIA ROMAN PROHMANN
ESTUDO EXPERIMENTAL DA FORMAO DE HIDRATOS DE METANO
Trabalho de Concluso de Curso apresentado como requisito parcial obteno do
grau de BACHAREL EM QUMICA do Departamento Acadmico de Qumica e
Biologia (DAQBi) do Cmpus Curitiba da Universidade Tecnolgica Federal do
Paran UTFPR e APROVADO pela seguinte banca:
Membro 1 Prof. Dr. Raul Henrique Erthal
Departamento Acadmico de Mecnica (UTFPR)
Membro 2 Prof. Dr. Joo Batista Floriano
Departamento Acadmico de Qumica e Biologia (UTFPR)
Orientador - Prof. Dr. Rigoberto Eleazar M. Morales
Departamento Acadmico de Mecnica (UTFPR)
Co-Orientadores - Prof. Dr. Luciano F. dos Santos Rossi
Eng. Celina Kakitani
Departamento Acadmico de Mecnica (UTFPR)
Coordenadora de Curso - Profa. Dra. Danielle Caroline Schnitzler (UTFPR)
Curitiba, 10 de maro de 2014.
Aos meus pais, Antonio Carlos e Amabile Prohmann e minha irm, Pamella Prohmann.
Amo vocs.
AGRADECIMENTOS
Certamente estes pargrafos no iro falar de todas as pessoas que fizeram
parte desta importante fase da minha vida. Contudo, desde j, peo perdo queles
que por ventura no foram mencionados individualmente.
Reverencio o Professor Dr. Rigoberto E. M. Morales por sua dedicao e
orientao deste trabalho e, por meio deste, eu me reporto Agncia Nacional de
Petrleo (ANP) pelo financiamento do projeto e toda a comunidade da
Universidade Tecnolgica Federal do Paran (UTFPR), incluindo o Departamento
Acadmico de Mecnica (DAMEC) e o Departamento Acadmico de Qumica e
Biologia (DAQBI), pelo apoio incondicional.
Agradeo Engenheira Qumica e Mestranda Celina Kakitani pela co-
orientao deste projeto e por todo o aprendizado compartilhado durante as
principais fases do Trabalho de Concluso de Curso.
Agradeo aos tcnicos e funcionrios do Laboratrio de Cincias Tcnicas
(LACIT), situado na UTFPR, que contriburam para a construo da bancada e
deram todo o suporte tcnico necessrio durante a elaborao do trabalho. Bem
como s alunas de iniciao cientfica que foram fundamentais para a realizao das
medidas experimentais.
Aos pesquisadores e examinadores presentes na banca examinadora, pela
ateno e contribuio dedicadas este estudo.
amiga Sabrina Sugamosto Cercal pelo auxlio na confeco do desenho
esquemtico da bancada experimental. Bem como todos os meus amigos e
familiares que deram suporte emocional e motivacional necessrios para a
concluso deste importante desafio.
Por ltimo, gostaria de deixar registrado tambm, o profundo agradecimento
que tenho Deus por todas as bnos concedidas.
Por vezes sentimos que aquilo que fazemos no seno uma gota de gua no mar.
Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota.
Madre Teresa de Calcut
RESUMO
PROHMANN, Penellope P. Roman. Estudo Experimental da Formao de
Hidratos de Metano, 2014. Trabalho de Concluso de Curso (Bacharelado em
Qumica Tecnolgica com nfase Ambiental e Licenciatura em Qumica)
Universidade Tecnolgica Federal do Paran. Curitiba, 2014.
Hidratos so cristais que se formam na presena de gua e, principalmente, de
hidrocarbonetos de baixa massa molecular e sob condies de alta presso e/ou
baixa temperatura. As condies para a formao de hidratos so semelhantes
quelas presentes em operaes de perfurao de poos e produo de leo em
guas profundas e ultra profundas no Brasil, e tambm em locais onde baixas
temperaturas so frequentes. O entendimento das condies de formao de
hidratos essencial para o controle e minimizao de problemas que podem causar
a obstruo das linhas de produo de leo e gs natural. Assim, no presente
trabalho, utilizou-se uma clula de equilbrio de fases que possibilita a construo de
curvas de formao/dissociao de hidratos, base para a construo de uma curva
de equilbrio de fases Presso versus Temperatura. O sistema utilizado o de
metano-gua e as condies testadas esto na faixa de presso de 5 a 16 MPa e
temperaturas de 273 a 300 K. Os resultados obtidos so confrontados com um
modelo termodinmico, baseado em van der Vaals e Platteeuw (1959), desenvolvido
no LACIT/UTFPR. Para as condies testadas o mtodo mostrou-se eficiente para a
formao de hidratos de metano e elaborao que curva de equilbrio de fases,
aproximando-se do modelo terico utilizado.
Palavras-chave: Hidratos. Gs natural. Metano. Formao de Hidratos. Dissociao
de Hidratos. Clula de equilbrio de fases. Equilbrio de fases.
ABSTRACT
PROHMANN, Penellope P. Roman. Experimental Study of Methane Hydrate
Formation, 2014. Trabalho de Concluso de Curso (Bacharelado em Qumica
Tecnolgica com nfase Ambiental e Licenciatura em Qumica) Universidade
Tecnolgica Federal do Paran. Curitiba, 2014.
Hydrates are crystals formed in the presence of water and especially of low
molecular weight hydrocarbons and under conditions of high pressure and/or low
temperature. The conditions for hydrate formation are similar to those present in
deep and ultra-deep waters, and also in places where low temperatures are
commonplace. Understanding the conditions is essential to be able to control and
minimize clogging the lines of oil and natural gas. For this study, an equilibrium cell to
enable the construction of formation and dissociation curves used for the hydrate
phase equilibrium curve. The system used is methane-water and the experimental
conditions tested are a pressure range of 5 to 16 MPa and temperatures between
273 and 300 K. The results will be faced with a thermodynamic model, based on van
der Vaals and Platteeuw (1959), developed in LACIT/UTFPR. For the conditions
tested the method is efficient for the formation of methane hydrates and elaboration
of the phase equilibrium curve, approaching the theoretical model used.
Keywords: Hydrates. Natural gas. Methane Hydrate. Hydrate formation. Hydrate
dissociation. Cell equilibrium. Phase equilibrium curve.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: reas conhecidas de hidratos de gs no mundo. ...................................... 17
Figura 2: Hidrato de gs natural. ............................................................................... 14
Figura 3: Esquema de funcionamento dos equipamentos de perfurao. ................ 15
Figura 4: Hidrato de metano. ..................................................................................... 16
Figura 5: Estruturas cristalogrficas de um hidrato. Sendo em (a) sI, em (b) sII e em (c) sH ......................................................................................................................... 20
Figura 6: Diferentes tipos de cavidades. ................................................................... 21
Figura 7: Estrutura e tipo de cavidade do hidrato de metano. ................................... 22
Figura 8: Trs unidades de cristais de hidratos e as cavidades constituintes ........... 23
Figura 9: (a) Tetradecaedro (51262), (b) Hexadecaedro (51264), (c) Dodecaedro irregular (435663), (d) Icosaedro (51268). .................................................................... 25
Figura 10: Exemplo de estrutura II com metano e propano como molculas ocludas nas cavidades 512 e 51264, respectivamente. ............................................................. 26
Figura 11: Estrutura bsica do cristal de gelo lh. ....................................................... 27
Figura 12: Detalhe da conformao tetradrica e das ligaes intermoleculares no cristal de gelo. ........................................................................................................... 28
Figura 13: (a) Consumo de Gs x Tempo de Formao de Hidrato; (b) Temperatura e presso para formao de hidrato de metano. ....................................................... 32
Figura 14: Formao de cristal de hidrato com relao as linhas de equilbrio (AB) e a linha spinodal (CD). ................................................................................................ 34
Figura 15: Fotografia do cristal de hidrato simples de (a) tetrahidrofurano (II) (b) oxido etileno (I). ......................................................................................................... 36
Figura 16: Ilustrao da dissociao radial (a) comparado com a dissociao axial (b). ............................................................................................................................. 37
Figura 17: Esquemtico do mdulo de formao de hidratos de metano. ................ 45
Figura 18: Detalhe da iluminao da Clula de Equilbrio de Fases. Em (a) Janela de Safira Lateral e em (b) detalhe da captura de imagens do sistema via webcam. ..... 47
Figura 19: Clula de equilbrio de fases desmontada. .............................................. 48
Figura 20: Esquemtico do mdulo utilizado para o trabalho experimental. Em ordem, 1 o mdulo em si, 2 representa a bomba seringa, 3 o banho termosttico e 4 o sistema de aquisio de dados. .......................................................................... 48
Figura 21: Vista geral da unidade. ............................................................................. 49
Figura 22: Curva de equilbrio de fases terica para Metano. ................................... 50
Figura 23: Teste de vazamento sem vazamento. ...................................................... 52
Figura 24: Exemplo de teste de vazamento que apresenta vazamento. ................... 53
Figura 25: Diagrama de formao e dissociao experimental para o hidrato de metano ...................................................................................................................... 57
Figura 26: Determinao do ponto de equilbrio experimental. ................................. 59
Figura 27: Diagrama de formao de hidrato de metano em baixa presso. ............ 60
Figura 28: Dissociao do hidrato de metano. 1) Incio da dissociao s 07h49; 2) 08h09; 3) 09h06; 4) 10h; 5) 11h e 6) 12h. ................................................................. 61
Figura 29: Diagrama de formao de hidrato de metano em alta presso. ............... 62
Figura 30: Comparao do modelo terico com as curvas experimentais. ............... 63
Figura 31: Comparao dos dados experimentais em relao mdia. ................... 64
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Propriedades das estruturas I, II e H. ........................................................ 24
Tabela 2: Razes diametrais entre molcula ocluda e cavidade para as estruturas I e II. ............................................................................................................................ 29
Tabela 3: Propriedades cristalogrficas dos hidratos. ............................................... 42
Tabela 4: Condies de trabalho iniciais para a Curva 1 e para a Curva 2.. ............. 56
Tabela 5: Dados de equilbrio experimental obtido para cada condio de presso. 63
LISTA DE SMBOLOS
a Atividade de gua
Unidade de medida de comprimento
Cp Capacidade calorfica presso constante
f Fugacidade
sg Massa relativa de um gs h Entalpia molar
P Presso
R Constante universal dos gases
s Entropia molar
t Tempo
T Temperatura
T
Temperatura mdia
v Volume molar
kiY Probabilidade de uma molcula k ser ocluda em uma cavidade i Fase que contm gua juntamente com os compostos solveis
Variao de uma grandeza
Potencial qumico
i Nmero de cavidades por molcula
Subscritos i Indica um componente em uma mistura
o Indica uma condio de referncia
w gua
Sobrescritos H Fase hidrato o Estado padro
Fase Indica metaestabilidade
SUMRIO
1 INTRODUO ...................................................................................................... 14
1.1 OBJETIVOS ..................................................................................................................................................... 18
2 REVISO BIBLIOGRFICA .................................................................................. 19
2.1 CARACTERSTICAS DA ESTRUTURA DOS HIDRATOS ....................................................................................... 19
2.1.1 Cavidades e Estruturas ................................................................................... 21 2.1.2 Estruturas Moleculares e Semelhana com o Gelo ......................................... 27 2.1.3 Caractersticas da Molcula Ocluda ............................................................... 28 2.2 FORMAO DE HIDRATOS ............................................................................................................................ 30
2.2.1 Nucleao de Hidratos .................................................................................... 33 2.2.2 Crescimento e Dissociao de Hidratos .......................................................... 35 2.3 MODELAGEM TERMODINMICA .................................................................................................................. 37
2.3.1 Descrio e Equacionamento do Sistema ....................................................... 38
3 METODOLOGIA EXPERIMENTAL ....................................................................... 43
3.1 APARATO EXPERIMENTAL ............................................................................................................................. 43 3.2 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL .................................................................................................................. 49
3.2.1 Etapa Preliminar .............................................................................................. 50 3.2.2 Teste de Vazamento ........................................................................................ 51 3.2.3 Formao do Hidrato ....................................................................................... 53 3.2.4 Dissociao do Hidrato .................................................................................... 54
4 RESULTADOS E DISCUSSO ............................................................................ 55
4.1 QUESTES PRELIMINARES ............................................................................................................................ 55
4.1.1 Condies Testadas ........................................................................................ 55 4.2 RESULTADOS EXPERIMENTAIS ...................................................................................................................... 56
4.2.1 Diagrama PxT para a Formao do Hidrato de Metano .................................. 57 4.2.1.1 Ponto de Equilbrio Experimental do Hidrato de Metano ................................ 58 4.2.1.2 Comparao do comportamento em duas situaes distintas: alta presso e baixa presso ............................................................................................................ 59 4.2.2 Curva de Equilbrio de Fases para o Hidrato de Metano ................................. 62 4.3 COMENTRIOS SOBRE O MTODO ............................................................................................................... 64
5 CONCLUSO ....................................................................................................... 66
6 SUGESTES PARA ESTUDOS FUTUROS......................................................... 67
7 REFERNCIAS ..................................................................................................... 68
8 APNDICE ........................................................................................................... 72
14
1 INTRODUO
De maneira geral, hidratos so compostos slidos, com aparncia de
gelo que inflama quando aquecido conforme observa-se na Figura 1. Eles se
formam em meio aquoso, quando gases de baixa massa molecular ou
hidrocarbonetos de cadeias curtas entram em contato com a gua (gua do
mar, gua contida nos fluidos de perfurao ou proveniente do prprio
reservatrio), sob condies de alta presso e baixa temperatura.
Figura 1: Hidrato de gs natural.
Fonte: Portal Medqumica, 2010.
A formao desses cristais de hidrato ocorre quando h a estabilizao
de um retculo cristalino, atravs de pontes de hidrognio, englobando uma
molcula geralmente gasosa (BAPTISTA, 2007). Estes cristais podem causar
problemas em operaes de perfurao de poos e produo em guas
profundas. Por exemplo, em operaes de perfurao de poos,
esquematizado na Figura 2, podem ocorrer os seguintes problemas: (a)
entupimento das choke lines e das kill lines (tubulaes de acesso secundrio
15
ao poo); (b) obstruo do espao anular (espao existente entre a coluna de
perfurao e a formao rochosa) abaixo do BOP (vlvula para controle de
erupes gasosas, exploses); (c) priso da coluna de perfurao devido
formao de hidratos no riser (equipamento que conecta a cabea do poo
plataforma), em frente ao BOP ou no revestimento; (d) dificuldade na abertura
e no fechamento das gavetas do BOP.
Figura 2: Esquema de funcionamento dos equipamentos de perfurao.
Fonte: Santos, 2006.
Estas situaes podem implicar em um aumento do consumo
energtico, perda de produtividade, comprometimento da segurana
operacional e possveis danos em equipamentos (SANTOS, 2006). Muitas
vezes, a formao de hidratos inevitvel. Porm, estes podem escoar
dispersos no leo ou no gs, sem provocar prejuzos significativos nas linhas e
equipamentos. O grande problema est quando estes hidratos se aglomeram
de maneira descontrolada podendo formar plugues de hidratos, provocar
acidentes ou entupimento de linhas de produo. A remoo de hidratos
implica em interromper completamente as operaes, o que significa grandes
prejuzos.
kill line choke line
16
A Figura 3 apresenta um exemplo de como ocorre a retirada de um
plugue de hidrato de metano de uma linha de produo de leo.
Figura 3: Hidrato de metano.
Fonte: Petrobras
Alm disso, hidratos existem naturalmente na natureza. Segundo
previses da Agncia Internacional de Energia (AIE) a demanda de energia
primria aquela que existe na natureza dever aumentar em um tero entre
2010 e 2035 (FERNANDES, 2012). Para atender esta crescente demanda, a
explorao de recursos alternativos vem ganhando fora na rea de energias
alternativas. Hidratos de gs natural aparecem como uma alternativa
interessante e apresentam um grande potencial energtico, podendo constituir-
se em uma reserva de energia ainda no produzida (MORALES, 2003).
Especialistas estimam que a quantidade de energia estocada nos depsitos de
hidrato em todo mundo , no mnimo, o dobro comparado ao do petrleo e gs.
Pesquisadores j haviam extrado com sucesso gs de reservatrios de hidrato
de metano em terra (existente no Crculo rtico), mas no a partir do leito
marinho, onde a maior parte destas reservas so encontrados (OGLOBO,
2013).
Apesar deste grande reserva existir, ainda no h incentivo para este
tipo de explorao. Contudo o Japo anunciou em maro de 2013 que, pela
17
primeira vez no mundo, foi conseguido extrair gs combustvel de um depsito
de hidrato de metano do fundo do mar.
A incidncia de hidratos de gs natural ocorre especificamente em
sedimentos submarinos e em regies de pergelissolo do ingls, permafrost,
uma camada de solo impregnada de gelo, quase impermevel, que est
presente em 20% da superfcie da Terra, sendo encontrada no rtico e na
Antrtida (SLOAN, 1998). A Figura 4 mostra que cerca de 99% dos hidratos de
gs esto no sedimento ocenico e apenas 1% se encontra nas reas de
pergelissolo. Os locais marcados em azul mostram reas em que os hidratos
foram recuperados em amostras do fundo do mar e os pontos vermelhos
indicam reas em que hidratos de gs foram inferidos a partir de dados
geofsicos.
Figura 4: reas conhecidas de hidratos de gs no mundo.
Fonte: USGS Sound Waves, 2012.
H uma abundncia de reservatrios de hidratos ao redor do mundo
com um potencial de energia estimado maior que ao de gs, carvo e petrleo
(ERSLAND et al., 2010). Previses recentes indicam que h um volume total
de cerca de 1,2 x 1017 m3 de gs metano nos oceanos (KLAUDA e SANDLER,
2005, apud GUAN et al., 2009).
18
Para o estudo da formao de hidratos so utilizados diagramas de
fases, que permitem compreender os pontos de referncia importantes no
estudo que se deseja realizar. De modo geral, esses diagramas so de
misturas contendo as fases gua + hidrocarboneto.
O Laboratrio de Cincias Trmicas LACIT - da UTFPR desenvolve
projetos de pesquisa e desenvolvimento tecnolgico na rea de perfurao e
produo de petrleo em guas profundas e ultra profundas, em conjunto com
o CENPES (Centro de Pesquisa da Petrobrs). Neste contexto, est inserida a
problemtica da formao de hidratos na perfurao e produo de leo em
guas profundas, por isso busca-se o conhecimento sobre o fenmeno e
desenvolvimento de uma metodologia que venha a ter aplicao na indstria de
petrleo.
Academicamente o desenvolvimento do projeto interessante por
envolver vrias disciplinas e reas cientficas consideradas complexas, o que
transforma esta pesquisa em um grande desafio de final de curso.
1.1 OBJETIVOS
O objetivo geral deste trabalho consiste, principalmente, no estudo
experimental da formao de hidratos de metano utilizando uma clula de
equilbrio de fases a altas presses.
O enfoque deste estudo est relacionado na validao da bancada
experimental construda no Laboratrio de Cincias Trmicas (LACIT), que se
encontra nas dependncias da UTFPR. Os resultados obtidos dos testes
experimentais so comparados com o modelo termodinmico desenvolvido no
LACIT/UTFPR, o qual baseado no modelo de van der Waals e Platteeuw
(1959).
As medidas experimentais foram realizadas na faixa de presso de 5 a
16 MPa e temperatura de 273 a 300 K.
19
2 REVISO BIBLIOGRFICA
Esse captulo ser dedicado reviso dos principais estudos que foram
realizados sobre a formao de hidratos. Segundo Baptista (2007), o
conhecimento cientfico sobre hidratos de gs natural evoluiu sob trs
abordagens distintas.
1. A descoberta do fenmeno da formao de hidratos ocorreu em 1810,
onde se deu a primeira abordagem sobre essas espcies. Os estudos
objetivavam aprofundar o conhecimento sobre o fenmeno, sob a tica da
pesquisa fundamental, mas sem o objetivo de aplicao prtica.
2. Pouco mais de 100 anos depois, dando incio em 1934, foi quando se
observou pela primeira vez o real fenmeno de formao de hidratos na
indstria de gs natural. Nesta abordagem a formao de hidratos tida como
um obstculo para a indstria de petrleo e gs.
3. No incio da dcada de 60 se deu o incio da terceira abordagem quando
se percebeu que h formao de hidratos naturalmente nas profundezas do
oceano, pergelissolo. Nessa abordagem o objetivo aproveitar os hidratos
como fonte energtica, transporte e estocagem de gs, entre outros.
2.1 CARACTERSTICAS DA ESTRUTURA DOS HIDRATOS
Existem trs conformaes possveis dos hidratos. So elas as
estruturas I, II e H, tambm conhecidas (do ingls) como sI, sII e sH,
respectivamente. Estas estruturas cristalogrficas esto esquematizadas na
Figura 5.
20
Figura 5: Estruturas cristalogrficas de um hidrato. Sendo em (a) sI, em (b) sII e em (c) sH
Fonte: Sloan, 2007.
H uma semelhana considervel entre as estruturas e propriedades
mecnicas dos hidratos com as do gelo, visto que a fase gua dos hidratos
aproximadamente 85%. As estruturas cristalogrficas so formadas atravs do
agrupamento de poliedros convexos, a fim de formarem uma cavidade, dentro
das quais se localizam molculas estabilizadoras da estrutura do hidrato.
Contrariamente s estruturas I e II, a estrutura H necessita de duas molculas
hospedeiras para se estabilizar: uma pequena, como metano e uma maior,
tpica de uma frao de leo, com um tamanho maior de 7,4 (RIBEIRO e
LAGE, 2008).
A estrutura I formada por molculas ocludas de dimetro entre 4,2 e
6 , por exemplo metano, etano, dixido de carbono. Nitrognio e molculas
pequenas incluindo o hidrognio (d
21
< d < 7 ), como o propano e o iso-butano formaro a estrutura II. Molculas
maiores (7 < d < 9 ), como o iso-pentano podem formar a estrutura H
quando acompanhadas por molculas menores como o metano, nitrognio, etc.
2.1.1 Cavidades e Estruturas
As estruturas de hidratos so formadas por pontes de hidrognio entre
as molculas de gua. A nomenclatura usualmente utilizada para as cavidades
dos hidratos na forma , em que o nmero de arestas da face do tipo
e representa o nmero de faces com arestas. Por exemplo, uma
cavidade do tipo um poliedro formado por doze faces pentagonais. Para
exemplificar, na Figura 6 em (a) observa-se doze faces pentagonais (512), em
(b) doze faces pentagonais e duas faces hexagonais (51262), em (c) doze faces
pentagonais e quatro faces hexagonais (51264), em (d) trs faces quadradas,
seis faces pentagonais e trs faces hexagonais (435663) e em (e) doze faces
pentagonais e oito faces hexagonais (51268).
Figura 6: Diferentes tipos de cavidades.
Fonte: Baptista, 2007.
22
Em um hidrato, as molculas de gua formam uma estrutura
tridimensional, semelhante a uma gaiola, onde ocorre o aprisionamento de uma
molcula, que responsvel pela estabilizao da estrutura do hidrato.
A Figura 7, junto Figura 8, ilustram a estrutura de um hidrato de gs,
mostrando como a molcula se ajusta dentro da cavidade e como os
agrupamentos das cavidades ficam aglomerados a fim de formarem uma
estrutura de hidrato. Exemplos de gases que formam hidratos, como j citado
anteriormente, incluem metano, etano, propano, butano, dixido de carbono e
cido sulfdrico - componentes comuns do gs natural.
Figura 7: Estrutura e tipo de cavidade do hidrato de metano.
Fonte: Farag et al., 2011.
23
Figura 8: Trs unidades de cristais de hidratos e as cavidades constituintes
Fonte: adaptado de Institute of Petroleum Engineering, 2013.
A Tabela 1 apresenta um resumo de informaes sobre os tipos e
tamanhos das diferentes cavidades encontradas nos hidratos de gs natural.
Molculas pequenas como metano e propano formam estruturas do tipo I,
enquanto que molculas maiores como propano e iso-butano formam
estruturas do tipo II. At molculas grandes como isopentano e neo-hexano
formam hidratos do tipo H na presena de uma molcula auxiliar, por exemplo
gs metano (SLOAN, 1998).
Cavidade de
Molculas de gua
Molcula de Gs
Metano, etano,
CO2
Propano, iso-
butano, gs
natural...
Metano + ciclopentano
Estrutura I
Estrutura II
Estrutura H
24
Tabela 1: Propriedades das estruturas I, II e H.
Propriedades Estrutura I Estrutura II Estrutura H
Tamanho de Cavidade
Pequena Grande Pequena Grande Pequena Mdia Grande
Tipo de cavidade 512
512
62 5
12 5
126
4 5
12 4
35
66
3 5
126
8
Raio Mdio ( ) 3,95 4,33 3,91 4,73 3,91 3,91 3,91
Variao % do Raio
3,4 14,4 5,5 1,73 No Disponveis
Cavidades / Clula unitria
2 6 16 8 3 2 1
Molculas de gua / clula
unitria 46 136 34
Tipo de Cristal Cbico Cbico Hexagonal
Fonte: Adaptado de Subramanian, Kini e Sloan Jr (2000) e Baptista (2007).
O dodecaedro pentagonal (512) apresenta um raio mdio de 3,95
quando presente na estrutura I, e de 3,91 na estrutura II. Atravs de anlise
cristalogrfica mostrou-se que molculas de argnio (3,83 ) e de kriptnio
(4,04 ) estabilizam a cavidade 512 da estrutura II. Posteriormente, determinou-
se que nitrognio e oxignio tambm estabilizam a cavidade 512 da estrutura II.
Por sua vez, metano (4,36 ) e sulfeto de hidrognio (4,58 ) so molculas
ocupantes das cavidades 512 da estrutura I. Hlio, hidrognio e nenio no so
capazes de formar hidratos, pois devido ao reduzido dimetro (menor que 3 ),
no estabilizam nenhuma cavidade (BAPTISTA, 2007).
A cavidade 51262 denominada tetradecaedro. Essa cavidade
apresenta doze faces pentagonais e duas faces hexagonais diametralmente
opostas, com um raio mdio de 4,33 .
A cavidade 51264 denominada hexadecaedro. Essa cavidade possui
quatro faces hexagonais simetricamente distribudas, e doze faces
pentagonais. Dentre todas as cavidades, essa a que possui a geometria mais
prxima a uma esfera, e seu raio mdio de 4,73 .
25
A cavidade 435663 denominada dodecaedro irregular. A geometria
dessa cavidade notvel devido presena de trs faces quadradas e trs
faces hexagonais, as quais apresentam um elevado nvel de tenso nas pontes
de hidrognio. De acordo com estimativas, o raio mdio dessa cavidade de
4,06 .
Finalmente, a maior de todas as cavidades, o icosaedro (51268). Essa
estrutura possui doze faces pentagonais e oito faces hexagonais, e seu raio
mdio de 5,71 (SLOAN e KOH, 2007).
A Figura 9 ilustra a geometria das cavidades tetradecaedro,
hexadecaedro, dodecaedro irregular e icosaedro.
Figura 9: (a) Tetradecaedro (512
62), (b) Hexadecaedro (5
126
4), (c) Dodecaedro irregular
(435
66
3), (d) Icosaedro (5
126
8).
Duas caractersticas importantes devem ser observadas nas cavidades
435663 e 51268. A primeira a elevada tenso existente nas pontes de
hidrognio, devido ao maior nmero de faces quadradas e hexagonais. A
segunda o desvio de esfericidade a no esfericidade causa uma tenso
angular significativa, desestabilizando a molcula - que essas cavidades
apresentam, quando comparadas ao dodecaedro pentagonal (BAPTISTA,
2007).
26
A frao de ngulos tensionados em cada uma das cinco cavidades
pode ser estimada considerando que os ngulos formados pelas estruturas
pentagonais esto livres de tenses em relao ao ngulo H-O-H na molcula
de gua (104,5). Considera-se tambm que os ngulos existentes nas
estruturas cbicas e hexagonais esto sujeitos ao mesmo nvel de tenses
(desvio angular de 15). A frao de ngulos tensionados cresce na ordem: 512,
51262, 51264, 51268 e 435663 (0%, 16,7%, 28,6%, 44,4% e 50% respectivamente).
Nota-se que as duas ltimas cavidades, possuem praticamente a metade de
seus ngulos sob tenso. Essas tenses podem implicar em uma lenta cintica
de formao (BAPTISTA, 2007).
A Figura 10 mostra um exemplo de um cristal de hidrato em que
aparecem duas cavidades contendo propano e duas cavidades contendo
metano. possvel observar tambm o tamanho relativo entre uma cavidade
pequena (512) e uma cavidade grande (51264).
Figura 10: Exemplo de estrutura II com metano e propano como molculas ocludas nas cavidades 5
12 e 5
126
4, respectivamente.
Fonte: Janda Lab.
27
2.1.2 Estruturas Moleculares e Semelhana com o Gelo
A estrutura bsica do cristal a gua e conhecida como gelo lh
(hexagonal ice). A Figura 11 apresenta um esquema do tipo de conformao
do cristal de gua, onde os crculos representam as molculas de gua e as
linhas representam as ligaes de hidrognio intermoleculares. Pode-se
observar que cada molcula de gua se liga a outras quatro e o ngulo de
conformao o mais estvel possvel (109,5 ), pois o mais prximo
possvel daquele encontrado na molcula de gua (104,5 ) (SLOAN, 2007).
Figura 11: Estrutura bsica do cristal de gelo lh.
Fonte: Sloan, 2007.
Para estabilizar a molcula, os tomos presentes compartilham seus
eltrons e conferem molcula a conformao aproximada de um tetraedro,
observada na Figura 12.
28
Figura 12: Detalhe da conformao tetradrica e das ligaes intermoleculares no cristal de gelo.
Fonte: Sloan, 2007.
2.1.3 Caractersticas da Molcula Ocluda
O outro tipo de classificao de hidratos em relao a molcula
ocluda. Essa classificao uma funo de dois fatores: (1) a natureza
qumica da molcula ocluda e (2) o tamanho e a forma (em especial na sH) da
cavidade. O tamanho da molcula ocluda est diretamente relacionado ao
nmero de hidratao e, na maioria dos casos, ao seu valor no
estequiomtrico - valor no estequiomtrico est relacionado variao da
composio do cristal (SLOAN e KOH, 2007).
As molculas ocludas no devem conter grupos formadores de pontes
de hidrognio fortes, nem um grande nmero de grupos formadores de pontes
de hidrognio de fora moderada, porque podem interagir com a gaiola
dificultando sua estabilidade. Como os componentes do gs natural no so
formadores de pontes de hidrognio suas estruturas qumicas no so um fator
limitante. A maioria dos componentes do gs natural que formam hidratos so
hidrofbicos exceto o dixido de carbono e o gs sulfdrico, que apresentam
certa solubilidade em gua.
Um parmetro importante para se determinar a estrutura que ser
formada a razo entre os dimetros da molcula ocluda e da cavidade. A
29
Tabela 2 mostra essas razes entre alguns componentes de interesse e cada
uma das cavidades das estruturas I e II. As razes diametrais acompanhadas
pelo smbolo correspondem s cavidades que formam um hidrato simples
com o elemento em questo.
Se a razo diametral entre a molcula e a cavidade pequena da
estrutura menor que 0,76 as foras moleculares existentes devido presena
da molcula ocluda no so suficientes para estabilizar a cavidade. Para
valores superiores a 1,0, a molcula no mais capaz de caber no interior da
cavidade sem causar distores na estrutura (SLOAN e KOH, 2007).
Tabela 2: Razes diametrais entre molcula ocluda e cavidade para as estruturas I e II.
Dimetro da Molcula / Dimetro da Cavidade
Estrutura I Estrutura II
Molcula Dimetro () 512
512
62 5
12 5
126
4
4,2 0,824 0,717 0,837
0,631
4,36 0,855
0,744
0,868 0,655
5,12 1,00 0,834
1,02 0,769
5,5 1,08 0,939
1,10 0,826
6,28 1,23 1,07 1,25 0,943
Fonte: Adaptado de Sloan e Koh, 2007.
Nota-se que dentre os componentes do gs natural os capazes de formar
hidratos simples so metano, etano e dixido de carbono os quais so
formadores de estrutura I. Por outro lado, propano formador de estrutura II.
interessante notar que gs metano sempre ocupa as cavidades
pequenas da estrutura I ao invs de ocupar as cavidades da estrutura II,
mesmo sendo pequena a diferena entre as razes diametrais. Para a
cavidade 512 da estrutura I, a razo de 0,86, enquanto que para essa mesma
cavidade na estrutura II a razo de 0,87. Sugeriu-se que esse fato deve-se a
estabilidade adicional ganha pela estrutura I devido ocupao das cavidades
51262. No entanto, para componentes menores forma-se a estrutura II, devido
2O
4CH
2CO
2 6C H
3 8C H
30
maior quantidade de cavidades 512 por unidade de volume (SLOAN e KOH,
2007).
As propriedades termodinmicas dos hidratos podem ser afetadas
consideravelmente com pequenas alteraes na composio do gs. De
acordo com dados da literatura, hidratos formados a partir de gua lquida e
gs metano puro (100% CH4) tm uma presso de dissociao de 5,35 MPa a
uma temperatura de 280,4 K. J se for adicionado 1% de propano, essa
presso cai para 3,12 MPa (SLOAN, 2007).
Essa diferena deve-se ao fato da adio de propano causar uma
mudana da estrutura I para estrutura II. A mudana estrutural pode ser
entendida analisando-se os dados de razes entre dimetros.
Metano puro estabiliza somente a estrutura I, devido estabilidade
adicional gerada pela ocupao das cavidades 51262. Porm, tendo em vista
que propano s pode caber nas cavidades 51264 e que o metano pode
estabilizar a cavidade 512 de qualquer uma das duas estruturas, a formao de
estrutura II fica favorecida. Assim, com a mudana da estrutura cristalina,
razovel que haja mudanas nas propriedades termodinmicas (SLOAN,
2007).
2.2 FORMAO DE HIDRATOS
Segundo Farag et al. (2011) a formao de um hidrato requer,
necessariamente, as trs condies seguintes:
(i) A reduo da temperatura do gs.
(ii) A elevao de presso de gs.
(iii) A composio do gs natural (fase gua referente cavidade e fase
hidrocarboneto referente molcula ocluda) e uma quantidade
suficiente de gua.
Esta questo dependente do tempo que engloba, de maneira geral, os
fenmenos de nucleao, crescimento e dissociao. Dois pontos destes
31
fenmenos dos hidratos so essenciais para a rea industrial e da pesquisa:
identificar quando ocorre a nucleao dos hidratos e uma vez nucleado, quo
rpido o hidrato ir crescer ou dissociar.
Os dois primeiros mtodos para a determinao terica de curvas de
equilbrio foram desenvolvidos na dcada de 40. O primeiro foi desenvolvido
por Katz (1945) (citado por Sloan, 1998 e Baptista, 2007) e conhecido como
mtodo da massa relativa (gas gravity method). O segundo mtodo mais
conhecido como mtodo dos coeficientes de distribuio, foi criado por
Wilcox, Carson e Katz (1941) e finalizado por Carson e Katz (1942). J para a
determinao experimental, de maneira geral, so utilizados aparatos
experimentais que isolem a fase gua e a fase hidrocarboneto em suas
determinadas propores - do meio externo e permitam o ajuste das condies
de temperatura e presso adequadas para atingir o equilbrio das fases, a fim
de construir os diagramas de fases.
Para ilustrar a nucleao e o crescimento do hidrato, a Figura 13a
mostra como ocorre o consumo de gs em funo do tempo para um sistema
operando a presso e temperatura constantes e sob agitao. A taxa de
consumo do gs a taxa de formao de hidrato a qual pode ser controlada
cineticamente ou atravs de transferncia de calor/massa. O tempo de induo
(indicado na Figura 13a com o nmero 1) definido, na prtica, como o tempo
decorrido at o aparecimento de um volume detectvel na fase hidrato ou at o
consumo de um detectvel nmero de mols de gs. A regio 2 indica o perodo
em que ocorre o rpido crescimento do hidrato. medida que a gua
consumida, ocorre a reduo na taxa do consumo do gs (pontos 3 e 4). A
dissociao do hidrato no mostrada nesse grfico.
A Figura 13b, representa a formao e a dissociao de um hidrato de
metano em funo da temperatura e presso. Nesse caso, o volume
constante e a temperatura muda ao longo do tempo. Essa curva foi obtida
utilizando uma clula contendo gua e gs metano. Em resumo, observa-se no
segmento AB o perodo de induo, no segmento BC o perodo de crescimento
e, no trecho CA, a dissociao dos cristais de hidratos.
32
Figura 13: (a) Consumo de Gs x Tempo de Formao de Hidrato; (b) Temperatura e presso para formao de hidrato de metano.
Fonte: Adaptado de Sloan, 2007
33
2.2.1 Nucleao de Hidratos
Nucleao de hidratos e processos de crescimento podem ter analogias
com o processo de cristalizao, por exemplo, precipitao de sal em uma
soluo (SLOAN, 2007). Este fenmeno de precipitao de sal tende a ocorrer
quando h supersaturao, ou seja, uma fora motriz que favorece a formao
de cristais. A partir do momento em que a supersaturao ultrapassada o
sistema atinge o equilbrio e a cristalizao termina.
A Figura 14 apresenta uma curva de cristalizao. A curva AB
representa a curva de equilbrio e a curva CD a de limite de supersaturao.
Tendo em vista que a soluo est superaquecida de um valor de R a P, no
ponto P no ir caracterizar o crescimento e nem a nucleao de cristais. Ao
chegar regio metaestvel, seja por reduo de temperatura ou por aumento
da concentrao, a formao de ncleos pode ou no ocorrer. O ponto Q se
encontra entre o ponto R e o segmento CD e caracteriza o ponto de
metaestabilidade, o qual indica a capacidade de um estado de no equilbrio
persistir por um longo perodo de tempo. esquerda da linha CD no grfico, a
nucleao ocorrer devido forte fora motriz.
34
Figura 14: Formao de cristal de hidrato com relao as linhas de equilbrio (AB) e a linha spinodal (CD).
Fonte: Sloan, 2007.
Atravs de simulao da dinmica molecular (MD) pode-se inferir que a
formao inicial de hidrato de metano ocorre preferencialmente prxima a
interface metano-gua onde h um gradiente de concentrao significativo
(SLOAN, 2007).
A formao de hidratos ocorre usualmente na interface vapor-lquido (ou
com um filme fino localizado na interface vapor-lquido) no somente devido
baixa energia de Gibbs da interface de nucleao, mas tambm porque a
interface um local onde exigida uma concentrao alta de cavidades e
molculas que podem ser ocludas. A composio da molcula que ser
ocluda pode ser at 0,15 em frao molar, com a gua como restante. No
entanto a frao molar da gua na fase hidrocarboneto normalmente inferior
a 0,05 e a frao molar de hidrocarbonetos na fase aquosa nunca maior que
0,001 (SLOAN, 2007).
35
2.2.2 Crescimento e Dissociao de Hidratos
Durante o processo de crescimento, as transferncias de calor e de
massa possuem grande importncia. Alm disso, como a formao de hidratos
exotrmica, ou seja, h liberao de energia durante o fenmeno, pode
controlar o crescimento dos hidratos.
Em nvel molecular, o crescimento dos cristais de hidratos pode ser
considerado uma combinao de trs fatores: a cintica de crescimento de
cristais na superfcie do hidrato, a transferncia de massa de componentes
para a superfcie do cristal em crescimento, e a transferncia de calor da
reao exotrmica de formao de hidratos distantes da superfcie do cristal
em crescimento.
Este fenmeno ocorre de modo que uma molcula que se encontra
ocluda em um agrupamento temporrio de gua direcionada para a
superfcie do cristal em crescimento, como este cristal exerce um campo de
fora sobre o fluido, o agrupamento adere-se a superfcie. Uma vez adsorvido e
de modo que o campo de fora seja perpendicular superfcie, o agrupamento
pode se propagar em apenas duas dimenses. Em seguida, o agrupamento
libera uma molcula de solvente e pode se mover em apenas uma dimenso
ao longo desta etapa. Por fim, o agrupamento adsorvido no stio de toro
local em que ocorre o aprisionamento da molcula - e passa a ser imobilizado
nas trs dimenses.
Todas estas etapas de formao de um hidrato exigem tempo, isto
resulta em uma taxa de clusters que so incorporadas superfcie do cristal
em crescimento, a qual chamada de cintica de crescimento do cristal
(SLOAN e KOH, 2007).
Em escala real, a Figura 15 exemplifica um hidrato simples nas
estruturas I e II.
36
Figura 15: Fotografia do cristal de hidrato simples de (a) tetrahidrofurano (II) (b) oxido etileno (I).
Fonte: Sloan e Koh, 2007.
Estudos de crescimento em uma interface planar mostram que o filme
de hidrato cresce lateralmente atravs de toda a interface. Ao longo do tempo,
a camada de hidrato engrossa at uma espessura mxima, que depende do
grau de sub-resfriamento condio em que a temperatura da substncia
encontra-se mais fria do que a temperatura de saturao.
A imagem conceitual moderna de dissociao de um hidrato em um duto
normalmente envolve a dissociao de hidrato radial ao invs do axial,
conforme mostra a Figura 16.
37
Figura 16: Ilustrao da dissociao radial (a) comparado com a dissociao axial (b).
Fonte: Sloan e Koh, 2007.
A natureza radial da dissociao um fenmeno particularmente fsico,
uma vez que este leva dissociao significativamente mais rpida do que a
dissociao axial. Isto porque as dimenses radiais so sempre menores que
as dimenses axiais e a superfcie de transferncia de calor radial maior
quando comparada a rea superficial radial (SLOAN, 2007).
Uma vez compreendido este captulo, o seguinte tratar da realizao
experimental realizada na clula de equilbrio de fases com gs metano.
2.3 MODELAGEM TERMODINMICA
Para a obteno terica das curvas de equilbrio necessrio utilizar
modelagem matemtica, a qual foi adaptada por Rossi (1990), com base no
trabalho de Parrish e Prausnitz (1972), citado por Baptista (2007).
Neste captulo, ser apresentada uma introduo modelagem
matemtica, utilizada como base para o entendimento e desenvolvimento do
trabalho experimental, objetivo principal do presente trabalho.
38
2.3.1 Descrio e Equacionamento do Sistema
A gua a parte majoritria na base molecular da estrutura cristalina do
hidrato e, portanto, a presena de gua no sistema uma condio obrigatria
para que ocorra a formao do cristal de hidrato.
A parcela de gua que dar origem ao retculo cristalino pode estar na
forma slida, lquida ou gasosa e no precisa ser necessariamente pura, ou
seja, pode ter outras substncias dissolvidas. Esta fase aquosa do sistema,
para fins de desenvolvimento matemtico, ser denominada fase .
A fase que contm a molcula estabilizadora, a qual d a caracterstica
do hidrato, pode estar na forma lquida ou gasosa. Deste modo, esta fase ser
denominada a seguir como fase .
Como o foco do presente trabalho so as condies de equilbrio de
presso e temperatura para gua lquida, gs natural e hidrato, para fins de
nomenclatura, a fase hidrato ser denominada como fase . Matematicamente,
o equilbrio termodinmico entre as partes dado atravs da igualdade entre
os potenciais qumicos da gua na fase e na fase , como mostrado na
Equao (1).
(1)
O potencial qumico indica a tendncia de uma substncia em mudar de
fase, a medida que diminui o potencial qumico, portanto, haver migrao de
gua da fase lquida para a fase hidrato enquanto o potencial qumico da gua
na fase for maior que da fase .
Para o entendimento, o objetivo desenvolver a Equao (1) em funo
de algumas variveis como presso, temperatura, composio da fase lquida e
composio da fase gasosa.
H
w w
39
O primeiro passo definir o potencial qumico da gua na fase , para
isso usou-se como referncia a definio de Praunitz, Linchtenthaler e Azevedo
(1999).
(2)
onde o potencial qumico da gua pura, a temperatura e presso
quaisquer, a fugacidade da gua na fase e
a fugacidade da gua
pura a presso e temperatura quaisquer. Deste modo, tem-se:
(3)
(4)
O potencial qumico da gua na fase hidrato equacionado via
termodinmica estatstica segundo van der Waals e Platteeuw (1959) da
seguinte forma:
(5)
onde a constante universal dos gases, a temperatura, o nmero de
cavidades do tipo por molcula de gua, a probabilidade de uma
molcula ser aprisionada em uma cavidade .
Retomando a igualdade de potenciais qumicos da equao (1), tem-se:
(6)
Rearranjando para
(7)
0
0ln ww w
w
fRT
f
0 0 ( , , 1)w w wT P x
0 0 , , 1w w wf f T P x
ln 1Hw w i kii k
RT Y
H
w w
0
0n ln 1l ww
w
w i ki
i k
fRT
fRT Y
0
0 l ln 1n w
w
w w i ki
i k
fRT R
fT Y
40
Como o potencial qumico uma grandeza que no possui um
significado fsico direto, procura-se express-lo em funo de variveis
mensurveis. Deste modo, utiliza-se da equao de Gibbs-Duhem:
(8)
Integrando a equao (8), aplicando fase e gua pura, subtraindo
a segunda da primeira e dividindo por , chega-se a seguinte expresso:
(9)
ou:
(10)
aplicando a equao (10) para a gua:
(11)
Dividindo a equao (7) por e substituindo na equao (11), chega-
se a expresso:
(12)
Para continuar com o clculo, os termos de entropia e volume precisam
ser modelados, uma vez que se pode determinar as temperaturas e presses
de equilbrio. Para tanto, utilizando-se a Primeira e a Segunda Lei da
Termodinmica, o segundo termo da Equao (12) pode ser reescrito da
seguinte forma:
(13)
i i id S dT V dP
0
0
0 00 0
0 0 0( , )
( , )
T P T Pi i i i i iRT
T PT P
RT
S S V Vd dT dP
RT RT RT
0 0
0 0 0
0
0
T Pi i i i i i
T P
S S V VdT dP
RT RT RT RT
0 0
0 0 0
0
0
w T Pw w w w w
T P
S S V VdT dP
RT RT RT RT
0 0
0
0 0
0
0
ln ln 1T Pw w w w
i kiT P
i k
w
w
S S V VdT dP Y
RT RT RT
f
f
0 0 0
00
2 2
o
T
pT T T Tw w
T T T
H C dTS S HdT dT dT
RT RT RT
41
A variao do volume molar em funo da presso entre a gua pura e
a gua na fase metaestvel desprezvel, uma vez que a gua encontra-se
condensada. Deste modo, o terceiro termo da equao (12) pode ser reescrito
da seguinte forma:
(14)
sendo a temperatura mdia igual a
(15)
Substituindo as equaes (13) e (14) na equao (12), tem-se:
(16)
Para esta equao, segundo Munck et al. pode-se realizar a seguinte
simplificao, sem perda de generalidade:
(17)
conveniente tambm expressar o primeiro termo do lado direito, na
equao (16) em termos da atividade da gua, de modo que:
(18)
Desta forma, substituindo as equaes (17) e (18) na equao (16),
chega-se seguinte equao final:
(19)
onde , , e so as diferenas de potenciais qumicos, de
entalpias molares, de volumes molares e de calores especficos entre a gua
presente no retculo cristalino no ocupado, em um estado de agregao puro
0
0
00
P w w
P
V V VdP P P
RT RT
273,15
2
T KT
0
00 0
02 0
0
ln ln 1o
T
pT T wi ki
Ti kw
H C dTV f
dT P P YRT RT RT f
0
0
T
p pT
C dT C T T
0
ww
w
fa
f
0
0 00 002
0
ln ln 1T p
w i kiT
i k
H C T T VdT P P a Y
RT RT RT
42
e a 273,15K. Estas grandezas so conhecidas e determinadas via anlise
cristalogrfica, e so apresentadas na Tabela 3.
Tabela 3: Propriedades cristalogrficas dos hidratos.
Propriedade Estrutura I Estrutura II Unidade
- -
1264,41 883,41
1151,37 808,05
-4858 -5201
3,0 3,4
4,6 5,0
- -
39,16 39,16
Fonte: adaptado de Parrish e Prausnitz (1972) e Rossi (1990).
A Equao (19) resolvida a fim de se obter as condies de estado
para a formao de hidratos na presena de gs natural. Porm, para se obter
presso em funo da temperatura necessrio resolver esta equao de
modo interativo.
Uma vez compreendido este captulo, o seguinte tratar da realizao
experimental realizada na clula de equilbrio de fases com gs metano.
/ .J mol K
/ .J mol K
43
3 METODOLOGIA EXPERIMENTAL
Equilbrio de fases representa uma das mais importantes propriedades
que os hidratos podem apresentar (SLOAN, 2007). Conhecer o comportamento
de fases fundamental para a garantia de escoamento nas linhas de leo e
gs, pois possvel identificar as faixas de operao adequadas que evitam a
formao de plugues de hidratos nas tubulaes.
A metodologia utilizada para obter o equilbrio de fases dos hidratos foi
baseada no mtodo esttico, ou seja, em um sistema fechado, observando o
comportamento de uma mistura de composio conhecida variando apenas a
temperatura do sistema. Portanto, para a realizao experimental, foi utilizada
uma clula de equilbrio de fases, localizada no Laboratrio de Cincias
Trmicas (LACIT) da Universidade Tecnolgica Federal do Paran, Campus
Curitiba, Sede Central.
Para isto, utilizou-se uma clula de equilbrio de fases de alta presso,
com janela de safira para visualizao do interior. Nesta clula foi colocado um
volume conhecido de gua e, em seguida, esta foi pressurizada com gs, a fim
de obter as condies de equilbrio de fases do hidrato (P,T). A Figura 13b
Seo 2.2 ilustra a formao e dissociao experimental esperada de um
hidrato de metano em funo da temperatura e da presso, esperada na
realizao do experimento do presente trabalho neste caso o volume
constante e a temperatura muda durante o experimento (SLOAN, 2007).
3.1 APARATO EXPERIMENTAL
O sistema utilizado permite a medida dos pontos de equilbrio de fases
de hidrato e assim construir a curva de equilbrio. Este sistema composto por
tubulaes, vlvulas de controle, transdutor de presso, sensores de
temperatura e uma clula de volume til de 31 mL com duas janelas de safira,
sendo uma delas para observao e outra para iluminao. Todos estes
44
dispositivos suportam presses de at 30 MPa e temperatura de 393K. A
Figura 17 ilustra um esquemtico do mdulo.
Na Figura 17 possvel ver a interao entre todas as partes que
compe o mdulo. O cilindro que contm metano (CH4) est ligado ao sistema
atravs vlvula V-01 (Autoclave Engineers, 15P4081) que permite o fluxo de
CH4 do cilindro para a Bomba de Seringa (Teledyne ISCO 260D), a qual possui
cilindro interno de 266 mL e presso de trabalho de at 500 bar. O cilindro da
bomba encamisado, permitindo manter a temperatura do reservatrio em um
valor fixo determinado com auxlio de um Banho Termosttico de Recirculao
(Banho Ultratermosttico, JULABO, EH (v2)), utilizado para a manuteno da
temperatura do sistema como um todo, passando pelo cilindro da bomba e
circulando pela Camisa de Circulao, confeccionada em ao inox.
Ao centro da Camisa de Circulao encontra-se a Clula de Equilbrio, a
qual consiste em um cilindro de ao inox 316, de dimetro interno de 17,2 mm
e comprimento de 176 mm. A clula contm duas entradas superiores: uma
para conexo com o termorresistor do ingls, RTD (Salvia PT100), e outra
com acesso ao Cilindro de Metano atravs da vlvula de alimentao (V-03);
H uma entrada lateral onde fixada a Janela de Safira Lateral e uma entrada
para a Janela de Safira Frontal, onde foi posicionada a cmera.
As janelas Frontal e Lateral so as duas janelas de safira, com
dimenses respectivas de dimetro = 25,4 mm e espessura = 9,52 mm para
visualizao do interior da clula e dimetro = 15,87 mm e espessura = 4,76
mm para a entrada de luz. A vedao das janelas foi feita com anis de nylon,
mais resistentes, garantindo a eficincia da vedao.
45
Figura 17: Esquemtico do mdulo de formao de hidratos de metano.
46
As vlvulas so do tipo agulha e esto conectadas entre si por conexes
em ao inoxidvel de dimetro 1/8 de polegada com exceo da conexo ao
transmissor de presso que igual a 1/16 de polegada. V-02 (Autoclave
Engineers MVE1001) a vlvula de entrada para o mdulo, a qual permite a
entrada do gs da bomba para o mdulo. V-04 (Autoclave Engineers
MVE1001) a vlvula que isola a clula, que permite a alimentao do gs
para a clula. V-05 a vlvula de purga (HIP, 15-AF1), usada para descarga
do sistema e despressurizao da clula.
Os valores de presso so coletados por um sistema de aquisio de
dados que recebe sinal do transmissor de presso (SMAR LD 301), indicando a
presso da linha. Abaixo da camisa de circulao da clula encontra-se o
agitador magntico (VWR, LAB DISC S41), o qual tem como funo
homogeneizar o sistema. Seu funcionamento exige a presena dentro da clula
de uma barra de ferro recoberta por uma camada de teflon peixinho.
A Figura 18 apresenta detalhes da iluminao da Janela Lateral, com a
funo de iluminar o interior da clula e proporcionar a visualizao da
formao e dissociao, que so registradas visualmente pela cmera do tipo
WebCam.
47
(a)
(b)
Figura 18: Detalhe da iluminao da Clula de Equilbrio de Fases. Em (a) Janela de Safira Lateral e em (b) detalhe da captura de imagens do sistema via webcam.
J a Figura 19, apresenta a clula de equilbrio de fases desmontada.
Como se pode observar, a frente encontra-se a Janela de Safira Frontal entre
os dois anis de nylon, na lateral encontra-se a Janela de Safira Lateral, em
cima possvel observar as duas conexes que do acesso ao termorresistor e
alimentao da clula.
48
Figura 19: Clula de equilbrio de fases desmontada.
O computador recebe as informaes, das medidas de presso e
temperatura, via um sistema de aquisio de dados a cada dois segundos.
Figura 20: Esquemtico do mdulo utilizado para o trabalho experimental. Em ordem, 1 o mdulo em si, 2 representa a bomba seringa, 3 o banho termosttico e 4 o sistema de
aquisio de dados.
Um esquema geral da unidade pode ser verificado na Figura 20,
indicando os componentes bsicos do aparato experimental e na Figura 21,
apresenta-se a vista real da unidade.
1
2
3 4
49
Figura 21: Vista geral da unidade.
3.2 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
Foram utilizados para a realizao das medidas experimentais gua
destilada e gs metano 4.5 (99,99995%) fornecido pela empresa White
Martins. As medidas foram feitas na clula de equilbrio, variando-se a
temperatura, conforme sugerido na seo 2.2, com a finalidade de se
estabelecer um diagrama de equilbrio de fases.
O experimento teve como objetivo a construo da curva de equilbrio do
hidrato de metano, para isto, contou-se com o auxlio do programa
computacional desenvolvido no LACIT/UTFPR, que prediz as condies de
equilbrio atravs de um modelo termodinmico.
50
Sabe-se que o grfico obtido experimentalmente deve ser semelhante
ao da Figura 13b e que o ponto de equilbrio est localizado onde a curva de
dissociao (CD) se encontra com a de formao (AB). Portanto, para o
presente trabalho, foram escolhidas seis presses diferentes, feitas em
duplicata e comparadas com a curva terica obtida via modelagem
termodinmica, segundo o modelo de van der Waals e Platteeuw pelo grupo do
LACIT, presente na Figura 22.
Figura 22: Curva de equilbrio de fases terica para o hidrato de metano.
3.2.1 Etapa Preliminar
Para a realizao do experimento deve-se inicialmente certificar que os
componentes do mdulo esto todos ligados termorresistores, transmissor de
presso, computador e banho termosttico.
O computador faz comunicao com o termorresistor atravs do Ni-
FBUS. O programa desenvolvido em LabView o que permite visualizar os
0
50
100
150
200
250
300
350
400
270 280 290 300 310 320 330
Pre
sso
(M
Pa)
Temperatura (K)
51
dados de aquisio, portanto deve ser inicializado antes do incio do
experimento.
A seguir, liga-se a bomba. A cmera, atravs do programa Logitech
Webcam Software ajust-la da melhor maneira possvel para que a
visualizao esteja clara.
A clula foi preenchida com um volume de 20 mL de gua e ento
pressurizada com o prprio metano at a presso inicial desejada.
3.2.2 Teste de Vazamento
Antes de iniciar o experimento, realiza-se um teste com o propsito de
assegurar a vedao do sistema, cujo procedimento detalhado tambm se
encontra em anexo. Neste teste, verificam-se com detergente os canais das
vlvulas, a fim de detectar algum possvel vazamento. Feito isso, a presso do
sistema acompanhada por um perodo aproximado de trs horas, sem efetuar
qualquer alterao no sistema. A Figura 23 mostra o resultado de um teste de
vazamento realizado com sucesso.
52
Figura 23: Teste de vazamento sem vazamento.
Pelo grfico, observa-se que a tendncia constante do conjunto de
dados coletados ao longo do teste. Desta forma possvel concluir que a
vedao do sistema est perfeita. A Figura 24, demonstra um teste onde foi
possvel verificar a presena de vazamento no sistema. Nota-se a queda de
presso significativa com o decorrer do tempo, devido perda de gs para o
ambiente. Ocorrendo isto, deve-se parar o procedimento e encontrar o local
com falha na vedao e reiniciar o procedimento.
11.04
11.06
11.08
11.1
11.12
11.14
11.16
11.18
0 2 4 6 8 10 12
Pre
sso
(M
Pa)
Tempo (103s)
53
Figura 24: Exemplo de teste de vazamento que apresenta vazamento.
3.2.3 Formao do Hidrato
Esta etapa foi seguida sempre depois da realizao do teste de
vazamento. Aps verificar a faixa de presso em que se operaria, abaixou-se a
temperatura do banho para 1C (temperatura que seguramente formaria hidrato
nas condies escolhidas para a realizao dos testes). esperado que
quando o sistema chegue a esta temperatura, observe-se a formao do
hidrato.
O momento inicial do experimento o correspondente ao ponto A do
grfico representado na Figura 13b. Este ponto definido como tempo de
induo, neste perodo as condies esto dentro da regio estvel e, portanto,
no h formao de hidratos. No ponto B, espera-se que ocorra a nucleao e,
por isso, a presso cai de B para C, onde ocorre o crescimento.
15.77
15.79
15.81
15.83
15.85
15.87
15.89
15.91
15.93
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Pre
sso
(M
Pa)
Tempo (103s)
54
3.2.4 Dissociao do Hidrato
Atravs do programa CSMGem, verificou-se o ponto de equilbrio
esperado para a composio metano e gua para determinada presso ou
para determinada temperatura.
Para cada ponto, foi feita uma dissociao rpida at aproximadamente
1,5 C da temperatura esperada de equilbrio, aumentando-se a temperatura do
banho. A partir deste momento realizou-se a dissociao lenta, padronizada
para um acrscimo de 0,1 C a cada hora at que tenha sido possvel
identificar o ponto de equilbrio. Esse acrscimo de temperatura e,
consequente, aumento de presso, foi o esperado conforme a curva CD da
Figura 13b.
Com o trmino da dissociao, elevou-se a temperatura at a
temperatura inicial do experimento e aguardou-se que o sistema se
estabilizasse novamente. Depois de estabilizada, exportaram-se os dados para
uma planilha eletrnica a fim de obter com preciso o ponto de equilbrio para
cada condio (P,T).
55
4 RESULTADOS E DISCUSSO
Tendo em vista o objetivo do presente trabalho, este captulo expe os
resultados experimentais obtidos utilizando a clula de equilbrio de fases, bem
como discusso e a relao entre os diferentes diagramas obtidos.
4.1 QUESTES PRELIMINARES
Nas atividades de perfurao e produo de petrleo de gs, de
extrema importncia determinar a regio de formao de hidratos, uma vez que
fundamental para a garantia de escoamento. Para isto, necessrio ter
conhecimento da temperatura, presso e composio do sistema.
Os componentes do sistema foram metano com alto grau de pureza e
gua destilada. E as condies de temperatura e presso foram controladas
atravs da clula de equilbrio de fases.
4.1.1 Condies Testadas
Para a construo da curva foram escolhidos sete pontos de equilbrio
em uma faixa de presso que abrangeu, aproximadamente, a parte central da
curva apresentada na Figura 22. As presses selecionadas para as simulaes
experimentais variaram entre 5 e 16 MPa, condies que se assemelham s
encontradas no sedimento ocenico.
Os pontos experimentais foram feitos em duplicatas e comparados
modelagem matemtica desenvolvida pelo LACIT/UTFPR para avaliar a
repetitividade e validar a bancada experimental. A Tabela 4 apresenta os dados
experimentais iniciais da Curva 1 e da Curva 2 apresentados posteriormente
na Seo 4.2.2 -. No foi possvel avaliar a reprodutibilidade do mtodo, pois,
entre as Curvas 1 e 2, a composio do sistema foi alterada.
56
Tabela 4: Condies de trabalho iniciais para a Curva 1 e para a Curva 2..
Curva 1 Curva 2 P0 (MPa) Vfase gua (mL) P0 (MPa) Vfase gua (mL)
6 10 6 15 8 10 8 15
10 10 11 15
12 10 12 15 13 10 15 10 15 15
O volume da fase gua para o experimento foi de 10 mL em
praticamente toda a Curva 1 com exceo do ponto com presso de 11 MPa
, j a Curva 2 foi realizada totalmente com 15 mL porque percebeu-se que o
aumento do volume de gua e a possvel obstruo da tomada de presso no
influenciavam no ponto de equilbrio experimental.
Como o transmissor de presso ligado diretamente clula, durante o
crescimento do hidrato, havia receio que ele crescesse dentro da conexo e
alterasse as medidas experimentais. Mas, durante os experimentos, percebeu-
se que a obstruo no alterou as medidas. Portanto, quando se teve a
oportunidade, o volume de gua foi aumentado em 5 mL, como havia sido
previsto no projeto dos experimentos.
4.2 RESULTADOS EXPERIMENTAIS
Para cada condio de presso encontrou-se um dado de equilbrio com
presso e temperatura especficos, os quais compuseram a curva de equilbrio
de fases experimental, que ser discutida nas sees posteriores.
57
4.2.1 Diagrama PxT para a Formao do Hidrato de Metano
Como j foi dito anteriormente, cada condio de presso gerou um
ponto de equilbrio, os quais, por fim, contriburam para a construo da curva
de equilbrio experimental. Contudo, a medida que cada experimento era
consolidado, obtinha-se o diagrama de formao de hidratos, proposto por
Sloan e Koh (2007), j apresentado na Figura 13b, presente na Seo 2.2.
Para discusso do presente trabalho, escolheu-se um experimento de
presso intermediria dentre as escolhidas para a composio da curva de
equilbrio experimental. A Figura 25 apresenta o diagrama de formao de
hidratos.
Figura 25: Diagrama de formao e dissociao experimental para o hidrato de metano
Pelo grfico observa-se que o diagrama P x T ficou semelhante ao
experimental proposto por Sloan e Koh (2007). Neste caso, a presso inicial foi
de 11,0 MPa e a temperatura do sistema era de 290,6 K. O sentido das flechas
indicam o sentido do experimento em relao ao tempo. O que previne a
9.8
9.9
10
10.1
10.2
10.3
10.4
10.5
10.6
10.7
10.8
10.9
11
11.1
11.2
273 274 275 276 277 278 279 280 281 282 283 284 285 286 287 288 289 290 291 292
Pre
so
(M
Pa)
Temperatura (K)
58
formao do hidrato imediatamente nas coordenadas de temperatura e presso
do ponto de equilbrio a propriedade metaestvel do sistema (SLOAN e KOH,
2007).
A medida que a temperatura diminuda, a presso decresce
linearmente com a temperatura indicado pela primeira flecha tambm
conhecido como perodo de induo. Ao final desta etapa, onde a presso cai
abruptamente, h a formao dos hidratos. O que justifica esse decaimento de
presso o consumo do gs do sistema. Normalmente esta etapa era deixada
de um dia para o outro, para que no dia consequente fosse iniciada a
dissociao.
Com o crescimento do hidrato, ocorre o consumo do gs no sistema.
Para a dissociao, a temperatura aumenta rapidamente em um primeiro
momento para depois o aumento ser gradual sentido da terceira e da quarta
flechas. Exatamente no ponto em que o hidrato foi completamente dissociado
caracteriza-se as condies de equilbrio do hidrato (SLOAN e KOH, 2007).
Em outras palavras, tem-se formao seguida de crescimento,
dissociao e ento o ponto de equilbrio com presso e temperatura
especficos.
4.2.1.1 Ponto de Equilbrio Experimental do Hidrato de Metano
Para a determinao do ponto de equilbrio obtido experimentalmente,
foi realizada a linearizao das curvas de formao e dissociao e, assim,
determinou-se o ponto de interseo entre elas. No caso do presente trabalho,
utilizou-se uma planilha eletrnica. A Figura 26 exemplifica como foi realizada a
determinao do ponto de equilbrio.
59
Figura 26: Determinao do ponto de equilbrio experimental.
Aps encontrar as duas retas que representam as curvas de formao e
dissociao encontrou-se os valores equivalentes para presso e temperatura
que satisfizessem as duas equaes. Neste caso, a letra x a temperatura
em K e y a presso em MPa, ou seja, para esta condio o equilbrio (T,P) foi
de 287,39 K e 10,87 MPa.
4.2.1.2 Comparao do comportamento em duas situaes distintas: alta
presso e baixa presso
O comportamento em baixa presso se mostrou com um pouco mais de
rudo quando comparado com as curvas de alta presso. A Figura 27
exemplifica este rudo.
y = 0,0417x - 1,1147
y = 0,6741x - 182,86
10.3
10.4
10.5
10.6
10.7
10.8
10.9
11
11.1
285 286 287 288 289 290 291
Pre
sso
(M
Pa)
Temperatura (K)
Formao
Dissociao
Ponto de Equilbrio
Linear (Formao)
Linear (Dissociao)
60
Figura 27: Diagrama de formao de hidrato de metano em baixa presso.
Durante o levantamento das curvas, observou-se que, em praticamente
todos os experimentos, no meio da dissociao houve uma segunda queda de
presso. Esta segunda queda de presso pode ter ocorrido devido agitao
deficiente do sistema, uma vez que a barra magntica no girava efetivamente
na presena de grande quantidade de hidratos dentro da clula. Tambm,
durante a queda de presso, foi observado que ainda existia formao de
hidratos durante a dissociao, que corroborado pela Figura 28.
4.7
4.8
4.9
5
5.1
5.2
5.3
5.4
5.5
5.6
5.7
5.8
5.9
6
6.1
6.2
6.3
273 274 275 276 277 278 279 280 281 282 283 284 285 286 287 288 289
Pre
sso
(M
Pa)
Temperatura (K)
61
Figura 28: Dissociao do hidrato de metano. 1) Incio da dissociao s 07h49; 2) 08h09; 3) 09h06; 4) 10h; 5) 11h e 6) 12h.
A Figura 28 mostra imagens representativas do processo de dissociao
durante a queda de presso. Observa-se que a dissociao efetivamente
comeou a partir da imagem 5. Os crculos exibem o crescimento de uma
pequena poro de hidrato durante o aumento gradual da temperatura.
Comparando-se com o modelo termodinmico do LACIT/UTFPR, esta
queda no influenciou negativamente na obteno do ponto de equilbrio,
conforme ser abordado, posteriormente, na Seo 4.2.2.
A Figura 29 representa a curva de formao do hidrato de metano em
uma situao de alta presso. Neste caso a presso inicial foi de
aproximadamente 16 MPa.
1 2
6
4
5
3
62
Figura 29: Diagrama de formao de hidrato de metano em alta presso.
Como se pode observar, h tambm uma segunda queda de presso
em torno de 289 K. Este sistema, porm, parece ter tido uma melhor agitao
do que o da Figura 27. Mas ambos apresentaram um bom resultado
experimental.
4.2.2 Curva de Equilbrio de Fases para o Hidrato de Metano
Aps a realizao de todos os experimentos para cada ponto, plotou-se
todos os dados obtidos para ento comparar com o modelo termodinmico
desenvolvido pelo LACIT/PPGEM. Observou-se que, apesar da deficincia do
sistema, os resultados apresentaram-se consistentes.
A Tabela 5 apresenta os dados de equilbrio obtidos experimentalmente
na clula de equilbrio de fases.
12.5
13
13.5
14
14.5
15
15.5
16
273 275 277 279 281 283 285 287 289 291 293 295 297
Pre
sso
(M
Pa)
Temperatura (K)
63
Tabela 5: Dados de equilbrio experimental obtido para cada condio de presso.
Incio Equilbrio Curva 1 Equilbrio Curva 2
P (MPa) T (K) P (MPa) T (K) P (MPa)
6 283 5,94 282,41 6,016 8 285 7,85 284,89 7,923
10 286,6 9,7 11 287,4 10,8 12 288,25 11,751 287,93 11,855 13 289,15 13,515 15 290,4 15,4 290,01 15,565
Em seguida, plotou-se, no mesmo grfico, o modelo termodinmico, a
Curva 1 e a Curva 2.
Figura 30: Comparao do modelo terico com as curvas experimentais.
Como mostram a Figura 30 e a Tabela 5, os resultados seguiram a
mesma tendncia do modelo termodinmico proposto pelo LACIT/PPGEM.
Este grfico mostra tambm a regio em que h formao de hidratos,
como apresentado na Figura 14, a esquerda da curva encontra-se a
regioonde h formao de hidratos em qualquer ponto que esteja nesta
regio.
0
50
273 300
Pre
sso
(M
Pa)
Temperatura (K)
Modelo TermodinmicoLACIT/PPGEM
Curva 1
Curva 2
64
4.3 COMENTRIOS SOBRE O MTODO
Esta seo apresenta alguns comentrios sobre as observaes tidas
em relao s medidas experimentais realizadas no trabalho em discusso.
Deste modo, quando os suportes de uma informao encontram-se
distribudos por diferentes partes, diz-se que a informao sofreu disperso
(RUMMLER, 2006). Para isto, compararam-se as medidas experimentais com
a curva mdia destas medidas, conforme apresentado na Figura 31.
Figura 31: Comparao dos dados experimentais em relao mdia.
Observa-se ento que os pontos das curvas 1 e 2 apresentam aparente
baixa disperso com relao Curva Mdia representada neste grfico pela
linha tracejada. Alm disso, aparentemente, apresentam boa preciso, a qual
est relacionada reprodutibilidade dos resultados erros de carter aleatrio
(FONSECA, 2004). Todavia, em relao Curva Terica representada pelo
modelo termodinmico desenvolvido pelo LACIT , como j citado
5.0
6.0
7.0
8.0
9.0
10.0
11.0
12.0
13.0
14.0
15.0
16.0
17.0
18.0
19.0
20.0
280 281 282 283 284 285 286 287 288 289 290
Pre
sso
(M
Pa)
Temperatura (K)
Terico
Mdia
Curva 1
Curva 2
65
anteriormente h um erro de carter sistemtico que se propaga nos dois
experimentos, visto que o modelo terico segue uma tendncia semelhante as
curvas experimentais da literatura.
Entende-se por erro sistemtico os que afetam a exatido, ou seja, a
correo dos resultados. A metodologia correta de anlise e tratamento de
erros deve-se iniciar com a identificao e correo dos erros sistemticos e
ento posteriormente o tratamento dos erros aleatrios (FONSECA, 2004).
Um dos provveis erros embutidos no experimento a deficincia do
sistema de agitao, o qual de extrema importncia para processos de
equilbrio de fases, visto que est relacionado diretamente homogeneizao
do sistema como um todo.
Outro ponto importante a preciso do sistema de aquisio de dados
como um todo. Incluindo o termorresistor, os transdutores de presso e os
cabos e conexes presentes.
66
5 CONCLUSO
O maior desafio no desenvolvimento deste trabalho concentrou-se na
montagem e adequao da bancada para o cumprimento da proposta. Alm
disso, outro desafio enfrentado foi o de estabelecer uma metodologia em que
fosse possvel o ponto de transio de fase e a reproduo da curva de
formao de hidratos.
O enfoque foi validar a bancada experimental para a realizao de
medidas experimentais de formao e dissociao de hidrato de metano a fim
de estabelecer uma curva de equilbrio de fases. Apesar da deficincia do
sistema, os dados obtidos experimentalmente apresentaram-se consistentes
segundo o modelo termodinmico terico desenvolvido pelo LACIT, o qual foi
baseado no proposto por van der Waals e Platteeuw (1959).
Portanto, ao final deste trabalho, concluiu-se que a metodologia
proposta vlida para o estudo experimental da formao e dissociao de
hidrato de metano. Bem como a elaborao de uma curva de equilbrio de
fases indicando o comportamento, a tendncia e a localizao e identificao
na regio de formao e de estabilidade do hidrato de metano.
Sabe-se que uma agitao eficiente um componente importante em
trabalhos experimentais envolvendo equilbrio de fases. Com um sistema de
agitao mais eficiente, esperam-se curvas mais bem definidas, aproximadas
ao modelo utiizado e alguma melhora nos resultados, propriamente ditos.
67
6 SUGESTES PARA ESTUDOS FUTUROS
Em funo dos resultados obtidos, so sugeridos para trabalhos futuros
os seguintes temas:
Desenvolvimento de uma clula de equilbrio com maior volume e
agitador magntico aletado. Isto pode melhorar os resultados obtidos
neste trabalho;
Estudo da formao de hidratos de metano com CO2 composio
predominante do pr-sal e aditivos termodinmicos (sais e lcoois);
Desenvolvimento e aprimoramento de modelos termodinmicos
alimentados por dados prprios adquiridos no LACIT/UTFPR;
Estudo experimental da formao de hidratos envolvendo fluidos de
perfurao e mistura de gases.
68
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72
8 APNDICE
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MONTAGEM E DESMONTAGEM DA CLULA
PROCEDIMENTO PARA DESMONTAR A CLULA
I. Baixar a presso at 70 bar e selecionar a opo REFILL;
II. Fechar a vlvula da bomba;
III.Fechar a vlvula esfrica do painel;
IV. Abrir a vlvula de trs do painel
V. Remover a gua do banho
VI. Desconectar o fundo
VII. Aguardar resfriamento do banho 30-40 C e desparafusar os parafusos
restantes.
VIII. Esperar a sada de todo o solvente
IX. Descartar a