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Universidade de Brasília – UnBInstituto de LetrasDepartamento de Teoria Literária e LiteraturasDisciplina: Literatura Brasileira – ModernismoProfessora: Drª Fabrícia WalaceAluno: João Paulo Araújo dos Santos 09/0118669
Roteiro de Estudos II
1) O romance “Memórias Sentimentais” representa a primeira tentativa de
construção do romance moderno no Brasil. A obra busca desconstruir as bases da
forma tradicional da narrativa de ficção. Esse exercício de demolição começa já no
prefácio, o qual vem assinado por Machado Penumbra, personagem do livro. Os
capítulos são extremamente curtos, já que servem para fragmentar a narrativa, sujeita
aos movimentos da memória do narrador. O capítulo 75 “Natal”, por exemplo, é
composto por apenas uma frase: “Minha sogra ficou avó”. Aqui é possível perceber-se
uma linguagem concreta e seca.
Em seu poema “A educação pela Pedra”, João Cabral de Melo Neto propõe
uma linguagem seca, precisa, concisa, e despreza o sentimentalismo. A arte não é
intuitiva - é calculada, nua e crua. O poema reflete o fazer poético proposto pelo autor,
o qual passa pelas lições de dicção, moral, poética e economia.
As inovações de Guimarães Rosa na linguagem são percebidas na tentativa de
criação de um universo novo, ao passo que reinventa a vida sertaneja, as falas
sertanejas, as angústias, as felicidades, as descobertas, os encontros e os desencontros
sertanejos e humanos. Mais diretamente, podemos dizer que, para Guimarães Rosa, o
sertão é um mundo – um espaço existencial – e um mundo confundido com linguagem
original, poética e criadora, no sentido de que tudo pode ser visto – espaço e
linguagem – como universo ainda virgem, de puro de sentido. Sua inovação não está
na criação de palavras, e sim na sintaxe. A ideia que rege a organização sintática de
suas obras é o provérbio. O autor enche o texto de anacolutos com uma sintaxe
excessivamente condensada. Rosa inova ao modificar provérbios populares, ao
distorcer a linguagem, e inova ao mostrar como a linguagem dizendo absurdos, diz a
verdade.
2) O trecho de “Nós, os temulentos” é uma metáfora para a condição humana. O trecho
é construído em terceira pessoa, porém, a primeira frase é a única escrita em primeira
pessoa. O trecho faz referência à saga do heroi Chico e é composto por várias
anedotas que remetem à condição humana. As estórias articuladas aos prefácios, em
Tutaméia, como é caso de “Nós, os temulentos”, cumprem uma função
metalinguística, que é o desdobramento dos aspectos apresentados pelos prefácios.
3) Os poetas concretos criam poemas verbivocovisuais, os quais jogam com os
significados das palavras, com seus sons e com a forma gráfica. Isto está claro no
poema Ovo novelo, que fala sobre a fase da gravidez quando as células se duplicam.
Os poemas concretos, como é o caso de “ovo, novelo”, são essencialmente visuais e
sonoros. Como podemos perceber, o poema projeta-se em novas formas ovais, com
múltiplas informações semânticas: ovo novelo, novo no velho, filho em folhas, na jaula
dos joelhos, etc., marcando-se pelas assonâncias. A forma externa (oval) das estrofes
corresponde à imagem-embrião ovo, a partir da qual, surge um desdobramento de
células semelhantes (ovo novelo – novo no velho), a gestação do poema-criança.
Temos o jogo entre o visual e o sonoro.
5) Os poemas de Oswald apresentam a preocupação social que afetará todas as suas
últimas obras. É um poema radical, que toma as causas pela raiz e busca essa raiz pela
linguagem. A linguagem é livre e econômica, as intervenções de imagens são diretas
metonímica e, metaforicamente, jogadas como num quadro cubista, cortando-se,
aparando-se, contrapondo-se. Em “veleiro”, deparamo-nos com a revelação do amor.
O despertar dos sentimentos provocados por Madama Rocambola mudará o rumo dos
objetivos do protagonista. A moça “mulatava um maxixe no dancing do mar”, faz
alusão a seu dom de atriz e bailarina, como também, à sua expressão corporal, o
sensualismo. O livro ”Primeiro caderno do aluno de poesia” de Oswald de Andrade,
publicado em 1927, além de colocar em xeque o conceito tradicional de livro de
poemas, radicaliza procedimentos poéticos da vanguarda: o estilo telegráfico e a
montagem. Ao publicar o “Primeiro caderno do aluno de poesia do aluno”, Oswald de
Andrade buscava uma poesia como que feita por criança, uma poesia que visse o
mundo com olhos novos.