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O Palácio da Justiça é a primeira sede própria do mais antigo ministério da República,figurando entre os belos exemplos da arquitetura de Oscar Niemeyer e com o projetoestrutural realizado pelo Escritório Técnico Arthur Luiz Pitta (Etalp), fazendo parte doconjunto de monumentos arquitetônicos de Brasília.O objetivo principal do trabalho é avaliar as condições atuais da estrutura do Palácio daJustiça, tendo em vista os aspectos de segurança, funcionalidade, durabilidade e estética.A estrutura da edificação, sua história, projetos, tecnologia construtiva e intervenções,foram caracterizadas nos aspectos mais importantes: concepção, período das obras,responsabilidade técnica e detalhes gerais da edificação. Aspectos peculiares demodificações introduzidas no edifício após sua inauguração foram esclarecidos.
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UNIVERSIDADE DE BRASLIA
FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL
A ESTRUTURA DO PALCIO DA JUSTIA EM BRASLIA:
ASPECTOS HISTRICOS, PROJETO, EXECUO,
INTERVENES E PROPOSTA DE ESTRATGIAS PARA
MANUTENO
ANDR LUIS ANDRADE MOREIRA
ORIENTADOR: JOO CARLOS TEATINI DE S. CLMACO
CO-ORIENTADOR: ANTNIO ALBERTO NEPOMUCENO
DISSERTAO DE MESTRADO EM ESTRUTURAS E
CONSTRUO CIVIL
PUBLICAO: E.DM 005A/07
BRASLIA/DF: JUNHO DE 2007
ii
UNIVERSIDADE DE BRASLIA
FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL
A ESTRUTURA DO PALCIO DA JUSTIA EM BRASLIA:
ASPECTOS HISTRICOS, PROJETO, EXECUO,
INTERVENES E PROPOSTA DE ESTRATGIAS PARA
MANUTENO
ANDR LUIS ANDRADE MOREIRA
DISSERTAO DE MESTRADO SUBMETIDA AO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL DA FACULDADE DE TECNOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE BRASLIA, COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSRIOS PARA A OBTENO DO GRAU DE MESTRE EM ESTRUTURAS E CONSTRUO CIVIL.
APROVADA POR:
________________________________________________
Prof. JOO CARLOS TEATINI DE S. CLMACO, PhD (UnB) (Orientador) _________________________________________________
Prof. GUILHERME SALES MELO, PhD (UnB) (Examinador Interno) _________________________________________________
Prof. RAUL ROSAS E SILVA, PhD (PUC-RIO) (Examinador Externo) BRASLIA/DF, 22 DE JUNHO DE 2007
iii
FICHA CATALOGRFICA
MOREIRA, ANDR LUIS ANDRADE A estrutura do Palcio da Justia em Braslia: aspectos histricos, projeto, execuo,
intervenes e proposta de estratgias para manuteno [Distrito Federal] 2007.
xvi, 164p., 297 mm (ENC/FT/UnB, Mestre, Estruturas e Construo Civil, 2007). Dissertao de Mestrado Universidade de Braslia. Faculdade de Tecnologia.
Departamento de Engenharia Civil e Ambiental. 1. Palcio da Justia 2. Patologia 3. Avaliao Estrutural 4. Manuteno de Estruturas I. ENC/FT/UnB II. Ttulo (srie)
REFERNCIA BIBLIOGRFICA MOREIRA, A. L. A. (2007). A estrutura do Palcio da Justia em Braslia: aspectos
histricos, projeto, execuo, intervenes e proposta de estratgias para manuteno.
Dissertao de Mestrado em Estruturas e Construo Civil, Publicao E.DM-005A/07,
Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Braslia, Braslia, DF,
164p.
CESSO DE DIREITOS NOME DO AUTOR: Andr Luis Andrade Moreira
TTULO DA DISSERTAO DE MESTRADO: A estrutura do Palcio da Justia em
Braslia: aspectos histricos, projeto, execuo, intervenes e proposta de estratgias para
manuteno.
GRAU/ANO: Mestre/2007
concedida Universidade de Braslia permisso para reproduzir cpias desta dissertao
de mestrado e para emprestar ou vender tais cpias somente para propsitos acadmicos e
cientficos. O autor reserva outros direitos de publicao e nenhuma parte dessa dissertao
de mestrado pode ser reproduzida sem autorizao por escrito do autor.
______________________________
Andr Luis Andrade Moreira Rua Joo Bosco, 82, conj. Kyssia II, Planalto CEP: 69040-280 - Manaus AM Brasil. [email protected]
iv
AGRADECIMENTOS
Ao professor Joo Carlos Teatini de S. Clmaco, pela disponibilidade, apoio e incentivo
demonstrados durante a orientao desta dissertao.
Ao professor Antnio Alberto Nepomuceno, pelos esclarecimentos e pela valiosa
contribuio dada ao trabalho como co-orientador.
Aos professores do Programa de ps-Graduao em Estruturas e Construo Civil da
Universidade de Braslia pelos ensinamentos transmitidos.
Aos amigos e colegas do Mestrado, pela amizade e o apoio que me dedicaram durante todo
esse perodo.
Ao CNPQ, pelo suporte financeiro.
equipe da TQS Informtica, por disponibilizarem o software de anlise estrutural,
principalmente ao Eng. Luiz Aurlio pelo suporte.
Aos meus amigos e familiares, que acreditaram na minha capacidade para vencer esta
etapa.
Aos meus tios, Mrcio e Diana, pelo perodo que me acolheram em Braslia.
Aline, pelo carinho e companherismo, e por ter, acima de tudo, me ajudado no
desenvolvimento deste trabalho, tanto na superao de dificuldades encontradas, como
pelas idias e sugestes dadas.
Aos meus pais, Paulo e Anlia, pelo amor, pela confiana que depositaram em mim, e por
se fazerem presentes em todos os momentos da minha vida, me dando todo o apoio que
preciso. Aos meus irmos, Ana Paula, Brbara e Jonathan, pelo incentivo, amizade, apoio e
carinho.
Deus, por ter me concedido tamanha conquista.
v
RESUMO A ESTRUTURA DO PALCIO DA JUSTIA EM BRASLIA: ASPECTOS HISTRICOS, PROJETO, EXECUO, INTERVENES E PROPOSTA DE ESTRATGIAS PARA MANUTENO Autor: Andr Luis Andrade Moreira Orientador: Joo Carlos Teatini de S. Clmaco Co-orientador: Antnio Alberto Nepomuceno Programa de Ps-graduao em Estruturas e Construo Civil Braslia, junho de 2007
O Palcio da Justia a primeira sede prpria do mais antigo ministrio da Repblica,
figurando entre os belos exemplos da arquitetura de Oscar Niemeyer e com o projeto
estrutural realizado pelo Escritrio Tcnico Arthur Luiz Pitta (Etalp), fazendo parte do
conjunto de monumentos arquitetnicos de Braslia.
O objetivo principal do trabalho avaliar as condies atuais da estrutura do Palcio da
Justia, tendo em vista os aspectos de segurana, funcionalidade, durabilidade e esttica.
A estrutura da edificao, sua histria, projetos, tecnologia construtiva e intervenes,
foram caracterizadas nos aspectos mais importantes: concepo, perodo das obras,
responsabilidade tcnica e detalhes gerais da edificao. Aspectos peculiares de
modificaes introduzidas no edifcio aps sua inaugurao foram esclarecidos.
O resultado da avaliao estrutural, segundo a Metodologia GDE/UnB para avaliao
quantitativa do grau de deteriorao de estruturas de concreto (2002), apontou para um
estado de deteriorao crtico, no compatvel com uma edificao pertencente a um
patrimnio cultural da humanidade.
Com base nos desenhos originais do projeto estrutural, foi realizada uma anlise da
estrutura do Palcio, por meio de modelos computacionais, mostrando a boa qualidade do
projeto realizado h quase 40 anos atrs.
Como concluso, foi proposta uma estratgia para a implantao de um programa de
manuteno, visando restabelecer nveis aceitveis de desempenho para essa estrutura e,
posteriormente, garantir o prolongamento da vida til da estrutura do Palcio da Justia.
vi
ABSTRACT
THE STRUCTURE OF THE JUSTICE PALACE IN BRASLIA: HISTORICAL ASPECTS, PROJECT, CONSTRUCTION, INTERVENTIONS AND PROPOSAL OF STRATEGIES FOR MAINTENANCE Author: Andr Luis Andrade Moreira Supervisior: Joo Carlos Teatini de S. Clmaco Co-supervisior: Antnio Alberto Nepomuceno Course: Masters degree on structures and construction Braslia, june 2007
The Justice Palace is the first own headquarters of the oldest ministry of the Brazilian
Republic, representing one of the most beautiful examples of Oscar Niemeyers
architecture, with structural design by Arthur Luiz Pitta structural engineering company
(Etalp), being part of the Braslia architectural monuments collection.
The main objective of this work is to analyze the current conditions of the concrete
structure of the Justice Palace building, concerning safety aspects, serviceability, durability
and aesthetics.
The building structure, its history, structural design, constructive technology and
interventions were characterized in the most important aspects: conception, works period,
technical responsibility, details, etc. Aspects of peculiar modifications introduced to the
building after inauguration were explained.
Results of a structural analysis, according to the GDE/UnB method for damage
classification and assessment of concrete structures (2002), pointed to a critical
deterioration level, not incompatible with an humanity cultural heritage building.
Based on the original structural design drawings, an analysis of the Palace structure was
carried out using computing models and showed the good quality of the almost 40 years
old project.
In conclusion, a strategy was proposed to establish a maintenance program, aiming to
reinstate acceptable levels of performance for this structure and to guarantee an extended
service life for the Justice Palace building.
vii
SUMRIO
1 - INTRODUO.................................................................................................................1
1.1 - GENERALIDADES .................................................................................................1
1.2 - MOTIVAO ..........................................................................................................2
1.3 - OBJETIVOS .............................................................................................................3
1.4 - ESTRUTURA DO TRABALHO.............................................................................4
2 - DESCRIO SUCINTA DAS ESTRUTURAS DE MONUMENTOS DE
BRASLIA..........................................................................................................................7
2.1 - INTRODUO ........................................................................................................7
2.1.1 - A obra de Oscar Niemeyer em Braslia ..........................................................8
2.2 - O PALCIO DA ALVORADA...............................................................................9
2.3 - O PALCIO DO PLANALTO .............................................................................11
2.4 - A CATEDRAL DE BRASLIA.............................................................................14
2.5 - O PALCIO DO CONGRESSO NACIONAL....................................................16
2.6 - O PALCIO DO ITAMARATY ..........................................................................19
2.7 - O INSTITUTO CENTRAL DE CINCIAS ICC.............................................22
3 - PRINCPIOS GERAIS DA AVALIAO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO.26
3.1 - INTRODUO ......................................................................................................26
3.2 - ASPECTOS GERAIS.............................................................................................26
3.3 - INVESTIGAO...................................................................................................27
3.3.1 - Pesquisa Histrica ..........................................................................................28
3.3.2 - Inspeo da estrutura.....................................................................................29
3.3.3 - Ensaios e procedimentos ................................................................................31
3.3.4 - Monitorao da estrutura..............................................................................32
3.4 - DESEMPENHO ESTRUTURAL .........................................................................32
3.4.1 - Modelo estrutural ...........................................................................................32
3.4.2 - Propriedades dos materiais ...........................................................................33
3.4.3 - Aes a considerar..........................................................................................33
3.4.3.1 - Aes fsicas, qumicas e biolgicas ........................................................35
3.5 - DIAGNSTICO .....................................................................................................36
3.5.1 - Avaliao da segurana..................................................................................36
viii
4 - O PALCIO DA JUSTIA...........................................................................................38
4.1 - INTRODUO ......................................................................................................38
4.2 - HISTRICO DA CONSTRUO.......................................................................40
4.3 - A ARQUITETURA ................................................................................................47
4.4 - A ESTRUTURA......................................................................................................50
4.4.1 - O projeto original ...........................................................................................51
4.4.2 - Modificaes na estrutura .............................................................................58
5 - AVALIAO DA ESTRUTURA DO PALCIO DA JUSTIA..............................61
5.1 - INTRODUO ......................................................................................................61
5.2 - IDENTIFICAO E DIVISO DA ESTRUTURA ...........................................61
5.3 - CLASSIFICAO DA AGRESSIVIDADE DO AMBIENTE ..........................62
5.4 - METODOLOGIA GDE/UnB PARA QUANTIFICAO DO GRAU DE
DETERIORAO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO................................64
5.4.1 - Diviso em famlias de elementos..................................................................65
5.4.2 - Fator de ponderao, Fp.................................................................................65
5.4.3 - Fator de intensidade, Fi..................................................................................67
5.4.4 - Grau do dano, D, e Grau de deteriorao do elemento, Gde.......................68
5.4.5 - Grau de deteriorao das famlias de elementos, Gdf..................................72
5.4.6 - Grau de deteriorao global da estrutura, Gd .............................................73
5.5 - ENSAIOS E PROCEDIMENTOS REALIZADOS.............................................74
5.5.1 - Extrao de testemunhos do concreto ..........................................................76
5.5.2 - Profundidade de carbonatao .....................................................................77
5.5.3 - Ensaios de absoro capilar...........................................................................78
5.5.4 - Resistncia compresso do concreto ..........................................................81
5.5.5 - Cobrimento das armaduras...........................................................................82
5.6 - DISCUSSO DOS RESULTADOS......................................................................82
5.6.1 - Anlise das vigas do pergolado - jardim interno .........................................83
5.6.2 - Anlise da estrutura das fachadas ................................................................85
5.7 - INTERVENES ..................................................................................................87
6 - MODELAGEM DA ESTRUTURA DO PALCIO DA JUSTIA ...........................92
6.1 - INTRODUO ......................................................................................................92
6.2 - MODELOS UTILIZADOS....................................................................................93
ix
6.2.1 - Analogia de grelha..........................................................................................93
6.2.2 - Prtico espacial ...............................................................................................95
6.2.3 - Modelo espacial do Palcio da Justia..........................................................96
6.3 - AES CONSIDERADAS ...................................................................................98
6.3.1 - Variao de temperatura ...............................................................................99
6.3.2 - Combinao de aes ...................................................................................101
6.4 - RESULTADOS .....................................................................................................103
6.4.1 - Anlise dos pavimentos ................................................................................104
6.4.2 - Anlise espacial da estrutura.......................................................................110
6.4.2.1 - Estabilidade global do edifcio ...............................................................113
7 - ESTRATGIAS PARA UM PROGRAMA DE MANUTENO ..........................115
7.1 - INTRODUO ....................................................................................................115
7.2 - MANUTENO DE ESTRUTURAS ................................................................115
7.3 - PROGRAMA DE MANUTENO PARA O PALCIO DA JUSTIA ......118
7.3.1 - Manuteno corretiva ..................................................................................119
7.3.2 - Manuteno preventiva................................................................................120
8 - CONCLUSES E SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS ......................124
8.1 - CONSIDERAES GERAIS.............................................................................124
8.2 - CONCLUSES.....................................................................................................125
8.2.1 - Quantificao da deteriorao da estrutura pela Metod. GDE/UnB ......125
8.2.2 - Anlise da estrutura do Palcio por modelagem computacional .............127
8.2.3 - Proposta de programa de manuteno para a estrutura do Palcio .......128
8.3 - SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS..............................................129
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ..........................................................................132
APNDICES
A TABELAS DE AVALIAO..................................................................................138
B PLANILHAS PARA INSPEO ROTINEIRA....................................................147
C MENSAGENS RECEBIDAS DO ENG. FAUSTO A. F. FAVALE......................154
D TIPOS DE DANOS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO.................................157
x
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1: Comparao das cargas de fundao do Itamaraty (Santos Jr., 2004) ............. 22
Tabela 3.1 Indicao de intervalos de inspeo, em anos. (FIP, 1988)............................ 30
Tabela 4.1 Especificaes de projeto para os pavimentos do Palcio da Justia ............. 51
Tabela 4.2 Especificaes do projeto estrutural da cobertura do Palcio da Justia........ 58
Tabela 5.1 Classes de agressividade ambiental (tabela 6.1 NBR 6118:2003) .............. 62
Tabela 5.2 Classificao da agressividade dos ambientes do Palcio da Justia ............. 63
Tabela 5.3 Qualidade do concreto e cobrimento: NBR 6118:2003 versus especificaes
do projeto do Palcio da Justia ..................................................................... 63
Tabela 5.4 Famlias de elementos do Pal. da Justia, danos e fatores de ponderao...... 66
Tabela 5.5 Fator de intensidade de uma manifestao de dano........................................ 67
Tabela 5.6 Classificao dos nveis de deteriorao do elemento (Boldo, 2002) ............ 68
Tabela 5.7 Modelo de planilha utilizada para avaliao dos pilares ................................ 69
Tabela 5.8 Modelo de planilha utilizada para avaliao das vigas................................... 70
Tabela 5.9 Modelo de planilha utilizada para avaliao das lajes.................................... 71
Tabela 5.10 Determinao do grau de deteriorao da estrutura do Palcio da Justia ... 73
Tabela 5.11 - Classificao dos nveis de deteriorao da estrutura (Boldo, 2002)............ 74
Tabela 5.12 Determinao do grau de deteriorao da estrutura do Palcio da Justia,
aps intervenes ........................................................................................... 91
Tabela 7.1 Prazos para interveno em elementos da estrutura do Palcio da Justia... 120
Tabela A.1: Avaliao do pilar P69 do Palcio da Justia ................................................ 138
Tabela A.2: Avaliao do pilar P70 do Palcio da Justia ................................................ 138
Tabela A.3: Avaliao do pilar P71 do Palcio da Justia ................................................ 138
Tabela A.4: Avaliao do pilar P72 do Palcio da Justia ................................................ 139
Tabela A.5: Avaliao do pilar P73 do Palcio da Justia ................................................ 139
Tabela A.6: Avaliao do pilar P74 do Palcio da Justia ................................................ 139
Tabela A.7: Avaliao do pilar P75 do Palcio da Justia ................................................ 140
Tabela A.8: Avaliao do pilar P76 do Palcio da Justia ................................................ 140
Tabela A.9: Avaliao do pilar P77 do Palcio da Justia ................................................ 140
Tabela A.10: Avaliao do pilar P78 do Palcio da Justia .............................................. 141
Tabela A.11: Avaliao do pilar P79 do Palcio da Justia .............................................. 141
Tabela A.12: Avaliao do pilar P80 do Palcio da Justia .............................................. 141
Tabela A.13: Avaliao do pilar P81 do Palcio da Justia .............................................. 142
xi
Tabela A.14: Avaliao do pilar P82 do Palcio da Justia .............................................. 142
Tabela A.15: Avaliao do pilar P83 do Palcio da Justia .............................................. 142
Tabela A.16: Avaliao do pilar P84 do Palcio da Justia .............................................. 143
Tabela A.17: Avaliao do pilar P85 do Palcio da Justia .............................................. 143
Tabela A.18: Avaliao dos pilares P86 a P95 do Palcio da Justia ............................... 143
Tabela A.19: Avaliao das lminas que formam o brise, fachada oeste do Palcio da
Justia ........................................................................................................... 144
Tabela A.20: Avaliao das vigas de bordo da cobertura do Palcio da Justia............... 144
Tabela A.21: Avaliao das vigas do pergolado, de 32 m, jardim interno do Palcio da
Justia ........................................................................................................... 145
Tabela A.22: Avaliao das vigas do pergolado, de 18 m, jardim interno do Palcio da
Justia ........................................................................................................... 145
Tabela A.23: Avaliao das lajes dos avarandados do Palcio da Justia ........................ 146
Tabela A.24: Avaliao das cascatas, elem. arquitetnicos, do Palcio da Justia........... 146
Tabela A.25: Avaliao dos semi-arcos, fachada sul, do Palcio da Justia..................... 146
Tabela A.26: Avaliao dos arcos, fachada norte, do Palcio da Justia .......................... 146
Tabela B.1: Check list para inspeo de pilares ................................................................ 148
Tabela B.2: Check list para inspeo de vigas................................................................... 149
Tabela B.3: Check list para inspeo de lajes.................................................................... 150
Tabela B.4: Check list para inspeo de elementos arquitetnicos (arcos, cascatas, etc.) 151
Tabela B.5 - Classificao dos danos e fatores de intensidade (1)................................... 152
Tabela B.5 - Classificao dos danos e fatores de intensidade (2).................................... 153
Tabela D.1: Classes de agressividade ambiental (Tab.1, PNB-1/2001)............................ 157
Tabela D.2: Classes de agressividade ambiental em funo das condies de exposio
(Tab.2, PNB-1/2001).................................................................................... 158
Tabela D.3: Correspondncia entre classe de agressividade ambiental e cobrimento
nominal para c=10mm (Tab.4, PNB-1/2001) ............................................ 159 Tabela D.4: Limites para deslocamentos (Tab.18, PNB-1/2001)...................................... 162
xii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 Vista area da Esplanada dos Ministrios, Eixo Monumental ...................... 2
Figura 2.1 Esboo do Plano Piloto de Braslia (ArPDF).................................................... 7
Figura 2.2 Fachada principal do Palcio da Alvorada ....................................................... 9
Figura 2.3 Detalhe dos pilares da fachada do Palcio da Alvorada ................................. 10
Figura 2.4 Estrutura da fachada do Palcio da Alvorada em construo (Orco, 1961) .. 10
Figura 2.5 O Palcio do Planalto ..................................................................................... 11
Figura 2.6 Pilares externos do Palcio do Planalto .......................................................... 12
Figura 2.7 Fachada principal do Palcio do Planalto ....................................................... 13
Figura 2.8 A Catedral de Braslia .................................................................................... 14
Figura 2.9 Estrutura da Catedral de Braslia (Postal Colombo) ....................................... 14
Figura 2.10 Deslocamentos do modelo realizado no programa Ansys (Pessoa, 2002).... 15
Figura 2.11 O Congresso Nacional ................................................................................. 16
Figura 2.12 Corte radial da estrutura da Cmara dos Deputados (ArPDF)...................... 17
Figura 2.13 Armao das cpulas do Congresso Nacional (Tamanini, 1994) ................. 18
Figura 2.14 Detalhe da estrutura das torres do Congresso Nacional (ArPDF)................. 18
Figura 2.15 A construo do Palcio do Congresso Nacional (ArPDF) .......................... 19
Figura 2.16 Palcio do Itamaraty (Santos Jr., 2004) ........................................................ 19
Figura 2.17 A estrutura do Palcio do Itamaraty (ArPDF)............................................... 20
Figura 2.18 Modelo estrutural do Itamaraty, SAP 2000 (Santos Jr, 2004) ...................... 21
Figura 2.19 Maquete do ICC (Ceplan) ............................................................................. 22
Figura 2.20 Vista area do ICC (Google Earth) ............................................................... 23
Figura 2.21 Corte transversal do I.C.C. (Cedoc-UnB) ..................................................... 24
Figura 2.22 Montagem das vigas pr-moldadas da cobertura do ICC (Cedoc-UnB)....... 24
Figura 3.1 Classificao das aes ................................................................................... 34
Figura 4.1 Esplanada dos Ministrios a partir do Congresso; esquerda o Palcio do
Itamaraty, relaes exteriores, e direita o Palcio da Justia (Hermnio
Oliveira) ......................................................................................................... 38
Figura 4.2 Fachada principal do Palcio da Justia (Isaac Amorim) ............................... 39
Figura 4.3 Maquete do Edifcio-Sede, 1965 (Diviso de Obras MJ) ............................ 40
Figura 4.4 Execuo das fundaes do Palcio da Justia (Diviso de Obras - MJ) ....... 41
Figura 4.5 Execuo da 1. laje Trreo (Diviso de Obras MJ) ................................. 42
Figura 4.6 Execuo da 2. laje (Diviso de Obras MJ) ................................................ 42
xiii
Figura 4.7 Execuo da 4. laje (Diviso de Obras MJ) ................................................ 42
Figura 4.8 Execuo da 6. laje - Cobertura (Diviso de Obras MJ)............................. 43
Figura 4.9 Incio das frmas do brise-soleil, fachada oeste (Diviso de Obras MJ) ..... 43
Figura 4.10 Frmas das cascatas, fachada principal (Diviso de Obras MJ) ................ 43
Figura 4.11 Desforma da fachada leste (Diviso de Obras MJ).................................... 44
Figura 4.12 Desforma dos arcos e cascatas, fachada principal (D. O. MJ)................... 44
Figura 4.13 Estrutura do Palcio da Justia em fase final (Diviso de Obras MJ) ....... 44
Figura 4.14 Fachada principal, fachada sul do Palcio da Justia.................................... 47
Figura 4.15 Fachada oeste, brise-soleil, do Palcio da Justia ..................................... 48
Figura 4.16 Fachada leste do Palcio da Justia............................................................... 48
Figura 4.17 Fachada norte do Palcio da Justia.............................................................. 49
Figura 4.18 Jardim interno do Palcio da Justia ............................................................. 49
Figura 4.19 Frma do pavimento trreo, Palcio da Justia (sem escala)........................ 52
Figura 4.20 Frma do 2. pavimento do Palcio da Justia (sem escala)......................... 53
Figura 4.21 Detalhe da estrutura do auditrio, em elevao (sem escala) ....................... 54
Figura 4.22 Vista interna do Palcio da Justia, Salo Negro.......................................... 54
Figura 4.23 Frma do 3. pavimento do Palcio da Justia (sem escala)......................... 55
Figura 4.24 Frma do 4. e 5. pavimento do Palcio da Justia (sem escala)................. 56
Figura 4.25 Frma da cobertura do Palcio da Justia (sem escala) ................................ 57
Figura 4.26 Casa de mquina acima do nvel da cobertura .............................................. 59
Figura 4.27 Fachada do Palcio da Justia, antes e depois da modificao nos arcos
(Botey, 1997).................................................................................................. 59
Figura 5.2 Fluxograma da metodologia GDE/UnB (Castro, 1994).................................. 64
Figura 5.3 Fator de intensidade, Fi, para alguns elementos da estrutura do Palcio........ 67
Figura 5.4 Grau de deteriorao das famlias de elementos do Palcio da Justia........... 72
Figura 5.4 Localizao, em planta, dos elementos avaliados por meio de ensaios .......... 75
Figura 5.5 Extrao de testemunhos da estrutura do Palcio da Justia........................... 76
Figura 5.6 Testemunhos extrados da estrutura do Palcio da Justia.............................. 77
Figura 5.7 Reao do indicador, fenolftalena, em fraturas realizadas nas vigas do
pergolado, devidamente escoradas. ................................................................ 78
Figura 5.8 Absoro por capilaridade dos elementos avaliados, em funo do tempo.... 79
Figura 5.9 Variao linear da absoro capilar, em funo da raiz quadrada do tempo .. 80
Figura 5.10 Resistncia compresso dos elementos avaliados ...................................... 81
Figura 5.11 Cobrimento deficiente em pilar de fachada do Palcio da Justia ................ 82
xiv
Figura 5.12 Pilar P80, corroso acentuada na armadura principal e estribos................... 83
Figura 5.13 Efeito da espessura do cobrimento na probabilidade de falha para estruturas
em ambiente externo protegido da chuva (Figueiredo, 2004)........................ 86
Figura 5.14 Hidro-jateamento da fachada sul do Palcio da Justia, em execuo ......... 87
Figura 5.15 Fachada principal do Palcio da Justia aps hidro-jateamento ................... 88
Figura 5.16 Etapas da recuperao das vigas do pergolado ............................................. 89
Figura 5.17 Vigas do pergolado, jardim interno, aps a recuperao .............................. 89
Figura 5.18 Grau de deteriorao das famlias de elementos, aps as intervenes ........ 90
Figura 6.1 Espaamento entre as barras da grelha de uma laje nervurada ...................... 94
Figura 6.2 Exemplo de discretizao do pavimento em grelha (CAD/TQS) ................... 94
Figura 6.3 Modelo integrado: grelha + prtico espacial................................................... 96
Figura 6.4 Modelo 3D da estrutura interna do Palcio da Justia (CAD/TQS) ............... 98
Figura 6.5 Variao de temperatura anual em Braslia, no perodo de 1961 a 1990
(INMET, 2006)............................................................................................. 100
Figura 6.6 Deslocamentos verticais da estrutura do trreo, em cm (CAD/TQS) ........... 104
Figura 6.7 Deslocamentos verticais da estrutura do 2. pav., em cm (CAD/TQS) ........ 105
Figura 6.8 - Deslocamentos verticais da estrutura do 3. pav., em cm (CAD/TQS) ......... 105
Figura 6.9 - Deslocamentos das estruturas do 4. e 5. pav., em cm (CAD/TQS) ............ 106
Figura 6.10 - Deslocamentos da cobertura, em centmetros (CAD/TQS)......................... 107
Figura 6.11 Deslocamentos horizontais da cobertura, em centmetros, devido variao
de temperatura de 15C (CAD/TQS) ........................................................ 108 Figura 6.12 Foras normais nas vigas da cobertura, em kN, T = +15C ..................... 109 Figura 6.13 Deslocamentos horizontais, em centmetros, pela ao do vento com
incidncia de 0 (CAD/TQS) ....................................................................... 110 Figura 6.14 Deslocamentos horizontais, em centmetros, pela ao do vento com
incidncia de 90 (CAD/TQS) ..................................................................... 111 Figura 6.15 - Deslocamentos horizontais, em centmetros, pela variao de temperatura de
+15C (modelo prtico espacial, CAD/TQS)............................................... 112 Figura 7.1 Lei de evoluo de custos (Helene, 1992 apud SITTER, 1984) ................... 116
Figura 7.2 Fluxograma para um plano de manuteno (Castro et al., 2003) ................. 117
Figura 7.3 Modelo de desempenho de uma estrutura sob manuteno peridica (adaptada
de Cunha, 2006) ........................................................................................... 118
Figura 7.3 Proposta de modelo para o desempenho da estrutura do Palcio da Justia. 119
xv
LISTA DE SMBOLOS, NOMENCLATURA E ABREVIAES
Unesco - Organizao das Naes Unidas para Educao, Cincia e Cultura
PECC/UnB - Programa de Ps-Graduao em Estruturas e Construo Civil da Universidade de Braslia
Etalp - Escritrio Tcnico Arthur Luiz Pitta
Icomos - Comit Cientfico Internacional para Anlise e Restaurao de Estruturas do Patrimnio Arquitetnico.
Novacap - Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil
ArPDF - Arquivo pblico do Distrito Federal
ICC - Instituto Central de Cincias
Ceplan - Centro de Planejamento Oscar Niemeyer
Cedoc - UnB - Centro de Documentao da Universidade de Braslia
FIP - Federao Internacional de Protenso
ABECE - Associao brasileira de engenharia e consultoria estrutural
Inmet - Instituto nacional de meteorologia
Specon - Sistema de Projetos para Edifcios de Concreto
GDE/UnB - Metodologia para a avaliao quantitativa do grau de deteriorao de estruturas de concreto
ELU - Estados limites ltimos
ELS - Estados limites de servio
r - Tenso mnima de ruptura do concreto compresso aos 28 dias fck - Resistncia caracterstica compresso do concreto
fyk - Resistncia caracterstica ao escoamento do ao de armadura passiva
Fp - Fator de ponderao do dano
Fi - Fator de intensidade do dano
D - Grau do dano
Gde - Grau de deteriorao do elemento
Gdf - Grau de deteriorao de uma famlia de elementos
xvi
Fr - Fator de relevncia estrutural
Gd - Grau de deteriorao global da estrutura
T - variao de temperatura
z - coeficiente para a avaliao da estabilidade global de edifcios de concreto armado Ecs - Mdulo de elasticidade secante do concreto Gc - Mdulo de elasticidade transversal do concreto - Coeficiente de Poisson Fd,serv - Valor de clculo das aes para as combinaes de servio FGi,k - Aes permanentes diretas
FQj,k - Aes variveis diretas
2j - Fator de reduo quase permanente para as aes variveis diretas
1 - INTRODUO
1.1 - GENERALIDADES
Com menos de 50 anos de sua inaugurao, em 1960, Braslia, com sua reconhecida
qualidade de vida, a realizao dos sonhos de seus criadores e fonte de inspirao da
vanguarda da arquitetura e engenharia modernas. A cidade patrimnio cultural da
humanidade, ttulo outorgado pela Organizao das Naes Unidas para Educao, Cincia
e Cultura (Unesco), desde 1987. O tombamento de Braslia possui carter indito, uma vez
que somente cidades seculares haviam sido tombadas.
A preservao do patrimnio nacional matria definida e estabelecida na constituio
brasileira. Para isso, importantssima a educao patrimonial, de modo a estabelecer
conceitos e princpios para a conservao do conhecimento, compondo, assim, a memria
dos monumentos. Em muitos pases desenvolvidos, com a valorizao adequada do
patrimnio histrico, existem inmeras publicaes sobre as tcnicas de engenharia
envolvidas na criao e execuo de seus monumentos, o que possibilita a avaliao
continuada de sua situao fsica, subsidiando programas de manuteno peridica e
conservao.
O professor Augusto Carlos de Vasconcelos, em seu livro O Concreto no Brasil (1992),
menciona a obra de Braslia como um acontecimento marcante na engenharia e na
arquitetura mundial e questiona o desprezo histria da Engenharia Estrutural de Braslia,
constatado mesmo nos meios tcnicos e classistas da engenharia. Muitas revistas nacionais
e internacionais descreveram os trabalhos de Oscar Niemeyer e Lcio Costa para a capital;
entretanto, os engenheiros no escreveram praticamente nada sobre suas realizaes nessas
obras, seja sobre as estruturas, as instalaes, as obras hidrulicas ou de saneamento.
Assim, o Programa de Ps-Graduao em Estruturas e Construo Civil (PECC/UnB) na
linha de pesquisa Patologia, Recuperao e Manuteno de Estruturas, vm desenvolvendo
uma srie de trabalhos, idealizados para preencher essa lacuna na preservao da histria
da Engenharia Estrutural dos monumentos de Braslia. Assim como boa parte das
edificaes de relevncia histrica no pas, os monumentos de Braslia no tiveram a
1
ateno adequada para o registro da sua concepo e do clculo estrutural, alm das
tcnicas construtivas empregadas.
1.2 - MOTIVAO
Para a Engenharia Estrutural, as obras de Braslia significaram novidade, audcia, arrojo e
evidenciam resultados surpreendentes. Poderiam, tambm, com o estudo adequado das
tcnicas de projeto e construo utilizadas, revolucionar muitas conquistas tericas
consagradas, se os profissionais e pesquisadores da engenharia resolvessem se dedicar ao
estudo e anlise dessas estruturas. Como destaca o professor Augusto Vasconcelos: As
estruturas l esto e podem ser observadas em seu desempenho, seus defeitos e suas
anormalidades (1992).
Engajado nesse mesmo pensamento, o presente trabalho vem se somar s dissertaes de
mestrado de Pessoa (2002), sobre a estrutura da Catedral Metropolitana de Braslia, e de
Santos Jr. (2004), sobre a estrutura do Palcio do Itamaraty Ministrio de Relaes
Exteriores, como parte dessa srie que o PECC/UnB se props a desenvolver.
Dentre o conjunto de monumentos de Braslia, destaca-se o edifcio sede do Ministrio da
Justia, o Palcio da Justia, em local privilegiado da Esplanada dos Ministrios, na Via
N1 do Eixo Monumental, onde se concentram alguns dos principais monumentos
arquitetnicos da cidade, como ilustrado na Figura 1.1.
Legenda:
1- Catedral Metropolitana
2- Palcio do Itamaraty
3- Palcio da Justia
4- Congresso Nacional
5- Palcio do Planalto
6- Palcio do Supremo Tribunal Federal
6 2 1
3 5 4
Figura 1.1 Vista area da Esplanada dos Ministrios, Eixo Monumental (Google Earth)
2
Objeto desta pesquisa, a estrutura do Palcio da Justia a primeira sede prpria do mais
antigo ministrio da Repblica, figurando entre os belos exemplos da arquitetura de Oscar
Niemeyer e com o projeto estrutural realizado pelo Escritrio Tcnico Arthur Luiz Pitta
(Etalp), de So Paulo - SP.
Chegando aos 35 anos de idade, o edifcio visitado por turistas na capital e considerado
um dos frutos mais relevantes da genialidade de Niemeyer, merecendo receber uma
ateno compatvel, que possa assegurar a extenso de sua vida til.
1.3 - OBJETIVOS
Este trabalho tem como objetivo principal avaliar as condies atuais da estrutura do
Palcio da Justia, tendo em vista os aspectos de segurana, funcionalidade, durabilidade e
esttica.
Como objetivos especficos, pretende-se:
Caracterizar a estrutura da edificao, sua histria, projetos, tecnologia construtiva e intervenes;
Quantificar o grau de deteriorao da estrutura, com a aplicao da Metodologia GDE/UnB, desenvolvida no PECC e com eficincia testada em diversos trabalhos
(1994, 1998, 2002);
Realizar ensaios e procedimentos para a caracterizao do concreto de elementos estruturais;
Avaliar o comportamento da estrutura nos seus 35 anos de idade, utilizando modelos contemporneos de anlise, por meio de programa computacional de uso
corrente (Sistema CAD/TQS);
Propor estratgias para um programa de manuteno de longo prazo, para garantir a vida til do monumento.
Apesar da dificuldade em se obter registros sobre a obra do Palcio da Justia, foi possvel
evidenciar os aspectos mais importantes de sua concepo e histria, referentes,
3
principalmente, estrutura do edifcio. Inclusive, esclarecer certos aspectos peculiares com
base nas modificaes s quais o edifcio foi submetido aps sua inaugurao.
O resultado da avaliao estrutural se mostrou coerente, refletindo razoavelmente o estado
de deteriorao encontrado na estrutura, no compatvel com uma edificao pertencente
ao conjunto de monumentos do patrimnio cultural da humanidade.
Mesmo sem ter acesso ao projeto estrutural completo, foi realizada uma anlise da
estrutura do Palcio, por meio de modelos computacionais, mostrando a boa qualidade do
projeto realizado quase 40 anos atrs, em certos pontos, em que foi comparado com as
prescries normativas atuais.
Como concluso, foi proposta uma estratgia para a implantao de um programa de
manuteno, visando restabelecer nveis aceitveis de desempenho para essa estrutura e,
posteriormente, garantir a extenso da vida til do Palcio da Justia.
1.4 - ESTRUTURA DO TRABALHO
O corpo deste trabalho est dividido em oito captulos, incluindo esta Introduo. Alm
disso, existem trs apndices que trazem as informaes complementares.
No Captulo 2, feita uma descrio sucinta de alguns monumentos arquitetnicos de
Braslia, obras de Oscar Niemeyer, em uma abordagem focada nas caractersticas
estruturais das edificaes, que poca, representaram grande arrojo nas solues
adotadas. Foram priorizados os mais antigos e importantes monumentos, sendo feita a
descrio dos palcios da Alvorada, do Planalto, do Congresso Nacional, do Itamaraty, da
Catedral Metropolitana e do Instituto Central de Cincias da Universidade de Braslia.
O Captulo 3 rene alguns princpios fundamentais, na forma de um guia prtico para a
avaliao de estruturas de concreto. O desenvolvimento desse captulo resultado do
estudo de recomendaes para a avaliao de estruturas e baseado, principalmente, no
documento Anlise, Conservao e Restaurao do Patrimnio Arquitetnico, aprovado
pelo comit cientfico do ICOMOS (2001).
4
No Captulo 4, feita a apresentao do Palcio da Justia, sendo descrita a histria de sua
construo, com referncias concepo, projeto estrutural, arquitetura, tecnologia
construtiva, materiais e modificaes. O objetivo deste captulo contribuir para o
cadastramento de informaes histricas relevantes sobre a estrutura do monumento, sendo
tambm parte integrante da sua avaliao.
O Captulo 5 apresenta as condies da estrutura do Palcio da Justia no seu estado atual.
Para isso, foi aplicada a Metodologia GDE/UnB para quantificao do grau de deteriorao
de estruturas de concreto, alm de uma investigao por meio de ensaios e procedimentos
para a caracterizao do material. Este captulo abrange uma anlise dos principais
mecanismos de deteriorao encontrados nos elementos do Palcio da Justia.
O Captulo 6 tem o objetivo de analisar a concepo estrutural do Palcio da Justia, de
acordo com o projeto original da estrutura. Baseado em mtodos correntes de anlise
estrutural, via ferramenta computacional, so apresentados os modelos idealizados para a
avaliao de deslocamentos e esforos atuantes na estrutura, submetida a combinaes que
envolvem cargas permanentes, acidentais, vento e temperatura.
Com os resultados obtidos dos captulos anteriores, o Captulo 7 traz uma proposta de
programa de manuteno a ser aplicado na estrutura do Palcio da Justia, visando
contribuir para a garantia e prolongamento da vida til do monumento.
No Captulo 8 so apresentadas as concluses obtidas no trabalho e as sugestes para
trabalhos futuros relacionados ao tema deste estudo.
O Apndice A traz as tabelas de avaliao dos elementos que compem a estrutura externa
do Palcio da Justia. Essas tabelas foram desenvolvidas utilizando-se planilhas
eletrnicas, software Excel, seguindo as prescries da Metodologia GDE/UnB (2002),
auxiliando na quantificao do grau de deteriorao da estrutura.
Para auxiliar as inspees rotineiras, parte da proposta do programa de manuteno, no
Apndice B apresentado um conjunto de planilhas, check list, que evidencia os principais
pontos a serem investigados, conforme os elementos tpicos da estrutura.
5
O Apndice C foi utilizado para registrar as informaes recebidas do engenheiro Fausto
Amadeu F. Favale, participante da concepo do projeto estrutural do Palcio da Justia
pelo Escritrio Tcnico Arthur Luiz Pitta (Etalp). Essas mensagens foram recebidas no
perodo de junho a novembro de 2006, como resposta aos questionamentos enviados ao
engenheiro Fausto Favale, essenciais para esclarecer aspectos histricos e de projeto do
Palcio.
Para finalizar, o Apndice D tem por objetivo conceituar, sucintamente, os danos mais
freqentes em estruturas de concreto. O texto apresentado foi extrado do Roteiro de
Inspeo, parte integrante da Metodologia GDE/UnB destinada avaliao quantitativa do
grau de deteriorao de estruturas de concreto.
6
2 - DESCRIO SUCINTA DAS ESTRUTURAS DE MONUMENTOS
DE BRASLIA
2.1 - INTRODUO
A determinao desenvolvimentista do governo Juscelino Kubitsheck, de 1956 a 1960,
conseguiu cumprir sua maior e de grande impacto meta: a construo de Braslia, a nova
capital.
Um grande concurso nacional para escolher o plano urbanstico da nova cidade, que contou
com todos os nomes relevantes da arquitetura e do urbanismo brasileiro, premiou, em
maro de 1957, a proposta do arquiteto e urbanista Lucio Costa.
No traado urbanstico de Braslia, Lucio Costa definiu, em forma estilizada de um avio,
o Plano Piloto. No eixo transversal leste-oeste, denominado Eixo Monumental, ficou
previsto o conjunto de edifcios destinados aos poderes fundamentais da Repblica:
Legislativo, Executivo e Judicirio, que formam um tringulo que configura a Praa dos
Trs Poderes. Partindo da rumo interseco dos eixos longitudinal e transversal,
desenvolve-se a monumental Esplanada dos Ministrios (Figura 2.1).
Praa dos
7
Trs Poderes
Esplanada dos
Ministrios
Figura 2.1 Esboo do Plano Piloto de Braslia (ArPDF)
Com os espaos j previamente definidos no Plano Piloto, ficou a arquitetura dos prdios
pblicos, na sua maioria, a cargo do arquiteto Oscar Niemeyer.
2.1.1 - A obra de Oscar Niemeyer em Braslia
Aps o seu sucesso nos projetos do complexo da Pampulha em Minas Gerais, Niemeyer
convidado pelo ento presidente Juscelino Kubitschek, em 1956, para projetar os
monumentos da Esplanada dos Ministrios da capital do Brasil. Foi nomeado Diretor do
Departamento de Arquitetura da NOVACAP, empresa responsvel pela construo de
Braslia.
Criticando severamente o modo como os projetos se faziam frios e repetitivos, limitados
pela justificativa do funcionalismo, Oscar Niemeyer, com o uso do concreto armado,
apostou e buscou a to requerida liberdade da forma plstica nos seus projetos.
De acordo com o arquiteto, ao iniciar os projetos de Braslia j havia sido estabelecida,
juntamente com os tcnicos do concreto armado, uma unidade de pensamento
indispensvel: As antigas divergncias, o rigorismo estrutural e os problemas de falsa
economia estavam superados. A leveza arquitetural que tanto nos entusiasmava era por
todos compreendida e nela os tcnicos do concreto Joaquim Cardozo, inclusive - se
integraram com entusiasmo (Niemeyer, 1980).
O trabalho do engenheiro estrutural se fez muito importante. A convenincia de criar
espaos mais amplos e flexveis levou o arquiteto e calculista a intervirem nos sistemas
estruturais. As estruturas passaram a caracterizar a prpria arquitetura.
E foi decidido em buscar a beleza e no somente os aspectos funcionais que Niemeyer
projetou os Palcios de Braslia, suas estruturas variadas, seus apoios finssimos como se
apenas tocassem ao cho. Chegou a classificar sua arquitetura em Braslia como a mais
livre e rigorosa. Livre, no sentido de conseguir a forma plstica, e rigorosa por ter que
mant-la em permetros regulares e definidos.
Vamos com satisfao que o Plano Piloto de Lcio Costa era justo e certo, que se
adaptava bem ao terreno, s suas conformaes, e que os espaos livres e volumes
previstos eram belos e equilibrados. E sentamos que a atmosfera procurada j estava
presente, uma atmosfera de digna monumentalidade, como uma capital requer, com os
ministrios se sucedendo numa repetio disciplinada e a Praa dos Trs Poderes rica de
formas, e ao mesmo tempo, sbria e monumental. (Niemeyer, 1976).
8
Com a idia de descrever sucintamente os monumentos de Braslia, buscou-se priorizar os
mais antigos e importantes, visando ilustrar, numa abordagem voltada s caractersticas
estruturais, aqueles que poca, representaram enorme arrojo nas solues adotadas: os
palcios da Alvorada, do Planalto, do Congresso Nacional, do Itamaraty, a Catedral
Metropolitana e o Instituto Central de Cincias da Universidade de Braslia.
2.2 - O PALCIO DA ALVORADA
Inaugurado pelo presidente Juscelino Kubitschek, este palcio denominado da Alvorada,
residncia do chefe de estado brasileiro, foi executado de 3 de abril de 1957 30 de junho
de 1958, apenas 15 meses, prazo excepcional para o arrojo da obra. Sua localizao, na
margem do Lago Parano, foi definida antes mesmo da abertura do concurso que
escolheria o plano urbanstico de Braslia, sendo o primeiro edifcio do conjunto
monumental erguido na nova capital da Repblica.
Projetado por Niemeyer, o Palcio Residencial do Presidente da Repblica em Braslia
sempre teve o dever de constituir um marco e padro tcnico e artstico da nova capital.
Assim como foi previsto, suas caractersticas tcnicas e plsticas foram temas de grande
repercusso.
Figura 2.2 Fachada principal do Palcio da Alvorada
Segundo o arquiteto, na soluo do Palcio Residencial procurou-se dedicar s colunas
maior ateno, estudando-as cuidadosamente nos seus espaamentos, forma e proporo,
dentro das convenincias da tcnica e dos efeitos plsticos que se desejava obter. Chegou-
se a uma soluo de ritmo contnuo e ondulado, que confere construo leveza e
elegncia, situando-a como simplesmente pousada no solo (Niemeyer, 1957). A Figura 2.3,
a seguir, mostra em detalhe a forma dos pilares.
9
Figura 2.3 Detalhe dos pilares da fachada do Palcio da Alvorada
Integrado no entusiasmo de atingir as formas que representavam a leveza arquitetural,
Joaquim Cardozo foi o responsvel pelo clculo estrutural desse palcio. Avanado com
relao a toda e qualquer norma ou especificao tcnica da poca, Cardozo realizou seus
clculos atendendo s imposies arquitetnicas, sendo assim, alvo de muitas crticas
(Niemeyer, 1980; Vasconcelos, 1992).
De acordo com Vasconcelos (1992), a estrutura foi projetada de uma forma diferente da
que aparenta. Cardozo projetou pilares internos que recebem a maior parcela de cargas,
aliviando as solicitaes nos pilares da fachada, tornando-os apenas elementos com funo
estrutural secundria. Nota-se, na Figura 2.4, esses pilares internos, apoiando as lajes dos
demais pavimentos e cobertura.
Figura 2.4 Estrutura da fachada do Palcio da Alvorada em construo (Orco, 1961)
O ncleo principal do Palcio da Alvorada tem em planta as dimenses de 110 m x 30,5 m,
com os pilares da fachada espaados de 10 m no sentido longitudinal e 30 m no sentido
10
transversal. Esses pilares recebem somente as cargas oriundas da laje de cobertura e as do
piso do avarandado (Vasconcelos, 1992).
A construo do Palcio ficou a cargo da construtora Rabello que, em 15 meses, construiu
os 13.400m2 de edificao. Alm da ala central, dividida em trs pavimentos, a residncia
oficial conta com um anexo de servios e uma capela presidencial. O engenheiro
responsvel pela obra foi Darcy Amora Pinto.
2.3 - O PALCIO DO PLANALTO
A inaugurao do Palcio do Planalto marca a histria brasileira, por simbolizar a
transferncia da Capital Federal para o interior do Pas, promovida no Governo do
Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira. No mesmo dia, 21 de abril de 1960, os Trs
Poderes da Repblica se instalaram simultaneamente em Braslia. O Palcio passou a
sediar o Poder Executivo Federal.
Assim como no Palcio da Alvorada, o arquiteto Oscar Niemeyer procurou atribuir s
colunas desse palcio uma forma que caracterizasse o edifcio, dando-lhe maior leveza e
deixando-o aparentemente solto ou apenas tocando o solo.
O palcio possui quatro nveis e seu volume vedado por caixilhos de vidro; o prdio
recuado em relao cobertura e circundado por uma galeria. Do nvel do observador
situado na Praa dos Trs Poderes s possvel visualizar os quatro andares, vista
reproduzida pela Figura 2.5, mas o prdio possui vrios anexos e subsolo.
Figura 2.5 O Palcio do Planalto
11
Como se pode observar na Figura 2.5, Oscar Niemeyer projetou para a entrada no palcio
uma longa rampa, com a eliminao de dois pilares da fachada, tornando sua entrada mais
imponente.
Os pilares externos foram projetados com uma aresta retilnea e curvas superiores e
inferiores na parte interna, parabolides. Diferente do que acontece no Palcio da
Alvorada, esses pilares no esto com sua forma de destaque voltada para a fachada
principal, esto dispostos em ngulo reto, como pode se ver na Figura 2.6. O espaamento
entre pilares constante de 12,5 metros, com exceo da regio da chegada da rampa, onde
o espaamento de 37,5 metros. J na direo perpendicular fachada, a distncia entre os
pilares externos e internos de 11 metros (Vasconcelos, 1992).
Figura 2.6 Pilares externos do Palcio do Planalto
De acordo com Vasconcelos (1992), as cargas avaliadas nos pilares da fachada so de 1000
kN de reao da laje de cobertura e mais 700 kN de peso prprio. Essas cargas so muito
menores que aquelas que atuam nos pilares internos que recebem as reaes dos demais
pavimentos. Entretanto, as sees desses pilares da fachada, no topo e na base, so to
reduzidas que no podem ser consideradas de concreto armado. A percentagem de ao
nesses pilares to elevada que o engenheiro Joaquim Cardozo, responsvel pelo clculo
estrutural do palcio, dimensionou tais sees para que somente o ao resistisse s
solicitaes. O concreto envolvente tem apenas a funo de proteger e garantir a posio
das armaduras.
12
Para conseguir as formas exatas dos pilares, foi necessria a execuo de um prottipo de
madeira, em escala real, permitindo que Niemeyer observasse seu aspecto visual. As
medidas finais foram ajustadas pelo arquiteto, por meio de um esboo em planta do prprio
projeto estrutural (Vasconcelos, 1992).
Figura 2.7 Fachada principal do Palcio do Planalto
A laje de cobertura, que consiste em uma laje nervurada em caixo perdido, tem sua
espessura variando em direo borda. No centro, ela possui 100 cm de altura total e
chega at 30 cm na fachada. Na regio da chegada da rampa, onde foram eliminados dois
pilares, as nervuras foram calculadas para trabalharem em balano. Explica-se assim, a
altura reduzida de 30 cm para o vo de 37,5 m, como pode ser notado na Figura 2.7.
A construo do Palcio do Planalto, iniciada em 10 de julho de 1958, foi realizada pela
empresa Construtora Pacheco Fernandes Dantas S/A, que tinha como responsvel na obra
o engenheiro Fausto A. F. Favale. Segundo Favale, em mensagem pessoal (2006), a
inexistncia de juntas de dilatao na edificao obrigou, antes da inaugurao, a se efetuar
a liberao das alvenarias no ltimo pavimento. Quanto estrutura, por se tratar de lajes
em caixo perdido, no so visveis as fissuras que eventualmente tenham surgido, pela
movimentao.
Outro problema conhecido foi a deformao excessiva da laje de cobertura. Mesmo sendo
executada com contraflechas, essas deformaes foram suficientes para inverter o
caimento utilizado. A soluo executada, de engrossar o revestimento, acabou agravando o
problema. Para disfarar tais deformaes, a borda da fachada foi recoberta por placas de
mrmore.
13
2.4 - A CATEDRAL DE BRASLIA
Projetada por Oscar Niemeyer e com clculo estrutural de Joaquim Cardozo, a Catedral de
Braslia, para muitos, a mais completa interao arquitetura-estrutura no sculo 20. Em
Braslia, est a evidncia de criao de uma catedral utilizando uma nica pea curva (do
cho rumo ao cu) repetida 16 vezes (Sussekind, 2002).
Figura 2.8 A Catedral de Braslia
Situada em uma praa autnoma prxima Praa dos Trs Poderes, sua construo foi
realizada no perodo de 1959 a 1970, em dois perodos distintos: fase inicial (1959 a 1960),
onde foi construda a estrutura da nave da Catedral; e fase final (1969 a 1970), onde foram
construdas as estruturas do espelho dgua e o Batistrio (Pessoa, 2002 apud Fundao O.
Niemeyer, 2001).
Figura 2.9 Estrutura da Catedral de Braslia (Postal Colombo)
14
Em 2002, a Catedral de Braslia foi o objeto de pesquisa da dissertao do Eng. Diogo
Fagundes Pessoa (2002) para obteno do grau de Mestre em Estruturas e Construo Civil
pela Universidade de Braslia. Nesse trabalho caracterizada a estrutura do monumento,
sua histria, concepo e comportamento, alm de ser realizada uma avaliao da situao
fsica em que se encontrava a estrutura.
A cobertura da nave principal da Catedral sustentada por uma estrutura auto-equilibrada,
composta por 16 pilares dispostos circunferencialmente em relao planta. A estabilidade
da super-estrutura garantida por dois anis de concreto armado. O anel superior com
22cm de base e 90cm de altura est localizado a aproximadamente 10m do topo dos pilares
e absorve os esforos de compresso. O anel inferior (na verdade um conjunto de quatro
anis, unidos por vigas laterais formando uma grelha), ao nvel do piso, absorve os
esforos de trao, funcionando como um tirante, reduzindo as cargas nas fundaes que
recebem apenas os esforos verticais.
Com o objetivo de analisar o comportamento dessa estrutura, Pessoa (2002) idealizou
modelos estruturais utilizando ferramentas computacionais atuais. Dos resultados, alm da
constatao que o modelo se comportava da forma prevista na soluo original admitida
pelo projetista, engenheiro Joaquim Cardozo: esforos de trao no anel inferior e
compresso no anel superior, Pessoa (2002) atestou, numa comparao favorvel, o clculo
das armaduras dos pilares.
0 .006642 .013285 .019927 .025569 .033211 .039854 .045495 .053138 .05978
Figura 2.10 Deslocamentos do modelo realizado no programa Ansys (Pessoa, 2002)
15
A execuo da Catedral de Braslia foi um marco em tecnologia construtiva para a poca.
As frmas dos elementos e o respectivo escoramento metlico, verdadeiras obras de arte,
so testemunhas da ousadia e competncia dos profissionais brasileiros de Engenharia e
Arquitetura.
A resistncia do concreto compresso de 35 MPa aos 28 dias, extremamente elevada para
a dcada de 50, exigiu um controle tecnolgico rigoroso e qualidade dos materiais
constituintes. A utilizao de ao torcido, CAT 50, e o emprego de soldas de topo, para
evitar o trespasse da armadura longitudinal, foram outras caractersticas interessantes dessa
obra.
2.5 - O PALCIO DO CONGRESSO NACIONAL
O Congresso Nacional, ao lado do Supremo Tribunal de Justia e do Palcio do Planalto,
compe a Praa dos Trs Poderes. O edifcio abriga a Cmara dos Deputados e o Senado
Federal. Localizado em local de destaque na Esplanada dos Ministrios, ponto de
referncia para a capital.
Figura 2.11 O Congresso Nacional
A concepo de suas formas e dimenses, completamente fora dos padres usuais, rendeu
a Oscar Niemeyer e Joaquim Cardozo um atestado de competncia e audcia, conferindo
obra um grau de monumentalidade. O arrojo estrutural chamou ateno dos especialistas
do mundo inteiro, que ficaram curiosos de como foi possvel tal construo (Vasconcelos,
1992).
16
Segundo Niemeyer (1960), no Palcio do Congresso a composio se formulou em funo
dos volumes, dos espaos livres, da profundidade visual e das perspectivas e,
especialmente, da inteno de atribuir ao edifcio um carter monumental, com a
simplificao de seus elementos e a adoo de formas puras e geomtricas. Decorreu da o
projeto do Congresso, onde o arquiteto utilizou as cpulas para atribuir-lhe uma
caracterstica hierrquica. A cpula convexa representa a Cmara dos Deputados, maior e
chapada no alto, sugerindo que o plenrio est aberto ao povo. Enquanto que a cpula
cncava, menor, abriga a sede do Senado Federal, retratando um local propcio para
reflexo, serenidade, ponderao e equilbrio.
Assim, o trabalho do calculista Joaquim Cardozo se fez muito importante. De acordo com
Niemeyer (1980), Cardozo um dia lhe telefonou, eufrico, dizendo ter encontrado a
tangente que iria tornar a cpula da Cmara dos Deputados solta sobre a laje, como o
arquiteto desejara. Ou seja, Joaquim Cardozo teria encontrado de maneira satisfatria a
curva que, ao mesmo tempo, permitia um apoio estrutural adequado e que se adaptava
forma plstica exigida na arquitetura (Figura 2.12).
Figura 2.12 Corte radial da estrutura da Cmara dos Deputados (ArPDF)
O bloco dos plenrios, com 200 por 80 metros, representa o ponto fundamental do projeto.
Os plenrios foram planejados para a capacidade de 1000 pessoas, mais 200 jornalistas,
200 convidados, alm de lugares para 700 deputados e 100 senadores. Nas duas torres,
com 28 pavimentos, foram planejados a instalao dos servios administrativos, biblioteca,
restaurante e 600 escritrios para os congressistas.
O sistema estrutural da cpula da Cmara foi o de anis de ao, com o uso de vergalhes
embutidos no concreto, recebendo uma casca de cobertura (ver Figura 2.12). Essa casca
17
recebe o forro horizontal e uma cobertura em forma de coroa de crculo. O elevado
empuxo gerado por essa cobertura resistido pelos anis de ao, caracterstica fundamental
do projeto dessa cpula invertida (Vasconcelos, 1992).
A Figura 2.13 retrata a maneira como os operrios executaram as armaes das cpulas do
Senado e da Cmara dos Deputados.
a) Armao da Cpula do Senado b) Armao da Cpula da Cmara
Figura 2.13 Armao das cpulas do Congresso Nacional (Tamanini, 1994)
Para a estrutura das torres do edifcio anexo, de 28 andares, foram projetados pilares e
vigas em estrutura metlica, conforme se observa na Figura 2.14, e as lajes em concreto
armado. As torres so interligadas no meio, formando um H. Na simbologia de
Niemeyer, o edifcio o mais alto da Praa dos Trs Poderes para representar a
preponderncia do poder do povo.
Figura 2.14 Detalhe da estrutura das torres do Congresso Nacional (ArPDF)
18
A empresa responsvel pela construo do Congresso foi a Companhia Construtora
Nacional. As obras tiveram inicio com a execuo das fundaes em outubro de 1957, pela
empresa Estacas Franki. S em meados de 1959, os edifcios comeam a tomar forma, com
a cpula do Senado pronta e a armao da Cmara sendo realizada. A inaugurao do
Congresso Nacional aconteceu na mesma data de Braslia, em abril de 1960.
Figura 2.15 A construo do Palcio do Congresso Nacional (ArPDF)
2.6 - O PALCIO DO ITAMARATY
Sede do Ministrio das Relaes Exteriores, o Palcio do Itamaraty mais um fruto da
arquitetura de Oscar Niemeyer e dos clculos de Joaquim Cardozo, na consolidao da
monumentalidade empregada na construo de Braslia. Ainda participou dessa realizao
o arquiteto Milton Ramos, responsvel pela execuo, e sua equipe de oito arquitetos.
Figura 2.16 Palcio do Itamaraty (Santos Jr., 2004)
19
Situado na Esplanada dos Ministrios, prximo ao Congresso Nacional, as obras do
Palcio do Itamaraty tiveram inicio em 1963, sendo finalizadas em 1970. As obras foram
executadas pela construtora Pederneiras, empresa contratada pela Novacap (Companhia
Urbanizadora da Nova Capital do Brasil). Sabe-se, tambm, que a execuo dos servios
de fundaes foi sub-empreitada para a empresa Estacas Franki (Santos Jr., 2004).
A estrutura de concreto armado foi inaugurada em 1966, com a presena do Presidente
Castelo Branca, do Chanceler Juracy Magalhes, altas autoridades brasileiras e do corpo
diplomtico. O arrojo dos vos, a beleza das formas e o alto padro tcnico empregado na
execuo foram admirados por todos (Santos Jr., 2004). A Figura 2.17 mostra a estrutura
do Palcio em fase final de construo.
Figura 2.17 A estrutura do Palcio do Itamaraty (ArPDF)
Era to grande o zelo e apuro de Joaquim Cardozo em manter as sees definidas pela
arquitetura, que em visita, Nervi, conceituado engenheiro italiano, deteve-se diante da
sobreloja do Palcio do Itamaraty e no se conteve: Projetamos na Itlia uma ponte com
trs quilmetros de vo, mas a laje desta sobreloja to fina que seu clculo me parece at
mais difcil. (Niemeyer, 1980)
O Palcio possui dimenses em planta de 84m x 84m, e altura de 17,56m, sendo 4,27m no
subsolo, todo em concreto armado aparente. Possui 15 linhas de pilares na sua fachada
principal, com vo entre pilares de 6m. Calculado sem juntas de dilatao, a estrutura
contempla vigas em concreto armado que tiveram alturas fixadas pela arquitetura em 1,2
metros e possuem vos livres de 36m e 30m.
20
Seguindo a linha de pesquisa do Programa de Ps-Graduao em Estruturas e Construo
Civil, PECC-UnB, de caracterizao das estruturas dos monumentos de Braslia, o Eng.
Evaristo C. R. dos Santos Jnior, em 2004, estudou os aspectos relacionados com o Palcio
do Itamaraty, para obteno do grau de mestre.
De acordo com Santos Jr. (2004), na armao das vigas de 36m e de 30m, no se utilizou
transpasse de armadura, e sim emendas por meio de solda de topo. Uma anlise bastante
rigorosa atravs de ensaios de trao por amostragem foi realizada nas barras soldadas para
que no viessem a surgir problemas no local da solda. Todos os ensaios foram realizados
pela empresa Tecnosolo e pela Escola Politcnica da Universidade Federal do Rio de
Janeiro.
O Eng. Armando Lima, responsvel pelo controle tecnolgico da obra, informou que a
tenso de ruptura do concreto aos 28 dias chegou a, aproximadamente, 30MPa. Explica
ainda que para alcanar tal resistncia foi necessria a utilizao do aditivo denominado
Plastiment VZ, fabricado pela empresa Sika.
Estudando os valores obtidos pela anlise do modelo discretizado, atravs do programa
SAP 2000, Figura 2.18, Santos Jr. (2004) encontra valores de reaes verticais, nas
fundaes, muito prximos das cargas descritas no projeto original de locao e carga dos
pilares, evidenciando a boa qualidade do projeto de Joaquim Cardozo, com as modestas
ferramentas disponveis poca.
Figura 2.18 Modelo estrutural do Itamaraty, desenvolvido no SAP 2000 (Santos Jr, 2004)
A Tabela 2.1, mostra a diferena entre os valores obtidos atravs do modelo citado e os
descritos no projeto estrutural original.
21
Tabela 2.1: Comparao das cargas de fundao do Palcio do Itamaraty (Santos Jr., 2004)
Pilar Sap2000 (kN) Proj. Original (kN) % Parc 814 940 -13,40 P1 3400 3800 -10,52 P2 5744 5800 -0,01 P3 5532 5800 -4,62 P4 5509 5800 -5,02 P5 5503 5800 -5,12 P6 5507 5800 -5,05
2.7 - O INSTITUTO CENTRAL DE CINCIAS ICC
Edificao principal da Universidade de Braslia (UnB), o ICC foi projetado por Oscar
Niemeyer e construdo no perodo de 1962 a 1975, pela construtora Rabello S.A., sendo o
engenheiro Murilo S. Andrade o responsvel tcnico pela obra. O projeto estrutural de
autoria do escritrio Srgio Marques de Souza, onde o engenheiro Bruno Contarini teve
grande participao.
O projeto inicial de Oscar Niemeyer compreendia um bloco de 600 metros de extenso e
duas alas paralelas afastadas de 20 metros uma da outra, com algumas coberturas em
cascas de concreto, de formas e alturas variveis, como pode ser observado na Figura 2.19.
Figura 2.19 Maquete do ICC (Ceplan)
O ICC comporta a maioria dos departamentos, faculdades, laboratrios e anfiteatros e
visava representar a interdisciplinaridade entre os cursos. Sua utilizao foi pensada para
ser flexvel, dando total liberdade nas construes dos laboratrios e fazendo com que os
mesmos pudessem crescer ou diminuir de tamanho.
22
O solo onde o ICC foi construdo do tipo argiloso e com pequena capacidade de suporte,
sendo necessrias cerca de 4000 estacas para a execuo das fundaes, o que inviabilizava
sua construo no prazo previsto inicialmente. A soluo ento adotada pela equipe do
projeto estrutural foi a retirada de parte do solo para a execuo do subsolo e a adoo de
uma camada de cascalho de campo, melhorando assim a sua capacidade resistente. Sobre o
cascalho foram executadas as fundaes diretas (sapatas). O cascalho funcionou como um
radier que transferiu para o solo a mesma tenso antes da retirada do solo primitivo,
obtendo recalques na ordem de 1 milmetro (Vasconcelos, 1992).
O Minhoco, como chamado o prdio do ICC, possui hoje cerca de 720 metros de
extenso. formado por dois blocos separados por uma faixa ajardinada de 16,50 metros,
conforme mostra a Figura 2.20. Os blocos possuem subsolo, trreo e sobreloja e so
simtricos em relao a um eixo central, se desenvolvem com dois trechos retos de
comprimento maior que 150 metros e um trecho central curvo de 350 metros.
Figura 2.20 Vista area do ICC (Google Earth)
Os dois blocos paralelos foram chamados de ala dos auditrios e ala dos laboratrios. A ala
dos laboratrios possui 29,60 metros e a mais larga, enquanto que a ala dos auditrios
(anfiteatros) possui 26,65 metros de largura. Totalizando uma largura de 72,75 metros, se
somarmos o espao existente entre os mesmos.
23
Figura 2.21 Corte transversal do I.C.C. (Cedoc-UnB)
A estrutura do ICC composta por 4 linhas de pilares pr-moldados retangulares com
seo de 0,20m x 1,50m. O espaamento entre eles de aproximadamente 3 metros, e
possuem cerca de 10 metros de altura. Foram fabricados com encaixes de modo a receber
as vigas dos pavimentos.
Nos trechos das alas dos auditrios e dos laboratrios, os pilares externos recebem as vigas
de cobertura que possuem seo varivel, ora seo T, ora seo retangular. As vigas que
vencem a ala dos laboratrios possuem vos de 29,50 metros e as que vencem a ala dos
auditrios possuem 26,35 metros. Ambas so vigas isostticas em concreto protendido e
suas montagens foram realizadas com o auxlio de guindastes, como pode ser observado na
Figura 2.22.
Figura 2.22 Montagem das vigas pr-moldadas da cobertura do ICC (Cedoc-UnB)
A incluso do ICC na lista de monumentos de Braslia se justifica, uma vez que sua
construo foi considerada um grande canteiro de experimentao da tecnologia do pr-
moldado, um verdadeiro marco desse segmento no Brasil.
24
Atualmente, a edificao, que necessita de manuteno especializada e algumas
adaptaes, objeto de pesquisa e de trabalhos do Grupo de Patologia, Recuperao e
Manuteno de Estruturas do PECC - UnB, inclusive tema da dissertao de mestrado,
em elaborao, do Eng. Rgis P. Fonseca, com o objetivo de avaliar o grau de deteriorao
da estrutura e projetar um plano de reabilitao adequado.
25
3 - PRINCPIOS GERAIS DA AVALIAO DE ESTRUTURAS DE
CONCRETO
3.1 - INTRODUO
Nos ltimos anos ocorreram enormes avanos nas tcnicas de anlise experimental e
numrica de estruturas existentes. Em meados de 2001, foi aprovado pelo ICOMOS1 um
documento com recomendaes para a Anlise, Conservao e Restaurao Estrutural do
Patrimnio Arquitetnico (2001). Essas recomendaes so voltadas principalmente para
estruturas histricas, seculares, onde necessrio preservar os mtodos e materiais
utilizados nessas construes, buscando uma conservao de contexto cultural. Ainda
assim, essas recomendaes possuem em suas diretrizes diversas etapas que podem ser
adaptadas para a investigao e, por conseqncia, ao diagnstico na avaliao de
estruturas mais atuais.
Baseado, principalmente, na idia desse documento, juntamente com o estudo de
publicaes correntes, este captulo traz alguns princpios, na forma de um guia prtico,
para a realizao de uma avaliao em estruturas de concreto.
3.2 - ASPECTOS GERAIS
A avaliao estrutural um conjunto de atividades necessrias anlise e ao diagnstico
das condies da estrutura de uma edificao existente, perante aos estados limites de
servio e ltimos pertinentes (CEB-FIP MC 90, 1991)
Uma avaliao competente pode permitir no s estabelecer a capacidade da estrutura em
sua condio atual e real, como tambm analisar a possibilidade de lev-la a outra
condio desejada. Pode ser realizada para se determinar a capacidade estrutural e a
integridade da estrutura ou de seus elementos, avaliar problemas estruturais ou
provenientes do uso inadequado, determinar a possibilidade de modificar a estrutura para
que satisfaa s normas vigentes ou mudanas de uso, e determinar as aes imediatas para
1 ICOMOS Comit Cientfico Internacional para Anlise e Restaurao de Estruturas do Patrimnio Arquitetnico.
26
compatibilizar a condio que afeta a segurana ou estabilidade da estrutura (Monteiro B.
E., 2005).
muito difcil estabelecer um procedimento nico, regras e normas para guiar uma
avaliao da estrutura de um edifcio. No entanto, existe uma combinao de abordagens
que demanda tanto dados qualitativos, baseados na observao direta dos danos estruturais,
histrico, etc., quanto dados quantitativos baseados em testes especficos e modelos
matemticos usados na engenharia, que podem tornar mais fcil um julgamento sobre a
segurana da estrutura analisada e ajudar ainda na escolha de decises.
As particularidades envolvidas no estudo e na avaliao da segurana de uma construo,
as dvidas nos dados utilizados e a dificuldade em avaliar precisamente os fenmenos
envolvidos podem levar a concluses sem confiabilidade. Assim, importante um
aprofundamento desses aspectos, apresentado a seguir.
3.3 - INVESTIGAO
A investigao de uma estrutura necessita de uma abordagem interdisciplinar. Por
exemplo, o objetivo de uma pesquisa histrica pode ser voltado a questes de significado
estrutural, enquanto o historiador pode levantar questes que necessitem de informao
estrutural. Portanto, importante que o pesquisador ou a equipe de pesquisadores seja
formada por profissionais com experincia adequada (ICOMOS, 2001)
Para se conhecer uma estrutura necessrio obter informaes sobre a sua concepo, as
tcnicas usadas em seu projeto e construo, os processos e os fenmenos que ocorreram,
e, finalmente, o seu estado atual. Este conhecimento, geralmente, pode ser alcanado pelas
seguintes etapas:
- Pesquisa histrica abrangendo a vida da estrutura, incluindo tanto as modificaes da sua forma como quaisquer intervenes estruturais anteriores;
- Descrio dos materiais e tcnicas da construo;
- Descrio da estrutura no seu estado atual, incluindo a identificao dos danos, da deteriorao e dos possveis fenmenos progressivos, usando testes apropriados;
27
- Identificao das aes atuantes e previstas, do desempenho estrutural e dos tipos de materiais;
Uma vez que as etapas descritas podem ser todas realizadas com diferentes nveis de
aprofundamento, importante estabelecer um plano de atividades de acordo com a
complexidade da estrutura estudada.
3.3.1 - Pesquisa Histrica
Inicialmente, faz parte dessa pesquisa caracterizar o edifcio, com a identificao de datas,
detalhes e condies especiais de execuo, dos profissionais e firmas envolvidas nos
projetos, construo e intervenes realizadas.
A pesquisa histrica tem a funo de esclarecer a concepo e as tcnicas usadas na
construo, evidenciar as modificaes na estrutura e compreender os eventos que possam
ter ocasionado danos. A interpretao e o estudo dos registros disponveis, tais como
projetos, memrias de clculo, certificados de controle tecnolgico dos materiais, laudos
de sondagens, dirios de obra, relatrios de inspees anteriores, etc., so essenciais para
produzir informaes confiveis sobre a histria estrutural do edifcio. Quaisquer
suposies feitas na interpretao dos registros devem ser objetivamente fundamentadas.
Deve ser dada ateno especial a quaisquer danos, colapsos, reconstrues, adies,
modificaes estruturais e qualquer mudana no uso da construo que conduziram sua
condio atual.
Saber o ocorrido no passado de uma edificao pode ajudar a estimar o grau de segurana
do estado atual da estrutura. O histrico demonstra como a estrutura tem interagido com
eventos naturais, como sobrecargas imprevistas, variaes trmicas, ao do vento, etc.,
talvez alterando o comportamento original da estrutura e causando rachaduras, fissuras,
esmagamentos, deteriorao, colapso, etc.
necessrio considerar que, geralmente, os documentos utilizados nessa etapa foram
elaborados para fins diferentes daqueles da engenharia estrutural e, desta maneira, podem
conter informaes incompletas e/ou incorretas, podendo omitir informaes importantes
do ponto de vista estrutural.
28
3.3.2 - Inspeo da estrutura
Uma fase importante para a avaliao estrutural a observao direta da estrutura, com o
objetivo de fornecer uma compreenso inicial dessa estrutura e indicar uma metodologia
apropriada para as demais investigaes a serem realizadas.
Esto includos entre os principais objetivos da inspeo:
Identificar a deteriorao e os danos na estrutura;
Determinar se os fenmenos esto estabilizados ou no;
Decidir se existe risco imediato e, se necessrio, definir medidas urgentes a serem
tomadas;
Caracterizar e estimar a agressividade do ambiente.
Durante a inspeo, devem-se definir as reas da estrutura nas quais investigaes mais
detalhadas devem ser realizadas, caso seja necessrio, assim como definir que medies e
equipamentos devero ser empregados.
Fotos e levantamentos geomtricos devem registrar diferentes tipos de manifestaes
patolgicas nos elementos estruturais, dando ateno especial s evidncias de
esmagamento do concreto (altas tenses de compresso), aos padres de fissuras e
existncia de desplacamentos do concreto de cobrimento das armaduras (altas tenses de
trao). As irregularidades geomtricas podem ser o resultado de deformaes prvias,
podem indicar descontinuidades entre diferentes fases construtivas ou podem indicar
modificaes na concepo estrutural.
A metodologia da Federao Internacional de Protenso (FIP, 1988), para estruturas de
concreto armado e protendido, apresenta uma classificao abrangente de intervalos de
inspeo, de grande interesse para aplicao em edificaes.
Nessa metodologia, os intervalos de tempo para as inspees, apresentados na Tabela 3.1,
so definidos de acordo com sua categoria e a classificao da estruturas em classes,
combinadas com o tipo de condio ambiental e de carregamento, da seguinte forma:
29
a) Classes de estruturas:
Classe 1 onde a ocorrncia de ruptura pode ter conseqncias catastrficas e/ou onde
a funcionalidade da estrutura de vital importncia para a comunidade;
Classe 2 onde a ocorrncia de ruptura pode custar vidas e/ou onde a funcionalidade
da estrutura de considervel importncia;
Classe 3 onde improvvel que a ocorrncia de uma ruptura leva a conseqncias
fatais e/ou onde um perodo com a estrutura fora de servio possa ser tolerado.
b) Categorias de inspeo:
Rotineira realizada em intervalos regulares, com planilhas especficas da estrutura,
elaboradas conjuntamente por tcnicos responsveis pelos projetos e pela manuteno;
Extensiva realizada em intervalos regulares, alternadamente com as rotineiras, com o
objetivo de investigar mais minuciosamente os elementos e as caractersticas dos
materiais componentes da estrutura.
c) Tipos de condies ambientais e de carregamento:
Muito severa o ambiente agressivo com carregamento cclico com possibilidade de
fadiga;
Severa o ambiente agressivo com carregamento esttico ou o ambiente normal
com carregamento cclico com possibilidade de fadiga;
Normal o ambiente normal com carregamento esttico.
Tabela 3.1 Indicao de intervalos de inspeo, em anos. (FIP, 1988)
Classes de estruturas
1 2 3 Condies ambientais e de carregamento
Inspeo Rotineira
Inspeo Extensiva
Inspeo Rotineira
Inspeo Extensiva
Inspeo Rotineira
Inspeo Extensiva
Muito severa 2* 2 6* 6 10* 10
Severa 6* 6 10* 10 10* -
Normal 10* 10 10* - ** **
* Intercalada entre inspees extensivas
** Apenas inspees superficiais
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Os resultados obtidos das inspees podem ser complementados ou at mesmo, no caso de
dvidas, justificados atravs de ensaios especficos.
3.3.3 - Ensaios e procedimentos
A escolha dos ensaios deve ser baseada na deteco dos fenmenos cujo entendimento
possa ser importante. Os ensaios tm o objetivo de identificar as caractersticas mecnicas
(resistncia, deformabilidade, etc.), fsicas (porosidade, etc.) e qumicas (composio, etc.)
dos materiais que constituem os elementos, as tenses e deformaes da estrutura, a
existncia de descontinuidades, etc. (ICOMOS, 2001).
Podem-se dividir os ensaios em dois grupos: os ensaios visando o comportamento
estrutural e aqueles com vistas durabilidade. A seguir, alguns exemplos so listados
(ABECE, 2005):
Determinao da bitola e posicionamento das armaduras; Perda de seo da armadura por corroso; Dureza superficial do concreto; Resistncia compresso e trao de testemunhos extrados do
concreto e de amostras de ao;
Provas de carga na estrutura
- Estrutural:
Medida da espessura da camada de concreto de cobrimento; Taxa de corroso do ao; Profundidade de carbonatao do concreto; Teor de ons cloreto na massa de concreto; ndice de vazios, absoro de gua e massa especifica; Umidade do ar; Variaes de temperatura
- Durabilidade:
Os ensaios devem sempre ser conduzidos por profissionais habilitados, capazes de avaliar
corretamente sua confiabilidade e as implicaes dos resultados. Sempre que possvel,
diferentes mtodos devem ser usados e os resultados comparados.
31
3.3.4 - Monitorao da estrutura
A observao da estrutura durante um perodo de tempo pode ser necessria, para obter
informaes teis quando se tem a suspeita de fenmenos no estabilizados e tambm
durante um processo de interveno estrutural.
Normalmente, os sistemas de monitorao tm como objetivo o registro de alteraes de
deformaes, abertura de fissuras, recalques de fundaes, temperatura, etc. No caso do
controle de abertura de fissuras, por exemplo, a forma mais simples e econmica de
monitor-las consiste na colocao de testemunhos, selos de gesso ou vidro.
importante saber que o uso de um sistema de monitorao deve estar sujeito a uma
anlise de custo-benefcio, para que sejam recolhidos apenas os dados realmente
necessrios para revelar a evoluo dos fenmenos estudados.
3.4 - DESEMPENHO ESTRUTURAL
A anlise do desempenho de uma estrutura pode ser influenciada por diversos fatores, entre
os quais possvel citar como principais: a concepo da estrutura, as caractersticas dos
materiais constituintes, as aes atuantes e condies ambientais.
3.4.1 - Modelo estrutural
O comportamento real de uma edificao pode ser to complexo que necessrio
identific-lo