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CURSO BÍBLICO INTERNACIONAL ENCONTRO COM A PALAVRA Livro 4 ESTUDO PANORÂMICO DO VELHO TESTAMENTO PROFETAS MAIORES E MENORES (Isaías a Malaquias) PR. DICK WOODWARD Livro 4.indd 1 15/10/2015 15:10:08

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CURSO BÍBLICO INTERNACIONAL

ENCONTRO COM A PALAVRA

Livro 4

ESTUDO PANORÂMICO DO VELHO TESTAMENTOPROFETAS MAIORES E MENORES

(Isaías a Malaquias)

PR. DICK WOODWARD

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Toda glória e honra ao Senhor nosso Deus! Este material foi escrito e impresso pelo Ministério Cooperativo Internacional (ICM - International Cooperating Ministries) para ser uma bênção em sua vida.

É permitida a reprodução total e parcial deste livro, sem a autorização por escrito do ICM, para uso pessoal e na sua igreja.

“Portanto, fortifique-se na graça que há em Cristo Jesus. E as coisas que me ouviu dizer na presença de muitas testemunhas, confia a homens fiéis, que sejam também capazes de ensinar a outros” (II Timóteo 2.1,2).

Woodward, DickEstudo Panorâmico

do Velho Testamento

PROFETAS MAIORES E MENORES(Isaías a Malaquias)

Curso Bíblico InternacionalENCONTRO COM A PALAVRA

Tradução em Português: Ruth Gialluca

Correção Ortográfica: Lídia Damasceno Gialluca e Marlene Frade

Editoração Eletrônica: Elen Canto

Capa: Paulo Sergio Baeta e Jersio Dreissing

Impresso no Brasil por: Obra Impressa Gráfica e Editora Ltda.

Supervisão Geral: Pr. Leandro Ferreira

E-mail: [email protected]

1ª Edição: Março/2005 = 1.000 exemplares2ª Edição: Junho/2009 = 3.000 exemplares3ª Edição: Fevereiro/2013 = 3.000 exemplares4ª Edição: Novembro/2015 = 3.500 exemplares

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Nota ImportanteO material que você tem em mãos é um complemento dos estudos

que vêm sendo ministrados por uma rede variada de emissoras de rádio e pela internet (www.desfrutedeus.com) e é enviado, gratuitamente, ape-nas aos ouvintes que estão acompanhando, regularmente, os estudos por uma dessas emissoras. Para recebê-lo, basta solicitar, escrevendo para o endereço divulgado no final de cada aula.

Por se tratar de um curso, é necessário responder o questionário de cada livro; com isto você garante o recebimento do próximo, bem como de um lindo Certificado de Conclusão ao término do curso.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO..........................................................................................06

CAPÍTULO 1O Perfil de Um Profeta............... ........................................................... 07

CAPÍTULO 2O Encontro Com Deus e o Chamado de Isaías....................................... 13

CAPÍTULO 3Mensagens Messiânicas ........................................................................ 18

CAPÍTULO 4A Profecia de Jeremias - “Uma Série de Choros”.................................... 25

CAPÍTULO 5O Cântico Solitário do Cativeiro............................................................. 30

CAPÍTULO 6As Más Notícias de Deus........................................................................ 34

CAPÍTULO 7O Livro de Lamentações - O Amor Incondicional de Deus..................... 39

CAPÍTULO 8A Profecia de Ezequiel - Fatos Extraordinários.........................................42

CAPÍTULO 9“Ossos Secos”.......................................... ...............................................47

CAPÍTULO 10A Profecia de Daniel - Crentes Versus Babilônios................................... 50

CAPÍTULO 11Foi-se a Glória da Babilônia! .................................................................. 54

CAPÍTULO 12As Visões e Revelações de Daniel..............................................................58

CAPÍTULO 13Os Profetas Menores - Panorama Geral..................................................62

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CAPÍTULO 14A Profecia de Oséias ...............................................................................63

CAPÍTULO 15A Profecia de Joel ...................................................................................66

CAPÍTULO 16A Profecia de Amós.................................................................................70

CAPÍTULO 17A Profecia de Obadias.............................................................................73

CAPÍTULO 18A Profecia de Jonas.................................................................................77

CAPÍTULO 19A Profecia de Miquéias...........................................................................82

CAPÍTULO 20A Profecia de Naum................................................................................86

CAPÍTULO 21A Profecia de Habacuque........................................................................89

CAPÍTULO 22A Profecia de Sofonias..............................................................................94

CAPÍTULO 23A Profecia de Ageu..................................................................................97

CAPÍTULO 24A Profecia de Zacarias...........................................................................102

CAPÍTULO 25A Profecia de Malaquias .......................................................................109

CAPÍTULO 26Sete Indícios de Um Coração Que se Afasta de Deus...........................112

CAPÍTULO 27Epílogo (Malaquias 3:16 - 4:4)..............................................................120

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Introdução (ao aluno iniciante) Quando você se aprofunda na Palavra de Deus e deixa que a Palavra

transforme sua vida, coisas maravilhosas e tremendas acontecem.Bem-vindo ao ENCONTRO COM A PALAVRA. Juntos faremos um

estudo de toda a Bíblia, dividido em 13 livros. Essa jornada nos levará do Livro de Gênesis ao Apocalipse e nos dará uma visão panorâmica de cada livro da Bíblia. Observaremos a estrutura do livro, o seu contexto histórico e, o que é mais importante, buscaremos uma aplicação para nossas vidas, a partir do ensino de cada livro.

Algumas pessoas acham a Bíblia um livro confuso. Realmente, não é fácil relacionar os acontecimentos com a sua época e o seu significado. Mas, cada versículo da Bíblia é um pedacinho desse quebra-cabeça, cujo conteúdo é muito glorioso. Minha oração é que, no final dessa jornada, você tenha adquirido uma compreensão maior de cada livro da Bíblia, do modo como eles se completam, e possa situá-los dentro da história de Deus com o homem. No final, você terá uma compreensão de como Deus trabalhou nos tempos do Velho Testamento; terá também compreendido o que mudou com a vinda de Jesus Cristo e a razão da mudança; aquilo em que você antes cria no coração, será confirmado em sua mente, e você poderá testemunhar sua fé com mais confiança e conhecimento.

Espero que você faça todo o curso e convide outras pessoas para que nos acompanhem nesse estudo da Bíblia, o livro mais importante do mun-do. Faça suas malas e prepare-se para embarcar. Estamos prestes a partir!

Ferramentas que serão utilizadasSegundo o apóstolo Paulo, a única maneira de não passarmos ver-

gonha, quando se trata de Bíblia, é tornarmo-nos obreiros que manejem bem a Palavra. A única maneira de entender a Bíblia é saber usá-la. Por isso, o meu desafio é que você assuma o compromisso de estudá-la com dedicação e sinceridade. Nenhum livro merece mais dedicação e em-penho da nossa parte que a Bíblia. Se você quiser se aprofundar ainda mais neste estudo, além de dedicação e empenho há outras ferramentas que o ajudarão a ir mais fundo no conhecimento das Escrituras.

Antes de qualquer coisa você precisa de uma Bíblia e, se possível, adquira mais de uma tradução. Você também vai precisar de um cader-no para anotações.

Como qualquer outro trabalho, esse será cumprido com mais fa-cilidade e atingirá melhores resultados, se você possuir as ferramentas certas. O estudo da Bíblia fica mais produtivo, quando se utilizam os recursos disponíveis. Procure equipar-se com as ferramentas que men-cionamos e você se surpreenderá com os resultados.

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ESTUDO PANORÂMICO DO VELHO TESTAMENTO (Isaías a Malaquias)

CBI - Encontro com a Palavra Livro 4 7

Capítulo 1

Os Livros Proféticos são consi-derados a essência do Velho Testa-mento, principalmente sob a pers-pectiva do Novo Testamento, no qual Jesus faz referência ao Velho Testamento como “a Lei e os Pro-fetas” (Mateus 7.12; 22.40). A Lei são os cinco primeiros livros da Bíblia: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Inicia-remos agora o estudo dos Profetas e o primeiro livro a ser estudado será o de Isaías e, por último, o de Malaquias.

O apóstolo Paulo, na audiência que teve com o rei, quando estava preso, citou os profetas e pregou o Evangelho com tanta veemência que o rei declarou quase ter sido convencido a se tornar cristão. O auge do discurso do apóstolo foi quando ele perguntou: “Acreditas, ó rei Agripa, nos profetas? Bem sei que acreditas” (Atos 26.27). A pergunta sobre os profetas era muito frequente. A pregação e os escritos dos profetas eram consi-derados ungidos e sobrenaturais. Por isso, uma maneira de saber se uma pessoa era ou não cristã era

fazer a pergunta: “você acredita nos profetas?”.

Quando o Novo Testamento se refere aos profetas, está se re-ferindo aos escritores dos Livros Proféticos ou à literatura profética. O Velho Testamento possui dezes-sete Livros Proféticos escritos por dezesseis profetas diferentes; Je-remias escreveu dois livros: Jere-mias e Lamentações.

Antes de iniciar o estudo dos Livros Proféticos, gostaria de res-ponder à pergunta: “quem, exata-mente, são os profetas?”. Vou co-meçar a responder comparando o profeta ao sacerdote. Quando os Livros Proféticos foram escritos, o líder espiritual mais importante era o sacerdote. A função essen-cial dos sacerdotes era interceder pelo povo, quando este pecava. Eles eram os professores do povo de Deus; esclareciam as dúvidas a respeito das Escrituras e dos sacrifícios no Tabernáculo, no deserto, e, depois, no Templo de Salomão.

Uma pessoa era sacerdote por nascimento; eram descendentes de

O Perfil de Um Profeta

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CBI - Encontro com a Palavra8 Livro 4

Arão ou Levi. Infelizmente, com fre-quência, os sacerdotes se tornavam homens corruptos e pecadores. Foi Oséias quem disse: “como é o povo, assim é o sacerdote” (Oséias 4.9). Era comum o povo se tornar apóstata e pecador, porque os sa-cerdotes os levavam a práticas pe-caminosas. Quando os sacerdotes se tornavam corruptos e pecadores, Deus enviava os profetas.

Estes, diferentemente dos sa-cerdotes, não nasciam profetas; eram homens que tinham diferen-tes modos de vida, que recebiam o chamado para o ofício de profeta. Dois ou três deles eram sacerdo-tes, quando foram chamados, mas podemos considerar como exce-ções. Alguns pertenciam à nobreza judaica; outros tinham ocupações bem comuns, como Amós, que era um colhedor de figos e pastor. Basicamente, pode-se definir o sa-cerdote como um homem que se apresentava na presença de Deus para interceder pelo povo, e o pro-feta, como o homem que vinha da presença de Deus com uma men-sagem dEle para o povo.

Todos os profetas que escre-veram os livros contidos na Bíblia Sagrada, classificados como Livros Proféticos, viveram num período de, aproximadamente, quatrocen-

tos anos, entre 800 e 400 a.C. Durante esse tempo, os povos pra-ticaram, principalmente, o pecado da idolatria; eles adoravam outros deuses. O julgamento de Deus veio para eles na forma de invasão dos assírios e o consequente cativeiro do Reino do Norte. Cerca de cem anos mais tarde, viria a invasão e cativeiro do Reino do Sul pelos ba-bilônios. Alguns dos profetas minis-traram antes ou durante o cativeiro, enquanto que outros viveram e pre-garam durante o período da restau-ração, que se seguiu após trágicos acontecimentos.

Dos dezesseis profetas, au-tores dos livros que estudaremos, três pregaram no período pós cati-veiro e a pregação deles tratava da reconstrução que aconteceu após o retorno do povo de Deus do cativei-ro babilônico. Entretanto, a maioria deles precedeu as conquistas e os cativeiros, ou ministraram durante esses acontecimentos.

Os profetas que precederam o cativeiro do Reino do Norte, pelos assírios, e o cativeiro do Reino do Sul, pelos babilônios, pregaram basicamente a mesma mensagem: “se não houver um reavivamento espiritual entre vocês, se vocês não se arrependerem dos seus pecados de idolatria, essa invasão e esse ca-

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CBI - Encontro com a Palavra Livro 4 9

tiveiro, assírio ou babilônico, será inevitável”. Esses profetas procla-mavam o arrependimento e, con-sequentemente, um reavivamento espiritual. Entretanto, suas mensa-gens foram ignoradas pela maioria do povo. Os profetas foram ridicu-larizados, perseguidos e alguns até martirizados. Isto acontecia porque eles pregavam uma mensagem que ninguém queria ouvir.

Quando os profetas percebiam que o povo não atendia à mensa-gem, eles anunciavam: “o cativeiro está chegando e, quando vier, será o julgamento do Deus Todo Pode-roso sobre vocês por não terem se arrependido do pecado de ido-latria”. Eles tinham convicção do que pregavam. Quando os assírios conquistaram o Reino do Norte e o levou cativo, não se ouviu mais falar dele. Cem anos depois, os ba-bilônios invadiram o Reino do Sul.

Esses profetas, ao mesmo tempo em que pregavam a mensa-gem da invasão e do cativeiro ba-bilônico, também pregavam uma mensagem de esperança, de acor-do com a revelação profética que tinham recebido: “daqui a setenta anos vocês retornarão do cativei-ro”. A maioria dos profetas morreu antes que isso acontecesse.

Profecias MessiânicasOutro tema interessante na

mensagem dos profetas refere-se à dispersão do povo de Deus pe-los quatro cantos da terra. Quando eles pregavam que o povo se dis-persaria, com frequência, também profetizavam a sua volta, muitas vezes fazendo alusão a profecias messiânicas.

Os profetas apresentaram a vinda de Cristo em dois adventos, ou duas vindas. Na primeira vez, Ele viria como Salvador, para mor-rer pelos pecados do mundo; de-pois, no que chamamos de a “Se-gunda Vinda de Jesus Cristo”, Ele virá como Rei dos reis e Senhor dos senhores, para derrotar os poderes do mal e estabelecer Seu Reino, no qual a retidão prevalecerá.

É tão difícil separar as pro-fecias messiânicas das profecias relacionadas ao retorno do cati-veiro babilônico, como separar as profecias da primeira vinda do Messias das que vão além dos nossos dias, aquelas relaciona-das à Segunda Vinda de Jesus Cristo. As profecias messiânicas, referentes aos dois adventos ou vindas de Jesus Cristo, são as profecias mais empolgantes dos Livros Proféticos.

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CBI - Encontro com a Palavra10 Livro 4

Porta-Vozes de Deus Quando ouvimos a palavra

“profeta”, logo imaginamos um ho-mem do tempo antigo, de cabelos e barba longos e grisalhos, falando a respeito do tempo futuro. A pala-vra “profeta” significa “aquele que fala por Deus”. Portanto, o profe-ta era um ser humano, através do qual Deus falava.

Os profetas manifestavam a voz de Deus de duas maneiras. Pri-meiro, eles revelavam a Palavra de Deus, o que os fazia os melhores pregadores da Bíblia. Em segun-do lugar, eles também “profetiza-vam”, isto é, divulgavam os fatos que Deus lhes revelara, que ainda não tinham acontecido. Alguns de-les, ainda estão para acontecer.

É admirável a dimensão da mensagem profética; embora fosse uma parte dinâmica do ministério dos profetas, proporcionalmente, era muito pequena. Os profetas ensinavam, exortando o povo a obedecer a Palavra de Deus e a aplicá-la em suas vidas. Entretan-to, também são chamados profetas aqueles homens que, em tempos mais remotos, desde Josué, pre-gavam a Palavra escrita por Moi-sés, que é tido como o maior de todos os profetas, porque recebeu

do próprio Deus a Palavra que os profetas pregaram.

A palavra “profeta” é compos-ta de duas outras que significam: “estar diante de” e “iluminar”. O profeta apresentava-se diante da Palavra de Deus e dava luz a ela. Quando ele recebia revelações re-ferentes a eventos futuros, exorta-va o povo a viver em santidade, à luz da revelação que Deus lhe ha-via mandado pregar.

Se não houvesse problema não haveria profeta

Os profetas apareciam em cena, quando havia problemas; por isso, dizemos que “se não houvesse problema, não haveria profeta”. Enquanto você estuda a vida e a mensagem de cada um dos profetas, tenha sempre em mente essas perguntas: “qual era o problema que estava impedindo a obra de Deus, quando esse pro-feta foi chamado?” e “como seu ministério eliminou o impedimen-to que havia para a obra de Deus naqueles dias?”.

Por exemplo, na época do profeta Ageu, que foi a época do retorno do cativeiro babilônico, a obra de Deus era a reconstrução do Templo. Embora o rei da Pérsia

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ESTUDO PANORÂMICO DO VELHO TESTAMENTO (Isaías a Malaquias)

CBI - Encontro com a Palavra Livro 4 11

tenha dado permissão para que o povo voltasse do cativeiro e tam-bém o tenha provido de material para a sua reconstrução, quando o povo de Deus iniciou a obra, en-frentou forte oposição.

Iniciada a perseguição, o povo cessou o trabalho de reconstrução do Templo, desviou-se do seu prin-cipal objetivo e passou a construir suas próprias casas.

A paralisação persistiu por quinze anos, quando então Deus chamou o profeta Ageu que pre-gou até que o Templo voltasse a ser reconstruído. Ele disse ao povo: “Acaso é tempo de habitardes vós em casas luxuosas, enquanto esta casa permanece em ruínas?” (Ageu 1.4). Ele exortou o povo a voltar ao trabalho e reconstruir o Templo.

Por causa da pregação de Ageu, o povo parou de construir suas próprias casas e restabeleceu suas prioridades, colocando Deus em primeiro lugar. A partir de en-tão, a obra de Deus voltou ao seu curso e Ageu saiu de cena.

As epístolas ou cartas dos apóstolos, e de outros autores do Novo Testamento, também pos-suem esse padrão. No Novo Tes-tamento, a obra de Deus é a cons-trução da Igreja de Cristo. Quando

surgia um problema que impedia a obra de Deus, Ele levantava um apóstolo que escrevia uma epís-tola, cujo propósito era denunciar o obstáculo que estava bloquean-do ou impedindo a construção da Igreja de Cristo, até que esses pro-blemas fossem removidos e a obra de Deus pudesse continuar.

Os obstáculos denunciados pelos profetas não eram os mes-mos abordados no Novo Testa-mento. Quando você relaciona as mensagens dos profetas com os li-vros do Novo Testamento, observa que, aproximadamente, quarenta livros da Bíblia possuem ensinos sobre como remover obstáculos que hoje impedem a obra de Deus.

Deus quer fazer Sua obra atra-vés do Seu povo. Isso é tão verda-deiro hoje, como era nos dias dos profetas e dos apóstolos. Quando você percebe que na parte do mun-do em que Deus, estrategicamente, o colocou existe um obstáculo para a obra de Deus, e você tem con-vicção de que Ele não está atuan-do como gostaria, ore até que seja focalizado esse obstáculo; depois de descobri-lo, busque nas epísto-las ou nos livros proféticos e ore a Deus, pedindo sabedoria, graça e coragem para aplicar a mensagem

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CBI - Encontro com a Palavra12 Livro 4

aos problemas que estão se con-frontando com a obra de Deus.

Através dos profetas e dos apóstolos, Deus mostrará a você como remover os obstáculos que estão bloqueando a obra dEle. Se você não encontrar nos profetas nem nos apóstolos nenhuma refe-

rência que o ajude na remoção do obstáculo à obra de Deus, nessa parte do mundo em que você vive, pode ser que, no espírito dos pro-fetas e dos apóstolos, Deus queira que você denuncie esses proble-mas até que eles sejam removidos e Sua obra possa continuar.

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ESTUDO PANORÂMICO DO VELHO TESTAMENTO (Isaías a Malaquias)

CBI - Encontro com a Palavra Livro 4 13

Os profetas são divididos em duas classificações: “profetas maio-res” e “profetas menores”. Estas designações não têm o significado de que os “profetas maiores” sejam superiores aos “profetas menores”, mas se baseiam no quanto eles es-creveram. Desta forma, o profeta Isaías é o maior, porque, entre to-dos, ele foi o que escreveu o mais extenso Livro Profético.

Isaías pertencia à nobreza ju-daica e, segundo a tradição dos rabinos, por causa de sua origem nobre, ele teve livre acesso aos reis Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, de Judá, e Jeoás, de Israel. Sua herança nobre serviu como prepa-ração para o ministério, ao qual Deus o tinha chamado.

Uma perspectiva histórica básicaApesar de este ser um estu-

do devocional e prático da Bíblia, é importante que se tenha conhe-cimento do contexto histórico em que viveu cada profeta, para me-lhor compreensão das mensagens que eles pregaram e escreveram,

num período que vai de 800 a 400 a.C. Neste espaço de tempo, houve três grandes impérios mun-diais: o Grande Império Assírio, que conquistou o Reino do Norte, Reino de Israel; o Império Babi-lônico, que conquistou e exilou o Reino do Sul, Reino de Judá; e o Império Medo-Persa, que conquis-tou todo o Império Babilônico.

Isaías viveu durante o período em que a Assíria era uma gran-de potência mundial, antes mes-mo que ela invadisse o Reino do Norte e conquistasse sua capital, Samaria. As dez tribos do norte, chamadas de “Israel”, foram leva-das cativas e nunca mais se ouviu falar delas. Grande parte da prega-ção de Isaías foi um alerta para o Reino do Norte, de que a invasão assíria estava chegando, como um julgamento de Deus, por causa do pecado de idolatria do seu povo.

Depois que a Assíria invadiu o Reino do Norte, conquistou e levou cativas as dez tribos, ela se voltou para o Reino do Sul, conquistando quarenta e seis cidades fortificadas

Capítulo 2

O Encontro Com Deus e o Chamado de Isaías

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CBI - Encontro com a Palavra14 Livro 4

de Judá. Neste período, o rei do Reino do Sul, Reino de Judá, era Ezequias, um homem temente a Deus, escritor de dez salmos inspi-rados. Quando os assírios alcança-ram os portões de Jerusalém, seu general começou a gritar, proferin-do insultos aos homens que guar-davam a cidade, desafiando o povo de Judá a se render.

Enquanto o rei Ezequias es-tava no Templo, rogando a Deus pela vida do Seu povo, Isaías rece-beu uma revelação, que entregou ao rei, dizendo que o livramento estava chegando; Deus tinha ou-vido a oração dele. Isaías lhe dis-se que o exército assírio receberia uma mensagem para que voltasse para casa e, quando chegasse à Assíria, o rei deles estaria morto.

Naquela noite, “o Anjo do Se-nhor feriu, no arraial dos assírios, cento e oitenta e cinco mil; quan-do se levantaram, pela manhã, eis que tudo eram corpos mor-tos” (37.36). Então, o restante do exército voltou para casa.

Quando chegaram à Assíria, a profecia de Isaías se cumpriu, literalmente: os dois filhos do rei da Assíria, Senaqueribe, o assas-sinaram. Humanamente falando, poderíamos dizer que, não fosse pela influência e pelo ministério

de Isaías, os assírios teriam exter-minado tanto o Reino do Norte, como o do Sul.

Conta-se que os judeus, anci-ãos cativos, mostraram essa pas-sagem de Isaías para Ciro, rei do Império Persa, e isso o levou a es-tabelecer seu decreto extraordiná-rio, no qual não só deu permissão para que o povo retornasse a Jeru-salém, como contribuiu com mate-rial para a reconstrução do Templo. Quando a Pérsia conquistou a Ba-bilônia, a primeira coisa que Ciro, o grande, fez foi publicar um de-creto autorizando todos os cativos judeus a voltarem para Jerusalém e reconstruírem seu Templo, cum-prindo-se assim, a profecia de Isaí-as (44.28-45.7; Esdras 1.2-4).

Um grande pregadorIsaías foi um pregador extra-

ordinário. De acordo com Jesus, João Batista foi o maior profeta já nascido de mulher (Lucas 7.28). Entretanto, quando João pregava pelo deserto, citou os sermões de Isaías (Lucas 3.4). Se “o maior profeta já nascido de mulher” pre-gou os sermões de Isaías, isso faz de Isaías “o profeta dos profetas”.

Isaías pregou durante cin-quenta, talvez sessenta anos, um período que abrangeu o reinado de

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CBI - Encontro com a Palavra Livro 4 15

cinco reis em Judá e seis reis em Israel. Embora tenha profetizado a respeito do que aconteceria com o Reino do Norte, por causa da Assí-ria, seu ministério se focaliza mais no Reino do Sul, Reino de Judá.

Os primeiros versículos da pro-fecia de Isaías fornecem um pano-rama histórico detalhado de quando ele viveu. A maioria dos Livros Pro-féticos contém informações sobre o reinado e a conduta dos reis, no período em que o profeta exerceu seu ministério. Alguns dos monar-cas que reinaram durante o período do ministério de Isaías exerceram um bom governo; outros, porém, governaram como ímpios. Um des-tes foi Manassés, que, segundo a tradição, sentenciou Isaías à morte. Alguns estudiosos acreditam que a citação “serrados pelo meio”, de Hebreus 11.37, o capítulo que fala sobre os heróis da fé do Velho Tes-tamento, é uma referência ao mar-tírio de Isaías.

A divisão do livroPodemos dividir o Livro de

Isaías em duas partes: Na primei-ra parte, que vai do capítulo pri-meiro ao trinta e nove, o profeta Isaías alerta o povo de Deus a respeito da invasão e do cativeiro pelos assírios. Os últimos vinte e

sete capítulos são uma mensagem de cura e conforto. Desta forma, temos nos primeiros trinta e nove capítulos uma “cirurgia espiritual” e nos vinte e sete últimos a recu-peração da “cirurgia”.

O estudo dessa divisão dos sessenta e seis capítulos do Livro de Isaías sugere um paralelo entre este livro e a própria Bíblia. Ve-jamos como são interessantes as semelhanças: há sessenta e seis capítulos no Livro de Isaías; há sessenta e seis livros na Bíblia; o Livro de Isaías divide-se em duas partes; uma com trinta e nove ca-pítulos e outra com vinte e sete; a Bíblia divide-se em duas partes, o Velho Testamento com trinta e nove livros e o Novo Testamento com vinte e sete livros.

Ainda há outras semelhanças. A primeira parte do Livro de Isaí-as, como o Velho Testamento, con-tém exortações e mensagens sobre o castigo divino; revela a condição verdadeira do homem e a solução que ele pode encontrar em Deus, que aponta para o Caminho, para o Salvador.

A segunda parte de Isaías, como no “Novo Testamento”, ofe-rece conforto e esperança para um povo, que reconheceu a necessi-dade de um Salvador, a partir do

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conhecimento do “Velho Testa-mento” de Isaías, que aponta para o Caminho, para o Salvador.

A primeira pergunta do Velho Testamento é: “Onde estás?” (Gê-nesis 3.9); no Novo Testamento, é: “Onde está Ele?” (Mateus 2.2). As duas partes do Livro de Isaías procuram trazer à consciência do homem a necessidade de um Sal-vador e apresenta, no capítulo 53, o Servo Sofredor.

O chamado de Isaías Há duas passagens no Livro de

Isaías que revelam um pouco dele como homem, do seu ministério e de sua mensagem. Uma delas, no capítulo 6, descreve o seu chama-do ou comissionamento. Um fato interessante, que se observa nas Escrituras, é que todos os servos de Deus tiveram um chamado, e que esse chamado foi um marco em suas vidas, e os fez “ir” por Deus. O capítulo 6 é a descrição do chamado de Isaías e do seu co-missionamento para ir por Deus e cumprir o seu chamado.

Quando Isaías passa pela ex-periência de ver o trono do Senhor, e ouvi-Lo dizer: “A quem enviarei, e quem há de ir por nós?”, o pro-feta responde, firmando seu com-promisso com o Senhor: “eis-me

aqui, envia-me a mim” (6.8). Este é um padrão que se repete na Bí-blia. Todos aqueles que foram até Deus, ouviram um chamado e “fo-ram” por Deus.

Deus advertiu Isaías que o povo não o ouviria, pois havia se afastado de Deus; apesar disso, Ele queria que a Sua mensagem fosse anunciada. Como é difícil ser um pregador! Imagine pregar durante cinquenta ou até sessenta anos sem ver ninguém que atenda sua pregação!

O compromisso de Isaías ao seu comissionamento é fantástico. A única coisa que ele fez foi per-guntar: “até quando, Senhor?”. E Deus respondeu: “Até que sejam desoladas as cidades e fiquem sem habitantes, as casas fiquem sem moradores, e a terra seja de todo desolada, e o Senhor afas-te dela os homens e no meio da terra seja grande o desamparo” (6.11-12). O compromisso de Isa-ías deve ser um exemplo para to-dos nós. Na verdade, a mensagem mais importante de todos os pro-fetas é o compromisso deles com Deus. Era como se fizessem um contrato com Deus, que os man-dava irem e eles simplesmente iam! O mais importante é que eles não só iam, mas se mantinham fi-

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éis a Deus; eles faziam tudo para o qual tinham sido chamados.

Nossa responsabilidade, hoje, não é diferente. Os frutos, o resul-

tado da nossa obediência, é um assunto para ser tratado por Deus, pois só Ele, através do Espírito Santo, pode nos fazer frutificar.

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Capítulo 3

Mensagens Messiânicas

De todos os Livros Proféticos, o de Isaías é o que possui maior nú-mero de profecias messiânicas. Isa-ías é o profeta do Velho Testamento mais citado no Novo Testamento. Quando você estiver lendo o Livro de Isaías, procure pelas profecias mes-siânicas. Você encontrará a profecia referente aos nomes pelos quais o Messias seria chamado quando viesse: “Seu nome será Maravilho-so Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (9.6). As profecias de Isaías são claras ao declarar que o Messias seria Deus em forma humana, ou “Emanuel”, que significa “Deus conosco” (7.14; Mateus 1.23).

Este profeta também fala do Espírito, que seria manifestado através do Messias, quando Ele viesse: “Do tronco de Jessé sairá um rebento, e das suas raízes, um renovo. Repousará sobre ele o Espírito do Senhor, o Espírito de sabedoria e de entendimento, o Espírito de conselho e de fortale-za, o Espírito de conhecimento e de temor do Senhor. Deleitar-se-á no temor do Senhor” (Isaías 11.1-

3a). Esta passagem está relacio-nada ao texto de Apocalipse, que fala dos “Sete Espíritos de Deus” (Apocalipse 3.1;4.5; 5.6).

Como na Bíblia o número sete representa perfeição, Isaías está dizendo que “o Messias seria a perfeita expressão do Espírito de Deus”. O Messias é a expressão da essência espiritual de Deus mani-festada naquelas sete virtudes.

Que imagem de Jesus você forma em sua mente, a partir da leitura dos Evangelhos? De acordo com Isaías, o Messias seria assim: Sua vida expressaria o Espírito de conhecimento e o Espírito de en-tendimento; Ele conhecerá e en-tenderá perfeitamente a Palavra de Deus. Ter o Espírito de sabe-doria é aplicar o conhecimento; portanto, Jesus também iria de-monstrar ter o Espírito de Sabe-doria, quando aplicasse a Palavra de Deus em Sua própria vida e na vida de outras pessoas. Isto signi-fica que Ele manifestaria o Espírito de conselho e, quando Ele assim o fizesse, aconteceria uma dinâmica mudança em Sua vida e no Seu

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ministério, o que seria uma mani-festação do Espírito de poder e de força.

Finalmente, Isaías profetiza que o Messias expressará e de-monstrará ter o Espírito de ado-ração e de temor de Deus, acres-centando que Ele se deleitará com tais virtudes. Lendo os Evange-lhos, você descobrirá que, quan-do Jesus não estava ministrando para as pessoas, Ele procurava estar sozinho, orando e adorando a Deus. Leia os quatro Evangelhos e observe a plenitude da expres-são do Espírito de Deus na vida de Jesus.

Na última metade do século XX, em alguns países, houve um reavivamento, decorrente de um maior interesse pelas manifesta-ções do Espírito Santo. Quando um grupo de cristãos tem uma experiência mais profunda com o Espírito Santo, é comum surgirem divisões e muita confusão. Isso acontece porque se tenta dar no-mes às experiências com o Espírito Santo. Por exemplo: você já ouviu alguém se referir a um crente, pas-tor ou igreja como sendo “cheio do Espírito”? O que fica implícito é que há dois tipos de crentes, pas-tores e igrejas. Existem os “cheios do Espírito” e aqueles crentes,

pastores e igrejas que nunca ficam cheios do Espírito.

Será que é isso o que a Bíblia quer dizer, quando fala sobre ser cheio do Espírito? Foi dada uma ordem a todos: “enchei-vos do Espírito” (Efésios 5.18). O que o original quer dizer, literalmente, é: “vivam cheios do Espírito”. Esta palavra, no grego, está estruturada no imperativo; é uma ordem e não uma opção para um verdadeiro discípulo de Jesus Cristo.

O que quer dizer ser cheio do Espírito? No Livro de Atos, lemos que Pedro, “cheio do Espírito”, fez o importante sermão do Dia de Pentecostes; mais tarde, lemos que, novamente, “cheio do Es-pírito”, Pedro pregou outra vez e milhares de pessoas foram salvas. Será que entre um acontecimento e outro Pedro continuava cheio do Espírito?

O Espírito Santo não é um lí-quido, mas uma Pessoa, e nós te-mos ou não essa Pessoa, o Espírito Santo, em nossas vidas. A pergun-ta, então, não deve ser “quanto do Espírito nós temos?”, mas, “quan-to de nós o Espírito Santo tem?”. Quando Ele tem tudo de nós, en-tão somos cheios do Espírito.

Um crente cheio do Espírito é um crente controlado pelo Espírito.

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Antes de ordenar para que sejamos cheios do Espírito, Paulo escreveu: “Não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito” (Efésios 5.18). As-sim como uma pessoa bêbada está sob a influência e controle do álco-ol, nós ficamos sob a influência e controle do Espírito Santo.

O que aprendemos com a bela profecia de Isaías é que não de-vemos ter medo de ser cheios do Espírito, porque, se assim formos, estaremos controlados pelo Espíri-to de Deus, expressando a essên-cia daquilo que Deus é em Seu Es-pírito; então, seremos como Jesus Cristo, quando expressou sete ca-racterísticas do Espírito de Deus.

Isaías está dizendo que Jesus Cristo foi a expressão perfeita do Espírito de Deus. Jesus Cristo, em todo o tempo esteve cem por cen-to controlado pelo Espírito. Ele estava sempre cheio do Espírito. O Espírito de Deus foi plenamen-te manifestado na vida de Jesus Cristo. Leia os quatro Evangelhos e descubra como Ele era. Será que depois disso alguém pode não desejar ser como Jesus? Cer-tamente Sua vida é o modelo que todos devemos seguir, expressan-do a essência do nosso Deus, que é Espírito.

A estrada de DeusNo capítulo 40 de Isaías, en-

contramos outra profecia messiâ-nica de rara beleza: “Voz do que clama no deserto: Preparai o ca-minho do Senhor; endireitai no ermo vereda a nosso Deus. Todo vale será aterrado e nivelados to-dos os montes e outeiros; e o que é tortuoso será retificado, e os lugares escabrosos, aplanados. A glória do Senhor se manifestará, e toda a carne a verá” (40.3-5).

Foi este um dos sermões de Isaías que João Batista pregou (Lucas 3.4-6). É um dos sermões mais importantes deste profeta. Nele, Isaías declara que Deus está vindo ao mundo, na Pessoa do Seu Filho, o Messias. Isaías compara o Filho de Deus a um Rei seguindo uma jornada. Se um rei planejasse uma jornada para uma vila distan-te, ele iria construir uma estrada, pela qual pudesse empreender essa viagem. Provavelmente, essa estrada se chamaria “Estrada do Rei”. São necessárias quatro coi-sas para se construir uma estrada: nivelar as montanhas, preencher os vales, endireitar os caminhos tortos e aplainar os irregulares.

Isaías faz uma ilustração sim-ples. Basicamente, ele diz: “Deus quer fazer uma viagem por este

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mundo, mas Ele precisa de uma estrada, pela qual possa viajar. A estrada que Deus vai usar para vir a esse mundo será a vida do Seu Filho, através da qual se poderá dizer que as montanhas do orgu-lho serão niveladas, os vales, ou “os vazios”, serão preenchidos, os caminhos tortos do pecado serão endireitados. Então, Deus poderá usar uma estrada neste mundo e toda carne verá a salvação e a gló-ria dEle, através desta estrada”.

Jesus mostrou como viver ou como ser um caminho para Deus. Por que você não experimenta fa-zer a seguinte oração: “Senhor Deus, faça da minha vida uma estrada, pela qual o Senhor possa viajar pelo mundo”. Não se surpre-enda se depois de você ter feito, de coração, esta oração, Deus apare-cer com uns “tratores espirituais” em sua vida, nivelando os montes do orgulho, preenchendo os vazios dos vales, endireitando os cami-nhos tortos do pecado. No mo-mento que fizermos esta oração, Deus coloca uma placa com o avi-so: “Cuidado: Deus trabalhando!”.

“O Manifesto Nazareno”Vamos a outro sermão mara-

vilhoso de Isaías, no capítulo 61. Esse sermão é uma profecia mes-

siânica, a respeito do ministério de Jesus. Quando Jesus deu início ao seu ministério público de três anos, anunciou-o com um “mani-festo”, que os estudiosos chamam de “O Manifesto Nazareno”. Jesus foi para a sinagoga de sua cidade natal e pediu o livro do profeta Isa-ías. Ele abriu o livro e leu: “O Es-pírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evange-lizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os quebran-tados e apregoar o ano aceitável do Senhor”; a seguir, anunciou que essas palavras que Ele tinha lido estavam se cumprido naquele dia (61.1,2a; Lucas 4.18-21).

Se você comparar a profecia de Isaías, no capítulo 61, com a citação do Senhor em Lucas, ca-pítulo 4, você perceberá que Ele parou a citação de Isaías no meio da frase. Isaías continua dizen-do: “e o dia da vingança do nosso Deus”. Jesus não leu esta parte do versículo porque ela fala da Sua Segunda Vinda, quando o Mes-sias voltará e se vingará de todos os inimigos de Deus. Jesus parou no meio do versículo e devolveu o livro para o rabino. Ele estava anunciando o Seu Manifesto para

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os próximos três anos do Seu mi-nistério, que estava começando naquele dia. Depois, Ele disse: “Hoje, se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir” (Lucas 4.21).

Jesus estava dizendo: “o Es-pírito de Deus está sobre Mim. Ele me ungiu para pregar aos pobres”. Quando Ele menciona os pobres, está se referindo àqueles que eram cegos espiritualmente. Uma cegueira que os impedia de dis-tinguir a mão direita da esquerda. Eles também eram pobres, porque estavam presos, quebrantados e feridos.

Basicamente, o que Jesus ensinou naquele dia na sinagoga, em Sua cidade natal, foi: “o Meu ministério é para os cegos, os ca-tivos, os feridos e quebrantados. Quando Eu anunciar o Meu Evan-gelho, o cego verá, o cativo será livre, os feridos e quebrantados serão curados”.

“O Manifesto Nazareno” é a estrutura básica, na qual se en-caixa o ministério de Jesus Cristo, visto através de qualquer um dos quatro Evangelhos, mas, princi-palmente, do Evangelho de Lucas. Quando Jesus, o Emanuel, que é Deus conosco, quis anunciar um manifesto que declarasse quem Ele era e o que Ele estava fazen-

do aqui, Ele, como João Batista, pregou um dos sermões de Isaías.

Observe o que Jesus fez du-rante os três anos que se seguiram ao pronunciamento deste manifes-to, quando você estiver lendo os Evangelhos. Ele não só deu visão aos cegos, literalmente, mas, atra-vés do Seu ensino, também curou muitos enfermos espirituais. Je-sus se compadecia das multidões, porque elas eram como ovelhas que não tinham pastor.

Em Seu Ministério de Aconse-lhamento, Jesus libertou os cativos. Ele prometeu que guiaria os cativos na Verdade, que os libertaria, se eles O seguissem (João 8.32-36).

Se você estiver cego, confuso, sem poder diferenciar a mão direi-ta da esquerda, então, o Ministério do Messias é para você. A missão do Messias é satisfazer as suas ne-cessidades e acabar com a sua ce-gueira. Se você não tem liberdade, está preso aos vícios, é controlado por seus próprios desejos e pela lascívia, o Ministério do Messias é para você. Ele veio ao mundo por causa de pessoas como você. Ele quer libertá-lo. Se você está ferido e quebrantado, por causa de difi-culdades em sua vida, lembre-se que Jesus veio ao mundo por cau-sa de pessoas como você. Ele quer

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curar você. Ele quer fazer de você uma pessoa completa.

Se você já viveu o milagre da salvação descrito por Jesus e por Isaías, no “Manifesto do Messias”, então, à medida que você se rela-ciona e interage com as pessoas, lembre-se que o Ministério de Je-sus também é para elas. Faça a você mesmo a pergunta: “Será que eles estão cegos? Cativos? Feridos e quebrantados?”. O mesmo Cristo que trabalhou em sua vida, tam-bém quer trabalhar na vida de ou-tras pessoas. Agora, Ele quer minis-trar na vida delas através de você.

Nas últimas horas que Jesus passou com os apóstolos, antes de ir para a cruz, Ele falou que enviaria o Consolador, o Espírito Santo, que habitaria neles. É isso que o Novo Testamento quer dizer quando diz que nós, os seguidores de Jesus Cristo, a Sua Igreja, so-mos “o Corpo de Cristo”. Ele vive em nós. Somos Suas mãos, Seus pés, o corpo através do qual Ele se manifesta hoje, dando visão aos cegos, liberdade aos cativos, curando aos feridos e quebranta-dos deste mundo.

O Salvador SofredorOutro aspecto da pregação

messiânica de Isaías é o enfoque

sobre a morte de Jesus Cristo. O capítulo 53 do Livro de Isaías é o mais importante da Bíblia, no que diz respeito ao significado da morte de Jesus Cristo. Isaías ini-cia este capítulo com a pergunta: “Quem creu em nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor?”. Lembre-se que Isa-ías foi comissionado para pregar para pessoas que não acreditavam nele. Ele tinha plena consciência de que, se o Espírito Santo não re-velasse para o povo o significado da Palavra de Deus, quando anun-ciada, esse povo não a entenderia, nem acreditaria nela.

A pergunta de Isaías, na ver-dade, quer dizer: “Quem realmen-te entende o significado da morte de Jesus?”. A essência do ensino de Isaías, neste capítulo, é encon-trada no versículo 6: “Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho, mas o Senhor fez cair sobre Ele a iniquidade de nós todos”. Como foi que Deus fez cair a nossa iniquidade sobre o Messias? “Ele foi transpassado pelas nossas transgressões e mo-ído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (53.5).

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O versículo 6 começa e ter-mina com a palavra “todos”. A primeira vez que Isaías usa esta palavra diz: todos somos como ovelhas. Será que isso inclui você? Lembre-se que no Salmo 23 está escrito: “O Senhor é o meu pas-tor... Ele me faz repousar em pas-tos verdejantes” (23.1,2). Quan-do confessamos que o Senhor é nosso Pastor, também estamos confessando que somos ovelhas dEle. Neste texto de Isaías, en-contramos a citação que somos ovelhas. Somos todos ovelhas dis-persas. Em outras palavras, somos todos pecadores; tomamos nossos próprios caminhos.

Na segunda vez que Isaías usa a palavra “todos”, proclama uma boa notícia. “O Senhor fez cair sobre Ele a iniquidade de todos nós” (Isaías 53.6). Você acredita que está incluído neste “todos” de Isaías? Se você acredita que o pri-meiro “todos” o inclui, então está confessando, também, que está incluído no último “todos”; com isto está admitindo que precisa aplicar na sua vida o significado da morte de Jesus Cristo. Então, você poderá ter a experiência da salvação, que foi revelada, quan-do Deus usou a vida de Seu Filho, como uma estrada, pela qual Ele passou neste mundo.

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Capítulo 4

A Profecia de Jeremias - “Uma Série de Choros”

Depois de Isaías, Jeremias é o profeta maior do Velho Testamen-to, que vem a seguir. Ele é conheci-do como “o profeta das lágrimas”. Na verdade, suas profecias são, li-teralmente, “uma série de choros”. Depois de chorar por cinquenta e dois capítulos, Jeremias escreveu um lindo poema, apêndice de sua profecia, chamado “Lamenta-ções”. Nesta bonita obra literária, Jeremias chora ainda mais.

Perspectiva históricaPor que Jeremias chorou tan-

to? Por que ele vivia tão triste? Por que ele sentia tanta agonia? Para responder estas perguntas é necessário entender o contexto histórico em que Jeremias viveu, pregou e escreveu suas profecias, neste livro que leva o seu nome.

Nos primeiros versículos, le-mos que este profeta iniciou o seu ministério no 13º ano do reinado do rei Josias, indo até o reinado de Zedequias, o que totaliza, mais ou menos, quarenta e um anos. Ele iniciou seu ministério quando Josias, que foi um rei temente a

Deus, reinava sobre Judá. Du-rante o reinado de Josias, alguns homens que estavam trabalhando na restauração do Templo desco-briram vários rolos da Palavra de Deus. O povo estava tão distan-ciado de Deus que desconhecia a existência das Escrituras ou da Lei de Deus. Outros reis mencionados nos primeiros versículos de Jere-mias foram os reis que vieram de-pois de Josias e estão associados à queda de Jerusalém e ao cativei-ro babilônico.

A queda de Jerusalém foi uma catástrofe que se estendeu por um período de vinte anos. Quan-do aconteceu a primeira invasão de Jerusalém, Jeoaquim era o seu rei. Ele se rendeu aos exércitos babilônicos e serviu a Nabucodo-nosor por três anos. Durante este período, os judeus foram forçados a servir os babilônios e a pagar-lhes impostos até que o rei Jeoa-quim se rebelou; por causa disso, os exércitos de Nabucodonosor invadiram Jerusalém pela segunda vez. Nessa ocasião, o jovem Joa-quim, filho de Jeoaquim, entregou

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CBI - Encontro com a Palavra26 Livro 4

oficialmente a cidade ao domínio babilônico e muitos do povo de Judá foram levados cativos para a Babilônia.

Quando Joaquim entregou pela segunda vez a cidade aos ba-bilônios, seu irmão Zedequias foi constituído rei, mas, na verdade, era uma marionete nas mãos dos babilônios e, depois de onze anos, também se rebelou.

Desta vez os exércitos babilô-nicos destruíram totalmente a ci-dade de Jerusalém; não houve pe-dra que ficasse sobre pedra e toda a população foi levada cativa para a Babilônia, exceto os velhos, do-entes, fracos e Jeremias, o profeta das lágrimas.

Durante o reinado de Josias, Deus deu a Jeremias uma reve-lação profética, a respeito da ca-tástrofe que estava por vir. Ele começou profetizando sobre a in-vasão babilônica, sobre o cativeiro e sobre a consequente conquista, resultado do pecado do povo, prin-cipalmente o pecado de idolatria, mas, também, por causa de outros pecados, como a apostasia e o desrespeito pela Palavra de Deus.

A princípio, a mensagem de Jeremias e de outros profetas foi basicamente esta: “se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se

humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus ca-minhos, então, eu o ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra” (II Crônicas 7.14). Como o povo não deu ou-vido a esta pregação, a mensagem mudou; profetas, como Jeremias e outros, passaram a pregar: “O jul-gamento de Deus está chegando e não há como impedi-lo”.

Um homem odiadoQuando Jerusalém começou a

ser sitiada, Jeremias pregou uma mensagem tão impopular, que ele acabou sendo o mais odiado de to-dos os profetas. A primeira parte de sua mensagem foi sobre a con-quista e o cativeiro, que não pode-riam ser evitados; depois, a prega-ção de Jeremias foi de esperança. Diferentemente do cativeiro do Reino do Norte, os que profetiza-ram sobre a invasão babilônica e o cativeiro do Reino do Sul tinham uma mensagem de esperança: “Depois de setenta anos, no cati-veiro babilônico, vocês voltarão”.

Jeremias acreditava nesta mensagem de esperança; quando os babilônios começaram a sitiar Jerusalém, ele pregou: “Este é um plano irrevogável de Deus. É me-lhor vocês se renderem ao rei Na-

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bucodonosor. Vão para a Babilônia, porque vocês acabarão voltando”.

O povo de Judá odiava Jere-mias porque em sua pregação ele dizia que o povo deveria se ren-der. Eles diziam que a mensagem de Jeremias era uma conspiração. Por causa disso, Jeremias foi jo-gado numa masmorra e colocado numa cisterna cheia de lodo, onde foi deixado sem comida e convi-vendo com os ratos.

O vaso e o barroJeremias e alguns outros pro-

fetas fariam qualquer coisa para que sua mensagem fosse compre-endida. Eles descreviam com de-talhes o que estavam tentando co-municar. Às vezes, eles utilizavam uma forma de pregação que deno-minamos “representação simbóli-ca”. Por exemplo, no capítulo 18 de Jeremias, o povo é chamado de “O Vaso Reciclado”. Jeremias pre-gou que Deus o mandou ir à casa do oleiro e que, enquanto ele esta-va lá, presenciou o oleiro fazendo um vaso. O oleiro tentava fazer um vaso bonito, mas não conseguia que ficasse do jeito que ele que-ria. Insatisfeito com o vaso, o olei-ro espatifou-o no chão, reciclou o barro e o transformou em um vaso novo.

Quando Jeremias pregou este sermão, ele estava dizendo ao povo: “Vocês são como o vaso que o oleiro estava fazendo; vocês não ficaram do jeito que Deus queria e, por isso, Ele está castigando vocês. Deus os levará à Babilônia, recicla-rá vocês e, depois, os trará de volta como um vaso totalmente novo”.

Fica muito clara a aplicação que podemos tirar para nossas vi-das. Às vezes, não estamos como Deus quer que estejamos; então, Deus precisa nos reciclar. Você já se sentiu assim? De repente, sua vida desaba e você se sente como se tivesse sido jogado num monte de barro e está sendo transforma-do em um novo vaso. Esta trans-formação de vaso velho para vaso novo pode ser traumática; mas, depois que o novo vaso é forma-do, é maravilhoso! Como o após-tolo Paulo escreveu: “se alguém está em Cristo, é nova criatura” (II Coríntios 5.17).

Podemos encontrar nos ser-mões do Livro de Jeremias, este grande profeta, aplicações profun-das para as nossas vidas. Às vezes, Deus precisa nos reciclar e discipli-nar para que sejamos vasos do Seu agrado. Quando as consequências dos nossos pecados são perma-nentes e as cicatrizes irreversíveis,

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precisamos ser transformados em vasos novos, como Jeremias pre-gou neste tão importante sermão. Infelizmente, muitos não buscam a Deus; como aquele povo que re-jeitou a pregação de Jeremias, não pedem que Deus transforme suas vidas.

O vaso quebradoUm dia Deus falou para Je-

remias comprar um vaso e levar para os sacerdotes e anciãos do Templo; depois de chamar a aten-ção de todos, ele pegou aque-le vaso e o espatifou no chão. A partir daí, sua pregação, basica-mente, foi esta: “Vocês, que lutam contra Nabucodonosor e a Babilô-nia, que se recusam a render-se a eles, serão espatifados como este vaso. Não serão reciclados e não vai haver retorno. Será o fim para vocês, pois serão aniquilados!” (19.10,11).

Profecias messiânicasQuando Jeremias prega sobre

o cativeiro e a esperança do povo, como fez Isaías, ele também al-terna suas profecias referentes ao retorno do cativeiro com as relati-vas à vinda do Messias, a grande esperança não só para o povo de Judá, como para o mundo todo.

Uma dessas mensagens está no capítulo 29, quando o povo es-tava no cativeiro. Através de uma carta de Jeremias, Deus falou para o povo: “Eu é que sei que pen-samentos tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que esperais. Então, me in-vocareis e ireis, e orareis a mim e eu vos ouvirei. Buscar-me-eis e me achareis, quando me bus-cardes de todo o vosso coração. Serei achado de vós, diz o Senhor, e farei voltar os vossos cativos e congregar-vos-ei de todas as na-ções e de todos os lugares para onde vos lancei, diz o Senhor, e tornarei a trazer-vos ao lugar de onde vos transportei” (29.11-14).

Este é um resumo do impres-sionante sermão de Jeremias para o povo de Judá, quando se iniciou o cativeiro e o trabalho escravo na Babilônia: “O seu Deus, Pai amo-roso, está disciplinando vocês, mas isso é para o seu bem; não é para prejudicar vocês. Deus quer dar uma esperança e um futuro a vocês; portanto, enquanto vocês estiverem na Babilônia, clamem a Deus de todo o coração, porque Ele os ouvirá. Vocês serão encon-trados por Deus e Ele os trará de vota do cativeiro”.

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ESTUDO PANORÂMICO DO VELHO TESTAMENTO (Isaías a Malaquias)

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Quando Jeremias profetizou o cativeiro para o povo, ele estava disposto a sofrer todas as prova-ções e perseguições por causa de sua mensagem. Ele creu que devia anunciá-la, pois sabia que ela vi-nha do próprio Deus e, portanto, era uma mensagem verdadeira. E era mesmo! Um dado importante a ser destacado neste estudo de Jeremias é que todas as suas pro-fecias foram cumpridas.

Quando você ler as profecias de Jeremias, procure a mensagem de

castigo e julgamento de Deus sobre o povo de Judá, mas não deixe pas-sar despercebida a mensagem de esperança. Aplique as duas mensa-gens em sua própria vida e lembre-se de que, quando Deus está disci-plinando, Ele sabe que planos tem para você: planos para sua prospe-ridade espiritual, planos para que você tenha esperança e planos para o seu futuro. O importante é que você responda à correção de Deus satisfatoriamente, para que Ele pos-sa fazer de você um vaso novo.

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CBI - Encontro com a Palavra30 Livro 4

Capítulo 5

O Cântico Solitário do Cativeiro

Um pouco antes de o povo ser levado para o cativeiro na Babilô-nia, Jeremias pregou algumas pa-lavras de esperança para os que sobreviveram ao massacre da in-vasão de Jerusalém, que ficaram chocados com tanto terror. As palavras ungidas de Jeremias os ajudariam a suportar os 70 anos de cativeiro: “Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio na sua sa-bedoria, nem o forte na sua força, nem o rico nas suas riquezas; mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou o Senhor e faço misericórdia, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o Senhor” (9.23,24).

Esta expressão “glorie-se em” significa “trazer à tona todo o po-tencial que uma situação possa ter, para expressar sua essência de maneira plena; tudo o que Deus pode ser na sua vida”.

Naquele contexto, Jeremias estava dirigindo uma mensagem muito importante ao povo cativo. Ele estava, por exemplo, dizendo ao homem rico: “você não pode

mais confiar nas suas riquezas para expressar todo o potencial de sua vida. Você não encontrará mais satisfação nas riquezas”. Os ricos que se gloriavam em sua riqueza, não mais o fariam, pois tudo tinha sido retirado deles, quando Jeru-salém caiu. Jeremias também es-tava dizendo aos que se gloriavam em sua sabedoria: “homem sábio, você se acha muito inteligente agora que está acorrentado, sendo levado cativo?”. Também de nada adiantará gloriar-se na sua força, porque, na Babilônia, vocês se ali-mentarão de porções de miséria e conhecerão o que é estar fraco fisicamente.

Até aqui parece que a men-sagem de Jeremias era somente negativa; mas, observe agora a parte positiva da sua mensagem. Através de Jeremias, Deus diz aos cativos: “se vocês quiserem real-mente entender o significado e o propósito da vida e como atingir o seu potencial, venham a Mim e conheçam a essência de Quem Eu sou”. Jeremias está pregando: “vocês descobrirão todo o seu po-

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tencial, quando conhecerem, aqui na terra, a essência do que Deus é no céu. Vocês podem entender a essência do Ser que Deus é e, depois, a essência do seu próprio ser, se entenderem que Deus Se revela na terra, através dos Seus atributos”, que compõem a Sua personalidade.

Neste importante sermão, Je-remias está pregando: “é assim que vocês podem conhecer Deus, através do que Ele é, do Seu amor imutável, da Sua retidão e da Sua justiça perfeita”.

Assim o povo poderia refle-tir, quando estivesse executando o trabalho escravo na Babilônia. Eles precisavam saber que não encontrariam mais realização nem significado nas suas riquezas, em sua vasta sabedoria ou força físi-ca. Eles teriam que encontrar ou-tra fonte de satisfação e um novo significado para viver. De acordo com o profeta, aquele seria um tempo muito propício para o povo reencontrar-se com Deus, e isso seus senhores babilônicos não po-deriam tirar deles.

A prova do retornoNos capítulos 32 e 33, lemos

a respeito de uma das coisas mais espetaculares que Jeremias fez. A

cidade de Jerusalém estava sendo sitiada e o reinado de Zedequias chegando ao fim. Enquanto Je-remias se encontrava preso, por causa da sua pregação, recebeu uma revelação de Deus, de que seu primo Hananel iria procurá-lo e lhe pediria que comprasse uma fazenda situada em Anatote. Ana-lise a situação: Jerusalém estava sendo sitiada e aquele, com cer-teza, não era o melhor momento para se comprar uma fazenda nas proximidades dela. Deus, porém, disse a Jeremias que a comprasse. Hananel deve ter dito: “eu tenho uma fazenda lá em Anatote e Deus colocou no meu coração oferecer essa fazenda a você”.

Jeremias concordou em com-prar as terras, mas, para isso, fez uma grande encenação. Ele arru-mou testemunhas e escribas para que sua compra fosse legalmente oficializada e conhecida por todos. Depois que ele assinou o contra-to de compra, selou-o e o colocou em um vaso de barro. A seguir, começou a pregar mais um dos seus espetaculares sermões de significado simbólico: “Faz algum tempo que eu estou falando que vocês voltarão do cativeiro babilô-nico e eu vou mostrar a vocês que realmente acredito no que estou

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falando”. Leia todo o capítulo 32 de Jeremias para conhecer este sermão, que explica a dimensão da sua fé.

Foi no contexto deste lindo sermão de esperança, iniciado no capítulo 32, que Jeremias pregou o versículo tão conhecido que diz: “Invoca-me, e te responderei; anunciar-te-ei coisas grandes e ocultas, que não sabes” (33.3). Você já invocou a Deus? Ele quer que todos nós O invoquemos, para nos mostrar coisas grandes e po-derosas que nunca vimos antes.

Como você pode observar, a pregação de Jeremias não foi só destruição e tristeza. Nos seus sermões, também havia muita esperança para o povo de Judá, quando Jerusalém foi tomada e sua população levada cativa para Babilônia.

Coisas do coraçãoGostaria que você tivesse em

mente que este breve estudo dos sermões de Jeremias não é feito em ordem cronológica. O profeta e seu escriba Baruque não escreve-ram os sermões na ordem em que eles foram pregados, mas, à medi-da que Jeremias ia se lembrando deles, anos mais tarde, quando estava preso.

O resumo de mais um dos im-portantes sermões de Jeremias é encontrado logo no início do seu livro. O Senhor disse, através deste profeta: “Porque dois males come-teu o meu povo: a mim me deixa-ram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas ro-tas, que não retêm águas” (2.13).

O povo tinha se afastado de Deus e da sabedoria que vem da Sua Palavra. De acordo com Je-remias, o povo acreditou nos es-cribas que tinham feito da Lei do Senhor uma mentira. O grande profeta escreveu: “Como, pois, di-zeis: nós somos sábios e a lei do Senhor está conosco, quando, na verdade,a falsa pena dos escribas a converteu (a Lei do Senhor) em mentira” (8.8). Se alguém conse-guir convencê-lo de que a Palavra de Deus não é confiável, em que você vai crer? Você vai ficar só com sabedoria e filosofia humanas. Je-remias questionou acerca do que pode ser comparado à sabedoria encontrada na Palavra de Deus.

Será que as pessoas mudam?Você já percebeu que a Bí-

blia nunca diz para você mudar ou para tentar ser melhor? É im-pressionante o número de pessoas que acha que a Bíblia fala isso,

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quando tal não acontece. Na ver-dade, Jeremias até ironiza aqueles que tentam ser diferentes: “Pode, acaso, o etíope mudar a sua pele ou o leopardo as suas manchas? Então, poderíeis fazer o bem, es-tando acostumados a fazer o mal” (13.23).

Por nós mesmos, nunca con-seguiremos moldar o nosso “eu”. A Bíblia nos orienta que devemos “ser transformados pela renovação das nossas mentes” (Romanos 12.2). Jesus afirma que devemos nascer novamente e o novo nasci-mento é uma experiência passiva.

Quem conhece nosso coração?Jeremias também tinha algo a

dizer sobre o coração humano: “En-ganoso é o coração, mais que todas as coisas, e desesperadamente cor-rupto; quem o conhecerá?” (17.9). A resposta, certamente, é Deus, porque só Ele conhece nossos cora-ções. “Eu, o Senhor, esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos; e isto para dar a cada um segundo

o seu proceder, segundo o fruto de suas ações” (17.10).

Deus conhece o seu coração; você pode enganar sua família, seus amigos e até você mesmo, mas não consegue enganar Deus. Exatamente por nos conhecer, Ele quer nos dar um coração novo. Ore como o rei Davi: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pen-samentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo ca-minho eterno” (Salmo 139.23,24).

Devemos procurar aplicações para nossas vidas em todo o Li-vro de Jeremias, em cada um dos sermões deste grande profeta. Há momentos em que Deus precisa nos disciplinar e nos reciclar, para que nos transformemos em vasos novos. Quando as consequências dos nossos pecados são perma-nentes e as cicatrizes irreversíveis, precisamos nos transformar em vasos novos, conforme estudamos no sermão de Jeremias, quando Deus o mandou à casa do oleiro.

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CBI - Encontro com a Palavra34 Livro 4

Capítulo 6

As Más Notícias de Deus

No capítulo 24 do Livro de Jeremias está registrada a visão que o profeta teve de dois cestos de figos. Num deles, os figos eram frescos e, no outro, estragados. O Senhor disse a Jeremias: “Do modo que vejo estes bons figos, assim favorecerei os exilados de Judá, que eu enviei deste lugar para a terra dos caldeus. Porei so-bre eles favoravelmente os olhos e os farei voltar para esta terra; edificá-los-ei e não os destruirei; plantá-los-ei e não os arrancarei. Dar-lhes-ei coração para que me conheçam, porque eu sou o Se-nhor; eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus; porque se voltarão para mim de todo o seu coração. Como se rejeitam os fi-gos ruins que, de ruins que são, não se podem comer, assim tra-tarei Zedequias, rei de Judá, e a seus príncipes, e ao restante de Jerusalém, tanto os que ficaram como os que habitam na terra do Egito. Eu os farei objeto de es-panto, calamidade para todos os reinos da terra. Enviarei contra eles a espada, a fome e a peste,

até que se consumam de sobre a terra que lhes dei, a eles e a seus pais” (24.5-10).

Jeremias pregou, continua-mente, esta mensagem. Havia dois tipos de pessoas em Jerusa-lém, quando a cidade foi destruída pelo Império Babilônico. Aqueles que sabiam que o cativeiro ba-bilônico era um castigo de Deus, por isso foram para a Babilônia, aceitaram a disciplina de Deus e se arrependeram, e aqueles que, como Zedequias, recusaram-se a reconhecer a vontade de Deus naquela punição, rejeitaram a pre-gação de Jeremias e se revoltaram contra os babilônios; estes se tor-naram como os figos podres ou como aquele vaso quebrado que mencionamos no estudo anterior, constante no capítulo 18, do livro deste profeta.

Argumentos contra o humanismoAlguns dos sermões de Je-

remias se opõem ao que hoje é chamado “humanismo”. Ideolo-gias humanistas se espalharam e se tornaram muito populares nos

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dias de hoje, mas elas não são especificas dos tempos atuais. Na verdade, não passam de “heresias disfarçadas”, das quais já nos ad-vertiam Jesus e os apóstolos. Da mesma forma que o humanismo, as ideologias que preconizam que tudo o que o homem precisa é do próprio homem estão presentes na História Antiga. Porém, quan-do estudamos a vida de homens como Moisés, por exemplo, desco-brimos uma ideologia totalmente diferente, de onde afloram verda-des espirituais como a convicção de que “eu não sou, mas Deus é; eu não posso, mas Deus pode e Ele está comigo”.

Precisamos de Deus?Jeremias combate este pen-

samento humanista em seus ser-mões: “Eu sei, ó Senhor, que não cabe ao homem determinar o seu caminho, nem ao que caminha o dirigir os passos” (10.23). Atente para este versículo: “Maldito o ho-mem que confia no homem e faz da carne o seu braço e aparta o seu coração do Senhor!” (17.5). Depois, Jeremias apresenta o re-sultado positivo da confiança em Deus: “Bendito o homem que confia no Senhor e cuja esperan-ça é o Senhor” (17.7).

Muitas pessoas acham que não precisam de um Pastor; que podem resolver seus problemas por si mesmas. Crêem que tudo o que necessitam é usar o seu in-telecto e a sua habilidade; mas, as Escrituras dizem o contrário: “Vocês necessitam de um Pastor para conduzi-las; vocês precisam da sabedoria e do poder de Deus para aplicarem à sabedoria hu-mana” (cf. II Coríntios 9.8; Tiago 1.5). Este é o ensinamento que os profetas e os apóstolos, unânimes, deixaram registrado no Velho e no Novo Testamento.

Pronto para a PalavraA cura para a apostasia de

Judá, para o pecado que trouxe sobre eles o cativeiro babilônico, está em outro sermão de Jere-mias, muito importante, registrado no capítulo 4: “Assim diz o Senhor aos homens de Judá e a Jerusa-lém: Circuncidai-vos para o Se-nhor, circuncidai o vosso coração, ó homens de Judá e moradores de Jerusalém, para que o meu furor não saia como fogo e arda, e não haja quem o apague, por causa da malícia das vossas obras” (4.3,4).

Este sermão de Jeremias é se-melhante ao sermão do nosso Se-nhor, encontrado nos Evangelhos,

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CBI - Encontro com a Palavra36 Livro 4

chamado “A Parábola do Seme-ador”. Jesus disse que a Palavra de Deus pregada é como um agri-cultor que semeia suas sementes; quando ele as espalha, elas po-dem cair em quatro tipos diferen-tes de solo, que simbolizam qua-tro respostas diferentes à pregação da Palavra de Deus. Às vezes, a Palavra não penetra na mente do ouvinte; outras, não penetra no centro de sua vontade; às vezes, penetra no coração e no centro de sua vontade, mas, quando cresce, é sufocada por ervas daninhas, que significam os cuidados, as ri-quezas e outras distrações deste mundo. Outras vezes, a Palavra cresce e produz muitos frutos.

Jesus pode ter tomado por base o sermão de Jeremias para ensinar esta linda parábola. O profeta disse ao povo: “A vida de vocês é como um solo que não foi arado, onde, há muito tempo, nada é plantado”. O povo tinha se esquecido da Palavra de Deus e todas as consequências que esta-vam sofrendo por tal atitude ser-viam de preparação para o solo de suas vidas, para que recebes-sem a semente. Deus estava pre-parando o solo, que era o coração do povo, para que ouvisse a Sua Palavra.

Jeremias falou sobre ser cir-cuncidado no coração. O após-tolo Paulo também usou esta ex-pressão, que pode ter aprendido com Jeremias. Paulo afirmou que a circuncisão era para o povo de Deus do Velho Testamento o que o batismo é para nós hoje. A cir-cuncisão era uma ordenança, pela qual o povo judeu professava sua fé. No Novo Testamento, através do batismo, professamos nossa fé em Jesus Cristo.

Qualquer ordenança, sem a realidade que ela representa, pode se tornar uma expressão vazia de seu principal conteúdo, perdendo, assim, seu real significado. Jesus, os apóstolos e os profetas enfati-zaram a diferença entre vivenciar e professar. O modo como você vive fala mais alto que o que você pro-fessa. Viver em seu dia-a-dia aqui-lo que a ordenança representa é o que Jeremias e Paulo chamaram de “circuncisão do coração”.

Você acredita naquilo que você professa? Então, não pare no professar, mas viva o que você professa!

As más notícias de DeusNo capítulo 23, parafraseando

o seu sermão, Jeremias disse o se-guinte: “Quando alguém do povo,

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CBI - Encontro com a Palavra Livro 4 37

um de seus profetas ou sacerdotes perguntarem a você: ‘Muito bem, quais são as más notícias da par-te do Senhor que Jeremias vai dar hoje’, você deverá responder: ‘que más notícias? Vocês são as más notícias, por isso Deus rejeitou vo-cês’. Ele punirá o povo, os falsos profetas e os sacerdotes que hoje ironizam as más notícias da parte de Deus. Ele os punirá e suas famí-lias pelas inverdades que dizerem”.

O povo zombava de Jeremias, porque ele nunca tinha boas no-tícias para dar. Por causa da ca-lamidade que estava por vir, sua mensagem, como já vimos, era considerada pessimista. No en-tanto, tudo o que ele pregou se cumpriu: tanto a pregação de des-truição e tristeza, como também a de esperança. A pregação de Je-remias foi a única esperança para os judeus que deram ouvido aos seus sermões. As profecias mes-siânicas, que se misturaram às promessas de retorno do cativeiro, representam hoje nossa única es-perança.

O jugo de JeremiasSua mensagem também era

carregada de muito sentimento: “Ah! Meu coração! Meu coração! Eu me contorço em dores. Oh! As

paredes do meu coração! Meu co-ração se agita! Não posso calar-me, porque ouves, ó minha alma, o som da trombeta, o alarido de guerra. Golpe sobre golpe se anuncia, pois a terra já está des-truída” (Jeremias 4.19,20). Nes-ta revelação profética, referente à conquista da Babilônia, Jeremias podia até ouvir o som do exército babilônico e os gritos do povo de Judá. Ele continua a experimentar o horror desses acontecimentos, quando pergunta: “Até quando te-rei de ver a bandeira, terei de ou-vir a voz da trombeta?” (4.21). O Senhor responde: “Deveras, o meu povo está louco, já não me conhe-ce; são filhos néscios e não inte-ligentes; são sábios para o mal e não sabem fazer o bem” (4.22).

Este sermão de Jeremias se encaixaria muito bem nos dias atuais. Hoje somos especialistas na construção de armas de des-truição em massa. Será que sabe-mos o que é certo? A violência e o crime assumiram proporções epi-dêmicas no mundo todo. Somos capazes de inventar armas de todo tipo: termonuclear, química e bio-lógica, para destruição em massa; mas, parece que não temos ne-nhum talento para fazer o que é bom diante de Deus, pois sequer

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discernimos o que realmente é certo!

A perseverança de JeremiasJeremias, quando se encon-

trava preso e encerrado numa masmorra, ditou a versão original do seu livro para seu fiel escriba Baruque, na medida em que os fatos acorriam à sua lembrança. Depois disso, ele mandou que o livro fosse lido para o povo no Dia do Santo Jejum. Todos os que ouviram foram impactados com a leitura do livro, que, mais tar-de, também foi lido na presença do rei, o qual, conforme o livro ia sendo lido, cortava cada parte lida

com uma lâmina bem afiada, an-tes de jogar no braseiro aceso do seu aposento, até que todo o livro foi destruído pelo fogo.

Quando Jeremias soube dis-so, chamou Baruque e mandou que ele pegasse outro rolo, para que todas as pregações fossem escritas novamente. Ao fazer isso Jeremias lembrou-se de vários sermões que não tinham sido in-cluídos no primeiro livro (36.32). Desta forma, foram escritos os cinquenta e dois capítulos do livro que estamos estudando, como nós o conhecemos hoje, o que não seria possível sem a perseve-rança deste grande profeta.

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Capítulo 7

O Livro de Lamentações - O Amor Incondicional de Deus

O Livro de Lamentações é a continuação do Livro de Jeremias. Nos cinquenta e dois capítulos do primeiro livro, Jeremias chora por causa das revelações proféti-cas que Deus estava lhe dando, a respeito da iminente conquista ba-bilônica. O Livro de Jeremias ter-mina com o profeta ainda na terra de Judá, depois que a maioria do povo havia sido levada cativa.

As evidências históricas in-dicam que este profeta foi para o Egito, onde, segundo a tradição, ele foi martirizado. Alguns estudio-sos acreditam que Jeremias, anos mais tarde, foi para a Babilônia, onde pregou para o povo de Judá que ele tanto amava; ainda outros acham que ele passou seus últi-mos dias em Judá.

O nome “Lamentações” é um ótimo título para este livro. O “profeta das lágrimas” continua chorando em razão da conquista da terra e deportação de parte do povo, que foi levado cativo para uma terra distante.

Um dos problemas tratados em Lamentações, que também foi

abordado pelos profetas Ezequiel e Daniel, é o fato de o povo não ter mais acesso ao Templo. Os judeus acreditavam que o Templo era onde Deus estava, e que a presen-ça divina habitava no lugar cha-mado Santo dos Santos, no interior do Templo, em Jerusalém. Muitos acreditavam que era somente no Templo que Deus se comunicava com os profetas; por este motivo, o profeta Daniel, quando orava, vol-tava-se para Jerusalém. Agora que o povo vivia na Babilônia, ficava a pergunta: onde estava Deus? Para o povo, Jerusalém seria sempre a cidade de Deus e, longe dela, ele se sentia separado do seu Deus.

A gruta de JeremiasJeremias escreveu o Livro de

Lamentações numa gruta localiza-da em um monte. Hoje existe um lugar no monte “Gólgota” chama-do “A gruta de Jeremias”. Deus, em Sua divina providência, pre-parou a gruta ou caverna de Jere-mias no monte do Calvário, onde Jesus Cristo morreu pelos pecados do mundo. Veremos o significado

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CBI - Encontro com a Palavra40 Livro 4

desta providência divina, quando estudarmos a mensagem do Livro de Lamentações.

A forma literária do Livro de Lamentações

No aspecto literário, o Livro de Lamentações é uma obra pri-ma de cinco poemas, ou elegias, divididos em cinco capítulos. Cada capítulo é um poema diferente e quatro deles são poemas acrósti-cos. Nestes, o primeiro verso co-meça com a primeira letra do al-fabeto; o segundo, com a segunda letra, e assim por diante. Não só a forma desta obra literária é bela, como também é inspirada a sua mensagem, o que a fez conquistar um lugar na Palavra de Deus.

Esta mensagem inspirada se focaliza na tragédia da conquista pelos babilônios e o consequen-te cativeiro. A mensagem é rela-tada graficamente e com grande emoção: “Que poderei dizer-te? A quem te compararei, ó filha de Jerusalém? A quem te assemelha-rei, para te consolar a ti, ó virgem filha de Sião? Porque grande como o mar é a tua calamidade; quem te acudirá?” (2.13). Jeremias faz uma descrição detalhada de Jerusalém, depois do horror causado pela con-quista do Império Babilônico.

Quando começamos a pen-sar que o livro só tem tristeza e desespero, Jeremias surpreende com uma linda profecia messiâni-ca de esperança, assim como ele fez em seu livro. Você se lembra que Jó também fez a mesma coi-sa no auge do seu sofrimento? (Jó 19.25,26). No terceiro capítulo de suas Lamentações, no mais profundo desespero, Jeremias re-cebe uma maravilhosa revelação profética: “As misericórdias do Senhor são a causa de não ser-mos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; reno-vam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade. A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; por-tanto, esperarei nele. Bom é o Se-nhor para os que esperam por ele, para a alma que o busca. Bom é aguardar a salvação do Senhor, e isso, em silêncio” (3.22-26).

A mensagem de esperança re-velada a Jeremias foi esta: Deus nunca deixa de nos amar! Quando pecamos, Ele continua a nos amar. A nossa esperança está no amor de Deus. Foi isso que Jeremias disse aos cativos que estavam sendo levados para a Babilônia: “Não se gloriem em suas riquezas, força, sabedoria, conhecimento ou educação. Gloriem-se em Deus.

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Vocês têm que conhecer Deus e encontrar satisfação nEle. Vocês precisam conhecer Deus e confiar em Seu amor, em sua misericórdia incondicionais, que nunca aca-bam”. Deus deixa claro, através de Jeremias, que não conquistamos o amor dEle com boas atitudes, nem o perdemos por causa de atitudes negativas. Deus nunca, nunca, nunca deixa de nos amar!

A prova do amor de DeusTambém lemos no terceiro ca-

pítulo de Lamentações: “Quem é aquele que diz, e assim acontece, quando o Senhor o não mande? Acaso, não procede do Altíssimo tanto o mal como o bem? Por que, pois, se queixa o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pró-prios pecados. Esquadrinhemos os nossos caminhos, provemo-los e voltemos para o Senhor” (3.37-40).

Expressando esta esperança, Jeremias compartilha uma ver-dade contida no Livro de Jó: que tanto os maus como os bons tem-pos procedem de Deus (Jó 2.10). Vemos esta verdade também ex-plícita no Livro de Eclesiastes, onde Salomão nos adverte que devemos nos alegrar nos tempos de prosperidade; mas, no dia da adversidade, devemos reconhecer

que Deus fez tanto uma, quanto outra. Salomão diz que é melhor ir a um velório que a uma festa, porque no velório refletimos sobre os valores eternos, como Deus, a morte, a vida, seus propósitos e significados (Eclesiastes 7.2,14).

Lembre-se: o povo de Deus era incorrigivelmente idólatra; seus pecados não conheciam limites, e isto incluía a corrupção dos sacer-dotes e os falsos profetas. Apesar disto, as mensagens de Jeremias e dos profetas do cativeiro pro-clamavam uma esperança: Deus ama muito vocês, por isso não vai deixar que sejam consumidos dia após dia, por causa da prática do pecado. Deus não vai deixar que isto lhes aconteça, porque vocês são o Seu povo.

A aplicação que tiramos para nossas vidas do Livro de Lamenta-ções é que quando Deus nos disci-plina, por causa de nossos pecados, essa disciplina é uma confirmação de que somos filhos de Deus. Como pais, nós também disciplinamos nossos filhos, quando eles ultrapas-sam os limites estabelecidos, e o fa-zemos porque os amamos. O autor da Carta aos Hebreus escreveu que a disciplina é uma prova de que o Senhor é nosso Pai Celestial e que Ele nos ama (Hebreus 12.1-12).

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Capítulo 8

A Profecia de Ezequiel - Fatos Extraordinários

O salmista afirma que enquan-to o povo marchava para a Babi-lônia era ridicularizado por seus opressores. Estes, sabendo que se tratava de um povo que gostava de louvar seu Deus, pediam-lhe que cantasse músicas alegres. “Como porém haveríamos de entoar o can-to do Senhor em terra estranha?”, diz o salmista (Salmo 137.4).

Era este o contexto históri-co, no qual os profetas Ezequiel e Daniel viveram e ministraram. Os dois tinham aproximadamente a mesma idade. Quando Daniel foi levado cativo, tinha, aproximada-mente, quatorze anos. Ezequiel foi levado ao cativeiro nove anos depois, quando tinha cerca de vin-te e cinco anos. Ele pregou nos campos de trabalho escravo e foi o único profeta que exerceu seu mi-nistério diretamente aos cativos.

Deus não quis que seu povo ficasse sem profeta, durante o pe-ríodo do cativeiro; por isso, Ele co-missionou o jovem Ezequiel para ir a Babilônia ministrar para os exila-dos. O versículo chave do seu livro é: “Busquei entre eles um homem

que tapasse o muro e se colocas-se na brecha perante mim, a fa-vor desta terra, para que eu não a destruísse; mas a ninguém achei” (22.30). Deus queria um homem entre os cativos que “ficasse na brecha” entre Ele e o Seu povo e o escolhido foi Ezequiel.

Literatura apocalíptica“Fatos Extraordinários” é um

bom título para o Livro de Eze-quiel, porque ele é cheio de profe-cias ao mesmo tempo estranhas e maravilhosas. Comparando-se os escritores da Bíblia, encontramos alguns fatos comuns entre eles. Por exemplo, Daniel, Ezequiel e o apóstolo João estavam exilados, quando escreveram seus livros, respectivamente: Daniel, Ezequiel e o Apocalipse. Os profetas Daniel e Ezequiel estavam exilados na Babilônia e João tinha sido exila-do pelos romanos na ilha de Pat-mos. Os três escreveram o que os estudiosos da Bíblia chamam de “literatura apocalíptica”. A palavra “apocalipse” significa “tirar o véu”, desvendar para o povo.

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A literatura apocalíptica, tam-bém chamada de escatológica, le-va-nos para trás do véu, mas tam-bém nos transporta para o futuro. Escatologia vem de “escat”, “últi-mas coisas”, e significa “o estudo das últimas coisas”. Um profeta escatológico fala do que acontece-rá, quando Deus, de acordo com Seus planos, finalizar a história humana. Os estudiosos da Bíblia chamam os planos de Deus, refe-rentes ao fim da história humana, de “doutrina das últimas coisas” ou “escatologia”.

Um esboço do Livro de EzequielA profecia de Ezequiel que,

por sinal, é muito organizada, pode ser definida como profecias referentes à destruição de Jerusa-lém. Como um profeta do cativei-ro, parte da sua missão foi comba-ter a mensagem de alguns falsos profetas, que anunciavam o breve fim do cativeiro babilônico, o que ia de encontro ao que aquele povo cativo almejava ouvir.

Jeremias menciona um falso profeta chamado Hananias, que o contradisse, anunciando que o cativeiro não duraria setenta anos, mas, apenas dois. Jeremias o con-frontou e previu que ele morreria antes que aquele ano terminasse.

A profecia de Jeremias foi cumpri-da literalmente (Jeremias 28.11-17). Acredita-se que, naquela épo-ca, havia muitos falsos profetas, pregando esta mesma mensagem.

Nos primeiros vinte e quatro capítulos do seu livro, Ezequiel combate as falsas profecias e re-força a predição de que Jerusalém seria destruída. Como Jeremias, Ezequiel também pregou que não havia como evitar a conquista babi-lônica e a destruição de Jerusalém.

Dos capítulos 25 a 32, Eze-quiel profetiza contra a Babilônia, a nação opressora de Jerusalém. A partir dos capítulos 33 ao 40, ele traz uma mensagem de espe-rança, anunciando que Jerusalém seria edificada novamente. Os úl-timos oito capítulos de Ezequiel contêm uma profecia escatológi-ca. Ele profetizou que, no mesmo lugar em que ficava o Templo de Salomão, seria construído outro, chamado templo milenar.

O chamado de EzequielEzequiel recebeu a maioria

de suas mensagens em forma de visões, muitas das quais são en-contradas também no Livro do Apocalipse. Vejamos a primeira de suas visões: “Olhei e eis que um vento tempestuoso vinha do Norte,

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e uma grande nuvem, com fogo a revolver-se, e resplendor ao redor dela, e no meio disto, uma cousa como metal brilhante, que saía do meio do fogo. Do meio dessa nu-vem saía a semelhança de quatro seres viventes, cuja aparência era esta: tinha a semelhança de ho-mem. Cada um tinha quatro ros-tos, como também quatro asas. ...A forma de seus rostos era como de homem; à direita, os quatro ti-nham rosto de leão; à esquerda, rosto de boi; e também rosto de águia todos os quatro. ...Vi os se-res viventes; e eis que havia uma roda na terra, ao lado de cada um deles. ...o espírito dos seres viventes estava nas rodas” (1.4-6,10,15,21).

A figura dos quatro seres vi-ventes é de grande importância na visão de Ezequiel. O apóstolo João também mencionou essas criaturas no Livro do Apocalipse, na visão que teve da porta aberta no céu. Ao redor do trono, ele viu, no céu, os mesmos seres viventes. O primeiro era como um leão, o segundo como um novilho, o terceiro como um homem e o quarto era como uma águia (Apocalipse 4.6-7).

Alguns estudiosos acreditam que a visão compartilhada por Ezequiel e João é um resumo da

revelação de Deus em toda Escri-tura. Quando Deus se revelou ao homem, no Monte Sinai, o som de Sua voz era como o rugido de um leão. Depois, Deus se revelou ao homem, através dos sacrifícios descritos nos livros de Êxodo e Levítico. O novilho representava os animais que eram sacrificados pelos pecados do povo. O homem que fazia parte desses seres viven-tes aponta para o Evangelho, onde Deus tornou-se Homem e viveu en-tre nós durante trinta e três anos. Alguns teólogos dizem que a águia representa a deidade, o “verdadei-ro Deus e verdadeiro homem”, po-rém, um só Cristo, conforme diz o credo da Igreja. A encarnação de Jesus Cristo foi o ápice da revela-ção do próprio Deus neste mundo.

As rodas podem simbolizar o constante processo de revelação de Deus, o qual inclui os profetas que anunciaram essa revelação, pois que o espírito dos seres viventes es-tava nas rodas. Estas são algumas das possíveis interpretações desta primeira visão de Ezequiel.

Ezequiel recebeu seu chama-do (capítulo 2) logo depois que teve esta visão. Talvez esta tenha sido a experiência que marcou e impulsionou o seu comissiona-mento. Você está lembrado da ex-

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periência de Isaías? Todos os gran-des profetas e homens de Deus, no Velho Testamento, tiveram a sua experiência de “ir até Deus” e “ir por Deus”. Todos eles tiveram uma experiência que marcou o encon-tro deles com Deus e, depois, eles tiveram a experiência do “ide”.

Muitas das experiências dos profetas e homens de Deus do Ve-lho Testamento de “ir até Deus” duraram alguns anos, como foi o caso de Moisés, que levou 80 anos de sua vida na experiência de “ir até Deus” e 40 anos em “ir por Deus”. Por isso seus quarenta anos de “ide” foram tão dinâmicos e intensos, pois foram precedidos de oitenta anos da preparação, de “ir até Deus”.

A grande visão dos quatro se-res viventes e das rodas, registra-da no primeiro capítulo do Livro do profeta Ezequiel, foi a sua ex-periência de “ir até Deus”. Quando Ezequiel foi comissionado, o povo de Judá tinha perdido sua visão de Deus; eles não tinham mais Je-rusalém, nem o Templo; também não tinham a Palavra de Deus e nenhum sacerdote que lhes minis-trasse adoração. Por isso, o líder espiritual naqueles dias, como é o caso de Ezequiel, tinha que ter uma visão sobrenatural da parte

de Deus, o qual se manifestou de várias maneiras a Ezequiel, que disse repetidas vezes: “veio a mim a palavra do Senhor”.

Ezequiel também disse: “a mão de Deus estava sobre mim”. Conhecido como o profeta que mais faz referência ao Espírito Santo, Ezequiel foi o único entre os profetas para o qual o céu se abriu e ele viu a glória do Senhor.

Deus deu esta visão de Si mesmo, para impedir que Seu povo perecesse e, também, para que Ezequiel pudesse ministrar ao povo naqueles tempos tão difíceis, nos campos de trabalho escravo da Babilônia.

O vigia espiritualNo capítulo 3, temos um dos

mais importantes sermões de Eze-quiel denominado “O Atalaia de Israel”. Esta metáfora faz referên-cia às cidades fortificadas que, constantemente, eram invadidas e sitiadas por conquistadores bárba-ros. Salomão usa esta mesma me-táfora, quando escreve: “Se o Se-nhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela” (Salmo 127.1). À noite, os vigias se posicionavam em suas torres, atentos a sinais e sons de algum inimigo. Esta figu-ra usada por Ezequiel também se

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baseia no vigia, que tem o dever de alertar os cidadãos para o sur-gimento de algum inimigo.

Este é o início do sermão de Ezequiel: “Findos os sete dias, veio a mim a palavra do Senhor, dizen-do: Filho do homem, eu te dei por atalaia sobre a casa de Israel; da minha boca ouvirás a palavra e os avisarás da minha parte. Mas, se avisares o perverso, e ele não se converter da sua maldade e do seu caminho perverso, ele morrerá na sua iniquidade, mas tu salvaste a tua alma” (3.16,17,19).

Na verdade, no dia em que Jeremias repreendeu os falsos pro-fetas, ele disse: “Vocês nunca aler-taram realmente o povo a respeito dos seus pecados, nem tentaram livrá-lo dessa calamidade”. Eze-quiel foi mais longe e disse: “Como um profeta, se vocês alertarem o povo, e ele persistir no seu cami-nho ímpio, ele morrerá na sua im-piedade, mas você livrou a si mes-mo. Porém, se você não os alertar, Deus o considerará responsável”.

O apóstolo Paulo escreveu: “Porque nós somos para com Deus o bom perfume de Cristo, tanto nos que são salvos como nos que se perdem. Para com estes, cheiro de morte para morte; para com aqueles, aroma de vida para

vida. Quem, porém, é suficiente para estas coisas?” (II Coríntios 2.15,16).

A aplicação devocional de tudo isto é: se você anuncia o Evangelho e a pessoa acredita nele, então você foi como uma fra-grância de vida para essa pessoa; porém, se você anuncia o Evange-lho para alguém e essa pessoa o rejeita, então você é a fragrância de morte, porque agora essa pes-soa não pode dizer: “eu não sabia” ou “nunca ouvi falar do Evange-lho”. Se nós acreditamos na Bíblia como a inspirada Palavra de Deus, devemos nos unir a Ezequiel na fé de que somos “atalaias”, “vigias” das almas daqueles que fazem parte da nossa vida.

Foi por isso que Ezequiel en-fatizou o papel do Espírito Santo nesta pregação. Ele, assim como Paulo, encontrou capacitação no Espírito Santo para tão importante tarefa. Paulo escreveu: “...a nos-sa suficiência vem de Deus” (II Coríntios 3.5). Ele acreditava que quando compartilhava o Evange-lho com pessoas como os corín-tios, nada vinha dele, porque toda a capacitação vinha do Espírito Santo (I Coríntios 2.3-5). Só mes-mo Deus pode nos capacitar para sermos atalaias espirituais.

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Capítulo 9

“Ossos Secos”

Há pastores que têm anuncia-do a Palavra de Deus por toda a vida e gostam muito de pregar so-bre um sermão de Ezequiel, anun-ciado de um cemitério, que pode ter sido um campo de extermínio, onde muitos do seu povo foram mortos (capítulo 37). Deus levou Ezequiel para um vale coberto de ossos secos e ordenou que ele pre-gasse para aqueles ossos.

Com base nesta figura, pode-mos dizer que é esta a situação de muitos pastores hoje, quando têm de pregar para sua igreja. Certa vez, um pastor disse que, quando Jesus Cristo voltar, sua igreja será a primeira a subir, porque, segun-do o apóstolo Paulo, “os mortos em Cristo subirão primeiro” (I Tes-salonicenses 4.16). Esses pasto-res podem perguntar a si próprios se aqueles ossos secos podem voltar a viver. “Será que a manei-ra como eu prego ou a mensagem da pregação está sendo orientada pelo Espírito Santo e uma nova vida ressurgirá nessas pessoas?”.

Ezequiel obedeceu ao cha-mado do Senhor e pregou para os

ossos secos: “Então, me pergun-tou (o Senhor): Filho do homem, acaso poderão reviver esses os-sos? Respondi: Senhor Deus, tu o sabes. Disse-me ele: Profetiza a estes ossos e dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do Senhor. Assim diz o Senhor Deus a estes ossos: Eis que farei entrar o espí-rito em vós e vivereis” (37.3-5).

O povo de Judá estava como ossos secos. Deus colocou diante de Ezequiel o seguinte desafio: “Você acha que esses ossos secos podem reviver?”. A Bíblia mostra que Deus sempre desafia os pro-fetas quanto às suas visões. Preste atenção! Ezequiel não disse: “Sim, Senhor, eu creio que eles podem voltar a viver”. Ele disse: “Senhor Deus, tu o sabes”. A princípio, o profeta não se dispôs a pregar, porque ele mesmo não cria que, realmente, aqueles ossos pudes-sem reviver. Então, Deus lhe disse: “Pregue, profetize para eles!”.

Ezequiel conta que, depois de profetizar como Deus lhe ordena-ra, começou a ouvir um barulho de ossos que batiam uns nos ou-

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tros e passaram a se juntar. Logo vieram nervos sobre os ossos, cresceu a carne e estendeu-se a pele sobre ela.

Ezequiel ainda não podia res-ponder à pergunta de Deus: “po-derão reviver esses ossos?” Aque-les corpos ainda estavam sem vida; não havia sopro de vida ne-les. Então, veio a ordem de Deus: “Profetiza ao Espírito”. Na Bíblia, as palavras fôlego, ar, respiração e espírito são uma só palavra. O espírito aqui quer dizer o Espírito Santo. Este é o princípio contido em toda a Bíblia: sem o Espírito Santo, as tentativas do pregador são inúteis.

Qualquer profeta verdadeiro sabe que, se o Espírito não vier sobre ele e não o ungir, qualquer coisa que ele tentar fazer não vai se realizar. Quando Ezequiel profe-tizou, o Espírito veio sobre aque-les corpos e eles se tornaram um grande exército.

A principal aplicação para os judeus da mensagem que Ezequiel pregou foi: “Eu posso e vou restau-rar vocês dessa experiência de cati-veiro. Eu posso e vou tirar vocês da Babilônia e levá-los de volta para a sua terra. Vou restaurar Israel!”.

A segunda aplicação tem a ver com o grande ministério de

construção da Igreja de hoje. A pregação do Evangelho levanta a Igreja. Os ossos secos represen-tam os perdidos. Dos bilhões de seres humanos que habitam a terra hoje, quantos conhecem Je-sus Cristo? Quantos sabem o que é ter o Espírito Santo habitando em seu ser? Este é o desafio da Igreja hoje. A aplicação do ser-mão dos ossos secos de Ezequiel tem o seguinte desafio: será que a Igreja de Jesus Cristo tem o poder do Espírito Santo para cumprir o Grande Comissionamento de le-var o Evangelho de Jesus Cristo para os perdidos deste mundo?

Você é um desses ossos se-cos? Será que você está perdido porque nunca ouviu o Evangelho da salvação ou, se ouviu, não creu nele? Esta mensagem também se aplica aos que apenas aparentam estar vivos, mas, na verdade, não têm vida verdadeira. Você tem o Espírito Santo em sua vida e em seu ministério? Não importa em quais circunstâncias você se en-contre; elas não são piores que as que Ezequiel enfrentou. Se Deus pôde reviver aqueles ossos secos, através de Ezequiel, Ele quer fazer o mesmo por nós e através de nós.

Se o Espírito realmente vive em você, o que você tem feito para

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edificar a Igreja? Você não precisa ser um grande pregador para fa-lar do Evangelho a outras pessoas; precisa apenas crer que o Espírito o ungirá enquanto você ministra a Palavra de Deus. Dizem, popu-larmente, que o evangelista é um mendigo ensinando o outro onde encontrar pão. Se você é um des-ses mendigos, mostrando onde está o pão, você precisa compre-ender o poder que há na associa-ção da oração com a pregação da Palavra de Deus.

No capítulo 2 do Livro de Atos, lemos que os discípulos vi-veram juntos numa comunidade espiritual. Eles compartilhavam seus bens e todos comiam juntos; era o que hoje podemos chamar de socialismo puro. Os apóstolos arrumavam as mesas e cuidavam da distribuição de alimentos, ati-vidades que os tiravam do traba-lho pastoral. Por esta razão, eles tomaram uma importante decisão: elegeram os primeiros diáconos da História da Igreja, para cuidarem

da administração, a fim de que eles pudessem se preocupar so-mente com a oração e a pregação da Palavra.

Esta mesma associação, ora-ção e pregação da Palavra, foi usa-da por Ezequiel em seu ministério. Dizem que, se quando nos junta-mos, ninguém é tocado ou sofre uma transformação, nada aconte-ceu. Se, quando pregamos a Pala-vra, apenas passamos informação, nada vai acontecer com aqueles que estão ouvindo; porém, se se-guirmos o exemplo de Ezequiel e dos apóstolos, descobriremos que quando nossa pregação é prece-dida de oração, algo acontece. A vida do povo que ouve a Palavra será transformada para sempre.

Quando estamos pregando ou compartilhando o Evangelho com alguém, devemos sempre fi-xar nosso olhar em Deus, pedindo a Ele a unção do Espírito Santo, pois, quando o Seu poder fortalece nossas palavras, os “ossos” voltam a ter vida.

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Capítulo 10

A Profecia de Daniel - Crentes Versus Babilônios

Daniel é o quarto dos chama-dos “Profetas Maiores” e o terceiro dos “profetas do cativeiro”. Nosso primeiro contato com Daniel se dá na primeira tomada de Jerusalém, quando ele tinha aproximadamen-te quatorze anos. Nessa ocasião, os babilônios não deportaram mui-ta gente; apenas um grupo selecio-nado de pessoas, entre elas Daniel e seus três amigos, foi levado para o cativeiro. Inicialmente, Nabuco-donosor, rei da Babilônia, ordenou que apenas os nobres, príncipes, as pessoas ricas e de boa educa-ção fossem levadas cativas. Deus, estrategicamente, usou o decreto de um governante pagão para es-tabelecer um ministério na Babilô-nia que, mais tarde, iria favorecer o Seu povo. Quando o restante dos cativos chegasse ali, haveria algu-ma influência favorável ao povo, no palácio de Nabucodonosor.

Exemplos e alertasO Livro de Daniel é dividido

em duas partes. Os seis primei-ros capítulos são uma narrativa histórica; quanto aos capítulos 7

a 12 distinguem-se por revelações proféticas. O versículo chave para a narrativa histórica dos seis pri-meiros capítulos encontra-se no Novo Testamento: “Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa, de nós outros, sobre quem os fins dos séculos têm chegado” (I Coríntios 10.11).

A vida espiritual de muitas pessoas do Velho Testamento ti-nha seus altos e baixos, o que não aconteceu com José e com Daniel. Ambos passaram a idade adulta no meio de uma cultura hostil, numa arena política de impérios mundiais. Estes dois podem ser considerados os homens mais pu-ros da Palavra de Deus. Enquanto José viveu no Egito, junto ao Fa-raó, Daniel passou sua vida adulta junto aos imperadores da Babilô-nia e da Pérsia.

Daniel sobreviveu a Nabuco-donosor e a seu filho Belsazar. Na verdade, ele viveu os 70 anos do cativeiro babilônico, até este ser conquistado pelo Império Pérsa. Quando o povo retornou do cati-

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veiro, ele já estava muito velho e fraco para voltar.

O papel de Daniel foi mostrar para o povo como lidar com o ca-tiveiro; ele foi um grande exemplo para o povo de Judá e ainda o é para nós, hoje.

A decisão de DanielO apóstolo Paulo escreveu:

“E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12.2). Pode-mos parafrasear este versículo da seguinte forma: “Não deixe que o mundo o leve a se adaptar ao seu molde; antes deixe que Deus o transforme de dentro para fora”. Esta foi uma exortação aos crentes do Novo Testamento, mas tam-bém pode ser aplicada a Daniel, quando chegou na Babilônia.

Não demorou muito para que Daniel percebesse a pressão que existia sobre ele, a fim de que se moldasse à cultura babilônica. Ele foi forçado a frequentar a universi-dade babilônica e foi tutelado pe-los sábios de Nabucodonosor, para que um dia se tornasse um bom líder deles. O primeiro motivo de confrontação foi a comida babilô-

nica, que, provavelmente, incluía alimentos considerados impuros para os judeus. “Resolveu Daniel, firmemente, não se contaminar com as finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia” (1.8).

O nome “Daniel” significa “Deus é o meu juiz”. Daniel an-dava diante de Deus, pedindo que Ele julgasse cada uma das suas atitudes. Os nomes dos seus três amigos também tinham significa-dos espirituais: Misael, que sig-nifica “aquele que é como Deus”; Hananias, “Jeová foi favorecido” e Azarias, “ajudado por Jeová”.

A primeira coisa que os babi-lônios fizeram foi trocar os nomes daqueles jovens judeus. O nome de Daniel passou a ser Beltessazar, que significa “Bel proteja sua vida”. Como Bel era o nome de um deus babilônico, acredita-se que eles es-tavam tentando fazer Daniel acredi-tar que ele estava sob a proteção de um deus pagão. O nome de Misael foi trocado para Mesaque, mais um deus deles; o de Hananias passou a ser Sadraque, nome do deus-lua da Babilônia. Quanto a Azarias, seu nome foi mudado para Abede-Ne-go, que significa “servo do deus ba-bilônico da sabedoria” (1.7).

Nabucodonosor estava dizendo para aqueles jovens: “Nós vamos

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transformar vocês em babilônios”, mas Daniel e seus amigos não se deixaram moldar por eles; ao con-trário, com suas atitudes íntegras e sua fidelidade ao Deus de seus pais, conquistaram a confiança dos seus opositores.

O quarto capítulo de Daniel conta que Nabucodonosor, o gênio que unificou o Império Babilônico, professou sua fé em Deus, o que torna este um dos capítulos mais impressionantes da Bíblia. O que levou Nabucodonosor a professar sua fé no Deus de Daniel? Tudo começou quando Daniel recusou se contaminar com a comida refi-nada, mas impura, dos babilônios.

A interpretação de sonhosNabucodonosor teve um so-

nho que o perturbou muito, por isso chamou seus sábios e disse: “Contem-me qual foi o meu sonho e o interpretem para mim”.

Como se pode imaginar, isso foi um grande problema para os sábios da Babilônia, que entraram em pânico, porque não conseguir cumprir uma ordem de um gover-nante como Nabucodonosor signi-ficava sérios problemas.

Eles disseram ao rei: “Não há mortal sobre a terra que pos-sa revelar o que o rei exige, pois

jamais houve rei, por grande e poderoso que tivesse sido, que exigisse semelhante coisa de al-gum mago, encantador ou caldeu ...ninguém há que possa revelar diante do rei, senão os deuses, e estes não moram com os homens” (2.10,11). Enfurecido, Nabucodo-nosor ordenou que todos os sábios fossem executados, o que incluía Daniel e seus amigos, que esta-vam sendo treinados pelos sábios babilônios.

Quando o chefe da guarda chegou para matar todos os sá-bios, Daniel, com muita sabedoria e tato, perguntou: “Por que é tão severo o mandado do rei?”. O ho-mem que deveria executar a ma-tança explicou o caso a Daniel e contou o que fora dito pelos sábios, que os deuses não habitavam com os homens e, portanto, não havia meios de revelar o sonho do rei.

Poderíamos resumir da seguin-te forma a resposta de Daniel: “Eles estão enganados, pois Deus vive nos homens”. Apresentando-se ao rei, Daniel pediu que ele lhe con-cedesse algum tempo, até que lhe fosse revelada a interpretação do sonho que o rei tivera. Depois dis-so, ele contou aos seus três amigos o que fizera e pediu que eles oras-sem. Naquela noite, numa visão,

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Deus revelou, sobrenaturalmente, a Daniel o sonho de Nabucodonosor e sua interpretação.

Na audiência seguinte com o rei, quando Daniel contou a Nabu-codonosor o que ele tinha sonhado e a interpretação do seu sonho, o rei caiu com o rosto em terra e, daquele dia em diante, passou a se referir a Daniel como “o homem em quem habita o Espírito de Deus” (4.18).

A interpretação do sonho do rei por Daniel é apenas um dos cinco milagres relatados no Livro de Daniel, que mostram a exis-tência do sobrenatural. Os outros quatro milagres foram: o livramen-to dos três amigos de Daniel, na fornalha (capítulo 3), a profissão de fé de Nabucodonosor (capítulo 4), a inscrição na parede (capítu-lo 5) e o livramento de Daniel, na cova dos leões (capítulo 6).

Através destes milagres, Da-niel e seus amigos demonstraram

o tipo de fé que pode ser opera-da em momentos difíceis de nos-sa vida. Eles tiveram fé para crer firmemente no poder sobrenatural de Deus. Creram plenamente no poder da oração e na providência do Deus que os tinha colocado na Babilônia.

Você já passou por crises que pareciam impossíveis de suportar, para as quais não encontrava es-cape, situações realmente insolú-veis? Você já se confrontou com o impossível? Daniel e seus amigos mostraram como enfrentar este tipo de situação.

Quando você estiver lendo so-bre estes milagres no Livro de Da-niel, faça a você mesmo a seguin-te pergunta: eu acredito no poder sobrenatural de Deus e da oração? Eu acredito na providência e nos propósitos de Deus, que me colo-ca onde estou para que haja ma-nifestação da Sua glória? Eu creio totalmente nisto?

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CBI - Encontro com a Palavra54 Livro 4

Capítulo 11

Foi-se a Glória da Babilônia!

Embora este estudo não seja acadêmico, mas um estudo devo-cional de toda a Bíblia, há algu-mas perspectivas históricas que você deve considerar, para com-preender e assimilar a mensagem do Livro de Daniel. É comum a Bíblia usar os reinos e reis para si-tuar acontecimentos bíblicos. Um exemplo disso são os primeiros versículos do segundo capítulo do Evangelho de Lucas, que relatam o nascimento de Cristo.

Quando ocorreram os episó-dios descritos nos quatro primei-ros capítulos do Livro de Daniel, o rei do Império Babilônico era Nabucodonosor; no quinto capítu-lo, o rei era Belsazar, filho de Na-bucodonosor, enquanto que, nos últimos versículos do capítulo 5 e primeiros versículos do capítulo 6, lemos que a Babilônia havia sido conquistada pela Pérsia e estava sob o reinado de Dario, o rei medo. Desta forma, concluímos que os seis primeiros capítulos de Daniel correspondem a um período de se-tenta anos de história babilônica.

Os acontecimentos rela-tados em toda a Bíblia corres-

pondem ao período dos impérios egípcio, assírio, babilônico, per-sa, grego e romano. No Livro de Daniel, observamos a ocorrência de dois impérios: o império babi-lônico, que durou setenta anos, e o império persa, com suas 127 províncias da Pérsia e Média, que abrange o contexto da história de Ester. Em uma das profecias de Daniel, ele faz referência a quatro destes poderes mundiais: Babilô-nia, Pérsia, Grécia e Roma.

Para que você entenda o ce-nário histórico do Livro de Daniel e compreenda a importância e a gló-ria do rei Nabucodonosor, torna-se necessário aprender um pouco so-bre o reino babilônico. Atente para esta descrição feita por um histo-riador do Velho Testamento: “A ci-dade possuía mais de dois milhões de habitantes e os jardins suspen-sos da Babilônia foram uma das sete maravilhas do mundo anti-go. Segundo os historiadores, os muros que circundavam a cidade tinham quase 100 km de compri-mento e cerca de 25 km em cada lado. Esse muro tinha 110m de altura e quase 30m de espessura,

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CBI - Encontro com a Palavra Livro 4 55

Capítulo 11

Foi-se a Glória da Babilônia!

atingindo a profundidade de 13m, para impedir que fossem feitos tú-neis pelos inimigos. Em toda sua extensão havia uma área livre de 400m entre a cidade e o muro. Externamente, era protegido por uma vala larga e profunda cheia de água. Havia 250 torres de vigia em todo a sua extensão. A cidade era cortada em duas partes, qua-se simétricas, pelo rio Eufrates. As duas margens eram protegidas por um muro com 25 portões, que davam para ruas ou balsas. Ha-via uma ponte sobre os píers de pedra de quase 1km de compri-mento e 11m de largura. Possuía ainda pontes levadiças, que eram recolhidas à noite, e um túnel de 7m de largura e 4m de altura, que passava por baixo do rio. Babilô-nia era considerada inviolável”.

Nos dias de Daniel, Babilônia não era apenas a cidade mais im-portante do mundo, mas o império mais poderoso de então. Apesar disso, este império durou apenas 70 anos e Daniel esteve lá desde o seu início até o fim. Ele foi amigo e conselheiro do rei. Nabucodono-sor foi um gênio, um líder político muito poderoso e o construtor do império babilônico, o qual gover-nou durante 45 anos.

Nabucodonosor tinha autori-dade e poder absolutos. No capí-

tulo 5 de Daniel, lemos a seguinte referência a ele: “matava a quem queria e a quem queria deixava com vida” (5.19). Para muitas pessoas hoje é difícil imaginar a autoridade absoluta de um ditador como Nabucodonosor. Quando es-tudamos a história deste homem, entendemos a dimensão do mila-gre que foi a sua profissão de fé ao Deus de Daniel.

A miraculosa identificação do sonho de Nabucodonosor e sua interpretação por Daniel (capítulo 2) causaram um forte impacto no líder daquela potência mundial. No sonho, Nabucodonosor viu a estátua de um homem; a cabeça da estátua era de ouro, o peito de prata, o tronco e as coxas de bron-ze, as pernas eram de ferro e os pés de ferro e barro.

Segundo a interpretação que Daniel fez do sonho, a estátua representava quatro reinos do mundo. Parafraseando Daniel, assim ele contou a interpretação do sonho de Nabucodonosor: “O senhor, rei, é a cabeça de ouro, porque, neste momento, o senhor é a potência do mundo, mas seu império não durará muito; ele será derrubado e sucedido por outro rei-no, o da Pérsia, o qual corresponde à parte de prata da estátua e será tão poderoso quanto o seu. O reino

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de bronze, que é a Grécia, virá a seguir. Finalmente, o reino que é simbolizado pelas pernas de ferro é o Império Romano”. Os dez dedos dos pés poderiam representar dez dimensões do Império Romano.

É possível que Nabucodono-sor tenha se enchido de orgulho, quando soube que era a “cabeça de ouro”. Por isso, mandou fazer uma estátua de ouro, a fim de que todos se inclinassem diante dela e a adorassem. A essa altura ele estava longe de se converter; mas, como veremos, o testemunho de Daniel e de seus três amigos cau-sou um impacto profundo e trans-formou Nabucodonosor, levando-o a professar sua fé no Deus vivo e verdadeiro.

O arrependimento de Nabucodonosor

No sonho de Nabucodonosor, uma pedra foi cortada de uma montanha, mas não por mãos hu-manas. Esta pedra sobrenatural caiu sobre os pés de ferro e bar-ro da grande estátua da visão de Nabucodonosor. Isso fez com que a estátua caísse e se desintegras-se totalmente. A interpretação que Daniel deu a Nabucodonosor é que todos esses reinos, repre-sentados por ouro, prata, bronze e ferro, seriam conquistados por

um reino sobrenatural, o Reino de Deus.

Não sabemos, exatamente, como Deus usou a vida de Daniel e suas palavras para alcançar Na-bucodonosor, mas lemos sua de-claração no capítulo 4, sobre esse milagre: “Pareceu-me bem fazer conhecidos os sinais e maravilhas que Deus, o Altíssimo tem feito para comigo. Quão grandes são os seus sinais, e quão poderosas as suas maravilhas! O seu reino é reino sempiterno, e o seu domínio, de geração em geração” (4.2,3).

Neste extraordinário capítu-lo das Escrituras, Nabucodonosor descreve outro sonho que teve. No segundo sonho, ele viu uma árvo-re tão alta, que podia ser vista por todo o mundo, e seus galhos eram cheios de frutos, o suficiente para que todo mundo deles comesse. Então, um dos anjos de Deus des-ceu do céu e gritou: “Derribai a árvore, cortai-lhe os ramos, der-ribai-lhe as folhas e Capítulo 12 espalhai o seu fruto; afugentem-se os animais de debaixo dela e as aves, dos seus ramos. Mas a cepa, com as raízes, deixai na terra, atada com cadeias de ferro e de bronze, na erva do campo. Seja ele molhado do orvalho do céu, e a sua porção seja, com os ani-mais, a erva da terra” (4.14,15).

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CBI - Encontro com a Palavra Livro 4 57

O anjo continuou: “Seja mu-dado o seu coração, para que não seja mais coração de homem, e lhe seja dado coração de animal; e passem sobre ele sete tempos” (4.16). O anjo disse que o propó-sito do decreto era que o mundo pudesse entender que “O Altíssi-mo reina sobre todos os reinos do mundo e o dá a quem Ele quer, mesmo que seja ao menor de to-dos os homens” (Daniel 4.17).

O rei Nabucodonosor contou também este sonho para Daniel; depois de ouvi-lo, Daniel ficou atô-nito quase uma hora, turbado com o significado do sonho. Finalmen-te, ele disse ao rei: “Senhor meu, o sonho seja contra os que te têm ódio, e a sua interpretação para os teus inimigos” (4.19).

O rei insistiu para que Daniel lhe contasse a interpretação do sonho, o que ele fez: “serás expul-so de entre os homens, e a tua morada será com os animais do campo, e dar-te-ão a comer ervas como aos bois, e serás molhado do orvalho do céu; e passar-se-ão sete tempos (anos) por cima de ti, até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos ho-mens e o dá a quem quer” (4.25).

Daniel continuou dizendo que Deus restauraria o reino a Nabuco-donosor, quando ele reconhecesse

a soberania de Deus, e implorou: “põe termo, pela justiça, em teus pecados e às tuas iniquidades, usando de misericórdia para com os pobres, e talvez se prolongue a tua tranquilidade” (4.27).

Daniel escreve alguns versícu-los que relatam o cumprimento da interpretação que ele tinha dado para o sonho. Passada essa terrí-vel provação, Nabucodonosor con-tinuou proclamando sua fé e seu louvor ao Deus vivo e verdadeiro de Daniel. Ele ergueu seus olhos aos céus, louvou, honrou e glorifi-cou o Altíssimo!

Observe que o propósito de Deus, quando fez Nabucodonosor passar por essa horrível experiência, foi ensiná-lo que o Altíssimo reina sobre os reinos dos homens. Nabu-codonosor teve que viver como um animal durante sete anos, até que, finalmente, aprendeu o que Deus queria ensinar a ele.

Às vezes, quando passamos por experiências muito difíceis, Deus está tentando nos mostrar que Ele tem todo o direito de reinar sobre este mundo e sobre nossas vidas. Quando você enfrenta uma situação dessas, quanto tempo de-mora até que você clame: “Senhor, meu Deus! Toma o controle. O Se-nhor é soberano e tem autoridade absoluta sobre minha vida”?

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CBI - Encontro com a Palavra58 Livro 4

Capítulo 12

As Visões e Revelações de Daniel

Os seis primeiros capítulos do Livro de Daniel são um relato histórico e, portanto, de fácil en-tendimento. Os últimos seis capí-tulos são mais difíceis, como as revelações contidas nos livros de Ezequiel, Zacarias e do Apoca-lipse. A interpretação que Daniel fez do primeiro sonho de Nabu-codonosor, no capítulo 2, é como um modelo para nos orientar na interpretação das outras visões e revelações contidas neste livro. Somente através do ministério do Espírito Santo é que podemos en-tender estas visões, que são reve-lações proféticas da grande obra de Deus no mundo.

Vejamos alguns passos que podem nos ajudar a entender as visões e revelações do Livro de Daniel. Primeiro, observe os sím-bolos das visões; por exemplo, na primeira visão de Daniel, regis-trada no capítulo 7, os símbolos nela contidos são semelhantes aos do primeiro sonho de Nabu-codonosor. Quatro ventos fortes se levantam e agitam o grande mar, de onde saem quatro animais. O

quarto animal era terrível e as-sustador, e destruiu os outros ani-mais, mas, antes da destruição, cresceram-lhe dez chifres. Depois dos dez chifres, surgiu mais um chifre pequeno, que tinha olhos e uma boca grande e falava coisas grandes e poderosas.

Agora observe a ação e a inte-ração entre os símbolos. Considere a interpretação dada ao texto, que é inspirada da passagem bíblica. Depois de fazer isso, ore pedindo ao Espírito Santo que mostre a você o que significam todos aque-les símbolos. Pergunte a você mes-mo: “o que este texto está falando; o que tudo isto significou para eles e o que significa para mim?”.

A interpretação inspirada de Daniel, no capítulo 7, mostra que estamos novamente olhando para quatro grandes reinos: “Estes gra-des animais, que são quatro, são quatro reis que se levantarão da terra. Mas, os santos do Altíssimo receberão o reino e o possuirão para todo o sempre, de eternida-de em eternidade... Os dez chi-fres correspondem a dez reis que

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CBI - Encontro com a Palavra Livro 4 59

Capítulo 12

As Visões e Revelações de Daniel

se levantarão daquele mesmo reino; e, depois deles, se levan-tará outro, o qual será diferente dos primeiros, e abaterá a três reis. Proferirá palavras contra o Altíssimo, magoará os santos do Altíssimo e cuidará em mudar os tempos e a lei; e os santos lhe serão entregues nas mãos, por um tempo, dois tempos e metade dum tempo” (17,18,24,25).

Sempre que a Bíblia menciona chifres, está se referindo a poder, porque o chifre de um animal é o instrumento com o qual ele abate outros animais. Os dez chifres e o chifre pequeno também represen-tam poder e reinos. Na visão de Nabucodonosor, as pernas de ferro e o quarto reino representavam o Império Romano. Alguns teólogos acreditam que esta visão também representa o Império Romano res-surgido num tempo futuro; outros dizem que o quarto reino é mais terrível que todos os outros, pois representa o Reino de Deus e ex-pressa, profeticamente, a Sua ira.

Não devemos ser dogmáticos a respeito da interpretação das profecias de Daniel. Não importa se estamos ou não certos a res-peito dos detalhes; devemos lem-brar da grande verdade contida na profecia do capítulo 7: se você faz

parte do povo de Deus, então faz parte de um Reino que vai ser vito-rioso. Todas estas visões terminam com uma observação otimista e ilustram o Reino de Deus conquis-tando todos os outros reinos e rei-nando eternamente.

A visão das setenta semanas

A visão ou revelação profética mais famosa de Daniel é “A visão das setenta semanas”. Daniel con-ta que estava lendo as profecias de Jeremias e viu que já era o tempo do povo de Deus deixar o cativeiro babilônico. Jeremias e Isaías ha-viam profetizado que, depois de setenta anos no cativeiro, o povo de Judá retornaria para sua terra. Quando Daniel teve entendimento disso, no final do capítulo 5 e iní-cio do 6, estava sob o reinado de Dario, o medo.

Na gloriosa oração, no capítulo 9, Daniel estava impressionado com o fato de que o período de setenta anos já estava terminando. Quando Daniel ora a esse respeito, ele con-fessa os seus pecados e os pecados do povo. Apesar de ter sido um dos personagens mais puros da Bíblia, Daniel se identificava com os pe-cados do povo, usando expressões como “nosso pecado” e “temos pe-cado” cerca de trinta vezes.

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CBI - Encontro com a Palavra60 Livro 4

Quando Daniel estava orando, o anjo Gabriel lhe apareceu e disse: “No princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim” (9.23). Esta foi a resposta de Deus à ora-ção de Daniel, uma das profecias messiânicas mais detalhadas da Bíblia. “Setenta semanas foram determinadas sobre o teu povo e sobre a santa cidade, visando fa-zer cessar a transgressão, dar fim aos pecados, expiar a iniquidade, trazer justiça eterna, selar a visão e a profecia e ungir o santo dos santos” (9.24).

Junto com a boa notícia de que o retorno estava prestes a acontecer, veio também a mensa-gem do primeiro advento, a vinda do Messias, Jesus Cristo. A inter-pretação desta profecia extraordi-nária requer alguns cálculos sim-ples. Deus declara a Daniel que, assim como o cativeiro tinha dura-do 70 anos, o período entre o ca-tiveiro e a vinda do Messias seria de 7 vezes 70 anos, ou seja, 490 anos. Este período está dividido em semanas de anos (sete perí-odos de sete anos) e, ao mesmo tempo, estas setenta semanas de anos seriam assim divididas: 7 se-manas, 62 semanas e 1 semana. No meio desta última semana, o Ungido seria morto.

Esta profecia data da época em que Ciro decretou a volta do povo para reconstruir Jerusalém. Houve três retornos, mas o prin-cipal ocorreu em 457 a.C. Se somarmos 62 semanas com 7 e multiplicarmos por 7, obter-se-á 483 anos. Caminhe 483 anos na História, partindo do ano de 457 a.C. e você chegará ao ano de 26 d.C. considerado pelos estudiosos da Bíblia como o ano em que o Messias iniciou Seu ministério pú-blico. Na metade do terceiro perío-do, ou uma semana de anos, ou 7 anos, posterior ao período de 483 anos, o Santo Ungido seria morto. Os estudiosos acreditam que foi exatamente 3 anos e meio depois de 26 d.C. que Jesus Cristo foi crucificado.

Embora os estudiosos não se-jam unânimes nos detalhes, uma coisa a respeito desta profecia é bem clara, que é a previsão exa-ta da data da vinda e crucificação do Messias, bem como o início do Seu Reino, que não terá fim. Este foi o reino descrito na profecia do segundo sonho ou visão de Nabu-codonosor, interpretado por Daniel (2.34,35,44,45). Este reino foi descrito como uma grande pedra, que caiu sobre os pés da estátua, que simbolizava os quatro reinos

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CBI - Encontro com a Palavra Livro 4 61

mundiais, transformando-os num monte de pó.

A parte da estátua, sobre a qual a pedra caiu, foi a que re-presentava o Império Romano. O Reino de Deus iniciado por Jesus, que sobreviveu ao Império Roma-no, já tem 2000 anos e nunca terá fim.

A aplicação pessoal desta profeciaUma importante aplicação

para nós da interpretação desta extraordinária profecia, ou visão, é que aqueles que fazem parte des-te Reino têm vida eterna, porque fazem parte de um Reino eterno.

Se você for crente em Jesus, você faz parte do povo de Deus e é um soldado do exército, que vencerá a guerra entre o bem e o mal, que está sendo travada há milhares de anos e em muitas partes do mundo. O ponto de ba-talha está sempre mudando, pois o bem e o mal possuem diferen-tes faces, mas esta guerra existe desde que Caim assassinou seu irmão Abel.

Cidadãos do céuO apóstolo Paulo escreve aos

cidadãos do céu e as Escrituras dão conta de que o povo de Deus é como peregrino, passando por este mundo, enquanto aguarda a cidade com alicerces firmes, cujo constru-tor é Deus. O povo de Deus é des-crito como um rio, que corre por este mundo rumo à cidade de Deus, onde haverá grande alegria, quando suas águas ali chegarem (Hebreus 11.13-16; Salmo 46.4,5).

Você faz parte deste Reino eterno? Você compartilha a vitória que há nele garantida pelo seu Rei, o Deus e Pai? Jesus Cristo é Rei dos reis e Senhor dos senhores, o General que derrotará as forças do mal neste mundo. Se somos ver-dadeiros discípulos Seus, somos também soldados do Seu exército espiritual. Podemos até perder al-gumas batalhas no meio do cami-nho, mas vamos vencer a guerra. Vamos viver eternamente com esta realidade: o grau de participação na Sua vitória é que determina a qualidade da nossa eternidade.

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CBI - Encontro com a Palavra62 Livro 4

Capítulo 13

Os Profetas Menores - Panorama Geral

A partir deste capítulo, ini-ciamos o estudo dos últimos doze profetas, denominados “Profetas Menores”. Eles foram assim de-nominados, pela simples razão de seus livros serem menores que os estudados anteriormente. Pelo fato de terem sido escritos depois dos livros dos Profetas Maiores, o au-tor da Carta aos Hebreus se referiu a eles como “os últimos profetas”. Para evitar que se perdessem, de-vido a sua importância, os antigos escribas os mantinham compila-dos num único volume, intitulado “Os Doze”.

Os doze Livros Históricos do Velho Testamento apresentam o contexto histórico, no qual os pro-fetas viveram e escreveram seus livros. De acordo com o que já aprendemos com o estudo dos Livros Históricos do Velho Testa-

mento, seria bom que você fizesse um quadro, localizando cada um dos profetas dentro da história do povo hebreu. Embora o estu-do que estamos desenvolvendo não seja acadêmico, mas, antes, um estudo devocional da Bíblia, é importante ressaltar sete aconte-cimentos da História dos Hebreus que você deve ter em mente, en-quanto estuda esses profetas:

1. O Reino2. O Reino Dividido3. A Conquista do Reino do Norte Pelos Assírios4. A Extinção do Reino do Norte5. O Cativeiro do Reino do Sul Pelos Babilônios6. A Conquista da Babilônia Pe-los Persas7. O Retorno do Cativeiro Babi-lônico

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Capítulo 14

A Profecia de Oséias

A maioria de nós já ouviu di-zer que Deus é amor. Quantos li-vros você já leu que falam sobre este assunto? O Livro de Oséias, dentro da biblioteca de Deus, é o livro inspirado, que fala do Seu amor. Oséias foi comissionado por Deus para ser o profeta que iria pregar para as dez tribos conhe-cidas como o Reino do Norte ou, simplesmente, Israel. Ele testemu-nhou sobre o amor de Deus, quan-do todo o povo tinha se afastado dEle e passado à prática da adora-ção aos ídolos.

A primeira verdade que apren-demos com o profeta Oséias é que, quando Deus nos chama para uma grande obra, Ele também nos pre-para, através de nossas próprias experiências de vida. Deus usa cada dia da nossa vida como uma preparação para a Sua obra.

Uma alegoria agonizanteO casamento de Oséias com a

prostituta Gômer o preparou para pregar sobre o amor de Deus a um povo infiel (1.2,3). Oséias fez de Gômer a mãe de seus filhos e a

amou como se ela fosse a mulher mais virtuosa da face da terra. De-pois de alguns anos, Gômer voltou para seus amantes e Deus orientou Oséias a recebê-la de volta e a con-tinuar a amá-la (3.1). Deus per-mitiu tudo isso na vida de Oséias para que ele estivesse preparado para ensinar àquele povo sobre o amor incondicional de Deus.

Apesar de não merecer, Israel foi escolhido para ser o povo de Deus, assim como Gômer, mesmo sendo uma prostituta, foi escolhi-da por Oséias para ser sua esposa. Alegoria é o uso de uma circuns-tância, na qual pessoas, lugares ou coisas assumem um significado mais profundo, para a qual se apli-ca um ensino moral ou espiritual. O significado alegórico do casamento de Oséias foi mostrar o amor incon-dicional de Deus por Israel.

A pregação de OséiasQuando Oséias, de maneira

corajosa, pregou seus sermões tão importantes para o Reino do Nor-te, a idolatria e a imoralidade eram pecados crônicos na vida daquele

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povo. Por isso, Oséias foi sincero e objetivo em sua pregação.

Para uma familiarização com o estilo de pregação do profeta Oséias, observemos estes trechos parafraseados: “Depois de bebe-rem seu vinho, os filhos de Israel saem à procura de mulheres, por-que amam mais a vergonha que a honra. Vinho, mulheres e música fizeram meu povo perder a cabe-ça. É para um pedaço de madeira que eles oram pedindo orientação. São como um arco quebrado que nunca acerta o alvo; plantam ven-to e colhem tempestade. Israel está destruída e é como um pote despedaçado entre as nações. A glória de Israel voou para longe como um pássaro”.

Israel foi o povo escolhido de Deus, por isso, a idolatria se tor-nou um “adultério espiritual” con-tra Ele: “Meu povo consulta o seu pedaço de madeira e a sua vara lhe dá resposta; porque um espí-rito de prostituição os enganou; eles, prostituindo-se, abandonam seu Deus”(4.12).

“Todos eles são adúlteros: semelhantes ao forno aceso pelo padeiro, que somente cessa de atiçar o fogo desde que sovou a massa até que seja levedada... preparam o coração como um for-no, enquanto estão de espreita;

toda a noite, dorme o seu furor, mas, pela manhã arde como la-baredas de fogo... Efraim se mis-tura com os povos e é um pão que não foi virado”(7.4,6,8). Quando Oséias pregou: “como é o povo, assim é o sacerdote”, ele também profetizou: “castigá-lo-ei pelo seu procedimento e lhe darei o pago de suas obras” (4.9).

Como consequência de sua idolatria, o povo seria levado cati-vo: “Israel foi devorado; agora, está entre as nações como coisa de que ninguém se agrada, porque subi-ram à Assíria” (8.8,9). O cativeiro pelos assírios foi fatal para o Reino do Norte, porque este povo jamais retornaria para sua terra e seria no-vamente um reino. Os que sobrevi-vessem à conquista e ao cativeiro dos assírios seriam espalhados en-tre as nações gentílicas do mundo.

O amor incondicional de DeusA promessa é que Israel pas-

saria pelo cativeiro, mas, por cau-sa do amor, Deus o traria de volta para uma reconciliação: “despo-sar-te-ei comigo para sempre; desposar-te-ei comigo em justiça, e em juízo, e em benignidade, e em misericórdia; desposar-te-ei comigo em fidelidade, e conhece-rás o Senhor” (2.19,20). Este re-torno espiritual de Israel, pregado

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por vários profetas, ainda não se cumpriu. Temos que esperar pelo final dos tempos para ver o cum-primento desta profecia.

Oséias foi objetivo, quando pregou sobre o amor de Deus: “eu não quero seus sacrifícios, quero seu amor; não quero suas ofertas, quero que vocês Me conheçam”. Para que o povo tivesse um co-ração reto perante Deus, Oséias fez uma pregação semelhante a de Jeremias: “Semeai para vós outros em justiça, ceifai segun-do a misericórdia; arai o campo de lavoura; porque é tempo de buscar ao Senhor, até que ele ve-nha, e chova a justiça sobre vós. Converte-te ao teu Deus, guarda o amor e o juízo e no teu Deus espera sempre” (10.12;12.6).

Aplicação pessoal Ainda que tenhamos de es-

perar o cumprimento do retorno espiritual de Israel para Deus, não precisamos esperar tempo algum para que aconteça o nosso retorno espiritual ao nosso Deus amoroso. O texto abaixo sintetiza a mensa-gem do Livro de Oséias e serve de desafio para nossas vidas: “Vinde, e tornemos para o Senhor, porque Ele nos despedaçou e nos sarará; fez a ferida e a ligará. Depois de dois dias nos revigorará; ao tercei-ro dia nos levantará, e viveremos diante dele. Conheçamos e pros-sigamos em conhecer o Senhor; como a alva a sua vinda é certa; e Ele descerá sobre nós como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra” (6.1-3).

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Capítulo 15

A Profecia de Joel

Joel é o segundo dos doze Pro-fetas Menores. Sua mensagem dá ênfase à expressão “O Dia do Se-nhor”, usada também por outros Profetas Menores. Joel chamou de “Dia do Senhor” uma terrível pra-ga que devastou o Reino do Sul, mas, também a relaciona ao cati-veiro babilônico, que estava para acontecer. No Livro de Joel, obser-va-se, como nos Profetas Maiores, que ele também mescla profecias sobre o cativeiro babilônico com profecias referentes à Segunda Vinda de Cristo.

Joel é um profeta muito co-nhecido por causa da sua profecia sobre o Dia de Pentecostes. Dian-te daquele acontecimento, aquelas pessoas que estavam presentes no dia do nascimento da Igreja per-guntaram: “Que quer isso dizer”? Naquele momento, Pedro come-çou o seu sermão, dizendo-lhes: “o que ocorre é o que foi dito por intermédio do profeta Joel” (Atos 2.12,16). O que Joel pregou é que o Dia do Senhor existiu, existe hoje e existirá sempre em nossas vidas.

A praga dos gafanhotosJoel inicia seu livro descreven-

do a praga de gafanhotos que inva-diu o Reino do Sul: “O que deixou o gafanhoto cortador, comeu-o o gafanhoto migrador; o que deixou o migrador, comeu-o o gafanhoto devorador; o que deixou o devo-rador, comeu-o o gafanhoto des-truidor” (1.4). Esta praga matou toda a vegetação e deixou a terra devastada.

Quando Joel se referiu à pra-ga dos gafanhotos como “O Dia do Senhor”, ele estava se referindo a um acontecimento real, do qual ele tinha conhecimento. Mas, que mensagem ele quis exatamente trazer, quando se referiu ao “Dia do Senhor”? Ao considerar a praga como sendo uma catástrofe vin-da do Senhor, ele estava dizendo que Deus é soberano, mesmo no meio das calamidades pelas quais passamos. Joel junta-se a outros escritores bíblicos, quando afir-ma que Deus está por trás tanto da adversidade como da prospe-ridade. É provável que, por causa

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daquela invasão de gafanhotos, o povo acreditasse que Deus o havia abandonado; porém, Joel declara que Deus estava presente naquela circunstância. Isto significa que, muitas vezes, um dia de calami-dade pode ser um “Dia do Senhor” para aqueles que O amam e que são chamados de acordo com o Seu propósito (Romanos 8.28).

O cativeiro babilônicoUm bando de gafanhotos or-

ganizados como um exército, to-dos trabalhando em equipe para destruir tudo o que aparecesse pelo caminho. Joel ilustrou sua profecia com uma destruição cau-sada por um “exército de gafanho-tos”, a fim de chamar a atenção do povo de Judá e prepará-lo para a devastação que seria a invasão dos exércitos babilônicos: “Correm como valentes; como homens de guerra, sobem muros; e cada um vai em seu caminho e não se des-via da sua fileira. Assaltam a ci-dade, correm pelos muros, sobem às casas; pelas janelas entram como ladrão” (2.7,9).

O Dia de PentecostesDepois que Joel proclamou a

praga dos gafanhotos como o “Dia

do Senhor” daqueles dias, e o ca-tiveiro babilônico como um futuro “Dia do Senhor”, ele começou a falar sobre outro “Dia do Senhor”, o Dia de Pentecostes: “E acontece-rá, depois, que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões” (2.:28).

Esta profecia foi parcialmente cumprida no Dia de Pentecostes. Em Atos 2.1-4, lemos que naque-le dia o Espírito Santo desceu so-bre aqueles que estavam reunidos; que quando o povo viu o derramar de línguas de fogo sobre a cabeça dos apóstolos, e os ouvia falar em suas próprias línguas, também ou-viram o barulho de um vento im-petuoso e perguntaram: “que quer isto dizer?”. E Pedro respondeu: “o que ocorre é o que foi dito por intermédio do profeta Joel” (Atos 2.12,16).

A Segunda Vinda de CristoAtravés desta profecia de

Joel, a respeito do Dia de Pente-costes, Deus faz revelações sobre o “Dia do Senhor”, que ainda não aconteceram: “mostrarei prodí-gios no céu e na terra: sangue, fogo e colunas de fumaça. O sol

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se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e terrível Dia do Senhor. E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo; porque, no monte Sião em Jerusalém, estarão os que forem salvos, como o Senhor prometeu; e entre os sobreviventes, aqueles que o Senhor chamar” (2.30-32).

Joel profetiza o Dia de Pen-tecostes com muita clareza e, se estudarmos esta profecia cuidado-samente, veremos que realmente existe previsão de acontecimentos que não foram cumpridos naquele dia. Um dos estudiosos dos Pro-fetas Menores afirmou que esta profecia de Joel foi cumprida, par-cialmente, no Dia de Pentecostes, e que o seu total cumprimento acontecerá na Segunda Vinda de Jesus Cristo.

O cumprimento literal das profecias de Joel, assim como de todos os outros profetas, sobre a conquista da Babilônia e sobre o Dia de Pentecostes, encorajam-nos a esperar empolgados pelo cumprimento literal de todas as profecias referentes à Segunda Vinda de Cristo.

Pedro se referiu ao futuro “Dia do Senhor” como “O Grande e Ter-rível Dia do Senhor”. Quando ele

escreveu sobre este dia, ressaltou apenas alguns eventos da Segun-da Vinda de Cristo. De acordo com Pedro, quando este dia chegar “os elementos se desfarão abrasados; também a terra e as obras que nela existem serão atingidas” (II Pedro 3.10).

Aplicação pessoalJoel não pregou apenas sobre

o “Dia do Senhor” dos seus dias e sobre o futuro “Dia do Senhor”. Ele nos exortou, como povo de Deus, a anunciarmos o “Dia do Senhor” aos nossos filhos e às futuras gerações (1.2,3); também ensinou que cada dia do passado, do presente e do futuro deve ser considerado como o “Dia do Senhor”. A confiança no amor de Deus e no cuidado que Ele teve com Seu povo no passado nos oferece condições de confiarmos no que Ele está fazendo em nossa vida hoje (cf. Romanos 8.28).

Existe um propósito de Deus para que saibamos sobre o Grande e Terrível Dia do Senhor no futuro, que é o de refletirmos sobre o tipo de pessoa que devemos ser. Preste atenção no ensino de Pedro, quan-do ele anuncia o “Dia do Senhor”: “por essa razão, pois, amados, esperando estas coisas, empe-nhai-vos por serdes achados por

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ele em paz, sem mácula e irrepre-ensíveis, e tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor” (II Pedro 3.14,15a).

Tanto Joel como os outros profetas e o apóstolo Pedro fazem

a mesma aplicação: nos desa-fiam a que, como seguidores de Cristo, vivamos de modo santo e irrepreensível, e não percamos a expectativa da vinda do “Dia do Senhor”.

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Capítulo 16

A Profecia de Amós

Amós era catador de figos e pastor, e morava na pequena cidade de Tecoa, cerca de vinte quilômetros ao sul de Jerusalém. Deus o chamou do Reino do Sul para pregar para o Reino do Norte, cinquenta anos antes do cativei-ro assírio. Segundo informações, Amós ministrou durante o reina-do do Rei Uzias, do Reino do Sul, que conduziu a nação de Judá em prosperidade, tanto em questões militares, como materiais. O povo não acreditava que houvesse al-gum perigo ou ameaça para Judá. O ministério de Amós seria pregar para a nação de Judá e, também, para Israel, o Reino do Norte.

O julgamento de Deus está chegando

Amós começou sua pregação falando o que os cidadãos do Reino do Norte queriam ouvir. Ele falou que Deus julgaria os seus inimigos (1.3;2.2). À medida que Amós pregava, citava as nações inimigas e o tipo de julgamento que viria sobre elas, o povo se alegrava. Era o que eles queriam ouvir: Deus iria

punir aqueles que eles odiavam. Mas, depois que Amós atraiu a atenção do povo com esse tipo de sermão, começaram a chegar as más notícias: as nações de Judá e de Israel também seriam julga-das (2.4-8). A profecia de Amós culpava Judá por rejeitar a Lei do Senhor e não observar os Seus Es-tatutos e a Israel pela sua cobiça, injustiça social e pela imoralidade que profanou o nome do Senhor.

Dando continuidade à palavra contra Israel, profetizou o cativeiro assírio: “De nada valerá a fuga ao ágil, o forte não usará a sua força, nem o valente salvará a sua vida. O que maneja o arco não resisti-rá, nem o ligeiro de pés se livrará, nem tampouco o que vai monta-do a cavalo salvará a sua vida. O mais corajoso entre os valentes fugirá nu naquele dia, disse o Se-nhor” (2.14-16).

O Reino do Norte escarneceu desta mensagem, pois Israel vivia um período de prosperidade e seu exército superaria tudo aquilo que Amós estava pregando. Porém, de-pois de cinquenta anos, o Reino do

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Norte, Israel, foi derrotado e todo o seu povo foi levado cativo pelo exército assírio.

Deus tentou deter o cativeiro assírio, oferecendo a Israel oportu-nidades de arrependimento (4.6-13). Deus enviou fome, seca, ven-tanias, pragas e pestilências, mas não houve conversão, confirmando o que Deus mesmo falara através do profeta: “contudo, não vos con-vertestes a mim, disse o Senhor” (4.8-11). Em razão de Israel não ter atendido o chamado de Deus ao arrependimento, Amós profe-tizou o julgamento divino sobre aquele povo; um julgamento que seria permanente, porque Israel não retornaria do cativeiro assírio.

Amós previu o julgamento de Deus contra Israel, através de cin-co visões. Os julgamentos descritos nas duas primeiras visões, repre-sentados pela praga de gafanhotos e por um fogo consumidor foram detidos pela intercessão do profe-ta, que rogou pela misericórdia de Deus em favor daquele povo (7.1-6). A terceira visão, um prumo e um muro, mostrava as razões que Deus tinha para estar irado com Seu povo; Israel não era reto para com Deus. Vivia por caminhos “tor-tos” e rejeitava a Lei de Deus, o que provocou a ira do Senhor (7,8).

A quarta visão, de um cesto com frutas maduras, indicava que o tempo do julgamento do Senhor era iminente. Por fim, veio a Amós a quinta visão: estando o Senhor em pé sobre o altar, clamou: “Fere o capitel e estremeçam os um-brais, e faze tudo em pedaços so-bre a cabeça de todos eles; mata-rei à espada até ao último deles; nenhum deles fugirá, e nenhum escapará” (9.1). Nesta visão, Deus mostrou que Seu julgamento sobre Israel seria definitivo. Nin-guém escaparia ou seria poupado. O castigo de Deus era iminente.

A vantagem espiritual aumenta a responsabilidade

Judá e Israel não foram ex-cluídas do julgamento que Deus traria sobre as nações. Ao contrá-rio, Amós pregou que o julgamen-to de Deus seria mais severo com elas que com as nações pagãs. As consequências dos seus pecados eram mais severas, porque esta-vam em vantagem espiritual; pois, tendo conhecimento da Palavra de Deus, agiam como se não o tives-sem; não viviam de acordo com os estatutos de Deus. Segundo a pro-fecia de Amós, a responsabilidade espiritual é diretamente proporcio-nal ao conhecimento das verdades

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espirituais. Esta vantagem espiri-tual deve influenciar positivamen-te nosso modo de vida.

O que fazemos com o que sabemos é mais importante que o próprio saber. É importante ter em mente isto: que o agir de acor-do com o que sabemos é mais importante que adquirir mais co-nhecimento. Enquanto o mundo supervaloriza a aquisição de co-nhecimento, a mensagem dos pro-fetas ensina que é de mais valor a prática do conhecimento e da sabedoria.

Promessa de restauração Amós, como os outros profe-

tas, também anuncia que em dias futuros o povo de Israel seria res-

taurado: “Naquele dia, levantarei o tabernáculo caído de Davi, re-pararei as suas brechas; levan-tando-o das suas ruínas, restau-rá-lo-ei como fora nos dias da antiguidade; para que possuam o restante de Edom e todas as na-ções que são chamadas pelo meu nome, diz o Senhor, que faz todas as coisas” (9.11,12).

Esta profecia fala do retorno espiritual de Israel para o seu Deus. Em nossos dias, temos sido teste-munhas da restauração política de Israel, bem como do retorno dos ju-deus, que estavam espalhados por todo o mundo, para a sua pátria. Ainda não vimos se cumprir o re-torno espiritual, mas aguardamos o cumprimento desta profecia.

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Capítulo 17

A Profecia de Obadias

Visão de Obadias: “Assim diz o Senhor Deus a respeito de Edom...: Eis que te fiz pequeno entre as na-ções; tu és mui desprezado. A so-berba do teu coração te enganou, ó tu que habitas nas fendas das ro-chas, na tua alta morada, e dizes no teu coração: Quem me deitará por terra? Se te remontares como águia e puseres o teu ninho entre as estrelas, de lá te derribarei, diz o Senhor” (1.1a,2-4).

Assim tem início o Livro de Obadias. Mas, o que Deus quis di-zer, quando se referiu a um povo or-gulhoso, que vivia nas encostas de um monte e achava que ninguém o derrubaria do seu ninho? Para al-guns estudiosos da Bíblia, este li-vro é um alerta para os dias atuais, para aqueles que vivem à procura de vida em outros planetas. Há al-gumas décadas, alguns estudiosos deram uma interpretação para es-tes versículos, dizendo que Deus não quer que moremos em prédios altos. Também, no século passado, este texto foi interpretado com o se-guinte sentido: “Se nos tornarmos orgulhosos com relação à ciência e

à tecnologia, procurando tipos de vida em outros planetas, Deus nos humilhará e seremos trazidos de volta para terra”.

Mas, quando Obadias escreveu esta profecia, não estava se referin-do a prédios altos, nem ao espaço interplanetário; ela foi proferida contra um povo hostil, que come-tera grande crueldade contra o povo de Judá, por ocasião da conquista de Jerusalém pelos babilônios.

O caminho de Edom é condenadoDeus, através de Obadias,

condenou uma nação chamada “Edom”, cujo povo vivia numa região situada na Jordânia, hoje conhecida como “Petra - A Cidade Rosa Vermelha”, que é formada por encostas de formação rochosa avermelhada; possui dos dois la-dos cavernas de até duzentos me-tros de altura e um ”canyon”, que pode ser atravessado a cavalo. Os grandes espaços na rocha foram, um dia, a cidade desse povo, so-bre o qual Obadias escreveu.

Depois de atacar e saquear as cidades dos seus inimigos ou

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caravanas de mercadores ricos aquele povo escalava rochas, por meio de escadas de cordas, e es-condia-se nas cavernas, escapan-do dos seus perseguidores, o que os tornou indestrutíveis por muito tempo. Por esta razão, Obadias escreveu: “A soberba do teu cora-ção te enganou... e dizes no teu coração: Quem me deitará por terra?” (3).

Quem era exatamente este povo? Os edomitas eram descen-dentes de Esaú, irmão de Jacó. O Livro de Gênesis conta que Jacó e Esaú eram gêmeos, mas tinham valores opostos e estilos de vida bem diferentes. Enquanto Jacó, apesar de ter sido usurpador, re-presenta o homem espiritual, Esaú é o profano, que não dá importân-cia às coisas espirituais. Hoje, ele seria chamado de um “homem secular”. Isto está registrado no Livro de Gênesis, na história de Esaú, quando, por um prato de lentilhas, ele vendeu seu direito de primogenitura para seu irmão Jacó (Gênesis 25.29-34).

Enquanto os descendentes de Jacó que, depois recebeu o nome de Israel, deram origem ao povo ju-deu, Esaú tornou-se o pai de Edom, nação inimiga dos judeus. O povo de Edom era anti-semita e estava

sempre à procura de oportunida-des, a fim de se aliar a outras na-ções, com o objetivo de eliminar os judeus.

A profecia de Obadias prevê a queda de Edom, que seria uma consequência da perseguição que promoviam contra o povo esco-lhido por Deus. Em sua profecia, Obadias esbravejou oito acusa-ções específicas contra Edom: “Não devias ter olhado para o dia de teu irmão, no dia do seu des-terro, nem alegrar-se sobre os fi-lhos de Judá, no dia da sua ruína; nem alargar a tua boca no dia da angústia; nem entrar pela porta do meu povo, no dia da sua cala-midade; sim, tu não devias olhar satisfeito para o seu mal no dia da sua calamidade; nem estender as tuas mãos contra o seu exér-cito, no dia da sua calamidade; nem parar nas encruzilhadas para exterminares os que escapassem; nem entregar os que lhe restas-sem. Porque o dia do Senhor está prestes a vir sobre todas as na-ções; como tu fizeste, assim se fará contigo; a tua maldade cairá sobre a tua cabeça” (12-15).

Estudiosos acreditam que, nesta profecia, Deus estava conde-nando o comportamento de Edom contra Judá, durante a queda de Je-

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rusalém, fato que ocorreu sob o rei-nado de Zedequias, quando aquela cidade foi destruída e o povo que escapou da morte foi levado cati-vo. Os edomitas não só assistiram como participaram do saque feito pelos babilônios, além de entregar a estes os judeus que tentavam es-capar do horror do cativeiro.

Obadias apregoa o castigo contra Edom, e se une aos de-mais profetas na pregação do Dia do Senhor. Ele pregou ao povo de Edom: “como tu fizeste, assim se fará contigo” (15).

O Dia do Senhor para Edom aconteceu, quando esta nação foi totalmente varrida da face da terra. Obadias previu com exati-dão qual seria o instrumento de destruição daquele povo, quando disse que os seus próprios aliados se voltariam contra Edom e não sobraria nada daquela nação: “A casa de Jacó será fogo e a casa de José, chama; a casa de Esaú, res-tolho; aqueles incendiarão a este e o consumirão; e ninguém mais restará da casa de Esaú, porque o Senhor o disse” (18). Esta pro-fecia foi cumprida ao pé da letra, pois a nação de Edom desapare-ceu das páginas da História e foi completamente aniquilada pelos romanos no ano de 70 d.C.

Aplicação pessoalEm toda a Bíblia, vemos que o

homem temente a Deus é compa-rado com o que não O teme (Sal-mo 1; Mateus 7.13-27; I Coríntios 2.14-16). O que se conhece da história de Jacó e Esaú, registra-da no Livro de Gênesis, além do comentário que o apóstolo Paulo faz a respeito desta história, le-va-nos a compreender que a pro-fecia de Obadias faz a mesma confrontação entre o homem espi-ritual e o homem natural (Gênesis 25.29-34 e capítulo 27;Romanos 9.10,11). Nesta analogia, Jacó é uma figura do homem espiritual que, de coração sincero, busca a Deus, os Seus valores e Suas bên-çãos espirituais.

Outro exemplo de Jacó tam-bém está registrado no Livro de Gênesis, quando Jacó “lutou” com Deus, e seu nome foi trocado para Israel: “Já não te chamarás Jacó e sim Israel, pois como príncipe lu-taste com Deus e com os homens e prevaleceste” (Gênesis 32.28). Por outro lado, Esaú é uma figura do homem natural, do homem que não teme a Deus. Quando Esaú vendeu a Jacó, por um prato de lentilhas, o seu direito de primo-genitura (a herança do filho mais velho), revelou imaturidade e o

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quanto as suas prioridades e os seus valores eram distorcidos. Não é algo estranho e surpreenden-te ver como os valores de “Esaú” influenciaram “Edom” a ser uma nação tão hostil ao povo de Deus, aos valores espirituais e aos pro-pósitos divinos.

Quando, pela primeira vez, os personagens, Jacó e Esaú, foram mencionados na Bíblia, estavam juntos no ventre de sua mãe Re-beca. Uma das aplicações que po-demos fazer deste episódio é que, cada um de nós tem, em poten-cial, características das personali-dades de Esaú e de Jacó.

O apóstolo Paulo traça estes dois perfis de maneira brilhante em

sua Carta aos Gálatas. Ele afirma que o Espírito e a carne guerreiam entre si, porque são opostos (Gála-tas 5.17). Quando Paulo usa o ter-mo “carne”, ele quer dizer “nossa natureza humana, que não foi tra-tada por Deus”. O Espírito Santo nos fornece o potencial para ser-mos espirituais como Jacó. Quan-do Ele vem habitar dentro de nós, a nossa carne, ou a nossa natureza humana, não é retirada, o que faz com que tenhamos dois potenciais: o de Jacó e o de Esaú. Esta profe-cia tão dinâmica de Obadias deixa para cada um de nós uma pergunta e um importante desafio: qual des-tes dois potenciais você vai culti-var: o de Esaú ou o de Jacó?

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Capítulo 18

A Profecia de Jonas

O Livro de Jonas fala do pro-feta que recebeu o chamado de Deus para pregar arrependimento e salvação aos inimigos do seu povo. Jonas conhecia o caráter de Deus e sabia que, se ele atendes-se ao Seu chamado, seus inimigos seriam salvos. Foi o conhecimento do amor incondicional de Deus que fez com que Jonas decidisse não ir para Nínive e, como ele não foi, não atendeu ao “vir a Deus”. Ele tentou fugir da presença de Deus e embarcou num navio com destino oposto a Nínive, o mais distante possível dessa cidade (1.3;4.2).

A cidade de Nínive era a ca-pital do pior inimigo do povo ju-deu, a Assíria. A crueldade dos assírios naquele tempo não podia ser comparada a de nenhum outro povo. Provavelmente, Jonas tinha razões para temer o povo que vivia naquela cidade. Para se ter uma ideia do que seu chamado signi-ficou, imaginemos Deus chaman-do um judeu, no início dos anos 40, para ir a Berlim, na Alema-nha, onde estava sendo planeja-da a morte de todos os judeus do

mundo, para pregar o julgamento de Deus sobre aquela cidade, caso ela não se arrependesse de seus pecados. Será que esse judeu não fugiria de tal missão?

Jonas não foi a Deus e não foi por Deus (Capítulo 1)

Os profetas do Velho Testa-mento e todo homem temente a Deus, em geral, obedecem a um determinado padrão em seu re-lacionamento com Deus, que já foi mencionado, quando estuda-mos o profeta Isaías. São pesso-as que passaram por experiências marcantes em seu encontro com Deus, no seu “vir a Deus”, que resultaram num “ir por Deus”. A história de Jonas com Deus mos-tra o inverso deste padrão, quan-do lemos, no primeiro capítulo desta breve profecia, que, ao ser comissionado por Deus para ir a Nínive, ele se recusou a obedecer. Jonas sabia que tinha recebido de Deus aquela missão, porque já ti-nha tido uma experiência de “ir a Deus”. Como ele não queria ir por Deus a Nínive, consequentemen-

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te também não queria mais “con-versa com Deus”; não queria “ir a Deus” outra vez.

Quando Jonas recebeu o cha-mado, tentou se esconder de Deus e embarcou num navio, dirigindo-se ao porão, onde dormiu profun-damente (1.5). A Bíblia diz que Deus enviou uma forte tempesta-de, que quase afundou o navio. Enquanto os marinheiros, aterro-rizados, oravam a seus deuses, Jonas, dormindo, tentava fugir dos seus problemas.

Interpelado pelo capitão do navio por estar dormindo no meio da tempestade, Jonas fez saber ao capitão do navio o motivo da tem-pestade, e que a única maneira de acalmar a ira do seu Deus seria jogando-o ao mar, o que os mari-nheiros fizeram, mesmo relutantes (1.15). Imediatamente após Jonas ser lançado fora do navio, o mar se acalmou.

Quando os marinheiros pa-gãos viram isso, temeram a Deus. Mesmo em tal circunstância, Jo-nas, fugindo de Deus, foi usado por Ele para levar fé àqueles ma-rinheiros, conforme lemos: “Te-meram, pois, estes homens em extremo ao Senhor; e ofereceram sacrifícios ao Senhor e fizeram votos” (1.16). A seguir, tomamos

conhecimento de que Deus prepa-rou um grande peixe, cuja espécie não nos é informada pela Bíblia, que engoliu Jonas, que ficou em seu ventre durante três dias.

Jonas vai até Deus (Capítulo 2)Um ensino importante que

podemos tirar do Livro de Jonas é que Deus não nos força a fazer coi-sa alguma. Ele permite que exer-çamos nossa vontade diante de situações que se nos apresentam, embora possa até fazer uma “pres-sãozinha”, através de circunstân-cias do peso de um elefante, até que reconheçamos que a única coisa sensata a fazer é obedecer à Sua vontade. O título do primeiro capítulo de Jonas poderia ser “Eu não vou!”; do segundo, “Eu vou!”.

Foram necessários três dias dentro da barriga de um peixe para que Jonas se arrependesse de fugir do chamado de Deus. Arrepender-se significa “pensar outra vez” ou “mudar de ideia, mudar a vontade do coração, mudar de direção”.

Lemos, no capítulo 2, que, dentro da barriga do peixe, Jo-nas se arrependeu sinceramente. De lá, ele orou a Deus; ele foi se lembrando de todos os textos das Escrituras que conhecia, e, em sua oração, ele fez referência a mais

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ESTUDO PANORÂMICO DO VELHO TESTAMENTO (Isaías a Malaquias)

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de sessenta versículos das Escritu-ras, desde Jó e Lamentações até I Samuel, Jeremias, I Reis e muitos versículos dos Salmos. Isto signifi-ca que sua mente estava impreg-nada das Escrituras e que, dentro do peixe, ele foi se lembrando de tudo o que estava guardado em sua memória. O destaque desta oração de Jonas é o seu arrependi-mento. Ele disse a Deus: “tornarei, porventura, a ver o teu santo tem-plo?” (4), “Oferecerei sacrifício” (9), e mais: “o que votei pagarei” (9). Como resultado do arrepen-dimento de Jonas, Deus ordenou que o peixe o vomitasse na terra.

O ide de Jonas (Capítulo 3)No capítulo 3, lemos: “Veio a

palavra do Senhor, segunda vez, a Jonas” (1). Por causa da paciência de Deus, Jonas ouve, pela segun-da vez, o mesmo chamado: “Dis-põe-te, vai à cidade de Nínive e proclama contra ela a mensagem que eu te digo” (2).

Desta vez, Jonas não fugiu; ele obedeceu ao chamado e foi para Nínive. Ele pregou a mensa-gem do julgamento de Deus pro-clamando: “Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida” (4). A cidade inteira se converteu, até o rei creu em Deus (5,6). Porque a

cidade se converteu, “Deus se ar-rependeu do mal que tinha dito que lhes faria e não o fez” (10). Quando Jonas finalmente disse: “Eu vou”, aconteceu a maior cru-zada evangelística de toda a his-tória de Deus para com o homem.

O vinde a Deus de Jonas e o seu ide por Deus (Capítulo 4)

Encontramos a mensagem central do Livro de Jonas no último capítulo, onde está a sua reação ao arrependimento de Nínive. Jonas deveria ter ficado eufórico com a conversão a Deus de toda a cidade, mas ele não ficou. Na verdade, ele ficou decepcionado; mais que isso: ele ficou com tanta raiva que prefe-ria morrer a ver Deus salvar aquele povo. Ao invés de louvar a Deus, ele diz: “Ah! Senhor! Não foi isso o que eu disse, estando ainda na minha terra? Por isso, me adiantei, fugindo para Társis, pois sabia que és Deus clemente, e misericordio-so, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e que te arrepen-des do mal. Peço-te, pois, ó Se-nhor, tira-me a vida, porque me-lhor me é morrer que viver” (2,3).

Um profeta preconceituosoO que estava acontecendo

com Jonas? A resposta é que ele

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odiava o povo de Nínive; seu pre-conceito é constatado no início do capítulo 4, com sua confissão de que tinha fugido da presença de Deus e do Seu chamado, por-que sabia que Deus era amoroso e salvaria a cidade de Nínive, se ele fosse obediente e atendesse ao chamado para ir lá e pregar.

Em resposta a toda essa ira, Deus ensinou uma boa lição a Jonas, quando este se recolheu numa cabana, num monte ao re-dor de Nínive. Como o sol estava escaldante, o Senhor fez nascer uma aboboreira para que fizesse sombra onde Jonas se encontra-va, o que muito o agradou. Porém, não muito tempo depois, Deus enviou um verme que destruiu a planta até que esta se secasse, o que levou Jonas a novo acesso de raiva.

Deus então disse a Jonas: “Tens compaixão da planta que não te custou trabalho, a qual não fizeste crescer, que numa noite nasceu e numa noite pere-ceu; e não hei eu de ter compai-xão da grande cidade de Nínive, em que há mais de cento e vinte mil pessoas, que não sabem dis-cernir entre a mão direita e a mão esquerda, e também muitos ani-mais?” (4.10,11). Os estudiosos

acreditam que as pessoas a quem Deus se refere fossem crianças, que ainda eram inocentes. O mais importante desta verdade bíblica que devemos reter é que Deus es-tava confrontando os valores e as prioridades de um profeta muito preconceituoso.

O obstáculo Talvez você esteja lembra-

do de que falamos que uma das funções do profeta era remover o obstáculo que bloqueava a obra de Deus no mundo. No Livro de Jonas, o obstáculo que estava im-pedindo que acontecesse a obra milagrosa de Deus em Nínive era o preconceito do próprio profeta.

Como aprendemos com Oséias, o amor de Deus é incondicional e não é baseado no comportamen-to positivo ou negativo da pessoa. Pode, porém, Deus usar um profeta para proclamar o Seu amor por al-guém que o profeta odeia?

Aplicação pessoal Você consegue se ver nesta

história? Será que você não está fugindo do chamado de Deus para sua vida? O que será que precisa acontecer para que você deseje obedecer a Deus? Aprenda com a vida de Jonas, o profeta que, ini-

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cialmente, não quis obedecer ao chamado divino.

Deus usa certas circunstân-cias da nossa vida para que de-sejemos segui-Lo. Observe como este livro tão pequeno é repleto de referências sobre a providência de Deus: o Senhor manda uma grande tempestade, prepara um grande peixe, faz a planta crescer e manda um verme, que a mata. Você percebe Deus trabalhando, também, nas circunstâncias da sua vida?

É interessante notar como o fato de Jonas ter escrito este li-vro o faz parecer muito ingênuo ao escrever sobre o capítulo mais importante de sua vida. Ele con-tou sua história, humilhando-se, porque, na cidade de Nínive, ele compreendeu o amor incondicio-nal de Deus pelo ímpio e o pre-conceito do seu próprio coração,

que o impedia de expressar e ma-nifestar este amor.

Jonas, em seu livro, confessa sua própria fraqueza, e essa con-fissão é fruto de um coração since-ro. Basicamente, ele está dizendo: “quando eu estava em Nínive, não tinha o amor ágape pelas pessoas, mas Deus tinha e Ele estava comi-go. Descobri que, por mim mes-mo, não poderia amar o povo de Nínive, mas Deus podia e Ele es-tava comigo. Eu não queria amar aquele povo, mas Deus queria e Ele estava comigo.

Será que Deus não quer, através de você, manifestar Seu amor por algum pecador, mas o seu preconceito e desprezo pelas pessoas estão impedindo que isto aconteça? Será que você consegue reconhecer os seus preconceitos e confessar, de maneira clara e transparente, como o profeta fez?

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Capítulo 19

A Profecia de Miquéias

O Livro de Miquéias contém três importantes sermões deste profeta. Ele nasceu e cresceu na zona rural, mas foi chamado por Deus para pregar em Samaria, ca-pital do Reino do Norte, e em Jeru-salém, capital do Reino do Sul, a fim de proclamar a Palavra de Deus aos líderes políticos responsáveis pela corrupção moral e espiritual do povo de Deus daqueles reinos.

O primeiro sermão de Miquéias (1.3-5)

O primeiro dos três sermões de Miquéias foi dirigido a todos os po-vos da terra como um convite para que testemunhassem o castigo dos reinos do Norte e do Sul, Israel e Judá, respectivamente: “Eis que projeto um mal contra essa famí-lia, do qual não tirareis os vossos pescoços, e não andareis altiva-mente, porque o tempo será mau” (2.3). Este versículo certamente se refere às conquistas babilônicas e assírias, e aos cativeiros que se seguiriam. Através desses cativei-ros, Deus castigaria Israel e Judá, o que manifestaria a santidade de

Deus e a Sua intolerância ao peca-do, bem como o Seu amor de Pai fiel para com Seus filhos, mesmo que sejam rebeldes.

O castigo que Deus enviaria so-bre Seu povo, por causa da idolatria, da imoralidade e do consequente declínio espiritual, seria uma de-monstração para todo o mundo de que Deus quer um comportamento puro dos seus filhos. Segundo Mi-quéias, também a glória de Deus se revelará, através da restauração final do Seu povo, anunciada na úl-tima parte do seu primeiro sermão: “Certamente, te juntarei todo, ó Jacó, certamente, congregarei o restante de Israel” (2.12).

O segundo sermão de Miquéias (3.1-5.15)

O segundo sermão de Mi-quéias foi dirigido aos sacerdotes, aos profetas e aos líderes políticos. A função básica do sacerdote era ensinar; a do profeta, exortar o povo a obedecer aos mandamentos divinos; quanto ao líder político ca-bia aplicar as leis morais de Deus.

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CBI - Encontro com a Palavra Livro 4 83

Nos dias de Miquéias, o obstáculo que impedia a obra de Deus era que os três níveis de liderança da estrutura governamental montada por Deus estavam corrompidos.

Ao invés de ensinar ao povo e cumprir a Lei de Deus, os sacer-dotes preferiam “ganhar para en-sinar” ou “ensinar por interesse” (3.11). Eles estavam transforman-do o chamado sacerdotal numa profissão e a preocupação básica deles era o ganho, isto é, eles esta-vam secularizando o sacerdócio. O fato de ensinarem por dinheiro fez deles profissionais apóstatas.

Da mesma forma, os profetas comprometiam os seus chama-dos, quando preferiam “adivinhar por dinheiro” (3.11). Além de te-rem transformado o chamado de profeta numa profissão, também o transformaram em feitiçaria. Eles pregavam seus próprios sonhos e não as revelações proféticas; usa-vam a sua reputação para ganhar dinheiro. Dependendo de quanto fosse o pagamento, eles profetiza-vam coisas boas ou más para vida da pessoa.

Os líderes políticos também não escaparam da corrupção: “Os seus chefes dão as sentenças por suborno” (3.11a). Davam parecer favorável ou desfavorável, de acor-

do com o dinheiro que recebiam. Como em nossos dias, a corrupção entre líderes políticos e civis sempre esteve presente em todo o mundo.

Para Miquéias, quando os sa-cerdotes ensinavam por interesse, o povo era confundido, porque deixava de aprender a sã doutrina, que é a Palavra de Deus. Quan-do os profetas adivinhavam por dinheiro, o povo também deixava de ouvir a verdadeira mensagem de Deus. Com a corrupção impe-rando entre os líderes, o povo se desiludia e perdia a confiança no governo e nas suas leis.

Miquéias enfatizou que Deus havia delegado um governo aos homens, o qual seria eficiente se trabalhasse em sintonia com os sacerdotes e os profetas estabele-cidos por Ele. Se os seus líderes fossem corruptos, o propósito de governo de Deus falharia. Como os líderes espirituais e políticos do tempo de Miquéias não estavam alinhados com os propósitos de Deus, o profeta atribuía a eles a responsabilidade pelo declínio es-piritual e moral da nação.

A solução de DeusDepois de enfatizar a falência

dos governos de Israel e de Judá, Miquéias, através de uma profecia

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messiânica, pregou uma mensa-gem de esperança para o povo de Deus e para todas as nações do mundo. Ele previu a vinda de Cris-to: “E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre milhares de Judá, de ti me sairá o que será Senhor em Israel... Ele se manterá firme e apascentará o povo na força do Senhor, na majestade do nome do Senhor, seu Deus; e eles habita-rão seguros, porque, agora, será ele engrandecido até aos confins da terra. Este será a nossa paz” (5.2,4,5a).

Onde o governo humano fa-lhou em Jerusalém e em Samaria, a autoridade máxima de Cristo não falhará. Ele trará a paz verdadeira para Seu povo e será o exemplo perfeito de Profeta, Sacerdote e Rei. O final do segundo sermão de Miquéias apresentou Cristo como o Governante Perfeito. Ele liderará um novo Reino, que jamais verá morte nem corrupção. Por causa desta palavra profética é que os discípulos questionavam Jesus sobre quando Ele instituiria o seu Reino perfeito e eterno (Atos 1.6).

O terceiro sermão de Miquéias (Capítulos 6 e 7)

No terceiro sermão de Mi-quéias, ele apresenta, de forma

alegórica, um julgamento entre Deus e o povo: “Ouvi agora o que diz o Senhor: Levanta-te, defende a tua causa perante os montes, e ouçam os outeiros a tua voz. Ouvi montes, a controvérsia do Senhor, e vós, duráveis fundamentos da terra, porque o Senhor tem con-trovérsia com o seu povo e com Israel entrará em juízo” (6.1,2).

Quando Miquéias, neste julga-mento, faz a apresentação da cau-sa diante de Deus, o Senhor traz à memória do povo como Deus usou de bondade, quando o tirou do Egito, através de Moisés, Arão e Miriã (6.4), bem como o povo correspondeu a essa bondade, buscando outros deuses e satisfa-zendo os seus desejos egoístas.

Miquéias defende os homens diante do tribunal de Deus: “Com que me apresentarei ao Senhor e me inclinarei ante o Deus excelso? Virei perante ele com holocaustos, com bezerros de um ano? Agra-dar-se-á o Senhor de milhares de carneiros, de dez mil ribeiros de azeite? Darei o meu primogênito pela minha transgressão, o fruto do meu corpo, pelo pecado da mi-nha alma?” (6.6,7).

As referências que Miquéias faz a respeito dos pecados de Is-rael, em resposta à bondade de

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Deus, deixam a nação sem poder se defender. Miquéias deixa claro que não haveria nenhuma oferta que fosse suficiente para cobrir os pecados de Israel.

O dilema que Miquéias apre-sentou neste importante julgamen-to preparou seus ouvintes para a conclusão da sua mensagem: “Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus?” (6.8).

Depois de mostrar ao povo o que deveria fazer para que houves-se uma conciliação, Deus mostrou a Miquéias que não havia mais nada que, partindo do homem, pudesse inocentá-lo dos seus pe-cados, porque somente através da graça que Deus oferece ao coração contrito é que o homem pode ser perdoado, terminando seu terceiro sermão com outra revelação profé-tica para os últimos dias: “As na-ções verão isso e se envergonha-rão de todo o seu poder; porão a mão sobre a boca, e os seus ouvi-dos ficarão surdos. Lamberão o pó como serpentes; como uns répteis da terra, tremendo, virão ao Se-nhor, nosso Deus, e terão medo de ti” (7.16,17).

Esta é mais uma profecia sobre o Líder Messiânico que go-vernará todas as nações e será misericordioso com Seu povo es-colhido: “...O Senhor não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na misericórdia. Tornará a ter compaixão de nós; pisará aos pés as nossas iniquidades e lan-çará todos os nossos pecados nas profundezas do mar. Mostrará a Jacó a fidelidade e a Abraão, a misericórdia, as quais juraste a nossos pais, desde os dias anti-gos” (7.18-20).

A mensagem de Miquéias nos apresenta um Deus de com-paixão e misericórdia, de amor incondicional. Isto significa que não conquistamos o amor de Deus através de um desempenho positivo, mas somente pela Sua graça. Também não perdemos o amor de Deus por causa de um comportamento negativo.

A mensagem do profeta é bem clara e anuncia uma esperança fun-damentada no amor e na graça de Deus. Porém, não podemos esque-cer que a Sua graça e a Sua mise-ricórdia são inerentes à Sua justiça, a qual só pode ser exercida através da morte de Seu Filho, a fim de que possamos usufruir o amor perfeito e a graça para todo o sempre.

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Capítulo 20

A Profecia de Naum

Perspectiva HistóricaOs autores dos Livros Proféti-

cos do Velho Testamento registra-ram a conquista de quatro cidades: Jerusalém, Samaria, Babilônia e Nínive. Jerusalém e Samaria eram as capitais dos Reinos do Sul e do Norte, de Judá e de Israel, respec-tivamente, enquanto Babilônia e Nínive eram as capitais inimigas do povo de Deus. Conforme já vi-mos no estudo do profeta Jonas, a sua pregação trouxe arrependi-mento e salvação para a cidade de Nínive. A profecia de Naum pro-clama a destruição e a ruína dessa mesma cidade, 120 anos depois da sua conversão.

Embora o Livro de Jonas te-nha registrado o arrependimento daquela cidade, capital da Assíria, onde habitavam os mais cruéis ini-migos do povo de Israel, sessenta anos depois os assírios conquista-ram o Reino do Norte, o Reino de Israel, e submeteram ao cativeiro as dez tribos que formavam este Reino. Aproximadamente sessenta anos depois do início do cativeiro assírio, Naum profetizou o julga-

mento e o extermínio da cidade de Nínive. As profecias de Naum fo-ram cumpridas, literalmente, vinte e três anos depois de terem sido anunciadas.

Os assírios conquistaram e es-cravizaram todas as nações mun-diais, usando de uma crueldade indescritível e um barbarismo sem precedentes na história, transfor-mando-se num império poderoso, temido em todo o mundo por sua crueldade. O centro do império assí-rio era a cidade de Nínive, conheci-da em todo o mundo como a Cida-de Rainha. Sua destruição foi total, como Naum havia profetizado.

Naum anuncia a destruição de Nínive (Capítulo 1)

O primeiro capítulo do Livro de Naum anuncia a queda de Ní-nive, cidade localizada entre dois rios, os quais lhe serviam de força e proteção. Apesar disso, Naum profetizou que a queda de Nínive viria através “de uma inundação transbordante”. De acordo com a profecia de Naum, o Senhor faria com que as águas se voltassem

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contra aquela cidade, inundando-a e destruindo-a totalmente (1.8).

O nome de Naum significa “cheio de consolo”, e sua mensa-gem trouxe muito conforto para o Reino do Sul. Os assírios já tinham conquistado o Reino do Norte e o Reino do Sul temia que eles se voltassem contra ele, o que aca-bou acontecendo. Quando os as-sírios investiram contra o Reino do Sul, conquistaram quarenta e seis cidades fortificadas e levaram du-zentas mil pessoas cativas.

Estudando o Livro de Isaías, aprendemos que os assírios con-seguiram chegar às portas de Jeru-salém, mas, pelo ministério de um grande profeta, o Reino do Sul foi salvo. É o que podemos depreender através das palavras consoladoras da profecia de Naum: “Assim diz o Senhor: Por mais seguros que es-tejam e por mais numerosos que sejam, ainda assim serão extermi-nados e ele passará; eu te afligi, mas não te afligirei mais” (1.12).

Naum descreve a destruição de Nínive (Capítulo 2)

No segundo capítulo da pro-fecia de Naum, ele descreveu a queda da cidade de Nínive, com muitos detalhes, citando, inclusi-ve, a cor do uniforme do exército inimigo, o reflexo do sol em seus

escudos (2.3), o avanço das carru-agens e os homens nas ruas, ten-tando escapar da trágica destrui-ção da cidade (2.4,5). Descreve os soldados deixando a cidade e o país, sem mesmo olhar para trás (2.8). A cidade rainha sendo des-pida e levada em cativeiro: os joe-lhos tremem, o coração se derrete de dor; o povo fica angustiado e se empalidece (2.10). Esta descrição detalhada da invasão de Nínive mostrou para o Reino do Sul que Deus traria paz e conforto para sua terra, através da destruição da ca-pital dos seus inimigos.

Naum defende a destruição de Nínive (Capítulo 3)

Naum fez uma lista das ra-zões porque a ira de Deus estava sendo derramada sobre Nínive. Ele acusou os ninivitas de derra-marem sangue, mentirem, saque-arem cidades e se prostituírem. Os estudiosos da História Antiga afir-mam que os assírios deportavam o povo conquistado para outras terras, com o objetivo de destruir o seu espírito nacionalista e, além disso, cometiam atrocidades con-tra os cativos, como lhes tirar a pele em vida; quando conquista-vam uma cidade, matavam parte da população e amontoavam os crânios junto aos portões da cida-

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de para aterrorizar os que tinham sobrevivido.

Todas as nações na terra ti-nham passado pelas crueldades dos assírios e, como resposta de Deus às atrocidades daquele povo, Naum pronunciou as seguintes palavras da parte do Senhor: “Eis que eu estou contra ti, diz o Se-nhor dos Exércitos; levantarei as abas da tua saia sobre o teu rosto, e mostrarei às nações a tua nudez, e aos reinos as tuas vergonhas” (3.5). “Não há remédio para a tua ferida; a tua chaga é incurável; todos os que ouvirem a tua fama baterão palmas sobre ti; porque sobre quem não passou continua-mente a tua maldade?” (3.19). A queda de Nínive seria um consolo para todas as nações que viviam sob o terror das suas atrocidades.

Naum defende o caráter de DeusEste pequeno livro possui um

grande ensino sobre o amor e a ira de Deus. Na Carta aos Hebreus, a palavra grega para ira de Deus tem o significado de “ultrapassar”. A ideia é que o caráter essencial de Deus é o amor, mas há momentos em que a iniquidade e a impiedade do povo levam Deus para o outro lado do Seu caráter, que é a san-tidade e a justiça absolutas. Nes-te ponto, Ele “ultrapassa” do amor

para a ira e o julgamento, porque, afinal, a iniquidade não pode co-existir com a santidade de Deus.

Conheci a história de um ho-mem muito bom, gentil e pai amo-roso, que teve de ser contido por vários policiais quando, numa dele-gacia de polícia, foi colocado frente a frente com o homem que tinha estuprado e assassinado sua filha de sete anos. O caráter daquele ho-mem ultrapassou o lado do amor para o lado da ira. Podemos dar a seguinte definição para a ira de Deus: “Uma atitude permanen-te, consistente e final da absoluta santidade em reação ao pecado e à iniquidade”. Uma outra definição poderia ser assim expressa: “Uma reação devastadora do absoluto amor de Deus em relação àquilo que está destruindo o objeto do Seu amor”. No caso dos assírios, o objeto do amor de Deus eram todas as pessoas que aquele povo bárba-ro estava destruindo, entre elas os cativos do Reino de Israel.

Como povo de Deus, também podemos ter o consolo e a certeza de que nosso Deus, que é a essên-cia do amor perfeito, por fim “ultra-passará” e expressará Sua ira em nosso favor. Ele destruirá o ímpio, através da absoluta e completa ex-pressão da Sua santidade e justiça.

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Capítulo 21

A Profecia de Habacuque

Aqueles que não estão fami-liarizados com o Livro de Haba-cuque podem achar que ele foi um profeta de muitas perguntas e poucas respostas, já que, nos três breves capítulos do seu livro, ele clama a Deus repetidas vezes com seus “porquês”. Justamente por este motivo, alguns estudiosos chamam Habacuque de “O Profeta Agnóstico”.

Uma pessoa agnóstica não acredita em nada daquilo que diz respeito ao conhecimento de Deus. O agnóstico diz: “Eu não sei, você não sabe e ninguém mais sabe. Vale a pena refletir sobre isso!”. A pergunta que eu faria para um agnóstico seria: “Se é impossível saber, como você sabe que não pode saber?”.

Estudando os profetas, disse-mos que eles eram homens que tinham diferentes modos de vida até receberem o chamado de Deus. Também aprendemos, nos Livros Históricos do Velho Testamento, que Davi nomeou quatro mil sacer-dotes para se dedicarem exclusiva-mente ao louvor e à adoração ao

Senhor, com os instrumentos musi-cais confeccionados por ele próprio (I Crônicas 23.5). Os levitas, que eram ministros de adoração, atra-vés da música, compuseram mui-tos salmos para o louvor de Deus, e Habacuque foi um deles.

A torre de vigia de HabacuqueHá quem diga que “pregado-

res sempre respondem perguntas que ninguém fez”. Talvez tal afir-mação se aplique a alguns prega-dores; no entanto, seria totalmen-te incorreto se a aplicássemos a Habacuque.

Contemporâneo de Jeremias, Habacuque tinha conhecimento de como aquele profeta estava sendo tratado. Ele pode até ter pensado: “Se o povo de Judá trata assim Jeremias, que é um profeta tão importante, o que poderá fazer comigo, um simples ministro de música, quando anunciar a men-sagem de Deus para eles?”.

É interessante a forma criativa que Habacuque utilizou para anun-ciar sua profecia e atrair a atenção do povo de Judá para recebê-la.

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CBI - Encontro com a Palavra90 Livro 4

Quando Habacuque começou a questionar Deus, fê-lo com as per-guntas que estavam no coração do povo.

Naqueles dias, os habitantes da cidade de Jerusalém viviam a expectativa da chegada dos exér-citos babilônicos. Os homens das torres de vigia da cidade estavam posicionados, prontos para anun-ciar qualquer sinal ou som que indicasse a aproximação daquele temido exército. Em seu discurso, Habacuque anunciou que cons-truiria uma “torre de vigia espiri-tual”. Ele se posicionaria nessa torre, de onde faria todas as per-guntas para Deus, mantendo-se vigilante e atento às respostas que Deus lhe daria.

Imaginemos o povo encora-jando Habacuque a ir para sua “torre de vigia”, a fim de fazer a Deus as perguntas que pesavam no coração de toda aquela gente. Habacuque começa seu questio-namento, perguntando a Deus por que Ele estava usando a Babilônia, uma nação ímpia, para destruir o povo que Ele mesmo escolhera: “Não és tu desde a eternidade, ó Senhor, meu Deus, ó meu Santo? Não morreremos. Ó Senhor, para executar juízo, puseste aque-le povo; tu, ó Rocha, o fundaste

para servir de disciplina. Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal, e a opressão não podes contemplar; por que, pois, toleras os que procedem perfidamente, e te calas quando o perverso devora aquele que é mais justo do que ele?” (1.12,13).

Tanto Habacuque, como o restante do povo, tinham consci-ência de que Deus estava usando os babilônios para punir Judá pelos seus pecados, mas era difícil com-preender porque Deus usava uma nação tão ímpia para repreender o Seu povo. Afinal, a impiedade dos babilônios excedia a iniquidade do povo de Judá. Este era o contexto no qual Habacuque vivia, quando colocou diante de Deus as ques-tões que pesavam em seu coração e no coração do povo, por causa da iminente invasão da Babilônia. Ha-bacuque estava vigiando, ouvindo e aguardando as respostas que Deus daria às suas perguntas, por isso, ele anunciou: “Por-me-ei na minha torre de vigia, colocar-me-ei sobre a fortaleza e vigiarei para ver o que Deus me dirá e que resposta eu te-rei à minha queixa” (2.1).

A mensagem de HabacuqueImaginemos o entusiasmo do

povo, quando Habacuque anun-

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ciou que, de sua torre de vigia, já tinha recebido a resposta de Deus! O profeta Habacuque foi muito perspicaz ao escolher esse tipo de abordagem para anunciar sua pro-fecia. Habacuque anunciou que Deus havia respondido às suas perguntas, e a resposta que ele tinha de Deus era que apesar de Ele estar usando a ímpia Babilô-nia para castigar o Seu povo, esse poderoso império mundial seria destruído. Como já estudamos, o Império Babilônico durou apenas setenta anos.

Deus falou para Habacu-que, em sua torre de vigia, que os babilônios tinham a semente da destruição em seus corações pervertidos. Basicamente, o que Habacuque ouviu de Deus é o que Jesus ensinou aos seus discípu-los, quando falou: “Todos os que lançam mão da espada à espada perecerão” (Mateus 26.52). Eles seriam destruídos pela sua pró-pria crueldade e brutalidade: “Eis o soberbo! Sua alma não é reta nele; mas o justo viverá pela sua fé. Assim como o vinho é enga-noso, tampouco permanece o ar-rogante, cuja gananciosa boca se escancara como o sepulcro e é como a morte, que não se farta; ele ajunta para si todas as na-

ções e congrega todos os povos” (2.4,5).

Obviamente, neste texto, Deus faz referência aos babilônios, que eram soberbos e cujas almas não eram retas. Somente o justo, aquele que conhece a Deus e que, portanto, vive pela fé em Suas promessas, somente este viveria (2.4).

“O justo viverá pela sua fé”(2.4). Este versículo possui mais de uma aplicação. Através desta resposta dada a Habacu-que, Deus estava prometendo es-perança para Judá; porém, aquele povo precisava crer nas palavras dos profetas. Homens como Isaí-as e, principalmente, Jeremias, já haviam anunciado que Judá so-breviveria como nação; seu povo voltaria à sua terra; esta era a esperança e a garantia de que a ímpia nação babilônica não teria a vitória final. O justo viveria, se tivesse fé para crer nas promessas de Deus anunciadas pelos Seus profetas.

Outra aplicação, também mui-to importante para este versículo, encontra-se no Novo Testamento, onde o texto de Habacuque é cita-do três vezes. Vamos dar um salto para o século XVI, para a Reforma Protestante, quando um sacerdote

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católico chamado Martinho Lutero meditava neste versículo citado no primeiro capítulo da Carta de Pau-lo aos Romanos (Romanos 1.17). A teologia da reforma foi articula-da pelos comentários de Lutero a respeito das cartas de Paulo aos Romanos, bem como aos Gála-tas (Gálatas 3.11). A terceira ci-tação deste versículo, no Novo Testamento, serve de base para o grande capítulo da fé da Bíblia (Hebreus 10.38).

O hino de Habacuque Não temos registro sobre o

que aconteceu com este corajoso profeta. Quando cidades, como Jerusalém, eram conquistadas, geralmente, parte da população era aniquilada e os sobreviventes eram acorrentados e levados cati-vos. Apesar de saber que a con-quista babilônica era iminente e que duraria setenta anos, Habacu-que terminou sua mensagem com um hino de louvor. Ele não sabia o que o futuro lhe reservava, mas sabia qual seria o futuro de Judá como nação. Ele acreditava nas promessas de que o remanescente de Judá retornaria depois de se-tenta anos, que a Babilônia cairia e que aquele povo continuaria a ser o povo escolhido de Deus.

Habacuque começou sua pro-fecia com o que parecia ser um suspiro de desespero e dúvida, mas a finaliza com um hino de louvor, de adoração e de esperan-ça, mostrando ao povo de Deus, de todos os tempos e culturas, como transformar um suspiro de desespero e dúvida em um hino de louvor.

Existem pessoas oportunistas, que usam Deus quando lhes con-vém, mas o hino de Habacuque retrata a face oposta dessas pes-soas, porque retrata o perfil de um homem de fé, que conhecia Deus, e sabia que Ele jamais mudaria os Seus planos de trazer o Messias, através do Seu povo. Se as pala-vras de Deus eram verdadeiras, como Habacuque acreditava, o povo de Deus não seria abandona-do. Ele poderia até ir para o exílio e ser castigado pelos seus peca-dos, mas jamais seria extermina-do. Todas as profecias referentes ao Messias seriam cumpridas.

Como Jó que, no auge do seu sofrimento, recebeu de Deus uma revelação maravilhosa; bem como o profeta Jeremias, quando compôs o Livro de Lamentações, Habacuque também teve a inspi-ração de Deus para compor um hino, no momento mais difícil de

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sua vida. O texto abaixo (Haba-cuque 3.2,17-19) é um pequeno trecho do hino composto por este profeta:

“Tenho ouvido, ó Senhor, as tuas declarações e me sinto alarmado; aviva a tua obra, ó Senhor, no de-correr dos anos, e, no decurso dos anos, faze-a conhecida; na tua ira, lembra-te da misericórdia.Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta e os campos não produzam mantimento; as ove-lhas sejam arrebatadas do aprisco e nos currais não haja gado, toda-via, eu me alegro no Senhor, exul-to no Deus da minha salvação.O Senhor Deus é a minha fortale-za e faz os meus pés como os da corça, e me faz andar altaneira-mente”.

Aplicação pessoalPoucos de nós enfrentam o

tipo de crise que Habacuque en-frentou; porém, às vezes, somos sobressaltados por problemas

muito angustiantes. Diante de tais situações, temos duas alternati-vas: ou colocamos toda a nossa própria energia física, emocional e espiritual no problema, ou cons-truímos nossa torre de vigia espiri-tual e ficamos esperando para ver como Deus vai trabalhar. Fique-mos vigiando, até que percebamos sinais de que Deus está trabalhan-do em nossas vidas. Então, como Habacuque fez, adoremos a Deus!

Você já construiu sua torre de vigia espiritual, um lugar onde você vigia, espera e ouve Deus? O Livro de Habacuque nos ensina que podemos – e devemos - cons-truir uma torre de vigia espiritual e de lá questionar Deus, que vai nos responder, enquanto esperamos em silêncio. Um velho pastor dis-se: “Já ouvi pessoas dizerem que hoje Deus não fala conosco como falava nos tempos de Habacuque; o mais certo seria dizer que hoje o povo de Deus não O ouve mais, como costumava ouvir nos dias deste profeta e ministro de louvor tão talentoso e temente a Deus”.

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Capítulo 22

A Profecia de Sofonias

Assim como o profeta Joel, So-fonias também foi profeta do “Dia do Senhor”. A diferença é que Joel enfatizou o Dia do Senhor do tempo passado, presente e futuro, enquan-to Sofonias concentrou sua profecia exclusivamente no último Dia do Senhor, profetizado por Jesus, pelos profetas e pelos apóstolos.

Em que consiste o Dia do Senhor (Capítulo 1)

Quando Sofonias pregou so-bre o Dia do Senhor, ele descreveu um acontecimento catastrófico, envolvendo toda a criação. Através de Sofonias, Deus anunciou: “De fato, consumirei todas as coisas sobre a face da terra, diz o Se-nhor. Consumirei os homens e os animais, consumirei as aves do céu e os peixes do mar, as ofensas com os perversos; exterminarei os homens de sobre a face da terra, diz o Senhor” (1.2,3). De acordo com Sofonias, o Dia do Senhor será cataclísmico e não se refere somente ao povo de Judá ou aos dominadores babilônicos; esse dia atingirá todo homem e animal so-

bre a face da terra, assim como pássaros e peixes do mar.

Como outros profetas, Sofo-nias também mesclou profecias referentes ao último Dia do Senhor com as profecias sobre o cativei-ro babilônico: “Estenderei a mão contra Judá e contra todos os ha-bitantes de Jerusalém; extermi-narei deste lugar o resto de Baal, o nome dos ministrantes dos ído-los e seus sacerdotes. No dia do sacrifício do Senhor, hei de cas-tigar os oficiais e os filhos do rei, e todos os que trajam vestiduras estrangeiras. Castigarei também, naquele dia, todos aqueles que sobem o pedestal dos ídolos e en-chem de violência e engano a casa dos seus senhores” (1.4,8,9).

Sofonias uniu-se, profetica-mente, a Miquéias ao por sobre os líderes espirituais e políticos a cul-pa e a condenação pela apostasia espiritual e pela corrupção moral do povo. De acordo com eles, o julgamento que Deus faria vir so-bre todo o povo era consequência da negligência dos líderes políticos e espirituais. Esse julgamento de

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Deus, que atingiria desde os líde-res até o povo, mostra a importân-cia e a responsabilidade que os líderes têm diante de Deus pelo bem estar dos que estão sob a sua liderança.

O caráter do Dia do Senhor(Capítulo 2)

Apesar de Sofonias ter enfati-zado o julgamento de Deus sobre Judá, por causa de seus pecados, ele também profetizou a respei-to do Dia do Senhor sobre todas as nações, principalmente sobre aquelas que perseguiram o povo de Judá. Sofonias anunciou que, no grande e terrível Dia, todos os ho-mens darão conta de suas obras e Deus lhes dará uma sentença final. Ele proclamou que apenas aqueles que adorarem ao único Deus ver-dadeiro escaparão da ira de Deus naquele grande e terrível Dia.

Nesse contexto, Sofonias exortou as nações a se arrepende-rem: “Concentra-te e examina-te, ó nação que não tens pudor, antes que saia o decreto, pois dia se vai como a palha; antes que venha sobre ti o furor da ira do Senhor, sim, antes que venha sobre ti o dia da ira do Senhor. Buscai o Se-nhor, vós todos os mansos da ter-ra, que cumpris o seu juízo; bus-

cai a justiça, buscai a mansidão; porventura, lograrei esconder-vos no dia da ira do Senhor” (2.1-3).

Apesar de Deus ter usado as nações ímpias como instrumento de castigo sobre Judá, essas na-ções continuaram fora do concerto do Deus único e verdadeiro. Pela pregação de Sofonias elas são chamadas ao arrependimento, para serem salvas do fogo do Dia do Senhor.

O cataclismo do Dia do Se-nhor será provocado pelo pecado e pela falta de temor a Deus das nações. Por isso, Sofonias adver-te contra o pecado da luxúria, da indiferença, da falta de fé, da de-sobediência, da rebelião e da falta de temor a Deus, tanto de Judá, como das nações ímpias.

Sofonias prevê que o julga-mento de Deus virá sobre as na-ções localizadas junto ao mar e que “o litoral pertencerá aos restantes da casa de Judá; nele apascentarão os seus rebanhos... porque o Senhor, seu Deus, aten-tará para eles e lhes mudará a sorte” (2.7). Sofonias também pregou contra Moabe e Amom, os etíopes e os assírios para mostrar que essas nações sem temor de Deus não sobreviverão ao julga-mento do Senhor.

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A nova criação no Dia do Senhor (Capítulo 3)

Apesar de Sofonias repreen-der Judá por causa da corrupção de seus líderes e por resistirem a Deus (3.1-4), mostrando que o cativeiro babilônico seria a con-sequência desse comportamen-to, também teve uma palavra de esperança para o último Dia do Senhor. Nesse Dia todas as na-ções da terra reconhecerão que o Senhor é Deus (3.8-11) e o re-manescente de Israel será encon-trado fiel: “Os restantes de Israel não cometerão iniquidade, nem proferirão mentira, e na sua boca não se achará língua enganosa, porque serão apascentados, dei-tar-se-ão, e não haverá quem os espante” (3.13).

Sofonias pregou que, apesar de Judá ser incapaz de se man-ter fiel ao seu Deus, o Senhor o preservaria e o traria do cativeiro; que nos últimos dias haveria um

remanescente fiel a Ele, uma nova criação. Nos livros de Esdras e Ne-emias, e nos últimos três Profetas Menores, que ainda estudaremos, temos registrado o cumprimento parcial desta profecia. Ageu, Zaca-rias e Malaquias, que pertencem ao período pós-cativeiro, minis-tram aos sobreviventes que retor-nam da Babilônia.

Em razão da profecia de So-fonias enfocar, principalmente, o último Dia do Senhor, muitos es-tudiosos acreditam que sua profe-cia sobre um remanescente, que é manso, humilde e justo está cum-prida na Igreja de Jesus Cristo. Todos os profetas eram judeus e Paulo escreve que todos os gentios que nasceram de novo são filhos de Abraão (Gálatas 3.7). Pau-lo também se tornou um profeta quando previu que Deus traria no-vamente para Si a nação judaica e “todo Israel seria salvo” (cf. Roma-nos capítulos 9-11).

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Capítulo 23

A Profecia de Ageu

Todos os profetas que estuda-mos até agora viveram e pregaram antes ou durante o cativeiro babi-lônico. Os profetas Ageu, Zacarias e Malaquias são chamados “Os Profetas Pós-Cativeiro”, porque pregaram para aqueles judeus que retornaram do cativeiro na Babilô-nia. A fim de obter uma visão do cenário histórico no qual estes três profetas viveram, leia o Livro de Esdras, que trará à sua memória o que já estudamos sobre os três diferentes retornos do cativeiro ba-bilônico para Jerusalém.

Ageu e Zacarias pregaram para os exilados que faziam parte do primeiro grupo de judeus que retornou do exílio. Este primeiro retorno ocorreu logo após a queda do Império Babilônico pelos me-dos e persas, o qual foi descrito em detalhes pelos autores bíbli-cos, e teve como objetivo principal a reconstrução do Templo de Sa-lomão, sendo este o enfoque das mensagens daqueles profetas.

Em cumprimento à maravi-lhosa profecia de Isaías, Ciro, o grande, imperador persa, decretou

que todos os exilados tinham per-missão de voltar para Jerusalém com o material necessário para a reconstrução do Templo. Embo-ra Deus tenha usado Ciro para a realização deste decreto, sua con-cretização não foi fácil. Eram 50 mil refugiados maltrapilhos traba-lhando, semelhantes aos que ve-mos nos dias atuais, a quem não é atribuída nenhuma glória.

Aqueles homens haviam feito parte de um forte exército de 600 mil soldados, temidos por todos, como no tempo da conquista das ci-dades fortificadas de Canaã (Josué 2.9-13). Agora eles não represen-tavam mais um exército e sequer eram uma nação; tudo isso aliado à decepção de descobrir que a terra deles tinha sido ocupada por povos pagãos que não os queriam ali. Foi neste cenário que os profetas Ageu e Zacarias ministraram.

A mensagem de AgeuO povo que os exilados encon-

traram na Judéia e em Jerusalém eram nações que também tinham sido conquistadas pelos babilônios

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e sido deportadas de seus países para a terra de Judá, as quais eram hostis à idéia de reconstru-ção do Templo. Eles acreditavam que havia algo no Templo que, no passado, tinha feito dos judeus uma forte nação; por isso, perse-guiam e perturbavam o povo de Judá para que a reconstrução não fosse iniciada. Por quinze anos o povo sofreu ameaças, até que, por fim, a obra foi interrompida. O povo, desanimado, desviou-se do objetivo de sua missão e se en-volveu na construção de suas pró-prias casas. Neste contexto, entra em ação o profeta Ageu.

Lembre-se que a função de um profeta era proclamar contra qual-quer obstáculo que impedisse a obra de Deus, até que fosse remo-vido e a obra fosse concluída. Ageu pregou pelo menos quatro sermões muito oportunos e importantes, até que o povo foi despertado e a re-construção do Templo foi concluída.

Primeiro sermão de Ageu: “Focalize suas prioridades” (Capítulo 1)

Metade do Livro de Ageu re-gistra e descreve os resultados do seu primeiro sermão, em que desa-fiava o povo de Judá: “Considerai os vossos caminhos” (1.7) Toda a mensagem da Bíblia poderia ser

sintetizada na frase: “Deus em pri-meiro lugar”. O desafio de Ageu para aqueles exilados era, essen-cialmente, este: “Vejam como vo-cês estão usando o tempo; vocês têm tempo para construírem suas casas, mas não têm tempo para edificarem a casa de Deus”.

Deus disse, através de Ageu: “Esperaste o muito, e eis que veio a ser pouco, e esse pouco, quan-do o trouxeste para casa, eu, com um assopro o dissipei. Por quê? Por causa da minha casa, que per-manece em ruínas, ao passo que cada um de vós corre por causa de sua própria casa” (1.9). No versí-culo 6, Ageu diz que eles recebiam o salário “para pô-lo num saqui-tel furado”. Quando ele desafiou o povo a considerar os caminhos de Deus, também afirmou que era Deus quem estava causando os fu-ros nos seus saquitéis.

Ageu desafiou aqueles exila-dos a considerarem o que eles es-tavam fazendo; por eles terem se desviado da sua prioridade, Deus mandou uma seca e, com ela, a fome (1.10,11). Todo o trabalho deles foi inútil em consequência de não terem colocado Deus em primeiro lugar.

Com certeza, Ageu foi um pre-gador convincente, porque sua pa-

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lavra levou o povo a focalizar suas prioridades na conclusão das obras do Templo. A segunda parte do pri-meiro sermão de Ageu é a resposta à obediência do povo, que pode ser resumida no versículo 13: “Eu sou convosco, diz o Senhor”. Depois que o povo restabeleceu suas prio-ridades e colocou o plano de Deus em primeiro lugar, Deus ficou do seu lado e o abençoou.

Segundo sermão de Ageu: “Focalize sua perspectiva” (2.1-9)

O Templo de Salomão foi construído com material de mui-to valor, como ouro, prata e jóias preciosas; era um templo glorioso, construído com todo o esplendor do reinado de Salomão, totalmen-te diferente da reconstrução feita pelos pobres refugiados de Judá, pois o único material que eles ti-nham eram as ruínas do antigo e o que havia sido fornecido por Ciro.

Muitos dos que estavam par-ticipando dessa reconstrução ha-viam nascido no exílio e não co-nheceram o primeiro Templo, mas os mais velhos choravam, porque não acreditavam que o novo Tem-plo não seria tão glorioso quanto o primeiro (Esdras 3.12).

No segundo sermão, Ageu enfrentou a tristeza e o desânimo

dos refugiados, ensinando que a importância do Templo era espiri-tual e não material e lembrou que o Tabernáculo erguido no deserto era uma tenda. Também os fez lembrar que o Espírito de Deus es-tava com eles.

Além disso, Ageu exortou o povo a focalizar a sua perspectiva. A palavra “perspectiva” significa “olhar através de”. Em certos tre-chos, a Bíblia nos exorta a ativar-mos nossa memória; em outros, porém, nos ensina a esquecer o que ficou para trás.

Às vezes, olhar para trás é maléfico para nós; por isso, Deus usa Ageu para nos desafiar a ter uma “visão objetiva”, que não en-quadra aos obstáculos ao nosso redor. A visão objetiva focaliza o presente e o futuro, e o que Deus quer que façamos para Ele. Esta é a essência da mensagem do se-gundo sermão de Ageu.

Terceiro sermão de Ageu: “Focalize sua motivação” (2.10-19)

Provavelmente, o povo achou que assim que começasse a re-construção do Templo veria a bên-ção prometida na segunda parte do primeiro sermão de Ageu sobre seu trabalho, mas aqueles homens tra-balharam durante todo o outono e

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o inverno e as bênçãos ainda não os havia alcançado.

Diante disso, o Senhor desa-fiou o povo com duas perguntas, que eram respondidas pelos sacer-dotes: “se alguém leva carne san-ta na orla de sua veste, e ela vier a tocar no pão... ou em qualquer outro mantimento, ficará isso santificado?” (2.12). A esta per-gunta os sacerdotes responderam “não”. Em seguida, perguntou: “Se alguém que se tenha tornado impuro... tocar nalguma destas cousas, ficarão elas imundas?” (2.13). A isto os sacerdotes res-ponderam “sim”.

Com estas perguntas e res-postas, Ageu ilustrou a mudança pela qual o povo havia passado, desde que retornara do exílio. An-tes, o povo tornava impuro tudo o que tocava, em consequência de seus pecados; depois do exílio, porém, aquele mesmo povo havia sido purificado e suas ações, du-rante a reconstrução do Templo, eram consideradas santas.

Eles precisavam entender que a santidade não pode ser transmi-tida, como acontece com o peca-do, pois a santificação é um pro-cesso gradual que acontece em nossas vidas. Se recebêssemos as bênçãos em decorrência da nossa

obediência, elas seriam entendi-das como resultado das nossas obras e não da Sua graça. Nos-sa motivação para sermos santos deve ir além da reverência a Deus ou do desejo por bênçãos. Em seu terceiro sermão, Ageu estava desafiando o povo a focalizar sua motivação na obra de restauração do Templo; na obra de Deus.

Quarto sermão de Ageu: “Focalize seus temores” (2.21-23)

Quando o povo retornou para Jerusalém, sentia-se desprotegido. Depois de setenta anos de cati-veiro, temia ser escravizado nova-mente. O quarto sermão de Ageu abordou esses temores; ele trouxe esperança, anunciando que Deus subjugaria as nações.

Neste sermão, Ageu profeti-zou que Deus ia abalar céus e ter-ra até que só restasse aquilo que não pode ser abalado. O autor da Carta aos Hebreus faz uma cita-ção de Ageu, quando diz que nós recebemos um reino que não pode ser abalado (Hebreus 12.26-28). Esta é a essência do quarto ser-mão de Ageu.

Aplicação pessoalBusque hoje uma aplicação

para sua vida, na pregação deste

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grande profeta. Quais são as suas prioridades? Deus tem abençoado o seu trabalho? Como vão as coi-sas na sua vida espiritual? A pior parte do julgamento de Deus nes-sa questão das prioridades equi-vocadas dos exilados foi que Deus enviou sobre a terra deles uma seca, que fez com que o trabalho não prosperasse. Você já passou por algum tipo de seca espiritual? Se Deus não está abençoando o trabalho das suas mãos, se você se encontra numa seca espiritual, a mensagem de Ageu é para você: “Considerai os vossos caminhos” e “considerai os caminhos de Deus”.

Qual é a sua perspectiva? Será que ela é objetiva ou você está sempre olhando para trás e com-

parando as obras passadas da sua vida? Deus quer que você focalize aquilo que Ele está fazendo em sua vida hoje e no que fará amanhã.

Quais são suas motivações para servir ao Senhor? Quando você serve ao Senhor, você espera por bênçãos imediatas? Será que você faz a obra de Deus esperando recompensas instantâneas?

Quais são os seus temores? Ageu se junta a Pedro, quando nos afirma que podemos lançar sobre Ele todas as nossas ansiedades, porque Ele tem cuidado de nós (I Pedro 5.7). Agora que você já leu a profecia de Ageu, deixe que sua fé focalize suas prioridades, sua perspectiva, suas motivações e seus temores.

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Capítulo 24A Profecia de Zacarias

Imagine a seguinte cena: Ageu, o velho profeta, pregando seus sermões, e o jovem profeta Zacarias, argumentando com ele: “Ageu, o povo está muito indefeso, muito vulnerável. Eles estão desa-nimados e sem esperança, quase desesperados, e quando o povo está assim, precisa de palavras de ânimo. Não basta dizer: 'Sejam fortes! Mãos à obra!'. Em tempos de crise e de desesperança, pare-ce que a única coisa que o povo consegue ver à sua frente são os problemas e as dificuldades”.

Naquele tempo, os profetas também eram chamados de “vi-dentes”, porque podiam “ver” Deus trabalhando, por trás e além da crise. Um vidente via o que outros não viam, porque era um vidente de Deus. Zacarias é um exemplo marcante na Bíblia do “profeta vidente”.

Zacarias acreditava que o povo quebrantado de Judá pre-cisava de uma visão da parte do Deus Onipotente; ele tinha esta vi-são e ela poderia fortalecer aque-le povo. Deus usou a pregação de

Zacarias para dar àquela gente de-sanimada, triste e sem esperança uma visão da parte dEle.

O estilo literário de ZacariasA profecia de Zacarias baseia-

se em oito visões, que ele compar-tilhou com os exilados de Judá, e hoje é compartilhada comigo e com você. Para iniciar o estudo do Livro de Zacarias, vamos, em primeiro lugar, enfocar o problema que era a fonte do desânimo e da tristeza dos judeus sobreviventes do cativeiro. Depois, vamos remo-ver o véu imaginário e descobrir a forma de Deus trabalhar por trás deste véu. Zacarias faz isso oito vezes em seu livro, e este é o estilo literário do Livro de Zacarias.

A mensagem de ZacariasA mensagem de Deus, através

de Zacarias, foi esta: “Tornai para mim e eu tornarei para vós” (1.3). A volta de judeus para a Palestina, que está acontecendo atualmente, é semelhante a que aconteceu com os exilados, naquela época, e que foi anunciada por vários profetas.

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ESTUDO PANORÂMICO DO VELHO TESTAMENTO (Isaías a Malaquias)

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Através da pregação de Zacarias, Deus falou também do retorno es-piritual daquele povo e não apenas de sua volta à cidade de Jerusalém e para o Templo; Deus queria que o povo voltasse para Ele. Sabemos que até hoje o povo judeu, em sua maioria, ainda não retornou para Deus; mas, Zacarias, outros profe-tas e o apóstolo Paulo previram o retorno espiritual e a salvação de todo Israel (Isaías 59.20,21, Za-carias 8.20-23; Romanos 11.26).

Zacarias usou a expressão “Senhor dos Exércitos” mais de cinquenta vezes, apresentando Deus como o Senhor dos Exércitos celestiais e de todas as forças que equilibram a natureza, que Ele usa para o cumprimento do Seu pro-pósito no mundo. Esta expressão sintetiza toda a profecia de Zaca-rias, porque em todas as suas vi-sões ele viu Deus como o “Senhor dos Exércitos”, sempre que o povo estava política e militarmente en-fraquecido. Zacarias viu o Senhor dos Exércitos trabalhando em fa-vor do Seu povo de três maneiras: a primeira, o próprio Deus como o Senhor dos Exércitos; a segunda maneira que Deus usou para tra-balhar em favor daquele povo e fa-zê-lo voltar para Ele, foi através do “Renovo”. Depois de Isaías, o Li-

vro de Zacarias é o que mais pos-sui profecias messiânicas. Quando o Messias veio, em cumprimento à profecia de Zacarias, Jesus Cristo disse, de maneira clara e enfática: “Eu sou o caminho (para Deus)... e ninguém vem ao Pai senão por mim!” (João 14.6).

A terceira maneira está no ca-pítulo 4, versículo 6: “Não por for-ça, nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos.” Zacarias previu o gran-de milagre do Pentecostes e todas as bênçãos sobre o povo de Deus, a partir daquele acontecimento.

Desta forma, ele mostrou o trabalho do Deus Trino: o Senhor dos Exércitos, o Deus Pai; o cami-nho que conduz ao Pai, através do Renovo, o Filho, e o derramamen-to do Espírito Santo, no Pentecos-tes, depois que o povo se voltasse para o Pai, através do Filho.

As oito visões de ZacariasA palavra grega “apocalipse”

significa “revelação”; portanto, nes-te contexto, “apocalipse” significa “revelação de algo que só poderia acontecer com a retirada do véu”. Zacarias remove o véu oito vezes e revela o que Deus estava fazendo. Deus deu oito visões a Zacarias para que fossem anunciadas àquele povo

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ESTUDO PANORÂMICO DO VELHO TESTAMENTO (Isaías a Malaquias)

CBI - Encontro com a Palavra104 Livro 4

impotente e desanimado, a fim de que ele fosse fortalecido e recebesse esperança.

Primeira visão: o lugar de sombras (1.7-17)

De acordo com alguns estu-diosos da Bíblia, o homem que é visto de pé entre as árvores repre-senta o difícil período de transição entre o retorno da Babilônia para Jerusalém e o desafio de trans-formar um montão de entulho no novo Templo. A dura realidade de não ser mais uma nação, mas ape-nas um bando patético de míseros refugiados era sombria e desani-madora. Sem dúvida, era um difí-cil período de transição.

Quando Zacarias removeu o véu, revelou o que ele chamou de “O Vigia”, o Senhor dos Exércitos. Deus sabia o que estava aconte-cendo e acompanhava cada passo do Seu povo. Foi o próprio Deus quem, de maneira sobrenatural, deu fim ao cativeiro babilônico. No devido tempo e do Seu modo Ele iria cumprir todos os Seus planos para com aquele povo e promover uma restauração completa: o re-torno para a Terra Santa e para Si mesmo.

Quando Deus quer fazer algo novo em nossas vidas, quando

quer nos levar para um novo lugar, na maioria das vezes, começamos a criar obstáculos. Preocupamo-nos muito com segurança e esta-bilidade; queremos viver seguros e tranquilos em nossos ninhos, sem precisar mudar de um lado para outro. Entretanto, devemos estar prontos para deixar antigos luga-res, a fim de sermos conduzidos por Deus para lugares novos. Por isso, o chamado de Deus, geral-mente, é feito em duas etapas: um puxão para frente e um empurrão por trás! Em outras palavras, Deus nos arranca para fora de uma si-tuação já estabelecida e nos leva para um lugar novo. Você já pas-sou por uma experiência deste tipo? Isto é um milagre de Deus que costumo chamar de “interven-ção divina”.

Quando estamos entre o velho e o novo, nosso Deus vem e nos puxa para um período de transi-ção; depois, Ele nos alinha, de for-ma que possamos nos estabelecer na nova situação, deixando Deus fazer o que Ele quer conosco e com nossos ministérios. Veja o milagre na vida do povo de Israel, descrito em Deuteronômio 6.22,23: “Aos nossos olhos fez o Senhor sinais e maravilhas grandes e terríveis, contra o Egito e contra Faraó e

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ESTUDO PANORÂMICO DO VELHO TESTAMENTO (Isaías a Malaquias)

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toda a sua casa; e dali nos tirou, para nos levar e nos dar a terra que sob juramento prometeu a nossos pais”.

Segunda visão: os quatro chifres (1.18-21)

Chifres na Bíblia são símbo-los de poder. O segundo obstácu-lo que Zacarias viu detrás do véu, que alimentava a insegurança do povo de Deus, era o poder dos im-périos mundiais que os tinha con-quistado e escravizado, quando aquele povo era uma nação forte, e o temor de que pudessem fazê-lo novamente.

Quando Zacarias removeu o véu e revelou ao povo o que estava por trás dele, renovou-lhe a cora-gem e a esperança. Por detrás do véu, havia a revelação dos poderes mundiais que o Senhor dos Exér-citos usaria para destruir os “chi-fres”, ou potências que eles tanto temiam.

Terceira visão: a cidade de Jerusalém (2.1-4, 10-13)

Um empecilho que se tornara visível era todo aquele entulho que antes tinha sido a bela cidade de Jerusalém. Quando Zacarias reti-rou o terceiro véu, viu que o que estava por trás dele era a cidade

de Jerusalém linda e restaurada. Ele contou a revelação ao povo e mostrou-lhe que todo aquele en-tulho seria uma cidade tão grande que não poderia ser medida. Uma Jerusalém que não necessitava mais de muros, porque era prote-gida pelo Senhor dos Exércitos.

A cidade de Jerusalém e o Templo foram restaurados e se transformaram na cidade e no Templo tantas vezes visitados por Jesus. Quase quarenta anos de-pois de Jesus, Jerusalém foi nova-mente destruída, pelo imperador romano, e novamente restaurada nos moldes que a conhecemos hoje. Toda a liturgia de ofertas de animais sacrificados foi abandona-da, quando Roma destruiu Jerusa-lém, em 70 d.C. A profecia de Za-carias foi parcialmente cumprida, quando Jerusalém foi restaurada antes da era de Cristo e, depois, na terrível destruição pelos roma-nos. Porém, o cumprimento total desta profecia será a Nova Jeru-salém descrita pelo apóstolo João (Apocalipse 21.2).

Quarta visão: o acusador dosirmãos (3.1,2,8-10)

O problema enfocado por Za-carias, que tirava o ânimo dos exi-lados, foi a visão de Josué: o sumo

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ESTUDO PANORÂMICO DO VELHO TESTAMENTO (Isaías a Malaquias)

CBI - Encontro com a Palavra106 Livro 4

sacerdote usando vestes sujas e sendo acusado por Satanás. A ter-rível mancha do pecado da idola-tria, perdoado e purificado através da experiência do cativeiro, muito provavelmente foi o motivo das acusações do diabo.

Satanás, o acusador, usa as consequências ou manchas dos pecados que já foram perdoados para, dia e noite, acusar os cris-tãos. O Livro do Apocalipse afirma que, quando o acusador for derro-tado, virá a salvação, o poder, o Reino do nosso Deus e a autorida-de de Cristo (Apocalipse 12.10).

Quando Zacarias remove o véu, vê o Senhor dos Exércitos, a expressão do amor e do poder de Deus, que se manifestaria atra-vés do Messias, “O Advogado”, o Espírito Santo, e os milagres que acontecerão na Segunda Vinda de Jesus Cristo.

Quinta visão: o candelabro de ouro e o vaso de azeite (4.1-7)

Nesta visão, outro problema contribuía para que o ânimo dos judeus exilados estivesse em bai-xa: o não cumprimento da respon-sabilidade que Deus lhes havia dado, de compartilhar a Sua Pala-vra com todo o mundo. Toda aque-la situação: a cidade destruída, o

Templo e suas próprias vidas em ruínas, fazia com que se sentissem desqualificados para professarem a Palavra de Deus.

Você já se sentiu num deserto espiritual, que pode ser uma doen-ça, uma depressão, ou outra forma qualquer de luta em que o diabo o acusa? Nessas horas difíceis você nunca ouviu um “sussurro” em seu ouvido, dizendo: “E você, hein? Era para ser exemplo para todo mundo, o sal da terra, a luz do mundo. Olha aí no que deu!”. Já ouviu isso alguma vez?

Quando Zacarias removeu o véu, viu o Espírito Santo repre-sentado pelo vaso de azeite: “Não por força nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos” (4.6). Esta visão dava ao profeta a certeza de que Deus, através do Espírito Santo, capacitaria aquele povo, a fim de cumprir o Seu chamado. Como o profeta Joel, Zacarias profetiza a respeito do Dia de Pentecostes.

Sexta visão: o rolo voador (5.1-4)Nesta visão, a dificuldade

eram todas as forças malignas que os exilados enfrentaram na volta para Jerusalém. É fácil, às vezes, mas não é sábio, ficarmos inertes diante das dificuldades, paralisa-

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dos pelo poder do mal. A pressão, aliada ao poder do diabo, estava convencendo o povo de Deus de que as forças do bem jamais supe-rariam o mal.

Quando Zacarias removeu o véu imaginário, viu e revelou ao povo, através da sua pregação, que o Senhor dos Exércitos capacitaria o Seu povo para vencer aquelas forças. De acordo com essa visão, Deus controla, limita e, de alguma forma, usa o mal para Sua glória e para o cumprimento dos Seus pro-pósitos. Mesmo não havendo nada de bom a respeito do mal, Deus usa o mal para o bem do Seu povo (Isaías 45.7; Romanos 8.28).

Sétima visão: uma mulher sentada sobre um efa (5.5-11)

O problema focalizado por Za-carias nesta visão foi a desonesti-dade nos negócios deste mundo. Quando Zacarias removeu o véu, revelou que aquela desonestidade está controlada pelo Senhor dos Exércitos e, por fim, será contida por Ele.

Nem sempre podemos expli-car a malignidade ou como ela acontece, mas sabemos que Deus usa o mal para atingir os Seus pro-pósitos e glorificar o Seu nome. Assim como um joalheiro usa um

veludo preto para expor seus dia-mantes, Deus usa o mal, como pano de fundo, para expor ao mundo o Seu amor incondicional. Este amor foi manifestado através do perdão e do livramento do ca-tiveiro e, também, pela salvação, através da qual podemos voltar para Deus.

Oitava visão: os quatro carros (6.1-8)

A dificuldade focalizada por Zacarias na oitava visão, que ali-mentava a falta de esperança e os temores do povo de Deus, era a cor-rupção e a ausência de fé no gover-no humano. Hoje, em todo o mun-do, há muita corrupção no meio político, por isso as pessoas, de modo geral, não confiam em seus governos, em seus líderes políticos.

O que Zacarias viu por trás do véu foi semelhante à mensagem de Miquéias: que a forma perfeita de governo está no Reino de Deus. Até que venha o Rei dos reis e Senhor dos senhores não haverá nenhum governo livre de algum tipo de cor-rupção. Entretanto, como nas duas visões anteriores, a mensagem é que Deus está no controle de toda circunstância. O Senhor dos Exérci-tos é Soberano; o governo do Rei-no de Deus é e será sempre bem

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estruturado, organizado e perfeita-mente harmonioso.

As profecias messiânicas deZacarias

Muitos líderes do povo de Deus não acreditaram nas profe-cias a respeito do Messias Liber-tador e, com isso, desanimaram aqueles que acreditavam. As pro-fecias messiânicas de Zacarias mostraram que Deus, por fim, en-tronizará o Rei dos reis e Senhor dos senhores, que, no Seu Reino

Milenar, concentrará em Si as fun-ções de Profeta, Sacerdote e Rei.

Algumas profecias de Zaca-rias previram o Primeiro Advento do Messias: 3.8; 9.9-17; outras o Seu Segundo Advento: 6.12; 8.20-23; 14.1-9. Uma destas referências é a profecia que fala do retorno espiritual dos judeus. Teólogos tradicionais acreditam que esta profecia já foi em parte cumprida no Dia de Pentecostes, e que terá seu total cumprimento nos últimos dias (8.20-23).

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CBI - Encontro com a Palavra Livro 4 109

Capítulo 25

A Profecia de Malaquias

Temos presenciado inúmeros casos de líderes espirituais fracas-sados, moral e espiritualmente. O último livro do Velho Testamento, o de Malaquias, tem uma mensa-gem para esses líderes. Oséias 4.9 diz: “Como é o povo, assim é o sa-cerdote”; por essa razão, a queda de um líder espiritual tem efeito devastador sobre o povo e a obra de Deus, pois denigre a Sua glória. Malaquias descreve os passos para a queda de um líder espiritual com o propósito de mostrar aos líderes do povo de Deus como se preve-nir contra esse processo mortal e restaurar os seus relacionamentos com Deus, depois de caírem.

Malaquias surgiu no cenário profético depois de Ageu, cerca de cem anos depois de Zacarias e dez anos após Neemias. A situa-ção que ele enfrentou era a mes-ma que Neemias tinha enfrentado: casamentos desastrosos em gran-de escala e imoralidade e corrup-ção entre os sacerdotes (Neemias 13.23-25). Malaquias juntou-se a outros profetas, abordando estes problemas entre os sacerdotes, e

dirigiu grande parte de sua men-sagem aos pastores e líderes espi-rituais do povo de Judá.

Este corajoso profeta acusou os sacerdotes de deixarem os cami-nhos de Deus, de não Lhe obedece-rem e de levarem muitos ao peca-do, através de seus conselhos, que nada tinham a ver com os padrões de Deus. De acordo com Malaquias, o comportamento desses sacerdo-tes era vergonhoso e seus ministé-rios eram uma imitação grotesca do que deveria ser o ministério de um verdadeiro sacerdote (2.7-9).

Malaquias foi profeta numa época em que o povo de Deus pos-suía uma forma de religião vazia, sem um relacionamento verda-deiro com Deus. Espiritualmente, eles eram frios e apáticos, e afli-giam aqueles que profetizavam a verdade. A profecia de Malaquias, portanto, serviu como um alerta para os líderes espirituais do povo de Judá.

O último profeta do Velho Tes-tamento não pregou sobre suas vi-sões, como fez Zacarias ou como Ageu, que desafiou o povo a cons-

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truir o Templo de Deus. Em Mala-quias há uma mensagem para que o povo tivesse um relacionamen-to verdadeiro de amor com Deus, embora os sacerdotes e o povo de Judá não estivessem interessados em conhecer ou amar a Deus. As-sim como Oséias, o conceito de Malaquias era que o povo esta-va cometendo adultério espiritual com este mundo contra Deus.

Quando Jesus Cristo mandou o apóstolo João escrever uma car-ta à primeira geração da Igreja, na cidade de Éfeso, Ele os repreendeu por terem “deixado o seu primeiro amor” (Apocalipse 2.4). O impe-dimento à realização da obra de Deus, abordado pelo profeta Ma-laquias, estava no fato de o povo de Judá, principalmente sua lide-rança, ter deixado o seu primeiro amor, desprezado seu relaciona-mento com Deus e estarem viven-do em pecado.

Ele começa sua profecia com estas palavras: “Sentença pronun-ciada pelo Senhor contra Israel, por intermédio de Malaquias. Eu vos tenho amado, diz o Senhor” (1.1,2). Muitas pessoas acham que só o Novo Testamento, princi-palmente o Sermão do Monte, fala sobre o amor de Deus e julgam não encontrarem nada sobre o conceito

do amor de Deus nos Livros Profé-ticos. O amor de Deus é, na verda-de, o tema dos escritos proféticos dos Livros de Jeremias, Lamenta-ções, Oséias, Jonas e Malaquias.

De acordo com aqueles profe-tas, o povo de Deus não era amado pelo seu bom comportamento ou era perdido em razão de um desem-penho reprovável. A mensagem da profecia de Malaquias se uniu àque-les autores que anunciaram o amor incondicional de Deus pelo povo, e o Seu desejo de ter um relaciona-mento pessoal com cada criatura.

O povo estava se distancian-do de Deus e vivendo em pecado; por isso, Malaquias pregou aos sa-cerdotes e ao povo de Judá, anun-ciando que eles haviam ferido o coração amoroso de Deus. O pro-pósito da mensagem de Malaquias era mostrar como os sacerdotes e o povo agiam de maneira pecami-nosa, indiferente e apóstata; como o seu relacionamento com Deus tinha se corrompido, mas poderia ser restaurado. O objetivo da pro-fecia de Malaquias visava um rea-vivamento no coração dos líderes do povo de Deus.

O estilo literário de MalaquiasMalaquias usou um estilo li-

terário tão estratégico como o de

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Habacuque. Se você é pai ou mãe e já tentou discutir com seu filho adolescente, vai se identificar com o estilo que Malaquias usou para comunicar a mensagem de Deus ao Seu povo.

Ele recorre ao estilo acusatório, tentando mostrar aos sacerdotes e ao povo qual era o ponto de distan-ciamento entre eles e Deus. Para cada acusação ele formulava uma reação e, como um adolescente que

confronta seus pais, dizia: “Quem, eu?” ou “Quando eu fiz isso?”. O profeta fazia as acusações vindas do próprio Deus, mas o povo se re-cusava a reconhecê-las.

Temos sete exemplos das res-postas arrogantes que o profeta re-cebeu, as quais um dos melhores professores de Teologia que eu tive chamou de “Os Sete Indícios de Um Coração Que Está se Afastan-do de Deus”.

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Capítulo 26

Sete Indícios de Um Coração Que se Afasta de Deus

Primeiro indício: a dúvida quanto ao amor de Deus (1.1-5)

Malaquias começa sua pro-fecia com as palavras: “Sentença pronunciada pelo Senhor contra Israel, por intermédio de Mala-quias. Eu vos tenho amado, diz o Senhor” (1.1,2a). Neste ponto co-meça a controvérsia do povo com Deus: “Em que tens nos amado?” (1.2). Quando o povo dá esta res-posta, Malaquias profetiza pala-vras que evidenciam o amor de Deus pelo Seu povo.

Todo relacionamento possui duas dimensões: dar e receber amor. Com relação a Deus, faz-se necessária a seguinte pergunta: “Se você não está tão perto de Deus como deveria estar, quem foi que saiu do lugar?” ou “Se o seu relacionamento com Deus não é hoje como era antes, quem foi que deixou de amar?”. Quando duvida-mos do amor de Deus, é porque existe algo errado no nosso amor por Ele.

No Livro de Apocalipse, ve-mos que aqueles que tinham sido

os pastores do povo de Deus por mil anos são descritos como os vinte e quatro anciãos vestidos de branco, com coroas de ouro na cabeça, que estão ao redor de um grande trono nos céus. Além disso, cada um deles carrega uma harpa e taças de ouro cheias de incenso (Apocalipse 4.4; 5.8).

As vestes brancas dos anciãos representam a sua pureza moral e o fato de terem sido sempre cor-retos; as coroas de ouro simboli-zam suas vitórias de fé e os cálices de ouro cheios de incenso são as orações do povo de Deus por eles. Quanto às harpas, simbolizam sua adoração a Deus.

Malaquias está dirigindo sua profecia principalmente aos líderes espirituais corruptos, cujos cora-ções se distanciaram de Deus. Ele diz a cada um daqueles líderes que a sua apostasia teve início quando eles “começaram a perder suas har-pas”. Quando líderes espirituais se distanciam de Deus, os que estão sob sua liderança sofrem as con-sequências. De acordo com Mala-

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ESTUDO PANORÂMICO DO VELHO TESTAMENTO (Isaías a Malaquias)

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quias, líderes espirituais que não se consagram e não buscam a Deus, individualmente, acabam perdendo tudo o que Deus lhes deu.

Existe um processo, através do qual o povo se torna morto espiri-tualmente, que se inicia quando o líder espiritual duvida do amor de Deus, deixa de buscar comunhão pessoal com Ele e de adorá-Lo, o que se aplica a cada crente, indi-vidualmente, e não apenas aos lí-deres espirituais.

Segundo indício: o desprezo pelo amor de Deus (1.6-2.4)

A segunda acusação que Deus faz, através de Malaquias, representa o segundo indício de um coração que está se afastando de Deus, que é o desprezo do lí-der espiritual pelo Seu nome. Nes-te contexto, o povo mais uma vez não aceitou a acusação de Deus: “Em que nós desprezamos o Teu nome?” (1.6). E Deus respondeu: “Ofereceis sobre o meu altar pão imundo e ainda perguntais: Em que te havemos profanado? Nisto, que pensais: A mesa do Senhor é desprezível” (1.7).

Malaquias responde aos sa-cerdotes: “quando trazeis animal cego para o sacrificardes, não é isso mal? E, quando trazeis o coxo

ou o enfermo, não é isso mal?” (1.8). A Palavra de Deus é direta quando diz, através de Malaquias: “Atirarei excremento ao vosso ros-to, excremento dos vossos sacri-fícios, e para junto deste sereis levados” (2.3). E ainda exclama: “Tomara houvesse entre vós quem fechasse as portas, para que não acendêsseis, debalde, o fogo do meu altar. Eu não tenho prazer em vós... não aceitarei da vossa mão a vossa oferta” (1.10).

O nome de Deus representa a essência de “Quem” Ele é. Um estudo minucioso dos nomes de Deus na Bíblia mostra a natureza e a essência dEle. Nos Dez Manda-mentos, o terceiro nos exorta a não tomarmos o nome de Deus em vão (Êxodo 20.7). Este mandamento não se refere somente à profana-ção, mas ensina que nunca deve-mos usar o nome de Deus em ado-ração sem a referência de “Quem” Ele é. Quando Jesus instruiu os apóstolos a respeito de como orar, ensinou que logo após invocar a Deus como o “Pai nosso que está nos Céus”, devemos declarar a Sua Santidade: “Santificado seja o Teu nome” (Mateus 6.9).

Quando o povo de Judá ofere-cia os sacrifícios sem valor a Deus e os sacerdotes os aceitavam, todos

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estavam demonstrando desprezo pelo nome de Deus. Era como se eles estivessem dizendo que Deus não merecia coisa melhor. As ofer-tas e sacrifícios, bem como a ma-neira como administramos a obra de Deus, revelam o nosso conceito sobre “Quem” Deus é e o que Ele merece de nós.

Será que você se identifica com algum desses indícios? Você tem um relacionamento pessoal com Deus? Uma relação de ado-ração e de amor com o Senhor? Será que em sua adoração você demonstra o seu amor a Deus e O exalta pelo que Ele é?

Terceiro indício: a quebra do compromisso com Deus (1.13)

Quando um líder espiritual ou um crente fiel deixa de demons-trar seu amor por Deus, através da adoração, e suas atitudes co-meçam a refletir um desprezo pela essência de “Quem” Deus é, o pró-ximo indício de que essa pessoa está se distanciando de Deus é que ela começa a achar que a obra de Deus é difícil. Malaquias deixou implícita esta pergunta para os sa-cerdotes: “Vocês estão sobrecarre-gados ou pouco motivados?”. Ele estava desafiando os sacerdotes que murmuravam, alegando que

a obra de Deus era difícil demais: “Será que a obra de Deus é difícil demais ou foram vocês que deixa-ram de amar a Deus de todo o seu coração?”.

Cabe aqui lembrar o ensino que se encontra em toda a Bíblia, particularmente no Livro do pro-feta Ageu: “Deus em primeiro lu-gar”. Do Gênesis ao Apocalipse, somos desafiados a colocar Deus em primeiro lugar em nossas vidas e a adorar somente a Ele. Quando um líder serve a Deus, mas está com seu coração dividido, logo ele começa a achar que fazer a obra de Deus é algo muito difícil. As pessoas mais infelizes da face da terra são aquelas que servem a Deus sem um compromisso total com Ele. Procure por este conceito na Bíblia: “Se Deus é alguma coisa para você, então Ele tem que ser tudo para você. Se Ele não for tudo em sua vida, então Ele não é nada”. Elias desafiou o povo de Deus, no Monte Carmelo: “Até quando co-xeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o; se é Baal, segui-o” (I Reis 18.21). Je-sus Cristo, em sua carta à igreja de Laodicéia, fez o mesmo, quando lançou este desafio: “Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou

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ESTUDO PANORÂMICO DO VELHO TESTAMENTO (Isaías a Malaquias)

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quente! Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca” (Apocalipse 3.15,16).

Tiago afirma que “o homem de ânimo dobre é inconstante em todos os seus caminhos” (Tiago 1.8). Jesus também ensinou que a mente com um único objetivo ou uma única perspectiva conduz a uma vida cheia de alegria, en-quanto que uma perspectiva ou uma visão dupla conduz a uma vida de trevas (Mateus 6.22,23). A Palavra de Deus contém inúme-ros textos que exortam a não servir a Deus com o coração dividido.

O perfil de um sacerdote (2.5-9)Quando Malaquias, no capí-

tulo 2, faz estas quatro acusações, ele também apresenta o perfil de um verdadeiro sacerdote de Deus. Na verdade, ele usa as mesmas pa-lavras que Moisés usou a respeito de Levi, o pai de todos os sacerdo-tes: “A verdadeira instrução esteve na sua boca e a injustiça não se achou nos seus lábios; andou co-migo em paz e em retidão e da ini-quidade apartou a muitos” (Deu-teronômio 33.10; Malaquias 2.6).

Muitas igrejas usam estas mesmas palavras de Moisés e Ma-laquias inscritas em placas, para

homenagear seus pastores e dei-xar como exemplo, em memória para gerações futuras.

Neste perfil do sacerdote de-lineado por Malaquias: “os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento e da sua boca de-vem os homens procurar instru-ção, porque ele é mensageiro do Senhor dos Exércitos” (2.7), Ma-laquias faz um paralelo com os sacerdotes apóstatas, corruptos e indiferentes, a quem ele dirige a quarta acusação e grande parte de sua profecia.

Quarto indício: o rompimento do compromisso do casamento (2.10-16)

Os sacerdotes e os homens de Judá tinham quebrado o compro-misso firmado com Deus; portan-to, era uma questão de tempo para que rompessem, também, o com-promisso que tinham firmado com suas mulheres. Quando uma pessoa se afasta de Deus, o compromisso vertical é quebrado; consequente-mente, os compromissos horizon-tais começam a sofrer rupturas.

Malaquias passou a abordar o problema do divórcio, unindo-se a Neemias em sua preocupa-ção com relação ao casamento e aos filhos (Neemias 13.23-25).

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CBI - Encontro com a Palavra116 Livro 4

Ele lembra os sacerdotes e os ho-mens de Judá que o casamento é o plano de Deus para que os filhos tenham uma vivência de aproxi-madamente 20 anos com os pais, até que saiam de casa para viver suas próprias vidas. Por isso, Deus odeia o divórcio (2.16).

Salomão afirmou que os pais são como um arco e que os filhos são como flechas (Salmo 127.4); a maneira como os filhos ingres-sam na vida depende da força e da direção que receberam de seus pais. Se você fosse o diabo e sou-besse que essa metáfora de Salo-mão retrata a verdade sobre a ma-neira como os filhos são criados e preparados para a vida, o que você faria? Provavelmente, você tentaria quebrar a corda do arco. É exatamente isso que o diabo esta-va fazendo, na época em que o úl-timo profeta do Velho Testamento estava ministrando para o povo de Judá, e parece óbvio que é exata-mente isso o que ele faz hoje.

Lembre-se que Malaquias está descrevendo quais são os in-dícios de um coração que está se afastando de Deus. Ele está aler-tando o povo a respeito do rompi-mento do compromisso com Deus e com outras pessoas. Ele mostra que esse afastamento foi gradual,

até que os sacerdotes passaram a tratar o divórcio como padrão normal de comportamento, uma vez que aceitavam as ofertas de pessoas divorciadas. Malaquias deixou claro que as pessoas divor-ciadas cobriram o altar com lágri-mas, enquanto reclamavam com Deus por ter retirado as bênçãos de sobre suas vidas. A seguir, ele explica que Deus tinha retirado as bênçãos de sobre os homens de Judá, porque eles não tinham sido corretos com suas mulheres ao se divorciarem delas, que tinham sido fiéis a eles quando eles eram jovens. Eles tinham feito uma aliança com Deus de que viveriam com elas, na felicidade ou na tris-teza, até que a morte os separas-se; quebrar essa aliança significa deslealdade.

Quinto indício: a moralidade relativa (2.17-3.7)

Para curar a dor da culpa e conseguir viver com a perda da in-tegridade, os sacerdotes e o povo de Judá estabeleceram uma mo-ral relativa. A “nova moralidade” ou “moral relativa” alinhavava a esquizofrenia espiritual causada pela culpa, e dava àqueles judeus dobres um novo postulado moral, que lhes garantia certo conforto

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para viverem dentro do seu estilo de vida com valores pecaminosos.

Quando pensamos na moral absoluta da Lei de Deus, que foi entregue a Moisés, fica fácil en-quadrar esta “nova moral” ou “mo-ral relativa” dentro de um padrão inaceitável. As pessoas acham que a ideia de moral relativa ou ética amoral disseminada no nosso sé-culo reflete algum tipo de evolu-ção. Lendo os profetas, percebe-mos que quase todos, dentre eles Malaquias, trataram do problema da moral relativa do povo.

Malaquias acusou os sacerdo-tes e o povo de dizerem que o erra-do era certo; que o errado agradava a Deus e que Deus era indiferente à imoralidade; eles acreditavam que Deus não se importava com os padrões morais (2.17). Se ig-norarmos a divisão de capítulos do Livro de Malaquias, vamos perce-ber que ele usou um argumento duplo, para refutar a moral relati-va daqueles que estavam tentando aliviar a dor da culpa.

Malaquias fez referência ao primeiro Advento do Messias (3.1-6). A pergunta de Malaquias era: “Mas quem poderá suportar o dia da Sua vinda? E quem poderá sub-sistir quando Ele aparecer? Por-que Ele é como o fogo do ourives

e como a potassa dos lavandeiros. Assentar-se-á como derretedor e purificador de prata; purificará os filhos de Levi e os refinará como ouro e como prata; eles trarão ao Senhor justas ofertas. Então, a oferta de Judá e de Jerusalém será agradável ao Senhor, como nos dias antigos e como nos pri-meiros anos” (3.2-4). A mensa-gem do Messias anunciaria que Deus não muda e que sua posição em relação às questões morais é sempre a mesma (3.6).

Depois, no capítulo 4, a argu-mentação de Malaquias focaliza a vinda do Messias, no Segundo Advento (3.18;4.1,2;). Malaquias estava pregando uma das leis bá-sicas e imutáveis de Deus, enfati-zadas na Bíblia: que Deus não é indiferente à imoralidade e que, portanto, aquilo que plantarmos, também colheremos.

Sexto indício: o roubo a Deus(3.8-12)

Outro indício de que um co-ração está se afastando de Deus encontramos na acusação de Ma-laquias aos sacerdotes e ao povo, de que estavam roubando a Deus: “Em que te roubamos?” e a res-posta era esta: “nos dízimos e nas ofertas alçadas” (3.8).

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Dízimo quer dizer décima par-te; a importância do dízimo é que a primeira décima parte de tudo que o crente fiel recebe deve ser separada para Deus. A prática de separar o dízimo era a oportunida-de para o fiel aprender a avaliar em que grau estava sendo praticado o princípio bíblico de colocar “Deus em primeiro lugar”, ensinado em toda a Bíblia. Quando o povo esco-lhido entrou na Terra Santa, todo o espólio da primeira cidade con-quistada e até o filho primogênito de cada família era separado para Deus.

Além do dízimo, a Lei de Deus instruía os fiéis a contribuírem com ofertas e sacrifícios. Davi de-finiu o que seria sacrifício, quan-do escreveu em II Samuel 24.24: “Não oferecerei ao Senhor, meu Deus, holocaustos que não me custem nada”. A importância da abordagem de Malaquias sobre o dízimo estava no ensino de que a primeira décima parte de tudo que o povo tinha ou recebia pertencia ao Senhor, e retê-la significava es-tar roubando a Deus naquilo que Lhe pertencia.

Considere atentamente os seis indícios na vida de uma pessoa que está se afastando de Deus e perceberá um distanciamento gra-

dual em direção à apostasia. Se-gundo Malaquias, não havia mais entre o povo manifestação de amor a Deus; as atitudes não demons-travam mais interesse em Quem Deus é e o que Ele merece; o com-promisso com Deus, o compro-misso vertical, tinha sido quebra-do, e a quebra dos compromissos verticais foi seguida da quebra de compromissos horizontais, ou seja, compromissos com outras pesso-as. Malaquias abordou o sexto in-dício, a retenção de dízimos e ofer-tas, bem depois de haver pregado sobre os cinco primeiros, e dirigiu a palavra, principalmente, aos sa-cerdotes. Podemos, então, concluir que os sacerdotes poderiam estar se apropriando, indevidamente, dos dízimos e das ofertas.

Sétimo indício: a incredulidade (3.13-15)

O sétimo indício de que um coração se distanciou de Deus é a incredulidade. Malaquias fala, claramente, desse assunto, como porta-voz de Deus, contra os sa-cerdotes e o povo e, mais uma vez, ouve uma resposta insolente: “As vossas palavras foram duras para mim, diz o Senhor; mas vós dizeis: Que temos falado contra ti? Vós dizeis: Inútil é servir a

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Deus; que nos aproveitou termos cuidado em guardar os seus pre-ceitos e em andar de luto dian-te do Senhor dos Exércitos? Ora, pois nós reputamos por felizes os soberbos; também os que come-tem impiedade prosperam, sim, eles tentam ao Senhor e esca-pam” (3.13-15).

Apesar de os sacerdotes não agirem mais por fé, não podiam simplesmente deixar o ofício sa-cerdotal, porque eles continua-vam sendo sacerdotes. Mas, uma vez que a função do sacerdote era ensinar as Escrituras, o que eles iriam ensinar se não acreditavam mais nelas?

Se você está familiarizado com a Bíblia, sabe o quanto Deus odeia o orgulho e a arrogância, já que do orgulho derivam-se todos os pecados. Por que, então, os sa-cerdotes estavam ensinando que os soberbos eram felizes? Porque eles tinham abandonado a fé, eles haviam apostatado.

Quando ouvimos alguém pre-gar o oposto do que fala a Bíblia, não temos condições de avaliar como aquela pessoa chegou a tal ponto de apostasia e incredulida-de. Para Malaquias, tudo começa quando ela dá ouvidos às vozes estranhas do seu coração, suge-rindo murmurações e arrogância. Pode ser que se passem alguns anos até que todos esses indícios aconteçam na vida de uma pessoa e ela acabe se tornando incrédula e com o coração afastado de Deus.

Se você colocar um sapo den-tro de uma panela cheia de água fervendo, ele vai pular para fora da água; porém, se você colocar o sapo na água fria e aumentar a temperatura gradualmente, o sapo vai acabar sendo cozido e morto. O processo descrito por Malaquias funciona assim: lenta-mente; o final são líderes espiritu-ais corruptos, casamentos desas-trosos em grande escala, moral relativa e incredulidade.

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CBI - Encontro com a Palavra120 Livro 4

Capítulo 27

Epílogo (Malaquias 3.16-4.4)

Um estudo cuidadoso da refe-rência bíblica acima mostrará que o sermão de Malaquias acabou no versículo 15 do capítulo 3. O resto da profecia de Malaquias foi um epílogo, que descreveu a respos-ta a essa profecia tão importante para os crentes de corações du-ros, que abandonaram o relacio-namento com Deus, a fé e o re-lacionamento com outras pessoas tementes a Deus.

Em toda a profecia de Mala-quias vimos a resposta de Deus a todas as respostas arrogantes atri-buídas aos sacerdotes e ao povo de coração duro e distante de Deus. No belo epílogo, vemos a resposta cheia do amor de Deus para com Seu verdadeiro povo; os que te-miam e amavam o Senhor confir-maram em seus corações a impor-tante pregação de Malaquias. Eles representavam o povo de Deus que não tinha abandonado o seu pri-meiro amor ou havia se arrependi-do e retornado para o Senhor, atra-vés da pregação de Malaquias.

Lemos em Malaquias 3.16: “Depois, aqueles que temiam o

Senhor conversaram uns com os outros e o Senhor os ouviu com atenção Foi escrito um livro, como memorial, na sua presença, acerca dos que temiam o Senhor e honravam o Seu nome”.

O objetivo da missão de Ma-laquias foi restaurar, através do reavivamento espiritual, a relação de amor que Deus queria ter com Seu povo. As palavras finais do Li-vro de Malaquias mostram que ele conseguiu atingir o seu objetivo, pois falam de um reavivamento.

O epílogo também registra uma linda resposta de Deus à ar-gumentação dos verdadeiros sa-cerdotes e do povo de Deus. Mala-quias apresenta a Segunda Vinda de Cristo, quando o Sol brilhará trazendo cura para o fiel, mas jul-gamento para os de coração en-durecido, que são o público alvo desta profecia. Malaquias anuncia que todos verão como Deus reage em relação à moral relativa (3.18).

A última profecia (4.5,6)Malaquias conclui sua profecia,

falando sobre o profeta semelhante

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ESTUDO PANORÂMICO DO VELHO TESTAMENTO (Isaías a Malaquias)

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a Elias, que precederia e apresenta-ria Jesus Cristo. Jesus declarou que João Batista foi esse profeta (Mateus 11.7-14). Antes que as pessoas começassem a achar que João era a reencarnação de Elias, o próprio João Batista negou veementemente essa possibilidade (João 1.21).

Malaquias poderia até ter fi-nalizado sua profecia com as se-guintes palavras: “vejam os próxi-mos capítulos daqui a 400 anos!”, porque, depois de 400 anos de silêncio, sem qualquer manifesta-ção profética, João Batista apare-ceu pregando no mesmo espírito e com a mesma força de Elias. Os sacerdotes, líderes espirituais e o povo passavam horas ouvindo o maior de todos os profetas.

Quando Jesus pregou, esses mesmos líderes religiosos passa-ram horas ouvindo o Messias; al-guns deles tentaram apedrejá-Lo, mas alguém gritou: “Encontramos o Messias!” Alguns creram nEle e O seguiram e se tornaram Seus discípulos.

Foi muito bom estudar o Ve-lho Testamento com você. Finalizo agora, deixando dois desafios.

Primeiro: o que você vai fazer com tudo o que aprendeu? Você jogaria pedras no Messias ou O seguiria?

Segundo: você vai continuar estudando o Livro Sagrado conos-co, agora que vamos iniciar o estu-do do Novo Testamento? Faça isto e será abençoado!

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C.B.I. ENCONTRO COM A PALAVRA – QUESTIONÁRIO DO LIVRO 4ESTUDO PANORÂMICO DO VELHO TESTAMENTO (Isaías a Malaquias)

ALUNO(A):______________________________________________________RUA:__________________________________________________________BAIRRO:_____________________________FONE:______________________CEP:_______________CIDADE:______________________________________EST:________E-MAIL:______________________________________________NASC:_____/_____/_____ SEXO: ( )M ( )F EST. CIVIL:__________________ESCOLARIDADE:________________IGREJA:____________________________EMISSORA QUE OUVE O PROGRAMA:_________________________________ESPOSO(A):_____________________________ NASC:____/____/____Aulas através de: ( )Rádio ( )Internet ( )CDs

Leia com atenção o livro e responda o questionário. Em cada questão, apenas uma das três alternativas está correta e deverá ser assinalada. Ao recebermos este questionário respondido, enviaremos GRÁTIS o próximo número, na medi-da que o estudo pelo rádio for avançando.

QUESTIONÁRIO01. Os Livros Proféticos são considerados: A ( ) A “jóia” do Velho Testamento B ( ) A “preciosidade” do Velho Testamento C ( ) A “essência” do Velho Testamento

02. De todos os Livros Proféticos, o que possui o maior número de profecias messiânicas é: A ( ) Isaías B ( ) Jeremias C ( ) Daniel

03. O Livro de Lamentações é a continuação do Livro de: A ( ) Daniel B ( ) Jeremias C ( ) Isaías

04. Daniel é o quarto dos chamados “Profetas Maiores” e terceiro dos: A ( ) “Profetas Maiores” B ( ) “Profetas Menores” C ( ) “Profetas do Cativeiro”

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05. Os seis primeiros capítulos do Livro de Daniel são um relato: A ( ) Profético B ( ) Histórico C ( ) Poético

06. Joel é um profeta muito conhecido por causa de sua profecia sobre o: A ( ) “Dia do Senhor” B ( ) “Dia do Juízo” C ( ) “Dia de Pentecostes”

07. Deus, através de Obadias, condenou uma nação chamada: A ( ) “Assíria” B ( ) “Moabe” C ( ) “Edom”

08. O nome “NAUM” significa: A ( ) “Cheio de bondade” B ( ) “Cheio de consolo” C ( ) “Cheio de misericórdia”

09 Habacuque foi contemporâneo de: A ( ) Sofonias B ( ) Jeremias C ( ) Isaías

10. Os profetas Ageu, Zacarias e Malaquias são chamados: A ( ) “Os Profetas Pós-Cativeiro” B ( ) “Os Profetas de Babilônia” C ( ) “Os Profetas Pré-Cativeiro”

Enviar para: ENCONTRO COM A PALAVRACaixa Postal 201189201-970 - Joinville-SCObs.: Você também pode digitalizar e enviar pelo e-mail: [email protected]

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MEU TESTEMUNHO

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