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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
CURSO DE GEOLOGIA
ALINE ATTA LIMA COSTA
ESTUDO PETROLÓGICO DOS ARENITOS DO MEMBRO BOIPEBA DA FORMAÇÃO ALIANÇA, NO CAMPO DE
ARAÇÁS, BACIA DO RECÔNCAVO - BAHIA.
Salvador 2013
ALINE ATTA LIMA COSTA
ESTUDO PETROLÓGICO DOS ARENITOS DO MEMBRO BOIPEBA DA FORMAÇÃO ALIANÇA, NO CAMPO DE
ARAÇÁS, BACIA DO RECÔNCAVO - BAHIA.
Monografia apresentada ao Curso de Geologia,
Instituto de Geociências, Universidade Federal da
Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau
de Bacharel em Geologia.
Orientador: Prof. Dr. Carlson de Matos Maia Leite
Salvador 2013
TERMO DE APROVAÇÃO
______________________________________________________
1° Examinador – Dr. Carlson de Matos Maia Leite
IGEO-UFBA/PETROBRAS
______________________________________________________
2° Examinador – MSc. Roberto Rosa da Silva
IGEO-UFBA/PETROBRAS
______________________________________________________
3° Examinador – MSc. Edson Souza Medeiros
PETROBRAS
Salvador, 16 de Agosto de 2013
ALINE ATTA LIMA COSTA
ESTUDO PETROLÓGICO DOS ARENITOS DO MEMBRO BOIPEBA DA FORMAÇÃO ALIANÇA, NO CAMPO DE
ARAÇÁS, BACIA DO RECÔNCAVO - BAHIA.
TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO APROVADO COMO REQUISITO PARCIAL
PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE BACHAREL EM GEOLOGIA, UNIVERSIDADE
FEDERAL DA BAHIA, PARA A SEGUINTE BANCA EXAMINADORA:
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus pais, Aurora e Braulio, pela educação que me deram, os
princípios morais e por todos os demais ensinamentos que trago comigo pra vida
toda. Agradeço às minhas irmãs Luciana, Cristina e Daniela, e também a minha
sobrinha Beatriz, pela nossa amizade e união.
Ao meu esposo Tiago, pelo amor, companheirismo, por todos os momentos
felizes, pela paciência e apoio dedicado a mim, durante a graduação e por
compreender a ausência em determinados momentos desta jornada.
Aos meus amigos, por todo apoio, pelas palavras de incentivo e diversos
momentos de alegria.
Gostaria de agradecer também a algumas pessoas da Petrobras, que foram
muito importantes para que eu conseguisse concluir esta etapa. Pra começar, quero
agradecer aos gerentes Ricardo Defeo e Otaviano por terem participado das
negociações para a minha transferência do Rio de Janeiro para Salvador e João
Batista, por ter me recebido na gerência de Avaliação e Acompanhamento
Geológico, permitindo que eu concluísse o curso de graduação. Agradeço a Márcio,
gerente da Sedimentologia e Estratigrafia, por permitir e dar subsídios para a
realização deste TFG. Agradeço ao meu orientador, Carlson, por aceitar esta tarefa,
mesmo sabendo de todas as minhas limitações.
Agradeço também aos colegas do Laboratório de Sedimentologia e
Estratigrafia da Petrobras/UO-BA por todo apoio durante o desenvolvimento do
trabalho; aos colegas da UO-BA/ATP-N/RES, pelo fornecimento de dados e também
aos colegas da UO-BA/EXP/AAG, pela ajuda e incentivo, durante essa caminhada.
A Iarinha e Nazinha, agradeço o apoio nos momentos que estive ausente do
trabalho, além do incentivo e amizade.
A todos vocês, o meu “MUITO OBRIGADA”!!!!!
RESUMO
Esta monografia apresenta os resultados da análise petrográfica de arenitos
do Membro Boipeba da Formação Aliança, no Campo de Araçás na Bacia do
Recôncavo, Bahia. Foram descritas nove lâminas, obtidas através de plugues
selecionados de um intervalo de aproximadamente 124 metros de testemunhos de
um poço da Petrobras.
A evolução diagenética experimentada por esses arenitos, em condições de
clima árido a semiárido, mostra-se complexa, pois além da forte compactação a que
foram submetidos, indica a presença dos seguintes tipos de cimento: a) hematita,
leucoxênio, argila infiltrada, anidrita e calcita, estas últimas em hábito poiquilotópico,
quartzo, calcedônia, esmectita e K-feldspato durante a eodiagênese; b) anidrita e
calcita de hábito blocoso, clorita-esmectita, clorita, ilita e quartzo, este último
resultante de processos de dissolução por pressão, que também acarretaram na
impressão de estilolitos durante a mesodiagênese; (c) alteração de constituintes
preexistentes por percolação de água meteórica, controlada pelo soerguimento da
bacia, que resultou na criação de porosidade secundária, na neo-cristalização de
hematita e leucoxênio e entrada de hidrocarbonetos no espaço poroso, durante a
telodiagênese.
A complexa evolução destes arenitos resultou na baixa porosidade e
permeabilidade dos mesmos, o que impacta significativamente na qualidade do
reservatório.
Palavras-chave: Bacia do Recôncavo, Membro Boipeba, Campo de Araçás,
diagênese.
ABSTRACT
This monograph presents the results of petrography from the Boipeba Member
sandstones of the Aliança Formation in the Reconcavo Basin, Bahia. Nine thin
sections were described from a selected range of plugs of approximately 124 meters
of cores, sampled in a well drilled by Petrobras.
The diagenetic evolution of theses sandstones, which is associated to arid and
semi-arid conditions, is complex, because of the strong compactation and the
diagenetic minerals indicates the presence of the following types of cement: a)
hematite, leucoxene, infiltrated clay, anhydrite and calcite, the last two ones with
poiquilothopic habit, quartz, calchedony, smectite and K-feldspar during the
eodiagenesis; b) anhydrite and calcite with blocky habit, chlorite-smectite, chlorite,
illite and quartz, this one is a result of pressure dissolution processes, which also
resulted in the development of stylolites during mesodiagenesis; (c) alteration of
preexisting constituents by percolation of meteoric water, controlled by the uplift of
the basin, that has developed secondary porosity, neo-crystallization of hematite and
leucoxene and the entrance of hydrocarbons inside the porous space, during the
telodiagenesis.
The complex evolution of these sandstones resulted in their low porosity and
permeability, which impacts in the quality of the reservoir.
Keywords: Reconcavo Basin, Boipeba Member, Araçás Field, diagenesis.
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 - Mapa de localização do Campo de Araçás.................................................................. 14
Figura 2 - Localização da Bacia do Recôncavo. ........................................................................... 17
Figura 3 - Limites da Bacia do Recôncavo e seu arcabouço estrutural. ................................... 18
Figura 4 - Modelo estrutural da Bacia do Recôncavo, em forma de meio-graben. ................. 19
Figura 5 - Carta estratigráfica da Bacia do Recôncavo com destaque para o Membro
Boipeba da Formação Aliança. ........................................................................................................ 20
Figura 6 - Paleogeografia da Supersequência Pré-rifte da Bacia do Recôncavo. ................... 23
Figura 7 - Paleoambiente deposicional da Bacia do Recôncavo durante a fase Rifte. .......... 24
Figura 8 - Arcabouço estrutural e campos da Bacia do Recôncavo . ........................................ 26
Figura 9 - Seção geológica A - A' da porção Sul da Bacia do Recôncavo. .............................. 26
Figura 10 - Modelos de migração de hidrocarbonetos na Bacia do Recôncavo. ..................... 28
Figura 11 - Carta sumarizada do timing de elementos e processos do sistema petrolífero. . 28
Figura 12 - (A) Perfil-tipo da Formação Aliança – Membro Boipeba; (B) Destaque para as
zonas de produção BP-2 e BP-3. .................................................................................................... 30
Figura 13 - Modelo paleodeposicional para o Mb. Boipeba. ....................................................... 32
Figura 14 - Modelo Estrutural do Campo. ...................................................................................... 33
Figura 15 - Seção Geológica mostrando o estilo estrutural do Campo de Araçás. ................. 34
Figura 16 - Classificação dos grãos quanto ao selecionamento. ............................................... 36
Figura 17 - Classificação dos grãos quanto à esfericidade e arredondamento. ...................... 36
Figura 18 - Perfil esquemático, mostrando transporte e selecionamento de grãos. ............... 37
Figura 19 - Empacotamento dos grãos. .......................................................................................... 38
Figura 20 - Contatos entre grãos. .................................................................................................... 38
Figura 21 - Diagrama de Pressão x Temperatura, mostrando o intervalo de ocorrência da
diagênese. ........................................................................................................................................... 42
Figura 22 - Estágios da Diagênese. ............................................................................................... 43
Figura 23 - Compactação de sedimentos, mostrando a diminuição dos poros e rearranjo dos
grãos. .................................................................................................................................................... 48
Figura 24 - Processo de cimentação de grãos. ............................................................................. 49
Figura 25 - Gráfico de dispersão de constituintes primários. ................................................ 63
Figura 26 - Gráfico de dispersão de constituintes diagenéticos (EODIAGÊNESE). ............. 63
Figura 27 - Gráfico de dispersão de constituintes diagenéticos (MESODIAGÊNESE). ........ 64
Figura 28 - Gráfico de dispersão de constituintes diagenéticos (TELODIAGÊNESE). ......... 64
Figura 29 - Diagrama de Folk (composição original), apresentando a classificação dos
arenitos: (a) Arcósio e (b) Arcósio lítico................................................................................ 66
ÍNDICE DE FOTOMICROGRAFIAS
Fotomicrografia 1 - Constituintes primários. (Qtz - Quartzo; Pl - Plagioclásio; Mic - Microclina;
Pt - Pertita. ........................................................................................................................................... 53
Fotomicrografia 2 - Cristais de muscovita. (Ms) ............................................................................ 53
Fotomicrografia 3 - Biotita sendo substituída por anatásio. (Bt). ................................................ 54
Fotomicrografia 4 - Fragmento de silcrete, encontrado no arcósio lítico. (Sct-Silcrete; Frg
Met– Fragmento de rocha metamórfica; Pt – Pertita; Qtz – Quartzo. ........................................ 54
Fotomicrografia 5 - Argila infiltrada ao redor do grão de quartzo. (Arg Inf)............................... 55
Fotomicrografia 6 - Hematita microcristalina preenchendo poro. (He) ...................................... 56
Fotomicrografia 7 - Anidrita poiquilotópica preenchendo poro. (Adt Pq) ................................... 56
Fotomicrografia 8 - Anidrita blocosa preenchendo poro. (Adt Bl). .............................................. 57
Fotomicrografia 9 - Calcita poiquilotópica preenchendo poro. (Cct Pq). ................................... 58
Fotomicrografia 10 - Calcita blocosa, preenchendo poros . (Cct Bl). ......................................... 58
Fotomicrografia 11 - Crescimento de quartzo, posterior à preciptação de hematita. (Qtz Cr -
Crescimento de Quartzo; Qtz - Quartrzo; He - Hematita). ........................................................... 59
Fotomicrografia 12 - Crescimento de k-feldspato (Cr K-Fd)). ..................................................... 59
Fotomicrografia 13 - Anatásio blocoso (Ant) e pigmento de leucoxênio (Lcx), substituindo
clorita. ................................................................................................................................................... 60
Fotomicrografia 14 - Clorita fibrosa preenchendo poro. (Clr - Clorita; Qtz - Quartzo; Adt -
Anidrita). ............................................................................................................................................... 61
Fotomicrografia 15 - Textura apresentando grãos orientados e presença de óleo
biodegradado. ..................................................................................................................................... 65
Fotomicrografia 16 - Textura de arenito maciço, apresentando estilolito preenchido por óleo
biodegradado e anatásio. .................................................................................................................. 65
Fotomicrografia 17 - Poro intergrãos, preenchido por óleo. ........................................................ 67
Fotomicrografia 18 - Poros resultantes de dissolução da clorita. ............................................... 67
Fotomicrografia 19 - Estilolito preenchido por clorita.................................................................... 67
Fotomicrografia 20 - Estilolito preenchido por anatásio e óleo biodegradado. ......................... 67
Fotomicrografia 21 - Cimentação por anidrita, posterior ao crescimento de k-feldspato (Cr K-
Fd; Clr - Clorita; Adt - Anidrita). ........................................................................................................ 69
Fotomicrografia 22 - Pigmento de hematita (He) sobre grãos. ................................................... 70
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 - Histórico de poços ........................................................................................................... 29
Tabela 2 - Minerais constituintes de arenitos. ............................................................................... 40
Tabela 3- Composição modal dos constituintes encontrados em lâmina. ................................ 62
Tabela 4 - Evolução diagenética para os arenitos do Mb. Boipeba. .......................................... 71
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO ........................................................................................... 13
1.1 Objetivos ................................................................................................................... 15
1.2 Justificativas ............................................................................................................. 15
1.3 Fundamentação Metodológica ................................................................................ 15
1.3.1 Pesquisa Bibliográfica ...................................................................................................... 16
1.3.2 Materiais e Métodos de Estudo ...................................................................................... 16
1.3.3 Redação da Monografia .................................................................................................. 16
CAPÍTULO 2 – GEOLOGIA REGIONAL ............................................................................. 17
2.1 Estratigrafia .............................................................................................................. 19
2.1.1 Embasamento ................................................................................................................... 20
2.1.2 Supersequência Paleozóica ........................................................................................... 22
2.1.3 Supersequência Pré-Rifte ............................................................................................... 22
2.1.4 Supersequência Rifte ....................................................................................................... 23
2.1.5 Supersequência Pós-Rifte .............................................................................................. 24
2.2 Arcabouço Estrutural ............................................................................................... 25
2.3 Sistema Petrolífero ................................................................................................... 27
CAPÍTULO 3 – GEOLOGIA E PRODUÇÃO DO CAMPO DE ARAÇÁS ............................. 29
3.1 Evolução Geológica do Membro Boipeba/Formação Aliança no Campo de
Araçás ............................................................................................................................. 31
3.2 Arcabouço Estrutural do Campo de Araçás ........................................................... 32
CAPÍTULO 4 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................. 35
4.1 Petrologia de Arenitos ............................................................................................. 35
4.1.1 Diagênese .......................................................................................................................... 41
4.1.1.1 Eodiagênese .............................................................................................................. 43
4.1.1.2 Mesodiagênese ......................................................................................................... 45
4.1.1.3 Telodiagênese ........................................................................................................... 50
CAPÍTULO 5 – PETROGRAFIA E DIAGÊNESE DOS ARENITOS DO MEMBRO BOIPEBA
............................................................................................................................................ 52
5.1 Composição Modal................................................................................................... 52
5.1.1 Arcabouço .......................................................................................................................... 52
5.1.2 Cimento .............................................................................................................................. 55
5.2 Textura ...................................................................................................................... 65
5.3 Porosidade ................................................................................................................ 66
5.4 Diagênese ................................................................................................................. 68
CAPÍTULO 6 – EVOLUÇÃO DIAGENÉTICA ...................................................................... 71
CAPÍTULO 7 – CONCLUSÃO ............................................................................................. 75
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 76
ANEXOS ............................................................................................................................. 78
13
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO
Com área aproximada de 11.500 km2, a Bacia do Recôncavo está localizada
no centro-leste do Estado da Bahia, e configura um rifte abortado do sistema de
riftes Recôncavo-Tucano-Jatobá, desenvolvido durante o processo de estiramento
crustal que resultou na fragmentação do Gondwana e abertura do Oceano Atlântico
(MILHOMEM et al., 2003).
Os principais reservatórios desta Bacia são de natureza siliciclástica,
depositados em ambientes (a) fluvio-eólicos, representados pelo Membro Boipeba
da Formação Aliança e Formações Sergi e Água Grande, (b) deltaicos sendo o caso
das Formações Marfim e Pojuca, e por fim, (c) vinculados a fluxos gravitacionais que
são o Membro Gomo da Formação Candeias, o Membro Caruaçu da Formação
Maracangalha e a Formação Taquipe.
Dentre os campos petrolíferos operados pela Petrobras, o Campo de Araçás,
descoberto em 1965, tem atualmente um número aproximado de 360 poços
(PETROBRAS/UO-BA/ATP-N, 2012), dos quais suas produções de hidrocarboneto
provêm das Formações Pojuca, Marfim, Candeias, Agua Grande, Itaparica, Sergi e
Aliança (Mb. Boipeba).
Com uma área total de aproximadamente 53 km2, o Campo de Araçás está
localizado na Bacia do Recôncavo, no Estado da Bahia, entre os Municípios de
Araçás e Entre Rios, distando cerca de 120 km a NE de Salvador (Figura 1).
14
Figura 1 - Mapa de localização do Campo de Araçás.
Os principais reservatórios produtores do Campo de Araçás são os arenitos
das Formações Água Grande e Sergi, tendo como reservatório secundário o
Membro Boipeba.
O Membro Boipeba, objeto de estudo desta monografia, está inserido na
Formação Aliança, juntamente com o Membro Capianga, tendo sido depositado
durante o Jurássico, na fase Pré-rifte (SALEM et. al., 2000). Estes sedimentos foram
depositados, por sistemas fluviais entrelaçados e meandrantes, com
retrabalhamento eólico, sob clima árido/semiárido, durante a fase inicial de
estiramento crustal.
15
1.1 Objetivos
O presente trabalho teve como objetivo geral a descrição de lâminas
petrográficas a fim de identificar zonas permo-porosas no reservatório do Membro
Boipeba da Formação Aliança, no campo de Araçás, a partir da observação de suas
características, tais como: textura, hábitos, distribuição e abundância de porosidade
e dos constituintes detríticos e diagenéticos.
Os objetivos específicos compreenderam a caracterização faciológica, a
evolução diagenética e o estudo de porosidade dos arenitos do Membro citado.
1.2 Justificativas
Esta monografia foi idealizada com o intuito de contribuir para o acervo de
dados científicos da Petrobras e para a comunidade geológica, uma vez que poucos
trabalhos foram realizados acerca do Membro Boipeba.
O que se conhece na literatura sobre o Membro Boipeba é graças a um único
trabalho desenvolvido por Salem et. al. (2000), nos Campos de Araçás, Água
Grande e Fazenda Cazumba, onde foram estudados 500m de testemunhos, de onde
foram retiradas 70 amostras e confeccionadas 36 lâminas delgadas.
Com o objetivo de desvendar a influência do soterramento progressivo,
soerguimento e colocação do óleo, relacionando os eventos diagenéticos à evolução
da qualidade dos reservatórios do Membro Boipeba, Salem et. al (2000) constataram
que a qualidade destes reservatórios é bastante heterogênea, sendo altamente
influenciada por processos diagentéticos.
Com a realização deste estudo, buscou-se descrever arenitos com
granulometria variada (finos a conglomeráticos), provenientes de ambientes fluviais
e eólicos, bem como a identificação de zonas com boas características permo-
porosas, favoráveis à acumulação de hidrocarbonetos.
1.3 Fundamentação Metodológica
A metodologia aplicada para a elaboração desta monografia consistiu em três
etapas fundamentais: pesquisa bibliográfica, aquisição e tratamento dos dados e
redação da monografia a partir da interpretação dos resultados obtidos.
16
1.3.1 Pesquisa Bibliográfica
Esta etapa compreendeu a seleção e leitura de artigos, relatórios e livros
relacionados ao tema escolhido, visando adquirir informações acerca do contexto
deposicional de arenitos fluvio-eólicos, aspectos texturais e evolução diagenética
destes reservatórios, bem como assuntos referentes à evolução tectônica da Bacia
do Recôncavo e, mais especificamente, sobre o Membro Boipeba da Formação
Aliança.
1.3.2 Materiais e Métodos de Estudo
Para a realização deste trabalho, foram descritas nove lâminas delgadas,
obtidas através de plugues selecionados de um intervalo de aproximadamente 124
metros de testemunhos amostrados em um poço perfurado pela Petrobras no
Campo de Araçás.
As descrições e o tratamento de dados foram realizados no Laboratório da
Gerência de Sedimentologia e Estratigrafia da Petrobras, na Unidade de Operações
da Bahia (UO-BA). Para o desenvolvimento desta etapa, foram utilizados:
microscópio (ZEISS. Imager Z 2m), câmera (ZEISS. AxioCam MRc5) e os softwares
Petroledge (para arquivamento de dados), ANASETE (consulta à descrição dos
testemunhos) e AxionVision (para capturar as fotos).
As lâminas foram descritas observando-se os aspectos texturais, fábrica,
relação inter-grãos (contatos), composição mineralógica (primária e diagenética),
modificações diagenéticas, relações paragenéticas, sistema poroso e evolução
diagenética, seguindo o padrão utilizado pela Petrobras. Além disso, foram feitas
fotografias destas lâminas destacando as feições mais relevantes para este trabalho.
1.3.3 Redação da Monografia
Com base nos dados obtidos e a partir da sua interpretação, foi possível
identificar as características permo-porosas do reservatório do Membro Boipeba da
Formação Aliança, no Campo de Araçás e estabelecer a evolução diagenética,
explicando-as nesta etapa do trabalho, onde as características descritas de cada
lâmina se encontram em anexo.
17
CAPÍTULO 2 – GEOLOGIA REGIONAL
A Bacia do Recôncavo está localizada no centro-leste do Estado da Bahia,
constituindo a porção sul do sistema de riftes Recôncavo-Tucano-Jatobá (Figura 2)
(SALEM et. al., 2000; OLIVEIRA, 2005). Abrange uma área de aproximadamente
11.500km2 e seus limites são representados, a norte e noroeste, pelo Alto de Aporá;
a sul, pelo Sistema de Falhas da Barra; a leste, pelo Sistema de Falhas de Salvador;
e, a oeste, pela Falha de Maragogipe (Figura 3) (SILVA et. al., 2007; OLIVEIRA,
2005).
Figura 2 - Localização da Bacia do Recôncavo.
Fonte: Oliveira, 2005.
18
Sua origem está diretamente relacionada ao processo de estiramento crustal,
que resultou na ruptura do Supercontinente Gondwana e abertura do Oceano
Atlântico. O sistema de falhas normais planares com direção preferencial N30°E,
que condicionaram o mergulho regional das camadas para SE, em direção às áreas
mais subsidentes definem o modelo estrutural da Bacia do Recôncavo (SILVA et. al.,
2007). Os esforços distensionais aos quais estava submetido o embasamento
ocasionaram a formação de um meio-graben (Figura 4) (MILHOMEM et. al., 2003),
com orientação NE-SW e falha de borda a leste (Sistema de Falhas de Salvador).
Figura 3 - Limites da Bacia do Recôncavo e seu arcabouço estrutural.
Fonte: Oliveira, 2005.
19
Neste contexto, o Membro Boipeba da Formação Aliança, inserido no Grupo
Brotas juntamente com a Formação Sergi, está representado por ciclos fluviais e
eólicos depositados durante a fase pré-rifte de evolução da Bacia do Recôncavo, no
final do Jurássico (Figura 5). O Membro Boipeba engloba arenitos finos a
conglomeráticos, ferruginosos, interdigitados com lamitos vermelhos lacustres do
Membro Capianga.
2.1 Estratigrafia
Caixeta et al. (1994) apresentaram uma proposta diferenciada para a Carta
Estratigáfica da Bacia do Recôncavo, adaptando-a aos trabalhos de Netto e Oliveira
(1985) e Aguiar & Mato (1990) (SILVA et. al., 2007).
As unidades bioestratigráficas e cronoestratigráficas permaneceram
essencialmente as mesmas, porém houve uma melhor caracterização das relações
laterais e cronológicas entre as diferentes unidades, dando maior clareza à história
de preenchimento da bacia (SILVA et. al., 2007).
Magnavita et. al,. 2005, publicaram que a sucessão estratigráfica do Rifte do
Recôncavo-Tucano-Jatobá inclui estratos com idades desde o Paleozóico ao
Cenozóico.
As sequências sedimentares que preencheram a Bacia do Recôncavo foram
depositadas sobre o embasamento cristalino de idade pré-cambriana. Estas
seqüências sedimentares compreendem os depósitos acumulados durante o
Fonte: Milhomem et al., 2003)
Figura 4 - Modelo estrutural da Bacia do Recôncavo, em forma de meio-graben.
20
processo extensional juro-cretáceo e caracterizam cinco seqüências deposicionais,
relacionadas aos estágios pré-rifte, rifte e pós-rifte (Figura 5). A espessura máxima
foi observada no Baixo de Camaçari, com profundidade superior a 6.500 m
(ARAGÃO, 1994, apud SILVA et. al., 2007).
Figura 5 - Carta estratigráfica da Bacia do Recôncavo com destaque para o Membro Boipeba da Formação Aliança.
2.1.1 Embasamento
Segundo Silva et. al. 2007, o embasamento cristalino da Bacia do Recôncavo
é constituído predominantemente por gnaisses granulíticos arqueanos pertencentes
ao Bloco Serrinha, a oeste e norte; aos cinturões granulíticos paleoproterozóicos de
Itabuna-Salvador-Curaçá, a oeste-sudoeste; e de Salvador-Esplanada, a leste-
nordeste, além de rochas metassedimentares de idade neoproterozóica,
relacionadas ao Grupo Estância, ao norte.
Fonte: Silva et al., 2007
21
O Bloco Serrinha é constituído por um conjunto gnáissico-granítico-
migmatítico, metamorfizado na fácies anfibolito e retrabalhado no paleoproterozóico,
tendo sido intrudido por granitoides mesoarqueanos. Estudos combinados de dados
petrográficos, litogeoquímicos e geocronológicos mostraram que no mesoarqueano
os granitoides variaram de trondhjemíticos até graníticos (TTG), enquanto que no
paleoproterozóico, embora tenham sido encontrados trondhjemitos e tonalitos,
predominam granitos e sienitos. Datações realizadas nos TTG, indicam idades entre
3,08 e 2,98Ga (BARBOSA et. al., 2012).
O Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá é constituído de rochas cujos protólitos
plutônicos estão deformados e reequilibrados na fácies granulito, transformando-se
em granulitos charnockitos ou granulitos tonalíticos-trondhjemíticos (BARBOSA et.
al., 2012).
O Cinturão Salvador-Esplanada consiste em rochas metamórficas de médio e
alto graus, orientadas na direção NNE, aproximadamente paralelas à Costa. A
maioria das rochas deste Cinturão encontram-se fortemente cisalhadas e
retrometamorfizadas para a fácies anfibolito, enquanto a parte sul da Zona Salvador-
Conde está preservada na fácies granulito (BARBOSA et. al., 2012).
Segundo Silva et. al. 2007, o Grupo Estância é composto por rochas
metassedimentares de baixo grau, relacionadas a uma bacia neoproterozóica (750-
650 Ma) que se desenvolveu na borda nordeste do Cráton do São Francisco, sob
um regime extensional a flexural-termal.
Seus depósitos são caracterizados, da base para o topo, pelas Formações
Juetê (composta de siliciclásticos de origem litorânea), Acauã (constituída de rochas
carbonáticas com intercalações de pelitos e níveis de intraclastos) e Lagarto
(composta de arenitos com clastos carbonáticos intercalados a pelitos) (SILVA et.
al,. 2007).
22
2.1.2 Supersequência Paleozóica
Inserido em contexto de bacia intracratônica, e tendo sua deposição sob
características de um paleoclima árido, a Supersequencia Paleozóica, está
basicamente representada pelos Membros Pedrão (Permiano) e Cazumba da
Formação Afligidos (Permiano, segundo CAIXETA et al.,1994). Seqüências estas,
que em geral, estão caracterizadas como tendências regressivas e posterior
transição para ambiente marinho raso e evaporitos isolados (AGUIAR & MATO,
1990), evidenciadas por suas associações faciológicas.
Estas evidencias podem ser constadas nos arenitos, lamitos e evaporitos do
Membro Pedrão, enquanto no Membro Cazumba predominam pelitos e lamitos
avermelhados, com presença de anidrita na base da seção.
2.1.3 Supersequência Pré-Rifte
Ocorrida durante o Neojurássico e o Eocretáceo (REGALI & VIANA, 1989;
ARAI et al., 1989) e com sedimentos depositados além dos limites atuais da bacia,
fato este evidenciado por depósitos correlatos existentes em outras bacias como a
do Araripe, Sergipe-Alagoas, Camamu e Almada, a fase pré-rifte estende-se
temporalmente do Tithoniano ao Eoberriasiano, incluindo rochas dos andares Dom
João e Rio da Serra Inferior. O primeiro é caracterizado por depósitos aluviais
(Grupo Brotas) representados por folhelhos e arenitos avermelhados da Formação
Aliança, seguido de arenitos fluvio-eólicos da Formação Sergi. A área fonte de
abastecimento dos sedimentos estaria localizada a sudeste da atual Bacia do
Recôncavo (MAGNAVITA et al,. 2005). Finalizando a fase pré-rifte, está a Formação
Água Grande, sobreposta aos sedimentos anteriores e constituída de arenitos
fluviais e lacustres. Esta formação teve como área-fonte a porção localizada a
noroeste e norte da bacia (Figura 6).
23
Figura 6 - Paleogeografia da Supersequência Pré-rifte da Bacia do Recôncavo.
2.1.4 Supersequência Rifte
A fase rifte tem sido nos últimos anos, alvo de grande discussão entre autores
(MAGNAVITA, 1996; DA SILVA, 1996 e GHIGNONE, 1979), sendo o motivo de tal
polêmica, a interpretação do limite entre a fase pré-rifte e rifte. Para Ghignone
(1979), a deposição das Formações Itaparica e Água Grande seria o início da fase
rifte, devido a um incipiente controle tectônico. Da Silva (1993, 1996) atribui a
Formação Água Grande como unidade da fase rifte. Para Caixeta et al. (1994) e
Magnavita (1996), o início da fase rifte se daria na base dos conglomerados da
Formação Salvador, estabelecendo a idade Berriasiana, com duração de
aproximadamente 24 milhões de anos, coincidindo assim o limite entre a fase pré-
rifte e rifte na base do Membro Tauá (Formação Candeias). Esta proposta é aqui
adotada para descrever a Supersequência Rifte.
Dois sistemas progradantes preencheram a Bacia do Recôncavo durante a
fase rifte, sendo o fluvio-deltáico-lacustre (longitudinal a oblíquo) o principal deles,
oriundo da Bacia do Tucano, este sistema depositou folhelhos prodeltaicos e
arenitos turbidíticos contemplando as Formações Candeias e Maracangalha (Grupo
Santo Amaro), Formação Marfim, Pojuca e Taquipe (Grupo Ilhas) e por fim a
Formação São Sebastião (Grupo Massacará) depositada em ambiente fluvio-
deltáico (Figura 7). Já o sistema secundário, localizado transversalmente à bacia, foi
Fonte: Modificado de Medeiros & Ponte, 1981
24
depositado em leques conglomeráticos derivados da erosão do bloco alto da falha
de borda, o qual constitui a Formação Salvador que, devido a seu evento
deposicional está presente em todo o evento rifte da bacia.
Figura 7 - Paleoambiente deposicional da Bacia do Recôncavo durante a fase Rifte.
2.1.5 Supersequência Pós-Rifte
A fase Pós-rifte está inserida entre o Aptiano e o Albiano Inferior, tendo como
principal ocorrência os depósitos conglomeráticos aluviais, arenitos, folhelhos e
eventuais calcários da Formação Marizal de idade Alagoas. Embora cubra boa parte
do Sistema de Riftes Recôncavo-Tucano-Jatobá, esta formação ocorre em menor
exposição justamente na Bacia do Recôncavo, com espessura média de 50 m,
enquanto que na Bacia de Jatobá a Formação Marizal chega a atingir 500 m. Sua
deposição está relacionada a sistemas aluviais transcorridos de subsidência termal
pós-rifte, fato este, evidenciado pela horizontalidade dos estratos, sobrepostos de
forma discordante as seções relacionadas à fase rifte (DA SILVA, 1993)
Fonte: Modificado de Medeiros & Ponte, 1981 apud Magnavita, 2005.
25
2.2 Arcabouço Estrutural
A Bacia do Recôncavo revela sua geometria estrutural através de blocos
falhados de direção NNE-SSW ao longo do seu eixo principal. Blocos estes que se
encontram fragmentados em compartimentos por seguimentos transversais,
denominados de zonas de transferência (Figura 8). Esta última, também chamada
de falhas de acomodação, além de deslocar a borda da bacia também muda a
polaridade estrutural dos meio-grabens nela existentes (Figura 9).
Limitada entre o Alto do Aporá, a norte e noroeste, pelo sistema de falhas da
Barra, a sul, pela falha de Maragogipe, a oeste e pelo sistema de falhas de Salvador,
a leste; a Bacia do Recôncavo é caracterizada estruturalmente pelo seu sistema de
falhas normais, sintéticas e antitéticas, mantendo um trend geral NE-SW. A Falha
Mata-Catu, transversalmente orientada (NW-SE), também classificada como falha de
transferência (MILANI & DAVISON, 1988; ARAGÃO, 1994), interrompe os blocos
orientados em geral a NE-SW que constituem a bacia, além de ser a principal
controladora das ocorrências de petróleo da bacia. Destro et al.(2003), interpreta
esta zona transversal como um par de falhas de alívio, compensando as variações
de rejeito ao longo das falhas de Salvador (Oeste) e Tombador (Noroeste).
26
Figura 8 - Arcabouço estrutural e campos da Bacia do Recôncavo .
Figura 9 - Seção geológica A - A' da porção Sul da Bacia do Recôncavo.
Fonte: Magnavita et al., 2005
Fonte: Magnavita et al., 2005
27
2.3 Sistema Petrolífero
Os membros Tauá e Gomo da Formação Candeias, constituídos em sua
maior parte por folhelhos, representam os intervalos geradores da bacia.
Apresentam concentrações de carbono orgânico total médio de 1% e com potencial
gerador residual em torno de 5 kg HC/t, chegando a atingir 16 kg HC/t. Porém, de
acordo com Santos et al, (1990), estes valores são considerados relativamente
baixos, se levado em conta a alta convertibilidade da matéria orgânica em
hidrocarbonetos.
Na Bacia do Recôncavo, os principais reservatórios são de natureza
siliciclástica, envolvendo fácies fluvio-eólicas (Membro Boipeba da Formação
Aliança, formações Sergi e Água Grande), deltaicas (Formações Marfim e Pojuca),
ou até mesmo vinculadas a fluxos gravitacionais (Membro Gomo da Formação
Candeias, Membro Caruaçu da Formação Maracangalha e Formação Taquipe). As
acumulações de hidrocarbonetos podem ser divididas em três grande sistemas,
segundo Santos et al.(1990), sendo eles: pré-rifte, rifte-Ilhas e rifte-Candeias. Com
cerca de 60% do volume de óleo provado da bacia, os Campos de Dom João, Água
Grande e Buracica estariam inseridos no sistema pré-Rifte e são aqueles mais
importantes na bacia. Em segundo lugar e com volume de óleo provado em cerca de
30% estaria o rifte-Ilhas, seguido do sistema rifte-Candeias, com volume provado de
óleo na casa dos 15%, sendo o Campo de Candeias seu principal produtor.
Além de ser o principal gerador de hidrocarboneto da Bacia do Recôncavo, os
folhelhos da Formação Candeias, atuam também como trapas e selos para os
reservatórios existentes (SILVA, 2006). Através do contato lateral dos folhelhos
geradores com os reservatórios, pelos blocos altos do sistema de horsts e grábens,
ocorrem migrações de pequenas distancias (Figura 10 - A), migração de mesmas
características pode ser constatada em trapas estratigráficas ou mistas, ligando
diretamente os reservatórios aos folhelhos geradores (Figura 10 - B) e por fim as
migrações verticais ao longo de falhas regionais até os reservatórios deltaicos das
Formações Pojuca e Marfim (Figura 10 - C), provocadas por falhamentos lístricos na
seção rifte (rollovers).
28
Figura 10 - Modelos de migração de hidrocarbonetos na Bacia do Recôncavo.
Na Figura 11 pode-se ver uma carta sumarizando o timing dos elementos e
processos desenvolvidos pelo sistema petrolífero na Bacia do Recôncavo.
Figura 11 - Carta sumarizada do timing de elementos e processos do sistema petrolífero.
GomoGomo
Pojuca
Marfim
Gomo
Tauá
Fonte: Silva, 2006
Fonte: Santos & Braga, 1989.
29
CAPÍTULO 3 – GEOLOGIA E PRODUÇÃO DO CAMPO DE ARAÇÁS
A produção de óleo no Campo de Araçás teve início em 1965, após a
perfuração do segundo poço exploratório, com a descoberta dos Reservatórios
Profundos do Bloco Baixo da Falha de Araçás. Nos anos seguintes, foram
descobertos os Reservatórios Profundos e Rasos do Bloco Alto da Falha de Araçás
e mais recentemente, descobriu-se o Bloco 4 do Campo, conforme histórico descrito
na Tabela 1.
Tabela 1 - Histórico de poços
Após essas descobertas, concluiu-se que, os principais reservatórios
produtores de óleo do Campo de Araçás estão divididos em dois grandes grupos:
Rasos e Profundos. O primeiro é composto pelas Formações Pojuca (zonas Brejão,
Azevedo, Imbé, Cambuqui, Santiago, Araçás e Biriba) e Marfim (zona Catu),
enquanto o segundo é composto pelas Formações Candeias, Água Grande,
Itaparica e Sergi, e Membro Boipeba da Formação Aliança.
As interpretações dos depósitos relacionados às Formações Pojuca e Marfim,
sugerem ser provenientes de ambientes deltaicos, enquanto os depósitos da Fm.
Candeias sugerem proveniência de fluxos gravitacionais em contexto de ambiente
ANO POÇO RESULTADO
1951 EXPLORATÓRIO Seco.
1965 EXPLORATÓRIO Descobridor do campo, encontrou óleo na Fm. Sergi e gás na Fm. Água Grande, no Bloco Baixo da Falha de
Araçás (Reservatórios Profundos -Pré-Rifte).
1966 DESENVOLVIMENTO Descobridor do Bloco Alto da Falha de Araçás, encontrou
óleo nas Fm. Sergi e Água Grande (Reservatórios Profundos -Pré-Rifte).
1967 ESTRATIGRAFICO Descobridor dos Reservatórios Rasos (Rifte) do Bloco
Alto da Falha de Araçás, encontrou óleo em arenitos das Fm. Pojuca e Marfim.
2012 JAZIDA PROFUNDA Descobridor do Bloco 4 do Campo de Araçás
(Reservatórios Profundos - Pré-Rifte), encontrou óleo em arenitos das Fm. Itaparica e Sergi.
Fonte: Petrobras/UO-BA/ATP-N, 2012
30
deposicional lacustre. Já as Formações Água Grande, Itaparica e Sergi e
Mb.Boipeba da Fm. Aliança, estão associados a ambientes fluviais com
interdigitação eólica (PETROBRAS/UO-BA/ATP-N, 2012).
No Campo de Araçás, o Membro Boipeba constitui o reservatório secundário
de hidrocarboneto, compartimentado em três zonas de produção: Boipeba 1 (BP1),
Boipeba2 (BP2) e Boipeba3 (BP3), conforme Figura 12.
As propriedades petrofísicas analisadas nas 3 zonas de produção, indicam
porosidade e permeabilidade máximas de 11% e 10mD, respectivamente
(PETROBRAS/UO-BA/ATP-N, 2012).
Fonte: Petrobras/UO-BA/ATP-N, 2012
Figura 12 - (A) Perfil-tipo da Formação Aliança – Membro Boipeba; (B) Destaque para as zonas de produção BP-2 e BP-3.
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A B
BP
-3
BP
-2
BP
-1
31
3.1 Evolução Geológica do Membro Boipeba/Formação Aliança no Campo de
Araçás
Depositada durante a fase Pré-Rifte, a Fm. Aliança está inserida num
contexto cíclico flúvio-eólico-lacustre. Segundo Santos et. al. (1990), estes
sedimentos Jurássicos foram depositados em período de relativa calma tectônica e
corresponde a seção estratigráfica basal do Grupo Brotas, depositada em contexto
pré-rifte do Supercontinente Gondwana.
A Fm. Aliança é dividida em dois Membros: Capianga (superior) e Boipeba
(inferior). Suas maiores espessuras estão na área sul da Bacia do Recôncavo,
decrescendo gradativamente para N-NE (SANTOS et. al., 1990), indicando que
houve maior subsidência nessa região, fator que haveria de se manter durante toda
evolução estrutural posterior (GHIGNONE, 1979). Sua espessura média, no Campo
de Araçás é de 350m (PETROBRAS/UO-BA/ATP-N, 2012).
O Membro Boipeba está associado a ambiente deposicional de sistema fluvial
entrelaçado a meandrante, subordinado a processos de retrabalhamento eólico.
Conforme a interpretação de Salem et. al. (2000), os sistemas fluviais foram
progradantes do oeste para leste, enquanto os arenitos flúvio-eólicos do Membro
Boipeba se interdigitam com lamitos vermelhos lacustres do Membro Capianga para
leste (Figura 13).
É composto basicamente por camadas alternadas de arenitos finos a
conglomeráticos, subarcóseos e, localmente, por folhelhos vermelhos,
caracterizando um pacote de red-beds.
32
Figura 13 - Modelo paleodeposicional para o Mb. Boipeba.
Segundo Ghignone, (1979), as red-beds indicam que uma larga depressão
margeada por linhas de flexura precedeu a fase principal de rifteamento, onde as
condições de clima árido a semiárido, favoreciam a produção e preservação de
sedimentos ricos em óxidos de ferro.
3.2 Arcabouço Estrutural do Campo de Araçás
O principal controle estrutural do Campo de Araçás, que favorece o acúmulo
de hidrocarboneto, é a Falha de Araçás, que o separa em duas áreas denominadas
de Bloco Alto e Bloco Baixo (Figura 14).
Com direção aproximada N60E e Bloco Baixo mergulhando para SE,
apresenta rejeito crescente de NE para SW, variando de 300 a 500 m. O Campo
ainda é subdividido em blocos menores, por falhas de rejeitos inferiores a 100m e
direção NW-SE (PETROBRAS/UO-BA/ATP-N, 2012).
Fonte: Salem et al., 2000
33
Figura 14 - Modelo Estrutural do Campo.
Como resposta ao desenvolvimento da Falha de Araçás, as falhas no Bloco
Baixo mergulham para SW em degraus escalonados, enquanto que o Bloco Alto
forma um homoclinal, cortado por falhas normais, mergulhando em torno de 6º para
NE. O Bloco 4, localizado na porção sul do Bloco Baixo, foi descoberto após a
interpretação sísmica do 3D realizado em 2012, confirmando a presença de
hidrocarbonetos nos reservatórios da seção Pré-rifte (PETROBRAS/UO-BA/ATP-N,
2012).
A produção de hidrocarbonetos ocorre tanto nos Reservatórios Profundos do
Bloco Baixo como nos Reservatórios Rasos e Profundos do Bloco Alto, pois a Falha
de Araçás coloca os reservatórios do pré-rifte (Formações Água Grande, Itaparica e
Sergi) do Bloco Alto contra os folhelhos da Formação Candeias no Bloco Baixo da
Fonte: Petrobras/UO-BA/ATP-N, 2012
34
falha. Estes reservatórios são capeados pelos folhelhos da Formação Candeias
(Figura 15).
Figura 15 - Seção Geológica mostrando o estilo estrutural do Campo de Araçás.
Fonte: Petrobras/UO-BA/ATP-N, 2012
35
CAPÍTULO 4 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A base teórica desta monografia se deu a partir de estudos bibliográficos
referentes às características petrológicas de arenitos, envolvendo os conceitos
básicos dos processos aos quais os sedimentos são submetidos até que se
transformem em rocha.
Estes conceitos seguem descritos, com o intuito de se obter maior
compreensão quando da abordagem principal deste trabalho e suas discussões.
4.1 Petrologia de Arenitos
Considerado uma das rochas mais abundantes da crosta terrestre, os arenitos
constituem quase ¼ das rochas sedimentares no registro geológico (BOGGS JR.,
2009).
São rochas siliciclásticas, cuja granulometria varia de 0,062 a 2,0mm, com
composição, texturas e estruturas diversificadas, que dependem diretamente da
rocha fonte, do ambiente deposicional e dos processos diagenéticos a que foram
submetidas.
Suas propriedades petrofísicas, tais como porosidade e permeabilidade, são
de grande importância para o estudo de reservatórios de petróleo e gás.
Textura
A textura dos arenitos é dada pela forma, tamanho, seleção (Figura 16),
esfericidade e arredondamento (Figura 17) dos grãos constituintes. Estas
características aumentam com a ação do transporte. Quanto maior for o tempo de
transporte, os grãos tendem a ser mais bem selecionados e mais arredondados
(Figura 18).
A maturidade textural está diretamente relacionada à seleção dos grãos,
arredondamento e ausência de matriz.
36
Figura 16 - Classificação dos grãos quanto ao selecionamento.
A angularidade do grão pode ser proveniente também de sobrecrescimento
diagenético.
Figura 17 - Classificação dos grãos quanto à esfericidade e arredondamento.
Fonte: Folk, 1968 apud Boggs Jr., 2009
Fonte: Horowitz & Potter, 1971 apud Souza, 2009
37
Figura 18 - Perfil esquemático, mostrando transporte e selecionamento de grãos.
Fábrica
A fábrica dos arenitos é definida por Boggs Jr (2009), como a orientação e
arranjo ou distribuição espacial de partículas sólidas e relações entre partículas.
As formas com que os grãos são colocados juntos para formar um agregado
dependem de uma série de fatores, principalmente dos processos físicos e químicos
aos quais são submetidos.
Corresponde às características texturais observadas na rocha, após a
deposição, tais como orientação dos grãos, suporte, empacotamento e contatos.
O empacotamento se dá em função do tamanho e da forma do grão e como
esses grãos se "arranjam" ou se empacotam dentro de uma rocha. Estes fatores vão
depender dos processos físico-químicos pós-deposicionais que provocam a
compactação dos sedimentos.
Boggs Jr (2009) elaborou um modelo onde é possível observar
empacotamentos frouxo (cúbico) e apertado (romboédrico), indicando a porosidade
esperada para cada um (Figura 19).
Fonte: Correia, 2010
38
A orientação dos grãos é dada principalmente pela compactação mecânica,
porém, segundo Boggs Jr., (2009), pode sofrer modificação após a deposição pelas
atividades de organismos (bioturbação) e, em certa medida, os processos de
compactação durante a diagênese.
Com a compactação, devido ao peso das camadas superpostas, há uma
diminuição dos espaços vazios e expulsão de líquidos, aumentando o contato entre
os grãos, que passam de flutuantes a suturados (Figura 20), aumentando a
densidade da rocha.
Figura 20 - Contatos entre grãos.
Figura 19 - Empacotamento dos grãos.
Empacotamento cúbico
(48% porosidade)
Empacotamento romboédrico
(26% porosidade)
Fonte: Boggs Jr., 2009
Fonte: Taylor J.M., 1950 apud Boggs Jr., 2009
39
Composição
A composição dos arenitos pode ser bastante heterogênea, dependendo da
rocha-fonte e das condições diagenéticas envolvidas. Segundo Suguio, (1980), seu
estudo é de grande importância para a reconstrução da proveniência, além da
tectônica, clima, efeitos de transporte e condições físico-químicas do ambiente
deposicional durante a diagênese.
Os minerais mais abundantes nos arenitos são quartzo, feldspato e
argilominerais, além de cimento carbonático (Tabela 2).
Podem ocorrer ainda outros minerais e fragmentos de rochas em menores
proporções, como: óxidos/hidróxidos de ferro e titânio, carbonatos, fosfatos, sulfatos,
sulfetos e fragmentos de rochas metamórficas e plutônicas.
A maturidade mineralógica dos arenitos está relacionada à sua composição
mineralógica. Arenitos ricos em feldspato, por exemplo, são considerados imaturos,
indicando que se formaram próximo à fonte, enquanto que os ricos em quartzo são
considerados maduros, principalmente devido ao fato do quartzo ser um dos
minerais mais resistentes ao intemperismo.
40
Tabela 2 - Minerais constituintes de arenitos.
CONSTITUINTES % OBSERVAÇÕES
Quartzo 35 - 50Considerado um dos minerais mais estáveis e de
maior abundância na crosta terrestre.
Minerais de argila 25 - 35
São derivados principalmente do intemperismo
de feldspatos e os principais tipos de minerais
são os grupos da montmorillonita, ilita, caulinita
e clorita.
Fragmentos de rochas 5 - 15
Não são minerais no sentido restrito e podem
apresentar-se como fragmentos uni ou
pluriminerálicos.
Feldspatos 5 - 15Compreendem dois grupos principais: potássicos
e sódicos.
Sílex 1 - 4
Formado por SiO2 na forma de cripto ou
microcristalina, é resultante principalmente do
retrabalhamento de partes sil icificadas de antigos
calcários.
Mica grossa 0,1 - 0,4
A muscovita é mais abundante por ser mais
resistente ao intemperismo, porém, pode
aparecer alguma biotita ou clorita, alteradas.
Carbonatos 0,2 - 1Os mais comuns entre as rochas sedimentares
são a calcita e a dolomita.
Minerais acessórios pesados 0,1 - 1
Podem ser encontrados diversos tipos: opacos
(magnetita, ilmenita, hematita, etc.), ultra-
estáveis (zircão, turmalina e rutilo) e menos
estáveis (granada, apatita , cianita, etc.)
Carbonatos 70 - 85
A calcita é o mineral mais comum dos
carbonatos, seguida pela dolomita e menores
quantidades de aragonita, siderita e ankerita.
Sílica 10 - 15Ocorre principalmente nas formas de quartzo e
sílex e menos frequentemente como opala.
Sulfatos e outros sais 2 - 7
Os sulfatos mais comuns são gipsita e anidrita e
os sais mais comuns são os depósitos de halita,
podendo ocorrer menores quantidades de
silvita, carnalita e barita.
Minerais autigênicos 2 - 7Pode ocorrer sobrecrescimento (overgrowths)
de quartzo ou feldspato.
Minerais Terrígenos
Minerais Químicos e Autigênicos
Fonte: Suguio, 1980.
41
Cor
A cor dos arenitos se deve principalmente à sua composição e aos processos
de alteração que modificam os seus constituintes.
Arenitos de cor esverdeada, por exemplo, podem conter clorita e glauconita, ou
até mesmo ser provenientes de basaltos com alto teor de olivina. Arenitos hialinos
são ricos em quartzo hialino, com pouco cimento ou matriz. Já os esbranquiçados
podem ser originados de rochas calcárias, ou podem ser quartzosos com matriz
argilosa (caulim) e cimentados por carbonato de cálcio ou ainda podem ser ricos em
sulfatos, como gipsita ou barita.
Arenitos ricos em k-feldspato geralmente apresentam uma cor rosada a
avermelhada. Os mais escuros podem ser ricos em magnetita e ilmenita, sendo
provenientes de rochas máficas. A presença de matéria orgânica também pode
atribuir cores escuras ao arenito.
Algumas impurezas de ferro podem ser encontradas dentro dos cristais de
quartzo, dando uma tonalidade amarelo-escura. Além destas impurezas, pode
ocorrer cimentação por óxido de ferro, ou até mesmo reações de oxidação de ferro
dos constituintes do próprio arenito, resultando em cores variando de amarelo a
vermelho escuro.
A cor pode não ser um indicador confiável das condições de deposição, uma
vez que esta pode ser alterada durante a diagênese ou mesmo durante o
soerguimento, quando a rocha fica exposta ao intemperismo (BOGGS JR., 2009).
4.1.1 Diagênese
A diagênese abrange todos os processos que ocorrem após a deposição dos
sedimentos e que são responsáveis pela transformação dos mesmos em rocha.
Estes processos evoluem em termos de temperatura, química e pressão, incluindo
modificações que variam desde o intemperismo em ambientes subaéreos e
oxidação na coluna de água durante a deposição, compactação e litificação durante
42
o soterramento e o soerguimento dos pacotes sedimentares (BURLEY & WORDEN,
2003).
Segundo Suguio, (1980), durante este processo, a composição dos arenitos
pode ser modificada por dissolução, precipitação ou transformações mineralógicas.
Durante a diagênese ocorre compactação dos sedimentos, expulsão de água,
afinamento das camadas e diminuição da porosidade. Além disso, a cimentação,
formação de minerais autigênicos e dissolução de minerais instáveis são
modificações que podem ser concomitantes ou subsequentes aos processos
anteriormente citados (OLIVEIRA, 2012).
Como pode ser observado na Figura 21, a diagênese ocorre até uma
profundidade máxima de 20km, com temperaturas variando ente 0 e 250ºC e
pressão máxima aproximada de 5 kbar.
Figura 21 - Diagrama de Pressão x Temperatura, mostrando o intervalo de ocorrência da
diagênese.
Um conceito inicial foi definido por Choquette & Pray (1970) apud Burley e
Worden (2003) para explicar os estágios da diagênese: diagênese precoce
(eodiagênese), diagênese relacionada ao soterramento (mesodiagênese) e
diagênese relacionada ao soerguimento (telodiagênese). Porém, este conceito foi
Fonte: Burley & Worden, 2003.
43
definido para descrever processos diagenéticos em calcários. Atualmente estes
conceitos são aplicados, tanto para diagênese de carbonatos, quanto para
diagênese de siliciclásticos (Figura 22) (BURLEY & WORDEN, 2003).
Figura 22 - Estágios da Diagênese.
4.1.1.1 Eodiagênese
A eodiagênese equivale aos primeiros estágios da diagênese, sendo definida
como todos os processos que ocorrem na superfície ou perto dela, onde a química
das águas intersticiais nos sedimentos é controlada principalmente pelo ambiente de
deposição (BERNER, 1980; CHAPELLE, 1993 apud BURLEY & WORDEN, 2003).
Fonte: Burley & Worden, 2003.
44
Nesse estágio inicial da diagênese podem ocorrer importantes mudanças
biológicas e químicas/mineralógicas, onde a diagênese mineralógica é determinada
pelo Eh, pH e composição química das águas dos poros.
Bioturbação e Compactação
A bioturbação provoca a deformação de estruturas sedimentares primárias e
dos padrões de textura, além de promover a mistura de sedimentos de camadas
diferentes, com composição diferentes, podendo alterar o tamanho ou forma de
grãos. Como resultado dessas atividades, os organismos podem criar em
substituição aos sedimentos, uma variedade de traços, como manchas nas
camadas, tocas, trilhas, entre outros. Porém, com exceção destes efeitos, a
bioturbação não modifica substancialmente as características dos sedimentos
(BOGGS JR., 2009).
Pode alterar localmente a porosidade e a permeabilidade dos sedimentos,
mas essas alterações podem ser ofuscadas pela compactação (BOGGS JR., 2009).
Segundo Boggs Jr. (2009), pode ocorrer litificação em menor proporção,
devido à cimentação, bem como ocorre pouca compactação, por causa da
profundidade rasa e da baixa pressão de sobrecarga.
Reações Químicas e Bioquímicas
Dependendo do ambiente deposicional, as águas dos poros do sedimento
podem ser caracterizadas segundo o pH, Eh e salinidade (BOGGS JR., 2009).
Em ambientes marinhos, as águas dos poros de sedimentos tendem a ser
altamente salinas, com pH alcalino, potencial redox variando de óxicos a anóxicos e
concentrações elevadas de bicarbonato e sulfato. Os sedimentos marinhos finos
podem ainda preservar matéria orgânica que, a partir de reações diagenéticas,
podem contribuir nas reações da água dos poros (BOGGS JR., 2009).
Dependendo do ambiente, segundo Boggs Jr.(2009), em zonas continentais,
as características de Ph podem ser variadas, alcalina ou ácida; o teor de bicarbonato
podem atingir valores elevados, no entanto as quantidades de sulfato é menor do
que em ambientes marinhos. Climas com elevadas temperaturas e alta umidade
45
provocam intenso intemperismo químico nas áreas fontes destes ambientes, com
isso, a água no interior dos poros destas rochas tendem a ter características ácidas
e consequentemente elevadas concentrações de espécies químicas dissolvidas. Em
ambientes marinhos, estas concentrações tendem a ser mais baixas. Sedimentos
anóxicos podem manter a matéria orgânica preservada, desde que esta, se encontre
em frações finas.
Ainda de acordo com Boggs Jr. (2009), a dissolução de minerais instáveis e a
formação de novos outros minerais são predominantes em ambientes marinhos.
Estas reações tendem a criar principalmente pirita e esmectita (água de poros
oxigenada), seguidos da precipitação de quartzo e feldspato e, finalmente, a
precipitação de cimentos carbonáticos.
Íons de bicarbonato, fosfato e amônia são gerados da oxidação da matéria
orgânica em sedimentos óxicos, criando uma intensa atividade bacteriana neste
estágio.
Ambientes marinhos e continentais apresentam reações diferentes, podendo
neste caso ocorrer a dissolução total ou parcial de minerais pesados, feldspatos e
fragmentos de rochas, assim como substituições por caulinita, esmectita e
precipitações de minerais autigênicos como feldspato, quartzo, zeólitas, esmectita,
óxidos de ferro e calcita (BOGGS JR., 2009).
4.1.1.2 Mesodiagênese
A mesodiagênese está diretamente relacionada aos processos que ocorrem
durante o soterramento em profundidades maiores do que 3 km (WORDEN R.H. &
MORAD S., 2003 ). Estes processos são provocados pelo aumento da temperatura
e pressão, mudança da composição da água dos poros e a presença de matéria
orgânica fina. Devido a esses fatores, podem ocorrer mudanças físicas como
compactação e diminuição/perda de porosidade e alterações
químicas/mineralógicas. Bem como, a precipitação de cimentos, a dissolução de
minerais e substituição de minerais, tendendo a levar os sedimentos a um equilíbrio
com o ambiente diagenético (BOGGS JR., 2009).
46
Aumento da Temperatura e Pressão
Segundo Boggs Jr. (2009), o aumento da temperatura acelera as reações
químicas. Um aumento de temperatura em 10 ° C pode duplicar ou talvez triplicar a
velocidade de reação (HUNT, 1979 apud BOGGS JR., 2009), transformando
minerais estáveis em instáveis. Com isso, podem ser formados minerais pouco
hidratados e também provocar um aumento da solubilidade da maioria dos
constituintes, exceto carbonatos. As águas dos poros também são capazes de
dissolver sílica a temperaturas mais elevadas.
Quando a temperatura de soterramento é elevada para 60°C ou mais, cátions
de Fe e Mg tornam-se menos hidratados e, assim, podem entrar na estrutura dos
carbonatos, formando dolomita, ankerita ou siderita, por exemplo (BOGGS JR.,
2009).
A tensão entre os grãos é provocada pela pressão durante o soterramento,
favorecendo a solubilidade dos minerais, a exemplo da sílica, que pode ser
dissolvida e precipitada posteriormente, diminuindo a porosidade da rocha.
Mudança na Composição da Água dos Poros
De acordo com Boggs Jr. (2009), as mudanças na composição da água dos
poros pode influenciar fortemente nas reações de dissolução e precipitação. A
interação dessas águas com os minerais de argila pode promover a alteração de
esmectita para ilita, por exemplo, em profundidades de soterramento cujas
temperaturas variam de 55°C a 200°C, devido à desidratação. Estas reações
também liberam sílica, sódio, cálcio, ferro, magnésio e outros íons em solução,
alterando assim a composição química das águas dos poros.
A composição química das águas dos poros também pode ser alterada por
infiltração de água doce sobre afloramentos sob um gradiente hidrodinâmico
regional, pela circulação de fluidos na bacia devido à convecção térmica e pela
migração ascendente das águas dos poros expelidas durante a compactação.
47
Presença da Matéria Orgânica
Em grandes profundidades, a redução de sulfato dá lugar à fermentação
bacteriana, produzindo metano, íons de bicarbonato e íons de hidrogênio. Esta
fermentação ocorre em profundidades onde a temperatura máxima alcança valores
entre 75 e 80°C (BOGGS JR., 2009)
Durante o soterramento, a matéria orgânica é inicialmente alterada pela
atividade microbiana, sofrendo modificações químicas subsequentes, devido a
processos como a polimerização, policondensação (formação de ácidos húmicos e
fúlvicos pela combinação de compostos orgânicos moleculares) e insolubilização
(conversão de ácidos húmicos e fúlvicos para humina insolúvel). Estes processos
convertem a matéria orgânica em querogênio (TISSOT & WELTE, 1984, p 90,
CLAYTON, 1994), o qual pode ser um precursor na produção de petróleo (BOGGS
JR., 2009).
Os grupos que formam o querogênio podem ser submetidos a processos
químicos, a temperaturas inferiores a cerca de 80 ° C, para formar os ácidos
orgânicos solúveis em água (por exemplo, ácidos carboxílicos e fenóis) em folhelhos
e argilitos associados. Estes ácidos orgânicos são expulsos durante a transição da
esmectita para ilita (desidratação), migrando para os poros dos arenitos (BOGGS
JR., 2009).
Ainda segundo este autor, as reações orgânicas afetam a solubilidade de
carbonatos e aluminossilicatos, porque eles tendem a produzir águas ácidas nos
poros dos sedimentos.
Compactação
A compactação ocorre durante o soterramento, reduzindo a porosidade
primária do pacote sedimentar, promovendo a expulsão da água dos poros e o
afinamento das camadas. Com isso, os grãos são rearranjados, aumentando a
densidade da rocha (Figura 23).
A compactação de areias pode envolver (1) rearranjo mecânico, onde os
grãos ficam mais “apertados”, (2) dobra de grãos flexíveis, tais como micas, (3)
48
deformação dúctil e plástica, em particular de grãos maleáveis, como fragmentos de
rochas, (4) fraturas, especialmente em material carbonático (conchas) e também em
silicatos e (5) dissolução por pressão, podendo ocorrer com quartzo e outros
minerais (WILSON & MCBRIDE, 1988, apud BOGGS JR., 2009).
Figura 23 - Compactação de sedimentos, mostrando a diminuição dos poros e rearranjo dos grãos.
Associado à compactação, ocorre ainda a cimentação que colabora para a
diminuição da porosidade primária dos pacotes sedimentares (BOGGS JR., 2009).
Cimentação
As reações de precipitação podem começar durante a eodiagênese,
resultando na formação de minerais de argila, overgrowths de k-feldspato
autigênicos, overgrowths de quartzo e cimentos carbonáticos em profundidades
rasas (Figura 24). A cimentação continua durante vários estágios de
mesodiagênese, podendo ocorrer também em algumas condições de telodiagênese
(BOGGS JR., 2009).
Estrutura deposicionalCompactação Mecânica
Deformação e fraturamento de
grãos por compactação
Fragmento de Argilito
deformado por contato
com grãos rígidos
Mica detrítica
deformada entre
grãos rígidos
Contato longo entre
grãos
Grãos dúcteis alterados e deformados, micas
fraturadas e cimentação de quartzo
Fragmento de Argilito
alterado preenchendo
poros
Cimentação de quartzo
em superfície de
quartzo detrítico
Mica detrítica deformada
entre grãos rígidos
Estilolito desenvolvido
entre grãos de quartzo
Compactação Química
Grãos suportados por matriz
Estrutura deposicional
Intraclasto de
Lamito
Mica detrítica
Feldspato
detrítico
Quartzo detrítico
Grãos de
quartzo
Cimento
de quartzo
Mica
detrítica
Feldspato
detrítico
Fragmento
de lamito
Fonte: Modificado de Burley & Worden, 2003.
49
Figura 24 - Processo de cimentação de grãos.
A cimentação precoce pode restringir o movimento subsequente de fluidos
através de sedimentos, onde grande parte da porosidade primária dos arenitos pode
ser destruída em profundidades de soterramento até 5 km, por uma combinação de
cimentação e compactação.
Os minerais mais comuns que ocorrem como cimentos em rochas
siliciclásticas incluem quartzo, calcedônia, opala, K-feldspato, albita, calcita,
aragonita, dolomita, siderita, ankerita, hematita, goethita (limonita), pirita, gipsita,
anidrita, barita, clorita. Sendo que destes, a sílica, o carbonato, e os minerais de
argila são, de longe, são os cimentos mais importantes e abundantes (BOGGS JR.,
2009).
Os cimentos carbonáticos são mais típicos em arenitos quartzosos, porém
ocorrem também em arenitos feldspáticos (MORAD et. al., 1990 apud BOGGS JR.,
2009) e folhelhos. Sua distribuição irregular pode ser proveniente da precipitação, ou
devido à remoção parcial decorrente da dissolução durante o soterramento ou a
exposição do afloramento (BOGGS JR., 2009).
Grãos de
quartzo
Cimento de
quartzo
Cimento
de AlbitaCimento de Calcita ou
Dolomita
Grãos de
Plagioclásio
Fonte: Burley & Worden, 2003.
50
O principal mineral carbonático que ocorre como cimento em sedimentos
siliciclásticos é a calcita, podendo ocorrer em quantidades menos expressivas
dolomita, ankerita (dolomita ferrosa), siderita e aragonita.
Os cimentos de sílica são comuns em arenitos quartzosos e feldspáticos e
ocorrem sob a forma de overgrowths. O volume de cimento de quartzo em arenitos
tende a diminuir exponencialmente com o aumento do teor da matriz (DUTTON &
DIGGS, 1990 apud BOGGS JR., 2009).
A precipitação de sílica ocorre quando a água dos poros encontra-se
saturada, devido ao enriquecimento durante a circulação de fluidos, por um longo
período de tempo. Esse tipo de cimentação ocorre durante a eodiagênese e início da
mesodiagênese porque, são necessárias condições de profundidade e temperatura
mais baixas.
Dissolução de Cimento e Constituintes Minerais
O processo de dissolução consiste na remoção parcial ou total de um
constituinte mineral pré-existente ou cimento. Ocorre quando a solubilidade de um
mineral é excedida sob influência de modificações de Eh, pH, temperatura e
salinidade. O cimento também pode ser dissolvido, por exemplo, no caso dos
carbonatos, devido a diminuição do pH, da temperatura e aumento da salinidade.
Além disso, nesse estágio, a dissolução pode ocorrer também por pressão.
A dissolução é dita completa, quando o material dissolvido tem a mesma
composição do mineral, ou seletiva, quando a parte não dissolvida de um mineral
tem sua composição alterada. (BOGGS JR., 2009).
4.1.1.3 Telodiagênese
A telodiagênese ocorre durante o soerguimento, onde o pacote sedimentar
fica exposto a percolação de água meteórica, com baixas pressões e temperaturas,
favorecendo alteração de seus constituintes por intemperismo.
Segundo Boggs Jr. (2009), dentre as alterações que podem ocorrer nesta
fase, as mais comuns são a oxidação e destruição da matéria orgânica e oxidação
de alguns minerais que contém ferro em sua composição.
51
A percolação de fluidos meteóricos pode provocar a dissolução de grãos ou
cimento criando porosidade secundária, além de favorecer também a precipitação,
formando novos constituintes.
52
CAPÍTULO 5 – PETROGRAFIA E DIAGÊNESE DOS ARENITOS DO MEMBRO
BOIPEBA
Foram descritas 9 lâminas delgadas e detalhadas em fichas petrográficas
(Anexo I), de forma a apresentar as características mais relevantes dos arenitos do
Membro Boipeba da Formação Aliança, no Campo de Araçás.
As descrições foram feitas baseadas nos aspectos texturais, fábrica, relação
inter-grãos (contatos), composição mineralógica (primária e diagenética),
modificações diagenéticas, relações paragenéticas e sistema poroso, para
interpretação da evolução diagenética dos arenitos deste reservatório.
5.1 Composição Modal
A composição foi obtida através da contagem de 200 pontos por lâmina,
distribuídos de forma a se obter melhor representatividade dos seus constituintes.
5.1.1 Arcabouço
Os principais constituintes primários encontrados nas lâminas foram o quartzo
e o plagioclásio detríticos, seguidos de microclínio e pertita (Fotomicrografia 1).
O quartzo mostra grãos predominantemente com forte extinção ondulante,
mas também com fraca extinção e ainda em fragmentos de rochas plutônica e
metamórfica. Enquanto que o plagioclásio detrítico aparece como grão
monomirelálico, podendo apresentar alteração proveniente da fonte.
53
Fotomicrografia 1 - Constituintes primários. (Qtz - Quartzo; Pl - Plagioclásio; Mic - Microclina; Pt - Pertita.
.
As micas, muscovita (Fotomicrografia 2) e biotita (Fotomicrografia 3) , foram
encontradas em menor proporção representando minerais detríticos, por vezes
deformados pela compactação. A biotita apresenta pleocroísmo avermelhado
indicando ser enriquecida em titânio. Por vezes mostra-se substituída por clorita,
uma característica do retrometamorfismo da fonte.
Qtz
Pl
Mic
Pt
Fotomicrografia 2 - Cristais de muscovita. (Ms)
Ms
54
Foi encontrado fragmento de silcrete (Fotomicrografia 4), junto a fragmentos
de rochas metamórfica e plutônica, além dos grãos de quartzo e plagioclásio como
constituintes do arcabouço dos arenitos.
Fotomicrografia 4 - Fragmento de silcrete, encontrado no arcósio lítico. (Sct-Silcrete; Frg Met– Fragmento de rocha metamórfica; Pt – Pertita; Qtz – Quartzo.
0,1 mm
Bt
Fotomicrografia 3 - Biotita sendo substituída por anatásio. (Bt).
Sct
Frg Met
Qtz Pt
55
5.1.2 Cimento
A cimentação se deu principalmente por calcita e anidrita. Mas também foram
observados minerais diagenéticos que expressam os primeiros estágios da
eodiagênese que são argila infiltrada, hematita e leucoxênio.
A infiltração de argila observada em lâmina ocorre como um revestimento do
grão (Fotomicrografia 5).
Hematita e leucoxênio formaram-se entre a eodiagênese precoce e tardia,
apresentando hábitos microcristalinos, preenchendo poro intergranular no
arcabouço. (Fotomicrografia 6)
Arg Inf
Fotomicrografia 5 - Argila infiltrada ao redor do grão de quartzo.
(Arg Inf).
56
A anidrita, assim como a calcita, foi encontrada em dois formatos:
poiquilotópica (Fotomicrografia 7) e blocosa (Fotomicrografia 8), preenchendo poros
intergranulares.
Fotomicrografia 7 - Anidrita poiquilotópica preenchendo poro. (Adt Pq)
He
Fotomicrografia 6 - Hematita microcristalina preenchendo poro. (He)
Adt Pq
57
Fotomicrografia 8 - Anidrita blocosa preenchendo poro. (Adt Bl).
Foram identificados dois tipos de calcita: poiquilotópica (Fotomicrografia 9) e
blocosa (Fotomicrografia 10).
A calcita poiquilotópica estava presente em praticamente todas as lâminas e
ocorria também substituindo a anidrita poiquilotópica, enquanto que a calcita blocosa
foi identificada apenas em 3 lâminas.
Adt Bl
58
Fotomicrografia 9 - Calcita poiquilotópica preenchendo poro. (Cct Pq).
Fotomicrografia 10 - Calcita blocosa, preenchendo poros . (Cct Bl).
O crescimento de quartzo (Fotomicrografia 11) foi observado em todas as
lâminas, aumentando em proporção modal com a profundidade. Mostra habito de
crescimento externo recobrindo parcialmente os grãos de quartzo com forte extinção
ondulante, preenchendo poro intergranular.
Cct Pq
Cct Bl
59
Fotomicrografia 11 - Crescimento de quartzo, posterior à preciptação de hematita. (Qtz Cr - Crescimento de Quartzo; Qtz - Quartrzo; He - Hematita).
Também foi identificado em menor proporção, crescimento de k-feldspato
recobrindo parcialmente grãos de plagioclásio e/ou pertita (Fotomicrografia 12).
Fotomicrografia 12 - Crescimento de k-feldspato (Cr K-Fd)).
Qtz
He Qtz Cr
Cr K-Fd K-Fd
60
Foram observados ainda, minerais diagenéticos substituindo biotita titanífera
e clorita. Estes minerais são o leucoxênio, na forma de pigmento e o anatásio com
hábito blocoso (Fotomicrografia 13).
A clorita/esmectita ocorre com hábito fibroso, intergranular, substituindo
pseudomatriz lamosa, que por sua vez preenchia poro intergranular.
Fotomicrografia 13 - Anatásio blocoso (Ant) e pigmento de leucoxênio (Lcx), substituindo clorita.
A clorita ocorre com hábito fibroso, preenchendo poro intergranular no
arcabouço (Fotomicrografia 14).
A ilita ocorre com hábito microcristalino, substituindo clorita/esmectita.
A calcedônia ocorre com hábito fibro-radiado, intragranular, substituindo
intraclasto de silcrete.
Ant
Lcx
61
Fotomicrografia 14 - Clorita fibrosa preenchendo poro. (Clr - Clorita; Qtz - Quartzo; Adt - Anidrita).
Após a descrição de cada lâmina e organização em fichas petrográficas
(Anexo 1), foi possível preparar uma tabela com a composição mineralógica modal
(Tabela 3), onde as lâminas aparecem identificadas da mais rasa para a mais
profunda e os constituintes primários, diagenéticos e porosidade, diferenciados.
Clr
Qtz
Adt
62
Tabela 3- Composição modal dos constituintes encontrados em lâmina.
1 2 3 4 5 6 7 8 9
3309,0 3314,4 3327,1 3334,0 3346,3 3360,6 3364,0 3365,0 3383,6
Quartzo detrítico 32,5 41,0 37,5 39,5 50,0 41,0 18,5 43,0 35,0
Quartzo (FRM) 19,0 3,5
Quartzo (FRP) 8,0
Plagioclásio detrítico 19,0 21,5 27,0 16,5 16,5 23,0 7,5 9,0 15,0
Plagioclásio detrítico (FRP) 9,0
Microclínio detrítico 4,0 4,0 4,5 1,5 9,0 6,5 2,0 4,0 7,5
Microclínio detrítico (FRP) 5,0
Pertita detrítica 1,5 1,0 2,5 2,5 2,0 1,5 1,5 2,0
Pertita detrítica (FRP) 3,5
Biotita 4,0 1,5 1,5 2,5 1,0 4,0 1,0 1,0 0,5
Muscovita 5,0 0,5 0,5 1,5 5,5 2,0 1,5 2,0
Muscovita (FRM) 3,5 1,5
Titanita 0,5 0,5
Titanita (FRM) 0,5
Zircão 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5
Intraclasto de silcrete 0,5
Calcita poiquilotópica 10,0 5,0 4,0 1,5 1,0 3,5 18,0 10,5
Calcita blocosa 1,5 1,0 4,0
Hematita microcristalina 6,0 4,5 2,0
Hematita pigmento (P) 3,5 4,5 2,5
Hematita pigmento (D) 2,0 5,5 4,0
Quartzo crescimento 2,5 2,5 3,0 3,0 1,0 2,5 1,0 2,5 10,0
Clorita 1,0 5,5 4,0 2,5
Leucoxênio pigmento 4,5 5,0 1,5 1,0 1,5
Leucoxênio microcristalino 3,0 4,0
Clorita / Esmectita 10,5 3,5
Ilita 3,0 0,5
Anatásio blocoso 3,5 2,5 4,5 1,5 4,5 1,5
Argila infiltrada 1,5
Pseudomatriz lamosa 2,0 0,5
Anidrita blocosa 1,5
Anidrita poiquilotópica 2,0 6,5 5,5 2,0 5,0 8,0
K-feldspato crescimento 0,5 1,0 0,5 0,5
Calcedônia 0,5
Hidrocarboneto 8,5 2,5 5,0 2,5 5,0
Poro intergranular 3,5
Poro de fratura 0,5
Lâmina / Profundidade (m)
Porosidade (%)
COMPOSIÇÃO
Constituintes primários (%)
Constituintes diagenéticos (%)
63
Figura 25 - Gráfico de dispersão de constituintes primários.
Figura 26 - Gráfico de dispersão de constituintes diagenéticos (EODIAGÊNESE).
3300,0
3310,0
3320,0
3330,0
3340,0
3350,0
3360,0
3370,0
3380,0
3390,0
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0
Quartzo detrítico
Quartzo (FRM)
Quartzo (FRP)
Plagioclásio detrítico
Plagioclásio detrítico (FRP)
Microclínio detrítico
Microclínio detrítico (FRP)
Pertita detrítica
Pertita detrítica (FRP)
Biotita
Muscovita
Muscovita (FRM)
3300,0
3310,0
3320,0
3330,0
3340,0
3350,0
3360,0
3370,0
3380,0
3390,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0
Calcita poiquilotópica
Hematita microcristalina
Quartzo crescimento
Leucoxênio microcristalino
Clorita / Esmectita
Argila infiltrada
Pseudomatriz lamosa
Anidrita poiquilotópica
K-feldspato crescimento
Calcedônia
Distribuição (%)
Pro
fund
idad
e (
m)
Distribuição (%)
Pro
fund
idad
e (
m)
64
Figura 27 - Gráfico de dispersão de constituintes diagenéticos (MESODIAGÊNESE).
Figura 28 - Gráfico de dispersão de constituintes diagenéticos (TELODIAGÊNESE).
3300,0
3310,0
3320,0
3330,0
3340,0
3350,0
3360,0
3370,0
3380,0
3390,0
0,0 5,0 10,0 15,0
Calcita blocosa
Quartzo crescimento
Clorita
Clorita / Esmectita
Ilita
Anatásio blocoso
Anidrita blocosa
3300,0
3310,0
3320,0
3330,0
3340,0
3350,0
3360,0
3370,0
3380,0
3390,0
0,0 5,0 10,0
Hematita pigmento (P)
Hematita pigmento (D)
Leucoxênio pigmento
Hidrocarboneto
Distribuição (%) P
rofu
nd
idad
e (
m)
Pro
fund
idad
e (
m)
Distribuição (%)
65
Os minerais mais abundantes são quartzo e plagioclásio detrítico, seguidos
de calcita poiquilotópica.
Na lâmina de maior profundidade (3383,6 m) foi observado um aumento da
porcentagem do crescimento de quartzo e diminuição da porcentagem de calcita
poiquilotópica.
Ainda baseado nos dados da tabela, pode-se observar que a clorita/esmectita
e a ilita ocorrem em profundidades até 3334 m, enquanto que a clorita predomina
nas maiores profundidades.
5.2 Textura
Como a escolha das profundidades para confecção das lâminas se deu de
forma a representar ambientes sedimentares com características diversificadas
(arenitos fluviais, eólicos de lençol de areia, de barras arenosas e cascalhosas), as
texturas identificadas são de laminação irregular com orientação dos grãos do
arcabouço (Fotomicrografias 15) ou maciças conjuntas de compactação (estilolitos)
preenchidas por anatásio e óleo biodegradado (Fotomicrografia 16)
Fotomicrografia 15 - Textura apresentando grãos orientados e presença de óleo biodegradado.
Fotomicrografia 16 - Textura de arenito maciço, apresentando estilolito preenchido por óleo
biodegradado e anatásio.
Baseado no diagrama textural de Folk, os arenitos foram classificados
principalmente como arcósios e, apenas na lâmina 07, foi classificado como arcósio
lítico, devido a maior presença de fragmentos de rochas plutônica e metamórfica na
66
forma de grânulos e seixos que macroscopicamente classificam a rocha como
conglomerados componentes das barras cascalhosas (Figura 25).
Figura 29 - Diagrama de Folk (composição original), apresentando a classificação dos arenitos: (a) Arcósio e (b) Arcósio lítico.
Os arcósios identificados são arenitos com teor considerável de feldspato,
onde predominam constituintes cuja granulometria varia de silte a areia grossa. Já o
arcósio lítico, foi assim classificado, devido ao teor de feldspato e ao conteúdo de
partículas detríticas de fragmentos de rochas metamórfica e plutônica, bem como a
fração granulométrica variando de silte a seixo.
5.3 Porosidade
Apesar destes arenitos se encontrarem bastante compactados, foram
identificados poros em duas lâminas, observando-se o tamanho, seleção,
distribuição e orientação.
Com tamanho médio, os poros variam de 0,016 – 0,125mm, seleção regular a
ruim, distribuição heterogênea, podendo estar orientados ou não.
a
b
67
Alguns destes encontram-se preenchidos por óleo biodegradado
(Fotomicrografia 17). Porosidade secundaria foi também observada, resultante da
dissolução de clorita diagenética (Fotomicrografia 18).
Foram observadas estruturas de dissolução por pressão (estilolitos), todas
preenchidas por minerais diagenéticos, principalmente clorita (Fotomicrografia 19),
anatásio e óleo biodegradado (Fotomicrografia 20).
Fotomicrografia 17 - Poro intergrãos, preenchido por óleo.
Fotomicrografia 18 - Poros resultantes de dissolução da clorita.
Fotomicrografia 19 - Estilolito preenchido por clorita.
Fotomicrografia 20 - Estilolito preenchido por anatásio e óleo biodegradado.
68
5.4 Diagênese
Os processos diagenéticos a que foram submetidos estes reservatórios
indicam uma grande heterogeneidade, que, segundo Salem et. a,.(2000), durante a
eodiagênese foi controlada pelo clima árido/semiárido, na mesodiagênese,
relacionada ao rápido soterramento a 3500m e a telodiagênese, associada ao
soerguimento posterior.
Os processos diagenéticos observados em lâmina são compactação
mecânica, infiltração de argila, crescimento de quartzo e k-feldspato, cimentação de
anidrita, calcita e óxidos/hidróxidos de ferro e titânio, além de dissolução por
pressão.
A infiltração de argila se dá durante chuvas esparsas em ambienta árido,
quando a água percola sedimentos flúvio-eólicos e deposita argilas entre a
superfície e o lençol freático.
A compactação mecânica se deu, desde a eodiagênese precoce, até a
mesodiagênese rasa. Os processos seguintes compreenderam a formação
pseudomatriz, seguida de cimentação de quartzo e k-feldspato (Fotomicrografia 21)
e formação de calcedônia. À exceção da cimentação de quartzo, que ocorreu
durante a eodiagênese precoce e também posteriormente, durante a
mesodiagênese, todos os constituintes citados anteriormente se formaram durante a
eodiagênese.
69
Fotomicrografia 21 - Cimentação por anidrita, posterior ao crescimento de k-feldspato (Cr K-Fd; Clr - Clorita; Adt - Anidrita).
A cimentação por anidrita poiquilotópica ocorreu durante toda a eodiagênese,
devido ao clima árido/semiárido, que favoreceu a precipitação deste sulfato (SALEM
et al. 2000), se estendendo até a mesodiagênese rasa, onde foi observada a
presença de anidrita blocosa.
Na mesodiagênese, com o rápido soterramento e devido às condições de
mais altas temperatura (entre 100 e 200º C) e pressão (entre 3 e 5 Kbar), formaram-
se clorita, anatásio e ilita, esta última em substituição à clorita/esmectita, que ocorre
desde a eodiagênese tardia até a mesodiagênese rasa.
O processo de dissolução por pressão se deu desde a eodiagênese tardia até
o final da mesodiagênese.
Durante a telodiagênese, ocorreu precipitação de hematita e leucoxênio, sob
a forma de pigmento recobrindo grãos do arcabouço e minerais diagenéticos como
calcita, clorita e ilita (Fotomicrografia 22).
K-Fd
Clr
Adt
Cr K-Fd
70
O hidrocarboneto foi encontrado preenchendo poros resultantes de dissolução
de constituintes diagenéticos. Isso só foi possível, pois, durante o soerguimento
(telodiagênese), ocorreu percolação de água meteórica, provocando a dissolução
destes constituintes, criando espaços vazios.
Fotomicrografia 22 - Pigmento de hematita (He) sobre grãos.
He
71
CAPÍTULO 6 – EVOLUÇÃO DIAGENÉTICA
A tabela 4 apresenta um resumo da evolução diagenética para os arenitos do
Membro Boipeba no Campo de Araçás.
Tabela 4 - Evolução diagenética para os arenitos do Mb. Boipeba.
Os primeiros estágios da diagênese (eodiagênese) estiveram sob forte
controle do clima árido/semiárido, influenciando na composição mineralógica e na
cimentação dos arenitos.
Primeiramente têm-se a compactação dos sedimentos, que se deu desde a
eodiagênese até a mesodiagênese rasa. A compactação mecânica foi observada
através da deformação (principalmente grãos de mica), orientação e fratura de
grãos, enquanto a compactação química ocorreu devido a dissolução por pressão,
precipitação e alteração de argilas, cimentação de quartzo, k-feldspato e
óxidos/hidróxidos de ferro e titânio.
Compactação
Argila Infiltrada
Hematita
Leucoxênio
Pseudomatriz
Quartzo
K-Feldspato
Calcedônia
Anidrita
Calcita
Clorita
Anatásio
Clorita / Esmectita
Ilita
Dissolução por pressão
Dissolução pordescompactação
Hidrocarboneto
Eodiagênese Mesodiagênese Telodiagênese
72
A presença de argilas infiltradas se deve às chuvas episódicas em ambiente
árido, onde a água percola sedimentos flúvio-eólicos, carreando estes sedimentos
finos em suspensão, depositando-os em sub-superfície, acima do lençol freático .
Segundo Keller, (1970); Walker et. al. (1978), apud Salem et. al. (2000), o
intemperismo químico de rochas geradoras em condições semiáridas explica a
composição esmectítica das argilas infiltradas e sua associação com óxidos de ferro.
Hematita e leucoxênio microcristalinos ocorrem preenchendo poros
intergranulares, podendo anteceder a cimentação de quartzo.
A origem da anidrita está associada, principalmente, ao clima árido/semiárido,
que favoreceu a precipitação deste sulfato, durante a eodiagênese. Aparece, por
vezes, sendo substituída parcialmente ou quase totalmente por calcita.
De acordo com Salem et. al. (2000), a interação eogenética das águas
meteóricas com os arenitos, próximo à superfície, resultou na dissolução de silicatos
detríticos, principalmente quartzo e feldspatos. Os íons resultantes da dissolução de
silicatos detríticos nas águas dos poros pode ter precipitado em menor proporção,
feldspato potássico e esmectita.
Ainda segundo estes autores, as fontes dos cimentos carbonáticos em
sedimentos siliciclásticos continentais são muitas vezes enigmáticas e pouco
explicadas na literatura. Provavelmente, as fontes destes cimentos no Membro
Boipeba incluem a alteração de cálcio e minerais de magnésio (por exemplo,
plagioclásio e biotita) transportados durante o intemperismo das rochas geradoras e
diagênese inicial dos arenitos. Plagioclásios detríticos ricos em cálcio foram
dissolvidos durante a eodiagênese.
Outra fonte para esses cimentos carbonáticos seria o leve enriquecimento
considerável de carbonatos eogenéticos pelo mecanismo de oxidação de matéria
orgânica, com a contribuição de carbono dissolvido a partir de CO2 atmosférico
misturado com pequenas quantidades de carbono dissolvido C3 de plantas (SALEM
et. al. 2000).
73
Durante o Jurássico, a derivação de CO2 atmosférico foi provavelmente
reforçada pela elevada pressão atmosférica de CO2 (BERNER, 1991 apud SALEM
et. al., 2000).
Durante a mesodiagênese, devido às condições de mais altas temperatura e
pressão, observou-se que o soterramento progressivo e a compactação
ocasionaram uma diminuição considerável da porosidade e da permeabilidade dos
arenitos, resultando na deformação de grãos dúcteis (principalmente argilas e micas)
e estilolitos formados pela dissolução por pressão.
A cimentação mesogenética é dada principalmente por calcita e anidrita
blocosas e crescimento de quartzo. A ocorrência de anidrita blocosa se deve ao
aumento de temperatura e pressão ocasionando dissolução da anidrita
poiquilotópica, o que lhe confere este hábito.
Segundo Salem et. al. (2000), a precipitação de calcita ocorreu em arenitos
que foram submetidos à dissolução por pressão e cimentação de quartzo, e,
consequentemente com baixos volumes intergranulares.
A calcita mesogenética ocorre sob a forma de blocos e sua origem é
proveniente da dissolução da calcita eogenética, seguida de nova precipitação.
O crescimento de quartzo foi observado em todas as lâminas, porém em
proporção considerável na lâmina de maior profundidade (3383,6m), fato este que
deve ser atribuído ao aumento de temperatura e pressão.
Salem et. al. (2000) verificaram que são mais abundantes em arenitos cujas
profundidades de soterramento são superiores a 3km e a quantidade de cimento de
quartzo depende do grau de cimentação eogenética, da compactação química e
revestimentos de argila envolvendo os grãos.
A origem da sílica que formou o cimento de quartzo mesogenético foi
evidentemente a dissolução de quartzo detrítico por pressão, ao longo de contatos
de grãos e estilolitos (SALEM et. al., 2000).
Alguns minerais mesogenéticos como a ilita e a clorita estão intimamente
associados com crescimentos de quartzo. Nos arenitos do Membro Boipeba, estes
minerais foram formados por sucessivas transformações diagenéticas de
revestimentos de grãos e argilas esmectíticas infiltradas (SALEM et. al., 2000).
74
Segundo Salem et. al. (2000), as razões para a transformação de esmectita
nos arenitos mesogenéticos não são claras, no entanto, um importante fator que
elevou as reações de transformação foi a presença no arcabouço de grãos que
atuaram como fontes de K, Fe, e Mg.
O anatásio aparece com hábito blocoso, ora substituindo biotita, ora
substituindo clorita. Ainda ocorre nestes arenitos alteração da titanita para anatásio.
Os processos telogenéticos observados estão diretamente relacionados ao
soerguimento do pacote sedimentar, que foi exposto às condições de mais baixas
temperatura e pressão, provocando dissolução por descompactação. A percolação
de água meteórica ocasionou a dissolução dos constituintes diagenéticos,
principalmente a clorita, criando poros nos arenitos.
Os poros resultantes dessa descompactação aparecem preenchidos por óleo
morto, que, devido ao tectonismo, migrou da rocha geradora para a rocha
reservatório.
Além disso, foram observados também pigmentos de hematita e leucoxênio,
manchando constituintes primários e diagenéticos. Estes pigmentos são
provenientes da alteração de constituintes primários e diagenéticos preexistentes,
onde são carreados e precipitados óxidos/hidróxidos de ferro e titânio, nesta fase.
75
CAPÍTULO 7 – CONCLUSÃO
As propriedades do reservatório do Membro Boipeda no Campo de Araçás
foram controladas por diversas modificações diagenéticas que ocorreram em
condições próximas da superfície (eodiagênese e telodiagênese) e durante o
soterramento (mesodiagênese) (SALEM et. al., 2000).
Durante a eodiagênese ocorreu principalmente compactação e cimentação
por anidrita e calcita, reduzindo a porosidade primária do pacote sedimentar. Além
destes minerais, formaram-se ainda argila infiltrada envolvendo grãos, hematita e
leucoxênio microcristalinos, k-feldspato (sobrecrescimento) e clorita/esmectita. Estes
processos foram controlados pelo clima árido/semiárido. A mesodiagênese foi
evidenciada principalmente pela cimentação de quartzo, onde os processos foram
controlados pela dissolução e remobilização de constituintes minerais, devido ao
aumento de temperatura e pressão. Estes processos provocaram ainda outras
transformações como dissolução e remobilização de anidrita e calcita, precipitando-
as com hábito blocoso, além da substituição de clorita/esmectita por clorita e/ou ilita.
A telodiagênese está associada à alteração de constituintes preexistentes por
percolação de água meteórica, tendo sido controlada pelo soerguimento da bacia.
Os minerais diagenéticos observados neste estágio foram pigmentos de hematita e
leucoxênio.
Devido aos processos diagenéticos, os arenitos do Membro Boipeba
encontraram-se bastante compactados e cimentados principalmente por calcita e
anidrita, que além da cimentação por quartzo, reduziram consideravelmente a
porosidade e permeabilidade do reservatório.
Os poucos poros observados foram resultantes de dissolução de constituintes
diagenéticos (clorita e esmectita), além das fraturas de compactação (estilolitos)
estando por vezes preenchidas por óleo morto.
De acordo com as características observadas em lâmina, foi possível concluir
que os arenitos estudados do Membro Boipeba não constituem bons reservatórios
para hidrocarbonetos, no poço descrito para o Campo de Araçás.
76
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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77
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79
Lama Areia Cascalho
0 100 0
%
32,5
19,0
4,0
1,5
4,0
3,5
0,5
10,0
1,5
6,0
3,5
2,0
2,5
1,0
8,5
Como grão monominerálico.
Plagioclásio detríticoComo grão monominerálico; alguns grãos apresentam
alteração proveniente da fonte.
Diagrama de Folk (composição original)
Arcósio
Classificação
Constituintes Diagenéticos
Preenchendo poro intergranular no arcabouço.
Preenchendo poro intergranular no arcabouço.
Fibrosa, preenchendo poro intergranular no arcabouço.
Preenchendo poro intergranular no arcabouço.
Preenchendo poro intergranular no arcabouço.
Crescimento externo sobre quartzo detrítico como grão
monominerálico, preenchendo poro intergranular.
Intragranular substitutivo, cobrindo calcita intergranular
preenchendo poro.
Intragranular substitutivo, cobrindo quartzo detrítico
monocristalino.
Calcita blocosa
LÂMINA - 01
Textura (%)
Composição Descrição
Quartzo detrítico
Monocristalino, com extinção fortemente ondulante,
como grão monominerálico; alguns grãos apresentam
extinção ligeiramente ondulante.
Profundidade
Ambiente
3309,0 m
Fluvial
Constituintes Primários
Calcita poiquilotópica
Como grão monominerálico.
Como grão monominerálico; alguns grãos estão
deformados pela compactação.
Como grão monominerálico; alguns grãos estão
deformados pela compactação.
Como grão monominerálico.
Microclínio detrítico
Pertita detrítica
Biotita
Muscovita
Titanita
Hidrocarboneto
Hematita pigmento
Clorita
Hematita pigmento
Hematita microcristalina
Quartzo crescimento
80
Lama Areia Cascalho
0 100 0
%
41,0
21,5
4,0
1,0
1,5
5,0
5,0
1,0
4,5
4,5
3,5
2,0
3,0
2,5
Classificação
Diagrama de Folk (composição original)
Arcósio
Hematita pigmentoIntragranular substitutivo, cobrindo anatásio diagenético
intergranular preenchendo poro.
Quartzo crescimento Crescimento externo sobre quartzo detrítico como grão
monominerálico, preenchendo poro intergranular.
Leucoxênio microcristalino Preenchendo poro intergranular no arcabouço.
Hematita pigmentoIntragranular substitutivo, cobrindo calcita intergranular
preenchendo poro.
Calcita blocosa Preenchendo poro intergranular no arcabouço.
Hematita microcristalina Preenchendo poro intergranular no arcabouço.
Hematita pigmentoIntragranular substitutivo, cobrindo quartzo detrítico
monocristalino.
MuscovitaComo grão monominerálico; alguns grãos estão
deformados pela compactação.
Constituintes Diagenéticos
Calcita poiquilotópica Preenchendo poro intergranular no arcabouço.
Microclínio detrítico Como grão monominerálico.
Pertita detrítica Como grão monominerálico.
BiotitaComo grão monominerálico; alguns grãos estão
deformados pela compactação.
Plagioclásio detríticoComo grão monominerálico; alguns grãos apresentam
alteração proveniente da fonte.
LÂMINA - 02
Profundidade 3314,40 m
Ambiente Eólico
Textura (%)
Composição Descrição
Constituintes Primários
Quartzo detrítico
Monocristalino, com extinção fortemente ondulante,
como grão monominerálico; alguns grãos apresentam
extinção ligeiramente ondulante.
81
Lama Areia Cascalho
0 100 0
%
37,5
27,0
4,5
1,5
0,5
0,5
10,5
3,0
4,0
4,5
3,5
3,0
Diagrama de Folk (composição original)
Classificação
Arcósio
Zircão Como grão monominerálico.
Constituintes Diagenéticos
Clorita/EsmectitaFibrosa, intergranular, substituindo pseudomatriz
lamosa, preenchendo poro.
Leucoxênio pigmento
Intragranular substitutivo, cobrindo clorita/esmectita
intergranular preenchendo poro; ocorre também
preenchendo stilolito.
Anatásio blocoso
Preenchendo fratura de rocha (stilolito), intercrescido
com Leucoxênio; ocorre também substituindo
pseudomatriz.
Quartzo crescimento Crescimento externo sobre quartzo detrítico como
grão monominerálico, preenchendo poro intergranular.
Hematita pigmentoIntragranular substitutivo, cobrindo clorita/esmectita
intergranular preenchendo poro.
Muscovita Como grão monominerálico.
Ilita microcristalina Intragranular, substituindo clorita/esmectita.
Microclínio detrítico Como grão monominerálico.
Biotita Como grão monominerálico.
Plagioclásio detrítico
Como grão monominerálico; alguns grãos apresentam
alteração proveniente da fonte; raros grãos alterando
para clorita.
LÂMINA - 03
Profundidade 3327,10 m
Ambiente Fluvial
Textura (%)
Composição Descrição
Constituintes Primários
Quartzo detrítico
Monocristalino, com extinção fortemente ondulante,
como grão monominerálico; alguns grãos apresentam
extinção ligeiramente ondulante.
82
Lama Areia Cascalho
10 90 0
%
39,5
16,5
2,5
1,5
2,5
0,5
0,5
5,0
2,5
4,0
4,0
3,5
1,5
0,5
3,0
2,0
2,0
2,0
0,5
2,5
3,5
Diagrama de Folk (composição original)
Classificação
Arcósio
Porosidade
Poro intergranularReduzido por compactação; dissolução de
clorita/esmectita.
Anidrita poiquilotópicaPreenchendo poro intergranular no arcabouço;
provavelmente ocorra também gipsita.
Hematita microcristalina Preenchendo poro intergranular no arcabouço.
K-feldspato Crescimento externo sobre pertita detrítica como grão
monominerálico, preenchendo poro intergranular.
Hidrocarboneto Preenchendo poro intergranular no arcabouço.
Pertita detrítica Como grão monominerálico.
Calcita blocosa Intergranular, preenchendo poro no arcabouço.
Calcita poiquilotópica Intergranular, preenchendo poro no arcabouço.
Quartzo crescimento Crescimento externo sobre quartzo detrítico como grão
monominerálico, preenchendo poro intergranular.
Pseudomatriz lamosa Preenchendo poro intergranular no arcabouço.
Leucoxênio pigmento Intergranular, preenchendo poro no arcabouço.
Anatásio blocoso Intragranular substitutivo, cobrindo clorita/esmectita.
Argila infiltrada
Fibrosa, intergranular, cobertura de grão descontínua,
em poro no arcabouço; neocristalizada para
clorita/esmectita.
Ilita microcristalinaIntragranular, substituindo plagiocásio detrítico,
monominerálico.
Zircão Como grão monominerálico.
Constituintes Diagenéticos
Clorita/EsmectitaFibrosa, intergranular, substituindo pseudomatriz
lamosa, preenchendo poro.
Microclínio detrítico Como grão monominerálico.
BiotitaComo grão monominerálico; algum grão deformado pela
compactação.
Muscovita Como grão monominerálico.
Plagioclásio detríticoComo grão monominerálico; alguns grãos apresentam
alteração proveniente da fonte.
LÂMINA - 04
Profundidade 3334,00 m
Ambiente Fluvial
Textura (%)
Composição Descrição
Constituintes Primários
Quartzo detríticoMonocristalino, com extinção fortemente/ligeiramente
ondulante, como grão monominerálico.
83
Lama Areia Cascalho
0 100 0
%
50,0
16,5
9,0
2,5
1,0
1,5
0,5
6,5
4,0
1,5
1,0
1,0
5,0
Classificação
Diagrama de Folk (composição original)
Arcósio
K-feldspato crescimento
Crescimento externo sobre pertita detrítica como
grão monominerálico, preenchendo poro
intergranular.
Hidrocarboneto Preenchendo poro intergranular no arcabouço.
Quartzo crescimento
Crescimento externo sobre quartzo detrítico como
grão monominerálico, preenchendo poro
intergranular.
Anidrita poiquilotópica Preenchendo poro intergranular no arcabouço.
Leucoxênio microcristalino Preenchendo poro intergranular no arcabouço.
Calcita poiquilotópica Intergranular, preenchendo poro no arcabouço.
Muscovita Como grão monominerálico.
Zircão Como grão monominerálico.
Constituintes Diagenéticos
Pertita detrítica Como grão monominerálico.
Microclínio detrítico Como grão monominerálico.
Biotita Como grão monominerálico.
Plagioclásio detríticoComo grão monominerálico; alguns grãos
apresentam alteração proveniente da fonte.
LÂMINA - 05
Profundidade 3346,30 m
Ambiente Eólico
Textura (%)
Composição Descrição
Constituintes Primários
Quartzo detrítico
Monocristalino, com extinção fortemente
ondulante, como grão monominerálico; alguns
grãos apresentam extinção ligeiramente
ondulante.
84
Lama Areia Cascalho
0 100 0
%
41,0
23,0
6,5
2,0
4,0
5,5
5,5
4,5
1,5
2,5
2,5
1,0
0,5
Diagrama de Folk (composição original)
Arcósio
Pseudomatriz lamosa Preenchendo poro intergranular no arcabouço.
Classificação
Anatásio blocosoIntragranular substitutivo, cobrindo quartzo
detrítico monocristalino.
Calcita poiquilotópica Intergranular, preenchendo poro no arcabouço.
Quartzo crescimento
Crescimento externo sobre quartzo detrítico como
grão monominerálico, preenchendo poro
intergranular.
Leucoxênio pigmentoIntragranular substitutivo, cobrindo quartzo
detrítico monocristalino.
Hematita pigmentoIntragranular substitutivo, cobrindo quartzo
detrítico monocristalino.
Muscovita Como grão monominerálico.
Constituintes Diagenéticos
Anidrita poiquilotópicaIntergranular, deslocando quartzo detrítico como
grão monominerálico.
Microclínio detrítico Como grão monominerálico.
Pertita detrítica Como grão monominerálico.
Biotita Como grão monominerálico.
Plagioclásio detríticoComo grão monominerálico; alguns grãos
apresentam alteração proveniente da fonte.
LÂMINA - 06
Profundidade 3360,60 m
Ambiente
Textura (%)
Composição Descrição
Constituintes Primários
Quartzo detrítico
Monocristalino, com extinção fortemente
ondulante, como grão monominerálico; alguns
grãos apresentam extinção ligeiramente
ondulante.
85
Lama Areia Cascalho
5 55 40
%
19,0
18,5
8,0
9,0
7,5
5,0
3,5
2,0
1,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,5
0,5
5,5
3,5
2,0
1,5
1,5
1,0
1,0
0,5
0,5
2,5
0,5
Classificação
Diagrama de Folk (composição original)
Arcósio Lítico
Poro de fraturaNo arcabouço, reduzido por compactação; dissolução de
quartzo detrítico como grão monominerálico.
Hidrocarboneto Preenchendo poro intergranular no arcabouço.
Anidrita blocosa Intergranular, preenchendo poro no arcabouço.
Leucoxênio pigmentoIntragranular substitutivo, cobrindo plagioclásio detrítico em
fragmento de rocha plutônica.
CalcedôniaFibro-radiado, intragranular, substituindo intraclasto de
silcrete.
K-feldspato Crescimento externo sobre pertita detrítica como grão
monominerálico, preenchendo poro intergranular.
Quartzo crescimento Crescimento externo sobre quartzo detrítico como grão
monominerálico, preenchendo poro intergranular.
Anatásio blocoso Intragranular substitutivo, cobrindo clorita matriz-substitutiva.
Em fragmento de rocha metamórfica.
Zircão Como grão monominerálico; parte substituído por anatásio.
Anidrita poiquilotópica Intergranular, preenchendo poro no arcabouço.
Intraclasto de silcrete Como constituinte intrabacinal.
Clorita fibrosaMatriz-substitutiva, substituindo pseudomatriz lamosa,
preenchendo poro intergranular.
Calcita poiquilotópicaIntergranular, preenchendo poro no arcabouço; por vezes
blocosa.
Muscovita Como grão monominerálico.
Monocristalino, com extinção fortemente ondulante, em
fragmento de rocha plutônica; alguns grãos apresentam
extinção ligeiramente ondulante.
Plagioclásio detríticoComo grão monominerálico; alguns grãos apresentam
alteração proveniente da fonte; sericitização de alguns grãos.
Microclínio detrítico Como grão monominerálico.
Microclínio detrítico Em fragmento de rocha plutônica.
Pertita detríticaEm fragmento de rocha plutônica; alguns grão apresentam
alteração proveniente da fonte.
Plagioclásio detríticoEm fragmento de rocha plutônica; alguns grãos apresentam
alteração proveniente da fonte; sericitização de alguns grãos.
Quartzo detrítico
Porosidade
Composição Descrição
Constituintes Primários
Quartzo detrítico
Monocristalino, com extinção fortemente ondulante, como
grão monominerálico; alguns grãos apresentam extinção
ligeiramente ondulante.
Quartzo detrítico
Monocristalino, com extinção fortemente ondulante, em
fragmento de rocha metamórfica; alguns grãos apresentam
extinção ligeiramente ondulante.
Pertita detrítica Como grão monominerálico.
Muscovita Em fragmento de rocha metamórfica.
Constituintes Diagenéticos
Biotita Como grão monominerálico.
Titanita
Textura (%)
LÂMINA - 07
Profundidade 3364,00 m
Ambiente Fluvial
86
Lama Areia Cascalho
5 95 0
%
43,0
3,5
9,0
4,0
1,5
1,0
1,5
0,5
0,5
18,0
5,0
4,5
1,5
4,0
2,5
Plagioclásio detrítico
Como grão monominerálico; alguns grãos
apresentam alteração proveniente da fonte;
sericitização de alguns grãos.
Clorita fibrosa Intergranular, preenchendo poro no arcabouço.
Calcita poiquilotópicaIntergranular, preenchendo poro no arcabouço; por
vezes blocosa.
Muscovita Como grão monominerálico.
Constituintes Diagenéticos
Anidrita poiquilotópicaIntergranular, preenchendo poro no arcabouço;
também blocosa.
Anatásio blocosoIntragranular substitutivo, cobrindo clorita,
preenchendo poro intergranular.
Zircão Como grão monominerálico.
Titanita
Pertita detrítica Como grão monominerálico.
Biotita Como grão monominerálico.
Arcósio
Diagrama de Folk (composição original)
Leucoxênio pigmentoIntragranular substitutivo, cobrindo quartzo
detrítico monocristalino.
Quartzo crescimento
Crescimento externo sobre quartzo detrítico como
grão monominerálico, preenchendo poro
intergranular.
Classificação
Como grão monominerálico; algum grão aparece
sendo substituído por anatásio.
Quartzo detríticoMonocristalino, com extinção fortemente
ondulante, em fragmento de rocha metamórfica.
LÂMINA - 08
Profundidade 3365,00 m
Ambiente Fluvial
Textura (%)
Composição Descrição
Constituintes Primários
Quartzo detrítico
Monocristalino, com extinção fortemente
ondulante, como grão monominerálico; alguns
grãos apresentam extinção ligeiramente
ondulante.
Microclínio detrítico Como grão monominerálico.
87
Lama Areia Cascalho
5 95 0
%
35,0
15,0
7,5
2,0
0,5
2,0
10,5
10,0
8,0
2,5
1,5
0,5
5,0
Clorita fibrosa Intergranular, preenchendo poro no arcabouço.
K-feldspato
Crescimento externo sobre pertita detrítica como
grão monominerálico, preenchendo poro
intergranular.
Hidrocarboneto Preenchendo poro intergranular no arcabouço.
Arcósio
Diagrama de Folk (composição original)
Classificação
Anatásio blocosoIntragranular substitutivo, cobrindo quartzo
detrítico como grão monominerálico.
Constituintes Diagenéticos
Calcita poiquilotópica Intergranular, preenchendo poro no arcabouço.
Anidrita poiquilotópica Intergranular, preenchendo poro no arcabouço.
Quartzo crescimento
Crescimento externo sobre quartzo detrítico como
grão monominerálico, preenchendo poro
intergranular.
Biotita Como grão monominerálico.
Muscovita Como grão monominerálico.
Plagioclásio detríticoComo grão monominerálico; alguns grãos
apresentam alteração proveniente da fonte.
Microclínio detrítico Como grão monominerálico.
Pertita detrítica Como grão monominerálico.
Composição Descrição
Constituintes Primários
Quartzo detrítico
Monocristalino, com extinção fortemente
ondulante, como grão monominerálico; alguns
grãos apresentam extinção ligeiramente
ondulante.
Textura (%)
LÂMINA - 09
Profundidade 3383,60 m
Ambiente Fluvial