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Meio: Imprensa
País: Portugal
Period.: Semanal
Âmbito: Regional
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Corte: 1 de 2ID: 87958197 06-08-2020ESTUDO SOBRE COMPORTAMENTO DAS CÉLULAS ESTAMINAIS
INVESTIGADOR MARINHENSE PREMIADO NA IRLANDANuno Neto, investigador marinhense de 27 anos, recebeu este ano um prémio relacionado com o seu trabalho sobre o comportamento das células estaminais no intestino. A terminar o doutoramento na Irlanda, quer continuar a dedicar-se por completo à investigação, na Europa ou do lado de lá do Atlântico
CARLA FRAGOSO
É licenciado em Biologia Celular e Molecular. Foi a área em que sempre quis trabalhar? Porquê?
Sim, sempre quis trabalhar numa área que envolvesse trabalho de la-boratório e com células que resultasse num possível impacto na vida humana e na medicina. Nunca me imaginei a fazer trabalho de escritório.
Ganhou um prémio sobre o seu trabalho na área de metabolismo ce-lular. Pode explicar do que se trata?
Sim, o prémio do ano passado (2019) na Conferência de Bioenge-nharia na Irlanda foi relacionado com o facto de as células estaminais mesen-quimais alterarem o seu metabolismo consideravelmente durante o processo de diferenciação.
Isto é, quando as células estaminais humanas presentes na medula óssea são recrutadas para um local de rege-neração do corpo humano, por exem-plo, articulações ou uma fratura óssea, em seguida, são convertidas em células necessárias e específicas a esse tecido.
A inovação aqui foi que este proces-so é acompanhado por uma mudança no metabolismo celular das células es-taminais quando se preparam para for-mar o novo tecido.
Este ano (2020) consegui ganhar um prémio na Conferência da Sociedade de Microscopia da Irlanda. O meu tra-balho era relacionado com as células estaminais do intestino que em resposta à presença ou falta de nutrientes como a glucose, respondem de forma diferen-te quando comparadas com as células adultas presentes no intestino. Isto po-derá dar uma nova ideia de como a
alimentação tem um impacto direto nas células do intestino e como pode ajudar a causar ou evitar problemas de saúde no futuro, assim como o desenvolvimen-to de novos fármacos para doenças in-flamatórias do intestino.
Que trabalho está a desenvolver atualmente no Trinity College?
Recentemente, o meu trabalho es-teve parado devido à pandemia e estamos a regressar agora aos labora-tórios. Durante a quarentena consegui publicar um capítulo de um livro sobre a análise de células usando técnicas de microscopia e publicar dois artigos científicos em colaboração com outros laboratórios do Trinity College em revis-tas científicas específicas da área.
De futuro, o nosso plano passa por usar fármacos que tenham um impac-to no metabolismo celular para tentar acelerar a transformação de células estaminais em células adultas visto que já observámos (no trabalho de 2019) que este processo é dependente do metabolismo celular, se o conseguirmos controlar, controlamos as respostas das células. Com isto, poderemos acelerar o processo de cicatrização ou de re-generação óssea. Além disto, estamos interessados em compreender como o colesterol que se acumula nos vasos sanguíneos tem um impacto na respos-ta imunitária do corpo humano. Mais para o final do ano e para 2021, com a ajuda de colaboradores na Alema-nha, pretendemos estudar a fundo os distúrbios metabólicos nas células de pacientes com Colite Ulcerosa e doen-ça de Crohn.
Recentemente esteve em Portugal onde colaborou no âmbito do com-bate à COVID-19? Do que se tratou?
Estive envolvido como técnico de análises à COVID-19. Como passei
parte da quarentena em Lisboa, tive a oportunidade de me voluntariar, devi-do à minha experiência, para o centro de análises da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL). Aí, pude integrar uma equipa de investi-gadores portugueses, incluindo outros estudantes de doutoramento ou de mestrado na análise de amostras à CO-VID-19.
O que se segue no seu percurso profissional?
Depois de 2022, ano que devo de terminar o meu doutoramento, pretendo continuar na investigação de metabolis-mo celular visto que pode ser aplicada a várias áreas, desde a regeneração de tecidos, ao cancro e a doenças neurodegenerativas. Dependendo das oportunidades, gostaria de fazer inves-tigação numa universidade de renome internacional ou numa empresa da in-dústria farmacêutica, quer na Europa ou nos Estados Unidos. ß
Ò PERCURSO ESCOLAR E ACADÉMICO:
Nuno Neto iniciou os seus estu-dos na Escola Básica de Picassinos, de onde passou para Escola Prof. Alberto Nery Capucho e depois para a Escola Engenheiro Acácio Calazans Duarte, onde fez o se-cundário. Licenciou-se em Biologia Celular e Molecular na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Uni-versidade Nova de Lisboa e fez o mestrado em Bioengenharia e Nanossistemas no Instituto Supe-rior Técnico. Quando terminou o mestrado candidatou-se para uma bolsa de doutoramento do Trinity College Dublin, na Irlanda, onde se encontra atualmente, na posição de estudante de doutoramento. ß
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