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ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL DEZEMBRO 2014 Esta publicação foi produzida para revisão pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional. Foi elaborada pela KPMG Auditores e Consultores, SA. a firma Moçambicana membro da rede KPMG, composta por firmas independentes afiliadas da KPMG International Cooperative (“KPMG International”), uma entidade suíça. Todos os direitos encontram- se reservados. O nome KPMG, o logótipo e “cutting through complexity” são marcas registadas da KPMG International. Impresso em Moçambique.

ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

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ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO

EMPRESARIAL

DEZEMBRO 2014

Esta publicação foi produzida para revisão pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional. Foi elaborada pela KPMG Auditores e Consultores, SA. a firma Moçambicana membro da rede KPMG, composta por firmas independentes afiliadas da KPMG International Cooperative (“KPMG International”), uma entidade suíça. Todos os direitos encontram-se reservados. O nome KPMG, o logótipo e “cutting through complexity” são marcas registadas da KPMG International. Impresso em Moçambique.

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ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

Título do Programa: Programa de Apoio ao Desenvolvimento Económico e Empresarial em Moçambique

Mozambique Support Program for Economic and Enterprise Development (SPEED).

Financiador: USAID/Moçambique

Número do Contrato: PO-SPEED-0159

Adjudicatários: KPMG Auditores e Consultores, SA

Data de conclusão dos 16 de Outubro de 2014 trabalhos

Data da apresentação 27 de Novembro de 2014 em sessão pública

Data da Publicação: Dezembro, 2014

Autor: KPMG Auditores e Consultores, SA

As opiniões do autor expressas nesta publicação não refletem necessariamente a opinião da Agência dos Estados Unidos para Desenvolvimento Internacional ou do Governo dos Estados.

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Nota Importante

A KPMG Auditores e Consultores SA (“KPMG”) é uma firma Moçambicana membro da rede KPMG, composta por firmas independentes afiliadas da KPMG International Cooperative (“KPMG International”), uma entidade suíça. A KPMG foi contratada pelo programa SPEED/USAID e CTA (ambos referidos como Cliente) para realizar um Estudo sobre o Custo de Financiamento em Moçambique e o seu impacto no Desenvolvimento Empresarial.

A informação apresentada no presente documento é de natureza genérica e não pretende endereçar uma situação específica de uma entidade particular ou colectiva. Apesar do compromisso em prover informação exacta em tempo real, não se pode garantir a exactidão na data de recepção ou que se mantenha exacta no futuro. Em momento nenhum, uma entidade deverá tomar decisões com base na informação apresentada sem aconselhamento profissional após análise detalhada da situação particular.

O presente documento foi elaborado com base em informações disponíveis ao público, especificamente estudos e relatórios de contas publicados pelas instituições financeiras. Adicionalmente foi colectada informação através de entrevistas e consultas a diversos stakeholders do sector financeiro.

A nossa informação neste documento limita-se às conclusões especificamente determinadas no mesmo, e baseia-se na integralidade e exactidão das apresentações, pressupostos e documentos analisados. No caso de se constatar alguma inexactidão ou imperfeição em qualquer dos documentos, pressupostos ou apresentações, é imperativo que esse facto nos seja imediatamente comunicado, visto que qualquer inexactidão ou imperfeição poderia ter um efeito material nas nossas conclusões.

A lista das entidades entrevistadas foi desenvolvida em conjunto, entre a KPMG e o Cliente. A informação colectada via entrevistas não foi alvo de verificação e confirmação de forma independente, ressalvando a informação numérica relacionada com as contas do sector financeiro. A KPMG confiou na idoneidade das entidades entrevistadas pelo que considerou a informação por estas partilhada materialmente exacta, correcta, completa e assertiva.

O Documento apresenta determinadas declarações, recomendações e cenários de desenvolvimento futuro, a base dos pressupostos, poderá ser ou não correcta. A KPMG não se responsabiliza, nem garante que tais declarações, recomendações e cenários de desenvolvimento serão alcançados, nem que estes constituem a melhor forma de cumprir com os objectivos relacionados com o desenvolvimento do sector financeiro e das MPME’s em Moçambique.

Qualquer actualização da informação apresentada no presente documento não se encontra dentro do escopo do actual trabalho, como tal a KPMG não toma como sua responsabilidade sobre este aspecto. A KPMG não poderá ser responsabilizada por situações resultantes de uso inapropriado do presente documento.

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Presume-se que qualquer relatório é aceite sem qualquer tipo de qualificações sempre que entregue ao cliente e sobre o qual a KPMG não receba quaisquer comentários, sugestões ou alterações no prazo de sete dias após a recepção.

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ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL i

CONTEÚDOS

CONTEÚDOS ........................................................................................................................ I

TABELAS, FIGURAS E GRÁFICOS .................................................................................. VI

INTRODUÇÃO.................................................................................................................... IX

METODOLOGIA IMPLEMENTADA NESTE ESTUDO ....................................................................... IX

Metodologia de estudo ................................................................................................... ix

PREFACIO .......................................................................................................................... X

AGRADECIMENTOS ......................................................................................................... XII

ABREVIATURAS: GLOSSÁRIO ...................................................................................... XIII IDENTIFICAÇÃO DOS BANCOS A OPERAR EM MOÇAMBIQUE ..................................................... XV

SUMÁRIO EXECUTIVO ................................................................................................... XVI BANCO DE MOÇAMBIQUE E SISTEMA BANCÁRIO ................................................................. XVI

Linhas orientadoras do Banco de Moçambique ............................................................ xvi Liquidez do sector ........................................................................................................ xvi

BANCA COMERCIAL - SECTOR INOVADOR E EMPREGADOR ................................................. XVII

Captação de Depósitos ................................................................................................ xvii Concessão de Crédito .................................................................................................. xvii Rentabilidade dos Fundos Próprios .............................................................................. xix

Número de Trabalhadores............................................................................................ xix

Número de Balcões ....................................................................................................... xx

Número de ATMs .......................................................................................................... xx

Captação de Depósitos ................................................................................................ xxi Concessão de Crédito .................................................................................................. xxi Estrutura dos Activos dos Bancos ................................................................................ xxi Carteira de crédito ........................................................................................................ xxii Principais Constrangimentos ........................................................................................ xxii

O CUSTO DO DINHEIRO - CAUSAS E EFEITOS ..................................................................... XXIII

Custo de Financiamento ............................................................................................. xxiii Banca Comercial ......................................................................................................... xxiv

Fontes de financiamento alternativo ............................................................................ xxv

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ii ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

Principais constrangimentos das MPME’s ................................................................... xxv

Principais constrangimentos do sector agrícola ........................................................... xxvi COMPROMISSO NACIONAL - BDM, BANCA COMERCIAL E EMPRESARIADO ........................ XXVII

Linhas de orientação – BdM ....................................................................................... xxvii Linhas de orientação – Banca Comercial .................................................................. xxviii Linhas de orientação – Empresariado ......................................................................... xxix

Linhas de orientação – Sector Agricola ....................................................................... xxx

Angola ......................................................................................................................... xxxi África do Sul ............................................................................................................... xxxii Tanzânia .................................................................................................................... xxxii

CAPÍTULO UM: FEEDBACK RECEBIDO DA APRESENTAÇÃO ....................................... 1

CAPÍTULO DOIS: BANCO DE MOÇAMBIQUE ................................................................... 3

O SISTEMA BANCÁRIO EM MOÇAMBIQUE .............................................................................. 3

Sistema bancário moçambicano...................................................................................... 3 LINHAS ORIENTADORAS DO BANCO CENTRAL ....................................................................... 3

Quadro operacional da política monetária ....................................................................... 3

Outros indicadores: Rácio de Solvabilidade .................................................................... 5

LIQUIDEZ DO SECTOR ........................................................................................................... 5

Liquidez no sector ........................................................................................................... 5

CAPÍTULO TRÊS: BANCA COMERCIAL EM MOÇAMBIQUE ............................................ 7

CAPTAÇÃO DE DEPÓSITOS ................................................................................................... 7

Captação de Depósitos ................................................................................................... 7

CONCESSÃO DE CRÉDITO .................................................................................................... 8

Concessão de crédito ...................................................................................................... 8 ESTRUTURA DOS ACTIVOS DOS BANCOS E RENTABILIDADE ................................................. 10

Activos .......................................................................................................................... 10

Rentabilidade ................................................................................................................ 11

PRINCIPAIS CONSTRANGIMENTOS ....................................................................................... 13

Principais Constrangimentos ......................................................................................... 13

CAPÍTULO QUATRO: CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE ...................... 15

O CUSTO DO FINANCIAMENTO ............................................................................................. 15

Custo de financiamento ................................................................................................. 15

RISCO PERCEPCIONADO ..................................................................................................... 16

Risco percepcionado ..................................................................................................... 17

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ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL iii

LITERACIA FINANCEIRA ...................................................................................................... 18

Literacia Financeira no mercado Nacional ..................................................................... 18

TRANSPARÊNCIA E PROFISSIONALIZAÇÃO DA GESTÃO ......................................................... 19

Transparência e profissionalização da gestão ............................................................... 19

Principais fragilidades da gestão das MPME’s .............................................................. 20 FONTES DE FINANCIAMENTO ALTERNATIVO ......................................................................... 21

Fontes de financiamento Alternativo ............................................................................. 21 PRINCIPAIS CONSTRANGIMENTOS DAS MPME’S ................................................................. 22

Principais Constrangimentos ......................................................................................... 23

PRINCIPAIS CONSTRANGIMENTOS DO SECTOR AGRÍCOLA .................................................... 25

Principais Constrangimentos ......................................................................................... 25

CAPÍTULO CINCO: RESULTADOS DO SURVEY REALIZADO ....................................... 28

PERCEPÇÃO SOBRE A POLÍTICA MONETÁRIA SEGUIDA PELO BANCO CENTRAL ..................... 28

Percepção relativa ao impacto da política monetária seguida pelo BdM (nomeadamente na redução da FPC - Facilidade Permanente de Cedência) na actividade da Banca Comercial no país .......................................................................................................................... 28

Percepção relativa ao impacto que tem a emissão de BTs e OTs na liquidez do sistema bancário ........................................................................................................................ 30

Percepção quanto ao impacto que a evolução (de queda) verificada nos últimos anos pela FPC e pela FPD - Facilidade Permanente de Depósito, têm gerado no controlo do nível de preços (inflação) ............................................................................................................ 31

Qual a sua percepção relativamente ao nível de liquidez do sector bancário em Moçambique?................................................................................................................ 32

Percepção relativa à limitação da concessão de crédito em moeda estrangeira e o impacto que esta limitação têm na liquidez do sistema bancário ................................................ 33

Agente económico que mais influencia a continuidade da taxa de juro de concessão de crédito acima dos 20% (em média) ............................................................................... 35

PERCEPÇÃO SOBRE O FINANCIAMENTO, CAPTAÇÃO DE DEPÓSITOS E NÍVEL DE RISCO ......... 37

Numa óptica de concessão de crédito, na sua opinião, quais são os principais riscos percepcionados no empresariado nacional, nomeadamente nas MPME’s? (liste os 5 mais relevantes por ordem de relevância) ............................................................................. 37

Percepção sobre a evolução da taxa de juro média (pela concessão de crédito) praticada actualmente pela Banca comercial (mercado corporate), num período temporal de 3 anos? ...................................................................................................................................... 38

Percepção sobre a evolução da taxa de juro (remuneração) praticada sobre os depósitos de MPME’s junto da Banca comercial, num período temporal de 3 anos ........................... 40

Percepção sobre os riscos associados A MPME’S que actuam no sector AGRÍCOLA? (liste os 5 mais relevantes por ordem de relevância) ............................................................. 41

Page 10: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

iv ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

Na sua opinião, nomeadamente as MPME’S - que acções consideraria que estas MPME’S poderiam tomar de forma a que o risco de crédito percepcionado fosse inferior / redução da taxa de juro ................................................................................................................... 43

PERCEPÇÃO SOBRE OS CONSTRANGIMENTOS E NÍVEL DE LITERACIA FINANCEIRA DO SECTOR PRIVADO ........................................................................................................................... 45

Numa óptica do acesso ao crédito / custo do dinheiro, na sua opinião, quais são os principais motivos pelos quais a Banca Comercial pratica, em média, uma taxa de juro acima dos 20% (MPME’s)? (liste os 5 mais relevantes por ordem de relevância) ......... 45

Percepção sobre o nível de transparência das MPME’S na partilha de informação contabílistica para com as Instituições Financeiras e a Autoridade Fiscal ..................... 46

Percepção sobre o nível de literacia FINANCEIRA DAS MPME’S quanto ao leque de opções disponíveis de produtos financeiros disponibilizados pela Banca comercial...... 48

Percepção sobre a capacidade de acesso das MPME’S à BVM (numa óptica de financiamento alternativo) ............................................................................................. 49

Na sua opinião que acções consideraria que o sector bancário (incluindo o BdM) poderiam tomar de forma a que o risco de crédito percepcionado fosse inferior / redução da taxa de juro ................................................................................................................................ 50

CAPÍTULO SEIS: BENCHMARK INTERNACIONAL ......................................................... 52

ANGOLA ............................................................................................................................ 52

Conjuntura Económica .................................................................................................. 52

Evolução da Política Monetária ..................................................................................... 52

Política Monetária Actual ............................................................................................... 52

Medidas implementadas no momento ........................................................................... 53

Fontes alternativas de financiamento às MPME’s ......................................................... 54

Crédito ao sector agrícola ............................................................................................. 54 ÁFRICA DO SUL ................................................................................................................. 54

Conjuntura Económica .................................................................................................. 54

Evolução da Política Monetária ..................................................................................... 54

Política Monetária Actual ............................................................................................... 55

Medidas implementadas no momento ........................................................................... 55

Fontes alternativas de financiamento às MPME’s ......................................................... 56

Crédito ao sector agrícola ............................................................................................. 56

TANZÂNIA ......................................................................................................................... 56

Conjuntura Económica .................................................................................................. 57

Evolução da Política Monetária ..................................................................................... 57

Política Monetária Actual ............................................................................................... 57

Medidas implementadas no momento ........................................................................... 58

Fontes alternativas de financiamento às MPME’s ......................................................... 58

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ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL v

Crédito ao sector agrícola ............................................................................................. 58

BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................. 59

FONTES DE INFORMAÇÃO ................................................................................................... 59

ANEXO A: FICHA TÉCNICA DO ESTUDO ........................................................................ 61

LISTA DAS INSTITUIÇÕES ENTREVISTADAS .......................................................................... 61

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vi ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

TABELAS, FIGURAS E GRÁFICOS TABELAS

Tabela 1 - Bancos a operar em Moçambique ......................................................................................... xv

Tabela 2 - Bancos Comerciais a operar em Moçambique......................................................................... 4

Tabela 3- Sector Bancário 2013............................................................................................................... 5

Tabela 4 - Quota de activos (%)............................................................................................................. 10

Tabela 5 - Comparação internacional sobre conceitos financeiros ......................................................... 19

FIGURAS

Figura 1 - Funções do Banco de Moçambique ......................................................................................... 3

Figura 2 - Activos Totais 2013 ................................................................................................................. 4

Figura 3 - Acesso geográfico: número de agências (10.000km2) ............................................................. 2

Figura 4 - Quadro operacional da política monetária ................................................................................ 3

Figura 5 - Percentagem de depósitos não cedidos a clientes ................................................................... 6

Figura 6 - Rácio de Transformação, Taxa de juro dos depósitos vs taxa de juro do crédito .................... 12

Figura 7 - Riscos na concessão de crédito ............................................................................................. 16

Figura 8 - Fragilidades da gestão das MPME´s ...................................................................................... 20

GRÁFICOS

Gráfico 1 - Depósitos 2013 ................................................................................................................... xvii

Gráfico 2 - Evolução dos Depósitos ...................................................................................................... xvii

Gráfico 3 - Empréstimos e adiantamentos 2013 .................................................................................... xvii

Gráfico 4 - Evolução do Crédito ............................................................................................................ xvii

Gráfico 5 - Rentabilidade dos Fundos Próprios 2013 ............................................................................. xix

Gráfico 6 - Evolução do número de trabalhadores.................................................................................. xix

Page 13: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL vii

Gráfico 7 - Evolução do número de balcões ........................................................................................... xx

Gráfico 8 - Evolução do número de ATMs .............................................................................................. xx

Gráfico 9 - Taxas Angola ..................................................................................................................... xxxi

Gráfico 10 - Taxa África do Sul ........................................................................................................... xxxii

Gráfico 11 - Taxas Tanzânia .............................................................................................................. xxxiii

Gráfico 12 - Estrutura accionista dos bancos ........................................................................................... 4

Gráfico 13 - Estrutura accionista dos Bancos ........................................................................................... 2

Gráfico 14 - Infra-Estruturas da Banca ..................................................................................................... 2

Gráfico 15 - Intrumentos da Política Monetária......................................................................................... 4

Gráfico 16 - Variável operacional e Objectivo Intermediário ..................................................................... 4

Gráfico 17 - Outros Indicadores: Rácio de Solvabilidade .......................................................................... 5

Gráfico 18 - Captação de Depósitos 2012 ................................................................................................ 7

Gráfico 19 - Captação de Depósitos 2013 ................................................................................................ 7

Gráfico 20 - Taxa de Juro nos Depósitos vs Volume de Depósito ............................................................. 8

Gráfico 21 - Crédito por sector ................................................................................................................. 9

Gráfico 22 - Financiamento por sector (MZN´000).................................................................................... 9

Gráfico 23 - Quota de Financiamento à economia.................................................................................... 9

Gráfico 24 - Crescimento de activos em 2013 (%).................................................................................. 10

Gráfico 25 - Total de activos 2012 – 2013 .............................................................................................. 10

Gráfico 26 - Estrutura dos activos .......................................................................................................... 11

Gráfico 27 - Taxas de Juro .................................................................................................................... 15

Gráfico 28 - % de Respostas ao Inquérito .............................................................................................. 18

Gráfico 29 - Percepção sobre o impacto da política monetária na actividade da banca comercial........... 28

Gráfico 30 - Percepção sobre o impacto dos BTs e OTs na liquidez do sistema bancário ...................... 30

Gráfico 31 - Percepção sobre o impacto da evolução da FPC e FPD no controlo da inflação ................. 31

Gráfico 32 - Percepção sobre o nível de liquidez do sector bancário ...................................................... 32

Gráfico 33 - Percepção sobre o impacto da limitação da concessão de crédito em moeda estrangeira na liquidez do sistema bancário .................................................................................................................. 34

Gráfico 34 - Agente económico que mais influencia a taxa de juro acima de 20% .................................. 35

Gráfico 35 - Percepção sobre a evolução da taxa de juro média (pela concessão de crédito) ................ 39

Page 14: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

viii ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

Gráfico 36 - Percepção sobre a evolução da taxa de juro (remuneração) ............................................... 40

Gráfico 37 - Percepção sobre o nível de transparência da informação contabilística .............................. 47

Gráfico 38 - Percepção sobre o nível de literacia financeira das MPME'S .............................................. 48

Gráfico 39 - Percepção sobre a capacidade de acesso das MPME'S à BVM ......................................... 49

Gráfico 40 – Taxas Angola .................................................................................................................... 53

Gráfico 41 - Taxas África do Sul ............................................................................................................ 55

Gráfico 42 - Taxas Tanzânia .................................................................................................................. 57

Page 15: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL ix

INTRODUÇÃO

METODOLOGIA IMPLEMENTADA NESTE ESTUDO Análise documental e financeira;

Entrevistas aos principais actores do sector;

Benchmarking;

Promoção do debate público.

METODOLOGIA DE ESTUDO A nossa metodologia baseou-se nos seguintes aspectos:

Pesquisa sobre o sistema financeiro e o ambiente empresarial em Moçambique

■ Análise teórica dos documentos relevantes acerca do sistema financeiro, do ambiente

empresarial em Moçambique e dos regulamentos associados às instituições financeiras.

■ Elaboração de instumentos de pesquisa em conjunto com SPEED/USAID e CTA. Estes instrumentos representam um conjunto de questões, dirigido aos agentes económicos

relacionados com o tema, com vista a obtenção de informação respeitante ao financiamento

bancário, o custo de capital e dificuldades enfrentadas no acesso ao empréstimo por parte do sector empresarial. Adicionalmente, serão realizados inquéritos por amostragem aos actores

chaves do sector financeiro (entrevistas semi-estruturadas baseadas num guião de

perguntas).

Fase 1

Descrição e análise dos custos de financiamento e o seu impacto no desenvolvimento empresarial

■ Definição e clarificação dos sectores chave de investigação face aos desafios de

crescimento do país.

■ Análise do custo de capital em Moçambique: Percepção do Mercado e comparação com os países alvo do benchmarking.

■ Benchmark – comparação quantitativa dos custos de financiamento em Moçambique.

Fase 2

Page 16: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

x ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

Linhas orientadoras-estratégicas que garantam um ambiente financeiro favorável para o sector empresarial

■ Discussão (com CTA e SPEED/USAID) e desenvolvimento de potenciais cenários em função: (i) da rápida expansão baseada nos recursos e os possíveis impactos sobre as

MPME’s; e (ii) a sustentabilidade e desenvolvimento da actividade económica das MPME’s

Moçambicanas.

■ Elaboração de um guião de recomendações para o sector privado e para o sector

financeiro, apresentando as limitações para a mudança de ambas as partes.

Fase 3

Visita de retorno para apresentar as conclusões e recomendações

■ Apresentação interna à SPEED/USAID – CTA das conclusões do estudo;

■ Promoção do debate com a sociedade cívil, com base na apresentações das conclusões em

formato de sessão pública.

Fase 4

Finalização do relatório

■ Relatório finalizado com base nas observações das partes interessadas resultantes do debate

público

Fase 5

Page 17: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL xi

PREFACIO Exmos. Senhores,

Em parceria com a Confederação das Associações Económicas (“CTA”) e o programa SPEED/USAID, apresentamos o presente estudo, onde se pretende proporcionar uma base de discussão para um melhor entendimento do enquadramento do sector financeiro, em Moçambique, onde se verifica uma prevalência de taxas de juro elevadas e a forma como este fenómeno, por sua vez, afecta o custo do capital na economia, nomeadamente para as Micro, Pequenas e Médias empresas (“MPME’s”) em Moçambique.

O presente estudo não pretende identificar/responsabilizar determinado agente económico pela prevalência de um cenário de taxas de juro, assumidas pelo público em geral, como elevadas, mas antes sim, criar um fundamento para uma base de partida de um compromisso nacional.

É evidente pelos resultados do estudo desenvolvido, que as percepções observadas por categoria de agente económico (Sector Público/Banco de Moçambique, Banca Comercial e Sector Privado/Outros Stakeholders) diferem consoante o seu posicionamento no mercado. Mais se verificou que a melhoria do ambiente de negócios em Moçambique, requer trabalho na i) Regulação e coordenação institucional de orientações enviadas ao mercado por parte do Banco de Moçambique; ii) Melhoria ao nível da comunicação e transparência por parte da Banca Comercial e iii) Capacitação financeira e profissionalização da gestão por parte do empresariado nacional.

Apenas a combinação de medidas práticas por parte de cada um dos agentes económicos através de uma estratégia nacional, e de um compromisso entre o Banco de Moçambique, Banca Comercial e Sectores Público e Privados, levará a uma redução progressiva do custo do dinheiro em Moçambique para níveis economicamente aceitáveis em prol de um ambiente de negócios mais favorável.

Com os meus estimados cumprimentos,

André Olivença

Partner, Advisory

Page 18: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

xii ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

AGRADECIMENTOS Queremos expressar os nossos mais cordiais agradecimentos a todas as instituições financeiras e outros stakeholders que acederam em participar no survey, assim como a todos os representantes da CTA, do Banco de Moçambique, Ministério das Finanças e demais representantes institucionais pela colaboração no desenvolvimento do trabalho agora apresentado.

Finalmente, mas não menos importante, a KPMG agradece a todos que de forma directa ou indirecta contribuíram para o presente estudo, nomeadamente o tempo disponibilizado para as entrevistas efectuadas, assim como à equipa de projecto do Programa SPEED, nomeadamente ao Domingos Mazivila. A lista detalhada das entidades entrevistadas, encontra-se apresentada no Anexo A.

Page 19: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL xiii

ABREVIATURAS: GLOSSÁRIO

‘000 Milhares AMB Associação Moçambicana de Bancos BaM Base Monetária BCI Banco Comercial e de Investimentos BdM Banco de Moçambique BoT Bank of Tanzania BPD Banco Popular de Desenvolvimento BT’s Bilhetes do Tesouro BNA Banco Nacional de Angola BNI Banco Nacional de Investimentos BVM Bolsa de Valores de Moçambique CAGR Compound annual growth rate / taxa de crescimento anual composta Cont. Continuação CPM Comité de Política Monetária CTA Confederação das Associações Económicas de Moçambique DUAT Direito de Uso e Aproveitamento de Terra FNB First National Bank FPC Facilidade Permanente de Cedência FPD Facilidade Permanente de Depósito IC Instituição de Crédito INAPEM Instituto Nacional de Apoio às Pequenas e Médias Empresas INE Instituto Nacional de Estatística IPEME Instituto para Promoção de Pequenas e Médias Empresas MMI Mercado Monetário Interbancário MPME’s Micro, Pequenas e Médias Empresas MZN Metical

Page 20: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

xiv ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

NMC Notas e Moedas em Circulação OGE Orçamento Geral do Estado ONG Organização Não Governamental

OT’s Obrigações do Tesouro

Pp Pontos percentuais

PIB Produto Interno Bruto

SACCOS Savings and Credit Cooperatives

SARB South African Reserve Bank

SPEED Support Program for Economic Enterprise Development

USAID United States Agency for International Development

USD United Stated Dollares

vs. Versus

Page 21: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL xv

IDENTIFICAÇÃO DOS BANCOS A OPERAR EM MOÇAMBIQUE

Tabela 1 - Bancos a operar em Moçambique

Logotipo Nome Origem da estrutura accionista

MillenniumBIM - Banco Internacionalde Moçambique,SA. Portugal / Moçambique

BancoComerciale de Investimentos,SA. Portugal / Moçambique

StandardBank, SA. África do Sul / China

BarclaysBank Moçambique, SA. África do Sul / Reino Unido

Moza Banco, SA. Moçambique / Portugal

AfricanBankingCorporation(Moçambique), SA. Botswana

BancoÚnico, SA. Portugal/ África do Sul

FNB Moçambique, SA. África do Sul

BancoNacionalde Investimento, SA . Moçambique

MauritiusCommercialBank Moçambique, SA. Mauricias

BancoTerra, SA. Portugal / Alemanha / Países Baixos

EcobankMozambiqueSA Nigéria

BancoMercantile de Investimentos,SA. Moçambique

SocremoBancode Microfinanças,SA . África do Sul

UnitedBank for AfricaMoçambique, SA. Nigéria

Não definido BancoMais SA (antigoBancoTchuma) Portugal /China

BancoOportunidadede Moçambique,SA. Países Baixos / França

CapitalBank MoçambiqueSA. Malawi

Page 22: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

xvi ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

SUMÁRIO EXECUTIVO

BANCO DE MOÇAMBIQUE E SISTEMA BANCÁRIO O Banco de Moçambique tem como principais funções actuar como: (i) Banqueiro do Estado; (ii) Conselheiro do Governo no domínio financeiro; (iii) Banco Emissor; (iv) Gestor das disponibilidades externas do País; (v) Intermediário nas relações monetárias internacionais; (vi) Orientador e controlador das políticas monetárias, financeira e cambial e (vii) Supervisor e regulador das instituições financeiras.

O sistema bancário nacional conta com 267 instituições a operarem no sector, onde se enquadram os Bancos comerciais, MicroBancos, cooperativas de crédito, casas de câmbio, organizações de poupança e empréstimo e operadores de microcrédito.

A Banca comercial é caracterizada por possuir uma estrutura accionista maioritariamente estrangeira, sendo que a portuguesa e sul-africana são as mais predominantes.

O Millennium BIM, BCI e Standard Bank, em conjunto, possuem 75% do total dos activos do sector, sendo o restante 25% do mercado constituído por Bancos de menor dimensão.

As instituições de crédito, juntamente com o Banco de Moçambique, têm em vista a expansão dos serviços financeiros à população moçambicana, com o objectivo de até 2022, pelo menos 35% da população adulta tenha acesso físico ou electrónico a pelo menos um serviço financeiro (Estratégia Nacional para o Desenvolvimento do Sector Financeiro 2013-2022).

LINHAS ORIENTADORAS DO BANCO DE MOÇAMBIQUE A política monetária do BdM assenta no regime de metas monetárias e como tal a instituição reguladora possui um conjunto de objectivos dos quais recorre aos instrumentos e variáveis necessárias para atingi-los.

Para atingir os objectivos da política monetária, o Comité de Política Monetária do Banco de Moçambique adoptou instrumentos monetários como as taxas de referência do mercado interbancário, reservas obrigatórias, e supervisão bancária.

A Facilidade Permanente de Cedência e a Facilidade Permanente de Depósito encontram-se inalterados desde o ano de 2013, situando-se em 8.25% e 1.50%, respectivamente.

LIQUIDEZ DO SECTOR Os níveis de liquidez acessíveis para o financiamento bancário em Moçambique são reduzidos. Desta forma a Banca comercial opta em usar os montantes de liquidez em investimentos considerados como mais seguros como por exemplo a aplicação em títulos de dívida pública, assumidos na praça como investimentos “sem risco” ou risco muito reduzido.

Page 23: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL xvii

Millennium Bim

32.98%

BCI29.89%

Standard Bank

12.54%

Moza Banco5.50%

Barclays 5.15%

Outros13.93%

BANCA COMERCIAL - SECTOR INOVADOR E EMPREGADOR

CAPTAÇÃO DE DEPÓSITOS Os depósitos em 2013 totalizaram aproximadamente MZN 213,000 milhões, registando uma evolução de 108% comparativamente a 2009. Cerca de metade dos depósitos na Banca comercial moçambicana são detidos pelo Millennium BIM e BCI, os dois maiores Bancos do sector bancário moçambicano. O Moza Banco, com apenas quatro anos de experiência no mercado moçambicano, foi um dos Bancos que mais cresceu durante o período em causa atingindo MZN12,322 milhões em 2013.

Gráfico 1 - Depósitos 2013 Gráfico 2 - Evolução dos Depósitos

3925 22

1 7 9

103

67 60

36 12 12

27

213

0

50

100

150

200

250

Millennium Bim

BCI Standard Bank

MozaBanco

Barclays Outros Total

MZN

bilh

ões

2009 2013

3925 22

1 7 9

103

67 60

36 12 12

27

213

0

50

100

150

200

250

Millennium Bim

BCI Standard Bank

MozaBanco

Barclays Outros Total

MZN

bilh

ões

2009 2013

Fonte: Relatórios de Contas dos Bancos Comerciais 2009, 2013

CONCESSÃO DE CRÉDITO Em 2013, a Banca comercial moçambicana atingiu os MZN 154,000 milhões no que diz respeito ao crédito concedido. Comparativamente a 2009, o crédito cresceu em cerca de MZN 84,000 milhões. Cerca de 86% do financiamento à economia de Moçambique é concedido por cinco Bancos, nomeadamente o Millennium BIM, o BCI, o Standard Bank, o Moza Banco e o Barclays. Aproximadamente 53% do financiamento à economia é direcionado aos particulares e aos sectores de comércio e construção.

Gráfico 3 - Empréstimos e adiantamentos 2013 Gráfico 4 - Evolução do Crédito

Fonte: Relatórios de Contas dos Bancos Comerciais 2009, 2013

Millennium Bim31.22%

BCI28.15%

Standard Bank16.74%

Moza Banco5.78%

Barclays5.61%

Outros12.49%

18 instituições bancárias

108%

Δ 2009-2013

18 instituições bancárias

120%

Δ 2009-2013

Page 24: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE
Page 25: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL xix

RENTABILIDADE DOS FUNDOS PRÓPRIOS O Millennium Bim também lidera o mercado no que diz respeito à rentabilidade dos fundos próprios.

A Banca tem crescido em termos de crédito concedido o que proporcionou, em 2013, um rácio de transformação de 78.10% contra os 70% registados em 2012.

Gráfico 5 - Rentabilidade dos Fundos Próprios 2013

Fonte: Relatórios de Contas dos Bancos Comerciais 2013

NÚMERO DE TRABALHADORES O número de trabalhadores cresceu em 44.13% entre 2009 e 2013. O plano de expansão apresentado pelo sector da Banca Comercial permitiu criar cerca de 2.578 novos postos de trabalho.

Gráfico 6 - Evolução do número de trabalhadores

Fonte: Relatórios de Contas dos Bancos Comerciais 2009, 2013

Millennium Bim30.27%

BCI23.70%

Standard Bank17.81%

Moza Banco0.39%

Barclays -26.43%

Outros-1.39%

44%

1,805 1,023732 1,038 39

1,204

5,841

2,329 1,9061,041 865 437

1,841

8,419

0

2,000

4,000

6,000

8,000

10,000

MillenniumBim

BCI StandardBank

Barclays MozaBanco

Outros Total

Trab

alha

dore

s

2009 2013

44%

Δ 2009-2013

Page 26: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

xx ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

11771

30 591

39

317

157132

37 4623

84

479

0

100

200

300

400

500

600

MillenniumBim

BCI StandardBank

Barclays MozaBanco

Outros Total

Balcõ

es

2009 2013

NÚMERO DE BALCÕES Em 2013, Moçambique possuía 479 balcões de atendimento.

Desde 2009 que Millennium Bim e o BCI lideram o mercado, atingindo no ano de 2013 157 e 132 balcões, respectivamente.

Gráfico 7 - Evolução do número de balcões

Fonte: Relatórios de Contas dos Bancos Comerciais 2009, 2013

NÚMERO DE ATMS Em 2013, o Millennium Bim, juntamente com os restantes quatro maiores Bancos possuíam 956 ATMs. Os restantes Bancos representam 10.82% do total de ATMs.

Gráfico 8 - Evolução do número de ATMs

Fonte: Relatórios de Contas dos Bancos Comerciais 2009, 2013

Δ 2009-2013

51%

289

149

4191

151

622

415

329

69105

38

116

1,072

0

200

400

600

800

1,000

1,200

MillenniumBim

BCI StandardBank

Barclays MozaBanco

Outros Total

ATM

s

2009 2013

72%

Δ 2009-2013

O número de balcões do sector bancário em Moçambique cresceu 51% entre 2009 e 2013.

Assumindo um investimento médio necessário para a abertura de um balcão entre os USD 150.000 e os USD 200.000, o sector investiu cerca de USD 24 milhões a USD 32 milhões entre 2009 e 2013 apenas nesta componente.

O número de ATMs do sector bancário em Moçambique cresceu 72% entre 2009 e 2013.

Assumindo um investimento médio necessário para a aquisição e implementação de um ATM, entre os USD 35.000 e os USD 60.000, o sector investiu cerca de USD 16 milhões a USD 29 milhões entre 2009 e 2013.

Page 27: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL xxi

CAPTAÇÃO DE DEPÓSITOS A captação de depósitos é o principal meio de financiamento e de aprovisionamento da capacidade financeira e de liquidez da Banca comercial em Moçambique

Cerca de 67% dos depósitos na Banca comercial moçambicana são detidos pelo Millennium BIM e BCI, os dois maiores Bancos do sector bancário moçambicano.

Limitação para concessão de empréstimos em moeda estrangeira: o montante de moeda estrangeira captado para depósitos à prazo só pode ser convertido em crédito para projectos direccionados à exportação.

Os Bancos de menor dimensão têm a capacidade de reagir rapidamente às alterações de curto e médio prazo devido à sua estrutura de custos e dimensão. Este facto fez com que alguns Bancos pudessem oferecer taxas de juro de depósitos mais atractivas possibilitando uma maior captação de depósitos em 2013. No entanto a disponibilização de taxas de juro de depósitos mais atractivas implica o aumento do custo de funding da Banca Comercial.

CONCESSÃO DE CRÉDITO O sector financeiro cresceu 10.40% impulsionado pela concessão de crédito aos sectores de construção, transportes, comunicações e comércio. (Balanço do PES 2013 – Fevereiro de 2014)

Cerca de 86% do financiamento à economia moçambicana está concentrado em quatro Bancos, nomeadamente o Millennium BIM, o BCI, o Standard Bank e o Barclays.

Aproximadamente 53% do financiamento à economia é direccionado aos particulares e aos sectores de comércio e construção.

O aumento significativo dos depósitos em moeda estrangeira provenientes do Investimento Directo Estrangeiro não se reflectem na maior capacidade de empréstimo por parte dos Bancos, uma vez que o BdM criou uma limitação legal no montante de créditos concedidos em moeda estrangeira.

ESTRUTURA DOS ACTIVOS DOS BANCOS Os activos da Banca comercial são constituídos por:

Crédito; Aplicações em Instituições de Crédito; Activos financeiros disponíveis para venda; Disponibilidades em outras Instituições de Crédito e Investimentos financeiros.

O total de activos no sistema bancário cresceu 18.60% de 2012 para 2013.

Em 2013, a carteira de crédito da Banca comercial representou cerca de metade da estrutura dos activos (52.37%), seguido dos activos financeiros disponíveis para venda (15.59%) e das aplicações em Instituições de Crédito (12.87%).

Page 28: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

xxii ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

CARTEIRA DE CRÉDITO A Banca apresentou uma taxa de crescimento em termos de crédito concedido o que proporcionou, em 2013, um rácio de transformação de 78.10% contra os 70% registados em 2012.

O crédito à economia continuou a crescer entre 2012 e 2013 à taxa de 29% para os 154 biliões de Meticais, mostrando sinais de pouca sensibilidade à subida ligeira da taxa de juro média registada na concessão de crédito durante o ano de 2013.

Associado ao crescimento da carteira de crédito, também se verificou um crescimento da imparidade, e portanto a qualidade da carteira de crédito do sector acabou por se deteriorar durante 2013, evoluindo dos 2.76% e os 2.95%, em 2012 e 2013, respectivamente.

Durante o ano de 2013, a carteira de crédito cresceu a um ritmo mais rápido do que o crescimento dos depósitos captados comparando um rácio de 29% com 19%, respectivamente.

PRINCIPAIS CONSTRANGIMENTOS A Banca comercial apresenta os seguintes constrangimentos:

Custo de funding: as fontes de liquidez disponíveis no mercado são reduzidas resultando nas elevadas taxas de remuneração dos depósitos praticadas pelos Bancos para garantir a liquidez e o financiamento da sua actividade.

Liquidez concentrada num grupo pequeno de Institucionais: os maiores detentores de liquidez na economia decidem e negociam por sistema (não formalizado) de leilões as taxas de juro a serem consideradas na remuneração dos seus depósitos.

Fraca Bancarização: pese embora a taxa de Bancarização apresente crescimento, existe ainda uma maioria da população sem acesso à Banca.

Fraca literacia financeira: as MPME’s e o público em geral apresentam fragilidades na percepção da informação disponibilizada pelos Bancos e na capacidade de elaboração de ferramentas / planos que minimizem o risco de crédito percepcionado pelos Bancos.

Colaterais: por regra, não existem garantias reais ou as que existem acabam por ser limitadas.

Fraco nível de poupança: a economia moçambicana apresenta um carácter consumista e por isso é uma economia com baixa propensão para a poupança.

O sector agrícola é percepcionado com grande desconfiança: o financiamento à agricultura e agro-negócios não são considerados como prioritários pelos riscos climatéricos associados à actividade.

Fraca competitividade no sector: devido à elevada concentração de mercado num número reduzido de Bancos comerciais, estes, acabam por ter poder de decisão estratégica de fazer oscilar as taxas de juro e o timing de aplicação das medidas.

Page 29: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL xxiii

O CUSTO DO DINHEIRO - CAUSAS E EFEITOS

CUSTO DE FINANCIAMENTO

De modo geral, a redução da FPC pelo BdM tem tido um impacto pouco significativo na redução do custo de financiamento na medida em que grannde parte do funding obtido pelos Bancos Comerciais não é proveniente de crédito concedido pelo Banco Central.

O custo de funding da Banca Comercial, de uma forma geral, não se encontra associada à FPC:

A FPC é uma facilidade overnight;

Para se aceder à FPC, é necessário estar colaterizado a 100% com títulos de dívida pública;

A liquidez da Banca Comercial não provém do funding via Banco Central (FPC).

O acesso ao crédito via FPC é limitado. Para além disso, o mercado intebancário é pouco expressivo, pelo que não existe correlação tão directa, como era de se esperar, entre a FPC e as taxas praticadas para a concessão de crédito.

De acordo com a percepção da banca comercial existem outros aspectos como a necessidade de apresentação de garantias, a impossibilidade de usar garantias em moeda estrangeira, os requisitos muito apertados para a abertura de novos balções, que faz com que o custo de funding seja mais elevado do que a FPC pode transparecer..

De acordo com os resultados do trabalho foi possível aferir a percepção dos vários stakeholders quanto à manutenção de taxas elevadas na concessão de crédito:

Elevada concentração no sector bancário (quer do lado dos depositantes, quer do lado das instituições financeiras)

A reduzida liquidez e a política monetária;

O risco percepcionado sobre as MPMEs é ainda elevado;

Impacto relevante

Impacto pouco relevante

Impacto neutral

Sem impacto

Sem resposta

36%

48%

4%4%

8%

Fonte: Survey realizado pela KPMG

Page 30: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

xxiv ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

A taxa de remuneração exigidas pelos accionistas da Banca, face ao plano de expansão que tem vindo a ser seguido (fase de investimento);

Reduzida celeridade nos processos judiciais relacionados com contencioso bancário.

Verifica-se uma prevalência de taxas de juro elevadas no que diz respeito ao financiamento bancário, nomeadamente às MPMEs e sector agrícola. As principais causas que fomentam a prevalência deste cenário, encontram-se repartidas de acordo com o detalhe abaixo:

BANCA COMERCIAL

A actividade da Banca Comercial apresenta as seguintes razões para manter um nível de risco percepcionado elevado, e por inerência uma taxa média de financiamento também ela elevada:

Custo de funding elevado (financiamento bancário);

Liquidez concentrada num grupo pequeno de instituições que fomentam um círculo de leilões na praça com vista à obtenção de uma elevada taxa remuneratório pelos seus depósitos;

Concentração do sector em 3/4 Instituições Bancárias;

Taxa reduzida de bancarização asociada a um nível de informalismo elevado (economia paralela);

Literacia financeira e nível de transparência reduzido por parte das MPMEs;

Fraco nível/inexistência de colaterias (garantias) apresentados à Banca Comercial por parte dos promotores de projectos e ou MPMEs;

Limitações à concessão de crédito em moeda estrangeira.

O sector agrícola continua a ser visto com desconhecimento e incerteza.

Apesar do custo de financiamento ser percepcionado, ainda como elevado, a perspectiva é que este custo irá ser menor no futuro (60% dos inquiridos).

8%

24%

60%

8%Apresentará uma subida

Irá manter-se nos mesmosníveis de hoje

Apresentará uma redução

Sem resposta

Fonte: Survey realizado pela KPMG

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ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL xxv

De acordo com o BdM e a Banca Comercial, a taxa de juro média para concessão de crédito registará uma tendência de redução nos próximos três anos.

O dinamismo da economia, a concretização dos mega-projectos, ajudarão a melhorar o ambiente macroeconómico Desta forma, alguns factores de risco serão mitigados e haverá tendência de redução do custo de funding e da percepção do risco, favorecendo assim o acesso ao crédito para MPME’s.

Adicionalmente, se o nível de concentração do mercado de crédito vier a reduzir, os níveis de taxas de juro reduzirão consequentemente. A própria acção do mercado e o aumento da concorrência irão permitir que tal aconteça

FONTES DE FINANCIAMENTO ALTERNATIVO O mercado financeiro moçambicano encontra-se numa fase de desenvolvimento destacando-se as seguintes alternativas de financiamento:

Linhas de crédito - as linhas de crédito e facilidades de garantias financiadas pelas Agências de Cooperação encorajaram os Bancos a expandir aos sectores de MPME’s e Agricultura.

Capitais de Investimento - existem quatro instituições no mercado moçambicano que que se podem enquadrar neste âmbito nomeadamente: (i) Bolsa de Valores; (ii) Fundo Catalítico; (iii) GAPI e (iv) BNI. Para além destas oportunidades formais, acredita-se que existe ainda um conjunto de Instituições de Financiamento não bancárias que operam informalmente.

Bancos de Desenvolvimento - a legislação moçambicana ainda não se encontra desenvolvida de forma a estabelecer regulamentos específicos para este ramo específico. No entanto, o BNI têm-se focado em projectos estruturantes e de desenvolvimento.

Microfinanças - constituem um segmento de financiamento relativamente mais caro, resultante de custos operacionais elevados devido às metodologias de crédito das MPME’S.

Dinheiro electrónico/móvel - Existe ainda um potencial de provisão de serviços financeiros nas zonas rurais através de soluções / serviços telefónicos. No entanto, estes ainda não são vistos pelos Bancos como uma forma viável de expansão para as zonas rurais.

PRINCIPAIS CONSTRANGIMENTOS DAS MPME’S As MPME’s enfrentam os seguintes constrangimentos:

Liderança das MPME’s – a visão, princípios e a operacionalidade das MPME’s são normalmente subjacentes à figura “criadora”, criando uma dependência e elevando o risco de insucesso da MPME caso o líder se afaste desta.

Filosofia de Gestão - a filosofia de gestão das MPME’s é mais de “negócio individual / familiar” e não de uma empresa a operar num mercado competitivo.

Page 32: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

xxvi ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

Profissionalização da Gestão - o modelo de gestão das MPME’s é feito de uma forma pouco profissional e pouco transparente, sem fazer uso de instrumentos e modelos necessários para uma gestão adequada por exemplo apresentação de planos de negócios.

Fraca literacia financeira - verifica-se que as MPME’s apresentam um fraco conhecimento sobre os diferentes instrumentos financeiros e opções de financiamento existentes.

Baixa capacidade de apresentação de colaterais - é comum verificar-se a falta de activos na estrutura de balanços destas.

Fraco nível de capitalização das MPME’s - o nível de capitalização das MPME's é reduzido, tanto que estas não conseguem ilustrar autonomia financeira e viabilidade do negócio.

Gestão Financeira Profissional - as MPME's apresentam fragilidades quanto à capacidade de elaboração e apresentação de informação financeira credível.

Envolvente Legal e Institucional – o país possui um sistema fiscal complexo e que não faz a diferenciação entre MPME's e grandes empresas. Adicionalmente o sistema judicial é demorado na resolução de conflitos no que respeita à execução de garantias.

PRINCIPAIS CONSTRANGIMENTOS DO SECTOR AGRÍCOLA O sector agrícola apresenta certos constrangimentos. Alguns são específicos à sua área de actuação e outros mais gerais:

Prática Agrícola - o uso de sistemas rudimentares para produção continua a ser o modelo predominante. Não existe poder de escala.

Mercado de seguro agrícola não desenvolvido - os riscos das MPME’s que actuam no sector agrícola são maiores, dada a inexistência de seguros no mercado.

Baixa capacidade de apresentação de colaterais - o sector agrícola não se difere muito de outras MPME's no que se refere à capacidade de apresentação de colaterais. De forma mais específica, o sector da Agricultura debate-se sobre o uso da terra ou DUAT como um colateral.

Fraca literacia financeira - realce neste sector vai para um fraco nível de literacia relativa à gestão contabilística e financeira.

Dependência de factores climáticos - a práctica da agricultura ainda é propensa a situações climatéricas adversas (risco de calamidades naturais).

Cadeia de Valor não desenvolvida - o sector de agricultura apresenta uma cadeia de valor não completamente desenvolvida ou então concentrada no próprio agricultor.

Vertente comercial subdesenvolvida – os actores deste sector não têm como foco a questão de comercialização mas sim a forma de subsistência.

Poucos Bancos virados para agricultura - o financiamento à agricultura e ao agro-negócios não são tidos como prioritários pelos riscos climatéricos e de infra-estruturas associados à actividade, assim como a inexistência de um sistema de seguros para o sector.

Page 33: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL xxvii

COMPROMISSO NACIONAL - BDM, BANCA COMERCIAL E EMPRESARIADO

LINHAS DE ORIENTAÇÃO – BDM Para a redução do custo de financiamento, o mercado percepciona algumas medidas a serem tomadas, tais como:

Coordenação com outros organismos públicos no que concerne à liquidez existente no mercado e a concentração da mesma em entidades Institucionais Públicas.

Definição de regulação específica que venha promover o aumento da concorrência, ao mesmo tempo criando as condições para a dinamização do mercado interbancário (acesso ao crédito entre os bancos) .

Ponderar a remuneração dos depósitos obrigatórios junto do BdM (8%), utilização mais eficiente das reservas e depósitos em moeda estrangeira, a apresentarção de garantias a 100% para o acesso ao crédito via FPC sao factores que, indirectamente, fazem aumentar o custo de funding para a Banca Comercial

1

2

3

Criar as condições para o aumento da taxa de bancarização, desenvolvendo aspectos de base para a elegibilidade e transparência no acesso ao crédito.

4

Coordenação com o sistema juridico/legal no que diz respeito à celeridade dos processos de contencioso. 5

Promoção e desenvolvimento de uma central de risco de crédito, integrada e consolidada para todo o sector financeiro.

6

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xxviii ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

LINHAS DE ORIENTAÇÃO – BANCA COMERCIAL A Banca comercial, por seu turno, reconhece que é importante focar na:

Maior nível de transparência na definição da prime rate e divulgação da informação ao mercado até para efeitos comparativos.

Partilha dos excedentes de liquidez no mercado interbancário, permitindo distribuir liquidez pelo sector.

Articulação com a AMB para minimizar o custo de funding na captação dos “leilões” de depósitos dos Clientes Institucionais, com grande capacidade de liquidez na economia.

1

2

3

Capacitação institucional e promoção da formação de produtos especializados, nomeadamente no sector agrário.

4

Desenvolvimento de soluções inovadoras para responder às características do mercado, tais como a escassez de colaterais e a descapitalização das MPMEs

5

Aposta no aumento da bancarização assim como na redução do nível de informalismo existente na economia (reduzir a economia paralela e com issso aumentar a liquidez no sector)

6

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ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL xxix

LINHAS DE ORIENTAÇÃO – EMPRESARIADO As linhas orientadoras para o sector privado e outros stakeholders são:

Encarar a contabilidade como um procedimento de apoio à Gestão, aumentando o nível de transparência no disclosure e reporte de contas.

Adopção de práticas de trabalho em associativismo pelas MPME’s .

Profissionalização da Gestão das Empresas e melhorar os índices de delegação de funções. Empresas concentradas numa única individualidade tem um risco percepcionado como mais elevado.

1

2

3

Capacitação institucional e promoção da formação do pessoal, nomeadamente no que diz respeito à literacia financeira e produtos bancários.

4

Incrementar os níveis de preparação negocial para com a Banca Comercial. O desenvolvimento de plano de negócios e projecções de fluxos de tesouraria são elementos que ajudam a entender o projecto/negócio e por consequência a diminuição do risco percepcionado.

5

Incrementar a monitorização dos projectos de capacitação institucional de forma a que exista um verdadeiro value for money dos projectos que estão a ser desenvolvidos na área de promoção da literacia financeira.

6

Page 36: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

xxx ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

LINHAS DE ORIENTAÇÃO – SECTOR AGRICOLA As linhas orientadoras para o sector agrícola são:

Capacitação Institucional da Banca Comercial com quadros qualificados em engenharia agrónoma e com capacidade de análise de um projecto neste sector.

A partilha de risco deverá de envolver o Estado e desta forma a criação de seguros agrários é determinante para a confiança da Banca Comercial em projectos do sector.

Capacitação das MPMEs ligadas a projectos do sector agricola, no que diz respeito à capacidade de elaboração de planos de negócio, projecção de cash flows e gestão profissional dos projectos.

1

2

3

Identificação de alternativas para a criação de garantias reais que a Banca Comercial possa usar para reduzir o risco dos projectos agrários, incluindo o desenvolvimento do conceito de valorização da terra ou do potencial da terra com um projecto viável.

4

Potenciar o conceito de associativismo entre os pequenos empresários do sector, criando poder de escala e negocial.

5

Repensar a estratégia da cadeia de valor do sector agrário em Moçambique. A aposta deverá de considerar a produção tradicional e as oportunidades de negócio desde a indústria transformadora até ao consumo final, valorizando assiim a produção nacional e o conteúdo local.

6

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ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL xxxi

BENCHMARK INTERNACIONAL

ANGOLA Desde 2011, o Banco Nacional de Angola tem feito uma transição progressiva para um quadro de metas de inflação e para tal está a apoiar-se em medidas de “desdolarização” e de taxas de juro dos títulos públicos que deverão ser determinadas pelo mercado através da apresentação de ofertas em leilões primários. O Banco Central e o Instituto Nacional de Estatísticas estão a trabalhar em conjunto no sentido de desenvolver indicadores económicos rigorosos para munir as autoridades de dados com melhor qualidade e mais atempados para ajudar na tomada de decisões.

Relativamente às taxas de empréstimo e depósito, os dados obtidos mostram que ao longo do período em causa as taxas de referência foram decrescendo a um ritmo acelerado, graças à política expansionista do Banco Nacional de Angola.

As taxas dos bancos comerciais, por seu turno, acompanharam esta descida de forma proporcional.

No que diz respeito ao financiamento às MPME’s, alguns Bancos angolanos fornecem empréstimos livres de taxas bancárias e com garantias acessíveis como é o caso do Banco Angolano de Investimentos (BAI), Banco Angolano de Negócios e Comércio (BANC), Banco Espírito Santo Angola (BESA), Banco Comercial Angolano (BCA). Por outro lado, foi criado o Instituto Nacional de Apoio às Pequenas e Médias Empresas, ao qual compete a implementação das políticas e estratégias no domínio da formação e capacitação empresarial para as MPMEs.

As autoridades angolanas têm vindo a promover um conjunto de políticas e instrumentos destinados à criação de um ambiente propício para o crescimento e desenvolvimento, através da criação de incentivos financeiros para o sector agrícola.

Gráfico 9 – Taxas de juro em Angola

Fonte: Banco Nacional de Angola

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xxxii ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

ÁFRICA DO SUL O South African Reserve Bank, desde 2000 que adoptou por uma política monetária de metas de inflação. A África do Sul opera através de um sistema de taxa de câmbio flutuante mas quando necessário o Banco Central intervém no mercado de câmbio, com vista a controlar o câmbio e o nível de reservas em moeda estrangeira.

No que diz respeito às taxas de referência, a taxa de Facilidade Permanente de Cedência decresceu cerca de 21% de 2009 para 2010 mantendo-se ao mesmo nível no ano consecutivo. Em 2012 voltou a observar uma queda de aproximadamente 9% atingindo os 5% o qual permaneceu em 2013.

Por outro lado, as taxas de empréstimo praticadas pelos bancos comerciais seguiram o mesmo rumo.

Relativamente às fontes alternativas de financiamento das MPME’s, o sistema de poupança “Stokvels” é o mais utilizado. Por outro lado, os micros empresários contam com 13 Bancos a operar neste sector. Existem também por um lado, as associações que apoiam e prestam formações aos pequenos e médios empresários e por outro, um órgão institucional do governo que oferece subsídios.

O financiamento ao sector agrícola é muitas vezes feitos recorrendo à algumas associações especializadas para tal e ao Land Bank – o Banco especializado no sector agrícola.

Gráfico 10 - Taxa de juro na África do Sul

Fonte: South African Reserve Bank

TANZÂNIA O Bank of Tanzania pretende reformar e modernizar a forma como conduz a política monetária através da substituição do actual regime de metas monetárias (quantidade) por um regime de metas por taxas de juro – taxa do Banco central (preço).

Sem dados relativos à FPD

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ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL xxxiii

De 2009 a 2013 as taxas praticadas pelos bancos comerciais seguiam, de forma proporcional, o mesmo rumo que as taxas de referência do Bank of Tanzania, com a excepção da taxa de empréstimo que de 2012 a 2013 decresceu 12%, embora a taxa de Facilidade Permanente de Cedência se tivesse mantido inalterada.

Gráfico 11 - Taxas de juro na Tanzânia

Fonte: Bank of Tanzania

Esta mudança de regime será feita em fases para garantir uma transição suave começando com o fortalecimento do sistema financeiro para que se torne mais integrado, competitivo e flexível às mudanças de preços.

Na Tanzânia alguns Bancos desenvolveram produtos específicos de crédito para as MPME’s, com condições favoráveis, tais como, o aumento do leque de colaterais aceitáveis. Por outro lado, os pequenos empresários podem recorrer às associações de poupança e cooperativas, sendo a SACCOS a mais antiga.

Apesar de a Tanzânia possuir o maior número de Bancos comparativamente a outros países do leste de África, são poucas as instituições que se debruçam sobre o financiamento ao sector agrícola.

Na Tanzânia alguns Bancos desenvolveram produtos específicos de crédito para as MPME’s, com condições favoráveis, tais como, o aumento do leque de colaterais aceitáveis. Por outro lado, os pequenos empresários podem recorrer às associações de poupança e cooperativas, sendo a SACCOS a mais antiga.

Apesar de a Tanzânia possuir o maior número de Bancos comparativamente a outros países do leste de África, são poucas as instituições que se debruçam sobre o financiamento ao sector agrícola.

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ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL 1

CAPÍTULO UM: FEEDBACK RECEBIDO DA APRESENTAÇÃO A apresentação do relatório teve lugar no dia 27 de Novembro de 2014 pelas nove horas no Hotel VIP, em Maputo. Contou com a presença dos membros do CTA e do SPEED, consultores da KPMG, representantes das instituições financeiras e stakeholders que participaram no survey e demais representantes institucionais.

Após a apresentação, foram registados os seguintes aspectos:

■ Segundo a representante do pelouro de política financeira do CTA, era de se esperar que a redução da taxa FPC nos últimos anos tivesse um impacto no custo de funding dos bancos comerciais. Porém tem-se observado que a taxa a que são concedidos os créditos não está directamente relacionada com a taxa FPC, o que faz com que os bancos comerciais continuem a praticar altas taxas na concessão de crédito. O facto de se ter observado uma queda da inflação e um aumento do número de bancos em Moçambique não contribuiu em grande medida para a redução das taxas d concessão de crédito. Ainda de acordo com a representante do CTA, para melhor entender esta situação, era necessário perceber se os bancos estão confortáveis com a situação actual do sistema financeiro e conhecer melhor as componentes do custo de funding.

■ O representante do BDA partilha de uma opinião idêntica à anterior e afirma que o custo de funding é o principal problema a ser posto em causa. Segundo este representante, os factores que explicam as altas taxas de concessão de crédito são:

‒ Concessão de cerca de 50% empréstimos a uma taxa prime rate;

‒ Falta de competitividade no sistema bancário;

‒ Inexistência de liquidez no sistema bancário.

O representante propõe uma análise separada no tratamento da concessão de crédito entre as PME’s, o crédito ao consumo e o financiamento às empresas, visto que estes grupos não estão a ser diferenciados pelos bancos comerciais.

É da opinião que é importante entender se o Banco de Moçambique está a emprestar dinheiro suficiente aos bancos comerciais e se o mesmo está a fazer os leilões necessários de forma a aumentar a liquidez no mercado.

■ O representante do Standard Bank, por sua vez, afirma que existem fontes de financiamento alternativas baratas para as PME’s como é o que caso dos títulos de dívida, das obrigações e da abertura de capitais. O BdM não consegue garantir o financiamento de capital e por isso os bancos comerciais recorrem a outras fontes de financiamento como por exemplo os fundos de pensões, acabando por elevar o custo de funding. O representante é da opinião que para resolver o actual problema deve-se começar por entender porque é que apenas três / quatro instituições influenciam o custo de capital.

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2 ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

■ Na mesma linha de pensamento, o representante do Barclays garante que nem todos os empréstimos bancários exigem uma garantia real. Existem instrumentos de curto prazo que podem ser utilizados pelas PME’s como é o caso dos descontos de livrança, com vista a alavancar o seu negócio. Nesta perspectiva, os bancos comerciais podem debruçar-se na informação financeira que a PME apresenta. Porém e segundo este representante, existe uma falta de educação financeira por parte das PME’s o que acaba por dificultar o processo de concessão de crédito a taxas mais baixas.

■ Uma das intervenientes afirma que o fundo de pensões complementares é uma política antiga e é prática dos países anglo-saxónicos. Moçambique adoptou esta prática recentemente e como tal é importante entender até que ponto o INSS afecta a liquidez do mercado. Foi também sugerido perceber como é que os outros países tratam este tema.

■ O representante do GIZ afirma que é difícil obter a informação acerca dos componentes do custo de funding visto que o mercado não apresenta uma transparência a esse nível. A informação é sigilosa, daí que é relevante fazer uma parceria com o Banco de Moçambique, visto que é o único agente que pode obter esta informação discriminada, de modo a fornecer mais dados paras se fazerem análises. Para tal é necessário promover o diálogo e a discussão entre o Banco de Moçambique e os bancos comercias. O interveniente afirma que os bancos comerciais também são empresas e por isso precisam das suas margens de lucro.

Outro problema apontado é o facto de se olhar sempre para o lado a oferta, afirmando que são poucos os bancos no mercado. Os que estão no mercado não estimulam o investimento e como tal o aumento do número de instituições observado recentemente não se traduz num aumento da competitividade neste sector. O representante é da opinião que deve se aprofundar o lado da procura e afirma que o problema não está no facto de as PME’s serem informais, mas sim no facto de toda a economia do país o ser. O maior problema é o grau da informalidade que não se sujeita apenas à falta de recursos humanos, mas também ao facto de o sector empresarial não ter incentivos para ser formal.

O representante é da opinião que o Ministério das Finanças deve ser envolvido visto que existem também questões políticas ligadas ao assunto.

■ Segundo o representante do AFD deve se procurar entender o que deve ser feito pelo Mercado Interbancário para aumentar a liquidez, mais especificamente o que os cinco maiores bancos podem fazer para transferir a liquidez para os outros bancos.

Na mesma linha de pensamento que o representante do GIZ, este aponta também para o problema da informalidade das PME’s. A formalidade é vista como um custo e não traz benefícios. Caso as PME’s se formalizem, a concorrência aumenta.

■ Um dos representantes da GTS chamou atenção para as fontes utilizadas na apresentação.

■ Segundo o representante do SPEED a banca é um negócio e o lucro advindo é elevadíssimo. Os bancos sentem se confortáveis com a situação actual. É necessário haver uma eficiência na regulação por parte do Estado / Banco de Moçambique

■ A Direcção Executiva do CTA terminou a sessão afirmando que o trabalho apresentado serveriá como base de estudo a ser enriquecido com a informação relativa à estrutura do custo de funding dos Bancos Comerciais. O acesso a esta informação deve ser coordenada com o Banco de Moçambique, a Banca Comercial e a Associação Moçambicana dos Bancos.

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ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL 3

CAPÍTULO DOIS: BANCO DE MOÇAMBIQUE

O SISTEMA BANCÁRIO EM MOÇAMBIQUE O BdM foi fundando em 17 de Maio de 1975. O BdM tem feito esforços na busca da contínua actualização do quadro legal e regulamentar aplicável às instituições de crédito. As instituições de crédito em Moçambique são constituídas por Bancos comerciais e de investimento, cooperativas de crédito e microbancos.

SISTEMA BANCÁRIO MOÇAMBICANO

O Banco de Moçambique (BdM) foi fundando em 17 de Maio de 1975, na sequência dos Acordos de Lusaka assinados entre o Governo Português e a Frente de Libertação de Moçambique. Através da lei nº 1/92 de 3 de Janeiro, o BdM passou a exercer as funções de um Banco Central:

Figura 1 - Funções do Banco de Moçambique

Fonte: Banco de Moçambique

O sector bancário em Moçambique tem vindo a crescer significativamente em resposta ao rápido crescimento do país, de cerca de 7.50% (Cia World Factbook). Apesar desta expansão o sector ainda está numa fase embrionária e enfrenta alguns constrangimentos. De momento, o sistema bancário moçambicano é composto por:

Banco Emissor

Gestor das disponibilidades externas do País

Intermediário nas relações monetárias internacionais

Orientador e controlador das políticas monetária, financeira

e cambial

Conselheiro do Governo no domínio financeiro

Banqueiro do Estado

Supervisor e regulador das instituições financeiras

Page 44: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

4 ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

Bancos18

Instituição de Moeda Electrónica

1

Microbancos8

Cooperativas de Crédito

7Sociedade

Emitente/Gestora de Cartões de Crédito

1

Sociedad de Capital de Risco

1

Sociedade Administradora de

Compras em Grupo1

Casas de Câmbio

19

Sociedade de Investimento

1

Organizações de Poupança e Empréstimo

11

Banco Internacional de Mocambique - Millennium BIM, SA The Mauritius Commcerial Bank (Moçambique), SABanco Comercial e de Investimentos - BCI, SA Banco Terra, SAStandard Bank, SA Capital BankBarclays Bank Mocambique, SA Banco Mercantil e de Investimentos, SAMoza Banco, SA Socremo - Banco de Microfinanças, SABancABC Mocambique, SA United Bank of Africa, SABanco Único, SA EcobankFNB Mocambique, SA Banco Oportunidade de Moçambique, SABanco Nacional de Investimento - BNI, SA Banco Tchuma, SARL

Bancos Comerciais a operar em Moçambique

Gráfico 12 - Estrutura accionista dos bancos Figura 2 - Activos Totais 2013

Fonte: Banco de Moçambique

Adicionalmente, o sistema bancário conta com 199 operadores de microcrédito no mercado, totalizando 267 instituições neste sector. Actualmente, o país possui 18 Bancos comerciais, de entre os quais o Millennium BIM, o BCI e o Standard Bank, que em conjunto, detêm 75% dos activos no mercado. A entrada de Bancos privados reduziu significativamente a proporção de activos bancários de propriedade do Estado. No entanto, o Governo de Moçambique e outras instituições públicas ainda detêm 26% do capital do Millennium BIM - o maior Banco do sistema. Em Dezembro de 2012, o Banco Nacional de Investimento (BNI) tornou-se também propriedade do Estado. As instituições de crédito têm em vista o alargamento da oferta dos serviços financeiros à maioria da população, um processo globalmente designado de inclusão financeira. O conjunto de produtos e serviços oferecidos aos consumidores continua a expandir, sendo que a mais recente inovação está ligada ao Mobile Banking e ao serviço de moeda electrónica (Mkesh e Mpesa).

Moçambique possui os seguintes Bancos comerciais:

Tabela 2 - Bancos Comerciais a operar em Moçambique

Fonte: Banco de Moçambique

30%

29%

16%

25%

Millennium BIM

Standard Bank

Outros

BCI

Page 45: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

2 ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

501 520938 1,078

8,499

11,733

9,938

13,331

0

2,000

4,000

6,000

8,000

10,000

12,000

14,000

2012 2013

Qua

ntid

ade

Balcões ATM POS

Existe uma participação minoritária do empresariado nacional na estrutura accionista do sistema bancário. Os Bancos são maioritariamente de capital estrangeiro pelo facto de possuírem uma capacidade de entrega de know-how e skills de novos produtos e serviços na área financeira. Este grupo, composto principalmente por accionistas portugueses e sul-africanos, detém uma parcela acima de 50% da estrutura accionista do sistema bancário.

Gráfico 13 - Estrutura accionista dos Bancos

Fonte: Relatório de Contas dos Bancos Comerciais, 2013

Na proposta de estratégia para o desenvolvimento do sector financeiro 2013-2022, o governo pretende colocar em curso um conjunto de medidas para que possa atingir no final desse período o seguinte objectivo: pelo menos 35% da população adulta em idade activa em Moçambique tenha acesso físico ou electrónico a pelo menos um serviço financeiro prestado por uma instituição financeira regulamentada. Para além disso, os Bancos têm em vista aumentar a penetração no meio rural.

Fonte: Relatório Anual BdM 2012; Revista Exame Julho 2014

Gráfico 14 - Infra-Estruturas da Banca Figura 3 - Acesso geográfico: número de agências (10.000km2)

72%

11%

17%

Maioritariamente Estrangeira Estrangeira & Estado

Maioritariamente Locais

70% dos Activos das IC são constituídos pela

soma de participações estrangeiras e estatais

Legenda: 10+ agências 9 – 2 agências 1 agência

Page 46: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL 3

LINHAS ORIENTADORAS DO BANCO CENTRAL As alternativas ao regime de metas monetárias em vigor:

Regime de taxas de câmbio;

Regime de metas de inflação;

Regime de metas de taxas de juro.

Os dados disponíveis sobre os agregados monetários e o comportamento da inflação mostram que para o caso da economia moçambicana o regime de metas monetárias se afigura a opção mais viável.

QUADRO OPERACIONAL DA POLÍTICA MONETÁRIA

A política monetária do BdM assenta no regime de metas monetárias abaixo descrito:

Figura 4 - Quadro operacional da política monetária

Fonte: Banco de Moçambique

O objectivo in termediário possui variáveis que afectam os objectivos finais da política monetária. Para Moçambique, esta variável são os meios totais de pagamento. Apesar do Banco Central não poder influenciá-la directamente, este procura fazê-lo através da gestão dos instrumentos de política monetária com vista a monitorar as metas operacionais. A variável operacional deve ser influenciada directamente pelo Banco Central no curto prazo, devendo ter uma relação previsível com o objectivo intermediário (Estratégia de Médio e Longo Prazo da Política Monetária, BdM).

Instrumentos de Política Monetária

Variável operacional

ObjectivoIntermediário

ObjectivosFinais

1 2 3

Mercados Interbancários

Reservas obrigatórias

Supervisão

Persuasão Moral

Base Monetária (BaM) – Notas e

Moedas em Circulação (NMC) e Reservas bancárias

Meios totais de pagamento –

Agregado mais amplo da moeda: M3

Crescimento da Economia

Inflação

Posição externa

Page 47: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

4 ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

11.50% 15.50%15.00%

9.25% 8.25% 8.25%

3.00% 4.00% 4.00%2.25% 1.50% 1.50%

9.50%14.78%

11.80%

2.59% 5.23% 5.35%

0.00%4.00%8.00%

12.00%16.00%20.00%

Facilidade Permanente de CedênciaFacilidade Permanente de DepósitoBT's (91 dias)

8.00%8.75% 9.00%

8.00% 8.00%8.00%

0.00%2.00%4.00%6.00%8.00%

10.00%

Coeficiente de Reservas Obrigatórias

24,46431,619 34,311

41,08647,544

51,868

010,00020,00030,00040,00050,00060,000

MZN

Milh

ões

107,074131,467 143,861

186,013216,422 228,792

050,000

100,000150,000200,000250,000

MZN

Milh

ões

Gráfico 15 - Intrumentos da Política Monetária

O Comité de Política Monetária (CPM) do Banco Central tem vindo a intervir nos mercados interbancários de modo a assegurar o cumprimento da meta da BaM para Julho de 2014 fixada em MZN 51. 868 Milhões.

Gráfico 16 - Variável operacional e Objectivo Intermediário

Instrumentos da Política Monetária 1

■ O BdM tem mantido a sua taxa de referência (FPC), inalterada no actual mínimo histórico de 8.25% desde Outubro de 2013. As taxas de juro dos BT’s mantiveram-se estáveis em 2014, fechando o mês de Julho a nível de 5.35% a 91 dias.

■ O mesmo trajecto tem seguido o coeficiente de Reservas Obrigatórias, que a partir de 2012 registou uma descida de 1% e continua ao mesmo até o presente.

■ A Supervisão, como instrumento da política monetária, resume-se à fiscalização e acompanhamento do cumprimento de normas de natureza prudencial.

■ A Persuasão Moral consiste em reunir Bancos comerciais e mostrar as boas condutas privilegiadas pelo BdM, como por exemplo, a não cobrança de comissões a determinados serviços.

1

Fonte: Relatório Anual BdM, 2009, 2010, 2011, 2012

■ O aumento que se tem registado na base monetária deve-se à expansão das NMC. Esta, por sua vez alterou devido, por um lado, ao aumento da comercialização de produtos agrícolas na zona centro e norte do país e por outro, pelo aumento de pensionistas e outras despesas do Estado em numerário.

Fonte: Relatório Anual BdM, 2009,2010,2011,2012 Boletim Mensal de Conjuntura, Dezembro 2009,2010,2011,2012,2013 e Julho de 2014

Variável operacional 2 3 Objectivo Intermediário

Fonte: Relatório Anual BdM, 2009,2010,2011,2012 Boletim Mensal de Conjuntura, Dezembro 2009,2010,2011,2012,2013 e Julho de 2014

■ Entre os principais factores de expansão monetária destaca-se o crédito concedido, em meticais, ao sector privado e as transacções do governo. Estas transacções foram parcialmente amortecidas pelos pagamentos de bens e serviços no exterior, em parte com recurso às dívidas compradas pelas instituições de crédito ao BdM.

Page 48: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL 5

15.10%14.40%

17.10%17.90%

16.30%

8.00%

0.00%4.00%

8.00%12.00%

16.00%20.00%

Rácio de Solvabilidade Mínimo exigido

OUTROS INDICADORES: RÁCIO DE SOLVABILIDADE O rácio de solvabilidade é considerado um instrumento de política monetária e enquadra-se no processo de Supervisão do BdM sobre as IC.

Gráfico 17 - Outros Indicadores: Rácio de Solvabilidade

Para efeitos de adequação do rácio de solvabilidade e manutenção para efeitos reguladores, o BdM requer que cada Banco mantenha um rácio de solvabilidade igual ou superior a um mínimo de 8% (Aviso 03/GBM/2012). Em 2012, a média foi de 17,90% contra os 17,10% de 2011. Esta evolução deveu-se ao aumento mais do que proporcional dos fundos próprios totais em relação aos activos ponderados que se relacionou com o aumento de capital concretizado por algumas instituições de crédito.

LIQUIDEZ DO SECTOR Os níveis de liquidez acessíveis para o financiamento em Moçambique são muito reduzidos devido à opção da Banca em usar os montantes de liquidez em investimentos mais seguros. Esta opção está associada às elevadas taxas de risco atribuídas aos investimentos de pequena escala (MPME’s).

LIQUIDEZ NO SECTOR A recente alteração das taxas directoras pelo BdM não teve um impacto relevante na alteração das taxas de juro da Banca comercial, esta situação deve-se ao facto de, em Moçambique, a variável operacional de política monetária ser a base monetária e não as taxas de juro de referência (Massarongo, Fernanda, Desafios para Moçambique 2013, Porque é que os Bancos comerciais não respondem à redução das taxas de referência do Banco de Moçambique), ao contrário de economias mais avançadas. Desta forma a instituição influencia a liquidez do sector através de políticas monetárias que afectam o mercado interbancário. As operações interbancárias são usadas para gerir o excesso ou défice de liquidez. O BdM influencia a liquidez alterando a FPC, a taxa das reservas obrigatórias ou através da compra e venda de títulos e moeda ao mercado interbancário.

Tabela 3- Sector Bancário 2013

Fonte: Relatórios de Contas dos Bancos Comerciais, 2013

Setembro de 2013 Sem informação

para 2014

Fonte: Relatório Anual BdM, 2009,2010,2011,2012

Page 49: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

6 ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

Figura 5 - Percentagem de depósitos não cedidos a clientes

46%34%29%

28%

25%

Percentagem de depósitos não cedidos a clientes

BCI Millennium BIM

Standard Bank

Moza Banco Barclays

Dos cinco maiores Bancos a percentagem de depósitos não cedidos a privados situa-se em média nos 32%, destacando-se o terceiro maior Banco (Standard Bank) com 46% e o maior Banco (Millennium BIM) com 28%. Neste momento o coeficiente de reservas obrigatórias situa-se em 8%, ou seja, em média os Bancos usam 24% dos seus depósitos em outras aplicações como bilhetes de tesouro e obrigações.

Page 50: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL 7

30.95%

28.07%

19.64%

6.17%

3.63%

11.54%

0.00% 10.00% 20.00% 30.00% 40.00%

Millennium BIM

BCI

Standard Bank

Barclays

Moza Banco

Outros

31.22%

28.15%

16.74%

5.61%

5.78%

12.49%

0.00% 10.00% 20.00% 30.00% 40.00%

Millennium BIM

BCI

Standard Bank

Barclays

Moza Banco

Outros

CAPÍTULO TRÊS: BANCA COMERCIAL EM MOÇAMBIQUE

CAPTAÇÃO DE DEPÓSITOS Cerca de 2/3 dos depósitos na Banca comercial moçambicana são detidos pelo Millennium BIM e BCI.

CAPTAÇÃO DE DEPÓSITOS A captação de depósitos é um importante meio de financiamento e de aprovisionamento da capacidade financeira e de liquidez. Recentemente o crescimento da economia moçambicana situa-se nos 7.50% motivado pelo aumento da produção e de investimentos na área de exploração de recursos minerais.

Gráfico 18 - Captação de Depósitos 2012

Gráfico 19 - Captação de Depósitos 2013

Fonte: Relatórios de Contas dos Bancos Comerciais, 2013

Os Bancos de menor dimensão têm a capacidade de reagir mais rápido às alterações de curto e médio prazo pela sua estrutura de custos e dimensão. Este facto fez com que alguns Bancos pudessem oferecer taxas de juro de depósitos mais atractivas o que possibilitou uma maior captação de depósitos em 2013.

DEPÓSITOS 2012 - 2013 No que concerne à captação de depósitos o Millennium BIM e o BCI absorvem cerca de 2/3 do mercado.

Millennium BIM31%

BCI28%

Standard Bank17% Barclays

6%Moza Banco

6%

Outros12%

Outros incluindo Moza Banco

18%

O grupo de outros Bancos incluindo o Moza Banco está abaixo do volume de depósitos conseguidos pelos dois maiores Bancos individualmente.

Page 51: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

8 ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

Numa perspectiva de quatro anos, apurou-se que as taxas médias de depósito encontravam-se bastante atractivas em 2011 situando-se em 14.70%. No ano de 2012 a taxa de juro média diminuiu para 11.16%. No período compreendido entre 2011 e 2012, o volume de depósitos captados passou de MZN 125,000 milhões para aproximadamente MZN 179,000 milhões. O volume de depósitos registou crescimento em 2013, de 19.30% apesar das taxas de juro médias nos depósitos terem diminuído para 8.96%.

Gráfico 20 - Taxa de Juro nos Depósitos vs Volume de Depósito

Fonte: Revista Exame, Julho de 2014

CONCESSÃO DE CRÉDITO Foi registado um crescimento de 10.40% do sector financeiro. Cerca de 86% do financiamento à economia de Moçambique é concedido por cinco instituições financeiras. O crédito à economia cresceu 68% de 2012 para 2013.

Em 2013, o financiamento situou-se acima dos USD 5,000 milhões. O crédito a particulares e ao comércio continuam a ser os que mais crédito conseguem angariar. Aproximadamente, 53% do financiamento à economia é direccionado aos particulares e aos sectores de comércio e construção.

CONCESSÃO DE CRÉDITO O sector financeiro cresceu 10.40% em 2013 mostrando um crescimento robusto e sólido ao longo dos anos. Contribuiu para este crescimento o aumento do volume de crédito aos sectores de construção, transportes, comunicações e comércio. (Balanço do PES 20213 – Fevereiro de 2014).

O financiamento concedido pela Banca moçambicana apresentou um crescimento de 68% em 2013. O crédito à economia passou para mais de MZN 150.000 milhões em 2013. (Revista Exame de Maio de 2013 e de Julho de 2014).

11.85%

14.70%

11.16%8.96%

0.00%2.00%4.00%6.00%8.00%10.00%12.00%14.00%16.00%

0

50,000

100,000

150,000

200,000

250,000

2010 2011 2012 2013

MZN'00 0 0 00

Depósitos (MZN'000 000) Taxa de juro dos Depósitos

Page 52: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL 9

5,717,442

13,089,933

15,346,818

2,708,262

25,578,030

8,576,163

39,420,258

3,611,016

36,411,078

0 10,000,000 20,000,000 30,000,000 40,000,000 50,000,000

Agricultura

Indústria

Construção

Turismo

Comércio

Transportes e comunicação

Particulares

Habitação

Outros

MZN"000

0.00%

5.00%

10.00%

15.00%

20.00%

25.00%

30.00%

Nov-12 Nov-13

Gráfico 21 - Crédito por sector Gráfico 22 - Financiamento por sector (MZN´000)

Fonte: Balanço do PES 2013

A proporção do volume de concessão de crédito à agricultura reduziu em 0.9pp para 3.80%.

O crédito ao comércio, particulares e construção representou 53.40% do financiamento à economia em 2013.

O financiamento ao sector da construção impulsionado por obras públicas e ramo imobiliário registou crescimento significativo.

Gráfico 23 - Quota de Financiamento à economia

Fonte: Relatórios de Contas dos Bancos Comerciais, 2013

Os Bancos comerciais têm angariado depósitos significativos em moeda estrangeira explicado por um incremento no Investimento Directo Estrangeiro. Contudo, estes depósitos nem sempre significam maior capacidade de empréstimo, uma vez que o Banco Central impôs uma limitação legal na quantia de créditos concedidos em moeda estrangeira, Desta forma, os Bancos com grandes depósitos em moeda estrangeira não podem rentabilizar a totalidade dos depósitos acarretando custos financeiros.

26.20%

Millennium BIM32.59%

BCI29.89%

Standard Bank12.54%

Barclays5.15%

Moza Banco5.50%

Outros14.33%

Quota de Financiamento à economia 2013

Millennium BIM34.26%

BCI31.30%

Standard Bank12.72%

Barclays5.43%

Moza Banco4.25%

Outros12.04%

Quota de Financiamento à economia 2012

Page 53: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

10 ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

ESTRUTURA DOS ACTIVOS DOS BANCOS E RENTABILIDADE O total de activos no sistema bancário cresceu 18.60% de 2012 para 2013. Millennium BIM e BCl cresceram em termos de quota de mercado 0.5pp e 0.4pp respectivamente em 2013.O Moza Banco registou um crescimento de 70.6% nos activos. O grupo de 13 Bancos de menor dimensão registou uma expansão de activos em 22.70% no ano de 2013. A principal fonte de receitas da Banca nacional é a carteira de crédito. A contribuição do crédito na estrutura de activos da Banca cresceu em 3.2pp em 2013. Em 2013, o crédito representou cerca de 52.37% dos activos.

ACTIVOS Os activos bancários registaram de forma global, um crescimento em 2013, sendo que houve um incremento na ordem dos 18.60% comparativamente ao ano de 2012. Com destaque para o Moza Banco com crescimento de 70.60% na sua carteira de activos.

Gráfico 24 - Crescimento de activos em 2013 (%) Gráfico 25 - Total de activos 2012 – 2013

Fonte: Relatórios de Contas dos Bancos Comerciais, 2013

Dos quatro maiores Bancos de Moçambique, o Millennium BIM e o BCI expandiram a quota de activos em 0.5pp e 0.4pp, respectivamente. Por seu lado, o Standard Bank reduziu a sua quota de activos na ordem dos 2.3pp para 15.70% em 2013. O Barclays apresentou uma redução na sua quota de 0.7pp quando comparado com o ano de 2012 passando de 17.90% para 6.10% em 2013.

Tabela 4 - Quota de activos (%)

Fonte: Relatórios de Contas dos Bancos Comerciais, 2013

210,000,000220,000,000230,000,000240,000,000250,000,000260,000,000270,000,000280,000,000290,000,000

2012 2013

MZN

'000

18.60%

20.92% 20.67%

3.92% 6.29%

70.56%

22.68%

0.00%

10.00%

20.00%

30.00%

40.00%

50.00%

60.00%

70.00%

80.00%

MillenniumBIM

BCI StandardBank

Barclays MozaBanco

Outros

Page 54: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL 11

Crédito49 .17%

Aplicações em IC's15 .15%

Activos financeiros

disponíve is para venda

13.60%

Disponibilidades em outras IC 's

15.35%

Investimentos0 .18%

Outros activos6.53%

Estrutura dos activos - 2012

Crédito52.37%

Aplicações em IC's

12.87%

Activos financeiros

disponíveis para venda15.59%

Disponibilidades em outras IC's

11.47%

Investimentos0.16%

Outros activos7.55%

Estrutura dos activos - 2013

Gráfico 26 - Estrutura dos activos

A Banca comercial de Moçambique apresenta uma estrutura de activos que tem o crédito concedido como a grande fonte de receitas, representando aproximadamente 52% dos activos. A importância do crédito na carteira de activos esteve mais evidente com a expansão desta componente na estrutura de activos passando dos 49.17% em 2012 para 52.37% em 2013. A proporção dos activos referentes às aplicações financeiras em outras IC’s e disponibilidades financeiras em outras IC’s reduziu 2.28pp e 3.88pp respectivamente, passando a ter uma representatividade de 12.87% e 11.47% aproximadamente em 2013.

RENTABILIDADE A Banca tem crescido em termos de crédito concedido o que proporcionou em 2013 um rácio de transformação de 78.10% contra os 70% registados em 2012. O crédito mal parado cresceu mas, situou-se abaixo de 2% do crédito total.

Relativamente à rentabilidade dos activos bancários, o sector continua a mostrar-se bastante atractivo, dinâmico e com potencial para continuar a crescer.

Em 2010 o rácio de transformação chegou a atingir 80% sendo numerado em 11.85% e 21.25% nas taxas de juro dos depósitos e do crédito, respectivamente. Em 2011, com a subida das taxas de juro dos depósitos e do crédito, verificou-se um maior volume de depósitos (14.70%). Entretanto o crédito registou um crescimento pouco significativo motivado essencialmente pelo custo do financiamento, que rondava a uma taxa média de 25.25% no crédito. Neste período o rácio de transformação situou-se 78%. (Revista Exame – Julho 2014).

As taxas de juro passiva e activa conheceram uma queda em 2012, no entanto o rácio de transformação, situou-se nos 70%. Em 2013, o cenário apresentou-se bastante animador para a Banca comercial moçambicana. O rácio de transformação atingiu os 78%.

Fonte: Relatórios de Contas dos Bancos Comerciais, 2013

Page 55: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

12 ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

Para cada Metical depositado 0.78 Meticais são concedidos em forma de crédito.

Figura 6 - Rácio de Transformação, Taxa de juro dos depósitos vs taxa de juro do crédito

Fonte: Revista Exame Julho 2014

Mesmo com a tendência de redução das taxas de juro para os depósitos foi registado nos últimos anos um aumento contínuo do volume dos depósitos, tendo superado os MZN 192,000 milhões em 2013. Por outro lado, o crédito à economia continuou a aumentar, mostrando sinais de pouca sensibilidade à subida da taxa de juro registada entre 2012 e 2013. (Revista Exame Julho de 2014) Na medida em que o financiamento à economia cresceu (2012 – 2013), o risco de imparidade também registou um incremento. Embora não sendo na mesma proporção do crescimento do crédito, em média, os Bancos registaram um crescimento na ordem dos 2% relativos ao crédito mal parado. (Revista Exame Julho de 2014)

11.85% 14.70%11.16%

8.96%

21.25%25.25%

19.82%21.51%

0.00%

5.00%

10.00%

15.00%

20.00%

25.00%

30.00%

2010 2011 2012 2013

Taxa de juro dos Depósitos Taxa de juro dos Créditos

78.10%

64.0%66.0%68.0%70.0%72.0%74.0%76.0%78.0%80.0%82.0%

0

50,000

100,000

150,000

200,000

250,000

2010 2011 2012 2013

MZN

milh

ões

DepósitosCréditoRácio de transformação (%)

Page 56: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE
Page 57: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL 13

PRINCIPAIS CONSTRANGIMENTOS Estima-se que até 2013 apenas 2 milhões de moçambicanos tinham acesso a serviços bancários e/ou contas bancárias. (Revista Exame, Julho 2014)

Concentração de liquidez provoca elevação do custo de funding. A formação financeira é um factor preponderante para a preparação de projectos de investimento assim como para a negociação com a Banca.

Pouca poupança na economia Moçambicana, que se apresenta, essencialmente consumista.

Falta de incentivos à competitividade no sector financeiro.

PRINCIPAIS CONSTRANGIMENTOS A Banca comercial de Moçambique depara-se com constrangimentos que, pela sua natureza, dificultam o negócio. Aspectos ligados à política monetária, cultura empresarial moçambicana e às condições das infra-estruturas disponíveis no país. São considerados como os principais constrangimentos no sector bancário:

Principais Constrangimentos

Custo de funding 1

O custo de funding representa um constrangimento para a Banca pois, as fontes de liquidez (em Meticais) disponíveis no mercado são reduzidas o que faz com que os Bancos recorram a elevadas taxas de depósitos para garantir a liquidez. Desta forma, o custo do crédito ao cliente final é muito elevado.

Liquidez concentrada num grupo de players 2

O facto da liquidez estar concentrada num grupo de entidades coloca pressão sobre os Bancos que necessitam de angariar depósitos em moeda nacional. Os detentores de liquidez têm uma grande capacidade de decidir e negociar as taxas de juro a serem consideradas na remuneração dos empréstimos.

Fraca Bancarização 3 Moçambique é um país extenso e como tal requer um maior esforço na expansão dos serviços bancários por forma a:

(a) Abranger maior parte da população; (b) Captar maior volume de depósitos; (c) Aumentar a liquidez na economia.

Page 58: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

14 ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

Fraca literacia financeira 4

O acesso ao crédito pelas MPME’s e o público em geral está ligado à informação financeira e à capacidade de perceber essa informação. As MPME’s apresentam fragilidades quanto à capacidade de elaboração de informação financeira, planos de negócio e capacidade de negociação no mesmo âmbito. Desta forma, a percepção de risco pela Banca é elevada o que provoca uma menor propensão a conceder crédito.

Colaterais 5

Os colaterais representam garantias que podem facilitar o acesso ao crédito por parte dos clientes, contudo, este é limitado. Exemplos mais frequentes são a não aceitação de Duat – Direito de Uso e Aproveitamento de Terra e licenças de exploração como garantias.

Fraco nível de poupança 6

A economia moçambicana tem um carácter consumista e por isso é uma economia com baixa propensão para poupar. O nível de renda das famílias e a respectiva estrutura de custos condicionam o nível de poupança e por consequência o volume de depósitos.

Poucos Bancos virados para agricultura 7

O financiamento à agricultura e agro-negócios não são tidos como prioritários pelos riscos associados à actividade tais como: riscos de calamidades naturais, pragas, fraco nível de infra-estruturas agrícolas e reduzido apoio social à actividade.

Fraca competitividade no sector 8

Devido à grande concentração de activos em apenas cinco Bancos, estes têm poder para decidir que taxas podem ser aplicadas e em que momento. Os Bancos de menor dimensão sem grande capacidade de manobra e para competir acabam por seguir os cinco maiores Bancos.

Limitação para concessão de empréstimos em moeda estrangeira 9

Constitui um constrangimento na medida em que são captados no mercado bancário moçambicano um volume significativo de depósitos em moeda estrangeira, no entanto, estes valores só podem ser convertidos em crédito para projectos que estejam virados para a exportação. Esta limitação representa um custo para os Bancos que mantêm depósitos que não são transformados em crédito.

Page 59: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL 15

-

5.0

10.0

15.0

20.0

25.0

2009 2010 2011 2012 2013

%

Taxas de Juro

EmpréstimosBancários

DepósitosBancários

Dispersão

CAPÍTULO QUATRO: CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

O CUSTO DO FINANCIAMENTO O custo de financiamento em Moçambique representa um forte entrave ao desenvolvimento de projectos de negócio devido à alta avaliação dos Bancos sobre o risco de concessão de crédito. Os factores usados para o cálculo do risco associado ao empréstimo estão ligados à situação económica dos requerentes herdada de um país “novo” ainda a passar por várias reformas estruturais.

CUSTO DE FINANCIAMENTO O empresariado moçambicano, de preferência, realiza o seu investimento com recurso a fundos próprios e empréstimos privados devido aos seguintes factores:

Elevados custos de juro;

Acesso limitado ao crédito e mercado de venture capital;

Exigências de garantias ou colaterais;

Insuficiência em quantidade e qualidade de serviços financeiros e a sua concentração na capital do país.

Gráfico 27 - Taxas de Juro

Fonte: Pesquisa da KPMG, Balanço do PES 2013

A taxa de juro de crédito após atingir um pico em 2011 (23.60%), tem vindo a decrescer e situou-se em 20% no ano de 2013, representando uma média de 21.10% nos últimos quatros anos. Nota-se que existe uma dispersão substancialmente elevada entre a taxa de juro dos empréstimos com a dos depósitos, equivalente a uma média de 9.80%.

Page 60: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

16 ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

A facilidade de permanência do BdM nos últimos quatro anos apresenta uma média de 11.95%, tendo um acréscimo elevado de 2009 para 2010 (4%), e um decréscimo semelhante de 2011 para 2012 (5%). Nota-se que estas variações aparentam causar pouco impacto nas taxas de juro bancárias. Esta situação deve-se ao facto que os factores relacionados com o risco de concessão de crédito não estão associados à FPC do BdM. Um estudo elaborado pela USAID sobre os Constrangimentos do Sector Financeiro no Desenvolvimento do Sector Privado em Moçambique chegou à conclusão, através de entrevistas aos Bancos, que os riscos envolvidos na concessão de crédito podem-se resumir em quatro critérios:

Figura 7 - Riscos na concessão de crédito

RISCO PERCEPCIONADO São quatros os principais grupos de riscos que são tomados em conta na análise e avaliação de um projecto. Estes incluem: (i) Risco do país; (ii) Risco sectorial; (iii) Risco da empresa; e (iv) Risco do projecto.

A principal referência para a análise do risco do país no âmbito do custo de fundos é a política monetária do país. Esta espelha-se basicamente em como o regulador monetário influência a economia via instrumentos de política monetária, que para o presente estudo, são as taxas directoras.

Os aspectos como um mercado maduro, tendências de desenvolvimento do sector, nível de concorrência e perfil dos principais intervenientes, abertura para inovação são aspectos que definem o quanto apetecível é um determinado sector, dai o risco sectorial.

O perfil da empresa requerente é outra componente do risco que influencia em grande medida o custo do financiamento. Note que a base de análise deste tipo de risco inclui aspectos como: (i) legalmente estabelecida, (ii) histórico da relação da empresa com a instituição financeira e sistema financeiro; (iii) relatórios financeiros mais recentes (não auditados); e (iv) identificação da liderança da empresa.

O risco do Projecto está associado à capacidade de desenvolvimento de planos de negócio e mapas de fluxos de caixa robustos, análise do mercado de forma assertiva, capacidade de apresentar garantias / colaterais, nível de comparticipação no investimento pretendido, apresentação de uma capacidade de implementação robusta, entre outros.

Capacidade e Experiência

A herança de um sistema de fraca qualidade deixa os requerentes com fracas habilidades de gestão.

Viabilidade da Actividade

Muitos requerentes chumbam na avaliação da viabilidade do projecto devido à falta de preparação

Informação Financeira

A inexistência de contabilidade organizada muitas vezes reflecte falta de qualificação académica.

Contribuição de Capital Poucos empresários em Moçambique tiveram a oportunidade de acumular capital.

Page 61: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL 17

RISCO PERCEPCIONADO Segundo o projecto “Financiando Moçambique” são quatros os principais grupos de riscos que são tomados em conta na análise e avaliação de um projecto. Estes incluem: (i) Risco do país; (ii) Risco sectorial; (iii) Risco da empresa; e (iv) Risco do projecto.

Risco do país A principal referência para a análise do risco do país no âmbito do custo de fundos é a política monetária do país. Esta espelha-se basicamente em como o regulador monetário influencia a economia via instrumentos de política monetária, que para o presente estudo, são as taxas directoras. Note que estas são percebidas como sendo a base por onde começa o custo de financiamento. Um outro aspecto que se reflecte na política monetária é a estabilidade económica e política.

O regulador tem demonstrado um sinal de confiança no sistema nos últimos anos via redução das taxas directoras (vide subsecção Linhas orientadoras do Banco Central para mais detalhes). No entanto, tem se observado que o mecanismo de transmissão deste sinal não tem tido o impacto esperado sobre o custo de financiamento. Como tal, fica a impressão de que o seu peso na definição do custo de financiamento (ainda que seja o ponto de partida) não é tão relevante quanto se pensa.

É percebido que existem factores adicionais que contribuem para este fenómeno, nomeadamente: (i) fraco nível de concorrência a nível do sector financeiro; (ii) influência da remuneração aos fundos de pensões; (iii) o nível de recorrência ao MMI; e (iv) necessidade de melhor legislar o sector, diferenciando os tipos de instituições financeiras (por exemplo as viradas para o desenvolvimento das empresas comerciais).

Risco Sectorial O risco sectorial tem sido percebido como sendo um dos principais influenciadores do custo de financiamento em Moçambique. Nestes consideram-se aspectos como tecnologia e infra-estruturas, geografia, políticas e legislação sectorial, cadeia de valor, entre outros.

Os aspectos como um mercado maduro, tendências de desenvolvimento do sector, nível de concorrência e perfil dos principais intervenientes, abertura para inovação são aspectos que definem o quanto apetecível é um determinado sector. Quanto mais difícil e desafios o sector enfrentar, maior é a probabilidade do seu risco ser elevado e por conseguinte maior é a influência desta componente no custo de financiamento.

Um exemplo crítico é o elevado risco percebido para o sector de agricultura, dadas as condições pouco desenvolvidas em que esta é praticada. Este sector é visto como sendo um sector de elevado risco (vide a subsecção Principais Constrangimentos do sector agrícola para uma análise mais detalhada), e como tal o custo de financiamento a este sector tem sido elevado. A Massarango (2013) também nota que os sectores de transporte, comércio, indústria e “outros sectores” (que agrega de entre várias categorias o crédito para particulares para consumo e habitação) têm tido maior afluência de crédito, diferentemente do sector agrícola.

Risco da Empresa O perfil da empresa requerente é outra componente do risco que influência em grande medida o custo do financiamento. Note que a base de análise deste tipo de risco inclui aspectos como: (i) empresa legalmente estabelecida, (ii) histórico da relação da empresa com a instituição financeira e sistema

Page 62: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

18 ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

28 28 38 42 43

7893

68 65 58 48 5412

14 7 4 9 3 10 6

Infla

ção

Juro

s C

ompo

stos

Neg

ocia

ção

Dive

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caçã

o do

Ris

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Ulti

lidad

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Seg

uro

Juro

Sim

ples

Divi

são

Sim

ples

Correcto

Incorrecto

Não Sabe

financeiro; (iii) relatórios financeiros mais recentes (não auditados); e (iv) identificação da liderança da empresa.

O perfil do empresariado nacional têm-se demonstrado fraco e com desafios sob diversas perspectivas (vide a subsecção Principais Constrangimentos das MPME’s para uma análise mais detalhada). Estes desafios ilustram um risco considerável em financiar estas, e como tal têm influenciado na formação do custo de financiamento, no sentido de ser mais alto.

Risco do Projecto A robustez de um projecto é uma das componentes que determina o custo de financiamento de forma directa. Este risco está, tradicionalmente, associado à capacidade de desenvolvimento de planos de negócio e mapas de fluxos de caixa robustos, análise do mercado de forma assertiva, capacidade de apresentar garantias / colaterais, nível de comparticipação no investimento pretendido, apresentação de uma capacidade de implementação robusta (recursos humanos qualificados, tecnologias reconhecidas, modelo de gestão claro e efectivo, gestão financeira profissionalizada), entre outros.

O nível de risco de um projecto é maior quanto menos robusto este for. Com tal esta componente do risco é de importância capital pois é o objecto de financiamento.

LITERACIA FINANCEIRA O nível de literacia financeira em Moçambique é forte em gestão financeira diária mas fraco em conceitos relevantes para uma gestão financeira a longo prazo. Tanto utilizadores do sistema financeiro como não utilizadores apresentam fraquezas em conhecimentos básicos para gestão consciente e adequada de instrumentos financeiros, daí a necessidade de uma implementação de uma estratégia de capacitação financeira e sustentabilidade das poupanças.

LITERACIA FINANCEIRA NO MERCADO NACIONAL As MPME’s têm várias dificuldades no acesso ao crédito devido ao desconhecimento das oportunidades existentes, ou seja, o nível de literacia financeira por parte do micro, pequenas e médias empresas releva-se como um dos principais constrangimentos devido ao acesso limitado ao financiamento bancário.

Para combater esta dificuldade têm havido iniciativas de diversas instituições, sob forma de palestras, seminários, sessões de formação, aumento e melhoria de fontes de informação.

Gráfico 28 - % de Respostas ao Inquérito

Fonte: Fortalecendo a capacidade e a inclusão financeira em Moçambique, Banco Mundial

O Banco Mundial em colaboração com o BdM lançaram em Agosto de 2014 um estudo sobre a capacidade financeira e a inclusão financeira em Moçambique, tendo efectuado questionários sobre a capacidade financeira.

Page 63: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL 19

Comparação internacional sobre conceitos financeirosMedido em percentagem de respostas correctas ao questionárioPaís Ano Inflação Juro Simples Juro Composto Divisão SimplesMoçambique 2013 28.00% 78.00% 28.00% 93.00%Mongólia 2012 39.00% 69.00% 58.00% 97.00%África do Sul 2010 49.00% 44.00% 21.00% 79.00%México 2012 55.00% 30.00% 31.00% 80.00%Malásia 2010 62.00% 54.00% 30.00% 93.00%Peru 2010 63.00% 40.00% 14.00% 90.00%Polónia 2010 77.00% 60.00% 27.00% 91.00%

O estudo do Banco Mundial concluiu que a maior parte dos entrevistados consegue efectuar divisões simples, e efectuar o cálculo simples da taxa de juro mas tem lacunas no conhecimento financeiro necessário para efectuar decisões relacionadas com empréstimos e poupanças. As rúbricas mais notáveis foram a falta de conhecimento sobre a inflação (72%) e juros compostos (72%). Nas pesquisas semelhantes feitas em outros países, notou-se que a percentagem de entrevistados com conhecimento sobre a inflação em Moçambique é substancialmente inferior.

Tabela 5 - Comparação internacional sobre conceitos financeiros

Fonte: Fortalecendo a capacidade e a inclusão financeira em Moçambique, Banco Mundial

O estudo do Banco Mundial conclui que os entrevistados moçambicanos que não participam nos mercados financeiros, apesar de estarem menos conscientes dos serviços oferecidos pelas instituições financeiras, têm um conhecimento comparável ao dos entrevistados que usam activamente os produtos financeiros. Sugere, nesta base, que tanto os moçambicanos excluídos como os inclusos financeiramente merecem atenção para uma política de capacitação financeira por haver um número elevado de entrevistados financeiramente activos que não têm conhecimentos básicos e habilidades para tomar boas decisões financeiras.

TRANSPARÊNCIA E PROFISSIONALIZAÇÃO DA GESTÃO As principais fragilidades da gestão das MPME’s prendem-se com o seguinte:

Inexistência de planos de negócios;

Fraca apresentação de contas em conformidade (para com a autoridade tributária);

Inexistência de auditoria financeira às demonstrações financeiras;

Omissão do mapa de fluxos de caixa

TRANSPARÊNCIA E PROFISSIONALIZAÇÃO DA GESTÃO O empresariado nacional em Moçambique tem como função criar os produtos e serviços que correspondam às necessidades da sua respectiva população. Em Moçambique, a maioria das MPME’s são lideradas por indivíduos que tiveram a ideia de criar a empresa, pelo que a visão e missão do líder é igualmente partilhada para a restante empresa como sendo os valores da empresa. Esta forte dependência face ao líder apresenta-se como um elevado risco de insucesso caso o mesmo se afaste da empresa criada.

Page 64: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

20 ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

Inexistência de planos de negócio

Incoerências nas contas

apresentadas

Inexistência de auditoria às demonstrações financeiras

Inexistência de apresentação do mapa de

fluxos de caixa

Por outro lado, a sociedade tende a depositar a sua confiança na figura do líder em detrimento da própria organização.

A filosofia de gestão das MPME's aproxima-se de um “negócio familiar” caracterizando-se por recorrer à formas alternativas. A abertura do capital a terceiros é percepcionado como uma perda de autonomia e controlo sobre a empresa. Os negócios familiares, por sua vez, são caracterizados pela existência de uma linha muito ténue entre os capitais da empresa e os capitais do líder, traduzindo-se muitas vezes na escassez de transparência nas transacções ocorridas.

Esta falta de transparência está, igualmente, relacionada com as fracas qualificações dos líderes que não mostram dar importância a certas metodologias de controlo interno como, por exemplo, a certificação das suas contas ou apresentação de uma fraca disciplina financeira.

As empresas, no final do dia, são geridas como se fossem “pequenos negócios” ao invés de uma empresa com estrutura. A sua estrutura de governança e gestão resume-se apenas à “liderança individual”. As MPME's apresentam fragilidades quanto a capacidade de elaboração e apresentação de informação financeira credível.

PRINCIPAIS FRAGILIDADES DA GESTÃO DAS MPME’S

Figura 8 - Fragilidades da gestão das MPME´s

Page 65: ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL 21

FONTES DE FINANCIAMENTO ALTERNATIVO O mercado financeiro moçambicano encontra-se numa fase de desenvolvimento e como tal as alternativas de financiamento são muito reduzidas e pouco sofisticadas. Deste modo, é possível identificar como alternativas de financiamento as seguintes:

Linhas de crédito

Capitais de Investimento

Bancos de Desenvolvimento

Microfinanças

Dinheiro Móvel

FONTES DE FINANCIAMENTO ALTERNATIVO O mercado financeiro moçambicano encontra-se numa fase de desenvolvimento e como tal as alternativas de financiamento são muito reduzidas e pouco sofisticadas. Adicionalmente o tecido empresarial nacional, especialmente MPME’s, ainda carece de muitas melhorias (vide os desafios indicados nas subsecções Transparência e profissionalização da gestão e Principais Constrangimentos das MPME’s). Deste modo, é possível identificar como alternativas de financiamento as seguintes:

Linhas de crédito Segundo o estudo da AYANI (2013), as linhas de crédito e facilidades de garantias financiadas pelas Agências de Cooperação encorajaram os Bancos a expandir aos sectores de MPME’s e Agricultura, mas não tem sido capazes de criar um impacto a longo prazo ou uma expansão sustentável em Moçambique. Estas têm tido um impacto positivo a nível qualitativo dos Bancos, como o desenvolvimento de capacidades técnicas e tecnológicas direccionadas às MPME’s e a definição de estratégias relativas à questão de colaterais para o sector de agricultura.

Capitais de Investimento Na perspectiva de desenvolvimento de mercado de capitais, a legislação moçambicana ainda não se encontra desenvolvida de forma a estabelecer regulamentos específicos para sociedades de investimentos ou outro tipo de alternativa similar. Actualmente estas devem responder ao mesmo tipo de requisitos que um Banco comercial. Entretanto existem três instituições no mercado que de alguma forma oferecem serviços que se podem enquadrar neste âmbito, nomeadamente: (i) Bolsa de Valores; (ii) Fundo Catalítico; e (iii) GAPI. Para além destas oportunidades formais, acredita-se que existe ainda uma serie de Instituições de Financiamento não bancárias que operam de forma informal.

Bancos de Desenvolvimento Tal como para o caso de sociedades de investimentos e similares, a legislação moçambicana ainda não se encontra desenvolvida de forma a estabelecer regulamentos específicos para este ramo. No entanto a filosofia do BNI é a de um Banco de Desenvolvimento. Esta tem se focado a projectos estruturantes e de desenvolvimento. Porém, em termos de aceitabilidade, este tipo de Banco ainda é visto como uma forma de financiar desenvolvimento com desafios, dado o historial que o sistema bancário nacional teve com o Banco Popular de Desenvolvimento.

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22 ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

Microfinanças As microfinanças constituem um segmento de financiamento relativamente mais caro, resultantes de custos operacionais elevados relacionados a metodologias de crédito à MPME's. É necessário salientar aqui que este engloba as instituições macrofinanceiras formais e informais. As instituições macrofinanceiras formais poderão se concentrar nos empreendimentos de médio porte. Olhando para o sector microfinanceiro informal, existem relações que não estão bem claras, como as práticas de “xitique”, agiotas, mukheristas.

Dinheiro electrónico/móvel Existe ainda um potencial de provisão serviços financeiros as zonas ruais via mKesh e MPESA. No entanto estes ainda não são visualizados pelos Bancos como uma forma viável de expansão as zonas rurais. As principais razões ligadas a este é a fraca cobertura da rede de electricidade e o nível de literacia financeira nas zonas rurais.

PRINCIPAIS CONSTRANGIMENTOS DAS MPME’S Elevada dependência das MPME's as individualidade que as cria. A visão, princípios e a operacionalidade são normalmente subjacentes a esta figura “criadora”. A filosofia de gestão das MPME's é mais de “negócio individual” ou “negócio familiar”, e não de uma “empresa”. O modelo de gestão das MPME's, de uma forma geral, é pouco profissional e transparente. As MPME's apresentam um fraco conhecimento sobre os diferentes instrumentos de financiamento e opções de financiamento existentes.

Uma capacidade de colaterização muito baixa. O nível de capitalização das MPME's é muito fraco.

Fragilidades na capacidade de elaboração e apresentação de informação financeira credível.

Existem ainda alguns aspectos que contribuem de forma indirecta na capacidade de envidamento das MPME's, nomeadamente:

Sistema fiscal complexo;

Sistema Judicial demorado na resolução de conflitos;

Um sistema bancário não especializado e não-alinhado as características intrínsecas do empresariado nacional.

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ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL 23

PRINCIPAIS CONSTRANGIMENTOS O Empresariado Nacional (MPME's) depara-se com constrangimentos que pela sua natureza dificultam o acesso as diferentes fontes de financiamento e elevado custo de financiamento. Estes aspectos ligados à cultura empresarial moçambicana e as condições das infra-estruturas disponíveis no país, fazem com que o risco associado ao empresariado nacional seja visto como elevado. Deste modo, importa destacar os seguintes constrangimentos, mais realçados durante o presente estudo:

Principais Constragimentos

Liderança das MPME’s 1

As MPME's são lideradas por uma individualidade que as cria. A visão, princípios e a operacionalidade são normalmente subjacentes a esta figura “criadora”. Este aspecto cria uma dependência, elevando o risco de insucesso da MPME caso esta figura se afaste. Este constitui uma característica que é percebida como sendo geral entre as MPME's e como tal o nível de confiança depositado nestas é normalmente mais pela figura de líder que a própria organização.

Profissionalização da Gestão 3

O modelo de gestão das MPME's é actualmente gerido de forma pouco profissional e transparente. Estas são geridas como se fossem “negócios” e não empresas, pois a sua estrutura de governação e gestão resume-se a “liderança individual”. Adicionalmente, a maior parte delas não apresentam contas organizadas e auditadas e uma fraca disciplina financeira. Este por sua vez tem implicações sobre contas fiscalmente reconhecidas.

Fraca literacia financeira 4

O acesso ao crédito pela MPME's está ligado à educação financeira e à capacidade de perceber essa informação e por conseguinte à capacidade de negociação no mesmo âmbito. Nota-se que as MPME's apresentam um fraco conhecimento sobre os diferentes instrumentos e opções de financiamento existentes. Isto tem levado a concentração das atenções aos tradicionais “empréstimos bancários” como fonte de financiamento.

Filosofia de Gestão 2

A filosofia de gestão das MPME's é mais de “negócio individual” ou “negócio familiar”, e não de uma “empresa”. Estas não têm os seus capitais abertos a terceiros, possibilitando assim o acesso a uma forma alternativa de financiamento. Esta não abertura está, de forma geral, relacionada com a perda de autonomia e controlo do “negócio” e ainda com a partilha de resultados líquidos, caso fosse partilhado o capital da empresa com terceiros.

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24 ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

Baixa capacidade de apresentação de colaterais 5

As MPME's são caracterizadas como tendo uma capacidade de colaterização muito baixa. Os colaterais representam garantias que podem facilitar o acesso ao crédito por parte dos clientes, contudo, este é limitado devido a escassez de activos colaterizáveis. Adicionalmente, é práctica normal que os activos que estas MPME's apresentam não se encontrem registados nos Balanço da mesma.

Fraco nível de capitalização das MPME’s 6

O nível de capitalização das MPME's é muito fraco, tanto que estas não conseguem ilustrar uma autonomia financeira, tanto no sentido de entrar com uma participação no valor de empréstimo requerido, assim como na capacidade de incorporação de activos de valor elevado no seu balanço. Este aspecto é importante na perspectiva da avaliação da capacidade de endividamento de uma MPME's.

Gestão Financeira Profissional 7

As MPME's apresentam fragilidades quanto à capacidade de elaboração e apresentação de informação financeira credível. Esta fraqueza vai de desenvolvimento de planos de negócio, apresentação de contas em conformidade, disciplina de auditoria das contas, apresentação de mapas de fluxo de caixa e reformulação em caso de reescalonamento de dívidas, capacidade de gestão no sentido de não desviar a aplicação de fundos requeridos para fins diferentes do comprometido com o financiador.

Envolvente Legal e Institucional 8

Existem ainda alguns aspectos que contribuem de forma indirecta na capacidade de envidamento das MPME's, nomeadamente:

•Sistema fiscal complexo e que não faz a diferenciação entre MPME's e grandes empresas;

•Sistema Judicial demorado na resolução de conflitos no que respeita a enforcement dos contratos e execução de garantias;

•O desenvolvimento de infraestruturas catalisadoras do desenvolvimento local ainda continua um desafio, no sentido de que ainda existem dificuldades de facilidade de acesso ao mercado, flexibilidade logística, sistemas e instrumentos de suporte de gestão acessíveis, entre outros;

•Um sistema bancário não especializado de acordo com cada sector e que não responde com produtos financeiros alinhados às características intrínsecas do empresariado nacional.

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ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL 25

PRINCIPAIS CONSTRANGIMENTOS DO SECTOR AGRÍCOLA A prática da agricultura continua, de forma geral, uma prática de subsistência, em que a produção visa satisfazer primeiro as necessidades de subsistência e só após tem componente comercial.

A provisão de serviços de seguro para este sector é uma área por desenvolver, pois existem ainda rubricas para uma melhor análise de forma a criar produtos financeiros mais alinhados e direccionados a este sector.

Limitação na capacidade de apresentação de colaterais com valor comercial aceitável por um lado. Por outro lado existe o debate sobre o uso da terra ou DUAT como um colateral.

Fraco nível de literacia no que respeita à gestão contabilística e financeira no sentido comercial (e não de subsistência) da actividade.

A prática da agricultura ainda é predominantemente propensa a situações climatéricas adversas (risco de calamidades naturais).

O sector de Agricultura apresenta uma cadeia de valor não completamente desenvolvida ou então concentrada no próprio agricultor.

Os actores deste sector não têm como foco a questão de assegurar mercados.

O financiamento à agricultura e agro-negócios não são tidos como prioritários pelos riscos associados à actividade - oportunidades de negócios para o sector financeiro, no sentido de desenvolver instituições financeiras especializadas.

PRINCIPAIS CONSTRANGIMENTOS O sector de agricultura, historicamente, é considerado de capital importância para a economia de Moçambique, representando nos últimos quatro anos uma média de 29.75% do PIB Nacional. No entanto, este sector continua a enfrentar adversidades que elevam o nível de risco do sector e dificultam o acesso as diferentes fontes de financiamento. Da pesquisa realizada, importa destacar os seguintes aspectos:

Principais Constrangimentos

Prática Agrícola 1

A prática da agricultura continua uma prática de subsistência em que a produção visa satisfazer primeiro as necessidades de subsistência e só depois é considerada a componente comercial. O uso de sistemas rudimentares para produção continua a ser o modelo predominante. A necessidade de identificação, sensibilização e divulgação de sistemas avançados tem sido algo já discutido, mas no entanto não acontece com a rapidez desejada.

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26 ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

Mercado de seguro agrícola não desenvolvido 2

Os riscos das MPME’s que actuam no sector agrícola são maiores dada a predominância dos sistemas rudimentar e de subsistência. Estes riscos poderiam ainda ser amenizados caso existissem serviços de seguros para este sector. Existe campo para uma melhor análise para avaliação/distinção do produto por subsectores da agricultura, de forma a criar produtos financeiros mais alinhados e direccionados a mercados específicos.

Cadeia de Valor não desenvolvida 6

O sector de agricultura apresenta uma cadeia de valor não completamente desenvolvida ou então concentrada no próprio agricultor. Nesta última, verifica-se que os agricultores são os mesmos que produzem, transportam e vendem. Isto tem impactos sobre o círculo de produção. Aqui nota-se um vazio na abordagem ao desenvolvimento da agricultura, pois a mecanização e agribusiness, não são por si só aspectos impulsionadores deste sector.

Vertente comercial subdesenvolvida 7

Os actores deste sector não têm como foco a questão de comercialização. A apresentação de um mercado assegurado, assumindo que as condições de produção são apropriadas, representa um activo “colateralizável” de alto valor. Este permite o desenvolvimento de um plano de vendas mais assertivo e ainda providencia ao agricultor uma capacidade de negociação com o financiador.

Baixa capacidade de apresentação de colaterais 3

O sector agrícola não difere muito das MPME's em geral, no que se refere a capacidade de apresentação de colaterais. Adicionalmente, existe a questão de adicionar o DUAT como um colateral. Este é um aspecto que merece muita atenção dados os impactos positivos e negativos irreversíveis que possa ter sobre os utilizadores da terra. Um outro aspecto relevante é limitada capacidade de apresentação de colaterais com valor comercial aceitável. O tipo de colaterais mais apresentados têm sido os próprios bens agrícolas (charrua, etc.) que não têm valor comercial.

Fraca literacia financeira 4

Realce neste sector vai para fraco nível de literacia no que respeita a gestão contabilística e financeira no sentido comercial (e não de subsistência) da actividade.

Dependência de factores climáticos 5

A práctica da agricultura ainda é predominantemente propensa a situações climatéricas adversas (risco de calamidades naturais). Adicionalmente, este sector tem a característica intrínseca de um investimento demorar algum tempo para ter retorno. Este aspecto é visto como contributo para um elevado risco de financiamento desta actividade.

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ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL 27

Poucos Bancos virados para agricultura 8

O financiamento à agricultura e agro-negócios não são tidos como prioritários pelos riscos associados a actividade sendo de entre os riscos as calamidades naturais, as pragas e o fraco nível de infraestruturas agrícolas e de apoio a actividade. Este aspecto representa uma oportunidade de desenvolvimento de instrumentos reguladores e ainda oportunidades de negócios para o sector financeiro, no sentido de desenvolver instituições financeiras especializadas.

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CAPÍTULO CINCO: RESULTADOS DO SURVEY REALIZADO

PERCEPÇÃO SOBRE A POLÍTICA MONETÁRIA SEGUIDA PELO BANCO CENTRAL De um modo geral, e de acordo com os entrevistados, a redução da FPC pelo BdM, teve um impacto pouco relevante na actividade da Banca comercial do país. Tal deve-se ao facto dos Bancos comerciais não utilizarem a FPC como indexante para o custo do financiamento, pelo contrário utilizam a PRIME rate e um spread em função do risco do negócio percepcionado.

A utilização da PRIME rate deve-se à confiança que esta taxa inspira à Banca comercial. De acordo com os entrevistados, a FPC tem como fragilidade o facto de não representar a performance da economia e ainda o facto do Banco Central utilizar a FPC estritamente numa perspectiva de controlo da inflação.

PERCEPÇÃO RELATIVA AO IMPACTO DA POLÍTICA MONETÁRIA SEGUIDA PELO BDM (NOMEADAMENTE NA REDUÇÃO DA FPC - FACILIDADE PERMANENTE DE CEDÊNCIA) NA ACTIVIDADE DA BANCA COMERCIAL NO PAÍS

Gráfico 29 - Percepção sobre o impacto da política monetária na actividade da banca comercial

Banco de Moçambique Na opinião do BdM, a redução da FPC tem um impacto pouco relevante na actividade económica do país. Esta situação tem como principal razão, de acordo com o BdM, o facto dos Bancos comerciais terem

Impacto relevante

Impacto pouco relevante

Impacto neutral

Sem impacto

Sem resposta

Fonte: Survey realizado pela KPMG

Qual a sua percepção relativamente ao impacto da política monetária seguida pelo BdM (nomeadamente na redução da FPC -Facilidade Permanente de Cedência) na actividade da Banca Comercial no país?

36%

48%

4%4%

8%

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ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL 29

captado depósitos remunerados a uma taxa de juro elevada e que a redução teria um impacto significativo nos seus balanços. Por outro lado, o BdM refere que a Banca comercial utiliza outros factores que têm impacto directo no cálculo da taxa de juro, tais como os investimentos em novos balcões.

O BdM explica que, face à concentração da Banca comercial em apenas três instituições (75% do total de depósitos) é possível manipular as taxas de juros. No entanto, esta situação seria contornável se existisse uma maior concorrência. Por outro lado, o BdM menciona que as autoridades legais também são responsáveis por estas situações:

Sistema Judicial – o Sistema Judicial moçambicano não apresenta capacidade para resolver litígios relativos a créditos em incumprimento. Por essa razão, a execução das garantias não são accionadas atempadamente.

Governo – o Governo deveria formar as pequenas empresas para estarem preparadas na interacção com as instituições financeiras.

IPEME – o IPEME poderia capacitar os microempresários e as MPME’s a organizarem os seus registos financeiros para facilitar a concessão de crédito junto à Banca comercial reduzindo assim os riscos associados as estas entidades.

Banca Comercial De modo geral, a Banca Comercial é da opinião que a FPC tem um impacto pouco relevante nas taxas de juro devido ao facto da política do Banco Central estar estritamente centrada numa perspectiva de controlo da inflação. Por outro lado, os Bancos comerciais não utilizam a FPC como indexante para o cálculo das taxas de juro praticadas e utilizam a PRIME rate adicionado dum spread em função do risco do negócio percepcionado. A PRIME rate é percepcionada como sendo mais representativa do risco da economia, ao contrário da FPC que não consegue representar as fragilidades da performance da economia moçambicana. Adicionalmente, a Banca Comercial aponta os seguintes factores com impacto directo no cálculo das taxas de juro praticadas:

Reserva Obrigatória Mínima – obrigatoriedade de manter 8% dos depósitos no BdM, sem remuneração.

Provisões Regulamentares Mínimas – com impacto no capital do Banco.

Depósitos de Fundos de Pensões das Empresas Públicas – Prática institucionalizada de sistema de leilão por parte de fundos de pensões de empresas públicas com taxas de remuneração a rondar os 13% e os 15%.

Sector Privado e outros Stakeholders De um modo geral, o sector privado e outros Stakeholders são da opinião de que a redução da FPC não tem sido acompanhada pela Banca comercial, devido aos seguintes factores:

Concentração bancária de depósitos e créditos – os cinco maiores Bancos, concentram 85% do crédito bancário. Esta concentração é elevada podendo ser percepcionada como existindo uma posição oligopolista.

A base de depósitos é reduzida e dominada por grandes depositantes - Fundos de pensões (incluindo do Banco de Moçambique), INSS e todas as empresas públicas. Estas instituições

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30 ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

condicionam o poder de negociação, uma vez que exigem taxas de remuneração elevadas para os depósitos efectuados.

A FPC não apresenta ser a taxa de referência do financiamento – este indexante apresenta-se como gestão de fluxos de caixa e não indexante para a concessão de créditos, i.e., a FPC é identificada como uma taxa de referência para a Banca comercial.

Ineficiência do Mercado Interbancário – a inexistência de permuta de liquidez entre as instituições financeiras reduz as fontes de financiamento alternativas dos Bancos. Uma vez que os empréstimos obrigam a colaterais (tais como Bilhetes de Tesouro), estes tendem a serem mais dispendiosos. Nos últimos três anos o BdM deixou de emitir BT’s, dado que a Banca comercial utilizava a liquidez disponível para investir nos Títulos de Tesouro ao invés de financiar a economia.

Escassa utilização de sistemas de informação pelos Bancos – as instituições financeiras apresentam reduzida informação comercial sobre os seus clientes traduzindo-se num tratamento indiferenciado entre os clientes premium e os restantes clientes.

PERCEPÇÃO RELATIVA AO IMPACTO QUE TEM A EMISSÃO DE BTS E OTS NA LIQUIDEZ DO SISTEMA BANCÁRIO A emissão de Bilhetes de Tesouro e Obrigações de Tesouro deveriam ter um impacto relevante na liquidez do Sistema Bancário, dado que apresenta ser um mecanismo de regulação da economia.

Contudo, este mecanismo não tem obtido os objectivos pretendidos, uma vez que as entidades bancárias (os compradores) são obrigados a revender 50% dos títulos adquiridos ao público. Esta medida têm beneficiado as grandes empresas em detrimento das MPME’s.

Gráfico 30 - Percepção sobre o impacto dos BTs e OTs na liquidez do sistema bancário

Banco de Moçambique O BdM defende que os BTs e as OTs têm um impacto relevante na liquidez da economia, uma vez que absorve a liquidez excedente do Sistema Bancário. Na emissão destes títulos, as instituições financeiras têm respondido positivamente comprando a totalidade dos títulos disponibilizados.

A par da redução da FPC, o BdM tem recorrido à emissão de BTs -Bilhetes do Tesouro e ou OTs - Obrigações de Tesouro. Qual a sua percepção relativamente ao impacto que tem a emissão de BTs e OTs pelo BdM na liquidez do sistema bancário?

Fonte: Survey realizado pela KPMG

Impacto relevante

Impacto pouco relevante

Impacto neutral

Sem resposta64%16%

8%

12%

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ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL 31

Banca Comercial Por um lado, a Banca comercial é da opinião de que a emissão de BTs e OTs têm um impacto relevante na liquidez do Sistema Bancário, porque faz parte de todo um processo para regular a economia – uma vez que o BdM retira a liquidez tendo impacto directo na dinamização da economia. No entanto, por outro lado, também menciona que a emissão das OTs e BTs apenas têm beneficiado os grandes grupos económicos sendo que existe restrição no acesso a estes títulos pelas MPME’s.

Sector Privado e Outros Stakeholders Por um lado, os entrevistados deste grupo referem que o impacto da emissão de BTs e OTs na liquidez do Sistema é pouco relevante, uma vez que os Bancos têm menor risco ao comprar títulos de dívida pública que conceder crédito à economia. Por outro lado, os entrevistados são da opinião que o impacto é relevante para os grandes grupos económicos, uma vez que a Banca comercial revende os títulos a estas entidades estando excluídas as MPME’s. Adicionalmente, defendem que os BTs e OTs não estimulam a economia pelo facto das entidades bancárias deixarem de conceder crédito para adquirirem estes títulos. Apesar da obrigatoriedade de repassar 50% dos títulos adquiridos ao sector empresarial, estas são exclusivas das maiores empresas deixando as MPME’s sem liquidez para financiar as suas actividades.

PERCEPÇÃO QUANTO AO IMPACTO QUE A EVOLUÇÃO (DE QUEDA) VERIFICADA NOS ÚLTIMOS ANOS PELA FPC E PELA FPD - FACILIDADE PERMANENTE DE DEPÓSITO, TÊM GERADO NO CONTROLO DO NÍVEL DE PREÇOS (INFLAÇÃO) A FPC e a FPD têm tido um impacto pouco relevante no controlo da inflação pelo facto destes instrumentos não terem uma relação directa com a inflação.

As variações ocorridas na FPC e FPD apenas têm impacto na base monetária e são ofuscados pelo facto de a maioria das matérias-primas e produtos comercializados serem importados. Desta forma, a inflação depende de preços externos.

Gráfico 31 - Percepção sobre o impacto da evolução da FPC e FPD no controlo da inflação

Banco de Moçambique De acordo com as opiniões dos entrevistados, a FPC e a FPD têm tido um impacto pouco relevante no controlo da inflação dado que estes instrumentos afectam a base monetária e não têm relação directa com a inflação.

52%

24%

12%

4%8%

Impacto relevante

Impacto pouco relevante

Impacto neutral

Sem impacto

Sem resposta

Fonte: Survey realizado pela KPMG

Qual a sua percepção quanto ao impacto que a evolução (de queda) verificada nos últimos anos pela FPC e pela FPD -Facilidade permanente de depósito, têm gerado no controlo do nível de preços (inflação)?

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32 ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

Banca Comercial

De modo geral, a Banca comercial considera que a diminuição da FPC e FPD têm tido um impacto pouco relevante no controlo da inflação, porque não se tem provado que a inflação se altere de acordo com a variação da FDC e FPD. Tal é explicado, segundo os entrevistados, pela existência de uma forte economia informal cujos preços não são afectados pela inflação mas por outros factores específicos. A economia formal tende a ser afectada pela inflação mas ainda tem um peso relativo na economia moçambicana.

Sector Privado e Outros Stakeholders No entanto, o sector privado e outros stakeholders consideram que a FPC e FPD são um mecanismo relevante para o controlo da inflação.

Por um lado, o controlo da inflação verificado nos últimos anos tem sido resultado da diminuição da FPC e FDP, de acordo com a percepção do sector privado e outros stakeholders entrevistados. Por outro lado, os mecanismos de transmissão são ofuscados pelo facto da maioria das matérias-primas e produtos serem importados, sendo que os preços são afectados por variáveis macroeconómicas das economias importadas.

QUAL A SUA PERCEPÇÃO RELATIVAMENTE AO NÍVEL DE LIQUIDEZ DO SECTOR BANCÁRIO EM MOÇAMBIQUE? O nível de liquidez do sector bancário em Moçambique têm-se apresentado elevado nos últimos anos. Esta liquidez em excesso tem que ver com a ajuda externa e investimentos significativos realizados na economia moçambicana. Contudo, as entidades bancárias utilizam o excesso de liquidez nos títulos do BdM ao invés de conceder créditos à economia a um custo mais elevado.

Por outro lado, os entrevistados mencionaram que a liquidez está mal distribuída, uma vez que está concentrada nos três maiores Bancos comerciais. Estes Bancos comerciais são suportados pelos depósitos dos seus clientes. Contudo, os novos Bancos não apresentam uma liquidez satisfatória.

Gráfico 32 - Percepção sobre o nível de liquidez do sector bancário

Elevado

Reduzido

Estável

Sem resposta

44%

16%

32%

8%

Fonte: Survey realizado pela KPMG

Qual a sua percepção relativamente ao nível de liquidez do sector bancário em Moçambique?

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ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL 33

Banco de Moçambique O nível de liquidez do sector bancário em Moçambique têm-se apresentado elevado nos últimos anos. Esta liquidez em excesso tem que ver com a ajuda externa e investimentos significativos realizados na economia moçambicana. Contudo, as entidades bancárias utilizam o excesso de liquidez nos títulos do BdM ao invés de conceder créditos à economia a um custo mais elevado. Actualmente existem MZN 32,000 milhões de depósitos nos Bancos comerciais no Banco Central.

Banca Comercial A Banca comercial tem diferentes perspectivas sobre a liquidez no Sistema bancário. Por um lado, os entrevistados consideram que o nível de liquidez é estável devido ao sistema bancário ter capacidade para financiar projectos nacionais (excluindo os grandes projectos) e devido à existência de outras fontes externas que injectam liquidez no sistema bancário (novos investidores, parceiros, etc.). Por outro lado, os entrevistados consideram que o nível de liquidez é reduzida, devido a:

Concorrência sobre os mesmos depósitos (procura reduzida) – as entidades bancárias apresentam taxas de juro de depósitos elevadas para captar os clientes e, assim, adquirir liquidez devido à inexistência de alternativas de financiamento.

Fugas de capital – por motivos de potenciais instabilidades política e social

Fraca distribuição de liquidez – a liquidez encontra-se concentrada nos três maiores Bancos comerciais. Sendo que os novos Bancos possuem uma liquidez satisfatória.

Mega projectos – apesar destes megas projectos pressuporem investimento e movimentações de capitais, os valores investidos são solicitados à Banca comercial que tem que aumentar o seu nível de crédito junto a entidades externas para fazer face às necessidades de liquidez.

Sector Privado e Outros Stakeholders De modo geral, os entrevistados deste grupo considera que o nível de liquidez do Sistema Bancário é elevado. No entanto, consideram que o excesso de liquidez dos Bancos comerciais não estão a ser transferidos para a economia através do aumento das linhas de crédito.

PERCEPÇÃO RELATIVA À LIMITAÇÃO DA CONCESSÃO DE CRÉDITO EM MOEDA ESTRANGEIRA E O IMPACTO QUE ESTA LIMITAÇÃO TÊM NA LIQUIDEZ DO SISTEMA BANCÁRIO

De acordo com o BdM, a limitação da concessão de crédito em moeda estrangeira tem um impacto relevante na liquidez do Sistema Bancário.

Tal se deve ao facto dos Bancos receberem elevados depósitos em moeda estrangeira mas não terem permissão para conceder crédito na mesma moeda.

Por outro lado, de acordo com a Banca Comercial esse impacto é pouco relevante devido ao facto do peso dos depósitos em moeda estrangeira são reduzidos.

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34 ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

Gráfico 33 - Percepção sobre o impacto da limitação da concessão de crédito em moeda estrangeira na liquidez do sistema bancário

Banco de Moçambique De acordo com o BdM, a limitação da concessão de crédito em moeda estrangeira tem um impacto pouco relevante na liquidez do Sistema bancário. A limitação consiste em apenas conceder créditos em moeda estrangeira para operações de exportação. De acordo com os entrevistados, esta medida não interfere nas operações dos Bancos comerciais apesar de ter impacto nas operações dos exportadores que beneficia a Banca comercial nacional pela realização de margens cambiais na compra e venda de divisas.

Banca Comercial Por um lado, os entrevistados consideram que a limitação da concessão de crédito em moeda estrangeira tem um impacto relevante na liquidez do Sistema Bancário pelo facto de existirem entidades bancárias com elevados depósitos em moeda estrangeira que não podem ser transformados em concessão de crédito. Adicionalmente, as aplicações de moeda estrangeira no mercado interno não apresentam retornos significativos devido ao reduzido rácio de transformação em moeda estrangeira. Por outro lado, o grupo considera que o impacto é pouco relevante, na medida em que o peso dos depósitos em moeda estrangeira é reduzida comparativamente aos depósitos em moeda nacional. Dessa forma, os clientes utilizam métodos alternativos para efectuar pagamentos através de Bancos estrangeiros, tais como, a criação de empresas offshore e outros mecanismos para evitarem a conversão de 50% do valor em moeda nacional.

Sector Privado e Outros Stakeholders De modo geral, os entrevistados considera neutral o impacto da limitação da concessão de crédito em moeda estrangeira na liquidez do Sistema Bancário, porque os depósitos em moeda estrangeira não podem ser convertidos em crédito. Apesar das entidades bancárias possuírem liquidez, esta não pode ser aplicada à economia.

Impacto relevante

Impacto pouco relevante

Impacto neutral

Sem impacto

Sem resposta

48%

28%

12%

4%8%

Fonte: Survey realizado pela KPMG

Qual a sua percepção relativamente à limitação da concessão de crédito em moeda estrangeira e o impacto que esta limitação têm na liquidez do sistema bancário?

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ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL 35

AGENTE ECONÓMICO QUE MAIS INFLUENCIA A CONTINUIDADE DA TAXA DE JURO DE CONCESSÃO DE CRÉDITO ACIMA DOS 20% (EM MÉDIA) A banca comercial assume, por um lado, a sua influência sobre as taxas de juro e por outro, indica o Sistema Judicial como um dos principais agentes económicos que exerce influência sobre a continuidade da taxa de juro de concessão de crédito acima dos 20%, por apresentar falta de celeridade nos processos de contencioso.

Por outro lado, a falta de organização financeira e de gestão de várias empresas não permitem obter credibilidade e garantias reais junto das entidades bancárias. Para além disso, existe burocracia elevada associada à execução das garantias pelos tribunais tornando o processo moroso.

Gráfico 34 - Agente económico que mais influencia a taxa de juro acima de 20%

Banco de Moçambique De acordo com os entrevistados, o agente económico que mais influência a continuidade da taxa de juro de concessão de crédito acima dos 20% são as entidades bancárias.

Banca Comercial Para este grupo de entrevistados, o agente económico que mais influência a continuidade da taxa de concessão de crédito acima dos 20% é, por um lado, a própria Banca comercial devido a:

A base fundamental para concessão de crédito são os depósitos - a estrutura de passivos das entidades bancárias está assente na captação de depósitos de clientes. Apenas com a captação de depósitos é possível transformar essa liquidez na concessão de crédito e as campanhas para captação de novos depósitos apresentam produtos com taxas não inferiores a 2 dígitos.

Os Bancos comerciais têm uma obrigatoriedade de manter 8% dos seus depósitos no BdM – as Reservas Obrigatórias não são remuneradas pelo BdM, contudo apresentam um custo de oportunidade pela não utilização dessa liquidez. Adicionalmente, os Bancos são obrigados a constituir Reservas Obrigatórias em moeda local mesmo que a base seja depósitos em moeda estrangeira.

Banco de Moçambique

Banca Comercial

Empresariado nacional

Outro

Sem resposta

16%

36%

16%

20%

12%

Fonte: Survey realizado pela KPMG

Na sua opinião, qual o agente económico que mais influência a continuidade da taxa de juro de concessão de crédito acima dos 20% (em média)?

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36 ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

Conjunto de depositantes com elevada liquidez (fundos de pensões de algumas empresas públicas) - os maiores agentes económicos têm poder de compra necessário para negociar elevadas taxas de remuneração sobre os seus depósitos.

Por outro lado, o empresariado nacional e o Sistema Judicial também são apontados como agentes económicos que mais influenciam a continuidade da taxa de concessão de crédito acima dos 20% devido a:

Dificuldade do empresariado nacional de oferecer segurança financeira – este facto deve-se por muitas empresas que constituem o empresariado nacional não apresentarem contabilidade e gestão organizada.

Escassez de garantias pelos empresários – dada a escassez de património dos empresários, a concessão de crédito torna-se mais difícil por serem considerados um grupo de risco de recuperação de crédito.

Sistema Judicial ineficiente – a execução das garantias pelas instituições financeiras torna-se num processo moroso devido à ineficiência dos tribunais traduzindo-se numa maior dificuldade de recuperação de crédito com impacto directo sobre a taxa de juro que mede o risco de incumprimento.

Sector Privado e Outros Stakeholders O BdM, as Empresas Públicas e a Banca comercial são apontados por este grupo de entrevistados, como sendo os agentes económicos que mais influenciam a continuidade da taxa de concessão de crédito acima dos 20% devido a:

O BdM é o principal responsável como Regulador, Investidor e Financiador do Sistema Financeiro - O BdM tem como funções regular e reverter a estrutura de mercado para que evite a existência de uma estrutura de oligopólio; regular o uso do fundo de pensões das Empresas Públicas.

Empresas Públicas – determinam ou influenciam a taxa de juro (realizam leilões de depósitos de fundos de pensões remunerados até 15% pelo que a Banca comercial aumenta as suas taxas de juro para cobrir o custo de obter esta liquidez.

Banca comercial – De acordo com os entrevistados, a Banca comercial não possui informação comercial acerca dos seus clientes. Para além disso, as entidades bancárias não possuem um sistema informático paralelo de registo de crédito entre Bancos e não existe uma central de informação de risco de crédito que possa permitir a diferenciação na aplicação das taxas de juro de acordo com o risco percepcionado. Adicionalmente, os entrevistados entendem que os Bancos não uniformizaram quais as garantias aceites para a concessão de crédito criando assim uma situação de aumento do risco.

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ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL 37

PERCEPÇÃO SOBRE O FINANCIAMENTO, CAPTAÇÃO DE DEPÓSITOS E NÍVEL DE RISCO Os principais riscos percepcionados na concessão de crédito ao empresariado nacional são:

Inexistência de Plano de negócios;

Escassez de informação financeira credível;

Escassez de garantias;

Escassez de capital.

Fraca capacidade de endividamento.

Existem diferenças significativas entre o relato financeiro remetido às finanças e o relato financeiro efectivo que influencia o risco percepcionado da empresa.

Dada a concentração da economia informal, as MPME’s não apresentam demonstrações financeiras preparadas para obtenção de financiamento bancário.

NUMA ÓPTICA DE CONCESSÃO DE CRÉDITO, NA SUA OPINIÃO, QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS RISCOS PERCEPCIONADOS NO EMPRESARIADO NACIONAL, NOMEADAMENTE NAS MPME’S? (LISTE OS 5 MAIS RELEVANTES POR ORDEM DE RELEVÂNCIA)

Banco de Moçambique Os riscos percepcionados pelos entrevistados pelo BdM na concessão de crédito ao empresariado nacional são:

Inexistência de colaterais;

Inexistência de contas auditadas;

Inexistência de registo comercial e fiscal;

Inexistência de capitais próprios robustos.

Banca Comercial De acordo com os entrevistados na Banca comercial, os riscos são:

Escassez de informação financeira credível - contas auditadas, disciplina financeira em conformidade ao nível aceitável pelos Bancos comerciais. Existem diferenças significativas entre o relato financeiro remetido às finanças e o relato financeiro efectivo que influencia o risco percepcionado da empresa.

Inexistência de planos de negócios – a inexistência do plano de negócios pressupõe que não existe um planeamento claro das operações das empresas nos próximos 3 a 5 anos.

Ausência de garantias – o empresariado não tem património que possa ser utilizado como garantia.

Fraco nível de capital – Dificuldades no controlo da tesouraria.

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38 ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

Inexistência de plano de sucessão – muitas vezes não há um plano de continuidade de negócios e/ou de substituição do actual líder.

Risco de gestão – os empresários utilizam, em diversas vezes, o controlo da empresa à distância traduzindo-se na dificuldade de acompanhar o quotidiano do negócio. Dificuldades no pagamento aos fornecedores nos prazos estabelecidos provocando dificuldades de tesouraria às MPME’s que, por sua vez, recorrem a descoberto bancários com elevados juros agravando os custos das MPME’s.

Sector Privado e Outros Stakeholders Para o este grupo, os riscos percepcionados na concessão de crédito às MPME’s são:

Inexistência de planos de negócios - os empresários gerem o cash-flow mas não controlam a contabilidade.

Inexistência de informação financeira credível – Dada a informalidade da economia, as MPME’s não apresentam demonstrações financeiras em condições de obter financiamento bancário.

Falta de garantias e descapitalização – são necessárias soluções inovadores na Banca comercial para responder às características do mercado.

Gestão organizada e transparente – os empresários não são confrontados nem responsabilizados pelas suas acções. Adicionalmente o sistema judicial não é suficientemente célere para responder em tempo adequado aos processos judiciais.

PERCEPÇÃO SOBRE A EVOLUÇÃO DA TAXA DE JURO MÉDIA (PELA CONCESSÃO DE CRÉDITO) PRATICADA ACTUALMENTE PELA BANCA COMERCIAL (MERCADO CORPORATE), NUM PERÍODO TEMPORAL DE 3 ANOS?

De acordo com os entrevistados, a taxa de juro média pela concessão de crédito praticada pela Banca comercial registará uma redução nos próximos três anos.

Com os megaprojectos, os entrevistados referem que haverá uma tendência de redução da taxa de juro média tendo em conta a dinâmica da economia.

Alguns factores de risco serão mitigados e haverá tendência de redução da taxa o que poderá favorecer as MPME’s e melhorar o ambiente macroeconómico. Adicionalmente, se o nível de concentração do mercado de crédito vier a reduzir os níveis de taxas de juro reduzirão consequentemente.

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ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL 39

Gráfico 35 - Percepção sobre a evolução da taxa de juro média (pela concessão de crédito)

Banco de Moçambique De acordo com os entrevistados, haverá uma tendência de redução da taxa de juro média. Tal se explica pelo facto de muitos factores de risco serem mitigados com a dinâmica da economia. Portanto, as MPME’s poderão vir a ser favorecidas caso os riscos sejam reduzidos e, consequentemente, melhorar o ambiente macroeconómico.

Banca Comercial A Banca comercial é unânime média pela concessão de crédito praticada pela Banca comercial registará uma redução nos próximos três anos (no caso da manutenção dos mega projectos).

Sector Privado e Outros Stakeholders Este grupo não é unânime em relação à evolução das taxas de juro média. Por um lado, o grupo refere que a taxa de juro média na concessão de crédito praticada pela Banca comercial manter-se-á nos próximos três anos. Por outro lado, referem que a taxa de juro irá apresentar uma redução. Tais conclusões baseiam-se no seguinte:

Intervenção do Estado - se não houver medidas administrativas do BdM, irá manter-se a médio prazo, mas a longo prazo irá reduzir porque haverá mais instituições financeiras no mercado (aumento da concorrência).

Concorrência – no caso dos novos Bancos conseguirem concorrer com os actuais haverá uma redução dos custos de financiamento.

Apresentará uma subida

Irá manter-se nos mesmosníveis de hoje

Apresentará uma redução

Sem resposta

8%

24%

60%

8%

Na sua opinião, e num período temporal de 3 anos, qual a sua percepção sobre a evolução da taxa de juro média (pela concessão de crédito) praticada actualmente pela Banca comercial (mercado corporate)?

Fonte: Survey realizado pela KPMG

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40 ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

Concentração no mercado de crédito – os três maiores Bancos possuem 75% do total do crédito bancário concedido podendo dar uma posição oligopolista a estes Bancos. De acordo com os entrevistados, se o nível de concentração do mercado de crédito vier a reduzir, os níveis de taxas de juro também reduzirão consequentemente.

PERCEPÇÃO SOBRE A EVOLUÇÃO DA TAXA DE JURO (REMUNERAÇÃO) PRATICADA SOBRE OS DEPÓSITOS DE MPME’S JUNTO DA BANCA COMERCIAL, NUM PERÍODO TEMPORAL DE 3 ANOS

De acordo com o BdM, a taxa de juro praticada sobre os depósitos, tenderá a cair, no caso de existir:

Maior competitividade;

Crescimento económico do país;

Diminuição da obrigatoriedade de capitais mínimos.

Gráfico 36 - Percepção sobre a evolução da taxa de juro (remuneração)

Banco de Moçambique De acordo com o BdM, a taxa de juro praticada sobre os depósitos tenderá a cair no caso de :

Existir maior competitividade – no caso do incremento de mais entidades bancárias poderão proporcionar a redução das taxas de juro.

Crescimento económico do país – o crescimento que o país atravessa poderá proporcionar o aumento de entidades bancárias no país.

Diminuição de obrigatoriedade de capitais mínimos – para enrobustecer os Bancos.

Apresentará uma subida

Apresentará uma redução

Irá manter-se nos mesmosníveis de hoje

Sem resposta

20%

44%

28%

8%

Na sua opinião, e num período temporal de 3 anos, qual a sua percepção sobre a evolução da taxa de juro (remuneração) praticada sobre os depósitos de MPMEs junto da Banca comercial?

Fonte: Survey realizado pela KPMG

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ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL 41

Banca Comercial Os entrevistados representantes da Banca comercial são unânimes em afirmar que a taxa de juro média pela remuneração de depósitos praticada pela Banca comercial irá registar uma redução nos próximos três anos se tudo se mantiver constante (se os mega projectos se mantiverem).

Sector Privado e Outros Stakeholders Este grupo não é unânime em relação à evolução das taxas de juro média. Por um lado, refere que a taxa de juro média pela remuneração de depósitos praticada pela Banca comercial irá manter-se nos próximos três anos. Por outro lado, mencionam que a mesma apresentará uma redução. Tais conclusões baseiam-se no seguinte:

Intervenção do Estado - se não houver medidas administrativas do BdM, irá manter-se a médio prazo, mas a longo prazo, irá reduzir, porque haverá muitas instituições financeiras no mercado.

Concorrência – no caso dos novos Bancos conseguirem concorrer com os actuais.

Concentração no mercado de crédito – os três maiores Bancos possuem 87% do total depósitos bancários, o que dá poder oligopolista aos Bancos. Se o nível de concentração do mercado de depósitos vier a reduzir, os níveis de taxas de juro irão reduzir consequentemente.

PERCEPÇÃO SOBRE OS RISCOS ASSOCIADOS A MPME’S QUE ACTUAM NO SECTOR AGRÍCOLA? (LISTE OS 5 MAIS RELEVANTES POR ORDEM DE RELEVÂNCIA) Os principais riscos associados às MPME’s que actuam no sector agrícola são:

Sector imprevisível – propenso a situações climatéricas adversas (risco de calamidades naturais). O retorno de investimento é lento.

Ausência de seguro agrícola e falta de colateral – o terreno agrícola não tem valor enquanto garantia. Os próprios bens agrícolas também não têm valor comercial pelo que as seguradoras não estão focadas neste sector.

Cadeia de valor quebrada – o próprio agricultor produz, distribui e comercializa no mercado estando assim a quebrar o círculo de produção.

Banco de Moçambique Para os entrevistados do BdM, os riscos associados às MPME’s que actuam no sector agrícola, são:

Falta de agricultura mecanizada – de forma a não estar tão propenso ao risco climatérico.

Falta de seguro agrícola – Devido à inexistência de garantias, as seguradoras não se focam neste sector.

O terreno e o DUAT não podem ser considerados como colateral - em Moçambique, o terreno é propriedade do Estado e o agricultor tem direito à exploração desse terreno, pelo que não tem valor económico.

Falta de formação contabilística – não existe disseminação da importância da organização financeira e contabilística.

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42 ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

Taxas de juro do sector elevadas - o facto de haver muitas linhas de financiamento agrícola aumenta o risco do sector. De acordo com o BdM, apesar de existir linhas de financiamento estas são geridas pelos Bancos comerciais que apresentam uma taxa de juro pouco competitiva.

Banca Comercial A Banca comercial considera o sector agrícola como um sector de risco elevado, devido à inexistência de seguro agrícola tornando difícil o financiamento a este sector e também devido ao facto do terreno não ser elegível como colateral. Os principais riscos são:

Sector imprevisível – propenso a situações climatéricas adversas (risco de calamidades naturais). O retorno do investimento é lento. O Estado, ONG’s, a Banca e outros sectores deveriam se juntar para encontrar soluções para o sector agrícola, uma vez que existe liquidez mas não existem garantias.

Ausência de seguro agrícola e falta de colateral – o terreno agrícola não tem valor enquanto garantia. Os próprios bens agrícolas também não têm valor comercial pelo que as seguradoras não estão focadas neste sector.

Volatilidade dos preços nos mercados internacionais – sendo que os agricultores virados para exportação ficam propensos a esta volatilidade.

Cadeia de valor quebrada – o próprio agricultor produz, distribui e comercializa no mercado estando assim a quebrar o círculo de produção.

Vertente comercial subdesenvolvida – a vertente comercial ainda precisa de ser desenvolvida. As cooperativas não estão bem estabelecidas pelo que dificulta a percepção do risco do negócio por parte das entidades bancárias.

Sector Privado e Outros Stakeholders O sector privado e outros stakeholders consideram os seguintes riscos associados às MPME’s que actuam no sector agrícola:

Falta de colaterais – o DUAT é um título atribuído pelo Estado para exploração do terreno, contudo a propriedade é do Estado Moçambicano. Por esta razão, apesar do DUAT ser usado como garantia o Estado poderá retirá-lo no caso de necessitar do terreno (expropriações, por exemplo).

Falta de estrutura empresarial – a gestão do sector agrícola continua a ser arcaica, traduzindo-se numa estrutura empresarial com dificuldades na negociação com entidades bancárias.

O nível de agricultura ainda é de subsistência/familiar pelo que existe dificuldade em tornar em forma de negócio/empresa. Para além disso, outro aspecto realçado tem que ver com a dificuldade na colocação do produto no mercado, devido a:

Sector com risco elevado - os riscos das MPME’s que actuam no sector agrícola são elevados dado que o país é emergente. Para além disso, o empresariado não tem capital disponível devido a questões estruturais da própria economia. Por outro lado, os entrevistados referem que existe uma falta de capacidade por parte da Banca para avaliação do produto. Existe uma dificuldade de avaliar os riscos das MPME’s no sector agrícola.

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ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL 43

Cadeia de valor inexistente ou subdesenvolvida - o próprio agricultor produz, distribui e comercializa no mercado estando assim a quebrar o círculo de produção. A cadeia de fornecimento deste sector não existe ou está concentrada no próprio agricultor.

Condições naturais adversas - sector propenso a adversidades mesmo com elevados investimentos.

NA SUA OPINIÃO, NOMEADAMENTE AS MPME’S - QUE ACÇÕES CONSIDERARIA QUE ESTAS MPME’S PODERIAM TOMAR DE FORMA A QUE O RISCO DE CRÉDITO PERCEPCIONADO FOSSE INFERIOR / REDUÇÃO DA TAXA DE JURO

De acordo com os entrevistados, para a redução do risco de crédito são apontadas as seguintes acções a tomar pelas MPME’s:

Melhoria da gestão das empresas – promoção por parte do IPEME na capacitação das MPME’s a criar um sistema de organização financeira e contabilística para reduzir os riscos percepcionados.

Transparência na gestão – O Estado deveria preparar as pequenas empresas para que estejam em condições de lidar com as entidades bancárias.

Uso do fundo de garantia – o papel da CTA passa por divulgar a existência do fundo de garantia para ajudar a suprir a inexistência de colaterais das MPME’s.

Banco de Moçambique O BdM considera que deverão ser tomadas as seguintes acções pelas MPME’s para a redução do risco de crédito:

Melhoria da gestão das empresas - promoção por parte do IPEME na capacitação das MPME’s a criar um sistema de organização financeira e contabilística para reduzir os riscos percepcionados.

Melhoria na interacção com o sistema bancário – dado a ineficiência do sistema judicial a execução de garantias é um processo moroso. Para além disso, não existe uma entidade para a resolução de conflitos dos contractos assinados.

Transparência na gestão - O Estado deveria preparar as pequenas empresas para que estejam em condições de lidar com as entidades bancárias.

Banca Comercial De acordo com a Banca comercial, as acções que deveriam ser tomadas para a redução do risco para a concessão de crédito às MPME’s são as seguintes:

Autonomia financeira das MPME’s – de acordo, com a Banca comercial as MPME’s, muitas vezes, solicitam a totalidade do investimento que necessitam sem apresentar colaterais significativos. É uma limitação das MPME’s na obtenção do financiamento.

Apresentação de colaterais – muitas das vezes, as MPME’s não possuem os colaterais utilizados para obtenção de financiamento nos balanços das empresas. Esta situação é um risco para as entidades bancárias, uma vez que a promessa de hipoteca são sobre activos que não possuem garantias firmes concretizáveis.

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44 ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

Contabilidade organizada e transparente – a informação financeira das MPME’s é frágil e não garante credibilidade. Muitas vezes, as MPME’s não têm distinção entre as contas particulares e da empresa não reflectindo de forma correcta a actual situação financeira. Para além disso, o objectivo inicial do financiamento solicitado é diferente do destino dado pelos empresários, provocando uma situação de falta de credibilidade perante a Banca.

Sector Privado e Outros Stakeholders Este grupo de entrevistados considera que deveriam ser tomadas as seguintes acções pelas MPME’s para a redução do risco de crédito:

Formação dos empresários – de acordo com os entrevistados, o Estado deveria criar mecanismos para alteração dos estatutos dos empresários.

Melhorar a gestão e o plano de negócios - melhorar a organização empresarial aumentando as responsabilidades de “patrão” para gestor de empresa. Criação e manutenção do planos de negócios credíveis e sustentáveis a longo prazo permitindo ter uma visão do negócio da empresa.

Uso do fundo de garantia e crédito bonificado – o papel da CTA passa por divulgar a existência do fundo de garantia para ajudar a suprir a inexistência de colaterais das MPME’s.

Centro de registo de colateral móvel – criação de uma base de dados de registos de bens móveis que pudessem servir como colaterais nos créditos bancários, uma vez que os Bancos apenas aceitam activos imobiliários.

Fundos de fomento – os entrevistados não foram unânimes. Por um lado, mencionam que deveria ser criado de um Banco de desenvolvimento devido:

Às linhas de crédito não serem aplicáveis ao desenvolvimento do sector produtivo, uma vez que as taxas de juro são muito elevadas.

Necessidade de soluções inovadores na Banca para responder às características do mercado que apresenta falta de colaterais e descapitalização generalizada das MPME’s.

À existência da dificuldade de avaliar os riscos associados às MPME’s de diferentes sectores.

Por outro lado, os entrevistados referem que não deveria ser criado um Banco de desenvolvimento, devido:

Ao facto dos Bancos de fomento terem a intervenção do Estado pela sua própria natureza de actividade e por os fundos criados terem uma componente social.

A promiscuidade entre negócio e política correndo o risco de aceitação de projectos com fraca viabilidade financeira mas com elevados retornos em termos políticos.

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ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL 45

PERCEPÇÃO SOBRE OS CONSTRANGIMENTOS E NÍVEL DE LITERACIA FINANCEIRA DO SECTOR PRIVADO De acordo com os entrevistados, os principais motivos pelos quais a Banca comercial pratica em média uma taxa de juro acima de 20%, são:

Custo de capital – a principal fonte do crédito dos Bancos são os depósitos e estes tem um custo de captação elevado, uma vez que os Bancos tendem a recorrer a taxas de juro atractivas e elevadas para captarem os maiores depósitos.

Percepção do risco – não existe um serviço centralizado de informação que identifique a situação financeira para concessão de crédito.

Falta de informação fidedigna – existe tendência das MPME’s apresentarem diferentes relatos financeiros para diferentes fins.

Falta de garantias – existe escassez de garantias aceites pelas entidades bancárias.

NUMA ÓPTICA DO ACESSO AO CRÉDITO / CUSTO DO DINHEIRO, NA SUA OPINIÃO, QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS MOTIVOS PELOS QUAIS A BANCA COMERCIAL PRATICA, EM MÉDIA, UMA TAXA DE JURO ACIMA DOS 20% (MPME’S)? (LISTE OS 5 MAIS RELEVANTES POR ORDEM DE RELEVÂNCIA)

Banco de Moçambique De acordo com os entrevistados do BdM, os principais motivos pelos quais a Banca comercial pratica em média uma taxa de juro acima de 20% são:

Custo do capital

Custos administrativos

Margem dos accionistas

Risco do projecto/empresa

Concorrência do mercado

Banca Comercial De acordo com a percepção da Banca comercial, os principais motivos pelos quais pratica em média uma taxa de juro acima de 20%, são:

Custo de capital – – a principal fonte do crédito dos Bancos são os depósitos e estes tem um custo de captação elevado, uma vez que os Bancos tendem a recorrer a taxas de juro atractivas e elevadas para captarem os maiores depósitos. Uma fatia significativa dos depósitos captados no sistema bancário são entidades governamentais. Por outro lado, existem Bancos que estruturalmente não intervêm no mercado interbancário para manterem as suas quotas de mercado. Adicionalmente, os Bancos comerciais são obrigados a manter 8% dos seus depósitos no BdM – Reserva Obrigatória mínima (não remunerados).

Percepção do risco – não existe um serviço centralizado de informação que identifique a situação financeira para concessão de crédito. Devido à falta de informação, o risco atribuído corresponde ao risco percepcionado pela entidade bancária que possui a sua respectiva classificação de risco.

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46 ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

Falta de informação fidedigna – existe tendência das MPME’s apresentarem diferentes relatos financeiros para diferentes fins. Não existe diferença entre activos pessoais e os da empresa.

Falta de garantias – existe escassez de garantias aceites pelas entidades bancárias. Para além disso, o tempo de espera para execução da garantia encarece os custos com impacto na taxa de juro.

Outros custos administrativos de concessão e gestão do crédito – para além dos acima referidos, a Banca comercial refere que os custos administrativos de concessão de crédito também são reflectidos sobre a taxa de juro aplicada.

Sector Privado e Outros Stakeholders Para este grupo, os principais motivos pelos quais a Banca comercial pratica em média uma taxa de juro acima de 20%, são:

Custo do capital – a Banca comercial não financia as suas actividades correntes em FPC. O sector privado e outros stakeholders referem que existem instituições financeiras em Moçambique que determinam ou influenciam a taxa de juro, uma vez que remuneram os depósitos até 15% e usam esta taxa como referência para as taxas de juro utilizadas.

Baixa liquidez dos Bancos – de acordo com este grupo, existe poucos depositantes no sistema bancário. Para além disso, 87% dos depósitos estão concentrados em apenas três Bancos, pelo que os excedentes de liquidez não são partilhados no mercado interbancário. A liquidez esgota-se no BdM e não é transmitida entre os Bancos. Devido à falta de informação e qualificação, as zonas rurais continuam a ser de difícil captação de depósitos sendo uma oportunidade de liquidez para as entidades bancárias.

Falta de historial de crédito - a Banca não possui informação sobre os seus clientes. Falta de informação centralizada de risco de crédito para permitir que sejam aplicadas diferentes taxas de juro conforme o historial de crédito.

Falta de base de dados para garantias – existem fundos de garantia de crédito para as MPME’s que não estão a ser devidamente utilizadas por falta de conhecimento. O papel da CTA passa por divulgar a existência desses fundos que ajudam a suprir a falta de colaterais das MPME’s.

Falta de transparência da informação – existe uma dificuldade generalizada de encontrar clientes com capacidade de endividamento. As MPME’s apresentam dificuldades em segregar a componente financeira particular da componente financeira da empresa.

PERCEPÇÃO SOBRE O NÍVEL DE TRANSPARÊNCIA DAS MPME’S NA PARTILHA DE INFORMAÇÃO CONTABÍLISTICA PARA COM AS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS E A AUTORIDADE FISCAL

De acordo com os entrevistados, o nível de transparência das MPME’s na partilha de informação contabilística para com as instituições financeiras e a autoridade fiscal é reduzida devido:

Às MPME’s apresentarem resultados para as autoridades fiscais diferentes dos resultados apresentados ao Banco.

Existe um alto nível de informalidade, fuga aos impostos e falta de contabilidade organizada.

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ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL 47

Gráfico 37 - Percepção sobre o nível de transparência da informação contabilística

Banco de Moçambique Para o BdM, o nível de transparência das MPME’s na partilha de informação contabilística para com as instituições financeiras e a autoridade fiscal é reduzido.

Banca Comercial De acordo com os entrevistados, também a Banca comercial considera que o nível de transparência das MPME’s na partilha de informação contabilística para com as instituições financeiras e a autoridade fiscal é reduzido. Segundo a Banca, as MPME’s apresentam resultados para as autoridades fiscais diferentes dos resultados apresentados ao Banco criando alguma desconfiança da credibilidade dos resultados. Existe escassez de recursos humanos qualificados ou empresas especialistas que prestem estes serviços de contabilidade e auditoria às MPME’s a preços competitivos.

Sector Privado e Outros Stakeholders Para este grupo, o nível de transparência das MPME’s na partilha de informação contabilística para com as instituições financeiras e a autoridade fiscal também é reduzido. De acordo com este grupo, tal facto deve-se à elevada informalidade da economia, fuga generalizada aos impostos e carência de contabilidade organizada.

O grupo propõe que sejam realizadas acções de formação, capacitação e consciencialização do empresariado nacional sobre a necessidade de ter as contas organizadas, contratação de contabilista qualificado e certificação de contas através de auditoria poderão contribuir para reduzir esta situação. O Estado, de acordo com os entrevistados, deverá também um papel importante neste processo através da dinamização e capacitação do empresariado nacional.

Apesar dos apoios concedidos por entidades estrangeiras, o Governo apresenta dificuldade em direccionar o apoio a estas entidades.

Nível de transparênciareduzido

Nível de transparênciaaceitável

Sem opinião

Sem resposta84%

4%4%

8%

Na sua opinião, o empresariado nacional, nomeadamente as MPMEs - Qual a percepção que têm sobre o nível de transparência das MPMEs na partilha de informação contabilistica para com as instituições financeiras e a autoridade fiscal?

Fonte: Survey realizado pela KPMG

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48 ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

PERCEPÇÃO SOBRE O NÍVEL DE LITERACIA FINANCEIRA DAS MPME’S QUANTO AO LEQUE DE OPÇÕES DISPONÍVEIS DE PRODUTOS FINANCEIROS DISPONIBILIZADOS PELA BANCA COMERCIAL O nível de literacia financeira das MPME’s quanto ao leque de opções disponíveis de produtos financeiras disponibilizados pela Banca comercial é reduzido mas tem estado a melhorar através da CTA e IPEME. Estas entidades têm criado condições para formar pessoas, no entanto falta a cultura e rigor em termos de gestão. Por outro lado, a Banca poderá não estar a promover a divulgação dos produtos financeiros que melhor se adeqúe às necessidades dos seus clientes.

Gráfico 38 - Percepção sobre o nível de literacia financeira das MPME'S

Banco de Moçambique De acordo com a percepção do BdM, o nível de literacia financeira das MPME’s quanto ao leque de opções disponíveis de produtos financeiras disponibilizados pela Banca comercial é reduzido.

Banca Comercial A Banca comercial considera reduzido o nível de literacia financeira das MPME’s quanto ao leque de opções disponíveis de produtos financeiras disponibilizados. Contudo, considera que o mesmo tem estado a melhorar através da CTA e IPEME, que têm criado condições para formar pessoas, apesar da falta de cultura do rigor em termos de gestão.

Sector Privado e Outros Stakeholders Para o sector privado e outros stakeholders, o nível de literacia financeira das MPME’s quanto ao leque de opções disponíveis de produtos financeiras disponibilizados pela Banca comercial também é reduzido porque os Bancos não são agressivos na divulgação dos produtos financeiros, relativamente ao tipo de crédito disponível, período de maturidade que melhor se adeqúe às suas necessidades.

Nível de literacia financeirareduzido

Nível de literacia financeiraaceitável

Sem opinião

Sem resposta88%

4%

0%

8%

Na sua opinião, o empresariado nacional, nomeadamente as MPMEs - Qual a percepção que têm sobre o nível de literacia financeira das MPMEs quanto ao leque de opções disponiveis de produtos financeiros disponibilizados pela Banca Comercial?

Fonte: Survey realizado pela KPMG

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ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL 49

PERCEPÇÃO SOBRE A CAPACIDADE DE ACESSO DAS MPME’S À BVM (NUMA ÓPTICA DE FINANCIAMENTO ALTERNATIVO) Na percepção do BdM, a BVM não é a opção alternativa de financiamento para as MPME’s, uma vez que não foi concebida inicialmente para este segmento de empresas. Este segmento tem limitações em termos de capitais.

As MPME’s não estão em condições de cumprir com os requisitos de adesão exigidos pela BVM. Há linhas de financiamento às MPME’s subsidiadas pela USAID/SPEED, disponíveis na Banca, que não são usadas devido à elevada exigência dos requisitos necessários. Está em criação o fundo de garantias que servirá de suporte às MPME’s e permitirá que as mesmas tenham acesso a taxas mais baixas nos Bancos comerciais.

Gráfico 39 - Percepção sobre a capacidade de acesso das MPME'S à BVM

Banco de Moçambique Na percepção do BdM, a BVM não é a opção alternativa de financiamento para as MPME’s, uma vez que não foi concebida inicialmente para este segmento de empresas. Este segmento tem limitações em termos de capitais. Contudo, este segmento dispõe de fontes alternativas de financiamento que são os Bancos de desenvolvimento e os fundos de fomento. Adicionalmente, está em criação o fundo de garantias para cobertura das pequenas empresas, que servirá de suporte às MPME’s e permitirá o acesso a taxas de juro mais baixas nos Bancos comerciais.

Banca Comercial Para a Banca comercial, a capacidade de acesso das MPME’s à BVM é limitada porque as MPME’s não estão em condições de cumprir com os requisitos de adesão exigidos. Existem linhas de financiamento às MPME’s subsidiadas pela USAID/SPEED e que estão disponíveis na Banca que não são utilizadas devido aos exigentes requisitos para levantar essas linhas de financiamento sendo que são poucos os projectos elegíveis.

Limitado

Acessível

Sem resposta

92%

0%

8%

Na sua opinião, qual a sua percepção sobre a capacidade de acesso das MPMEs à BVM (numa óptica de financiamento alternativo)?

Fonte: Survey realizado pela KPMG

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50 ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

Sector Privado e Outros Stakeholders A capacidade de acesso das MPME’s à BVM é limitada, de acordo com a percepção do sector privado e outros stakeholders. A BVM ainda está numa fase muito incipiente e não chega a ser alternativa para as MPME’s. Por outro lado, a informação sobre a BVM não está ainda massificada e a mesma não é representativa existindo, por isso, MPME’s que não têm conhecimento da sua existência.

NA SUA OPINIÃO QUE ACÇÕES CONSIDERARIA QUE O SECTOR BANCÁRIO (INCLUINDO O BDM) PODERIAM TOMAR DE FORMA A QUE O RISCO DE CRÉDITO PERCEPCIONADO FOSSE INFERIOR / REDUÇÃO DA TAXA DE JURO

As acções a considerar para redução do risco do crédito pelo sector bancário são:

Redução da exposição do Banco – resolução dos constrangimentos que os grandes depositantes criaram em relação aos Bancos comerciais “leilões de depósitos de fundos de pensões”.

Regulamentação das instituições com liquidez no leilão dos depósitos ao prazo – taxa de remuneração de depósitos fixada administrativamente pelo BdM, de forma a evitar leilões de grandes depósitos e eliminação da imposição de preços pelos grandes depositários.

Desenho de produtos e serviços ligados ao tipo de procura no mercado - os preços deveriam ser diferentes por sector, atendendo os riscos percepcionados em cada sector.

Banco de Moçambique O BdM aponta as seguintes acções para redução do risco do crédito a considerar pelo sector bancário:

Apresentação de uma solução sustentável - podem-se fixar limites (tectos) de taxas de juro, no entanto existe vias alternativas para contornar os limites (comissões, depósitos caucionados, etc.).

Controlo da inflação - a solução sustentada, passa por assegurar pequenas flutuações da inflação para assegurar ganhos futuros.

Redução da exposição do Banco - resolver os constrangimentos que os grandes depositantes criaram em relação aos Bancos comerciais “leilões de depósitos de fundos de pensões”. Os Bancos poderiam emprestar no mercado interbancário para reduzir a exposição à falta de liquidez.

Banca Comercial Para a Banca comercial, são consideradas as seguintes acções para a redução do risco de crédito:

Regulação das instituições com liquidez no leilão dos depósitos à prazo – taxa de remuneração de depósitos fixada administrativamente pelo BdM, de forma a evitar leilões de grandes depósitos e eliminação da imposição de preços pelos grandes depositários.

Desenho de produtos e serviços ligados ao tipo de procura no mercado - os preços deveriam ser diferentes por sector atendendo aos riscos percepcionados em cada sector

Criação de uma central de informação de risco partilhada – que permita avaliar o risco do cliente e fixar a taxa de juro de acordo com o nível de risco.

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ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL 51

Sector Privado e Outros Stakeholders De acordo com os entrevistados, o sector privado e outros stakeholders consideram que deveriam ser tomadas as seguintes acções:

Central de registo privado de crédito – para reduzir a falta de informação de crédito.

Controlo dos fundos de pensões – para evitar leilões sobre as contribuições dos cidadãos.

Adaptar os produtos financeiros às necessidades locais – observação das tendências comportamentais dos grupos, acompanhar e analisar os dados de clientes para melhor definir os seus instrumentos/produtos para o mercado.

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52 ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

CAPÍTULO SEIS: BENCHMARK INTERNACIONAL

ANGOLA Principais instrumentos da política monetária:

Taxa de redesconto, facilidade de cedência de absorção, facilidade de cedência de liquidez, operações de mercado aberto, reservas obrigatórias e intervenções no mercado cambial

Entidade Supervisora: Banco Nacional de Angola – BNA

24 Bancos comerciais

CONJUNTURA ECONÓMICA Estima-se que em 2013 o PIB tenha crescido 7.43% em termos reais, o que representa um aumento de

2.25 pp entre os anos de 2012 e 2013.

Este crescimento é resultante do desempenho favorável do sector não petrolífero que cresceu 11.54% em termos reais. O PIB petrolífero, por sua vez, decresceu -0,33%.

Na evolução do PIB não-petrolífero destaca-se o desempenho do sector agrícola com um crescimento estimado de 47.61%, do sector de Diamantes e Outros, que observou um crescimento de 0.33% em 2012 para 6.56% em 2013, e do sector Energético que expandiu para 22.40% em 2013, face a 10.40% registado em 2012.

EVOLUÇÃO DA POLÍTICA MONETÁRIA Em 1992 o Governo tomou medidas para a privatização de empresas estatais. Havia falta de controlo

do défice orçamental o que levou a um crescimento rápido da massa monetária.

A inflação atingiu níveis elevados de 1800% em 1993. Em 1995 excedeu os 3700%, considerado como o pico no período de 1991-2002. O BNA adoptou uma meta para o crescimento da base monetária e fez uso dos instrumentos de controlo da liquidez na economia nomeadamente a taxa de redesconto, as reservas obrigatórias, a emissão de títulos do Banco Central e intervenções no mercado cambial.

A taxa de inflação decresceu para 76.6% em 2003. Este decréscimo fez com que a política monetária em vigor continuasse a ter a base monetária como instrumento operacional para o alcance do objectivo final do BNA: estabilização da moeda nacional e redução dos níveis de inflação a patamares considerados moderados.

POLÍTICA MONETÁRIA ACTUAL Face ao desenvolvimento que o país observou, a política monetária tem sido conduzida tendo como principais objectivos: a estabilidade do sistema financeiro nacional e o controlo do nível geral de preços.

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ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL 53

O BNA adoptou um quadro operacional de metas de taxa de juro e tem usado uma política monetária reduzindo, em 2013, (i) por três vezes as taxas de referência, (ii) a taxa de redesconto, que passou a corresponder à taxa de facilidade de cedência de liquidez e (iii) o coeficiente de reservas obrigatórias para os depósitos em moeda nacional de 20% para 15%, ficando alinhado com o coeficiente de moeda estrangeira.

Gráfico 40 – Taxas Angola

Fonte: Banco Nacional de Angola

MEDIDAS IMPLEMENTADAS NO MOMENTO A venda ao mercado, através do BNA, das divisas advindas dos impostos petrolíferos é uma das condições necessárias a normal execução do Orçamento Geral do Estado (OGE) e para atender a procura de moeda estrangeira para as actividades económicas. Por esta razão, a oferta de divisas é feita de modo a garantir que a taxa de câmbio nominal se deprecie de forma controlada e que atinja os patamares desejáveis. Esta acção visa evitar as pressões inflacionárias e a apreciação contínua da taxa de câmbio real, à qual poderia reduzir a competitividade de uma indústria que está ainda a desenvolver-se.

Desde 2011, o BNA tem feito uma transição progressiva para um quadro de metas de inflação que exige avanços em três frentes (BNA, 2014):

É necessário que o processo de “desdolarização” da economia siga o seu curso. Esta acção irá minimizar o desfasamento de moedas nos balanços dos Bancos e, a longo prazo, permitirá uma maior flexibilidade cambial.

A taxa de juro dos títulos de tesouro deve ser determinada pelo mercado através da apresentação de ofertas em leilões primários. A “desdolarização” contínua e a definição de taxas de juro de mercado irão contribuir para o maior desenvolvimento do sector financeiro e o aumento da oferta de activos expressos em moeda local.

O BNA e o Instituto Nacional de Estatística (INE) deverão de continuar a desenvolver indicadores económicos rigorosos para munir as autoridades de dados rigorosos e mais atempados para a tomada de decisões.

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54 ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

FONTES ALTERNATIVAS DE FINANCIAMENTO ÀS MPME’S Com vista a financiar as MPME’s:

Alguns Bancos fornecem empréstimos livres de taxas bancárias, sem um depósito mínimo e com garantias informais (por exemplo bens de propriedade), bem como o contacto permanente com os gestores de empréstimo.

Criou-se o Instituto Nacional de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (INAPEM), um instituto público tutelado pelo Ministério da Economia, ao qual compete a implementação das políticas e estratégias no domínio da formação e capacitação empresarial, que juntamente com o programa “Angola Investe” visa conceder linhas de crédito bonificadas e mecanismo de garantias públicas para MPME’s e a certificação das mesmas.

CRÉDITO AO SECTOR AGRÍCOLA As autoridades angolanas têm vindo a promover um conjunto de políticas e instrumentos destinados à criação de um ambiente propício para o crescimento e desenvolvimento, que favoreçam o relançamento económico, através da criação de incentivos financeiros para o sector agrícola:

A Campanha “Crédito Agrícola” é um programa do governo angolano que visa apoiar a agricultura. O projecto envolve os Bancos: Poupança e Crédito Bancário (BPC), Banco de Comércio e Indústria, Banco Sol e do Banco Africano de Investimento para Micro-Finanças.

O Banco de Desenvolvimento de Angola, oferece financiamentos ao crédito agrícola que podem ter um período de maturidade até oito anos, com um período de carência de até três anos e 6,7% de taxa de juro anual.

ÁFRICA DO SUL Principais instrumentos da política monetária: taxa de recompra, operações de mercado aberto,

reservas obrigatórias, persuasão moral

Entidade supervisora: South African Reserve Bank (SARB)

73 Instituições: 16 bancos comerciais, 3 bancos de investimentos, 13 bancos controlados pelo exterior e 41 sucursais de bancos estrangeiros.

CONJUNTURA ECONÓMICA As perspectivas de crescimento económico deterioraram-se devido à greve prolongada nos sectores de

mineração e manufactura.

A economia contraiu no primeiro trimestre de 2014. A inflação ascendeu o limite de referência, impulsionado, principalmente, pela depreciação cambial e pelo aumento dos preços dos alimentos e da gasolina.

EVOLUÇÃO DA POLÍTICA MONETÁRIA De 1967 a 1980, o Banco Central implementou um conjunto de instrumentos directos de política

monetária como por exemplo os controlos de taxa de depósito e controlo de câmbio, com vista a

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ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL 55

controlar as pressões inflacionárias. Em 1980 iniciou-se uma política orientada para o mercado. Neste sistema, as taxas de juros tiveram um papel pouco significativo como um instrumento correctivo.

Em 1986, o SARB começou a alinhar as suas políticas com a evolução dos mercados, em vez de tentar forçar os mercados para uma direcção pré-determinada. Foi dada mais ênfase sobre os ajustes das taxas de juros, em vez de restrições directas de concessão de crédito. Passaram a ser usadas as metas monetárias.

Desde meados dos anos 90, a política monetária adoptada foi de regime de metas por inflação. Esta passou a ser gerida pela taxa de recompra como forma de controlar o nível de liquidez no mercado.

POLÍTICA MONETÁRIA ACTUAL A África do Sul introduziu formalmente uma política monetária guiada por metas de inflação em Fevereiro de 2000. Esta política foi especificada como um intervalo ou faixa onde se atinge uma taxa média de crescimento dos preços no consumidor. A África do Sul opera através de um sistema de taxa de câmbio flutuante, mas quando necessário o SARB intervém no mercado de câmbio, com vista a controlar o câmbio e o nível de reservas em moeda estrangeira, de forma a minimizar o impacto negativo do excesso de fluxos de capitais de curto prazo e a volatilidade da moeda.

Gráfico 41 - Taxas África do Sul

Fonte: South African Reserve Bank

MEDIDAS IMPLEMENTADAS NO MOMENTO O Comité de Política Monetária decidiu continuar no caminho da normalização gradual e aumentar a taxa de recompra. Dada a trajectória esperada da inflação, a taxa de recompra real permanece ligeiramente negativa e bem abaixo do nível neutro de longo prazo.

O SARB continua a optar por uma política monetária de metas de inflação pelo facto de defender que esta abordagem:

Mantem o público informado sobre as tendências futuras de inflação;

Aumenta a transparência da política monetária;

Melhora a prestação de contas das autoridades monetárias;

Sem dados relativos à FPD

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56 ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

Aumenta da estabilidade das taxas de juros nominais;

Reduz as expectativas de inflação reorientando-os para o futuro;

Proporciona a estabilidade no valor do dinheiro o que aumenta as perspectivas de crescimento.

FONTES ALTERNATIVAS DE FINANCIAMENTO ÀS MPME’S Como forma de financiamento alternativo na África do Sul:

Está bastante difundido um esquema de poupança entre a família / amigos para pequenos investimentos: os Stokvels. Os associados fazem uma contribuição regular a partir do qual cada membro, no devido momento e num sistema rotativo, recebe o valor total da contribuição.

No caso dos empréstimos bancários e financiamentos a longo prazo, o montante disponível para o empresário é limitado pela segurança que ele é capaz de oferecer contra o empréstimo. De momento, a África do Sul conta com apenas 13 Bancos a operar no sector das MPME’s.

Investimentos de capital privado são feitos com base em dois critérios principais: por um lado, o potencial do plano de negócios dos candidatos e, por outro, as competências e habilidades do empreendedor na gestão empresarial. Associações como a National Empowerment Fund e a Small Enterprise Finance Agency, normalmente apoiam e prestam formações aos pequenos e médios empresários.

São também usados os subsídios do governo através do Departamento de Comércio e Indústria (DTI), onde se pode explorar um conjunto de opções de financiamento, incentivo e todos os seus critérios de qualificação para MPME’s.

CRÉDITO AO SECTOR AGRÍCOLA O Land Bank é a instituição implementadora líder no que diz respeito ao financiamento agrícola. Os

seus clientes são cooperativas, organizações de commodities e agricultores privados. Possui um histórico de sucesso de empréstimos aos agricultores comerciais.

- Os agricultores recebem empréstimos mais avultados, com base num histórico de pagamento.

Existem programas de financiamento tais como o KwaZulu Finance Corporation, Agriwane e Transkei Desenvolvimento Agrário que fornecem um conjunto de opções favoráveis para o financiamento neste sector.

TANZÂNIA Principais instrumentos da política monetária: Operações de mercado aberto, transacções

interbancárias em moeda externa, taxa de recompra, política de descontos, compulsórios e persuasão moral.

Entidade Supervisora: Bank of Tanzania - BoT

56 Instituições: 34 bancos comerciais nacionais, 21 instituições financeiras e 1 banco de desenvolvimento

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ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL 57

CONJUNTURA ECONÓMICA No início de 2014, o crescimento do PIB foi impulsionado pelo forte desempenho dos sectores de

comunicação, intermediação financeira, construção, comércio a grosso e a retalho, e actividades de fabrico.

Em Junho de 2014, a inflação atingiu os 6.4%, em comparação com 6.5% em Maio de 2014, devido à descida de preços dos produtos alimentares e bebidas não-alcoólicas.

EVOLUÇÃO DA POLÍTICA MONETÁRIA Após a independência, em 1960, o Banco Central funcionava como o agente do governo socialista na

mobilização de recursos financeiros para investimento no sector público (educação, saúde, negócios, infra-estrutura, etc.). Este período foi amplamente caracterizado pelo uso de instrumentos directos de política monetária:

- O Plano Anual de Financiamento e Crédito (AFCP), apoiado por um sistema de taxas de juros administradas;

- O Plano de Câmbio (FEP) foi concebido para controlar o uso de moeda estrangeira, de acordo com as prioridades nacionais.

A partir de 1990 deu-se um conjunto de reformas no sector económico e financeiro e por isso, o BoT passou a adoptar um sistema de formulação e implementação da política monetária que visasse a estabilização dos preços. O Banco Central optou por fazer uso de instrumentos indirectos de política monetária, para garantir a máxima eficiência na regulação da oferta de moeda. O BoT supervisiona a quantidade de dinheiro na economia através do controlo da base monetária.

POLÍTICA MONETÁRIA ACTUAL Em 2013, o Governo da Tanzânia implementou uma política monetária restritiva. Esta política ajudou a reduzir a inflação, que no entanto, resultou no aumento do custo do crédito e impôs maior carga sobre os mutuários, o que teve um impacto negativo na expansão da economia real.

Gráfico 42 - Taxas Tanzânia

Fonte: Bank of Tanzania

-2.00%4.00%6.00%8.00%

10.00%12.00%14.00%16.00%18.00%

2009 2010 2011 2012 2013

FPC

FPD

Taxa deempréstimo

Taxa dedepósito

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58 ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

MEDIDAS IMPLEMENTADAS NO MOMENTO A orientação da política monetária continua a ter como objectivo assegurar que o nível adequado de liquidez na economia é mantido, com a finalidade de conter a inflação. Porém, o BoT pretende reformar e modernizar a forma como conduz a política monetária através de:

Substituição do actual regime de metas monetárias (quantidade) por um regime de metas por taxas de juro – taxa do Banco central (preço).

Isto será feito em fases para garantir uma transição suave, a começar com o fortalecimento do sistema financeiro para que este se torne mais integrado, competitivo e flexível à mudanças de preços.

Auto capacitação no sentido de desenvolver habilidades necessárias para a modelagem macroeconómica e previsão.

O BoT continuará a aumentar a transparência e a eficácia dos seus instrumentos de política monetária enquanto vigorar o actual regime de metas monetárias, a fim de fortalecer a transmissão mecanismo. O Banco continuará a ser cauteloso na monitorização dos riscos.

FONTES ALTERNATIVAS DE FINANCIAMENTO ÀS MPME’S Na Tanzânia alguns Bancos desenvolveram dois produtos de crédito para as MPME’s: o empréstimo para o fundo de maneio e o empréstimo para investimento com as seguintes características:

As taxas de juros são cobradas sobre o saldo devedor:

- No empréstimo para o fundo de maneio - o prazo mínimo de reembolso é de 3 meses e máximo de 12 meses;

- No empréstimo de investimento, o prazo mínimo de reembolso é de 12 meses e máximo de 60 meses;

Capacitação dos funcionários dos Bancos;

Recrutamento de novo pessoal que lida especificamente com as MPME’s (todo o pessoal recrutado teve que passar por um treinamento intensivo);

No âmbito do regime de MPME’s, os Bancos começaram a ampliar o leque de colaterais aceitáveis para incluir garantias não tradicionais, tais como Licença Residencial, veículos automóveis e máquinas usadas;

Recursos à associações de poupança e cooperativas (SACCOS).

CRÉDITO AO SECTOR AGRÍCOLA Um total de 56 instituições financeiras nacionais estão actualmente a operar na Tanzânia, o maior número na região do Leste Africano. A sector agrícola (considerado a espinha dorsal da economia nacional) é responsável por mais de 25% do PIB nacional, mais de 27% das receitas de exportação e 80% na absorção de empregos.

Orientação das taxas de juro de curto prazo

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ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL 59

BIBLIOGRAFIA

FONTES DE INFORMAÇÃO African Economic Outlook, Angola, 2014 African Economic Outlook, South Africa, 2014 African Economic Outlook, Tanzania, 2014 Apresentação do projecto Financiando Moçambique, CTA, FINANTIA, FAN Aviso 03/GBM/2012 de 28 de Novembro – Migração para o Acordo de Basileia II Balanço do Plano Económico Social, 2013 Banco de Moçambique, página electrónica (www.Bancomoc.mz), consultada em Setembro de 2014 Banco Nacional de Angola, página electrónica (www.bna.ao), consultada em Setembro de 2014 Bank Supervision Department, Annual Report, South African Reserve Bank, 2013 Bank of Tanzania, página electrónica (www.bot-tz.org) consultada em Setembro de 2014 Boletim Mensal de Conjuntura, Banco de Moçambique, Dezembro de 2009 Boletim Mensal de Conjuntura, Banco de Moçambique, Dezembro de 2010 Boletim Mensal de Conjuntura, Banco de Moçambique, Dezembro de 2011 Boletim Mensal de Conjuntura, Banco de Moçambique, Dezembro de 2012 Boletim Mensal de Conjuntura, Banco de Moçambique, Dezembro de 2013 Boletim Mensal de Conjuntura, Banco de Moçambique, Julho de 2014 BoT research newsletter, Bank of Tanzania, July 2013 Desafios para Moçambique, Porque é que os Bancos Comerciais Não Respondem à Redução das Taxas de Referência, Fernanda Massarongo, 2013 DFID - MSME Credit Lines In Mozambique, Outubro 2013 Estratégia de Médio e Longo Prazo da Política Monetária, Banco de Moçambique, 2013 Estratégia Nacional para o Desenvolvimento do Sector Financeiro 2013-2022, Governo de Moçambique, 2013 Financiando Moçambique, CTA e Finantia (Financial Advisory Services), Julho 2014 Fortalecendo a Capacidade e a Inclusão Financeira em Moçambique, Avaliação ao Lado da Demanda, Banco Mundial, Agosto 2014 KfW - FinScope MSME Survey Mozambique, 2012 Lei nº 1/92 de 3 de Janeiro - Definição da natureza, objectivos e funções do Banco de Moçambique

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Monetary Economic Review, Bank of Tanzania, June 2013 Monetary Economic Review, Bank of Tanzania, June 2014 Monthly Economic Review, Bank of Tanzania, June 2013 Monthly Economic Review, Bank of Tanzania, June 2014 Monetary Policy Review, Pretoria, June 2014 Relatório Anual Banco de Moçambique 2009, 2010, 2011, 2012 e 2014 Relatório de Contas, Barclays Bank, 2009 e 2013 Relatório de Contas, Banco Comercial de Investimento, 2009 e 2013 Relatório de Contas, Millenium Bim, 2009 e 2013 Relatório de Contas, Moza Banco, 2009 e 2013 Relatório de Contas, Standard Bank, 2009 e 2013 Relatório e Contas, Banco Nacional de Angola, 2011 Relatório e Contas, Banco Nacional de Angola, 2012 Relatório Económico de Angola, Universidade Católica de Angola, Centro de Estudos e Investigação Científica, 2013 Exame, Maio 2013 Exame, Julho 2014 SME Toolkit South Africa, página electrónica (http://southafrica.smetoolkit.org) consultada em Setembro de 2014 Statement of the Monetary Policy Committee, South African Reserve Bank, July 2014 Tanzania – The story of an African Transition, International Monetary Fund, 2009 The Banking Association South Africa, SME Financial Literacy in South Africa, página electrónica (http://www.banking.org.za), consultada em Outubro de 2014 World Bank - The African Financial Development and Financial Inclusion Gaps, WPS7019, Setembro 2014 World Bank - SME Finance in Africa, WPS7018, Setembro 2014

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ESTUDO SOBRE O CUSTO DE FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL 61

ANEXO A: FICHA TÉCNICA DO ESTUDO

LISTA DAS INSTITUIÇÕES ENTREVISTADAS Associação Moçambicana de Bancos – AMB BancaBC Banco Africano de Desenvolvimento – BAD Banco Comercial e de Investimentos – BCI Banco de Moçambique – BdM Banco Mundial Banco Nacional de Investimentos - BNI Banco Único Banco Terra Barclays Bank Mozambique Confederação das Associações Económicas de Moçambique – CTA Confederação das Associações Económicas de Moçambique – CTA: Pelouro de Agronegócio Centro de Promoção de Investimentos - CPI Department for International Development - DFID / DAI Deutsh Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit – GIZ GmbH Fundo para Ambiente de Negócios - FAN GAPI Sociedade de Investimentos International Finance Corporation Mozambique - IFC International Monetary Fund Mozambique - IMF Instituto para a Promoção das Pequenas e Médias Empresas – IPEME Letshego Millennium BIM – MBIM Ministério das Finanças Moza Banco Mauritius Commercial Bank – MCB TechnoServe Standard Bank