97
Universidade Federal de Itajubá Instituto de Recursos Naturais ENGENHARIA HÍDRICA ESTUDO TÉCNICO-ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA GARANTIA FÍSICA DA CENTRAL GERADORA HIDRELÉTRICA DE CAVERNOSO Bruna Tayla Cabral de Vasconcellos Itajubá - MG Novembro / 2015

ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

  • Upload
    ngocong

  • View
    214

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

1

Universidade Federal de Itajubá

Instituto de Recursos Naturais

ENGENHARIA HÍDRICA

ESTUDO TÉCNICO-ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA GARANTIA FÍSICA DA

CENTRAL GERADORA HIDRELÉTRICA DE CAVERNOSO

Bruna Tayla Cabral de Vasconcellos

Itajubá - MG

Novembro / 2015

Page 2: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

2

ESTUDO TÉCNICO-ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA GARANTIA FÍSICA DA CENTRAL GERADORA HIDRELÉTRICA DE CAVERNOSO

Bruna Tayla Cabral de Vasconcellos

Monografia submetida à banca examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Engenheira Hídrico.

Orientador: Prof. Dr. Oswaldo Honorato de Souza Junior

Itajubá - MG Novembro / 2015

Page 3: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

3

Page 4: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha família, a

meu pai Mario, a minha mãe Márcia e a

meus irmãos Giullia e Neto, meus avós

Mario e Sissa, aos meus tios Patricia,

Julio, Marcos e Lucia que sempre

acreditaram em mim, aos meus amigos

da Engenharia Hídrica, aos que conheci

no intercâmbio, a minha amiga da

mecânica Susi, a todas as amigas que

passaram pela minha República e ao

meu querido Lucas.

Page 5: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

5

AGRADECIMENTOS

Agradeço a toda a minha família que sempre me apoiou e acreditou no

meu sucesso.

Agradeço ao professor Dr. Oswaldo Honorato de Souza Junior pela

orientação e por dedicar o seu tempo na elaboração e conclusão deste

trabalho.

Agradeço a Susiane e ao Lucas que me apoiaram e torceram por mim.

Aproveito também, para agradecer ao Igor que compartilhou comigo os

desesperos dessa etapa.

Por fim, meu muito abrigado a todos os meus amigos e colegas que,

direta ou indiretamente, ajudaram durante toda a minha graduação.

Page 6: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

6

RESUMO

VASCONCELLOS, B. T. C. Estudo Técnico-Econômico sobre a Redução da Garantia Física da Central Geradora Hidrelétrica de Cavernoso I. 2015. Trabalho Final de Graduação (Engenharia Hídrica). Universidade Federal de Itajubá. Itajubá, 2015.

O trabalho apresenta uma avaliação técnica e econômica sobre a redução da Garantia Física da Central Geradora Hidrelétrica Cavernoso - PR. , localizada na margem direita do rio Cavernoso na cidade de Virmond. Essa usina possui uma potência instalada de 1,3 MW e energia garantida de 0,9 MWmédios. Seu grupo gerador é composto por uma máquina auxiliar com rotor Francis convencional de 450 kW de potência (Unidade I), e uma Francis de rotor gêmeo de 850 kW de potência (Unidade II). Essa segunda máquina se encontra subutilizada devido às mudanças hidrológicas decorrentes da construção a montante da PCH de Caverno II em 2013. Essa nova central fez com que a vazão disponível para Cavernoso I ficasse limitada a sua vazão ecológica de 1,7 m3/s. Essa vazão permite somente o funcionamento parcial da Unidade I, restando a Unidade II funcionar apenas em épocas de grande vazão onde ocorre o vertimento na barragem de Cavernoso II. Essa condição levantou a possibilidade de realocar a unidade II em outra Central de modo a melhor aproveitar o seu rendimento. Essa opção de realocação se mostrou atrativa, de modo que, recomenda-se a sua aplicação o mais rápido possível ou, no mais tardar, após a reativação da PCH Cavernoso II. Palavras-chave: Central Geradora Hidrelétrica. Garantia Física de Energia. Mercado de Energia.

Page 7: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

7

LISTA DE FIGURAS

Figura 1:Grupo gerador I com turbina Francis convencional. ........................... 18

Figura 2: Grupo gerador II com turbina Francis gêmea. ................................... 18

Figura 3: Vista aérea PCH Cavernoso I e II. .................................................... 20

Figura 4: Evolução histórica da utilização do rio Cavernoso. ........................... 21

Figura 5: Esquema de sistema hidrodinâmico.................................................. 34

Figura 6: VF acumulada partir da série uniforme R .......................................... 53

Figura 7: Valor atual da série uniforme R ......................................................... 53

Figura 8: Série gradiente de pagamentos ........................................................ 54

Figura 9: Localização do posto base. ............................................................... 60

Figura 10: Localização dos postos. .................................................................. 62

Figura 11: Fluxograma da simulação do funcionamento conjunto das duas

centrais. ............................................................................................................ 72

Page 8: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

8

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Regressão linear entre postos fluviométricos. ................................. 38

Gráfico 2: Curva de Permanência de Vazões .................................................. 39

Gráfico 3: Delimitação da área sob a curva de permanência equivalente a

vazão média turbinada pela central. ................................................................. 50

Gráfico 4: Regressão linear do posto base com P1. ........................................ 63

Gráfico 5: Regressão linear do posto base com P2. ........................................ 63

Gráfico 6: Regressão linear do posto base com P3. ........................................ 63

Gráfico 7: Regressão linear do posto base com P4. ........................................ 64

Gráfico 8: Regressão linear do posto base com P5. ........................................ 64

Gráfico 9: Regressão linear do posto base com P6. ........................................ 64

Gráfico 10: Regressão linear do posto base com P7. ...................................... 65

Gráfico 11: Fluviograma de vazão mensais para o local do aproveitamento. .. 66

Gráfico 12: Curva de Permanência de Vazões. ............................................... 67

Gráfico 13: Hidrograma afluente do dia 08 de Junho de 2014. ........................ 68

Gráfico 14: Vazões Extremas ........................................................................... 70

Gráfico 15: Hidrograma de funcionamento da CGH Cavernoso em conjunto

com a PCH Cavernoso II. ................................................................................. 71

Gráfico 16: Hidrograma de Vazões Turbinadas Diárias das Usinas de

Cavernoso e Cavernoso II. ............................................................................... 74

Gráfico 17: Hidrograma de vazões médias mensais para a nova condição da

CGH Cavernoso. .............................................................................................. 75

Gráfico 18: Hidrograma de vazões médias anuais para a CGH Cavernoso antes

e depois da simulação. ..................................................................................... 75

Gráfico 19: Simulação da queda da Garantia Física baseando-se na série

histórica de dados e na legislação. .................................................................. 81

Gráfico 20: Fluxo de caixa para o Cenário I. .................................................... 86

Gráfico 21: Fluxo de caixa para o Cenário II. ................................................... 86

Gráfico 22: Fluxo de caixa para o Cenário III.a. ............................................... 87

Gráfico 23: Fluxo de caixa para o Cenário III.b. ............................................... 87

Page 9: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

9

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Dados de placa e informações gerais da unidade I da PCH

Cavernoso I. ..................................................................................................... 19

Tabela 2: Dados de placa e informações gerais da unidade II da PCH

Cavernoso I. ..................................................................................................... 19

Tabela 3: Características de capacidade instalada, garantia física, geração e

concessão das usinas. ..................................................................................... 22

Tabela 4: Dados do posto base. ....................................................................... 61

Tabela 5: Dados dos postos utilizados no estudo de complementação de

vazões. ............................................................................................................. 62

Tabela 6: Curva de Permanência de Vazões. .................................................. 67

Tabela 7: Vazões Características ..................................................................... 68

Tabela 8: Vazãos Extremas ............................................................................. 69

Tabela 9: Índices de TEIF e IP referentes ao PMO de Maio de 2014. ............. 76

Tabela 10: Cenário Inicial - Garantia Física da CGH Cavernoso para a condição

anterior a operação da PCH Cavernoso II....................................................... 77

Tabela 11: Resumo de Cenários. ..................................................................... 78

Tabela 12: Cenário I - Garantia Física para a CGH Cavernoso considerando a

Revisão Extraordinária e com valores de referência de TEIF e IP segundo o

MME. ................................................................................................................ 79

Tabela 13: Cenário II - Garantia Física para a CGH Cavernoso considerando a

Revisão Extraordinária e os valores observados de TEIF e IP. ....................... 79

Tabela 14: Cenário III - Garantia Física da CGH Cavernoso considerando que

somente a unidade I está operando. ................................................................ 80

Tabela 15: Energia firme e fator de capacidade para cada cenário. ................ 82

Tabela 16: Receita anual para cada cenário. ................................................... 83

Tabela 17: Estimativa do orçamento para a implantação da Unidade II da CGH

Cavernoso na CGH Pitangui. ........................................................................... 85

Tabela 18: VPL para cada cenário. .................................................................. 88

Page 10: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

10

LISTA DE SIGLAS

ABRADDE Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica

ACL Ambiente de Contratação Livre

ACR Ambiente de Contratação Regulada

ANA Agência nacional de Águas

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

AP Autoprodutores

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior

CCEAR Contratos de Comercialização de Energia Elétrica no

Ambiente Regulado

CCEE Câmara de Comercialização de Energia Elétrica

CGH Central Geradora Hidrelétrica

CMSE Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico

CNPE Conselho Nacional de Política Energética

CEPEL Centro de Pesquisas de Energia Elétrica

CMO Custo Marginal de Operação

COPEL Companhia Paranaense de Energia

DENC Superintendência de Planejamento da Expansão, Engenharia

e Construção da Geração

EPE Empresa de Pesquisa Energética

Page 11: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

11

MME Ministério de Minas e Energia

MRE Mecanismo de Realocação de Energia

NBR Norma Brasileira

ONS Operador Nacional do Sistema Elétrico

PCH Pequena Centra Hidrelétrica

PIE Produtores Independentes de Energia Elétrica

PLD Preço de Liquidação das Diferenças

PROCEL Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica

PROINFA Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de

Energia Elétrica

REP Receita Anual Permitida

SELIC Sistema Especial de Liquidação e de Custódia

SIN Sistema Interligado Nacional

SUDERHSA Superintendência de Desenvolvimento de Recursos

Hídricos e Saneamento Ambiental

UHE Usina Hidroelétrica

UNIFEI Universidade Federal de Itajubá

VR Valor Anual de Referência

Page 12: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

12

LISTA DE ABREVIATURAS

Ad Área de drenagem, km2

C0 Custo original do ativo, R$

𝐶𝑛 Valor contábil, R$

dp Desvio padrão

D Diâmetro interno do conduto forçado, m

Emédia Energia média gerada, MWmédio

Eanual Energia total gerada anualmente, MWh/ano

fc Fator de capacidade

𝐹𝐶𝑡 Fluxo de caixa no t-ésimo período

GFE Garantia física de energia, MWmédio

H Queda líquida, m.c.a.

Hb Queda bruta, m

HIFi Horas indisponíveis forçadas da unidade i, h/ano

HIPi Horas indisponíveis programadas da unidade i, h/ano

HP Horas de análise de funcionamento de uma unidade, h/ano

HP′ Horas de análise descontando indisponibilidade programada,

h/ano

i Taxa anual de juros, %

iaa Taxa de juros anual, %

im Taxa de juros mensal, %

IP Indisponibilidade Programada, %

L Comprimento do conduto, m

m Quantidade de meses do histórico de vazões

n Vida útil do empreendimento, anos

𝑁 Vida contábil, anos

nm Número de máquinas do empreendimento

nn Rotação nominal do gerador, rpm

nqA Rotação específica da turbina

NAminCF Cota altimétrica do nível d’água mínimo no canal de fuga, m

NJ Nível de jusante, m

Page 13: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

13

NM Nível de montante, m

ρ Massa específica da água, kg/m3

Perdascon Perdas elétricas entre a central o ponto de conexão, %

Poti Potência da unidade geradora i, MW

𝑃𝐴 Potência elétrica ativa nominal do gerador, MW

Pb Potência bruta, MW

Pe Potência de eixo, MW

Pinst Potência instalada, MW

Q Vazão, m3/s

Q7,10 Vazão de estiagem com 10 anos de recorrência, m3/s

Qc Vazão de uso consuntivo pela central, m3/s

Qex Vazão extrema, m3/s

Qi Vazão média do mês i, m3/s

Qmlt Vazão média de longo termo, m3/s

Qp Vazão de projeto, m3/s

Qr Vazão remanescente, m3/s

𝑅 Valor residual contábil, R$

𝑇 Taxa percentual anual de depreciação, %

T𝑅 Tempo de retorno de uma vazão extrema, anos

TEIF Taxa equivalente de indisponibilidade forçada, %

TIR Taxa interna de retorno, %

VF Valor Futuro, R$

VPL Valor presente líquido, R$

VP Valor Presente, R$

∆hTotal Perdas hidráulicas totais, m.c.a.

∆t Intervalo de tempo de discretização da curva de permanência

ηel Rendimento do gerador, %

ηsa Rendimento do circuito hidráulico de admissão, %

ηt Rendimentos da turbina, %

ηtg Rendimento do conjunto turbina-gerador, %

Page 14: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

14

SUMÁRIO

1. Introdução .................................................................................................. 16

1.1. Objetivos ............................................................................................. 17

1.1.1. Objetivo Global ............................................................................. 17

1.1.2. Objetivos Específicos ................................................................... 17

1.2. Caracterização da usina ...................................................................... 17

1.3. Metodologia ......................................................................................... 23

1.1. Justificativa .......................................................................................... 24

2. Fundamentação Teórica ............................................................................ 26

2.1. Aspectos Legislativos .......................................................................... 26

2.1.1. O Setor Elétrico Brasileiro ............................................................ 26

2.1.2. O Mercado de Energia Elétrica ..................................................... 29

2.1.3. Legislação Pertinente a CGHs ..................................................... 32

2.2. Aspectos Técnicos .............................................................................. 34

2.2.1. Potência Hidráulica ....................................................................... 34

2.2.2. Estudos Hidroenergéticos ............................................................. 36

2.2.3. Estudos Topográficos ................................................................... 41

2.2.4. Turbinas ........................................................................................ 41

2.2.5. Garantia Física ............................................................................. 43

2.2.6. Energia Garantida ......................................................................... 49

2.2.7. Fator de Capacidade .................................................................... 51

2.3. Aspectos Econômicos ......................................................................... 52

2.3.1. Aspectos básicos de Engenharia Econômica ............................... 52

2.3.2. Depreciação.................................................................................. 55

2.3.3. Análise de Alternativas de Investimento ....................................... 58

3. Desenvolvimento e Resultados ................................................................. 60

3.1. Estudos Hidroenergéticos ................................................................... 60

3.1.1. Complementação da série hidrológica .......................................... 61

3.1.2. Curva de Permanência ................................................................. 66

Page 15: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

15

3.1.3. Vazões Extremas .......................................................................... 68

3.2. Simulação do Funcionamento entre a PCH Cavernoso II e CGH

Cavernoso ..................................................................................................... 70

3.3. Avaliação da Garantia Física .............................................................. 76

3.4. Avaliação da Energia Gerada ............................................................. 81

3.5. Avaliação Econômica .......................................................................... 83

4. Considerações Finais e sugestões ............................................................ 89

Bibliografia........................................................................................................ 91

Apêndice I: ....................................................................................................... 96

Page 16: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

16

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho realiza uma análise de sensibilidade econômica visando

estabelecer qual seria o período ótimo para retirada ou substituição da unidade

II da CGH Cavernoso. Esta turbina se encontra subutilizada em decorrência da

construção da PCH Cavernoso II a montante da antiga usina de Cavernoso.

Essa nova configuração restringe a vazão que chega a Cavernoso pela vazão

ecológica de 1,7 m3/s e o funcionamento de sua unidade II se dá apenas em

períodos onde ocorre o vertimento da usina de Cavernoso II. Assim, estuda-se

a possibilidade de remover a unidade II dando-lhe uma nova destinação para

onde essa será mais rentável. Contudo, o momento mais adequado para sua

retirada irá depender do comportamento da garantia física.

O conceito de garantia física baseia-se no fato de que a geração em uma

usina hidrelétrica é incerta e varia segundo diversos fatores como hidrológicos

e de indisponibilidade, seja programada ou ocasional, dos componentes da

central. Sendo assim, com a construção da PCH Caverno II a taxa de

indisponibilidade da PCH Cavernoso irá aumentar reduzindo a sua garantia

física até o ponto que não será economicamente vantajoso manter a unidade II.

Este estudo referencia o trabalho de Pedroso (2014), a onde estudou-se a

possibilidade de utilizar a unidade II da CGH Cavernoso no processo de

repotenciação da CGH Pitangui.

Quanto a estruturação da monografia, tem-se que, ainda nesse tópico,

serão apresentados o objetivo global e os objetivos específicos Em seguida

feita uma caracterização da CGH Cavernoso visando estabelecer o cenário de

estudo, para então apresentar a metodologia empregada de forma sucinta e a

justificativa onde também foi feita a revisão da literatura.

O próximo tópico refere-se a fundamentação teórica onde serão abordados

os principais temas que darão base a realização deste trabalho. A

fundamentação foi divida em três grupos: Aspectos Legislativos, Aspectos

Técnicos e Aspectos Econômicos.

O terceiro tópico irá englobar o desenvolvimento e resultado das análises

realizadas. Ele busca seguir a lógica do que foi abordado na Fundamentação

Teórica, sendo assim, se começa com os Estudos Hidroenergéticos e em

Page 17: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

17

seguida aborda a simulação da CGH Cavernoso operando juntamente com a

PCH Cavernoso II, a avaliação da garantia física, a avaliação da energia

gerada, avaliação econômica e análise de alternativas.

Por fim, apresentam-se as conclusões e considerações finais.

1.1. OBJETIVOS

1.1.1. Objetivo Global

Este trabalho apresenta como principal objetivo avaliar o comportamento da

garantia física da CGH Cavernoso após a construção da PCH Cavernoso II.

1.1.2. Objetivos Específicos

Foram definidos os seguintes objetivos específicos desse trabalho:

Simulação da dinâmica de funcionamento entre a PCH Cavernoso II e

CGH Cavernoso por meio da série histórica disponível;

Simulação da queda da garantia física da CGH Cavernoso ao longo do

tempo;

Determinação do montante de energia gerado e do rendimento

financeiro da usina na situação de queda da garantia física;

Determinação do tempo ótimo para retirada ou substituição da unidade

II;

Levantamento das possibilidades de substituição e destinação da

unidade II;

Análise do retorno financeiro.

1.2. CARACTERIZAÇÃO DA USINA

A Usina de Cavernoso I, foco desse estudo, localiza-se no rio Cavernoso,

na bacia do rio Iguaçu. Situa-se especificamente a 52º11’ de longitude e 25º22’

sul de latitude no município de Virmond, a cerca de 250 km de Ponta Grossa.

Essa central foi construída em 1959 com uma potência de 320 kW. Em 1965

Page 18: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

18

passou para a COPEL e, atualmente, possui uma potência instalada de 1,30

MW e energia garantida de 0,9 MWmédios decorrentes de dois grupos geradores,

sendo eles uma máquina auxiliar com rotor Francis convencional de potência

igual a 450 kW, denominada unidade I (Figura 1), e uma de maior potência

igual a 850 kW, denominada unidade II (Figura 2).

Figura 1:Grupo gerador I com turbina Francis convencional.

Fonte: Copel, 2014.

Figura 2: Grupo gerador II com turbina Francis gêmea.

Fonte: COPEL, 2014.

Page 19: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

19

Os dados de placa da turbina e do gerador de ambas as unidades

geradoras da CGH Cavernoso I, além de outras informações relacionadas aos

condutos destas unidades são apresentados por meio das Tabelas 1 e 2.

Tabela 1: Dados de placa e informações gerais da unidade I da PCH Cavernoso I.

Componente Parâmetro Sigla Valor Unidade

Conduto Forçado Comprimento L 45 M

Diâmetro interno D 1,7 M

Turbina

Vazão Nominal Qp 3,3/3,5 m3/s

Queda Bruta Hb 15,0 M

Queda Líquida H 13,5 M

Potência de eixo Pe 368/430,5 kW

Gerador

Potência Nominal PS 450 kVA

Potência Ativa Nominal PA 450 kW

Fator de potência fp 1 -

Tensão U 2,2 KV

Frequência Nominal f 60 Hz

Rotação Nominal nn 360 rpm

Fonte: COPEL, 2014.

Tabela 2: Dados de placa e informações gerais da unidade II da PCH Cavernoso I.

Componente Parâmetro Sigla Valor Unidade

Conduto Forçado Comprimento L 45 M

Diâmetro interno D 1,7 M

Turbina

Vazão Nominal Qp 7 m3/s

Queda Bruta Hb 15,0 M

Queda Líquida H 14,5 M

Potência de eixo Pe 876 kW

Rendimento (Abertura de 85-87%) ηt 88 %

Gerador

Potência Nominal PS 1000 kVA

Potência Ativa Nominal PA 850 kW

Fator de potência fp 0,85 -

Tensão U 2,3 KV

Frequência Nominal f 60 Hz

Rotação Nominal nn 360 rpm

Rendimento ηel 97 %

Fonte: COPEL, 2014.

Page 20: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

20

Em Maio de 2013, entrou em operação a PCH Cavernoso II a montante

de Cavernoso I, essa nova central fez com que a vazão disponível a Cavernoso

I fosse limitada a sua vazão ecológica de 1,7 m3/s, permitindo somente o

funcionamento parcial da unidade I. A máquina maior (unidade II) teve seu

funcionamento restringido a épocas de grande vazão onde ocorre o vertimento

na barragem de Cavernoso II com vazão suficiente para atender a vazão

ecológica e o limite mínimo de operação dessa turbina. Por essa razão, surgiu

a possibilidade do aproveitamento da unidade II dessa central em outra usina

onde seu funcionamento se dará de maneira mais contínua, possibilitando

assim um maior retorno financeiro a empresa (PEDROSO, 2014).

Na Figura 4 é mostrada a evolução histórica do aproveitamento no rio

Cavernoso. Em 2012 já é possível identificar a construção da PCH Cavernoso

II. Na Figura 3 é retratada a atual disposição das centrais com a CGH de

Cavernoso I a jusante da PCH de Cavernoso II.

Figura 3: Vista aérea PCH Cavernoso I e II.

Fonte: PEDROSO, 2014.

Page 21: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

21

Figura 4: Evolução histórica da utilização do rio Cavernoso.

Fonte: Google Earth, 2015.

Setembro de 2003

Setembro de 2007

Abril de 2012

Novembro de 2012

Page 22: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

22

A PCH de Cavernoso II é um reflexo de um esforço da COPEL em

atender ao crescimento de consumos dos diversos segmentos ao aproveitar o

potencial hidrelétrico do rio Cavernoso. Essa usina possui um potencial de 19

MW e 03 unidades geradoras, a, aproximadamente, 500 metros a montante da

CGH Cavernoso. Essa proximidade entre as centrais garante um menor

impacto ambiental, já que, é possível aproveitar o barramento já implantado no

curso d´água.

A vazão sanitária mantida durante a operação das máquinas

corresponde a 50% da Q7,10 (vazão de estiagem de 7 dias de duração com 10

anos de recorrência) seguindo a portaria nº 06/96 da Superintendência de

Desenvolvimento dos Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental –

SUDHERSA.

Na Tabela 3 são apresentadas as características de cada usina segundo

dados da COPEL de 2013.

Tabela 3: Características de capacidade instalada, garantia física, geração e concessão das

usinas.

Usina Capacidade

Instalada (MW) Garantia Física

(MWmed)

Geração Verificada Vencimento

da concessão (GWh) (Mwmed)

PCH Cavernoso II

19 10,56 51,67 5,9 27/02/2046

CGH Cavernoso

1,3 0,96 5,54 0,63 07/01/2031

Fonte: COPEL, 2013.

A usina de Cavernoso II começou a sua operação parcial no começo de

Maio de 2013 e atingiu o seu funcionamento completo em Junho do mesmo

ano. Contudo, em 8 de Junho de 2014 ocorreu uma chuva intensa que levou a

um pico de horário de 3061 m3/s e a uma vazão média diária do rio a 2310 m3/s

superando os valores máximos estipulados no projeto. Como consequência, as

casas de forças de ambas as centrais foram completamente alagadas e

tiveram o seu funcionamento suspenso. A CGH Cavernoso já voltou a operar,

contudo a PCH Cavernoso II ainda está em processo de recuperação. Sendo

Page 23: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

23

assim, para a elaboração desse trabalho conta-se com 1 ano de dados de

operação conjunta, os quais serão usados como base para a simulação do

funcionamento de ambas as centrais por meio dos dados históricos

disponíveis, de modo a possibilitar a projeção da queda da garantia física da

CGH Cavernoso no decorrer do tempo.

1.3. METODOLOGIA

A metodologia empregada neste trabalho é apresentada a seguir:

Estudo Hidroenergético: A primeira etapa do estudo hidroenergético

consiste no levantamento de dados hidrológicos por meio de bancos da

Agência Nacional de Águas - ANA de postos fluviométrico próximos ao local do

aproveitamento com obtenção de série histórica de vazões médias diárias e

mensais afluentes a CGH Cavernoso, com complementação de dados faltosos

e transposição de série para o local do aproveitamento. Com esses dados será

feita a Curva de Permanência de vazões diárias, mensais e anuais, além do

estudo de vazões extremas.

Projeção da queda da garantia física: Com a série histórica levantada

é feita uma simulação da dinâmica de funcionamento da PCH Cavernoso II

com a CGH Cavernoso que visa avaliar a mudança na sua garantia física

devido a restrição de vazão afluente a CGH Cavernoso. A simulação será feita

por meio da observação de dados reais de operação de Maio de 2013 a Maio

de 2014.

Análise Econômica: A análise econômica visa estipular o momento

ótimo de retirada ou substituição da unidade II subutilizada. Este momento será

obtido analisando a queda da garantia física e, consequentemente, receita da

CGH Cavernoso ao longo do tempo. Além disso, será considerada a

depreciação da turbina e o seu retorno financeiro caso ela seja destinada a

outra central.

Page 24: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

24

1.1. JUSTIFICATIVA

Com a construção da PCH Cavernoso II a garantia física da CGH

Cavernoso a jusante irá regredir, já que as CGHs têm a sua garantia física

estabelecida sobre a média histórica de produção que estará limitada pelo

funcionamento da usina de Cavernoso II.

A garantia física representa o lastro para venda, ou seja, representa o

montante que a usina pode vender mediante contratos de compra de energia

ou potência, sendo assim, com o passar do tempo a receita da CGH

Cavernoso irá reduzir de modo a não ser mais viável manter a unidade II. A sua

instalação em outra central poderá gerar uma receita maior tornando-se

economicamente mais atrativo que mantê-la subutilizada na CGH Cavernoso.

Portanto, torna-se necessário uma análise sob o ponto de vista da redução

dessa garantia física, bem como de alternativas propostas em alguns cenários

de análise, no sentido de otimizar os ganhos de geração para a concessionária

de energia COPEL.

Além disso, a análise sob diversos cenários permite agregar confiabilidade

ao estudo e busca englobar as diferentes possibilidades de modificações que a

metodologia do cálculo da garantia física está na eminência de passar.

Outro aspecto relevante levantado se refere a análise das condições de

operações da unidade I, já que, a restrição da vazão poderá gerar custos ao

favorecer processos de cavitação.

Por fim, este trabalho irá fornecer uma sugestão de realocação da unidade

II, bem como levantar potenciais estudos futuros capazes de otimizar a receita

gerada e operação da CGH Cavernoso.

Para fundamentar ainda mais a importância deste estudo, foi feita um breve

estudo de anterioridade, onde, analisando os principais bancos de artigos e

periódicos no Brasil, encontraram-se os seguintes resultados:

No portal de Periódicos da Capes foram encontrados apenas 6 artigos ao

se utilizar como palavras chaves de busca “Garantia Física” ou “Energia firme”,

desses artigos, apenas 4 tinham relação com o tema abordado nesse trabalho.

No portal Scielo não foi encontrado nenhum trabalho associado a palavra

chave “garantia física” e apenas um trabalho relevante ao se procurar por

“Energia Firme”.

Page 25: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

25

Nas últimas 15 edições da Revista HIDRO&HYDRO encontrou-se apenas 1

artigo relacionado, embora não diretamente, com o tema.

Assim, por meio da revisão de literatura, conclui-se que o tema ainda é

pouco abordado e estudos de casos com enforque em garantia física são raros.

A principal discursão que envolve o tema se deve ao Grupo de Trabalho (GT)

criado pela Portaria Nº 376, de 5 de Agosto de 2015. Esse grupo foi instituído

para analisar e propor aprimoramentos necessários à metodologia de cálculo e

revisão de garantia física de energia de Usinas Hidrelétricas não despachadas

centralizadamente pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Sendo

que, o núcleo de pesquisa para revisão da metodologia de cálculo é constituído

por membros do Grupo de Estudos de Energias Renováveis do Instituto de

Recursos Naturais (IRN) da Unifei. Os resultados estão previstos para serem

concluídos até 31 de março de 2016.

Page 26: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

26

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. ASPECTOS LEGISLATIVOS

2.1.1. O Setor Elétrico Brasileiro

O setor elétrico brasileiro é estruturado de modo a manter um equilíbrio

institucional entre agentes de governo, agentes privados e públicos. Utilizando

informações da ABRADDE (2015) é feita uma breve descrição dos principais

agentes a seguir.

O Ministério de Minas e Energia (MME) é o órgão responsável pela

condução de políticas energéticas no país, de modo a formular e implementar

as políticas para o setor energético e definir o seu planejamento, segundo as

diretrizes estabelecidas pelo CNPE. Ele irá tratar de casos de desequilíbrios

conjunturais entre oferta e demanda, por meio de ações preventivas para

restauração da segurança de suplemento. O MME tem como empresas

vinculadas a Eletrobrás e a Petrobrás, que são de economia mista, mas

controladas pelo Governo Federal.

O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) é presidido pelo

Ministro de Estado de Minas e Energia, sendo o órgão de assessoramento do

Presidente da República para formulação de politicas e diretrizes de energia.

Suas principais funções são: promover o aproveitamento racional dos recursos

energéticos do País; assegurar, em função das características regionais, o

suprimento energético às áreas mais remotas ou de difícil acesso; Estabelecer

diretrizes para programas específicos; rever periodicamente as matrizes

energéticas regionais; Estabelecer diretrizes para importação e exportação.

O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) é o órgão

responsável por acompanhar o desenvolvimento da geração, transmissão,

distribuição, comercialização, importação e exportação, o abastecimento e o

atendimento da energia elétrica.

A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) auxilia no planejamento do

setor energético por meio de pesquisas e estudos nos horizontes de curto,

médio e longo prazo. Ela ainda realiza análises de viabilidade técnico-

Page 27: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

27

econômica e socioambiental de usinas que implicará na sua licença ambiental

prévia.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) é uma autarquia em

regime especial1, responsável por regular e fiscalizar a transmissão, produção,

distribuição e comercialização da energia elétrica. Visando estabelecer o

equilíbrio econômico e financeiro dos agentes e da indústria, a ANEEL

estabelece as tarifas para os consumidores finais e realiza, direta ou

indiretamente, a promoção de licitações na modalidade de leilão, para a

contratação de energia elétrica pelos agentes de distribuição do Sistema

Interligado Nacional.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é uma empresa de

direito privado, fiscalizada e regulada pela ANEEL, sem fins lucrativos e sob a

forma de associação civil. Ela é responsável por: Definir as condições de

acesso à malha de transmissão em alta-tensão; Atender os requisitos de carga;

otimizar custos e garantir a confiabilidade do sistema; operar, supervisionar e

controlar a geração de energia elétrica no SIN; administrar a rede básica de

transmissão.

A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), assim como

a ONS, é uma associação civil sem fins lucrativos, responsável por: contabilizar

e liquidar financeiramente no mercado de curto prazo de energia; Cálculo e

divulgação do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD); Implantar e divulgar

regras e procedimentos de comercialização; Fazer a gestão de contratos do

Ambiente de Contratação Regulada (ACR) e do Ambiente de Contratação Livre

(ACL); Manter o registro de dados de energia gerada e de energia consumida;

Realizar leilões de compra e venda de energia no ACR, sob delegação da

ANEEL; Realizar leilões de Energia de Reserva, sob delegação da ANEEL, e

efetuar a liquidação financeira dos montantes contratados nesses leilões;

Apurar infrações que sejam cometidas pelos agentes do mercado e calcular

penalidades; Servir como fórum para a discussão de ideias e políticas para o

1 Nos termos do Decreto-Lei n. 200/67, a autarquia é definida como "o serviço autônomo,

criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada." (art. 5º, I). Sendo que, a autarquia sob regime especial se distingue da autarquia comum apenas por lhe conferir a lei maiores privilégios, de modo a ampliar a sua autonomia e possibilitar o cumprimento adequado de suas finalidades (PEG, 2015).

Page 28: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

28

desenvolvimento do mercado, fazendo a interlocução entre os agentes do setor

com as instâncias de formulação de políticas e de regulação.

A Eletrobrás é uma empresa de capital aberto, controlada pelo Governo

Federal, e que atua nas áreas de geração, transmissão e distribuição de

energia elétrica. Na condição de holding 2 , ela controla a maior parte dos

sistemas de geração e transmissão por meio de suas subsidiárias: Chesf,

Furnas, Eletrosul, Eletronorte, CGTEE e Eletronuclear. Além disso, ela controla

o Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (CEPEL), Eletrobrás Participações

S.A. (Eletropar), Amazonas Energia, Distribuição Acre, Distribuição Rondônia,

Distribuição Roraima, Distribuição Piauí e Distribuição Alagoas. A Eletrobrás

ainda dá suporte a programas estratégicos do governo, como o Programa de

Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (PROINFA), o Programa

Nacional de Universalização do Acesso e Uso da Energia Elétrica (Luz para

Todos) e o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL).

A empresa também gerencia fundos setoriais como a Conta de Consumo de

Combustíveis (CCC), a Reserva Global de Reversão (RGR) e a Conta de

Desenvolvimento Energético (CDE).

Os Agentes de Geração podem ser empresas públicas ou privadas

responsáveis pela geração de energia elétrica a partir de fontes hídricas,

térmicas, nucleares, etc. Eles são classificados como:

a) Produtores Independentes de Energia Elétrica (PIE): Agentes individuais

ou reunidos em consórcio que necessitam de permissão, concessão ou

autorização do Poder Concedente para produzir energia elétrica

destinada à comercialização por sua conta e risco.

b) Concessionários de Serviço Público de Geração: Agente titular de

Serviço Público Federal delegado pelo Poder Concedente mediante

licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio

de Empresas para exploração e prestação de serviços públicos de

energia elétrica.

c) Autoprodutores (AP): são Agentes com concessão, permissão ou

autorização para produzir energia elétrica destinada a seu uso exclusivo,

2 Holding é uma empresa criada para participar de outras empresas como sócia ou acionista,

passando a controlar a outra empresa.

Page 29: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

29

podendo comercializar eventual excedente de energia, desde que

autorizado pela ANEEL.

Os Agentes de Transmissão são responsáveis por conectar gerados aos

grandes consumidores ou ás empresas de distribuição. No Brasil, há 77

concessionárias que possuem a sua receita fixada pela ANEEL por meio de

processos de revisão e ajustes tarifários. As concessões são disputadas em

leilões públicos coordenadas pela Aneel. O ganhador do leilão é aquele que

garante construir e operar o empreendimento de transmissão (LT ou SE) pela

menor receita anual permitida (REP), ou seja, quem oferecer a menor tarifa.

Os Agentes de Distribuição são empresas, públicas ou privadas, que

possuem uma área de concessão exclusiva, de modo a constituir um

monopólio geográfico. No Brasil, há 63 distribuidoras reguladas pela ANEEL,

que fixa as tarifas de fornecimento aos consumidores cativos, as tarifas de uso

da rede aos geradores e consumidores livres, assim como os indicadores de

qualidade e continuidade do serviço, a partir de processos de revisão e reajuste

tarifários.

Os Agentes de Comercialização são empresas autorizadas ou

permitidas a realizar operações de compra e venda de energia elétrica na

CCEE. Sendo frequentemente intermediários entres as usinas geradoras e

consumidores livres.

2.1.2. O Mercado de Energia Elétrica

O Mercado de energia envolve todos os agentes citados no item

anterior, bem como os consumidores. Os consumidores podem ser

classificados em 3 tipos:

a) Consumidor cativo: Necessita comprar energia elétrica por intermédio da

empresa distribuidora de sua localidade, já que não pode comprar

energia elétrica diretamente. Nesta categoria, estão todos os clientes de

baixa tensão e a maioria dos consumidores de média tensão.

Page 30: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

30

b) Consumidor livre: Pode optar por comprar energia diretamente no

chamado mercado livre. Esse consumidor deve ter demanda mínima de

3 MW, em qualquer nível de tensão.

c) Consumidor especial: Pode negociar energia no mercado livre, desde

que a adquira de fontes incentivadas, como biomassa, PCHs e solar.

Para que o consumidor possa ser enquadrado como especial, sua

demanda deve ser igual ou superior a 500 kW.

Todos os consumidores devem ter a totalidade de sua energia

contratada seja por meio dos leilões regulados ou pela livre negociação, ou

seja, são necessários contratos bilaterais de suprimento de energia para

horizontes de curto, médio e longo prazo. No caso dos consumidores cativos,

quem tem a obrigação de contratação de sua energia é a distribuidora local, o

que acaba por efetivar as garantias para o financiamento da expansão do

sistema. Dessa forma, não existe a exposição dos agentes ao risco da não

cobertura contratual.

Contudo, devido às naturezas distintas da geração física efetiva e de sua

comercialização financeira e contábil, existem diferenças entre os montantes

contratados e os efetivamente realizados, já que, os geradores,

comercializadores, importadores e exportadores possuem a venda de seus

montantes ofertados lastreados pela garantia física, fator que independe da

geração real e está associada às condições no longo prazo que cada usina

pode fornecer ao sistema.

O Mercado de curto prazo é onde ocorre a liquidação dessas diferenças

que podem ser aplicada tanto a geradores como consumidores. Assim, todas

as sobras e déficits são liquidados pelo chamado Preço de Liquidação das

Diferenças (PLD). O seu cálculo fica a cargo do CCEE a partir de modelos

matemáticos de otimização. No caso específico das centrais hidrelétricas, o

montante a ser liquidado é referente a energia alocada. Isso garante uma

redução do risco de exposição das hidrelétricas aos preços de curto prazo, já

que, essa energia alocada é resultado do Mecanismo de Realocação de

Energia (MRE), onde os geradores dessa fonte participam de um pool de

realocação de sobra de déficits.

Segundo a CCEE,

Page 31: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

31

O MRE abrange as usinas hidrelétricas sujeitas ao despacho

centralizado do ONS. As Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs)

podem participar opcionalmente. O MRE realoca contabilmente a

energia, transferindo o excedente daqueles que geraram além de sua

garantia física para aqueles que geraram abaixo.

O PLD é calculado emulando o Custo Marginal de Operação. Esse custo

é influenciado pelo benefício imediato obtido pelo uso da água e o benefício de

seu armazenamento para uso futuro. A melhor condição é aquela que minimiza

a necessidade de geração térmica no presente e no futuro.

A contratação de energia no mercado pode ser realizada em dois

ambientes distintos: o Ambiente de Contratação Regulada (ACR) e o Ambiente

de Contratação Livre (ACL). No ACR participam as distribuidoras que entram

em leilões para garantir o abastecimento dos consumidores cativos. Os

ganhadores dos leilões são aqueles empreendimentos que, somados, atendam

a demanda de energia das distribuidoras aos menores preços ofertados. A

formalização da compra e venda é feita pelos Contratos de Comercialização de

Energia Elétrica no Ambiente Regulado (CCEAR) e podem ter prazos de

vigência distintos dependendo do leilão. As distribuidoras podem ainda

contratar 10% da sua carga total por meio de outras formas de compra de

energia, como pela Geração Distribuída (GD) de usinas de pequeno porte

conectadas a rede de distribuição ou demais fontes alternativas incentivadas

pelo Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica

(PROINFA) (ABRADDE, 2015).

Os Leilões podem ser destinados a contratação de energia proveniente

de empreendimentos novos ou existentes. Quando a usina já opera o leilão é

destinado a atender o ano subsequente ao da contratação, sendo chamado A1.

Para empreendimentos em projeto ou em construção são feitos leilões para

fornecer energia por 3 anos (A3) ou 5 anos (A5). Empreendimentos

hidrelétricos com mais de trinta anos passaram, com a lei 12.783 de 2013, a

comercializar energia com preços regularizados pela ANEEL. Além disso, seus

montantes contratados são distribuídos em regime de cotas nas distribuidoras,

Page 32: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

32

sendo assim, essas usinas não participam mais do leilão do ACR (ABRADDE,

2015).

Por fim, há o Ambiente de Contratação Livre (ACL), ou Mercado Livre,

onde a compra de energia é livremente negociada por meio de contratos

bilaterais entre consumidores livres, comercializadores, importadores,

exportadores de energia e geradores.

2.1.3. Legislação Pertinente a CGHs

Até o ano de 2015 a Usina de Cavernoso era considerada uma PCH por

apresentar uma potência instalada de 1,3 MW. Com a lei 13.097 de 2015

usinas com potência instalada inferior a 3 MW passaram a ser consideradas

CGHs e, com isso, independem de concessão ou autorização, porém devem

ser comunicados ao órgão regulador e fiscalizador do poder concedente para

fins de registro.

O marco regulatório que compreende os incentivos existentes, as

condições para contratação da energia produzida e os requisitos mínimos para

a conexão de geração distribuída nas redes pertencentes às distribuidoras são

tratados pela legislação citada abaixo.

O art. 26, §1º da Lei nº 13.097 de 2015, estabeleceu para os

empreendimentos hidrelétricos com potência igual ou inferior a 3.000 kW (três

mil quilowatts) e para aqueles com base em fontes solar, eólica, biomassa e

cogeração qualificada, conforme regulamentação da ANEEL, cuja potência

injetada nos sistemas de transmissão ou distribuição seja menor ou igual a

30.000 kW (trinta mil quilowatts), a Aneel estipulará percentual de redução não

inferior a 50% (cinquenta por cento) a ser aplicado às tarifas de uso dos

sistemas elétricos de transmissão e de distribuição, incidindo na produção e no

consumo da energia comercializada pelos aproveitamentos.

Segundo o § 5º do art. 26 da referida Lei, os empreendimentos citados

no parágrafo anterior poderão comercializar energia elétrica com consumidor

ou conjunto de consumidores reunidos por comunhão de interesses de fato ou

de direito, cuja carga seja maior ou igual a 500 kW (quinhentos quilowatts),

observados os prazos de carência constantes dos arts. 15 e 16 da Lei

Page 33: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

33

no 9.074, de 7 de julho de 1995, conforme regulamentação da Aneel, podendo

o fornecimento ser complementado por empreendimentos de geração

associados às fontes aqui referidas, visando à garantia de suas

disponibilidades energéticas, mas limitado a 49% (quarenta e nove por cento)

da energia média que produzirem, sem prejuízo do previsto nos §§ 1o e

2o deste artigo.

O art. 3º da Lei nº 10.438, de 2002, com redação alterada pela Lei nº

10.762, de 11 de novembro de 2003, instituiu o Programa de Incentivo às

Fontes Alternativas de Energia Elétrica - Proinfa, com o objetivo de aumentar a

participação da energia elétrica produzida por empreendimentos com base em

fontes eólica, pequenas centrais hidrelétricas e biomassa.

A Lei no 10.848, de 15 de março de 2004, determinou que as

distribuidoras pertencentes ao Sistema Interligado Nacional – SIN deverão

garantir o atendimento à totalidade de seu mercado. Para tanto, a energia deve

ser adquirida, dentre outras hipóteses, por meio de leilões promovidos pela

ANEEL, proveniente de usinas novas e existentes, assim como de fontes

alternativas. Adicionalmente, o art. 2º, §8º, permite que a distribuidora adquira

parte da energia de empreendimentos caracterizados como geração

distribuída, observados os limites de contratação e repasse às tarifas dos

consumidores, e também das usinas inseridas no Proinfa.

O art. 34 do Decreto regulamentou o Valor Anual de Referência – VR,

que é limite de repasse para as tarifas dos consumidores finais da energia

adquirida pela distribuidora nas chamadas públicas. A ANEEL publica os

valores anuais do VR, calculados com base nos resultados dos leilões de

energia A-3 e A-5 realizados, ponderando os preços obtidos e os montantes

contratados em cada leilão.

A Resolução Normativa nº 167, de 10 de outubro de 2005, estabelece as

condições para as distribuidoras contratarem energia proveniente de geração

distribuída no sistema interligado nacional – SIN via chamada pública e a forma

de cálculo do limite de contratação anual, que é 10% da carga da distribuidora

verificado no momento da contratação e com base na carga dos 12 meses

anteriores.

A Resolução Normativa nº 390, de 15 de dezembro de 2009, dispõe

sobre os requisitos necessários à outorga de autorização para exploração e

Page 34: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

34

alteração da capacidade instalada de usinas termelétricas e de outras fontes

alternativas de energia, os procedimentos para registro de centrais geradoras

com capacidade instalada reduzida.

2.2. ASPECTOS TÉCNICOS

2.2.1. Potência Hidráulica

O potencial hidráulico refere-se a energia cinética e potencial da água

dos rios e lagos concentrada em aproveitamentos hidrelétricos a onde é

transformada em energia mecânica e, finalmente, em energia elétrica

(Schereiber, 1977, p.9).

Segundo Souza et. al. (2009) é possível por meio de uma modelagem

estabelecer um sistema equivalente hidromecânico capaz de transformar a

energia hidráulica em energia elétrica, como esquematizada na Figura 5.

Figura 5: Esquema de sistema hidrodinâmico

Fonte: SOUZA, SANTOS e BORTONI, 2009.

Page 35: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

35

A modelagem considera os níveis NM e NJ inalterados e conectados por

um conduto, por onde escoa uma vazão (Q) constante a uma distância vertical

Hb. No conduto é instalado um grupo gerador (GG), composto por uma turbina

hidráulica (TH) e um gerador elétrico (GE) que giram com n (rpm) e são

controlados pelo regulador de velocidade (R).

A potência bruta pode então ser calculada segundo a equação (1),

𝑃𝑏 = 𝜌 ∙ 𝑄 ∙ 𝑔 ∙ 𝐻𝑏 (1)

Onde,

Pb: Potência bruta (Watts)

ρ: Massa específica da água (kg/m3);

Q: Vazão (m3/s);

g: Aceleração da gravidade (m/s2);

Hb: Queda bruta (m).

Devido as perdas decorrentes da ação do atrito hidrodinâmico, nem toda

a energia referente a queda bruta (Hb) é aproveitada. A energia disponível para

mover a turbina é chamada queda útil ou queda disponível (H) dada em m.c.a.

𝐻 = 𝐻𝑏 − ∆ℎ𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 (2)

Portanto, a Potência útil (P), absorvida pela turbina, corresponde a

vazão sob a queda útil,

𝑃 = 𝜌 ∙ 𝑄 ∙ 𝑔 ∙ 𝐻 = 𝜂𝑠𝑎 ∙ 𝑃𝑏 (3)

Onde,

𝜂𝑠𝑎 : Rendimento do circuito hidráulico ou sistema de admissão.

No que se trata de rendimentos, Souza (2009) define que,

Page 36: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

36

Os rendimentos máximos possuem, usualmente, o seguinte campo de

variação:

0,97 ≤ 𝜂𝑠𝑎 ≤ 0,999 (4)

Sendo que, quando os sistemas de admissão são compostos de duas

partes, um de baixa e outra de alta pressão, 𝜂𝑠𝑎 é menor. Quando a

casa de máquinas e barragens estão próximas, 𝜂𝑠𝑎 é maior.

A parte de baixa pressão não deve resultar em perdas maiores que

0,02Hb e a de alta pressão, no máximo, 0,02Hb.

2.2.2. Estudos Hidroenergéticos

Os estudos hidroenergéticos são feitos por meio de uma análise

estatística de uma série histórica de dados obtidos de postos fluviométricos.

Assim, quanto maior o número de dados disponíveis menor será o risco

associado à hidrologia, já que, os estudos hidrológicos são desenvolvidos

considerando que o que ocorreu no período tomado como base se repetirá em

períodos iguais no futuro (SOUZA, SANTOS e BORTONI, 2009).

Para este trabalho, a série de dados mais antiga será obtida do banco

de dados online conhecido como Hidroweb, mantido pelo Governo Federal e

atualizado pela Agência Nacional de Água (ANA). Os dados hidrológicos mais

recentes serão obtidos pela própria COPEL que detêm a CGH de Cavernoso.

2.2.2.1. Transposição de Vazões

Por recomendação da Eletrobrás em seu Manual de Diretrizes para

Estudos e Projeto de Pequenas Centrais Hidrelétricas (2000), a transposição

de vazões deve ser feita a partir de uma série de vazões médias mensais

derivadas de uma série histórica de um posto localizado na mesma bacia ou no

mesmo curso d’água da usina. Além disso, a diferença entre áreas deve ser

limitada a 3 ou 4 vezes e as séries históricas devem possuir pelos menos 30

Page 37: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

37

anos de registros. A transposição será feita por correlação direta entre as áreas

conforme a equação 5.

𝑄1 =𝐴1

𝐴2∙ 𝑄2 (5)

Onde:

A1: Área de drenagem do local do aproveitamento (km2);

A2: Área de drenagem do posto existente (km2);

Q1: Vazão do local do aproveitamento (m3/s);

Q2: Vazão do posto existente (m3/s).

2.2.2.2. Complementação de Séries de Vazões

Ao se analisar dados diários de postos fluviométricos é comum a

ausência de alguns dados, de modo que seja necessário realizar uma

complementação da série por meio de uma correlação com dados de outro

posto fluviométrico próximo, visando, assim, não invalidar futuros estudos

(SOUZA, SANTOS e BORTONI, 2009).

O gráfico 1 mostra a correlação entre os valores de vazão q1 e q2. Dela

é possível obter os parâmetros a e b por quadrados mínimos (equação 6), os

quais permitem fazer a correlação entre os dados disponíveis no posto

selecionado e os dados faltosos no posto de referência.

Page 38: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

38

Gráfico 1: Regressão linear entre postos fluviométricos.

Fonte: Silva, 2012.

𝑞1 = 𝑎 ∙ 𝑞2𝑏 (6)

Onde,

q1: Vazão no posto de referência (m3/s);

q2: Vazão no posto selecionado (m3/s);

a e b: Parâmetros (estimadores).

A análise da qualidade do ajuste da correlação calculada se dará pela

avaliação do coeficiente de determinação – R2 que indica o grau de ajuste

entre a variável dependente (vazão) com a independente (área de drenagem).

De modo que, quanto mais próximo de um for o valor de R2, melhor será o grau

de ajustamento dos pontos à curva definida.

Outro estudo de regressão que pode ser feito é o das vazões médias de

longo termo (Qmlt) dos postos no entorno da usina e suas respectivas áreas de

drenagem. Assim será possível determinar a Qmlt (m3/s) para o local do

aproveitamento em função da área de drenagem deste ponto na bacia.

Page 39: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

39

2.2.2.3. Curva de Permanência de vazões

A curva de permanência relaciona a vazão ou nível d’água de um rio

com a sua probabilidade de ocorrerem valores iguais ou superiores, seja com

base valores diários, semanais ou mensais para todo o período da série

histórica disponível, ou ainda, se necessário, para cada mês do ano. A análise

da curva de permanência será importante para estudos de enchimento de

reservatórios, operação da usina e, em alguns casos, para o estudo do desvio

do rio e estudos energéticos, dentre outros (ELETROBRÁS, 2000).

Gráfico 2: Curva de Permanência de Vazões

Fonte: ELETROBRÁS, 2000.

No Gráfico 2 destaca-se a vazão média (Qmédia), a vazão com 50% de

recorrência (Q50) e a vazão com 95% de recorrência (Q95). Esta última vazão é

essencial para o cálculo da energia garantida da central, ou mesmo como

vazão de projeto em locais com baixa disponibilidade de dados hidrológicos.

2.2.2.4. Vazões Extremas

Usando métodos estatísticos são estimadas as vazões máxima e

mínima que poderão ocorrer no futuro em um período preestabelecido. Essas

vazões extremas são essenciais para o dimensionamento de diversas

estruturas da central, servindo também no estudo de vazões para atender

Page 40: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

40

requisitos ambientais, questões operacionais e para se determinar o risco do

projeto.

O procedimento para o calculo das vazões estremas varia segundo o

conjunto de dados de entrada a serem analisados (valores máximos ou

mínimos). A Eletrobrás (2000) recomenda a utilização das distribuições dos

tipos Exponencial de dois Parâmetros e Gumbell. Enquanto que, Souza (2009)

também recomenda o emprego da distribuição Log Pearson III. Além disso,

ainda é recomendada a utilização de uma série histórica com um mínimo de

dez anos de dados diários.

2.2.2.5. Vazão Remanescente

A vazão remanescente, ou mínima, no trecho natural do rio a jusante do

barramento é determinada após estudos ambientais, principalmente nas PCHs

ou CGHs que adotem arranjos do tipo derivação, já que há uma redução

substancial do afluxo de água no trecho do rio compreendido entre o canal,

túnel ou conduto e a casa de máquinas. Caso a central seja de desvio deve-se

considerar a manutenção de uma vazão mínima remanescente – Qr (m3/s) no

trecho de leito natural existente a jusante da barragem, até o ponto onde a

vazão desviada para movimentação das turbinas retoma o seu curso natural

(ELETROBRÁS, 2000).

Uma das formas mais recorrentes para determinação da vazão mínima é

considerar a vazão de estiagem de sete dias de duração com 10 anos de

recorrência - Q7,10 (m3/s), sendo esta vazão crítica determinada a partir da

aplicação dos métodos de Gumbell e Log Pearson III para um tempo de retorno

de 10 anos sobre uma série contendo as vazões média de sete dias mínima de

cada ano da série (SOUZA, 2009).

A Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e

Saneamento Ambiental – SUDERHSA do estado do Paraná, por meio da

portaria no. 06/96 estabelece que:

ARTIGO 1º - Para o uso dos recursos hídricos superficiais a fio

d’água, a vazão outorgada não poderá ser superior a metade da

Page 41: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

41

vazão de estiagem de tempo de recorrência de dez anos e duração

de sete dias - Q7,10.

Parágrafo 1º - Em nenhum caso poderá passar a jusante de uma

seção de captação uma vazão inferior a metade da Q7,10.

Portanto, a vazão mínima a ser mantida a jusante do barramento deve

ser correspondente a 50% da vazão Q7,10.

2.2.3. Estudos Topográficos

Oliveira (2012) demonstra que, dependendo da modalidade de

intervenção de repotenciação, deverá ser feita reavaliações topográficas por

meio de levantamentos já existentes ou então deverão ser feitos levantamentos

complementares locais (planaltimétricos e topobatimétricos) tendo como

objetivos: Redefinição ou confirmação da queda bruta disponível no local;

Atualização das referências de nível conforme legislação e normas vigentes;

Atualização da base cartográfica para o desenvolvimento do projeto de

repotenciação; Levantamento da curva cota x área x volume do reservatório

caso esta informação não exista e haja necessidade de alteamento da

barragem para aumento do nível d’água de montante; Levantamento do perfil

do rio no trecho de interesse; Alocação das novas estruturas;Locação dos

furos de sondagem para subsidiar o projeto e a construção das novas

estruturas.

2.2.4. Turbinas

As turbinas hidráulicas são máquinas de fluxo dotadas de pás, ou

lâminas, por onde a água passa a determinada velocidade e pressão

promovendo a rotação do eixo a qual estão acopladas. Dessa forma, há a

conversão de energia hidráulica em potência de eixo, cujo alto rendimento está

associado a sua viabilidade econômica, pois está diretamente relacionada ao

montante de energia elétrica a ser gerado pela central.

Page 42: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

42

As turbinas Hidráulicas podem ser classificadas em dois tipos: TH de

ação e TH de reação.

As TH de ação são aquelas onde o escoamento através do rotor ocorre

sem variação da pressão estática. São exemplos de TH desse tipo as Pelton e

Michell-Banki.

Enquanto que, nas TH de reação o escoamento através do rotor ocorre

com variação da pressão estática. São exemplos desse tipo as turbinas Francis

e Kaplan.

2.2.4.1. Rotação específica

A rotação específica (𝜂𝑞𝐴) indica o tipo de rotor de TH que melhor atende

a determinadas características de Q (m3/s), H (m) a uma rotação de n (rpm).

𝜂𝑞𝐴 = 103 ∙ 𝜂 ∙𝑄0,5

(𝑔 ∙ 𝐻)0,75 (7)

Na CGH de Cavernoso são empregadas duas turbinas com rotor

Francis, sendo uma delas com rotor duplo. Este tipo de turbina, também

conhecido como rotor gêmeo, divide pela metade o fluxo de água ao passar

pelo rotor, de modo a possuir duas saídas cada uma com o seu próprio tubo de

sucção. Da equação (7) percebe-se que o 𝜂𝑞𝐴 é diretamente proporcional a

vazão admitida pela turbina, dessa forma, no caso do rotor gêmeo, o calculo é

feito em função da vazão admitida em cada banda do rotor, o que implica em

uma redução da rotação específica da turbina de rotor duplo. Desse modo, é

apropriado o uso desse tipo de Francis em casos que necessitam atender a

condições de altura de sucção e rotação previamente definidos.

2.2.4.2. Rendimentos

Segundo Souza (2009), as turbinas possuem um rendimento (𝜂𝑡) amplo

que varia entre:

Page 43: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

43

0,30 ≤ 𝜂𝑡 ≤ 0,97 (8)

Sendo,

0,30 ≤ 𝜂𝑡 ≤ 0,60 → 𝑇𝐻 𝐻𝑖𝑑𝑟𝑜𝑐𝑖𝑛é𝑡𝑖𝑐𝑎

0,50 ≤ 𝜂𝑡 ≤ 0,85 → 𝑇𝐻 𝑐𝑜𝑚 𝑟𝑜𝑡𝑜𝑟 𝑀𝑖𝑐ℎ𝑒𝑙𝑙 − 𝐵𝑎𝑛𝑘𝑖 𝑜𝑢 𝑇𝑢𝑟𝑔𝑜

0,75 ≤ 𝜂𝑡 ≤ 0,97 → 𝑇𝐻 𝑐𝑜𝑚 𝑟𝑜𝑡𝑜𝑟 𝑃𝑒𝑙𝑡𝑜𝑛, 𝐹𝑟𝑎𝑛𝑐𝑖𝑠, ℎé𝑙𝑖𝑐𝑒 𝑜𝑢 𝐾𝑎𝑝𝑙𝑎𝑛

Este rendimento refere-se à eficiência de conversão energética da

turbina, ou seja, é a capacidade da turbina em transformar a potência

disponível no escoamento em potência de eixo segundo a equação (9),

𝜂𝑡 =𝑃𝑒

𝛾 ∙ 𝑄𝑝 ∙ 𝐻 (9)

Pe é a potência de eixo que pode ser medida diretamente por meio de

freios mecânicos, hidráulicos ou elétricos, ou dinamômetros de torção.

Indiretamente, essa potência pode ser obtida quando a turbina é acoplada a

um gerador elétrico somando-se à potência elétrica fornecida às diversas

perdas mecânicas e elétricas (JUSTINO, 2006).

2.2.5. Garantia Física

O conceito de garantia física é característico do sistema elétrico

brasileiro. E baseia-se no fato de que a geração em uma usina hidrelétrica é

incerta e varia segundo diversos fatores como hidrológicos e de

indisponibilidade, seja programadas ou ocasionais, dos componentes da

central. Sendo assim, buscou-se estabelecer, para cada usina, um patamar de

geração que reflita em uma garantia de abastecimento (PINTO, 2014).

Segundo o Decreto 5.163/04 de 30 de julho de 2004, Artigo 2º, referente

à comercialização de energia elétrica, paragrafo 1º, ficaram estabelecidos que:

“O lastro para a venda será constituído pela garantia física proporcionada por empreendimento

de geração própria ou de terceiros, neste caso, mediante contratos de compra de energia ou

de potência.”

Além disso, é estabelecido que,

Page 44: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

44

Parágrafo 2o - A garantia física de energia e potência de um

empreendimento de geração, a ser definida pelo Ministério de Minas

e Energia e constante do contrato de concessão ou ato de

autorização, corresponderá às quantidades máximas de energia e

potência elétricas associadas ao empreendimento, incluindo

importação, que poderão ser utilizadas para comprovação de

atendimento de carga ou comercialização por meio de contratos.

Dessa forma,

Os consumidores precisam comprar energia em termos de garantia

física e cada gerador recebe do Ministério de Minas de Energia

(MME) um montante de garantia física que pode ser vendido para

lastrear consumo. Este lastro é que constitui a base para contratos de

longo prazo. Um detalhe relevante deste arranjo comercial é que o

gerador muitas vezes não tem permissão para comercializar toda a

energia que é capaz de gerar, ficando limitado a vender um montante

de energia que correspondente a uma parcela de sua capacidade

máxima de geração. Desta forma, em muitos casos há uma diferença

entre a potência disponível e a energia que pode ser contratada

(garantia física) (CASTRO e BRANDÃO, 2009).

A determinação da garantia física de grandes usinas é diferente das

PCHs. Nas usinas de maior porte a garantia física corresponde ao mínimo que

a central é capaz de gerar mesmo em condições hidrológicas adversas, sendo

assim, espera-se que elas produzam sempre um montante superior à sua

garantia física. Em contrapartida, as PCHs têm a sua garantia física

estabelecida sobre a média histórica de produção, desse modo elas produzem

montantes de energia tanto inferiores quanto superiores à sua garantia física

(PINTO, 2014).

A metodologia para o cálculo da energia física garantida em uma usina

hidrelétrica foi estabelecida pela Portaria MME nº. 463, de 3 de dezembro de

2009 conforme a equação (10).

Page 45: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

45

𝐺𝐹𝐸 = [∑ 𝑀𝑖𝑛((𝑄𝑖 − (𝑄𝑟 + 𝑄𝑐)) ∙ 9,81 ∙ (𝐻𝑏 − ∆ℎ𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙) ∙ 𝜂𝑡𝑔); 𝑃𝑖𝑛𝑠𝑡

𝑚

𝑖=1

]

∙ [1 − 𝑃𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠𝑐𝑜𝑛] ∙ [1 − 𝑇𝐸𝐼𝐹] ∙ [1 − 𝐼𝑃] ∙1

𝑚 ∙ 1000− 𝐶𝑖𝑛𝑡

(10)

Onde,

GFE: Montante de garantia física de energia (MWmédio);

Qi: Vazão média do mês i, censurada pelo valor do engolimento máximo e

mínimo da turbina hidráulica (m3/s);

m: Quantidade de meses do histórico de vazões;

Qr: Vazão remanescente do aproveitamento (m3/s);

Qc: Vazão de usos consuntivos (m3/s);

Hb: Queda bruta nominal (m);

ΔhTotal: Perdas hidráulicas nominais (m);

ηtg: Rendimento do conjunto turbina-gerador (%);

Pinst: Potência instalada total (kW);

Perdascon: Perdas elétricas até o ponto de conexão (%);

TEIF: Taxa equivalente de indisponibilidade forçada (%);

IP: Indisponibilidade programada (%);

Cint: Consumo interno (MWmédio).

A taxa de indisponibilidade forçada reflete o período pelo o qual a usina

não opera devido a condições adversas advinda de condições hidrológicas

extremas ou qualquer outro fator que impossibilite a geração. Seu cálculo é

dado pela equação (11).

𝑇𝐸𝐼𝐹 =∑ (𝐻𝐼𝐹𝑖 ∙ 𝑃𝑜𝑡𝑖)𝑛𝑚

𝑖=1

∑ (𝐻𝑃′ ∙ 𝑃𝑜𝑡𝑖)𝑛𝑚𝑖=1

(11)

Onde,

Nm: Número de máquinas da usina;

HIFi: Horas indisponíveis forçadas da unidade i (horas/ano);

HP’: Total de horas de análise descontando as horas indisponíveis

programadas (hora/ano);

Page 46: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

46

Poti: Potência da unidade i (MW)

A taxa de indisponibilidade programada representa a porcentagem do

tempo que as máquinas deixam de operar devido a procedimentos de

manutenção. Seu cálculo é dado pela equação (12).

𝐼𝑃 =∑ (𝐻𝐼𝑃𝑖 ∙ 𝑃𝑜𝑡𝑖)𝑛𝑚

𝑖=1

∑ (𝐻𝑃 ∙ 𝑃𝑜𝑡𝑖)𝑛𝑚𝑖=1

(12)

Onde,

HIPi: Horas indisponíveis programadas da unidade i (horas/ano);

HP: Total de horas de análise (hora/ano);

Nos termos do Decreto nº 2.655, de 2 de julho de 1998 foi feita a revisão

do montante de garantia física para as seguintes hipóteses:

1. Quando o empreendimento apresenta uma geração média de energia

elétrica nos seus primeiros quarenta e oito meses de operação

comercial inferior a oitenta por cento ou superior a cento e vinte por

cento da garantia física de energia vigente;

2. Quando o empreendimento apresenta uma geração média de energia

elétrica a partir dos seus sessenta meses de operação comercial inferior

a noventa por cento ou superior a cento e dez por cento da garantia

física de energia. Neste caso ainda a revisão é feita a cada 5 anos e nas

usinas hidrelétricas participantes do MRE as reduções de garantia física

devem ser limitadas em cinco por cento do valor estabelecido na última

revisão e em dez por cento da sua garantia física originalmente

estabelecida.

3. Quando o empreendimento apresentar modificação comprovada das

características técnicas, com consequente alteração da sua capacidade

de produção de energia elétrica.

A revisão que deve ocorrer a cada cinco anos é denominada Revisão

Ordinária de Garantia Física de Energia. Já a revisão que tem por base fatos

relevante é conhecida como Revisão Extraordinária de Garantia Física.

Page 47: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

47

No primeiro e no segundo caso, a revisão dos montantes de garantia

física de energia dos empreendimentos e a geração média de energia elétrica

serão calculadas pela seguinte fórmula:

𝐺𝑚é𝑑𝑖𝑎 =12

8760∙

∑ (𝐸𝑔𝑒𝑟𝑖)𝑚𝑖=1

𝑚 (13)

Onde,

Gmédia: Geração média de energia elétrica (MWmédio);

m: Número de meses, múltiplo de doze, desde o décimo terceiro mês de

operação comercial até o penúltimo mês do período em análise;

Egeri: Quantidade de energia gerada no mês i, referida ao ponto de conexão

(MWh).

Na terceira situação, o calculo do montante de garantia física deve ser

feito com base nas novas informações de um ou demais itens a seguir,

I. Potência Instalada Total (kW);

II. Potência Instalada por Gerador (kVA) e seu Fator de Potência;

III. Potência Instalada por Turbina (kW) e seu engolimento mínimo

(m3/s);

IV. Rendimento Nominal por Turbina (%);

V. Rendimento Nominal por Gerador (%);

VI. Taxa Equivalente de Indisponibilidade Forçada (%);

VII. Indisponibilidade Programada (%);

VIII. Perdas Hidráulicas Nominais (m);

IX. Queda Bruta Nominal (m);

X. Perdas Elétricas até o Ponto de Conexão (%);

XI. Consumo Interno (MW médio);

XII. Vazão Remanescente do Aproveitamento (m3/s);

XIII. Vazão de Usos Consuntivos (m3/s);

XIV. Histórico de Vazões Médias Mensais (m3/s), não inferior a trinta

anos, e gerado de maneira que esse seja o mais extenso e

atualizado possível, devendo estar em conformidade, quando

couber, com o Histórico de Vazões apresentado no Projeto Básico

aprovado;

Page 48: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

48

XV. Detalhamento da metodologia de obtenção do Histórico de

Vazões especificado na alínea anterior, bem como de todas as

informações necessárias para reprodução do referido Histórico; e

XVI. Apresentação das Anotações de Responsabilidade Técnica -

ART's dos responsáveis técnicos pelos estudos hidrológicos e

pelas demais informações utilizadas no cálculo da garantia física

de energia.

O calculo da variação da garantia física, segundo a Portaria MME nº. 463,

de 3 de dezembro de 2009, é feito da seguinte forma,

𝛥𝐺𝐹𝐸 = 𝐺𝐹𝐸𝑛𝑜𝑣𝑜 − 𝐺𝐹𝐸𝑎𝑛𝑡𝑖𝑔𝑜 (14)

Onde,

ΔGFE: Montante adicional de garantia física de energia (MWmédio);

GFEnovo: Montante de garantia física de energia calculado conforme as

alterações nas características da usina (MWmédio);

GFEantigo: Montante de garantia física de energia calculado sem considerar as

alterações na usina (MWmédio).

Ainda segundo a mesma portaria citada anteriormente, em caso de

alterações das condições do Projeto Básico que resultem em redução da

capacidade de geração de energia, referida ao Ponto de Conexão, a

metodologia definida pela equação (10) poderá ser implementada para diminuir

o valor da garantia física. A ocorrência de fato relevante, para fins de revisão

do valor da garantia física de energia do empreendimento, será notificada pelo

próprio agente, ao MME, ou será decorrente de fiscalização da ANEEL.

Atualmente, não se tem acesso completo ao processo de revisão das

vazões afluentes e não há regulamentação específica que disponha sobre

quais dados devem ser considerados pelo MME ao realizar o cálculo da

garantia física.

O modelo MSUI (Modelo de Simulação a Usinas Individualizadas) é

recorrentemente utilizado para o cálculo da garantia física das usinas de forma

individual, contudo por ser uma criação da Eletrobrás há um conflito no seu

Page 49: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

49

uso, já que, um ente estatal não pode criar um mecanismo que tem como

função medir genericamente as empresas de um ramo em que ela mesma atua

e tem interesse.

As lacunas no cálculo e fiscalização da garantia física repercutiu na Portaria

Nº 376, de 5 de Agosto de 2015 que institui um Grupo de Trabalho (GT) para

analisar e propor aprimoramentos necessários à metodologia de cálculo e

revisão de garantia física de energia de Usinas Hidrelétricas não despachadas

centralizadamente pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Os

trabalhos do GT deverão ser concluídos até 31 de março de 2016.

2.2.6. Energia Garantida

A Energia Assegurada para pequenas centrais hidrelétricas deve ser

calculada segundo a Resolução Nº. 169, de 2001, da ANEEL. O método

necessita de uma série de vazões afluentes médias mensais, com duração

mínima de 30 anos e desconsidera a existência de reservatórios.

Com a série de vazões é feita a curva de permanência de vazões

diárias. Segundo Sant’ana (1983), a produção média de energia de um

aproveitamento hidrelétrico a fio d’água pode ser obtida pela integração da

área delimitada pela curva de permanência delimitada pela vazão de

engolimento máximo, e a vazão remanescente, como demonstrado no Gráfico

3.

Page 50: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

50

Gráfico 3: Delimitação da área sob a curva de permanência equivalente a vazão média

turbinada pela central.

Fonte: Sant’ana, 1983.

Esta área, quando multiplicada pela queda líquida média do

aproveitamento, e do rendimento do conjunto turbina gerador, resulta na

produção anual média para o local analisado. (DENC, 2011).

Uma maneira de se calcular a produção média de energia é considerar a

área sob a curva de permanência como um somatório entre as vazões médias

instantâneas pelo respectivo intervalo de tempo discretizado, onde também são

considerados os fatores de indisponibilidade (forçada e programada) e a

variação na queda líquida em função da vazão turbinada (SANT’ANA, 1983).

𝐸𝑚é𝑑𝑖𝑎 =(1 − (𝑇𝐸𝐼𝐹 + 𝐼𝑃))

1000∙ ∑ [(𝑄𝑑𝑖á𝑟𝑖𝑎 − 𝑄𝑟) ∙ 𝐻(𝑄) ∙ 𝜂𝑡𝑔 ∙

∆𝑡

365∙ 9,81]

100%

𝑖=0%

(15)

Onde,

Emédia: Produção média anual de energia (MWmédio);

Page 51: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

51

Qdiária: Vazão da curva de permanência diária no intervalo de tempo

considerado, censurada pelo valor do engolimento (m3/s);

H(Q): Queda líquida em função das vazões turbinadas (m);

Δt: Intervalo de tempo de discretização da curva de permanência;

Anualmente, será gerado, portanto,

𝐸𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 = 𝐸𝑚é𝑑𝑖𝑎 ∙ 8760 (16)

2.2.7. Fator de Capacidade

Segundo Souza (2009, p. 121), o fator de capacidade corresponde à

relação entre a potência média gerada e a potência instalada da central, ou

seja, a razão entre a produção efetiva da usina em um período de tempo pela

capacidade total máxima neste mesmo período. Para um período de um ano, o

fator de capacidade pode ser calculado com a equação (17).

𝐹𝑐 =𝐸𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙

𝑃𝑖𝑛𝑠𝑡 ∙ 870=

𝐸𝑚é𝑑𝑖𝑎

𝑃𝑖𝑛𝑠𝑡 (17)

Quanto maior a capacidade de regulação da usina, maior será o seu

fator de capacidade, já que, menor será a sua sensibilidade às variações

hidrológicas. As usinas que apresentam um pequeno reservatório destinado

essencialmente a afogar a tomada d’água trabalham a fio d’água, não

possuindo, portanto, um elevado fator de capacidade.

Page 52: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

52

2.3. ASPECTOS ECONÔMICOS

2.3.1. Aspectos básicos de Engenharia Econômica

2.3.1.1. Taxa Básica de Juros

A taxa básica de juros é a menor taxa de juros em uma economia, sendo

assim é um referencial para todas as transações financeiras, incluindo o

empréstimo entre bancos.

No Brasil, a taxa de juros básica é a taxa do Sistema Especial de

Liquidação e de Custódia (SELIC), que é um índice pelo qual as taxas de juros

cobradas pelo mercado balizam-se, sendo a referência da política monetária no

Brasil (SECRETÁRIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL, 2015).

A taxa overnight do SELIC e um indicador gerado anualmente pela

média ponderada do resultado das taxas aplicadas pelos volumes das

operações de financiamento de um dia. O respaldo dessa taxa é dado pelos

títulos da dívida pública federal e executados no SELIC, no formato de

operações compromissadas3.

2.3.1.2. Relações de Equivalência

As relações de equivalência permitem a obtenção de fluxos de caixa que

se equivalem no tempo, já que, as taxas de juros cobradas em um determinado

período de tempo possuem seus períodos equivalentes, ou seja, se um

determinado empréstimo é capitalizado mensalmente, a taxa de juros será

acumulada por um ciclo mensal e periodicamente a prazo entre cobranças

iguais (BLATT, 2012).

O valor presente a partir com valor futuro é dado pela equação (18).

3 Operações compromissadas são aquelas onde o vendedor assume o compromisso de

recomprar ou revender aquilo que emprestou ou adquiriu em uma data e por um valor pré-definido, ou seja, se o banco vendeu, ele se compromete a comprar de volta, ou, se comprou, se compromete a vender.

Page 53: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

53

𝑉𝑃 = 𝑉𝐹(1 + 𝑖)−𝑛 (18)

O fator (1 + i)-n é chamado de valor atual de um pagamento simples de

um pagamento simples e é tabelado para diversos i e n.

Quando há uma série uniforme de pagamento (R) como demonstrado na

Figura 6 e se deseja determinar a quantia VF acumulada partir dessa série

aplica-se a equação (19).

Figura 6: VF acumulada partir da série uniforme R

Fonte: BERTOLO, 2008.

𝑉𝐹 = 𝑅 [(1 + 𝑖)𝑛 − 1

𝑖] (19)

O fator entre colchetes é chamado fator de capitalização ou fator de

acumulação de capital de uma série uniforme de pagamentos, sendo

representado usualmente por FAC(i,n).

Caso o objetivo seja obter o VP que deve ser aplicado para que se

possa distribuir R em cada um dos n períodos subsequentes (Figura 7), deve-

se aplicar a equação (20).

Figura 7: Valor atual da série uniforme R

Fonte: BERTOLO, 2008.

Page 54: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

54

𝑉𝑃 = 𝑅 [(1 + 𝑖)𝑛 − 1

𝑖(1 + 𝑖)𝑛] (20)

O fator entre colchetes é chamado Fator de Valor Atual de uma Série

Uniforme FVA(i,n).

Nota-se que, para se estimar gastos com manutenção, principalmente

em equipamentos mecânicos, que com o passar do tempo necessitam de

maiores desembolsos para mantê-los funcionando adequadamente, há a série

gradiente de pagamento (PAMPLONA e MONTEVECHI, 2006). Ela apresenta

uma série de pagamentos G, 2G, 3G, ....., (n- 1)G que ocorrem nos períodos 2,

3, 4, ......., n, respectivamente (Figura 8).

Figura 8: Série gradiente de pagamentos

Fonte: BERTOLO, 2008.

A série em gradiente pode ser decomposta em diversas séries

uniformes, como demonstrado na equação (21),

𝑅 = 𝐺 [1

𝑖−

𝑛

𝑖(

𝑖

(1 + 𝑖)𝑛 − 1)] (21)

O termo entre colchetes é chamado Fator de Gradiente representado por

FG (i,n) e estabelece a relação entre G e R. Substituindo na equação (20) tem-

se,

𝑉𝑃 = 𝐺 ∙ 𝐹𝐺(𝑖, 𝑛) ∙ 𝐹𝑉𝐴(𝑖, 𝑛) (22)

Page 55: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

55

2.3.2. Depreciação

2.3.2.1. Ativo Imobilizado

O ativo imobilizado faz parte do ativo permanente de uma empresa,

sendo que eles são destinados à manutenção da atividade do

empreendimento. O seu registro em uma companhia é feito segundo o custo de

aquisição que pode ser tanto aquele pago pelo ativo, quanto o seu custo de

fabricação ou construção. Caso o ativo seja comprado de terceiros, o custo de

aquisição é dado pelo valor de compra mais gastos complementares a sua

posse, instalação e funcionamento (PAMPLONA e MONTEVECHI, 2006).

O ativo imobilizado estudado nesse trabalho é a turbina hidráulica de

rotor gêmeo (Unidade II) da CGH de Cavernoso, sendo, portanto um bem

tangível sujeito a depreciação.

Segundo a lei das sociedades por ações (Lei nº 6.404/1976), alterada

pela Lei nº 11.941, de 27 de Maio de 2009, no Balanço Patrimonial os

elementos do Ativo Imobilizado serão registrados pelo custo de aquisição,

deduzido o saldo da respectiva conta de depreciação, amortização ou

exaustão. A diminuição de valor dos elementos do Ativo Imobilizado será

registrada periodicamente nas contas de depreciação, quando corresponder à

perda do valor dos direitos que tenham por objeto bens físicos sujeitos a

desgaste ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência.

As depreciações são registradas anualmente em contas específicas de

acumulação de saldo. Esses valores serão computados como custo ou

despesa operacional, em cada exercício social. Sendo que, quando o bem

atinge 100% de depreciação e ainda existir fisicamente deixa de ser

depreciado. O ativo só é baixado contabilmente ao ser vendido, doado ou

cessar sua utilidade para a empresa (PAMPLONA e MONTEVECHI, 2006).

Page 56: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

56

2.3.2.2. Métodos de depreciação

Segundo Pamplona e Montevechi (2006), há quatro métodos de

depreciação: Método linear; Soma de dígitos; Método exponencial;

Máquinas/hora. Sendo que, neste trabalho serão abordados os três primeiros.

As taxas limites de depreciação anual são fixadas pela Instrução

Normativa 12, de 31 de Dezembro de 1998, da Secretaria da Receita Federal

que estabelece para reatores nucleares, caldeiras, máquinas, aparelhos e

instrumentos mecânicos uma taxa de 10%. Obedecendo a esse limite, a

legislação brasileira permite que qualquer método de depreciação seja

utilizado.

Segundo a Resolução nº 44, de 17 de Março de 1999, da Agência

Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), a taxa anual de depreciação estipulada

para turbinas hidráulicas é de 2,5%.

Outro aspecto a ser considerado é a escolha da data a partir da qual o

bem passa a ser depreciado. Normalmente deve ser depreciado a partir da

data de entrada em funcionamento, contudo, o inicio da depreciação é imediato

caso exista a possibilidade de erosão ou obsolescência.

a) Método linear de depreciação

O método linear de depreciação é o mais utilizado no Brasil. Nele a cota

de depreciação (d) é dada pela equação (23).

𝑑 =(𝐶0 − 𝑅)

𝑛 (23)

Onde,

C0: Custo original do ativo (R$);

R: Valor residual contábil (R$);

(C0 – R): Valor depreciável (R$);

n: Vida contábil.

A taxa percentual anual de depreciação (T) é dada pela equação (24),

Page 57: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

57

𝑇 =100

𝑛 (24)

b) Método da soma dos dígitos

Esse método considera uma carga de depreciação anual superior nos

anos iniciais decrescendo à medida que passa a vida contábil (N) do ativo fixo.

Assim, a Soma de Dígitos (SD) é dada por,

𝑆𝐷 =𝑁(𝑁 + 1)

2 (25)

A conta de depreciação no ano “n” será dada por,

𝑑𝑛 =𝑁 − (𝑛 − 1)

𝑆𝐷∙ (𝐶0 − 𝑅) (26)

c) Método Exponencial

O método exponencial, assim como o método anterior, considera uma

carga de depreciação decrescente. O valor contábil (Cn) de um bem pode ser

determinado para um ano “n” pela equação (27),

𝐶𝑛 = 𝐶0(1 − 𝑇)𝑛 (27)

Onde, T é a taxa exponencial de depreciação dada por,

𝑇 = 1 − (𝑅

𝐶0)

1𝑛 (28)

Page 58: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

58

2.3.3. Análise de Alternativas de Investimento

2.3.3.1. Taxa Mínima de Atratividade

A taxa mínima de atratividade (TMA) corresponde à menor taxa de juros

que o investidor deseja ganhar ao investir. Sendo, portanto, um valor de

referência. Entretanto, não existe um método para calcular a TMA, já que ela

varia segundos os interesses do investidor. Alguns dos critérios que costumam

ser analisados são: Rentabilidade; Grau de risco e segurança da aplicação;

Liquidez; Política de expansão da empresa; Cenário local do investimento,

como estabilidade política e econômica; Inflação (RYBA, LENZI e LENZI,

2012).

2.3.3.2. Critérios Econômicos de Decisão

A partir do estudo de Samanez (2009), são descritos três métodos

utilizados como critérios econômicos de decisão: O Método do Valor Presente

Líquido; O Método da Taxa Interna de Retorno; e o Método do Payback

descontado.

a) Método do Valor Presente Líquido

O método do valor presente líquido (VPL) calcula, em termos de valor

presente, a repercussão de um investimento futuro, ou seja, ele traz para o

valor presente tudo aquilo que foi gerado pelo fluxo de caixa de um projeto ao

longo de sua vida útil. Seu cálculo pode ser feito pela equação (29).

𝑉𝑃𝐿 = −𝐼 + ∑𝐹𝐶𝑡

(1 + 𝐾)𝑡

𝑛

𝑡=1

(29)

Onde,

FCt: Fluxo de caixa no t-ésimo período;

Page 59: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

59

I: Investimento Inicial;

K: Custo do capital.

Caso o VPL seja positivo o projeto é considerado economicamente

viável, de modo que, o investimento rende mais do que custa. Assim, o VPL

tem como objetivo realizar uma avaliação da rentabilidade absoluta a

determinado custo de capital.

b) Método da Taxa Interna de Retorno

O método da taxa interna de retorno (TIR) tem como objetivo determinar

a taxa intrínseca de rendimento, ou seja, a taxa de retorno do investimento (i*)

que anula o VPL calculado pela equação (29). Desse modo,

𝑉𝑃𝐿 = −𝐼 + ∑𝐹𝐶𝑡

(1 + 𝑖∗)𝑡

𝑛

𝑡=1

= 0 (30)

Caso, a taxa de retorno de investimento (i*) for maior que o custo do

capital (K), o empreendimento é considerado economicamente viável.

c) Método do Payback Descontado

O método do Payback descontado (PB) calcula o tempo necessário para

a recuperação de um investimento (T). Para isso é necessário encontrar o valor

de T para pela equação (31),

𝐼 = ∑𝐹𝐶𝑡

(1 + 𝐾)𝑡

𝑇

𝑡=1

(31)

Page 60: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

60

3. DESENVOLVIMENTO E RESULTADOS

3.1. ESTUDOS HIDROENERGÉTICOS

Para realizar o estudo da garantia física da usina de Cavernoso é essencial

levantar uma série histórica de vazão de no mínimo 30 anos. Felizmente,

desde 1952 já há o monitoramento hidrológico do Rio Cavernoso por meio do

posto fluviométrico nº 65855000. Os dados desse posto estão disponíveis na

plataforma do Hidroweb até o ano de 2010 totalizando 59 anos de dados. Na

Figura 9 é possível visualizar a localização desse posto que será utilizado com

base do estudo hidroenergético devido a sua localização próxima ao

empreendimento e consistência de dados.

Figura 9: Localização do posto base.

Fonte: Google Earth, 2014.

Os demais dados do posto nº 65 se encontram na Tabela 4.

Page 61: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

61

Tabela 4: Dados do posto base.

Dados da Estação

Código 65855000

Nome USINA CAVERNOSO

Código Adicional -

Bacia RIO PARANÁ (6)

Sub-bacia RIOS PARANÁ,IGUAÇU E OUTROS (65)

Rio RIO CAVERNOSO

Estado PARANÁ

Município VIRMOND

Responsável TRACTEBEL

Operadora TRACTEBEL

Latitude -25:29:33

Longitude -52:12:50

Altitude (m) 560

Área de Drenagem (km2) 1490

Fonte: Hidroweb, 2015.

3.1.1. Complementação da série hidrológica

A série histórica do posto escolhido apresenta apenas uma ausência de

dados entre 01/03/1960 a 09/04/1964 e 01/01/1995 a 22/01/1995. Assim, foram

levantados postos nas bacias próximas ao do Rio Cavernoso que possuem

dados dentro desses períodos de falhas.

Foram encontrados 7 postos cuja localização é mostrada na Figura 10.

Demais dados estão na Tabela 5.

Page 62: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

62

Figura 10: Localização dos postos.

Tabela 5: Dados dos postos utilizados no estudo de complementação de vazões.

Posto Código Nome Rio Latitude Longitude Altitude

(m)

Área de drenagem

(km2)

P1 65810000 Guarapuava Rio Jordão -25:26:22 -51:27:16 950 726

P2 65690000 Leonópolis Rio da Areia -25:41:11 -51:12:58 960 371

P3 65825000 Santa Clara Rio Jordão -25:38:17 -51:58:2 740 3930

P4 65815050 Salto Curucaca

Jusante Rio Jordão -25:32:2 -51:48:56 1000 2220

P5 65883052 Usina Salta

Santiago Rio Iguaçu -25:39:0 -52:37:0 - 43900

P6 65004995 Ponte PR-415 Rio

Piraguara -25:27:2 -49:7:16 875,3 102

P7 65006055 Vargem Grande

Rio Palmital -25:26:36 -49:10:3 872,5 89,2

Para cada um dos postos levantados foram feitos estudos de correlação

para se selecionar aqueles que melhor se correlacionam com o posto base.

Page 63: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

63

Gráfico 4: Regressão linear do posto base com P1.

Gráfico 5: Regressão linear do posto base com P2.

Gráfico 6: Regressão linear do posto base com P3.

y = 2,5416x - 2,3339 R² = 0,8576

0

50

100

150

200

250

300

350

400

0 10 20 30 40 50 60 70 80

Po

sto

Bas

e -

Q (

m3 /

s)

P1 - Q (m3/s)

y = 3,3016x + 4,2524 R² = 0,7788

0

50

100

150

200

250

300

350

400

0 10 20 30 40 50 60

Po

sto

Bas

e -

Q (

m3 /

s)

P2 - Q (m3/s)

y = 0,7858x - 1,9722 R² = 0,8031

0

50

100

150

200

250

300

350

400

0 50 100 150 200 250 300 350

Po

sto

Bas

e -

Q (

m3 /

s)

P3 - Q (m3/s)

Page 64: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

64

Gráfico 7: Regressão linear do posto base com P4.

Gráfico 8: Regressão linear do posto base com P5.

Gráfico 9: Regressão linear do posto base com P6.

y = 0,6949x - 5,7529 R² = 0,8116

-50

0

50

100

150

200

250

300

350

400

0 50 100 150 200 250 300 350 400

Po

sto

Bas

e -

Q (

m3 /

s)

P4 - Q (m3/s)

y = 0,0331x + 8,2088 R² = 0,3644

0

50

100

150

200

250

300

350

400

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500

Po

sto

Bas

e -

Q (

m3 /

s)

P5 - Q (m3/s)

y = 1,6489x + 28,953 R² = 0,0904

0

50

100

150

200

250

300

350

400

0 10 20 30 40 50

Po

sto

Bas

e -

Q (

m3 /

s)

P6 - Q (m3/s)

Page 65: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

65

Gráfico 10: Regressão linear do posto base com P7.

Os postos que apresentaram melhor correlação foram P1 (R² = 0,8576)

e P4 (R² = 0,8116), sendo que P1 foi utilizado para completar os dados

faltantes de 1960 a 1964 e P2 os dados de 1995.

A complementação de dados para completar a série história do posto

base foi feita pela equação de regressão de vazões diárias entre o posto base

e os postos P1 e P4.

Com a série completa é apresentado o fluviograma de vazões mensais

(Gráfico 11). A vazão nominal (Qnominal) mostrada é referente a vazão de

engolimento da PCH Cavernoso II que irá, a partir do retorno do seu

funcionamento, restringir a vazão afluente a CGH Cavernoso.

y = 6,7212x + 23,524 R² = 0,1757

0

50

100

150

200

250

300

350

400

0 5 10 15 20 25 30

Po

sto

Bas

e -

Q (

m3 /

s)

P7 - Q (m3/s)

Page 66: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

66

Gráfico 11: Fluviograma de vazão mensais para o local do aproveitamento.

A vazão média mínima mensal identificada foi de 3,0 m3/s e a vazão

média máxima mensal 379,3 m3/s.

Analisando a série de dados diários, encontrou-se uma vazão mínima de

2 m3/s e máxima de 6985 m3/s.

3.1.2. Curva de Permanência

Com os dados históricos para o local do aproveitamento foi ainda possível a

elaboração da curva de permanência de vazões afluentes para o eixo da

barragem da PCH Cavernoso II segundo a metodologia descrita pela

Eletrobrás (2000).

Com o método, determinou-se para cada vazão sua probabilidade de

ocorrência dentre as demais vazões médias da série histórica anual, mensal e

diária. Os valores obtidos para cada frequência (permanência) são

apresentados na Tabela 6. O Gráfico 12 apresenta a curva de permanência

gerada a partir dos dados descritos, onde a Qnominal e a Qecológica são referentes

a PCH Cavernoso II.

0

50

100

150

200

250

300

350

400

01

/01

/19

52

01

/01

/19

54

01

/01

/19

56

01

/01

/19

58

01

/01

/19

60

01

/01

/19

62

01

/01

/19

64

01

/01

/19

66

01

/01

/19

68

01

/01

/19

70

01

/01

/19

72

01

/01

/19

74

01

/01

/19

76

01

/01

/19

78

01

/01

/19

80

01

/01

/19

82

01

/01

/19

84

01

/01

/19

86

01

/01

/19

88

01

/01

/19

90

01

/01

/19

92

01

/01

/19

94

01

/01

/19

96

01

/01

/19

98

01

/01

/20

00

01

/01

/20

02

01

/01

/20

04

01

/01

/20

06

01

/01

/20

08

01

/01

/20

10

Q (

m3 /

s)

Qmensal Qnominal Qmlt

Page 67: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

67

Tabela 6: Curva de Permanência de Vazões.

Curva de Permanência

Permanência (%)

Qdiária Qmensal Qanual

0% 750 394,3 100,9

5% 111 106,4 70,4

10% 77,8 83,0 55,1

15% 64 69,3 48,5

20% 54,4 59,6 46,3

25% 47,2 52,0 45,7

30% 41,0 45,9 45,2

35% 36,0 40,7 44,1

40% 31,5 36,2 42,4

45% 27,8 32,2 40,2

50% 24,7 28,6 37,9

55% 22,7 25,4 35,7

60% 20,0 22,5 33,9

65% 18,3 19,8 32,5

70% 15,6 17,2 31,1

75% 13,8 14,9 29,6

80% 12,2 12,7 27,5

85% 10,0 10,7 24,7

90% 7,8 8,8 21,1

95% 5,5 6,9 17,5

99% 2,9 5,5 15,5

Gráfico 12: Curva de Permanência de Vazões.

0

100

200

300

400

500

600

700

800

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1

Vaz

ão [

m3 /

s]

Permanência [%]

Mensal Anuais Diárias Qnominal Qecológica

Page 68: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

68

Um resumo das vazões características indicadas pela Eletrobrás se

encontra na Tabela 7.

Tabela 7: Vazões Características

Permanência Qmensal (m3/s) Qanual (m

3/s)

5% 106,45 70,41

50% 28,62 37,86

Média 52,03 40,27

90% 8,75 21,08

95% 6,92 17,46

3.1.3. Vazões Extremas

Para o estudo das vazões extremas foram utilizadas as metodologias de

Gumbel, Log – Person III e Log Normal. O objetivo desse estudo foi identificar a

vazão que danificou ambas as usinas no dia 08 de Junho de 2014. No Gráfico

13 é apresentado o hidrograma afluente horário para esse dia. A vazão máxima

verificada foi de 3067 m3/s.

Gráfico 13: Hidrograma afluente do dia 08 de Junho de 2014.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

01

:00

02

:00

03

:00

04

:00

05

:00

06

:00

07

:00

08

:00

09

:00

10

:00

11

:00

12

:00

13

:00

14

:00

15

:00

16

:00

17

:00

18

:00

19

:00

20

:00

21

:00

22

:00

23

:00

00

:00

Vaz

ão a

flu

en

te (

m3 /

s)

Page 69: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

69

A vazão máxima do dia 08/09/2014 por Gumbel tem um tempo de

retorno estimado de 25 anos, por Log – Person III 52 anos e por Log – Normal

650 anos. Há uma diferença considerável entre os métodos. A vazão máxima

por Log – Person III desviou muito da observação empírica, sendo, portanto, o

método menos recomendado para adoção e análise de projeto. Assim, os

métodos que melhor se adequam a CGH Cavernoso são Log – Normal e

Gumbel, sendo este último a melhor opção caso se deseje aumentar as

garantias de segurança, já que, apresentou valores mais conservadores que o

método Log – Normal.

Os resultados levantados para cada metodologia são apresentados na

Tabela 8. Contudo, no gráfico 14 foram representados apenas os resultados

para a metodologia de Gumbel e Log-Normal, visto que, Log-Person III não se

adequou corretamente a série de dados.

Mesmo sem definir qual o melhor método para determinação das vazões

máximas, a Vazão de Projeto dos Órgãos Extravasores ou Cheia de Projeto da

Barragem deve, segundo Eletrobrás (2000), respeitar o tempo de retorno

mínimo de 1000 anos. Em todos os métodos essa vazão é superior aos 3067

m3/s que danificaram as centrais, sendo assim, conclui-se que as obras de

proteção de cheia foram subdimensionada ao não considerarem o período de

vazões extremas da série hidrológica mais recente.

Tabela 8: Vazãos Extremas

T.R. Gumbel Log - Person III Log - Normal

10 2170 1002 1008

25 3043 1838 1371

50 3691 2941 1672

100 4333 4749 1999

500 5818 14943 2869

1000 6457 24831 3297

10000 8577 142111 4978

Page 70: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

70

Gráfico 14: Vazões Extremas

3.2. SIMULAÇÃO DO FUNCIONAMENTO ENTRE A PCH CAVERNOSO

II E CGH CAVERNOSO

O Gráfico 15 apresenta o hidrograma de funcionamento da CGH Cavernoso

juntamente com a PCH Cavernoso II elaborado a partir dos dados reais que

vão de 01/05/2013 até 28/05/2014. Nesse período de dados, a PCH de

Cavernoso passou por diversos testes de comissionamento e paradas de

algumas máquinas para manutenção, contudo é possível observar que a vazão

engolimento da PCH Cavernoso II é de 49 m3/s e que, na condição de pleno

funcionamento, restará para a CGH Cavernoso o residual que ultrapassar a

vazão de engolimento da central maior e a vazão ecológica de 1,7 m3/s. O

Volume do reservatório se manteve relativamente constante, o que já se era

esperado por se tratar de uma usina a fio d’água incapaz de armazenar

grandes volumes de água. Por essa razão não foi necessário aplicar o Método

de Puls de propagação em reservatórios.

0,0

1000,0

2000,0

3000,0

4000,0

5000,0

6000,0

7000,0

8000,0

9000,0

10000,0

1,00 10,00 100,00 1000,00 10000,00

Vaz

ão (

m³/

s)

Tempo de Retorno (anos)

Empírica Log-Normal Gumbel

Page 71: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

71

Gráfico 15: Hidrograma de funcionamento da CGH Cavernoso em conjunto com a PCH Cavernoso II.

0

200

400

600

800

1000

01/0

5/20

13

15/0

5/20

13

29/0

5/20

13

12/0

6/20

13

26/0

6/20

13

10/0

7/2

01

3

24/0

7/20

13

07/0

8/20

13

21/0

8/20

13

04/0

9/20

13

18/0

9/20

13

02/1

0/20

13

16/1

0/20

13

30/1

0/20

13

13/1

1/20

13

27/1

1/20

13

11/1

2/20

13

25/1

2/20

13

08/0

1/2

01

4

22/0

1/20

14

05/0

2/20

14

19/0

2/20

14

05/0

3/20

14

19/0

3/20

14

02/0

4/20

14

16/0

4/20

14

30/0

4/20

14

14/0

5/20

14

28/0

5/20

14

Vaz

ão (

m3/s

)

Volume útil Q afluente Q turbinada Q vertida Q efluente

Page 72: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

72

Assim, para simular o funcionamento da CGH Cavernoso juntamente

com a PCH Cavernoso II seguiu-se a rotina demonstrada no fluxograma da

Figura 11. Para essa simulação será utilizado o histórico de vazões do posto

base. De modo que, se considerará que por 49 anos as duas usinas operaram

juntas e, dessa forma, para essa condição, se levantará a série histórica de

vazões para o eixo da barragem da CGH Cavernoso na sua nova condição de

operação. Com essa série histórica serão feitos todos os cálculos de garantia

física.

Figura 11: Fluxograma da simulação do funcionamento conjunto das duas centrais.

Page 73: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

73

Onde,

Qa: Vazão afluente (m3/s);

Qeco: Vazão ecológica (m3/s);

Qv: Vazão vertida (m3/s);

Q’a: Vazão afluente deduzido a vazão ecológica (m3/s);

Qeng: Vazão de engolimento (m3/s);

Considerando que a vazão de engolimento da CGH Cavernoso é de

10,5 m3/s e que a da PCH Cavernoso II é de 49 m3/s, plotou-se o hidrograma

de vazão diárias após a simulação para os últimos 3 anos (Gráfico 16). Neste

gráfico, Qtcv refere-se a vazão turbinada para a CHG Cavernoso e QtcvII para

a PCH Cavernoso II.

O Hidrograma de vazões médias mensais gerado para essa simulação é

apresentado no Gráfico 17 e o de vazões médias anuais no Gráfico 18. Nesse

último é ainda apresentada a situação anterior à simulação para efeito de

comparação, onde é possível observar claramente uma redução na vazão

afluente a CGH Cavernoso.

Page 74: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

74

Gráfico 16: Hidrograma de Vazões Turbinadas Diárias das Usinas de Cavernoso e Cavernoso II.

0

10

20

30

40

50

60

70

01

/01/

2008

01

/02/

2008

01

/03/

2008

01

/04/

2008

01

/05/

2008

01/0

6/2

00

8

01

/07/

2008

01

/08/

2008

01

/09/

2008

01

/10/

2008

01

/11/

2008

01

/12/

2008

01

/01/

2009

01

/02/

2009

01/0

3/2

00

9

01

/04/

2009

01

/05/

2009

01

/06/

2009

01

/07/

2009

01

/08/

2009

01

/09/

2009

01

/10/

2009

01

/11/

2009

01

/12/

2009

01

/01/

2010

01

/02/

2010

01

/03/

2010

01

/04/

2010

01

/05/

2010

01

/06/

2010

01

/07/

2010

01

/08/

2010

01

/09/

2010

01

/10/

2010

01

/11/

2010

01

/12/

2010

Vaz

ão d

iári

a (m

3/s

)

QtcvII Qtcv

Page 75: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

75

Gráfico 17: Hidrograma de vazões médias mensais para a nova condição da CGH Cavernoso.

Gráfico 18: Hidrograma de vazões médias anuais para a CGH Cavernoso antes e depois da

simulação.

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

250,00

300,00

350,00

jan

/52

ago

/54

mar

/57

ou

t/5

9

mai

/62

dez

/64

jul/

67

fev/

70

set/

72

abr/

75

no

v/7

7

jun

/80

jan

/83

ago

/85

mar

/88

ou

t/9

0

mai

/93

dez

/95

jul/

98

fev/

01

set/

03

abr/

06

no

v/0

8

Vaz

ão m

éd

ia m

en

sal (

m3/s

)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Vaz

ão m

éd

ia a

nu

al (

m3 /

s)

Antes Depois

Page 76: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

76

3.3. AVALIAÇÃO DA GARANTIA FÍSICA

Utilizando a equação (10) calculou-se a principio a garantia física para a

condição inicial da CGH Cavernoso, ou seja, para o período que a PCH

Cavernoso II ainda não tinha iniciado a sua operação. Para os índices de

indisponibilidade forçada e programada foram utilizados os índices

disponibilizados pelo MME para o Programa Mensal de Operação (PMO)

referente a Maio de 2014.

Tabela 9: Índices de TEIF e IP referentes ao PMO de Maio de 2014.

Faixa de Referência TEIF IP

Até 29 MW 2,068% 4,660%

30 – 59 MW 1,982% 5,292%

60 – 199 MW 1,638% 6,141%

200 – 500 MW 2,196% 3,840%

501 – 699 MW 1,251% 1,556%

700 – 1300 MW 3,115% 8,263%

Fonte: MME, 2015.

Na Tabela 10 tem-se o montante de garantia física calculado e os

valores utilizados para o seu calculo, sendo que o consumo interno de energia,

as perdas elétricas na linha de transmissão e a vazão de uso consuntivo pela

central foram desconsiderados devido a ausência de medição ou a pequena

dimensão desses em comparação aos demais parâmetros.

Observa-se que o valor encontrado de 1,11 MW (Tabela 10) se aproxima

do valor de 0,96 MW fornecido pela Copel para a CGH Cavernoso.

Page 77: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

77

Tabela 10: Cenário Inicial - Garantia Física da CGH Cavernoso para a condição anterior a

operação da PCH Cavernoso II.

Variáveis Valor Unidade

Queda bruta 14,5 m

Perda de carga 0,435 m.c.a.

Potencia instalada 1300 kW

Rendimento da turbina 88 %

Rendimento do gerador 97 %

Indisponibilidade Forçada 2,068 %

Indisponibilidade Programada 4,660 %

Vazão remanescente e de usos consutivos 1,7 m3/s

Perdas elétricas até o ponto de conexão 0 %

Consumo interno de energia pela central 0 MW médio

Número de meses da série histórica 708 meses

Resultados

Queda líquida 14,065 m.c.a.

Rendimento Turbina-gerador 85,4 %

Indisponibilidade Total 6,7 %

Garantia Física de Energia 1,11 MW médio

Como discutido no item 2.2.5, a Garantia física da CGH Cavernoso

estará, segundo a legislação, sujeita a uma Revisão Extraordinária da Garantia

Física, já que, a construção da PCH Cavernoso II alterou de forma significativa

a sua produção. Essa Revisão, no entanto, poderá ser adiada devido às

condições hidrológicas extremas que danificaram ambas as Centrais. Para

estipular a queda de garantia física que irá ocorrer utilizou-se a série histórica

da simulação feita no item 3.2., já que representa o que efetivamente será

afluente a CGH Cavernoso a partir do funcionamento da PCH Cavernoso II.

Sendo assim, consideraram-se três cenários para o cálculo da garantia

física. O primeiro cenário (Cenário I) considera os atuais valores de referência

do MME para as Taxa de Indisponibilidade Forçada (TEIF) e Programada (IP).

Contudo, como a forma com que a garantia física é calculada está a ponto de

sofrer modificações no primeiro semestre de 2016, criou-se um segundo

cenário (Cenário II) que estimará as taxas TEIF e IP a partir dos dados

históricos da simulação, levantando o percentual do tempo que a unidade II da

CGH Cavernoso não operará devido a restrição de vazão.

Page 78: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

78

Além disso, como uma das propostas é realocar a unidade II em outra

Central da COPEL realizou-se também o calculo da garantia física da CGH

Cavernoso operado apenas com a unidade I compondo assim o cenário III.

Um resumo de todos os cenários considerados é apresentado na Tabela

11.

Tabela 11: Resumo de Cenários.

Cenário Inicial

Cenário I Cenário II Cenário III

Série Histórica utilizada

Dados do posto base

Dados obtidos por simulação

Dados obtidos por simulação

Dados obtidos por simulação

TEIF e IP Dados de

referência do MME

Dados de referência do

MME

Taxas calculadas a partir de dados

observados durante a simulação.

Dados de referência do

MME

Grupos Gerados considerados

Ambos Ambos Ambos Apenas

Unidade I

Para o primeiro cenário calculou-se uma garantia física de 0,39 MW

(Tabela 12) representando uma queda de 0,57 MW no montante original. A

queda é ainda maior no cenário II onde se consideram os valores simulados de

indisponibilidade forçada da unidade II que ficará sem operar 79% do tempo.

De modo que, ao ponderar a TEIF de 2% da unidade I pela potência usando a

equação (11) chega-se a uma TEIF total de 52%. Ao final. Para o cenário II,

calculou-se uma garantia física de 0,19 MW (Tabela 13) que é 0,77 MW inferior

ao montante original e 0,38 MW inferior ao calculado para o cenário I.

Para o cenário III calculou-se uma garantia física de 0,24 MW (Tabela

13), sendo um valor intermediário 0,15 MW inferior ao cenário I e 0,05 MW

superior ao cenário II.

Page 79: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

79

Tabela 12: Cenário I - Garantia Física para a CGH Cavernoso considerando a Revisão

Extraordinária e com valores de referência de TEIF e IP segundo o MME.

Variáveis Valor Unidade

Queda bruta 14,5 m

Perda de carga 0,435 m.c.a.

Potencia instalada 1300 kW

Rendimento da turbina 88 %

Rendimento do gerador 97 %

Indisponibilidade Forçada 2,068 %

Indisponibilidade Programada 4,660 %

Vazão remanescente 0 m3/s

Vazão de usos consuntivos 0 m3/s

Perdas elétricas até o ponto de conexão 0 %

Consumo interno de energia pela central 0 MW médio

Número de meses da série histórica 708 meses

Resultados

Queda líquida 14,065 m.c.a.

Rendimento Turbina-gerador 85,4 %

Indisponibilidade Total 6,7 %

Garantia Física de Energia 0,39 MW médio

Tabela 13: Cenário II - Garantia Física para a CGH Cavernoso considerando a Revisão

Extraordinária e os valores observados de TEIF e IP.

Variáveis Valor Unidade

Queda bruta 14,5 m

Perda de carga 0,435 m.c.a.

Potencia instalada 1300 kW

Rendimento da turbina 88 %

Rendimento do gerador 97 %

Indisponibilidade Forçada 52 %

Indisponibilidade Programada 6 %

Vazão remanescente 0 m3/s

Vazão de usos consuntivos 0 m3/s

Perdas elétricas até o ponto de conexão 0 %

Consumo interno de energia pela central 0 MW médio

Número de meses da série histórica 708 meses

Resultados

Queda líquida 14,065 m.c.a.

Rendimento Turbina-gerador 85,4 %

Indisponibilidade Total 6,7 %

Garantia Física de Energia 0,19 MW médio

Page 80: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

80

Tabela 14: Cenário III - Garantia Física da CGH Cavernoso considerando que somente a

unidade I está operando.

Variáveis Valor Unidade

Queda bruta 14,5 m

Perda de carga 0,435 m.c.a.

Potencia instalada 450 kW

Rendimento da turbina 88 %

Rendimento do gerador 97 %

Indisponibilidade Forçada 2,068 %

Indisponibilidade Programada 4,660 %

Vazão remanescente 0 m3/s

Vazão de usos consuntivos 0 m3/s

Perdas elétricas até o ponto de conexão 0 %

Consumo interno de energia pela central 0 MW médio

Número de meses da série histórica 708 meses

Resultados

Queda líquida 14,065 m.c.a.

Rendimento Turbina-gerador 85,4 %

Indisponibilidade Total 6,7 %

Garantia Física de Energia 0,24 MW médio

No Gráfico 19 é feita uma simulação que visa comparar como a garantia

física iria decair caso a ANEEL não realizasse a fiscalização que identificou a

queda na produção da CGH Cavernoso. Sendo assim, é importante evidenciar

que se trata de uma situação que não corresponde a realidade, já que, a CGH

Cavernoso estará sujeita a uma revisão extraordinária de sua garantia física.

Portanto, foi um calculo realizado apenas para fins de comparação.

O primeiro caso (em azul) considera um incremento na série histórica

original do posto base a cada 5 anos com a PCH Cavernoso II funcionando.

Por exemplo, os primeiros 5 anos apresentados no Gráfico 19 seriam

referentes garantia física calculada a partir dos 49 anos da série histórica do

posto base somada a 5 anos da série simulada com o funcionamento da PCH

Cavernoso II, totalizando 54 anos de dados. Os próximos 10 anos seriam a

soma dos 49 anos da série histórica do posto base mais 10 anos da série

histórica que simula o funcionamento conjunto das duas centrais e assim por

diante.

O segundo caso (em vermelho) considera o Decreto nº 2.655, de 2 de

julho de 1998 que limita a queda da garantia física em 5%. Assim, a cada 5

Page 81: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

81

anos, a garantia física da CGH Cavernoso cairia esse percentual, contudo,

segundo o mesmo decreto, o limite da redução da garantia física é de 10% do

valor de projeto e é representado no gráfico pela linha tracejada verde. Assim,

considerando a legislação, a queda da garantia física da PCH Cavernoso só

cairia até 0,864 MW depois de 25 anos. Enquanto que, ao se considerar a

evolução da série histórica, logo nos primeiros 5 anos a garantia física cairia de

0,96 MW para 0,52 MW e, após 40 anos, atingiria o valor encontrado na

Revisão Extraordinária (Tabela 12). Para todos os casos foram utilizados o

valores de referência do MME para a TEIF e IP.

Gráfico 19: Simulação da queda da Garantia Física baseando-se na série histórica de dados e

na legislação.

3.4. AVALIAÇÃO DA ENERGIA GERADA

Como o retorno financeiro de uma central hidrelétrica é resultado da

quantidade de energia gerada em um período de tempo é fundamental a

determinação da geração da central para analisar a viabilidade financeira de se

manter a unidade II ou de realocá-la.

0,000

0,200

0,400

0,600

0,800

1,000

1,200

5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55

Gar

anti

a Fí

sica

(M

W)

Anos decoridos

Baseado na série Baseado na legislação Limite de queda

Page 82: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

82

Utilizando a equação (15), calculou-se a energia garantia para cada cenário

(Tabela 15). Ao multiplicar esse valor por 8760 obtém-se a energia gerada

anualmente. O fator de capacidade foi obtido dividindo a energia gerada pela a

energia máxima possível de ser gerada pela central, caso ela operasse sempre

com capacidade total.

Tabela 15: Energia firme e fator de capacidade para cada cenário.

Cenário inicial

Cenário I Cenário II Cenário III

Energia média gerada (MWmédio) 0,71 0,37 0,16 0,23

Energia gerada anualmente (MWh) 6224,20 3199,13 1428,68 1985,37

Fator de capacidade 55% 28% 13% 50%

O cenário I que considera a legislação atual para calculo e determinação da

TEIF e IP apresentou um valor muito semelhante aos 0,40 MW estipulados

pelo DENC (2006) em seu relatório de Avaliação da condição operacional da

UH Cavernoso após a implantação da PCH Cavernoso II. Contudo, releva-se

que a metodologia de calculo da garantia física e, consequentemente, da

determinação da TEIF e IP está na eminência de ser modificada.

O cenário II apresentou o menor fator de capacidade apresentando em

média 13% da capacidade total. O cenário III ficou apenas 5% abaixo do

cenário inicial, contudo, releva-se que em 80% do tempo a central irá operar

apenas com a vazão ecológica de 1,7 m3/s, ou seja, vazão muito próxima aos

1,4 m3/s da vazão corte da unidade I. Essa condição é extremamente propicia

para a ocorrência de cavitação na máquina, ou seja, mesmo com o melhor

rendimento dentre os cenários, a unidade I teria que operar em condições

desfavoráveis que podem danifica-la e aumentar os custos de manutenção.

Segundo DENC (2006), em testes realizados na unidade I após a

implantação da PCH Cavernoso se observou que na faixa entre

aproximadamente 180 e 220 kW a turbina sofre cavitação. Além disso, estima-

se que é precisamente nessa faixa de potência que a unidade I opera com a

vazão sanitária de 1,7 m3/s. Sendo assim, embora ainda sejam necessários

mais ensaios para determinar com maior precisão as vazões equivalentes para

Page 83: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

83

essa faixa de potência, o DENC sugere duas alternativas de operação. A

primeira consiste em operar com uma vazão um pouco menor que a vazão

sanitária evitando, assim, a faixa de cavitação da máquina. A segunda opção

seria operar a unidade I com vazão sanitária e incluir nos custos a substituição

prematura do rotor por um valor estimado de R$ 33.000,00. Sendo que, o novo

rotor seria projetado para atender a nova faixa de operação.

3.5. AVALIAÇÃO ECONÔMICA

Com a Energia gerada anualmente calculada foi levantado a receita

anual para cada cenário (Tabela 16). Para isso, considerou-se a Tarifa Média

de Fornecimento da Copel entre 2003 a 2015 disponibilizada pela Aneel por

meio dos relatórios do sistema de apoio de decisão, cujo valor é de R$ 225,02

por MWh.

Para os custos de Operação e Manutenção (CO&M) considerou-se o

estudo realizado DENC (2006) que estipula para a condição inicial de operação

de CO&M de R$ 38.929,00 e para a condição após implantação da PCH

Cavernoso II um custo de R$ 24.938,00.

A receita líquida será a diferença entre a receita obtida por venda de

energia ao preço da Tarifa Média de Fornecimento e os Custos de Operação e

Manutenção.

Tabela 16: Receita anual para cada cenário.

Cenário

Inicial I II III

Eanual (MWh) 6224 3199 1429 1985

CO&M (R$/ano) 38929 24938 24938 24938

Receita Total (R$/ano) 1400570 719868 321482 446749

Receita Líquida (R$/ano) 1361641 694930 296544 421811

Para os cenários I e II, onde se mantêm a unidade II na CGH

Cavernoso, foi estipulado um valor residual para essa turbina ao final do

período de concessão. Segundo dados da Copel (2013), o período de

concessão da CGH Cavernoso termina em 2031, o que equivale a um

horizonte de analise de 15 anos.

Page 84: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

84

Para se estipular o valor de compra da Turbina em 1967, ano de sua

aquisição, considerou-se o preço atual de uma turbina similar levantado no

Relatório Técnico da Copel (2013). Essa turbina considerada para a

repotenciação da CGH Pitangui foi cotada em 2013 em aproximadamente 3,9

milhões de reais. Aplicando uma taxa de desconto de 8,7%, referente o índice

de correção IGP – DI (FVG), na equação (18) estimou-se que em 1965 a

unidade II valia R$ 71.333,00.

Aplicando a taxa de depreciação de 2,5% fornecida pela Resolução nº

44, de 17 de Março de 1999, encontra-se um valor residual de R$ 26.918,00

pra a Unidade II.

Para o cenário III foi feita a seguinte distinção visando uma melhor

análise dos dados. Primeiro considerou-se que a COPEL irá se desapropriar da

unidade II operando apenas com a unidade I (Cenário III.a), assim, logo no

primeiro ano da análise a unidade II será vendida por R$ 31.703,00, valor

residual para o ano de 2015 que pode ser observado no Apêndice I.

Em seguida, aproveitou-se o estudo realizado por Pedroso (2014) onde

se considerou que a unidade II seria realocada na CGH Pitangui, sendo assim,

acrescentou-se ao fluxo de caixa dessa opção (Cenário III.b) o investimento

necessário para a sua realocação nessa central e o incremento de receita

gerada pela unidade II instalada na CGH Pitangui. Releva-se que, para o

cenário III.b, a unidade II poderia ser realocada em qualquer outra central que

se adeque a suas características de operação, contudo ainda não existem

estudos que embasem sua alocação em outras centrais além da CGH Pitangui,

sendo essa, portanto, a opção adotada neste estudo.

Segundo a Pedroso (2014),

O aproveitamento da unidade II da PCH Cavernoso I apresenta ser

uma alternativa de grande interesse uma vez que, dado sua

compatibilidade com a CGH Pitangui em termos de queda e vazão,

promove uma grande redução de custos com a aquisição de novos

componentes hidromecânicos. Além de ser possível a reutilização do

conjunto turbina-gerador, o conduto forçado também poderá ser

reaproveitado, promovendo uma redução de custos considerável.

Page 85: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

85

O levantamento dos dados por Pedroso (2014) estão disponíveis na

Tabela 17.

Tabela 17: Estimativa do orçamento para a implantação da Unidade II da CGH Cavernoso na

CGH Pitangui.

Item Custo (R$) Parte Civil

Desassoreamento do reservatório 300.000,00

Melhorias no vertedouro 300.000,00

Ensecadeiras 40.000,00

Escavações, demolições, aterros e concreto da casa de força 130.000,00

Fundação da edificação predial da casa de força 45.000,00

Estrutura complementar casa de máquinas e Sucção 150.000,00

Piso e revestimento 10.000,00

Alvenaria e revestimento 20.000,00

Pintura 15.000,00

Cobertura, serralheria e captação de água pluvial 20.000,00

Instalações elétricas 20.000,00

Projeto 20.000,00

Melhorias e aprofundamento da câmara de carga 30.000,00

Mobilização e desmobilização 40.000,00

Instalações hidráulicas 10.000,00

Hidromecânicos e Automatização da Central

Automatização 30.000,00

Desmobilização da unidade II da PCH Cavernoso I 15.000,00

Conduto Forçado complementar 74.540,00

Transporte dos componentes hidromecânicos 100.000,00

Tubo de sucção novo 20.000,00

Montagem e instalação do conduto forçado, turbina e gerador 150.000,00

Custo Total 1.539.540,00

Fonte: Relatório técnico preliminar (COPEL, 2013).

Além disso, em todos os cenários estudados será considerado um custo

de substituição do rotor devido a danos da cavitação. Esse valor foi estimado

por DENC (2005) em R$ 33.000,00 e será aplicado no meio do período de

análise.

Considerando todos os valores descritos, elaborou-se para cada um dos

cenários um fluxo de caixa.

Page 86: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

86

Para o cenário I considerou-se uma receita anual a partir do primeiro ano

de R$ 694.930,00. Ao final dos 15 anos de análise, acrescentou-se o valor

residual de R$ 26.918,00 da unidade II.

Cenário I

Gráfico 20: Fluxo de caixa para o Cenário I.

Para o cenário II considerou-se uma receita anual menor de R$

321.482,00 por ano a partir do primeiro ano de análise. Ao final, acrescentou-se

o valor residual da unidade II gerando um montante total de R$ 348.400,00.

Cenário II

Gráfico 21: Fluxo de caixa para o Cenário II.

Para o cenário III.a adotou-se que logo no ano inicial a unidade II seria

vendida pelo seu valor residual para esse ano de R$ 31.703,00. A partir disso,

a operação com a unidade I geraria uma receita anual de R$ 446.749,00.

Page 87: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

87

Cenário III.a

Gráfico 22: Fluxo de caixa para o Cenário III.a.

Para o cenário III.b. considerou-se que no ano inicial é feito um

investimento de R$ 1.539.540,00 referente aos gastos de transferência da

unidade II para a CGH Pitangui. A partir disso, a receita anual será uma

composição da receita gerada pela unidade I na CGH Cavernoso e do

incremento na geração de 1045 MWh por ano na CGH Pitangui causada pela

alocação da unidade II.

Cenário III.b

Gráfico 23: Fluxo de caixa para o Cenário III.b.

O método de análise de investimento que mais se adequa para esse estudo

é o VPL, já que nos cenários I, II e III.a não há necessidade de investimentos.

Page 88: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

88

Na Tabela 18 são apresentados os valores encontrados, sendo que se utilizou

uma taxa de juros de 14% correspondente a taxa SELIC média do mês de

Outubro de 2015.

O cenário I foi o que apresentou o VPL mais elevado, contudo ele considera

uma taxa de indisponibilidade forçada que não é condizente com a realidade.

Logo, essa situação pode gerar complicações futuras para a Copel, visto que a

metodologia de cálculo e revisão da garantia física está na eminência de sofrer

alteração.

O cenário II apresentou o menor VPL dentre as opções, sendo assim,

reforça-se a preocupação em se manter a unidade II operando na CGH

Cavernoso, visto que para essa opção foram considerados os valores

observados de indisponibilidade forçada.

O cenário III.a mostrou que é mais vantajoso operar apenas com a unidade

I do que manter a unidade II.

O cenário III.b apresentou um VPL muito semelhante ao cenário III.a

mostrando que o custo de alocação da unidade II na CGH Pitangui pode ser

inteiramente coberto pelo incremento de geração. Para esse caso, calculou-se

ainda uma TIR de 42% e um payback de 2 anos e 7 meses.

Tabela 18: VPL para cada cenário.

VPL

Cenário I R$ 4.260.579,23

Cenário II R$ 1.813.625,73

Cenário III.a R$ 2.290.322,68

Cenário III.b R$ 2.178.731,40

Page 89: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

89

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES

Devido a eminência na modificação da metodologia de cálculo da Garantia

Física, estudou-se diferentes cenários visando aproximar os resultados das

novas possibilidades de cálculos, principalmente no que se refere a taxa de

indisponibilidade forçada.

Verificou-se uma diferença significativa no valor da garantia física ao se

utilizar os valores de referência do MME no cenário I e os valores reais e

observados no cenário II. Além disso, caso o estipulado para o cenário II se

realize, a análise do cenário III.a mostrou que operar apenas com a unidade I é

mais vantajoso que manter a unidade II.

Mesmo não sabendo qual alternativa será adotada no novo método de

cálculo, a realocação da unidade II para outra central se mostrou

extremamente viável economicamente. De modo que, recomenda-se a sua

execução o mais rápido possível ou, no mais tardar, após a recuperação da

PCH Cavernoso II cujas obras de recuperação ainda estão em andamento.

A realocação da unidade II na CGH Pitangui já foi considerada atraente no

estudo realizado por Pedroso (2014), onde na análise de alternativas, cita,

A alternativa do aproveitamento da unidade II da PCH Cavernoso I

mostrou ser uma alternativa de grande interesse visto sua

compatibilidade técnica quanto a instalação dessa turbina na CGH

Pitangui, sendo observada uma significativa redução de custos com a

compra de equipamentos novos.

Sendo assim, na ausência de outros estudos para a realocação dessa

unidade, adotou-se nos cálculos de viabilidade a transferência da unidade II

para a CGH Pitangui. Essa usina está localizada na margem direita do Rio

Pitangui, a nordeste da cidade de Ponta Grossa no Estado do Paraná á 127 km

de Curitiba. A potência instalada nesta central é 0,87 MW, e a energia

assegurada de 0,57 MWmédios (DENC, 2011). A alocação da unidade II da CGH

Cavernoso contribuiria para um aumento de energia de 1045 MWh por ano.

Esse ganho atrelado a eminente queda na garantia física da CGH Cavernoso

torna esta alternativa viável economicamente.

Page 90: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

90

Uma opção que se mostrou muito conveniente neste trabalho foi manter a

unidade II funcionando no caso da Garantia física decair no máximo em 10%

do valor inicial de 0,87 MW, contudo o Decreto nº 2.655, de 2 de julho de 1998

estipula que a construção da PCH Cavernoso II modificou de forma significativa

a geração de energia na CGH Cavernoso, sendo assim, essa central está

sujeita a uma Revisão Extraordinária de sua Garantia Física assim que a PCH

Cavernoso II voltasse a operar ou assim que fosse redefinida a forma de

calcular a garantia física de PCHs.

Como sugestão para outro trabalho, indica-se uma alternativa para o

cenário III, onde, além da realocação ou venda da unidade II, se faria a

substituição da unidade I da CGH Cavernoso por uma Bomba Funcionando

como Turbina (BFT). Esse estudo não foi realizado neste trabalho, mas poderia

contribuir para aumentar ainda mais o aproveitamento dessa alternativa ao

adotar um novo grupo gerador de baixo custo que operará a um fator de

capacidade próximo a 100%. Além disso, haverá uma economia nos gastos de

manutenção, já que, nas atuais condições de operação, a unidade I estaria

sujeita a um provável processo de cavitação por operar 80% do tempo com

uma vazão muito próxima a de corte.

Page 91: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

91

BIBLIOGRAFIA

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA (ANEEL). Relatórios do

Sistema de Apoio a Decisão, 2015. Disponivel em:

<http://relatorios.aneel.gov.br/_layouts/xlviewer.aspx?id=/RelatoriosSAS/RelSA

MPRegiao.xlsx&Source=http://relatorios.aneel.gov.br/RelatoriosSAS/Forms/AllIt

ems.aspx&DefaultItemOpen=1>. Acesso em: 20 Setembro 2015.

BERTOLO. Matemática Financeira, 2008. Disponivel em:

<http://lbertolo.tripod.com/MATEMATICAFINANCEIRA.pdf>. Acesso em: 14

Julho 2015.

BLATT, E. Engenharia Econômica, 2012. Disponivel em:

<http://www.unisa.br/conteudos/9119/f285609981/apostila/apostila.pdf>.

Acesso em: 14 Julho 2015.

BRASIL. Decreto nº 2.655, de 2 de julho de 1998. Regulamenta o Mercado

Atacadista de Energia Elétrica, define as regras de organização do Operador

Nacional do Sistema Elétrico, de que trata a Lei nº 9.648, de 27 de maio de

1998, e dá outras providências., Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos.

Brasília (DF), 1998.

BRASIL. Resolução nº 44, de 17 de Março de 1999. Altera as taxas anuais de

depreciação estipuladas pela Resolução ANEEL no 002, de 24 de dezembro de

1997. , Brasília (DF), 1999.

BRASIL. Decreto 5.163/04 de 30 de julho de 2004. Regulamenta a

comercialização de energia elétrica, o processo de outorga de concessões e de

autorizações de geração de energia elétrica, e dá outras providências. Casa

Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos., Brasília (DF), 2004.

BRASIL. Portaria MME nº. 463, de 3 de dezembro de 2009. Ministério de Minas

e Energia., Brasília (DF), 2009.

Page 92: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

92

BRASIL. Portaria Nº 376, de 5 de Agosto de 2015. Ministério de Minas e

Energia, Brasília (DF), 2015.

BRASIL. Resolução Nº. 169, de 2001. Estabelece critérios para a utilização do

Mecanismo de Realocação de Energia – MRE por centrais hidrelétricas não

despachadas centralizadamente., Brasília (DF), 2015.

CARDOSO, R. B.; ALMEIDA, R. P.; NOGUEIRA, L. A. H. Uma Avaliação do

Método Expedito para Determinação da Vazão de Projeto em Pequenas

Centrais Hidrelétricas, 2009. Disponivel em:

<http://www.cerpch.unifei.edu.br/artigos/uma-avaliacao-metodo-expedito-

paradetermi%20nacao-vazao-projeto-em-pequenas-centrais-

hidreletricas.html>. Acesso em: 01 Agosto 2015.

CASTRO, N. J. D.; BRANDÃO, R. GESEL. Textos de Discussão do Setor

Elétrico. Problemas no cálculo das garantias físicas para os leilões de

energia nova, 2009. Disponivel em:

<http://www.gesel.ie.ufrj.br/app/webroot/files/publications/04_TDSE11.pdf>.

Acesso em: 15 Julho 2015.

COMPANHIA PARANAENSE DE ENERGIA (COPEL). Relatório Ambiental:

Usina Hidrelétrica de Cavernoso, 1999. Disponivel em:

<http://www.copel.com/hpcopel/root/pagcopel2.nsf/arquivos/relambientalcav/$F

ILE/RelAmbientalCAV.pdf>. Acesso em: 21 jul. 2015.

COMPANHIA PARANAENSE DE ENERGIA (COPEL). Avaliação da Usina

Pitangui Quanto ao Aumento da Energia Assegurada, com Casa de Força

Nova ou a Instalação da Unidade 2 de Cavernoso em Substituição a

Unidade 4 - Avaliação Técnica e Econômica Preliminar. (Relatório Técnico

Preliminar). ed. Curitiba: COPEL, 2013.

COMPANHIA PARANAENSE DE ENERGIA (COPEL). Informações gerais.

Curitiba: [s.n.], 2014. Fotos, dados técnicos e plantas.

Page 93: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

93

ELETROBRÁS. Diretrizes para Estudos e Projetos de Pequenas Centrais

Hidrelétricas. [S.l.]: [s.n.], 2000.

GOOGLE EARTH. Imagem de satélite da CGH Cavernoso. [S.l.]: [s.n.], 2015.

GOUVÊA, F. F.; BAGGIO, F. A. V. Soluções para a Viabilização de Pequenas

Centrais Hidrelétricas. HIDRO&HYDRO, Itajubá, n. 55, p. 20 a 25, Março 2013.

HIDROWEB. Banco de dados: Série Histórica. ANA. [S.l.]. 2015.

INSTITUTO ABRADEE DA ENERGIA. (ABRADEE). Entenda a Indústria de

Energia Elétrica, 2013. Disponivel em: <http://www.abradee.com.br/escolha-

abradee-para-voce/cartilha>. Acesso em: 19 Julho 2015.

JUSTINO, L. A. Estudos de Procedimentos de ensaios de Campo em

Turbinas Hidráulicas para PCH. Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Engenharia da Energia da Universidade

Federal de Itajubá. Itajubá: [s.n.], 2006. 144 p.

MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA (MME). Revisão dos Valores de

Referência de Indisponibilidade Forçada - TEIF e Programada - IP de Usinas

Hidrelétricas, 2015. Disponivel em:

<http://www.mme.gov.br/documents/10584/1435435/Revis%C3%A3o+dos+Val

ores+de+Refer%C3%AAncia+de+Indisponibilidade+For%C3%A7ada+%E2%80

%93+TEIF+e+Programada+%E2%80%93+IP+de+Usinas+Hidrel%C3%A9tricas

+%E2%80%93+Revis%C3%A3o+1(PDF)/8239e3b3-24eb-4b08-a79f-8b052ef>.

Acesso em: 20 Setembro 2015.

OLIVEIRA, M. A. Repotenciação de Pequenas Centrais Hidrelétricas:

Avaliação Técnica e Econômica. [S.l.]: Dissertação de Mestrado. Programa de

Pós Graduação em Engenharia da Energia, Universidade Federal de Itajubá.,

2004.

Page 94: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

94

PAMPLONA, E. D. O.; MONTEVECHI, J. A. B. Engenharia Econômica I,

2006. Disponivel em:

<www.iepg.unifei.edu.br/edson/download/Apostee1.PDF>. Acesso em: 14

Julho 2015.

PEDROSO, J. P. C. Estudo Econômico para Repotenciação da Central

Geradora Hidrelétrica Pitangui. Itajubá: Trabalho Final de Graduação

(Engenharia Hídrica). Universidade Federal de Itajubá, 2014.

PINTO, L. ABRAPCH. A garantia física das usinas brasileiras: A expectativa

e a realidade, 2014. Disponivel em: <http://abrapch.com.br/wp-

content/uploads/2014/10/Relat%C3%B3rio-Garantia-F%C3%ADsica.pdf>.

Acesso em: 15 Julho 2015.

PROCURADORIA GERAL DO ESTADO DE SÃO PAULO (PGE). Autarquias

sob regime especial, 2015. Disponivel em:

<http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/revistaspge/revista4/parte1c.htm>.

Acesso em: 19 Julho 2015.

RYBA, A.; LENZI, E. K.; LENZI, M. K. Elementos de Engenharia Econômica.

1ª. ed. Curitiba: InterSaberes, 2012.

SAMANEZ, C. P. Engenharia Econômica. 1ª. ed. São Paulo: Pearson

Prentice, 2009.

SANT’ANA, R. F. Modelo FLASH para a avaliação da viabilidade de

pequenas centrais hidrelétricas. . ed. In: Simpósio Brasileiro de Hidrologia e

Recursos Hídricos, 5º, Blumenau. Fortaleza, ABRH: , v. 2, 1983. 429 p.

SEBRAE. Análise e Planejamento Financeiro – Manual do Participante.

Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas. Brasília. 2011.

SECRETÁRIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Ministério da Fazenda.

Taxa de Juros Selic, 2015. Disponivel em:

Page 95: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

95

<http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/tributaria/pagamentos-e-

parcelamentos/taxa-de-juros-selic>. Acesso em: 14 Julho 2015.

SILVA, B. C. Hidrologia II. Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI. Itajubá.

2014.

SOUZA, Z. D.; SANTOS, A. H. M.; BORTONI, E. C. Centrais hidrelétricas:

Estudos para Implantação. Rio de Janeiro: Centro da Memória da Eletricidade

no Brasil, 1999.

SOUZA, Z. D.; SANTOS, A. H. M.; BORTONI, E. C. Centrais Hidrelétricas:

Implantação e Comissionamento. 2ª. ed. Rio de Janeiro: Editora Interciência,

2009.

SUPERINTENDÊNCIA DE PLANEJAMENTO DA EXPANSÃO, ENDENHARIA

E. Análise Preliminar de Viabilidade e Orçamento Civil para uma nova

casa de Força na CGH Pitangui. [S.l.]: Companhia Paranaense de Energia

(COPEL), Doc. DENC-GE-RT-001/2011-R0. Curitiba, 2011.

SUPERINTENDÊNCIA DE PLANEJAMENTO DA EXPANSÃO, ENGENHARIA

E CONSTRUÇÃO DA GERAÇÃO (DENC). Avaliação da condição

operacional da UH Cavernoso após a implantação da PCH Cavernoso II.

COPEL. Curitiba, p. 7. 2006.

Page 96: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

96

APÊNDICE I: Planilha de cálculo da depreciação da Unidade II.

Cota de depreciação

Ano #N Valor

residual (R$)

Valor depreciável

(R$)

Método Linear

Método da soma dos dígitos

Método Exponencial

1965 0 71332 0 0 0 0

1966 1 69593 1740 1740 1326 1326

1967 2 67936 3397 1698 1306 1306

1968 3 66356 4977 1659 1286 1286

1969 4 64848 6485 1621 1266 1266

1970 5 63407 7926 1585 1245 1245

1971 6 62028 9304 1551 1225 1225

1972 7 60708 10624 1518 1205 1205

1973 8 59444 11889 1486 1185 1185

1974 9 58230 13102 1456 1165 1165

1975 10 57066 14266 1427 1145 1145

1976 11 55947 15385 1399 1125 1125

1977 12 54871 16461 1372 1105 1105

1978 13 53836 17497 1346 1085 1085

1979 14 52839 18494 1321 1065 1065

1980 15 51878 19454 1297 1045 1045

1981 16 50952 20381 1274 1024 1024

1982 17 50058 21275 1251 1004 1004

1983 18 49195 22138 1230 984 984

1984 19 48361 22971 1209 964 964

1985 20 47555 23777 1189 944 944

1986 21 46775 24557 1169 924 924

1987 22 46021 25311 1151 904 904

1988 23 45290 26042 1132 884 884

1989 24 44583 26750 1115 864 864

1990 25 43897 27436 1097 844 844

1991 26 43232 28101 1081 824 824

1992 27 42586 28746 1065 804 804

1993 28 41960 29372 1049 783 783

1994 29 41352 29980 1034 763 763

1995 30 40761 30571 1019 743 743

1996 31 40187 31145 1005 723 723

1997 32 39629 31703 991 703 703

1998 33 39086 32246 977 683 683

1999 34 38558 32774 964 663 663

2000 35 38044 33288 951 643 643

2001 36 37543 33789 939 623 623

2002 37 37056 34277 926 603 603

Page 97: ESTUDO TÉCNICO ECONÔMICO SOBRE A REDUÇÃO DA …saturno.unifei.edu.br/bim/20150009.pdf · examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá,

97

Ano #N Valor

residual (R$)

Valor depreciável

(R$)

Método Linear

Método da soma dos dígitos

Método Exponencial

2003 38 36581 34752 915 583 583

2004 39 36118 35215 903 562 562

2005 40 35666 35666 892 542 542

2006 41 35226 36106 881 522 522

2007 42 34796 36536 870 502 502

2008 43 34377 36955 859 482 482

2009 44 33968 37365 849 462 462

2010 45 33568 37764 839 442 442

2011 46 33178 38155 829 422 422

2012 47 32796 38536 820 402 402

2013 48 32424 38909 811 382 382

2014 49 32059 39273 801 362 362

2015 50 31703 39629 793 341 341

2016 51 31355 39977 784 321 321

2017 52 31014 40318 775 301 301

2018 53 30681 40652 767 281 281

2019 54 30354 40978 759 261 261

2020 55 30035 41298 751 241 241

2021 56 29722 41611 743 221 221

2022 57 29415 41917 735 201 201

2023 58 29115 42217 728 181 181

2024 59 28821 42511 721 161 161

2025 60 28533 42799 713 141 141

2026 61 28250 43082 706 121 121

2027 62 27973 43359 699 100 100

2028 63 27702 43630 693 80 80

2029 64 27436 43897 686 60 60

2030 65 27174 44158 679 40 40

2031 66 26918 44414 673 20 20