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 1 APRESENTAÇÃO Por que um estudo de caso? O estudo de caso é uma metodologia adequada a pesquisas organizacionais de natureza qualitativa, que objetivam o aprofundamento da análise de dados específicos de uma determinada unidade organizacional. O método permite conhecer, descrever, avaliar e/ou redefinir as características e os processos da organização estudada. Por que o estudo de caso do Voluntariado Empresarial do Instituto C&A? O estudo busca descrever o processo de atuação social da C&A, executado através do Instituto C&A de Desenvolvimento Social, enfocando o programa de voluntariado no qual os funcionários executam atividades que beneficiam entidades sociais voltadas ao atendimento de crianças. Considerando que o objetivo do estudo é subsidiar o Programa Voluntários da Comunidade Solidária na realização de um de seus objetivos, que é orientar e estimular empresas a apoiarem o voluntariado, o estudo de caso teve como objetivo levantar e interpretar as opiniões, percepções, expectativas e recomendações  de funcionários da C&A, engajados e não engajados no programa. Este material, constituído pelas representações das pessoas, acerca do objeto de estudo, permite identificar o significado  do programa na comunidade interna da Empresa; mapear as características que estimulam ou desestimulam a participação de funcionários; e, consolidar  idéias e sugestões que permitirão seu aperfeiçoamento. Desta forma, atende à demanda do Programa Voluntários e oferece ao Instituto e à C&A um diagnóstico organizacional especialmente útil nesta fase de amadurecimento da atuação social da Empresa.

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estudos de caso de administração e recursos humanos da cC & A

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APRESENTAÇÃO

Por que um estudo de caso?

O estudo de caso é uma metodologia adequada a pesquisas

organizacionais de natureza qualitativa, que objetivam o aprofundamento

da análise de dados específicos de uma determinada unidade

organizacional.

O método permite conhecer, descrever, avaliar e/ou redefinir as

características e os processos da organização estudada.

Por que o estudo de caso do Voluntariado Empresarial do

Instituto C&A?

O estudo busca descrever o processo de atuação social da C&A,

executado através do Instituto C&A de Desenvolvimento Social, enfocando

o programa de voluntariado no qual os funcionários executam atividades

que beneficiam entidades sociais voltadas ao atendimento de crianças.

Considerando que o objetivo do estudo é subsidiar o ProgramaVoluntários da Comunidade Solidária na realização de um de seus

objetivos, que é orientar e estimular empresas a apoiarem o

voluntariado, o estudo de caso teve como objetivo levantar e interpretar

as opiniões, percepções, expectativas  e recomendações  de

funcionários da C&A, engajados e não engajados no programa.

Este material, constituído pelas representações das pessoas, acerca do

objeto de estudo, permite identificar o significado  do programa na

comunidade interna da Empresa; mapear as características  queestimulam ou desestimulam a participação de funcionários; e, consolidar  

idéias e sugestões que permitirão seu aperfeiçoamento.

Desta forma, atende à demanda do Programa Voluntários e oferece ao

Instituto e à C&A um diagnóstico organizacional especialmente útil nesta

fase de amadurecimento da atuação social da Empresa.

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DESENHO METODOLÓGICO E LOGÍSTICA

O estudo de caso C&A está inserido em uma pesquisa mais ampla

denominada Estratégias de Empresas no Brasil – Atuação Social e

Voluntariado Empresarial, a qual abrangeu 3 níveis de levantamento e

análise, constituindo-se este caso no nível de maior aprofundamento

qualitativo, conforme se verifica na figura abaixo:

Como o caso tinha o objetivo de diagnóstico interno e não de avaliação do

impacto das ações sociais realizadas, o levantamento de dados foi

realizado no âmbito da Empresa e do Instituto como indica a figura

abaixo:

Pesquisa Quantitativa

EstudoQualitativo

Estudosde

Caso  C&A

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 Desenho Metodológico

O trabalho de campo para levantamento dos dados foi realizado em 3

fases:

1ª FASE   ü documentos da Empresa e do Instituto 

ü clipping e materiais internos

ü entrevistas com a administração da Empresa e doInstituto 

2ª FASE  ü seleção de amostras de Associados por critério regional

ü roteiro de entrevistas para não-voluntários

ü estrutura de workshops para voluntários e não-

voluntários

ü roteiros de registros de dados

ü

estrutura da logística de campo3ª FASE  ü levantamento de dados primários em São Paulo, Salvador

e Rio de Janeiro

ü 3 workshops com 4 horas de duração cada, abrangendo

50 associados-voluntários

ü 25 entrevistas com associados não-voluntários, com

duração média de 1 hora cada

ü 1 workshop com 4 horas de dura ão, abrangendo 20

Impacto

A Visão

dos

Associados

A Visão da Empresa

Entidades e Pessoas Beneficiárias

Não Voluntários

Voluntários

Direção e Gerência

   A  v  a   l   i  a  ç   ã  o

   D   i  a  g  n   ó  s   t   i  c  o

   O  r  g  a  n   i  z  a  c   i  o  n  a   l

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associados não-voluntários no Escritório Central da C&A

Os dados levantados foram processados mediante técnicas deinterpretação e análise de conteúdo, que permitiram criar as categorias

analíticas utilizadas neste relatório, o qual consolida resultados

descritivos e recomendações.

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CONTEXTUALIZANDO O PROGRAMA DE VOLUNTARIADO C&A

 A atuação social da C&A teve início com o atendimento das solicitações de

entidades beneficentes nas regiões onde a empresa localizava suas lojas. Em 1991

fundou o Instituto C&A.

A estratégia do Instituto é atuar em parceria com entidades sociais como

creches, centros de atendimento a jovens e escolas públicas, procurando

estimular o empowerment  destas organizações. O Instituto oferece

tecnologia de ponta em educação e uma contribuição estratégica através

da transferência de know-how e de competências do setor empresarial,

auxiliando no crescimento e na melhoria de desempenho da entidade.

Nos primeiros oito anos de existência, investiu US$ 28 milhões em pelo menos 450 projetos

sociais voltados à educação de crianças e adolescentes de famílias de classes populares.

Além de realizar projetos sociais sob medida, ou seja, desenhados de

forma individualizada conforme as necessidades e prioridades de cada

entidade parceira, o Instituto C&A possui uma série de frentes de ação

baseadas em experiências de sucesso já sistematizadas e em andamento

em diversas regiões do país:•Capacitar Educadores: visa a capacitação de educadores leigos

•Click: programa de informática aplicada à educação

•Grupos Associativos: formação de redes de entidades

•Escola Pública: aperfeiçoamento da qualidade de ensino em escolas

públicas

•BrincaCidade: programa direcionado aos voluntários, visando capacitá-

los para o desenvolvimento de atividades lúdicas

•SOS Comunidade: realiza o atendimento emergencial em situações

calamitosas.

•Gestão: estimula a otimização da gestão das entidades parceiras.

O Instituto C&A atua em todas as cidades onde a C&A Modas mantém

operações no Brasil. Os associados são estimulados a participar de

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atividades nas entidades sociais apoiadas pelas unidades da empresa em

cada cidade.

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As atividades realizadas pelos voluntários do Instituto acontecem de

forma programada, segundo uma organização feita pelo próprio grupo,

com o conhecimento da sua chefia. O voluntário pode utilizar o horário de

trabalho, com algumas restrições e sempre com a concordância dogerente/supervisor e do colega que “cobre” sua ausência, situação esta

que vem criando na Empresa o conceito do “voluntário do voluntário”. Não

há regras rígidas para estabelecer este envolvimento, prevalecendo o

planejamento e o bom senso.

Os voluntários podem ser demandados por uma entidade para realizarem um projeto cuja

proposta deve vir por escrito, para que seja examinada à luz da missão educacional do

Instituto, tentando avaliar se a necessidade apresentada enquadra-se no direcionamento

estratégico estabelecido.

O papel do voluntário diante de um pedido de ajuda prevê uma parceria

na qual ele deve colaborar com idéias, auxiliando a entidade a fazer uma

reflexão sobre seu projeto, até que se estabeleça uma forma de apoio

que assegure que a organização apoiada otimize sua ação educativa e

aperfeiçoe seu próprio funcionamento.

O voluntário deve estar em contato constante com a direção do Instituto,

além de ter o compromisso de enviar uma cópia do projeto e de seu

andamento para alimentar o banco de dados do Instituto.

Existem equipes que se organizam montando uma estrutura composta

por presidente, conselho e áreas divididas por funções: análise de

projetos, compras/tesouraria, foto e vídeo, captação de voluntários,

secretaria/organização, comunicação/divulgação e análise, pesquisa de

atividades.

PROGRAMA BRINCACIDADE 

A atividade geratriz do programa de voluntariado é o BrincaCidade. Este é um programa de

capacitação desenhado para os voluntários, que busca munir o grupo de um repertório de

brincadeiras e jogos pedagógicos, capazes de contribuir para a manutenção de um ambiente

lúdico nas entidades parceiras.

Foi desenvolvida uma apostila -“Arco Íris”-, criada por uma consultora do Instituto C&A, na

qual cada cor representa um elemento a ser trabalhado para que o programa tenha sucesso.

São definidos agentes multiplicadores para repassarem os ensinamentos adquiridos aos

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demais membros do Instituto na unidade, pessoas estas identificadas como mais

comprometidas e sintonizadas com a proposta do voluntariado. O programa BrincaCidade é

considerado a viga mestre da capacitação de voluntários.

PRÊMIO SEMENTE 

Visando reconhecer as parcerias de maior impacto social formadas entre voluntários e

entidades sociais, o Instituto criou, em 1992, o Prêmio Semente.

A escolha dos vencedores passa por uma avaliação técnica que considera, em linhas gerais, a

sintonia entre a proposta desenvolvida e a missão educacional do Instituto, a capacidade de

o projeto trazer benefícios permanentes à instituição apoiada e o nível de envolvimento dos

voluntários com o parceiro. Os vencedores levam o troféu e sentem-se gratificados ereforçados a contribuírem com a perenização e expansão do voluntariado.

 JORNAL “AÇÃO & PARTICIPAÇÃO ”

O jornal “Ação & Participação” é uma publicação interna/externa do Instituto C&A, de

periodicidade bimestral, que surgiu de um aprimoramento do Boletim Informativo antes

publicado. O jornal divulga os trabalhos que são desenvolvidos pelas diversas equipes do

Instituto, além de notícias de interesse relacionadas ao trabalho social.

SEMANA DO INSTITUTO 

Com o objetivo de esclarecer o corpo de associados sobre o que é o Instituto C&A, foi criada

a Semana do Instituto. O trabalho consiste em uma semana de palestras, dinâmicas de grupo

e a participação em brincadeiras do programa BrincaCidade para todos os associados da

praça. A organização e condução dos trabalhos é feita por voluntários do Instituto, com

apoio dos coordenadores de projetos do Instituto C&A. O evento surgiu a partir de uma

iniciativa de um grupo de voluntários do Rio de Janeiro e, devido ao seu sucesso, foi

replicado em todas as praças. Como resultado direto houve uma maior adesão de associados

ao programa, bem como uma maior sensibilização dos associados não-voluntários para

apoiarem a ação dos voluntários.

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DIAGNÓSTICO ORGANIZACIONAL DO PROGRAMA

ATUAÇÃO SOCIAL E VOLUNTARIADO EMPRESARIAL Um dos recursos citados com mais elevada freqüência pelos associados-voluntários como

facilitadores essenciais para a viabilização dos projetos sociais foi a disponibilização de

tempo, pela empresa, para que pudessem dedicar-se às atividades durante o expediente.

Reforça esta constatação que, nas entrevistas junto a associados não-voluntários, este tenha

sido o único aspecto negativo de sua percepção do programa, citado com freqüência

significativa, sob a justificativa de que as saídas dos voluntários “sobrecarregam” os demais

funcionários, principalmente, em áreas estratégicas para o bom funcionamento das lojascomo o ambiente dos caixas.

O item mais ressaltado nos debates dos workshops do estudo de caso foi a complexidade de

organizar a substituição dos voluntários na rotina de trabalho, seja pela carência de

funcionários disponíveis, seja pela incompreensão de colegas que não consideram o trabalho

do Instituto tão importante a ponto de justificar o afastamento dos voluntários de suas

tarefas na loja.

Este clima vem se modificando bastante desde que o trabalho do Instituto tem sido mais

divulgado: a Semana do Instituto, evento que vem se desenvolvendo nas diversas praças,

esclarece os objetivos das atividades e o trabalho dos voluntários, oferecendo condições

para que estes próprios, sentindo-se reforçados, passem a esclarecer os demais sobre os

objetivos da atuação social da Empresa, captando sua adesão ao voluntariado ou, no mínimo,

sua empatia pelo programa.

Não se deve, porém, minimizar a capacidade de realização do voluntariado empresarial da

C&A apenas em virtude desta característica da alocação do tempo dos funcionários. Em

primeiro lugar, é preciso ressaltar que no cenário de condições de vida das cidades

brasileiras onde a Empresa localiza suas lojas e, principalmente, de condições sócio-

econômicas do estrato social a que pertence a maioria dos funcionários convidados a

participar do programa, não seria de se esperar que as pessoas dispusessem de muitas horas

livres para dedicarem-se, sistematicamente, a uma atividade social.

Isto permite afirmar que dificilmente a empresa conseguiria o atual contingente de quase

1000 pessoas atuando em programas sociais se não cedesse parte do horário de trabalho de

cada um para desenvolver estas atividades.

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De fato, como já se observou nos estudos qualitativos da pesquisa Estratégias de Empresas

no Brasil: Atuação Social e Voluntariado, a disponibilidade de tempo é o fator crítico de

sucesso dos programas de voluntariado empresarial. As empresas dispõem de elevado

número de pessoas motivadas para colaborarem em ações sociais, mas se tiverem políticas e

práticas muito rígidas quanto à administração da jornada de trabalho dos funcionários

acabam criando uma situação de dissonância cognitiva, ao convidá-los à participação.

O que se observou, tanto na pesquisa como nos depoimentos dos funcionários da C&A é que

a satisfação advinda do trabalho voluntário leva a que, gradativamente, as pessoas

aumentem seu envolvimento e passem a dedicar, também, parte de seu tempo livre à

atividade. Esta margem de tempo é pequena e ainda não é oferecida pela maioria dos

voluntários ouvidos. Ao contrário, dois ex-voluntários alegaram terem abandonado a

atividade porque a disponibilidade de tempo próprio era nenhuma e o tempo cedido pelaEmpresa era objeto de críticas e comentários de colegas e supervisores. Entretanto, observa-

se uma tendência positiva de cederem seu próprio tempo livre, principalmente, entre aqueles

voluntários que já tinham experiência anterior em trabalho social e aqueles que encontraram

na proposta uma forma de realizarem sua vocação, ou mesmo de praticarem o tipo de

profissão para a qual tinham estudado.

De fato, estas duas características ocorreram com muita freqüência entre os componentes

dos 3 grupos que participaram dos workshops de associados voluntários. A primeira delas é

o número relativamente elevado, perto de 30% dos participantes, que já realizava algum tipo

de trabalho voluntário, de cunho social. Os mais freqüentes são os serviços organizados por

entidades religiosas para atenderem à população de baixa renda com atividades como

arrecadação e distribuição de alimentos a favelados, órfãos e vítimas de catástrofes; visitas e

festas em entidades que cuidam de crianças e idosos abandonados ou doentes graves e

deficientes; campanhas e atividades que propiciam arrecadação de recursos. Mesmo entre os

associados não-voluntários do Instituto foram encontrados 20% que relataram estar

realizando, ou já ter realizado este tipo de trabalho, o que confirma que a aptidão ou mesmo

a motivação das pessoas para este tipo de dedicação é bem mais elevada do que se possaestimar.

A segunda característica também merece análise: foi comum encontrar entre os voluntários

da C&A pessoas que se formaram ou estão estudando para carreiras de nível superior cujo

conteúdo guarda relação de semelhança com as atividades desenvolvidas pelo Instituto C&A,

como Serviço Social, Pedagogia, Magistério e Psicologia.

Devido às condições limitadoras do mercado de trabalho brasileiro, é alta a freqüência de

pessoas empregadas no comércio que se preparam para profissões liberais e não têm

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condições de desenvolver a carreira para a qual estudaram. Na maioria das empresas é

comum a tendência de que algumas destas pessoas assumam funções administrativas e de

supervisão e, no caso da C&A, não é de surpreender que muitas vislumbrem, no convite ao

voluntariado, uma oportunidade de empregar o conhecimento adquirido e realizar um

trabalho que traz mais satisfação do que a rotina diária.

INTEGRAÇÃO E COMUNICAÇÃO 

Uma constatação marcante no diagnóstico realizado refere-se a

dificuldades de comunicação interna entre os voluntários, especialmente

entre aqueles que atuam em áreas geográficas diferentes. Nos quatro

grupos de debates as pessoas manifestaram a necessidade deefetivamente conhecerem-se melhor. Os participantes da pesquisa que

compartilharam experiências anteriores em vários eventos e atividades

do programa de voluntariado destacavam estas oportunidades de se

integrarem como um dos fatores atraentes de ser voluntário.

A maioria dos participantes dos workshops considerou que a intensidade

de integração traz como benefícios:

§ que o voluntário leve para o ambiente de trabalho o clima de bom

relacionamento interpessoal que aprende a desenvolver nas atividadesque realiza como representante do Instituto C&A;

§ que os voluntários melhorem, ainda mais, o relacionamento entre si,

eventualmente estendendo-o para o campo de suas vidas pessoais;

§ que as atividades de voluntariado sejam aperfeiçoadas pela troca de

experiências e idéias entre pessoas que atuam em diferentes entidades

ou regiões.

ORGANIZAÇÃO E DIVULGAÇÃO DO PROGRAMA 

Os voluntários participantes nos grupos de discussão apresentaram razões difusas para

terem atendido o convite da Empresa: gostar de criança, fazer o bem ao próximo, buscar uma

fonte de realização pessoal e de satisfação com a vida, foram as alegações mais freqüentes.

Observou-se que as respostas mais objetivas provinham daqueles que já faziam ou vinham

procurando uma oportunidade de fazer um trabalho de cunho social, que citam a necessidade

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de realização desta aptidão pessoal, somada ao impulso ou à crença de que “todos temos

uma dívida social -seja a empresa, seja cada um de nós como cidadãos”.

Nenhum dos não-voluntários entrevistados fez afirmações opostas a

estas, até porque há na empresa um generalizado sentimento deaprovação da atuação social, mas alegam que o convite não os atraiu por

razões pessoais:

§ falta de tempo

§ filhos pequenos

§ estudo que toma todo tempo livre

§ reside muito longe

§ utiliza o tempo livre para realizar outras atividades remuneradas

§ não gosta de lidar com crianças

§ não tem ” jeito” para este tipo de trabalho

§ sabe fazer coisas que não são aproveitadas pelo Instituto

Ou ainda por razões que tem a ver com a própria proposta de

voluntariado da C&A:

§ O tipo de atuação/público-alvo escolhido pelo Instituto C&A como focode atuação é restritivo.

§ Preferia trabalhar com a profissionalização de jovens, para eles terem

condições de gerar a própria renda.

§ Não encara a ação como voluntária, uma vez que é realizada durante o

expediente.

Das sugestões de aperfeiçoamento ao programa algumas, de mais altafreqüência, unem as opiniões de voluntários e não-voluntários:

§ A necessidade de reforçar a cultura do “voluntário do voluntário”.

§ Maior ênfase e esclarecimento, sobretudo junto às lideranças e

chefias, da importância do papel social desempenhado pelo voluntário.

§ Ampliação do escopo do trabalho social para públicos hoje não

contemplados.

§ Maior organização das atividades do voluntariado.

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§ Aprimoramento da divulgação interna e externa do programa.

IMPACTOS GERADOS 

Um dos pontos mais ressaltados pelos voluntários é a satisfação que advém do trabalho

realizado, gerando uma energia que transborda para as demais facetas da vida de cada um.

Foram inúmeros os depoimentos que ressaltavam o sentir-se melhor consigo próprio, ou ter

melhorado suas relações familiares, ou ainda, ter transportado aspectos comportamentais

positivos -como alegria, tolerância, compreensão- para o âmbito das relações com colegas e

clientes.

Esta energia emocional é facilmente encontrável nos grupos de voluntários: mesmo naqueles

compostos por uma maioria que não se conhecia, observou-se que, em pouco minutos,estabelecia-se uma boa interação, o clima era cordial e as posturas cooperativas. Já no grupo

formados por não-voluntários predominava, o tempo todo, uma atmosfera de alienação em

relação às atividades e de baixa empatia recíproca entre os participantes.

Mas é na Festa do Prêmio Semente, quando uma porção significativa do grupo de voluntários

do Instituto C&A se reúne e as equipes têm seus projetos premiados, que é possível observar

a expressão máxima desta energia humana voltada para a consecução dos objetivos do

programa. Pode-se perceber, como já se verificara no entusiasmo dos participantes dos

workshops de voluntários, que a participação no programa satisfaz uma necessidade

recorrente de relacionamento interpessoal e de integração do trabalho com as expectativas

pessoais de realização, que é sempre encontrada no âmbito da organizações modernas.

Desta forma, ao propiciar a oportunidade de atuação social voluntária aos seus funcionários,

a C&A, ao mesmo tempo que concretiza seus objetivos de exercitar a responsabilidade

social, beneficia-se de uma série de resultados positivos, principalmente, na esfera da

gestão de pessoas. Destacam-se:

§ Os voluntários ampliam seu leque de competências pessoais e

profissionais, através das ofertas de capacitação componentes do

programa e da vivência de situações reais, nas quais desenvolvem

habilidades de relacionamento e comunicação interpessoal, de

participação em processos decisórios e negociais, de coordenação e

liderança no trabalho em equipe. Estes “skills” atualmente demandados

por, praticamente, todas as posições profissionais exigiriam onerosos e,

provavelmente não tão eficazes, programas formais de treinamento para

serem incorporados por este contingente de pessoas. E eles não serão

utilizados exclusivamente nas atividades voluntárias, porque uma vez

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absorvidos, passam a constituir um patrimônio de conhecimento que o

funcionário emprega, automaticamente, em seu desempenho profissional

e até na esfera de sua vida privada.

§ A oportunidade de treinamento e capacitação em técnicas deplanejamento, organização e avaliação, em contexto pedagógico mais

criativo e estimulante do que os cursinhos regulares.

§ A diversidade e o imprevisto do trabalho voluntário criam situações

para emergirem talentos e potencialidades não conhecidos pela empresa.

Ainda que o trabalho voluntário não seja um critério para identificar

pessoas com possibilidade de crescimento na carreira, estas informações

podem ser muito úteis para decisões no campo da administração de

recursos humanos da C&A.§ A satisfação pessoal gerada com a participação e o sentimento de

“pertencer a um grupo” possibilita que os voluntários criem laços mais

forte de identidade organizacional; e, tendam a ser cooperativos em

relação aos desafios de melhoria do clima e do ambiente de trabalho,

tanto em situações cotidianas, como em eventuais momentos de crise.

Destaque-se que estes aspectos positivos são metas colocadas pela maioria das

metodologias indicadas para aperfeiçoar as relações de trabalho e, normalmente, são

empregadas como indicadores para avaliar o grau de modernidade da gestão de recursos

humanos. Embora o programa não tenha sido criado com esta intenção, estes resultados são

inevitáveis e, provavelmente, deveriam ser trabalhados conjuntamente pelo Instituto e pela

área de administração de Recursos Humanos da C&A, para que não se desperdice sua

potencialidade, nem se crie alguma dissonância cognitiva junto aos associados.

Alguns voluntários apontaram a participação de Recursos Humanos como um dos fatores

definitivos para potencializar o programa.

Dentre os aspectos que do ponto de vista dos associados, necessitam reformulação houveum destaque para a necessidade de se visualizar os resultados efetivos do trabalho realizado.

Os voluntários reiteram que, muitas vezes, não percebem que as pessoas e entidades

beneficiárias do programa apresentaram alguma melhoria e isto é frustrante.

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SUMÁRIO EXECUTIVO

O estudo de caso do programa de voluntariado empresarial do Instituto C&A pode ser

sintetizado nos seguintes aspectos relevantes:

São elementos alavancadores do programa:

Ä pioneirismo

Ä abrangência funcional e regional

Ä reforça potencialidade interna

Ä cria e sedimenta o conceito de cidadania

Ä assegura perenidade da atuação social

Ä é estrategicamente focado

 

O programa contribui:

Ä imagem institucional de

responsabilidade social

Ä consistência de cultura organizacional:

cliente, associado e beneficiário sãocidadãos

Ä diferenciar-se no mercado e junto à

sociedade civil

 

ParaaC&A

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16

 

Ä desenvolvimento de habilidades e

talentos

Ä treinamento e capacitação

Ä melhoria da auto-estima e da

capacidade de relacionamento

Ä oportunidade de integração e

participação

Ä sentimento de reconhecimento

 

O programa pode ser aperfeiçoado no que tange a:

Ä Integração dos voluntários entre as unidades da C&A

Ä Organização/planejamento das atividades

Ä Difusão da ro osta do Instituto e do ue é ser voluntário

Ä Aproveitamento das sinergias entre a atuação do Instituto

C&A e Recursos Humanos da Empresa

Ä Visibilidade interna e externa à ação do voluntariado

Ä Gerenciamento do tempo disponível, tendo chefias e lideranças

como facilitadores

Ä Avaliação de resultados.

ASPECTOS DO PROGRAMA A SEREM APERFEIÇOADOS 

Para

asso-cia-dos-volun

-tário

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17

 

RECOMENDAÇÕES PARA FORTALECIMENTODO PROGRAMA

ÄIntensificar a divulgação dos programas do Instituto C&A e

seus resultados interna e externamente, entre as-

sociados voluntários e não-voluntários

ÄIntensificar o planejamento e organização das atividades

do voluntariado

ÄCriar formas de rodízio que permitam ampliar o número devoluntários e evitar roblemas na rotina de trabalho

ÄDifundir amplamente na Empresa o conceito de voluntaria-

do

Ä Promover com maior fre üência atividades de inte ra-

ção e intercâmbio de experiências

Ä Ampliar e diversificar a proposta do Prêmio Semente como

meio de reconhecimento e mobilização

ÄCriar indicadores que avaliem, junto aos beneficiários, os

resultados das atividades dos voluntários do Instituto C&A

e os impactos obtidos