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ESTUDOS BIBLIOGRÁFICOS SOBRE O TEMA NÜSSEL, Friederike; SATTLER, Dorothea. Einführung in die ökumenische Theologie. Darmstadt: WBG, 2008. Com três palavras definem a estrutura do livro: caminho, temas e metas. Caminho serve de metáfora para a existência humana e vale também para o ecumenismo. Pessoas de diferentes procedências movem-se para uma meta e quando elas partilham mútua e confiadamente suas convicções, cria-se entre elas um companheirismo de caminho. Não se faz ecumenismo sem reflexão sobre a própria confissão. Exige disponibilidade para testemunhar com autenticidade a própria fé e empatia na percepção dos fundamentos das outras confissões e a aceitação das diferenças remanescentes. A segunda parte do livro ocupa espaço maior. Aborda a questão de temas teológicos vistos a partir da aproximação ecumênica. Trata-se dos grandes temas da teologia: Escritura e Tradição, Graça e Doutrina da Justificação, Ética individual e social, Teologia dos Sacramentos, Doutrina sobre os Ministérios. Eclesiologia. Conhecem-se bem as divergências que existem nesses campos teológicos entre as diferentes confissões cristãs católica, ortodoxa e protestante. Um quinto grupo temático se relaciona com os ministérios. Aqui estão os problemas mais controvertidos e espinhosos. Eles começam já na compreensão unitária dos ministérios e serviços. Existe também a tensão entre o sacerdócio comum dos fieis e o ministério ordenado. A doutrina de Lutero e dos Reformados sobre o ministério e a posição católica até o ensinamento do Concílio Vaticano II merecem breve consideração. A origem e a diferenciação dos ministérios na tríplice forma, na tradição luterana, na confissão dos ministérios se põem como real problema ecumênico. As teorias da delegação ou da instituição divergem. Outro ponto difícil tratado diz respeito ao ministério episcopal à sucessão apostólica com diferentes compreensões. Abordam a ordenação, como sacramento, conferido pela imposição da mão e pela oração, o seu caráter indelével, a falta de sacerdotes e o celibato para o mundo católico. Pomo de discórdia é a ordenação das mulheres. A Igreja católica e a ortodoxa rejeitam terminantemente enquanto outras igrejas cristãs a realizam. Last but not least o livro trata da crux do ecumenismo: o ministério petrino. E o tema dos ministérios se encerra com a indicação de tarefas e objetivos na explicitação da compreensão e prática dos ministérios por parte das tradições cristãs. O último bloco temático gera em torno da eclesiologia. Questão em íntima articulação com a anterior. De novo, um passeio pelo Novo Testamento mostra diferentes interpretações possíveis da compreensão da Igreja. Em seguida, as autoras percorrem as afirmações fundamentais da confissão da Igreja, começando pelo Concílio de Constantinopla (a. 381). Quanto aos

Estudos Bibliograficos Sobre o Tema

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ESTUDOS BIBLIOGRFICOS SOBRE O TEMANSSEL, Friederike; SATTLER, Dorothea. Einfhrung in die kumenische Theologie. Darmstadt: WBG, 2008.

Com trs palavras definem a estrutura do livro: caminho, temas e metas. Caminho serve de metfora para a existncia humana e vale tambm para o ecumenismo. Pessoas de diferentes procedncias movem-se para uma meta e quando elas partilham mtua e confiadamente suas convices, cria-se entre elas um companheirismo de caminho. No se faz ecumenismo sem reflexo sobre a prpria confisso. Exige disponibilidade para testemunhar com autenticidade a prpria f e empatia na percepo dos fundamentos das outras confisses e a aceitao das diferenas remanescentes.A segunda parte do livro ocupa espao maior. Aborda a questo de temas teolgicos vistos a partir da aproximao ecumnica. Trata-se dos grandes temas da teologia: Escritura e Tradio, Graa e Doutrina da Justificao, tica individual e social, Teologia dos Sacramentos, Doutrina sobre os Ministrios. Eclesiologia. Conhecem-se bem as divergncias que existem nesses campos teolgicos entre as diferentes confisses crists catlica, ortodoxa e protestante.

Um quinto grupo temtico se relaciona com os ministrios. Aqui esto os problemas mais controvertidos e espinhosos. Eles comeam j na compreenso unitria dos ministrios e servios. Existe tambm a tenso entre o sacerdcio comum dos fieis e o ministrio ordenado. A doutrina de Lutero e dos Reformados sobre o ministrio e a posio catlica at o ensinamento do Conclio Vaticano II merecem breve considerao. A origem e a diferenciao dos ministrios na trplice forma, na tradio luterana, na confisso dos ministrios se pem como real problema ecumnico. As teorias da delegao ou da instituio divergem. Outro ponto difcil tratado diz respeito ao ministrio episcopal sucesso apostlica com diferentes compreenses. Abordam a ordenao, como sacramento, conferido pela imposio da mo e pela orao, o seu carter indelvel, a falta de sacerdotes e o celibato para o mundo catlico. Pomo de discrdia a ordenao das mulheres. A Igreja catlica e a ortodoxa rejeitam terminantemente enquanto outras igrejas crists a realizam. Last but not least o livro trata da crux do ecumenismo: o ministrio petrino. E o tema dos ministrios se encerra com a indicao de tarefas e objetivos na explicitao da compreenso e prtica dos ministrios por parte das tradies crists.O ltimo bloco temtico gera em torno da eclesiologia. Questo em ntima articulao com a anterior. De novo, um passeio pelo Novo Testamento mostra diferentes interpretaes possveis da compreenso da Igreja. Em seguida, as autoras percorrem as afirmaes fundamentais da confisso da Igreja, comeando pelo Conclio de Constantinopla (a. 381). Quanto aos atributos essenciais da Igreja, existem grandes diferenas nas Igrejas. Elas revisitam vrios textos eclesiolgicos importantes: Texto elaborado na V Reunio Geral de Faith and Order (1993: Santiago de Compostela), The Nature and the Mission of the Church (2005), Die Kirche Jesu Christi da Comunidade das Igrejas Evanglicas da Europa. Outras questes eclesiolgicas abordadas so a Igreja como comunidade dos santos, a Igreja como Sinal e Instrumento da salvao, a Igreja visvel e invisvel, as caractersticas da Igreja, a Igreja local e universal e a situao da atual compreenso de ecumenismo.Uma terceira parte bem mais breve trata das metas da teologia ecumnica. Antes de tudo, est diante do ecumenismo a forma de unidade das Igrejas a ser construda. Existem muitos modelos. Por isso, faz-se mister proceder a esclarecimentos fundamentais sobre o conceito de unidade. Os anglicanos trabalharam-no Lambeth Quadrilateral e apontam quatro elementos para a unidade: a Escritura, a confisso de f da Igreja antiga, os sacramentos do batismo e da Ceia/Eucaristia, (o histrico) ministrio episcopal. H os estudos Unidade diante de ns da comisso comum romano-catlica e evanglico-luterana. H modelos parciais e amplos de unidade. O texto j citado The Nature and the Mission of the Church tambm trata de tal questo. Existem diferenas nesses diversos modelos de unidade. No fundo, esto em jogo a unidade e a pluralidade.

Ao concluir a obra, as autoras apontam metas intermdias. Para tanto, estudam a Charta Oecumenica de Estrasburgo (2001), assinada por representantes da Conferncia Eclesial Europeia e do Conselho da Conferncia Episcopal, que oferece linhas diretivas. E outras iniciativas se fizeram acontecer para avanar no dilogo ecumnico. Entra em questo a cooperao ecumnica no ensino religioso nas escolas na sua reivindicao legal. Tornou-se tambm entre ns problema muito agudo e discutido. E finalmente, est a dimenso missionria e o servio espiritual no ecumenismo num contexto em que grupos pentecostais e neopentecostais crescem. Que significa misso nessa conjuntura? Vai na direo do seguimento de Jesus e no numa pretenso de poder religioso que se impe. As autoras falam da Alemanha como territrio de misso. No Brasil, Aparecida de preocupou com a evaso de catlicos para denominaes evanglicas de trao pentecostal. No fundo, est uma confiana fundamental da mensagem de justificao do evangelho.Estamos diante de um texto que serve de excelente manual de teologia ecumnica, to escasso no mercado teolgico. Texto claro, didtico, positivo, contundente. Aborda com amplido os problemas. Material rico. Em termos de Brasil, necessitaria de uma adaptao. Reflete em termos de documentos, de experincias, de propostas a realidade alem e, no mximo, europeia. No entanto, o leitor teolgico adestrado tem condies de operar a transposio da margem alem para as nossas, evitando simples cpia. Facilita altamente a leitura e a inteleco do livro o recurso didtico de apor junto aos pargrafos pequenos verbetes que lhe indicam a ideia principal.