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Estudos de Caso de Memórias de Vidas Passadas James G. MATLOCK Traduzido por Vitor Moura Visoni em 30/11/2006 1. Preliminares Embora a parapsicologia tradicionalmente tivesse se ocupado com a questão de se algum aspecto do ser humano sobrevive à morte do corpo, a pesquisa sobre reencarnação, como uma forma que a sobrevivência pode tomar, é um desenvolvimento comparativamente recente. Myers, aparentemente ignorante de um caso importante (Hearn, 1897) que tinha sido publicado na época que ele escreveu, concluiu em 1903 que “para a reencarnação não há no momento nenhuma evidência válida” (v. 2, p. 134). Esta situação começou a mudar só em 1960 com o surgimento do artigo de Ian Stevenson, “A Evidência para Sobrevivência de Alegadas Memórias de Encarnações Anteriores”, no Journal of the American Society for Psychical Research [Jornal da Sociedade Americana para Pesquisa Psíquica]. Na primeira parte desse artigo, Stevenson (1960a) revisou casos de alegações de memórias de vidas passadas e relatou tendo achado 44 em que a pessoa descrita como a encarnação anterior havia sido investigada e identificada. Na segunda parte do artigo (Stevenson, 1960b) considerou possíveis interpretações dos casos e fez sugestões para mais pesquisas, sugestões que ele próprio então buscou executar. Após a recepção de uma concessão da Parapsychology Foundation [Fundação de Parapsicologia], Stevenson foi à Índia e Ceilão (agora Sri Lanka) em sua primeira viagem de campo. Pela época em que ele publicou sua primeira coleção de relatórios de caso (Stevenson, 1966b), já tinha registros de mais de 600 casos em seus arquivos. A partir de 1988 (ver Stevenson & Samararatne, 1988), tinha ao redor de 2.500. Na época em que Stevenson publicou sua revisão da literatura em 1960, casos de memórias de vidas passadas eram pouco conhecidos, e os escritores sobre reencarnação tipicamente estavam em dificuldades para explicar por que vidas anteriores não eram lembradas. Desde a revisão de Stevenson, várias pessoas de várias esferas — parapsicologia, antropologia, configurando pesquisa paranormal — publicaram casos de memórias de vidas passadas. O padrão das análises de grandes números de casos inéditos também foi informado. Recentemente estudos orientados por processos começaram a aparecer. Entretanto a pesquisa gerou sua parcela de críticas e tentativas de interpretação ao longo de linhas alternativas, a maioria das quais não foi adequadamente dirigida.

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Estudos de Caso de Memórias de Vidas Passadas

James G. MATLOCK

Traduzido por Vitor Moura Visoni em 30/11/2006

1. Preliminares

Embora a parapsicologia tradicionalmente tivesse se ocupado com a questão de se algum aspecto do ser humano sobrevive à morte do corpo, a pesquisa sobre reencarnação, como uma forma que a sobrevivência pode tomar, é um

desenvolvimento comparativamente recente. Myers, aparentemente ignorante de um caso importante (Hearn, 1897) que tinha sido publicado na época que ele

escreveu, concluiu em 1903 que “para a reencarnação não há no momento nenhuma evidência válida” (v. 2, p. 134). Esta situação começou a mudar só em 1960 com o surgimento do artigo de Ian Stevenson, “A Evidência para

Sobrevivência de Alegadas Memórias de Encarnações Anteriores”, no Journal of the American Society for Psychical Research [Jornal da Sociedade Americana

para Pesquisa Psíquica].

Na primeira parte desse artigo, Stevenson (1960a) revisou casos de alegações

de memórias de vidas passadas e relatou tendo achado 44 em que a pessoa descrita como a encarnação anterior havia sido investigada e identificada. Na segunda parte do artigo (Stevenson, 1960b) considerou possíveis interpretações

dos casos e fez sugestões para mais pesquisas, sugestões que ele próprio então buscou executar. Após a recepção de uma concessão da Parapsychology

Foundation [Fundação de Parapsicologia], Stevenson foi à Índia e Ceilão (agora Sri Lanka) em sua primeira viagem de campo. Pela época em que ele publicou sua primeira coleção de relatórios de caso (Stevenson, 1966b), já tinha registros

de mais de 600 casos em seus arquivos. A partir de 1988 (ver Stevenson & Samararatne, 1988), tinha ao redor de 2.500.

Na época em que Stevenson publicou sua revisão da literatura em 1960, casos de memórias de vidas passadas eram pouco conhecidos, e os escritores sobre

reencarnação tipicamente estavam em dificuldades para explicar por que vidas anteriores não eram lembradas. Desde a revisão de Stevenson, várias pessoas de várias esferas — parapsicologia, antropologia, configurando pesquisa

paranormal — publicaram casos de memórias de vidas passadas. O padrão das análises de grandes números de casos inéditos também foi informado.

Recentemente estudos orientados por processos começaram a aparecer. Entretanto a pesquisa gerou sua parcela de críticas e tentativas de interpretação

ao longo de linhas alternativas, a maioria das quais não foi adequadamente dirigida.

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1.1. Planejamento do Capítulo

Este capítulo revisa estudos de casos espontâneos de memórias de vida passadas, a maioria dos quais envolvem jovens crianças. Termos e conceitos chave são introduzidos na Seção 1.2. Um caso espontâneo típico é resumido na

Seção 1.3 e outros casos do tipo reencarnação (p.ex., regressões de idade hipnóticas e “leituras de vidas passadas” de sensitivos) são considerados na

Seção 1.4. A Seção 2 descreve métodos usados para investigar casos espontâneos de memórias de vidas passadas e discute suas características principais, enfatizando aquelas que aparecem em comum entre as culturas. A

Seção 3 se dirige à análise de padrões e está relacionada particularmente com a variação cultural. A Seção 4 traz comentários sobre a pesquisa, considerando

críticas especialmente metodológicas e interpretações do material dos casos alternativas à reencarnação. As seções 2, 3, e 4 concluem com discussões da sustentação dos resultados dessa Seção nas duas linhas principais de

interpretação — reencarnação e fantasia culturalmente condicionada. A Seção 5 avalia o estado atual de pesquisa com casos de memórias de vidas passadas e

faz sugestões para mais pesquisa.

1.2 Conceitos e Termos Provavelmente todos os leitores têm algum entendimento de que seja a

reencarnação: É a transferência de algo (consciência? personalidade? a alma?) de um corpo físico a outro, depois da morte do primeiro corpo e antes do

nascimento do segundo. Mas — à parte dificuldades filosóficas — esta definição aparentemente geral torna-se cada vez menos satisfatória quando examinada mais de perto.

A definição se aproxima bastante da crença Hindu, mas os budistas asseguram que a alma é um produto da imaginação humana, e assim é incapaz de se mover

de um corpo a outro.

Para o budista, uma nova personalidade é o resultado de um acender de

propriedades cármicas. O Hinduismo e o Budismo compartilham o conceito de carma, mas a maioria dos outros sistemas de crença passa ao largo disto. Entre

as pessoas de outras fés achamos a crença que a reencarnação pode ocorrer depois do nascimento do novo corpo, ou a crença que pode ocorrer em mais de um corpo de cada vez. Algumas pessoas acreditam que todos reencarnam,

algumas restringem o processo à elite, outras às pessoas que morrem jovens. Algumas pessoas acreditam que o ser humano só renasce em formas não

humanas, outras meramente permitem que isto ocorra, enquanto ainda outras negam sua possibilidade (Besterman, 1968; Hall, 1956; Parrinder, 1957; Somersan, 1981).

Dada a diversidade de crenças sobre a reencarnação, pareceria melhor que nossa definição do conceito fosse guiada por dados empíricos ao invés de idéias

religiosas ou filosóficas.

Só um exame cuidadoso da evidência pode indicar se a reencarnação ocorre; e

se ocorre, como ocorre. Mas se formos deixar que nosso conceito seja definido

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pela evidência, não podemos defini-lo antes de termos examinado a evidência; e portanto não podemos usar o conceito (em qualquer sentido preciso, ao menos)

no curso de nosso inquérito.

Por estas razões, faríamos bem em escolher um novo termo para o que

Stevenson e seus colegas chamam “casos do tipo reencarnação”. Pela frase “tipo de reencarnação”, sem dúvida alguma Stevenson quer evitar supor que os casos são fruto de reencarnação; mas um termo mais neutro, um que evite a palavra

“reencarnação”, provavelmente serviria melhor ao propósito. Caso de memória de vida passada é mais descritivo e ao mesmo tempo menos emotivamente

carregado.

Um caso de memória de vida passada envolve ao menos duas pessoas: o

indivíduo, que fala da vida prévia, e a pessoa sobre quem o indivíduo fala. Stevenson se refere ao último como a “personalidade prévia”, mas ele ou ela serão chamados de a pessoa prévia aqui. As pessoas e as personalidades não

são de jeito nenhum as mesmas coisas. As pessoas sobre quem os indivíduos falam são muito mais que personalidades, e as chamar de personalidades é

certamente turvá-las e talvez iludir o leitor na crença de que somente as personalidades podem reencarnar.

Em alguns casos os indivíduos fornecem informações suficientes para permitir que a pessoa prévia seja investigada e identificada, enquanto em outros não.

Segundo Stevenson, casos em que foi possível identificar a pessoa prévia serão chamado casos resolvidos e os que a identificação está ausente não resolvidos. Os indivíduos de casos de memórias de vidas passadas podem ser de qualquer

idade, mas por conveniência eles serão classificados ou como crianças ou como adultos. Os casos de crianças designarão os indivíduos com 15 anos de idade ou

menos, e casos de adultos indivíduos acima de 15 anos. A escolha desta idade como a linha divisória entre casos infantis e adultos não é arbitrária. Quinze é a idade pela qual a transição de casos desde a forma infantil até a adulta, que

começa aproximadamente aos 4 anos, está completa (ver Seção 2.4).

Stevenson concentrou seus esforços em casos de crianças, e mais

especificamente em casos espontâneos de crianças. Casos espontâneos de memórias de vidas passadas são aqueles em que a memória emergiu

naturalmente, em contraste com os casos em que as memórias foram induzidas (p.ex., sob hipnose) ou em que eles foram informados por outros (p.ex., psíquicos ou médiuns). O termo “espontâneo” é usado aqui como comumente é

usado em parapsicologia; memórias espontâneas de vida passadas assemelham-se ao que psicólogos chamam memórias involuntárias (ver Neisser, 1982; Rubin,

1986). Embora não usemos a de palavra “reencarnação” no nome para os casos sob

discussão, não podemos evitar de lidar com o fato que eles sugerem este processo. De fato, de muitas formas a reencarnação (no sentido geral da

definição dada acima) parece ser a interpretação mais satisfatória dos casos. É a interpretação mais clara, e a interpretação, como veremos, que mais facilmente faz sentido a partir dos dados. Isto necessariamente não quer dizer que é a

interpretação que devemos acabar por favorecer, e ainda que acabemos por favorecê-la, provavelmente teremos que ajustar a definição para se encaixar nos

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dados. Nesse ínterim, no entanto, necessitamos de uma hipótese de trabalho e um rótulo para ela, e por conveniência podemos chamar esta a hipótese de reencarnação.

As várias interpretações alternativas de casos de memórias de vidas passadas à reencarnação (à exceção de fraude) vão todas em direção à idéia que o indivíduo fantasia.

Em sua forma mais sofisticada, a hipótese de fantasia combina a capacidade de

PES da parte do indivíduo com amnésia da fonte (criptomnésia), distorções de memória (paramnésia), e condicionamento cultural. A hipótese de fantasia é a

mais associada com Chari (1962b, 1967, 1986), embora uma versão dela seja bem articulada por Brody (1979a, 1979b), e quase cada escritor crítico do

trabalho de Stevenson recorreu a ele em uma forma ou outra (ver Seção 4). Como a hipótese de reencarnação, a hipótese de fantasia é somente um rótulo

conveniente para uma categoria conceitual. Para decidirmos que a hipótese de fantasia é mais apropriada que a hipótese de reencarnação como uma

interpretação dos casos espontâneos de memórias de vidas passadas, teremos que explicar mais precisamente o que é que queremos dizer por ela e como acreditamos que opera.

1.3. Sinopse de um Caso Típico: O Caso de Ravi Shankar

O caso de Ravi Shankar é um dos sete casos indianos típicos incluídos por Stevenson (1966b, 1974c) em sua primeira coleção de relatórios de casos, Vinte

Casos Sugestivos de Reencarnação.

Ravi Shankar nasceu com uma marca longa, pontilhada, através do seu pescoço.

Quando tinha entre dois e três anos começou a falar sobre uma vida prévia durante a qual disse que tinha morrido depois de ter sua garganta cortada. Relacionou sua marca de nascimento ao assassinato que ele disse que ter

sofrido. Com o passar dos próximos poucos anos, ele falou frequentemente da sua vida e morte prévia à sua família, a vizinhos, e a um professor.

Contou-lhes que era o filho de Jageshwar, um barbeiro, que viveu no Distrito de Chhipatti de Kanauj, o povoado em que ele também viveu. Deu os nomes dos

assassinos e identificou um como um tintureiro e o outro como um barbeiro. Disse que ele foi atraído para fora de seu lar por um convite para jogar um jogo chamado Geri e foi levado a uma margem perto do Templo de Chintamini, onde

os assassinos cortaram o seu pescoço e o enterraram na areia.

Ravi Shankar disse ter ido à escola primária do Distrito de Chhipatti e

perguntado pelos brinquedos que afirmou ter possuído na sua vida prévia. Estes incluíam uma lousa de madeira, uma sacola para livros, um tinteiro, e uma

pistola de brinquedo, assim como um elefante de madeira, um brinquedo do Senhor Krishna, uma bola unida a um barbante elástico, um relógio, e um anel dado a ele pelo seu pai, o último estando na sua escrivaninha. O rapaz pareceu

identificar-se plenamente com a pessoa que ele alegou ter sido. Ele

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repetidamente pedia “seus” brinquedos e se queixava que a casa em que ele vivia não era a “sua” casa. Ao menos uma vez, quando repreendido, correu para

fora da casa, dizendo que iria a seu lar anterior. Quando aconteceu dele encontrar-se com um dos homens que ele disse tê-lo assassinado, reconheceu-o como tal e, de acordo com sua mãe, mostrou um temor extremo dele.

Depois de um tempo as declarações de Ravi Shankar sobre a vida prévia chegaram ao conhecimento de Jageshwar Prasad do Distrito de Chhipatti.

Jageshwar Prasad tinha perdido seu filho de quatro anos chamado Munna da maneira e sob as circunstâncias descritas por Ravi Shankar, seis meses antes de

Ravi Shankar ter nascido. Os suspeitos no caso tinham sido os dois homens que Ravi Shankar tinha nomeado. Um destes homens, aliás, tinha confessado o crime, mas subsequentemente desfez sua confissão, e, não havendo nenhuma

testemunha, os dois homens foram soltos.

Estes homens eram conhecidos de Munna, que frequentemente tinha jogado Geri

com eles. Um dos suspeitos assassinos era um parente de Jageshwar Prasad, e o motivo para o assassinato evidentemente tinha sido a esperança de limpar o

caminho para conseguir a herança dele. Jageshwar Prasad visitou o lar de Ravi Shankar para saber mais sobre o caso, mas seu pai recusou-se a falar com ele. Depois Jageshwar Prasad conseguiu através de sua mãe encontrar o próprio Ravi

Shankar, e nesta reunião o rapaz reconheceu-o como “seu” pai. Ravi Shankar deu uma descrição do assassinato para Jageshwar Prasad que correspondia

bastante com o que ele tinha sido capaz de saber sobre isto e lhe contou de outros acontecimentos na vida de Munna. Jageshwar Prasad então esperava reabrir a investigação do assassinato, mas foi incapaz de conseguir isto. O pai de Ravi Shankar, entretanto, aparentemente temendo que seu filho seria tomado dele, tornou-se muito contrário à sua conversa sobre a vida prévia.

Começou a bater severamente em Ravi Shankar para dissuadi-lo de continuar com isto e enviou-o para fora do povoado por um ano inteiro. Ele também

discutiu insistentemente com seus vizinhos para que todos se esquecessem das alegações de Ravi Shankar. Prosperou em fazer com que seu filho tivesse medo de falar sobre a vida prévia, embora Ravi continuasse a fazê-lo muito

ocasionalmente, especialmente com seu professor. O professor registrou algumas das declarações do rapaz numa carta ao filósofo indiano B. L. Atreya,

iniciando assim a investigação do caso.

Este caso é típico de casos passados espontâneos de memória de vida. Ocorreu

na Índia, um país em que crença em reencarnação é comum. As famílias do indivíduo e da pessoa prévia viveram no mesmo povoado e tinha tido algum contato menor antes do caso desenvolvido.

Ravi Shankar começou a falar sobre a vida prévia entre as idades de dois e três

anos. Fez um número de declarações verídicas sobre esta vida e reconheceu pessoas e lugares associados com ele. Exibiu uma identificação forte com a pessoa que ele alegou ter sido e possuía uma marca de nascimento que

assemelhava-se bastante com o ferimento mortal sofrido por esta pessoa. Estas e outras características comuns dos casos de memória de vidas passadas

de recebem uma discussão mais detalhada na Seção 2.3.

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1.4. Outros Tipos de Casos de Memórias de Vidas Passadas

Porque quase toda a pesquisa séria sobre reencarnação foi feita com casos espontâneos do tipo descrito, a maior parte deste capítulo estará relacionada com tais casos. Dois outros tipos de casos importantes — memórias de vidas

passadas induzidas sob hipnose e “leituras de vidas passadas” por psíquicos ou médiuns — são consideradas nesta Seção.

Regressão hipnótica a vidas passadas é sem dúvida o caso mais conhecido do tipo de reencarnação hoje, ao menos fora da parapsicologia, e reuniu

comentários consideráveis.

Gauld (1982), Stevenson (1987a), e Irwin (1989) consideram os casos de

regressão brevemente. Maiores discussões aparecem em Venn (1986) e em livros semi-populares por Rogo (1985) e Wilson (1982). Zusne e Jones (1982) tratam o material como psicólogos e de Artega (1983) ataca ele como um

ministro metodista. Hick (1976) e Moore (1981) aproximam-se do ponto de vista filosófico, embora Hick também tenha um viés cristão.

Harris (1986a, 1986b), Hines (1988), e Edwards (1986a, 1986b, 1987a, 1987b) fornecem a perspectiva cética.

Quando se chega a uma avaliação do material hipnótico, os parapsicólogos e céticos — por uma vez ao menos — estão bem próximos de um acordo. Não apenas existem muito poucos casos resolvidos de regressão informados (e todos

em fontes populares com a exceção de um), mas eles são apenas ocasionalmente verídicos em qualquer sentido. Os proponentes da técnica de

regressão frequentemente apontam à natureza altamente dramática de tais casos como indicando reencarnação na ausência de apoio evidencial, mas eles

não podem contar com as inexatidões demonstráveis em muitos casos (ver Haynes, 1981; Hines, 1988; Venn, 1986). Nem podem ter muito a dizer quando os casos de regressão são investigados e descobertos serem memórias

inconscientes (criptomnésia) de livros ou outras fontes (Hines, 1988; Kampman & Hirvenoja, 1978; Wilson, 1982).

A técnica de regressão de idade encontrou algum êxito em psicoterapia, o número de médicos tendo crescido ao ponto de formar uma Associação para

Pesquisa e Terapia de Vidas Passadas com um jornal afiliado, the Journal of Regression Therapy [o Jornal da Terapia de Regressão]. Curas notáveis frequentemente são alegadas, mas raramente por estudos de longo prazo (um

livro publicado por Weiss em 1988 mostra uma exceção rara), nem há estudos com grupos formais de controle. Mesmo que a terapia de vidas passadas pudesse

ser demonstrada ser uma abordagem clínica eficiente, no entanto, sofre dos mesmos problemas evidenciais como a regressão de idade hipnótica em geral, e seu valor para os estudos de casos de memórias de vidas passadas seriam

mínimos.

Dos casos de regressão hipnótica, o mais interessante do ponto de vista

parapsicológico são os que envolvem xenoglossia responsiva, a pretensa capacidade de conversar numa linguagem não aprendido na vida presente (para

xenoglossia em casos espontâneos, ver a Seção 2.5.2). As notáveis semelhanças

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na forma entre os dois melhores casos informados deste tipo (Stevenson, 1974d, 1984b; ver Stevenson, 1984b, p. 64) e entre os casos de regressão em geral

sugerem que podem representar um fenômeno genuíno (mas cf. Thomason, 1987). Porque ambos os casos são não resolvidos, no entanto, eles fornecem mais evidência para sobrevivência em geral do que fazem para sobrevivência na

forma particular de reencarnação.

A literatura sobre hipnose e memória (Pettinati, 1988) e regressão de idade

(Klemperer, 1968; Reiff & Scheerer, 1959) não nos deixa otimistas sobre a possibilidade que os indivíduos realmente se lembrem de vidas prévias durante a

regressão, deixando as considerações levantadas acima de lado. Não obstante, é possível que os casos de regressão mereçam uma pesquisa maior do que tem recebido até então.

N.T : A psicanalista Linda Tarazi publicou em outubro de 1990 o artigo “An unusual case of hypnotic regression with some unexplained contents”[Um

caso incomum de regressão hipnótica com algumas afirmações inexplicadas] no Journal of the American Society for Psychical Research;

Vol 84(4) 309-344, referente a um caso de regressão hipnótica estudado por ela que inclui uma quantidade simplesmente assombrosa de elementos históricos que foram verificados, de dificílimo conhecimento mesmo para

especialistas da área.Trata-se de um caso que se desenvolveu nos anos 70 e 80 do século XX. A psicanalista estava tratando de uma mulher que

alegava ter começado a relembrar uma vida no século XVI. As lembranças começaram após algumas sessões hipnóticas de regressão, e passaram posteriormente a se tornar um problema, o que levou a paciente a buscar

tratamento. A psicanalista acreditava que as lembranças eram inverídicas, e ao investigar começou a perceber mais e mais que o que estava se

passando era justamente o contrário: a paciente estava fornecendo relatos históricos de alta qualidade e precisão.

Crasilneck e Hall (1985, p. 303) notam que a maioria das memórias significativas recuperadas em regressões hipnóticas normais (a períodos anteriores à vida presente) parecem ser memórias reais, e regressões ocasionais a vidas prévias

contém uma quantidade clara de informação verídica (ver Ducasse, 1961, no caso de Bridey Murphy, largamente — mas falsamente — acreditado ter sido

desmascarado com êxito).

Os casos de regressão também podem estar de acordo em geral um com o outro

e com fontes históricas sobre detalhes domésticos e triviais (Wambach, 1978; mas cf. Spanos, 1987-1988), e raros casos são resolvidos. Um dos 44 casos originais de Stevenson era um caso de regressão (Stevenson, 1960b). Gauld

(1982, p. 169) comenta sobre a tendência para os detalhes dados em casos de regressão como forma de verificar as informações enquanto que o nome da

pessoa prévia não é dado. Concebivelmente alguns casos contêm informação derivada de forma paranormal, enterrada numa narrativa imaginária (cf. Cook, Pasricha, Samararatne, Win Maung, & Stevenson, 1983a, relativamente a casos espontâneos).

A regressão não cumpriu sua promessa (ver Stevenson, 1960b) de fornecer um

meio experimental de testar a hipótese de reencarnação. Stevenson tentou usar

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a técnica de regressão com algumas crianças que alegam memórias espontâneas de vidas passadas, mas foi incapaz de extrair qualquer nova informação por este

meio. Não obstante (Stevenson, 1987a), propõe que as experiências de regressão com crianças jovens sejam continuadas.

As memórias das crianças de uma vida prévia podem jazer mais próximas à superfície da consciência que a de adultos, e portanto é mais fácil recobrar. Além do mais, desde que crianças tiveram menos experiências que adultos, quaisquer

memórias de vidas prévias teriam um perigo menor de ficar contaminadas com memórias da vida presente. Leituras de vidas passadas, tais como as dadas por

Edgar Cayce (Cerminara, 1950), são mesmo de interesse menor para a parapsicologia, e há menos literatura séria envolvendo isto. Gauld (1982) e Irwin (1989) escolhem não tratar deste material. Stevenson (1987a) menciona-o em

resumo, mas há uma pesquisa maior por Rogo (1985) e Wilson (1982).

Ter memórias de uma vida prévia por si e ter alguém que lhe conte que viveu

esta vida claramente não são a mesma coisa. Somente por esta razão, as leituras de vidas passadas são inferiores a casos espontâneos e de regressão

hipnótica. As leituras normalmente também são muito vagas, e quando dados verificáveis são fornecidos, como tão frequentemente acontece com casos de regressão, eles simplesmente não batem.

Uma variação interessante das leituras de vidas passadas ocorre quando comunicadores mediúnicos alegam ter conhecido seus médiuns em vidas prévias.

Um destes é o caso de xenoglossia responsiva de Rosemary (Hulme & Wood, 1937). Outro é o Soul of Nyria [Alma de Nyria] (Campbell-Praed, 1931). Um

exemplo mais recente ocorre no complexo relatório de reencarnação de grupo dado a nós por Guirdham (1970, 1974). Estes casos mediúnicos são interessantes, mas desde que os próprios médiuns (com a exceção de alguns de

Guirdham) não alegam ter lembrado de vidas prévias, eles não serão mais considerados aqui. As alegações de reencarnação revelam-se ocasionalmente em outros lugares. Stevenson (1972) e Lawden (1979) relataram casos de poltergeist com alegadas

conexões de reencarnação entre um agente aparentemente morto e um indivíduo vivo em foco. No caso de Stevenson o agente afirmou ter sido casado com o indivíduo em questão e foi desertado por ele na sua vida prévia. No caso

de Lawden a pessoa em foco foi interrogada depois que ela caiu num transe espontâneo e informou a sensação de que ela vivia na França no século anterior,

numa existência em que ela tinha conhecido o agente. O caso de Stevenson não envolve uma alegação por um indivíduo que se lembre de uma vida prévia, e então não será mais discutido, mas o caso de Lawden assemelha-se a outros

casos adultos espontâneos (o indivíduo tinha 17 anos). Veremos este caso outra vez na Seção 2.4. Se nossa consideração de casos espontâneos nos levar a

concluir que a reencarnação de fato pode ocorrer, podemos querer revisar a nossa avaliação das maiores evidências dos casos de leituras de vidas passadas e de regressão hipnótica à extensão de admitir que alguma informação contida

neles pode derivar de experiências em vidas prévias. Mas não devemos esperar ir além disto. No máximo tais casos podem fornecer exemplos de informações lembradas de uma vida prévia composta por processos extra-sensoriais ou outros processos inconscientes e trabalhados pela imaginação.

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2. Estudos de Casos Espontâneos

Esta Seção começa com uma revisão de literatura de estudos de casos

espontâneos de memórias de vidas passadas, com uma ênfase em casos de crianças resolvidos. Os métodos de investigar os casos estão na Seção 2.2.

Características importantes do caso típico (de crianças) são revisadas na Seção 2.3. As características do caso adulto são revisadas na Seção 2.4. Alguns tipos de casos variantes e especiais, incluindo casos espúrios, são tratados na Seção

2.5. As hipóteses de reencarnação e fantasia à luz dos estudos de casos são discutidas na Seção 2.6.

2.1. Estudos de Caso

2.1.1. Casos Relatados Antes de 1960

Stevenson (1987a, p. 125) observou as alegadas memórias de vidas prévias de Pitágoras e Apolônio, e a investigação do Imperador Magnata Aurangzeb de um caso no princípio do século 18. Poucos detalhes são dados das alegadas

memórias de Pitágoras e Apollonius, mas o caso estudado por Aurangzeb inclui características (tais como a idade jovem do indivíduo, declarações verídicas, e

marcas de nascimento nos locais dos ferimentos fatais da pessoa prévia) que aparecem em casos posteriores.

O primeiro caso conhecido a ser bem documentado é caso japonês de Katsugoro em 1823 (Hearn, 1897). Os casos de Burma do fim do século 19 são informados por Fielding Hall (1902), e da Índia do início do século 20 por Sunderlal (1924) e

Sahay (1927; resumido por Yeats-Brown, 1937). O curto caso de Anne (R., 1915) foi o primeiro caso a receber larga publicidade no Ocidente quando foi

publicado na American Magazine [Revista Americana]. Outro caso famoso, o de Alexandrina Samona, foi colhido de jornais profissionais e discutido à exaustão por Lancelin (n.d., pp. 309-363) ao redor de 1920.

Lancelin (n.d.), Delanne (1924), e Shirley (1936) foram os primeiros a publicar livros sobre reencarnação confiando em demasia nos casos, tanto nos originais

deles quanto selecionados de outras fontes jornalísticas. O célebre caso de Shanti Devi (Bose, 1952; Gupta, Sharma, & Mathur, 1936; Manas, 1941) foi

largamente informado na imprensa popular em 1936 e 1937. Os casos primeiro começaram a aparecer em livros e jornais de pesquisa psíquica durante as décadas de 1920 e 1930. Os primeiros eram os quatro casos que Sunderlal

(1924) publicou na Revue Metapsychique [Revista Metapsíquica]. Khare (1930) publicou outro caso na Occult Review [Revisão Oculta], e Osborne (1937)

informou alguns casos ingleses no The Superphysical [O Superfísico].

Nenhum caso novo foi informado durante a década de 1940, mas na década de

1950 vários mais apareceram. Dowding (1951) trouxe cinco casos juntos que tinham aparecido anteriormente em periódicos. Bissoondoyal (1955) trouxe um caso de Mauritius para a Revue Metapsychique e Grant (1956) descreveu o caso

belga de Robert em Far Memory [Memória Distante]. Neidhart (1956) relatou um

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caso alemão importante. Perto do fim da década, Atreya (1957) e Rankawat (1959) informaram casos indianos, embora o de Rankawat não seja mais do que

a reimpressão de um relatório de jornal não investigado.

A maioria destes casos foram incluídos por Stevenson (1960a) na sua revisão

original; a maioria deles envolvem crianças; e todos com a exceção de alguns (p.ex., alguns incluídos por Delanne, 1924, e Shirley, 1936) são resolvidos.

2.1.2. Casos Relatados por Stevenson desde 1960

O primeiro volume de casos originais de Stevenson foi seu agora clássico Vinte

Casos Sugestivos de Reencarnação, primeiro publicado no Proceedings of the American Society for Psychical Research em 1966 (Stevenson, 1966b), e

reimpresso, com material adicional incluindo os resultados de entrevistas posteriores, pela University Press of Virginia em 1974 (Stevenson, 1974c). Este foi seguido de uma série de volumes sob o título geral de Casos do Tipo

Reencarnação (Stevenson, 1975b, 1977a, 1980, 1983b). Stevenson (1984b, 1977c) publicou mais relatos de casos detalhados em Unlearned Language

[Línguas Não Aprendidas] e no Handbook of Parapsychology [Manual de Parapsicologia]. E resumos extensos de outros casos em outros locais (Cook et

al., 1983a; Pasricha & Stevenson, 1977; Stevenson, 1974c, pp. 305-308; 1987a, Capítulo 4; Stevenson & Samararatne, 1988). Descrições breves de muitos outros casos aparecem em outras fontes (p.ex., em Stevenson, 1977b e 1987a). Os relatórios de Stevenson incluem casos de lugares em que os casos têm sido

informados antes de 1960 — Índia, Burma, Inglaterra, sociedade não tribal Americana — e de novos lugares também, Sri Lanka, Tailândia, Líbano, Turquia, Brasil, Alasca, e, mais recentemente, Finlândia. A maioria dos seus casos são

casos de criança, mas dois deles — os de Pratomwan Inthanu (Stevenson, 1983b) e de Uttara Huddar (Stevenson, 1984b) — envolvem adultos. Quase todo

excetuando aqueles informados por Cook et al. (1983a) são resolvidos.

2.1.3. Casos Reportados por Outros Autores desde 1960

2.1.3a. Casos Relatados em Publicações Profissionais.

Casos de crianças foram informados em jornais de referência e livros acadêmicos por várias pessoas desde que Stevenson chamou a atenção para eles. Pal (1961-1962) primeiro informou o caso de Sukla, reinvestigado por Stevenson e incluído

em Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação (Stevenson, 1974c). Pasricha e Barker (1981; Pasricha, 1983) informam outro caso de criança indiano, o de

Rakesh Gaur. Pasricha, Murthy, e Murthy (1978) informam um caso adulto indiano com memórias surgindo durante uma pausa psicótica. Andrade (1988) recentemente publicou um volume contendo relatórios de oito casos brasileiros,

um dos quais (Andrade, 1980) está disponível em inglês em forma de monografia. Bayer (em Durant, 1968) informa casos da Turquia, e Story (1975;

em Durant, 1968) informa casos do Sri Lanka e Burma.

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Outros casos, geralmente menos bem investigados e mais frequentemente não resolvidos, são informados em resumo. Krishnanand (1968) informa um caso

indiano envolvendo um rapaz de dez anos de idade. De Laguna (1972, pp. 776-781) descreve casos dentre os índios Tlingit do Alasca e Slobodin (1970) casos dentre seus vizinhos canadenses, os Kutchin.

Goulet (1982) descreve um caso de Dene-Tha e Mills (1988a, 1988b), Beaver, Gitksan, e Carrier casos da mesma região. Le Quang Hu’o’ng (1972) descreve

um caso vietnamita e Scott-Mac-nab (1975) um caso da África do Sul. Alegações de adultos chineses são informadas por Emmons (1982).

Banerjee informou vários casos indianos em monografias, mas porque foi pego falsificando dados experimentais (Rao, 1964a, 1964b), deve ser considerado não

confiável. Embora ainda às vezes citado por escritores populares, o trabalho de Banerjee foi excluído da parapsicologia séria. Não será considerado aqui.

2.1.3b. Casos Relatados em Publicações Populares.

Alguns relatórios em publicações populares representam registros independentes de casos descritos em fontes profissionais.

Playfair (1975, 1976) descreve casos brasileiros, incluindo o caso de Jacira estudado por Andrade (1980, 1988). Hind (1977) descreve para a revista Fate [Destino] o caso do sul africano Vashnee Rattan informado por Scott-Macnab

(1975). Wilson (1982) informa sua pesquisa sobre o caso dos gêmeos ingleses Pollock resumido por de Stevenson (1987a).

A maioria dos casos originais na literatura popular são não resolvidos. Casos não resolvidos de crianças aparecem em Holzer (1970, 1974), Merle (1976), e

Wambach (1978, pp. 5-7).

Casos adultos não resolvidos são descritos por Hubbard (1973), Lenz (1979), e

Rogo (1985). O próprio Ryall (1974) informa um caso um tanto duvidoso que começou na infância mas continuou na idade adulta.

Alguns casos resolvidos apareceram somente em publicações populares. O mais seguro destes é aquele informado por Rawat (1985), que mais tarde trabalhou com Stevenson. Dois outros casos, um deles um raro caso resolvido de adulto,

são descritos por Lenz (1979, pp. 172-175). Podemos tomar conhecimento também de dois dos casos dos Cátaros de Guirdham (Guirdham, 1970, 1974).

Nestes dois casos (os da Sra. Smith e da Senhorita Mills) as memórias de vidas anteriores posteriormente mostraram ser verídicas emergidas durante uma doença na infância e continuou na idade adulta na forma de sonhos recorrentes.

2.1.3c. Casos Relatados em Fontes Não Publicadas. Casos têm sido informados em algumas fontes não publicadas, a maioria

notavelmente na dissertação de doutorado de Pasricha (1978) e em teses de

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mestrado por Cook (1986a) e McCracken (1982). Um relatório inédito particularmente valioso é a investigação independente de Akolkar (1985) do caso

de xenoglossia responsiva Sharada (UttaraHuddar ) informado por Stevenson (1984b). Estes documentos estão publicamente disponíveis em uma ou mais bibliotecas da Society for Psychical Research, da American Society for Psychical

Research, ou da University of Virginia Health Sciences Center’s division of Personality Studies [respectivamente, Sociedade para Pesquisa Psíquica,

Sociedade Americana para Pesquisa Psíquica e divisão de Estudos de Personalidade do Centro de Ciências de Saúde da Universidade de Virginia].

2.2. Métodos de Investigação

2.2.1. O Problema

Casos espontâneos de memórias de vida passadas apresentam muitos dos mesmos problemas ao investigador como o fazem outros casos espontâneos (ver Morris, 1982), mas eles têm alguns requisitos especiais.

Casos espontâneos de memórias de vidas passadas compartilham com casos de hauting e poltergeist o fato que eles geralmente ocorrem por um períodos de

anos e portanto podem estar abertos para observação direta pelos investigadores. No caso dos hautings e poltergeists, a investigação deve tomar

nota de acontecimentos informados pelas testemunhas, assim como quaisquer ocorrências que o investigador observe em primeira mão. Isso significa que casos de memórias de vidas passadas confrontam a dificuldade central de todos

os casos espontâneos — a falibilidade da memória humana. Para a discussão deste e outros pontos em relação a casos espontâneos em geral, ver West

(1948) e Stevenson (1971b).

Casos de memórias de vidas passadas, além do mais, encontram algumas

dificuldades especiais que os tornam facilmente a área mais desafiante de pesquisa de campo em parapsicologia. Um é o simples fato que a maioria dos indivíduos são crianças, crianças frequentemente muito jovens. Algum destas

crianças começam a relacionar suas memórias logo que são capazes de falar. Podem ter dificuldade para articular certos sons, tais como nomes pessoais ou de

lugares. Podem corrigir sua pronunciação mais tarde, enquanto envelhecem, mas se não, podem jogar investigadores seriamente para fora da pista.

Crianças jovens também podem misturar memórias da vida prévia com memórias e fantasias da vida presente, e em geral tem dificuldade para discriminar o presente do passado, memória de imaginação. As crianças

tipicamente cessam de falar de suas memórias depois de alguns anos, o que força os investigadores que chegam ao local tardiamente a contar com pessoas

que estavam presentes enquanto o caso ainda estava ocorrendo.

Os casos mais frequentemente se desenvolvem nas sociedades que possuem

crença na reencarnação e suas manifestações, e o investigador deve ter cuidado para desemaranhar os fatos de um caso das interpretações dele impostas pelos informantes. Ele também deve ser sensível ao fato que um dado caso pode não

refletir nada mais que uma série de crenças.

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Não há nenhuma dúvida que crenças frequentemente são refletidas nos casos, o que fez Stevenson logo colecionar as crenças sobre reencarnação de um dado

povo assim como os casos sugestivos disto encontrados entre eles. Por outro lado, as crenças não parecem serem suficientes para explicar muitos casos. Pasricha (1988) descobriu que pessoas não familiares com casos de memórias de

vidas passadas mantinham ideias sobre eles que estavam significativamente em desacordo com o que os próprios casos que sugeriam (por exemplo, os

respondentes pensaram que os indivíduos seriam mais velhos do que são).

Um problema relacionado deriva da situação de muitos casos em lugares

estranhos aos investigadores (tais como Stevenson), que pode exigir ter que trabalhar com intérpretes. A barreira da linguagem não é a única barreira a ser supera. Diferenças culturais podem ser mesmo mais do que um obstáculo.

Certas perguntas e respostas que são claras em um contexto cultural podem ser mal entendidas ou não fazer nenhum sentido em outro. Uma diferença

particularmente importante, do presente ponto de vista, reside no conceito de paranormalidade. Como Cook (1986b, p. 92) observou, é fácil para os ocidentais esquecerem-se que tantas pessoas não compartilham do seu sentido do que seja

paranormal e o que não seja. Para as pessoas para quem casos de memórias de vidas passadas são mais ou menos uma ocorrência natural, tais coisas como

exatamente o que criança disse e quando disse que podem não ter causado muita impressão, e pode ser difícil — mesmo impossível — lembrar exatamente mais tarde.

Felizmente, nem todos os casos disponíveis dependem dos registros de investigadores forasteiros. Os nativos das sociedades em que os casos ocorrem

(p.ex., Andrade, 1988; Bissoondoyal, 1955; Gupta, Sharma, & Mathur, 1936; Le Quong Hu’ o’ng, 1972; Pal, 1961-1962; Pasricha, 1978; Rawat, 1985; Sahay,

1927; Sunderlal, 1924) informaram casos investigados por eles mesmos várias vezes. Em outras vezes, os casos foram informados por antropólogos profissionais (p.ex., de Laguna, 1972; Emmons, 1982; Goulet, 1982; Mills,

1988a, 1988b; Slobodin, 1970) ou outras pessoas completamente familiares com as culturas em questão (Fielding Hall, 1902; Hearn, 1897; Story, 1975).

Dada as dificuldades intrínsecas do material, o futuro pareceria pertencer ou a parapsicólogos conhecedores da língua nativa ou a antropólogos treinados, se

não ambos. Os antropólogos podem desejar incorporar os métodos de Stevenson (ver Seção 2.2.3) em suas técnicas de pesquisa, como Mills (1988a, 1988b) fez, mas eles provavelmente quererão mudar-se de um foco estritamente

parapsicológico sobre questões evidenciais a um interesse mais amplo com os casos em seu contexto cultural, como Hess (1988) advogou. Os leitores

querendo uma introdução a métodos antropológicos de investigação de campo podem consultar Bernard (1988).

2.2.2. Investigações Antes de 1960

As investigações de casos de memórias de vidas passadas antes de 1960 variaram grandemente em qualidade. Alguns casos, como os de Anne (R., 1915) não receberam nenhuma investigação absolutamente. Isto aparece ser verdade

mesmo dentre alguns dos melhores casos desenvolvidos, incluindo os descritos

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por Fielding Hall (1902) e Khare (1930) assim como a maioria dos apresentados por Delanne (1924) e Shirley (1936).

Alguns casos inicialmente, no entanto, foram examinados por investigadores de fora. A investigação do Magnata Imperador Aurangzeb de um caso foi observada.

O caso japonês de Katsugoro também foi investigado, e Hearn (1897) inclui traduções de uma série de documentos selados assinados atestando-o. Investigações extensas foram conduzidas no caso de Shanti Devi (ver Bose,

1959; Gupta, Sharma, & Mathur, 1936; Manas, 1941).

Sunderlal (1924) e Sahay (1927) entre eles informam 11 casos que eles próprios investigaram. Nem todas estas investigações ocorreram sem crítica (ver Chad, 1962b, 1962d), embora alguns casos incluam a importante característica de

registros escritos das declarações do indivíduo feitos antes de sua verificação ter sido tentada (ver Seção 2.5.1). Os relatórios também variam grandemente em qualidade. Frequentemente eles não nos contam tudo o que necessitamos saber

para avaliar os casos por nós mesmos. Frequentemente também eles não incluem informação que gostaríamos de ter para comparar depois com casos

mais completamente investigados. Felizmente os plenos relatórios incluem aqueles casos que foram mais cuidadosamente investigados (Gupta, Sharma, & Mathur, 1936; Hearn, 1897; Lancelin, n.d.; Sahay, 1927; Sunderlal, 1924).

2.2.3. Métodos Introduzidos por Stevenson Stevenson introduziu um novo nível de sofisticação na investigação e relatório de

casos de memórias de vidas passadas, e seus métodos foram adotados por outros (p.ex., por Andrade, 1988; Bayer, em Durant, 1968; Cook, 1986a; Mills, 1988a, 1988b; Pasricha, 1978; Rawat, 1985; Story, 1975; em Durant, 1968). Os

métodos do Stevenson tornaram-se o padrão para o campo, e para essa razão merece uma atenção maior.

Face as dificuldades descritas na Seção 2.2.1, Stevenson desenvolveu procedimentos (ver Stevenson, 1975b, pp. 18-50; 1977c; 1987a, Capítulo 6)

que mesmo alguns de seus críticos admiram (p.ex., ver Brody, 1979a, 1979b; L. E. Rhine, 1966). Tomar chumbo dos primeiros investigadores da Sociedade para Pesquisa Psíquica, Stevenson tenta entrevistar o indivíduo e todas as

testemunhas sobre as memórias alegadas e comportamentos do indivíduo.

Realça entrevistas com múltiplas testemunhas em primeira mão (e uma relutância a creditar testemunhas de segunda mão), entrevistas repetidas com cada testemunha, a gravação do que disseram o que quando, e a avaliação da

credibilidade da testemunha. Registros escritos feitos antes das declarações do indivíduo serem verificados são raros (ver Seção 2.5.1), mas registros de

hospital, de campo, certidões de nascimento, e horóscopos (que pode fornecer o mais exato registro de uma data de nascimento) que podem ajudar a estabelecer fatos frequentemente aparecem em cena.

Depois de entrevistar o indivíduo e sua família, Stevenson entrevista a família da pessoa prévia, se esta foi identificada, lutando por uma verificação independente

do caso. Se a família prévia não foi identificada, e uma tentativa de fazê-lo então

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parecer justificada, o próprio Stevenson se encarregará disto (p.ex., ver Stevenson & Samararatne, 1988).

Stevenson rotineiramente retoma suas entrevistas com os informantes principais ou tem pessoas na sua equipe para empreender contínuas investigações em seu

favor. Cada relatório de caso inclui uma detalhada descrição de como a investigação foi conduzida.

É importante compreender que métodos de Stevenson se desenvolveram com o

tempo, e que nosso conhecimento de todos casos não é igual. Quando ele primeiramente foi à Índia em 1961, Stevenson não estava preparado para as

notáveis memórias comportamentais encontradas em muitos casos; levou alguns anos antes de perceber a grande importância delas, e começou a fazer inquéritos

sistemáticos sobre isto (Stevenson, 1987a, pp. 126-127). Podemos imaginar que Stevenson era lento em apreciar a importância de outras características dos casos, e fazer inquéritos sistemáticos concernentes a eles também. Suas

primeiras notas contêm muitas lacunas, já que ele então não percebia a importância de registrar o que os informantes diziam o mais literalmente o

possível, e não foi até cerca de 1970 que ele e os que trabalham com ele começaram a registrar sistematicamente as perguntas feitas aos informantes bem como as respostas recebidas deles (Stevenson, 1987a, p. 128).

Não obstante, não há nenhuma razão para acreditar que os primeiros casos investigados de Stevenson (p.ex., Stevenson, 1966b, 1974c) foram

inadequadamente investigados. As críticas, tanto gerais quanto específicas, dos métodos de pesquisa de Stevenson são tratadas na Seção 4, e os leitores

querendo saber mais sobre elas podem ir diretamente a essas páginas. Por agora, podemos aceitar os métodos como adequados ao material, e prosseguir na consideração destes.

2.3. Características do Caso Típico (Criança) A Seção 3.2 discute indicações que o típico caso publicado de memórias de vidas

passadas, reside no final de uma série, cuja outra ponta é representada por casos relativamente pouco desenvolvidos que podem incluir nada mais impressionante que uma marca de nascimento vagamente sugestiva ou

comportamento. Nesta Seção, características do caso publicado típico, que podem ser entendidas como representando a (relativamente rara) variedade

bem desenvolvida, são descritas.

Por causa do grande corpo de material de caso para ser resumido, nem sempre

será possível citar todas fontes em que generalizações ou conclusões são baseadas. Esta prática é lamentável mas inevitável, dadas as restrições editoriais. Os leitores devem considerar também que não temos estudos de

incidência da maioria das características envolvidas.

Dados mais substanciais de muitos pontos serão encontrados em Stevenson

(1987a ).

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O caso de Ravi Shankai (Seção 1.3) forneceu um exemplo de um caso típico de memórias de vidas passadas publicado. No entanto, não demonstrou todas as

características comumente recorrentes de tais casos. Na revisão a seguir os casos de Stevenson serão considerados junto com casos informados por outros, tanto antes quanto depois de 1960.

Embora só os melhores casos averiguados sejam citados, os comentários feitos acima sobre a qualidade variável do material dos casos devem ser mantidos em

mente. A menos que determinado de forma contrária, todos os casos são resolvidos.

2.3.1. O Indivíduo Típico Os melhores casos espontâneos desenvolvidos de memória de vida passadas são distinguidos por uma alegação da criança de ter vivido antes como uma outra

pessoa específica; a interpretação de reencarnação quase sempre vem do próprio indivíduo, e não é imposta pelos adultos próximos. As crianças não

parecem considerar as pessoas prévias como separadas de si, como seriam companheiros imaginários, mas se identificam com estas pessoas ao longo de linhas de desenvolvimento contínuo.

Muitas crianças exigem ser chamadas pelo nome da pessoa prévia, e algumas parece esperar que devem ser reconhecidas como sendo a vida prévia (ver

Stevenson, 1983b, p. 94, para exemplos deste último). Interessantemente, muitas crianças são ditas serem mais inteligentes e mais amadurecidas que seus

irmãos ou iguais. Podem aprender a falar mais cedo e usar linguagem adulta mais prontamente, e podem ser precoces em seu interesse por religião ou sexo ou seu desejo para cigarros ou álcool.

A maioria dos casos espontâneos de memória de vida passadas se desenvolve dentro de culturas que sustentam crenças sobre reencarnação. A maioria dos

indivíduos residem em pequenos povoados ou aldeias e nascem em famílias pobres relativamente incultas (Stevenson, 1987a, p. 96). Os rapazes

ultrapassam em número as meninas em dois para um (Stevenson, 1986a; ver Seção 3.3).

2.3.2. As Afirmações do Indivíduo

Duas das mais fortes características recorrentes dos casos mais estudados de memórias de vidas passadas são a idade jovem em que os indivíduos começam a

falar da vida prévia e a idade com que eles param de falar sobre isso algum tempo depois. O indivíduo típico está entre as idades de dois e cinco anos quando ele faz a primeira declaração sobre uma vida prévia. (Matlock, 1989a,

achou uma idade mediana de 2,75 anos na primeira vez que se falou da vida prévia numa série de 95 casos publicados resolvidos.) Os indivíduos tipicamente

cessam de falar espontaneamente de suas memórias depois de alguns anos, e as memórias parecem sumir da consciência. Isto normalmente acontece entre idades cinco e oito, embora alguns indivíduos aleguem ser capazes de lembrar-se

da vida prévia em anos posteriores e mesmo na idade adulta.

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O indivíduo típico está no costumeiro estado de vigília quando fala de suas memórias. Em alguns casos as memórias são relacionadas ao sono, e mesmo

mais ocasionalmente a doença, e não raramente acarretam em alterações radicais de consciência da parte das crianças que são bem notadas quando ocorrem. Parmod Sharma (Stevenson, 1974c) e Dolon Champa Mitra

(Stevenson, 1975b) eram incomuns no tocante em que eles às vezes pareciam abstraídos da vida presente ao falar de suas memórias. Krishnanand (1968)

informa o caso de menino de 10 anos de idade que passou a ter uma outra personalidade numa ocasião, em que durante esse episódio ele conduziu o caminho ao lar da pessoa prévia e localizou algum dinheiro escondido aí. Estados

alterados de consciência são ligados a memórias de vidas passadas mais frequentemente com indivíduos adultos (ver Seção 2.4).

O típico indivíduo infantil não exige nenhum estímulo aparente para falar sobre suas memórias (Matlock, 1989a; ver Seção 3.5.3). Alguns indivíduos parecem

falar da vida prévia constantemente. Outros exigem estímulos de um tipo ou de outro, enquanto alguns não fazem nenhuma declaração que não seja estimulada. Mallika Aroumougam (Stevenson, 1974c) não fez nenhuma declaração que não

foi estimulada por algo que lembrou-a da vida prévia.

Alguns indivíduos fazem muitas declarações diferentes sobre a vida prévia

enquanto outros dizem as mesmas poucas coisas repetidamente. Alguns indivíduos dizem quase tudo o que eles têm que dizer num período curto de

tempo. Gopal Gupta (Stevenson, 1975b) disse a maior parte do que ele tinha a dizer de modo explosivo seguido de um pedido para um convidado retirar seus óculos em sua casa.

Enquanto muitos indivíduos deem a impressão que suas memórias estão sempre com eles, os acontecimentos que eles alegam se lembrar não constituem a plena

extensão das experiências da pessoa cuja vida dizem lembrar. Se uma generalização pudesse ser feita, seria que as declarações relacionam-se a

acontecimentos que teriam sido de importância emotiva à pessoa prévia. A maioria dos indivíduos descreve o modo que a pessoa prévia morreu, e no total suas memórias tendem a se aglutinar ao redor de acontecimentos do último ano,

mês, e dias da vida prévia. No entanto, alguns indivíduos informam memórias de muitos anos antes disto. As memórias de Lalitha Abeyawardena se relacionaram principalmente a acontecimentos nos últimos anos da vida prévia, mas ela também fez declarações verificadas concernentes a um incidente que ocorreu 22 anos antes da morte da pessoa prévia (Stevenson, 1977a).

Os indivíduos normalmente dão o nome da pessoa prévia e os nomes desta família e amigos da pessoa , assim como o povoado que vieram, e outros nomes

que ajudam na verificação das declarações. A maioria dos casos asiáticos do Stevenson são resolvidos (Stevenson, 1983b, p. 191), e embora cerca de 90%

das declarações registradas nestes casos podem ser verificadas (p.ex., ver Stevenson & Samararatne, 1988), os indivíduos frequentemente cometem erros de um tipo ou outro. Eles particularmente cometem mais erros ao descrever o

modo em que a pessoa prévia morreu. Às vezes eles parecem fundir ou confundir as memórias da vida prévia. Sujith Lakmal Jayaratne (Stevenson,

1977b), por exemplo, aparentemente confundiu as memórias de duas casas diferentes.

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Na maioria de casos, só uma única vida prévia é lembrada. No entanto, tem sido informado alguns casos em que indivíduos alegaram lembrar-se de mais de uma

vida prévia. Swarnlata Mishra (Stevenson, 1974c) alegou memórias e executou danças e canções que ela disse serem relacionadas a uma vida intermediária entre sua vida presente e a vida prévia a que a maioria de suas memórias diziam

respeito (esta vida intermediária, no entanto, não foi verificada). Em alguns casos, os indivíduos lembraram vidas de pessoas cujas próprias alegaram

lembrar-se de vidas prévias (p.ex., Mounzer Haider, em Stevenson, 1980). Alguns indivíduos também alegam lembrar de acontecimentos que ocorreram

entre as mortes das pessoas prévias e os próprios nascimentos (ver Seção 2.3.6).

A perda das memórias pode ser devido a uma sobreposição das memórias visuais. Os pais de muitas crianças relacionam o esquecimento ao início da

escola, com seus novos interesses e impressões. Os pais do indivíduo raramente não encorajam o esquecimento das memórias, como o pai de Ravi Shankar fez. A perda parece ocorrer na mesma época não importando se os indivíduos

tiveram ajuda das suas famílias (Stevenson, 1987a, p. 107), embora ocorra mais cedo em casos não resolvidos que em casos resolvidos (Cook et al., 1983b; ver

Seção 3.5.2).

2.3.3. Os Reconhecimentos do Indivíduo Muitos indivíduos solicitam repetidamente ser levados de volta a seus lares

prévios, da forma como veem a questão. Para silenciá-los, se não por nenhuma outra razão, mais cedo ou mais tarde muitos pais cedem, e estas visitas às vezes

desencadeiam memórias adicionais da vida prévia. Não raramente, os indivíduos são capazes de guiar o caminho até o lar da pessoa prévia, às vezes sobre caminhos ou trajetos que não estão mais em uso. Se os lugares ou as pessoas

mudaram substancialmente no intervalo desde a morte da pessoa prévia morte, no entanto, o indivíduo pode não os reconhecer. Muitos indivíduos são melhores

em reconhecer pessoas em fotografias tiradas durante os períodos em que as pessoas prévias conheceram-nas do que em reconhecer estas mesmas pessoas como elas atualmente parecem.

Os reconhecimentos de pessoas ou lugares são frequentemente os estímulos iniciais para as memórias (Matlock, 1989a; ver Seção 3.5.3). Em tais casos,

naturalmente, não temos nenhuma garantia que os indivíduos não tiveram nenhuma memória antes deles terem começado a falar sobre elas. Katsugoro

(Hearn, 1897) disse que suas memórias já começavam a desaparecer quando ele primeiramente falou sobre elas.

2.3.4. As Memórias Comportamentais do Indivíduo

Os indivíduos de casos espontâneos de memórias de vidas passadas se identificam com pessoas prévias por seus comportamentos tanto como por suas declarações e reconhecimentos. Os indivíduos podem exibir um vasto leque de

comportamentos, hábitos, aptidões, habilidades, filias, e fobias relacionadas à

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vida prévia, alguns deles bastante específicos para as pessoas comentarem. Juntas, constituem as memórias comportamentais.

As memórias comportamentais em indivíduos que dizem que eram pessoas do sexo oposto podem incluir vestimentas no estilo do sexo oposto e preferir jogos

de um tipo normalmente associado com o sexo oposto assim como exibir características de personalidade do sexo oposto. Ampan Pecherat (Stevenson,

1983b) e Paulo Lorenz (Stevenson, 1974c) são exemplos. Os indivíduos que alegam ter sido pessoas de países estrangeiros em suas vidas prévias (indivíduos dos assim chamados “casos internacionais”) podem exibir comportamentos

coerentes com os hábitos dos países que eles dizem terem vindo. Stevenson (1983b, pp. 216-217) lista várias características de comportamentos de um

grupo de indivíduos burmeses que disseram terem sido soldados japoneses mortos em Burma durante a Segunda Guerra Mundial.

Comportamentos igualmente chamativos são evidentes com indivíduos que alega ter sido membros de castas diferentes ou grupos religiosos. Jasbir Singh (Stevenson, 1974c) e Veer Singh (Stevenson, 1975b) são notáveis pelas atitudes

brahmânicas que eles exibiram em suas famílias de casta mais baixa. Swaranlata (Pasricha & Stevenson, 1977), que disse ter sido membro da casta de varredores

de rua em sua vida prévia, apreciava a limpeza mais que seus irmãos e demonstrava outros comportamentos da situação característica da pessoa prévia em vida.

As memórias comportamentais podem incluir habilidades possuídas pelas pessoas prévias, mas não aprendidas pelos indivíduos. Assim Paulo Lorenz

(Stevenson, 1974c) era particularmente competente na máquina de costura; Carlos Chotkin Jr. (Stevenson, 1974c) em reparar motores de barco; e Bishen

Chand Kapoor (Sahay, 1927; Stevenson, 1975b) em tocar um instrumento musical, o tablas. Línguas estrangeiras, desconhecidas pelos indivíduos em sua vida presente mas usadas corretamente por eles (xenoglossia), forma uma

classe especial de habilidades recordadas, e são tratadas na Seção 2.5.2.

A identificação com a pessoa prévia tipicamente tem um forte componente

emocional.

Mounzer Haidar (Stevenson, 1980) sentia um desejo tão forte de ir ao lar da

pessoa prévia que ele recusou a comer por três dias até que ele fosse levado lá. Alguns indivíduos, como Ravi Shankar e Prakash Varshnay (Stevenson, 1974c),

fugiu de casa. Muitos indivíduos revelam fortes ligações à propriedade das pessoas de quem que eles falam, a ponto de afirmarem sua posse delas.

Envolvimento emotivo é mostrado especialmente no modo que muitos indivíduos se referem às famílias e outras pessoas ligadas à vida prévia. Em muitos casos, os indivíduos comportam-se para os membros da família da pessoa prévia como

a pessoa prévia teria se comportado. Sukla (Stevenson, 1974c) e Hair Kam Kanya (Stevenson, 1983b) comportaram-se como mães para as crianças da

pessoa prévia, e Erkan Kilic (Stevenson, 1980) agiu como um pai. Quando animosidade seria mais apropriada do que afeição, encontra-se os indivíduos mantendo distância. As pessoas prévias nos casos de Gopal Gupta (Stevenson,

1975b) e de Ratana Wongsombat (Stevenson, 1983b) tiveram maus

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casamentos, e Gopal e Ratana eram frios em relação às esposas anteriores dessas pessoas.

As fobias estão entre as memórias comportamentais mais interessantes, ocorrendo frequentemente em casos em que a pessoa prévia morreu

violentamente (Seção 3.4.6). Os indivíduos que alegam lembrar-se de morrer por afogamento, por exemplo, podem ter uma fobia a água. A fobia pode ser a instrumentos que figuraram-se na morte da pessoa prévia, às pessoas que os

manejaram, ou ao locais onde o assassinato ou o acidente ocorreu.

Algumas fobias são muito específicas. Sharma Parmod Sharma (Stevenson,

1974c) tinha uma aversão forte a comer coalhada, do que a pessoa prévia de seu caso tinha morrido.

Outras fobias são generalizadas. Sujith Lakmal Jayaratne (Stevenson, 1977b) tinha um temor intenso de caminhões e jipes, e quando tinha oito meses de idade sua mãe acidentalmente descobriu que dizendo a palavra “caminhão” fazia

com que ele bebesse seu leite quando ele contrariamente evitava isto.

As memórias comportamentais, especialmente fobias, podem aparecer antes de

um indivíduo começar a falar sobre a respectiva vida prévia. A reação de Sujith à palavra “caminhão” fornece um exemplo disto. Semelhantemente, Erkan Kilic

(Stevenson, 1980) encolhia-se quando ouvia os aviões voarem antes dele começar a dizer que tinha sido um homem que tinha morrido num choque de avião. Alguns indivíduos jovens completam suas palavras com gestos. Suleyman

Zeytun (Stevenson, 1980), nascido surdo e mudo, expressou suas memórias inteiramente por gestos.

As memórias comportamentais normalmente duram mais tempo que as

memórias visuais e verbais por alguns anos. Algumas duram bastante tempo. Ma Tin Aung Myo (Stevenson, 1983b), o indivíduo de um caso não resolvido de mudança de sexo, levou sua identidade sexual masculina na idade adulta, e

eventualmente começou a viver abertamente com uma mulher. As aversões a pessoas (especialmente assassinos) relacionadas à vida prévia também podem

persistir depois que as memórias visuais associadas desaparecem da consciência. Ravi Shankar continuou a temer os assassinos da pessoa que ele alegou ter sido, embora ele não pudesse dizer bem por que, como ocorreu também com Amy,

uma indivídua de Mills (1988b).

2.3.5. As Memórias Físicas do Indivíduo

Correspondências físicas entre o indivíduo e a pessoa prévia (tais como marcas

de nascimento) podem (por conveniência e consistência) serem chamadas de memórias físicas.

Memórias físicas podem não ser mais do que uma semelhança física informada. Quando Katsugoro (Hearn, 1897) encontrou a família da pessoa que ele alegou

ter sido observaram a semelhança que ele ostentava desta pessoa. Alexandrina Samona (Lancelin, n.d.; Shirley, 1936) tinha uma semelhança tão próxima a sua

irmã morta que foi-lhe dado o mesmo nome. Os gêmeos ingleses de Pollock

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também guardavam semelhanças próximas a suas irmãs mortas (ver a fotografia reproduzida em Wilson, 1982).

Em casos em que tanto o indivíduo como a pessoa prévia são da mesma família, memórias físicas podem ser devidas à genética e nada mais. Isto é

especialmente verdadeiro quando somente alguma semelhança física em geral é reivindicada. Memórias físicas, no entanto, tanto quanto memórias comportamentais, podem ser muito específicas. Bishen Chand Kapoor

(Stevenson, 1975b) e a pessoa prévia de seu caso tiveram infecções de olho semelhantes que responderam ao mesmo ungüento especial. Alexandrina I e II

tiveram infecções de olho e de ouvido semelhantes (Lancelin, n.d.; Shirley, 1936). Tanto Jacira (Andrade, 1980, 1988) e a pessoa que ela alegou ter sido eram vesgas.

As mais notáveis memórias físicas são certamente marcas de nascimento e

defeitos de nascimento, dos quais que Stevenson colecionou cerca de 200 casos. Publicou alguns destes (Ravi Shankar é um exemplo), embora tenha reservado a maioria deles para volumes, agora em preparação, dedicados especificamente a

este tema.

Andrade (1988) informa dois casos (não resolvidos) com marcas de nascimento, e reproduz as fotografias relacionadas a um deles. Marcas de nascimento nos locais de ferimento do ombro e pescoço apareceram no caso estudado por

Aurangzeb (ver Stevenson, 1987a).

Uma marca de nascimento representando uma ferida de ombro aparece num

caso informado por Fielding Hall (1902). Uma marca de nascimento também desempenhou um papel importante em um dos casos de Sunderlaps (1924).

Interessantemente, marcas de nascimento (e defeitos de nascimento) são particularmente comuns nos casos relativamente pouco desenvolvidos frequentemente informados na literatura antropológica (Matlock, 1989b; ver

também Parrinder, 1951).

Embora marcas de nascimentos normalmente correspondam a ferimentos fatais,

este não é sempre o caso. Kumkum Verma (Stevenson, 1975b) tinha marcas nos lóbulos das suas orelhas onde sua pessoa prévia tinha usado brincos. As marcas

de nascimentos às vezes tomam a forma de pintas. Maung Yin Maung (Stevenson, 1983b) tinha uma pinta na parte inferior de seu pescoço exatamente no local que sua pessoa prévia teve uma.

Talvez o defeito de nascimento mais chamativo até então publicado seja o de

Wijeratne (Stevenson, 1974c). Wijeratne nasceu com um braço direito atrofiado e dedos com membranas natatórias, que ele creditou por ter matado sua esposa com o seu braço em sua vida prévia.

As marcas de nascimento e defeitos de nascimento podem corresponder a marcações ou mutilações colocadas ou realizadas sobre o corpo da pessoa prévia

depois da morte. Estas marcações são feitas com a intenção de ajudar na identificação da pessoa na próxima vida (Stevenson, 1983b, 1985). Assim,

Ampan Pecherat (Stevenson, 1983b) tinha uma marca de nascimento que

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correspondeu a uma marca vermelho-ocre que a tia da pessoa prévia tinha colocado no corpo antes de sua cremação.

Exceto nos casos mais extremos (p.ex., o de Wijeratne), os defeitos de nascimento se curam e as doenças internas desaparecem com o tempo. As

marcas de nascimentos também podem mudar posição e desaparecer.

2.3.6. Outras Características Comuns

Algumas características comumente encontradas em casos de crianças com memórias de vidas passadas não se relacionam ao indivíduo, nem a sua família, nem à pessoa prévia do caso. A pessoa prévia no caso de Corliss Chotkin, Jr.

(Stevenson, 1974c) expressou sua intenção de renascer na família Corliss e disse que ele seria reconhecido por marcas de nascimento representando cicatrizes

que ele tinha; Corliss nasceu com marcas nos locais indicados. A pessoa prévia no caso de William George, Jr. (Stevenson, 1974c) expressou uma intenção semelhante, também aparentemente cumprida. Ambos destes são casos de

índios Tlingit; tais casos ocorrem freqüentemente entre os Beaver e os Gitksan também (Mills, 1988b).

Em alguns casos, retornos preditos são associados com sonhos subsequentes pela mãe grávida. Isto ocorreu no caso de William George, Jr. (Stevenson,

1974c). Em muitos outros casos, o “sonho anunciador” ocorre sem que o retorno tenha sido predito. Sonhos anunciadores ocorrem comumente, embora não ocorram sempre, à mãe pouco antes ou enquanto está grávida. Eles também

podem ocorrer ao pai (p.ex., ver Emmons, 1982) ou a um parente próximo ou amigo da mãe (p.ex., ver Mills, 1988b). Stevenson (1987a, p. 99) afirma que

sonhos anunciadores foram encontrados em todas culturas em que ele achou os casos.

Embora sonhos sejam o veículo mais comum para tais “anúncios”, tomaram a forma de aparições nos casos de Blanche Batista (Delanne, 1924; Shirley, 1936) e Maung Yin Maung (Stevenson, 1983b). Os anúncios também podem ser

associados com efeitos de hauting ou poltergeist (Mills, 1988b). Outros anúncios chegam na forma de comunicações mediúnicas. Os casos de Alexandrina Samona

(Lancelin, n.d.; Shirley, 1936), Paulo Lorenz (Stevenson, 1974c), Hair Kam Kanya (Stevenson, 1983b), e Jacira (Andrade, 1980, 1988) fornecem exemplos de anúncios em comunicações mediúnicas.

Uma característica notável de alguns casos são os desejos experimentados pelas

mães dos indivíduos durante suas gravidezes com eles. Durante sua gravidez com Bongkuch Promsin (Stevenson, 1983b), sua mãe teve um desejo forte para talharim com sopa e tamarindos. O próprio Bongkuch era especialmente afetuoso

de sopa com talharim (embora não de tamarindos), como era a pessoa prévia de seu caso. Interessantemente, a mãe da pessoa prévia teve o mesmo desejo

quando estava grávida com ele.

Alguns indivíduos dizem que eles se lembram de experiências que tiveram entre

suas mortes na vida prévia e seus nascimentos em suas vidas presentes (o período de intermissão). Às vezes eles dizem que se lembram de enviar sonhos

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anunciadores, e raramente eles alegam lembrar-se de visitar seus pais como aparições antes deles nascerem.

Stevenson (1982) menciona três casos com a última característica. Para um exemplo publicado, ver o caso de Maung Yin Maung (Stevenson, 1983b). Podemos chamar as memórias relacionadas ao período de intermissão de memórias da intermissão. Os indivíduos que alegam memórias da intermissão

dizem que depois que morreram permaneceram próximos ao lar da pessoa prévia, e eles podem dizer que observaram acontecimentos que realmente

ocorreram nesta época. Veer Singh (Stevenson, 1975b) disse que tinha vivido numa figueira depois de sua morte. Mencionou processos envolvendo a família da pessoa prévia e um camelo comprado pela família.

Ele também declarou os nomes das crianças que nasceram depois da morte da

pessoa prévia e reconheceu duas delas. Além do mais ele disse que tinha ficado irritado com algumas mulheres que se balançavam de um ramo de sua figueira, e fez com que a tábua em que eles se sentavam quebrasse. Todos estes

incidentes tinham ocorrido como descrito.

Alguns indivíduos dizem que suas experiências de intermissão terminaram

quando encontraram um de seus pais. Story (1975) descreve um caso em que um indivíduo disse que ele tinha esperado a chegada de sua mãe da vida prévia

numa aldeia quando sua mãe atual veio em vez disso. Outros indivíduos (especialmente do Sudeste da Ásia) dizem que depois da morte eles encontraram-se com um homem vestido de branco que guiou-os a seus pais.

Estas figuras são semelhantes àquelas que às vezes precipitam o retorno ao corpo em experiências de quase morte (p.ex., ver o caso informado da Índia por

Osis & Haraldsson, 1977, p. 152).

Os indivíduos que alegam memórias de intermissão às vezes dizem que lhes

foram oferecidos alimentos, normalmente uma fruta, pelo “homem de branco”, mas conseguiram se livrar dela quando ele não olhava. Creditam a sua capacidade de lembrar da vida prévia a fazer isto. A “fruta do esquecimento” foi

informada em várias culturas, mas às vezes com transformações. No caso vietnamita de Le Quong Hu’o’ng (1972), é uma sopa e o indivíduo livrou-se dela

jogando-a a seu cão, que foi morto ao mesmo tempo que ele.

Stevenson (1983b) e Story (1975) descrevem vários casos com memórias de

intermissão. Schnetz-ler (1986) examina 20 casos publicados com esta característica.

2.3.7. O Desenvolvimento Posterior do Indivíduo

Estudos de desenvolvimento longitudinais dos indivíduos de casos de memórias de vidas passadas são necessários para determinar os efeitos a longo prazo neles

de suas memórias.

Na ausência de tais estudos, podemos olhar aqueles casos em que os indivíduos

que alegaram memórias quando crianças foram entrevistados na idade adulta.

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Os casos de Jagdish Chandra e Bishen Chand Kapoor (Stevenson, 1975b) são especialmente valiosos, porque quando crianças eles foram estudados e foram

relatados por Sahay (1927). Nestes dois casos temos um relatório contemporâneo de memórias da infância para comparar com o relatório posterior. Um bônus adicional é que o registro escrito de Sahay foi feito antes

que ele tentasse verificar as declarações das crianças (Seção 2.5.1). Outros casos estudados por Stevenson quando seus indivíduos estavam no meio ou no

fim da adolescência incluem Marta Lorenz e Paulo Lorenz (Stevenson, 1974c), Choakhun Rajusthajarn (Stevenson, 1983b), e Sayadaw U Sobhana (Stevenson, 1983b). Andrade (1988) fornece outro exemplo no caso de Rodrigo.

As memórias visuais de Jagdish não se perderam muito com os anos, e ele permaneceu fortemente unido à família da pessoa prévia, visitando seu lar

(numa cidade distante) a cada poucos anos. A maioria de suas memórias comportamentais, que no início da infância tinham sido claramente forte, se

enfraqueceram depois que completou seis anos, embora algumas (tais como uma afeição por doce) persistiu até a metade da maioridade antes de diminuir. A única memória comportamental que persistiu fortemente foi um interesse por

carros. Sahay notou marcas de nascimentos pequenas nas partes superiores das orelhas de Jagdish Chandra (nos locais que os brincos podem ter sido colocados)

em 1926, mas estas tinham desaparecido pela época da investigação do Stevenson iniciada em 1961.

As memórias visuais de Bishen Chand Kapoor, pelo contrário, quase inteiramente tinham desaparecido pela idade de sete, e pela época em que alcançou a maioridade ele reteve uma memória clara de um único acontecimento — o

assassinato impulsivo de sua pessoa prévia por um homem que ele viu deixando os quartos de sua prostituta favorita. Bishen Chand compartilhou com a pessoa

prévia um temperamento que continuou até o meio da maioridade, embora o que acompanhando tendência a violência tinha diminuído pelo tempo em que ele alcançou o fim de sua adolescencia. Além da rapidez de seu temperamento, a

única memória comportamental que Bishen Chand levou até sua maioridade foi um interesse por música e um gosto para carne e peixe (diferentemente de sua

família vegetariana).

Stevenson acompanha seus indivíduos durante vários anos e cada um dos seus

relatórios de caso inclui uma Seção sobre o desenvolvimento posterior do indivíduo. Normalmente estes sugerem o mesmo padrão de memórias comportamentais e verbais pronunciadas na infância gradualmente diminuindo

em força até que adentrando na maioridade só sobra um resíduo. Em alguns casos, no entanto, uma forte identificação com uma pessoa prévia na infância

pode mexer no desenvolvimento normal de personalidade. Isto parece ter ocorrido com Parmod Sharma (Stevenson, 1974c). Problemas mais severos também podem ocorrer.

Wijeratne (Stevenson, 1974c), incapaz de formar um relacionamento durável com uma mulher, vivia frequentando hospícios. Paulo Lorenz (Stevenson, 1974c)

seguiu a pessoa prévia de seu caso cometendo suicídio.

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2.4. Características dos Casos Adultos

Em casos adultos de memórias espontâneas de vidas passadas faltam as memórias verbais detalhadas e as memórias comportamentais e físicas pronunciadas tão comuns nos melhores casos desenvolvidos de crianças. Alguns

casos adultos envolvem não mais que uma identificação emotiva forte com uma pessoa ou lugar em particular. Um exemplo recentemente publicado é o caso de

Dorothy Eady (Cott, 1987). Alguns casos adultos incluem um forte deja vu em que a visita a um certo lugar parece extrair certas memórias que se mostram verídicas; por exemplo, o indivíduo é capaz de guiar as pessoas por povoados ou

lugares ou predizer o que haverá atrás da próxima esquina. Delanne (n.d.) e Shirley (1936) registram exemplos deste tipo de deja vu, e Stevenson (1960a)

descreve outro. O registro de Hubbard (1973) talvez devesse ser classificado aqui também.

Um tipo de caso adulto mais interessante inclui memórias visuais. Memórias visuais de adultos emergiram em vários estados de consciência. Os casos de memórias ocorrendo a indivíduos quando estão em seus estados de vigília

costumeiros são descritos por Osborne (1937), Lenz (1979), e Rogo (1985).

Proporcionalmente mais casos adultos do que casos de crianças parecem estar relacionados a sonhos, freqüentemente sonhos recorrentes (ver Lenz, 1979; Rogo, 1985; Shirley, 1936). Pratomwan Inthanu de Stevenson (1983b) lembrou

duas vida prévias enquanto meditava. Um caso de McCracken (1982) envolve meditação, e a meditação parece ter exercido um papel também ao evocar as

memórias de Uttara Huddar (Akolkar, 1985; Stevenson, 1984a). A indivídua do caso de poltergeist de Lawden (1979) informou suas memórias por meio de um transe espontâneo.

Pasricha, Murthy, e Murthy (1978) informam um caso adulto (também incluído em Pasricha, 1978) envolvendo memórias que emergiram durante uma pausa

psicótica. Grof (1975) descreve experiências muito semelhante relatadas por indivíduos sob influência do LSD.

Com a exceção do caso de Pratomwan Inthanu (Stevenson, 1983b) e o caso informado por Pasricha, Murthy, e Murthy (1978) todos estes casos são não

resolvidos, mas, surpreendentemente, um quadro coerente de memórias de adultos de vidas passadas emerge deles. Os indivíduos tipicamente dizem que as imagens que eles identificam como sendo relacionadas a uma vida prévia são

diferentes em qualidade das imagens costumeiras, de algum modo são mais nítidas e mais focalizadas. Os adultos frequentemente têm o sentimento de

distância das imagens, como se elas passassem numa tela diante deles (mas cf. Dowding, 1951, pp. 44-45). Quando nomes são lembrados, adultos normalmente informam a sensação que são ouvidos ou veem sobreposição nas imagens.

Os adultos se identificam com as imagens, mas a um grau muito menor do que as crianças se identificam com as pessoas prévias que elas se referem. Enquanto

uma imagem inicial pode levar a outras imagens ficando na consciência quando adultos, o período durante o qual isto ocorre é raramente tão prolongado quanto

o período em que crianças podem falar de suas memórias.

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A ausência geral (e fraqueza quando presente) de memórias verbais nos casos de adultos fálos muito difícil de resolver. Quando são resolvidos, frequentemente

é na base de um único nome ou dois, não a rede de correspondências detalhadas típicas dos casos de crianças.

Casos adultos resolvidos são informados por Lenz (1979); McCracken (1982); e Neidhart (1956); assim como por Pasricha, Murthy, e Murthy (1978) e Stevenson (1983b). O caso de Neidhart é alemão e o de Lenz americano; os outros são

asiáticos.

Casos de crianças e de adultos são fenomenologicamente tão diferentes que

podem parecer ser tipos de casos diferentes. Matlock(1988a ), no entanto, argumenta que casos de crianças e de adultos são somente formas diferentes do

mesmo tipo de caso, e dá exemplos de casos transitórios entre as duas formas. Nos casos transitórios, que começam a ser observados com indivíduos com quatro anos de idade, menos declarações são feitas, menos reconhecimentos

ocorrem, parece haver menos características emotivas e comportamentais fortes, e não se encontram marcas de nascimento ou defeitos de nascimento. As

memórias são em qualquer sentido mais fracas do que em casos em que os indivíduos eram alguns anos mais jovens quando as memórias primeiro penetraram na consciência. Há, além do mais, uma atenuação gradual na força

das memórias informadas, relacionada à idade do indivíduo. O processo parece estar completo pela idade de 15, depois do qual as memórias tomam a forma

adulta exclusivamente. Os exemplos de casos transitórios são o de Mallika Aroumougam (Stevenson, 1974c), Hair Kam Kanya (Stevenson, 1983b), e Suleyman Andary (Stevenson, 1980). O caso de Uttara Huddar (Stevenson,

1984b) parece ser anômalo na forte penetração da personalidade prévia, mas é talvez explicável em termos da relativa maturidade física e psicológica do

indivíduo, que poderia ter impedido uma integração mais completa das memórias.

Por tudo o que sabemos, as memórias das crianças podem surgir da mesma maneira como a dos adultos, a diferença principal é a relativa abundância e detalhe das memórias das crianças. Muito trabalho resta para ser feito com casos

adultos e sua relação com os casos de crianças. Os casos adultos disponíveis são como um todo consideravelmente bem menos investigados que os casos de

crianças; a maioria foi estudada por pesquisadores e publicada em fóruns populares. São revisados aqui principalmente na esperança de estimular uma pesquisa mais séria com casos adultos.

2.5. Tipos de Casos Especiais e Variantes 2.5.1 Casos com Registros Escritos Casos em que registros escritos das declarações do indivíduo foram feitos antes das verificações delas são importantes porque nestes casos lapsos e distorções

de memória, assim como a possibilidade de contaminação de conhecimento da família da pessoa prévia, são reduzidas. Infelizmente são muito raros. De cerca

de 2.500 casos de Stevenson, só 24 (menos que 1%) inclui registros escritos

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feitos antes das verificações (Stevenson & Samararatne, 1988), e só 12 foram publicados.

N. T: Casos com registros escritos feitos antes de qualquer tentativa de

averiguação já somam 33, segundo o artigo Children Who Claim to Remember Previous Lives: Cases with Written Records Made before the Previous Personality Was Identified [As Crianças que Alegam Lembrarem-

se de Vidas Passadas: Casos com Registros Escritos Feitos antes da Personalidade Prévia Ser Identificada] publicado em 2005 no Journal of

Scientific Exploration, Vol.19, Nº 1, 91-101, de autoria de H. H. Jurgen Keil e Jim B. Tucker.

Os primeiros a serem publicados foram os casos de Prabhu (Sunderlal, 1924) e de Jagdish Chandra (Sahay, 1927) e de Vishwa Nath (Sahay, 1927), chamado

por Stevenson (1975b) Bishen Chand Kapoor. Outros casos com registros escritos feitos antes das verificações incluem o de Georg Neidhart (Neidhart,

1956); Swarnlata Mishra (Stevenson, 1974c); Imad Elawar (Stevenson, 1974c); Kumkum Verma (Stevenson, 1975b); Indika Guneratne (Stevenson, 1977b); Sujith Lakmal Jayaratne (Stevenson, 1977b); e Thusitha Silva, Iranga Jayakody,

e Mashini Gunasekera (Stevenson & Samararatne, 1988). Stevenson (1975b, p. 144) lista três casos inéditos adicionais da Alemanha Ocidental, Líbano, e Sri

Lanka. O caso de Neidhart é um caso adulto da Alemanha Ocidental; os restantes são casos de crianças asiáticas.

Os casos com registros escritos feitos antes das verificações não diferem dos outros casos por qualquer forma óbvia. Eles não parecem, por exemplo, ter uma proporção maior de erros totais informados por eles (Stevenson & Samararatne,

1988). Não obstante, seria bom ter uma comparação formal destes dois grupos, como temos para casos não resolvidos e resolvidos (Cook et al., 1983b; ver

Seção 3.5.2).

N. T: Schouten & Stevenson (1998) compararam 21 casos da índia e do

Sri Lanka nos quais os registros escritos das alegações das crianças foram feitos antes das famílias se encontrarem com 82 casos investigados sem tais registros escritos anteriormente. Eles encontraram que o número

médio de afirmações documentadas nos casos com registros escritos era de 25,5, enquanto que o número médio obtido retrospectivamente das

famílias nos casos sem os registros escritos era significantemente menor de 18,5. A percentagem de afirmações corretas era essencialmente a mesma nos dois grupos – 76,7% nos casos com registros escritos e 78,4%

nos casos sem registros. Os resultados indicam que as famílias não criam mais, e mais corretamente, alegações depois do encontro ou pelo menos

não ao ponto delas afetarem os dados de modo significativo. A pesquisa foi publicada no Journal of Nervous and Mental Diseases [Jornal de Doenças Nervosas e Mentais] 186(8) págs. 504-506, sob o título “Does the

socio-psychological hypothesis explain cases of the reincarnation type?” [A hipótese sócio-psicológica explica os casos do tipo reencarnação?]

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2.5.2. Casos com Xenoglossia

A xenoglossia difere da mais familiar glossolalia no tocante que a glossolalia envolve um nonsense ou no máximo uma linguagem privada ou pseudo-

linguagem, enquanto que a xenoglossia implica o uso correto de uma linguagem reconhecida. A xenoglossia recitativa é diferente da xenoglossia responsiva, onde

a primeira envolve uma memória ou uso incompreensível da linguagem, e a última envolve a capacidade de usar a linguagem apropriadamente numa conversa. Linguagem responsiva é uma habilidade, em que requer prática

aprender, e dessa forma xenoglossia responsiva (se puder ser estabelecida) forneceria boa evidência da sobrevivência à morte corpórea de ao menos alguma

parte da personalidade.

Stevenson (1974d, pp. 14-18) descreve vários casos espontâneos de criança

com xenoglossia, incluindo os de Swarnlata Mishra, Bishen Chand Kapoor, e Kumkum Verma, para os quais escrevemos registros feitos antes das verificações (ver Seção 2.5.1). Em outra parte Stevenson (1983b, pp. 216-217) lista

aparente xenoglossia junto com outros comportamentos notáveis compartilhados pelo grupo de crianças burmesas que alegaram memórias de soldados japoneses

mortos em Burma. Andrade (1988, pp. 10-81) informa outro caso (não resolvido) de uma criança brasileira com xenoglossia italiana.

Todos estes casos fornecem exemplos de xenoglossia recitativa. Os casos de xenoglossia responsiva mais conhecidos (Stevenson, 1974d, 1984b) são casos de regressão hipnótica (ver Seção 1.4), mas o exemplo mais espetacular é o de

Uttara Huddar (Akolkar, 1985; Stevenson, 1984b), que tinha cerca de 30 anos quando começou a sofrer mudanças de personalidade durante as quais ela

alegou ser uma mulher bengali, e falou somente bengali.

Huddar aparentemente teve alguma exposição ao Bengali, mas tanto Akolkar

quanto Stevenson (cujas investigações foram conduzidas independentemente) estão seguros que ela não podia ter aprendido o suficiente para explicar a fluência exibida por sua personalidade alternada.

Huddar, em sua personalidade de Sharada, deu muitos detalhes de uma vida que lembrou em Bengal na metade do século 19, incluindo vários nomes que foram

achados listados sobre a genealogia da família em questão. Infelizmente a lista é limitada à linhagem masculina, e então a existência de Sharada permanece não

demonstrada. Os casos hipnóticos de regressão com xenoglossia responsiva (Stevenson, 1974d, 1984b) são também não resolvidos, ao passo que em todos casos de criança resolvidos disponíveis a xenoglossia é recitativa ao invés de

responsiva. Assim, é possível reter alguma dúvida sobre a importância de xenoglossia como evidência para sobrevivência, muito menos de sobrevivência

na forma de reencarnação. Casos resolvidos de memórias de vidas passadas com xenoglossia responsiva ajudariam a determinar a questão, mas nenhum de tais casos foi informado até agora.

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2.5.3. Casos Envolvendo Gêmeos

Os casos envolvendo o que são chamados gêmeos “idênticos” (gêmeos nascidos de um único ovo, ou monozigóticos) são de interesse especial porque quaisquer diferenças observáveis entre os gêmeos pareceriam ser atribuíveis a fatores não

genéticos. No entanto, o único meio seguro de distinguir entre gêmeos de um ou dois ovos é por meio de exames de sangue, e Stevenson (ver Stevenson, 1987a,

p. 305) foi capaz de organizar exames de sangue para só seis pares de gêmeos. Ele normalmente teve que basear sua observação nas semelhanças físicas dos gêmeos. Sem maior certeza na determinação do estado biológico dos gêmeos,

seria imprudente realçar as diferenças entre gêmeos aparentemente monozigóticos.

Os casos de gêmeos possuem outras características que os fazem de interesse aqui, contudo. Stevenson (1987a, p. 187) nota que de 36 casos de gêmeos em

seus arquivos, 26 foram resolvidos para ambos os gêmeos. Entre estes 26 casos, as pessoas prévias foram parentes em 19 casos e sidos amigas ou conhecidas nos sete restantes. Em nenhum dos 26 casos de gêmeos duplamente resolvidos

eram as pessoas prévias estranhas entre si.

O mesmo padrão é evidente em casos de gêmeos publicados. Stevenson (1983b)

descreve em detalhe um caso envolvendo uma série de gêmeos, Ramoo e Rajoo Sharma, que lembraram-se de vidas como gêmeos que foram assassinados ao

mesmo tempo e jogados juntos num poço. Ele (Stevenson, 1987a) resume o caso de outra série, os gêmeos Pollock, que forneceram evidência de serem as reencarnações de suas irmãs que tinham morrido juntas num acidente. Fielding

Hall (1902) descreve o caso de gêmeos meninos que reconheceram-se como marido e esposa de uma vida prévia em que eles tinham morrido juntos. Cook

(1986a) informa um caso semelhante. Em dois casos publicados, só um dos gêmeos lembrou uma vida prévia. Rankawat (1959) menciona um caso no qual um gêmeo alegou lembrar-se de uma vida prévia em que seu irmão era seu

cozinheiro. Alexandrina Samona (Lancelin, n.d.; Shirley, 1936) era também gêmea; o outro gêmeo não alegou nenhuma memória de vida passada.

2.5.4. Casos com Datas Anômalas Há muitos casos publicados com intervalos inferiores a nove meses, e alguns casos com intervalos de um ou de alguns dias ou mesmo de algumas horas,

como parece ter ocorrido no caso de Nasir Toksoz (Stevenson, 1980). Em casos mais raros ainda o intervalo é negativo; isso é, o indivíduo nascia antes da

pessoa prévia ter morrido. O caso do monge budista Chaokhun Rajusthajarn (Stevenson, 1983b) ilustra este fenômeno. Chaokhun Rajusthajarn nasceu cerca de um dia antes da morte da pessoa prévia e alegou lembrar os acontecimentos

envolvendo a transição de um corpo a outro.

Em outros exemplos do que Stevenson (1987a) chama de casos com “datas

anômalas”, a transição de um corpo a outro é dito ter ocorrido quando o indivíduo tinha alguns anos de idade. Stevenson (1974c) publicou um caso deste

tipo (o caso de Jasbir) em que o indivíduo tinha três anos de idade; e Stevenson, Pasricha, e Mclean-Rice (1989) recentemente informaram outro (o caso de

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Sumitra Singh), em que o indivíduo tinha 17 anos quando a transição ocorreu. Nestes casos, o indivíduo sofreu uma doença severa, pareceu morrer, mas

ressuscitou exibindo uma personalidade radicalmente diferente e alegando ser uma pessoa diferente (que, como revelou-se, tinha morrido quase simultaneamente).

Stevenson tem ao menos seis outros casos inéditos em que ele garante que erros de registro não podem explicar a discrepância entre as datas de morte e de

nascimento (ver Stevenson, 1987a, p. 124). Se ele está correto na sua estimativa destes casos, eles sustentam um desafio teórico particular, porque

eles indicam que a reencarnação não necessita ocorrer necessariamente antes do nascimento do indivíduo. Tais casos assemelham-se aos casos de possessão exceto que a possessão parece ser permanente ao invés de passageira (cf.

Stevenson, 1974c, pp. 374-377). Com a exceção do caso de Choakhun Rajusthajarn (Stevenson, 1983b), que estava com cerca de 60 anos quando

Stevenson o entrevistou, casos de datas anômalas não foram acompanhados por um período suficientemente longo para determinarmos que não teria havido uma volta à personalidade original (Jasbir foi acompanhado por 17 anos e Sumitra

dois anos pelo tempo de publicação). Em todos casos, no entanto, a segunda personalidade permaneceu no controle por um período consideravelmente mais

longo que os quatro meses que ocorreram no caso de Lurancy Vennum (Myers, 1903, v. 1, pp. 360-368; Stevens, 1897), que fornece o paralelo mais próximo da literatura sobre possessão. Num caso mais recente informado por Giovetti

(1985), o período de possessão (36 horas) foi ainda mais curto.

2.5.5. Vidas Alegadas como Animais Não Humanos

A crença que os seres humanos podem renascer como animais não humanos é

comum, não sendo apenas encontrada no Hinduismo e Budismo, mas também por toda a África (Besterman, 1968; Parrinder, 1951) e entre algumas tribos

indígenas Americanas (Hall, 1956). Dado este fato, é algo surpreendente que tão poucas alegações de terem sido uma vez animais sejam feitas. Ainda que os casos de memórias de vidas passadas não sejam respostas a exigências culturais

(como a hipótese de fantasia sustenta), se poderia esperar que as exigências culturais os formassem mais frequentemente do que se encontra neste

momento.

As alegações de lembranças de vidas como animais são extremamente raras

(Stevenson, 1987a, p. 210). Elas ocorrem em só dois dos casos de Stevenson publicados. Warnasiri Adikari (Stevenson, 1977b) alegou lembrar de quatro vidas prévias, uma delas como uma lebre que comia folhas e tinha sido baleada, e

Pratomwan Inthanu (Stevenson, 1983b) acreditava que ela tinha sido um macaco em uma ou duas vidas prévias anteriores às duas humanas que ela se

lembrava. Stevenson (1987a, p. 302) em resumo descreve um terceiro caso do tipo, em que uma menina burmesa alegou uma vida intermediária como um boi. Mais frequente do que achar indivíduos alegando se lembrarem de vidas como

animais, é achar adultos numa sociedade identificando animais como as reencorporações de pessoas mortas, normalmente pela aparição repentina de um

animal no momento da morte, ou de alguma semelhança percebida de comportamento entre o animal e a pessoa morta. Fielding Hall (1902, pp. 298-

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300) registra o caso curioso de uma mulher que poupou a vida de um corço, acreditando ser a reencarnação de seu filho, e então foi processada em corte

pelos caçadores que o tinham perseguido. A corte determinou que nenhuma parte tinha feito seu caso, e manteve a custódia.

2.5.6. Casos Espúrios

Talvez injustamente, começamos nossa discussão de casos espúrios com casos

fortemente anômalos de que não temos nenhuma razão substancial para ficarmos desconfiados. Os casos dos Cátaros de Guirdham intrigam porque

envolvem características tanto típicas quanto atípico de casos de memórias de vidas passadas. A jovem idade em que dois dos indivíduos de Guirdham (1970,

1974) primeiro informaram suas memórias, a presença de doença nestas ocasiões, e os sonhos recorrentes que se seguiram, são características achadas em outros casos. Das características raras, podemos anotar o longo intervalo de

séculos, a qualidade fortemente mediúnica de alguns casos, as aparições em sonho e no estado de vigília, e o conceito de reencarnação de grupo em si, que

num livro posterior (Guirdham, 1976) é revelado ter ocorrido em intervalos sobre os últimos 2.000 anos. Os livros de Guirdham tornaram-se sucessivamente mais populares em estilo, e como Gauld (1982) observa a respeito deles, qualquer

avaliação final terá que ser feitas por um exame dos registros originais.

Lenz (1979) apresenta outra série de casos anômalos, desta vez puramente

adultos. Outra vez algumas características são semelhantes às características informadas em outras partes, enquanto outras não são. Nos breves lampejos ou

visões, no sentido do indivíduo estar afastado da cena imaginada e então gradualmente ir se misturando a ela, em sua identificação com a figura central da imagem, estes casos são semelhantes a outros casos adultos. Lenz (1979)

contudo informa várias outras características associadas — tal como um tocar nas orelhas no princípio das memórias — que foi informado em outros tipos de

casos (p.ex., experiências fora do corpo), mas não se encontram em outros casos de memórias de vidas passadas de adultos nem de crianças. O tratamento é outra vez popular, e qualquer avaliação adequada do material outra vez terá

que ser feita com os dados originais.

Passamos agora de casos anômalos a casos espúrios em si. Stevenson, Pasricha,

e Samararatne (1988) descrevem seis casos asiáticos de crianças que inicialmente pareciam ser autênticos (no sentido descrito por Stevenson, Palmer,

& Stanford, 1977) mas que investigação subsequente mostrou envolver algum grau de ilusão, se não total engano, da parte de pessoas envolvidas. Estes seis casos todos envolvem características semelhantes aos casos típicos de memórias

de vidas passadas, e podem de fato ser casos muito fracos ou pouco desenvolvidos ao redor em que fantasia ou engano abundam. Um sétimo caso descrito pelos autores inclui características mais anômalas, e é mais nitidamente fraudulento. Este é o caso de King David (Heiman, 1968), um relatório de que apareceu na revista Fate [Destino]. O indivíduo era supostamente uma criança,

mas o intervalo de cerca de 3.000 anos está bem além do que os casos autênticos nos levariam a esperar (ver Seção 3.4.3).

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Alguns outros casos claramente espúrios mais ou menos semelhantes ao casos típicos de memórias de vidas passadas foi informado. Bose (1959) descreve um

caso envolvendo criptomnésia (amnésia de fonte). O indivíduo de Bose deu uma descrição de um assassinato, informação que mais tarde foi localizada no recorte de uma notícia usada para embrulhar uma janela num edifício que sua família

anteriormente tinha ocupado. A criança não fez, no entanto, a alegação de ter sido a vítima do assassinato, como faria um típico indivíduo. O clássico caso

descrito por Rosen (1956) é semelhantes neste aspecto. O indivíduo falou algumas palavras em Oscan, uma linguagem há muito tempo morta, mas ele não alegou ter memórias da vida de uma pessoa que a tenha usado. A informação

envolvida nestes casos, como na maioria dos casos de criptomnésia, é muito inferior às da maioria dos casos de memórias de vidas passadas. Para um

tratamento compreensivo de criptomnésia em parapsicologia, ver Stevenson (1983c).

Chari, que gosta de chamar mesmo casos de memória de vida fortemente verídicos de “fantasias”, em resumo descreveu casos em que a fantasia parece ter exercido um papel (Chari, 1973a, 1978, 1981; ver Seção 4.3). Em um caso

uma menina alegou ser a encarnação da deusa Kali ou Durga. Tinha marcas de nascimento assemelhando-se aos colares, pulseiras, e anklets [ornamento que se

coloca na região do tornozelo] usados por esta deusa, e continuou a falar “com uma sabedoria oracular com a passagem dos anos até que ela alcançou a idade de sete” (Chari, 1981, pp. 127-128). A alegada identificação, as marcas de

nascimentos, e o esquecimento pela idade de sete fazem este caso de valor para nós. Ajuda-nos a entender como a cultura pode ajudar a formar casos deste tipo,

mas podemos perguntar por que ele deve nos levar a questionar casos que em outras bases viemos a considerar paranormais. Como outros casos espúrios fortemente anômalos, no entanto, pode nos ajudar a localizar os limites dos

casos autênticos.

2.6. Comentários Sobre os Estudos de Caso

Estamos agora em posição de avaliar o material do caso em termos das hipóteses de reencarnação e fantasia.

A hipótese de reencarnação, reconhecidamente, está até então em boa forma. Contudo registrando os casos de memórias de vidas passadas, é óbvio que são muito semelhantes uns aos outros, sem ter em conta as culturas das quais que

eles são informados. Em toda parte a maioria dos indivíduos são informadas terem começado a falar de vidas prévias entre dois e cinco anos de idade e ter

cessado de falar sobre elas entre as idades de cinco e oito. Além de fazer reportadamente declarações verídicas sobre pessoas mortas e as vidas que viveram, os indivíduos são informados terem reconhecido pessoas ligadas com a

vida prévia e terem comportado-se de forma incomum nas suas famílias e grupos similares mas coerente com o comportamento das pessoas com quem

eles se identificam. São informados tendo habilidades possuídas por estas pessoas mas não aprendidas em sua vida presente e tendo fobias relacionadas ao modo com que as pessoas das quais eles falam morreram.

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Os indivíduos podem ser informados compartilhando características físicas com as pessoas prévias variando de semelhanças gerais a doenças internas

específicas, marcas de nascimento, ou defeito de nascimento. Além do mais, há características frequentemente associadas tais como as intenções expressadas pelas pessoas prévias de retornar, sonhos em que estas pessoas parecem

anunciar sua chegada nas famílias dos indivíduos, e desejos de gravidez da parte das mães que combinam com as preferências de alimento tanto das pessoas

prévias quando do indivíduo depois que nascem. Os indivíduos podem ser informados tendo se lembrado de acontecimentos entre a morte das pessoas prévias e seus próprios nascimentos e ter fornecido registros de como vieram

nascer a seus pais.

Esta descrição naturalmente se aplica a casos de crianças. Casos de adultos são um tanto diferentes, embora muito semelhantes em uma ou outra coisa a seu modo. Para explicar estas semelhanças de acordo com a hipótese de fantasia,

teríamos que supor uma difusão de crenças de imensa antiguidade. Casos de memórias de vidas passadas com as características resumidas acima tem sido

reportados nas culturas Hindu (Índia), Budistas (Tailândia, Burma, e os Sinhaleses do Sri Lanka), Islâmicas (Drusos e Alevi), Africanas (Igbo), e culturas indígenas norte-americanas (Tlingit, Haida, Kutchin, Gitksan, Beaver, Carrier),

assim como de toda parte da Europa e dos Estados Unidos, para falar somente daquelas sociedades e áreas que contribuíram com um número substancial de

casos. Além do mais, a crença na reencarnação — com crenças que resultam na possibilidade de lembrar vidas prévias e nos modos específicos que devem ser lembradas quando elas são — devem ter sido mantidas em alguns lugares (p.ex.,

Europa) não só na ausência de sanção cultural, mas perante total proibição.

Não devemos esquecer-nos de que temos registros de muitos — centenas, se

contarmos os casos não publicados (ver Seção 3) — de casos de memórias de vidas passadas que não são somente verídicos, mas resolvidos. Brody (1979a,

1979b) considera este fato como o ponto forte em favor da interpretação do Stevenson dos casos como sugestivos de reencarnação.

Mas vale notar que ainda que negligenciássemos a natureza verídica dos casos — mesmo que fôssemos hipotetizar defeitos fatais nos métodos de investigação — ainda teríamos que explicar por que casos tão semelhantes um aos outros foram

informados por tantas pessoas de tantos lugares sobre tal período de tempo.

Esta consideração ajuda a pender a balança a favor da paranormalidade, mas

seria imprudente descartar a hipótese de fantasia tão cedo. Vimos que a conformidade às crenças parece ser a melhor explicação para alegações de

lembranças de vidas prévias como animais não humanos. E se crenças tão claramente estão implicadas neste exemplo, por que não em outros?

De fato, em várias sociedades encontra-se uma crença na possibilidade de reencarnação em mais de um corpo ao mesmo tempo. Tal crença ocorre entre os Igbo (Stevenson, 1985) e outras tribos africanas ocidentais (Parrinder, 1951), os

tibetanos, os burmeses, os esquimós (Stevenson, 1987a), e várias sociedades indígenas americanas no Alasca e na Columbia britânica (de Laguna, 1972; Mills,

1988a, 1988b; Stevenson, 1975a). De Laguna (1972) descreve casos com

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múltiplas identificações da mesma pessoa prévia, mas são todas de variedade fraca e pouco desenvolvida, e não incluem alegações verbais por mais de um indivíduo lembrando a mesma vida prévia. Mills (1988b) e Stevenson (1975a) informam experiências semelhantes com os Gitksan e os Haida. Parecemos estar sendo confrontados aqui com identificações impostas por membros adultos da

sociedade, tal como ocorre quando animais são identificados como reencarnações de pessoas mortas.

Inegavelmente a maioria dos casos ocorre em lugares onde as crenças sobre a possibilidade de lembrar-se de vidas prévias são encontradas, e está claro que

em muitas exemplos as famílias tinham ouvido de outros casos antes de suas crianças terem começado a falar de vidas prévias(Barker & Pasricha, 1979). Em casos em que uma criança nasce numa família com crianças mais velhas que

falaram de vidas prévias (e há estes), a criança teria tido exposição direta aos casos. Em muitos casos os indivíduos alegam lembrar-se da vida dos avós,

irmãos mortos, ou outros parentes. Retornos preditos e sonhos anunciadores iriam também predispor a família a pensar que uma dada pessoa tinha retornado. Além do mais, Gauld (1985) chamou atenção ao fato que muitos

poucos casos vieram à tona a nós de antes da metade do século 19, mesmo em fontes em que poderíamos esperar encontrá-los.

Portanto devemos tomar seriamente a possibilidade que fatores sociais e culturais são responsáveis para alguns casos ou alguns aspectos de todos os

casos. Isto não pode ser a explicação inteira, porque há muitos casos bem desenvolvidos em que as duas famílias viviam bem distante e eram

desconhecidas uma da outra antes da criança ter começado a falar da vida prévia (Seção 3.4.1). Mas ainda que no final a reencarnação venha a parecer a interpretação mais satisfatória dos casos como um grupo, influências culturais e

sociais de algum tipo em sua expressão individual provavelmente são inevitáveis.

3. Os Padrões Através dos Casos

Diferentemente dos estudos de caso, que tem sido informados por muitas pessoas por muitos anos, análises padrão foram conduzidas principalmente por

Stevenson e seus colegas durante as últimas duas décadas. A Seção 3.1 fornece uma visão geral das análises padrão e a Seção 3.2 descreve e avalia a coleção

de caso de Stevenson, em que a maioria destes estudos foram baseados. As seções seguintes resumem-se aos resultados das análises padrão. Atenção especial é dada a fatores culturais e influências.

A Seção 3.3 descreve variações culturais nas características recorrentes de casos identificados na Seção 2.3. A Seção 3.4 trata de estudos de relacionamentos

entre o indivíduo e a pessoa prévia, tais como o período de intervalo e diferenças no sexo e estado socioeconômico. A Seção 3.5 discute as análises de outras

variáveis e a Seção 3.6 considera estudos de replicação. A Seção 3.7 retorna a uma avaliação da hipótese de reencarnação e fantasia.

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3.1. Análises Padrão

As primeiras análises padrão eram demográficas e outras características de casos inter e intraculturas. No final da década de 1960 Stevenson informou resumidamente dados sobre casos entre os índios Tlingit (Stevenson, 1966a) e

os esquimós (Stevenson, 1971a) do Alasca. Em 1970 Slobodin publicou uma análise de casos entre os Kutchin da Columbia britânica e Stevenson comparou

casos dentre os Alevi da Turquia, os Drusos do Líbano, e os Tlingit. Depois Stevenson (1975a) voltou sua atenção aos vizinhos dos Tlingit, os Haida.

Os dados para a Índia aparecem resumidamente em Stevenson (1975b), para o de Sri Lanka em Stevenson (1977a), para o Líbano e Turquia em Stevenson (1980), e para Tailândia e Burma em de Stevenson (1983b). Stevenson (1983a)

também comparou casos não tribais americanos com casos da Índia. Mais recentemente ele (Stevenson, 1986a) comparou casos dos Igbo da Nigéria com

casos de nove outras culturas. Muitos destes dados estão resumidos e atualizados em Stevenson (1987a). Mills (1988a, 1988b) compara características de casos dos Beaver, Gitksan, e os indios Wet’suwet’en (Bulkley River Carrier) da

Columbia britânica.

Pasricha (1978) e Pasricha e Stevenson (1979) comparam uma série de casos

investigados por Pasricha com casos previamente estudados por Stevenson. Cook, Pasricha, Samararatne, U Win Maung, e Stevenson (1983b) comparam

casos resolvidos e não resolvidos. Pasricha e Stevenson (1987) comparam casos separados por duas gerações. O relatório de Chadha e Stevenson (1988) se correlaciona a casos em que a pessoa prévia morreu violentamente. Matlock

(1989a) examina a relação da idade do indivíduo ao falar pela primeira vez de suas memórias aos estímulos externos (dicas) às memórias nessa ocasião.

Todas as análises padrão exceto as de Slobodin (1970), Mills (1988a, 1988b), e Matlock (1989a) foram informados por Stevenson e seus colegas, e são baseadas

na coleção de casos descritos na Seção 3.2. O estudo de Matlock foi baseado em casos publicados, a maioria deles de Stevenson, mas as amostras de Slobodin e Mills eram inteiramente independentes. (Embora o estudo de Pasricha de 1978

tenha sido feito independentemente de Stevenson, seus casos estão incluídos na coleção de Stevenson; ver Pasricha & Stevenson, 1979.)

Estudos baseados em séries independentes de casos tem vantagens em termos de comparação, mas podem ter desvantagens também. Como antropólogos,

Slobodin e Mills parecem ter incluído em seus estudos todos os casos que foram informados a eles, sem ter em conta seu valor evidencial. Stevenson, por outro lado, normalmente inclui em suas amostras somente casos que ele investigou, e

em cuja autenticidade (se não em cujos aspectos paranormais) coloca confiança. Os estudos de Slobodin e Mills portanto não são estritamente comparáveis a

esses de Stevenson.

Os próprios estudos de Stevenson não são verdadeiramente comparáveis a

nenhum outro, porque as amostras usadas em diferentes estudos frequentemente são baseadas em critérios diferentes. Muitos estudos combinam casos resolvidos e não resolvidos, embora alguns estudos sejam restringidos

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para um ou para o outro. Os tamanhos das amostras também variam porque a coleção de casos de que eles foram tirados cresceu.

Estatísticas descritivas só são informadas na maioria dos estudos, mas alguns (Chadha & Stevenson, 1988; Cook et al, 1983b; Matlock, 1989a; Pasricha &

Stevenson, 1979, 1987) empregam estatística ilativa também. Quando duas ou mais análises da mesma variável ou relacionamento de variáveis são informadas, normalmente a mais recente está citada aqui.

Os tamanhos das amostras assim como porcentagens e valores de probabilidade são dados sempre que apropriado. Em geral, todas as figuras são tratadas como

se fossem contemporâneos e comparáveis, e as devidas concessões devem ser feitas pelas considerações levantadas acima.

3.2. A Coleção de Casos de Stevenson

Como descrito por Cook (1986b), a coleção de casos na Divisão de Estudos de Personalidade na Universidade de Virginia consiste numa coleção principal e

numa coleção miscelânea menor. A coleção principal contém principalmente casos de crianças enquanto a coleção miscelânea contém casos adultos e outros

purgados da coleção principal de acordo com requisitos mais rígidos para admitir um caso à coleção introduzidos no princípio da década de1980. Durante os primeiros anos da pesquisa de Stevenson, quase todas as alegações de memória

de vidas passadas informadas a sua Divisão foram admitidas na coleção (principal). A figura mais recente do censo dada para a coleção principal é de

2.500 casos (Stevenson & Samararatne, 1988), da qual só uma pequena porção foi informada ou resumida em formato impresso (ver Seção 2.1). Com só uma pequena proporção dos casos na coleção publicados, é razoável perguntar o quão representante de todos os casos os casos publicados são. Stevenson publicou casos com um vasto leque de forças evidenciais, de casos

não resolvidos a casos resolvidos ricos em memórias específicas visuais, verbais, comportamentais, e físicas, e isto nos deve dar alguma confiança na

representatividade dos casos publicados. Esta confiança é fortalecida pelo achado (Matlock, 1989a) de grande semelhança entre as médias das idades dos indivíduos, as proporções de sexos dos indivíduos, e outros fatores numa

amostra de 95 casos publicados e quadros informados para séries maiores de casos não publicados (embora os dados de Matlock não concordem com os de

Stevenson em todos aspectos; ver Seções 3.4.3 e 3.4.6).

Também devemos perguntar quão representativos dos casos de memórias de

vidas passadas como um tipo. A maioria dos casos de Stevenson vem de certas regiões e certos países dentro delas (Seção 3.1). Estes são os lugares onde ele e seus colegas fizeram os esforços mais sérios para localizar e estudar os casos, e

isso não quer dizer que não haja casos para serem achados em outra parte. De fato, vimos que outros autores (p.ex., Emmons, 1982; Mills, 1988a, 1988b;

Slobodin, 1970) informaram casos de outras sociedades. O próprio Stevenson (1987a) acredita que muitos casos estão para ser achados no Tibete, Japão, Laos, Camboja, e Vietnã, além daqueles países em que ele trabalhou. Sabe-se

que os casos ocorrem também entre os aborígines australianos (Warner, 1937),

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por toda a África Equatorial (Besterman, 1968; Parrinder, 1951), e entre tribos indígenas norte-americanas além daquelas já mencionadas (Hall, 1956).

O número de casos de Stevenson de qualquer sociedade dada não é necessariamente uma indicação de sua incidência dentro dessa sociedade.

Stevenson tem mais casos de Burma que de qualquer outro lugar (Cook, 1986b), mas uma incidência mais alta pode ocorrer no Líbano (Stevenson, 1980, p. 8). Para registrar apenas uma única pesquisa sistemática foi conduzida. Isto resultou

numa contagem de 2.2 casos por 1.000 pessoas num bloco desenvolvido no norte da Índia (Barker & Pasricha, 1979).

Quase todos casos do Stevenson vieram a sua atenção por registros de notícia ou foram voluntariamente informados a ele, e eles não são necessariamente

representantes de todos casos em caráter. Há evidência que a informação sobre casos com características particularmente dramáticas é a mais largamente difundida (Barker & Pasricha, 1979, p. 239). Os casos com pessoas prévias de

circunstâncias socioeconômicas consideravelmente melhores que o indivíduo (Seção 3.4.5) e casos em que a pessoa prévia morreu violentamente (Seção

3.4.6) podem estar desproporcionalmente representados na coleção.

A proporção de casos em que tanto o indivíduo quanto a pessoa prévia vinham da

mesma família chegando à atenção de Stevenson aumentou notadamente desde o começo da sua pesquisa, sugerindo que estes casos privados da “mesma família” estavam sendo mantidos em segredo inicialmente (Stevenson, 1975b, p.2).

Os casos nos arquivos, como os casos publicados, variam grandemente em qualidade (Stevenson, 1974c, p. 2). Além do mais, há intrigantes sugestões que

a qualidade dos casos varia por cultura. Este último ponto vale realçar, porque pode indicar a fonte forte de viés na coleção de Stevenson. Os sete casos de

índios Tlingit em Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação estavam entre os mais fraco no livro, tanto individualmente quanto como um grupo, mas em suas fraquezas eles são representantes de casos achados no Litoral Noroeste da

América do Norte. Os casos Haida são também notavelmente fracos (Stevenson, 1975a), como são outros casos dessa região (ver de Laguna, 1972; Goulet,

1982; Mills, 1988a, 1988b; Slobodin, 1970).

Os casos informados de outras áreas fora das regiões da Ásia onde a maioria dos

casos mais desenvolvidos ocorre são também relativamente fracos. Embora muitos casos bons tenham sido informados do norte da Índia, os casos no sul são notoriamente escassos e pobres.

Casos não tribais americanos tendem a ser pobremente desenvolvidos (Stevenson, 1983a), como os casos dos nigerianos Igbo (Stevenson, 1986a). Os

casos chineses informados por Emmons (1982) são tão pouco desenvolvidos que não os chamaríamos de casos absolutamente, com exceção do fato que suas características assemelham-se aos padrões características dos casos mais

desenvolvidos.

Casos menos desenvolvidos frequentemente não incluem uma alegação pelo indivíduo de lembrar-se de uma vida prévia, mas pode consistir em não mais que

uma marca de nascimento chamativa ou comportamento inesperado, talvez só

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um sonho anunciador. A variedade pouco desenvolvida de casos de memórias de vidas passadas tem frequentemente sido informada na literatura antropológica.

(Matlock, 1989b, descobriu que de 17 sociedades com crenças na reencarnação humana — de 42 sociedades pesquisadas — marcas de nascimento ou outra evidência em favor das crenças eram citadas em 12.) Os casos com alegações a

memórias aparecem raramente em registros etnográficos, embora haja alguns, especialmente da região do Litoral Noroeste (p.ex., além dos estudos citado

acima, Kara, 1980; Honigman, 1964; Osgood, 1937; Seguin, 1985; Swanton, 1908). O fato de que aí existe relatórios de casos fracos, pouco desenvolvidos, sugere que estes relatórios devem ser vistos como a extremidade oposta de uma

série dos melhores casos desenvolvidos. Há dois meios de interpretar esta observação.

Muitos casos pouco desenvolvidos são tão fracos que uma interpretação de reencarnação baseada neles - muito menos uma identificação com uma pessoa

morta específica, quando isso ocorre - claramente pode ser vista ser o resultado principalmente de uma crença em reencarnação. Identificações influenciadas por crenças podem ser vistas mesmo em alguns dos melhores casos desenvolvidos,

como no caso de Simone informado por Andrade (1988), onde o nome dado para a pessoa prévia vem de um médium espírita, ao invés do próprio indivíduo.

Pode-se desejar argumentar de tais exemplos para os melhores casos desenvolvidos, e dizer que se as identificações impostas estão presentes nos

casos menos desenvolvidos, elas estão provavelmente presentes nos casos mais desenvolvidos também. Mas este argumento seria injusto aos melhores casos desenvolvidos, em muitos deles existe uma rede tão complexa de referências

específicas que o indivíduo parece claramente estar se referindo a uma pessoa morta e nenhuma outra (p.ex., Stevenson & Samararatne, 1988). Certamente

casos de identificações impostas são interessantes e instrutivas, mas eles não devem lançar dúvida nesses casos em que a identificação imposta parece improvável de ter ocorrido. Casos espontâneos em geral mostram um vasto

leque de expressão, e seria surpreendente se casos de memórias de vidas passadas diferissem desta regra.

Nossa observação que a coleção de casos de Stevenson contem em grande parte exemplos dos tipos mais desenvolvidos de casos de memórias de vidas passadas

não impugnam a fiabilidade dos resultados de estudos baseados na coleção, mas quer dizer que devemos ter cuidado como interpretamos estes resultados. Stevenson prosseguiu com suas investigações como um parapsicólogo,

principalmente interessado nos casos por seu valor evidencial como fenômenos paranormais. Ponha outro lado, a pesquisa do Stevenson foi apontada como

vendo que evidencia há para a reencarnação, e ele realçou os melhores casos desenvolvidos. Portanto devemos estar seguros em entender os resultados baseados na sua coleção como se referindo aos melhores casos de memórias de

vidas passadas (aqueles em que uma alegação de lembrar-se de uma vida prévia é feita pelo indivíduo), antes que (necessariamente) como se aplicando a todos

casos do mesmo tipo geral (que pode ou não incluir uma alegação por um indivíduo de lembrar uma vida prévia). Devemos nos lembrar também que outros fatores (p.ex., métodos de amostragem) podem ter induzido a coleção em

outros meios desconhecidos.

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3.3. Variações Culturais em Características Recorrentes dos Casos

As análises padrão discutidas nas Seções 3.4, 3.5, e 3.6 são limitadas a uma única cultura (tal como a Índia) ou comparam mais as variáveis entre as culturas. Está claro de tais análises que algumas variáveis mostram variação

cultural considerável. Características recorrentes dos típicos (bem-desenvolvidos) casos espontâneos de memórias de vidas passadas descritas na Seção 2.3

também mostram alguma variação cultural, tanto em preponderância quanto em caráter. Estas variações serão discutidas na presente Seção. A menos que contrariamente indicados, os dados se referem a amostras combinadas de casos resolvidos e não resolvidos.

Stevenson (1986a) descobriu que os machos ultrapassam em número as fêmeas

como indivíduos de casos de crianças em 2 para 1 (63%: 37%) numa série de 1.152 casos. A mais alta incidência de indivíduos masculinos ocorreu entre os

Igbo da Nigéria, onde 77%, ou 44, de 57 indivíduos eram machos. O único país em que as fêmeas ultrapassaram em número os machos foi o Sri Lanka, em que 51%, ou 60, de 117 indivíduos eram fêmeas.

Cook et al. (1983b) dá a idade média de um indivíduo falar pela primeira vez sobre uma vida prévia como 37.16 meses, ou pouco mais de 3 anos, numa série

de 458 casos resolvidos de seis culturas. Quando olhou isto pela cultura, a média variou um pouco, de 29.08 meses (2.42 anos) em 36 casos no Sri Lanka a 39.19

meses (3.27 anos) em 136 casos em Burma (Cook et al., 1983b). A idade média de esquecimento (ou mais precisamente, a idade em que os indivíduos cessam de falar da vida prévia espontaneamente), variou de 72.55 meses (6.5 anos) em

11 casos no Sri Lanka a 125.59 meses (10.5 anos) para 17 casos no Líbano. O tamanho da amostra envolvida na última análise foi incomumente pequeno

porque a coleção sistemática de dados sobre o esquecimento só há muito pouco tempo começou.

Outras características dos casos mostram variação cultural também. Os Sinhalese (Sri Lanka) e indivíduos não tribais americanos são relativamente improváveis de mencionar os nomes das pessoas que eles alegam ter sido,

resultando num número relativamente pequeno de casos resolvidos nestas sociedades. Somente 16 (20%) de 79 casos americanos do Stevenson e 37

(32%) de seus 117 casos do Sri Lanka são resolvidos (Cook et al., 1983b).

Os resolvidos ultrapassam em número os casos não resolvidos na Ásia como um

todo (Stevenson, 1983b, p. 191) e em cada um de quatro outros países asiáticos (Índia, Burma, Tailândia, e Líbano), com a mais alta porcentagem (80%) achada em Burma, onde 185 de 230 casos são considerados resolvidos (Cook et al.,

1983b).

Os indivíduos Igbo, os Tlingit, e os Haida fazem relativamente poucas

declarações de qualquer tipo sobre a vida prévia (Stevenson, 1985), algo que é verdadeiro também para os Beaver, os Gitksan, e os Carrier (Mills, 1988a,

1988b), embora os casos destas culturas possam ser distintos em outras formas . Os casos dos Haida são relativamente ricos em memórias comportamentais (Stevenson, 1977a). Uma porcentagem alta dos casos dos Igbo tem marcas de

nascimento ou defeitos de nascimento. Uma porcentagem alta dos casos dos

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Tlingit, dos Beaver, e dos Gitksan têm marcas de nascimento ou sonhos anunciadores.

As marcas de nascimento e defeitos de nascimento são fortemente relacionados a casos em que a pessoa prévia morreu violentamente, e são achadas

frequentemente nessas culturas (Alevi, Tlingit, Burmese) em que há uma proporção incomumente alta de casos com mortes violentas (Seção 3.4.6). A proporção incomumente alta (39 de 57, ou 68%) de casos Igbo com marcas de

nascimento ou defeitos de nascimento é anômala já que só 30% das pessoas prévias Igbo encontraram mortes violentas (Stevenson, 1986a). A anomalia pode

ser explicada parcialmente pelo interesse especial do Stevenson com tais casos durante suas viagens de campo a Nigéria (Stevenson, 1986a, p. 205), mas um fator cultural interessante pode estar envolvido também.

Os Igbo acreditam que algumas crianças que morrem na infância o fazem deliberadamente para atormentar seus pais. Chamam estas crianças de ogbanje,

ou “bebês reincidentes”, e acreditam que eles podem renascer aos mesmos pais só para deixá-los outra vez se eles não forem parados. O modo mais extremo

que um suspeito ogbanje pode ser interrompido é mutilando o corpo da criança, talvez por amputar uma porção de um dedo. Se este ato tem o efeito desejado de prevenir mortes prematuras, algumas crianças Igbo nascem com uma

extremidade do dedo perdida ou outra deformidade que parece corresponder a uma marca feita num irmão morto. (Stevenson & Edelstein, 1982, descobriram

que anemia falciforme não pode explicar a incidência de tais casos; Stevenson, 1986a, dá exemplos.) Crenças e práticas semelhantes são encontradas em outras sociedades, especialmente na África Ocidental (Parrinder, 1951).

Algumas pessoas acreditam que é possível escolher uma próxima encarnação, outros asseguram que não é possível ou são agnósticos sobre a questão. O

Hinduísmo e o Budismo atribuem a reencarnação a forças cármicas, além do controle imediato do indivíduo, e retornos preditos normalmente não são

achados nas sociedades influenciadas por estas religiões. Retornos preditos, no entanto, são comuns entre o Tlingit (de Laguna, 1972; Stevenson, 1966a) e os Haida (Stevenson, 1975a). Ocorrem também entre os Beaver e os Gitksan,

embora não entre os Carrier (Mills, 1988a).

Sonhos anunciadores têm sido informados de todas as culturas para quais

Stevenson tem casos (Stevenson, 1987a, p. 99), embora com frequência variável. Sonhos anunciadores raramente são informados no Líbano, coerente

com a crença dos Drusos sobre renascimento imediato (Stevenson, 1980). No entanto, eles são informados com frequência relativa em Burma (Stevenson, 1983b); na Turquia entre os Alevi (Stevenson, 1980); e entre os esquimós

(Stevenson, 197 la) e as tribos índias do Alasca e da Columbia britânica, tais como os Tlingit (Stevenson, 1966a), os Haida (Stevenson, 1977a), os Kutchin

(Slobodin, 1970), os Beaver, os Gitksan, e os Carrier (Mills, 1988a, 1988b).

Não apenas a prevalência, mas a sincronização e o caráter dos sonhos

anunciadores mostra variação cultural. Os sonhos tendem a ocorrer no último mês de gravidez entre os Tlingit, mas pouco antes da concepção em Burma (Stevenson, 1987a). Os sonhos anunciadores dos Tinglit tipicamente tomam uma

forma simbólica. Por exemplo, a entidade pode aparecer no portão de jardim

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carregando valises (Stevenson, 1966a, tem exemplos). No Sri Lanka os sonhos anunciadores são ainda mais simbólicos (Stevenson, 1973c, 1977b). Em Burma,

pelo contrário, os sonhos são polidos e por meio de pedidos. Ao invés de anunciar sua intenção de vir à família, as entidades burmesas pedem permissão para renascerem aí (Stevenson, 1983b).

3.4. A Relação do Indivíduo com a Pessoa Prévia

Vários estudos tocaram sobre o relacionamento do indivíduo à pessoa prévia. Como será observado, um modelo cultural distinto é evidente em muitas

variáveis. Frequentemente é possível associar-se o modelo cultural com crenças específicas ou outros fatores sociais ou culturais, como foi o caso com as

mutilações de Ogbanje praticadas pelos Igbo, a prevalência de retornos preditos, e o caráter de sonhos anunciadores (Seção 3.3). Cada cultura parece colocar seu selo distinto em seus casos de memórias de vidas passadas, divergindo de várias

maneiras das características recorrentes entre as culturas. Retornaremos a este ponto importante na Seção 3.7.

3.4.1. Contado Entre a Família Atual e a Anterior Antes do Desenvolvimento do Caso

O conhecimento entre as famílias do indivíduo e da pessoa prévia antes de um caso começar a se desenvolver é parcialmente, mas não inteiramente, uma função da distância geográfica entre as famílias. Duas famílias vivendo longe e

separadas podem ser aparentadas ou contrariamente podem conhecer uma à outra, ao passo que as famílias vivendo no mesmo povoado ou vizinhança podem

pertencer a estratos socioeconômicos, castas, ou grupos religiosos diferentes, o que pode separar uma da outra tão eficientemente quanto faria uma grande

distância física. Em todo o caso, a extensão do conhecimento (particularmente a frequência com que as duas famílias foram relacionadas) varia largamente através das culturas. Stevenson (1986a) relata que na maioria dos seus casos, as duas famílias tiveram algum conhecimento antes do caso desenvolvido. Num total de 702

casos de 10 culturas as duas famílias eram aparentadas em 46% de casos, conhecidas em 31% de casos, e desconhecidas uma da outra em 23% de casos.

Entre os Tlingit (N = 67), os Haida (N = 23), e os americanos não tribais (N = 16), nenhum caso em que as duas famílias eram desconhecidas uma à outra foi informado. As duas famílias se conheciam em 52 (99%) de 53 casos Igbo.

Na outra ponta está o Sri Lanka, onde as duas famílias eram conhecidas em 15 (48%) de 31 casos e Índia, onde eram conhecidas em 104 (57%) de 183 casos.

As duas famílias eram conhecidas em 25 (78%) de 32 casos tailandeses, 131 (85%) de 154 casos burmeses, 52 (83%) de 63 casos Alevi, e 56 (70%) de 80 casos drusos.

O conhecimento entre as duas famílias pode ser de vários tipos. Pasricha (1978) separa o conhecimento em cinco categorias de relacionamentos e associações.

Relacionamentos biológicos entre as duas famílias eram presentes em 9 (10%)

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de 87 casos e relacionamentos conjugais em 3 (3%) de 86 casos. Associações sociais estavam presentes em 35 (55%) de 64 casos, associações comerciais em

27 (63%) de 43 casos, e outras associações em 34 (37%) de 91 casos. Dados relevantes não estavam disponíveis em todos casos, enquanto alguns casos caíram em mais de uma categoria. O estudo do Pasricha envolveu somente casos

indianos. Dados comparáveis não estão disponíveis para outras sociedades.

Em casos em que as duas famílias eram conhecidas, o indivíduo e a pessoa

prévia são na maioria frequentemente da mesma família. A incidência de casos na mesma família varia de 29 (16%) de 183 casos na Índia a 64 (96%) de 67

casos entre os Tlingit. Os casos da mesma família explicam 6 (19%) de 31 casos do Sri Lanka, 19 (24%) de 80 casos libaneses, 18 (29%) de 63 casos Alevi, 83 (54%) de 154 casos burmeses, 22 (69%) de 32 casos tailandeses, 20 (87%) de

23 casos Haida, 49 (92%) de 53 casos Igbo, e 15 (94%) de 16 casos não tribais da sociedade americana (Stevenson, 1986a). Mills (1988a) define a família em

termos de linhagem, e informa 32 (91%) de 35 casos entre os Gitksan e 26 (93%) de 28 casos entre os Carrier como em concordância com esta regra (os Beaver, que não registram a descendência em termos de linhagem, estão

omitidos da análise).

A prevalência de relacionamentos familiares entre as duas famílias apoiam

alguma relação a regras sociais e práticas, se não a crenças sobre o processo de reencarnação. Os Hindus, asperamente falando, são exogâmicos com referência

a linhagem dentro da casta (querendo dizer que devem casar fora das suas famílias mas dentro de suas castas), e seus casos mostram uma proporção relativamente grande de casos com as duas famílias desconhecidas uma às

outras antes dos casos se desenvolverem. Os Tlingits, por outro lado, traçam a descendência dentro de grupos de família. Os Tlingits também colocam a ênfase

em renascerem na mesma família, e uma proporção grande de seus casos são casos na mesma família.

É importante observar que os dados sobre conhecimento se referem às famílias do indivíduo e à pessoa prévia, e não ao indivíduo e à família da pessoa prévia. Dados não tem sido informados sobre a frequência e o grau de conhecimento

entre o indivíduo e a família da pessoa prévia antes do desenvolvimento do caso, mas estes seriam muito menor do que entre as famílias (que inclui breves e

passageiros encontros bem como laços fortes). Ao focalizar o conhecimento e o relacionamento entre as famílias, além do mais, é fácil de ver o fato que em quase um quarto (23%) de todos casos, nenhum conhecimento de qualquer tipo

era presente.

3.4.2. Distância de Intermissão

A distância de intermissão — a distância do lugar de morte da pessoa prévia ao

lugar de nascimento do indivíduo — não foi ainda estudada sistematicamente, e poucos dados estão disponíveis sobre isto. Wilson (1982, p. 19) dá uma tabela

de distâncias de intermissão em casos de Stevenson publicados a partir de 1977, mas esta tabela não é totalmente de confiança, parcialmente por causa do fracasso de Wilson em distinguir claramente entre a distância do lugar de morte

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da pessoa prévia ao lugar de nascimento do indivíduo e a distância da residência da pessoa prévia à residência (ou local de nascimento) do indivíduo.

Estas distâncias não precisam ser as mesmas, e em casos internacionais (em que a pessoa prévia tipicamente morre longe do lar) elas claramente não são.

Pasricha (1978) dá a distância mediana (local de morte a local de nascimento) como 10 quilômetros em 38 casos indianos estudados por ela, mas 46,1 quilômetros em 40 casos estudados por Stevenson. Pasricha também informa

dados para a distância mediana entre a residência da pessoa prévia e o local de nascimento do indivíduo. Deu 8 quilômetros em 37 casos estudados por ela mas

45,1 quilômetros em 40 casos estudados por Stevenson. As diferenças entre os dados de Pasricha de Stevenson em ambos exemplos eram não significantes por um teste t (Pasricha, 1978). No entanto, elas eram significativas (p <. 05, em

ambos exemplos) por um teste mediano (Pasricha & Stevenson, 1979, p. 56).

Seria bom saber o alcance das distâncias de intermissão assim como as

medianas para as várias culturas. O alcance superior das distâncias na amostra de Stevenson discutida acima claramente excedeu em muito a de Pasricha. A

julgar pelos casos publicados, as distâncias às vezes podem ser bastante longas. No caso de Jagdish Chandra (Stevenson, 1975b), era de 500 quilômetros.

A determinação da distância de intermissão em casos internacionais é complicada pelo fato que todos estes casos até então informados são não resolvidos (Stevenson, 1987a, p. 216).

Se as declarações do indivíduo nestes casos forem dignas de crédito, no entanto, a distância mediana — como a distância entre o local de morte ao local de

nascimento — seria claramente curta. Na maioria dos casos internacionais a morte é dita ter ocorrido longe do lar, na vizinhança do local de nascimento do

indivíduo, embora Stevenson (1987a, pp. 247-248) mencione alguns casos em que a morte pode ter ocorrido no estrangeiro.

3.4.3. Período de Intermissão

O período de intermissão — o intervalo entre a morte da pessoa prévia e o

nascimento do indivíduo — pode, assim como a distância de intermissão, ser fixado apenas para casos resolvidos. Wilson (1982, p. 17) fornece uma lista

aproveitável de períodos de intermissão em casos de Stevenson publicados a partir de 1977. O período mediano de intermissão para 616 casos em 10 culturas é informado por Stevenson (1987a, p. 117) como sendo de 15 meses. O período

varia de cultura para cultiva, indo de 4 meses em casos de Haida (N = 17) a 34 meses em casos de Igbo (N = 35), excluindo casos não tribais Americanos (N =

25) em que o período é de 141 meses. No Líbano a mediana é de 8 meses (N = 79), na Turquia 8,5 meses (N = 64), na Índia 12 meses (N = 170), no Sri Lanka 16 meses (N = 35), na Tailândia 18 meses (N = 33), em Burma 21 meses (N =

125), e entre os Tlingit 24 meses (N = 41) (Stevenson, 1986a).

Outros autores informaram resultados consistentes com os de Stevenson.

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Slobodin (1970, p. 69) afirma que a reencarnação entre os Kutchin é esperada ocorrer dentro de um ano após a morte. Mills (1988a) informa um intervalo

mediano de 12 meses para os Beaver (N= 16) e 16 meses para os Gitksan (N = 14), embora a mediana de 180 meses que ela dá para os Carrier (N = 16) excede mesmo a mediana para casos americanos não tribais de Stevenson, e é a

maior registrada.

Em algumas sociedades o período mediano de intermissão claramente se relaciona a crenças e para expectativas. Os Drusos, por exemplo, acreditam que o renascimento ocorre imediatamente após a morte, e a mediana de oito meses

para casos Drusos é a segunda mais curta de qualquer cultura para o quais os dados estejam disponíveis. O Budismo sustenta que uma gestação completa é

exigida antes do renascimento, e casos de culturas budistas (Burma, Tailândia, Sinhalese Sri Lanka) têm uma mediana maior que nove meses. Na maioria das outras sociedades não há nenhuma crença concernente ao intervalo apropriado entre as vidas. Não parece haver nenhuma crença determinando o intervalo mediano de 4 meses nos casos de Haida, nem para a mediana de 141 meses em

casos não tribais americanos. A longa mediana nos casos Carrier pode simplesmente refletir o fato que os Carrier esperam que os indivíduos sejam identificáveis com pessoas mortas específicas depois de longos períodos de

tempo (Mills, 1988a).

Outra vez, a mediana nos diz pouco sobre o alcance. Stevenson (1987a, p. 171)

diz que nos casos que ele examinou, o período de intermissão varia de algumas horas a 20 anos ou mais. Em outra parte (Stevenson, 1973b, p. 31) menciona

um caso resolvido do Sri Lanka com um intervalo de 82 anos, que pode ser o recordista.

Alguns estudos tentaram relacionar o período de intermissão a outras variáveis. Chadha e Stevenson (1988) acharam um período de intermissão

significativamente mais curto (p<.01) em casos em que a pessoa prévia tinha morrido violentamente do que em casos em que a morte tinha sido natural, embora este resultado tenha sido obtido apenas para o total de 326 casos de

oito culturas e individualmente para 108 casos indianos, e não foi confirmado por Matlock (1989a) com uma série de 56 casos publicados.

Stevenson (1987a, p. 208) não achou nenhuma relação significativa entre o período de intermissão e a abundância de memórias expressas por um indivíduo

e Matlock (1989a) não achou nenhum relacionamento significativo entre o período de intermissão e a idade do indivíduo ao falar sobre as memórias pela primeira vez, nem entre o período de intermissão de casos europeus versos

casos não-europeus (com casos não tribais americanos tratados como europeus e casos tribais alasquianos tratados como não-europeus).

3.4.4. Diferenças de Sexo O número de indivíduos que alegam lembrar-se de vidas prévias como membros do sexo oposto varia largamente por cultura. Stevenson (1986a) inclui uma

tabela comparando a incidência de casos de mudança de sexo em 10 culturas. Em quatro destas — Haida (N =24), Tlingit (N = 65), Druse (N = 77), Alevi (N =

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133) — nenhum de tais casos foram informados absolutamente. A proporção de casos de mudança de sexo é de 3% na Índia (N= 261), 12% no Sri Lanka (N =

114), 13% na Tailândia (N = 32), e 15% (N = 60) em sociedades não tribais americanas. Em Burma o índice é de 33% (N = 154), o índice mais alto em qualquer das culturas estudadas por Stevenson. Slobodin (1970) informa um

índice de 50% para 44 casos indígenas Kutchin. Mills (1988a) relata não ter achado nenhum caso de mudança de sexo entre os Gitksan (N = 35) ou os

Carrier (N = 28), mas 3 (13%) de 23 casos entre os Beaver.

A ausência de casos de mudança de sexo em algumas culturas pode ser

relacionada a crenças sobre o processo de reencarnação. Os Drusos, Alevi, Tlingit, e Carrier todos asseguram ser impossível mudar de sexo entre as vidas, de acordo com Stevenson (1987a, p. 173) e Mills (1988a). De Laguna (1972)

informa casos de mudança de sexo para os Tlingit, mas trabalhava com um grupo interior, enquanto Stevenson e Mills visitaram um ramo litoral mais do sul.

Os Haida e o Gitksan não rejeitam a possibilidade de mudança de sexo (Mills, 1988a, 1988b; Stevenson, 1975a), embora nenhum caso de mudança de sexo tenha sido informado destas sociedades. Na Nigéria indivíduos masculinos e femininos alegaram lembrar de vidas prévias como o sexo oposto frequentemente iguais (Stevenson, 1986a). Tomando

conjuntamente casos de todas as outras culturas onde casos de mudança de sexo são encontrados, indivíduos femininos mais frequentemente alegaram vidas

prévias como machos que vice versa por uma margem de 3 para 1 (Stevenson, 1987a, p. 174). Em algumas culturas a proporção é mesmo mais alta; nos Estados Unidos, só 1 de 15 crianças alegando lembrar-se de uma vida prévia do

sexo oposto era masculina (Stevenson, 1983a). A desigualdade é particularmente notável, dado o número desproporcional de indivíduos

masculinos na maioria das culturas (Stevenson, 1986a; ver Seção 3.3).

3.4.5. Diferenças de Circunstâncias Socioeconômicas Wilson (1982) tenta classificar os casos publicados de Stevenson a partir de

1977 de acordo com as diferenças nas circunstâncias socioeconômicas entre o indivíduo e a pessoa prévia, mas os erros que ele nisso deixa seus dados

inutilizáveis (Stevenson, 1988; ver também Seção 4.6).

As diferenças nas circunstâncias socioeconômicas do indivíduo e a pessoa prévia

são mais aparentes nas sociedades, tais como Índia e Sri Lanka, onde uma variação bastante difundida nas circunstâncias econômicas é achada. Stevenson (1987a) observa que dos seus indivíduos indianos, dois terços alegam lembrar

vidas em melhores condições e um terço em condições semelhantes ou piores. Na maioria dos casos do de Sri Lanka, as circunstâncias das duas famílias

mostradas não mostraram diferenças. Em dez casos em que há uma diferença distinta sete envolveram a pessoa prévia em melhores condições e três em piores (Stevenson, 1973b).

Pasricha (1978) distinguiu entre circunstâncias econômicas e sociais e achou que 34 (43%) de 79 casos indianos representaram uma mudança de circunstâncias

(da pessoa prévia ao indivíduo) numa direção “para baixo” socialmente,

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enquanto não havia nenhuma diferença em 24 (30%) casos e uma diferença numa direção “para cima” em 21 (27%) casos. Achou que 45 (58%) de 78 casos

representaram uma mudança de circunstâncias numa direção para baixo economicamente; não havia nenhuma diferença em 16 (21%) casos, e uma diferença numa direção ascendente em 17 (21%) casos.

Onde há uma diferença entre as circunstâncias (se numa direção para cima ou para baixo), isto nem sempre foi marcado. Dos 55 casos com diferenças nas

circunstâncias sociais, a diferença era “pequena” em 17 (31%) casos, “moderada” em 23 (42%) casos, e “grande” em 15 (27%) casos. De 62 casos

com diferenças na circunstância econômica, a diferença era pequena em 22 (35%) casos, moderada em 24 (39%) casos, e grande em 16 (26%) casos.

Um quadro claramente coerente emerge da pesquisa de casos de Barker e Pasricha (1979) na Índia do norte. De 15 casos para os quais a informação foi obtida, não havia nenhuma mudança de casta em 3 (20% de casos), um

“rebaixamento” em 8 (53% de casos), e uma “promoção” em 4 (27% de casos). Quatro dos oito casos de rebaixamento envolveram “grandes” mudanças, duas

“moderadas”, e duas “pequenas”. Dois dos casos de promoção envolveram mudanças pequenas, um uma mudança moderada, e um uma grande mudança no status da casta. Exceto pela magnitude das mudanças entre as castas, pelas

quais podemos ler o status socioeconômico, os dados de Barker e Pasricha (1979) são muito semelhantes a Pasricha (1978). (A amostra anterior pode ter

sido incluída no último, mas não fomos informados disto.) No entanto, eles diferem um tanto de Stevenson (1987a; ver acima).

Stevenson informa que aproximadamente dois terços (66%) de seus indivíduos recordam vidas em melhores circunstâncias, enquanto que as figuras comparáveis são 53% para Barker e Pasricha e entre 43% (social) e 58%

(econômica) para Pasricha. Embora a amostra de Barker e Pasricha seja pequena, é baseada numa pesquisa sistemática, e merece respeito especial por

esta razão. A interpretação é difícil porque tanto esta amostra quanto a de Pasricha (que representa uma amostra conjunta de casos investigados independentemente por ela e por Stevenson; ver Seção 3.6) teriam sido

incluídas na análise do Stevenson.

Podemos concluir apenas que enquanto parece para haver uma tendência para a

pessoa prévia ter vivido em melhores circunstâncias que o indivíduo, ao menos na Índia, a disparidade provavelmente não é maior que o que dados de

Stevenson sugerem, e pode mesmo ser menor.

3.4.6. Fatores Relacionados às Circunstâncias da Morte da Pessoa Prévia Interessantemente, a idade em que a pessoa prévia morreu varia por cultura,

variando de uma idade mediana de 17 anos em sociedades não tribais americana (N = 14) a 60 anos entre os Tlingit (N = 26) (Stevenson, 1986a) e 69 anos entre

os Gitksan (N = 14) (Mills, 1988a). A idade mediana de morte é de 18 anos no Sri Lanka (N = 33) e Tailândia (N = 32), 26 anos na Turquia (N = 66), 32 anos na Índia (N = 159), 35 anos em Burma (N = 151) e Líbano (N = 77), e 55 anos

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na Nigéria (N = 35) (Stevenson, 1986a). Entre os Carrier é de 22 anos (N = 15) e entre os Beaver é de 30 anos (N = 17) (Mills, 1988a).

Por conveniência de discussão e análise, a morte da pessoa prévia é classificada por Stevenson como tanto como natural ou violenta. A última ocorre

desproporcionalmente frequentemente nos casos de sua coleção. Em 725 casos de seis culturas, 61% dos indivíduos alegaram memórias de vidas que acabaram em morte violenta (Stevenson, 1987a, p. 160, baseado em dados apresentados

por Cook et al., 1983b; ver também Stevenson, 1980, pp. 356-357).

O predomínio de casos de morte violenta na coleção de Stevenson de longe

excede a incidência de morte violenta na população geral em todas as culturas para as quais os dados estão disponíveis. A disparidade é mais extrema na

Turquia, onde 73,7% (59 de 80) dos casos em que a causa de morte é conhecida são casos de morte violenta, mas mortes violentas explicam só 4,5% das mortes na população em geral. As relações são de 46,8% (52 de 111 casos) para 6,7%

na Índia, 40% (10 casos de 25) para 3,4% no Sri Lanka, e de 36,2% (17 de 47 casos) para 24,9% entre os Tlingit (Stevenson, 1980, p. 365).

Este resultado parece se sustentar mesmo quando é considerado que os indivíduos de casos não resolvidos alegam lembrar-se de morrer violentamente

muito mais frequentemente que as pessoas prévias de casos resolvidos são conhecidas ter morrido (ver Cook et al., 1983b, para dados), e que casos de morte violenta são mais prováveis de serem informados aos investigadores

voluntariamente que os casos de morte natural. Stevenson (1987a, p. 116) relata que 35% dos 19 indivíduos da pesquisa de Barker e Pasricha (1979)

lembraram-se de mortes violentas. Isto está abaixo do dado de 46,8% dada para a maior série de casos pouco metódicos obtida, mas ainda bem acima dos 6,7% de incidência de mortes violentas na população geral durante o mesmo período

(ver acima).

Chadha e Stevenson (1988) compararam casos resolvidos de morte violenta com

casos resolvidos de morte natural em relação à idade do indivíduo quando falou pela primeira vez da vida prévia e ao período de intermissão, achando diferenças

significativas em ambas as variáveis. Os indivíduos de casos de morte natural começaram a falar da vida prévia numa idade média de 42,96 meses (3,58 anos), enquanto indivíduos de casos de morte violenta começaram numa idade

média de 32,14 meses (2,68 anos) (p <. 01). O período de intermissão em casos de morte natural foi achado ser de 72,60 meses (6,05 anos) e em casos de

morte violenta de 46,50 meses (3,88 anos) (p <. 01). Matlock (1989a), no entanto, foi incapaz de confirmar estes resultados com uma série de 56 casos resolvidos publicados.

Animosidades, fobias, e marcas de nascimento parecem ser fortemente relacionadas a casos de morte violenta, embora não haja tantos dados

disponíveis nestas variáveis como desejaríamos. Pasricha (1978) relata ter encontrado animosidade em 5 (71.4 %) de 7 casos de morte violenta mas

nenhum em 5 casos de morte natural, fobias em 6 (50%) de 12 casos de morte violenta mas em nenhum de 12 casos de morte natural, e marcas de nascimento em 12 (75%) de 16 casos de morte violenta mas em só 3 (17.6 %) de 17 casos

de morte natural . Ela também achou que 19 (100%) de 19 indivíduos de casos

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de morte violenta lembraram a maneira de morte da pessoa prévia enquanto só 5 (29.4 %) de 17 indivíduos de casos de morte natural o fizeram. Os indivíduos

de ambos os tipos de casos lembraram o nome da pessoa prévia com grande frequência. Em 15 (88.2 %) de 17 casos de morte violenta e em 17 (89.4 %) de 19 casos de morte natural o indivíduo lembrou o nome da pessoa prévia. Os dados de Pasricha (1978) se referem à Índia. Stevenson (1970) comparou a

incidência do modo de morte e a incidência de marcas de nascimento ou deformidades em casos entre os Alevi, Drusos, e Tlingit. Informou morte violenta como ocorrendo em 39 (75%) de 52 casos Alevi, em 10 (36%) de 28 casos

Drusos, e 19 (43%) de 47 casos Tlingit. As marcas de nascimento ou defeitos de nascimento ocorreram em 28 (54%) de 52 casos Alevi, 4 (14%) de 28 casos

Drusos, e 24 (51%) de 47 casos Tlingit.

Stevenson (1980, pp. 355-360; 1987a, pp. 211-213) observou vários padrões

relacionados à pessoa prévia e suas circunstâncias na morte quando a morte era natural, e embora dados sobre isto não tenham sido informadas, valem mencionar em resumo. Em um grupo de casos de morte natural a morte da

pessoa prévia realizou-se repentina e inesperadamente.

Em outro grupo, a pessoa prévia morreu na infância ou na juventude. Outras

pessoas prévias morreram deixando “negócios inacabados”, tal como crianças jovens para cuidar, enquanto outros ainda morreram enquanto estavam tão

envolvidos em seus negócios que Stevenson considera-os ter tido “negócios a continuar”. Estas categorias não são mutuamente exclusivas, e algumas pessoas prévias caem em mais de uma delas. Os casos em que a pessoa prévia morreu

violentamente mas que se encaixam em uma ou mais destas categorias também podem ser achados.

3.5. Estudos de Outras Relações

3.5.1. Casos de Duas Gerações Separadas

Pasricha e Stevenson (1987) compararam (usando testes medianos e qui-

quadrado) 36 casos indianos cujos indivíduos nasceram antes de 1936 com 56 casos cujos indivíduos nasceram em 1965 ou depois sobre 54 variáveis —

relacionando à demografia, às características principais dos casos, e à investigação dos casos — e não acharam diferenças significantes em todas as variáveis exceto em 5.

Encontrou-se que os indivíduos tanto da série anterior quanto posterior eram desproporcionalmente masculinos (58% machos e 42% fêmeas na série anterior,

e 61% machos e 39% fêmeas na série posterior), tendo mencionado o nome da pessoa prévia com grande frequência (91% na anterior e 86% na posterior), mencionado o modo de morte da pessoa prévia com frequência considerável

(74% e 76%), e ser possível ter uma fobia relacionada ao modo de morte (40% e 45%). A intermissão foi aproximadamente a mesma em ambas as séries (12,5

e 14,5 meses). As duas famílias eram conhecidas antes do começo do caso em 46% de casos na série anterior, mas em 68% na série posterior, uma diferença que se aproximou, mas não atingiu significância.

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Encontrou-se que os casos da série posterior foram investigados mais completamente (p =.003), mas em casos da série anterior a personalidade

prévia foi identificada mais frequentemente (p =. 049), morte violenta ocorreu menos frequentemente (p =. 0245), e a primeira comunicação e a primeira fala

sobre a vida prévia vieram numa idade mais precoce (p =. 019, dado para ambas as variáveis).

O ano mediano de nascimento dos indivíduos na série anterior foi 1921 enquanto

que nos indivíduos da série posterior foi 1971, uma separação de 50 anos. Pasricha e Stevenson não deixam claro que procedimentos de amostragem foram

usados ao definir a duas séries, mas presumivelmente usaram todos os casos que se encaixaram em seus requisitos. Embora o estudo possa ter sido melhor

informado, as fortes semelhanças entre as duas séries são impressionantes. Experimentalmente podemos aceitar os resultados como indicando estabilidade considerável nas características dos casos de memória de vidas passadas na

Índia, ao menos durante várias décadas do século presente.

3.5.2. Casos Resolvidos Versus Não Resolvidos

Cook et al. (1983a) descrevem uma série de casos não resolvidos e (1983b)

informam uma comparação de 576 casos resolvidos e 280 não resolvidos em seis culturas sobre várias variáveis. Eles (Cook et al., 1983b) não dizem como sua amostragem foi feita, mas o número de casos envolvido faz parecer que usaram

todo os casos da coleção de Stevenson para os quais dados suficientes estavam disponíveis. Estatísticas multivariadas (modelos loglinear e testes de relação de

probabilidade) foram empregados para investigar o relacionamento entre os pares de variáveis entre as culturas.

As proporções de casos resolvidos e não resolvidos nas seis culturas foram comparadas calculando o coeficiente lambda para o modelo loglinear para a apropriada tabela 2x6. As estimativas então foram divididas por seus erros

normais respectivos para produzir uma contagem de z para cada cultura, indicando até onde a relação de casos resolvidos a não resolvidos nessa cultura

era da relação média ente as culturas. (A mesma técnica foi usada para comparar as seis culturas em outras variáveis.) Encontrou-se que a amostra

incluía significativamente mais casos resolvidos que casos não resolvidos em Burma (N = 230, z =3,83, p <. 0001), Tailândia (N = 38, z = 3.46,p <001), Índia (N = 266, z = 2.82,p<.01), e Líbano (N = 126, z = 2,74, <.01 de p), e

significativamente mais casos não resolvidos no Sri Lanka (N = 117, z = -7.17, p <. 0001) e nos Estados Unidos (N = 79, =-7.94 de z, p <. 0001) (casos não

tribais).

Os leitores interessados podem consultar o artigo publicado para os resultados de outras comparações interculturais. Cook et al. (1983b) comparou casos

resolvidos e não resolvidos como um todo usando chi-quadrado ou análise de variância, e isso será suficiente para indicar os resultados disto aqui. Uma

diferença não significativa foi achada com respeito à idade em que os indivíduos dos casos não resolvidos e resolvidos começaram a falar da vida prévia, mas a

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diferença nas idades em que indivíduos dos dois grupos cessaram de falar da vida prévia foi significativa (p <. 00001).

Os indivíduos de casos não resolvidos mencionaram o nome da pessoa prévia menos frequentemente (p <. 00001) como um todo e (p <. 005) entre as

culturas do que indivíduos de casos resolvidos. A incidência de morte violenta entre as alegadas pessoas prévias em casos não resolvidos foi significativamente mais alta que entre as pessoas prévias de casos resolvidos (p <. 00001) no todo

mas não significante entre as culturas. Os indivíduos de ambos os grupos mencionaram o modo de morte da pessoa prévia, uma fobia relacionada à morte

prévia, e se referiram a uma morte prévia que foi violenta com aproximadamente a mesma frequência.

Edge (1986, p. 347) supõe que casos não resolvidos são fantasias, e interpreta as semelhanças entre casos resolvidos e não resolvidos como colocando os casos resolvidos em dúvida, mas seu raciocínio não é claro. Um caso pode permanecer

não resolvido por muitas razões, apenas uma das quais é que seja uma fantasia. Os indivíduos de casos não resolvidos mencionaram o nome da pessoa prévia

significativamente menos frequentemente que os indivíduos de casos resolvidos (ver acima). Porque nomes normalmente são exigidos para resolver um caso (Cook et al., 1983a,p.47), este fato certamente contribuiu para que ficassem não

resolvido. Alguns casos não resolvidos, além do mais, incluem declarações verificadas (Cook et al., 1983b, pp. 132-133).

Por outro lado, alguns casos não resolvidos são demonstravelmente misturas de fantasia e fato (Cook et al., 1983b, pp. 133-134). A incidência significativamente

mais alta de alegadas memórias de mortes violentas em casos não resolvidos (ver acima) pode derivar de fantasias em que a morte violenta surge frequentemente, mas deve ser lembrado de que casos resolvidos também têm

uma incidência incomumente alta de morte violenta (Seção 3.4.7). Casos não resolvidos bem podem consistir em fantasias em parte ou em sua totalidade,

mas não temos nenhum direito de supor que isto é tudo que eles são. Entretanto, as semelhanças fortes entre casos resolvidos e não resolvidos justificam colocarmo-os juntos para a maioria das análises.

3.5.3. O Efeito da Idade do Sujeito

Memórias de vidas passadas informadas por adultos e crianças são fenologicamente tão diferentes (compare as Seções 2.3 e 2.4) que podem

parecer ser de ordens diferentes, mas Matlock (1988b, 1989a) hipotetiza que as diferenças podem ser entendidas como uma função da idade do indivíduo na

época em que as memórias pela primeira vez emergiram na consciência. Matlock (1988b; ver Seção 2.4) descreve uma série de casos “transitórios” entre a criança típica e as formas adultas, e (1989a) examina a idade do indivíduo ao

falar da vida prévia pela primeira vez em relação a um estímulo informado às memórias. O “estímulo” é definido (Matlock, 1989a) como um acontecimento, tal

como o encontro do indivíduo com uma figura relacionada à vida prévia, isso serviu como uma sugestão ou catalisador para as memórias. As sugestões eram externas ao indivíduo; isso é, seu relatório dependeu da observação de adultos

ou irmãos mais velhos que agiram como informantes para os casos e não nos

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próprios relatórios das crianças. A amostra consistiu em 95 casos publicados resolvidos, 60 deles de Stevenson, com os restantes 35 casos contribuídos por 19 outros autores. Os casos foram organizados pela idade do indivíduo na época da primeira

menção da vida prévia, e uma separação mediana (2,75 anos) foi usada para dividir a série em duas faixas etárias, mais jovem e mais velho. Um teste que

qui-quadrado então foi usado para determinar a diferença entre a proporção de casos estimulados e não estimulados nas duas faixas etárias. O resultado foi altamente significativo (p =. 00005), com indivíduos no grupo mais jovem mais

prováveis de terem começado a falar sobre suas memórias sem um estímulo tendo sido observado.

Para examinar a possibilidade de um efeito cultural, os mesmos fatores foram analisados numa subsérie de 30 casos indianos e 65 não-indianos e então

comparados usando uma ANOVA de fator 2 (com idade como a variável dependente) (Matlock, 1989a). A proporção de estimulados a não estimulados variaram significativamente entre as faixas etárias na subséries indiana (p -.

0014) e na subsérie não-índiana (p =. 0079), testado por qui-quadrado. Um qui-quadrado não mostrou nenhuma diferença significativa entre as proporções de

casos estimulados a não estimulados nas subséries indiana e não indiana. Na ANOVA, o efeito principal do tipo de caso (estimulado vs. não estimulado) foi significativo (p =. 0006), mas o efeito principal de cultura (indiano vs. não

indiano) e a interação entre tipo de caso e cultura não foram significativos.

O achado de um efeito forte das idades dos indivíduos nos casos necessariamente

não indica que envolvem memórias genuínas. Um desenvolvimento cognitivo da criança pode ser esperado estar relacionado à penetração na consciência de

imagens relacionadas a uma vida prévia, se estas imagens derivam de uma vida realmente vivida antes (cf. Matlock, 1988b). A hipótese de um relacionamento contínuo entre crianças e casos adultos é apoiada, no entanto, pela hipótese que

este relacionamento se obtem entre culturas. Embora mais estudos necessitem ser empreendidos antes do efeito estar estabelecido, parece como se a relação de idade

a estímulos pode ser uma característica entre culturas recorrentes de casos de memórias de vidas passadas.

3.6. Replicação dos Estudos

Em vários exemplos dois ou mais pesquisadores investigaram o mesmo caso independentemente um do outro. Isto ocorreu com os casos de Shanti Devi (Bose, 1952; Gupta, Sharma, & Mathur, 1936; Manas, 1941), Sukla Gupta

(Stevenson, 1974c; Pal, 1961-1962), Jagdish Chandra (Sahay, 1927; Stevenson, 1975b), Bishen Chand Kapoor (Sahay, 1927; Stevenson, 1975b) e Uttara Huddar

(Akolkar, 1985; Stevenson, 1984b). Em todos estes exemplos, diferentes investigadores concordaram com a maioria dos fatos e interpretações. Chari (1967) e Stevenson (1966b, 1974c) discordam na melhor interpretação do caso sul indiano de Mallika, mas a opinião de Chari é baseada em correspondência e um informe da polícia e não inclui entrevistas no local (Chari,

1986; ver também Seção 4.6). Wilson (1982) e Stevenson (1987a) podem

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discordar na interpretação mais apropriada do caso dos gêmeos Pollack, mas isto não está claro do registro de Wilson, que é principalmente descritivo. O único

caso registrado em que há discórdia clara entre dois pesquisadores, ambos dos quais conduziram entrevistas, é o caso de Rakesh Gaur, informado por Pasricha e Barker (1981; Pasricha, 1983).

Idealmente casos de memórias de vidas passadas seriam examinados por dois ou mais investigadores mais frequentemente, mas porque algumas memórias do

indivíduo desaparecem com o tempo, um reinvestigação de rotina dos casos para replicação é complicada. O predomínio de tais casos em muitas sociedades, no

entanto, abre a possibilidade de uma replicação metodológica — a investigação de novos casos usando métodos semelhante a esses usados com os casos anteriores — para determinar se pesquisadores diferentes, usando métodos

semelhantes, pode chegar a conclusões semelhantes concernente a casos que presumivelmente são semelhantes. Um nível mais alto de replicação seria

alcançado se foram mostrados que a duas séries de casos eram semelhantes em suas características principais.

Um estudo projetado comparar grupos grandes de casos por dois investigadores trabalhando independentemente foi informado por Pasricha e Stevenson (1979). Isto é uma versão revisada de um capítulo de dissertação doutoral de Pasricha

(1978). Porque a dissertação relata os resultados em mais detalhes, isto foi citado em seções anteriores, mas o artigo publicado é revisado nesta Seção.

O esforço de replicação não foi inteiramente independente. Stevenson treinou Pasricha e financiou a maioria de suas pesquisas. Os casos de Pasricha foram

incluídos nos arquivos do Stevenson, trazendo para cerca de 200 o número total de casos da Índia. Mais que metade destes foram descartados porque faltaram dados suficientes para análise ou há questionamentos sérios sobre a fiabilidade

de testemunho. A amostra resultante de 95 casos foi dividida em duas séries: 50 casos classificados como casos de Stevenson (esses em que ele e colegas tinham

investigado antes de Pasricha ter-se unido a sua equipe) e 45 classificados como casos de Pasricha (esses que ela tinha investigado independentemente de Stevenson).

De 86 variáveis em que dados foram colecionados durante entrevistas, faltaram 9 dados suficientes para comparação. As duas séries inicialmente foram

comparadas nas 77 variáveis restantes, embora no relatório publicado algumas variáveis com diferenças não significativas foram combinadas. O relatório

publicado inclui os resultados da comparação de 56 variáveis, com diferenças significativas encontradas para 12. Destas 12 variáveis, 3 ocorreram entre os 16 itens demográficos, 6 ocorreram entre os 36 itens relacionados com as

características principais dos casos, e 3 relacionados à investigação dos casos. Quiquadrados (com correções de Yates para células menores que 5) foram

usados para comparar as 45 variáveis registradas tanto como presente ou ausente. As 11 variáveis restantes eram escalares com distribuições distorcidas, e comparações foram feitas com testes medianos.

Stevenson chegou mais cedo a seus casos depois que o encontro entre as duas famílias tinha ocorrido (p <. 05) do que fez Pasricha. Os indivíduos de Stevenson

eram mais velhos que os de Pasricha no tempo da última, entrevistas de

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continuação (p <. 05), e no total os casos de Stevenson foram mais completamente investigados (p <. 05). Tanto os indivíduos de Stevenson quanto

as suas pessoas prévias viveram mais frequentemente em cidades ao invés de aldeias e povoados pequenos (em ambas as variáveis, p = <. 01). Os pais dos indivíduos de Stevenson eram também significativamente (p <. 01) melhor

educados que eram os pais dos indivíduos de Pasricha.

A distância do local de nascimento do indivíduo ao local de morte da pessoa

prévia e a distância do local de nascimento do indivíduo à residência principal da pessoa prévia diferiu significativamente (p <0,05 em ambas as variáveis) entre a

duas séries (ver de Seção 3.4.3). Os indivíduos de Stevenson tenderam a mencionar vidas em melhores circunstâncias socioeconômicas mais frequentemente que os de Pasricha (p <. 05). As memórias comportamentais

persistiram um tanto mais nos indivíduos de Stevenson que os de Pasricha (p <. 05). Observadores informaram uma “atitude adulta” na parte dos indivíduos de

Stevenson mais frequentemente que Pasricha (p <. 05), e informaram ESP da parte do indivíduo mais frequentemente com indivíduos de Stevenson que com os de Pasricha (p <. 01).

Nenhuma diferença estatisticamente significativa foi achada com relação à idade e circunstâncias dos indivíduos que falam de vidas prévias, as características

proeminentes das pessoas prévias, nem a frequência e tipo de conexões entre as duas famílias antes do desenvolvimento do caso. Feitas as conexões de Parisha a

Stevenson, as fortes semelhanças entre as duas séries de casos não podem ser ignoradas. Dada a posição dominante de Stevenson em estudos de casos de memórias de vidas passadas, qualquer estudo que ajude a reduzir a

probabilidade de um “efeito de investigador” é importante.

3.7. Comentários sobre as Análises Padrão

Se na conclusão da Seção 2 pareceu que a hipótese de reencarnação teve a vantagem, agora deve ser dito que a balança pende para a hipótese de fantasia. Os numerosos exemplos de características de casos numa cultura dada refletindo

o que as crenças da cultura sobre a reencarnação dizem fazem parecer improvável que a hipótese de reencarnação possa sobreviver a um escrutínio

maior. Embora a estabilidade nas características principais dos casos tenha sido demonstrada através dos tempos (Seção 3.5.2) e entre os investigadores (Seção 3.6), estes estudos se referem a uma única cultura (Índia do norte), e pode

indicar não mais que a persistência das crenças sobre a reencarnação aí. Por outro lado, não podemos esquecer-nos que nos melhores casos desenvolvidos os

indivíduos frequentemente se identificam com as pessoas prévias por redes complexas de memórias visuais, verbais, comportamentais, e físicas, e que tais casos ocorrem em culturas bem largamente espaçadas.

Ao tentar explicar a ocorrência comum das várias características dos casos de memórias de vidas passadas, incluindo memórias verídicas de vidas prévias, os

advogados da hipótese de fantasia começaram a desenvolvê-la numa forma mais sofisticada. Deixe-nos doravante chamá-la de hipótese psicocultural. A hipótese

psicocultural foi a rival mais popular à interpretação de reencarnação dos casos de Stevenson (ver Seção 4).

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Chari (1962b) começou a moldar sua versão da hipótese antes de Stevenson começar seu importante trabalho, e estendeu-a e desenvolveu-a em várias

ocasiões subsequentes (ver Seção 4,3). L. E. Rhine (1966) tomou uma abordagem semelhante em sua revisão de Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação, e Brody (1979a, 1979b) seguiu a mesma linha em sua revisão do

segundo volume da série de Stevenson, Casos do Tipo Reencarnação. Brody publicou sua revisão primeiro no Journal of the American Society for Psychical

Research [Jornal da Sociedade Americana para Pesquisa Psíquica] e então reproduziu-a no Journal of Nervous and Mental Disease [Jornal de Doenças Nervosas e Mentais], que ele edita.

Porque ele tem provavelmente a declaração mais concisa da hipótese psicocultural em sua forma básica, será usado para introduzir o conceito aqui.

Brody (1979a, 1979b) está satisfeito em rejeitar a fraude e erros de registro como explicações para os casos, e conclui que estamos diante de um fenômeno

real. A pergunta principal para ele é se é necessário invocar a reencarnação para explicar os casos, ou se as alegações verbais podem ser entendidas em termos

de informação transferida por meios normais. Aparentes memórias comportamentais podem ser devidas tanto a interpretação relativa aos pais quanto a informações sobre o comportamento ou reorganização do indivíduo ou

tanto das percepções do indivíduo quanto dos pais com o aumento das informações sobre a outra família. Mesmo um pedaço de informação pode agir

como um evento reorganizante, ou a família prévia pode inconscientemente ser selecionada pela família do indivíduo para encaixar as declarações e comportamentos do indivíduo. A crença na reencarnação forneceria o contexto

de suporte para tal processo.

Um bom teste inicial de qualquer hipótese é perguntar quão bem opera os dados

que pretende explicar. Brody está claramente ciente da natureza especulativa de suas explicações propostas, e parece ter avançado com elas em grande parte por

causa das dificuldades de reconciliar a reencarnação com o corpo aceito de conhecimento científico.

“O problema reside menos na qualidade dos dados que Stevenson apresenta para apoiar seu ponto”, diz, “do que no corpo de conhecimento e teoria que deve ser abandonada ou radicalmente modificada para aceitá-la” (Brody, 1979a, p.

770). Brody levanta seus pontos mais como perguntas não ainda respondidas satisfatoriamente do que como interpretações fortemente apoiadas pelos dados.

De fato, há uma grande quantidade de dados que não se encaixam em sua hipótese muito bem.

Em muitos casos, as duas famílias viveram longe e isoladas e não tiveram nenhum contato antes do desenvolvimento do caso (Seção 3.4.1), O contato surgiu como resultado das alegações do indivíduo, não precedendo a elas. Brody

não lida com marcas de nascimento e outras memórias físicas, sem dúvida porque elas não exerceram um papel proeminente no volume que ele revisa. Mas

marcas de nascimento fornecem outro desafio forte a sua hipótese, especialmente quando ocorrem — como muitas fazem — com indivíduos cujas famílias eram sem ligação entre si e não tiveram nenhum conhecimento da

família da pessoa prévia antes do desenvolvimento do caso.

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Há outros problemas como explicar os padrões dos casos de uma dada cultura como uma expressão das crenças na reencarnação dessa cultura. Embora as

características dos casos como uma regra geral sigam as crenças de sua cultura, nem todos os casos numa cultura dada se adaptam às crenças.

Isto é aparente dos números e porcentagens dadas nas seções prévias. Para usar de um exemplo, os Drusos acreditam que a reencarnação ocorre imediatamente após a morte, mas o intervalo médio para casos Drusos é de oito meses — mais

curto que de qualquer cultura excetuando-se os Haida, mas ainda longe de ser o que a crença prediria (Seção 3.4.3). Os Drusos evitam o embaraçoso problema

hipotetizando que breves vidas intermediárias não são lembradas, embora os próprios indivíduos Drusos raramente reivindiquem se lembrar de vidas intermediárias ou deem outra evidência de terem vivido tais vidas. A mediana de

8 meses leva os casos Drusos para longe da crença, mais próxima à mediana entre as culturas de 15 meses.

A característica mais fortemente associada com crenças é a ocorrência de casos de mudança de sexo (Seção 3.4.4). Os casos de mudança de sexo não são

encontrados (ou são achados com raridade extrema) em culturas em que é acreditado ser impossível mudar de sexo entre vidas. No entanto, algumas outras crenças não são refletidas nos casos. Isto é verdadeiro com relação à

crença na possibilidade de reencarnar como animais não humanos (Seção 2.5.2) e em reencarnar em mais de uma pessoa ao mesmo tempo (Seção 2.6). É

também verdadeiro em relação ao carma, se pensado estritamente num sentido punitivo ou vingativo (ver Stevenson, 1987a, pp. 258-259). A hipótese de reencarnação pode diretamente levantar dúvidas à hipótese psicocultural por

que, se casos de memórias de vidas passadas são derivados puramente das crenças, tais crenças importantes não são refletidas mais frequentemente nos

casos. Além do mais, algumas características ocorrem universalmente, aparentemente

bem à parte de crenças. Memórias visuais, verbais, comportamentais, e físicas são característica dos casos onde quer que eles sejam achados. Em casos com

alegações verbais, os indivíduos em toda parte primeiro mencionam lembranças de uma vida prévia numa idade muito precoce (entre as idades de dois e cinco), e em toda parte tais alegações são ditas cessarem na maioria dos casos depois

de alguns anos (entre as idades de cinco e oito). Em quase toda cultura os machos superam as fêmeas como indivíduos (Seção 3.3), e pessoas prévias

morreram de mortes violentas com uma frequência bem acima da incidência de morte violenta na cultura (Seção 3.4.7). Parece que em várias culturas, quanto mais jovem o indivíduo, mais provável é das memórias surgirem sem estímulo

(Seção 3.5.3).

A hipótese psicocultural também não explica bem a ocorrência de casos com

características semelhantes em lugares onde a reencarnação é um conceito estrangeiro, tais como a Europa e os Estados Unidos. Certamente subculturas

que acreditam na reencarnação podem ser achadas no Ocidente, mas as crenças são prováveis de serem relacionadas a memórias adultas, por regressões hipnóticas de idade, ou leituras de vidas passadas de sensitivos — não a crianças

jovens que, além de alegar memórias de vidas prévias, comporta-se de forma incomum e sustentam marcas de nascimentos estranhas ou outros sinais físicos.

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Por outro lado, a dificuldade da hipótese de reencarnação face à relação das características dos casos às crenças é superficial, provavelmente trazidas por

ideias sobre reencarnação derivadas de fontes Orientais e seus desdobramentos, tais como a Teosofia ou os ensinos de Allan Kardec ou Rudolf Steiner. Estes sistemas têm em comum o conceito de carma, frequentemente definido como

uma “lei moral de causa e efeito”, e separado de todo o auxiliar de sutilezas com o conceito da teologia Hindu e Budista. O carma torna a reencarnação num

processo quase mecânico automático, e a maioria dos ocidentais está desacostumada a pensar nele em outros termos além do rígido. Assim, Wilson (1982, 1987) se aborrece porque ele não pode discernir nos casos do Stevenson

as “regras” pelas quais o processo é governado, e Schmeidler (1988, p. 193) registra a variação cultural como uma “anomalia” ser explicada.

Matlock (1989b) propõe que a reencarnação seja pensada em termos psicológicos ao invés de mecânicos. Talvez a pessoa moribunda tenha algum

(embora normalmente inconsciente) controle sobre o processo. Se ela acreditar firmemente que não pode mudar sexo entre as vidas, pode ser inclinada a não tentar. Caso acredite que deva renascer na família de alguém, é aí que pode

escolher ir. Caso acredite que o período antes de uma próxima vida deva ser de um certo comprimento, pode se esforçar para encaixá-lo tão próximo a este

comprimento quanto possível. Os Tlingit e outras tribos do Litoral Noroeste acreditam que eles têm controle sobre o processo, e alguns de seus casos sugerem que de fato têm tal controle (Seção 2.3.6). Um controle também é

sugerido nos casos em que o sujeito alega lembrar tendo escolhido seus pais no intervalo entre as vidas (Seção 2.3.6).

Se alguém não acredita em reencarnação, então esse alguém não reencarnaria? Esta pergunta pode ser antecipada como a primeira resposta cética a esta versão

da hipótese de reencarnação, mas não decorre logicamente do que foi dito. A reencarnação pode ser um processo natural; podemos não ter controle sobre o processo como tal, mas meramente mais de alguns aspectos de sua operação.

Há outras restrições no processo. Uma delas pode ser a impossibilidade de reencarnar nos corpos de outra espécie, e outro pode ser o requisito que

reencarnamos em só um corpo de cada vez.

A hipótese de reencarnação assim formulada trata os dados com facilidade

consideravelmente maior que faz a hipótese psicocultural. Os elos entre as crenças e os casos não mais representam um problema, e as memórias verídicas têm uma explicação natural. Muitas perguntas ainda ficam no caminho de uma

aceitação geral de reencarnação, no entanto, incluindo o problema de Brody de reconciliar a reencarnação com as crenças científicas da corrente principal.

Algumas perguntas destacadas são dirigidas na Seção 4, que considera comentários e criticismos que o trabalho de Stevenson tem gerado.

4. Comentário

Antes de 1960, a maioria dos casos de memórias de vidas passadas foram frequentemente usados como ilustrações por escritores amigável à reencarnação, e comentários sobre eles eram favoráveis. Chari parece ter sido o

primeiro a criticar os primeiros casos, em 1955 e outra vez em 1962 (Chari,

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1955, 1962a, 1962c). Desde que Stevenson publicou Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação em 1966, os comentários na literatura popular continuaram a ser

favoráveis, mas os comentários na literatura científica foram mais frequentemente negativos. Alguma crítica negativa se referiu a questões metodológicas, mas muitas procuraram achar explicações para os casos

alternativas à interpretação de reencarnação endossada por Stevenson.

Com raras exceções (p.ex.., Gauld, 1982, em Guirdham, 1970, 1974; Rogo,

1985, em Lenz, 1979), o comentário recente se referiu exclusivamente ao trabalho de Stevenson. Esta Seção portanto lida apenas com Stevenson. Devido

a limitações de espaço, só as críticas mais significativas ou influentes são tratadas demoradamente, embora muitos outros sejam citados na revisão na Seção 4.1 e referenciados completamente. A Seção 4.2 lista criticismos a que

Stevenson respondeu. Seguinte a isto, os principais críticos são examinados aproximadamente na ordem cronológica.

Os comentários de Chari (1978) são encontrados na Seção 4.3, os de Reyna (1973) na Seção 4.4, os de Roll (1982) na Seção 4.5, os de Wilson (1982) na

Seção 4.6, e os de Rogo (1985) na Seção 4.7. O comentário cético é considerado na Seção 4.8. A seção 4.9 retorna a uma avaliação das hipóteses de reencarnação e de fantasia, com os comentários em mente.

4.1. Comentários

Chari, do Madras Christian College [Faculdade Cristã Madras], foi o primeiro crítico de Stevenson, e tem sido um de seus críticos mais persistentes e influentes (Chari, 1961-1962a, 1961-1962b, 1962c, 1967, 1973a, 1973b, 1978,

1981, 1986). L. E. Rhine (1966) comentou sobre Stevenson no curso de sua revisão de Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação (Stevenson, 1966b). Em

1973, Pratt fez o que é talvez a primeira declaração inadequada em favor de Stevenson, e Murphy e Reyna propuseram novos meios de interpretar o material dos casos.

Hick (1976) recebe crédito por ser o primeiro filósofo a atacar o material de

Stevenson de uma forma importante. Em 1977 Roll primeiro declarou o que tornou-se uma reinterpretação influente do caso de Stevenson (1974c) de Imad

Elawar, e começou a tecêla na sua teoria de estrutura de psi (Roll, 1982, 1984, 1989). O mágico Christopher iniciou o tratamento cético de Stevenson em 1979.

A revisão de Brody do segundo volume de série de Stevenson, Casos do Tipo Reencarnação (Stevenson, 1977a), tratado em resumo na Seção 3.7, apareceu

nesse mesmo ano. Em 1980, Murphy (Leeds & Murphy, 1980) desenvolveu mais ainda o contexto teórico para casos de memórias de vidas passadas que ele primeiramente tinha traçado em 1973, e Siegel (1980) tratou com o trabalho do Stevenson num artigo cético importante sobre sobrevivência publicado no American Psychologist [Psicólogo Americano]. Interessantemente, Siegel pareceu

mais impressionado pelas alegações de adultos de Lenz (1979) que os casos de criança estudados por Stevenson.

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As citações de Stevenson aumentaram na década de 1980, com sinais de um amolecimento da posição crítica tardia. Capel (1981a, 1981b) criticou Stevenson

fortemente em espanhol e Anievas (n.d.-a , n.d.-b) mesmo mais fortemente em português. Moore (1981) mostrou como a hipótese psicocultural pode dispor de um caso com registros escritos feitos das declarações do indivíduo antes de sua.

Sheldrake (1982, 1988) ofereceu uma interpretação de casos de memória de

vidas passadas em termos da sua hipótese de causas formativas.

Gauld, Wilson, e Zusne e Jones todos publicaram livros com seções sobre o

trabalho do Stevenson em 1982, Gauld de um ponto de vista favorável, Wilson e Zusne e Jones de um negativo. Onwubalili (1983a) ofereceu uma explicação para o fenômeno de ogbanje dos Igbo (Seção 3.3) em termos de doença de célula

falciforme mas então, perante o criticismo de Edelstein e Stevenson (1983), voltou atrás nisto (Onwubalili, 1983b).

Child (1984), um psicólogo, parece favoravelmente disposto ao trabalho de Stevenson; como faz Lund (1985), um filósofo; e Heaney (1984), um teólogo,

mas Rogo (1985) foi um crítico severo dele num livro popularmente escrito que foi largamente citado. Edge (1986) trata Stevenson mesmo handedly, fazendo somente críticas passageiras suaves. Almeder, um filósofo da Universidade de

Geórgia, fez uma defesa energética de Stevenson em 1987; mas Edwards (1986a, 1987b), outro filósofo; e Hines (1988), um jornalista, são hostis.

Schmeidler (1988) é respeitoso mas um tanto cético de uma interpretação de reencarnação do material dos casos em seu livro sobre psicologia e

parapsicologia, como é Irwin (1989) em seu livro texto introdutório recente. Os antropólogos têm até agora pouco a dizer sobre trabalho de Stevenson, embora se as revisões recentes do livro por Hess (1988) e Bock (1988) forem indicativas

ele pode esperar uma recepção de mente aberta da parte deles.

4.2. Comentários os Quais Stevenson Respondeu

Rogo (1985, pp. 77-79) retratou Stevenson como indiferente à crítica, uma

imputação feita por Wilson (1988) também. Um olhar na literatura, no entanto, mostra que Stevenson frequentemente respondeu a questões sobre seu trabalho

e às interpretações dos casos alternativas àquelas que ele propôs.

Stevenson travou diálogos com Chari (Chari, 1961-1962a, 1961-1962b, e Stevenson, 1961-1962; Chari, 1962a, 1962c, e Stevenson, 1962; Chari, 1973b,

e Stevenson, 1973b; Chari, 1986, e Stevenson, 1986(1)), L. E. Rhine (Rhine, 1966, e Stevenson, 1967), Murphy (Murphy, 1973, e Stevenson, 1973a), Haynes

(Haynes, 1976, 1978, e Stevenson, 1979), Grosso (Grosso, 1979, e Stevenson, Tart, & Grosso, 1980), Siegal (Siegal, 1980, e Stevenson, 1981), e Roll (Roll, 1984, e Stevenson, 1984a), bem como com os próprios Rogo (Rogo, 1985, e

Stevenson, 1986b; Rogo, 1986a, e Stevenson, 1986b, 1986c; Rogo, 1987, e Stevenson, 1987b) e Wilson (Wilson, 1988, e Stevenson, 1988).

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Estes câmbios ocorreram em jornais acadêmicos, ao passo que muitas das críticas do trabalho de Stevenson foram feitas em livros populares (Rogo, 1985;

Wilson, 1982, 1987) ou revistas (Edwards, 1986b, 1987b). Stevenson não levou em conta as críticas de seu trabalho diretamente em seus próprios livros, mas desde que se dirigiu à crítica responsável em outra parte na literatura, é duro

censurá-lo por isto.

Rogo também cobrou que Stevenson suprimiu relatórios críticos do seu trabalho.

Um destes é um relatório “devastador” que é dito, em testemunho de segunda mão, ter sido preparado por Ransom antes dele ter deixado de ser um

empregado de Stevenson como um assistente de pesquisa (ver Rogo, 1985, p. 79; 1986). Stevenson (1986b, 1986c) defendeu-se contra a cobrança, que não obstante foi colhida por Edwards (1987b). Evidentemente em resposta a

Edwards, o próprio Ransom (1987) foi esclarecer a situação dizendo que Stevenson não suprimiu este relatório e que “acho difícil de pensar que

Stevenson sequer tentaria suprimir qualquer escrito crítico de sua pesquisa”.

Rogo (1985, p. 78; 1986) também se refere a relatórios não publicados por

Barker, baseado numa conversa que ele pensa que ele pode ter tido (ver Rogo, 1986, p. 470) com Barker durante uma convenção da Parapsychological Association [Associação Parapsicológica]. Esta cobrança também foi mencionada

por Edwards(1987b). Em sua resposta a Rogo, Stevenson (1986b, 1986c) explica que a discórdia com Barker não proviu de relatórios escritos mas de

Stevenson ficar do lado de Pasricha numa disputa que ela teve com Barker sobre o compartilhar de dados. Barker tinha unido-se a Pasricha numa pesquisa de casos de memórias de vidas passadas na Índia (Barker & Pasricha, 1979) e a

tinha ajudado a investigar casos como parte de sua replicação em larga escala de métodos de pesquisa de Stevenson (Pasricha & Stevenson, 1979).

Barker (Weiner, 1979, p. 56) mais tarde apresentou um relatório de um dos casos que eles investigaram juntos numa conferência Regional do Sudeste da

Associação Parapsicológica [Southeastern Regional Parapsychological Association conference], sob ambos seus nomes mas sem a aprovação de Pasricha, e sem declarar que a interpretação dela do caso diferia da dele (vê Pasricha, 1979). O

caso (o de Rakesh Gaur) mais tarde foi informado de forma completa, com ambas as opiniões representadas (Pasricha & Barker, 1981). Entretanto, a

disputa sobre o compartilhamento de dados tinha sido levado a julgamento por um comitê da Escola Médica da Universidade de Virgínia, durante a qual Stevenson apoiou Pasricha.

4.3. Comentários de C. T. K. Chari

Chari (1981, 1987) toma a posição que as análises padrão discutidas na Seção 3 são inválidas porque os casos são culturalmente e socialmente influenciados a tal

extensão que independência estatística entre eles não é alcançada. Não aceita a comparação de casos nem dentro de culturas nem entre as culturas. Em escritos

anteriores (p.ex., Chari, 1962b) tentou mostrar que a informação sobre alguns casos poderia ter se difundido largamente, assim agindo como modelo para outros casos.

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Barker e Pasricha (1979), no entanto, descobriram que a informação sobre os casos normalmente se espalha a distâncias muito curtas, com casos em uma

aldeia normalmente não conhecidos aos habitantes da próxima. Os casos que foram mais largamente conhecidos tiveram características incomumente dramáticas e não eram típicos dos casos normais.

Além do mais, independência estatística do tipo que Chari quer raramente é atingida em estudos com populações humanas. A crítica simplesmente é

imprópria ao território de pesquisa.

O criticismo das análises padrão é recente, evidentemente uma resposta ao

número de crescimento de tais estudos. É relacionado à antiga abordagem crítica de Chari, à hipótese psicocultural (Chari, 1962b, 1967, 1973a, 1978, 1981,

1987; cf. a Seção 3.7). Chari (1962a; 1962c) também propôs criptomnésia (amnésia de fonte) e paramnésia (distorções da memória) como explicações para memórias de vidas passadas, mais ou menos explicitamente combinando-as com

a hipótese psicocultural (p.ex., Chari, 1978). Às vezes (p.ex., Chari, 1978, p. 315) designou um possível papel a ESP, embora ele não tenha sido coerente

neste ponto. Os escritores impressionados pelos seus argumentos incluem Reyna (1973), Rogo (1985, 1986b), Irwin (1989), Zusne e Jones (1982), e Edwards (1987a).

A mais compreensiva declaração de Chari (é seu capítulo no Signet Handbook of Parapsychology) (Chari, 1978). Aqui ele prossegue colocando e respondendo

uma série de questionamentos. O primeiro destes, “A reencarnação é uma hipótese testável?”, ele responde na forma negativa, principalmente na base de

que é atualmente expressada demais incoerentemente. Por “testável” ele evidentemente significa submetível a prova ou contraprova experimental. Podemos concordar com sua avaliação, e também com a conclusão que alguma

formulação coerente futura da hipótese não pode ser descartada.

O segundo questionamento é, “São conclusivas as antologias do ocidente

reencarnacionalistas?” As citações referem a Delanne (1924), Shirley (1936), e várias outras fontes, à parte de Stevenson. Por “conclusivo” Chari evidentemente

quer dizer o estabelecimento da reencarnação. Outra vez ele responde na forma negativa, e outra vez podemos concordar com ele. De fato, nenhum exceto os mais populares dos escritores consideraram a reencarnação estando estabelecida

por estes textos, ou no que diz respeito a estar estabelecida absolutamente. A combinação de criptomnesia, paramnésia, e ESP que Chari introduz como uma

contra-explicação torna-se importante apenas quando estes primeiros casos são considerados juntos com casos mais recentes investigados por Stevenson e outros.

O terceiro questionamento é, “Quão plausíveis são os estudos atuais de crianças asiáticas que ‘alegaram memórias de vidas passadas’?” A resposta de Chari é

meramente uma descrição geral de material dos casos de Stevenson. A resposta começa a vir só com o quarto questionamento, “Quão inclinadas são as crianças

asiáticas a fantasias persistentes espontâneas de ‘vidas anteriores’?” Aqui Chari avança na visão que memórias de vidas passadas na Ásia servem a uma função semelhante à dos amigos imaginários no Ocidente.

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A idéia é interessante, mas para desenvolver isto Chari teria que ignorar ou teria que subestimar os relatórios de memórias de vidas passadas no Ocidente (o.ex.,

ver Stevenson, 1983a, 1987a).

Sob o mesmo cabeçalho, Chari apresenta o longo relatório original do caso que

ele nos deu.

As duas páginas ele dedica a A. V. R., no entanto, estão longe de permitir um julgamento independente do caso. A descrição de Chad de sua investigação é

muito circunspecta, e é difícil de determinar o que ele fez e não fez. Diz-nos que o nome da cidade A. V. R. alegou ter soado vagamente como se fosse do norte

da Índia, mas que tinha um talo e um final de Telugu, qual sugeriria uma derivação do sul Indiano. Ele não nos diz que nome foi, nem nos diz como ele

confirmou ou não a existência da cidade, à parte de sua análise linguística.

Se é correto que o caso contém uma mistura de influências do norte e do sul indianos, pode ser excepcionalmente interessante, e é uma pena que ele não o

descreveu em mais detalhe nem aqui nem em outra parte.

Chari a seguir pergunta, “Existem casos aparentemente ‘verídicos’ de

‘renascimento’ sem qualquer recordação pessoal e/ou reconhecimento pessoal nas crianças asiáticas em questão?” Ele então descreve o caso de Sheela Ratna

(ver também Chari, 1967, 1981), que envolveu o indivíduo sendo dita de sua identidade pelo Senhor Krishna numa visão. Este caso é fenomenologicamente tão diferente dos casos espontâneos típicos de memórias de vidas passadas que

sua relação com os casos típicos não é claro.

O questionamento final de Chari é, “As ‘comunicação mediúnicas’ e a

‘reencarnação’ são fenômenos ‘tudo ou nada’ mutuamente exclusivos?” Aqui seu interesse principal parece estar que algumas pessoas estão ditas terem

reencarnado e ao mesmo tempo aparecerem como comunicadores mediúnicos. O exemplo que ele cita está documentado em qualquer parte da literatura, e é difícil de saber o que fazer dele com a curta descrição que Chari dá.

O fato que a crença oculta afirma a possibilidade de tal expressão dual não diz nada sobre sua base efetiva.

No âmago de crítica de Chari (expressada mais claramente em outra parte) é a hipótese psicocultural. A única diferença real entre sua versão da hipótese e a de

Brody (1979a, 1979b; discutida na Seção 3.7) é a concessão para criptomnesia e ESP assim como para a paramnésia. A criptomnésia tipicamente envolve

quantidades pequenas de informação, muito menos que as comunicadas pela maioria dos indivíduos de casos de memórias de vidas passadas (Seção 2.5.6). Chari não parece considerar ESP como uma explicação que funcione para

qualquer caso dado, mas antes como um dos vários fatores que pode estar envolvido. A possibilidade, naturalmente, não possa ser rejeitada, mas se ESP é

um fator importante em casos de memórias de vidas passadas, é singular que os indivíduos quase nunca exibem a faculdade em outras vezes (Stevenson, 1987a, pp. 154-155).

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Quanto mais amplamente se aplica ESP, mais ela se torna uma explicação forçada. Muitos erros que os indivíduos fazem pareceriam concordar melhor com

as características de memória do que de ESP. Uma explicação simples de ESP não pode explicar prontamente por que alguns indivíduos têm dificuldade para reconhecer pessoas e lugares que mudaram substancialmente desde a morte da

pessoa prévia. Apenas ESP também teria dificuldade para produzir memórias comportamentais e físicas.

Para explicar estes fenômenos por ESP, ter-se-ia que esticar o conceito bem além do que foi estabelecido em pesquisa de laboratório ou trabalho de campo

com casos espontâneos, em alguma forma de super-psi. Super-psi, naturalmente, tem há tempos sido um fantasma da pesquisa de sobrevivência.

Fortemente criticada por Gauld (1961, 1982), o conceito recentemente foi racionalizado de novo por Braude (1989).

Chari (1967) acredita que memórias físicas podem ser devidas a fatores genéticos, embora (Chari, 1987) assinale que elas às vezes mostrem padrões culturais distintos também. Isto, pensa, indica sua fonte cultural . Mas poucas

marcas de nascimento e defeito de nascimento têm características culturais distintas e ainda menos ocorrem submetidas numa linha direta de descendência

da pessoa prévia relacionada (cf. Andrade, 1988, pp. 63-78, e Stevenson, 1987a, pp. 153-154, sobre “memória genética”).

4.4. Comentários de Ruth Reyna

Chari (1973a) contribuiu com o primeiro de dois Prefácios de Reincarnation and Science [Reencarnação e Ciência] de Reyna (1973), e sua dívida a ele está clara por todo o livro.

Zusne e Jones (1982) recomendam a leitura, e Venn (1986) também cita-o

favoravelmente. De acordo com Zusne e Jones (1982, p. 169), Reyna oferece uma “nova visão

microscópica de reencarnação”. Reyna começa por argumentar que a reencarnação transgride leis físicas estabelecidas, e portanto não pode ocorrer,

ao menos em qualquer sentido tradicional. Sua visão preferida é que a “alma” (o que reencarna) é realmente um tipo de campo de meson com que novos corpos podem associar-se durante a gestação. Porque partículas subatômicas decaem

em taxas diferentes, só uma porção das partículas associadas com a pessoa morta estaria disponível para transferência ao indivíduo, e portanto a

“reencarnação” (como apareceria) seria parcial no melhor dos casos.

Pelo caminho Reyna faz várias críticas da metodologia e conclusões da pesquisa

de Stevenson. Sustenta que identificação imposta pelos pais, mais impressão materna onde necessária, é suficiente para explicar casos de memória de vida passadas. Impressão materna, que exige que mãe grávida impressione a criança

em seu ventre com certas características, é como cientificamente discutível uma proposta como é reencarnação (mas ver Mills, 1988a, e Stevenson, 1985, para

possíveis exemplos). Impressão materna seria concebível como uma explicação para marcas de nascimento e defeitos de nascimento em casos onde a mãe fosse

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familiarizada com a pessoa prévia, como em casos na mesma família. No entanto, não pode explicar as memórias físicas nos numerosos outros casos em que as duas famílias eram desconhecidas uma da outra antes do início do caso, a menos que fôssemos propor a aquisição da mãe da informação necessária via ESP.

Reyna queixa-se que as “leis da genética” são ignoradas ao interpretar casos de memórias de vidas passadas em termos de reencarnação. “Se não houvesse leis

seguras de hereditariedade. ... Uma mulher grávida nunca pode estar segura sobre o que ela provavelmente carregava. Se não fosse o controle exercido pela

evolução e pela genética... muitas situações incongruentes poderiam surgir e surgiriam” (Reyna, 1973, p. 107; itálicos dela). Por exemplo, um homem ciumento e violento condenado por assassinato pode renascer como filho de sua

esposa anterior. Se a reencarnação pode anular a genética, então devemos esperar achar tanto casos “desagradáveis” quanto os “amáveis”.

Reyna só não deixa claro como seu caso hipotético entra em conflito com a evolução e a genética. Parece estar confundindo duas avenidas diferentes de

influência. Os estudantes de casos de memórias de vidas passadas não propõem reencarnação como uma alternativa à hereditariedade mas como um suplemento a ela — a reencarnação adicionaria uma terceira dimensão (junto com

hereditariedade e ambiente) à formação da personalidade (cf. Stevenson, 1987a, pp. 237-240). De qualquer modo, muitos casos “sujos” estão disponíveis na

literatura. Wijeratne (Stevenson, 1974c) alegou lembrar a vida de seu tio, que foi condenado por assassinar sua esposa. Michael Wright (Stevenson, 1987a) forneceu evidências de lembrar da vida do namorado de sua mãe, que foi morto

num acidente de automóvel antes de seu casamento com seu rival.

Reyna escreve como se ela não fosse ciente de uma contradição fundamental em

sua posição. Por um lado, ela descarta a evidência para reencarnação em várias bases, enquanto por outro lado sua hipótese de campo de meson pretende

explicar a mesma evidência.

Reyna não é a única autora a cair nesta armadilha. Rogo (1985) também ataca

os métodos de Stevenson (ver Seção 4,7), mas então aceita seus dados como exigindo explicação, e trama a própria hipótese exótica para explicá-los (Seção 4.9). 4.5. Comentários de W. G. Roll Roll (1982, 1989) aceita os dados de

Stevenson sem sofismas, embora os interprete a seu próprio modo. De acordo com Roll, a personalidade se fragmenta na morte, não havendo mais um corpo

físico para mantê-la unida. Os fragmentos permanecem associados com certos lugares ou pessoas significativas à pessoa prévia, e o indivíduo, entrando em contato com um destes lugares ou pessoas, é capaz de acessar os fragmentos

por um processo parecido com psicometria. Esta hipótese pretende explicar materiais de casos espontâneos mediúnicos, de assombração, e outros assim

como casos de memórias de vidas passadas.

Edwards (1987a) se refere a Roll (1982), mas com exceção de sua

reinterpretação do caso de Imad Elawar (Stevenson, 1974c; ver abaixo), as idéias de Roll não tiveram uma grande quantidade de influência.

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Roll (1982, 1989) abre sua discussão de “relações espaciais” em casos de memórias de vidas passadas descartando todos os casos de Stevenson exceto

sete publicados em que registros escritos foram feitos antes que verificações fossem tentadas. Em cinco destes sete casos, ele achou conexões ou possíveis conexões entre as famílias do indivíduo e a pessoa prévia antes do início do caso.

Onde tais conexões não fornecem uma transferência normal de informação entre o indivíduo e a família da pessoa prévia, Roll acredita que eles podem permitir

uma transferência paranormal de informação. Roll fecha sua discussão observando que aí permanecem dois casos em que não havia conexões aparentes de qualquer tipo (embora possam ser de fato três; ver Roll, 1983, que

se refere a uma apresentação da Associação Parapsicológica, mas que se aplica também ao artigo sob discussão).

Roll (1982, 1989) a seguir discute “relações temporais”. Outra vez ele descarta todos os casos de Stevenson exceto os sete em que um registro escrito foi feito

antes que verificações fossem tentadas, e outra vez ele acha dois que não adaptam a sua expectativa, que agora relaciona-se ao desaparecimento das memórias da consciência depois de uma certa idade. Admite que sua amostra é

demais pequena para tirar conclusões, mas ele não faz nenhum esforço para aumentá-la pegando dos numerosos outros casos publicados disponíveis a ele.

A “hipótese de ligação” de Roll encara outros problemas além do tamanho pequeno da amostra e o fato que a proporção de casos na amostra que não

apoia a hipótese é considerável (2 de 7 = 29%; 3 de 7 = 43%). A hipótese nem sequer tenta lidar com memórias comportamentais e físicas. Além do mais, nesta base esperaríamos achar exemplos de mais de uma criança alegando lembrar a

mesma vida prévia, ou uma criança alegando memórias de mais de uma vida vivida simultaneamente. Os casos com múltiplas identificações (ver Seção 2.6)

chegam perto de encontrar a primeira destas predições, talvez, mas em nenhum deles existem alegações verbais feitas por dois ou mais indivíduos de terem sido a mesma pessoa.

Roll entra com sua interpretação do caso de Imad Elawar de Stevenson (1974c). Roll primeiramente apresentou sua interpretação deste caso em 1977 e

reafirmou-a em 1982 e 1984, quando foi desafiado por Stevenson (1984a). A discussão de 1982 é repetida, com nenhuma referência às objeções de

Stevenson (1984a), em Roll (1989). Embora inconsistente com a apresentação de Stevenson do caso, a interpretação de Roll foi adotada (um tanto estranha, sem crédito) por Grosso (1979) e Rogo (1985, 1986b). Elementos disto são

aparentes também nos comentários feitos por Schmeidler (1988). Imad Elawar lembrou muitos detalhes concernentes à vida de um certo Ibrahim Bouhamzy,

mas ele também lembrou de um acidente de caminhão em que primo de Ibrahim e o bom amigo Said estiveram envolvidos. Também foi achado quem alegasse ter as memórias de Said. Imad parece algo ter ficado confuso sobre quais de

suas memórias se relacionavam a Ibrahim e quais a Said, e Roll conclui disto que as memórias de Ibrahim e de Said devem ter unido post-mortem e então

reapareceram tanto em Imad quanto no segundo indivíduo, resulta num renascimento “fundido” e “dividido”.

É razoável concluir que foi isto o que aconteceu? Imad não lembrou nada que não fosse conhecido a Ibrahim, e o segundo indivíduo, além de lembrar o

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acidente de caminhão, falou de muitos acontecimentos na vida do primo de Ibrahim que não desempenharam nenhum papel nas memórias de Ibrahim. À

parte dos acontecimentos cercando o acidente de caminhão, as memórias de Imad e do outro indivíduo eram completamente diferentes.

Parecemos ser confrontados com nada mais exótico que as memórias independentes de dois indivíduos cujas pessoas prévias eram intimamente familiarizadas. Neste aspecto o caso assemelha-se aos casos de Ismail Altinkilic e

Cevriye Bayri de Stevenson (1980), que independentemente lembraram vidas de pessoas que tinham sido casadas.

4.6. Comentários de Ian Wilson O escritor britânico Wilson lançou uma crítica extensa do trabalho de Stevenson em 1982.

Embora Gauld (1982) e Rogo (1985) tenham criticado esta crítica em várias

terrenos, Wilson (1987, 1988) tem desde então repetido seus apontamentos principais de forma inalterada. Stevenson (1988) recentemente respondeu ao mais importante deles. Wilson é citado favoravelmente por Edwards (1987b) e

Irwin (1989).

Wilson (1982, pp. 16-26) nota que Stevenson acumulou um dossiê

aparentemente impressionante de casos, então tenta encontrar rachaduras. Os casos do Stevenson, Wilson pensa, devem ser suficientes para revelar as

“regras” pelas quais a reencarnação é governada, mas comparando os casos ele não pôde descobrir tais regras. Ele fica particularmente incomodado pelas “inconsistências” que vê no período e na distância de intermissão. Estas

inconsistências não o permitem determinar se há um “período de espera” entre as vidas ou se alguém muda de nacionalidade ou afiliação regional entre as

vidas.

Evidentemente Wilson acredita que se a reencarnação ocorre, devia ocorrer do

mesmo modo para cada pessoa. No entanto, dado o grande alcance de experiência humana, não é de forma alguma claro por que ele deve esperar isto. Ao criticar o material de Stevenson por não fornecer “regras” que podem

governar um processo de reencarnação, Wilson ignora os muitos padrões que foram achados no material dos casos de Stevenson (ver Seções 3.4 a 3.6).

A base para a desconfiança que Wilson acredita ter descoberto torna-se mesmo mais aguda nos seus olhos quando volta a sua atenção às pessoas que ajudaram

Stevenson em sua pesquisa. Wilson observa que algumas destas pessoas são aderentes a religiões (Hinduismo, Budismo) que abraçam a reencarnação, e isto leva-o a perguntar-se se estas pessoas podiam ter ajudado nas investigações de

uma forma imparcial. Irwin (1989) parece ficar impressionado por este argumento, embora Gauld (1982) não. Gauld assinala que muitos cientistas são

motivados por interesses pessoais, mas tal motivação não precisa afetar sua capacidade de conduzir pesquisa imparcialmente. Também podemos perguntar em quem Stevenson deve confiar, se não as pessoas que têm interesses

pessoais em seus esforços.

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Sua pesquisa está, afinal de contas, consumindo tempo e dinheiro, e não sem controvérsia.

Wilson a seguir volta sua atenção para os indivíduos de Stevenson. Aqui ele antes bem observa que, dado o índice de pobreza na Índia, devemos esperar

achar a maioria dos indivíduos indianos lembrando uma vida prévia de pobreza, mas a maioria dos indivíduos indianos alega vidas prévias em circunstâncias notadamente melhores em termos socioeconômicos. Ele acha só um caso indiano

em que a alegada vida prévia era notadamente pior que a atual. Para Wilson Isto indica que há algo seriamente errado com uma interpretação dos casos em

termos de reencarnação. Stevenson (1988) observou problemas na codificação de Wilson para o status, mas não precisa levar isto em conta para observar que os 17 casos que Wilson usa constitui uma amostra muito pequena. De acordo

com Stevenson (1987a, p. 215), enquanto dois terços de seus cerca de 300 casos indianos envolvem pessoas prévias em circunstâncias inferiores, um terço

estavam na mesma ou mais alta. A desigualdade permanece, mas a relação é muito diferente (ver também Seção 3.4.5).

Wilson logo levanta a pergunta de se Stevenson podia ter sido enganado pelos seus indivíduos e informantes. Observa que Stevenson é sensível a esta possibilidade, mas considera que foi demais rápido em descartá-la. Aqui o

próprio Wilson se revela mais preocupado com cobranças que com sua plausibilidade ou sua consistência; o fato que uma testemunha dissidente

levantar uma dúvida é suficiente para Wilson colocar o caso todo em dúvida. A testemunha dissidente, no entanto, aparece só em uma pequena minoria dos casos de Stevenson, e Wilson é forçado a concluir desta e de outras áreas de

problemas potenciais que há “números consideráveis de seus casos onde tal interpretação não pode ser justificada” (Wilson, 1982, p. 23).

Wilson acredita que os casos do Stevenson sugerem impressão materna e influência relativa aos pais ao invés de reencarnação. O volume de seu livro de

reencarnação (Wilson, 1982) preocupa-se em desenvolver a tese que memórias de vidas passadas estejam relacionadas a desordem de personalidade múltipla, no sentido que ele esboça casos de regressão hipnótica e mediúnicos (ver Seção

1.4). Wilson nunca tenta relacionar sua teoria ao trabalho de Stevenson, que é esquecido depois dos primeiros dois capítulos. Nem ele repete esta tese em seus

escritos subsequentes (Wilson, 1987, 1988) sobre o trabalho de Stevenson.

4.7. Comentários de D. Scott Rogo

Embora Rogo tenha comentado sobre o trabalho do Stevenson em vários

lugares, suas críticas estão convenientemente colecionadas em seu livro (Rogo, 1985) sobre reencarnação. Stevenson (1986b, 1986c) respondeu a algumas das alegações específicas de Rogo neste livro, duas que foram consideradas na Seção

4.2. Outros criticismos de Rogo (Rogo, 1986b) foram respondidos por Matlock (1988b). As cobranças de Rogo (1985) foram coletadas por Edwards (1987b) e

numa menor extensão por Irwin (1989).

Rogo (1985, pp. 73-86) centraliza sua atenção em quatro casos em que ele

detectou problemas. O primeiro destes é o caso de Mounzer Haidar (Stevenson,

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1980). Ao investigar este caso, Stevenson primeiro esboçou o local de uma marca de nascimento no abdome do indivíduo. Quando ele subsequentemente

entrevistou a mãe da pessoa prévia, ele perguntou onde tinha sido o tiro, e ela apontou ao lado correto do seu abdome. Stevenson então mostrou seu esboço, e a mulher disse que a ferida estava no lugar marcado. Para Rogo, isto indica que

Stevenson às vezes conduz suas testemunhas. Preferiria que Stevenson tivesse pedido que a mulher esboçasse o lugar onde a bala tinha entrado no corpo antes

de mostrar seu esboço.

O segundo caso tratado por Rogo é o caso de Mallika Aroumougam (Stevenson,

1974c), muito criticado por Chari (1967, 1986). Este caso indica a Rogo que Stevenson “às vezes omite informação importante quando escreve seus relatórios” (Rogo, 1985, p. 73) porque Stevenson não menciona em na primeira

(Stevenson, 1966b) nem na segunda edição (Stevenson, 1974c) de seu livro que o pai do indivíduo e o avô publicamente tinham refutado uma interpretação de

reencarnação do caso, nem que usou um informante (o cunhado da pessoa prévia) como um intérprete para entrevistar outro (o pai do indivíduo) sem declarar claramente que tinha feito então. Stevenson (1986b) admite que a

investigação e o relatório poderiam ter sido melhor operados, mas assinala o fato crucial que nem o pai nem o avô foram testemunhas de quaisquer das

declarações de Mallika, e então seu testemunho era irrelevante no julgamento do caso.

O terceiro caso analisado por Rogo (1985) é o caso de Imad Elawar (Stevenson, 1974c), cuja interpretação de Roll consideramos na Seção 4.4. Aqui Rogo acha evidência para sugerir que Stevenson apresentou erradamente algumas

memórias do indivíduo para fazê-las parecer mais aplicável à pessoa prévia do que eram de fato. Baseia esta conclusão numa comparação dos resultados de um

processo indutivo complicado envolvendo o registro de Stevenson de sua investigação com sua tabulação das declarações do indivíduo. Uma declaração é dada de forma simples em que Rogo sente ser incompatível com o que outra

evidência sugere. No entanto, ele supervisionou a estendida discussão de Stevenson desta declaração (que concerne à memória de Imad do acidente de

caminhão que levou a vida do primo da pessoa prévia) e a defesa do modo que isto é apresentado na tabulação.

O último dos quatro casos em que Rogo achou um problema é o caso de xenoglossia responsiva de Uttara Huddar (Stevenson, 1984b). Rogo refere-se ao relatório de Akolkar (1985) como fornecendo “evidência considerável” que

Huddar tinha aprendido bengali “bem o suficiente para ler uma caçoleta” (Rogo, 1985, p. 76), enquanto Stevenson tinha declarado que podia ler só algumas

palavras. Infelizmente para Rogo, a “evidência considerável” de Akolkar (1985) consiste unicamente de uma declaração de um colega de Huddar ao efeito que ele e ela uma vez tinham aprendido bengali juntos e podiam ler uma caçoleta

bengali. A própria Uttara ficou surpresa que isto devia ser interpretado como tendo conhecimento da língua, e Akolkar não pôde achar nenhum registro que

ela sequer tivesse tomado aulas disto. Rogo, além do mais, omite uma observação importante de Akolkar que ainda que Uttara tivesse aprendido a ler algo em bengali, isto não pode facilmente explicar sua fluência ao falar a língua

no dialeto específico que ela fez.

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Rogo (1985, p. 77) admite que suas críticas são “muito triviais”, mas não obstante considera que “indicam que um viés sistemático pode estar

impregnando todo o trabalho de Stevenson.” Era capaz de detectar os “defeitos” nestes quatro casos porque era capaz de conferi-los com registros independentes, e levanta a pergunta de quantos mais defeitos devem residir em

casos em que ele não pode conferir. Aqui Rogo vacila outra vez, porque é aparente que teve acesso a registros independentes em só dois exemplos — a correspondência de Chari no caso de Mallika, e o relatório não publicado de Akolkar (1985) no caso de Uttara Huddar. É nesta conjuntura que Rogo afirma que Stevenson “tenta asfixiar” os criticismos (Seção 4.2). Seu ponto principal

aqui é que nem todos os assistentes de Stevenson concordam com sua interpretação dos casos nem de fato acharam casos como os dele para

interpretar. Estas são questões importantes, e é lamentável que sejam apresentadas na forma que elas são, com citações liberais de testemunhos de segunda mão e documentos não publicados não vistos por Rogo. Como discutido

na Seção 3.2, os casos de Stevenson bem podem ser superiores à média de exemplos de seu tipo. Isto pode ajudar a explicar por que outros às vezes

tiveram problemas para achar casos fortes, mas isto não nos deve levar a desvalorizar os casos fortes que temos.

Rogo a seguir volta ao caso de Rakesh Gaur informado por Pasricha e Barker (1981; Pasricha, 1983). Realça as diferenças de interpretação pelos dois autores, e conclui por afirmar que desde que escolheram informar este caso porque era o

“mais forte” que tinham achado, os problemas que eles encontraram em sua investigação fornece alguma idéia “da confusão que pode ter existido em muitos

dos casos do Dr. Stevenson” (Rogo, 1985, p. 83).

Mas Pasricha e Barker (1981, pp. 381-382) dizem meramente que informam este

caso porque foi o caso que eles estudaram de forma mais completa juntos sem a participação de Stevenson. Aliás o caso não é notavelmente forte (Rakesh, que tinha cinco quando ele primeiramente falou de suas memórias, fez um número

incomum de erros), o que o torna mais confuso levando Rogo a pensar que colocaria em xeque todo o trabalho de Stevenson.

4.8. Comentários Céticos

Zusne e Jones (1982, p. 166) fazem objeções ao material de Stevenson como devido à “desonestidade dos pais, à imaginação prontamente maleável de uma

criança, e à ingenuidade e viés metodológico do pesquisador”.

Christopher (1979) descreve o caso de Prakash Vrashnay de Stevenson (1974c)

em algum detalhe, então desqualifica-o com uma série de perguntas: “Alguém contou à criança sobre a família de Jain no povoado a seis milhas de distância? Ele foi lá antes de sua segunda viagem conhecida e observou as pessoas que ele

mais tarde chamou pelo nome? Esta teoria é mais forçada que a hipótese de reencarnação?” (Christopher, 1979, p. 182). Christopher continua descrevendo

outro caso de Stevenson, o de Gnanatilleka Baddewithana (Stevenson, 1974c), desta vez sem nenhum comentário absolutamente.

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Hines (1988) dedica dois parágrafos a Stevenson. Declara que “o problema principal com o trabalho de Stevenson é que os métodos que ele costumava

investigar supostos casos de reencarnação são inadequados para rejeitar uma simples narrativa imaginativa... Nos casos aparentemente mais impressionantes... as crianças alegando estarem reencarnadas conheciam

amigos ou parentes do indivíduo morto” (Hines, 1988, p. 74).

Sobre o primeiro ponto, ver a Seção 2.2.3 sobre a metodologia de Stevenson.

Pode-se também perguntar como casos tão fortemente verídicos como tantos destes podem ser interpretados como “simples narrativa”. Sobre o segundo

ponto, Stevenson declara claramente em todos os seus trabalhos que ele considera que os casos em que há contato prévio entre as duas famílias (muito menos contato prévio entre a criança e a família da pessoa prévia) serem

inferiores a casos em que as duas famílias viveram longe à parte e não havia nenhuma evidência de contato antes da criança ter começado a relacionar suas memórias.

O artigo de quatro partes de Edwards (1986a, 1986b, 1987a, 1987b) é em

grande parte filosófico em orientação. Sua discussão de Stevenson (Edwards, 1987a) reside pesadamente em fontes populares secundárias, especialmente Rogo (1985), Wilson (1982), e Chan (1978), embora ele também cite Roll

(1982). Ele (Edwards, 1986a) inclui uma discussão de só um caso que Stevenson trabalhou em cima, o de Edward Ryall. Além de ser atípico dos casos de

Stevenson, o caso de Ryall é discutivelmente o caso mais fraco que Stevenson endossou, e Edwards não menciona que Stevenson deu as costas à sua publicação.

Embora Ryall alegasse ter memórias quando criança, ele falou pouco sobre elas

até a maioridade, e escreveu seu livro (Ryall, 1974) quando tinha cerca de 70 anos. Embora Stevenson tenha examinado o caso, ele nunca publicou um relatório acadêmico sobre ele.

Suas observações principais ocorrem em sua introdução (1974a) a Ryall e em

sua resposta (Stevenson, 1979) às críticas de Haynes (1976, 1978). Thouless (1984) também levantou perguntas sobre o caso, como o fizeram Rogo (1985) e Wilson (1987,1988). Stevenson (1983c, p. 27; 1986b; 1988) declarou que ele

não considera mais o caso ser tão forte quanto ele uma vez fez, mas recusa-se a abandoná-lo, dizendo que os críticos ignoraram itens que Ryall acertou enquanto

faziam muito sobre os que ele errou.

Não há nenhuma dúvida que Stevenson saiu ferido pela sua defesa precoce deste

caso, mas seus críticos não lhe fizeram justiça ao ignorar suas reavaliações públicas sobre ele. De qualquer modo, o julgamento final terá que esperar até que Stevenson tenha publicado o relatório acadêmico que ele prometeu.

4.9. Comentários Sobre os Comentários Os comentaristas do trabalho do Stevenson caem em quatro grupos. O primeiro

grupo é composto por críticos que descartam o material como sendo devido à

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fraude, fantasia, e “ingenuidade metodológica do pesquisador e viés”, como Zusne e Jones (1982, p. 166) colocam. Esta é a posição cética.

O segundo grupo é composto de pessoas que são respeitosas da metodologia do Stevenson e dos dados que ele colecionou, mas acreditam que a hipótese

psicocultural é adequada para explicar os dados. Esta é a posição de cientistas receptivos a novas ideias como Brody (1979a, 1979b) e talvez da maioria dos parapsicólogos.

Uma minoria substancial de comentaristas abrange um terceiro grupo. Estas pessoas aceitam os dados e suas implicações, mas oferecem breves explicações

exóticas de reencarnação para eles. Neste grupo estão Murphy (1973; Leeds & Murphy, 1980), Hick (1976), Roll (1982), Rogo (1985), e Liverziani (1987).

Reyna (1973) tem o estado de um membro honorário.

Finalmente há comentaristas que não só aceitam os dados, mas também a apresentação de Stevenson dos casos como sugestivos de reencarnação. A

existência deste grupo frequentemente foi supervisionada por críticos, que tendem a retratar Stevenson como sozinho em suas crenças (p.ex., Anievas,

n.d.-a, que declara que Stevenson é um “fanático” sobre reencarnação). Este último grupo inclui cientistas e acadêmicos de várias disciplinas diferentes.

Entre os parapsicólogos achamos Pratt (1973), Beloff (1975), Gauld (1982), Thouless (1984), Child (1984), e Haraldsson (1985), todos eles psicólogos também. Entre filósofos, Ducasse (que contribuiu para a introdução de Vinte

Casos Sugestivos de Reencarnação de Stevenson, 1966b, 1974c), Lund (1985), e Almeder (1987) se lançam como defensores (ver também Broad, 1958, e

Ducasse, 1961, para seu tratamento dos casos pré-1960). Heaney (1984) inclui uma significativa discussão da compatibilidade da reencarnação com a teologia

cristã (leia-se católica).

Os antropólogos Hess (1988) e Bock (1988) também são auxiliadores, embora Bock encontre nele mesmo divergências com Stevenson em suas especulações

sobre o processo de reencarnação. Dada a estatura de Bock em antropologia (ele é ex-Presidente do Departamento de Antropologia na Universidade do Novo

México e editor do Journal of Anthropological Research [Jornal de Pesquisa Antropológica]), no entanto, é bom ler que em sua estimativa Stevenson “teve

que achar meios de verificar os dados de entrevista que muitos leitores aceitariam se o tema fosse menos discutível” (p. 445).

Como agora ficamos em termos das hipóteses psicocultural e de reencarnação? A

hipótese psicocultural tem-se visto algum pequeno desenvolvimento. Impressão materna foi introduzida para explicar marcas de nascimento (Seção 4.3), e a

possibilidade que alguns indivíduos podem obter informação via ESP foi sugerida (Seção 4.3). Não está claro o quanto estas adições contribuem para a hipótese, contudo. Impressão materna é um conceito hipotético como a reencarnação, e

de qualquer modo pode explicar as memórias físicas em apenas uma minoria de casos. Schmeidler (1988) está provavelmente correto que a hipótese de super-

psi poderia ser esticada para explicar todos os casos, mas não o poderia fazer sem tensão.

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Desafios específicos à metodologia de Stevenson são potencialmente mais danosos que os gerais, porque podem acertar onde ele foi mal. Vimos tais

desafios nas críticas de Wilson (1982; Seção 4,6) e Rogo (1985; Seção 4,7), mas também vimos que estas críticas não se sustentam numa análise mais apurada. Aliás, os leitores podem ficar surpresos em saber quão fracas as críticas

metodológicas específicas do trabalho de Stevenson tem sido.

A hipótese de reencarnação também sofreu algum desenvolvimento, na forma

das explicações exóticas de Reyna (1973; Seção 4,4), Roll (1982; Seção 4,5), Rogo (1985), Murphy (1973; em Leeds & Murphy, 1980), Hick (1978), e

Liverziani (1987). Embora haja diferenças nestas propostas dos autores, eles têm em comum a idéia de uma desintegração da personalidade depois da morte e uma integração subsequente de fragmentos da personalidade morta com a

personalidade do indivíduo. Todos estes autores dão um papel ativo no processo para o indivíduo, embora Rogo (1985) pense que o moribundo e o morto

também possam desempenhar um papel.

Com exceção das hipóteses de Reyna (1973) e Rogo (1985), que foram

desenvolvidas especificamente como modelos para a reencarnação, todos estes modelos pretendem cobrir dados mediúnicos, e às vezes de aparições e outros casos espontâneos, assim como casos de memória de vidas passadas. Isto é

devido em parte a suas origens como hipóteses projetadas para explicar o material mediúnico, muito do qual sugere sobrevivência da personalidade em

forma fragmentária no melhor dos casos (Murphy, 1945). Devem muito às ideias de Carington (1945), que sugeriu que a mente foi construída de um jogo de construtos associados (“psychons”) que pode sobreviver à morte do corpo. (A

conexão a Carington é explícita com Murphy, Hick, e Roll; e implícita com Liverziani, Rogo, e Reyna.) As explicações suficientemente discutíveis do material

mediúnico (ver Gauld, 1982), os modelos baseados em psychons têm menos sucesso ao explicar casos de memórias de vidas passadas. À extensão que tais modelos dependem da ação pelo indivíduo de trazer informações sobre o morto,

eles encontram os mesmos problemas que ESP (ver Seção 4.3).Os problemas são menos intensos mas ainda substanciais se creditamos a pessoa moribunda

ou morta ao invés do indivíduo cuja ação envolve em produzir a transferência de memórias de um corpo a outro.

Um modelo diferente do processo de reencarnação é sugerido por Stevenson (1974b, 1987a). Stevenson acredita que um corpo ou veículo de alguma espécie (a que Stevenson, 1987a, designa o neologismo de psicoesfera) é necessário

para explicar a transferência de memórias visuais, comportamentais e físicas do corpo da pessoa prévia ao indivíduo. A psicoesfera agiria como um “modelo” para

algumas características do novo corpo físico, mas transmitiria menos que a totalidade das características de personalidade da pessoa, memórias, comportamentos, e características físicas. Casos de memórias de vidas passadas sugerem que estas são transmitidas pela psicoesfera numa forma contraída ou reduzida. A psicoesfera de Stevenson soa muito como uma nova palavra para o

corpo astral da literatura ocultista, e tem algumas vantagens filosóficas sobre os modelos baseados nos psychons.

A reencarnação logicamente implica sobrevivência, a menos que uma pessoa sobreviva à morte de alguma maneira que não possa reencarnar depois. Uma

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discussão filosófica de reencarnação, portanto deve começar por esclarecer o que se quer dizer por sobrevivência. E aqui não achamos nenhum consenso geral que

o conceito seja sequer inteligível. Uma vez que concordemos em pôr o debate sobre dualismo de lado, a dúvida principal, expressada por Penelhum (1970) e Flew (1972) e endossada por Wheatley (1972), relaciona-se à dificuldade de

concepção de sobrevivência desencarnada. Um corpo pareceria ser exigido para a manutenção da identidade, para a percepção, e para a interação com o mundo

e com os outros. Embora Penelhum aparentemente considere seus argumentos contra sobrevivência como conclusivos, Flew (1972) deixa aberta a possibilidade de sobrevivência por uma forma astral.

Os problemas básicos são bem recapitulados por Wheatley (1979), que traz de Broad (1962) componente psi à discussão. Um componente psi pode ser pensado

como um composto de alguns fatores mentais da pessoa, em outras palavras sua mente, ao contrário do corpo. A sobrevivência seria concebível tanto via apenas

componentes psi ou via componentes psi na associação com corpos astrais. A alternativa anterior atingiria a sobrevivência desencarnada, e embora Wheatley considere que ambas as alternativas seriam compatíveis com a reencarnação,

dada a discórdia sobre a inteligibilidade e implicações (ver Grosso, 1979) da sobrevivência desencarnada, podemos concluir que a última abordagem é

logicamente a mais razoável.

Assim, se desejamos considerar a sobrevivência conduzindo a reencarnação,

parecemos estar no melhor chute filosófico se pensarmos em termos do que Wheatley (1979, p. 118) chama de “‘mentalidade’ do corpo astral”. Os modelos baseados nos psychons são exemplos de componentes de psi

sobrevivendo sem corpos astrais e confrontando todas as dificuldades filosóficas dessa situação. O corpo sutil ou psicoesfera de Stevenson (1974b,

1987a), por outro lado, soa notavelmente como um corpo astral “mental”, não ficando atrás do de Wheatley.

A proposta de psicoesfera de Stevenson também harmoniza com o modelo do processo de reencarnação avançado na Seção 3.7. Aí foi sugerido que a reencarnação seja pensada em termos ao invés que mecânicos, psicológicos,

com o moribundo e o morto fornecendo algum (talvez em grande parte inconsciente) controle sobre o processo. Se a psicoesfera tem uma mente

(como no corpo astral “mental” de Wheatley), o controle refletiria sua operação.

As hipóteses psicocultural e de reencarnação foram um tanto mais elaboradas nesta Seção, mas a balança não saiu de onde a deixamos na conclusão da Seção 3.7. Os críticos de Stevenson não prosperaram em

danificar a hipótese de reencarnação, que ainda parece ter a vantagem conceitual. Mas o problema de Brody da incompatibilidade da reencarnação

com o corpo do conhecimento científico permanece. Porque há pouca possibilidade de mais avanço nesta frente dentro do alcance atual de nosso conhecimento, nossa melhor opção é ir adiante com a pesquisa, deixando

uma resposta final para o futuro.

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5. Conclusões

Podemos concluir que a reencarnação fornece uma explicação coerente e racional

para os dados dos estudos de casos de memórias de vidas passadas. Mais pesquisa dentro da estrutura dessa hipótese seria apropriado. Mas seria

imprudente declarar que a reencarnação foi demonstrada ocorrer. Até que os dados e conceitos discutidos neste capítulo podem ser assimilados ao restante do conhecimento científico, os dados, no máximo, permanecerão não mais que

sugestivos de reencarnação.

Além do mais, nossas conclusões representam só nossas melhores suposições,

dado o estado atual de nosso conhecimento. Embora pareça improvável que a hipótese de reencarnação possa ser anulada pela hipótese psicocultural, alguma

formulação futura da última talvez o possa. Ou talvez mais provável, uma terceira hipótese, que não mas podemos vislumbrar, pode chegar a fornecer a resposta real.

Contudo sobre a questão, deve-se admitir que a reencarnação parece infinitamente mais possível hoje do que em 1960, quando Stevenson publicou

seu primeiro artigo sobre o assunto. Isto é em grande parte devido a seus trabalhos, e a um programa de pesquisa que está atrás só de J. B. Rhine em sua

longevidade em parapsicologia. Embora, como esta revisão tenha mostrado, Stevenson e seus colegas não estiveram sozinhos em descobrir e informar casos de memórias de vidas passadas, certamente eles contribuíram com o volume

esmagador de pesquisa séria sobre eles.

Como Rhine, Stevenson foi cometido a uma metodologia particular que levou o

campo para longe e provavelmente levará ainda mais, mas que mostra sinais de dar passagem a outras abordagens enquanto novos trabalhadores unem-se às

fileiras. A ênfase de Stevenson em pesquisa orientada por provas foi e continua a ser necessária para estabelecer os fenômenos como exigindo explicação. Cook (1986b) esboça meios em que este tipo de pesquisa está sendo estendido,

incluindo a tentativa de alcançar mais casos no início de seu desenvolvimento (preferivelmente antes de verificações serem tentadas), mais casos de gêmeos,

e mais casos com marcas de nascença e defeitos de nascença. Entretanto estudos processo-orientados (p.ex., Chadha& Stevenson, 1988; Matlock, 1989a) estão começando a aparecer, como sendo estudos que colocam os casos em seu

contexto social e cultural (Mills, 1988a, 1988b). Estas novas abordagens prometem ajudar na resposta a muitas perguntas levantadas pela pesquisa de

dados.

Os críticos indicaram outros problemas que podiam ser levados em consideração,

a maioria notavelmente nas áreas de antropologia psicanalítica e psicológica. Haraldsson (1984) pede pela avaliação psicológica formal das crianças, e Brody (1979a, 1979b) pede o estudo sistemático de seus estados de consciência. Brody

também chama a atenção à psicodinâmica cercando as alegações das crianças, como faz Hess (1988), que assinala o potencial valor aos profissionais de saúde

mental e aos cientistas sociais a um melhor entendimento delas.

Hess (1988) está provavelmente certo que dando atenção aos aspectos não

evidenciais (assim como os evidenciais) de fenômenos paranormais é o meio

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seguro para os parapsicólogos atraírem o apoio de outras disciplinas, porque a ampla relevância dos estudos parapsicológicos então se torna mais aparente.

Stevenson já prosperou em ganhar algum apoio de cientistas em outros campos, mas se mais tais pessoas se empenharem no estudo de casos de memórias de vidas passadas, o progresso em direção a responder às perguntas destacadas

seria acelerado.

6. Agradecimentos

Este capítulo beneficiou-se grandemente de comentários feito por Carlos S. Alvarado, Alan Gauld, George P. Hansen, Stanley Krippner, Antonia C. Mills, e Ian Stevenson, todos os quais leram um esboço anterior em sua totalidade.

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