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Etica e Bioética Em Psicologia Da Saúde

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Univ. Psychol. Bogotá (Colombia) 1 (2): 11-19, julio-diciembre de 2002 ISSN 1657-9267

ÉTICA E BIOÉTICA EM PSICOLOGIA DA S AÚDE

HELOISA BENEVIDES DE C. CHIATTONE

PONTIFICIA UNIVERSIDADE C ATÓLICA DE S ÃO P AULOR ICARDO W ERNER SEBASTIANI*

UNIVERSIDADE FEDERAL DO R IO GRANDE DO NORTE

R ESUMOO presente artigo visa discutir os aspectos ético e bioéticos, que envolvem a prática cotidiana do Psicó-logo da Saúde na assistência à população. Enfatizando os conflitos e polêmicas que os modelos vigentesde saúde, e os avanços das Ciências da Saúde têm trazido para nossas práticas cotidianas, como adicotomização da pessoa enferma, a (ainda) predominância do olhar por sobre a doença e não sobre apessoa doente, e as intrincadas relações entre a proposta de uma prática transdisciplianar e humanizada,e os modelos centrados na cura, próprios do paradigma biomédico que vigorou, e ainda vigora, emmuitos países, no que se refere aos pressupostos de atenção à saúde.Palavras Chave : Ética, bioética, psicologia da Saúde, psicologia hospitalar.

R ESUMENEl presente artículo expone una discusión sobre los aspectos éticos y bioéticos que envuelven la prácticadel psicólogo de la salud en la atención a la población. Enfatiza los conflictos y las polémicas en losmodelos de salud vigentes, y las complicaciones que tienen los avances en las ciencias de la salud en lasprácticas cotidianas, como por ejemplo la dicotomización de la persona enferma; el sesgo de mirar la

enfermedad y no a quien la padece, y las complejas y difíciles relaciones que surgen de una propuesta depráctica transdisciplinar y humanizada frente a los modelos propios del paradigma biomédico que aúnse mantiene como fuente de referencia para la atención en salud.Palabras clave: ética, bioética, psicología de la salud, psicología hospitalaria.

* Correo electrónico: [email protected]

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Refletir sobre a ética em saúde e especificamentesobre os preceitos éticos em Psicologia da Saúde é tarefaaudaciosa, intrigante, mas intensamente desafiante.

Principalmente porque essa reflexão pressupõeposicionamentos ou questionamentos - muitas vezes

polêmicos, sobre os fundamentos teóricos que norteiama prática do Psicólogo no campo maior da Saúde. Apesar de vários estudos apontarem questões fun-

damentais concernentes à prática, ensino e pesquisa doPsicólogo que atua em instituições de saúde (Angeramiet al.,1984, 1988, 1992, 1994, 1996, 1998, 2000, 2001 a,2001 b, 2002; Amorim, 1984; Lamosa, 1987; Lamosa etal., 1990, 1994; Calil, 1987, 1995; Chiattone e Sebastiani,1991; Neder, 1991; Campos, 1992; Leitão, 1993; MelloFº, 1992; Sólon, 1992; Muylaert, 1995; Giannotti, 1996;Marcelli, 1998; Crepaldi, 1999; Stoudemire, 2000, entreoutros), muitas questões ainda permanecem poucoesclarecidas, gerando falsas ou pseudo-concepções, difi-

cultando a atuação do Psicólogo, o ensino da prática nosHospitais e em outros de atenção global à saúde, a inser-ção do profissional nas equipes, a realização de pesqui-sas e, mais grave, a consideração real da especialidade.

É importante ressaltar, no entanto, que a cada ano,a Psicologia da Saúde recebe mais adeptos, que procu-ram cursos, encontros, simpósios e congressos. Sendoidentificado por pesquisas desenvolvidas por Grau(2000), como sendo o campo de especialidade em psico-logia que mais tem crescido na América Latina nos últi-mos 20 anos.

Para Giannotti (1996), “o trabalho do Psicólogono contexto das instituições médicas e hospitalares,

pode-se dizer, vem delineando uma nova especialidadeem Psicologia, que não é inovadora em sua concepçãofilosófica, mas que vem sendo abordada de forma maissistemática, nos tempos atuais, no âmbito da investiga-ção científica”(14).

Entretanto, ainda são evidentes as lacunas teóricasque refletem dificuldades na tarefa profissional diária doPsicólogo nas instituições de saúde e também no inter-relacionamento com outros membros das equipes. ParaSebastiani e Fongaro (1996), “durante muito tempo, aPsicologia Hospitalar/Saúde utilizou-se, e ainda utiliza,de recursos técnicos e metodológicos ‘emprestados’ dasmais diversas áreas do saber psicológico. Esse fato, de

certa forma, a enquadra numa prática que não pertencesó ao ramo da clínica, mas também da organizacional,social e educacional; enfim, uma prática, que não obstantea seu viés aparentemente clínico —dada a sua realidadeacontecer nos hospitais, ambulatórios, centros de saúde,etc.—, tem-se mostrado voltada a questões ligadas àqualidade e dignidade de vida, onde omomentum em quetais temas são abordados é o da doença e/ou internaçãohospitalar”, e/ou o de uma atuação interdisciplinar de

atenção à saúde humana, onde a tarefa do Psicólogo daSaúde se estende para muito além do que tradicional-mente entende-se por práticas clínicas em psicologia,sobretudo, se considerarmos a forte influência do mo-delo clinicalista desenvolvido através da psicoterapia de-

senvolvida em consultórios.¿Mas o que é Psicologia da Saúde?¿Estamos diante de uma subespecialidade da Psi-

cologia Clínica ou da Psicologia Social?¿Como reproduzir os fundamentos da Psicologia

Clínica nas instituições de saúde?¿Qual é o papel do Psicólogo no Hospital, ou em

programas de atenção à saúde?¿Quais são seus objetivos?¿Quais são os limites de sua prática?¿E como se dá essa prática?¿Aonde está inserida a Psicologia Hospitalar e da

Saúde no contexto maior da saúde?¿Como diferenciar linhas e abordagens tão distin-tas em prática tão específica?

É fato que um cientista pode investigar diretamenteo problema que enfrenta. Conta para tal, naturalmente,com a existência de doutrinas científicas já existentes eaceitas, e hipóteses que podem ser investigadas, com-provadas ou negadas.

Em Psicologia da Saúde, o pesquisador vê-se emposição difícil. ‘Faz-se’ Psicologia da Saúde de formasdiversificadas nas diferentes instituições de saúde, par-tindo-se de parâmetros e objetivos diversos. Acresce-seo fato de que esta pluralidade é também inerente à Psico-logia de uma forma geral.

É consenso que a Psicologia ainda encontra-se emestágio pré-paradigmático, onde seus membros não con-seguem estabelecer uma conciliação sobre questões teóri-cas e metodológicas, unificando as várias posições. Nessamedida, o conhecimento, em Psicologia, permanece espe-cializado e cada grupo adere à sua própria orientação.

Segundo Lupo (1995),“a Psicologia é, da forma comose nos apresenta hoje, uma ciência multiparadigmática.Os vários arraiais teóricos estabeleceram-se com suas lin-guagens particulares, suas problemáticas específicas, suasmaneiras próprias de teorizar, seus métodos, seus concei-tos, suas comunidades. A coexistência desses paradigmasalternativos implica a dificuldade de diálogo. Não há comotraduzir o conhecimento desenvolvido dentro de umamatriz disciplinar para uma outra matriz; não há corres-pondência nos métodos de acesso ao objeto; não há nemmesmo concordância ao que é este objeto”(5).

Nessa medida, parece-nos correto afirmar que aposse de conhecimento verdadeiro sobre um projetoespecífico e delimitado num Hospital, por exemplo, apon-

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taria a utilização de metodologia adequada e produçãode conhecimentos pertinentes medidos pela conformi-dade ou incongruência diante dos princípios da teoria.“Muitos dos que estão nas escolas, nas instituições desaúde e nos locais de trabalho orientam assim a sua prá-

tica, ciosos do seu lugar, da sua teoria. Acreditam queesta lhes dê a chave para desvendar a essência, ou a verda-deira natureza dos fenômenos que se põem a examinar(...)”(Bezerra Jr, 1992, p.10).

Contini (2000) ressalta:É importante acrescentar que a produção da psico-logia, até por força da sua constituição enquantoCiência, restringe-se à busca de desvendar os fenô-menos psicológicos, produzindo conhecimento eteorias psicológicas; mas nas intervenções em situa-ção real, esses mesmos fenômenos psicológicos es-tão interagindo com outras variantes que são anali-sadas por outras áreas do conhecimento, ou porequipes interdisciplinares. Dessa forma, é fundamen-tal adquirir aprendizagens, no período de Forma-ção, que possam instrumentalizar o aluno a desen- volver ações conjuntas com outros profissionais.

Como afirmam Bastos e Achart (appud Contini2000):

a natureza complexa dos fenômenos que demandama intervenção do psicólogo, nos diversos domíniosdo seu campo de atuação, aliada às concepções emer-gentes que procuram ver o fenômeno psicológiconas suas interações, conduz à necessidade deintegração de múltiplas perspectivas profissionais.Dessa forma, o trabalho junto a outros profissionaistorna-se um imperativo para que o enfrentamentodo problema seja congruente com as múltiplas facetasque ele assume.Existe um imenso campo a ser explorado pelo tra-

balho do psicólogo da saúde dentro da equipemultiprofissional nos programas de Educação e Aten-ção à Saúde, voltados à capacitação e o aprimoramentodos profissionais de saúde, pois dentro das suas dife-rentes habilidades como psicólogo, a capacitação para olide com grupos trás ferramentas para o trabalho relacio-nado às mudanças de comportamento, além do conhe-cimento mais aprofundado sobre personalidade, autoestima, desenvolvimento humano, entre outros. Todassão contribuições importantes dentro das propostas de

“soma transdisciplinar” para ações em saúde.Segundo Westphal (2001):

Como a adoção de um novo paradigma (de saúde)orienta para o desenvolvimento de novas compe-tências teórico-práticas e difusão das mesmas, asatividades de ensino de atualização, graduação e pós-graduação lato e estrito senso foram tendo seus per-fis alterados para que o profissional de saúde fosse

preparado para executar tarefas tradicionais, decaráter técnico , ao mesmo tempo que pudesse per-ceber o que é trabalhar em Saúde Pública hoje.O grande desafio da nova prática, a intersetorialidadee a interdisciplinaridade, exige profissionais aptosao diálogo técnico e leigo, com os mais variadossetores. Professores e alunos devem se habilitar adesempenhar esta atividade e outras também, antesnão requeridas, como a atuação política junto a gru-pos populacionais, institucionais e órgão deadministração pública (2).

Então, a tentativa de demarcação se o conhecimen-to da Psicologia da Saúde é criticável, refutável sobre arealidade do psiquismo humano parece coerente com omovimento —intenso— de se conhecer essa realidadeou de adentrar a essa nova área da Psicologia.

Mas o leitor pode estar se perguntando o que issotem a ver com ética.

O que estamos tentando demonstrar refere-se aocompromisso ético entre o conhecimento da Psicologiada Saúde e a verdade, pois não se trata, acreditamos, dediscutir ciência e pseudo-ciência, ciência e visão de mun-do. Trata-se da tentativa de desvendar a realidade daatuação do Psicólogo no contexto maior das demandasem saúde, sem a prerrogativa de se alcançar a verdadeabsoluta, mas sem prescindir, a seu lado, da idéia em si -regulativa, do ideal que orienta a prática e que, principal-mente, dá sentido a essa prática.

E esse ideal, em nossa opinião, converge para oestudo do Homem em sua totalidade. Assim, da buscapelo conhecimento de si mesmo, elaboração de umaPsicologia separada de suas raízes filosóficas e investidano rigor científico, ao desenvolvimento de novas ciênci-as psicológicas, considerando-se a diversidade dos cam-pos de investigação e dos métodos, a ocorrência deprofundas mudanças parecem evidentes.

Como salientamos em artigo anterior,é fato que desde os primórdios da historiografia doHomem, a partir do momento em que esse inicia oprocesso de procura da compreensão de si nas dife-rentes esferas teórico filosóficas, pode-se notar umapluralidade de correntes de pensamento que tentamdeterminar uma definição completa para o fenôme-no Homem. Desde os seus primórdios, o Homembuscou o conhecimento dos elementos e dos fatos aseu redor. Convivendo com os fenômenos da natu-reza, internos e externos a ele, observava e observa- va-se na busca de explicações - característica funda-mental do espírito científico.Entretanto, buscando nos confins da História,evidenciam-se os primeiros grandes pensadores e, apartir daí, o início do subfracionamento do Homempelo Homem, enquanto objeto de estudo.

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Da comparação com ‘deuses’ à atual biocibernética,o Homem não tem medido esforços para compreen-der-se. No entanto, o que mais tem marcado essabusca é a cisão. Cisão do Homem objeto, em univer-sos de pesquisa científico-filosóficas, onde procura-se entendê-lo ora como fenômeno basicamente psí-quico, ora como intrincada máquina biológica, ondereações físico-químicas estabelecem todo o trans-curso da vida. Logicamente, nesse entremeio, en-contram-se pensadores sociais, antropólogos, religi-osos enfim, que inserem uma gama de teorizaçõescreditando maior parcela de mérito à definição dofenômeno Homem (Chiattone, Sebastiani, 1991). A verdade, entretanto, continua longe de ser des-

vendada, pois é real que a sociedade tem, ao longo dosanos, favorecido o conhecimento racional em detrimen-to do conhecimento intuitivo, da mesma forma queimpõe a ciência sobre a religião, a competição sobre acooperação, a exploração indiscriminada de recursos na-

turais em vez de conservação. Essa tendência é a respon-sável por intenso desequilíbrio nos pensamentos esentimentos, nos valores, atitudes e nas estruturas soci-ais e políticas dos indivíduos. É a dominação do cientí-fico, sendo o pensamento racional considerado quaseque exclusivamente, como a única espécie de conheci-mento aceitável.

Assim, enquanto na Antiguidade, o Homem podiater uma dimensão mais humana do mundo, a partir darevolução científico-tecnológica, o Homem passa a perderessa dimensão, impelido pelo pensamento ocidental quese fundamenta na pulverização dos conhecimentos.

No entanto, o reducionismo do conhecimento ex-clusivamente ao racional, determinou à sociedade a equipa-ração de sua identidade à mente racional e não ao organismocomo um todo, espalhando culturalmente os efeitos dessadivisão mente e corpo. Nesse sentido, podemos fazer usodos ensinamentos de Capra (1979), ao citar que

na medida em que nos retiramos para nossas mentes,esquecemos como ‘pensar’ com nossos corpos, de quemodo usá-los como agentes do conhecimento. Assimfazendo, também nos desligamos do nosso meio am-biente natural e esquecemos como comungar e comocooperar com sua rica variedade de organismos vivos(...) A divisão entre espírito e matéria levou à con-cepção do universo como um sistema mecânico que

consiste em objetos separados, os quais, por sua vez,foram reduzidos a seus componentes materiais fun-damentais cujas propriedades e interações, acredita-se, determinam completamente todos os fenômenosnaturais. Essa concepção cartesiana da natureza foi,além disso, estendida aos organismos vivos, conside-rados máquinas constituídas de peças separadas”(p.37), com embargo, o todo sempre representa mui-to mais que a soma das partes.

A base da filosofia cartesiana, portanto, envolveu acerteza do conhecimento científico. Dela derivou uma visão de mundo onde o conhecimento científico passoua ser o único método válido de compreensão do univer-so. No entanto, “a aceitação do ponto de vista cartesiano

como verdade absoluta e do método de Descartes comoo único meio válido para se chegar ao conhecimento,desempenhou um importante papel na instauração denosso atual desequilíbrio cultural”(Capra, 1982, p. 53).

Da mesma forma, em biologia, a concepçãocartesiana dos organismos vivos como máquinas, com-postos de partes separadas, ainda é o conceito contem-porâneo dominante. E os fenômenos biológicos nãoexplicados em termos reducionistas não são considera-dos dignos de investigação científica, afastando a possi-bilidade de compreensão da função dos seres vivos comototalidade, pela abordagem estreita e fragmentada.

No entanto, em Psicologia nós entendemos que asfunções de um organismo vivo, que envolvem suasatividades integrativas e suas interações com o meioambiente, são essenciais para a saúde do organismo. Mas,como a Medicina ocidental seguiu a abordagemreducionista da biologia moderna, impõe-se a divisãocartesiana e afastou-se a possibilidade de tratamento dospacientes como seres totais, num enfoque mais amplo eholístico de saúde.

Segundo Capra, “no decorrer de toda a história daciência ocidental, o desenvolvimento da biologia cami-nhou de mãos dadas com o da medicina. Por conse-guinte, é natural que, uma vez estabelecida firmementeem biologia a concepção mecanicista da vida, ela domi-nasse também as atitudes dos médicos em relação à saú-de e à doença. A influência do paradigma cartesiano sobreo pensamento médico resultou no chamado modelobiomédico, que constitui o alicerce conceitual da moder-na medicina científica” (p. 116).

Através desse modelo, a atenção da Medicina pas-sou a concentrar-se à máquina corporal, negligenciandoos aspectos psicológicos, sociais e ambientais da doença.

A divisão cartesiana influenciou a Medicina em vá-rios aspectos. Primeiramente, dividiu a Medicina em doiscampos distintos onde os médicos ocupam-se do trata-mento do corpo e os psiquiatras e psicólogos ocupam-se da cura da mente. Esse hiato, entretanto, resultou emgrande desvantagem para a compreensão das doenças. Além disso, a tendência reducionista, ao fixar-se no cor-po doente, transformou-o em máquina que deve seranalisada em termos de suas peças e engrenagens altera-das. Assim, ao concentrar-se em partes de uma máquinadisfuncionante - o corpo, a Medicina perdeu de vista opaciente como ser humano; grave erro da abordagembiomédica.

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Para Sanvito (1994), armada com este modelobiomédico, a Medicina tentou

de todas as maneiras, dentro de uma ótica simplista,reduzir a doença a um projeto biológico, ora centradona patologia celular ou molecular, ora num agente

infeccioso, tóxico ou coisa semelhante. Ao reduziras funções biológicas e mentais a mecanismos celu-lares e/ou moleculares, e ao negligenciar os aspectossocioculturais e ambientais, o médico acaba perden-do a perspectiva do paciente integral inserido no seumeio ambiente. Este tipo de enfoque acaba deslo-cando a atenção (do médico) do doente para a do-ença (a úlcera é mais importante que o ulceroso).Dentro desta linha, os médicos acabam encarandoos seus paciente ‘objetivamente’ como conglomera-dos de enzimas, anticorpos, hormônios, neurotrans-missores ou circuitos que não andam bem. Em li-nhas gerais, este modelo adota o seguinte figurino:1) o doente como objeto; 2) o médico como mecâ-

nico; 3) a doença como avaria; 4) o Hospital comooficina de consertos” (17).É fato que a atomização do conhecimento nas ciên-

cias da saúde determinaram a exaltação da explicação cien-tífica e dos avanços científico-tecnológicos. A pulverizaçãoe a hierarquização das ciências decorrentes desse fenôme-no determinaram, então, o mito do progresso, do profis-sional especialista, da objetividade e neutralidade científica.E o conhecimento se perdeu entre a rarefação das comuni-cações das ciências naturais e humanas, entre adisciplinaridade fechada, entre o crescimento vigoroso dossaberes separados, tornando os profissionais de saúdecada vez mais confusos quanto ao saber existente.

Assim, o modelo biomédico que impõe um co-nhecimento irrestrito e com o qual o Psicólogo da Saúdeconvive diariamente nas instituições de saúde, sugere sermais do que um modelo, adquirindostatus de umdogma, vinculado intrinsecamente às crenças culturais.

Capra (1982), cita quepara suplantá-lo será necessário nada menos que umaprofunda revolução cultural. E tal revolução é im-prescindível se quisermos melhorar, ou mesmo man-ter nossa saúde (...). Os pesquisadores médicos pre-cisam entender que a análise reducionista docorpo-máquina não pode fornecer-lhes uma com-preensão completa e profunda dos problemas hu-manos. A pesquisa biomédica terá de ser integradanum sistema mais amplo de assistência à saúde, emque as manifestações de todas as enfermidades hu-manas sejam vistas como resultantes da interaçãocorpo, mente e meio ambiente, e sejam estudadas etratadas nessa perspectiva abrangente” (p. 154). Ao se considerar essas reflexões à luz de diversos

problemas contemporâneos do campo da Bioética, ve-mos que polêmicas importantes que se apresentam hoje

em diversos fóruns de discussão, como Direitos do Pa-ciente, Humanização em Saúde, respeito à Autonomia,entre outras, tem fortes influencias (enquanto conflito)nesse modelo de visão do fenômeno saúde-enfermida-de que contempla permanentemente a dicotomização

do ser humano.Como considerávamos no início desse texto, dentrodessa perspectiva ampliada, o tempo vem assinalando si-nais de mudanças, onde o Homem tem procurado autodefinir-se como um ser biopsicossociocultural que interatuanessas esferas de existência, que interdependem-se e sópodem ser compreendidas uma em função da outra.

George Engel foi o proponente mais destacado domodelo biopsicossocial de doença, que salienta umenfoque sistêmico integrado para o comportamentoe doença humanos. O modelo biopsicossocial deri- va-se da teoria geral dos sistemas. O sistema biológi-co enfatiza o substrato anatômico, estrutural emolecular da doença e seu impacto sobre o funcio-namento biológico do paciente; o sistema psicológi-co salienta o impacto de fatores psicodinâmicos,motivação e personalidade sobre a experiência oureação à doença; e o sistema social salienta as influ-ências culturais, ambientais e familiares sobre a ex-pressão e experiência da doença. Engel postulou quecada sistema pode afetar e ser afetado por qualquerum dos outros sistemas. O modelo de Engel nãoafirma que a doença médica é um resultado diretoda conformação psicológica ou sócio-cultural de umapessoa, mas encoraja um entendimento maisabrangente da enfermidade e de seu tratamento(Kaplan & Sadock, 1993).

Assim, acreditamos, nessa estrutura dialética é quese detém a essência dos fundamentos em PsicologiaHospitalar, buscando através de confrontos antitéticos,uma nova síntese, na proposição de uma visão do Ho-mem menos dicotomizada.

E, essa preocupação do Homem com o Homemnos tempos atuais, aponta o caminho de unir o objetivoao subjetivo, o racional ao intuitivo, a síntese em si, semque as ciências humanas percam seu status de verdadepara a herança secular de pesquisas bem compartimenta-das, do conhecimento objetivo, da objetividade científica.

Como brilhantemente Eksternann (1977) assinalaem seu texto,

o doente é uma frase da história do sofrimento hu-mano, mas como tal, indissociável do texto comple-to. É o representante biológico de uma faixa da his-tória da humanidade, é o que se desorganizou emsituações críticas de adaptação. Aqui nos reencontramos com o modelo patológi-

co nomotético e o idiográfico; o primeiro, tem suas raízesna medicina hipocrática de Cnido, o segundo, na de Cós,

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ou seja, na medicina do Homem como espécie e doHomem como ente singular. Da primeira, deriva a atitu-de que produziu a classificação de Kraepelin; a segunda,o ‘setting’ psicanalítico. É um equívoco pensar que ambasatitudes estão em oposição. Ao contrário, são comple-

mentares. A atenção singular não impede a existência dequadros nosográficos, nem lhes tira a importância, comoesses não impedem a prática voltada para o doente. Afalácia tem sido confundir o conceito que designa classecom o fato singular; é errôneo supor que tratamos umaesquizofrenia, úlcera péptica, asma brônquica. Tratamosdo esquizofrênico, do ulceroso e do asmático.

Aí está, em nossa opinião, o alicerce das atividadesdo Psicólogo enquanto profissional de saúde. Um pro-fissional que está diante de um paciente —expressãomáxima do sofrimento humano—, determinado pela vivência da situação de ser e estar doente. Um profissio-nal que atuará no sentido de resgatar ao ser doente, “sua

essência de vida que foi interrompida pela ocorrência dofenômeno doença. Além disso, ele se baseia numa visãohumanística com especial atenção aos pacientes e famili-ares. A Psicologia da Saúde considera o ser humano emsua globalidade e integridade, único em suas condiçõespessoais, com seus direitos humanamente definidos erespeitados” (Sebastiani & Santos, 1996, p.172).

Nessa medida, nosso desafio ético, enquanto Psi-cólogos da Saúde, é unir o objetivo ao subjetivo, tratar ogeral e o particular como forças complementares e nãocomo excludentes, conforme os vícios culturais tantonos condicionaram.

No entanto, segundo Lupo (1995),conviver com a diversidade coloca-nos numa posi-ção problemática. O outro, o diferente, ameaça adefinição que tomamos para nós como ‘verdade’,desestrutura o arcabouço teórico que laboriosamenteconstruímos e que nos dá uma ‘identidade’. Se adiversidade fosse encontrada apenas fora de nós,poderíamos com alguma facilidade recorrer ao ex-purgo e à aniquilação pela completa desqualificaçãodo saber e do fazer alheios. Mas, freqüentemente,descobrimos este estranho dentro de nós, na medidaem que transitamos inevitavelmente por teorias epor práticas. Esta constatação joga-nos de chofre de volta ao terreno das incertezas: quem afinal somos?

Vemo-nos, pois, repetidamente envolvidos na ten-tativa de alinhavar pedaços” (p. 7).E, nesse sentido, o conceito de verdade toma no-

vos sentidos. O sentido de coexistência e enfrentamentoentre teses opostas, o sentido de divisão ou fragmenta-ção das posições em Psicologia, o sentido das divergên-cias e das contradições do conhecimento na área dePsicologia da Saúde.

Do contrário, retoma-se postura essencialmentepositivista, onde o conhecimento somente é produzidopela razão, passando a ser definido em termos das própri-as realizações da ciência. Assim, qualquer epistemologiaque transcenda a análise metodológica dos procedimen-tos científicos imposta pelo positivismo, passaria a serjulgada como extravagante e sem significado (Martins eBicudo, 1989).

Então, questionamentos como quem é o Psicólo-go da Saúde, para que serve a Psicologia da Saúde, comogarantir o estatuto de cientificidade dos conhecimentospsicológicos em Psicologia da Saúde, necessitam ser re-pensados em um universo que evidencie que não háconhecimento sem interesse e muito menos prática sempressupostos. “Ter uma teoria é possuir uma ferramen-ta, que se presta a certos fins. É possuir um determina-do vocabulário que permite fazer descrições do mundoadequadas a certos propósitos. O que significa dizer quetoda pretensão epistêmica é uma tomada de posição éti-ca” (Bezerra Jr., 1992, p. 09).

Assim, como Psicólogos da Saúde, não é possívelrefletir sobre os preceitos éticos que envolvem a especiali-dade, não é possível participar de uma instituição ou deuma sociedade ou ainda exprimir valores sem estar atentoàs demandas, às dinâmicas, às descobertas e construçõesdo contexto institucional onde o Psicólogo está inserido.

Além disso, é impossível pensar em ética, discutir aordem psicológica e a ordem médica respaldada em vi-são individualista e estática. Estão todos —Psicólogos eprofissionais de saúde, inseridos em um contexto mai-or - a instituição de saúde— que possuí leis, que seguenormas, que tem princípios, paradigmas marcados deforma indelével por sua historicidade.

Eticamente, a proposta é de um momento de re-flexão e revisão da prática clínica diária do Psicólogo queatua em instituições de saúde, na busca de atitudes reaisde resgate da visão e do lidar do Homem com o Ho-mem, considerando-se e considerando-o como um todo.Um ser dinâmico, dotado de corpo e alma (como unida-de) que acontece num ambiente (natureza, sociedade,cultura) e interage, sendo determinante e determinadode sua existência.

O campo de trabalho dos Psicólogos da Saúde,portanto, é o campo sociopsicobiológico das patologiashumanas, considerando-se como ‘doença’, a desarmo-nia - quer originariamente orgânica ou psíquica - queatravés de sua manifestação crítica bloqueia o dinamis-mo e o desenvolvimento do Homem como ser integraldentro de sua sociocultura. É o campo que contempla ohomem, como coloca Kant, como um fim em si mes-mo, resgatando assim um dos princípios norteadoresda Bioética atual, qual seja o de respeito à Autonomia dapessoa.

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Os desafios que a Psicologia da Saúde encontraem seus espaços de realização encontram, portanto, nospreceitos discutidos pela ética e Bioética, caminhos queconvergem com as inquietações que sempre apresenta-mos no exercício de nosso trabalho. As propostas a

serem desenvolvidas encontram, já, marcos importan-tes como os ressaltados pela Acta de Veracruz (2001),onde ressalta-se como escopo de Psicologia da Saúdepara esse novo milênio:

Colaborar com a criação, fomento e aperfeiçoamen-to de uma atitude profissional bioética, ética edeontológica no campo da saúde, que possibilite odesenvolvimento de valores dentro de uma concep-ção humanista e o reconhecimento dos direitos deusuários e familiares.Criar, desenvolver e fortalecer a autonomia dos usu-ários dos serviços de saúde, para a tomada de deci-sões éticas, relacionadas com o processo saúde-do-ença, incluindo a consideração dos aspectospsicossociais afetos ao “bem morrer”.Fomentar o direito à saúde dentro de um marcoglobal e ético que tenha por base o princípio dajustiça sanitária, considerando a eqüidade em tornoda distribuição dos recursos materiais e humanos. Vigiar, em caráter permanente, as ações derivadasdos avanços científicos e tecnológicos na área dasaúde, tais como; Engenharia Genética, ProjetoGenoma, Alimentos Transgênicos, Contaminação Ambiental entre outros, de maneira que se impeçaos riscos e abusos de discriminação social e ecológi-ca. Assim se buscará criar um clima de promoçãopara uma bioética global.

Os compromissos da Psicologia da Saúde estãocada vez mais claros e delineados, no entanto, dentro detodos estes questionamentos e afirmações um aspectoincômodo, mas de absoluta pertinência aomomentum quea psicologia passa (enquanto sua história e tempo deinserção no campo das ciências, e em particular enquantosua específica inserção nas ciências da Saúde ) deve serabordado: Nós ainda não possuímos o que podería-mos chamar de Identidade Profissional, estamos aindaengatinhando, nestes anos de profissão reconhecida le-galmente, em direção a um rascunho dessa Identidade,como salientou Lupo, ao tentarmos “alinhavar peda-ços” muitas vezes recolhemo-nos aos nossos pequenos

guetos de saber/poder e fantasiosamente queremos acre-ditar que ali estamos respaldados pela verdade e pelaciência, agimos da mesma maneira que o adolescente quesintetiza o mundo através da visão de seu grupo dereferência, não trocamos, não somamos, e o pior muitas vezes não respeitamos os outros colegas que têm visõesdiferentes das nossas. Nesse sentido se não somos ain-da capazes de nos respeitar para, a partir dai, somar ecrescer como podemos ser respeitados ou exigir respeito

dos colegas de outras áreas ou mesmo da sociedade quepersiste em nos encarar de maneira estigmatizada?

A ética das e nas relações começa sempre com aqui-lo que aprendemos “dentro de casa”, e que passará arefletir o que somos para os outros a partir do que mos-

tramos ser para nós mesmos, precisamos atenuar nos-sos narcisismos e onipotências, talvez assim possamosiniciar um processo real de edificação de uma IdentidadeProfissional que tem como pressuposto de qualquer deseus paradigmas o respeito ao Humano, começando esseHumano a ser reconhecido e respeitado dentro de cadaum de nós, para então (e só então) estender-se às outrasrelações e interações.

Por fim, gostaríamos de deixar aqui uma mensa-gem: refletir sobre a ética em Psicologia da Saúde, emnossa opinião, é o expressar de um sonho que gradati- vamente se tornou ou vem se tornando realidade paracada um de nós. Falar sobre ética é falar de nosso amor etambém o de incontáveis colegas que mesmo diante detantas incertezas, de tantos obstáculos em nossos traba-lhos, seguimos acreditando em um amanhã melhor paranossos pacientes. Os avanços e polêmicas que o campointerdisciplinar da Bioética vem abrindo, par e passo aoincrível desenvolvimento tecnológico das ciências da saú-de, nunca colocou tão em evidência a imperativa necessi-dade de se repensar a relação do Humano com sua própria vida, e com o sentido que lutar por preserva-la e amplia-la sempre teve para todos.

Acreditamos que dessa essência é composta nossas vidas. Sonho incessante por maior humanização na saú-de, por melhor qualidade de vida, por justiça social, peloalívio da dor, pelo direito de ser. E, se podemos sonharcom um mundo melhor para todos, nunca podemosesquecer que somos agentes de promoção da saúde dospacientes e familiares, somando esforços junto às equi-pes dentro dos Hospitais ou das instituições médicas.Não devemos esquecer que somos responsáveis pelaexistência de um canal aberto a pacientes e familiares,para a expressão de suas ansiedades, agruras, medos,fantasias e sofrimentos determinados pela situação dedoença e hospitalização.

Eticamente, portanto, temos um compromisso realque nos remete à responsabilidade de crescer enquantoespecialidade, cristalizando nossos conhecimentos, commuita seriedade, muita ética, muitas reflexões, muitotrabalho e muitos sonhos! Sonhos que se concretizamem nossos projetos, em nossas atividades no dia a diade relação e atenção às pessoas. E tal como em nossossonhos que se concretizam, os resultados obtidos de-monstram que estamos no caminho certo e que a nossatrajetória é soberana.

Finalizamos esse artigo como iniciamos e temosdirecionado nossas vidas profissionais: com a certeza de

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Univ. Psychol. Bogotá (Colombia) 1 (2): 11-19, julio-diciembre de 2002

que temos tentado fazer o melhor —sempre— por nos-sos pacientes. E gostaríamos de acreditar que a Psicolo-gia da Saúde seguirá caminhos mais e mais significativosse mantiver-se nos princípios da dignidade, da ética e dorespeito (infelizmente tão raros nos dias de hoje); se

mantiver-se como primordial a assistência à tríade paci-ente-família-equipe de saúde; se a busca do bem estardas pessoas permear sempre nossos ideais de trabalho;se o principal for sempre o paciente; se a humanizaçãona saúde for nosso principal objetivo, se avida for onosso maior compromisso.

E, como nos ensina Sanvito (1994), “se nos afas-tarmos desses preceitos, perderemos o rumo da históriae nos tornaremos como a centopéia do provérbio que,ao ser perguntada como fazia para coordenar todas assuas pernas, descobriu estar paralisada”.

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