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CURSO DE ENFERMAGEM Disciplina de Ética e Relações Humanas no Trabalho Profª Denise G. Coelho Aula 5 - Ética e Direitos Humanos Direito é um fenômeno complexo. É comum existir a confusão com lei - que é uma de suas expressões (direito positivo). O Direito positivo é um aparelho do Estado, não tutela o bem de todos. Os outros direitos surgem pelas lutas, reivindicações e pressões dos que se organizam para ter seus direitos consignados. O Direito está presente no cotidiano. Com relação ao conceito de "humano", sabe-se que não é um conceito unívoco. Conforme o tempo, o espaço e a cultura, irá variar o entendimento que os seres humanos têm de si e da coletividade. Portanto, o significado de direitos humanos no século XVIII, na Europa, obviamente, não é o mesmo do século XXI, no Brasil. Mudanças históricas - novos problemas e novos entendimentos que propiciam um outro referencial para os direitos humanos. Nossas ações cotidianas, mesmo sem percebermos, são orientadas por regras implícitas, normas, referências, valores e princípios. A reflexão sobre o comportamento ético, parte deste contexto de vida - individual e coletivo - questionando princípios, valores, regras, etc., implícitos em nossas ações, bem como o reflexo destas ações sobre o mundo e nossos semelhantes. Portanto, a ética julga as relações humanas, conforme seu contexto histórico. O tema direitos humanos, traz implícito o respeito ao nosso semelhante. Portanto, tudo o que viola a consecução normal da vida - sua liberdade, igualdade, etc. - transgride os direitos fundamentais. Tais como: ser diferente, ter liberdade, não sofrer discriminação por credo, raça, gênero, condição social, orientação sexual, etc. A relação entre ética e direitos humanos é intrínseca e dependente. A fundamentação moral dos direitos humanos está pautada nos ideais de liberdade e igualdade, oriundos da Revolução Francesa do século XVIII. A liberdade, além da referência a não submissão e o poder de decisão, significa também autodeterminação e responsabilidade consigo e com seu semelhante. Logo, traz os conceitos éticos enraizados, na medida em que reforça o caráter de ser livre vinculado ao respeito ao outro, à comunidade, à sociedade.

Ética e Direitos Humanos

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CURSO DE ENFERMAGEMDisciplina de tica e Relaes Humanas no TrabalhoProf Denise G. Coelho

Aula 5 - tica e Direitos HumanosDireito um fenmeno complexo. comum existir a confuso com lei - que uma de suas expresses (direito positivo). O Direito positivo um aparelho do Estado, no tutela o bem de todos. Os outros direitos surgem pelas lutas, reivindicaes e presses dos que se organizam para ter seus direitos consignados. O Direito est presente no cotidiano.Com relao ao conceito de "humano", sabe-se que no um conceito unvoco. Conforme o tempo, o espao e a cultura, ir variar o entendimento que os seres humanos tm de si e da coletividade. Portanto, o significado de direitos humanos no sculo XVIII, na Europa, obviamente, no o mesmo do sculo XXI, no Brasil. Mudanas histricas - novos problemas e novos entendimentos que propiciam um outro referencial para os direitos humanos.Nossas aes cotidianas, mesmo sem percebermos, so orientadas por regras implcitas, normas, referncias, valores e princpios. A reflexo sobre o comportamento tico, parte deste contexto de vida - individual e coletivo - questionando princpios, valores, regras, etc., implcitos em nossas aes, bem como o reflexo destas aes sobre o mundo e nossos semelhantes. Portanto, a tica julga as relaes humanas, conforme seu contexto histrico. O tema direitos humanos, traz implcito o respeito ao nosso semelhante. Portanto, tudo o que viola a consecuo normal da vida - sua liberdade, igualdade, etc. - transgride os direitos fundamentais. Tais como: ser diferente, ter liberdade, no sofrer discriminao por credo, raa, gnero, condio social, orientao sexual, etc. A relao entre tica e direitos humanos intrnseca e dependente. A fundamentao moral dos direitos humanos est pautada nos ideais de liberdade e igualdade, oriundos da Revoluo Francesa do sculo XVIII. A liberdade, alm da referncia a no submisso e o poder de deciso, significa tambm autodeterminao e responsabilidade consigo e com seu semelhante. Logo, traz os conceitos ticos enraizados, na medida em que refora o carter de ser livre vinculado ao respeito ao outro, comunidade, sociedade. J a igualdade diz respeito identidade dos seres humanos independente de etnia, sexo, orientao sexual, religiosa, etc. Esta igualdade quer dizer igual acesso poltica, a empregos, riqueza, a sade, a educao, etc. Toda a reflexo sobre os direitos humanos ao longo da histria culminou na Declarao Universal dos Direitos Humanos - adaptada pelas Naes Unidas em 1948. Acordada por diversos pases, rene todos os direitos considerados bsicos. Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos.Os direitos humanos podem ser classificados em civis, polticos e sociais. Civis - dizem respeito personalidade do indivduo (liberdade pessoal, de pensamento, religio, de reunio e liberdade econmica), atravs da qual garantida a ele uma esfera de arbtrio, desde que seu comportamento no viole o direito dos outros. Polticos - (liberdade de associao nos partidos, direitos eleitorais) esto ligados formao do Estado democrtico representativo e implicam uma liberdade ativa, uma participao dos cidados na determinao dos objetivos polticos do Estado. Sociais - (direito ao trabalho, assistncia, ao estudo, tutela da sade, liberdade da misria e do medo), maturados pelas novas exigncias da sociedade industrial, implicam num comportamento ativo por parte do Estado ao garantir tais direitos aos cidados. Os direitos humanos so: Inalienveis - ningum, sob nenhum pretexto, pode privar outro sujeito desses direitos para alm da ordem jurdica existente e independentes de qualquer fator particular (raa, nacionalidade, religio, gnero, etc.); Irrevogveis - no podem ser abolidos; Intransferveis - uma pessoa no pode ceder estes direitos outra; Irrenunciveis - ningum pode renunciar aos seus direitos bsicos. Ainda que se encontrem protegidos pela maioria das legislaes internacionais, os direitos humanos representam uma base moral e tica que a sociedade considera fundamental respeitar para proteger a dignidade das pessoas.Segundo Norberto Bobbio, o constitucionalismo tem, na Declarao, um dos seus momentos centrais de desenvolvimento e conquista, que consagra as vitrias do cidado sobre o poder. Diz Bobbio: Luta-se ainda por estes direitos porque aps as grandes transformaes sociais no se chegou a uma situao garantida definitivamente, como sonhou o otimismo iluminista.Considera que as ameaas no vm somente do Estado, como no passado, mas tambm da sociedade de massas e da sociedade industrial. A vida pblica est estruturada sobre algum tipo de emoo; se construirmos uma sociedade com a melhor legislao e as melhores instituies, mas isso no se escorar em paixes vividas por aquela sociedade, a estrutura poltica ou jurdica girar no vazio. Kant mostrou que nenhum Estado de direito poderia subsistir se no houvesse por parte dos cidados uma adeso a esse sistema, e no uma mera obedincia em virtude da coero. A atual Constituio do Brasil foi sendo consolidada aps o fim da ditadura militar e a redemocratizao do Pas, a partir de 1985.Apesar de muitas controvrsias de cunho poltico, a Constituio Federal de 1988 assegurou diversas garantias constitucionais, com o objetivo de dar maior efetividade aos direitos fundamentais, permitindo a participao do Poder Judicirio sempre que houver leso ou ameaa de leso a direitos.Ainda que os direitos estejam consolidados na Constituio, no significa o fim das represses, das opresses, dos preconceitos, das desigualdades sociais, da degradao ambiental e humana, do desrespeito ao trabalhador, a criana, ao idoso, etc.A luta pela promoo da vida e da dignidade humana contnua, difcil e exige de ns, a todo tempo, a construo e reconstruo de valores, atitudes, comportamentos e posicionamentos ticos. A Constituio de 1988 est dividida em nove ttulos.Ttulo II - Direitos e Garantias Fundamentais Os artigos 6 ao 11 dedicam-se ao tratamento dos direitos sociais:O artigo 6 traz a definio de quais so os direitos sociais (a saber: educao, sade, trabalho, moradia, lazer, segurana, previdncia social, proteo maternidade e infncia e a assistncia aos desamparados).Com relao a rea da sade podemos citar a LEI N 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990 Lei Orgnica da Sade 080, de 19 de setembro de 1990TTULO I - DAS DISPOSIES GERAISArt. 2. A sade um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condies indispensveis ao seu pleno exerccio. 1 . O dever do Estado de garantir a sade consiste na formulao e execuo de polticas econmicas e sociais que visem reduo de riscos de doenas e de outros agravos e no estabelecimento de condies que assegurem acesso universal e igualitrio s aes e aos servios para a sua promoo, proteo e recuperao.Ainda na rea de sade, considerando os direitos humanos e a tica, temos que lembrar dos princpios da biotica: Autonomia liberdade (do paciente) de opo e ao; Beneficncia dever do profissional de fazer o melhor; No Maleficncia dever do profissional de no causar dano. Justia - visa garantir a distribuio justa, equitativa e universal dos benefcios dos servios de sade.Prosseguindo na nossa reflexo:Quando o direito cidadania social ainda no se completou numa sociedade, existem alguns organismo que auxiliam na fiscalizao e complementao de servios que deveriam ser prestados pelo Estado; trata-se das ONGs, que atuam em diversas reas: povos indgenas, sade, educao, meio ambiente, etc.O valor fundamental a ser observado , portanto, o da dignidade da pessoa humana, que constitui um legado incontestvel da filosofia Kantiana. O ser humano um fim em si mesmo e, jamais, deve constituir um meio para atingir determinado fim.

Bibliografia consultada

1. PLT 283.

2. PLT 254.

3. BOBBIO, Norberto. Dicionrio de Poltica. 7 ed., Braslia, DF, Editora Universidade de Braslia, 1995.

4. Texto A importncia da tica na consolidao dos direitos humanos. Carlos Rodrigues Costa - Uberlndia(MG) - 06/11/2009. Site do Frum Brasileiro de Segurana Pblica.

5. CORTELLA, M. S. Edificao da Personalidade tica. Palestra. Disponvel em: http://www.youtube.com/watch?v=5f825K-HdUs e http://www.youtube.com/watch?v=ggvx6c-_yJk.

6. Entrevista com Renato Janine Ribeiro. Entrevista realizada pelos professores Maria Lcia Toralles-Pereira (Departamento de Educao, Instituto de Biocincias de Botucatu, Universidade Estadual Paulista, Unesp) e Reinaldo Ayer de Oliveira (Departamento de Cirurgia e Ortopedia, Faculdade de Medicina de Botucatu, Unesp), com colaborao de Adriana Ribeiro (assistente editorial da Revista Interface, Fundao Uni).