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Ética em Pesquisa envolvendoSeres Humanos
Documentos nacionais e principais documentos internacionais de
referência
CURSO PARA CAPACITAÇÃO DE COMITÊS DE ÉTICA EM PESQUISA
Secretaria Estadual da Saúde de Santa Catarina – novembro de 2005
Rosangela Arrabal
Comitê de Ética em PesquisaUniversidade Federal Fluminense
O que já sabemos...
II Guerra Mundial
Conhecimento científico
Eugenia Extermínioseres humanos
disponíveis
Quanto tempo mulheres ciganas sobreviveriam sendo alimentadas apenas com água salgada?
Acompanhamento de tifo e hepatite;
A que extremos de temperatura e pressão os seres humanos conseguiriam sobreviver?
Alguns experimentos...
Injeção de corantes nos olhos;
Transfusão de sangue entre pares;
Sutura entre pares, para criar siameses;
Cirurgias para troca de sexo;
Cirurgias na coluna vertebral (sem anestesia);
(...)
Experimentos com gêmeosDr. Josef Mengele – Especialista em Ciência Eugênica
Instituto de Herança Biológica e Higiene Racial, Universidade de Frankfurt
Agosto de 1945 – 1º encontro dos quatro países aliados (Inglaterra, França, EUA e Rússia), em Londres
Assinatura do acordo que cria Tribunal Militar Internacional;
Estabelece regras para julgamento (Carta de Londres)
Dezembro de 1946 – início do julgamento
23 pessoas (20 médicos) foram acusados de crimes de guerra contra a humanidade
3 absolvidos, 8 sentenças de longa duração e 12 sentenças de morte
19/08/1946 – divulgação das sentenças e do documento conhecido como CÓDIGO DE NUREMBERGCÓDIGO DE NUREMBERG
Tribunal Militar Internacional (09/12/1946)
Art. 1º - consentimento voluntário
Art. 2º - garantia de benefícios para a sociedade
Art. 3º - experimentos devem basear-se em resultados prévios
Art. 4º - evitar sofrimento e danos desnecessários
Art. 5º - riscos de morte ou invalidez justificáveis apenas (talvez) quando o médico/pesquisador for o sujeito da pesquisa
Art. 6º - relação risco x benefício
Art. 7º - medidas de proteção para os sujeitos da pesquisa
Art. 8º - qualificação dos pesquisadores
Art. 9º - liberdade de retirar consentimento
Art 10 – suspensão do experimento pelo pesquisador
Código de Nuremberg (1947)
Elaborada pela 18ª Assembléia Geral da Associação Médica Mundial (Helsinque, Finlândia – junho 1964)
Revisões:
29ª AG AMM (Tóquio, Japão – outubro 1975)
35ª AG AMM (Venesa, Itália – outubro 1983)
41ª AG AMM (Hong Kong, China – setembro 1989
48ª AG AMM (Somerset West, África do Sul – outubro 1996)
52ª AG AMM (Edimburgo, Escócia – outubro 2000)
Declaração de Helsinque (1964)
“Princípios éticos para a pesquisa médica envolvendo seres humanos”
Elaborada pela comunidade médica. Amplamente aceita em todo o mundo:
Recomendada pela legislação de diversos países
Referenciada pelas principais revistas científicas em suas normas de publicação
Revisões constantes
Declaração de Helsinque (1964)
1947 – Código de Nuremberg
1948 – Declaração dos Direitos do Homem
1964 – Declaração de Helsinque
1966 – Acordo Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (ONU)
1982 e 1993 - Propostas de Diretrizes Éticas Internacionais para Pesquisas Biomédicas envolvendo Seres Humanos (CIOMS/OMS)
1991 – Diretrizes Internacionais para Revisão Ética de Estudos Epidemiológicos (CIOMS)
Ética em Pesquisa envolvendoSeres Humanos
- documentos internacionais -
Normas Nacionais de Regulamentação para Pesquisas
em Seres Humanos
1988 – Resolução CNS nº 1/88
1996 – Resolução CNS 196
1997 – Res. CNS 240 (participação usuários)
e 251 (novos fármacos, vacinas e testes diagnósticos)
1999 – Res. CNS 292 (cooperação estrangeira)
2000 – Res. CNS 301(posicionamento Declaração Helsinque),
303 (reprodução humana) e
304 (povos indígenas)
2004 – Res. CNS 340 (genética humana)
2005 – Res. CNS 346 (projetos multicêntricos) e
347 (armazenamento e uso material genético)
O que precisamos conhecer ...
Resolução CNS nº 196,de 10 de outubro de 1996
Adaptado de Hossne, 2002 - Manual Operacional para CEPs - CONEP - Brasília/DF
- documento de natureza bioética (conteúdo)
- foi elaborado por grupo multidisciplinar
- não tem viés de instituição
- tem contribuição dos sujeitos da pesquisa
- visa sobretudo a proteção do ser humano (sujeito e pesquisador)
- não é código. Não é declaração de princípios
- tem como mecanismo protetor o controle social
- não é cartorial, administrativo ou burocrático (o trabalho do CEP), na medida em que o CEP torna-se co-responsável pelos aspectos éticos da pesquisa quando a aprova)
- tem força legal (não é lei) - quem não cumpre está sujeito a sanções legais
Resolução 196/96- Estrutura -
I. Preâmbulo
II. Termos e Definições
III. Aspectos éticos da pesquisa envolvendo seres humanos
IV. Consentimento Livre e Esclarecido
V. Riscos e Benefícios
VI. Protocolo de Pesquisa
VII. Comitês de Ética em Pesquisa
VIII. Comissão Nacional de Ética em Pesquisa
IX. Operacionalização
X. Disposições Transitórias
Resolução 196/96- Preâmbulo -
documentos internacionais e legislação nacional
“Esta resolução incorpora, sob a ótica do indivíduo e das coletividades, os quatro referenciais básicos da bioética: autonomia, não meleficência, beneficência e justiça, entre outros, e visa assegurar os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade científica, aos sujeitos da pesquisa e ao Estado”
previsão de revisões periódicas
pesquisas em cada tema deverão cumprir exigências setoriais e específicas
Resolução 196/96- Termos e Definições -
Pesquisa Pesquisa envolvendo seres humanos Protocolo de pesquisa Pesquisador responsável Instituição de pesquisa Promotor Patrocinador Risco da pesquisa
Dano associado ou decorrente da pesquisaSujeito da pesquisaConsentimento livre e esclarecidoIndenizaçãoRessarcimentoComitês de Ética em PesquisaVulnerabilidadeIncapacidade
Resolução 196/96- Aspectos éticos da pesquisa envolvendo seres humanos
-
Consentimento voluntário - AUTONOMIA
Ponderação entre riscos e benefícios – BENEFICÊNCIA
Garantias para evitar danos previsíveis – NÃO MALEFICÊNCIA
Relevância social – JUSTIÇA e EQUIDADE
“Todo procedimento de qualquer natureza envolvendo o ser humano,
cuja aceitação não esteja ainda consagrada na literatura científica, será
considerado como pesquisa e, portanto, deverá obedecer às diretrizes da
presente Resolução. Os procedimentos referidos incluem entre outros, os
de natureza instrumental, ambiental, nutricional, educacional, sociológica,
econômica, física, psíquica ou biológica, sejam eles farmacológicos, clínicos
ou cirúrgicos e de finalidade preventiva, diagnóstica ou terapêutica.”
Resolução 196/96- Aspectos éticos da pesquisa envolvendo seres humanos
-Exigências:
Adequação científica e metodológica
Fundamentação em experimentação prévia ou fatos científicos
Preponderância de benefícios em relação aos riscos
Adequação entre competência dos pesquisadores e projeto proposto
Proteção à confidencialidade, privacidade, imagem
Incentivo ao recrutamento de indivíduos com autonomia plena
Respeito a valores culturais, sociais, morais, religiosos e éticos
Retorno dos benefícios aos sujeitos da pesquisa e à comunidade
Garantia de inexistência de conflitos de interesse
Restrições ao uso de material biológico armazenado
Considerações sobre projetos multicêntricos, com cooperação estrangeira e estudos com mulheres em idade fértil
“descontinuar o estudo somente após análise das razões da descontinuidade pelo CEP que a aprovou”
Resolução 196/96- Consentimento Livre e Esclarecido -
Anuência anterior ao início da pesquisa
Indivíduos com autonomia reduzida – responsável legal
TCLE
Linguagem acessível
Objetivos - Justificativa - Desconfortos e riscos - Métodos alternativos existentes - Formas de acompanhamento - Garantias de esclarecimentos - Garantia de sigilo - Liberdade para retirar consentimento - Formas de ressarcimento de despesas - Indenização por danos
Elaborado pelo pesquisador
Aprovado pelo CEP
Assinado pelo pesquisador e sujeito da pesquisa ou representante legal (duas vias)
Impossibilidade de obter consentimento
A revisão ética de toda e qualquer proposta de pesquisa
envolvendo seres humanos não poderá ser dissociada da
sua análise científica.
(Res. 196/96, VII - 14)
Uma vez aprovado o projeto, o CEP passa a ser co-responsável no que se refere aos aspectos éticos da pesquisa.
(Res. 196/96, IX - 4)
CONEP
Pesquisador CEP FolderExplicativo
Preenchimentoda FR pela internet
Folha de rosto Protocolo dePesquisa
Comitê de Ética
Relator Reunião doComitê
AprovadoAvaliaçãoCONEP?
Arquiva e Libera o inicio do Projeto
Não
Lista deChecagem
Relator Reunião daCONEP
Aprovado
Se Novos Fármacos ouDispositivos Arquiva e Libera
o inicio do Projeto
Não
ANVISA
Lista deChecagem
CCAAAAEE
SIM
Fluxo de Tramitação de Projetos
Algumas coisas que precisamos discutir...
Beecher, 1966
(22 entre 50 artigos sobre experimentos envolvendo seres humanos, publicados em importantes revistas científicas, continham irregularidades éticas)
Lurie & Wolf, 1997
(15 ensaios clínicos sobre transmissão vertical do HIV utilizando grupos-controle tratados com placebo, todos em países “em desenvolvimento”)
O atual “campo de concentração” para experimentos em seres humanos
Constantes pressões no cenário mundial visando à segregação da espécie humana em diferentes “categorias”, merecedoras de abordagens distintas, que se baseiam em critérios econômicos, mercantis e de desenvolvimento tecnológico.
Recente (2004) proposta do FDA de retirar a Declaração de Helsinque de suas exigências para registro de novos fármacos e derivados biotecnológicos
Mudanças na Declaração de HelsinqueArtigo 29 - placebo
(gentilmente cedido por Dirceu Greco - UFMG)
Quando a medida de efeito (“end point”) não for morte ou incapacidade, placebo ou outros controles sem tratamento poderão ser justificados, baseados em sua eficiência
Os benefícios, riscos, dificuldades e efetividade de um novo método devem ser testados comparativamente com os melhores métodos profiláticos, diagnósticos e terapêuticos atuais existentes. Isto não exclui o uso de placebo ou de não-tratamento em estudos em que não existam métodos profiláticos, diagnósticos ou terapêuticos comprovados
Proposta 1999 Versão 2000
Mudanças na Declaração de HelsinqueArtigo 30 – acesso aos cuidados de saúde
(gentilmente cedido por Direu Greco - UFMG)
Versão aprovada em 2000:No final do estudo, todos os pacientes participantes devem ter assegurado o acesso aos melhores métodos profiláticos, diagnósticos e terapêuticos comprovados, identificados pelo estudo.
Em qualquer estudo médico, todos os pacientes – incluindo aqueles do grupo controle, se houver – devem ter assegurados os métodos provados efetivos de profilaxia, diagnóstico e terapêutica.
Em qualquer estudo médico, todos os pacientes – incluindo aqueles do grupo controle, se houver – não terão negado o acesso ao melhor método diagnóstico, profilático ou terapêutico que em qualquer outra situação estaria disponível para ele ou ela.
Em qualquer estudo médico, todos os pacientes – incluindo aqueles do grupo controle, se houver – devem ter assegurados os melhores métodos comprovados de diagnóstico e terapêutica.
Proposta 2000Proposta 1999Texto anterior
c
Acesso à saúde e às novas tecnologias
Salários mínimos
US
$ 19
3,4
US
$ 6
4,1
5
US
$
18,
95
Investimento público em pesquisas
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
% consumo no mercado farmacêutico
> 10 (15%)
4-10 (43%)
< 4 (51%)
US
$ 19
3,4
US
$ 64
,15
US
$ 18
,95
Mais que discutir, precisamos mudar...
Relações Pesquisadores - CEPs – CONEP
Avaliação constante das diretrizes que regulamentam a pesquisa em seres humanos e de sua aplicabilidade e aceitabilidade
Divulgação e participação em todos os fóruns de discussão sobre bioética e ética em pesquisa
... e construirmos juntos os caminhos
Muito Obrigada!
Rosangela ArrabalRosangela Arrabal
Universidade Federal FluminenseUniversidade Federal Fluminense
[email protected]@vm.uff.br
[email protected]@ariatec.com.br
(21) 99562336(21) 99562336