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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI BACHARELADO INTERDISCIPLINAR EM BIOSSISTEMAS ÁCIDOS GRAXOS: SÍNTESE EM RUMINANTES E ASPECTOS GENÉTICOS DO PERFIL NO LEITE DE BOVINOS EULA REGINA CARRARA SÃO JOÃO DEL-REI, MINAS GERAIS 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI

BACHARELADO INTERDISCIPLINAR EM BIOSSISTEMAS

ÁCIDOS GRAXOS: SÍNTESE EM RUMINANTES E ASPECTOS GENÉTICOS

DO PERFIL NO LEITE DE BOVINOS

EULA REGINA CARRARA

SÃO JOÃO DEL-REI, MINAS GERAIS

2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI

BACHARELADO INTERDISCIPLINAR EM BIOSSISTEMAS

ÁCIDOS GRAXOS: SÍNTESE EM RUMINANTES E ASPECTOS GENÉTICOS

DO PERFIL NO LEITE DE BOVINOS

Monografia apresentada ao

Colegiado do Curso de

Bacharelado Interdisciplinar em

Biossistemas para obtenção do

título de Bacharel em

Biossistemas.

Ênfase: Zootecnia

EULA REGINA CARRARA

Orientadora: Profa. Dra. Leila de Genova Gaya

SÃO JOÃO DEL-REI, MINAS GERAIS

2015

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AGRADECIMENTOS

À Deus e aos espíritos de luz que me guiam e encontram-se presentes

sempre em minha vida.

Aos meus pais, Márcio e Regina, pela dedicação, apoio e respeito

incondicionais e acima de tudo, pela excelente educação.

Ao Miguel e à Maria, pela ótima convivência.

Ao meu irmão Márcio Jr. (Nininho), pelo apoio e pelos conselhos,

juntamente à minha cunhada Elaine por terem gerado a maior alegria da minha

vida: Isabela.

À Isabela, a melhor afilhada do mundo, por me fazer sorrir a cada “Dinda”

pronunciado, a cada gesto, a cada abraço, a cada “te amo”.

À Taís, pelo amor.

À minha orientadora Professora Leila de Genova Gaya, que desde o

segundo ano de graduação me orienta, me ensina e me guia. E os faz com

excelência. Pelo seu exemplo de sabedoria, determinação e profissionalismo.

Por me aconselhar e contribuir sempre com a concretização de metas e sonhos.

Aos meus amigos, de Barroso e da UFSJ, por me proporcionarem

momentos incríveis e inesquecíveis. Impossível citar cada um de vocês, mas

como dizia Chorão: “Quem é de verdade sabe quem é de mentira!”.

Ao Téo (gatinho), por sempre estar disposto a me ajudar. Pela amizade,

pelas confidências, simplesmente por ser quem é.

Aos companheiros de república, pelo apoio e boa convivência. Em

especial ao Camilo, por me ouvir, aconselhar e contribuir de certa forma com

meu crescimento pessoal e profissional.

Aos professores que passaram por minha vida, pelos ensinamentos, pela

troca de conhecimentos e por terem dedicado um tempo de suas vidas para

acrescentar algo à minha. “O mundo pode não vos aplaudir, mas o conhecimento

mais lúcido da ciência tem de reconhecer que vocês são os profissionais mais

importantes da sociedade” (Augusto Cury).

A todos que contribuíram de alguma forma para a realização desse

trabalho. O carinho e apoio de vocês contribui para que eu continue caminhando.

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EPÍGRAFE

“Aquele que não luta pelo futuro que

quer, deve aceitar o futuro que vier.”

“Fazer o bem sem olhar à quem e

não esperar nada em troca é uma

maneira de encontrar a felicidade.”

Autores desconhecidos

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RESUMO

Nos últimos anos, houve um aumento no consumo de leite e de produtos

lácteos e juntamente com esse crescimento, surgiu um consumidor com maiores

preocupações com a saúde e mais exigente quanto à qualidade de produtos

destinados à alimentação. Além de elementos importantes para a valorização do

leite frente às indústrias e adequação à legislação brasileira, como teor de

gordura, de proteínas, contagem de bactérias e de células somáticas, existem

outros de seus componentes, como os ácidos graxos, que merecem atenção por

apresentarem efeitos na saúde humana. O leite bovino apresenta alta

concentração de ácidos graxos saturados, que estão associados ao aumento do

risco de doenças cardiovasculares em humanos. Porém, pesquisas têm indicado

que no perfil da gordura do leite existem vários compostos benéficos à saúde

humana, como alguns ácidos graxos insaturados. O perfil da gordura do leite de

bovinos pode ser alterado por suplementação lipídica, afetando a sua

composição de ácidos graxos. Contudo, observa-se que essa composição não

corresponde fielmente ao perfil de ácidos graxos fornecidos na dieta. O

melhoramento genético pode ser usado na tentativa de modificação desse perfil,

permitindo aperfeiçoá-lo e promover melhor qualidade do leite. Essa revisão de

literatura teve como objetivo reunir os principais resultados referentes aos

aspectos genéticos do perfil de ácidos graxos no leite de bovinos.

Palavras Chaves: gado de leite, gordura do leite, melhoramento genético

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ABSTRACT

In recent years, there was an increase in the consumption of milk and milk

products; with this growth a consumer with greater health concerns and more

demanding about the quality of products has emerged. Some milk components

such as fatty acids might be highlighted due to their effects on human health, in

addition to important elements for both milk industry and Brazilian legislation, as

fat, protein, bacteria counting and somatic cell score. Bovine milk has a high

concentration of saturated fatty acids, which are associated with increased risk

of cardiovascular disease in humans. However, researches have indicated that

the milk fat profile has several beneficial compounds to human health, as some

unsaturated fatty acids. The profile of bovine milk fat can be affected by lipid

supplementation, influencing their fatty acid composition. However, this

composition does not corresponds to the profile of fatty acids supplied in the diet

accurately. Therefore, animal breeding can be used in an attempt to change and

improve this profile, aiming at a better quality of milk. This literature review aimed

at gathering the main results related to genetic aspects of fatty acid profile in

bovine milk.

Keywords: animal breeding, dairy cattle, milk fat

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SUMÁRIO

1. Introdução .................................................................................................... 9

2. Revisão de Literatura ................................................................................. 10

2.1. Composição do leite de vacas ............................................................ 12

2.2. Ácidos Graxos ..................................................................................... 15

2.2.1. Definições ..................................................................................... 15

2.2.2. Efeitos na saúde humana ............................................................. 17

2.2.3. Síntese de ácidos graxos em ruminantes ..................................... 20

2.3. Melhoramento Genético Animal .......................................................... 23

2.4. Parâmetros Genéticos do perfil de ácidos graxos no leite de bovinos 24

2.4.1. Herdabilidade................................................................................ 24

2.4.2. Correlações Genéticas ................................................................. 27

2.5. Seleção Genômica aplicada ao perfil de ácidos graxos no leite de

bovinos .......................................................................................................... 31

3. Considerações Finais ................................................................................ 34

4. Referências Bibliográficas ......................................................................... 35

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1. Introdução

Mesmo que baixo quando comparado com o recomendado por órgãos de

saúde, o consumo de leite bovino tem aumentado no Brasil. Coincidente com

esse aumento, surge um consumidor que busca por alimentos mais saudáveis e

com composição nutricional adequada, que traga benefícios para sua saúde.

Neste contexto, a cadeia produtiva do leite deve ser favorecida em sua

totalidade, de maneira que o produtor se beneficie e seja bonificado por um

produto de melhor qualidade, a indústria tenha matéria-prima com bom teor de

sólidos e que gere maior quantidade de derivados lácteos e o consumidor sinta-

se satisfeito com o produto final. Tudo isso, considerando o bem estar animal.

Como forma de valorização de melhor qualidade do leite, os teores de gordura e

de proteína, bem como contagem de bactérias e células somáticas, fazem parte

da política de pagamento de muitas indústrias captadoras, sendo critérios de

bonificação para os produtores que obtiverem leite diferenciado.

De maneira sucinta, o leite é composto de água, lactose, gordura, proteínas,

minerais e vitaminas. Destaca-se o leite bovino como importante fonte de cálcio

para os seres humanos, essencial para a formação e manutenção dos ossos.

Possui proteínas com perfil aminoacídico compatível com as exigências

nutricionais de seres humanos em desenvolvimento, além de ser um alimento

natural com a presença de várias vitaminas.

No perfil da gordura do leite, existem componentes que merecem destaque

por possuírem efeitos na saúde humana. Ácidos graxos são componentes

importantes do perfil desse alimento e por mais que existam aqueles com

potenciais efeitos prejudiciais, há também os que podem trazer benefícios para

a saúde de quem os consome. Existem ácidos graxos, principalmente saturados,

que têm sido relacionados com o aumento de doenças cardiovasculares. Por

outro lado, diversos ácidos graxos são apontados como promotores de qualidade

na saúde, como alivio em inflamações, efeitos anticarcinogênicos e prevenção e

tratamento de depressão.

A manipulação do perfil de ácidos graxos no leite é uma alternativa a ser

avaliada devido a possibilidade de se reduzir os teores de ácidos graxos com

efeitos maléficos e aumentar os com efeitos benéficos, melhorando ainda mais

a qualidade nutricional do leite e de seus derivados.

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A nutrição é capaz de modificar o perfil de ácidos graxos no leite por alterar

o metabolismo dos microrganismos ruminais, sendo a suplementação lipídica

oriunda de diferentes fontes, objeto de vários estudos. Ao mesmo tempo que

trabalhos apontam influência da alimentação sobre o perfil de ácidos graxos no

leite de bovinos, estudos envolvendo aspectos genéticos começam a surgir e

relatar importante participação da genética do animal na composição desse

perfil, de tal maneira que certos ácidos graxos podem responder à seleção e

serem incluídos em programas de melhoramento.

Objetivou-se com essa revisão reunir os principais resultados sobre a

influência da genética dos animais no perfil de ácidos graxos no leite de bovinos,

tema que mesmo recente, tem demonstrado que o melhoramento genético pode

ser uma ferramenta para modificar essa composição.

2. Revisão de Literatura

A produção de leite bovino no Brasil cresceu cerca de 35% nos últimos 10

anos, alcançando mais de 30 bilhões de litros em 2013 obtidos de quase 23

milhões de animais. O país se encontra entre os 5 maiores produtores de leite

do mundo, mas a grande produção se deve mais ao número de cabeças do que

à produtividade dos animais, ainda pequena, de 1.492 litros/vaca/ano (IBGE,

2013). Os três países líderes em produtividade no mundo são Arábia Saudita,

Estados Unidos e Canadá, com valores iguais a 10.430, 9.680 e 8.700

litros/vaca/ano, respectivamente (Guimarães et al. 2013). A baixa produtividade

dos rebanhos brasileiros pode ser explicada pela utilização de animais sem

aptidão leiteira ou com potencial genético inadequado, pelos manejos alimentar,

reprodutivo e sanitário realizados de maneira incorreta e pelo baixo nível de

instrução de muitos produtores (Ministério da Agricultura, 2014). Esse cenário

demonstra que muitas melhorias devem ser realizadas no setor leiteiro, seja na

genética, na nutrição ou no manejo.

Com o aumento da renda dos brasileiros, houve um aumento no consumo de

leite e de produtos lácteos, mas esse consumo ainda é considerado baixo

quando comparado com o recomendado pelo Ministério da Saúde e pela

Organização Mundial da Saúde. Ambos indicam que cada pessoa deveria

consumir cerca de 210 litros de leite por ano, porém, a produção de leite no Brasil

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é capaz de fornecer apenas 170 litros de leite por habitante por ano (Ministério

da Agricultura, 2014). Aliado ao aumento da demanda por leite, surge um

consumidor com maiores preocupações com a saúde e mais exigente quanto à

qualidade de produtos destinados à alimentação, levando produtores,

pesquisadores e empresários da área a estimular produções que, ao mesmo

tempo, os favoreça economicamente e que leve melhor qualidade de vida para

os consumidores.

Como forma de incentivo para uma melhoria na qualidade do leite, algumas

indústrias brasileiras realizam pagamento diferenciado por leites de melhor

qualidade e a classificação é feita através dos teores de proteína e gordura, e

pela contagem de bactérias e de células somáticas (Roma Júnior et al., 2011).

Concomitante ao pagamento diferenciado, a Instrução Normativa nº 62 (IN62),

do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, estipula padrões

mínimos de qualidade do leite produzido no Brasil, porém, as indústrias estão

exigindo mais que o mínimo, uma vez que a composição da matéria-prima afeta

diretamente a qualidade e o rendimento de derivados.

Além dos elementos importantes para a valorização do leite frente às

indústrias e à legislação brasileira, existem outros de seus componentes que

merecem atenção por apresentarem efeitos na saúde humana, sejam benéficos

ou maléficos, como os ácidos graxos. A maior parte da gordura do leite de vaca

é composta por triacilgliceróis, cada um formado por três ácidos graxos e uma

molécula de glicerol. O leite bovino apresenta alta concentração de ácidos

graxos saturados (Eifert, 2006), que são associados ao aumento do risco de

doenças cardiovasculares em humanos (Santos et al., 2013). Porém, muitas

pesquisas têm indicado que no perfil da gordura do leite existem vários

compostos benéficos à saúde humana (Eifert, 2006), como alguns ácidos graxos

insaturados. Relacionados aos efeitos maléficos, destacam-se os ácidos graxos

saturados láurico (C12:0), mirístico (C14:0) e palmítico (C16:0), com

propriedades ligadas ao aumento do colesterol, levando a doenças

cardiovasculares, ganho de peso e obesidade. Aos efeitos benéficos, destacam-

se os ácidos graxos insaturados oleico (C18:1 cis-9) e os isômeros do ácido

linoleico conjugado (CLA), relacionados à redução do colesterol e efeitos

anticarcinogênicos, respectivamente (Haug et al., 2007).

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O perfil da gordura do leite de bovinos e sua composição em ácidos graxos

podem ser alterados por suplementação lipídica na dieta (Santos et al., 2001;

Machado, 2012). Essa alteração pode ser induzida pela dieta devido a

quantidade de ácidos graxos insaturados contidos no lipídeo fornecido na ração

e pela sua taxa de liberação no rúmen, modificando o metabolismo da microbiota

ruminal devido a toxicidade dos ácidos graxos insaturados sobre algumas

espécies de bactérias.

Observa-se que a composição de ácidos graxos no leite de vacas não

corresponde ao perfil de ácidos graxos fornecidos na dieta (Machado, 2012),

destacando-se o uso de melhoramento genético na tentativa de modificação

desse perfil, uma vez que existe variação genética na composição da gordura do

leite entre e dentro raças bovinas (Soyeurt et al., 2006). O conhecimento de

aspectos genéticos é fundamental para que informações sejam obtidas a fim de

orientação para produtores e técnicos na identificação e no acasalamento de

animais geneticamente superiores (Weber et al., 2005). Existência de variação

genética na composição da gordura do leite dentro e entre raças de gado leiteiro

foi reportada por Kelsey et al. (2003) e Soyeurt et al. (2006), indicando que o uso

de melhoramento genético pode influenciar na manipulação do perfil de ácidos

graxos da gordura do leite bovino. Além disso, estudos recentes de Bastin et al.

(2013) e Bilal et al. (2014) mostraram herdabilidades medianas e altas para

diversos ácidos graxos presentes no leite de vacas da raça Holandesa,

sugerindo viabilidade de seleção para esses componentes. Dessa forma,

estudos relacionados ao comportamento genético do perfil de ácidos graxos no

leite podem permitir o uso de ferramentas para aperfeiçoar esse perfil e promover

melhor qualidade do leite.

2.1. Composição do leite de vacas

O leite bovino é composto basicamente de água, lactose, gordura, proteínas,

minerais e vitaminas. A composição do leite é importante para determinar sua

qualidade nutricional, sua capacidade de processamento e consumo humano e

varia de acordo com vários fatores (Silva, 1997). Cerca de 60% da variação na

composição do leite se deve a aspectos genéticos e o restante a aspectos

ambientais, como nutrição, clima, doenças e armazenagem do leite (Kitchen,

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1981; Shearer et al., 1992). Em vacas leiteiras, as diferenças são principalmente

em gordura e proteína, sendo esses componentes, bases para um pagamento

diferenciado para os produtores (González e Campos, 2003).

Água

Presente em maior proporção, a água representa cerca de 87% a 90% do

total do leite. É essencial que esse componente esteja presente em quantidade

adequada, para que o leite seja removido da glândula mamária (Lagger et al.,

2000). O conteúdo de água no leite é dependente da síntese de lactose, uma

vez que a lactose atrai a água para as células epiteliais mamárias (González e

Campos, 2003), devido ao efeito osmótico do dissacarídeo.

Lactose

A lactose é o glicídio característico do leite e representa o componente sólido

predominante e com menor variação (Silva, 1997), participando de cerca de

4,4% a 5,2% do total de leite (Sutton, 1989). Pela estreita relação entre a síntese

de lactose e a quantidade de água repassada para o leite, esse carboidrato é

considerado um fator limitante da produção de leite (Rodriguez, 2013). A lactose

é um componente determinante no rendimento do leite em pó e é essencial na

fabricação de iogurtes, uma vez que é alimento para bactérias que produzem

ácido lático (Roma Júnior, 2011).

Proteína

Os compostos nitrogenados presentes no leite de vacas ocorrem

predominantemente na forma de proteínas (95%). Os outros 5% são compostos

nitrogenados não proteicos (Silva, 1997). As proteínas do leite são divididas em

dois grupos: proteínas do soro e caseínas. A caseína, sintetizada pelas glândulas

epiteliais da glândula mamária, compõe cerca de 80% do total de proteínas do

leite (Farrell et al., 2004). A produção de derivados lácteos, como o queijo, é

totalmente dependente da presença deste componente. As caseínas, quando

agregadas, formam grânulos denominados micelas, que contêm também água

e minerais, principalmente cálcio e fósforo (González e Campos, 2003). As

proteínas do soro apresentam um excelente perfil de aminoácidos, conferindo a

elas um alto valor biológico. No geral, as proteínas do leite estão relacionadas à

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formação, crescimento e manutenção de músculos, ossos, órgãos e produção

de anticorpos e hormônios, e seu teor no leite tem sido um importante indicador

de qualidade para indústrias de derivados lácteos (Rodriguez, 2013).

Minerais

Cálcio e fósforo são os principais minerais encontrados no leite e encontram-

se associados com a estrutura das micelas de caseína. Assim, quando

comparado com o leite inteiro, o soro apresenta pouco teor desses minerais

(González e Campos, 2003). Evidencia-se o leite como fonte de cálcio para os

seres humanos, exercendo importante função na formação e manutenção dos

ossos e na prevenção da osteoporose (Rodriguez, 2013). Além de cálcio e

fósforo, o leite de vaca também possui teores consideráveis de cloro, potássio,

sódio e magnésio. Em contrapartida, possui baixos teores de ferro, alumínio,

bromo, zinco e manganês. O poder de associação entre os minerais e as

proteínas do leite é determinante para a estabilidade das caseínas frente a

diferentes agentes desnaturantes (Silva, 1997).

Vitaminas

Todas as vitaminas conhecidas estão presentes no leite bovino (Silva, 1997),

porém, a glândula mamária não tem capacidade de síntese das mesmas. Nos

ruminantes, a síntese pode ocorrer por meio de bactérias ruminais ou por

conversão de provitaminas para a forma ativa, no fígado, no intestino delgado e

na pele (González e Campos, 2003). As vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) são

associadas aos glóbulos de gordura e as hidrossolúveis à fase aquosa do leite.

O teor das vitaminas A, D e E no leite é dependente da alimentação do gado. A

vitamina K e as vitaminas hidrossolúveis, são sintetizadas no sistema digestivo

dos ruminantes (Silva, 1997). Destaca-se a presença de vitamina B12

(cobalamina) no leite, uma vitamina não presente em alimentos de origem

vegetal, importante para a síntese das células vermelhas do sangue e

manutenção do Sistema Nervoso Central (Domene, 2013).

Gordura

Dentre os componentes do leite bovino, a gordura apresenta maior variação,

de 3,2% a 6% (Rodriguez, 2013). Um menor teor de gordura no leite ocasiona a

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diminuição do rendimento de produção de derivados, um aspecto negativo para

a indústria de laticínios (Machado, 2012). A valorização do teor de gordura no

leite por parte das indústrias também se deve à obtenção de derivados com

melhor cor, aroma e sabor. Um leite com maior teor de gordura resulta em maior

rendimento de queijos e manteigas, associado a melhor textura do produto

(Roma Júnior, 2011). Por outro lado, surge uma exigência por parte do mercado

consumidor atual, por um menor consumo de gordura aliado a um melhor perfil

de ácidos graxos, buscando alimentos saudáveis e funcionais, com efeito de

gerar mais saúde para quem os consome (Machado, 2012).

Cerca de 98% da fração lipídica do leite de vaca é composta por

triacilgliceróis, que por sua vez, são formados por três ácidos graxos, cada um

em ligação éster com uma mesma molécula de glicerol (Rodriguez, 2013).

Segundo descrito por Hayes e Khosla (1992), a combinação de lipídeos no leite

que é mais favorável à saúde humana corresponde a 30% de ácidos graxos

saturados, 60% de ácidos graxos monoinsaturados e 10% de ácidos graxos poli-

insaturados. O leite bovino apresenta alta concentração de ácidos graxos

saturados (Eifert, 2006), que são associados ao aumento do risco de doenças

cardiovasculares em humanos (Santos et al., 2013). Porém, muitas pesquisas

têm indicado que no perfil da gordura do leite, existem vários compostos

benéficos à saúde humana (Eifert, 2006), como alguns ácidos graxos

insaturados.

O leite é considerado um dos alimentos mais completos por conter elementos

indispensáveis ao crescimento, desenvolvimento e proteção do organismo,

sendo incluído cada vez mais na dieta dos seres humanos (Rodriguez, 2013).

2.2. Ácidos Graxos

2.2.1. Definições

A União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC, 2014) define

ácidos graxos como sendo ácidos monocarboxílicos alifáticos derivados de, ou

contidos em forma esterificada em gordura animal ou vegetal, óleo ou cera. Em

geral, os ácidos graxos possuem uma cadeia de 4 a 28 átomos de carbono não

ramificados e pares (existem ímpares e ramificados, mas são minoria), que pode

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ser saturada ou insaturada. A cadeia carbônica é completamente saturada

quando não possui alguma dupla ligação entre os carbonos que a compõe e é

monoinsaturada e poli-insaturada quando possui uma ou mais de uma dupla

ligação respectivamente.

Nos alimentos, os ácidos graxos saturados se encontram principalmente na

forma de ácido palmítico (C16:0), ácido mirístico (C14:0) e ácido esteárico

(C18:0), os dois últimos, em menor quantidade (Spritz e Mishkel, 1969). Alguns

ácidos graxos saturados (C12:0, C14:0 e C16:0) contribuem com o aumento da

concentração plasmática de colesterol. Esse efeito é atribuído especialmente ao

C14:0, enquanto que o C18:0 é neutro (Santos et al., 2013). Segundo Spritz e

Mishkel (1969), como os ácidos graxos saturados possuem cadeia carbônica

retilínea, suas moléculas empilham-se de forma coesa, formando um

empacotamento que facilita a capacidade de transporte de colesterol.

Os ácidos graxos insaturados são encontrados comumente em tecidos

animais e vegetais e apresentam, quase sempre, configuração cis em suas

insaturações, ou seja, os hidrogênios ligados aos carbonos da dupla ligação se

encontram do mesmo lado da cadeia carbônica (Marzzoco e Torres, 2007).

Existem também ácidos graxos que possuem configuração trans, apresentando

os hidrogênios da insaturação em lados opostos (Martin et al., 2004). A maioria

dos ácidos graxos poli-insaturados possuem suas insaturações mediadas por

pelo menos um grupo metileno (Stryer, 1996). O ácido graxo é denominado

conjugado quando suas duplas ligações são conjugadas, ou seja, quando não

existe grupo metileno entre as duplas ligações (Funck et al., 2006).

Ácidos graxos insaturados podem ser representados de maneiras distintas,

de acordo com a posição das duplas ligações. O sistema delta (Δ) adota a

numeração formal dos átomos de carbono, iniciando-se pela extremidade

carboxila. O símbolo Δ representa a dupla ligação e é complementado pelo

número do átomo de carbono, participante da dupla, mais próximo da carboxila.

Dessa forma, Δ9 representa um ácido graxo com insaturação entre os carbonos

9 e 10. Os sistemas ω (ômega) e n se diferem exclusivamente pela letra atribuída

ao carbono do grupo CH3. Em ambos, os carbonos são contados iniciando-se

pelo grupo CH3, de tal forma que a primeira dupla ligação a partir deste grupo

recebe o número referente ao carbono mais próximo do grupo metila terminal.

Assim, um ácido graxo ω-6 (ou n-6) possui dupla ligação entre os carbonos 6 e

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7, sendo a contagem iniciada no carbono do grupo CH3, denominado ω-1 (ou n-

1). No sistema Δ, é possível identificar todas as duplas ligações presentes na

cadeia carbônica, enquanto que nos sistemas ω e n, somente a dupla mais

próxima do grupo metila terminal é revelada (Marzzoco e Torres, 2007). Em

ambos sistemas, representa-se o número total de carbonos seguido do número

de insaturações, mediados por dois pontos. Por exemplo, o ácido linoleico,

possui 18 carbonos e 2 insaturações, logo, sua representação é iniciada por

C18:2. Nas Figuras 1 e 2 estão representadas as fórmulas estruturais do ácido

linoleico pelo sistema delta (C18:2 Δ9,12) e pelos sistemas ω ou n (C18:2 ω-6

ou C18:2 n-6), respectivamente.

Figura 1. Ácido linoleico representado pelo sistema Δ (C18:2 Δ9,12). Adaptado de Martin et al. (2006).

Figura 2. Ácido linoleico representado pelos sistemas ω ou n (C18:2 ω-6 ou C18:2 n-6). Adaptado de Martin et al. (2006).

2.2.2. Efeitos na saúde humana

Como estão naturalmente presentes na dieta dos seres humanos, os ácidos

graxos merecem atenção por oferecerem diversos efeitos na saúde de quem os

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consome. Com um mercado consumidor cada vez mais exigente e que busca

por alimentos que proporcionem melhor qualidade de vida, é importante que se

conheça o perfil desses ácidos graxos na dieta, bem como as consequências de

sua ingestão na saúde.

Uma informação difundida mundialmente é a de que a ingestão de ácidos

graxos saturados, encontrados em carnes, manteigas e queijos por exemplo,

pode contribuir para a ocorrência de doenças cardiovasculares (Malpuech-

Brugère et al., 2012; O’Connor, 2014), e por esse motivo, órgãos de saúde

recomendam uma alimentação rica em ácidos graxos insaturados. Porém, existe

divergência entre estudos que comprovam que o consumo de gordura saturada

pode provocar o aumento do risco de ataque do coração e outros eventos

cardíacos (O’Connor, 2014). De fato, trabalhos apontam um aumento no risco

de doenças cardiovasculares (Grimsgaard et al., 1999; Zheng et al., 1999; Yli-

Jama et al., 2002; Matsumoto et al., 2013) quando há a ingestão de gordura

saturada, mas não todos (Lemaitre et al., 2010; Wu et al., 2011). Também é

válida a avaliação dos riscos tomando-se em conta a frequência de consumo e

a quantidade ingerida, para que níveis mínimos e máximos possam ser

recomendados.

Segundo Attaman et al. (2012), uma dieta rica em ácidos graxos saturados

pode estar associada à redução da qualidade espermática em humanos,

enquanto que rica em ácidos graxos poli-insaturados ω-3 pode elevar a

quantidade de espermatozoides com formato morfológico normal, indicando que

a fertilidade de homens pode ser influenciada positivamente com dietas pobres

em ácidos graxos saturados e ricas em ácidos graxos poli-insaturados ω-3.

Com relação aos ácidos graxos insaturados, as gorduras trans possuem

efeito na saúde humana pior do que as saturadas por elevar os níveis de

colesterol “ruim”, LDL (low-density lipoprotein - lipoproteínas de baixa densidade)

e diminuir os de colesterol “bom”, HDL (high-density lipoprotein - lipoproteínas de

alta densidade). Por outro lado, existem gorduras insaturadas que são

denominadas “gorduras boas” pois possuem efeitos benéficos como melhoria

dos níveis de colesterol no sangue, alivio em inflamações e estabilização do

ritmo cardíaco, como o supracitado ω-3 (Harvard, 2010) e o ω-6. Além das já

mencionadas, os ácidos graxos poli-insaturados ω-3 também podem contribuir

para o tratamento ou prevenção de câncer, artrite, depressão e mal de

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Alzheimer. Os poli-insaturados ω-6 derivados do ácido linoleico, participam de

estruturas de membranas celulares, exercendo importante papel fisiológico no

corpo humano e influenciando na viscosidade sanguínea e permeabilidade dos

vasos, na pressão arterial, nas reações inflamatórias e nas funções plaquetárias

(Moraes e Colla, 2006). Diversos efeitos benéficos já foram reportados para

ácidos graxos poli-insaturados e o incremento destes na alimentação pode

contribuir para melhoria da qualidade de vida das pessoas.

É importante ressaltar que há grande distinção entre os ácidos graxos trans

formados pelos animais e os produzidos de maneira industrial pelo homem,

sendo importante orientar o consumidor a esse respeito. Produtos originários de

animais ruminantes possuem concentração de 3% a 8% de ácidos graxos trans

para o total de ácidos graxos, enquanto que os industrializados possuem 10% a

40%. Além de maior concentração de ácidos graxos trans por total de ácidos

graxos, a industrialização acarreta na produção preferencial de ácido elaídico

(C18:1 trans-9) pois o processo industrial favorece a formação de ácidos graxos

trans na posição 6, com pico na posição 9. Já as bactérias ruminais geram

principalmente ácido vacênico (C18:1 trans-11), precursor de um tipo específico

de ácido linoleico conjugado (CLA) (Martinez, 2009).

Atenção especial tem sido dada ao CLA, um grupo de isômeros do ácido

linoleico em que suas insaturações são conjugadas, ou seja, não existe grupo

metileno entre elas (Roche et al., 2001). Vários efeitos benéficos do CLA à saúde

humana estão sendo reportados nos últimos anos, como efeitos antidiabéticos,

anticarcinogênicos, de modulação do sistema imune, de partição da energia e

de redução no desenvolvimento de aterosclerose (Bauman et al., 1999;

Zacarchenco et al., 2013), e por esse motivo, o CLA tem se tornado foco de

muitas pesquisas. As maiores fontes de CLA na dieta dos seres humanos são o

leite e seus derivados e o enriquecimento deste com CLA pode ser uma

alternativa muito interessante devido aos seus benefícios (De Luca e Jenkins,

2000). O isômero de CLA mais abundante presente na gordura do leite é o C18:2

cis-9 trans-11 (ácido rumênico), representando de 75 a 90% do total de CLA

(Bauman et al., 2003).

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2.2.3. Síntese de ácidos graxos em ruminantes

Os ácidos graxos presentes no leite bovino possuem origem via transporte

de ácidos graxos contidos na circulação sanguínea e via síntese de novo nas

células epiteliais da glândula mamária. Enquanto que ácidos graxos de cadeia

curta (4 a 8 carbonos) e média (10 a 16 carbonos) são sintetizados em maioria

pela síntese de novo na glândula mamária, os ácidos graxos de cadeia longa (18

ou mais carbonos) são obtidos exclusivamente da circulação sanguínea

(Almeida e Gama, 2004). Os ácidos graxos obtidos via circulação sanguínea

possuem origem na absorção intestinal dos lipídeos da dieta e também da

mobilização de gordura corporal (Machado, 2012).

Lipólise e Biohidrogenação

Certas espécies de bactérias ruminais são sensíveis a alguns ácidos graxos,

principalmente os poli-insaturados e, por isso, desenvolveram um mecanismo

para autodefesa que realiza a conversão de ácidos graxos insaturados em

saturados. Tal mecanismo é denominado biohidrogenação (Palmquist e Mattos,

2011) e foi descrito pela primeira vez em 1951 (Reiser, 1951). A biohidrogenação

necessita que os ácidos graxos estejam em suas formas livres para ocorrer

(Bauman e Lock, 2006) e por isso, a lipólise é uma etapa anterior obrigatória.

As ligações ésteres dos lipídeos fornecidos na dieta são hidrolisadas por

lipases microbianas, levando à liberação dos ácidos graxos. A ordem dos

processos é estabelecida de acordo com a demanda por ácido carboxílico na

hidrogenação, de tal maneira que a lipólise deve anteceder a hidrogenação dos

ácidos graxos insaturados (Hawke e Silcock, 1970).

O processo de biohidrogenação é mais bem caracterizado para o ácido

linoleico via ácido rumênico, sendo que para outros ácidos graxos, as rotas ainda

não estão claramente descritas (Ferreira, 2011). A primeira etapa é uma

isomerização que irá converter ácido linoleico (C18:2 cis-9 cis-12 dieno metileno-

interrompido) em ácido rumênico (C18:2 cis-9 trans-11 dieno conjugado),

também denominado ácido linoleico conjugado (CLA). O ácido rumênico é um

metabólito intermediário que é rapidamente hidrogenado a ácido vacênico

(C18:1 trans-11) e liberado no ambiente ruminal. A ligação trans-11 do ácido

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vacênico é então hidrogenada para a formação do produto final primário da

biohidrogenação, o ácido esteárico (C18:0) (Palmquist e Mattos, 2011).

À exceção dos ácidos graxos voláteis, que são absorvidos no rúmen, a

passagem dos ácidos graxos para a corrente sanguínea se dá no intestino, onde

nas células intestinais, os ácidos graxos são re-esterificados em triacilgliceróis.

Evoluções nas técnicas analíticas têm revelado uma complexidade

impressionante no padrão de ácidos graxos que são produzidos durante a

biohidrogenação ruminal e posteriormente incorporada na gordura do leite

(Bauman e Lock, 2006).

Existe uma teoria que postula que a síntese mamária da gordura do leite é

inibida diretamente por tipos específicos de ácidos graxos produzidos a partir da

biohidrogenação ruminal de lipídeos oriundos da dieta (Almeida e Gama, 2004),

ou seja, ácidos graxos produzidos no ambiente ruminal, via biohidrogenação,

poderiam levar à chamada Depressão na Gordura do Leite (DGL). Segundo

Almeida e Gama (2004), dietas de baixa fibra ou de baixa efetividade física

acarretam na queda do pH do rúmen, levando a alteração das rotas de

biohidrogenação ruminal, produzindo o isômero de CLA trans-10 cis-12, cuja

concentração aumenta significativamente em vacas com DGL. Ainda de acordo

com estes autores, o isômero de CLA trans-10 cis-12, sintetizado industrialmente

e infundido no abomaso de vacas lactantes, promoveu redução na secreção de

gordura no leite, comprovando a teoria.

Síntese na glândula mamária

Somente ácidos graxos de cadeia curta e média são sintetizados na glândula

mamária de bovinos. Considerando os ácidos graxos de cadeia média presentes

no leite, 50% são sintetizados pela vaca e o restante é proveniente de ácidos

graxos pré-formados (Martinez, 2009). Ácidos graxos de cadeia longa e os outros

50% restantes de cadeia média são oriundos da corrente sanguínea, que

transporta-os para a glândula mamária (Martinez, 2009), onde ainda podem

sofrer transformações por ação enzimática.

A estearoil-CoA dessaturase (Δ9-dessaturase) é uma enzima com importante

papel na modificação da composição de ácidos graxos na gordura do leite de

ruminantes. A Δ9-dessaturase é responsável pela conversão de ácido esteárico

em ácido oleico (C18:1 cis-9), ácido palmítico (C16:0) em ácido palmitoleico

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(C16:1 cis-9) e ácido vacênico em ácido linoleico conjugado (C18:2 cis-9 trans-

11 CLA) (Palmquist e Mattos, 2011).

A Figura 3 apresenta os caminhos da síntese, no rúmen e na glândula

mamária, do ácido rumênico (C18:2 cis-9 trans-11 CLA) em vacas leiteiras. A

biohidrogenação dos ácidos linolênico e linoleico à ácido vacênico (C18:1 trans-

11) são mostrados na síntese ruminal, enquanto que a passagem de ácido

vacênico para ácido rumênico por ação da Δ9-dessaturase é mostrada na

glândula mamária (Costa et al., 2009). Pode-se observar que o ácido vacênico,

um ácido graxo de cadeia longa presente na glândula mamária, é oriundo da

corrente sanguínea e sua dessaturação a ácido rumênico é realizado pela

enzima Δ9-dessaturase na glândula mamária.

Figura 3. Caminho da síntese ruminal e na glândula mamária do ácido rumênico (C18:2 cis-9 trans-11 CLA) em vacas leiteiras. Fonte: Costa et al. (2009).

Cerca de 400 tipos de ácidos graxos já foram identificados na gordura do leite

de ruminantes (Palmquist e Mattos, 2011) e os principais, em porcentagem molar

dos triacilgliceróis, são apresentados na Tabela 1. Dentre os principais, os ácidos

graxos saturados mais abundantes na gordura do leite de vacas são butírico,

mirístico, palmítico, esteárico, e insaturados oleico e linoleico.

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Tabela 1. Conteúdo de ácidos graxos nos triacilgliceróis (TG) da gordura do leite de vacas.

Ácido graxo¹ Conteúdo (% molar nos TG)

Ácidos graxos saturados

Butírico (C4:0) 10

Capróico (C6:0) 3

Caprílico (C8:0) 1

Cáprico (C10:0) 2

Láurico (C12:0) 3

Mirístico (C14:0) 9

Palmítico (C16:0) 21

Esteárico (C18:0) 11

Ácidos graxos insaturados

Oleico (C18:1) 31

Linoleico (C18:2) 5

Outros 4

Fonte: González e Campos (2003).

Vários trabalhos demonstram que o perfil de ácidos graxos no leite de bovinos

pode ser alterado de acordo com a alimentação fornecida (Eifert, 2006; Baars et

al., 2011; Machado, 2012; Puppel et al., 2013). Concomitante, outros apontam

influência da genética na variação desse perfil (Stoop et al., 2008; Mele et al.,

2009; Rodriguez, 2013), o que indica que é válida a realização de estudos que

buscam o melhoramento genético para bons perfis de ácidos graxos no leite.

2.3. Melhoramento Genético Animal

O melhoramento genético animal visa o aumento da produtividade de um

rebanho em um determinado ambiente, e esse aumento é obtido através da

aplicação de técnicas que alteram as frequências dos genes responsáveis por

determinada característica, para que essas alterações sejam refletidas nas

próximas gerações (Ferraz e Eler, 2010). Segundo Wood et al. (2003), para que

uma característica seja incluída em um programa de melhoramento genético, ela

deve ser mensurável, variável, hereditária e economicamente importante.

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O conhecimento dos aspectos genéticos em uma população é fundamental

para que informações sejam obtidas a fim de orientar produtores e técnicos na

identificação e no acasalamento de animais geneticamente superiores,

buscando maior progresso genético em programas de seleção.

Para que estratégias de melhoramento genético sejam definidas, conhecer

as estimativas da herdabilidade e das correlações genéticas para as

características de interesse econômico é fundamental (Boligon, 2005) e auxiliam

na realização da seleção dos animais (Weber et al., 2005). Além disso, com base

nessas estimativas e na intensidade da seleção aplicada, pode-se estimar a taxa

de progresso genético ao longo das gerações (Boligon, 2005).

Destaca-se que a seleção dos animais para variáveis de interesse econômico

deve ser realizada preferencialmente com base em seus valores genéticos,

utilizando-se de metodologia genético-estatística apropriada. Adicionalmente, a

utilização da genômica aparece como uma importante ferramenta para beneficiar

os programas de melhoramento genético, uma vez que há a inclusão de

informações diretamente do DNA na avaliação do mérito genético dos animais

(Coutinho e Rosário, 2010). Com o avanço das técnicas de biotecnologia e com

a modernização de computadores e programas estatísticos, é possível uma

maior acurácia nas predições relacionadas à genética das características.

Estudos envolvendo estimação de parâmetros genéticos e seleção genômica

sobre o perfil de ácidos graxos no leite de vacas são escassos na literatura,

reforçando a importância de que mais trabalhos sejam realizados para melhor

entendimento da variação genética existente neste perfil e para que programas

de melhoramento possam estabelecer mudanças nesse perfil em direções

desejáveis.

2.4. Parâmetros Genéticos do perfil de ácidos graxos no leite de bovinos

2.4.1. Herdabilidade

Conhecer os valores de herdabilidade (h²) de uma característica é essencial

para a definição dos métodos mais adequados de melhoramento genético

(Pereira, 2008) pois ela mede a proporção da variância em uma característica

que é devido aos efeitos aditivos dos genes (Brookfield, 2012), ou seja, indica a

proporção da variação total que é de natureza genética (Pereira, 2008). Permite

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confiar na utilização do valor fenotípico para determinar o valor genético para

uma característica em uma população, e também mede o grau de semelhança

entre o desempenho fenotípico dos filhos em relação ao desempenho dos pais.

Uma alta herdabilidade indica que animais com desempenho elevado possuem

tendência de produzir filhos igualmente bons e animais com desempenho baixo,

tendem a produzir filhos ruins (Eler, 2014). Significa que a correlação entre o

genótipo e o fenótipo do indivíduo é alta, sendo o fenótipo, indicação segura do

valor genético do indivíduo (Pereira, 2008). Já uma herdabilidade baixa, revela

muito pouco sobre o desempenho dos filhos, baseando-se pelo desempenho dos

pais (Eler, 2014) e significa que a correlação entre o genótipo e o fenótipo do

indivíduo é pequena. Neste caso, deve-se utilizar outros recursos para averiguar

os melhores genótipos (Pereira, 2008).

O primeiro estudo relatando herdabilidades para ácidos graxos no leite

bovino foi realizado por Edward et al. (1973). Estes autores reportaram

herdabilidades muito altas, com valores de 0,64 para o C12:0 a 0,98 para C12:1

e C14:1 (Edwards et al., 1973 apud Soyeurt et al., 2006).

Trabalhos envolvendo estimação de parâmetros genéticos para o perfil de

ácidos graxos no leite são recentes. Soyeurt et al. (2007), em estudo com 7 raças

diferentes, reportou herdabilidades para o conteúdo de ácidos graxos na gordura

do leite iguais a 0,09, 0,20, 0,28, 0,15 e 0,14 para os ácidos graxos C12:0, C14:0,

C16:0, C18:0, C18:1 e C18:2 cis-9,12 respectivamente. Stoop et al. (2008),

estimou herdabilidades para diversos ácidos graxos presentes no leite de vacas

da raça Holandesa. Os ácidos graxos estudados por esses autores foram C4:0,

C6:0, C8:0, C10:0, C12:0, C14:0, C16:0, C18:0, C18:1 cis-9, C18:1 cis-11, C18:1

trans-4-8, C18:1 trans-9, C18:1 trans-11, C18:2 cis-9,12, C18:2 cis-9 trans-11

CLA e C18:3 cis-9,12,15. As estimativas de herdabilidade variaram de 0,09 a

0,54, com maior valor para o C10:0. Em geral, as estimativas de herdabilidade

foram moderadas, indicando que parte da variância fenotípica pode ser

explicada pela genética aditiva e que essas características são passíveis de

responder à seleção.

Trabalho de Mele et al. (2009) com os ácidos graxos C14:0, C16:0, C18:0,

C14:1 cis-9, C16:1 cis-9, C18:1 cis-9, C18:1 trans-11 e C18:2 cis-9 trans-11 CLA

no leite de vacas da raça Holandesa reportou herdabilidades variando de 0,03 a

0,19, com valores moderados de 0,14 e de 0,19 para os ácidos graxos

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insaturados C16:1 e C14:1 respectivamente. Para o isômero C18:2 cis-9 trans-

11 CLA a herdabilidade foi de 0,12, o que sugere que essa característica é mais

influenciada por genética não aditiva e pelo ambiente na população estudada.

Mais recentemente, Bastin et al. (2013) realizaram estimativas de

herdabilidade para o perfil de ácidos graxos no leite de vacas da raça Holandesa

com ordens de parto de 1 a 3. Os ácidos graxos de estudo foram C4:0, C6:0,

C8:0, C10:0, C12:0, C14:0, C16:0, C17:0, C18:0, grupo de ácidos graxos

saturados, de monoinsaturados, de poli-insaturados e de insaturados. Para

vacas em primeira, segunda e terceira parição, as herdabilidades reportadas

variaram de 0,22 a 0,47, 0,21 a 0,42 e 0,18 a 0,38 respectivamente. Este estudo

forneceu parâmetros genéticos dos conteúdos de ácidos graxos no leite entre e

dentro os 3 primeiros partos e mostrou que estes possuíam variabilidade

genética, sendo portanto, passíveis de alteração se aplicada seleção genética.

Bilal et al. (2014) também trabalharam com vacas da raça Holandesa e um

grande número de ácidos graxos presentes no leite (C4:0, C6:0, C8:0, C10:0,

C:11:0, C12:0, C13:0, C14:0, C15:0, C16:0, C17:0, C18:0, C20:0, C22:0, C23:0,

C24:0, C14:1 trans-9, C14:1 cis-9, C16:1 trans-9, C16:1 cis-9, C18:1 cis-9, 18:1

trans-9, C18:1 trans-11, C18:2 trans-9,12, C18:2 cis-9,12 ω-6, C18:2 cis-9 trans-

11 CLA, C18:2 trans-10 cis-12 CLA, C18:3 trans-9 cis-12,15, C18:3 cis-9,12,15

ω-3, C20:3 ω-6, C20:4 ω-6, C20:5 ω-3 e C22:5 ω-3). As estimativas de

herdabilidade para os ácidos graxos supracitados variaram de 0,01 a 0,39, sendo

os valores para os ácidos graxos saturados de 0,02 a 0,34, para os

monoinsaturados de 0,01 a 0,39 e para os poli-insaturados de 0,01 a 0,21. As

herdabilidades para o total de ácidos graxos saturados, monoinsaturados e poli-

insaturados foram respectivamente de 0,20, 0,21 e 0,15. Maior estimativa de

herdabilidade entre os ácidos graxos estudados obteve o C14:1 cis-9, o que pode

ser explicado pelo fato de que o ácido graxo saturado C14:0, presente na gordura

do leite, é produzido quase que exclusivamente na glândula mamária, via síntese

de novo. Dessa forma, quase todo C14:1 cis-9 é sintetizado a partir do C14:0 por

atividade da enzima Δ9-dessaturase (Bauman e Griinari, 2003).

No Brasil, em estudo com vacas da raça Holandesa, Rodriguez (2013)

reportou herdabilidades variando de 0,24 a 0,43 para C14:0, 0,12 a 0,31 para

C16:0, 0,08 a 0,14 para C18:0, 0,07 a 0,17 para C18:1 cis-9 e 0,13 a 0,39 para

CLA. Para os ácidos graxos saturados, insaturados, monoinsaturados e poli-

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insaturados, as estimativas de herdabilidade variaram de 0,14 a 0,31, 0,04 a

0,14, 0,04 a 0,13 e 0,09 a 0,20 respectivamente.

As estimativas de herdabilidade para diversos ácidos graxos tiveram ampla

variação entre os trabalhos estudados. Essa variação provavelmente se deve ao

fato de que a herdabilidade não é um parâmetro fixo, ou seja, pode variar de

acordo com a diversidade da população, com o tamanho da amostra, o nível de

endogamia da população, o número e tipos de ambientes considerados, a

precisão na condução do experimento e coleta de dados (Borém, 2001), bem

como os métodos de estimação utilizados. As diferenças encontradas na

estimação das herdabilidades também podem ser explicadas pela unidade

atribuída aos ácidos graxos estudados. Soyeurt et al. (2007) e Mele et al. (2009)

consideraram o teor de ácidos graxos presentes na gordura do leite, ou seja,

g/100g de gordura. Bastin et al. (2013) e Rodriguez (2013) se referiram aos

ácidos graxos no total de leite, ou seja, g/100mL de leite e g/100g de leite

respectivamente. Por sua vez, Bilal et al. (2014), consideraram o conteúdo de

cada ácido graxo por total de ácidos graxos, ou seja, g/100g de ácidos graxos.

Os trabalhos realizados até então apresentaram estimativas de herdabilidade

medianas e altas para muitos ácidos graxos presentes no leite bovino, sugerindo

maior ação da genética aditiva sobre essas características e que elas podem

responder bem à seleção. Dessa forma, a genética pode ser utilizada na

manipulação dos teores de ácidos graxos no leite.

2.4.2. Correlações Genéticas

As correlações genéticas (rg) medem a probabilidade dos mesmos genes

afetarem duas características diferentes, ou seja, é a correlação entre o valor

genético de duas características (Pereira, 2008). Segundo Van Vleck et al.

(1987), se um mesmo gene afeta mais de uma característica, então elas são

correlacionadas geneticamente. Falconer (1981) a define como a correlação

entre os valores genéticos de duas características consideradas. A correlação

genética entre duas características ocorre devido à pleiotropia ou à ligação

gênica (Kurek et al., 2001). A pleiotropia é o processo onde um mesmo gene

pode afetar mais de uma característica, ou seja, o grau de correlação

apresentado expressa a intensidade pela qual duas características são

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influenciadas pelos mesmos genes (Santos et al., 2005). A ligação gênica ocorre

quando dois ou mais loci localizados próximos em um mesmo cromossomo,

permanecem “ligados”, não segregando de forma independente. Dessa forma, a

herança ocorre de forma conjunta (Eler, 2014). A correlação genética devida à

ligação gênica se desfaz quando ocorre a recombinação e, por isso, é

passageira. Por outro lado, a pleiotropia tem efeito contínuo, sendo a principal

causa da associação genética entre características (Nunes et al., 2008).

O estudo das correlações genéticas é importante pois a seleção para uma

determinada característica pode causar resposta em outra, se forem

geneticamente relacionadas (Eler, 2014), de modo que se duas características

possuem uma correlação altamente positiva, deve-se selecionar apenas uma

para o melhoramento em ambas; se possuem correlação igual a zero, a seleção

de uma não afetará na outra; e se possuem correlação negativa, a melhoria de

uma ocasiona na redução da outra (Pereira, 2008).

Stoop et al. (2008) estimaram correlações genéticas entre diversos ácidos

graxos presentes no leite de vacas da raça Holandesa e obtiveram valores

variando de -0,84 a 0,99, com correlações negativas de -0,84 a -0,01 e positivas

de 0,01 a 0,99. Correlações positivas e fortes foram reportadas para C6:0 a 14:0

e ácidos graxos insaturados, mas entre C6:0 a C14:0 e os ácidos graxos

saturados, as correlações genéticas foram negativas. O mesmo aconteceu com

C4:0, C16:0 e C18:0 quando correlacionados geneticamente com os outros

ácidos graxos de estudo. Os autores também estimaram correlações genéticas

entre os ácidos graxos estudados e a porcentagem de gordura e produção de

leite em kgs. Para porcentagem de gordura, as correlações genéticas positivas

variaram de 0,01 a 0,65 e as negativas de -0,78 a -0,43. Os ácidos graxos

linoleico conjugado (isômero C18:2 cis-9 trans-11 CLA) e oleico (C18:1 cis-9)

tiveram estimativas de correlação genética com a porcentagem de gordura iguais

a -0,58 e -0,63 respectivamente. Correlação genética nula foi reportada para

C12:0. Como o teor de gordura no leite está relacionado ao rendimento de

derivados e por isso é utilizado para pagamento diferenciado para produtores,

deve-se avaliar os objetivos da seleção para que não se prejudique a qualidade

do leite, mas que também não traga prejuízos para o produtor, na venda de seu

produto. Por outro lado, estes autores verificaram que as estimativas de

correlações genéticas entre produção de leite em kgs e os ácidos graxos linoleico

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conjugado (isômero C18:2 cis-9 trans-11 CLA) e oleico (C18:1 cis-9) foram de

0,33 e 0,32 respectivamente, ou seja, a seleção para produção de leite

acarretaria em aumento nos teores de ambos ácidos graxos. Para os outros

ácidos graxos estudados, as correlações genéticas variaram de 0,01 a 0,77. Os

valores positivos de correlação genética podem ser explicados pelo fato de que

os autores se referiram ao conteúdo de ácidos graxos por total de gordura no

leite (g/100g de gordura). Somente com o ácido graxo C16:0 a correlação

genética foi negativa, igual a -0,50. Esses valores sugerem que selecionando

para produção de leite, ocorreria um incremento de todos os ácidos graxos

estudados e uma diminuição nos teores de C16:0. A redução dos teores de

C16:0 no leite seria benéfico à saúde humana uma vez que ele está relacionado

ao aumento de doenças cardiovasculares, mas o incremento de outros ácidos

graxos potencialmente prejudiciais também deve ser avaliado.

Estudo de Mele et al. (2009) foram reportadas correlações genéticas entre

ácidos graxos e porcentagem de gordura no leite. Para C14:0, C16:0, C18:0,

C14:1 cis-9, C16:1 cis-9, C18:1 cis-9, C18:1 trans-11 e C18:2 cis-9 trans-11 CLA,

as correlações genéticas foram de -0,40, 0,74, 0,28, -0,69, 0,10, 0,34, 0,02 e -

0,55 respectivamente. No geral, as correlações foram medias e altas, o que

infere que a seleção para gordura pode afetar a composição de ácidos graxos

no leite. Neste trabalho, avaliando os ácidos graxos e a porcentagem de gordura,

as correlações genéticas positivas foram de 0,02 a 0,74 com maior valor para

C16:0. As correlações genéticas negativas variaram de -0,69 a -0,40, com maior

valor para C18:1 trans-11. Combinar um bom perfil de ácidos graxos com teores

adequados de gordura podem beneficiar tanto o produtor quanto o consumidor,

pois o teor de gordura é um critério de pagamento de muitas indústrias de

laticínios.

Bastin et al. (2013) estimaram correlações genéticas dos ácidos graxos no

leite entre os três primeiros partos, com valores de 0,51 a 0,76 entre primeiro e

segundo partos, 0,48 a 0,74 entre segundo e terceiro partos e 0,44 e 0,70 entre

primeiro e terceiro partos. Esses resultados demonstram que o teor de ácidos

graxos no leite tende a não variar tanto dentro das três primeiras lactações, de

maneira que se uma vaca possui alto teor de ácido graxo na primeira lactação,

ela também terá alto teor na segunda e terceira. As estimativas de correlação

genética entre os ácidos graxos variaram de 0,31 a 0,99, sugerindo que a

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seleção para um ácido graxo afetará outro. Os autores também reportaram

correlações genéticas entre os ácidos graxos estudados e a porcentagem de

gordura, bem como entre a produção de leite em kgs. Para produção de leite, as

correlações genéticas foram negativas para todos os ácidos graxos, com valores

entre -0,40 e -0,25. Resultado possivelmente, entre outros fatores, devido à

unidade atribuída aos ácidos graxos, que foi g/100 de leite. Para os grupos de

ácidos graxos saturados, monoinsaturados e poli-insaturados, as correlações

genéticas com produção de leite foram -0,36, -0,35 e -0,37 respectivamente. Um

incremento na produção de leite, provocaria redução dos teores de todos os

ácidos graxos estudados, sendo avaliados individualmente ou em grupos. As

correlações genéticas entre os ácidos graxos e a porcentagem de gordura foram

todas positivas, com valores de 0,71 a 0,90. Neste estudo, para os grupos de

ácidos graxos saturados, monoinsaturados e poli-insaturados, as correlações

genéticas com produção de leite foram 0,91, 0,72 e 0,69 respectivamente. Estes

autores verificaram correlações genéticas moderadas a fortes entre os ácidos

graxos estudados e a produção de leite e a porcentagem de gordura, inferindo

que a seleção para produção de leite ou porcentagem de gordura afetaria o perfil

de ácidos graxos no leite.

Segundo trabalho realizado por Bilal et al. (2014), as estimativas de

correlações genéticas entre os ácidos graxos estudados foram de -0,72 a 0,97,

com correlações negativas de -0,72 a -0,01 e positivas de 0,01 a 0,97.

Correlação genética nula foi reportada entre os ácidos graxos C18:3 cis-9,12,15

e C12:0. Para porcentagem de gordura, estes autores reportaram correlações

genéticas positivas com os ácidos graxos estudados variando de 0,03 a 0,72 e

as negativas de -0,85 a -0,01. Maior valor de correlação genética positiva entre

a porcentagem de gordura foi do ácido graxo C16:0 e negativa do C18:1 cis-9.

O isômero C18:2 cis-9 trans-11 CLA obteve correlação genética negativa com a

porcentagem de gordura. Segundo o estudo, seleção para maior teor de gordura,

acarretaria em diminuição nos teores de oleico e CLA (C18:1 cis-9 e isômero

C18:2 cis-9 trans-11 CLA, respectivamente). Avaliando os ácidos graxos

estudados e a produção de leite em kgs, as correlações genéticas variaram de -

0,77 a 0,40, com menor valor positivo igual a 0,05 e negativo igual a -0,07. Para

o e isômero C18:2 cis-9 trans-11 CLA, a correlação genética foi igual a 0,35,

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sugerindo que maior incremento na produção de leite também aumentaria os

teores desse ácido graxo.

Assim como nas estimativas de herdabilidade, houve variação entre as

correlações genéticas entre os ácidos graxos e deles com variáveis de produção

quando comparam-se os trabalhos publicados. Da mesma forma, as estimativas

em diferentes trabalhos podem diferir de acordo com a população estudada,

tamanho de amostra, endogamia, metodologias de estimação utilizadas, bem

como unidades consideradas para os ácidos graxos, como descrito

anteriormente.

De acordo com os trabalhos publicados acerca de correlações genéticas

entre os ácidos graxos, é provável que a seleção para um afete o outro, sendo

necessária a definição de objetivos em programas de melhoramento para que

não haja prejuízos na qualidade do leite, ao selecionar para determinado ácido

graxo. Correlações genéticas retratam os processos de produção dos ácidos

graxos e podem, portanto, serem interpretadas biologicamente (Bobe et al.,

1999; Chilliard et al., 2001).

Mesmo que os estudos sobre estimativas de parâmetros genéticos sejam

recentes, incluí-los como critérios de seleção para melhoria na qualidade do leite

já é algo que deve ser considerado. A mudança favorável para um bom perfil de

ácidos graxos no leite ainda permanece incerta e os objetivos devem ser bem

definidos antes de incluir essas características em programas de melhoramento

(Bastin et al., 2013).

2.5. Ferramentas da Seleção Genômica aplicada ao perfil de ácidos

graxos no leite de bovinos

A identificação de marcadores moleculares para o perfil de ácidos graxos no

leite, bem como outras técnicas ligadas à genética molecular, aparece como

ferramenta para auxiliar a compreensão do controle genético de características

ligadas a produção e a qualidade do leite e consequentemente, auxiliar os

programas de seleção (Rodriguez, 2013).

Meuwissen et al. (2001) propuseram a seleção genômica (SG) como um

método para acelerar o melhoramento genético e aumentar sua eficiência. A SG

busca explicar a variação genética de um organismo enfatizando a predição

simultânea dos efeitos genéticos de um grande número de marcadores

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genéticos de DNA, como por exemplo os SNPs (Polimorfismo de Nucleotídeo

Simples) que estão dispersos no genoma. Quando os alelos dos marcadores se

encontram em desequilíbrio de ligação com os alelos dos genes que controlam

um caracter quantitativo, consegue-se capturar os efeitos de todos os loci desse

caracter quantitativo (QTL) (Cavalcanti et al., 2012).

Polimorfismos de nucleotídeo simples (SNP) são polimorfismos que resultam

em uma única substituição de um par de bases por outro (Nicholas, 2011). Loci

de caracteres quantitativos (QTL) são regiões do genoma responsáveis pela

expressão de caracteres quantitativos, ou seja, com distribuição contínua. A

evolução dos marcadores moleculares permitiu identificar a posição de QTLs no

genoma e estimar os seus efeitos genéticos como por exemplo, o efeito de

dominância e o efeito aditivo (Toledo et al., 2008).

Um grande número de marcadores do tipo SNP tem sido gerado com o

sequenciamento do genoma bovino, o que, em conjunto com plataformas

modernas de genotipagem, tem possibilitado a inclusão de informações

genômicas em programas de melhoramento genético (Brito et al., 2009).

Shaeffer (2006) demonstrou que a seleção genômica pode incrementar em

aproximadamente três vezes a mudança genética em bovinos de leite, reduzindo

significativamente os custos atuais de programas tradicionais de testes de

progênie. O mapeamento de QTLs foi importante na identificação de genes

responsáveis por características animais de interesse econômico, como o

diacilglicerol O-acetiltransferase (DGAT1), responsável por controlar a

composição e produção de leite em bovinos (GRISART et al., 2002).

A seleção assistida por marcadores (SAM) é uma tecnologia em que

marcadores genéticos podem ser utilizados na busca por associações com

características de interesse econômico, identificando animais com genótipo

superior (Davis e Denise, 1998). Quando há a identificação de um marcador

ligado a uma característica de interesse, torna-se possível a seleção de

indivíduos com base no fenótipo do marcador, sem ter a necessidade de se

avaliar o fenótipo da característica (Brito et al, 2006). O uso de marcadores de

DNA permite melhorias na eficiência e na precisão de programas de

melhoramento, mas não significa que essa técnica deve substituir a tradicional

avaliação fenotípica e sim deve ser utilizada para contribuir para a economia de

recursos e de trabalho (Pereira, 2015).

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Espera-se que com a ampliação de estudos que envolvam a determinação

de loci responsáveis pelo perfil de ácidos graxos no leite, bem como o uso de

marcadores moleculares, ocorra uma maior compreensão sobre o controle

genético dessa característica. Trabalhos envolvendo a seleção genômica para o

perfil de ácidos graxos no leite também são recentes.

Taniguchi et al. (2004) verificaram um polimorfismo ligado à enzima Δ9-

dessaturase (SCD1) em bovinos da raça Japanese Black. Shennink et al. (2008)

reportaram que maiores proporções de C10:0, C12:0, C14:0, C16:1 e CLA

tinham associação com o alelo C do locus SCD1, enquanto que menores

proporções de C10:1, C12:1, C14:1, C18:0 e C18:1 estavam associados ao alelo

T deste mesmo locus.

Um exemplo de polimorfismo SNP, é a troca de uma citosina (alelo C) por

uma timina (alelo T), que leva à substituição de uma valina por uma alanina na

posição 293 da proteína (A293V) (Taniguchi et al., 2004). Segundo Mosley e

McGuire (2007), o polimorfismo SCD1 A293V contribui de 32% a 51% para

explicar a variância genética referente aos índices de insaturação de C10, C12,

C14 e C16, 18% de CLA e 6% de C18.

Trabalho de Brym et al. (2004) reporta influência do STAT5A – fator de

transcrição e ativador de proteínas localizado no cromossomo 19 – sobre o teor

de gordura no leite. Foi constatada a substituição de uma adenina (alelo A) por

uma guanina (alelo G) no íntron 9, onde amostras de leite de vacas da raça

Jersey cujo genótipo era AA, possuía maior teor de gordura. Em contrapartida,

Khatib et al. (2008), identificaram um polimorfismo relacionado a menores teores

de gordura na troca de uma citosina (alelo C) por uma guanina (alelo G) no éxon

8 do mesmo gene, uma vez que o alelo G estaria relacionado a esse menor teor.

No cromossomo bovino 19 (BTA19), foi identificado um QTL significativo na

mesma região que contém o gene ácido graxo sintase (FASN) (Morris et al.,

2007). A FASN é uma enzima que catalisa a síntese de novo de ácidos graxos

em mamíferos (Ciecierska et al., 2013). Por esse motivo e também por sua

função de síntese de ácidos graxos, o gene FASN é candidato para algumas

características de produção de leite (Morris et al., 2007). Segundo Ciecierska et

al. (2013), um polimorfismo do FASN é o FASN17924A>G, que caracteriza uma

única troca dos aminoácidos treonina para alanina. Estes autores identificaram

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que havia relações entre o polimorfismo FASN17924A>G e porcentagem de gordura

no leite de vacas Holandesas.

Os principais fatores de transcrição que regulam a expressão de genes

envolvidos na síntese de ácidos graxos e colesterol são os SREBPs (Sterol

Regulatory Element Binding Protein – Proteína de ligação a elemento regulador

de esterol) (Brown e Goldstein, 1999). Nafikov et al. (2013), mostraram

associação significativa de haplótipos de SREBF1 com concentrações dos

ácidos graxos C12:0 e C14:0, sendo o haplótipo H1 associado a menores

concentrações destes ácidos graxos.

Ferramentas da seleção genômica confirmam que a genética interfere no

perfil de ácidos graxos no leite, sendo necessário mais estudos envolvendo tanto

a biotecnologia quanto as metodologias tradicionais de melhoramento para

melhor entendimento da formação desse perfil.

3. Considerações Finais

Trabalhos realizados utilizando-se as metodologias tradicionais de

melhoramento e a seleção genômica têm confirmado que existe influência da

genética do animal sobre o perfil de ácidos graxos no leite. Dessa forma,

pesquisadores buscam entender melhor o comportamento da produção dos

ácidos graxos em bovinos, visando melhor qualidade do leite.

Nos estudos envolvendo parâmetros genéticos foram utilizados animais da

raça Holandesa, sendo importante a abrangência de outras raças. Houve

variações nas estimativas de herdabilidade e correlações genéticas entre os

ácidos graxos nos estudos avaliados. Além disso, houve divergência na literatura

quanto a efeitos benéficos e maléficos na saúde humana com relação aos ácidos

graxos saturados. Dessa forma, mais estudos devem ser realizados acerca de

parâmetros genéticos e seleção genômica sobre o perfil de ácidos graxos no

leite de bovinos, para que possam ser definidas estratégias mais adequadas de

seleção em programas de melhoramento.

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