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EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO Dr. Eney de Almeida Lima EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO Social, histórica e eclesiástica Autor Dr. Eney de Almeida Lima.Th.D Ph.D Editor Raimundo Macêdo, Th.B Ph.L Revisão de Prova K. Y. Reimap Capa e Diagramação Edição do Autor E-mail: [email protected] [email protected] [email protected] 061-8136-1191

EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

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O TEXTO NÃO ENGANA NEM DISTORCE; AO CONTRÁRIO, EDIFICA E AJUDA AVALIAR A REALIDADE PRATICADA POR MUITOS MOVIMENTOS VERDES, SUBJETIVOS, EMPIRISTAS E SEM EMBASAMENTO BÍBLICO; FORTALECE, TAMBÉM, A REFLEXÃO EM CIMA DA VERDADE DIVINA COM O OBJETIVO DE ENCONTRAR UMA SOLUÇÃO SATISFATÓRIA.ATT: DR. ENEY LIMA

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Page 1: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO

Dr. Eney de Almeida Lima

EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO

Social, histórica e eclesiástica

Autor

Dr. Eney de Almeida Lima.Th.D Ph.D

Editor

Raimundo Macêdo, Th.B Ph.L

Revisão de Prova

K. Y. Reimap

Capa e Diagramação

Edição do Autor

E-mail: [email protected]

[email protected]

[email protected]

061-8136-1191

Page 2: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

PREFÁCIO

Recebi a honrosa incumbência de prefaciar o livro do Dr. Eney de Almeida Lima. Imagino que a razão do autor em abordar o conteúdo de sua obra não pode ter sido outra a não ser a cobrança do Senhor Jesus pelo Espírito Santo em dar brados de alerta à noiva do cordeiro sobre inovações, modismos e influências maléficas que ameaçam seriamente a estrutura da igreja contemporânea de sua rota nos princípios cristãos autênticos. Cheguei a esta conclusão por entender que nos dias atuais, nós os pastores que temos a responsabilidade de manter o rebanho alimentado nutrido e cônscio de responsabilidade diante de Deus deparamos com “profissionais do púlpito” que pensam mais em si próprios e nos resultados temporais que os beneficia do que nortear a noiva de Cristo na sã doutrina e princípios salutares de uma vida de temor e submissão ao querer do Senhor. Dr. Eney de Almeida Lima, o senhor é valente, corajoso, destemido e nos transmite um invulgar compromisso com a Palavra de Deus. Recomendo aos nossos irmãos Fiéis aos princípios sagrados esta obra intitulada EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO, que chega ao nosso alcance em tão oportuno momento.

Pr. Gilberto Marques de Souza Presidente da COMIEADEPA

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I – O QUE É O EVANGELHO?

CAPÍTULO II – O QUE É A IGREJA?

CAPÍTULO III – IGREJA CHEIA DE EQUÍVOCOS

CAPÍTULO IV – MANIPULADORES DA FÉ

CAPÍTULO V – INSTITUIÇÕES FALIDAS

CAPÍTULO VI – INSTITUIÇÕES CORROMPIDAS

CAPÍTULO VII – DESTRONANDO O ‘EU’ CAPÍTULO VIII – BUSCANDO ABRIGO NO PRAGMATISMO

CAPÍTULO IX – UMA RE(LEITURA) DO DENOMINACIONALISMO

CAPÍTULO X – REINVENTANDO O EVANGELHO

CAPÍTULO XI – A PROFANAÇÃO DO SAGRADO

CAPÍTULO XII – FARISEUS PÓS-MODERNOS

CAPÍTULO XIII – O QUE A IGREJA DEVE FAZER

CONCLUSÃO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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INTRODUÇÃO

A verdade é santa, mas a mentira é suja e as duas não podem passar na mesma

porta sem se digladiar e, na luta, vence a mais forte. Este livro faz uma análise da

manipulação do evangelho que está acontecendo no Brasil.

A Igreja viveu aqui sendo perseguida, depois copiada e, então, passou a copiar.

De quem? Assim, hoje é difícil identificar uma congregação que seja realmente parte da

Igreja legítima, porque esta fase da cópia é duvidosa.

Qual congregação é da Igreja? Quem são os neoliberais? Uma é diferente da

outra? Ou as duas já se parecem muito? Essa dúvida está pairando sobre os Arraiais

evangélicos do Brasil pedindo solução.

O texto que segue aborda uma discussão que gira entre a Igreja do Senhor e as

igrejas neoliberais. O objetivo é mostrar que se não há tem de haver diferença entre os

fiéis e os falsos, entre os justos e os ímpios.

São treze capítulos e todos trabalham os dois temas: Igreja fiel e igrejas

neoliberais. A leitura é divertida e traz sentidos novos de uma análise séria e

responsável.

Assim, você está iniciando uma jornada interessante e de grande valor para sua

vida cristã. Ler “Evangelho da Manipulação” é caminhar nos profundos da realidade e

tomar conhecimento de fatos inéditos.

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CAPÍTULO I – O QUE É O EVANGELHO?

Definir o Evangelho neste terceiro milênio não é tão simples como o foi no

passado remoto, quando havia um destacado contraste ente a verdade e o erro.

As visões interpretativas atuais são múltiplas e incluem as relativistas e as

neoliberais, de tal forma que qualquer definição corre o risco de ser entendida como

arcaica, radical e/ou conservadora de forma indevida, além se ser vista, também, como

fora do contexto dos manipuladores do Evangelho e, assim, cair no “esquecimento”.

Objetivo

Todavia, este livro foi elaborado com o objetivo precípuo, determinado e

específico de analisar a manipulação do Evangelho e, de forma responsável, produzir

um trabalho útil a um grande número de pessoas.

As definições de Evangelho podem ser tantas quantas sejam as ideologias

eclesiásticas e para-eclesiásticas, de sorte que o número delas poderia saturar o leitor

antes de chegar ao cerne da leitura.

Entretanto, há algo que nunca foi mexido ou alterado nem modificado, que é a

verdade bíblica ortodoxa, da forma como o Espírito a inspirou e foi registrada. As

releituras feitas pelos neoliberais da ala evangélica pós-moderna vêm se impondo no

shopping da fé e no auge da mídia com um sucesso surpreendente e inesperado.

Mas tudo isso terá fim, pois Deus não aceita o homem zombar da Sua Palavra o

tempo todo e, assim, logo essa parafernália vai acabar.

O QUE NÃO É O EVANGELHO

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Toda pregação eisegética parece trigo, mas é joio. Cremos que por causa disso é

que Paulo falou: “Abstende-vos de toda a aparência do mal”, 1Ts 5.22 (ARC). O

sentido original da palavra ‘abstende-vos’ é afastar-se, abandonar, fugir, sair de perto,

rejeitar as diversas formas de mal.

Etimologia de eisegese

A eisegese é a interpretação de fora para dentro da Bíblia em busca de versículos

isolados para dar sustentação a idéias criadas nas cabeças dos milhões de neoliberais de

carteirinha espalhados por todo o Brasil e outros lugares.

A palavra ‘eisegese’ vem do grego “eis”, para dentro de + “egéomai”, eu

interpreto, eu traduzo, eu explico. A partir desse sistema falido e, ao mesmo tempo,

“vitorioso”, uma grande massa dita evangélica manipula milhões de pessoas e extrai

delas valores que lhes rendem conforto e fama, status e mordomia, riqueza e nome.

Ecumenismo

O ecumenismo aparentemente útil vem estragando muita coisa nas igrejas do

Brasil. Por que útil só de aparência? A união que se concretiza não é orientada pela

Bíblia, mas por uma política esperta de líderes vivos que não gostam de perder pontos.

Os líderes que trabalham a formação de uma igreja ecumênica não são escravos

da Bíblia, presos à verdade divina nem submissos às orientações do Espírito. Quem luta

pelo ecumenismo cristão tem outros objetivos diferentes dos que estão registrados na

Palavra – dos objetivos de Deus quando enviou Cristo para morrer na cruz.

Esquemas

Se esse tal de ecumenismo cristão fosse orientado pela santa Palavra de Deus,

com certeza teria valor para fortalecer a batalha espiritual e diminuir muitos conflitos.

Todavia, nos grupos de tendência ecumênica, Maquiavel manda mais do que

Jesus Cristo, pois as estratégicas do Senhor são contra os demônios, MT 16.18, mas

muitos líderes pós-modernos gostam mais de montar esquemas que gerem prosperidade

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material. A visão deles é outra e, por isso, preferem Mamom a Cristo. Isso nunca foi

Evangelho, Mt 6.19-34.

Legalismo

Dominar os fiéis por meio de normas, também, é outra forma desprovida de

hipóstase divina válida e verdadeira. Não se trata de ser contra leis e regulamentos

eclesiásticos, mas de criticar as leis e regulamentos diferentes da Bíblia. Isso, também,

não é Evangelho. As regras das ‘liberdades’ contrárias à Palavra de Deus não podem ser

chamadas de Evangelho.

Tudo que é feito em nome de Deus, de Igreja e da Bíblia tem a obrigação de se

render à Palavra quanto à fé e à prática religiosa, para poder ser considerado Evangelho.

Como ser Evangelho, se a autoridade parte do homem, do líder? A autoridade do

Evangelho brota do Evangelho! A vida vem da vida; a força é gerada pela força; a glória

reproduz glória; mas o Evangelho falso nunca poderá produzir fé verdadeira.

Quem está dormindo, acorda! Desperta! O Senhor deseja iluminar as mentes

dessas vítimas. “Desperta, ó tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos e Cristo te

esclarecerá”, Ef 5.14.

Politicagem

Na verdade, a Igreja bíblica tem sua política, mas nunca se rendeu à política

sórdida dos homens com objetivos diversos e todos diferentes do projeto de redenção. A

mistura da igreja com a política no Brasil ficou para trás nos idos do século dezenove e

não justifica sua presença nociva e mal-orientada neste terceiro milênio.

Desvio da missão

A dedicação exagerada de algumas igrejas cristãs nas áreas sociais e políticas

não conseguem convencer aquelas que, por negligência, falham nestas áreas, mas

tentam, mesmo sob algum tipo de perseguição, manter-se na visão bíblica sem

distorção, sem falsificação quanto à busca da verdade e da salvação.

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Joio não vira trigo

É preciso, como disse Jesus, permitir que o joio continue junto do trigo, mas não

é possível aceitar chamar o joio de trigo nem o trigo de joio, em hipótese alguma. A

tapeação, o engano, o faz-de-conta e as aparências vêm tentando tomar o lugar da

verdade há muito tempo, mas esta – quando é de Deus, claro! – nunca pode ser

substituída nem perde nenhuma batalha como, de fato, prova a história.

Mesmo que o joio permaneça tirando alguma vantagem nas grandes lavouras de

trigo, não se pode concordar que as identidades sejam trocadas ou alteradas de tal forma

que facilmente se confunda quem é quem no dia-a-dia das diversas igrejas.

Quantidade

A quantidade sempre convenceu o homem, mas nunca agradou a Deus. Número

não é beleza, quantidade não é qualidade, massa humana não representa almas puras

como, aliás, o Senhor requer.

Muitas instituições que trabalham através da mídia, estão atraindo os cristãos

leigos, simples, neoliberais e sem identidade específica sobre a fé. Mas aqueles que

conhecem a verdade e vivem debaixo de sua tutoria, não aceitam a idéia de pular cerca

para caçar pasto seco do outro lado.

Culpa

De quem é a culpa? Talvez você possa perguntar. Limitando-se a avaliar essa

situação nos arraiais humanos e, mais especificamente, nos meios evangélicos,

encontram-se três marcas negativas que merecem destaque:

Primeira, a falta de alimento de boa qualidade bíblica, ou seja, de

conscientização séria para os fiéis ter condições de diferençar entre o certo e o errado à

luz da Palavra de Deus. Nesse caso, os responsáveis pelos rebanhos falham por não

prestar um serviço de boa qualidade a Deus.

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Segunda, esses ‘fiéis’ que vivem em constante êxodo em busca de satisfação

pessoal demonstrando que são, de verdade, astêriktoi (levianos, inconstantes e sem

firmeza com relação aos votos que fizeram no ato da profissão de fé e do batismo em

água); não tendo verdadeiro compromisso com a verdade e com a Igreja santa, acabam

‘puxando o carro’. Toda pessoa que tem o mau hábito de sair da igreja em busca de

outra que lhe satisfaça os desejos revela ser astêriktos, inconstante.

Terceira, os líderes das instituições da mídia que vivem o tempo todo pescando

em aquário alheio revelam, também, que não encontram em si mesmos coragem para

enfrentar os mares e as vicissitudes da missão verdadeiramente evangelística.

Essas três categorias de pessoas – crentes em geral – parecem ser responsáveis

pela realidade do fluxo de entra-e-sai nas igrejas, ou seja, da Igreja para as igrejas. Nota-

se uma tendência qualificada em fluir muita gente para os locais indicados pela mídia,

como se lá fosse o melhor lugar do mundo para se aprender as coisas de Deus; e, por

outro lado, como se a mídia fosse dona da verdade.

Neoliberalismo

Antes o ataque veio por parte do liberalismo, mas hoje quem governa a mídia é a

filosofia neoliberalista. Os liberais começaram a deixar de lado certas doutrinas

fundamentais e partiram para substituições arbitrárias.

Porém, o neoliberalismo, que já nasceu forte, tomou atitudes negativas no

sentido de rejeitar a ingerência da Igreja. Foi a partir daí que começaram surgir muitas

novas seitas e até mesmo igrejas independentes em todos os sentidos, inclusive da

autoridade da Bíblica.

Assim como o neoliberalismo filosófico rejeita a intervenção do Estado nas suas

atividades e nos seus negócios, as instituições recentes – as que funcionam em nome de

igreja – não aceitam qualquer tipo de participação da Igreja – aquela que reverencia a

Palavra de Deus – na sua administração.

A verdade não pode ser mudada

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Quem se considera independente reivindica o direito de aumentar, diminuir e

alterar doutrinas fundamentais da Bíblia, ou seja, normas de fé e prática do verdadeiro

Cristianismo.

Porém, todas as verdades essencialmente bíblicas são também dogmáticas ao

extremo e, por isso, nenhum ser humano pode mudar essa situação, haja vista não estar

em seu alcance nem em seu controle.

Aqui embaixo na Terra, os homens mudam à vontade, mas se esquecem de que

aqui só existem cópias, a matriz da verdade que será usada nos juízos está preservada e

intocável nas gavetas de Deus. O que adianta alterar as doutrinas na Terra, se elas estão

imutáveis no céu? Cristo não vai usar cópias para executar juízo justo; com certeza, Ele

usará os santos originais que Ele mesmo segura nas mãos, tem na cabeça e estão

patentes aos Seus olhos.

Raimundo Macêdo, no seu livro Crença Filosófica (inédito), páginas 33 e 34, diz

o seguinte:

“Nenhuma informação pode ser considerada verdadeira ou falsa, antes de ser

analisada, e investigada, e confirmada para saber se é verdadeira ou falsa.

“A confirmação de que uma informação é verdadeira ou falsa deve ser feita por

pessoas capazes, de maneira correta, exaustiva, com objetividade, sem o concurso da

emoção, isenta de influência política e fora da influência religiosa; com base em

pesquisas bem comparadas; investigações bem confirmadas; informações corretas e

bem fundamentadas; questionamentos muito bem-feitos; críticas confrontadas e

coladas; proposições objetadas, mas não vencidas; duvidadas, mas credenciadas;

perseguidas, mas não mortas; atiradas, mas não alvejadas.

“Uma informação dita falsa só pode ser considerada falsa se continuar falsa

enquanto existir; uma informação verdadeira só pode continuar sendo considerada

verdadeira se permanecer verdadeira enquanto existir.

“Aquilo que é chamado de falso e depois se descobre que é verdadeiro, não era

falso, era verdadeiro e havia sido mal-informado ou mal-investigado.

“Aquilo que é chamado de verdadeiro e depois se descobre que é falso, não era

verdadeiro, era falso e havia sido mal-informado ou mal-investigado.

“O verdadeiro não pode se tornar falso e o falso não pode se tornar verdadeiro.

O que pode acontecer é que o verdadeiro deixa de existir ou se afastar e pode nascer um

falso no lugar, porém nunca há transformação, por ser impossível.

“O verdadeiro pode nascer e morrer, mas não pode ser transformado em falso. O

falso, também, pode nascer e morrer, mas não pode ser transformado em verdadeiro.”

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Antidogmatismo

Ninguém que abraça a pura Palavra de Deus aceita mudanças nas verdades

cardeais da fé. Contudo, os neoliberais – aqueles que não aceitam ingerência da

verdadeira Igreja – mudam à vontade, tanto a forma de crer como a maneira de praticar

a liturgia do culto e a fé no cotidiano.

“Estamos libertos”

Desde o momento em que uma pessoa ou família abraça o neoliberalismo

evangélico, a partir daí ela se sente dona dos seus narizes, liberta das ‘regrinhas’ da

Igreja. Por que liberta? Quem busca, principalmente, a prosperidade material não se

encaixa na forma em que a Igreja crê na Bíblia e ensina as doutrinas básicas da

salvação. Ao contrário, rejeita de forma radical e ainda zomba daqueles que ficaram

para trás.

O troco

Quem se liberta – por sua própria conta – das regras e da ingerência da Igreja,

certamente cai na lei da substituição automática. A partir do momento em que alguém

deixa a Palavra pura de Deus para abraçar outra mensagem ‘liberta’ das ‘regrinhas’ do

Corpo de Cristo, claro que a pessoa se submetera a outra força de identidade duvidosa.

E aquele que se entrega a uma lei diferente das leis da Bíblia terá dificuldade para

retornar às ‘regrinhas’ divinas que ajudam a caminhar no rumo certo da Nova

Jerusalém, Ap 21.27.

Se alguém considera chatas as ‘regrinhas’ de Deus, como tal pessoa vai se

apresentar ao Justo Juiz no dia do seu julgamento? Todos precisarão das ‘regrinhas’,

haja vista que o Autor delas nunca vai abrir mão de nenhuma.

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Submetendo-se a outras leis

Toda vez que uma pessoa deixa um mundo e vai para outro, se liberta de uma

norma e se escraviza debaixo de outra. Esta lei é bíblica e não pode ser rejeitada pelo

cristão saudável. Leia Rm 6.1-23.

Confira: “Graças a Deus que fostes escravos do pecado, mas obedecestes de

coração à forma de doutrina a que fostes entregues”, Rm 6.17. “E libertos do pecado,

fostes feitos escravos da justiça”, v. 18.

Fugiu de uma escravidão dura (assim a consideram os neoliberais, mas a Igreja

sabe que os mandamentos de Deus não são pesados, 1Jo 5.3) e se entregaram a outro

conjunto de regras mais duras ainda, sem amor e sem perdão. Qual é a vantagem?

Prisão pessoal

Os voluntários que deixaram a verdade em troca do neoliberalismo se prenderam

de forma despótica e não perceberam. Desde que tais pessoas se entregaram a essa nova

filosofia por vontade própria, com certeza elas agora estão presas debaixo da lei que

escolheram. Isso nunca foi Evangelho! É mais fácil eliminar um espinheiro e substituí-

lo por um trigo do que um joio que gosta do neoliberalismo.

Por quê? Quem escolhe esta forma de vida ‘neo-evangélica’ não tem vontade de

voltar para onde estava antes, pois as propostas neoliberais lhe agradam, lhe enchem a

alma de satisfação pessoal – é isso que eles querem!

É como uma pessoa que não saiba nada de submarino e esteja fazendo uma

vigem de um mês no fundo do mar sem ver a terra e sob o controle total dos

funcionários da empresa responsável pelo transporte.

O passageiro sem conhecimento sabe se o submarino está indo no rumo certo?

Tem certeza de que chegará ao destino a salvo? Pode, por si mesmo, garantir que

voltará a viver entre os seus familiares? Tem condições de se sentir feliz totalmente? O

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que ele – na ignorância total a respeito do meio de transporte – poderia fazer para lhe

dar segurança e ter certeza da vitória?

Na verdade, quem come pelas mãos dos outros não pode garantir a qualidade do

alimento que ingere. Assim é o povo que acompanha a mídia por causa do

neoliberalismo em detrimento do Evangelho puro.

O QUE É O EVANGELHO

Definir o Evangelho, porém, é mais fácil porque existe um fundamento

determinado por Deus no qual se deve basear. As características do verdadeiro

Evangelho são muitas, mas aqui se apresentam apenas as principais como sejam: amor,

justiça, verdade, vontade, santidade, submissão e perdão. Analise-as com carinho:

Amor

O verdadeiro Evangelho é cheio de amor e tem toda a explicação necessária a

respeito dele. “Deus é amor”, 1Jo 4.8,16. E quais são as características do amor? Lendo

1Co 13, se torna mais fácil conhecer essa virtude-mãe.

Note os pensamentos a seguir: “O amor é paciente, é bondoso; o amor não é

ciumento; o amor não se gaba, não é arrogante, não é rude; não busca os seus próprios

interesses; não se irrita, não leva em conta o mal; não se alegra com a injustiça, mas se

alegra com a verdade; todas as coisas sofre, todas as coisas crê, todas as coisas espera,

todas as coisas suporta; o amor nunca termina”, 1Co 13.4-8a. Isto é característica do

verdadeiro Evangelho!

Justiça

“Para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e

justificador daquele que tem fé em Jesus”, Rm 3.26. O verdadeiro Evangelho fala da

justiça e rejeita, ao mesmo tempo, a injustiça.

“A justiça de Deus se revela no Evangelho de fé em fé”, Rm 1.17. Evangelho

sem justiça não é verdadeiro, é pseudo! “Mas agora a justiça de Deus foi manifestada

sem lei e testemunhada pela lei e pelos profetas”, Rm 3.21. “E justiça de Deus mediante

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a fé de Jesus Cristo para todos os que crêem, porque não há distinção”, Rm 3.22.

“Sendo justificados gratuitamente pela sua graça mediante a redenção em Cristo Jesus”,

Rm 3.24. Isso é Evangelho!

Nesse tipo de Evangelho não cabe a injustiça, o engano, a tapeação, a idéia de

forçar o joio virar trigo. Não, isso não é Evangelho! Quem age com injustiça é filho do

capeta, não filho do Deus justo! O Deus justo não tem filho injusto! O Deus justo só

tem filho justificado por Ele e, nesse caso, quem rejeita a graça está fora da lista.

Verdade

Jesus disse certa vez: “Eu sou [...] a verdade”, Jo 14.6. Orando ao Pai, disse

também: “A Tua Palavra é a verdade”, Jo 17.17. Como age uma pessoa que está na

verdade em relação ela? Passivamente! Quem é escravo da verdade é guiado por ela e

não tem projeto próprio para defender ou realizar!

“Mas o que pratica a verdade vem para a luz para que sejam manifestas as obras

dele, as que em Deus são feitas”, Jo 3.21. Quem ama a verdade se aproxima da luz, mas

quem não se aproxima da luz do verdadeiro Evangelho prova que não ama a verdade.

E quem não ama a verdade, ama o quê? E por que muitas pessoas não se chegam

à luz de Cristo? “O deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que

não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus”,

2Co 4.4.

O deus deste século – o diabo – cegou os entendimentos de quem? Para quê?

Releia o versículo citado e confirme as respostas a estas perguntas.

Vontade

Uma das regras do Reino dos Céus é esta: “Se alguém quer vir após mim, que

negue a si mesmo e tome a cruz dele e siga a mim”, Mt 16.24.

Uma lei se desdobra em quatro: primeira, querer seguir a Jesus, ter vontade;

segunda, negar-se a si mesmo, praticar renúncia; terceira, tomar a cruz, ter ação passiva

diante das ordens de Deus; e quarta, seguir a Jesus Cristo, obedecer na prática.

Esta lei declara que o verdadeiro discípulo de Cristo não tem vontade própria,

porque a renunciou para aceitar irrestritamente a vontade de Cristo. Nesse caso, é

impossível um ser humano conseguir fazer as duas vontades: a sua própria e a do

Page 15: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

Senhor. Já que ele renunciou a sua, agora resta fazer a do Senhor sem questionar. Isso é

Evangelho!

Santidade

O mesmo Espírito de santificação que esteve em Jesus enquanto viveu na Terra,

Rm 1.4, deve estar também na vida do cristão que tem compromisso com Deus e com

Sua verdadeira Palavra. O verdadeiro Evangelho é caracterizado pela santidade – estado

da vida de Deus – e pela santificação – estado da vida dos salvos.

A santidade é a qualidade de santo que Deus implanta no salvo no momento da

verdadeira conversão e a santificação é a conduta de santo que o crente adquire e

conserva no dia-a-dia.

Os neoliberais não revelam preocupação com esses detalhes, pois eles gostam de

viver à vontade, longe das ‘regrinhas’ da Igreja e comendo pelos menos as migalhas da

mídia – aquelas que caem das mesas dos ricos.

Os salvos são participantes da natureza de Deus e, como tais, não têm vontade

própria, não podem escolher onde viver, o que fazer, o que deixar de fazer, porque o

Senhor é que tem o direito de determinar essas coisas para as suas vidas. Leia com

reverência Gl 2.19,20; 5.22,23; Hb 12.14; 2Pe 1.4.

Submissão

O fato de se tornar discípulo de Cristo faz do ser humano um seguidor do

Mestre, comprometido com as Suas idéias e as Suas palavras. “Aquele que diz que está

nele também deve andar como ele andou”, 1Jo 2.6.

Como Jesus andou? Ele mesmo disse: “Eu não posso de mim mesmo fazer coisa

alguma”, Jo 5.30. Jesus era (é) totalmente submisso ao Pai: “Eu desci do céu não para

fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou”, Jo 6.38. O discípulo tem

compromisso de submissão e obediência ao Mestre, exceto se for falso.

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“Deus [...] predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho”, Rm 8.29.

A vontade de Deus é que os crentes sejam parecidos com Jesus Cristo em tudo, tanto na

teoria quanto na prática. Isso é verdadeiro Evangelho.

Os demônios e os seus escravos vivem o tempo todo mudando as coisas,

alterando as doutrinas, aumentando conceitos, omitindo verdades e trocando os

objetivos verticais – servir a Deus – por horizontais – agradar aos homens. Mas isso não

é Evangelho!

Perdão

O verdadeiro Evangelho é demonstrado através do perdão gracioso de Deus para

o pecador por meio de Jesus Cristo e do cristão para seus semelhantes. Quem não

perdoa não prova que tem Deus na vida. O perdão do Senhor para nós está condicionado

ao nosso perdão para o próximo, Mt 6,12-15.

O perdão traz paz e a paz faz parte de Deus; o perdão traz descanso de

consciência e a boa consciência vem de Deus; o perdão traz certeza de comunhão com

Deus e a comunhão é providenciada pelo Espírito Santo. Isso é Evangelho!

CAPÍTULO II – O QUE É A IGREJA?

Esta seção tem o objetivo de definir, à luz da Bíblia, o que é a Igreja. No entanto,

para se explicar de forma verdadeira o que é a Igreja, se faz necessário estabelecer uma

comparação entre a verdadeira e a falsa.

Não é possível distinguir o belo sem contemplar o feio; não dá para saber o que

é certo sem a presença do errado; o destaque da verdade é mediante a comparação com

Page 17: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

a mentira; a fama do forte ocorre em relação aos fracos; o justo de evidencia por ter em

volta os injustos e assim por diante. Faça uma análise santa do texto a seguir:

O QUE NÃO É A IGREJA

Apresentam-se, nesta subseção, quatro exemplos ilustrativos de que a Igreja não

é caracterizada conforme muitas pessoas imaginam. Parecem, mas não são provas da

Igreja: as religiões, caridade, honestidade e templos cheios de pessoas. Analise os itens

com carinho:

As religiões

Não se pode confundir religião com Igreja, pois enquanto os fundadores de

religião morreram e permanecem mortos, o fundador da Igreja – Jesus Cristo –

ressuscitou e vive para sempre. As religiões podem decidir (e decidem) em que crer,

como crer e como praticar suas crenças.

A Igreja, porém, é corpo e, como tal, não tem visão própria, não fala, não ouve e

não tem cérebro. Por isso, depende desses sentidos e dessas faculdades que estão na

cabeça – Cristo. Isso é Igreja!

As religiões podem ser boas como for, mas não são capazes de mostrar a

verdade divina, o perdão gracioso e a felicidade eterna com Deus. Ao contrário, elas

trabalham mais as propostas de vida boa aqui, de sucesso material, de bem-estar

psicológico, de vitória no cotidiano e não sabem nem a porta de entrada para explicar

sobre a vida eterna.

A caridade

Não se pode negar que a caridade é componente do amor; mas, ao mesmo

tempo, não é correto afirmar que a caridade seja o amor.

Fazer caridade na intenção de ganhar vantagens no além, principalmente em se

tratando da vida eterna, é atitude equivocada, pois essa vida não é mercadoria que se

possam comprar com valores, atitudes, obras, ações, palavras.

Page 18: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

Todo salvo deve fazer caridade, mas a caridade não é capaz de conquistar a

salvação. Esta só se adquire crendo em Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o

pecado do mundo. Só Ele pode reconciliar o pecador com o Pai, At 4.12; 2Co 5.18-20;

1Tm 2.5.

Honestidade

A Igreja não é caracterizada pela honestidade, porque qualquer pessoa pode ser

honesta sem pertencer à Igreja. Os salvos têm de ser honestos, mas a honestidade não

gera salvação. Todo salvo é honesto, mas nem todo honesto é salvo. Assim como

caridade, a honestidade também não pode comprar a salvação.

Quem deseja ser salvo tem de adquirir a salvação que é oferecida de graça por

meio do Evangelho, Rm 1.16, porque a que tem preço é falsa e não merece confiança.

Uma coisa é ser honesto orientado pela Palavra de Deus (característica da

Igreja), outra coisa é ser honesto por iniciativa própria sem pertencer à Igreja

(característica do não-salvo).

Todas as boas qualidades sociais existem orientadas por três autoridades: Deus,

o homem e o diabo. Dessa forma, não basta ser honesto, é preciso saber de onde vem

esta honestidade, quem é o monitor dela e qual é o seu verdadeiro objetivo.

Muitas pessoas honestas blasfemam contra Deus, por isso, a honestidade, em si

mesma, não caracteriza a Igreja. As provas da verdadeira Igreja incluem a honestidade,

mas contêm algo muito mais profundo que os ímpios não entendem, porque lhe parece

loucura, 1Co 2.14.

Templos cheios

Os números empolgam, mas a Igreja não se impõe com base nos números. As

massas humanas atraem, mas esse tipo de atração nada tem que ver com Deus. Virtudes

como justiça, verdade, amor, perdão, graça, humildade, simplicidade, submissão a

Page 19: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

Deus, obediência ao Evangelho e outras dessa natureza, não são provadas pelos

números, pelos templos cheios de pessoas.

Se templos cheios servir de provas de fidelidade a Deus, os pagãos e os idólatras

levam vantagem, pois eles enchem os seus templos com facilidade mediante a atração

dos ídolos. Templo cheio é marca de emoção que nem sempre vem do céu.

Não se deve ficar preso a templos cheios para sentir-se no caminho certo, pois a

verdade e a justiça são abraçadas e defendidas pelas minorias, disse Jesus, Lc 12.32.

Quem se empolga com templos cheios pensando que isso é prova de fidelidade a

Deus, simplesmente está equivocado. Deus nunca dependeu de multidões para

demonstrar a Sua presença, o Seu poder e a Sua aprovação para os atos humanos. O

diácono Filipe evangelizou um homem no caminho de Gaza e foi transportado pelo

Espírito para Azoto, no litoral do mar Mediterrâneo, sem a presença de multidões, At

8.26-40.

Jesus Evangelizou a Mulher Samaritana sem ninguém por perto e ela se tornou

uma grande missionária à sua cidade. O Mestre falou com Nicodemos sozinho à noite,

não tinha multidão por ali, Jo 3.1-7. Confundir a presença e o poder de Deus com

multidões é, no mínimo, ingenuidade, prova de manipulação, meninice e “ágnoia”, At

3.17; 17.30; Ef 4.18-24; 1Pe 1.14; 2.15 (únicas refs. no NT).

Os templos cheios representam muitas pessoas que pensam em harmonia, seja

para adorar a Deus, servir a Baal, reverenciar os ídolos, aprender sobre reencarnação,

conhecer acerca do Mantra, dos Totens, dos Xamãs, etc.

Uma coisa não depende da outra; obediência pode ser, mas não tem de ser em

templos cheios e templos cheios não significam fidelidade a Deus.

Exibir-se por ser membro de uma instituição que tem templo grande e cheio de

pessoas é o cúmulo do absurdo, pois a Bíblia declara algo ao contrário desse ponto de

vista. Leia Lc 12.32; 1Co 1.18-31. “Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro,

se perder a sua alma?”, Mt 16.26.

O QUE É A IGREJA

De forma resumida e com linguagem muito simples, apresenta-se uma definição

do tema. A Igreja é o povo de Deus formado histórica e profeticamente, fundamentado

na Rocha que é Cristo e representa o Reino dos Céus aqui na Terra.

Page 20: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

A Igreja é a noiva de Cristo, o edifício de Deus, os filhos do Pai, servos do Filho

e templo do Espírito Santo. É constituída de pessoas que receberam Cristo como

Salvador, foram batizadas no Corpo de Cristo, Mc 16.16; 1Co 2.13, por imersão em

água em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, Mt 28.19, e se tornaram moradas

permanentes do Espírito, Jo 14.16,17.

A Igreja é constituída de instituições jurídicas e, ao mesmo tempo, é um

organismo universal, espiritual, vivo e sustentado por Deus na Terra por tempo

delimitado até o Dia de Cristo – o arrebatamento, e para sempre, 1Ts 4.17.

É formada pelo povo que adora a Deus e não reverencia os ídolos. Esta Igreja

tem um ministério organizado pelo Espírito e pela Palavra. Os seus ministros foram

convocados por Cristo para proclamar o Evangelho genuíno por todo o mundo e levar a

salvação eterna dentro do ponto de vista de Deus. Isto é a Igreja! Ela respeita a Palavra

de Deus, Mt 5-7.

Esta Igreja é verdadeira, não prega mensagens inventadas pelos homens – ela

sabe que Jesus não gosta disso, Mt 15.8,9 – nem trabalha orientada pela PNL –

Programação Neurolingüística – método psicológico usado no mundo por psicólogos e

profissionais da comunicação em massa para atrair e dominar multidões, adotado,

atualmente, por líderes pós-modernos de igrejas neoliberais.

Duas igrejas verdadeiras

Na verdade, existem duas igrejas consideradas, à luz da Bíblia, verdadeiras: a

visível e a invisível, pois esta é extraída daquela, infalivelmente. Considere os dois

aspectos separadamente:

Igreja visível

É constituída das pessoas jurídicas e conjuntos de membros que se reúnem nos

mesmos templos, têm a mesma fé e são orientadas a viverem na mesma prática. Isto não

significa, porém, que todos os membros da Igreja visível sejam também membros da

Igreja invisível. No entanto, só Deus pode fazer a distinção. “Quem és tu que julgas o

servo alheio?”, Rm 14.4.

Igreja invisível

Page 21: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

Esta, todavia, não é conduzida pelos homens nem julgada por sua autoridade. Ao

contrário, a Igreja invisível, universal, espiritual e eleita eternamente por Deus por meio

de Cristo não tem líder manipulador do Evangelho, que distorça e falsifique a verdade,

2Co 4.2, deturpe as Escrituras, 2Pe 3.16. Não, não tem! Esse tipo de pessoas está só na

Igreja visível. Elas são capazes de atrair multidões e de fazer até milagres, mas não são

capazes de convencer Cristo a levá-las no arrebatamento, Mt 7.15-23.

CAPÍTULO III – UMA IGREJA CHEIA

DE EQUÍVOCOS

O que é um equívoco? Você sabe definir a palavra ‘equívoco’? Conhece os

equívocos de Eva? Já se equivocou algumas vezes? Já viu uma pessoa equivocada? Tem

experiência dos maus resultados de um equívoco? Quem gosta mais de praticar

equívocos? As definições estão na seqüência:

O que é um equívoco

Lembre-se de que não é um erro consciente. Não se trata, também, de um

engano vindo de fora, de outra pessoa, mas de um erro quando o sujeito considera certo

e dá margem a suspeita. É um raciocínio em que se dão conceitos diferentes a uma ou

mais palavras.

Muitas instituições que têm o nome de igreja, porém, estão desempenhando seus

papéis de forma equivocada, ou seja, praticando o evangelho da manipulação instruindo

Page 22: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

pessoas a caminharem na vida cristã de modo diferente da Palavra de Deus. Quem faz

isso sem saber está equivocado e quem o faz sabendo é falso profeta.

Todas as tragédias e todos os equívocos se iniciam a partir do método de

interpretação da Bíblia, pois é resultado da aula do diabo no Éden. Aquela aula de

hermenêutica diabólica tem sido reproduzida no mundo inteiro e os frutos aparecem de

acordo com a natureza do professor: malignos.

Definição da palavra ‘equívoco’

A palavra ‘equívoco’ é um adjetivo e tem o sentido principal de enganoso,

duvidoso, ambíguo, suspeito. Parece, também, com sofisma, trama ou raciocínio em que

se dão sentidos diferentes ou contrários às palavras para convencer alguém acerca de

alguma coisa do interesse do ‘sofista’ conquistador.

Aplicando isso às instituições para-eclesiásticas pós-modernas, é claro que a

coisa se torna ainda mais grave. Por quê? A tal prática parte da consciência, da mente

esclarecida, dos olhos abertos e do coração sabedor. Nesse caso, o juízo será mais

pesado, Tg 3.1.

Os cinco equívocos de Eva

Eva cometeu cinco erros graves para concretizar a queda no pecado. Esses erros

são ministrados todos os dias, inclusive nas igrejas (mesmo que implicitamente), em

nome de instrução para obreiros. Quais são eles? Observe-os:

Desprezar a Palavra de Deus

A partir do momento em que Eva parou para permitir o diabo falar, com certeza

ela havia deixado de lado as orientações de Deus e, de certa forma, rompido a

comunhão com o Criador. Este é o erro principal, o mais perigoso, cujas conseqüências

são horríveis, só tragédia e desgraça! É a pior decisão que um ser humano pode tomar.

Prestar atenção nas explicações do diabo

Page 23: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

Esse segundo equívoco foi grave como resultado do primeiro! Uma pessoa que

vivia na inocência, santidade, justiça, liberdade, imortalidade, autoridade, domínio,

presidência universal, saúde perfeita, fartura de alimento da melhor qualidade, direito de

viver no mundo sem morrer, simplesmente pegar tudo isso e jogar de lado e tentar uma

aventura duvidosa! Isso é derrota! Isso é queda! Esse segundo equívoco foi gerado pelo

primeiro e fortaleceu o trabalho de satanás em convencer Eva a desobedecer a Deus.

Assimilar as explicações do diabo

Além de deixar de lado as palavras de Deus e parar para ouvir o diabo falar,

ainda resolve concordar com ele e abraçar as suas idéias malignas e contrárias a Deus!

Que loucura! Isso foi mais grave ainda! Foi isso que Eva fez! Engoliu a derrota, o

fracasso e a miséria!

É um perigo o crente viver em perfeita santidade – como vivia Eva no Éden – e

não ter conhecimento da realidade divina e diabólica. É aí que o diabo entra – na

ignorância.

Desobedecer a Deus

Agora, depois de praticar três erros graves, Eva parte para fazer algo gravíssimo:

desobedecer a Deus e morrer! Leia Gn 2.15-17. A morte de Eva foi espiritual e dupla:

morreu e automaticamente matou toda a humanidade! Isso não é grave, é gravíssimo!

Muitos líderes manipuladores do Evangelho estão fazendo esse trabalho com todo

carinho: caindo e derrubando muitas outras pessoas.

Convencer Adão a pecar junto

Um porco sujo de lama não tem prazer em ver seu companheiro limpo e faz tudo

que pode para sujá-lo também. Eva, depois de ter caído em transgressão contra Deus, o

Todo-Poderoso, procurou uma forma de cobertura do pecado.

Para isso, ela tentou derrubar o marido e conseguiu, ele aceitou a proposta dela e

desobedeceu a Deus da mesma forma, praticando o mesmo pecado, caiu junto, embora

ele não tenha sido enganado, caiu com os olhos abertos e a certeza de que estava caindo,

1Tm 2.14.

Page 24: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

Muitas pessoas, dominadas pela simplicidade e excesso de passividade, estão na

mesma situação de Adão: caindo por dar ouvido à proposta pecaminosa de outros.

Todos os filhos de Deus têm o dever de ouvir as mensagens divinas através dos

pregadores e ensinadores, mas ninguém tem a obrigação de ouvir sermão forjado nas

técnicas de pesquisa de mercado para fortalecer o shopping da fé, o mercado da religião

e o conforto do líder.

Experiência com equívocos

Muitas pessoas consideradas más não se apresentam cheias de muitos equívocos,

mas, ao contrário, outras que vivem consagradas ao trabalho “de Deus” se afogam e se

atolam até o pescoço nos muitos equívocos com respeito à forma de ensinar os fiéis.

Confundem a verdade com a mentira e ensinam sem saber o que estão ensinando. E aí, o

que acontece mais? Os leigos – que são facilmente manipuláveis – aceitam tudo numa

boa e com a cara alegre.

Uma pessoa equivocada

Nas instituições neoliberais eclesiásticas existem muitas pessoas equivocadas

chamando o mal de bem, o bem de mal, o doce de amargo, o amargo de doce,

contrariando o Deus de justiça, de verdade e de amor, Is 5.20.

O modismo de que um cristão não pode ser pobre tomou conta dos cérebros de

muitos crentes que nunca aprenderam a pensar com a mente de Cristo.

O Senhor disse certa vez à Sua Igreja iniciante: “Os pobres sempre os tendes

convosco”, Jo 12.8a. Ninguém pode mudar essa profecia de Jesus, porque ela é fiel e se

cumpre literalmente! Toda congregação tem de ter pessoas pobres, pois do contrário,

Jesus teria mentido.

Portanto, essa estória da mídia afirmar que os crentes não podem ser pobres é, de

fato, estratégia para arrecadar dinheiro dos pobres e deixar que eles continuem pobres e,

além disso, cada vez mais pobres.

Os maus resultados dos equívocos

Page 25: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

No campo eclesiástico, os resultados dos equívocos dos pregadores são, em

muitos casos, eternos e irreversíveis. Os prejuízos serão incalculáveis, imensuráveis!

Enquanto as lideranças espirituais deveriam ser restritas às chamadas e

determinações de Deus (teocracia), ao contrário muitos apóstolos, bispos, presidentes,

pastores e líderes se acham no direito de fazer como querem e como pensam

(autocracia). As diferenças são grandes e os resultados, infinitos, horríveis! Muita gente

está enganada!

Quem gosta de praticar equívocos

Na verdade, quem gosta não sabemos, mas quem pratica são sempre pessoas que

trabalham na igreja com visão materialista, objetivo de sucesso financeiro, poder

político, fama, nome, domínio. Pessoas passivas diante da autoridade da Palavra de

Deus não têm esse tipo de pretensão e nunca buscam vantagens por meio do

Evanagelho.

Qualquer líder eclesiástico que tiver justiça, verdade, amor, humildade,

simplicidade e submissão a Deus e à Sua autoridade delegada NUNCA, NUNCA,

NUNCA parte para a busca de sucesso material em desobediência a Deus.

CAPÍTULO IV – MANIPULADORES DA FÉ

Além dos toques ligeiros dados no capítulo anterior, apresenta-se, neste, uma

exposição mais específica tentando esclarecer algo a respeito dos manipuladores da fé.

Quem são eles? Observe:

São os inteligentes

Page 26: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

Quase todas as pessoas que se consideram não-inteligentes dificilmente se

arriscam a formar grupos para liderar. Os que estão sempre tentando e acabam

conseguindo são aqueles dotados de grande inteligência administrativa. Mesmo sendo

leigos, têm estratégias para conquistar corações para os seus pontos de vista religiosos.

São bons vendedores de idéias!

São os eloqüentes

Os estilos de orador são seis: natural, apaixonado, mercenário, funcional,

popular e técnico (Macêdo, inédito, pp. 41-43). Os líderes das instituições que

funcionam em nome de igreja (mas não são igrejas, são para-igrejas, ou não-igrejas)

quase sempre têm um estilo apaixonado, vivo, empolgante, emocionante e carismático,

mesmo que não tenham conteúdo teológico. Quem não é eloqüente tem medo de

arriscar e se frustrar na jornada.

Quanto à questão do conteúdo teológico, a maioria dessas instituições considera

a Teologia (estudo de Deus) desnecessária e inconveniente e, por isso, muitas delas não

têm, sequer, escola teológica; por isso, se restringem a dar instruções eclesiásticas,

técnicas de trabalho (principalmente de pedir ofertas), mas não se preocupam em

ensinar profundamente as verdades eternas.

Os dedos de Maquiavel (séc. XVI) estão aí manipulando esses líderes

‘evangélicos’ e levando-os a pensarem filosoficamente: quanto mais os liderados forem

ignorantes, mais fácil se torna o trabalho de manipulá-lo e, na medida em que se ensina

a verdade, eles se tornam conhecedores e resistentes à manipulação. Este é o segredo

dos falsos. Leia Mt 28.18-20 e confirme esta afirmação.

São os que se escolheram

A maioria dos líderes que dominam o mundo neoliberal no meio evangélico é

constituída de pessoas que se escolheram e se separaram por conta própria.

Eles não revelam compromisso com Deus e Deus, por Sua vez, não tem,

também, compromisso com eles. Aliás, “Deus não tem compromisso com quem não

tem compromisso com Ele”, já dizia Euclides Ribas.

Page 27: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

São os que querem ser líderes

Quem fabrica em sua alma o dom de líder e não tem o reconhecimento de sua

Igreja (porque, na verdade, a Igreja não deve reconhecer como ministro aquele que não

demonstra ter recebido chamada divina), logo ele dá um jeito de se consagrar e se tornar

um líder, pastor, bispo ou apóstolo. Essas pessoas não dependem de ninguém para

serem consagradas, pois elas mesmas se declaram e pronto!

São os que gostam de conforto material

Muitos pensam que servir a Deus numa igreja que não lhe dá a chance de ser o

líder principal “não dá dinheiro”. Mas, como ele gosta de conforto e precisa de um

‘dinheirinho’, acaba partindo para uma aventura eclesiástica.

Lá, depois de sofrer um pouco no começo, ele consegue rebanhar um grupo

grande mediante ofertas mirabolantes de conforto material. E aí, o que acontece?

Sucesso! Quem vende um produto que o povo gosta de comprar, com certeza terá

sucesso no seu ‘negócio’.

São os que não têm temor de Deus

Uma pessoa que leia a Bíblia e se diga convertida a Cristo, e pratique rebeldia, e

crie uma liderança para si mesmo para ter oportunidade de pregar as mensagens que o

povo gosta de ouvir, certamente não tem temor de Deus. A Igreja recebeu a missão de

pregar, sim, mas não o que o povo quer ouvir e, sim, o que Deus quer falar.

São os que não gostam de ouvir

A maioria dos líderes que gostam de falar não gosta de ouvir. Porém, o NT

contém a palavra grega “hupakouo” e “akouo”, ouvir, entender, guardar, submeter-se à

autoridade de, prestar atenção em 291 ocorrências diversas, de Mateus a Apocalipse no

NT grego.

Quem não gosta de ouvir, de estudar e de aprender tem dificuldade para

conviver com Cristo, pois Ele é Mestre dedicado e não abre mão de ensinar Seus

Page 28: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

discípulos. Logo, todos que recusam crer, aprender e praticar a verdade pura estão do

lado de fora do projeto de redenção.

CAPÍTULO V – INSTITUIÇÕES FALIDAS

Como se sabe que uma instituição está ou não falida? Talvez, no início da

análise, o leitor possa achar difícil, mas, com certeza, logo descobrirá os segredos.

Nesta seção, os comentários estão presos a três tópicos básicos: o sucesso dado

pelo diabo, o êxito do homem e a vitória de Deus. Acompanhe o raciocínio e tente

discernir a diferença entre eles:

Sucesso dado pelo diabo

Muitas instituições e seres humanos estão nadando no dinheiro e, ao mesmo

tempo, crendo na Bíblia de forma diferente, com interpretação distorcida e dedicação a

objetivos opostos. O choque maior é o seguinte: uma coisa é o que a Palavra de Deus

afirma e outra diferente e oposta é o que os líderes neoliberais garantem que a Bíblia

diz.

O sucesso deles não pode ser duradouro, porque a interpretação dada é paradoxal

e conflitante, contrária em muitos aspectos e, por isso, a derrota de uns (cristãos

humildes e pobres) é mais importante do que a vitória de outros (líderes bem-sucedidos

na área financeira).

Page 29: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

Para maior clareza, vale mais o sofrimento dos que vivem no caminho certo com

dificuldade material do que o sucesso de quem pratica coisas que a Palavra de Deus

condena. Vale mais o pouco do justo do que a riqueza de muitos ímpios.

Todo cristão que tem “sucesso” com recursos oriundos de práticas

charlatanescas tem uma grande dívida com Deus e sua vitória cairá no esquecimento

muito breve.

O sucesso dos líderes não chamados por Deus (ou que tenham sido chamados,

mas saíram do projeto de redenção para entrar na luta pela prosperidade material) não

tem grande duração nem promessa de vitória.

Maquiavel, o filósofo italiano contemporâneo de Martinho Lutero e pai da

Filosofia Política, escreveu (pelo menos seu livro O Príncipe o afirma) que não importa

os meios, o que interessa são os fins. Como diz o grego “panourgía” (de “pan”, tudo +

“ergon”, trabalho + “ía”, abstrato)|: “Faço de tudo para levar vantagens e ter sucesso,

mesmo que seja preciso explorar as multidões”. Este termo (panourgía, astúcia) aparece

apenas seis vezes no NT grego: Lc 20.23; 1Co 3.19; 2Co 4.2; 11.3; 12.16; Ef 4.14.

A vitória de Deus

Todo julgamento correto passa pelo filtro de Deus, mas os juízos diabólicos e

humanos não são submetidos a esse filtro. É aí que está a derrota dos líderes neoliberais.

Todavia, quando Deus abençoa um líder do Seu povo Ele não pergunta nada

para o diabo nem para o homem, pois a decisão do Senhor é soberana, onipotente,

onipresente e onisciente, além de extremamente amorosa.

O que é vitória para o diabo é derrota no conceito de Deus; e o que é sucesso

para Deus, o diabo não entende assim, interpreta diferente, tudo errado, ao contrário.

Com o homem acontece a mesma coisa, pois ele considera vitória algo que para

ele seja útil, bom e benéfico independentemente do que Deus pense a respeito daquilo.

Então, a vitória de Deus é todo-poderosa e invencível. Ninguém pode

transformar uma vitória de Deus em derrota, exceto a própria pessoa por negligência e

ignorância. A porta que Deus fecha ninguém abre e a porta que Deus abre ninguém

fecha. Toda vitória dada por Deus tem o Seu selo de proteção e o maligno não lhe toca,

1Jo 5.18.

Que tipo de falência

Page 30: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

Como podemos chamar de falidas certas instituições ricas, poderosas e

dominadoras? Ora! Nos comentários antecedentes ficou dito que a vitória do diabo e a

do homem não são vitórias de Deus e, conseqüentemente, não o é também para a Igreja

nem para o salvo em particular.

Lembra do capítulo primeiro deste livro, sobre as características do Evangelho?

Quais são elas? Recorde-as: amor, justiça, verdade, vontade de Deus, santidade,

submissão e perdão. Qualquer instituição chamada de evangélica que não viva nem

pratique estas sete virtudes (e muitas outras, claro) é, com certeza, uma instituição

falida.

Por que falida? Já que elas funcionam em nome de Deus, em nome de Jesus, em

nome do Espírito Santo, em nome da Bíblia e em nome da Igreja, se não tiver todas as

qualidades ensinadas pela Palavra de Deus, não passa de uma empresa falida no

shopping da fé, no mercado da religião onde existem sermões, campanhas e orações no

atacado e no varejo.

Uma instituição que se diga evangélica e seus membros e filiados não

demonstrem no viver uma conduta ilibada juntamente com a dedicação a Deus em

adoração e serviço, só pode ser uma instituição falida.

E, assim como a figueira que não tinha fruto foi amaldiçoada por Jesus e secou-

se imediatamente, da mesma forma, os líderes cristãos que não produzirem frutos

dignos do Evangelho serão, também, amaldiçoados para sempre!

Eles estão na lista do “nunca vos conheci” de Mt 7.15-23. Eles fazem para Deus,

mas não servem a Deus; trabalham na obra, mas em benefício próprio; apascentam

ovelhas, mas por interesse do leite e da lã; lutam para que suas igrejas cresçam, mas o

objetivo é aumentar seu próprio conforto material.

O salário dos líderes neoliberais é de acordo com a receita: começam ganhando

pouco e vão reajustando sempre na medida em que os dízimos e ofertas aumentam. E

quando começam a nadar no luxo, se esquecem de parar de aumentar os seus salários.

Isso não é comportamento de Igreja! Essa conduta não deve ser vivida pelos salvos!

Muitos confundem como, de fato, ficou dito no capítulo primeiro, na subseção

‘O que não é o Evangelho’, honestidade com fidelidade a Deus. A honestidade é, hoje,

um dos grandes componentes do profissionalismo e da postura de quem corre atrás de

boas vagas nas melhores empresas. Essa qualidade é maravilhosa, mas pode ser

demonstrada com interesse financeiro que nada tenha que ver com o Reino dos Céus.

Page 31: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

As próprias instituições – talvez nem todas, mas algumas delas – usam o critério

da honestidade para promover seus líderes. Outros, de forma diferente, usam a

capacidade para arrecadar recursos financeiros em nome da empresa como critério

básico para as melhores promoções. Isso é falência espiritual! Sistema falido diante do

olhar justo e amoroso de Deus! É método morto!

Deus não aprova a busca da prosperidade material como carro-chefe da Igreja.

Nunca! Isso é empreendedorismo! O carro-chefe da Igreja é viver a vida santa e digna e

proclamar o Evangelho da salvação para tirar as almas das garras de satanás. Essas

outras coisas são acréscimos de Deus, como mencionado antes.

Deus tem acréscimos materiais grandiosos para oferecer aos Seus servos e Ele

sempre os oferece a muitos que se encaixam no Seu plano e sensibilizam Seu querer.

Porém, uma coisa é ser bem-sucedido materialmente como acréscimo de Deus e

outra, ao contrário, é ser rico mediante estratégias para explorar os recursos dos

membros da igreja, ou seja, dízimos, ofertas, votos e doações voluntárias. Esses

recursos são de Deus e da igreja, não dos líderes. Mas como eles os administram?

O dinheiro dos dízimos não tem, segundo a Bíblia, a finalidade de enriquecer

líderes, proporcionar luxo, antes é destinado, exclusivamente, à manutenção da obra de

Deus em geral, cuja administração tem de ser feita de acordo com a Bíblia! Luxo, não!

Qualquer tipo de conforto, vaidade e arrogância na vida material extraído dos dízimos

dos crentes é charlatanismo puro e não tem dignidade de ser reconhecido como

evangélico, Igreja, obra de Deus, povo santo, etc. O povo santo tem outras qualidades!

Muitos líderes pós-modernos estão extrapolando suas funções e decidindo coisas

em áreas que só cabe a Deus. Duas verdades são duras e santas ao mesmo tempo: Deus

não faz o que o homem tem de fazer e, por outro lado, não aceita o homem fazer aquilo

que é da exclusiva competência de Deus. Não adianta tentar confundir!

Respondendo a uma pergunta da mãe dos filhos de Zebedeu, Jesus deu uma

resposta forte: “Não sabeis o que pedis”, Mt 20.20-22. Aos apóstolos, Jesus disse dentro

da mesma linha de pensamentos: “Não vos pertence saber os tempos ou as estações que

o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder”, At 1.7.

O sentido desta exclusividade é que Deus reservou para Si a legislação do Reino

dos Céus. O homem tem o dever de executar as obras, mas não pode criar, substituir,

alterar, acrescentar ou omitir leis espirituais. Só Deus pode fazer isso e Ele o faz do Seu

jeito.

Os líderes cristãos não têm o direito de resolver algo que Deus deixou privativo

a Ele, coisas que Ele colocou à dependência de Sua própria autoridade. Veja no grego:

Page 32: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

“ous o patêr etheto em tê idía exousía”. Estas palavras de At 1.7, significam,

literalmente: “Que o Pai colocou em a própria autoridade”.

No Brasil, só o Congresso Nacional pode legislar em muitas áreas da vida da

sociedade. É de competência exclusiva da União: o trânsito; a guerra; a moeda; a

extração, refinação, importação e exportação de petróleo; o trabalho relacionado a

minerais nucleares; as Forças Armadas, etc.

Todos esses itens dizem respeito a monopólio da União e, por isso, o Distrito

Federal, os Estados e os Municípios não podem, sequer, legislar, exceto executar as leis

prontas e promulgadas.

No Reino dos Céus é também assim: há limites. A Igreja não tem autoridade de

legislar sobre doutrinas, exceto sobre costumes, assim mesmo com restrições, pois os

costumes que são reflexos doutrinários são intocáveis. A conduta visível produzida pela

Palavra de Deus é exigida como prova externa e social da transformação interna e

espiritual. Deus não abre mão dessas coisas.

Jesus ressuscitou Lázaro, mas não tirou a enorme pedra que tampava a entrada

do túmulo nem, depois do milagre, tirou as faixas que enrolavam o corpo. A parte de

Deus Ele faz, mas a parte do homem este tem de fazer. Inverter as obrigações e os

direitos, também, não é possível, não é permitido. Deus nunca aceitou trocas indevidas.

Evidentemente, a falência de muitas instituições neoliberais do meio evangélico

é que elas são dirigidas por homens voltados para a busca de recursos financeiros,

quando, na verdade, teriam de estar dedicadas em busca de fazer a vontade de Deus, de

proclamar o Evangelho da salvação, edificar os crentes e treinar obreiros.

Ao mesmo tempo em que têm vitória no campo material e social, vivem em

derrota espiritual porque deixaram de lado a Palavra de Deus.

Eles não se preocupam em mostrar o caminho reto para os fiéis, a transformação

de vida, a fidelidade a Deus. Transformaram o culto vertical de verdadeira adoração ao

Senhor em culto horizontal de promessa de prosperidade material para os homens e

panegíricos nojentos.

Page 33: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

CAPÍTULO VI – INSTITUIÇÕES

CORROMPIDAS

O tema do capítulo anterior se parece com este, mas o objetivo deste é destacar

algumas nuances de corrupção. Não há choque nos comentários a seguir.

A análise que se faz na seqüência trabalha os seguintes assuntos: definindo

corrupção, adultério espiritual, hermenêutica distorcida, enxovalhando Deus, destruindo

vidas e impedindo salvação.

Definindo a palavra ‘corrupção’

O termo ‘corrupção’ vem do latim “corruptio” ou “corruptioni” e significa

estrago, decomposição, perversão, depravação (CUNHA, 1991, p. 220).

Esse julgamento é feito por Deus na Bíblia, pois segundo a santidade do texto, o

Senhor olha do céu e contempla as atitudes dos homens em Seu nome, porém, os vê

(nem todos, claro) fora dos Seus planos. Isso é corrupção!

Deus não tolera isso, ao contrário, já decretou a sentença: “Nunca vos conheci,

apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade”, Mt 7.23. Para uma ação ser

‘iniqüidade’, não precisa muitas coisas, não é necessário haver imoralidade, basta fazer

as coisas diferentes do que diz a Bíblia, pois ‘anomía’, de cujo termo grego foi traduzida

a palavra ‘iniqüidade’, é a transgressão da lei divina.

O trabalho da maioria das instituições neoliberais (aquelas que não aceitam

ingerência da Igreja fiel à Palavra de Deus, mas vivem independentes de forma

arbitrária) se mostra com variadas corrupções: doutrinas estragadas, santidade em

decomposição, conceitos pervertidos e conduta depravada. Todas estas distorções

acontecem na falsificação da verdade, o que pode ocorrer sem o concurso de escândalos

ou imoralidades graves.

Adultério espiritual

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Do latim ‘adulterium’, desde o século VIII, e significa deturpação, falsificação,

corrupção. A partir do grego “moickéia” (século I d.C.) tem o mesmo sentido original.

Este termo aparece no NT grego em 27 versículos com diversas declinações, mas sem

desviar do sentido de falsificação, distorção e deturpação das verdades de Deus.

Em Mc 10.11,12, por exemplo, um caso típico, o homem casado que abandona

sua mulher e se une a outra falsifica os votos feitos no casamento anterior, ou seja,

“adultera contra” a esposa.

O adultério acontece em muitas áreas da vida e tem se mostrado sorrateiro e de

difícil solução. Entretanto, quando se trata de adultério espiritual, a coisa se torna mais

séria e mais complexa.

Por quê? O adultério espiritual não se manifesta no universo financeiro, material,

social e humano, mas, ao contrário, na relação entre o homem e Deus no que diz

respeito à fé e à obediência à Palavra inerrante e inspirada pelo Espírito Santo.

Toda pessoa que se converte a Cristo faz com Ele um pacto de viver em

fidelidade debaixo da graça, em qualquer situação e em todas as circunstâncias, como

disse Paulo em Fp 4.12,13. Esse compromisso nasceu na eternidade, no íntimo do

conselho de Deus, no gabinete celestial, onde nunca houve nem haverá corrupção.

Porém, existem duas partes: a de Deus e a do homem. E para que haja vitória,

ninguém pode falhar no cumprimento de seus deveres determinados pelo pacto.

Por um lado, Deus é fiel e Jesus, o cabeça do pacto, cumpriu corretamente Sua

parte e disse: “Está consumado”, Jo 19.30. O homem, todavia, é tendente a fugir

radicalmente à responsabilidade e isso é o que têm feito os neoliberais, partindo para a

busca da prosperidade material e da saúde física em detrimento do propósito primeiro –

a salvação.

Cristo foi enviado do céu pelo Pai para morrer em lugar dos pecadores e prover a

redenção de todos que cressem no Seu Nome e obedecesse à Sua Palavra.

Portanto, qualquer instituição evangélica que fuja a esses princípios está em

digressão com respeito ao plano de Deus e não é digna de ser chamada evangélica. As

que não observam a verdade divina e, mesmo assim, usam essa característica, são falsas.

Hermenêutica distorcida

Pedro, em sua segunda Carta, disse: “Entre as quais [epístolas de Paulo] há

pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem”, 2Pe 3.16.

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Os neoliberais não gostam de ser chamados de indoutos, mas vivem pregando

mensagens distorcidas (atitude de indouto), interpretadas de forma deturpada sem

observar as regras básicas de interpretação.

Eles não aprenderam a distorcer a mensagem com o Pai nem com o Filho nem

com o Espírito Santo nem, também, com a Igreja fiel. Eles, certamente, copiaram de

alguns falsos profetas ou inventaram a distorção por conta própria. Isso é falsidade

contra a sã doutrina, desrespeito à santidade de Deus!

Explorando os pobres

O forte de algumas igrejas neoliberais é a ênfase ligada à prosperidade material.

Aí entram as questões financeiras, a saúde física, a solução de problemas e a busca de

uma vida regalada “dada por Deus”.

Não esqueça: “entre aspas”. A indústria do bem-estar é enfatizada como

merecimento: “Você merece, você pode, você vai conseguir, Deus vai lhe dar”. Este é

um tipo de profecia particular, do próprio pregador!

Mas foi isso que Jesus mandou a Igreja fazer em primeiro lugar? Ele se esqueceu

de falar da salvação? Os neoliberais trabalham massageando o Ego humano,

prometendo vitória na vida material e sentimental deixando de lado o principal foco – a

redenção, o perdão, a justificação, a regeneração, a santificação, a transformação de

vida e a dedicação a Deus de forma humilde, correta e passiva.

De onde surge tanto dinheiro para tamanho luxo como fruto do ensino falso? Os

pobres filiados a essas instituições sofrem, pois a motivação para dar ofertas em

dinheiro, imóveis, veículos, cheques, eletrodomésticos, jóias e outros valores é muito

forte e é enfatizada na maioria das reuniões, as quais são realizadas várias vezes por dia.

Aliás, o foco é o dinheiro. A promoção, às vezes, depende da Capacidade para arrecadar

fundos.

Os argumentos de que “se você ofertar tanto vai ganhar tanto a mais” acabam

dominando muitas pessoas e famílias que lutam para sobreviver e, no entanto, têm de

repartir o pouco que ganham com a instituição para benefício de líderes vaidosos,

insensíveis e de corações maus.

Page 36: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

Enxovalhando o Nome de Deus

O mundo não sabe distinguir entre o Profano e o Sagrado que se misturam no

shopping da fé neoliberal! Para os ímpios, trigo e joio tudo é joio, ou seja, todos que

pertencem às igrejas evangélicas são iguais: charlatães, exploradores, etc.

E aí, como fica o nome de Deus – do Deus justo, fiel, santo, honesto, a quem os

crentes – inclusive os neoliberais – invocam com a mesma religiosidade? Isso não vale à

pena, pois o preço a ser pago depois da cobrança de Deus será muito alto! Haverá choro

e ranger de dentes! Desperta enquanto é tempo! Acorda antes que a porta da graça seja

fechada!

A hipóstase divina presente na Igreja fiel às verdades bíblicas está, aos poucos,

perdendo a qualidade na mente dos pecadores por causa dos escândalos que explodem

na mídia. Até dentre os fiéis têm surgido esporadicamente notícias desagradáveis, as

quais têm colaborado com a formação de opinião negativa sobre o Deus santo, a Palavra

inerrante e a Igreja fiel.

Quem é que tem de influenciar os pecadores quanto à formação de uma opinião

correta sobre Deus? Paulo responde com categoria: “Para que sejais irrepreensíveis e

sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio duma geração corrompida e perversa, entre

a qual resplandeceis como astros no mundo”, Fp 2.15; Mt 5.13-16.

A palavra ‘corrompida’ vem do grego “skoliás”, torta. O pecador ter uma vida

religiosa torta não é ignorado pela Igreja, mas uma pessoa que se diga ser membro da

Igreja nunca poderá viver sua religião de forma tortuosa, perversa e cheia de estratégias

maldosas.

Muitas pessoas que poderiam ser bons filhos de Deus e importantes servos de

Cristo estão estragadas pelos maus testemunhos que as notícias apresentam

constantemente relacionadas à manipulação indevida de dinheiro do povo e, em

paralelo, à manipulação do Evangelho.

Destruindo vidas

Os líderes que apontam o caminho do céu para outra direção deveriam pensar

exaustivamente o que estão fazendo! Uma reflexão demorada e sincera pode salvar uma

vida, ou melhor, milhões de vidas que estão comendo com as mãos dos outros sem

analisar a comida.

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O cristão sincero e realmente convertido a Cristo não aponta caminho errado

conscientemente. Pode apontar, sim, por ignorância, não por maldade. Porém, a maioria

indica um rumo duvidoso do céu por intenção maligna mesmo! Há um objetivo voltado

para a aquisição de riqueza material seguida de construção e ampliação do nome no

cenário nacional em detrimento da salvação.

Quantos milhões de vidas estão seguindo doutrinas falsas por ignorância e

escravidão debaixo das mensagens dos líderes que são conscientes dos seus erros!

É uma pena que isto esteja acontecendo no Brasil, um dos maiores países do

mundo na pregação do Evangelho. Isso dói e envergonha! O lenitivo, porém, é saber

que no meio da distorção há a verdadeira mensagem divina.

Impedindo salvação

Quem ouve quase todos os dias que o caminho da prosperidade material é o

correto diante de Deus não toma iniciativa de avaliar sua fé para ver se, de fato, está

mesmo convertido a Cristo e firme na salvação.

Mas é necessário todos os crentes procederem a esse auto-exame em obediência

à Palavra de Deus. Paulo disse: “Examinai-vos a vós mesmos se permaneceis na fé;

provai-vos a vós mesmos”, 2Co 13.5. Compare 1Co 9.27.

O termo ‘examinai’ vem do grego “peirázete”, literalmente, testai, tentai no

sentido pessoal. “Bem-aventurado o homem que suporta com paciência a provação”, Tg

1.12. A palavra ‘suporta’ vem do grego “hupoménei”, que significa, numa aplicação

prática, permanece debaixo, continua passivo, insiste em ser humilde sem sair da

situação de prova e sem pecar.

Mas se não houver ensino de qualidade, como as pessoas vão saber que têm de

abraçar a verdade e permanecer nela, mesmo debaixo de provas? E como um cristão que

ouve quase todos os dias pregação de prosperidade material vai aceitar a doutrina da

fidelidade a Deus debaixo de provas? A mensagem verdadeira passa a parecer

falsificação.

Como os milhões de ‘fiéis’ vão se despertar para fazer uma releitura da fé no

shopping do evangelho neoliberal, se eles foram ensinados que estão indo bem, que

estão no caminho certo, seguindo a verdade divina?

Benito Mussolini, o italiano, no início do século XX, disse: “Uma mentira falada

vinte vezes seguidas para a mesma pessoa se torna verdade”. Nesse caso, o evangelho

neoliberal já virou verdade há muito tempo! Os “fiéis” nem pensam em reavaliá-lo, nem

Page 38: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

aceitam reavaliação! Eles preferem morrer no erro a se humilhar para a releitura da fé, a

reavaliação da conduta e a reconstrução para a vida eterna.

É por isso que eles estão impedidos de serem salvos da forma como o Senhor

determinou. Aliás, já se acostumaram tanto em ouvir pregações de prosperidade

material que nem pensam mais em mensagens de salvação, de arrependimento, de

conserto de conduta, de santificação, de vida reta na presença de Deus e dos homens e

de ensino fiel à verdade.

O que justifica uma pessoa que se julgue abençoada ouvindo pregações falsas a

tomar a decisão de deixar sua igreja e procurar outra onde possa ouvir a verdade,

mesmo para viver debaixo de perseguições?

A maioria deles não se preocupa em conhecer a Hermenêutica Bíblica e muito

menos em aplicá-la ao estudo fiel, humilde e constante da Palavra de Deus.

A consciência de muitos já recebeu atestado de óbito há muito tempo e eles não

perceberam. São vítimas de uma escravidão difícil de libertar dela.

CAPÍTULO VII – DESTRONANDO O ‘EU’

Neste capítulo, apresentam-se alguns comentários com o objetivo de mostrar que

as igrejas neoliberais, ou seja, aquelas que não aceitam ingerência da Igreja de Mt 16.18

e Ef 5.27, estão sendo lideradas por pessoas que impõem sua autoridade pessoal na

administração.

Dessa forma, tenta-se explicar que o Espírito Santo e a Palavra de Deus não são

respeitados em tais igrejas. O que caracteriza esse tipo de trabalho é a inovação livre, a

estratégia para arrecadar mais dinheiro e os métodos para alcançar crescimento

numérico como carro-chefe.

Page 39: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

Em contrapartida, mostra-se, também, que o “Eu” precisa ser tirado do trono,

para que o Senhor, o Dono da Igreja, governe o Seu povo com liberdade e no caminho

santo da Nova Jerusalém. Na verdade, este caminho é muito santo e não cabe muita

bagagem pessoal. Jesus disse: “Entrai pela porta estreita... apertado o caminho que leva

à vida”, Mt 7.13,14. “E não entrará nela [na Nova Jerusalém] coisa alguma que

contamine e cometa abominação e mentira”, Ap 21.27.

O que é destronar?

Esta palavra é triplamente construída, pois contém a parte ‘des-’, prefixo latino

que significa, dentre outros sentidos, ação contrária, como: desarrumar, desmascarar,

desimpedir, desmentir, desfazer, desenterrar, destronar.

A outra parte da composição é ‘trono’, tipo específico e elevado de cadeira em

que os soberanos se assentam em ocasiões solenes, de acordo com Cunha (1991, p.

793).

A terceira, o sufixo ‘-ar’, está ligada à primeira, a idéia de ação, de movimento,

de fazer alguma coisa.

Assim, destronar é, literalmente, tirar do trono compulsoriamente. Este sentido é

um tanto desafiador, mas explica o que precisa acontecer com os manipuladores do

Evangelho em relação aos tronos ocupados por eles.

Se eles não se deixarem convencer dos erros que praticam, com certeza serão

destronados de outra forma e por uma Força Onipotente e invencível. Será pior!

Porém, de modo mais literal, a proposta é acerca de destronar o Eu, o Ego, a

pessoalidade exagerada e perniciosa. Com a elevação do Ego diante das massas

humanas manipuláveis, leigas, simples – como, de fato, ocorria e ocorre no meio

político com a prática da filosofia do pão e circo – o poder de barganha nociva aumenta

assustadoramente.

No meio teológico, a entronização do “Eu” criou um ambiente nocivo e de

difícil reparação. Porque a partir do momento em que Deus é desprezado e outra pessoa

(seja ela quem for) toma o lugar, ocupa o trono da decisão, da autoridade, da

interpretação da Bíblia, da disciplina, da evangelização, etc., a vida da igreja se foi.

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É preciso, pois, que as igrejas ou as agências missionárias ou mesmo outras

instituições fortes e capazes organizem uma campanha para descobrir as armadilhas e

desarmá-las.

O que se nota, entretanto, na prática, é que as igrejas neoliberais sabem dar o nó

e esconder as pontas da corda de tal forma que não fica brecha para alguém descobrir os

segredos e derrotá-las.

Quando o “Eu” domina no movimento evangélico, ficam do lado de fora do

“reino” os grandes personagens responsáveis pela obediência a Deus e pela promoção

da verdadeira Igreja sob o ponto de vista de Deus. Apresentam-se a seguir, alguns

exemplos:

A Igreja é rejeitada

Quando falamos ‘a Igreja’ não nos referimos à instituição jurídica nem à

denominação eclesiástica, mas especificamente à Igreja espiritual e invisível – aquela

que é verdadeiramente santa, sem ruga, sem mácula, sem mancha, irrepreensível e

vencedora, Mt 16.18; Ef 5.27.

Em todas as igrejas onde a Igreja não pode exercer autoridade, domínio, direção,

coordenação, o Ide de Jesus, com certeza, não é atendido satisfatoriamente.

Por quê? A Igreja, pelo fato de ser escrava consciente da vontade de Deus, não

tem como agir de modo contrário à sã doutrina. Por outro lado, a igreja neoliberal, pelo

fato de estar numa situação livre da coordenação da Igreja, ela não se importa de agir de

forma diferente e nociva, já que não tem compromisso com nenhuma instituição mais

forte do que ela.

Efeitos negativos do Eu

O líder que impõe o seu “Eu” na administração de uma congregação, com

certeza está consciente de que não faz parte da Igreja, haja vista não ser submisso a ela.

E, se ele é consciente, sabe que não está no caminho de Deus e, por isso, não tem

compromisso com Ele e vice-versa. Este é um dos segredos: saber que está fora do

caminho do Senhor e sentir-se com liberdade para fazer o que quiser e da forma que

achar melhor.

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Nessa situação, se a Igreja não é respeitada nem consultada, evidente se torna

que ela não tem autoridade para impor a sã doutrina nem para corrigir falhas, sendo que

ela foi constituída por Cristo para esta importante tarefa espiritual, Mt 18.15-17; 2Co

10.4-6.

A neoliberal – que se rebelara contra a Igreja de Mt 16.18 e Ef 5.27 – se sente no

direito de agir como quiser em relação à Igreja. E aí, qual é o resultado? Anarquia,

escândalo, vergonha e desvio para objetivos financeiros, busca de status, fama,

aceitação da sociedade e não de Deus nem da Igreja de Mt 16.18 e Ef 5.27.

Os princípios de Deus, as doutrinas fundamentais da fé cristã e os bons costumes

próprios de um povo santo são coisas ignoradas e estranhas na igreja neoliberal. E quem

pode ir lá e ajudar os “irmãos” a corrigirem suas falhas? Ora, desde que uma igreja

tenha se tornado neoliberal, ela se desvinculara da Igreja e não aceita mais sua

ingerência.

Um líder da Igreja (de Mt 16.18 e Ef 5.27) visitar uma igreja neoliberal e chamar

alguém à responsabilidade cristã à luz da Bíblia é, no mínimo, uma atitude esdrúxula

para eles. Por que esdrúxula? Porque será considerada invasão de direito, pois os

neoliberais vão utilizar a força das leis humanas para rejeitar tal visitante.

Nenhuma igreja neoliberal – desvinculada da Igreja de Mt 16.18 e Ef 5.27 –

aceita correção que venha de líderes da Igreja. Isto representa uma divisão enfática e

clara, como um divórcio bem-feito, bem-praticado.

Atração contrária

O ponto mais negativo que se vê aqui é que em vez de a Igreja atrair as igrejas

neoliberais, está acontecendo exatamente o contrário, as igrejas neoliberais (uma gota

d’água) estão atraindo e instruindo a Igreja de Mt 16.18; Ef 5.27 (um oceano).

Muitas congregações que já foram verdadeiro exemplo, hoje não passam de

imitadoras (fantoches) de maus costumes extraídos de igrejas neoliberais. Cadê a

natureza de Deus em tais congregações? Cadê a natureza do Evangelho em tais cristãos?

Cadê a natureza da boa conduta exigida pela Bíblia?

Até o ministério já foi atingido, pois vem recebendo acréscimos. Hoje se ouve

falar de vários ministérios praticados no culto que nunca foram estabelecidos por Jesus

nem pelos apóstolos, são coisas do Ocidente e da engenharia do homem que não tem

identificação firme com Cristo.

Page 42: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

A pessoa realmente convertida a Cristo e ao Evangelho nada cria, nada inventa,

só investiga e obedece da forma como está escrito e corretamente interpretado.

Quem se sente no direito de criar são os “inteligentes” e os “sábios”. Os salvos

não têm (nem podem ter) estas características negativas, pois têm o compromisso de

ouvir, entender e observar a Palavra da forma como está na Bíblia, sem aumentar nem

diminuir nem alterar os conceitos.

As igrejas neoliberais, principalmente aquelas que conseguiram tomar posse de

uma fatia da mídia, estão influenciando as boas congregações da Igreja de Mt 16.18 e Ef

5.27. Que vergonha! Que derrota! Que fracasso!

Os membros das igrejas neoliberais são parecidos com os membros da sociedade

descomprometida com o Evangelho. A diferença é pouca, quase nada! Qual será a

estratégia que eles estão usando? Será que eles interpretam de forma falsa, a doutrina de

Paulo aos Coríntios, capítulo 9, onde ele fala que fez de tudo para ganhar alguns?

Mas, pelo que conheço da vida e escritos de Paulo, nunca se ouviu falar que ele

inventasse estratégias esdrúxulas, práticas ignóbeis ou costumes desvinculados da

verdade com a desculpa de ganhar almas.

Ao contrário, ele agiu com muita firmeza e grande determinação! Ele sabia em

quem havia crido! Paulo tinha qualidade cristã, revelava verdadeira fé, era

comprometido com a verdade, tinha identidade com Cristo. Ele havia deixado tudo para

trás, pois decidira servir a Cristo sem restrição, ou seja, de forma completa e sem limite.

A vida dele passou a ser a de uma pessoa presa na cruz, isto é, crucificada com Cristo,

Gl 2.19,20.

O sal está perdendo o sabor

Quando Jesus disse: “Vós sois o sal da terra”, Mt 5.13, Ele estava determinando

que a Igreja tivesse o dever irreversível de influenciar e, por outro lado, nunca poderia

ser influenciada como, de fato, está acontecendo.

Comparando mal, pode-se dizer que a pulga está conseguindo influenciar o

elefante! Esquisito, não? Mas os membros da Igreja que se deixam influenciar

negativamente pela conduta dos neoliberais do século XXI – principalmente os líderes –

estão conscientes de que o sal quando perde o sabor para nada mais presta, senão para

ser pisado pelos homens. Foi Jesus quem falou!

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Paulo, usado por Deus, disse algo parecido em Fp 2.15: “Para que sejais

irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis, no meio de uma geração

corrompida e perversa”.

A verdade

Nos movimentos das igrejas neoliberais, a Igreja e sua autoridade divina não são

bem-vindas e a verdade também não. Ao contrário, quanto mais longe estejam, melhor,

para seus objetivos não serem frustrados, Jo 3.18-21.

A verdade inibe a mentira, por isso as igrejas neoliberais não gostam dela (da

verdade). E se não gostam, o que fazem com ela? Selecionam alguns aspectos de

interesse e os reveste de uma capa capaz de convencer os adeptos de que se trata da

verdade “pura”.

Hermenêutica distorcida

Três autoridades já foram apontadas como capazes de determinar o sentido dos

textos bíblicos: o escritor sagrado (autógrafo), o texto (a Bíblia) e o leitor (o cristão). E,

na realidade, no mundo acadêmico e eclesiástico existem defensores das três idéias,

porém, com resultado polêmico e nada edificativo. Considere-os:

Quem defende a autoridade do escritor. A escola que considera o escritor

bíblico (Moisés, Isaías, Mateus, Paulo, etc.) como autoridade máxima na determinação

de sentido cai no radicalismo e cria algumas dificuldades, pois não é possível consultar

aqueles escritores e, na dúvida, o intérprete fica sem solução.

Quem defende a autoridade do texto. A escola que defende a autoridade do texto

bíblico como o fórum máximo para decidir os significados espirituais se apóia na

própria realidade textual, bem como na revelação do Espírito Santo, duas fontes

consideradas básicas e infalíveis.

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Quem defende a autoridade do leitor. De forma contrária, aliás, a escola que

defende o leitor como autoridade máxima (para determinar os significados dos textos

bíblicos), se encaixa nos pontos de vista das igrejas neoliberais.

Em que se apóiam esses intérpretes da Bíblia? Pelo que se notam, eles se firmam

na liberdade de interpretar como quiser, de organizar a igreja da forma que desejar e de

estabelecer objetivos que sejam do seu interesse.

Dinastia eclesiástica

Quando Deus governa uma Igreja, ninguém tira nem põe dirigente, só Ele. Mas

quando o próprio líder é que decide essas coisas, Deus não tem liberdade para agir em

relação àquele povo, àquela congregação.

Certo pastor tomou posse como dirigente de uma Igreja. Ele, por ser eloqüente,

fez um grande trabalho e a Igreja cresceu de modo espantoso em pouco tempo.

Um dia, depois de ver todos os departamentos bem estabelecidos, organizados,

dinâmicos, templo cheio, receita alta, corpo de obreiros forte, Deus falou com ele:

“Meu servo, chegou o tempo, vou te tirar daqui e vou te levar para outro lugar”.

O pastor levou um susto e respondeu: “Não, Senhor. Como o Senhor vai me tirar daqui,

se está me abençoando de forma maravilhosa?”

Deus repetiu a mesma palavra duas vezes. Após a terceira vez, ele perguntou a

Deus por que estava tirando ele (o pastor) da frente daquela congregação tão abençoada

por meio do seu trabalho pastoral.

Deus lhe respondeu imediatamente: “Eu vou te tirar daqui porque em vez de tu

colocares o povo nos meus pés, o colocaste nos teus pés. Por isso, vou te levar para

outro lugar onde tu farás a minha obra”.

O pastor ficou muito triste, porque estava abençoado e vendo a Igreja vitoriosa.

Porém, ele havia esquecido um ponto-chave: o líder que trabalha na vontade de Deus

leva o povo para os pés do Senhor e nunca o atrai para si mesmo. Aliás, Paulo percebeu

que em Éfeso havia esses obreiros que lutam para arrastar o povo atrás de si, At 20.30.

E para fortalecer a forma de governo, a maioria dos líderes neoliberais constrói

uma equipe forte dentro da família, de tal forma que ninguém consegue penetrar ali para

fazer qualquer trabalho divino, exceto alguns casos raros na qualidade de visitante.

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Como Deus trabalha numa congregação em que uma família domina todos (ou

quase todos) os cargos de liderança? Esse tipo de comportamento vira um vício difícil

de erradicar. É tão difícil como libertar do uso de drogas!

Na Igreja governada por Deus, isso não acontece, pois ninguém tem autoridade

para destronar ninguém nem para estabelecer liderança ‘forte’, porque o próprio Deus é

o líder insubstituível e Ele decide tudo sobre a administração da Igreja.

Muitos israelitas tentaram tirar Moisés da frente do povo no deserto, mas toda

luta foi em vão, pois ele fora estabelecido por Deus e Este não permitiu ingerência de

quem não tinha o cargo de trocar dirigente. Moisés perdeu, na verdade, o cargo, mas foi

o próprio Deus que o substituiu empossando Josué.

Esse não é o caso dos neoliberais, pois eles não são trocáveis, são vitalícios e nas

trocas, os sucessores são sempre (talvez com raras exceções) alguém da família, como

aconteceu recentemente na política de Cuba.

Que decisão tomar?

A Igreja de Mt 16.18 e Ef 5.27 tentar destronar o “Eu” dos líderes das igrejas

neoliberais é quase impossível. Por quê? Eles são nocivos ao andamento da Igreja, mas

estão firmados no poder das leis civis, que têm autoridade comum sobre todos.

Assim, pois, uma medida sábia incluiria uma estratégia que não tocasse nos

direitos como cidadãos brasileiros. Talvez, visando a evitar qualquer tipo de problema

jurídico, fosse melhor partir para uma ação coletiva da Igreja por meio da oração.

Diante da oração cheia de fé não há barreira, pois a Palavra de Deus garante a

vitória de quem pede a Deus as Suas bênçãos e confia que vai receber, Mt 21.22; 1Jo

5.14. Aliás, Deus tem prazer em ouvir e responder a oração de Seus filhos que tudo faz

para agradá-Lo.

CAPÍTULO VIII – BUSCANDO ABRIGO

NO PRAGMATISMO

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Protágoras, um filósofo da primeira geração de sofistas pré-socráticos, disse: “O

homem é a medida de todas as coisas”. Quais eram os sintomas característicos daquele

protagorismo nascente? Alguns se destacaram, como, por exemplo: a negação de

verdades absolutas e o relativismo fragmentado que gera leis particulares com a

intenção de alcançar objetivos gerais.

Com outras palavras, diz o pragmatismo humanista eclesiástico: “Todas as

pessoas têm direito de pensar como quiser e praticar a religião como achar melhor”.

Quem é o autor dessa “teologia”? Deus não pode ser, porque a Bíblia não concorda com

esta afirmação e, ao contrário, condena.

Estamos mudando o conteúdo pelo estilo, a verdade pelas impressões, a base da

fé por emoções, o compromisso pelo espetáculo, a vocação pela manipulação

psicológica, o arrependimento pela decisão sem mudança de vida, a centralidade da

Palavra pela hegemonia dos sentidos (SALINAS E ESCOBAR, 2002, p. 54).

A nova geração de líderes neoliberais parece unida em acordo para oferecer um

tipo de alimento espiritual que não nutra, não sustente, não ilumine e, ao contrário,

entenebreça a visão religiosa das pessoas, a ponto de se misturar salvos com incrédulos

sem quase nenhuma diferença nas palavras, nas atitudes, aparência externa,

espiritualidade, etc. Isso não é evangelismo! Isso é impedir salvação!

Troca de foco

A busca de abrigo no pragmatismo influencia o líder a mudar o foco de sua visão

cristã. Aquele que enquanto foi membro da Igreja – de Mt 16.18 e Ef 5.27 – tinha uma

forma santa e submissa de ver as coisas sob o ponto de vista de Deus, hoje, como líder

neoliberal, julga o sucesso do trabalho à luz do pragmatismo filosófico.

Este, aliás, é julgado pelos resultados imediatos e para o bem-estar do corpo e da

alma, não se importando com o desprezo em que viva o espírito longe de Deus.

O básico do efeito é que houve uma mudança drástica de foco: antes era

teocentrismo (Deus no centro), hoje é praticismo, praticalismo, utilitarismo ou

pragmatismo sob o ponto de vista do homem – antropocentrismo ou androcentrismo.

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Não é necessário Deus entrar nesse negócio, pois, talvez, a Sua presença seja

interpretada como inconveniente ou ‘mata alegria’.

Há um choque real entre a visão do desejo e a interpretação da necessidade. Isso,

para ficar mais claro, ocorre à parte da vontade de Deus. Não há preocupação em que se

façam as coisas sob a orientação da Bíblia e do Espírito Santo. Este é um tema de pouco

ou nenhum interesse do neoliberalismo pragmático que visa primeiro a resultados.

Quem descansa à sombra do pragmatismo (não à sombra do Onipotente),

trabalha tranqüilo apoiado na proteção garantida pela dedicação cujo retorno

dificilmente falha. Todavia, quem se sente descansado nos braços da falsidade e do

adultério espiritual terá seu ‘sossego’ garantido no fogo do inferno.

Líder profissional

Há alguns anos, certo pastor evangélico, disse a um colega seu de ministério em

tom de ‘aconselhamento’: “Fulano, você precisa pastorear Igreja! Você não pode correr

o risco de deixar sua família sofrer necessidade! O pastor tem de ter uma Igreja por trás

dele! Se faltar a saúde, a Igreja garante o seu sustento e ele e a família estarão

tranqüilos”.

O que você acha desse ‘conselho’? Qual era a filosofia daquele conselheiro?

Para ele, que objetivo tem o ministério pastoral? Agradar a Deus ou buscar segurança

material, seguro de vida, aposentadoria, status, fama, conforto?

Muitos homens de Deus trocaram o foco de seu ministério e não perceberam!

Hoje, ao invés de lutar para atingir o alvo de Deus, a maioria corre atrás de seus

próprios objetivos, de realizar os seus próprios sonhos.

Eles trabalham na canoa de Deus, mas pescam os peixes para si mesmos! O

cesto divino continua vazio, pois os peixes vão para o balcão do shopping da fé, de onde

o líder neoliberal retira o seu luxo. Porém, vale lembrar que mordomia e luxo materiais

à custa de dízimo é uma coisa perigosíssima! As conseqüências serão incalculáveis!

Por quê? Os dízimos e as ofertas dos crentes são recursos de Deus e da Igreja,

não do líder em particular! Cada centavo gasto além da espórtula justa e suficiente para

a sobrevivência digna será anotada no céu como dívida.

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E como pagar isso depois da morte, já que a maioria dos líderes que exageram

nos gastos não está disposta a pagar aqui? Isso é um problema de quem não vigia e

excede em sua forma de administrar os recursos de Deus!

Inversão de objetivos

Veja, porém, que há uma inversão perniciosa de objetivos, pois quem quer correr

atrás de seus desejos pessoais deve, no mínimo, ser sincero e desocupar o púlpito da

Igreja para que se coloque (que Deus coloque) outro que seja realmente servo e busque

fazer a vontade do Senhor.

Um líder carismático, conquistador de corações, capaz de encher templo com

certa facilidade e exagerado na administração financeira da Igreja se torna, em vez de

uma bênção, um tropeço nas vidas de muitos crentes!

Exemplo perfeito

O melhor exemplo é o de Jesus que agiu na administração com muita qualidade,

conforme Jo 6.38, que diz: “Eu desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a

vontade daquele que me enviou”.

Todos os líderes cristãos que se escondem debaixo da proteção do pragmatismo

sem sair do púlpito da Igreja são também bons atores, pois têm a capacidade rara de

mostrar ser o que não são e de convencer o povo quanto à interpretação ontológica e

metafórica que deixam transparecer. Esta é a arte profunda do ludíbrio!

A maioria das pessoas que se embrenham na religião em nome de uma busca

saudável – a salvação eterna – está presa pelos laços do pragmatismo de seus líderes e

não percebe. A consciência e o senso de juízo parecem cauterizados e impotentes diante

da realidade cruel em que vivem.

Muita gente caminha arrastada pela filosofia de seus líderes eclesiásticos como

peixe puxado pelo anzol do pescador. Esses estão indo para onde? Ora! Para o cesto do

interessado na venda do peixe e no faturamento no fim do mês! Isso é troca de foco,

pois o foco da Igreja está apontado e determinado por Deus nas páginas da Bíblia! Não

há oportunidade – dentro do plano de Deus, claro! – para a criatividade maldosa!

Cadê as respostas?

Page 49: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

Pouca gente consegue dar respostas corretas e reais a estas quatro perguntas no

campo da espiritualidade: De onde eu vim? Por que estou aqui? O que estou fazendo?

De quem sou escravo? Para onde estou indo?

As pessoas – pelo menos a maioria das que se submetem às proposições

neoliberais – caíram no vício nocivo de acreditar nas pregações sem investigar sua

origem e sem analisar seus verdadeiros objetivos e efeitos psicológicos.

Pode-se comparar esta atitude como alguém que come um quilo de comida com

os olhos fechados e pelas mãos dos outros. Qual é a realidade? Não sabe o que está

comendo, come na base da confiança! Aí vem Jeremias, o profeta, e afirma: “Maldito o

homem que confia no homem”.

Você sabe para onde está indo?

O excesso de confiança na pregação do líder faz com que o povo caminhe sem

saber para onde. Todo bom cristão confia no sermão que vem do púlpito de sua Igreja,

mas a confiança cega e exageradamente passiva tem jogado milhões de crentes no risco,

na dúvida e no perigo de chegar frustrado ao fim da jornada cristã.

As empresas não se preocupam obrigatoriamente se o passageiro entrou no

ônibus de forma errada, pois o dever maior de saber isso é, primeiramente, do

passageiro que definiu o seu destino e que deseja chegar lá.

Quem viaja sem ter a certeza saudável de que está indo para o lugar certo pode,

na verdade, chegar a um destino não desejado! O pragmatismo não olha o objetivo do

outro, pois a luta dos pragmáticos é pela satisfação de seus desejos e realização de seus

sonhos – através das massas humanas, claro!

Muitos membros de igreja estão nas vitrines como mercadoria para gerar lucro

para os seus líderes e, o pior, uma grande parte não viu nem aceita que alguém lhe

mostre a realidade em que vive. Eles estão reagindo mais ou menos assim: “Não me

correge não, deixa eu viver como eu querer”. O excesso de liberdade vira

licenciosidade, relativismo e apostasia e, em conseqüência, gera dívida diante de Deus!

A situação não é boa e o futuro não promete muito nem garante nada!

Page 50: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

Os salvos têm de acreditar na Palavra, mas, por outro lado, não têm de

acompanhar líderes neoliberais que os guia para destino errado visando a despejá-los no

inferno certo. Cada sermão neoliberal tem o seu valor de tabela segundo a cotação

sujeita a reajuste sem aviso prévio.

Evidentemente, a busca de abrigo no pragmatismo neoliberal vem,

paulatinamente, construindo um reino de sacerdotes falsos e de ovelhas inocentes que

não se preocupam em investigar o resultado de sua dedicação cristã.

Dessa forma, estão indo sem saber pra onde, fazendo sem saber o quê, vivendo

sem saber pra quem e escravos sem saber por quê. Ai deles!

CAPÍTULO IX – UMA RE(LEITURA) DO

DENOMINACIONALISMO

As denominações cristãs já produziram uma leitura simplória e repleta de

santidade no passado, quando ser evangélico era sinônimo de ter qualidade de conduta

interna e externa. Hoje, porém, a realidade embala outra visão, lança outra luz e joga um

véu diferente no cérebro para a interpretação de quem as lê.

A leitura do passado era feita com base no real que se apresentava à luz do dia, à

lógica da prática e ao entendimento de todos que contemplavam a simplicidade em que

viviam os crentes, os protestantes, os ‘bíblias’.

No terceiro milênio, porém, já não é possível se fazer apenas uma leitura como

se fez com tanta facilidade em dias remotos. A necessidade nos força a fazer, sim, uma

releitura, ou uma leitura superior com visão de investigador secreto.

Ver uma igreja nova aberta já não gera mais curiosidade como, de fato, gerou

algum tempo atrás. É possível que muitas pessoas passem na frente de um templo

evangélico cheio de adoradores realizando o seu culto e não se sintam atraídas pelo

Page 51: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

desejo de entrar e descarregar ali sua alma cheia de pecados, seu corpo carregado de

doenças, sua mente travada de estresse e depressão; sua vida estragada pelos tropeços

do cotidiano, pelos desvarios da má influência e do pós-modernismo ateu.

Certo tédio e saturação invadem as mentes das pessoas que convivem com

cristãos e, no entanto, não sentem nem vêem nada de novo – de Deus – nas suas vidas!

O brilho de Deus continua o brilho de Deus em Deus, mas o brilho de Deus nos

crentes já não brilha como antes, porque os sermões que se fundamentavam na Palavra e

na unção, hoje se debandam para o campo da prosperidade material, fazendo propostas

que caracterizam um novo tipo de ateísmo nascente no meio das multidões que afirmam

viver pela fé.

Sim, viver pela fé na esperança e na possibilidade de os sermões serem

verdadeiros e a prosperidade prometida se torne real em suas vidas. Quem não quer ser

bem-sucedido na vida?

As técnicas de leitura da religião, mais restritamente da prática evangélica no

Brasil, merecem ser refeitas, reformuladas e reinterpretadas. Somente olhos de raios

lasers podem penetrar nas entrelinhas do shopping da fé neoliberal e perceber os sonhos

sendo realizados, sim, os sonhos dos líderes! É pena que não são os de Deus!

Umas duas ou três décadas atrás, entrar em um templo evangélico pela primeira

vez era uma experiência relevante e capaz de mudar a cabeça da pessoa. Hoje, todavia, é

necessário reler essa prática e reinterpretar os resultados.

A visão de evangelizar o perdido já não é mais prioridade, pois os sonhos dos

líderes neoliberais têm a boca grande e, por isso, engolem todos os recursos ou, pelo

menos, a maior parte deles.

A mordomia é cruel e não tem dó de quem está caminhando para o inferno nos

trilhos do pecado, nos comboios da apostasia e na jardineira do ateísmo revestido de um

cristianismo deformado e sem fundamento bíblico.

Quem mudou?

Interessante é que a Igreja de Mt 16.18 e Ef 5.27 não mudou; o Evangelho não

mudou; a sã doutrina não mudou; os objetivos da verdadeira Igreja não mudaram; Deus

não mudou! Quem mudou? De onde vieram tantas mudanças drásticas?

As propostas evangelísticas e doutrinárias à luz da Bíblia ortodoxamente

interpretada jamais mudarão! A verdade divina nunca vai mudar! A justiça de Deus será

Page 52: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

sempre a mesma! A santidade pura do céu nos salvos não pode mudar! Nunca vai

mudar!

Mas como as pessoas realmente lêem ou, de fato, relêem o denominacionalismo

hoje? O que dizem os cérebros desses re-leitores desta nova realidade da fé?

A necessidade de arrependimento continua a mesma; a obrigação do pecador em

relação a Deus e à Sua Palavra em nada mudou; a urgente necessidade de perdão de

pecados nunca mudou e se pode garantir que não vai mudar.

Por que, então, tudo funciona tão diferente nas igrejas neoliberais? Qual é o seu

verdadeiro objetivo? O que pensam seus líderes? Os critérios do juízo de Deus, também,

permanecem os mesmos! Tudo intactos! Nada diferente! Tudo igual como sempre!

Portanto, uma releitura do denominacionalismo só será bem-feita mediante o uso

dos óculos de grau da unção do Espírito. Não dá mais para ler sem esse equipamento.

Uma leitura comum como se fazia antes – há uns quarenta anos, talvez –

nenhum resultado positivo terá. Para ser mais claro, será tempo perdido essa busca de

sentido do trabalho dos neoliberais. É preciso mesmo usar novas regras capazes de

decifrar o enigma do desencontro entre os sonhos de Deus e os sonhos dos líderes da

mídia, da moda e do medo.

A Igreja de Mt 16.18 e Ef 5.27 tem a tendência a pensar como Deus pensa; olhar

como Deus olha; querer como Deus quer; gostar como Deus gosta; rejeitar como Deus

rejeita; amar como Deus ama; odiar como Deus odeia; disciplinar como Deus

disciplina; perdoar como Deus perdoa e fazer tudo da forma como Deus faz.

E as igrejas neoliberais? Você é capaz de julgar essa causa com justiça? O que

há nelas que se parece com Cristo? Todos nós, cristãos professos e decididos a servir a

Deus, temos a obrigação de lutar permanentemente para nos parecer com o Filho de

Deus, conforme diz Paulo: “Porque [Deus...] os predestinou para serem conformes à

imagem de seu Filho”, Rm 8.29.

Forma nova de profetizar

Da forma antiga não se pode mais ler as práticas de certos cristãos evangélicos,

pois hoje a interpretação é muito mais profunda e cheia de figuras de linguagem, de

implícitos, enigmas, símbolos e, no meio de tudo isso, muitas profetadas elaboradas

pelos próprios líderes que costumam dizer nos seus sermões: “Profetiza aí para o seu

irmão do lado! Diga a ele que Jesus vai fazer dele um grande vencedor. Pode profetizar

Page 53: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

que o Senhor vai lhe dar uma casa nova, um carro do ano”. Quem não gosta desse tipo

de profecia? Pode ser carnal, mas os leigos aceitam e gostam!

Que fundamento tem uma profecia falada por insinuação do pregador, sem a

intervenção do Espírito, sem nenhuma ordem de Deus? Pelo que parece, o shopping da

fé tem também entretenimento, brincadeiras, abusos religiosos, desvios da seriedade

para a profanação.

É Deus quem manda esse tipo de pregador insinuar essa profecia, como se a

mensagem profética estivesse com ele e que ele possa distribuir a quem quiser? Ou, por

outro lado, ele caiu mesmo no sacrilégio? Já pode fazer as vezes de Deus profetizando a

mandando profetizar?

Quem deve determinar as palavras de um sermão bíblico para tocar o coração

dos ouvintes? Você tem uma idéia clara a respeito disso? De quem vêm as palavras da

verdadeira profecia?

Onde está na Bíblia que o pregador tem direito de insinuar o ouvinte – seja lá

quem for que esteja sentado no banco do templo – a profetizar para o seu colega de

banco como se profecia fosse arranjada de qualquer maneira, por qualquer um e para

todas as pessoas que estejam ouvindo um sermão?

É tempo de parar com esse tipo de brincadeira no púlpito das igrejas! É tempo de

parar de usar a palavra ‘profetizar’ de forma indevida e com objetivos escusos! Sim, é

tempo! Pare, em nome de Jesus! Não brinque com as coisas de Deus; não abuse da

profecia divina; não insinue carnalmente os seus ouvintes! Pare! Pare! Pare, em nome

de Jesus! Pare!

Onde estão elas?

À guisa de amostra, faz-se, de forma despretensiosa, algumas perguntas

relacionadas a certas virtudes práticas que fazem parte da Igreja de Mt 16.18 e Ef 5.27,

mas que nem sempre estão presentes nos movimentos neoliberais.

Tente responder: cadê a simplicidade cristã? E a humildade como imitação de

Cristo? E a mansidão diante das palavras e ações de Deus?

E a sinceridade irrepreensível? Onde está a retidão de vida diante de Deus e dos

homens? E a justiça, para onde foi? E a verdade que caracteriza a presença real de

Cristo e da Palavra? E a santidade, de que depende toda pessoa que deseja ver o Senhor

no arrebatamento?

Page 54: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

E o amor, a maior de todas as virtudes? E o respeito com que as pessoas de bem

tratam as outras? E o perdão tão característico de quem ama de verdade? E aquela

solidariedade que leva o cristão a pensar também no sucesso do outro? E o esforço para

ajudar o outro crescer na vida?

Tudo isso faz parte da razão para se realizar uma releitura do

denominacionalismo neste terceiro milênio. Na verdade, algumas indagações bastante

profundas ficam na mente de quem tenta ler ou reler e interpretar ou reinterpretar as

práticas dos líderes neoliberais.

O que eles pensam realmente que é ser líder cristão? Como eles entendem a

palavra ‘igreja’? Que sentido tem o termo (que eles consideram chato) doutrina? Para os

neoliberais, o que é fé vinda de Deus e sem a contaminação das tendências mundanas?

De onde vem a fé que leva as pessoas a abraçarem uma denominação neoliberal que é,

também, rebelde em relação à Igreja que vai subir no arrebatamento (a de Mt 16.18 e Ef

5.27)? Você consegue identificar estas coisas?

Estas perguntas soam forte nos ouvidos de quem se sente curioso diante desse

neoliberalismo autoritário, ousado, arrogante, ditador, déspota, mandão, anárquico,

hipócrita, rebelde, revoltado, abusivo, sacrílego, apóstata e dono da verdade!

Eles fazem tudo que querem no culto e quanto mais longe da Bíblia, mais

adeptos conseguem atrair. Por quê? Esta pergunta está viva e ativa no planeta Terra

buscando resposta! A sede da solução é forte, a fome da verdade é grande e o desejo do

retorno dos neoliberais se mostra ainda mais intenso!

Conservador versus neoliberal

Conservador, de quê? Neoliberal, por quê?

Conservador

A palavra ‘conservador’ tem sido objeto de polêmica no meio evangélico, desde

longa data. Aliás, a forma de julgar o termo tem sido desviada do centro da semântica.

Ser conservador não quer dizer fiel a Deus nem rebelde diante do Todo-

Poderoso. Porque, antes de tudo, se faz necessário uma definição clara e bem-elaborada.

A palavra ‘conservador’ pode ser definida com pelo menos três visões distintas:

Page 55: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

Visão química. Conservar é o mesmo que preservar a natureza, a substância, a

qualidade, o sabor, o valor, a aparência, etc. Todos os alimentos precisam ser

conservados de forma adequada para que sejam consumidos sem nenhum risco. Aliás,

não só os alimentos, mas os medicamentos, os produtos de cuidado pessoal, as roupas,

etc.

Visão religiosa tradicional. Segundo este ponto de vista, conservar é amar,

preservar, observar e ensinar as doutrinas da tradição da Igreja ao longo do tempo, com

todos os seus desvios doutrinários.

Nessa prática, estão incluídas muitas doutrinas de origens diferentes, pois a

história da Igreja é recheada de tendências idólatras, mau comportamento cristão,

violência religiosa e tantas outras registradas nas páginas elaboradas pelos historiadores.

A tradição preserva boas doutrinas, mas mistura estas com fé escusa e obediência

estranha.

Tradição bíblica. Contudo, há o lado bom da tradição, segundo o ponto de vista

dos cristãos fundamentalistas radicais que, têm algo a se aproveitar no meio do seu

radicalismo.

Os cristãos fundamentalistas têm algumas propostas dignas de aceitação,

principalmente a defesa que fazem da inerrância e da inspiração divina da Palavra de

Deus, da divindade de Cristo, da ressurreição corporal da Igreja para o arrebatamento,

etc. Eles têm um respeito especial pela Palavra de Deus na sua forma primária, sem

nenhuma alteração humana.

Além disso, os fundamentalistas respeitam com todo o carinho os originais da

Bíblia e não aceitam, em hipótese alguma, traduções por equivalência dinâmica (que

incluem a lógica e a visão do tradutor), formal e paráfrases ou paródias fraudulentas.

Eles só aceitam as traduções por equivalência verbal, literalmente, palavra por palavra.

Isso tem valor, embora exija cuidado para não cair no exagero pernicioso e

inconveniente.

Aliás, a tradição bíblica – sem definir uma teoria de interpretação, porque este

assunto não tem acordo entre os eruditos e expositores teológicos – se mostra, em certo

sentido, radical, pois defende a observação da verdade bíblica interpretada

corretamente, sem nenhum tipo de alteração.

Neoliberalismo

Page 56: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

Pelo fato de o neoliberalismo ser contra os conservadores, ele, obrigatoriamente,

não conserva nada, considera tudo liberado e cada um que se cuide.

O respeito dos líderes para com o povo chega a ser idólatra, pois reverencia as

opiniões e os direitos de cada um e deixa a ‘coisa’ correr livre, à vontade.

Nesse caso, os atos de disciplina se limitam a expulsar os rebeldes, ou seja,

aqueles que discordam das idéias do líder. Isso, porém, à luz da Bíblia, nunca foi

disciplina e, sim, arbitrariedade e usurpação de cargo, pois os motivos justos de

disciplina dos membros da igreja são baseados na desobediência à Palavra de Deus e

não em confrontos com os líderes, os quais podem ter culpa em alguns casos.

Enquanto os conservadores têm o compromisso de conservar a verdade sem

alterá-la, os neoliberais têm a responsabilidade de deixar a questão disciplina para que

cada crente decida a seu modo e ninguém se envolva nas questões relacionadas às vidas

dos outros. Essa prática é cômoda para o homem na sua vaidade e fraqueza!

CAPÍTULO X – REINVENTANDO

O EVANGELHO

O Evangelho original nunca precisou de reinvenção, mas o evangelho neoliberal

precisa ser reinventado! A busca da pureza no meio da mistura não é simples, porque

requer equipamentos espirituais procedentes do céu – o fruto do Espírito, Gl 5.22,23, e a

armadura de Deus, por exemplo, Ef 6.10-18 – os quais nem todos os interessados

possuem nem estão dispostos a pagar o preço para adquiri-los.

Analise, a seguir, três tipos de evangelho:

Page 57: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

Evangelho puro

Esse não tem tendência, não tem dono, exceto Deus. É original, não foi

deformado, não sofreu os ataques dos inimigos da Palavra de Deus, ou melhor, resistiu a

todos os ataques como, de fato, Jesus profetizara, Mt 16.18.

A autoridade do Evangelho puro é total, irresistível por parte da Igreja no

sentido coletivo e do cristão no aspecto individual. Ele é autoridade máxima na

instrução da Igreja para fazer a vontade de Deus nos sentidos passivo (para si mesmo) e

ativo (para os outros).

Não existe apóstolo, bispo, presidente, pastor ou líder que mande mais na Igreja

do que o Evangelho puro. Ele é considerado a verdadeira Palavra inspirada de Deus e

definida como única regra de fé e prática para os cristãos submissos a Cristo, obedientes

a Deus, guiados pelo Espírito e que esperam Jesus Cristo para a salvação, Hb 9.28.

Ele é o fórum máximo, a última instância em poder para dirimir as dúvidas do

cristão e resolver, de vez, o rumo da fé e da obediência religiosas. Nenhuma proposta

paralela é aceita, ao contrário, todas são vistas como concorrentes da verdade, inimigas

de Deus e nocivas ao crente.

Evangelho falso

Esse tem nome e aparência de piedade, mas nega o poder. Não confirma as

propostas feitas nos sermões profissionalizados e estratégicos. O objetivo do evangelho

falso não está no plano de Deus, não faz parte da doutrina de Cristo e nunca foi

registrado pelos apóstolos do Senhor.

Esse evangelho é de origem estranha, extrabíblica e não pode ser confirmado nas

páginas do Livro de Deus. A maioria dos sermões desse tipo de evangelho é embasada

na psicologia prática, na neurolingüística e na teologia da prosperidade material. Nada

tem que ver com o objetivo de Deus para os pecadores.

Assim sendo, o evangelho falso é de natureza duvidosa e não se submete às

regras da sã doutrina bíblica. Pelo contrário, se rende mais ao relativismo filosófico que,

por sinal, agrada às multidões compostas de pessoas que desejam a salvação, mas não

concordam em obedecer à sã doutrina. “Pra que tantas regrinhas? Cada um sabe o que

deve fazer da sua vida”, dizem. Esta filosofia não tem origem na Bíblia nem na Igreja,

mas no mundo, nos ditames do diabo e nas aulas dos demônios.

Page 58: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

Evangelho neoliberal

Na verdade, este se parece com o anterior – o falso, mas tem algumas

características diferentes. Enquanto o precedente é embasado em ciências seculares e

influência maligna com fragmentos práticos da verdade, este é bíblico com distorções

voltadas para a teologia da prosperidade material e do relaxo no ensino e prática da

doutrina bíblica.

A partir da década de oitenta, no século XX, o evangelho neoliberal tomou mais

força e atraiu mais seguidores que, por princípios, começaram uma geração de neo-

igrejas com novas propostas voltadas mais para o gosto do povo em detrimento do

plano de Deus.

Pelo que parece, alguns líderes neoliberais descobriram que o povo – que

sustenta tudo na igreja com seus dízimos e ofertas – gosta mais de sermões light e

pouco de doutrinas bíblicas verdadeiras, puras e ortodoxas.

Aí, então, dominados pela fraqueza humana, começaram a adaptar o Evangelho

à tendência do homem e foram deixando a simplicidade e a essência do Evangelho puro

de lado.

O resultado, depois de mais de duas décadas, é uma geração de novas, muitas e

pequenas igrejas mescladas com objetivos divinos e humanos nos mesmos sermões,

cuja ênfase está no segundo caso, na proposta de fazer de todos os crentes grandes

vencedores na vida material – objetivo do homem!

O que caracteriza, aliás, o evangelho neoliberal é o rompimento com a Igreja de

Mt 16.18 e Ef 5.27. Os líderes neoliberais não aceitam, em hipótese alguma, ingerência

da Igreja na sua forma de crer, ensinar e administrar os talentos espirituais (meio) e o

patrimônio material (fim). Aliás, a Igreja bíblica age de forma contrária: o espiritual é o

fim e o material apenas meio.

Eles são independentes e não querem deixar de sê-lo nunca. Para os neoliberais,

a independência deles é importante, pois gera uma liberdade – que não foi Deus que

lhes dera, mas eles a apreciam assim mesmo – que encaixa direitinho nos seus

propósitos e sonhos pessoais.

As características do evangelho neoliberal são muitas, mas pode-se, aqui,

considerar três delas por serem as mais relevantes: independência total da Igreja de Mt

16.18 e Ef 5.27; liberdade para levar a vida como quiser com a privacidade garantida; e

a esperança de fazer da igreja uma multidão de vencedores na prosperidade material.

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O sintoma mais forte de uma igreja neoliberal, todavia, é a arrecadação

financeira, o que foge ao teor geral da Bíblia. Ser fraco para pedir oferta é sinônimo de

não ter chamada de Deus para exercer liderança.

Como reinventar o Evangelho?

A reconstrução do Evangelho, a partir de práticas neoliberais é uma tarefa

difícil, quase impossível. Implantar o sistema bíblico nas cabeças de um povo que já

está viciado a ouvir sermões horizontais (do homem para o homem) gera um choque

bastante pesado e complexo.

Na verdade, o ser humano é adaptável a várias situações, mas a mudança de uma

para outra não ocorre tão facilmente. A carne gosta de ouvir um evangelho imediatista,

socorrista, assistencial e agradável, além de desprovido de disciplina da conduta à luz da

Bíblia.

Então, reconstruir, refazer e reinventar o Evangelho com elementos neoliberais

precisa acontecer duas coisas fortes, radicais e dogmáticas: deixar de praticar o que

estão praticando e passar a praticar o que não estão praticando, o que, na verdade, mexe

nas estruturas firmadas e aceitas. Assim, o primeiro passo é decidir esta mudança e o

segundo, partir para a prática.

O que deixar de praticar?

A realidade não cede espaço para a ilusão. Para se reinventar o Evangelho se faz

necessário abandonar cinco práticas: independência da Igreja, evangelho horizontal,

respeito exagerado à privacidade, teologia da prosperidade material, liberalismo

exagerado. Estas representam pouco, mas servem de amostra.

Independência da Igreja

A igreja que se tornara independente da Igreja não faz parte da Igreja, porque

esta é escrava da vontade de Deus e não tem vontade de deixar de sê-lo nunca. Um povo

que se diga igreja e se mostre, ao mesmo tempo, independente da verdadeira Igreja

prova adultério espiritual, que é caracterizado pela falsificação da verdade, 2Co 4.2; 2Pe

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3.16. Logo, para reinventar o Evangelho é preciso deixar de ser independente da Igreja e

se tornar parte legítima dela.

Evangelho horizontal

É necessário, também, se libertar do evangelho horizontal e se escravizar

novamente debaixo do poder do Evangelho vertical. Este, por sua vez, nasceu do céu

com a encarnação do Verbo através de Maria, em Belém de Judá, perto de Jerusalém.

Assim, o sermão do pregador não pode partir do homem para o homem, mas de

Deus para o pecador, contendo as propostas divinas para sua salvação eterna, a qual

deve ser preservada na graça com ou sem prosperidade material. Leia Mt 6.19-34; Lc

12.13-21; 2Co 8.9; 1Tm 6.8-10.

Respeito exagerado à privacidade

Isso é bom e todo mundo gosta, mas diante do onisciente não pode existir – é

impossível praticar. O cristão não é preso diretamente a Deus, como o último dos

grupos de Corinto, 1Co 1.12; pelo contrário, como indivíduo é membro do Corpo (a

Igreja) e não da Cabeça (Cristo). O Corpo é ligado à Cabeça, mas cada membro

individualmente é parte do Corpo. “Assim nós, que somos muitos, somos um só corpo

em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros”, Rm 12.4,5.

Como cidadãos brasileiros, podemos ter (e temos) nossa privacidade, mas como

cidadãos do céu, a Bíblia nos impede de ter privacidade, porque Cristo nos contempla

em todos os lugares, em todos os momentos e nossa prática não escapa aos Seus olhos

penetrantes.

Quem quer viver em privacidade diante da Igreja tem dificuldade para obedecer

à Bíblia! Não se esqueça de que “individualmente somos membros uns dos outros” e,

como tais, todos têm compromisso com todos, Mt 18.15-17. Não há nem pode haver

isolamento, particularidade e independência! Como ter privacidade?

Se todos têm de considerar os outros superiores a si mesmos, como poderá

alguém poderá viver em privacidade? Nem os líderes têm esse privilégio! Leia Fp 2.1-8.

“Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é

dos outros”, v. 4.

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Todos têm de ajudar a todos, todos precisam da ajuda de todos e ninguém pode

fugir de colaborar com ninguém. E, nesse caso, a privacidade diminui muito, fica bem

pequena, quase ausente, morta mesmo.

Teologia da prosperidade material

O homem como homem e/ou a mulher como mulher gosta muito da

prosperidade material, mas o crente como crente não pode ter a prosperidade material

como alvo da vida, porque tem compromisso de crer na Palavra de Deus e de observar

os seus preceitos que condenam esse asserto.

A Bíblia, de Gênesis a Apocalipse, não contém uma passagem que apóie a

teologia da prosperidade material como carro-chefe da pregação. Muitos homens de

Deus foram ricos de bens materiais, mas nunca receberam uma promessa de Deus de

que ser rico em bens materiais seria o alvo da vida.

Os salvos podem ser ricos, mas os ricos têm dificuldade para ser salvos, porque

priorizam os bens materiais e deixam de lado (ou em segundo plano) o Reino de Deus, o

que ofende ao Todo-Poderoso. “É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma

agulha, do que entrar um rico no reino de Deus”, Mc 10.25. “Louco, esta noite te

pedirão a tua alma, e o que tens preparado para será? Assim é aquele que para si ajunta

tesouros, e não é rico para com Deus”, Lc 12.20,21.

Liberalismo exagerado

Certos costumes são locais e não representam obediência nem desobediência ao

Evangelho de Cristo. Mas esta não é uma regra que se possa estabelecer como lei para a

vida cristã, pois faz parte da cultura e não da doutrina. O máximo que se pode fazer com

certos costumes – aqui não se tem o objetivo de mencioná-los – é deixá-los de lado,

desde que isso não seja regra.

Porém, o liberalismo exagerado das neo-igrejas assumiu um papel pernicioso à

Igreja do Senhor. Muitas regras impostas ao contrário da doutrina do Novo Testamento

criaram um código que tem a mesma natureza das instituições: independência. Esta,

aliás, não é boa notícia, pois só Cristo e os apóstolos têm autoridade para estabelecer

doutrinas e disciplina espiritual para a Igreja observar.

Page 62: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

O Senhor Jesus detesta doutrinas criadas pelos homens para a Sua Igreja. Ele

disse: “Este povo se aproxima de mim com a sua boca e me honra com os seus lábios,

mas o seu coração está longe de mim. Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas

que são preceitos dos homens, Mt 15.8,9.

Percebeu como a adoração dos criadores de doutrinas é em vão? Sim, porque

Deus não recebe, Ele não considera a adoração falsa. Portanto, o liberalismo exagerado

dessas novas instituições tem de ser eliminado do meio do povo que pretende ser salvo

em Cristo. O Senhor não aceita ser substituído por criadores de doutrinas para a Sua

Igreja, pois Ele já estabeleceu todas que julgou necessário.

Quem muda a doutrina está em confronto com Deus e todos que se chocam as

verdades divinas, se não se converterem em tempo serão condenados. Por quê? Deus

teria prazer em salvar quem condena as Suas atitudes e a Sua Palavra? Isso é um

absurdo!

CAPÍTULO XI – A PROFANAÇÃO

DO SAGRADO

Conheça, a seguir, a realidade da profanação do Sagrado e o tipo de pessoas que

a pratica.

Profano versus Religioso

A coisa profana e a realidade da religião no sentido da palavra revelam,

atualmente, a existência de um grande choque de idéias no meio do Cristianismo

brasileiro.

As palavras ‘leigo’, ‘secular’ e ‘profano’ todas têm significados contrários ao da

expressão ‘religião verdadeira’. Deve-se, no entanto, descartar o sentido do ponto de

vista tradicional, mas considerá-lo à luz de seu significado correto e embasado na

verdade histórica.

Page 63: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

A partir da origem etimológica, a palavra ‘religião’ vem do latim ‘religio’ e este

termo é derivado de ‘religare’ (re + ligare) e significa, literalmente, religar, cujo sentido

primário é levar o homem a se ligar a Deus novamente, tendo em vista que esse homem

fora criado à imagem e semelhança de Deus.

Este ato de ligar (ou melhor, religar), todavia, tem natureza de graça, perdão,

comunhão perfeita, dependência para sobreviver e submissão para servir ao Deus

verdadeiro e Criador do céu e da Terra.

Por outro lado, o laicismo, o secularismo e a profanação do Sagrado se

infiltraram na religião de tal forma que geraram forçosamente uma mistura perniciosa,

principalmente diante do leigo.

Os neoliberais da religião falsamente chamada evangélica estragaram muito o

trabalho de manutenção e crescimento do Reino de Deus. Hoje, as pessoas que estão

fora das igrejas olham para os crentes e têm dificuldade para acreditar nas propostas que

os pregadores apresentam o Evangelho como instrumento de libertação.

“O que é libertação?”, pergunta e questiona muita gente que vê os neoliberais

pregando prosperidade material e vivendo de forma estranha à santa Palavra de Deus.

Por que os ímpios perguntam assim? Porque ouvem a pregação e comparam-na com a

conduta dos pregadores e não confirmam a badalada diferença (transformação,

libertação, mudança de vida, santificação, humildade, verdade, justiça, amor, etc.).

“Eles pregam diferente de nós, mas vivem como nós e querem nos conquistar

para sermos cristãos diferentes deles”, questionam alguns, com base na incoerência

entre a mensagem (santidade) e a conduta (leviandade).

A forte manipulação de dinheiro como aparente alvo de trabalho choca muitas

pessoas que já ouviram o Evangelho de verdade e ouvem, hoje, esse tipo de mensagem.

Aqueles que podem comparar o ensino de antes com a pregação de hoje

percebem a distância entre as duas realidades. E, pelo fato de estarem fora do Reino de

Deus, são susceptíveis aos ataques do diabo e estão ‘cheios’ de razão para continuarem

fora, pois “não adianta virar crente para viver como Fulano”.

Agora, para maior clareza, analise a situação caótica em que está muita gente

que, às vezes, tem vontade de se converter, mas se sente presa pela realidade estampada

diante dos seus olhos: por um lado, essas pessoas estão vivendo fora do Evangelho; por

outro, estão vendo e analisando a teologia da prosperidade material como carro-chefe da

dedicação de muitos pregadores; e, em terceiro lugar, não vêem transformação nesses

pregadores. Que motivação esses ouvintes têm para se ‘converter’ junto dessas pessoas

duvidosas, que enfatizam tanto a prosperidade material?

Page 64: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

Por que tudo isso? A profanação do Sagrado é a marca dessa derrota. O povo

quer ver Deus no crente e não o crente em Deus! No primeiro caso, o Senhor é que

domina a situação, manipula a mente, usa Seus servos e faz a obra. No segundo,

todavia, é o homem que manipula Deus, determina o sistema, arma estratégias, marca

agenda, promete bênçãos fáceis e define objetivos. E qual o papel de Deus nesse

processo? “Obedecer às determinações dos líderes neoliberais”. Hum! Esquisito!

Nesse caso, então, Deus fica de fora da pregação neoliberal, haja vista Ele não

ter liberdade de determinar a conduta dos pregadores, as doutrinas da igreja, a forma de

culto, o sistema de adoração, a interpretação da Bíblia e o que deve ser ensinado à

igreja.

Se Deus não é o presidente, que interesse Ele tem de estar lá? A igreja local que

não permite Deus ser o centro do seu culto não pode garantir a salvação dos pregadores,

quanto mais dos adeptos (pobres vítimas do engano!).

Ao contrário, muitos líderes neoliberais adotaram o costume de marcar agenda

para Deus: amanhã Deus vai fazer isso; tal dia Deus vai fazer aquilo; e tal dia, aquilo

outro e assim vai.

Ao invés de Deus determinar Suas atividades como Soberano, ao contrário,

alguém que se sente secretário direto d’Ele é que marca no calendário as atividades do

Senhor: hoje em tal lugar, Deus fará isso; amanhã, em lugar X, Ele fará tais milagres.

Quem obedece nesse sistema?

Essas práticas, juntamente com a conduta desses líderes, vêm provando a

profanação do Sagrado, dificultando a transformação dos perdidos e fazendo muitas

pessoas crerem que mesmo no erro estão certas. Os ouvintes se acostumam com a

religiosidade superficial sob a motivação da prosperidade material; e, dessa forma,

acabam achando que não precisam de nada mais, ou seja, de nada melhor nem mais

correto! Quanto a se acostumar, isso não deve espantar ninguém, pois o homem se

acostuma até com a religião do diabo. E como tem gente freqüentando as reuniões!

Evangelho: incômodo e fanatismo.

O Evangelho genuíno se torna um incômodo, uma chatice, doutrina dura,

conservadorismo, fanatismo e mais um monte de coisas e de conceitos, segundo o ponto

de vista dos neoliberais.

Page 65: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

Mas o termômetro de Deus está aí para marcar a temperatura da fé, do

entusiasmo, da obediência à Palavra e do exercício do ministério. Desse ninguém

escapa!

A consciência dos neoliberais, se não estiver morta, já está quase inerte e

cauterizada, pois parece ter perdido o senso de responsabilidade em relação à verdade

divina – esta que nunca muda!

Diferenças

O evangelho dos neoliberais é humanista, horizontal, do homem para o homem e

visa a lucro. Ele não se parece com a Palavra de Deus em muita coisa, pois esta se

mostra invariável, permanente, imutável, eterna: “A palavra do Senhor permanece para

sempre”, 1Pe 1.25 (ARC95). As mudanças doutrinárias são por conta do homem, Deus

não tem nada que ver com isso! Quem mudou que assuma as conseqüências!

Considere o seguinte versículo bíblico em cinco versões bíblicas diferentes: Lc

23.43:

1 – ARC95

“Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso”.

2 – LTT07

“Em verdade te digo que hoje estarás coMigo no Paraíso”

3 – BV88

“Hoje você estará comigo no Paraíso”

4 – BLH

“Eu lhe afirmo que hoje você estará comigo no paraíso”

5 – TNM67

“Deveras, eu te digo hoje: estarás comigo no Paraíso”

As versões de um a quatro, embora sejam diferentes entre si, não apresentam

distorção de mensagem, conceito e doutrina. Porém, este não é o caso da versão cinco,

Page 66: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

TNM67, Tradução do Novo Mundo das Escrituras, que troca duas verdades primárias:

primeira, o tempo da chegada ao Paraíso; e segunda, o Paraíso.

Assim, nas quatro versões primeiras o tempo é “hoje” (no dia da morte de Jesus

e do ladrão arrependido); e o Paraíso seria o seio de Abraão, no centro da Terra, uma

parte do hades onde ficavam os justos (hoje no céu, 2Co 12.4). Na última citada, porém,

o tempo seria no milênio após o arrebatamento da Igreja e o Paraíso seria a Terra.

Os neoliberais fazem também assim: trocam a direção da mensagem e do culto

(vertical, do homem para Deus e de Deus para o homem) e a emprega e adora no

sentido contrário ou diferente (horizontal, do homem para o homem). Quem vai arcar

com as conseqüências dessa virada? Só pode ser eles mesmos, pois quem faz seu angu

que coma sozinho!

CAPÍTULO XII – FARISEUS

PÓS-MODERNOS

Segundo a história e a Bíblia, os fariseus do tempo de Jesus era um grupo de

judeus radicais que reivindicavam autoridade por obedecer fielmente às leis mosaicas,

embora vivessem de forma diferente na prática.

Os fariseus ensinavam verdades aos outros, mas eles mesmos não tinham

disposição para observar tais verdades, ou seja, tinham a teoria, mas não demonstravam

a prática, Mt 23.1-7. Eles estavam sempre acusando Jesus, criticando as Suas atividades

e criando algum tipo de problema para o Mestre resolver.

Os neoliberais, também, pregam, mas não vivem o que pregam. Ao contrário, os

verdadeiros filhos de Deus têm de crer e obedecer à verdade, pregar o que vivem e viver

o que pregam. Isso indica que a verdadeira vida cristã é práxis – teoria seguida de

prática, ensino com disciplina.

Page 67: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

O disfarce desses fariseus pós-modernos vem causando transtornos entre o povo

de Deus. O poder de influência por meio da mídia tem sido forte e, em parte, invencível,

pois eles sabem agradar e conquistar o povo.

Todavia, não se limita a analisar apenas um lado da moeda, pois a Igreja de

Cristo tem compromisso com a Palavra do Senhor e seus membros não podem ficar

isentos de censura quando falham, Mt 18.15-17.

Quem são os responsáveis?

Dois tipos de líder são culpados diretamente pela realidade dominante nesse

campo: os líderes neoliberais e grande parte dos líderes da Igreja. Os primeiros não

teriam meios de sobrevivência se os segundos fossem fiéis, porque, sem dúvida, a

marca divisória entre o azeite e a água seria incapaz de ser camuflada.

As características dos líderes neoliberais estão quase no mesmo patamar das

formas vistas oriundas dos líderes das igrejas consideradas parte legítima da Igreja. Essa

aproximação não era para existir!

Contudo, as vítimas da manipulação olham para um lado e para o outro e

chegam à conclusão de que estão entre duas alas que se digladiam e, ao mesmo tempo,

se mostram quase iguais, parecidas e com idênticas motivações.

E aí, como as pessoas vão se defender da corrupção espiritual, da fé nominal, da

influência poderosa negativa e da dificuldade para se mostrar diferente, escravo de

Deus, daqueles que têm as orelhas furadas? Ser diferente no meio dos diferentes é fácil,

ou melhor, mais simples, mas ser diferente no meio dos iguais – dos falsos considerados

verdadeiros – é coisa para Daniéis, Sadraques, Mesaques e Abede-Negos.

Os cristãos do terceiro milênio têm também seus pontos fracos e, por isso, se

mostram impotentes diante da massa humana que acompanha – contrário à natureza da

Igreja – a influência dos neoliberais que são, hoje, os fariseus pós-modernos.

Os que saíram da Igreja e se tornaram neoliberais, porque não aceitam

ingerência da mãe, conseguiram, não se sabe por quê, tomar o governo da influência e,

devido a isso, eles é que estão influenciando.

No passado, a influência acontecia de cima para baixo, hoje, de forma contrária,

ela está acontecendo de baixo para cima! Esta afirmação provoca dor no osso da alma

de quem sente com tristeza a realidade vigente nesse campo!

Page 68: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

No começo da queda, eles eram vistos como rebeldes, apóstatas e sedutores, mas

hoje já não se pode mais falar isso sem cometer equívocos. Por quê? Parte dos que

ficaram está hoje no mesmo barco, na mesma apostasia.

Enquanto a ovelha cem se perdeu nas montanhas e entre os lobos (os

neoliberais), a dracma está sendo perdida dentro de casa (parte dos líderes da Igreja).

Este, aliás, tem se tornado um caso real que precisa ser revisto e repensado.

Muitos que estão do lado de cá criticam os que se postaram do lado de lá. No

entanto, os imitam, aprendem com eles, pensam da forma que eles pensam, agem dentro

de práticas influenciadas por eles e, mesmo assim, continuam, injustamente, criticando,

tentando como falsos se passar por verdadeiros.

Quem imita o erro não deve criticar de quem pratica o erro. Quem censura o

errado não pode fazer o que o errado faz. Muitos líderes que ficaram – e, na verdade,

estão já influenciados pelos que saíram – pisam igualmente na palavra de Deus escrita

por Paulo que disse:

“E estando prontos para punir toda desobediência, uma vez completa a vossa

submissão”, 2Co 10.6. O que significa isso, na realidade de uma interpretação ortodoxa

e responsável?

Não adianta tentar fugir, correr ou esconder da verdade, pois tudo que está

oculto será revelado, Lc 12.1-3. Quem censura o errado tem de viver certo e quem vive

errado não pode censurar quem erra! Deus não gosta disso! Quem tem direito de

censurar o errado é quem crê certo, vive certo, anda certo!

Quem critica os que andam errados tem de andar certo e quem anda errado não

pode censurar ninguém! Hoje a guerra nesta área está muito bem travada, pois parte dos

que ficaram de cá está, na prática, imitando os que passaram para lá. Isto é lamentável!

Esta é uma notícia triste!

Aqueles que são neutros – não fazem parte de nenhum dos grupos em análise –

que o digam depois de investigação fria, calculista e justa, dentro de uma filosofia

também neutra sem elogiar nem condenar ninguém.

Os que têm a visão aberta à luz da verdade divina estão vendo, com tristeza, as

aparências dos dois grupos se aproximando. A tendência, aliás, é se ajustarem fielmente

e se confundirem de tal forma que ninguém seja capaz de separar quem é quem nessa

briga.

Há um projeto maligno nessa tendência. O diabo quer que todos cheguem a se

considerarem incapazes de censurar os outros, ou seja, sentir-se proibidos de disciplinar

Page 69: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

os errados por todos errarem igualmente e ninguém ter mais autoridade para disciplinar

ninguém! Isso alegra o inimigo de Deus e da Igreja.

Pode-se afirmar, sem medo de falha e de erro, que os fiéis a Deus estão ficando

cada vez mais no canto da parede sem saber para que lado olhar, para o que olhar, para

quem olhar! Confira Mt 5.13-16; 11.29; Rm 8.29; 1Co 11.1; 4.16; Fp 3.17; 1Jo 2.6.

A Igreja fiel a Deus e obediente à Sua Palavra nunca realizou culto horizontal,

no entanto, o que se vê hoje é esse tipo de ‘latréia’ partindo do homem e sendo

direcionada para o homem, deixando, assim, Deus do lado de fora do processo do culto.

Este, aliás, é feito com compromisso fechado para a busca da prosperidade material e da

vida fácil aqui na Terra.

O que fazer? Para onde ir? Onde se esconder? Como se livrar? É Ló em

Sodoma? Noé na arca? Só Deus pode ajudar aqueles que, mesmo sofrendo, têm

interesse de permanecer do lado de Cristo, do lado da Bíblia e do lado do amor à

verdade divina e neutra.

CAPÍTULO XIII – O QUE A IGREJA

DEVE FAZER

Abordam-se, neste capítulo, doze tópicos relacionados ao que a Igreja deve fazer

para cumprir o seu papel como verdadeira representante de Cristo na Terra: manter-se

na Palavra, corrigir os líderes que permanecem, forçar a diferença entre a verdade e o

erro, não permitir a censura falsa. Deve, também, publicar a Bíblia traduzida dos

originais, destacar a identidade dos fiéis, ensinar a importância do sacrifício de amor,

instruir todos a renunciarem aos bens materiais.

Explicam-se, ainda, a respeito dos instrutores darem bom exemplo, não aceitar

duvidosos instruir, nunca bater no peito e, por fim, definir a verdadeira vida cristã à luz

da Palavra de Deus.

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Manter-se na Palavra

Não tem coerência nem lógica um cristão reivindicar a qualidade de membro do

Corpo de Cristo e viver influenciado por neoliberais – que não aceitam ingerência da

verdadeira Igreja, do próprio Corpo que se diz ser membro.

Assim sendo, os líderes que permanecem na verdade têm de manter-se na

Palavra de Deus tanto na teoria quanto na prática, assim na passiva (em relação à

edificação de si mesmos) como na ativa (com respeito à ministração aos outros).

O fiel é o sal da terra (foi levantado por Deus para influenciar) e o neoliberal é a

terra do sal (foi arrastado pelo diabo e pelo mundo para ser influenciado). A Igreja,

porém, não pode cair em digressão, isto é, fugir ao compromisso de crer na verdade

divina e de viver orientada por ela em todas as circunstâncias, mesmo diante da cova

dos leões e da fornalha ardente.

Sê fiel até a morte; mantenha-se firme em Cristo mesmo diante das ameaças

violentas; seja crente de qualidade com base na verdade divina; não se mova da

coerência cristã. A Igreja como tal é um Corpo, mas representa a própria Cabeça e os

membros individualmente dependem de sua firmeza para se apoiarem, se espelharem, se

nortearem por sua orientação.

O cristão vitorioso está firmado em cinco esteios inabaláveis: O Pai, o Filho, o

Espírito Santo, a Palavra e a Igreja fiel, Mt 16.18. Ser fiel no meio de uma congregação

desviada, além de ser difícil, é também incoerente, ilógico e até estranho. Compare Fp

2.15.

Não é justo nem conveniente um membro ou líder da Igreja firme em Cristo

censurar os neoliberais e, por trás dos panos, viver influenciado por suas práticas

irresponsáveis. Nesse caso, tal cristão é mais um que logo estará do lado de lá

fortalecendo as fileiras dos inimigos de Deus.

As muitas práticas rotineiras dos cultos horizontais são verdadeiras marcas de

identidade da escravidão ao neoliberalismo, isso da parte daqueles que afirmam não ter

saído do Corpo para estar no meio dos neoliberais. É tempo de falar a verdade e deixar

os subterfúgios para os falsos!

O líder que não é influenciado pelo Pai, pelo Filho, pelo Espírito, pela Bíblia e

pela Igreja fiel não é digno de reivindicar comunhão no Corpo de Cristo. Um membro

comum fazer isso já está errado, mas um líder? De forma alguma isso deve ser

permitido.

Page 71: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

Este não é composto de falsos, neoliberais, desviados, disfarçados, lobos

vestidos de ovelha e coisas parecidas. Pelo contrário, é constituído de pessoas

convertidas a Cristo que, como os verdadeiros mártires da história, se mantêm intactos

diante das influências negativas oriundas do mundo e do maligno. Assim como o

organismo humano rejeita os corpos estranhos que se alojam nele, da mesma forma o

Corpo de Cristo não aceita pessoas de reino contrário, ou seja, não colocadas por Deus.

“Toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada”, Mt 15.13.

“Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer”, Jo 6.44. Esta

é uma regra divina revelada por Cristo e não pode ser mudada por ninguém, nem pelos

falsos nem pelos verdadeiros.

Os manipuladores do evangelho, aliás, estão manipulando a mentira, não a

verdade! Esta é utilizada por Deus para firmar a Igreja em Cristo, convencer os

pecadores a se converterem e assim por diante.

Ninguém pode, em sã consciência, afirmar que os neoliberais estão manipulando

a verdade pura de Deus, se esta não está nas mãos deles. Eles trabalham com o

evangelho manipulado, a doutrina do ôba-ôba, do aplauso a pregadores e cantores (por

que eles têm o costume de bater palmas nos finais de cânticos e de sermões?), dos

panegíricos e da realização dos sonhos pessoais.

A Igreja tem uma moral a cumprir e cada membro dela tem um moral a

preservar. Enquanto os neoliberais alimentam uma fé subjetiva (particular), os fiéis

membros da Igreja santa são obrigados a se manterem na fé objetiva, vinda de fora,

extraída da santa Palavra de Deus (externa, divina e dogmática).

É impossível evitar totalmente o subjetivismo, mas a Igreja luta para viver uma

vida cristã objetiva, à luz da verdade divina e não à mercê das opiniões de seus líderes.

Evidentemente, o líder da Igreja que impõe a sua vontade na administração

eclesiástica já deixou de ser da Igreja e, infelizmente, trabalha para o inimigo. Igreja de

Deus é aquela que vive dia e noite ocupada nos projetos do Todo-Poderoso e nunca

aceita se comprometer com qualquer tendência oriunda do diabo e de seus adeptos.

Corrigir os líderes que permanecem

Desde o começo do mundo, Deus agiu em relação ao homem com duas cordas

para lhe amarrar no plano celestial: o ensino e a disciplina. Na verdade, o primeiro sem

a segunda não atinge o objetivo de Deus nem a segunda sem o primeiro, pois ensinar e

não disciplinar é o mesmo que disciplinar e não ensinar. Os romanos fazem isso!

Page 72: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

A Igreja não pode ceder sua autoridade para seus líderes, pois se ela fizer isso

estará derrotada. O grupo sustenta o indivíduo, mas o indivíduo não sustenta o grupo.

Assim sendo, se a Igreja fiel não disciplinar seus líderes quando estes erram,

falham em alguns aspectos do ministério, com certeza a maioria dos ministros despenca

água abaixo, perde a autoridade e a santidade.

Logo, o bom exemplo é maravilhoso e o ensino, indispensável; mas se faltar a

correção da conduta tudo se perde, nada se aproveita. O homem que não é disciplinado

se acha no direito de agir como quiser, pois ele considera que a não-disciplina é uma

prova de que ele é mesmo importante e está com tudo. Isso não compensa para uma

igreja local. O ato de não disciplinar é uma forma de aprovar.

A Igreja, portanto, precisa saber agir em relação a seus ministros fiéis e

obedientes, pois a tendência não é os bons atraírem os maus, mas o contrário, estes

arrastarem aqueles. Só a disciplina pode manter os ministros de qualidade na qualidade,

os fiéis na fidelidade e os santos na santidade. Se faltar a disciplina tudo despenca para

o erro!

Quando uma Igreja entrega a autoridade para seus ministros ela,

automaticamente, assina aprovando a sua derrota. Vale reiterar que o grupo sustenta o

indivíduo, mas o indivíduo não sustenta o grupo e, ao contrário, tem a tendência a

acompanhar a tendência.

A disciplina nunca foi aceita com bons olhos, mas sempre cumpriu o seu papel

com eficácia e bons resultados. A maioria dos grupos que impõe verdadeira disciplina

tem força para superar dificuldades, mas aqueles que afrouxam a maneira de corrigir os

erros e os errados sempre perdem e dificilmente ganham.

O pecado estragou a natureza humana e esta, embora restaurada por Cristo,

continua fraca. O próprio Cristo disse: “Vigiai e orai para que não entreis em tentação;

porque o espírito, na verdade está pronto, mas a carne é fraca”. A disciplina ajuda a

complementar ta fraqueza da carne e, com isso, manter o líder no caminho da vitória.

O mesmo Cristo que ordenou o ensino determinou a disciplina com base no

ensino dado. Não é justo cobrar conduta de quem não conhece a verdade, assim como

também não é correto deixar de cobrá-la de todos que sabem o caminho em que devem

andar, mas não o faz corretamente.

O ensino verdadeiro é meia bênção e a outra parte só poderá ser completada com

a disciplina correta. O ensino bíblico acompanhado da verdadeira disciplina da conduta

dos ouvintes ou leitores da sã doutrina é sustentado por esta. Por outro lado, todavia, o

ensino sem disciplina é um convite para a queda e homologação do erro.

Page 73: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

Quem ensina e não disciplina está dizendo: “A verdade é esta, mas você a segue

se quiser”. Porém, quem ensina e disciplina de maneira correta está dizendo diferente:

“A verdade é esta e se você não aceitá-la estará fora do plano de Deus e da lista dos

salvos”.

Forçar a diferença entre a verdade e o erro

A diferença entre o santo e o ímpio é necessária e indispensável. Por que a Igreja

perdeu muitos membros e ministros para o neoliberalismo? A diferença, porém, entre os

dois tem de ser clara e não confusa nem ambígua. Nunca o ímpio imitou o santo nem o

santo imitou o ímpio. Os dois têm motivações distintas e antagônicas entre si.

A experiência dos apóstolos quando acharam que Jesus era um fantasma não

pode ser reproduzida hoje, Mt 14.26. Quem tem esse tipo de visão não consegue liderar

um grupo no caminho da Canaã Celestial, da Nova Jerusalém, pois lá não entra

contaminação, Ap 21.27.

“Então vereis outra vez a diferença entre o justo e perverso, entre o que serve a

Deus e o que não o serve”, Ml 3.18. Qualquer das partes quando passa pela outra tem

algo errado, pois a cor branca não é a cor azul nem a cor azul é a cor branca. O certo

não é errado e o errado é certo.

Não permitir a censura ofensiva

A Igreja do Senhor não foi estabelecida para censurar o errado de modo a

ofender suas almas. Ao contrário, ela foi levantada para ajudar as pessoas, não

importando a posição em que se encontram.

A igreja local que permite seus membros cair no vício de viver criticando outras

denominações não tem boa qualidade cristã, pois a santidade evita essas práticas.

Em vez disso – algo negativo – é preferível partir para uma campanha de

conscientização de todos os membros para que adquiram um trato especial, saibam usar

boas maneiras, fina educação e, acima de tudo, muita espiritualidade e unção do Senhor.

A boa comunicação atrai pessoas de elevada categoria, mas a má as repele e as

expulsa. Toda pessoa gosta de ser bem tratada, reconhecida, amada, honrada e

respeitada, inclusive você que lê este livro.

Page 74: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

Em nenhum sentido, se justifica o mau trato no meio dos santos, a falta de

cortesia, de delicadeza e de prova de ser educado por Deus. “E serão todos ensinados

por Deus”, Jo 6.45. A igreja local que sabe instruir seus membros nesse aspecto tem

maior vitória em sua jornada cristã. Tudo, porém, parte dos líderes, pois concordando

ou não, a igreja local é a cara do seu administrador.

Publicar a Bíblia traduzida dos originais

O tempo de a igreja comer com as mãos dos outros já passou. Hoje vivemos uma

nova época, novo tempo, cuja visão é mais ampla, a experiência mais madura e a

capacidade para enfrentar desafio, muito maior.

Está na hora – ou já passando da hora – de se partir para uma tradução

responsável à luz do Texto Massorético (hebraico do Antigo Testamento) e do Textus

Receptus (grego do Novo Testamento).

Chega de usar Bíblias moderninhas, mutiladas, cheias de omissões, acréscimos e

alterações – cujo objetivo principal de várias editoras é auferir grandes lucros e enormes

vantagens em cima do povo humilde, manipulável e indefeso –, se podemos preparar

uma boa tradução para uso seguro do nosso povo. Os especialistas em hebraico e grego

estão por aí, basta dar-lhes oportunidade e o trabalho fluirá satisfatoriamente.

É covardia e também pecado explorar as pessoas simples que não sabem separar

o trigo do joio com relação às Bíblias corretas e as Bíblias erradas. Muitas pessoas

simples compram Bíblias pela aparência, os recursos adicionais e o preço, sem levar em

conta a mensagem que a mesma contém com relação ao hebraico e ao grego. E este

assunto é muito mais sério do que se imaginam!

Depois que uma pessoa se acostuma com uma Bíblia aprende a amar o santo

livro como a verdadeira Palavra de Deus, mas, na realidade, a decisão melhor não é

esta. A maioria dos usuários de Bíblia é constituída de pessoas que não sabem nada de

hebraico e grego e, por causa disso, compram qualquer Bíblia que surge no mercado,

desde que seja bonita e barata.

Acorde, gente! É tempo de os líderes orientarem os membros das igrejas com

responsabilidade também neste aspecto. Até quando permitirão os crentes simples

comparem o livro de Deus pela aparência externa? E o compromisso com os textos

considerados cópias fiéis dos originais, onde fica?

De quem Deus vai cobrar isso? Dos leigos? Dos novos convertidos que não

sabem se defender? Dos analfabetos? Daqueles que mal escrevem e lêem para seu

Page 75: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

gasto? Tudo indica que os responsáveis diante de Deus serão os líderes que têm

autoridade sobre milhares e milhões de pessoas e, contudo, ‘deixam o barco correr

frouxo’.

A parábola da ovelha perdida, Lc 15, é uma ilustração clássica para este fato.

Jesus mostra que a ovelha que se desgarrou dependeu do cuidado, amor e dedicação de

seu responsável, pois ela não tinha capacidade para procurar o rebanho, o curral e o

pastor. Compare Mt 9.36.

Se os líderes não defenderem os membros das igrejas, estes, por sua vez, são

incapazes de fazê-lo com segurança, pois lhes faltam recursos técnicos, lingüísticos,

espirituais, políticos e financeiros. Isso só os líderes têm!

Acorde, líder, Deus está lhe despertando para um novo desafio! É hora de abrir

os olhos e fazer alguma coisa a favor do nosso povo, da nossa gente, dos nossos irmãos

que não foram dotados por Deus de certos dons – administrar, por exemplo. Se você,

líder, que foi chamado por Deus para cuidar do rebanho não defendê-lo, quem o fará?

Não se esqueça dos significados dos termos gregos ‘poimén’ e ‘bosko’[1]1.

De quem Deus cobrará a responsabilidade pela negligência? Aguarde! O

Vingador de Hb 10.31 vem aí com o coração cheio de ira e de justiça contra os

negligentes para pedir contas aos líderes que se preocupam mais com a boa nutrição do

seu salário! Acorde, líder, Deus o chama para pensar no acerto de contas!

Existem muitas Bíblias distribuídas pelo Brasil que não são dignas de confiança

em relação às palavras originais de Deus. Não se pode fazer uma pesquisa com a certeza

de que o resultado será benfeitor. Chega de ‘engolir o boi com chifre e tudo’ e ‘tomar

gato por lebre’.

Destacar a identidade dos fiéis

Muitos intérpretes da Bíblia estão levando 1Co 9 para objetivos diferentes

daqueles que o Senhor determina em Sua Palavra. Fazer de tudo para ganhar alguns não

inclui negligência, interpretação falsa, adulteração da verdade, prática para perder em

lugar de estratégias para ganhar.

Abramos os olhos e vejamos as maravilhas do Senhor sem distorcer a Sua santa

Palavra. É preciso destacar a identidade dos fiéis e não permitir que ela se confunda

com a dos ímpios. Desde o começo do mundo, Deus vem separando os fiéis dos ímpios,

pois a palavra ‘santo’ significa separado.

Page 76: EVANGELHO DA MANIPULAÇÃO 2222

Por que o Senhor escolheu Abrão e seus descendentes como Nação dentre todos

do mundo? Ele queria ter um povo separado. Veja, por outro lado, que todas as vezes

que Israel se misturou com as práticas dos ímpios arrumou encrenca com Deus e foi

castigado duramente. Lembra-se do cativeiro de setenta anos na Babilônia? Foi Deus

que mandou o rei Nabucodonosor levar o Seu povo como escravo.

Ensinar a importância do sacrifício de amor

Os neoliberais ensinam os membros a exigirem prosperidade material de Deus,

“porque foram chamados para ser cabeça e não cauda”. Você já analisou o perigo desta

interpretação? Considere, além de outros aspectos, os seguintes:

Primeiro, Dt 28.13 é promessa de Deus para Israel e não de Cristo para a Igreja.

Se assim não o fosse, qualquer versículo bíblico seria doutrina para os crentes,

enquanto, na realidade, a Palavra de Deus requer uma interpretação cuidadosa e que

separe as promessas de Deus para a Nação de Israel das promessas de Cristo para a Sua

Igreja.

Segundo, se a questão da ‘cabeça’, Dt 28.13, está em vigor, todos os demais

textos do Pentateuco – inclusive a guarda do sábado – também estão e não há diferença

entre Israel e Igreja. Porém, At 13.46; 1Co 10.32 confirmam que Israel não é a Igreja e

que a Igreja não é Israel. A Igreja contém judeus convertidos, mas Israel não pode

conter cristãos convertidos fora da vontade de Cristo. Confira Ef 2.

Ao contrário disso, a Igreja precisa continuar ensinando os crentes a oferecerem

a Deus seus sacrifícios de amor. Quais são as características desse tipo de sacrifício?

Vejam algumas, a seguir:

Primeira, é oferecido a Deus espontaneamente.

Segunda, é gratidão por tudo que o Senhor já fez.

Terceira, não exige recompensa, pois a oferta representa agradecimento por

dívida e não reivindicação.

Quarta, a Bíblia ensina os crentes fiéis a se sacrificarem por amor visando tão

somente a melhorar sua fidelidade a Deus. Confira o exemplo de Paulo em 1Co 9.27.

Leia, ainda, 2Co 13.5. A Bíblia é rica sobre este tema.

Quinta, quem se acha no direito de em todos os cultos determinar suas bênçãos e

reivindicar o que deseja receber, o que sobra das suas atitudes que possam ser

consideradas adoração, serviço voluntário, obediência, submissão e humildade? Quem

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exige de Deus está adorando? Quem reivindica prosperidade material está adorando?

Quem determina o que deseja receber está adorando? O que é adorar, então?

Você pode oferecer seu corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, Rm

12.1,2, e, ao mesmo tempo, exigir bênçãos e mais bênçãos, como se o culto fosse

apenas uma reunião para buscar tudo que se deseja ter?

Os neoliberais fazerem isso não é de se estranhar. Porém, a Igreja nunca pode

cair nesse tipo de armadilha. Ela tem compromisso com a verdade simples e pura da

Palavra de Deus. E, por outro lado, o povo do Senhor nunca vai ao templo para exigir

de Deus, mas para adorá-Lo em espírito e em verdade, como, de fato, Jesus ensinou, Jo

4.23,24.

Instruir todos a renunciarem

Por outro prisma, a Igreja santa aprendeu que todos que não renunciam a tudo

quanto possuem não podem ser discípulos do Senhor Jesus. Compare Mt 6.19-34;

16.24; Mc 8.34; Lc 9.33; 14.26,33.

Para os neoliberais – que não aceitam a ingerência doutrinária da verdadeira

Igreja – é comum o crente exigir de Deus a bênção da prosperidade material e da vida

fácil aqui na Terra, mesmo que seja à custa dos pobres e sofredores que não conhecem

nem a Bíblia nem as leis.

A Igreja, porém, tem de viver a vida pautada pela reta Palavra de Deus e, com

muito amor, ensinar esse mesmo cuidado a todos os membros. Por que em vez de a

Igreja, que é grande, influenciar a comunidade neoliberal, que é pequena, acontece o

contrário? É possível perceber que há uma força estranha ajudando a conquistar esse

“sucesso”.

Parece que o sal da terra “descobriu” que não compensa ser fiel a Cristo e, por

isso, deixou de influenciar e passou a ser influenciado? A Igreja sofredora cresceu

assustadoramente e, depois de grande, começou um processo de passividade contrária e

negativa, ou seja, de aprender com as novas comunidades desviadas dela mesma.

O refugo está tendo mais força para influenciar! A cada ano mais de um por

cento da santidade da Igreja cede espaço para os neoliberais e eles parecem crescer com

mais rapidez. Indiretamente, a Igreja está participando e homologando esse crescimento

neoliberal inconveniente.

Antes, enquanto os ímpios viam a Igreja sempre em santidade, eles rejeitavam as

propostas dos desviados dela. Hoje, porém, a realidade é outra, pois os não-evangélicos

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vêem que a Igreja que exclui os líderes neoliberais está aprendendo com eles e

defendendo as suas práticas. Assim, pensam, é melhor ir para as comunidades do que

para a Igreja, se as duas estão vivendo da mesma forma, no mesmo liberalismo

desregrado e irresponsável.

Por que esta preferência? Os neoliberais parece que estão mais experientes nas

estratégias de crescimento numérico, porque a Igreja começou há pouco tempo e eles –

os neoliberais – começaram primeiro nessa corrida atrás do ouro. Assim, na disputa por

crescimento material e financeiro da Igreja, os neoliberais são mais maduros, têm mais

“know how”.

O pior é que a Igreja acaba praticando três pecados em um: deixou de

influenciar, passou a ser influenciada e nega (mente) que saiu da vontade de Deus.

Muitos membros da Igreja estão tristes por ver a situação desagradável em que ela

entrou. Alguns se sentem até sem opção!

Por que a Igreja condenou tão duramente o desvio deles e depois passou a

aceitar suas idéias estratégicas para obter conforto material à custa dos contribuintes?

Tem erro feio nesse negócio e os culpados serão responsabilizados por Deus. O ensino

de Paulo em Fp 2.15 está em vigor, pois ele se firmou em Mt 5.13-16, que é ensino de

Cristo.

Assim como uma pulga não é capaz de dominar um elefante, a comunidade

neoliberal não pode, dentro da lógica bíblica, dominar a Igreja. Mas de alguns anos para

cá é o que se vê a todo o momento: os pequenos influenciando os grandes. Parece haver

um mistério para ser explicado!

Os instrutores devem dar bom exemplo

Um peso muito grande nesse emaranhado todo é que os líderes da Igreja têm a

obrigação de dar bom exemplo e, na realidade, esse está difícil de ver. Imagine se um

cristão for viver imitando seus líderes em tudo? Aonde ele vai parar? Como ele vai ser

salvo? O que se vê, com tédio e angústia, é que parte dos líderes da Igreja faz tudo que

pode para manter seus cargos rendosos. Depois que eles entram lá nunca mais querem

sair, como se os outros nunca tivessem direito de nada. Isso pesa! É certo deixar Deus

escolher e decidir, tirar e colocar, aprovar e disciplinar.

Cadê o bom exemplo que Jesus requer dos líderes? Cadê o preço que todos eles

têm de pagar? O mau exemplo parece um problema pequeno, mas, na realidade, é

enorme!

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Quem quiser ser vitorioso que se cuide, pois a maioria dos líderes está só

acumulando dívida para pagar num momento em que não será capaz, assim como

aquele mordomo que devia dez mil talentos, Mt 18.23-35; Lc 16.1-13.

Hoje – enquanto se diz hoje – pode-se errar e corrigir o erro. Mas se continuar

acumulando erros sobre erros sem nunca corrigi-los chegará um ponto em que não será

possível saldar a dívida e terá que pagar de outra forma no fogo do inferno. Trabalhou

tanto tempo na Igreja para conquistar o inferno! Que contraste! Mt 7.21-23. Não valeu à

pena! Foram enganados e enganaram muita gente!

Quem não tem força espiritual para dar bom exemplo como fez Jesus, talvez seja

mais prudente deixar a liderança, passá-la para outra pessoa e continuar salvo servindo a

Deus como membro.

O que há de importante em ser um líder “bem-sucedido” e depois ganhar a coroa

do sofrimento no lago de fogo eterno? Todos que dão mau exemplo e não se corrigem

nem aceitam correção terão de enfrentar esse mau resultado. Logo, o ato de dar bom

exemplo é importante para todos os líderes, pois sem esta prática cristã a liderança se

torna falsa.

Não aceitar duvidosos instruir

Quem deve ministrar a instrução bíblica doutrinária? Quem está autorizado por

Deus a fazer o trabalho de aplicação da verdade à vida do cristão? Estas e outras

perguntas desse tipo ecoam nos arraiais do Evangelho.

São três os aspectos práticos da padéia bíblica: a fidelidade, o ensino correto e

completo e a disciplina justa à luz da Bíblia. Aquele ‘ministro’ que não tem esses

requisitos não faz bem em instruir ou disciplinar os outros. Por quê? Em vez de merecer

galardão, ele, ao contrário, carecerá de castigo, o que, talvez, não seja muito importante.

Por que um infiel se arrisca a disciplinar outro? Não sabe que estará acumulando

dívida? Praticando incoerência? Fazendo injustiça? Sendo ímpio e passando-se por

santo? Defendendo e praticando a hipocrisia? O preço será muito caro! Caia fora disso!

Fuja enquanto é tempo! Deixe os santos ensinarem!

A instrução para a vida em santidade não deve ser deixada por conta de qualquer

um, pois as conseqüências serão grandes e quem delega poderes para quem não tem

qualidade será também responsabilizado. Só os santos devem instruir e apenas os

comprometidos têm condições de convidar os negligentes para o centro do Evangelho.

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Nunca bater no peito

A fraqueza e a vaidade de ‘bater no peito’ são práticas nojentas e provocam mal-

estar. Ninguém tem prazer em ouvir a doutrina direita sendo dada por quem tem a vida

torta; a palavra reta por quem vive em curvas; a instrução santa por quem ama o

mundanismo. Viver na profanação ou negligência e, ao mesmo tempo, ensinar santidade

e santificação é a pior das imoralidades que o mundo poder ver.

Assim sendo, é prudente ser humilde e não reivindicar o direito de realizar

grandes obras. Na simplicidade e na obediência é possível ir mais longe. Quanto mais

humilde, fiel, santo e justo o líder seja, mas possibilidade tem de agradar a Deus e na

medida em que se mostra “o bom” perde espaço, pois o mundo está cansado se saber

que todos nós temos limites e fraquezas.

Um líder que bata no peito reivindicando direito de unção, chamada divina,

ministério, autoridade e algo mais dessa natureza, já não está na simplicidade de um

homem de Deus. Este (o homem de Deus), aliás, tem cuidado na forma como se

apresenta diante das pessoas, porque é sabedor de que elas interpretam e distinguem

entre o sábio e o tolo, o justo e o injusto, o certo e o errado, o correto e o torto, o fiel e o

falso, o fingido e o verdadeiro.

Definir as práticas cristãs

A Igreja não pode deixar por conta do membro a definição da fé, da doutrina, da

obediência e da fidelidade a Deus. Para isto o Senhor levantou ministros: para

interpretar a verdade e determinar, à luz da Bíblia, como devem viver os Seus filhos. Os

crentes são ovelhas e estas não têm definição; ao contrário, são passivas e dependentes.

O relativismo nojento e pernicioso tem prejudicado muito o Reino de Deus, mas

o Senhor não aceita tal prática, pois a mesma deturpa o andamento da Sua obra. Da

parte do Todo-Poderoso existe abertura para certa liberdade limitada dentro do Reino,

mas o cristão não é capaz de tomar decisões firmes em todos os sentidos da fé e da

prática.

Em todas as congregações onde há o relativismo – direito e poder de decisão

particular, cada um definindo o que é certo e o que é errado – Deus não domina, não

manda, não administra, não governa.

Dessa forma, a igreja que não permite Deus lhe governar, o que tem de

característica da verdadeira Igreja? Só o nome! Muitas congregações vivas e

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abençoadas já perderam a natureza, a santidade, o compromisso e o respeito à Palavra

de Deus por causa desse tal relativismo – cada um decide, pensa, faz como quiser, como

achar melhor. Para essas igrejas, a Bíblia já não vale mais nada, só serve para manter a

tradição de Cristianismo, mas na essência, o objetivo é outro – prosperidade material.

Desempenhar o seu papel

A Igreja ungida e fiel a Deus é desprovida de poder de decisão quanto à verdade,

à fé e à obediência. A Bíblia King James Atualizada diz o seguinte: “O Filho nada pode

fazer de Si mesmo”, Jo 5.19. Se Jesus, que é o Filho Eterno de Deus, não pode fazer

nada por Si mesmo, que diríamos da Igreja? Jesus, sendo igual a Deus, não teve a

vaidade de e pressionar o povo para exaltá-Lo, Fp 2.5-11.

O Senhor é o nosso maior exemplo quanto à obediência ao Pai e, por isso, a

Igreja verdadeira sabe ser submissa e ocupa o seu lugar no Reino com humildade,

passividade, reverência e fidelidade. Mas, por outro lado, ela tem de desempenhar o seu

papel. Ela não pode permitir seus membros decidirem fé, doutrina, verdade e obediência

a Deus. Ela tem a obrigação de agir com isenção e sem cumplicidade quanto a erro.

Assim como Jesus não criou novas verdades, não omitiu nada da Palavra de

Deus, nunca alterou os conceitos divinos e foi fiel ao Pai à risca, da mesma forma a

Igreja tem de agir, definir e administrar a fé e a obediência.

E para que isso ocorra a contento, se faz necessário que a Igreja observe quatro

aspectos imutáveis: primeiro, nunca acrescentar doutrinas à Bíblia para os membros

praticarem; segundo, nunca omitir verdades bíblicas impedindo os membros de serem

fiéis a Deus; terceiro, nunca alterar os conceitos de Deus; e quarto, ser fiel ao Senhor

com irrepreensibilidade.

A vida cristã isenta de culpa é característica própria da Igreja fiel e a realidade

contrária representa a falsidade de quem se diz ser membro em comunhão, mas não é.

Confira estas referências onde ocorre o termo grego “amemptos” e derivados com o

sentido de irrepreensibilidade: Lc 1.6; Fp 2.15; 3.6; 1Ts 2.10; 3.13; 5.23; Hb 8.7.

A Igreja fiel é santa e ungida, mas não é dona dos seus narizes e, por isso, não

pode fazer o que deseja, haja vista que ela tem a mente renovada, Rm 12.2; e pensa com

o cérebro de Cristo, 1Co 2.16; Rm 8.29; Fp 4.8; 1Jo 2.6.

Quem faz tudo que quer não é membro do Corpo de Cristo, pois esse é

governado pela Cabeça – e esta não permite o Corpo fazer o que quer, pois tem

autoridade e comanda todas as ações das partes.

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Para sua edificação espiritual, leia as seguintes referências bíblicas sobre parte

do exemplo e mandamentos do Senhor: Mt 11.29; Jo 5.19,24,30; 6.38; 7.16-18; 8.40,54;

12.43,49; 13.15-17; 14.24,31; 15.15; 17.8,14, 22,26.

CONCLUSÃO

Logo, para que a manipulação do evangelho seja conhecida da maioria dos

cristãos e evitada por todos, se faz necessário uma luta constante no combate desse

“vírus” terrível e capaz de grassar a falsidade em nome de prosperidade material.

Você leu um texto fruto de uma análise séria e profunda entre dois temas

antagônicos: a Igreja e os neoliberais. Na verdade, o que pretendeu foi enfatizar a

diferença que está morrendo e precisa recobrar a saúde com urgência.

Assim sendo, buscou-se uma revelação da verdade a respeito da Igreja e outra

acerca dos neoliberais – desviados capazes de influenciar a antiga mãe. O mistério foi

desvendado, embora em parte, pois o fenômeno é grande e não seria possível esgotar o

tema num volume tão reduzido como este.

Ao Eterno toda glória.

Brasília, 7 de dezembro de 2006.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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HUNT, Dave e McMAHON T. A. A sedução no cristianismo – discernimento

espiritual nos últimos dias. 3ª Edição. Porto Alegre, RS: Chamada da Meia-Noite.

Abril de 1995. 272p

NOVO TESTAMENTO Interlinear grego português. Barueri, SP: Sociedade

Bíblica do Brasil. 2004. 992p

SALINAS, Daniel e ESCOBAR, Samuel. Pós-modernidade: novos desafios à fé

cristã. 2ª Edição. São Paulo: ABU Editora. 2002. 100p

[1] Poimén (énos), pastor de ovelhas, Mt 9.36; bósko, apascentar e governar

ovelhas, porcos, reses, etc., e membros da Igreja de Cristo, Mc 5.14; Jo 21.15,17. O dom de pastor cristão inclui alimentar e governar o rebanho e haverá prestação de contas a Deus, Hb 13.17. Jesus é Pastor e Bispo das almas e os pastores levantados por Ele devem ser seus imitadores (N. do E.).