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EVASÃO E REPETÊNCIA NA REDE FEDERAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL ROSEMARY DORE [email protected] Maceió - Alagoas Setembro 2013

EVASÃO E REPETÊNCIA NA REDE FEDERAL DE EDUCAÇÃO … · sistema escolar e pelo grau de atração que outras modalidades de socialização, fora do ... trabalho, o desinteresse

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EVASÃO E REPETÊNCIA

NA REDE FEDERAL DE

EDUCAÇÃO

PROFISSIONAL

ROSEMARY DORE

[email protected]

Maceió - Alagoas

Setembro 2013

EDUCAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO

DA REDE FEDERAL DE EDUCAÇÃO

PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA

DE MINAS GERAIS

PROGRAMA OBSERVATÓRIO DA

EDUCAÇÃO – CAPES/INEP

http://www.fae.ufmg.br/rimepes/index.php

EVASÃO E REPETÊNCIA NA REDE

FEDERAL DE EDUCAÇÃO

PROFISSIONAL

ROSEMARY DORE

[email protected]

Maceió/Setembro/ 2013

O fenômeno do abandono/evasão

escolar:

causas e dinâmicas

Evasão/abandono escolar

• A evasão (abandono escolar) tem uma natureza multiforme: a escolha de sair da escola é apenas o ato final de um processo que se manifesta de muitas formas, visíveis ou não, ao longo da trajetória escolar do indivíduo.

• A escolha de abandonar ou permanecer na escola é fortemente condicionada por características individuais, por fatores sociais e familiares, por características do sistema escolar e pelo grau de atração que outras modalidades de socialização, fora do ambiente escolar, exercem sobre o estudante.

Evasão e mundo do trabalho

• A despeito da grande expansão do acesso

à educação, o abandono escolar se

mantém em níveis preocupantes.

• É mais grave quando ocorre no final da

escola média, pois priva os jovens de

conseguir qualificação mais elevada, do

ponto de vista da escolaridade, para

ampliar suas chances de se inserir no

mundo do trabalho

Conceitos de evasão/abandono escolar

• A evasão/abandono escolar pode se

referir

à retenção e repetência do aluno na

escola

à saída do aluno:

da instituição;

do sistema de ensino;

da escola e posterior retorno

à não conclusão de um determinado

nível de ensino

Diversidade de situações de evasão

Os contextos da evasão envolvem pelo menos três dimensões conceituais distintas:

1. Dos níveis de escolaridade

educação compulsória ou fundamental,

educação de nível médio ou secundária,

educação técnica ou educação superior

2. Dos tipos de evasão

descontinuidade,

retorno,

não conclusão definitiva

I O contexto teórico: diversidade de situações

de evasão

Das razões que motivam a evasão, tais como:

a escolha de outra escola ou de um trabalho,

o desinteresse pela continuidade de estudos,

problemas pessoais, sociais ou na escola

Causas para a evasão

O estudo das causas da evasão escolar envolve dois principais contextos de investigação:

1. o contexto individual ou “micro”:

o estudante, (dimensões psicológicas, cognitivas etc).

sua família e

as circunstâncias de seu percurso escolar;

2. o contexto institucional e social ou “macro”:

a escola, o sistema de ensino, a comunidade e os grupos de amigos, o mercado de trabalho.

Qualquer que seja o motivo, o

abandono da escola na da vida de

um jovem pode trazer

repercussões negativas ao

desenvolvimento de sua vida

adulta

Baixas performances escolares e abandono

As baixas performances escolares (reprovações,

repetência) estão na origem do processo de

abandono, cujas sucessivas etapas envolvem:

o baixo desempenho escolar, que incide

negativamente sobre a auto-estima do estudante;

o enfraquecimento dos laços com a escola, que

representa o aspecto defensivo da relação que se

instaura entre o estudante e a instituição escolar:

– numa situação em que o insucesso escolar

produz uma depreciação no modo pelo qual o

jovem se percebe a si mesmo como estudante,

ele também deve se defender das conseqüências

que isso pode trazer e mesmo de um

rebaixamento geral da sua própria auto-estima.

Queda da auto-estima e desvalorização da escola

• Com a queda da auto-estima,

o comportamento defensivo do jovem assume a

forma de uma desvalorização da importância da

experiência escolar que, para ele, passa a ser

fonte de frustração.

• A desvalorização da experiência escolar

assinala a etapa em que ocorre a diminuição da

autonomia, causada pelo insucesso, o que leva

ao enfraquecimento dos vínculos com a escola.

É uma “situação de risco” do aluno

abandonar a escola

Abandono escolar e alternativas fora da escola

• A escolha entre o abandono e a permanência na escola depende também das alternativas oferecidas fora da escola e que o estudante se percebe como capaz de assumi-las:

– quanto mais as alternativas externas à escola são vistas pelo estudante como aceitáveis e promissoras, mais facilmente ele poderá escolher a opção pelo abandono.

– Tal opção é mais acessível ao estudante que vive em contextos ricos de oportunidades de trabalho e nos quais um título de estudos de nível superior, ou mesmo de nível técnico, não garante uma remuneração muito mais elevada do que aquela que ele conseguiria sem o título.

• Em contextos «ricos» o índice de abandono é minoritário, mas não é desprezível;

• Já em zonas degradadas e pobres, apenas o contexto do estudante não é suficiente para explicar o abandono escolar

Êxito dos percursos escolares

• Algumas das principais variáveis que incidem sobre a direção e o êxito dos percursos escolares encontram-se:

no status sócio-cultural da família de origem;

na possibilidade de prosseguir estudos, uma

vez concluída a escola obrigatória;

no acesso aos diversos tipos de escola

existentes após concluída a escola

obrigatória;

na percepção da importância ou não da aprendizagem escolar.

Há ainda outro fator relacionado à família,

como a qualidade das relações mantidas pelos pais com seus filhos, com outras famílias e com a própria escola

Prevenção da evasão escolar

• Da perspectiva do sistema de ensino e/ou da escola:

compreender, orientar e acompanhar o jovem no

importante momento em que realiza a sua primeira

escolha no campo da formação profissional. O

acompanhamento pode levar à significativa redução das

taxas de abandono e/ou outros tipos de fracasso

escolar.

• No caso da educação técnica, a prevenção da evasão

escolar é de fundamental importância para a sociedade,

pois sua ocorrência é uma das principais razões para a

baixa qualificação e habilitação profissionais

apresentadas pelos jovens nas suas tentativas de

ingresso no mercado de trabalho

Evasão na educação técnica de nível médio no Brasil

No percurso de formação profissional de nível

médio, o estudante pode:

• escolher um curso numa determinada área, interrompe-lo e mudar de curso, mas permanecer na mesma área/eixo tecnológico;

• mudar de curso e de área/eixo;

• permanecer no mesmo curso e mudar apenas a modalidade do curso (integrado, subseqüente ou concomitante) e/ou a rede de ensino na qual estuda;

• interromper o curso técnico para ingressar no ensino superior;

• abandonar definitivamente qualquer proposta de formação profissional no nível médio.

Significados das opções dos estudantes

• existência de diferentes oportunidades de escolha e de

experimentação profissional;

• instabilidade e/ou falta de orientação do estudante

quanto aos rumos profissionais que deseja seguir;

• ou que está em curso um movimento que o levará à

saída definitiva do sistema.

Por isso a importância de conhecer o movimento

dos estudantes durante a formação escolar para

identificar quando eles se encontram em

“situação de risco”: prestes a abandonar o curso

Dificuldades para caracterizar a evasão no ensino técnico no Brasil

Conceituais: fenômeno multifacetado que pode ser associado a situações e circunstâncias muito variadas, tornando difícil a sua apreensão e quantificação

• Representação empírica: os dados

secundários disponíveis nas bases de dados

nacionais oferecem poucas possibilidades

para compreender fenômeno da evasão

escolar no ensino técnico.

Dificuldades para caracterizar a evasão no ensino técnico

• Censo Escolar do INEP: conceitua a saída de estudantes da escola como abandono: refere-se apenas ao estudante que deixou de freqüentar uma determinada escola num dado ano.

• Tal representação empírica não contempla a multiplicidade de situações que envolvem o trânsito de estudantes no interior do sistema de ensino como um todo e no sistema de ensino técnico em particular.

• O Censo Escolar é a única base de dados nacional que oferece

informações sobre movimento (abandono, transferência e

falecimento) e rendimento (aprovação, reprovação e conclusão)

escolar na educação técnica. No caso do ensino técnico, os dados

são armazenados como micro dados (dados brutos), não são

transformados em sinopses estatísticas e não são divulgados pelo

INEP. O acesso a eles nem sempre é simples e/ou fácil.

Educação Técnica de Nível Médio da Rede

Federal de Educação Profissional e

Tecnológica de Minas Gerais: organização

dos IFEs, políticas para o trabalho docente,

permanência/ evasão de estudantes e

transição para o ensino superior e para o

trabalho

PROGRAMA OBSERVATÓRIO DA EDUCAÇÃO

CAPES/INEP

REDE IBERO-AMERICANA DE ESTUDOS

SOBRE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E EVASÃO ESCOLAR (RIMEPES)

PUC Minas: Grupo de Pesquisa Direito à Educação e Políticas Educacionais

CEFET-MG: Grupo de Pesquisa em Formação e Qualificação Profissional (FORQUAP)

Núcleos que Compõem a Pesquisa

da Pesquisa em Minas Gerais

CEFET-MG: 7 unidades

IFETs de MG: 5 institutos

ETUs de MG: 4 escolas

Instituições Participantes

Analisar características qualitativas e quantitativas do

percurso dos estudantes dos cursos técnicos de nível

médio da Rede Federal de EPT de MG, considerando

a organização dos Institutos Federais de Educação

Tecnológica, o trabalho docente, o sucesso dos

estudantes, bem como três formas de saída da

educação técnica: o abandono, a transição para o

mundo do trabalho e a transição para o ensino

superior.

Objetivo

Pesquisa Quali-Quantitativa

Fontes Para Coleta de Dados: questionários e

entrevistas semiestruturadas

Análise dos Dados: análise estatística descritivo-

inferencial e análise de conteúdo

Sujeitos da Pesquisa: alunos egressos,

professores e gestores da Rede Federal de

Educação Profissional

Metodologia da Pesquisa

O contexto da política educacional brasileira:

condições de acesso ao ensino técnico

As condições de acesso e de permanência e ou de evasão dos estudantes na educação técnica resultam das condições de acesso e de permanência na educação básica.

• Educação básica = educação infantil + ensino fundamental + ensino médio.

• Ensino fundamental: praticamente universalizado

• Ensino médio é pré-requisito para o ensino técnico, que pode ser: integrado, concomitante ou subseqüente ao ensino médio.

• Dualidade de objetivos entre formação geral e formação profissional: marca distintiva da escola média no Brasil, desde os anos 30 do sec. XX até hoje.

O contexto da política educacional brasileira:

condições de acesso ao ensino técnico

• Ensino médio: 2012

População total de 18 a 24 anos = 23,8 milhões de jovens. (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD - 2011).

População de 18 a 24 anos: 27% não concluiu o Ensino Médio.

Entre 2001 e 2012 houve crescimento negativo nas matrículas do Ensino Médio (-0,5%). (Censo Escolar 2012)

Há gargalos na progressão escolar + evasão.

O contexto da política educacional brasileira:

condições de acesso ao ensino técnico

• Ensino técnico: 2012

• Matrículas na educação técnica (1.362.200) representam 16,2% das registradas no ensino médio (8.376.852)

• População total de 18 a 24 anos = 20,7 milhões de jovens.

• Total de matrículas no ensino técnico representa pouco mais de 5,0% dessa população.

• Em síntese: no Brasil, as possibilidades de acesso ao ensino técnico são ainda limitadas tanto pela política educacional quanto por fatores relacionados à progressão escolar dos estudantes na educação básica.

• Contudo, a existência de gargalos de retenção entre o ensino médio e o técnico não tem representado obstáculo à política de expansão do ensino técnico público, que vem sendo implantada pelo governo federal na presente década.

Política educacional brasileira: expansão do ensino técnico

• 2003 a 2012: as matrículas no ensino técnico cresceram 131% em todas as redes de ensino (públicas e privada). O número de escolas cresceu de 53,6%.

• Rede privada: responde por 46,4% do total de matrículas.

• Rede pública: detém 53,5% do total de matrículas.

• Rede federal: 28,8% das matrículas na rede pública e 15,4% sobre o total do ensino técnico.

Política educacional brasileira: expansão do ensino médio e ensino técnico

Fonte: INEP 2011

BRASIL : Evolução das Matrículas no Ensino Médio e Educação Profissional:

1935-2012

Política educacional brasileira: Distribuição da Matrícula na Educação

Profissional por Dependência Administrativa – Brasil – 2012

FONTE: INEP 2012

Política educacional: ensino médio e

ensino profissional no Brasil

Matrículas na Educação Básica por Modalidade

de Ensino na Rede Pública - Brasil 2012

91%

9%

Ensino Médio

Educação Profissional

FONTE: MEC/INEP 2012

Política educacional: ensino médio e

ensino profissional no Brasil

Matrículas na Educação Básica por Modalidade

de Ensino na Rede Privada - Brasil 2012

63%

37%

Ensino Médio

Educação Profissional

FONTE: MEC/INEP 2012

Matrículas na Educação Básica - Ensino Médio e

Educação Profissional - ( Brasil 2012 )

86%

14%

Ensino Médio (Público e

Privado)

Ensino Profissional

(Público e Privado)

FONTE: INEP/MEC

Política educacional: ensino médio e

ensino profissional no Brasil

O contexto de escassez de informações teóricas e empíricas sobre o problema da

evasão no Brasil.

1. Escassez de indicadores estatísticos sobre evasão

• Censos Escolares (INEP-MEC)

• IBGE (PME + PNAD)

Pesquisa Mensal de Emprego

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

2. Escassez de pesquisas no Brasil sobre o tema

Fonte: MEC/INEP/DTDIE.

Taxas de aprovação no Brasil, por região geográfica e

modalidade de ensino - 2011

Taxas de reprovação no Brasil, por região geográfica e

modalidade de ensino - 2011

Fonte: MEC/INEP/DTDIE.

Concluintes-aprovação-reprovação Rede Federal de

Ensino Profissional Nível Médio - 2011

Contextos da pesquisa: causas da evasão

• No Brasil, praticamente não há pesquisas sobre evasão e suas causas no ensino técnico.

• As pesquisas sobre o tema no ensino superior são as que ofereceram mais indicadores para investigar as causas da evasão no ensino técnico, tais como condição socioeconômica, necessidade de

trabalhar, formação precária no ensino fundamental, repetência ou desempenho acadêmico insuficiente, frustração de expectativas em relação ao curso, fatores intra escolares como currículo, horários e carga horária dos cursos, entre outros.

• As primeiras indicações mais precisas sobre evasão no ensino técnico foram obtidas a partir de nossa pesquisa no Estado de Minas Gerais.

Ações desenvolvidas (2011- junho 2013): Levantamento e análise de dados secundários (INEP/MEC) referentes à educação profissional de nível médio Pesquisa bibliográfica sobre o tema da evasão

Elaboração de questionários Realização de entrevistas com alunos evadidos

Levantamento de dados de evasão e de permanência nas instituições da RFEPT de MG

Evasão na Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica de Minas Gerais

Ensino médio profissional no Brasil – 2007- 2011

Matrículas na Educação Profissional de nível médio por Setor Administrativo no Brasil – 2007-2011.

Fonte: MEC/Inep/Deed. Censo Escolar (INEP, 2011).

Nota 1: No. de matrículas na Ed. Média Profiss. cresceu 60,0% de 2007 a 2011. Cresceu 73,0% na Rede Federal no mesmo período

Nota 2: a Rede Privada de EPT cresceu 50,1% de 2007 a 2011. Houve um incremento até

2011 de metade do número de matrículas havidas em 2007 Nota 3: No. de matrículas no Ens. Médio em 2011 (INEP, 2011): 8.400.689

Ano Educação Profissional por Setor Administrativo

Total Federal Estadual Municipal Privado

2007 780.162 109.777 253.194 30.037 387.154

2008 927.978 124.718 318.404 36.092 448.764

2009 1.036.945 147.947 355.688 34.016 499.294

2010 1.140.388 165.355 398.238 32.225 544.570

2011 1.250.900 189.988 447.463 32.310 581.139

∆%

2010/2011 9,7 14,9 12,4 0,3 6,7

Crescimento de matrículas na Escola Profissional: Redes Pública e

privada. Minas Gerais: 1986 – 1991 – 1996 - 2001 – 2006 –2011 – 2012

Fonte: Organizado a partir dos dados do Censo Escolar de 1986 a 2012

(MEC/INEP/Censo Escolar).

Metodologia: conceitos

– Abandono escolar

situação na qual o aluno foi matriculado no curso técnico e participou de pelo menos 25% do ano letivo, mas saiu sem obter o diploma de técnico.

– Aluno egresso concluinte ou diplomado

considerou-se aquele “que efetivamente concluiu os estudos regulares, estágios e outras atividades previstas no plano de curso e está apto a receber ou já recebeu o diploma.” (MEC, 2009, p.10).

44

Metodologias estatísticas aplicáveis ao estudo

do abandono escolar:

• modelo de regressão hierárquico ou modelos

multiníveis: Soares & Mendonça (2003)

• modelo de regressão hierárquico logístico longitudinal: Gonçalves, Rios-Neto, César (2011) - CEDEPLAR (UFMG)

• conforme o objetivo da pesquisa, diversas outras metodologias são usadas na atualidade

• Modelo teórico abrangente sobre abandono escolar na literatura (inter)nacional:

• Modelo Conceitual de Desempenho Escolar e Estudantil no Ensino Médio: Permanência, Abandono e Conclusão Escolares, de Rumberger & Lim (2008

METODOLOGIAS ADOTADAS NA PESQUISA

45

– Escola dualista (Cf. CASTRO, 1994; 2012)

separa a formação profissional da formação teórica (de base ideológica e de dominação sobre as massa populares)

perpetua as relações de poder desiguais entre grupos subalternos e dirigentes (“escola para modestos e escola para notáveis”)

antidemocrática, injusta, desigual, artificial e não solidária

deve ser eliminada do âmbito escolar e combatida nos campos ético-político, filosófico e econômico

– A escola unitária (GRAMSCI)

une as formações teórica e prática e prepara a todos como potenciais dirigentes (com e de base científica, política e pedagógica)

é mais democrática, justa, igualitária, humana e solidária

não é escola politécnica; escola de fábrica; escola soviética; nem a comprehensive school norte-americana

REFERENCIAL TEÓRICO SOBRE ORGANIZACAO ESCOLAR

Situação ocupacional e nível socioeconômico

A)É melhor a situação ocupacional de diplomados na RFEP-MG, comparada à situação de evadidos nessa Rede Federal:

os sujeitos diplomados apresentam uma melhor situação

e um melhor perfil ocupacional em comparação

estatística aos sujeitos evadidos, comparados pelas

mesmas variáveis, na RFEP no Estado de Minas Gerais

B) Baixo nível socioeconomico Versus elitização na RFEP:

a maior parte dos alunos que frequentam a RFEP no

Estado de Minas Gerais são de famílias de baixo nível

socioeconômico, que fizeram o Ensino Fundamental (EF)

e o Ensino Médio (EM) em escolas públicas e que

trabalham em áreas afins à formação recebida, não

sendo, pois, oriundos de uma "elite rica" como afirma

Castro (1994; 2000; 2005; 2007; 2008)

Conclusão sobre a situacao socioeconômica

dos alunos da RFEP-MG: 2006-2010

Com base na pesquisa de campo, a tese de doutorado de Edmilson Paixão (2013)¹ concluiu que:

Os alunos não vêm de uma "elite rica“, nem

usam a RFEP-MG como trampolim para

alcançar o Ensino Superior como afirma

Castro (1994, 2000, 2005, 2007, 2008)

¹PAIXAO, E.L. Transição de egressos evadidos e diplomados da

educação profissional técnica para o mundo do trabalho: situação e perfis

ocupacionais de 2006 a 2010. FaE/UFMG, Belo Horizonte, 2013.

Levantamento de Evasão na Rede

Federal de Minas Gerais (2006-2010)

Permanência Levantamento de Concluintes na Rede Federal de

Educação Profissional de MG (2006 a 2010)

A pesquisa de campo

• A partir dos levantamentos dos universos de evadidos e diplomados, foram selecionadas amostras para a etapa de aplicação de questionários, que ainda está em andamento.

• Verificou-se, durante a coleta de dados e informações, grandes dificuldades para localizar e encontrar os ex-alunos, tanto

os evadidos como os diplomados.

Verificou-se a existência de melhor situação ocupacional de

diplomados em comparação à situação dos sujeitos evadidos

na RFEP de Minas Gerais

os sujeitos diplomados apresentam uma melhor

situação e um melhor perfil ocupacional em comparação

estatística aos sujeitos evadidos, comparados pelas mesmas

variáveis, na RFEP no Estado de Minas Gerais.

Variáveis:

• sociodemográficas e econômicas

• acadêmicas ou educacionais

• ocupacionais

Alguns Resultadospreliminares da pesquisa de campo: situação ocupacional 2006-2010

Resultados preliminares: Nível Socioeconomico dos alunos da RFEP de Minas Gerais 2006-2010

• 76% (diplomados) recebem, per capita, até R$ 2.042,00/mês (≅

3 SM)

• 60% (diplomados) recebem, per capita, até R$ 1.450,00/mês (≅

2SM )

• 62% da amostra total (evadidos e diplomados) têm renda familiar

até R$ 2.074,00 (≅ 3 SM)

• São, em sua maioria, oriundos de famílias de classe econômica

popular

• Têm necessidade de trabalhar e estudar (30,9% e 43,1%,

evadidos e diplomados, respectivamente)

• Seu Perfil como trabalhador: 73,5% dos diplomados e 66,4% dos

evadidos "apenas trabalham" ou "trabalham e estudam“

• Acumulam jornadas semanais de trabalho de mais de 40 horas

(51,4% dos evadidos e 61% dos diplomados)

•Educação: Mais de 80% dos evadidos e diplomados são

formados no Ensino Fundamental e no Ensino Médio

públicos e gratuitos, e não na Rede Privada de Educação

Básica

• 47,7% dos pais e 42,6% das mães dos evadidos (52,5%

dos pais e 46,1 das mães de diplomados) tinham

escolaridade inferior ou igual ao ensino fundamental

• Somente 8,6% dos pais e 11,3% das mães de evadidos

alcançaram o nível superior completo

• Somente 5,3% dos pais e 9,5% das mães de diplomados

alcançaram o nível superior completo

Resultados Preliminares– Nível socioeconomico dos alunos da RFEP de Minas Gerais 2006-2010

Distribuição percentual de alunos evadidos e diplomados segundo a modalidade do curso técnico escolhido - 2006-2010

Fonte: Dados da Pesquisa Geral elaborados por PAIXAO, E.L. Transição de

egressos evadidos e diplomados da educação profissional técnica para o mundo

do trabalho: situação e perfis ocupacionais de 2006 a 2010. FaE/UFMG, Belo

Horizonte, 2013.

Resultados Preliminares– Percurso escolar dos alunos do curso técnico

da RFEP de Minas Gerais (evadidos e diplomados)

ModalidadeEvadidos

Valid %

Diplomados

Valid %

Subsequente 48,1 40,1

Integrado 30,5 26,0

Concomitante Externo 14,7 20,6

Concomitante Interno 6,7 13,3

Distribuição percentual de alunos evadidos e diplomados segundo o percurso escolar após abandono/ conclusão do ensino técnico: RFEP-MG 2006-2010

Fonte: Dados da Pesquisa Geral elaborados por PAIXAO, E.L. Transição de egressos evadidos e diplomados da educação profissional técnica para o mundo do trabalho: situação e perfis ocupacionais de 2006 a 2010. FaE/UFMG, Belo Horizonte, 2013.

Percurso escolar: pós abandono/conclusão

ensino técnico evad. dipl.

Foi concluir o Ensino Médio 23,7 -

Foi fazer curso superior 20,0 55,8

Não voltaram mais aos estudos 16,8 19,3

Foi fazer outra atividade 25,5 -

Resultados Preliminares– Percurso escolar dos alunos do curso técnico da RFEP de Minas Gerais (evadidos e diplomados) após abandono/ conclusão do ensino técnico

Distribuição percentual de alunos evadidos e diplomados. Área de trabalho atual X área de formação recebida na escola técnica da Rede Federal de Educação Profissional de Minas Gerais ( 2006-2010) comparando resultados pesquisa egressos MEC

Fonte: Dados da Pesquisa Geral elaborados por PAIXAO, E.L. Transição de egressos evadidos e diplomados da educação profissional técnica para o mundo do trabalho: situação e perfis ocupacionais de 2006 a 2010. FaE/UFMG, Belo Horizonte, 2013.

relação entre área de trabalho atual X

área de formação recebida evad. dipl.

MEC

dipl.

não trabalham em área relacionada 58,3 27,4 23,0

trabalham em áreas muito ou

totalmente relacionadas

21,0 54,3 54,0

trabalham em áreas razoável, muito ou

totalmente relacionadas

31,3 64,5 77,0

Resultados Preliminares– Percurso ocupacional

Relação área de trabalho X área de formação recebida: diplomados e evadidos

assumem posições opostas

57

Resultados Preliminares das Taxas de conclusão e de

abandono – fontes primárias da pesquisa de campo:

–os dados coletados pela pesquisa ainda não estão completos para o cálculo exato das taxas de abandono e de conclusão escolares na Rede Federal de Minas Gerais: 2006-2010

Taxas de conclusão e de abandono – fontes secundárias:

– são baixas as taxas de conclusão escolar

nacionais no ensino subsequente e no integrado da RFEP,

31,4% e 46,8%, respectivamente (TCU, 2012)

– é alta a taxa de abandono escolar (18,9%) nos

cursos subsequentes nacionais na RFEP (TCU, 2012)

– a taxa de abandono escolar no ensino integrado

nacional na RFEP, 6,4%, se aproxima das menores taxas

europeias (TCU, 2012; REUPOLD & TIPPELT, 2011)

58

Hierarquia de motivos de ESCOLHA de um curso técnico na RFEP e relação com a situação ocupacional – amostra de evadidos:

Fonte: Dados da Pesquisa Geral elaborados por PAIXAO, E.L. Transição de

egressos evadidos e diplomados da educação profissional técnica para o mundo

do trabalho: situação e perfis ocupacionais de 2006 a 2010. FaE/UFMG, Belo

Horizonte, 2013.

Resultados Preliminares – Pesquisa de campo 2006-2010

Fator - Motivo de Escolha de curso

Rumberger & Lim (2008)

Perspectiva Fator

Associado

Subfator

Associado

Fator 1 – Gratuidade e qualidade do

curso da RFEP Institucional Escola Estrutura

Fator 2 – Boas expectativas de

salário/profissão Individual Atitudes Objetivos

Hierarquia de motivos de ABANDONO escolar de curso técnico na RFEP-MG e relação com situação ocupacional – amostra de evadidos: 2006-2010

Resultados Preliminares – Pesquisa de campo

Fator - Motivo de Abandono de curso

Rumberger & Lim (2008)

Perspectiva Fator

Associado

Subfator

Associado

Fator 1 – Conciliar trabalho e estudo Individual Comporta-

mentos Trabalho

Fator 2 – Desinteresse por profissão/curso Individual Comporta-

mentos Trabalho

Fator 3 – Opção por curso superior Individual atitudes Objetivos

Fator 4 – Excesso de matérias/conteúdo Individual Comporta-

mentos

Engaja-

mento

Fator 5 – Dificuldades financeiras e com

professores Institucional escola

Relações

sociais

Fator 6 – Falta de apoio pedagógico Institucional escola Recursos

Fator 7 – Desinteresse da escola/professor

por aluno Institucional escola Estrutura

Fator 8 – Má qualidade da escola e dos

professores Institucional escola Estrutura

60

Hierarquias de motivos de CONCLUSÃO de um curso técnico na RFEP-MG e relação com a situação ocupacional – amostra de diplomados: 2006-2010

Fonte: Dados da Pesquisa Geral elaborados por PAIXAO, E.L. Transição de egressos evadidos e diplomados da educação profissional técnica para o mundo do trabalho: situação e perfis ocupacionais de 2006 a 2010. FaE/UFMG, Belo Horizonte, 2013.

Resultados Preliminares – Pesquisa de campo

Fator - Motivo de Conclusão de curso

Rumberger & Lim (2008)

Perspectiva Fator

Associado

Subfator

Associado

Fator 1 – Qualidade da escola Institucional Escola Recursos

Fator 2 – Interesse na profissão/curso Individual Comporta-

mentos Trabalho

Fator 3 – Qualidade dos professores Institucional Escola Relações

sociais

Fator 4 – Baixo nível socioeconômico

família Institucional Família Recursos

Fator 5 – Família paga/incentiva estudos Institucional Família Recursos

Fator 6 – Expectativas ocupacionais aluno Individual Comporta-

mentos Trabalho

Fator 7 – Continuidade de estudos Individual Perfor-

mance

Resultado

educacional

Outros Resultados preliminares da

pesquisa de campo sobre os evadidos

Com base no total geral de 9.950 evadidos

foram realizados questionários com uma

amostra de 791 evadidos

A seguir, o que mostram alguns

resultados preliminares.

Idade: a média é de 25 anos e 80% da amostra tem entre 17 e 29 anos.

Gênero: 53,1% são do sexo masculino e 46,9% são do sexo feminino.

Cor/Raça: 45,4% são brancos, 12,9% pretos e 35,9% pardos. Amarelos e indígenas são 0,6% e 0,5%, respectivamente.

Estado Civil: 77,7% são solteiros e 15,2% são casados

Filhos: 80,3% não têm filhos e 19,7% têm filhos.

Perfil Geral dos Evadidos

Alguns pais dos evadidos nunca frequentaram a escola: 4,5% dos pais e 3,9% das mães

38,7% dos pais e 32,7% das mães não concluíram o ensino fundamental

Os pais e mães que cursaram o ensino fundamental completo são 8,8% e 10,6%, respectivamente.

Nível de Escolaridade dos Pais dos Evadidos

18,9% dos pais e 21,1% das mães têm um diploma do ensino médio

25% dos pais têm um diploma de técnico de nível médio

Outro dado interessante é a baixa taxa de pais que concluíram o nível superior: 5,4% dos pais e 3,6% das mães

Nível de Escolaridade dos Pais dos Evadidos

A maioria dos evadidos vem de uma família cuja renda familiar era 1-3 salário mínimos (56,4%) no momento do abandono.

Estes dados mostram uma tendência de demanda por educação profissional por alunos de camadas socioeconômicas desfavorecidas, que, em geral, têm uma maior chance de deixar a escola do que os alunos de classes médias.

Renda Familiar no Momento do Abandono

Causas de Evasão Influenciou muito

ou totalmente (%)

1) Dificuldade de conciliar estudo e trabalho 40

2) Necessidade de trabalhar 39,4

3) Possibilidade de iniciar um curso superior 39,2

4) Falta de motivação para continuar os estudos 31

5) Dificuldade de conciliar o curso técnico com outro curso 30,2

6) Insatisfação com o curso técnico 29,4

7) Falta de interesse ou afinidade pela área/profissão 28,4

8) Fracasso escolar 25,2

9) Estresse por passar o dia todo na escola 24,1

10) Dificuldade de se adaptar à modalidade do curso 22,9

11) O curso não era atrativo 21,2

12) Distância entre escola e casa/trabalho 20,6

13) Dificuldade com os procedimentos de avaliação do curso 20,2

14) Dificuldade de seguir as aulas: falta de base teórica/prática 19,4

15) Desinteresse dos professores pela formação dos alunos 17

Fonte: dados da pesquisa, 2012

Motivos para a evasão nos cursos técnicos do PROEJA Minas Gerais - Brasil: 2006-2010

%

1 dificuldade de conciliar o horário de estudo e trabalho 66

2 necessidade de trabalhar 64.4

3 a escola era distante da casa e/ou trabalho 63.6

4 dificuldades financeiras para realizar o curso 54.7

5 falta de motivação para continuar os estudos 50.8

6 cuidado dos filhos e/ou da casa 50

7 problemas familiares 50

8 falta de assistência financeira 47.6

9 falta de flexibilidade nos horários para cursar as matérias 45.9

10 problemas de saúde 36.7

11 dificuldades para acompanhar as matérias 37.1

12 falta de interesse, afinidade ou gosto pela área profissional 35.2

13 não considerava o curso atrativo 34

14 insatisfação com o curso 33.9

15 dificuldades com os procedimentos de avaliação do curso 32.3

16 excesso de matérias no curso 32.3

17 professores muito exigentes 30.9

Fonte: MOREIRA, P.R. EVASÃO ESCOLAR NOS CURSOS TÉCNICOS DO PROEJA NA REDE FEDERAL DE EDUCAÇÃO

PROFISSIONAL, CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS. DISSERTAÇÃO (MESTRADO EM EDUCAÇÃO). FACULDADE DE

EDUCAÇÃO, UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. BELO HORIZONTE, 2012.

De 1909 a 2002, foram construídas 140 escolas técnicas. Até 2010, foram entregues 214

novas unidades. Até 2014 o governo pretende entregar mais 208 escolas.

Fonte: SETEC/MEC - 2011

Valores empenhados no Programa Desenvolvimento da

Educação Profissional e Tecnológica no Brasil: 2008 a 2011.

Fonte: Siga Brasil Apud: ACÓRDÃO No 506/2013. Relatório de Auditoria do Tribunal de Contas da

União realizada nas ações da Rede Federal de Educação Profissional, em consonância com o Tema de Maior

Significância nº 5 do Plano de Fiscalização do Tribunal para o exercício de 2011. 13 de março de 2013.

0

2.000.000

4.000.000

6.000.000

8.000.000

10.000.000

12.000.000

1935

1940

1950

1960

1970

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

Ensino Médio /Secondary Education

Ensino Técnico /Vocational UpperSecondary Education

- Matrículas no Brasil: Ensino Médio e Ensino Técnico (1935-2012)

Fonte: 1) Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, nº 101, Estatísticas da Educação

Nacional, 1960/71. MEC. 2) População no Brasil na Escola Média. In: ROMANELLI, O

(1978) História da educação no Brasil (1930/1973). Rio de Janeiro: Vozes. 3) Censo Escolar IBGE/INEP.

Matrículas em Minas Gerais: Ensino Médio e Ensino Técnico

no setor público (2012)

Fonte: INEP/Mec.

Matrículas na Educação Básica - Ensino Médio e

Profissional -( Minas Gerais 2012 )

85%

15%

Ensino Médio (Público e

Privado)

Ensino Profissional

(Público e Privado)

FONTE: INEP/MEC

Dez cursos de Educação Profissional com maior Número

de Matrículas na Rede Federal – Brasil – 2012

23%

18%

13%11%

8%

6%

6%

5%

5% 5% Informática

Agropecuária

Edificações

Eletrotécnica

Mecânica

Química

Administração

Segurança do Trabalho

Eletromecânica

Meio Ambiente

FONTE: INEP/MEC

FONTE: INEP/MEC

75

combater a dualidade escolar nos campos jurídico, institucional e formativo no país

estabelecer programas de excelência em gestão de pessoas e de recursos

investimentos financeiros maciços em Educação. 10% do PIB: PNE (2011)

controle externo e interno da gestão educacional, níveis individual, institucional e sistêmico

não se utilizar da aprovação automática de alunos

aumentar grandemente a remuneração dos professores em todos os níveis de ensino, em especial na Educação Básica

ofertar docentes mais capacitados e que cobrem resultados dos alunos

colocar docentes e discentes em contato direto com a realidade produtiva de P & D no país

Sugestões políticas públicas para o Sistema Educativo Brasileiro