Everaldo 2008

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UFRRJ INSTITUTO DE BIOLOGIACURSO DE PS-GRADUAO EM FITOSSANIDADE E BIOTECNOLOGIA APLICADA

DISSERTAO

LEVANTAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE KIT DIAGNSTICO DE PATGENOS E PROPAGAO IN VITRO DE ORQUDEAS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

EVERALDO HANS STUDT KLEIN

2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE BIOLOGIA CURSO DE PS-GRADUAO EM FITOSSANIDADE E BIOTECNOLOGIA APLICADA

LEVANTAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE KIT DIAGNSTICO DE PATGENOS E PROPAGAO IN VITRO DE ORQUDEAS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

EVERALDO HANS STUDT KLEIN

Sob a Orientao do Professor Associado Dr. PAULO SERGIO TORRES BRIOSO

Dissertao submetida como requisito parcial para obteno do grau de Mestre em Cincias, no Curso de Ps-Graduao em Fitossanidade e Biotecnologia

Aplicada, rea de Concentrao em Fitopatologia

Seropdica, RJ Julho de 2008

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584.4 K64l T

Klein, Everaldo Hans Studt, 1966Levantamento e desenvolvimento de kit diagnstico de patgenos e propagao In Vitro de orqudeas no Estado do Rio de Janeiro / Everaldo Hans Studt Klein 2008. 72f. : il. Orientador: Paulo Sergio Torres Brioso. Dissertao (Mestrado) Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Curso de Ps-Graduao em Fitossanidade e Biotecnologia. Bibliografia: f. 64-68. 1. Orqudea Doenas e pragas Propagao in vitro - Teses. 2. Orqudea Teses. 3. Fitopatologia Teses. I. Brioso, Paulo Sergio Torres. II. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Curso de Ps-Graduao em Fitossanidade e Biotecnologia. . III. Ttulo.

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE BIOLOGIA CURSO DE PS-GRADUAO EM FITOSSANIDADE E BIOTECNOLOGIA APLICADA

EVERALDO HANS STUDT KLEIN

Dissertao submetida como requisito parcial para obteno do grau de Mestre em Cincias, no curso de Ps-Graduao em Fitossanidade e Biotecnologia Aplicada, rea de Concentrao em Fitopatologia Aplicada.

DISSERTAO APROVADA EM_____/_____/_____

______________________________________ Dr. Paulo Sergio Torres Brioso/ UFRRJ (Orientador)

________________________________________ Dr. Carlos Frederico de Menezes Veiga/ UFRRJ (Presidente)

_______________________________________ Dra. Luciana Pozzer/ MAPA-RJ

________________________________________ Dr. Cleber Furlanetto/ UNIOESTE-PR

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DEDICATRIA

minha esposa Lana e aos meus filhos Hans Lucas e Anni Lvia que, ao longo desses dois anos de estudos, se viram afastados de minha presena por diversas vezes e pela oportunidade concedida por Deus de formarmos uma famlia unida e feliz, ofereo este trabalho.

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AGRADECIMENTOS

Agradeo primeiramente a Deus, pela oportunidade de vir a esse mundo com a possibilidade de adquirir tantos conhecimentos maravilhosos ao longo de minha caminhada e vida acadmica. Agradeo minha me, Ina pelo apoio e amor infinitos com os quais me conduziu ao longo da minha vida, desde minha infncia, quando passevamos pelos jardins, estimulando-me a descobrir flores e formas de vida e a apreciar a natureza, at os dias atuais, me ajudando a identificar plantas doentes em sua coleo de orqudeas e me cedendo plantas para a realizao dos meus estudos; pelo apoio material e moral em todos os momentos, agradeo, sem sequer encontrar palavras que exprimam completamente o meu profundo sentimento de gratido. minha esposa Lana, pelo apoio e compreenso pelos dias e noites que me ausentei do nosso lar para me dedicar a esse curso e a escrita dessa dissertao. Agradeo por me estimular a tornar mais esse sonho realidade. UFRRJ, querida e linda escola, aonde tive o privilgio de me graduar Engenheiro Agrnomo em 1991, agradeo, por me receber novamente, me ofertando a oportunidade de realizar esse curso de Ps-graduao. Como foi bom voltar, aps 15 anos e sentir-me fazendo parte dela novamente. Ao professor Paulo Sergio Torres Brioso, pela sua orientao e ensinamentos proporcionados ao longo do curso, agradeo por todas as chamadas de ateno, crticas, elogios, que me guiaram at o fim desse trabalho. Muito obrigado. Ao professor Joo Pedro Pimentel, pela amizade e ensinamentos, no apenas adquiridos em sua disciplina, na sala de aula, mas em todos os momentos que tivemos a oportunidade de estarmos juntos. Meu muito obrigado. Aos demais professores do Curso de Ps-Graduao em Fitossanidade e Biotecnologia Aplicada, agradeo pela dedicao e ensinamentos recebidos. Aos funcionrios do Departamento Entomologia e Fitopatologia, agradeo a amizade, ateno, apoio e ajuda que recebi ao longo do curso para realizar todas as atividades no laboratrio e na casa de vegetao. Aos colegas de curso, agradeo pela amizade, pelas brincadeiras e toda a ajuda que tive de vocs para realizar os trabalhos. A CAPES, Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior, agradeo pelo apoio financeiro concedido atravs de bolsa de estudo.

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BIOGRAFIA

Everaldo Hans Studt Klein, filho de Ina Marta Studt e Manfred Reinhard Klein, nascido em 21 de dezembro de 1966, na Cidade do Rio de Janeiro. Concluiu o 2 Grau, no Colgio Cruzeiro, na mesma cidade, em 1984. Foi aprovado no vestibular para o Curso de Agronomia pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) em 1985. Em 1987 passou a ser estagirio do Departamento de Fitopatologia e em 1989 foi aprovado na seleo para monitor da disciplina Fitopatologia Geral, no Instituto de Biologia da mesma Universidade. Formou-se em 1991, passando a trabalhar como autnomo, nas reas de consultoria e paisagismo. Em 2003 retornou aos estudos, realizando o curso de ps-graduao lato sensu Manejo de Doenas de Plantas pela Universidade Federal de Lavras, MG, obtendo o Ttulo de Especialista em Manejo de Doenas de Plantas, em 2004 com o Trabalho intitulado Manejo de Doenas em Orquidrios Comerciais para o Estado do Rio de Janeiro, sob a orientao do Professor Ricardo Magela de Souza. No mesmo ano fez o Curso de Cultivo e Reproduo de Orqudeas no Centro de produo Vegetal Plantech, em Atibaia, S.P., ministrado pela Biloga Sandra Takebayashi. Em 2006 ingressou no Curso de Ps-graduo em Fitossanidade e Biotecnologia Aplicada, ao nvel de Mestrado, na UFRRJ, como primeiro colocado na seleo, passando a contar com bolsa de estudos da CAPES. Em 2007 passou a formar o corpo docente do SENAC-Terespolis, ministrando o Curso Bsico em Paisagismo, nesta cidade.

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RESUMOKLEIN, Everaldo H. S. Levantamento e desenvolvimento de kit diagnstico de patgenos e propagao in vitro de orqudeas no Estado do Rio de Janeiro. 2008. 71p. Dissertao (Mestrado em Fitossanidade e Biotecnologia Aplicada). Instituto de Biologia, Departamento de Entomologia e Fitopatologia, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropdica, RJ, 2008.

Foi realizado levantamento das principais doenas que ocorrem em orqudeas no Estado do Rio de Janeiro, atravs de coleta de plantas em vrias Localidades, no perodo de abril de 2006 a junho de 2008. Cinqenta e trs plantas tiveram suas doenas e patgenos identificados, dos quais 35,9% das plantas estavam infectadas por fungos, sendo 17% por Fusarium oxysporum, 13,2% por Colletotrichum gloeosporioides, 1,9 % por Botrytis sp., 1,9% por Puccinia sp. e 1,9% por Phyllosticta capitalensis. 51% das plantas estavam infectadas por vrus com infeces simples e duplas de Cymbidium mosaic virus - CymMV e Odontoglossum ringspot virus - ORSV. 1,9 % estavam infectadas pela bactria Pectobacterium carotovorum subsp. carotovorum e 3,8 % por nematides do gnero Aphelenchoides. Foram identificados os nematides Aphelenchoides fragariae e A. ritzemabosi infectando orqudeas hbridas, sendo esse o primeiro relato de parasitismo desses nematides em orqudea e de A. ritzemabosi em Asplenium nidus L., no Brasil. Foi feito tambm o primeiro registro da ocorrncia Cymbidium mosaic virus CymMV infectando plantas da espcie Arundina bambusifolia Lindl. no Estado do Rio de Janeiro. Com base na identificao dos patgenos desse levantamento, desenvolveu-se um kit diagnstico para os principais fitopatgenos de orqudea. Objetivou-se testar trs substncias de propriedades fungistticas em meio de cultivo de propagao de orqudeas, utilizando-se como plantas-teste Sophronitis cernua Lindl. e Epidendrum ellipticum Grah.. Das substncias testadas, apenas canela em p (Cinnamomum zeylanicum J.Presl), na dosagem de 6 gramas / litro influenciou positivamente a germinao de sementes de Epidendrum ellipticum Graham, sendo que o acrscimo de cravo-da-ndia (Syzygium aromaticum) comercial picado nas doses de 3, 5 e 6 g/l causou a inibio da germinao in vitro das sementes de Epidendrum ellipticum Graham. e Sophronitis cernua (Lindl.) Hook. O acrscimo de alho (Allium sativum L.) em p comercial nas doses de 6 e 10 g/l, tambm inibiu a germinao in vitro das sementes de Epidendrum ellipticum Graham. Palavras-chave: Doenas de plantas, orqudeas, micropropagao.

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ABSTRACTKLEIN, Everaldo H. S. Survey and development of diagnostic kits for pathogens and in vitro propagation of orchids in the State of Rio de Janeiro, Brazil, 2008. 71p. Dissertation (Master Science in Plant Protection and Applied Biotechnology). Instituto de Biologia, Departamento de Entomologia e Fitopatologia, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropdica, RJ, 2008.

It was conducted a survey of the major diseases that occur in orchids in the State of Rio de Janeiro, through collection of plants in various localities in the period April 2006 to June 2008. Fifty-three plants had their diseases and pathogens identified, of which 35.9% were infected by fungi, being 17% by Fusarium oxysporum, 13.2% by Colletotrichum gloeosporioides, 1,9% by Botrytis sp., 1,9% by Puccinia sp. and 1.9% by Phyllosticta capitalensis. 51% of the plants were infected by virus with simple and double infections of Cymbidium mosaic virus - CymMV and Odontoglossum ringspot virus - ORSV. 1.9% were infected by the bacterium Pectobacterium carotovorum subsp. carotovorum and 3.8% by nematodes of the genus Aphelenchoides. The nematodes Aphelenchoides fragariae and A. ritzemabosi were identified infecting hybrid orchids, which is the first report of parasitism of these nematodes in orchid and of A. ritzemabosi parasiting Asplenium nidus L. in Brazil. It also made the first record of the occurrence of Cymbidium mosaic virus - CymMV infecting Bamboo orchid Arundina bambusifolia Lindl. in the State of Rio de Janeiro. Based on the identification of pathogens of that survey, it was developed a diagnostic kit for the main diseases of orchids. Aiming to test antimycotic properties of three substances in culture medium for cultivation of orchids, using as test- plants Sophronitis cernua Lindl. and Epidendrum ellipticum Grah. Of the substances tested, only powdered cinnamon (Cinnamomum zeylanicum J. Presl), at the dose of 6 grams / liter positively influenced the germination of seeds of Epidendrum ellipticum Graham, and the addition of clove (Syzygium aromaticum) at doses of 3, 5 and 6 grams / liter caused the inhibition of in vitro germination of seeds of Epidendrum ellipticum Graham. and Sophronitis cernua (Lindl.) Hook. The addition of commercial garlic (Allium sativum L.) powder in doses of 6 and 10 grams / litre, also inhibited in vitro germination of seeds of Epidendrum ellipticum Graham. Keywords: Diseases of plants, orchids, micropropagation.

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LISTA DE SIGLAS, ABREVIATURAS E SMBOLOS

BDA BLC CymMV g l L LC M ORSV pH SiO2

Batata-dextrose-Agar Brassolaeliocattleya Cymbidium mosaic virus grama litro Laelia Laeliocattleya Molar Odontoglosum ringspot virus potencial hidrogeninico Dixido de Silcio

FeNA EDTA Etilenodiaminotetracetato de ferro e sdio NPK Nitrognio-fsforo-potssio

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SUMRIO Capa........................................................................................................................................... i Contra-capa...............................................................................................................................ii Ficha catalogrfica...................................................................................................................iii Folha de Aprovao.................................................................................................................iv Dedicatria.................................................................................................................................v Agradecimentos........................................................................................................................vi Biografia..................................................................................................................................vii Resumo....................................................................................................................................viii Abstract.....................................................................................................................................ix Lista de Siglas, Abreviaturas e Smbolos................................................................................x ndice de Tabelas.....................................................................................................................xv ndice de Figuras...................................................................................................................xvii Introduo..................................................................................................................................1 As orqudeas..............................................................................................................................1 O mercado da floricultura........................................................................................................1 A fitossanidade..........................................................................................................................2 Objetivos....................................................................................................................................3 Reviso de Literatura...............................................................................................................4 A reproduo das orqudeas....................................................................................................4 Sistemas de propagao............................................................................................................4 Os meios de cultura para micropropagao...........................................................................5 Os meios de cultura alternativos..............................................................................................6 A contaminao.........................................................................................................................6 As doenas que atacam as orqudeas.......................................................................................7 Doenas fngicas.......................................................................................................................7 Podrido negra..........................................................................................................................7 Murcha de Fusarium ou Podrido de raiz e pseudobulbo....................................................7 Antracnose.................................................................................................................................8 Ferrugem....................................................................................................................................8 Mofo cinzento............................................................................................................................9 Mancha de Cercospora ou cercosporiose................................................................................9 Murcha de Sclerotium ou Podrido da base..........................................................................9

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Manchas foliares de Phyllosticta...........................................................................................10 Podrido das razes.................................................................................................................10 Podrido de razes de Cylindrocarpon..................................................................................11 Podrido de razes de Cylindrocladium................................................................................11 Mancha foliar de Fusarium....................................................................................................11 Mancha foliar e de bulbos......................................................................................................11 Mancha de Macrophoma .......................................................................................................11 Outras manchas foliares.........................................................................................................11 Crosta negra da baunilha.......................................................................................................12 Doenas bacterianas................................................................................................................12 Mancha aquosa ou mancha marrom.....................................................................................12 Podrido mole..........................................................................................................................12 Viroses......................................................................................................................................13 Cymbidium mosaic virus .......................................................................................................13 Odontoglossum ringspot virus...............................................................................................13 Orchid Fleck Vrus..................................................................................................................14 Cucumber mosaic virus..........................................................................................................14 Vrus ainda no relatados no Brasil......................................................................................15 Nematides...............................................................................................................................17 Aphelenchoides bessey ............................................................................................................17 Aphelenchoides fragariae .......................................................................................................17 Aphelenchoides ritzemabosi ....................................................................................................18 Aphelenchoides composticola .................................................................................................18 Pratylenchus scribneri ............................................................................................................18

CAPTULO I: OCORRNCIA DE DOENAS EM ORQUDEAS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO..................................................................................................................24

Resumo.....................................................................................................................................24 Abstract....................................................................................................................................24 Introduo................................................................................................................................24 Material e Mtodos.................................................................................................................25 Resultados e Discusso............................................................................................................27 Concluso.................................................................................................................................32

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CAPTULO II: OCORRNCIA DE ESPCIES DE Aphelenchoides EM ORQUDEA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO..................................................................................33

Resumo.....................................................................................................................................33 Summary..................................................................................................................................34 Contedo..................................................................................................................................34 Literatura Citada....................................................................................................................38

CAPTULO III: OCORRNCIA DE CymMV EM ORQUDEAS DO GNERO ARUNDINA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO...........................................................42

Resumo.....................................................................................................................................42 Abstract....................................................................................................................................42 Referncias bibliogrficas......................................................................................................46

CAPTULO IV: PROTTIPO DE KIT DIAGNSTICO DE FITOPATGENOS DE ORQUDEAS..........................................................................................................................47

Uso pretendido........................................................................................................................48 Amostra e cuidados com o Kit...............................................................................................48 Como o teste funciona.............................................................................................................48 Resultados................................................................................................................................49 Material suplementado pelo Kit............................................................................................49 Precaues e limitaes..........................................................................................................49

CAPTULO V: MEIOS DE CULTURA ALTERNATIVOS PARA PROPAGAO in vitro DE ORQUIDEAS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO..........................................51

Introduo................................................................................................................................51 Materiais e Mtodos................................................................................................................52 Resultados e Discusso............................................................................................................55 Concluso.................................................................................................................................60

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DISCUSSO............................................................................................................................61

CONCLUSO.........................................................................................................................63

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS..................................................................................64

ANEXO....................................................................................................................................68

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NDICE DE TABELAS INTRODUO

Tabela 1. Tabela de rpida identificao dos fitopatgenos associados a orqudeas...............18

CAPTULO I: OCORRNCIA DE DOENAS EM ORQUDEAS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Tabela 1. Plantas coletadas para realizao dos estudos, perodo e local de coleta.................25 Tabela 2. Tipos de doenas e patgenos encontrados nas plantas coletadas...........................27 Tabela 3. Relao de plantas coletadas e seu respectivo diagnstico......................................27 Tabela 4. Percentual de ocorrncia de cada patgeno nas plantas coletadas no Estado do Rio de Janeiro (abril de 2006 a junho de 2008)...............................................................................29 Tabela 5. Gneros das plantas coletadas infectadas com vrus................................................31

CAPTULO IV: PROTTIPO DE KIT DIAGNSTICO DE FITOPATGENOS DE ORQUDEAS Tabela 2. Deteco da presena de vrus em plantas de Orqudea a partir de teste sorolgico com tiras embebidas com antissoros especficos (Tiras Imunocromatogrficas).....................50 CAPTULO V: MEIOS DE CULTURA ALTERNATIVOS PARA PROPAGAO in vitro DE ORQUIDEAS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Tabela 1. Tratamentos do primeiro experimento e seus respectivos valores de pH, aps a solidificao do meio................................................................................................................52 Tabela 2. Tratamentos do segundo experimento com pH ajustado para 6,4 2 antes de sua solidificao..............................................................................................................................53 Tabela 3. Resultados 10 meses aps a semeadura dos frascos................................................56 Tabela 4. Frascos contaminados no segundo experimento, 12 dias aps a semeadura............56 Tabela 5. Resultados aos sete meses e 23 dias aps a semeadura dos frascos.........................57 Tabela 6. Nmero de sementes germinadas em cada frasco de cada tratamento. Dados Reais..........................................................................................................................................59

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Tabela 7. Nmero de sementes germinadas em cada frasco de cada tratamento com os valores transformados............................................................................................................................59

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NDICE DE FIGURAS

CAPTULO I: OCORRNCIA DE DOENAS EM ORQUDEAS NO ESTADO DORIO DE JANEIRO

Figura 1. Cattleyas hbridas 67 (A), 54 (D) e 45 (G) com sintomas de mosaico nas ptalas, devido a infeco dupla de CymMV e ORSV. Orqudea 67: leses necrticas nas folhas (B).Leses clorticas em Chenopodium amaranticolor aps inoculao dos extratos das folhas das orqudeas 67 (C) e 54 (E) respectivamente. Resultado do teste Immunostrip, da Empresa norte-americana Agdia, acusando, pela presena de trs bandas coloridas na tira, a infeco dupla de CymMV e ORSV (F). Cattleya hbrida 45: leses necrticas nas folhas (H) e pseudo-bulbos (I).............................................................................................................31 Figura 2. L. crispa apresentando manchas de Colletotrichum gloeosporioides nas ptalas (A). Sintomas severos de infeco simples de CymMV na planta 16 (B). Leses causadas nas folhas de Cattleya hibrida por Aphelenchoides fragariae (C). Denphalium sp. com sintomas de ferrugem causado por Puccinia sp (D). Detalhes das pstulas de ferrugem na regio ventral das folhas (E). Leses clorticas locais em Solanum melongena L.(F).......................32 Figura 3. Plantas de Phalaenopsis hibrida (A) e Denphalium sp. (B) apresentando floradas normais, apesar da infeco dupla de CymMV e ORSV e infeco simples de CymMV, respectivamente. Cattleya hibrida com os sintomas de Botrytis sp. nas ptalas (C)...............32

CAPTULO II: OCORRNCIA DE ESPCIES DE Aphelenchoides EM ORQUDEA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Figura 1. Aphelenchoides fragariae: Folhas de orqudeas apresentando leses necrticas (A, B e C) devido infeco; Cauda do macho apresentando mucro caudal (D); Folhas de Begonia x tuberhybrida, aps 60 dias da inoculao e folha sadia da mesma planta (E); Leses necrticas em Asplenium nidus, aps 150 dias da inoculao (F)................................40 Figura 2. - Aphelenchoides ritzemabosi: orqudeas apresentando leses necrticas nas folhas (A) devido infeco; regio do metacorpo, mostrando aparelho valvular bem refringente, estilete e lbios (B); extremidade da cauda e mucro caudal (C); Sintomas em folha de Begonia x tuberhybrida, aps 35 dias da inoculao (D); Sintomas em folha de Chrysantemum sp.,

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aps 19 dias da inoculao. direita inoculada e esquerda, sadia (E); Sintomas em Asplenium nidus L., aps 180 dias de inoculao (F)...............................................................41

CAPTULO III: OCORRNCIA DE CymMV EM ORQUDEAS DO GNERO ARUNDINA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Figura 1. Orqudea Arundina bambusifolia: Folhas novas apresentando leses necrticas (A); Flor de uma planta sadia (B); Flor apresentando malformao e mosaico (C); Leses necrticas em haste floral (D); Aborto de novas brotaes (E); Teste imunocromatogrfico da empresa norte-americana Agdia para o Cymbidium mosaic virus (F)......................................45

CAPTULO V: MEIOS DE CULTURA ALTERNATIVOS PARA PROPAGAO in vitro DE ORQUIDEAS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Figura 1. Sophronitis cernua (A); Cpsula com sementes (B); Sementes vistas ao microscpio tico. Somente as sementes escuras possuem endosperma e so, portanto viveis (C).............................................................................................................................................54 Figura 2. Epidendrum ellipticum (A); Cpsula e sementes (B); Cmara de fluxo laminar durante a semeadura (C); Visualizao de sementes ao microscpio tico. A semente da esquerda invivel, j da direita, possui endosperma(D); Frascos na cmara de crescimento (E)..............................................................................................................................................55 Figura 3. Percentual de contaminao em cada tratamento.....................................................58 Figura 4. Percentual de germinao em cada tratamento.........................................................58 Figura 5. Resultado da germinao in vitro aps 353 dias da semeadura. O Meio Bsico foi o nico que permitiu o desenvolvimento dos protocormos at a fase de plntula, com folhas e razes desenvolvidas (A e B). Os tratamentos que receberam canela em p como ingredientes no obtiveram esse mesmo desenvolvimento (C, D e E)..........................................................60 DISCUSSO............................................................................................................................61 CONCLUSO.........................................................................................................................63 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS..................................................................................64 ANEXO: RESUMO DE TRABALHOS APRESENTADOS EM CONGRESSOS..........69

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1. INTRODUO 1.1 As orqudeas. As orqudeas constituem, provavelmente, a maior famlia das angiospermas com cerca de 850 gneros e 20.000 espcies (SOUZA & LORENZI, 2005), alm de mais de 30.000 hbridos j produzidos. Elas podem ser encontradas do rtico at os trpicos, desde o nvel do mar at mais de 4.000 metros de altitude, vegetando em rvores, rochas e solo. O Brasil conhecido no cenrio internacional como um dos pases com flora e fauna mais exuberantes e diversificadas, mas o desmatamento e a explorao econmica extrativista no sustentada vm colocando em risco as espcies nativas de orqudeas em nossas florestas. A biodiversidade da Floresta Amaznica, por exemplo, apontada pelas comunidades cientficas como a maior do planeta. No Brasil ocorrem cerca de 200 gneros e 2.500 espcies de plantas da famlia Orquidaceae Juss. (SOUZA & LORENZI, 2005), o que corresponde a mais de 10% do nmero de espcies de orqudeas do mundo, alm de uma quantidade incerta de espcies que ainda no foram catalogadas, ocorrendo espcies exclusivamente brasileiras. Apesar da aparente resistncia, as orqudeas so extremamente sensveis, agindo como um sensor de alerta para botnicos nas reas em desmatamento. Em mata parcialmente derrubada, so as orqudeas as primeiras a mostrarem ataques de pragas e doenas devido ao desequilbrio ambiental (SEGATTO, 2001). Elas tambm so utilizadas pela cosmetologia, na produo de perfumes. Do gnero Cyrtopodium R.Br., 1813, popularmente chamada de "cola-de-sapateiro", por exemplo, extrado um sumo de seus pseudobulbos usado na colagem de couro, papel e madeira. Essa goma tambm usada, em Gois, para encerar os lios de teares manuais primitivos. O Cyrtopodium R.Br., 1813 usado com fins medicinais no interior do pas, onde sua goma ajuda a cicatrizar leses, assim como estancar o sangue em cortes e feridas. Com a planta tambm se produz uma pomada que auxilia no tratamento do terol. Das plantas do gnero Vanilla Plum. ex Mill.,1754 extrai-se a essncia de baunilha utilizada mundialmente na gastronomia (SEGATTO, 2001). A exemplo de algumas espcies de animais da fauna nacional, as orqudeas em extino so vistas como raridades. Raridade que tambm est diretamente ligada dificuldade de cultivo. As orqudeas raras dificilmente sobrevivem quando retiradas dos locais em que nascem. Assim, espcies raras so encontradas nos seus habitats naturais, mesmo que seja em grandes populaes de plantas. A variedade morfocromtica tambm causa da raridade, como uma flor branca ou uma semi-alba em meio a uma populao de flores vermelhas. Devido a sua beleza e valor, muitas orqudeas so retiradas de nossas matas, correndo risco de entrarem em extino. Essas plantas no so lembradas em trabalhos de reflorestamento e repovoamento de reas degradadas, sendo sua importncia biolgica ignorada pelas autoridades competentes, assim como ocorre com a maioria das espcies epfitas, to ricas em nossas matas nativas. 1.2 O mercado da floricultura Para o mercado da floricultura, a orqudea uma das flores mais valorizadas, devido sua beleza e exotismo. Existe em todo o mundo um grande nmero de adeptos da orquidofilia, que buscam trazer para as suas colees a maior variedade de formas e dimenses. O agronegcio da floricultura nacional expressivo e tem aumentado muito nos ltimos anos. Ele responsvel por cerca de 40.000 empregos diretos nos demais elos de sua cadeia produtiva: fornecimento, distribuio, transporte, comrcio varejista e arte floral. Esse nmero se amplia bastante nos perodos festivos do calendrio brasileiro: Pscoa, Dia das Mes e dos

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Namorados, Finados, Natal e Ano Novo. Ocasies em que os quase 12.000 pontos de venda de flores e plantas ornamentais existentes no pas necessitam aumentar a fora de trabalho, ampliando o mercado para floristas e entregadores em at 100%. Em termos de inferncias produtivas fiscais (ICMS, PIS/CONFINS, FUNRURAL e outros), estima-se que propicie Unio, Estados e municpios, a arrecadao de recursos na ordem de R$ 235,5 milhes (SEAG, 2007). A floricultura nacional se faz presente tambm nas exportaes, tendo contribudo, em 1999, com cerca de US$ 13,1 milhes na balana comercial brasileira, e faturamento de US$ 1,5 bilhes no mesmo ano, o que significa um crescimento de 89%, em relao a 1995. Em 2004, exportaes recordes de flores e plantas ornamentais do Brasil atingiram US$ 23,5 milhes, sendo que o setor de mudas de plantas ornamentais, no qual as orqudeas se inserem, exportou os maiores valores, acumulando, no ano, um faturamento da ordem de US$ 11,387 milhes, representando 48,46% do valor total exportado pela floricultura do Pas. 1.3 A fitossanidade Produtores e colecionadores cultivam inmeras variedades e espcies em um mesmo local, geralmente protegidos em estufas, cada uma com grande probabilidade de reagir de maneira distinta a patgenos. Surgem assim, para os cultivadores, inmeras dificuldades relativas diagnose e controle de doenas, abrindo-se um complexo e estimulante campo para os fitopatologistas (GIORIA et al., 2003). As prticas preventivas constituem as mais importantes no cultivo de orqudeas, principalmente pela incidncia de viroses, para as quais ainda no existe um controle curativo. Nos Estados Unidos, por exemplo, h mais de 130 doenas identificadas que afetam, em maior ou menor grau, as orqudeas, sendo essas causadas por fungos, bactrias e vrus (COOKE, 1999). No Brasil no diferente, apesar de haverem poucos estudos sobre o assunto, principalmente com relao ao parasitismo de nematides fitoparasitos.

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2. OBJETIVOS

O presente trabalho teve por objetivos: identificar as principais doenas que ocorrem em orqudeas no Estado do Rio de Janeiro; desenvolver um kit diagnstico para os principais fitopatgenos identificados; desenvolver um meio de cultura alternativo, menos dispendioso e mais acessvel ao pequeno produtor de mudas; testar alguns componentes naturais para servirem como defensivos naturais contra os microrganismos contaminantes que possam surgir durante o processo de micropropagao. colaborar com a preservao de nossas orqudeas nativas atravs da pesquisa em torno da micropropragao dessas plantas em condies de laboratrio.

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3. REVISO DE LITERATURA 3.1. A reproduo das orqudeas

A reproduo sexuada das orqudeas um tanto incomum. Em apenas um fruto de orqudea possvel encontrar mais de 800.000 diminutas sementes. A reproduo das orqudeas por sementes pode ser feita por dois mtodos: o simbitico e o assimbitico. O simbitico o mtodo de reproduo das orqudeas na natureza. As orqudeas possuem hbito micotrfico, ou seja, so fisiologicamente dependentes de seus fungos simbiontes (BERGMANN & ALEXANDRE, 1998). As sementes de orqudeas, ao contrrio de todas as demais sementes, no possuem reservas nutritivas, so desprovidas de endocarpo, com tamanho muito pequeno, contendo um embrio de aproximadamente 0,1 mm que, durante a germinao, dilata-se para formar uma pequena estrutura denominada protocormo ou protocormide. Naturalmente ocorre a deiscncia das cpsulas e as sementes so lanadas no ambiente, entretanto, essas sementes para germinarem e gerarem novas plantas, necessitam de condies especiais de temperatura, umidade e associaes com micorrizas. O mtodo assimbitico ou cultura in vitro de sementes de orqudeas, foi estabelecido por Lewis Knudson em 1922. Assim, os mtodos in vitro, embora geralmente de custo elevado, tm uma capacidade produtiva elevadssima e com resultado mais seguro, tendo sido adotados pelos estabelecimentos comerciais e at mesmo pelos orquidfilos.

3.1.1. Sistemas de propagao Existem vrios sistemas de propagao de orqudeas, os mais simples so variaes de algum processo de propagao assexuada podendo ser diviso de touceiras; diviso de pseudobulbos; diviso de bulbos velhos e, induo de brotamento a partir de hastes florais. Entretanto, estes processos, embora bastante simples e com resultados seguros, tm uma capacidade reprodutiva limitada, pois sempre dependem de algum indivduo adulto para ser partido para formar uma nova planta, que necessita de dois at oito anos para formar um novo adulto (CAMPOS, 2002). A micropropagao hoje uma alternativa que maximiza a propagao de vrias espcies, tendo como vantagem a fixao de ganhos genticos em populaes clonais e a obteno de um grande nmero de plantas sadias e de alta qualidade, em pequeno espao fsico e em curto tempo, independentemente de fatores climticos limitantes (RAMOS & CARNEIRO, 2007). A micropropagao realizada por meio dos processos de cultura de meristemas e sementeiras. Na cultura de meristemas, um meristema da orqudea retirado, colocado em meio de cultura para que ele se multiplique em milhares de plntulas, que sero clones da planta me. J na sementeira, duas plantas so cruzadas ou ento uma planta excepcional autofecundada, o que aumenta a variabilidade gentica. O resultado o mesmo que ocorre na natureza: variedades com cores e formatos distintos. Outro processo reprodutivo que aumenta a possibilidade de variaes morfocromticas a hibridao. No entanto, seu principal objetivo alcanar flores grandes, de boa forma e textura, flores planas, que no tenham ptalas viradas para trs, e com cores nicas. Os tradicionais meios de cultura utilizados para a micropropagao por sementes ou cultura de meristemas so inacessveis para pequenos produtores ou para entidades que visam propagar essas espcies para repovoamento de reas nativas reflorestadas e parques Nacionais

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e Estaduais ou reas de Preservao Ambiental, o que tornam bem-vindas todas as novas informaes que colaborem para esse fim.

3.2. Os meios de cultura para micropropagao Alm da tradicional frmula de Knudson, nos anos subseqentes outros mtodos de micropropagao, utilizando as mais diferentes fontes de explantes, foram testadas com sucesso. At os dias de hoje utiliza-se a tradicional frmula C de Knudson, aperfeioada pelo autor em 1946, para a cultura assimbitica em laboratrio. A reproduo de orqudeas por semente teve a partir dessa conquista de Knudson, um desenvolvimento extraordinrio em todo o mundo e o trabalho de reproduo de orqudeas passou a ser realizado em laboratrios de biotecnologia, com equipamentos de alto custo (CAMPOS, 2002). Em 1960, George Morel, trabalhando em laboratrio na Frana, modificou o meio C de Knudson, utilizando a orqudea Cymbidium, conseguindo realizar a primeira reproduo assexuada partindo de gemas apicais. Atualmente, os centros de biotecnologia, a cada dia que passa, so os responsveis pelas inovaes nessa rea. Morel produziu milhares de plantas em um ano, a partir de um nico pice de um broto (meristema). A clonagem de orqudeas por cultivo de meristemas se converteu assim na primeira aplicao comercial da propagao vegetativa in vitro. Em 1962, os cientistas Murashige e Skoog desenvolveram um novo meio de cultura, denominado MS, que utilizado na micropropagao de praticamente todas as espcies de interesse econmico. O meio MS foi uma das primeiras formulaes melhoradas usadas em cultura de tecidos de plantas, apresentando altos nveis de nitrato de potssio e amnio (MURASHIGE & SKOOG, 1962). Visando o aprimoramento desta tcnica para cada espcie, diversos pesquisadores em todo o mundo do a sua contribuio e os tradicionais meios de cultura recebem modificaes e adies de novos componentes. A adio de carvo ativado at 2g L-1, por exemplo, largamente utilizada com a finalidade de eliminar substncias txicas produzidas pelo explante. Concentraes em torno de 0,3% so usadas quando se deseja enraizamento in vitro, pois auxiliam na ao das auxinas e promovem a fixao dos compostos fenlicos produzidos pelo explante. Sugere-se, em alguns casos, o aumento da concentrao de auxina, quando na presena de carvo ativado (GUERA & NODAI, 2006). Uma das mais importantes aplicaes da cultura de meristemas a possibilidade de se obter plantas livres de patgenos, sendo os vrus os mais temidos pelos produtores de orqudeas, uma vez que plantas infectadas no podem ser tratadas, sendo eliminadas em orquidrios srios. Esse processo tambm chamado de limpeza clonal. Podemos, assim produzir clones sadios a partir de uma planta matriz infectada por vrus. FREITAS-ASTUA & REZENDE (1998) obtiveram 100% de mudas de Cymbidium livre de vrus atravs da quimioterapia de meristemas, adicionando o produto virazole (Ribavirim) na concentrao de 30 ppm ao meio de cultura para sub-cultivo, com a seguinte composio: (ingredientes por litro) 20,0 g acar, 2,6 g hyponex, 9,4 g Agar, 1,0 g peptona, 1,0 g carvo ativado, 50,0 g caldo de batata, 30,0 mg FeNa EDTA, 2,4 mg piridoxina, 0,06 mg tiamina e 100,0 mg cido ascrbico, que no causaram problemas de fitotoxidez.

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3.2.1 Meios de cultura alternativos Com o objetivo de baratear e simplificar os meios de cultura e a micropropagao em si, vrios pesquisadores se empenharam para criar novos meios que pudessem ser feitos fora de laboratrios, sem o custo de equipamentos e insumos de preos elevados e produtos qumicos corrosivos e perigosos, podendo ser preparados e manipulados por qualquer pessoa. Uma receita de meio de cultura muito utilizada e amplamente divulgada em livros, em revistas e na Internet composta por gua de coco verde, banana nanica, tomate cereja, mamo, abacate, batata, acar, gelatina gar-gar, carvo em p e gua destilada. Essa receita utilizada por vrios profissionais e amadores com resultados surpreendentes, entusiasmados pelo seu baixo custo e resultados, em alguns casos, at melhores do que os tradicionais meios usados em sofisticados laboratrios de biotecnologia (CAMPOS, 2002). Em qualquer feira livre ou mercado de produtos para culinria caseira podemos adquirir os componentes para esse meio de cultura. Estas receitas quando feitas com todos os componentes de cultivo orgnico, sem agrotxicos, podem receber a semeadura aps a esterilizao, sem necessidade de correo de nvel de acidez (pH), no havendo necessidade de potencimetro que de custo elevado (CAMPOS, 2002). Unemoto et al (2007) tiveram xito recente com um meio de cultura simplificado, contendo apenas adubo comercial de formulao NPK (6-6-8), na concentrao de 3,0 ml/l adicionado de sacarose, gar e carvo ativado, para crescimento in vitro de Oncidium nanum e Cattleya forbesii. Alm da facilidade do preparo e baixo custo dos componentes utilizados, outro fator favorvel a no utilizao dos compostos nitrato de amnia e nitrato de potssio, utilizados no meio MS e cuja obteno controlada pelo Ministrio da Defesa que consta no Decreto n 3665 de 20 de novembro de 2000 (BRASIL, 2000), por serem produtos qumicos de interesse militar. 3.3. A contaminao

Um dos maiores problemas da produo industrial de mudas a porcentagem de contaminao do meio nutritivo por fungos e bactrias oportunistas durante as etapas de propagao in vitro. Em laboratrios de vrios pases, do total de contaminao, as perdas causadas por fungos foram de 10-35%. Em biofbricas brasileiras, j foram registradas mais de 30% de contaminao, mesmo com todos os cuidados de assepsia. Assim, os fungicidas e bactericidas incorporados ao meio de cultura para minimizar os problemas de contaminao tem apresentado efeitos positivos na multiplicao de plantas cultivadas tanto in vitro como in vivo. COLOMBO et al. (2004) relataram que doses de 0,1 e 0,2 g/l do ingrediente ativo clorotalonil foram positivas para a propagao in vitro de Laelia lundii, propiciando um melhor desenvolvimento vegetativo, enraizamento e proporo de pegamento de mudas, durante a etapa de aclimatizao, para essa espcie e tambm para Cattleya loddigesii. Diversos autores relatam as propriedades antimicrobianas de alguns condimentos muito populares como o manjerico (Ocimum sanctum Linn.), alho (Allium sativum L.), canela (Cinnamomum burnannil Meissn), cravo-da-ndia (Caryophillus aromaticus L.) e tomilho (Thymus vulgaris L.), controlando e inibindo o crescimento de alguns fungos como Absidia glauca, Alternaria alternata, Aspergillus niger, Colletotrichum capsici, Eurotium repens, Fusarium moliniforme, Penicillum spp., Rhizopus nodosus (SHELEF, 1983). H relatos da eficincia da canela em p controlando a doena podrido negra, cujos agentes etiolgicos so os fungos Pythium ultimum e Phytophthora cactorum (WATANABE, 2002). Segundo Campos (2002), Pythium ultimum e Fusarium oxysporum f. sp. cattleyae, este

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ltimo, agente etiolgico da doena murcha ou podrido de raiz e pseudobulbo em orqudeas, teriam a sua ao neutralizada pela ao de uma calda de cebola ou cebolinha. Com base nessas informaes, resolvemos testar o efeito desses condimentos como agroqumicos alternativos, na propagao por semeadura in vitro em espcies de orqudeas e gerar um meio-de-cultura alternativo, com propriedades antimicticas e antibacterianas e de fcil aquisio nas prateleiras dos supermercados. 3.4. As Doenas que atacam as orqudeas As orqudeas, apesar de serem consideradas relativamente rsticas com relao ao cultivo e manejo, so suscetveis a um nmero considervel de doenas. A seguir descreveremos as principais doenas relatadas em orqudeas no Brasil e no exterior, comentando sobre a sua patogenicidade especfica e sintomas ocasionados nas plantas infectadas. 3.4.1. Doenas fngicas 3.4.1.1. Podrido negra: Agentes etiolgicos: Pythium ultimum Trow e Phytophtora cactorum (Lebert & Cohn.) J. Scht. Hospedeiros relatados: P. ultimum foi relatado em Bothriochilus, Brassia, Coelogyne, Cymbidium, Huntleya, Laelia, Renanthera e Vuylstekeara; enquanto que a infeco com P. cactorum foi constatada em Aerides, Ascocentrum, Epicattleya, Galeandra, Gongora, Maxillaria, Paphiopedilum, Potinara, Rhynchostylis, Rodriguezia, Schomburgkia, Trichocentrum e Trichocidium. Foram relatados ambos os fungos em Ascocenda, Brassavola, Brassocattleya, Brassolaeliocattleya, Cattleya, Cyrtopodium, Dendrobium, Epidendrum, Laeliocattleya,Oncidium, Phaius, Sophrolaeliocattleya, Vanda e Phalaenopsis (GIORIA et al., 2003). Etiologia: P. ultimum e P. cactotum representam um dos mais srios problemas da orquidicultura. So fungos altamente agressivos durante os perodos de alta umidade e temperatura de 10C a 22C (P. ultimum) ou 10C a 20C (P.cactorum). Produzem zosporos biflagelados disseminados quase que exclusivamente por gua livre, portanto sua introduo na cultura pode se dar principalmente por meio de gua de irrigao e/ou chuva, substratos e vasos contaminados. Produzem osporos que so esporos de origem sexuada e de resistncia. Sintomas: Damping-off ou tombamento de mudas em sementeiras e plntulas, liquidando todas as plantas em poucos dias. Em plantas adultas, a infeco produz manchas encharcadas, tipicamente negras, que progridem em forma ascendente, da raiz para as folhas. Os rgos atacados adquirem consistncia mole e se destacam da planta. Sintomas so observados em razes, hastes, pseudobulbos ou folhas, sendo a penetrao do fungo preferencialmente pela raiz e/ou colo da planta. Em casos extremos, a planta morre dentro de 1 a 2 meses. 3.4.1.2. Murcha de Fusarium ou Podrido de raiz e pseudobulbo: Agente etiolgico: Fusarium oxysporum Schletend, f.sp. cattleyae V. Foster

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Hospedeiros relatados: Aerides, Ascocenda, Brassavola, Brassocattleya, Brassolaeliocattleya, Bulbophyllum, Catasetum, Cattleya, Cycnoches, Cymbidium, Lycaste, Oncidium, Phalaenopsis, Potinara, Sophrolaeliocattleya e Vanda. Etiologia: o fungo favorecido por temperatura na faixa de 25C a 30C. um patgeno vascular que infecta as plantas atravs das razes ou ferimentos nos rizomas, produzidos principalmente durante a diviso das plantas para propagao. Produz clamidsporos, que so esporos de resistncia ou sobrevivncia. Sintomas: A doena tambm conhecida por canela seca, por originar-se geralmente como uma podrido seca nas razes das plantas, subindo pelo rizoma e atingindo o pseudobulbo, onde geralmente tem evoluo lenta. Por matar as gemas, a planta sofre um longo processo de decadncia, culminando com a morte aps um ano ou mais. facilmente visvel ao se cortar essa parte da planta. Freqentemente, esta doena pode estar associada presena de nematides que, ferindo as razes, facilitam a colonizao das plantas pelo fungo patognico (BERGMANN & ALEXANDRE, 1998). A infeco se d geralmente por meio de substrato, vasos e ferramentas de corte contaminadas (GIORIA et al., 2003). 3.4.1.3. Antracnose: Agente etiolgico: Colletotrichum gloeosporioides Penz. Hospedeiros relatados: Aerides, Aliceara, Angraecum, Ansellia, Ascocenda, Ascocentrum, Brassavola, Brassia, Brassocattleya, Brassolaeliocattleya, Bulbophylum, Catasetum, Cattleya, Cattleytonia, Cochleanthes, Cymbidium, Cyrtopodium, Dendrobium, Doritis, Epicattleya, Epidendrum, Eria, Gongora, Gramatophyllum, Huntleya, Ionopsis, Laelia, Laeliocattleya, Lycaste, Maxillaria, Miltonia, Neomoorea, Odontocidium, Odontoglossum, Oncidium, Paphiopedilum, Peristeria, Pescatorea, Phaiocalanthe, Phaius, Phalaenopsis, Phragmipedium, Pleurothallis, Renades, Rhynchostylis, Rodriguezia, Schomboepidendrum, Schomburgkia, Sophrolaeliocattleya, Spathoglottis, Stanhopea, Trichopilia, Vanda, Vandopsis, Vanilla, Vulstekeara, Wilsonara e Zygopetalum. Etiologia: Fungo de distribuio mundial; porm, encontrado com maior freqncia em climas tropicais e subtropicais. Seu desenvolvimento favorecido por umidade elevada, perodos de dias encobertos e temperaturas entre 10C e 20C. A sua disseminao ocorre basicamente com o auxlio da gua, necessitando de ferimentos, injrias mecnicas ou causadas por frio, sol, etc., para ocorrer a infeco. O excesso de nitrognio tambm favorece o ataque desse patgeno. Sintomas: O patgeno ataca todas as partes da planta, porm, geralmente os sintomas so mais freqentes nas folhas. Inicialmente ocorre uma descolorao parda em forma circular levemente deprimida e bastante definida. A leso aumenta rapidamente de tamanho e, sob condies favorveis, pode atingir todo o limbo foliar. O centro da leso sempre deprimido, de colorao castanho-pardacenta e com inmeros anis concntricos. Em flores o sintoma semelhante ao produzido por Botrytis cinerea (GIORIA et al., 2003).

3.4.1.4. Ferrugem: Agentes etiolgicos: Sphenospora kevorkianii Linder= Uredo nigropunctata P.Henn.; Sphenospora mera Cumm; S. saphena Cumm.; Uredo epidendri P. Henn, Uredo behnickiana P. Henn. e Hemileia oncidii Griffon & Malbl..

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Hospedeiros relatados: Batemannia, Bletia, Bletilla, Brassavola, Brassia, Bulbophylum, Capanemia, Catasetum, Cattleya, Caularthron, Cochlioda, Cycnoches, Cyrtopodium, Dendrobium, Encyclia, Epicattleya, Epidendrum, Gongora, Hexisea, Huntleya, Ionopsis, Laelia, Leochilus, Lockhartia, Lycaste, Masdevallia, Maxillaria, Miltonia, Mormodes, Notylia, Odontoglossum, Oeceoclades, Oncidium, Pelexia, Peristeria, Pescatorea, Ornithocephalus, Phaius, Pleurothallis, Polystachya, Rodriguezia, Schomburgkia, Sigmatostalix, Sobralia, Spathoglottis, Stanhopea, Trichoceros, Trichopilia, Trigonidium, Xylobium, Zygopetalum e Zygostates. O presente trabalho comprovou a possibilidade desse tipo de doena infectar plantas da espcie Dendrobium phalaenopsis, conhecidos como Denphal. Etiologia: Fungos endoparasitas, favorecidos por alta umidade relativa e temperaturas amenas, especialmente nas regies baixas e midas, onde o vapor dgua condensa-se noite. Os esporos so disseminados pelo vento e respingos de gua. Sintomas: A doena se manifesta somente nas folhas, quase que exclusivamente na face inferior, onde inicialmente observam-se pequenas pstulas de colorao amarelo-laranja ou marrom-avermelhada. Essas pstulas, em funo da idade, podem enegrecer e se desenvolver de modo concntrico, lembrando a aparncia de um alvo. Manchas clorticas so observadas na regio foliar oposta pstula (GIORIA et al., 2003). Essa doena freqente em espcies de Oncidium sob condio de alta umidade. Hemilea oncidii difere das demais por no produzir pstulas, aparecendo como uma cobertura de colorao amarela recobrindo as partes infectadas. Os fungos causadores de ferrugens so caracterizados por altas taxas de reproduo (BERGMANN & ALEXANDRE, 1998).

3.4.1.5. Mofo cinzento: Agente etiolgico: Botrytis cinerea Pers e Botrytis sp. Hospedeiros relatados: Aerides, Ascocentrum, Brassia, Brassocattleya, Brassolaeliocattleya, Broughtonia, Calanthe, Cattleya, Cycnoches, Cymbidium, Dendrobium, Doritaenopsis, Epidendrum, Laelia, Laeliocattleya, maxillaria, Miltonia, Oncidium, Paphiopedilum, Phaius, Phalaenopsis, Potinara, Trichoglottis, Vanda e Vanilla. Etiologia: patgeno facultativo, que sobrevive em matria orgnica saprofiticamente, na forma de esclerdio e/ou miclio dormente. O fungo favorecido por condies de alta umidade, baixa ventilao e temperaturas amenas, entre 16C e 18C. Ataca exclusivamente ptalas, spalas e labelo das flores. Flores mais velhas tm maior susceptibilidade s infeces. A disseminao de condios ocorre principalmente pelo vento (GIORIA et al., 2003). Sintomas: Inicialmente surgem minsculas pintas marrons, que crescem at destruir totalmente as flores. 3.4.1.6. Mancha de Cercospora ou cercosporiose: Agentes etiolgicos: Cercospora odontoglossi Prill. & Delacr., C. angraeci, C. dendrobii, C. epipactidis, C. persisteriae e Cercospora. spp. (BERGMANN & ALEXANDRE, 1998)

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Hospedeiros relatados: cerca de 70 gneros de orqudeas so afetados por esta doena, sendo os mais importantes: Brassavola, Cattleya, Cymbidium, Epidendrum, Laelia, Miltonia, Odontoglossum, Oncidium e Sophronitis. Etiologia: Apesar da ocorrncia dessa doena ser relativamente comum, no parece ter importncia no cultivo dessa ornamental (GIORIA et al., 2003). Esses fungos so favorecidos por estaes com alta umidade relativa, principalmente as chuvosas, apresentando, no entanto, alta capacidade de adaptao s diversas condies climticas. Doena freqente em vasos coletivos de plntulas. Sintomas: Apresentam-se como reas irregulares e amareladas, na face inferior das folhas, que progridem para deprimidas pardo-prpuras com centro pardo-claro e com pontuaes de colorao negra (frutificao do fungo). Na face superior do limbo, na rea correspondente leso na face inferior, surge uma rea clortica, que eventualmente se torna necrtica, (GIORIA et al., 2003). 3.4.1.7. Murcha de Sclerotium ou Podrido da base: Agente etiolgico: Sclerotium rolfsii Sacc. Hospedeiros relatados: Cattleya, Cycnoches, Cymbidium, Dendrobium, Phaius, Phalaenopsis, Spathoglottis e Vanda. Etiologia: Esse patgeno sobrevive de maneira saproftica em restos de cultura, na forma de miclio e esclerdio, por cinco anos ou mais. A disseminao ocorre atravs da gua de irrigao ou chuva e por meio de solo ou substrato contaminado. Alta umidade, teor elevado de matria orgnica no substrato e temperaturas elevadas (acima de 26C) favorecem a ocorrncia do patgeno (GIORIA et al., 2003). Sintomas: Presena de miclio cotonoso primeiramente na base da planta, podendo espalhar-se por todo o pseudobulbo e folhas. Com a evoluo da doena, pode-se visualizar a formao de esclerdios com cerca de 1mm de dimetro (GIORIA et al., 2003), que so estruturas esfricas com aproximadamente 2 mm de dimetro, a princpio brancas e depois castanhas ou marrons, lembrando sementes de mostarda. Essas formaes so estruturas de resistncia do fungo, originadas pelo enovelamento e segmentao das suas hifas vegetativas. Tendo como funo resistir a condies ambientais desfavorveis, podem passar longos perodos at germinar novamente quando as condies forem favorveis, tornando a infectar novas plantas (BERGMANN & ALEXANDRE, 1998). A infeco pelo fungo provoca o apodrecimento dos tecidos vegetais da base da planta, acarretando obstruo do fluxo de seiva e conseqentemente, amarelecimento e queda de folhas. A ocorrncia dessa doena espordica, normalmente ligada a substrato contaminado. Sendo assim, o problema facilmente contornado atravs da higienizao do substrato. 3.4.1.8. Manchas foliares de Phyllosticta: Agente etiolgico: Phyllosticta capitalensis Hospedeiros relatados: cerca de 74 gneros de orqudeas so atacadas por esse fungo, entre elas, Aspsia, Brassolaeliocattleya, Catasetum, Cattleya, Cymbidium, Dendrobium, Encyclia,, Epidendrum, Laelia, Laeliocattleya, Maxillaria, Miltnia, Odontocidium, Odontoglossum, Phalaenopsis e Vanda (UCHIDA, 1994). Etiologia: Phyllosticta sp., forma estruturas escuras, chamadas de picndios, caracterizados por serem ostiolados, lenticulares e globosos, sendo imersos no tecido hospedeiro e apresentando apenas pequenas projees perceptveis na epiderme. A faixa

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tima para crescimento micelial situa-se entre 25C e 28C, sendo a sobrevivncia do fungo vivel em restos de cultura. Sintomas: Esse fungo aparentemente no prejudica o desenvolvimento da planta, mas deteriora a qualidade visual para comercializao. As folhas atacadas apresentam manchas castanhas escuras circulares ou ovaladas, com bordos bem definidos e centro de colorao pardo-clara onde podem ser observados os picndios do fungo. Dependendo da espcie infectada, podem surgir halos amarelados ao redor das leses. 3.4.1.9. Podrido das razes: Agente etiolgico: Rhizoctonia solani Kuhn. Hospedeiros relatados: Aerides, Aliceara, Brassavola, Brassocattleya, Cymbidium, Dendrobium, Doritaenopsis, Epicattleya, Epidendrum, Laeliocattleya, Oncidium, Paphiopedilum, Phalaenopsis, Potinara, Schomburgkia, Sophrolaeliocattleya, Trochocentrum e Vanda. Etiologia: Fungo favorecido por alta umidade do ar e do substrato e temperatura ao redor de 28C, podendo sobreviver em restos de cultura, saprofiticamente, ou ainda, na forma de esclerdios. Possui ampla gama de hospedeiros, podendo ser disseminado principalmente, por gua e substrato contaminado. cosmopolita e pode destruir orqudeas suscetveis em qualquer idade. Sintomas: Damping-off ou tombamento de mudas em sementeiras e plntulas. Ocorre raramente em plantas adultas de Phalaenopsis e Cattleya. Causa a deteriorizao do sistema radicular, com sintomas reflexos de murcha na parte area. Segundo GIORIA et al. (2003), existem relatos deste fungo acarretando podrido seca e marrom na regio basal de pseudobulbos de plantas adultas, causando perda de vigor e falta de novas brotaes. O desenvolvimento da doena lento. Plantas com essa podrido perdem o vigor de forma lenta com progressivo amarelecimento das folhas e pseudobulbos que se tornam finos e contorcidos. Novos brotamentos tornam-se raros (BERGMANN & ALEXANDRE, 1998). . 3.4.1.10. Podrido de razes de Cylindrocarpon: Agente etiolgico: Cylindrocarpon radicicola.Wr. Etiologia: Fungo de solo, largamente distribudo, ataca principalmente as razes de plantas j enfraquecidas, sendo que a infeco se concentra nos tecidos mais prximos superfcie do solo. Sintomas: As plantas atacadas perdem o vigor e atrasam o seu crescimento. Em casos graves, as razes morrem e apodrecem at a regio basal da planta (FAST, 1980). 3.4.1.11. Podrido de razes de Cylindrocladium: Agente etiolgico: Cylindrocladium sp. Sintomas: semelhantes aos da doena anterior. Os tecidos atacados enegrecem e definham. A infeco que se inicia geralmente na regio do colo pode se alastrar para as razes, assim como para as partes areas das plantas (FAST, 1980). 3.4.1.12. Mancha foliar de Fusarium:

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Agente etiolgico: Fusarium moniliforme Sheldon. Hospedeiros relatados: O gnero Dendrobium phalaenopsis e seus hbridos. Sintomas: Os sintomas iniciais da doena so pequenos pontos de colorao marromavermelhados nas folhas, que vo crescendo at tornar o limbo foliar plido e quebradio (crestamento). Em casos severos as folhas secam, o que pouco comum. Segundo Fast (1980), esse mesmo fungo foi relatado nos Estados Unidos causando damping-off em sementeiras de Cymbidium e manchas em flores de Cattleya. 3.4.1.13. Mancha foliar e de bulbos: Agente etiolgico: Diplodia sp. Hospedeiro relatado: Cattleya spp. Sintomas: Manchas marrons nas folhas e bulbos (FAST, 1980). 3.4.1.14. Mancha de Macrophoma: Agente etiolgico: Macrophoma sp. Hospedeiros relatados: Cymbidium, Dendrobium e Cattleya. Sintomas: Manchas alongadas marrons com bordos negros em folhas e bulbos. 3.4.1.15. Outras Manchas foliares: Agentes etiolgicos: Selenophoma dendrobii Abiko e Pestalotiopsis sp Hospedeiros relatados: Dendrobium Sintomas: Esses fungos causam manchas foliares de colorao parda, arredondadas ou ovais, com bordos bem delimitados e a parte central mais clara. O manejo correto da cultura nos orquidrios previne a ocorrncia dessas doenas, destacando-se evitar o excesso de nutrientes e irrigao e proporcionar aumento de circulao de ar entre as plantas (BERGMANN & ALEXANDRE, 1998). 3.4.1.16. Crosta negra da baunilha: Agente etiolgico: Mycoleptodiscus indicus (V.P. Sahni) B. Sutton Hospedeiros relatados: Vanilla fragans Sintomas: manchas necrticas no caule, frutos e folhas, inicialmente circulares, escuras, planas, 1-5 mm de dimetro, tornando-se posteriormente elipsides e fusiformes ou irregulares, tomando uma colorao castanho-acinzentada, chegando a atingir por confluncia, 20 mm de comprimento por 10 mm de largura. Sobre as leses notam-se pequenas crostas negras que so os esporodquios do fungo causal (BEZERRA & RAM, 1986). 3.4.2. Doenas bacterianas

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3.4.2.1. Mancha aquosa ou mancha marrom: Agente etiolgico: Acidovorax cattleya (syn. Pseudomonas cattleyae (Pav.) Sav.). Hospedeiros relatados: cerca de 41, entre eles, Cattleya, Cymbidium, Dendrobium, Odontoglossum, Paphiopedilum e Phalaenopsis. Etiologia: Acidovorax cattleya uma bactria Gram negativa, aerbia estrita, baciliforme, mvel por meio de flagelos polares do tipo lofotrquia. Sua disseminao ocorre basicamente por insetos, gua de irrigao ou de chuva e mudas contaminadas (GIORIA et al., 2003). Segundo (BERGMANN & ALEXANDRE, 1998) Acidovorax avenae subsp. cattleyae tambm estaria associada doena. Sintomas: No incio, surgem manchas pardas circulares nas folhas, com aspecto aquoso, que crescem rapidamente, tornando-se deprimidas, escuras ou pardecentas, bem delimitadas, semelhantes queimadura de sol. Causa morte de plntulas ou atinge folhas e pseudobulbos de plantas adultas. Em Phalaenopsis, quando as manchas atingem o centro da planta, esta morre dentro de alguns meses (COOKE, 1999). Em plantas simpodiais, como Cattleya, a bactria fica restrita a algumas leses em poucas folhas mais velhas, sendo no letal e sem importncia. 3.4.2.2. Podrido mole: Agente etiolgico: Pectobacterium carotovorum subsp. carotovorum (Jones 1901) Hauben et al. 1999 emend. Gardan et al. 2003 (syn. Erwinia carotovora subsp. carotovora) e Dickeya chrysanthemi (Burkholder et al. 1953) Samson et al. 2005 (syn. Pectobacterium chrysanthemi). Hospedeiros relatados: D. chrysanthemi foi constatada infectando Miltonia e Phalaenopsis, e P. carotovorum subsp. carotovorum em cerca de 16 gneros, entre eles Cattleya, Cymbidium, Laelia, Miltonia, Oncidium, Phalaenopsis e Vanda. Etiologia: so bactrias Gram negativas, anaerbias estritas, mveis por flagelos peritrqueos, possuem ampla gama de hospedeiros, sendo pectinolticas e oportunistas. Aproveitam-se da alta umidade relativa do ar (prxima a 100%), temperatura na faixa de 20C a 30C e de um estado de debilidade da planta, como ferimentos, para o incio da infeco. H casos de infeces que tm incio em pseudobulbos velhos e que so oriundas de aberturas naturais, originadas da queda de folhas nos mesmos. A penetrao ocorre tambm pelas lenticelas sob condies de alta umidade. Sua disseminao ocorre por insetos, gua de irrigao ou de chuva. Sintomas: segundo GIRIA et al. (2003), ocorrem principalmente em plantas que apresentam folhas no eretas ou com ngulo de insero de aproximadamente 90, as quais propiciam o acmulo de gua e favorecem o desenvolvimento do patgeno. Observam-se em folhas e pseudobulbos, leses foliares inicialmente anarcasadas evoluindo para podrido mole ou mela, que acabam, praticamente destruindo toda a rea afetada. Odor ftido de exsudados um forte indicativo de infeco por essas bactrias.

3.4.3. Viroses As viroses so as doenas mais graves das orqudeas, por sua facilidade de disseminao, perdas de valor e impossibilidade de tratamento. Assim, a nica forma de

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controle, nos dias atuais, a erradicao de plantas atacadas, somado a outras medidas de preveno de contgio. Segundo COOKE (1990), pode-se afirmar que, aps o grau de contaminao visvel atingir 20 ou 30% das plantas de determinada produo, o melhor descartar e eliminar a coleo toda, pois as chances so de que a maioria das plantas, tambm esteja contaminada, embora ainda sem sintomas. Alm disso, muitas vezes, a deteco de vrus dificultada pelo fato que os mesmos se apresentam, comumente, com distribuio irregular na planta, sua concentrao variar enormemente em diferentes condies ambientais e pela presena de substncias (taninos, ltex, compostos fenlicos) na planta infectada, que dificultam ou impedem a deteco do patgeno. Assim, devido distribuio irregular do vrus na planta necessrio, para aumentar a probabilidade de obteno de resultados confiveis e reprodutveis, que diversas amostragens sejam realizadas de uma nica planta e pelo menos duas diferentes tcnicas de deteco sejam empregadas, como testes biolgicos e sorolgicos, por exemplo (RIVAS, 2000). bastante comum a infeco dupla de vrus em orqudeas como, por exemplo, o CymMV e ORSV infectando juntos a mesma planta. Os vrus podem ser detectados em diferentes partes da planta, inclusive no plen (BERGMANN & ALEXANDRE, 1998). Apresentamos a relao dos vrus que j foram relatados infectando orqudeas no mundo. 3.4.3.1. Cymbidium mosaic vrus: Agente etiolgico: Cymbidium mosaic virus CymMV. Gnero: Potexvirus Hospedeiros: esse vrus infecta orqudeas de diversos gneros em vrios pases, geralmente com alta incidncia, os principais so Cymbidium, Vanilla, Cattleya e Phalaenopsis. Etiologia e sintomas: Vrus capaz de induzir uma diversidade de sintomas em plantas infectadas, dependendo de fatores ambientais e idade do tecido vegetal. O sintoma mais comum o mosaico, podendo ocorrer leves riscos clorticos nas nervuras das folhas e pequena reduo no nmero e tamanho das flores. Podem ainda mostrar sintomas severos de manchas anelares ou irregulares, clorticas ou necrticas nas folhas (GIORIA et al., 2003). Inicialmente, nas flores no h sintomas, mas, passados alguns dias, entre sete e quinze, dependendo da espcie, surgem riscos ao longo das nervuras dos segmentos florais, fruto da destruio do floema floral. Estes riscos so marrons em flores brancas e esbranquiados em flores lilases e vermelhas. Ocorre necrose e/ou descontinuidade da colorao natural das spalas e ptalas (collor break). Esse vrus pode infectar uma planta, sem afetar sua produtividade ou vigor, por muitos anos (COOKE, 1999), dificultando a identificao e deteco, baseando-se apenas nos sintomas visuais. 3.4.3.2. Odontoglossum ringspot virus: Agente etiolgico: Odontoglossum ringspot virus. ORSV. Gnero: Tobamovirus. Hospedeiros: ampla distribuio mundial e nacional. Identificado primeiramente em Odontoglossum grande, ataca praticamente todos os gneros cultivados comercialmente. Etiologia e sintomas: este vrus, embora altamente destrutivo, tem seu controle facilitado pelos seus sintomas, bastante caractersticos e facilmente visveis. Nas folhas, so manchas irregulares de colorido vermelho a roxo. Essas manchas ou pintas geralmente possuem regies necrosadas. Em Odontoglossum, causa leses circulares nas folhas. Os

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brotos podem ficar tortos, fortemente pigmentados e sem vigor. Nas flores surgem manchas descoloradas, com aspecto de aquarela desbotada. Ao contrrio do CymMV, o ORSV vai degradando o vigor da planta, terminando por mat-la em alguns anos, por inviabilidade de brotao (COOKE, 1999). Obs: Ambos os vrus infectam praticamente todas as espcies cultivadas, mas at o momento no foram encontradas em orqudeas selvagens. Podem ocorrer isoladamente ou em infeco dupla, sendo que neste caso os sintomas causados so indistinguveis em diversos gneros de orqudeas. Os dois vrus acima so bastante estveis, no possuem vetores conhecidos e no h evidncias de transmisso por sementes. So transmitidos atravs de instrumentos de corte infectados e, possivelmente, atravs de vasos e substrato contaminado (GIORIA et al., 2003). Obs.2: O ORSV, embora uma variante do tobacco mosaic vrus (TMV), espcie distinta. Por sua vez, o TMV no infecta orqudeas. Apesar de no haver contaminao de orqudeas com ORSV atravs de contato manual de resduos de cigarros, h risco de surgimento de novos tipos de vrus comuns s duas plantas que, assim como o TMV, poderiam estar presentes em alta concentrao nos cigarros nacionais (COOKE, 1999). Da provm a proibio de se fumar no interior de orquidrios comerciais. 3.4.3.3. Orchid fleck virus: Agente etiolgico: Orchid fleck virus OFV Segundo o International Committee of Taxonomy of Viruses - ICTVdB , esse vrus ainda no se encontra classificado em gnero, famlia ou ordem. Sinnimos: dendrobium leaf streak virus, dendrobium virus, provavelmente laelia red leafspot, short orchid virus, orchid virus, phalaenopsis chlorotic spot virus (PhaCSV), phalaenopsis hybrid virus, phalaenopsis virus (ICTVdB, 2006). Hospedeiros: Odontoglossum, Cattleya, Laelia e Oncidium entre outros. Sintomas: os sintomas causados por esse vrus so variveis, de acordo com o gnero de orqudea infectada. Sintomas do tipo anis necrticos espalhados pelo limbo foliar e intercalados por reas aparentemente normais, so os mais comuns, porm, em Odontoglossum aparecem sintomas de manchas amarelas nas folhas. Foi demonstrada no Japo, a transmisso do OFV pelo caro Brevipalpus californicus, que j foi relatado no Estado de So Paulo, sendo, portanto seu possvel vetor aqui no Brasil. No h relatos sobre a transmisso do OFV por sementes ou atravs de instrumentos de corte (GIORIA, 2003). As espcies de fumo Nicotiana glutinosa e N. tabacum foram susceptveis ao OFV, assim como o feijoeiro (Phaseolus vulgaris), sendo, portanto, possveis hospedeiros alternativos destes vrus. 3.4.3.4. Cucumber mosaic vrus: Agente etiolgico: Cucumber mosaic virus CMV. Gnero Cucumovirus. Hospedeiros: Phalaenopsis, em Taiwan e Dendrobium nobile no Brasil. Etiologia e sintomas: um vrus de distribuio mundial, capaz de infectar mais de 700 espcies vegetais, entre elas a trapoeraba (Comellina sp.), fumo e pimento. transmitido

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por diversas espcies de afdeos de maneira no persistente (picada de prova). Apesar disso, sua incidncia no parece ser comum em orqudeas. O sintoma ocasionado caracteriza-se pela presena de estrias brancas e deformaes nas flores. NOBREGA (1947) relatou, entre os sintomas, atraso no crescimento, clorose generalizada, reduo no tamanho de folhas e encurtamento de entrens, alm de mosaico com reas de colorao verde-claro e verdeescura, manchas clorticas difusas, entre as nervuras e riscas brancas dispostas ao longo das nervuras. 3.4.3.4. Vrus ainda no relatados no Brasil, segundo RIVAS, 2006:

3.4.3.4.1 Dendrobium vein necrosis virus DVNV. Gnero: Closterovirus Hospedeiros: Dendrobium phalaenopsis, na Alemanha (ICTVdB Management, 2006), em casa de vegetao e na Florida, EUA . Etiologia e sintomas: mosaico nas flores, ocorrncia de listras brancas em flores de tonalidade lils. Manchas necrticas em nervuras foliares (JIMNEZ, 2002). 3.3.5.1. Tomato ringspot virus ToRSV. Gnero: Nepovirus Hospedeiros: Ponthieva racemosa (Walter) Mohr (YAO et al., 1994), Cymbidium. Etiologia e sintomas: no relatados em literatura. 3.3.5.2. Bean yellow mosaic virus BYMV. Gnero: Potyvirus Hospedeiros: Dactylorhiza foliosa, Masdevallia spp. e outros. H um relato, em 2007, da ocorrncia do BYMV em Dactylorhiza foliosa, na Ilha da Madeira, causando mosaico, manchas e listras clorticas nas folhas e tambm em vrias espcies de orqudeas nos EUA, Alemanha e Japo (SKELTON, 2006). 3.3.5.4. Calanthe mild mosaic virus CalMMV. Hospedeiros: Calanthe, Phalaenopsis sp., Tetragonia, Cymbidium Etiologia e sintomas: Esse vrus foi relatado no Japo, provocando leve mosaico foliar e colour breaking ou mosaico nas flores, em Calanthe. transmitido mecanicamente ou pelo afdeo Myzus persicae de maneira no-persistente. Foi relatado na ndia em Cymbidium (SINGH, 2007). Causa ainda malformao de folhas. 3.3.5.3.Ceratobium mosaic virus CerMV. Gnero: Potyvirus Hospedeiros: Ceratobium Etiologia e sintomas: CerMV foi detectado em cerca de um tero de mais de 100 plantas, representando cerca de 33 gneros em duas colees da Austrlia. (MACKENZIE, 1998), causando clorose e malformao de folhas. 3.3.5.4.Clover yellow vein virus ClYVV (=Dendrobium mosaic virus). Gnero: Potyvirus. Hospedeiros: Dendrobium Etiologia e sintomas: no relatados em literatura. 3.3.5.5.Dasheen mosaic virus DsMV . Gnero: Potyvirus

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Hospedeiros: Spiranthes cernua (JORDAN, 2000) Etiologia e sintomas: no relatados em literatura. 3.3.5.6.Cypripedium chlorotic streak virus CypCSV. (=Cypripedium necrotic leafstripe virus). Gnero: Potyvirus Hospedeiros: Cypripedium Etiologia e sintonas: no relatados em literatura. 3.3.5.7.Habenaria mosaic virus HaMV. Gnero: Potyvirus Hospedeiros: Habenaria radiata Etiologia e sintomas: HaMV ocorre no Japo e pode ser transmitido mecanicamente e por vetor. Causa forte clorose foliar sistmica em Habenaria radiata (ICTVdB, 2006).

3.3.5.8.Turnip mosaic virus- TuMV . Gnero: Potyvirus Hospedeiros: Calanthe (HAMMOND & Lawson, 1988). Orchis (LESEMANN & VETTEN,1985). Etilogia e sintomas: Relatado na Alemanha, causa mosaico e reduo de crescimento, mas as flores permanecem assintomticas. 3.3.5.10. Vanilla mosaic virus VanMV . Gnero: Potyvirus Hospedeiros: Vanilla tahitiensis, Vanilla pompona Etiologia e sintomas: Relatado pela primeira vez na Polinsia Francesa em 1986. Provoca mosaico e mal-formao de folhas de Vanilla. Transmitido de forma no-persistente por Myzus persicae (Aphididae), (BRUNT et al., 1996).

3.3.5.11. Vanilla necrosis virus (=Watermelon mosaic virus WMV) Gnero: Potyvirus Hospedeiros: Vanilla fragans. Etiologia e sintomas: O vrus provoca manchas e listras clorticas e mal formao das margens das pontas das folhas, evoluindo para manchas marrons e necrticas locais, que tambm so formadas nos frutos, causando die-back. Sua transmisso se d de forma nopersistente pelos vetores Aphis gossypii e Myzus persicae (Aphididae), alm de transmisso mecnica e enxertia (BRUNT et al. 1996). 3.3.5.12. Dendrobium leaf streak virus DLSV Sinnimo de Orchid fleck virus OFV 3.3.5.13. Laelia red lefspot viru LRLV Sinnimo de Orchid fleck virus OFV 3.3.5.14 Cymbidium ringspot virus CymRSV. Gnero: Tombusvirus. Hospedeiros: Cymbidium Etiologia e sintomas: Causa manchas anelares clorticas foliares, mais intensas quando ocorre infeco dupla com Cymbidium mosaic virus. Esse vrus no transmitido por vetores, somente por inoculao mecnica e por contato entre hospedeiros (ICTVdB, 2006). 3.3.5.15. Impatiens necrotic spot virus INSV. Gnero: Tospovirus Hospedeiros: Oncidium, Phalaenopsis spp.

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Etiologia e sintomas: Relatado nos EUA. Tospovirus so transmitidos de uma planta a outra por diversas espcies de tripes, sendo a mais comum, Frankliniella occidentalis (Thysanoptera). O sintoma observado em Phalaenopsis spp.(de flores brancas) de presena de manchas anelares clorticas e necrticas em folhas, semelhantes a alvos (BAKER, 2007).

3.3.5.16. Tomato spotted wilt virus TSWV. Gnero: Tospovirus Hospedeiros: Oncidium, Phalaenopsis, Brassia gireoudiana, Cattleyaskinneri, Cattleya, Stel., Trichopilia, Elleanthus caricoides, Maxilaria ringens, Maxilaria, Mormodes, Pleurothallis, Scaphiglottis bidentata, Stanhopea e outros. Etiologia e sintomas: igual INSV para Phalaenopsis spp. Em Oncidium, esse vrus causa de manchas anelares clorticas a leses necrticas de 1-2 cm de dimetro (HU et al, 1993). JIMNEZ (2002) descreve sintomas de mal formao foliar, que vo desde folhas dobradas, nervuras engrossadas e reduo do tamanho das folhas. O autor relata ainda a formao de manchas brancas, amarelecimento e necrose foliar. 3.3.5.17. Tobacco rattle virus TRV. Gnero: Tobravirus Hospedeiros: Elleanthus, Epidendrum, Maxilaria, Pleurothallis, Prosteche, Sobralia, Stelis, Orchis. Mormodes, Oncidium,

Etiologia e sintomas: Ocorre na Costa Rica, causando mosqueado e amarelecimento foliar em orqudeas nativas enviveiradas (JIMNEZ, 2002), alm de deformaes foliares. Em Orchis, causa mosaico foliar e reduo do crescimento (LESEMANN & VETTEN,1985). 3.3.5.18. Phalaenopsis chlorotic spot virus PhCSV. Gnero: Potyvirus Hospedeiros: Phalaenopsis Etiologia e sintomas: Vrus de recente relato, em Taiwan, causando manchas clorticas em folhas de Phalaenopsis (YOU et al. 2008). Segundo o ICTVdB (2006) esse vrus seria um sinnimo do OFV. 3.3.5.19. Cypripedium calceolus virus - CypCV. Gnero: Potyvirus Hospedeiros: Cypripedium calceolus. Etiologia e sintomas: o vrus ocorre na Alemanha causando listras clorticas e necrticas e deformaes foliares na espcie acima (ICTVdB Management 2006). 3.4. Nematides A maioria dos relatos de nematides parasitando orqudeas so bastante recentes. Em especial, destacam-se os do gnero Aphelenchoides Fischer, 1894, conhecidos como nematides foliares. 3.4.1. Aphelenchoides bessey Christie (1942)

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conhecido como o agente etiolgico da ponta branca em plantas de arroz irrigado. tambm causador do nanismo em plantas de morango. um nematide de distribuio mundial, infectando alm das duas culturas citadas, orqudea, cebola, alho, milho doce, batata-doce, soja, cana de acar, gramados, seringueira, violeta africana, crisntemo, Hibiscus brachenridgii e hortncia, entre outros (Franklin e Siddiqi, 1972). HENRQUEZ (2002) relata a ocorrncia desse nematide no Chile, em plantas provenientes de Taiwan. 3.4.2 Aphelenchoides fragariae (Ritzema Bos, 1891) Christie, 1932 conhecido como o nematide do morangueiro, causando nessas plantas crescimento lento, porte reduzido, encurtamento dos entrens entre outros sintomas, deixando as folhas quebradias e com tamanho reduzido. Ataca diversas outras plantas ornamentais, como avencas (AGRIOS, 2005). Este patgeno infecta plantas de orqudea hbrida (Cattleya hibrida Lindl.), causando amarelecimento e necrose foliar.

3.4.3. Aphelenchoides ritzemabosi (Swartz, 1911) Steiner & Buhrer, 1932 conhecido como o nematide foliar do crisntemo, sendo bastante disseminado pelos EUA e Europa. ocorrendo comumente em jardins, infectando alm de crisntemo, dlia, zinnia e morangueiro (AGRIOS, 2005).

3.4.4. Aphelenchoides composticola ( Franklin, 1957) Nematide associado orqudea Laelia tenebrosa R.A. Rolfe (SILVEIRA et al. 1992). Normalmente no um parasita preocupante, por apresentar tambm hbito micfago, sendo importante em cultivos comerciais de cogumelos comestveis. 3.4.5.Pratylenchus scribneri Steiner, 1943 Nematide parasita de razes. Mencionado na Instruo Normativa n 7 da CTNBio, publicada no Dirio Oficial da Unio, de 09 de junho de 1996, que apresenta as Normas provisrias para a importao de vegetais geneticamente modificados destinados pesquisa. Nessa publicao aparece como Praga Quarentenria A1 para orqudeas, ao lado de milho, tomate, beterraba, cebola, soja e batata. Descrito pela primeira vez no Tennessii, EUA, em batata, em 1889, est associado a diversas espcies vegetais, inclusive orqudeas, no havendo citao para gneros. Infectas razes e causa leses radiculares. Com as informaes acima, desenvolveu-se a Tabela 1 com as informaes mais importantes para o diagnstico de doenas em orqudeas. Tabela 1: Quadro para rpida identificao dos fitopatgenos associados a orqudeas. Doena Agente etiolgico Sintomas Pythium ultimum Damping-off ou tombamento de Podrido negra Trow e Phytophtora mudas em sementeiras e plntulas. Em cactorum (Lebert & Cohn.) J. plantas adultas, a infeco produz Scht. manchas encharcadas, tipicamente negras, que progridem em forma ascendente. Em casos extremos, a planta morre dentro de 1 a 2 meses.

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Murcha de Fusarium

Fusarium oxysporum Schletend, f.sp. cattleyae V. Foster

Antracnose

Colletotrichum gloeosporioides Penz.

Ferrugem

Sphenospora kevorkianii Linder= Uredo nigropunctata P.Henn.;, Sphenospora mera Cumm; S. saphena Cumm.; Uredo epidendri P. Henn, Uredo behnickiana P. Henn. e Hemileia oncidii Griffon & Malbl..

Mofo cinzento

Botrytis cinerea Pers e Botrytis sp.

A doena tambm conhecida por canela seca, por originar-se geralmente como uma podrido seca nas razes das plantas, subindo pelo rizoma e atingindo o pseudobulbo, onde geralmente tem evoluo lenta. Por matar as gemas, a planta sofre um longo processo de decadncia, culminando com a morte aps um ano ou mais. Geralmente os sintomas so maisfreqentes nas folhas. Inicialmente ocorre uma descolorao parda em forma circular levemente deprimida e bastante definida. A leso aumenta rapidamente de tamanho e, sob condies favorveis, pode atingir todo o limbo foliar. O centro da leso sempre deprimido, de colorao castanho-pardacenta e com inmeros anis concntricos. A doena se manifesta somente nas folhas, quase que exclusivamente na face inferior, onde inicialmente observam-se pequenas pstulas de colorao amarelo-laranja ou marromavermelhada. Essas pstulas, em funo da idade, podem enegrecer e se desenvolver de modo concntrico, lembrando a aparncia de um alvo. Manchas clorticas so observadas na regio foliar oposta pstula Ataca exclusivamente ptalas, spalas e labelo das flores. Inicialmente surgem minsculas pintas marrons, que crescem at destruir totalmente as flores. Apresentam-se como reas irregulares e amareladas, na face inferior das folhas, que progridem para deprimidas pardoprpuras com centro pardo-claro e com pontuaes de colorao negra. Na face superior do limbo, na rea correspondente leso na face inferior, surge uma rea clortica, que eventualmente se torna necrtica.

Mancha de Cercospora

Cercospora odontoglossi Prill. & Delacr., C. angraeci, C. dendrobii, C. epipactidis,, C. persisteriae e Cercospora. spp.

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Murcha de Sclerotium

Sclerotium rolfsii Sacc.

Presena de miclio cotonoso primeiramente na base da planta, podendo espalhar-se por todo o pseudobulbo e folhas. Com a evoluo da doena, pode-se visualizar a formao de esclerdios com cerca de 1mm de dimetro.A infeco pelo fungo provoca o apodrecimento dos tecidos vegetais da base da plantas e conseqentemente, amarelecimento e queda de folhas. As folhas atacadas apresentam manchas castanhas escuras circulares ou ovaladas, com bordos bem definidos e centro de colorao pardo-clara onde podem ser observados os picndios do fungo. Dependendo da espcie infectada, podem surgir halos amarelados ao redor das leses. Damping-off de mudas em sementeiras e plntulas. Deteriorizao do sistema radicular, com sintomas reflexos de murcha na parte area. Plantas com essa podrido perdem o vigor de forma lenta com progressivo amarelecimento das folhas e pseudobulbos que se tornam finos e contorcidos. Novos brotamentos tornam-se raros As plantas atacadas perdem o vigor e atrasam o seu crescimento. Em casos graves, as razes morrem e apodrecem at a regio basal da planta. Os tecidos atacados enegrecem e definham. A infeco que se inicia geralmente na regio do colo pode se alastrar para as razes, assim como para as partes areas das plantas. Os sintomas iniciais da doena so pequenos pontos de colorao marromavermelhados nas folhas, que vo crescendo at tornar o limbo foliar plido e quebradio (crestamento). Em casos severos as folhas secam. Manchas marrons nas folhas e bulbos.

Manchas foliares de Phyllosticta

Phyllosticta capitalensis Henn. 1908

Podrido das razes

Rhizoctonia solani Kuhn.

Podrido de razes de Cylindrocarpon Podrido de razes de Cylindrocladium

Cylindrocarpon radicicola.Wr.

Cylindrocladium sp

Mancha foliar de Fusarium

Fusarium moniliforme Sheldon

Mancha foliar e de bulbos

Diplodia sp.

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Mancha de Macrophoma Outras Manchas foliares

Macrophoma sp. Selenophoma dendrobii Abiko e Pestalotiopsis sp.

Crosta negra da baunilha

Mycoleptodiscus indicus (V.P. Sahni) B. Sutton.

Mancha aquosa ou mancha marrom

Acidovorax cattleya (syn. Pseudomonas cattleyae (Pav.) Sav.).

Podrido mole

Pectobacterium carotovorum subsp. carotovorum e Dickeya chrysanthemi.

Manchas alongadas marrons com bordos negros em folhas e bulbos. Manchas foliares de colorao parda, arredondadas ou ovais, com bordos bem delimitados e a parte central mais clara. Manchas necrticas no caule, frutos e folhas, inicialmente circulares, escuras, planas, 1-5 mm de dimetro, tornandose posteriormente elipsides e fusiformes ou irregulares, tomando uma colorao castanho-acinzentada, chegando a atingir por confluncia, 20 mm de comprimento por 10 mm de largura. Sobre as leses notam-se pequenas crostas negras. No incio, surgem manchas pardas circulares nas folhas, com aspecto aquoso, que crescem rapidamente, tornando-se deprimidas, escuras ou pardecentas, bem delimitadas, semelhantes a queimadura de sol. Causa morte de plntulas ou atinge folhas e pseudobulbos de plantas adultas. Leses foliares inicialmente anarcasadas em folhas e pseudobulbos, evoluindo para podrido mole ou mela, que acaba, praticamente, destruindo toda a rea afetada. Odor ftido de exsudados um forte indicativo de infeco por essa bactria. O sintoma mais comum o mosaico, podendo ocorrer leves riscos clorticos nas nervuras das folhas e pequena reduo no nmero e tamanho das flores. Podem ainda mostrar sintomas severos de manchas anelares ou irregulares, clorticas ou necrticas nas folhas . Ocorrem riscos ao longo das nervuras dos segmentos florais, marrons em flores brancas e esbranquiados em flores lilases e vermelhas. Ocorre necrose e/ou descontinuidade da colorao natural das spalas e ptalas (collor break). Manchas ou pintas irregulares de colorido vermelho a roxo nas folhas, geralmente com regies necrosadas.

Vrus do Mosaico do Cymbidium

Cymbidium mosaic virus CymMV

Mancha anelar de Odontoglossum

Odontoglossum ringspot virus. ORSV

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Orchid Fleck Virus

Orchid fleck virus OFV

Vrus do Mosaico do Pepino

Cucumber mosaic virus CMV

Dendrobium vein Dendrobium vein necrosis virus DVNV necrosis virus.

Tomato vrus*

ringspot Tomato ringspot virus ToRSV

Bean yellow mosaic virus

Bean yellow mosaic virus BYMV

Calanthe mild mosaic virus

Calanthe mild mosaic virus CalMMV

Ceratobium mosaic vrus Clover yellow vein vrus. Dasheen mosaic virus Cypripedium chlorotic streak virus

Ceratobium mosaic virus CerMV Clover yellow vein virus ClYVV (=Dendrobium mosaic virus). Dasheen mosaic virus DsMV Cypripedium chlorotic streak virus CypCSV (=Cypripedium necrotic leafstripe virus) .

Em Odontoglossum, causa leses circulares nas folhas. Os brotos podem ficar tortos, fortemente pigmentados e sem vigor. Nas flores surgem manchas descoloradas.O vrus vai degradando o vigor da planta, terminando por mat-la em alguns anos, por inviabilidade de brotao. Anis necrticos espalhados pelo limbo foliar e intercalados por reas aparentemente normais so os