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1º Relatório Ambiental (LO 383/04) e 4° Relatório Ambiental (LO 194/02) - Julho/2004 - Item 8 - Pág 1 de 39 Subitem 8.5 – Avaliação dos Efeitos da Sísmica com Cabo Flutuante sobre Peixes Recifais Sísmica 3D - Bacias de Sergipe/Alagoas, Camamu/Almada, Jequitinhonha e Cumuruxatiba EVEREST 8.5 - Avaliação dos Efeitos da Sísmica de Cabos Flutuantes sobre Peixes Recifais Ainda que, até o momento, os experimentos realizados com “air-guns” em peixes e invertebrados não indiquem efeitos letais sobre o indivíduo ou efeitos significativos sobre a população, há uma crescente especulação popular e um forte interesse científico na avaliação dos efeitos da atividade sísmica sobre organismos marinhos. O fator preponderante é a diversidade de fatores que podem estar presentes ou ausentes de cada levantamento sísmico, tais como: (i) diferentes arranjos de “air-guns” utilizados pelas empresas de geofísica; (ii) características oceanográficas e meteorológicas distintas entre as áreas de prospecção sísmica; (iii) diferença do tempo de duração das atividades de sísmica; e (iv) ocorrência diferenciada das espécies de organismos e conseqüentemente, dos níveis de sensibilidade e tolerância interespecíficas. Face ao incipiente conhecimento dos efeitos das atividades de sísmica em organismos marinhos em águas brasileiras e a diversidade de fatores que podem peculiarmente estar afetando um determinado levantamento de sísmica, o ELPN/IBAMA determinou no Parecer Técnico n° 089/03 de 05.06.03 a necessidade da execução de um experimento que possibilitasse monitorar em tempo real peixes submetidos ao arranjo de “air-guns” 3090G utilizado pela Empresa em levantamentos sísmicos na costa brasileira. Esta condicionante teve como objetivo adquirir informações reais e cientificamente válidas, sobre os possíveis efeitos das ondas geradas pelos “air-guns” sobre peixes recifais em ambientes costeiros selecionados e passiveis de sofrerem estes impactos. Este objetivo geral teve por finalidade responder três perguntas, a saber: 1) “air-guns” geram ondas físicas/sonoras prejudiciais a peixes? 2) Ondas geradas por “air-guns” matam peixes? 3) O comportamento dos peixes se altera durante as operações de sísmica? No Projeto apresentado no Estudo de Impacto Ambiental foram definidos objetivos específicos a serem alcançados, a saber: (i) Verificar o efeito agudo gerado pelas ondas sísmicas em peixes através da taxa de mortalidade; (ii) Verificar se as ondas sísmicas causam alteração no comportamento dos peixes em tanques-rede e livres em recifes de coral e/ou de algas calcárias; (iii) Verificar o efeito crônico gerado pelas ondas sísmicas em peixes através da presença de danos morfológicos e funcionais às estruturas dos peixes durante e após a exposição, se comparado com animais não expostos; e (iv) Medir o nível de estresse dos peixes expostos às ondas de sísmica e compará-los ao estresse dos animais não expostos. Para se alcançar os objetivos propostos, várias metas foram previstas para subsidiar a realização deste Projeto: - Realizar in loco medidas de amplitude a diferentes distâncias da fonte sonora, tomando-se por base a posição da embarcação de testes sísmicos na menor profundidade da área de levantamento até a linha de costa; - Realizar Levantamento de informações existentes na literatura publicada em revistas científicas e na “literatura cinzenta”; - Contato com grupos de pesquisa que tenham realizado estudos e experimentos do uso de “air-guns” e seu efeito sobre peixes ou sobre a pesca; - Realizar experimento com “air-guns” em peixes engaiolados (tanques-rede) e na natureza (peixes recifais); - Acompanhar o comportamento antes, durante e depois da operação em peixes engaiolados (tanques-rede) e na natureza (peixes recifais) através de filmagem;

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1º Relatório Ambiental (LO 383/04) e 4° Relatório Ambiental (LO 194/02) - Julho/2004 - Item 8 - Pág 1 de 39 Subitem 8.5 – Avaliação dos Efeitos da Sísmica com Cabo Flutuante sobre Peixes Recifais

Sísmica 3D - Bac ias de Serg ipe /Alagoas , Camamu/Almada, Jequ i t inhonha e Cumuruxat iba EVEREST

8.5 - Avaliação dos Efeitos da Sísmica de Cabos Flutuantes sobre Peixes Recifais Ainda que, até o momento, os experimentos realizados com “air-guns” em peixes e invertebrados não indiquem efeitos letais sobre o indivíduo ou efeitos significativos sobre a população, há uma crescente especulação popular e um forte interesse científico na avaliação dos efeitos da atividade sísmica sobre organismos marinhos. O fator preponderante é a diversidade de fatores que podem estar presentes ou ausentes de cada levantamento sísmico, tais como: (i) diferentes arranjos de “air-guns” utilizados pelas empresas de geofísica; (ii) características oceanográficas e meteorológicas distintas entre as áreas de prospecção sísmica; (iii) diferença do tempo de duração das atividades de sísmica; e (iv) ocorrência diferenciada das espécies de organismos e conseqüentemente, dos níveis de sensibilidade e tolerância interespecíficas. Face ao incipiente conhecimento dos efeitos das atividades de sísmica em organismos marinhos em águas brasileiras e a diversidade de fatores que podem peculiarmente estar afetando um determinado levantamento de sísmica, o ELPN/IBAMA determinou no Parecer Técnico n° 089/03 de 05.06.03 a necessidade da execução de um experimento que possibilitasse monitorar em tempo real peixes submetidos ao arranjo de “air-guns” 3090G utilizado pela Empresa em levantamentos sísmicos na costa brasileira. Esta condicionante teve como objetivo adquirir informações reais e cientificamente válidas, sobre os possíveis efeitos das ondas geradas pelos “air-guns” sobre peixes recifais em ambientes costeiros selecionados e passiveis de sofrerem estes impactos. Este objetivo geral teve por finalidade responder três perguntas, a saber: 1) “air-guns” geram ondas físicas/sonoras prejudiciais a peixes? 2) Ondas geradas por “air-guns” matam peixes? 3) O comportamento dos peixes se altera durante as operações de sísmica? No Projeto apresentado no Estudo de Impacto Ambiental foram definidos objetivos específicos a serem alcançados, a saber: (i) Verificar o efeito agudo gerado pelas ondas sísmicas em peixes através da taxa de mortalidade; (ii) Verificar se as ondas sísmicas causam alteração no comportamento dos peixes em tanques-rede e livres em recifes de coral e/ou de algas calcárias; (iii) Verificar o efeito crônico gerado pelas ondas sísmicas em peixes através da presença de danos morfológicos e funcionais às estruturas dos peixes durante e após a exposição, se comparado com animais não expostos; e (iv) Medir o nível de estresse dos peixes expostos às ondas de sísmica e compará-los ao estresse dos animais não expostos. Para se alcançar os objetivos propostos, várias metas foram previstas para subsidiar a realização deste Projeto:

- Realizar in loco medidas de amplitude a diferentes distâncias da fonte sonora,

tomando-se por base a posição da embarcação de testes sísmicos na menor profundidade da área de levantamento até a linha de costa;

- Realizar Levantamento de informações existentes na literatura publicada em revistas científicas e na “literatura cinzenta”;

- Contato com grupos de pesquisa que tenham realizado estudos e experimentos do uso de “air-guns” e seu efeito sobre peixes ou sobre a pesca;

- Realizar experimento com “air-guns” em peixes engaiolados (tanques-rede) e na natureza (peixes recifais);

- Acompanhar o comportamento antes, durante e depois da operação em peixes engaiolados (tanques-rede) e na natureza (peixes recifais) através de filmagem;

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1º Relatório Ambiental (LO 383/04) e 4° Relatório Ambiental (LO 194/02) - Julho/2004 - Item 8 - Pág 2 de 39 Subitem 8.5 – Avaliação dos Efeitos da Sísmica com Cabo Flutuante sobre Peixes Recifais

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- Coletar amostras de tecidos de peixes antes, durante e depois do experimento e nos controles;

- Realizar análises histológicas e citológicas do material coletado; - Realizar análise enzimática dos peixes coletados; - Levantamento de dados de desembarque pesqueiro na área de estudo antes, durante

e depois do experimento; - Elaborar relatório técnico preliminar com os resultados obtidos durante o experimento

(FASE 1); - Elaborar relatório técnico final com os resultados obtidos nas análises realizadas após

o experimento (FASE 2); - Apresentar os resultados em Workshops, Congressos nacionais e internacionais; - Publicar os resultados em revista conceituada, em inglês, no exterior; - Preparar vídeo em português para ser distribuído aos órgãos ambientais; - Preparar vídeo informativo para programas de educação ambiental e divulgação.

O planejamento do Projeto de Avaliação dos Efeitos da Sísmica com Cabo Flutuante sobre Peixes Recifais teve início em dezembro de 2003, sendo revisado e aprovado, respectivamente, pelos Pareceres Técnicos ELPN/IBAMA n° 028/04 de 02.03.04 e n° 049/04 de 07.04.04. A implementação do experimento se iniciou em 22 de abril de 2004 com a mobilização da equipe para a área de estudo. A partir do dia 23 de abril iniciou-se o processo de instalação dos tanques-rede, sistema de filmagem submarina e captura e aclimatação dos peixes. No dia 27 de abril foi realizado o experimento propriamente dito, em que o navio sísmico passou pelos tanques-rede ativando os “air-guns” e os peixes foram recapturados para coleta e fixação de amostras para análise histopatológica. 8.5.1 - Informações sobre todas as não conformidades identificadas em relação à biota,

presentes na área de influência da atividade, durante a operação O Projeto encaminhado ao ELPN/IBAMA no Estudo de Impacto Ambiental - Revisão 02 - Relatório Consolidado de Projetos Ambientais sofreu três alterações durante sua implementação. O Projeto previa duas fases de execução (Fase 1 para avaliar o EFEITO AGUDO e Fase 2 para avaliar o EFEITO CRÔNICO) que seriam implementadas separadamente. A Fase 1 seria implementada logo no início das atividades de levantamento de dados sísmicos em águas rasas, no âmbito da LO 383/04 para águas com profundidades inferiores a 50m. Sendo que a data limite para o início da fase 1, proposta no Projeto, dependeria da emissão do Parecer Técnico que estava avaliando o Projeto e conseqüentemente, sua aprovação pelo IBAMA. A Fase 2 seria implementada ao final das atividades de levantamento de dados sísmicos em toda área dos Blocos B-CAM-40 e CM-CAL-4. A execução da segunda fase seria concomitante ao Projeto de Decaimento da Energia Sonora, de modo que a área estudada fosse a mesma e que os resultados das gravações nas diferentes distâncias da fonte pudessem ser utilizadas para determinar a amplitude sonora que chegaria aos tanques-rede. A PGS através da correspondência n° 127/04 de 02.04.04 (protocolo IBAMA 02022.001256/04-08 de 06.04.04) informou ao ELPN/IBAMA que o cronograma previsto para a implementação dos Projetos teria que ser alterado em função da antecipação do término das atividades de levantamento de dados sísmicos nos

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Blocos B-CAM-40 e BM-CAL-4. Foi esclarecido na referida correspondência que para adaptar experimentos científicos à logística operacional de uma atividade de sísmica e garantir a segurança das equipes e das embarcações, seria necessário que o navio sísmico navegasse sem cabos sísmicos (“streamers”), restringindo a execução dos experimentos ao término do levantamento sísmico. Face ao exposto acima, foi proposto que as duas fases fossem implantadas concomitantemente, ou seja, a avaliação dos efeitos agudos e crônicos seria executada durante o mesmo experimento. Ressalta-se que os objetivos e metas propostos para se avaliar cada efeito foram mantidos e os resultados aqui apresentados abordaram os efeitos agudos e crônicos propostos. Outra alteração ao Projeto proposto foi a exclusão dos dois tanques-rede que estariam localizados a 1000m (T1000) dos primeiros tanques. A exclusão dos tanques T1000 foi uma decisão da equipe durante as atividades no campo, na fase de instalação dos tanques. Houve a entrada de uma frente fria no dia de instalação dos tanques-rede (dia 24.04.04), aumentando a corrente marítima e dificultando muito o trabalho dos mergulhadores. Com a finalidade de manter a segurança da equipe, reduzindo o tempo em que os mergulhadores teriam que permanecer submersos e considerando que os tanques-rede localizados próximos a linha de navegação do navio sísmico apresentariam os melhores resultados para se avaliar o impacto direto dos “air-guns”, optou-se por excluir os tanques mais distantes da área experimental. No Projeto foi proposto 4 tempos de recaptura dos peixes para coleta de amostras biológicas, a saber: Tc – controle antes da passagem do navio, T0 – logo imediatamente após a passagem do navio, T4 – 4 horas após a passagem do navio e T24 – 24 horas após a passagem do navio. No entanto, foi verificado durante a primeira coleta de peixes (Tc) que o tempo de recaptura dos peixes no interior do tanque-rede e tempo de processamento de cada espécime para retirada das amostras teciduais foi extensivo e que se fosse realizado uma coleta logo após a passagem do navio (T0), a coleta subseqüente prevista para 4 horas após a passagem do navio (T4) atrasaria, podendo ficar prejudicada devido a falta de luminosidade para os mergulhadores ou até mesmo ser cancelada. A Dra. Edith Fanta expôs que a coleta 4 horas após passagem do navio seria mais importante para se avaliar o efeito do impacto sobre peixes, do que a coleta feita imediatamente após a passagem do navio (T0). Portanto, optou-se em excluir a coleta logo após a passagem do navio (T0), de modo a garantir que a coleta em 4 horas fosse realizada com segurança e qualidade.

8.5.2 - Informações detalhadas de todas as ações e a metodologia para se alcançar cada objetivo proposto e aprovado Para implementação deste Projeto foram contratados profissionais especialistas em comportamento e estrutura celular do Grupo de Estudos de Impacto Ambiental (GEIA) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e de especialistas em sistema de monitoramento submarino por vídeo da empresa Tozzi Engenharia e Arquitetura Ltda. (Tozzi). A elaboração do desenho experimental, detalhamento da metodologia, definição de equipamentos necessários, aquisição e definição da logística operacional foi

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um esforço conjunto entre as equipes do GEIA/UFPR e da Everest. A elaboração do sistema de vídeo e aquisição dos equipamentos foi um esforço da Tozzi. A estrutura recifal a ser monitorada foi indicada pelo Sr. Antônio Santiago, pescador e mergulhador de Barra Grande, que auxiliou nossa equipe durante a fase de planejamento e de execução do experimento. A execução do experimento contou com a equipe do GEIA/UFPR, da Tozzi e da Everest, com mergulhadores profissionais, com pescadores e mergulhadores autônomos da comunidade local e com a colaboração da tripulação da PGS embarcada no navio sísmico Ramform Viking e do navio Sanco Sea. O Projeto contou com a colaboração da equipe de especialistas em acústica da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e do Instituto de Pesquisas da Marinha (IPqM), coordenada pela Dra. Sheila Simão, para medição e processamento dos sinais sonoros produzidos pelo “air-gun” na área experimental e com a equipe de monitoramento de encalhe de cetáceos e de eventuais ocorrências de mortandade, a veterinária Suzana Mas-Rosa do Instituto Baleia Jubarte (IBJ) e a bióloga Fabiana Poletto da Everest para monitoramento das praias da área experimental. O experimento contou também com o acompanhamento por representantes do ELPN/IBAMA, os biólogos Cristiano Vilardo e José Tadeu Oliveira, e da comunidade local, o biólogo Antônio Macedo, Sr. Jamilton Palma e o Sr. Achim Ruder. As amostras biológicas coletadas foram processadas pela equipe do GEIA/UFPR. Os DVDs foram elaborados pela equipe da empresa Tozzi. Foram elaborados quatro Relatórios/Laudo Técnicos referentes ao experimento realizado no campo e estão sendo apresentados nos Anexos do Item 8 - Programa de Monitoramento da Biota Marinha - Volume Único, Subitem 8.5 - Avaliação dos Efeitos da Sísmica com Cabo Flutuante sobre Peixes Recifais, nos seguintes anexos: - Anexo 8.5.2.a - Relatório Técnico da Avaliação dos Efeitos da Sísmica com

Cabo Flutuante sobre Peixes Recifais - Universidade Federal do Paraná / Grupo de Estudos de Impacto Ambiental (UFPR / GEIA)

- Anexo 8.5.2.b - Relatório Técnico do Monitoramento Visual – Tozzi Engenharia

e Arquitetura SC Ltda. - Anexo 8.5.2.c - Relatório Técnico das Atividades Subaquáticas – Companhia

do Mar Atividades Subaquáticas Ltda. - Anexo 8.5.2.d - Relatório Técnico da medição da Intensidade dos Sinais

Sonoros Produzidos pelo Arranjo de “air-guns” para o Experimento de Peixes Recifais – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e Instituto de Pesquisa da Marinha (IPqM).

O Relatório/Laudo Técnico do Anexo 8.5.2.a foi elaborado pelo coordenador da equipe do Grupo de Estudos de Impacto Ambiental (GEIA) da Universidade Federal do Paraná, Dra. Edith Fanta e descreve os resultados referentes a

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avaliação do efeito do impacto das ondas de pressão em peixes recifais mantidos em tanques-rede e livres em um recife, antes, durante e depois da passagem do navio sísmico, incluindo metodologia utilizada no campo e no laboratório, resultados da análise de comportamento dos peixes e das análises histológicas das amostras biológicas coletados durante o experimento, discussão e conclusão. O Relatório/Laudo Técnico do Anexo 8.5.2.b foi elaborado pelo coordenador do Projeto de Sistema de Monitoramento Submarino por Vídeo, oceanógrafo Enrico Marone da Tozzi Engenharia e Arquitetura SC Ltda. e descreve os equipamentos utilizados no sistema de filmagem, a metodologia utilizada no campo para a instalação das câmaras de filmagem e do computador para monitoramento em tempo real, os resultados obtidos com o monitoramento submarino por vídeo e elaboração dos DVDs. O Relatório/Laudo Técnico do Anexo 8.5.2.c foi elaborado pelo mergulhador profissional da Companhia do Mar Atividades Subaquáticas Ltda., Gustavo Mercadante e descreve as atividades subaquáticas, incluindo descrição dos equipamentos utilizados pela equipe de mergulhadores. O Relatório/Laudo Técnico do Anexo 8.5.2.d foi elaborado pela equipe coordenada pela Dra. Sheila Simão da UFRRJ e descreve os resultados da medição e processamento dos sinais sonoros produzidos pelo “air-gun” na área experimental dos tanques-rede e recife. As Tabelas 8.5.2.a e 8.5.2.b apresentam, respectivamente, a relação de profissionais diretamente envolvidos no Monitoramento e os colaboradores.

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Tabela 8.5.2.a - RELAÇÃO DE PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS NO MONITORAMENTO

NOME ATIVIDADES Grupo de Estudos de Impacto Ambiental da Universidade Federal do Paraná - GEIA / UFPR

Bióloga ScD Edith Susana Elisabeth Fanta

Elaboração do Projeto Execução do experimento no campo Análise histológica e histopatológica Avaliação do comportamento de peixes Elaboração de Laudo/Relatório (Anexo 8.5.2.a)

Bióloga MSc. Eloísa R. de Moraes

Elaboração do Projeto Execução do experimento no campo Micro-fotografia histológica Elaboração das Pranchas com as fotografias histológicas dos Anexos do Relatório Técnico Elaboração das tabelas do Laudo/Relatório (Anexo 8.5.2.a)

Biólogo Bacharel Pedro Rondon Werneck

Execução do experimento no campo Preparação de lâminas histológicas permanentes Preparação do material de Microscopia eletrônica

Estudante de Ciências Biológicas, Estagiária de Iniciação Científica Marina Caldas Gomes

Preparação de lâminas histológicas permanentes

Biólogo Bacharel Herculano Salviano dos Reis Filho Preparação de lâminas histológicas permanentes

Estudante de Ciências Biológicas, Estagiário de Iniciação Científica Felipe Vasconcelos Oliveira

Preparação de lâminas histológicas permanentes

Letícia Borges Organização gráfica das fotografias histológicas dos Anexos do Relatório Técnico

Laboratório de Microscopia da Universidade de Campinas (UNICAMP) Bióloga ScD Mary Anne Heidi Dolder Análise de microscopia eletrônica

Tozzi Engenharia e Arquitetura Ltda - Sistema de Monitoramento Submarino por Vídeo (SMSV)

Oceanógrafo Enrico Marone (cinegrafista)

planejamento, instalação e operação do sistema de vídeo no campo Processamento das imagens Elaboração de Relatório Técnico (Anexo 8.5.2.b) Elaboração dos vídeos (DVDs) educativo e Institucional

Mergulhador Profissional Fábio Negrão

planejamento, instalação e operação do sistema de vídeo no campo

Everest Tecnologia em Serviços Ltda.

Eng° Cartógrafo Bacharel Rogério Ribeiro

Elaboração do Projeto Execução do experimento no campo Elaboração deste Relatório Ambiental

Bióloga PhD Renata Maria Arruda Ramos

Elaboração do Projeto Execução do experimento no campo Elaboração deste Relatório Ambiental

Companhia do Mar Atividades Subaquáticas Ltda.

Mergulhador profissional Gustavo Mercadante Rulli Costa

Equipamento para os mergulhadores Controle do tempo de mergulho da equipe Instalação dos tanques-rede, captura, transferência e recaptura dos peixes, retirada dos tanques-rede Elaboração de Relatório Técnico (Anexo 8.5.2.c)

Mergulhadora profissional Sandra Mercadante de Paula Faria

Equipamento para os mergulhadores Instalação dos tanques-rede, captura, transferência e recaptura dos peixes, retirada dos tanques-rede

Representante da Comunidade Local Pescador e mergulhador autônomo Antônio César Paraíso Santiago -

Instalação dos tanques-rede, captura, transferência e recaptura dos peixes, retirada dos tanques-rede

Pescador e mergulhador autônomo Kleber Fernandes Farias

Instalação dos tanques-rede, captura, transferência e recaptura dos peixes, retirada dos tanques-rede

Pescador e mergulhador autônomo Oldemy Magalhães da Silva

Instalação dos tanques-rede, captura, transferência e recaptura dos peixes, retirada dos tanques-rede

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Tabela 8.5.2.b - RELAÇÃO DE PROFISSIONAIS COLABORADORES

NOME ATIVIDADES Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)

Engenheira PhD Sheila Marino Simão Execução das gravações do sinal acústico no campo Análise das gravações do sinal acústico Elaboração de Laudo/Relatório Técnico (Anexo 8.4.2.d)

Instituto de Pesquisa da Marinha (IPqM) Engenheiro PhD Willian Soares Filho Análise das gravações do sinal acústico Engenheiro MSc Orlando de Jesus Ribeiro Afonso Análise das gravações do sinal acústico

Everest Tecnologia em Serviços Ltda. Biólogo Bacharel Sérgio C. Moreira Execução das gravações do sinal acústico no campo

Bióloga MSc. Fabiana Poletto Monitoramento de praia de eventual mortandade de peixes e encalhe de cetáceos

Instituto Baleia Jubarte (IBJ)

Veterinária Suzana Mas-Rosa Monitoramento de praia para eventual encalhe de cetáceos

8.5.2.1 - Área de estudo

A área de estudo localizou-se a distância superior a 3 Km da costa sul do Estado da Bahia, na Bacia Sedimentar de Camamu/Almada, entre Barra Grande e Taipus de Fora, ao sul dos Blocos da ANP B-CAM-40 e BM-CAL-4, conforme mapa apresentado no Anexo 8.5.2.1 (Mapa DE-EVT-PGS-1°RA (LO 383); 4°RA (LO 194)-002D). Inicialmente, ainda na fase de planejamento, o Sr. Antônio Santiago auxiliou na escolha da área a ser estudada. A estrutura recifal selecionada para a realização deste experimento é conhecida na região como Anguara e suas coordenadas geográficas foram repassadas para o departamento de cartografia da Everest ainda na fase de planejamento, permitindo uma representação cartográfica da área de estudo e definição prévia dos pontos de amostragem e da rota de navegação do navio sísmico durante o experimento. Definiu-se uma linha paralela à costa, sobre a isóbata de 20m, na qual o Navio Ramform Viking (fonte sonora) deveria navegar disparando os “air-guns”, denominada “linha de disparos” e uma linha perpendicular à costa interceptando a linha de disparos, na qual os tanques-rede ficariam dispostos a diferentes distâncias. As coordenadas destas linhas foram repassadas ao capitão do navio sísmico, estabelecendo, então, a rota de navegação a ser utilizada durante o experimento. A área experimental (exposta às ondas de pressão dos “air-guns”) estava localizada a uma distância de 4 Km da linha de costa, entre Saquaíra e Algodões, ao sul de Barra Grande, conforme mapa apresentado no Anexo 8.5.2.1 (Mapa DE-EVT-PGS-1°RA (LO 383); 4°RA (LO 194)-002D). Os sete tanques-rede foram instalados a diferentes distâncias da estrutura recifal Anguara. Este recife, com aproximadamente 300m de comprimento e 200 de largura, localiza-se a uma profundidade de 20 m, em uma região com

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1º Relatório Ambiental (LO 383/04) e 4° Relatório Ambiental (LO 194/02) - Julho/2004 - Item 8 - Pág 8 de 39 Subitem 8.5 – Avaliação dos Efeitos da Sísmica com Cabo Flutuante sobre Peixes Recifais

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predominância de águas claras e alta diversidade biológica, tanto de peixes recifais quanto de peixes de meia-água. A área controle (não exposta às ondas de pressão dos “air-guns”) estava localizada a 4 km ao sul da área experimental em uma região com condições ambientais similares ao experimento, conforme mapa apresentado no Anexo 8.5.2.1 (Mapa DE-EVT-PGS-1°RA (LO 383); 4°RA (LO 194)-002D). Um tanque-rede controle foi instalado a uma profundidade de aproximadamente 20m.

8.5.2.2 - Atividades Subaquáticas

Para as atividades subaquáticas, o Projeto contou com sete mergulhadores: dois mergulhadores profissionais (Gustavo Mercadante e Sandra Faria) da Empresa Companhia do Mar Atividades Subaquáticas Ltda., contratados especialmente para coordenar todas as atividades dos mergulhadores, inclusive manutenção e checagem de equipamento e tempo de mergulho; dois mergulhadores, sendo um autônomo (Enrico Marone) e um profissional (Fábio Negrão), responsáveis pelo sistema de vídeo; e três autônomos (Antônio Santiago, Kleber Farias e Oldemy da Silva), pescadores da comunidade, responsáveis pela captura e recaptura dos peixes e apoio em todas as atividades de instalações e retirada dos equipamentos. Os mergulhadores da Companhia do Mar foram responsáveis em fornecer os seguintes equipamentos: - Cilindros - alumínio, S-80-3000 psi; - Coletes equilibradores; - Reguladores equipados com fonte alternativa de ar tipo 2º estágio e

console com anômetro e profundímetro; - Roupas de exposição tipo úmida – 3mm e 5mm; - Kits básicos com máscaras, snorkels, nadadeiras, botas e luvas; - Cintos de lastro totalizando 50 kg; - Computadores de mergulho; - Bússola; - Saco elevatório; - Cabos e bóias para sinalização do local de trabalho. O mergulhador Fábio Negrão, instrutor de mergulho pela Confederação Mundial de Atividades Subaquáticas (CMAS) e pela Divers Alert Network (DAN), como membro “Oxygen Instructor” foi responsável em fornecer o seguinte equipamento: - Ampola de Oxigênio 100%. Segundo tabela de limites de exposição da NOAA (1991), quando a mistura de gases com pressões parciais a 3 atm (20 metros de profundidade) é de 0,6 e 2,4 de oxigênio e nitrogênio respectivamente, como foi o caso dos mergulhos previstos para este experimento, recomenda-se obter crédito, para posterior metabolismo do oxigênio, durante o intervalo de superfície. Isto é feito, utilizando uma fórmula de simples cálculo, o da porcentagem do tempo limite de exposição, da tabela NOAA, que foi adquirida a imersão.

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A fórmula é a seguinte: Ti / Tu. vezes 100, igual porcentagem da dose de toxidade no SNC, da imersão. O mergulhador pode calcular, em primeiro lugar, a pressão parcial de oxigênio de sua mescla, a uma determinada profundidade, e depois saber que porcentagem da dose de SNC obteve, nessa profundidade, durante cada minuto de imersão. Desta forma os procedimentos de segurança para intervalos de superfície, após imersões a 20 metros de profundidade, com agravante de esforço físico acentuado, podem ter para cada hora e meia (90 minutos), passadas em superfície à pressão atmosférica, a dose percentual de toxidade no SNC reduzida em 50%, à medida em que o oxigênio é metabolizado pelo organismo, com tendência a um equilíbrio deste gás. Procedendo desta maneira a desaturação total, é alcançada após 12 horas naturalmente. Ressalta-se que, segundo a TDI (Technical Diving International) (Palmer, 1994), qualquer mescla entre os gases Oxigênio e Nitrogênio, podem ser usadas com tabelas de descompressão estandar, e computadores de mergulho, obtendo-se uma considerável vantagem fisiológica, sempre que se observe de forma rígida, os limites de profundidade, segundo a p.p.O2 da mescla. Isto porque, sempre há menos nitrogênio na mescla respirada, do que assumem as tabelas, ou o computador. Assume-se estar mergulhando, mais profundo que a PEA atual, e aplica-se a descompressão correspondente. Para as atividades de mergulho deste Projeto utilizou-se tabela NAUI 89-0019 de 1990, tabela de Descompressão Nitrox 28 de parada de segurança, além do computador de mergulho Aladim da Uwatec, em duplicidade para réplica no controle. Segundo os manuais de Provedor de O2 DAN (Monteiro & Reis, 1998): · Oxigênio é o componente essencial do ar que sustenta a vida · Oxigênio é também utilizado com propósitos médicos para prevenir ou

tratar a hipóxia em uma emergência e em cuidados médicos de longa duração

· Respirar altas concentrações de oxigênio aumenta o gradiente de pressão e facilita a eliminação de nitrogênio

· 100% oxigênio é recomendado - administre a maior concentração possível de oxigênio para alcançar o maior benefício para o mergulhador acidentado ou com risco de D.D - Doença Descompressiva

· Primeiros socorros com oxigênio pode reduzir o tamanho das bolhas; oxigenar os tecidos hipóxicos; reduzir os edemas nos tecidos; facilitar a respiração; aliviar os sintomas; reduzir os riscos de sintomas residuais após o tratamento hiperbárico.

Durante o intervalo de mergulho após imersões a 20 metros de profundidade, os mergulhadores fizeram o uso do oxigênio 100%, principalmente nos dias de maior esforço físico. Este procedimento foi importante também para os mergulhadores que tiveram que fazer viagem aérea após o termino do experimento.

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8.5.2.3 - Instalação dos tanques-rede e do sistema de filmagem No dia 22 de abril, na base de campo localizada em Barra Grande, a equipe se reuniu para discutir a logística operacional para instalação dos equipamentos na área de estudo (Foto 01 - Anexo 8.5.6). O Tanque-rede utilizado no experimento foi confeccionado pela empresa Engepesca Ltda, especialmente para o Projeto. Os tanques foram confeccionados com armação de aço inox 3/8”, com dimensões de 1,4 m de diâmetro e 1,0 m de altura e volume de 2,5 m3 (1,54 m3 de cilindro e 0,96 m3 de cone), recoberto com malha multifilamento de 12 mm medida entre nós opostos (Foto 02 - Anexo 8.5.6). Foi verificado que para a instalação das câmeras de vídeo seria necessário realizar uma adaptação nos quatro tanques-redes onde seria instalado o equipamento de filmagem. Esta adaptação foi feita no dia 23 de abril em Camamu com a instalação de um anel circular e uma barra de ferro no cone superior da rede para fixar a câmera na porção mais elevada do tanque-rede de modo a permitir a visualização máxima do tanque (Foto 03 - Anexo 8.5.6). Para os trabalhos no campo, utilizou-se um total de sete embarcações, a saber (Foto 06 - Anexo 8.5.6): - Navio sísmico Ramform Viking equipado com arranjo de “air-guns”

para emissão do sinal acústico; - Navio Sanco Sea utilizado para realizar levantamento batimétrico da

linha de disparo; - Lancha Cristina I utilizada pela equipe de mergulhadores para

instalação dos equipamentos e pela equipe de pesquisadores para locomoção e para dissecação dos peixes durante o experimento;

- Lancha Cristina III utilizada para instalação do sistema de monitoramento subaquático e pela equipe de pesquisadores que acompanharam o experimento em tempo real pelo sistema de monitoramento subaquático;

- Embarcação Legau utilizada para instalação das poitas para fixação dos tanques-rede, apoio da instalação e retirada dos equipamentos e para gravação do sinal sonoro produzido pelo arranjo de “air-guns” no dia do experimento;

- Embarcação Maria de Fátima utilizada para instalação dos manzuás para captura dos peixes; e

- Embarcação Marujo utilizada para vigiar a área experimental durante a noite.

No dia 23 de abril, a equipe fez o reconhecimento da área, selecionou a melhor região do recife para o experimento e iniciou a instalação das poitas para fixação dos tanques-redes, das caixas de sustentação das câmeras da estrutura recifal e dos cabos de conexão das câmeras de vídeo com a embarcação. A equipe já possuía as coordenadas geográficas do recife e da linha de navegação do navio sísmico Ramform Viking. Equipados com GPS e bússola, esquemas de posicionamento dos tanques e trena, os mergulhadores colocaram as poitas no local exato em que os tanques-rede seriam instalados. Foram confeccionadas 65 poitas de cimento em Barra Grande (Foto 05 - Anexo 8.5.6).

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No dia 24 de abril de 2004 iniciou-se a etapa de instalação dos sete tanques-rede e do sistema de filmagem. As Figuras 8.5.2.3.a e 8.5.2.3.b ilustram a configuração da fileira de tanques-rede em relação à linha de disparo em vista horizontal e vertical, respectivamente. O primeiro tanque-rede (t0) foi instalado a uma distância de 45m da rota de navegação do navio. Quatro tanques redes foram posicionados transversalmente a linha de disparos dos “air-guns” em duas fileiras (A e B), formando um quadrado com 10m de distância entre cada tanque, sendo os dois primeiros (t1A e t1B) a uma distância de 36 m do t0 e os dois segundos (t10A e t10B) a uma distância de 46 m do t0. A fileira A de tanques estava posicionada a 10m da estrutura recifal. Mais dois tanques foram instalados, tanques t100A e t100B, a uma distância de 100 m do quadrado de tanques-redes. O tanque controle foi instalado ao sul da área experimental a uma distância de 4km (Vide Figuras 8.5.2.3.a e 8.5.2.3.b e mapa no Anexo 8.5.2.1).

Fig.8.5.2.3.a - Planta do desenho amostral. Os tanques redes estão indicados com t + código de distância + fileira e as câmeras de vídeo estão

indicadas com C + n° da câmera

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Fig.8.5.2.3.b - Perfil do desenho amostral. Os tanques redes estão indicados com t + código de distância + fileira

Conforme apresentado no Anexo 8.5.2.b, o Relatório Técnico elaborado pelo responsável pelo Sistema de Monitoramento Submarino por Vídeo (SMSV) descreve todo o sistema de instalação das câmeras de vídeo nos tanques-rede e na estrutura recifal. Foram instaladas seis câmeras de vídeo, sendo duas próximas ao recife com uma distância de 10m entre elas e 10 m dos tanques da fileira A (t1A e t10A) e as outras quatro câmeras nos tanques t1A, t1B, t10A e t10B (Vide Figura 8.5.2.2.a e Diagrama 1 do Relatório Técnico no Anexo 8.5.2.b). As câmeras dos recifes foram instaladas utilizando como base de fixação um engradado de plástico preenchido com lastro. Uma haste presa à base conectava-se a um suporte de aço-inox fixado atrás das câmeras com duas articulações que possibilitava rotação e ajuste para um melhor posicionamento do equipamento (Foto 06 - Anexo 8.5.6). Cabos blindados de sinal de vídeo do tipo coaxial foram conectados as câmeras e fixados a cabos guias para que ambos fossem levados até a embarcação (Foto 07 - Anexo 8.5.6). As câmeras dos tanques-rede foram fixadas na parte superior do cone de cada um dos quatro tanques (t1A, t1B, t10A e t10B) utilizando o mesmo suporte de aço-inox fixado atrás das câmeras com duas articulações que possibilitava rotação e ajuste para um melhor posicionamento do equipamento (Foto 08 - Anexo 8.5.6). Os cabos blindados de sinal de vídeo do tipo coaxial fixados as câmeras foram conectados a uma caixa blindada e levada até a embarcação. Quando o sistema de monitoramento subaquático não estava em funcionamento, a caixa blindada ficava na superfície da água presa a uma bóia e ao cabo guia com lastro de fixação no fundo. Para que o sistema de monitoramento subaquático registrasse as imagens, a caixa

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blindada era levada ao barco e os cabos de energia conectados a placa de vídeo do computador (Fotos 09 e 10 - Anexo 8.5.6). Além do sistema de monitoramento subaquático, todos os procedimentos em campo foram filmados em vídeo MiniDV.

8.5.2.4 - Captura, transferência e aclimatação dos peixes

Para a captura dos peixes utilizou-se a armadilha conhecida na região como manzuá. No dia 22 de abril, os pesquisadores da UFPR acompanharam o Sr. Antônio Santiago e mais dois pescadores da região para a colocação de 20 manzuás na região de Barra Grande (Foto 11 - Anexo 8.5.6). No dia 25 de abril foi feita a despesca dos manzuás. Os pesquisadores que acompanharam a despesca fizeram o controle do número e espécies de peixes coletados. Foram capturados 128 peixes, sendo 61 cirurgiões, 30 budiões, 7 ciobas, 7 biguaras, 6 carapitangas, 4 saromonetes, 2 cambubas, 2 olho de vidro, 2 roncadores, 2 peixes borboleta, 1 caranha, 1 mariquita, 1 ariocó, 1 peixe pena e 1 jaguaraçá (Tabela 8.5.2.4). Tabela 8.5.2.4 – PEIXES COLETADOS NA DESPESCA DOS MANZUÁS

Nome comum Nome científico Número de peixes

Ariocó Lutjanus synagris 1 Barbeiro/Cirurgião Acanthurus bahianus 61 Biguara Trachinotus falcatus 7 Borboleta Chaetodon ocellatus 2 Budião Azul Scarus trispinosus 30 Cambuba Haemulon flavolineatum 2 Caranha Lutjanus cyanopterus 1 Carapitanga Lutjanus jocu 6 Cioba Vermelho Lutjanus analis 7 Jaguareçá Holocentrus ascensionis 1 Mariquita Diplodus spp. 1 Olho de Vidro Hoplostethus atlanticus 2 Pena Calamus penna 1 Roncador Conodon nobilis 2 Saramonete Pseudupenus maculatus 4

TOTAL 128 Os peixes foram colocados em isopor com água e foram levados para a área experimental e controle onde estavam instalados os tanques-rede. Durante o percurso os pesquisadores trocaram constantemente a água para manter a oxigenação. Alguns peixes morreram durante este percurso. A transferência dos peixes foi feita pelos mergulhadores utilizando procedimento similar ao de transferência de peixes em aquários com sacos plásticos (Foto 12 - Anexo 8.5.6). Em cada tanque-rede foram

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colocados 13 peixes, sendo: 7 cirurgiões, 4 budiões, 1 cioba e 1 biguara. Todo o processo de colocação dos manzuás, despesca, transferência e aclimatação dos peixes nos tanques-rede foi filmado em vídeo Mini DV (Foto 12 - Anexo 8.5.6). O período de aclimatação dos peixes ocorreu entre 25 e 27 de abril, da transferência ao dia do experimento com a passagem do navio sísmico. Durante o período de aclimatação, os peixes eram monitorados pelos mergulhadores e pelos pesquisadores através do sistema de vídeo para observação do comportamento em ambiente restrito até a realização do experimento. No dia 26 de abril, foi verificado que de um a dois peixes por tanque-rede haviam morrido. Os peixes foram substituídos por outros capturados nas gamboas - currais colocados em Barra Grande (Foto 13 - Anexo 8.5.6). Em 27 de abril, dia do experimento com passagem do navio sísmico, foi verificado que havia outros peixes mortos. Decidiu-se em não retirar os peixes mortos dos tanques-rede, evitando assim causar estresse nos peixes pela aproximação e manejo pelos mergulhadores. Esses peixes estavam predados e em início de decomposição, importante característica para diferenciar de possíveis mortes decorrentes da passagem do navio sísmico com “air-guns” ativados.

8.5.2.5 - Passagem do navio na área experimental

Em 27 de abril toda a equipe estava distribuída entre as embarcações para a passagem do navio Sísmico na área experimental, a saber: Lancha Cristina III - Dra. Edith Fanta da UFPR, responsável em acompanhar em tempo

real o comportamento dos peixes durante a passagem do navio sísmico com “air-gun” ligado e avaliar o efeito agudo sobre os peixes através do sistema de monitoramento subaquático;

- Enrico Marone e Fábio Negrão, responsáveis pelo sistema de vídeo; - Biólogo Cristiano Vilardo, representante do ELPN/IBAMA; - Biólogo Antônio Macedo, representante da comunidade; e - Oceanógrafo José Luís Pizzorno, representante da PGS. Lancha Cristina I - Biólogos Eloísa Moraes e Pedro Werneck da UFPR, responsáveis em

dissecar os peixes e coletar as amostras biológicas para avaliação, a posteriori, dos efeitos das ondas de pressão sobre os peixes;

- Bióloga Renata Ramos, responsável em apoiar os biólogos da UFPR e coordenar as atividades dos mergulhadores;

- Mergulhadores Gustavo Mercadante, Sandra Faria e Antônio Santiago, responsáveis pelas coletas dos peixes nos tanques-rede antes e após a passagem do navio sísmico; e

- Jamilton Palma, representante da comunidade.

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Navio Sísmico Ramform Viking - Engenheiro Rogério Ribeiro da Everest, responsável pela

coordenação de todo o experimento e da logística operacional; - Biólogo José Tadeu Oliveira, representante do ELPN/IBAMA; e - Alexandre Bacellar Neto, representante da PGS. Embarcação Legau - Dra. Sheila Simão da UFRRJ e o biólogo Sérgio Moreira da Everest,

responsáveis pela gravação do sinal acústico produzido pelo “air-gun” durante a passagem do navio sísmico na área experimental; e

- Achim Ruder, representante da comunidade. As embarcações utilizaram o sistema de rádio VHF para comunicação durante o experimento (Foto 14 - Anexo 8.5.6). O navio Sanco Sea realizou o levantamento batimétrico na rota de navegação paralela à costa, sobre a isóbata de 20m, denominada “linha de disparos” (Foto 15 - Anexo 8.5.6). O navio sísmico Ramform Viking equipado com um conjunto de “air-guns” do tipo G-gun (G3090), liberando um volume de 3.090 polegadas cúbicas de ar comprimido, a uma pressão de 2000psi, navegou na rota determinada previamente como “linha de disparos” (Foto 16 - Anexo 8.5.6). O navio acionou os “air-guns” em intervalos de 14 segundos (Foto 17 - Anexo 8.5.6), iniciando o primeiro disparo no início da “linha de disparos” definida previamente, perpendicular aos tanques-rede. Os disparos foram interrompidos quando o navio ultrapassou a o fim da linha de disparos perpendicular aos tanques-rede. Esta distância perpendicular do navio no momento do primeiro e do último disparo dos “air-guns” em relação a fileira de tanques-rede foi definida para simular a variação de amplitude sonora que o peixe receberia com a aproximação e afastamento do navio.

8.5.2.6 - Análise do comportamento para avaliação do efeito agudo

Através do sistema de monitoramento Subaquático, a Dra. Edith Fanta da UFPR analisou o comportamento dos peixes em tempo real durante todo o experimento, antes, durante e depois da passagem do navio sísmico com “air-guns” (Foto 18 - Anexo 8.5.6). Além das câmeras instaladas nos tanques-rede e nos recifes, o oceanógrafo Enrico Marone documentou em vídeo Mini DV a condição dos peixes nos tanques-rede e no recife antes e logo após a passagem do navio sísmico (Fotos 19 e 20 - Anexo 8.5.6). As imagens geradas pelas câmeras fixadas nos tanques e no recife foram armazenadas diretamente no HD do computador. Após o término do experimento, os arquivos foram transferidos para DVDs e encaminhados para o laboratório da Dra. Edith Fanta na UFPR para análise.

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O Relatório Técnico do Anexo 8.5.2.a descreve a metodologia utilizada para análise das imagens e avaliação do comportamento observado. Foram analisados 24 minutos antes, 24 minutos durante e 20 minutos após os disparos dos “air-guns” em uma das câmeras do tanque-rede e 28 minutos antes, 24 minutos durante e 24 minutos após os disparos dos “air-guns” em uma das câmeras do recife. A análise foi descritiva e numérica. No recife, a análise numérica foi realizada contando-se a cada 5 segundos, o número de peixes e sua posição relativa, avaliando-se ainda seu movimento e características. Nos tanques a cada 5 segundos contou-se o número de peixes que penetravam na área delimitada pelo anel visível na filmagem, e descreveu-se seus movimentos. No total, foram 1728 momentos de capturas de dados e informações (vide Relatório Técnico no Anexo 8.5.2.a).

8.5.2.7 - Coleta de amostras biológicas para avaliação do efeito crônico Foram coletados, sempre que possível, dois peixes por tanque-rede experimental e controle antes e após a passagem do navio sísmico, totalizando três tempos de coleta (T0, T4, e T24): T0 = coleta realizada antes dos disparos dos “air-guns”; T4 = coleta realizada 4 horas após a passagem do navio; e T24 = coleta realizada 24 horas após a passagem do navio. Para coletar os peixes, os mergulhadores, em dupla, coletavam dois peixes por tanque de cada vez, tanto do experimental como do controle (sem o efeito dos “air-guns”). Os peixes foram cuidadosamente trazidos à superfície e imediatamente medidos, pesados, identificados, fotografados e dissecados para retirada das amostras de tecidos pelos biólogos Eloísa Moraes e Pedro Werneck da UFPR. Foram coletadas amostras de brânquias, fígado, cérebro, gônadas, olhos, rosetas olfatórias, para microscopia óptica e eletrônica e esfregaço de sangue. As amostras foram fixadas em Alfac (álcool, ácido acético e formol) para microscopia óptica e em Karnowski modificado para microscopia eletrônica. Após desembarcar, cada amostra foi checada. Os fixadores foram trocados e todo material foi acondicionado para transporte até o Laboratório da UFPR (Foto 21 - Anexo 8.5.6).

8.5.2.8 - Retirada do equipamento No dia 28 de abril, após a coleta dos peixes do Tempo T24 de 24 horas após a passagem do navio, iniciou-se a retirada dos equipamentos da água. As condições oceanográficas e meteorológicas não eram favoráveis e devido ao forte vento e corrente os mergulhadores tiveram muita dificuldade para retirar todo o equipamento, conforme reportado nos Relatórios Técnicos sobre as atividades de monitoramento

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Submarino por vídeo e de mergulho, apresentados respectivamente nos Anexos 8.5.2.b e 8.5.2.c. Durante o cumprimento do intervalo de superfície, os mergulhadores respiraram oxigênio para auxiliar a eliminação das bolhas de nitrogênio (Foto 22 - Anexo 8.5.6). Este procedimento é uma medida de precaução comum em mergulhos prolongados e em esforço, conforme esclarecido no Subitem 8.5.2.2. Face ao exaustivo trabalho dos mergulhadores, as poitas não puderam ser retiradas no dia 28 de abril permanecendo no local do experimento, sendo posteriormente retiradas pelos mergulhadores da região que participaram das atividades de campo, o Sr. Antônio Santiago, Kleber Farias e Oldemy da Silva.

8.5.2.9 - Análises no laboratório Todas as análises foram realizadas pela equipe do Grupo de Estudos de Impacto Ambiental (GEIA) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e da Universidade de Campinas (UNICAMP). Conforme descrito no Relatório Técnico do Anexo 8.5.2.a, foram preparadas 10 lâminas de cada um dos tecidos de cada um dos peixes de cada um dos locais de cada um dos tempos, totalizando aproximadamente 2000 lâminas histológicas permanentes, coradas com Hematoxilina e Eosina (HE) e, em alguns casos, mais algumas lâminas obtidas para coloração especial com Tricrômico de Masson. De cada caso (espécie, órgão, local, tempo) foram obtidas fotos com aumentos de 100, 400 e 1000x, com um Microscópio Fotográfico Olympus. As análises foram feitas de forma direta nas lâminas e das fotos. Para microscopia eletrônica, as amostras foram incluídas em Epon, cortadas em ultramicrótomo e visualizadas em um microscópio Jeol da UNICAMP.

8.5.2.10 -Vídeos DVD As imagens foram editadas em Português e Inglês com legenda em Espanhol sendo produzido dois diferentes DVD´s para atender aos seguintes objetivos: Vídeo Educativo – vídeo com duração aproximada de 13 minutos em Português. Conforme descrito no Relatório Técnico do Anexo 8.5.2.b, o caráter informativo e didático do vídeo prioriza uma linguagem menos técnica e mais acessível para a comunidade de pescadores, público escolar e sociedade como um todo. Este vídeo pode ser utilizado na oportunidade das audiências públicas, dando retorno à sociedade com informações sobre os resultados dos experimentos realizados na região.

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Vídeo Científico / Institucional - vídeo com duração aproximada de 8 minutos em Português e Inglês com legenda em Espanhol. Conforme descrito no Relatório Técnico do Anexo 8.5.2.b, este vídeo tem por objetivo divulgar as metodologias e os resultados alcançados no projeto de pesquisa científica integrada. Este vídeo pode ser utilizado para apresentações em congressos nacionais e internacionais, palestras e aulas. O vídeo mostra todas as etapas do experimento com peixes recifais possibilitando que esta experiência pioneira no Brasil possa ser divulgada e conhecida em universidades, setor privado e governamental. Todas as imagens obtidas durante o experimento como chegada da equipe no campo, planejamento, atividades de mergulho, instalação dos equipamentos, passagem do navio, captura, aclimatação e recaptura dos peixes, coleta e processamento de amostras, retirada de equipamento, entrevistas com representantes da comunidade e pesquisadores e a paisagem local foram documentadas para o vídeo DVD (Fotos 23 e 24 - Anexo 8.5.6). Os vídeos Científico / Institucional e Educativo em DVD foram elaborados pela empresa Tozzi.

8.5.2.11 -Monitoramento Ambiental Durante todo o período de experimento a região da área de estudo e adjacências foi monitorada para detecção de eventual ocorrência de mortandade de peixes e encalhe de cetáceos pela equipe de biólogos e veterinários do Instituto Baleia Jubarte (IBJ) e da Everest. A veterinária Suzana Mas-Rosa do IBJ e a bióloga Fabiana Poletto da Everest percorreram as praias de Barra Grande até Algodões nos dias 26 e 27 de abril de 2004. Este monitoramento de praias compreende as atividades dos Projetos de Monitoramento de Encalhe de cetáceos e de Eventuais Ocorrências de Mortandade de Peixes. A descrição metodológica e resultados alcançados da implementação destes Projetos estão sendo apresentados detalhadamente nos Subitens 8.2 e 8.3, respectivamente. A equipe da EVT responsável pelo Programa de Comunicação Social acompanhou o desembarque pesqueiro da região e manteve contato direto com as Colônias de Pescadores da área de estudo. Este acompanhamento da pesca local compreende as atividades dos Projetos de Comunicação Social e de Monitoramento da Atividade Pesqueira. A descrição metodológica e resultados alcançados da implementação destes Projetos estão sendo apresentados detalhadamente nos Itens 6 e 10, respectivamente. Informações sobre velocidade e direção do vento, direção da corrente marítima, característica geomorfológica do fundo, temperatura da superfície do mar medidos pelos navios Ramform Viking e Sanco Sea foram obtidas durante o período de levantamento de dados sísmicos marítimos nos Blocos B-CAM-40 e BM-CAL-4.

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1º Relatório Ambiental (LO 383/04) e 4° Relatório Ambiental (LO 194/02) - Julho/2004 - Item 8 - Pág 19 de 39 Subitem 8.5 – Avaliação dos Efeitos da Sísmica com Cabo Flutuante sobre Peixes Recifais

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O navio Sanco Sea estava equipado com ecossonda Skipper GDS-101 para levantamento batimétrico e com sonda VALEPORT para medição da velocidade do som no mar. Conforme descrito no Relatório Técnico apresentado no Anexo 8.5.2.d, pesquisadores da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e Instituto de Pesquisa da Marinha (IPqM) realizaram gravação do sinal sonoro produzido pelos “air-guns” com a finalidade de medir a intensidade sonora que alcançou os peixes nos tanques-redes experimentais e no recife. A metodologia utilizada seguiu o protocolo utilizado e descrito no Subiten 8.4 referente a implementação do Projeto de Decaimento da Energia Sonora. No dia 27 de abril, o navio Ramform Viking percorreu ininterruptamente a linha de disparos perpendicular a área experimental, disparando continuamente o arranjo de “air-guns” 3090G, enquanto a lancha Legau permanecia ancorada próxima ao tanque-rede t10B, com seu motor desligado durante as gravações, de forma a evitar a contaminação do sinal recebido pelos hidrofones, conforme descrito no Relatório Técnico apresentado no Anexo 8.5.2.d. A gravação teve duração de 15 minutos, perfazendo um total de 64 disparos e foi obtida com taxa de amostragem de 44 kHz. O processamento dos sinais gravados foi realizado visando obter seus espectros e as energias em bandas específicas.

8.5.3 - Apresentação dos resultados, com auxílio de gráficos e tabelas 8.5.3.1 - Análise do Comportamento

O navio sísmico Ramform Viking navegou na linha de disparos a uma velocidade de 4 nós, disparando o arranjo de “air-guns” 3090G em intervalo de 14 segundos. O Anexo 8.5.3.1 apresenta o número de disparos, a posição geográfica do arranjo de “air-guns” 3909G e do transponder localizado na embarcação para gravação do sinal acústico, a distância entre o transponder e o arranjo de “air-guns” e a profundidade da linha de disparos e do arranjo de “air-guns” durante a passagem na área experimental. Foram realizados 73 disparos ao longo da linha de navegação. Os disparos de número 1055 e 1056 (Vide Anexo 8.5.3.1) foram os mais próximos dos tanques-rede, ou seja, a 138m dos hidrofones. O Relatório Técnico do GEIA/UFPR apresentado no Anexo 8.5.2.a, descreve os resultados referentes ao efeito do arranjo de “air-guns” sobre peixes a partir das análises de comportamento dos peixes antes, durante e depois da passagem do navio sísmico na área experimental. No tanque-rede, o comportamento típico dos peixes foi de atravessar o tanque de um lado a outro, em movimentos lentos, raramente indo até o fundo do tanque.

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1º Relatório Ambiental (LO 383/04) e 4° Relatório Ambiental (LO 194/02) - Julho/2004 - Item 8 - Pág 20 de 39 Subitem 8.5 – Avaliação dos Efeitos da Sísmica com Cabo Flutuante sobre Peixes Recifais

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O número de peixes observados atravessando a área central do tanque por cada vez variou de 1 até cinco peixes, sendo que um peixe de cada vez foi mais freqüente (71%). A alteração comportamental nos peixes dos tanques-rede foi observada em apenas cinco dos 73 pulsos sísmicos, representando 6,8% dos disparos emitidos pelo arranjo 3090G.

Comportamento dos peixes no tanque-rede por número de pulso sísmico

68; 93%

5; 7%

Normal Alterado

Gráf.8.5.3.1.a – Comportamento de reação dos peixes nos tanques-rede por número de pulso sísmico

No primeiro disparo que causou alteração comportamental, os peixes se agitaram, sendo que no segundo disparo perceptível todos os peixes foram para o centro do tanque, e depois nadaram em todas as direções, no terceiro disparo, agruparam-se novamente no centro e depois sumiram do campo filmado. Nos cinco disparos perceptíveis, foi possível observar que os peixes vêm todos ao centro e depois nadam para a periferia, voltando ao centro novamente no próximo disparo. Apesar da agitação decorrente, não há alteração de postura ou de coloração dos peixes. No momento do impacto da onda acústica, os peixes que vinham nadando normalmente com uma velocidade normal, aumentam bruscamente a velocidade de natação por frações de segundo, e continuam a nadar em uma direção aleatória. A reação é a que em comportamento de peixes costuma-se chamar de susto, seguido de fuga, caracterizados por movimentos mais rápidos e bruscos. Não houve perda de equilíbrio, ou mudança de coloração. No recife, a observação do comportamento típico dos peixes ficou restrita ao campo de filmagem das câmeras. Foi possível observar a passagem de peixes individuais ou de cardumes, normalmente em trajetórias retas da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda. Uma outra rota correspondia à dos peixes que vinham da parte superior do recife, detrás do mesmo e passavam em várias direções pelo campo filmado, ou ainda que surgiam detrás da câmera e subiam desaparecendo atrás do recife em sua parte superior ou nas laterais.

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1º Relatório Ambiental (LO 383/04) e 4° Relatório Ambiental (LO 194/02) - Julho/2004 - Item 8 - Pág 21 de 39 Subitem 8.5 – Avaliação dos Efeitos da Sísmica com Cabo Flutuante sobre Peixes Recifais

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A alteração comportamental nos peixes do recife foi observada em apenas quatro dos 73 pulsos sísmicos, representando 5,5% dos disparos emitidos pelo arranjo 3090G. Depois do impacto desses 4 disparos, o comportamento dos peixes no recife voltou ao normal.

Comportamento dos peixes no recife por número de pulso sísmico

69; 95%

4; 5%

Normal Alterado

Gráf.8.5.3.1.b – Freqüência numérica e relativa do comportamento de reação dos peixes no recife

Nos quatro disparos perceptíveis, foi possível observar uma mudança visível no comportamento dos peixes. Nesse momento, os que estavam no recife tiveram uma reação de susto, com desvio momentâneo de sua rota de natação, que era reassumida depois. O fator mais notório foi o da chegada ao campo de filmagem de uma enorme quantidade de peixes, na forma de cardumes que se reuniam num ponto focal do qual se dispersavam rapidamente em todas as direções, retornando a seguir novamente, para repetir o procedimento. Não foram observados peixes se entocando ou fugindo das tocas, nem subindo à superfície ou descendo ao fundo. Não foi possível notar desequilíbrio, ou mudança de coloração, ou ainda aumento de agressividade.

8.5.3.2 - Análise Histopatológica O Relatório Técnico do GEIA/UFPR apresentado no Anexo 8.5.2.a, descreve os resultados referentes ao efeito morfofuncional do impacto das ondas de pressão geradas pelo arranjo de “air-guns” sobre peixes a partir das análises histopatológicas. O referido Relatório descreve as características morfofuncionais de cada órgão analisado com fotografias que ilustram os aspetos normais de cada tecido e os resultados das análises histológicas dos peixes coletados nos três tempos de coletas (T0, T4 e T24) em 6 tanques experimentais (t1A, t1B, t10A, t10B, t100A e t100B) e 1 controle (tc). Foram coletados 23 peixes, sendo 17 cirurgiões, 5 budiões e 1 cioba. O número de peixes coletados em tanque-rede variou de 4 a 7 (Tabela 8.5.3.2).

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O Anexo 2 do Relatório Técnico do GEIA (vide Anexo 8.5.2.a) apresenta 39 pranchas com imagens fotomicroscópicas da análise histológica de cada tecido analisado por peixe coletado.

Tabela 8.5.3.2 - NÚMERO DE BUDIÕES (Scarus trispinosus), CIRURGIÕES (Acanthurus bahianus) E

CIOBAS (Lutjanus analis) COLETADOS EM CADA TANQUE-REDE POR TEMPO DE COLETA

Tempo de coleta em relação à passagem do navio sísmico Controle (antes) Experimento (após)

Tempo de coleta

Tanque-rede

T0 (0 horas) T4 (4 horas) T24 (24 horas) TOTAL

Controle tc 2 cirurgiões 0 1 budião 1 cirurgião 4

t1A 2 cirurgiões 1 cirurgião 0

t1B 0 1 cioba 1 budião

1 cirurgião 1 budião

7

t10A 1 cirurgião 1 cirurgião 1 cirurgião t10B 2 cirurgiões 0 0

5

t100A 2 cirurgiões 1 budião 1 cirurgião 1 budião

Experimental

t100B 1 cirurgião 1 cirurgião 0 7

TOTAL 10 cirurgiões 3 cirurgiões 2 budiões

1 cioba

4 cirurgiões 3 budiões

17 cirurgiões 5 budiões

1 cioba

Os órgãos analisados estavam íntegros nos peixes coletados em todos os tanques experimentais e no controle. O cérebro esteve normal nos peixes, mesmo naqueles que sofreram um impacto muito próximo dos “air-guns”. Os neurônios estavam com aquelas características de células nervosas ativas, mostrando núcleo centralizado com nucléolo e corpúsculos de Nissl, indicando atividade de síntese. Se o impacto causado pelas ondas de pressão tivesse causado algum trauma, era de se esperar que houvesse hemorragia dos capilares no cérebro, edema, bem como lateralização dos núcleos dos neurônios. Nenhum desses sintomas foi observado. As gônadas femininas estiveram íntegras também, com ovócitos que não descolaram das membranas da gônada, o que é fundamental para que consigam continuar a receber nutrientes e suporte. Também neste caso, não houve hemorragia do órgão. As gônadas masculinas estavam com o epitélio ciliar em perfeito estado e aderente ao tecido conjuntivo, e sem apresentar hemorragias ou dilacerações. A retina é um órgão susceptível a sofrer com pancadas e traumatismos físicos, que provocam o descolamento das células foto-sensoriais do epitélio. Nos locais em que se dá o descolamento, o animal perde a capacidade de ter seus cones e bastonetes estimulados, o que causa sua cegueira. Todas as retinas observadas estavam em perfeita integridade, o que garante a sobrevivência do peixe, já que assim ele pode encontrar alimento, tocas, prever a ação de predadores e se reproduzir. As brânquias que são finas e delicadas estavam intactas com a exceção de leves descolamentos em alguns pontos, o que é comum em sua

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manipulação. Assim sendo, está garantida a difusão de oxigênio e a regulação osmótica. Vale notar que o cirurgião tem uma quantidade grande de células de cloreto garantindo sua capacidade de regulação osmótica em ambientes de salinidade variável. O fígado apresentou consistência e aspecto celular normal. Dependendo da alimentação, da espécie e da região observada pode haver depósitos de lipídeos no interior dos hepatócitos. Não havia sinal de hemorragia, de congestão sanguínea, de necrose ou qualquer sintoma que pudesse indicar a ação de uma onda de pressão sobre ele.

8.5.3.3 - Monitoramento Ambiental

Decaimento Sonoro A embarcação Legau, equipada para gravação do sinal sonoro produzido pelo arranjo de “air-guns” 3090G, estava posicionada nas proximidades do tanque-rede t10B, a uma distância de 138 m da linha de disparos. A intensidade sonora dos dois disparos mais próximos dos tanques-rede, ou seja, a 138m dos hidrofones (disparos de número 1055 e 1056 - vide Anexo 8.5.3.1) alcançou os tanques a uma amplitude de 190dB re 1µPa2 (RMS 20-500Hz). A distância máxima entre o arranjo de “air-guns” e a embarcação Legau foi da ordem de 1700m, e a intensidade sonora nesta distância foi de 162dB re 1µPa2 (RMS 20-500Hz). Os dois disparos do arranjo 3090G por pulso emitido estão sendo apresentados na Tabela 1 do Relatório Técnico da UFRRJ, Anexo 8.4.2.d. Monitoramento de Praia Nos dias 26 e 27 de abril de 2004, a bióloga da Everest Fabiana Poletto e a veterinária Suzana Mas-Rosa do Instituto Baleia Jubarte realizaram monitoramento de praia da Ponta do Mutá, Barra Grande até a área dos experimentos, em Saquaira, percorrendo de moto um total de 24,2 km e 30,3 km por dia, respectivamente. Durante o percurso na área onde ocorreram os disparos do arranjo de “air-guns” durante os experimentos não foi encontrado nenhum cetáceo encalhado, nem a ocorrência de mortandade de quelônio ou de peixes. Maiores detalhes sobre os monitoramentos de encalhe de cetáceos e ocorrência de mortandade de quelônios e peixes estão sendo apresentados respectivamente nos Subitens 8.5.2 e 8.5.3 deste Relatório Ambiental. Desembarque Pesqueiro Em seis meses de monitoramento do desembarque pesqueiro (dez/03 a mai/04) foram monitorados mais 13.500 desembarques, entre Belmonte e Valença. A produtividade média diária medida ao longo de 30 dias antes da atividade de sísmica, durante a atividade e por 30 dias após sua conclusão, não indicou qualquer padrão de relação direta de sua

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variação com a atividade sísmica (vide item 10 deste Relatório Ambiental). Estado do mar Os dados de altura das ondas e velocidade do vento medidos pelo navio sísmico Ramform Viking ao longo do período de levantamento de dados sísmicos nos Blocos B-CAM-40 e BM-CAL-4 (08/03/04 a 23/04/04) representaram na escala Beaufort 0,5-2,5 para altura das ondas e 2-5 para velocidade do vento (Figura 8.5.3.3.a).

Fig.8.5.3.3.a - Altura das ondas e velocidade do vento medidos pelo navio sísmico Ramform Viking ao

longo do período de levantamento de dados sísmicos nos Blocos B-CAM-40 e BM-CAL-4 Conforme Relatório Técnico da UFRRJ (vide Subitem 8.4 deste Relatório Ambiental e Anexo 8.4.2 do referido Subitem), o ruído ambiente gravado no dia 25/04 a bordo da embarcação Cristina III (com motores desligados) apresentou valores variando entre 60-80 dB re: 1 µ Pa2/Hz. O estado do mar na região neste dia foi avaliado como mar 1. Nos dias 26 e 27, o ruído ambiente teve que ser avaliado novamente devido a alteração nas condições meteorológicas e oceanográficas. O estado do mar foi avaliado como 2, com ondas em torno de 0,5 metros de altura, com vagas de até 2 metros ao longo do período. O ruído ambiental gravado nos dias 26/04 e 27/04 a bordo da embarcação Legau apresentou valores variando entre 90-95 dB re: 1 µ Pa2/Hz. Conforme Relatório Técnico da UFRRJ (vide Figura 6 do Anexo 8.4.2) e dados obtidos a bordo do Ramform Viking durante levantamento sísmico no B-CAM-40/BM-CAL-4, entre março e abril para esta região, o estado do mar mantêm as características da escala Beaufort inferiores a 3.

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Segundo meteograma da CPTEC, entre 26 e 28 de abril, a velocidade do vento de superfície subiu de 1 m/s para 6 m/s em Ilhéus e de 1 m/s para 8m/s em Salvador, conforme pode ser observado na Figura 8.5.3.3.b. A alteração nas condições ambientais dificultou o trabalho dos mergulhadores, principalmente no final do dia 27/04/04 e ao longo do dia 28/04/04.

Fig.8.5.3.3.b - Meteograma CPTEC – velocidade vento superficial (m/s) para Ilhéus e Salvador para o

período entre 25/04/04 e 02/05/04 (Fonte: www.cptec/inpe/br) Perfil de velocidade do som A velocidade do som medida pelo navio sísmico Ramform Viking ao longo do período de levantamento de dados sísmicos nos Blocos B-CAM-40 e BM-CAL-4 (21/03/04 / 28/03/04 / 04/04/04 / 11/04/04 / 18/04/04) variou entre 1480 a 1540m/s em um perfil de aproximadamente 0 a 850m de profundidade em relação a superfície do mar (Figura 8.5.3.3.c). Observa-se nesta figura que para um perfil de 0 a menos de 100 metros, a velocidade do som foi de 1530 a 1540m/s A velocidade do som medida durante o experimento de decaimento sonoro para um perfil de 0 a 25 m de profundidade foi de 1542,4 a 1543,6 m/s (vide Anexo 8.5.2.d). Os perfis (até a profundidade de 100m) obtidos durante o levantamento sísmico e o experimento de decaimento sonoro foram similares, indicando pouca variação entre a região do B-CAM-40/BM-CAL-4 e a região dos experimentos, ao sul dos Blocos, entre Barra Grande e Saquaira para o período em questão.

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Fig.8.5.3.3.c - Velocidade do som medido pelo navio sísmico Ramform Viking ao longo do período

de levantamento de dados sísmicos nos Blocos B-CAM-40 e BM-CAL-4

8.5.3.4 - Vídeo Educativo e Científico / Institucional

O Anexo 8.5.3.4 apresenta os vídeos Científico / Institucional e Educativo produzidos pela empresa Tozzi a partir das imagens obtidas durante todas as etapas do experimento: chegada da equipe no campo, planejamento, atividades de mergulho, instalação dos equipamentos, passagem do navio, captura, aclimatação e recaptura dos peixes, coleta e processamento de amostras, retirada de equipamento, entrevistas com representantes da comunidade e pesquisadores e a paisagem local. O Vídeo Educativo com duração aproximada de 13 minutos em Português, possui caráter informativo e didático e prioriza uma linguagem menos técnica e mais acessível para a comunidade de pescadores, público escolar e sociedade como um todo. O Vídeo Científico / Institucional com duração aproximada de 8 minutos em Português e Inglês com legenda em Espanhol, têm por objetivo divulgar as metodologias e os resultados alcançados no projeto de pesquisa científica integrada.

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8.5.4 - Discussão crítica sobre o alcance dos objetivos, das metas propostas, bem como sobre a representatividade dos indicadores utilizados Dentre os quatro objetivos específicos propostas no Projeto, três foram totalmente alcançados (75%) e um não foi alcançado (25%), como se segue:

Objetivos

3; 75%

1; 25%

Alcançado Não Alcançado

Gráf.8.5.4.a – Freqüência numérica e relativa referente ao alcance dos objetivos propostos

Objetivos alcançados - Verificar o efeito agudo gerado pelas ondas sísmicas em peixes através da

taxa de mortalidade; Este objetivo foi alcançado plenamente uma vez que foi possível monitorar os peixes em tempo real antes, durante e depois da passagem dos navios. Não houve mortalidade de peixes durante o experimento, nem nos tanques-rede, nem no recife, bem como não foi reportada mortalidade ao longo das praias monitoradas. Os resultados deste experimento indicam que não foi detectado efeito agudo de mortalidade de peixes decorrente do arranjo de “air-guns” 3090G.

- Verificar se as ondas sísmicas causam alteração no comportamento dos peixes em tanques-rede e livres em recifes de coral e/ou de algas calcárias; Este objetivo foi alcançado plenamente uma vez que foi possível acompanhar o comportamento dos peixes antes, durante e depois da passagem do navio, tanto nos tanques-rede, como no recife. O Sistema de Monitoramento Submarino por Vídeo mostrou-se eficiente para documentação de mais de um ponto simultaneamente e por períodos longos de tempo. Do total de 73 disparos do arranjo de “air-guns” 3090G em intervalos de 14 segundos, foi possível detectar reação comportamental nos peixes dos tanques-rede e do recife somente durante os 4 (5,5%) e 5 (6,8%) disparos mais próximos da área experimental, respectivamente. Os peixes apresentaram uma reação de susto, com natação acelarada. Os peixes apresentaram uma tendência a se concentrar e depois dispersar, com

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movimentos rápidos inicialmente de susto e depois de fuga, mas logo se congregam novamente na mesma área usual. Foi possível verificar que a emissão acústica do arranjo de “air-guns” causou alteração comportamental momentânea e pontual quando os disparos foram muito próximos da área experimental, entre 138 a 160 m de distância da fonte, a uma amplitude sonora de 190 dB re 1µPa2 (RMS 20-500HZ). Em distâncias superiores a 160m da fonte, a uma amplitude sonora abaixo de 190 dB re 1µPa2 (RMS 20-500HZ), não foi possível detectar alteração comportamental nos peixes.

- Verificar o efeito gerado pelas ondas sísmicas em peixes através da presença de danos morfológicos e funcionais às estruturas dos peixes durante e após a exposição, se comparado com animais não expostos; e Este objetivo foi alcançado plenamente uma vez que foi possível coletar amostras biológicas dos peixes antes, durante e depois da passagem do navio nos tanques-rede experimentais e controle. Os órgãos analisados estavam íntegros nos peixes coletados em todos os tanques experimentais e no controle. Os resultados de histopatologia deste experimento indicam que não foi detectado efeito causado pelo impacto das ondas de pressão nos tecidos dos peixes analisados até 24 horas após a passagem do navio decorrente do arranjo de “air-guns” 3090G. Os órgãos analisados estavam íntegros nos peixes coletados em todos os tanques experimentais e no controle.

Objetivos não alcançados - Medir o nível de estresse dos peixes expostos às ondas de sísmica e

compará-los ao estresse dos animais não expostos.

Este objetivo não foi alcançado uma vez que não foi possível analisar os níveis de catecolamina, indicadores de estresse, nas amostras coletadas. Para esta análise seria necessário que as medições fossem feitas no momento da coleta do peixe ainda na embarcação. No entanto, não foi possível adquirir a aparelhagem necessária, sendo também insuficiente a quantidade de peixes da mesma espécie e de cada situação experimental, para a obtenção de alíquotas em volume suficiente para as análises.

Dentre as 14 metas propostas no Projeto, 11 foram realizadas (79%), uma não foi realizada (7%) e duas só serão realizadas a médio prazo (14%), como se segue:

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1º Relatório Ambiental (LO 383/04) e 4° Relatório Ambiental (LO 194/02) - Julho/2004 - Item 8 - Pág 29 de 39 Subitem 8.5 – Avaliação dos Efeitos da Sísmica com Cabo Flutuante sobre Peixes Recifais

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Metas

11; 79%1; 7%

2; 14%

Realizadas Não realizadas a médio prazo

Gráf.8.5.4.b – Freqüência numérica e relativa referente à realização das metas propostas

Metas realizadas - O cumprimento das 11 metas listadas abaixo permitiu o alcance dos três primeiros objetivos específicos propostos no Projeto.

1) Realizar Levantamento de informações existentes na

literatura publicada em revistas científicas e na “literatura cinzenta”;

2) Contato com grupos de pesquisa que tenham realizado estudos e experimentos do uso de “air-guns” e seu efeito sobre peixes ou sobre a pesca;

3) Realizar experimento com “air-guns” em peixes engaiolados (tanques-rede) e na natureza (peixes recifais);

4) Acompanhar o comportamento antes, durante e depois da operação em peixes engaiolados (tanques-rede) e na natureza (peixes recifais) através de filmagem;

5) Coletar amostras de tecidos de peixes antes, durante e depois do experimento e nos controles;

6) Realizar análises histológicas e citológicas do material coletado;

8) Levantamento de dados de desembarque pesqueiro na área de estudo antes, durante e depois do experimento;

9) Elaborar relatório técnico preliminar com os resultados obtidos durante o experimento (FASE 1);

10) Elaborar relatório técnico final com os resultados obtidos nas análises realizadas após o experimento (FASE 2);

13) Preparar material em português para ser distribuído aos órgãos ambientais;

14) Preparar material informativo para programas de educação ambiental e divulgação.

Metas não realizadas - Não foi possível cumprir a meta 7 proposta no Projeto,

inviabilizando o alcance do quarto objetivo específico de medir o nível de estresse dos peixes expostos às ondas acústicas.

7) Realizar análise enzimática dos peixes coletados;

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Metas a médio prazo – As metas 11 e 12 serão cumpridas a médio prazo, considerando o tempo previsto para preparação dos artigos, divulgação em Congressos e publicação em periódicos científicos.

11) Apresentar os resultados em Workshops,

Congressos nacionais e internacionais; 12) Publicar os resultados em revista conceituada, em

inglês, no exterior As três principais espécies-alvo deste experimento, o cirurgião (Acanthurus bahianus), o budião (Scarus trispinosus) e a cioba (Lutjanus analis) , ocorrem freqüentemente nas áreas de substrato consolidado presentes no sul da Bahia. Os peixes demersais ou bentônicos geralmente apresentam corpo achatado dorso-ventralmente e sua coloração tende a sofrer maior diversificação, podendo variar desde padrões mais escuros naquelas espécies que vivem em grandes profundidades, até padrões complexos e brilhantes de coloração, com aquelas exibidas por diversas famílias de peixes tropicais que vivem em ambientes coralinos como os Lambridae, Lutjanidae, Scaridae, Chaetodontidae e Acanthuridae. Em sua maioria, as espécies demersais tendem a ser mais sedentárias e territorialistas, exibindo complexos padrões de comportamento associados à ocupação e manutenção de seu território (Bizerril & Lima, 2001). O gênero Lutjanus (família Lutjanidae) reúne espécies de interesse comercial, abundantes em águas quentes e associadas a fundos rochosos e coralinos. Apresenta em geral cores brilhantes e algumas alcançam pouco mais de 1 metro de comprimento. O gênero Scarus (família Scaridae) é uma espécie costeira habitando preferencialmente fundos coralinos. Encontrado sozinho ou em pequenos grupos, e se alimentam de organismos bentônicos e pólipos de coral. O gênero Acanthurus (família Acanthuridae) é uma espécie costeira habitando preferencialmente fundos rochosos e/ou coralinos. Encontrado sozinho ou em agregações (pequenas ou grandes) nadando próximo ao fundo, freqüentemente acompanhado de outra espécie. Alimentam-se de organismos bentônicos. Os resultados deste experimento contribuem para o conhecimento dos efeitos dos “air-guns” sobre essas espécies de peixes recifais tropicais. A escassez de trabalhos sobre o impacto da atividade sísmica na costa brasileira dificulta o confrontamento dos dados, muitas vezes obtidos em condição ambiental distinta e com espécies que não ocorrem em ambientes tropicais. Este trabalho adiciona informações importantes para elucidar uma das grandes preocupações da comunidade pesqueira e científica. Exploração sísmica é essencial para a localização de reservatórios de óleo e gás. A perfuração exploratória para petróleo é uma técnica complexa e um processo extremamente custoso, portanto, a pesquisa sísmica é essencial para um conhecimento preciso da presença de óleo e gás onde a perfuração será iniciada. Dados sísmicos de áreas já em produção podem adicionar um maior conhecimento da localização e capacidade dos reservatórios, otimizando a produção (Hassel et al., s/ano).

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Atividades de exploração sísmica e produção de óleo e gás podem se sobrepor a significantes áreas pesqueiras, podendo criar conflitos de interesse entre a industria de petróleo e a comunidade de pesca. Os efeitos da atividade de sísmica em peixes e seus estoques têm sido alvo de discussão, mas seu conhecimento continua incipiente. Uma das maiores preocupações dos pescadores e, também, da comunidade científica é saber o quanto à atividade de sísmica afeta os estoques pesqueiros, altera as rotas de migração, diminui a taxa de sobrevivência de larvas e ovos e influi nas áreas de reprodução e crescimento de peixes demersais e pelágicos. Um dos estudos mais relevantes sobre o impacto do levantamento sísmico na pesca foi elaborado por Engås et al. (1996). O levantamento acústico e os ensaios de pesca mostraram que a detonação sísmica com “air-guns” afetou a distribuição de peixes e causou a redução nas taxas de captura, do bacalhau e do hadoque, por rede de arrasto e por espinhel. Este efeito da atividade sísmica foi demonstrado dentro da região na qual ocorreram as detonações, como também em áreas circundantes, e o efeito apareceu imediatamente após o início das detonações sísmicas, tendo continuado após o seu término. Um outro estudo foi realizado por Løkkeborg & Soldal (1993) que investigaram os dados de captura obtidos de embarcações comerciais que estavam casualmente operando em áreas de pesca onde explorações sísmicas estavam sendo conduzidas, e constataram uma redução de 55-80% nas capturas de bacalhau por espinhel, e uma redução de 80-85% nas capturas ocasionais de bacalhau na rede de arrasto de camarão. Os autores ressaltaram que a área afetada parecia bastante limitada (raio de poucas milhas náuticas) e durante o levantamento a quantidade de bacalhau pescado por determinados métodos aumentou, sugerindo que o comportamento dos peixes é diferenciado quanto ao impacto, porém a representatividade da pesca sofreu modificação. No presente estudo, foi verificado a partir dos dados de desembarque pesqueiro obtidos na área do levantamento sísmico e adjacências, que a produtividade média diária medida ao longo de 30 dias antes da atividade de sísmica, durante a atividade e por 30 dias após sua conclusão, não indicou qualquer padrão de relação direta de sua variação com a atividade sísmica. O desembarque pesqueiro foi acompanhado durante seis meses (dez/03 a mai/04), sendo monitorados mais 13.500 desembarques entre Belmonte e Valença, correspondendo a 285,5 Km (~154 milhas náuticas) (vide item 10 deste Relatório Ambiental). Engås et al. (1996) propõem que para os peixes detectarem o estímulo sonoro (limiar de detecção), o estímulo deve estar 20 dB re: 1µPa acima do ruído ambiental e em freqüências que podem variar de 60 a 310 Hz (Chapman & Hawkins, 1973 in: Engås et al., 1996). O nível em que os peixes respondem ao estímulo sonoro (limiar de reação) pode variar substancialmente de espécie para espécie, mas tem se mostrado em torno de 20 dB re: 1µPa acima do limiar de detecção (Skalski et al., 1992 in: Engås et al., 1996). O limiar de reação assumido no trabalho de Engås et al. (1996) foi de 110-120 dB re 1 µPa2/Hz relativo ao ruído de fundo adotado por eles, que foi de 70-80 dB re 1 µPa2/Hz. No mesmo estudo, esperou-se uma reação ao som de 3 a 10 Km da fonte, a partir do limiar de reação acima estipulado.

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1º Relatório Ambiental (LO 383/04) e 4° Relatório Ambiental (LO 194/02) - Julho/2004 - Item 8 - Pág 32 de 39 Subitem 8.5 – Avaliação dos Efeitos da Sísmica com Cabo Flutuante sobre Peixes Recifais

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No presente estudo foi possível verificar que a emissão acústica do arranjo de “air-guns” 3090G causou alteração comportamental momentânea e pontual quando os disparos foram muito próximos da área experimental, entre 138 a 190 m de distância da fonte, a uma amplitude sonora entre 170 e 210 dB re 1µPa2 (RMS 20-500HZ). Em distâncias superiores a 190m da fonte, a uma amplitude sonora abaixo de 170 dB re 1µPa2 (RMS 20-500HZ), não foi possível detectar alteração comportamental nos peixes. O ruído ambiental medido na área experimental foi na ordem de 95 dB re 1µPa2. O nível em que os peixes responderam ao estímulo sonoro (limiar de reação) foi em torno de 75 dB re 1µPa2 acima do ruído ambiental. Estes valores foram diferentes do proposto por Engås et al.(1996), no entanto, cabe ressaltar que o autor apresentou limiares de detecção e reação para peixes pelágicos e o presente estudo, monitorou o comportamento em peixes recifais. Vários autores mencionam a hipótese de que peixes pelágicos e peixes recifais reagiriam ao distúrbio sonoro de maneira distinta (Løkkeborg & Soldal, 1993; McCauley et al., 2000; Wardle et al., 2001; Thomsen, 2002). Peixes pelágicos podem responder mais livremente (reação de fuga), se deslocando para áreas afastadas do estímulo sonoro, enquanto que peixes recifais por possuírem hábitos mais residentes, evitam reagir direcionalmente ao estímulo, permanecendo no seu ambiente de origem. Os limiares de detecção e reação propostos por Engås et al.(1996) têm sido utilizados como referência para estudos de impacto, no entanto, os resultados do presente estudo indicam que o limiar de reação pode ser distinto de acordo com a espécie alvo e/ou características ambientais. Portanto, estes resultados não devem ser comparados para avaliação dos limiares de detecção e reação ao estímulo sonoro, visto que as espécies alvo destes estudos apresentam hábitos distintos e provavelmente, resposta diferenciada. Poucos são os trabalhos que evidenciam o impacto da atividade sísmica na fisiologia e comportamento dos peixes. McCauley et al. (2000) estudaram o impacto da atividade sísmica em peixes, utilizando uma fonte fixa e peixes em tanques-rede. Os resultados mostram que a onda de pressão criada pelos “air-guns” e a rápida redução da pressão que se segue ao disparo (pressão negativa) causaram danos físicos em tecidos biológicos e nos órgãos dos indivíduos quando muito próximos, poucos metros, da fonte de energia. Alguns indivíduos sofreram danos auditivos temporários, outros danos de caráter definitivo. Os autores ressaltam que o experimento utilizava peixes em cativeiro, portanto, impossibilitados de fuga. Em meio natural, a reação de fuga, provocada pelo alcance dos limiares de reação peculiares a cada espécie, estimulada pelo mecanismo de disparo “soft start” (aumento gradual da intensidade sonora), a ser executado no início de cada linha sísmica, poderia trazer resultados diferentes. No presente estudo não foram detectados danos físicos nos tecidos dos peixes analisados até 24 horas após a passagem do navio decorrente do arranjo de “air-guns” 3090G. As amostras de fígado, brânquia, gônada, cérebro e retina analisados por microscopia óptica e eletrônica apresentaram morfologia normal tanto para os peixes coletados nos tanque-rede experimentais, como no controle. Não houve diferença entre os resultados obtidos nas análises histológicas dos tecidos coletados antes (T0 – controle) e depois da passagem do navio (4 e 24 horas depois da passagem do navio).

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1º Relatório Ambiental (LO 383/04) e 4° Relatório Ambiental (LO 194/02) - Julho/2004 - Item 8 - Pág 33 de 39 Subitem 8.5 – Avaliação dos Efeitos da Sísmica com Cabo Flutuante sobre Peixes Recifais

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Quanto ao comportamento de reação, os resultados obtidos no presente estudo a partir do monitoramento em tempo real através do sistema de monitoramento submarino por vídeo corroboram algumas informações reportadas na literatura. O comportamento de susto seguido de natação acelerada, retornando ao comportamento padrão, já havia sido descrito por Wardle et al., (2001) para uma comunidade de peixes recifais livres em seu ambiente de origem na Escócia. Os autores realizaram observações de peixes em um recife localizado próximo à costa, utilizando-se de TV e indicadores acústicos uma semana antes, durante e quatro dias depois de um “air-gun” sísmico do tipo triplo G (2000psi) ser acionado e repetidamente disparado. Os níveis de pressão do som de pico de 201 dB (rel a 1µPa) a uma distância de 16 m e 195 dB (rel a 1µPa) a uma distância de 109 m foram medidos em posições onde os peixes estavam sendo observados. A posição final do “air-gun” do tipo triplo G, distância de 5,3 m, tinha um nível de pressão de pico de 218 dB (rel a 1µPa). Os resultados do estudo de Wardle et al., (2001) indicaram que os peixes não mostraram qualquer sinal de distanciamento do recife. O acionamento dos “air-guns” não interrompeu o ritmo diurno de agrupamento dos peixes, nem sua passagem pela posição da câmera de TV enquanto os “air-guns” estavam em funcionamento. Os peixes do recife, observados pela câmera de TV, sempre mostraram reações involuntárias na forma de um reflexo de células Mauthner, susto C, a cada acionamento dos “air-guns” em todas as distâncias testadas (a distância máxima foi 109 m, 195 dB rel a 1µPa). Quando a fonte sonora não estava visível para os peixes, a reação de susto C foi reduzida e os peixes continuavam o que estavam fazendo antes do estímulo. Quando o arranjo de “air-guns” do tipo triplo G foi posicionado próximo ao fundo do mar (profundidade de 14 m), ao disparado, provocou uma nuvem de areia visível para o peixe, ocasionando uma fuga temporária do local. Quando o arranjo de “air-guns” foi suspenso para o meio da água (profundidade de 5 m) e um pouco fora da distância visível a 16 metros, os peixes recebendo uma oscilação de pressão pico-a-pico de 6 ms, (206 dB re a 1µPa) exibiram um susto C e então continuaram a nadar em direção à posição dos “air-guns”, com sua rota pretendida de nado aparentemente inalterada. O som dos “air-guns” do tipo triplo G teve pouco efeito sobre o comportamento do dia-a-dia dos peixes residentes. No estudo de Wardle et al. (2001), o “air-gun” do tipo triplo G foi acionado sem quaisquer outros sons associados. O “air-gun” não estava se deslocando, de modo que qualquer seqüência de som não mostrou mudança na intensidade quando ouvida, digamos, por um peixe posicionado dentro da área do estudo. O som dos “air-guns” de um navio de pesquisa será associado com o ruído contínuo do navio, assim como um nível de pressão do som variável devido à intensidade da aproximação ou afastamento tanto do navio quando dos “air-guns”. Estas características podem adicionar informações que são necessárias para que os peixes respondam com movimentos direcionados que poderiam, por exemplo, permitir que reajam e fujam, melhorando seu nível de conforto. Isto também sugere que o som é variável em sua composição ou muito curto para dar informações direcionais aos peixes. Wardle et al. (2001) mencionam que a população de peixes estudada era residente ao recife e foi possível observar que mesmo que os peixes pudessem reagir direcionalmente aos “air-guns”, não ficaram suficientemente incomodados para optar por deslocar-se para outro lugar. Peixes em situações diferentes, como por exemplo peixes nômades ou migratórios, podem responder muito mais livremente ao estímulo apresentado pelos navios de pesquisa sísmica.

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1º Relatório Ambiental (LO 383/04) e 4° Relatório Ambiental (LO 194/02) - Julho/2004 - Item 8 - Pág 34 de 39 Subitem 8.5 – Avaliação dos Efeitos da Sísmica com Cabo Flutuante sobre Peixes Recifais

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No presente estudo, o navio sísmico Ramform Viking navegou ao longo de uma linha (“linha de disparos”), sobre a isóbata de 20m, perpendicular aos tanques-rede e ao recife monitorado. O navio emitiu 73 pulsos sísmicos em intervalos de 14 segundos (1001 a 1073 - vide planilha do Anexo8.5.3.1), iniciando o primeiro disparo a uma distância perpendicular de aproximadamente 1800m da fileira de tanques-rede. Os disparos foram interrompidos quando o navio ultrapassou a distância perpendicular de aproximadamente 500m da fileira de tanques-rede. Esta distância perpendicular do navio no momento do primeiro e do último disparo dos “air-guns” em relação a fileira de tanques-rede foi definida para simular a variação de amplitude sonora que o peixe receberia com a aproximação e afastamento do navio em um levantamento sísmico. Dos 73 pulsos acústicos emitidos pelo arranjo 3090G, os peixes dos tanques-rede e do recife apresentaram comportamento de reação (susto e natação acelerada) somente nos quatro (5,5%) e cinco (6,8%) pulsos emitidos mais próximos da área experimental (pulsos sísmicos 1054, 1055, 1056, 1057 e 1058), respectivamente. A reação de susto foi detectada a cada um dos 4-5 pulsos emitidos, retornando logo em seguida ao ritmo de natação anterior. Os pulsos sísmicos 1054, 1055, 1056, 1057 e 1058 foram emitidos a distância mínima de 90m e máxima de 120m dos quatro tanques-rede monitorados por vídeo (t1A, t1B, t10A e t10B) e a distância mínima de 143m e máxima de 190m dos hidrofones. A embarcação de gravação do som estava posicionada a 138m da “linha de disparos” e aproximadamente 50m dos quatro tanques-rede monitorados por vídeo (t1A, t1B, t10A e t10B). Os hidrofones registraram nesta distância, a amplitude sonora máxima de 190dB re 1µPa2 (RMS 20-500HZ). A Figura 8.5.4 ilustra a área que representa a Zona de Impacto do arranjo de “air-guns” 3090G. Estima-se que a amplitude sonora que os peixes receberam nesta zona de impacto variou entre 190dB re 1µPa2 (valor máximo medido pelos hidrofones a uma distância de 50m dos tanques) e 210dB re 1µPa2 (amplitude máxima espectral do arranjo 3090G dirigido para o ângulo de 0° na vertical na freqüência de 50HZ- vide Subitem 8.4.2.2 do item 8.4 – Monitoramento do Decaimento da Energia Sonora, deste Relatório Ambiental). Os peixes não apresentaram reação após o sexto disparo emitido (pulso 1059). Este pulso foi emitido a uma distância de 190m dos hidrofones e a amplitude sonora medida foi de aproximadamente 170 dB re 1µPa2 (RMS 20-500HZ). Não foi observado afastamento dos peixes da área recifal, bem como, deslocamento para superfície, fundo ou tocas. Quando o arranjo de “air-guns” 3090G foi desativado, os mergulhadores foram checar e filmar em MiniDV a área experimental. Os peixes do tanque-rede posicionado mais próximo da linha de disparo (45m) não apresentavam qualquer sinal de desorientação ou natação errática. Os mergulhadores observaram grandes cardumes próximos ao recife, além dos pequenos peixes recifais observados durante todo o experimento que permaneceram no recife após a passagem do navio.

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Fig.8.5.4 - Zona de Impacto (triângulo cinza) do pulso acústico emitido pelo arranjo de “air-guns” 3090G definida a partir do comportamento de

reação perceptível (susto e natação acelerada) apresentado pelos peixes dos tanques-rede (t+n°+letra) e do recife, utilizando monitoramento submarino por câmeras de vídeo (c+n°). As amplitudes do sinal acústico (dB re 1�Pa2 RMS 20-500Hz) e respectivas distâncias correspondem a intensidade sonora que chegou aos hidrofones.

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Um outro estudo reportando ausência de reação no comportamento de peixes submetidos a disparos de “air-guns” foi apresentado por Thomsen (op.cit.). O autor conduziu um experimento em um viveiro de salmão e truta nas Ilhas de Faroe, região que apresenta problemas na interação entre a industria de petróleo e a industria de pesca, utilizando um arranjo de quatro “air-guns” produzindo uma amplitude sonora de 229 dB re: 1µPa. Quando o navio acionava os “air-guns” a uma distância de 4000m, o nível sonoro chegava ao viveiro em uma amplitude de 142 dB re: 1µPa e 186 dB re: 1µPa quando o navio alcançava a distância de 150m do viveiro. Segundo o autor, os peixes permaneceram calmos durante os disparos. Poucos peixes reagiram, realizando movimentos repentinos, em oito dos 124 pulsos sonoros emitidos durante o experimento. Esses movimentos foram difíceis para se distinguir do comportamento natural. O baixo impacto dos “air-guns” sobre o viveiro de peixes foi confirmado pelo fato de que os peixes se alimentaram normalmente após os disparos. A pescaria com linha (espinhel) realizada próxima a área antes, durante e depois do período do experimento também confirmou que os “air-guns” não apresentaram efeito negativo sobre a taxa de captura (Thomsen, 2002). Os principais fatores que afetam o potencial de danos causados por um disparo são: a amplitude, freqüência e duração das ondas de choque criadas; distância e posição dos indivíduos em relação ao “air-gun”; as características de atenuação e propagação do meio ambiente; as diferentes sensibilidades intrínsecas às espécies e os estágios de vida dos organismos (McCauley et. al., op. cit). A sensibilidade dos peixes ao impacto sonoro se dá devido à ressonância das freqüências do som em suas bexigas natatórias (para espécies que possuem uma bexiga natatória), que possuem papel importante na capacidade de perceber sons. Danos às células ciliares das cápsulas que contém os otólitos, aos canais semi-circulares nos ouvidos, ou à bexiga natatória, podem ser revelados por sinais de desorientação. Conforme mencionado anteriormente, o estudo de Wardle et al. (2001) demonstrou que apesar da óbvia e imediata reação de susto C vista em todos os peixes para cada estrondo do “air-gun”, observação contínua dos peixes nas proximidades do recife usando TV de tempo transcorrido e indivíduos identificados não revelou qualquer sinal de desorientação ou qualquer evidência de perda de equilíbrio ou reflexo vertical ou flutuabilidade, e os peixes continuaram a se comportar normalmente em números similares bem grandes, antes, durante e depois das sessões de funcionamento de “air-guns”. No Brasil, embora os trabalhos referentes ao impacto das atividades sísmicas sobre os peixes são escassos, dois trabalhos já foram desenvolvidos para a mesma região do presente estudo (Kikuchi, 2002; Ostrensky et al., 2002). O presente estudo corrobora alguns resultados obtidos por Kikuchi (2002) e Ostrensky et al. (2002) sobre efeitos do pulso sísmico em peixes recifais do sul da Bahia. Kikuchi (2002) relata os resultados da realização de teste de impacto de levantamento sísmico de zona de transição 2D utilizando-se “air-gun” GI sobre recifes e corais na região de Camamu, Sul da Bahia (Relatório técnico não publicado proposto pelas empresas El Paso Petróleo do Brasil Ltda. e Grant Geophysical do Brasil Ltda.). O experimento teve como objetivo verificar a ocorrência de dano causado pelo disparo dos “air-guns” sobre um recife, e em especial corais. O disparo do “air-gun” afetou algas filamentosas e sedimento fino da superfície do recife. O autor não considera necessariamente impacto

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negativo, salvo o fato de causar um incremento na turbidez por ressuspensão do sedimento aprisionado pelas algas. Quanto à onda de pressão produzida pelo disparo dos “air-guns” não se obteve qualquer indicação de que tivesse provocado dano no tecido dos corais tanto imediatamente como 24 horas após o experimento. O autor menciona que os peixes parecem se afugentar com o disparo, mas retornam ao local de origem em pouco tempo. Kikuchi (2002) recomenda em seu documento técnico que, por medida de precaução, a distância entre os “air-guns” e a superfície dos corais seja superior a 5 metros, visto que durante o experimento não se obteve indícios que disparos de “air-gun” causem dano nos corais a essa distância de 5 metros. O autor não menciona a amplitude sonora do arranjo de “air-gun” do tipo GI utilizado no experimento. Ostrensky et al. (2002) realizaram uma série de experimentos para avaliar os efeitos da atividade sísmica sobre organismos marinhos de interesse comercial, notadamente sobre camarões, lagostas e peixes (Relatório técnico não publicado proposto pela empresa El Paso Petróleo do Brasil Ltda.). Este estudo também foi realizado na região de Camamu, litoral sul da Bahia, utilizando um arranjo de “air-guns” com 635 polegadas cúbicas a pressão de 2.000 psi, posicionado a uma profundidade média de 2,5 metros abaixo da lâmina d’água, produzindo pulsos de baixa freqüência (<100 Hz) a cada 12 segundos com intensidade em torno de 160-170 dB re: 1µPa rms. Os atores relatam que o uso dos “air-guns”, mesmo em águas rasas (aproximadamente 5 m de profundidade), não ocasionou a morte de nenhum camarão, lagosta ou peixe em nenhum dos experimentos realizados, concluindo que os efeitos agudos da atividade sísmica sobre os organismos testados foram desprezíveis ou nulos. Análises histológicas foram realizadas para identificar efeitos crônicos das ondas de choque geradas pelos “air-guns” sobre órgãos e tecidos dos animais testados. Um número muito reduzido de alterações patológicas encontradas nos animais pôde ser atribuído à utilização dos “air-guns”. No caso dos camarões e lagostas, foi detectada uma diminuição das concentrações de lipídios nas células R, sendo também observada uma maior concentração destas células em animais localizados logo abaixo do ponto de emissão das ondas sísmicas. Tais alterações estão relacionadas a modificações na atividade celular e estão associadas ao aumento do nível de estresse a que os animais foram submetidos, principalmente quando posicionados muito próximos aos “air-guns”. Nos testes com peixes, os autores detectaram a migração leucocitária no fígado de Haemulum aulineatum (quatinga) e correlacionam com a proximidade dos animais em relação aos “air-guns”, visto que, somente os peixes mantidos até 10 m dos “air-guns” apresentaram este tipo de problema. A migração leucocitária corresponde a uma reação imediata de um processo inflamatório ocasionado por lesão tecidual recente, de origem química, física ou microbiana (Ostrensky et al., 2002). Considerando que os problemas identificados ocorreram em animais confinados, portanto, sem condição de fuga, e sempre posicionados muito próximos aos “air-guns”, Ostrensky et al. (2002) concluíram que a atividade sísmica realizada em águas rasas não compromete o crescimento, a reprodução ou a sobrevivência das espécies estudadas.

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8.5.5 - Conclusão final acompanhada de sugestões e/ou propostas de aprimoramento do Projeto O Relatório Técnico do GEIA/UFPR (vide Anexo 8.5.2.a) apresenta as conclusões referentes aos resultados das análises sobre os efeitos comportamentais e morfofuncionais em peixes recifais quando expostos a disparos de um arranjo de “air-guns” 3090G. Do ponto de vista do comportamento dos peixes analisados e da histopatologia, não parece haver efeitos nocivos da emissão de ondas de pressão geradas por “air-guns” num período de 24 horas após o teste, nem naqueles peixes que estiveram mais próximos da linha de disparos dos “air-guns”. Do total de 73 pulsos sísmicos do arranjo de “air-guns” 3090G em intervalos de 14 segundos, foi possível detectar reação comportamental nos peixes dos tanques-rede e do recife somente durante os 4 (5,5%) e 5 (6,8%) disparos mais próximos da área experimental, respectivamente. Estes cinco pulsos sísmicos (1054, 1055, 1056, 1057 e 1058) foram emitidos a distância mínima de 90m e máxima de 120m dos quatro tanques-rede monitorados por vídeo (t1A, t1B, t10A e t10B) e a distância mínima de 143m e máxima de 190m dos hidrofones. A embarcação de gravação do som estava posicionada a 138m da “linha de disparos” e aproximadamente 50m dos quatro tanques-rede monitorados por vídeo (t1A, t1B, t10A e t10B). Os hidrofones registraram nesta distância, a amplitude sonora máxima de 190dB re 1µPa2 (RMS 20-500HZ). Estima-se que a amplitude sonora que os peixes receberam variou entre 190dB re 1µPa2 (valor máximo medido pelos hidrofones a uma distância de 50m dos tanques) e 210dB re 1µPa2 (amplitude máxima espectral do arranjo 3090G dirigido para o ângulo de 0° na vertical na freqüência de 50HZ- vide Subitem 8.4.2.2 do item 8.4 – Monitoramento do Decaimento da Energia Sonora, deste Relatório Ambiental). O estudo realizado demonstrou que os peixes sofrem o impacto das ondas de pressão geradas pelos “air-guns” apenas quando a proximidade é muito grande. Aparentemente eles permanecem na região que costumam freqüentar, como foi visto no recife. A alteração comportamental observada nos peixes foi uma tendência a se concentrar e depois dispersar, com movimentos rápidos inicialmente de susto e depois de fuga, mas logo se congregam novamente na mesma área usual. Não foi observado movimento de natação em direção à superfície, causando algum tipo de conseqüência na bexiga natatória. Nenhum peixe foi visto ficar arrebentado, hemorrágico, e todos os peixes dissecados estavam com a bexiga natatória íntegra e com um aspecto anatômico normal. Os resultados deste experimento possuem relevância no incremento do conhecimento sobre o efeito de ondas sísmicas em peixes tropicais. Essas informações poderão auxiliar na avaliação dos impactos das atividades de levantamento de dados sísmicos marítimos sobre a ictiofauna, subsidiando o processo de licenciamento e a implementação de medidas mitigadoras se necessário e apropriado.

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8.5.6 - Fotos e/ou outra documentação que ilustrem a implantação e desenvolvimento do Projeto

Estamos apresentando no Anexo 8.5.6 fotos que ilustram o desenvolvimento do Projeto de Avaliação dos efeitos da sísmica de cabos flutuantes sobre peixes recifais realizado entre os dias 22 e 28 de abril de 2004 no sul da Bahia, entre Barra Grande e Saquaíra.