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EXCEÇÃO OU DEFESA O termo “exceção”, no direito processual civil, tem sido utilizado para designar mais de um fenômeno. Como instituto fundamental do processo civil, exceção designa o direito geral de defesa, a possibilidade de o réu contrapor-se à pretensão do autor. Nesse sentido, é o contraposto lógico do direito de ação. Em sentido amplo, exceção abrange todas as defesas e alegações que possam ser apresentadas pelo réu para contrapor-se à pretensão inicial. Em sentido mais restrito, o termo exceção aplica-se somente aquelas defesas que não podem ser conhecidas de ofício pelo juiz. Para que as exceções possam ser apreciadas, devem ser alegadas pelo réu no momento oportuno. Nesse sentido, exceção é o oposto de objeção, termo que se emprega para designar as defesas que devem ser conhecidas de ofício, como a falta de condições da ação ou de pressupostos processuais. Todavia, o termo exceção emprega-se ainda em um terceiro sentido: o das exceções rituais, que são incidentes processuais, autuados em apenso, pelos quais as partes podem suscitar a incompetência do juízo ou o impedimento e a suspeição do juiz. Ademais, a incompetência relativa é matéria que não pode ser conhecida de ofício pelo juiz (súmula 33 STJ). PROCESSO O processo é o instrumento da jurisdição. Para que o Estado-juiz aplique o direito ao caso concreto, é preciso uma seqüência lógica de atos, atos estes destinados a um fim: a prestação jurisdicional.

Exceção Ou Defesa e Processo

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EXCEÇÃO OU DEFESA

O termo “exceção”, no direito processual civil, tem sido utilizado para designar mais de um fenômeno. Como instituto fundamental do processo civil, exceção designa o direito geral de defesa, a possibilidade de o réu contrapor-se à pretensão do autor.

Nesse sentido, é o contraposto lógico do direito de ação.

Em sentido amplo, exceção abrange todas as defesas e alegações que possam ser apresentadas pelo réu para contrapor-se à pretensão inicial.

Em sentido mais restrito, o termo exceção aplica-se somente aquelas defesas que não podem ser conhecidas de ofício pelo juiz. Para que as exceções possam ser apreciadas, devem ser alegadas pelo réu no momento oportuno. Nesse sentido, exceção é o oposto de objeção, termo que se emprega para designar as defesas que devem ser conhecidas de ofício, como a falta de condições da ação ou de pressupostos processuais.

Todavia, o termo exceção emprega-se ainda em um terceiro sentido: o das exceções rituais, que são incidentes processuais, autuados em apenso, pelos quais as partes podem suscitar a incompetência do juízo ou o impedimento e a suspeição do juiz.

Ademais, a incompetência relativa é matéria que não pode ser conhecida de ofício pelo juiz (súmula 33 STJ).

PROCESSO

O processo é o instrumento da jurisdição. Para que o Estado-juiz aplique o direito ao caso concreto, é preciso uma seqüência lógica de atos, atos estes destinados a um fim: a prestação jurisdicional.

Por exemplo, a propositura da demanda, a citação do réu, e oferecimento de resposta etc. constituem atos encadeados logicamente, destinados a realizar a prestação jurisdicional.

É necessário compreender, juntamente com o processo, os conceitos de procedimento e relação jurídica. Procedimento - A forma como os atos processuais são encadeados no tempo constitui o procedimento.

SE O SÃO DE FORMA COMUM E MAIS EXTENSA, DIZ-SE QUE ELE É PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO. SE DE FORMA COMUM, MAS MAIS COMPACTA, DIZ-SE QUE É PROCEDIMENTO COMUM SUMÁRIO. POR FIM, SE A FORMA DE ENCADEAMENTO DOS ATOS FOGE AO COMUM, DIZ-SE QUE O PROCEDIMENTO É ESPECIAL

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RELAÇÃO JURÍDICA – É a relação que se estabelece entre as partes, e entre elas e o juiz, na qual sobrelevam poderes, deveres e ônus processuais.

2. DOS DIVERSOS TIPOS DE PROCESSOS

O processo tem por objetivo produzir um resultado que corresponda àquele determinado pelo direito material.

Quando o que se busca é uma declaração sobre quem tem razão, uma certeza jurídica, a formação da lei no caso concreto, utiliza-se o processo de conhecimento. Entre os processos de conhecimento, há aqueles que visam à obtenção de uma certeza sobre a existência ou não de uma relação jurídica, nos quais será proferida uma sentença declaratória; há os que buscam criar ou desfazer uma relação jurídica, e que tem cunho desconstitutivo ou constitutivo; e, por fim, aqueles em que o juiz condena o réu a uma quantia em dinheiro, a entregar uma coisa, ou a uma obrigação de fazer ou não fazer. Nesses casos a sentença terá cunho condenatório

A sentença condenatória não põe mais fim ao processo, que deverá prosseguir para que se obtenha a satisfação do credor. Não haverá, nesses casos, um processo de execução distinto, mas mera fase de execução. Portanto, duas fases num único processo: a de cognição e a de execução. Razão pela qual parte da doutrina tem chamado esse processo de sincrético.

Porém, quando o que se quer não é mais o acertamento, a certeza da relação jurídica, mas a satisfação do credor, o processo é de execução.

E quando o que se pretende é arrendar um perigo ou uma ameaça iminente que recai sobre o direito, utiliza-se o processo cautelar.

3. PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS

O processo pode ser considerado uma espécie de caminho que deve ser percorrido pelas partes e pelo juiz, para que, ao final, se chegue ao fim almejado, que é a

prestação jurisdicional.

Para que se chegue ao fim desse caminho, é necessário que ele seja percorrido sem percalços. Para tanto, são indispensáveis alguns requisitos para sua existência e

desenvolvimento válido e regular.

Cumpre ao juiz examinar, portanto, se estão preenchidos os pressupostos processuais. Só em caso afirmativo é que se pode chegar a uma resposta de mérito.

Tanto as condições da ação como os pressupostos processuais devem ser conhecidos de ofício pelo juiz a qualquer tempo.

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Alguns requisitos são de tão grande importância que a sua não observância implicará a própria inexistência do processo. Outros não chegam a afetar a existência, mas a

validade. Os primeiros são os pressupostos processuais de existência, e os segundos, de validade.

Antes de adentrarmos, de fato, nos pressupostos processuais, cumpre tecer alguns comentários sobre as invalidades no processo civil e no direito civil.

No direito privado, são identificáveis duas espécies diversas: a nulidade e anulabilidade (nulidade relativa). São claras as diferenças entre ambas: a primeira pode ser alegada por qualquer pessoa, devendo ser declarada de ofício pelo juiz, e , em princípio, não

admite que o ato seja ratificado (não convalesce); a anulabilidade só pode ser invocada pelos interessados, não sendo reconhecível de ofício pelo juiz, e permite a

ratificação e o convalescimento.

Como o processo não é um fim em si mesmo, mas um meio, instrumento para defesa dos direitos, todas as nulidades que o possam atingir são, em princípio, sanáveis. As

nulidades relativas têm que ser argüidas pelas partes prejudicadas, pois não são conhecidas de ofício. Não alegadas a tempo, precluem.

As nulidades absolutas devem ser decretadas de ofício , a qualquer tempo, e não precluem, nem para o juiz, nem para as partes. As nulidades relativas sanam-se

endoprocessualmente. As absolutas, quando não sanadas no urso do processo, geram uma sentença nula, que ensejará a propositura de ação rescisória.

Com os atos processuais não se confundem os inexistentes. É preciso distinguir entre uns e outros, porque no processo civil até as nulidades sanam-se a partir de um certo momento. Portanto, com o transcurso do prazo para a ação rescisória, as nulidades

processuais sanam-se, e o ato processual invalido se convalesce.

Os atos processuais, ainda que inexistentes, podem produzir efeitos jurídicos, sendo necessário, para cortar sua eficácia, que a inexistência seja judicialmente declarada. A

inexistência nunca se convalesce. A qualquer tempo o interessado poderá propor ação declaratória judicial de inexistência.

Por isso é importante distinguir os pressupostos processuais de existência dos de validade.

1. PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS DE EXISTÊNCIA1.1 Jurisdição – Só pode aplicar a lei ao caso concreto aquele que estiver

investido de jurisdição.1.2 A existência de demanda (petição inicial) – A jurisdição é inerte. Sem o

aforamento da demanda, não há o processo, salvo raras exceções em que este pode iniciar-se de ofício.

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1.3 Capacidade postulatória – Trata-se da única hipótese de inexistência que vem consignada no CPC, cujo art. 37, parágrafo único, dispõe que o ato processual praticado por que não tem capacidade postulatória, se não ratificado no prazo, será havido como inexistente.

1.4 Citação válida - enquanto não citado, para o réu o processo é inexistente. Sem o aforamento da demanda ( petição inicial) , não haverá um autor. Sem jurisdição, não haverá juiz. E sem citação, inexistirá processo em relação ao réu.Como o vício da citação gera inexistência e não nulidade, será impróprio o ajuizamento de ação rescisória, pois nada haverá a rescindir. O correto será a ação declaratória de inexistência por falta de citação, denominada querela nullitatis insanabilis, que não tem prazo para ser aforada.São esses alguns dos pressupostos de existência , talvez os mais importantes. Há outros, no entanto, pois pode-se dizer que um ato processual será inexistente quando não preencher os requisitos mínimos para ser reconhecido como tal.

2. PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS DE VALIDADEHá alguns requisitos, de cunho estrutural, cuja não observância implicará a nulidade absoluta do processo. São eles os pressupostos processuais de validade. 2.1 Petição inicial apta – Ou seja, é necessário que preencha os requisitos

necessários para que o processo seja levado a um bom termo.2.2 Competência e imparcialidade do juízo – É de bom alvitre salientar que,

somente a incompetência absoluta e o impedimento constituem nulidade absoluta.

2.3 Capacidade para ser parte – 2.4 Capacidade processual –2.5 Legitimidade processual – É a conjunção entre a capacidade processual e a

legitimidade para causa. Tem capacidade processual aquele que tem aptidão genérica de ir a juízo sem precisar ser representado ou assistido; possui legitimidade para a causa quem mantém com a lide uma relação de correspondência lógica; e tem legitimidade ad processum aquele que tem as duas coisas simultaneamente.

3. PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS NEGATIVOSA doutrina faz menção, ainda, a existência dos pressupostos processuais negativos. Cuja presença implica em óbice ao desenvolvimento regular do processo. São: a litispendência, a coisa julgada e a perempção.

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O processo não prosseguirá, mas será extinto sem julgamento do mérito se já houver outro idêntico em andamento ou já julgado. Ou ainda se por três vezes anteriores o autor tiver dado causa à extinção de processo idêntico por inércia.